Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. 00, e024003, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24i00.16800 1
CORPO, FITNESS E PUBLICIDADE: UMA ANÁLISE SOCIOLÓGICA SOBRE A
ATUAÇÃO DE INFLUENCIADORA NAS PLATAFORMAS DIGITAIS
CUERPO, FITNESS Y PUBLICIDAD: UN ANÁLISIS SOCIOLÓGICO DE LA
ACTIVIDAD DE INFLUENCIADORES EN PLATAFORMAS DIGITALES
BODY, FITNESS, AND ADVERTISING: A SOCIOLOGICAL ANALYSIS OF
INFLUENCER ACTIVITIES ON DIGITAL PLATFORMS
Marcelo SALAMONI1
e-mail: marcelo.salamoni@hotmail.com
Rafaela Borges OLIVEIRA2
e-mail: rafaelaoborges@hotmail.com
Como referenciar este artigo:
SALAMONI, M. S.; OLIVEIRA, R. B. Corpo, fitness e
publicidade: Uma análise sociológica sobre a atuação de
influenciadora nas plataformas digitais. Rev. Cadernos de
Campo, Araraquara v. 24, n. 00, e024003, 2024. e-ISSN:
2359-2419. DOI:
https://doi.org/10.47284/cdc.v24i00.16800
| Submetido em: 24/05/2022
| Revisões requeridas em: 19/01/2024
| Aprovado em: 27/02/2024
| Publicado em: 04/03/2024
Editores:
Profa. Dra. Maria Teresa Miceli Kerbauy
Prof. Me. Mateus Tobias Vieira
Profa. Me. Thaís Caetano de Souza
1
Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria RS Brasil. Mestrando do Programa de Pós-
graduação em Ciências Sociais (PPGCS) pela UFSM. Têm experiência na área de Sociologia e Antropologia, com
ênfase em Sociologia Digital e Estudos Culturais.
2
Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria RS Brasil. Doutora, Mestra e Bacharelada em
Ciências Sociais (UFSM). Professora de Sociologia, História e Pensamento Científico na rede básica de ensino.
Corpo, fitness e publicidade: Uma análise sociológica sobre a atuação de influenciadora nas plataformas digitais
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. 00, e024003, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24i00.16800 2
RESUMO: Neste artigo, são discutidos os discursos fitness gerados na era digital, com foco na
análise dos conteúdos produzidos pela influenciadora e musa fitness Gabriela Pugliesi por
meio das plataformas digitais. Utilizando uma abordagem semiológica, foram analisadas
postagens feitas por ela no Instagram ao longo de 2020, destacando como seus conteúdos
contribuem para os discursos fitness e se conectam com estratégias publicitárias conforme as
demandas do ambiente digital. O argumento central é que a influenciadora associa os produtos
que promove à sua própria imagem corporal, utilizando sua vida pessoal e cotidiana para
promover e vender um estilo de vida saudável e feliz. Nesse contexto, os discursos em torno de
sua corporalidade, vista como desejável e aspiracional, acabam por marginalizar os corpos que
não se enquadram nos padrões fitness, os quais são submetidos a processos de normalização.
PALAVRAS-CHAVE: Fitness. Disciplinamento Corporal. Gênero. Publicidade. Mídias
Digitais.
RESUMEN: En este artículo abordamos los discursos sobre el fitness producidos en la era
digital. Buscamos analizar cómo estos discursos se configuran a través del uso de las
plataformas digitales por parte de la influencer y “musa del fitness” Gabriela Pugliesi.
Mediante un enfoque semiológico, analizamos las publicaciones de la influencer en Instagram
a lo largo de 2020, y destacamos cómo su contenido mueve los discursos fitness y se articula
con los discursos publicitarios según los imperativos digitales. Sostenemos que la influencer
asocia los productos que promociona con su corporalidad, utilizando su intimidad y vida
cotidiana para representar y vender un estilo de vida saludable y feliz. Así, los discursos en
torno a su corporalidad, concebida como digna de ser deseada y codiciada, se llevan a cabo
en detrimento de cuerpos fuera de la norma Fitness, considerados aptos para procesos de
normalización.
PALABRAS CLAVE: Fitness. Disciplina Corporal. Género. Publicidad. Medios digitales.
ABSTRACT: In this article, we discuss the fitness discourses produced in the digital era. We
aim to analyze how these discourses are configured through the use of digital platforms by the
influencer and "fitness muse" Gabriela Pugliesi. Using a semiological approach, we analyze
posts from the influencer's Instagram throughout 2020 and highlight how her content moves
the fitness discourses and aligns with advertising discourses according to digital imperatives.
We argue that the influencer associates the products she promotes with her corporality, using
her intimacy and daily life to perform and sell a healthy and happy lifestyle. Thus, the
discourses surrounding her corporality, conceived as worthy of desire and coveting, are
carried out at the expense of bodies outside the fitness norm, considered suitable for processes
of normalization.
KEYWORDS: Fitness. Corporal disciplining. Gender. Advertising. Digital media.
Marcelo Simionato SALAMONI e Rafaela Borges OLIVEIRA
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. 00, e024003, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24i00.16800 3
Introdução
Figura 1 Refrigerante fitness
Fonte: Imagem capturada e adaptada do Instagram em 16.08.2020
3
.
A imagem acima, do perfil no Instagram da influenciadora digital Gabriela Pugliesi, faz
alusão a algumas das questões que serão debatidas neste artigo. Nesta imagem, Pugliesi se
encontra com traje de banho ao recomendar um refrigerante “100% natural”. Podemos observar
como tanto o corpo da influenciadora quanto o produto publicizado movimentam as tecnologias
de produção corporal do fitness. Gabriela Pugliesi tem 38 anos e é formada em Desenho
Industrial, ganhou destaque na internet na segunda década dos anos 2000, período em que as
redes sociais digitais tiveram acesso crescente graças à popularização dos smartphones. Em
2013, começou a compartilhar fotos dos alimentos que levava para o trabalho em perfil no
Instagram, fato que gradualmente culminou na marca de meio milhão de seguidores(as) neste
mesmo ano. Assim, diversas empresas passaram a negociar com Gabriela para a recomendação
dos seus produtos
4
.
3
Perfil no Instagram: @eusouagabi. Disponível em: https://www.instagram.com/eusougabriela/ Acesso em: 17
ago. 2023.
4
Trajetória de Gabriela. Disponível em: PUGLIESI, Gabriela. Réptil; 2014.
Corpo, fitness e publicidade: Uma análise sociológica sobre a atuação de influenciadora nas plataformas digitais
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. 00, e024003, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24i00.16800 4
O trabalho de Gabriela envolve a monetização da sua produção de conteúdo, que
envolve postagens audiovisuais com a divulgação e recomendação dos produtos que a
patrocinam em seus perfis nas plataformas digitais. Este trabalho é exercido por pessoas
denominadas de influenciadoras digitais, porque teriam a habilidade de influenciar outras
pessoas a consumirem os produtos divulgados por meio da sua ação em nichos de mercado.
Mas, Gabriela não deve ser vista como uma regra, pois diferente da maioria das pessoas que
buscam trabalhar desta forma, ela está entre aquelas que conseguiram fazer disto a sua principal
fonte de renda e não apenas uma renda extra. A influenciadora possui atualmente
5
5,7 milhões
de seguidores(as) no Instagram e tinha 686 mil inscritos(as), até desativá-lo em 2022, no canal
do YouTube.
Neste artigo, analisamos como os discursos fitness se constituem quando inseridos em
espaços marcados pela intersecção entre regimes midiáticos e publicitários através da atuação
da influenciadora digital e “musa fitness Gabriela Pugliesi. Apresentamos a análise das
postagens no Instagram da influenciadora realizadas por meio da abordagem semiológica (Eco,
1976) e para interpretarmos os dados extraídos da referida análise, discutimos a produção de
corporalidades através da perspectiva socioantropológica, com ênfase em aspectos que
envolvem disciplinamento corporal, modulação subjetiva e tecnologias de gênero na produção
de corpos e modos de vida (Foucault, 2019; Cassino, 2018; De Lauretis, 1987). Discutimos,
ainda, como estes disciplinamentos e modulações são atualizados através dos imperativos da
era das plataformas digitais, produzindo-se, assim, corporalidades em articulação com regimes
midiáticos, publicitários e farmacológicos (Landa, 2009; Preciado, 2018).
O Instagram, principal plataforma para esta análise, é uma plataforma digital
desenvolvida no ano de 2010 para o compartilhamento de fotografias entre usuários(as) por
meio dos seus perfis. Comprado pelo Facebook no ano de 2012, o Instagram atualmente é uma
plataforma muito popular, de acordo com os dados da pesquisa Datareportal
6
de 2023, o
Instagram é a quarta plataforma mais utilizada no mundo. No Brasil, ocupa a posição de
segunda plataforma mais utilizada, dos cento e quarenta milhões de usuários(as) da internet no
5
Este artigo é fruto de uma pesquisa conduzida e finalizada no ano de 2020. Assim, é importante ressaltar que os
dados da pesquisa se referem ao período temporal informado. Diante da vida que flui e da rapidez com que as
mudanças são captadas pelas redes digitais, neste ano de 2023, ano de publicação deste artigo, mudanças
verificadas: (i) Gabriela Pugliesi abandonou o sobrenome do ex-marido Thiago Pugliesi adotando apenas Gábi;
(ii) O endereço de sua conta no Instagram mudou diante desses fatos. No entanto, sua atuação como influenciadora
fitness analisada neste artigo segue sendo sua atividade central nas plataformas digitais.
6
Disponível em: https://datareportal.com/reports/digital-2023-global-overview-report. Acesso em: 22 m ar.
2
022.
Marcelo Simionato SALAMONI e Rafaela Borges OLIVEIRA
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. 00, e024003, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24i00.16800 5
país (66% da população), 79% utilizam o Instagram. Outro dado pertinente para esta pesquisa
é que dos cento e quarenta milhões de usuários(as) da internet no Brasil, 99% acessam a
plataforma pelo celular, configurando, assim, o sucesso do Instagram no país, que é mais
acessado através dos celulares, conforme informam os dados.
Na plataforma digital do Instagram, usuários/as iniciam comunicações por intermédio
dos comandos seguir e seguir de volta, ou seja, com o compartilhamento dos perfis ocorre a
interação. Desde seu surgimento, a plataforma digital passou por diversas mudanças cnicas
de funcionamento e de layout. Inicialmente possibilitava que usuários(as) compartilhassem
fotografias no feed
7
; hoje possibilita o compartilhamento de vídeos curtos e textos no feed,
vídeos longos no IGTV
8
, produtos na loja
9
, fotos, vídeos curtos e textos nos stories
10
e
transmissões em tempo real através das lives
11
. As publicações dos stories podem ser acessadas
por meio de uma barra contendo os ícones
12
dos(as) usuários(as) e seguidos(as) e,
diferentemente dos conteúdos compartilhados no feed, estas publicações não ficam
armazenadas no perfil do/a usuário/a, mas desaparecem depois de vinte e quatro horas. São
publicações efêmeras que passaram gradativamente a retratar o cotidiano dos(as) usuários(as).
Neste contexto, destacamos a atuação dos(as) influenciadores(as) digitais e das “musas
fitness”
13
e, então, ressaltamos como a referida atuação é promovida em conformidade com as
novas formas de trabalho quando realizados nas plataformas digitais (Van Dijck, 2016; Baym,
2018). Ao tornar evidente a atuação da influenciadora relacionada à produção mercadológica
do fitness argumentamos, por fim, que Gabriela associa os produtos que divulga a sua
corporalidade, e utiliza-se da sua intimidade e do seu cotidiano para performar e vender um
estilo de vida tido como saudável e feliz. Assim, os discursos em torno da sua corporalidade,
concebida como bela e digna de ser cobiçada, são realizados em detrimento dos corpos fora da
norma fitness, considerados aptos a processos de normalização através do disciplinamento
proferido.
7
O feed do Instagram funciona de maneira similar a timeline do Facebook. É a página inicial da plataforma; reúne
as publicações de outros/as usuários/as seguidos e se assemelha a uma página sem fim, pois ao deslizar a página
através de aparelhos smartphones terá acesso a novas postagens.
8
Uma seção do Instagram destinada para vídeos longos.
9
Página destinada para o compartilhamento e ven d a de produtos.
10
Publicações com duração de até 24 horas.
11
Transmissão de vídeos em tempo real.
12
Pequena foto em formato circular usada para a identificação do/a usuário/a.
13
Classificação êmica que surgiu dentro do próprio Instagram.
Corpo, fitness e publicidade: Uma análise sociológica sobre a atuação de influenciadora nas plataformas digitais
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. 00, e024003, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24i00.16800 6
Metodologia
A análise de conteúdo audiovisual elaborada por Eco (1976), foi adaptada e empregada
neste artigo para a análise da produção de conteúdo da influenciadora Gabriela Pugliesi na
plataforma digital do Instagram. Para Eco (1976), analisar o fato comunicacional como um
sistema de signos pressupõe um remetente e um receptor, neste caso, Pugliesi e seus(as)
seguidores(as). Esta abordagem do conteúdo como um sistema de signos demanda que a
mensagem seja formada por códigos que são comuns tanto ao remetente quanto ao receptor, e
que esta mensagem seja analisada a partir de um contexto comunicacional compartilhado. O
emprego de códigos e subcódigos no processo comunicacional implicam não apenas em um
processo de denotação em que o receptor compreende a mensagem com a mesma intenção que
o remetente desejou transmitir, mas em um processo de conotação no qual o receptor
ressignifica a mensagem a partir do seu contexto (Eco,1976).
Assim, analisamos as postagens do perfil de Gabriela Pugliesi na plataforma do
Instagram ao longo do ano de 2020 a partir de três códigos-base constituídos de subcódigos.
São eles: (1) o código icônico, a imagem, que é formado pelos subcódigos iconológico, estético,
erótico e da montagem; (2) o código linguístico, o texto, que por sua vez é formado pelos
subcódigos de jargões especializados e o de sintagmas de valor estilístico adquirido; e, por fim,
(3) o código sonoro que compreende o subcódigo emotivo, o de sintagmas de valor estilístico
adquirido e o de sintagmas de valor convencional (Eco, 1976). Os conteúdos aqui selecionados
ilustram as recorrências verificadas através da análise, bem como os principais discursos que
se condensam em eixos problematizados ao longo deste artigo.
Marcelo Simionato SALAMONI e Rafaela Borges OLIVEIRA
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. 00, e024003, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24i00.16800 7
“Que a gente nunca pare de sorrir”: a produção de conteúdo fitness
Figura 2 “Lookinho novo da mais vontade de treinar né?”
Fonte: Imagem capturada e adaptada do Instagram em 18.04.2020.
Nesta imagem, Gabriela Pugliesi se encontra em uma academia de ginástica apoiada em
um suporte para anilhas, está com a postura ereta e vestindo roupas para a prática de atividades
físicas da empresa Body For Sure. A foto possui a seguinte legenda: “lookinho novo da mais
vontade de treinar né? “emoticon sorrindo” @bodyforsure #VaiDeBody #Verao20”. Por meio
da análise do código icônico desta imagem, ressaltamos o corpo da influenciadora como modelo
para a peça publicitária, bem como modelo idealizado para seus(as) seguidores(as). Na
academia e próxima dos aparelhos para a musculação, a corporalidade e seu cenário conotam
que para possuir um corpo que se encaixe no ideal de esbeltez fitness é necessário que
aperfeiçoar este corpo, inclusive, com a roupa recomendada.
O código linguístico presente na legenda da imagem engendra, então, uma associação
entre a aquisição da peça de roupa com a “vontade de treinar”; a hashtag
14
“#Verao20” evoca
como objetivo malhar e modelar o corpo para a sua melhor exposição no verão. Através do
subcódigo da montagem podemos perceber que a influenciadora se encontra com os olhos
cerrados, voltados não para a câmera, mas para os aparelhos de musculação, fato que imprime
seriedade e determinação no aperfeiçoamento corporal. A mensagem utiliza a função
imperativa presente em publicidades, visando convencer o(a) receptor(a) de que a peça de roupa
14
Refere-se a assuntos indexados para consulta nas redes sociais.
Corpo, fitness e publicidade: Uma análise sociológica sobre a atuação de influenciadora nas plataformas digitais
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. 00, e024003, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24i00.16800 8
da marca Body For Sure irá ajudá-lo(a) no treinamento da atividade física, e a sua função fática
conecta a influenciadora com os(as) receptores(as) pelo uso de palavra no diminutivo e do
“emoticon”.
Figura 3 “NEEEEM LIGO”
Fonte: Imagem capturada e adaptada do Instagram em 18.04.2020.
Figura 4 Amor Sem Açúcar
Fonte: Imagem capturada e adaptada do Instagram em 18.04.2020.
Nas duas imagens acima, Gabriela Pugliesi faz publicidade para diferentes produtos
alimentares. Na primeira imagem, encontra-se no salão de beleza, alimentando-se de pipocas
da marca Mais Pura e, na segunda imagem, localiza-se em área externa da sua residência
próxima a chocolates da marca Kopennhagen e junto do esposo, Erasmo Carlos. Ao analisarmos
Marcelo Simionato SALAMONI e Rafaela Borges OLIVEIRA
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. 00, e024003, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24i00.16800 9
as imagens com base no subcódigo iconológico, destacamos que ambas demonstram felicidade.
A primeira imagem, faz isso no salão de beleza mesmo alimentando-se de pipoca, já que aquela
pipoca sem glúten, integral, não transgênica, vegana, sem lactose, sem ingredientes alergênicos,
sem conservantes e sem gordura trans está liberada. Além de felicidade, a imagem transmite
espontaneidade, como se a influenciadora tivesse sido surpreendida pela câmera enquanto
comia suas pipocas e recebia cuidados estéticos; logo, a foto é montada para que o sorriso de
Pugliesi ganhe destaque, pois além do foco em seu rosto o uso de filtro
15
que ilumina as
laterais da fotografia.
Ao analisar a fotografia e sua legenda, é evidente uma conotação de cuidado com a
aparência que envolve horas passadas no salão de beleza sem descuidar da alimentação tida
como saudável. Na segunda imagem, junto do esposo e dos chocolates, observa-se que a
felicidade e o amor articulam-se ao consumo daquele chocolate. As duas mensagens utilizam
das funções imperativas por serem peças publicitárias, bem como fáticas e emotivas, utilizando-
se de emoticons e de palavras em caixa alta para transmitirem emoção na busca de conexão
com os(as) receptores(as).
Figura 5 Neve e Proteína
Fonte: Imagem capturada e adaptada do Instagram em 18.04.2020.
15
Filtros podem ser previamente adicionados às fotografias em aplicativos específicos, mas também são
possibilitados pela própria plataforma do Instagram; alteram as cores e o foco das fotografias.
Corpo, fitness e publicidade: Uma análise sociológica sobre a atuação de influenciadora nas plataformas digitais
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. 00, e024003, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24i00.16800 10
Figura 6 Praia e Amigas
Fonte: Imagem capturada e adaptada do Instagram em 18.04.2020.
Tanto na figura 5 como na figura 6, Gabriela Pugliesi retrata viagens para lugares que
necessitam de poder aquisitvo; na primeira imagem, Gabriela encontra-se em um clube de
campo nos Alpes da França; e na segunda imagem, em um hotel resort em Itacaré, na Bahia.
Se na primeira fotografia Pugliesi está fazendo publicidade para a marca Souly Fedd Your Soul,
na segunda está compartilhando sua felicidade. Ao analisarmos as duas postagens com base nos
códigos definidos por Eco (1976), ressaltamos o cenário das fotografias remete à beleza e
tranquilidade, bem como as corporalidades magras e farmacologicamente disciplinadas
acessando estes espaços. Na primeira imagem, a associação da marca de alimentos e
suplementos com a rotina alimentar da influenciadora, dessa forma sugere-se que mesmo fora
do cotidiano, deve-se seguir com a disciplina alimentar, assim como possuir o poder aquisitivo
para consumir produtos e viagens.
Na segunda imagem, além do corpo da influenciadora, existem outros três corpos que
encarnam a norma fitness e, assim, a imagem reforça a conotação de que é aquele tipo de espaço
que acessam os corpos fitness. Por fim, estas e outras postagens analisadas expressam as
mesmas funções destacadas, pois a primeira possui função imperativa, emotiva e fática por
ser uma publicidade que é apresentada como uma recomendação usando primeira pessoa,
emoticons, linguagem pessoal e conselhos sobre como utilizar o produto e a segunda imagem
apresenta a função emotiva.
Marcelo Simionato SALAMONI e Rafaela Borges OLIVEIRA
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. 00, e024003, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24i00.16800 11
Figura 7 “Ja acordei no pique”
Fonte: Imagem capturada e adaptada do Instagram em 18.04.2020.
Figura 8 “Segundona começando no gás!”
Fonte: Imagem capturada e adaptada do Instagram em 18.04.2020.
Nestas publicações, (figura 7 e 8), Gabriela está na academia; na primeira imagem faz
publicidade para um suplemento energético e na segunda exercita-se. A segunda imagem
(recorte de um vídeo), conota que para se possuir um corpo fitness é necessário que se tenha
uma rotina de exercícios; a legenda sugere metas e objetivos advindos da norma fitness
Corpo, fitness e publicidade: Uma análise sociológica sobre a atuação de influenciadora nas plataformas digitais
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. 00, e024003, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24i00.16800 12
encarnados na rotina do corpo. Além disso, o incentivo para que seus(as) seguidores(as)
interajam com a publicação ao escreverem seus objetivos e metas com os exercícios.
Já ao analisarmos a segunda imagem com base no subcódigo iconológico, no qual uma
academia remete ao exercício, e a primeira imagem com base no subcódigo da montagem, pois
o peso e o colchonete foram estrategicamente colocados naquela posição para a foto,
destacamos ambas as imagens transmitindo que o suplemento é tão necessário quanto o
exercício para se atingir a corporalidade almejada. Deste modo, a publicidade apresentada como
uma recomendação, indica que tanto a autodisciplina corporal, exercícios e dietas quanto o uso
dos produtos divulgados por Pugliesi são necessários para se possuir o corpo e o modo de vida
low carb”, ou sem carboidratos, como o exposto.
Figura 9 Corpo Natural
Fonte: Imagem capturada e adaptada do Instagram em 18.04.2020.
No entanto, existe uma associação entre o corpo da influenciadora e os alimentos
naturais que ela também afirma consumir. Na imagem acima, (figura 9), Pugliesi está em uma
horta colhendo alfaces e a legenda que acompanha diz: “Eu no meu habitat #VeggieLife”. Uma
vez que horta é associado ao natural, a imagem veicula o significado de que a influenciadora
possui um estilo de vida baseado na alimentação natural. Com isso, o discurso proferido pela
musa fitness constantemente associa o corpo fitness a um corpo natural construído por meio de
exercícios e de uma alimentação classificada como saudável. Por mais que a influenciadora
Marcelo Simionato SALAMONI e Rafaela Borges OLIVEIRA
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. 00, e024003, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24i00.16800 13
divulgue diversos produtos farmacológicos
16
, como suplementos ou alimentos modificados, é
performada uma naturalidade, sobretudo, saudável na produção da sua corporalidade que é
paradoxalmente reiterada na norma mercadológica fitness, tecnicamente modificada e fruto de
autodisciplinamento ininterrupto.
O disciplinamento do corpo através do discurso publicitário do fitness
O disciplinamento social e cultural através da modulação corporal na era da internet
retrata a corporalidade fitness como um ideal de beleza capaz de provocar desejos e aspirações
sociais. Contudo, este ideal de corpo esbelto não está acessível a todas as mulheres, pois
necessita de capital cultural e econômico para a investida na disciplina corporal constante por
meio de dietas e exercícios físicos que se articulam a manipulação do corpo produzida por
produtos técnico-científicos, como os suplementos alimentares e as cirurgias plásticas. De tal
forma, o ideal de esbeltez é um ideal desigual que ao vender-se como universalmente almejado
“oferece a ilusão de cumprir, através do corpo, as exigências contraditórias da ideologia
contemporânea da feminidade” (Jaggar; Bordo; De Freitas, 1997, p. 26).
Mariá Inés Landa (2009), em estudo sobre as subjetividades e o consumo corporal das
práticas fitness, afirma que o discurso fitness teve sua origem a partir das comunidades
religiosas puritanas norte-americanas que buscavam preservar a saúde física dos(as) seus(as)
membros(as). A partir da década de 1970, a indústria fitness foi criada e atrelada aos produtos
audiovisuais (fitas VHS) produzidos por Kenneth Cooper; nestas produções, Jane Fonda
ministrou videoaulas sobre exercícios aeróbicos largamente comercializados para a América
Latina (Landa, 2009). De tal modo, o discurso fitness é a união dos discursos produzidos pelas
comunidades especializadas, bem como pelas empresas que buscam comercializar produtos
deste universo (Landa, 2009).
É nesse sentido histórico que ressaltamos o discurso fitness atrelado também a dimensão
comercial, responsável, inclusive, pela sua constituição. As tecnologias do fitness são
responsáveis pelo surgimento de atores sociais centrais para a discussão aqui proposta
denominados(as) de profissionais do fitness. Este(a) profissional é responsável por incorporar
os discursos fitness para transmiti-los a outras pessoas e, sobretudo, encarnar por meio do
próprio corpo a eficácia do discurso proferido (Landa, 2009).
16
Produtos produzidos em laboratórios que possuem como base substâncias químicas que interagem com o sistema
biológico humano.
Corpo, fitness e publicidade: Uma análise sociológica sobre a atuação de influenciadora nas plataformas digitais
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. 00, e024003, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24i00.16800 14
Assim, os corpos aptos a encarnarem este/a profissional, bem como os corpos que se
fazem presentes nas publicidades destas empresas são os corpos que personificam este ideal de
beleza; ao mesmo tempo em que materializam musculaturas fruto da disciplina e modificação
corporal, também se alteram subjetivamente através de comportamentos associados à saúde e à
felicidade dentro de um estilo de vida que se compreende satisfatório (Landa, 2009); e que se
articula com a dimensão de classe que possibilita a introjeção subjetiva e encarnada de uma
série de ontologias, comportamentos, consumo de produtos e de lugares em uma vida cotidiana
voltada para o autodisciplinamento constante.
O discurso fitness materializa, então, a norma no corpo capaz de incorporá-la e também
define o corpo desviante, ou seja, aquelas corporalidades que se constituem de forma oposta as
normas fitness. O corpo desviante é compreendido e proferido como o corpo que precisa ser
normalizado, uma vez que as normatizações discursivas são estabelecidas em relação direta
com os desviantes da norma; a existência de uma norma implica na existência daquilo que a
escapa (Butler, 2014). O outro desviante é também o corpo gordo permeado por narrativas que
o associam a uma corporalidade doente, desmotivada e infeliz em detrimento do corpo magro
e fitness presumido como saudável, disciplinado e feliz. Além disso, o discurso fitness emprega
a ideia de que qualquer pessoa pode possuir a corporalidade fitness somente com força de
vontade e disciplina e, portanto, posiciona o corpo desviante em um estado de possível reversão
(Landa, 2009).
A publicidade desempenha um papel central na formação e divulgação deste corpo
fitness, bem como atua definindo este outro sem precisar mencioná-lo. Nas palavras de
Adelman e Ruggi (2007, p. 47):
Susan Bordo (1999) denomina esta dinâmica de pedagogia do defeito: a
propaganda é a lição cotidiana do que nos falta, lição que estipula
simultaneamente o antídoto e o veneno. De acordo com estes autores, a
linguagem da publicidade não se baseia em uma argumentação racional, mas
em subterfúgios persuasivos que recorrem a e reforçam os estereótipos
culturalmente estabelecidos, especialmente os imagéticos. Modelos o a face
externa deste processo; seus corpos são suporte para as propagandas, sendo
eles próprios propagandeados.
Ainda sobre tal fato, as autoras acrescentam:
Em pesquisa realizada em uma escola de modelos em Curitiba durante o ano
de 2004/5 (RUGGI, 2005), tentamos explorar como as representações sobre
corpo são construídas no mercado da beleza publicitária e publicizada.
Marcelo Simionato SALAMONI e Rafaela Borges OLIVEIRA
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. 00, e024003, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24i00.16800 15
“Modelo” é, por definição, o parâmetro e parâmetro excludente. Modelos de
corpo, ao estipular com o que se parecer, convencionam um modo de ser. A
beleza midiatizada por meio delas(es) é tida pela análise sociológica como
uma das grandes causas do crescente descontentamento dos sujeitos
contemporâneos consigo mesmos e seus corpos. Neste sentido, os padrões de
beleza definidos, apropriados e divulgados pela publicidade operariam como
mecanismos de controle do “eu”, possibilitando a comparação entre a auto-
imagem (aquela do espelho) e a hierarquia de aparências socialmente
estabelecida (Adelman; Ruggi, 2007, p. 48).
O discurso publicitário fitness implica na produção de parâmetros em torno das
corporalidades. Logo, a publicidade não apenas divulga produtos, como constrói aspirações
sociais naqueles/as que consomem a publicidade, buscando identificação através das marcas e
das corporalidades publicizadas; “o corpo na publicidade é fundamental para este processo de
identificação e, na maioria das vezes, está associado as formulações de gênero e sexualidade”
(Beleli, 2007, p. 193). O discurso fitness vende um corpo feminino esbelto, articulado à ideia
de que quem possuir este corpo será feliz e tal associação de corpo fitness com felicidade é
recorrente na produção de conteúdo da influenciadora Gabriela Pugliesi. Ao entrelaçamento de
propagandas, corpos e modos de vida dignos de serem cobiçados, acrescenta-se que a
valorização “dos corpos claros, jovens e longilíneos na publicidade compõe um padrão de
beleza que incentiva feminilidades narcísicas como forma de igualar as relações de poder”
(Baleli, 2007, p. 201-202).
A publicidade, portanto, está presente em todas as mídias e faz diversas marcas valerem
mais do que os produtos que comercializam; logo, não se vende apenas produtos, mas estilos
de vida e conceitos (Beleli, 2005). É nesse sentido que Gabriela Pugliesi não é apenas uma
influenciadora na recomendação de produtos na plataforma digital do Instagram, e sim uma
marca que traz prestígio aos produtos divulgados por ela; pois, a tendência de “comunicação
está no fato de que, agora, os/as influenciadores/as constituem-se como marcas e, em muitos
casos, constituem-se como veículos de mídia” (Karhawi, 2016, p. 41-42).
Corpo, fitness e publicidade: Uma análise sociológica sobre a atuação de influenciadora nas plataformas digitais
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. 00, e024003, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24i00.16800 16
Corporalidades e os disciplinamentos socioculturais
Segundo Csordas (2008, p.145), o corpo não é uma evidência natural e imutável, mas a
“base existencial da cultura” (Csordas, 2008, p.145). O corpo construído socialmente através
da cultura engendra diretamente a formação da mesma. Assim, ele é objeto e agente da cultura,
pois:
Deixa de ser mero objeto da ação social e simbólica, receptáculo da inscrição
de símbolos culturais e objeto a ser modelado pelas representações sociais e
coletivas, e passa a ser agente e sujeito da experiência individual e coletiva,
veículo e produtor de significados, instrumento e motor de constituição de
novas subjetividades e novas formas do sujeito (Maluf, 2001, p. 96).
Nesse sentido, “a experiência cultural é corporificada” (Maluf, 2001, p. 97), porém é
também permeada por instâncias de poder. Por meio dos disciplinamentos sociais e culturais
sobre os corpos, o poder os conforma e produz subjetividades através das normas expressas na
realidade social (Foucault, 2019). As tecnologias do poder estão, portanto, materializadas nas
instituições, nos discursos e nas suas práticas, e podem conformar a capacidade de ação dos
sujeitos nos diversos regimes de autodisciplinamento (Foucault, 2019).
Para tanto, instituições sociais, culturais e econômicas realizam a investida do corpo
pelo poder para disciplinar corporalidades de acordo com a norma e, desse modo, produzir
corpos dóceis habituados à introjeção de comportamentos (Cassino, 2018). Este
disciplinamento é próprio das sociedades modernas atinentes ao período pós-revolução
industrial. No entanto, no século XXI a sociedade de controle (Deleuze, 1992) aprofunda as
tecnologias da sociedade disciplinar. Segundo Lazzarato:
A sociedade de controle exerce seu poder graças às tecnologias de ação a
distância da imagem, do som e das informações, que funcionam como
máquinas de modular e cristalizar as ondas, as vibrações eletromagnéticas
(rádio, televisão), ou máquinas de modular e cristalizar pacotes de bits (os
computadores e as escalas numéricas) (Lazzarato, 2006, p. 85).
A sociedade de controle não disciplina os corpos tal como as instituições disciplinares,
mas modula subjetividades de forma sutil por meio das tecnologias algorítmicas (Cassino,
2018). A modulação é, assim, a introjeção de comportamentos por intermédio da ação dos
algoritmos na era digital em que nos inserimos (Lupton, 2014), e pode ser observada na forma
como as plataformas funcionam e são organizadas algoritmicamente. Tal fato articula o poder
Marcelo Simionato SALAMONI e Rafaela Borges OLIVEIRA
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. 00, e024003, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24i00.16800 17
disciplinar exercido sobre os corpos ao controle exercido pela modulação, que também pode
ser introjetada subjetivamente e, logo, conformar os corpos (Cassino, 2018).
Então, se por um lado há o disciplinamento e a modulação dos corpos, por outro a
transformação farmacomidiática
17
do sistema econômico. De acordo com Preciado (2018), no
sistema pós-industrial os regimes biomoleculares e semióticos-técnicos são responsáveis por
formarem as subjetividades das pessoas (Preciado, 2018). A ciência produz realidades tangíveis
alcançadas pelos suplementos que modificam os corpos para se adequarem aos padrões que se
estabelecem também por meio das mídias digitais. Nas palavras do autor:
A tecnociência estabeleceu sua autoridade material transformando os
conceitos de psiquismo, libido, consciência, feminilidade, masculinidade,
heterossexualidade, homossexualidade, intersexualidade, transexualidade em
realidades tangíveis, que se manifestam em substâncias químicas e moléculas
comercializáveis em corpos, em biótipos humanos, em bens tecnológicos
geridos pelas multinacionais farmacêuticas (Preciado, 2018, p. 37).
Atualmente, as sociedades se caracterizam pela capacidade de modificar corporalidades
pelo uso de produtos tecnocientíficos, constituindo, ao mesmo tempo, estes corpos como
desejáveis; pois, “o corpo pós-moderno se torna coletivamente desejável graças à sua gestão
farmacológica e sua promoção audiovisual” (Preciado, 2018, p. 56). Na plataforma digital do
Instagram, no perfil da influenciadora Gabriela Pugliesi, uma manifestação particular dos
processos de disciplinamento e modulação corporal a partir da gestão farmacomidiática em
torno da vida fitness. É importante dizer, ainda, que as tecnologias do corpo, que funcionam
também como tecnologias de gênero, são muito anteriores ao discurso do fitness nas
plataformas digitais e agem no corpo das pessoas, transformando a beleza numa forma
particular de “distinção” e de “disciplinamento do eu” (Adelman, Ruggi, 2007, p. 42).
As tecnologias de gênero produzem homens e mulheres que fazem “performances das
formas femininas e masculinas que lhes correspondem e toda uma série de “outros abjetos”,
que inclui lésbicas, gays, pessoas de gênero ambíguo [...] englobadas no termo transgênero”
(De Lauretis, 1987, p.42). E, neste processo, “estabelecem ou reproduzem-se noções
classificatórias particulares sobre o belo e o abjeto” (Adelman, Ruggi, 2007, p. 42). As
tecnologias de gênero referidas são mascaradas como “[...] características individuais
17
Utilizamos este conceito como uma apropriação do conceito de sociedade farmacopornográfica de Paul B.
Preciado, no qual em vez de colocar a pornografia como principal mídia capaz de modificar o imaginário social
trabalhamos com a ideia que todas as mídias se complementam neste processo.
Corpo, fitness e publicidade: Uma análise sociológica sobre a atuação de influenciadora nas plataformas digitais
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. 00, e024003, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24i00.16800 18
universalmente valorizadas ou desvalorizadas” (Adelman; Ruggi, 2007, p. 40); no entanto, estas
tecnologias fazem parte de sistemas socioculturais que implicam em diversas relações de poder
que atribuem padrões sobre “a beleza, a aparência, a força física, a fragilidade e a qualidade de
ser ‘sexualmente atraente’ como a norma” (Adelman; Ruggi, 2007, p. 40). As tecnologias
corporais e de gênero colocam, portanto, as corporalidades femininas na posição de corpos
dóceis habituados ao aperfeiçoamento externo que almeja determinado ideal corporal e de
beleza social e culturalmente construído (Jaggar; Bordo, 1997).
Novos imperativos digitais e os/as influenciadores/as
A publicidade sempre esteve atrelada as mídias e tal fato não constitui uma novidade da
era digital. No entanto, buscamos refletir acerca das mudanças relativas à interação entre a
publicidade e a internet das plataformas digitais. Nas palavras de Castells:
A influência da indústria da publicidade sobre os negócios da mídia, por meio
da transformação das pessoas em uma audiência mensurável, tende a
subordinar a inovação cultural ou o prazer do entretenimento ao consumismo
comercial (Castells, 2015, p. 104).
A internet constitui ambientes on-line que favorecem a criação de conteúdos pelos(as)
usuários(as) dentro dos parâmetros estabelecidos por cada plataforma digital, mas a referida
criação é também moldada pelas empresas que controlam as plataformas e que possuem
objetivos comerciais (Castells, 2015). Desta forma, na medida em que as plataformas digitais,
como o Facebook e o Instagram, foram adquirindo públicos maiores, passaram a vender no
mercado clientes em potencial (Castells, 2015). Nas palavras de Poell, Nieborg e Van Dijck
(2020, p. 4), plataformas são “infraestruturas digitais (re)programáveis que facilitam e moldam
interações personalizadas entre usuários finais e complementadores”, e são organizadas “por
meio da coleta sistemática, processamento algorítmico, monetização e circulação de dados”
(Poell; Nieborg; Van Dijck, 2020, p. 4).
O Instagram, principal plataforma para esta análise, é uma plataforma digital
desenvolvida no ano de 2010 para o compartilhamento de fotografias entre usuários/as através
dos seus perfis digitais nesta plataforma. Comprado pelo Facebook no ano de 2012, o Instagram
atualmente é uma plataforma muito popular, de acordo com os dados da pesquisa Datareportal
18
18
Disponível em: https://datareportal.com/reports/digital-2023-global-overview-report. Acesso em: 22 mar.
2
022.
Marcelo Simionato SALAMONI e Rafaela Borges OLIVEIRA
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. 00, e024003, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24i00.16800 19
de 2023, é a quarta plataforma mais utilizada no mundo. No Brasil, ocupa a posição de quarta
plataforma mais utilizada, dos cento e quarenta milhões de usuários/as da internet no Brasil
(66% da população), 79% utiliza o Instagram. Outro dado pertinente para esta pesquisa é que
dos cento e quarenta milhões de usuários(as) da internet no Brasil, 99% acessam a plataforma
pelo celular, configurando, assim, o sucesso do Instagram no país, que é mais acessado nos
dispositivos celulares, conforme informam os dados.
No Instagram, usuários(as) iniciam comunicações através dos comandos seguir e seguir
de volta, ou seja, o compartilhamento de perfis gera a interação. Desde seu surgimento, a
plataforma passou por diversas mudanças técnicas de funcionamento e de layout. Inicialmente
possibilitava que usuários(as) compartilhassem fotografias no feed; hoje possibilita o
compartilhamento de vídeos curtos e textos no feed, vídeos longos no IGTV, produtos na loja,
fotos, vídeos curtos e textos nos stories, além de permitir transmissões em tempo real através
das lives. As publicações dos stories podem ser acessadas por meio de uma barra contendo os
ícones dos(as) usuários(as) seguidos e, diferentemente dos conteúdos compartilhados no feed,
estas publicações não ficam armazenadas no perfil do(a) usuário(a), mas desaparecem depois
de vinte e quatro horas. São publicações efêmeras que passaram gradativamente a retratar o
cotidiano dos(as) usuários(as).
É importante salientar que não é apenas o acesso ao Instagram que vem crescendo, e
sim o acesso a todas as redes sociais digitais. O acesso à internet cresce numa média de 7,41%
ao ano e o acesso às redes sociais cresce numa média de 10,81% ao ano. Entretanto, não é
pelo crescimento absoluto do acesso que teóricos(as) defendem que vivemos na internet das
plataformas digitais, mas também devido à interconexão. As plataformas fazem parte de uma
estrutura maior, um ecossistema de redes sociais que conectam plataformas por meio de botões
semelhantes, que proporcionam maior facilidade na locomoção de uma plataforma para a outra,
como também a quantificação da conexão humana e seu direcionamento por intermédio de
algoritmos (Van Dijck, 2016). É nesse sentido que cada plataforma forma um microssistema,
no qual o total de plataformas formam um ecossistema de redes sociais constituído por normas
sociais e culturais na mesma medida em que constitui estas normas (Van Dijck, 2016). Estes
microssistemas estão em um processo de evolução simultânea, pois as plataformas são sensíveis
às mudanças que ocorrem umas nas outras.
Afirma Van Dijck (2016), que vivemos em uma cultura da conectividade, onde a
sociabilidade na internet é moldada pelas plataformas e, assim, as plataformas e as práticas
sociais se constituem mutuamente. E devido ao fato da conectividade ser um valor
Corpo, fitness e publicidade: Uma análise sociológica sobre a atuação de influenciadora nas plataformas digitais
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. 00, e024003, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24i00.16800 20
quantificável, que pode ser observado no número de seguidores(as) que uma pessoa possui ou
no número de interações que uma publicação recebe, as sociabilidades tornam-se influenciadas
pela conectividade, uma vez que “quanto mais contatos um indivíduo tem e estabelece, mais
valioso será, pois mais pessoas o considerarão popular e desejarão fazer contato com ele” (Van
Dijck, 2016, p. 31, tradução nossa)
19
.
Este princípio da popularidade acaba influenciando também a publicidade que é feita
nas redes sociais digitais. Usuários(as) que possuem muitos seguidores(as) conseguem
influenciá-los(as) e, então, as empresas engendram publicidades eficientes quando feita por
usuários(as) que possuem forte influência em determinado nicho de mercado, em detrimento
da publicidade tradicional feita para as audiências de massa (Van Dijck, 2016). A publicidade
feita por usuários/as é apresentada como uma recomendação, passa pelo filtro da pessoa que
recomenda bens, produtos e modos de vida e, consequentemente, é deslocada parte da cultura
publicitária das mídias de massa para a economia da recomendação (Van Dijck, 2016), na era
da internet das plataformas digitais. Desta maneira, a publicidade se constitui como peça chave
na organização das plataformas, que os funcionamentos são organizados visando o
favorecimento da publicidade dentro das normas das plataformas.
Trabalho e os(as) influenciadores(as) digitais
Além da transformação da cultura publicitária, a internet das plataformas digitais
implica também em novas habilidades relacionais para empregos que necessitam de contato
com o público. De acordo com Nancy Baym (2018), os imperativos da sociedade digital
modificam as habilidades relacionais porque criam novas demandas, como a necessidade de
manutenção contínua do contato cotidiano com seguidores(as) por meio das redes sociais
digitais através do relational labor (Baym, 2018). Este trabalho relacional necessita que seja
desenvolvido, em certa medida, um trabalho emocional nas redes sociais para que os/as
seguidores(as) não percam o interesse no(a) sujeito(a) que faz a recomendação e investe,
sobretudo, na manutenção e criação de novas relações (Baym, 2018).
Esta prática de trabalho relacional engendrada pelos imperativos digitais torna o
trabalho ubíquo e, logo, as ações nas redes sociais digitais não mais se diferenciam em esferas
de vida pessoal e profissional. Sobre tal fato, cabe ressaltar que Gabriela Pugliesi sofreu
19
cuantos más contactos tenga y establezca un individuo, más valioso resultará, porque entonces más personas
lo considerarán popular
y desearán trabar contacto con él”.
Marcelo Simionato SALAMONI e Rafaela Borges OLIVEIRA
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. 00, e024003, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24i00.16800 21
“cancelamento”
20
na internet após publicizar uma festa realizada em seu apartamento durante a
quarentena motivada pela pandemia mundial da COVID-19. A influenciadora não estava
trabalhando no momento da publicação dos stories sobre a festa, mas a publicação de
comportamento considerado errado refletiu na sua imagem profissional e ocasionou na perda
de contratos e seguidores(as). Isto acontece porque os novos imperativos da sociedade digital
vendem talento profissional, contudo também uma marca materializada no(a) profissional em
questão (Baym, 2018). Esta ubiquidade, intimidade e cotidiano são vendidos como commoditys
junto aos produtos recomendados.
Influenciadores(as) são, portanto, aquelas pessoas que possuem algum poder no
“processo de decisão de compra de um sujeito; poder de colocar discussões em circulação;
poder de influenciar em decisões em relação ao estilo de vida, gostos e bens culturais daqueles
que estão em sua rede” (Karhawi, 2017, p. 48). O destaque dos(as) influenciadores(as) nas redes
sociais se pelo fato de que eles/as conseguem filtrar a grande quantidade de informação
presente na internet, bem como possuir atributos que lhes conferem credibilidade (Karhawi,
2017).
Gabriela Pugliesi filtra conteúdos referentes aos modos de vida fitness e adquire
credibilidade ao associar sua própria imagem, sua corporalidade e seu modo de vida ao
conteúdo que compartilha. Vale ressaltar que, devido aos mecanismos automatizados
algorítmicos, qualquer usuário(a) que consuma conteúdos de um determinado nicho será
direcionado a influenciadores(as) que produzam conteúdos para este nicho. Além disso,
estes(as) influenciadores(as) podem promover seus perfis e, desse modo, angariar novos
seguidores(as) através da aquisição deste serviço oferecido pela plataforma do Instagram.
20
Cancelamento é um termo êmico que se refere a uma ação de um/a usuário/a, geralmente famoso/a, considerada
incorreta por diferentes grupos sociais que também coabitam a internet; assim, organiza-se um “cancelamento” da
pessoa que age incorretamente na internet deixando-se de seguir este/a usuário/a para diminuir e até acabar com
sua influência dentro da rede.
Corpo, fitness e publicidade: Uma análise sociológica sobre a atuação de influenciadora nas plataformas digitais
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. 00, e024003, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24i00.16800 22
Considerações finais
Neste artigo, buscamos analisar como os discursos fitness se constituem quando
inseridos em espaços marcados pela intersecção entre regimes midiáticos e publicitários por
meio da atuação da influenciadora digital e “musa fitness Gabriela Pugliesi. Assim,
ressaltamos que na plataforma digital do Instagram no perfil da influenciadora uma
manifestação particular dos processos de disciplinamento e modulação corporal por meio da
gestão farmacomidiática em torno da vida fitness. Sua corporalidade encarna discursos
hegemônicos sobre corporalidades femininas, belas e modos de vida fitness que, se supõem,
universalmente desejados em detrimento das corporalidades desviantes permeadas por
narrativas que as associam a um estado de possível reversão. Gabriela Pugliesi atua, desse
modo, não apenas como uma influenciadora na recomendação de produtos fitness na plataforma
digital do Instagram, mas como uma marca que traz prestígio aos produtos divulgados por ela
graças à credibilidade que associa sua própria imagem, sua corporalidade e seu modo de vida
ao conteúdo que compartilha.
É na associação da corporalidade e do modo de vida com o conteúdo digital produzido
e monetizado que podemos chamar Gabriela Pugliesi de influenciadora digital e “musa fitness”.
As “musas” atuam no Instagram ao compartilharem em tempo real sua construção corporal
baseada em padrão de beleza considerado esbelto; apresentam uma corporalidade
metodicamente disciplinada através de exercícios físicos, bem como tecnicamente alterada
tanto de forma farmacológica quanto pela forma que se utilizam dos filtros do Instagram para
impedir a apresentação de qualquer suposta imperfeição corporal apesar do discurso da
naturalidade. Como musa fitness e influenciadora digital, Gabriela Pugliesi desenvolve um
trabalho ubíquo a partir dos regimes midiáticos e fitness encarnados na marca que faz de si para
a publicização e a venda de uma corporalidade e de um modo de vida, que se compreende
saudável e feliz, concebidos e proferidos como dignos de serem desejados e, dessa forma,
adquiridos.
Marcelo Simionato SALAMONI e Rafaela Borges OLIVEIRA
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. 00, e024003, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24i00.16800 23
REFERÊNCIAS
ADELMAN, Miriam; RUGGI, Lennita. Corpo, identidade e a política da beleza, algumas
reflexões teóricas. Novos Olhares, Muitos Lugares. Florianópolis: Editora Mulheres, 2007.
BAYM, Nancy. Playing to the crowd: Musicians, audiences, and the intimate work of
connection. NYU Press, 2018.
BELELI, Iara. Corpo e identidade na propaganda. Revista Estudos Feministas, v. 15, n. 1, p.
193-215, 2007. DOI: 10.1590/S0104-026X2007000100012. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/ref/a/nPT6zypmvrXB44bSR5ydC5v/abstract/?lang=pt. Acesso em: 15
jul. 2023.
BELELI, Iara. Marcas da diferença na propaganda brasileira. 2005. Tese (Doutorado em
Ciências Sociais) IFCH, Unicamp, Campinas, São Paulo, 2005.
BUTLER, Judith. Regulações de gênero. Cadernos Pagu, Campinas, São Paulo, n. 42, p.
249-274, 2014. Disponível em:
https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/cadpagu/article/view/8645122. Acesso em:
15 jul. 2023.
CASSINO, João F. Modulação deleuziana, modulação algorítmica e manipulação midiática.
In: AVELINO, Rodolfo; SILVEIRA, Sérgio; SOUZA, Joyce (org.). A Sociedade de
Controle. 1. Ed. São Paulo: Hedra, 2018. p. 13- 30.
CSORDAS, Thomas. A corporeidade como um paradigma para a antropologia.
Corpo/significado/cura. Porto Alegre: Editora da UFRGS, p. 101-46, 2008.
CASTELLS, Manuel. A comunicação na era digital. O poder da comunicação. São
Paulo/Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2015.
DE LAURETIS, Teresa. Technologies of gender: Essays on theory, film, and fiction. Indiana
University Press, 1987.
DELEUZE, Gilles. Post-Scriptum Sobre as Sociedades de controle. In: DELEUZE, Gilles.
Conversações. Trad. Peter Pál Pelbart. São Paulo: Editora 34, p.219-226, 1992.
ECO, Umberto. Para uma investigação semiológica sobre a mensagem televisional. In: ECO,
Umberto. Apocalípticos e integrados. São Paulo: Perspectiva, p. 365-386, 1976.
FOUCAULT, Michel. Poder-corpo. In: FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder, 9. Ed.
Rio de Janeiro/São Paulo: Paz &Terra, 2019.
JAGGAR, Alison M.; BORDO, Susan R.; DE FREITAS, Britta Lemos. Gênero, corpo,
conhecimento. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 1997.
KARHAWI, Issaaf. Influenciadores digitais: o Eu como mercadoria. Tendências em
comunicação digital. São Paulo: ECA/USP, 2016.
Corpo, fitness e publicidade: Uma análise sociológica sobre a atuação de influenciadora nas plataformas digitais
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. 00, e024003, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24i00.16800 24
KARHAWI, Issaaf. Influenciadores digitais: conceitos e práticas em discussão.
Communicare, v. 17, p. 46-61, 2017. Disponível em:
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4979443/mod_resource/content/1/Artigo-1-
Communicare-17-Edic%CC%A7a%CC%83o-Especial%20%282%29.pdf. Acesso em: 15
jul.2023.
LAZZARATO, Maurizio. As revoluções do capitalismo. Civilização Brasileira, 2006.
LANDA, María Inés. Subjetividades y consumos corporales: un análisis de las prácticas del
fitness en España y Argentina. Razón y Palabra, v. 14, n. 69, 2009. Disponível em:
https://www.researchgate.net/publication/40902005_Subjetividades_y_consumos_corporales_
Un_analisis_de_las_practicas_del_fitness_en_Espana_y_Argentina. Acesso em: 15 jul. 2023.
LUPTON, Deborah. Digital sociology. Routledge,2014.
MALUF, Sônia Weidner. Corpo e corporalidade nas culturas contemporâneas: abordagens
antropológicas. Esboços: histórias em contextos globais, [S.I], v. 9, n. 9, p. 87-101, 2001.
Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/esbocos/article/view/563. Acesso em: 15
jul. 2023.
PRECIADO, Paul B. Testo Junkie: sexo, drogas e biopolítica na era farmacopornográfica.
São Paulo: n-1 edições, 2018.
POELL, Thomas; NIEBORG, David; VAN DIJCK, José. Plataformização. Fronteiras-
estudos midiáticos, [S.I], v. 22, n. 1, p. 2-10, 2020. DOI: 10.4013/fem.2020.221.01.
Disponível em: https://revistas.unisinos.br/index.php/fronteiras/article/view/fem.2020.221.01.
Acesso em: 15 jul. 2023.
VAN DIJCK, J. La cultura de la conectividad: Una historia crítica de las redes sociales.
Buenos Aires: Siglo Veintiuno Editores, 2016.
Marcelo Simionato SALAMONI e Rafaela Borges OLIVEIRA
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. 00, e024003, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24i00.16800 25
CRediT Author Statement
Reconhecimentos: Agradecemos ao Prof. Dr. Fernando de Figueiredo Balieiro pelas
orientações e ensinamento que tornaram este artigo possível.
Financiamento: Não aplicável.
Conflitos de interesse: Não há conflitos de interesse.
Aprovação ética: Não aplicável.
Disponibilidade de dados e material: Os dados e materiais utilizados para a pesquisa
foram retirados dos perfis de Gabriela Pugliesi da rede social Instagram e da mídia digital
Youtube. No presente momento, nenhum dos dados está mais disponível porque a
influenciadora em questão deletou seu perfil na mídia digital YouTube e, após um divórcio
com o seu então esposo, ela deletou as postagens antigas do seu perfil no Instagram.
Contribuições dos autores: Marcelo Salamoni contribuiu com o levantamento dos dados
da pesquisa e a análise dos mesmos, além disso contribuiu com a escrita teórica referente
aos imperativos digitais. Rafaela Borges Oliveira contribuiu com o levantamento teórico
utilizados no artigo bem como com a discussão sobre gênero, sexualidade e cultura. Ela
também contribuiu com a revisão e adequação de todo o artigo.
Processamento e editoração: Editora Ibero-Americana de Educação.
Revisão, formatação, normalização e tradução.
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. 00, e024003, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24i00.16800 1
BODY, FITNESS, AND ADVERTISING: A SOCIOLOGICAL ANALYSIS OF
INFLUENCER ACTIVITIES ON DIGITAL PLATFORMS
CORPO, FITNESS E PUBLICIDADE: UMA ANÁLISE SOCIOLÓGICA SOBRE A
ATUAÇÃO DE INFLUENCIADORA NAS PLATAFORMAS DIGITAIS
CUERPO, FITNESS Y PUBLICIDAD: UN ANÁLISIS SOCIOLÓGICO DE LA
ACTIVIDAD DE INFLUENCIADORES EN PLATAFORMAS DIGITALES
Marcelo SALAMONI1
e-mail: marcelo.salamoni@hotmail.com
Rafaela Borges OLIVEIRA2
e-mail: rafaelaoborges@hotmail.com
How to reference this paper:
SALAMONI, M. S.; OLIVEIRA, R. B. Body, fitness, and
advertising: A sociological analysis of influencer activities
on digital platforms. Rev. Cadernos de Campo,
Araraquara v. 24, n. 00, e024003, 2024. e-ISSN: 2359-2419.
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24i00.16800
| Submitted: 24/05/2022
| Revisions required: 19/01/2024
| Approved: 27/02/2024
| Published: 04/03/2024
Editor:
Prof. Dr. Maria Teresa Miceli Kerbauy
Prof. Me. Mateus Tobias Vieira
Prof. Me. Thaís Caetano de Souza
1
Federal University of Santa Maria (UFSM), Santa Maria RS Brazil. Master's student in the Graduate Program
in Social Sciences (PPGCS) at UFSM. Has experience in the fields of Sociology and Anthropology, with emphasis
on Digital Sociology and Cultural Studies.
2
Federal University of Santa Maria (UFSM), Santa Maria RS Brazil. Doctor, Master, and Bachelor of Social
Sciences (UFSM). Professor of Sociology, History, and Scientific Thought in the basic education network.
Body, fitness, and advertising: A sociological analysis of influencer activities on digital platforms
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. 00, e024003, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24i00.16800 2
ABSTRACT: In this article, we discuss the fitness discourses produced in the digital era. We
aim to analyze how these discourses are configured through the use of digital platforms by the
influencer and "fitness muse" Gabriela Pugliesi. Using a semiological approach, we analyze
posts from the influencer's Instagram throughout 2020 and highlight how her content moves the
fitness discourses and aligns with advertising discourses according to digital imperatives. We
argue that the influencer associates the products she promotes with her corporality, using her
intimacy and daily life to perform and sell a healthy and happy lifestyle. Thus, the discourses
surrounding her corporality, conceived as worthy of desire and coveting, are carried out at the
expense of bodies outside the fitness norm, considered suitable for processes of normalization.
KEYWORDS: Fitness. Corporal disciplining. Gender. Advertising. Digital media.
RESUMO: Neste artigo, são discutidos os discursos fitness gerados na era digital, com foco
na análise dos conteúdos produzidos pela influenciadora e “musa fitness” Gabriela Pugliesi
por meio das plataformas digitais. Utilizando uma abordagem semiológica, foram analisadas
postagens feitas por ela no Instagram ao longo de 2020, destacando como seus conteúdos
contribuem para os discursos fitness e se conectam com estratégias publicitárias conforme as
demandas do ambiente digital. O argumento central é que a influenciadora associa os produtos
que promove à sua própria imagem corporal, utilizando sua vida pessoal e cotidiana para
promover e vender um estilo de vida saudável e feliz. Nesse contexto, os discursos em torno de
sua corporalidade, vista como desejável e aspiracional, acabam por marginalizar os corpos
que não se enquadram nos padrões fitness, os quais são submetidos a processos de
normalização.
PALAVRAS-CHAVE: Fitness. Disciplinamento Corporal. Gênero. Publicidade. Mídias
Digitais.
RESUMEN: En este artículo abordamos los discursos sobre el fitness producidos en la era
digital. Buscamos analizar cómo estos discursos se configuran a través del uso de las
plataformas digitales por parte de la influencer y “musa del fitness” Gabriela Pugliesi.
Mediante un enfoque semiológico, analizamos las publicaciones de la influencer en Instagram
a lo largo de 2020, y destacamos cómo su contenido mueve los discursos fitness y se articula
con los discursos publicitarios según los imperativos digitales. Sostenemos que la influencer
asocia los productos que promociona con su corporalidad, utilizando su intimidad y vida
cotidiana para representar y vender un estilo de vida saludable y feliz. Así, los discursos en
torno a su corporalidad, concebida como digna de ser deseada y codiciada, se llevan a cabo
en detrimento de cuerpos fuera de la norma Fitness, considerados aptos para procesos de
normalización.
PALABRAS CLAVE: Fitness. Disciplina Corporal. Género. Publicidad. Medios digitales.
Marcelo Simionato SALAMONI and Rafaela Borges OLIVEIRA
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. 00, e024003, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24i00.16800 3
Introduction
Figure 1 - Fitness soda
Source: Image captured and adapted from Instagram on 08.16.2020
3
.
The above image, from the Instagram profile of digital influencer Gabriela Pugliesi,
alludes to some of the issues that will be discussed in this article. In this image, Pugliesi is seen
wearing swimwear while recommending a "100% natural" soda. We can observe how both the
influencer's body and the advertised product mobilize fitness body production technologies.
Gabriela Pugliesi is 38 years old and has a degree in Industrial Design. She gained prominence
on the internet in the second decade of the 2000s, a period when digital social networks gained
increasing access due to the popularization of smartphones. In 2013, she began sharing photos
of the food she brought to work on her Instagram profile, a fact that gradually led to half a
million followers in the same year. Thus, several companies began to negotiate with Gabriela
for the recommendation of their products
4
.
Gabriela's work involves monetizing her content production, which includes audiovisual
posts with the disclosure and recommendation of products sponsored by her on her profiles on
3
Instagram profile: @eusouagabi. Available at: https://www.instagram.com/eusougabriela/. Accessed in: 17 Aug.
2023.
4
Gabriela's trajectory. Available at: PUGLIESI, Gabriela. Réptil; 2014.
Body, fitness, and advertising: A sociological analysis of influencer activities on digital platforms
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. 00, e024003, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24i00.16800 4
digital platforms. This work is carried out by people referred to as digital influencers because
they have the ability to influence others to consume the products promoted through their actions
in niche markets. However, Gabriela should not be seen as the norm because, unlike most
people who seek to work in this way, she is among those who have managed to make it their
main source of income and not just an extra income. The influencer currently
5
has 5.7 million
followers on Instagram and had 686 thousand subscribers until she deactivated it in 2022 on
her YouTube channel.
In this article, we analyze how fitness discourses are constituted when inserted into
spaces marked by the intersection between media and advertising regimes through the
performance of digital influencers and "fitness muse" Gabriela Pugliesi. We present the analysis
of the influencer's Instagram posts carried out through the semiological approach (Eco, 1976)
and to interpret the data extracted from this analysis, we discuss the production of corporealities
through the socio-anthropological perspective, emphasizing aspects involving bodily
discipline, subjective modulation, and gender technologies in the production of bodies and ways
of life (Foucault, 2019; Cassino, 2018; De Lauretis, 1987). We also discuss how these
disciplines and modulations are updated through the imperatives of the digital platform era,
thus producing corporealities in articulation with media, advertising, and pharmacological
regimes (Landa, 2009; Preciado, 2018).
Instagram, the primary platform for this analysis, is a digital platform developed in 2010
for sharing photographs among users through their profiles. Acquired by Facebook in 2012,
Instagram is currently a very popular platform. According to Datareportal's 2023 research,
Instagram is the fourth most used platform in the world. In Brazil, it occupies the position of
the second most used platform. Of the 140 million internet users in the country (66% of the
population), 79% use Instagram. Another relevant piece of data for this research is that out of
the 140 million internet users in Brazil, 99% access the platform via mobile phones, indicating
Instagram's success in the country, as it is primarily accessed through mobile phones, as the
data suggests.
5
This article is the result of research conducted and completed in 2020. Therefore, it is essential to emphasize that
the research data refers to the specified time period. Given the fluidity of life and the speed at which changes are
captured by digital networks, in this year of 2023, the year of publication of this article, there have been observed
changes: (i) Gabriela Pugliesi dropped the surname of her ex-husband Thiago Pugliesi, adopting only Gábi; (ii)
The address of her Instagram account changed due to these facts. However, her role as a fitness influencer, as
analyzed in this article, continues to be her central activity on digital platforms.
Marcelo Simionato SALAMONI and Rafaela Borges OLIVEIRA
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. 00, e024003, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24i00.16800 5
On the Instagram digital platform, users initiate communications through the follow and
follow-back commands, meaning interaction occurs through the sharing of profiles. Since its
inception, the digital platform has undergone various technical and layout changes. Initially, it
allowed users to share photographs in the feed
6
; today, it enables sharing short videos and text
in the feed, long videos on IGTV
7
, products in the shop
8
, photos, short videos, text in stories
9
and real-time broadcasts through lives
10
. Story publications can be accessed through a bar
containing the icons
11
of users and followed accounts, and unlike content shared in the feed,
these publications are not stored on the user's profile but disappear after twenty-four hours.
They are ephemeral publications that gradually began to portray users' daily lives.
In this context, we highlight the role of digital influencers and "fitness muses,"
12
and
then emphasize how their performance is promoted in accordance with new forms of work
when conducted on digital platforms (Van Dijck, 2016; Baym, 2018). By making evident the
influencer's involvement in the market production of fitness, we argue, that Gabriela associates
the products she promotes with her corporality and utilizes her intimacy and daily life to
perform and sell a lifestyle deemed healthy and happy. Thus, the discourses surrounding her
corporality, conceived as beautiful and worthy of coveting, are carried out at the expense of
bodies outside the fitness norm, considered suitable for processes of normalization through
imparted disciplining.
6
The Instagram feed functions similarly to Facebook's timeline. It is the platform's home page; it gathers posts
from other users followed and resembles an endless page, as swiping through the page on smartphones provides
access to new posts.
7
A section of Instagram dedicated to long videos.
8
A page dedicated to product sharing and selling.
9
Posts with a duration of up to 24 hours.
10
Live video broadcasting.
11
Small circular photo used for user identification.
12
An emic classification that emerged within Instagram itself.
Body, fitness, and advertising: A sociological analysis of influencer activities on digital platforms
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. 00, e024003, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24i00.16800 6
Methodology
The audiovisual content analysis developed by Eco (1976) was adapted and employed
in this article for the analysis of the content production of influencer Gabriela Pugliesi on the
Instagram digital platform. According to Eco (1976), analyzing communicational events as a
system of signs presupposes a sender and a receiver, in this case, Pugliesi and her followers.
This approach to content as a system of signs requires that the message be formed by codes that
are common to both the sender and the receiver, and that this message be analyzed based on a
shared communicational context. The use of codes and subcodes in the communicational
process implies not only a process of denotation in which the receiver understands the message
with the same intention that the sender wished to convey, but also a process of connotation in
which the receiver reinterprets the message based on their context (Eco,1976).
Thus, we analyzed the posts from Gabriela Pugliesi's profile on the Instagram platform
throughout the year 2020 using three base codes consisting of subcodes. They are: (1) the iconic
code, the image, which is formed by the iconological, aesthetic, erotic, and montage subcodes;
(2) the linguistic code, the text, which in turn is formed by specialized jargon and syntagms of
acquired stylistic value subcodes; and finally, (3) the sound code, which includes the emotive,
syntagms of acquired stylistic value, and conventional value syntagms subcodes (Eco, 1976).
The selected contents here illustrate the recurring patterns identified through the analysis and
the main discourses condensed into problematized axes throughout this article.
Marcelo Simionato SALAMONI and Rafaela Borges OLIVEIRA
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. 00, e024003, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24i00.16800 7
"May we never stop smiling": the production of fitness content
Figure 2 - "New look makes you want to train more, right?"
Source: Image captured and adapted from Instagram on 04/18/2020.
In this image, Gabriela Pugliesi is in a gym, leaning on a dumbbell rack, standing
upright, and wearing workout clothes from the company Body For Sure. The photo is captioned:
"New look makes you want to train more, right?  @bodyforsure #GoForBody #Summer20".
Through the analysis of the iconic code of this image, we highlight the influencer's body as a
model for the advertising piece, as well as an idealized model for her followers. In the gym and
close to the weightlifting equipment, the corporality and its setting connote that in order to have
a body that fits the ideal of fitness slimness, it is necessary to perfect this body, including with
the recommended clothing.
The linguistic code present in the image caption then associates the acquisition of the
piece of clothing with the "desire to train"; the hashtag
13
"#Summer20" evokes the goal of
working out and shaping the body for its best exposure in the summer. Through the montage
subcode, we can see that the influencer has her eyes closed, not looking at the camera, but at
the weightlifting equipment, which implies seriousness and determination in body
improvement. The message uses the imperative function present in advertisements, aiming to
convince the receiver that the clothing item from the brand Body For Sure will help them in
13
This refers to subjects indexed for consultation on social networks.
Body, fitness, and advertising: A sociological analysis of influencer activities on digital platforms
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. 00, e024003, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24i00.16800 8
their physical activity training, and its phatic function connects the influencer with the receivers
through the use of diminutive words and the "emoticon".
Figure 3 - "I DOOON'T CARE"
Source: Image captured and adapted from Instagram on 04/18/2020.
Figure 4 - Love Without Sugar
Source: Image captured and adapted from Instagram on 04/18/2020.
In the two images above, Gabriela Pugliesi advertises different food products. In the
first image, she is at the beauty salon, eating popcorn from the brand Mais Pura, and in the
second image, she is in an outdoor area of her home with chocolates from the brand
Kopenhagen, alongside her husband, Erasmo Carlos. When analyzing the images based on the
Marcelo Simionato SALAMONI and Rafaela Borges OLIVEIRA
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. 00, e024003, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24i00.16800 9
iconological subcode, we highlight that both demonstrate happiness. The first image does this
in the beauty salon even while eating popcorn, as gluten-free, whole, non-GMO, vegan, lactose-
free, allergen-free, preservative-free, and trans-fat-free popcorn is allowed. In addition to
happiness, the image conveys spontaneity, as if the influencer had been surprised by the camera
while eating her popcorn and receiving aesthetic care; therefore, the photo is staged to
emphasize Pugliesi's smile, as besides focusing on her face, a filter is used
14
to illuminate the
sides of the photograph.
Upon analyzing the photograph and its caption, there is an evident connotation of care
for an appearance that involves hours spent at the beauty salon without neglecting the diet
considered healthy. In the second image, alongside her husband and the chocolates, it is
observed that happiness and love are articulated with the consumption of that chocolate. Both
messages use imperative functions as advertising pieces, as well as phatic and emotive
functions, using emoticons and capitalized words to convey emotion in seeking connection with
the receivers.
Figure 5 - Snow and Protein
Source: Image captured and adapted from Instagram on 04/18/2020.
14
Filters can be added in advance to photographs using specific applications, but the Instagram platform itself also
provides them; they alter the colors and focus of the photographs.
Body, fitness, and advertising: A sociological analysis of influencer activities on digital platforms
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. 00, e024003, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24i00.16800 10
Figure 6 - Beach and Friends
Source: Image captured and adapted from Instagram on 04/18/2020.
In both Figure 5 and Figure 6, Gabriela Pugliesi portrays trips to places that require
purchasing power; in the first image, Gabriela is at a country club in the French Alps, and in
the second image, at a resort hotel in Itacaré, Bahia. In the first photograph, Pugliesi is
advertising for the brand Souly Feed Your Soul; in the second, she is sharing her happiness.
When analyzing the two posts based on the codes defined by Eco (1976), we highlight that the
scenery of the photographs evokes beauty and tranquility, as well as lean and pharmacologically
disciplined bodies accessing these spaces. In the first image, there is an association of the food
and supplement brand with the influencer's dietary routine, thus suggesting that even outside of
everyday life, one should continue with dietary discipline, as well as having the purchasing
power to consume products and trips.
In the second image, besides the influencer's body, there are three other bodies that
embody the fitness norm, thus reinforcing the connotation that it is those types of spaces that
fitness bodies access. Finally, these and other analyzed posts express the same functions already
highlighted, as the first one has an imperative, emotive, and phatic function as it is an
advertisement presented as a recommendation using first-person language, emoticons, personal
language, and advice on how to use the product, and the second image presents the emotive
function.
Marcelo Simionato SALAMONI and Rafaela Borges OLIVEIRA
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. 00, e024003, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24i00.16800 11
Figure 7 - "Already woke up in full swing"
Source: Image captured and adapted from Instagram on 04.18.2020.
Figure 8 - "Starting Monday off strong!"
Source: Image captured and adapted from Instagram on 04.18.2020.
In these posts (Figures 7 and 8), Gabriela is at the gym; in the first image, she advertises
an energy supplement, and in the second, she exercises. The second image (a snippet from a
video) connotes that to possess a fit body, one must have a routine of exercises; the caption
suggests goals and objectives arising from the fitness norm embodied in the body's routine.
Body, fitness, and advertising: A sociological analysis of influencer activities on digital platforms
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. 00, e024003, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24i00.16800 12
Furthermore, there is encouragement for her followers to interact with the post by writing their
goals and objectives with the exercises.
Analyzing the second image based on the iconological subcode, where a gym represents
exercise, and the first image based on the montage subcode, as the weights and mat were
strategically placed in that position for the photo, we highlight both images conveying that the
supplement is as necessary as an exercise to achieve the desired corporeality. Thus, the
advertising presented as a recommendation indicates that both bodily self-discipline, exercises,
and diets, as well as the use of products promoted by Pugliesi, are necessary to have the "low
carb" body and lifestyle, as depicted.
Figure 9 - Natural Body
Source: Image captured and adapted from Instagram on 04.18.2020.
However, there is an association between the influencer's body and the natural foods she
also claims to consume. In the image above (Figure 9), Pugliesi is in a garden harvesting lettuce,
and the accompanying caption says: "Me in my habitat #VeggieLife." Since a garden is
associated with nature, the image conveys the meaning that the influencer has a lifestyle based
on natural food. Thus, the discourse uttered by the fitness muse consistently associates the fit
body with a natural body built through exercise and a diet classified as healthy. Despite the
influencer promoting various pharmacological products
15
, such as supplements or modified
foods, a sense of naturalness, particularly healthy, is performed in the production of her
15
Products produced in laboratories are based on chemical substances that interact with the human biological
system.
Marcelo Simionato SALAMONI and Rafaela Borges OLIVEIRA
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. 00, e024003, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24i00.16800 13
corporality, which is paradoxically reiterated in the fitness market norm, technically modified
and the result of uninterrupted self-discipline.
The disciplining of the body through fitness advertising discourse
The social and cultural disciplining through bodily modulation in the internet age
portrays fitness corporeality as an ideal of beauty capable of eliciting social desires and
aspirations. However, this idea of a slim body is not accessible to all women, as it requires
cultural and economic capital for the investment in constant bodily discipline through diets and
physical exercises that are articulated with body manipulation produced by technical-scientific
products, such as dietary supplements and plastic surgeries. Thus, the ideal of slimness is an
unequal ideal that, by selling itself as universally desired, "offers the illusion of fulfilling,
through the body, the contradictory demands of the contemporary ideology of femininity"
(Jaggar; Bordo; De Freitas, 1997, p. 26, our translation).
Mariá Inés Landa (2009), in a study on subjectivities and bodily consumption within
fitness practices, asserts that the fitness discourse originated from North American Puritan
religious communities seeking to preserve the physical health of their members. Starting in the
1970s, the fitness industry was established and linked to audiovisual products (VHS tapes)
produced by Kenneth Cooper; in these productions, Jane Fonda conducted video classes on
aerobic exercises widely marketed in Latin America (Landa, 2009). Thus, the fitness discourse
is the convergence of discourses produced by specialized communities as well as by companies
aiming to commercialize products in this realm (Landa, 2009).
In this historical context, we emphasize the fitness discourse, which is also tied to its
commercial dimension, which is responsible for its constitution. Fitness technologies have
brought about central social actors for the discussion at hand, referred to as fitness professionals.
These professionals are tasked with internalizing fitness discourses to transmit them to others
and, above all, embodying through their bodies the efficacy of the discourse uttered (Landa,
2009).
Thus, the bodies capable of embodying this professional, as well as the bodies present
in the advertisements of these companies, are the bodies that embody this ideal of beauty; while
simultaneously materializing musculature resulting from discipline and bodily modification,
they also undergo subjective alterations through behaviors associated with health and happiness
within a lifestyle perceived as satisfactory (Landa, 2009), and that articulates with the class
Body, fitness, and advertising: A sociological analysis of influencer activities on digital platforms
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. 00, e024003, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24i00.16800 14
dimension enabling the subjective and embodied internalization of a series of ontologies,
behaviors, consumption of products, and places in everyday life geared towards constant self-
discipline.
The fitness discourse thus materializes the norm in the body capable of incorporating it
and also defines the deviant body, namely, those corporealities that constitute themselves in
opposition to fitness norms. The deviant body is understood and uttered as the body that needs
to be normalized, since discursive norms are established in direct relation to deviations from
the norm; the existence of a norm implies the existence of that which escapes it (Butler, 2014).
The other deviant is also the fat body permeated by narratives associating it with a sick,
unmotivated, and unhappy corporality, at the expense of the presumed healthy, disciplined, and
happy lean and fit body. Furthermore, the fitness discourse employs the idea that anyone can
attain a fitness corporality solely through willpower and discipline, thus positioning the deviant
body in a state of potential reversal (Landa, 2009).
Advertising plays a central role in the formation and dissemination of this fitness body,
as well as in defining this other without needing to mention it. In the words of Adelman and
Ruggi (2007, p. 47, our translation).:
Susan Bordo (1999) labels this dynamic as the pedagogy of deficiency:
advertising is the daily lesson of what we lack, a lesson that simultaneously
stipulates the antidote and the poison. According to these authors, the
language of advertising is not based on rational argumentation but on the
persuasive subterfuge that resorts to and reinforces culturally established
stereotypes, especially the magnetic ones. Models are the outward face of this
process; their bodies are the support for the advertisements, being themselves
advertised.
Furthermore, on this matter, the authors add:
In a study conducted at a modeling school in Curitiba during the years 2004/5
(RUGGI, 2005), we attempted to explore how representations of the body are
constructed in the advertising and publicized beauty market. "Model" is, by
definition, the parameter and an excluding parameter at that. Body models,
by stipulating what one should resemble, establish a way of being. Beauty
mediated through them is regarded by sociological analysis as one of the major
causes of the growing dissatisfaction of contemporary individuals with
themselves and their bodies. In this sense, the defined, appropriated, and
disseminated beauty standards by advertising would operate as mechanisms
of control over the "self," enabling the comparison between self-image (that
in the mirror) and the socially established hierarchy of appearances (Adelman;
Ruggi 2007, p. 48, our translation).
Marcelo Simionato SALAMONI and Rafaela Borges OLIVEIRA
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. 00, e024003, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24i00.16800 15
Fitness advertising discourse implies the production of parameters around
corporealities. Thus, advertising not only promotes products but constructs social aspirations in
those who consume advertising, seeking identification through brands and publicized
corporalities; "the body in advertising is fundamental for this process of identification and, most
of the time, is associated with gender and sexuality formulations" (Beleli, 2007, p. 193, our
translation). Fitness discourse sells a slender female body, linked to the idea that those who
possess this body will be happy, and such an association of fitness body with happiness is
recurrent in the content production of the influencer Gabriela Pugliesi. To the intertwining of
advertisements, bodies, and modes of life worthy of coveting, it is added that the valorization
"of light, young, and lanky bodies in advertising composes a standard of beauty that encourages
narcissistic femininities as a way to equalize power relations" (Baleli, 2007, p. 201-202, our
translation).
Advertising, therefore, is present in all media and makes many brands worth more than
the products they market; thus, it does not only sell products but lifestyles and concepts (Beleli,
2005). It is in this sense that Gabriela Pugliesi is not just an influencer recommending products
on the Instagram digital platform, but a brand that brings prestige to the products she promotes;
for the trend in "communication lies in the fact that, now, influencers constitute themselves as
brands and, in many cases, constitute themselves as media vehicles" (Karhawi, 2016, p. 41-42,
our translation).
Corporealities and Sociocultural Disciplines
According to Csordas (2008, p. 145), the body is not a natural and immutable evidence,
but the "existential basis of culture" (Csordas, 2008, p. 145). The socially constructed body
through culture directly engenders the formation of culture itself. Thus, it is both the object and
agent of culture, because:
It ceases to be a mere object of social and symbolic action, a receptacle for the
inscription of cultural symbols and an object to be shaped by social and
collective representations, and becomes an agent and subject of individual and
collective experience, a vehicle and producer of meanings, an instrument and
engine for the constitution of new subjectivities and new forms of subject
(Maluf, 2001, p. 96, our translation).
Body, fitness, and advertising: A sociological analysis of influencer activities on digital platforms
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. 00, e024003, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24i00.16800 16
In this sense, "cultural experience is embodied" (Maluf, 2001, p. 97, our translation),
but instances of power also permeate it. Through social and cultural disciplines on bodies,
power shapes and produces subjectivities through norms expressed in social reality (Foucault,
2019). Technologies of power are thus materialized in institutions, discourses, and their
practices, and can shape the capacity for action of individuals in various regimes of self-
discipline (Foucault, 2019).
To this end, social, cultural, and economic institutions undertake the investment of the
body by the power to discipline corporealities according to the norm and, thus, produce docile
bodies accustomed to the internalization of behaviors (Cassino, 2018). This discipline is
characteristic of modern societies in the post-industrial revolution period. However, in the 21st
century, the society of control (Deleuze, 1992) deepens the technologies of the disciplinary
society. According to Lazzarato:
The society of control exercises its power through distance-action
technologies of images, sound, and information, which function as machines
to modulate and crystallize waves, electromagnetic vibrations (radio,
television), or machines to modulate and crystallize packets of bits (computers
and numerical scales) (Lazzarato, 2006, p. 85, our translation).
The society of control does not discipline bodies in the same way as disciplinary
institutions, but subtly modulates subjectivities through algorithmic technologies (Cassino,
2018). Modulation is thus the internalization of behaviors through the action of algorithms in
the digital era in which we are immersed (Lupton, 2014), and can be observed in the way
platforms function and are algorithmically organized. This articulates disciplinary power
exercised over bodies with the control exerted by modulation, which can also be subjectively
internalized and, therefore, shape bodies (Cassino, 2018).
So, while there is disciplinary control and modulation of bodies on one hand, there is,
on the other hand, the pharmamedial
16
transformation of the economic system. According to
Preciado (2018), in the post-industrial system, biomolecular and semiotic-technical regimes are
responsible for shaping people's subjectivities (Preciado, 2018). Science produces tangible
realities achieved by supplements that modify bodies to fit the standards also established
through digital media. In the author's words:
16
We employ this concept as an appropriation of Paul B. Preciado's notion of the pharmacopornographic society,
wherein instead of positioning pornography as the primary medium capable of shaping the social imaginary, we
work with the idea that all media complement each other in this process.
Marcelo Simionato SALAMONI and Rafaela Borges OLIVEIRA
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. 00, e024003, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24i00.16800 17
Technoscience has established its material authority by transforming the
concepts of psyche, libido, consciousness, femininity, masculinity,
heterosexuality, homosexuality, intersexuality, and transsexuality into
tangible realities, which manifest themselves in chemical substances and
marketable molecules in bodies, in human biotypes, in technological goods
managed by pharmaceutical multinationals (Preciado, 2018, p. 37, our
translation).
Currently, societies are characterized by the ability to modify corporealities through the
use of technoscientific products, simultaneously constituting these bodies as desirable; for, "the
postmodern body becomes collectively desirable thanks to its pharmacological management
and its audiovisual promotion" (Preciado, 2018, p. 56, our translation). On the Instagram digital
platform, on the profile of influencer Gabriela Pugliesi, there is a particular manifestation of
processes of body disciplining and modulation through pharmamedial management around
fitness life. It is important to note, furthermore, that body technologies, which also function as
gender technologies, are much older than the discourse of fitness on digital platforms and act
on people's bodies, turning beauty into a "particular form of "distinction" and "self-discipline"
(Adelman; Ruggi, 2007, p. 42, our translation).
Gender technologies produce men and women who perform "feminine and masculine
forms that correspond to them and a whole series of 'other objects,' which includes lesbians,
gays, people of ambiguous gender [...] encompassed by the term transgender" (De Lauretis,
1987, p. 42, our translation). And, in this process, they "establish or reproduce particular
classificatory notions about the beautiful and the abject" (Adelman; Ruggi, 2007, p. 42, our
translation). The referenced gender technologies are disguised as "[...] individually valued or
devalued characteristics" (Adelman; Ruggi, 2007, p. 40, our translation); however, these
technologies are part of sociocultural systems that imply various power relations that attribute
standards about "beauty, appearance, physical strength, fragility, and the quality of being
'sexually attractive' as the norm" (Adelman; Ruggi, 2007, p. 40, our translation). Body and
gender technologies, therefore, place feminine corporealities in the position of docile bodies
accustomed to external improvement aiming for a certain corporal and culturally constructed
beauty ideal (Jaggar; Bordo, 1997).
Body, fitness, and advertising: A sociological analysis of influencer activities on digital platforms
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. 00, e024003, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24i00.16800 18
New digital imperatives and influencers
Advertising has always been linked to media, and this fact is not new in the digital age.
However, we seek to reflect on the changes related to the interaction between advertising and
the internet of digital platforms. In the words of Castells:
The influence of the advertising industry on media businesses, through the
transformation of people into a measurable audience, tends to subordinate
cultural innovation or entertainment pleasure to commercial consumerism
(Castells, 2015, p. 104, our translation).
The internet constitutes online environments that foster content creation by users within
the parameters established by each digital platform, but such creation is also shaped by the
companies that control the platforms and have commercial objectives (Castells, 2015). Thus,
as digital platforms like Facebook and Instagram acquired larger audiences, they began selling
potential clients in the market (Castells, 2015). In the words of Poell, Nieborg, and Van Dijck
(2020, p. 4, our translation), platforms are "reprogrammable digital infrastructures that facilitate
and shape personalized interactions between end-users and complementors," and they are
organized "through the systematic collection, algorithmic processing, monetization, and
circulation of data" (Poell; Nieborg; Van Dijck, 2020, p. 4, our translation).
Instagram, the main platform for this analysis, is a digital platform developed in 2010
for photo sharing among users through their digital profiles on this platform. Acquired by
Facebook in 2012, Instagram is currently a very popular platform; according to Datareportal's
17
2023 research data, it is the fourth most used platform in the world. In Brazil, it ranks as the
fourth most used platform, with 79% of the one hundred and forty million internet users (66%
of the population) using Instagram. Another pertinent data point for this research is that out of
the one hundred and forty million internet users in Brazil, 99% access the platform via mobile
phones, thus configuring Instagram's success in the country as it is primarily accessed on mobile
devices, as the data suggests.
On Instagram, users initiate communications through the follow and follow-back
commands, meaning profile sharing generates interaction. Since its inception, the platform has
undergone various technical and layout changes. Initially, it allowed users to share photos in
the feed; today, it enables the sharing of short videos and text in the feed, long videos on IGTV,
17
Available at: https://datareportal.com/reports/digital-2023-global-overview-report. Accessed in: 22 mar. 2022.
Marcelo Simionato SALAMONI and Rafaela Borges OLIVEIRA
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. 00, e024003, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24i00.16800 19
products in the shop, photos, short videos, and text in stories, as well as allowing real-time
broadcasts through lives. The posts in stories can be accessed through a bar containing the icons
of followed users, and unlike the content shared in the feed, these posts are not stored on the
user's profile but disappear after twenty-four hours. They are ephemeral publications that
gradually began to depict users' daily lives.
It is important to note that it is not just access to Instagram that is growing, but access
to all digital social networks. Internet access is increasing at an average rate of 7.41% per year,
and access to social networks is growing at an average rate of 10.81% per year. However, it is
not only the absolute growth of access that theorists argue indicates that we live in the internet
of digital platforms, but also because of interconnection. Platforms are part of a larger structure,
an ecosystem of social networks that connect platforms through similar buttons, providing
greater ease in moving from one platform to another, as well as quantifying human connection
and directing it through algorithms (Van Dijck, 2016). In this sense, each platform forms a
microsystem, in which the total platforms form an ecosystem of social networks constituted by
social and cultural norms to the same extent that it constitutes these norms (Van Dijck, 2016).
These microsystems are in a process of simultaneous evolution, as platforms are sensitive to
changes that occur in each other.
Van Dijck (2016) asserts that we live in a culture of connectivity, where sociability on
the internet is shaped by platforms, and thus, platforms and social practices mutually constitute
each other. And because connectivity is a quantifiable value, which can be observed in the
number of followers a person has or the number of interactions a post receives, sociabilities
become influenced by connectivity, since "the more contacts an individual has and establishes,
the more valuable he will be, as more people will consider him popular and will want to make
contact with him" (Van Dijck, 2016, p.31, our translation)
18
.
This principle of popularity also influences advertising on digital social networks. Users
who have many followers can influence them, and thus, companies create effective
advertisements when done by users who have strong influence in a particular market niche, at
the expense of traditional advertising targeted at mass audiences (Van Dijck, 2016). User-
generated advertising is presented as a recommendation, filtered through the person
recommending goods, products, and lifestyles, and consequently, part of the advertising culture
is shifted from mass media to the recommendation economy (Van Dijck, 2016), in the era of
18
cuantos más contactos tenga y establezca un individuo, más valioso resultará, porque entonces más personas
lo considerarán popular
y desearán trabar contacto con él”.
Body, fitness, and advertising: A sociological analysis of influencer activities on digital platforms
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. 00, e024003, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24i00.16800 20
the internet of digital platforms. In this way, advertising becomes a key element in the
organization of platforms, as their operations are structured to favor advertising within the
platforms' norms.
Work and Digital Influencers
In addition to the transformation of advertising culture, the internet of digital platforms
also implies new relational skills for jobs that require interaction with the public. According to
Nancy Baym (2018), the imperatives of the digital society modify relational skills because they
create new demands, such as the need for continuous maintenance of daily contact with
followers through digital social networks via relational labor (Baym, 2018). This relational
work requires, to some extent, emotional labor on social networks so that followers do not lose
interest in the individual making the recommendation and invest, above all, in maintaining and
creating new relationships (Baym, 2018).
This practice of relational work engendered by digital imperatives makes work
ubiquitous, and thus, actions on digital social networks no longer differentiate between spheres
of personal and professional life. Regarding this fact, it is worth noting that Gabriela Pugliesi
faced "cancellation"
19
on the internet after publicizing a party held in her apartment during the
quarantine prompted by the global COVID-19 pandemic. The influencer was not working at
the time of the stories' publication about the party, but the publication of behavior considered
wrong reflected on her professional image and resulted in the loss of contracts and followers.
This happens because the new imperatives of the digital society sell professional talent, but also
a brand materialized in the professional in question (Baym, 2018). This ubiquity, intimacy, and
everyday life are sold as commodities alongside the recommended products.
Influencers are, therefore, those individuals who have some power in "the purchase
decision process of a subject; the power to circulate discussions; the power to influence
decisions regarding the lifestyle, tastes, and cultural goods of those in their network" (Karhawi,
2017, p. 48, our translation). The prominence of influencers on social networks is due to their
ability to filter the vast amount of information present on the internet, as well as possessing
attributes that give them credibility (Karhawi, 2017).
19
"Cancelamento" is an emic term that refers to an action by a user, usually a famous one, deemed inappropriate
by various social groups coexisting on the internet; thus, a "canceling" of the person who misbehaves on the
internet is organized by unfollowing this user to diminish or even end their influence within the network.
Marcelo Simionato SALAMONI and Rafaela Borges OLIVEIRA
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. 00, e024003, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24i00.16800 21
Gabriela Pugliesi filters content related to fitness lifestyles and gains credibility by
associating her image, body, and way of life with her content. It is worth noting that, due to
automated algorithmic mechanisms, any user consuming content from a particular niche will
be directed to influencers who produce content for this niche. Furthermore, these influencers
can promote their profiles and thus gain new followers by acquiring this service offered by the
Instagram platform.
Final considerations
In this article, we aim to analyze how fitness discourses are constructed when inserted
into spaces marked by the intersection between media and advertising regimes through the
actions of the digital influencer and "fitness muse" Gabriela Pugliesi. Thus, we emphasize that
on the Instagram digital platform, in the influencer's profile, there is a particular manifestation
of the processes of bodily discipline and modulation through pharmacological management
around fitness life. Her corporality embodies hegemonic discourses about feminine bodies,
beauty, and fitness lifestyles that are assumed to be universally desired at the expense of deviant
corporealities permeated by narratives associating them with a possible state of reversal.
Gabriela Pugliesi acts, therefore, not only as an influencer recommending fitness products on
the Instagram digital platform but also as a brand that brings prestige to the products she
promotes due to the credibility she associates with her image, her body, and her lifestyle to the
content she shares.
It is in the association of corporality and lifestyle with the digital content produced and
monetized that we can call Gabriela Pugliesi a digital influencer and "fitness muse." The
"muses" act on Instagram by sharing in real-time their bodily construction based on a beauty
standard considered slender; they present a methodically disciplined corporality through
physical exercises, as well as technically altered both pharmacologically and by the way they
use Instagram filters to prevent the presentation of any supposed bodily imperfection despite
the discourse of naturalness. As a fitness muse and digital influencer, Gabriela Pugliesi
develops ubiquitous work from the media and fitness regimes embodied in the brand she makes
of herself for the publicity and sale of a corporality and a way of life understood as healthy and
happy, conceived and pronounced as worthy of being desired and, thus, acquired.
Body, fitness, and advertising: A sociological analysis of influencer activities on digital platforms
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. 00, e024003, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24i00.16800 22
REFERÊNCIAS
ADELMAN, Miriam; RUGGI, Lennita. Corpo, identidade e a política da beleza, algumas
reflexões teóricas. Novos Olhares, Muitos Lugares. Florianópolis: Editora Mulheres, 2007.
BAYM, Nancy. Playing to the crowd: Musicians, audiences, and the intimate work of
connection. NYU Press, 2018.
BELELI, Iara. Corpo e identidade na propaganda. Revista Estudos Feministas, v. 15, n. 1, p.
193-215, 2007. DOI: 10.1590/S0104-026X2007000100012. Available at:
https://www.scielo.br/j/ref/a/nPT6zypmvrXB44bSR5ydC5v/abstract/?lang=pt. Accessed in:
15 July 2023.
BELELI, Iara. Marcas da diferença na propaganda brasileira. 2005. Tese (Doutorado em
Ciências Sociais) IFCH, Unicamp, Campinas, São Paulo, 2005.
BUTLER, Judith. Regulações de gênero. Cadernos Pagu, Campinas, São Paulo, n. 42, p.
249-274, 2014. Available at:
https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/cadpagu/article/view/8645122. Accessed in:
15 July 2023.
CASSINO, João F. Modulação deleuziana, modulação algorítmica e manipulação midiática.
In: AVELINO, Rodolfo; SILVEIRA, Sérgio; SOUZA, Joyce (org.). A Sociedade de
Controle. 1. Ed. São Paulo: Hedra, 2018. p. 13- 30.
CSORDAS, Thomas. A corporeidade como um paradigma para a antropologia.
Corpo/significado/cura. Porto Alegre: Editora da UFRGS, p. 101-46, 2008.
CASTELLS, Manuel. A comunicação na era digital. O poder da comunicação. São
Paulo/Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2015.
DE LAURETIS, Teresa. Technologies of gender: Essays on theory, film, and fiction. Indiana
University Press, 1987.
DELEUZE, Gilles. Post-Scriptum Sobre as Sociedades de controle. In: DELEUZE, Gilles.
Conversações. Trad. Peter Pál Pelbart. São Paulo: Editora 34, p.219-226, 1992.
ECO, Umberto. Para uma investigação semiológica sobre a mensagem televisional. In: ECO,
Umberto. Apocalípticos e integrados. São Paulo: Perspectiva, p. 365-386, 1976.
FOUCAULT, Michel. Poder-corpo. In: FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder, 9. Ed.
Rio de Janeiro/São Paulo: Paz &Terra, 2019.
JAGGAR, Alison M.; BORDO, Susan R.; DE FREITAS, Britta Lemos. Gênero, corpo,
conhecimento. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 1997.
KARHAWI, Issaaf. Influenciadores digitais: o Eu como mercadoria. Tendências em
comunicação digital. São Paulo: ECA/USP, 2016.
Marcelo Simionato SALAMONI and Rafaela Borges OLIVEIRA
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. 00, e024003, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24i00.16800 23
KARHAWI, Issaaf. Influenciadores digitais: conceitos e práticas em discussão.
Communicare, v. 17, p. 46-61, 2017. Available at:
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4979443/mod_resource/content/1/Artigo-1-
Communicare-17-Edic%CC%A7a%CC%83o-Especial%20%282%29.pdf. Accessed in: 15
July2023.
LAZZARATO, Maurizio. As revoluções do capitalismo. Civilização Brasileira, 2006.
LANDA, María Inés. Subjetividades y consumos corporales: un análisis de las prácticas del
fitness en España y Argentina. Razón y Palabra, v. 14, n. 69, 2009. Available at:
https://www.researchgate.net/publication/40902005_Subjetividades_y_consumos_corporales_
Un_analisis_de_las_practicas_del_fitness_en_Espana_y_Argentina. Accessed in: 15 July
2023.
LUPTON, Deborah. Digital sociology. Routledge,2014.
MALUF, Sônia Weidner. Corpo e corporalidade nas culturas contemporâneas: abordagens
antropológicas. Esboços: histórias em contextos globais, [S.I], v. 9, n. 9, p. 87-101, 2001.
Available at: https://periodicos.ufsc.br/index.php/esbocos/article/view/563. Accessed in: 15
July 2023.
PRECIADO, Paul B. Testo Junkie: sexo, drogas e biopolítica na era farmacopornográfica.
São Paulo: n-1 edições, 2018.
POELL, Thomas; NIEBORG, David; VAN DIJCK, José. Plataformização. Fronteiras-
estudos midiáticos, [S.I], v. 22, n. 1, p. 2-10, 2020. DOI: 10.4013/fem.2020.221.01.
Available at: https://revistas.unisinos.br/index.php/fronteiras/article/view/fem.2020.221.01.
Accessed in: 15 July 2023.
VAN DIJCK, J. La cultura de la conectividad: Una historia crítica de las redes sociales.
Buenos Aires: Siglo Veintiuno Editores, 2016.
Body, fitness, and advertising: A sociological analysis of influencer activities on digital platforms
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. 00, e024003, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24i00.16800 24
CRediT Author Statement
Acknowledgements: We thank Prof. Dr. Fernando de Figueiredo Balieiro for his guidance
and teachings that made this article possible.
Funding: Not applicable.
Conflicts of interest: There are no conflicts of interest.
Ethical approval: Not applicable.
Data and material availability: The data and materials used for the research were obtained
from Gabriela Pugliesi's profiles on Instagram and YouTube. At the present moment, none
of the data is available anymore because the influencer in question deleted her profile on
the digital media platform YouTube, and after divorcing her then-husband, she deleted old
posts from her Instagram profile.
Author’s contributions: Marcelo Salamoni contributed to the data collection and analysis,
as well as to the theoretical writing related to digital imperatives. Rafaela Borges Oliveira
contributed to the theoretical framework used in the article, as well as to the discussion on
gender, sexuality, and culture. She also contributed to the revision and adaptation of the
entire article.
Processing and editing: Editora Ibero-Americana de Educação.
Proofreading, formatting, normalization and translation.