Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 23, n. 00, e023004, 2023. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.16904 1
CULTURA DIGITAL, SOCIABILIDADE VIRTUAL E MÚSICA INDEPENDENTE
NO BRASIL: CONEXÕES, INTERFACES E CONSUMO
1
CULTURA DIGITAL, SOCIABILIDAD VIRTUAL Y MÚSICA INDEPENDIENTE EN
BRASIL: CONEXIONES, INTERFACES Y CONSUMO
DIGITAL CULTURE, VIRTUAL SOCIABILITY AND INDEPENDENT MUSIC IN
BRAZIL: CONNECTIONS, INTERFACES AND CONSUMPTION
Maria Vandete de ALMEIDA2
e-mail: negavan@gmail.com
Como referenciar este artigo:
ALMEIDA, M. V. Cultura digital, sociabilidade virtual e
música independente no Brasil: Conexões, interfaces e
consumo. Rev. Cadernos de Campo, Araraquara v. 23, n.
00, e023004, 2023. e-ISSN: 2359-2419. DOI:
https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.16904
| Submetido em: 11/09/2022
| Revisões requeridas em: 30/09/2022
| Aprovado em: 25/01/2023
| Publicado em: 18/07/2023
Editora:
Profa. Dra. Maria Teresa Miceli Kerbauy
1
A princípio, a temática foi desenvolvida e apresentada como requisito para aprovação na disciplina Cultura
Material, Consumo e Sociabilidade ofertada pelo Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais da Universidade
Estadual de Marine cursada como aluna não regular, no ano de 2016. Estes estudos preliminares sobre a relação
entre cultura e consumo, a observação pessoal do cenário musical da cidade de Maringá (PR), o prazer pela audição
musical aliado ao acesso gratuito de conteúdos musicais nas plataformas de streaming, bem como a relação entre
sociedade e tecnologia que atende aos interesses da pesquisa científica, desde os primeiros passos da vida
acadêmica foram, em tese, os estímulos para o desenvolvimento e escrita deste artigo.
2
Universidade Estadual de Maringá (UEM), Marin PR Brasil. Licenciada em História pela Universidade
Federal de Alagoas (UFAL); Pós-graduada em Desenvolvimento de Sistemas para Web, Mestre e Doutoranda em
História pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). Atua como professora formadora e conteudista em EaD.
Cultura digital, sociabilidade virtual e música independente no Brasil: Conexões, interfaces e consumo
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 23, n. 00, e023004, 2023. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.16904 2
RESUMO: Com base no pressuposto de que novas tecnologias introduzem e estabelecem
novos paradigmas e padrões de organização, assim como hábitos de socialização, em diversos
domínios da existência humana, o presente estudo tem como propósito refletir, por meio de
uma breve revisão bibliográfica, sobre as contínuas transformações e mudanças sociais,
econômicas, políticas e culturais pelas quais a humanidade passa desde a invenção ou
surgimento das novas tecnologias de informação e comunicação. Da mesma forma, pretende-
se abordar as inovações ocorridas na concepção, produção e fruição de obras musicais
disponíveis em ambientes virtuais designados, com ênfase nos avanços que a tecnologia
proporcionou ao setor independente, particularmente no contexto brasileiro. Ao término,
conclui-se que a Internet e suas tecnologias têm provocado o surgimento de novos meios,
caminhos e conceitos para a construção de formas de sociabilidade que englobam tanto a
cocriação quanto o consumo de bens culturais, materiais e/ou imateriais, em espaços reais e
virtuais.
PALAVRAS-CHAVE: Cultura digital. Sociabilidade virtual. Consumo. Música independente
no Brasil.
RESUMEN: Tomando como principio que las nuevas tecnologías inauguran y establecen
nuevos paradigmas y patrones de organización, o hábitos de socialización, en los más diversos
campos de la existencia humana, este estudio pretende reflexionar, en una breve revisión
bibliográfica, sobre las constantes transformaciones y cambios sociales, económicas, políticas
y culturales que la humanidad viene atravesando desde la invención o aparición de las nuevas
tecnologías de información y comunicación. Del mismo modo, pretende discutir sobre las
innovaciones puestas a la concepción, producción y disfrute de obras musicales disponibles en
ambientes virtuales designados y, en especial, sobre los avances que la tecnología ha
proporcionado al segmento independiente, especialmente en Brasil. Al final, se concluye que
Internet y sus tecnologías han provocado el origen de nuevos medios, formas y conceptos para
la construcción de sociabilidades que culminan tanto en la co-creación, como en el consumo
de bienes culturales, materiales o inmateriales, en espacios reales y virtuales.
PALABRAS CLAVE: Cultura digital. Sociabilidad virtual. Consumo. Música independiente
en Brasil.
ABSTRACT: Based on the assumption that new technologies introduce and establish new
paradigms and organizational standards, as well as socializing habits, in various domains of
human existence, the present study aims to reflect, through a brief literature review, on the
continuous transformations and social-economic, political, and cultural changes that humanity
has undergone since the invention or emergence of new information and communication
technologies. Similarly, it intends to address the innovations that have taken place in the
conception, production, and enjoyment of musical works available in designated virtual
environments, emphasizing the advancements that technology has brought to the independent
sector, particularly in the Brazilian context. In conclusion, it is observed that the internet and
its technologies have triggered the emergence of new means, pathways, and concepts for the
construction of forms of sociability that encompass both co-creation and the consumption of
cultural, material, and immaterial goods in real and virtual spaces.
KEYWORDS: Digital culture. Virtual sociability. Consumption. Independent music in Brazil.
Maria Vandete de ALMEIDA
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 23, n. 00, e023004, 2023. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.16904 3
Introdução
Uma parcela considerável das transformações e mudanças nos moldes contemporâneos
de vida deve-se, basicamente, à introdução e ao impacto das tecnologias de informação e
comunicação em praticamente todas as instâncias das relações sociais, seja no campo da
política, da economia ou da produção cultural. As realidades sociais e trocas culturais que,
gradual ou abruptamente, tendem a ser mediados, intercalados e suportados por dispositivos
eletrônicos midiáticos ou teleinformacionais, interligando indiscriminadamente tudo e todos.
Nessa evolução de “novas” ou renovadas tecnologias, tem estabelecido novos
paradigmas nos contextos sociais, econômicos e políticos, observa-se a iminência de novos
cenários culturais, de formas diversas de relacionamentos pessoais e de relações de consumo
que se sobrepõem aos mais variados setores da vida em sociedade. Essas informações estão
sincrônica ou assincronicamente na sintonia dos “tempos sem tempo”, disponíveis em
plataformas eletrônicas e redes telemáticas, virtuais e comerciais de comunicação, informação
e entretenimento.
Em meio a todos esses aspectos, a cultura, entendida segundo a concepção atribuída por
teóricos contemporâneos, como o antropólogo estadunidense Clifford Geertz, que, baseado nos
estudos do sociólogo alemão Max Weber (1864-1920), defende um conceito essencialmente
semiótico de cultura, cujo sentido compreende “enquanto teias de significados que o homem
teceu e nas quais se encontra amarrado” (GEERTZ, 2008, p. 10). Uma abordagem
contemporânea da cultura, sobre suas configurações e novas implicações, também se torna
possível com base em conceitos que incluem o uso de tecnologias e mídias eletrônicas, os quais
atribuem novos adjetivos ou significados, como se pode observar e constatar ao considerar a
existência de estudos, pesquisas e termos como cultura digital e cibercultura, designados pelo
filósofo e sociólogo francês Pierre Lévy (1999), e cultura da virtualidade real, atribuída pelo
sociólogo espanhol Manuel Castells (2000).
Termos, adjetivos ou designações que surgiram e se consolidaram com o advento e a
disseminação das redes interativas de comunicação proporcionaram à humanidade a capacidade
de integrar, em um mesmo espaço chamado cibernético ou ciberespaço, as diferentes faculdades
orais, escritas e audiovisuais da comunicação. As implicações desse processo conseguem alterar
comportamentos, valores e costumes.
Dessa forma, este breve estudo tem como objetivo geral destacar e refletir, mesmo que
brevemente, sobre as inovações e possibilidades oferecidas à produção, distribuição, audição,
Cultura digital, sociabilidade virtual e música independente no Brasil: Conexões, interfaces e consumo
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 23, n. 00, e023004, 2023. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.16904 4
uso e desfrute de obras musicais disponíveis em ambientes eletrônicos ou virtuais. Da mesma
forma, abordará as possibilidades de “independência”, especialmente no Brasil, que a entrada
da cultura digital impôs nas diversas relações de produção e consumo da arte musical, presente
em comunidades ou plataformas digitais que se organizam e operam por meio dos dispositivos
intangíveis, mas reais, das tecnologias de informação e comunicação e das redes de
computadores que sustentam o funcionamento e “materializam” a existência de seu principal
ícone, a Internet.
Tendências sociais e culturais, comerciáveis e consumíveis, destacam novas formas de
pensar (individualmente ou coletivamente), de se relacionar e de se entrelaçar (presencialmente
ou virtualmente), possibilitadas pelas técnicas e tecnologias de comunicação, digitalização e
processamento de dados e informações, que concentram e conectam “no centro de um mesmo
tecido eletrônico o cinema, a radiotelevisão, o jornalismo, a edição, a música, as
telecomunicações e a informática” (LÉVY, 1993, p. 102). É um dispositivo ou um mass media
no qual a produção, veiculação, comercialização e hábitos de consumo musical na cultura
digital têm se tornado temas de interesse em diversas áreas de pesquisa acadêmica. De uma
forma ou de outra, isso se insere e opera no contexto das discussões que abrangem períodos
históricos específicos e cenários sociais, nos quais críticos e teóricos de várias áreas do
conhecimento atribuirão termos ou denominações para delinear características e contextos que
surgem a partir da relação entre sociedade e tecnologia, como “sociedade do espetáculo”,
“sociedade de consumo” e, mais recentemente, no contexto da formação de redes sociais, a
denominação ou rótulo de “sociedade em rede”.
Cultura digital e sociabilidades virtuais
Desde a invenção e o surgimento dos primeiros computadores, que destacaram o
progresso científico e os avanços tecnológicos, possibilitando meios de comunicação e acesso
à informação sem precedentes, é consenso na comunidade científica e acadêmica o
estabelecimento de novos paradigmas que influenciaram o curso das transformações sociais.
Isso, por sua vez, levou à introdução de variáveis distintas nas interações e experiências
humanas, especialmente nos relacionamentos pessoais, na produção e interação cultural, bem
como no surgimento de novas formas de negócios e desejos de consumo, sejam eles
relacionados a bens, serviços ou produtos culturais.
Maria Vandete de ALMEIDA
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 23, n. 00, e023004, 2023. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.16904 5
Cultura digital é uma expressão relativamente recente que reflete a crescente tendência
de codificação e digitalização das técnicas de comunicação, processamento de dados,
transmissão de informações, compartilhamento e troca de conhecimento, entre as várias
perspectivas resultantes do uso inovador da tecnologia e do impacto das conexões eletrônicas
na estrutura e prática das organizações sociais. Em outras palavras, a cultura digital cria e recria
novas realidades culturais, onde se compõe com “bits
3
as imagens, textos, sons, agenciamentos
nos quais imbricamos nosso pensamento ou nossos sentidos” (LÉVY, 1993, p. 63).
Nesse sentido, é consenso entre muitos estudiosos que a cultura digital representa a
fusão da arte, ciência, técnica e tecnologia, por meio das possibilidades efêmeras ou intangíveis
do digital. Isso significa a conversão de sinais analógicos em dígitos binários, na estrutura
técnica da linguagem computacional, composta por “uns” e “zeros”. O termo em si, adotado
por diversos agentes e setores da criação e produção humana, incorpora diferentes perspectivas
sobre o impacto das tecnologias de informação e comunicação, ou seja, das tecnologias digitais,
na organização e nos modos de vida em sociedade. Consequentemente, isso afeta os respectivos
sistemas de símbolos, práticas, valores, crenças, costumes e atitudes.
Dentre esses estudiosos, o sociólogo espanhol Manuel Castells (2008) aborda a
inovação e a criatividade possibilitadas pelo desenvolvimento de novas ferramentas para a
Internet, como a Web 2.0
4
. Ele apresenta tópicos que contribuem para a definição de cultura
digital, compreendida como:
1. Habilidade para comunicar ou mesclar qualquer produto baseado em uma
linguagem comum digital;
2. Habilidade para comunicar desde o local até o global em tempo real e, vice-
versa, para poder diluir o processo de interação;
3. Existência de múltiplas modalidades de comunicação;
4. Interconexão de todas as redes digitalizadas de bases de dados ou a
realização do sonho do hipertexto de Nelson com o sistema de armazenamento
e recuperação de dados, batizado como Xanadú, em 1965;
5. Capacidade de reconfigurar todas as configurações criando um novo sentido
nas diferentes camadas dos processos de comunicação;
6. Constituição gradual da mente coletiva pelo trabalho em rede, mediante um
conjunto de cérebros sem limite algum. Neste ponto, me refiro às conexões
entre cérebros em rede e a mente coletiva (CASTELLS, 2008, p. 2, tradução
nossa).
3
De acordo com os historiadores Asa Briggs e Peter Burke, a palavra "BIT" foi cunhada em 1946 por John Stukey,
um estatístico de Princeton, combinando as palavras "binary" e "digital" (BRIGGS; BURKE, 2004, p. 272).
4
WEB: escrita diminutiva para World Wide Web que, em termos gerais, significa “rede em escala planetária”.
Com o desenvolvimento de estudos em Web semântica surgiram as versões 1.0, 2.0 e 3.0 que representam sua
evolução em oferecer serviços e produtos, compartilhamento de conteúdos, interação e relacionamento com e entre
usuários (BLASCO, 2022).
Cultura digital, sociabilidade virtual e música independente no Brasil: Conexões, interfaces e consumo
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 23, n. 00, e023004, 2023. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.16904 6
Assim, em consonância com outros analistas desse fenômeno, a cultura digital pode ser
resumidamente compreendida, conforme definido pelo sociólogo brasileiro André Lemos,
como tudo que explora as novas mídias que surgiram e se popularizaram” (LEMOS, R., 2009,
p. 97). Ela é sinônimo de cibercultura, que “é a cultura que nasce no interior, a partir da
expansão das redes digitais, e que faz uma recombinação da ciência com as artes” (AMADEU,
2009, p. 67). A cibercultura representa a “cultura contemporânea, onde os diversos dispositivos
eletrônicos digitais já fazem parte da nossa realidade” (LEMOS, A., 2009, p. 136). Ela vem se
reproduzindo e se consolidando gradual e intensamente em um amplo cenário de mudanças,
produções e manifestações sociais, culturais, políticas, econômicas e tecnológicas. Segundo o
estudioso francês Pierre Lévy, a cibercultura é um neologismo que se refere a um “conjunto de
técnicas (materiais e intelectuais), de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores
que se desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço” (LÉVY, 1999, p.17). Em
sua essência, a cibercultura envolve a formação de comunidades virtuais e o surgimento das
redes sociais, que descentralizam, desterritorializam e redefinem de maneira significativa as
possibilidades de comunicação e informação, assim como a produção simbólica e material. Isso
provoca mudanças significativas no comportamento e nas relações entre os indivíduos e entre
eles e o ambiente natural, social e cultural.
Os impactos sociais, comportamentais e as relações virtuais que se tornaram possíveis
e se concretizaram foram especialmente impulsionados pelo desenvolvimento da Internet, uma
“tecnologia social” e um dos sistemas de comunicação mais complexos e abrangentes, capaz
de reconfigurar hábitos e costumes culturais, além de estabelecer novos padrões de
sociabilidade entre os seres humanos.
Manuel Castells (2001) observa que o novo modelo de sociabilidade nas sociedades
contemporâneas é caracterizado pelo individualismo em rede, ou seja, tem se constituído com
base na interação individualizada. Nesse sentido, ele considera que:
O individualismo em rede constitui um modelo social, não uma coleção de
indivíduos isolados [...] Assim, os novos avanços tecnológicos parecem
aumentar as possibilidades de que o individualismo em rede se converta na
forma de sociabilidade dominante. [...] Essas tendências representam o triunfo
do indivíduo, ainda que o estejam claros os custos que podem ter para a
sociedade. A não ser que consideremos que na realidade os indivíduos estão
reconstruindo o modelo de interação social com a ajuda de novas
possibilidades tecnológicas para criar um novo modelo de sociedade: a
sociedade em rede (CASTELLS, 2001, p. 149-154, tradução nossa).
Maria Vandete de ALMEIDA
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 23, n. 00, e023004, 2023. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.16904 7
Sob esse contexto, na sociedade de redes, a cultura contemporânea, também
compartilhada eletronicamente, tem dado origem a novas estruturas de sociabilidade. Essas
estruturas se caracterizam pelas infinitas conexões das redes de computadores, pelos
agrupamentos no ciberespaço - o vasto espaço virtual criado pelas redes informatizadas - e pelo
intercâmbio de experiências, símbolos e significados nas comunidades virtuais. A Internet, ou
a Web, é o meio e a infraestrutura que possibilitam e garantem o desenvolvimento de novas
formas de relacionamentos pessoais e diversas modalidades de relações sociais, culturais e
comerciais. Segundo o professor e pesquisador Luli Radfahrer (2018, p. 2):
A Web hoje se aparenta com um enorme conglomerado de empresas privadas,
excessivamente concentradas, cujos serviços de comunicação, profissionais e
bem-acabados, são oferecidos de forma tão gratuita quanto o era a
programação radiofônica e televisiva. Sua dinâmica, entretanto, é muito
diferente dos grandes veículos de comunicação que a precederam, resultando
em mudanças consideráveis nas dinâmicas e interações sociais, bem como nas
estruturas ideológicas de persuasão.
Embora as discussões sobre as formas de sociabilidade na contemporaneidade sejam
permeadas por incertezas, os dispositivos e serviços virtuais voltados para a socialização de
dados e informações, bem como para a criação de laços sociais, têm sido trabalhados,
desenvolvidos e aprimorados desde os primeiros dias de disponibilidade pública da Internet em
geral, ou seja, para o usuário comum.
Com o advento de novas ferramentas interativas e colaborativas, que possibilitaram aos
próprios usuários programar a Internet, o usuário comum, também conhecido como internauta
ou cibernauta, deixou de ser um mero espectador e consumidor passivo para se tornar um
produtor ativo e distribuidor de informações e conteúdos, nos mais diversos formatos e para
diferentes propósitos, como textos, imagens, sons ou vídeos. Esses conteúdos são
disponibilizados e acessíveis, em sua maioria de forma gratuita, e se propagam rapidamente.
No âmbito virtual, o surgimento de novos espaços de expressão, informação,
comunicação e cultura, como as comunidades virtuais e as redes sociais, representou o fim da
passividade imposta pelas mídias tradicionais. Esses espaços proporcionaram a formação de
grupos eletrônicos, nos quais os indivíduos podem expor e expressar interesses comuns,
preferências, comportamentos, ideologias e engajamentos. Eles representam a confluência do
individual e do coletivo na cibercultura. De acordo com Dênis de Moraes (2000, p. 142), teórico
brasileiro da comunicação:
Cultura digital, sociabilidade virtual e música independente no Brasil: Conexões, interfaces e consumo
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 23, n. 00, e023004, 2023. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.16904 8
A cibercultura universaliza as visões de mundo mais spares, os modos de
organização social mais contrastantes, as ambições mais difusas, sem
favorecer pensamentos únicos ou domínios por coerção. Trata-se de um
âmbito virtual de conhecimentos múltiplos, que congrega forças, ímpetos e
interesses contraditórios. Com a peculiaridade fundamental apontada por
Pierre Lévy de universalizar sem totalizar.
No contexto de uma sociedade global e de uma cultura universal, parte da compreensão
da sociabilidade contemporânea - e sua alegada transformação, situada entre o mundo real e o
virtual, composta por relações sociais mediadas por dispositivos ou sistemas de comunicação
globalmente interconectados - baseia-se em algumas perspectivas de abordagem que
reconhecem que é "a cultura compartilhada que determina a possibilidade de sociabilidade nos
agrupamentos humanos e dá inteligibilidade aos comportamentos sociais" (CASTRO, 1997, p.
86). Nesse sentido, deve-se considerar fortemente a influência cultural da tecnologia, marcada
pela portabilidade, mobilidade e ubiquidade das técnicas e das mídias, ao analisar essas formas
de sociabilidade. O sociólogo e jornalista brasileiro Muniz Sodré observa a formação de “um
novo tipo de relacionamento do indivíduo com as referências concretas e com a verdade, e neste
caso, com outra condição antropológica(SODRÉ, 2003, p. 23, grifos nossos). Isso sugere a
emergência de uma série de situações e questões que impulsionam e induzem inúmeras
possibilidades de entretenimento, lazer e consumo, além de necessidades indistintas, contatos
frequentes e uma constante virtualidade.
Consumo eletrônico e música independente no Brasil
Com o surgimento de novas formas de sociabilidade, uma nova economia, relações
comerciais e, consequentemente, formas de consumo têm se estabelecido nos espaços virtuais
proporcionados pela Internet.
A Internet promove uma grande transformação no cenário econômico por meio das
relações sociais estabelecidas em comunidades virtuais e redes sociais, influenciando os hábitos
culturais e cotidianos dos indivíduos, assim como a produção, percepção, difusão, uso e
consumo de criações simbólicas e obras artísticas na era da cultura digital.
Considerando as diversas formas de utilização, o estudo da Internet e de suas
tecnologias, assim como as implicações sociais, econômicas, políticas e culturais, têm
despertado interesse e colocado seus impactos no centro de uma ampla gama de temas de estudo
e discussão sobre as transformações que afetam as formas contemporâneas de viver, pensar,
sentir, criar, agir e consumir, abrangendo as inúmeras facetas das capacidades e necessidades
Maria Vandete de ALMEIDA
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 23, n. 00, e023004, 2023. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.16904 9
humanas que expressam sua relação de existência e sobrevivência com a natureza. No cerne
desses debates estão os “usos sociais” da tecnologia, com destaque para o uso doméstico e
comercial da Internet no campo da cultura, que também se estende à esfera da criação,
produção, disponibilização, circulação, comercialização e apreciação da arte, nas suas
diferentes possibilidades que orientam a prática e mediam a oferta e a demanda.
Entre as rias abordagens que tratam da influência cultural da tecnologia e do
desenvolvimento tecnológico e mediático, Jesús Martín-Barbero (1997), filósofo, semiólogo e
antropólogo espanhol radicado na América Latina, propõe uma nova perspectiva para o estudo
da comunicação. Ele entende que emissor e receptor se relacionam com base em necessidades
e problemas, e não apenas por meio de um canal ou veículo específico. Nesse novo olhar,
inspirado pelos estudos culturais, ele propõe uma mudança de foco dos estudos dos meios de
comunicação para os estudos das mediações. Em sua obra “Dos Meios às Mediações”, ele
argumenta que uma multiplicidade de sentidos nos processos de mediação, que são
dispositivos pelos quais “a hegemonia transforma internamente o sentido do trabalho e da vida
em comunidade”. Portanto, o ponto de partida não é determinado pelos conceitos tradicionais,
mas sim pelos modos de viver e fazer, de perceber a realidade, considerando que as “múltiplas
mediações e as práticas culturais e sociais sejam entendidas como processos de mediação”
(MARTÍN-BARBERO, 1997, p. 262).
Assim, em seus estudos e teoria sobre as mídias tradicionais, Martín-Barbero argumenta
que as mídias sociais possuem intencionalidade e, consequentemente, estruturas e matizes
ideológicos que envolvem mediações específicas. Essa teoria encontra ressonância no atual
contexto dos dispositivos e meios eletrônicos de comunicação, das mídias digitais e dos apelos
tecnológicos, que invadem e impactam as diferentes facetas e fases das experiências e culturas
humanas. Em resumo, o teórico destaca que comunicação e cultura ocorrem simultaneamente,
envolvendo apropriações e ressignificações de processos que podem ocorrer tanto na produção
quanto na recepção dos produtos comunicacionais, ou seja, na “negociação de sentidos” que,
em diferentes níveis da vida cotidiana, influenciam hábitos, despertam desejos, mediam práticas
e intercalam habilidades de consumo.
No contexto virtual, a música é um dos produtos culturais mais amplamente difundidos
e consumidos, especialmente devido às práticas de acesso livre e consumo gratuito oferecidas
Cultura digital, sociabilidade virtual e música independente no Brasil: Conexões, interfaces e consumo
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 23, n. 00, e023004, 2023. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.16904 10
aos usuários (produtores musicais e público consumidor), que possuem maior liberdade para
fazer streaming
5
, download e compartilhamento de arquivos.
No entanto, à medida que os usuários foram estabelecendo uma relação mais avançada
com os ambientes virtuais das redes eletrônicas, várias alterações surgiram na forma como eles
se relacionam com a informação, o conhecimento, a cultura e a arte em suas diversas
modalidades. No que diz respeito à arte musical, uma das mudanças significativas e perceptíveis
está nas formas ou modalidades de consumo que “instauraram uma nova pragmática de criação
e audição musicais” (LÉVY, 1993, p. 140).
Ao adotarem uma nova pragmática ou reconfigurarem padrões, os usuários-
consumidores, em sua maioria fãs, passaram a assumir papéis ou tarefas inerentes aos
produtores no modelo convencional de produção. Isso resultou em uma nova configuração de
entendimento denominada prosumer
6
, caracterizando mudanças nos padrões de uso cotidiano,
na transformação dos circuitos de produção e consumo de materiais e conteúdos, entre outros
aspectos que deram origem a esses novos atores (FERNÁNDEZ, 2014, tradução nossa).
O termo prosumidor é um acrônimo derivado das palavras “produtor” e
“consumidor”, representando a ideia de que os usuários desempenham ambos os papéis na
produção de informação e conteúdo. Esse conceito surgiu em 1972, quando Marshall McLuhan,
um educador, filósofo e teórico da comunicação canadense, juntamente com Barrignton Nevit,
um engenheiro, radialista e autor do mesmo país, afirmaram que a tecnologia eletrônica
permitiria que os consumidores se tornassem produtores de conteúdo ao mesmo tempo.
Portanto, o termo prosumidor abrange diversas ações, interações, trocas comerciais, relações
sociais e outras formas de atuação (FERNÁNDEZ, 2014, tradução nossa).
Para o teórico e sociólogo Alvin Toffler (1980), que cunhou o termo ao discutir as
mudanças ocorridas na indústria, nas quais o consumidor assumia mais responsabilidades em
detrimento das empresas, esse processo provocaria alterações na produção, resultando em uma
maior valorização do uso das coisas e na mudança de comportamentos de consumo. As pessoas
passariam a produzir e consertar seus próprios objetos pessoais ou a resgatar serviços que
5
Streaming é o termo técnico, em inglês, utilizado para denominar a prática de transmitir música por meio da
Internet. Atualmente, as plataformas de streaming, empresas que disponibilizam um catálogo de músicas online
dominam o mercado oferecendo serviços pagos e gratuitos. Dentre as mais populares, se pode mencionar o Spotify,
Deezer, Tidal, YoutubeMusic, além de outras mais (JALIL, 2004; BARBOSA, 2017).
6
Além dos atuais influenciadores digitais que, assim como prosumers, atuam como e em canais de comunicação
humanos, opinando, sugerindo e aconselhando seu meio social com informações e divulgação de marcas de
produtos, dentre outras possibilidades que, inclusive, abarcam a cocriação de marcas e produtos tecnológicos,
induzem gostos musicais, estilos de vida, além de ideologias e partidarismos políticos, dentre inúmeras
possibilidades que redefinem o mercado, as exigências e experiências de consumo (SAAD; RAPOSO, 2017, grifos
nossos).
Maria Vandete de ALMEIDA
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 23, n. 00, e023004, 2023. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.16904 11
haviam sido terceirizados pela industrialização econômica, dentro do que ele chamou de
“terceira onda” na era pós-industrial. Na mesma década, esse movimento de resgate ganhou
importância nos Estados Unidos e na Inglaterra como uma tendência conhecida como Do it
yourself (DIY), que significa “Faça você mesmo”, em que os artistas começaram a lançar suas
próprias produções devido aos baixos custos de produção e à maior liberdade criativa
(FONTENELLE, 2015; BARBOSA, 2017; CAVALCANTI; SOUZA-LEÃO, 2021).
No entanto, devido à variedade de canais e meios de comunicação presentes nos
ambientes online, especialmente na Internet, outros termos e conceitos foram desenvolvidos
para descrever o sujeito conectado, como:
Gatewatchers (BURNS, 2003) - o conceito trata de indivíduos envolvidos
em organizar e realizar uma curadoria da variedade de conteúdos disponíveis
em uma multiplicidade de canais. O objetivo não é controlar os "portões" dos
canais, mas participar de um esforço distribuído e organizado de observar
quais informações passam por elas;
Interagente (PRIMO, 2007) - o termo abarca a participação e a troca de
tecnologia-sujeito-homem-máquina - e sujeitos entre si na web;
Internauta (CANCLINI, 2008) - o ser internauta, aumenta para milhões de
pessoas, a possibilidade de serem leitores e espectadores;
Leitor-produtor (BRIGNOL, 2010) - a concepção trata dos indivíduos que
se apropriam das mídias a partir de suas necessidades e interesses,
ressignificando-as em suas práticas cotidianas (WINQUES; LONGHI, 2022,
p. 155).
Contudo, além dos outros termos e conceitos, os prossumers, resultantes da
combinação dos papéis de produtor, espectador e consumidor. Esses agrupamentos envolvem
códigos culturais, significados simbólicos e aspectos ideológicos que influenciam e
complexificam as mudanças nos comportamentos sociais e, por consequência, nas experiências
de consumo.
Nos últimos vinte anos, as pesquisas sobre o consumidor geram um fluxo de
investigações e estudos concentrados na análise dos aspectos socioculturais, experiências,
simbólicos e ideológicos do consumo. Isso resulta em uma variedade de perspectivas teóricas
que abordam as relações dinâmicas entre as práticas de consumo, o mercado e os significados
culturais. Essas perspectivas foram desenvolvidas por autores como a Teoria da Cultura do
Consumo (ARNOULD; THOMPSON, 2005; McCRACKEN, 2003 apud PINTO; LARA,
2011).
Nesse sentido, ao explorarem os diversos significados culturais, os pesquisadores
brasileiros Pinto e Lara (2011, p. 48) destacam a possibilidade de interlocução entre a literatura
e as discussões oriundas da noção experiencial do consumo. Eles afirmam que:
Cultura digital, sociabilidade virtual e música independente no Brasil: Conexões, interfaces e consumo
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 23, n. 00, e023004, 2023. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.16904 12
[...] todo o processo de consumo, incluindo as experiências, serve para moldar
comportamentos, preferências, relações sociais, estilos de vida, padrões de
consumo além da própria identidade e autoconceito do indivíduo. Assim, ao
tentar compreender como se constroem os significados dos serviços e como
estes influenciam a experiência de consumo de serviços; como aspectos
culturais e simbólicos moldam a relação entre empresas e clientes; como os
consumidores articulam aspectos experienciais e simbólicos nos
estabelecimentos varejistas; como os códigos culturais influenciam e/ou
dificultam a mudança de comportamentos sociais que são eminentemente
experienciais, entre outras tantas questões, os pesquisadores não podem perder
de vista a interlocução entre experiências de consumo e a teoria da cultura do
consumo.
Portanto, ao desempenhar um papel central na transformação dos comportamentos
sociais e ao experimentar diferentes modos de produção, os indivíduos estão engajados em um
amplo campo de estudos baseados na Teoria da Cultura do Consumo (Consumer Culture
Theory CCT):
[...] os fãs são entendidos como consumidores especializados, participantes de
uma subcultura de consumo que se atrela a produtos midiáticos (SOUZA-
LEÃO; COSTA, 2018; KOZINETS, 2001). Essa caraterística de
produtividade indica que eles sejam entendidos como prossumidores (CHEN,
2018; SOUZA-LEÃO; COSTA, 2018). O fenômeno da prossumerização
considera que produção e consumo funcionam de forma simbiótica. Os
consumidores assumem tarefas que, no tradicional modelo dual de produção-
consumo, cabem ao produtor. Tal concepção se tornou amplamente discutida
na CCT a partir dos trabalhos de Ritzer (2005, 2008), ganhando ainda maior
repercussão quando foi pensada no contexto da Web 2.0 (RITZER;
JURGENSON, 2010) (CAVALCANTI; SOUZA-LEÃO; MOURA, 2021, p.
3-4, grifos nossos).
Sob essa perspectiva, que envolve uma relação simbiótica entre consumo e tecnologias
de mídia, a produção musical independente tem se destacado como uma modalidade ou
alternativa para artistas autônomos, buscando e alcançando visibilidade em plataformas e
portais eletrônicos presentes na vasta rede da Internet.
No contexto internacional, o movimento da música independente, também conhecido
como indie, teve origem nas décadas de 1980 nos Estados Unidos e na Inglaterra, quando
artistas começaram a lançar suas próprias produções seguindo a filosofia do do it yourself
(DIY). No século XXI, artistas independentes ganharam maior relevância e se consolidaram no
mercado musical, especialmente durante a crise da indústria fonográfica causada pela facilidade
de compartilhamento de arquivos digitais. Atualmente, esse gênero musical tanto participa do
Maria Vandete de ALMEIDA
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 23, n. 00, e023004, 2023. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.16904 13
mercado convencional quanto obtém rentabilidade por meio do streaming, downloads e shows
disponíveis nas plataformas digitais (CAVALCANTI; SOUZA-LEÃO; MOURA, 2021).
No Brasil, o movimento da música independente surgiu quase simultaneamente ao
crescimento internacional da revolução tecnológica, com a criação dos primeiros
microcomputadores e a expansão das telecomunicações nas décadas de 1970 e 1980.
Em sua obra História da Música Independente”, o músico, compositor e teórico da
comunicação Gil Nuno Vaz relata uma narrativa histórica específica. Segundo Vaz, em outubro
de 1979, com o surgimento do Lira Paulistana
7
, um espaço de encontro em São Paulo, a
produção musical independente encontrou um local para se reunir e divulgar trabalhos artísticos
alternativos. A instalação do Lira Paulistana tinha como objetivo fomentar as atividades de
diferentes grupos e se tornou um marco importante para o movimento independente. Ao final
de 1982, o teatro ganhou crescente importância e despertou o interesse da gravadora nacional
Copacabana. Isso resultou em uma associação entre o teatro e a gravadora e em um projeto
ousado para lançamentos fonográficos. Segundo Vaz, esse evento foi um marco significativo
na evolução do movimento independente. Ele destaca as constantes entrevistas e debates
promovidos pelo jornalismo especializado e pelos meios acadêmicos: “É um desses encontros,
ocorrido na sede do Lira Paulistana em novembro de 1982, que vai servir de ponto de partida
para esta nossa caminhada em direção à música independente” (VAZ, 1988, p. 8-9).
Nesse resgate histórico, Vaz (1988) menciona que, naquele momento, reunindo diversos
segmentos e tendências da cena musical da época, as concepções apresentadas formavam um
painel exemplar para uma compreensão conceitual do fenômeno da música independente. Esse
painel abrangia aspectos como “a composição e a interpretação; o músico individual e o grupo;
o vocal e o instrumental; a criação e a produção; o lírico e o humorístico; o Norte e o Sul; a
tradição e a ruptura” (VAZ, 1988, p. 9).
No entanto, apesar de ter sido parcialmente aceito, o uso do termo “independente” gerou
controvérsias. Segundo Vaz (1988), em meio às discussões e polêmicas da época, houve
divergências entre os artistas envolvidos no movimento em relação ao uso desse termo. Ele
constata e conclui que:
[...] o termo independente expressa apenas isto: que o lançamento do disco,
assim realizado, não dependeu do julgamento de gravadoras [...]. Em função
7
O teatro foi inaugurado em fins de 1979, na Vila Madalena em São Paulo, e palco da polarização do debate sobre
a independência da produção musical no país, em uma época na qual a opção independente também foi
amplamente desfrutada por artistas que atuavam em mercados regionais, na música sertaneja, na música
instrumental e em outros segmentos ignorados pelas gravadoras (VICENTE, 2006, p. 5-6).
Cultura digital, sociabilidade virtual e música independente no Brasil: Conexões, interfaces e consumo
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 23, n. 00, e023004, 2023. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.16904 14
disso, é válido concluir que o artista independente possui, mais do que ou além
da intenção de preservar seus valores estéticos, uma natural aspiração aos
meios de produção, movido pela convicção interior de que o seu trabalho,
considerado de maior ou menor qualidade por outros, é merecedor de uma
divulgação à qual os veículos estabelecidos não lhe conferem acesso (VAZ,
1988, p. 12-14).
Conforme mencionado por Vaz (1988), a produção musical independente enfrentou
dificuldades de acesso e apoio dos “veículos estabelecidos” para a divulgação de seus trabalhos.
No entanto, chegou um momento em que a produção independente deixou de ser algo incomum
e se tornou uma solução viável e realizável. Conscientes de uma realidade na qual a indústria
musical brasileira estava ameaçada pela dominação do mercado fonográfico e intensas
campanhas publicitárias estrangeiras, os artistas enfrentaram essa realidade buscando
alternativas, como a divulgação em escolas e faculdades, tornando-se seus próprios empresários
(VAZ, 1988, p. 18-19).
Em seu estudo sobre o mesmo contexto histórico e a trajetória da música independente
no Brasil, Eduardo Vicente (2006) considera o álbum “Feito em Casa”, produzido por Antonio
Adolfo
8
em 1977, como um marco simbólico para a discussão sobre o tema da independência
e um ponto de transição no longo processo de organização e crescimento da indústria
fonográfica no país. Paralelamente, o surgimento ou expansão de empresas internacionais que
atuavam no setor fonográfico desencadeou uma crise na indústria brasileira no final da década
de 1970, levando ao surgimento da cena independente como uma tática ou possibilidade para a
sobrevivência profissional dos artistas. Nessa perspectiva, o cenário da música independente
surge, tanto como um “espaço de resistência cultural e política à nova organização da indústria,
quanto como única via de acesso ao mercado para um variado grupo de artistas” (VICENTE,
2006, p. 4).
Com o passar do tempo, muitas das dificuldades enfrentadas pelo setor foram
gradualmente superadas, especialmente devido aos avanços tecnológicos que resultaram em
uma considerável redução nos custos de produção. Esses avanços inauguraram uma nova fase
para a criação artística, em geral, incluindo o segmento da música independente.
Essa nova fase, conhecida como era digital, marca a terceira etapa do desenvolvimento
dos equipamentos de gravação e reprodução musical, como destacado pelo professor,
8
Pianista, arranjador, produtor e educador carioca, o sico cresceu em uma família musical. Aos sete anos de
idade iniciou seus estudos, aos dezessete já era músico profissional (AAM Music, 2020).
Maria Vandete de ALMEIDA
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 23, n. 00, e023004, 2023. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.16904 15
pesquisador e músico Messias Bandeira (2001). Essa etapa teve início em 1982 com a
introdução do compact disc
9
. A partir desse momento, ocorreram as seguintes mudanças:
A música popular, concebida para o consumo e de caráter efêmero (ECO,
1970), passa a ser estruturada nos moldes estabelecidos pelos avanços
tecnológicos no âmbito da gravação e reprodução de áudio, o que implica a
adequação da criação musical aos parâmetros de cada suporte (BANDEIRA,
2001, p. 5).
Desse modo, com a crescente diversificação e sofisticação de softwares que
favoreceram a origem de novos suportes, digitalização e compressão de dados para áudio na
área da produção musical, como o formato MP3
10
, o uso da Internet e das muitas plataformas
ou portais de música presentes em seus ambientes vem se consolidando e se fortalecendo como
uma prática comum e uma alternativa viável quando, especialmente, se trata da divulgação e
distribuição dos trabalhos de artistas e gravadoras independentes, “na medida em que passam a
disponibilizar on-line a sua produção, e ao mesmo tempo, passam a ter acesso ao que foi
disponibilizado por outros” (MONTEIRO, 2008, p. 9), inaugurando contextos ou “novas cenas
musicais que não têm um suporte midiático tradicional, como discos, imprensa e espaços de
convivência bem delimitados, como casas de show e bares”, conforme observa o professor e
pesquisador Bruno Nogueira (2014, p. 21).
Assim, ao pensar na cena musical a partir da formação de territórios informacionais,
Bruno Nogueira argumenta e resgata nos estudos e na obra Music Scenes: Local, Translocal
and Virtual”, dos estadunidenses Andy Bennett e Richard Peterson (2004), uma tipologia para
cenas musicais que forneça um melhor entendimento das diferenças ao categorizar, por
exemplo, o que eles denominam de cenas “translocais”, onde se detecta a existência de “uma
relação cultural e econômica mais evidente que a relação local entre os integrantes de uma
determinada cena” (NOGUEIRA, 2014, p. 23).
Na obra em questão, que reúne estudos de pesquisadores de áreas afins, Andy Bennett
e Richard Peterson (2004) esclarecem inicialmente que o termo “cena”, baseado na ideia de
campo de Pierre Bourdieu (1983) e em mundos da arte de Howard Becker (1982), e o utilizavam
amplamente para descrever os estilos de vida marginais e boêmios associados ao mundo do jazz
na década de 1940. No âmbito da pesquisa acadêmica, o conceito tem sido usado como um
9
Em outubro de 1982 surge o CD como resultado de uma parceria entre a empresa holandesa Philips e a
multinacional japonesa Sony (FREIRE, 2012).
10
Sigla para MPEG Audio Layer-3 (camada 3), foi criado em 1987 pelo instituto alemão IIS (Institurto Integrierte
Schaltungen) e a Universidade de Erlangem, objetivando baixar as taxas de compressão de músicas o minuto
passa a equivaler a 1MB (ALECRIM, 2003). Com esta compressão, a produção, o armazenamento, a distribuição,
o compartilhamento e o comércio musical abriram-se para novas formas de consumo.
Cultura digital, sociabilidade virtual e música independente no Brasil: Conexões, interfaces e consumo
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 23, n. 00, e023004, 2023. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.16904 16
modelo para estudos sobre produção, performance e recepção musical desde os anos 1990.
Assim, considerando contextos histórico-sociais e esclarecendo a origem dos conceitos, os
autores observam que o termo “cena musical” se tornou um conceito comumente utilizado no
dia a dia e que, quando utilizado por pesquisadores acadêmicos, visa descrever os contextos
nos quais grupos de produtores, músicos e fãs compartilham coletivamente seus gostos
musicais comuns e distinguem coletivamente a si mesmos dos outros” (BENNETT;
PETERSON, 2004, p. 2-3, tradução nossa).
Quanto à classificação dos tipos de cenas, os autores apresentam três categorias
possíveis, com base na organização das discussões presentes na obra, bem como nos princípios
e nas características comuns compartilhadas. Essas categorias são:
A cena local, que corresponde mais de perto com a noção original de uma cena
agrupada em torno de uma área geográfica específica. A cena translocal, que
se refere a cenas locais amplamente dispersas voltadas para uma comunicação
regular em torno de uma forma distinta de música e estilo de vida. A cena
virtual, uma formação emergente na qual pessoas espalhadas por grandes
espaços físicos criam o sentido da cena através de fanzines e, cada vez mais,
pela Internet (BENNETT; PETERSON, 2004, p. 6-9, tradução nossa).
No entanto, essa caracterização ou compreensão da cena tem suscitado diferentes
debates em diversas áreas do conhecimento. Nesse sentido, Bruno Nogueira (2014) destaca que
a percepção de cena apresentada por Bennett e Peterson (2004) é frequentemente questionada
devido às mudanças ou evolução que a internet passou desde a década de 1990. A questão
central levantada é o fato de que é difícil imaginar uma cena musical que não utilize
extensivamente os recursos que seriam exclusivos de uma cena virtual”, e se ampara na
professora e pesquisadora Simone de Sá, quando esta afirma que:
Ao se transportar para o ambiente digital, qualquer cena vai ser convocada a
considerar as especificidades estéticas, técnicas e econômicas deste novo
ambiente. Trata-se, assim, de um processo altamente complexo que pode
deixar marcas e transformar de maneira definitiva a própria identidade de uma
cena local ou translocal (DE SÁ, 2013, p. 32 apud NOGUEIRA, 2014, p. 25).
Em uma perspectiva semelhante, o professor de etnomusicologia Vincenzo Cambria, no
campo dos estudos musicais, observa que o conceito de “cenas musicais” atrai a “atenção de
pesquisadores de vários campos disciplinares como a base de um novo modelo de pesquisa,
definido como scene research (CAMBRIA, 2017, p. 77). Nesse contexto, em relação à
publicação da coletânea produzida por Bennett e Peterson (2004), ele afirma que a obra:
Maria Vandete de ALMEIDA
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 23, n. 00, e023004, 2023. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.16904 17
[...] representou o marco principal da nova tendência. Após a publicação desse
livro, e seguindo seus passos, um número relativamente grande de estudos tem
sido publicado, principalmente nas áreas de sociologia da música e de
comunicação. que muitos destes trabalhos citam essa coletânea como sua
principal referência teórica, é importante examinar quais definições e novas
perspectivas ela propõe para a ideia de “cenas musicais”. Em sua breve
introdução, Bennett e Peterson, esperando que, juntos, os capítulos do livro
“apresentem algo que se aproxime de uma visão completa do que é uma cena”
(2004, p. 1), oferecem somente definições lacônicas e ambíguas (CAMBRIA,
2017, p. 82).
Em sua análise crítica da obra, o estudioso do fenômeno musical também considera que,
em comparação com estudos anteriores, a nova perspectiva apresentada na coletânea se destaca
pela classificação dos três tipos de cenas musicais. A partir desse ponto de vista avaliativo, ele
chega à conclusão de que:
Pensar essas três dimensões como se representassem diferentes tipos é,
todavia, um equívoco, pois, como alguns dos artigos desse livro mostram
claramente, elas geralmente se sobrepõem, se estendem de uma à outra e, na
maioria das vezes, são inextricavelmente interligadas e interdependentes. Por
que essa perspectiva das cenas se tornou tão atraente? Ela não representa uma
abordagem realmente nova, nem propõe uma metodologia clara e coerente a
ser seguida. O que é claro para mim é que a flexibilidade da noção de cena
representa seu aspecto mais atrativo para estudiosos que estão ainda “lutando”
para achar bons substitutos para noções mais velhas como comunidade e
subcultura que são cada vez mais percebidas como problemáticas
(CAMBRIA, 2017, p. 83).
Desse modo, a noção de cena musical ainda é vaga e ambígua, impossibilitando uma
perspectiva teórica clara devido à falta de uma exploração e sistematização conceitual das
complexas formas de interação humana e interconexões que o termo “cena” pode evocar
(CAMBRIA, 2017, p. 88).
Além das perspectivas e ambiguidades dos modelos teóricos, um exemplo de cena ou
produção musical nacional relativamente recente, dentro desse amplo espectro de
possibilidades oferecidas pelos vínculos digitais e interfaces virtuais, é o álbum intitulado
Irreverendo”. Produzido pelo músico, compositor e multi-instrumentista paranaense
conhecido artisticamente como Cláudio Caldeira, o álbum foi lançado em 2018 por um selo
independente, disponibilizado em diversas plataformas digitais presentes no mundo das redes
eletrônicas. Para essa autoprodução, o artista compôs as músicas (letras, melodia e harmonia),
alugou um estúdio de gravação e convidou amigos instrumentistas para gravar o “disco virtual”.
Uma iniciativa artística e cultural, entre tantas outras, que demonstra a associação entre
música e tecnologia, a reprodução técnica e o acesso gratuito, é responsável pela popularização,
Cultura digital, sociabilidade virtual e música independente no Brasil: Conexões, interfaces e consumo
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 23, n. 00, e023004, 2023. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.16904 18
difusão e consumo (ou prossumo) da produção musical independente. Ao mesmo tempo, ela
evidencia que a Internet, como representante principal das mudanças decorrentes da inserção
de novas ou renovadas tecnologias em praticamente todas as áreas da criação e produção
humanas, é um instrumento potencial e excepcional para a criação, produção e socializão de
obras de arte em suas diversas vertentes, modalidades e finalidades. Além disso, a Internet
facilita a formação de conexões entre culturas e a apropriação e uso de recursos tecnológicos
que permitem a configuração de novos padrões, ambientes ou cenários musicais e sociais, sejam
eles reais, locais, translocais ou meramente virtuais. No contexto da translocalidade e
virtualidade do mundo digital, essa autoprodução musical, juntamente com muitas outras,
sugere que o uso das tecnologias digitais e das redes sociais pode impulsionar a criação de
autoproduções e novas iniciativas independentes por pessoas criativas e artistas inspirados.
Considerações Finais: Novos paradigmas na sociedade de redes
Sem preconceitos, é evidente e notável que, desde a invenção das tecnologias
contemporâneas de informação e comunicação, a humanidade passou a viver em uma sociedade
e cultura amplamente caracterizadas pela globalização econômica e pelo fenômeno da
digitalização em todas as esferas da atividade e da existência social.
Com a chegada da Internet, os prefixos “tele”, “info” e “ciber”, assim como os adjetivos
“digital”, “virtual” e “eletrônico”, passaram a descrever as transformações que os avanços
tecnológicos provocaram em uma ampla gama de atividades humanas, sejam elas de natureza
social, econômica, política ou cultural. Termos como “infovia”, “telemática”, “ciberespaço”,
“comunidade virtual”, “economia digital”, “cibercultura” e “realidade virtual”, entre outros,
foram introduzidos para definir as mudanças que o imperativo tecnológico trouxe ao mundo e
à vida das pessoas, estimulando a redefinição ou uma melhor compreensão dos fenômenos e
das peculiaridades das “novas” formas de relações sociais e de produção material e simbólica.
No contexto da cultura e das interações sociais humanas, a Internet, seja para uso
doméstico ou comercial, reconfigurou hábitos e redesenhou sistemas de comunicação
historicamente enraizados. Primeiramente, pela capacidade e alcance das redes de informação
eletrônicas, como cabos de fibra óptica e satélites, em conectar nações, povos, culturas e
economias. Em segundo lugar, porque as relões sociais e os processos de produção simbólica
estão cada vez mais mediados por dispositivos de comunicação que estetizam e espetacularizam
Maria Vandete de ALMEIDA
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 23, n. 00, e023004, 2023. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.16904 19
os padrões de percepção, apreensão e experiência da realidade (MORAES, 2001), interferindo
assim na vida social, cultural, política e econômica, tanto em nível individual quanto coletivo.
Com a convergência midiática proporcionada pela Internet e as inúmeras possibilidades
do mundo digital e virtual, atividades como assistir TV, ler livros e jornais, ouvir, divulgar ou
produzir música se tornaram exemplos da onipresença da tecnologia e dos dispositivos
eletrônicos. Essa onipresença está associada à interatividade e à instantaneidade, indicando uma
mudança de paradigmas em todas as dimensões e complexidades das práticas e manifestações
sociais, tanto na configuração de modelos teóricos e na diversidade das expressões artísticas e
culturais, quanto nas formas contemporâneas de produção e nos hábitos de consumo, seja de
produtos materiais ou imateriais.
É inegável que as tecnologias baseadas na disseminação da Internet causaram uma
mudança significativa na indústria da música. Primeiramente, permitiram aos usuários trocar e
compartilhar conteúdos musicais (isto é, peer-to-peer
11
). Posteriormente, os serviços de
streaming se tornaram o modelo dominante de consumo de música na década de 2010
(SINCLAIR; GREEN, 2016 apud CAVALCANTI; SOUZA-LEÃO; MOURA, 2021).
Mesmo consolidada, a música é um dos segmentos da cultura e do entretenimento que
mais tem passado por mudanças e reinvenções, graças aos avanços tecnológicos e à
democratização do seu consumo. Essas transformações têm sido mais marcantes nos processos
de produção e no modo como as pessoas usufruem da música, especialmente com o surgimento
de iniciativas independentes. Geralmente, essas iniciativas encontram na tecnologia a
oportunidade e a autonomia para criar e gerir sua própria produção. Além disso, observa-se a
emergência de novos meios, modos de produção e novos atores no setor, autodenominados
autoprodutores. Em alguns casos específicos, esses artistas são até mesmo compreendidos como
prossumers.
No contexto nacional, a Associação Brasileira da Música Independente (ABMI) coletou
dados sobre a música gravada, abordando temas como grau de informalidade no setor,
diversidade de gênero e tempo de atuação no mercado. O objetivo foi demonstrar a importância
da dimensão econômica no campo cultural. A pesquisa analisou o tamanho das empresas do
ramo, das distribuidoras digitais e a presença e atuação no mercado dos artistas autoproduzidos.
Esses artistas são grupos de músicos, intérpretes ou compositores que desenvolvem suas
11
A Arquitetura P2P (peer-to-peer) é uma arquitetura de redes em que cada par, ou nó, coopera entre si para prover
serviços um ao outro sem a necessidade, a priori, de um servidor central. É uma rede de computadores construída
sobre outra rede (MARCIANO; SOUZA; SOUZA, 2018).
Cultura digital, sociabilidade virtual e música independente no Brasil: Conexões, interfaces e consumo
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 23, n. 00, e023004, 2023. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.16904 20
atividades de forma individual e são, naturalmente, gestores de suas próprias carreiras. Em
linhas gerais, considerando a diversidade do setor da música independente no país, os dados
coletados indicaram uma variedade de aspectos que convergem para a compreensão de que a
redução dos custos de criação, produção, distribuição e marketing é trabalhada e desenvolvida
de forma mais eficiente com a disseminação das tecnologias digitais. Essas tecnologias têm
proporcionado maior autonomia aos artistas e ferramentas mais adequadas para superar os
obstáculos de entrada no mercado, resultando em expectativas de ampliação e difusão do
público sem a participação ou intermediação de terceiros. Assim, viabilizar e monetizar as
estratégias de negócio e as carreiras artísticas se tornam os principais desafios no atual cenário
(ABMI, 2020).
Ademais, com base nos dados e na diversidade de aspectos que caracterizam o setor, o
relatório produzido pela entidade aponta algumas tendências futuras que resumem um novo
modelo para o mercado musical. Essas tendências indicam que a produção de conteúdo musical
em conjunto com o vídeo resulta no aumento do consumo audiovisual. Além disso, os serviços
de streaming oferecem uma melhor qualidade sonora, e o desenvolvimento da largura de banda
da conexão da Internet, com transmissão de dados mais rápida, incluindo experiências de
realidade virtual, poderá viabilizar a adoção do trabalho remoto no setor. Isso impulsiona a
criação de cenas, cenários ou paradigmas predominantemente digitais na produção e no
consumo da música gravada (ABMI, 2020, grifos nossos).
Esses contextos ou paradigmas socioculturais, antropológicos, mercadológicos,
tecnológicos e instrumentais refletem o impacto do digital e do virtual sobre o real. Eles
contribuem para a ideia da existência de dois mundos distintos que coexistem, nos quais as
experiências científicas, culturais, econômicas e sensoriais supervalorizam o aspecto
tecnológico em detrimento do humano. Essa dinâmica caracteriza momentos de ruptura com a
ordem social estabelecida e sinaliza momentos de descontinuidade histórica (CASTELLS,
2003, grifos nossos). Esses paradigmas pertencem a uma “sociedade de redes” que evidencia
as transformações nas cnicas de reprodução dos signos culturais, impulsiona e caracteriza a
independência na produção artística, questiona a evolução e a legitimidade de conceitos, matiza
identidades individuais e coletivas, consolida e descentraliza o poder multiplicador dos
mercados, desterritorializa laços sociais e ressignifica, com relativa legitimidade, o sentido e o
desejo de consumo das massas.
Neste paradigma em desenvolvimento, ao considerarmos as possibilidades, proposições
e premissas do “determinismo tecnológico” - termo que expressa uma corrente teórica na qual
Maria Vandete de ALMEIDA
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 23, n. 00, e023004, 2023. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.16904 21
a tecnologia é o fator de análise dos fenômenos sociais e históricos - surge uma temática
constante nos debates e discussões sobre o impacto das inovações tecnológicas como principal
causa das mudanças na sociedade. No entanto, os níveis de imprecisão e imprevisibilidade ainda
são demasiadamente altos (POSTMAN, 1994).
Sob essa perspectiva, é crucial observar e considerar que a tecnologia por si não
possui autonomia para determinar os rumos de uma sociedade. Ela se integra a um conjunto de
circunstâncias em que convergem fatores históricos, sociais, econômicos, políticos e culturais
(FEENBERG, 2010). Além disso, devemos ponderar que as mudanças nas relações humanas,
nas produções materiais, artísticas ou culturais, nos signos e significados, nos fluxos de troca
de informações, nas novas configurações e formação de vínculos sociais, e nas interações com
as novas tecnologias podem influenciar e mediar, mas não determinar, os destinos da
humanidade e os rumos do mundo, mesmo quando se trata de mundos virtuais onde se busca
silenciar a história.
Nesse sentido, não é exagero recordar que a tecnologia e a música têm estado
interligadas desde a invenção do gramofone (BERRY, 1995 apud BANDEIRA, 2001). Em
outras palavras, ou em sentido lato, os artefatos técnicos sempre estiveram presentes e são
constituintes das organizações humanas e das conexões históricas, interligando culturas, poder
e política, onde “apropriações são insinuadas e resistências são reformuladas”, como apontado
por um perspicaz historiador ao abordar os movimentos da cultura escrita com o surgimento
das tecnologias digitais, sugerindo que “as mudanças na ordem das práticas costumam ser mais
lentas que as revoluções das técnicas” (CHARTIER, 2002, p. 112). Essa premissa pode elucidar
questões para uma melhor compreensão da relação entre cultura e tecnologia, ou gerar
inferências sobre as mudanças na sociedade e os avanços tecnológicos.
Cultura digital, sociabilidade virtual e música independente no Brasil: Conexões, interfaces e consumo
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 23, n. 00, e023004, 2023. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.16904 22
REFERÊNCIAS
AAM MUSIC. Antonio Adolfo Music, 2020. Disponível em:
https://antonioadolfomusic.com/short-bio/. Acesso em: 10 out. 2022.
ALECRIM, Emerson. MP3: o que é e como surgiu. InfoWester, 2003. Disponível em:
http://www.infowester.com/histomptres.php. Acesso em: 18 abr. 2011.
AMADEU, Sergio. Economia da cultura digital. In: SAVAZONI, Rodrigo; COHN, Sergio
(org.). Cultura digital.br. Rio de Janeiro: Beco do Azougue, 2009. 312 p. Disponível em:
http://www.cultura.gov.br. Acesso em: 10 ago. 2014.
ARNOULD, Eric; THOMPSON, Craig. Consumer Culture Theory (CCT): Twenty Years of
Research. Journal of Consumer Research, v. 31, mar. 2005
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE MÚSICA INDEPENDENTE (ABMI). Análise de
mercado da música independente no Brasil. [S. l.]: [s. n.], 2020. Disponível em:
https://abmi.com.br/wp-content/uploads/2021/05/RELATORIO-ABMI-2019-2020.pdf.
Acesso em: 25 abr. 2022.
BANDEIRA, Messias. Música e Cibercultura, do fonográfo ao MP3: digitalização e difusão
de áudio através da Internet e a repercussão na indústria fonográfica. In: LEMOS, André,
PALACIOS, Marcos (org.). Janelas do ciberespaço: comunicação e cibercultura. Porto
Alegre: Editora Meridional, 2001.
BARBOSA, Karina Moritzen. A Internet e a Proliferação dos Prosumers. A Evolução dos
Selos e Produtoras Independentes no Brasil. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS
DA COMUNICAÇÃO, 40., 2017, Curitiba. Anais [...]. Curitiba: Intercom, 4 a 9 set. 2017.
BECKER, Howard. Mundos da arte. Tradução. Luís San Payo. Revisão: Carlos Pinheiro,
Raquel Mouta. atual. aum. Lisboa: Livros Horizonte, 2010. 327 p.
BENNETT, Andy; PETERSON, Richard. Introducing Music Scenes. In: Bennett, Andy;
Peterson, Richard. (org.) Music Scenes: Local, Transposal, and Virtual. Nashville: Vanderbilt
University Press, 2004. p. 1-15.
BLASCO, Lucia. O que é Web3, que pode transformar a internet. BBC News Mundo, 2022.
Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/geral-59951952. Acesso em: 10 out. 2022.
BOURDIEU, Pierre. Esboço de uma teoria da prática. In: ORTIZ, Renato. (org.). Pierre
Bourdieu: Sociologia. São Paulo: Ática, 1983. p. 46-81.
BRIGGS, Asa; PETER, Burke. Uma História Social da Mídia: de Gutenberg à Internet.
Tradução: Maria Carmelita Pádua Dias; Revisão de Paulo Vaz. Rio de Janeiro: Jorge Zahar
Ed., 2004.
CAMBRIA, Vincenzo. “Cenas musicais”: reflexões a partir da etnomusicologia. Música e
Cultura, v. 10, n. 1, p. 77-93, 2017.
Maria Vandete de ALMEIDA
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 23, n. 00, e023004, 2023. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.16904 23
CASTELLS, Manuel. A Galáxia da Internet: reflexões sobre a internet, os negócios e a
sociedade. Tradução: Maria Luiza X. de A. Borges; revisão técnica, Paulo Vaz. Rio de
Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2003. (Coleção Interface).
CASTELLS, Manuel. A Sociedade em Rede. A era da informação, economia, sociedade e
cultura. Tradução: Roneide Venâncio Majer. São Paulo: Paz e Terra, 2000. v. 1.
CASTELLS, Manuel. Creatividad, innovación y cultura digital. Un mapa de susinteracciones.
Revista Telos, n. 77, out./dez. 2008. Disponível em:
https://telos.fundaciontelefonica.com/telos/articulocuaderno.asp@idarticulo=2&rev=77.htm.
Acesso em: ago. 2014.
CASTELLS, Manuel. La Galaxia Internet. Barcelona: Areté, 2001. 316 p.
CASTRO, Hebe. História social. In: CARDOSO, Ciro Flamarion; VAINFAS, Ronaldo.
Domínios da História: ensaios de teoria e metodologia. Rio de Janeiro: Campus, 1997.
CAVALCANTI, Rodrigo César Tavares; SOUZA-LEAO, André Luiz Maranhão; MOURA,
Bruno Melo. Hipsters versus posers: ruptura fânica no mundo da música indie. RAM, Rev.
Almirante Mackenzie, v. 22, n. 3, eRAMG210202. 9 jun. 2021. ISSN 1678-6971.
Disponível em: https://www.scielo.br/j/ram/a/ykvGt4VFWnkywmcSC3t6cjS/?lang=en.
Acesso em: 10 dez. 2021.
CHARTIER, Roger. Os desafios da escrita. Tradução: Fulvia M. L. Moretto. São Paulo:
Editora Unesp, 2002.
FEENBERG, Andrew. Racionalização subversiva: tecnologia, poder e democracia. In:
NEDER, Ricardo. (org.). Andrew Feenberg: racionalização democrática, poder e tecnologia.
Brasília: Observatório do Movimento pela 177 Tecnologia Social na América Latina/Centro
de Desenvolvimento Sustentável CDS, 2010. v. 1, n. 3. Disponível em:
https://extensao.milharal.org/files/2013/06/Andrew-Feenberg-Livro-Coletanea.pdf. Acesso
em: 10 set. 2022.
FERNÁNDEZ, Paola. Consumos culturales en América Latina y la emergencia del
prosumidor: Un recorrido conceptual desde la Sociedad de la Información. Communication
Papers, v. 3, n. 04, p. 87-100, 2014. Disponível em:
https://raco.cat/index.php/communication/article/view/280180. Acesso em: 10 maio 2020.
FONTENELLE, Isleide Arruda. Prosumption: As Novas Articulações entre Trabalho e
Consumo na Reorganização do Capital. Revista Ciências Sociais Unisinos, v. 51, p. 1-20,
2015.
FREIRE, Raquel. Primeiro CD completa 30 anos de existência; saiba como foi sua criação.
TechtTudo. 1 de out. 2012. Disponível em: https://www.techtudo.com.br/noticias/2012/10/o-
primeiro-cd-completa-30-anos-de-existencia.ghtml. Acesso em: 10 jul. 2016.
GEERTZ, Clifford. A interpretação das Culturas. l. ed. 13. reimpr. Rio de Janeiro: LTC,
2008.
Cultura digital, sociabilidade virtual e música independente no Brasil: Conexões, interfaces e consumo
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 23, n. 00, e023004, 2023. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.16904 24
JALIL, Daniela Shaun. Direitos Autorais sobre a Música na Internet. São Paulo, Brasil,
ago. 2004. Disponível em: http://www2.uol.com.br/direitoautoral/artigo0804b.htm. Acesso
em: 10 jun. 2016.
LEMOS, André. Infraestrutura para a cultura digital. In: SAVAZONI, Rodrigo; COHN,
Sergio (org.). Cultura digital.br. Rio de Janeiro: Beco do Azougue, 2009. p. 135-149.
LEMOS, Ronaldo. Economia da cultura digital. In: SAVAZONI, Rodrigo; COHN, Sergio
(org.). Cultura digital.br. Rio de Janeiro: Beco do Azougue, 2009. p. 97-103.
LÉVY, Pierre. As tecnologias da inteligência. Tradução: Carlos Irineu da Costa. Rio de
Janeiro: Ed. 34, 1993. 208 p. (Coleção Trans).
LÉVY, Pierre. Cibercultura. Tradução: Paulo Neves. São Paulo: Ed. 34, 1999. 160 p.
(Coleção Trans).
MARCIANO, Carlos Eduardo; SOUZA, Felipe Assis; SOUZA, Raul Baptista. P2P Redes
Par-a-Par. 2018. Disponível em: https://www.gta.ufrj.br/ensino/eel878/redes1-2018-
1/trabalhos-v1/p2p/index.html. Acesso em: 10 out. 2022.
MARTÍN-BARBERO, Jesús. Dos meios às mediações: comunicação, cultura e hegemonia.
Prefácio: Néstor García Canclini; Tradução: Ronald Polito e Sérgio Alcides. Rio de Janeiro:
Editora UFRJ, 1997.
MONTEIRO, Márcio. MP3-Demonstrativo e a cauda longa da música independente:
apontamentos sobre a circulação da música independente através da internet. 2008.
Disponível em: http://www.cencib.org/simposio abciber/PDFs/CC/Marcio%20Monteiro.pdf.
Acesso em: jun. 2016.
MORAES, Dênis. Comunicação virtual e cidadania: movimentos sociais e políticos na
Internet. 2000. Disponível em: http://www.egov.ufsc.br/portal/ sites/
default/files/anexos/16072-16073-1-PB.pdf. Acesso em: abr. 2013.
MORAES, Dênis. O capital da mídia na lógica da globalização. Ciberlegenda, n. 6, 2001.
Disponível em: https://www.uff.br/?q=revista/ciberlegenda. Acesso em: jun. 2014.
NOGUEIRA, Bruno Pedrosa. Pensando a cena musical a partir dos territórios informacionais.
Contemporânea, [S. l.], v. 12, n. 2, fev. 2015. DOI: 10.12957/contemporanea.2014.13007.
Disponível em: https://www.e-
publicacoes.uerj.br/index.php/contemporanea/article/view/13007>.Acesso em: 24 nov.
2019.
PINTO, Marcelo de Rezende; LARA, Jose Edson. As experiências de consumo na
perspectiva da teoria da cultura do consumo: identificando possíveis interlocuções e
propondo uma agenda de pesquisa. Cadernos EBAPE. BR, v. 9, n. 1, p. 37-56, 2011.
Disponível em:
https://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/cadernosebape/article/view/5190. Acesso em:
10 out. 2022.
Maria Vandete de ALMEIDA
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 23, n. 00, e023004, 2023. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.16904 25
POSTMAN, Neil. Tecnopólio: a rendição da cultura à tecnologia. São Paulo: Nobel, 1994.
RADFAHRER, Luli. O meio é a mediação: uma visão pós-fenomenológica da mediação
datacrática. MATRIzes, São Paulo, Ano I, Fascículo 12, p. 131-153, jan./abr. 2018.
SAAD, Elizabeth; RAPOSO, João Francisco. Prosumers: Colaboradores, Cocriadores e
Influenciadores. Revista Communicare, São Paulo v. 17, p. 120-130, 2017. Disponível em:
https://www.academia.edu/34977096/Prosumers_colaboradores_cocriadores_e_influenciador
es_Prosumers_developers_co_creators_and_influencers. Acesso em: 10 out. 2022.
SILVA, Edcarlos. All You Need Is Love Um hino a todos os povos. Diário dos Beatles,
2014. Disponível em: https://canaldosbeatles.wordpress.com/2014/06/25/all-you-need-is-
love-um-hino-a-todos-os-povos/. Acesso em: 10 out. 2022.
SODRÉ, Muniz. Eticidade, campo comunicacional e midiatização. In: MORAES, Dênis
(org.). Sociedade midiatizada. Rio de Janeiro: Manuad, 2003.
TOFFLER, Alvin. A terceira onda: a morte do industrialismo e o nascimento de uma nova
civilização. [The third wave]. Tradução: João Távora. 17 ed. Rio de Janeiro: Record,
1980. 491 p.
VAZ, Gil Nuno. História da Música Independente. In: Col. Tudo é História 124. São Paulo:
Ed. Brasiliense, 1988.
VICENTE, Eduardo. A vez dos independentes(?): um olhar sobre a produção musical
independente do país. E-Compós, v. 7, 2006. DOI: 10.30962/ec.100. Disponível em:
https://www.e-compos.org.br/e-compos/article/view/100. Acesso em: 10 out. 2022.
WINQUES, Kérley; LONGHI, Raquel Ritter. Dos meios às mediações (algorítmicas):
mediação, recepção e consumo em plataformas digitais. MATRIZes, v. 16, n. 2, p. 151-172,
2022. DOI: 10.11606/issn.1982-8160.v16i2p151-172. Disponível em:
https://www.revistas.usp.br/matrizes/article/view/183743. Acesso em: 10 out. 2022.
Cultura digital, sociabilidade virtual e música independente no Brasil: Conexões, interfaces e consumo
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 23, n. 00, e023004, 2023. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.16904 26
CRediT Author Statement
Reconhecimentos: Meus sinceros agradecimentos aos avaliadores que tão prontamente
compreenderam a proposta da escrita e valorizaram o tema com a indicação de autores, bem
como, ao conselheiro editorial Matheus Garcia de Moura por sua atenção, paciência e trato
gentil. Um agradecimento muito especial registro para o músico, compositor e multi-
instrumentista Cláudio Caldeira por sua arte, seu dom, talento e grande encanto.
Financiamento: Não se aplica.
Conflitos de interesse: Não há conflitos de interesse.
Aprovação ética: Não se aplica.
Disponibilidade de dados e material: Não se aplica.
Contribuições dos autores: Maria Vandete de Almeida é responsável pela pesquisa,
análise e redação do artigo.
Processamento e editoração: Editora Ibero-Americana de Educação.
Revisão, formatação, normalização e tradução.
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 23, n. 00, e023004, 2023. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.16904 1
DIGITAL CULTURE, VIRTUAL SOCIABILITY AND INDEPENDENT MUSIC IN
BRAZIL: CONNECTIONS, INTERFACES AND CONSUMPTION
1
CULTURA DIGITAL, SOCIABILIDADE VIRTUAL E MÚSICA INDEPENDENTE NO
BRASIL: CONEXÕES, INTERFACES E CONSUMO
CULTURA DIGITAL, SOCIABILIDAD VIRTUAL Y MÚSICA INDEPENDIENTE EN
BRASIL: CONEXIONES, INTERFACES Y CONSUMO
Maria Vandete de ALMEIDA2
e-mail: negavan@gmail.com
How to reference this paper:
ALMEIDA, M. V. Digital culture, virtual sociability and
independent music in Brazil: Connections, interfaces and
consumption. Rev. Cadernos de Campo, Araraquara v. 23,
n. 00, e023004, 2023. e-ISSN: 2359-2419. DOI:
https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.16904
| Submitted: 11/09/2022
| Revisions required: 30/09/2022
| Approved: 25/01/2023
| Published: 18/07/2023
Editor:
Prof. Dr. Maria Teresa Miceli Kerbauy
1
Initially, the theme was developed and presented as a requirement for approval in the course "Material Culture,
Consumption, and Sociability" offered by the Graduate Program in Social Sciences at the State University of
Maringá, attended as a non-regular student in 2016. These preliminary studies on the relationship between culture
and consumption, personal observation of the music scenario in the city of Maringá (PR), the pleasure of listening
to music combined with free access to music content on streaming platforms, as well as the relationship between
society and technology that aligns with the interests of scientific research, have been, in theory, the stimuli for the
development and writing of this article since the early stages of academic life.
2
University of State of Maringá (UEM), Maringá Paraná (PR) Brazil. Bachelor's degree in History from the
Federal University of Alagoas (UFAL); Postgraduate in Web Development Systems, Master's and Doctot
candidate in History from the University of State of Maringá (UEM). Works as a teacher and content developer in
Distance Education (EaD).
Digital culture, virtual sociability and independent music in Brazil: Connections, interfaces and consumption
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 23, n. 00, e023004, 2023. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.16904 2
ABSTRACT: Based on the assumption that new technologies introduce and establish new
paradigms and organizational standards, as well as socializing habits, in various domains of
human existence, the present study aims to reflect, through a brief literature review, on the
continuous transformations and social-economic, political, and cultural changes that humanity
has undergone since the invention or emergence of new information and communication
technologies. Similarly, it intends to address the innovations that have taken place in the
conception, production, and enjoyment of musical works available in designated virtual
environments, emphasizing the advancements that technology has brought to the independent
sector, particularly in the Brazilian context. In conclusion, it is observed that the internet and
its technologies have triggered the emergence of new means, pathways, and concepts for the
construction of forms of sociability that encompass both co-creation and the consumption of
cultural, material, and immaterial goods in real and virtual spaces.
KEYWORDS: Digital culture. Virtual sociability. Consumption. Independent music in Brazil.
RESUMO: Com base no pressuposto de que novas tecnologias introduzem e estabelecem
novos paradigmas e padrões de organização, assim como hábitos de socialização, em diversos
domínios da existência humana, o presente estudo tem como propósito refletir, por meio de
uma breve revisão bibliográfica, sobre as contínuas transformações e mudanças sociais,
econômicas, políticas e culturais pelas quais a humanidade passa desde a invenção ou
surgimento das novas tecnologias de informação e comunicação. Da mesma forma, pretende-
se abordar as inovações ocorridas na concepção, produção e fruição de obras musicais
disponíveis em ambientes virtuais designados, com ênfase nos avanços que a tecnologia
proporcionou ao setor independente, particularmente no contexto brasileiro. Ao término,
conclui-se que a Internet e suas tecnologias têm provocado o surgimento de novos meios,
caminhos e conceitos para a construção de formas de sociabilidade que englobam tanto a
cocriação quanto o consumo de bens culturais, materiais e/ou imateriais, em espaços reais e
virtuais.
PALAVRAS-CHAVE: Cultura digital. Sociabilidade virtual. Consumo. Música independente
no Brasil.
RESUMEN: Tomando como principio que las nuevas tecnologías inauguran y establecen
nuevos paradigmas y patrones de organización, o hábitos de socialización, en los más diversos
campos de la existencia humana, este estudio pretende reflexionar, en una breve revisión
bibliográfica, sobre las constantes transformaciones y cambios sociales, económicas, políticas
y culturales que la humanidad viene atravesando desde la invención o aparición de las nuevas
tecnologías de información y comunicación. Del mismo modo, pretende discutir sobre las
innovaciones puestas a la concepción, producción y disfrute de obras musicales disponibles en
ambientes virtuales designados y, en especial, sobre los avances que la tecnología ha
proporcionado al segmento independiente, especialmente en Brasil. Al final, se concluye que
Internet y sus tecnologías han provocado el origen de nuevos medios, formas y conceptos para
la construcción de sociabilidades que culminan tanto en la co-creación, como en el consumo
de bienes culturales, materiales o inmateriales, en espacios reales y virtuales.
PALABRAS CLAVE: Cultura digital. Sociabilidad virtual. Consumo. Música independiente
en Brasil
Maria Vandete de ALMEIDA
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 23, n. 00, e023004, 2023. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.16904 3
Introduction
A considerable portion of the transformations and changes in contemporary lifestyles
can be attributed to the introduction and impact of information and communication technologies
in virtually all social relations, be it in politics, economy, or cultural production. Social realities
and cultural exchanges, gradually or abruptly, tend to be mediated, intertwined, and supported
by electronic media or teleinformacionais
3
, indiscriminately connecting everything and
everyone.
In this evolution of "new" or renewed technologies, which has established new
paradigms in social, economic, and political contexts, one can observe the imminence of new
cultural scenarios, diverse forms of personal relationships, and consumer relationships that
overlap with various sectors of life in society. These pieces of information are synchronously
or asynchronously in tune with "times without time," available on electronic platforms and
telematic networks, virtual and commercial communication, knowledge, and entertainment.
Amidst all these aspects, culture is understood according to the conception attributed by
contemporary theorists, such as the American anthropologist Clifford Geertz, who, based on
the studies of the German sociologist Max Weber (1864-1920), advocates for an essentially
semiotic concept of culture, whose meaning encompasses "webs of meaning that man has
woven and in which he is entangled" (GEERTZ, 2008, p. 10, our translation). A contemporary
approach to culture, regarding its configurations and new implications, also becomes possible
based on concepts that include the use of electronic technologies and media, which attribute
new adjectives or meanings, as can be observed and verified when considering the existence of
studies, research, and terms such as digital culture and cyberculture, designated by the French
philosopher and sociologist Pierre Lévy (1999), and the culture of real virtuality, attributed by
the Spanish sociologist Manuel Castells (2000).
Terms, adjectives, or designations that have emerged and consolidated with the advent
and dissemination of interactive communication networks have allowed humanity to integrate,
within a single space called cyberspace, the different oral, written, and audiovisual faculties of
communication. The implications of this process can alter behaviors, values, and customs.
The main objective of this brief study is to highlight and reflect, albeit briefly, on the
innovations and possibilities offered to the production, distribution, listening, use, and
3
"Teleinformacional" is a term used to refer to the field of knowledge that encompasses the transmission,
processing, and storage of information through telecommunications systems.
Digital culture, virtual sociability and independent music in Brazil: Connections, interfaces and consumption
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 23, n. 00, e023004, 2023. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.16904 4
enjoyment of musical works available in electronic or virtual environments. Likewise, it will
address the possibilities of "independence," especially in Brazil, that the entry of digital culture
has imposed on various production and consumption relationships in the realm of musical art,
present in digital communities or platforms that organize and operate through intangible yet
tangible devices of information and communication technologies and computer networks that
sustain the functioning and "materialize" the existence of its central icon, the Internet.
Social and cultural trends, which are marketable and consumable, highlight new ways
of thinking (individually or collectively), relating, and intertwining (in person or virtually),
made possible by communication techniques and technologies, digitization, and data
processing, which concentrate and connect "cinema, radio-television, journalism, publishing,
music, telecommunications, and information technology in the same electronic fabric" (LÉVY,
1993, p. 102, our translation). It is a device or mass media in which the production,
dissemination, commercialization, and consumption habits of music in digital culture have
become topics of interest in various areas of academic research. In one way or another, this fits
into and operates within the context of discussions that encompass specific historical periods
and social scenarios, in which critics and theorists from various fields of knowledge will
attribute terms or designations to outline characteristics and contexts that arise from the
relationship between society and technology, such as the "society of the spectacle," "consumer
society," and more recently, in the context of social network formation, the designation or label
of the "network society."
Digital Culture and Virtual Sociability
Since the invention and emergence of the first computers, which highlighted scientific
progress and technological advances, enabling unprecedented means of communication and
access to information, there is a consensus in the scientific and academic community about
establishing new paradigms that have influenced the course of social transformations. This, in
turn, has led to the introduction of distinct variables in human interactions and experiences,
especially in personal relationships, cultural production, and exchange, as well as the
emergence of new forms of business and consumer desires, whether related to goods, services,
or cultural products.
Digital culture is a relatively recent term that reflects the growing trend of encoding and
digitizing communication techniques, data processing, information transmission, knowledge
Maria Vandete de ALMEIDA
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 23, n. 00, e023004, 2023. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.16904 5
sharing, and exchange from various perspectives resulting from the innovative use of
technology and the impact of electronic connections on the structure and practice of social
organizations. In other words, digital culture creates and recreates new cultural realities, where
we compose with "bits
4
the images, texts, sounds, assemblages in which we interweave our
thoughts or senses" (LÉVY, 1993, p. 63, our translation).
In this sense, it is a consensus among many scholars that digital culture represents the
fusion of art, science, technique, and technology through the ephemeral or intangible
possibilities of the digital realm. This entails the conversion of analog signals into binary digits
in the technical structure of computational language, composed of "ones" and "zeros." The term
itself, adopted by various agents and sectors of human creation and production, incorporates
different perspectives on the impact of information and communication technologies, namely
digital technologies, on society's organization and ways of life. Consequently, this affects
respective systems of symbols, practices, values, beliefs, customs, and attitudes.
Among these scholars, Spanish sociologist Manuel Castells (2008) addresses the
innovation and creativity made possible by the development of new tools for the Internet, such
as Web 2.0
5
. He presents topics that contribute to the definition of digital culture, understood
as:
1. Ability to communicate or merge any product based on a common digital
language;
2. Ability to communicate from local to global in real-time and dissolve the
interaction process;
3. Existence of multiple modes of communication;
4. Interconnection of all digitized networks of databases or the realization of
Nelson's hypertext dream with the data storage and retrieval system, named
Xanadu, in 1965;
5. Capacity to reconfigure all configurations, creating new meaning in
different layers of communication processes;
6. The gradual formation of the collective mind through networked work,
through a limitless set of brains. Here, I refer to the connections between
networked brains and the collective mind (CASTELLS, 2008, p. 2, our
translation).
Thus, in line with other analysts of this phenomenon, digital culture can be succinctly
understood, as defined by Brazilian sociologist André Lemos, as "everything that explores the
4
According to historians Asa Briggs and Peter Burke, the word "BIT" was coined in 1946 by John Stukey, a
statistician from Princeton, combining the words "binary" and "digital" (BRIGGS; BURKE, 2004, p. 272).
5
WEB: a diminutive term for World Wide Web, which generally means "a network on a global scale." With the
development of studies in Semantic Web, versions 1.0, 2.0, and 3.0 emerged, representing its evolution in
providing services and products, content sharing, interaction, and user relationships (BLASCO, 2022).
Digital culture, virtual sociability and independent music in Brazil: Connections, interfaces and consumption
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 23, n. 00, e023004, 2023. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.16904 6
new media that have emerged and become popularized" (LEMOS, R., 2009, p. 97, our
translation). It is synonymous with cyberculture, which "is the culture that emerges from within,
stemming from the expansion of digital networks, and that recombines science with the arts"
(AMADEU, 2009, p. 67, our translation). Cyberculture represents the "contemporary culture,
where various digital electronic devices are already part of our reality" (LEMOS, A., 2009, p.
136, our translation). It has been gradually and intensely reproducing and consolidating itself
in a broad scenario of social, cultural, political, economic, and technological changes,
productions, and manifestations. According to French scholar Pierre Lévy, cyber culture is a
neologism that refers to a "set of techniques (material and intellectual), practices, attitudes,
modes of thought, and values that develop in conjunction with the growth of cyberspace"
(LÉVY, 1999, p.17, our translation). At its core, cyberculture involves the formation of virtual
communities and the emergence of social networks, which decentralize, deterritorialize, and
significantly redefine the possibilities of communication and information and symbolic and
material production. This brings about significant changes in behavior and relationships among
individuals and between them and the natural, social, and cultural environment.
The social, behavioral, and virtual relationships that have become possible and realized
have been mainly propelled by the development of the Internet, a "social technology" and one
of the most complex and comprehensive communication systems capable of reshaping cultural
habits and customs and establishing new patterns of sociability among human beings.
Manuel Castells (2001) observes that the new model of sociability in contemporary
societies is characterized by networked individualism, which is constituted based on
individualized interaction. In this sense, he considers that:
Networked individualism constitutes a social model, not a collection of
isolated individuals [...] Thus, new technological advancements enhance the
possibilities for networked individualism to become the dominant form of
sociability. [...] These trends represent the triumph of the individual, even
though the costs they may have for society are unclear. Unless we consider
that individuals are reconstructing the model of social interaction with the aid
of new technological possibilities to create a new societal model: the
networked society (CASTELLS, 2001, p. 149-154, our translation).
In this context, in the networked society, contemporary culture also shared
electronically, has given rise to new structures of sociability. These structures are characterized
by the infinite connections of computer networks, the groupings in cyberspace - the vast virtual
space created by computer networks - and the exchange of experiences, symbols, and meanings
in virtual communities. The Internet, or the Web, is the medium and infrastructure that enable
Maria Vandete de ALMEIDA
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 23, n. 00, e023004, 2023. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.16904 7
and ensure the development of new personal relationships and various modes of social, cultural,
and commercial relations. According to Professor and researcher Luli Radfahrer (2018, p. 2,
our translation):
The Web today resembles a vast conglomerate of highly concentrated private
companies whose communication services, professional and well-crafted, are
offered as freely as radio and television programming once was. However, its
dynamics are vastly different from the major media outlets that preceded it,
resulting in considerable changes in social dynamics, interactions, and
ideological structures of persuasion.
Although discussions about contemporary forms of sociability are permeated with
uncertainties, virtual devices and services aimed at data and information socialization, as well
as the creation of social bonds, have been developed and improved since the early days of public
availability of the Internet in general, that is, for the average user.
With the advent of new interactive and collaborative tools, which have empowered users
to program the Internet themselves, the average user, also known as an internet user or
cybernaut, has transitioned from being a mere spectator and passive consumer to an active
producer and distributor of information and content, in various formats and for different
purposes, such as text, images, sounds, or videos. These contents are primarily made available
and accessible free of charge and spread rapidly.
In the virtual realm, the emergence of new spaces for expression, information,
communication, and culture, such as virtual communities and social networks, has represented
the end of passivity imposed by traditional media. These spaces have facilitated forming of
electronic groups, where individuals can expose and express common interests, preferences,
behaviors, ideologies, and engagements. They represent the confluence of the individual and
the collective in cyberculture. According to nis de Moraes (2000, p. 142, our translation), a
Brazilian communication theorist:
Cyberculture universalizes the most disparate worldviews, the most
contrasting modes of social organization, and the most diffuse ambitions
without favoring single thoughts or domains through coercion. It is a virtual
realm of considerable knowledge, which brings together conflicting forces,
impulses, and interests. With the fundamental peculiarity - as pointed out by
Pierre Lévy - of universalizing without totalizing.
In the context of a global society and universal culture, part of understanding
contemporary sociability - and its alleged transformation, situated between the real and virtual
world, composed of social relationships mediated by globally interconnected communication
Digital culture, virtual sociability and independent music in Brazil: Connections, interfaces and consumption
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 23, n. 00, e023004, 2023. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.16904 8
devices or systems - is based on specific perspectives that recognize that "shared culture
determines the possibility of sociability in human groupings and gives intelligibility to social
behaviors" (CASTRO, 1997, p. 86, our translation). The cultural influence of technology,
characterized by portability, mobility, and ubiquity of techniques and media, must be strongly
considered when analyzing these forms of sociability. The Brazilian sociologist and journalist
Muniz Sodré observes the formation of "a new type of relationship between the individual and
concrete references and truth, and in this case, with another anthropological condition"
(SODRÉ, 2003, p. 23, our translation). This suggests the emergence of a series of situations and
issues that propel and induce numerous possibilities for entertainment, leisure, and
consumption, as well as indistinct needs, frequent contacts, and constant virtuality.
Electronic Consumption and Independent Music in Brazil
With the emergence of new forms of sociability, a new economy, commercial
relationships, and consequently, forms of consumption have been established in virtual spaces
provided by the Internet.
The Internet promotes a significant transformation in the economic landscape through
the social relationships established in virtual communities and social networks, influencing
individuals' cultural and daily habits, as well as the production, perception, diffusion, use, and
consumption of symbolic creations and artistic works in the era of digital culture.
Considering the various forms of utilization, the study of the Internet and its
technologies, as well as the social, economic, political, and cultural implications, has sparked
interest and placed their impacts at the center of a wide range of topics for study and discussion
on the transformations affecting contemporary ways of living, thinking, feeling, creating,
acting, and consuming, encompassing the numerous facets of human capabilities and needs that
express their relationship of existence and survival with nature. At the heart of these debates
are the "social uses" of technology, with emphasis on the domestic and commercial use of the
Internet in the field of culture, which also extends to the sphere of creation, production,
availability, circulation, commercialization, and appreciation of art, in its different possibilities
that guide practice and mediate supply and demand.
Among the various approaches that address the cultural influence of technology and
technology and media development, Jesús Martín-Barbero (1997), a Spanish philosopher,
semiotician, and anthropologist based in Latin America, proposes a new perspective for
Maria Vandete de ALMEIDA
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 23, n. 00, e023004, 2023. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.16904 9
studying communication. He understands that the sender and receiver relate to each other based
on needs and problems, not just through a specific channel or vehicle. In this new outlook,
inspired by cultural studies, he suggests a shift of focus from studying the media to studying
the mediations. In his work "Dos meios às mediações", he argues that there is a multiplicity of
meanings in mediation processes, which are devices through which "hegemony internally
transforms the meaning of work and communal life". Therefore, the starting point is not
determined by traditional concepts but by the ways of living, doing, and perceiving reality,
considering that "multiple mediations and cultural and social practices are understood as
mediation processes" (MARTÍN-BARBERO, 1997, p. 262, our translation).
Thus, in his studies and theory about traditional media, Martín-Barbero argues that
social media possess intentionality, and consequently, ideological structures and nuances that
involve specific mediations. This theory finds resonance in the current context of electronic
communication devices and media, digital media, and technological appeals that invade and
impact different facets and phases of human experiences and cultures. In summary, the theorist
highlights that communication and culture co-occur, involving appropriations and
resignifications of processes that can occur both in the production and reception of
communicative products, in the "negotiation of meanings" that, at different levels of everyday
life, influence habits, awaken desires, mediate practices, and intertwine consumption skills.
In the virtual context, music is one of the most widely disseminated and consumed
cultural products, mainly due to the practices of free access and free consumption offered to
users (music producers and consuming audience), who have greater freedom to stream
6
,
download, and share files.
However, as users have established a more advanced relationship with the virtual
environments of electronic networks, various changes have emerged in how they relate to
information, knowledge, culture, and art in their multiple modalities. Regarding musical art,
one of the significant and noticeable changes lies in the forms or modes of consumption that
have "established a new pragmatics of musical creation and listening" (LÉVY, 1993, p. 140,
our translation).
As users-consumers, primarily fans, adopt new pragmatics or reconfigure patterns, they
assume roles or tasks inherent to producers in the conventional production model. This has
6
Streaming is the technical term in English used to describe the practice of transmitting music over the Internet.
Currently, streaming platforms, companies that provide an online music catalog, dominate the market by offering
paid and complimentary services. Some of the most popular platforms include Spotify, Deezer, Tidal, and YouTube
Music (JALIL, 2004; BARBOSA, 2017).
Digital culture, virtual sociability and independent music in Brazil: Connections, interfaces and consumption
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 23, n. 00, e023004, 2023. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.16904 10
resulted in a new configuration of understanding called prosumer
7
, characterizing changes in
typical usage patterns and transforming production and consumption circuits of materials and
content, among other aspects that gave rise to these new actors (FERNÁNDEZ, 2014, our
translation).
The term prosumer is an acronym derived from the words "producer" and "consumer",
representing the idea that users play both roles in the production of information and content.
This concept emerged in 1972 when Marshall McLuhan, a Canadian educator, philosopher, and
communication theorist, and Barrington Nevitt, an engineer, radio broadcaster, and author from
the same country, stated that electronic technology would allow consumers to become content
producers simultaneously. Therefore, the term prosumer encompasses various actions,
interactions, commercial exchanges, social relationships, and other forms of engagement
(FERNÁNDEZ, 2014, our translation).
For the theorist and sociologist Alvin Toffler (1980), who coined the term while
discussing the changes occurring in the industry, where consumers assumed more
responsibilities at the expense of companies, this process would cause alterations in production,
resulting in a greater emphasis on the use of things and a change in consumer behaviors. People
would start producing and repairing their objects or reclaiming services outsourced by
economic industrialization, within what he called the "third wave" in the post-industrial era. In
the same decade, this DIY (Do It Yourself) movement gained importance in the United States
and England as a trend, where artists started releasing their productions due to low production
costs and greater creative freedom (FONTENELLE, 2015; BARBOSA, 2017; CAVALCANTI;
SOUZA-LEÃO, 2021).
However, due to the variety of channels and means of communication present in online
environments, especially on the internet, other terms and concepts have been developed to
describe the connected subject, such as:
Gatewatchers (BURNS, 2003) - The concept refers to individuals organizing
and curating various content across multiple channels. The goal is not to
control the "gates" of the channels but to participate in a distributed and
organized effort to observe which information passes through them;
Interagente (PRIMO, 2007) - the term encompasses the participation and
exchange of technology-subject-human-machine - and subjects among
themselves on the web;
7
In addition to the current digital influencers who, like prosumers, act as and within human communication
channels, providing opinions, suggestions, and advice to their social sphere through information and brand
promotion, among other possibilities that also encompass the co-creation of brands and technological products,
they influence musical preferences, lifestyles, as well as ideologies and political affiliations, among numerous
options that redefine the market, consumer demands, and experiences (SAAD; RAPOSO, 2017, our translation).
Maria Vandete de ALMEIDA
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 23, n. 00, e023004, 2023. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.16904 11
Netizen (CANCLINI, 2008) - being a netizen increases the possibility for
millions of people to be readers and viewers;
Reader-producer (BRIGNOL, 2010) - the conception refers to individuals
who appropriate the media based on their needs and interests, reinterpreting
them in everyday practice (WINQUES; LONGHI, 2022, p. 155, our
translation).
In addition to the other terms and concepts, there are prossumers, resulting from
combining roles as producers, viewers, and consumers. These groupings involve cultural codes,
symbolic meanings, and ideological aspects that influence and complicate changes in social
behaviors and, consequently, in consumption experiences.
Over the past twenty years, consumer research has generated a flow of investigations
and studies focused on analyzing consumption's sociocultural, experiential, symbolic, and
ideological aspects. This results in various theoretical perspectives that address the dynamic
relationships between consumption practices, the market, and cultural meanings. These
perspectives have been developed by authors such as the Consumer Culture Theory
(ARNOULD; THOMPSON, 2005; McCRACKEN, 2003 apud PINTO; LARA, 2011).
In this sense, by exploring the various cultural meanings, Brazilian researchers Pinto
and Lara (2011, p. 48, our translation) highlight the possibility of dialogue between literature
and discussions stemming from the experiential notion of consumption. They state that:
[...] the entire process of consumption, including experiences, shapes
behaviors, preferences, social relationships, lifestyles, consumption patterns,
and the individual's identity and self-concept. Thus, in attempting to
understand how meanings of services are constructed and how they influence
the service consumption experience; how cultural and symbolic aspects shape
the relationship between companies and customers; how consumers articulate
experiential and symbolic elements in retail establishments; how cultural
codes influence and hinder the change of social behaviors that are inherently
experiential, among many other issues, researchers must not lose sight of the
interplay between consumption experiences and the theory of consumer
culture.
Individuals are involved in a broad field of study based on Consumer Culture Theory
(CCT) by playing a central role in transforming social behaviors and engaging in various modes
of production:
[...] fans are considered specialized consumers, participating in a consumption
subculture linked to media products (SOUZA-LEÃO; COSTA, 2018;
KOZINETS, 2001). This productivity characteristic indicates they are
considered prosumers (CHEN, 2018; SOUZA-LEÃO; COSTA, 2018). The
phenomenon of prosumption believes that production and consumption
function symbiotically. Consumers take on tasks that are the producer's
Digital culture, virtual sociability and independent music in Brazil: Connections, interfaces and consumption
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 23, n. 00, e023004, 2023. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.16904 12
responsibility in the traditional dual model of production consumption. This
conception became widely discussed in CCT through the works of Ritzer
(2005, 2008), gaining even greater resonance when it was considered in the
context of Web 2.0 (RITZER; JURGENSON, 2010) (CAVALCANTI;
SOUZA-LEÃO; MOURA, 2021, p. 3-4, emphasis added, our translation).
Under this perspective, which involves a symbiotic relationship between consumption
and media technologies, independent music production has emerged as a modality or alternative
for autonomous artists seeking and achieving visibility on platforms and websites within the
vast Internet network.
Internationally, the independent music movement, also known as indie, originated in the
1980s in the United States and England, when artists began releasing their productions
following the philosophy of "do it yourself" (DIY). In the 21st century, independent artists
gained greater relevance and established themselves in the music market, especially during the
crisis in the recording industry caused by the ease of digital file sharing. Currently, this genre
of music both participates in the conventional market and generates profitability through
streaming, downloads and shows available on digital platforms (CAVALCANTI; SOUZA-
LEÃO; MOURA, 2021).
In Brazil, the independent music movement emerged almost simultaneously with the
international growth of the technological revolution, with the creation of the first
microcomputers and the expansion of telecommunications in the 1970s and 1980s.
In his work "História da Música Independente" (History of Independent Music),
musician, composer, and communication theorist Gil Nuno Vaz recounts a specific historical
narrative. According to Vaz, in October 1979, with the emergence of Lira Paulistana
8
, a
gathering space in São Paulo, independent music production found a place to unite and promote
alternative artistic works. The establishment of Lira Paulistana aimed to foster the activities of
different groups and became a significant milestone for the independent movement. By the end
of 1982, the theater gained increasing importance and attracted the interest of the national
record label Copacabana. This resulted in an association between the theater and the record
label and an ambitious project for music releases. According to Vaz, this event was a significant
milestone in the evolution of the independent movement. He highlights the constant interviews
and debates promoted by specialized journalism and academic circles: "One of these meetings,
8
The theater was inaugurated in late 1979 in Vila Madalena, São Paulo, and became the stage for the polarization
of the debate about the independence of music production in the country at a time when the independent option
was also widely embraced by artists operating in regional markets, in country music, instrumental music, and other
segments overlooked by record labels (VICENTE, 2006, p. 5-6).
Maria Vandete de ALMEIDA
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 23, n. 00, e023004, 2023. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.16904 13
held at the headquarters of Lira Paulistana in November 1982, will serve as a starting point for
our journey towards independent music" (VAZ, 1988, p. 8-9, our translation).
In this historical account, Vaz (1988) mentions that, at that time, bringing together
various segments and trends of the era's music scene, the presented conceptions formed an
exemplary framework for a conceptual understanding of the independent music phenomenon.
This framework encompassed aspects such as "composition and interpretation; the individual
musician and the group; vocals and instrumentation; creation and production; the lyrical and
the humorous; the North and the South; tradition and rupture" (VAZ, 1988, p. 9, our
translation).
Despite being partially accepted, using the term "independent" generated controversies.
According to Vaz (1988), amid the discussions and debates of the time, there were
disagreements among the artists involved in the movement regarding the use of this term. He
observes and concludes that:
[...] the term "independent" expresses this: that the release of the album, as
done, did not depend on the judgment of record labels [...]. As a result, it is
valid to conclude that the independent artist possesses, more than or beyond
the intention to preserve their aesthetic values, a natural aspiration for the
means of production, driven by the inner conviction that their work,
considered of greater or lesser quality by others, deserves dissemination to
which established outlets do not grant them access (VAZ, 1988, p. 12-14, our
translation).
As Vaz (1988) mentioned, independent music production faced difficulties in accessing
and receiving support from the "established outlets" to disseminate their work. However, there
came a point where independent production ceased to be uncommon and became a viable and
achievable solution. Aware of a reality in which the Brazilian music industry was threatened
by the domination of the phonographic market and intense foreign advertising campaigns,
artists confronted this reality by seeking alternatives, such as promotion in schools and
universities, and becoming entrepreneurs (VAZ, 1988, p. 18-19).
In his study on the same historical context and trajectory of independent music in Brazil,
Eduardo Vicente (2006) considers the album "Feito em Casa," produced by Antonio Adolfo
9
in
1977, as a symbolic milestone for the discussion on the subject of independence and a turning
point in the long process of organization and growth of the phonographic industry in the
country. Simultaneously, the emergence or expansion of international companies operating in
9
Pianist, arranger, producer, and educator from Rio de Janeiro, the musician, grew up in a musical family. At the
age of seven, he began his studies, and by seventeen, he was already a professional musician (AAM Music, 2020).
Digital culture, virtual sociability and independent music in Brazil: Connections, interfaces and consumption
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 23, n. 00, e023004, 2023. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.16904 14
the phonographic sector triggered a crisis in the Brazilian industry in the late 1970s, leading to
the emergence of the independent scenario as a tactic or possibility for the professional survival
of artists. From this perspective, the independent music emerges as a "space of cultural and
political resistance to the new organization of the industry" and as the only access route to the
market for a diverse group of artists (VICENTE, 2006, p. 4, our translation).
Com o passar do tempo, muitas das dificuldades enfrentadas pelo setor foram
gradualmente superadas, especialmente devido aos avanços tecnológicos que resultaram em
uma considerável redução nos custos de produção. Esses avanços inauguraram uma nova fase
para a criação artística, em geral, incluindo o segmento da música independente.
Over time, many of the difficulties faced by the sector were gradually overcome, mainly
due to technological advancements that resulted in a considerable reduction in production costs.
These advancements ushered in a new phase for artistic creation, including the independent
music segment.
This new phase, known as the digital era, marks the third stage of development for
recording and music playback equipment, as highlighted by professor, researcher, and musician
Messias Bandeira (2001). This stage began in 1982 with the introduction of the compact disc
10
.
From that moment onwards, the following changes took place:
Popular music, conceived for consumption and characterized by its ephemeral
nature (ECO, 1970), becomes structured according to the established
parameters of technological advancements in audio recording and playback,
which implies the adaptation of musical creation to the specifications of each
medium (BANDEIRA, 2001, p. 5, our translation).
With the increasing diversification and sophistication of software that facilitated the
emergence of new mediums, digitalization, and data compression for audio in the field of music
production, such as the MP3
11
format, the use of the Internet and the many music platforms or
portals present in its environment have been consolidating and strengthening as standard
practices and viable alternatives, especially when it comes to the dissemination and distribution
of works by independent artists and record labels. "As they make their production available
online and at the same time gain access to what others have made available" (MONTEIRO,
2008, p. 9, our translation), they inaugurate contexts or "new music scenes that do not have a
10
In October 1982, the CD emerged due to a partnership between the Dutch company Philips and the Japanese
multinational Sony (FREIRE, 2012).
11
The acronym for MPEG Audio Layer-3 (Layer 3) was created in 1987 by the German institute IIS (Institut
Integrierte Schaltungen) and the University of Erlangem, aiming to lower music compression rates where a
minute of music equates to 1MB (ALECRIM, 2003). With this compression, music production, storage,
distribution, sharing, and trade opened up to new forms of consumption.
Maria Vandete de ALMEIDA
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 23, n. 00, e023004, 2023. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.16904 15
traditional media support, such as records, press, and well-defined social spaces like concert
venues and bars," as noted by professor and researcher Bruno Nogueira (2014, p. 21, our
translation).
When considering the music scene from the perspective of informational territories,
Bruno Nogueira argues and draws upon the studies and work of Andy Bennett and Richard
Peterson (2004) in "Music Scenes: Local, Translocal and Virtual" to provide a typology for
music scenes that offers a better understanding of the differences, categorizing, for example,
what they call "translocal scenes" where there is "a more evident cultural and economic
relationship than the local relationship among members of a particular scene" (NOGUEIRA,
2014, p. 23, our translation).
In the work above, which brings together studies from researchers in related fields, Andy
Bennett and Richard Peterson (2004) initially clarify that the term "scene", based on Pierre
Bourdieu's concept of field (1983) and Howard Becker's notion of art worlds (1982), and
extensively used it to describe the marginal and bohemian lifestyles associated with the jazz
world in the 1940s. The concept has been employed in academic research as a model for
studying musical production, performance, and reception since the 1990s. Taking into account
the historical and social contexts and clarifying the origin of the concepts, the authors note that
the term "music scene" has become commonly used in everyday language and, when employed
by academic researchers, aims to describe the contexts in which "groups of producers,
musicians, and fans collectively share their common musical tastes and collectively distinguish
themselves from others" (BENNETT; PETERSON, 2004, p. 2-3, our translation).
Regarding the classification of scene types, the authors present three possible categories
based on the organization of discussions in work and the principles and common characteristics
shared. These categories are:
The local scene closely corresponds to the original notion of a scene centered
around a specific geographic area. The translocal scene refers to widely
dispersed local settings focused on regular communication around a distinct
form of music and lifestyle. The virtual scene is an emerging formation in
which people scattered across large physical spaces create a sense of scene
through fanzines and, increasingly, the Internet (BENNETT; PETERSON,
2004, p. 6-9, our translation).
However, this characterization or understanding of the scene has sparked different
debates in various areas of knowledge. In this sense, Bruno Nogueira (2014) emphasizes that
the perception of the scene presented by Bennett and Peterson (2004) is often questioned due
to the changes or evolution the Internet has undergone since the 1990s. The central issue raised
Digital culture, virtual sociability and independent music in Brazil: Connections, interfaces and consumption
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 23, n. 00, e023004, 2023. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.16904 16
is the "fact that it is difficult to imagine a musical scene that does not extensively utilize
resources that would be exclusive to a virtual scene," relying on the statement of Professor and
researcher Simone de Sá, who affirms that:
When transitioning to the digital environment, any scene is summoned to
consider this new environment's specificities - aesthetic, technical, and
economic -. It is, therefore, a highly complex process that can leave marks and
permanently transform the very identity of a local or translocal scene (DE SÁ,
2013, p. 32 apud NOGUEIRA, 2014, p. 25, our translation).
In a similar perspective, ethnomusicology professor Vincenzo Cambria, in the field of
music studies, notes that the concept of "music scenes" attracts the "attention of researchers
from various disciplinary fields as the basis for a new research model, defined as scene
research" (CAMBRIA, 2017, p. 77, our translation). In this context, regarding the publication
of the anthology produced by Bennett and Peterson (2004), he states that the work:
[...] represented the main milestone of the new trend. After the publication of
this book and following in its footsteps, a relatively large number of studies
have been published, mainly in music sociology and communication. Since
many of these works cite this anthology as their main theoretical reference, it
is important to examine the definitions and new perspectives it proposes for
the idea of ''music scenes''. In their brief introduction, Bennett and Peterson,
hoping that the book's chapters ''present something approximating a
comprehensive view of what a scene is(2004, p. 1), only offer laconic and
ambiguous definitions (CAMBRIA, 2017, p. 82, our translation).
In his critical analysis of the work, the scholar of the musical phenomenon also considers
that, compared to previous studies, the new perspective presented in the anthology stands out
for the classification of the three types of music scenes. From this evaluative point of view, he
concludes that:
Considering these three dimensions as representing different types is a mistake
because, as some of the articles in this book clearly demonstrate, they often
overlap, extend from one to another, and are, most of the time, inextricably
interconnected and interdependent. Why has this perspective on scenes
become so attractive? It does not represent a genuinely new approach, nor
does it propose a clear and coherent methodology to be followed. What is clear
to me is that the flexibility of the notion of scene represents its most appealing
aspect to scholars who are still "struggling" to find suitable substitutes for
older concepts like community and subculture, which are increasingly
perceived as problematic (CAMBRIA, 2017, p. 83, our translation).
The notion of a music scene remains vague and ambiguous, hindering a clear theoretical
perspective due to the lack of exploration and conceptual systematization of the complex forms
Maria Vandete de ALMEIDA
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 23, n. 00, e023004, 2023. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.16904 17
of human interaction and interconnections that the term "scene" can evoke (CAMBRIA, 2017,
p. 88).
In addition to the perspectives and ambiguities of theoretical models, an example of a
relatively recent national music scene or production within this broad spectrum of possibilities
offered by digital links and virtual interfaces is the album "Irreverendo". Produced by the
musician, composer, and multi-instrumentalist from Paraná, known artistically as Cláudio
Caldeira, the album was released in 2018 by an independent label and made available on various
digital platforms in the world of electronic networks. The artist composed the songs (lyrics,
melody, and harmony) for this self-production, rented a recording studio, and invited musician
friends to record the "virtual album".
An artistic and cultural initiative, among many others, demonstrating the association
between music and technology, technical reproduction, and free access, is responsible for
independent music production's popularization, diffusion, and consumption (or prosumption).
At the same time, it highlights that the Internet, as the primary representative of the changes
resulting from the integration of new or renewed technologies in virtually all areas of human
creation and production, is a potential and exceptional instrument for the design, display, and
socialization of artworks in their various forms, modalities, and purposes. Furthermore, the
Internet facilitates the formation of connections between cultures, and the appropriation and use
of technological resources that allow for the configuration of new patterns, environments, or
musical and social scenarios, whether authentic, local, translocal, or purely virtual. In the
context of the translocality and virtuality of the digital world, this musical self-production,
along with many others, suggests that the use of digital technologies and social networks can
drive the creation of self-productions and new independent initiatives by creative individuals
and inspired artists.
Final Considerations: New paradigms in the network society
Without prejudice, it is evident and remarkable that since the invention of contemporary
information and communication technologies, humanity has been living in a community and
culture widely characterized by economic globalization and digitalization in all spheres of
activity and social existence.
With the advent of the internet, prefixes such as "tele", "info", and "cyber", as well as
adjectives like "digital", "virtual", and "electronic", came to describe the transformations that
Digital culture, virtual sociability and independent music in Brazil: Connections, interfaces and consumption
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 23, n. 00, e023004, 2023. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.16904 18
technological advancements have brought to a wide range of human activities, whether they are
social, economic, political, or cultural in nature. Terms like "infrastructure", "telematics",
"cyberspace", "virtual community", "digital economy", "cyberculture", and "virtual reality",
among others, were introduced to define the changes that the technological imperative has
brought to the world and people's lives, stimulating the redefinition or a better understanding
of the phenomena and peculiarities of the "new" forms of social relations and material and
symbolic production.
In the context of culture and human social interactions, the internet, whether for
domestic or commercial use, has reconfigured habits and redesigned historically entrenched
communication systems. Firstly, through the capacity and reach of electronic information
networks, such as fiber-optic cables and satellites, in connecting nations, peoples, cultures, and
economies. Secondly, because social relations and processes of symbolic production are
increasingly mediated by communication devices that aestheticize and spectacular patterns of
perception, apprehension, and experience of reality (MORAES, 2001), thus interfering in
social, cultural, political, and economic life, both at an individual and collective level.
With the media convergence provided by the Internet and the countless possibilities of
the digital and virtual world, activities such as watching TV, reading books and newspapers,
and listening to, promoting, or producing music have become examples of the omnipresence of
technology and electronic devices. This omnipresence is associated with interactivity and
immediacy, indicating a paradigm shift in all dimensions and complexities of social practices
and manifestations, both in the configuration of theoretical models and the diversity of artistic
and cultural expressions, as well as in contemporary forms of production and consumption
habits, whether of material or immaterial products.
Undeniably, technologies based on the proliferation of the Internet have caused
significant changes in the music industry. Firstly, they allowed users to exchange and share
music content (peer-to-peer
12
). Subsequently, streaming services became the dominant model
of music consumption in the 2010s (SINCLAIR; GREEN, 2016 apud CAVALCANTI;
SOUZA-LEÃO; MOURA, 2021).
Even when consolidated, music is one of the segments of culture and entertainment that
have undergone the most changes and reinventions, thanks to technological advancements and
12
A Arquitetura P2P (peer-to-peer) é uma arquitetura de redes em que cada par, ou nó, coopera entre si para prover
serviços um ao outro sem a necessidade, a priori, de um servidor central. É uma rede de computadores construída
sobre outra rede (MARCIANO; SOUZA; SOUZA, 2018).
Maria Vandete de ALMEIDA
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 23, n. 00, e023004, 2023. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.16904 19
the democratization of its consumption. These transformations have been most notable in
production processes and how people enjoy music, especially with the emergence of
independent initiatives. These initiatives often find the opportunity and autonomy in technology
to create and manage their production. Moreover, new means, modes of production, and new
actors in the industry, self-proclaimed as self-producers, are observed. In specific cases, these
artists are even understood as prossumers.
In the national context, the Brazilian Association of Independent Music (ABMI)
collected data on recorded music, addressing topics such as the degree of informality in the
sector, gender diversity, and years of activity in the market. The objective was to demonstrate
the importance of the economic dimension in the cultural field. The research analyzed the size
of companies in the industry, digital distributors, and the presence and market activities of self-
produced artists. These artists are groups of musicians, performers, or composers who
individually develop their activities and naturally manage their careers. In general, considering
the diversity of the independent music sector in the country, the collected data indicated a
variety of aspects that converge toward the understanding that the reduction of costs in creation,
production, distribution, and marketing is being worked on and developed more efficiently with
the dissemination of digital technologies. These technologies have provided greater autonomy
to artists and more suitable tools to overcome market entry barriers, resulting in expectations
of expanding and reaching a wider audience without the involvement or intermediation of third
parties. Thus, enabling and monetizing business strategies and artistic careers become the main
challenges in the current scenario (ABMI, 2020).
Based on the data and the diversity of aspects that characterize the sector, the report
produced by the entity points out some future trends that summarize a new model for the music
market. These trends indicate that the production of music content together with video results
in increased audiovisual consumption. Additionally, streaming services offer better sound
quality, and the development of Internet connection bandwidth, with faster data transmission,
including virtual reality experiences, may enable the adoption of remote work in the industry.
This drives the creation of predominantly digital scenes, scenarios, or paradigms in producing
and consuming recorded music (ABMI, 2020, emphasis added).
These sociocultural, anthropological, market-oriented, technological, and instrumental
contexts or paradigms reflect the digital and virtual impact on the real. They contribute to the
idea of two distinct worlds that coexist in which scientific, cultural, economic, and sensory
experiences overemphasize the technological aspect at the expense of humans. This dynamic
Digital culture, virtual sociability and independent music in Brazil: Connections, interfaces and consumption
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 23, n. 00, e023004, 2023. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.16904 20
characterizes moments of rupture with the established social order and signals moments of
historical discontinuity (CASTELLS, 2003, emphasis added). These paradigms belong to a
"network society" that highlights transformations in the techniques of reproducing cultural
signs, drives and characterizes independence in artistic production, questions the evolution and
legitimacy of concepts, nuances individual and collective identities, consolidates and
decentralizes the multiplying power of markets, deterritorializes social ties, and redefines, with
relative legitimacy, the meaning, and desire for mass consumption.
In this developing paradigm, considering the possibilities, propositions, and premises of
"technological determinism" - a term that expresses a theoretical perspective in which
technology is the analytical factor of social and historical phenomena - a constant theme
emerges in debates and discussions about the impact of technological innovations as the
primary cause of societal changes. However, the levels of imprecision and unpredictability are
still significantly high (POSTMAN, 1994).
Under this perspective, it is crucial to observe and consider that technology does not
possess the autonomy to determine the course of a society. It integrates into circumstances
where historical, social, economic, political, and cultural factors converge (FEENBERG, 2010).
Additionally, we must ponder that changes in human relationships, material, artistic or cultural
productions, signs, and meanings, information exchange flows, new social configurations,
formation of social bonds, and interactions with new technologies can influence and mediate
but not determine, the destinies of humanity and the course of the world, even when it comes
to virtual worlds where history seeks to be silenced.
In this sense, it is not an exaggeration to recall that technology and music have been
interconnected since the invention of the gramophone (BERRY, 1995 apud BANDEIRA,
2001). In other words, or a broader sense, technical artifacts have always been present and are
constituents of human organizations and historical connections, interconnecting cultures,
power, and politics, where "appropriations are insinuated, and resistances are reformulated", as
pointed out by an insightful historian addressing the movements of written culture with the
emergence of digital technologies, suggesting that "changes in the order of practices tend to be
slower than the revolutions of techniques" (CHARTIER, 2002, p. 112, our translation). This
premise can shed light on issues to understand the relationship between culture and technology
better or generate inferences about changes in society and technological advancements.
Maria Vandete de ALMEIDA
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 23, n. 00, e023004, 2023. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.16904 21
REFERENCES
AAM MUSIC. Antonio Adolfo Music, 2020. Available at:
https://antonioadolfomusic.com/short-bio/. Accessed in: 10 Oct. 2022.
ALECRIM, Emerson. MP3: o que é e como surgiu. InfoWester, 2003. Available at:
http://www.infowester.com/histomptres.php. Accessed in: 18 Apr. 2011.
AMADEU, Sergio. Economia da cultura digital. In: SAVAZONI, Rodrigo; COHN, Sergio
(org.). Cultura digital.br. Rio de Janeiro: Beco do Azougue, 2009. 312 p. Available at:
http://www.cultura.gov.br. Accessed in: 10 Aug. 2014.
ARNOULD, Eric; THOMPSON, Craig. Consumer Culture Theory (CCT): Twenty Years of
Research. Journal of Consumer Research, v. 31, mar. 2005
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE MÚSICA INDEPENDENTE (ABMI). Análise de
mercado da música independente no Brasil. [S. l.]: [s. n.], 2020. Available at:
https://abmi.com.br/wp-content/uploads/2021/05/RELATORIO-ABMI-2019-2020.pdf.
Accessed in: 25 Apr. 2022.
BANDEIRA, Messias. Música e Cibercultura, do fonográfo ao MP3: digitalização e difusão
de áudio através da Internet e a repercussão na indústria fonográfica. In: LEMOS, André,
PALACIOS, Marcos (org.). Janelas do ciberespaço: comunicação e cibercultura. Porto
Alegre: Editora Meridional, 2001.
BARBOSA, Karina Moritzen. A Internet e a Proliferação dos Prosumers. A Evolução dos
Selos e Produtoras Independentes no Brasil. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS
DA COMUNICAÇÃO, 40., 2017, Curitiba. Anais [...]. Curitiba: Intercom, 4 a 9 set. 2017.
BECKER, Howard. Mundos da arte. Tradução. Luís San Payo. Revisão: Carlos Pinheiro,
Raquel Mouta. atual. aum. Lisboa: Livros Horizonte, 2010. 327 p.
BENNETT, Andy; PETERSON, Richard. Introducing Music Scenes. In: Bennett, Andy;
Peterson, Richard. (org.) Music Scenes: Local, Transposal, and Virtual. Nashville: Vanderbilt
University Press, 2004. p. 1-15.
BLASCO, Lucia. O que é Web3, que pode transformar a internet. BBC News Mundo, 2022.
Available at: https://www.bbc.com/portuguese/geral-59951952. Accessed in: 10 Oct. 2022.
BOURDIEU, Pierre. Esboço de uma teoria da prática. In: ORTIZ, Renato. (org.). Pierre
Bourdieu: Sociologia. São Paulo: Ática, 1983. p. 46-81.
BRIGGS, Asa; PETER, Burke. Uma História Social da Mídia: de Gutenberg à Internet.
Tradução: Maria Carmelita Pádua Dias; Revisão de Paulo Vaz. Rio de Janeiro: Jorge Zahar
Ed., 2004.
CAMBRIA, Vincenzo. “Cenas musicais”: reflexões a partir da etnomusicologia. Música e
Cultura, v. 10, n. 1, p. 77-93, 2017.
Digital culture, virtual sociability and independent music in Brazil: Connections, interfaces and consumption
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 23, n. 00, e023004, 2023. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.16904 22
CASTELLS, Manuel. A Galáxia da Internet: reflexões sobre a internet, os negócios e a
sociedade. Tradução: Maria Luiza X. de A. Borges; revisão técnica, Paulo Vaz. Rio de
Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2003. (Coleção Interface).
CASTELLS, Manuel. A Sociedade em Rede. A era da informação, economia, sociedade e
cultura. Tradução: Roneide Venâncio Majer. São Paulo: Paz e Terra, 2000. v. 1.
CASTELLS, Manuel. Creatividad, innovación y cultura digital. Un mapa de susinteracciones.
Revista Telos, n. 77, out./dez. 2008. Available at:
https://telos.fundaciontelefonica.com/telos/articulocuaderno.asp@idarticulo=2&rev=77.htm.
Accessed in: Aug. 2014.
CASTELLS, Manuel. La Galaxia Internet. Barcelona: Areté, 2001. 316 p.
CASTRO, Hebe. História social. In: CARDOSO, Ciro Flamarion; VAINFAS, Ronaldo.
Domínios da História: ensaios de teoria e metodologia. Rio de Janeiro: Campus, 1997.
CAVALCANTI, Rodrigo César Tavares; SOUZA-LEAO, André Luiz Maranhão; MOURA,
Bruno Melo. Hipsters versus posers: ruptura fânica no mundo da música indie. RAM, Rev.
Almirante Mackenzie, v. 22, n. 3, eRAMG210202. 9 jun. 2021. ISSN 1678-6971. Available
at: https://www.scielo.br/j/ram/a/ykvGt4VFWnkywmcSC3t6cjS/?lang=en. Accessed in: 10
Dec. 2021.
CHARTIER, Roger. Os desafios da escrita. Tradução: Fulvia M. L. Moretto. São Paulo:
Editora Unesp, 2002.
FEENBERG, Andrew. Racionalização subversiva: tecnologia, poder e democracia. In:
NEDER, Ricardo. (org.). Andrew Feenberg: racionalização democrática, poder e tecnologia.
Brasília: Observatório do Movimento pela 177 Tecnologia Social na América Latina/Centro
de Desenvolvimento Sustentável CDS, 2010. v. 1, n. 3. Available at:
https://extensao.milharal.org/files/2013/06/Andrew-Feenberg-Livro-Coletanea.pdf. Accessed
in: 10 Sept. 2022.
FERNÁNDEZ, Paola. Consumos culturales en América Latina y la emergencia del
prosumidor: Un recorrido conceptual desde la Sociedad de la Información. Communication
Papers, v. 3, n. 04, p. 87-100, 2014. Available at:
https://raco.cat/index.php/communication/article/view/280180. Accessed in: 10 May 2020.
FONTENELLE, Isleide Arruda. Prosumption: As Novas Articulações entre Trabalho e
Consumo na Reorganização do Capital. Revista Ciências Sociais Unisinos, v. 51, p. 1-20,
2015.
FREIRE, Raquel. Primeiro CD completa 30 anos de existência; saiba como foi sua criação.
TechtTudo. 1 de out. 2012. Available at: https://www.techtudo.com.br/noticias/2012/10/o-
primeiro-cd-completa-30-anos-de-existencia.ghtml. Accessed in: 10 July 2016.
GEERTZ, Clifford. A interpretação das Culturas. l. ed. 13. reimpr. Rio de Janeiro: LTC,
2008.
Maria Vandete de ALMEIDA
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 23, n. 00, e023004, 2023. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.16904 23
JALIL, Daniela Shaun. Direitos Autorais sobre a Música na Internet. São Paulo, Brasil,
ago. 2004. Available at: http://www2.uol.com.br/direitoautoral/artigo0804b.htm. Accessed in:
10 June 2016.
LEMOS, André. Infraestrutura para a cultura digital. In: SAVAZONI, Rodrigo; COHN,
Sergio (org.). Cultura digital.br. Rio de Janeiro: Beco do Azougue, 2009. p. 135-149.
LEMOS, Ronaldo. Economia da cultura digital. In: SAVAZONI, Rodrigo; COHN, Sergio
(org.). Cultura digital.br. Rio de Janeiro: Beco do Azougue, 2009. p. 97-103.
LÉVY, Pierre. As tecnologias da inteligência. Tradução: Carlos Irineu da Costa. Rio de
Janeiro: Ed. 34, 1993. 208 p. (Coleção Trans).
LÉVY, Pierre. Cibercultura. Tradução: Paulo Neves. São Paulo: Ed. 34, 1999. 160 p.
(Coleção Trans).
MARCIANO, Carlos Eduardo; SOUZA, Felipe Assis; SOUZA, Raul Baptista. P2P Redes
Par-a-Par. 2018. Available at: https://www.gta.ufrj.br/ensino/eel878/redes1-2018-
1/trabalhos-v1/p2p/index.html. Accessed in: 10 Oct. 2022.
MARTÍN-BARBERO, Jesús. Dos meios às mediações: comunicação, cultura e hegemonia.
Prefácio: Néstor García Canclini; Tradução: Ronald Polito e Sérgio Alcides. Rio de Janeiro:
Editora UFRJ, 1997.
MONTEIRO, Márcio. MP3-Demonstrativo e a cauda longa da música independente:
apontamentos sobre a circulação da música independente através da internet. 2008. Available
at: http://www.cencib.org/simposio abciber/PDFs/CC/Marcio%20Monteiro.pdf. Accessed in:
June 2016.
MORAES, Dênis. Comunicação virtual e cidadania: movimentos sociais e políticos na
Internet. 2000. Available at: http://www.egov.ufsc.br/portal/ sites/ default/files/anexos/16072-
16073-1-PB.pdf. Accessed in: Apr. 2013.
MORAES, Dênis. O capital da mídia na lógica da globalização. Ciberlegenda, n. 6, 2001.
Available at: https://www.uff.br/?q=revista/ciberlegenda. Accessed in: June. 2014.
NOGUEIRA, Bruno Pedrosa. Pensando a cena musical a partir dos territórios informacionais.
Contemporânea, [S. l.], v. 12, n. 2, fev. 2015. DOI: 10.12957/contemporanea.2014.13007.
Available at: https://www.e-
publicacoes.uerj.br/index.php/contemporanea/article/view/13007&gt. Accessed in: 24 Nov.
2019.
PINTO, Marcelo de Rezende; LARA, Jose Edson. As experiências de consumo na
perspectiva da teoria da cultura do consumo: identificando possíveis interlocuções e
propondo uma agenda de pesquisa. Cadernos EBAPE. BR, v. 9, n. 1, p. 37-56, 2011.
Available at: https://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/cadernosebape/article/view/5190.
Accessed in: 10 Oct. 2022.
POSTMAN, Neil. Tecnopólio: a rendição da cultura à tecnologia. São Paulo: Nobel, 1994.
Digital culture, virtual sociability and independent music in Brazil: Connections, interfaces and consumption
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 23, n. 00, e023004, 2023. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.16904 24
RADFAHRER, Luli. O meio é a mediação: uma visão pós-fenomenológica da mediação
datacrática. MATRIzes, São Paulo, Ano I, Fascículo 12, p. 131-153, jan./abr. 2018.
SAAD, Elizabeth; RAPOSO, João Francisco. Prosumers: Colaboradores, Cocriadores e
Influenciadores. Revista Communicare, São Paulo v. 17, p. 120-130, 2017. Available at:
https://www.academia.edu/34977096/Prosumers_colaboradores_cocriadores_e_influenciador
es_Prosumers_developers_co_creators_and_influencers. Accessed in: 10 Oct. 2022.
SILVA, Edcarlos. All You Need Is Love Um hino a todos os povos. Diário dos Beatles,
2014. Available at: https://canaldosbeatles.wordpress.com/2014/06/25/all-you-need-is-love-
um-hino-a-todos-os-povos/. Accessed in: 10 Oct. 2022.
SODRÉ, Muniz. Eticidade, campo comunicacional e midiatização. In: MORAES, Dênis
(org.). Sociedade midiatizada. Rio de Janeiro: Manuad, 2003.
TOFFLER, Alvin. A terceira onda: a morte do industrialismo e o nascimento de uma nova
civilização. [The third wave]. Tradução: João Távora. 17 ed. Rio de Janeiro: Record,
1980. 491 p.
VAZ, Gil Nuno. História da Música Independente. In: Col. Tudo é História 124. São Paulo:
Ed. Brasiliense, 1988.
VICENTE, Eduardo. A vez dos independentes(?): um olhar sobre a produção musical
independente do país. E-Compós, v. 7, 2006. DOI: 10.30962/ec.100. Available at:
https://www.e-compos.org.br/e-compos/article/view/100. Accessed in: 10 Oct. 2022.
WINQUES, Kérley; LONGHI, Raquel Ritter. Dos meios às mediações (algorítmicas):
mediação, recepção e consumo em plataformas digitais. MATRIZes, v. 16, n. 2, p. 151-172,
2022. DOI: 10.11606/issn.1982-8160.v16i2p151-172. Available at:
https://www.revistas.usp.br/matrizes/article/view/183743. Accessed in: 10 Oct. 2022.
Maria Vandete de ALMEIDA
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 23, n. 00, e023004, 2023. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.16904 25
CRediT Author Statement
Acknowledgements: My sincere thanks to the reviewers who readily understood the
purpose of the writing and appreciated the topic by suggesting authors and to the editorial
advisor Matheus Garcia de Moura, for his attention, patience, and kind demeanor. Special
thanks go to the musician, composer, and multi-instrumentalist Cláudio Caldeira for his art,
gift, talent, and great charm.
Funding: Not applicable.
Conflicts of interest: There are no conflicts of interest.
Ethical approval: Not applicable.
Data and material availability: Not applicable.
Authors' contributions: Maria Vandete de Almeida is responsible for the research,
analysis and writing of the paper.
Processing and editing: Editora Ibero-Americana de Educação.
Proofreading, formatting, normalization and translation.