Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 23, n. 00, e023012, 2023. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.17196 1
A VIOLÊNCIA COMO VIVÊNCIA AFETIVA NO AMOR ROMÂNTICO
LA VIOLENCIA COMO EXPERIENCIA AFECTIVA EN EL AMOR ROMÁNTICO
VIOLENCE AS AFFECTIVE EXPERIENCE IN ROMANTIC LOVE
Maria Chaves Jardim1
e-mail: maria.jardim@unesp.br
Marcela Miwa2
e-mail: marcelajmiwa@yahoo.com.br
Como referenciar este artigo:
JARDIM, M. C.; MIWA, M. A Violência como Vivência
Afetiva no Amor Romântico. Rev. Cadernos de Campo,
Araraquara, v. 23, n. 00, e023012. e-ISSN: 2359-2419.
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.17196
| Submetido em: 13/09/2022
| Revisões requeridas em: 03/10/2022
| Aprovado em: 17/03/2023
| Publicado em: 10/10/2023
Editores:
Profa. Dra. Maria Teresa Miceli Kerbauy
Profa. Me. Aline Cristina Ferreira
Prof. Me. Mateus Tobias Vieira
Prof. Me. Matheus Garcia de Moura
1
Universidade Estadual Paulista (UNESP), Araraquara SP Brasil. Professora livre docente em sociologia da
Universidade Estadual Paulista, Departamento de Ciências Sociais, Campus de Araraquara/SP. Editora-Chefe da
Revista Estudos de Sociologia. Bolsista produtividade no CNPq.
2
Universidade de São Paulo (USP), Ribeirão Preto SP Brasil. Socióloga graduada e licenciada pela UNICAMP;
Mestre em Ciência Política pela UNICAMP. Doutora em Ciências pelo Programa de Enfermagem Psiquiátrica e
Ciências Humanas da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - EERP/USP, onde atua como pesquisadora
colaborativa desde 2021.
A Violência como Vivência Afetiva no Amor Romântico
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 23, n. 00, e023012, 2023. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.17196 2
RESUMO: O presente artigo busca relacionar duas categorias pouco associadas nas ciências
sociais: violência e amor. Para construção do argumento central, de que o amor romântico é
terreno fértil para a violência entre casais de amantes, a pesquisa realizou revisão bibliográfica
sobre o tema e traz resultados exploratórios de uma etnografia virtual realizada no aplicativo
WhatsApp, junto às mulheres que buscam ajuda para sair de um relacionamento abusivo. Os
dados apontam que o amor vivenciado por essas mulheres é o amor romântico e que as formas
de violência vivenciadas por elas ultrapassam a violência física, além de se manterem em
relacionamentos abusivos pela crença em ter capacidade de mudar seu companheiro.
PALAVRAS-CHAVE: Amor. Amor romântico. Dominação masculina. Amor-Vício. Amor
Confluente.
RESUMEN: Este artículo busca relacionar dos categorías poco asociadas en las ciencias
sociales: la violencia y el amor. Para construir el argumento central, que el amor romántico
es terreno fértil para la violencia entre parejas de enamorados, la investigación realizó una
revisión bibliográfica sobre el tema y trae resultados exploratorios de una etnografía virtual
realizada en la aplicación whatasapp, junto a mujeres que buscan ayuda. para salir de una
relación abusiva. Los datos indican que el amor experimentado por estas mujeres es amor
romántico y que las formas de violencia experimentadas por estas mujeres van más allá de la
violencia física, además de permanecer en relaciones abusivas por la creencia de poder
cambiar de pareja.
PALABRAS CLAVE: Amor. Amor romántico. Dominación masculina. Adicción al Amor.
Amor Confluente.
ABSTRACT: This article seeks to relate two categories that are rarely associated in the social
sciences: violence and love. To build the central argument, that romantic love is fertile ground
for violence between couples of lovers, the research carried out a literature review on the
subject and a virtual ethnography in the WhatsApp application, with women who seek help to
get out of an abusive relationship. The data show that the love experienced by these women is
romantic love and that the forms of violence experienced by these women go beyond physical
violence, in addition to remaining in abusive relationships for belief in having the capacity to
change their partner.
KEYWORDS: Love. Romantic love. Male domination. Love-addiction. Confluent Love.
Maria Chaves JARDIM e Marcela MIWA
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 23, n. 00, e023012, 2023. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.17196 3
Introdução
O fenômeno da violência está presente nos relacionamentos afetivos e as mulheres são
as principais vítimas dessa situação, o que não significa que homens não possam sofrer
violência de suas parceiras. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (WHO, 2021),
ao longo da sua vida, 1 em cada 3 mulheres, no mundo, são vítimas de violência física ou sexual
perpetrada por seus parceiros íntimos ou violência sexual cometida por não parceiros, o que
equivale cerca de 736 milhões de mulheres agredidas.
No Brasil, a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2019 (IBGE, 2021) estimou que 27,6
milhões de pessoas sofreram algum tipo de violência psicológica, 6,6 milhões, sofreram
violência física e 1,2 milhão sofreram violência sexual, sendo as mulheres a maioria das
vítimas. Entre os agressores físicos de mulheres, 52,4% eram companheiros ou ex-
companheiros; entre agressores sexuais de mulheres, 53,3% eram companheiros e ex-
companheiros; e sobre a violência psicológica, os dados demonstraram que em 24,5% dos casos
esse tipo de violência foi cometida por cônjuge, companheiro(a), parceiro(a) ou namorado(a)
ou ex-cônjuge, ex-companheiro(a), ex-parceiro(a) ou ex-namorado(a).
Além da violência física, sexual ou psicológica contra a mulher, a violência também
pode ser patrimonial, a qual acontece por meio de posse ou danos a bens materiais, ou, ainda,
violência moral, como calúnias e difamações (ALBUQUERQUE NETTO et al., 2015;
CARNEIRO et al., 2019).
Considerando esse contexto apresentado, o artigo busca identificar que tipo de amor que
acaba por produzir violência entre os casais, com especial submissão e vitimização das
mulheres. Sabemos que a violência pode acontecer entre mulheres em diversas formas de
relacionamento afetivo, mas, devido aos nossos dados, selecionamos, para este artigo, a
violência na relação afetiva heterossexual. Portanto, a originalidade do artigo é relacionar duas
categorias que são pouco associadas: violência e amor. Nosso argumento central é que
relacionamentos abusivos e violentos são sustentados no amor romântico. Justificamos que
parte da literatura citada é da área da saúde, justamente porque esse tipo de debate (amor e
violência) está pouco avançado nas ciências sociais.
Nossa inspiração teórica-metodológica é o livro “A Dominação Masculina” de Pierre
Bourdieu, além de recebermos insight da discussão sobre amor vício, de Giddens. Em termos
metodológicos, realizamos revisão bibliográfica sobre o tema e dialogamos com dados
A Violência como Vivência Afetiva no Amor Romântico
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 23, n. 00, e023012, 2023. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.17196 4
exploratórios, resultantes de uma etnografia virtual, em andamento em um grupo do aplicativo
WhatsApp
3
com 240 mulheres que buscam ajuda para sair de um relacionamento abusivo.
Para nossa etnografia virtual no aplicativo, seguimos os pressupostos de Leitão e Gomes
(2017), que fizeram uma revisão da literatura sobre pesquisa em ambiente virtual e afirmaram
que o novo fenômeno sociológico pressupõe o deslocamento e a ressignificação da observação
participante e da etnografia. No mundo virtual, “[...] o pesquisador estaria seguindo o fluxo das
socialidades existentes nesse ambiente, quase como um etnógrafo-stalker, que dessa vez
estaria acompanhando os passos de perfis/pessoas na própria plataforma e fora dela [em alguns
casos], viajando junto com seus interlocutores” (LEITÃO; GOMES, 2017, p. 6). Por outro lado,
estivemos atentas às cautelas necessárias para uma pesquisa em contexto virtual, tal qual
colocado por Miller e Slater (2004, p. 17), a saber, “O problema, ao contrário, é a falta de
atenção às formas em que o objeto e o contexto precisam ser definidos em relação um ao outro
para projetos etnográficos específicos. Às vezes, o uso da Internet parece constituir
virtualidades, às vezes não”.
Além dessa introdução e das considerações finais, o artigo está dividido da seguinte
forma: na próxima seção apresentamos um arrazoado sobre o amor nas ciências sociais com
destaque para o conceito de amor nos clássicos da sociologia e a ideia de amor romântico
segundo as teorias contemporâneas; depois, abordamos como o ideal de amor romântico
somado a valores de dominação patriarcal podem desencadear interações de submissão ao
feminino. Em seguida, trataremos mais especificamente da questão da violência nas relações
afetivas nos baseando, em um primeiro momento, em elementos da revisão bibliográfica e,
posteriormente, nos dados exploratórios de nossa etnografia virtual, os quais indicaram outros
tipos de violência além daqueles mencionados pela literatura. Por fim, antes das considerações
finais, trataremos da possibilidade de um amor diferente do amor romântico, o “amor
confluente” conceituado por Giddens (1993) e que presume maior igualdade na doação e no
recebimento afetivo.
3
O WhatsApp é um aplicativo criado em 2009, que permite a troca de mensagens instantâneas e chamadas de voz
para smartphones. Além de mensagens de texto, os usuários podem enviar imagens, vídeos e documentos em PDF,
além de fazer ligações grátis por meio de uma conexão com a internet.
Maria Chaves JARDIM e Marcela MIWA
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 23, n. 00, e023012, 2023. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.17196 5
O conceito de amor nas ciências sociais: dos clássicos aos contemporâneos
O amor é um tema interdisciplinar que tem chamado a atenção de diversas áreas do
conhecimento, com destaque para a literatura, a filosofia, a psicologia e, mais recentemente,
segundo Jardim e Rossi (2022), até a neurociência tem buscado entender o papel do cérebro
humano na construção da paixão. Além disso, o amor constitui tema de interesse do cotidiano
das pessoas, que além da sua vivência prática, recebe a propagação do amor pelas novelas
televisivas e também pelo cinema, que, segundo Souza (2021) e Rossi (2013) chegam aos lares
na chave do amor romântico. Não podemos nos esquecer, ainda, da presença do amor em sua
versão romântica nas letras das músicas brasileiras, que influencia na vivência afetiva dos
casais.
Apesar do destaque que o amor recebe em diversas áreas, apenas nos anos 1940 este
passou a ser estudado de forma cientifica, quando Llewellyn Gross publicou uma das primeiras
escalas de avaliação do romantismo (NEVES, 2007). Nas ciências sociais, o tema se tornou
agenda de estudos somente nos anos 1970 (NEVES, 2007).
Jardim e Moura (2017) têm apontado a importância de Simmel, Weber, Sombart e Elias
dentre os clássicos alemães que se preocuparam com o amor; Jardim e Souza (no prelo) têm
pontuado, ainda, a importância dos franceses, Comte e Durkheim, sendo que Jardim e Moura
(2017) pontuam que os clássicos alemães veem o amor como Eros e os clássicos franceses como
Ágape.
No que se refere aos alemães, lembramos Simmel, que no seu clássico “Filosofia do
Amor” (1908) rompeu com a filosofia da sua época, que tratava o amor a partir da abstração, e
trouxe o tema para a práxis. Em Simmel, o amor foge da noção de ideal e se enquadra como
algo concreto, vivido em relação. Tratando-o como uma categoria, Simmel vê o amor como um
importante elemento de interação social e de sociabilidade e na construção da subjetividade dos
indivíduos no final do século XIX e início do século XX. O amor aparece como parte da
formação da psicologia humana, no coquetismo, que Simmel define como um jogo de sedução.
Tal posicionamento difere daquela concepção de amor que nos lembra Platão do Banquete
(1983), em que trata de um amor sentido pelo sujeito, mas que não ocorre na interação com o
“outro”; no amor platônico, a figura do “outro” é abstraída para se atingir uma transcendência
que seria o belo em si.
Em Weber, o amor aparece a partir do erotismo. Segundo Schwentker (1996), para
Weber, a sexualidade e o erotismo escapavam a qualquer estratégia de racionalização; portanto,
eram opostos a toda forma de orientação religiosa voltada para uma ética da convicção. A
A Violência como Vivência Afetiva no Amor Romântico
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 23, n. 00, e023012, 2023. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.17196 6
importância que Weber aos afetos é tão grande que o autor define a esfera erótica em sua
obra, a qual seria capaz de dar sentido à vida. Por fim, Weber uma tensão inegável na conduta
erótico-estética com as realidades do nosso mundo moderno racional. Se radicalizarmos um
pouco os argumentos de Weber, poderíamos afirmar que a paixão e o amor seriam formas
possíveis de barrar a racionalização do mundo, uma vez que dariam sentido à vida.
Sombart (1912) argumentou no livro “Luxo e Capitalismo” que a secularização do amor
teria levado ao prazer, ao luxo e ao refinamento dos sentidos. Sombart acrescenta a participação
ativa da mulher cortesã, que contribuiu para desvincular encantos e gozos do amor da instituição
casamento, colocando-os na ilegalidade e na concubinagem. Surpreendendo até os dias de hoje,
Sombart deu destaque ao prazer proporcionado por mulheres cortesãs, de diversas origens,
como as mulheres casadas e abandonadas por seus maridos e moças “enganadas” por seus
noivos.
Dentre os alemães, não podemos ignorar a contribuição de Elias, que, no livro “Processo
civilizatório”, mostrou o papel do autocontrole na construção e a complexificação das emoções,
bem como da subjetividade humana, os relacionando como partes do processo de
desenvolvimento dos Estados e como configurações cada vez mais intrincadas de relações
humanas. Assim sendo, diante de um universo subjetivo que passa a exigir um jogo emocional
de autocontrole das pessoas, Elias entende que o amor expresso nas artes, na música e na
literatura seria a manifestação idealizada das emoções, dando uma fuga, mesmo que temporária,
aos indivíduos, fatigados pelas relações sociais, que passam a exigir uma performance
emocional nunca antes vista.
Jardim e Souza (no prelo) afirmam que os franceses podem contribuir na discussão sobre
amor, a partir da chave do amor como ágape, entendido por elas como o altruísmo moral. Assim,
em Comte (1895), o altruísmo envolve a tese de que a sociedade é formada por famílias e por
instituições sociais, sendo que a família seria o local no qual as trocas escapam ao mundo
mercantil. Os três componentes do altruísmo são: a criança desenvolve uma veneração por seus
pais e, especialmente, por sua mãe; os cônjuges são ligados pela união do casamento e,
finalmente, os pais fazem valer sua bondade ao cuidar de seus filhos. Isso seria possível,
segundo Comte (1895) porque o cérebro humano seria dividido por uma parte egoísta e outra
altruísta, sendo que o social reforçaria o altruísmo, em detrimento do egoísmo (COMTE, 1895).
Em Durkheim (1893), o autor nega a tese dos economistas utilitaristas do final do século
XIX, de que a nova moral da sociedade capitalista seria a moral egoísta e individualista. Para o
autor, a sociedade moderna possuiria uma espécie de solidariedade interdependente entre
Maria Chaves JARDIM e Marcela MIWA
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 23, n. 00, e023012, 2023. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.17196 7
anônimos, a solidariedade orgânica. Essa solidariedade permitiria que, apesar do
individualismo, a sociedade se mantivesse coesa e seria composta por algo que Durkheim
chamou de altruísmo, um tipo de freio moral, nutridor do tecido social. É esse nutridor entre
desconhecidas que Jardim e Souza (no prelo) falam do amor presente na sociologia francesa,
como ágape, afinal, para Durkheim (1893, p. 215), “Onde quer que haja sociedades,
altruísmo, porque solidariedade.” Durkheim, então, atrela a coesão social ao princípio do
altruísmo, que por sua vez seria a própria força que une o coletivo.
O amor nos contemporâneos: amor romântico
Na contemporaneidade, segundo Frédéric Vandenberghe (2006), as teorias do amor
mais influentes no mercado acadêmico da sociologia foram formuladas por Bauman (“O amor
liquido”), Giddens (“A transformação da intimidade”), o casal Beck (“O caos normal do
amor”), Michel Mafessoli (“Amor pós moderno”) e Eva Illouz (“O amor em tempo de
capitalismo”). Jardim e Moura (2017) e Jardim (2019, 2021) acrescentam a essa lista os
seguintes autores: Pierre Bourdieu (“A dominação masculina”, “O baile dos solteiros”, “A
distinção”), Luhman (“O amor como paixão”), Michel Bozin (“Pratique de l'amour: le plaisir
et l'inquiétude) e Luc Bolstanski (A presença das pessoas ausentes; L’amour et la justice comme
compétences). Nesse artigo, daremos destaque ao livro "A Dominação Masculina", de Pierre
Bourdieu, assim como a ideia de amor-vício, de Giddens, que também nos fornece importantes
pistas para o desenvolvimento de nosso argumento central.
Na obra “A Dominação Masculina” (2002), Bourdieu trata da construção das diferenças
de gênero calcada em uma visão androcêntrica, isto é, o autor discorre sobre a construção social
de dualidades que colocam o masculino como predominante em relação ao feminino,
utilizando-se, para tanto, de estruturas objetivas e cognitivas para manutenção, reprodução e
naturalização desses valores. O autor classifica essa dominação como uma forma de violência
simbólica, sutil e, muitas vezes, invisível aos dominados que tendem a reconhecer, reproduzir
e legitimar essa situação.
A primazia universalmente concedida aos homens se afirma na objetividade
de estruturas sociais e de atividades produtivas e reprodutivas, baseadas em
uma divisão sexual do trabalho de produção e de reprodução biológica e
social, que confere aos homens a melhor parte, bem como nos esquemas
imanentes a todos os habitus: moldados por tais condições, portanto,
objetivamente concordes, eles funcionam como matrizes das percepções, dos
pensamentos e das ações de todos os membros da sociedade [...]
(BOURDIEU, 2002, p. 45).
A Violência como Vivência Afetiva no Amor Romântico
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 23, n. 00, e023012, 2023. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.17196 8
Esse tipo de amor, que pressupõe a dominação, Bourdieu classifica de amor romântico,
inscrito na cultura androcêntrica e que se torna um fardo para as mulheres, que passam a
conceber o mundo afetivo a partir desse sistema de dominação masculina. No campo do
romance, os jogos masculinos de poder ganham legitimidade e as mulheres são incentivadas a
apreciarem aqueles que jogam (cf. BOURDIEU, 2002). Com forte inspiração em Bourdieu,
Jardim e Moura (2017) e Jardim (2019, 2021) têm pontuado o papel do amor romântico na
cultura. Por exemplo, mostram os sacrifícios de mulheres na casa dos 40 anos referências em
suas carreiras para conquistar e manter um amor, inclusive adquirindo cursos no mercado da
autoajuda para encontrar a alma gêmea e comprando pacotes de alto valor em agências de
casamento. Essas mulheres se submetem a todas as regras da conquista masculina, pois sentem
a vida sem sentido pela ausência de um amor, apesar de bem posicionadas profissionalmente.
O argumento de Jardim (2021) é que essas mulheres são vítimas do amor romântico, esse tipo
de amor descrito por Bourdieu no livro A Dominação Masculina.
No que se refere à contribuição de Giddens (1993), o autor argumenta que em uma
sociedade pós-tradicional, onde se dissolveram as tradições e parâmetros para segurança
ontológica, a narrativa do eu está em constante reelaboração. Essa inconstância e insegurança
desencadeariam ansiedade, e uma das formas de reagir a tal situação seria o vício. “O vício é
uma incapacidade de administrar o futuro, e, sendo assim, transgride uma das principais
ansiedades que os indivíduos têm de enfrentar reflexivamente” (GIDDENS, 1993, p. 88),
afetando tanto homens como mulheres.
No caso de relacionamentos afetivos, o vício faz com que algumas pessoas transfiram
ao relacionamento/intimidade a responsabilidade em proporcionar a almejada segurança,
desenvolvendo “laços viciados”. Tratando o amor como doença e codependência, Giddens
informa que esse tipo de laço:
1.não admite o controle do eu nem do outro, tão vital para o relacionamento
puro; 2. submerge a autoidentidade no outro ou em rotinas estabelecidas; 3.
evita aquela abertura ao outro que é condição prévia da intimidade; 4. tende a
preservar as diferenças de gênero e as práticas sexuais não-igualitárias
(GIDDENS, 1993, p. 102).
Para Giddens, as mulheres que estão em relacionamento de codependência são
protetoras do outro e sentem necessidade de cuidar dos outros de forma quase inconsciente.
Além disso, a necessidade de segurança transforma-se em desejo de controle sobre o outro e
em variados modos de violência, desde apropriação indevida do celular alheio (LÍRIO et al.,
2019), passando pela perseguição e ameaça ao outro (CAMPEIZ et al., 2020) até formas mais
Maria Chaves JARDIM e Marcela MIWA
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 23, n. 00, e023012, 2023. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.17196 9
graves, como o assassinato. Laços viciados, quando somados às expectativas do amor
romântico, produzem relações violentas para ambos os amantes.
O amor romântico e a violência
Em suas pesquisas empíricas, Jardim e Moura (2017) e Jardim (2019, 2021) têm
pontuado a centralidade do amor romântico como elemento para produção de hierarquias
rígidas e desigualdades no amor, com a submissão do feminino. Portanto, é possível que a
violência encontre terreno fértil no amor romântico - que foi revolucionário, no sentido da
liberdade da escolha do parceiro, ilustrado na clássica história de Romeu e Julieta - mas foi
capturado pelo casamento, tornando-se uma convenção social. Nessa direção, Duby (1998)
afirma que no século XVIII as classes superiores do Ocidente operaram uma revolução afetiva,
no sentido que o casamento passou a ser associado ao amor, antes restrito aos amantes; assim,
pela porta da frente, do casamento, o amor romântico, extraconjugal, entrou nos lares burgueses.
Nesse sentido, amor romântico, casamento e cultura patriarcal são elementos que nos ajudam a
entender a relação amor e violência.
Nesse interim, a mesma sociedade patriarcal que perpetua desvantagens ao gênero
feminino, inculca nos homens a crença de que devem ter controle sobre as mulheres,
desenvolvendo sentimento de posse sobre a parceira (LÍRIO et al., 2019; SILVA et al., 2020),
controlando o comportamento da mulher e se incomodando com a interferência de filhos e
familiares em sua relação (LÍRIO et al., 2019). Tais fatores podem suscitar comportamentos
violentos e, não raro os agressores também vivenciaram a violência em sua família de origem,
contribuindo para a naturalização desse tipo de relação, especialmente quando não deixa marcas
corporais (PAIXÃO et al., 2018b); gerando incompreensão e revolta quando as mulheres
denunciam esses indivíduos (PAIXÃO et al., 2018a; MADUREIRA et al., 2020).
Outro fator de desentendimentos entre os parceiros é o sexo. Alguns homens,
impulsionados pela crença socialmente construída da “necessidade sexual masculina”
(MOORE, 2006; SILVA et al., 2020), brigam com suas parceiras devido à ausência de relações
sexuais (LÍRIO et al., 2019); por vezes, forçando o sexo com suas companheiras (DANTAS-
BERGER; GIFFIN, 2005) ou procurando outras mulheres que os satisfaçam sexualmente,
gerando ciúmes e brigas devido à infidelidade (VIEIRA et al., 2012; PAIXÃO et al., 2014).
Essa pretensa sexualidade masculina exacerbada faz com que esses homens busquem a
intimidade movidos em grande parte por aquilo que Giddens chamou de amour passion, a saber,
“uma conexão genérica entre o amor e a ligação sexual” (GIDDENS, 1993, p. 48). Nesse tipo
A Violência como Vivência Afetiva no Amor Romântico
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 23, n. 00, e023012, 2023. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.17196 10
de relação, que faz parte do amor romântico, as mulheres seriam vistas como generalidade, isto
é, apenas como um meio de satisfação sexual; logo, não seriam uma “personalidade
insubstituível”, para nos valermos de um termo de Simmel (2006, p.143).
Dentre os clássicos da sociologia, Simmel também discute essa questão da construção
social da sexualidade masculina. Segundo o autor, a própria conformação social desencadearia
uma defasagem entre maturidade sexual e maturidade intelectual, econômica e psicológica
masculina, fato que levaria os homens a recorrerem às profissionais do sexo:
A necessidade de prostituição nas culturas de nível mais elevado baseia-se na
defasagem temporal entre o início da maturidade sexual e a maturidade
intelectual, econômica e psicológica do homem. Porque esta última, com
razão, é exigida antes que a sociedade autorize o homem a fundar seu próprio
lar. Contudo, a luta acirrada pela existência não cessa de adiar a independência
econômica. As complicadas exigências da técnica profissional e da arte de
viver proporcionam cada vez mais tarde a plena formação do espírito [...]
Assim, o momento em que um homem pode legitimamente possuir uma
mulher é retardado cada vez mais e, como a constituição física ainda não se
adaptou a esse estado de coisas, despertando aliás o instinto sexual como uma
precocidade bem pouco mudada, é fatal que um aumento de cultura acarrete
uma necessidade maior de prostituição (SIMMEL, 2006, p. 7-8).
No caso, a prostituição seria apenas uma das formas para dar vazão ao impulso sexual
masculino. Ao invés de pagarem por sexo, alguns homens podem buscar a satisfação de seus
anseios através do sexo forçado com a parceira ou em relações sexuais extraconjugais. Ao
focarem demasiadamente na sexualidade, relacionando-se com as mulheres como se estas
fossem apenas generalidade, certos homens perdem a capacidade de desenvolver intimidade;
essa perda, por sua vez, prejudica a reflexividade e, por consequência, a autoidentidade,
dificultando a construção de uma narrativa coerente de si.
Pesquisas apontam que pessoas que estabelecem relações afetivas permeadas por
violência, não raro, vivenciaram a violência em sua infância. Estudos sobre mulheres que
sofreram agressões (física, psicológica, sexual, moral, etc.) de seu parceiro íntimo constataram
que muitas das vítimas possuíam histórico de violência em sua família de origem (LIMA;
WERLANG, 2011; PAIXÃO et al., 2015; COUTO et al., 2015; CARNEIRO et al., 2019),
assim como os agressores (STENZEL; LISBOA, 2017; MADUREIRA et al., 2020), fato que
pode ter contribuído para certa naturalização e dificuldade de perceber a agressão. É importante
ressaltar que a violência entre parceiros íntimos também pode ocorrer entre pessoas do mesmo
gênero, contudo, devido aos dados da pesquisa exploratória, selecionamos para este artigo a
violência na relação heterossexual.
Maria Chaves JARDIM e Marcela MIWA
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 23, n. 00, e023012, 2023. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.17196 11
Quando questionadas sobre os motivos de suportarem a violência de seus parceiros, as
participantes reproduziram discursos associados ao amor romântico, como por exemplo, a
idealização do casamento (DANTAS-BERGER; GIFFIN, 2005; DUTRA et al., 2013), a ideia
de que a mulher deve ser subjugada pela figura masculina (DANTAS-BERGER; GIFFIN,
2005; COUTO et al., 2006; AUDI et al., 2009; PAIXÃO et al., 2014), permitindo, inclusive
que o parceiro determine quais comportamentos a mulher deve adotar (BATISTA et al., 2020),
entendendo esse cerceamento da liberdade feminina como manifestação de afeto
(GUIMARÃES; DINIZ; ANGELIM, 2017; CARNEIRO, 2019) e estabelecendo a distinção
entre esfera doméstica/feminina e esfera pública/masculina em que o homem deveria ser o
provedor da família (DANTAS-BERGER, GIFFIN, 2005; COUTO et al., 2006), gerando a
dependência, especialmente financeira, da mulher em relação ao seu parceiro. E mesmo
sofrendo violência do parceiro, algumas mulheres perdoavam seus agressores, atribuindo a
agressão a “atos involuntários” (GUIMARÃES; DINIZ; ANGELIM, 2017) ou a fatores
externos, como uso de álcool ou drogas (LIMA; WERLANG 2011; MOURA; LEFEVRE;
MOURA, 2012; PAIXÃO et al., 2014; GUIMARÃES; DINIZ; ANGELIM, 2017), fazendo-as
permanecer com o parceiro pelo receio de romper com seu relacionamento idealizado
(BATISTA et al., 2020). A falha no suprimento dessas expectativas romantizadas, por
conseguinte, alimentaria ainda mais os desentendimentos e agressões.
Etnografia virtual no grupo “mulheres empoderadas”: o amor é romântico e violento
A revisão da literatura acima dialoga com os achados de nossa pesquisa exploratória. A
pesquisa de campo que embasa esse artigo foi realizada em um grupo de WhatsApp, constituído
por 240 mulheres falantes de língua portuguesa. Os dados apresentados nesse artigo são
resultantes de uma pesquisa realizada pela primeira autora do artigo no primeiro semestre de
2021. Cabe salientar que a pesquisa continua em andamento.
Entramos em contato com esse grupo de WhatsApp, por meio do grupo Mulheres que
Amam Demais (MADA)
4
, coletivo anônimo que busca ajudar mulheres com relacionamentos
abusivos, pois, como pesquisadora do amor, participamos do grupo MADA desde 2019.
Uma das participantes do MADA tomou a iniciativa de criar o grupo de WhatsApp, em
outubro de 2020, com objetivo de ajudar mais diretamente mulheres a passarem pelos
problemas de relacionamento abusivo durante a pandemia do Covid-19, iniciada no Brasil em
4
Disponível em: https://grupomadabrasil.com.br/sou-uma-mada/. Acesso em: 10 jan. 2023.
A Violência como Vivência Afetiva no Amor Romântico
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 23, n. 00, e023012, 2023. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.17196 12
março de 2020 e ainda em andamento no momento em que escrevemos esse artigo outubro
de 2022. Portanto, o grupo é independente do MADA e não corresponde a sua filosofia.
O grupo de WhatsApp, permite que todas as participantes postem mensagens de vídeo,
texto ou áudio, 24 horas por dia, portanto, não apenas as administradoras do grupo possuem a
possibilidade de fazer postagens. Como o grupo é integrado por mulheres falantes de português,
abrange não apenas brasileiras, mas também portuguesas. Pelos números dos celulares podemos
notar que temos 200 brasileiras e 40 portuguesas. Para manter o anonimato das participantes da
pesquisa, o nome do grupo e das participantes foram alterados.
A criadora do grupo, Ana Lúcia, é brasileira, tem 22 anos, não tem filhos e está
namorando. Tem doença genética rara (não quis dizer o nome) e depressão. Todas as mulheres
vivenciam o grupo sem formação técnica em temas ligados às emoções. Portanto, não temos
profissionais de saúde mental entre as participantes, que abordam todos os temas com o olhar
do senso comum. Não existe uma organização ou planejamento nos debates, que são feitos de
forma espontânea, a partir das questões trazidas pelas participantes no dia. Nos dias
considerados “calmos” por elas, ou seja, aqueles em que não ocorrem violências, as postagens
são sobre pratos de comida, músicas, viagens e aproveitam para trocar informações culturais
sobre Brasil e Portugal. Além de conselhos e apoio, o grupo procura ajudar financeiramente as
mulheres que precisam adquirir uma passagem para outra cidade, como forma de fugir do
companheiro.
O quadro a seguir, divulgado no grupo, mostra as três fases do relacionamento abusivo,
escrito por Aline Munhoz e que se tornou um manual para essas mulheres.
1. Abuso psicológico: Irritabilidade, frustração, necessidade de controle; constante
episódios de humilhação, repreensão da liberdade e identidade do parceiro, parcialidade nas
tomadas de decisões do casal.
2. Violência explicita: Liberação de toda tensão, impossibilidade de comunicação;
explosão repentina, agressão física e verbal, humilhação em público, jogar/sacar objetos,
atitudes impulsivas, ameaças, controle extremo.
3. Lua de mel: reconciliação, demonstração de arrependimento, promessas de
mudança; ações compensatórias, presentes inesperados, demonstração de carinho, apoio, choro
de arrependimento.
No cotidiano do grupo é comum este tipo de mensagem: “Bom dia, não aguento mais,
vou me matar”. A sensibilidade suicida é comum no grupo, mas também o medo de abandonar
seus relacionamentos: “Suporto tudo porque o amo” ou ainda, “Aguento por meus filhos”. O
Maria Chaves JARDIM e Marcela MIWA
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 23, n. 00, e023012, 2023. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.17196 13
medo, a dor e o amor fazem parte da narrativa dessas mulheres. Além disso, é comum o
depoimento de uso de medicação antidepressiva. No geral, existe uma forte presença de
religiosidade na narrativa das participantes: Deus, Oxalá e Jesus são constantemente acionados,
assim como Jeová. Uma outra característica presente nos depoimentos dessas mulheres é a
recorrência de relacionamento abusivo em suas vidas, assim como a esperança de curar esse
amor doente com amor. Portanto, têm uma forte crença no amor como algo divino, mágico e
milagroso, o qual dispensa investimento social, que funciona nele mesmo. Essa visão
idealizada do amor é típica do amor romântico, se tornando a responsável pelos abusos nos
relacionamentos afetivos.
Outra característica dessas mulheres é que a maioria afirma ter sofrido violência física,
psicológica ou sexual na infância: “Eu fui abusada por um amigo da família aos sete anos”. “Eu
sempre apanhei de meu pai”. “Sempre me senti rejeitada pela minha mãe”. “Eu nunca me senti
parte da minha família; sou o patinho feio”.
Além da violência física, outros tipos de violência foram notados nos depoimentos:
Endividamento: O uso que o homem faz do Cadastro da Pessoa Física (CPF) ou cartão
de crédito da mulher para compras e também empréstimos em dinheiro, que nunca serão pagos,
são reclamações constantes: “Ele usa sem minha permissão meu cartão de crédito, sujou meu
nome. Ele não pagou as faturas, mais de 10 mil em faturas” (...) “No Banco do Brasil não
tenho limite, ele estourou” (...) “Ele pega dinheiro emprestado com a irmã e paga certinho,
comigo não”.
Perseguição: As mulheres se sentem perseguidas por seus companheiros ou por seus
ex-companheiros, tanto no mundo “real”, quanto nas redes sociais. “Ele cria cada dia um perfil
diferente para me seguir nas redes sociais”; “Tenho que esconder que estou namorando, se ele
descobrir, mata ele e a mim”. “Eu tenho medo de sair de casa e ser surpreendida por ele, preciso
mudar de cidade”.
Ser filmada em ato íntimo: Muitas mulheres se queixam de terem sua vida sexual
filmada por seus companheiros ou ex-companheiros ou com quem tiveram um encontro casual
e que essas filmagens servem como chantagem para se manterem vinculadas a eles: “Tive uma
relação sexual com ele filmada e agora ele me ameaça se eu terminar com ele”. “Ele me filmou
sem autorização na hora do sexo, eu não sei o que vou fazer”; “Ele me filmou transando e jogou
no grupo do WhatsApp”. “Ele usa fotos íntimas para me ameaçar a continuar com ele”.
Celulares monitorados pelos companheiros: É comum a queixa de invasão da
privacidade, via monitoramento do celular. “Preciso sair desse grupo [de auto ajuda], ele notou
A Violência como Vivência Afetiva no Amor Romântico
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 23, n. 00, e023012, 2023. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.17196 14
que estou pedindo ajuda ao grupo e disse que vai quebrar meu celular se eu não sair do grupo”.
“Ele me monitora pelo celular, sabe sempre onde estou e com quem, acho que colocou algum
aplicativo espião no meu celular”. Questionamos se as mulheres também monitoram os
celulares de seus companheiros, e a resposta que recebemos foi positiva.
Quando conversamos no chat particular com elas, ficamos sabendo que, apesar da idade,
classe social, grupo étnico, nível de escolaridade, ocupação e país diferente, existe algo em
comum entre elas: todas acreditaram, no início, que podiam transformar o relacionamento
abusivo, com oração e amor. após anos, média de 2 anos, elas notaram que estão em um
relacionamento impossível de ser alterado apenas com esses elementos. Nesse sentido,
podemos falar do mito da heroína nessas mulheres, que acreditaram ter o poder para transformar
algo que está enraizado na cultura: a cultura do amor romântico que permite a expressão da
violência. Ademais, o mito da heroína seria possível devido a cultura do amor romântico, que
pressupõe o amor como algo mágico, divino, milagroso, que dispensa qualquer investimento
social para dar certo, pois o encontro entre os casais seria propiciado por um cupido, por um
deus, que permitiria o encontro entre essas “almas gêmeas”.
Um ponto a ser destacado é a codependência emocional que essas mulheres sentem em
relação ao relacionamento. A maioria das mulheres afirma não sentir mais amor pelo
companheiro, mas assim mesmo se sentem pressas a ele: “Já deixei de amar faz tempo, mas não
consigo ir embora”; “Parece que me acostumei com o sofrimento”; “Tenho medo de recomeçar,
tenho 39 anos”. “Apesar dos arroubos de violência, quando ele não bebe ou usa drogas, é um
ótimo marido e me protege”.
Por fim, notamos que as mulheres do grupo radicalizam seus discursos com expressão
de ódio ao masculino, de medo de novo relacionamento, de rejeição a novas maternidades e de
desejo de suicídio: “nunca mais vou querer me relacionar com homens, estou traumatizada”;
“eu odeio homem”; “olha, não tenha filhos, é o melhor conselho que eu dou a uma mulher; filho
prende demais”; “só não me mato porque falta coragem”.
No grupo analisado, o mito do amor romântico aparece expresso na relação abusiva e
violenta e também na maternidade “eu aguento tudo por meus filhos”.
Portanto, os dados acima nos falam da submissão feminina aos abusos masculinos, em
nome do amor do casal e filhos e está em diálogo com o que fala a teoria, com destaque para
Pierre Bourdieu (2002), em A dominação masculina. De uma forma geral, o autor mostra que
a mulher, desde muito jovem, é socializada de acordo com padrões de passividade, discrição,
sujeição, inferioridade, etc., enquanto o homem é construído como uma figura de força, ação,
Maria Chaves JARDIM e Marcela MIWA
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 23, n. 00, e023012, 2023. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.17196 15
iniciativa, poder, autoridade, etc. Nesse aspecto, a figura masculina surge como entidade
idealizada, como o grande provedor ou, então, como a salvação e resolução dos problemas
femininos, e isso explicaria o motivo de muitas dessas mulheres, vítimas de violência, apenas
conseguirem vivenciar o amor na forma de amor romântico.
Em diálogo com a teoria do amor-vício proposta por Giddens, a insegurança trazida pelo
relacionamento cria ainda mais dependência e vício, reproduzindo um ciclo de abuso e
violência.
No grupo que analisamos também encontramos casos de mulheres que superaram o
abuso e retomaram suas vidas. Essas mulheres se tornam referências positivas para as mulheres
que ainda passam pelo abuso em suas vidas.
Para além de um amor romântico: possibilidade de um amor confluente
Apesar do cenário descrito anteriormente, a literatura tem apontado que é possível as
mulheres se libertarem da violência trazida pelo amor romântico, mesmo que outras tantas
permaneçam na relação sustentadas pela esperança de um dia o parceiro mudar de
comportamento (BATISTA et al., 2020), e mesmo admitindo que a situação se tornou
insustentável (VIEIRA et al., 2012; BARAGATTI et al., 2018; BATISTA et al., 2020).
As mulheres que decidiram denunciar seus agressores falam que não é um processo
fácil, porque ainda gostam deles (ALBUQUERQUE NETTO et al., 2015), sentem medo das
consequências (PACHECO; MEDEIROS; GARCIA, 2014) e acreditam que a violência é uma
experiência solitária (AUDI et al., 2009; ALBUQUERQUE NETTO et al., 2015;
BARAGATTI et al., 2018; BATISTA et al., 2020). Isso posto, o apoio social/familiar (COUTO
et al., 2015, BARAGATTI, 2018), o financeiro (DANTAS-BERGER; GIFFIN, 2005;
ALBUQUERQUE NETTO et al., 2015), assim como o institucional-jurídico (DUTRA et al.,
2013; ALBUQUERQUE NETTO et al., 2015; CONCEIÇÃO; MORA, 2020) são essenciais
para essas mulheres conseguirem romper com o ciclo das agressões.
A literatura tem mostrado, ainda, que quando se libertam do circuito amor-violência,
algumas mulheres aproveitam para investir em si mesmas, retomando seus planos de vida como
estudos ou trabalho (VIEIRA et al., 2012; ALBUQUERQUE NETTO et al., 2015),
compreendendo a importância dos homens as respeitarem (ALBUQUERQUE NETTO et al.,
2015). Isso não significa que elas não possam ter novas relações permeadas por violência
(PARADA; MURTA, 2020), mas esse movimento pós-ruptura permite a essas mulheres
A Violência como Vivência Afetiva no Amor Romântico
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 23, n. 00, e023012, 2023. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.17196 16
reconstruírem suas vidas com base em outros elementos que favoreçam sua reflexividade
(estudo, trabalho, familiares, amigos, etc.), não havendo a necessidade de projetar em um
parceiro íntimo idealizado a possiblidade de sua autoidentidade. Ao resgatarem a autonomia,
essas mulheres tornam-se capazes de estabelecer vínculos amorosos mais igualitários,
desvencilhando-se dos pesos do amor romântico.
Além disso, após a desilusão com o malfadado “foram felizes para sempre”, tão
característico dos contos de fadas e do amor romântico, a consequente diminuição das
expectativas em relação ao casamento e a desobrigação de permanecer em uma relação falida,
essas mulheres podem, com apoio profissional e dos familiares, estabelecer um novo formato
de relação amorosa com o outro. Na literatura, Giddens fala de uma forma de relacionamento
puro, que seria o ideal:
Um relacionamento puro não tem nada a ver com pureza sexual [...] Refere-
se a uma situação em que se entra em uma relação social apenas pela própria
relação, pelo que pode ser derivado por cada pessoa da manutenção de uma
associação com outra, e que continua enquanto ambas as partes
considerarem que extraem dela satisfações suficientes, para cada uma
individualmente, para nela permanecerem (GIDDENS, 1993, p. 69).
Entre os agressores também existe uma possibilidade de transcender relações violentas.
Alguns homens denunciados, que vivenciaram a prisão preventiva, conseguiram tomar
consciência da conduta agressiva, almejando relações livres de violência (PAIXÃO et al.,
2018a), abrindo-se igualmente para interações amorosas mais igualitárias com a mesma
parceira ou com uma futura.
Nesse sentido, quando duas pessoas despidas de idealizações e de necessidade de
controle, conscientes que a violência deve ser evitada, dispõem-se a estabelecer uma relação
mais igualitária com o outro, independentemente do tempo que durar a relação, podemos dizer
que desponta o que Giddens denominou de “amor confluente”.
“O amor confluente presume igualdade na doação e no recebimento emocionais, e
quanto mais for assim, qualquer laço amoroso aproxima-se muito mais do protótipo do
relacionamento puro” (GIDDENS, 1993, p, 73). Apesar de não possuir a pretensão inicial de
durar para sempre, na experiência desse amor confluente/relacionamento puro, se ambos os
parceiros, mais conscientes de suas biografias, conseguirem estabelecer vínculos de intimidade
e confiança, é possível a construção de uma nova e diferente história de amor.
Por outro lado, no que se refere ao amor romântico, Bourdieu nos mostra que apesar da
dominação existir no amor romântico, este pode se tornar uma forma de revolução simbólica,
Maria Chaves JARDIM e Marcela MIWA
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 23, n. 00, e023012, 2023. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.17196 17
quando os homens são sensibilizados por relacionamentos mais igualitários, e, portanto, sem
hierarquias.
Considerações finais
A originalidade do presente artigo foi discutir duas categorias raramente associadas nas
ciências sociais: o amor e a violência. Buscou-se identificar que tipo de amor sustenta as
relações afetivas baseadas na violência.
Inspirando-se especialmente em Bourdieu e Giddens, e após revisão da literatura, com
destaque para a área da saúde, que tem protagonismo no tema, considerou-se que este tipo de
amor está sustentado no amor romântico e também no amor-vício, pois algumas características
desses são apontados na literatura como justificativa para a manutenção desse tipo de
relacionamento.
Confrontamos a revisão bibliográfica com dados exploratórios de uma pesquisa de
campo realizada em um grupo virtual, quando identificamos as seguintes crenças junto às
mulheres que sofrem abuso nos relacionamentos: crença na capacidade de mudar o parceiro,
com oração e meditação; codependência emocional apesar da violência sustentada muitas
vezes pela crença de que a mulher deve ser submissa ao homem; codependência financeira, por
projetar o homem como provedor da família; assim como a idealização da maternidade, que
torna a mulher capaz de suportar a relação abusiva em prol dos filhos.
A cultura androcêntrica, ao se valer de estruturas objetivas e cognitivas para
manutenção, reprodução e naturalização da dominação masculina, contribui para que algumas
mulheres alimentem o amor romântico e, não raro, legitimem esse tipo de relação abusiva,
dificultando o reconhecimento da violência a que estão submetidas. O fato de alguns parceiros
afetivos, tanto homens como mulheres, terem vivenciado a violência na infância também
prejudica essa percepção.
Tanto na revisão da literatura como nos dados exploratórios, o apoio social foi apontado
como referência positiva para romper com o ciclo das agressões. E, após a ruptura, nos casos
em que vítimas e agressores alcançam maior consciência sobre seus comportamentos e
idealizações, reconheceu-se a possiblidade do surgimento de um “amor confluente’, isto é, um
tipo de relação de trocas emocionais mais igualitárias.
A Violência como Vivência Afetiva no Amor Romântico
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 23, n. 00, e023012, 2023. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.17196 18
REFERÊNCIAS
ALBUQUERQUE NETTO, L. et al. Mulheres em situação de violência por parceiro íntimo:
tomada de decisão por apoio institucional especializado. Revista Gaúcha de Enfermagem,
n. esp. 36, p. 135-42, 2015. Disponível em:
http://www.scielo.br/j/rgenf/a/5rspRQXYcYpj3zJHqHXq7vQ/abstract/?lang=pt. Acesso em:
24 maio 2021.
AUDI, C. A. F. et al. Percepção da violência doméstica por mulheres gestantes e não
gestantes da cidade de Campinas, São Paulo. Ciência & Saúde Coletiva, v. 14, n. 2, p. 587-
594, 2009. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/csc/a/wZcqCS3zrZDvQMdKQmzJh3x/?lang=pt. Acesso em: 24 maio
2021.
BARAGATTI, D. Y. et al. Rota crítica de mulheres em situação de violência por parceiro
íntimo. Revista Latino-Americana de Enfermagem, n. 26, e3025, 2018. Disponível em:
https://www.revistas.usp.br/rlae/article/view/154244. Acesso em: 24 maio 2021.
BATISTA, V. C. et al. Prisioneiras do sofrimento: percepção de mulheres sobre a violência
praticada por parceiros íntimos. Revista Brasileira de Enfermagem, n. 73, suppl. 1, p.
e20190219, 2020. Disponível em:
http://www.scielo.br/j/reben/a/8nWjvQ4X73VhbvMWkkYzJ3b/?lang=pt. Acesso em: 24
maio 2021.
BOURDIEU, P. A dominação masculina. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2002.
BOURDIEU, P. A economia das trocas simbólicas. São Paulo: Perspectiva, 2007.
CAMPEIZ, A. B. et al. A violência na relação de intimidade sob a ótica de adolescentes:
perspectivas do Paradigma da Complexidade. Revista da Escola de Enfermagem da USP, n.
54, p. e03575, 2020. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/reeusp/a/JYLvhxzzJ4bD5hXD4R8ztcg/?lang=pt. Acesso em: 24 maio
2021.
CARNEIRO, J. B. et al. Compreendendo a violência conjugal: um estudo em Grounded
Theory. Revista Latino-Americana de Enfermagem, n. 27, e3185, 2019. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/rlae/a/vw6dc7XVbLqr6WngM6qdscf/?lang=pt. Acesso em: 24 maio
2021.
COMTE, A. Plan des travaux scientifiques nécessaires pour réorganiser la société. In:
COMTE, A. Système de politique positive ou Traité de sociologie instituant la religion de
l’humanité. Paris: Larousse, 1895. p.106-129
CONCEIÇÃO, C. S. da; MORA, C. M. “Respeito é bom e eu gosto”: trajetórias de vida de
mulheres negras assistidas por um Centro Especializado de Atendimento à Mulher em
Situação de Violência na Baixada Fluminense, Rio de Janeiro, Brasil. Cadernos de Saúde
Pública, v. 36, n.7, 2020. Disponível em:
http://www.scielo.br/j/csp/a/sYXNjKRrg4VpvPXVZz7PBbt/abstract/?lang=pt. Acesso em: 24
maio 2021.
COUTO, M. T. et al. Concepções de gênero entre homens e mulheres de baixa renda e
escolaridade acerca da violência contra a mulher, São Paulo, Brasil. Ciência & Saúde
Coletiva, n. 11, supl., p. 1323-1332, 2006. Disponível em:
Maria Chaves JARDIM e Marcela MIWA
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 23, n. 00, e023012, 2023. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.17196 19
https://www.scielo.br/j/csc/a/J4z8857r4yYfJZNGNYF6Ytf/abstract/?lang=pt. Acesso em: 24
maio 2021
COUTO, T. M. et al. Cotidiano de mulheres com história de violência doméstica e aborto
provocado. Texto & Contexto Enfermagem, v. 24, n. 1, p. 263-9, 2015. Disponível em:
http://www.scielo.br/j/tce/a/GsY5mchdP8HD8qZyx5NnknS/abstract/?lang=pt. Acesso em: 24
maio 2021.
DANTAS-BERGER S. M.; GIFFIN, K. A violência nas relações de conjugalidade:
invisibilidade e banalização da violência sexual? Cadernos de Saúde Pública, v. 21, n. 2, p.
417-425, 2005. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/csp/a/pHhwdM5wyyL6nfJXVsLsDdy/abstract/?lang=pt. Acesso em:
24 maio 2021.
DUBY, G. Amor e sexualidade no Ocidente. Lisboa: Terramar, 1998.
DURKHEIM, E. De la division du travail social: etude sur l’organisation des sociétés
supérieures. Paris: Alcan, 1893.
DUTRA, M. de L. et al. A configuração da rede social de mulheres em situação de violência
doméstica. Ciência & Saúde Coletiva, v. 18, n. 5, p. 1293-1304, 2013. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/csc/a/K77HzVKqLpCgjCpqGD8qQ8C/abstract/?lang=pt. Acesso em:
24 maio 2021.
ELIAS, N. O processo civilizador: uma história dos costumes. Rio de Janeiro: Zahar, 1990.
v. 1.
GIDDENS, A. A transformação da intimidade: sexualidade, amor & erotismo nas
sociedades modernas. São Paulo: Editora da Universidade Estadual Paulista, 1993.
GUIMARÃES, F. L.; DINIZ, G. R. S.; ANGELIM, F. P. "Mas Ele Diz que me Ama...":
Duplo-Vínculo e Nomeação da Violência Conjugal. Psicologia: Teoria e Pesquisa, v. 33, p.
1-10, 2017. Disponível em:
http://www.scielo.br/j/ptp/a/q9Tcf79ydXdLRTxw8GHkCvF/abstract/?lang=pt. Acesso em: 24
maio 2021.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). PNS 2019: em um
ano, 29,1 milhões de pessoas de 18 anos ou mais sofreram violência psicológica, física ou
sexual no Brasil. Brasília, DF, 2021. Disponível em:
https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-
noticias/releases/30660-pns-2019-em-um-ano-29-1-milhoes-de-pessoas-de-18-anos-ou-mais-
sofreram-violencia-psicologica-fisica-ou-sexual-no-brasil? Acesso em: 07 jul. 2021.
JARDIM, M. C. Para além da fórmula do amor: amor romântico como elemento central na
construção do mercado do afeto via aplicativos. Política & Sociedade, v. 18, n. 43, p. 46-76,
2019. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/politica/article/view/2175-
7984.2019v18n43p46. Acesso em: 20 nov. 2021.
JARDIM, M. C. A construção social do mercado de afeto: o caso das agências de casamento
em contexto de consolidação dos aplicativos. Revista Pós Ciências Sociais, São Luís, v. 18,
n. 1, p. 43-62, 2021. Disponível em:
https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/rpcsoc/issue/view/705. Acesso em: 20 nov.
2021.
A Violência como Vivência Afetiva no Amor Romântico
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 23, n. 00, e023012, 2023. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.17196 20
JARDIM, M. C.; MOURA, P. J. C. A construção social do mercado de dispositivos de redes
sociais: a contribuição da sociologia econômica para os aplicativos de afeto. Tomo, n. 30, p.
151-196, 2017. Disponível em: https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=6040344.
Acesso em: 20 nov. 2021.
JARDIM, M. C.; ROSSI, T. C. Apresentação. Tomo, v. 41, p. 1, 2022. Disponível em:
https://dialnet.unirioja.es/ejemplar/607659. Acesso em: 30 set. 2022.
JARDIM, M. C.; SOUZA, T. O amor como objeto da sociologia. BIB. (no prelo)
KOURY, M.; BARBOSA, R. B. Da subjetividade às emoções: A antropologia e a sociologia
das emoções no Brasil. Cadernos do GREM, 2015. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/ha/a/Gs8376g9VYs9TV6PjFXXYtq/?lang=pt. Acesso em: 20 nov.
2021.
LEITÃO, D.; GOMES, L. G. Etnografia em ambientes digitais: perambulações,
acompanhamentos e imersões. Antropolítica, Niterói, n. 42, p. 41-65, 2017. Disponível em:
https://periodicos.uff.br/antropolitica/article/view/41884. Acesso em: 20 nov. 2021.
LIMA, G. Q. de; WERLANG, B. S. G. Mulheres que sofrem violência doméstica:
contribuições da psicanálise. Psicologia em Estudo, v. 16, n. 4, p. 511-520, 2011. Disponível
em: https://www.scielo.br/j/pe/a/GShYc5SHq9SVcrwbyXxbSbT/?lang=pt. Acesso em: 24
maio 2021.
LÍRIO, J. G. dos S. et al. Elementos que precipitam a violência conjugal: o discurso de
homens em processo criminal. Revista da Escola de Enfermagem da USP, n. 53, p. e03428,
2019. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/reeusp/a/zxC7PmFD4VVYcmK38xVhGrs/?lang=pt. Acesso em: 24
maio 2021.
MADUREIRA, A. B. et al. Representações sociais de homens agressores denunciados acerca
da violência contra a mulher. Revista Brasileira de Enfermagem; v. 73, n. 2, e20180824,
2020. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/reben/a/VHWWG3RDtpf3tc4nMFNsVRn/?lang=pt. Acesso em: 24
maio 2021.
MILLER, D.; SLATER, D. Etnografia on e off-line: cibercafés em Trinidad. Horizontes
Antropológicos, Porto Alegre, ano 10, n. 21, p. 41-65, jan./jun. 2004. DOI: 10.1590/S0104-
71832004000100003.
MOORE A. M. Gender Role Beliefs at Sexual Debut: Qualitative Evidence from Two
Brazilian Cities. International Family Planning Perspectives, v. 32, n. 1, p. 4551, 2006.
Disponível em: https://www.guttmacher.org/journals/ipsrh/2006/03/gender-role-beliefs-
sexual-debut-qualitative-evidence-two-brazilian-cities. Acesso em: 24 maio 2021.
MOURA, L. B. A.; LEFEVRE F.; MOURA, V. Narrativas de violências praticadas por
parceiros íntimos contra mulheres. Ciência & Saúde Coletiva, v. 17, p. 4, p. 1025-1035,
2012. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/csc/a/fTp9Sxzm5MWskTSQmMH3VPC/?lang=pt. Acesso em: 24
maio 2021.
NEVES, A. As mulheres e o discurso genderizados sobre o amor: a caminho do “amor
confluente” ou o retorno do mito do “amor romântico”. Estudos Feministas, v. 15, n. 3, p.
609-627. Florianópolis, 2007. Disponível em:
Maria Chaves JARDIM e Marcela MIWA
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 23, n. 00, e023012, 2023. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.17196 21
https://periodicos.ufsc.br/index.php/ref/article/view/S0104-026X2007000300006. Acesso em:
20 nov. 2021.
PACHECO, L. R.; MEDEIROS, M.; GARCIA, C. M. The voices of Brazilian women
breaking free from intimate partner violence. Journal Forensic Nursing, v. 10, n. 2, p. 70-76,
2014. Disponível em: https://journals.lww.com/forensicnursing/toc/2014/04000. Acesso em:
24 maio 2021.
PAIXÃO, G. P.do N. et al. Situações que precipitam conflitos na relação conjugal: o discurso
de mulheres. Texto e Contexto Enfermagem, v. 23, n. 4, p. 1041-9, 2014. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/tce/a/4QGmxR598j7yzqSVZYmshXP/abstract/?lang=pt. Acesso em:
24 maio 2021.
PAIXÃO, G. P. do N. et al. Mulheres vivenciando a intergeracionalidade da violência
conjugal. Revista Latino-Americana de Enfermagem, v. 23, n. 5, p. 874-9, 2015.
Disponível em: https://www.scielo.br/j/rlae/a/d375TF8qJCLBKBVZFzjNyWF/?lang=pt.
Acesso em: 24 maio 2021.
PAIXÃO, G. P. do N. et al. A experiência de prisão preventiva por violência conjugal: o
discurso de homens. Texto & Contexto Enfermagem, v. 27, n. 2, e3820016, 2018a.
Disponível em: https://www.scielo.br/j/tce/a/KRFnS53bngSv46h5xzB9j6t/abstract/?lang=pt.
Acesso em: 24 maio 2021.
PAIXÃO, G. P. do N. et al. Naturalização, reciprocidade e marcas da violência conjugal:
percepções de homens processados criminalmente. Revista Brasileira de Enfermagem, v.
71, n. 1, p. 178-84, 2018b. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/reben/a/WBf7Y54tVkBDtHkMNMXYzyS/?lang=pt. Acesso em: 24
maio 2021.
PARADA, P. de O.; MURTA, S. G. Brazilian women’s transition to new relationships after
ending a violent one: a case study. Psicologia USP, v. 3, e190166, 2020. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/pusp/a/NW5n9q5HhmHYPv4jsPDBFSB/abstract/?lang=en. Acesso
em: 24 maio 2021.
PLATÃO. O Banquete. Coleção os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1983.
ROSSI, T. C. Projetando a subjetividade: a construção social do amor a partir do cinema.
São Paulo, 2013. 326 f. Tese (Doutorado em Sociologia) Universidade de São Paulo, São
Paulo, 2013.
SCHWENTKER, W. A paixão como modo de vida em Max Weber, o círculo de Otto Gross e
o erotismo. Revista Brasileira de Ciências Sociais, n. 32, ano 11, oct. 1996.
SILVA, A. F. da. et al. Atributos sociais da masculinidade que suscitam a violência por
parceiro íntimo. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 73, n. 6, e20190470, 2020.
Disponível em: https://www.scielo.br/j/reben/a/Nrj3K7pjQLjG3T5mJKJvhsv/?lang=pt.
Acesso em: 24 maio 2021.
SIMMEL, G. Filosofia do Amor. São Paulo: Martins Fontes, 2006.
SOMBART, W. Amor, luxo e capitalismo. Lisboa: Bertrand, 1990 [1912].
SOUZA, T. As crenças sobre o amor na telenovela Espelho da vida: uma análise através
da sociologia relacional de Pierre Bourdieu. Relatório de Pesquisa Fapesp. Departamento de
Ciências Sociais. Unesp. Araraquara, 2021.
A Violência como Vivência Afetiva no Amor Romântico
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 23, n. 00, e023012, 2023. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.17196 22
STENZEL G. Q. de L.; LISBOA, C. S. de M. Aprisionamento psíquico sob uma perspectiva
psicanalítica: Estudo de caso de um agressor conjugal. Revista Ágora estudos em Teoria
Psicanalítica, v. XX, n. 3, p. 625-633, 2017. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/agora/a/LXvttdZsqKBb4486QcnwnNm/abstract/?lang=pt. Acesso em:
24 maio 2021.
VANDENBERGHE, F. Amando o que conhecemos: notas para uma epistemologia histórica
do amor. Ciências Sociais Unisinos, v. 42, n. 1, p. 65-71, 2006. Disponível em:
http://revistas.unisinos.br/index.php/ciencias_sociais/article/view/6016. Acesso em: 14 nov.
2021.
VIEIRA, L. B. et al. Intencionalidades de mulheres que decidem denunciar situações de
violência. Acta Paulista de Enfermagem, v. 25, n. 3, p. 423-429, 2012. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/ape/a/T8hS4mc649nMMdDBT6CfmFk/?lang=pt. Acesso em: 24 maio
2021.
WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). Devastatingly pervasive: 1 in 3 women
globally experience violence. Genova/New York, 2021. Disponível em:
https://www.who.int/news/item/09-03-2021-devastatingly-pervasive-1-in-3-women-globally-
experience-violence. Acesso em: 07 jul. 2021.
CRediT Author Statement
Reconhecimentos: Não se aplica.
Financiamento: Não se aplica.
Conflitos de interesse: Não há conflitos de interesse.
Aprovação ética: Não se aplica.
Disponibilidade de dados e material: As referências sobre violência por parceiro íntimo
estão disponíveis gratuitamente em bibliotecas digitais.
Contribuições dos autores: Maria Chaves Jardim contribuiu na elaboração, revisão
bibliográfica, coleta e análise de dados empíricos, redação e revisão final do texto. Marcela
Jussara Miwa contribuiu na elaboração, revisão bibliográfica, redação e revisão final do
texto.
Processamento e editoração: Editora Ibero-Americana de Educação.
Revisão, formatação, normalização e tradução.
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 23, n. 00, e023012, 2023. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.17196 1
VIOLENCE AS AFFECTIVE EXPERIENCE IN ROMANTIC LOVE
A VIOLÊNCIA COMO VIVÊNCIA AFETIVA NO AMOR ROMÂNTICO
LA VIOLENCIA COMO EXPERIENCIA AFECTIVA EN EL AMOR ROMÁNTICO
Maria Chaves JARDIM1
e-mail: maria.jardim@unesp.br
Marcela MIWA2
e-mail: marcelajmiwa@yahoo.com.br
How to reference this article:
JARDIM, M. C.; MIWA, M. Violence as Affective
Experience in Romantic Love. Rev. Cadernos de Campo,
Araraquara, v. 23, n. 00, e023012. e-ISSN: 2359-2419.
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.17196
| Submitted: 13/09/2022
| Revisions required: 03/10/2022
| Approved: 17/03/2023
| Published: 10/10/2023
Editors:
Prof. Dr. Maria Teresa Miceli Kerbauy
Prof. Me. Aline Cristina Ferreira
Prof. Me. Mateus Tobias Vieira
Prof. Me. Matheus Garcia de Moura
1
São Paulo State University (UNESP), Araraquara SP Brazil. Full professor of Sociology at the São Paulo
State University, Department of Social Sciences, Campus of Araraquara/SP. Editor-in-Chief of the Journal Estudos
de Sociologia. Productivity scholarship holder at CNPq.
2
University of São Paulo (USP), Ribeirão Preto SP Brazil. Sociologist graduated and licensed by UNICAMP;
Master in Political Science from UNICAMP. PhD in Sciences from the Psychiatric Nursing and Human Sciences
Program at the Ribeirão Preto School of Nursing - EERP/USP, where she has worked as a collaborative researcher
since 2021.
Violence as Affective Experience in Romantic Love
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 23, n. 00, e023012, 2023. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.17196 2
ABSTRACT: This article seeks to relate two categories that are rarely associated in the social
sciences: violence and love. To build the central argument, that romantic love is fertile ground
for violence between couples of lovers, the research carried out a literature review on the subject
and a virtual ethnography in the WhatsApp application, with women who seek help to get out
of an abusive relationship. The data show that the love experienced by these women is romantic
love and that the forms of violence experienced by these women go beyond physical violence,
in addition to remaining in abusive relationships for belief in having the capacity to change their
partner.
KEYWORDS: Love. Romantic love. Male domination. Love-addiction. Confluent Love.
RESUMO: O presente artigo busca relacionar duas categorias pouco associadas nas ciências
sociais: violência e amor. Para construção do argumento central, de que o amor romântico é
terreno fértil para a violência entre casais de amantes, a pesquisa realizou revisão
bibliográfica sobre o tema e traz resultados exploratórios de uma etnografia virtual realizada
no aplicativo WhatsApp, junto às mulheres que buscam ajuda para sair de um relacionamento
abusivo. Os dados apontam que o amor vivenciado por essas mulheres é o amor romântico e
que as formas de violência vivenciadas por elas ultrapassam a violência física, além de se
manterem em relacionamentos abusivos pela crença em ter capacidade de mudar seu
companheiro.
PALAVRAS-CHAVE: Amor. Amor romântico. Dominação masculina. Amor-Vício. Amor
Confluente.
RESUMEN: Este artículo busca relacionar dos categorías poco asociadas en las ciencias
sociales: la violencia y el amor. Para construir el argumento central, que el amor romántico
es terreno fértil para la violencia entre parejas de enamorados, la investigación realizó una
revisión bibliográfica sobre el tema y trae resultados exploratorios de una etnografía virtual
realizada en la aplicación whatasapp, junto a mujeres que buscan ayuda. para salir de una
relación abusiva. Los datos indican que el amor experimentado por estas mujeres es amor
romántico y que las formas de violencia experimentadas por estas mujeres van más allá de la
violencia física, además de permanecer en relaciones abusivas por la creencia de poder
cambiar de pareja.
PALABRAS CLAVE: Amor. Amor romántico. Dominación masculina. Adicción al Amor.
Amor Confluente.
Maria Chaves JARDIM and Marcela MIWA
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 23, n. 00, e023012, 2023. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.17196 3
Introduction
The phenomenon of violence is present in affective relationships and women are the
main victims of this situation, which does not mean that men cannot suffer violence from their
partners. According to data from the World Health Organization (WHO, 2021), throughout their
lives, 1 out of 3 women in the world are victims of physical or sexual violence perpetrated by
their intimate partners or sexual violence committed by non-partners, which is equivalent to
around 736 million assaulted women.
In Brazil, the 2019 National Health Survey (PNS) (IBGE, 2021) estimated that 27.6
million people suffered some type of psychological violence, 6.6 million suffered physical
violence and 1.2 million suffered sexual violence, with women being the majority of victims.
Among physical aggressors of women, 52.4% were partners or ex-partners; among sexual
aggressors of women, 53.3% were partners and ex-partners; and regarding psychological
violence, the data showed that in 24.5% of cases this type of violence was committed by a
spouse, partner or boyfriend or ex-spouse, ex-partner or ex-boyfriend.
In addition to physical, sexual or psychological violence against women, violence can
also be property-related, which occurs through possession or damage to material goods, or
moral violence, such as slander and defamation (ALBUQUERQUE NETTO et al., 2015;
CARNEIRO et al., 2019).
Considering this context presented, the article seeks to identify what type of love ends
up producing violence between couples, with special submission and victimization of women.
We know that violence can happen between women in different forms of affective relationships,
but, due to our data, we selected, for this article, violence in heterosexual affective relationships.
Therefore, the originality of the article is to relate two categories that are little associated:
violence and love. Our central argument is that abusive and violent relationships are sustained
by romantic love. We justify that part of the literature cited is from the health area, precisely
because this type of debate (love and violence) is not very advanced in social sciences.
Our theoretical-methodological inspiration is the book “Male Domination” by Pierre
Bourdieu, in addition to receiving insight from the discussion about love addiction, by Giddens.
In methodological terms, we carried out a bibliographical review on the topic and discussed
Violence as Affective Experience in Romantic Love
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 23, n. 00, e023012, 2023. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.17196 4
exploratory data, resulting from a virtual ethnography, in progress in a group on the WhatsApp
application
3
with 240 women seeking help to leave an abusive relationship.
For our virtual ethnography in the application, we followed the assumptions of Leitão
and Gomes (2017), who reviewed the literature on research in a virtual environment and stated
that the new sociological phenomenon presupposes the displacement and resignification of
participant observation and ethnography. In the virtual world, “[...] the researcher would be
following the flow of socialities already existing in this environment, almost like an
ethnographer- stalker, since this time he would be following the steps of profiles/people on the
platform itself and outside it [in some cases], traveling together with their interlocutors”
(LEITÃO; GOMES, 2017, p. 6, our translation). On the other hand, we were attentive to the
necessary precautions for research in a virtual context, as stated by Miller and Slater (2004, p.
17, our translation), namely, “The problem, on the contrary, is the lack of attention to the ways
in which the object and context need to be defined in relation to each other for specific
ethnographic projects. Sometimes the use of the Internet seems to constitute virtuality,
sometimes it does not.”
In addition to this introduction and final remarks, the article is divided as follows: in the
next section we present a reasoning about love in the social sciences with emphasis on the
concept of love in the classics of sociology and the idea of romantic love according to
contemporary theories; then, we address how the ideal of romantic love combined with values
of patriarchal domination can trigger interactions of submission to the feminine. Next, we will
deal more specifically with the issue of violence in affective relationships based, at first, on
elements of the bibliographical review and, subsequently, on exploratory data from our virtual
ethnography, which indicated other types of violence in addition to those mentioned in the
literature. Finally, before the final remarks, we will discuss the possibility of a love different
from romantic love, the “confluent love” conceptualized by Giddens (1993) and which
presumes greater equality in the giving and receiving of affection.
3
WhatsApp is an application created in 2009, which allows the exchange of instant messages and voice calls for
smartphones. In addition to text messages, users can send images, videos and PDF documents, as well as make
free calls through an internet connection.
Maria Chaves JARDIM and Marcela MIWA
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 23, n. 00, e023012, 2023. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.17196 5
The concept of love in social sciences: from classics to contemporaries
Love is an interdisciplinary theme that has attracted the attention of different areas of
knowledge, with emphasis on literature, philosophy, psychology and, more recently, according
to Jardim and Rossi (2022), even neuroscience has sought to understand the role of human brain
in the construction of passion. Furthermore, love is a topic of interest in people's daily lives,
which, in addition to their practical experience, is propagated through television soap operas
and also through cinema, which, according to Souza (2021) and Rossi (2013), reach homes in
key to romantic love. We also cannot forget the presence of love in its romantic version in the
lyrics of Brazilian songs, which influences the emotional experience of couples.
Despite the prominence that love receives in different areas, it was only in the 1940s
that it began to be studied scientifically, when Llewellyn Gross published one of the first
romanticism assessment scales (NEVES, 2007). In social sciences, the topic became a study
agenda only in the 1970s (NEVES, 2007).
Jardim and Moura (2017) have pointed out the importance of Simmel, Weber, Sombart
and Elias among the German classics who were concerned with love; Jardim and Souza (in
press) have also highlighted the importance of the French, Comte and Durkheim, with Jardim
and Moura (2017) pointing out that the German classics see love as Eros and the French classics
as Ágape.
With regard to the Germans, we remember Simmel, who in his classic “Philosophy of
Love” (1908) broke with the philosophy of his time, which treated love based on abstraction,
and brought the theme to praxis. In Simmel, love escapes the notion of ideal and is framed as
something concrete, experienced in relationship. Treating it as a category, Simmel sees love as
an important element of social interaction and sociability and in the construction of individuals'
subjectivity in the late 19th and early 20th centuries. Love appears as part of the formation of
human psychology, in coquetry, which Simmel defines as a game of seduction. This positioning
differs from the conception of love that reminds us of Plato in the Symposium (1983), in which
it deals with a love felt by the subject, but which does not occur in interaction with the “other”;
in platonic love, the figure of the “other” is abstracted to achieve a transcendence that would be
beauty in itself.
In Weber, love appears from eroticism. According to Schwentker (1996), for Weber,
sexuality and eroticism escaped any rationalization strategy; therefore, they were opposed to
any form of religious orientation focused on an ethics of conviction. The importance that Weber
gives to affections is so great that the author defines the erotic sphere in his work, which would
Violence as Affective Experience in Romantic Love
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 23, n. 00, e023012, 2023. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.17196 6
be capable of giving meaning to life. Finally, Weber sees an undeniable tension in erotic-
aesthetic conduct with the realities of our rational modern world. If we radicalize Weber's
arguments a little, we could say that passion and love would be possible ways of blocking the
rationalization of the world, since they would give meaning to life.
Sombart (1912) argued in the book “Luxury and Capitalism” that the secularization of
love would have led to pleasure, luxury and the refinement of the senses. Sombart adds the
active participation of the courtesan woman, who contributed to detaching the charms and
enjoyments of love from the institution of marriage, placing them in illegality and concubinage.
Surprising to this day, Sombart highlighted the pleasure provided by courtly women, from
different origins, such as married women abandoned by their husbands and girls “deceived” by
their fiancés.
Among the Germans, we cannot ignore the contribution of Elias, who, in the book
“Civilizing Process”, showed the role of self-control in the construction and complexification
of emotions, as well as human subjectivity, relating them as parts of the development process
of States and as increasingly intricate configurations of human relationships. Therefore, faced
with a subjective universe that begins to demand an emotional game of self-control from people,
Elias understands that love expressed in the arts, music and literature would be the idealized
manifestation of emotions, giving an escape, even if temporary, to the individuals, fatigued by
social relationships, who begin to demand an emotional performance never seen before.
Jardim and Souza (in press) state that the French can contribute to the discussion about
love, based on the key to love as agape, understood by them as moral altruism. Thus, in Comte
(1895), altruism involves the thesis that society is formed by families and social institutions,
with the family being the place in which exchanges escape the mercantile world. The three
components of altruism are: the child develops a veneration for his parents and especially his
mother; spouses are bound by the union of marriage and, finally, parents assert their kindness
in caring for their children. This would be possible, according to Comte (1895), because the
human brain would be divided into a selfish and an altruistic part, with the social part
reinforcing altruism, to the detriment of selfishness (COMTE, 1895).
In Durkheim (1893), the author denies the thesis of the utilitarian economists of the late
19th century, that the new morality of capitalist society would be selfish and individualistic
morality. For the author, modern society would have a type of interdependent solidarity
between anonymous people, organic solidarity. This solidarity would allow, despite
individualism, society to remain cohesive and would be composed of something that Durkheim
Maria Chaves JARDIM and Marcela MIWA
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 23, n. 00, e023012, 2023. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.17196 7
called altruism, a type of moral brake, nourishing the social fabric. It is this nurturing between
strangers that Jardim and Souza (in press) speak of the love present in French sociology, as
agape, after all, for Durkheim (1893, p. 215, our translation), “Wherever there are societies,
there is altruism, because there is solidarity.” Durkheim, then, links social cohesion to the
principle of altruism, which in turn would be the very force that unites the collective.
Love in contemporaries: romantic love
In contemporary times, according to Frédéric Vandenberghe (2006), the most influential
theories of love in the academic sociology market were formulated by Bauman (“Liquid Love”),
Giddens (“The Transformation of Intimacy”), the Beck couple (“The Chaos of love”), Michel
Mafessoli (“Postmodern love”) and Eva Illouz (“Love in times of capitalism”). Jardim and
Moura (2017) and Jardim (2019, 2021) add the following authors to this list: Pierre Bourdieu
(“Male Domination”, “The Singles Ball”, “The Distinction”), Luhman (“Love as Passion”),
Michel Bozin (“Pratique de l'amour: le plaisir et l'inquiétude) and Luc Bolstanski (The presence
of absent people; L'amour et la justice comme competencies). In this article, we will highlight
the book "Male Domination", by Pierre Bourdieu, as well as the idea of love-addiction, by
Giddens, which also provides us with important clues for the development of our central
argument.
In the work “Male Domination” (2002), Bourdieu deals with the construction of gender
differences based on an androcentric vision, that is, the author discusses the social construction
of dualities that place the masculine as predominant in relation to the feminine, using and,
therefore, objective and cognitive structures for the maintenance, reproduction and
naturalization of these values. The author classifies this domination as a form of symbolic
violence, subtle and, often, invisible to the dominated who tend to recognize, reproduce and
legitimize this situation.
The primacy universally granted to men is affirmed in the objectivity of social
structures and productive and reproductive activities, based on a sexual
division of production work and biological and social reproduction, which
gives men the best part, as well as in the schemes inherent to all habitus :
shaped by such conditions, therefore, objectively agreed, they function as
matrices of perceptions, thoughts and actions of all members of society [...]
(BOURDIEU, 2002, p. 45, our translation).
This type of love, which presupposes domination, Bourdieu classifies as romantic love,
inscribed in androcentric culture and which becomes a burden for women, who begin to
Violence as Affective Experience in Romantic Love
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 23, n. 00, e023012, 2023. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.17196 8
conceive the emotional world based on this system of male domination. In the field of romance,
male power games gain legitimacy and women are encouraged to appreciate those who play
(cf. BOURDIEU, 2002). With strong inspiration from Bourdieu, Jardim and Moura (2017) and
Jardim (2019, 2021) have highlighted the role of romantic love in culture. For example, they
show the sacrifices made by women in their 40s references in their careers to achieve and
maintain love, including purchasing courses in the self-help market to find their soulmate and
purchasing high-value packages from marriage agencies. These women submit to all the rules
of male conquest, as they feel that life is meaningless due to the absence of love, despite being
well positioned professionally. Jardim's (2021) argument is that these women are victims of
romantic love, the type of love described by Bourdieu in the book Male Domination.
With regard to Giddens' (1993) contribution, the author argues that in a post-traditional
society, where traditions and parameters for ontological security have dissolved, the narrative
of the self is in constant re-elaboration. This inconstancy and insecurity would trigger anxiety,
and one of the ways to react to such a situation would be addiction. “Addiction is an inability
to manage the future, and, as such, transgresses one of the main anxieties that individuals have
to face reflexively” (GIDDENS, 1993, p. 88, our translation), affecting both men and women.
In the case of affective relationships, addiction causes some people to transfer the
responsibility for providing the desired security to the relationship/intimacy, developing
“addicted bonds”. Treating love as an illness and codependency, Giddens reports that this type
of bond:
1. does not admit control of self or other, so vital for a pure relationship; 2.
submerges self-identity in others or in established routines; 3. avoids that
openness to the other that is a prerequisite for intimacy; 4. tends to preserve
gender differences and non-egalitarian sexual practices (GIDDENS, 1993, p.
102, our translation).
For Giddens, women who are in codependent relationships are protective of others and
feel the need to take care of others almost unconsciously. Furthermore, the need for security
turns into a desire for control over others and various forms of violence, from misappropriation
of someone else's cell phone (LÍRIO et al., 2019), to persecution and threats to others
(CAMPEIZ et al., 2020) to more serious forms, such as murder. Violated bonds, when added
to the expectations of romantic love, produce violent relationships for both lovers.
Maria Chaves JARDIM and Marcela MIWA
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 23, n. 00, e023012, 2023. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.17196 9
Romantic love and violence
In their empirical research, Jardim and Moura (2017) and Jardim (2019, 2021) have
highlighted the centrality of romantic love as an element for producing rigid hierarchies and
inequalities in love, with the submission of the feminine. Therefore, it is possible that violence
finds fertile ground in romantic love - which was once revolutionary, in the sense of freedom
to choose a partner, illustrated in the classic story of Romeo and Juliet - but was captured by
marriage, becoming a social convention. In this sense, Duby (1998) states that in the 18th
century the upper classes of the West carried out an affective revolution, in the sense that
marriage became associated with love, previously restricted to lovers; Thus, through the front
door of marriage, romantic, extramarital love entered bourgeois homes. In this sense, romantic
love, marriage and patriarchal culture are elements that help us understand the relationship
between love and violence.
In the meantime, the same patriarchal society that perpetuates disadvantages for the
female gender, instills in men the belief that they must have control over women, developing a
feeling of ownership over their partner (LÍRIO et al., 2019; SILVA et al., 2020), controlling
the woman's behavior and being uncomfortable with the interference of children and family
members in their relationship (LÍRIO et al., 2019). Such factors can lead to violent behavior
and, often, aggressors have also experienced violence in their family of origin, contributing to
the naturalization of this type of relationship, especially when it does not leave body marks
(PAIXÃO et al., 2018b); generating misunderstanding and anger when women denounce these
individuals (PAIXÃO et al., 2018a; MADUREIRA et al., 2020).
Another factor in disagreements between partners is sex. Some men, driven by the
socially constructed belief of “male sexual need” (MOORE, 2006; SILVA et al., 2020), fight
with their partners due to the lack of sexual relations (LÍRIO et al., 2019); sometimes, forcing
sex with their partners (DANTAS-BERGER; GIFFIN, 2005) or looking for other women who
satisfy them sexually, generating jealousy and fights due to infidelity (VIEIRA et al., 2012;
PAIXÃO et al., 2014).
This alleged exacerbated male sexuality causes these men to seek intimacy largely
driven by what Giddens called amour passion, namely, “a generic connection between love and
sexual connection” (GIDDENS, 1993, p. 48, our translation). In this type of relationship, which
is part of romantic love, women would be seen as a generality, that is, just as a means of sexual
satisfaction; therefore, they would not be an “irreplaceable personality”, to use a term from
Simmel (2006, p. 143).
Violence as Affective Experience in Romantic Love
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 23, n. 00, e023012, 2023. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.17196 10
Among the classics of sociology, Simmel also discusses this issue of the social
construction of male sexuality. According to the author, social conformation itself would trigger
a gap between sexual maturity and male intellectual, economic and psychological maturity, a
fact that would lead men to turn to sex professionals:
The need for prostitution in higher-level cultures is based on the time lag
between the onset of sexual maturity and the intellectual, economic and
psychological maturity of men. Because the latter, rightly so, is required
before society authorizes man to found his own home. However, the fierce
struggle for existence continues to postpone economic independence. The
complicated demands of professional technique and the art of living
increasingly provide for the full formation of the spirit later and later [...] Thus,
the moment in which a man can legitimately possess a woman is increasingly
delayed and, as the physical constitution has not yet adapted to this state of
things, in fact awakening the sexual instinct like a very little changed
precocity, it is fatal that an increase in culture leads to a greater need for
prostitution (SIMMEL, 2006, p. 7-8, our translation).
In this case, prostitution would be just one of the ways to give vent to the male sexual
impulse. Instead of paying for sex, some men may seek to satisfy their desires through forced
sex with their partner or in extramarital sexual relations. By focusing too much on sexuality,
relating to women as if they were just a general rule, some men lose the ability to develop
intimacy. This loss, in turn, harms reflexivity and, consequently, self-identity, making it
difficult to construct a coherent self-narrative.
Research shows that people who establish emotional relationships permeated by
violence often experienced violence in their childhood. Studies on women who suffered
aggression (physical, psychological, sexual, moral, etc.) from their intimate partner found that
many of the victims had a history of violence in their family of origin (LIMA; WERLANG,
2011; PAIXÃO et al., 2015; COUTO et al., 2015; CARNEIRO et al., 2019), as well as the
aggressors (STENZEL; LISBOA, 2017; MADUREIRA et al., 2020), a fact that may have
contributed to a certain naturalization and difficulty in perceiving aggression. It is important to
highlight that violence between intimate partners can also occur between people of the same
gender, however, due to the data from the exploratory research, we selected violence in
heterosexual relationships for this article.
When asked about the reasons for enduring violence from their partners, the participants
reproduced discourses associated with romantic love, such as, for example, the idealization of
marriage (DANTAS-BERGER; GIFFIN, 2005; DUTRA et al., 2013), the idea of that the
woman must be subjugated by the male figure (DANTAS-BERGER; GIFFIN, 2005; COUTO
et al., 2006; AUDI et al., 2009; PAIXÃO et al., 2014), even allowing the partner to determine
Maria Chaves JARDIM and Marcela MIWA
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 23, n. 00, e023012, 2023. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.17196 11
which behaviors to woman must adopt (BATISTA et al., 2020), understanding this restriction
of female freedom as a manifestation of affection (GUIMARÃES; DINIZ; ANGELIM, 2017;
CARNEIRO, 2019) and establishing the distinction between the domestic/female sphere and
the public/male sphere in that the man should be the provider of the family (DANTAS-
BERGER, GIFFIN, 2005; COUTO et al., 2006), generating dependence, especially financial,
of the woman on her partner. And even though they suffered violence from their partner, some
women forgave their attackers, attributing the aggression to “involuntary acts” (GUIMARÃES;
DINIZ; ANGELIM, 2017) or to external factors, such as the use of alcohol or drugs (LIMA;
WERLANG 2011; MOURA; LEFEVRE; MOURA, 2012; PAIXÃO et al., 2014;
GUIMARÃES; DINIZ; ANGELIM, 2017), making them remain with their partner for fear of
breaking up with their idealized relationship (BATISTA et al., 2020). Failure to meet these
romanticized expectations, therefore, would further fuel disagreements and aggression.
Virtual ethnography in the “empowered women” group: love is romantic and violent
The literature review above dialogues with the findings of our exploratory research. The
field research that supports this article was carried out in a WhatsApp group, made up of 240
Portuguese-speaking women. The data presented in this article are the result of research carried
out by the first author of the article in the first half of 2021. It should be noted that the research
is still ongoing.
We contacted this WhatsApp group, through the group Mulheres que Amam Demais
(MADA)
4
, an anonymous collective that seeks to help women with abusive relationships,
because, as a love researcher, we have participated in the MADA group since 2019.
One of the MADA participants took the initiative to create the WhatsApp group in
October 2020, with the aim of more directly helping women overcome the problems of abusive
relationships during the Covid-19 pandemic, which began in Brazil in March 2020 and still
ongoing at the time of writing this article October 2022. Therefore, the group is independent
of MADA and does not correspond to its philosophy.
The WhatsApp group allows all participants to post video, text or audio messages, 24
hours a day, therefore, not only the group administrators have the ability to post. As the group
is made up of Portuguese-speaking women, it includes not only Brazilians, but also Portuguese.
From the cell phone numbers we can see that we have 200 Brazilian women and 40 Portuguese
4
Available at: https://grupomadabrasil.com.br/sou-uma-mada/. Accessed on: 10 Jan. 2023.
Violence as Affective Experience in Romantic Love
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 23, n. 00, e023012, 2023. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.17196 12
women. To maintain the anonymity of research participants, the name of the group and
participants were changed.
The group's creator, Ana Lúcia, is Brazilian, 22 years old, has no children and is dating.
He has a rare genetic disease (he didn't want to say the name) and depression. All women
experience the group without technical training in topics related to emotions. Therefore, we do
not have mental health professionals among the participants, who approach all topics with a
common-sense perspective. There is no organization or planning in the debates, which are
carried out spontaneously, based on the questions raised by the participants on the day. On days
considered “calm” by them, that is, those when there is no violence, the posts are about food,
music, travel and they take the opportunity to exchange cultural information about Brazil and
Portugal. In addition to advice and support, the group seeks to financially help women who
need to purchase a ticket to another city, as a way to escape their partner.
The following table, published in the group, shows the three phases of the abusive
relationship, written by Aline Munhoz and which became a manual for these women.
1. Psychological abuse: Irritability, frustration, need for control; constant episodes
of humiliation, reprimand of the partner's freedom and identity, partiality in the couple's
decision-making.
2. Explicit violence: Release of all tension, impossibility of communication;
sudden explosion, physical and verbal aggression, public humiliation, throwing/taking objects,
impulsive attitudes, threats, extreme control.
3. Honeymoon: reconciliation, demonstration of repentance, promises of change;
compensatory actions, unexpected gifts, demonstration of affection, support, crying of regret.
This type of message is common in the group's daily life: “Good morning, I can't take it
anymore, I'm going to kill myself”. Suicidal sensitivity is common in the group, but also the
fear of abandoning their relationships: I put up with everything because I love him” or even,
“I put up with it for my children”. Fear, pain and love are part of these women’s narratives.
Furthermore, reports of the use of antidepressant medication are common. In general, there is a
strong presence of religiosity in the participants' narrative: God, Oxalá and Jesus are constantly
activated, as is Jehovah. Another characteristic present in these women's testimonies is the
recurrence of abusive relationships in their lives, as well as the hope of healing this sick love
with love. Therefore, they have a strong belief in love as something divine, magical and
miraculous, which requires no social investment, as it works within itself. This idealized view
of love is typical of romantic love, becoming responsible for abuse in romantic relationships.
Maria Chaves JARDIM and Marcela MIWA
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 23, n. 00, e023012, 2023. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.17196 13
Another characteristic of these women is that the majority claim to have suffered
physical, psychological or sexual violence in childhood: “I was abused by a family friend when
I was seven years old”. “I was always beaten by my father.” I always felt rejected by my
mother.” “I never felt like part of my family; I’m the ugly duckling.”
In addition to physical violence, other types of violence were noted in the statements:
Indebtedness: The man's use of the Individual Taxpayer Registry (CPF) or the woman's
credit card for purchases and also cash loans, which will never be repaid, are constant
complaints: “He uses my credit card without my permission, dirty my name. He didn't pay the
invoices, more than 10 thousand in invoices” (...) “At Banco do Brasil I no longer have a limit,
he's maxed it out” (...) “He borrows money from his sister and pays it correctly, not with me ”.
Persecution: Women feel persecuted by their partners or ex-partners, both in the “real”
world and on social media. “He creates a different profile every day to follow me on social
media”; “I have to hide that I’m dating, if he finds out, he’ll kill him and me.” “I’m afraid of
leaving home and being surprised by him, I need to change cities.”
Being filmed in an intimate act: Many women complain about having their sexual life
filmed by their partners or ex-partners or with whom they had a casual encounter and that this
filming serves as blackmail to remain linked to them: “I had a sexual relationship with He
filmed it and now he threatens me if I break up with him.” “He filmed me without authorization
during sex, I don’t know what I’m going to do”; He filmed me having sex and threw it in the
WhatsApp group.” “He uses intimate photos to threaten me into staying with him.”
Cell phones monitored by companions: Complaints of invasion of privacy via cell
phone monitoring are common. “I need to leave this [self-help] group, he noticed that I was
asking the group for help and said he would break my cell phone if I didn’t leave the group.”
“He monitors me on my cell phone, he always knows where I am and who I'm with, I think he
put a spy app on my cell phone”. We asked whether women also monitor their partners' cell
phones, and the answer we received was positive.
When we chatted privately with them, we learned that, despite their different age, social
class, ethnic group, level of education, occupation and country, there is something in common
between them: they all believed, at the beginning, that they could transform the abusive
relationship, with prayer and love. Only after years, an average of 2 years, did they realize that
they were in a relationship that was impossible to change with just these elements. In this sense,
we can talk about the myth of the heroine in these women, who believed they had the power to
transform something that is rooted in culture: the culture of romantic love that allows the
Violence as Affective Experience in Romantic Love
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 23, n. 00, e023012, 2023. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.17196 14
expression of violence. Furthermore, the myth of the heroine would be possible due to the
culture of romantic love, which presupposes love as something magical, divine, miraculous,
which does not require any social investment to be successful, as the meeting between couples
would be facilitated by a cupid, by a God, who would allow the meeting between these
“soulmates”.
A point to be highlighted is the emotional codependency that these women feel in
relation to the relationship. Most women say they no longer feel love for their partner, but they
still feel anxious about him: “I stopped loving him a long time ago, but I can't leave”; “It seems
like I’ve gotten used to suffering”; I’m afraid of starting over, I’m already 39 years old.
“Despite the outbursts of violence, when he doesn’t drink or use drugs, he’s a great husband
and protects me.”
Finally, we noticed that the women in the group radicalize their speeches with
expressions of hatred towards men, fear of new relationships, rejection of new motherhoods
and desire for suicide: “I will never want to have relationships with men again, I am
traumatized”; I hate men”; “look, don’t have children, that’s the best advice I give to a woman;
son holds on too much”; “I just don’t kill myself because I lack courage.”
In the group analyzed, the myth of romantic love appears expressed in abusive and
violent relationships and also in motherhood “I put up with everything for my children”.
Therefore, the data above tells us about female submission to male abuse, in the name
of the couple's love and children and is in dialogue with what the theory says, with emphasis
on Pierre Bourdieu (2002), in Male domination. In general, the author shows that women, from
a very young age, are socialized according to patterns of passivity, discretion, subjection,
inferiority, etc., while men are constructed as a figure of strength, action, initiative, power,
authority, etc. In this aspect, the male figure appears as an idealized entity, as the great provider
or, as the salvation and resolution of female problems, and this would explain why many of
these women, victims of violence, are only able to experience love in the form of romantic love.
In dialogue with the love-addiction theory proposed by Giddens, the insecurity brought
by the relationship creates even more dependence and addiction, reproducing a cycle of abuse
and violence.
In the group we analyzed we also found cases of women who overcame abuse and got
their lives back on track. These women become positive references for women who still
experience abuse in their lives.
Maria Chaves JARDIM and Marcela MIWA
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 23, n. 00, e023012, 2023. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.17196 15
Beyond romantic love: the possibility of confluent love
Despite the scenario described above, the literature has pointed out that it is possible for
women to free themselves from the violence brought by romantic love, even if many others
remain in the relationship supported by the hope that one day their partner will change their
behavior (BATISTA et al., 2020), and even admitting that the situation has become
unsustainable (VIEIRA et al., 2012; BARAGATTI et al., 2018; BATISTA et al., 2020).
Women who decided to report their attackers say that it is not an easy process, because
they still like them (ALBUQUERQUE NETTO et al., 2015), they are afraid of the
consequences (PACHECO; MEDEIROS; GARCIA, 2014) and they believe that violence is an
experience solitary (AUDI et al., 2009; ALBUQUERQUE NETTO et al., 2015; BARAGATTI
et al., 2018; BATISTA et al., 2020). That said, social/family support (COUTO et al., 2015,
BARAGATTI, 2018), financial support (DANTAS-BERGER; GIFFIN, 2005;
ALBUQUERQUE NETTO et al., 2015), as well as institutional-legal support (DUTRA et al.,
2013; ALBUQUERQUE NETTO et al., 2015; CONCEIÇÃO; MORA, 2020) are essential for
these women to break the cycle of aggression.
Literature has also shown that when they free themselves from the love-violence circuit,
some women take the opportunity to invest in themselves, resuming their life plans such as
studies or work (VIEIRA et al., 2012; ALBUQUERQUE NETTO et al., 2015), understanding
the importance of men respecting them (ALBUQUERQUE NETTO et al., 2015). This does not
mean that they cannot have new relationships permeated by violence (PARADA; MURTA,
2020), but this post-rupture movement allows these women to rebuild their lives based on other
elements that favor their reflexivity (study, work, family, friends, etc.), there being no need to
project the possibility of their self-identity onto an idealized intimate partner. By reclaiming
their autonomy, these women become capable of establishing more egalitarian loving bonds,
freeing themselves from the burdens of romantic love.
Furthermore, after the disillusionment with the ill-fated “happily ever after”, so
characteristic of fairy tales and romantic love, the consequent decrease in expectations
regarding marriage and the release of the obligation to remain in a failed relationship, these
women may, with professional and family support, establish a new format of loving relationship
with each other. In literature, Giddens speaks of a form of pure relationship, which would be
ideal:
A pure relationship has nothing to do with sexual purity [...] It refers to a
situation in which one enters into a social relationship solely for the sake of
Violence as Affective Experience in Romantic Love
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 23, n. 00, e023012, 2023. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.17196 16
the relationship itself, which can be derived by each person from maintaining
an association with another, and which only continues as long as both parties
consider that they derive sufficient satisfaction from it, for each one
individually, to remain in it (GIDDENS, 1993, p. 69, our translation).
Among aggressors there is also a possibility of transcending violent relationships. Some
reported men, who experienced preventive detention, managed to become aware of their
aggressive conduct, aiming for violence-free relationships (PAIXÃO et al., 2018a), also
opening themselves up to more egalitarian loving interactions with the same or a future partner.
In this sense, when two people free from idealizations and the need for control, aware
that violence must be avoided, are willing to establish a more egalitarian relationship with each
other, regardless of how long the relationship lasts, we can say that what emerges Giddens
called it “confluent love”.
“Confluent love presumes equality in emotional giving and receiving, and the more this
is the case, any loving bond comes much closer to the prototype of a pure relationship”
(GIDDENS, 1993, p. 73, our translation). Despite not having the initial intention of lasting
forever, in the experience of this confluent love/pure relationship, if both partners, more aware
of their biographies, manage to establish bonds of intimacy and trust, it is possible to build a
new and different story of love.
On the other hand, with regard to romantic love, Bourdieu shows us that although
domination exists in romantic love, it can become a form of symbolic revolution, when men are
sensitized by more egalitarian relationships, and, therefore, without hierarchies.
Final remarks
The originality of this article was to discuss two categories rarely associated in social
sciences: love and violence. We sought to identify what type of love sustains affective
relationships based on violence.
Taking inspiration especially from Bourdieu and Giddens, and after reviewing the
literature, with emphasis on the area of health, which plays a leading role in the topic, it was
considered that this type of love is supported by romantic love and also by love-addiction, as
Some of these characteristics are highlighted in the literature as justification for maintaining
this type of relationship.
We compared the literature review with exploratory data from field research carried out
in a virtual group, when we identified the following beliefs among women who suffer abuse in
Maria Chaves JARDIM and Marcela MIWA
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 23, n. 00, e023012, 2023. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.17196 17
relationships: belief in the ability to change their partner, with prayer and meditation; emotional
codependency despite violence often sustained by the belief that women should be submissive
to men; financial codependency, by projecting the man as the family provider; as well as the
idealization of motherhood, which makes women capable of enduring an abusive relationship
for the sake of their children.
Androcentric culture, by making use of objective and cognitive structures for the
maintenance, reproduction and naturalization of male domination, contributes to some women
nurturing romantic love and, not infrequently, legitimizing this type of abusive relationship,
making it difficult to recognize the violence they are submitted. The fact that some romantic
partners, both men and women, have experienced violence in childhood also undermines this
perception.
Both in the literature review and in the exploratory data, social support was identified
as a positive reference for breaking the cycle of aggression. And, after the rupture, in cases
where victims and aggressors achieve greater awareness about their behaviors and idealizations,
the possibility of the emergence of a “confluent love” was recognized, that is, a type of
relationship with more egalitarian emotional exchanges.
REFERENCES
ALBUQUERQUE NETTO, L. et al. Mulheres em situação de violência por parceiro íntimo:
tomada de decisão por apoio institucional especializado. Revista Gaúcha de Enfermagem,
n. esp. 36, p. 135-42, 2015. Available at:
http://www.scielo.br/j/rgenf/a/5rspRQXYcYpj3zJHqHXq7vQ/abstract/?lang=pt. Access: 24
May 2021.
AUDI, C. A. F. et al. Percepção da violência doméstica por mulheres gestantes e não
gestantes da cidade de Campinas, São Paulo. Ciência & Saúde Coletiva, v. 14, n. 2, p. 587-
594, 2009. Available at:
https://www.scielo.br/j/csc/a/wZcqCS3zrZDvQMdKQmzJh3x/?lang=pt. Access: 24 May
2021.
BARAGATTI, D. Y. et al. Rota crítica de mulheres em situação de violência por parceiro
íntimo. Revista Latino-Americana de Enfermagem, n. 26, e3025, 2018. Available at:
https://www.revistas.usp.br/rlae/article/view/154244. Access: 24 May 2021.
BATISTA, V. C. et al. Prisioneiras do sofrimento: percepção de mulheres sobre a violência
praticada por parceiros íntimos. Revista Brasileira de Enfermagem, n. 73, suppl. 1, p.
e20190219, 2020. Available at:
http://www.scielo.br/j/reben/a/8nWjvQ4X73VhbvMWkkYzJ3b/?lang=pt. Access: 24 May
2021.
BOURDIEU, P. A dominação masculina. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2002.
Violence as Affective Experience in Romantic Love
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 23, n. 00, e023012, 2023. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.17196 18
BOURDIEU, P. A economia das trocas simbólicas. São Paulo: Perspectiva, 2007.
CAMPEIZ, A. B. et al. A violência na relação de intimidade sob a ótica de adolescentes:
perspectivas do Paradigma da Complexidade. Revista da Escola de Enfermagem da USP, n.
54, p. e03575, 2020. Available at:
https://www.scielo.br/j/reeusp/a/JYLvhxzzJ4bD5hXD4R8ztcg/?lang=pt. Access: 24 May
2021.
CARNEIRO, J. B. et al. Compreendendo a violência conjugal: um estudo em Grounded
Theory. Revista Latino-Americana de Enfermagem, n. 27, e3185, 2019. Available at:
https://www.scielo.br/j/rlae/a/vw6dc7XVbLqr6WngM6qdscf/?lang=pt. Access: 24 May 2021.
COMTE, A. Plan des travaux scientifiques nécessaires pour réorganiser la société. In:
COMTE, A. Système de politique positive ou Traité de sociologie instituant la religion de
l’humanité. Paris: Larousse, 1895. p.106-129
CONCEIÇÃO, C. S. da; MORA, C. M. “Respeito é bom e eu gosto”: trajetórias de vida de
mulheres negras assistidas por um Centro Especializado de Atendimento à Mulher em
Situação de Violência na Baixada Fluminense, Rio de Janeiro, Brasil. Cadernos de Saúde
Pública, v. 36, n.7, 2020. Available at:
http://www.scielo.br/j/csp/a/sYXNjKRrg4VpvPXVZz7PBbt/abstract/?lang=pt. Access: 24
May 2021.
COUTO, M. T. et al. Concepções de gênero entre homens e mulheres de baixa renda e
escolaridade acerca da violência contra a mulher, São Paulo, Brasil. Ciência & Saúde
Coletiva, n. 11, supl., p. 1323-1332, 2006. Available at:
https://www.scielo.br/j/csc/a/J4z8857r4yYfJZNGNYF6Ytf/abstract/?lang=pt. Access: 24
May 2021
COUTO, T. M. et al. Cotidiano de mulheres com história de violência doméstica e aborto
provocado. Texto & Contexto Enfermagem, v. 24, n. 1, p. 263-9, 2015. Available at:
http://www.scielo.br/j/tce/a/GsY5mchdP8HD8qZyx5NnknS/abstract/?lang=pt. Access: 24
May 2021.
DANTAS-BERGER S. M.; GIFFIN, K. A violência nas relações de conjugalidade:
invisibilidade e banalização da violência sexual? Cadernos de Saúde Pública, v. 21, n. 2, p.
417-425, 2005. Available at:
https://www.scielo.br/j/csp/a/pHhwdM5wyyL6nfJXVsLsDdy/abstract/?lang=pt. Access: 24
May 2021.
DUBY, G. Amor e sexualidade no Ocidente. Lisboa: Terramar, 1998.
DURKHEIM, E. De la division du travail social: etude sur l’organisation des sociétés
supérieures. Paris: Alcan, 1893.
DUTRA, M. de L. et al. A configuração da rede social de mulheres em situação de violência
doméstica. Ciência & Saúde Coletiva, v. 18, n. 5, p. 1293-1304, 2013. Available at:
https://www.scielo.br/j/csc/a/K77HzVKqLpCgjCpqGD8qQ8C/abstract/?lang=pt. Access: 24
May 2021.
ELIAS, N. O processo civilizador: uma história dos costumes. Rio de Janeiro: Zahar, 1990.
v. 1.
GIDDENS, A. A transformação da intimidade: sexualidade, amor & erotismo nas
sociedades modernas. São Paulo: Editora da Universidade Estadual Paulista, 1993.
Maria Chaves JARDIM and Marcela MIWA
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 23, n. 00, e023012, 2023. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.17196 19
GUIMARÃES, F. L.; DINIZ, G. R. S.; ANGELIM, F. P. "Mas Ele Diz que me Ama...":
Duplo-Vínculo e Nomeação da Violência Conjugal. Psicologia: Teoria e Pesquisa, v. 33, p.
1-10, 2017. Available at:
http://www.scielo.br/j/ptp/a/q9Tcf79ydXdLRTxw8GHkCvF/abstract/?lang=pt. Access: 24
May 2021.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). PNS 2019: em um
ano, 29,1 milhões de pessoas de 18 anos ou mais sofreram violência psicológica, física ou
sexual no Brasil. Brasília, DF, 2021. Available at:
https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-
noticias/releases/30660-pns-2019-em-um-ano-29-1-milhoes-de-pessoas-de-18-anos-ou-mais-
sofreram-violencia-psicologica-fisica-ou-sexual-no-brasil? Access: 07 Jul. 2021.
JARDIM, M. C. Para além da fórmula do amor: amor romântico como elemento central na
construção do mercado do afeto via aplicativos. Política & Sociedade, v. 18, n. 43, p. 46-76,
2019. Available at: https://periodicos.ufsc.br/index.php/politica/article/view/2175-
7984.2019v18n43p46. Access: 20 Nov. 2021.
JARDIM, M. C. A construção social do mercado de afeto: o caso das agências de casamento
em contexto de consolidação dos aplicativos. Revista Pós Ciências Sociais, São Luís, v. 18,
n. 1, p. 43-62, 2021. Available at:
https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/rpcsoc/issue/view/705. Access: 20 Nov. 2021.
JARDIM, M. C.; MOURA, P. J. C. A construção social do mercado de dispositivos de redes
sociais: a contribuição da sociologia econômica para os aplicativos de afeto. Tomo, n. 30, p.
151-196, 2017. Available at: https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=6040344.
Access: 20 Nov. 2021.
JARDIM, M. C.; ROSSI, T. C. Apresentação. Tomo, v. 41, p. 1, 2022. Available at:
https://dialnet.unirioja.es/ejemplar/607659. Access: 30 Sep. 2022.
JARDIM, M. C.; SOUZA, T. O amor como objeto da sociologia. BIB. (no prelo)
KOURY, M.; BARBOSA, R. B. Da subjetividade às emoções: A antropologia e a sociologia
das emoções no Brasil. Cadernos do GREM, 2015. Available at:
https://www.scielo.br/j/ha/a/Gs8376g9VYs9TV6PjFXXYtq/?lang=pt. Access: 20 Nov. 2021.
LEITÃO, D.; GOMES, L. G. Etnografia em ambientes digitais: perambulações,
acompanhamentos e imersões. Antropolítica, Niterói, n. 42, p. 41-65, 2017. Available at:
https://periodicos.uff.br/antropolitica/article/view/41884. Access: 20 Nov. 2021.
LIMA, G. Q. de; WERLANG, B. S. G. Mulheres que sofrem violência doméstica:
contribuições da psicanálise. Psicologia em Estudo, v. 16, n. 4, p. 511-520, 2011. Available
at: https://www.scielo.br/j/pe/a/GShYc5SHq9SVcrwbyXxbSbT/?lang=pt. Access: 24 May
2021.
LÍRIO, J. G. dos S. et al. Elementos que precipitam a violência conjugal: o discurso de
homens em processo criminal. Revista da Escola de Enfermagem da USP, n. 53, p. e03428,
2019. Available at:
https://www.scielo.br/j/reeusp/a/zxC7PmFD4VVYcmK38xVhGrs/?lang=pt. Access: 24 May
2021.
MADUREIRA, A. B. et al. Representações sociais de homens agressores denunciados acerca
da violência contra a mulher. Revista Brasileira de Enfermagem; v. 73, n. 2, e20180824,
Violence as Affective Experience in Romantic Love
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 23, n. 00, e023012, 2023. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.17196 20
2020. Available at:
https://www.scielo.br/j/reben/a/VHWWG3RDtpf3tc4nMFNsVRn/?lang=pt. Access: 24 May
2021.
MILLER, D.; SLATER, D. Etnografia on e off-line: cibercafés em Trinidad. Horizontes
Antropológicos, Porto Alegre, ano 10, n. 21, p. 41-65, jan./jun. 2004. DOI: 10.1590/S0104-
71832004000100003.
MOORE, A. M. Gender Role Beliefs at Sexual Debut: Qualitative Evidence from Two
Brazilian Cities. International Family Planning Perspectives, v. 32, n. 1, p. 4551, 2006.
Available at: https://www.guttmacher.org/journals/ipsrh/2006/03/gender-role-beliefs-sexual-
debut-qualitative-evidence-two-brazilian-cities. Access: 24 May 2021.
MOURA, L. B. A.; LEFEVRE F.; MOURA, V. Narrativas de violências praticadas por
parceiros íntimos contra mulheres. Ciência & Saúde Coletiva, v. 17, p. 4, p. 1025-1035,
2012. Available at:
https://www.scielo.br/j/csc/a/fTp9Sxzm5MWskTSQmMH3VPC/?lang=pt. Access: 24 May
2021.
NEVES, A. As mulheres e o discurso genderizados sobre o amor: a caminho do “amor
confluente” ou o retorno do mito do “amor romântico”. Estudos Feministas, v. 15, n. 3, p.
609-627. Florianópolis, 2007. Available at:
https://periodicos.ufsc.br/index.php/ref/article/view/S0104-026X2007000300006. Access: 20
Nov. 2021.
PACHECO, L. R.; MEDEIROS, M.; GARCIA, C. M. The voices of Brazilian women
breaking free from intimate partner violence. Journal Forensic Nursing, v. 10, n. 2, p. 70-76,
2014. Available at: https://journals.lww.com/forensicnursing/toc/2014/04000. Access: 24
May 2021.
PAIXÃO, G. P.do N. et al. Situações que precipitam conflitos na relação conjugal: o discurso
de mulheres. Texto e Contexto Enfermagem, v. 23, n. 4, p. 1041-9, 2014. Available at:
https://www.scielo.br/j/tce/a/4QGmxR598j7yzqSVZYmshXP/abstract/?lang=pt. Access: 24
May 2021.
PAIXÃO, G. P. do N. et al. Mulheres vivenciando a intergeracionalidade da violência
conjugal. Revista Latino-Americana de Enfermagem, v. 23, n. 5, p. 874-9, 2015. Available
at: https://www.scielo.br/j/rlae/a/d375TF8qJCLBKBVZFzjNyWF/?lang=pt. Access: 24 May
2021.
PAIXÃO, G. P. do N. et al. A experiência de prisão preventiva por violência conjugal: o
discurso de homens. Texto & Contexto Enfermagem, v. 27, n. 2, e3820016, 2018a.
Available at: https://www.scielo.br/j/tce/a/KRFnS53bngSv46h5xzB9j6t/abstract/?lang=pt.
Access: 24 May 2021.
PAIXÃO, G. P. do N. et al. Naturalização, reciprocidade e marcas da violência conjugal:
percepções de homens processados criminalmente. Revista Brasileira de Enfermagem, v.
71, n. 1, p. 178-84, 2018b. Available at:
https://www.scielo.br/j/reben/a/WBf7Y54tVkBDtHkMNMXYzyS/?lang=pt. Access: 24 May
2021.
PARADA, P. de O.; MURTA, S. G. Brazilian women’s transition to new relationships after
ending a violent one: a case study. Psicologia USP, v. 3, e190166, 2020. Available at:
Maria Chaves JARDIM and Marcela MIWA
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 23, n. 00, e023012, 2023. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.17196 21
https://www.scielo.br/j/pusp/a/NW5n9q5HhmHYPv4jsPDBFSB/abstract/?lang=en. Access:
24 May 2021.
PLATÃO. O Banquete. Coleção os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1983.
ROSSI, T. C. Projetando a subjetividade: a construção social do amor a partir do cinema.
São Paulo, 2013. 326 f. Tese (Doutorado em Sociologia) Universidade de São Paulo, São
Paulo, 2013.
SCHWENTKER, W. A paixão como modo de vida em Max Weber, o círculo de Otto Gross e
o erotismo. Revista Brasileira de Ciências Sociais, n. 32, ano 11, oct. 1996.
SILVA, A. F. da. et al. Atributos sociais da masculinidade que suscitam a violência por
parceiro íntimo. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 73, n. 6, e20190470, 2020. Available
at: https://www.scielo.br/j/reben/a/Nrj3K7pjQLjG3T5mJKJvhsv/?lang=pt. Access: 24 May
2021.
SIMMEL, G. Filosofia do Amor. São Paulo: Martins Fontes, 2006.
SOMBART, W. Amor, luxo e capitalismo. Lisboa: Bertrand, 1990 [1912].
SOUZA, T. As crenças sobre o amor na telenovela Espelho da vida: uma análise através
da sociologia relacional de Pierre Bourdieu. Relatório de Pesquisa Fapesp. Departamento de
Ciências Sociais. Unesp. Araraquara, 2021.
STENZEL G. Q. de L.; LISBOA, C. S. de M. Aprisionamento psíquico sob uma perspectiva
psicanalítica: Estudo de caso de um agressor conjugal. Revista Ágora estudos em Teoria
Psicanalítica, v. XX, n. 3, p. 625-633, 2017. Available at:
https://www.scielo.br/j/agora/a/LXvttdZsqKBb4486QcnwnNm/abstract/?lang=pt. Access: 24
May 2021.
VANDENBERGHE, F. Amando o que conhecemos: notas para uma epistemologia histórica
do amor. Ciências Sociais Unisinos, v. 42, n. 1, p. 65-71, 2006. Available at:
http://revistas.unisinos.br/index.php/ciencias_sociais/article/view/6016. Access: 14 Nov.
2021.
VIEIRA, L. B. et al. Intencionalidades de mulheres que decidem denunciar situações de
violência. Acta Paulista de Enfermagem, v. 25, n. 3, p. 423-429, 2012. Available at:
https://www.scielo.br/j/ape/a/T8hS4mc649nMMdDBT6CfmFk/?lang=pt. Access: 24 May
2021.
WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). Devastatingly pervasive: 1 in 3 women
globally experience violence. Genova/New York, 2021. Available at:
https://www.who.int/news/item/09-03-2021-devastatingly-pervasive-1-in-3-women-globally-
experience-violence. Access: 07 Jul. 2021.
Violence as Affective Experience in Romantic Love
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 23, n. 00, e023012, 2023. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v23i00.17196 22
CRediT Author Statement
Acknowledgments: Not applicable.
Funding: Not applicable.
Conflicts of interest: There are no conflicts of interest.
Ethical approval Not applicable.
Availability of data and material: References on intimate partner violence are freely
avaliable in digital libraries.
Authors' contributions: Maria Chaves Jardim contributed to the drafting, literature
review, collection and analysis of empirical data, writing and final revision of the text.
Marcela Jussara Miwa contributed to the preparation, bibliographical review, writing and
final revision of the text.
Processing and editing: Editora Ibero-Americana de Educação.
Review, formatting, standardization, and translation.