Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. esp. 1, e024006, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24iesp.1.18103 1
“ATOS ILÍCITOS”, “PALAVRAS DESONESTAS” E “TOCAMENTOS TORPES”: O
CONFESSIONÁRIO SOB VIGILÂNCIA (MINAS GERAIS, SÉCULO XVIII)
"ACTOS ILÍCITOS", "PALABRAS DESHONESTAS" Y "TOCAMIENTOS TORPES":
EL CONFESIONARIO BAJO VIGILANCIA (MINAS GERAIS, SIGLO XVIII)
“UNLAWFUL ACTS”, “DISHONEST WORDS” AND “FOUL TOUCHING”: THE
CONFESSIONAL UNDER SURVEILLANCE (MINAS GERAIS, EIGHTEENTH
CENTURY)
Sabrina Alves da SILVA1
e-mail: sabrina.alves-silva@unesp.br
Como referenciar este artigo:
SILVA, S. A. da. “Atos ilícitos”, “palavras desonestas” e
“tocamentos torpes”: O confessionário sob vigilância
(Minas Gerais, século XVIII). Rev. Cadernos de Campo,
Araraquara, v. 24, n. esp. 1, e024006, 2024. e-ISSN: 2359-
2419. DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24iesp.1.18103
| Submetido em: 25/05/2023
| Revisões requeridas em: 11/10/2023
| Aprovado em: 02/04/2024
| Publicado em: 30/09/2024
Editores:
Profa. Dra. Maria Teresa Miceli Kerbauy
Prof. Me. Thaís Cristina Caetano de Souza
Prof. Me. Paulo Carvalho Moura
Prof. Thiago Pacheco Gebara
1
Mestre pela Universidade Federal de São João del Rei (UFSJ), São João del Rei (MG), doutoranda do Programa
de Pós-Graduação em História da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP), Franca
SP Brasil.
“Atos ilícitos”, “palavras desonestas” e “tocamentos torpes”: O confessionário sob vigilância (Minas Gerais, século XVIII)
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. esp. 1, e024006, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24iesp.1.18103 2
RESUMO: A partir de uma análise qualitativa da abordagem micro-histórica, que consiste na
redução da escala de observação das denúncias e dos processos inquisitoriais de solicitação
ocorridos em Minas Gerais, no século XVIII, este artigo examina a vigilância infringida pelo
Tribunal do Santo Ofício aos confessores que profanaram o Sacramento da Confissão, e a
preocupação que a Igreja demonstrava com esse Sacramento e com o lugar onde ele deveria
acontecer. O delito de solicitação acontecia quando um confessor, no local da confissão,
assediava amorosa ou sexualmente os penitentes. A confissão foi um importante mecanismo
utilizado pela Igreja tridentina como instrumento de vigilância e disciplinamento. Com base na
análise realizada, desde o século XVI, quando foi elaborado, o móvel confessionário foi
utilizado para diminuir os danos causados pela intimidade entre confessor e penitente no
momento do Sacramento. O confessionário foi vigiado não só no que concerne ao Sacramento
e seus ministros, mas também à sua construção e ao lugar onde deveria ficar nas igrejas, para
que, assim, ocasiões de pecados fossem evitadas.
PALAVRAS-CHAVE: Confessionário. Inquisição. Sacerdotes. Confissão. Minas Gerais.
RESUMEN: A partir de un análisis cualitativo del enfoque micro-histórico, que consiste en la
reducción de la escala de observación de las denuncias y de los procesos inquisitoriales de
solicitud ocurridos en Minas Gerais, en el siglo XVIII, este artículo examina la vigilancia
infringida por el Tribunal del Santo Oficio a los confesores que profanaron el Sacramento de
la Confesión, y la preocupación que la Iglesia demostraba con ese Sacramento y con el lugar
donde debía ocurrir. El delito de solicitud ocurría cuando un confesor, en el lugar de la
confesión, acosaba amorosa o sexualmente a los penitentes. La confesión fue un importante
mecanismo utilizado por la Iglesia tridentina como instrumento de vigilancia y
disciplinamiento. Sobre la base del análisis realizado, desde el siglo XVI, cuando se elaboró,
el móvil confesionario se utilizó para disminuir los daños causados por la intimidad entre
confesor y penitente en el momento del Sacramento. El confesionario fue vigilado no solo en
lo concerniente al Sacramento y sus ministros, sino también a su construcción y al lugar donde
debería estar en las iglesias, para que así, ocasiones de pecados fueran evitadas.
PALABRAS CLAVE: Confesionario. Inquisición. Sacerdotes. Confesión. Minas Gerais.
ABSTRACT: From a qualitative analysis of the micro-historical approach, which consists of
reducing the scale of observation, complaints, and inquisitorial processes of request that
occurred in Minas Gerais, in the eighteenth century, the article examines the vigilance
infringed by the Tribunal of the Holy Office to confessors who desecrated the Sacrament of
Confession and the concern that the Church showed with that Sacrament and with the place
where it should happen. The inquisitorial offense of solicitation occurred when a confessor, at
the place of confession, sexually or lovingly harassed the penitents. Confession was an
important mechanism used by the Tridentine Church as an instrument of vigilance and
discipline. Based on the analysis carried out, since the sixteenth century, when it was
elaborated, the mobile confessional was used to reduce the damage caused by the intimacy
between confessor and penitent at the time of the Sacrament. The confessional was watched not
only for the Sacrament and its ministers, but also for its construction and the place where it
should be in the churches, so that occasions of sin could be avoided.
KEYWORDS: Confessional. Inquisition. Priests. Confession. Minas Gerais.
Sabrina Alves da SILVA
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. esp. 1, e024006, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24iesp.1.18103 3
Introdução
Por meio das fontes inquisitoriais
2
, como as denúncias e processos contra padres
solicitantes em Minas Gerais no século XVIII, este artigo almeja analisar a vigilância levada a
cabo pela Igreja aos confessionários e o empenho do Tribunal do Santo Ofício da Inquisição
em punir os solicitantes que profanavam o Sacramento da Penitência
3
. A análise das fontes teve
como base o método qualitativo da abordagem micro-histórica, sendo, assim, possível empregar
uma análise minuciosa e um estudo aprofundado do material documental. De acordo com Levi
(1992), a micro-história, que se baseia na redução da escala de observação, tem sempre se
centralizado na busca por uma descrição mais realista do comportamento humano. Portanto,
toda ação social é vista como o resultado de constantes negociações, manipulações, escolhas e
decisões do indivíduo, diante de uma atividade normativa, que, embora difusa, oferece muitas
possibilidades de interpretações e liberdades pessoais. A importância da micro-história para o
ofício do historiador reside em sua capacidade de destrinchar o entrelaçamento do verdadeiro,
do falso e do fictício, buscando o que está a contrapelo e, servindo-se dos rastros que nos
auxiliam na orientação “no labirinto da realidade” (Ginzburg, 2007, p. 7).
De acordo com o Código de Direito Canônico (1983), no Cânon 964, o lugar próprio
para ouvir as confissões sacramentais é a igreja ou o oratório, e, com isso, os confessionários
devem estar munidos de uma grade fixa entre o penitente e o confessor, que possibilite aos fiéis
utilizar livremente e que não se ouçam confissões fora dos confessionários, a não ser por causa
justa. A respeito desse assunto, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)
promulgou, em 2009, a legislação complementar ao Cânon 964 e reafirmou que a sede
apropriada para ouvir confissões é o confessionário tradicional ou outro recinto conveniente,
expressamente preparado para essa finalidade e aparelhado com uma grade fixa entre o
penitente e o confessor. Nesse sentido, o confessionário deve ser situado em um lugar,
claramente indicado, de modo que os fiéis se sintam convidados à prática do Sacramento da
Penitência. Assim, fica clara a preocupação contemporânea não com o Sacramento, mas
também com o local de execução dele, o confessionário.
2
Destacar a relevância das fontes documentais inquisitoriais é fundamental para a compreensão da história da
colônia brasileira, que, embora não tenha tido um tribunal próprio, foi submetida à autoridade do tribunal de
Lisboa. Durante o tempo em que funcionou em Portugal e seus domínios, a Inquisição foi uma ferramenta
primordial para a manutenção da estrutura reinol de colonização e formação da sociedade brasileira, vigiando e
estabelecendo normas e regras (Gouveia, 2010).
3
Este artigo parte de denúncias e processos inquisitoriais contra sacerdotes solicitantes, que foram estudados na
minha dissertação de mestrado.
“Atos ilícitos”, “palavras desonestas” e “tocamentos torpes”: O confessionário sob vigilância (Minas Gerais, século XVIII)
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. esp. 1, e024006, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24iesp.1.18103 4
O Concílio de Trento (1545-1563) confirmou que a obrigatoriedade anual da confissão
era questão de direito divino, tendo sido instituída por Deus, vinculando a salvação à confissão
dos pecados a um clérigo, que detinha o poder da absolvição. Esse Concílio enfatizou a
importância do Sacramento da Penitência para a salvação e fez dele um dos instrumentos mais
eficazes da Reforma Católica na Época Moderna (Lima, 2004). De acordo com Feitler (2014),
o espírito tridentino rapidamente vingou no Brasil. Todavia, essa implementação, assim como
em Portugal, não foi sempre perfeita, e dependeu não da realidade colonial e missionária,
mas também da vontade e do empenho de prelados locais ou do rei.
Por meio da confissão, a Igreja no período da Contrarreforma almejava impor às pessoas
comportamentos “virtuosos e corretos”. Assim, o Sacramento da Penitência, instrumento hábil
de disseminação de uma regra comportamental e moral, precisou de uma “base” material, o
confessionário, para além dos tratados e manuais sobre a confissão. Essa estrutura serviria como
um suporte vital para proteger o Sacramento contra as “corrupções da carne”. Dessa maneira, é
importante compreender os objetos como ferramentas na construção das religiões. Um conceito
amplamente utilizado na abordagem de Cultura Material é a análise da disposição dos
indivíduos em relação a certas práticas. Essas práticas são aprendidas em grupo, sendo
assimiladas de forma natural e, posteriormente, reproduzidas, de maneira que “raramente o
sujeito se dará conta, do mesmo modo que o grupo também incute no indivíduo tais disposições
sem que, geralmente, tenha intenção”. São comportamentos adquiridos através da convivência
que moldarão um mundo e um modo de ser nele (Souza, 2019, p. 80).
Segundo Souza (2019), as religiões se manifestam em diversos aspectos materiais, não
se limitando apenas às crenças, porém, comumente, a religião é considerada como algo abstrato,
“mais pertencente ao plano das ideias, apenas com reflexos ou representações na matéria, do
que algo vivido através de objetos, do espaço, de sons, aromas ou sabores” (Souza, 2019, p.
56). Todavia, a autora afirma que as religiões não podem ser sempre compreendidas a partir de
seus cânones, mas elas podem sempre ser estudadas em seus aspectos materiais, pois todas as
religiões são materiais de alguma maneira. Assim, o estudo dos elementos materiais revela as
“diferenças na religião vivida bem como variações em relação à ‘doutrina oficial’, processos de
adaptação e outras influências culturais” (Souza, 2019, p. 58).
O confessionário, local onde os pecados seriam “lavados”, segundo a doutrina católica,
tornou-se um lugar vigiado pela Igreja após o Concílio de Trento e pelo temido Tribunal
Inquisitorial. O móvel, que durante todo o período colonial foi encontrado em diversos
formatos, foi alvo de preocupação das autoridades eclesiásticas. Desse modo, as Constituições
Sabrina Alves da SILVA
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. esp. 1, e024006, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24iesp.1.18103 5
Primeiras do Arcebispado da Bahia
4
(Vide, 2007, livro I, título 43, p. 79), legislação canônica
que condensou a adaptação para a realidade colonial das decisões tridentinas, advertiram que o
confessionário deveria estar em local público e que “os confessores não deviam confessar fora
destes lugares”. Era, ainda, prescrito o seguinte:
[...] que todas as Igrejas Paroquiais do Nosso Arcebispado, em que curas
de almas, haja número de confessionários em lugares públicos, e patentes, nos
quais se ouçam confissões de quaisquer penitentes, especialmente de
mulheres, as quais nunca ouvirão de confissão no Coro, Sacristia, Capelas,
Tribunais, ou baptistério, nem outro lugar secreto da Igreja (Vide, 2007, livro
I, título 43, p. 79).
Como a confissão era uma “obstetrícia espiritual”, em que o confessor deveria arguir
para conseguir a inteireza das culpas, as Constituições advertiam aos confessores para que:
“antes de chegar a administrar o Sacramento da Penitência, considerar que naquele ato
representam a pessoa de Cristo”. Além disso, era recomendado que eles fugissem de perguntas
curiosas nas confissões de gente moça”, para que com elas não dessem ocasião a novos
pecados (Vide, 2007, livro I, título 42, p. 77).
É notório que toda essa preocupação não se fazia sem motivos. O confessionário foi
“palco” de um delito inquisitorial tão importante para os inquisidores portugueses que as
denúncias que chegavam ao tribunal lisboeta não eram anexadas aos Cadernos do Promotor,
como era de praxe. As denúncias de solicitação eram arquivadas em cadernos separados,
chamados de cadernos dos solicitantes (ANTT. IL. Código 37). Além disso, também foram
feitos índices (ANTT. IL. Livros 774, 775), nos quais os denunciados eram indexados. Dessa
forma, tornava-se fácil descobrir se determinado padre havia sido denunciado antes, o que
era um agravante.
Especialmente durante a quaresma, os habitantes das capitanias brasileiras se
encaminhavam às igrejas para cumprir o preceito do Sacramento da Confissão. Mas o
confessionário, que deveria ser um local sagrado reservado às confissões de penitentes
arrependidos e “ministros da Divina justiça”, por vezes, transformou-se em um lugar propício
para “atos ilícitos”, onde o confessor se transformava em pecador. O delito inquisitorial
4
As Constituições Primeiras do Arcebispado da Bahia foram inspiradas pelo Concílio de Trento e receberam o
apoio da monarquia portuguesa, que buscava estabelecer de maneira sistemática e clara as relações entre o Estado
e a Igreja na América portuguesa. As Constituições, que refletiram o ideal de funcionamento do aparato religioso
e da sociedade católica desejado pelo seu autor, o Arcebispo D. Sebastião Monteiro da Vide, representaram um
trabalho inédito de adaptação das normas eclesiásticas à realidade local de uma diocese luso-americana e
mantiveram-se em vigor até o declínio do Império, o que comprova sua durabilidade e reforça sua relevância como
uma fonte fundamental para a pesquisa sobre a Igreja e a sociedade brasileira (Feitler; Sales Souza, 2010).
“Atos ilícitos”, “palavras desonestas” e “tocamentos torpes”: O confessionário sob vigilância (Minas Gerais, século XVIII)
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. esp. 1, e024006, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24iesp.1.18103 6
denominado de solicitatio ad turpia, ou simplesmente solicitação, referia-se à tentativa de
sedução erótica por parte de um padre para com homens ou mulheres no ato da confissão. O
termo solicitação é insuficiente para designar as perversões feitas ao Sacramento da Confissão
e designa apenas um pedido, mas engloba os atos cometidos pelos confessores que provocavam,
aliciavam e seduziam, tentavam e até forçavam a vontade dos penitentes na consumação do ato
de natureza sexual (Gouveia, 2010). Visto isso, a solicitação foi perseguida pela Inquisição não
pelo fato de quebrar o voto de castidade, mas pelo motivo de desrespeitar o Sacramento da
Penitência.
Confessionário: local de purificação das almas
As grades do confessionário, apesar de dificultarem os toques e outros “atos
libidinosos
5
entre confessor e penitente, parecem não ter sido de grande impedimento para a
prática da solicitação. Em algumas denúncias, as testemunhas dizem ter sido confessadas em
capelas, nas grades de recolhimento ou até mesmo no quarto do confessor
6
. Como exemplo
disso, o caso do padre Teotônio Gomes de Azevedo (ANTT, livro 771, fls. 255-268),
morador na Vila Nova da Rainha de Caeté, Minas Gerais, que foi denunciado por Maria Gomes
Lira, em 1794. A denunciante relatou ao comissário que o padre estava doente e, por isso, ouvia
confissões deitado em sua cama. Confessando-se com ele, a penitente fora interrompida pelo
padre, que insistiu que ela fizesse em seus órgãos genitais “uma [manitrupaçam] com as mãos”.
Maria disse ter se defendido, mas o padre replicou dizendo que “ela era uma ignorante, e tola,
e que esta ação não fazia mal algum [...] e logo pegando com as suas mãos nas mãos dela
testemunha as conduzira às suas partes venéreas”.
Outro exemplo é o do padre Antônio Álvares Pugas (ANTT, processo 256), que foi
processado em 1742 pelo Tribunal do Santo Ofício por ter solicitado oito recolhidas do
Recolhimento de Nossa Senhora da Conceição de Macaúbas, que se localizava na freguesia de
Santo Antônio da Roça Grande, hoje cidade de Santa Luzia, Minas Gerais. O padre Pugas,
ouvindo confissões nas grades do Recolhimento proferia “palavras desonestas”, cometia “atos
torpes
7
” e trocava com algumas recolhidas “tatos e ósculos
8
desonestos”.
5
Impudico, lascivo, desonesto (Silva, 1789, tomo II, p. 21).
6
Para mais informações sobre as denúncias contra solicitantes, consultar Silva (2016).
7
Desonesto, impudico, indecoroso, infame (Silva, 1789, tomo II, p. 21).
8
Beijos (Silva, 1789, tomo II, p. 140).
Sabrina Alves da SILVA
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. esp. 1, e024006, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24iesp.1.18103 7
Outro padre foi, também, processado em 1742 pelo Tribunal por ter solicitado
recolhidas do Recolhimento de Macaúbas. O padre Manuel Pinheiro de Oliveira (ANTT,
Processo 8123) solicitou seis recolhidas dizendo, durante a confissão, palavras “amatórias e
desonestas”, tendo com as penitentes “tocamentos provocativos, desonestos e torpes”. O padre
Manuel utilizou, ainda, o confessionário para marcar um encontro “à noite, no canto do muro”,
com a recolhida Apolônia da Ressurreição. Esta ficou na parte de dentro do muro e o padre do
lado de fora, mas no muro havia um pequeno buraco por onde ela meteu dois dedos da mão,
que ele segurou.
O padre Bernardo José da Mota (ANTT, livro 773, fl. 74), morador na comarca de Vila
Rica, escreveu, em 1743, uma carta ao Tribunal confessando seus delitos de solicitação. Ele
relatou que, ouvindo confissão de algumas mulheres “em um confessionário com grade
entreposta, mas por baixo desta tinha outra mais larga que cabia a mão”, por várias vezes,
chegou as mãos nos peitos das penitentes “dizendo batesse nos peitos e a Deus pedisse perdão
das suas culpas”, mas confessou que, na verdade, agia com alguma malícia”. As “palavras
amatórias” eram proferidas pelos padres e muitas vezes trocadas entre eles e as penitentes,
promessas eram feitas, encontros eram marcados e mesmo qualquer brecha ou buraco no móvel
eram aproveitados para fins desonestos.
No Concílio de Trento (1545-1563), foi traçado um plano de reforma interna da Igreja
Católica, no qual o clero deveria desempenhar uma ação mais atuante e efetiva no que se refere
ao controle do comportamento dos fiéis. Nesse Concílio, consumou-se a obrigação da confissão
anual, instituída no IV Concílio de Latrão (1215). Segundo Frade (2016), no contexto
histórico conturbado do início da Idade Moderna, as questões religiosas envolvendo a
contestação do protestantismo e a reação da contrarreforma por parte da Igreja Católica
trouxeram influências nas artes figurativas e na arquitetura religiosa daquele período.
Ainda de acordo com Frade (2007), o Sacramento da Penitência tinha uma dimensão
fortemente eclesial e comunitária e estava ligado à dinâmica da celebração pascal. Com o passar
dos anos, chegou-se à forma de confissão individual, que era realizada na igreja perante o altar-
mor, com o penitente ajoelhado diante do padre. Segundo o autor, o “confessionário”, entendido
como o lugar onde se recebe o Sacramento da Reconciliação, tem sua origem nas
Constitutiones, escritas em 1542 pelo bispo de Verona Gian Matteo Gilberti:
Para evitar os escândalos, que às vezes podem ocorrer no ministério das
confissões, estabelecemos que essas, especialmente aquelas das mulheres, de
agora em diante se façam sempre em lugar ‘aberto e evidente’, de modo que
seja possível igualmente ver o confessor e o penitente. Além disso,
“Atos ilícitos”, “palavras desonestas” e “tocamentos torpes”: O confessionário sob vigilância (Minas Gerais, século XVIII)
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. esp. 1, e024006, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24iesp.1.18103 8
estabelecemos e ordenamos que entre o sacerdote e a penitente exista uma
Itabula cum fenestella, supra quam sit uma gradata seu lamina perforata’.
Esta tábua a denominamos de ‘confessionário’, e em todas as igrejas
ordenamos que sejam eretos os chamados confessionários (Grazioli, 1945, p.
108-116 apud Frade, 2007, p. 169).
Nas Instruções Sobre A Fábrica e as Alfaias Eclesiásticas, de São Carlos Borromeu, o
confessionário deveria ser construído com “tábuas cortadas, ou de nogueira, ou de qualquer
outro tipo de madeira; por elas cercado, de ambos os lados e nos fundos, e na parte superior
coberto”, e manda que se faça “uma pequena janela no meio da tábua que é colocada entre o
confessor e o penitente, cuja parte inferior sobressaia por cima do assento do confessor um
côvado e oito onças; ela seja alta dezesseis onças, e larga doze”, e mais, “nessa pequena janela,
no lado do penitente, se fixem lâminas de ferro cheias de buracos, cada um dos quais seja minuto
e pequeno, à semelhança de um grão de bico” (Borromeu, 1977 apud Frade, 2016, p. 212-214).
Ainda segundo Frade (2007, p. 169), Carlos Borromeu, então arcebispo de Milão e
amigo do bispo de Verona, levou adiante a ideia e a partir do uso difundido na diocese de Milão
e da autoridade de Carlos junto à Igreja na Itália, esse tipo de confessionário de madeira foi
disseminado por quase toda Igreja ocidental:
Este [o confessionário] deve ser de madeira; a cadeira tradicional deve estar
circundada nos lados, atrás e em cima por uma parede de madeira na altura de
uma pessoa; a parte anterior deve ser aberta. Será ilícito colocar alguma
decoração, como cornijas lavradas na parte anterior ou qualquer outro tipo de
ornamento decoroso. Na parede lateral na qual se aproxima o penitente deve
ser colocada uma janelinha munida de uma chapa de ferro com numerosos
furos pequenos e revestida, do lado do confessor, por tela fina. Externamente,
nessa parede deve ser colocada uma tábua como genuflexório e uma outra
tábua, para apoiar as mãos juntas. A outra parede do confessionário deve ser
totalmente fechada; um penitente por vez pode se aproximar do
confessionário (Borromeu, 1977 apud Frade, 2007, p. 169).
Depois do I Concílio Provincial (1565), o próprio Borromeu modificou a cadeira
penitencial, descrevendo-a nas suas Instruciones Fabricae et Suppellectilis Ecclesiasticae,
traduzidas para italiano e impressas no ano de 1577. Esse texto dispunha que as confissões
fossem escutadas somente na igreja, de modo público, e que na cadeira fosse colocada uma
tábua, que separava o confessor do penitente (Frade, 2007):
A colocação desses móveis de madeira era ao longo das paredes laterais da
nave da igreja e em número suficiente para atender as necessidades dos fiéis.
Normalmente, ao chegar, o penitente se ajoelhava voltado para o altar, como
ato de voltar-se para Cristo. Com o passar do tempo, esse tipo de
confessionário idealizado por S. Carlos Borromeu sofreu algumas pequenas
alterações, apresentando, em alguns casos lugar para dois penitentes
Sabrina Alves da SILVA
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. esp. 1, e024006, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24iesp.1.18103 9
concomitantemente, ficando o sacerdote no meio e os penitentes nas
extremidades (Frade, 2007, p. 169-170).
A concepção originada no costume estabelecido por S. Carlos Borromeu de se confessar
preferencialmente na igreja e através de confessionários, especialmente as mulheres, foi
mantido no Código de Direito Canônico de 1917, chegando praticamente inalterado até a
reforma do Concílio Vaticano II em 1962 (Frade, 2007).
Confissão: Segunda tábua de salvação depois do naufrágio
Para entender o delito inquisitorial de solicitação é preciso compreender a importância
dada pela Igreja ao Sacramento da Confissão. A confissão, segundo Delumeau (1991), seria
uma coação sob múltiplos aspectos, a princípio pesada até mesmo para os próprios confessores.
O confessor teria que ajudar, sustentar e encorajar o pecador ao longo do difícil “parto da
confissão” e sempre fazê-lo de modo afetuoso.
No ano de 1434, Eugênio IV escreveu aos padres do Concílio de Basileia, dizendo que
das solas dos pés até o cocuruto da cabeça não havia no corpo da Igreja uma única parte
(Delumeau, 1994). Transcorria, portanto, uma crise na Igreja. Mas foi a partir do momento em
que Lutero afixou suas 95 teses, no ano de 1517, que a fratura da cristandade avançou com
rapidez. A Igreja romana afirmou-se, principalmente a partir do papado de Paulo III (1534-
1564). Sendo este o responsável por aprovar a criação da Companhia de Jesus (1540) e convocar
o Concílio de Trento (1545). Esse Concílio estendeu-se por 18 anos e foi dissolvido por duas
vezes, realizando uma obra considerável em defesa do catolicismo ante o avanço protestante.
Segundo Vainfas (2010, p. 34), da Contrarreforma, resultou um vasto e ambicioso programa
de evangelização de massas em todos os domínios da vida social e religiosa”.
Segundo Paiva (2011), consciência e confissão ocuparam um lugar decisivo para
consolar e pacificar o espírito dos católicos, constituindo uma via distinta da luterana, ao mesmo
tempo, em que se instituíram num poderosíssimo instrumento de disciplinamento social. O IV
Concílio de Latrão (1215) determinou que todo cristão com idade legal e discernimento estaria
obrigado a confessar os seus pecados a um sacerdote no mínimo uma vez por ano. Após se
confessar, o cristão deveria cumprir a penitência imposta e receber a Eucaristia pelo menos na
Páscoa. No entanto, foi com o Concílio de Trento (1545-1563) que a obrigação anual da
confissão se consumou. Quanto a isso, os párocos deviam registrar quem se desobrigava desse
preceito, e aqueles que não o fizessem seriam anotados em listas remetidas aos bispos,
incorrendo em excomunhão de que só podiam ser absolvidos por tais autoridades. A confissão
“Atos ilícitos”, “palavras desonestas” e “tocamentos torpes”: O confessionário sob vigilância (Minas Gerais, século XVIII)
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. esp. 1, e024006, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24iesp.1.18103 10
criava um conjunto de informações privilegiadas, que, em sua maior parte, eram desconhecidas
publicamente, porque se passavam na consciência de cada um. Assim, o acesso aos resultados
desse processo de exame minucioso das consciências era essencial para a Inquisição, que queria
vigiar a circulação das heresias.
Dessa maneira, um dos fortes indícios da relevância que a confissão adquiriu a partir de
Trento é a constatação da importância que se dava àqueles que não se confessavam. A abstenção
à confissão, rito social obrigatório nos países católicos, era considerada prova de convicção
herética (Gouveia , 2010).
De acordo com Fernandes (1995), a Igreja se preocupava com a formação moral e cristã,
de forma que a confissão e o casamento foram utilizados como mecanismos de controle. A
partir disso, a Igreja criou modelos de condutas que deveriam ser seguidas, inclusive condutas
sexuais. Na sessão XIV do Concílio de Trento, foram aprovados 13 cânones que diziam respeito
à administração do Sacramento da Penitência. Eles passaram a incentivar a confissão frequente,
mensal ou de dois em dois meses, alegando que seria mais fácil lembrar os pecados. Assim, os
fiéis ganhariam as graças de Deus e uma consciência aliviada. Foram ainda feitos diversos
manuais para confessores e penitentes, porque, apesar do grande esforço da Igreja, em muitos
casos não ocorria o efeito desejado. Isso era justificado pela ignorância o dos penitentes,
mas também dos confessores, o que seria ainda mais grave.
Depois do Concílio de Trento, a confissão converteu-se num sacramento do quotidiano,
e várias vozes se levantaram em prol da confissão frequente, valorizando os pecados veniais,
que aconteciam no dia a dia, e focando-se, também, na detenção de pecados maiores, inclusive
das heresias (Gouveia, 2015).
Declarou o Concílio de Trento sobre o Sacramento da Penitência:
Se em todos os regenerados houvesse tal gratidão para com Deus, que
conservassem constantemente a justiça recebida no Batismo por benefício e
graça sua, não seria necessário outro Sacramento diverso deste, instituído para
remissão dos pecados. Mas, como Deus, rico em misericórdia, conheceu
a fragilidade de nossa ficção, quis também conceder um remédio vivificante
aos que se entregassem de novo à escravidão do pecado e ao poder do
demônio, a saber: o Sacramento da Penitência, pelo qual se aplica o benefício
da morte de Cristo aos que caem depois do Batismo. [...] O Senhor, porém,
instituiu o Sacramento da Penitência, antes de tudo naquela ocasião em que,
ressuscitado dos mortos, soprou sobre os Apóstolos dizendo: Recebei o
Espírito Santo; àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão
perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos (Jo 20, 22 s)
(Igreja Católica, 1781, tomo I, p. 299).
Sabrina Alves da SILVA
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. esp. 1, e024006, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24iesp.1.18103 11
Segundo o Concílio de Trento, o Sacramento da Penitência deveria ser dividido em
partes, as quais resultariam na eficácia da confissão. Eram elas: contrição, confissão e
satisfação, indispensáveis para a “inteireza do Sacramento” e a remissão dos pecados (Igreja
Católica, 1781, tomo I, p. 307). Acerca da contrição, o Concílio de Trento determinava que esta
fosse expressada pela “dor da alma” e a detestação do pecado cometido, com propósito de não
tornar a pecar:
No homem que cai depois do Batismo, ela é como que uma preparação para a
remissão dos pecados, se estiver unida à confiança na divina misericórdia e ao
propósito de executar tudo o mais que se requer para receber devidamente este
Sacramento (Igreja Católica, 1781, tomo I, p. 309).
Quanto aos ministros do Sacramento da Penitência, ficava manifesto que eram falsas e
alheias ao Evangelho todas as doutrinas que estendiam o “ministério das chaves” a qualquer
homem que não fosse sacerdote. Não era um mero ministério de anunciar o Evangelho, ou
declarar que estariam remitidos os pecados, mas mantinha “uma semelhança de um ato judicial,
no qual ele, à maneira de um juiz, pronuncia a sentença [...], pois nem a sem a penitência
causaria remissão alguma dos pecados” (Igreja Católica, 1781, tomo I, p. 323).
A confissão é o discurso da culpa, sem a qual não pode haver perdão. O que se procura
é a introjeção do código, evidenciado no verdadeiro arrependimento. Além disso, mais do que
ter medo das penas, a sujeição deve ser fruto do amor à instituição: “A introjeção da Regra
tornava cada um censor de si mesmo e cúmplice da instituição. Ao confessar, o sujeito era
levado a proferir um discurso elaborado, enunciando a sua verdade” (Lima, 1986, p. 69-
70). Contrito e arrependido de joelhos aos pés do confessor, o confidente lamenta sua fraqueza,
e, instaurada a culpa, a instituição indica a penitência como caminho do perdão.
Segundo Foucault (1988), a pastoral cristã colocava o sexo em discurso e buscava seu
domínio e a reconversão espiritual. Dessa forma, fez do sexo aquilo que devia ser confessado:
“o que é próprio das sociedades modernas não é ter condenado o sexo a permanecer na
obscuridade, mas sim o terem-se devotado a falar dele sempre, valorizando-o como segredo”
(Foucault, 1988, p. 36). Em detrimento de outros pecados, os pecados da carne deveriam entrar
em detalhes no jogo da confissão. O sexo não deveria ser dito sem prudência, porém seus
aspectos, suas correlações e seus efeitos deveriam ser indicados. Assim, a carne foi colocada
como a origem de todos os pecados: “A interdição de certas palavras, a decência das expressões,
todas as censuras do vocabulário” poderiam ser dispositivos secundários em relação a essa
“Atos ilícitos”, “palavras desonestas” e “tocamentos torpes”: O confessionário sob vigilância (Minas Gerais, século XVIII)
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. esp. 1, e024006, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24iesp.1.18103 12
grande sujeição, buscando torná-la moralmente aceitável e tecnicamente útil (Foucault, 1988,
p. 24).
A sociedade eclesiástica cerrada em si mesma e determinada a proporcionar uma
imagem de si como um corpo perfeito, inventou um sistema policial
9
para que o Sacramento da
Confissão não desmoronasse. Esse Sacramento havia se transformado em obrigatório e
controlado por todo um sistema burocrático (Prosperi, 2008).
Nas Constituições Primeiras do Arcebispado da Bahia (Vide, 2007), o Sacramento da
Penitência foi definido como uma:
Segunda tábua depois do naufrágio: porque tanto que um homem batizado
naufragou pela culpa mortal, perdendo a graça de Deus, que no Batismo tinha
recebido, não lhe resta outro remédio para se salvar neste naufrágio, mais do
que a tábua do Sacramento da Penitência, confessando inteiramente, e com
dor os seus pecados ao legítimo Ministro, e alcançando por este meio a
absolvição deles (Vide, 2007, livro I, título 33, p. 59).
Também, a confirmação do poder dado ao ministro do Sacramento pelo próprio
Cristo quando, depois de sua ressurreição, “comunicou aos Discípulos o Espírito Santo dando-
lhes poder (e neles a todos os sacerdotes futuros) para absolverem de todos os pecados” (Vide,
2007, livro I, título 33, p. 59). Para exercer tal ministério, o sacerdote deveria ter uma licença
e, para confessar mulheres, deveria ter mais de 40 anos de idade, possuir licença de serem
examinados por letrados e seria aprovado se tivesse estudado Teologia ou Cânones. Para
tanto, os sacerdotes eram inquiridos em d’genere, vida e costumes. Nesse sentido, procedendo
às informações desses requisitos, ou seja, constando serem idôneos, a licença era concedida por
um ano (Vide, 2007). As Constituições faziam ainda a seguinte advertência: deviam os
confessores considerar que, naquele ato, representam a “pessoa de Cristo Nosso Senhor: e que
estão constituídos por ele Ministros da Divina Justiça e Misericórdia, para que como árbitros
entre Deus e os homens, atendam assim à honra de Deus, como à salvação das almas” (Vide,
2007, livro I, título 42, p. 77).
Estipulava as Constituições (Vide, 2007), em seguida, que evitassem, no confessionário,
“ocasiões a novos pecados”. Quando, por exemplo, os penitentes não dissessem o número,
espécie e circunstâncias dos pecados, coisas necessárias para uma boa confissão; o confessor
deveria perguntar e examinar com prudência, fugindo de perguntas curiosas e indiscretas,
principalmente nas confissões de pessoas jovens, fossem homens ou mulheres.
9
Prosperi (2008) destaca que Trento enfatizou o caráter do Sacramento da Confissão como um ato judicial de
direito divino e reforçou o uso da confissão como um instrumento de governo dos comportamentos e das
consciências, de “polícia externa” da “disciplina do povo cristão”.
Sabrina Alves da SILVA
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. esp. 1, e024006, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24iesp.1.18103 13
Nas Constituições havia, também, a preocupação com os confessionários, que deveriam
estar em lugares públicos dentro das igrejas. Quando as penitentes fossem do sexo feminino,
ficaria expresso que as confissões nunca deveriam ser ouvidas no “coro, sacristia, capelas,
tribunas, ou batistério, nem outro lugar secreto”. Ademais, caso houvesse muita gente para se
confessar, que os homens se confessassem onde pudessem, reservando os confessionários para
a confissão de mulheres (Vide, 2007, livro I, título 43, p. 79).
Para Lima (2004), a administração da Eucaristia tornou-se um instrumento de poder nas
mãos do clero que se formava. Afinal, a suspensão do acesso à comunhão poderia significar,
para o cristão, a exclusão da comunidade. Dessa forma, a confissão obrigatória na quaresma foi
acompanhada por uma progressiva subjetivação por meio do exame de consciência e do
arrependimento. Os clérigos, então, eram intermediários necessários entre o penitente e a graça
divina, mas, por vezes, subvertiam os fins para os quais o Sacramento havia sido criado, como
ressalta Lima (2004, p. 17): “Conscientes do poder imenso que o controle da absolvição e,
consequentemente, do acesso à eucaristia, lhes conferia, os guardiães das chaves da salvação
por vezes o utilizavam para fins inconfessáveis”.
Na perspectiva de Delumeau (1991), a compreensão da modernidade ocidental passa
por uma história da confissão. Ela refinou a consciência e fez progredir a interiorização, mas
impôs um jugo muito pesado sobre milhões de fiéis. Paralelamente à difusão da confissão,
cresceu o poder de seus ministros, visto que, nas mãos deles, estava o controle de um bem
simbólico fundamental: a salvação. A obrigatoriedade da confissão anual permitia a intromissão
dos clérigos na vida de seus fiéis, configurando um método eficaz de aculturação
10
religiosa
(Lima, 2011).
Nos manuais dos confessores, o discurso sobre o sexo se insere no pecado da luxúria,
no sexto e nono mandamentos, mais especificamente. Mais do que textos teóricos, os manuais
eram guias práticos que deviam dar conta de uma trama social complexa. As circunstâncias do
pecado passavam a ser uma variável na classificação da falha além de atos e intenções. Desses
cruzamentos, nasceu um verdadeiro discurso obsessivo, que tinha a pretensão de abranger tudo
e todos. Alguns manuais traziam perguntas a serem feitas aos confidentes sobre o pecado
confessado, como em que lugar, quantas vezes, como pecou, quando pecou, com quem pecou,
etc. A utilização dessa casuística minuciosa sobre a luxúria criava situações delicadas. Desse
modo, Lima (1986, p. 87-88) destaca: “A confissão, instrumento da sujeição à Regra, torna-se
10
Aculturação entendida como uma imposição de valores socioculturais.
“Atos ilícitos”, “palavras desonestas” e “tocamentos torpes”: O confessionário sob vigilância (Minas Gerais, século XVIII)
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. esp. 1, e024006, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24iesp.1.18103 14
instrumento do próprio desejo. Caindo em sua própria armadilha, o confessor acaba seduzido
pelo discurso que ele mesmo incita e, de censor, transforma-se em agente do pecado”.
Considerando que o cristianismo é uma centrada na salvação, os Sacramentos da
Igreja Católica assumiram um papel fundamental como meios de alcançar a redenção. Deus
oferecia a salvação aos seres humanos, e o clero assumiu o papel de mediador nesse processo:
Todavia, em muitos casos, os ‘médicos das almas’ derramavam sobre as
feridas dos penitentes um veneno corruptor e diabólico induzindo-os ao
pecado. Por este motivo o Concílio aconselhava que o confessor evitasse
qualquer tipo de traição, fosse com palavras, sinais ou gestos; e exigiu do clero
a obrigatoriedade moral de agir com prudência de um verdadeiro ‘médico
experiente’ para ser ele um legítimo distribuidor da misericórdia de Deus para
os contritos (Pieroni, 2012, p.83).
Assim, é muito importante analisar o papel que desempenhou a Inquisição dentro da
ampla estratégia da Contrarreforma e, a partir daí, compreender as resistências e
permeabilidades da sociedade ao novo modelo de disciplina moral. Importa, também, perceber
que a doutrinação dos fiéis foi uma das estratégias implementadas. Nesse contexto, o
confessionário se convertia em algo mais do que o Sacramento da Penitência. Aliado à
Inquisição, facilmente se converteria num formidável instrumento de controle social.
“Varões espirituais”: o sacerdote como protagonista do Sacramento da Confissão
Segundo Paiva (2012), no âmbito da concepção corporativa da sociedade em vigor no
Portugal do Antigo Regime, o clero era a ordem mais prestigiada. Isso decorria de uma
multiplicidade de fatores: da sua vinculação ao saber e às instituições nas quais era transmitido,
dos bens e rendimentos de que desfrutava, do prestígio dos seus membros mais destacados, e,
fundamentalmente, dos laços com uma população católica que lhe estava confiada. Em outras
palavras, o fato de serem mediadores essenciais da relação dos indivíduos e das coletividades
com o sagrado. O ingresso no sacerdócio fazia-se pela recepção de ordens maiores e menores,
as quais exigiam do candidato continência em matéria de luxúria. A obtenção das ordens
implicava uma série de limitações que, após o Concílio de Trento (1545-1563), tenderam a ser
cada vez mais rigorosas.
De acordo com Paiva (2012), o estado clerical funcionava como um mecanismo de
privilégio e promoção social, obtido tanto por rito pessoal quanto por meio de influências
familiares e clientelares. Por fim, o autor ressalta que o clero era uma ordem profundamente
heterogênea: por efeito de observância religiosa, ou seja, distinção entre regulares e seculares;
Sabrina Alves da SILVA
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. esp. 1, e024006, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24iesp.1.18103 15
por efeito da sagração, isto é, do grau do Sacramento da ordem; por efeito da ocupação e
rendimentos que gerava, desse modo levando à distinção entre clérigo beneficiado e não
beneficiado; e obviamente sua origem social.
A educação e catequização das massas foi um aspecto de profunda cisão com o
pensamento e atitudes religiosas que perduraram durante o período medieval. A partir da
concepção de que a ignorância religiosa e o arrendamento das práticas espirituais conduziam
ao abismo, “a doutrina cristã passou a exigir da cristandade novas formas de conduta e orientou
para ela uma pedagogia sem precedentes” (Gouveia, 2015, p. 190). Nesse contexto, a partir dos
dois primeiros terços do século XVI, intensificou-se essa preocupação pela generalização da
instrução doutrinal dos clérigos e leigos nos planos teórico, metodológico e institucional:
Todo este fulgor centrado na instrução dos leigos e dos clérigos rumo à
ortodoxia era imposto de forma vertical desde a cúspide da hierarquia da Igreja
até à base da sociedade e pretendia fazer germinar em ambas formas
impensadas de obediência suscitadoras de uma ação de vigilância e
disciplinamento sobre todos e sobre cada um. Sem a reforma moral do clero
não era possível atingir a reforma moral dos fiéis, nem era possível aos
mecanismos judiciais um cabal exercício de disciplinamento (Gouveia, 2015,
p. 191).
As ordens religiosas, cujos membros eram europeus, ou pelo menos com uma orientação
cultural europeia, foram as responsáveis pela abertura sucessiva de áreas de evangelização na
colônia brasileira. Contudo, a organização das dioceses e paróquias foi muito lenta. Entre 1551
e 1676, o Brasil só tinha uma diocese, a de Salvador, na Bahia. Nos anos de 1676 e 1677, foram
criadas mais três: a de Pernambuco, a do Rio de Janeiro e a de São Luís do Maranhão. Na
primeira parte do século XVIII, foram criadas outras três dioceses: no Pará (1719), em Mariana
(1745) e em São Paulo (1745); além de duas prelazias: em Goiás e em Cuiabá, criadas em 1745.
Esse número de sete dioceses manteve-se até a Independência (1822) (Boschi, 1998).
O Brasil conseguiu uma constituição eclesiástica em 1707, as Constituições
Primeiras do Arcebispado da Bahia, a partir dos esforços do D. Sebastião Monteiro da Vide.
Nos seus 279 títulos e 1.318 artigos, as Constituições eram compostas por cinco livros, que
continham desde a questão da fé, dos dogmas, dos Sacramentos e do culto, do ensino da
doutrina cristã, do perfil moral e religioso e dos deveres dos clérigos até os vários desvios e
penalidades. As Constituições foram inspiradas no Concílio de Trento e respaldadas pela
monarquia portuguesa ao procurar sistematizar e clarificar as formas de relação entre o Estado
e a Igreja na América portuguesa. Nessas Constituições, encontram-se diversos títulos, nos
quais a conduta do sacerdote é central, como mostrado no seguinte trecho:
“Atos ilícitos”, “palavras desonestas” e “tocamentos torpes”: O confessionário sob vigilância (Minas Gerais, século XVIII)
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. esp. 1, e024006, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24iesp.1.18103 16
Quanto é mais levantado, e superior o estado dos clérigos, que são escolhidos
para o Divino ministério, e celestial milícia, tanto é maior a obrigação que tem
de serem Varões espirituais e perfeitos, sendo cada clérigo que se ordena tão
modesto, e compondo de tal sorte suas ações, que não só na vida, e costumes,
mas também no vestido, gestos, passos, e práticas tudo neles seja grave, e
religioso, para que suas ações correspondam ao seu nome, e não tenham
dignidade sublime, e vida disforme; procedimento ilícito, e estado santo;
ministério de Anjos, e obras de demônio (Vide, 2007, livro III, tulo 1, p.
183).
As Constituições, assim como várias determinações anteriores, estipularam as
vestimentas corretas dos clérigos, que seriam vestidos exteriores compridos de cor negra, assim
como estipularam como deveriam ser o cabelo e a barba dos membros em questão (Vide, 2007).
Os clérigos estavam proibidos de portarem armas, andarem à noite, frequentarem tavernas,
participarem de comédias, danças, festas a cavalo, disfarçarem-se com máscaras ou jogarem
jogos proibidos. Também, não poderiam usar “de trato e mercancia”, não podiam ter mulheres
“porta a dentro” e não podiam frequentar mosteiro de freiras (Vide, 2007). Para Gouveia:
Sebastião Monteiro da Vide chegou a notar que os párocos faziam somente o
mínimo necessário, não apenas pela dimensão das paróquias e falta de
coadjutores, mas também pela fraca motivação. O clero era muito
heterogêneo. Para além dos sacerdotes colados geralmente curas, existiam os
diáconos, subdiáconos, minoristas e capelães das misericórdias, dos engenhos,
das fazendas, dos navios, das bandeiras e monções, da guerra, etc., ofícios que
na maior parte dos casos não significavam a obtenção de grandes rendimentos
(Gouveia, 2015, p. 101).
As determinações das Constituições Primeiras do Arcebispado da Bahia seriam
difundidas pelas paróquias por meio de cartas pastorais. Muitas medidas foram tomadas pelo
episcopado para implantar na colônia as determinações tridentinas, entre elas: criação de novas
prelazias, bispados e paróquias; reforço da hierarquia eclesiástica; realização frequente de
visitas episcopais; fundação de seminários diocesanos; instituição de Conferência de Moral,
combate à simonia
11
, ao nicolaísmo
12
e ao absenteísmo
13
; controle das ordenações, da pregação
e da confissão; vigilância sobre a desobriga da quaresma; punição dos comportamentos
luxuriosos não heresiarcas do clero e colaboração com a Inquisição na vigilância sobre a
solicitação e sodomia (Lima, 2011).
11
Comércio de sacramentos e benefícios eclesiásticos (Leão Filho, 2020, p. 95).
12
Movimento de padres que reivindicavam a prática do matrimônio como alternativa contra a fornicação (Silva,
2008, p. 18).
13
Ausência ou negligência no cumprimento dos deveres eclesiásticos (Leão Filho, 2020, p. 95).
Sabrina Alves da SILVA
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. esp. 1, e024006, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24iesp.1.18103 17
Ao longo de todo o período pós-tridentino, houve, efetivamente, uma tentativa de vigiar
e disciplinar os comportamentos imorais do clero, que haviam motivado tantas críticas por parte
dos reformadores protestantes e até mesmo dentro da própria Igreja Católica. No entanto, tanto
a disciplina como a ordem não eram recebidas por todos, mesmo pelo clero, de forma passiva.
Em consequência disso, foi indispensável a ativação de uma série de meios, como a
implementação de diversas políticas de vigilância e disciplinamento para impedir os desvios.
Havia um esforço da Igreja em tornar o celibato clerical um elemento diferenciador dos demais
cristãos.
O celibato como regra obrigatória, conforme Silva (2008), caracterizou-se como uma
prática cultural construída gradualmente, ocorrendo em um processo lento e marcado por
resistências. O ideal celibatário não ecoou num vazio referencial ou simbólico, mas se assentava
na regra consagrada pela Igreja: a superioridade da continência sobre o casamento, este visto
como uma forma de domesticar a libido. Nesse sentido, os padres que viviam com concubinas
foram considerados devassos, e suas mulheres vistas como adúlteras, além das representações
pejorativas que ultrapassaram o período medieval e permaneceram na Idade Moderna. No
Brasil, essas representações surgiram, por exemplo, em brincadeiras infantis, como em: “quem
chegar por último é mulher do padre”. Em algumas regiões, segundo a cultura folclórica, as
mulheres de padres circulam pela noite como criaturas amaldiçoadas, as mulas-sem-cabeça que
vagueiam arrastando correntes. Após a Reforma Protestante, a construção e perpetuação do
modelo casto do sacerdote tridentino passou a ser um símbolo de poder.
De acordo com Lima (2002), embora o sacerdócio fosse exercido na terra, entre os
pecadores, este guardava um caráter sagrado, e quem o exercia deveria ser puro. O
protestantismo não poderia ter sido mais radical na sua crítica ao corpo eclesiástico católico,
pois, na verdade, contestou a própria ideia de sacerdócio.
Na prática, a extirpação do sexo da vida clerical implicou um esforço constante de
controle e vigilância por parte dos reformadores de todas as épocas. Para a moralização
tridentina dos clérigos na colônia, era necessário, em primeiro lugar, afastá-los dos padrões
culturais da sociedade leiga e fazer dos sacerdotes um corpo social coeso, submetido a uma
rígida hierarquia e, sobretudo, destacado do restante da comunidade.
“Atos ilícitos”, “palavras desonestas” e “tocamentos torpes”: O confessionário sob vigilância (Minas Gerais, século XVIII)
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. esp. 1, e024006, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24iesp.1.18103 18
“Atos ilícitos”, “palavras desonestas” e “tocamentos torpes” no confessionário: o delito de
solicitação
Em 1599, o breve Muneris Nostri, emitido pelo papa Clemente VIII, estabeleceu o poder
de a Inquisição portuguesa julgar o delito de solicitação. No entanto, o delito aparece ainda
definido de forma pouco precisa, não especificando concretamente as circunstâncias de tempo
e lugar, assim como as situações específicas que compreendia. As determinações apostólicas
foram evoluindo paulatinamente e tornando mais concretas as configurações do delito, além de
se fazerem mais abrangentes em relação à área de atuação do Tribunal. Para Gouveia:
Sendo a heresia uma escolha consciente de um caminho errado, a profanação
do Sacramento da Confissão, um dos pilares da Igreja pós-tridentina, era
considerada um desses desvios na fé. É nesse contexto mais vasto da reforma
e contrarreforma católica que a definição da solicitação como heresia deve ser
inserida (Gouveia, 2014, p. 616).
O motivo que justificava a entrega da jurisdição de um delito desde sempre julgado pela
justiça eclesiástica à Inquisição, que julgava delitos conotados com a heresia, centrava-se na
presunção de má doutrina dos que eram acusados de macular um dos Sacramentos que a Igreja
reivindicava como instituído por Cristo.
Punindo a solicitação, a Inquisição participava do esforço da Igreja em moralizar o clero,
que era uma condição indispensável para a moralização dos leigos. A Igreja elegeu o pároco
como agente último de um vasto programa de aculturação, que tinha por finalidade erradicar,
da cultura popular, elementos que comprometessem o que ela mesma havia definido como uma
vida plenamente cristã. Foram 1.700 sacerdotes denunciados pelo delito de solicitação ao
Tribunal lisboeta entre 1700 e 1821. Dessas denúncias, 432 correspondem ao Brasil; dentre
elas, 108 correspondem a Minas Gerais (Silva, 2016).
A confissão tornava-se, muitas vezes, um momento único de intimidade, que não seria
normal em outras circunstâncias. Com isso, confessores deparavam-se, constantemente, com
descrições pormenorizadas do cometimento de alguns pecados de natureza sexual. O sacerdote,
no antigo regime, sempre foi considerado uma autoridade. Em um mundo onde a religião era o
principal elemento de integração social e onde as manifestações religiosas sempre tinham um
alcance social, o poder da Igreja era indiscutível. Além disso, o sacerdote era o administrador
do sagrado.
A doutrinação destinada aos padres confessores pelos manuais, a preocupação com a
castidade e com a confissão de Latrão e de Trento e a ameaça pelo temido Tribunal Inquisitorial
não surtiram efeito esperado. Na colônia ultramar, assim como na metrópole, o crime de
Sabrina Alves da SILVA
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. esp. 1, e024006, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24iesp.1.18103 19
solicitação acontecia com certa frequência, e os documentos inquisitoriais permitem que
desvendemos esse universo, no qual regras rígidas, religiosidade e sexualidade controlada se
colidiam com os corpos, desejos e paixões.
No que tange a essa temática, um exemplo relevante é o do frei Domingos do Rosário
(ANTT, caixa 1600). Franciscano e missionário na comarca de Vila Rica, no ano de 1726, ele
foi denunciado por ter solicitado seis mulheres. Foi aberto, então, um sumário de culpas.
Segundo as denúncias, o frei, no momento da confissão, proferia “palavras torpes e desonestas”,
perguntava às penitentes se elas “faziam ou não bem atos torpes” e se seus peitos eram duros
ou moles, colocava a mão nos seios das penitentes e metia suas pernas nas penitentes,
“chegando a sua cara à dele”.
Outro caso, que ilustra com clareza o comportamento de muitos solicitantes, é o do
padre Felipe Correa Pinto (ANTT, livro 764, fl. 48), que foi denunciado, em 1738, na comarca
do Rio das Mortes, Minas Gerais, por ter solicitado Antônia de Souza. A denunciante relatou
que, durante a confissão, o padre perguntou se ela era solteira ou casada. Após ela responder
que era solteira, o padre lhe disse para retornar à sua casa em sete dias, prometendo que até
teria um marido para ela. Passados os sete dias, a denunciante foi à casa do padre, onde ele
afirmou que, antes de cumprir a promessa, queria pecar carnalmente com ela e, em seguida,
confessá-la. Diante da recusa dela, no dia seguinte, ao procurar o padre para se confessar na
igreja, ele não permitiu que ela se ajoelhasse no confessionário, afirmando que, por não ter “lhe
agradado”, ele não queria nem iria ouvir sua confissão.
Além dos casos citados, o caso do padre João Soares de Albergaria é, sem dúvida,
muito significativo. Morador de Vila Rica, Minas Gerais, ele solicitou pelos menos 25
mulheres. Algumas o denunciaram ao Tribunal em 1748 e em 1751 (ANTT, livro 769, fls. 15,
420; livro 770, fls. 333, 343, 347; livro 773, fls. 353-356; livro 767, fl. 134), mas a maioria dos
casos foram confessados pelo próprio padre, que escreveu uma longa confissão ao Tribunal em
1753 (ANTT, livro 307, m. 283). Desse modo, uma diligência foi aberta para apuração de
testemunhas (ANTT, Processo 8640), mas o caso acabou sendo arquivado. O padre, no
momento da confissão, prometia alforria, seduzia para “torpezas”, fazia gestos do
confessionário para mulheres que ouviam missa, induzia “atos venéreos
14
” no ato da confissão
e, principalmente, utilizava-se do confessionário para marcar encontros.
Em suma, os confessores aproveitavam desse momento singular, que era a confissão, e
da sua posição de poder para solicitar, molestar, constranger, galantear e assediar sexualmente
14
Concernente à cópula carnal, à fornicação (Silva, 1789, tomo II, p. 516).
“Atos ilícitos”, “palavras desonestas” e “tocamentos torpes”: O confessionário sob vigilância (Minas Gerais, século XVIII)
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. esp. 1, e024006, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24iesp.1.18103 20
as penitentes. O delito de solicitação se constituía em uma grande ameaça ao Sacramento da
Penitência. Devido a isso, a punição era necessária e precisava ser feita com rigor, para que a
Igreja e seus Sacramentos não fossem manchados pelo pecado.
Considerações finais
Com base no que foi aqui discutido, é fundamental a realização de um estudo mais
detido sobre o confessionário, suas formas, seus usos e suas representações. Este artigo buscou
compreender a importância desse móvel para a normatização dos comportamentos e das
moralidades não dos penitentes, mas também dos confessores. Ainda é imprescindível
capturar a percepção dos penitentes e dos padres quanto à utilização de uma barreira,
meticulosamente pensada, para separar os corpos que compunham e eram primordiais para a
consumação do Sacramento da Penitência.
Até os dias atuais, a Igreja mantém uma grande preocupação com o Sacramento da
Penitência e com a presença dos confessionários, embora, apesar das legislações canônicas,
poucas igrejas possuam esse móvel. Conforme demonstrado, durante a Igreja da
Contrarreforma, a confissão tornou-se um poderoso instrumento de disciplinamento e
vigilância, que, em conjunto com a Inquisição, se converteu em um formidável mecanismo de
controle social.
A prática da solicitação colocava em risco a tentativa tridentina de moralizar os clérigos
e, consequentemente, os fiéis. A profanação do Sacramento da Penitência passou, então, a ser
considerada uma heresia, passível de punição pelo Tribunal do Santo Ofício da Inquisição.
A religiosidade, também, se expressava por meio de objetos e espaços, como o
confessionário, que tinha como objetivo proteger e inibir comportamentos inadequados. No
entanto, parece que não obteve os resultados esperados. Posto isso, o móvel confessionário foi
um dos tantos instrumentos utilizados pela religião para propagar modelos virtuosos de
condutas. Desde sua elaboração, no século XVI, esse objeto representa uma obrigação para os
fiéis, uma parte significativa da cristandade, utilizado desde sempre para diminuir os “efeitos
colaterais” do Sacramento da Penitência, que seriam a intimidade e a conversa ao “pé do
ouvido” entre corpos vigiados, convertendo-se em um momento ímpar de privacidade.
Sabrina Alves da SILVA
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. esp. 1, e024006, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24iesp.1.18103 21
REFERÊNCIAS
BOSCHI, Caio César. Episcopado e Inquisição. In: BETHENCOURT, Francisco;
CHAUDHURI, Kirti (org.). História da expansão Portuguesa: O Brasil na Balança do
Império (1697-1808). Lisboa: Círculo de leitores, 1998. v. 3, p. 372-395.
CÓDIGO DE DIREITO CANÔNICO. Promulgado por João Paulo II, Papa. Conferência
Episcopal Portuguesa. Versão portuguesa. 4. ed. rev. Lisboa, 1983. Disponível em:
https://www.vatican.va/archive/cod-iuris-canonici/portuguese/codex-iuris-canonici_po.pdf.
Acesso em: 20 abr. 2023.
CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL. Legislação Complementar ao
Código de Direito Canônico para o Brasil sobre a Absolvição Geral (aplicação do Cân.
961). Brasília: Edições CNBB, 2009.
DELUMEAU, Jean. A Confissão e o Perdão: as dificuldades da confissão nos séculos XIII a
XVIII. São Paulo: Companhia das Letras, 1991.
DELUMEAU, Jean. O Renascimento como Reforma da Igreja. In: DELUMEAU, Jean. A
Civilização do Renascimento. Lisboa: Estampa, 1994, p. 121-143.
FERNANDES, Maria de Lurdes C. Do Manual de confessores ao guia de penitentes:
orientações e caminhos da confissão no Portugal pós-Trento. Revista Via Spiritus,
Universidade do Porto, nº 2, p. 47-65, 1995.
FEITLER, Bruno; SALES SOUZA, Evergton (ed.). Constituições Primeiras do
Arcebispado da Bahia. São Paulo: Edusp, 2010.
FEITLER, Bruno. Quando Chegou Trento ao Brasil? In: GOUVEIA, António Camões;
BARBOSA, David Sampaio; PAIVA, José Pedro (org.). O Concílio de Trento em Portugal
e nas suas conquistas: olhares novos. Lisboa: Universidade Católica Portuguesa, 2014. p.
157-173.
FOUCAULT, Michel. Nós, vitorianos. In: FOUCAULT, Michel. História da sexualidade I:
A vontade de saber. Rio de Janeiro: Graal, 1998. p. 9-18.
FRADE, Gabriel Santos. Arquitetura Sagrada no Brasil. Sua evolução até vésperas do
Concílio Vaticano II. São Paulo: Loyola, 2007.
FRADE, Gabriel Santos. Entre Renascimento e Barroco: Os fundamentos da Arquitetura e
a Contrarreforma_ o De Fabrica Ecclesiae de Carlos Borromeu. 2016. Tese (Doutorado)
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2016.
GINZBURG, Carlo. O fio e os rastros: verdadeiro, falso, fictício. Trad. Rosa Freire d’Aguiar
e Eduardo Brandão. São Paulo: Cia. das Letras, 2007.
GOUVEIA, Jaime Ricardo Teixeira. O Sagrado e o Profano em Choque no Confessionário.
O delito de solicitação no Tribunal da Inquisição, Portugal, 1551-1700. Coimbra: Palimage,
2010.
“Atos ilícitos”, “palavras desonestas” e “tocamentos torpes”: O confessionário sob vigilância (Minas Gerais, século XVIII)
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. esp. 1, e024006, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24iesp.1.18103 22
GOUVEIA, Jaime Ricardo Teixeira. Palavras amatórias e poesias luxuriosas: confissão e
imoralidade no mundo luso-americano (1640-1750). In: ENCONTRO INTERNACIONAL
DE HISTÓRIA COLONIAL: CULTURA, ESCRAVIDÃO E PODER NA EXPANSÃO
ULTRAMARINA (SÉCULOS XVI AO XIX), 5., 2014. Anais [...]. Maceió: Edufal, 2014.
GOUVEIA, Jaime Ricardo Teixeira. A Quarta Porta do Inferno. A vigilância e
disciplinamento da luxúria clerical no espaço luso-americano (1640-1750). Lisboa: Chiado,
2015.
IGREJA Católica. Concílio de Trento, 1545-1563. O sacrossanto, e ecumênico Concilio de
Trento em latim e português dedica e consagra, aos Arcebispos e Bispos da Igreja Lusitana,
João Baptista Reycend. Lisboa: na Oficina Patriarca. De Francisco Luiz Ameno: vende-se na
logea dos mesmos Reycend, e Companhia, Mercadores de livros no largo da Calhariz, 1781.
LEÃO FILHO, Eraldo de Souza. O Padroado Régio no Brasil e as circunscrições
eclesiásticas. 2020. Dissertação (Mestrado) Pontifícia Universidade Católica do Rio de
Janeiro, Rio de Janeiro, 2020.
LEVI, Geovanni. Sobre a Micro-história. In: BURKE, Peter (org.). A Escrita da História:
Novas Perspectivas. Tradução: Magda Lopes. São Paulo: Ed. da UNESP, 1992. p. 134-161.
LIMA, Lana Lage da Gama. Aprisionando o Desejo. In: VAINFAS, Ronaldo (org.). História
e Sexualidade no Brasil. Rio de Janeiro: Graal, 1986. p. 67-88.
LIMA, Lana Lage da Gama. Sexo e Sacerdócio na Igreja Católica. In: LIMA, Lana Lage da
Gama; HONORATO, Cezar Teixeira ; CIRIBELLI, Marilda Corrêa; SILVA, Francisco
Carlos Teixeira da. (org.). História e Religião. Rio de Janeiro: FAPERJ: Mauad, 2002. p.
275-279.
LIMA, Lana Lage da Gama. Confissão e Controle Social na Idade Média e nos Tempos
Modernos: uma visão comparativa. In: ENCONTRO REGIONAL DE HISTÓRIA DA
ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE HISTÓRIA ANPUH, 11., 2004, Rio de Janeiro. Caderno
de Resumos... Rio de Janeiro: ANPUH, 2004.
LIMA, Lana Lage da Gama. As Constituições da Bahia e a Reforma Tridentina do Clero do
Brasil. In: FEITLER, Bruno; SALES SOUZA, E. (org.). A Igreja no Brasil: Normas e
práticas durante a vigência das Constituições Primeiras do Arcebispado da Bahia. São Paulo:
UNIFESP, 2011. p. 147-177.
PAIVA, José Pedro. O Estabelecimento da Inquisição e o Reajustamento do Campo
Religioso. In: PAIVA, José Pedro. Baluartes da Fé e da Disciplina: o enlace entre a
Inquisição e os Bispos em Portugal (1536-1750). Coimbra: Imprensa da Universidade de
Coimbra, 2011. p. 15-126.
PAIVA, José Pedro. Um corpo entre outros corpos sociais: o clero. Revista História das
Ideias, Coimbra, v. 33, p. 165-182, 2012.
Sabrina Alves da SILVA
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. esp. 1, e024006, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24iesp.1.18103 23
PIERONI, Geraldo. Sollicitatio Ad Turpiam. A Profanação do Confessionário. In: PIERONI,
Geraldo. Boca Maldita: blasfêmias e sacrilégios em Portugal e no Brasil nos tempos da
Inquisição. Jundiaí, SP: Paco Editorial, 2012. p. 79-153.
PROSPERI, Adriano. Los Sacramentos Tridentinos Y Los Rituales Sociales. In: PROSPERI,
Adriano. El Concilio de Trento: Una introducción histórica. Junta de Castilla y León:
Consejería de Cultura y Turismo, 2008. p. 101-121.
SILVA, Antônio de Moraes, 1755-1824. Dicionário da língua portuguesa composto pelo
padre D. Rafael Bluteau. Reformado e acrescentado por Antônio Moraes Silva. Lisboa:
Oficina de Simão Thaddeo Ferreira, 1789.
SILVA, Edlene Oliveira. Entre a Batina e a Aliança: Das Mulheres de Padres ao
Movimento de Padres Casados no Brasil. 2008. Tese (Doutorado) Universidade de Brasília,
Brasília, 2008.
SILVA, Sabrina Alves da. “Execrados ministros do demônio”. O delito de solicitação em
Minas Gerais (1700-1821). 2016. Dissertação (Mestrado) Universidade Federal de São João
del-Rei, São João del Rei, 2016.
SOUZA, Patrícia Rodrigues de. Religião Material: O Estudo das Religiões a partir da
Cultura Material. 2019. 189 f. Tese (Doutorado) Pontifícia Universidade Católica. São
Paulo, 2019.
VAINFAS, Ronaldo. Trópico dos Pecados. Moral, Sexualidade e Inquisição no Brasil. Rio
de Janeiro: Civilização Brasileira, 2010
VIDE, Sebastião Monteiro da. Constituições primeiras do Arcebispado da Bahia, feitas e
ordenadas pelo ilustríssimo e reverendíssimo D. Sebastião Monteiro da Vide. Brasília:
Senado Federal, 2007.
Fontes:
ARQUIVO NACIONAL DA TORRE DO TOMBO (ANTT). Inquisição de Lisboa.
Cadernos dos Solicitantes, livros 764, 767, 769, 770, 771 e 773.
ARQUIVO NACIONAL DA TORRE DO TOMBO (ANTT). Inquisição de Lisboa.
Documentação Dispersa, caixa 1600.
ARQUIVO NACIONAL DA TORRE DO TOMBO (ANTT). Inquisição de Lisboa. Índice
1º dos Solicitantes, livro 775. Índice 2º dos Solicitantes, livro 774.
ARQUIVO NACIONAL DA TORRE DO TOMBO (ANTT). Inquisição de Lisboa.
Processos 256, 296, 8123.
“Atos ilícitos”, “palavras desonestas” e “tocamentos torpes”: O confessionário sob vigilância (Minas Gerais, século XVIII)
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. esp. 1, e024006, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24iesp.1.18103 24
CRediT Author Statement
Reconhecimentos: Não aplicável.
Financiamento: Ações Afirmativas para Estudantes de Pós-Graduação da UNESP.
Conflitos de interesse: Não há conflitos de interesse.
Aprovação ética: Não aplicável.
Disponibilidade de dados e material: As fontes documentais citadas estão disponíveis
para consulta no site do Arquivo Nacional Torre do Tombo: https://digitarq.arquivos.pt/.
Contribuições dos autores: Autoria única.
Processamento e editoração: Editora Ibero-Americana de Educação.
Revisão, formatação, normalização e tradução.
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. esp. 1, e024006, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24iesp.1.18103 1
UNLAWFUL ACTS”, “DISHONEST WORDS” AND “FOUL TOUCHING”: THE
CONFESSIONAL UNDER SURVEILLANCE (MINAS GERAIS, EIGHTEENTH
CENTURY)
“ATOS ILÍCITOS”, “PALAVRAS DESONESTAS” E “TOCAMENTOS TORPES”: O
CONFESSIONÁRIO SOB VIGILÂNCIA (MINAS GERAIS, SÉCULO XVIII)
"ACTOS ILÍCITOS", "PALABRAS DESHONESTAS" Y "TOCAMIENTOS TORPES":
EL CONFESIONARIO BAJO VIGILANCIA (MINAS GERAIS, SIGLO XVIII)
Sabrina Alves da SILVA1
e-mail: sabrina.alves-silva@unesp.br
How to reference this paper:
SILVA, S. A. da. “Unlawful acts”, “dishonest words” and
“foul touching”: the confessional under surveillance (Minas
Gerais, eighteenth century). Rev. Cadernos de Campo,
Araraquara, v. 24, n. esp. 1, e024006, 2024. e-ISSN: 2359-
2419. DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24iesp.1.18103
| Submitted: 25/05/2023
| Revisions required: 11/10/2023
| Approved: 02/04/2024
| Published: 30/09/2024
Editors:
Prof. Dr. Maria Teresa Miceli Kerbauy
Prof. Me. Thaís Cristina Caetano de Souza
Prof. Me. Paulo Carvalho Moura
Prof. Thiago Pacheco Gebara
1
Master's degree from the Federal University of São João del Rei (UFSJ), São João del Rei (MG), and currently
a doctoral candidate in the History Postgraduate Program at São Paulo State University "Júlio de Mesquita Filho"
(UNESP), Franca SP Brazil.
“Unlawful acts”, “dishonest words” and “foul touching”: the confessional under surveillance (Minas Gerais, eighteenth century)
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. esp. 1, e024006, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24iesp.1.18103 2
ABSTRACT: From a qualitative analysis of the micro-historical approach, which consists of
reducing the scale of observation, complaints, and inquisitorial processes of request that
occurred in Minas Gerais, in the eighteenth century, the article examines the vigilance infringed
by the Tribunal of the Holy Office to confessors who desecrated the Sacrament of Confession
and the concern that the Church showed with that Sacrament and with the place where it should
happen. The inquisitorial offense of solicitation occurred when a confessor, at the place of
confession, sexually or lovingly harassed the penitents. Confession was an important
mechanism used by the Tridentine Church as an instrument of vigilance and discipline. Based
on the analysis carried out, since the sixteenth century, when it was elaborated, the mobile
confessional was used to reduce the damage caused by the intimacy between confessor and
penitent at the time of the Sacrament. The confessional was watched not only for the Sacrament
and its ministers, but also for its construction and the place where it should be in the churches,
so that occasions of sin could be avoided.
KEYWORDS: Confessional. Inquisition. Priests. Confession. Minas Gerais.
RESUMO: A partir de uma análise qualitativa da abordagem micro-histórica, que consiste na
redução da escala de observação das denúncias e dos processos inquisitoriais de solicitação
ocorridos em Minas Gerais, no século XVIII, este artigo examina a vigilância infringida pelo
Tribunal do Santo Ofício aos confessores que profanaram o Sacramento da Confissão, e a
preocupação que a Igreja demonstrava com esse Sacramento e com o lugar onde ele deveria
acontecer. O delito de solicitação acontecia quando um confessor, no local da confissão,
assediava amorosa ou sexualmente os penitentes. A confissão foi um importante mecanismo
utilizado pela Igreja tridentina como instrumento de vigilância e disciplinamento. Com base
na análise realizada, desde o século XVI, quando foi elaborado, o móvel confessionário foi
utilizado para diminuir os danos causados pela intimidade entre confessor e penitente no
momento do Sacramento. O confessionário foi vigiado não só no que concerne ao Sacramento
e seus ministros, mas também à sua construção e ao lugar onde deveria ficar nas igrejas, para
que, assim, ocasiões de pecados fossem evitadas.
PALAVRAS-CHAVE: Confessionário. Inquisição. Sacerdotes. Confissão. Minas Gerais.
RESUMEN: A partir de un análisis cualitativo del enfoque micro-histórico, que consiste en la
reducción de la escala de observación de las denuncias y de los procesos inquisitoriales de
solicitud ocurridos en Minas Gerais, en el siglo XVIII, este artículo examina la vigilancia
infringida por el Tribunal del Santo Oficio a los confesores que profanaron el Sacramento de
la Confesión, y la preocupación que la Iglesia demostraba con ese Sacramento y con el lugar
donde debía ocurrir. El delito de solicitud ocurría cuando un confesor, en el lugar de la
confesión, acosaba amorosa o sexualmente a los penitentes. La confesión fue un importante
mecanismo utilizado por la Iglesia tridentina como instrumento de vigilancia y
disciplinamiento. Sobre la base del análisis realizado, desde el siglo XVI, cuando se elaboró,
el móvil confesionario se utilizó para disminuir los daños causados por la intimidad entre
confesor y penitente en el momento del Sacramento. El confesionario fue vigilado no solo en
lo concerniente al Sacramento y sus ministros, sino también a su construcción y al lugar donde
debería estar en las iglesias, para que así, ocasiones de pecados fueran evitadas.
PALABRAS CLAVE: Confesionario. Inquisición. Sacerdotes. Confesión. Minas Gerais.
Sabrina Alves da SILVA
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. esp. 1, e024006, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24iesp.1.18103 3
Introduction
Through inquisitorial sources
2
, such as denunciations and proceedings against soliciting
priests in 18th-century Minas Gerais, this article aims to analyze the Church's surveillance of
confessionals and the efforts of the Holy Office of the Inquisition to punish those soliciting
priests who desecrated the Sacrament of Penance
3
. The analysis of the sources was based on
the qualitative method of the microhistorical approach, enabling a detailed and in-depth study
of the documentary material. According to Levi (1992), microhistory, which is grounded in the
reduction of the scale of observation, has always focused on the search for a more realistic
description of human behavior. Therefore, every social action is seen as the result of constant
negotiations, manipulations, choices, and decisions made by individuals, in the face of
normative activity, which, although diffuse, offers many possibilities for personal interpretation
and freedom. The significance of microhistory for the historian's craft lies in its ability to
disentangle the intertwining of truth, falsehood, and fiction, seeking what runs against the grain,
and making use of traces that guide us through “the labyrinth of reality” (Ginzburg, 2007, p. 7,
our translation).
According to the Code of Canon Law (1983), Canon 964, the proper place for hearing
sacramental confessions is the Church or oratory, and confessionals must have a fixed grille
between the penitent and the confessor, enabling the faithful to use them freely, with
confessions not being heard outside of confessionals unless there is just cause. On this matter,
the National Conference of Bishops of Brazil (CNBB) issued complementary legislation to
Canon 964 in 2009, reaffirming that the appropriate place to hear confessions is the traditional
confessional or another suitably prepared space, equipped with a fixed grille between the
penitent and the confessor. In this sense, the confessional should be located in a clearly marked
place so that the faithful feel invited to practice the Sacrament of Penance. Thus, contemporary
concerns become evident, not only with the Sacrament itself but also with the location of its
administration, the confessional.
The Council of Trent (1545-1563) confirmed that the annual obligation of confession
was a matter of divine law, having been instituted by God, linking salvation to the confession
2
Highlighting the relevance of inquisitorial documentary sources is essential for understanding the history of the
Brazilian colony, which, although it did not have its own court, was subject to the authority of the court in Lisbon.
During the time it operated in Portugal and its domains, the Inquisition was a fundamental tool for maintaining the
Portuguese structure of colonization and the formation of Brazilian society, monitoring and establishing norms
and rules (Gouveia, 2010).
3
This article is based on complaints and inquisitorial proceedings against soliciting priests, which were studied in
my master's dissertation.
“Unlawful acts”, “dishonest words” and “foul touching”: the confessional under surveillance (Minas Gerais, eighteenth century)
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. esp. 1, e024006, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24iesp.1.18103 4
of sins to a cleric who held the power of absolution. This Council emphasized the importance
of the Sacrament of Penance for salvation and made it one of the most effective instruments of
Catholic Reform in the Modern Era (Lima, 2004). According to Feitler (2014), the Tridentine
spirit quickly took root in Brazil. However, its implementation, as in Portugal, was not always
perfect and depended not only on the colonial and missionary realities but also on the will and
efforts of local prelates or the king.
Through confession, the Church during the Counter-Reformation aimed to impose
“virtuous and correct” behaviors on individuals. Thus, the Sacrament of Penance, a skillful tool
for disseminating behavioral and moral norms, required a material “base,” the confessional, in
addition to the treatises and manuals on confession. This structure served as a vital support to
protect the Sacrament from the “corruptions of the flesh.” Therefore, it is important to
understand objects as tools in the construction of religions. A concept widely used in the
approach to Material Culture is the analysis of individuals’ dispositions toward certain
practices. These practices are learned in groups, assimilated naturally, and later reproduced,
such that “rarely will the subject be aware, just as the group instills such dispositions in the
individual without, in general, intending to do so.” These behaviors, acquired through social
interaction, will shape a world and a way of being in it (Souza, 2019, p. 80).
According to Souza (2019), religions manifest in various material aspects, not limited
only to beliefs, although religion is often considered something abstract, “belonging more to
the realm of ideas, with mere reflections or representations in matter, rather than something
lived through objects, space, sounds, aromas, or flavors” (Souza, 2019, p. 56). However, the
author argues that religions cannot always be understood solely from their canons, but they can
always be studied in their material aspects, as all religions are material in some way. Thus, the
study of material elements reveals “differences in lived religion as well as variations from
‘official doctrine,’ processes of adaptation, and other cultural influences” (Souza, 2019, p. 58,
our translation).
The confessional, a place where sins would be “cleansed” according to Catholic
doctrine, became a site closely monitored by the Church after the Council of Trent and by the
feared Inquisitorial Tribunal. This piece of furniture, found in various forms throughout the
colonial period, was a matter of concern for ecclesiastical authorities. Thus, the First
Constitutions of the Archbishopric of Bahia
4
(Vide, 2007, book I, title 43, p. 79), a canonical
4
The First Constitutions of the Archbishopric of Bahia were inspired by the Council of Trent and received the
support of the Portuguese monarchy, which sought to establish systematic and clear relations between the State
Sabrina Alves da SILVA
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. esp. 1, e024006, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24iesp.1.18103 5
legislation that adapted Tridentine decisions to the colonial reality, warned that the confessional
should be located in a public place and that confessors should not hear confessions outside
these places.” The following prescription was also given:
[...] that all Parish Churches in Our Archbishopric, where there are curates for
souls, should have a number of confessionals in public and visible places,
where the confessions of any penitents, especially women, should be heard,
who should never confess in the Choir, Sacristy, Chapels, Tribunals, or
baptistery, nor any other secret place in the Church (ide, 2007, book I, title 43,
p. 79, our translation).
Since confession was considered a “spiritual obstetrics,” where the confessor was to
inquire in order to obtain full confessions of guilt, the Constitution warned confessors that
“before administering the Sacrament of Penance, they should consider that in that act, they
represent the person of Christ.” Moreover, they were advised to avoid curious questions in the
“confessions of young people,” so as not to give rise to new sins (Vide, 2007, book I, title 42,
p. 77, our translation).
It is evident that this concern was not without reason. The confessional was the “stage”
for an inquisitorial crime so significant to the Portuguese inquisitors that the accusations sent
to the Lisbon tribunal were not attached to the Prosecutor’s Notebooks, as was customary.
Instead, solicitation accusations were filed in separate notebooks called the “solicitors’
notebooks” (ANTT. IL. Código 37). Additionally, indexes were created (ANTT. IL. Livros 774,
775), in which the accused were cataloged. This made it easier to discover if a certain priest
had been previously denounced, which was an aggravating factor.
Especially during Lent, the inhabitants of Brazilian captaincies would head to churches
to fulfill the precept of the Sacrament of Confession. However, the confessional, which should
have been a sacred place reserved for the confessions of repentant penitents and “ministers of
Divine justice,” at times became a venue for “illicit acts,” where the confessor turned into the
sinner. The inquisitorial crime known as solicitatio ad turpia, or simply solicitation, referred to
the erotic seduction attempts by a priest toward men or women during confession. The term
solicitation is insufficient to describe the perversions enacted upon the Sacrament of
Confession, as it merely denotes a request but encompasses the actions of confessors who
and the Church in Portuguese America. The Constitutions, which reflected the ideal of functioning of the religious
apparatus and Catholic society desired by their author, Archbishop D. Sebastião Monteiro da Vide, represented an
unprecedented work of adapting ecclesiastical norms to the local reality of a Portuguese-American diocese and
remained in force until the decline of the Empire, which proves their durability and reinforces their relevance as a
fundamental source for research on the Church and Brazilian society (Feitler; Sales Souza, 2010).
“Unlawful acts”, “dishonest words” and “foul touching”: the confessional under surveillance (Minas Gerais, eighteenth century)
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. esp. 1, e024006, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24iesp.1.18103 6
provoked, enticed, seduced, attempted, and even coerced penitents into performing sexual acts
(Gouveia, 2010). Given this, solicitation was pursued by the Inquisition not for breaking the
vow of chastity but for the desecration of the Sacrament of Penance.
Confessional: A Place for the Purification of Souls
Despite the confessional grilles making physical contact and other “libidinous acts
5
between the confessor and penitent more difficult, they appear to have not been a significant
obstacle to the practice of solicitation. In some accusations, witnesses reported being confessed
in chapels, through the grilles of convents, or even in the confessor’s room
6
. One such case is
that of Father Teotônio Gomes de Azevedo (ANTT, livro 771, fls. 255-268), a resident of Vila
Nova da Rainha de Caeté, Minas Gerais, who was denounced by Maria Gomes Lira in 1794.
The complainant told the commissioner that the priest was ill and thus heard confessions while
lying in his bed. During her confession, the penitent was interrupted by the priest, who insisted
that she perform a [manipulation] of his genitals with her hands. Maria claimed to have
defended herself, but the priest retorted, calling her “ignorant and foolish,” and stating that the
act would do no harm [...] and then, taking her hands in his, guided them to his genitalia.
Another example is that of Father Antônio Álvares Pugas (ANTT, case 256), who was
prosecuted in 1742 by the Tribunal of the Holy Office for soliciting eight women from the
Recolhimento de Nossa Senhora da Conceição de Macaúbas, located in the parish of Santo
Antônio da Roça Grande, now the city of Santa Luzia, Minas Gerais. Father Pugas, while
hearing confessions at the bars of the Recolhimento, uttered “indecent words,” committed
“shameful acts
7
and exchanged “indecent touches and kisses
8
with some of the women in the
Recolhimento.
Another priest was also prosecuted in 1742 by the Tribunal for soliciting women from
the Macaúbas Recolhimento. Father Manuel Pinheiro de Oliveira (ANTT, case 8123) solicited
six women, saying “amorous and indecent” words during confession and engaging in
“provocative, indecent, and shameful touches” with the penitents. Father Manuel also used the
confessional to arrange a meeting “at night, at the corner of the wall” with Apolônia da
Ressurreição, a woman from the Recolhimento. She stood on the inside of the wall while the
5
Impudico, lascivo, desonesto (Silva, 1789, tomo II, p. 21).
6
Para mais informações sobre as denúncias contra solicitantes, consultar Silva (2016).
7
Desonesto, impudico, indecoroso, infame (Silva, 1789, tomo II, p. 21).
8
Beijos (Silva, 1789, tomo II, p. 140).
Sabrina Alves da SILVA
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. esp. 1, e024006, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24iesp.1.18103 7
priest stood on the outside, but there was a small hole in the wall through which she extended
two fingers of her hand, which he held.
Father Bernardo José da Mota (ANTT, book 773, fol. 74), a resident of the Vila Rica
region, wrote a letter to the Tribunal in 1743 confessing his crimes of solicitation. He reported
that while hearing the confessions of several women “in a confessional with a grid between
them, but with a lower part wide enough to fit a hand,” he often touched the women’s breasts
“telling them to beat their breasts and ask God for forgiveness of their sins,” though he admitted
that he acted with “some malice.” The “amorous words” were spoken by the priests and were
often exchanged between them and the penitents, promises were made, meetings were arranged,
and any gap or hole in the furniture was exploited for indecent purposes.
At the Council of Trent (15451563), an internal reform plan of the Catholic Church
was established, in which the clergy were expected to take a more active and effective role in
controlling the behavior of the faithful. This council solidified the obligation of annual
confession, which had already been instituted at the Fourth Lateran Council (1215). According
to Frade (2016), in the tumultuous historical context of the early modern period, religious issues
involving the challenge of Protestantism and the Catholic Church’s counter-reformation
influenced the figurative arts and religious architecture of that period.
According to Frade (2007), the Sacrament of Penance had a strongly ecclesial and
communal dimension and was linked to the dynamic of the Easter celebration. Over time, the
practice evolved into individual confession, which was conducted in the church before the high
altar, with the penitent kneeling before the priest. According to the author, the “confessional,”
understood as the place where the Sacrament of Reconciliation is received, has its origins in the
Constitutiones, written in 1542 by Gian Matteo Gilberti, Bishop of Verona:
To avoid scandals that sometimes occur during the ministry of confessions,
we have established that these, especially those of women, shall henceforth
always take place in an “open and visible” location, so that both the confessor
and the penitent may be seen. Furthermore, we have established and ordered
that between the priest and the penitent, there must be a tabula cum
fenestella, supra quam sit una gradata seu lamina perforata.” We call this
board a confessional,” and in all churches, we order that the so-called
confessionals be erected (Grazioli, 1945, p. 108-116 apud Frade, 2007, p. 169,
our translation).
In Instruções Sobre A Fábrica e as Alfaias Eclesiásticas
9
, by St. Charles Borromeo, the
confessional should be built with “cut boards, either of walnut or any other type of wood,
9
Instructions on the Fabric and Ecclesiastical Ornaments.
“Unlawful acts”, “dishonest words” and “foul touching”: the confessional under surveillance (Minas Gerais, eighteenth century)
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. esp. 1, e024006, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24iesp.1.18103 8
surrounded on all sides and at the back, and covered at the top.” It was required that “a small
window be made in the middle of the board placed between the confessor and the penitent, the
lower part of which protrudes a cubit and eight ounces above the confessor’s seat; it should be
sixteen ounces high and twelve ounces wide.” Moreover, in this small window, on the
penitent’s side, iron sheets with small holes should be fixed, each of which should be minute
and small, similar to a chickpea” (Borromeu, 1977 apud Frade, 2016, p. 212-214, our
translation).
According to Frade (2007, p. 169), Charles Borromeo, then Archbishop of Milan and a
friend of the Bishop of Verona, carried forward this idea. From its widespread use in the
Diocese of Milan and through Charles’ authority within the Church in Italy, this type of wooden
confessional spread throughout nearly the entire Western Church.
This [the confessional] should be made of wood; the traditional chair must be
surrounded on the sides, back, and top by a wooden wall at a person's height;
the front part should remain open. It is forbidden to add any decoration, such
as carved cornices on the front or any other type of ornamental adornment. A
small window must be placed in the side wall where the penitent approaches.
It must be equipped with an iron plate with numerous small holes and covered,
on the confessor's side, by a fine mesh. Externally, on this wall, a board should
be placed as a kneeler, and another board to support the joined hands. The
other wall of the confessional should be completely closed; only one penitent
at a time may approach the confessional (Borromeu, 1977 apud Frade, 2007,
p. 169, our translation).
After the First Provincial Council (1565), Borromeo himself modified the penitential
chair, describing it in his Instruciones Fabricae et Suppellectilis Ecclesiasticae, translated into
Italian and printed in 1577. This text decreed that confessions were to be heard only in the
church, publicly, and that a board should be placed on the chair to separate the confessor from
the penitent (Frade, 2007):
The placement of these wooden pieces of furniture was along the side walls
of the church nave, in sufficient numbers to meet the needs of the faithful.
Typically, upon arrival, the penitent would kneel facing the altar as an act of
turning towards Christ. Over time, this type of confessional, designed by St.
Charles Borromeo, underwent some minor alterations, sometimes allowing
space for two penitents simultaneously, with the priest positioned in the
middle and the penitents at the ends (Frade, 2007, p. 169-170, our translation).
The concept originating from the custom established by St. Charles Borromeo of
confession, preferably in the church and through confessionals, particularly for women, was
maintained in the 1917 Code of Canon Law, remaining practically unchanged until the reform
of the Second Vatican Council in 1962 (Frade, 2007).
Sabrina Alves da SILVA
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. esp. 1, e024006, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24iesp.1.18103 9
Confession: The Second Plank of Salvation after Shipwreck
To understand the inquisitorial crime of solicitation, it is necessary to grasp the
importance the Church placed on the Sacrament of Confession. According to Delumeau (1991),
confession was a coercion in many aspects, initially burdensome even for the confessors
themselves. The confessor had to help, support, and encourage the sinner through the difficult
"birth of confession," always doing so affectionately.
In 1434, Eugenius IV wrote to the priests of the Council of Basel, stating that from the
soles of the feet to the crown of the head, there was not a single healthy part in the body of the
Church (Delumeau, 1994). Thus, a crisis was brewing in the Church. But it was from the
moment that Luther posted his 95 Theses in 1517 that the fracture of Christendom accelerated
rapidly. The Roman Church reasserted itself, especially starting from the papacy of Paul III
(1534-1564), who was responsible for approving the creation of the Society of Jesus (1540) and
convening the Council of Trent (1545). This council lasted for 18 years, being dissolved twice,
and carried out considerable work in defense of Catholicism against the Protestant advance.
According to Vainfas (2010, p. 34, our translation), from the Counter-Reformation, "a vast and
ambitious program of mass evangelization in all domains of social and religious life resulted".
According to Paiva (2011), conscience and confession played a decisive role in
consoling and pacifying the spirits of Catholics, constituting a path distinct from the Lutheran
one, while simultaneously becoming a powerful instrument of social discipline. The Fourth
Lateran Council (1215) decreed that every Christian of legal age and discernment was required
to confess their sins to a priest at least once a year. After confessing, the Christian had to fulfill
the imposed penance and receive the Eucharist at least during Easter. However, it was with the
Council of Trent (1545-1563) that the annual obligation of confession was formalized. In this
regard, parish priests had to record who complied with this precept, and those who did not were
noted on lists sent to the bishops, incurring excommunication, from which they could only be
absolved by such authorities. Confession created a set of privileged information, much of which
was unknown publicly because it took place within the conscience of individuals. Thus, access
to the results of this meticulous examination of consciences was essential to the Inquisition,
which sought to monitor the circulation of heresies.
One of the strong indications of the importance of confession acquired after the Council
of Trent is the recognition of the significance given to those who did not confess. Abstaining
from confession, a socially mandatory rite in Catholic countries, was considered evidence of
heretical conviction (Gouveia, 2010).
“Unlawful acts”, “dishonest words” and “foul touching”: the confessional under surveillance (Minas Gerais, eighteenth century)
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. esp. 1, e024006, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24iesp.1.18103 10
According to Fernandes (1995), the Church was concerned with moral and Christian
formation, using confession and marriage as mechanisms of control. From this, the Church
created models of behavior that should be followed, including sexual conduct. In the 14th
session of the Council of Trent, 13 canons related to the administration of the Sacrament of
Penance were approved. These canons began to encourage frequent confession, either monthly
or every two months, arguing that it would be easier to remember sins. Thus, the faithful would
receive God's grace and have a relieved conscience. Various manuals for confessors and
penitents were also produced, as despite the Church's great efforts, the desired effect was not
always achieved. This was justified by the ignorance not only of the penitents but also of the
confessors, which was considered even more serious.
After the Council of Trent, confession became a daily sacrament, and many voices rose
in favor of frequent confession, emphasizing venial sins, which occurred in everyday life, and
also focusing on the detection of greater sins, including heresies (Gouveia, 2015).
The Council of Trent declared the following about the Sacrament of Penance:
If all the regenerated had such gratitude towards God as to constantly preserve
the righteousness received in Baptism through His benefit and grace, there
would be no need for another sacrament, distinct from this one, instituted for
the remission of sins. But as God, rich in mercy, recognized the fragility of
our nature, He also wished to grant a life-giving remedy to those who again
fall into the slavery of sin and the power of the devil, namely, the Sacrament
of Penance, through which the benefit of Christ’s death is applied to those who
fall after Baptism. [...] The Lord, however, instituted the Sacrament of
Penance, first of all, on that occasion when, having risen from the dead, He
breathed on the Apostles, saying: Receive the Holy Spirit; whose sins you
forgive, they are forgiven; whose sins you retain, they are retained (Jo 20, 22
s) (Catholic Church, 1781, vol. I, p. 299, our translation).
According to the Council of Trent, the Sacrament of Penance should be divided into
parts that would result in the efficacy of the confession. These were: contrition, confession, and
satisfaction, all indispensable for the “integrity of the Sacrament” and the remission of sins
(Catholic Church, 1781, vol. I, p. 307). Regarding contrition, the Council of Trent determined
that it should be expressed through sorrow of the soul” and the detestation of the sin
committed, with the intention of not sinning again:
In man who falls after Baptism, it is like a preparation for the remission of
sins, if it is united with trust in divine mercy and the resolution to carry out
everything else required to receive this Sacrament properly (Catholic Church,
1781, vol. I, p. 309, our translation).
Sabrina Alves da SILVA
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. esp. 1, e024006, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24iesp.1.18103 11
As for the ministers of the Sacrament of Penance, it was made clear that all doctrines
extending the “ministry of the keys” to any man other than a priest were false and alien to the
Gospel. It was not merely a ministry of announcing the Gospel or declaring that sins were
forgiven, but it maintained “a resemblance to a judicial act, in which, like a judge, he
pronounces a sentence [...], for neither faith without penance would cause any remission of
sins” (Catholic Church, 1781, vol. I, p. 323, our translation).
Confession is the discourse of guilt, without which there can be no forgiveness. What is
sought is the internalization of the code, evidenced by true repentance. Moreover, more than
fearing punishment, submission must be born of love for the institution: The internalization of
the Rule made each individual a censor of themselves and a complicit in the institution. In
confessing, the subject was led to articulate a pre-established discourse, thus enunciating their
truth” (Lima, 1986, pp. 69-70, our translation). Contrite and repentant, kneeling at the
confessor’s feet, the penitent laments their weakness, and, with guilt established, the institution
prescribes penance as the path to forgiveness.
According to Foucault (1988), Christian pastoral care placed sexuality into discourse
and sought its control and spiritual reconversion. In this way, it made sexuality something that
must be confessed: “What is distinctive of modern societies is not that they condemned
sexuality to remain in the shadows, but rather that they have devoted themselves to speaking of
it constantly, valuing it as a secret” (Foucault, 1988, p. 36, our translation). More than other
sins, sins of the flesh had to be detailed in the confession process. Sexual matters were not to
be discussed without caution, but their aspects, correlations, and effects had to be pointed out.
Thus, the flesh was made the source of all sins: “The prohibition of certain words, the decency
of expressions, all the censorship of vocabulary” could be secondary devices compared to this
great subjection, aiming to make it morally acceptable and technically useful (Foucault, 1988,
p. 24, our translation).
The ecclesiastical society, closed in on itself and determined to project an image of itself
as a perfect body, devised a policing system
10
to ensure that the Sacrament of Confession did
not collapse. This Sacrament had become mandatory and was controlled by an entire
bureaucratic system (Prosperi, 2008).
10
Prosperi (2008) highlights that Trent emphasized the character of the Sacrament of Confession as a judicial act
of divine law and reinforced the use of confession as an instrument of governing behavior and consciences, of
“external police” of the “discipline of the Christian people”.
“Unlawful acts”, “dishonest words” and “foul touching”: the confessional under surveillance (Minas Gerais, eighteenth century)
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. esp. 1, e024006, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24iesp.1.18103 12
In the Constituições Primeiras of the Archdiocese of Bahia (Vide, 2007), the Sacrament
of Penance was defined as:
A second plank after the shipwreck: because as soon as a baptized man
shipwrecks due to mortal sin, losing the grace of God received in Baptism, no
other remedy remains for salvation in this shipwreck than the plank of the
Sacrament of Penance, by fully confessing his sins with sorrow to the
legitimate Minister, and by this means obtaining their absolution (Vide, 2007,
book I, title 33, p. 59, our translation).
There is also the confirmation of the power given to the minister of the Sacrament by
Christ Himself, when, after His resurrection, He "communicated to the Disciples the Holy
Spirit, giving them the power (and through them, to all future priests) to absolve all sins" (Vide,
2007, book I, title 33, p. 59, our translation). To exercise such ministry, the priest had to possess
a license, and to confess to women, he had to be over 40 years old, possess a license after
examination by scholars, and be approved only if he had studied Theology or Canon Law. To
this end, priests were inquired about their lineage, life, and conduct. If deemed fit after such
inquiries, the license was granted for one year (Vide, 2007). The Constitutions also provided
the following warning: confessors should consider that, in this act, they represent "the person
of Christ Our Lord: and that they are constituted by Him as Ministers of Divine Justice and
Mercy, so that, as arbitrators between God and men, they attend both to the honor of God and
the salvation of souls" (Vide, 2007, book I, title 42, p. 77, our translation).
The Constitutions (Vide, 2007) further stipulated that confessors should avoid
"occasions for new sins" in the confessional. For example, when penitents failed to disclose the
number, nature, and circumstances of their sinsnecessary for a good confessionthe
confessor should prudently ask and examine without indulging in curious or indiscreet
questions, particularly in the confessions of young individuals, whether men or women.
The Constitutions also addressed concerns about the confessional's location, specifying
that it should be placed in public areas within the church. When the penitents were women, it
was expressly stated that confessions should never take place in "the choir, sacristy, chapels,
tribunes, or baptistery, or any other secluded place". Moreover, if there were many people
waiting for confession, men were to confess wherever possible, reserving the confessionals for
women (Vide, 2007, book I, title 43, p. 79, our translation).
According to Lima (2004), the administration of the Eucharist became a tool of power
in the hands of the emerging clergy. After all, the suspension of access to communion could
signify exclusion from the community for the Christian. Thus, mandatory Confession during
Sabrina Alves da SILVA
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. esp. 1, e024006, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24iesp.1.18103 13
Lent was accompanied by a progressive subjectivization through the examination of conscience
and repentance. Clergy members became necessary intermediaries between the penitent and
divine grace, but they sometimes subverted the Sacrament's original purpose, as Lima notes
(2004, p. 17, our translation): "Aware of the immense power that control over absolution and,
consequently, access to the Eucharist granted them, the keepers of the keys of salvation at times
used it for unspeakable ends".
From Delumeau's perspective (1991), understanding Western modernity requires a
history of Confession. Confession refined the conscience and promoted internalization, but it
imposed a heavy yoke on millions of believers. Alongside the spread of Confession, the power
of its ministers grew, as they held control over a fundamental symbolic good: salvation. The
annual requirement of Confession allowed clergy members to intrude into the lives of their
faithful, forming an effective method of religious acculturation
11
(Lima, 2011).
In confessor manuals, discussions about sex were categorized under the sin of lust,
specifically in relation to the sixth and ninth commandments. More than theoretical texts, these
manuals were practical guides meant to address a complex social fabric. The circumstances of
the sin became a variable in classifying the fault, alongside the acts and intentions. From these
intersections, an obsessive discourse emerged, with the ambition to encompass everything and
everyone. Some manuals included questions to ask penitents about their confessed sin, such as
where, how often, and with whom the sin occurred, and in what manner. This detailed casuistry
on lust created delicate situations. Thus, Lima (1986, p. 87-88, our translation) highlights:
"Confession, as an instrument of subjection to the Rule, becomes an instrument of desire itself.
Falling into its own trap, the confessor ends up seduced by the very discourse he incites,
transforming from censor to agent of sin."
Considering that Christianity is a faith-centered on salvation, the Sacraments of the
Catholic Church assumed a fundamental role as means of achieving redemption. God offered
salvation to humankind, and the clergy assumed the role of mediator in this process:
However, in many cases, the 'physicians of souls' poured a corrupting and
diabolical poison over the wounds of the penitents, leading them into sin. For
this reason, the Council advised that the confessor should avoid any form of
betrayal, whether through words, signs, or gestures; and required the clergy to
morally act with the prudence of a true 'experienced physician' to be a
legitimate distributor of God's mercy to the contrite (Pieroni, 2012, p.83, our
translation).
11
Acculturation understood as an imposition of sociocultural values.
“Unlawful acts”, “dishonest words” and “foul touching”: the confessional under surveillance (Minas Gerais, eighteenth century)
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. esp. 1, e024006, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24iesp.1.18103 14
Thus, it is very important to analyze the role played by the Inquisition within the broad
strategy of the Counter-Reformation and, from there, to understand the resistance and
permeabilities of society to the new model of moral discipline. It is also important to note that
the indoctrination of the faithful was one of the strategies implemented. In this context, the
confessional became more than just the Sacrament of Penance. Allied with the Inquisition, it
easily became a formidable instrument of social control.
"Spiritual Men": The Priest as Protagonist of the Sacrament of Confession
According to Paiva (2012), within the corporate conception of society in force in
Portugal during the Ancien Régime, the clergy was the most prestigious order. This prestige
stemmed from a variety of factors: their connection to knowledge and the institutions where it
was transmitted, the wealth and income they enjoyed, the prestige of their most prominent
members, and, fundamentally, the bonds with a Catholic population entrusted to them. In other
words, the fact that they were essential mediators in the relationship between individuals,
communities, and the sacred. Entry into the priesthood was made through the reception of major
and minor orders, which required the candidate to practice continence in matters of lust.
Obtaining orders entailed a series of limitations that, after the Council of Trent (1545-1563),
tended to become increasingly strict.
Paiva (2012) states that the clerical state functioned as a mechanism of privilege and
social promotion, achieved either through personal merit or through familial and clientelistic
influences. The author further emphasizes that the clergy was a deeply heterogeneous order:
due to religious observance, that is, the distinction between regular and secular clergy; due to
ordination, that is, the degree of the Sacrament of Holy Orders; due to occupation and the
income it generated, thus leading to the distinction between beneficed and non-beneficed
clergy; and, of course, due to social origin.
The education and catechization of the masses marked a profound rupture with the
religious thought and attitudes that persisted during the medieval period. Based on the idea that
religious ignorance and neglect of spiritual practices led to ruin, "Christian doctrine began to
demand new forms of conduct from Christendom and guided it through an unprecedented
pedagogy" (Gouveia, 2015, p. 190, our translation). In this context, from the second and third
quarters of the 16th century onwards, there was an intensification of concern with the
Sabrina Alves da SILVA
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. esp. 1, e024006, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24iesp.1.18103 15
widespread doctrinal instruction of both clerics and laypeople on theoretical, methodological,
and institutional levels:
All this focus on the instruction of laypeople and clerics towards orthodoxy
was imposed vertically from the pinnacle of the Church hierarchy to the base
of society, intending to instill in both unforeseen forms of obedience, which
led to a process of vigilance and discipline over everyone and each individual.
Without the moral reform of the clergy, it was impossible to achieve the moral
reform of the faithful, nor could judicial mechanisms fully exercise discipline
(Gouveia, 2015, p. 191, our translation).
The religious orders, whose members were Europeans or at least culturally European-
oriented, were responsible for the successive opening of evangelization areas in the Brazilian
colony. However, the organization of dioceses and parishes progressed very slowly. Between
1551 and 1676, Brazil had only one diocese, that of Salvador, in Bahia. In the years 1676 and
1677, three more dioceses were established: Pernambuco, Rio de Janeiro, and São Luís do
Maranhão. In the first part of the 18th century, three additional dioceses were created: Pará
(1719), Mariana (1745), and São Paulo (1745), along with two prelacies: in Goiás and Cuiabá,
established in 1745. This number of seven dioceses remained until Independence (1822)
(Boschi, 1998).
Brazil only achieved an ecclesiastical constitution in 1707, the Constituições Primeiras
do Arcebispado da Bahia (First Constitutions of the Archdiocese of Bahia), through the efforts
of D. Sebastião Monteiro da Vide. In its 279 titles and 1,318 articles, the Constitutions were
composed of five books, covering matters such as faith, dogma, sacraments, worship, Christian
doctrine, the moral and religious profile, and the duties of clergy, as well as various deviations
and penalties. The Constitutions were inspired by the Council of Trent and supported by the
Portuguese monarchy in seeking to systematize and clarify the forms of the relationship
between the State and the Church in Portuguese America. These Constitutions contain several
titles where the conduct of priests is central, as shown in the following excerpt:
The higher and more exalted the state of the clergy, chosen for the Divine
ministry and heavenly militia, the greater the obligation they have to be
spiritual and perfect men, with each ordained cleric being so modest and
ordering their actions in such a way that not only in life and customs but also
in dress, gestures, steps, and practices, everything about them is grave and
religious, so that their actions correspond to their name, and they do not have
sublime dignity with a dissolute life, illicit behavior in a holy state, the
ministry of Angels with the works of demons (Vide, 2007, book III, title 1, p.
183, our translation).
“Unlawful acts”, “dishonest words” and “foul touching”: the confessional under surveillance (Minas Gerais, eighteenth century)
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. esp. 1, e024006, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24iesp.1.18103 16
The Constitutions, like many earlier determinations, stipulated the correct attire for
clerics, which was to be long, black outer garments, and also specified how their hair and beards
should be maintained (Vide, 2007). Clerics were forbidden from carrying weapons, walking at
night, frequenting taverns, participating in comedies, dances, horseback festivities, disguising
themselves with masks, or engaging in prohibited games. They were also prohibited from
engaging in trade, having women inside their homes, or visiting convents (Vide, 2007). As
Gouveia notes:
Sebastião Monteiro da Vide observed that parish priests did only the minimum
necessary, not just because of the size of the parishes and the lack of assistants,
but also due to weak motivation. The clergy was highly heterogeneous. In
addition to the regular priests, there were deacons, subdeacons, minor clerics,
and chaplains of the misericórdias, sugar mills, farms, ships, expeditions,
wars, etc., roles that in most cases did not lead to substantial income (Gouveia,
2015, p. 101, our translation).
The determinations of the Constituições Primeiras do Arcebispado da Bahia were
disseminated to parishes through pastoral letters. Many measures were taken by the episcopate
to implement Tridentine determinations in the colony, among them: the creation of new
prelacies, bishoprics, and parishes; reinforcement of the ecclesiastical hierarchy; frequent
episcopal visits; the founding of diocesan seminaries; the institution of moral conferences; the
fight against simony
12
, Nicolaism
13
and absenteeism
14
; control over ordinations, preaching, and
confession; monitoring the fulfillment of Lenten obligations; punishing non-heresiarchal lustful
behaviors of the clergy; and cooperation with the Inquisition in overseeing solicitation and
sodomy (Lima, 2011).
Throughout the post-Tridentine period, there was indeed an effort to monitor and
discipline the immoral behaviors of the clergy, which had provoked so much criticism from
Protestant reformers and even within the Catholic Church itself. However, both the discipline
and order were not passively received by everyone, including the clergy. Consequently, it was
necessary to activate a series of measures, such as the implementation of various policies of
surveillance and discipline to prevent deviations. There was a concerted effort by the Church
to make clerical celibacy a distinguishing element from other Christians.
Celibacy, as a mandatory rule, according to Silva (2008), was characterized as a cultural
practice gradually constructed through a slow process marked by resistance. The celibate ideal
12
Trade in sacraments and ecclesiastical benefits (Leão Filho, 2020, p. 95).
13
Movement of priests who advocated the practice of marriage as an alternative to fornication (Silva, 2008, p. 18).
14
Absence or negligence in fulfilling ecclesiastical duties (Leão Filho, 2020, p. 95).
Sabrina Alves da SILVA
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. esp. 1, e024006, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24iesp.1.18103 17
did not resonate in a referential or symbolic vacuum but was grounded in the rule established
by the Church: the superiority of continence over marriage, the latter being seen as a means to
domesticate libido. In this sense, priests who lived with concubines were considered licentious,
and their women were regarded as adulteresses, with these derogatory representations persisting
beyond the medieval period and into the Modern Age. In Brazil, these representations appeared,
for example, in children’s games, as in: “the last one to arrive is the priest’s wife.” In some
regions, according to folklore, priests’ wives roam the night as cursed creatures, the headless
mules that wander dragging chains. After the Protestant Reformation, the construction and
perpetuation of the chaste model of the Tridentine priest became a symbol of power.
According to Lima (2002), although the priesthood was exercised on earth, among
sinners, it retained a sacred character, and those who practiced it were to be pure. Protestantism
could not have been more radical in its criticism of the Catholic ecclesiastical body, for it
challenged the very idea of the priesthood.
In practice, the eradication of sex from clerical life involved a constant effort of control
and surveillance by reformers of all eras. For the Tridentine moralization of the clergy in the
colony, it was necessary, first and foremost, to separate them from the cultural standards of the
lay society and to make priests a cohesive social body, subjected to a rigid hierarchy and, above
all, distinct from the rest of the community.
“Illicit acts,” “dishonest words,” and “indecent touches” in the confessional: The crime of
solicitation
In 1599, the brief Muneris Nostri, issued by Pope Clement VIII, established the power
of the Portuguese Inquisition to judge the crime of solicitation. However, the crime was still
vaguely defined, not specifying concrete circumstances of time and place, nor the specific
situations it encompassed. Apostolic determinations gradually evolved, becoming more specific
in the definition of the crime and broader in terms of the Tribunal’s scope of jurisdiction.
According to Gouveia:
Heresy being a conscious choice of a wrong path, the profanation of the
Sacrament of Confession, one of the pillars of the post-Tridentine Church, was
considered one of these deviations in faith. It is within this broader context of
Catholic reform and counter-reform that the definition of solicitation as heresy
must be placed (Gouveia, 2014, p. 616, our translation).
The justification for transferring the jurisdiction of a crime always judged by
ecclesiastical justice to the Inquisition, which judged crimes associated with heresy, lay in the
“Unlawful acts”, “dishonest words” and “foul touching”: the confessional under surveillance (Minas Gerais, eighteenth century)
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. esp. 1, e024006, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24iesp.1.18103 18
presumption of bad doctrine on the part of those accused of defiling one of the Sacraments that
the Church claimed was instituted by Christ.
By punishing solicitation, the Inquisition participated in the Church’s effort to moralize
the clergy, which was an indispensable condition for the moralization of the laity. The Church
appointed the parish priest as the ultimate agent of a vast acculturation program, aimed at
eradicating elements from popular culture that compromised what it had defined as a fully
Christian life. A total of 1,700 priests were denounced for the crime of solicitation to the Lisbon
Tribunal between 1700 and 1821. Of these denunciations, 432 corresponded to Brazil; among
them, 108 pertained to Minas Gerais (Silva, 2016).
Confession often became a unique moment of intimacy, which would not have been
usual in other circumstances. As a result, confessors frequently encountered detailed
descriptions of certain sins of a sexual nature. Under the ancien régime, the priest was always
regarded as an authority. In a world where religion was the primary element of social integration
and where religious expressions always had social significance, the power of the Church was
indisputable. Moreover, the priest was the administrator of the sacred.
The indoctrination aimed at confessor priests through manuals, the emphasis on chastity,
the Lateran and Tridentine confessions, and the looming threat of the feared Inquisitorial
Tribunal did not have the desired effect. In the overseas colony, as in the metropolis, the crime
of solicitation occurred with some frequency, and Inquisitorial documents allow us to uncover
this universe, where rigid rules, religiosity, and controlled sexuality collided with bodies,
desires, and passions.
Regarding this issue, a relevant example is that of Friar Domingos do Rosário (ANTT,
box 1600). A Franciscan and missionary in the Vila Rica district, in the year 1726, he was
denounced for soliciting six women. Consequently, a summary investigation was opened.
According to the accusations, the friar, during confession, used "indecent and dishonest words,"
asked the penitents if they "performed indecent acts" and whether their breasts were hard or
soft, placed his hand on the penitents' breasts, and pressed his legs against theirs, "bringing his
face close to theirs."
Another case that clearly illustrates the behavior of many solicitors is that of Father
Felipe Correa Pinto (ANTT, book 764, fol. 48), who was denounced in 1738, in the Rio das
Mortes district, Minas Gerais, for soliciting Antônia de Souza. The complainant reported that
during confession, the priest asked whether she was single or married. After she responded that
she was single, the priest told her to return to her home in seven days, promising that by then,
Sabrina Alves da SILVA
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. esp. 1, e024006, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24iesp.1.18103 19
he would have a husband for her. After the seven days had passed, the complainant went to the
priest's house, where he stated that before fulfilling his promise, he wanted to engage in carnal
sin with her and then confess her. In response to her refusal, the following day, when she sought
confession at the church, he would not allow her to kneel in the confessional, stating that, since
she had not "pleased him," he did not want to and would not hear her confession.
In addition to the aforementioned cases, the case of Father João Soares de Albergaria is
undoubtedly very significant. A resident of Vila Rica, Minas Gerais, he solicited at least 25
women. Some denounced him to the Tribunal in 1748 and 1751 (ANTT, book 769, fols. 15,
420; book 770, fols. 333, 343, 347; book 773, fols. 353-356; book 767, fol. 134), but most of
the cases were confessed by the priest himself, who wrote a lengthy confession to the Tribunal
in 1753 (ANTT, book 307, m. 283). Consequently, an investigation was opened to gather
witness testimonies (ANTT, Process 8640), but the case was ultimately archived. The priest,
during confession, promised freedom, seduced women into "indecencies," made gestures from
the confessional to women attending Mass, induced "carnal acts
15
" during confession, and
primarily used the confessional to arrange meetings.
In summary, confessors exploited this unique moment, confession, and their position of
power to solicit, molest, coerce, woo, and sexually harass penitents. The crime of solicitation
posed a significant threat to the Sacrament of Penance. Due to this, punishment was necessary
and had to be administered with rigor, so that the Church and its Sacraments would not be
tarnished by sin.
Final considerations
Based on the discussion presented, it is essential to conduct a more detailed study of the
confessional, its forms, uses, and representations. This article sought to understand the
importance of this piece of furniture for the regulation of behaviors and moralities not only of
the penitents but also of the confessors. It remains crucial to capture the perceptions of both
penitents and priests regarding the use of a meticulously designed barrier to separate the bodies
involved, which were fundamental to the consummation of the Sacrament of Penance.
To this day, the Church continues to be deeply concerned with the Sacrament of Penance
and the presence of confessionals, although, despite canonical laws, few churches have this
piece of furniture. As demonstrated during the counter-reformation era, confession became a
15
Concerning carnal intercourse, fornication (Silva, 1789, volume II, p. 516).
“Unlawful acts”, “dishonest words” and “foul touching”: the confessional under surveillance (Minas Gerais, eighteenth century)
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. esp. 1, e024006, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24iesp.1.18103 20
powerful tool for discipline and surveillance, which, in conjunction with the Inquisition,
transformed into a formidable mechanism for social control.
The practice of solicitation jeopardized the Tridentine attempt to moralize the clergy
and, consequently, the faithful. The profanation of the Sacrament of Penance thus came to be
regarded as heresy, punishable by the Holy Office of the Inquisition.
Religiosity was also expressed through objects and spaces, such as the confessional,
which aimed to protect and inhibit inappropriate behaviors. However, it seems that it did not
achieve the expected results. Thus, the confessional was one of many tools used by religion to
propagate virtuous conduct models. Since its inception in the sixteenth century, this object has
represented an obligation for the faithful, a significant part of Christianity, used consistently to
mitigate the "side effects" of the Sacrament of Penance, which included the intimacy and
"whispered" conversations between surveilled bodies, thereby becoming a unique moment of
privacy.
REFERENCES
BOSCHI, Caio César. Episcopado e Inquisição. In: BETHENCOURT, Francisco;
CHAUDHURI, Kirti (org.). História da expansão Portuguesa: O Brasil na Balança do
Império (1697-1808). Lisboa: Círculo de leitores, 1998. v. 3, p. 372-395.
CÓDIGO DE DIREITO CANÔNICO. Promulgado por João Paulo II, Papa. Conferência
Episcopal Portuguesa. Versão portuguesa. 4. ed. rev. Lisboa, 1983. Available at:
https://www.vatican.va/archive/cod-iuris-canonici/portuguese/codex-iuris-canonici_po.pdf.
Access: 20 Apr. 2023.
CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL. Legislação Complementar ao
Código de Direito Canônico para o Brasil sobre a Absolvição Geral (aplicação do Cân.
961). Brasília: Edições CNBB, 2009.
DELUMEAU, Jean. A Confissão e o Perdão: as dificuldades da confissão nos séculos XIII a
XVIII. São Paulo: Companhia das Letras, 1991.
DELUMEAU, Jean. O Renascimento como Reforma da Igreja. In: DELUMEAU, Jean. A
Civilização do Renascimento. Lisboa: Estampa, 1994, p. 121-143.
FERNANDES, Maria de Lurdes C. Do Manual de confessores ao guia de penitentes:
orientações e caminhos da confissão no Portugal pós-Trento. Revista Via Spiritus,
Universidade do Porto, nº 2, p. 47-65, 1995.
FEITLER, Bruno; SALES SOUZA, Evergton (ed.). Constituições Primeiras do
Arcebispado da Bahia. São Paulo: Edusp, 2010.
Sabrina Alves da SILVA
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. esp. 1, e024006, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24iesp.1.18103 21
FEITLER, Bruno. Quando Chegou Trento ao Brasil? In: GOUVEIA, António Camões;
BARBOSA, David Sampaio; PAIVA, José Pedro (org.). O Concílio de Trento em Portugal
e nas suas conquistas: olhares novos. Lisboa: Universidade Católica Portuguesa, 2014. p.
157-173.
FOUCAULT, Michel. Nós, vitorianos. In: FOUCAULT, Michel. História da sexualidade I:
A vontade de saber. Rio de Janeiro: Graal, 1998. p. 9-18.
FRADE, Gabriel Santos. Arquitetura Sagrada no Brasil. Sua evolução até vésperas do
Concílio Vaticano II. São Paulo: Loyola, 2007.
FRADE, Gabriel Santos. Entre Renascimento e Barroco: Os fundamentos da Arquitetura e
a Contrarreforma_ o De Fabrica Ecclesiae de Carlos Borromeu. 2016. Tese (Doutorado)
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2016.
GINZBURG, Carlo. O fio e os rastros: verdadeiro, falso, fictício. Trad. Rosa Freire d’Aguiar
e Eduardo Brandão. São Paulo: Cia. das Letras, 2007.
GOUVEIA, Jaime Ricardo Teixeira. O Sagrado e o Profano em Choque no Confessionário.
O delito de solicitação no Tribunal da Inquisição, Portugal, 1551-1700. Coimbra: Palimage,
2010.
GOUVEIA, Jaime Ricardo Teixeira. Palavras amatórias e poesias luxuriosas: confissão e
imoralidade no mundo luso-americano (1640-1750). In: ENCONTRO INTERNACIONAL
DE HISTÓRIA COLONIAL: CULTURA, ESCRAVIDÃO E PODER NA EXPANSÃO
ULTRAMARINA (SÉCULOS XVI AO XIX), 5., 2014. Anais [...]. Maceió: Edufal, 2014.
GOUVEIA, Jaime Ricardo Teixeira. A Quarta Porta do Inferno. A vigilância e
disciplinamento da luxúria clerical no espaço luso-americano (1640-1750). Lisboa: Chiado,
2015.
IGREJA Católica. Concílio de Trento, 1545-1563. O sacrossanto, e ecumênico Concilio de
Trento em latim e português dedica e consagra, aos Arcebispos e Bispos da Igreja Lusitana,
João Baptista Reycend. Lisboa: na Oficina Patriarca. De Francisco Luiz Ameno: vende-se na
logea dos mesmos Reycend, e Companhia, Mercadores de livros no largo da Calhariz, 1781.
LEÃO FILHO, Eraldo de Souza. O Padroado Régio no Brasil e as circunscrições
eclesiásticas. 2020. Dissertação (Mestrado) Pontifícia Universidade Católica do Rio de
Janeiro, Rio de Janeiro, 2020.
LEVI, Geovanni. Sobre a Micro-história. In: BURKE, Peter (org.). A Escrita da História:
Novas Perspectivas. Tradução: Magda Lopes. São Paulo: Ed. da UNESP, 1992. p. 134-161.
LIMA, Lana Lage da Gama. Aprisionando o Desejo. In: VAINFAS, Ronaldo (org.). História
e Sexualidade no Brasil. Rio de Janeiro: Graal, 1986. p. 67-88.
LIMA, Lana Lage da Gama. Sexo e Sacerdócio na Igreja Católica. In: LIMA, Lana Lage da
Gama; HONORATO, Cezar Teixeira ; CIRIBELLI, Marilda Corrêa; SILVA, Francisco
“Unlawful acts”, “dishonest words” and “foul touching”: the confessional under surveillance (Minas Gerais, eighteenth century)
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. esp. 1, e024006, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24iesp.1.18103 22
Carlos Teixeira da. (org.). História e Religião. Rio de Janeiro: FAPERJ: Mauad, 2002. p.
275-279.
LIMA, Lana Lage da Gama. Confissão e Controle Social na Idade Média e nos Tempos
Modernos: uma visão comparativa. In: ENCONTRO REGIONAL DE HISTÓRIA DA
ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE HISTÓRIA ANPUH, 11., 2004, Rio de Janeiro. Caderno
de Resumos... Rio de Janeiro: ANPUH, 2004.
LIMA, Lana Lage da Gama. As Constituições da Bahia e a Reforma Tridentina do Clero do
Brasil. In: FEITLER, Bruno; SALES SOUZA, E. (org.). A Igreja no Brasil: Normas e
práticas durante a vigência das Constituições Primeiras do Arcebispado da Bahia. São Paulo:
UNIFESP, 2011. p. 147-177.
PAIVA, José Pedro. O Estabelecimento da Inquisição e o Reajustamento do Campo
Religioso. In: PAIVA, José Pedro. Baluartes da Fé e da Disciplina: o enlace entre a
Inquisição e os Bispos em Portugal (1536-1750). Coimbra: Imprensa da Universidade de
Coimbra, 2011. p. 15-126.
PAIVA, José Pedro. Um corpo entre outros corpos sociais: o clero. Revista História das
Ideias, Coimbra, v. 33, p. 165-182, 2012.
PIERONI, Geraldo. Sollicitatio Ad Turpiam. A Profanação do Confessionário. In: PIERONI,
Geraldo. Boca Maldita: blasfêmias e sacrilégios em Portugal e no Brasil nos tempos da
Inquisição. Jundiaí, SP: Paco Editorial, 2012. p. 79-153.
PROSPERI, Adriano. Los Sacramentos Tridentinos Y Los Rituales Sociales. In: PROSPERI,
Adriano. El Concilio de Trento: Una introducción histórica. Junta de Castilla y León:
Consejería de Cultura y Turismo, 2008. p. 101-121.
SILVA, Antônio de Moraes, 1755-1824. Dicionário da língua portuguesa composto pelo
padre D. Rafael Bluteau. Reformado e acrescentado por Antônio Moraes Silva. Lisboa:
Oficina de Simão Thaddeo Ferreira, 1789.
SILVA, Edlene Oliveira. Entre a Batina e a Aliança: Das Mulheres de Padres ao
Movimento de Padres Casados no Brasil. 2008. Tese (Doutorado) Universidade de Brasília,
Brasília, 2008.
SILVA, Sabrina Alves da. “Execrados ministros do demônio”. O delito de solicitação em
Minas Gerais (1700-1821). 2016. Dissertação (Mestrado) Universidade Federal de São João
del-Rei, São João del Rei, 2016.
SOUZA, Patrícia Rodrigues de. Religião Material: O Estudo das Religiões a partir da
Cultura Material. 2019. 189 f. Tese (Doutorado) Pontifícia Universidade Católica. São
Paulo, 2019.
VAINFAS, Ronaldo. Trópico dos Pecados. Moral, Sexualidade e Inquisição no Brasil. Rio
de Janeiro: Civilização Brasileira, 2010
Sabrina Alves da SILVA
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. esp. 1, e024006, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24iesp.1.18103 23
VIDE, Sebastião Monteiro da. Constituições primeiras do Arcebispado da Bahia, feitas e
ordenadas pelo ilustríssimo e reverendíssimo D. Sebastião Monteiro da Vide. Brasília:
Senado Federal, 2007.
Fontes:
ARQUIVO NACIONAL DA TORRE DO TOMBO (ANTT). Inquisição de Lisboa.
Cadernos dos Solicitantes, livros 764, 767, 769, 770, 771 e 773.
ARQUIVO NACIONAL DA TORRE DO TOMBO (ANTT). Inquisição de Lisboa.
Documentação Dispersa, caixa 1600.
ARQUIVO NACIONAL DA TORRE DO TOMBO (ANTT). Inquisição de Lisboa. Índice
1º dos Solicitantes, livro 775. Índice 2º dos Solicitantes, livro 774.
ARQUIVO NACIONAL DA TORRE DO TOMBO (ANTT). Inquisição de Lisboa.
Processos 256, 296, 8123.
“Unlawful acts”, “dishonest words” and “foul touching”: the confessional under surveillance (Minas Gerais, eighteenth century)
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. esp. 1, e024006, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24iesp.1.18103 24
CRediT Author Statement
Acknowledgements: Not applicable.
Funding: Affirmative Actions for Postgraduate Students at UNESP.
Conflicts of interest: No conflicts of interest.
Ethical approval: Not applicable.
Availability of data and material: The cited documentary sources are available for
consultation on the National Archive Torre do Tombo website: https://digitarq.arquivos.pt/.
Author contributions: Sole authorship.
Processing and editing: Editora Ibero-Americana de Educação.
Proofreading, formatting, normalization and translation.