Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. esp. 1, e024007, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24iesp.1.18214 1
O IMAGINÁRIO DAS ENTIDADES DA UMBANDA: DILEMAS NAS ESTÉTICAS
COMPARTILHADAS SOBRE AS IMAGENS EM GESSO
EL IMAGINARIO DE LAS ENTIDADES UMBANDA: DILEMA EN LA ESTÉTICA
COMPARTIDA SOBRE IMÁGENES DE YESO
UMBANDA ENTITIES’ IMAGINARY: DILEMAS IN SHARED AESTHETICS OVER
PLASTER IMAGES
Patrícia Rodrigues de SOUZA1
e-mail: prsouza@pucsp.br
Como referenciar este artigo:
SOUZA, P. R. de. O imaginário das entidades da umbanda:
Dilemas nas estéticas compartilhadas sobre as imagens em
gesso. Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. esp.
1, e024007, 2024. e-ISSN: 2359-2419. DOI:
https://doi.org/10.47284/cdc.v24iesp.1.18214
| Submetido em: 30/06/2023
| Revisões requeridas em: 15/12/2023
| Aprovado em: 02/04/2024
| Publicado em: 30/09/2024
Editores:
Profa. Dra. Maria Teresa Miceli Kerbauy
Prof. Me. Thaís Cristina Caetano de Souza
Prof. Me. Paulo Carvalho Moura
Prof. Thiago Pacheco Gebara
1
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC SP), São Paulo SP Brasil. Professora do PPG em Ciência
da Religião da PUC SP. Doutora e mestre em Ciência da Religião pela PUC SP. Pesquisadora de materialidades
religiosas; religião e corpo; estética da religião. Líder do RELIGMA, grupo de pesquisas em materialidades
religiosas.
O imaginário das entidades da umbanda: Dilemas nas estéticas compartilhadas sobre as imagens em gesso
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. esp. 1, e024007, 2024. e-ISSN: 2359-2419
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RESUMO: O estudo da evolução das imagens em gesso de entidades da umbanda,
comercializadas em lojas de artigos religiosos, incluindo uma breve história de seu fabricante
mais expressivo (Imagens Bahia), revela mudanças sociais e comportamentais ao longo do
tempo. As imagens das chamadas entidades de esquerda, exus e Pomba-giras, refletem dilemas
envolvendo a exposição da sexualidade e certo grau de zoomorfização. Ao mesmo tempo, as
diferentes opiniões dos devotos sobre cobrir ou não os seios das Pomba-giras em estátuas e
representar exus com partes corpóreas de animais desafiam o fabricante/designer a conciliar
tais divergências na produção das estátuas, tendo de atualizá-las de tempos em tempos, mas
sem perder de vista a tradição. A pesquisa revela que uma combinação de revelação espiritual
e construção social determinam o imaginário das entidades de umbanda. Em relação à agência
constata-se um processo dialético em que ora fiéis são influenciados pelas representações em
gesso, ora são os fiéis que as determinam.
PALAVRAS-CHAVE: Umbanda. Materialidades religiosas. Imagens religiosas. Lojas de
artigos religiosos.
RESUMEN: El estudio de la evolución de las imágenes en yeso de entidades umbandistas,
vendidas en tiendas de artículos religiosos, incluyendo una breve historia de su fabricante más
significativo (Imagens Bahia), revela cambios sociales y comportamentales a lo largo del
tiempo. Las imágenes de las denominadas entidades de izquierda, exus y Pomba-giras, reflejan
dilemas de exposición de la sexualidad y cierto grado de animalización. Al mismo tiempo, las
diferentes opiniones de los devotos sobre si cubrir o no los pechos de las Pomba-giras en las
estatuas y representar a los exus con partes del cuerpo de animales desafían al
fabricante/diseñador a conciliar tales diferencias en la producción de las estatuas, debiendo
actualizarlas de vez en cuando, pero sin perder de vista la tradición. La investigación revela
que una combinación de revelación espiritual y construcción social determina el imaginario
de las entidades de la Umbanda. En relación con la agencia, hay un proceso dialéctico en que
a veces los creyentes están influenciados por las representaciones en yeso, y otras veces son
los fieles quienes las determinan.
PALABRAS CLAVE: Umbanda. Materialidades religiosas. Imágenes religiosas. Tiendas de
artículos religiosos.
ABSTRACT: The study of the evolution of plaster images of Umbanda entities, sold in religious
goods stores, including a brief history of its most expressive manufacturer (Imagens Bahia),
reveals social and behavioral changes over time. The images of the so-called left-wing entities,
exus and Pomba-giras, reflect dilemmas involving the exposure of sexuality and a certain
degree of zoomorphism. At the same time, the different opinions of devotees on whether to cover
the breasts of Pomba-giras in statues and represent exus with the bodily parts of animals
challenges the manufacturer/designer to reconcile such divergences in the production of
statues, having to update them from time to time without losing tradition. This research reveals
that a combination of spiritual revelation and social construction determines the imagination
of Umbanda entities. Regarding agency, there is a dialectical process in which sometimes
believers are influenced by the plaster representations, and sometimes devotees determine
them.
KEYWORDS: Umbanda. Religious materialities. Religious images. Agency of objects.
Religious goods stores.
Patrícia Rodrigues de SOUZA
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. esp. 1, e024007, 2024. e-ISSN: 2359-2419
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Introdução
As lojas de artigos religiosos (lojas de artefatos destinados ao uso ritualístico nas
religiões afro-brasileiras) sempre me chamaram atenção. Em meus trajetos cotidianos, dirigindo
pela cidade de São Paulo, com frequência passo em frente a várias delas. Um observador atento,
conhecedor das religiões de matriz africana, pode acompanhar o calendário litúrgico por suas
vitrines. No mês de abril, por exemplo, multiplicam-se as imagens de Ogum e São Jorge, assim
como manequins com roupas do santo para os médiuns que o incorporam. Não apenas as
variações das vitrines podem informar, mas principalmente as mudanças no consumo dos
artigos, que por sua vez demandam das lojas e dos fabricantes novas formas e produtos,
refletindo mudanças sociais que impactam tais religiões.
O gatilho para uma pesquisa mais aprofundada, entretanto, foi a proliferação de imagens
em gesso das chamadas malandras, entidades femininas pertencentes à linha dos malandros,
liderada pela já bem conhecida entidade, Zé Pilintra. Sua imagem sempre presente nas lojas de
artigos para religiões de matriz africana, colocado na porta para atrair clientes e prosperidade.
Embora Pilintra e outros malandros se manifestassem muito tempo, a presença das
malandras parecia ser menor até pelo menos 2019. Um dos indícios disso era que não se via
imagens em gesso das malandras à venda nas lojas de artigos religiosos.
Figura 1 Imagens em gesso de malandras à venda em lojas de artigos religiosos
Fonte: Acervo da autora, 2023.
Para confirmar tal impressão, entrevistei um fabricante expressivo do ramo para saber
se de fato tais imagens eram recém-desenvolvidas. Acabei por encontrar uma interessante fonte
de informações acerca da dinâmica religiosa umbandista. Outras religiões de matriz africana
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também podem ser beneficiadas por este método de pesquisa, mas neste artigo restrinjo-me a
falar da umbanda. Desse modo, o artigo busca investigar mudanças ocorridas no imaginário da
umbanda a partir do estudo das imagens em gesso que representam suas entidades.
O estudo de caso apresentado envolve visitas sistemáticas à tradicional Casa de Velas
Santa Rita (CVSR), situada no bairro da Liberdade, no centro de São Paulo, e à fábrica
produtora de estátuas religiosas em gesso e loja Imagens Bahia (IB), localizada na Avenida
Aricanduva, na zona leste de São Paulo. Inclui também entrevistas com Henrique Dias, herdeiro
e administrador da IB. Até 2018, a CVSR e a IB operavam como uma única empresa.
Atualmente, funcionam de forma independente, mas a CVSR continua a revender as imagens
produzidas pela IB. A história dessas instituições pode ser vista como um capítulo da história
da umbanda paulistana; contudo, atualmente, elas alcançam também todo o Brasil e outros
países, onde as imagens são vendidas tanto em lojas físicas quanto pela internet. A IB também
fabrica imagens de santos católicos, mas enfrenta competição de diversos fabricantes, incluindo
chineses. No segmento de imagens de entidades afro-brasileiras, a IB se destaca como o
fabricante líder e mais antigo do Brasil.
Mostrando fotos antigas, Henrique conta que, por volta dos anos 1930, seu avô, o Senhor
Nelson Ferreira Dias Rodrigues, tinha uma leiteria localizada na Praça da Liberdade, encostada
na Igreja dos Enforcados. A igreja, ainda existente no local, possui um antigo velário, quefoi
muito movimentado. Pessoas vinham de diversas localidades acender suas velas aos santos de
sua devoção. Na época da leiteria as velas eram feitas com sebo de boi, e, portanto, era fácil e
conveniente à leiteria de Seu Nelson vender velas. Tanto que o negócio das velas acabou
suplantando o do leite, dando origem em 1934 à CVSR. Das velas à comercialização de imagens
não demorou muito. Devotos que costumavam comprar suas velas na CVSR começaram a pedir
ao Seu Nelson que trouxesse imagens, primeiro de santos católicos. A princípio, Seu Nelson
apenas comprava e revendia imagens, mas em um segundo momento contratou artesãos e
passou a fabricá-las. Um pouco mais tarde, de modo discreto (devido à perseguição sofrida
pelas religiões de matriz africana na Era Vargas) começaram a surgir pedidos de imagens de
entidades manifestadas na umbanda. Segundo Henrique, a primeira imagem de umbanda que
teriam pedido a seu avô seria a de um caboclo e depois de pretos velhos. As linhas de
“esquerda”, exus e Pomba-giras, vieram bem mais tarde.
O negócio crescia, assim como as relações de Seu Nelson com devotos e sacerdotes. As
imagens mediavam não apenas o sagrado, mas também as relações sociais. Seu Nelson era
membro do Rotary Club, sendo conhecido de vários militares e membros da polícia. Em um
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tempo em que as religiões afro-brasileiras precisavam de registro e autorização para funcionar
(ver BROWN et al., 1985), muitos de seus rituais eram criminalizados e seus sacerdotes presos,
o Seu Nelson conseguiu intermediar e facilitar solturas de pais de santo que o conheciam através
da CVSR, conta Henrique. O aumento da demanda por imagens gerou a necessidade de mais
espaço, então em 1956 a CVSR passou a ser apenas uma loja, e, a fábrica, então chamada
Imagens Bahia, foi para a avenida Aricanduva.
Anos mais tarde, um viaduto foi construído e o terreno da fábrica desapropriado. A
solução foi então ficar com um pequeno terreno como loja na mesma região e a fábrica mudou-
se para Ferraz de Vasconcelos, no entanto, ampliada. O Senhor Nelson faleceu em 2008, mas
seu filho Nelson Ferreira Dias continuou o negócio e hoje o administra junto com o filho
Henrique Dias, formado em propaganda e marketing, que cuida do portfólio e divulgação dos
produtos. Henrique é o principal responsável por decidir sobre a criação e fabricação de novos
produtos, bem como sobre a retirada de imagens da linha de produção, entretanto, respeitando
pedidos, sugestões e críticas de sacerdotes e devotos. A família não se afiliou a nenhum templo
de umbanda, embora Henrique frequente centros de umbanda esporadicamente.
Desde o início o negócio já revelava sua vocação de criar imagens a partir da demanda
espontânea dos fiéis, sendo assim até hoje. Embora a empresa tenha crescido muito, Henrique
e os funcionários mantém grande proximidade com os clientes, sempre sensíveis a novos
movimentos e demandas. Apesar de ser uma fábrica, a IB possui um processo ainda muito
artesanal: antes de serem produzidas em escala, o desenvolvimento das imagens requer
escultores. As peças ainda são todas pintadas à mão. Isso permite à IB tanto produzir peças
exclusivas, como também desenvolver produtos para produção em escala quando começam a
surgir pedidos de vários lojistas e/ou diretamente dos devotos. Pelo alcance nacional da
empresa, a análise das vendas e demandas de produção oferece indícios de tendências e
transformações religiosas e sociais. Não apenas quais imagens são produzidas e vendidas, mas
quanto vendem e para quem também evidenciam as dinâmicas religiosas. Por exemplo,
Henrique revela que seu maior volume de vendas de imagens de entidades da umbanda ocorre
atualmente na região sul do país. Por estas e outras informações identifiquei a investigação do
mercado de imagens religiosas como uma excelente fonte de pesquisa a partir da materialidade.
As imagens podem ser consideradas como “objetos biográficos” (Hoskins, 1998), que
contam histórias das entidades, por vezes de médiuns e com frequência da umbanda, além de
terem em si mesmos suas biografias culturais (Kopytoff, 1986).
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Esta investigação é parte de um projeto de pesquisa mais amplo, porém, pelo curto
espaço do artigo, vou me concentrar nos aspectos de como as imagens surgem e de como a
produção de imagens em gesso media o imaginário das entidades de umbanda para os fiéis.
Imagens em gesso e a formação estética na umbanda
A Umbanda, ou as Umbandas, como seria mais apropriado, apresenta uma diversidade
significativa em relação às linhas de entidades cultuadas e à maneira como essas entidades são
representadas e adoradas. Isso inclui tanto as estátuas dispostas em altares ou assentamentos
quanto o modo como os médiuns se vestem durante a incorporação dessas entidades.
Independentemente de serem templos de Umbanda mais cristianizados ou mais africanizados,
o uso de imagens é um dos muitos elementos materiais que contribuem para a construção do
imaginário associado ao panteão umbandista.
Isso é especialmente evidente no caso das entidades que não estão relacionadas ao
cristianismo, como orixás, caboclos, pretos-velhos, exus e Pomba-giras, em comparação com o
imaginário cristão, que está consolidado mais tempo e, portanto, é mais naturalizado (por
exemplo, a imagem de Cristo loiro de olhos azuis, embora não fosse europeu, raramente causa
estranhamento entre os fiéis). Embora haja uma quantidade considerável de literatura sobre as
entidades da Umbanda, não existem doutrinas oficiais com descrições e princípios amplamente
aceitos, resultando em muitas variações tanto mitológicas quanto imagéticas. Contudo, os
pontos em comum referem-se principalmente aos aspectos materiais, que, de certa forma,
definem contornos mais precisos à prática umbandista, ao mesmo tempo que evidenciam sua
imanência.
[Para] serem vivenciadas como reais, é preciso que as imaginações se tornem
tangíveis para além do domínio das ideias, com a criação de um ambiente
social que as materialize através da estruturação do espaço, da arquitetura, [da
iconografia] e da performance ritual e pela indução de sensações corporais
(Meyer, 2019, p. 50).
Portanto, as imagens em gesso nos altares das casas de umbanda ou nas casas de seus
fiéis possuem um papel formativo importante, que induzem, não apenas a sensações
corporais, mais a um imaginário específico acerca das entidades.
Por um lado, as imagens em gesso, quando analisadas com base em informações
disponíveis, condensam e materializam estereótipos de linhas espirituais bem definidas, que se
originaram em grupos sociais geralmente marginalizados, com histórias e experiências
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particulares. Exemplos incluem: os pretos-velhos, que são representações dos espíritos de
africanos escravizados; os caboclos, que simbolizam os indígenas que foram dizimados ou
colonizados; e os malandros, que são associados a grupos ligados ao samba, à boemia e às
práticas de macumba, frequentemente marginalizados por seu estilo de vida alternativo.
Cada um desses grupos espirituais desenvolveu virtudes características ao longo de suas
trajetórias, como coragem no enfrentamento dos inimigos, resignação perante o sofrimento,
superação das adversidades através da alegria, resistência e resiliência, entre outras. Com base
nesses conhecimentos específicos, essas linhas desempenham funções espirituais distintas para
auxiliar os fiéis, que incluem aconselhamentos, resolução de conflitos amorosos, rituais para
cura física, mental e emocional, desfazimento de feitiços, desobsessões, equilíbrio material,
entre outros.
Por outro lado, as imagens destas linhagens espirituais encarnam aspectos estéticos
objetivos, imagens tipificadas do feminino e do masculino, idade, cor de pele, postura corporal,
um estereótipo físico (o índio guerreiro, a mulher sensual, o vovô preto, etc.), vestimenta,
adereços e outros apetrechos que usavam em vida nas suas atividades cotidianas, que contam
histórias, definem papéis e fornecem modelos que inspiram modos de ser. Embora o objetivo
mais explícito da aquisição das estátuas seja o de reverenciar os santos de devoção, ocorrem
identificações com as imagens que acabam por gerar estéticas compartilhadas. Nós nos
construímos através da relação que temos com as coisas, logo estas “coisas” podem oferecer
indícios sobre nós e nossa cultura (Souza, 2022).
Sendo uma religião relativamente nova sob a chancela de umbanda, é menos comum
encontrar pessoas que tenham a umbanda como sua primeira formação estético-religiosa.
Encontram-se com maior frequência católicos e espíritas que migraram para a umbanda ou que
se identificam como pertencendo a ambas. Nesses casos, de uma religião para outra, não apenas
as ideias (crenças) mudam, mas uma nova estética há de ser incorporada. De modo geral, fiéis
tentam de algum modo estabelecer pontos de contato entre símbolos e práticas das duas
formações A presença de elementos cristãos e de um vocabulário espírita (como médium,
obsessor, entre outros) pode, à primeira vista, sugerir uma facilitação na transição. No entanto,
a mudança de uma “formação estética” baseada em doutrinas escritas, que é mais conceitual,
para uma formação fundamentada em tradições orais, onde a transmissão ocorre
predominantemente por meio de práticas corporais, tem um impacto significativo. Trata-se de
uma alteração fundamental na abordagem epistemológica. Enquanto a primeira abordagem é
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mais mentalista e coloca as impressões corporais em segundo plano, a segunda é mais sensível
e exige um rearranjo dos modos perceptivos, integrando o corpo e a mente no mesmo plano.
Dito de outra maneira, a forma de transmissão cognitiva em “religiões doutrinais”
(Whitehouse, 2004) ocorre, majoritariamente, a partir da reflexão sobre as ideias provenientes
dos textos, da repetição frequente destes mesmos conteúdos, com pouca atividade corpórea e
baixa estimulação emocional. Enquanto nas “religiões imagísticas” (Whitehouse, 2004),
normalmente provenientes de tradições orais, tendem a gerar um tipo de transmissão cognitiva
que privilegia a experiência corpórea não verbal as sensações e as emoções. Nessa divisão
didática entre “religiões doutrinais e religiões imagísticas”, Whitehouse (2004) organiza
religiões a partir de sua estética (embora não use este termo) em dois tipos ideais que podem
reduzir excessivamente sua complexidade, no entanto, sua tipificação é útil para realçar padrões
de diferenças e de semelhanças nas formações estéticas produzidas pelas diferentes religiões.
A umbanda tem mais elementos próprios de uma religião imagística, embora também
possua seus momentos doutrinais, sendo mais ou menos frequentes dependendo da prática da
casa. O fato de fiéis (médiuns) incorporarem as entidades ou no caso dos fiéis da assistência’,
como são chamados os consulentes, poderem ter contato com os espíritos manifestos nos corpos
dos médiuns reforça “os modos nos quais imaginações se materializam e são experimentadas
como reais, e não como meras representações intercambiáveis alocadas na mente” (Meyer,
2019, p. 53). Este aspecto, presente em várias das religiões de matriz africana, reforça a
importância das imagens em gesso, que buscam materializar uma forma visual dos espíritos
conselheiros (guias espirituais), essas formas acabam sendo tomadas por muitos dos fiéis como
a verdadeira presença da entidade e não somente como um símbolo. O antropólogo Alfred Gell
(2020) oferece-nos uma boa forma de explicar a presença das entidades a partir de imagens.
Elas representariam as entidades espirituais do mesmo modo que um embaixador representa o
governador de seu país em outro.
As ideias de “representar” (como uma figura) e ‘representar’ (como um
embaixador) são distintas, não obstante ligadas. Um embaixador é um
fragmento espaço-temporal separado de sua nação, que viaja para o exterior e
com quem estrangeiros podem falar, ‘como se’ estivessem falando com seu
governo nacional (Gell, 2020, p. 158).
Esta presença das entidades através de suas imagens torna-se ainda mais real ao fiel
quando tais estátuas são “cruzadas” (procedimento de sacralização que parece aumentar a
agência tanto das entidades como da própria imagem) pelas próprias entidades quando
incorporadas em médiuns e então devolvidas aos fiéis para serem levadas a seus altares
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domésticos. Pode haver ainda outros rituais de consagração de estátuas quando elas o
destinadas a altares ou assentamentos nas próprias casas de umbanda. Neste sentido, as imagens
tornam-se vivas, relativizando fronteiras entre pessoas, coisas, animais, entidades
sobrenaturais, com base na possibilidade de agência que todos podem ter (Souza, 2019). De
modo geral, os procedimentos realizados nas imagens, tais como o “cruzar” parecem ter, na
prática, mais relevância do que a origem das imagens, no sentido de que modelos foram
utilizados para criá-las, pelo menos no caso da maioria das estátuas. Entretanto, como veremos
mais adiante, algumas imagens parecem estar começando a suscitar questionamentos. A
hipótese formulada é a de que os devotos têm sido influenciados por discursos e movimentos
sociais contemporâneos, como o feminismo, por exemplo. Antes de analisar essa hipótese, se
apresentado no próximo item uma descrição detalhada do processo de produção das imagens.
De onde vêm as imagens para a fabricação das imagens
O resultado desta pesquisa mostrou que as ideias para confecção das imagens mesclam
aspectos de uma espécie de revelação espiritual com construção social. Henrique mencionou
vários casos de devotos que chegavam com desenhos ou que simplesmente faziam descrições
das peças que queriam que fossem confeccionadas em gesso. Em geral, elas são bem específicas
e detalhadas, podendo referir-se a uma entidade que tenha se manifestado num único terreiro
ou em vários. Antes dos desenhos, porém, as imagens dos espíritos podem vir através dos
médiuns que os incorporam e que “veem” (como uma imagem mental) como as entidades são.
Estas imagens podem ainda vir em sonho. E também os médiuns que alegam ver
efetivamente os espíritos de forma realista, como se fossem pessoas encarnadas.
Existem ainda os casos em que a própria entidade, incorporada no médium, descreve a
outrem como ela é, que objetos rituais utiliza, por vezes mencionando fatos de sua existência
terrena, qual era sua ocupação, lugar na sociedade, dificuldades pelas quais passou e teve de
superar. São estes relatos das entidades que muitas vezes fornecem subsídios a uma certa
teologia umbandista. Seus princípios são extraídos da experiência vivida dos espíritos, que por
meio dos médiuns podem compartilhá-las. Uma boa parte dos livros que compõem a
bibliografia umbandista consistem em biografias dos guias espirituais. São essas biografias
(escritas ou apenas faladas), a manifestação em médiuns e as imagens que, em grande parte,
tornam a umbanda tangível no sentido proposto por Birgit Meyer (2019).
Os casos mais comuns sobre a origem das imagens parecem ser as imagens mentais e
sonhos, onde a entidade deixaria se ver por aqueles que tem a capacidade (mediúnica) para tal,
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sendo esta capacidade uma espécie de sentido adicional, além dos cinco. A ilustração abaixo
levada à IB exemplifica um desses processos, em que um médium teria visto, descrito e
desenhado a imagem da entidade Mané Baiano.
Figura 2 Desenho designado à produção de imagem em gesso da entidade Mané Baiano
Fonte: Henrique Dias, acervo Imagens Bahia (sem data).
Além do desenho, uma descrição detalhada das qualidades físicas da entidade:
moreno, idoso, com cabelo e sobrancelhas brancos, descalço e com punhos fechados. Observa-
se o fenótipo de um tipo social popular entre brasileiros, os pés descalços sugerem origem
humilde; a pele morena indica mestiçagem; os cabelos e sobrancelhas brancos refletem a
velhice; e os punhos fechados podem simbolizar resistência. O nome simples e popular, Mané
Baiano, exemplifica alguém que, como muitos espíritos, viveu na pobreza e alcançou a
condição de entidade conselheira na umbanda. A imagem representa não um santo idealizado,
com coroa e adornos, mas uma figura humana, possivelmente representativa do período em que
esteve encarnado. Tal simplicidade facilita a identificação dos devotos com as imagens,
tornando-as mais reais e tangíveis à condição humana.
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Segundo Henrique, alguns clientes fornecem desenhos, mais ou menos elaborados,
enquanto outros trazem imagens prontas, como fotografias, revistas ou sites, que servem
como referência para a produção da imagem em gesso. É importante notar que essas imagens
prontas não são neutras; elas carregam intenções, ideologias e padrões estéticos específicos,
que podem influenciar ou atualizar uma certa tradição. No caso do desenho acima, a pessoa que
recebeu a informação da entidade tentou ser fiel à instrução fornecida, sem utilizar uma
referência externa existente. Não está claro se o desenho foi utilizado para manter a fidelidade
à revelação recebida, se o proponente não encontrou uma imagem de referência, ou se o desenho
antecede certas mídias.
De qualquer modo, distinguem-se dois processos de produção de imagens: um sem
referência externa, possivelmente mais próximo da revelação espiritual, conforme explicado;
e outro que consistiria, pelo menos em parte, numa construção social, que se baseia em
alguma mídia pública, normalmente secular carregada de ideologias e padrões estéticos
próprios de outro campo. Henrique alude a este aspecto mostrando-me a imagem da Cabocla
Jurema do Mar que, segundo ele teria sido referenciada a partir da imagem de uma garota pin-
up, sendo depois adaptada ao que seria, em princípio, um estereótipo indígena brasileiro.
Figura 3 Imagem em gesso da Cabocla Jurema do Mar, produzida e comercializada pela
Imagens Bahia
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Fonte: Site da empresa. Disponível em: https://www.imagensbahia.com.br/jurema-do-mar-cabocla-
40cm. Acesso em: 20/06/2023.
Cada linha da umbanda parece refletir maior ou menor influência externa (como as
mídias) de acordo com os diferentes contextos socio-históricos. Imagens de caboclos e pretos-
velhos, com poucas exceções, parecem ter permanecido relativamente estáveis em termos de
forma, embora, ao longo dos anos, mais linhas de caboclos, caboclas, pretas-velhas e pretos-
velhos tenham sido acrescentadas. Em contraste, no universo analisado da IB, outras linhas,
como orixás, exus e Pomba-giras, têm experimentado mudanças mais significativas. Essas
mudanças parecem estar influenciadas por discursos atuais, como os movimentos antirracismo
e feministas.
Um exemplo notável é a imagem de Iemanjá. Embora seja uma entidade africana,
historicamente tem sido representada como uma mulher branca de longos cabelos lisos e vestes
azul-claras, lembrando a figura de uma Nossa Senhora. Essa representação pode ter contribuído
para que Iemanjá se tornasse o orixá mais popular, frequentemente destacada dos cultos
africanos no imaginário popular. Em 2007, a IB introduziu em sua linha de produção uma
imagem de Iemanjá negra, com vestimenta típica do candomblé, em resposta a pedidos de fiéis,
incluindo pais de santo que reivindicavam suas origens negro-africanas. É possível que esses
pedidos tenham sido influenciados pelos movimentos negros no Brasil. No entanto, Henrique
afirma que a imagem de Iemanjá branca ainda é significativamente mais vendida.
Patrícia Rodrigues de SOUZA
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DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24iesp.1.18214 13
Figura 4 À esquerda a tradicional imagem de Iemanjá ao lado da Iemanjá negra com
vestimenta do candomblé, expostas na Casa de Velas Santa Rita, produzidas pela Imagens
Bahia
Fonte: Acervo da autora, 2020.
Outro caso que merece destaque no que diz respeito a uma biografia cultural (Kopytoff,
1986; Hoskins, 1998), isto é, uma trajetória de mudanças ao longo da história pela qual se pode
entrever o contexto, seriam as imagens de Exus. Henrique conta que as primeiras imagens de
exus geralmente apresentavam pele vermelha, pés de bode, rabo e chifres. Ao longo do tempo
elas foram perdendo as características mais estereotipadas de demônio, tais como as partes de
animais.
Perder as características neste caso, significa que as estátuas com características mais
animalizadas passavam a vender cada vez menos, até que fossem retiradas da linha de produção.
Atualmente, a IB produz uma linha de exus com noventa tipos diferentes, dos quais há apenas
dez com chifres, oito que apresentam um ou dois pés de bode, nenhum com pele vermelha
(todos com cor de pele humana), e apenas duas que se apresentam meio animal, meio homem,
Exu Cobra, mas que hoje possui uma versão totalmente humana com uma cobra enrolada entre
as pernas e o Exu Belzebu com patas e feições de bode. Há também as versões bem humanas,
como se fossem médiuns incorporados, Exu do Candomblé e duas versões do orixá Exu.
O imaginário das entidades da umbanda: Dilemas nas estéticas compartilhadas sobre as imagens em gesso
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Figura 5 Da esquerda para a direita, Exu Belzebu, um dos “clássicos”. Orixá Exu bastante
humanizado, Orixá Exu com suas ferramentas e símbolos, e o Exu mais africanizado, baseado
na foto de Pierre Verger
Fonte: Imagens retiradas do catálogo no site da Imagens Bahia. Disponível em:
https://www.imagensbahia.com.br/busca?category_id=73&term=exus&from=0&size=24. Acesso em:
03/05/2023.
Os exus na umbanda não são necessariamente a mesma entidade que o Exu orixá do
candomblé. No entanto, as representações do Exu orixá em gesso são, de certa forma, mais
recentes. Tradicionalmente, em cultos africanos, Exu seria representado, no sentido proposto
por Alfred Gell, como um embaixador, por meio de uma pedra ou, no máximo, por uma estátua
de madeira esculpida segundo uma estética africana específica, que não busca retratar formas
humanas de maneira realista.
Henrique observa que, ao longo do tempo, houve pedidos para a produção de exus com
características menos animais ou demoníacas e mais humanas. Esse fenômeno pode ser
explicado pelo crescente reconhecimento e reverência dos exus nas religiões de matriz africana,
que atualmente se opõem à demonização da figura do exu pela igreja católica. Os pedidos para
imagens de exu mais humanas e, de certa forma, menos “monstruosas” têm levado Henrique a
ajustar o design de algumas peças para atender a essa demanda. A foto abaixo ilustra, à
esquerda, uma cabeça de exu conforme os modelos antigos, com dentes grandes, orelhas
pontudas, olhos desproporcionais, sobrancelhas marcantes e uma face deformada. À direita,
apresenta-se um protótipo de exu conforme a demanda atual, com uma aparência que segue um
padrão de beleza masculina secular.
Patrícia Rodrigues de SOUZA
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Figura 6 Cabeça de exu em gesso, antes de pintar. À esquerda a versão mais antiga e, à
direita, uma nova interpretação
Fonte: Acervo da autora, de 14/04/2023.
O protótipo se encontra ainda em desenvolvimento, esta é apenas uma das versões. Junto
aos escultores e modeladores da IB, Henrique tem estudado como modernizar a imagem,
conforme tem sido pedido, mas tentando ao mesmo tempo, manter uma certa tradição. Durante
o processo de pesquisa para este projeto, convidei Henrique para que comparecesse a uma de
minhas aulas na PUC São Paulo e expusesse aos alunos um pouco desse universo da produção
e comercialização de estátuas religiosas. Ele trouxe as duas cabeças de exu em gesso
apresentadas na foto acima e compartilhou conosco um pouco de seu dilema. Havia alunas e
alunos praticantes, pesquisadoras e pesquisadores de religiões de matriz africana, bem como de
religiosidades cristãs, todos pós-graduandos em ciência da religião.
Com mais ou menos conhecimento sobre a umbanda, os alunos colocaram-se
momentaneamente na posição de Henrique, resultando em opiniões divididas. Cristãos e alguns
seguidores das religiões afro-brasileiras concordaram que a imagem de Exu deveria ser
apresentada de forma mais humana, argumentando que as representações antigas reforçavam a
conotação demoníaca atribuída ao Exu. Em contraste, alguns umbandistas valorizaram a
tradição, defendendo que muitas das imagens haviam sido reveladas mediunicamente pelas
próprias entidades e, portanto, as representações tradicionais, mais zoomórficas e até mesmo
demoníacas, deveriam ser mantidas. Uma aluna, ex-umbandista, mas ainda praticante de
religiões de matriz africana, argumentou que representar Exu “tão galã quanto Clark Kent”
(referindo-se ao modelo à direita) equivaleria a se render a um padrão de beleza masculino
moderno e secular que nada tem a ver com a entidade. Houve uma discussão acalorada durante
O imaginário das entidades da umbanda: Dilemas nas estéticas compartilhadas sobre as imagens em gesso
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a aula, mas sem uma conclusão definitiva. Henrique ouviu atentamente todos os argumentos
apresentados.
A discussão aumentou ainda mais depois que Henrique apresentou um dilema similar
referindo-se às imagens de Pomba-giras. Suas imagens também têm demandado alterações ao
longo do tempo, não exatamente em relação à sua forma corpórea, mas, parece que no caso de
entidades femininas, o vestuário e o grau de exposição do corpo podem ser decisivos para a
fidelidade da representação e agência da entidade. As imagens “clássicas” de Pomba-gira
apresentam-nas quase nuas, com os seios à mostra. Henrique afirma que têm lhe pedido para
fazer imagens cobrindo os seios das Pomba-giras. Ele aposta que cobrir os seios tem a ver com
a influência dos movimentos feministas que protestam contra a objetificação do corpo feminino.
Mas sempre polêmicas quanto à mudança das imagens. Na sala de aula, outra vez as opiniões
se dividiram. Durante a discussão surgiu a pergunta: por que as Pomba-giras têm de ser exibidas
nuas enquanto o falo dos exus aparece coberto? O contraponto tradicionalista, entretanto,
alegou mais uma vez que as imagens tradicionais foram determinadas por revelação e deveriam
ser assim mantidas. Houve ainda quem alegasse que as linhas de esquerda vêm para quebrar
padrões, subverter e que a pombagira está aí para se impor sem medo de repressão e, por isso,
deve se apresentar nua.
A discussão em sala de aula foi apenas uma demonstração em menor escala de uma
encruzilhada na qual Henrique havia se visto, o respeito à tradição religiosa de um lado e o
apelo mercadológico do outro. Para resolver este dilema de forma mais consistente, em 2013
Henrique deixou o público falar, realizou uma pesquisa através do Google Forms com a
seguinte pergunta: as Pomba-giras devem ter os seios à mostra ou cobertos? À qual eram
oferecidas as seguintes opções de resposta: a) Devem ter os seios à mostra; b) Devem ter os
seios cobertos; c) Depende da pombagira, mas geralmente seus seios ficam à mostra; d)
Depende da pombagira, mas geralmente seus seios são cobertos. A pesquisa obteve 420
respostas, sendo a) = 106; b) = 163; c) = 88; d) = 60. Para melhor visualização segue gráfico
abaixo em percentagem:
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Gráfico 1 Gráfico representando as respostas geradas pela pesquisa via Google Forms
Fonte: Elaboração da autora. O arquivo em Excel com as respostas foi gentilmente cedido por Henrique
Dias. Os respondentes não são identificáveis.
Analisando os números de forma objetiva, observa-se que, embora a opção “seios
cobertos” tenha prevalecido, a diferença técnica entre as opções é pequena, assim como as
opiniões discutidas em sala de aula também não chegaram a um consenso majoritário. Os
respondentes tinham a liberdade de escolher entre as opções oferecidas e também podiam
expressar suas opiniões adicionais, se desejassem. Entre as explicações espontâneas, percebe-
se uma preocupação em esclarecer para a opinião pública leiga que, apesar da nudez e da
sensualidade associadas às Pomba-giras, essas entidades o devem ser confundidas com
prostitutas, e que Exus (frequentemente mencionados em respostas como tendo uma aparência
demoníaca) não são demônios. É mais evidente a identificação das mulheres com as Pomba-
giras, que parecem representar e materializar um empoderamento feminino. Aqueles que
defendem a opção dos seios cobertos argumentam que as Pomba-giras o belas e fortes por
natureza e que a exposição dos seios não é necessária para expressar essas qualidades; ao
contrário, tal exposição poderia prejudicar sua imagem de forma desnecessária. Exemplos dos
argumentos apresentados pelos defensores da opção dos seios cobertos incluem:
Elas são moças vistosas não necessidade de se expor ao ponto de deixar
seus seios à mostra.
As imagens de esquerda parecem imagens de demônios, eu digo que vocês
deveriam confeccionar outras formas de arte, como um homem simples
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vestido de preto e as moças, mulheres com as roupas usadas no centro. Não
necessidade de representá-las com pele vermelha e seios descobertos, como
se fossem meretrizes.
Desmistificar a concepção dos leigos, é uma luta da Umbanda. Tratando-se de
Pombagira, ainda é mais difícil. Não necessitamos de imagens com os peitos
à mostra, necessitamos da firmeza destas lindas guardiãs.
Pombas Giras são Entidades de luz e muito respeito e não é necessário
apelação sexual ou sensual de forma alguma, e já repararam que quanto mais
bem vestidas mais bonitas ficam?
A imagem de pombo gira que se tinha antes de mulher da vida, super sensual
foi sendo esclarecida e hoje podemos ver melhor que elas exalam sua
sensualidade pela sua forma de ser.
Eu acho que o mais importante é desvincular a imagem das Pomba-giras,
como entidades malignas, sexualizadas, promíscuas, prostitutas, etc.
Se for para cobrir e não ter mais evangélicos falando besteira e válido. Caso
contrário, não.
As imagens ficariam mais bonitas e não causariam tanto preconceito por parte
das pessoas que estão se iniciando na religião e ainda não tem conhecimento
sobre a mesma.
Entre os respondentes que defendem a exposição dos seios, esses são frequentemente
destacados como um elemento importante na expressão da beleza e força femininas. No entanto,
o principal argumento apresentado por aqueles que preferem os seios à mostra parece estar
relacionado à preservação da tradição. Abaixo, seguem algumas declarações nesse sentido:
Acredito que não tem problema algum da imagem de Pombagira ter seios
descobertos. Até porque a maldade está na cabeça do ser humano, e isso não
é sinônimo de vulgaridade e sim a representão da feminilidade da mulher.
No meu ponto de vista, depende da pomba gira, mas acredito que as que se
apresentam com os seios de fora são muito poderosas, sendo que deles tem a
essência da vida, que alimenta os recém-nascidos e que dão um ar sensual para
elas.
O fato dos seios estarem à mostra não traz nenhum demérito, pois através dos
seios se alimenta as crianças, e o corpo humano é o templo da alma. Não existe
nada de imoral ou pernicioso.
Amigos, os pudores humanos não se enquadram às nossas entidades, que são
livres. Nas civilizações africanas, mulheres de seios de fora é algo
completamente natural, por isso foi atribuída às pombas giras esta forma de
ser retratada na imagem, como uma mulher sensual, sem pudores, livre e com
certo apelo sexual (pois exu também trabalha nessa área). Não tapem os seios
das Pombas Giras, não vamos baixar a cabeça para essa sociedade hipócrita
que segue os mandamentos da igreja, pois quem impõe isso é gente da Igreja!!!
Pombagira é o lado humano de todos nós. Você deve vê-las do jeito que elas
são, se a pessoa não gosta é só não olhar.
Nunca podemos abandonar a origem de um orixá, daqui uns dias vamos querer
fazer oferendas diet para exus porque é moda.
Creio que não devem mudar o que é feito muitos anos. Fundamentos de
religião não se mudam por opiniões de leigos.
Apesar da pequena diferença no resultado, de maneira geral, os defensores dos “seios
cobertos” pareciam ter argumentos mais sólidos, quando considerados no conjunto de todas as
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respostas. Desse modo, Henrique pendeu para “seios cobertos”, embora procurando manter a
tradição da sensualidade. Abaixo vemos duas imagens de uma mesma pombagira, a antiga à
esquerda e a nova à direita, com os seios parcialmente cobertos pelos cabelos:
Figura 7 À esquerda, a imagem de pombagira é uma das mais antigas e não se refere a uma
pombagira específica. Esta imagem foi extraída do catálogo físico da IB (nº 09 A), produzido
em 2021. À direita, apresenta-se a nova representação de pombagira, com seios semicobertos
pelos cabelos, conforme exibido no site da IB
Fonte: Site da empresa. Disponível em: https://www.imagensbahia.com.br/pomba-gira. Acesso em:
27/06/2023.
A foto à esquerda foi feita a partir do catálogo impresso já que a imagem não consta no
site. Segundo Henrique ela praticamente não vende mais e saiu da linha de produção. No mesmo
contexto, a pombagira Rainha das Sete Encruzilhadas ganhou nova versão. A mais antiga tem
os seios completamente expostos e quadril largo, e a nova tem os seios menos expostos e um
corpo menos volumoso. Por enquanto as duas versões estão disponíveis no site.
O imaginário das entidades da umbanda: Dilemas nas estéticas compartilhadas sobre as imagens em gesso
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Figura 8 À esquerda, a imagem de pombagira das 7 encruzilhadas com seios à mostra. E a
nova versão com seios cobertos
Fonte: Site da empresa. Disponível em:
https://www.imagensbahia.com.br/busca?category_id=73&term=pomba+gira+7+encruzilhadas&from
=0&size=24. Acesso em: 27/06/2023.
O feminino parece de fato ter uma ligação mais estreita com o corpo e o vestuário. A
pesquisa indícios disso, mas, em entrevista, Henrique havia mencionado certos pedidos
de vestidos mais elegantes para as imagens de Pomba-giras, como no caso em que sugeriram
colocar detalhes mais sofisticados no vestido da pombagira Maria Mulambo, em tese, uma das
Pomba-giras menos vaidosas. Henrique atendeu a solicitação, chegou a um meio-termo
acrescentando algum dourado ao figurino.
Patrícia Rodrigues de SOUZA
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Figura 9 Nova imagem da pombagira Maria Mulambo com vestido apresentando remendos
em dourado
Fonte: Acervo da autora, 2023.
Conclusão
Ao analisar o universo da produção e comercialização de imagens em gesso de entidades
da umbanda, realizadas pela Casa de Velas Santa Rita e, em particular, pela Imagens Bahia,
observa-se que as primeiras representações de pomba-giras e exus, com suas características de
nudez, sexualidade explícita, zoomorfismo e aparência reminiscentes dos demônios do
imaginário cristão, fornecem elementos para a formação estética umbandista. Nessa formação,
a imanência, o corpo, a sensualidade e o prazer emergem como valores intrínsecos à tradição
da umbanda. No entanto, essas representações e valores têm sido materializados de maneiras
variadas, dependendo das variações da umbanda e outras religiosidades de matriz africana.
Mesmo em períodos de perseguição oficial, sempre existiram os espaços discretos
dedicados ao culto de exus e pomba-giras, frequentemente localizados em cantos ocultos da
entrada dos terreiros, quase imperceptíveis. Contudo, as mudanças na percepção da sexualidade
ao longo do tempo possibilitaram uma maior visibilidade dessas entidades, que agora podem
ocupar grandes altares e cômodos inteiros dedicados a seu culto. Além disso, fiéis podem
possuir imagens dessas entidades em suas próprias residências. O fenômeno do “sagrado
feminino novaerista” também tem contribuído para a inclusão de imagens de pomba-giras e
malandras misturadas a entidades femininas de diversos panteões.
Apesar de toda a liberdade sexual dos dias atuais, de flexibilizações de binaridades antes
inegociáveis (bom/mal, feminino/masculino, sagrado/profano, cristão/outro) e da maior
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liberdade de culto de que goza a umbanda hoje em relação a seu passado de perseguição
extrema, como em todas as religiões, idiossincrasias surgem e, contraditoriamente, alguns dos
próprios insiders umbandistas pedem, de certo modo, pudor. Curiosamente, no caso da
umbanda, são os progressistas que pedem para cobrir os seios e dar aos exus a aparência de ser
humano comum, enquanto tradicionalistas defendem seios à mostra e a preservação de imagens
de exu com características monstruosas. As imagens em gesso materializam e trazem à tona os
dois lados dessa discussão, demonstrando o quanto religiões são imanentes, apesar de o senso
comum tentar pensar religiões como apenas transcendência.
Do mesmo modo, as imagens em gesso deflagram o confronto de duas formações
estéticas diferentes, uma cristã e outra afro-brasileira, que de modo mais ou menos conflituoso
se sobrepõem. Contra a liberação da pombagira e a importância atribuída ao prazer corporal,
permanecem os resquícios de uma formação estética cristã em que se aprende a negar o corpo.
Esta formação tem a vantagem de ocorrer logo nos primeiros anos de vida de brasileiros e
brasileiras, tornando mais difícil a entrada de formações estéticas em que o corpo seja visto de
forma positiva. Esse aspecto pode muitas vezes estar escondido na preocupação em relação a
como outros (leigos ou de outras crenças religiosas) vão pensar e julgar suas religiosidades.
Entretanto, a nudez das imagens das caboclas não tem sido questionada, possivelmente porque
não está associada ao prazer corporal e liberação sexual, embora povos indígenas, ameríndios
e africanos, não lidassem com sexo nos termos cristãos. Talvez aqui ainda esteja em ação o
difundido estereótipo do “bom selvagem” de Rousseau.
Outro aspecto crucial na confecção das imagens em gesso é a influência das novas
mídias, que sutilmente moldam novos imaginários compartilhados e, consequentemente, novas
referências sobre gênero, sexualidade e religiosidade. Padrões estéticos seculares, disseminados
através das mídias sociais, têm permeado e influenciado os padrões estéticos previamente
estabelecidos em contextos religiosos. A necessidade de negociar com novas tecnologias não é
uma novidade para as religiões; conforme Merleau-Ponty (2011), as religiões estão inseridas
no mundo, e as tecnologias fazem parte desse mundo de maneira inseparável. No entanto, as
tecnologias digitais ampliaram exponencialmente o número de meios de comunicação, de modo
que as mudanças provocadas por essas tecnologias são percebidas com maior frequência e
intensidade, surpreendendo as religiões ao enfrentarem certas arbitrariedades às quais precisam
responder.
Certamente as discussões geradas em torno das estátuas em gesso também se devem à
pouca idade da umbanda (em relação às ditas “religiões mundiais”), bem como à sua baixa
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institucionalização, aspectos que permitem um grande número de inovações. Os “santos” da
umbanda emergem da devoção popular, não canonização e nem outros processos
regulamentadores “de cima para baixo”, este aspecto margem para o surgimento e
incorporação de diferentes formações e tipos sociais. Em diferentes contextos históricos cultura
(popular), religião e construção social combinam-se e recombinam-se em formações estéticas.
Do mesmo modo, num fluxo contrário e contínuo, formações estéticas produzem cultura,
religião e construção social.
REFERÊNCIAS
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SEIBLITZ, Zelia. Umbanda e Política. Rio de Janeiro: Editora Maro Zero, 1985. (Cadernos
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KOPYTOFF, Igor. The cultural biography of things. In: APPADURAI, Arjun. The social life
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MERLEAU-PONTY, Maurice. A fenomenologia da percepção. São Paulo: Martins Fontes,
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MEYER, Birgit. Como as coisas importam. Uma abordagem material da religião. Textos de
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SOUZA, Patrícia Rodrigues de. Religião Material. O estudo das religiões a partir da
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SOUZA, Patrícia Rodrigues de. Pensar a religião através das coisas: Materialidade religiosa e
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WHITEHOUSE, Harvey. Modes of Religiosity. A cognitive theory of religious transmission.
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O imaginário das entidades da umbanda: Dilemas nas estéticas compartilhadas sobre as imagens em gesso
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. esp. 1, e024007, 2024. e-ISSN: 2359-2419
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CRediT Author Statement
Reconhecimentos: Gostaria de agradecer ao Sr. Henrique Dias da Imagens Bahia por toda
a colaboração com a pesquisa.
Financiamento: Não aplicável.
Conflitos de interesse: Não há conflitos de interesse.
Aprovação ética: Não aplicável.
Disponibilidade de dados e material: Os dados da entrevista foram gravados e podem ser
solicitados.
Contribuições dos autores: Autoria única.
Processamento e editoração: Editora Ibero-Americana de Educação.
Revisão, formatação, normalização e tradução.
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UMBANDA ENTITIES’ IMAGINARY: DILEMAS IN SHARED AESTHETICS OVER
PLASTER IMAGES
O IMAGINÁRIO DAS ENTIDADES DA UMBANDA: DILEMAS NAS ESTÉTICAS
COMPARTILHADAS SOBRE AS IMAGENS EM GESSO
EL IMAGINARIO DE LAS ENTIDADES UMBANDA: DILEMA EN LA ESTÉTICA
COMPARTIDA SOBRE IMÁGENES DE YESO
Patrícia Rodrigues de SOUZA1
e-mail: prsouza@pucsp.br
How to reference this paper:
SOUZA, P. R. de. Umbanda entities’ imaginary: dilemas in
shared aesthetics over plaster images. Rev. Cadernos de
Campo, Araraquara, v. 24, n. esp. 1, e024007, 2024. e-
ISSN: 2359-2419. DOI:
https://doi.org/10.47284/cdc.v24iesp.1.18214
| Submitted: 30/06/2023
| Revisions required: 15/12/2023
| Approved: 02/04/2024
| Published: 30/09/2024
Editors:
Prof. Dr. Maria Teresa Miceli Kerbauy
Prof. Me. Thaís Cristina Caetano de Souza
Prof. Me. Paulo Carvalho Moura
Prof. Thiago Pacheco Gebara
1
Pontifical Catholic University of São Paulo (PUC-SP), São Paulo SP Brazil. Professor at the Graduate
Program in Religious Studies at PUC-SP. Holds a Doctoral degree and Master’s degree in Religious Studies from
PUC-SP. Researcher in religious materialities; religion and the body; aesthetics of religion. Leader of RELIGMA,
the research group on religious materialities.
Umbanda entities’ imaginary: dilemas in shared aesthetics over plaster images
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. esp. 1, e024007, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24iesp.1.18214 2
ABSTRACT: The study of the evolution of plaster images of Umbanda entities, sold in
religious goods stores, including a brief history of its most expressive manufacturer (Imagens
Bahia), reveals social and behavioral changes over time. The images of the so-called left-wing
entities, exus and Pomba-giras, reflect dilemmas involving the exposure of sexuality and a
certain degree of zoomorphism. At the same time, the different opinions of devotees on whether
to cover the breasts of Pomba-giras in statues and represent exus with the bodily parts of animals
challenges the manufacturer/designer to reconcile such divergences in the production of statues,
having to update them from time to time without losing tradition. This research reveals that a
combination of spiritual revelation and social construction determines the imagination of
Umbanda entities. Regarding agency, there is a dialectical process in which sometimes
believers are influenced by the plaster representations, and sometimes devotees determine them.
KEYWORDS: Umbanda. Religious materialities. Religious images. Agency of objects.
Religious goods stores.
RESUMO: O estudo da evolução das imagens em gesso de entidades da umbanda,
comercializadas em lojas de artigos religiosos, incluindo uma breve história de seu fabricante
mais expressivo (Imagens Bahia), revela mudanças sociais e comportamentais ao longo do
tempo. As imagens das chamadas entidades de esquerda, exus e Pomba-giras, refletem dilemas
envolvendo a exposição da sexualidade e certo grau de zoomorfização. Ao mesmo tempo, as
diferentes opiniões dos devotos sobre cobrir ou não os seios das Pomba-giras em estátuas e
representar exus com partes corpóreas de animais desafiam o fabricante/designer a conciliar
tais divergências na produção das estátuas, tendo de atualizá-las de tempos em tempos, mas
sem perder de vista a tradição. A pesquisa revela que uma combinação de revelação espiritual
e construção social determinam o imaginário das entidades de umbanda. Em relação à agência
constata-se um processo dialético em que ora fiéis são influenciados pelas representações em
gesso, ora são os fiéis que as determinam.
PALAVRAS-CHAVE: Umbanda. Materialidades religiosas. Imagens religiosas. Lojas de
artigos religiosos.
RESUMEN: El estudio de la evolución de las imágenes en yeso de entidades umbandistas,
vendidas en tiendas de artículos religiosos, incluyendo una breve historia de su fabricante más
significativo (Imagens Bahia), revela cambios sociales y comportamentales a lo largo del
tiempo. Las imágenes de las denominadas entidades de izquierda, exus y Pomba-giras, reflejan
dilemas de exposición de la sexualidad y cierto grado de animalización. Al mismo tiempo, las
diferentes opiniones de los devotos sobre si cubrir o no los pechos de las Pomba-giras en las
estatuas y representar a los exus con partes del cuerpo de animales desafían al
fabricante/diseñador a conciliar tales diferencias en la producción de las estatuas, debiendo
actualizarlas de vez en cuando, pero sin perder de vista la tradición. La investigación revela
que una combinación de revelación espiritual y construcción social determina el imaginario
de las entidades de la Umbanda. En relación con la agencia, hay un proceso dialéctico en que
a veces los creyentes están influenciados por las representaciones en yeso, y otras veces son
los fieles quienes las determinan.
PALABRAS CLAVE: Umbanda. Materialidades religiosas. Imágenes religiosas. Tiendas de
artículos religiosos.
Patrícia Rodrigues de SOUZA
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. esp. 1, e024007, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24iesp.1.18214 3
Introduction
Religious goods stores (stores selling artifacts for ritual use in Afro-Brazilian religions)
have always caught my attention. During my daily commutes through the city of São Paulo, I
frequently pass by several of these stores. A keen observer knowledgeable about African-based
religions can trace the liturgical calendar simply by observing their storefronts. For example, in
April, images of Ogum and Saint George become abundant, along with mannequins dressed in
the saint’s attire for mediums who embody him. Not only do the variations in storefront displays
provide information, but also the changes in the consumption of these items, which in turn
require stores and manufacturers to innovate with new forms and products, reflecting societal
changes impacting these religions.
The trigger for a more in-depth investigation was the proliferation of plaster images of
the so-called malandras, female entities within the malandros line, led by the well-known entity
Pilintra. His image is always present in stores selling Afro-Brazilian religious artifacts,
placed at the entrance to attract customers and prosperity. Although Pilintra and other
malandros
2
have long been present, the visibility of malandras seemed to be lower until at least
2019. One indication of this was the lack of plaster images of malandras for sale in religious
goods stores.
Figure 1 Plaster images of malandras for sale in religious goods stores
Source: Author’s collection, 2023.
2
One who does not work, who uses ingenious, often reprehensible resources to live; lazy.
Umbanda entities’ imaginary: dilemas in shared aesthetics over plaster images
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. esp. 1, e024007, 2024. e-ISSN: 2359-2419
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To confirm this impression, I interviewed a prominent manufacturer in the field to
determine whether these images were indeed newly developed. I ended up finding an interesting
source of information about the dynamics of the Umbanda religion. While other African-based
religions might also benefit from this research method, this article focuses specifically on
Umbanda. Thus, the article aims to investigate changes in the Umbanda imagination through
the study of plaster images representing its entities.
The presented case study involves systematic visits to the traditional Casa de Velas
Santa Rita (CVSR), located in the Liberdade neighborhood in central São Paulo, and the factory
producing religious plaster statues and store Imagens Bahia (IB), located on Avenida
Aricanduva in São Paulo’s eastern zone. It also includes interviews with Henrique Dias, heir
and manager of IB. Until 2018, CVSR and IB operated as a single entity. Currently, they
function independently, though CVSR continues to resell images produced by IB. The history
of these institutions can be seen as a chapter in the history of Umbanda in São Paulo; however,
they now reach all over Brazil and other countries, where images are sold both in physical stores
and online. IB also manufactures images of Catholic saints but faces competition from various
manufacturers, including Chinese ones. In the segment of Afro-Brazilian entity images, IB
stands out as the leading and oldest manufacturer in Brazil.
Showing old photos, Henrique recounts that, around the 1930s, his grandfather, Senhor
Nelson Ferreira Dias Rodrigues, had a dairy located at Praça da Liberdade, next to the Church
of the Hanged Men. The church, still standing, has an old candle shop that was once very busy.
People came from various places to light candles for their saints. At the time, the candles were
made with beef tallow, making it easy and convenient for Senhor Nelson’s dairy to sell candles.
The candle business eventually surpassed the dairy business, leading to the establishment of
CVSR in 1934. It wasn’t long before they transitioned from selling candles to selling images.
Devotees who used to buy candles at CVSR began asking Senhor Nelson to bring images,
initially of Catholic saints. At first, Senhor Nelson only bought and resold images, but later he
hired artisans and began manufacturing them. A bit later, discreetly (due to the persecution
faced by African-based religions during the Vargas Era), requests for images of entities
manifested in Umbanda started to appear. According to Henrique, the first Umbanda image
requested from his grandfather was that of a caboclo, followed by images of old black men
(pretos velhos). The “left-hand” lines, exus, and Pomba-giras came much later.
The business grew, as did Senhor Nelson’s relationships with devotees and priests. The
images mediated not only the sacred but also social relations. Senhor Nelson was a member of
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the Rotary Club and was known to several military personnel and police officers. At a time
when Afro-Brazilian religions required registration and authorization to operate (see BROWN
et al., 1985), many of their rituals were criminalized, and their priests were imprisoned.
Henrique recounts that Senhor Nelson was able to mediate and facilitate the release of spiritist
priests who knew him through CVSR. The increase in demand for images necessitated more
space; thus, in 1956, CVSR became solely a store, and the factory, now called Imagens Bahia,
moved to Avenida Aricanduva.
Years later, a viaduct was constructed, and the factory’s land was expropriated. The
solution was to retain a small plot of land as a store in the same area, while the factory moved
to Ferraz de Vasconcelos, though expanded. Senhor Nelson passed away in 2008, but his son,
Nelson Ferreira Dias, continued the business and now manages it along with his son, Henrique
Dias, who holds a degree in advertising and marketing and handles the portfolio and promotion
of products. Henrique is primarily responsible for deciding on the creation and manufacturing
of new products as well as the removal of images from production, while respecting requests,
suggestions, and critiques from priests and devotees. The family is not affiliated with any
Umbanda temple, although Henrique occasionally attends Umbanda centers.
From the beginning, the business showed its vocation for creating images based on
spontaneous demand from the faithful, which remains the case today. Despite the company’s
significant growth, Henrique and the staff maintain close relationships with clients, always
attentive to new trends and demands. Although it is a factory, IB still employs a highly artisanal
process: before being produced on a larger scale, the development of the images requires
sculptors. The pieces are all hand-painted. This allows IB to produce exclusive pieces as well
as develop products for mass production when orders begin to come in from various retailers
and/or directly from devotees. Given the company’s national reach, the analysis of sales and
production demands provides insights into religious and social trends and transformations. Not
only do the images produced and sold reflect these dynamics, but so does the volume and
destinations of sales. For example, Henrique reveals that the highest volume of sales of
Umbanda entity images currently occurs in the southern region of the country. Based on this
and other information, I identified the investigation of the religious image market as an
excellent source of research on materiality. Images can be considered “biographical objects”
(Hoskins, 1998), as they tell the stories of entities, sometimes of mediums, and frequently of
Umbanda itself, while also embodying their cultural biographies (Kopytoff, 1986).
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This investigation is part of a broader research project; however, due to the limited space
of the article, I will focus on how images emerge and how the production of plaster images
mediates the imagery of Umbanda entities for the faithful.
Plaster Images and Aesthetic Formation in Umbanda
Umbanda, or Umbandas, as it might be more appropriately called, presents significant
diversity regarding the lines of entities worshiped and the ways these entities are represented
and venerated. This includes both the statues placed on altars or in spiritual settings and the
manner in which mediums dress during the embodiment of these entities. Whether the
Umbanda temples are more Christianized or more Africanized, the use of images is one of the
many material elements that contribute to the construction of the imagery associated with the
Umbanda pantheon.
This is particularly evident in the case of entities not related to Christianity, such as
orixás, caboclos, pretos-velhos, exus, and Pomba-giras, compared to the Christian imagery,
which has been established for a longer time and is thus more naturalized (e.g., the image of
Christ as a blonde with blue eyes, although not European, rarely causes astonishment among
the faithful). While there is a considerable amount of literature on Umbanda entities, there are
no official doctrines with widely accepted descriptions and principles, resulting in many
variations, both mythological and imagistic. Nonetheless, commonalities mainly refer to
material aspects that, in a way, define more precise contours for Umbanda practice while
highlighting its immanence.
[To] be experienced as real, imaginations must become tangible beyond the
realm of ideas, through the creation of a social environment that materializes
them via the structuring of space, architecture, iconography, ritual
performance, and the induction of bodily sensations (Meyer, 2019, p. 50, our
translation).
Therefore, plaster images on the altars of Umbanda houses or in the homes of their
devotees play an important formative role, as they induce not only bodily sensations but also a
specific imagination about the entities.
On one hand, plaster images, when analyzed based on available information, condense
and materialize stereotypes of well-defined spiritual lines that originated from socially
marginalized groups with unique histories and experiences. Examples include: pretos-velhos,
who are representations of the spirits of enslaved Africans; caboclos, who symbolize the
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indigenous people who were decimated or colonized; and malandros, associated with samba,
bohemian lifestyles, and macumba practices, often marginalized for their alternative way of
life.
Each of these spiritual groups has developed characteristic virtues over time, such as
courage in facing enemies, resignation in the face of suffering, overcoming adversity through
joy, resistance, and resilience, among others. Based on these specific attributes, these lines
perform distinct spiritual functions to assist the faithful, including counseling, resolving
romantic conflicts, physical, mental, and emotional healing rituals, breaking curses, spiritual
cleansings, material balance, and more.
On the other hand, the images of these spiritual lineages embody objective aesthetic
aspects: typified images of the feminine and masculine, age, skin color, body posture, physical
stereotypes (the warrior Indian, the sensual woman, the old black man, etc.), clothing,
accessories, and other items used in daily activities, which tell stories, define roles, and provide
models that inspire ways of being. Although the most explicit goal of acquiring statues is to
revere the beloved saints, there are identifications with the images that lead to shared aesthetics.
We build ourselves through our relationship with things; thus, these "things" can offer clues
about us and our culture (Souza, 2022).
As a relatively new religion under the banner of Umbanda, it is less common to find
people whose primary aesthetic-religious formation is Umbanda. More frequently, Catholics
and Spiritists transition to Umbanda or identify with both. In these cases, not only do ideas
(beliefs) change, but a new aesthetic must be incorporated. Generally, devotees attempt to
establish connections between symbols and practices from both traditions. The presence of
Christian elements and Spiritist vocabulary (such as medium and obsessors, among others) may
initially suggest an easier transition. However, the shift from a "conceptual aesthetic formation"
based on written doctrines to one grounded in oral traditions, where transmission predominantly
occurs through bodily practices, has a significant impact. It represents a fundamental change in
epistemological approach. While the former approach is more mentalistic and places bodily
impressions in the background, the latter is more sensory and requires a rearrangement of
perceptual modes, integrating body and mind on the same plane.
In other words, cognitive transmission in “doctrinal religions” (Whitehouse, 2004)
primarily occurs through reflection on ideas derived from texts and frequent repetition of these
same contents, with minimal bodily activity and low emotional stimulation. In contrast,
“imagistic religions” (Whitehouse, 2004), typically derived from oral traditions, tend to
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generate a type of cognitive transmission that emphasizes non-verbal bodily experience
sensations and emotions. In his didactic division between “doctrinal and imagistic religions,”
Whitehouse (2004) categorizes religions based on their aesthetics (although he does not use this
term) into two ideal types that may oversimplify their complexity. However, his typology is
useful for highlighting patterns of differences and similarities in the aesthetic formations
produced by different religions.
Umbanda exhibits more characteristics of an imagistic religion, though it also has
doctrinal moments, which vary in frequency depending on the practices of the house. The fact
that devotees (mediums) incorporate entities, or that ‘assistants’ (as those seeking guidance are
called) can interact with spirits manifesting through mediums’ bodies, reinforces “the ways in
which imaginations are materialized and experienced as real, and not merely as interchangeable
representations located in the mind” (Meyer, 2019, p. 53). This aspect, present in various
African-derived religions, underscores the importance of plaster images that aim to materialize
a visual form of spiritual guides. These forms are often taken by many devotees as the true
presence of the entity rather than merely a symbol. Anthropologist Alfred Gell (2020) provides
a helpful way to explain the presence of entities through images. They would represent spiritual
entities in the same way an ambassador represents the governor of their country abroad.
The ideas of “representing” (as a figure) and ‘representing’ (as an ambassador)
are distinct, yet connected. An ambassador is a space-time fragment separate
from their nation, traveling abroad and interacting with foreigners’ as if they
were speaking with their national government (Gell, 2020, p. 158, our
translation).
The presence of entities through their images becomes even more real to devotees when
such statues are “crossed” (a sanctification procedure that seems to increase the agency of both
the entities and the image itself) by the entities when incorporated into mediums and then
returned to the devotees to be placed on their domestic altars. There may also be other rituals
for consecrating statues when they are intended for altars or sanctuaries within Umbanda
houses. In this sense, images become alive, relativizing boundaries between people, things,
animals, and supernatural entities, based on the potential agency that all can have (Souza, 2019).
Generally, the procedures performed on the images, such as “crossing,” seem to have more
practical relevance than the origin of the images, in the sense of which models were used to
create them, at least in the case of most statues. However, as we will see later, some images
appear to be beginning to raise questions. The hypothesis proposed is that devotees have been
influenced by contemporary social discourses and movements, such as feminism. Before
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analyzing this hypothesis, the next section will provide a detailed description of the image
production process.
Sources for Image Production
The results of this research indicate that ideas for creating images blend aspects of
spiritual revelation with social construction. Henrique mentioned several cases of devotees
arriving with drawings or simply providing descriptions of the pieces they wanted made in
plaster. Generally, these descriptions are quite specific and detailed, referring to an entity that
may have manifested in a single Terreiro or several. Before the drawings, however, images of
the spirits may come through mediums that incorporate them and “see” (as a mental image)
how the entities appear. These images may also come in dreams. Additionally, some mediums
claim to see spirits in a realistic manner, as if they were embodied persons.
There are also cases where the entity itself, embodied in the medium, describes to others
how it appears, the ritual objects it uses, and sometimes mentions aspects of its earthly
existence, such as its occupation, social standing, challenges it faced, and overcame. These
accounts from the entities often provide the basis for a certain Umbandist theology. Its
principles are derived from the lived experiences of the spirits, which, through the mediums,
can be shared. A significant portion of the literature within the Umbanda bibliography consists
of biographies of spiritual guides. It is these biographies (whether written or spoken), the
manifestations in mediums, and the images that largely make Umbanda tangible in the sense
proposed by Birgit Meyer (2019).
The most common cases regarding the origin of images appear to be mental images and
dreams, where the entity allows itself to be seen by those who have the (mediumistic) capacity
for such visions, a capacity considered an additional sense beyond the five conventional ones.
The illustration below, provided to IB, exemplifies one of these processes, where a medium
saw, described, and drew the image of the entity Mané Baiano.
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Figure 2 Drawing designated for the production of the plaster image of the entity Mané
Baiano
Source: Henrique Dias, Imagens Bahia Collection (undated).
In addition to the drawing, there is a detailed description of the entity's physical
attributes: dark-skinned, elderly, with white hair and eyebrows, barefoot, and with clenched
fists. The phenotype reflects a popular social type among Brazilians: bare feet suggest humble
origins; dark skin indicates mixed heritage; white hair and eyebrows reflect old age; and
clenched fists may symbolize resistance. The simple and popular name, Mané Baiano,
exemplifies someone who, like many spirits, lived in poverty and attained the status of a guiding
entity in Umbanda. The image represents not an idealized saint, adorned with a crown and
embellishments, but a human figure, possibly representative of the period during which it was
embodied. Such simplicity facilitates devotees' identification with the images, making them
more real and tangible to the human condition.
According to Henrique, some clients provide drawings, more or less elaborate, while
others bring ready-made images, such as photographs, magazines, or websites, which serve as
references for producing the plaster image. It is important to note that these ready-made images
are not neutral; they carry specific intentions, ideologies, and aesthetic standards that may
influence or update a particular tradition. In the case of the drawing above, the person who
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received the information from the entity tried to adhere faithfully to the given instruction,
without using an existing external reference. It is unclear whether the drawing was used to
maintain fidelity to the received revelation, if the proposer could not find a reference image, or
if the drawing precedes certain media.
In any case, two processes of image production are distinguished: one without external
reference, possibly closer to spiritual revelation, as previously explained; and another that
consists, at least in part, of a social construction, as it relies on some public media, typically
secular and carrying ideologies and aesthetic standards from another field. Henrique points to
this aspect by showing me the image of Cabocla Jurema do Mar, which, according to him, was
referenced from a pin-up girl image and later adapted to what would initially be a Brazilian
Indigenous stereotype.
Figure 3 Plaster image of Cabocla Jurema do Mar, produced and sold by Imagens Bahia
Source: Company website. Available at: https://www.imagensbahia.com.br/jurema-do-mar-cabocla-
40cm. Accessed on: 06/20/2023.
Each line of Umbanda seems to reflect varying degrees of external influence (such as
media) according to different socio-historical contexts. Images of caboclos and pretos-velhos,
with few exceptions, appear to have remained relatively stable in form, although over the years,
more lines of caboclos, caboclas, pretas-velhas, and pretos-velhos have been added. In contrast,
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within the analyzed universe of IB, other lines, such as orixás, exus, and Pomba-giras, have
experienced more significant changes. These changes appear to be influenced by current
discourses, such as anti-racism and feminist movements.
A notable example is the image of Iemanjá. Although an African deity, Iemanjá has
historically been represented as a white woman with long, straight hair and light blue garments,
resembling a depiction of Our Lady. This representation may have contributed to Iemanjá
becoming the most popular orixá, often highlighted outside of African cults in popular
imagination. In 2007, IB introduced a black image of Iemanjá, dressed in traditional Candomblé
attire, in response to requests from devotees, including priests who asserted her Black African
origins. These requests may have been influenced by Black movements in Brazil. However,
Henrique states that the white image of Iemanjá is still significantly more sold.
Figure 4 On the left, the traditional image of Iemanjá next to the black Iemanjá in
Candomblé attire, displayed at Casa de Velas Santa Rita, produced by Imagens Bahia
Source: Author's collection, 2020.
Another case worth highlighting in terms of cultural biography (Kopytoff, 1986;
Hoskins, 1998)that is, a trajectory of changes over time through which one can discern the
contextis the imagery of Exus. Henrique notes that early images of exus typically featured
red skin, goat feet, tails, and horns. Over time, they lost these more stereotypical demonic
features, such as animal parts.
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Losing these characteristics, in this case, means that statues with more animalized
features began to sell less and were eventually removed from production. Currently, IB
produces a line of ninety different exus, of which only ten have horns, eight feature one or two
goat feet, none have red skin (all have human skin color), and only two present a mix of animal
and human traits: Exu Cobra, which now has a fully human version with a snake coiled around
its legs, and Exu Belzebu, with goat-like legs and features. There are also fully human versions,
such as the mediums incorporated: Exu do Candomblé and two versions of the orixá Exu.
Figure 5 From left to right, Exu Belzebu, one of the “classics.” Humanized Exu orixá, Exu
orixá with his tools and symbols, and the more Africanized Exu based on the photo by Pierre
Verger
Source: Images taken from the Imagens Bahia catalog. Available at:
https://www.imagensbahia.com.br/busca?category_id=73&term=exus&from=0&size=24. Accessed
on: 05/03/2023.
Exus in Umbanda are not necessarily the same entities as the Exu orixá in Candomblé.
However, representations of the Exu orixá in plaster are relatively more recent. Traditionally,
in African cults, Exu would be represented, in the sense proposed by Alfred Gell, as an
ambassador, through a stone or, at most, by a wooden statue carved according to a specific
African aesthetic that does not seek to portray human forms realistically.
Henrique notes that over time, there have been requests for exus with less animalistic or
demonic characteristics and more human-like features. This phenomenon can be explained by
the growing recognition and reverence of exus in African-derived religions, which currently
oppose the demonization of Exu by the Catholic Church. Requests for more human-like and, in
a sense, less “monstrous” images of Exu have led Henrique to adjust the design of some pieces
to meet this demand. The photo below illustrates, on the left, an exu head according to older
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models, with large teeth, pointed ears, disproportionate eyes, prominent eyebrows, and a
deformed face. On the right, a prototype of an exu according to current demands is shown, with
an appearance that follows a secular standard of male beauty.
Figure 6 Plaster head of Exu, before painting. On the left, the older version, and on the
right, a new interpretation
Source: Author’s collection, dated 04/14/2023.
The prototype is still under development; this is just one of the versions. Alongside the
sculptors and molders at IB, Henrique has been studying how to modernize the image as
requested while trying to maintain a certain tradition. During the research process for this
project, I invited Henrique to attend one of my classes at PUC São Paulo and present to the
students a bit about the world of producing and commercializing religious statues. He brought
the two plaster exu heads shown in the photo above and shared some of his dilemmas with us.
There were students practicing, researchers of African-derived religions, as well as Christian
practitioners, all postgraduates in Religious Studies.
With varying levels of knowledge about Umbanda, the students temporarily assumed
Henrique’s perspective, leading to divided opinions. Christians and some followers of Afro-
Brazilian religions agreed that the image of Exu should be presented in a more human form,
arguing that the old representations reinforced the demonic connotation attributed to Exu. In
contrast, some Umbandists valued tradition, arguing that many of the images had been revealed
through mediumship by the entities themselves, and therefore, the traditional, more
zoomorphic, and even demonic representations should be maintained. One student, a former
Umbandist but still practicing African-derived religions, argued that representing Exu as
“dashing as Clark Kent” (referring to the model on the right) would be yielding to a modern,
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secular standard of male beauty that has nothing to do with the entity. There was a heated
discussion during the class, but no definitive conclusion. Henrique listened attentively to all the
arguments presented.
The discussion intensified further when Henrique presented a similar dilemma regarding
the images of Pomba-giras. Their images have also demanded alterations over time, not exactly
concerning their bodily form, but it appears that in the case of female entities, clothing and the
degree of body exposure can be decisive for the accuracy of the representation and agency of
the entity. The “classic” images of Pomba-gira depict them nearly nude, with their breasts
exposed. Henrique reports that he has been asked to produce images that cover the breasts of
the Pomba-giras. He suggests that covering the breasts relates to the influence of feminist
movements that protest against the objectification of the female body. However, there is always
controversy regarding changes to these images. In the classroom, once again, opinions were
divided. During the discussion, the question arose: why must Pomba-giras be depicted naked
while the phalluses of exus are covered? The traditionalist counterpoint argued once more that
traditional images were determined by revelation and should be maintained as such. Some also
argued that leftist lines aim to break norms, subvert expectations, and that Pomba-gira should
present herself without fear of repression and thus remain depicted nude.
The classroom discussion was merely a smaller-scale demonstration of a crossroads that
Henrique had already encountered: respecting religious tradition on one side and market appeal
on the other. To address this dilemma more consistently, in 2013 Henrique allowed the public
to weigh in by conducting a survey via Google Forms with the following question: should
Pomba-giras have their breasts exposed or covered? The response options were: a) Breasts
should be exposed; b) Breasts should be covered; c) It depends on the Pomba-gira, but
generally, their breasts are exposed; d) It depends on the Pomba-gira, but generally, their
breasts are covered. The survey received 420 responses, with the following distribution: a) =
106; b) = 163; c) = 88; d) = 60. For better visualization, see the graph below in percentage:
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Graph 1 Graph representing the responses from the survey via Google Forms
Source: Author's preparation. The Excel file with the responses was kindly provided by Henrique Dias.
The respondents are not identifiable.
Analyzing the numbers objectively, it is observed that although the “breasts covered”
option prevailed, the technical difference between the options is small, and the opinions
discussed in the classroom also did not reach a majority consensus. Respondents had the
freedom to choose among the options provided and could also express additional opinions if
they wished. Among the spontaneous explanations, there is a concern to clarify to the lay public
that, despite the nudity and sensuality associated with Pomba-giras, these entities should not
be confused with prostitutes, and that Exus (often mentioned in responses as having a demonic
appearance) are not demons. It is more evident that women identify with Pomba-giras, who
seem to represent and materialize female empowerment. Those who support the option of
covered breasts argue that Pomba-giras are naturally beautiful and strong and that exposing
their breasts is unnecessary to express these qualities; on the contrary, such exposure could
harm their image unnecessarily. Examples of arguments presented by those who favor covered
breasts include:
They are striking young women, and there is no need to expose themselves to
the point of leaving their breasts visible.
The images on the left resemble those of demons; I suggest creating other
forms of art, such as a simple man dressed in black and a young woman in
traditional attire. There is no need to depict them with red skin and exposed
breasts, as if they were courtesans.
Patrícia Rodrigues de SOUZA
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. esp. 1, e024007, 2024. e-ISSN: 2359-2419
DOI: https://doi.org/10.47284/cdc.v24iesp.1.18214 17
Demystifying the layperson’s conception is a struggle for Umbanda. With
Pomba-gira, it is even more challenging. We do not need images with exposed
breasts; we need the firmness of these beautiful guardians. Pomba-giras are
entities of light and great respect, and there is no need for sexual or sensual
appeal whatsoever. Have you noticed that the better dressed they are, the more
beautiful they appear?
The former image of Pomba-gira as a highly sensual woman has been
clarified, and today we can see that they exude their sensuality through their
way of being. I believe that the most important thing is to detach the image of
Pomba-giras from associations with malignancy, sexualization, promiscuity,
prostitution, etc.
If covering them prevents more Evangelicals from making foolish remarks, it
is worthwhile. Otherwise, it is not. The images would be more beautiful and
would not provoke as much prejudice from people who are new to the religion
and lack knowledge about it.
Among the respondents who support the exposure of the breasts, they are often
highlighted as an important element in expressing feminine beauty and strength. However, the
primary argument presented by those who prefer the breasts exposed seems to be related to
preserving tradition. Below are some statements in this regard:
I believe there is no problem with the Pomba-gira image having exposed
breasts. After all, malice is in the human mind, and this is not synonymous
with vulgarity but rather a representation of feminine womanhood. In my
view, it depends on the Pomba-gira, but I believe that those who appear with
their breasts exposed are very powerful, as they embody the essence of life,
which nourishes newborns and adds a sensual air to them.
The fact that the breasts are exposed does not bring any disrepute, as breasts
nourish children, and the human body is the temple of the soul. There is
nothing immoral or harmful about it.
Friends, human modesty does not apply to our entities, which are free. In
African civilizations, exposed breasts are completely natural; hence, this
portrayal of Pomba-giras as sensual, unashamed women with a certain sexual
appeal (since Exu also works in this area) was assigned. Do not cover the
breasts of Pomba-giras; let us not bow to this hypocritical society that follows
the dictates of the church, for it is people from the church imposing this!
Pomba-gira represents the human side of all of us. You should see them as
they are; if someone does not like it, they can simply not look.
We must never abandon the origin of an orixá; soon, we will want to make
diet offerings for exus because it is trendy.
I believe that what has been done for many years should not be changed due
to lay opinions.
Despite the small difference in the results, in general, the proponents of “covered
breasts” seemed to have more solid arguments when considered as a whole. Thus, Henrique
leaned towards “covered breasts,” while striving to maintain the tradition of sensuality. Below
are two images of the same Pomba-gira, the old one on the left and the new one on the right,
with the breasts partially covered by the hair:
Umbanda entities’ imaginary: dilemas in shared aesthetics over plaster images
Rev. Cadernos de Campo, Araraquara, v. 24, n. esp. 1, e024007, 2024. e-ISSN: 2359-2419
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Figure 7 On the left, the image of Pomba-gira is one of the oldest and does not refer to a
specific Pomba-gira. This image was extracted from the physical catalog of IB (no. 09 A),
produced in 2021. On the right is the new representation of Pomba-gira, with breasts partially
covered by hair, as displayed on the IB website
Source: Company website. Available at: https://www.imagensbahia.com.br/pomba-gira. Accessed on:
06/27/2023.
The photo on the left was taken from the printed catalog since the image is not listed on
the website. According to Henrique, it is no longer sold and has been discontinued. In the same
context, the Pomba-gira Rainha das Sete Encruzilhadas received a new version. The older
version features fully exposed breasts and a wide hip, while the new version has less exposed
breasts and a less voluminous body. Both versions are currently available on the website.
Patrícia Rodrigues de SOUZA
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Figure 8 On the left, the image of Pomba-gira das 7 Encruzilhadas with exposed breasts.
On the right, the new version with covered breasts
Source: Company website. Available at:
https://www.imagensbahia.com.br/busca?category_id=73&term=pomba+gira+7+encruzilhadas&from
=0&size=24. Accessed on: 06/27/2023.
The feminine appears to have a closer connection with the body and clothing. The
research indicates this, but in an interview, Henrique had mentioned requests for more elegant
dresses for Pomba-gira images, such as the suggestion to add more sophisticated details to the
dress of Pomba-gira Maria Mulambo, theoretically one of the less vain Pomba-giras. Henrique
complied with the request, finding a compromise by adding some gold to the costume.
Umbanda entities’ imaginary: dilemas in shared aesthetics over plaster images
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Figure 9 New image of Pomba-gira Maria Mulambo with a dress featuring gold patches
Source: Author's collection, 2023.
Final considerations
Analyzing the production and commercialization of plaster images of Umbanda entities
by Casa de Velas Santa Rita and, in particular, by Imagens Bahia, it is observed that the early
representations of Pomba-giras and Exus, with their characteristics of nudity, explicit sexuality,
zoomorphism, and appearance reminiscent of Christian demons, provide elements for the
aesthetic formation of Umbanda. In this formation, immanence, the body, sensuality, and
pleasure emerge as intrinsic values to the Umbanda tradition. However, these representations
and values have been materialized in various ways, depending on the variations of Umbanda
and other African-derived religions.
Even during periods of official persecution, there have always been discreet spaces
dedicated to the worship of Exus and Pomba-giras, often located in hidden corners at the
entrance of Terreiros, almost imperceptible. However, changes in the perception of sexuality
over time have allowed these entities greater visibility, enabling them to occupy large altars and
entire rooms dedicated to their worship. Additionally, devotees may have images of these
entities in their own homes. The phenomenon of the “new sacred feminine” has also contributed
to the inclusion of images of Pomba-giras and malandras mixed with female entities from
various pantheons.
Despite the current sexual freedoms, the flexibilization of previously non-negotiable
binaries (good/evil, female/male, sacred/profane, Christian/other), and the greater freedom of
Patrícia Rodrigues de SOUZA
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worship that Umbanda enjoys today compared to its past of extreme persecution, idiosyncrasies
emerge in all religions. Paradoxically, some Umbanda insiders themselves call, in a way, for
modesty. Curiously, in the case of Umbanda, it is the progressives who request that the breasts
be covered and that Exus be given the appearance of ordinary humans, while traditionalists
advocate for exposed breasts and the preservation of Exu images with monstrous characteristics.
The plaster images materialize and highlight both sides of this discussion, demonstrating how
religions are immanent, despite common perceptions that view religions solely as
transcendence.
Similarly, plaster images trigger a confrontation between two different aesthetic
formations: one Christian and the other Afro-Brazilian, which overlap in more or less
conflicting ways. Against the liberation of Pomba-gira and the importance attributed to bodily
pleasure, there remain remnants of a Christian aesthetic formation that teaches the denial of the
body. This formation has the advantage of occurring in the early years of Brazilian children,
making it more difficult for positive body representations to take root. This aspect is often
obscured by concerns about how others (laypeople or adherents of other religions) will perceive
and judge one's religiosity. However, the nudity of the cabocla images has not been questioned,
possibly because it is not associated with bodily pleasure and sexual liberation, although
indigenous, Amerindian, and African peoples did not approach sex in Christian terms. Perhaps
here the widespread stereotype of Rousseau's "noble savage" is still in play.
Another crucial aspect in the creation of plaster images is the influence of new media,
which subtly shapes new shared imaginaries and, consequently, new references regarding
gender, sexuality, and religiosity. Secular aesthetic standards, disseminated through social
media, have permeated and influenced previously established aesthetic standards in religious
contexts. The need to negotiate with new technologies is not new to religions; as Merleau-Ponty
(2011) noted, religions are embedded in the world, and technologies are an inseparable part of
that world. However, digital technologies have exponentially increased the number of
communication channels, so that changes caused by these technologies are perceived with
greater frequency and intensity, surprising religions as they face certain arbitrarinesses to which
they must respond.
Certainly, the discussions surrounding plaster statues are also due to the relatively young
age of Umbanda (in relation to so-called "world religions") and its low level of
institutionalization, aspects that allow for a great deal of innovation. Umbanda's "saints"
emerge from popular devotion, with no canonization or other top-down regulatory processes.
Umbanda entities’ imaginary: dilemas in shared aesthetics over plaster images
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This aspect allows for the emergence and incorporation of different social formations and types.
In different historical contexts, culture (popular), religion, and social construction combine and
recombine into aesthetic formations. Similarly, in a continuous and contrary flow, aesthetic
formations produce culture, religion, and social construction.
REFERENCES
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Cultura Material. Orientação: Frank Usarski. 2019. Tese (Doutorado em Ciência da
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Patrícia Rodrigues de SOUZA
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CRediT Author Statement
Acknowledgements: I would like to thank Mr. Henrique Dias from Imagens Bahia for all
the collaboration with the research.
Funding: Not applicable.
Conflicts of interest: There are no conflicts of interest.
Ethical approval: Not applicable.
Availability of data and material: The interview data were recorded and can be requested.
Author contributions: Sole authorship.
Processing and editing: Editora Ibero-Americana de Educação.
Proofreading, formatting, normalization and translation.