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Construção de práticas inventivas em psicologia escolar: Um relato de uma intervenção na escola
CONSTRUÇÃO DE PRÁTICAS INVENTIVAS EM PSICOLOGIA ESCOLAR: UM
RELATO DE UMA INTERVENÇÃO NA ESCOLA
CONSTRUCCIÓN DE PRÁCTICAS INVENTIVAS EN PSICOLOGÍA ESCOLAR: UN
RELATO DE UNA INTERVENCIÓN EN LA ESCUELA
CONSTRUCTION OF INVENTIVE PRACTICES IN SCHOOL PSYCHOLOGY: AN
ACCOUNT OF A SCHOOL INTERVENTION
Rodrigo TOLEDO
1
RESUMO
: Este texto aborda um relato de prática de intervenção escolar e educacional
realizado em uma escola pública estadual de ensino fundamental II e médio. O trabalho foi
desenvolvido por estagiários do curso de Psicologia, durante a pandemia de Covid-19. A
partir de uma demanda apresentada pela gestão escolar, indicando dificuldade de articular
projetos e atividades coletivas entre os professores, falta de conhecimento da equipe sobre o
manuseio das ferramentas tecnológicas e dificuldade de adesão das famílias e estudantes às
atividades acadêmicas, desenhou-se intervenção que foi dividida em quatro blocos de ações,
que foram: seis reuniões de alinhamento do projeto, vinte reuniões com professores, seis
grupos de discussão com a comunidade escolar e dez reuniões de monitoramento e avaliação
com a gestão. Concluiu-se que o trabalho realizado permitiu aos participantes refletir, elaborar
e construir estratégias para o enfrentamento coletivo dos desafios institucionais impostos pela
pandemia e pelo ensino remoto emergencial.
PALAVRAS-CHAVE
: Escola. COVID. Intervenção psicológica. Pandemia. Psicologia.
RESUMEN
: Este texto aborda un relato de práctica de intervención escolar y educativa
realizado en una escuela pública estatal de enseñanza primaria II y secundaria. El trabajo
fue desarrollado por pasantes del curso de Psicología, durante la pandemia de Covid-19. A
partir de una demanda presentada por la gestión escolar, indicando dificultad de articular
proyectos y actividades colectivas entre los profesores, falta de conocimiento del equipo
sobre el manejo de las herramientas tecnológicas y dificultad de adhesión de las familias y
estudiantes a las actividades académicas, se diseñó intervención que fue dividida en cuatro
bloques de acciones, que fueron: seis reuniones de alineación del proyecto, veinte reuniones
con profesores, seis grupos de discusión con la comunidad escolar y diez reuniones de
monitoreo y evaluación con la gestión. Se concluyó que el trabajo realizado permitió a los
participantes reflexionar, elaborar y construir estrategias para el enfrentamiento colectivo de
los desafíos institucionales impuestos por la pandemia y la enseñanza remota de emergencia.
PALABRAS CLAVE
: Escuela. COVID. Intervención Psicológica. Pandemia. Psicología.
1
Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), São Caetano – SP – Brasil. Professor Titular do curso
de Psicologia. Doutorado em Educação (PUC/SP). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-5767-3439. E-mail:
toledordg@gmail.com
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ.,
Araraquara, v. 23, n. 00, e022005, jan./dez. 2022 e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v23i00.153211
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Rodrigo TOLEDO
ABSTRACT
: This text addresses a report of school and educational intervention carried out
in a state public elementary school II and high school. The work was developed by interns of
the Psychology course, during the Covid-19 pandemic. From a demand presented by school
management, indicating difficulty to articulate projects and collective activities among
teachers, lack of knowledge of the team on the handling of technological tools and difficulty
of adherence of families and students to academic activities, an intervention was designed
that was divided into four blocks of actions, which were: six project alignment meetings,
twenty meetings with teachers, six discussion groups with the school community, and ten
monitoring and evaluation meetings with management. It was concluded that the work carried
out allowed the participants to reflect, develop and build strategies for the collective
confrontation of institutional challenges imposed by the pandemic and emergency remote
education.
KEYWORDS
: School. COVID. Intervención Psicológica. Pandemic. Psychology.
Introdução
Desde o início de 2020, com o estabelecimento da pandemia causada pelo Covid-19,
vivemos um cenário de instabilidade, especialmente pelo gerenciamento controverso que os
governantes nas esferas municipais, estaduais e federal têm adotado no enfrentamento da crise
humanitária e sanitária.
No estado de São Paulo, com o objetivo de conter a pandemia do Covid-19, a gestão
do governo estadual decretou quarentena no dia de 24 de março de 2020, atendendo as
recomendações da Organização Mundial da Saúde. Este decreto definiu a obrigatoriedade do
fechamento do comércio, mantendo-se em funcionamento apenas serviços denominados
essenciais, como os serviços de saúde, alimentação e segurança. Após este decreto, muitas
outras publicações foram realizadas para restringir ou estabelecer parâmetros para o
funcionamento dos mais diversos serviços, comércios e até o funcionamento das instituições
educativas (SÃO PAULO, 2020).
Por consequência do contexto social de pandemia do Covid-19, as atividades
presenciais das escolas também deixaram de ocorrer, de modo que se fez necessário que a
comunidade escolar se adaptasse, com urgência, ao que convencionalmente vem sendo
denominado ensino remoto emergencial (ERE). Esta situação exigiu que professores e
estudantes – e suas famílias – tivessem acesso, pelo menos, a um equipamento tecnológico
(celular,
tablet
ou computador) e acesso a internet.
No entanto, segundo o IBGE (2020), uma em cada quatro pessoas no Brasil não possui acesso
à internet. Dessa maneira, compreendemos que a vivência do ensino remoto emergencial tem
evidenciado – de forma intensa – as desigualdades existentes no país.
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Construção de práticas inventivas em psicologia escolar: Um relato de uma intervenção na escola
Como afirmam Sousa Oliveira
et al.
(2020), Rosa e Pereira (2020) e Toledo e Pereira
(2020) é imprescindível a elaboração de ações públicas que visem a integração
multiprofissional para acolher e apoiar todos os atores escolares – gestores, professores,
trabalhadores, estudantes e famílias – visando o bem-estar e o fortalecimento de aspectos da
saúde mental, além de garantir o papel educativo dos estudantes. Neste contexto de incertezas,
marcado pela necessidade de ações impreteríveis de apoio e acolhimento durante o período de
ensino remoto emergencial, é que se insere o presente relato de experiência.
A experiência
Autores como Bock (2015), Santos (2017) e Rechtman e Bock (2019) afirmam que a
Psicologia, como ciência e profissão, engloba muitas concepções teórica-metodológicas que
norteiam as mais diversas práticas, nos mais diversificados campos de atuação, ou seja, o
compromisso social da Psicologia está associado a uma leitura crítica da realidade, como
defende Martín-Baró (1996).
Com o olhar direcionado para a prática no contexto escolar, Oliveira, Ramos e Souza
(2020) também corroboram a perspectiva crítica de Psicologia quando explicam a necessidade
de romper com modelos de trabalho que se desenvolveram de forma fragmentada,
descontextualizada e prioritariamente individualizante e com um forte viés excludente, para a
construção de práticas que sejam comprometidas com a realidade social, visando o atender as
demandas que emerjam do contexto educativo.
Dessa maneira, concordo com Silva (2021, p. 24) ao afirmar a psicologia escolar
“como uma disciplina e uma especialidade de atuação profissional tem muito a dizer” neste
cenário de grande transformação que estamos vivendo. A autora recorda que a atuação em
psicologia escolar deve considerar a análise do cenário atual e das perspectivas futuras
considerando as demandas das pessoas e das coletividades para a promoção de justiça social.
Essa visão de psicologia escolar requer uma postura crítica e inventiva na construção
de um trabalho comprometido com a transformação da realidade, que possibilite a construção
de práticas que atendam as necessidades daqueles que vem enfrentando os desafios impostos
pela pandemia e pelo ensino remoto emergencial.
Com base nesses pressupostos, a experiência aqui relatada aconteceu no projeto de
extensão e de estágio profissionalizante realizado no curso de Psicologia de uma universidade
privada da região metropolita de São Paulo. Participaram do projeto estudantes do quinto ano
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do curso de Psicologia que optaram pela ênfase em Psicologia e Processos Educativos, alunos
pesquisadores de iniciação científica e professores orientadores.
Todas as atividades realizadas seguiram as recomendações publicadas pelo Conselho
Federal de Psicologia (CFP) e pela Associação Brasileira de Ensino de Psicologia (ABEP) em
2020. As ações foram realizadas on-line, mediadas por ferramentas disponibilizadas pela
instituição parceira e pela universidade, que permitiriam a realização de encontros síncronos.
Destaca-se que a parceria com a unidade escolar – instituição pública que atende estudantes
dos anos finais do ensino fundamental, ensino médio e Educação de Jovens e Adultos (EJA) –
já estava estabelecida anteriormente ao período de pandemia e previa três etapas: desenho do
projeto de intervenção, práticas inventivas e desdobramentos, que foram mantidos e adaptados
para o contexto de distanciamento social.
Desenho do projeto de intervenção
No segundo semestre de 2020, por meio das reuniões com a equipe gestora da unidade
escolar, iniciamos o levantamento de demandas e queixas vividas durante os meses de março
a julho do mesmo ano. Nesta conversa, foram apresentadas as seguintes situações: i)
dificuldade de articulação de projetos e atividades coletivas entre os professores; ii) falta de
conhecimento dos docentes sobre o manuseio das ferramentas tecnológicas para a mediação
das aulas; iii) falta de adesão das famílias e estudantes às atividades acadêmicas.
Reconhecidas as principais problemáticas vividas pela escola, definiu-se como
estratégia inicial a realização de encontros como o grupo de professores nas reuniões de
horário pedagógico coletivo. Planejaram-se quatro reuniões iniciais, sendo duas com o grupo
de professores do horário matutino e duas com os professores do horário noturno. Diante das
restrições sanitárias, definiu-se que todas as reuniões ocorreriam na modalidade on-line
utilizando a ferramenta disponibilizada pela escola.
As quatro reuniões tiveram o mesmo objetivo: o primeiro encontro tinha como foco a
apresentação da equipe de estagiários, síntese das reuniões com a equipe gestora e
alinhamento do grupo sobre disponibilidade e interesse de construir um projeto para
enfrentamento dos desafios vivido na escola. Após a realização desta reunião, a equipe de
trabalho (estagiários e professor orientador de estágio) desenhou a proposta de intervenção
para cada um dos grupos de professores (matutino e noturno) e também a proposta para o
acompanhamento da equipe gestora da escola. O segundo encontro tinha como desenho a
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Construção de práticas inventivas em psicologia escolar: Um relato de uma intervenção na escola
apreciação da proposta de trabalho, alinhamento de combinados sobre temas, dias e tempo dos
encontros.
Após a esta etapa de levantamento de necessidades, foram desenvolvidos três blocos
de ações concomitantes, sendo elas: i) com o grupo de professores (subgrupo do período
matutino e subgrupo do período noturno): dez reuniões semanais com cada subgrupo focado
na apresentação de problema, discussão dos desafios e planejamento de ações de
enfrentamento ou resolução conjunta das dificuldades; ii) com a comunidade escolar: grupo
de discussão realizado de forma quinzenal para escuta e compartilhamento de experiências
das famílias, estudantes e professores, e; iii) com a equipe gestora: reuniões quinzenais para
monitoramento e avaliação dos grupos de professores por meio de reuniões quinzenais.
Práticas inventivas
Os encontros com os professores tiveram inspiração nas práticas denominadas Plantão
Psicoeducativo, proposto por Szymaski (2004) e Capeli Andrade e Szymaski (2011), em que a
presença e a participação dos professores eram opcionais e voluntárias. Participaram em
média 12 professores por grupo, totalizando 24 participantes de 40 professores.
Foram definidos cinco temas: falta de habilidade com o uso das ferramentas
tecnológicas, mediação pedagógica das atividades presenciais para as atividades on-line,
papel do professor na busca ativa dos estudantes, administração e gerenciamento do tempo,
avaliação e monitoramento de aprendizagem. Os temas foram trabalhados da seguinte forma:
o primeiro encontro de cada tema tinha como foco a discussão da temática escolhida e
avaliação das perspectivas de cada um dos participantes do encontro; o segundo tinha como
objetivo traçar estratégias de enfrentamento coletivo e desenhar ações ou atividades para o
enfrentamento da problemática debatida, mantendo-se como combinado a construção de
consensos sobre estes desdobramentos.
As atividades desenvolvidas nos encontros com a comunidade escolar inspiraram-se
nas discussões de Euzébio Filho (2019) sobre o fortalecimento das relações entre escola e
comunidade, nas reflexões de Carvalho, Meireles e Guzzo (2018) sobre a participação de
estudantes para a gestão democrática e nos grupos de discussão proposto por Weller (2006).
Com este grupo foram realizados seis encontros ao longo do semestre letivo, com uma
média de 15 participantes em cada atividade. Os encontros não tinham temas pré-definidos e a
cada encontro os participantes elegiam uma temática para realizar o debate. Nestes encontros
foram discutidos: o papel da escola e da família na aprendizagem dos estudantes, a
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dificuldade dos estudantes de acessarem os conteúdos, organização das entregas presenciais
de atividades para os estudantes, necessidade de otimização da comunicação entre a escola e
as famílias e por fim a ausência de orientações precisas da gestão escolar sobre o retorno das
aulas presenciais.
Os encontros com a equipe gestora ocorreram de forma quinzenal e se inspiraram na
proposta de intervenções institucionais de Martinez (2010). Com as reuniões, buscava-se
contribuir com a análise e intervenção em nível institucional, visando delinear estratégias de
trabalho favorecedoras das mudanças necessárias para a otimização do processo educativo.
Foram realizados dez encontros ao longo do semestre letivo e em cada encontro se
avaliava as ações de articulação e comunicação da equipe gestora como o grupo de
professores e também eram analisados os impactos da mudança de atitude – dos professores e
da equipe gestora – para toda a escola.
Desdobramentos
Nos debates realizados nas reuniões de orientação de estágio, percebiam-se as
mudanças nas atitudes e discursos apresentados pelos participantes. Os professores indicavam
maior colaboração entre si e criaram um grupo virtual para compartilhamento materiais
pedagógicos, materiais de apoio e também de experiências exitosas em suas aulas virtuais.
Nos momentos de avaliação e devolutiva afirmaram que a construção de um espaço em que se
sentiam livres para se expressarem, sem sentirem-se cobrados, era muito produtivo e
reconheciam que o trabalho no grupo contribuiu significativamente para o planejamento das
suas práticas pedagógicas.
Outro desdobramento importante ocorreu dos encontros de discussão realizados com a
comunidade escolar. Ficava nítido que, com o avanço e a qualidade dos debates realizados, os
participantes expressaram um discurso mais positivo sobre a escola, principalmente por
compreenderem os desafios da instituição e também por reconhecer o importante papel da
comunidade no processo educativo. No encerramento dos trabalhos, o grupo afirmou que a
construção dos encontros organizados por uma atitude de abertura e reconhecimento dos
diversos saberes, a sensação de estarem livre de julgamentos e por não oferecer um discurso
pré-estabelecido favoreceram positivamente o trabalho.
Estas percepções foram validadas na reunião com a equipe gestora. No encontro de
encerramento, a equipe gestora afirmou que as intervenções desenvolvidas foram
imprescindíveis para o amadurecimento das práticas escolares neste contexto do ensino
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Construção de práticas inventivas em psicologia escolar: Um relato de uma intervenção na escola
remoto emergencial. Também afirmaram que o planejamento para a retomada parcial das
atividades escolares, conforme instruções que receberam do governo do Estado, só foi
possível a partir do amadurecimento que toda a comunidade escolar – gestão, professores,
estudantes e comunidade – tinham sobre o seu papel e de como poderia contribuir para
enfrentar os desafios enfrentados. Também se definiu que a equipe gestora precisava construir
um espaço de discussão interna que privilegiasse o debate sobre questões pedagógicas.
Considerações finais
O foco deste trabalho era possibilitar para os atores escolares – equipe gestora,
professores, estudantes e comunidade – um espaço de escuta, acolhimento e a construção de
estratégias de enfrentamento dos desafios vividos no atual contexto social e sanitário. Com o
decorrer do trabalho foi possível notar anseios, dificuldades e frustrações frente às decisões da
Secretaria Estadual de Educação e da equipe gestora da escola, principalmente no que se
referia ao retorno das atividades escolares presenciais. Contudo, pôde-se refletir, elaborar e
buscar possibilidades de acordos. Dessa maneira, entende-se que os participantes ampliaram o
olhar e, conjuntamente, construíram possibilidades de enfrentamento institucional.
Defende-se com este trabalho, a importância de construir intervenções em Psicologia
Escolar e Educacional que produzam ação de escuta ativa e diálogo, haja vista que podem
oportunizar a todas as pessoas envolvidas no reconhecimento de suas potencias e fragilidades
e, com isso, disponibilizar-se para a construção coletiva e colaborativa que, neste momento,
torna-se imprescindível para os fazeres de dentro e de fora dos muros da escola.
Corroboramos com Toledo (2021) quando afirma que essa ação crítica e coletiva de
enfrentamento aos problemas e dificuldades do cotidiano escolar é fundamental para a
construção de um trabalho comprometido com a transformação da realidade.
Por fim, assim como Cordeiro e Curado (2017), compreende-se que as intervenções
psicológicas devem produzir saberes e práticas situadas, de maneira criativa e inventiva. Este
trabalho permitiu que os processos educativos pudessem ser reorganizados e utilizados de
uma maneira que otimizasse as potencialidades do grupo, além de permitir que os estagiários
construíssem uma perspectiva crítica sobre o trabalho e vislumbrassem novas formas de
construir a prática psicológica, sempre alinhada a uma perspectiva ética e histórica.
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Araraquara, v. 23, n. 00, e022005, jan./dez. 2022 e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v23i00.153219
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Como referenciar este artigo
TOLEDO, R. Construção de práticas inventivas em psicologia escolar: Um relato de uma
intervenção na escola.
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ.
,
Araraquara, v. 23, n. 00, e022005,
jan./dez. 2022. e-ISSN: 2594-8385. DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v23i00.15321
Submetido em
: 24/07/2021
Revisões requeridas em
: 17/09/2021
Aprovado em
: 28/11/2021
Publicado em
: 30/06/2022
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ.,
Araraquara, v. 23, n. 00, e022005, jan./dez. 2022 e-ISSN: 2594-8385
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Rodrigo TOLEDO
1
ABSTRACT
: This text addresses a report of school and educational intervention carried out
in a state public elementary school II and high school. The work was developed by interns of
the Psychology course, during the Covid-19 pandemic. From a demand presented by school
management, indicating difficulty to articulate projects and collective activities among
teachers, lack of knowledge of the team on the handling of technological tools and difficulty
of adherence of families and students to academic activities, an intervention was designed that
was divided into four blocks of actions, which were: six project alignment meetings, twenty
meetings with teachers, six discussion groups with the school community, and ten monitoring
and evaluation meetings with management. It was concluded that the work carried out
allowed the participants to reflect, develop and build strategies for the collective confrontation
of institutional challenges imposed by the pandemic and emergency remote education.
KEYWORDS
: School. COVID. Intervención Psicológica. Pandemic. Psychology.
RESUMO
: Este texto aborda um relato de prática de intervenção escolar e educacional
realizado em uma escola pública estadual de ensino fundamental II e médio. O trabalho foi
desenvolvido por estagiários do curso de Psicologia, durante a pandemia de Covid-19. A
partir de uma demanda apresentada pela gestão escolar, indicando dificuldade de articular
projetos e atividades coletivas entre os professores, falta de conhecimento da equipe sobre o
manuseio das ferramentas tecnológicas e dificuldade de adesão das famílias e estudantes às
atividades acadêmicas, desenhou-se intervenção que foi dividida em quatro blocos de ações,
que foram: seis reuniões de alinhamento do projeto, vinte reuniões com professores, seis
grupos de discussão com a comunidade escolar e dez reuniões de monitoramento e avaliação
com a gestão. Concluiu-se que o trabalho realizado permitiu aos participantes refletir,
elaborar e construir estratégias para o enfrentamento coletivo dos desafios institucionais
impostos pela pandemia e pelo ensino remoto emergencial.
PALAVRAS-CHAVE
: Escola. COVID. Intervenção psicológica. Pandemia. Psicologia.
1
Municipal University of São Caetano do Sul (USCS), São Caetano – SP – Brazil. Professor of the Psychology
course. PhD in Education (PUC/SP). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-5767-3439. E-mail:
toledordg@gmail.com
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ.,
Araraquara, v. 23, n. 00, e022005, Jan./Dec. 2022 e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v23i00.153211
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Rodrigo TOLEDO
RESUMEN
: Este texto aborda un relato de práctica de intervención escolar y educativa
realizado en una escuela pública estatal de enseñanza primaria II y secundaria. El trabajo
fue desarrollado por pasantes del curso de Psicología, durante la pandemia de Covid-19. A
partir de una demanda presentada por la gestión escolar, indicando dificultad de articular
proyectos y actividades colectivas entre los profesores, falta de conocimiento del equipo
sobre el manejo de las herramientas tecnológicas y dificultad de adhesión de las familias y
estudiantes a las actividades académicas, se diseñó intervención que fue dividida en cuatro
bloques de acciones, que fueron: seis reuniones de alineación del proyecto, veinte reuniones
con profesores, seis grupos de discusión con la comunidad escolar y diez reuniones de
monitoreo y evaluación con la gestión. Se concluyó que el trabajo realizado permitió a los
participantes reflexionar, elaborar y construir estrategias para el enfrentamiento colectivo de
los desafíos institucionales impuestos por la pandemia y la enseñanza remota de emergencia.
PALABRAS CLAVE
: Escuela. COVID. Intervención Psicológica. Pandemia. Psicología.
Introduction
Since the beginning of 2020, with the establishment of the pandemic caused by covid-
19, we have experienced a scenario of instability, especially due to the controversial
management that governments in the municipal, state and federal spheres have adopted in
coping with the humanitarian and sanitary crisis.
In the state of São Paulo, with the objective of containing the Covid-19 pandemic, the
state government's management decreed quarantine on March 24, 2020, meeting the
recommendations of the World Health Organization. This decree defined the obligation to
close the trade, keeping in operation only services called essential, such as health, food and
safety services. After this decree, many other publications were carried out to restrict or
establish parameters for the operation of the most diverse services, trades and even the
functioning of educational institutions (SÃO PAULO, 2020).
As a result of the social context of the Covid-19 pandemic, the classroom activities of
the schools also ceased to occur, so that it was necessary for the school community to adapt
urgently to what has conventionally been called emergency remote education (ER). This
situation required teachers and students – and their families – to have access to at least
technological equipment (mobile,
tablet
or computer) and internet access.
However, according to IBGE (2020), one in four people in Brazil does not have internet
access. Thus, we understand that the experience of emergency remote education has
evidenced – intensely – the inequalities existing in the country.
As stated by Sousa Oliveira
et al.
(2020), Rosa and Pereira (2020) and Toledo and
Pereira (2020) it is essential to develop public actions aimed at multiprofessional integration
to welcome and support all school actors – managers, teachers, workers, students and families
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Construction of inventive practices in school psychology: An account of a school intervention
– aiming at the well-being and strengthening of mental health aspects, in addition to ensuring
the educational role of students. In this context of uncertainties, marked by the need for
unavoidable actions of support and reception during the period of emergency remote teaching,
this experience report is included.
The experience
Authors such as Bock (2015), Santos (2017) and Rechtman and Bock (2019) affirm
that Psychology, as science and profession, encompasses many theoretical-methodological
conceptions that guide the most diverse practices, in the most diverse fields of action, that is,
the social commitment of Psychology is associated with a critical reading of reality, as
Martín-Baró (1996) argues.
With the perspective directed to practice in the school context, Oliveira, Ramos and
Souza (2020) also corroborate the critical perspective of Psychology when they explain the
need to break with work models that have developed in a fragmented, decontextualized and
primarily individualizing way and with a strong exclusionary bias, for the construction of
practices that are committed to social reality, to meet the demands that emerge from the
educational context.
Thus, I agree with Silva (2021, p. 24) in affirming school psychology "as a discipline
and a specialty of professional activity has much to say" in this scenario of great
transformation that we are living. The author recalls that the performance in school
psychology should consider the analysis of the current scenario and future perspectives
considering the demands of people and collectivities for the promotion of social justice.
This view of school psychology requires a critical and inventive posture in the
construction of a work committed to the transformation of reality, which enables the
construction of practices that meet the needs of those who have been facing the challenges
posed by the pandemic and emergency remote education.
Based on these assumptions, the experience reported here took place in the extension
and vocational internship project carried out in the Psychology course of a private university
in the metropolitan region of São Paulo. The project was for the fifth-year students of the
Psychology course who opted for the emphasis on Psychology and Educational Processes,
students of scientific initiation and guidance teachers.
All activities followed the recommendations published by the Federal Council of
Psychology (CFP) and the Brazilian Association of Psychology Teaching (ABEP) in 2020.
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Rodrigo TOLEDO
The actions were carried out online, mediated by tools provided by the partner institution and
the university, which would allow the holding of synchronous meetings. It is noteworthy that
the partnership with the school unit – a public institution that serves students from the final
years of elementary school, high school and Youth and Adult Education (EJA) – was already
established before the pandemic period and provided for three stages: design of the
intervention project, inventive practices and developments, which were maintained and
adapted to the context of social distancing.
Design of the intervention project
In the second half of 2020, through meetings with the school unit's management team,
we began to survey demands and complaints experienced during the months of March to July
of the same year. In this conversation, the following situations were presented: i) difficulty in
articulating projects and collective activities among teachers; ii) lack of knowledge of
teachers about the handling of technological tools for the mediation of classes; iii) lack of
access of families and students to academic activities.
After recognizing the main problems experienced by the school, the initial strategy
was defined as the holding of meetings such as the group of teachers in the meetings of
collective pedagogical hours. Four initial meetings were planned, two with the group of
teachers of the morning hours and two with the teachers of the night time. In view of the
sanitary restrictions, it was defined that all meetings would take place in the online modality
using the tool provided by the school.
The four meetings had the same objective: the first meeting focused on the
presentation of the team of interns, synthesis of meetings with the management team and
alignment of the group on availability and interest to build a project to face the challenges
experienced in the school. After this meeting, the work team (interns and trainee teacher)
designed the intervention proposal for each of the groups of teachers (morning and night) and
also the proposal for the monitoring of the school's management team. The second meeting
was designed to appreciate the work proposal, alignment of combinations on topics, days and
time of the meetings.
After this phase of needs survey, three blocks of concomitant actions were developed:
i) with the group of teachers (subgroup of the morning period and subgroup of the night): ten
weekly meetings with each subgroup focused on the presentation of the problem, discussion
of challenges and planning of coping actions or joint resolution of difficulties; ii) with the
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Construction of inventive practices in school psychology: An account of a school intervention
school community: a discussion group held in a fortnightly way to listen and share the
experiences of families, students and teachers, and; iii) with the management team: fortnightly
meetings for monitoring and evaluation of teacher groups through fortnightly meetings.
Inventive practices
The meetings with the teachers were inspired by the practices called
Psychoeducational Shift, proposed by Szymaski (2004) and Capeli Andrade and Szymaski
(2011), in which the presence and participation of teachers were optional and voluntary. An
average of 12 teachers per group participated, totaling 24 participants of 40 teachers.
Five themes were defined: lack of skill with the use of technological tools,
pedagogical mediation of face-to-face activities for online activities, role of the teacher in the
active search of students, administration and time management, evaluation and monitoring of
learning. The themes were worked as follows: the first meeting of each theme focused on the
discussion of the chosen theme and evaluation of the perspectives of each of the participants
of the meeting; the second had as objective to outline strategies of collective confrontation
and to design actions or activities to face the problem discussed, keeping as combined the
construction of consensus on these consequences.
The activities developed in the meetings with the school community were inspired by
the discussions of Euzébio Filho (2019) on the strengthening of relations between school and
community, in the reflections of Carvalho, Meireles and Guzzo (2018) on the participation of
students for democratic management and in the discussion groups proposed by Weller (2006).
With this group, six meetings were held throughout the school semester, with an
average of 15 participants in each activity. The meetings had no pre-defined themes and at
each meeting the participants elected a theme to hold the debate. In these meetings were
discussed: the role of the school and the family in the learning of students, the difficulty of
students to access the contents, organization of face-to-face deliveries of activities for
students, need to optimize communication between the school and families and finally the
absence of precise guidance from school management on the return of face-to-face classes.
The meetings with the management team took place fortnightly and were inspired by
Martinez's proposal for institutional interventions (2010). With the meetings, we sought to
contribute to the analysis and intervention at the institutional level, aiming to delineate work
strategies favoring the changes necessary for the optimization of the educational process.
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Rodrigo TOLEDO
Ten meetings were held throughout the school semester and in each meeting the
articulation and communication actions of the management team were evaluated as the group
of teachers and also analyzed the impacts of the change of attitude – of teachers and
management staff – for the whole school.
Developments
In the debates held in the internship orientation meetings, changes in attitudes and
discourses presented by the participants were perceived. The teachers indicated greater
collaboration with each other and created a virtual group to share pedagogical materials,
support materials and also successful experiences in their virtual classes. In the moments of
evaluation and return, they affirmed that the construction of a space in which they felt free to
express themselves, without feeling charged, was very productive and recognized that the
work in the group contributed significantly to the planning of their pedagogical practices.
Another important development occurred from the discussion meetings held with the
school community. It was clear that, with the progress and quality of the debates, the
participants expressed a more positive discourse about the school, mainly because they
understood the challenges of the institution and also because they recognized the important
role of the community in the educational process. At the close of the work, the group stated
that the construction of the meetings organized by an attitude of openness and recognition of
the various knowledge, the feeling of being free of judgments and for not offering a pre-
established discourse favored the work.
These perceptions were validated in the meeting with the management team. At the
closing meeting, the management team stated that the interventions developed were essential
for the maturation of school practices in this context of emergency remote education. They
also stated that planning for the partial resumption of school activities, according to
instructions they received from the state government, was only possible from the maturing
that the entire school community – management, teachers, students and community – had on
their role and how they could contribute to meeting the challenges faced. It was also defined
that the management team needed to build a space for internal discussion that favored the
debate on pedagogical issues.
Final considerations
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Construction of inventive practices in school psychology: An account of a school intervention
The focus of this work was to enable school actors – management team, teachers,
students and community – a space for listening, welcoming and building strategies to face the
challenges experienced in the current social and health context. As of the course of the work,
it was possible to notice difficulties and frustrations concerning the decisions of the State
Department of Education and the school's management team, especially with regard to the
return of face-to-face school activities. However, it was possible to reflect, elaborate and seek
possibilities for agreements. Thus, it is understood that the participants broadened their gaze
and, together, constructed possibilities of institutional confrontation.
With this work, the importance of building interventions in School and Educational
Psychology that produce active listening and dialogue action is defended, since they can
provide opportunities for all people involved in the recognition of their potentials and
weaknesses and, thus, make themselves available for collective and collaborative
construction, which, at this moment, becomes indispensable to make them inside and outside
the school walls.
We corroborate Toledo (2021) when it states that this critical and collective action of
coping with the problems and difficulties of daily school life is fundamental for the
construction of a work committed to the transformation of reality.
Finally, as well as Cordeiro e Curado (2017), it is understood that psychological
interventions should produce knowledge and practices situated, in a creative and inventive
way. This work allowed the educational processes to be reorganized and used in a way that
optimized the group's potential, besides allowing the trainees to build a critical perspective on
the work and envision new ways of constructing psychological practice, always aligned with
an ethical and historical perspective.
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Submitted
: 24/07/2021
Revisions required
:
17/09/2021
Approved
:
28/11/2021
Published
:
30/06/2022
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ.,
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