image/svg+xmlAvaliação do potencial de aprendizagem de um adolescente com síndrome de Williams-Beuren Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 23, n. 00, e022016, 2022. e-ISSN: 2594-8385 DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v23i00.167991AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DE APRENDIZAGEM DE UM ADOLESCENTE COM SÍNDROME DE WILLIAMS-BEUREN EVALUACIÓN DEL POTENCIAL DE APRENDIZAJE DE UN ADOLESCENTE CON SÍNDROME DE WILLIAMS-BEUREN ASSESSMENT OF THE LEARNING POTENTIAL OF AN ADOLESCENT WITH WILLIANS-BEUREN SYNDROME Rosemeire Quilante AZEVEDO1Regina Maria Ayres de Camargo FREIRE2RESUMO: Tendo em vista a aprendizagem dos alunos da educação especial, foi realizado um estudo de caso com um adolescente com Síndrome de Williams-Beuren, visando identificar os efeitos da Experiência de Aprendizagem Mediada no desempenho das tarefas durante uma avaliação assistida, realizada em três fases: pré-teste, mediação e pós-teste, utilizando inicialmente o teste de audibilização de Golbet (1988) e atividades do Programa de Enriquecimento Instrumental - Básico de Feuerstein (1980), na fase de mediação. A análise dos dados comparou os resultados da aplicação do teste de audibilização antes e depois da fase de mediação, relacionando-os com a tabela das funções cognitivas de Feuerstein (1980). Os resultados apontam que o adolescente apresentou melhora no desempenho das tarefas após a mediação, demonstrando que possui um potencial de aprendizagem que pode ser estimulado, por exemplo, nos processos cognitivos de integração da linguagem, na apreensão de significados e na expressão verbal. PALAVRAS-CHAVE: Avaliação qualitativa. Educação especial. Mediação escolar. RESUMEN: Con miras al aprendizaje de estudiantes de educación especial, se realizó un estudio de caso con un adolescente con Síndrome de Williams-Beuren, con el objetivo de identificar los efectos de la Experiencia de Aprendizaje Mediado en el desempeño de tareas durante una evaluación asistida, realizada en tres fases: preprueba, mediación y posprueba, utilizando inicialmente utilizando la prueba de audición de Golbet (1988) y actividades del Programa de Enriquecimiento Instrumental - Básico de Feuerstein (1980), en la fase de mediación. El análisis de los datos comparó los resultados de la aplicación de la prueba de audición antes y después de la fase de mediación, relacionándolos con la tabla de funciones cognitivas de Feuerstein (1980). Los resultados muestran que el adolescente mostró mejoría en el desempeño de tareas después de la mediación, demostrando que tiene un potencial de 1Pontifícia Universidade Católica (PUC), São Paulo SP Brasil. Mestrado no Programa de Estudos Pós-Graduados em Fonoaudiologia. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-7657-6418. E-mail: rosequilante@gmail.com 2Pontifícia Universidade Católica (PUC), São Paulo SP Brasil. Professora Titular do Departamento de Teorias e Métodos em Fonoaudiologia e Fisioterapia, Faculdade de Ciências Humanas e da Saúde. Doutorado em Psicologia da Educação (PUC-SP). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-6116-6165. E-mail: freireregina@uol.com.br
image/svg+xmlRosemeire Quilante AZEVEDO e Regina Maria Ayres de Camargo FREIRE Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 23, n. 00, e022016, 2022. e-ISSN: 2594-8385 DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v23i00.167992aprendizaje que puede ser estimulado, por ejemplo, en los procesos cognitivos de integración del lenguaje, en la aprehensión de significados y en la expresión verbal. PALABRAS CLAVE:Evaluación cualitativa. Educación especial. Mediación escolar. ABSTRACT: With a view to the learning of special education students, a case study was carried out with an adolescent with Williams-Beuren Syndrome, aiming to identify the effects of the Mediated Learning Experience on the performance of tasks during an assisted assessment, carried out in three phases: pre-test, mediation and post-test, initially using the audibilization test of Golbet (1988) and activities of the Program of Instrumental Enrichment - Basic of Feuerstein (1980), in the mediation phase. Data analysis compared the results of the application of the hearing test before and after the mediation phase, relating them to the table of cognitive functions by Feuerstein (1980). The results show that the teenager showed improvement in the performance of tasks after the mediation, demonstrating that he has a learning potential that can be stimulated, for example, in the cognitive processes of language integration, in the apprehension of meanings and in verbal expression. KEYWORDS:Qualitative assessment. Special education. School mediation. Introdução A Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva (BRASIL, 2008) tem ampliado as discussões sobre o processo de escolarização de pessoas com deficiência, visando desenvolver as potencialidades individuais e garantir uma educação de qualidade para todos. Ainda é um desafio para os professores realizarem avaliações e mediações que ampliem as condições de aprendizagem dos alunos público-alvo da educação especial, entre os quais aqueles com Síndrome de Williams-Beuren, para que adquiram autonomia na forma de pensar e agir. A síndrome de Williams-Beuren (SWB) é um distúrbio do neurodesenvolvimento causado por uma microdeleção localizada no braço curto do cromossomo 7 (7q11.23), no lócus do gene da elastina. É considerada uma doença rara, pois a frequência é de 1 para 13.700 crianças nascidas vivas, que apresentam alterações faciais, entre elas: nariz arrebitado, bochechas proeminentes, filtro nasal longo e lábios espessos; cardiovasculares, aparecendo a estenose da artéria supra valvar e oculares, identificada com a íris de padrão estrelado (SUGAYAMA et al., 2002; SUGAYAMA et al.,2003). De acordo com Nunes (2010), os testes psicométricos e os testes de inteligência aplicados em crianças com SWB, apresentaram um QI entre 40 e 60, abaixo da linha limítrofe.
image/svg+xmlAvaliação do potencial de aprendizagem de um adolescente com síndrome de Williams-Beuren Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 23, n. 00, e022016, 2022. e-ISSN: 2594-8385 DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v23i00.167993As pesquisas em crianças com SWB sobre o uso da semântica mostraram integridade no sistema fonológico, com precisão articulatória e desempenho inferior à média na aquisição semântica (MAYRINK,2012). Para Oliveira (2005), as avaliações clínicas e educacionais derivadas de uma tradição psicométrica centrada apenas nos resultados trazem poucas informações sobre as formas de intervenção e o processo de aprendizagem desses alunos. Linhares, Escolano e Enumo (2006), Oliveira (2005) e Feuerstein, Feuerstein e Falik (2014) são unânimes em colocar que a ação pedagógica é dinâmica e deve estar centrada nas potencialidades das crianças para que permitam o direito à aprendizagem e o acesso ao currículo escolar. Portanto, é a partir do conhecimento das condições de aprendizagem das crianças que se pode estabelecer uma atuação pedagógica intencional e interventiva. Para a Educação, mais do que medir o coeficiente intelectual (QI) e avaliar o desempenho da criança comparado a uma norma ou padronização determinada por um teste, deve-se colocar a importância de avaliar a sua condição de aprendizagem e a necessidade ou não de mediação, segundo o que propõem Feuerstein, Feuerstein e Falik (2014) e Oliveira (2005). Linhares, Escolano e Enumo (2006) assinalam que, embora aprender seja uma condição humana, não acontece para todos porque algumas crianças, que apresentam ritmos e condições orgânicas, intelectuais e sociais diferentes, são privadas do saber, necessitando de ações pedagógicas que favoreçam o seu potencial de aprendizagem. Diante da problemática levantada, como identificar o potencial de aprendizagem de um estudante público-alvo da Educação Especial? Para Oliveira (2005), o potencial de aprendizagem de um sujeito é identificado durante o percurso de uma avaliação assistida, quando são observados os caminhos utilizados pela criança para realizar a tarefa, pois o foco é encontrar a zona de desenvolvimento proximal, que é definida por Vigotski (1998, p. 113) como aquelas funções que ainda não amadureceram, que estão em processo de maturação, funções que amadurecerão, mas que estão presentes em estado embrionário. Essas funções poderiam ser chamadas de “brotos” ou “flores” do desenvolvimento, ao invés de “frutos” do desenvolvimento. Para Reuven Feuerstein (1980), o potencial de aprendizagem é identificado por meio da Experiência de Aprendizagem Mediada (EAM), que corresponde a um tipo especial de interação entre alguém que ensina (o mediador) e alguém que aprende (o mediado). O modelo de Experiência de Aprendizagem Mediada foi representado por Feuerstein (1980), pela figura abaixo.
image/svg+xmlRosemeire Quilante AZEVEDO e Regina Maria Ayres de Camargo FREIRE Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 23, n. 00, e022016, 2022. e-ISSN: 2594-8385 DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v23i00.167994Figura 1 Modelo de Experiência de Aprendizagem Mediada Legenda: S= estímulo; R=resposta; O= organismo; H=mediador humano Fonte: Feuerstein, Feuerstein e Falik (2014, p. 65) A EAM acontece pelo posicionamento de um mediador humano (H), que se coloca: entre o estímulo (S) e o sujeito (O), para ampliar as informações percebidas e entre o sujeito (O) e a resposta (R), ajudando a elaboração do pensamento, com o objetivo de provocar uma modificação estrutural no sujeito mediado. A EAM incorpora 12 critérios objetivando a aprendizagem significativa, sendo os três primeiros fundamentais para a modificabilidade estrutural cognitiva. Tais critérios constituem um tripé da dimensão estrutural, direcionando a forma de intervenção mediada que propõe um processo de mudança interna, a partir da construção de processos psicológicos eficientes (TURRA, 2007). São eles: 1. Intencionalidade e reciprocidade. Consiste em explicitar ao mediado a sua intenção de maneira objetiva, deixando claro o seu percurso para atingir o objetivo proposto. A reciprocidade pode ser identificada quando há aceitação do mediado à proposta apresentada, resultando na modificabilidade de um comportamento ou de uma estrutura cognitiva. Muitas vezes, a falta de reciprocidade de um aluno é interpretada como desinteresse, mas pode estar ocorrendo uma dificuldade para compreender e elaborar o conteúdo oferecido pelo professor. 2. Transcendência. Este critério não se restringe às necessidades imediatas, mas em preparar o sujeito aprendiz para estabelecer relações e fazer generalizações entre os conteúdos, considerando várias fontes de informação simultaneamente. 3. Mediação do significado. Começa logo no início da relação mãe-filho quando a interação ainda se desenvolve a nível pré-verbal, quando mãe mediadora usa intencionalmente a linguagem corporal, mudanças na amplitude de sua voz, alteração de movimentos, frequência e repetição dos estímulos mediados. O mediador é responsável em passar a herança cultural para o mediado, dando sentido às suas ações. Feuerstein (1980) se deparou com a problemática de avaliar crianças imigrantes, vítimas do holocausto da segunda Guerra Mundial e, por isso, criou um sistema estruturado de avaliação
image/svg+xmlAvaliação do potencial de aprendizagem de um adolescente com síndrome de Williams-Beuren Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 23, n. 00, e022016, 2022. e-ISSN: 2594-8385 DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v23i00.167995que ficou conhecido como Avaliação Dinâmica do Potencial de Aprendizagem - Learning Potential Assessment Device(LPAD), que é realizada em três fases: Pré-teste, Aprendizagem Mediada e Pós-Teste. O modelo da LPAD se aproxima do conceito da Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP) de Vygotsky, pois é levantado o nível de desenvolvimento real da criança no pré-teste e o nível de desenvolvimento potencial na fase de mediação, indicando a sua capacidade de desempenhar tarefas com ajuda de adultos ou companheiros mais experientes. A LPAD permitiu identificar 19 operações mentais que o cérebro é capaz de realizar, segundo Feuerstein (1980), a saber: 1. Identificação; 2. Comparação; 3. Análise; 4. Síntese; 5. Classificação; 6. Codificação; 7 Decodificação; 8. Projeção das Relações Virtuais; 9. Diferenciação;10. Representação Mental; 11. Transformação Mental; 12. Raciocínio Divergente; 13. Raciocínio Hipotético; 14. Raciocínio Transitivo; 15. Raciocínio Analógico; 16. Raciocínio Progressivo; 17. Raciocínio Lógico; 18. Raciocínio Silogístico. 19. Raciocínio Inferencial. A LPAD permitiu a Feuerstein identificar 28 funções cognitivas deficientes nas crianças avaliadas constantes no Quadro 1. Quadro 1Funções cognitivas deficientes de Feuerstein (1980) FASE DE ENTRADA ELABORAÇÃO FASE DE SAÍDA 1 Percepção imprecisa, sem clareza 9. Dificuldade de perceber um problema e defini-lo com clareza 22.Comunicação egocêntrica 2. Comportamento exploratório não planejado, impulsivo e não sistemático 10.Dificuldade de definir dados relevantes e irrelevantes 23.Deficiência nas relações virtuais 3. Falta de vocabulário e conceitos apropriados 11. Ausência da conduta comparativa 24.Bloqueio na comunicação das respostas 4. Orientação espacial deficiente 12. Estreiteza de campo mental 25. Respostas de ensaio e erro 5. Orientação temporal deficiente 13. Percepção episódica da realidade 26.Uso inadequado de instrumentos verbais, imprecisão ao comunicar respostas 6. Ausência de constância e permanência do objeto 14.Ausência da necessidade do raciocínio lógico 27.Deficiência no transporte visual 7. Imprecisão e inexatidão na coleta de dados 15.Dificuldade para interiorização do próprio comportamento 28. Conduta impulsiva 8. Não consideração de duas ou mais fontes 16. Ausência da necessidade do uso do pensamento hipotético-inferencial 17. Desconsideração de duas ou mais fontes de informação 18. Ausência do comportamento de planejamento 19. Dificuldade de elaboração de categorias cognitivas
image/svg+xmlRosemeire Quilante AZEVEDO e Regina Maria Ayres de Camargo FREIRE Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 23, n. 00, e022016, 2022. e-ISSN: 2594-8385 DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v23i00.16799620. Ausência de conduta somativa 21. Dificuldade para estabelecer relações virtuais Fonte: Centro Brasileiro de Modificabilidade (2013) Desenvolvimento A pesquisa está fundamentada e embasada nos estudos de Reuven Feuerstein (1980) sobre a Modificabilidade Cognitiva Estrutural e a Experiência de Aprendizagem Mediada. Trata-se de uma pesquisa exploratória qualitativa, realizada em formato de estudo de caso, com um adolescente do sexo masculino, de 13 anos, selecionado pelo resultado do exame FISH (Fluorescence in situ Hybridization) positivo para a Síndrome de Williams com a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido Nº 3.327.977 pelos pais. O local da pesquisa é um consultório clínico. Para a análise dos dados foram consideradas as pontuações obtidas na avaliação assistida, levando em conta a tabela das funções cognitivas de Feuerstein (1980). A avaliação assistida seguiu o modelo de Avaliação LPAD, com as adaptações indicadas por Linhares, Escolano e Enumo (2006) e realizada em três fases: 1.Pré teste: aplicação do Teste de Audibilização (TA) elaborado por Clarissa S. Golbert (1988) para avaliar a capacidade de audibilização em crianças na fase inicial da aquisição da escrita. O TA é composto por 106 itens, valendo um ponto cada, sendo 24 relacionados à discriminação fonemática, 36 para avaliação da memória e 46 para conceituação. 2.Experiência de Aprendizagem Mediada: aplicação do Programa de Enriquecimento Instrumental (PEI) Básico em seis sessões de mediação, de uma hora cada. Foram selecionadas 3 folhas do módulo Ilustração, com o tema: Comparação de Absurdos, com o objetivo de identificar o que a criança seria capaz de fazer com ajuda, considerando o seu nível de desenvolvimento potencial. 3.Reaplicação do Teste de Audibilização para comparar os resultados, em uma sessão de aproximadamente uma hora. A diferença do resultado da criança no pré-teste (desempenho sem ajuda) e no pós-teste (desempenho após mediação), é um indicador de sua modificabilidade, ou seja, o seu potencial de aprendizagem.
image/svg+xmlAvaliação do potencial de aprendizagem de um adolescente com síndrome de Williams-Beuren Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 23, n. 00, e022016, 2022. e-ISSN: 2594-8385 DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v23i00.167997Caracterização do sujeito V. é um menino de 13 anos, 1° filho, cujo irmão tem seis anos. Nasceu de parto cesáreo, com 2,975 kg e 47 cm e, não apresentou intercorrências. Recebeu aleitamento materno por 6 meses, mas tinha dificuldade para mamar. Aceitou bem as comidas sólidas. Nos primeiros meses de vida fez tratamento para a adenoide. O seu desenvolvimento motor e de linguagem foi tardio: andou com 2 anos e 3 meses e falou com 3 anos. A mãe solicitou ao pediatra para investigar esse atraso e a criança foi encaminhada para um geneticista, mas o exame de cariótipo foi normal. O exame FISH (Fluorescence in situHybridization)positivou a Síndrome de Williams. A criança fez acompanhamento genético, na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e atendimentos clínicos particulares de fonoaudiologia, terapia ocupacional e fisioterapia, até os 8 anos. Atualmente é acompanhado pelos especialistas: cardiologista, geneticista, endocrinologista e nefrologista no Instituto da Criança do Hospital das Clínicas. Com relação à interação, V. é reservado e tímido, fala pouco, sempre por meio de frases soltas e responde apenas a assuntos do seu interesse. Tem dificuldade para manter um diálogo e é repetitivo. Segundo o relato da mãe, sempre teve problemas escolares. Com três anos V. frequentou uma escola particular, não interagia com outras crianças e ficava dormindo na sala. Com 7 anos de idade ingressou na escola pública municipal para fazer o Ensino Fundamental. Foi acolhido pela professora do 1° ano que iniciou o processo de alfabetização, mas este ocorreu apenas quando V. estava no 4° ano, aos 10 anos. O ensino Fundamental II está sendo concluído em outra Unidade Escolar A mãe comentou que seu filho está no 6º ano e não acompanha o currículo escolar, mas frequenta a Sala de Recursos Multifuncionais, no contraturno escolar, com a professora de Atendimento Educacional Especializado, que faz as adaptações curriculares necessárias para facilitar a aprendizagem dos conteúdos. Além do convívio escolar, V. participa das confraternizações e eventos promovidos pela Associação Brasileira da Síndrome de Williams (ABSW), que acontece a cada semestre e também de um grupo de alunos com Síndrome de Williams, cadastrados na ABSW, que trocam informações diárias.
image/svg+xmlRosemeire Quilante AZEVEDO e Regina Maria Ayres de Camargo FREIRE Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 23, n. 00, e022016, 2022. e-ISSN: 2594-8385 DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v23i00.167998Pré Teste: Aplicação do Teste de Audibilização O sujeito V. encontrava-se na hipótese de escrita alfabética não ortográfica, e o resultado do Teste de Audibilização foi comparado com as 28 funções cognitivas de Feuerstein (1980), identificadas anteriormente no Quadro 1 e encontra-se discriminado na tabela 1. Tabela 1 Resultados do pré-teste do Teste de Audibilização SUJEITO V APLICAÇÃO 1 TESTE DE AUDIBILIZAÇÃO PORCENTAGEM DE ACERTO FUNÇÕES COGNITIVAS PREDOMINANTES Parte I Discriminação Fonemática 88% 1. Percepção imprecisa e sem clareza 2. comportamento exploratório não sistemático 28. conduta impulsiva Parte II A Memória de frases 67% 8. Não consideração de duas ou mais fontes de informação Parte II B Memória de dígitos 42% 7. imprecisão e inexatidão na coleta de dados Parte II C Memória de relatos 28% 8. não consideração de duas ou mais fontes de informação. 20. ausência da conduta somativa Parte IIIA Conceituação Identificação de Absurdos 17% 12. estreiteza do campo mental. 13. percepção episódica da realidade Parte IIIB Identificação de objetos 80% 7.imprecisão e inexatidão na coleta de dados. 12. estreiteza de campo mental Parte IIIC Definição de palavras 100% Parte IIID Organização sintático-semântica 50% 24.Bloqueio na comunicação de respostas. 26. Uso inadequado e instrumentos verbais Parte IIIE Vocabulário de figuras 91% 19. dificuldade para elaborar categorias cognitivas TOTAL: 66% tempo de execução: 1 hora Fonte: Elaborada pelas autoras
image/svg+xmlAvaliação do potencial de aprendizagem de um adolescente com síndrome de Williams-Beuren Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 23, n. 00, e022016, 2022. e-ISSN: 2594-8385 DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v23i00.167999De acordo com a Tabela 1 do Teste de Audibilização, observou-se que, na fase de entrada, o sujeito V apresentou uma percepção imprecisa e um comportamento exploratório não planejado para realizar as tarefas, não se atentando aos dados relevantes e perdendo informação. Na fase de elaboração, V. apresentou um estreitamento do campo mental pois teve dificuldade para opinar ou defender uma determinada posição, utilizando argumentos lógicos. Na fase de saída, V. apresentou um bloqueio na comunicação das repostas decorrente da falta de vocabulário e de falhas na conceituação. De acordo com a Tabela 1, V. obteve maior pontuação na discriminação fonemática, na definição de palavras e no vocabulário de figuras. As operações mentais requeridas para essa atividade estão relacionadas às funções cognitivas de entrada (1, 2, 7 e 8) que dependem do apoio sensorial e da percepção auditiva. Repetir fonemas requer uma atenção seletiva. Nessa etapa do teste, os comandos foram diretos e objetivos, facilitando a compreensão do sujeito. Com relação à memória de curto prazo, observou-se menor pontuação na conceituação e identificação de absurdos e na organização sintático-semântica. Esta dificuldade está relacionada às funções cognitivas de elaboração (12 ,13, 19, 20 e 21). O sujeito teve dificuldade em aplicar a conduta somatória e comparativa. Durante esse processo de análise e síntese, V. perdia informações e dados relevantes, prejudicando a qualidade de suas respostas, que corresponde às funções de saída (20, 24, 26 e 28). Experiência de Aprendizagem Mediada EAM Após o levantamento das funções cognitivas deficientes, introduziu-se o instrumento PEI Básico módulo: Identificação de Absurdos, por estar mais adequado ao desenvolvimento cognitivo do sujeito. Durante as sessões de EAM houve uma preocupação em estabelecer vínculo entre o mediador e o mediado e entre o sujeito e a tarefa, garantindo o critério de intencionalidade, reciprocidade e significado, fundamentais nessa etapa, pois ajuda a resgatar os sentimentos de competência e motivação, necessários para que ocorra a modificabilidade cognitiva. O módulo: comparar e descobrir absurdos, foi selecionado para a mediação com o objetivo de movimentar as funções cognitivas e ampliar a percepção do sujeito sobre o estímulo, conforme pode ser constatado pelas descrições abaixo.
image/svg+xmlRosemeire Quilante AZEVEDO e Regina Maria Ayres de Camargo FREIRE Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 23, n. 00, e022016, 2022. e-ISSN: 2594-8385 DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v23i00.16799101ª sessão de mediaçãoIlustração H7:Comparar e descobrir o absurdo. A ilustração mostrava duas cenas com alguns objetos trocados de função. Mediadora: “Estou apresentando uma ilustração para você e gostaria que olhasse com atenção e me contasse o que está acontecendo na cena.”V.: “Está comendo macarrão” (apontou para a sopa). Mediadora:“Ah, está comendo macarrão.”V.: “Está bebendo água.”(apontou para o copo com o frango dentro) V. respondeu sem se atentar aos detalhes da cena, pois não identificou os objetos que estavam fora do contexto. Esse resultado mostra uma percepção episódica da realidade (função cognitiva 13). Foi realizada uma mediação intencional para ajudá-lo a elaborar o seu pensamento e compreender o contexto. Mediadora: “Olhe com mais atenção. É água que o menino está bebendo?V.: “Não. É um osso.”Mediadora: “Olhe com mais atenção para a folha. Você percebe algum absurdo nesta cena?V.: “Está trocado O osso é no prato e não no copo. E água é no copo e não no prato”.Pela mediação realizada, houve uma maior clareza do problema (Função cognitiva 1) e uma ampliação do seu campo mental (função cognitiva 12), que ocasionou o reconhecimento dos objetos fora do contexto. Mediadora: “Então, como deveria ser a cena?”V.: “O osso do frango no prato, comer com o garfo e o suco no copo. Não pode usar o copo para comer carne.”Essa mediação trouxe para o sujeito uma forma de estabelecer relações com as realidades já vivenciadas, saindo da percepção episódica (função cognitiva 13), para uma compreensão dentro do contexto do problema apresentado. 2ª sessão de mediação: Ilustração H8:Comparar e descobrir o absurdo. A cena mostrava objetos que estão fora de contexto. Mediadora: “Olhe com atenção e conte para mim o que você está vendo na figura.”
image/svg+xmlAvaliação do potencial de aprendizagem de um adolescente com síndrome de Williams-Beuren Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 23, n. 00, e022016, 2022. e-ISSN: 2594-8385 DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v23i00.1679911V.: “Ele está jogando bola com papel”(apontando para o jogador). “Ele está pintando a bola” (apontando para o menino).Mediadora: “Quem são eles?”V.: “O jogador e o menino.”Mediadora: “Tem alguma coisa de estranho nesta cena?”V.: “O menino tem que chutar com a bola, mas está chutando o papel. O outro está usando uma bola para desenhar.”Diante das respostas de V., nota-se que ele já identifica o absurdo da cena. Nessa etapa, observa-se a reciprocidade do mediado em resolver a situação problema como também o resgate do sentimento de competência. Mediadora: “Ah, você pode me dizer onde teria que estar o papel e a bola?”V.: “A bola é do menino jogando e o papel é do menino pintando.”Pela resposta, vê-se que V. está iniciando o seu processo de transcendência (critério 2) ou seja, que já interiorizou o conteúdo, associando-o aos conteúdos anteriores. A transcendência é um processo mais complexo, de metacognição, que é melhor identificado a longo prazo. 3ª sessão de mediação: Ilustração H9:Comparar e descobrir o absurdo Mediadora: “O que está acontecendo nesta cena?”V.: “Um menino está varrendo com um barco na terra e o outro está bicicletando com uma bicicleta na água.”Percebe-se que se concretizou o conteúdo apresentado. Percebe-se uma diminuição da ansiedade e da conduta impulsiva (função 28). Mediadora: “E o que tem de errado?”V.: “Está trocado. Esse vai pra terra.”(apontou para a bicicleta). “Esse que está varrendo[...] ele tem que ir para o mar.”(apontou para o barco). O sentimento de competência aparece nesse momento, colocando o sujeito no lugar de protagonista da sua própria realidade. É fundamental que os instrumentos oferecidos o auxiliem o a formular conceitos e a se expressar de maneira espontânea. Diante das respostas do sujeito foi possível observar que a Experiência de Aprendizagem Mediada ampliou o seu campo mental e a percepção sobre a realidade.
image/svg+xmlRosemeire Quilante AZEVEDO e Regina Maria Ayres de Camargo FREIRE Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 23, n. 00, e022016, 2022. e-ISSN: 2594-8385 DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v23i00.1679912Reaplicação do Teste de Audibilização para comparar os resultados Os resultados obtidos foram comparados com o pré-teste, conforme mostra a Figura 2 Figura 2Teste de audibilização: Comparação dos resultados do Pré-teste e Pós-teste Fonte: Elaborado pelos autores Comparando as respostas do teste de audibilização (sem ajuda) com o aumento de acertos das respostas do teste após as mediações, foi possível constatar que V. apresentou uma propensão para a modificabilidade cognitiva, demonstrando o seu potencial de aprendizagem, apesar das características da Síndrome. É relevante ressaltar, em relação aos aspectos que não apresentaram modificabilidade, que seria necessário um tempo maior para desenvolver os diferentes recursos de mediação e possibilitar a repetição das estimulações e experiências para garantir maior assimilação dos conceitos e desenvolvimento das habilidades. Resultados O teste de audibilização procurou sondar os processos de linguagem receptiva da criança, por meio de tarefas psicolinguísticas, tais como: a discriminação dos sons, a memória e a capacidade conceitual” (GOLBERT, 1988, p. 15). Tais tarefas acontecem por meio de funções cognitivas, responsáveis por identificar, elaborar e processar a informação, descritas nos estudos de Feuerstein (1980). 88%67%42%28%17%80%100%50%96%67%42%39%67%80%100%50%0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%100%DiscriminaçãofonemáticaMemória de frasesMemórias deDigitosMemórias de relatosConceituaçãoindentificação doAbsurdosIndentificação deobjetosDefinição depalavrasOrganizaçãosintático-semânticoTeste de AudibilizaçãoSujeito VAplicação 1Aplicação 2
image/svg+xmlAvaliação do potencial de aprendizagem de um adolescente com síndrome de Williams-Beuren Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 23, n. 00, e022016, 2022. e-ISSN: 2594-8385 DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v23i00.1679913Para Golbert (1988, p. 96) [...] a pobreza conceitual limita a memorização e restringe as possibilidades de discriminação fonemática, assim como falhas ao nível de discriminação alteram a memorização e os processos de significação”. O processo de discriminação abrange funções cognitivas de entrada, descritas na tabela de Feuerstein (1980), responsáveis por identificar, comparar e definir os dados apresentados. Os resultados desta avaliação identificaram deficiências nas funções cognitivas de entrada, elaboração e saída, que dificultam a conclusão do ato mental. O prognóstico sugere propensões do sujeito à modificabilidade cognitiva estrutural, por meio de programas educacionais reabilitativos, como é o caso do Programa de Enriquecimento Instrumental de Feuerstein (1980). A aplicação do PEI Básico, como instrumento de mediação e de modificabilidade cognitiva estrutural, trouxe uma maior concentração do sujeito na realização das tarefas, mostrando-se receptivo e possibilitando acionar as funções cognitivas de entrada, que são responsáveis pela percepção clara e precisa do problema. As estratégias visuais, selecionadas no módulo Ilustração - PEI Básico (FEUERSTEIN,1980), possibilitaram que o sujeito ampliasse os processos perceptivos (função cognitiva de entrada) e passasse para a etapa de elaboração e levantamento de hipóteses, finalizando o ato mental com informações precisas e elaboradas pelo uso do raciocínio lógico. (função cognitiva de saída). Na reaplicação dos testes da primeira fase, os resultados mostraram avanços consideráveis, tais como: Parte I - Discriminação fonemática de 88% de acertos para 96%. Observou-se uma melhora no foco e no comportamento exploratório do sujeito durante a realização da tarefa, (funções 1, 2 e 7), que contribuíram para um maior número de acertos. Parte II C Memória de relatos - de 28% de acertos para 39%. Houve melhora na conduta somativa, o sujeito passa a organizar internamente as informações para reproduzir a frase solicitada, de maneira lógica. (função 12). Parte III A Conceituação/Identificação de Absurdos - de 17% de acertos para 67%. Observou-se que o sujeito teve maior facilidade para selecionar dados relevantes da situação problema (função 7), atendendo de maneira satisfatória aos objetivos. Esses avanços também refletiram no tempo de execução das atividades que decresceu de 1 h para 35 minutos e, inversamente, o percentual de acertos total aumentou de 66% para 72% de acertos.
image/svg+xmlRosemeire Quilante AZEVEDO e Regina Maria Ayres de Camargo FREIRE Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 23, n. 00, e022016, 2022. e-ISSN: 2594-8385 DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v23i00.1679914Deve-se salientar que o apoio visual e a técnica de fazer perguntas com frases curtas e poucos comandos é um dos pré-requisitos da EAM, sendo ferramentas facilitadoras para que V. aumentasse a capacidade de percepção do problema apresentado. Considerações finais A avaliação assistida possibilitou ao sujeito compreender e atuar de maneira planejada nas situações oferecidas, considerando todas as fontes de informação e ampliando o campo mental e a criatividade. Constatou-se que, para ampliar as condições de aprendizagem dos alunos público-alvo da Educação Especial, é importante buscar a mediação específica com foco no potencial de aprendizagem. É de grande relevância que o sujeito possa se autoperceber e acreditar em sua própria capacidade de aprender e de se modificar. Quando há intencionalidade e reciprocidade estre o mediador e o mediado, a aprendizagem torna-se significativa e possibilita uma amplitude de campo mental do sujeito aprendiz, chegando à síntese cognitiva e à transcendência do conhecimento. Com este estudo de caso é possível afirmar que a mediação é importante para o avanço do processo de aprendizagem, o que evidencia a necessidade de sua utilização pelos professores. Sugere-se que os professores se apropriem da Avaliação Assistida e realizem a Experiência de Aprendizagem Mediada para estimular as funções cognitivas tão necessárias para o avanço no processo de aprendizagem do educando e, consequentemente, o acesso ao currículo escolar. Há de se considerar que a vinculação afetiva que se estabelece na Experiência de Aprendizagem Mediada aflora, nos alunos, os sentimentos de competência, de otimismo, de busca do novo, de compartilhamento, de pertença ao grupo. O modelo de avaliação assistida traz informações importantes sobre o nível de desenvolvimento real e o nível de desenvolvimento potencial dos sujeitos, e, portanto, auxilia na elaboração de atividades adequadas ao nível cognitivo no qual o sujeito aprendiz se encontra.
image/svg+xmlAvaliação do potencial de aprendizagem de um adolescente com síndrome de Williams-Beuren Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 23, n. 00, e022016, 2022. e-ISSN: 2594-8385 DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v23i00.1679915REFERÊNCIAS BRASIL. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Brasília, DF: MEC; SECADI, 2008. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/politicaeducespecial.pdf. Acesso em: 12 abr. 2022. FEUERSTEIN, R. Instrumental Enrichment: An intervention program for cognitive modifiability. Glenview: Scott, Foresman and Company, 1980. FEUERSTEIN, R.; FEUERSTEIN, R. S.; FALIK, L. H. Além da Inteligência: Aprendizagem mediada e a capacidade de mudança do cérebro. Petrópolis, RJ: Vozes, 2014. GOLBERT, C. S. A evolução psicolinguística e suas implicações na alfabetização: Teoria, avaliação e reflexões. Porto Alegre, RS: Editora Artes Médicas, 1988. LINHARES, M. B. M.; ESCOLANO, A. C. M.; ENUMO, S. R. F. Avaliação Assistida: Fundamentos, procedimentos e aplicabilidade. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2006. MAYRINK, M. L. S. Estudo da semântica e estrutura da linguagem na Síndrome de Williams. 2012. Dissertação (Mestrado em Saúde da Criança e da Mulher) Instituto Fernandes Figueira, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2012. Disponível em: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/6654. Acesso em: 19 mar. 2022. NUNES, M. M. Avaliação do funcionamento cognitivo em pacientes com Síndrome de Williams-Beuren.2010.Tese (Doutorado em Ciências) Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010. Disponível em: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5141/tde-18022011-114532/en.php. Acesso em: 27 set. 2022. OLIVEIRA, A. A. S. Avaliação em Educação Especial: O ponto de vista do professor de alunos com deficiência. Estudos em Avaliação Educacional,São Paulo, v. 16, n. 31, p. 51-78, 2005. Disponível em: https://publicacoes.fcc.org.br/eae/article/view/2142. Acesso em: 10 mar. 2022. SUGAYAMA, S. M. M. et al. Anormalidades oculares em 20 pacientes com Síndrome de Williams-Beuren.Pediatria, São Paulo, v. 24, n. 3/4, p. 98-104, 2002. Disponível em: https://www.luzimarteixeira.com.br/wp-content/uploads/2011/04/anormalidades-oculares-na-sindrome-de-williams.pdf. Acesso em: 11 mar. 2022. SUGAYAMA, S. M. M. et al. Síndrome de Williams-Beuren. Anomalias Cardiovasculares em 20 Pacientes Diagnosticados pela Hibridização In Situ por Fluorescência. Arq Bras Cardiol, v. 81, n. 5, p. 462-467, 2003. Disponível em: https://www.luzimarteixeira.com.br/wp-content/uploads/2011/04/aspectos-cardiovasculares-na-sindrome-de-williams.pdf. Acesso em: 11 mar. 2022. TURRA, N. C. Reuven Feuerstein: Experiência de Aprendizagem Mediada: Um salto para a modificabilidade cognitiva estrutural. Rev. de Educação Educare, São Paulo, v. 2, n. 4, p 237-310, jul./dez. 2007. Disponível em: https://pt.scribd.com/document/313691185/Reuven-Feuerstein-Experiencia-de-Aprendizagem-Mediada-Um-Salto-Para-a-Mofificabilidade-Cognitiva-Estrutural. Acesso em: 08 jan. 2022.
image/svg+xmlRosemeire Quilante AZEVEDO e Regina Maria Ayres de Camargo FREIRE Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 23, n. 00, e022016, 2022. e-ISSN: 2594-8385 DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v23i00.1679916VIGOTSKI, L. S. A formação social da mente. 6. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998. Como referenciar este artigo AZEVEDO, R. Q.; FREIRE, R. M. A. C. Avaliação do potencial de aprendizagem de um adolescente com síndrome de Williams-Beuren. Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 23, n. 00, e022016, 2022. e-ISSN: 2594-8385. DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v23i00.16799 Submetido em: 20/06/2022 Revisões requeridas em: 13/08/2022 Aprovado em: 06/11/2022 Publicado em: 30/11/2022 Processamento e editoração: Editora Ibero-Americana de Educação.Revisão, formatação, normalização e tradução.
image/svg+xmlassessment of the learning potential of an adolescent with Willians-Beuren syndromeDoxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 23, n. 00, e022016, 2022. e-ISSN: 2594-8385 DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v23i00.167991ASSESSMENT OF THE LEARNING POTENTIAL OF AN ADOLESCENT WITH WILLIANS-BEUREN SYNDROME AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DE APRENDIZAGEM DE UM ADOLESCENTE COM SÍNDROME DE WILLIAMS-BEUREN EVALUACIÓN DEL POTENCIAL DE APRENDIZAJE DE UN ADOLESCENTE CON SÍNDROME DE WILLIAMS-BEUREN Rosemeire Quilante AZEVEDO1Regina Maria Ayres de Camargo FREIRE2ABSTRACT: With a view to the learning of special education students, a case study was carried out with an adolescent with Williams-Beuren Syndrome, aiming to identify the effects of the Mediated Learning Experience on the performance of tasks during an assisted assessment, carried out in three phases: pre-test, mediation and post-test, initially using the audibilization test of Golbet (1988) and activities of the Program of Instrumental Enrichment - Basic of Feuerstein (1980), in the mediation phase. Data analysis compared the results of the application of the hearing test before and after the mediation phase, relating them to the table of cognitive functions by Feuerstein (1980). The results show that the teenager showed improvement in the performance of tasks after the mediation, demonstrating that he has a learning potential that can be stimulated, for example, in the cognitive processes of language integration, in the apprehension of meanings and in verbal expression. KEYWORDS:Qualitative assessment. Special education. School mediation. RESUMO: Tendo em vista a aprendizagem dos alunos da educação especial, foi realizado um estudo de caso com um adolescente com Síndrome de Williams-Beuren, visando identificar os efeitos da Experiência de Aprendizagem Mediada no desempenho das tarefas durante uma avaliação assistida, realizada em três fases: pré-teste, mediação e pós-teste, utilizando inicialmente o teste de audibilização de Golbet (1988) e atividades do Programa de Enriquecimento Instrumental - Básico de Feuerstein (1980), na fase de mediação. A análise dos dados comparou os resultados da aplicação do teste de audibilização antes e depois da fase de mediação, relacionando-os com a tabela das funções cognitivas de Feuerstein (1980). Os resultados apontam que o adolescente apresentou melhora no desempenho das tarefas após a mediação, demonstrando que possui um potencial de aprendizagem que pode ser estimulado, por exemplo, nos processos cognitivos de integração da linguagem, na apreensão de significados e na expressão verbal. PALAVRAS-CHAVE: Avaliação qualitativa. Educação especial. Mediação escolar. 1Pontifical Catholic University (PUC), São Paulo SP Brazil. Master's degree in The Graduate Studies Program in Speech Therapy. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-7657-6418. E-mail: rosequilante@gmail.com 2Pontifical Catholic University (PUC), São Paulo SP Brazil. Full Professor, Department of Theories and Methods in Speech Therapy and Physiotherapy, Faculty of Humanities and Health. PhD in Psychology of Education (PUC-SP). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-6116-6165. E-mail: freireregina@uol.com.br
image/svg+xmlRosemeire Quilante AZEVEDO and Regina Maria Ayres de Camargo FREIRE Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 23, n. 00, e022016, 2022. e-ISSN: 2594-8385 DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v23i00.167992RESUMEN: Con miras al aprendizaje de estudiantes de educación especial, se realizó un estudio de caso con un adolescente con Síndrome de Williams-Beuren, con el objetivo de identificar los efectos de la Experiencia de Aprendizaje Mediado en el desempeño de tareas durante una evaluación asistida, realizada en tres fases: preprueba, mediación y posprueba, utilizando inicialmente utilizando la prueba de audición de Golbet (1988) y actividades del Programa de Enriquecimiento Instrumental - Básico de Feuerstein (1980), en la fase de mediación. El análisis de los datos comparó los resultados de la aplicación de la prueba de audición antes y después de la fase de mediación, relacionándolos con la tabla de funciones cognitivas de Feuerstein (1980). Los resultados muestran que el adolescente mostró mejoría en el desempeño de tareas después de la mediación, demostrando que tiene un potencial de aprendizaje que puede ser estimulado, por ejemplo, en los procesos cognitivos de integración del lenguaje, en la aprehensión de significados y en la expresión verbal. PALABRAS CLAVE:Evaluación cualitativa. Educación especial. Mediación escolar. Introduction The National Policy of Special Education from the perspective of Inclusive Education (BRASIL, 2008) has expanded discussions on the process of schooling of people with disabilities, aiming to develop individual potentialities and ensure a quality education for all. It is still a challenge for teachers to carry out assessments and mediations that expand the learning conditions of students targeted by special education, including those with Williams-Beuren Syndrome, so that they acquire autonomy in the way they think and act. Williams-Beuren syndrome (WBS) is a neurodevelopmental disorder caused by a micro-lotion located in the short arm of chromosome 7 (7q11.23), in the locus of the elastin gene. It is considered a rare disease, because the frequency is from 1 to 13,700 children born alive, who present facial alterations, among them: upright nose, prominent cheeks, long nasal filter and thick lips; cardiovascular, appearing the stenosis of the supravalus and ocular artery, identified with the iris of starry pattern (SUGAYAMAet al., 2002; SUGAYAMA et al.,2003). According to Nunes (2010), psychometric tests and intelligence tests applied to children with WBS presented an IQ between 40 and 60, below the borderline line. Research in children with WBS on the use of semantics showed integrity in the phonological system, with articulatory precision and lower than average performance in semantic acquisition (MAYRINK,2012). According to Oliveira (2005), clinical and educational evaluations derived from a psychometric tradition centered only on results bring little information about the forms of intervention and the learning process of these students. Linhares, Escolano and Enumo (2006), Oliveira (2005) and Feuerstein, Feuerstein and Falik (2014) are unanimous in putting that
image/svg+xmlassessment of the learning potential of an adolescent with Willians-Beuren syndromeDoxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 23, n. 00, e022016, 2022. e-ISSN: 2594-8385 DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v23i00.167993pedagogical action is dynamic and should be focused on the potentialities of children to allow the right to learning and access to the school curriculum. Therefore, it is from the knowledge of the learning conditions of children that an intentional and interventional pedagogical action can be established. For Education, more than measuring the intellectual coefficient (IQ) and evaluating the child's performance compared to a standard or standardization determined by a test, it is necessary to consider the importance of evaluating their learning condition and the need or not for mediation, according to what Feuerstein, Feuerstein and Falik (2014) and Oliveira (2005) propose. Linhares, Escolano and Enumo (2006) point out that, although learning is a human condition, it does not happen for everyone because some children, who have different organic, intellectual and social rhythms and conditions, are deprived of knowledge, requiring pedagogical actions that favor their learning potential. Given the problem raised, how to identify the learning potential of a target public student of Special Education? According to Oliveira (2005), the learning potential of a subject is identified during the course of an assisted evaluation, when the paths used by the child to perform the task are observed, because the focus is to find the proximal development zone, which is defined by Vigotski (1998, p. 113, our translation) as those functions that have not yet matured, which are in the process of maturation, functions that will mature, but which are present in an embryonic state. These functions could be called "shoots" or "flowers" of development, rather than "fruits" of development. For Reuven Feuerstein (1980), learning potential is identified through the Mediated Learning Experience (EAM), which corresponds to a special type of interaction between someone who teaches (the mediator) and someone who learns (mediated). The Mediated Learning Experience model was represented by Feuerstein (1980), in the figure below.
image/svg+xmlRosemeire Quilante AZEVEDO and Regina Maria Ayres de Camargo FREIRE Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 23, n. 00, e022016, 2022. e-ISSN: 2594-8385 DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v23i00.167994Figure 1Mediated Learning Experience Model Legend: S= stimulus; R=response; O= organism; H=human mediator Source: Feuerstein, Feuerstein and Falik (2014, p. 65) EAM takes place through the positioning of a human mediator (H), which is placed: between the stimulus (S) and the subject (O), to expand the perceived information and between the subject (O) and the answer (R), helping the elaboration of thought, with the objective of provoking a structural change in the mediated subject. The EAM incorporates 12 criteria aiming at meaningful learning, the first three being fundamental for cognitive structural modibility. These criteria constitute a tripod of the structural dimension, directing the form of mediated intervention that proposes a process of internal change, from the construction of efficient psychological processes (TURRA, 2007). They are: 1. Intentionality and reciprocity. It consists in explaining to the mediated its intention objectively, making clear its path to achieve the proposed objective. Reciprocity can be identified when there is acceptance of the mediated proposal presented, resulting in the change of a behavior or a cognitive structure. Often, a student's lack of reciprocity is interpreted as disinterest, but there may be a difficulty in understanding and elaborating the content offered by the teacher. 2. Transcendence. This criterion is not restricted to immediate needs, but in preparing the learner subject to establish relationships and make generalizations between the contents, considering several sources of information simultaneously. 3. Meaning mediation. It begins at the beginning of the mother-child relationship when the interaction still develops at the preverbal level, when a mediating mother intentionally uses body language, changes in the amplitude of her voice, changes in movements, frequency and repetition of mediated stimuli. The mediator is responsible for passing the cultural heritage to the mediated, giving meaning to their actions.
image/svg+xmlassessment of the learning potential of an adolescent with Willians-Beuren syndromeDoxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 23, n. 00, e022016, 2022. e-ISSN: 2594-8385 DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v23i00.167995Feuerstein (1980) faced the problem of evaluating immigrant children, victims of the Holocaust of The Second World War and, therefore, created a structured evaluation system that became known as Dynamic Assessment of Learning Potential Assessment Device(LPAD), which is carried out in three phases: Pre-test, Mediated Learning and Post-Test. The LPAD model approaches the concept of Vygotsky's Proximal Development Zone (ZDP), as the level of actual development of the child in the pre-test and the level of potential development in the mediation phase is raised, indicating their ability to perform tasks with the help of more experienced adults or partners. LPAD allowed the identification of 19 mental operations that the brain is capable of performing, according to Feuerstein (1980), namely: 1. Identification; 2. Comparison; 3. Analysis; 4. Synthesis; 5. Classification; 6. Coding; 7 Decoding; 8. Projection of Virtual Relations; 9. Differentiation;10. Mental Representation; 11. Mental Transformation; 12. Divergent Reasoning; 13. Hypothetical Reasoning; 14. Transitive Reasoning; 15. Analogue Reasoning; 16. Progressive Reasoning; 17. Logical Reasoning; 18. Silogistic Reasoning. 19. Inferential Reasoning. AD LP allowed Feuerstein to identify 28 deficient cognitive functions in the children evaluated in Chart 1. Table 1Feuerstein's deficient cognitive functions (1980) INPUT PHASE ELABORATION EXIT PHASE 1 Inaccurate perception, without clarity 9. Difficulty perceiving a problem and setting it clearly 22.Self-centered communication 2. Unplanned, impulsive and non-systematic exploratory behavior 10.Difficulty defining relevant and irrelevant data 23.Deficiency in virtual relationships 3. Lack of vocabulary and appropriate concepts 11. Absence of comparative conduct 24.Blocking the communication of responses 4. Poor spatial orientation 12. Mental field narrowness 25. Test and error responses 5. Poor temporal orientation 13. Episodic perception of reality 26.Inadequate use of verbal instruments, inaccuracy when communicating responses 6. Absence of constancy and permanence of the object 14.Absence of the need for logical reasoning 27.Deficiency in visual transport 7. Inaccuracy and inaccuracy in data collection 15.Difficulty in internalizing one's own behavior 28. Impulsive conduct 8. No consideration of two or more sources 16. Absence of the need to use hypothetical-inferential thinking 17. Disregard of two or more sources of information 18. Absence of planning behavior
image/svg+xmlRosemeire Quilante AZEVEDO and Regina Maria Ayres de Camargo FREIRE Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 23, n. 00, e022016, 2022. e-ISSN: 2594-8385 DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v23i00.16799619. Difficulty in developing cognitive categories 20. Absence of conduct 21. Difficulty in establishing virtual relationships Source: Brazilian Center for Modifier (2013) Development The research is based and based on the studies by Reuven Feuerstein (1980) on Structural Cognitive Modibility and the Mediated Learning Experience. This is qualitative exploratory research, conducted in case study format, with a 13-year-old male adolescent selected by the results of the FISH (Fluorescence in situ Hybridization) positive examination forWilliams Syndrome with the signature of Free and Informed Consent Term No. 3,327,977 by parents. The research site is a clinical practice. For data analysis, the scores obtained in the assisted evaluation were considered, taking into account the table of cognitive functions of Feuerstein (1980). The assisted evaluation followed the LPAD Evaluation model, with the adaptations indicated by Linhares, Escolano and Enumo (2006) and performed in three phases: 1.Pre-test: application of the Audibilization Test (TA) elaborated by Clarissa S. Golbert (1988) to evaluate the ability of hearing in children in the initial phase of writing acquisition. The AT is composed of 106 items, worth one point each, 24 related to phonematic discrimination, 36 for memory evaluation and 46 for conceptualization. 2.Mediated Learning Experience: application of the Basic Instrumental Enrichment Program (PEI) in six mediation sessions, one hour each. Three sheets of the Illustration module were selected, with the theme: Comparison of Absurdities, in order to identify what the child would be able to do with help, considering its level of potential development. 3.Reapplication of the Audibilization Test to compare the results, in a session of approximately one hour. The difference between the child's result in the pre-test (performance without help) and in the post-test (performance after mediation) is an indicator of its modibility, that is, its learning potential.
image/svg+xmlassessment of the learning potential of an adolescent with Willians-Beuren syndromeDoxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 23, n. 00, e022016, 2022. e-ISSN: 2594-8385 DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v23i00.167997Characterization of the subject You're a 13-year-old boy, first son, whose brother is six. She was born by cesarean section, with 2.975 kg and 47 cm, and showed no complications. She was breastfed for 6 months, but had difficulty breastfeeding. You've accepted solid foods well. In the first months of life, she underwent treatment for the adenoid. His motor and language development were delayed: he walked at 2 years and 3 months and spoke at 3 years. The mother asked the pediatrician to investigate this delay and the child was referred to a geneticist, but the karyotype test was normal. Fish (Fluorescence in situ Hybridization)test positive Williams syndrome. The child underwent genetic follow-up at the Federal University of São Paulo (UNIFESP) and private clinical care for speech therapy, occupational therapy and physiotherapy, up to 8 years of age. He is currently accompanied by specialists: cardiologist, geneticist, endocrinologist and nephrologist at the Children's Institute of the Hospital das Clínicas. With regard to interaction, V. is reserved and shy, speaks little, always through loose sentences and responds only to subjects of interest to him. It has difficulty maintaining a dialogue and is repetitive. According to her mother's report, she always had school problems. At the age of three V. attended a private school, did not interact with other children and was sleeping in the living room. At the age of 7, he entered the municipal public school to do elementary school. It was welcomed by the first-year teacher who started the literacy process, but this occurred only when you were in the 4th grade, at the age of 10. Elementary II is being completed in another School Unit The mother commented that her child is in the 6th grade and does not follow the school curriculum, but attends the Multifunctional Resource Room, in the school shift, with the teacher of Specialized Educational Care, who makes the necessary curricular adaptations to facilitate the learning of the contents. In addition to school life, you participate in the gatherings and events promoted by the Brazilian Association of Williams Syndrome (ABSW), which takes place every semester and also of a group of students with Williams Syndrome, registered with ABSW, who exchange daily information.
image/svg+xmlRosemeire Quilante AZEVEDO and Regina Maria Ayres de Camargo FREIRE Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 23, n. 00, e022016, 2022. e-ISSN: 2594-8385 DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v23i00.167998Pre-Test: Application of the Audibilization Test Subject V. was in the hypothesis of non-orthographic alphabetic writing, and the result of the Audibilization Test was compared with the 28 cognitive functions of Feuerstein (1980), previously identified in Chart 1 and is broken down in Table 1. Table 1Pre-test results of the Audibilization Test SUBJECT V APPLICATION 1 AUDIBILIZATION TEST HIT PERCENTAGE PREDOMINANT COGNITIVE FUNCTIONS Part I Phonematic Discrimination 88% 1. Inaccurate and unclear perception 2. non-systematic exploratory behaviour 28. impulsive conduct Part II The Memory of Phrases 67% 8. Not considering two or more sources of information Part II B Digit memory 42% 7. Inaccuracy and inaccuracy in data collection Part II C Memory of reports 28% 8. No consideration of two or more sources of information. 20. absence of soda conduct Part IIIA Concept Identification of Absurdities 17% 12. narrowness of the mental field. 13. episodic perception of reality Part IIIB Identification of Objects 80% 7.Inaccuracy and inaccuracy in data collection. 12. mental field narrowness Part IIIC Definition of words 100% Part IIID Syntactic-Semantic Organization 50% 24.Blocking the communication of responses. 26. Misuse and verbal instruments Part IIIE Vocabulary of figures 91% 19. difficulty in elaborating cognitive categories TOTAL: 66% Running time: 1 hour Source: Prepared by the authors
image/svg+xmlassessment of the learning potential of an adolescent with Willians-Beuren syndromeDoxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 23, n. 00, e022016, 2022. e-ISSN: 2594-8385 DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v23i00.167999According to Table 1 of the Audibilization Test, it was observed that, in the entry phase, subject V presented an inaccurate perception and an exploratory behavior not planned to perform the tasks, not commended to the relevant data and losing information. In the elaboration phase, V. presented a narrowing of the mental field because he had difficulty to give his opinion or defend a certain position, using logical arguments. In the exit phase, V. presented a blockage in the communication of the responses due to the lack of vocabulary and failures in the conceptualization. According to Table 1, V. obtained a higher score in phonematic discrimination, definition of words and vocabulary of figures. The mental operations required for this activity are related to the cognitive functions of input (1, 2, 7 and 8) that depend on sensory support and auditory perception. Repeating phonemes requires selective attention. At this stage of the test, the commands were direct and objective, facilitating the understanding of the subject. Regarding short-term memory, a lower score was observed in the conceptualization and identification of absurdities and in the syntactic-semantic organization. This difficulty is related to cognitive functions of elaboration (12,13, 19, 20 and 21). The subject had difficulty in applying the summation and comparative conduct. During this process of analysis and synthesis, V. lost relevant information and data, impairing the quality of his answers, which corresponds to the output functions (20, 24, 26 and 28). Mediated Learning Experience - EAM After the survey of deficient cognitive functions, the Basic PEI instrument was introduced - module: Identification of Absurdities, because it is more appropriate to the cognitive development of the subject. During the EAM sessions there was a concern to establish a bond between the mediator and the mediated and between the subject and the task, ensuring the criterion of intentionality, reciprocity and meaning, fundamental in this stage, because it helps to rescue the feelings of competence and motivation necessary for cognitive change to occur. The module: compare and discover absurdities, was selected for mediation with the objective of moving cognitive functions and expanding the perception of the subject about the stimulus, as can be seen by the descriptions below.
image/svg+xmlRosemeire Quilante AZEVEDO and Regina Maria Ayres de Camargo FREIRE Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 23, n. 00, e022016, 2022. e-ISSN: 2594-8385 DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v23i00.16799101st mediation sessionIllustration H7: Compareand discover the absurdity. The illustration showed two scenes with some function swapped objects. Mediator: "I'm presenting an illustration for you and I'd like you to look closely and tell me what's going on at the scene."V.: "You're eating noodles" (pointed to the soup). Mediator:"Oh, you're eating noodles."V.: "You're drinking water."(pointed to the cup with the chicken inside) V. responded without looking at the details of the scene because it did not identify the objects that were out of context. This result shows an episodic perception of reality (cognitive function 13). Intentional mediation was performed to help you elaborate your thinking and understand the context. Mediator: "Look more closely. Is that water the boy's drinking?"V.: "No. It's abone." Mediator: "Look more closely at the sheet. Do you notice any nonsense in this scene?" V.: "It's changed The bone is on the plate and not in the glass. And water is in the glass and not in the dish." Through the mediation performed, there was a greater clarity of the problem (Cognitive function 1) and an expansion of its mental field (cognitive function 12), which led to the recognition of objects outside the context. Mediator: "So, what should the scene be like?"V.: "The chicken bone on the plate, eat with the fork and the juice in the glass. You can't use the glass to eat meat."This mediation brought to the subject a way of establishing relationships with the realities already experienced, leaving the episodic perception (cognitive function 13), to an understanding within the context of the problem presented. 2nd mediation session: Illustration H8: Compareand discover the absurdity. The scene showed objects that are out of context. Mediator: "Look closely and tell me what you are seeing in the picture." V.: "He is playing ball with paper"(pointing to the player). "He's painting the ball" (pointing at the boy).
image/svg+xmlassessment of the learning potential of an adolescent with Willians-Beuren syndromeDoxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 23, n. 00, e022016, 2022. e-ISSN: 2594-8385 DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v23i00.1679911Mediator: "Who are they?"V.: "The player and the boy."Mediator: "Is there anything strange about this scene?"V.: "The boy has to kick with the ball, but is kicking the role. The other is using a ball to draw." Given V.'s answers, it is noted that he already identifies the absurdity of the scene. At this stage, it is observed the reciprocity of the mediated in solving the problem situation as well as the rescue of the feeling of competence. Mediator: "Oh, can you tell me where the paper and the ball would have to be?"V.: "The ball is of the boy playing and the role is of the painting boy."By the answer, it is seen that V. is beginning his process of transcendence (criterion 2) that is, that he has already internalized the content, associating it with previous contents. Transcendence is a more complex process of metacognition, which is better identified in the long run. 3rd mediation session: Illustration H9: Compareand discover the absurdity Mediator: "What's going on in this scene?"V.: "One boy is sweeping with a boat on the ground and the other is cycling with a bicycle in the water."It is perceived that the content presented has materialized. There is a decrease in anxiety and impulsive conduct (function 28). Mediator: "And what's wrong?"V.: "It's changed. This one goes ashore."(pointed to the bike). "The one that's sweeping[...] he has to go to sea."(pointed to the boat). The feeling of competence appears at that moment, placing the subject in the place of protagonist of his own reality. It is essential that the instruments offered help you formulate concepts and express yourself spontaneously. In view of the subject's answers, it was possible to observe that the Mediated Learning Experience broadened his mental field and perception of reality.
image/svg+xmlRosemeire Quilante AZEVEDO and Regina Maria Ayres de Camargo FREIRE Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 23, n. 00, e022016, 2022. e-ISSN: 2594-8385 DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v23i00.1679912Reapplication of the Audibilization Test to compare the results The results obtained were compared with the pre-test, as shown in Figure 2 Figure 2- Hearing test: Comparison of pre-test and post-test results Source: Prepared by the authors Comparing the responses of the hearing test (without help) with the increase of correct answers of the test responses after mediations, it was possible to verify that V. presented a propensity for cognitive modibility, demonstrating his learning potential, despite the characteristics of the Syndrome. It is important to emphasize, in relation to the aspects that did not present modibility, that it would take a longer time to develop the different mediation resources and enable the repetition of stimulations and experiences to ensure greater assimilation of concepts and development of skills. Findings The hearing test sought to "probe the processes of receptive language of the child, through psycholinguistic tasks, such as: the discrimination of sounds, memory and conceptual capacity" (GOLBERT, 1988, p. 15, our translation). Such tasks occur through cognitive functions, responsible for identifying, elaborating and processing information, described in Feuerstein's studies (1980). 88%67%42%28%17%80%100%50%96%67%42%39%67%80%100%50%0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%100%DiscriminaçãofonemáticaMemória de frasesMemórias deDigitosMemórias de relatosConceituaçãoindentificação doAbsurdosIndentificação deobjetosDefinição depalavrasOrganizaçãosintático-semânticoTeste de AudibilizaçãoSujeito VAplicação 1Aplicação 2
image/svg+xmlassessment of the learning potential of an adolescent with Willians-Beuren syndromeDoxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 23, n. 00, e022016, 2022. e-ISSN: 2594-8385 DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v23i00.1679913For Golbert (1988, p. 96, our translation) "[...] conceptual poverty limits memorization and restricts the possibilities of phonematic discrimination, as well as failures in the level of discrimination that alter memorization and signification processes". The discrimination process covers cognitive input functions, described in the Feuerstein table (1980), responsible for identifying, comparing and defining the data presented. The results of this evaluation identified deficiencies in the cognitive functions of entry, elaboration and exit, which hinder the completion of the mental act. The prognosis suggests the subject's pro-suspensions to structural cognitive modibility, through rehabilitative educational programs, such as the Feuerstein Instrumental Enrichment Program (1980). The application of the Basic EIP, as an instrument of mediation and structural cognitive modibility, brought a greater concentration of the subject in performing the tasks, showing receptive and enabling to trigger the cognitive functions of entry, which are responsible for the clear and accurate perception of the problem. The visual strategies, selected in the Module Illustration - Basic PEI (FEUERSTEIN,1980), allowed the subject to expand the perceptual processes (cognitive function of entry) and move to the stage of elaboration and survey of hypotheses, ending the mental act with precise information and elaborated by the use of logical reasoning. (Cognitive output function). In the reapplication of the tests of the first phase, the results showed considerable advances, such as: Part I - Phonematic discrimination - from 88% of correct answers to 96%. There was an improvement in the focus and exploratory behavior of the subject during the performance of the task (functions 1, 2 and 7), which contributed to a greater number of correct answers. Part II C - Memory of reports - from 28% of correct answers to 39%. There was an improvement in the conduct, the subject begins to internally organize the information to reproduce the requested sentence, in a logical way. (function 12). Part III A - Conceptualization/Identification of Absurdities - from 17% of correct answers to 67%. It was observed that the subject had greater facility to select relevant data of the problem situation (function 7), meeting satisfactorily the objectives.
image/svg+xmlRosemeire Quilante AZEVEDO and Regina Maria Ayres de Camargo FREIRE Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 23, n. 00, e022016, 2022. e-ISSN: 2594-8385 DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v23i00.1679914These advances also reflected in the execution time of the activities that decreased from 1 h to 35 minutes and, conversely, the percentage of total correct answers increased from 66% to 72% of correct answers. It should be emphasized that the visual support and the technique of asking questions with short sentences and few commands is one of the prerequisites of THE, being facilitating tools for V. to increase the ability to perceive the problem presented. Final considerations The assisted evaluation allowed the subject to understand and act in a planned manner in the situations offered, considering all sources of information and expanding the mental field and creativity. It was found that, in order to expand the learning conditions of the target public students of Special Education, it is important to seek specific mediation with a focus on learning potential. It is of great relevance that the subject can perceive himself and believe in his own ability to learn and change. When there is intentionality and reciprocity debut between the mediator and the mediated, learning becomes significant and allows a mental field amplitude of the learner subject, reaching cognitive synthesis and the transcendence of knowledge. With this case study it is possible to affirm that mediation is important for the advancement of the learning process, which evidences the need for its use by teachers. It is suggested that teachers appropriate assisted assessment and perform the Mediated Learning Experience to stimulate the cognitive functions so necessary for the advancement in the learning process of the student and, consequently, access to the school curriculum. It should be considered that the affective bond that is established in the Mediated Learning Experience, in the students, the feelings of competence, of optimism, of the search for the new, of sharing, of belonging to the group. The assisted evaluation model provides important information about the level of real development and the level of potential development of the subjects, and, therefore, assists in the elaboration of activities appropriate to the cognitive level in which the learner is.
image/svg+xmlassessment of the learning potential of an adolescent with Willians-Beuren syndromeDoxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 23, n. 00, e022016, 2022. e-ISSN: 2594-8385 DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v23i00.1679915REFERENCES BRASIL. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Brasília, DF: MEC; SECADI, 2008. Available: http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/politicaeducespecial.pdf. Access: 12 Apr. 2022. FEUERSTEIN, R. Instrumental Enrichment: An intervention program for cognitive modifiability. Glenview: Scott, Foresman and Company, 1980. FEUERSTEIN, R.; FEUERSTEIN, R. S.; FALIK, L. H. Além da Inteligência: Aprendizagem mediada e a capacidade de mudança do cérebro. Petrópolis, RJ: Vozes, 2014. GOLBERT, C. S. A evolução psicolinguística e suas implicações na alfabetização: Teoria, avaliação e reflexões. Porto Alegre, RS: Editora Artes Médicas, 1988. LINHARES, M. B. M.; ESCOLANO, A. C. M.; ENUMO, S. R. F. Avaliação Assistida: Fundamentos, procedimentos e aplicabilidade. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2006. MAYRINK, M. L. S. Estudo da semântica e estrutura da linguagem na Síndrome de Williams. 2012. Dissertação (Mestrado em Saúde da Criança e da Mulher) Instituto Fernandes Figueira, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2012. Available: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/6654. Access: 19 Mar. 2022. NUNES, M. M. Avaliação do funcionamento cognitivo em pacientes com Síndrome de Williams-Beuren.2010.Tese (Doutorado em Ciências) Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010. Available: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5141/tde-18022011-114532/en.php. Access: 27 Sept. 2022. OLIVEIRA, A. A. S. Avaliação em Educação Especial: O ponto de vista do professor de alunos com deficiência. Estudos em Avaliação Educacional,São Paulo, v. 16, n. 31, p. 51-78, 2005. Available: https://publicacoes.fcc.org.br/eae/article/view/2142. Access: 10 Mar. 2022. SUGAYAMA, S. M. M. et al. Anormalidades oculares em 20 pacientes com Síndrome de Williams-Beuren.Pediatria, São Paulo, v. 24, n. 3/4, p. 98-104, 2002. Available: https://www.luzimarteixeira.com.br/wp-content/uploads/2011/04/anormalidades-oculares-na-sindrome-de-williams.pdf. Access: 11 Mar. 2022. SUGAYAMA, S. M. M. et al. Síndrome de Williams-Beuren. Anomalias Cardiovasculares em 20 Pacientes Diagnosticados pela Hibridização In Situ por Fluorescência. Arq Bras Cardiol, v. 81, n. 5, p. 462-467, 2003. Available: https://www.luzimarteixeira.com.br/wp-content/uploads/2011/04/aspectos-cardiovasculares-na-sindrome-de-williams.pdf. Access: 11 Mar. 2022. TURRA, N. C. Reuven Feuerstein: Experiência de Aprendizagem Mediada: Um salto para a modificabilidade cognitiva estrutural. Rev. de Educação Educare, São Paulo, v. 2, n. 4, p 237-310, jul./dez. 2007. Available: https://pt.scribd.com/document/313691185/Reuven-Feuerstein-Experiencia-de-Aprendizagem-Mediada-Um-Salto-Para-a-Mofificabilidade-Cognitiva-Estrutural. Access: 08 Jan. 2022.
image/svg+xmlRosemeire Quilante AZEVEDO and Regina Maria Ayres de Camargo FREIRE Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 23, n. 00, e022016, 2022. e-ISSN: 2594-8385 DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v23i00.1679916VIGOTSKI, L. S. A formação social da mente. 6. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998. How to refer to this article AZEVEDO, R. Q.; FREIRE, R. M. A. C. Assessment of the learning potential of an adolescent with Willians-Beuren syndrome. Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 23, n. 00, e022016, 2022. e-ISSN: 2594-8385. DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v23i00.16799 Submitted: 20/06/2022 Revisions required: 13/08/2022 Approved: 06/11/2022 Published: 30/11/2022 Processing and publication by the Editora Ibero-Americana de Educação. Correction, formatting, standardization and translation.