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Afetividade e os saberes da prática docente: Uma análise de teses e dissertações
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ.,
Araraquara, v. 23, n. 00, e022017, 2022. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v23i00.17463 1
AFETIVIDADE E OS SABERES DA PRÁTICA DOCENTE: UMA ANÁLISE DE
TESES E DISSERTAÇÕES
LA AFECTIVIDAD Y EL SABER DE LA PRÁCTICA DOCENTE: UN ANÁLISIS DE
TESIS Y DISERTACIONES
AFFECTIVITY AND TEACHING PRACTICE KNOWLEDGE: AN ANALYSIS OF
THESES AND DISERTATIONS
Luana MONTEIRO
1
Ivan FORTUNATO
2
Maria do Rosário Silveira PORTO
3
RESUMO
: Este artigo foi elaborado na forma de uma revisão sistemática, produzindo um
Estado do Conhecimento a respeito da relação entre afetividade e saberes da prática docente,
referente ao período de 2014 a 2018. Trata-se de um levantamento de teses e dissertações no
qual foram inventariados cinco (5) dissertações e duas (2) teses. Ao final, verificamos a
necessidade dos processos de formação docente serem desenvolvidos a partir de uma relação
próxima entre instituição formadora e educação básica; e que a educação não se dá na
fragmentação afetividade-cognição, sendo necessário também dar condições para o
desenvolvimento dos afetos.
PALAVRAS-CHAVE
: Educação. Formação de professores. Revisão sistemática.
RESUMEN
:
Este artículo fue elaborado en forma de revisión sistemática, produciendo un
Estado del Conocimiento sobre la relación entre la afectividad y el saber de la práctica
docente, referente al período de 2014 a 2018. Se trata de un relevamiento de tesis y
disertaciones en las que se inventariaron cinco (5) disertaciones y dos (2) tesis. Al final,
constatamos la necesidad de que los procesos de formación docente se desarrollen desde una
estrecha relación entre la institución formadora y la educación básica; y que la educación no
tiene lugar en la fragmentación afectivo-cognoscitiva, también es necesario propiciar
condiciones para el desarrollo de los afectos.
PALABRAS CLAVE
: Educación. Formación de profesores. Revisión sistemática.
1
Universidade Estadual Paulista (UNESP), Rio Claro
–
SP
–
Brasil. Doutoranda em Educação. ORCID:
https://orcid.org/0000-0003-2881-1246. E-mail: lm_luana@hotmail.com
2
Instituto Federal de São Paulo (IFSP), Itapetininga
–
SP
–
Brasil. Docente na Coordenadoria de Formação
Pedagógica. Doutorado em Desenvolvimento Humano e Tecnologias e Doutorado em Geografia (UNESP).
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-1870-7528. E-mail: ivanfrt@yahoo.com.br
3
Universidade de São Paulo (USP), São Paulo
–
SP
–
Brasil. Professora aposentada da Faculdade de Educação.
Doutora em Educação (USP). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-1873-4526. E-mail: mdoporto@uol.com.br
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Luana MONTEIRO; Ivan FORTUNATO e Maria do Rosário Silveira PORTO
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ.,
Araraquara, v. 23, n. 00, e022017, 2022. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v23i00.17463 2
ABSTRACT
:
This paper was prepared in the form of a systematic review, producing a State of
Knowledge regarding the relationship between affectivity and knowledge of teaching practice,
referring to the period from 2014 to 2018. It is a survey of theses and dissertations in which
they were inventoried five (5) dissertations and two (2) theses. In the end, we verified the need
for teacher training processes to be developed from a close relationship between the training
institution and basic education; and that education does not take place in the affectivity-
cognition fragmentation, it is also necessary to provide conditions for the development of
affections.
KEYWORDS
:
Education. Teacher education. Systematic review.
Palavras iniciais
[...] a presença contínua da afetividade nas interações sociais, além da sua
influência também contínua nos processos de desenvolvimento cognitivo.
Nesse sentido, pode-se se pressupor que a interação que ocorre no contexto
escolar também são marcadas pela afetividade em todos s seus aspectos. Pode-
se supor, também, que a afetividade se constrói como um fator de grande
importância na determinação da natureza das relações que se estabelecem
entre os sujeitos (alunos) e os diversos objetos do conhecimento (áreas e
conteúdos escolares), bem como na disposição dos alunos diante das
atividades propostas e desenvolvidas (TASSONI, 2000, p. 9-10).
Este artigo, derivado de dissertação de mestrado defendida no Programa de Pós-
Graduação em Educação, da Universidade Federal de São Carlos, campus de Sorocaba
(MONTEIRO, 2020) apresenta um estado de conhecimento (cf. ROMANOVSKI; ENS, 2006)
a respeito de uma relação tripartida entre afetividade, saberes da prática docente e a formação
inicial de professores. Já há algum tempo, temos olhado para afetividade como elemento
fundamental da docência, enquanto prática mediadora, pautada na relação com o
desenvolvimento de processos cognitivos (MONTEIRO; FORTUNATO, 2020). É preciso,
então, pautar-se no estado atual de produção deste campo, como forma de reconhecer possíveis
formas de intervenção afetivas na docência, em particular nos processos de formação inicial.
Para compreender melhor essa relação entre afetividade e formação para a docência foi
necessário revisitarmos o campo de pesquisas já produzidas, com o objetivo de identificar quais
enfoques temáticos e referenciais teóricos norteiam seus movimentos investigativos, quais os
encaminhamentos dados e as lacunas evidenciadas no campo específico de pesquisa.
Considerando esses objetivos, recorremos ao mapeamento bibliográfico como aparato
metodológico (FORTUNATO; SCHWARTZ
, 2019), compreendido como um “processo
sistemático de levantamento e descrição de informações acerca das pesquisas produzidas sobre
um campo específico de estudo, abrangendo um determinado espaço (lugar) e período de
tempo” (
FIORENTINI
et al
, 2016, p. 18), que possibilitou realização de uma projeção
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Afetividade e os saberes da prática docente: Uma análise de teses e dissertações
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ.,
Araraquara, v. 23, n. 00, e022017, 2022. e-ISSN: 2594-8385
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descritiva e sistemática, de enfoques, temas recorrentes, encaminhamentos conclusivos e
lacunas investigativas.
Para alcançar tais propósitos, o artigo foi organizado em cinco seções. Começamos por
uma discussão necessária entre afetividade e docência, buscando elementos para reafirmar sua
relação. Daí, seguimos pela descrição dos procedimentos tomados para realização do
mapeamento no Catálogo da CAPES. Na sequência, as teses e dissertações identificadas no
mapeamento foram sistematicamente inventariadas, situando-as no contexto de sua produção.
Na quarta seção, foram colocadas lentes analíticas sobre o material inventariado, identificando
os objetivos e os saberes docentes de cada dissertação e tese para, em seguida, buscar uma
possível organização do que foi desenvolvido sobre a relação afetividade, saberes docentes e a
formação inicial. Na última seção, organizamos um diálogo com o material inventariado a
respeito da importância da afetividade na formação de professores.
Ao final, espera-se que este trabalho possibilite lançar diferentes encaminhamentos à
temática da afetividade nos processos de formação docente, compreendendo-a como um
elemento fundante da própria educação, pois diz respeito à promoção ou interferência das
relações humanas envolvidas nos processos educativos. Espera-se, ainda, motivar o
desenvolvimento de novas pesquisas, fundamentadas nesse campo tão necessário, contudo
ainda pouco investigado.
Da relação entre docência e afetividade
A humanidade tem desenvolvido, ao longo de sua existência, modelos de cultura, a
saber, formas de pensar, de sentir e, portanto, de agir, que se inscrevem profundamente na
organização cognitiva e sensitiva do ser humano, permitindo-lhe expressar visões de mundo,
crenças, mitos, ideias, atividades e comportamentos. Tais modelos de cultura, por sua vez,
refletem-se no modo como os indivíduos se compreendem, relacionam-se socialmente e
desenvolvem suas instituições.
No Ocidente, essa percepção de si mesmo, do outro e do mundo vem se formando a
partir da revolução científica do século XVI-XVII, principalmente com a mediação de uma
ciência que se crê racional,
“purificada” das crenças e preconceitos obscurantistas, portanto
porto seguro de um novo processo de conhecimento que produzirá teorias válidas e universais.
Implícitos nesta crença estão os pressupostos, primeiro, que os seres humanos são dotados de
uma racionalidade capaz de permitir que conheçam o real e que ajam livre e adequadamente
para a realização de seus fins; segundo, que a natureza constitui uma ordem da qual derivam
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Luana MONTEIRO; Ivan FORTUNATO e Maria do Rosário Silveira PORTO
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seus movimentos e fenômenos, cujas leis permitem alcançar um conhecimento ideal, isto é,
uma vez dadas as condições iniciais o resultado se produzirá independentemente do lugar e do
tempo; e terceiro, que esses pressupostos se refletem na organização das instituições de um
grupo ou sociedade, em especial na crença de sua legalidade constitutiva.
Entretanto, o próprio desenvolvimento científico começou a mostrar alguns “buracos”
nessa uniformidade idealizada. Primeiro, conclusão óbvia, o ser humano não é programado
totalmente por sua cultura. Especialmente o desenvolvimento das pesquisas sobre o
comportamento humano nos campos da psicologia e da psiquiatria na passagem dos séculos
XIX para o XX mostraram que há mais mistérios entre o biológico e o psicológico que a ciência
positivista não sabe ou não quer conhecer. A imagem icônica dessa relação é a do iceberg, cuja
ponta, mínima em relação ao todo, é o nível da consciência, do ego racional; e a parte submersa,
quase a totalidade, é o nível do inconsciente, do profundo e quase incognoscível, mas que se
agita sob a aparente tranquilidade da superfície. Mas que não consegue permanecer domado o
tempo todo, fazendo-se conhecer pelos atos, emoções e sentimentos, pelo nível afetual.
Devemos principalmente a Sigmund Freud e a Carl Gustav Jung essas descobertas.
Outro
tsunami
nessa paz do conhecimento científico foi causado tanto pelos postulados
da teoria da relatividade, de Albert Einstein, quanto pelos fenômenos quânticos observados
especialmente na física pelos pesquisadores Max Planck, Louis-Victor de Broglie, Werner
Heisenberg, Max Born e Erwin Schrödinger. Na prática, essa ideia de ordem e estabilidade do
mundo começa a cair por terra diante do princípio básico agora estabelecido pelas novas
descobertas: não conhecemos do real senão o que nele introduzimos, ou seja, senão a nossa
própria intervenção nele. É a pessoa, enquanto autor e sujeito do mundo, que está no centro do
conhecimento, e a natureza está no centro da pessoa. Portanto, sendo estruturalmente limitado
o rigor do conhecimento e o ser humano dotado de um lado oculto pouco conhecido, só se pode
aspirar a resultados aproximados na ciência e a comportamentos dos seres humanos ainda
carentes de explicações, sobre eles mesmos e de suas relações com o outro. Em resumo: é a
aceitação da relação objetivo-subjetivo, cujos termos podem se opor, mas nunca se excluir
mutuamente.
Entretanto, num mundo ainda altamente burocratizado, que caminha, nas palavras de
Lulu Santos “a passos de formiga e sem vontade”, era de se esperar que na instituição escolar,
também submetida a um processo burocratizante e burocratizador, esta outra percepção de
mundo custe tanto a romper
–
literalmente
–
os muros que a cercam. Entretanto (e sempre os
há), mesmo sendo dominada por um discurso pedagógico eminentemente racional, a instituição
escolar não deixa de ser fortemente influenciada pelo imaginário sociocultural dominante. Isto
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significa que o discurso pedagógico - um dizer institucionalizado que visa à educação -, cujo
objetivo é legitimar determinados aspectos em detrimento de outros e, através dessa
legitimação, estabelecer a verdade, tanto puxa a coberta sobre si que acaba descobrindo o que
visava encobrir: o lado pessoal, afetivo das relações que se estabelecem na escola,
principalmente entre professores e alunos.
Entendemos, como Leite e Tagliaferro (2005), a manifestação da afetividade como
inerente à prática docente e ao processo educativo. Contudo, tem sido tomada como trivial, ou
até mesmo irrelevante, nos processos de formação inicial e continuada de professores. Soligo
(2018, p. 13), ao descrever sobre a afetividade na prática docente, relatou que “na visão das/dos
professoras/es da educação básica, a afetividade é um componente da subjetividade, que deveria
ser evitado no espaço escolar, deixado de fora para
não atrapalhar”. Além desse registro, Soligo
(2008, p. 13) também referenciou entendimentos que apontam a afetividade como “carência
afetiva, de carinho, de afago e de dimensão que cria obstáculo à aprendizagem”. Este é um
típico exemplo do que dissemos acima: a crença numa ciência racional, desenvolvida por
pesquisadores que examinam os fenômenos, fundamentalmente humanos, como se ausentes
possam ser justamente nessa humanidade.
Então, antes de prosseguirmos nosso objetivo, convém esclarecer melhor o que o termo
afetividade revela (ou desvela) sobre as relações entre o professor e o aluno. Várias definições
e noções se abrem para esta explicação, que não são de modo algum excludentes. Citemos
algumas.
Em geral, entende-se afetividade como o conjunto de fenômenos psíquicos que são
experimentados e vivenciados na forma de emoções e de sentimentos, e cujas relações e laços
criados se refletem em atitudes e comportamentos. Resumindo, podemos dizer que há sempre
um “algo mais” a ser considerado nas relações pesso
ais: a percepção de que nessas relações
somos “afetados” por uma sensação
- agradável ou não, de atração ou repulsa -, que não
sabemos definir, mas apenas vivenciar. Pelo menos num primeiro momento. Desse modo,
afetividade não é saber apenas, é sentimento. Não se aprende afetividade, quando muito a lidar
com ela, e isso quando ela não toma conta irremediavelmente de nós. O que se pode aprender
é reconhecer o que nos afeta, se não o porquê da coisa, mas o como, fazendo com que tenhamos
mais conhecimento de nossas próprias atitudes e aquilo que pode ser gatilho de boas e de más
condutas, aproximando-se ou afastando-se de situações potenciais.
A palavra afetividade deriva do latim afficere, afectum (particípio passado affectus) que
quer dizer produzir impressão, composta pela partícula ad = em, para, e facere = fazer, operar,
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Luana MONTEIRO; Ivan FORTUNATO e Maria do Rosário Silveira PORTO
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ.,
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agir, produzir, tocar, comover o espírito e, por extensão, unir, fixar. Daí afetividade, afecção,
do latim afficere ad actio: onde o sujeito se fixa, liga-se. Para o bem e para o mal...
Jean Piaget, Henri Wallon e Lev Vygotsky, famosos autores e especialistas na área da
educação, concederam à afetividade uma elevada relevância no processo pedagógico. O
princípio básico de suas teorias é que somente o aspecto cognitivo tem sido o principal alvo da
atenção da escola e do ensino, sendo a evolução da área afetiva frequentemente esquecida, o
que impede o aluno de atingir o seu máximo potencial. Conforme Leite (2012), as interações
entre professor e aluno, nos processos de ensino e aprendizagem, são suscetíveis a impactos
afetivos, positivos ou negativos, sendo capazes de despertar sentimentos agradáveis ou
desagradáveis, que implicam diretamente na qualidade desses processos.
Não obstante, as interações entre os sujeitos professor e aluno, nos processos de ensino
e aprendizagem, são suscetíveis a impactos afetivos, positivos ou negativos, despertando
sentimentos agradáveis ou desagradáveis, que implicam diretamente na qualidade desses
processos. Desse modo, a afetividade perpassa as decisões tomadas pelo professor durante sua
prática, como exemplo, nas escolhas didáticas, no planejamento do trabalho docente, nas
escolhas de temáticas, dos procedimentos e instrumentos avaliativos, a postura docente, a
relação professor-aluno (LEITE, 2012).
Nesse sentido, acreditamos ser possível (e necessário) não apenas identificar o que nos
afeta, mas tomar consciência e refletir a respeito. Por isso, almejamos relacionar a afetividade
como um saber mobilizado na prática docente, bem como, pautá-la nos processos de formação
docente. Dito de outra forma: se reconheço o que me afeta, consigo buscar um equilíbrio entre
o que sinto e o que faço. Embora seja um exercício complexo e doloroso, é necessário pautá-lo
e buscá-lo constantemente, como um movimento necessário para a prática docente. Desse
modo, a afetividade perpassa as decisões tomadas pelo professor durante sua prática, como
exemplo, nas escolhas didáticas, no planejamento do trabalho docente, nas escolhas de
temáticas, dos procedimentos e instrumentos avaliativos, na postura docente, na relação
professor-aluno. Outrossim, segundo Tassoni (2000), muito além do abraço e do carinho, a
afetividade compreende as representações que os sujeitos atribuem às suas experiências com o
outro. Portanto, é possível relacionar a afetividade como um saber mobilizado na prática
docente, bem como pautá-la nos processos de formação docente.
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Afetividade e os saberes da prática docente: Uma análise de teses e dissertações
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ.,
Araraquara, v. 23, n. 00, e022017, 2022. e-ISSN: 2594-8385
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Procedimentos metodológicos para o mapeamento
Para operacionalizar este estudo, retomando o percurso utilizado anteriormente
(FORTUNATO; SCHWARTZ, 2019) realizamos um levantamento no repositório acadêmico
o Catálogo de Teses e Dissertações da CAPES
4
, que reúne dados referentes às pesquisas
desenvolvidas nos programas de pós-graduação nacionais. O levantamento considerou o
intervalo compreendido entre 2014 a 2018, cuja delimitação temporal permitiu inventariar um
número de pesquisas recentes, considerando as constantes transformações que ocorrem nas
demandas educacionais.
No repositório apresentado, realizamos a busca com os descr
itores “saberes docentes”
e “saberes pedagógicos”, utilizando o operador booleano AND para combiná
-los com os
vocábulos “afetividade” e “formação inicial". Inicialmente, o repositório apontou como
resposta um número de 48 pesquisas e, ao utilizarmos o filtro temporal indicado, o número de
resultados reduziu para 22.
Com o propósito de selecionar os trabalhos que respondessem efetivamente aos nossos
objetivos de busca, executamos a leitura dos resumos de cada pesquisa apresentados pelo
repositório. Com esse procedimento, selecionamos teses e dissertações que relacionaram os
objetos de pesquisa saberes docentes e/ou saberes pedagógicos e a dimensão afetiva com a
prática e formação inicial docente, excluindo aqueles em que a afetividade aparecia apenas
como um componente listado junto com diversos outros elementos e/ou em que se usava
claramente como sinônimo de carinho.
Ao final, foram compreendidas sete pesquisas, sendo cinco dissertações e duas teses,
sobre as quais nos debruçamos, inicialmente, para identificar seu contexto de produção, a partir
da identificação dos metadados objetivos.
Inventário de teses e dissertações sobre afetividade e saberes docentes: uma análise
descritiva
Ao inventariar as teses e dissertações, foi possível depreender informações sobre os anos
de publicação, as instituições, os programas de pós-graduação e respectivas áreas de avaliação
em que foram desenvolvidas, bem como, as regiões do país em que foram realizadas.
Entre as sete pesquisas encontradas, localizamos cinco dissertações e duas teses, sendo
as dissertações publicadas em 2014 (01), em 2015 (02), em 2016 (01) e em 2017 (01), e as teses
4
Disponível em: https://catalogodeteses.capes.gov.br/. Acesso em: 10 ago. 2019.
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Luana MONTEIRO; Ivan FORTUNATO e Maria do Rosário Silveira PORTO
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ.,
Araraquara, v. 23, n. 00, e022017, 2022. e-ISSN: 2594-8385
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publicadas em 2016 (01) e 2017 (01). As instituições em que foram desenvolvidas as pesquisas
foram: Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Universidade Federal do Rio Grande do
Norte, Universidade Federal de Goiás, Universidade Estadual de Maringá, Universidade
Federal de São João Del-Rei, Pontifícia Universidade Católica, Universidade Católica de
Brasília. Essas regiões estão localizadas nas regiões: Sul (01), Sudeste (02), Centro-Oeste (02)
e Nordeste (02).
Dentro das instituições, os programas de pós-graduação foram: Programa de Pós-
graduação em Educação Científica e Formação de Professores (01), Programa de Pós-
Graduação em Educação (02), Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências e
Matemática (01), Programa de Pós-Graduação em Educação para a Ciência e a Matemática
(01), Programa de Pós-Graduação em Educação: Processos Socioeducativos e Práticas
Escolares (01) e Programa de Pós-Graduação em Psicologia (01). Esses programas estão
dispostos dentro das áreas seguintes de avaliação: Ensino (03), Educação (03) e Psicologia (01).
Para melhor expressar essa análise descritiva das pesquisas, organizamos o presente
quadro 01, a seguir:
Quadro 1
–
Teses e dissertações mapeadas
Ordem
Título
Autor
Ano
Instituição
Programa de Pós-
Graduação
Região
do País
1º
Dissertação: Estágio
Supervisionado e a
Formação Inicial do
Professor de
Matemática: Saberes
Docentes e Afetividade
Angelita
de Souza
Leite
2014
Universidade
Estadual do
Sudoeste da
Bahia
Programa de Pós-
Graduação em
Educação Científica e
Formação de
Professores
Nordeste
2º
Dissertação: Processo
identitário e saberes
docentes: um estudo a
partir da prática de
ensino no estágio do
curso de Pedagogia da
UFRN
Maria
Celene
de
Menezes
Silva
2015
Universidade
Federal do
Rio Grande
do Norte
Programa de Pós-
Graduação em
Educação
Nordeste
3º
Dissertação:
Investigação de uma
disciplina experimental
optativa no contexto do
PIBID
–
UFG: uma
leitura a partir das
relações socioafetivas
Layla
Karoline
Tito
Alves
Rocha
2015
Universidade
Federal de
Goiás
Programa de Pós-
Graduação em
Educação em Ciências
e Matemática
Centro-
Oeste
4º
Dissertação: O Museu
Dinâmico da
Universidade Estadual
de Maringá:
contribuições para a
formação inicial em
Física
Azizi
Manuel
Tempesta
2016
Universidade
Estadual de
Maringá
Programa de Pós-
graduação em
Educação para a
Ciência e a
Matemática
Sul
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Afetividade e os saberes da prática docente: Uma análise de teses e dissertações
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ.,
Araraquara, v. 23, n. 00, e022017, 2022. e-ISSN: 2594-8385
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5º
Dissertação:
Significados e sentidos
da prática escolar
atribuídos por alunos
concluintes da
licenciatura em
matemática no Brasil e
na Colômbia
Gustavo
Javier
Daza
Damian
2017
Universidade
Federal de
São João
Del-Rei
Programa de Pós-
Graduação em
Educação: Processos
Socioeducativos e
Práticas Escolares
Sudeste
6º
Tese: Humanização e
docência crítica: a Arte
como mediação na
formação inicial de
professores
Magda
Machado
Ribeiro
Venâncio
2016
Pontifícia
Universidade
Católica
Programa de Pós-
Graduação em
Psicologia
Sudeste
7º
Tese: A dimensão
axiológica na formação
inicial do professor
Simone
Leal
Souza
Coité
2017
Universidade
Católica de
Brasília
Programa de Pós-
Graduação em
Educação
Centro-
Oeste
Fonte: Dados da pesquisa
No quadro, observamos que pesquisas engajadas com a dimensão afetiva na prática
docente e com a formação inicial de professores estão sendo realizadas, voltando os olhares
para a prática docente e a demanda dos sistemas educacionais, evidentemente, em diferentes
regiões do país, com a ausência da região Norte. Além disso, vimos a presença da área do
conhecimento da Psicologia, engajada na produção de conhecimento para a Educação, o que
reforça a necessidade de diferentes áreas do conhecimento para contribuir com melhorias no
processo educativo. Isso é particularmente importante quando consideramos que a educação
acontece na relação com o outro. Assim, tendo identificado os elementos de contexto da
produção de cada pesquisa, ocupamo-nos de analisar o conteúdo de cada uma, particularmente
no que diz respeito à afetividade na formação (e prática) docente.
Ao realizar uma análise qualitativa das teses e dissertações, foi possível dispensar um
olhar crítico às contribuições realizadas pelos(as) autores(as) e estabelecer pontes de diálogos
em relação aos objetos de análise do presente mapeamento, sendo seus enfoques temáticos, os
referenciais teóricos que nortearam seus movimentos investigativos, os encaminhamentos
conclusivos e lacunas evidenciadas no campo específico de pesquisa. Nesse sentido, entre as
sete pesquisas analisadas, compreendemos um grupo de cinco dissertações e duas teses que
apresentaram, entre si, diferenças e semelhanças que explicitamos a seguir.
A dissertação apresentada por Angelita Leite (2014) trouxe como temas a mobilização
dos saberes docentes durante a prática curricular em um curso de licenciatura em Matemática
ofertado pela UNEB. Esses temas também foram desenvolvidos por Silva (2015), ao investigar
os saberes mobilizados durante o estágio supervisionado, no curso de Pedagogia. Além da
prática do estágio supervisionado como processo de construção de saberes na formação inicial,
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Luana MONTEIRO; Ivan FORTUNATO e Maria do Rosário Silveira PORTO
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ.,
Araraquara, v. 23, n. 00, e022017, 2022. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v23i00.17463 10
Rocha (2015) evidenciou como tema de estudo as relações socioafetivas na prática docente de
alunos bolsistas do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID).
Diante da presença de temáticas como estágio supervisionado e o estágio vinculado ao
PIBID, em investigações relacionadas à construção de saberes e reflexão sobre as relações
socioafetivas que constituem a prática docente, podemos sinalizar que a relação entre a
universidade e a escola pode ser importante dispositivo para o processo de formação docente
pautado nos saberes constituídos na relação entre a teoria e prática.
Nas pesquisas realizadas por Tempesta (2016), Damian (2017), Venâncio (2016) e Coité
(2017), identificamos relações entre suas temáticas de trabalho, pois focaram na prática do
magistério. A dissertação de Tempesta (2016), diferentemente das demais pesquisas, abordou
como temática a experiência formativa de professores mediadores em uma prática de educação
não-formal, isto é, a mediação de aprendizagem dentro de um museu de física. Ao analisar a
proposta da autora, podemos considerar que mesmo em contextos de educação não-formal, a
prática docente requer mobilizar saberes específicos, bem como possibilidades desses saberes
serem pautados nos processos de formação inicial.
Outrossim, Damian (2017) abordou a relação entre os significados dados por alunos de
licenciatura de Matemática ao próprio ensino de Matemática na escola. Venâncio (2016) trouxe
como tema a Arte como dispositivo de humanização de professores em formação inicial, e Coité
(2017) teve como tema a dimensão axiológica na formação inicial docente.
O movimento de análise dessas temáticas permitiu evidenciarmos que elas não
apresentaram
–
com exceção à dissertação de Angelita Leite (2014) e Rocha (2015)
–
as
palavras afeto, afetividade ou dimensão afetiva explicitamente como objetos de pesquisa. No
entanto, a partir dos contextos formativos investigados, a afetividade emergiu como elemento
presente e intrínseco à prática docente. Isso possibilitou pensarmos na necessidade de que as
pesquisas tenham efetivamente a afetividade como objeto de reflexão e como elemento central
nos propósitos investigativos.
Ao longo da análise, também pautamos as relações compreendidas entre os principais
referenciais teóricos identificados nas pesquisas, relativos aos objetos da afetividade, dos
saberes docentes e da formação inicial, respectivamente, sendo:
▪
Em relação à afetividade, as pesquisas referenciaram Henri Wallon e Lev
Vygotsky, Maurice Maurice Tardif, Vera Placco e Paulo Freire, Jean Piaget e
Jacques Delors;
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Afetividade e os saberes da prática docente: Uma análise de teses e dissertações
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ.,
Araraquara, v. 23, n. 00, e022017, 2022. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v23i00.17463 11
▪
Os saberes docentes foram referenciados por Maurice Tardif, Clermont
Gauthier, Selma Garrido Pimenta, Paulo Freire e Edgar Morin;
▪
A formação inicial docente por Selma Garrido Pimenta, Marcelo Garcia, Paulo
Freire, Donald Schön, Philipe Perrenoud, Kenneth Zeichner, Antonio Nóvoa,
Maurice Tardif, Alberto Villani, Philipe Perrenoud e Lee Shulman.
Oportunamente, também compreendemos a análise dos apontamentos conclusivos
desenvolvidos pelos autores. Angelita Leite (2014), Silva (2015) e Rocha (2015), ao abordarem
as temáticas do estágio supervisionado e os saberes docentes, evidenciaram que a prática do
estágio possibilitou aos alunos dos cursos de licenciaturas a aproximação da prática docente.
Essa prática, quando compreendida como dispositivo formativo, permite a construção de
saberes necessários à docência, presentes e advindos da ação pedagógica que, em processos
formativos limitados à formação teórica, dificilmente seriam reconhecimentos e desenvolvidos.
Principalmente se levarmos em consideração que os saberes dos professores são saberes
mobilizados e desenvolvidos em seu local de trabalho, durante o exercício da docência.
Outro elemento que ficou bastante evidente nas pesquisas foi o reconhecimento da
presença da afetividade como um elemento indissociável ao cognitivo dentro dos processos de
ensino e aprendizagem. Ao retratarem as diferentes experiências realizadas nas práticas de
estágio e em atividades formativas, além dos saberes docentes, os futuros professores
identificaram a necessidade da compreensão da afetividade para o desenvolvimento de suas
práticas. Seja no desenvolvimento e compreensão de conteúdos, na comunicação entre
professor e aluno, no diagnóstico de dificuldade, e/ou no entendimento de exercícios.
Especificamente, a afetividade na relação com a prática docente foi abordada nas
pesquisas de Angelita Leite (2014) e de Silva (2015), denominada como dimensão relacional,
sendo despertada a partir das interações com o outro. Assim, reconheceram a ação docente
como relacional, portanto imbuída de afeto. Ademais, Rocha (2015) e Tempesta (2016)
evidenciaram a afetividade como uma dimensão indissociável ao desenvolvimento cognitivo,
de modo que ignorá-la pode gerar lacunas no processo de ensino e aprendizagem. Nessa mesma
direção, Damian (2017) apontou a afetividade como uma dimensão diretamente relacionada à
cognição, ressaltando que o ser humano tem o desenvolvimento da aprendizagem de forma
afetiva, e o modo como o aluno interpreta sua relação com o professor pode interferir no
processo de ensino e aprendizagem.
O mesmo ponto de vista foi apresentado por Venâncio (2016) e Coité (2017) ao negarem
a perspectiva estritamente cognitiva da prática docente, uma vez que esta também está imersa
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Luana MONTEIRO; Ivan FORTUNATO e Maria do Rosário Silveira PORTO
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ.,
Araraquara, v. 23, n. 00, e022017, 2022. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v23i00.17463 12
em aspectos ligados à emoção e ao afeto. Venâncio (2016) concluiu evidenciando que a
interação professor-aluno e a afetividade presentes na prática educativa são fundamentais para
a formação docente, uma vez que o foco principal da atividade docente é o desenvolvimento
dos alunos, a humanização, que “assume papel preponderante na formação
dos cidadãos, ou
seja, na construção de valores, na transformação social e na autoformação dos indivíduos, numa
busca constante pelo conhecimento do ser” (COITE, 2017, p. 86).
Um diálogo com os dados do inventário a respeito de afetividade e formação docente
Considerando a análise dessas pesquisas, identificamos que os autores trouxeram como
problematização os saberes, práticas e programas formativos no contexto da formação inicial,
como experiências do estágio obrigatório, o PIBID, e principalmente, evidenciaram a
afetividade como elemento intrínseco à docência.
Ao problematizar os saberes docentes, juntamente com a contribuição de autores como
Clermont Gauthier, Maurice Tardif e Paulo Freire, compreenderam os saberes como um
conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes, desenvolvidos pelos professores na relação
com suas vivências profissionais e pessoais, numa perspectiva temporal, subjetiva e plural. A
respeito dos saberes e da prática docente, os autores das teses e dissertações evidenciaram a
necessidade dos processos de formação docente a partir de uma relação entre instituição
formadora e educação básica, pois, nessa relação, os futuros professores têm a oportunidade de
vivenciar o trabalho docente e, em um movimento reflexivo entre teoria e prática, reconhecer
os saberes mobilizados pelos professores.
Essas pesquisas contribuem para que instituições responsáveis pela formação docente
pautem seus programas e práticas formativas na relação com os saberes docentes, bem como,
diante da necessidade das vivências dos futuros professores em contextos práticos para o
reconhecimento dos saberes mobilizados, estabeleçam parcerias universidade-escola.
Outrossim, tais teses e dissertações ajudam a refletir sobre as práticas de estágio pautadas no
desenvolvimento dos saberes docentes.
Já ao tratarem a afetividade na prática docente, foi possível reconhecer a constante
referência a autores como Henri Wallon e Lev Vygotsky, Maurice Tardif e Paulo Freire. Diante
das contribuições desses autores e a investigação da prática, ressaltaram a afetividade como
uma dimensão diretamente relacionada à dimensão cognitiva, presente nas interações entre as
pessoas, sendo, portanto, compreendida como uma dimensão relacional. Especificamente
atrelada à prática docente como prática relacional, a afetividade é despertada na interação
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Afetividade e os saberes da prática docente: Uma análise de teses e dissertações
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ.,
Araraquara, v. 23, n. 00, e022017, 2022. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v23i00.17463 13
professor e aluno, de modo positivo ou negativo. O que pode influenciar positiva ou
negativamente o processo de ensino e aprendizagem.
Outrossim, diante do reconhecimento da afetividade como elemento presente na prática
docente e necessária para o desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem, os autores
das teses e dissertações estudadas reconheceram a ausência de pesquisas sobre a afetividade na
formação (e prática) de professores, reforçando a necessidade do desenvolvimento novas
investigações que possam fortalecer, na prática docente, a qualidade dos processos educativos.
Portanto, vimos, no inventário, uma confluência de pensamentos de que é necessário um
processo de formação docente que possibilite a construção dos saberes e a compreensão da
afetividade como condição central para o desenvolvimento da prática docente.
O que podemos apre(e)nder com essa revisão sistemática?
Compreendendo a relação dos saberes e a prática docente, os autores das teses e
dissertações mapeadas evidenciaram a necessidade de processos de formação docente serem
desenvolvidos a partir de uma relação próxima entre instituição formadora e educação básica,
pois, nessa relação, futuros professores têm a oportunidade de vivenciar o trabalho docente e,
em um movimento recursivo entre teoria e prática, reconhecer os saberes mobilizados.
Essas pesquisas contribuem para que instituições responsáveis pela formação docente
pautem seus programas e práticas formativas na relação com os saberes docentes, bem como,
diante da necessidade das vivências dos futuros professores em contextos práticos para o
reconhecimento dos saberes mobilizados, estabeleçam parcerias universidade-escola.
Outrossim, tais teses e dissertações ajudam a refletir sobre as práticas de formação e
desenvolvimento de saberes docentes.
Ao tratar da docência, Tardif (2012) identificou a necessidade de pensar o trabalho dos
professores como uma prática social, marcada pela constante interação entre seus pares, e
principalmente, com alunos. Dessa forma, afirmou ser necessário pensar que a dinâmica
interativa marca o processo de construção e a mobilização de saberes no cotidiano da prática
docente. Concordamos com o autor e entendemos que é preciso ter consciência de que, para o
desenvolvimento do trabalho docente, precisamos de outros saberes, além dos disciplinares e
curriculares. É necessário compreender que o ensino se dá também
–
e talvez preferencialmente
–
, a partir das interações humanas afetivas.
Especificamente, nos interessa a relação professor-aluno, na qual a afetividade pode ser
considerada como elemento central, pois confere a potência de afetar o outro. Assim como afeta
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Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ.,
Araraquara, v. 23, n. 00, e022017, 2022. e-ISSN: 2594-8385
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as representações que o bem como as interações que se estabelecem no grupo social-escolar,
impactando de forma positiva ou negativa as relações de aprendizagem. E cuja importância, na
maior parte das vezes, não é reconhecida
–
ou considerada
–
quanto à sua importância no
estabelecimento dessas relações.
É por isso que o estudo sobre a importância da afetividade deve estar presente nos
programas de formação inicial docente, devendo ser discutida e vivenciada enquanto elemento
fundamental na elaboração dos roteiros formativos que tratam dos fundamentos e da prática
educativa.
Não pretendemos dizer com isso que a afetividade deva ser tratada como um saber que
possa ser adquirido com métodos formalmente desenvolvidos, porque, sendo sentimento,
afecção, não tem como ser controlada racionalmente. Mas sim, que deva ser apre(e)ndida
quanto à sua capital importância e consequências na relação ensino-aprendizagem. Senão para
anular as correntes de amor ou de repulsa pelos alunos, individual ou coletivamente, pelo menos
para tentar atenuá-las pela compreensão do que há de subjetivo nessas relações. Subjetividade
que pode, com grande probabilidade, tornar-se positiva, justamente com um trabalho analítico,
portanto objetivo e racional. Mas nunca ser anulada, porque é parte constitutiva e fundamental
do ser humano.
Entendemos, dessa forma, que é preciso repensar a concepção da educação como um
processo amplamente cognitivo, acompanhada da desvalorização das emoções, dos sentimentos
e da potência dos afetos no processo de ensino e aprendizagem, presente nos ambientes
escolares. Pois, assim como o desenvolvimento humano, a educação não se dá na fragmentação
entre a afetividade e a cognição. Essas dimensões são interligadas numa polarização contínua.
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Luana MONTEIRO; Ivan FORTUNATO e Maria do Rosário Silveira PORTO
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ.,
Araraquara, v. 23, n. 00, e022017, 2022. e-ISSN: 2594-8385
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Como referenciar este artigo
MONTEIRO, L.; FORTUNATO, I.; PORTO, M. R. S. Afetividade e os saberes da prática
docente: Uma análise de teses e dissertações.
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ.
, Araraquara, v.
23, n. 00, e022017, 2022. e-ISSN: 2594-8385. DOI:
https://doi.org/10.30715/doxa.v23i00.17463
Submetido em
: 11/08/2022
Revisões requeridas em
: 27/10/2022
Aprovado em
: 06/11/2022
Publicado em
: 30/11/2022
Processamento e editoração: Editora Ibero-Americana de Educação.
Revisão, formatação, normalização e tradução.
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Affectivity and teaching practice knowledge: An analysis of theses and disertations
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ.,
Araraquara, v. 23, n. 00, e022017, 2022. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v23i00.17463 1
AFFECTIVITY AND TEACHING PRACTICE KNOWLEDGE: AN ANALYSIS OF
THESES AND DISERTATIONS
AFETIVIDADE E OS SABERES DA PRÁTICA DOCENTE: UMA ANÁLISE DE TESES
E DISSERTAÇÕES
LA AFECTIVIDAD Y EL SABER DE LA PRÁCTICA DOCENTE: UN ANÁLISIS DE
TESIS Y DISERTACIONES
Luana MONTEIRO
1
Ivan FORTUNATO
2
Maria do Rosário Silveira PORTO
3
ABSTRACT
: This paper was prepared in the form of a systematic review, producing a State
of Knowledge regarding the relationship between affectivity and knowledge of teaching
practice, referring to the period from 2014 to 2018. It is a survey of theses and dissertations in
which they were inventoried five (5) dissertations and two (2) theses. In the end, we verified
the need for teacher training processes to be developed from a close relationship between the
training institution and basic education; and that education does not take place in the affectivity-
cognition fragmentation, it is also necessary to provide conditions for the development of
affections.
KEYWORDS
: Education. Teacher education. Systematic review.
RESUMO
: Este artigo foi elaborado na forma de uma revisão sistemática, produzindo um
Estado do Conhecimento a respeito da relação entre afetividade e saberes da prática docente,
referente ao período de 2014 a 2018. Trata-se de um levantamento de teses e dissertações no
qual foram inventariados cinco (5) dissertações e duas (2) teses. Ao final, verificamos a
necessidade dos processos de formação docente serem desenvolvidos a partir de uma relação
próxima entre instituição formadora e educação básica; e que a educação não se dá na
fragmentação afetividade-cognição, sendo necessário também dar condições para o
desenvolvimento dos afetos.
PALAVRAS-CHAVE
: Educação. Formação de professores. Revisão sistemática.
1
São Paulo State University (UNESP), Rio Claro
–
SP
–
Brazil. PhD student in Education. ORCID:
https://orcid.org/0000-0003-2881-1246. E-mail: lm_luana@hotmail.com
2
Federal Institute of São Paulo (IFSP), Itapetininga
–
SP
–
Brazil. Professor at the Pedagogical Training
Coordination. PhD in Human Development and Technologies and PhD in Geography (UNESP). ORCID:
https://orcid.org/0000-0002-1870-7528. E-mail: ivanfrt@yahoo.com.br
3
University of São Paulo (USP), São Paulo
–
SP
–
Brazil. Retired professor at the Faculty of Education. PhD in
Education (USP). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-1873-4526. E-mail: mdoporto@uol.com.br
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Luana MONTEIRO; Ivan FORTUNATO and Maria do Rosário Silveira PORTO
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ.,
Araraquara, v. 23, n. 00, e022017, 2022. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v23i00.17463 2
RESUMEN
: Este artículo fue elaborado en forma de revisión sistemática, produciendo un
Estado del Conocimiento sobre la relación entre la afectividad y el saber de la práctica
docente, referente al período de 2014 a 2018. Se trata de un relevamiento de tesis y
disertaciones en las que se inventariaron cinco (5) disertaciones y dos (2) tesis. Al final,
constatamos la necesidad de que los procesos de formación docente se desarrollen desde una
estrecha relación entre la institución formadora y la educación básica; y que la educación no
tiene lugar en la fragmentación afectivo-cognoscitiva, también es necesario propiciar
condiciones para el desarrollo de los afectos.
PALABRAS CLAVE
: Educación. Formación de profesores. Revisión sistemática.
First words
[...] the continuous presence of affectivity in social interactions, in addition to
its continuous influence on cognitive development processes. In this sense, it
can be assumed that the interaction that occurs in the school context is also
marked by affectivity in all its aspects. It can also be assumed that affectivity
is constructed as a factor of great importance in determining the nature of the
relationships established between subjects (students) and the various objects
of knowledge (areas and school contents), as well as in the disposition of the
students in the face of the proposed and developed activities (LEITE;
TASSONI, 2000, p. 9-10).
This article, derived from a master's thesis defended at the Graduate Program in
Education, at the Federal University of São Carlos, Sorocaba campus (MONTEIRO, 2020)
presents a state of knowledge (cf. ROMANOVSKI; ENS, 2006) regarding a tripartite
relationship between affectivity, knowledge of teaching practice and initial teacher training. For
some time now, we have been looking at affectivity as a fundamental element of teaching, as a
mediating practice, based on the relationship with the development of cognitive processes
(MONTEIRO; FORTUNATO, 2020). It is therefore necessary to be guided by the current state
of production in this field, as a way of recognizing possible forms of affective intervention in
teaching, particularly in the processes of initial training.
To better understand this relationship between affectivity and training for teaching, it
was necessary to revisit the field of research already produced, with the objective of identifying
which thematic approaches and theoretical references guide their investigative movements,
which are the directions given and the gaps evidenced in the specific field of search.
Considering these objectives, we used bibliographic mapping as a methodological apparatus
(FORTUNATO; SCHWARTZ
, 2019), understood as a “systematic process of gathering and
describing information about the research produced on a specific field of study, covering a
certain space (place) and period of time” (
FIORENTINI
et al
, 2016, p. 18), which made it
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Affectivity and teaching practice knowledge: An analysis of theses and disertations
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ.,
Araraquara, v. 23, n. 00, e022017, 2022. e-ISSN: 2594-8385
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possible to carry out a descriptive and systematic projection of approaches, recurring themes,
conclusive referrals and investigative gaps.
To achieve these purposes, the article has been organized into five sections. We started
with a necessary discussion between affectivity and teaching, looking for elements to reaffirm
their relationship. Hence, we follow the description of the procedures taken to carry out the
mapping in the CAPES Catalog. Subsequently, the theses and dissertations identified in the
mapping were systematically inventoried, placing them in the context of their production. In
the fourth section, analytical lenses were placed on the inventoried material, identifying the
objectives and teaching knowledge of each dissertation and thesis to then seek a possible
organization of what was developed on the affectivity relationship, teaching knowledge and
initial training. In the last section, we organize a dialogue with the inventoried material
regarding the importance of affectivity in teacher education.
In the end, it is hoped that this work will make it possible to launch different approaches
to the theme of affectivity in teacher training processes, understanding it as a founding element
of education itself, as it concerns the promotion or interference of human relationships involved
in educational processes. It is also expected to motivate the development of new research, based
on this very necessary field, however still little investigated.
The relationship between teaching and affectivity
Humanity has developed, throughout its existence, models of culture, namely, ways of
thinking, feeling and, therefore, acting, which are deeply inscribed in the cognitive and sensitive
organization of human beings, allowing them to express visions of world, beliefs, myths, ideas,
activities and behaviors. Such cultural models, in turn, are reflected in the way individuals
understand each other, socially relate and develop their institutions.
In the West, this perception of oneself, of the other and of the world has been forming
since the scientific revolution of the 16th-17th century, mainly through the mediation of a
science that believes itself to be rational, “purified” of obscurantist beli
efs and prejudices,
therefore safe harbor of a new process of knowledge that will produce valid and universal
theories. Implicit in this belief are the assumptions, first, that human beings are endowed with
a rationality capable of allowing them to know the real and to act freely and properly to achieve
their ends; second, that nature constitutes an order from which its movements and phenomena
derive, whose laws make it possible to reach an ideal knowledge, that is, once the initial
conditions are given, the result will be produced independently of place and time; and third,
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Luana MONTEIRO; Ivan FORTUNATO and Maria do Rosário Silveira PORTO
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ.,
Araraquara, v. 23, n. 00, e022017, 2022. e-ISSN: 2594-8385
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that these assumptions are reflected in the organization of the institutions of a group or society,
especially in the belief in its constitutive legality.
However, scientific development
itself began to show some “holes” in this idealized
uniformity. First, an obvious conclusion, human beings are not fully programmed by their
culture. Especially the development of research on human behavior in the fields of psychology
and psychiatry in the turn of the 19th to the 20th centuries showed that there are more mysteries
between the biological and the psychological that positivist science does not know or does not
want to know. The iconic image of this relationship is that of the iceberg, whose tip, minimal
in relation to the whole, is the level of consciousness, of the rational ego; and the submerged
part, almost the totality, is the level of the unconscious, of the deep and almost unknowable, but
that stirs under the apparent tranquility of the surface. But it cannot remain tamed all the time,
making itself known through acts, emotions and feelings, at the affective level. We owe these
discoveries mainly to Sigmund Freud and Carl Gustav Jung.
Another tsunami in this peace of scientific knowledge was caused both by the postulates
of the theory of relativity, by Albert Einstein, and by the quantum phenomena observed
especially in physics by the researchers Max Planck, Louis-Victor de Broglie, Werner
Heisenberg, Max Born and Erwin Schrödinger. In practice, this idea of order and stability of
the world begins to fall apart in the face of the basic principle now established by the new
discoveries: we only know about the real what we introduce into it, that is, if we do not intervene
in it. It is the person, as author and subject of the world, who is at the center of knowledge, and
nature is at the center of the person. Therefore, being structurally limited the rigor of knowledge
and the human being endowed with a hidden side that is little known, one can only aspire to
approximate results in science and the behavior of human beings still lacking explanations,
about themselves and their relationship with the environment. other. In short: it is the
acceptance of the objective-subjective relationship, whose terms can be opposed, but never
mutually excluded.
However, in a world that is still highly bureaucratized, which, in the words of Lulu
Santos, walks “at an ant and unwilling step”, it was to be expected that in the school institution,
also subjected to a bureaucratizing and bureaucratizing process, this other perception of the
world costs so much as to break
–
literally
–
the walls that surround it. However (and there
always are), even being dominated by an eminently rational pedagogical discourse, the school
institution is still strongly influenced by the dominant sociocultural imaginary. This means that
the pedagogical discourse - an institutionalized saying aimed at education -, whose objective is
to legitimize certain aspects to the detriment of others and, through this legitimation, establish
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Affectivity and teaching practice knowledge: An analysis of theses and disertations
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ.,
Araraquara, v. 23, n. 00, e022017, 2022. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v23i00.17463 5
the truth, pulls the cover over itself so much that it ends up discovering what it was intended to
cover: the personal, affective side of the relationships established at school, especially between
teachers and students.
We understand, as Leite and Tagliaferro (2005), the manifestation of affectivity as
inherent to the teaching practice and the educational process. However, it has been taken as
trivial, or even irrelevant, in the processes of initial and continuing teacher education. Soligo
(2018, p. 13, our translation
), when describing affectivity in teaching practice, reported that “in
the view of basic education teachers, affectivity is a component of subjectivity, which should
be avoided in the school space, l
eft outside so as not to get in the way”. In addition to this
record, Soligo (2008, p. 13, our translation) also referred to understandings that point to
affectivity as “a lack of affection, affection, caressing and a dimension that creates an obstacle
to
learning”. This is a typical example of what we said above: the belief in a rational science,
developed by researchers who examine fundamentally human phenomena, as if they could be
absent precisely in this humanity.
So, before proceeding with our objective, it is worth clarifying what the term affectivity
reveals (or reveals) about the relationship between the teacher and the student. Several
definitions and notions open to this explanation, which are by no means exclusive. Let us cite
a few.
In general, affectivity is understood as the set of psychic phenomena that are
experienced and experienced in the form of emotions and feelings, and whose relationships and
bonds created are reflected in attitudes and behaviors. In summary, we can say that there is
alw
ays “something more” to be considered in personal relationships: the perception that in these
relationships we are “affected” by a sensation
- pleasant or not, of attraction or repulsion -,
which we do not know how to define, but only experience. At least at first. In this way,
affectivity is not just knowing, it is feeling. You don't learn affection, at the most by dealing
with it, and that's when it doesn't irrevocably take care of us. What can be learned is to recognize
what affects us, if not the why of the thing, but the how, making us more aware of our own
attitudes and what can trigger good and bad behavior, approaching or moving away from
potential situations.
The word affectivity derives from the Latin afficere, affectum (past participle affectus)
which means to produce impression, composed of the particle ad = in, for, and facere = to do,
operate, act, produce, touch, move the spirit and, by extension, unite, fix. Hence affectivity,
affection, from the Latin afficere ad actio: where the subject is fixed, he is bound. For good and
for bad.
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Luana MONTEIRO; Ivan FORTUNATO and Maria do Rosário Silveira PORTO
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ.,
Araraquara, v. 23, n. 00, e022017, 2022. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v23i00.17463 6
Jean Piaget, Henri Wallon and Lev Vygotsky, famous authors and specialists in the field
of education, gave affectivity a high relevance in the pedagogical process. The basic principle
of his theories is that only the cognitive aspect has been the main target of attention in school
and teaching, with the evolution of the affective area being often forgotten, which prevents the
student from reaching his maximum potential. Nevertheless, according to Leite (2012), the
interactions between teacher and student, in the teaching and learning processes, are susceptible
to affective impacts, positive or negative, being able to arouse pleasant or unpleasant feelings,
which directly imply the quality of these processes.
Nevertheless, the interactions between the teacher and student subjects, in the teaching
and learning processes, are susceptible to affective impacts, positive or negative, arousing
pleasant or unpleasant feelings, which directly imply the quality of these processes. In this way,
affectivity permeates the decisions made by the teacher during their practice, as an example, in
the didactic choices, in the planning of teaching work, in the choices of themes, procedures and
evaluation instruments, the teaching posture, the teacher-student relationship (LEITE, 2012).
In this sense, we believe it is possible (and necessary) not only to identify what affects
us, but to become aware and reflect on it. That is why we aim to relate affectivity as a knowledge
mobilized in teaching practice, as well as to guide it in the processes of teacher training. In other
words: if I recognize what affects me, I can find a balance between what I feel and what I do.
Although it is a complex and painful exercise, it is necessary to constantly guide and seek it, as
a necessary movement for teaching practice. In this way, affectivity permeates the decisions
made by the teacher during their practice, as an example, in the didactic choices, in the planning
of teaching work, in the choices of themes, procedures and evaluation instruments, in the
teaching posture, in the teacher-student relationship. Furthermore, according to Tassoni (2000),
far beyond hugs and affection, affectivity comprises the representations that subjects attribute
to their experiences with others. Therefore, it is possible to relate affectivity as a knowledge
mobilized in teaching practice, as well as to guide it in the processes of teacher training.
Methodological procedures for mapping
To operationalize this study, resuming the route used previously (FORTUNATO;
SCHWARTZ, 2019), we carried out a survey in the academic repository, the Catalog of Theses
and Dissertations of CAPES
4
, which gathers data referring to research developed in national
4
Avaiilable in: https://catalogodeteses.capes.gov.br/. Access in: 10 Aug. 2019.
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Affectivity and teaching practice knowledge: An analysis of theses and disertations
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ.,
Araraquara, v. 23, n. 00, e022017, 2022. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v23i00.17463 7
graduate programs. The survey considered the interval between 2014 and 2018, whose temporal
delimitation allowed us to inventory a number of recent research, considering the constant
changes that occur in educational demands.
In the presented repository, we carried out a search
with the descriptors “teaching
knowledge” and “pedagogical knowledge”, using the Boolean operator AND to combine them
with the words “affection” and “initial training”. Initially, the repository indicated a number of
of 48 searches and, when using the indicated temporal filter, the number of results was reduced
to 22.
In order to select the works that effectively responded to our search objectives, we read
the abstracts of each research presented by the repository. With this procedure, we selected
theses and dissertations that related the research objects teaching knowledge and/or pedagogical
knowledge and the affective dimension with the practice and initial teacher training, excluding
those in which affectivity appeared only as a component listed along with several other
elements. and/or in which it was clearly used as a synonym for affection.
In the end, seven researches were included, being five dissertations and two theses, on
which we focused, initially, to identify their production context, from the identification of
objective metadata.
Inventory of theses and dissertations on affectivity and teaching knowledge: a descriptive
analysis
By making an inventory of theses and dissertations, it was possible to infer information
about the years of publication, the institutions, the graduate programs and respective areas of
evaluation in which they were developed, as well as the regions of the country in which they
were carried out.
Among the seven researches found, we found five dissertations and two theses, the
dissertations being published in 2014 (01), in 2015 (02), in 2016 (01) and in 2017 (01), and the
theses published in 2016 (01) and 2017 (01). The institutions where the research was carried
out were: State University of Southwest Bahia, Federal University of Rio Grande do Norte,
Federal University of Goiás, State University of Maringá, Federal University of São João Del-
Rei, Pontifical Catholic University, Catholic University from Brasilia. These regions are
located in the regions: South (01), Southeast (02), Midwest (02) and Northeast (02).
Within the institutions, the graduate programs were: Graduate Program in Science
Education and Teacher Training (01), Graduate Program in Education (02), Graduate Program
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Luana MONTEIRO; Ivan FORTUNATO and Maria do Rosário Silveira PORTO
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ.,
Araraquara, v. 23, n. 00, e022017, 2022. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v23i00.17463 8
in Science and Mathematics Education (01), Graduate Program in Education for Science and
Mathematics (01), Graduate Program in Education: Socio-educational Processes and School
Practices (01) and Graduate Program in Psychology (01). These programs are arranged within
the following assessment areas: Teaching (03), Education (03) and Psychology (01).
To better express this descriptive analysis of the research, we organize the present table
01, below:
Table 01
–
Theses and dissertations mapped
Order
Title
Author
Year
Institution
Graduate
program
Country
Region
1º
Dissertação: Estágio
Supervisionado e a
Formação Inicial do
Professor de
Matemática: Saberes
Docentes e
Afetividade
Angelita
de Souza
Leite
2014
Universidade
Estadual do
Sudoeste da
Bahia
Programa de Pós-
Graduação em
Educação
Científica e
Formação de
Professores
Nordeste
2º
Dissertação: Processo
identitário e saberes
docentes: um estudo a
partir da prática de
ensino no estágio do
curso de Pedagogia da
UFRN
Maria
Celene
de
Menezes
Silva
2015
Universidade
Federal do
Rio Grande do
Norte
Programa de Pós-
Graduação em
Educação
Nordeste
3º
Dissertação:
Investigação de uma
disciplina
experimental optativa
no contexto do
PIBID
–
UFG: uma
leitura a partir das
relações socioafetivas
Layla
Karoline
Tito
Alves
Rocha
2015
Universidade
Federal de
Goiás
Programa de Pós-
Graduação em
Educação em
Ciências e
Matemática
Centro-
Oeste
4º
Dissertação: O Museu
Dinâmico da
Universidade Estadual
de Maringá:
contribuições para a
formação inicial em
Física
Azizi
Manuel
Tempesta
2016
Universidade
Estadual de
Maringá
Programa de Pós-
graduação em
Educação para a
Ciência e a
Matemática
Sul
5º
Dissertação:
Significados e
sentidos da prática
escolar atribuídos por
alunos concluintes da
licenciatura em
matemática no Brasil
e na Colômbia
Gustavo
Javier
Daza
Damian
2017
Universidade
Federal de
São João Del-
Rei
Programa de Pós-
Graduação em
Educação:
Processos
Socioeducativos e
Práticas Escolares
Sudeste
6º
Tese: Humanização e
docência crítica: a
Arte como mediação
na formação inicial de
professores
Magda
Machado
Ribeiro
Venâncio
2016
Pontifícia
Universidade
Católica
Programa de Pós-
Graduação em
Psicologia
Sudeste
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Affectivity and teaching practice knowledge: An analysis of theses and disertations
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ.,
Araraquara, v. 23, n. 00, e022017, 2022. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v23i00.17463 9
7º
Tese: A dimensão
axiológica na
formação inicial do
professor
Simone
Leal
Souza
Coité
2017
Universidade
Católica de
Brasília
Programa de Pós-
Graduação em
Educação
Centro-
Oeste
Source: Research data
In the table, we observe that researches engaged with the affective dimension in the
teaching practice and with the initial formation of teachers are being carried out, turning the
eyes to the teaching practice and the demand of the educational systems, evidently, in different
regions of the country, with the absence of the North region. In addition, we saw the presence
of the area of knowledge of Psychology, engaged in the production of knowledge for Education,
which reinforces the need for different areas of knowledge to contribute to improvements in the
educational process. This is particularly important when we consider that education takes place
in the relationship with the other. Thus, having identified the context elements of the production
of each research, we analyzed the content of each one, particularly with regard to affectivity in
teacher training (and practice).
By carrying out a qualitative analysis of theses and dissertations, it was possible to
dispense a critical look at the contributions made by the authors and establish dialogue bridges
in relation to the objects of analysis of the present mapping, being its thematic approaches, the
theoretical references that guided their investigative movements, conclusive referrals and gaps
evidenced in the specific field of research. In this sense, among the seven studies analyzed, we
comprise a group of five dissertations and two theses that presented, among themselves,
differences and similarities that we explain below.
The dissertation presented by Angelita Leite (2014) brought as themes the mobilization
of teaching knowledge during curricular practice in a degree course in Mathematics offered by
UNEB. These themes were also developed by Silva (2015), when investigating the knowledge
mobilized during the supervised internship, in the Pedagogy course. In addition to the practice
of supervised internship as a process of building knowledge in initial training, Rocha (2015)
highlighted the socio-affective relationships in the teaching practice of scholarship students
from the Institutional Scholarship Program for Initiation to Teaching (PIBID) as a subject of
study.
Given the presence of themes such as supervised internship and internship linked to
PIBID, in investigations related to the construction of knowledge and reflection on the socio-
affective relationships that constitute the teaching practice, we can signal that the relationship
between the university and the school can be an important device for the teacher training
process based on knowledge constituted in the relationship between theory and practice.
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Luana MONTEIRO; Ivan FORTUNATO and Maria do Rosário Silveira PORTO
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ.,
Araraquara, v. 23, n. 00, e022017, 2022. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v23i00.17463 10
In the research carried out by Tempesta (2016), Damian (2017), Venâncio (2016) and
Coité (2017), we identified relationships between their work themes, as they focused on the
practice of teaching. Unlike other studies, Tempesta's dissertation (2016) addressed the training
experience of mediating teachers in a non-formal education practice, that is, the mediation of
learning within a physics museum. When analyzing the author's proposal, we can consider that
even in contexts of non-formal education, the teaching practice requires mobilizing specific
knowledge, as well as the possibilities of this knowledge to be guided in the processes of initial
training.
Furthermore, Damian (2017) addressed the relationship between the meanings given by
Mathematics undergraduate students to the teaching of Mathematics at school. Venâncio (2016)
discussed Art as a humanization device for teachers in initial training, and Coité (2017) focused
on the axiological dimension in initial teacher training.
The movement of analysis of these themes allowed us to show that they did not present
- with the exception of the dissertation by Angelita Leite (2014) and Rocha (2015) - the words
affection, affectivity or affective dimension explicitly as objects of research. However, from
the training contexts investigated, affectivity emerged as a present and intrinsic element in the
teaching practice. This made it possible to think about the need for research to effectively have
affectivity as an object of reflection and as a central element in investigative purposes.
Throughout the analysis, we also guided the relationships between the main theoretical
references identified in the research, related to the objects of affectivity, teaching knowledge
and initial training, respectively, as follows:
▪
Regarding affectivity, the researches referenced Henri Wallon and Lev
Vygotsky, Maurice Maurice Tardif, Vera Placco and Paulo Freire, Jean Piaget
and Jacques Delors;
▪
The teaching knowledge was referenced by Maurice Tardif, Clermont
Gauthier, Selma Garrido Pimenta, Paulo Freire and Edgar Morin;
▪
Initial teacher training by Selma Garrido Pimenta, Marcelo Garcia, Paulo
Freire, Donald Schön, Philipe Perrenoud, Kenneth Zeichner, Antonio Nóvoa,
Maurice Tardif, Alberto Villani, Philipe Perrenoud and Lee Shulman.
In due course, we also understand the analysis of the conclusive notes developed by the
authors. Angelita Leite (2014), Silva (2015) and Rocha (2015), when approaching the themes
of supervised internship and teaching knowledge, showed that the practice of internship enabled
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Affectivity and teaching practice knowledge: An analysis of theses and disertations
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ.,
Araraquara, v. 23, n. 00, e022017, 2022. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v23i00.17463 11
students of undergraduate courses to approach teaching practice. This practice, when
understood as a training device, allows the construction of knowledge necessary for teaching,
present and arising from the pedagogical action that, in training processes limited to theoretical
training, would hardly be recognized and developed. Especially if we take into account that the
knowledge of teachers is knowledge mobilized and developed in their workplace, during the
exercise of teaching.
Another element that was quite evident in the research was the recognition of the
presence of affectivity as an element inseparable from the cognitive within the teaching and
learning processes. By portraying the different experiences carried out in internship practices
and training activities, in addition to teaching knowledge, future teachers identified the need to
understand affectivity for the development of their practices. Whether in the development and
understanding of content, in the communication between teacher and student, in the diagnosis
of difficulty, and/or in the understanding of exercises.
Specifically, affectivity in the relationship with teaching practice was addressed in
research by Angelita Leite (2014) and Silva (2015), called the relational dimension, being
awakened from interactions with the other. Thus, they recognized the teaching action as
relational, therefore imbued with affection. Furthermore, Rocha (2015) and Tempesta (2016)
highlighted affectivity as an inseparable dimension to cognitive development, so that ignoring
it can generate gaps in the teaching and learning process. In the same direction, Damian (2017)
pointed to affectivity as a dimension directly related to cognition, emphasizing that the human
being has the development of learning in an affective way, and the way the student interprets
his relationship with the teacher can interfere in the process of learning. teaching and learning.
The same point of view was presented by Venâncio (2016) and Coité (2017) when they
deny the strictly cognitive perspective of teaching practice, since it is also immersed in aspects
related to emotion and affection. Venâncio (2016) concluded by showing that the teacher-
student interaction and the affectivity present in educational practice are fundamental for
teacher training, since the main focus of teaching activity is the development of students,
humanization, which “assumes a leading role in formation of citizens, that is, in the construction
of values, in social transformation and in the self-education of individuals, in a constant search
for the knowledge of being” (COITE, 2017, p. 86
, our translation).
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Luana MONTEIRO; Ivan FORTUNATO and Maria do Rosário Silveira PORTO
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ.,
Araraquara, v. 23, n. 00, e022017, 2022. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v23i00.17463 12
A dialogue with data from the inventory regarding affectivity and teacher training
Considering the analysis of these researches, we identified that the authors brought as a
problematization the knowledge, practices and training programs in the context of initial
training, such as experiences of the mandatory internship, the PIBID, and mainly, they showed
affection as an intrinsic element to teaching.
By problematizing teaching knowledge, together with the contribution of authors such
as Clermont Gauthier, Maurice Tardif and Paulo Freire, they understood knowledge as a set of
knowledge, skills and attitudes, developed by teachers in relation to their professional and
personal experiences, in a temporal perspective, subjective and plural. Regarding teaching
knowledge and practice, the authors of theses and dissertations highlighted the need for teacher
training processes based on a relationship between the training institution and basic education,
because, in this relationship, future teachers have the opportunity to experience the work teacher
and, in a reflexive movement between theory and practice, recognize the knowledge mobilized
by teachers.
These researches help institutions responsible for teacher training to guide their training
programs and practices in relation to teaching knowledge, as well as, given the need for future
teachers' experiences in practical contexts for the recognition of mobilized knowledge, to
establish university-school partnerships. Furthermore, such theses and dissertations help to
reflect on internship practices based on the development of teaching knowledge.
When dealing with affectivity in teaching practice, it was possible to recognize the
constant reference to authors such as Henri Wallon and Lev Vygotsky, Maurice Tardif and
Paulo Freire. In view of the contributions of these authors and the investigation of the practice,
affectivity was highlighted as a dimension directly related to the cognitive dimension, present
in interactions between people, being, therefore, understood as a relational dimension.
Specifically linked to the teaching practice as a relational practice, affectivity is awakened in
the teacher and student interaction, in a positive or negative way. Which can positively or
negatively influence the teaching and learning process.
Furthermore, given the recognition of affectivity as an element present in teaching
practice and necessary for the development of the teaching and learning process, the authors of
the theses and dissertations studied recognized the lack of research on affectivity in the training
(and practice) of teachers, reinforcing the need to develop new investigations that can
strengthen, in teaching practice, the quality of educational processes. Therefore, we saw, in the
inventory, a confluence of thoughts that a process of teacher training is necessary that enables
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Affectivity and teaching practice knowledge: An analysis of theses and disertations
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ.,
Araraquara, v. 23, n. 00, e022017, 2022. e-ISSN: 2594-8385
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the construction of knowledge and the understanding of affectivity as a central condition for
the development of teaching practice.
What can we learn from this systematic review?
Understanding the relationship between knowledge and teaching practice, the authors
of theses and dissertations mapped showed the need for teacher training processes to be
developed from a close relationship between the training institution and basic education,
because, in this relationship, future teachers have the opportunity to experience teaching work
and, in a recursive movement between theory and practice, recognize the knowledge mobilized.
These researches help institutions responsible for teacher training to guide their training
programs and practices in relation to teaching knowledge, as well as, given the need for future
teachers' experiences in practical contexts for the recognition of mobilized knowledge, to
establish university-school partnerships. Furthermore, such theses and dissertations help to
reflect on the practices of training and development of teaching knowledge.
When dealing with teaching, Tardif (2012) identified the need to think of teachers' work
as a social practice, marked by constant interaction between their peers, and especially with
students. Thus, he stated that it is necessary to think that the interactive dynamic marks the
process of construction and mobilization of knowledge in the daily teaching practice. We agree
with the author and understand that it is necessary to be aware that, for the development of
teaching work, we need other knowledge, in addition to disciplinary and curricular ones. It is
necessary to understand that teaching also takes place
–
and perhaps preferentially
–
based on
affective human interactions.
Specifically, we are interested in the teacher-student relationship, in which affectivity
can be considered a central element, as it confers the power to affect the other. As well as it
affects the representations that the good as well as the interactions that are established in the
social-school group, impacting in a positive or negative way the learning relationships. And
whose importance, in most cases, is not recognized
–
or considered
–
as to its importance in the
establishment of these relationships.
That is why the study on the importance of affectivity must be present in initial teacher
training programs, and must be discussed and experienced as a fundamental element in the
elaboration of training scripts that deal with the foundations and educational practice.
We do not mean to say that affectivity should be treated as knowledge that can be
acquired with formally developed methods, because, being a feeling, an affection, it cannot be
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Luana MONTEIRO; Ivan FORTUNATO and Maria do Rosário Silveira PORTO
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ.,
Araraquara, v. 23, n. 00, e022017, 2022. e-ISSN: 2594-8385
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rationally controlled. But yes, that it should be learned about its capital importance and
consequences in the teaching-learning relationship. If not to cancel out the currents of love or
repulsion for students, individually or collectively, at least to try to attenuate them by
understanding what is subjective in these relationships. Subjectivity that can, with great
probability, become positive, precisely with an analytical work, therefore objective and rational.
But never be annulled, because it is a constitutive and fundamental part of the human being.
We understand, therefore, that it is necessary to rethink the conception of education as
a largely cognitive process, accompanied by the devaluation of emotions, feelings and the
potency of affections in the teaching and learning process, present in school environments. For,
like human development, education does not occur in the fragmentation between affectivity and
cognition. These dimensions are interconnected in a continuous polarization.
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Affectivity and teaching practice knowledge: An analysis of theses and disertations
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Luana MONTEIRO; Ivan FORTUNATO and Maria do Rosário Silveira PORTO
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ.,
Araraquara, v. 23, n. 00, e022017, 2022. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v23i00.17463 16
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MONTEIRO, L.; FORTUNATO, I.; PORTO, M. R. S. Afetividade e os saberes da prática
docente: Uma análise de teses e dissertações.
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ.
, Araraquara, v.
23, n. 00, e022017, 2022. e-ISSN: 2594-8385. DOI:
https://doi.org/10.30715/doxa.v23i00.17463
Submitted
: 11/08/2022
Revisions required
: 27/10/2022
Approved
: 06/11/2022
Published
: 30/11/2022
Processing and publication by the Editora Ibero-Americana de Educação.
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