A importância da leitura no processo de alfabetização dos alunos do 1° ano do ensino fundamental
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 23, n. 00, e022020, 2022. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v23i00.17864 7
[...] a descoberta de uma mudança radical na questão como. A criança que já
descobriu o que a escrita alfabética nota (a pauta sonora, ou seja, as partes
orais das palavras que falamos), em lugar de achar que se escreve colocando
uma letra para cada silaba, descobre que é preciso ‘por mais letras’. Para isso,
ela necessita refletir mais detidamente, sobre o interior das silabas orais de
modo a buscar notar os pequenos sons que as formam em lugar de colocar
uma única letra para cada silaba.
Ou seja, a criança percebe que para escrever determinada palavra, ela precisa conhecer
o alfabeto e o respectivo som de cada letra e suas junções. Ela compreende que é necessário
utilizar mais de uma letra para formar o som desejado. O último nível é a hipótese alfabética,
neste momento da aprendizagem a criança já conseguiu ultrapassar praticamente todos os
obstáculos, para conseguir compreender o sistema alfabético, ela pode ser considerada
alfabetizada, pois já consegue ler e escrever sozinha. No entanto, isso não significa que o
processo de aprendizagem terminou. Apesar de conhecer o sistema da escrita, a criança ainda
pode ter dificuldades na ortografia, pois muitas letras têm sons semelhantes, o que pode
confundir a criança em alguns momentos, como, por exemplo, no caso da palavra ‘BONECA’,
a criança na fase alfabética pode escrever ‘BONEKA’, pois a sílaba “CA”, possui o mesmo som
da letra “K”, outro exemplo, na fase alfabética, a criança pode escrever ‘KASA’ ou ‘CAZA’.
O professor precisar ter cuidado ao corrigir a criança, pois isto não significa que ela não
aprendeu corretamente. O educador precisa compreender que essas dificuldades são trabalhadas
e corrigidas durante todo o processo escolar. Se o professor questiona a criança com sentimento
de reprova, isso pode prejudicar o processo de aprendizagem. O educador deve, sim, reconhecer
os erros, mostrá-lo para criança, mas, ao mesmo tempo, demonstrando como ela pode melhorar.
Para Morais (2012, p. 64):
Ao atingir essa fase final do processo de apropriação da escrita alfabética, as
crianças resolvem as questões o que e como de forma como fazemos nós,
adultos bem alfabetizados e usuários do português: colocando, na maioria dos
casos, uma letra para cada fonema que pronunciamos. Assim como nós, as
crianças o fazem, mesmo sem conseguir verbalizar/explicar essa maravilha
que descobriram. Mas diferente de nós elas cometem erros.
Ao ingressar no 1.º ano do ensino fundamental, o professor irá encontrar crianças em
diferentes níveis de hipóteses, algumas ainda no nível Pré-Silábico, outras no Silábico
Alfabético, dentre outras, e cabe a ele mediar as atividades necessárias para conseguir auxiliar
os alunos em seus diferentes níveis. A leitura nesse momento é uma grande aliada, pois ao
utilizá-la no processo de alfabetização, os alunos têm a oportunidade de enriquecer seu
vocabulário, apropriam-se de palavras novas e fonemas diferentes, conhecerem diferentes
gêneros textuais. O que auxilia no seu processo de aprendizagem e na aquisição da escrita,