Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 24, n. esp. 1, e023011, 2023. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v24iesp.1.18178 1
SOBRE O QUEER PODEMOS PESQUISAR EM CURRÍCULO E EDUCAÇÃO?
NOTAS SOBRE EXPANSÕES, OBSTÁCULOS E IMAGINAÇÕES
¿SOBRE QUEER PODEMOS INVESTIGAR EN CURRÍCULO Y EDUCACIÓN?
NOTAS SOBRE EXPANSIONES, OBSTÁCULOS E IMAGINACIONES
ABOUT QUEER: WHAT CAN WE RESEARCH IN CURRICULUM AND EDUCATION?
NOTES ON EXPANSIONS, OBSTACLES AND IMAGINATIONS
Danilo Araujo de OLIVEIRA1
e-mail: oliveira.danilo@ufma.br
Anderson FERRARI2
e-mail: anderson.ferrari@ufjf.br
Marcos Lopes de SOUZA3
e-mail: markuslopessouza@gmail.com
Paula Regina Costa RIBEIRO4
e-mail: priribeiro.furg@gmail.com
Como referenciar este artigo:
OLIVEIRA, Danilo Araujo de; FERRARI, Anderson.
SOUZA, Marcos Lopes de; RIBEIRO, Paula Regina Costa
Sobre o queer podemos pesquisar em currículo e educação?
Notas sobre expansões, obstáculos e imaginações. Doxa:
Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 24, n. esp. 1,
e023011, 2023. e-ISSN: 2594-8385. DOI:
https://doi.org/10.30715/doxa.v24iesp.1.18178
| Submetido em: 15/02/2023
| Revisões requeridas em: 22/04/2023
| Aprovado em: 11/06/2023
| Publicado em: 01/08/2023
Editor:
Prof. Dr. Paulo Rennes Marçal Ribeiro
Editor Adjunto Executivo:
Prof. Dr. José Anderson Santos Cruz
Universidade Federal do Maranhão (UFMA), São Luís MA Brasil. Professor Adjunto. Doutorado em
Educação (UFMG).
Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Juiz de Fora MA Brasil. Professor Associado. Doutorado em
Educação (UNICAMP). Pós-Doutorado (UB-Espanha).
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), Jequié BA Brasil. Professor Titular do Departamento
de Ciências Biológicas (DCB). Doutorado em Educação (UFSCAR). Pós-doutorado (UFJF).
Universidade Federal do Rio Grande (FURG), Rio Grande RS Brasil. Professora Titular do Instituto de
Educação e professora do Programa de Pós-Graduação: Educação em Ciências. Doutorado em Ciências
Biológicas (UFRGS). Pós-doutorado (ESEC-Portugal).
Sobre o queer podemos pesquisar em currículo e educação? Notas sobre expansões, obstáculos e imaginações
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 24, n. esp. 1, e023011, 2023. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v24iesp.1.18178 2
RESUMO: Esse artigo pensa e discute as expansões, os obstáculos e as imaginações da teoria
queer no presente para problematizar sobre o que podemos pesquisar em currículo e educação
no Brasil. Consideramos que o queer, como analítica da normalização, seja uma ferramenta
de que não podemos abrir mão para pensar os efeitos das normas nas vidas de muitas pessoas
que demandam ainda mais expansões em territórios, sejam físicos e/ou conceituais;
defendemos que há, ainda, obstáculos em pesquisar algumas temáticas queer desde a
educação e o currículo, porque algumas áreas são legitimadas para tal; concordamos que há
imaginações porvir que tensionem, ampliem e possam nos fazer pensar o mundo para além
das normas e que se fabule a existência em seu sentido amplo.
PALAVRAS-CHAVE: Queer. Currículo. Educação. Pesquisa.
RESUMEN: Este artículo reflexiona y discute las expansiones, los obstáculos y las
imaginaciones de la teoría queer en el presente para problematizar lo queer que podemos
investigar en el currículo y la educación en Brasil. Consideramos que lo queer, como
analítica de la normalización, es una herramienta a la que no podemos renunciar para
pensar los efectos de las normas en la vida de muchas personas que exigen aún más
expansiones en muchos territorios, ya sean físicos y/o conceptuales; argumentamos que aún
existen obstáculos para investigar algunos temas queer desde la educación y el currículo
porque algunas áreas están legitimadas para hacerlo; coincidimos en que aún quedan
imaginaciones por venir que se tensionan, expanden y pueden hacernos pensar en el mundo
más allá de las normas y que la existencia es fabulosa en su sentido más amplio.
PALABRAS CLAVE: Queer. Plan de estudios. Educación. Buscar.
ABSTRACT: This article thinks about and discusses the expansions, obstacles and
imaginations of queer theory in the present to problematize what queer we can research in
curriculum and education in Brazil. We consider that queer, as an analytic of normalization,
is a tool that we cannot give up to think about the effects of norms in the lives of many people
that demand even more expansions in many territories, whether physical and/or conceptual;
we argue that there are still obstacles in researching some queer themes from education and
the curriculum because some areas are legitimized to do so; we agree that there are still
imaginations to come that tension, expand and can make us think of the world beyond the
norms and that existence is fabled in its broadest sense.
KEYWORDS: Queer. Curriculum. Education. Search.
Danilo Araujo de OLIVEIRA; Anderson FERRARI; Marcos Lopes de SOUZA e Paula Regina Costa RIBEIRO
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 18, n. esp. 1, e023011, 2023. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v24iesp.1.18178 3
Introdução
algum tempo, temos percebido uma mudança nas nossas turmas de graduação.
Trabalhando em universidades públicas que constroem e defendem as políticas públicas de
ingresso e permanência de grupos sociais historicamente marginalizados, temos notado a
chegada de pessoas que, com seus corpos e seus pertencimentos, tensionam o currículo e a
educação. Tensionam a Universidade de forma geral. Pessoas que se identificam como
pertencentes a comunidade LGBTTQIA+ (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transgêneras,
queer, intersexual, assexual e demais grupos minoritários de gênero e sexualidade), que se
colocam a partir desse pertencimento, que questionam os saberes e as relações de poder e que
propõem outras formas de conhecer, de pesquisar, de ensinar e de aprender. Elas são a
condição de possibilidade do que estamos chamando de expansões. No plural. Elas dizem de
expansões.
Uma dessas expansões diz respeito às relações entre a educação escolarizada e a
universidade. Vagner Prado e Helena Altmann (2023), ao analisarem os processos de acesso e
permanência de pessoas LGBTTQIA+ no ensino superior, chamam atenção para uma
engrenagem que se inicia na escola. O autor e a autora reconhecem que a escola ainda é um
espaço que institui preconceitos, discriminações e violências. Essas práticas expulsam as
pessoas LGBTTQIA+ dos bancos escolares e, assim, impossibilitam o ingresso no ensino
superior.
No entanto, também o reconhecimento que esse quadro tem se alterado
e
possibilitado a entrada desses/as estudantes nas Universidades, evidenciando outros desafios,
tais como a permanência e a conclusão do curso, além do ingresso nos programas de pós-
graduação.
A expansão, neste caso, não diz somente da presença física de corpos que embaralham
e colocam sob suspeita as construções dos gêneros e das sexualidades, mas também que
introduzem novas temáticas, perspectivas teóricas e relações de poder-saber que têm levado a
uma revisão curricular e de políticas, uma inovação na pesquisa e, principalmente, a produção
e a relação crítica com o saber. Essas pessoas e seus engajamentos existenciais, políticos e
acadêmicos nos convidam a produzir um deslocamento no pensamento curricular desde e
não para nossas marcas de gênero e sexualidade” (RANNIERY, 2022, p. 32).
Até o ano de 2022, foram mapeadas 25 universidades federais brasileiras com cotas para alunos trans, seja na
graduação ou na pós-graduação.
Sobre o queer podemos pesquisar em currículo e educação? Notas sobre expansões, obstáculos e imaginações
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 24, n. esp. 1, e023011, 2023. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v24iesp.1.18178 4
Adentrar a universidade e transformá-la por dentro também é uma estratégia política
de subverter os saberes canônicos que se constituíram por meio de um pensamento
eurocentrado, androcêntrico e LGBTTQIA+fóbico que, muitas vezes, desconsideraram os
saberes insubordinados, construídos pelos(as) nossos(as), os(as) das margens, os(as) lidos
como não intelectuais. Por isso, a entrada e permanência das(os) LGBTTQIA+ nas
universidades, não como discentes, mas também docentes, é provocar essa produção de
saber e garantir o nosso protagonismo, para além do que foi falado de nós, sem s
(JESUS, 2016).
Podemos supor que essa ampliação da presença de pessoas LGBTTQIA+, tanto nas
escolas quanto nas universidades, antecede as políticas de cotas. Ela é um efeito de um
movimento iniciado na redemocratização, intitulado naquela ocasião de movimento gay, e que
vai investir na desconstrução das imagens negativas da diversidade sexual, assim como
construir imagens mais positivas, que envolviam a discussão no campo da educação. Em
outros trabalhos (FERRARI, 2004; OLIVEIRA; FERRARI, 2021), tivemos a oportunidade
de discutir o investimento dos movimentos sociais e de políticas públicas advindas de suas
lutas, o que tem implicado o campo da educação. Essas organizações e ações têm expandido
as discussões em torno do currículo e da educação e tem causado obstáculos como reação.
Em março deste ano, s que se comemora o dia internacional da mulher, o deputado
federal Nikolas Ferreira (PL-MG) usou uma peruca loira para atacar a comunidade
LGBTTQIA+. Longe de ser uma reação isolada, essa atitude pode ser entendida como uma
estratégia recorrente entre parlamentares como forma de mobilizar a militância conservadora,
principalmente nas redes sociais, e atacar os avanços da comunidade. Em reportagem no
mesmo mês, o jornal O Globo identificou 68 propostas em tramitação no Congresso, nos
estados e nos municípios brasileiros com o propósito de atacar e diminuir direitos,
reproduzindo preconceitos e intolerâncias (MARZULLO; COUTO; RIOS, 2023). Obstáculos
que buscam frear as expansões e conquistas da comunidade LGBTTQIA+, estabelecendo um
cenário de disputa e enfrentamentos que nos convida a imaginações e invenções. Expansões,
obstáculos e imaginações são parte de um mesmo jogo. O jogo do saber-poder identificado
por Michel Foucault (2015) como uma relação que tem efeitos de verdade.
Nossa intenção com o desenho desse campo problemático atual em torno das questões
de gênero, sexualidade e educação não é ficar na constatação, mas sim, propor resistências
inventivas no campo do currículo. Trazer algumas dessas resistências inventivas para pensar
seus desafios e potencialidades para o currículo a partir da teoria queer. Isso porque
Danilo Araujo de OLIVEIRA; Anderson FERRARI; Marcos Lopes de SOUZA e Paula Regina Costa RIBEIRO
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 18, n. esp. 1, e023011, 2023. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v24iesp.1.18178 5
necessidade de pensar e problematizar essas experiências como provocação: o queer podemos
pesquisar em Currículo e Educação?
Buscando o que seria a origem da teoria queer, Richard Miskolci (2015) nos lembra
que o “queer é um xingamento, é um palavrão em inglês” (MISKOLCI, 2015, p. 24). Mais do
que isso, o queer está ligado à ideia de abjeção, como “espaço a que a coletividade costuma
relegar aqueles e aquelas que considera uma ameaça ao seu bom funcionamento, à ordem
social e política” (MISKOLCI, 2015, p. 24).
Com isso, o autor afirma que o queer não é uma defesa da homossexualidade. Ele é
uma reação, uma resistência, uma recusa dos valores morais e das violências que instituem o
abjeto e que nos fazem questionar as fronteiras entre o que é considerado aceitável e o que é
relegado a humilhação. Em uma entrevista com Butler, ela ressalta que o abjeto “[...] não se
restringe de modo algum a sexo e heteronormatividade. Relaciona-se a todo tipo de corpos
cujas vidas não são consideradas ‘vidas’ e cuja materialidade é entendida como ‘não
importante’” (PRINS; MEIJER, 2002, p. 161). Como teoria, o queer é marcado pela crítica à
heteronormatividade e pelo questionamento aos cânones acadêmicos. Nosso argumento,
portanto, é que o queer provoca o currículo na medida que institui novas formas de pensar e
produzir pesquisas e sujeitos.
Para desenvolver esse argumento, organizamos esse artigo em duas seções. Na
primeira Ampliando os sentidos de educação e currículo vamos defender que esses
movimentos de expansão e obstáculos têm contribuído para que possamos trabalhar com
outros entendimentos de educação e currículo para além do que ocorre na escola. Na segunda
Imaginando e inventando sujeito queer vamos problematizar as pesquisas e suas
contribuições para um currículo.
Ampliando os sentidos de educação e currículo
As teorias pós-críticas trouxeram, para os campos da educação e do currículo,
mudanças significativas proporcionadas, sobretudo, pela problematização e ampliação dos
conceitos que constituem esses campos. O conceito de educação deixou de ser entendido
como restritamente vinculado aos processos que se desencadeiam na e pela escola ou em
espaços educativos formais ou institucionalizados. Currículo, por sua vez, não é
compreendido somente como um conjunto de disciplinas acadêmicas ou escolares ou mesmo
como um programa instituído com um objetivo a seguir para formar um grupo de alunos/as.
Sobre o queer podemos pesquisar em currículo e educação? Notas sobre expansões, obstáculos e imaginações
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 24, n. esp. 1, e023011, 2023. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v24iesp.1.18178 6
Com inspiração em Michel Foucault, o conceito de educação passa a contemplar
práticas variadas “nas quais se produzem ou se transformam as experiências que as pessoas
têm de si mesmas” (LARROSA, 1994, p. 35). Assim, ao observar essas práticas, “o
importante não é que se aprenda algo ‘exterior’, um corpo de conhecimentos, mas que se
elabore ou reelabore alguma forma de relação reflexiva do[a] ‘educando’[a] consigo
mesmo[a]” (LARROSA, 1994, p. 34). Em outras palavras, o conceito de educação passa a ser
imbricado com a perspectiva foucaultiana dos processos de subjetivação, isto é, com as
diversas formas através das quais os indivíduos se transformam em sujeitos. Educação é,
portanto, uma prática discursiva com o objetivo de “produzir e mediar certas ‘formas de
subjetivação’” (LARROSA, 1994, p. 51).
De modo similar, considerando esses aspectos, o conceito de currículo “passa a ser
visto em sua relação com a cultura” (PARAÍSO, 2010, p. 33). O currículo é, assim, entendido
como uma “prática cultural que divulga e produz significados sobre o mundo e as coisas do
mundo” (PARAÍSO, 2010, p. 33). Esses significados se constituem em conhecimentos a
serem ensinados que incidem na fabricação de sujeitos. O currículo, pois, não é visto apenas
na escola e nas salas de aula, mas materializando-se nas “bibliotecas, nos museus, nas
propostas político pedagógicas, nas diferentes formações, na pesquisa educacional, na
internet, nos jogos, nas brincadeiras, na mídia, no cinema, na música, na cultura, no
cotidiano.” (PARAÍSO, 2010, p. 37).
O alargamento dos conceitos de educação e currículo ampliou também as
possibilidades de pesquisas no campo curricular, criando diferentes tessituras. Diversas
pesquisas têm sido feitas a partir das compreensões então empreendidas. No que se refere aos
imbricamentos, conexões e fricções da teoria queer com esses campos, podemos dizer que
eles são variados. Uma rápida pesquisa utilizando como palavras-chave “queer” e “educação”
na Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações, no ano de 2023, apontam 1.089
resultados para busca; para “queer” e “currículo” encontram-se 307 resultados. Poderíamos
citar aqui ainda os múltiplos eventos e dossiês em periódicos variados que fazem as
articulações entre teoria queer, educação e currículo.
Com o propósito de cartografar os efeitos das teorizações queer para a construção do
conhecimento no campo das pesquisas em gênero, sexualidade e educação no Brasil, Couto
Junior e Pocahy (2017) perceberam o propósito de muitas(os) pesquisadoras(es) em
descolonizar o queer, (re)inventando-o, conforme o contexto brasileiro. Esses autores
identificaram (re)leituras da teoria queer que respingam na educação, tais como,
Danilo Araujo de OLIVEIRA; Anderson FERRARI; Marcos Lopes de SOUZA e Paula Regina Costa RIBEIRO
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 18, n. esp. 1, e023011, 2023. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v24iesp.1.18178 7
embichamento do currículo, currículo queer, via(da)gens queer, pedagogia queer, pesquisa-
aquendação, criança transviada, enviadescer e entre outras, reconhecendo a potência dessas
epistemologias como perspectivas abertas, incertas, conflituosas e passíveis de serem
recriadas, conforme o contexto específico. Couto Junior e Pocahy (2017) também perceberam
o desejo dessas(es) pesquisadores(as) em contestar as pedagogias dos corpos, gêneros e
sexualidades pautadas no pensamento cisheteronormativo.
De todo modo, se falávamos nas possibilidades de alargamento que a ampliação do
conceito de currículo e educação provocou para que se amplie as possibilidades de pesquisa,
se mobilizado a teoria queer, as conquistas de territórios investigativos podem ter conquistado
êxitos variados. Isso porque somando ao fato de que “os estudos queer ofereceram
significativas contribuições aos estudos de gênero” (COLLING, 2016, p. 13), podemos dizer
que o estranho, o ridículo, o excêntrico, o raro e o extraordinário puderam ser pensados,
problematizados e discutidos como temas de pesquisa. Mas se isso parece, de algum modo,
ser positivo para que possamos ver muitos problemas e temas de pesquisa desde o campo
educacional e curricular, parece-nos que permanece a necessidade de mobilizar discussões
sobre nossa escala de valorização das diversas pesquisas que são desenvolvidas nesses
campos.
Enquanto algumas parecem ser sérias e comprometidas, outras são objetos de
desvalorização, olhadas talvez com certa desconfiança dentro do próprio meio acadêmico, no
qual deveríamos quem sabe nos questionarmos sobre o entendimento de ciência que,
tradicionalmente, aponta para a produção de um conhecimento neutro, descorporificado,
sendo esse conhecimento científico gerido pelo mérito, representado por um sistema
androcêntrico, heterossexual, branco. que em ampla sociedade temos manifestações de
escárnio a partir de alguns títulos de dissertações e teses que circulam na internet.
A título de exemplificação, ou mesmo como mote, queremos mobilizar o tema da
prática sexual bareback, ainda pouco explorado no campo educacional e curricular. Trata-se
da prática sexual intencional, própria de homens que têm relações sexuais com outros
homens
(HSH), de não usar preservativos durante o sexo com parceiros ocasionais e/ou
anônimos, constituindo-se como uma prática de premeditação e erotização do sexo anal sem
camisinha (DEAN, 2009; HAIG, 2006). Essa prática tem despertado interesses de campos
variados.
Esse termo será utilizado aqui, uma vez que “alguns homens casados [com mulheres] e outros homens
ostensivamente heterossexuais participam regularmente de atividades eróticas casuais com o mesmo sexo sem se
considerarem gays” (DEAN, 2009, p. 11), assim como ocorre com a prática bareback.
Sobre o queer podemos pesquisar em currículo e educação? Notas sobre expansões, obstáculos e imaginações
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 24, n. esp. 1, e023011, 2023. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v24iesp.1.18178 8
Observa-se que, de modo geral, as pesquisas se vinculavam entre si, pois foram
desenvolvidas nos campos de saúde, medicina e psicologia (FELBERG, 2011; PAULA, 2009;
AMARAL, 2014; SANTOS, 2018; ALMEIDA JUNIOR, 2017; SILVA, 2008). No campo da
educação, muito menos no campo curricular, não foram localizadas pesquisas sobre a prática
bareback até o ano de 2021
. Pensamos que o fato de as primeiras pesquisas no Brasil sobre a
prática estarem inscritas nesses campos de pesquisa é um efeito discursivo do “tratamento
médico e forense da homossexualidade” (HALPERIN, 2007, p. 2).
Não podemos esquecer que, por mais de um século, “a psicologia e a psicanálise
forneceram os principais meios de acesso à verdade imaginada da subjetividade humana”
(HALPERIN, 2007, p. 2). Conforme defende Halperin (2007), ao fazer essas reflexões, não se
trata de refutar ou rejeitar os discursos psi e médicos, tampouco condená-los ou demonizá-los,
até porque, no interior desses discursos, afirmações de que a própria subjetividade é um
local potencial de resistência política. Trata-se, ademais, de uma forma de problematizar “o
estilo de pensamento que entende a pessoa em termos de interioridade individual e julga a
vida subjetiva de acordo com um padrão normativo de funcionamento saudável”
(HALPERIN, 2007, p. 9).
Provocados pelo fato de haver pesquisas apenas no campo da saúde, medicina e
psicologia, ampliamos a busca de modo a incorporar também artigos científicos. Localizamos,
realizando buscas no site Google Acadêmico
, inicialmente apenas um artigo em português
que discute o bareback em articulação com educação. Algo que nos aproxima, pois, de uma
proposição levantada por Greteman (2019, p. 242) de que o assunto de barebacking nos
discursos educacionais é limitado, mas está emergindo no trabalho contínuo de atualização de
nossas educações sexuais”. Desse modo, o autor instiga pesquisadores e pesquisadoras em
educação a problematizar “com cuidado as práticas perversas que surgem e os desafios de ser
considerado um sujeito ‘perverso’ que perturba os entendimentos produtivos e reprodutivos
de se tornar um sujeito” (GRETEMAN, 2019, p. 244, tradução nossa).
O autor ainda ressalta que, à medida que as condições mudaram em torno de “hiv/aids,
educação sexual e inclusão de (alguns) queers no currículo”, a prática bareback e seus
praticantes podem fornecer “maneiras de investigar a estranheza que atrapalham a concepção
As reflexões feitas aqui, portanto, não considera a tese produzida no campo educacional e curricular em 2021 e
os artigos dela provenientes. Para consultar a tese ver: Oliveira (2021).
Optamos por realizar a busca nesse site porque ele abarca uma diversidade de sites, inclusive internacionais, o
que nos possibilitou localizar esse texto em inglês. Disponível em: www.scholargoogle.com.br. Acesso em: 27
dez. 2020.
O texto é do autor Santos (2004).
Danilo Araujo de OLIVEIRA; Anderson FERRARI; Marcos Lopes de SOUZA e Paula Regina Costa RIBEIRO
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 18, n. esp. 1, e023011, 2023. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v24iesp.1.18178 9
de vida humana imaginada pelos discursos educacionais para envolver os não-humanos e seu
impacto na maneira como os sujeitos passam a ser vistos, reconhecidos e compreendidos”
(GRETEMAN, 2019, p. 244). Outro autor ressalta que “os problemas [da prática bareback]
levantados excedem os da prevenção do HIV e da história da identidade masculina gay”
(DEAN, 2009, p. 3, tradução nossa).
Ao inscrever e problematizar essa prática sob a perspectiva curricular pós-crítica,
enfrenta-se os desafios e as lacunas então postos pela ausência de pesquisas no campo
educacional e do currículo, ao mesmo tempo, pela série de problemas que excedem os temas
citados por Dean (2009). Evidentemente, esse artigo não preenche totalmente essa lacuna,
tampouco conta de todos os problemas levantados pelo autor, mas é um passo importante
em reivindicar, para o campo curricular, problematizações sobre os modos de produção de
verdade e constituição de sujeito que se dão a partir do discurso bareback.
Entendemos, pois, que as problematizações que buscamos fazer neste artigo são
menos uma questão de chegar com novas teorias de sexualidade do que mobilizar
possibilidades queer de imaginar e representar a vida subjetiva sexual” (HALPERIN, 2007, p.
9). Queremos problematizar os regimes de verdade que impõem o que pode ser dito e pensado
e quem é autorizado/a a falar sobre certos temas. Assim, falar da prática bareback no campo
da educação e do currículo diz de um esforço para procurar “outras maneiras de poder falar
sobre nós mesmos, sobre nossas experiências, sobre nossas emoções e, em particular, sobre a
vida subjetiva do sexo e da sexualidade” (HALPERIN, 2007, p. 10).
Em um texto mais recente, Greteman (2019) incrementa seu pensamento sobre as
questões levantadas no parágrafo anterior. Ele explora sobre o que se pode aprender sobre
medicina, tecnologia e educação em saúde com a prática bareback. “Em uma era de profilaxia
pré-exposição e as contínuas lutas que as pessoas que vivem com HIV/AIDS enfrentam
globalmente, como a educação luta e avança com os novos conhecimentos sobre práticas
sexuais e assuntos sexuais?”
(GRETEMAN, 2019, p. 213). De algum modo, o autor nos
instiga a ampliar nossas análises e pesquisas no campo educacional sobre as práticas e
assuntos sexuais, considerando os avanços políticos, médicos e científicos que estão
acontecendo, assim como os próprios desafios que práticas e assuntos sexuais emergentes
podem colocar para a educação. Ressalta, ainda, os deslocamentos que a prática bareback tem
operado no campo educacional, pois “desorienta a educação sexual estabelecida centrada na
segurança e na mitigação de risco.” (GRETEMAN, 2019, p. 237). Todavia, ao fazer essas
Original em inglês.
Sobre o queer podemos pesquisar em currículo e educação? Notas sobre expansões, obstáculos e imaginações
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 24, n. esp. 1, e023011, 2023. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v24iesp.1.18178 10
problematizações, ainda ressalta que “é menos uma questão de aprovar ou desaprovar
determinadas práticas sexuais” (GRETEMAN, 2019, p. 238, tradução minha). Trata-se mais
de um exercício de problematização, conforme nos ensinou Foucault (2017, p. 225), isto é,
“tomar distância em relação a essa maneira de fazer ou de reagir, e tomá-la [a conduta] como
objeto de pensamento e interrogá-la sobre seu sentido, suas condições e seus fins”.
Imaginando e inventando (com) sujeitos queer
Na seção anterior, direcionamos nossas problematizações para afirmar que os
processos de subjetivação são potências de resistências políticas. Os sujeitos vão introduzindo
invenções com suas existências, mesmo em momentos políticos de enfrentamento. Esses
sujeitos e suas existências inventivas chegam e estão nas universidades, de tal forma, que a
questão que nos parece interessante é como essas existências podem ser potencializadas
quando pensamos na relação entre currículo, gênero e sexualidade nos contextos de saber, de
pesquisa e de formação?
Iniciamos o artigo dizendo que temos percebido esse movimento nas nossas salas de
aula. Esse ano, na disciplina de estágio em ensino de história, chegou uma pessoa que
embaralhava os gêneros. De estatura baixa, trazia no rosto as marcas do feminino: olhos
delineados com lápis de olho, sombra colorida e alongamento de cílios. O rosto sem pelos
demonstrava o cuidado com a maquiagem. Nos lábios, um batom leve, nada exagerado, mas
que contribuía para compor a informação de um rosto feminino. As unhas estavam sempre
pintadas. As roupas variavam, sendo que em alguns dias vestia uma saia com uma meia calça
por baixo, em outros uma blusa feminina por cima de uma segunda pele. O nome, mantinha
masculino. Uma pessoa que chamava atenção por essa inventividade e por um corpo móvel e
aberto.
Ele era a representação da construção dos gêneros. Ao pensar a construção dos
gêneros, Louro (2008) vai defender que um trabalho “pedagógico contínuo, repetitivo e
interminável” que é posto em ação nos corpos. Mas isso não significa um processo sempre
consciente ou realizado ao acaso e muito menos ao sabor de uma vontade. Mesmo agindo de
forma ativa nessas construções, os sujeitos não estão livres de constrangimentos, uma vez que
é a cisheteronormatividade que informa sobre os padrões que devem ser seguidos, assim
como guarda as possibilidades das resistências e transgressões inventivas. O nosso aluno é
uma demonstração de que corpos que se conformam as regras de gênero e sexualidade,
Danilo Araujo de OLIVEIRA; Anderson FERRARI; Marcos Lopes de SOUZA e Paula Regina Costa RIBEIRO
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 18, n. esp. 1, e023011, 2023. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v24iesp.1.18178 11
assim como os que as subvertem. Durante muito tempo, as questões de nero pensavam em
apenas dois gêneros como possibilidades antagônicas e autoritárias. Como se houvesse uma
fronteira, em que cada gênero ocupasse um lado dela. Mais recentemente, as pesquisas e os
sujeitos vêm demonstrando que essa fronteira o é rígida, que ela pode ser transposta e que
também pode ser ocupada. Ocupar a fronteira também é uma alternativa.
A presença de corpos que habitam a fronteira provocava o pensamento. Em se tratando
de um corpo numa disciplina de estágio, que pressupunha a ida à escola, ele trazia questões
para a disciplina, a Universidade e o currículo. Trata-se de um corpo “outro”, que ao mesmo
tempo que dialoga com o normativo, rompe com ele. Contudo, é um corpo que está inserido
em contextos normativos, tais como a universidade e a escola. Neste sentido, Thiago Ranniery
(2022, p. 30) nos ajuda a pensar quando afirma que “esses outros” estão inseridos em
contextos substancialmente normativos, estão englobados em um cenário que encapsula os
poderes do horror na abjeção, os explica, quando não, os toma como sujeitos do espetáculo”.
Estou, portanto, defendendo um interesse em saber o que esses declarados
“outros” talvez, porque tenhamos crescido sendo esses “outros” – fazem ao
conceito de currículo ao colocarem “a alteridade como existindo em um
campo relacional para o self” (MUÑOZ, 2006: 187), o que fazem as imagens
de pensamento de currículo que carregamos conosco e a conceitos que nos
são tão caros, do que em saber como as normas os fazem ou o que as normas
fazem com eles e conosco (RANNIERY, 2022, p. 32).
O que as normas fazem conosco? O que fazem com os “outros”? E como isso diz das
imagens de currículo que temos levado às escolas? A disciplina de estágio é, talvez, aquela
que mais faz a ligação entre os saberes produzidos na Universidade e a escola. Os estagiários
e as estagiárias têm um duplo trabalho. Por um lado, pensar como o conhecimento produzido
se reverte em conhecimento ensinado, habitam os currículos de formação e como chegam nas
escolas. São eles e elas que constroem pontes entre Universidade e escolas. Por outro lado,
são eles e elas que trazem às escolas para dentro da Universidade e tensionam os saberes a
partir de uma realidade que se altera constantemente, sobretudo no que diz respeito às
relações de gênero e sexualidade. Modificações que questionam o currículo.
O aluno que embaralha os gêneros iria para a escola. Ele foi. O rosto não estava
maquiado, tampouco vestia saia. As unhas pintadas eram a única lembrança daquele corpo
que habitava a sala de aula na Universidade. De um corpo que embaralhava os gêneros, surgiu
um masculino normatizado. Uma transformação que nos faz pensar na pergunta formulada
por Thiago Ranniery (2022, p. 33). “Diferentes circuitos e paisagens curriculares não teriam
exatamente esse potencial de empurrar as conversas complicadas, lembra Pinar (2016), da
Sobre o queer podemos pesquisar em currículo e educação? Notas sobre expansões, obstáculos e imaginações
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 24, n. esp. 1, e023011, 2023. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v24iesp.1.18178 12
teoria de currículo com a teoria queer em direções surpreendentes por que perturbam a
imagem tida como certa de currículo?” A presença daquele corpo desmontado ou montado no
masculino nos fez pensar que ele ainda não conseguia se ver de outra forma no mundo.
Explorando a ideia do ainda-não e sua relação com a imaginação política queer,
Thiago Ranniery (2022), vai defender uma necessidade de um pouco de possível para não
sufocar. Neste sentido, o queer poderia representar um desejo, uma vontade, um construto,
uma ruptura na produção de sentidos e significados. É um investimento em outras formas de
ser e estar no mundo, um movimento de resistência às ordens e, assim, acolher o que não é
suficiente.
Depois dos obstáculos, mais obstáculos e algumas imaginações mais
As notas aqui em desordem enunciam, de alguma forma, mais inquietações e desejos
de um porvir que ainda não podemos definir ao certo. Partimos, portanto, das presenças queer
e dos corpos e desejos dissidentes nas universidades para dizer que eles não se conformam aos
saberes hegemônicos, pois esses saberes excluem e deslegitimam suas vidas e, por isso
mesmo, demandam a produção, profusão e espraiamento de saberes outros, que mobilizem
perspectivas sobre processos de subjetivação que emergem da resistência e saberes que
afirmem as vidas dissidentes como possíveis de serem vividas.
Assim, os esforços e investimentos teóricos e metodológicos nas universidades, nos
últimos anos, que atendem pelo nome de teoria queer, estão imbricados com esses corpos e
vidas, e um depende do outro para ganhar proeminência, visibilidade, reconhecimento, como
diria Butler (2018).
A teoria queer é uma teoria corporificada, que pulsa e vive nos corpos dissidentes e
não aderente às muitas normas que nos foram designadas. Normas que o dizem somente a
performatividade dos corpos, dos gêneros e das sexualidades, mas também a performatividade
da produção do conhecimento, dos saberes, da academia que imaginamos para adiar o suposto
fim do mundo planejado para as universidades quando a falta de financiamento para as
pesquisas com esses temas, deslegitimando-os (PARAÍSO, 2019) tornam-se uma constante
em nosso cotidiano.
Portanto, falar sobre como as normas de gênero continuam sendo produzidas e, ao
mesmo tempo, como as resistências explodem, burlam, perfuram os espaços normativos nos
parece necessário diante de tantos retrocessos sobre nossos estudos. Trata-se aqui como nos
Danilo Araujo de OLIVEIRA; Anderson FERRARI; Marcos Lopes de SOUZA e Paula Regina Costa RIBEIRO
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 18, n. esp. 1, e023011, 2023. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v24iesp.1.18178 13
chamou atenção Paraíso (2019) de uma disputa sobre o que é conhecimento, e também de
talvez tentar convencer acerca do básico já tão discutido por nós.
Concomitante com esse trabalho, outras disputas em nossos campos do
conhecimento que precisam ser igualmente travadas. A primeira é essa que anteriormente
falávamos de ampliar sobre o que podemos pesquisar a partir da perspectiva queer nos
campos da educação e do currículo? Queerizar o currículo e educação demanda um certo
posicionamento de ousadia para reclamar para nós ampliação de temáticas que são
historicamente designadas como de outros campos. Campos esses que podem ser legitimados
por produzirem exatamente uma perspectiva normalizadora dos corpos, dos desejos e da vida.
Impedindo, assim, que se pense outras perspectivas e modos de pesquisar e problematizar os
objetos.
Por fim, ainda que se considerar as provocações lançadas pelo Ranniery (2022, p.
33):
Que queer pode ser reconhecido através dos currículos? Que queeridade
emerge dos currículos? E se não for, ou não somente for, sinônimo de corpo
estranho, como evocado por Louro (2004) e depender da deriva que Louro
(2010) em outro texto, da quebra, de um rumor delicado, de um barulho ou
de som ao redor? E se nem mesmo se deixar se circunscrever neste estranho
abjeto e evocar mais uma desorientação, um barulho ou uma perturbação,
um delicado ou tênue, mas murmurante movimento?
As problematizações lançadas pelo autor são apresentadas em formato de inquietações
que são mais tomadas como um amontoado de notas. Justapostas às nossas aqui. Queremos,
assim, trazê-las para adensar à nossa pergunta principal: Sobre o queer podemos pesquisar em
Currículo e Educação?
No que se refere à relação entre currículo, gênero e sexualidade, pode-se, segundo o
autor, agrupar as pesquisas em dois lados: aquelas que compreendem o queer como crítica da
normalização (MISKOLCI, 2009) e aquelas que fazem uma adesão, por vezes, celebratória às
experiências de transgressão, subversão e insurgência de gênero e sexualidade. Esse modo de
funcionamento das investigações no campo curricular parece não corroborar para “converter
currículo em outro nome para normatividade, poder, hegemonia ou território de disputa”
(MISKOLCI, 2009, p. 31). As problematizações vão em direção de querer pensar, inspirado
em Miller (2014), experiências educacionais bagunçadas, imprevisíveis, imensuráveis,
impossíveis de conter, parcialmente incoerentes, impossíveis de ser inteiramente conhecidas.
Sobre o queer podemos pesquisar em currículo e educação? Notas sobre expansões, obstáculos e imaginações
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 24, n. esp. 1, e023011, 2023. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v24iesp.1.18178 14
Do contrário, corremos o risco de estarmos diante de uma “ossificação imaginativa do
que currículo poderia ser” (RANNIERY, 2022, p. 31), dada também pelo que ele chama de
insistência em tomar os outros como objeto de estudo. Isso parece não dar descanso aos
corpos que ora são criados pelas normas ora sucumbem a elas. O que nos faz querer
“encontrar objetos queer saltando diante das normas e de ceder a expropriação extrativista da
diferença” (RANNIERY, 2022, p. 31). Por isso, o autor pergunta sobre o que pode fazer as
imagens de pensamento de currículo que carregamos conosco e a conceitos que tanto
valorizamos se não quiser saber como as normas os fazem ou que as normas fazem como eles
(os outros) e conosco.
Expandindo seu pensamento, Ranniery pensa o queer de outros modos próximos,
vejamos:
[...] queer importa como um movimento de torção transversal, uma
plataforma de imaginação para turbilhonar a teorização curricular porque
importa a geração de histórias cacofônicas, delicadamente barulhentas e
bagunçadas, que afetam aquilo que conceituamos por currículo
(RANNIERY, 2022, p. 34).
Queer trata menos de uma analítica da normatividade levada à cabo pelos
currículos do que uma rica plataforma de fabulação de imagens e discursos,
conceitos e sínteses heterogêneas e que, não raras as vezes, nossa ocupação
com a ‘vida’ tende a ignorar solenemente (RANNIERY, 2022, p. 38).
Pensar o queer desta maneira envolve, segundo ele, “perturbar a teoria para que se
livre de imagens conceituais legadas, quer pela sociologia do conhecimento escolar, quer
mesmo pela virada cultural” (RANNIERY, 2022, p. 32). Como se livrar das gramáticas e
narrativas que produzem nosso olhar sobre a vida e os currículos é uma pergunta e modo de
vida que nos parece atrativo, interessante e necessário para dizer de algum modo que
morremos no passado, que hoje não vão nos matar e que queremos adiar o fim do mundo.
Fazer isso porque queremos fazer da vida, da educação e dos currículos como obra de arte,
como estética da existência. Mas, talvez, para isso não haja uma linha evolutiva entre de um
lado ou no passado esteja a crítica da normalidade e a celebração das resistências e de outro
esse barulho, essa bagunça, essas torções.
Não uma história linear, ela é feita de descontinuidades como nos ensina Foucault.
Talvez a teoria queer seja assim também. Os retrocessos e os avanços da extrema direita sobre
o território curricular e sobre a educação reiteram essa necessidade de reafirmar o que,
durante muito tempo, nos parecia o óbvio. Por isso mesmo, continuar retomando o queer
como analítica do funcionamento das normas seja necessário, mas sem deixar de pensar nas
Danilo Araujo de OLIVEIRA; Anderson FERRARI; Marcos Lopes de SOUZA e Paula Regina Costa RIBEIRO
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 18, n. esp. 1, e023011, 2023. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v24iesp.1.18178 15
possibilidades imaginativas de constituir e pesquisar tantos outros objetos que baguncem,
barulhem e estremeçam os campos epistemológicos e metodológicos.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA JUNIOR, W. N. Palavras dissidentes: a exposição ao HIV/aids no discurso de
um blog de Barebacking Sex direcionado a homens que tem sexo com outros homens. 2017.
115 f. Dissertação (Mestrado em Saúde Coletiva) Universidade Federal de São Paulo, São
Paulo, 2017.
AMARAL, M. L. S. Impulso sexual excessivo e comportamento barebackingem homens
que fazem sexo com homens. 2014. 99 f. Dissertação (Mestrado em Ciências)
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2014.
BUTLER, J. Corpos em aliança e a política das ruas: notas para uma teoria performativa de
assembleia. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2018.
COLLING, L. (org.). Dissidências sexuais e de gênero. Salvador: EDUFBA, 2016.
COUTO JUNIOR, D. R.; POCAHY, F. A. Dissidências epistemológicas à brasileira: uma
cartografia das teorizações queer na pesquisa em educação. Revista Inter-Ação, Goiânia, v.
42, n. 3, p. 608-631, set./dez. 2017. Disponível em:
https://revistas.ufg.br/interacao/article/view/48905. Acesso em: 23 jun. 2022.
DEAN, T. Unlimited intimacy: reflection on the subculture of barebacking. London: The
University of Chicago Press, 2009.
FELBERG, E. Bareback: reflexões sobre a normalização das condutas sexuais. 2011. 110 f.
Dissertação (Mestrado em Saúde Coletiva) Instituto de Medicina Social, Universidade do
Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2011.
FERRARI, A. Revisando o passado e construindo o presente: o movimento gay como espaço
educativo. Revista Brasileira de Educação, p. 105-115, 2004.
FOUCAULT, M. Ditos e escritos IV: estratégia, poder-saber. Rio de Janeiro: Forense
Universitária, 2015.
FOUCAULT, M. Ditos e Escritos V: Ética, Sexualidade, Política. Rio de Janeiro: Forense,
2017.
GRETEMAN A. J. Raw Education: PrEP and the Ethics of Updating Sexual Education. In:
VARGHESE, R. (org.). RAW: PrEP, Pedagogy, and Politics of Barebacking. Canada:
University of Regine Press, 2019.
HAIG, T. Bareback Sex: Masculinity, Silence, and the Dilemmas of Gay Health. Canadian
journal of Communication, Montreal, v. 3 n. 1, p. 859-877, 2006.
Sobre o queer podemos pesquisar em currículo e educação? Notas sobre expansões, obstáculos e imaginações
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 24, n. esp. 1, e023011, 2023. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v24iesp.1.18178 16
HALPERIN, D. M. What Do Gay Men Want? An Essay on Sex, Risk, and Subjectivity.
Ann Arbor: University of Michigan Press, 2007.
JESUS, J. G. As guerras de pensamento não ocorrerão nas universidades. In: COLLING, L.
(org.). Dissidências sexuais e de gênero. Salvador: EDUFBA, 2016.
LARROSA, J. Tecnologias do Eu e Educação. In: SILVA, T. T. (org.). O sujeito da
educação: estudos foucaultianos. 2 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1994.
LOURO, G. L. Um corpo estranho: ensaios sobre sexualidade e teoria queer. Belo
Horizonte: Autentica, 2004
MARZULLO, L.; COUTO, M.; RIOS, T. Parlamentares ferem leis e atacam comunidade
LGBTQIAP+ com projetos feitos para virilizar nas redes sociais. Portal Viu, 2023.
Disponível em: https://www.portalviu.com.br/brasil/parlamentares-ferem-leis-e-atacam-
comunidade-lgbtqiap. Acesso em: 30 mar. 2023.
MILLER, J. Teorização do Currículo como antídoto contra a cultura da tes-tagem. e-
curriculum, v. 12, n. 3, p. 2043-63, 2014.
MISKOLCI, R. A Teoria Queer e a Sociologia: o desafio de uma analítica da normalização.
Sociologias, v. 11, n. 21, p. 150-182, 2009.
MISKOLCI, R. Teoria Queer: um aprendizado pelas diferenças. Belo Horizonte: Autêntica,
2015.
OLIVEIRA, D. A. “Cavalgar sem sela”: ensinamentos, demandas e incitações do currículo
bareback em oposição às normas do uso do preservativo. 2021. Tese (Doutorado em
Educação) Universidade Federal de Minas Gerais, 2021.
OLIVEIRA, D. A.; FERRARI, A. “No meu tempo, [...] haveria um respeito ao sexo e ao
gênero das pessoas”: Reiterações das normas de gênero e da heteronormatividade no currículo
escolar. Revista Linhas. Florianópolis, v. 22, n. 48, p. 194-220, 2021. Disponível em:
https://www.revistas.udesc.br/index.php/linhas/article/download/18098/12841/74138. Acesso
em: 23 jun. 2022.
PARAÍSO, M. A. Currículo e formação profissional em lazer. In: ISAYAMA, H. F. (org.).
Lazer em estudo: Currículo e Formação Profissional. Campinas, SP: Papirus, 2010.
PARAÍSO, M. A. O currículo entre o que fizeram e o que queremos fazer de nós mesmos:
efeitos das disputas entre conhecimentos e opiniões. Revista e-curriculum, v. 17, n. 4, p.
1414-1435, 2019. Disponível em:
https://revistas.pucsp.br/index.php/curriculum/article/view/45925. Acesso em: 18 jun. 2022.
PAULA, P. S. R. Barebacking sex: discursividades na mídia impressa brasileira e na
internet. 2009. 210 f. Dissertação (Mestrado em Psicologia) Centro de Filosofia e Ciências
Humanas, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2009.
PINAR, W. Estudos curriculares: ensaios selecionados. São Paulo: Cortez, 2016.
Danilo Araujo de OLIVEIRA; Anderson FERRARI; Marcos Lopes de SOUZA e Paula Regina Costa RIBEIRO
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 18, n. esp. 1, e023011, 2023. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v24iesp.1.18178 17
PRADO, V. M.; ALTMANN, H. Problematizações sobre acesso e permanência deestudantes
LGBTQIA+ na universidade pública:apontamentos sobre produções acadêmicas. Revista
Brasileira de Política e Administração da Educação, v. 39, n. 1, e118646, 2023. Disponível
em: https://seer.ufrgs.br/index.php/rbpae/article/view/118646/88122. Acesso em: 20 jun.
2022.
PRINS, B.; MEIJER, I. C. Como os corpos se tornam matéria: entrevista com Judith Butler.
Revista Estudos Feministas, v. 10, n. 1, p. 155167, jan. 2002. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/ref/a/vy83qbL5HHNKdzQj7PXDdJt/?lang=pt. Acesso em: 18 jun.
2022.
RANNIERY, T. Ecoar o Possível: do currículo queer a queerização da teoria de currículo.
Aceno. Revista de Antropologia do Centro-Oeste, v. 9, n. 21, p. 27-44, 2022. Disponível
em: https://periodicoscientificos.ufmt.br/ojs/index.php/aceno/article/view/13766. Acesso em:
08 jun. 2022.
SANTOS, K. R. Risco e Barebacking: reflexões. 2018. 168 f. Tese (Doutorado em Ciências)
Instituto de Psicologia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2018.
SANTOS, L. Educação e pesquisa de práticas sexuais de risco (Barebacking sex). In: RIOS,
L.; ALMEIDA, V.; PARKER, R.; PIMENTA, C.; TERTO JR, V. (org.). Homossexualidade:
produção cultural, cidadania e saúde. Rio de Janeiro: ABIA, 2004.
SILVA, L. A. V. Desejo à flor da tel@: a relação entre risco e prazer nas práticas de
barebacking. 2008. 197 f. Tese (Doutorado em Saúde Coletiva) Instituto de Saúde Coletiva,
Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2008.
Sobre o queer podemos pesquisar em currículo e educação? Notas sobre expansões, obstáculos e imaginações
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 24, n. esp. 1, e023011, 2023. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v24iesp.1.18178 18
CRediT Author Statement
Reconhecimentos: Não aplicável.
Financiamento: Não aplicável.
Conflitos de interesse: Não há conflitos de interesse.
Aprovação ética: Por se tratar de um estudo de revisão de literatura, não houve
necessidade de apreciação ética.
Disponibilidade de dados e material: Os dados e materiais utilizados no trabalho estão
disponíveis para acesso, sob solicitação com justificativa pertinente e razoável.
Contribuições dos autores: Os autores/a autora foram responsáveis pela elaboração e
execução da pesquisa, análise e discussão dos resultados, bem como pela redação e
revisão final do texto.
Processamento e editoração: Editora Ibero-Americana de Educação.
Revisão, formatação, normalização e tradução.
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 24, n. esp. 1, e023011, 2023. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v24iesp.1.18178 1
ABOUT QUEER: WHAT CAN WE RESEARCH IN CURRICULUM AND
EDUCATION? NOTES ON EXPANSIONS, OBSTACLES AND IMAGINATIONS
SOBRE O QUEER PODEMOS PESQUISAR EM CURRÍCULO E EDUCAÇÃO? NOTAS
SOBRE EXPANSÕES, OBSTÁCULOS E IMAGINAÇÕES
¿SOBRE QUEER PODEMOS INVESTIGAR EN CURRÍCULO Y EDUCACIÓN? NOTAS
SOBRE EXPANSIONES, OBSTÁCULOS E IMAGINACIONES
Danilo Araujo de OLIVEIRA1
e-mail: oliveira.danilo@ufma.br
Anderson FERRARI2
e-mail: anderson.ferrari@ufjf.br
Marcos Lopes de SOUZA3
e-mail: markuslopessouza@gmail.com
Paula Regina Costa RIBEIRO4
e-mail: priribeiro.furg@gmail.com
How to reference this article:
OLIVEIRA, Danilo Araujo de; FERRARI, Anderson.
SOUZA, Marcos Lopes de; RIBEIRO, Paula Regina Costa
About queer: What can we research in curriculum and
education? Notes on expansions, obstacles and imaginations.
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 24, n. esp.
1, e023011, 2023. e-ISSN: 2594-8385. DOI:
https://doi.org/10.30715/doxa.v24iesp.1.18178
| Submitted: 15/02/2023
| Revisions required: 22/04/2023
| Approved: 11/06/2023
| Published: 01/08/2023
Editor:
Prof. Dr. Paulo Rennes Marçal Ribeiro
Deputy Executive Editor:
Prof. Dr. José Anderson Santos Cruz
Federal University of Maranhão (UFMA), São Luís MA Brazil. Assistant Professor. Doctorate in Education
(UFMG).
Federal University of Juiz de Fora (UFJF), Juiz de Fora MA Brazil. Associate Professor. Doctorate in
Education (UNICAMP). Post-Doctorate (UB-Spain).
State University of Southwest Bahia (UESB), Jequié BA Brazil. Full Professor at the Department of
Biological Sciences (DCB). Doctorate in Education (UFSCAR). Post-Doctorate (UFJF).
Federal University of Rio Grande (FURG), Rio Grande RS Brazil. Full Professor at the Institute of Education
and professor at the Graduate Program: Science Education. PhD in Biological Sciences (UFRGS). Post-Doctorate
(ESEC-Portugal).
About queer: What can we research in curriculum and education? Notes on expansions, obstacles and imaginations
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 24, n. esp. 1, e023011, 2023. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v24iesp.1.18178 2
ABSTRACT: This article thinks about and discusses the expansions, obstacles and
imaginations of queer theory in the present to problematize what queer we can research in
curriculum and education in Brazil. We consider that queer, as an analytic of normalization, is
a tool that we cannot give up to think about the effects of norms in the lives of many people
that demand even more expansions in many territories, whether physical and/or conceptual; we
argue that there are still obstacles in researching some queer themes from education and the
curriculum because some areas are legitimized to do so; we agree that there are still
imaginations to come that tension, expand and can make us think of the world beyond the norms
and that existence is fabled in its broadest sense.
KEYWORDS: Queer. Curriculum. Education. Search.
RESUMO: Esse artigo pensa e discute as expansões, os obstáculos e as imaginações da teoria
queer no presente para problematizar sobre o que podemos pesquisar em currículo e educação
no Brasil. Consideramos que o queer, como analítica da normalização, seja uma ferramenta
de que não podemos abrir mão para pensar os efeitos das normas nas vidas de muitas pessoas
que demandam ainda mais expansões em territórios, sejam físicos e/ou conceituais;
defendemos que há, ainda, obstáculos em pesquisar algumas temáticas queer desde a educação
e o currículo, porque algumas áreas são legitimadas para tal; concordamos que
imaginações porvir que tensionem, ampliem e possam nos fazer pensar o mundo para além das
normas e que se fabule a existência em seu sentido amplo.
PALAVRAS-CHAVE: Queer. Currículo. Educação. Pesquisa.
RESUMEN: Este artículo reflexiona y discute las expansiones, los obstáculos y las
imaginaciones de la teoría queer en el presente para problematizar lo queer que podemos
investigar en el currículo y la educación en Brasil. Consideramos que lo queer, como analítica
de la normalización, es una herramienta a la que no podemos renunciar para pensar los efectos
de las normas en la vida de muchas personas que exigen aún más expansiones en muchos
territorios, ya sean físicos y/o conceptuales; argumentamos que aún existen obstáculos para
investigar algunos temas queer desde la educación y el currículo porque algunas áreas están
legitimadas para hacerlo; coincidimos en que aún quedan imaginaciones por venir que se
tensionan, expanden y pueden hacernos pensar en el mundo más allá de las normas y que la
existencia es fabulosa en su sentido más amplio.
PALABRAS CLAVE: Queer. Plan de estudios. Educación. Buscar.
Danilo Araujo de OLIVEIRA; Anderson FERRARI; Marcos Lopes de SOUZA and Paula Regina Costa RIBEIRO
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 18, n. esp. 1, e023011, 2023. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v24iesp.1.18178 3
Introduction
For some time now, we have noticed a change in our undergraduate classes. Working
in public universities that build and defend public policies for admission and permanence of
historically marginalized social groups, we have noticed the arrival of people who, with their
bodies and their belongings, put tension in the curriculum and education. They stress the
University in general. People who identify themselves as belonging to the LGBTTQIA+
community (lesbians, gays, bisexuals, transvestites, transgenders, queer, intersexual, asexual
and other minority groups of gender and sexuality), who place themselves based on this
belonging, who question the knowledge and relationships of power and that propose other ways
of knowing, researching, teaching and learning. They are the condition for the possibility of
what we are calling expansions. In plural. They speak of expansions.
One of these expansions concerns the relationship between school education and the
university. Vagner Prado and Helena Altmann (2023), when analyzing the processes of access
and permanence of LGBTTQIA+ people in higher education, draw attention to a gear that
begins in school. The authors recognize that the school is still a space that institutes prejudice,
discrimination and violence. These practices expel LGBTTQIA+ people from schools and,
thus, make it impossible to enter higher education.
However, there is also recognition that this situation has changed
and made it possible
for these students to enter universities, highlighting other challenges, such as permanence and
completion of the course, in addition to entering postgraduate programs.
Expansion, in this case, does not only speak of the physical presence of bodies that
shuffle and place under suspicion the constructions of genders and sexualities, but also that they
introduce new themes, theoretical perspectives and power-knowledge relations that have led to
a curricular revision and policies, an innovation in research and, above all, production and the
critical relationship with knowledge. These people and their existential, political and academic
engagements invite us to “produce a shift in curricular thinking from and not towards our
marks of gender and sexuality” (RANNIERY, 2022, p. 32, our translation).
Entering the university and transforming it from the inside is also a political strategy to
subvert the canonical knowledge that was constituted through a Eurocentric, androcentric and
LGBTTQIA+phobic thinking that, many times, disregarded the insubordinate knowledge,
constructed by us, those on the margins, those read as non-intellectuals. Therefore, the entry
By the year 2022, 25 Brazilian federal universities with quotas for trans students, whether undergraduate or
graduate, were mapped.
About queer: What can we research in curriculum and education? Notes on expansions, obstacles and imaginations
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 24, n. esp. 1, e023011, 2023. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v24iesp.1.18178 4
and permanence of LGBTTQIA+ in universities, not only as students, but also as professors, is
to provoke this production of knowledge and guarantee our protagonism, beyond what has
already been said about us, without us (JESUS, 2016).
We can assume that this expansion of the presence of LGBTTQIA+ people, both in
schools and universities, precedes quota policies. It is an effect of a movement that began with
redemocratization, called the Gay Movement at that time, and which will invest in
deconstructing negative images of sexual diversity, as well as building more positive images,
which involved discussion in the field of education. In other works (FERRARI, 2004;
OLIVEIRA; FERRARI, 2021), we have already had the opportunity to discuss the investment
of social movements and public policies arising from their struggles, which has implied the
field of education. These organizations and actions have expanded discussions around
curriculum and education and have caused obstacles as a reaction.
In March of this year, the month that celebrates International Women's Day, federal
deputy Nikolas Ferreira (PL-MG) wore a blonde wig to attack the LGBTTQIA+ community.
Far from being an isolated reaction, this attitude can be understood as a recurrent strategy
among parliamentarians as a way of mobilizing conservative militancy, mainly on social media,
and attacking the community's advances. In a report in the same month, the newspaper O Globo
identified 68 proposals being processed in Congress, in the Brazilian states and municipalities,
with the purpose of attacking and diminishing rights, reproducing prejudices and intolerances
(MARZULLO; COUTO; RIOS, 2023). Obstacles that seek to stop the expansion and
achievements of the LGBTTQIA+ community, establishing a scenario of dispute and
confrontation that invites us to imagination and invention. Expansions, obstacles and
imaginations are part of the same game. The knowledge-power game identified by Michel
Foucault (2015) as a relationship that has truth effects.
Our intention with the design of this current problematic field around issues of gender,
sexuality and education is not to remain in the observation, but rather to propose inventive
resistances in the curriculum field. Bringing some of these inventive resistances to think about
their challenges and potential for the curriculum based on queer theory. This is because there
is a need to think and problematize these experiences as a provocation: what queer can we
research in Curriculum and Education?
Searching for what would be the origin of queer theory, Richard Miskolci (2015)
reminds us that “queer is a curse word, it's a bad word in English” (MISKOLCI, 2015, p. 24,
our translation). More than that, queer is linked to the idea of abjection, as “a space to which
Danilo Araujo de OLIVEIRA; Anderson FERRARI; Marcos Lopes de SOUZA and Paula Regina Costa RIBEIRO
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 18, n. esp. 1, e023011, 2023. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v24iesp.1.18178 5
the community tends to relegate those it considers a threat to its proper functioning, to the social
and political order” (MISKOLCI, 2015, p. 24, our translation).
With this, the author states that queer is not a defense of homosexuality. It is a reaction,
a resistance, a refusal of the moral values and violence that establish the abject and that make
us question the boundaries between what is considered acceptable and what is relegated to
humiliation. In an interview with Butler, she points out that the abject “[...] is by no means
restricted to sex and heteronormativity. It relates to all kinds of bodies whose lives are not
considered 'lives' and whose materiality is understood as 'not important'” (PRINS; MEIJER,
2002, p. 161, our translation). As a theory, queer is marked by the critique of heteronormativity
and the questioning of academic canons. Our argument, therefore, is that queerness provokes
the curriculum as it institutes new ways of thinking and producing research and subjects.
To develop this argument, we have organized this article into two sections. In the first
one Expanding the meanings of education and curriculum we will argue that these expansion
movements and obstacles have contributed to us working with other understandings of
education and curriculum beyond what happens in school. In the second Imagining and
inventing a queer subject we will problematize research and its contributions to a curriculum.
Expanding the meanings of education and curriculum
The post-critical theories brought significant changes to the fields of education and the
curriculum, provided, above all, by the problematization and expansion of the concepts that
constitute these fields. The concept of education is no longer understood as strictly linked to
the processes that are triggered in and by the school or in formal or institutionalized educational
spaces. Curriculum, in turn, is not understood only as a set of academic or school disciplines or
even as a program instituted with an objective to follow to form a group of students.
Inspired by Michel Foucault, the concept of education now includes various practices
“in which experiences that people have of themselves are produced or transformed
(LARROSA, 1994, p. 35, our translation). Thus, when observing these practices, “the important
thing is not that one learns something 'external', a body of knowledge, but that one elaborates
or re-elaborates some form of reflexive relationship of [the] 'educator' with himself]”
(LARROSA, 1994, p. 34, our translation). In other words, the concept of education becomes
intertwined with Foucault's perspective of subjectivation processes, that is, with the different
ways in which individuals become subjects. Education is, therefore, a discursive practice with
About queer: What can we research in curriculum and education? Notes on expansions, obstacles and imaginations
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 24, n. esp. 1, e023011, 2023. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v24iesp.1.18178 6
the objective of “producing and mediating certain 'forms of subjectivation'” (LARROSA, 1994,
p. 51, our translation).
Similarly, considering these aspects, the concept of curriculum “is seen in its
relationship with culture” (PARAÍSO, 2010, p. 33, our translation). The curriculum is thus
understood as a “cultural practice that disseminates and produces meanings about the world and
things in the world (PARAÍSO, 2010, p. 33, our translation). These meanings constitute
knowledge to be taught that affect the fabrication of subjects. The curriculum, therefore, is not
seen only at school and in classrooms, but materializing in “libraries, museums, in political
pedagogical proposals, in different formations, in educational research, on the internet, in
games, in the media, in cinema, in music, in culture, in everyday life.” (PARAÍSO, 2010, p. 37,
our translation).
The broadening of the concepts of education and curriculum also expanded the
possibilities of research in the curriculum field, creating different textures. Several studies have
been carried out based on the understandings undertaken at the time. With regard to the
overlapping, connections and frictions of queer theory with these fields, we can say that they
are varied. A quick search using the keywords “queer” and education” in the Brazilian Digital
Library of Theses and Dissertations, in the year 2023, points to 1,089 search results; for “queer”
and “curriculum” there are 307 results. We could also mention here the multiple events and
dossiers in various journals that articulate queer theory, education and curriculum.
With the purpose of mapping the effects of queer theorizations for the construction of
knowledge in the field of research on gender, sexuality and education in Brazil, Couto Junior
and Pocahy (2017) realized the purpose of many researchers in decolonizing the queer,
(re)inventing it, according to the Brazilian context. These authors have identified (re)readings
of queer theory that spill over into education, such as, curricula decoying, queer curriculum,
queer pathway(s), queer pedagogy, queer-research, wayward child, send down and among
others, recognizing the power of these epistemologies as open, uncertain, conflicting
perspectives that can be recreated, according to the specific context. Couto Junior and Pocahy
(2017) also noticed the desire of these researchers to challenge the pedagogies of bodies,
genders and sexualities based on cisgender-heteronormative thinking.
In any case, if we were talking about the broadening possibilities that the broadening of
the concept of curriculum and education provoked in order to expand research possibilities, if
queer theory was mobilized, the conquests of investigative territories may have achieved varied
successes. This is because, adding to the fact that queer studies have offered significant
Danilo Araujo de OLIVEIRA; Anderson FERRARI; Marcos Lopes de SOUZA and Paula Regina Costa RIBEIRO
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 18, n. esp. 1, e023011, 2023. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v24iesp.1.18178 7
contributions to gender studies” (COLLING, 2016, p. 13, our translation), we can say that the
strange, the ridiculous, the eccentric, the rare and the extraordinary could be thought of,
problematized and discussed as research topics. But if this seems, in some way, to be positive
so that we can see many problems and research topics from the educational and curricular field,
it seems to us that there remains a need to mobilize discussions about our scale of appreciation
of the various researches that are developed in these fields.
While some appear to be serious and committed, others are objects of devaluation,
viewed perhaps with some distrust within the academic environment itself, in which we should
perhaps question ourselves about the understanding of science that, traditionally, points to the
production of neutral knowledge, disembodied, scientific knowledge being managed by merit,
represented by an androcentric, heterosexual, white system. Since in a large society we have
expressions of mockery from some titles of dissertations and theses that circulate on the
internet.
By way of example, or even as a motto, we want to mobilize the theme of bareback
sexual practice, still little explored in the educational and curricular field. This is the intentional
sexual practice, typical of men who have sex with men
(MSM), of not using condoms during
sex with occasional and/or anonymous partners, constituting a practice of premeditation and
eroticization of anal sex without a condom (DEAN, 2009; HAIG, 2006). This practice has
aroused interest from various fields.
It is observed that, in general, the studies were linked to each other, as they were
developed in the fields of health, medicine and psychology (FELBERG, 2011; PAULA, 2009;
AMARAL, 2014; SANTOS, 2018; ALMEIDA JUNIOR, 2017; SILVA, 2008). In the field of
education, much less in the curriculum field, research on bareback practice was not found until
the year 2021
. We think that the fact that the first researches in Brazil about the practice were
inscribed in these fields of research is a discursive effect of the “medical and forensic treatment
of homosexuality” (HALPERIN, 2007, p. 2, our translation).
We cannot forget that, for more than a century, “psychology and psychoanalysis
provided the main means of access to the imagined truth of human subjectivity” (HALPERIN,
2007, p. 2, our translation). As defended by Halperin (2007), when making these reflections, it
This term will be used here, since “some married men [to women] and other ostensibly heterosexual men regularly
participate in same-sex casual erotic activities without considering themselves gay” (DEAN, 2009, p. 11), as well
as with bareback practice.
The reflections made here, therefore, do not consider the thesis produced in the educational and curricular field
in 2021 and the articles derived from it. To consult the thesis, see: Oliveira (2021).
About queer: What can we research in curriculum and education? Notes on expansions, obstacles and imaginations
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 24, n. esp. 1, e023011, 2023. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v24iesp.1.18178 8
is not about refuting or rejecting psi and medical discourses, nor condemning or demonizing
them, even because, within these discourses, there are affirmations that subjectivity itself is a
potential site of political resistance. It is, moreover, a way of problematizing “the style of
thinking that understands the person in terms of individual interiority and judges’ subjective
life according to a normative standard of healthy functioning” (HALPERIN, 2007, p. 9, our
translation).
Prompted by the fact that there is only research in the field of health, medicine and
psychology, we expanded the search to also include scientific articles. Searching the Google
Scholar website
, we located initially only one article in Portuguese
that discusses bareback in
conjunction with education. Something that brings us closer, therefore, to a proposition raised
by Greteman (2019, p. 242, our translation) that “the subject of barebacking in educational
discourses is limited, but it is emerging in the continuous work of updating our sexual
education”. In this way, the author instigates researchers in education to problematize “with
care the perverse practices that arise and the challenges of being considered a 'perverse' subject
that disturbs the productive and reproductive understandings of becoming a subject”
(GRETEMAN, 2019, p. 244, our translation).
The author also points out that, as conditions have changed around “HIV/AIDS, sex
education and the inclusion of (some) queers in the curriculum”, the bareback practice and its
practitioners can provide “ways of investigating the strangeness that hinder the conception of
human life imagined by educational discourses to involve non-humans and its impact on the
way subjects come to be seen, recognized and understood” (GRETEMAN, 2019, p. 244, our
translation). Another author points out that “the problems [of bareback practice] raised exceed
those of HIV prevention and the history of gay male identity” (DEAN, 2009, p. 3, our
translation).
By inscribing and problematizing this practice from a post-critical curricular
perspective, one faces the challenges and gaps then posed by the absence of research in the
educational field and the curriculum, at the same time, by the series of problems that exceed
the themes cited by Dean (2009). Evidently, this article does not completely fill this gap, nor
does it account for all the problems raised by the author, but it is an important step in claiming,
We chose to carry out the search on this site because it covers a variety of sites, including international ones,
which allowed us to locate this text in English. Available at: www.scholargoogle.com.br. Accessed on: 27 Dec.
2020.
The text is by the author Santos (2004).
Danilo Araujo de OLIVEIRA; Anderson FERRARI; Marcos Lopes de SOUZA and Paula Regina Costa RIBEIRO
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 18, n. esp. 1, e023011, 2023. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v24iesp.1.18178 9
for the curricular field, problematizations about the modes of production of truth and
constitution of the subject that occur in from bareback speech.
We therefore understand that the problematizations we seek to make in this article are
“less a matter of coming up with new theories of sexuality than mobilizing queer possibilities
of imagining and representing subjective sexual life” (HALPERIN, 2007, p. 9, our translation).
We want to problematize the regimes of truth that impose what can be said and thought and
who is authorized to speak about certain topics. Thus, speaking of bareback practice in the field
of education and curriculum speaks of an effort to look for “other ways of being able to talk
about ourselves, about our experiences, about our emotions and, in particular, about the
subjective life of sex and sexuality.” (HALPERIN, 2007, p. 10, our translation).
In a more recent text, Greteman (2019) increases his thinking on the issues raised in the
previous paragraph. He explores what can be learned about medicine, technology and health
education from bareback practice. “In an era of pre-exposure prophylaxis and the ongoing
struggles facing people living with HIV/AIDS globally, how does education grapple with and
advance new knowledge about sexual practices and sexual issues?”
(GRETEMAN, 2019, p.
213, our translation). Somehow, the author instigates us to expand our analysis and research in
the educational field on sexual practices and issues, considering the political, medical and
scientific advances that are taking place, as well as the challenges that emerging sexual practices
and issues can pose to the education. It also highlights the displacements that the bareback
practice has operated in the educational field, as it “disorientates the established sex education
centered on safety and risk mitigation.” (GRETEMAN, 2019, p. 237, our translation). However,
when making these problematizations, he still emphasizes that “it is less a question of approving
or disapproving certain sexual practices” (GRETEMAN, 2019, p. 238, our translation). It is
more of a questioning exercise, as Foucault (2017, p. 225) taught us, that is, “taking distance
from this way of doing or reacting, and taking it [the conduct] as an object of analysis. thought
and interrogate it about its meaning, its conditions and its ends”.
Original in English.
About queer: What can we research in curriculum and education? Notes on expansions, obstacles and imaginations
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 24, n. esp. 1, e023011, 2023. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v24iesp.1.18178 10
Imagining and inventing (with) queer subjects
In the previous section, we directed our problematizations to affirm that the processes
of subjectivation are powers of political resistance. Subjects introduce inventions with their
existence, even in political moments of confrontation. These subjects and their inventive
existences arrive and are in universities, in such a way that the question that seems interesting
to us is how these existences can be potentiated when we think about the relationship between
curriculum, gender and sexuality in the contexts of knowledge, research and training?
We started the article by saying that we have noticed this movement in our classrooms.
This year, in the history teaching internship discipline, a person arrived who shuffled the genres.
Short in stature, she had the hallmarks of the feminine on her face: eyes lined with eyeliner,
colored eyeshadow and eyelash extensions. The hairless face showed care with makeup. On the
lips, a light lipstick, nothing exaggerated, but which contributed to compose the information of
a female face. Nails were always painted. The clothes varied, and on some days, she wore a
skirt with tights underneath, on others a feminine blouse over a second skin. The name, kept
masculine. A person who drew attention for this inventiveness and for a mobile and open body.
He was the representation of the construction of genres. When thinking about the
construction of genres, Louro (2008) will defend that there is a “continuous, repetitive and
endless pedagogical workthat is put into action in the bodies. But this does not mean a process
that is always conscious or carried out at random, much less at will. Even acting actively in
these constructions, subjects are not free from constraints, since it is cisgender-
heteronormativity that informs about the standards that must be followed, as well as guarding
the possibilities of resistance and inventive transgressions. Our student is a demonstration that
there are bodies that conform to the rules of gender and sexuality, as well as those that subvert
them. For a long time, gender issues thought of only two genders as antagonistic and
authoritarian possibilities. As if there were a border, in which each gender occupied one side of
it. More recently, research and subjects have been demonstrating that this frontier is not rigid,
that it can be crossed and that it can also be occupied. Occupying the border is also an
alternative.
The presence of bodies that inhabit the frontier provoked thought. In the case of a body
in an internship discipline, which presupposed going to school, he raised questions for the
discipline, the University and the curriculum. It is an “other” body, which, while dialoguing
with the normative, breaks with it. However, it is a body that is inserted in normative contexts,
such as the university and the school. In this sense, Thiago Ranniery (2022, p. 30) helps us to
Danilo Araujo de OLIVEIRA; Anderson FERRARI; Marcos Lopes de SOUZA and Paula Regina Costa RIBEIRO
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 18, n. esp. 1, e023011, 2023. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v24iesp.1.18178 11
think when he states that “these “others” are inserted in substantially normative contexts, they
are encompassed in a scenario that encapsulates the powers of horror in abjection, explains
them, when not, takes them as subjects of the spectacle”.
I am, therefore, defending an interest in knowing what these declared “others”
perhaps, because we grew up being these “others” do to the concept of
curriculum by placing “otherness as existing in a relational field for the self”
(MUÑOZ , 2006: 187), what do the images of curriculum thinking that we
carry with us and the concepts that are so dear to us, than in knowing how the
norms make them or what the norms do with them and with us (RANNIERY,
2022 , p. 32, our translation).
What do norms do to us? What do they do with the “others”? And how does that say
about the curriculum images we've taken to schools? The internship discipline is, perhaps, the
one that most makes the connection between the knowledge produced at the University and the
school. Male and female interns have a double job. On the one hand, thinking about how the
knowledge produced reverts into taught knowledge, inhabits training curricula and how it
arrives in schools. They are the ones who build bridges between universities and schools. On
the other hand, they are the ones who bring schools into the University and stress knowledge
from a reality that is constantly changing, especially with regard to gender and sexuality
relations. Modifications that question the curriculum.
The student who shuffles the genders would go to school. Her face was not made up,
nor was she wearing a skirt. The painted nails were the only reminder of that body that inhabited
the classroom at the University. From a body that shuffled genders, a normalized masculine
emerged. A transformation that makes us think of the question posed by Thiago Ranniery (2022,
p. 33). “Wouldn’t different circuits and curriculum landscapes have exactly this potential to
push the complicated conversations, reminds Pinar (2016), of curriculum theory with queer
theory in surprising directions, why do they disturb the taken-for-granted image of curriculum?”
The presence of that disassembled or assembled body in the masculine made us think that he
still couldn't see himself in any other way in the world.
Exploring the idea of the “not-yet” and its relationship with the queer political
imagination, Thiago Ranniery (2022), will defend a need for a little bit of the possible in order
not to suffocate. In this sense, queer could represent a desire, a will, a construct, a rupture in
the production of senses and meanings. It is an investment in other ways of being in the world,
a movement of resistance to orders and, thus, accepting what is not enough.
About queer: What can we research in curriculum and education? Notes on expansions, obstacles and imaginations
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 24, n. esp. 1, e023011, 2023. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v24iesp.1.18178 12
After obstacles, more obstacles and some more imaginations
The notes here enunciate, somehow, more concerns and desires for a future that we still
cannot define for sure. We start, therefore, with queer presences and dissident bodies and
desires in universities to say that they do not conform to hegemonic knowledge, since this
knowledge excludes and delegitimizes their lives and, for this very reason, demands the
production, profusion and spreading of other knowledges, which mobilize perspectives on
subjectivation processes that emerge from resistance and knowledge that affirm dissident lives
as possible to be lived.
Thus, the theoretical and methodological efforts and investments in universities, in
recent years, which go by the name of queer theory, are intertwined with these bodies and lives,
and one depends on the other to gain prominence, visibility, recognition, as Butler would say
(2018).
Queer theory is an embodied theory, which pulsates and lives in dissident bodies and
does not adhere to the many norms that have been assigned to us. Norms that not only say the
performativity of bodies, genders and sexualities, but also the performativity of the production
of knowledge, of the academy that we imagine to postpone the supposed end of the world
planned for universities when the lack of funding for the researches with these themes,
delegitimizing them (PARAÍSO, 2019) become a constant in our daily lives.
Therefore, talking about how gender norms continue to be produced and, at the same
time, how resistance explodes, circumvents, perforates normative spaces seems necessary in
the face of so many setbacks in our studies. This is, as Paraíso (2019) called our attention, a
dispute about what knowledge is, and also perhaps trying to convince about the basics already
much discussed by us.
Concomitant with this work, there are other disputes in our fields of knowledge that also
need to be fought. The first is the one that we previously talked about expanding on what can
we research from the queer perspective in the fields of education and curriculum? Queerizing
the curriculum and education demands a certain boldness to claim for us the expansion of
themes that are historically designated as belonging to other fields. Fields that can be
legitimized by producing exactly a normalizing perspective of bodies, desires and life. Thus,
preventing one from thinking about other perspectives and ways of researching and
problematizing the objects.
Finally, it is also necessary to consider the provocations launched by Ranniery (2022,
p. 33, our translation):
Danilo Araujo de OLIVEIRA; Anderson FERRARI; Marcos Lopes de SOUZA and Paula Regina Costa RIBEIRO
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 18, n. esp. 1, e023011, 2023. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v24iesp.1.18178 13
What queer can be recognized through curricula? What queerness emerges
from curricula? And if it is not, or is not only, synonymous with a foreign
body, as evoked by Louro (2004) and depends on the drift that Louro (2010)
in another text, the breakage, a delicate murmur, a noise or sound at the
around? And what if it doesn't even allow itself to be circumscribed in this
strange abject and evokes yet another disorientation, a noise or a disturbance,
a delicate or tenuous, but murmuring movement?
The problematizations launched by the author are presented in the form of concerns that
are more taken as a pile of notes. Juxtaposed with ours here. We want, therefore, to bring them
to deepen our main question: Can we research queer in Curriculum and Education?
With regard to the relationship between curriculum, gender and sexuality, according to
the author, research can be grouped into two sides: those that understand queer as a critique of
normalization (MISKOLCI, 2009) and those that adhere, for sometimes celebratory
experiences of transgression, subversion and insurgence of gender and sexuality. This mode of
operation of investigations in the curricular field does not seem to corroborate to “convert
curriculum into another name for normativity, power, hegemony or disputed territory”
(MISKOLCI, 2009, p. 31, our translation). The problematizations go towards wanting to think,
inspired by Miller (2014), messy educational experiences, unpredictable, immeasurable,
impossible to contain, partially incoherent, impossible to be fully known.
Otherwise, we run the risk of being faced with an “imaginative ossification of what the
curriculum could be” (RANNIERY, 2022, p. 31, our translation), also given by what he calls
the insistence on taking others as an object of study. This does not seem to give rest to bodies
that are either created by norms or succumb to them. What makes us want to “find queer objects
jumping before norms and giving in to the extractive expropriation of difference”
(RANNIERY, 2022, p. 31, our translation). For this reason, the author asks about what the
curriculum thinking images that we carry with us and the concepts that we value so much can
do if we do not want to know how norms make them or that norms make them (others) and us.
Expanding his thought, Ranniery thinks queer in other similar ways, see:
[...] queer matters as a transverse torsion movement, an imagination platform
to whirl curricular theorizing because it matters the generation of cacophonous
stories, delicately noisy and messy, that affect what we conceptualize as
curriculum (RANNIERY, 2022, p. 34, our translation).
Queer deals less with an analysis of the normativity carried out by the
curricula than with a rich platform for the fabrication of heterogeneous images
and discourses, concepts and syntheses that, not infrequently, our occupation
with 'life' tends to solemnly ignore (RANNIERY, 2022, p. 38, our translation).
About queer: What can we research in curriculum and education? Notes on expansions, obstacles and imaginations
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 24, n. esp. 1, e023011, 2023. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v24iesp.1.18178 14
Thinking queer in this way involves, according to him, “disturbing the theory so that it
gets rid of conceptual images bequeathed, either by the sociology of school knowledge, or even
by the cultural turn(RANNIERY, 2022, p. 32, our translation). How to get rid of the grammars
and narratives that produce our view of life and curricula is a question and way of life that
seems attractive, interesting and necessary to us in order to somehow say that we died in the
past, that today they are not going to kill us and that we want to postpone the end of the world.
Doing this because we want to make life, education and curricula a work of art, an aesthetic of
existence. But, perhaps, for this there is no evolutionary line between on one side or in the past
there is the critique of normality and the celebration of resistance and on the other this noise,
this mess, these twists.
There is no linear history, it is made of discontinuities as Foucault teaches us. Maybe
queer theory is like that too. The setbacks and advances of the extreme right on the curricular
territory and on education reiterate this need to reaffirm what, for a long time, already seemed
obvious to us. For this very reason, continuing to return to queer as an analysis of the
functioning of norms is necessary, but without neglecting to think about the imaginative
possibilities of constituting and researching so many other objects that mess up, make noise and
shake the epistemological and methodological fields.
REFERENCES
ALMEIDA JUNIOR, W. N. Palavras dissidentes: a exposição ao HIV/aids no discurso de
um blog de Barebacking Sex direcionado a homens que tem sexo com outros homens. 2017.
115 f. Dissertação (Mestrado em Saúde Coletiva) Universidade Federal de São Paulo, São
Paulo, 2017.
AMARAL, M. L. S. Impulso sexual excessivo e comportamento barebackingem homens
que fazem sexo com homens. 2014. 99 f. Dissertação (Mestrado em Ciências)
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2014.
BUTLER, J. Corpos em aliança e a política das ruas: notas para uma teoria performativa de
assembleia. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2018.
COLLING, L. (org.). Dissidências sexuais e de gênero. Salvador: EDUFBA, 2016.
COUTO JUNIOR, D. R.; POCAHY, F. A. Dissidências epistemológicas à brasileira: uma
cartografia das teorizações queer na pesquisa em educação. Revista Inter-Ação, Goiânia, v.
42, n. 3, p. 608-631, set./dez. 2017. Available at:
https://revistas.ufg.br/interacao/article/view/48905. Access: 23 June 2022.
Danilo Araujo de OLIVEIRA; Anderson FERRARI; Marcos Lopes de SOUZA and Paula Regina Costa RIBEIRO
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 18, n. esp. 1, e023011, 2023. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v24iesp.1.18178 15
DEAN, T. Unlimited intimacy: reflection on the subculture of barebacking. London: The
University of Chicago Press, 2009.
FELBERG, E. Bareback: reflexões sobre a normalização das condutas sexuais. 2011. 110 f.
Dissertação (Mestrado em Saúde Coletiva) Instituto de Medicina Social, Universidade do
Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2011.
FERRARI, A. Revisando o passado e construindo o presente: o movimento gay como espaço
educativo. Revista Brasileira de Educação, p. 105-115, 2004.
FOUCAULT, M. Ditos e escritos IV: estratégia, poder-saber. Rio de Janeiro: Forense
Universitária, 2015.
FOUCAULT, M. Ditos e Escritos V: Ética, Sexualidade, Política. Rio de Janeiro: Forense,
2017.
GRETEMAN A. J. Raw Education: PrEP and the Ethics of Updating Sexual Education. In:
VARGHESE, R. (org.). RAW: PrEP, Pedagogy, and Politics of Barebacking. Canada:
University of Regine Press, 2019.
HAIG, T. Bareback Sex: Masculinity, Silence, and the Dilemmas of Gay Health. Canadian
journal of Communication, Montreal, v. 3 n. 1, p. 859-877, 2006.
HALPERIN, D. M. What Do Gay Men Want? An Essay on Sex, Risk, and Subjectivity.
Ann Arbor: University of Michigan Press, 2007.
JESUS, J. G. As guerras de pensamento não ocorrerão nas universidades. In: COLLING, L.
(org.). Dissidências sexuais e de gênero. Salvador: EDUFBA, 2016.
LARROSA, J. Tecnologias do Eu e Educação. In: SILVA, T. T. (org.). O sujeito da
educação: estudos foucaultianos. 2. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1994.
LOURO, G. L. Um corpo estranho: ensaios sobre sexualidade e teoria queer. Belo Horizonte:
Autentica, 2004.
MARZULLO, L.; COUTO, M.; RIOS, T. Parlamentares ferem leis e atacam comunidade
LGBTQIAP+ com projetos feitos para virilizar nas redes sociais. Portal Viu, 2023. Available
at: https://www.portalviu.com.br/brasil/parlamentares-ferem-leis-e-atacam-comunidade-
lgbtqiap. Access: 30 Mar. 2023.
MILLER, J. Teorização do Currículo como antídoto contra a cultura da tes-tagem. e-
curriculum, v. 12, n. 3, p. 2043-63, 2014.
MISKOLCI, R. A Teoria Queer e a Sociologia: o desafio de uma analítica da normalização.
Sociologias, v. 11, n. 21, p. 150-182, 2009.
MISKOLCI, R. Teoria Queer: um aprendizado pelas diferenças. Belo Horizonte: Autêntica,
2015.
About queer: What can we research in curriculum and education? Notes on expansions, obstacles and imaginations
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 24, n. esp. 1, e023011, 2023. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v24iesp.1.18178 16
OLIVEIRA, D. A. “Cavalgar sem sela”: ensinamentos, demandas e incitações do currículo
bareback em oposição às normas do uso do preservativo. 2021. Tese (Doutorado em
Educação) Universidade Federal de Minas Gerais, 2021.
OLIVEIRA, D. A.; FERRARI, A. “No meu tempo, [...] haveria um respeito ao sexo e ao
gênero das pessoas”: Reiterações das normas de gênero e da heteronormatividade no currículo
escolar. Revista Linhas. Florianópolis, v. 22, n. 48, p. 194-220, 2021. Available at:
https://www.revistas.udesc.br/index.php/linhas/article/download/18098/12841/74138. Access:
23 June 2022.
PARAÍSO, M. A. Currículo e formação profissional em lazer. In: ISAYAMA, H. F. (org.).
Lazer em estudo: Currículo e Formação Profissional. Campinas, SP: Papirus, 2010.
PARAÍSO, M. A. O currículo entre o que fizeram e o que queremos fazer de nós mesmos:
efeitos das disputas entre conhecimentos e opiniões. Revista e-curriculum, v. 17, n. 4, p.
1414-1435, 2019. Available at:
https://revistas.pucsp.br/index.php/curriculum/article/view/45925. Access: 18 June 2022.
PAULA, P. S. R. Barebacking sex: discursividades na mídia impressa brasileira e na
internet. 2009. 210 f. Dissertação (Mestrado em Psicologia) Centro de Filosofia e Ciências
Humanas, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2009.
PINAR, W. Estudos curriculares: ensaios selecionados. São Paulo: Cortez, 2016.
PRADO, V. M.; ALTMANN, H. Problematizações sobre acesso e permanência deestudantes
LGBTQIA+ na universidade pública:apontamentos sobre produções acadêmicas. Revista
Brasileira de Política e Administração da Educação, v. 39, n. 1, e118646, 2023. Available
at: https://seer.ufrgs.br/index.php/rbpae/article/view/118646/88122. Access: 20 June 2022.
PRINS, B.; MEIJER, I. C. Como os corpos se tornam matéria: entrevista com Judith Butler.
Revista Estudos Feministas, v. 10, n. 1, p. 155167, jan. 2002. Available at:
https://www.scielo.br/j/ref/a/vy83qbL5HHNKdzQj7PXDdJt/?lang=pt. Access: 18 June 2022.
RANNIERY, T. Ecoar o Possível: do currículo queer a queerização da teoria de currículo.
Aceno. Revista de Antropologia do Centro-Oeste, v. 9, n. 21, p. 27-44, 2022. Available at:
https://periodicoscientificos.ufmt.br/ojs/index.php/aceno/article/view/13766. Access: 08 June
2022.
SANTOS, K. R. Risco e Barebacking: reflexões. 2018. 168 f. Tese (Doutorado em Ciências)
Instituto de Psicologia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2018.
SANTOS, L. Educação e pesquisa de práticas sexuais de risco (Barebacking sex). In: RIOS,
L.; ALMEIDA, V.; PARKER, R.; PIMENTA, C.; TERTO JR, V. (org.). Homossexualidade:
produção cultural, cidadania e saúde. Rio de Janeiro: ABIA, 2004.
SILVA, L. A. V. Desejo à flor da tel@: a relação entre risco e prazer nas práticas de
barebacking. 2008. 197 f. Tese (Doutorado em Saúde Coletiva) Instituto de Saúde Coletiva,
Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2008.
Danilo Araujo de OLIVEIRA; Anderson FERRARI; Marcos Lopes de SOUZA and Paula Regina Costa RIBEIRO
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 18, n. esp. 1, e023011, 2023. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v24iesp.1.18178 17
CRediT Author Statement
Acknowledgments: Not applicable.
Financing: Not applicable.
Conflicts of interest: There are no conflicts of interest.
Ethical approval: As this is a literature review study, there was no need for ethical
appraisal.
Availability of data and material: The data and materials used in this study are available
on request with relevant and reasonable justification.
Author Contributions: The authors were responsible for the design and execution of the
research, analysis and discussion of the results, as well as the writing and final revision of
the paper.
Processing and editing: Editora Ibero-Americana de Educação.
Proofreading, formatting, normalization and translation.