Distanciamento social: as condições psicológicas de estudantes do ensino superior durante a pandemia
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 24, n. 00, e023020, 2023. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v24iesp.2.18639 8
sobre populações mais vulneráveis, tanto do ponto de vista psicológico, como social e físico.
Dados divulgados em 2019 pela (OMS) indicam que a maioria dos casos de suicídio de jovens
coincide com o período de estudos e a transição entre adolescência e vida adulta. No Brasil,
tem sido observado um aumento anual na taxa de suicídio entre universitários desde 2002, e o
país detém a primeira posição na América Latina nesse cenário.
Desde o início da pandemia, o debate sobre saúde mental se intensificou na sala de aula.
É recorrente, no decorrer do semestre, algum grau de esgotamento mental, porém com o início
da pandemia, isso aumentou significativamente. O isolamento social, agravado por uma crise
financeira, desafios na conciliação entre trabalho, estudo e responsabilidades domésticas,
juntamente com a necessidade de adaptação a um modelo de ensino remoto, contribuíram para
a situação em questão. Dessa forma, verificou-se que as experiências inauguradas pela
pandemia intensificaram um quadro já característico da população acadêmica.
O estudo identificou outros achados que podem ser somados aos elementos supracitados
para deflagrar ou ampliar o sofrimento psíquico. As dimensões da vida que foram mais afetadas
pela pandemia, mencionadas pelos participantes, foram, cultura e lazer (70,7%), seguido de
planos futuros (68,9%).
Clemente e Stoppa (2020, p. 475) nos dizem que:
[...] não somente a restrição de uso de espaços e equipamentos de lazer se
traduz em uma barreira sociocultural identificada no lazer em tempos de
Covid-19, que é refletida primeiramente no fechamento dos parques, museus,
clubes, teatros, cinemas, praias, e demais locais, que estão gradualmente
retornando seus funcionamentos com devidos protocolos sanitários, mas
também as limitadas estruturas dos lares para vivência de lazer para a maioria
das pessoas se traduzem em uma barreira.
Nesse sentido, compreende-se que o lazer deixou de existir abruptamente para estes
estudantes como o habitual, acarretando mudança de rotina do convívio social. Ao falar de
planos para o futuro em 2020, muitos estudantes tiveram que cancelar, adiar ou, no mínimo,
apresentaram incerteza sobre se de fato conseguiriam concretizar. Pessoas que investiram
energia, dinheiro e tempo para organizar e programar a viagem dos sonhos, uma festa de
casamento, mudança de casa, de cidade e até de emprego, tiveram que suspender tudo até
segunda ordem, não sem algum sentimento de frustração e impotência.
A grande preocupação destacada se refere às reverberações do cenário pandêmico. No
ano de 2023, as pessoas ainda sofrem com as vivências da pandemia, com a intensificação de
quadros de sofrimento psíquico já existente. Buscam, ainda, formas de aplacar a dor. Do ponto
de vista das autoridades governamentais, aguarda-se a consolidação de políticas nas áreas de