Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 24, n. 00, e023025, 2023. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v24iesp.2.18655 1
EXPERIÊNCIAS EXITOSAS DE PROFESSORES DURANTE A PANDEMIA DE
COVID-19: UMA FLOR NO ASFALTO
EXPERIENCIAS EXITOSAS DE DOCENTES DURANTE LA PANDEMIA DEL COVID-
19: UNA FLOR SOBRE EL ASFALTO
SUCCESSFUL EXPERIENCES OF TEACHERS DURING THE COVID-19
PANDEMIC: A FLOWER ON THE ASPHALT
Carolina PAIVA1
e-mail: paivadecarolina@gmail.com
Fernanda de Souza ALVES2
e-mail: fernandagprh@gmail.com
Milene Santiago NASCIMENTO3
e-mail: milenesantiago@hotmail.com
Como referenciar este artigo:
PAIVA, C.; ALVES, F de S.; NASCIMENTO, M. S.
Experiências exitosas de professores durante a pandemia de
COVID-19: Uma flor no asfalto. Doxa: Rev. Bras. Psico. e
Educ., Araraquara, v. 24, n. 00, e023025, 2023. e-ISSN:
2594-8385. DOI:
https://doi.org/10.30715/doxa.v24iesp.2.18655
| Submetido em: 22/07/2023
| Revisões requeridas em: 10/08/2023
| Aprovado em: 18/09/2023
| Publicado em: 31/10/2023
Editor:
Prof. Dr. Paulo Rennes Marçal Ribeiro
Editor Adjunto Executivo:
Prof. Dr. José Anderson Santos Cruz
Centro Universitário de Barra Mansa (UBM), Barra Mansa RJ Brasil. Graduada em Psicologia.
Centro Universitário de Barra Mansa (UBM), Barra Mansa RJ Brasil. Graduada em Psicologia.
Centro Universitário de Barra Mansa (UBM), Barra Mansa RJ Brasil. Docente na Graduação em Psicologia.
Centro Universitário Geraldo Di Biase (UGB), Volta Redonda RJ Brasil. Docente na Graduação em Psicologia.
Doutora em Saúde Coletiva (IMS-UFRJ).
Experiências exitosas de professores durante a pandemia de COVID-19: Uma flor no asfalto
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 24, n. 00, e023025, 2023. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v24iesp.2.18655 2
RESUMO: O presente trabalho objetiva apresentar experiências exitosas de familiares e
professores durante a pandemia de COVID-19. Parte-se da hipótese de que a pandemia
proporcionou a mudança drástica nos processos de aprendizagem, levando mães e professores
a terem de lidar com os desafios de se adequar e criar estratégias para ser possível dar
continuidade nos estudos de filhos e alunos. Os relatos das mães e das professoras foram obtidos
a partir de um recorte da pesquisa intitulada “Educação e Impactos da Pandemia”, realizada
pelo Observatório da Violência, do Centro Universitário de Barra Mansa (UBM), em três
municípios da região Sul Fluminense do Estado do Rio de Janeiro. As entrevistas foram
executadas por meio de grupos focais on-line, que se dividiram em subgrupos de mães e de
professoras, através do Google Meet. Professores, pais e comunidade criaram recursos e
condições para garantir a educação aos alunos. Identifica-se a necessidade de mais pesquisa que
possam evidenciar as experiências.
PALAVRAS-CHAVE: Experiências exitosas. Impactos na educação. Professores.
RESUMEN: El presente trabajo tiene como objetivo analizar experiencias exitosas de
familiares y docentes durante la pandemia del COVID-19. Se parte de la hipótesis de que la
pandemia brindó un cambio drástico en los procesos de aprendizaje, llevando a madres y
docentes a tener que enfrentar los desafíos de adaptarse y crear estrategias para poder
continuar los estudios de niños y estudiantes. Os relatos das mães e das professoras foram
obtidos a partir de um recorte da pesquisa intitulada “Educação e Impactos da Pandemia”,
realizada pelo Observatório da Violência, do Centro Universitário de Barra Mansa (UBM),
em três municípios da região Sul Fluminense do Estado de Rio de Janeiro. Las entrevistas se
realizaron a través de grupos focales online, que se dividieron en subgrupos de madres y
docentes, a través de Google Meet. Docentes, padres de familia y la comunidad crearon
recursos y condiciones para garantizar la educación a los estudiantes. Se identifica la
necesidad de realizar más investigaciones que puedan resaltar las experiencias.
PALABRAS CLAVE: Experiencias exitosas. Impactos en la educación. Maestros.
ABSTRACT: The work aims to present the successful experiences of family members and
teachers during the COVID-19 pandemic. It starts from the hypothesis that the pandemic
brought about a drastic change in the learning processes, forcing mothers and teachers to deal
with the challenges of adapting and creating strategies to continue their children's and students'
studies. The accounts of mothers and teachers were obtained from a segment of the research
titled "Education and Pandemic Impacts," conducted by the Violence Observatory at the
University Center of Barra Mansa (UBM) in three municipalities in the Southern Fluminense
region of the State of Rio de Janeiro. Interviews were conducted through online focus groups,
which were divided into subgroups of mothers and teachers, using Google Meet. Teachers,
parents, and the community created resources and conditions to ensure education for the
students. There is a recognized need for further research that can shed light on these
experiences.
KEYWORDS: Successful experiences. Education impacts. Teachers.
Carolina PAIVA; Fernanda de Souza ALVES e Milene Santiago NASCIMENTO
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 18, n. 00, e023025, 2023. e-ISSN: 2594-8385
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Introdução
O vírus da Covid-19 chegou ao Brasil em 26 de janeiro de 2020 com o primeiro caso
confirmado em São Paulo. Pouco depois, em 05 de fevereiro, surge no estado do Rio de Janeiro,
na cidade de Barra Mansa, região do Médio-Paraíba. Em 11 de março de 2020, a Organização
Mundial de Saúde (OMS) elevou o status da então epidemia para pandemia. Desde então, o
mundo foi repentinamente transformado. Na data da elaboração do presente artigo, o país
somava 689 mil mortes pelo vírus. Além dos trágicos efeitos na saúde, testemunhamos impactos
nas mais diversas esferas da sociedade e da vida pessoal, entre elas, a educação.
Levando isso em consideração, o Observatório da Violência do Centro Universitário de
Barra Mansa (UBM) realizou a pesquisa intitulada “Impactos da pandemia na educação”,
utilizando a técnica de grupos focais como coleta de dados. A pesquisa voltou-se para a escuta
das experiências de professores e responsáveis por alunos da rede municipal de educação de
três municípios de pequeno porte da região do dio Paraíba (RJ). As reuniões sucederam-se
na modalidade on-line e orientaram-se pelos seguintes eixos: comunicação entre a Secretaria
Municipal de Educação e as escolas, uso de ferramentas tecnológicas por professores,
comunicação entre escolas e pais e processo de aprendizagem durante a pandemia.
De acordo com a pesquisa “Resposta educacional à pandemia de covid-19 no Brasil”
(BRASIL, 2020), 99,3% das escolas brasileiras suspenderam as atividades presenciais, com
uma média de 287 dias de afastamento das salas de aula durante o ano letivo de 2020. Com
isso, recorreu-se à internet e aos equipamentos de telecomunicação como forma de dar
continuidade as atividades de ensino. A relação entre educação e tecnologia passou a ser
essencial e não mais arbitrária como era até então.
Com essa mudança de ambiente, estudantes, pais, professores e demais envolvidos no
projeto de ensino, viram-se demasiadamente solicitados por algo ainda muito desconhecido.
Esse processo maximizou a exploração de professores, que passaram a trabalhar em tempo
integral na medida em que se dedicavam a desvendar sozinhos o funcionamento das plataformas
virtuais e demais aparatos tecnológicos para oferecer o mais rápido possível algum suporte
pedagógico para alunos e pais. Os pais, por sua vez, também se viram sobrecarregados ao terem
que desempenhar o papel de professores ao mesmo tempo que trabalhavam e cuidavam dos
afazeres domésticos.
A ocorrência de fechamento de escolas e a prática do ensino remoto
apresentaram uma luta para equilibrar responsabilidades concorrentes com os
recursos limitados de tempo e energia. A organização do tempo do cotidiano
Experiências exitosas de professores durante a pandemia de COVID-19: Uma flor no asfalto
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 24, n. 00, e023025, 2023. e-ISSN: 2594-8385
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familiar tornou-se tarefa de difícil conciliação, visto que todos os membros da
família passaram a realizar suas demandas de trabalho e estudos num único
ambiente, que por vezes os horários podem colidir aos interesses e obrigações
individuais (LUNARDI et al., 2021, p. 14).
A partir da pesquisa inicial do Observatório, diversos desafios e problemas foram
identificados durante o ensino remoto na pandemia. Também pudemos encontrar arranjos
importantes que tornaram possível o processo de aprendizagem, pois “[...] embora sejam muitas
as dificuldades enfrentadas no atual período, as famílias recorreram à criatividade e
demonstraram grande poder de adaptação para enfrentar a situação” (LUNARDI et al., 2021).
No que se refere às novas formas de enfrentamento dos professores, Carolina Cordeiro (2020,
p. 06) nos diz que
a criatividade dos professores brasileiros em se adaptar à nova realidade é
indescritível no que se trata da criação de recursos midiáticos: criação de vídeo
aulas para que os alunos possam acessar de forma assíncrona além das aulas
através de videoconferência para a execução de atividades síncronas como em
sala de aula. Uma revolução educacional sobre o quanto a tecnologia tem se
mostrado eficiente e o quanto as pessoas precisam estar aptas a esse avanço
tecnológico.
Assim, o objetivo do artigo é apresentar algumas experiências exitosas, de familiares e
professores durante a pandemia, como um desdobramento da pesquisa principal. É importante
enfatizar a necessidade de evitar romantizar o cenário, uma vez que o ensino à distância (EAD)
expôs diversas realidades vivenciadas pelos alunos e suas famílias. Nesse contexto, observou-
se uma ampla variedade de esforços para compensar a falta de apoio por parte do poder público
na provisão de suporte pedagógico durante o período de distanciamento. A responsabilidade de
fornecer todas as condições essenciais para uma educação de qualidade recai sobre o poder
público.
Metodologia
Para a realização da pesquisa, foi utilizada a técnica de grupos focais. A técnica foi
aplicada de forma remota, via plataforma de videoconferência - o Google Meet’ - em virtude
do distanciamento social. Contou com a participação de escolas públicas de educação infantil,
ensino fundamental de primeiro e segundo ciclos de três municípios da região do Médio Paraíba
(RJ), durante os anos de 2020 e 2021.
O estímulo ativo à interação do grupo está relacionado, obviamente, a
conduzir a discussão do grupo focal e garantir que os participantes conversem
Carolina PAIVA; Fernanda de Souza ALVES e Milene Santiago NASCIMENTO
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entre si em vez de somente interagir com o pesquisador ou "moderador".
Entretanto, também se relaciona com a preparação necessária ao
desenvolvimento de um guia de tópicos (roteiro) e a seleção de materiais de
estímulo que incentiva a interação, assim como as decisões feitas em relação
à composição do grupo, para garantir que os participantes tenham o suficiente
em comum entre si, de modo que a discussão pareça apropriada, mas que
apresentem experiências ou perspectivas variadas o bastante para que ocorra
algum debate ou diferença de opinião. Da mesma forma, ainda que a atenção
à interação grupal se refira ao processo de moderar discussões, com o
pesquisador se atendo às diferenças em perspectivas ou ênfases dos
participantes e explorando-as, também está associada à importância de
observar as interações do grupo: as dinâmicas do grupo e as atividades nas
quais ele se engaja - seja formando um consenso, desenvolvendo uma
estrutura explicativa, interpretando mensagens de promoção à saúde, seja
pesando prioridades competidoras (BARBOUR, 2009, p. 21).
Ao longo da pesquisa, as gravações dos diálogos desenvolvidos nos grupos focais foram
distribuídas entre os pesquisadores e estes fizeram a transcrição na íntegra das conversas,
objetivando compreender a adoção de estratégias, adequação de conteúdo e adaptação de
professores, pais e alunos durante o período de pandemia. Com as transcrições em mãos, foi
realizada uma leitura focalizada nas experiências exitosas que emergiram do momento de
pandemia e o ensino à distância. Tal leitura foi feita a luz da seguinte pergunta: qual seria o
potencial criador de uma situação tão extenuante quanto uma pandemia?
Resultado e Discussão
Para a realização da pesquisa, foi imprescindível a divisão em cinco grupos focais,
compostos por responsáveis legais dos alunos, e três grupos adicionais envolvendo professores
e pesquisadores. Esse processo resultou em um total de oito grupos distintos, que foram
consultados e que serviram como alicerce para a elaboração deste artigo.
A pesquisa tinha como objetivo entender os impactos da pandemia da COVID-19 nas
atividades das escolas e quais as medidas que estavam sendo tomadas em nível institucional.
Com isso, percebeu-se que, em meio ao transtorno causado pela pandemia e à carência de
recursos por parte das prefeituras, ainda assim, pais e professores inovaram e tiveram
experiências que deram certo ou que facilitaram o acesso à educação.
Não temos a intenção de utilizar a aflição resultante de uma pandemia como uma
abordagem pedagógica, mas sim como uma ferramenta de revelação, em consonância com a
reflexão da filósofa Bárbara Buril sobre os tempos pandêmicos, “o sofrimento não
necessariamente nos ensina algo: a tendência inclusive é que ele não nos ensine muitas coisas.
Não podemos negar, no entanto, que o sofrimento revela” (BURIL, 2020, p. 30).
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Buril (2020) entende que o principal fato revelado pela pandemia é como “a vida em
sociedade nos é necessária em nível psíquico”. Considerando essa proposição, pode-se ressaltar
o quão imprescindível foi o vínculo e a rede de companheirismo estabelecida entre os próprios
docentes frente às tecnologias. Diante do pouco ou nenhum suporte das secretarias acerca do
uso das plataformas, portais e sites, os professores reuniram seus conhecimentos para que
conseguissem se adequar, como será mostrado a seguir através de três professores distintos:
Professor respondente 1:
Eu sempre estou podendo contar com a ajuda dos colegas, uma entradinha
aí, principalmente acompanho a Júlia
. Ela apresenta muita novidade, um
know how em tecnologia muito grande, então a gente sempre aproveita, e
pega uma caroninha com ela.
Professor respondente 2:
as diretoras, orientadoras se desdobraram para nos ajudar, se fosse 22
horas elas me ajudavam, uma ajudava a outra, da secretaria no início um
tutorial, que esse ano a plataforma mudou bastante, e também assim,
recebemos um tutorial pequeno. Mas, o que eu vejo mais é minha diretora,
mas ela sabe mexer na plataforma porque ela foi descobrindo. E é assim mais
exclusivamente da diretora, da orientadora, elas são assim, nada para falar
delas. Elas que fazem funcionar, e a gente é lógico! Mas, eu vejo assim muito
mais elas do que a secretaria de educação.
Professor respondente 3:
[...] eles também não sabiam, foram aprendendo, tinha coisa que eu
perguntava e o OP (Orientador Pedagógico) falava: Joana, eu vou ver como
faz e aí vinha e falava. [...] assim foi feito: um ajudando o outro, um professor
ajudando o outro.
Vale mencionar que cada prefeitura e suas respectivas secretarias de educação tiveram
sua maneira própria de enfrentar a pandemia, variando também com a passagem do ano de 2020
para 2021, como no caso dos municípios que trocaram de prefeito e secretário. A prefeitura de
um dos municípios, por exemplo, desempenhou um papel efetivo no ensino à distância, algo
que, com boa manutenção, pode permanecer mesmo no pós-pandemia.
No entanto, ainda nos casos em que houve maior participação do poder público, o bruto
do trabalho da educação recaiu sobre os ombros dos professores que, mesmo com a sobrecarga,
conseguiram êxito. Por exemplo, uma professora que, por conta própria, deu aulas síncronas a
seus alunos e outro professor que, no início da pandemia, criou alternativas de aproximação,
respectivamente:
Professora respondente 4:
Os nomes utilizados nos relatos são fictícios, a fim de proteger a identidade das participantes.
Carolina PAIVA; Fernanda de Souza ALVES e Milene Santiago NASCIMENTO
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Então, eu fazia de forma voluntária ano passado. Usava o ‘Meet’. Essa turma
que eu acompanhava o ano passado, eu acompanhava desde o sétimo. Então,
foi a turma em que eu fiz projetos, ganhamos premiações, então era uma
turma do coração. Ai, eu fiquei assim, eles iam fazer prova para passarem
nessas escolas técnicas de ensino médio, para eles não ficarem
prejudicados combinamos pelo ‘zap’, um grupo, que tinha uns 60 alunos por
e a gente ia trocando informações, ia combinando com eles as aulas. Agora,
oficialmente pela secretaria não.
Professor respondente 5:
[...] eu tive praticamente só um mês de aula com eles, aí já foi interrompido,
eu tive um problema pessoal em que tive um acidente no início do ano, fiquei
15 dias sem dar aula, então teve algumas rupturas antes. eu gravei uma
musiquinha fazendo gestos e isso fez com que eles começassem a ficar mais
do meu lado né, iam na escola, buscar atividades para fazer... No início teve
a história do de feijão, dando dois exemplos mais práticos do que
aconteceu. Eu plantei o feijão na minha casa... Porque quando eu faço
experiência com eles não faço com algodão, faço com terra porque hoje em
dia as coisas são diferentes né. A gente tem que fazer diferente! Eu plantei em
uma casquinha de ovo foi crescendo o de feijão e eles acompanhando
comigo no ‘zap’.
Também se observou a implementação de técnicas simples que facilitaram o processo
de aprendizagem. Um exemplo é uma professora que elaborava enunciados nos exercícios
como meio de comunicação com os responsáveis, que, a partir de casa, auxiliavam as crianças
e adolescentes na realização das atividades:
Professora respondente 6:
Então eu vendo isso comecei a fazer combinados, trabalho com educação
tenho mania de dizer isso. Por exemplo, na própria atividade quando eu
mando lá um texto para interpretação. Uma coisa que deu certo, com o meu
grupo de pais, de repente com outra turma não daria. Eu uso faixa de texto
explicativo, como se eu estivesse falando com eles. E isso tem servido para
orientar os pais. Porque por exemplo, às vezes, quando eu peço matemática,
que eles organizem uma sequência em ordem numérica, em ordem crescente
ou decrescente. Eles até sabem o que é isso, mas estudaram há muito tempo,
outros não têm esse acesso. E vão trocar a informação. Aquela atividade que
era para incentivar o aluno, vai atrapalhar tudo porque ele vai falar “foi meu
pai que ajudou”. Isso gera uma situação complicada. Quando eu mando
ordem crescente ou decrescente. Eu coloco uma caixinha ali do lado com uma
fala simples dizendo, do maior para o menor. Entendeu o que eu estou
dizendo? Isso tem funcionado bem também. [...]. Tem funcionado bem essa
questão das faixas de explicação e assuntos mais leves.
Outro exemplo foi da professora respondente 7 que usava figurinhas de WhatsApp
para incentivar seus alunos:
[...] a professora sempre coloca lá o apoio da família é muito importante, ela
coloca aquelas figurinhas. Quando vai chegando as atividades ela vai
dizendo: ganhou mais uma estrela.
Experiências exitosas de professores durante a pandemia de COVID-19: Uma flor no asfalto
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Foi possível observar que o senso de comunidade desempenhou um papel significativo
na continuidade da educação desses jovens, que contaram com o apoio de associações de
moradores e igrejas, além do cuidado dos professores por meio de buscas ativas:
Professora respondente 8:
Tem os laboratórios de informática que a família pode acessar. Nas
associações de moradores também têm. as famílias que não têm
computador, não têm acesso em casa, acessa nessas escolas e na associação
de moradores. [...] foi uma parceria mesmo das associações junto à
Secretaria de Educação, e Assistência Social também.
Se está com dificuldades, se busca o caderno e não leva de volta/não devolve...
O que está acontecendo? E a gente está ajudando da melhor forma que a
gente pode ajudar. A gente sabe que no nosso município têm muitas igrejas
então tem muita igreja fazendo trabalho voluntário para ajudar aquelas
crianças com muita dificuldade. Estamos caminhando, mas não é uma tarefa
fácil para ninguém.
A Gabriela fez uma busca ativa até no sentido de ir mesmo nessa casa para
entender se tinha celular, se não tinha, ensinamos algumas coisas, como que
liga. Agora ele atende o telefone, mas até a gente conseguir fazer uma
chamada no WhatsApp com todos é uma dificuldade.
Tinha um grupo de pais que moravam numa localidade de assentamento e
quase não acessavam as aulas e o chat que a gente tinha, mas eu combinava
com eles, coisas assim como contação de história, explicação de vídeo
chamada e fazia assim um combinado entre nós. Entendeu? Não era dentro
da plataforma porque ela não comportava, e aí um pai fala com o outro.
Além disso, foi possível observar a participação efetiva das mães no processo de
aprendizagem dos filhos, interagindo de forma mais próxima com as professoras:
Professora respondente 9:
Eu pergunto: vocês tem dúvida? Não tia, tranquilo, a minha mãe me
ajudou. Ou então a mãe me manda uma mensagem no privado. Eu gosto muito
quando eu lá com meu grupo do sexto ano. E os pais, eu fico muito feliz
daqueles que estão ajudando os filhos em: professora, nós estamos em dúvida
com essa questão. A mãe manda a foto da questão, do caderno, aí eu vou, eu
auxilio, eu mando áudio explicando a questão, porque é aquela questão, ou
porque ele errou ou então: pega a apostila, leia o parágrafo tal a o
parágrafo tal, a resposta está ali. Vamos pensar juntos.
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Considerações finais
Ainda que atitudes extremamente egoístas e mesmo cruéis tenham acontecido e
aconteçam ao redor do mundo, a pandemia fez despertar uma onda de atitudes de cuidado para
com o próximo, atenção para com desconhecidos e de pertencimento às comunidades e à
espécie humana como um todo como há muito tempo não se via.
A partir dos resultados encontrados foi possível observar o cuidado que mães e
professores tiveram durante a pandemia para com seus filhos e alunos. Os desafios enfrentados
acarretaram a necessidade de buscas incessantes para construir, adaptar e criar estratégias que
trouxessem subsídios para dar continuidade aos estudos dos alunos dos municípios.
Foi possível observar que, mesmo com a carência de recursos, professores se
demostraram empenhados em buscar formas de se ajustar à realidade pandêmica que se
impunha. Uma delas foi através do vínculo entre colegas e pais, formando uma rede de apoio.
Por exemplo, diante das dificuldades em utilizar equipamentos tecnológicos, ficou evidente que
a cooperação e solidariedade entre os profissionais de educação foram cruciais para a jornada
de adaptação e busca de ferramentas para elaboração de aulas.
A atenção dos professores não se ateve somente aos alunos, mas também aos pais, uma
vez que estes precisaram desempenhar o papel de educador em casa. Esses profissionais
recorreram à criatividade para, por exemplo, adaptar materiais de acordo com o nível de
escolaridade dos pais, para que pudessem auxiliar os filhos nas tarefas.
Adicionalmente, a participação ativa da associação de moradores, da Secretaria de
Educação e da Assistência Social tornou-se evidente com o propósito de fornecer apoio
tecnológico às famílias mais necessitadas, que careciam de acesso a computadores para
participar das aulas e completar as atividades. Esse envolvimento destaca a relevância da
comunidade no enfrentamento de situações emergenciais em contextos de vulnerabilidade
social.
O presente trabalho descortina o cenário que a princípio se acreditava não ser possível
num momento difícil como uma pandemia. Presenciamos professores, pais e comunidade
desenvolvendo novas estratégias e buscando recursos para garantir que alunos tivesse acesso à
educação tal qual se tem direito. Tendo isso em vista, certamente caberiam mais pesquisas no
sentido de evidenciar essas experiências, visando aprofundar o tema.
Experiências exitosas de professores durante a pandemia de COVID-19: Uma flor no asfalto
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REFERÊNCIAS
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BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Resposta
educacional à pandemia de COVID-19 no Brasil. Brasília, DF: Inep, 2020. Disponível em:
https://www.gov.br/inep/pt-br/areas-de-atuacao/pesquisas-estatisticas-e-indicadores/censo-
escolar/pesquisas-suplementares/pesquisa-resposta-educacional-a-pandemia-de-covid-19.
Acesso em: 30 set. 2023.
BURIL, B. A pandemia e o individualismo que nunca existiu. In: REICH, E; BORGES, M.L.;
XAVIER, R. C. Reflexões sobre uma pandemia. Florianópolis: Néfiponline, 2020. p. 30-34.
CORDEIRO, K. M. A. O Impacto da Pandemia na Educação: A Utilização da Tecnologia
como Ferramenta de Ensino. 2020. Disponível em:
http://dspace.sws.net.br/jspui/handle/prefix/1157. Acesso em: 28 set. 2023.
LUNARDI, N. et al. Aulas Remotas Durante a Pandemia: dificuldades e estratégias utilizadas
por pais. Educação & Realidade, Porto Alegre, v. 46, n. 2, e106662, 2021. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/edreal/a/GnhccHnG4mxDNdSQKDQ7ZBt/?lang=pt&format=pdf.
Acesso em: 20 dez. 2022.
Carolina PAIVA; Fernanda de Souza ALVES e Milene Santiago NASCIMENTO
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 18, n. 00, e023025, 2023. e-ISSN: 2594-8385
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CRediT Author Statement
Reconhecimentos: Gostaríamos de agradecer aos professores e familiares que se
dispuseram, prontamente, a participar de nosso estudo.
Financiamento: Não houve financiamento para esta pesquisa.
Conflitos de interesse: Não há conflitos de interesse.
Aprovação ética: A pesquisa foi submetida ao Comitê de Ética e Pesquisa do Centro
Universitário de Barra Mansa e aprovado sob o parecer número 4426858. Durante todo o
processo de pesquisa, os parâmetros éticos foram respeitados.
Disponibilidade de dados e material: Os dados e materiais utilizados no trabalho estão
disponíveis para acesso, através de solicitação pelo e-mail das autoras.
Contribuições dos autores: Carolina Paiva - Contribuiu na coleta de dados, resultados e
discussão, elaboração do projeto, e manipulação estatística dos dados, construção de
metodologia e gráficos. Fernanda de Souza Alves - Contribuiu na coleta de dados,
resultados e discussão, elaboração do projeto, manipulação dos dados e escrita do artigo e
construção do referencial teórico. Milene Santiago Nascimento Orientou o projeto, desde
sua elaboração, introdução e considerações finais e contribuiu na revisão final do trabalho
escrito.
Processamento e editoração: Editora Ibero-Americana de Educação.
Revisão, formatação, normalização e tradução.
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DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v24iesp.2.18655 1
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COVID-19: UMA FLOR NO ASFALTO
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e-mail: paivadecarolina@gmail.com
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Successful experiences of teachers during the COVID-19
pandemic: A flower on the asphalt. Doxa: Rev. Bras. Psico.
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https://doi.org/10.30715/doxa.v24iesp.2.18655
| Submitted: 22/07/2023
| Revisions required: 10/08/2023
| Approved: 18/09/2023
| Published: 31/10/2023
Editor:
Prof. Dr. Paulo Rennes Marçal Ribeiro
Deputy Executive Editor:
Prof. Dr. José Anderson Santos Cruz
University Center of Barra Mansa (UBM), Barra Mansa RJ Brazil. Bachelor's degree in Psychology.
University Center of Barra Mansa (UBM), Barra Mansa RJ Brazil. Bachelor's degree in Psychology.
University Center of Barra Mansa (UBM), Barra Mansa RJ Brazil. Lecturer in the Undergraduate Psychology
program. Geraldo Di Biase University Center (UGB), Volta Redonda RJ Brazil. Lecturer in the Undergraduate
Psychology program. Doctoral degree in Public Health (IMS-UFRJ).
Successful experiences of teachers during the COVID-19 pandemic: A flower on the asphalt
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ABSTRACT: The work aims to present the successful experiences of family members and
teachers during the COVID-19 pandemic. It starts from the hypothesis that the pandemic
brought about a drastic change in the learning processes, forcing mothers and teachers to deal
with the challenges of adapting and creating strategies to continue their children's and students'
studies. The accounts of mothers and teachers were obtained from a segment of the research
titled "Education and Pandemic Impacts," conducted by the Violence Observatory at the
University Center of Barra Mansa (UBM) in three municipalities in the Southern Fluminense
region of the State of Rio de Janeiro. Interviews were conducted through online focus groups,
which were divided into subgroups of mothers and teachers, using Google Meet. Teachers,
parents, and the community created resources and conditions to ensure education for the
students. There is a recognized need for further research that can shed light on these
experiences.
KEYWORDS: Successful experiences. Education impacts. Teachers.
RESUMO: O presente trabalho objetiva apresentar experiências exitosas de familiares e
professores durante a pandemia de COVID-19. Parte-se da hipótese de que a pandemia
proporcionou a mudança drástica nos processos de aprendizagem, levando mães e professores
a terem de lidar com os desafios de se adequar e criar estratégias para ser possível dar
continuidade nos estudos de filhos e alunos. Os relatos das mães e das professoras foram
obtidos a partir de um recorte da pesquisa intitulada “Educação e Impactos da Pandemia”,
realizada pelo Observatório da Violência, do Centro Universitário de Barra Mansa (UBM),
em três municípios da região Sul Fluminense do Estado do Rio de Janeiro. As entrevistas foram
executadas por meio de grupos focais on-line, que se dividiram em subgrupos de mães e de
professoras, através do Google Meet. Professores, pais e comunidade criaram recursos e
condições para garantir a educação aos alunos. Identifica-se a necessidade de mais pesquisa
que possam evidenciar as experiências.
PALAVRAS-CHAVE: Experiências exitosas. Impactos na educação. Professores.
RESUMEN: El presente trabajo tiene como objetivo analizar experiencias exitosas de
familiares y docentes durante la pandemia del COVID-19. Se parte de la hipótesis de que la
pandemia brindó un cambio drástico en los procesos de aprendizaje, llevando a madres y
docentes a tener que enfrentar los desafíos de adaptarse y crear estrategias para poder
continuar los estudios de niños y estudiantes. Os relatos das mães e das professoras foram
obtidos a partir de um recorte da pesquisa intitulada “Educação e Impactos da Pandemia”,
realizada pelo Observatório da Violência, do Centro Universitário de Barra Mansa (UBM),
em três municípios da região Sul Fluminense do Estado de Rio de Janeiro. Las entrevistas se
realizaron a través de grupos focales online, que se dividieron en subgrupos de madres y
docentes, a través de Google Meet. Docentes, padres de familia y la comunidad crearon
recursos y condiciones para garantizar la educación a los estudiantes. Se identifica la
necesidad de realizar más investigaciones que puedan resaltar las experiencias.
PALABRAS CLAVE: Experiencias exitosas. Impactos en la educación. Maestros.
Carolina PAIVA; Fernanda de Souza ALVES and Milene Santiago NASCIMENTO
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Introduction
The COVID-19 virus arrived in Brazil on January 26, 2020, with the first confirmed
case in São Paulo. Shortly after, on February 5, it emerged in Rio de Janeiro, in the city of Barra
Mansa, in the Médio Paraíba region. On March 11, 2020, the World Health Organization
(WHO) elevated the status of what was then an epidemic to a pandemic. Since then, the world
has suddenly transformed. At the time of writing this article, the country had accumulated
689,000 deaths from the virus. In addition to the tragic health effects, we have witnessed
impacts in various spheres of society and personal life, including education.
Considering this, the Violence Observatory at the University Center of Barra Mansa
(UBM) conducted a research study titled "Impactos da pandemia na educação (Impacts of the
Pandemic on Education)," using the technique of focus groups as a data collection method. The
research focused on listening to the experiences of teachers and guardians of students in the
municipal education system of three small municipalities in the Médio Paraíba region (RJ). The
meetings took place online and were guided by the following themes: communication between
the Municipal Education Department and schools, using technological tools by teachers,
communication between schools and parents, and the learning process during the pandemic.
According to the research "Resposta educacional à pandemia de covid-19 no Brasil
(Educational Response to the Covid-19 Pandemic in Brazil)" (BRASIL, 2020), 99.3% of
Brazilian schools suspended in-person activities, with an average of 287 days of distance from
classrooms during the 2020 school year. As a result, the internet and telecommunications
equipment became essential for continuing educational activities. The relationship between
education and technology became paramount and no longer arbitrary as it had been until then.
With this change in the learning environment, students, parents, teachers, and other
stakeholders in the education project found themselves greatly challenged by something still
very unknown. This process intensified the workload of teachers, who worked full-time as they
dedicated themselves to independently unraveling the functioning of virtual platforms and other
technological tools to provide pedagogical support as quickly as possible to students and
parents. Parents, in turn, also found themselves burdened as they had to take on the role of
teachers while working and managing household tasks simultaneously.
The closure of schools and the practice of remote teaching presented a struggle
to balance concurrent responsibilities with limited time and energy resources.
The organization of daily family life became a challenging task as all family
members started to carry out their work and study demands in a single
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environment, and at times, schedules may clash with individual interests and
obligations (LUNARDI et al., 2021, p. 14, our translation).
From the initial research conducted by the Observatory, various challenges and
problems were identified during remote learning in the pandemic. We also found significant
arrangements that made the learning process possible because "[...] despite the many difficulties
faced in the current period, families resorted to creativity and demonstrated great adaptability
to face the situation" (LUNARDI et al., 2021, our translation). Regarding the new ways teachers
have adapted, Carolina Cordeiro (2020, p. 06, our translation) tells us that
the creativity of Brazilian teachers in adapting to the new reality is
indescribable when it comes to creating media resources: creating video
lessons for students to access asynchronously, in addition to video
conferencing classes for synchronous activities as in the classroom. It's an
educational revolution in how technology has proven efficient and how people
must be adept at this technological advancement.
Thus, this article aims to present some successful experiences of families and teachers
during the pandemic as an offshoot of the primary research. It is essential to emphasize the need
to avoid romanticizing the scenario, as distance learning (EAD) exposes various realities
experienced by students and their families. In this context, there was a wide range of efforts to
compensate for the lack of support from the public sector in providing pedagogical support
during the period of distancing. The responsibility to provide all the essential conditions for
quality education falls on the public sector.
Methodology
To conduct the research, the technique of focus groups was employed. The method was
applied remotely, through a video conferencing platform - 'Google Meet' - due to social
distancing measures. It involved the participation of public schools in early childhood education
and the first and second cycles of primary education in three municipalities in the Médio Paraíba
region (RJ) during the years 2020 and 2021.
Active encouragement of group interaction is, of course, related to guiding the
focus group discussion and ensuring that participants converse with each other
rather than just interacting with the researcher or "moderator." It is also related
to the necessary preparation for developing a topic guide (script) and the
selection of stimulus materials that promote interaction, as well as decisions
regarding the composition of the group to ensure that participants have enough
in common so that the discussion appears appropriate, but also diverse enough
in experiences or perspectives to encourage some debate or differences of
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opinion. Likewise, while attention to group interaction pertains to the process
of moderating discussions, with the researcher focusing on differences in
participants' perspectives or emphases and exploring them, it is also associated
with the importance of observing group interactions: the dynamics of the
group and the activities in which it engages - whether reaching a consensus,
developing an explanatory framework, interpreting health promotion
messages, or weighing competing priorities (BARBOUR, 2009, p. 21, our
translation).
Throughout the research, recordings of the dialogues in the focus groups were
distributed among the researchers, and they transcribed the conversations in their entirety,
aiming to understand the adoption of strategies, content appropriateness, and the adaptation of
teachers, parents, and students during the pandemic. With the transcriptions in hand, a focused
reading was conducted on the successful experiences that emerged from the pandemic and
distance learning. This reading was done in light of the following question: what could be the
creative potential in such an exhausting situation as a pandemic?
Results and Discussion
To conduct the research, it was essential to divide the participants into five focus groups,
composed of legal guardians of the students and three additional groups involving teachers and
researchers. This process resulted in a total of eight distinct groups that were consulted and
served as the foundation for the development of this article.
The research aimed to understand the impacts of the COVID-19 pandemic on school
activities and the measures being taken at the institutional level. As a result, it was observed
that, amid the disruption caused by the pandemic and the lack of resources on the part of
municipalities, parents and teachers still innovated and had successful experiences or initiatives
that facilitated access to education.
Our intention is not to use the distress caused by a pandemic as a pedagogical approach
but instead as a tool of revelation, in line with philosopher Bárbara Buril's reflection on
pandemic times: "Suffering does not necessarily teach us something: the tendency is even that
it does not teach us many things. However, we cannot deny that suffering reveals" (BURIL,
2020, p. 30, our translation).
Buril (2020) understands that the primary fact revealed by the pandemic is how
"psychologically necessary society is to us." Considering this proposition, we can emphasize
how essential the bond and network of camaraderie established among the teachers in the face
of technology was. Faced with little or no support from the school authorities regarding the use
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of platforms, portals, and websites, teachers pooled their knowledge to adapt, as will be
demonstrated through the experiences of three distinct teachers:
Teacher Respondent 1:
I can always count on the help of my colleagues; a little input there, especially
since I follow Júlia. She brings much innovation and excellent know-how in
technology, so we always take advantage and catch a ride with her.
Teacher Respondent 2:
Only the principals and guidance counselors went above and beyond to help
us. If it were 10 p.m., they would help me; they helped each other. From the
office at the beginning, there was a tutorial, and this year, the platform
changed a lot. We received a short tutorial. But what I see the most is my
principal. She knows how to use the platform because she discovered it. It's
more exclusive to the principal and the guidance counselor. They make it
work, and of course, we do too! But I see them more than the education
department.
Teacher Respondent 3:
[...] they didn't know either; they were learning. There were things I asked,
and the Educational Advisor would say, "Joana, I'll find out how to do it," and
then he would come and tell me. [...] That's how it was done: one helping the
other, one teacher helping another.
It's worth mentioning that each municipality and its respective education departments
had their way of dealing with the pandemic, which also varied with the transition from 2020 to
2021, as in the case of municipalities that changed mayors and secretaries. For example, the
municipality's government played an influential role in distance learning, something that, with
proper maintenance, can continue even post-pandemic.
However, even in cases where there was more involvement from the public authorities,
the bulk of the educational work fell on the shoulders of the teachers, who, despite the overload,
succeeded. For instance, one teacher who, on her own, provided synchronous classes to her
students and another teacher who, at the beginning of the pandemic, created ways to connect,
respectively:
Teacher Respondent 4:
So, last year, I volunteered. I used 'Meet.' The class I was following last year,
I had been with them since the seventh grade. It was the class where I did
projects, and we won awards, so it was a class dear to my heart. So, when
they were going to take the entrance exams for those technical high schools,
we decided, via WhatsApp, in a group with around 60 students, to exchange
information and coordinate their classes. But it wasn't official through the
education department.
Teacher Respondent 5:
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[...] I had practically only one month of classes with them, which was then
interrupted. I had a personal issue at the beginning of the year; I had an
accident and couldn't teach for 15 days, so there were some disruptions. Then,
I recorded a little song with gestures, making them start to be more on my
side. They would go to school to pick up activities to do... In the beginning,
there was the story of the beanstalk, giving two more practical examples of
what happened. I planted beans at my house... Because when I do experiments
with them, I don't use cotton; I use soil because things are different nowadays,
you know. We have to do things differently! I planted them in an eggshell, and
the beanstalk grew, and they followed along with me on WhatsApp.
The implementation of simple techniques that facilitated the learning process was also
observed. An example is a teacher who formulated instructions in the exercises as a means of
communication with the guardians, who, from home, assisted children and adolescents in
completing the activities:
Teacher Respondent 6:
So, seeing this, I started making agreements; I work in education, and I have
a habit of saying that. For example, in the actual activity, I send a text for
comprehension. Something that worked with my group of parents but couldn't
work with another class. I use an explanatory text strip as if I were talking to
them. And this has served to guide the parents. For example, sometimes, when
I ask for math, they organize a sequence in numerical order, in ascending or
descending order. They might know what that is, but it's been a long time since
they studied it, and others don't have access to it. They will exchange the
information. The activity encourages the student to mess everything up
because he will say, "My dad helped me." This creates a complicated
situation. When I ask for ascending or descending order, I put a little box next
to it with a simple statement, "from largest to smallest." Do you understand
what I'm saying? That has also worked well. [...]. The use of explanatory strips
and lighter subjects has worked well.
Another example was Teacher Respondent 7, who used "WhatsApp stickers" to
motivate her students:
[...] The teacher always emphasizes the importance of family support, and she
uses those stickers. As the activities approach, she says: "You've earned
another star".
It was possible to observe that the sense of community played a significant role in the
continuity of education for these young people, who relied on the support of neighborhood
associations and churches, as well as the care of the teachers through active outreach:
Teacher Respondent 8:
There are computer labs that families can access. They also have them in
neighborhood associations. So, families that don't have a computer or internet
access at home can use these resources in schools and neighborhood
associations. [...] It was a real partnership between the neighborhood
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associations, the Education Department, and the Social Assistance
Department.
If a student is struggling or forgets to return the notebook... What's
happening? We're helping in the best way we can. We know that in our
municipality, there are many churches, so many churches are doing voluntary
work to help children with significant difficulties. We're making progress, but
it's not an easy task for anyone.
Gabriela did active outreach, even to the extent of going to their homes to
understand if they had a cell phone. If they didn't, we taught them some basics,
like how to make a call. Now, he can answer the phone, but it's a challenge
for us to make a WhatsApp call with everyone.
There was a group of parents living in a settlement area who could hardly
access the lessons and the chat we had. So, I coordinated with them, doing
things like storytelling and explaining video calls, arranging for us.
Understand? It wasn't within the platform because it couldn't handle it, so one
parent would talk to another.
Additionally, it was possible to observe the effective involvement of mothers in their
children's learning process, interacting more closely with the teachers:
Teacher Respondent 9:
I ask: do you have any doubts? No, teacher, it's okay, my mom helped me. Or
the mom sends me a private message. I like it when I'm with my sixth-grade
group. And the parents, I'm pleased when they're helping their children and
say, "Teacher, we have a question about this problem." The mother sends me
a picture of the problem, the notebook, and then I go, I assist, I send an audio
explaining the issue because it's either that they got it wrong, or I say: "Take
the workbook, read from paragraph such and such to paragraph such and
such; the answer is there. Let's think together."
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Final considerations
While incredibly selfish and even cruel actions have occurred and continue to happen
around the world, the pandemic has sparked a wave of caring attitudes toward others, attention
to strangers, and a sense of belonging to communities and the human species as a whole as
hasn't been seen for a long time.
From the results found, it was possible to observe the care that mothers and teachers
provided to their children and students during the pandemic. Their challenges necessitated
relentless efforts to build, adapt, and create strategies to support the continuation of students'
studies in the municipalities.
It was evident that, even in the face of resource constraints, teachers showed dedication
in seeking ways to adapt to the pandemic reality. One of these ways was through the connection
between colleagues and parents, forming a support network. For example, in the face of
difficulties in using technological equipment, it became clear that cooperation and solidarity
among education professionals were crucial for the adaptation journey and the search for tools
for lesson planning.
The teachers' attention was not solely on the students but also on the parents since they
had to assume the role of "educator" at home. These professionals resorted to creativity, too,
for instance, adapting materials according to the parent's level of education so they could assist
their children with their tasks.
Additionally, the active participation of the neighborhood association, the Education
Department, and Social Assistance became evident to provide technological support to the
neediest families who lacked access to computers for attending classes and completing
activities. This involvement underscores the importance of the community in addressing
emergencies in contexts of social vulnerability.
This study reveals a scenario that, at first, was believed not to be possible during a
challenging time like a pandemic. We witnessed teachers, parents, and the community
developing new strategies and seeking resources to ensure students had access to education as
they rightfully should. In light of this, further research to highlight these experiences and delve
deeper into the topic is warranted.
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LUNARDI, N. et al. Aulas Remotas Durante a Pandemia: dificuldades e estratégias utilizadas
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https://www.scielo.br/j/edreal/a/GnhccHnG4mxDNdSQKDQ7ZBt/?lang=pt&format=pdf.
Accessed in: 20 Dec. 2022.
Carolina PAIVA; Fernanda de Souza ALVES and Milene Santiago NASCIMENTO
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 18, n. 00, e023025, 2023. e-ISSN: 2594-8385
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CRediT Author Statement
Acknowledgements: We would like to express our gratitude to the teachers and families
who readily agreed to participate in our study.
Funding: There was no funding for this research.
Conflicts of interest: There are no conflicts of interest.
Ethical approval: The research was submitted to the Ethics and Research Committee of
the University Center of Barra Mansa (UBM) and approved under opinion number
4426858. Throughout the research process, ethical parameters were respected.
Data and material availability: The data and materials used in this work are available for
access upon request via the authors' email.
Authors' contributions: Carolina Paiva - Contributed to data collection, results and
discussion, project development, statistical data manipulation, methodology construction,
and graphics. Fernanda de Souza Alves - Contributed to data collection, results and
discussion, project development, data manipulation, article writing, and theoretical
framework construction. Milene Santiago Nascimento Supervised the project from its
inception, including introduction and final considerations, and contributed to the last review
of the written work.
Processing and editing: Editora Ibero-Americana de Educação.
Proofreading, formatting, normalization and translation.