Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 25, n. 00, e024007, 2024. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v25i00.19071 1
UMA PROPOSTA FORMATIVA MEDIADA POR TECNOLOGIAS DIGITAIS EM
NEUROCIÊNCIAS E EDUCAÇÃO INCLUSIVA: DESDOBRAMENTOS PARA O
DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL DOCENTE
UNA PROPUESTA DE FORMACIÓN MEDIADA POR TECNOLOGÍAS DIGITALES
EN NEUROCIENCIAS Y EDUCACIÓN INCLUSIVA: DESARROLLOS PARA EL
DESARROLLO PROFESIONAL DOCENTE
A TRAINING PROPOSAL MEDIATED BY DIGITAL TECHNOLOGIES IN
NEUROSCIENCES AND INCLUSIVE EDUCATION: DEVELOPMENTS FOR
TEACHER PROFESSIONAL DEVELOPMENT
Carolina Magro de Santana BRAGA1
e-mail: carolinabraga@usp.br
Rafael Lima Dalle MULLE2
e-mail: rafael.mulle@usp.br
Fabiana Maris VERSUTI3
e-mail: fabiana_versuti@usp.br
Como referenciar este artigo:
BRAGA, C. M. de S.; MULLE, R. L. D.; VERSUTI, F. M.
Uma proposta formativa mediada por tecnologias digitais em
neurociências e educação inclusiva: Desdobramentos para o
desenvolvimento profissional docente. Doxa: Rev. Bras.
Psico. e Educ., Araraquara, v. 25, n. 00, e024007, 2024. e-
ISSN: 2594-8385. DOI:
https://doi.org/10.30715/doxa.v25i00.19071
| Submetido em: 25/02/2024
| Revisões requeridas em: 04/07/2024
| Aprovado em: 09/07/2024
| Publicado em: 29/07/2024
Editor:
Prof. Dr. Paulo Rennes Marçal Ribeiro
Editor Adjunto Executivo:
Prof. Dr. José Anderson Santos Cruz
Universidade de São Paulo (USP), Ribeirão Preto SP Brasil. Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em
Psicobiologia.
Universidade de São Paulo (USP), Ribeirão Preto SP Brasil. Doutorando no Programa de Pós-Graduação em
Psicobiologia.
Universidade de São Paulo (USP), Ribeirão Preto SP Brasil. Docente do Departamento de Psicologia.
Doutorado em Educação Para a Ciência (UNESP).
Uma proposta formativa mediada por tecnologias digitais em neurociências e educação inclusiva: Desdobramentos para o desenvolvimento
profissional docente
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 25, n. 00, e024007, 2024. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v25i00.19071 2
RESUMO: O presente estudo tem como objetivo descrever uma proposta formativa mediada
por tecnologias digitais com foco na interseção das neurociências e educação inclusiva. Foi
realizado um estudo de caso de uma formação on-line sobre neurociências e educação inclusiva
realizada com professores da rede básica de ensino. A formação foi analisada a partir de sete
características de ações formativas com maior impacto na qualidade da educação. Em relação
aos itens descritos, todas as características propostas foram contempladas em diferentes
proporções. Dessa forma, a partir dos dados e estratégias apresentadas, sugere-se a importância
de ações formativas promoverem conhecimento contextualizado que visem mudanças na
prática docente.
PALAVRAS-CHAVE: Desenvolvimento Profissional Docente. Tecnologias Digitais.
Neurociências. Educação Inclusiva.
RESUMEN: El presente estudio tiene como objetivo describir una propuesta de formación
mediada por tecnologías digitales con enfoque en la intersección de las neurociencias y la
educación inclusiva. Se realizó un estudio de caso de capacitación en nea sobre neurociencias
y educación inclusiva realizada con docentes de la red de educación básica. Se analizó la
formación a partir de siete características de las acciones formativas con mayor impacto en la
calidad de la educación. En relación a los ítems descritos, todas las características propuestas
fueron cubiertas en diferentes proporciones. Por lo tanto, a partir de los datos y estrategias
presentados, se sugiere la importancia de acciones formativas para promover conocimientos
contextualizados orientados a cambios en la práctica docente.
PALABRAS CLAVE: Desarrollo Profesional Docente. Tecnologías digitales. Neurociencias.
Educación inclusiva.
ABSTRACT: The present study aims to describe a training proposal mediated by digital
technologies with a focus on the intersection of neurosciences and inclusive education. A case
study was carried out through online training on neurosciences and inclusive education with
teachers from the basic education network. The training was analyzed based on seven
characteristics of training actions with the greatest impact on the quality of education. In
relation to the items described, all proposed characteristics were covered in different
proportions. Therefore, based on the data and strategies presented, the importance of training
actions to promote contextualized knowledge aimed at changes in teaching practice is
suggested.
KEYWORDS: Teacher Professional Development. Digital Technologies. Neurosciences.
Inclusive education.
Carolina Magro de Santana BRAGA; Rafael Lima Dalle MULLE e Fabiana Maris VERSUTI
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 25, n. 00, e024007, 2024. e-ISSN: 2594-8385
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Introdução
Atualmente, a formação profissional vem sendo acompanhada por mudanças nos
âmbitos políticos, sociais e culturais, assim como pelo desenvolvimento e por potenciais
impactos das tecnologias digitais (Modelski; Giraffa; Casartelli, 2019). Como nos demais
contextos, o desenvolvimento profissional docente também é afetado por tais mudanças de
cenário, sendo importante descrever e analisar possibilidades de propostas formativas
utilizando ferramentas digitais. Além disso, compreender quais são os conhecimentos e práticas
envolvidas em tais ações que podem, de fato, estar integradas com a realidade do professor é
relevante para que essas formações reverberem em possíveis mudanças na educação. Nesse
sentido, para pensar uma proposta formativa com a temática inclusão e neurociências também
faz-se necessário refletir sobre as concepções de desenvolvimento profissional e quais são as
características das formações que podem gerar impactos positivos no contexto.
Desenvolvimento profissional docente
Desenvolvimento profissional docente pode ser entendido como um processo contínuo
e constante de transformação da profissão docente, a qual inclui aspectos de formação inicial e
formação permanente, que desenvolvem as habilidades profissionais, assim como os
conhecimentos pertinentes ao campo e suas atitudes (Imbernón, 1994).
A promoção de formações no contexto do desenvolvimento profissional docente é
essencial, diante da necessidade de mudanças em relação às práticas estabelecidas na
educação e a importância das inovações, principalmente relacionadas ao uso de tecnologias
(Peripolli; Bemme; Isaia, 2021). Nesse sentido, Moriconi et al. (2017), a partir da revisão de
estudos que buscavam avaliar a qualidade de programas de formação continuada de professores,
identificaram características comuns a programas com efeitos positivos no contexto escolar,
sendo: foco no conhecimento pedagógico do conteúdo; métodos ativos de aprendizagem;
participação coletiva; duração sustentada; coerência.
Buscando também evidências de propostas formativas que resultem em mudanças na
prática dos professores, revisão com 35 estudos internacionais das últimas três décadas sugere
a importância de contemplar os seguintes aspectos (Darling-Hammond; Hyler; Gardner, 2017;
Centro de Excelência e Inovações em Políticas Educacionais, 2018):
Uma proposta formativa mediada por tecnologias digitais em neurociências e educação inclusiva: Desdobramentos para o desenvolvimento
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a) Foco no conteúdo: direcionar propostas formativas para abranger conceitos que
são específicos das disciplinas escolares que os professores ensinam (por exemplo, matemática)
ou conteúdos relacionados à didática e aprendizagem;
b) Aprendizagem ativa: Embora não esteja claro nos documentos qual definição de
aprendizagem ativa, entende-se que está relacionada à integração das próprias experiências e
necessidades dos professores com o aprendizado promovido nas formações. Dessa forma,
podem ser incluídas atividades envolvendo práticas para os professores analisarem,
experimentarem e refletirem sobre novas estratégias.
c) Colaboração: Incluir práticas de auxílio mútuo entre os professores, desde
interações em pares, em grupo ou mesmo entre várias escolas, favorece melhores resultados.
Criar oportunidades de colaboração durante as formações permite o olhar para o contexto e o
sistema do qual aquele professor faz parte, podendo criar comunidades de colaboração que
podem impactar positivamente esse contexto.
d) Uso de modelos e técnicas de ensino: Ter acesso a modelos e práticas reais pode
ajudar os professores a ter uma direção de como basear boas práticas. Filmagens de situações
em sala de aula, planos de aula ou relatos de casos podem ser utilizados.
e) Apoio de Especialistas: Acompanhamento e suporte de profissionais
especialistas que possam compartilhar suas experiências e conhecimentos acerca de um
determinado tema, pode facilitar a implementação de mudanças na prática do professor.
f) Feedbacks e reflexão: Além da apropriação de conceitos, a formação de
qualidade deve envolver tempo de reflexão sobre a própria prática do professor. Além disso, a
oportunidade de fazer mudanças em sua ação docente e receber feedbacks (retorno) sobre essas
iniciativas é primordial para a consolidação de efeitos positivos a longo prazo.
g) Duração sustentada: Além de todos os fatores citados, a efetividade de propostas
formativas para o desenvolvimento profissional docente depende também da duração da
formação. Palestras pontuais e fragmentadas, tradicionalmente apresentadas aos professores,
não oferecem oportunidade de aprendizagem relacionada com a prática.
A formação continuada deve buscar, dessa forma, contemplar em seu currículo
características que promovam, de fato, o desenvolvimento profissional docente e sua interseção
com a prática profissional (Silva; Souza, 2018).
Carolina Magro de Santana BRAGA; Rafael Lima Dalle MULLE e Fabiana Maris VERSUTI
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Educação e tecnologias digitais
Na educação, o uso de tecnologias digitais tem promovido mudanças nas formas de
atuação e tem sido utilizada como ferramenta para potencializar o processo de ensino e
aprendizagem, embora apresente também desafios em seu uso (Minuzi et al., 2022). Além
disso, o uso de tecnologias digitais na educação se ampliou, em especial com a condição de
ensino remoto emergencial imposta pela pandemia da COVID-19, conforme indicado por
Versuti et al. (2021). Os autores argumentam, em seu trabalho, que os recursos digitais, ao
serem aplicados no contexto educacional, geram potencial de alcance de objetivos de
aprendizagem pela interseção da ferramenta digital e a estratégia de uso da mesma, sendo que
a figura docente opera como um facilitador dos recursos digitais que fazem a mediação dos
processos de ensino e aprendizagem.
Segundo Moreira e Schlemmer (2020) as tecnologias digitais, por si só, não mudam as
práticas de ensino e aprendizagem, demandando uma reflexão prévia em relação à sua aplicação
nas práticas educativas, enquanto processo com características específicas e impactos diversos
(positivos e negativos). Borges (2018) argumenta que a inserção dos recursos digitais, no
contexto da educação, permite o desenvolvimento de novas formas de ensino, contudo, as ações
dos professores, nesse sentido, devem ser foco de reflexão em relação ao uso destes recursos.
Entende-se que estes recursos podem assumir uma via dupla, tanto em relação ao uso que os
professores fazem das ferramentas digitais, assim como tais ferramentas podem ser utilizadas
em seu desenvolvimento profissional docente. Nesse sentido, Boscarioli (2022) destaca que as
ferramentas digitais desempenham um papel relevante na formação continuada de docentes, os
quais são formados pelo uso dos recursos digitais e podem utilizar dos mesmos recursos em sua
atuação profissional.
Portanto, a literatura científica da área indica que o uso de tecnologias digitais em
diferentes contextos educacionais não se limita apenas ao uso mecânico das ferramentas. Ele
abrange aspectos reflexivos e de mediação, considerando a perspectiva dos diversos agentes
envolvidos nos processos de ensino e aprendizagem. Assim, o próximo passo consiste em
identificar e adaptar o uso das tecnologias digitais conforme o contexto de aplicação e as
temáticas a serem abordadas.
Uma proposta formativa mediada por tecnologias digitais em neurociências e educação inclusiva: Desdobramentos para o desenvolvimento
profissional docente
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Educação inclusiva e neurociências
No contexto de uma educação para todos, a inclusão escolar vem situando-se como uma
demanda cada vez mais prática e cotidiana para o professor, o que não torna menor o desafio
que é pensar a diversidade dentro de características tão específicas e no cenário de um
paradigma de ensino padronizador (Vier; Silveira, 2017). A proposta da educação inclusiva tem
sido amparada pela legislação brasileira (Brasil, 1988, 1996, 2011, 2015), contudo, os materiais
de apoio ao professor são pouco contextualizados e com orientações amplas, que dificultam sua
interseção com a prática (Rosin-Pinola; Del Prette, 2014).
Cabe destacar que, segundo a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da
Educação Inclusiva (Brasil, 2008), a educação especial passa a constituir a proposta pedagógica
do ensino regular, definindo como seu público-alvo os estudantes com deficiência, transtornos
globais de desenvolvimento e altas habilidades/superdotação. Além disso, também descreve
como parte deste público os estudantes com transtornos funcionais específicos (dislexia,
disortografia, disgrafia, discalculia, transtorno do déficit de atenção e hiperatividade, entre
outros). No presente artigo, assume-se a definição de público-alvo da educação especial descrita
pela política de 2008 supracitada. Destaca-se, dessa forma, que o público-alvo da educação
especial envolve mais estudantes do que aqueles acompanhados no atendimento educacional
especializado, conforme o decreto n.º 7.611, de 17 de novembro de 2011, que especifica os
estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou
superdotação (Brasil, 2011).
A inclusão envolve não o acesso dos estudantes ao ambiente escolar, mas também
ajustes no currículo para garantir sua participação. Ajustar o currículo pode ser definido como
“implementar flexibilizações, adequações e adaptações nas práticas pedagógicas, levando-se
em consideração especificidades, entendimento, estilo e dificuldades de cada aluno” (Fonseca
et al., 2020, p. 37). Além disso, mudanças em nível organizacional da instituição de ensino e
constantes reavaliações do papel da escola são primordiais para promover o desenvolvimento
dos estudantes público-alvo da educação especial (PAEE) (Maria, 2013). Dessa forma, é
importante considerar o impacto de diversos fatores na efetividade da educação inclusiva,
dentre eles, infraestrutura das escolas, estratégias pedagógicas e o currículo (Loveys, 2022;
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, 2019; Palaro; Santos
Cruz, 2021; Vieira; Omote, 2021).
Além dos fatores mencionados, o papel do professor na qualidade da educação é
amplamente reconhecido. Em particular, no que se refere ao desenvolvimento profissional dos
Carolina Magro de Santana BRAGA; Rafael Lima Dalle MULLE e Fabiana Maris VERSUTI
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docentes, um estudo realizado com professores que participaram de uma formação em educação
inclusiva indicou que, após essa formação, os educadores conseguiram implementar diversos
métodos de apoio para estudantes com deficiência em suas salas de aula. Estes métodos incluem
aprendizagem cooperativa, aprendizagem por pares, agrupamento por habilidades, uso
intensivo de recursos visuais e diferenciação curricular (Van Der Merwe; Fourie; Yoro, 2020).
Reconhecer e lidar com a diversidade na sala de aula é um aspecto fundamental do
trabalho do professor. Entender as diferentes formas de aprendizagem, bem como as habilidades
e desafios únicos de cada estudante, é crucial para o planejamento pedagógico (Walker et al.,
2019). Portanto, é relevante que os professores tenham acesso a conhecimentos, incluindo os
da neurociência, que os ajudem a compreender a aprendizagem como um fenômeno complexo
e diversificado (Gama; Ferracioli, 2019).
Um estudo conduzido por Chang et al. (2021), descreve uma formação oferecida ao
longo de três semanas para um grupo de professores. Os resultados indicam que o entendimento
das características do funcionamento cognitivo pode capacitar os professores a experimentar
novas estratégias de ensino e aprendizagem, embasadas em explicações neurobiológicas. Os
autores destacam que os resultados variaram entre os professores, sugerindo a necessidade de
novas pesquisas nessa área. Assim, o estudo promove o debate sobre o papel dos professores
no uso dos conhecimentos de neurociência não apenas para aprendê-los, mas também para
aplicá-los efetivamente em sala de aula, melhorando a compreensão dos processos de ensino e
aprendizagem.
A neurociência desempenha um papel crucial no apoio aos professores na educação
inclusiva, fornecendo informações sobre funcionamento cerebral e os processos de
aprendizagem, melhorando, em última análise, estratégias de ensino para diversos alunos.
Estudos enfatizam a importância de incorporar a neurociência na formação de professores para
promover práticas inclusivas (Mayelín; Linet; Oscar, 2021; Frei-Landau; Grobgeld; Guberman,
2023).
Dessa forma, propostas formativas no contexto do desenvolvimento profissional
docente que abordem o tema da educação inclusiva e neurociências podem contribuir para
ampliação do olhar e atuação dos professores com estudantes público-alvo da educação
especial. A descrição de ações com foco nesta temática, que estejam ancoradas na educação
digital, tem potencial de favorecer um maior alcance em relação aos professores em diferentes
localidades e contextos. Levantamento realizado em maio de 2021 por Borges (2022) nos
periódicos Capes, Scielo e no Google Acadêmico com os descritores “Educação Especial”,
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“Neurociência” e “Formação de Professores” e selecionando trabalhos dos últimos dez anos,
encontrou apenas três trabalhos publicados. Embora possam ser considerados outros
indexadores, cabe ressaltar a lacuna no campo da intersecção desta temática, considerando o
número reduzido de produções no período. Assim, o objetivo do presente artigo é descrever
uma proposta formativa mediada por tecnologias digitais com foco na interseção das
neurociências e educação inclusiva.
Metodologia
O presente trabalho foi elaborado com delineamento transversal, sendo um estudo
descritivo (Cozby, 2003) de uma proposta formativa integradora das áreas de educação
inclusiva e neurociências. Para isso, utilizou-se da pesquisa do tipo estudo de caso (Yin, 2015),
com a descrição etapas e estratégias de ensino-aprendizagem do curso Neurociência e Educação
Inclusiva.
Para o objetivo em questão, foram descritas as ferramentas utilizadas no curso, bem
como a matriz curricular, atividades pedagógicas planejadas, carga horária e equipe pedagógica.
Estas informações foram analisadas a partir da perspectiva dos parâmetros levantados por
Darling-Hammond, Hyler e Gardner (2017), sendo estes: foco no conteúdo; aprendizagem
ativa; colaboração; uso de modelos e técnicas de ensino; apoio de especialistas; feedbacks e
reflexão; duração sustentada.
A formação começou a ser desenvolvida a partir de necessidades identificadas no campo
prático da própria experiência profissional da pesquisadora responsável durante quatro anos
atuando no contexto educacional. Em 2020, a formação Neurociência e Educação Inclusiva,
passou a ser desenvolvida no cenário de um projeto de doutorado, passando pelo processo de
planejamento e avaliação no campo da pesquisa científica. A formação foi oferecida no
primeiro e segundo semestre de 2021 para professores da educação básica, na modalidade on-
line.
O curso foi divulgado pelo sistema da universidade e pelas redes sociais do laboratório
de pesquisa. Como critérios de inclusão foram considerados: 1) Ter concluído licenciatura ou
magistério; 2) Atuar na educação básica no Brasil. Inscreveram-se para o curso 120 professores
e 108 iniciaram o programa. Antes de iniciar o curso, os participantes tiveram acesso ao Termo
de Consentimento Livre e Esclarecido e foram informados sobre o projeto de pesquisa
“Neurociência e Educação Inclusiva: avaliação do efeito de um programa de formação de
Carolina Magro de Santana BRAGA; Rafael Lima Dalle MULLE e Fabiana Maris VERSUTI
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professores” aprovado pelo Comide Ética em Pesquisa com Seres Humanos sob CAAE:
40838820.2.0000.5407.
O curso foi estruturado no ambiente virtual de aprendizagem Google Sala de Aula.
Optou-se pelo uso desta plataforma considerando a possibilidade de integrar recursos de
videochamada, fórum, formulários e envio de atividades. Antes de cada módulo foram
disponibilizados materiais para leitura prévia. Os materiais envolviam artigos científicos e
vídeos e foram divididos em “materiais base”, que eram necessários para a participação no
encontro, e “materiais de apoio”, com leituras complementares e opcionais naquele tema. Antes
do início de cada aula, os professores respondiam a um questionário, utilizando Google
Formulários, com perguntas de múltipla-escolha sobre conceitos fundamentais abordados nos
materiais base. Este questionário tinha por objetivo mapear o conhecimento prévio dos
participantes para que a ministrante pudesse enfatizar, durante aquele encontro, os conceitos
que geraram mais dúvidas.
As aulas on-line tinham duração de 2 horas, foram realizadas pela plataforma Google
Meet e estruturadas de forma dialógica, com apresentação do conteúdo e participação dos
professores. Ao final de cada encontro, os participantes respondiam novamente ao questionário,
com o objetivo de verificar se a aprendizagem daqueles conceitos havia sido alcançada, bem
como autoavaliar seu desempenho. Após a aula, os professores realizavam uma atividade de
consolidação de aprendizagem. As atividades foram planejadas para envolverem situações
práticas do cotidiano do professor em relação ao conteúdo abordado, como, por exemplo,
planejar algumas etapas da adaptação de uma atividade para um estudante com Transtorno do
Espectro Autista. Ao final do curso, como atividade de encerramento, foi solicitada uma
produção autoral crítica e reflexiva sobre os conteúdos abordados, relacionando com as
experiências profissionais dos participantes e o contexto da educação atual. Considerando todas
as atividades realizadas, leitura de textos e participação nas aulas on-line, o curso contabilizava
40 horas como carga horária.
Os participantes foram divididos em dois grupos, realizando o curso em dois momentos
diferentes, sendo que 58 deles compuseram o grupo 1 e 50, o grupo 2. Para cada grupo foi
criado um ambiente virtual de aprendizagem diferente, embora com o mesmo conteúdo,
ferramentas e atividades. Os professores em questão atuam desde a Educação Infantil até o
Ensino Médio e 76,85% indicaram residir no estado de São Paulo, embora a amostra conte com
participantes de onze estados do Brasil. Considerando os dois grupos, 86 professores atingiram
a realização de pelos menos 75% das atividades, sugerindo uma alta adesão ao programa.
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Ainda no que diz respeito aos professores participantes, 5,7% atuavam exclusivamente
no ensino público, enquanto 25% atuavam na rede privada. Os demais participantes informaram
atuar em organização não governamental ou em diferentes redes ao mesmo tempo. No que diz
respeito à experiência anterior com educação inclusiva na sala de aula, a maior parte dos
professores (79,63%) afirmaram terem vivenciado esta experiência. Vale destacar que, destes
participantes, 59,3% relataram ter participado anteriormente de formação continuada sobre
educação inclusiva (Tabela 1). Este dado sinaliza a importância de abordar o tema nas ações
voltadas para o desenvolvimento profissional docente, uma vez que pouco mais de 40% dos
professores relataram experiência prévia com educação inclusiva, contudo, não receberam
formação específica.
Tabela 1 – Estatísticas descritivas para formação continuada e experiência prévia em
educação inclusiva
Você tem ou já teve alguma
experiência com inclusão na
sala de aula?
Já participou anteriormente de
formação continuada sobre educação
inclusiva?
Frequência
Porcentagem
Não
Não
18
81,8
Sim
4
18,2
Total
22
100,0
Sim
Não
35
40,7
Sim
51
59,3
Total
86
100,0
Fonte: elaborada pelos autores.
Resultados e Discussão
Serão apresentadas as características da formação realizada, bem como as estratégias de
ensino e aprendizagem mediadas por tecnologias que foram utilizadas. Para analisar os
resultados, serão considerados os pressupostos de formações descritas com maior impacto em
mudanças na prática docente, sendo estes: foco no conteúdo, aprendizagem ativa, colaboração,
uso de modelos e técnicas de ensino, apoio de especialistas, feedbacks e reflexão e duração
sustentada (Darling-Hammond; Hyler; Gardner, 2017; Centro de Excelência e Inovações em
Políticas Educacionais, 2018).
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Foco no conteúdo
Os conteúdos abordados na formação foram direcionados à compreensão da
aprendizagem a partir da perspectiva das neurociências, considerando o público-alvo da
educação especial (Quadro 1):
Quadro 1 Conteúdo programático e objetivo de aprendizagem da formação
Neurociência e Educação Inclusiva, por semana de trabalho
Semana
Tema
Objetivo de aprendizagem
1
Apresentação, treino do uso da
plataforma e preparação para o curso
Utilizar o ambiente virtual de aprendizagem.
Listar as etapas necessárias na preparação dos
participantes para cada encontro do curso.
2
Conceitos básicos de funcionamento
cognitivo e Estudo de Caso utilizando
a Classificação Internacional de
Funcionalidade
Identificar que o funcionamento cognitivo é um
processo complexo.
Listar os lobos corticais, bem como identificar suas
funções e relação com o processo de aprendizagem.
Conceituar Funcionalidade e analisar sua aplicação
como ferramenta de flexibilização curricular.
3
O cérebro o e desenvolvimento
infantil: janelas de desenvolvimento,
neuroplasticidade e funções executivas
Definir funções executivas a partir do modelo proposto
por Adele Diamond e relacionar com aprendizagem.
Diferenciar crescimento, maturação e desenvolvimento.
Identificar etapas de desenvolvimento cognitivo.
4
Transtornos do Neurodesenvolvimento
e possibilidades de flexibilização
curricular:
Transtorno do Espectro Autista
Descrever características do funcionamento cognitivo
específicas do Transtorno do Espectro Autista e
relacionar com possibilidades de flexibilização
curricular no contexto de sala de aula.
5
Transtornos do Neurodesenvolvimento
e possibilidades de flexibilização
curricular:
Transtornos Específicos de
Aprendizagem
Descrever características do funcionamento cognitivo
específicas dos Transtornos Específicos de
Aprendizagem e relacionar com possibilidades de
flexibilização curricular no contexto de sala de aula.
6
Transtornos do Neurodesenvolvimento
e possibilidades de flexibilização
curricular:
Transtorno do Déficit de Atenção e
Hiperatividade e Transtorno do
Desenvolvimento da Coordenação
Descrever características do funcionamento cognitivo
específicas do Transtorno do Déficit de Atenção e
Hiperatividade e relacionar com possibilidades de
flexibilização curricular no contexto de sala de aula
Descrever características do funcionamento cognitivo
específicas do Transtorno do Desenvolvimento da
Coordenação e relacionar com possibilidades de
flexibilização curricular no contexto de sala de aula.
7
Transtornos do Neurodesenvolvimento
e possibilidades de flexibilização
curricular:
Deficiência Intelectual e Síndrome de
Down
Conhecer diferentes perspectivas sobre inteligência e
descrever características do funcionamento cognitivo
específicas do quadro de Deficiência Intelectual,
relacionando com possibilidades de flexibilização
curricular no contexto de sala de aula.
Descrever características do funcionamento cognitivo
específicas do quadro de Síndrome de Down e
relacionar com possibilidades de flexibilização
curricular no contexto de sala de aula.
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Encerramento
Sintetizar os conhecimentos apresentados no curso e
refletir sobre a interseção com a prática docente no
contexto atual.
Fonte: Elaborado pelos autores.
No programa de formação foram abordados conhecimentos acerca das divisões
envolvendo sistema nervoso central e funções cognitivas, além dos transtornos do
neurodesenvolvimento. A escolha por abordar diagnósticos dos transtornos do
neurodesenvolvimento se deve à maior prevalência destes quadros no ensino regular
atualmente. Além disso, optou-se pela definição de público-alvo da educação especial que
inclui outros quadros para além do Transtorno do Espectro Autista, Altas
Habilidades/Superdotação e outras Deficiências. Para ampliar o olhar dos professores para a
relação com o contexto, foi também abordado o conceito de funcionalidade (OMS, 2013).
Dessa forma, conhecimentos sobre funcionamento cognitivo e funcionalidade foram
utilizados para elaboração de estratégias de flexibilização curricular considerando os quadros
de transtornos do neurodesenvolvimento apresentados. Diante do cronograma descrito, a
formação contempla a característica de foco no conteúdo, sendo entendido também como
abrangência de conceitos relacionados à didática e aprendizagem (Darling-Hammond; Hyler;
Gardner, 2017; Centro de Excelência E Inovações em Políticas Educacionais, 2018), que, nesse
contexto, ocorre a partir da perspectiva das neurociências. Ressalta-se, contudo, que a formação
não englobou conceitos do currículo que o professor ensina aos estudantes, sendo focado no
conteúdo sobre aprendizagem dos estudantes.
Aprendizagem ativa
Com base no pressuposto das metodologias ativas, antes dos encontros síncronos
semanais, os participantes tinham acesso aos objetivos pedagógicos daquela semana e os
materiais (vídeos e artigos) referentes aquele tema. No início de cada encontro síncrono
semanal, os participantes respondiam um formulário on-line com perguntas de múltipla-escolha
referente ao tema daquela semana. O formulário foi respondido por tecnologia digital, o que
permitiu à ministrante acompanhar as respostas instantaneamente, com o objetivo de avaliar
como havia sido o contato com os materiais disponibilizados previamente e quais eram as
principais dúvidas do grupo. Assim, a ênfase do encontro era redirecionada com base nas
respostas obtidas naquele primeiro momento.
Após os encontros síncronos, as mesmas perguntas foram respondidas novamente, para
que os próprios participantes avaliassem como estavam se apropriando dos conceitos
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trabalhados naquele momento e para a ministrante observar se houve mudança no panorama
inicial das respostas. As perguntas do formulário eram abordadas novamente no encontro
seguinte, discutindo as alternativas corretas, no contexto coletivo, e propiciando um espaço para
dúvidas e reflexões antes do início do próximo tema.
Ademais, levando em conta o fato de que os participantes eram professores do ensino
básico, com o objetivo relacionar os conteúdos aprendidos com possíveis interseções para a
prática docente, semanalmente os professores realizavam atividades relacionadas ao seu
contexto de sala de aula. As atividades envolviam elaboração de propostas pedagógicas ou
análise de situações do contexto escolar que o próprio professor escolhia relatar ou eram
fornecidas pela ministrante, sempre relacionadas ao tema trabalhado naquela semana,
integrando as próprias experiências com o aprendizado promovido na formação.
Em relação à aprendizagem ativa, entendida como a integração das próprias
experiências e necessidades dos professores com o aprendizado promovido nas formações
(Darling-Hammond; Hyler; Gardner, 2017; Centro de Excelência E Inovações em Políticas
Educacionais, 2018), o curso em questão oportuniza, nas atividades acima descritas, diversos
momentos para essa interação entre o conteúdo proposto e a prática docente.
Colaboração
Com base no pressuposto de colaboração entre os professores, foram utilizadas diversas
estratégias ao longo da formação visando a troca entre os participantes. No ambiente virtual de
aprendizagem, foi utilizado o mural como ferramenta para compartilhamento de situações
vivenciadas, materiais e dúvidas. Para estimular a interação entre os participantes, a primeira
atividade do curso envolvia se apresentar ao grupo, informando seu nome, cidade onde reside,
atuação docente e relato de uma experiência com estudantes público-alvo da educação especial.
A ministrante do curso e as duas monitoras acompanhavam diariamente o mural, buscando
manter um fluxo constante de troca com os participantes. Destaca-se que os professores
escreveram, no mural, diversos relatos sobre inclusão escolar, tanto de ordem pessoal quanto
profissional, o que reforça a importância de favorecer espaços de troca e colaboração.
Com o objetivo de criar oportunidades de auxílio mútuo, a partir da terceira semana do
curso, as atividades realizadas semanalmente com foco na prática docente eram realizadas em
duplas ou trios. Além disso, no último encontro síncrono realizado na formação, os participantes
se dividiram em grupos menores, por meio de videoconferência, para discutir os possíveis
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impactos das experiências e dos conceitos apresentados ao longo do curso para suas próprias
atuações docentes, com a elaboração de uma discussão final com o grupo todo.
Ao final do curso, foi solicitado que cada professor elaborasse uma análise crítica do
contexto atual da educação e da sua prática educativa, relacionando com os conceitos abordados
ao longo da formação. O ensaio poderia ser entregue na forma de texto dissertativo ou vídeo.
Todas as produções, com autorização dos professores, foram compiladas em um material digital
de livre acesso documentando as percepções dos participantes.
Vale destacar que o modelo colaborativo em ações de ensino-aprendizagem retoma um
aspecto central do uso de metodologias ativas no sentido de oferecer ao aprendiz um formato
de curso horizontal, focado no desenvolvimento do indivíduo (Versuti et al., 2021). Além disso,
promover espaços de auxílio mútuo entre os professores, em pares ou em grupo tem sido
associado com melhores resultados nas formações (Darling-Hammond; Hyler; Gardner, 2017;
Centro de Excelência e Inovações em Políticas Educacionais, 2018).
Uso de modelos e técnicas de ensino
Em relação ao acesso a modelos e técnicas de ensino, utilizou-se o quadro de
informações da Classificação Internacional de Funcionalidade (OMS, 2013) como uma
estratégia para organizar informações acerca de um estudante com diagnóstico. Foram
apresentados exemplos do preenchimento do quadro, bem como diversas atividades ao longo
do curso que utilizaram o modelo do quadro em questão como forma de organizar as
informações e pensar nas potencialidades e desafios daquele estudante. Destaca-se a
potencialidade do uso desta ferramenta no contexto escolar, uma vez que busca olhar para além
do diagnóstico, considerando a interseção de fatores ambientais e características pessoais.
Além da utilização do quadro da Classificação Internacional de Funcionalidade, não
houve a apresentação de exemplos de planos de aulas ou intervenções de forma sistematizada.
Nos encontros síncronos, durante as aulas dialogadas, o conteúdo abordado envolvia exemplos
de flexibilização curricular para estudantes, público-alvo da educação especial, contudo, sem
detalhar o contexto de aplicação destas propostas. Nesse sentido, na formação, não foram
fornecidas uma ampla gama de modelos, conforme sugerido como uma característica desejável
para formações por Darling-Hammond, Hyler e Gardner (2017) e Centro de Excelência e
Inovações em Políticas Educacionais (2018).
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Apoio de especialistas
A formação proposta contou com equipe de especialistas não apenas nos momentos de
discussão sobre os conteúdos, como também no planejamento das ações formativas, produção
de materiais e acompanhamento das atividades realizadas pelos participantes (Quadro 2):
Quadro 2 Papéis, atuações e funções dos profissionais responsáveis pelo programa de
formação
Papel
Atuação
Funções atribuídas
Coordenadora
Professora universitária que orientou
o projeto e pesquisadora da área de
aprendizagem docente
Orientar a elaboração da matriz didática e seleção
de ferramentas de ensino e aprendizagem mais
adequadas ao contexto do curso.
Acompanhar semanalmente a implementação do
programa, por meio de reuniões com a ministrante.
Pesquisadora
responsável e
ministrante do
curso
Neuropsicóloga, com experiência com
crianças e adolescentes público-alvo
da educação especial, e discente de
doutorado
Elaborar e implementar a matriz didática do curso.
Selecionar, fornecer e organizar os materiais e
atividades no ambiente virtual de aprendizagem.
Orientar equipe de monitoras e pesquisadoras
colaboradoras.
Ministrar as aulas dialogas no formato on-line.
Corrigir e fornecer feedback individual das
atividades realizadas pelos participantes.
Acompanhar postagens dos participantes do
ambiente virtual de aprendizagem, bem como
monitorar o e-mail do curso.
Monitoras
técnicas
Neuropsicóloga com experiência com
crianças e adolescentes público-alvo
da educação especial
Psicóloga e discente de mestrado com
pesquisa na área de aprendizagem
Acompanhar e responder perguntas no ambiente
virtual dos professores.
Corrigir e fornecer feedback individual das
atividades realizadas semanalmente pelos
participantes.
Pesquisadora
colaboradora
Psicóloga colaboradora do laboratório
de pesquisa no qual a formação foi
desenvolvida
Elaborar e diagramar livro digital de revisão com
resumo do conteúdo teórico apresentado em cada
semana.
Fonte: Elaborado pelos autores.
Considerando o repertório das profissionais envolvidas no curso, conhecimentos da
psicologia e neurociências foram utilizados para oferecer suporte aos professores participantes
em relação aos conteúdos estudados no curso e também na análise e reflexão das atividades que
foram realizadas. Embora não tenham sido acompanhadas ações de implementação prática do
professor em suas atividades docentes, os profissionais responsáveis pela formação ofereceram
suporte constante na realização das atividades, que envolviam planejar ações para o contexto
de sala de aula, o que contempla, o item apoio de especialistas (Darling-Hammond; Hyler;
Gardner, 2017; Centro de Excelência e Inovações em Políticas Educacionais, 2018).
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Feedbacks e reflexão
A maior parte das atividades semanais propostas aos participantes envolviam a
descrição e planejamento de ações por parte dos professores, relacionadas aos seus próprios
contextos de trabalho. Dessa forma, não havia um crivo único de resposta e, por isso, os
feedbacks de cada uma foi realizada de forma individual por e-mail. Para a correção, a
ministrante realizou o treinamento on-line de duas monitoras, orientando os objetivos de cada
atividade e o conteúdo trabalhado naquela semana.
Além das atividades semanais, o ensaio crítico ao final do curso também pode ser visto
como oportunidade de reflexão sobre sua própria prática, relacionado com a aprendizagem dos
conceitos abordados na formação. Como exposto previamente, é primordial propor
formações que contemplem, em seu currículo, espaços de reflexão, experimentação e análise
da prática profissional (Silva; Souza, 2018).
Não foram proporcionadas oportunidades de observação direta da ação dos professores
participantes, conforme sugerido por Darling-Hammond, Hyler e Gardner (2017) e Centro De
Excelência e Inovações em Políticas Educacionais (2018). Contudo, ainda que de forma
indireta, foram planejadas condições para que os professores pudessem refletir e receber um
retorno sobre seus relatos e planos de ações, solicitadas por meio das atividades semanais e
ensaio.
Duração sustentada
A formação on-line foi estruturada de forma a ser concluída em nove semanas, sendo
sete semanas de encontros síncronos. Duas semanas adicionais foram contabilizadas para
execução da atividade de encerramento do curso (ensaio crítico). Os encontros síncronos on-
line ocorreram de forma semanal, aos sábados, por meio de videoconferência pelo Google Meet,
com duração de duas horas por encontro. As atividades assíncronas foram realizadas no
ambiente virtual de aprendizagem (Google Sala de aula), respondidas em formulários e
documentos on-line.
O ambiente virtual de aprendizagem foi mantido durante seis meses após a intervenção,
permitindo o contato direto com a ministrante e as monitoras e os professores entre si.
Considerando que os participantes eram de onze estados diferentes, manter uma duração
adequada para a formação seria especialmente desafiante sem a mediação de tecnologias
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digitais, sendo o contato por meio do ambiente virtual de aprendizagem e os encontros por
videoconferência ferramentas profícuas neste contexto.
Embora haja relatos na literatura de formações que seguiram por mais de um ano,
considerando as propostas majoritariamente oferecidas aos professores no formato de palestras
ou oficinas fragmentadas, considera-se que a presente formação permitiu diversas
oportunidades de aprendizagem e retomada dos conteúdos, bem como tempo para reflexão
(Darling-Hammond; Hyler; Gardner, 2017; Centro de Excelência e Inovações em Políticas
Educacionais, 2018).
Considerações finais
O presente estudo teve como objetivo descrever uma proposta formativa mediada por
tecnologias digitais com foco na interseção das neurociências e educação inclusiva.
Considerando o objetivo proposto, a formação em questão foi analisada a partir de sete
características que são apontadas como aspectos a serem considerados no planejamento de
formações para professores. Em relação aos itens descritos, o curso contemplou, por meio de
tecnologias digitais, todos as características propostas, embora em menor proporção o uso de
modelos e técnicas de ensino e feedbacks e reflexão.
As sete características elencadas no presente trabalho corroboram concepções de
desenvolvimento profissional docente que envolvem as formações vivenciadas ao longo da
carreira e a interação entre outras dimensões baseadas em vivências pessoais e profissionais.
Nesse sentido, este estudo se dispõe a analisar a formação descrita não somente na sua proposta
enquanto conteúdo apresentado aos professores, mas em toda a sua estruturação, pensada para
promover a articulação com aquilo que é da realidade profissional e não apenas prescritivo,
interagindo com as demandas do contexto. Dessa forma, a partir dos dados e estratégias
apresentadas, sugere-se a importância de propostas formativas contemplarem ações de
construção de conhecimento contextualizado que possam gerar mudanças na prática docente.
Por fim, destaca-se que a análise foi realizada a partir de uma única oferta da formação,
sendo uma limitação a ser destacada. Além disso, não foi realizado nenhum acompanhamento
após seis meses da formação, o que teria sido relevante para avaliar seus impactos. Sugere-se
que sejam analisados também dados de variáveis antes e após o curso com o objetivo de
verificar o efeito da intervenção.
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188, 2019. Disponível em:
https://www.tandfonline.com/doi/full/10.1080/23735082.2019.1674910. Acesso em: 10 jan.
2023
YIN, R. K. Estudo de Caso: Planejamento e Métodos. 5. ed. Porto Alegre: Bookman Editora,
2015.
Uma proposta formativa mediada por tecnologias digitais em neurociências e educação inclusiva: Desdobramentos para o desenvolvimento
profissional docente
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 25, n. 00, e024007, 2024. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v25i00.19071 22
CRediT Author Statement
Reconhecimentos: Gostaria de agradecer à Ana Carolina de Lima, Ariana Acioli Xavier,
Ariane Alcalá Francisco e Raquel Messi Falcoski que contribuíram nas ações de tutoria e
monitoria do curso descrito no artigo.
Financiamento: O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de
Financiamento 001.
Conflitos de interesse: Não há conflitos de interesse.
Aprovação ética: O trabalho respeitou a ética durante a pesquisa e foi aprovado pelo
Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos.
Disponibilidade de dados e material: Não aplicável.
Contribuições dos autores: Carolina Magro de Santana Braga contribuiu com a
conceitualização, metodologia, gerenciamento de dados, coleta e análise de dados,
preparação visual dos dados, escrita e revisão do texto. O coautor Rafael Lima Dalle Mulle
contribuiu na escrita e revisão do texto e a coautora Fabiana Maris Versuti atuou na
administração do projeto, conceitualização e metodologia do trabalho, bem como revisão
do texto.
Processamento e editoração: Editora Ibero-Americana de Educação.
Revisão, formatação, normalização e tradução.
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 25, n. 00, e024007, 2024. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v25i00.19071 1
A TRAINING PROPOSAL MEDIATED BY DIGITAL TECHNOLOGIES IN
NEUROSCIENCES AND INCLUSIVE EDUCATION: DEVELOPMENTS FOR
TEACHER PROFESSIONAL DEVELOPMENT
UMA PROPOSTA FORMATIVA MEDIADA POR TECNOLOGIAS DIGITAIS EM
NEUROCIÊNCIAS E EDUCAÇÃO INCLUSIVA: DESDOBRAMENTOS PARA O
DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL DOCENTE
UNA PROPUESTA DE FORMACIÓN MEDIADA POR TECNOLOGÍAS DIGITALES
EN NEUROCIENCIAS Y EDUCACIÓN INCLUSIVA: DESARROLLOS PARA EL
DESARROLLO PROFESIONAL DOCENTE
Carolina Magro de Santana BRAGA1
e-mail: carolinabraga@usp.br
Rafael Lima Dalle MULLE2
e-mail: rafael.mulle@usp.br
Fabiana Maris VERSUTI3
e-mail: fabiana_versuti@usp.br
How to reference this paper:
BRAGA, C. M. de S.; MULLE, R. L. D.; VERSUTI, F. M.
A training proposal mediated by digital technologies in
neurosciences and inclusive education: Developments for
teacher professional development. Doxa: Rev. Bras. Psico.
e Educ., Araraquara, v. 25, n. 00, e024007, 2024. e-ISSN:
2594-8385. DOI:
https://doi.org/10.30715/doxa.v25i00.19071
| Submitted: 25/02/2024
| Revisions required: 04/07/2024
| Approved: 09/07/2024
| Published: 29/07/2024
Editor:
Prof. Dr. Paulo Rennes Marçal Ribeiro
Deputy Executive Editor:
Prof. Dr. José Anderson Santos Cruz
University of São Paulo (USP), Ribeirão Preto SP Brazil. Doctoral degree candidate in the Graduate Program
in Psychobiology.
University of São Paulo (USP), Ribeirão Preto SP Brazil. Doctoral degree candidate in the Graduate Program
in Psychobiology.
University of São Paulo (USP), Ribeirão Preto SP Brazil. Faculty member of the Department of Psychology.
Doctoral degree in Science Education (UNESP).
A training proposal mediated by digital technologies in neurosciences and inclusive education: Developments for teacher professional
development
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 25, n. 00, e024007, 2024. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v25i00.19071 2
ABSTRACT: The present study aims to describe a training proposal mediated by digital
technologies with a focus on the intersection of neurosciences and inclusive education. A case
study was carried out through online training on neurosciences and inclusive education with
teachers from the basic education network. The training was analyzed based on seven
characteristics of training actions with the greatest impact on the quality of education. In
relation to the items described, all proposed characteristics were covered in different
proportions. Therefore, based on the data and strategies presented, the importance of training
actions to promote contextualized knowledge aimed at changes in teaching practice is
suggested.
KEYWORDS: Teacher Professional Development. Digital Technologies. Neurosciences.
Inclusive education.
RESUMO: O presente estudo tem como objetivo descrever uma proposta formativa mediada
por tecnologias digitais com foco na interseção das neurociências e educação inclusiva. Foi
realizado um estudo de caso de uma formação on-line sobre neurociências e educação
inclusiva realizada com professores da rede básica de ensino. A formação foi analisada a partir
de sete características de ações formativas com maior impacto na qualidade da educação. Em
relação aos itens descritos, todas as características propostas foram contempladas em
diferentes proporções. Dessa forma, a partir dos dados e estratégias apresentadas, sugere-se
a importância de ões formativas promoverem conhecimento contextualizado que visem
mudanças na prática docente.
PALAVRAS-CHAVE: Desenvolvimento Profissional Docente. Tecnologias Digitais.
Neurociências. Educação Inclusiva.
RESUMEN: El presente estudio tiene como objetivo describir una propuesta de formación
mediada por tecnologías digitales con enfoque en la intersección de las neurociencias y la
educación inclusiva. Se realizó un estudio de caso de capacitación en nea sobre neurociencias
y educación inclusiva realizada con docentes de la red de educación básica. Se analizó la
formación a partir de siete características de las acciones formativas con mayor impacto en la
calidad de la educación. En relación a los ítems descritos, todas las características propuestas
fueron cubiertas en diferentes proporciones. Por lo tanto, a partir de los datos y estrategias
presentados, se sugiere la importancia de acciones formativas para promover conocimientos
contextualizados orientados a cambios en la práctica docente.
PALABRAS CLAVE: Desarrollo Profesional Docente. Tecnologías digitales. Neurociencias.
Educación inclusiva.
Carolina Magro de Santana BRAGA; Rafael Lima Dalle MULLE and Fabiana Maris VERSUTI
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 25, n. 00, e024007, 2024. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v25i00.19071 3
Introduction
Currently, professional training has been accompanied by changes in political, social,
and cultural spheres, as well as the development and potential impacts of digital technologies
(Modelski; Giraffa; Casartelli, 2019). As in other contexts, teacher professional development is
also affected by such changes, making it essential to describe and analyze the possibilities of
training proposals using digital tools. Additionally, understanding the knowledge and practices
involved in these actions that can truly integrate with the teacher's reality is relevant for these
trainings to reflect potential changes in education. In this regard, considering a training proposal
on the theme of inclusion and neurosciences also necessitates reflecting on the conceptions of
professional development and the characteristics of training that can generate positive impacts
in the context.
Teacher Professional Development
Teacher professional development can be understood as a continuous and ongoing
process of transformation within the teaching profession, which includes aspects of initial and
ongoing training that develop professional skills, as well as relevant knowledge and attitudes
in the field (Imbernón, 1994).
Promoting training within the context of teacher professional development is essential
due to the need for changes in established educational practices and the importance of
innovations, especially related to the use of technologies (Peripolli; Bemme; Isaia, 2021). In
this sense, Moriconi et al. (2017), through a review of studies aimed at evaluating the quality
of teacher continuing education programs, identified common characteristics of programs with
positive effects in the school context, including: focus on pedagogical content knowledge;
active learning methods; collective participation; sustained duration; coherence.
Seeking evidence of training proposals that result in changes in teacher practices, a
review of 35 international studies from the last three decades suggests the importance of
addressing the following aspects (Darling-Hammond; Hyler; Gardner, 2017; Centro de
Excelência e Inovações em Políticas Educacionais, 2018):
A training proposal mediated by digital technologies in neurosciences and inclusive education: Developments for teacher professional
development
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 25, n. 00, e024007, 2024. e-ISSN: 2594-8385
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a) Focus on content: directing training proposals to encompass concepts that are
specific to the school subjects that teachers teach (e.g., mathematics) or content related to
didactics and learning;
b) Active learning: Although it is not clearly defined in the documents what active
learning entails, it is understood to be related to the integration of teachers' own experiences
and needs with the learning promoted in the training sessions. This can include activities
involving practices for teachers to analyze, experiment with, and reflect on new strategies.
c) Collaboration: Including mutual support practices among teachers, whether in
pairs, groups, or even between various schools, fosters better outcomes. Creating opportunities
for collaboration during training allows consideration of the context and system in which the
teacher operates, potentially forming collaborative communities that can positively impact that
context.
d) Use of models and teaching techniques: Access to real models and practices can
guide teachers in basing good practices. Classroom situation recordings, lesson plans, or case
reports can be utilized.
e) Expert support: Monitoring and support from professional specialists who can
share their experiences and knowledge on a specific topic can facilitate the implementation of
changes in teaching practice.
f) Feedback and reflection: Besides mastering concepts, quality training should
involve time for teachers to reflect on their practice. Additionally, the opportunity to make
changes in their teaching actions and receive feedback on these initiatives is crucial for the
consolidation of long-term positive effects.
g) Sustained duration: Alongside all the mentioned factors, the effectiveness of
training proposals for teacher professional development also depends on the duration of the
training. One-off and fragmented lectures, traditionally presented to teachers, do not provide
opportunities for learning related to practice.
Continuing education should, therefore, aim to include in its curriculum characteristics
that truly promote teacher professional development and its intersection with professional
practice (Silva; Souza, 2018).
Carolina Magro de Santana BRAGA; Rafael Lima Dalle MULLE and Fabiana Maris VERSUTI
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 25, n. 00, e024007, 2024. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v25i00.19071 5
Education and Digital Technologies
In education, the use of digital technologies has driven changes in the ways of working
and has been used as a tool to enhance the teaching and learning process, although it also
presents challenges in its use (Minuzi et al., 2022). Additionally, the use of digital technologies
in education has expanded, especially with the emergency remote teaching condition imposed
by the COVID-19 pandemic, as indicated by Versuti et al. (2021). The authors argue in their
work that digital resources, when applied in the educational context, generate the potential to
achieve learning objectives through the intersection of the digital tool and the strategy for its
use, with the teacher acting as a facilitator of the digital resources that mediate the teaching and
learning processes.
According to Moreira and Schlemmer (2020), digital technologies, by themselves, do
not change teaching and learning practices, requiring prior reflection regarding their application
in educational practices as a process with specific characteristics and diverse impacts (both
positive and negative). Borges (2018) argues that the integration of digital resources in the
educational context allows the development of new teaching methods; however, the actions of
teachers in this regard should be a focus of reflection concerning the use of these resources. It
is understood that these resources can take on a dual role: both in the way teachers use digital
tools and how these tools can be employed in their professional development. In this context,
Boscarioli (2022) emphasizes that digital tools play a significant role in the continuing
education of teachers, who are trained through the use of digital resources and can utilize these
same resources in their professional activities.
Therefore, the scientific literature in the field indicates that the use of digital
technologies in different educational contexts is not limited to the mechanical use of tools. It
encompasses reflective and mediating aspects, considering the perspectives of the various
agents involved in the teaching and learning processes. Thus, the next step is to identify and
adapt the use of digital technologies according to the context of the application and the themes
to be addressed.
A training proposal mediated by digital technologies in neurosciences and inclusive education: Developments for teacher professional
development
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 25, n. 00, e024007, 2024. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v25i00.19071 6
Inclusive Education and Neurosciences
In the context of education for all, school inclusion has become an increasingly practical
and everyday demand for teachers. However, this does not diminish the challenge of
considering diversity within such specific characteristics in a standardized teaching paradigm
(Vier; Silveira, 2017). The proposal for inclusive education has been supported by Brazilian
legislation (Brasil, 1988, 1996, 2011, 2015). Nevertheless, the support materials for teachers
are often poorly contextualized and contain broad guidelines, making it difficult to integrate
them with practical application (Rosin-Pinola; Del Prette, 2014).
It is noteworthy that, according to the National Policy on Special Education in the
Perspective of Inclusive Education (Brasil, 2008), special education becomes part of the regular
teaching proposal, targeting students with disabilities, global developmental disorders, and high
abilities/giftedness. Additionally, it also includes students with specific functional disorders
(dyslexia, dysorthographia, dysgraphia, dyscalculia, attention deficit hyperactivity disorder,
among others). This article adopts the definition of the target audience for special education as
described by the aforementioned 2008 policy. It highlights that the target audience for special
education involves more students than those receiving specialized educational assistance, as
specified by decree no. 7,611, dated November 17, 2011, which includes students with
disabilities, global developmental disorders, and high abilities or giftedness (Brasil, 2011).
Inclusion involves not only the students' access to the school environment but also
curriculum adjustments to ensure their participation. Curriculum adjustment can be defined as
“implementing flexibilizations, adaptations, and accommodations in pedagogical practices,
considering the specificities, understanding, style, and difficulties of each student” (Fonseca et
al., 2020, p. 37, our translation). Furthermore, organizational changes within the educational
institution and continuous reevaluation of the school's role are crucial to promoting the
development of students who are the target audience of special education (PAEE) (Maria,
2013). Thus, it is essential to consider the impact of various factors on the effectiveness of
inclusive education, including school infrastructure, pedagogical strategies, and curriculum
(Loveys, 2022; Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, 2019;
Palaro; Santos Cruz, 2021; Vieira; Omote, 2021).
In addition to the mentioned factors, the role of the teacher in the quality of education
is widely recognized. Particularly concerning the professional development of teachers, a study
conducted with educators who participated in inclusive education training indicated that, after
this training, the teachers were able to implement various support methods for students with
Carolina Magro de Santana BRAGA; Rafael Lima Dalle MULLE and Fabiana Maris VERSUTI
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 25, n. 00, e024007, 2024. e-ISSN: 2594-8385
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disabilities in their classrooms. These methods include cooperative learning, peer learning,
ability grouping, intensive use of visual resources, and curriculum differentiation (Van Der
Merwe; Fourie; Yoro, 2020).
Recognizing and addressing diversity in the classroom is a fundamental aspect of a
teacher's work. Understanding different learning styles, as well as each student's unique abilities
and challenges, is crucial for pedagogical planning (Walker et al., 2019). Therefore, it is
essential for teachers to have access to knowledge, including that from neuroscience, which
helps them understand learning as a complex and diverse phenomenon (Gama; Ferracioli,
2019).
A study conducted by Chang et al. (2021), describes a three-week training offered to a
group of teachers. The results indicate that understanding the characteristics of cognitive
functioning can enable teachers to experiment with new teaching and learning strategies based
on neurobiological explanations. The authors note that the outcomes varied among teachers,
suggesting the need for further research. Thus, the study promotes the discussion about the role
of teachers in using neuroscience knowledge not only to learn but also to effectively apply it in
the classroom, thereby improving the understanding of teaching and learning processes.
Neuroscience plays a crucial role in supporting teachers in inclusive education by
providing insights into brain functioning and learning processes, ultimately enhancing teaching
strategies for diverse students. Studies emphasize the importance of incorporating neuroscience
into teacher training to promote inclusive practices (Mayelín; Linet; Oscar, 2021; Frei-Landau;
Grobgeld; Guberman, 2023).
Thus, professional development proposals that address inclusive education and
neuroscience can broaden teachers' perspectives and actions toward students who are the target
audience of special education. Describing actions focused on this theme, anchored in digital
education, has the potential to reach more teachers in different locations and contexts. A survey
conducted in May 2021 by Borges (2022) in Capes, Scielo, and Google Scholar journals using
the descriptors "Special Education," "Neuroscience," and "Teacher Training" and selecting
works from the last ten years, found only three published works. Although other indexes can
be considered, the gap in this field is worth noting, given the small number of publications
during the period. Thus, the aim of this article is to describe a training proposal mediated by
digital technologies focused on the intersection of neuroscience and inclusive education.
A training proposal mediated by digital technologies in neurosciences and inclusive education: Developments for teacher professional
development
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 25, n. 00, e024007, 2024. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v25i00.19071 8
Methodology
This study was designed as a cross-sectional descriptive study (Cozby, 2003) of an
integrative training proposal combining the fields of inclusive education and neuroscience. A
case study research method (Yin, 2015) was employed to describe the stages and teaching-
learning strategies of the course "Neuroscience and Inclusive Education."
To achieve the study's objective, the tools used in the course, as well as the curricular
matrix, planned pedagogical activities, workload, and pedagogical team, were described. This
information was analyzed based on the parameters outlined by Darling-Hammond, Hyler, and
Gardner (2017), which include: focus on content; active learning; collaboration; use of teaching
models and techniques; specialist support; feedback and reflection; and sustained duration.
The training was developed based on needs identified from the professional experience
of the lead researcher over four years in the educational context. In 2020, the "Neuroscience
and Inclusive Education" training began to be developed as part of a doctoral project, going
through the planning and evaluation process in the field of scientific research. The training was
offered in the first and second semesters of 2021 to primary education teachers, in an online
format.
The course was advertised through the university system and the research laboratory's
social media. Inclusion criteria included: 1) completion of a teaching degree or teaching
certification; 2) working in primary education in Brazil. A total of 120 teachers enrolled in the
course, and 108 started the program. Before starting the course, participants were given access
to the Free and Informed Consent Form and were informed about the research project
Neurociência e Educação Inclusiva: avaliação do efeito de um programa de formação de
professores
approved by the Research Ethics Committee with Humans under CAAE:
40838820.2.0000.5407.
The course was structured within the Google Classroom virtual learning environment.
This platform was chosen for its ability to integrate video calling, forums, forms, and activity
submissions. Prior to each module, reading materials were made available. These materials
included scientific articles and videos and were divided into "essential materials," necessary for
participation in the session, and "support materials," which offered complementary and optional
readings on the topic. Before each class, teachers completed a multiple-choice questionnaire
via Google Forms, covering fundamental concepts from the essential materials. This
Neuroscience and Inclusive Education: Evaluation of the Effect of a Teacher Training Program.
Carolina Magro de Santana BRAGA; Rafael Lima Dalle MULLE and Fabiana Maris VERSUTI
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 25, n. 00, e024007, 2024. e-ISSN: 2594-8385
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questionnaire aimed to map participants' prior knowledge so that the instructor could emphasize
concepts that generated the most questions during the session.
The online classes lasted for 2 hours each, conducted via the Google Meet platform and
structured dialogically, including content presentation and teacher participation. At the end of
each session, participants completed the questionnaire again to verify if they had learned the
concepts and to self-assess their performance. Following the class, teachers engaged in a
consolidation activity designed to involve practical situations from their daily teaching related
to the discussed content, such as planning steps for adapting an activity for a student with
Autism Spectrum Disorder. As a concluding activity, participants were asked to produce a
critical and reflective piece on the covered content, linking it to their professional experiences
and the current educational context. Considering all activities, reading assignments, and online
class participation, the course amounted to a total of 40 hours.
Participants were divided into two groups, taking the course at different times, with 58
in group 1 and 50 in group 2. Separate virtual learning environments were created for each
group, although they contained the same content, tools, and activities. The teachers ranged from
early childhood to high school educators, with 76.85% residing in the state of São Paulo,
although the sample included participants from eleven Brazilian states. Across both groups, 86
teachers completed at least 75% of the activities, indicating a high level of engagement with
the program.
Regarding the participants, 5.7% worked exclusively in public education, while 25%
were in the private sector. The remaining participants reported working for non-governmental
organizations or in multiple networks simultaneously. In terms of previous experience with
inclusive education in the classroom, the majority (79.63%) had such experience. Notably,
59.3% of these participants had previously engaged in continuing education on inclusive
education (Table 1). This data highlights the importance of addressing this topic in professional
development initiatives, given that slightly over 40% of teachers had prior experience with
inclusive education but had not received specific training.
A training proposal mediated by digital technologies in neurosciences and inclusive education: Developments for teacher professional
development
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 25, n. 00, e024007, 2024. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v25i00.19071 10
Table 1 – Descriptive Statistics for Continuing Education and Previous Experience in
Inclusive Education
Do you have or have you had
any experience with inclusion in
the classroom?
Have you previously participated in
continuing training on inclusive
education?
Frequency
Percentage
No
No
18
81,8
Yes
4
18,2
Total
22
100,0
Yes
No
35
40,7
Yes
51
59,3
Total
86
100,0
Source: Prepared by the authors.
Results and Discussion
The characteristics of the conducted training will be presented, along with the
technology-mediated teaching and learning strategies utilized. To analyze the results, the
principles of training programs that have shown the greatest impact on changes in teaching
practices will be considered. These principles include: focus on content, active learning,
collaboration, use of models and teaching techniques, specialist support, feedback and
reflection, and sustained duration (Darling-Hammond; Hyler; Gardner, 2017; Centro de
Excelência e Inovações em Políticas Educacionais, 2018).
Focus on Content
The content covered in the training was aimed at understanding learning from the
perspective of neuroscience, with a focus on the target audience of special education (Table 1):
Chart 1 Curriculum Content and Learning Objectives of the Neuroscience and
Inclusive Education Training, by Week
Week
Theme
Learning Objective
1
Presentation, training in using the
platform and preparation for the course
Use the virtual learning environment.
List the steps necessary to prepare participants for each
course meeting.
2
Basic concepts of cognitive
functioning and Case Study using the
International Classification of
Functioning
Identify that cognitive functioning is a complex process.
List the cortical lobes, as well as identify their functions
and relationship with the learning process.
Carolina Magro de Santana BRAGA; Rafael Lima Dalle MULLE and Fabiana Maris VERSUTI
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 25, n. 00, e024007, 2024. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v25i00.19071 11
Conceptualize Functionality and analyze its application
as a tool for curricular flexibility.
3
The brain and child development:
windows of development,
neuroplasticity and executive functions
Define executive functions based on the model
proposed by Adele Diamond and relate it to learning.
Differentiate growth, maturation and development.
Identify stages of cognitive development.
4
Neurodevelopmental Disorders and
possibilities for curricular flexibility:
Autism Spectrum Disorder
Describe characteristics of cognitive functioning
specific to Autism Spectrum Disorder and relate them to
possibilities for curricular flexibility in the classroom
context.
5
Neurodevelopmental Disorders and
possibilities for curricular flexibility:
Specific Learning Disorders
Describe characteristics of cognitive functioning
specific to Specific Learning Disorders and relate them
to possibilities for curricular flexibility in the classroom
context.
6
Neurodevelopmental Disorders and
possibilities for curricular flexibility:
Attention Deficit Hyperactivity
Disorder and Developmental
Coordination Disorder
Describe characteristics of cognitive functioning
specific to Attention Deficit Hyperactivity Disorder and
relate it to possibilities for curricular flexibility in the
classroom context.
Describe characteristics of cognitive functioning
specific to Developmental Coordination Disorder and
relate it to possibilities for curricular flexibility in the
classroom context.
7
Neurodevelopmental Disorders and
possibilities for curricular flexibility:
Intellectual Disability and Down
Syndrome
Know different perspectives on intelligence and
describe characteristics of cognitive functioning specific
to the Intellectual Disability framework, relating them
to possibilities for curricular flexibility in the classroom
context.
Describe characteristics of cognitive functioning
specific to Down Syndrome and relate them to
possibilities for curricular flexibility in the classroom
context.
Ending
Synthesize the knowledge presented in the course and
reflect on the intersection with teaching practice in the
current context.
Source: Prepared by the authors.
The training program addressed knowledge related to the divisions of the central
nervous system, cognitive functions, and neurodevelopmental disorders. The decision to cover
diagnoses of neurodevelopmental disorders was based on the increased prevalence of these
conditions in mainstream education today. Additionally, the target audience for special
education was defined to include a broader range of conditions beyond Autism Spectrum
Disorder, Giftedness/Talents, and other Disabilities. To broaden the teachers’ understanding of
the context, the concept of functionality (OMS, 2013) was also discussed.
Thus, knowledge of cognitive functioning and functionality was used to develop
strategies for curricular flexibility considering the neurodevelopmental disorders presented.
Given the outlined schedule, the training incorporates the characteristic of content focus, which
is also understood as encompassing concepts related to didactics and learning (Darling-
A training proposal mediated by digital technologies in neurosciences and inclusive education: Developments for teacher professional
development
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 25, n. 00, e024007, 2024. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v25i00.19071 12
Hammond; Hyler; Gardner, 2017; Centro de Excelência E Inovações em Políticas
Educacionais, 2018). This focus is approached from the perspective of neuroscience. It is
noteworthy, however, that the training did not include concepts from the curriculum that
teachers teach students, but rather focused on content related to student learning.
Active Learning
Based on the premise of active methodologies, before the weekly synchronous meetings,
participants had access to the pedagogical objectives for the week and relevant materials (videos
and articles) on the topic. At the beginning of each weekly synchronous meeting, participants
completed an online questionnaire with multiple-choice questions related to that week’s theme.
The questionnaire was administered digitally, allowing the facilitator to monitor responses in
real time, with the aim of assessing engagement with the previously provided materials and
identifying the main questions from the group. Thus, the focus of the meeting was adjusted
based on the responses obtained at that initial stage.
After the synchronous meetings, the same questions were answered again, allowing
participants to assess their grasp of the concepts covered during that session and enabling the
facilitator to observe any changes in the initial responses. The questionnaire responses were
revisited in the subsequent meeting, where the correct answers were discussed in a collective
context, and space for questions and reflections was provided before the next topic was
introduced.
Furthermore, considering that the participants were primary education teachers, the aim
was to relate the learned content to potential intersections with teaching practice. Weekly,
teachers engaged in activities related to their classroom context. These activities involved
creating pedagogical proposals or analyzing school situations that the teachers either chose to
report or were provided by the facilitator, always related to that week's theme, integrating their
experiences with the learning promoted in the training.
Regarding active learning, understood as the integration of teachers' own experiences
and needs with the learning promoted by the training (Darling-Hammond; Hyler; Gardner,
2017; Centro de Excelência E Inovações em Políticas Educacionais, 2018), the course provided
various opportunities for this interaction between the proposed content and teaching practice in
the activities described above.
Carolina Magro de Santana BRAGA; Rafael Lima Dalle MULLE and Fabiana Maris VERSUTI
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 25, n. 00, e024007, 2024. e-ISSN: 2594-8385
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Collaboration
Based on the premise of collaboration among teachers, various strategies were
employed throughout the training to facilitate exchanges between participants. In the virtual
learning environment, a bulletin board was used as a tool for sharing experiences, materials,
and questions. To stimulate interaction among participants, the first activity of the course
involved introducing oneself to the group, including their name, city of residence, and teaching
role, and sharing an experience with students from the target audience of special education. The
course facilitator and the two monitors actively managed the bulletin board daily, aiming to
maintain a constant flow of exchange with the participants. It is noteworthy that the teachers
posted numerous accounts of school inclusion on the bulletin board, both personal and
professional, highlighting the importance of creating spaces for exchange and collaboration.
To create opportunities for mutual assistance, from the third week of the course
onwards, weekly activities focused on teaching practice were carried out in pairs or small
groups. Additionally, in the final synchronous meeting of the training, participants were divided
into smaller groups via videoconference to discuss the potential impacts of the experiences and
concepts presented throughout the course on their own teaching practices, culminating in a final
discussion with the entire group.
At the end of the course, we empowered each teacher to take an active role in their
learning. They were asked to produce a critical analysis of the current state of education and
their educational practice, relating it to the concepts covered during the training. The essay
could be submitted either as a written text or as a video. With the teachers' permission, all
submissions were compiled into a freely accessible digital document that recorded the
participants' perceptions.
It is noteworthy that the collaborative model in teaching and learning actions reflects a
central aspect of active methodologies by offering learners a horizontal course format focused
on individual development (Versuti et al., 2021). Furthermore, fostering mutual assistance
among teachers, whether in pairs or groups, has been associated with better outcomes in training
programs (Darling-Hammond; Hyler; Gardner, 2017; Centro de Excelência e Inovações em
Políticas Educacionais, 2018).
A training proposal mediated by digital technologies in neurosciences and inclusive education: Developments for teacher professional
development
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Use of Teaching Models and Techniques
Regarding access to teaching models and techniques, the International Classification of
Functioning (ICF) framework (OMS, 2013) was used as a strategy to organize information
about students with diagnoses. Examples of how to fill out the framework were presented, along
with various activities throughout the course that utilized the framework as a means to organize
information and consider the potential and challenges of each student. The potential of using
this tool in the school context is highlighted, as it seeks to look beyond the diagnosis,
considering the intersection of environmental factors and personal characteristics.
In addition to using the ICF framework, there were no systematically presented
examples of lesson plans or interventions. In the synchronous meetings, during the dialogic
classes, the content covered included examples of curricular flexibility for students in the target
audience of special education, but without detailing the application context of these proposals.
In this regard, the training did not provide a wide range of models, as suggested as a desirable
feature for training by Darling-Hammond, Hyler, and Gardner (2017) and the Center for
Excellence and Innovations in Educational Policies (2018).
Support from Specialists
The proposed training involved a team of specialists not only during discussions about
the content but also in the planning of formative actions, production of materials, and
monitoring of the activities conducted by the participants (Table 2):
Chart 2 Roles, Responsibilities, and Functions of the Professionals Responsible for the
Training Program
Paper
Performance
Assigned roles
Coordinator
University professor who guided the
project and researcher in the area of
teacher learning.
Guide the development of the didactic matrix and
selection of teaching and learning tools most
appropriate to the course context.
Monitor the implementation of the program
weekly, through meetings with the minister.
Responsible
researcher and
course teacher
Neuropsychologist, with experience
with children and adolescents in
special education, and doctoral
student.
Develop and implement the course’s didactic
matrix.
Select, provide, and organize materials and
activities in the virtual learning environment.
Guide a team of monitors and collaborating
researchers.
Teach dialogue classes online.
Correct and provide individual feedback on
activities carried out by participants.
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Monitor posts from participants in the virtual
learning environment, as well as monitor course
email.
Technical
monitors
Neuropsychologist with experience
with children and adolescents in
special education
Psychologist and master's student
with research in the area of learning.
Monitor and answer questions in the teachers’
virtual environment.
Correct and provide individual feedback on
activities carried out weekly by participants.
Collaborating
researcher
Collaborating psychologist at the
research laboratory in which the
training was developed.
Prepare and layout a digital review book with a
summary of the theoretical content presented each
week.
Source: Prepared by the authors.
Considering the expertise of the professionals involved in the course, knowledge from
psychology and neuroscience was utilized to support the participating teachers in relation to the
content studied and in the analysis and reflection of the activities conducted. Although practical
implementation actions by the teachers in their teaching activities were not monitored, the
professionals responsible for the training provided constant support in carrying out activities,
which involved planning actions for the classroom context. This aligns with the aspect of
support from specialists (Darling-Hammond; Hyler; Gardner, 2017; Centro de Excelência e
Inovações em Políticas Educacionais, 2018).
Feedback and Reflection
Most of the weekly activities proposed to participants involved the description and
planning of actions by the teachers, related to their own work contexts. Consequently, there was
no single correct response; therefore, feedback for each activity was provided individually via
email. For correction, the instructor conducted online training for two monitors, guiding them
on the objectives of each activity and the content covered that week.
In addition to the weekly activities, the critical essay at the end of the course was also
seen as an opportunity to reflect on one's own practice, relating to learning the concepts covered
in the training. As previously stated, it is essential to offer training programs that include, in
their curriculum, spaces for reflection, experimentation, and analysis of professional practice
(Silva; Souza, 2018).
Opportunities for direct observation of the participating teachers' actions were not
provided, as suggested by Darling-Hammond, Hyler, and Gardner (2017) and the Center for
Excellence and Innovations in Educational Policies (2018). However, even indirectly,
conditions were planned for teachers to reflect and receive feedback on their reports and action
plans, requested through the weekly activities and the final essay.
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Sustained Duration
The online training was structured to be completed in nine weeks, with seven weeks of
synchronous meetings. Two additional weeks were allocated for the completion of the final
course activity (critical essay). The online synchronous meetings occurred weekly on Saturdays
via Google Meet videoconferencing, each lasting two hours. Asynchronous activities were
carried out in the virtual learning environment (Google Classroom), completed through online
forms and documents.
The virtual learning environment was maintained for six months after the intervention,
allowing direct contact with the instructor and the monitors, as well as among the teachers
themselves. Given that the participants were from eleven different states, maintaining an
appropriate duration for the training would have been incredibly challenging without the
mediation of digital technologies, with the virtual learning environment and videoconferencing
meetings proving to be effective tools in this context.
While there are reports in the literature of training programs extending beyond one year,
especially those predominantly offered in the form of lectures or fragmented workshops, it is
considered that the present training provided various opportunities for learning and review of
the content, as well as time for reflection (Darling-Hammond; Hyler; Gardner, 2017; Centro de
Excelência e Inovações em Políticas Educacionais, 2018).
Final considerations
This study aimed to describe a training proposal mediated by digital technologies with
a focus on the intersection of neuroscience and inclusive education. Considering the proposed
objective, the training was analyzed based on seven characteristics identified as important
aspects to consider in planning teacher training programs. Regarding the described items, the
course incorporated all proposed characteristics through digital technologies, although the use
of teaching models and techniques, as well as feedback and reflection, were addressed to a
lesser extent.
The seven characteristics listed in this work support conceptions of professional
development that involve training experiences throughout a career and interaction between
other dimensions based on personal and professional experiences. In this sense, this study aims
to analyze the described training not only in terms of the content presented to the teachers but
also in its entire structure, designed to promote alignment with professional reality rather than
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being merely prescriptive, and interacting with the demands of the context. Thus, based on the
data and strategies presented, formative proposals should include contextualized knowledge-
building actions that can lead to changes in teaching practice.
Finally, it is noteworthy that the analysis was conducted based on a single offering of
the training, which is a limitation to be acknowledged. Additionally, no follow-up was
conducted after six months of the training, which would have been relevant for evaluating its
impacts. It is suggested that data on variables before and after the course be analyzed to assess
the effect of the intervention.
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DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v25i00.19071 21
CRediT Author Statement
Acknowledgements: I would like to thank Ana Carolina de Lima, Ariana Acioli Xavier,
Ariane Alcalá Francisco, and Raquel Messi Falcoski for their contributions to the tutoring
and monitoring activities of the course described in this article.
Funding: This work was supported by the Coordination for the Improvement of Higher
Education Personnel - Brazil (CAPES) - Funding Code 001.
Conflicts of interest: There are no conflicts of interest.
Ethical approval: The work adhered to ethical standards during the research and was
approved by the Research Ethics Committee with Human Beings.
Data and material availability: Not applicable.
Author’s contributions: Carolina Magro de Santana Braga contributed to the
conceptualization, methodology, data management, data collection and analysis, visual
presentation of data, writing, and revision of the text. Co-author Rafael Lima Dalle Mulle
contributed to the writing and revision of the text, and co-author Fabiana Maris Versuti was
involved in project administration, conceptualization, and methodology of the work, as well
as text revision.
Processing and editing: Editora Ibero-Americana de Educação.
Proofreading, formatting, normalization and translation.