Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 25, n. 00, e024011, 2024. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v25i00.19657 1
ADOLESCENTES EM SITUAÇÃO DE SOFRIMENTO NO CONTEXTO ESCOLAR:
O PLANTÃO PSICOLÓGICO EM UM COLÉGIO MILITAR
ADOLESCENTES EN SITUACIÓN DE SUFRIMIENTO EN EL CONTEXTO
ESCOLAR: EL DEBER PSICOLÓGICO EN UNA ESCUELA MILITAR
ADOLESCENTS IN SUFFERING SITUATIONS IN THE SCHOOL CONTEXT: THE
PSYCHOLOGICAL DUTY IN A MILITARY SCHOOL
Jayana Milhomem de SOUZA1
e-mail: jayanamilhomem@gmail.com
Amoriara Milhomem F. de OLIVEIRA2
e-mail: amoriaramfo10@gmail.com
Luana Bogo M. da SILVA3
e-mail: luana.bogo@mail.uft.edu.br
Yasmin Coelho dos Santos PARREÃO4
e-mail: yasminparreao@gmail.com
Samuel Silva MIRANDA5
e-mail: samuelpmiranda1@gmail.com
Ladislau Ribeiro do NASCIMENTO6
e-mail: ladislaunascimento@uft.edu.br
Como referenciar este artigo:
SOUZA, J. M. de; OLIVEIRA, A. M. F. de; SILVA, L. B.
M. da; PARREÃO, Y. C. dos S.; MIRANDA, S. S.;
NASCIMENTO, L. R. do. Adolescentes em situação de
sofrimento no contexto escolar: o plantão psicológico em um
colégio militar. Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ.,
Araraquara, v. 25, n. 00, e024011, 2025. e-ISSN: 2594-8385.
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v25i00.19657
| Submetido em: 13/09/2024
| Revisões requeridas em: 11/10/2024
| Aprovado em: 18/10/2024
| Publicado em: 12/12/2024
Editor:
Prof. Dr. Paulo Rennes Marçal Ribeiro
Editor Adjunto Executivo:
Prof. Dr. José Anderson Santos Cruz
Universidade Federal do Tocantins (UFT), Palmas TO Brasil. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ensino em Ciências e Saúde
(PPGECS/UFT).
Fundação Escola de Saúde Pública de Palmas (FESP). Psicóloga residente do Plano Integrado de Residências em Saúde (PIRS).
Centro de Atenção Psicossocial Infantil- CAPSi. Psicóloga pesquisadora vinculada à Secretaria Municipal de Saúde de Palmas.
Universidade Federal do Tocantins (UFT), Palmas TO Brasil. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ensino em Ciências e Saúde
(PPGECS/UFT).
Universidade Federal do Tocantins (UFT), Miracema TO Brasil. Graduando do Curso de Psicologia.
Universidade Federal do Tocantins (UFT), Palmas TO Brasil. Professor do Curso de Psicologia e do Programa de Pós-Graduação em
Ensino em Ciências e Saúde (PPGECS/UFT).
Adolescentes em situação de sofrimento no contexto escolar: o plantão psicológico em um colégio militar
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 25, n. 00, e024011, 2024. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v25i00.19657 2
RESUMO: O presente artigo relata uma prática de acolhimento de adolescentes estudantes de
um Colégio Militar situado no estado do Tocantins. A atividade fez parte de um estágio
curricular supervisionado em Psicologia Escolar e Educacional. O público-alvo foi atendido na
própria instituição escolar, no período entre março e junho de 2022. Realizou-se um total de 33
atendimentos na modalidade de Plantão Psicológico. Por meio da escuta oferecida nos plantões,
constatamos relatos sobre conflitos interpessoais no ambiente escolar, crises nas relações com
familiares e amigos, tristeza e sensação de abandono. Ademais, estudantes queixaram-se do
rigor disciplinar e de supostos abusos de autoridade no ambiente escolar. As análises e
discussões realizadas durante os encontros de supervisão do estágio evidenciaram a relevância
do plantão psicológico como um dispositivo eficaz para a promoção do bem-estar e da saúde
mental no contexto escolar.
PALAVRAS-CHAVE: Colégio Militar. Adolescentes. Acolhimento Psicológico. Psicologia
Escolar e Educacional.
RESUMEN: Este artículo relata una práctica de acogida de jóvenes estudiantes en un colegio
militar situado en el estado de Tocantins. La actividad formó parte de una pasantía curricular
supervisada en Psicología Escolar y Educativa. El público objetivo fue atendido en la propia
institución escolar, entre marzo y junio de 2022. Se realizaron un total de 33 consultas en la
modalidad de Apoyo Psicológico. A través de la escucha ofrecida durante los turnos,
encontramos relatos sobre conflictos interpersonales en el ambiente escolar, crisis en las
relaciones con familiares y amigos, tristeza y sentimientos de abandono. Además, los
estudiantes se quejaron del rigor de la disciplina y presuntos abusos de autoridad en el
ambiente escolar. Los análisis y discusiones realizados durante las reuniones de supervisión
de las prácticas señalaron la relevancia del deber psicológico como un poderoso dispositivo
para promover el bienestar y la salud mental en el contexto escolar.
PALABRAS CLAVE: Colegio Militar. Adolescentes. Apoyo Psicológico. Psicología Escolar
y Educativa.
ABSTRACT: This article reports on a practice of welcoming young students at a Military
College located in the state of Tocantins. The activity was part of a supervised curricular
internship in School and Educational Psychology. The target audience was served at the school
institution itself, between March and June 2022. A total of 33 consultations were carried out in
the form of Psychological Support. Through listening offered during shifts, we found reports
about interpersonal conflicts in the school environment, crises in relationships with family and
friends, sadness, and feelings of abandonment. Furthermore, students complained about the
rigor of discipline and alleged abuses of authority in the school environment. The analyses and
discussions carried out during the internship supervision meetings pointed to the relevance of
psychological duty as a powerful device for promoting well-being and mental health in the
school context.
KEYWORDS: Military College. Teenagers. Psychological Support. School and Educational
Psychology.
Jayana Milhomem de SOUZA, Amoriara Milhomem F. de OLIVEIRA, Luana Bogo M. da SILVA, Yasmin Coelho dos Santos PARREÃO,
Samuel Silva MIRANDA and Ladislau Ribeiro do NASCIMENTO
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 25, n. 00, e024011, 2024. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v25i00.19657 3
Introdução
A escola pública brasileira passou por mudanças significativas nos últimos trinta anos,
especialmente em virtude da chamada revolução gerenciada ocorrida entre 1995 e 2002, com
destaque para a universalização do acesso à educação básica (Bianchi, 2008). No entanto, a
expansão do acesso à educação pública não foi acompanhada de investimentos necessários para
a garantia da qualidade do ensino. Consequentemente, inúmeras fraturas foram observadas nos
contextos escolares desgastados em termos educacionais e institucionais. Dentre os problemas,
destacam-se a evasão escolar e os baixos índices de desempenho averiguados pelas avaliações
internas e externas.
Em 2023, o Índice de Desenvolvimento Escolar Básico (IDEB), indicador que mede o
desempenho escolar das escolas brasileiras, registrou taxas de insucesso (reprovação acrescida
de abandono) de 6,2 para estudantes do terceiro ano do ensino médio de escolas públicas, em
contraste com a média de 1,1 para estudantes de escolas particulares. No que se refere ao
desempenho das escolas públicas e privadas, para a mesma série mencionada, registraram-se
4,1 para as escolas da rede estadual e 5,6 para as escolas privadas. Os resultados indicam
fragilidades e desafios atrelados à educação pública (Brasil, 2023).
As escolas públicas também sofrem com o problema da violência que reflete a
desigualdade social e a ausência de políticas para garantir o acesso a direitos e garantias
fundamentais. Assim, a violência rompe fronteiras, permeia os mais distintos contextos e incide
“no processo educacional do indivíduo em desenvolvimento e na constituição de seus saberes”
(Silva; Negreiros, 2020, p. 328). Abramovay (2021) alerta para as diferentes violências que
atravessam o cotidiano escolar e afetam “a ordem, a motivação, a satisfação e as expectativas
de todos os que frequentam a escola” (Abramovay, 2021, p. 07).
Em um estudo feito em 2016, com o apoio da Faculdade Latino-Americana de Ciências
Sociais (FLACSO), da Organização dos Estados Interamericanos (OEI) e do Ministério da
Educação, constatou-se que as violências física e verbal atingiram 42% dos alunos da rede
pública. Outro problema crescente no ambiente educacional é o tráfico de drogas dentro e nas
redondezas das escolas, aumentando assim o risco de outras sequelas da criminalidade
(Abramovay; Castro; Silva, Cerqueira, 2016). Problemas como racismo, machismo, homofobia
e outras manifestações de preconceito e de intolerância despontam, igualmente, como desafios
a serem enfrentados. Nas palavras de Abramovay (2021):
Adolescentes em situação de sofrimento no contexto escolar: o plantão psicológico em um colégio militar
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 25, n. 00, e024011, 2024. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v25i00.19657 4
As violências nas escolas constituem fenômeno preocupante. De um lado, pelos
efeitos que tem sobre aqueles que a praticam, os que sofrem e os que
testemunham. De outro, porque contribuem para tirar da escola a sua condição
de lugar de amizade, de prazer, da busca de conhecer e de aprender (p. 07).
Diante dos desafios enfrentados pela escola pública e da insegurança vivenciada pela
maioria da população brasileira, observou-se, nos últimos anos, um movimento de transferência
da administração de escolas públicas para quadros da Polícia Militar, sob a alegação de que as
políticas de controle e as práticas disciplinares do modelo militar poderiam resolver problemas
e fortalecer o sistema público de ensino.
Deste modo, além dos colégios militares em funcionamento em diversos estados e
regiões do país, o sistema educacional público brasileiro passou a contar com a presença das
chamadas escolas cívico-militares. Por meio do decreto presidencial n.º 10.004 (Brasil, 2019),
o Programa Nacional das Escolas Cívico-Militares (PECIM) fomentou a implantação de 216
Escolas Cívico-Militares (ECIM) em todas as regiões do país. Tratou-se de uma ação
desenvolvida pelo Ministério da Educação em articulação com o Ministério da Defesa, havendo
cooperação técnica e repasse de recursos para as escolas que aderiram ao programa. Como
resultado, propostas pedagógicas e práticas disciplinares semelhantes àquelas veiculadas nos
colégios militares foram implantadas nas escolas militarizadas.
Em pesquisa realizada por Benevides e Soares (2020), comparou-se o desempenho de
estudantes de escolas públicas militares e regulares. O estudo indicou melhor desempenho dos
alunos de colégios militares.
Com frequência, associa-se a eficiência do modelo militar à sua busca pela modelação
e pelo controle de comportamentos. Entretanto, além disso, deve-se considerar o fato de as
escolas militares contarem, em geral, com recursos financeiros provenientes de secretarias
estaduais de segurança, os quais somam-se àqueles garantidos pelo Ministério da Educação.
Dos colégios militares mais antigos no Brasil, podemos destacar o pioneiro de Goiás,
que ganhou uma considerável atenção em virtude de bons resultados nos indicadores de
desempenho escolar alcançados em exames como o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem)
e o IDEB, servindo de exemplo para a implantação de novos colégios com essa estrutura.
Quando se fala sobre o bom desempenho de estudantes vinculados aos colégios militares
ou militarizados, todavia, devemos fazer algumas ponderações. Nas palavras de Benevides e
Soares (2020):
Por trás dessa expansão sem precedentes estão o inquestionável bom
desempenho dos estudantes em avaliações como a Prova Brasil e o Exame
Jayana Milhomem de SOUZA, Amoriara Milhomem F. de OLIVEIRA, Luana Bogo M. da SILVA, Yasmin Coelho dos Santos PARREÃO,
Samuel Silva MIRANDA and Ladislau Ribeiro do NASCIMENTO
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 25, n. 00, e024011, 2024. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v25i00.19657 5
Nacional do Ensino Médio (ENEM) e a rígida disciplina e respeito à
hierarquia, típicos da metodologia militar. No entanto, essa atribuição direta
desse diferencial de desempenho como efeito da escola é questionável dado
que os alunos dos colégios militares são normalmente diferenciados, tanto por
características familiares, como pelo acúmulo de conhecimentos (condição
inicial), além do próprio processo de seleção que as escolas militares
estabelecem. Ou seja, o diferencial de desempenho das escolas militares pode
estar mais relacionado com o processo seletivo do que com sua proposta
pedagógica (Benevides; Soares, 2020, p. 318).
Existem outras controvérsias associadas às propostas militarizadas de ensino. Observa-
se que a atuação da Polícia Militar não se limita às atividades de administração escolar, uma
vez que, por meio de discursos, práticas disciplinares e ritos institucionais, a doutrina militar é
imposta, tornando as escolas militares semelhantes aos quartéis, salvo as devidas proporções.
Estudos sobre a militarização da educação apontam para problemas como, por exemplo,
ameaças ao Estado Democrático de Direito, especialmente em função de impedimentos à
garantia do direito à formação cidadã que deve estar baseada em princípios democráticos
(Santos; Pereira, 2018; Ximenes; Stuchi; Moreira, 2019). Em muitos casos, vale observar, o
acesso às escolas militares depende da aprovação em exames admissionais. Além disso, a
necessidade de custeio de uniformes e fardas pode impedir aos mais pobres o acesso a tais
escolas.
Várias problemáticas giram em torno desse processo de militarização da educação. O
perfil autoritário do modelo pode ensejar: implantação de propostas educacionais sem consulta
prévia à comunidade escolar; falta de respeito à lei, quase sempre expressa por meio de
cobrança de taxas indevidas; reserva de vagas para dependentes de militares; instauração de
gestões centralizadas e pouco sensíveis à realidade social e institucional, com destituição de
diretores eleitos pela comunidade escolar; imposição de concepções, normas e valores da
instituição militar aos estudantes e professores.
Vale ressaltar, contudo, que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) -
Lei n.º 9.394/96 (Brasil, 1996), no inciso VIII do art. 3º, estabelece como princípio fundamental
a gestão democrática nas instituições de educação. No art. 14º, inclusive, prevê-se o
estabelecimento de normas para assegurar a gestão democrática nas escolas públicas de
educação básica. Tais normas devem estar alinhadas às peculiaridades de cada instituição e
promover a participação dos profissionais da educação no planejamento das atividades
escolares e na elaboração do Projeto Político Pedagógico (PPP) da escola.
Nas palavras de Santos e Alves (2022),
Adolescentes em situação de sofrimento no contexto escolar: o plantão psicológico em um colégio militar
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 25, n. 00, e024011, 2024. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v25i00.19657 6
[...] a militarização subverte os princípios e finalidades da escola ao interditar
a pluralidade de ideias, a gestão democrática, a autonomia das escolas e dos
profissionais da educação, a possibilidade de aprendizado, entre outros
aspectos, se chocando dessa forma também com os preceitos estabelecidos
pelo conjunto de leis que regulamentam a educação básica no Brasil (p. 14).
Além das implicações éticas e legais apontadas, deparamo-nos com o problema do
sofrimento psicossocial produzido em contextos escolares que enfatizam o disciplinamento, a
ordem, e estabelecem expectativas padronizadas em termos de comportamentos, atitudes,
valores, desejos, condutas, etc. Conforme aponta Bortolini (2021), “a ‘pedagogia militar’
estigmatiza como desviantes uma miríade de vivências, sujeitos, culturas, reduzindo
possibilidades de existência e recorrentemente produzindo sofrimento” (p. 109).
Foi no contato com esse modelo escolar doutrinário e permeado de mal-estar que
desenvolvemos o projeto a ser relatado. Ao longo de um semestre, ofertamos acolhimento
psicológico para adolescentes estudantes do ensino médio vinculados a um colégio militar
situado no estado do Tocantins. Antes de avançarmos para o relato da experiência, no entanto,
gostaríamos de discorrer brevemente sobre a perspectiva por nós assumida na compreensão da
adolescência.
A adolescência como uma construção social e histórica
As abordagens tradicionais do desenvolvimento humano definem a adolescência como
sendo um momento de crise, conflitos, ambiguidade, mudanças e tensão. Estudiosos como Erik
Erikson, Arminda Aberastury, Maurice Debesse e Maurício Knobel são perpetuadores dessas
definições que associam adolescência a crises, tensões e conflitos (Ozella; Aguiar, 2008).
Contudo, Becker (2017) destaca a existência de diversas formas de adolescência na
sociedade ocidental. O autor utiliza como exemplo o caso de crianças pobres, frequentemente
lançadas à vida adulta sem sequer vivenciarem o que convencionalmente chamamos de
adolescência. Esse olhar atento é fundamental para que possamos superar as definições
tradicionais dessa fase do desenvolvimento, considerando seu caráter social e histórico, que está
relacionado a fatores políticos, históricos, culturais e sociais.
Ozella (2002) disserta sobre a construção histórica da adolescência no contexto da
sociedade moderna ao trazer-nos que, a partir dos avanços tecnológicos registrados ao longo da
história, se fez necessária uma maior especialização dos trabalhadores para lidarem com a
complexidade do trabalho. Naquele contexto, a escola despontou como instituição responsável
pela formação especializada de mão de obra. Ainda no decurso das transformações tecnológicas
Jayana Milhomem de SOUZA, Amoriara Milhomem F. de OLIVEIRA, Luana Bogo M. da SILVA, Yasmin Coelho dos Santos PARREÃO,
Samuel Silva MIRANDA and Ladislau Ribeiro do NASCIMENTO
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 25, n. 00, e024011, 2024. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v25i00.19657 7
e sociais, houve uma postergação do início da vida laboral para uma parcela da população.
Assim, a junção das altas taxas de desemprego provocadas pelos avanços nos meios de
produção, com a necessidade de maior qualificação, propiciou um alargamento do período de
escolarização e constituiu as condições sociais, históricas e culturais para o surgimento do que
foi denominado de adolescência (Ozella, 2002). Nas palavras de Zaniani (2018):
[...] sem negar a existência da adolescência, mas a compreendendo como
sendo construída e significada historicamente pelos próprios homens como
uma forma de identidade social, lembramos que essa possibilidade - dar-se ao
direito de viver esse tempo de adiamento - é privilégio de algumas classes e
grupos sociais, sobretudo, dos filhos das classes médias e altas, para os quais
os estudos e a formação para o futuro fariam sentido e estariam garantidos. No
entanto, os filhos das famílias da classe trabalhadora, esses foram desde cedo
inseridos no mundo do trabalho, submetidos a toda sorte de exploração, e não
tendo, portanto, uma pressuposta oportunidade de escolha (p. 19).
A crítica na base da compreensão sobre a adolescência se faz necessária, sobretudo em
face da predominância de abordagens acríticas e anistóricas que a compreende como uma “fase
natural do desenvolvimento”, tornando empobrecidas e enviesadas as análises e ações que
levam em consideração a dimensão subjetiva no cotidiano dos adolescentes.
O Plantão Psicológico como espaço de acolhimento para adolescentes do Colégio Militar
Em geral, o termo plantão nos remete às práticas ambulatoriais, médicas, voltadas para
as urgências e emergências (Machado; Fonseca, 2019). Em alguns domínios da psicologia, no
entanto, os plantões se configuram como dispositivos de acolhimento e de escuta. No presente
trabalho, oferecemos plantões com objetivo central construir um espaço de escuta e
acolhimento para estudantes em situação de sofrimento.
O trabalho foi realizado em um Colégio da Polícia Militar situado no estado do
Tocantins, por meio de uma parceria entre o Curso de Psicologia da Universidade Federal do
Tocantins e o Serviço de Orientação Educacional (SOE) daquela instituição. As atividades
vincularam-se a um estágio curricular obrigatório com ênfase em Psicologia Escolar e
Educacional.
Tendo em conta a expressiva quantidade de estudantes matriculados no colégio,
decidimos pela não realização de ampla divulgação; as estagiárias designadas para a atividade
transmitiram o comunicado sobre a oferta dos plantões indo de sala em sala. Colocaram-se à
disposição para realizar atendimentos em dias e horários específicos da semana, mediante
Adolescentes em situação de sofrimento no contexto escolar: o plantão psicológico em um colégio militar
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 25, n. 00, e024011, 2024. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v25i00.19657 8
demanda espontânea. Ou seja, não seria possível agendar sessões. Este cuidado foi tomado a
fim de se evitar a ideia de que o nosso trabalho replicava o modelo clínico-ambulatorial no
contexto escolar.
O trabalho foi desenvolvido entre os meses de março e abril de 2022, em três dias da
semana, sendo às quartas-feiras pela manhã, entre 09h00m e 12h30m e às quintas e sextas-
feiras, no período da tarde, entre 14h00m e 17h25m. Para cada dia e horário indicados, havia
uma estagiária presente. Os atendimentos tiveram duração média de 30 minutos. Vale observar
que a sala destinada aos plantões era climatizada e possuía isolamento acústico.
Ao todo foram realizados 33 atendimentos. Estudantes do gênero feminino, com idades
entre 15 e 17 anos, compuseram o maior público. Em geral, dirigiam-se para os plantões na
companhia de alguma colega de turma, não raro com sintomas típicos dos quadros de ansiedade,
incluindo palpitações, choro e agitação.
Quanto às justificativas do público para a busca pelos atendimentos, destacam-se
dificuldades de concentração, medo de fracassar na realização de avaliações e de outras
atividades escolares. Houve também relatos sobre conflitos interpessoais vivenciados dentro e
fora do colégio. Do mesmo modo, constatamos problemas associados com o esgarçamento de
vínculos, o rompimento de laços e a consequente sensação de abandono na experiência
subjetiva de algumas pessoas acolhidas pela equipe de estagiárias.
Além disso, houve o acolhimento de estudantes em sofrimento originado a partir de
situações envolvendo brigas, conflitos intrafamiliares, rompimento de relacionamentos e
problemas em relações interpessoais no próprio colégio. Houve casos envolvendo experiências
de luto pela morte de entes queridos, sensação de abandono na relação com os pais e sentimento
de tristeza profunda, com o desencadeamento de autolesões não suicidas, sensação de menos-
valia e ideações suicidas.
Com a empatia e a disponibilidade das estagiárias para o acolhimento dos estudantes
que demandaram uma escuta sensível e livre de julgamentos, bem como a partir da produção
de análises e reflexões fundamentadas em referências relevantes para o diálogo entre a
psicologia e a educação, tivemos a oportunidade de promover a saúde sob a lógica do cuidado
(Ferro; Antunes, 2015).
Tendo em conta os fatores históricos e sociais articulados com a construção da
adolescência, conseguimos dimensionar os efeitos das práticas de controle e de dominação
perpetradas pelo modelo militar de educação na constituição subjetiva do público atendido nos
plantões de acolhimento psicológico. Nesta perspectiva, as ações vinculadas ao Plantão
Jayana Milhomem de SOUZA, Amoriara Milhomem F. de OLIVEIRA, Luana Bogo M. da SILVA, Yasmin Coelho dos Santos PARREÃO,
Samuel Silva MIRANDA and Ladislau Ribeiro do NASCIMENTO
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 25, n. 00, e024011, 2024. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v25i00.19657 9
Psicológico foram norteadas por uma abordagem crítica e reflexiva, crucial para balizar a
escuta, o acolhimento e os encaminhamentos realizados pelas estagiárias durante o
desenvolvimento dessa prática.
Em meio às incertezas e à instabilidade intensificadas nos contextos pandêmico e pós-
pandêmico, quando o trabalho foi realizado, a oferta dos plantões psicológicos fomentou
experiências de ressignificação e de fortalecimento subjetivo necessários ao enfrentamento de
sintomas de ansiedade e de outras expressões do mal-estar subjetivo (Araújo; Rocinholi, 2019)
vivenciados naquele contexto. O espaço de acolhimento constituído em um ambiente marcado
pela disciplina promoveu um escape à permanente vigilância, quase sempre acompanhada pelas
micropenalidades atreladas aos dispositivos de controle e de normalização presentes no modelo
militar (Foucault, 1987).
Considerações sobre a atuação na interface saúde/educação
No Brasil, até o final da década de 1970, a atuação de psicólogos no âmbito escolar foi
marcada pela adoção de modelos clínico-terapêuticos caracterizados por uma abordagem
individualista, acrítica, descontextualizada, adaptacionista e, consequentemente, excludente
(Antunes, 2008; Bezerra, 2014).
Aquele momento histórico da psicologia foi caracterizado pela ênfase na aplicação de
testes de base psicométrica e em outras técnicas psicológicas com potencial para culpabilizar
os estudantes e até mesmo os seus familiares pelas dificuldades encontradas na vida escolar.
Percebeu-se que o enfoque na dimensão individual deixa de fora das análises e das intervenções
os fatores históricos, sociais, culturais, institucionais e pedagógicos cruciais ao processo
educativo. Assim, como efeito de uma abordagem reducionista frente aos complexos problemas
escolares, destacam-se os chamados fatores de natureza psicológica. Por este motivo,
intensificou-se a crítica em relação às práticas de uma psicologia escolar pouco sensível à
complexidade dos femenos produzidos no campo educacional. Ademais, criticou-se o
enquadramento clínico-terapêutico das dificuldades escolares, desarticulado da dimensão
educativa e com potencial para psicologizar e patologizar o processo educativo (Antunes,
2008).
Ao longo dos anos, especialmente a partir da década de 1990, a Psicologia Escolar e
Educacional se fortaleceu como área do conhecimento apoiada na crítica frente aos problemas
que se amplificaram com a ampliação do acesso à educação pública. Naquele contexto, houve
Adolescentes em situação de sofrimento no contexto escolar: o plantão psicológico em um colégio militar
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 25, n. 00, e024011, 2024. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v25i00.19657 10
a consolidação de uma abordagem crítica à Psicologia Escolar. Intervenções e estudos
inspirados pelo movimento institucionalista elegeram como alvos as práticas pedagógicas e as
relações instituídas nos espaços escolares, bem como propuseram novas definições e modos de
apreensão da subjetividade (Eizirik, 1993; Machado, 1994). Na mesma perspectiva de mudança
e de ampliação do enfoque, a Psicologia Escolar foi influenciada pelas teorias do
desenvolvimento infantil de Jean Piaget, Henri Wallon e Lev S. Vigotski (Barbosa, 2011).
As críticas ao reducionismo e à miopia do modelo clínico-terapêutico se ampliaram e
afastaram a dimensão da saúde dessa área de atuação e de produção do conhecimento. Sendo
assim, as pesquisas e ações promovidas ao longo das últimas décadas priorizam a dimensão
educativa e enfatizaram os problemas relacionados com o chamado fracasso escolar (Patto,
1990).
No entanto, embora as críticas e o afastamento em relação às abordagens reducionistas
e patologizantes sejam fundamentais, estamos acompanhando a emergência de muitas
demandas relacionadas com a saúde mental nos contextos escolares. Fenômenos como
depressão, ansiedade, autolesões não suicidas, tentativas e consumação de autoextermínio são
frequentes e nos convocam para uma atuação na interface saúde/educação. Foi neste contexto
que o Plantão Psicológico despontou como forma de intervenção às demandas de sofrimento
emergentes no contexto escolar. Não se trata, portanto, de negligenciar a complexidade dos
fenômenos escolares e dos riscos de uma atuação desvinculada da dimensão educativa. Trata-
se, na realidade, de perceber a urgência de nos reinventarmos para promovermos uma
Psicologia Escolar crítica sensível às demandas emergentes.
Consideramos o fato de a Psicologia Escolar e Educacional (PEE) contar com
referenciais teóricos e ferramentas metodológicas para embasar a promoção do cuidado nas
instituições escolares, de um modo ético, crítico, em um movimento distinto daquele em que
são reproduzidas as ideias reducionistas, adaptacionistas e psicologizantes. Podemos manter a
crítica na compreensão dos fenômenos produzidos no cotidiano escolar e acolher demandas
associadas ao sofrimento produzido e manifesto nesse contexto (Bezerra, 2014).
Jayana Milhomem de SOUZA, Amoriara Milhomem F. de OLIVEIRA, Luana Bogo M. da SILVA, Yasmin Coelho dos Santos PARREÃO,
Samuel Silva MIRANDA and Ladislau Ribeiro do NASCIMENTO
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 25, n. 00, e024011, 2024. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v25i00.19657 11
Considerações finais
Os plantões foram realizados em um contexto de retorno às atividades presenciais, após
os períodos agudos da pandemia da COVID-19. Durante as sessões de acolhimento, entramos
em contato com desdobramentos de problemas enfrentados antes, durante e após a crise
sanitária.
Por meio da abertura de espaços para a escuta e a circulação da palavra, em um contexto
institucional vigilante, normalizador, punitivo e insensível ao sofrimento humano, acessamos a
uma realidade permeada de afetos e repleta de contradições. Por meio dos relatos
compartilhados com as estagiárias, constatamos registros de momentos de felicidade e de
esperança que se fundem com choro, crises de ansiedade, medo, conflitos interpessoais,
punições, depressão, ideações suicidas e autolesões.
A cada plantão as estagiárias puderam colaborar no enfrentamento de um mal-estar
subjetivo compartilhado por muitos estudantes. O sofrimento psicossocial foi compreendido
em sua complexidade, tendo em conta a sua articulação com fatores psicológicos, sociais,
históricos, políticos, econômicos, pedagógicos e institucionais. Nesta perspectiva, caminhamos
na contramão das práticas reducionistas e estigmatizantes quase sempre presentes em ações de
promoção de saúde mental.
Em outras oportunidades, podemos ampliar as ações de cuidado através de intervenções
em grupo, com o objetivo de alcançar professores, gestores, estudantes e seus familiares ou
responsáveis, tornando as ações mais abrangentes. Além disso, a perspectiva grupal nos permite
analisar e abordar, coletivamente, os fenômenos produzidos na dimensão coletiva.
REFERÊNCIAS
ABRAMOVAY, M; CASTRO, M. G; SILVA, A. P; CERQUEIRA, L. Diagnóstico
participativo das violências nas escolas: falam os jovens. Rio de Janeiro: Flacso-Brasil,
OEI, MEC, 2016.
ABRAMOVAY, M. Programa de prevenção à violência nas escolas. Brasília: Flacso
Brasil, 2021.
ANTUNES, M. A. M. Psicologia Escolar e Educacional: história, compromissos e
perspectivas. Psicologia escolar e educacional, [S. l.], v. 12, p. 469-475, 2008.
ARAÚJO, S. M. S.; ROCINHOLI, F. L. Cartografias do Plantão Psicológico para
adolescentes em contexto escolar. In: DURANGE, M. T. (org.). Cartografias do Plantão
Adolescentes em situação de sofrimento no contexto escolar: o plantão psicológico em um colégio militar
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 25, n. 00, e024011, 2024. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v25i00.19657 12
Psicológico para adolescentes em contexto escolar. [S. l.: s. n.], 2019. p. 180,
BECKER, D. O que é adolescência. [S. l.]: Brasiliense, 2017.
BENEVIDES, A. de A.; SOARES, R. B. Diferencial de desempenho de alunos das escolas
militares: o caso das escolas públicas do Ceará. Nova Economia, [S. l.], v. 30, p. 317-343,
2020.
BEZERRA, E. do N. Plantão psicológico como modalidade de atendimento em Psicologia
Escolar: limites e possibilidades. Estudos e Pesquisas em Psicologia, [S. l.], v. 14, n. 1, p.
129-143, 2014. ISSN 1808-4281. Disponível em:
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-42812014000100008.
Acesso em: 08 jan. 2024.
BIANCHI, E. M. P. G. A revolução gerenciada: educação no Brasil, 1995-2002. Revista de
Administração Contemporânea, v. 12, n. 3, p. 883-885, 2008. DOI: 10.1590/S1415-
65552008000300015.
BORTOLINI, A. Militarização das escolas e avanço reacionário: Uma perspectiva de gênero.
Diversidade e Educação, [S. l.], v. 9, n. 2, p. 92-119, 2021. Disponível em:
https://periodicos.furg.br/divedu/article/view/13508/9290. Acesso em 07 jan. 2024.
BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da
educação nacional. Brasília, DF, 23 dez. 1996. Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm. Acesso em 14 out. 2024.
BRASIL. Decreto nº 10.004, de 5 de setembro de 2019. Institui o Programa Nacional das
Escolas Cívico-Militares. Brasília, DF, 2019. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/decreto/D10004.htm. Acesso em
14 out. 2024.
BRASIL. Índice de Desenvolvimento Escolar Básico (IDEB). Apresentação de Resultados.
Ministério da Educação, 2023. Disponível em:
https://download.inep.gov.br/ideb/apresentacao_ideb_2023.pdf. Acesso em 14 out. 2024.
EIZIRIK, M. F. As relações entre o saber e poder nas diversas dimensões da escola. In:
GRESSI, E. P.; BORDIN, J. (org.). A paixão por aprender. Petrópolis: Vozes, 1993.
FERRO, A. S.; ANTUNES, A. A. Plantão psicológico: a construção de um" pro-jeto" sobre as
vicissitudes humanas no espaço educacional, narrando a intertextualidade de uma experiência
psicológica no Instituto Federal de Goiás. Revista Eixo, [S. l.], v. 4, n. 1, 2015.
FOUCAULT, M. Vigiar e Punir: história da violência nas prisões. Petrópolis, RJ: Editora
Vozes, 1987.
MACHADO, A. M. A queixa escolar e seus encaminhamentos. Jornal do Conselho
Regional de Psicologia - 6ª região, [S. l.], v. 14, p. 87, 1994.
MACHADO, A. M.; FONSECA, P. F. A escrita endereçada como prática de formação e
Jayana Milhomem de SOUZA, Amoriara Milhomem F. de OLIVEIRA, Luana Bogo M. da SILVA, Yasmin Coelho dos Santos PARREÃO,
Samuel Silva MIRANDA and Ladislau Ribeiro do NASCIMENTO
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 25, n. 00, e024011, 2024. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v25i00.19657 13
construção de realidade. Mnemosine, [S. l.], v. 15, n. 1, 2019.
SANTOS, C.; PEREIRA, R. Militarização e Escola Sem Partido: duas faces de um mesmo
projeto. Revista Retratos da Escola, Brasília, DF, v. 12, n. 23, p. 255-270, jul./out. 2018.
SANTOS, E. J. F.; ALVES, M. F. Militarização Da Educação Pública No Brasil Em 2019:
Análise Do Cenário Nacional. Cadernos de Pesquisa, [S. l.], v. 52, p. e09144, 2022.
SILVA, E. H. B. da; NEGREIROS, F. Violência nas escolas públicas brasileiras: uma revisão
sistemática da literatura. Revista Psicopedagogia, [S. l.], v. 37, n. 114, p. 327-340, 2020.
Disponível em: https://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S0103-
84862020000300006&script=sci_abstract&tlng=pt. Acesso em: 13 out. 2024.
OZELLA, S. AGUIAR, W. M. J. Desmistificando a concepção de adolescência. Cadernos de
Pesquisa [online]. v. 38, n. 133, p. 97-125, 2008. DOI: 10.1590/S0100-15742008000100005.
OZELLA, S. Capítulo 1 - Adolescência: uma perspectiva crítica. In: KOLLER, S. H. (Org.).
Adolescência e psicologia: concepções, práticas e reflexões críticas. Coordenação M. L. J.
Contini. Rio de Janeiro: Conselho Federal de Psicologia, 2002. p. 16-24. Disponível em:
https://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2008/01/adolescencia1.pdf. Acesso em: 06 dez.
2023.
PATTO, M. H. S. A produção do Fracasso Escolar: histórias de submissão e rebeldia. São
Paulo: Queiroz, 1990.
VIARO, R. V. Militarização escolar, disciplina e subjetividades: reflexões a partir de
Foucault. Revista Contemporânea de Educação, [S. l.], v. 17, n. 38, p. 189-206, 2022.
Disponível em: https://revistas.ufrj.br/index.php/rce/article/view/44869. Acesso em: 14 out.
2024.
XIMENES, S. B.; STUCHI, C. G.; MOREIRA, M. A. M. A militarização das escolas
públicas sob os enfoques de três direitos: constitucional, educacional e administrativo.
Revista Brasileira de Política e Administração da Educação, Goiânia, v. 35, n. 3, p. 612-
632, maio 2019. Disponível em:
http://educa.fcc.org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2447-
41932019000300612&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 10 jan. 2024.
ZANIANI, E. J. M. Infância(s) e adolescência(s): uma leitura sócio-histórica. In: SILVA, A.
S. da (org.). Cadernos de socioeducação: fundamentos da socioeducação. Curitiba, PR:
Secretaria de Estado da Justiça, Trabalho e Direitos Humanos, 2018. Disponível em:
https://www.justica.pr.gov.br/sites/default/arquivos_restritos/files/migrados/File/Caderno_Fu
ndamentos_da_Socioeducacao__2.pdf. Acesso em: 04 jan. 2024.
Adolescentes em situação de sofrimento no contexto escolar: o plantão psicológico em um colégio militar
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 25, n. 00, e024011, 2024. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v25i00.19657 14
CRediT Author Statement
Reconhecimentos: Agradecemos aos técnicos do Serviço de Orientação Educacional do
colégio onde as ações relatadas foram realizadas.
Financiamento: Esta publicação se tornou possível pelo apoio financeiro concedido pela
Universidade Federal do Tocantins, por meio da Pró-reitoria de Pesquisa e do Programa de
Pós-graduação em Ensino em Ciências e Saúde (PPGECS).
Conflitos de interesse: Não há conflito de interesses.
Aprovação ética: Não se aplica.
Disponibilidade de dados e material: Não se aplica.
Contribuições dos autores: Todos os autores participaram da concepção e da elaboração
das análises e reflexões associadas com a experiência relatada.
Processamento e editoração: Editora Ibero-Americana de Educação.
Revisão, formatação, normalização e tradução.
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 25, n. 00, e024011, 2024. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v25i00.19657 1
ADOLESCENTS IN SUFFERING SITUATIONS IN THE SCHOOL CONTEXT: THE
PSYCHOLOGICAL DUTY IN A MILITARY SCHOOL
ADOLESCENTES EM SITUAÇÃO DE SOFRIMENTO NO CONTEXTO ESCOLAR: O
PLANTÃO PSICOLÓGICO EM UM COLÉGIO MILITAR
ADOLESCENTES EN SITUACIÓN DE SUFRIMIENTO EN EL CONTEXTO
ESCOLAR: EL DEBER PSICOLÓGICO EN UNA ESCUELA MILITAR
Jayana Milhomem de SOUZA1
e-mail: jayanamilhomem@gmail.com
Amoriara Milhomem F. de OLIVEIRA2
e-mail: amoriaramfo10@gmail.com
Luana Bogo M. da SILVA3
e-mail: luana.bogo@mail.uft.edu.br
Yasmin Coelho dos Santos PARREÃO4
e-mail: yasminparreao@gmail.com
Samuel Silva MIRANDA5
e-mail: samuelpmiranda1@gmail.com
Ladislau Ribeiro do NASCIMENTO6
e-mail: ladislaunascimento@uft.edu.br
How to reference this article:
NICOLAU, C. F. S.; CALAIS, S. L.; CARDOSO, H. F.
Adolescents in suffering situations in the school context: the
psychological duty in a military school. Doxa: Rev. Bras.
Psico. e Educ., Araraquara, v. 25, n. 00, e024011, 2024. e-
ISSN: 2594-8385. DOI:
https://doi.org/10.30715/doxa.v25i00.19657
| Submitted: 28/06/2024
| Revisions required: 31/10/2024
| Approved: 08/11/2024
| Published: 12/12/2024
Editor:
Prof. Dr. Paulo Rennes Marçal Ribeiro
Deputy Executive Editor:
Prof. Dr. José Anderson Santos Cruz
Universidade Federal do Tocantins (UFT), Palmas TO Brasil. Master's student in the Graduate Program in Science and Health Education (PPGECS/UFT).
Fundação Escola de Saúde Pública de Palmas (FESP). Resident psychologist from Integrated Health Residency Plan (PIRS).
Children's Psychosocial Care Center - CAPSi. Research psychologist attached to the Municipal Health Department of Palmas.
Universidade Federal do Tocantins (UFT), Palmas - TO - Brazil. Master's student in the Postgraduate Program in Science and Health Teaching (PPGECS/UFT).
Universidade Federal do Tocantins (UFT), Miracema - TO - Brazil. Psychology undergraduate student.
Universidade Federal do Tocantins (UFT), Palmas - TO - Brazil. Professor of the Psychology Course and of the Postgraduate Program in Teaching in Sciences
and Health (PPGECS/UFT).
Adolescents in suffering situations in the school context: the psychological duty in a military school
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 25, n. 00, e024011, 2024. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v25i00.19657 2
ABSTRACT: This article reports on a practice of welcoming young students at a Military
College located in the state of Tocantins. The activity was part of a supervised curricular
internship in School and Educational Psychology. The target audience was served at the school
institution itself, between March and June 2022. A total of 33 consultations were carried out in
the form of Psychological Support. Through listening offered during shifts, we found reports
about interpersonal conflicts in the school environment, crises in relationships with family and
friends, sadness, and feelings of abandonment. Furthermore, students complained about the
rigor of discipline and alleged abuses of authority in the school environment. The analyses and
discussions carried out during the internship supervision meetings pointed to the relevance of
psychological duty as a powerful device for promoting well-being and mental health in the
school context.
KEYWORDS: Military College. Teenagers. Psychological Support. School and Educational
Psychology.
RESUMO: O presente artigo relata uma prática de acolhimento de adolescentes estudantes de
um Colégio Militar situado no estado do Tocantins. A atividade fez parte de um estágio
curricular supervisionado em Psicologia Escolar e Educacional. O público-alvo foi atendido
na própria instituição escolar, no período entre março e junho de 2022. Realizou-se um total
de 33 atendimentos na modalidade de Plantão Psicológico. Por meio da escuta oferecida nos
plantões, constatamos relatos sobre conflitos interpessoais no ambiente escolar, crises nas
relações com familiares e amigos, tristeza e sensação de abandono. Ademais, estudantes
queixaram-se do rigor disciplinar e de supostos abusos de autoridade no ambiente escolar. As
análises e discussões realizadas durante os encontros de supervisão do estágio evidenciaram
a relevância do plantão psicológico como um dispositivo eficaz para a promoção do bem-estar
e da saúde mental no contexto escolar.
PALAVRAS-CHAVE: Colégio Militar. Adolescentes. Acolhimento Psicológico. Psicologia
Escolar e Educacional.
RESUMEN: Este artículo relata una práctica de acogida de jóvenes estudiantes en un colegio
militar situado en el estado de Tocantins. La actividad formó parte de una pasantía curricular
supervisada en Psicología Escolar y Educativa. El público objetivo fue atendido en la propia
institución escolar, entre marzo y junio de 2022. Se realizaron un total de 33 consultas en la
modalidad de Apoyo Psicológico. A través de la escucha ofrecida durante los turnos,
encontramos relatos sobre conflictos interpersonales en el ambiente escolar, crisis en las
relaciones con familiares y amigos, tristeza y sentimientos de abandono. Además, los
estudiantes se quejaron del rigor de la disciplina y presuntos abusos de autoridad en el
ambiente escolar. Los análisis y discusiones realizados durante las reuniones de supervisión
de las prácticas señalaron la relevancia del deber psicológico como un poderoso dispositivo
para promover el bienestar y la salud mental en el contexto escolar.
PALABRAS CLAVE: Colegio Militar. Adolescentes. Apoyo Psicológico. Psicología Escolar
y Educativa.
Jayana Milhomem de SOUZA, Amoriara Milhomem F. de OLIVEIRA, Luana Bogo M. da SILVA, Yasmin Coelho dos Santos PARREÃO,
Samuel Silva MIRANDA and Ladislau Ribeiro do NASCIMENTO
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 25, n. 00, e024011, 2024. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v25i00.19657 3
Introduction
Brazilian public schools have undergone significant changes in the last thirty years,
especially as a result of the so-called managed revolution that took place between 1995 and
2002, especially the universalization of access to basic education (Bianchi, 2008). However,
the expansion of access to public education has not been accompanied by the investment needed
to guarantee the quality of teaching. As a result, numerous fractures have been observed in
educationally and institutionally worn-out school contexts. Among the problems are school
dropouts and low-performance levels ascertained by internal and external evaluations.
In 2023, the Basic School Development Index (IDEB), an indicator that measures the
academic performance of Brazilian schools, registered failure rates (failure plus dropout) of 6.2
for third-year high school students from public schools, in contrast to an average of 1.1 for
students from private schools. Regarding the performance of public and private schools, for the
same grade mentioned above, there were 4.1 for state schools and 5.6 for private schools. The
results indicate weaknesses and challenges linked to public education (Brasil, 2023).
Public schools also suffer from the problem of violence, which reflects social inequality
and the lack of policies to guarantee access to fundamental rights and guarantees. Violence thus
breaks down borders, permeates the most diverse contexts, and affects "the educational process
of the developing individual and the constitution of their knowledge" (Silva; Negreiros, 2020,
p. 328, our translation). Abramovay (2021) warns of the different forms of violence that
permeate everyday school life and affect "the order, motivation, satisfaction and expectations
of all those who attend school" (Abramovay, 2021, p. 07, our translation).
A study carried out in 2016, with the support of the Latin American Faculty of Social
Sciences (FLACSO), the Organization of Inter-American States (OEI), and the Ministry of
Education, found that physical and verbal violence affected 42% of public-school students.
Another growing problem in the educational environment is drug trafficking in and around
schools, thus increasing the risk of other consequences of crime (Abramovay; Castro; Silva,
Cerqueira, 2016). Problems such as racism, sexism, homophobia, and other manifestations of
prejudice and intolerance also emerge as challenges to be faced. In the words of Abramovay
(2021):
Violence in schools is a worrying phenomenon. On the one hand, because of
the effects it has on those who practice it, those who suffer, and those who
witness it. On the other hand, they contribute to stripping the school of its status
Adolescents in suffering situations in the school context: the psychological duty in a military school
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 25, n. 00, e024011, 2024. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v25i00.19657 4
as a place of friendship, pleasure, and the quest to know and learn (p. 07, our
translation).
Faced with the challenges facing public schools and the insecurity experienced by the
majority of the Brazilian population, in recent years, there has been a movement to transfer the
administration of public schools to the Military Police, on the grounds that the control policies
and disciplinary practices of the military model could solve problems and strengthen the public
education system.
As a result, in addition to the military colleges in operation in various states and regions
of the country, the Brazilian public education system came to include the so-called civic-
military schools. Through Presidential Decree No. 10,004 (Brazil, 2019), the National Program
for Civic-Military Schools (PECIM) promoted the implementation of 216 Civic-Military
Schools (ECIM) in all regions of the country. This was an initiative developed by the Ministry
of Education in conjunction with the Ministry of Defense, with technical cooperation and the
transfer of resources to the schools that joined the program. As a result, pedagogical proposals
and disciplinary practices similar to those used in military schools were implemented in
militarized schools.
In a study carried out by Benevides and Soares (2020), the performance of students from
military and regular public schools was compared. The study showed that students from military
schools performed better.
The efficiency of the military model is often associated with its quest to model and
control behavior. However, in addition to this, one must consider the fact that military schools
generally rely on financial resources from state security departments, which are in addition to
those guaranteed by the Ministry of Education.
Of the oldest military schools in Brazil, we can highlight the pioneering one in Goiás,
which has gained considerable attention due to its good results in school performance indicators
achieved in exams such as the National High School Exam (Enem) and IDEB, serving as an
example for the implementation of new schools with this structure.
When we talk about the good performance of students linked to military or militarized
schools, however, we must make some considerations. In the words of Benevides and Soares
(2020):
Behind this unprecedented expansion is the unquestionable good performance
of students in assessments such as the Prova Brasil and the National High
School Exam (ENEM) and the strict discipline and respect for hierarchy
typical of military methodology. However, this direct attribution of this
performance differential as an effect of the school is questionable given that
Jayana Milhomem de SOUZA, Amoriara Milhomem F. de OLIVEIRA, Luana Bogo M. da SILVA, Yasmin Coelho dos Santos PARREÃO,
Samuel Silva MIRANDA and Ladislau Ribeiro do NASCIMENTO
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 25, n. 00, e024011, 2024. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v25i00.19657 5
military school students are usually differentiated, both by family
characteristics and by the accumulation of knowledge (initial condition), in
addition to the very selection process that military schools establish. In other
words, the differential performance of military schools may be more related
to the selection process than their pedagogical proposal (Benevides; Soares,
2020, p. 318, our translation).
There are other controversies associated with militarized teaching proposals. It can be
seen that the work of the Military Police is not limited to school administration activities since,
through discourse, disciplinary practices, and institutional rites, military doctrine is imposed,
making military schools similar to barracks, except in due proportion.
Studies on the militarization of education point to problems such as threats to the
democratic rule of law, especially as a result of impediments to guaranteeing the right to citizen
education, which should be based on democratic principles (Santos; Pereira, 2018; Ximenes;
Stuchi; Moreira, 2019). In many cases, it is worth noting that access to military schools depends
on passing entrance exams. In addition, the need to pay for uniforms can prevent the poorest
from accessing these schools.
There are several problems surrounding this process of militarizing education. The
model's authoritarian profile can lead to: the implementation of educational proposals without
prior consultation with the school community; a lack of respect for the law, almost always
expressed through the charging of undue fees; the reservation of vacancies for dependents of
military personnel; the establishment of centralized management that is insensitive to the social
and institutional reality, with the dismissal of principals elected by the school community; the
imposition of concepts, norms and values of the military institution on students and teachers.
It is worth noting, however, that the National Education Guidelines and Bases Law
(LDB) - Law No. 9.394/96 (Brazil, 1996), in item VIII of article 3, establishes democratic
management in educational institutions as a fundamental principle. Article 14 also provides for
the establishment of rules to ensure democratic governance in public basic education schools.
These rules must be aligned with the peculiarities of each institution and promote the
participation of education professionals in the planning of school activities and in the drafting
of the school's Pedagogical Political Project (PPP).
In the words of Santos and Alves (2022),
[...] militarization subverts the principles and purposes of the school by
interdicting the plurality of ideas, democratic management, the autonomy of
schools and education professionals, the possibility of learning, among other
Adolescents in suffering situations in the school context: the psychological duty in a military school
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 25, n. 00, e024011, 2024. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v25i00.19657 6
aspects, thus also clashing with the precepts established by the set of laws that
regulate basic education in Brazil (p. 14, our translation).
In addition to the ethical and legal implications pointed out, we are faced with the
problem of the psychosocial suffering produced in school contexts that emphasize discipline,
order, and establishing standardized expectations in terms of behavior, attitudes, values, desires,
conduct, etc. As Bortolini (2021) points out, "the 'military pedagogy' stigmatizes as deviant a
myriad of experiences, subjects, cultures, reducing possibilities of existence and recurrently
producing suffering" (p. 109, our translation).
It was in contact with this indoctrinating school model, permeated with unease, that we
developed the project to be reported. Over the course of a semester, we offered psychological
support to teenage high school students linked to a military school located in the state of
Tocantins. Before moving on to the account of the experience, however, we would like to
briefly discuss the perspective we have taken in understanding adolescence.
Adolescence as a social and historical construction
Traditional approaches to human development define adolescence as a period of crisis,
conflict, ambiguity, change, and tension. Scholars such as Erik Erikson, Arminda Aberastury,
Maurice Debesse, and Maurício Knobel have perpetuated these definitions, associating
adolescence with crises, tensions, and conflicts (Ozella; Aguiar, 2008).
However, Becker (2017) highlights the existence of different forms of adolescence in
Western society. The author uses the case of poor children, who are often thrown into adulthood
without even experiencing what we conventionally call adolescence, as an example. This
attentive approach is fundamental if we are to overcome the traditional definitions of this stage
of development, considering its social and historical nature, which is related to political,
historical, cultural, and social factors.
Ozella (2002) discusses the historical construction of adolescence in the context of
modern society, pointing out that technological advances throughout history have made it
necessary for workers to become more specialized in order to deal with the complexity of work.
In that context, the school emerged as the institution responsible for the specialized training of
the workforce. Also, in the course of technological and social transformations, a portion of the
population has postponed the start of working life. Thus, the combination of high
unemployment rates caused by advances in the means of production and the need for greater
qualifications led to an extension of the schooling period and created the social, historical, and
Jayana Milhomem de SOUZA, Amoriara Milhomem F. de OLIVEIRA, Luana Bogo M. da SILVA, Yasmin Coelho dos Santos PARREÃO,
Samuel Silva MIRANDA and Ladislau Ribeiro do NASCIMENTO
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 25, n. 00, e024011, 2024. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v25i00.19657 7
cultural conditions for the emergence of what has been called adolescence (Ozella, 2002). In
the words of Zaniani (2018):
[...] without denying the existence of adolescence, but understanding it as
being historically constructed and signified by men themselves as a form of
social identity, we remember that this possibility - giving oneself the right to
live this time of postponement - is the privilege of some classes and social
groups, especially the children of the middle and upper classes, for whom
studies and training for the future would make sense and would be guaranteed.
The children of working-class families, however, have been inserted into the
world of work from an early age, subjected to all kinds of exploitation, and
therefore not given the opportunity to choose (p. 19, our translation).
Criticism of the basis of the understanding of adolescence is necessary, especially in the
face of the predominance of uncritical and anhistorical approaches that understand it as a
"natural phase of development", making analysis and actions that take into account the
subjective dimension of adolescents' daily lives impoverished and biased.
The Psychological Clinic is a welcoming space for adolescents at the Military College
In general, the term on-call refers to outpatient, medical practices focused on urgencies
and emergencies (Machado; Fonseca, 2019). In some areas of psychology, however, shifts are
configured as welcoming and listening devices. In the present work, we offer on-call sessions
with the central aim of building a listening and welcoming space for students in situations of
suffering.
The work was carried out at a Military Police College located in the state of Tocantins,
through a partnership between the Psychology Course of the Federal University of Tocantins
and the Educational Guidance Service (SOE) of that institution. The activities were linked to a
compulsory curricular internship with an emphasis on School and Educational Psychology.
In view of the large number of students enrolled at the school, we decided not to
publicize it widely; the trainees assigned to the activity passed on the information about the
shifts from classroom to classroom. They made themselves available for appointments on
specific days and times of the week, on spontaneous demand. In other words, it wouldn't be
possible to schedule sessions. This care was taken to avoid the idea that our work replicated the
clinical-ambulatory model in the school context.
The work was carried out between the months of March and April 2022, on three days
of the week, on Wednesdays in the morning, between 09:00 and 12:30, and on Thursdays and
Adolescents in suffering situations in the school context: the psychological duty in a military school
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 25, n. 00, e024011, 2024. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v25i00.19657 8
Fridays in the afternoon, between 14:00 and 17:25. For each day and time indicated, there was
a trainee present. The sessions lasted an average of 30 minutes. It is worth noting that the room
used for shifts was air-conditioned and soundproofed.
A total of 33 visits were carried out. Female students aged between 15 and 17 made up
the largest audience. They usually went to their shifts in the company of a classmate, often with
symptoms typical of anxiety, including palpitations, crying, and agitation.
As for the public's reasons for seeking help, the most important are difficulties
concentrating and fear of failure in assessments and other school activities. There were also
reports of interpersonal conflicts experienced inside and outside the school. Similarly, we found
problems associated with the fraying of bonds, the breaking of ties, and the consequent feeling
of abandonment in the subjective experience of some of the people taken in by the team of
trainees.
In addition, students who were suffering from situations involving fights, intra-family
conflicts, relationship breakdowns, and problems in interpersonal relationships at the school
itself were welcomed. There were cases involving experiences of mourning the death of loved
ones, a sense of abandonment in the relationship with parents, and a feeling of deep sadness,
with the triggering of non-suicidal self-injury, a feeling of worthlessness, and suicidal ideation.
With the trainees' empathy and willingness to welcome students who demanded
sensitive and judgment-free listening, as well as the production of analyses and reflections
based on relevant references for the dialog between psychology and education, we had the
opportunity to promote health under the logic of care (Ferro; Antunes, 2015).
Taking into account the historical and social factors linked to the construction of
adolescence, we were able to measure the effects of the practices of control and domination
perpetrated by the military model of education on the subjective constitution of the public
attended at the psychological reception centers. From this perspective, the actions linked to the
Psychological On-Call were guided by a critical and reflective approach, which was crucial for
guiding the listening, welcoming, and referrals made by the trainees during the development of
this practice.
In the midst of the uncertainties and instability intensified in the pandemic and post-
pandemic contexts, when the work was carried out, the offer of psychological shifts fostered
experiences of resignification and subjective strengthening necessary to cope with symptoms
of anxiety and other expressions of subjective malaise (Araújo; Rocinholi, 2019) experienced
in that context. The welcoming space set up in an environment marked by discipline provided
Jayana Milhomem de SOUZA, Amoriara Milhomem F. de OLIVEIRA, Luana Bogo M. da SILVA, Yasmin Coelho dos Santos PARREÃO,
Samuel Silva MIRANDA and Ladislau Ribeiro do NASCIMENTO
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 25, n. 00, e024011, 2024. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v25i00.19657 9
an escape from permanent surveillance, almost always accompanied by micropenalties linked
to the control and normalization devices present in the military model (Foucault, 1987).
Considerations on working at the health/education interface
In Brazil, until the late 1970s, the work of psychologists in schools was marked by the
adoption of clinical-therapeutic models characterized by an individualistic, uncritical,
decontextualized, adaptationist, and consequently, exclusionary approach (Antunes, 2008;
Bezerra, 2014).
That historical moment in psychology was characterized by an emphasis on the
application of psychometrically based tests and other psychological techniques with the
potential to blame students and even their families for the difficulties they encountered in school
life. It was noticed that the focus on the individual dimension leaves out of the analysis and
interventions the historical, social, cultural, institutional, and pedagogical factors crucial to the
educational process. Thus, as an effect of a reductionist approach to complex school problems,
the so-called psychological factors stand out. For this reason, the criticism of the practices of
school psychology that are insensitive to the complexity of the phenomena produced in the
educational field has intensified. Furthermore, the clinical-therapeutic framework for school
difficulties was criticized, as it was disconnected from the educational dimension and had the
potential to psychologize and pathologize the educational process (Antunes, 2008).
Over the years, especially since the 1990s, School and Educational Psychology has
strengthened as an area of knowledge based on criticism of the problems that have increased
with the expansion of access to public education. In that context, a critical approach to school
psychology was consolidated. Interventions and studies inspired by the institutionalist
movement targeted pedagogical practices and the relationships established in school spaces, as
well as proposing new definitions and ways of understanding subjectivity (Eizirik, 1993;
Machado, 1994). From the same perspective of change and broadening of focus, school
psychology was influenced by the theories of child development of Jean Piaget, Henri Wallon,
and Lev S. Vigotski (Barbosa, 2011).
Criticism of the reductionism and short-sightedness of the clinical-therapeutic model
has grown and removed the health dimension from this area of action and knowledge
production. Thus, the research and actions promoted over the last few decades have prioritized
the educational dimension and emphasized the problems related to so-called school failure
Adolescents in suffering situations in the school context: the psychological duty in a military school
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 25, n. 00, e024011, 2024. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v25i00.19657 10
(Patto, 1990).
However, although criticism and a move away from reductionist and pathologizing
approaches are fundamental, we are seeing the emergence of many demands related to mental
health in school contexts. Phenomena such as depression, anxiety, non-suicidal self-injury,
attempts, and consummation of self-extermination are frequent and call us to work at the
health/education interface. In this context, the Psychological Clinic emerged as a way of
intervening in the demands of suffering emerging in the school context. It is not a question,
therefore, of neglecting the complexity of school phenomena and the risks of acting in a way
that is disconnected from the educational dimension. In reality, it's about realizing the urgency
of reinventing ourselves in order to promote a critical school psychology that is sensitive to
emerging demands.
We consider the fact that School and Educational Psychology (SEP) has theoretical
references and methodological tools to support the promotion of care in school institutions in
an ethical, critical way, in a movement different from that in which reductionist, adaptationist,
and psychologizing ideas are reproduced. We can remain vital in understanding the phenomena
produced in everyday school life and welcome the demands associated with the suffering
produced and manifested in this context (Bezerra, 2014).
Final considerations
The shifts were carried out in the context of a return to face-to-face activities after the
acute periods of the COVID-19 pandemic. During the welcoming sessions, we came into
contact with the unfolding of problems faced before, during, and after the health crisis.
By opening up spaces for listening and the circulation of words in an institutional
context that is vigilant, normalizing, punitive, and insensitive to human suffering, we gain
access to a reality permeated with affections and full of contradictions. Through the accounts
shared with the trainees, we found records of moments of happiness and hope to merge with
crying, bouts of anxiety, fear, interpersonal conflicts, punishments, depression, suicidal
ideation, and self-injury.
With each shift, the trainees were able to collaborate in dealing with a subjective unease
shared by many students. Psychosocial suffering was understood in its complexity, taking into
account its articulation with psychological, social, historical, political, economic, pedagogical,
and institutional factors. From this perspective, we are going against the reductionist and
Jayana Milhomem de SOUZA, Amoriara Milhomem F. de OLIVEIRA, Luana Bogo M. da SILVA, Yasmin Coelho dos Santos PARREÃO,
Samuel Silva MIRANDA and Ladislau Ribeiro do NASCIMENTO
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 25, n. 00, e024011, 2024. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v25i00.19657 11
stigmatizing practices that are almost always present in mental health promotion actions.
On other occasions, we can expand the care actions through group interventions, with
the aim of reaching teachers, managers, students, and their families or guardians, making the
actions more comprehensive. Furthermore, the group perspective allows us to collectively
analyze and approach the phenomena produced in the collective dimension.
REFERENCES
ABRAMOVAY, M; CASTRO, M. G; SILVA, A. P; CERQUEIRA, L. Diagnóstico
participativo das violências nas escolas: falam os jovens. Rio de Janeiro: Flacso-Brasil,
OEI, MEC, 2016.
ABRAMOVAY, M. Programa de prevenção à violência nas escolas. Brasília: Flacso
Brasil, 2021.
ANTUNES, M. A. M. Psicologia Escolar e Educacional: história, compromissos e
perspectivas. Psicologia escolar e educacional, [S. l.], v. 12, p. 469-475, 2008.
ARAÚJO, S. M. S.; ROCINHOLI, F. L. Cartografias do Plantão Psicológico para
adolescentes em contexto escolar. In: DURANGE, M. T. (org.). Cartografias do Plantão
Psicológico para adolescentes em contexto escolar. [S. l.: s. n.], 2019. p. 180,
BECKER, D. O que é adolescência. [S. l.]: Brasiliense, 2017.
BENEVIDES, A. de A.; SOARES, R. B. Diferencial de desempenho de alunos das escolas
militares: o caso das escolas públicas do Ceará. Nova Economia, [S. l.], v. 30, p. 317-343,
2020.
BEZERRA, E. do N. Plantão psicológico como modalidade de atendimento em Psicologia
Escolar: limites e possibilidades. Estudos e Pesquisas em Psicologia, [S. l.], v. 14, n. 1, p.
129-143, 2014. ISSN 1808-4281. Available at:
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-42812014000100008.
Accessed in: 08 Jan. 2024.
BIANCHI, E. M. P. G. A revolução gerenciada: educação no Brasil, 1995-2002. Revista de
Administração Contemporânea, v. 12, n. 3, p. 883-885, 2008. DOI: 10.1590/S1415-
65552008000300015.
BORTOLINI, A. Militarização das escolas e avanço reacionário: Uma perspectiva de gênero.
Diversidade e Educação, [S. l.], v. 9, n. 2, p. 92-119, 2021. Available at:
https://periodicos.furg.br/divedu/article/view/13508/9290. Accessed in 07 Jan. 2024.
BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da
educação nacional. Brasília, DF, 23 dez. 1996. Available at:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm. Accessed in 14 Oct. 2024.
Adolescents in suffering situations in the school context: the psychological duty in a military school
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 25, n. 00, e024011, 2024. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v25i00.19657 12
BRASIL. Decreto nº 10.004, de 5 de setembro de 2019. Institui o Programa Nacional das
Escolas Cívico-Militares. Brasília, DF, 2019. Available at:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/decreto/D10004.htm. Accessed in
14 Oct. 2024.
BRASIL. Índice de Desenvolvimento Escolar Básico (IDEB). Apresentação de Resultados.
Ministério da Educação, 2023. Available at:
https://download.inep.gov.br/ideb/apresentacao_ideb_2023.pdf. Accessed in 14 Oct. 2024.
EIZIRIK, M. F. As relações entre o saber e poder nas diversas dimensões da escola. In:
GRESSI, E. P.; BORDIN, J. (org.). A paixão por aprender. Petrópolis: Vozes, 1993.
FERRO, A. S.; ANTUNES, A. A. Plantão psicológico: a construção de um" pro-jeto" sobre as
vicissitudes humanas no espaço educacional, narrando a intertextualidade de uma experiência
psicológica no Instituto Federal de Goiás. Revista Eixo, [S. l.], v. 4, n. 1, 2015.
FOUCAULT, M. Vigiar e Punir: história da violência nas prisões. Petrópolis, RJ: Editora
Vozes, 1987.
MACHADO, A. M. A queixa escolar e seus encaminhamentos. Jornal do Conselho
Regional de Psicologia - 6ª região, [S. l.], v. 14, p. 87, 1994.
MACHADO, A. M.; FONSECA, P. F. A escrita endereçada como prática de formação e
construção de realidade. Mnemosine, [S. l.], v. 15, n. 1, 2019.
SANTOS, C.; PEREIRA, R. Militarização e Escola Sem Partido: duas faces de um mesmo
projeto. Revista Retratos da Escola, Brasília, DF, v. 12, n. 23, p. 255-270, jul./out. 2018.
SANTOS, E. J. F.; ALVES, M. F. Militarização Da Educação Pública No Brasil Em 2019:
Análise Do Cenário Nacional. Cadernos de Pesquisa, [S. l.], v. 52, p. e09144, 2022.
SILVA, E. H. B. da; NEGREIROS, F. Violência nas escolas públicas brasileiras: uma revisão
sistemática da literatura. Revista Psicopedagogia, [S. l.], v. 37, n. 114, p. 327-340, 2020.
Available at: https://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S0103-
84862020000300006&script=sci_abstract&tlng=pt. Accessed in: 13 Oct. 2024.
OZELLA, S. AGUIAR, W. M. J. Desmistificando a concepção de adolescência. Cadernos de
Pesquisa [online]. v. 38, n. 133, p. 97-125, 2008. DOI: 10.1590/S0100-15742008000100005.
OZELLA, S. Capítulo 1 - Adolescência: uma perspectiva crítica. In: KOLLER, S. H. (Org.).
Adolescência e psicologia: concepções, práticas e reflexões críticas. Coordenação M. L. J.
Contini. Rio de Janeiro: Conselho Federal de Psicologia, 2002. p. 16-24. Available at:
https://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2008/01/adolescencia1.pdf. Accessed in: 06 Dec.
2023.
PATTO, M. H. S. A produção do Fracasso Escolar: histórias de submissão e rebeldia. São
Paulo: Queiroz, 1990.
VIARO, R. V. Militarização escolar, disciplina e subjetividades: reflexões a partir de
Jayana Milhomem de SOUZA, Amoriara Milhomem F. de OLIVEIRA, Luana Bogo M. da SILVA, Yasmin Coelho dos Santos PARREÃO,
Samuel Silva MIRANDA and Ladislau Ribeiro do NASCIMENTO
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 25, n. 00, e024011, 2024. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v25i00.19657 13
Foucault. Revista Contemporânea de Educação, [S. l.], v. 17, n. 38, p. 189-206, 2022.
Available at: https://revistas.ufrj.br/index.php/rce/article/view/44869. Accessed in: 14 Oct.
2024.
XIMENES, S. B.; STUCHI, C. G.; MOREIRA, M. A. M. A militarização das escolas
públicas sob os enfoques de três direitos: constitucional, educacional e administrativo.
Revista Brasileira de Política e Administração da Educação, Goiânia, v. 35, n. 3, p. 612-
632, maio 2019. Available at:
http://educa.fcc.org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2447-
41932019000300612&lng=pt&nrm=iso. Accessed in: 10 Jan. 2024.
ZANIANI, E. J. M. Infância(s) e adolescência(s): uma leitura sócio-histórica. In: SILVA, A.
S. da (org.). Cadernos de socioeducação: fundamentos da socioeducação. Curitiba, PR:
Secretaria de Estado da Justiça, Trabalho e Direitos Humanos, 2018. Available at:
https://www.justica.pr.gov.br/sites/default/arquivos_restritos/files/migrados/File/Caderno_Fu
ndamentos_da_Socioeducacao__2.pdf. Accessed in: 04 Jan. 2024.
Adolescents in suffering situations in the school context: the psychological duty in a military school
Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 25, n. 00, e024011, 2024. e-ISSN: 2594-8385
DOI: https://doi.org/10.30715/doxa.v25i00.19657 14
CRediT Author Statement
Acknowledgements: We would like to thank the technicians of the Educational Guidance
Service of the school where the actions reported were carried out.
Funding: This publication was made possible by the financial support provided by the
Federal University of Tocantins, through the Dean of Research and the Postgraduate
Program in Science and Health Education (PPGECS).
Conflicts of interest: There are no conflicts of interest.
Ethical approval: Not applicable.
Data and material availability: Not applicable.
Authors' contributions: All the authors participated in the conception and elaboration of
the analyses and reflections associated with the experience reported.
Processing and editing: Editora Ibero-Americana de Educação.
Proofreading, formatting, standardization and translation.