TY - JOUR AU - Assolini, Filomena Elaine P. PY - 2017/06/01 Y2 - 2024/03/28 TI - Redação na escola: o que os professores dizem e silenciam sobre essa prática JF - DOXA: Revista Brasileira de Psicologia e Educação JA - Doxa: Rev. Bras. Pscio. Educ. VL - 19 IS - 2 SE - Artigos DO - 10.30715/rbpe.v19.n2.2017.10914 UR - https://periodicos.fclar.unesp.br/doxa/article/view/10914 SP - 240-257 AB - <p>A preocupação com a escrita na escola, em especial com a prática de redação produzida por estudantes do ensino fundamental, instigou-nos à realização de ampla pesquisa, onde se investigou como os professores desse nível de ensino imaginam e discursivizam os alunos, nesse processo. O <em>corpus</em> foi constituído por depoimentos escritos de cerca de trinta professores do ensino fundamental, que ministram aulas em escolas públicas brasileiras. A partir desse vasto campo discursivo, realizamos alguns recortes. Sequências discursivas de referência foram por nós selecionadas, a partir dos recortes. Fundamentados na Análise de Discurso de Matriz Francesa, na Teoria Sócio-Histórica do Letramento, na Psicanálise freudo-lacaniana e nas Ciências da Educação, realizamos análises discursivas, cujos resultados indicam que: a) os professores concentram-se mais no que imaginam serem faltas e lacunas de saberes dos estudantes e menos em seus saberes escolares ou não acumulados; b) os professores não se entendem como profissionais capazes de lidar com o que pressupõem serem dificuldades dos alunos em relação à produção escrita; c) o discurso da oralidade de alguns alunos não é reconhecido nem valorizado pelos professores; d) eles imaginam que alguns alunos se encontram em nível zero de alfabetização e letramento, quando chegam à escola básica. A inscrição em formações discursivas que possibilitassem aos professores imaginarem os alunos como sujeitos que chegam à escola com algum nível de alfabetização e letramento poderia ajudá-los a desenvolver práticas pedagógicas escolares que considerassem a memória discursiva, memória de sentidos dos alunos, o que os levaria a se identificarem com sentidos aos quais se filiam.  Entendemos ser urgente que o discurso narrativo seja incorporado aos conteúdos e práticas pedagógicas do ensino fundamental, pois, dentre outras possibilidades, esse discurso possibilita ao aluno manifestar sua subjetividade, condição fundamental para que possa produzir sentidos, ocupar o lugar de intérprete-historicizado e colocar-se como autor de seu próprio dizer. Entendemos que os cursos de formação inicial têm importante papel, no que se refere à oferta de experiências de escrita para os que estão em processo de aprendizagem da docência. Defendemos que o domínio dos saberes relacionados à escrita diferencia os alunos, assegurando-lhes participações mais amplas em práticas sociais.</p> ER -