image/svg+xmlA inscrição pelo discurso de uma criança norueguesa em processo de aquisição de português: Um estudo de caso Rev. EntreLínguas, Araraquara, v. 8, n.00, e022036, jan./dez. 2022 e-ISSN: 2447-3529 DOI: https://doi.org/10.29051/el.v8i00.15037 1A INSCRIÇÃO PELO DISCURSO DE UMA CRIANÇA NORUEGUESA EM PROCESSO DE AQUISIÇÃO DE PORTUGUÊS: UM ESTUDO DE CASO LA INSCRIPCIÓN POR EL DISCURSO DE UNA NIÑA NORUEGA EM EL PROCESO DE ADQUISICIÓN DE PORTUGUÉS: UN CASO DE ESTUDIO THE ENROLLMENT BY THE DISCOURSE OF A NORWEGIAN CHILD IN THE PROCESS OF ACQUISITION OF PORTUGUESE: A CASE STUDY Gesilda Marques da Silva RAMOS1RESUMO: O presente trabalho tem como objetivo analisar um estudo de caso referente à inscrição de uma criança norueguesa pelo discurso no processo de aquisição de português como segunda língua. Reservamos a essa pesquisa a consideração da posição simultânea de pessoa subjetiva e pessoa não subjetiva sob a perspectiva de imprimir um olhar enunciativo do material pertencente ao sujeito enunciador, baseada na perspectiva enunciativa de Benveniste, já que favorece a interface enunciação e aquisição de linguagem. Essa abordagem considera o discurso como portador de uma mensagem e instrumento de ação, no qual o sujeito é capaz de, através do ato individual, conferir ao “tu”, a forma que marca o discurso e ao mesmo tempo, constituir-se como eu-tu, por intermédio de um diálogo com a sua própria voz, pelo fato de enunciar e desenvolver o processo de aquisição de linguagem ao mesmo tempo. Os resultados apontam, portanto, que o tutorna-se o eco do eu, favorecido pela mediação eue tucomo condição de apropriação da língua. PALAVRAS-CHAVE: Discurso. Enunciação. Aquisição de linguagem. Eu-tu.RESUMEN: El presente trabajo tiene como objetivo analizar um caso de estudio referente al registro de una niña noruega por parte del hablante en el proceso de adquisición del portugués como segunda lengua. Reservamos para esta investigación la consideración de la posición simultánea de persona subjetiva y persona no subjetiva desde la perspectiva de imprimir una mirada enunciativa del material perteneciente al sujeto enunciativo, desde la perspectiva enunciativa de Benveniste, que favorece la interfaz de enunciación y adquisición del lenguaje. Este enfoque considera al discurso como portador de un mensaje y como un instrumento de acción, en el que el sujeto es capaz, a través del acto individual, de darte las formas que marcan el discurso y, al mismo tiempo, constituirse como me -tu, a través de un diálogo con la propia voz, por el mismo hecho de enunciar y desarrollar el proceso de adquisición del lenguaje. Por tanto, los resultados han demostrado que te conviertes en el eco del yo, favorecido por la mediación entre tú y yo como condición de apropiación del lenguaje. PALABRAS CLAVE: Discurso. Enunciación. Adquisición linguística. Yo tú. 1Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP), Recife – PE – Brasil. Professora de Língua Inglesa da Prefeitura Municipal de Recife. Doutoranda no Programa de Pós Graduação em Ciências da Linguagem (PPGCL). Bolsista da CAPES. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-9931-5827. E-mail: gesildamarques@yahoo.com.br
image/svg+xmlGesilda Marques da Silva RAMOSRev. EntreLínguas, Araraquara, v. 8, n.00, e022036, jan./dez. 2022. e-ISSN: 2447-3529 DOI: https://doi.org/10.29051/el.v8i00.150372ABSTRACT: The present work aims to analyze a case study referring to the registration of a Norwegian child by the speaker in the process of acquiring the Portuguese as a second language. We reserve for this investigation the consideration of the simultaneous position of subjective person and non-subjective person from the perspective of printing an enunciative view of the material belonging to the enunciative subject, from Benveniste's enunciative perspective, which favors the enunciation and language acquisition interface. This approach considers the discourse as the bearer of a message and as an instrument of action, in which the subject is able, through the individual act, to give you the forms that marks the discourse and, in the meantime, constitute itself as eu-tu, through a dialogue with your voice, due to the same fact of enunciating and developing the language acquisition process at the same time. Wherefore, the results have showed, that you become the eco of the self, favored by the mediation between you and me as a condition of language appropriation. KEYWORDS: Discourse. Enunciation. Language Acquisition. Me-You. IntroduçãoPara tratar da inscrição de uma criança norueguesa no processo de aquisição de português, através do discurso, toma-se como norte o que Silva (2007) defende quanto à possibilidade de circunscrever o campo da enunciação em uma relação com a aquisição de linguagem, corroborando Benveniste (1958), quando descreve a relação eue tu, ao afirmar que “é um homem falando que encontramos no mundo, um homem falando com outro homem, e a linguagem ensina a própria definição de homem”. Isso se deve ao fato de que, Benveniste, ao receber a herança saussuriana, imprimiu ali uma alternativa de se pensar (e analisar) a língua em seu funcionamento, privilegiando a própria possibilidade que a instância linguística oferece ao homem de se subjetivar, a partir de projeções enunciativas em uma posição de locutor que se inscreve, não por acaso, nessa mesma instância linguística. Nesse sentido, conforme Agustini e Leite (2012), Benveniste recoloca em questão aquilo que passa como evidência, exercendo, com primazia, a arte de problematizar fatos linguísticos sob o impacto da enunciação. Esse estilo de pensar benvenistiano, calcado na problematização das evidências, contribuiu para que se tornasse uma prática corrente, em Linguística, referir-se a esse autor quando se define enunciação. Diante do exposto, esse artigo tem como principal objetivo, considerar a posição simultânea de pessoa subjetiva e pessoa não subjetiva, proveniente da enunciação infantil, sob a perspectiva de imprimir um olhar enunciativo no material pertencente à criança locutora, já que, conforme Silva (2007) em Benveniste,o locutor se propõe como sujeito.
image/svg+xmlA inscrição pelo discurso de uma criança norueguesa em processo de aquisição de português: Um estudo de caso Rev. EntreLínguas, Araraquara, v. 8, n.00, e022036, jan./dez. 2022 e-ISSN: 2447-3529 DOI: https://doi.org/10.29051/el.v8i00.15037 3Assim, nessa pesquisa, por intermédio de um diálogo com os fatos enunciativos transcritos, representados e materializados em alguns recortes da transcrição de áudios, propõe-se a fazer uma análise enunciativa da fala da criança, como locutora dessa pesquisa. Considerar-se-á, também, o ato individual desta, já que conforme Benveniste (2005), a enunciação é tomada, no momento em que se coloca a língua em funcionamento em prol de sua utilização, através do ato individual. E para Flores (2018), é necessário que se faça uma descrição dos instrumentos que tornam o ato possível. Considera-se, portanto, a fala da criança, tanto como instrumento, quanto como consolidação e concretização do funcionamento da língua, bem como um ato individual em si. Investiga-se também, o posicionamento desta, atravessada pela linguagem, já que, conforme Benveniste (2005), é na linguagem e pela linguagem que o homem se constitui como sujeito. E acrescenta-se que, a “subjetividade”, tratada por este, é a capacidade do locutor para se propor como “sujeito”. Define-se como a unidade psíquica que transcende a totalidade das experiências vividas que reúne e que assegura a permanência da consciência. Portanto, dessa possibilidade que o locutor tem de se propor como sujeito, depreende-se que é possível identificá-lo a partir do modo que este marca o discurso, constituindo-se como um enunciador, como efeito da própria linguagem. Ao mesmo tempo, conforme Benveniste (2005), a linguagemsó é possível porque cada locutor se apresenta como sujeito, remetendo a ele mesmo como um euno seu discurso. [...] Sendo a língua um sistema comum a todos, o discurso é ao mesmo tempo portador de uma mensagem e instrumento de ação. Diante disso, voltando ao cerne da proposta desse trabalho, concernente à análise da inscrição pelo discurso de uma criança norueguesa em processo de aquisição de português, cabe aqui uma revisão de literatura quanto ao esclarecimento concernente à definição de língua materna (doravante LM), segunda língua (doravante L2) e língua estrangeira (doravante LE), para que seja possível adequar as nomenclaturas elencadas ao status do sujeito nesse estudo de caso. Portanto, entende-se que as definições das modalidades linguísticas supracitadas (LM, L1 e LE), bem como a situação de comunicação na qual cada uso possibilita a sua classificação, justifica a escolha da criança desse estudo de caso. E, como sujeito desse trabalho, por estar no entremeio desse contexto linguístico, esta se encontra na posição de locutora, já que ao ser capaz de tornar possível a condição de que a língua seja língua, passa a ser atravessada pela enunciação, vista, portanto, como possibilidade de transformar a língua em discurso.
image/svg+xmlGesilda Marques da Silva RAMOSRev. EntreLínguas, Araraquara, v. 8, n.00, e022036, jan./dez. 2022. e-ISSN: 2447-3529 DOI: https://doi.org/10.29051/el.v8i00.150374Para tanto, considerar-se-á, aqui, um entrelaçamento mediado pelas marcas da enunciação como efeito do discurso proporcionado pela interface enunciação e aquisição de linguagem. Ao mesmo tempo, apresentar-se-á uma discussão sobre a aquisição de linguagem pelo viés enunciativo, no que se refere à designação do eu, favorecido pela mediação eue tucomo condição de apropriação da língua. Concepção de língua materna, segunda língua e língua estrangeira: entrelaçamento mediado pelo efeito do discurso através da interface enunciação e aquisição de linguagem Para tratar das concepções de LM, L2 e de LE, propõe-se trazer alguns entrelaçamentos destes três contextos linguísticos, mediados pela enunciação como instância do discurso, já que se confere que a criança-enunciadora, considerada locutora dessa pesquisa, nasceu em um contexto linguístico cuja mediação se deu por intermédio de três línguas, tais quais, o norueguês, o português e o inglês. Dito isto, delegar-se-á aqui, o lugar de cada língua para esta, quanto ao status que ocupa como LM, L2 e a LE. Ao mesmo tempo, investigar-se-á os entrelaçamentos possíveis concernentes ao efeito da enunciação como instância do discurso. Desta forma, é possível considerar o conceito de língua como ato individual pelo viés da teoria enunciativa benvenistiana, pois no dizer do autor: O ato individual, pelo qual se utiliza a língua, introduz em primeiro lugar o locutor como parâmetro nas condições necessárias da enunciação. Antes da enunciação, a língua não é senão possibilidade de língua. Depois da enunciação, a língua é efetuada em uma instância de discurso, que emana de um locutor, forma sonora que atinge um ouvinte e que suscita uma outra enunciação de retorno (BENVENISTE, 2006, p. 83). Assim, a epígrafe acima, aponta a interface entre a língua e o discurso, mediada pela enunciação, ao mesmo tempo que esse movimento só se torna possível por intermédio de um locutor. Toma-se, portanto, a concepção de língua no contexto desse trabalho, considerada como a utilização de um ato individual, já que fornece a possibilidade de introduzir o locutor como critério para que haja condição necessária de enunciação. Portanto, é o locutor quem fornece a possibilidade de a língua ser língua, pois antes de ocorrer a enunciação só existe apenas uma probabilidade de língua. E é através da enunciação que há possibilidade de a língua atingir uma instância de discurso. Então, pode-se dizer que a
image/svg+xmlA inscrição pelo discurso de uma criança norueguesa em processo de aquisição de português: Um estudo de caso Rev. EntreLínguas, Araraquara, v. 8, n.00, e022036, jan./dez. 2022 e-ISSN: 2447-3529 DOI: https://doi.org/10.29051/el.v8i00.15037 5intersecção língua e discurso é mediada pela enunciação ou que só através da enunciação haverá possibilidade de o discurso se realizar. E, para efeito de explicação, no que se refere a um entendimento do significado das terminologias LM, L2 e LE, bem como a definição de em quais contextos ou status se adequaria cada uma dessas línguas para o sujeito desse estudo de caso, elencam-se aqui as respectivas definições, visto que, conforme Spinassé (2006), muitos aspectos linguísticos e não-linguísticos estão ligados a essas nomenclaturas. Assim, tecnicamente falando, conforme Damasceno (2017), a LM é o primeiro idioma aprendido por um indivíduo. Esta também é chamada de idioma materno, língua nativa ou primeira língua (doravante L1). Sendo esta então, a língua falada no país em que a pessoa nasceu e aprendeu a falar. Por essa razão, a LM será aquela de maior dominação pelo falante. A aquisição daL1, ou da LM, é uma parte integrante da formação do conhecimento de mundo do indivíduo, e, para Spinassé (2006), isso se deve ao fato de que, junto à competência linguística se adquirem também os valores pessoais e sociais. A LM caracteriza, geralmente, a origem e é usada, na maioria das vezes, no dia-a-dia. Por outro lado, as operações relativas à língua mãe estão profundamente enraizadas pela prática constante, sendo, por isso, muito difíceis de serem evitadas. Por esta razão, conforme Schutz (2018), adultos aprendizes de LEs acham muito difícil não cair nas formas da LM, tanto nas operações motoras de pronúncia quanto nas operações mentais de estruturação das ideias em frases. Para uma criança, este problema é muito menor, pois seus hábitos linguísticos não se encontram tão desenvolvidos e enraizados. Já a L2 é aprendida em um país onde a língua alvo é a utilizada socialmente, como exemplo, conforme Cea (2016), temos um brasileiro morando em Nova York que aprende inglês como L2. Por outro lado, a LE seria falada por um sujeito que aprende, em um país onde a língua falada não é a língua alvo, por exemplo, um brasileiro que mora no Brasil aprendendo inglês numa escola de línguas. Em contrapartida, há quem considere que a LM ou a L1 não é, necessariamente, a língua da mãe, nem a primeira língua que se aprende. Tão pouco, trata-se de apenas uma língua. Para Spinassé (2006), normalmente é a língua que aprendemos primeiro e em casa, através dos pais, e também é frequentemente a língua da comunidade. (....). A língua dos pais pode não ser a língua da comunidade, e, ao aprender as duas, o indivíduo passa a ter mais de uma L1 (caso de bilinguismo). Uma criança pode, portanto, adquirir uma língua que não é falada em casa, e ambas valem como L1.
image/svg+xmlGesilda Marques da Silva RAMOSRev. EntreLínguas, Araraquara, v. 8, n.00, e022036, jan./dez. 2022. e-ISSN: 2447-3529 DOI: https://doi.org/10.29051/el.v8i00.150376De acordo com Damasceno (2017) uma pessoa também pode ser falante nativa de mais de um idioma. Tudo vai depender da língua falada em sua região de origem e da língua adotada por sua família. Um exemplo curioso é o do esperanto. Muitas famílias escolhem essa língua para ensinar aos seus filhos, que a aprendem além do idioma falado no local onde residem. Desse modo, eles acabam se tornando falantes nativos do esperanto. Assim, considera-se que há o entrelaçamento de três contextos linguísticos, mediados pela enunciação como instância do discurso do sujeito desse estudo de caso. E embora o inglês, o português e o norueguês tenham estado presentes na vida dessa criança-enunciadora, durante a sua fase de bebê, atualmente, aos 7 anos, o inglês além de ser usado na escola como LE, é falado pelos seus pais por ser de maior domínio de sua mãe do que o norueguês. Este, por sua vez, norteia a sua vida cotidiana como língua nativa, junto à língua portuguesa, idioma materno de sua genitora. Portanto, o português pode ser visto como L2, pelo fato de ser usado pela sua mãe, por ser esta a sua LM e por ter mantido o intuito de ensiná-la. Além de ser, também, a língua usada no Brasil durante as suas viagens, realizadas bimestralmente. Quanto a sua LM, considerar-se-á a língua do país no qual esta nasceu, ou seja, o norueguês. Desta forma, é possível teorizar sobre os movimentos subjetivos, no que se refere ao processo de identificação do sujeito, no entremeio das LM e L2. E conforme Aiub e Rodrigues (2019), trata-se de tomar o sujeito constituído por um duplo processo simultâneo de identificação, pelo viés da inscrição deste em uma língua. Para tanto, o encontro do falante com outros modos de dizer faz com que haja movimentos nas redes de significação. Tomam-se esses “movimentos subjetivos” como aqueles que ocorrerão, do ponto de vista desse sujeito supracitado, ao se encontrar em “duplo processo simultâneo de identificação”, em posição de entremeio do norueguês (LM) e do Português (L2). Assim, voltando-se ao cerne da questão, concernente às definições de LM, L2 e LE, considera-se aqui os entrelaçamentos linguísticos mediados apenas pelo efeito da enunciação das LM e L2, já que o sujeito se encontra no entremeio das duas línguas quando está no Brasil. Desta forma, da possibilidade de efetivação do discurso, pelo fato de o locutor ser usado como critério para que haja condição necessária de enunciação, propõe-se considerar o ato de transformar a língua portuguesa em instâncias de discurso, como locutor e como alocutário, simultaneamente, sendo este visto como um entrelaçamento proporcionado pelo efeito da interface enunciação e aquisição de linguagem. Assim, esse contexto, no qual se dá esse movimento por intermédio da iniciativa de umlocutor, traz a possibilidade de a criança locutora/alocutária ser capaz de fazer com que
image/svg+xmlA inscrição pelo discurso de uma criança norueguesa em processo de aquisição de português: Um estudo de caso Rev. EntreLínguas, Araraquara, v. 8, n.00, e022036, jan./dez. 2022 e-ISSN: 2447-3529 DOI: https://doi.org/10.29051/el.v8i00.15037 7essa mobilização simultânea, locutor e alocutário, seja interpretada como a existência de uma proximidade entre o eue o discurso, na própria condição deste se efetivar, por intermédio da enunciação. O que exige uma discussão concernente à aquisição de linguagem pelo viés enunciativo: eue tu. E, conforme Lorandi (2008), isso favorece para que seja possível apropriar-se da língua toda, designando-se como eu. Discussão sobre aquisição de linguagem pelo viés enunciativo: eu e tu Ao propor trazer uma discussão sobre a aquisição de linguagem pelo viés enunciativo, tem-se a finalidade de situar o foco desse trabalho nos desdobramentos da correlação eu(pessoa subjetiva) e tu(pessoa não subjetiva) – único modo de enunciação possível, para que não se remeta ao eu– sendo, portanto, este o motivo pelo qual se justifica o fato de a correlação subjetiva ser tomada como norte desse estudo de caso. Para tanto, mostrar-se-á a diferença pessoa/não pessoa, a fim de pontuarmos as contribuições de Benveniste (CLG I), concernente à formulação dessa distinção clássica na linguística do século XX referente a tais instâncias do discurso. Assim, considerar-se-á o quadro abaixo trazido por Flores (2013, p. 92): Quadro 01 –Correlação de pessoalidade / correlação de subjetividade. Correlação de pessoalidade Pessoa Eu Correlação de subjetividade Pessoa subjetiva EEu PessoaTuPessoa não subjetiva TEuNão PessoaEleFonte:Flores, V. N. (2013) Ao observar o quadro acima, é possível depreender as contribuições trazidas por Flores (2013), concernentes ao texto “A natureza dos Pronomes” de Benveniste (2005), por ter sido este considerado o primeiro texto a tomar a distinção pessoa/não pessoa, e ressaltar que, não se trata apenas de trazer o assunto sobre pronomes, mas ultrapassa o seu título ou nomenclaturas em si. Ressalta-se, portanto, que Benveniste vai mais além, quando opera com a oposição subjetivo/objetivo.
image/svg+xmlGesilda Marques da Silva RAMOSRev. EntreLínguas, Araraquara, v. 8, n.00, e022036, jan./dez. 2022. e-ISSN: 2447-3529 DOI: https://doi.org/10.29051/el.v8i00.150378Assim, Flores (2007) destaca três pontos importantes relacionados à oposição subjetivo/objetivo, a saber, o primeiro ponto se refere ao fato de os pronomes serem tratados como problema de linguagem e não apenas como um problema de língua ou de línguas; o segundo que, ao associar os pronomes pessoais a classes distintas, Benveniste conclui que: uns pertencem a sintaxe da língua, outros são características das “instâncias do discurso”. Já no terceiro e último ponto, o autor mostra que há uma diferença de natureza referencial entre o pronome eue uma noção Lexical, concluindo que as diferenças estão ligadas à enunciação. À guisa de mostrar a descrição propriamente linguística, considerando, portanto, o ponto de partida e o ponto de chegada de Benveniste no texto supracitado, Flores (2013), chega a uma conclusão de que os pronomes são o ponto de partida, enquanto, o ponto de chegada é a posição que cada um é obrigado a ocupar na linguagem. Ou seja, a linguagem impõe às línguas que “reservem” lugares de pessoa e não pessoa, sem o que não seria possível falar. Isso se deve ao fato de que, há signos que remetem a uma situação, que Benveniste chama de objetiva, uma vez que são do âmbito de 3ª pessoa. Assim, a 3ª pessoa (ele) é o membro não marcado de correlação da pessoa, por isso que a não pessoa (tu) é o único modo de enunciação possível, para as instâncias de discurso que não deva remeter a si mesmas. Aponta-se então o eue tucomo pronomes subjetivos e o elecomo pronome objetivo. Assim, ao trazer um estudo de caso de uma criança norueguesa em processo de aquisição de uma L2, favorecida pela relação eue tu, isso se torna possível, graças à possibilidade dessa mediação da criança-enunciadora com suas projeções enunciativas em posição de locutora e simultaneamente como alocutora, já que se inscreve de forma consciente em seu próprio discurso, pelo viés de uma mesma instância linguística. Diante do exposto, após situar a análise enunciativa do sujeito dessa pesquisa na correlação de subjetividade, e mostrar a diferença entre esta e a correlação de pessoalidade; definindo também a diferença entre pessoa (eu– subjetiva e tu– não-subjetiva) e não-pessoa (ele), é preciso ressaltar a especificidade de formalização que o termo enunciação assumiu nas teorizações de Benveniste (1965, 1970). Para tanto, faz-se necessário trazer dois pontos importantes, considerados por Flores (2008, p. 404),para entender-se o que Benveniste quis dizer quando apresentou a enunciação como um processo de apropriação, em relação à língua. Assim, o primeiro ponto, refere-se à apresentação da expressão formal da língua, chamando a atenção para o fato de o locutor se apropriar desta, e construir com ela um aparelho da enunciação. Desta forma, o locutor constrói um aparelho formal de enunciação a cada vez que enuncia, com base no aparelho formal da língua. O segundo, refere-se à
image/svg+xmlA inscrição pelo discurso de uma criança norueguesa em processo de aquisição de português: Um estudo de caso Rev. EntreLínguas, Araraquara, v. 8, n.00, e022036, jan./dez. 2022 e-ISSN: 2447-3529 DOI: https://doi.org/10.29051/el.v8i00.15037 9existência de índices específicos e procedimentos acessórios que permitem ao locutor enunciar sua posição de locutor. Os índices específicos são o que Benveniste chamou de “caracteres necessários e permanentes” da enunciação: os índices de pessoa (eue tu), os índices de ostensão de espaço (este, aqui) e as formas temporais (do presente da enunciação). Portanto, conforme já foi dito, tomemos aqui os índices específicos ou caracteres necessários e permanentes da enunciação, tais quais, eue tu, no intuito de analisar a locução da criança-enunciadora, considerando-se que há uma relação constante e necessária, que envolve o locutor e sua enunciação, sendo esta estabelecida por um jogo de formas específicas, tais como a emergência dos índices de pessoa (a relaçãoeue tu), que para Lorandi (2008, p. 32) não se produz senão na e pela enunciação, em que o termo eudenota o indivíduo que profere a enunciação, e o termo tu, indivíduo estabelecido como alocutário. Portanto, no dizer de Benveniste (2005, p. 286): “Por isso, eupropõe outra pessoa, aquela que, sendo embora exterior a “mim”, torna-se o meu eco – ao qual digo tue que me diz tu. E, é desta forma que, considera-se que a criança-locutora, que se apresenta como sujeito, representada por um euem busca de um alocutário, no que se refere ao seu modo de proferir a enunciação, já que é capaz de fazer uso da imaginação, no intuito de dialogar com as cenas do ambiente no qual está e se insere, como falante da língua portuguesa como L2, ao conferir a sua necessidade de gravar frases que descrevem as situações que está vendo, simulando conversas em suas gravações do aplicativo da internet. Dessa descrição, percebe-se uma atitude que alude uma conversa com um alocutário imaginário, sem que tenha alguém interagindo com a situação. Essa atitude denota que, a criança em processo de locução, parece considerar a própria língua em processo de aquisição como o seu tu, como se fosse possível construir com a L2 o próprio aparelho da enunciação. Essa atitude é justificada pelo fato de que, segundo Benveniste (2005), a consciência de si mesmo só é possível se experimentada por contraste. Eunão emprego eua não ser dirigindo-me a alguém, que será na minha alocução um tu. Essa condição de diálogo é que é constitutiva da pessoa, pois implica em reciprocidade – que eu me torne tu na alocução daquele que por sua vez se designa por eu. Conforme Silva (2013), a distinção eue tuem Benveniste é operada por meio dos índices de pessoa eu(locutor) e tu(alocutário), sendo a presença do outro inerente a toda instância de enunciação e exclusivamente interurbana. Assim, temos duas condições
image/svg+xmlGesilda Marques da Silva RAMOSRev. EntreLínguas, Araraquara, v. 8, n.00, e022036, jan./dez. 2022. e-ISSN: 2447-3529 DOI: https://doi.org/10.29051/el.v8i00.1503710fundamentais à enunciação, a saber, que toda locução é explícita e implicitamente uma alocução, ela postula um enunciatário e que a referência é parte integrante da enunciação. Já a distinção pessoa/não pessoa é operada pela conjunção entre os índices de pessoa eu/tu, em oposição aos índices de não pessoa “ele”, efetuando a operação da referência e fundamentando a possibilidade do discurso sobre alguma coisa, sobre o mundo, sobre o que não é alocução. Portanto, é possível dizer que, a linguagem impõe às línguas que “reservem” lugares de pessoa e não pessoa, sem o que não seria possível falar. Metodologia Considerando-se que a metodologia de pesquisa é uma ferramenta que auxilia o pesquisador na aquisição de sua capacidade de se orientar, envolver-se em um processo de investigação, tomada de decisões oportunas, seleção de conceitos, hipóteses e dados adequados (THIOLENT, 2013), entende-se que esta pesquisa, vista como de cunho qualitativo exploratório, tem como objeto de estudo de caso investigar a inscrição pelo discurso de uma criança norueguesa em processo de aquisição de português como L2. Para tanto, propõe-se analisar a gravação de alguns recortes de áudios, provenientes da ferramenta “WhatsApp” quanto aos monólogos de uma criança, gravados por esta, na companhia de sua avó materna, durante os 58 dias que passou no Brasil, como registro de sua forma de agir no processo de aquisição da língua portuguesa, sendo esta a sua L2. E, conforme já foi dito, a criança-locutora dessa pesquisa, nasceu em um contexto linguístico cuja mediação se deu por intermédio de três línguas, tais quais, o norueguês, o português e o inglês. A primeira, pelo fato de ser a LM de seu pai, a segunda de sua mãe, e, a última por se referir à língua de domínio linguístico em comum de seus pais. Atualmente, aos 7 anos, o inglês é usado também na escola como LE, enquanto o norueguês e o português norteiam a sua vida cotidiana no contexto familiar. Desta forma, o sujeito dessa pesquisa tem como genitora, uma brasileira natural de Recife – Pernambuco, falante de português, inglês e aprendiz do norueguês. Já o pai da criança-enunciadora é norueguês, aprendiz de português e fluente em norueguês e inglês. Nesse ambiente familiar trilíngue, esta foi inserida no contexto dos três idiomas, no qual a mãe fez questão de ensinar português, para que o sujeito dessa pesquisa possa se comunicar com ela. Ao mesmo tempo, a mãe da criança-locutora procurou fazer visitas anuais ao Brasil, a fim de que a criança pudesse se familiarizar com o contexto linguístico e cultural deste país.
image/svg+xmlA inscrição pelo discurso de uma criança norueguesa em processo de aquisição de português: Um estudo de caso Rev. EntreLínguas, Araraquara, v. 8, n.00, e022036, jan./dez. 2022 e-ISSN: 2447-3529 DOI: https://doi.org/10.29051/el.v8i00.15037 11Portanto, o que favorece para que o sujeito supracitado seja tomado como análise desse estudo de caso é o modo de proferir a enunciação, já que este é capaz de fazer uso da imaginação, no intuito de dialogar com as cenas do ambiente como falante de português como L2, conferidas em sua necessidade de gravar frases que descrevem as situações e simulam diálogos em suas gravações do aplicativo da internet. Diante do exposto, o objetivo desse trabalho é de analisar a inscrição do sujeito pelo discurso em processo de aquisição de português, por intermédio de um estudo de caso por se tratar de uma criança norueguesa que convive com três realidades linguísticas supracitadas. E, a partir da revisão de literatura, constatou-se a existência de dois tipos de entrelaçamentos: o primeiro se refere ao entrelaçamento de duas das línguas em sua constituição como sujeito; já o segundo, refere-se à maneira que ocorre o entrelaçamento entre a forma explícita e implícita da locução ser ao mesmo tempo alocução, mediados pelas marcas do discurso do sujeito. Dito isto, considerar-se-á a forma com a qual a criança-locutora se apropria da língua e analisar-se-á, portanto, os índices específicos, ou seja, os caracteres necessários e permanentes, tais quais, os índices de pessoa (eu-tu). Isso se deve ao fato de que os atos enunciativos individuais são consolidados pelo sujeito como ferramenta de aquisição da L2, no formato de gravação de monólogos, como registro de cenas enunciativas de acontecimentos, vividos com sua avó materna. Portanto, levar-se-á também em consideração o seu posicionamento, referente às duas condições fundamentais à enunciação, conforme Benveniste (2005), que toda locução é explícita e implicitamente uma alocução. À guisa de considerar a enunciação como efeito do discurso, proporcionado pela interface enunciação e aquisição de linguagem, propõe-se aqui, mostrar de que forma ocorre a inscrição pelo discurso, já que o sujeito desse estudo de caso está em processo de aquisição de português como L2. Espera-se constatar, a partir das marcas deixadas na sua fala, o registro de suas sensações, no intuito de identificar se há ou não conflitos, proporcionado pelo possível diálogo entre o eu-tu. Assim, entende-se que a análise dos fatos enunciativos contribuirão para resgatar as experiências do sujeito com a língua portuguesa, tendo como princípio básico identificar o discurso como portador de uma mensagem e instrumento de ação. Isso se deve ao fato de que o locutor tem dese constituir como sujeito, conferido em sua necessidade de escutar suas gravações, no intuito de usar como forma de marcar o seu discurso, para em seguida retomá-lo como se tivesse necessidade de ouvir a sua voz como locutor e alocutário de forma simultânea, na posição de locutor que se inscreve, em uma mesma instância linguística, no intuito de constituir-se como eu-tu.
image/svg+xmlGesilda Marques da Silva RAMOSRev. EntreLínguas, Araraquara, v. 8, n.00, e022036, jan./dez. 2022. e-ISSN: 2447-3529 DOI: https://doi.org/10.29051/el.v8i00.1503712Portanto, a fala da criança será analisada e descrita, calcada na problematização de evidências, como um instrumento que favorece para que esta se inscreva pela linguagem em um ato individual de enunciação.Para tanto, segue-se a análise dos fatos enunciativos, divididos em 05 (cinco) sessões, acerca das reflexões em torno da linguagem, baseando-se na concepção de LM ou L1 e L2, no que se refere aos entrelaçamentos possíveis mediado pelo efeito do discurso e ao mesmo tempo baseado na discussão sobre aquisição de linguagem pelo viés enunciativo eue tu. Considera-se também, as concepções epistemológicas, aqui presentes, na revisão de literatura, envolvendo a interface enunciação e aquisição de linguagem, proporcionada pela contribuição dos pressupostos benvenistiano. Análise: reflexões em torno da linguagem À guisa de um diálogo com os fatos enunciativos, no intuito de, aqui, circunscrever o campo da Enunciação em sua relação com a Aquisição de linguagem, conforme sugere Silva (2007, p. 209), propõe-se fazer uma análise baseada em reflexões em torno da linguagem, partindo-se do princípio de que uma locução, uma vez materializada, pode ser compreendida de diferentes formas. Isso se deve ao fato de considerar os pronomes eue tucomo pertencentes à enunciação, levando-se em conta, não o sentido comum do mundo físico, mas a “realidade do discurso” (cf. Flores, 2013). No contexto desse trabalho, toma-se como teoria fundante a concepção de enunciação benvenistiana, pelo fato de favorecer para que seja possível trazer a arte de problematizar os fatos linguísticos da enunciação, por intermédio de seus pressupostos teóricos, e propõe-se aqui nesse estudo de caso, conforme já foi dito, que a fala da criança-enunciadora seja um instrumento para conferir a consolidação e a concretização do funcionamento da língua, já que é possível considerar que há instâncias linguísticas mediadas pela relação eu-tu, que oferece ao enunciador a possibilidade de subjetivar, levando em consideração as projeções enunciativas. Assim, nessa análise, assume-se que o sujeito, mesmo sem ter consciência linguística do seu papel de locutora, propõe-se como criança-enunciadora e age como tal, ao tomar a iniciativa de fazer gravações de sua voz para constatar suas enunciações, na presença de sua avó materna brasileira, como se quisesse conferir-se como marcadora do seu próprio discurso, tal qual um enunciador que testa os efeitos da própria linguagem, nesse caso a língua portuguesa, já que esta tem como LM o norueguês.
image/svg+xmlA inscrição pelo discurso de uma criança norueguesa em processo de aquisição de português: Um estudo de caso Rev. EntreLínguas, Araraquara, v. 8, n.00, e022036, jan./dez. 2022 e-ISSN: 2447-3529 DOI: https://doi.org/10.29051/el.v8i00.15037 13E, de acordo com o que já foi dito, com relação ao status de português, nesse contexto, está sendo considerada como L2, pelo fato de o sujeito ter nascido na Noruega, porém ser prole de uma brasileira casada com um norueguês e, no momento das gravações dos áudios, conforme já foi dito, a criança se encontrar passando alguns dias no Brasil na casa de sua avó materna. Diante do exposto, propõe-se fazer a análise de algumas frases do sujeito, já que, conforme Benveniste (2005) a frase é a criação indefinida, variedade sem limite, é a própria vida da linguagem em ação. Ao mesmo tempo que, deixa-se com a frase o domínio da língua como sistema de signos e se entra num outro universo, o da língua como instrumento de comunicação, cuja expressão é o discurso. Portanto, levando em consideração a língua como discurso, com base nos modelos de recortes enunciativos de Silva (2007, p. 210), é possível colocar em prática a análise dos fatos linguísticos, tendo como referência a concepção de LM e L2, considerando os possíveis entrelaçamentos das locuções e alocuções do sujeito desse estudo de caso, mediados pelo efeito da enunciação como instância do discurso, bem como a discussão que foi feita quanto à aquisição de linguagem sob o viés enunciativo, baseada na supracitada relação eu-tu. Assim, apresenta-se aqui, os seguintes recortes enunciativos com suas respectivas análises quanto à correlação de subjetividade, conferidos nas sessões que se seguem: Quadro 02 – A consciência de si que denota uma flexibilidade, relacionada à correlação de subjetividade depreendida da presença de um euque sinaliza um desejo ao tuRECORTE ENUNCIATIVOSESSÃO 01Participantes:Avó e criança-enunciadora Data da entrevista:10/12/2019 Idade da Criança: 07 Data da entrevista:10/07/2019 Situação:Após a chegada de um passeio com a família, o sujeito expressa a sua decisão em ficar definitivamente no Brasil. Gravação do áudio da Criança-enunciadora:Achu qui vou esquicer a Nuruega e ficar nu Brasil!”Fonte: Elaborado pela autora, 2021
image/svg+xmlGesilda Marques da Silva RAMOSRev. EntreLínguas, Araraquara, v. 8, n.00, e022036, jan./dez. 2022. e-ISSN: 2447-3529 DOI: https://doi.org/10.29051/el.v8i00.1503714Desse primeiro recorte enunciativo, denominado sessão 01, da fala do sujeito “Achu qui vou esquicer a Nuruega e ficar nu Brasil!”, considera-se que há uma correlação de subjetividade, depreendida da presença de um euque sinaliza ao tuo desejo de esquecer o seu país de origem e ficar no país da LM de sua mãe, já que se sente envolvida em uma participação ativa com a língua portuguesa, no percurso dos 58 dias vivenciados no Brasil. É como se houvesse uma grande necessidade de se comprovar ou se autoafirmar como euno discurso, na sua L2, corroborando Benveniste (1976, p. 286), quando diz que: A consciência de si mesmo só é possível se experimentada por contraste. Eu não emprego eua não ser dirigindo-me a alguém, que será na minha alocução um tu. Essa condição de diálogo é que é constitutiva da pessoa, pois implica em reciprocidade – que eume torne tu,na alocução daquele que por sua vez se designa por eu. Considerando a epígrafe acima, também como possibilidade de interpretar o recorte enunciativo da sessão 01, o sujeito parece ter consciência de si, despertada pelo contraste no qual está inserido, o que denota haver uma flexibilidade, quanto aos valores pessoais e sociais já adquiridos. Portanto, a língua portuguesa traz a possibilidade de a partir da sua locução, haver um diálogo como o tu, ou com o alocutário. Isso se deve ao fato de “essa condição de diálogo” ser “constitutiva da pessoa” (eu como pessoa), “pois implica em reciprocidade”. Fato esse que fará com que “eume torne tuna alocução daquele que por sua vez se designa por eu”. Portanto, esse deslocamento da correlação de subjetividade, entre pessoa subjetiva e pessoa não subjetiva se torna possível na L2, mesmo sendo o norueguês a língua que faz parte integrante da sua formação de mundo, conforme Spinassé (Op. Cit.), e considera-se que, o conhecimento de mundo e cultura desta, refere-se em sua maioria à Noruega, por estar relacionada também a sua educação escolar, proveniente do país no qual esta nasceu. Assim, somando-se à competência linguística, valores pessoais e sociais, considera-se que as suas relações interpessoais com outras crianças e até as operações referentes à língua mãe, já estão bastante enraizadas, não se tornando empecilho para que esta avance com os seus objetivos concernentes à aquisição da L2, norteada pela interface enunciação e aquisição de linguagem. Essa magnífica trajetória na qual o sujeito se sente envolvido como locutor e alocutário, caracteriza-se como um entrelaçamento, justificado pela presença do eue tu, de forma simultânea. Vale salientar que, não se trata de um entrelaçamento favorecido apenas pela sua L1 e L2, ou seja, as línguas portuguesa e norueguesa, pois, enquanto está no Brasil, a
image/svg+xmlA inscrição pelo discurso de uma criança norueguesa em processo de aquisição de português: Um estudo de caso Rev. EntreLínguas, Araraquara, v. 8, n.00, e022036, jan./dez. 2022 e-ISSN: 2447-3529 DOI: https://doi.org/10.29051/el.v8i00.15037 15criança-enunciadora só se torna locutora do norueguês para se comunicar com o seu pai, que normalmente está na Noruega. Se não fosse por este motivo, entende-se que esta se dedicaria apenas ao português como L2. Portanto, mesmo que a sua LM caracterize a sua origem e mesmo estando profundamente enraizada pela prática constante, sendo por isso, conforme Spinassé, muito difícil de ser evitada, no caso do sujeito desse estudo de caso, o efeito parece ser justamente o contrário, pelo fato de se mostrar decidido a falar a sua L2, sem nem sequer mencionar as dificuldades que este encontra durante esse processo. Sendo, portanto, quase que impossível detectar os entrelaçamentos de sua LM com a L2, a partir dos efeitos que a primeira pode causar na segunda, já que é na L2 que o sujeito faz questão de enunciar o seu discurso. A partir do recorte enunciativo da sessão 02, depreende-se a construção de um aparelho da enunciação junto à apropriação da língua. Assim, tem-se: Quadro 03 – O locutor se apropria da língua e constrói com ela um aparelho de enunciação. RECORTE ENUNCIATIVOSESSÃO 02Participantes:AVÓ e Criança-enunciadora.Data da entrevista:10/07/2019 Idade da Criança:07 Situação:O sujeito está um pouco reflexivo na casa da avó no Brasil e repentinamente diz a reflexão, incluindo-a em suas gravações. Gravação do áudio da Criança-enunciadora:"Eu percebu qui eu ficu tristi quandu pensu em coisa tristi!” intãu é só pensar em coisa alegre pra ficar feliz!”Fonte: Elaborado pela autora, 2021. Do segundo recorte enunciativo ou sessão 02, cabe ressaltar um dos 02 (dois) pontos importantes concernentes à concepção de enunciação benvenistiana trazida por Flores (Op. Cit.), trata-se de considerar o momento em que o locutor se apropria da língua e constrói com ela um aparelho de enunciação. Deste modo, a língua enquanto aparelho formal contribui para formar a enunciação. Confere-se, portanto, na fala do sujeito ao afirmar “eu percebu qui ficu tristi quandu pensu em coisa tristi”, a língua enquanto aparelho formal, que favorece o enunciador-infantil a se colocar como sujeito observador do seu próprio eu, trazendo um tuà espreita dos sentimentos do eu. Assim,a linguagem atravessa o momento em que o enunciador confere em
image/svg+xmlGesilda Marques da Silva RAMOSRev. EntreLínguas, Araraquara, v. 8, n.00, e022036, jan./dez. 2022. e-ISSN: 2447-3529 DOI: https://doi.org/10.29051/el.v8i00.1503716si mesmo o papel de sujeito, pois cada locutor se apresenta como sujeito, remetendo a ele mesmo como um euno seu discurso. Já na sessão 03, pode-se observar cenas de constatações, conferindo-se o discurso como um ato individual, nos seguintes recortes enunciativos: Quadro 04 –O duplo processo de identificação: o euda língua norueguesa encontra outros modos de dizer, do eupara o tuda língua portuguesa RECORTE ENUNCIATIVOSESSÃO 03Participantes:AVÓ e Criança-enunciadora. Data da entrevista: 12/07/2019 Idade da Criança:07 Situação:O sujeito outra vez, voltando do trabalho da avó, toma a iniciativa de descrever as cenas que ver da janela do carro e registrar. Gravação do áudio: “Minino no braço da mãe” “Cachorro atravessando rua” “Homem mulher andando” “Homem mulher atravessando rua” Fonte: Elaborado pela autora, 2021 O sujeito registra as cenas de suas constatações, no intuito de usar o discurso como uma mensagem e instrumento de ação, por intermédio do ato individual, ao elaborar um paradigma linguístico de 04 frases: “Minino no braço da mãe”; “cachorro atravessando rua”; homem mulher andando”; e Homem mulher atravessando rua”. Considera-se, portanto, que nesse instante, o sujeito-enunciador se encontra constituído por um duplo processo de identificação, no qual o euda língua norueguesa encontra outros modos de dizer, do eupara o tuda língua portuguesa. Para Aiub e Rodrigues (2019), essa decisão tomada pelo locutor, faz com que haja movimentos nas redes de significação. Assim, a criança-enunciadora parece se dar conta de que o que pode fazer para produzir significados na sua LM, também pode fazê-lo na L2. Para efeitos de produção de sentidos, o eureproduz o que ver para o tu, através do entrelaçamento locução e alocução, simultâneas, por intermédio das redes de significados da L2. Na sessão 05 é possível observar o esforço de Sophie em identificar-se como envolvida no processo de locução e alocução, através do seguinte recorte enunciativo presente no quadro abaixo.
image/svg+xmlA inscrição pelo discurso de uma criança norueguesa em processo de aquisição de português: Um estudo de caso Rev. EntreLínguas, Araraquara, v. 8, n.00, e022036, jan./dez. 2022 e-ISSN: 2447-3529 DOI: https://doi.org/10.29051/el.v8i00.15037 17Quadro 5 – O eue o tucomo únicos sob um olhar enunciativo. RECORTE ENUNCIATIVOSESSÃO 04Participantes:Avó e Criança-enunciadora.Data da entrevista:15/07/2019 Idade da Criança:07 Situação:Criança-enunciadora. Gravação do áudio do sujeito: “Eu falar tantu purtuguês que vou esquecer norrueguês!” Fonte: Elaborado pela autora, 2021 Considerando a sessão acima, de número 04, na qual a partir da fala do sujeito: “Eu falar tantu purtuguês que vou esquecer norrueguês!”, depreende-se um reconhecimento da forma como este se sente envolvido em um esforço de aquisição da L2, nesse instante, percebe-se o eue tucomo únicos, e sob um olhar enunciativo, parece admitir o seu esforço por se sentir em processo de alocução. Para tanto, é como se estivesse na posição de auto-observador, pois para colocar a L2 em funcionamento, foi preciso que desse ênfase a consequências do seu próprio ato enunciativo, sendo esta uma forma bastante personalizada de marcar o seu discurso e poder retomá-lo na escuta dos áudios. Corroborando Benveniste (2005, p. 68), ao afirmar que fazemos da língua que falamos usos infinitamente variados, cuja enumeração deveria ser coextensiva a uma lista das atividades as quais se pode empenhar o espírito humano. Portanto, desses “usos” pelos quais o sujeito “empenha o seu espírito humano” com o objetivo de apreender a sua L2, o seu ato individual favorece para que este aja como observador da sua própria relação eue tu, envolvido no movimento simultâneo de ser, já que a linguagem impõe às línguas que reservem lugares de pessoa e não pessoa, sem os quais não seria possível falar. E, é desta forma, que a criança-enunciadora não só se constitui como pessoa subjetiva (eu) e pessoa não subjetiva (tu), como também parece se dar conta que o seu discurso é portador de uma mensagem e instrumento de ação, como se dialogando com o tu, representado pela sua própria voz, entendesse que, envolvida no processo de enunciar estaria também desenvolvendo-se na aquisição da L2.
image/svg+xmlGesilda Marques da Silva RAMOSRev. EntreLínguas, Araraquara, v. 8, n.00, e022036, jan./dez. 2022. e-ISSN: 2447-3529 DOI: https://doi.org/10.29051/el.v8i00.1503718Diante do que foi dito e exposto, quanto à subjetivação de uma criança norueguesa como locutora e alocutora, considera-se o discurso como um terreno que tem como foco suas projeções enunciativas, organizadas por intermédio de suas estratégias. Como exemplo, considerou-se suas iniciativas pessoais de gravar o seu próprio discurso, inscrevendo-se na língua portuguesa como L2 e apoiando-se nesta para construir com ela um aparelho de enunciação, por ser este construído pelo locutor cada vez que enuncia. Considerações finais Para fins de alcançar algumas considerações finais, nesse estudo de caso, percebe-se que houve um favorecimento, pela presença dos índices específicos de pessoa o eue o tu, já que estes caracteres são necessários e permanentes para que o enunciador constitua o seu discurso. Assim, a inscrição na língua pelo discurso se estabeleceu, por intermédio da arte de problematizar os fatos linguísticos que exercem impactos sob a enunciação, na perspectiva benvenistiana. E, desta forma, o sujeito mantém uma relação absoluta com o seu eue tu, na tentativa de estabelecer sua conexão com o mundo a partir da sua L2, no intuito de fazer com que esta lhe sirva para viver. Portanto, por intermédio da apreciação da análise dos fatos linguísticos, vistos como recortes enunciativos, depreende-se que os deslocamentos favorecidos pelo ato individual de o tutornar-se o eco do eu, trouxe uma condição de o sujeito se apropriar da língua portuguesa como L2. Entende-se, então, que os resultados favoreceram para que fosse possível alcançar:as correlações subjetivas eue tu; a construção de um aparelho de enunciação pelo aprendiz, junto à apropriação da língua; as cenas de constatações do discurso como um ato individual; e, o autorreconhecimento de estar envolvido no processo de locução e alocução. Favorecido pelos entrelaçamentos da L1 e L2, bem como pelo efeito do discurso na mediação da interface enunciação e aquisição de linguagem, por intermédio dos movimentos subjetivos nas redes de significação. AGRADECIMENTOS: Agradeço à Coordenação de Aperfeiçoamento para Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela concessão da Bolsa de Estudos para nível de doutorado.
image/svg+xmlA inscrição pelo discurso de uma criança norueguesa em processo de aquisição de português: Um estudo de caso Rev. EntreLínguas, Araraquara, v. 8, n.00, e022036, jan./dez. 2022 e-ISSN: 2447-3529 DOI: https://doi.org/10.29051/el.v8i00.15037 19REFERÊNCIAS AIUB, G. F.; RODRIGUES, C. Z. O sujeito em movimento: Processos de identificação, língua. Linguagem em (dis)curso, v. 19, n. 1, p. 193-208, 2019. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1518-76322019000100193. Acesso em: 28 mar. 2021. AGUSTINI, C.; LEITE, J. D. Benveniste-Authier: Aproximações conceituais e particularidades práticas. DESENREDO, Passo Fundo, v. 8, n. 1, p. 253-274, jan./jun. 2012. Disponível em: http://seer.upf.br/index.php/rd/article/view/2648. Acesso em: 26 mar 2021. BENVENISTE, E. Da subjetividade na linguagem. In: Problemas de Linguística Geral I. 5. ed. Campinas: Pontes Editores, 1958; 2005. BENVENISTE, E. Problemas de linguística geral I. Campinas: Pontes Editores, 1976; 2005. BENVENISTE, E. Problemas de Linguística Geral II. 2. ed. Campinas, SP: Pontes Editores, 2006. CEA, B. Qual é a diferença entre segunda língua e língua estrangeira? Espanhol na Rede, maio 2016. Disponível em: https://espanholnarede.com/qual-e-a-diferenca-entre-segunda-lingua-e-lingua-estrangeira/. Acesso em: 27 fev. 2021. DAMASCENO, R. Língua Estrangeira, Materna, Segunda Língua.... qual o significado? Belo Horizonte: CACS, jul. 2017. Disponível em: https://cacs.org.br/linguas/lingua-estrangeira/. Acesso em: 26 dez 2020. FLORES, V. N. Sujeito da enunciação: singularidade que advém da sintaxe da enunciação. REVISTA-DELTA. v. 29, n. 1, p. 95-120, 2013. Disponível em: https://revistas.pucsp.br/index.php/delta/article/view/8623. Acesso em: 17 dez. 2020. FLORES, V. N. Introdução à teoria enunciativa de Benveniste. São Paulo: Parábola, 2013. LORANDI,A. Aquisição da linguagem e enunciação: a apropriação da língua pela criança. Revista Letrônica,v. 1, n. 1, p. 133-147, 2008. Disponível em: https://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/letronica/article/view/4212. Acesso em: 30 jan. 2021. SCHUTZ, R. E. Interferência, Interlíngua e Fossilização.SK, dez. 2018. Disponível em: https://www.sk.com.br/sk-interfoss.html. Acesso em: 27 de jan. 2021. SILVA, C. L. A Instauração da Criança na Linguagem: Princípios para uma teoria enunciativa em aquisição da Linguagem. 2007. 293 f. Tese (Doutorado em Letras) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2007. Disponível em: https://lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/10407/000598208.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 03 fev. 2021. SILVA, S. L. Teoria da Enunciação. SlideShare, 2013.Disponível em: https://pt.slideshare.net/FernandaCamara123/teoria-da-enunciao. Acesso em: 10 fev. 2021.
image/svg+xmlGesilda Marques da Silva RAMOSRev. EntreLínguas, Araraquara, v. 8, n.00, e022036, jan./dez. 2022. e-ISSN: 2447-3529 DOI: https://doi.org/10.29051/el.v8i00.1503720Como referenciar este artigo RAMOS, G. M. S. A inscrição pelo discurso de uma criança norueguesa em processo de aquisição de português: Um estudo de caso. Rev. EntreLínguas, Araraquara, v. 8, n. 00, e022036, jan./dez. 2022. e-ISSN: 2447-3529. DOI: https://doi.org/10.29051/el.v8i00.15037 Submetido em: 18/04/2021 Revisões requeridas em: 05/06/2021 Aprovado em: 13/11/2021 Publicado em: 30/03/2022
image/svg+xmlThe enrollment by the discourse of a Norwegian child in the process of acquisition of Portuguese: A case studyRev. EntreLínguas, Araraquara, v. 8, n.00, e022036, Jan./Dec. 2022 e-ISSN: 2447-3529 DOI: https://doi.org/10.29051/el.v8i00.15037 1THE ENROLLMENT BY THE DISCOURSE OF A NORWEGIAN CHILD IN THE PROCESS OF ACQUISITION OF PORTUGUESE: A CASE STUDY A INSCRIÇÃO PELO DISCURSO DE UMA CRIANÇA NORUEGUESA EM PROCESSO DE AQUISIÇÃO DE PORTUGUÊS: UM ESTUDO DE CASO LA INSCRIPCIÓN POR EL DISCURSO DE UNA NIÑA NORUEGA EM EL PROCESO DE ADQUISICIÓN DE PORTUGUÉS: UN CASO DE ESTUDIO Gesilda Marques da Silva RAMOS1ABSTRACT: The present work aims to analyze a case study referring to the registration of a Norwegian child by the speaker in the process of acquiring the Portuguese as a second language. We reserve for this investigation the consideration of the simultaneous position of subjective person and non-subjective person from the perspective of printing an enunciative view of the material belonging to the enunciative subject, from Benveniste's enunciative perspective, which favors the enunciation and language acquisition interface. This approach considers the discourse as the bearer of a message and as an instrument of action, in which the subject is able, through the individual act, to give you the forms that marks the discourse and, in the meantime, constitute itself as eu-tu, through a dialogue with your voice, due to the same fact of enunciating and developing the language acquisition process at the same time. Wherefore, the results have showed, that you become the eco of the self, favored by the mediation between you and me as a condition of language appropriation. KEYWORDS: Discourse. Enunciation. Language Acquisition. Me-You. RESUMO: O presente trabalho tem como objetivo analisar um estudo de caso referente à inscrição de uma criança norueguesa pelo discurso no processo de aquisição de português como segunda língua. Reservamos a essa pesquisa a consideração da posição simultânea de pessoa subjetiva e pessoa não subjetiva sob a perspectiva de imprimir um olhar enunciativo do material pertencente ao sujeito enunciador, baseada na perspectiva enunciativa de Benveniste, já que favorece a interface enunciação e aquisição de linguagem. Essa abordagem considera o discurso como portador de uma mensagem e instrumento de ação, no qual o sujeito é capaz de, através do ato individual, conferir ao “tu”, a forma que marca o discurso e ao mesmo tempo, constituir-se como eu-tu, por intermédio de um diálogo com a sua própria voz, pelo fato de enunciar e desenvolver o processo de aquisição de linguagem ao mesmo tempo. Os resultados apontam, portanto, que o tu torna-se o eco do eu, favorecido pela mediação eu e tu como condição de apropriação da língua. PALAVRAS-CHAVE: Discurso. Enunciação. Aquisição de linguagem. Eu-tu. 1Catholic University of Pernambuco (UNICAP) Recife – PE – Brazil. English Language Teacher of the Municipality of Recife. PhD student in the Graduate Program in Language Sciences (PPGCL). CAPES Fellow. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-9931-5827. E-mail: gesildamarques@yahoo.com.br
image/svg+xmlGesilda Marques da Silva RAMOSRev. EntreLínguas, Araraquara, v. 8, n.00, e022036, Jan./Dec. 2022. e-ISSN: 2447-3529 DOI: https://doi.org/10.29051/el.v8i00.150372RESUMEN: El presente trabajo tiene como objetivo analizar um caso de estudio referente al registro de una niña noruega por parte del hablante en el proceso de adquisición del portugués como segunda lengua. Reservamos para esta investigación la consideración de la posición simultánea de persona subjetiva y persona no subjetiva desde la perspectiva de imprimir una mirada enunciativa del material perteneciente al sujeto enunciativo, desde la perspectiva enunciativa de Benveniste, que favorece la interfaz de enunciación y adquisición del lenguaje. Este enfoque considera al discurso como portador de un mensaje y como un instrumento de acción, en el que el sujeto es capaz, a través del acto individual, de darte las formas que marcan el discurso y, al mismo tiempo, constituirse como me -tu, a través de un diálogo con la propia voz, por el mismo hecho de enunciar y desarrollar el proceso de adquisición del lenguaje. Por tanto, los resultados han demostrado que te conviertes en el eco del yo, favorecido por la mediación entre tú y yo como condición de apropiación del lenguaje. PALABRAS CLAVE: Discurso. Enunciación. Adquisición linguística. Yo tú. IntroductionTo deal with the inscription of a Norwegian child in the process of Portuguese acquisition, through discourse, we take as north what Silva (2007) defends regarding the possibility of circumscribing the field of enunciation in a relationship with language acquisition, corroborating Benveniste (1958), when he describes the relationship I andyou, by stating that "it is a man speaking that we find in the world, a man speaking to another man, and language teaches his own definition of man". This is due to the fact that, Benveniste, upon receiving the Saussurian inheritance, printed there an alternative of thinking (and analyzing) the language in its functioning, privileging the very possibility that the linguistic instance offers man to subjectify himself, from enunciative projections in a locutor position that is inscribed, not by chance, in that same linguistic instance. In this sense, according to Agustini and Leite (2012), Benveniste puts into question what passes as evidence, exercising, with primacy, the art of problematizing linguistic facts under the impact of enunciation. This Benvenistian style of thinking, based on the problematization of evidence, contributed to the becoming of a common practice, in Linguistics, to refer to this author when defining enunciation. In view of the above, this article has as its main objective, to consider the simultaneous position of subjective person and non-subjective person, coming from the child enunciation, from the perspective of printing an enunciative look on the material belonging to the child announcer, since, according to Silva (2007) in Benveniste, the announcer proposes himself as a subject.
image/svg+xmlThe enrollment by the discourse of a Norwegian child in the process of acquisition of Portuguese: A case studyRev. EntreLínguas, Araraquara, v. 8, n.00, e022036, Jan./Dec. 2022 e-ISSN: 2447-3529 DOI: https://doi.org/10.29051/el.v8i00.15037 3Thus, in this research, through a dialogue with the transcribed enunciative facts, represented and materialized in some clippings of the transcription of audios, it is proposed to make an enunciative analysis of the child's speech, as an announcer of this research. It will also be considered the individual act of this, since according to Benveniste (2005), the enunciation is taken, at the moment when the language is put into operation for its use, through the individual act. And for Flores (2018), it is necessary to make a description of the instruments that make the act possible. Therefore, the child's speech is considered, both as an instrument, as well as consolidation and realization of the functioning of the language, as well as an individual act itself. It is also investigated, the positioning of this, crossed by language, since, according to Benveniste (2005), it is in language that man constitutes himself as a subject. And it is added that the "subjectivity", treated by this, is the ability of the announcer to propose himself as "subject". It is defined as the psychic unity that transcends the totality of the lived experiences that it gathers and that ensures the permanence of consciousness. Therefore, from this possibility that the speaker proposes himself as a subject, it is understood that he is identifiable in a way that constitutes him from the proper way that this marks the enunciator, discursive himself as an enunciator, as an effect of the language itself. At the same time, according to Benveniste (2005), language is only possible because each announcer presents himself as a subject, referring to himself as an iin his speech. [...] Since language is a system common to all, discourse is at the same time the bearer of a message and instrument of action. Therefore, returning to the heart of the proposal of this work, concerning the analysis of the inscription by the discourse of a Norwegian child in the process of Portuguese acquisition, it is appropriate here a literature review regarding the definition of mother tongue (hereinafter LM), second language (hereinafter L2) and foreign language (henceforth LE), so that it is possible to adapt the nomenclatures related to the status of the subject in this case study. Therefore, it is understood that the definitions of the above-mentioned linguistic modalities (LM, L1 and LE), as well as the communication situation in which each use allows its classification, justifies the choice of the child of this case study. And, as the subject of this work, being in the middle of this linguistic context, it is in the position of announcer, since being able to make possible the condition that language is language, it is crossed by enunciation, seen, therefore, as a possibility of transforming the language into discourse. To this end, it will be considered, here, an intertwining mediated by the marks of enunciation as the effect of the discourse provided by the enunciation interface and language
image/svg+xmlGesilda Marques da Silva RAMOSRev. EntreLínguas, Araraquara, v. 8, n.00, e022036, Jan./Dec. 2022. e-ISSN: 2447-3529 DOI: https://doi.org/10.29051/el.v8i00.150374acquisition. At the same time, there will be a discussion about the acquisition of language by enunciative bias, with regard to the designation of the I, favored by the mediation I andyouas a condition of appropriation of the language. Conception of mother tongue, second language and foreign language: intertwining mediated by the effect of discourse through the enunciation interface and language acquisition To deal with the conceptions of LM, L2 and LE, it is proposed to bring some intertwining of these three linguistic contexts, mediated by enunciation as an instance of discourse, since it is found that the enunciator child, considered the speaker of this research, was born in a linguistic context whose mediation took place through three languages, such as Norwegian, Portuguese and English. That said, the place of each language for this will be delegated here, as to the status it occupies as LM, L2 and LE. At the same time, the possible intertwining concerning the effect of enunciation as an instance of discourse will be investigated. Thus, it is possible to consider the concept of language as an individual act by the bias of Benvenistian enunciative theory, because in the author's statement: The individual act, by which the language is used, first introduces the announcer as a parameter in the necessary conditions of enunciation. Before enunciation, language is nothing but a possibility of language. After enunciation, the language is effected in a discourse instance, which emanates from an announcer, a sound form that reaches a listener and which raises another return enunciation (BENVENISTE, 2006, p. 83, our translation). Thus, the above epigraph points out the interface between language and discourse, mediated by enunciation, while this movement only becomes possible through an announcer. Therefore, the conception of language is taken in the context of this work, considered as the use of an individual act, since it provides the possibility of introducing the speaker as a criterion for the necessary condition of enunciation. Therefore, it is the announcer who provides the possibility of language being language, because before enunciation occurs there is only one probability of language. And it is through enunciation that there is a possibility that language reaches an instance of discourse. Then, it can be said that the intersection of language and discourse is mediated by enunciation or that only through enunciation will there be the possibility of the discourse being performed.
image/svg+xmlThe enrollment by the discourse of a Norwegian child in the process of acquisition of Portuguese: A case studyRev. EntreLínguas, Araraquara, v. 8, n.00, e022036, Jan./Dec. 2022 e-ISSN: 2447-3529 DOI: https://doi.org/10.29051/el.v8i00.15037 5And, for the purpose of explanation, with regard to an understanding of the meaning of the terminologies LM, L2 and LE, as well as the definition of in which contexts or status would suit each of these languages for the subject of this case study, the respective definitions are listed here, since, according to Spinassé (2006), many linguistic and non-linguistic aspects are linked to these nomenclatures. Thus, technically speaking, according to Damasceno (2017), LM is the first language learned by an individual. It is also called mother tongue, native language or first language (hereinafter L1). This is then the language spoken in the country in which the person was born and learned to speak. For this reason, the LM will be the one of greater domination by the speaker. The acquisition of L1, or LM, is an integral part of the formation of the individual's world knowledge, and for Spinassé (2006), this is due to the fact that, along with linguistic competence, personal and social values are also acquired. LM generally characterizes origin and is used, most of the time, on a day-to-day life. On the other hand, operations relating to the mother tongue are deeply rooted in constant practice and are therefore very difficult to avoid. For this reason, according to Schutz (2018), adult LEs learners find it very difficult not to fall into the forms of LM, both in the motor operations of pronunciation and in the mental operations of structuring ideas into sentences. For a child, this problem is much smaller, because their language habits are not so developed and rooted. L2, on the other hand, is learned in a country where the target language is socially used, as an example, according to Cea (2016), we have a Brazilian living in New York who learns English as L2. On the other hand, LE would be spoken by a subject who learns, in a country where the spoken language is not the target language, for example, a Brazilian who lives in Brazil learning English in a language school. On the other hand, some consider that LM or L1 is not necessarily the mother's language, nor the first language to learn. So little, it's just a language. For Spinassé (2006), it is usually the language we learn first and at home, through parents, and is also often the language of the community. (....). The language of the parents may not be the language of the community, and when learning both, the individual now has more than one L1 (case of bilingualism). A child can therefore acquire a language that is not spoken at home, and both are worth as L1. According to Damasceno (2017) a person can also be native speaker of more than one language. Everything will depend on the language spoken in your region of origin and the language adopted by your family. A curious example is Esperanto. Many families choose this language to teach their children, who learn it beyond the language spoken in the place where they live. In this way, they end up becoming native speakers of Esperanto.
image/svg+xmlGesilda Marques da Silva RAMOSRev. EntreLínguas, Araraquara, v. 8, n.00, e022036, Jan./Dec. 2022. e-ISSN: 2447-3529 DOI: https://doi.org/10.29051/el.v8i00.150376Thus, it is considered that there is the intertwining of three linguistic contexts, mediated by enunciation as an instance of the discourse of the subject of this case study. And although English, Portuguese and Norwegian have been present in the life of this child-enunciator, during his baby phase, currently at age 7, English is not only used in school as LE, it is spoken by his parents because he is more of his mother's mastery than Norwegian. This, in turn, guide her daily life as a native language, next to the Portuguese language, the mother tongue of her mother. Therefore, the Portuguese can be seen as L2, because it is used by its mother, because this is its LM and for having maintained the intention of teaching it. Besides being, also, the language used in Brazil during their travels, held bimonthly. As for its LM, the language of the country in which it was born will be considered, i.e., Norwegian. Thus, it is possible to theorize about subjective movements, with regard to the process of identification of the subject, in the middle of LM and L2. And according to Aiub and Rodrigues (2019), it is about taking the subject consisting of a double simultaneous process of identification, by the bias of the inscription of this in a language. To this end, the speaker's encounter with other ways of saying causes movements in the networks of meaning. These "subjective movements" are taken as those that will occur, from the point of view of this aforementioned subject, when it is in a "double simultaneous process of identification", in a position of between the Norwegian (LM) and Portuguese (L2). Thus, turning to the heart of the question, concerning the definitions of LM, L2 and LE, the linguistic intertwining mediated only by the effect of the enunciation of THE and L2 are considered, since the subject is in the middle of the two languages when he is in Brazil. Thus, the possibility of effectuation of the discourse, because the announcer is used as a criterion for the necessary condition of enunciation, it is proposed to consider the act of transforming the Portuguese language into instances of discourse, as an announcer and as an allocutor, simultaneously, being seen as an intertwining provided by the effect of the enunciation interface and language acquisition. Thus, this context, in which this movement takes place through the initiative of an announcer, brings the possibility of the child announcer/allocutor being able to make this simultaneous mobilization, announcer and allocutor, be interpreted as the existence of a proximity between the selfand the discourse, in the condition of this one to take effect, through enunciation. Which requires a discussion regarding language acquisition by enunciative bias: you and I. And, according to Lorandi (2008), this favors the possible ownership of the whole language, designating himself as me.
image/svg+xmlThe enrollment by the discourse of a Norwegian child in the process of acquisition of Portuguese: A case studyRev. EntreLínguas, Araraquara, v. 8, n.00, e022036, Jan./Dec. 2022 e-ISSN: 2447-3529 DOI: https://doi.org/10.29051/el.v8i00.15037 7Discussion on language acquisition by enunciative bias: you and I By proposing to bring a discussion about language acquisition through enunciative bias, the purpose is to situate the focus of this work on the consequences of the correlation I(subjective person) and you(non-subjective person) – the only possible way of enunciation, so that it does not be referred to thei – and, therefore, this is why the subjective correlation is justified as the north of this case study. Therefore, the person/non-person difference will be shown, in order to punctuate Benveniste's contributions (CLG I), concerning the formulation of this classical distinction in twentieth-century linguistics regarding such instances of discourse. Thus, the table below brought by Flores (2013, p. 92) will be considered: Table 01- Correlation of personality / correlation of subjectivity. Correlation of personality Person I Subjectivity correlation Subjective person I PersonYouNon-subjective personYour No PersonHeSource:Flores, V. N. (2013) By observing the table above, it is possible to enclose the contributions brought by Flores (2013), concerning the text "The nature of pronouns" by Benveniste (2005), because it was considered the first text to take the person/non-person distinction, and to emphasize that it is not only a question of bringing the subject about pronouns, but beyond its title or nomenclatures itself. It is emphasized, therefore, that Benveniste goes further when he operates with subjective/objective opposition. Thus, Flores (2007) highlights three important points related to subjective/objective opposition, namely, the first point refers to the fact that pronouns are treated as a language problem and not just as a language or language problem; the second that, by associating personal pronouns with distinct classes, Benveniste concludes that: some belong to the syntax of the language, others are characteristic of the "instances of discourse". In the third and final
image/svg+xmlGesilda Marques da Silva RAMOSRev. EntreLínguas, Araraquara, v. 8, n.00, e022036, Jan./Dec. 2022. e-ISSN: 2447-3529 DOI: https://doi.org/10.29051/el.v8i00.150378point, the author shows that there is a difference of referential nature between the pronounI and a Lexical notion, concluding that the differences are linked to enunciation. In the process of showing the proper linguistic description, considering, therefore, the starting point and the point of arrival of Benveniste in the aforementioned text, Flores (2013), comes to a conclusion that pronouns are the starting point, while the point of arrival is the position that each is obliged to occupy in language. That is, language requires languages to "reserve" places of person and not person, without which it would not be possible to speak. This is due to the fact that there are signs that refer to a situation, which Benveniste calls objective, since they are of the scope of 3rd person. Thus, the 3rd person (he) is the unmarked member of the person's correlation, which is why the non-person (you) is the only possible mode of enunciation for the discourse instances that should not refer to themselves. Then you and i are pointedassubjective pronouns and he as an objectivepronoun. Thus, by bringing a case study of a Norwegian child in the process of acquiring an L2, favored by the relationship Iand you, this becomes possible, thanks to the possibility of this mediation of the child-enunciator with its enunciative projections in the position of announcer and simultaneously as announcer, since it is consciously inscribed in its own discourse, bias of the same linguistic body. In view of the above, after situating the enunciative analysis of the subject of this research in the correlation of subjectivity, and showing the difference between this and the correlation of personality; also defining the difference between person (I- subjective and you- non-subjective) and non-person (he), it is necessary to emphasize the specificity of formalization that the term enunciation assumed in Benveniste's theorizations (1965, 1970). Therefore, it is necessary to bring two important points, considered by Flores (2008, p. 404), to understand what Benveniste meant when he presented the enunciation as a process of appropriation, in relation to the language. Thus, the first point refers to the presentation of the formal expression of the language, drawing attention to the fact that the announcer appropriates it, and builds with it a device of enunciation. In this way, the announcer builds a formal enunciation apparatus each time he enunciates, based on the formal apparatus of the language. The second refers to the existence of specific indexes and accessory procedures that allow the announcer to enunciate his position as announcer. The specific indexes are what Benveniste called the "necessary and permanent characters" of enunciation: the indexes of person (me and you), the indexes of space ostension (this, here) and the time forms (of the present of enunciation). Therefore, as has already been
image/svg+xmlThe enrollment by the discourse of a Norwegian child in the process of acquisition of Portuguese: A case studyRev. EntreLínguas, Araraquara, v. 8, n.00, e022036, Jan./Dec. 2022 e-ISSN: 2447-3529 DOI: https://doi.org/10.29051/el.v8i00.15037 9said, let us take here the specific indexes or necessary and permanent characters of the enunciation, such as, me and you, in order to analyze the voiceover of the child-enunciator, considering that there is a constant and necessary relationship, which involves the announcer and his enunciation, which is established by a set of specific forms, such as the emergence of the person indexes (the relationshipiand you), which for Lorandi (2008, p. 32) is produced only in and by enunciation, in which the term Idenote the individual who utters the enunciation, and the term you, an individual established as an allocutor. Therefore, in Benveniste's saying (2005, p. 286): "Therefore, I propose another person, the one who, being outside the "me", becomes my echo – to which I say you and which you tell me. And, it is in this way that, it is considered that the child-announcer, who presents himself as a subject, represented by an I in search of an allocutor, with regard to his way of uttering the enunciation, since he is able to make use of the imagination, in order to dialogue with the scenes of the environment in which he is and inserts, as a Speaker of the Portuguese language as L2, by checking his need to record sentences that describe the situations he is seeing, simulating conversations in his recordings of the internet application. From this description, one perceives an attitude that alludes to a conversation with an imaginary allocutor, without having someone interacting with the situation. This attitude denotes that, the child in the process of speaking, seems to consider his own language in the process of acquisition as his self, as if it were possible to build with L2 the apparatus of enunciation itself. This attitude is justified by the fact that, according to Benveniste (2005), self-awareness is only possible if experienced by contrast. Idon'twork myself unless I'm addressing someone, who will be in my speech a you. This condition of dialogue is the constitutive of the person, because it implies reciprocity – that I become you in the speech of the one who in turn is called by me. According to Silva (2013), the distinction Iand youin Benveniste is operated through the indexes of person I(announcer) and you (allocutor), being the presence of the other inherent to every instance of enunciation and exclusively long distance. Thus, we have two fundamental conditions to enunciation, that is, that every locution is explicitly and implicitly an allocution, it postulates an enunciation and that reference is an integral part of enunciation. On the other hand, the person/non-person distinction is operated by the conjunction between the I/you person indexes, as opposed to the indexes of non-person "he", effecting the operation of the reference and basing the possibility of the discourse about something, about
image/svg+xmlGesilda Marques da Silva RAMOSRev. EntreLínguas, Araraquara, v. 8, n.00, e022036, Jan./Dec. 2022. e-ISSN: 2447-3529 DOI: https://doi.org/10.29051/el.v8i00.1503710the world, about what is not speech. Therefore, it is possible to say that, language imposes on languages to "reserve" places of person and not person, without which it would not be possible to speak. Methodology Considering that the research methodology is a tool that helps the researcher in the acquisition of his/her ability to orient himself, to be involved in an investigation process, timely decision-making, selection of concepts, hypotheses and appropriate data (THIOLENT, 2013), it is understood that this research, seen as exploratory qualitative in nature, has as object of case study to investigate the inscription by the discourse of a Norwegian child in the process of acquiring Portuguese as L2. Therefore, it is proposed to analyze the recording of some audio clippings, coming from the tool "WhatsApp" as to the monologues of a child, recorded by the child, in the company of his maternal grandmother, during the 58 days he spent in Brazil, as a record of his way of acting in the process of acquiring the Portuguese language, this being his L2. And, as has already been said, the child-announcer of this research was born in a linguistic context whose mediation took place through three languages, such as Norwegian, Portuguese and English. The first, because it is the LM of his father, the second of his mother, and the latter for referring to the common linguistic domain language of his parents. Currently, at the age of 7, English is also used in school as LE, while Norwegian and Portuguese guide their everyday life in the family context. Thus, the subject of this research has as mother, a Brazilian born in Recife - Pernambuco, Portuguese, English and Norwegian apprentice. The father of the child-enunciator is Norwegian, apprentice Portuguese and fluent in Norwegian and English. In this trilingual family environment, this was inserted in the context of the three languages, in which the mother made a point of teaching Portuguese, so that the subject of this research could communicate with her. At the same time, the mother of the child-announcer sought to make annual visits to Brazil, so that the child could become familiar with the linguistic and cultural context of this country. Therefore, what favors the aforementioned subject to be taken as an analysis of this case study is the way of uttering the enunciation, since it is capable of making use of the imagination, in order to dialogue with the scenes of the environment as a speaker of Portuguese as L2,
image/svg+xmlThe enrollment by the discourse of a Norwegian child in the process of acquisition of Portuguese: A case studyRev. EntreLínguas, Araraquara, v. 8, n.00, e022036, Jan./Dec. 2022 e-ISSN: 2447-3529 DOI: https://doi.org/10.29051/el.v8i00.15037 11conferred on its need to record sentences that describe the situations and simulate dialogues in their recordings of the internet application. In view of the above, the objective of this work is to analyze the subject's inscription by the discourse in the process of Portuguese acquisition, through a case study because it is a Norwegian child living with three linguistic realities mentioned above. And, from the literature review, it was verified the existence of two types of interlacing: the first refers to the intertwining of two of the languages in their constitution as subjects; the second refers to the way that the intertwining between the explicit and implicit form of the locution is at the same time speech, mediated by the marks of the subject's discourse. That said, the way in which the child-announcer appropriates the language will be considered and the specific indices will be analyzed, that is, the necessary and permanent characters, such as the person indexes (i-you). This is due to the fact that individual enunciative acts are consolidated by the subject as a tool for acquiring L2, in the format of recording monologues, as a record of enunciative scenes of events lived with his maternal grandmother. Therefore, it will also take into account its position, referring to the two fundamental conditions to enunciation, according to Benveniste (2005), that all locution is explicitly and implicitly an allocution. In order to consider enunciation as the effect of discourse, provided by the enunciation interface and language acquisition, it is proposed here to show how the inscription by the discourse occurs, since the subject of this case study is in the process of acquiring Portuguese as L2. It is expected to verify, from the marks left in his speech, the record of his sensations, in order to identify whether or not there are conflicts, provided by the possible dialogue between the I-you. Thus, it is understood that the analysis of enunciative facts will contribute to rescue the experiences of the subject with the Portuguese language, having as a basic principle to identify the discourse as a carrier of a message and instrument of action. This is due to the fact that the announcer has to constitute himself as a subject, conferred on his need to listen to his recordings, in order to use as a way to mark his speech, and then resume him as if he needed to hear his voice as an announcer and speaker simultaneously, in the position of announcer who is inscribed, in the same linguistic instance, in order to constitute himself as I-you.Therefore, the child's speech will be analyzed and described, based on the problematization of evidence, as an instrument that favors the child's support for language in an individual act of enunciation. To this end, the analysis of enunciative facts is followed,
image/svg+xmlGesilda Marques da Silva RAMOSRev. EntreLínguas, Araraquara, v. 8, n.00, e022036, Jan./Dec. 2022. e-ISSN: 2447-3529 DOI: https://doi.org/10.29051/el.v8i00.1503712divided into 05 (five) sessions, about the reflections around language, based on the conception of LM or L1 and L2, with regard to the possible intertwining mediated by the effect of discourse and at the same time based on the discussion on language acquisition by the enunciative bias iand you. It is also considered the epistemological conceptions, present here, in the literature review, involving the enunciation interface and language acquisition, provided by the contribution of Benvenistian assumptions. Analysis: reflections around language In the guise of a dialogue with the enunciative facts, in order to circumscribe the field of Enunciation in its relation to language acquisition, as Silva (2007, p. 209) suggests, it is proposed to make an analysis based on reflections around language, assuming that a locution, once materialized, can be understood in different ways. This is due to the fact of considering the pronounsyou and ias belonging to enunciation, taking into account not the common sense of the physical world, but the "reality of discourse" (cf. Flowers, 2013). In the context of this work, the concept of Benvenistian enunciation is taken as a founding theory, because it favors the fact that it is possible to bring the art of problematizing the linguistic facts of enunciation, through its theoretical assumptions, and it is proposed here in this case study, as has already been said, that the speech of the enunciating child is an instrument to confer the consolidation and concretization of the functioning of the language, since it is possible to consider that there are linguistic instances mediated by theeu-tu relationship, which offers the enunciator the possibility of subjective, taking into account the enunciative projections. Thus, in this analysis, it is assumed that the subject, even without having linguistic awareness of his role as announcer, proposes himself as a child-enunciator and acts as such, taking the initiative to make recordings of his voice to verify his enunciations, in the presence of his Brazilian maternal grandmother, as if he wanted to confer himself as a marker of his own discourse, such as an enunciator who tests the effects of his own language, in this case the Portuguese language, since it has as LM the Norwegian. And, according to what has already been said, with regard to Portuguese's status, in this context, it is being considered as L2, due to the fact that the subject was born in Norway, but is the offspring of a Brazilian married to a Norwegian and, at the time of the audio recordings, as already said, the child is spending a few days in Brazil at the home of his maternal grandmother.
image/svg+xmlThe enrollment by the discourse of a Norwegian child in the process of acquisition of Portuguese: A case studyRev. EntreLínguas, Araraquara, v. 8, n.00, e022036, Jan./Dec. 2022 e-ISSN: 2447-3529 DOI: https://doi.org/10.29051/el.v8i00.15037 13In view of the above, it is proposed to analyze some sentences of the subject, since, according to Benveniste (2005) the phrase is the indefinite creation, variety without limit, is the very life of the language in action. At the same time, the word of language as a system of signs is left with the phrase and one enters another universe, that of language as an instrument of communication, whose expression is discourse. Therefore, taking into account language as discourse, based on Silva's enunciative clipping models (2007, p. 210), it is possible to put into practice the analysis of linguistic facts, based on the conception of LM and L2, considering the possible intertwining of the locutions and speeches of the subject of this case study, mediated by the effect of enunciation as an instance of discourse, as well as the discussion that was made about language acquisition under enunciative bias, based on the aforementioned I-you relationship. Thus, the following enunciative clippings with their respective analyses regarding the correlation of subjectivity are presented here, as seen in the following sessions: Table 02 – Self-awareness that denotes flexibility, related to the correlation of subjectivity inferred from the presence of an Ithat signals a desire to youENUNCIATIVE CLIPPINGSESSION 01Participants:Grandmother and child-enunciator Interview date:10/12/2019 Child's Age: 07 Interview date:10/07/2019 Situation:After the arrival of a tour with the family, the subject expresses his decision to stay permanently in Brazil. Recording of the audio of the Child-enunciator:"Achu qui vou esqui a Nuruega e ficar nu Brasil!"Source: Prepared by the author, 2021 From this first enunciative clipping, called session 01, of the subject's speech "Achu qui vou esqui a Nuruega e ficar nu Brasil!", it is considered that there is a correlation of subjectivity, deprecated from the presence of an Ithat signals to youthe desire to forget his country of origin and stay in the country of his mother's LM, since she feels involved in an active participation with the Portuguese language, in the course of the 58 days experienced in Brazil. It is as if there
image/svg+xmlGesilda Marques da Silva RAMOSRev. EntreLínguas, Araraquara, v. 8, n.00, e022036, Jan./Dec. 2022. e-ISSN: 2447-3529 DOI: https://doi.org/10.29051/el.v8i00.1503714is a great need to prove himself or self-affirm as Ido in his speech, in his L2, corroborating Benveniste (1976, p. 286,), when he says that: Self-consciousness is only possible if experienced by contrast. I don'twork myself unless I'm addressing someone, who will be in my speech a you. This condition of dialogue is that it is constitutive of the person, because it implies reciprocity – that I become you,in the speech of the one who in turn is called by me. Considering the above epigraph, also as a possibility to interpret the enunciative clipping of session 01, the subject seems to be aware of himself, awakened by the contrast in which he is inserted, which denotes that there is flexibility, as to the personal and social values already acquired. Therefore, the Portuguese language brings the possibility of from your voiceover, there will be a dialogue like you, or with the allocutor. This is due to the fact that "this condition of dialogue" is "constitutive of the person" (I as a person), "because it implies reciprocity". This fact will cause "Ito become you inthe speech of the one who in turn is called for me". Therefore, this displacement of the correlation of subjectivity between subjective person and non-subjective person becomes possible in L2, even though Norwegian is the language that is an integral part of its world formation, according to Spinassé (Op. Cit.), and it is considered that the knowledge of the world and culture of this, it is mostly related to Norway, because it is also related to its school education, from the country in which it was born. Thus, in addition to linguistic competence, personal and social values, it is considered that their interpersonal relationships with other children and even operations related to the mother tongue are already well rooted, not becoming a hindrance to this advancing with its objectives regarding the acquisition of L2, based on the enunciation interface and language acquisition. This magnificent trajectory in which the subject feels involved as an announcer and allocutor, is characterized as an intertwining, justified by the presenceof the me andyou, simultaneously. It is worth noting that, it is not an intertwining favored only by its L1 and L2, that is, the Portuguese and Norwegian languages, because, while in Brazil, the enunciator child only becomes an announcer of Norwegian to communicate with his father, who is usually in Norway. If it were not for this reason, it is understood that it would be dedicated only to Portuguese as L2. Therefore, even if its LM characterizes its origin and is deeply rooted by constant practice, and therefore, according to Spinassé, it is very difficult to avoid, in the case of the subject of this case study, the effect seems to be just the opposite, because it is determined to
image/svg+xmlThe enrollment by the discourse of a Norwegian child in the process of acquisition of Portuguese: A case studyRev. EntreLínguas, Araraquara, v. 8, n.00, e022036, Jan./Dec. 2022 e-ISSN: 2447-3529 DOI: https://doi.org/10.29051/el.v8i00.15037 15speak its L2, without even mentioning the difficulties that it encounters during this process. Therefore, it is almost impossible to detect the intertwining of its LM with L2, from the effects that the first can cause in the second, since it is in L2 that the subject makes a point of enunciating his discourse. From the enunciative section of session 02, the construction of an enunciation apparatus with the appropriation of the language is instating. Thus, one has: Table 03 –The announcer appropriates the language and builds with it a device of enunciation. ENUNCIATIVE CLIPPINGSESSION 02Participants:GRANDMOTHER and Child-enunciator.Interview date:10/07/2019 Child's Age:07 Situation:The subject is a little reflective in his grandmother's house in Brazil and suddenly says the reflection, including it in his recordings. Recording of the audio of the Child-enunciator: "Eu percebu qui eu ficu tristi quandu pensu em coisa tristi!” intãu é só pensar em coisa alegre pra ficar feliz!”Source: Prepared by the author, 2021. From the second enunciative clipping or session 02, it is worth mentioning one of the 02 (two) important points concerning the conception of Benvenistian enunciation brought by Flores (Op. Cit.), it is a question of considering the moment when the announcer appropriates the language and builds with it a device of enunciation. In this way, the language as a formal apparatus contributes to form enunciation. Therefore, the subject's speech is given to affirm "Eu percebu qui ficu tristi quandu pensu em coisa tristi", the language as a formal apparatus, which favors the child-enunciator to place himself as an observer subject of his ownself, bringing a youto the lurking of the feelings of the self. Thus, language crosses the moment when the enunciator confers on himself the role of subject, because each announcer presents himself as a subject, referring to himself as an iin his discourse. In session 03, one can observe scenes of findings, conferring the discourse as an individual act, in the following enunciative clippings:
image/svg+xmlGesilda Marques da Silva RAMOSRev. EntreLínguas, Araraquara, v. 8, n.00, e022036, Jan./Dec. 2022. e-ISSN: 2447-3529 DOI: https://doi.org/10.29051/el.v8i00.1503716Table 04 –The double identification process: the Norwegian languagei find other ways of saying, from the Ito the you ofthe Portuguese language ENUNCIATIVE CLIPPINGSESSION 03Participants:GRANDMOTHER and Child-enunciator. Interview date: 12/07/2019 Child's Age:07 Situation:The subject again, returning from the grandmother's work, takes the initiative to describe the scenes he sees from the car window and register. Audio recording: “Minino no braço da mãe” “Cachorro atravessando rua” “Homem mulher andando” “Homem mulher atravessando rua”Source: Prepared by the author, 2021 The subject records the scenes of his findings, in order to use the discourse as a message and instrument of action, through the individual act, when elaborating a linguistic paradigm of 04 sentences: "Minino no braço da mãe"; "Cachorro atravessando rua"; “Homem mulher andando"; and “Homem mulher atravessando rua." It is considered, therefore, that at that moment, the subject-enunciator is constituted by a double process of identification, in which theIof the Norwegian language finds other ways of saying, from the Ito the youof the Portuguese language. For Aiub and Rodrigues (2019), this decision made by the announcer, makes their movements in the networks of meaning. Thus, the child-enunciator seems to realize that what he can do to produce meanings in his LM can also do so in L2. For the purpose of producing meanings, the ireproduce what i see for you, through the simultaneous intertwining locution and speech, through the networks of meanings of L2. In session 05 it is possible to observe Sophie's effort to identify herself as involved in the process of locution and speech, through the following enunciative clipping present in the table below.
image/svg+xmlThe enrollment by the discourse of a Norwegian child in the process of acquisition of Portuguese: A case studyRev. EntreLínguas, Araraquara, v. 8, n.00, e022036, Jan./Dec. 2022 e-ISSN: 2447-3529 DOI: https://doi.org/10.29051/el.v8i00.15037 17Table 5 – The meand you as unique under an enunciative gaze. ENUNCIATIVE CLIPPINGSESSION 04Participants:Grandmother and Child-enunciator.Interview date:15/07/2019 Child's Age:07 Situation:Child-enunciator. Recording of the subject's audio: “Eu falar tantu purtuguês que vou esquecer norrueguês!” Source: Prepared by the author, 2021 Considering the above session, number 04, in which from the subject's speech: "I speak tantu purtuês que vou esquecer norrueguês!", we can see a recognition of how he feels involved in an effort to acquire L2, at that moment, the me and you are perceived as unique, and under an enunciative eye, seems to admit its effort to feel in the process of allocution. Therefore, it is as if it were in the position of self-observer, because to put L2 into operation, it was necessary to emphasize the consequences of its own enunciative act, this being a very personalized way to mark your speech and be able to resume it in listening to the audios. Corroborating Benveniste (2005, p. 68), by stating that we make the language that we speak infinitely varied uses, whose enumeration should be coextensive to a list of activities to which the human spirit can be engaged. Therefore, of these "uses" by which the subject "commits his human spirit" in order to apprehend his L2, his individual act favors him to act as an observer of his own relationship meand you, involved in the simultaneous movement of being, since language imposes on languages that reserve places of person and not person, without which it would not be possible to speak. And, it is in this way that the enunciator child not only constitutes itself as a subjective person (i) and a non-subjective person (you), but also seems to realize that his discourse carries a message and instrument of action, as if dialoguing with you, represented by his own voice, understood that, involved in the process of enunciating, he would also be developing in the acquisition of L2.
image/svg+xmlGesilda Marques da Silva RAMOSRev. EntreLínguas, Araraquara, v. 8, n.00, e022036, Jan./Dec. 2022. e-ISSN: 2447-3529 DOI: https://doi.org/10.29051/el.v8i00.1503718In view of what has been said and exposed, regarding the subjectivation of a Norwegian child as announcer and allocutor, discourse is considered as a ground that focuses on its enunciative projections, organized through its strategies. As an example, he considered his personal initiatives to record his own speech, inscribed in Portuguese as L2 and relying on it to build with it a device of enunciation, because it is constructed by the announcer every time he enunciates. Final considerations In order to achieve some final considerations, in this case study, it is perceived that there was a favor, due to the presence of the specific indexes of person the Iand you, since these characters are necessary and permanent for the enunciator to constitute his discourse. Thus, the inscription in the language by discourse was established, through the art of problematizing linguistic facts that exert impacts under enunciation, from the Benvenistian perspective. And in this way, the subject maintains an absolute relationship with his self and you, in an attempt to establish his connection with the world from his L2, in order to make it serve him to live. Therefore, through the assessment of the analysis of linguistic facts, seen as enunciative clippings, it can be seen that the displacements favored by the individual act of the youbecoming the echo of the i, brought a condition that the subject appropriate the Portuguese language as L2. It is understood, then, that the results favored to achieve: the subjective correlations meand you; the construction of an enunciation apparatus by the learner, together with the appropriation of the language; the scenes of observations of speech as an individual act; and, the self-recognition of being involved in the process of locution and speech. Favored by the intertwining of L1 and L2, as well as by the effect of discourse on the mediation of the enunciation interface and language acquisition, through subjective movements in the networks of meaning. ACKNOWLEDGMENT: I thank the Coordination for Improvement for Higher Education Personnel (CAPES) for granting the Scholarship to a doctoral level.
image/svg+xmlThe enrollment by the discourse of a Norwegian child in the process of acquisition of Portuguese: A case studyRev. EntreLínguas, Araraquara, v. 8, n.00, e022036, Jan./Dec. 2022 e-ISSN: 2447-3529 DOI: https://doi.org/10.29051/el.v8i00.15037 19REFERENCES AIUB, G. F.; RODRIGUES, C. Z. O sujeito em movimento: Processos de identificação, língua. Linguagem em (dis)curso, v. 19, n. 1, p. 193-208, 2019. Available: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1518-76322019000100193. Access: 28 Mar. 2021. AGUSTINI, C.; LEITE, J. D. Benveniste-Authier: Aproximações conceituais e particularidades práticas. DESENREDO, Passo Fundo, v. 8, n. 1, p. 253-274, jan./jun. 2012. Available: http://seer.upf.br/index.php/rd/article/view/2648. Access: 26 Mar 2021. BENVENISTE, E. Da subjetividade na linguagem. In: Problemas de Linguística Geral I. 5. ed. Campinas: Pontes Editores, 1958; 2005. BENVENISTE, E. Problemas de linguística geral I. Campinas: Pontes Editores, 1976; 2005. BENVENISTE, E. Problemas de Linguística Geral II. 2. ed. Campinas, SP: Pontes Editores, 2006. CEA, B. Qual é a diferença entre segunda língua e língua estrangeira? Espanhol na Rede, maio 2016. Available: https://espanholnarede.com/qual-e-a-diferenca-entre-segunda-lingua-e-lingua-estrangeira/. Access: 27 Feb. 2021. DAMASCENO, R. Língua Estrangeira, Materna, Segunda Língua.... qual o significado? Belo Horizonte: CACS, jul. 2017. Available: https://cacs.org.br/linguas/lingua-estrangeira/. Access: 26 Dec. 2020. FLORES, V. N. Sujeito da enunciação: singularidade que advém da sintaxe da enunciação. REVISTA-DELTA. v. 29, n. 1, p. 95-120, 2013. Available: https://revistas.pucsp.br/index.php/delta/article/view/8623. Access: 17 Dec. 2020. FLORES, V. N. Introdução à teoria enunciativa de Benveniste. São Paulo: Parábola, 2013. LORANDI, A. Aquisição da linguagem e enunciação: a apropriação da língua pela criança. Revista Letrônica,v. 1, n. 1, p. 133-147, 2008. Available: https://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/letronica/article/view/4212. Access: 30 Jan. 2021. SCHUTZ, R. E. Interferência, Interlíngua e Fossilização.SK, dez. 2018. Available: https://www.sk.com.br/sk-interfoss.html. Access: 27 de Jan. 2021. SILVA, C. L. A Instauração da Criança na Linguagem: Princípios para uma teoria enunciativa em aquisição da Linguagem. 2007. 293 f. Tese (Doutorado em Letras) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2007. Available: https://lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/10407/000598208.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Access: 03 Feb. 2021. SILVA, S. L. Teoria da Enunciação. SlideShare, 2013.Available: https://pt.slideshare.net/FernandaCamara123/teoria-da-enunciao. Access: 10 Fec. 2021.
image/svg+xmlGesilda Marques da Silva RAMOSRev. EntreLínguas, Araraquara, v. 8, n.00, e022036, Jan./Dec. 2022. e-ISSN: 2447-3529 DOI: https://doi.org/10.29051/el.v8i00.1503720How to reference this article RAMOS, G. M. S. The enrollment by the discourse of a Norwegian child in the process of acquisition of Portuguese: A case study. Rev. EntreLínguas, Araraquara, v. 8, n. 00, e022036, Jan./Dec. 2022. e-ISSN: 2447-3529. DOI: https://doi.org/10.29051/el.v8i00.15037 Submitted: 18/04/2021 Revisions requested: 05/06/2021 Approved: 13/11/2021 Published:30/03/2022