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(Auto) reflexão sobre uma aula remota de língua inglesa por meio da análise dialógica de memes
Rev. EntreLínguas,
Araraquara, v. 8, n.00, e022039, jan./dez. 2022. e-ISSN: 2447-3529
DOI: https://doi.org/10.29051/el.v8i00.15160
1
(AUTO) REFLEXÃO SOBRE UMA AULA REMOTA DE LÍNGUA INGLESA
POR MEIO DA ANÁLISE DIALÓGICA DE MEMES
(AUTO) REFLEXIÓN SOBRE UNA CLASE DE INGLÉS REMOTA A TRAVÉS
DEL ANÁLISIS DIALÓGICO DE MEMES
(SELF) REFLECTION ON A REMOTE ENGLISH CLASS THROUGH THE
DIALOGICAL ANALYSIS OF MEMES
Samuel de Carvalho LIMA
1
RESUMO
: À luz da perspectiva dialógica da linguagem, este artigo apresenta uma
(auto) reflexão sobre uma aula remota de língua inglesa por meio da análise de memes.
Discute-se a experiência de promover o diálogo sobre a pandemia e a democratização
do acesso à internet com jovens e adultos do ensino médio de uma escola pública
federal. A análise de memes demonstra que a sua linguagem verbal responde
criativamente a imagens de cenas de uma novela brasileira e de um filme
hollywoodiano, denunciando a falta de democratização do acesso à internet por meio do
humor e da ironia. Conclui-se que a leitura de memes, na aula de língua inglesa para
jovens e adultos, pode promover a reflexão sobre os recursos expressivos que
constituem esses textos e demandar dos estudantes respostas aos discursos sobre o
acesso à internet no Brasil.
PALAVRAS-CHAVE
: Ensino remoto. Língua Inglesa. Memes. Verbo-visualidade.
Escola pública.
RESUMEN
:
A la luz de la perspectiva dialógica del lenguaje, este artículo presenta
una (auto) reflexión sobre una clase remota de lengua inglesa a través del análisis de
memes. Se discute la experiencia de promover el diálogo sobre la pandemia y la
democratización del acceso a internet con jóvenes y adultos de educación secundaria
en una escuela pública federal. El análisis de memes demuestra que su lenguaje verbal
responde creativamente a imágenes de escenas de una telenovela brasileña y una
película de Hollywood, denunciando la falta de democratización del acceso a internet a
través del humor e y la ironía. Se concluye que la lectura de memes en clase de inglés
para jóvenes y adultos puede promover la reflexión sobre los recursos expresivos que
constituyen estos textos y demandar respuestas de los estudiantes a los discursos sobre
el acceso a internet en Brasil.
PALABRAS CLAVE
: Enseñanza remota. Inglés. Memes. Verbo-visualidad. Escuela
pública.
1
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN),
Mossoró/Natal – RN – Brasil. Professor do Programa de Pós-Graduação em Ensino
(POSENSINO). Doutor em Linguística (UFC). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-7145-
3686. E-mail: samuel.lima@ifrn.edu.br.
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Samuel de Carvalho LIMA
Rev. EntreLínguas,
Araraquara, v. 8, n.00, e022039, jan./dez. 2022. e-ISSN: 2447-3529
DOI: https://doi.org/10.29051/el.v8i00.15160
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ABSTRACT
: Under the light of the dialogical perspective of language, this paper
presents a (self) reflection on a remote English class through the analysis of memes.
The experience of promoting the dialog about the pandemic and the democratization of
internet access with young people and adults from secondary education in a federal
public school is discussed. The analysis of memes demonstrates that their verbal
language responds creatively to images of scenes from a Brazilian soap opera and a
Hollywood film, denouncing the lack of the democratization of internet access through
humor and irony. It is concluded that the reading of memes in English class for young
people and adults can both promote reflection on the expressive resources that
constitute these texts and demand from students’ responses to the discourses about
internet access in Brazil.
KEYWORDS
:
Remote teaching. English language. Memes. Verb-visuality. Public
school.
Introdução
A pandemia do novo coronavírus (COVID-19) e o consequente distanciamento
social ocasionaram a adoção do ensino remoto pelas instituições de ensino brasileiras.
Em resposta a isso, a esfera acadêmica tem produzido reflexões sobre as relações entre
esse contexto sócio-histórico e a escola pública (ALVES; SILVA; BESSA, 2021;
BASTOS; LIMA, 2020; PAES; FREITAS, 2020; entre outros). Considerando a
necessidade de ampliação das discussões sobre temas que demandam inteligibilidade
em tempos de crise, este artigo apresenta uma (auto) reflexão sobre uma aula remota de
língua inglesa por meio da análise de memes.
Reconhece-se que os estudos sobre a relação entre memes e o ensino de língua
inglesa têm sido profícuos mesmo antes da pandemia, por meio de investigações que
compartilham de perspectivas teóricas voltadas a uma pedagogia dos multiletramentos
(ARRUDA; ARRUDA; ARAÚJO, 2017; BOA SORTE; SANTOS, 2020; FERREIRA;
PESCE, 2019; XAVIER; OLIVEIRA; SOUZA, 2019). Diferentemente, este artigo se
fundamenta na produtividade da inter-relação entre a perspectiva dialógica da
linguagem e o ensino de língua inglesa na escola pública, discutindo a experiência de
promover o diálogo sobre a pandemia e a democratização do acesso à internet com
jovens e adultos do ensino médio integrado de uma escola pública federal.
Vale destacar que a discussão deste artigo integra o conjunto das pesquisas de
(
auto) reflexões sobre o ensino de língua inglesa no contexto da escola pública que vêm
sendo realizadas pelos membros do Grupo de Pesquisa em Ensino-Aprendizagem de
Línguas – GEL (IFRN/CNPq) no Oeste Potiguar, Rio Grande do Norte (DANTAS,
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(Auto) reflexão sobre uma aula remota de língua inglesa por meio da análise dialógica de memes
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LIMA, 2021; LIMA, 2021; LIMA; MENDES, 2020. Tais pesquisas endossam o
posicionamento de uma Linguística Aplicada que reivindica que “[...] nem sempre as
teorias e abordagens gestadas na Metrópole atendem aos interesses da periferia”
(RAJAGOPALAN, 2013, p. 154).
O artigo está organizado em 5 seções. Além desta introdução, a próxima seção
caracteriza o meme como enunciado/texto constituído verbo-visualmente à luz da
perspectiva dialógica da linguagem. Posteriormente, explicita-se a compreensão acerca
do ensino de língua inglesa e como ele foi atualizado em uma aula remota para leitura
de memes. Na seção de análise dos memes, são demonstradas as relações entre a
linguagem verbal e a imagem que constituem os textos que foram abordados na aula de
língua inglesa. Por fim, nas considerações finais, são apresentadas as implicações
pedagógicas e metodológicas da discussão.
Meme como enunciado/texto verbo-visual
Para caracterizar o meme como enunciado/texto constituído verbo-visualmente,
fundamenta-se na perspectiva dialógica da linguagem, que compreende a língua como
interação discursiva (VOLÓCHINOV, 2018). Nessa perspectiva, a língua é estudada em
seu processo de realização, pressupondo-se ininterrupta e vinculada ao seu conteúdo
ideológico. Desse modo, a linguagem enquanto prática social é concebida como
discurso materializado por meio de suas unidades do fluxo discursivo, isto é, os
enunciados concretos/textos. Enquanto unidades do fluxo discursivo, todo enunciado
responde a algo e se orienta para uma resposta, todo enunciado “[...] participa de uma
espécie de discussão ideológica em grande escala: responde, refuta, ou confirma algo,
antecipa as respostas e críticas possíveis, busca apoio e assim por diante”
(VOLÓCHINOV, 2018, p. 219). Pressupondo o diálogo de forma ampla, isto é, toda e
qualquer forma de interação discursiva, discute-se a coexistência do que Bakhtin (2015)
denomina de contradições entre presente e passado e entre diferentes épocas do passado,
buscando compreender a situação extraverbal mais próxima e a situação ampla dos
textos que circulam na sociedade.
Bakhtin (201
6, p. 12, grifo do autor) salienta que “cada enunciado particular é
individual, mas cada campo de utilização da língua elabora seus
tipos relativamente
estáveis de enunciados”,
os gêneros do discurso. Todo enunciado possui um sujeito
que, ao dar conta de sua intenção discursiva, determina a conclusibilidade do enunciado:
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a escolha do objeto, os limites e a exauribilidade semântico-objetal. Dessa forma,
enquanto unidade da comunicação discursiva, os limites de cada enunciado são
definidos pela alternância dos sujeitos que participam do diálogo.
Segundo Brait (2016), abordar enunciados/textos, levando em consideração os
estudos de Bakhtin e o Círculo, motivou o que se denomina hoje de análise/teoria
dialógica do discurso, perspectiva que tem se demonstrado bastante produtiva no Brasil
(cf. BRAIT, 2016; 2017). Nessa teoria, o enunciado/texto é considerado o dado
primário da análise linguística, filológica, literária e das Ciências Humanas em geral,
pois “se concebe o texto no sentido amplo como qualquer conjunto coerente de signos
[...] pensamentos sobre pensamentos, vivências das vivências, palavras sobre palavras,
textos sobre textos” (BAKHTIN, 2016, p. 71-72).
A plasticidade das contribuições bakhtinianas tem possibilitado a discussão
sobre os textos que se constituem por meio da relação entre a linguagem verbal e a
imagem. No Brasil, desde a década de 90, Beth Brait faz o tratamento do que a autora
denomina de dimensão verbo-visual de um texto em perspectiva dialógica. Ao lidar com
o conjunto da obra de Bakhtin e o Círculo, Brait (2013, p. 45) salienta que esses estudos
contribuem para uma teoria da linguagem de forma ampla, possibilitando o tratamento
da visualidade, considerando, também, as reflexões sobre o tratamento do visual
oriundas “da estética, da filosofia, por vezes de uma estética-filosófica, das diferentes
semióticas (peirceana, francesa, russa), da semiologia de Roland Barthes em seus textos
sobre fotografia, retórica da imagem”. A autora distingue os estudos do visual,
especialmente ligados à arte, de um estudo que discute o verbal e o visual articulados
em um único texto, “o que pode acontecer na arte ou fora dela” (BRAIT, 2013, p. 50),
foco de seu interesse para tratar de textos situados em que são tomadas as relações
dialógicas como categoria fundante que possibilita a discussão sobre sua constitutiva
verbo-visualidade. Nesses textos:
tanto a linguagem verbal como a visual desempenham papel
constitutivo na produção de sentidos, de efeitos de sentido, não
podendo ser separadas, sob pena de amputarmos uma parte do plano
de expressão e, consequentemente, a compreensão das formas de
produção de sentido desse enunciado, uma vez que ele se dá a ver/ler
simultaneamente (BRAIT, 2013, p. 43).
À luz da perspectiva dialógica da linguagem, portanto, neste estudo, caracteriza-
se o meme como texto verbo-visual, pois a linguagem verbal e a imagem desempenham
papel constitutivo na produção de sentidos. Assume-se, ainda, que na pesquisa dialógica
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há permeabilidade das convicções, das experiências e das vivências do pesquisador em
relação a sua pesquisa, cabendo ao pesquisador tentar se distanciar de seus objetos para
ouvi-los e refletir sobre eles (ROHLING, 2014). Assim, é possível realizar (auto)
reflexões sobre o ensino de língua inglesa, no contexto da escola pública, a partir da
análise dos memes utilizados em uma aula remota para jovens e adultos, sobre a
pandemia e a democratização do acesso à internet. Na próxima seção, explicita-se a
compreensão acerca do ensino de língua inglesa e como ele foi atualizado em uma aula
remota para leitura de memes.
A aula de língua inglesa
No contexto de crise sanitária do novo coronavírus e o consequente
distanciamento social, o acesso à internet se constitui uma condição
sine qua non
para a
adoção do ensino remoto. Desse modo, faz-se fundamental o debate sobre como o
ensino de língua inglesa na escola pública brasileira tem abordado essa realidade social.
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) prevê a compreensão da língua
inglesa como língua franca. Ao adotar essa nomenclatura, são considerados os diversos
usos que os sujeitos fazem da língua inglesa para se comunicarem e exercerem as suas
cidadanias no mundo globalizado (BRASIL, 2018). Tendo em vista que essa
perspectiva possa ser levada para sala de aula de língua inglesa por meio de distintas
propostas pedagógicas (métodos e abordagens), neste artigo, opta-se pela discussão
proposta por Kumaravadivelu (2016).
As reflexões propostas por Kumaravadivelu (2016) denunciam os discursos que
têm operado antes e durante o século XXI para promover discriminação e desigualdade
na área de ensino de língua inglesa. Um desses discursos discriminatórios ainda é capaz
de subalternizar brasileiros falantes de inglês por meio da idealização do falante nativo,
criticado, também, por Rajagopalan (2013), Anjos (2019) e outros. Compreende-se que,
na relação entre falantes nativos e falantes não-nativos, brasileiros se discriminam entre
si ao desejarem se assemelhar ao nativo que nunca serão, enquanto são subalternizados
por quem se utiliza desse mito para promover assimetrias entre os professores de
línguas, pois esse mito determina que o falante nativo é a única autoridade no debate
sobre métodos e materiais para o ensino de inglês.
Para combater essa problemática, propõe-se a circulação d
e um discurso que
combate as assimetrias entre os professores de língua inglesa, legitimando-os por sua
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formação acadêmica para ensinar a língua inglesa como um recurso expressivo que
habilita sujeitos a interagirem entre si em um mundo globalizado heterogêneo e diverso.
Desse modo, baseando-se na filosofia de Gramsci (1971) e na decolonialidade de
Mignolo (2010), Kumaravadivelu (2016) aponta cinco possibilidades para a construção
de uma agenda para o ensino da língua inglesa, sintetizadas a seguir (Quadro 1):
Quadro 1
– Síntese da proposta de Kumaravadivelu (2016) para o ensino de língua
inglesa.
I.
Promover estratégias orientadas a resultados com foco na inteligibilidade.
II.
Desenvolver estratégias instrucionais específicas do e para o contexto histórico
, político, so
cial,
cultural e educacional local.
III.
Preparar materiais adequados ao contexto específico e às estratégias de ensino desenvolvidas.
IV.
Reestruturar a formação de professores com vistas à formação de produtores e não apenas
consumidores
de conheciment
os e materiais.
V.
Fazer pesquisas proativas por meio de conhecimento original.
Fonte: Elaborado pelo autor
Parte-se, portanto, dessas reflexões e da premissa de que “o educador já não é o
que apenas educa, mas o que, enquanto educa, é educado, em diálogo com o educando
que, ao ser educado, também educa” (FREIRE, 2019, p. 95-96), para promover o
diálogo sobre a pandemia e a democratização do acesso à internet em uma aula de
língua inglesa que buscou desenvolver estratégias específicas do e para o contexto
histórico, político, social, cultural e educacional local.
Para explicitar como o ensino de língua inglesa foi atualizado em uma aula
remota para leitura de memes, aproxima-se este estudo das características da
autoetnografia, a saber: base etnográfica, interpretativista e autobiográfica. Desse modo,
“a reflexividade assume um papel muito importante [...] impõe a constante
conscientização, avaliação e reavaliação feita pelo pesquisador da sua própria
contribuição” (SANTOS, 2017, p. 218). Levando isso em consideração, descreve-se o
contexto da pesquisa, isto é, o contexto da prática profissional do pesquisador, ao passo
que se elegem materiais para análise, neste caso, os memes utilizados na aula remota.
O contexto da prática profissional d
o autor deste artigo se refere a uma escola
pública federal que oferta, entre outros cursos, o ensino médio integrado à educação
profissional na modalidade de Educação de Jovens e Adultos. Devido ao distanciamento
social, após um certo período de adaptação, a instituição passou a adotar um plano de
retomada das suas atividades, que regulamenta o ensino remoto por meio do uso de
recursos digitais, para o desenvolvimento de atividades síncronas e assíncronas. Nesse
contexto, ficou definido que o plano de trabalho docente deveria contemplar uma
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variedade de tecnologias digitais para ofertar de 70 a 90% das disciplinas com
atividades assíncronas (vídeo-aulas, formulários, materiais de leitura etc.) e,
consequentemente, de 10 a 30% com atividades síncronas.
Em resposta às regulamentações acordadas, planejou-se uma aula de 60 minutos
para a disciplina Inglês II na modalidade de Jovens e Adultos. A aula teve como
objetivo a prática de leitura de textos em língua inglesa de modo que fosse possível
refletir sobre temas contemporâneos que correspondessem à realidade social dos
estudantes – contexto histórico, político, social, cultural e educacional local. Optou-se
pela busca de materiais adequados a esse contexto específico, selecionando memes que
circularam em ambientes digitais e tratavam do tema sobre acesso à internet. Dessa
forma, os memes foram tratados como textos autênticos, de fácil acesso, rápido
compartilhamento, ampla circulação, por meio dos quais também foi possível abordar o
conteúdo gramatical previsto no programa da disciplina sobre o uso dos tempos verbais
para falar sobre ações em andamento e eventos passados
(present continuous; simple
past, past continuous, present perfect etc.),
uma vez que o meme pode ser descrito pelo
uso do
present continuous
para informar o que está acontecendo na imagem no
momento presente e pelo uso do
simple past
e do
past continuous
para informar o que
aconteceu e estava acontecendo na imagem no contexto de produção de que ela foi
retirada.
Considerando o desenvolvimento de estratégias orientadas a resultados com foco
na inteligibilidade, optou-se por discutir memes com recursos expressivos em língua
portuguesa no primeiro momento da aula, partindo do que os estudantes já conhecem,
familiarizando os estudantes com a leitura desses textos verbo-visuais antes de
apresentá-los em língua inglesa. Abordando os memes como enunciados, esses textos
foram levados para a sala de aula de língua inglesa. Na próxima seção, são
demonstradas como as relações entre a linguagem verbal e a imagem constituem os
memes que foram abordados na aula remota de língua inglesa.
Análise dialógica de memes
Nos memes selecionados para análise, é
possível perceber que o verbal e o
visual são articulados em um único texto. Conforme salientado anteriormente, ao
considerar a estratégia instrucional específica do contexto cultural e educacional local,
salientada por Kumaravadivelu (2016), e o público-alvo – estudantes jovens e adultos
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brasileiros –, optou-se por abordar memes com linguagem verbal em língua portuguesa
no início da aula de língua inglesa. Reconhece-se que a estratégia adotada polemiza
abertamente com o discurso pedagógico sobre o ensino de língua inglesa que insiste em
demandar que uma aula de inglês, mesmo entre brasileiros, seja ministrada toda em
inglês e/ou com materiais exclusivamente em inglês. No entanto, a perspectiva de
ensino de língua inglesa adotada na escola pública de nível médio integrado legitima o
uso da língua portuguesa e da língua inglesa em uma aula de inglês, uma vez que seus
participantes se sentem mais confortáveis com o uso dos dois idiomas, devido,
sobretudo, à falta de familiaridade com os recursos expressivos em língua inglesa por
parte dos estudantes. Dessa forma, opta-se por integrar memes que se articulam
culturalmente com o contexto brasileiro para iniciar o diálogo (Figura 1).
Figura 1
– Meme sobre acesso à internet
Fonte: Meme Generator (2021)
O texto “Eu sou rica!” ganhou grande popularidade na esfera cotidiana
brasileira, após ter sido dito por Norma, personagem da atriz Carolina Ferraz, em uma
cena da telenovela brasileira intitulada Beleza Pura, da Rede Globo, transmitida na TV
aberta em 2008. Na narrativa da novela, “Eu sou rica” desafia o discurso da justiça, pois
sua autoria é de um sujeito que, devido ao acúmulo de bens materiais, pode praticar
crimes e ficar impune no país. Ao retratar essa narrativa no horário das 19h, o discurso
telenovelístico critica abertamente, portanto, o sistema da justiça brasileira, utilizando-
se da ironia para estereotipar essa personagem privilegiada economicamente e a sua
relação harmoniosa com a transgressão das leis nacionais.
Qua
ndo a foto da personagem, Norma, na cena da novela, é trazida para a
constituição do meme que circula no contexto da pandemia em 2020, nota-se o quanto a
popularidade de seus sentidos, efeitos de sentido, permanece alta até os dias atuais.
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Integrando constitutivamente o meme em tela, o autoritarismo da personagem é
estilizado tanto pelas expressões faciais da imagem quanto pela
repetição/quadruplicação dos recursos expressivos para produzir o efeito de sentido de
um grito alongado: reiteração das vogais “i” e “a” e do ponto de exclamação. No meme,
o texto verbal “TEM INTERNET NO CELULAR. EU SOU RIIIICAAAA!!!!” nasce
separadamente do texto visual, embora parte dele permaneça aludindo explicitamente à
imagem de 2008. Essa relação dialógica entre o texto verbal e o texto visual é explicada
por Brait (2013, p. 52, grifo do autor) em sua análise da narrativa de
O duplo,
de
Dostoiévski, versão ilustrada por Alfred Kubin (1877-1959): “A relação que se
estabelece entre ambos, entretanto, não é de simples e submissa legenda, mas, ao
contrário, é de
entranhamento,
de resposta ativa ao processo criativo do primeiro [...]”.
Nesse caso, a linguagem verbal e a imagem se inter-relacionam na constituição do
meme selecionado de modo não polêmico, aderindo-se um ao outro, sendo que a
linguagem verbal responde ao processo criativo da cena da novela.
Em 2020, quando o distanciamento social e o consequente ensino remoto são
pautados intensamente na esfera jornalística, os casos de falta de acesso às tecnologias
digitais, sobretudo à internet, multiplicaram-se nas notícias da grande mídia brasileira.
Embora as inter-relações verbo-visuais constitutivas do meme selecionado pelo
professor-pesquisador sejam do tipo não polêmico, o meme, enquanto texto e material
autêntico para o ensino de línguas, ao ser abordado na aula remota de inglês, entra na
discussão ideológica em grande escala para denunciar a falta de democratização da
internet, isto é, a fata de acesso a tecnologias digitais com a qualidade necessária para
garantir o direito constitucional à educação básica por grande parte da sociedade
brasileira, tendo sua oferta restrita aos mais favorecidos economicamente. Na aula de
língua inglesa, a discussão sobre esse meme pode ser caracterizada como um
warm-up
da aula, e a reiteração dos recursos expressivos em seu texto escrito pode servir para a
conscientização da variação de usos e formas da língua para os efeitos de sentido
pretendidos. Na sequência, observa-se o segundo meme (Figura 2).
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Figura 2
– Meme sobre
Internet access.
Fonte: Pandomonium (2021).
O texto visual constitutivo desse meme remete à narrativa do filme
hollywoodiano
Náufrago (Cast Away),
lançado em 2000. Na narrativa, a personagem
Chuck Noland, interpretada por Tom Hanks – indicado ao Oscar na categoria de Melhor
Ator por essa atuação –, fica totalmente isolada em uma ilha desabitada por
aproximadamente 4 anos, após um acidente aéreo. Na narrativa, o sofrimento da
personagem na ilha desabitada entra em polêmica com o discurso produtivista
neoliberal, uma vez que o acidente é consequência de mais uma das várias viagens a
trabalho presentes na agenda lotada da personagem, o que faz com que ela se distancie
de seu relacionamento amoroso que caminhava para o matrimônio. No discurso
cinematográfico hollywoodiano, devido a sua resistência para sobreviver, Noland acaba
ganhando a simpatia do telespectador, sobretudo quando, criativamente, personifica
uma bola de vôlei Wilson, com quem ele pode manter um diálogo na ilha, o que
favorece o riso do telespectador por meio do trocadilho irônico e da comicidade.
Assim, quando a foto de Noland na ilha deserta é
inter-relacionada ao texto
verbal
“how i feel without internet”,
é possível notar a emergência de novos efeitos de
sentido, sobre o distanciamento social, que no filme se referia a uma ilha desabitada e,
na contemporaneidade, está muito mais fortemente caracterizado pela impossibilidade
de comunicação com o uso da internet. Por meio de inter-relações verbo-visuais
constitutivas não polêmicas, o meme enquanto texto e, por isso, material autêntico para
a aula de língua inglesa, dialoga, com humor e ironia, com a realidade de grande parte
de estudantes jovens e adultos brasileiros que precisam de internet de qualidade para as
suas práticas profissionais em
home office
e a continuidade de seus estudos no contexto
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sócio-histórico do Brasil durante a pandemia do novo coronavírus. Em relação à aula
remota de inglês, a linguagem verbal pode ser explorada, ainda, em função da variação
de usos e formas da língua, pois é integrada pelo uso do pronome pessoal em primeira
pessoa do singular em sua forma minúscula “i”, contrariando a prescrição de uso na
maiúscula “I”. Além disso, encorajar os estudantes a assistirem ao filme
Cast Away
com
ou sem as legendas em inglês pode constituir uma das atividades assíncronas que
complementam o ensino remoto de língua inglesa em tempos de pandemia.
Ao circular na aula de língua inglesa, os memes, enquanto textos autênticos,
passam a ser objeto de ensino-aprendizagem de línguas, cuja prática de leitura e escrita
devem considerar a verbo-visualidade para produção e disputa de sentidos, além de
possibilitar, no discurso pedagógico, a reflexão sobre os recursos expressivos que os
constituem. A análise dos dois memes demonstra que sua linguagem verbal responde
criativamente a imagens de cenas de uma novela brasileira e de um filme
hollywoodiano, denunciando a falta de democratização do acesso à internet por meio do
humor e da ironia resultantes da relação de entranhamento em sua verbo-visualidade
constitutiva. Dessa maneira, na aula remota da disciplina Inglês II para jovens e adultos
na escola pública, discutir as inter-relações entre a verbo-visualidade constitutiva dos
memes de modo a inseri-los na cadeia da interação discursiva no contexto da pandemia
pode promover a reflexão sobre os recursos expressivos que constituem esses textos e
demandar dos estudantes respostas aos discursos sobre o acesso à internet no Brasil. A
seguir, nas considerações finais, discutem-se as implicações dessas escolhas.
Considerações finais
Este artigo teve como objetivo apresen
tar uma (auto) reflexão sobre uma aula
remota de língua inglesa por meio da análise de memes. Discutiu-se a experiência de
promover o diálogo sobre a pandemia e a democratização do acesso à internet com
jovens e adultos do ensino médio integrado de uma escola pública federal. Para isso
fundamentou-se na inter-relação produtiva das perspectivas teórico-metodológico-
pedagógicas da linguagem enquanto prática social e do ensino de inglês. Tal articulação
possibilitou a realização de uma reflexão sobre o ensino de língua inglesa no contexto
da escola pública de nível médio integrado que segue aberta a críticas, sugestões e
adaptações dos pares: professores-pesquisadores do ensino de língua inglesa na escola
pública e demais interessados sobre a temática, a quem o artigo é endereçado.
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Em relação às implicações pedagógicas, insiste-se na recomendação de
permanente discussão acerca de temas polêmicos e atuais nos espaços escolares, de
maneira ética, aberta e democrática. Desse modo, a aula de língua inglesa pode se tornar
um espaço de diálogo sobre as realidades sociais dos estudantes.
Fake news
, impacto
ambiental, acesso/democratização de tecnologias digitais e internet, crise sanitária,
uberização do trabalho, impacto emocional,
fast food,
entres outros, constituem uma
lista nunca exaustiva dos temas a serem abordados no ensino (remoto) de língua inglesa
na escola pública.
Em relação às implicações metodológicas, salienta-se que, devido ao rigor ético
na ciência, particularmente a necessidade do parecer do Comitê de Ética em Pesquisa
(CEP) para pesquisas com interação com seres humanos, não foi possível trazer para a
análise as interações entre professor e estudantes na aula remota. No caso investigado,
essas interações motivaram a produção de memes pelos estudantes jovens e adultos em
resposta à prática de leitura dos textos discutidos na aula síncrona de língua inglesa.
Registra-se essa limitação metodológica para que se possa encorajar continuidades de
mais investigações atentas ao cronograma do CEP e à constituição de um
corpus
mais
ampliado, que envolva, também, os dados da interação durante as aulas e a produção
criativa dos estudantes, cujas ricas inter-relações verbo-visuais podem constituir textos
poderosos contra as desigualdades sociais em nosso país.
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(Auto) reflexão sobre uma aula remota de língua inglesa por meio da análise dialógica de memes
Rev. EntreLínguas,
Araraquara, v. 8, n.00, e022039, jan./dez. 2022. e-ISSN: 2447-3529
DOI: https://doi.org/10.29051/el.v8i00.15160
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Como referenciar este artigo
LIMA, S. C. (Auto) reflexão sobre uma aula remota de língua inglesa por meio da
análise dialógica de memes.
Rev. EntreLínguas
, Araraquara, v. 8, n. 00, e022039,
jan./dez. 2022. e-ISSN: 2447-3529. DOI: 10.29051/el.v8i00.15160
Submetido em
:
27/12/2021
Revisões requeridas em
: 05/02/2022
Aprovado em
: 17/03/2022
Publicado em
:
30/03/2022
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(Self) reflection on a remote English class through the dialogical analysis of memes
Rev. EntreLínguas,
Araraquara, v. 8, n.00, e022039, Jan./Dec. 2022. e-ISSN: 2447-3529
DOI: https://doi.org/10.29051/el.v8i00.15160
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(SELF) REFLECTION ON A REMOTE ENGLISH CLASS THROUGH THE
DIALOGICAL ANALYSIS OF MEMES
(AUTO) REFLEXÃO SOBRE UMA AULA REMOTA DE LÍNGUA INGLESA POR
MEIO DA ANÁLISE DIALÓGICA DE MEMES
(AUTO) REFLEXIÓN SOBRE UNA CLASE DE INGLÉS REMOTA A TRAVÉS
DEL ANÁLISIS DIALÓGICO DE MEMES
Samuel de Carvalho LIMA
1
ABSTRACT
: Under the light of the dialogical perspective of language, this paper
presents a (self) reflection on a remote English class through the analysis of memes. The
experience of promoting the dialog about the pandemic and the democratization of
internet access with young people and adults from secondary education in a federal public
school is discussed. The analysis of memes demonstrates that their verbal language
responds creatively to images of scenes from a Brazilian soap opera and a Hollywood
film, denouncing the lack of the democratization of internet access through humor and
irony. It is concluded that the reading of memes in English class for young people and
adults can both promote reflection on the expressive resources that constitute these texts
and demand from students’ responses to the discourses about internet access in Brazil.
KEYWORDS
: Remote teaching. English language. Memes. Verb-visuality. Public
school.
RESUMO
: À luz da perspectiva dialógica da linguagem, este artigo apresenta uma
(auto) reflexão sobre uma aula remota de língua inglesa por meio da análise de memes.
Discute-se a experiência de promover o diálogo sobre a pandemia e a democratização
do acesso à internet com jovens e adultos do ensino médio de uma escola pública federal.
A análise de memes demonstra que a sua linguagem verbal responde criativamente a
imagens de cenas de uma novela brasileira e de um filme hollywoodiano, denunciando a
falta de democratização do acesso à internet por meio do humor e da ironia. Conclui-se
que a leitura de memes, na aula de língua inglesa para jovens e adultos, pode promover
a reflexão sobre os recursos expressivos que constituem esses textos e demandar dos
estudantes respostas aos discursos sobre o acesso à internet no Brasil.
PALAVRAS-CHAVE
: Ensino remoto. Língua Inglesa. Memes. Verbo-visualidade.
Escola pública.
1
Federal Institute of Education, Science and Technology of Rio Grande do Norte (IFRN),
M
ossoró/Natal - RN - Brazil. Professor of the Graduate Program in Teaching (POSENSINO).
PhD in Linguistics (UFC). ORCID: https://orcid.org/0000-0
002-7145-3686. E-mail:
samuel.lima@ifrn.edu.br.
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Samuel de Carvalho LIMA
Rev. EntreLínguas,
Araraquara, v. 8, n.00, e022039, Jan./Dec. 2022. e-ISSN: 2447-3529
DOI: https://doi.org/10.29051/el.v8i00.15160
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RESUMEN
:
A la luz de la perspectiva dialógica del lenguaje, este artículo presenta una
(auto) reflexión sobre una clase remota de lengua inglesa a través del análisis de memes.
Se discute la experiencia de promover el diálogo sobre la pandemia y la democratización
del acceso a internet con jóvenes y adultos de educación secundaria en una escuela
pública federal. El análisis de memes demuestra que su lenguaje verbal responde
creativamente a imágenes de escenas de una telenovela brasileña y una película de
Hollywood, denunciando la falta de democratización del acceso a internet a través del
humor e y la ironía. Se concluye que la lectura de memes en clase de inglés para jóvenes
y adultos puede promover la reflexión sobre los recursos expresivos que constituyen estos
textos y demandar respuestas de los estudiantes a los discursos sobre el acceso a internet
en Brasil.
PALABRAS CLAVE
: Enseñanza remota. Inglés. Memes. Verbo-visualidad. Escuela
pública.
Introduction
The pandemic of the new coronavirus (COVID-19) and the consequent social
distancing caused the adoption of remote education by Brazilian educational institutions.
In response to this, the academic sphere has produced reflections on the relations between
this socio-historical context and the public school (ALVES; SILVA, U.S.; BESSA, 2021;
BASTOS; LIMA, 2020; PAES; FREITAS, 2020; among others). Considering the need to
expand discussions on topics that require intelligibility in times of crisis, this article
presents a (self) reflection on a remote English language class through the analysis of
memes.
It is recognized that studies on the relationship between memes and English
language teaching have been fruitful even before the pandemic, through investigations
that share theoretical perspectives aimed at a pedagogy of multiliteracies (ARRUDA;
RUE; ARAÚJO, 2017; GOOD LUCK; SANTOS, 2020; FERREIRA, FERREIRA,
PESCE, 2019; XAVIER; OLIVEIRA; SOUZA, 2019). On the other hand, this article is
based on the productivity of the interrelationship between the dialogical perspective of
language and the teaching of English language in public schools, discussing the
experience of promoting dialogue on the pandemic and the democratization of internet
access with young people and adults of integrated high school of a federal public school.
It is worth mentioning that the discussion of this article is part of the set of research
o
f (self) reflections on English language teaching in the context of the public school that
have been carried out by the members of the Research Group on Language Teaching-
Learning - GEL (IFRN/CNPq) in Oeste Potiguar, Rio Grande do Norte (DANTAS,
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(Self) reflection on a remote English class through the dialogical analysis of memes
Rev. EntreLínguas,
Araraquara, v. 8, n.00, e022039, Jan./Dec. 2022. e-ISSN: 2447-3529
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LIMA, 2021; LIMA, 2021; Lima, LIMA; MENDES, 2020. Such research endorses the
positioning of an Applied Linguistics that claims that "[...] the theories and approaches in
the Metropolis do not always serve the interests of the periphery" (RAJAGOPALAN,
2013, p. 154).
The article is organized into 5 sections. In addition to this introduction, the next
section characterizes the meme as enunciated/text constituted by a verb-visually in the
light of the dialogical perspective of language. Later, the understanding about English
language teaching and how it was updated in a remote class for reading memes is
explained. In the analysis section of the memes, the relationships between verbal language
and the image that constitute the texts that were addressed in the English language class
are demonstrated. Finally, in the final considerations, the pedagogical and methodological
implications of the discussion are presented.
Meme as utterance/verb-visual text
To characterize the meme as enunciated/text constituted verbal-visually, it is
based on the dialogical perspective of language, which understands language as
discursive interaction (VOLÓCHINOV, 2018). In this perspective, the language is
studied in its process of realization, assuming uninterrupted and linked to its ideological
content. Thus, language as a social practice is conceived as a materialized discourse
through its units of the discursive flow, that is, the concrete utterances/texts. As units of
the discursive flow, every utterance responds to something and is oriented to a response,
all uttered "[...] participates in a kind of large-scale ideological discussion: it responds,
refutes, or confirms something, anticipates possible responses and criticisms, seeks
support and so on" (VOLÓCHINOV, 2018, p. 219). Assuming the dialogue broadly, that
is, any form of discursive interaction, we discuss the coexistence of what Bakhtin (2015)
calls contradictions between present and past and between different times of the past,
seeking to understand the extraverbal situation closer and the broad situation of the texts
circulating in society.
Bakhtin (2016, p. 12, emphasis added) stresses that "each particular utterance is
i
ndividual, but each field of use of the language
elaborates its relatively stable types of
utterances",
the genres of the discourse. Every utterance has a subject who, when he/she
realizes his discursive intention, determines the completeness of the utterance: the choice
of object, limits and semantic-object exhaustibility. Thus, as a unit of discursive
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Samuel de Carvalho LIMA
Rev. EntreLínguas,
Araraquara, v. 8, n.00, e022039, Jan./Dec. 2022. e-ISSN: 2447-3529
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communication, the limits of each utterance are defined by the alternation of the subjects
who participate in the dialogue.
According to Brait (2016), addressing utterances/texts, taking into account
Bakhtin’s studies and the Circle, motivated what is called today's dialogical
analysis/theory of discourse, a perspective that has proved very productive in Brazil (cf.
BRAIT, 2016; 2017). In this theory, the utterance/text is considered the primary data of
linguistic, philological, literary and human sciences analysis in general, because "the text
is conceived in the broad sense as any coherent set of signs [...] thoughts about thoughts,
experiences of experiences, words about words, texts on texts" (BAKHTIN, 2016, p. 71-
72).
The plasticity of Bakhtinian contributions has enabled the discussion about the
texts that are constituted through the relationship between verbal language and image. In
Brazil, since the 1990s, Beth Brait has been treating what the author calls the verb-visual
dimension of a text in a dialogical perspective. In dealing with the whole of Bakhtin's
work and the Circle, Brait (2013, p. 45) points out that these studies contribute to a theory
of language in a broad way, enabling the treatment of visuality, also considering the
reflections on the treatment of the visual stemming from "aesthetics, philosophy,
sometimes from an aesthetic-philosophical, the different semiotics (Peircean, Russian),
of Roland Barthes' semiology in his texts on photography, rhetoric of the image." The
author distinguishes studies from the visual, especially related to art, from a study that
discusses the verbal and visual articulated in a single text, "what can happen in art or
outside it" (BRAIT, 2013, p. 50), the focus of her interest to deal with texts situated in
which dialogical relationships are taken as a founding category that allows discussion
about its constitutive verb-visuality. In these texts:
both verbal and visual language play a constitutive role in the
production of meanings, of meaning effects, and cannot be separated,
under penalty of amputating a part of the plane of expression and,
consequently, the understanding of the forms of production of meaning
of this utterance, since it is seen/read simultaneously (BRAIT, 2013, p.
43, our translation).
In the light of the dialogical perspective of language, therefore, in this study, the
meme is characterized as a verbal-visual text, because verbal language and image play a
constitutive role in the production of meanings. It is also assumed that in dialogical
research there is permeability of the convictions, experiences and experiences of the
researcher in relation to his research, and it is up to the researcher to try to distance himself
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Araraquara, v. 8, n.00, e022039, Jan./Dec. 2022. e-ISSN: 2447-3529
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from his objects to hear them and reflect on them (ROHLING, 2014). Thus, it is possible
to make (self) reflections on English language teaching, in the context of public school,
from the analysis of the memes used in a remote class for young people and adults, on the
pandemic and the democratization of internet access. The next section explains the
understanding of English language teaching and how it was updated in a remote class for
reading memes.
The English language classes
In the context of the health crisis of the new coronavirus and the consequent social
distancing, internet access
is a sine qua non condition
for the adoption of remote
education. Thus, the debate about how English language teaching in Brazilian public
school has addressed this social reality is fundamental.
The National Common Curriculum Base (BNCC) provides for the understanding
of the English language as a lingua franca. By adopting this nomenclature, the various
uses that subjects make of the English language to communicate and exercise their
citizenships in the globalized world are considered (BRASIL, 2018). Considering that
this perspective can be taken to the English language classroom through different
pedagogical proposals (methods and approaches), this article opts for the discussion
proposed by Kumaravadivelu (2016).
The reflections proposed by Kumaravadivelu (2016) denounce the discourses they
have operated before and during the 21st century to promote discrimination and inequality
in the area of English language teaching. One of these discriminatory discourses is still
capable of subordinate English-speaking Brazilians through the idealization of the native
speaker, also criticized by Rajagopalan (2013), Anjos (2019) and others. It is understood
that, in the relationship between native speakers and non-native speakers, Brazilians
discriminate against each other by wishing to resemble the native who will never be, while
being subordinated by those who use this myth to promote asymmetries between language
teachers, because this myth determines that the native speaker is the only authority in the
debate on methods and materials for teaching English.
To combat this problem, it is proposed the circulation of a discourse that fights
t
he asymmetries between English language teachers, legitimizing them by their academic
background to teach the English language as an expressive resource that enables subjects
to interact with each other in a heterogeneous and diverse globalized world. Thus, based
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Samuel de Carvalho LIMA
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Araraquara, v. 8, n.00, e022039, Jan./Dec. 2022. e-ISSN: 2447-3529
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on Gramsci's philosophy (1971) and Mignolo's decoloniality (2010), Kumaravadivelu
(2016) points out five possibilities for the construction of an agenda for the teaching of
the English language, summarized below (Chart 1):
Table 1
- Summary of Kumaravadivelu's proposal (2016) for English language
teaching.
I.
Promote results
-
oriented strategies focused on intelligibility.
II.
Develop specific instructional strategies in and to the local historical, political, social, cultural
and educational context.
III.
Prepare materials appropriate to the specific context and teaching strategies developed.
IV.
Restructure teacher training with a view to training producers and not just consumers of
knowledge and materials.
V.
Do proactive research through original
knowledge.
Source: Prepared by the author
It is based, therefore, on these reflections and the premise that "the educator is no
longer what he only educates, but what, as an education, is educated, in dialogue with the
student who, when educated, also educates" (FREIRE, 2019, p. 95-96), to promote
dialogue about the pandemic and the democratization of internet access in an English
language class that sought to develop specific strategies of and for the historical context,
political, social, cultural and educational local.
To explain how English language teaching was updated in a remote class for
reading memes, this study approaches the characteristics of autoethnography, i.e.:
ethnographic, interpretive and autobiographical basis. Thus, "reflexivity assumes a very
important role [...] imposes the constant awareness, evaluation and reassessment made by
the researcher of his own contribution" (SANTOS, 2017, p. 218). Taking this into
account, the context of the research is described, that is, the context of the researcher's
professional practice, while the materials for analysis are being used in the remote class.
The context of the professional practice of the author of this article refers to a
federal public school that offers, among other courses, high school integrated to
professional education in the modality of Youth and Adult Education. Due to the social
distancing, after a certain period of adaptation, the institution began to adopt a plan for
the resumption of its activities, which regulates remote education through the use of
digital resources, for the development of synchronous and asynchronous activities. In this
context, it was defined that the teaching work plan should include a variety of digital
technologies to offer 70 to 90% of the disciplines with asynchronous activities (video
classes, forms, reading materials, etc.) and, consequently, 10 to 30% with synchronous
activities.
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(Self) reflection on a remote English class through the dialogical analysis of memes
Rev. EntreLínguas,
Araraquara, v. 8, n.00, e022039, Jan./Dec. 2022. e-ISSN: 2447-3529
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In response to the agreed regulations, a 60-minute class was planned for the
English II discipline in the modality of Youth and Adults. The class aimed to read texts
in English so that it was possible to reflect on contemporary themes that corresponded to
the social reality of the students – historical, political, social, cultural and local
educational context. We chose to search for materials appropriate to this specific context,
selecting memes that circulated in digital environments and dealt with the theme about
internet access. Thus, the memes were treated as authentic texts, easy access, quick
sharing, wide circulation, through which it was also possible to approach the grammatical
content provided for in the program of the discipline on the use of verbal tenses to talk
about
ongoing actions and past events (present continuous; simple past, past continuous,
present perfect etc.),
since the meme can be described by using
present continuous to
inform what is happening in the image at the present time and by the
use of simple past
and
continuous past to
inform what happened and was happening in the image in the
context of production from which it was removed.
Considering the development of results-oriented strategies focused on
intelligibility, we chose to discuss memes with expressive resources in Portuguese at the
first moment of the class, starting from what students already know, familiarizing students
with reading these verb-visual texts before presenting them in English. Approaching the
memes as utterances, these texts were taken to the English-language classroom. In the
next section, the relationships between verbal language and image are the memes that
were addressed in the remote English language class are demonstrated.
Dialogical analysis of memes
In the memes selected for analysis, it is possib
le to notice that the verbal and visual
are articulated in a single text. As previously pointed out, when considering the specific
instructional strategy of the local cultural and educational context, highlighted by
Kumaravadivelu (2016), and the target audience – young students and Brazilian adults –
we chose to approach memes with verbal language in Portuguese at the beginning of the
English language class. It is recognized that the strategy adopted openly polemizes with
the pedagogical discourse on English language teaching that insists on demand that an
English class, even among Brazilians, be taught all in English and/ or with materials
exclusively in English. However, the perspective of English language teaching adopted
in the integrated high school legitimizes the use of Portuguese and English in an English
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class, since its participants feel more comfortable with the use of both languages, mainly
due to the lack of familiarity with the expressive resources in English language on the
part of the students. Thus, it is chosen to integrate memes that are culturally articulated
with the Brazilian context to start the dialogue (Figure 1).
Figure 1
- Meme on internet access.
Source: Meme Generator (2021)
The text "I'm rich!" gained great popularity in the Brazilian everyday sphere, after
being told by Norma, character of the actress Carolina Ferraz, in a scene from the
Brazilian telenovela entitled Beleza Pura, from Rede Globo, broadcast on open TV in
2008. In the narrative of the novel, "I am rich" challenges the discourse of justice, because
its authorship is of a subject who, due to the accumulation of material goods, can commit
crimes and go unpunished in the country. In portraying this narrative at 7:00 p.m., the
telenovelistic discourse openly criticizes the Brazilian justice system, using irony to
stereotype this economically privileged character and its harmonious relationship with
the transgression of national laws.
When the photo of the character, Norma, in the scene of the novel, is brought to
the constitution of the meme circulating in the context of the pandemic in 2020, one
notices how much the popularity of her senses, effects of meaning, remains high to the
present day. Constitutively integrating the meme on canvas, the character's
authoritarianism is stylized both by the facial expressions of the image and by the
repetition/quadrupling of expressive resources to produce the sense effect of an elongated
cry: reiteration of vowel "i" and the letter "h" and exclamation point. In the meme, the
verbal text "HAS INTERNET ON MOBILE. I AM RIIIICHHH!!!!" is born separately
from the visual text, although part of it remains explicitly alluding to the 2008 image.
This dialogical relationship between the verbal text and the visual text is explained by
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(Self) reflection on a remote English class through the dialogical analysis of memes
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Brait (2013, p. 52, the author's griffin) in his analysis of Dostoevsky's narrative of The
Double, a version illustrated by Alfred Kubin (1877-1959): "The relationship that is
established between both, however, is not simple and submissive legend, but, on the
contrary, it is one of
enthening,
response to the creative process of the former [...]". In
this case, verbal language and image are interrelated in the constitution of the selected
meme in a non-controversial way, sticking to each other, and verbal language responds
to the creative process of the soap scene.
In 2020, when social distancing and the consequent remote teaching are intensely
based on the journalistic sphere, cases of lack of access to digital technologies, especially
the Internet, multiplied in the news of the major Brazilian media. Although the verb-
visual interrelations constitutive of the meme selected by the teacher-researcher are of the
non-controversial type, the meme, as text and authentic material for language teaching,
when approached in the remote English class, enters into the large-scale ideological
discussion to denounce the lack of democratization of the Internet, that is, the fata of
access to digital technologies with the necessary quality to guarantee the constitutional
right to basic education for much of the Brazilian society, with its offer restricted to the
most economically favored. In the English language class, the discussion about this meme
can be characterized as a warm-up of the class, and the reiteration of expressive resources
in its written text can serve to raise awareness of the variation of uses and forms of the
language for the intended meaning effects. Then, the second meme is observed (Figure
2).
Figure 2
- Meme on
Internet access.
Source: Pandomonium (2021)
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The visual text constitutive of this meme refers to the narrative of the Hollywood
film
Cast Away,
released in 2000. In the narrative, the character Chuck Noland, played
by Tom Hanks – nominated for an Academy Award for Best Actor for this performance
– is totally isolated on an uninhabited island for approximately 4 years after a plane crash.
In the narrative, the suffering of the character on the uninhabited island comes into
controversy with the neoliberal discourse, since the accident is the consequence of another
of several trips to work present in the busy agenda of the character, which makes her
distance herself from her loving relationship that walked to marriage. In Hollywood's
cinematic discourse, due to his resistance to survive, Noland ends up gaining the viewer's
sympathy, especially when, creatively, he personifies a Wilson volleyball, with whom he
can maintain a dialogue on the island, which favors the viewer's laughter through the
ironic pun and comicality.
Thus, when Noland’s photo on the desert island is interrelated to
the verbal text
"how I feel without internet",
it is possible to notice the emergence of new effects of
meaning, on social distancing, which in the film referred to an uninhabited island and, in
contemporary times, is much more strongly characterized by the impossibility of
communication with the use of the Internet. Through non-controversial constitutive
verbal-visual interrelations, the meme as a text and, therefore, authentic material for the
English language class, dialogues, with humor and irony, with the reality of most young
students and Brazilian adults who need quality internet for their
professional practices in
home office
and the continuity of his studies in the socio-historical context of Brazil
during the pandemic of the new coronavirus. In relation to the remote English class,
verbal language can also be explored due to the variation of uses and forms of the
language, as it is integrated by the use of the personal pronoun in first person of the
singular in its lowercase form "I", contrary to the prescription of use in the capital "I". In
addition, encouraging students to watch
cast away
with or without English subtitles can
be one of the asynchronous activities that complement remote English language teaching
in times of pandemic.
When circulating in the English language class, the memes, as
authentic texts,
become the object of teaching-learning languages, whose practice of reading and writing
should consider the verb-visuality for the production and dispute of meanings, besides
enabling, in the pedagogical discourse, the reflection on the expressive resources that
constitute them. The analysis of the two memes demonstrates that their verbal language
responds creatively to images of scenes from a Brazilian soap opera and a Hollywood
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(Self) reflection on a remote English class through the dialogical analysis of memes
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film, denouncing the lack of democratization of internet access through humor and irony
resulting from the relationship of ingraining in its constitutive verb-visuality. Thus, in the
remote class of the English II discipline for young people and adults in public school,
discussing the interrelations between the verb-visuality constitutive of the memes in order
to insert them in the chain of discursive interaction in the context of the pandemic can
promote reflection on the expressive resources that constitute these texts and demand
from students’ responses to discourses on internet access in Brazil. Next, in the final
considerations, the implications of these choices are discussed.
Final considerations
This article aimed to present a (self) reflection on a remote English language class
through the analysis of memes. The experience of promoting dialogue on the pandemic
and democratization of internet access with young people and adults of integrated high
school of a federal public school was discussed. For this, it was based on the productive
interrelationship of the theoretical-methodological-pedagogical perspectives of language
as a social practice and the teaching of English. This articulation allowed the realization
of a reflection on the teaching of English language in the context of the integrated high
school public school that remains open to criticisms, suggestions and adaptations of peers:
teachers-researchers of English language teaching in public school and other interested in
the theme, to whom the article is addressed.
Regarding the pedagogical implications, the recommendation of a permanent
discussion about controversial and current topics in school spaces is in a clear, open and
democratic way. Thus, the English language class can become a space for dialogue about
the social realities of students.
Fake news
, environmental impact, access/democratization
of digital technologies and internet, health crisis, precariousness of work, emotional
impact,
fast food,
among others, constitute a never exhaustive list of topics to be addressed
in the (remote) teaching of English language in public school.
Regarding the methodological implications, it is emphasized that, due to the
e
thical rigor in science, particularly the need for the opinion of the Research Ethics
Committee (CEP) for research with interaction with human beings, it was not possible to
bring to the analysis the interactions between teacher and students in the remote class. In
the case investigated, these interactions motivated the production of memes by young and
adult students in response to the practice of reading the texts discussed in the synchronous
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English language class. This methodological limitation is recorded so that it can
encourage continuities of further investigations attentive to the cep schedule and the
constitution of a more expanded corpus
, which also involves the data of interaction during
classes and the creative production of students, whose rich verbal-visual interrelations
can constitute powerful texts against social inequalities in our country.
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Submitted
:
27/12/2021
Revisions required
: 05/02/2022
Approved
: 17/03/2022
Published
:
30/03/2022