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A Criança bi e multilíngue – Ultrapassando mitos e obstáculos: Uma breve síntese sobre o bilinguismo
Rev. EntreLínguas,
Araraquara, v. 8, n. 00, e022043, jan./dez. 2022. e-ISSN: 2447-3529
DOI: https://www.doi.org/10.29051/el.v8i00.15250
1
A CRIANÇA BI E MULTILÍNGUE – ULTRAPASSANDO MITOS E OBSTÁCULOS:
UMA BREVE SÍNTESE SOBRE O BILINGUISMO
EL NIÑO BI Y MULTILINGÜE – SUPERANDO MITOS Y OBSTÁCULOS: UNA
BREVE SÍNTESIS SOBRE EL BILINGÜISMO
THE BI-MULTILINGUAL CHILD – OVERCOMING MITHYS AND BARRIERS: A
BRIEF OVERVIEW OF BILINGUALISM
Miriam AKIOMA
1
Ana Margarida Belém NUNES
2
RESUMO
: O presente estudo representa uma revisão de literatura sobre a área do
bilinguismo, no qual se pretende evidenciar algumas caraterísticas naturais de falantes
bilíngues ou multilíngues. Tem como objetivo também, descrever este importante fenômeno
que, muitas vezes, está envolto por mitos, incertezas e equívocos tanto do lado dos pais, como
de alguns profissionais da saúde e professores. Seguindo a cronologia da evolução dos
estudos sobre o bilinguismo e comportamento, descrevem-se ainda desenvolvimento
cognitivo bilíngue, e suas possíveis vantagens e desvantagens. Aborda também as conexões
existentes entre o bilinguismo e a emoção tanto no escopo linguístico-social como
psicológico. São apresentados resultados iniciais no âmbito do bi-multilinguismo em crianças
focando-nos em aspectos como o sentimento de pertença a um grupo social,
language-choice
,
e também receios e incertezas dos pais quanto à educação bilíngue.
PALAVRAS-CHAVE
: Bilinguismo. Desenvolvimento cognitivo. Comportamento bilíngue.
Emoção. Identidade.
RESUMEN
:
El presente estudio representa una revisión de la literatura sobre el ámbito del
bilingüismo, en la que se pretende destacar algunas características naturales de los
hablantes bilingües o multilingües. Tiene como objetivo también, describir este importante
fenómeno que, muchas veces está envuelto por mitos, incertidumbres e malentendidos tanto
por parte de los padres, así como de algunos profesionales de la salud y profesores.
Siguiendo la cronología evolutiva de los estudios sobre el bilingüismo y comportamiento se
discriben etapas del desarrollo cognitivo bilingüe, y sus posibles ventajas y desventajas.
También aborda las conexiones existentes entre bilingüismo y la emoción tanto en el ámbito
lingüístico-social como psicológico. Los primeros resultados se presentan en el ámbito del bi-
multilingüismo en los niños, centrándose en aspectos como el sentimiento de pertenencia a un
1
Universidade de Macau (UM), Taipa – Macau. Doutoranda e pesquisadora assistente em Neurociências no
Centro de Ciências Cognitivas e Cerebrais da Faculdade de Ciências da Saúde. Mestre em Linguística Aplicada
pela Faculdade de Artes e Humanidades. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-8653-131X. E-mail:
miriam.akioma@gmail.com
2
Universidade de Macau (UM), Taipa – Macau. Professora Associada do Departamento de Português da
Faculdade de Artes e Humanidades. Doutora em Linguística Clínica pela Universidade de Aveiro, Portugal.
ORCID: https://orcid.org/0000-0001-6003-872X. E-mail: ananunes@um.edu.mo
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Miriam AKIOMA e Ana Margarida Belém NUNES
Rev. EntreLínguas,
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grupo social, language-choice, los miedos e incertidumbres de los padres con respecto a la
educación bilingüe.
PALABRAS CLAVE
:
Bilingüismo. Desarrollo cognitivo. Comportamiento bilingue.
Emoción. Identidad.
ABSTRACT
: The present study represents a literature review on the area of bilingualism, in
which it is intended to highlight some natural characteristics of bi- or multilingual speakers.
It also aims to describe this important phenomenon, which is often shrouded in myths,
uncertainties and misunderstandings on the part of parents, as well as some health
professionals and teachers. Following the evolutionary chronology studies on bilingualism
and behavior are also described, the bilingual cognitive development, and their possible
advantages and disadvantages. It also addresses the existing connections between
bilingualism and emotion in both the linguistic-social and psychological scope. Initial results
are presented in the scope of bi-multilingualism in children, focusing on aspects such as the
feeling of belonging to a social group, language-choice, fears and uncertainties of parents
regarding bilingual education.
KEYWORDS
: Bilingualism. Cognitive development. Bilingual behavior. Emotion. Identity.
Introdução
Sabemos que a linguagem, em suas diferentes formas, é o principal instrumento de
comunicação utilizado pelo homem para interagir com o mundo e, em particular, a língua é
vista como um sistema de códigos específicos, reconhecido por uma determinada comunidade
da qual ele faz parte. Para Tomasello (2010)
[...] linguagem, ou melhor, comunicação linguística, não é um tipo de objeto,
formal ou outro, é uma forma de ação social constituída por convenções
sociais para alcançar fins sociais, com base em, pelo menos, alguns
entendimentos compartilhados e propósitos compartilhados entre os
usuários.
Hamers e Blanc (2000) afirmam que com a globalização, a migração de pessoas
aumenta e o contato com novas e diferentes culturas é inevitável, resultando em um número
significativo de sociedades multiculturais. Estas comunidades mistas conduzem a famílias bi-
multilingues, cujas crianças crescem e se identificam com mais de uma cultura, sendo que em
muitas circunstâncias falam línguas diferentes para se comunicarem com os próprios pais, que
falam idiomas distintos. De acordo com Shaffer e Kipp (2010) “a aquisição da língua é
claramente um processo holístico entrelaçado com o desenvolvimento cognitivo e social da
criança e com a vida social e cultural dela”.
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O bilinguismo é já um fenômeno comum no mundo atual não sendo exclusivo, nem
privilégio, de uma qualquer classe social específica. Ao longo do tempo, tem-se vindo a tentar
entender não só o processo em si, mas, também, os efeitos cognitivos que o bilinguismo pode
trazer, bem como os seus efeitos positivos ou negativos.
No trabalho que aqui propomos, o principal objetivo é o de evidenciar algumas das
possíveis influências do bilinguismo, de acordo com uma abordagem interdisciplinar -
psicolinguística e sociolinguística – na manifestação e compreensão de emoções, bem como,
de alguma forma, «desmistificar» as ocorrências de
code-switching
e
code
-
mixing
dentro
desta perspectiva emocional e afetiva.
No que diz respeito aos bilíngues
per si
, no caso de diferenças individuais ou até
mesmo à própria visão geral desse fenômeno que abrange grande parte mundo (como no caso
dos imigrantes, refugiados e acolhidos), estudos relacionados ao bilinguismo ainda carecem
de uma base e estrutura mais consolidada. Há necessidade, portanto, de trazer mais
informações à população, a fim de esclarecer alguns pensamentos e definições, muitas vezes
equivocadas. Com o grande número de famílias que deixaram seus países de origem, que hoje
criam os filhos em países de língua e culturas diferentes, é comum que esses pais se sintam
inseguros e receosos quanto à educação que devem possibilitar aos seus filhos. Aparecem,
nestes contextos, as diversas dúvidas e ‘medos’ relacionados com o bilinguismo e identidade
cultural; aquisição e aprendizagem de línguas, integração e pertença a um determinado grupo
social.
A reflexão e algumas pequenas observações aqui apresentadas procuram, de forma
sucinta e objetiva, sustentar informações relevantes baseadas em estudos empíricos sobre o
processamento da linguagem em bilíngues e monolíngues, a relação dos bilíngues com as
emoções em cada língua, e as consequências do bilinguismo ao longo da vida.
Estudos e definição de bilinguismo
Tradicionalmente, a área do bilinguismo investiga a competência e desempenho dos
f
alantes que se comunicam em duas ou mais línguas, em uma perspectiva do próprio
fenômeno do bilinguismo. Recentemente, surgiram preocupações sobre as limitações desses
estudos nesta perspectiva, o que fez com que essa visão fosse ampliada e que esses estudos
também fossem examinados e analisados como fenômenos de aquisição trilíngue, aquisição
de terceira língua, competência e performance dos falantes multilíngues (CENOZ;
HUFEISEN; JESSNER, 2001; 2003).
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Na área da aquisição de segunda língua (SLA),
competência
é designada como o
conhecimento inconsciente que o falante tem da linguística, sociolinguística, e princípios
comunicativos que lhe permitem a interpretação de uma língua em particular e tipicamente
deduzida através de testes metalinguísticos. Seguindo as recentes evoluções na área da
antropologia linguística, a
performance
, refere-se não somente à língua em uso, como também
às construções criativas, uma vez que, o indivíduo recorre à criatividade tanto na
aprendizagem de uma LE (língua estrangeira) como na aquisição da sua Língua Materna
(LM). Finalmente, a
proficiência
, se refere em geral, ao nível de conquistas, feitos e
realizações em uma língua em particular, em relação a habilidades como a escrita e a fala, que
são medidos através de testes padrão (PAVLENKO, 2007).
No que concerne à história e tradição da área do bilinguismo, neste trabalho o termo
bilinguismo
é designado como a àrea de pesquisa que examina tanto o bilinguismo, como o
multilinguismo (BAKER, 2011; LUNA; RINGBERG; PERACCHIO, 2008; ROMAINE,
2001). Fenômenos estes, que se empenham em estudar e analisar a produção, o processo,
desenvolvimento e compreensão de duas ou mais línguas.
O bilinguismo é definido de diferentes modos de acordo com o contexto em que é
inserido. Bloomfield (1933) e seu pensamento filiado à linguística estrutural, onde
conceptualização é homogênea, define uma pessoa bilíngue como aquela que pode falar duas
línguas com a mesma fluência de nativos, ou seja, o conhecimento e uso perfeito de uma ou
mais línguas. Para Weinreich (1953), o bilinguismo seria o uso alternado de duas línguas. Já
de acordo com Haugen (1953), o bilinguismo começaria com a habilidade de produzir
sentenças completas e com sentido na segunda língua. E, finalmente, de acordo com Edwards
(2004), as primeiras definições de bilinguismo se limitavam apenas a defini-lo como o uso
perfeito de duas línguas diferentes. Contudo, as definições mais recentes permitem uma maior
variação do que é a definição e do que sejam as competências do indivíduo bilíngue.
Para Grosjean (1985) ser bilíngue não se resume a dois monolíngues em uma só
pe
ssoa. Na perspectiva da psicolinguística, o bilinguismo pode ser o conhecimento e uso de
duas ou mais línguas, e a apresentação de informações em duas línguas ou dialetos diferentes
no dia-a-dia (GROSJEAN, 2013). Segundo o autor, essa definição incluiria desde o imigrante
que fala com dificuldade a língua do país que o acolheu (razões de sobrevivência e cidadania)
até o intérprete profissional que é totalmente fluente nas duas línguas (razões profissionais e
económicas). E assim compreende-se que, para além da diversidade entre os falantes, de
modo geral, todos compartilham de algo em comum, todos utilizam duas ou mais línguas no
cotidiano.
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Butler (2013) dividem o bilinguismo em três diferentes categorias, seguindo a
tipologia inicialmente proposta por Weinreich (1953) em relação à organização de códigos
linguísticos e unidades de significado na memória: o bilinguismo
composto
,
coordenado
e
subordinado
. No bilinguismo composto são processados, simultaneamente, dois códigos
linguísticos. Neste tipo de bilinguismo, os vocábulos “livro” e “book” possuem o mesmo
conceito. Pode-se tomar por exemplo uma criança que adquire, ao mesmo tempo, duas línguas
dada a exposição e input que tem a ambas, vivendo num ambiente bilíngue.
No bilinguismo coordenado, os códigos linguísticos estão separados, cada qual com
seu conjunto de unidades de significado. Assim, recorrendo ao exemplo anterior, “livro” e
“book” têm unidades de significado distintas para uma criança em idade escolar que utiliza
uma língua em casa e outra língua diferente em âmbito de aprendizagem formal/escolar,
(WEINREICH, 1953). Quanto ao bilinguismo subordinado, os códigos linguísticos da
segunda língua (L2) são interpretados pela filtragem através da primeira (L1), ou seja, o
lexema “book” passaria por um processo de “tradução”.
Seguindo a tipologia clássica do bilinguismo em relação à proficiência em duas
línguas, proposta primeiramente por Peal e Lambert (1962), o bilinguismo encontra-se
dividido em
balanceado
e
dominante
. No bilinguismo
balanceado
o falante apresenta
proficiência, domínio e competências iguais tanto na sua L1 como na L2. No bilinguismo
dominante
a proficiência da L2 pode variar, mas não atinge o mesmo nível de domínio e
competência da L1, ou seja, a L1 será a língua dominante.
A questão sobre como o bilinguismo pode ser definido recebe atenção universal, é
necessário compreender, antes de tudo, sua forma individual, psicológica, cultural e contexto
social para que este seja interpretado. Justifica-se assim a existente colaboração de pesquisas
em diversas áreas do saber como a antropologia, linguística, psicologia, neurociência, entre
outras.
O bilinguismo: Cultura e Identidade
O biculturalismo ainda é um tópico pouco estudado dentro da vasta área do
bi
linguismo. Bilíngues biculturais, ou somente, biculturais são aqueles indivíduos que têm
internalizadas duas diferentes culturas e são capazes de se comunicarem nas línguas
associadas a essas culturas (LUNA; RINGBERG; PERACCHIO, 2008). Frequentemente nos
deparamos com biculturais que alegam “sentir-se como uma pessoa diferente” quando falam
línguas diferentes (LAFROMBOISE; COLEMAN; GERTON, 1993). Lembramos, portanto,
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que o bilinguismo e o biculturalismo não são necessariamente, coexistentes e que é
perfeitamente possível encontrarmos pessoas bilíngues que não são biculturais. Há também
casos em que os imigrantes adquiriram uma segunda língua e aprenderam sobre a cultura do
país que os acolheu, mantendo também as suas próprias línguas e cultura de origem.
De acordo com Grosjean (2008), há um grande impacto sobre os bilíngues biculturais
a nível pessoal (psicológico / cultural) e cognitivo, e no conhecimento e processamento da
língua. Nguyen e Benet-Martinez (2007) caracterizam deste modo os indivíduos biculturais:
1. Tomam parte em diferentes níveis, de duas ou mais culturas; 2. Adaptam, ao menos em
parte, suas atitudes, comportamentos, valores, linguagens, entre outros, para esta cultura; 3.
Combinam e mesclam aspectos das culturas envolvidas. Alguns destes aspectos vêm de uma
ou de outra cultura, enquanto outros são misturas dessas culturas.
É comum dizer que os biculturais gerenciam e adaptam seu comportamento em
determinadas situações onde a troca de língua é necessária, contudo, há uma errônea
idealização de que a troca de línguas acarreta também a troca de personalidade. Se isso fosse
possível, como seria com os monoculturais? Já que eles possuem somente uma cultura para se
espelharem. Por outro lado, os biculturais são capazes de modificar seu comportamento e
atitude de acordo com a ocasião ou contexto. Em suma, biculturais mudam a sua “base
cultural” para melhor se adaptarem ao contexto cultural do ambiente em que estão. Logo, não
é a língua que influencia essa mudança, mas sim as circunstâncias e o local.
É fundamental ressaltar que a língua e a identidade possuem uma relação intrínseca,
isto é, o ato de falar a língua pertencente a uma determinada comunidade, desperta no falante,
um senso de pertença a ela. Bialystok (2009) afirma que os bilíngues estão ligados a mais de
uma comunidade étinico-cultural pela língua. Em outras palavras, o falante bilíngue não está
apenas ligado a duas línguas, ele está também ligado a dois sistemas distintos de sons e
léxicos, envoltos por um complexo contexto sócio-político-cultural, e deve saber lidar não
somente com questões linguísticas, mas também com a cultura de mais de uma comunidade.
Um estudo anterior de Nunes e Akioma (2019), evidencia que mesmo de tenra idade é
p
ossível existir já, no indivíduo, uma ideia de pertença a uma nova cultura onde a criança vive
e é educada. Na análise de um desenho pintado por Carla (nome fictício), uma criança de 6
anos de idade, caucasiana, é possível aferir, pelas cores escolhidas e explicações da criança
que ela tem fortes ligações emocionais com a China, e o fato de usar a língua portuguesa em
casa com seus pais, a língua chinesa para brincar com amigos do bairro, e a língua inglesa na
escola, em nada interfere no grande carinho e respeito que sente pelo local onde cresceu.
Carla é filha de pais brasileiros e foi no país deles que nasceu. Com perto de 1 ano de idade
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foi viver na China, numa cidade caraterizada por ter uma grande comunidade brasileira, perto
de 3.000 pessoas, e de grande vínculo ao país de origem e suas tradições. Esta comunidade
vive, inclusive, toda muito próxima. Todos os anos a família passa cerca de 2 meses no Brasil,
daí que Carla conheça bem o seu país natal. Dentre várias atividades, num estudo sobre
bilinguismo, foi pedido à criança que pintasse um desenho com cores à sua escolha e, no final,
foi-lhe pedido que explicasse as cores utilizadas.
Foi possível perceber que as cores escolhidas em muito estava relacionadas com os
sentimentos da criança, denotando-se uma ligação emocional com a China. Assim, o vestido
azul que lembra o mar da China é, provavelmente, a primeira reminiscência que tem do mar.
O vermelho, que segundo ela, é muito usado na China, alude não só à bandeira da República
Popular da China, mas também a todas as maiores festividades chinesas. Curioso, são as mãos
amarelas que, aparentemente, seriam as dela, visto que a cor dos asiáticos, conforme a
classificação dos grupos humanos em antropologia, é amarela. Há por parte da criança um
profundo enraizamento na cultura e tradições chinesas, de salientar que Carla fala português,
inglês e chinês.
Figura 1
– Pintura e respostas de Carla às perguntas feitas pelas autoras.
Fontes: Nunes e Akioma (2019)
Assim enfatiza Edwards (2004), quando afirma:
“Beyond utilitarian and unemotional
instrumentality, the heart of bilingualism is belonging”
,
isto é, muito mais do que o uso de
um ou mais sistemas linguísticos, as questões mais importantes no bilinguismo são os motivos
e fatores sociais e psicológicos envolvidos nesse processo.
Para Pavlenko (2005),
diferentes tipos de bilíngues se comportam de forma distinta,
em contextos naturais e experimentais. Simultaneamente, bilíngues biculturais podem
desenvolver representações diferentes daqueles que são considerados bilíngues sequenciais ou
tardios; e entre os bilíngues tardios, falantes de uma língua estrangeira com uma exposição
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mínima à língua alvo podem diferir dos falantes de L2 que socializam na língua alvo dentro
da comunidade. Segundo a autora, os conceitos que influenciam a língua falada seriam:
1.
Fatores individuais
que incluem as histórias de aprendizado da língua do falante, a
dominância e proficiência da língua, o grau de biculturalismo e aculturação do indivíduo e a
habilidade em dominar a questão;
2. Fatores interacionais
que incluem o contexto da
interação da língua, o estado linguístico do interlocutor (ex. Familiaridade com os falantes);
3.
Fatores linguísticos e psicolinguísticos
que incluem o grau da relação entre representações na
língua em questão (em conceitos de comparação) e o grau no qual o conceito de uma língua
pode ser expresso em outra e o valor semântico que veicula.
Recentes investigações na área do bilinguísmo em relação ao desempenho de tarefas
verbais e não-verbais em contextos naturais mostram que as representações conceituais
podem ser transformadas em socialização na língua segunda, na fase adulta. Estes resultados
são de extrema importância para estudar as implicações dos estudos do léxico mental
bilíngue. Isso sugere que as representações conceituais (testes realizados com tarefas de
nomes e reconhecimento) dos indivíduos bilíngues são um complexo e dinâmico fenômeno.
Consequências do bilinguismo no desenvolvimento cognitivo
Efeitos cognitivos positivos
Sustentado por inúmeros estudos, o bilinguismo tem sido ligado ao desenvolvimento
cognitivo de crianças e adultos revelando que ele possui vantagens e desvantagens, o que é,
muitas vezes, a preocupação principal dos pais e dos educadores.
Ellen Bialystok (2005) realizou estudos em crianças bilíngues e o desenvolvimento
cognitivo, onde concluiu que o bilinguismo acelera o desenvolvimento das funções cognitivas
em geral, relacionadas à atenção e inibição, sendo este um facilitador para o cumprimento e
processamento de tarefas onde estas funções são necessárias. Lee e Kim (2011) observaram
que os bilíngues possuem certas vantagens, e assim explica que quanto mais alto é o grau de
competência linguística do falante bilíngue, mais criativo ele é.
Num estudo realizado por Costa, Hernandez, e S
ebastián-Gallés (2008), envolvendo
jovens adultos (com uma média de 22 anos de idade) perceberam que os bilíngues tinham
uma melhor
performance
que os monolíngues em
attentional network task
(FAN
et al
., 2002).
Os autores concluiram que “esses resultados mostram que o bilinguismo exerce influência na
obtenção de eficientes mecanismos de atenção por jovens adultos que deveriam estar no auge
de suas capacidades de atenção”.
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Os estudos realizados por Bialystok, Craik e Freedman (2007) sugerem que o
bilinguismo pode proteger contra a doença de Alzheimer, uma doença que se agrava ao longo
dos anos e consiste na perda das funções cognitivas. Para dar suporte a esta suposição,
pesquisadores da área (DRISCOLL; TRONCOSO, 2011) começaram a considerar as noções
de
reserva cognitiva (RC)
e após examinarem 184 estudos de caso e analisarem pacientes
bilíngues e monolíngues com Alzheimer, observaram que os sintomas da doença nos
bilíngues aparecem quatro anos mais tarde em comparação com os monolíngues. Um estudo
mais recente realizado por Calabria
et al
. (2020) enfatiza que o bilinguismo pode contribuir
para as reservas cognitivas contra doenças neurodegenerativas, e que o bilinguismo ativo pode
ser o maior aliado para o atraso dos primeiros sintomas do Comprometimento Cognitivo Leve
(CCL). Uma meta-análise contendo vinte e um estudos referentes ao bilinguismo e proteção
contra o declínio cognitivo concluída por Anderson, Hawrylewicz e Grundy (2020) revelou
evidências de um tamanho de efeito moderado em efeitos protetivos relativos à idade do
aparecimento dos sintomas preliminares do Alzheimer, no entanto, foi constatada uma fraca
evidência de que o bilinguismo de fato previna a ocorrência dessas disfunções
neurodegenerativas. De qualquer forma, é importante salientar que, podendo o nosso cérebro
ser comparado com um músculo ele, como qualquer outro, precisa ser treinado para se manter
saudável. Hoje em dia, é cada vez mais comum encontrar indivíduos com mais de 65 anos a
aprender novas línguas, artes e ofícios, havendo a noção de que o nosso cérebro precisa ser
constantemente surpreendido e estimulado.
Os estudos de Bialystok (2018) indicam que os falantes bilíngues experimentam
diferentes “adaptações bilíngues” ao longo de suas vidas, como por exemplo: os bebês que
crescem em um ambiente bilíngue desenvolvem diferentes estratégias de atenção; Já na
infância, as crianças bilíngues são mais adeptas de tarefas baseadas em conflitos e por conta
disso, podem ter um vocabulário reduzido em uma das línguas; nos jovens adultos, há
mudanças consistentes nas propriedades estruturais e funcionais do cérebro; nos idosos,
entende-se que são mais resilientes ao declínio cognitivo e sintomas de demência.
Genesse (2010) recomenda que para alcançar totais benefícios cognitivos na instrução
e letramento de um bilinguismo proficiente, todas as crianças deveriam ter acesso a uma
educação bilíngue, a fim de prepará-las para a sociedade globalizada dos dias atuais.
Os estudos acima mencionados defenderam uma correlação positiva entre o
b
ilinguismo e a cognição, embora ainda encontremos alguma resistência e insegurança
referentes à educação bilíngue. Portanto, é fundamental que mais pesquisas nesta área venham
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apresentar evidências empíricas sobre os efeitos benéficos da educação bilíngue, não somente
na cognição e tarefas linguísticas, como também os benefícios socioculturais e interacionais.
Efeitos cognitivos desfavoráveis
Estudos prévios da década de 1920 (eg., BERRY, 1922; GIARDINI; ROOT, 1923;
JORDAN, 1921; RIGG, 1928), apontavam uma correlação negativa a respeito da relação
entre o bilinguismo e a cognição. Provavelmente, este fato foi influenciado pela falta de rigor
experimental e também pela visão sociopolítica anti-imigração que prevalecia nos Estados
Unidos nessa época. Estes resultados desfavoráveis à cognição perduraram até
aproximadamente a década de 60. Baker (2008) afirma que o resultado dominante da maioria
dos estudos desse tempo era de que os bilíngues eram inferiores aos monolíngues,
particularmente em termos de competência verbal.
Esses estudos tinham em comum graves debilidades metodológicas e também
estatísticas. Além do mais, os estudos desse período não levavam em consideração alguns
fatores adicionais como indicadores socio-econômicos, situação escolar e aspectos
emocionais (HOFFMANN, 1991:121).
No que diz respeito aos indivíduos bilíngues, foram constatadas algumas evidências de
desvantagens no domínio e produção de palavras em relação aos monolíngues. Por exemplo,
os bilíngues são mais lentos ao falar os nomes das gravuras, em ambas as línguas, em
comparação com os monolíngues (IVANOVA; COSTA, 2008). Estudos de Gollan, Montoya
e Bonanni, 2005 e de Gollan
et al
., 2008 sugeriram que os bilíngues sofrem de uma grande
dificuldade associada ao “rótulo” das palavras devido ao grande número de palavras presentes
em ambas as línguas. Sendo assim, este crescente número de palavras leva a uma fraca
conexão entre cada palavra e um conceito em particular. Esses efeitos não acontecem somente
com bilíngues, mas também com monolíngues, porém a ocorrência nos últimos é menos
frequente.
Estudos focados em perceber a opinião dos pais sobre a criação de um filho
bi/multilíngue, evidenciam a existência de alguma confusão o que deixa os pais apreensivos,
temendo a perda de sua "língua materna", podendo assim, enfrentar dificuldades no
desenvolvimento do senso de pertencimento a um grupo, e também, consequentes problemas
de socialização de seus filhos. A tabela, retirada de Nunes e Akioma (2019), retrata as
opiniões resumidas dos pais sobre os prós e contras da educação bilíngue infantil.
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A Criança bi e multilíngue – Ultrapassando mitos e obstáculos: Uma breve síntese sobre o bilinguismo
Rev. EntreLínguas,
Araraquara, v. 8, n. 00, e022043, jan./dez. 2022. e-ISSN: 2447-3529
DOI: https://www.doi.org/10.29051/el.v8i00.15250
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Tabela 1
– Vantagens e desvantagens do ensino bilíngue de acordo com os pais entrevistados
no estudo
Fontes: Nunes e Akioma (2019)
Como se pode verificar pela tabela 1, os pais continuam preocupados com questões
relacionados com a expressão de sentimentos, problemas de fluência e compreensão, perda da
língua materna, dificuldades de socialização e integração e, ainda, atraso na linguagem. Ainda
que possam perceber que uma criança-indivíduo bilíngue tenha maiores e melhores
oportunidades de trabalho, que seja mais independente e acolha melhor diferentes culturas e
pensamentos os pais não querem de modo algum perceber algum tipo de ‘atraso’ nos filhos. A
preservação destas ideias não é ‘culpa’ exclusiva dos pais, uma vez que é ainda bastante
comum encontrar professores, médicos, psicólogos e outros profissionais que aconselham os
pais a não os criar como bilíngues uma vez que essa opção lhes pode trazer muitos problemas.
Essas dificuldades explicadas aos pais como criadoras de grande confusão e cansaço mental,
problemas de identidade, atraso na aquisição e desenvolvimento da linguagem da criança e,
até causadoras de esquizofrenia (HUANG, 2017. p. 132) fazem com que, evidentemente, os
pais queiram ‘proteger’ os filhos.
É cada vez mais importante que estes mitos e concomitantes medos sejam
desconstruídos, especialmente, tendo em conta o mundo globalizado em que vivemos e a
necessidade de cidadãos bi ou multilingues ativos que consigam movimentar-se em qualquer
ambiente cultural, social e, claro linguístico.
As emoções e o bilinguismo
De acordo com Scherer (2005), a emoção é um acontecimento em que existem várias
mudanças que se encontram interligadas e que são a resposta do nosso organismo a um
estímulo, podendo ser interno ou externo. Damásio (1996) explica a emoção como
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Um processo avaliatório mental, simples ou complexo, com respostas
disposicionais e esse processo, na sua maioria dirigidas ao corpo [...]
resultando num estado emocional do corpo [...] dirigidas ao próprio cérebro
(núcleos neurotransmissores no tronco cerebral), resultando em alterações
mentais adicionais.
Cada uma das emoções contempla uma família ou estados com ela relacionados.
Muito embora o Ser Humano acredite conseguir controlar suas emoções, estas são
muito mais “visíveis” do que se possa pensar, daí o desenvolvimento de várias subáreas do
saber ligadas a linguística clínica, neurolinguística, psicolinguística e linguística forense.
Começa-se a entender o indivíduo, desde tenra idade, pela forma como se expressa,
escolhendo uma ou outra língua para expressar diferentes sentimentos ou emoções.
Em suma, a emoção é uma mistura entre respostas psicológicas, cognitivas, fenômenos
(biológicos, físicos e culturais) e comportamentos complexos, conforme Ortony e Turner
(1990).
Ainda que estudos relacionados ao papel das emoções no aprendizado de uma nova
língua sejam limitados, pesquisadores da área enfatizam as questões entre a língua e as
emoções, deixando carecer o caso da língua das emoções.
Arsenian (1945) foi o primeiro a oferecer um estudo mais compreensível sobre o
bilinguismo, no qual incluía também uma análise de valores afetivos. Weinreich (1953), em
seu texto
Languages in Contact,
comenta que bilíngues podem ter uma diferente ligação
emocional com suas línguas e que envolvimentos emocionais como a amizade, o romance, o
orgulho de viver em um novo país cria laços afetivos que podem conflitar ou até mesmo
substituir a língua mãe. Ele também enfatiza o fenômeno do
empréstimo afetivo,
isto é, o uso
de categorias lexicais e gramaticais de uma língua para realçar a afetividade na outra língua.
Para Fussell (2002) As emoções têm um papel crucial na vida tanto dos monolíngues
como na dos bi-multilíngues. Compartilhar emoções durante interações pessoais ou através de
comunicações escritas, é uma atividade social essencial, e é também uma habilidade que ajuda
a nos manter fisicamente e mentalmente saudáveis.
Estudos psicolinguísticos relacionados com o bilinguismo mostraram que os bilíngues
e
xperimentam uma distância emocional entre a primeira e a segunda língua. Javier e Marcos
(1989) sugerem que o indivíduo ao trocar para a segunda língua, poderia representar uma
tentativa de evitar condições de ansiedade. Outros estudos apontaram que a ansiedade pode
ser provocada por razões emocionais. Entrevistas com bilíngues tardios feitas por Grosjean
(1982) e estudos de caso com bilíngues tardios em terapia indicaram, para a grande maioria,
que os envolvimentos pessoais são expressados na primeira língua e assuntos indiferentes, na
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segunda língua (AMATI-MEHLER; ARGENTIERI; CANESTRI, 1990. Destacamos,
portanto, que é completamente compreensível que os bilíngues, especialmente aqueles que
vivem em função de dois ou mais ambientes linguísticos, estejam conectados emocionalmente
a essas comunidades linguísticas em níveis diferenciados.
Em oposição aos argumentos anteriores, Aneta Pavlenko (2007), linguista e
pesquisadora nascida na Ucrânia e radicada nos Estados Unidos da América, em seu livro
Emotions and Multilingualism,
declara que pensar na primeira língua (L1) como sendo a
língua das emoções e tratar a segunda língua (L2) como uma língua indiferente é tornar
simples demais a relação entre as línguas, emoções, e identidades no bi-multilinguismo. E que
se assim fosse, a questão da língua do coração dos indivíduos bi-multilíngues seria
erroneamente interpretada, porque não há uma referência única para este assunto e diferentes
respostas podem surgir dependendo da própria interpretação da língua.
Outro estudo de caso sobre o atrito da língua inglesa (L2) realizado por Tomiyama
(1999) em uma criança japonesa de oito anos de idade, revelou que a criança perdia a
confiança e a competência ao expressar sentimentos na L2, e que somente alternando para a
L1 é que conseguia fazer declarações mais emocionais e afetivas.
Deste modo, essas descobertas nos guiam para os fatores afetivos que causam impacto
na alternância de códigos e a escolha da língua (
language-choice
).
Estudos realizados por Akioma (2018), indicaram que as crianças da educação infantil
em uma escola brasileira na China, já possuem suas preferências linguísticas ao se
comunicarem em diferentes situações e contextos. Existem mesmo algumas crianças que,
sendo falantes de língua materna portuguesa, chegam a confidenciar que não sabem brincar
em Português, dado que o contexto mais lúdico com os amigos e colegas – dada a diversidade
linguística – acontece em inglês. Educadores da escola brasileira afirmam que essa mistura e
alternância de códigos se tornaram algo normal, fazendo parte do cotidiano dessas crianças
desde tenra idade. Assim explica a secretária-geral Raquel, quando declara:
“Sai todas as línguas (risos) saem as três línguas mais faladas aqui: o
português, o inglês e o chinês. Uma hora eles estão falando em português,
outra hora ... principalmente aqui na educação infantil, a gente observa muito
quando eles estão brincando e eles começam a falar em inglês, assim...
naturalmente! Para eles é natural isso [...] eles acabam assim,
automaticamente, sem se darem conta […] alunos com mães chinesas
brincam muito em chinês também”
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Deste modo podemos observar que, enquanto ainda muito pequenos, é natural para
eles a frequente mistura e/ou alternância de línguas, sem que haja qualquer impedimento à
comunicação e inteligibilidade. Gradativamente, com o crescimento cognitivo e
metalinguístico das crianças, a mistura de línguas vai diminuindo e o indivíduo se adapta à
situação, contexto e interlocutor para melhor comunicar e expressar seus sentimentos.
Considerações finais e sugestões para futuros estudos
Nesta síntese, foram apresentadas definições referentes à vasta área do bilinguismo,
abrangendo relevantes tópicos sobre o impacto do bilinguismo no desenvolvimento cognitivo,
biculturalismo e identidade, adjuntamente com a concepção das emoções.
O bilinguismo é um fenômeno ainda muito complexo que envolve inúmeros fatores
internos e externos que ainda não foram discutidos detalhadamente, como no caso das funções
executivas (atenção, controle inibitório e memória), a produção e percepção oral numa análise
do desenvolvimento fonológico, leitura bilíngue, questão da identidade e senso de
pertencimento, entre outras. Assim, salienta-se a importância de mais estudos relacionados ao
bilinguismo, enfatizando que o que aqui descrevemos e apresentamos deve ser visto como
uma análise generalizada. No entanto, este trabalho está solidamente embasado das mais
clássicas às mais recentes bibliografias sobre o bilinguismo, apresentando exemplos e
testemunhos que, de certo modo, nos podem permitir questionar ou mesmo derrubar muitas
das dúvidas e receios que existem dentro do bi e multilinguismo que são, afinal, comuns nas
sociedades contemporâneas.
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https://www.doi.org/10.29051/el.v8i00.15250.
Submetido em
: 29/11/2021
Revisões requeridas em
: 10/01/2022
Aprovado em
: 20/02/2022
Publicado em
:
30/03/2022
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The bi-multilingual child – Overcoming miths and barriers: A brief overview of bilingualism
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1
THE BI-MULTILINGUAL CHILD – OVERCOMING MITHS AND BARRIERS: A
BRIEF OVERVIEW OF BILINGUALISM
A CRIANÇA BI E MULTILÍNGUE – ULTRAPASSANDO MITOS E OBSTÁCULOS:
UMA BREVE SÍNTESE SOBRE O BILINGUISMO
EL NIÑO BI Y MULTILINGÜE – SUPERANDO MITOS Y OBSTÁCULOS: UNA
BREVE SÍNTESIS SOBRE EL BILINGÜISMO
Miriam AKIOMA
1
Ana Margarida Belém NUNES
2
ABSTRACT
: The present study represents a literature review on the area of bilingualism, in
which it is intended to highlight some natural characteristics of bi- or multilingual speakers. It
also aims to describe this important phenomenon, which is often shrouded in myths,
uncertainties and misunderstandings on the part of parents, as well as some health
professionals and teachers. Following the evolutionary chronology studies on bilingualism
and behavior are also described, the bilingual cognitive development, and their possible
advantages and disadvantages. It also addresses the existing connections between bilingualism
and emotion in both the linguistic-social and psychological scope. Initial results are presented
in the scope of bi-multilingualism in children, focusing on aspects such as the feeling of
belonging to a social group, language-choice, fears and uncertainties of parents regarding
bilingual education.
KEYWORDS
: Bilingualism. Cognitive development. Bilingual behavior. Emotion. Identity.
RESUMO
: O presente estudo representa uma revisão de literatura sobre a área do
bilinguismo, no qual se pretende evidenciar algumas caraterísticas naturais de falantes
bilíngues ou multilíngues. Tem como objetivo também, descrever este importante fenômeno
que, muitas vezes, está envolto por mitos, incertezas e equívocos tanto do lado dos pais, como
de alguns profissionais da saúde e professores. Seguindo a cronologia da evolução dos
estudos sobre o bilinguismo e comportamento, descrevem-se ainda desenvolvimento cognitivo
bilíngue, e suas possíveis vantagens e desvantagens. Aborda também as conexões existentes
entre o bilinguismo e a emoção tanto no escopo linguístico-social como psicológico. São
apresentados resultados iniciais no âmbito do bi-multilinguismo em crianças focando-nos em
aspectos como o sentimento de pertença a um grupo social, language-choice, e também
receios e incertezas dos pais quanto à educação bilíngue.
1
University of Macau (ONE), Taipa – Macau. PhD student and assistant researcher in Neurosciences at the
Center from Sciences Cognitive and Brain scans of the Faculty of Health Sciences. Master's degree in Applied
Linguistics from the Faculty of Arts and Humanities. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-8653-131X. E-mail:
miriam.akioma@gmail.com
2
University of Macau (ONE), Taipa – Macau. Associate Professor, Department of Portuguese the Faculty of
Arts and Humanities. PhD in Clinical Linguistics by the University of Aveiro, Portugal.ORCID:
ht
tps://orcid.org/0000-0001-6003-872X. E-mail: ananunes@um.edu.mo
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Miriam AKIOMA and Ana Margarida Belém NUNES
Rev. EntreLínguas,
Araraquara, v. 8, n. 00, e022043, Jan./Dec. 2022. e-ISSN: 2447-3529
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2
PALAVRAS-CHAVE
: Bilinguismo. Desenvolvimento cognitivo. Comportamento bilíngue.
Emoção. Identidade.
RESUMEN
:
El presente estudio representa una revisión de la literatura sobre el ámbito del
bilingüismo, en la que se pretende destacar algunas características naturales de los
hablantes bilingües o multilingües. Tiene como objetivo también, describir este importante
fenómeno que, muchas veces está envuelto por mitos, incertidumbres e malentendidos tanto
por parte de los padres, así como de algunos profesionales de la salud y profesores.
Siguiendo la cronología evolutiva de los estudios sobre el bilingüismo y comportamiento se
discriben etapas del desarrollo cognitivo bilingüe, y sus posibles ventajas y desventajas.
También aborda las conexiones existentes entre bilingüismo y la emoción tanto en el ámbito
lingüístico-social como psicológico. Los primeros resultados se presentan en el ámbito del bi-
multilingüismo en los niños, centrándose en aspectos como el sentimiento de pertenencia a un
grupo social, language-choice, los miedos e incertidumbres de los padres con respecto a la
educación bilingüe.
PALABRAS CLAVE
:
Bilingüismo. Desarrollo cognitivo. Comportamiento bilingue.
Emoción. Identidad.
Introduction
We know that language, in its different forms, is the main instrument of
communication used by man to interact with the world and, in particular, language is seen as a
system of specific codes, recognized by a particular community of which it is a part. For
Tomasello (2010, our translation)
[...] Language, or rather linguistic communication, is not a type of object,
formal or other, is a form of social action constituted by social conventions
to achieve social purposes, based on at least some shared understandings and
shared purposes between users.
Hamers and Blanc (2000) claim that with globalization, migration of people increases
and contact with new and different cultures is inevitable, resulting in a significant number of
multicultural societies. These mixed communities lead to bi-multilingual families, whose
children grow up and identify with more than one culture, and in many circumstances speak
different languages to communicate with their own parents, who speak different languages.
According to Shaffer and Kipp (2010) "the acquisition of language is clearly a holistic process
intertwined with the cognitive and social development of the child and with the social and
cultural life of the child".
Bilingualism is already a common phenomenon in today's world and is not exclusive
t
o, nor privilege, of any specific social class. Over time, one has been trying to understand not
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The bi-multilingual child – Overcoming miths and barriers: A brief overview of bilingualism
Rev. EntreLínguas,
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only the process itself, but also the cognitive effects that bilingualism can bring, as well as its
positive or negative effects.
In the work we propose here, the main objective is to highlight some of the possible
influences of bilingualism, according to an interdisciplinary approach - psycholinguistic and
sociolinguistic - in the manifestation and understanding of emotions, as well as, in some way,
"demystify"
the occurrences of code-switching
and code-mixing within this emotional and
affective perspective.
With regard to bilingual
si
, in the case of individual differences or even the very
overview of this phenomenon that covers much of the world (as in the case of immigrants,
refugees and those welcomed), studies related to bilingualism still lack a more consolidated
basis and structure. There is a need, therefore, to bring more information to the population in
order to clarify some thoughts and definitions, often mistaken. With the large number of
families who have left their countries of origin, who today raise their children in countries of
different languages and cultures, it is common for these parents to feel insecure and afraid
about the education they should provide for their children. In these contexts, the various
doubts and 'fears' related to bilingualism and cultural identity appear; acquisition and learning
of languages, integration and membership of a particular social group.
The reflection and some small observations presented here seek, in a succinct and
objective way, to sustain relevant information based on empirical studies on the processing of
language in bilingual and monolingual, the relationship of bilinguals with emotions in each
language, and the consequences of bilingualism throughout life.
Studies and definition of bilingualism
Traditionally, the area of bilingualism investigates the competence and performance of
speakers who communicate in two or more languages, from a perspective of the phenomenon
of bilingualism itself. Recently, concerns arose about the limitations of these studies in this
perspective, which made this view expanded and that these studies were also examined and
analyzed as phenomena of trilingual acquisition, acquisition of third language, competence
and performance of multilingual speakers (CENOZ; HUFEISEN; JESSNER, 2001; 2003).
In the area
of second language acquisition (SLA),
competence
is designated as the
unconscious knowledge that the speaker has of linguistics, sociolinguistics, and
communicative principles that allow him to interpret a particular language and typically
deduced through metalinguistic tests. Following recent developments in the area of linguistic
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Miriam AKIOMA and Ana Margarida Belém NUNES
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anthropology,
performance refers
not only to the language in use, but also to creative
constructions, since the individual uses creativity both in learning a LE (foreign language) and
in the acquisition of his Mother Tongue (LM). Finally, proficiency generally refers to the
level of achievements in a particular language, concerning skills such as writing and speech,
which are measured through standard tests (PAVLENKO, 2007).
With regard to the history and tradition of bilingualism, in this work the term
bilingualism
is designated as the research area that examines both bilingualism and
multilingualism (BAKER, 2011; LUNA; RINGBERG, 2014. PERACCHIO, 2008;
ROMAINE, 2001). These phenomena, which strive to study and analyze the production,
process, development and understanding of two or more languages.
Bilingualism is defined in different ways according to the context in which it is
inserted. Bloomfield (1933) and his thought affiliated with structural linguistics, where
conceptualization is homogeneous, defines a bilingual person as one who can speak two
languages with the same fluency as native speakers, that is, the knowledge and perfect use of
one or more languages. For Weinreich (1953), bilingualism would be the alternating use of
two languages. Already according to Haugen (1953), bilingualism would begin with the
ability to produce complete sentences and with meaning in the second language. And finally,
according to Edwards (2004), the first definitions of bilingualism were limited only to
defining it as the perfect use of two different languages. However, the most recent definitions
allow a greater variation of what is the definition and what are the skills of the bilingual
individual.
For Grosjean (1985) to be bilingual is not just two monolinguals in one person. From
the perspective of psycholinguistics, bilingualism can be the knowledge and use of two or
more languages, and the presentation of information in two different languages or dialects in
everyday life (GROSJEAN, 2013). According to the author, this definition would include
from the immigrant who speaks with difficulty the language of the country that welcomed
him (reasons for survival and citizenship) to the professional interpreter who is fully fluent in
both languages (professional and economic reasons). And so, it is understood that, in addition
to the diversity among speakers, in general, everyone shares something in common, all use
two or more languages in everyday life.
Butler (2013) divide b
ilingualism into three different categories, following the
typology initially proposed by Weinreich (1953) concerning the organization of linguistic
codes and units of meaning in memory: compound, coordinated and subordinate
bilingualism
.
In compound bilingualism, two language codes are processed simultaneously. In this type of
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bilingualism, the words "book" and "tome" have the same concept. One can take for example
a child who acquires, at the same time, two languages given the exposure and input he has to
both, living in a bilingual environment.
In coordinated bilingualism, linguistic codes are separated, each with its set of units of
meaning. Thus, using the previous example, "book" and " tome" have different units of
meaning for a school-age child who uses a language at home and another language different
in the context of formal/school learning, (WEINREICH, 1953). As for subordinate
bilingualism, the linguistic codes of the second language (L2) are interpreted by filtering
through the first (L1), i.e., the lexeme "book" would go through a process of "translation".
Following the classical typology of bilingualism concerning proficiency in two
languages, proposed first by Peal and Lambert (1962), bilingualism is divided
into balanced
and
dominant
. In balanced bilingualism
, the speaker
presents proficiency, mastery and equal
competencies in both L1 and L2. In the dominant bilingualism, l2 proficiency may vary, but it
does not reach the same level of dominance and competence of L1, i.e., L1 will be the
dominant language.
The question of how bilingualism can be defined receives universal attention, it is
necessary to understand, first of all, its individual, psychological, cultural and social context
for it to be interpreted. Thus, the existing collaboration of research in various areas of
knowledge such as anthropology, linguistics, psychology, neuroscience, among others is
justified.
Bilingualism: Culture and Identity
Biculturalism is still a little studied topic within the vast area of bilingualism.
Bilingual bicultural, or only, bicultural are those individuals who have internalized two
different cultures and are able to communicate in the languages associated with these cultures
(LUNA; RINGBERG, 2014. PERACCHIO, 2008). We often come up with bicultural who
claim to "feel like a different person" when speaking different languages (LAFROMBOISE;
COLEMAN; GERTON, 1993). We remind, therefore, that bilingualism and biculturalism are
not necessarily coexisting and that it is quite possible to find bilingual people who are not
bicultural. There are also cases where immigrants have acquired a second language and
learned about the culture of the country that welcomed them, while also maintaining their own
languages and culture of origin.
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According to Grosjean (2008), there is a great impact on bilingual bicultural at the
personal (psychological/cultural) and cognitive level, and on the knowledge and processing of
the language. Nguyen and Benet-Martinez (2007) thus characterize bicultural individuals: 1.
Take part in different levels of two or more cultures; 2. Adapt, at least in part, their attitudes,
behaviors, values, languages, among others, to this culture; 3. Combine and blend aspects of
the cultures involved. Some of these aspects come from one or the other culture, while others
are mixtures of these cultures.
It is common to say that bicultural people manage and adapt their behavior in certain
situations where language exchange is necessary, however, there is an erroneous idealization
that language exchange also entails the exchange of personality. If that were possible, what
would it be like with monocultural son? Since they have only one culture to mirror. On the
other hand, bicultural subjects are able to modify their behavior and attitude according to the
occasion or context. In slight, bicultural change their "cultural base" to better adapt to the
cultural context of the environment in which they are. Therefore, it is not the language that
influences this change, but the circumstances and the place.
It is essential to emphasize that language and identity have an intrinsic relationship,
that is, the act of speaking the language belonging to a given community, awakens in the
speaker, a sense of belonging to it. Bialystok (2009) states that bilinguals are linked to more
than one ethnic-cultural community by language. In other words, the bilingual speaker is not
only connected to two languages, he is also connected to two distinct systems of sounds and
lexicons, surrounded by a complex socio-political-cultural context, and must know how to
deal not only with linguistic issues, but also with the culture of more than one community.
A previous study by Nunes and Akioma (2019) shows that even at a young age it is
pos
sible to exist already, in the individual, an idea of belonging to a new culture where the
child lives and is educated. In the analysis of a drawing painted by Carla (fictitious name), a
6-year-old Caucasian child can measure, by the chosen colors and explanations of the child
that she has strong emotional connections with China, and the fact of using the Portuguese
language at home with her parents, the Chinese language to play with friends in the
neighborhood, and the English language at school, in no way interferes with the great
affection and respect you feel for the place where you grew up. Carla is the daughter of
Brazilian parents and it was in their country that she was born. With close to 1 year old he
went to live in China, in a city characteristic of having a large Brazilian community, close to
3,000 people, and of great connection to the country of origin and its traditions. This
community lives, even, very close. Every year the family spends about 2 months in Brazil, so
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Carla knows her home country well. Among several activities, in a study on bilingualism, the
child was asked to paint a color drawing of his choice and, in the end, he was asked to explain
the colors used.
It was possible to notice that the colors chosen in much were related to the feelings of
the child, denoting an emotional connection with China. Thus, the blue dress reminiscent of
the China Sea is probably the first reminiscence it has of the sea. Red, which she says is
widely used in China, alludes not only to the flag of the People's Republic of China, but also
to all major Chinese festivities. Curious, it is the yellow hands that, apparently, would be hers,
since the color of Asians, according to the classification of human groups in anthropology, is
yellow. There is a deep rooted in Chinese culture and traditions on the part of the child, to
point out that Carla speaks Portuguese, English and Chinese.
Figure 1
- Carla's painting and answers to the questions asked by the authors.
Source: Nunes e Akioma (2019)
Edwards (2004) emphasizes, when he states:
"Beyond utilitarian and unemotional
instrumentality, the heart of bilingualism is belonging",
that is, much more than the use of one
or more language systems, the most important issues in bilingualism are the reasons and
social and psychological factors involved in this process.
For Pavlenko (2005), different types of bilinguals behave differently, in natural and
experimental contexts. At the same time, bilingual bicultural scans may develop different
representations from those that are considered sequential or late bilingual; and among late
bilinguals, speakers of a foreign language with minimal exposure to the target language may
differ from L2 speakers who socialize in the target language within the community.
According to the author, the concepts that influence the spoken language would be:
1.
Individual factors
that include the learning histories of the speaker's language, the dominance
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and proficiency of the language, the degree of biculturalism and acculturation of the
individual and the ability to master the issue;
2. Interactional factors
that include the
context
of language interaction, the linguistic state of the interlocutor (e.g. Familiarity with speakers);
3. Linguistic and psycholinguistic factors
that include the degree of the relationship between
representations in the language in question (in concepts of comparison) and the degree to
which the concept of one language can be expressed in another and the semantic value it
conveys.
Recent investigations in the area of bilingualism concerning the performance of verbal
and non-verbal tasks in natural contexts show that conceptual representations can be
transformed into socialization in the second language, in adulthood. These results are
extremely important to study the implications of bilingual mental lexicon studies. This
suggests that the conceptual representations (tests performed with name and recognition tasks)
of bilingual individuals are a complex and dynamic phenomenon.
Consequences of bilingualism on cognitive development
Positive cognitive effects
Supported by numerous studies, bilingualism has been linked to the cognitive
development of children and adults revealing that it has advantages and disadvantages, which
is often the main concern of parents and educators.
Ellen Bialystok (2005) conducted studies in bilingual children and cognitive
development, where she concluded that bilingualism accelerates the development of cognitive
functions in general, related to attention and inhibition, which is a facilitator for the
fulfillment and processing of tasks where these functions are necessary. Lee and Kim (2011)
observed that bilinguals have certain advantages, and thus explains that the higher the degree
of linguistic competence of the bilingual speaker, the more creative it is.
In a study conducted by Costa, Hernandez, and Sebastián-Gallés (2008), involving
young adults (with an average of 22 years of age)
they realized that bilinguals performed
better than
monolinguals
in attentional network task
(ANA
et al
., 2002). The authors
concluded that "these results show that bilingualism influences the achievement of efficient
care mechanisms for young adults who should be at the peak of their attention capacities".
Studies by Bialystok, Craik and Freedman (2007) suggest that bilingualism can protect
a
gainst Alzheimer's disease, a disease that worsens over the years and consists of the loss of
cognitive functions. To support this assumption, researchers in the field (DRISCOLL;
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TRONCOSO, 2011) began to consider the cognitive
reserve (CR)
views and
after examining
184 case studies and analyzing bilingual and monolingual patients with Alzheimer's, observed
that the symptoms of the disease in bilinguals appear four years later compared to
monolingual patients. A more recent study conducted by Calabria
et al
. (2020) emphasizes
that bilingualism can contribute to cognitive reserves against neurodegenerative diseases, and
that active bilingualism may be the greatest ally for the delay of the first symptoms of Mild
Cognitive Impairment (CLC). A meta-analysis containing twenty-one studies on bilingualism
and protection against cognitive decline completed by Anderson, Hawrylewicz and Grundy
(2020) revealed evidence of a moderate effect size in age-related protective effects of the
onset of primary Alzheimer's symptoms, however, weak evidence was found that bilingualism
actually prevents the occurrence of these neurodegenerative dysfunctions. Anyway, it is
important to point out that, and our brain can be compared to a muscle it, like any other, needs
to be trained to stay healthy. Nowadays, it is increasingly common to find individuals over 65
to learn new languages, arts and crafts, and there is a notion that our brain needs to be
constantly surprised and stimulated.
Bialystok studies (2018) indicate that bilingual speakers experience different
"bilingual adaptations" throughout their lives, such as: babies who grow up in a bilingual
environment develop different care strategies; In childhood, bilingual children are more adept
at conflict-based tasks and because of this, they may have a reduced vocabulary in one of the
languages; in young adults, there are consistent changes in the structural and functional
properties of the brain; in the elderly, they are understood to be more resilient to cognitive
decline and symptoms of dementia.
Genesse (2010) recommends that in order to achieve full cognitive benefits in the
education and literacy of a proficient bilingualism, all children should have access to bilingual
education in order to prepare them for today's globalized society.
The above-mentioned studies advocated a positive correlation between bilingualism
and cognition, although we still encounter some resistance and insecurity regarding bilingual
education. Therefore, it is essential that more research in this area presents empirical evidence
on the beneficial effects of bilingual education, not only on cognition and linguistic tasks, but
also the sociocultural and interactional benefits.
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Unfavorable cognitive effects
Previous studies of the 1920s (e.g., BERRY, 1922; GIARDINI; ROOT, 1923;
JORDAN, 1921; RIGG, 1928), pointed out a negative correlation regarding the relationship
between bilingualism and cognition. Probably, this fact was influenced by the lack of
experimental rigor and also by the sociopolitical anti-immigration view that prevailed in the
United States at that time. These unfavorable results to cognition lasted until approximately
the 1960s. Baker (2008) states that the dominant result of most studies of this time was that
bilinguals were inferior to monolingual, particularly in terms of verbal competence.
These studies had in common serious methodological weaknesses and also statistics.
Moreover, the studies of this period did not take into account some additional factors such as
socio-economic indicators, school situation and emotional aspects (HOFFMANN, 1991, p.
121).
With regard to bilingual individuals, some evidence of disadvantages in the domain
and production of words concerning monolingual individuals was found. For example,
bilinguals are slower at speaking the names of the engravings in both languages compared to
the monolingual ones (IVANOVA; COAST, 2008). Studies by Gollan, Montoya and Bonanni
(2005) and Gollan
et al
(2008) suggested that bilinguals suffer from a great difficulty
associated with the "label" of words due to the large number of words present in both
languages. Thus, this growing number of words leads to a weak connection between each
word and a particular concept. These effects do not only happen with bilinguals, but also with
monolinguals, but the occurrence in the latter is less frequent.
Studies focused on perceiving the opinion of parents about the creation of a
bi/multilingual child, show the existence of some confusion that makes parents apprehensive,
fearing the loss of their "mother tongue", thus facing difficulties in developing the sense of
belonging to a group, and also are, consequent problems of socialization of their children. The
table, taken by Nunes and Akioma (2019), portrays the summarized opinions of parents on the
pros and cons of bilingual early childhood education.
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Table 1
- Advantages and disadvantages of bilingual education according to the parents
interviewed in the study
Source: Nunes e Akioma (2019)
As can be seen from Table 1, parents remain concerned with issues related to feelings
expression, fluency and comprehension problems, loss of mother tongue, difficulties in
socialization and integration, and also language delay. Although they may realize that a
bilingual child-individual has greater and better job opportunities, that it is more independent
and better welcome different cultures and thoughts parents do not want in any way to perceive
some kind of 'delay' in their children. The preservation of these ideas is not the exclusive
'fault' of parents, since it is still quite common to find teachers, doctors, psychologists and
other professionals who advise parents not to raise them as bilingual, since this option can
bring them many problems. These difficulties explained to parents as creators of great
confusion and mental fatigue, identity problems, delay in the acquisition and development of
the child's language and, even causes schizophrenia (HUANG, 2017. p. 132) make parents
obviously want to 'protect' their children.
It is increasingly important that these myths and concomitant fears be deconstructed,
especially in view of the globalized world in which we live and the need for bi or multilingual
active citizens who can move in any cultural, social and, of course linguistic environment.
Emotions and bilingualism
According to Scherer (2005), emotion is an event in which there are several changes
that are interconnected and that are our body's response to a stimulus, which can be internal or
external. Damásio (1996, our translation) explains emotion as
A mental evaluation process, simple or complex, with dispositional
responses and this process, mostly directed to the body [...] resulting in an
emotional state of the body [...] directed to the brain itself (neurotransmitter
nuclei in the brain stem), resulting in additional mental changes.
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Each of the emotions contemplates a family or related states.
Although the Human Being believes that he can control his emotions, they are much
more "visible" than one might think, hence the development of several subareas of knowledge
linked to clinical linguistics, neurolinguistics, psycholinguistics and forensic linguistics. One
begins to understand the individual, from an early age, by the way he expresses himself,
choosing one or another language to express different feelings or emotions.
In short, emotion is a mixture between psychological, cognitive, phenomena
(biological, physical and cultural) and complex behaviors, according to Ortony and Turner
(1990).
Although studies related to the role of emotions in learning a new language are
limited, researchers in the area emphasize the issues between language and emotions, leaving
the case of the language of emotions missing.
Arsenian (1945) was the first to offer a more understandable study on bilingualism,
which also included an analysis of affective values. Weinreich (1953), in his text
Languages
in Contact,
comments that bilinguals may have a different emotional connection with their
languages and that emotional involvements such as friendship, romance, pride of living in a
new country create sittees that can conflict or even replace the mother tongue. It also
emphasizes the phenomenon
of affective lending,
that is, the use of lexical and grammatical
categories of one language to enhance affectivity in the other language.
For Fussell (2002), emotions play a crucial role in the lives of both monolingual and
bi-multilingual. Sharing emotions during personal interactions or through written
communications is an essential social activity, and is also a skill that helps keep us physically
and mentally healthy.
Psycholinguistic studies related to bilingualism showed that bilinguals experience an
emotional distance between the first and second languages. Javier and Marcos (1989) suggest
that the individual when switching to the second language could represent an attempt to avoid
anxiety conditions. Other studies have pointed out that anxiety can be caused by emotional
reasons. Interviews with late bilinguals by Grosjean (1982) and case studies with late
bilinguals in therapy indicated, for the vast majority, that personal involvements are expressed
in the first language and indifferent subjects, in the second language (AMATI-MEHLER;
ARGENTIERI; CANESTRI, 1990). We highlight, therefore, that it is completely
understandable that bilinguals, especially those who live in function of two or more linguistic
environments, are emotionally connected to these linguistic communities at different levels.
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As opposed to previous arguments, Aneta Pavlenko (2007), a linguist and researcher
born in Ukraine and based in the
United States of America, in her book Emotions and
Multilingualism,
declares that thinking of the first language (L1) as the language of emotions
and treating the second language (L2) as an indifferent language is to make the relationship
between languages too simple, emotions, and identities in bi-multilingualism. And that if so,
the question of the language of the heart of bi-multilingual individuals would be
misinterpreted, because there is no single reference to this subject and different answers may
arise depending on the very interpretation of the language.
Another case study on the friction of the English language (L2) conducted by
Tomiyama (1999) in an eight-year-old Japanese child revealed that the child lost confidence
and competence when expressing feelings in L2, and that only alternating to L1 could he
make more emotional and affective statements.
Thus, these findings guide us to the affective factors that impact code switching and
language-choice
.
Studies conducted by Akioma (2018) indicated that children of early childhood
education in a Brazilian school in China already have their language preferences when
communicating in different situations and contexts. There are even some children who, being
speakers of Portuguese mother tongue, even confide that they do not know how to play in
Portuguese, given that the most playful context with friends and colleagues – given the
linguistic diversity – happens in English. Educators of the Brazilian school claim that this
mixture and alternation of codes have become something normal, being part of the daily life
of these children from an early age. Thus explains the Secretary General Raquel, when she
declares:
"All languages (laughs) come out the three most spoken languages here:
Portuguese, English and Chinese. One hour they're talking Portuguese,
another time... especially here in early childhood education, we watch a lot
when they are playing and they start speaking in English, so... naturally! For
them it is natural that [...] they end up like this, automatically, without even
noting [...] students with Chinese mothers play a lot in Chinese too"
(Our
translation)
Thus, we can observe that, while still very small, it is natural for them to frequently
m
ix and/or alternate languages, without any impediment to communication and intelligibility.
Gradually, with the cognitive and metalinguistic growth of children, the mixture of languages
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Miriam AKIOMA and Ana Margarida Belém NUNES
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decreases and the individual adapts to the situation, context and interlocutor to better
communicate and express their feelings.
Final considerations and suggestions for future studies
In this synthesis, definitions were presented regarding the vast area of bilingualism,
covering relevant topics on the impact of bilingualism on cognitive development,
biculturalism and identity, along with the conception of emotions.
Bilingualism is a still very complex phenomenon that involves numerous internal and
external factors that have not yet been discussed in detail, as in the case of executive functions
(attention, inhibitory control and memory), the production and oral perception in an analysis
of phonological development, bilingual reading, question of identity and sense of belonging,
among others. Thus, we emphasize the importance of further studies related to bilingualism,
emphasizing that what we describe and present here should be seen as a generalized analysis.
However, this work is solidly based on the most classical to the most recent bibliographies on
bilingualism, presenting examples and testimonies that, in a way, may allow us to question or
even overturn many of the doubts and fears that exist within bi and multilingualism that are,
after all, common in contemporary societies.
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https://www.doi.org/10.29051/el.v8i00.15250.
Submitted
: 29/11/2021
Revisions required
: 10/01/2022
Approved
: 20/02/2022
Published
: 30/
03/2022