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O círculo de leitura na formação de professores de Língua Inglesa: Um relato de experiência no curso de Letras
Rev. EntreLínguas,
Araraquara, v. 8, n. 00, e022044, jan./dez. 2022. e-ISSN: 2447-3529
DOI: https://www.doi.org/10.29051/el.v8i00.15310
1
O CÍRCULO DE LEITURA NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE LÍNGUA
INGLESA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA NO CURSO DE LETRAS
EL CÍRCULO DE LECTURA EM LA FORMACIÓN DE PROFESORES EM LENGUA
INGLESA: UM RELATO DE EXPERIENCIA EN EL CURSO DE LICENCIATURA EM
LETRAS
THE READING CIRCLE IN ENGLISH TEACHING DEVELOPMENT: AN
EXPERIENCE REPORT IN LETTERS GRADUATION
Elyssa Soares MARINHO
1
RESUMO
:
Este trabalho propõe descrever a experiência do círculo de leitura na disciplina de
Literatura Inglesa (drama) do curso de Licenciatura em Letras do IFCE – campus Camocim,
discutindo a importância da atividade como contribuição ao desenvolvimento do futuro
professor de inglês. Para tanto, recorremos às concepções de leitura em Koch (2006) e
Marcuschi (2008); processamento cognitivo em Evans e Green (2006); letramento em
Kleiman (2000); e aos conceitos que embasam o círculo de leitura nas aulas de literatura em
Cosson (2009; 2014). Descreve-se o percurso metodológico para a consecução do círculo de
leitura, como prática de atividade leitora e de formação de leitores literários, além de
apresentar os resultados do questionário aplicado aos alunos após a atividade. Os resultados
obtidos a partir do questionário são consonantes com as impressões adquiridas intuitivamente
em sala e mostram possíveis apontamentos para futuros círculos de leitura em aulas de
literatura inglesa nos cursos de Letras.
PALAVRAS-CHAVES
: Círculo de leitura. Formação do professor de línguas. Leitura
literária.
RESUMEN
:
Este artículo se propone describir la experiencia del círculo lector en la
asignatura de Literatura Inglesa (drama) de la licenciatura en Letras en IFCE - campus
Camocim, discutiendo la importancia de la actividad como aporte al desarrollo del futuro
profesor de inglés. Para eso, recurrimos a las concepciones de lectura de Koch (2006) y
Marcuschi (2008); procesamiento cognitivo en Evans y Green (2006); alfabetización en
Kleiman (2000); y los conceptos que subyacen al círculo de lectura en las clases de literatura
de Cosson (2009; 2014). Se describe el camino metodológico para la consecución del círculo
lector, como una práctica de la actividad lectora y la formación de lectores literarios,
además de presentar los resultados del cuestionario aplicado a los alumnos después de la
actividad. Los resultados obtenidos coinciden con las impresiones percibidas intuitivamente
en la clase y muestran posibles orientaciones para futuros círculos de lectura en las clases de
Literatura Inglesa en los cursos de Lengua.
PALABRAS CLAVE
: Círculo lector. Formación de profesores de idiomas. Lectura lite
raria.
1
Colégio Militar do Rio de Janeiro (CMRJ) Rio de Janeiro – RJ – Brasil. Professora EBTT de Inglês. Doutora
em Linguística. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-8821-4705. E-mail: lyssasmarinho@hotmail.com
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Elyssa S. MARINHO
Rev. EntreLínguas,
Araraquara, v. 8, n. 00, e022044, jan./dez. 2022. e-ISSN: 2447-3529
DOI: https://www.doi.org/10.29051/el.v8i00.15310
2
ABSTRACT
:
This article aims to describe the experience of the reading circle in English
literature (drama) course in Letters graduation at IFCE – campus Camocim, by discussing
the importance of the activity as a contribution to the development of English teacher in
development. For that, we resorted to the conceptions of reading in Koch (2006) and
Marcuschi (2008); cognitive processing in Evans and Green (2006); literacy in Kleiman
(2000); and the concepts that underlie the reading circle in literature classes in Cosson
(2009; 2014). We describe the methodological path for achieving the reading circle as a
practice of reading activity and as the formation of literary readers, in addition to presenting
the results of the survey form applied to students after the sessions. The results obtained agree
with the impressions intuitively acquired during the sessions and show possible directions for
future reading circles in English Literature classes in Language courses.
KEYWORDS
: Reading circle. Language teaching development. Literary reading.
Introdução
A Literatura faz parte da sociedade desde que começamos a nos organizar em
comunidades e a desenvolver identidade e manifestações culturais, o que, consequentemente,
fez surgir diferentes gêneros discursivos e literários na medida em que nossa interação foi
tornando-se mais complexa. Não há dúvidas quanto à importância da literatura para a
formação leitora do indivíduo, entretanto Cosson (2014) chama a atenção para o fato de que
ela já não é tão popular no cotidiano das pessoas: em 2012, a pesquisa Retratos dos Brasil
averiguou que os brasileiros leem em média 2,1 livros inteiros por ano e que 78% declaram
estar lendo com menor frequência que no passado (COSSON, 2014, p. 12).
A necessidade de intensificar o trabalho com a literatura na educação básica, a partir
da formação de leitores literários desde o início da escolarização, é um fato. Um caminho
importante a ser tomado é o engajamento dos alunos das licenciaturas em Letras, que se
tornarão os futuros professores e incentivadores da leitura na escola. O pouco estímulo à
leitura de obras canônicas em aulas de Língua Portuguesa é uma realidade que se repete em
aulas de Língua Estrangeira Moderna, devido a diferentes motivos como a falta de
proficiência para leitura de originais, o pouco acesso a obras adaptadas e, até mesmo, o não
conhecimento de autores canônicos por parte dos professores. Sendo assim, faz-se necessária
a leitura literária de clássicos nas aulas de formação inicial de professores de línguas a partir
de uma prática mais inclusiva em sala de aula: o círculo de leitura.
Este trabalho p
ropõe descrever a experiência do círculo de leitura na disciplina de
literatura inglesa (drama) do curso de licenciatura em Letras do IFCE –
campus
Camocim, e
apresentar os resultados de um questionário aplicado aos alunos da disciplina, discutindo a
importância da atividade como contribuição ao desenvolvimento do futuro professor de
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O círculo de leitura na formação de professores de Língua Inglesa: Um relato de experiência no curso de Letras
Rev. EntreLínguas,
Araraquara, v. 8, n. 00, e022044, jan./dez. 2022. e-ISSN: 2447-3529
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inglês. Para tanto, recorremos às concepções de leitura em Koch (2006) e Marcuschi (2008);
processamento cognitivo em Evans e Green (2006); Letramento em Kleiman (2004); e aos
conceitos que embasam o círculo de leitura nas aulas de literatura em Daniels (2002) e Cosson
(2014). Em seguida, descreve-se o percurso metodológico para a execução do círculo de
leitura e apresenta-se o questionário aplicado aos alunos após a atividade. Os resultados
obtidos a partir do questionário são consonantes com as impressões adquiridas intuitivamente
em sala e mostram caminhos possíveis para o incentivo à leitura literária e formação de
leitores através dos círculos de leitura em aulas de literatura e língua inglesa nos cursos de
Letras.
Perspectiva cognitiva da leitura
A leitura é uma atividade muito valorizada dentro e fora dos domínios escolares.
Trata-se de um fator de inclusão social e interação com um mundo multimodal que permite a
construção de significados e interpretação dos sentidos que a vida oferece. A valorização da
leitura reflete um vasto número de pesquisas por diferentes abordagens que, segundo Flores e
Gabriel (2012) forma um quebra-cabeça teórico que investiga a interrelação entre leitor, texto
e autor.
A noção de leitor abordada neste trabalho é de um sujeito psicossocial, segundo a
concepção interacional de língua embasada no que Koch (2006), retomando Bakhtin (1992),
concebe como leitura:
“
os sujeitos são vistos como atores/construtores sociais, o texto passa a
ser considerado o próprio lugar da interação e os interlocutores, como sujeitos ativos que –
dialogicamente - nele se constroem e são construídos” (KOCH, 2006, p. 17). A leitura não é
uma simples decodificação de mensagem, mas uma atividade interativa entre texto e
interlocutores com produção de sentidos complexos. Como trabalho cognitivo, a leitura passa
a ter um
status
de processamento textual, em que os conhecimentos prévios armazenados na
memória são colocados em ação por ocasião da atividade leitora.
Na perspectiva cognitivista, o sujeito é um ser biológico integrado ao ambiente, sendo
a
ssim, a mente é corporificada, ou seja, as estruturas cognitivas emergem de padrões sensório-
motores (EVANS; GRENN, 2006). Portanto, o conhecimento não é um módulo estático que o
sujeito utiliza no processamento textual, mas um conjunto de experiências sensoriais,
frames
e
modelos cognitivos dinâmicos ativados na construção de significado. A leitura é um processo
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cognitivo que demanda tanto um trabalho consciente do leitor, como inconsciente, já que a
parte consciente do ato de ler é apenas a ‘ponta do
iceberg
’
2
do processamento textual.
Corroborando com a visão cognitivista, Marcuschi (2008) defende que a atividade de
leitura e compreensão exige habilidade, interação e trabalho por parte do leitor, sendo uma
“forma de inserção no mundo e um modo de agir sobre o mundo na relação com o outro
dentro de uma cultura e uma sociedade
”
(MARCUSCHI, 2008, p. 230). Como nossa
compreensão está ligada a esquemas cognitivos armazenados em nossa memória, a percepção
das coisas, de modo geral, é guiada e ativada por nossas experiências socioculturais.
A atividade de leitura e compreensão é crucial para a vida em sociedade, tanto que não
é apenas na escola e na vida acadêmica que esta habilidade é cobrada do sujeito. Segundo o
autor, os resultados ruins de testes como PISA, realizado pela Organização para a Cooperação
e o Desenvolvimento Econômico (OECD), e como o SAEB, realizado pelo INEP no Brasil,
mostram a importância de se trabalhar a leitura e compreensão que impactam diretamente no
dia a dia das pessoas. Falhas de compreensão, dificuldades em apreender sentidos e entender
processos de argumentação são alguns dos indícios de que a leitura é uma atividade cognitiva
trabalhosa e delicada.
Diante disso, Marcuschi (2008) aponta a necessidade de se investigar a compreensão,
pois ela reflete diretamente nas práticas sociais e de sala de aula. O autor retoma os estudos
sobre Letramento de Kleiman (2004) para mostrar o quanto as atividades sociais e cognitivas
marcadas pela linguagem são sempre colaborativas. Kleiman (2004) aponta que, a partir dos
anos 1990, os estudos mostram um modelo de leitura em que as faculdades mentais e os
conhecimentos prévios do leitor recebem maior ênfase que o texto em si, sugerindo um
tratamento da leitura em um contexto teórico que considera práticas leitoras como uma ação
mais crítica, solidária e sociointerativa.
Portanto, práticas leitoras neste contexto sociointerativo que considera o leitor como
um sujeito cognitivamente complexo devem ser trabalhadas na formação do futuro professor
de Letras que atuará na educação básica, guiando seus futuros alunos ao mundo letrado.
2
“A ponta do
iceberg
” é a metáfora usada por Fauconnier (1997, p. 1) em
Mappings in thought and language,
para explicar que a linguagem é apenas a parte visível do grande
iceberg
invisível que é a construção do
significado cognitivo quando pensamos e falamos.
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Letramento literário do professor de línguas
Segundo Cosson (2014), a leitura estabelece laços entre o leitor e o mundo e outros
leitores, sendo um diálogo com o passado que cria vínculos e ajuda a internalizar conceitos,
ideias e hábitos. Portanto, existe a noção de “fazer parte” de uma comunidade quando, por
meio da leitura, o sujeito compartilha o mundo, já que é um processo social que, nesta
perspectiva, não é solitário. Sendo assim, é na escola que o sujeito encontra espaço precioso
para constituir-se como leitor aprendendo a partilhar e a processar a leitura.
Para Zilberman (2012), sempre foi delegada à escola o papel de uma política cultural
fundada no ato de ler. No entanto, este papel pode acabar tendo um caráter pedagógico
coercitivo que troca o prazer pelos livros pelo dever de formação de novos leitores. Assim, o
desafio da escola é grande, na medida em que pode tanto motivar o hábito da leitura, quanto
caracterizá-lo apenas como uma atividade pedagógica distante das práticas sociais.
A noção de Letramento, então, se apresenta como uma das chaves para encontrar o
equilíbrio entre a formação leitora e o papel da escola na atividade da leitura. Nesta discussão,
não nos interessa especificar os múltiplos conceitos de Letramento que os estudos da área
costumam explorar. Aqui, nos cabe apontar a perspectiva de que, no Brasil, esses estudos, em
geral, apresentam uma vertente sociocultural que designa as práticas de uso da escrita
consideradas sociais, plurais e heterogêneas, vinculadas às estruturas de poder das sociedades
(KLEIMAN, 1995). Trata-se, portanto, de diversas práticas sociais que envolvem a formação
de um leitor crítico e reflexivo na escola e fora dela.
Então, como garantir que as práticas de Letramento na escola sejam bem-sucedidas se
não garantimos um letramento acadêmico e de trabalho (escola) para o professor em
formação? kleiman (2006, apud VIANA
et al
., 2016) afirma que o conceito de Letramento do
professor diz respeito às práticas de leitura e escrita necessárias à escola, isto é, práticas
sociais de uso da escrita que os professores precisam conhecer para que possam se constituir
agentes de letramento.
Um dos possíveis caminhos para a formação leitora do fu
turo professor de línguas
passa pelo Letramento Literário, que, segundo Cosson (2009), é o processo de letramento que
se faz via textos literários e que vai além da dimensão diferenciada do uso social da escrita.
Nossa sociedade letrada constrói sentidos através de diferentes meios e instrumentos, sendo a
escrita, um dos mais importantes. Assim, a prática da literatura, pela escritura ou pela leitura,
explora as potencialidades da linguagem humana reconstruindo o mundo pela força da palavra
e revelando-se uma prática fundamental da constituição do sujeito:
“
a experiência literária
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não só nos permite saber da vida por meio da experiência do outro, como também vivenciar
essa experiência
”
(COSSON, 2009, p. 19).
O aprendizado de leitura encontra na literatura uma grande diversidade de textos com
multiplicidade das formas e diversidade de temas,
“
sendo menos língua, no sentido de um
sistema gramatical determinado, e mais linguagem, compreendida como a competência de
fazer o mundo com palavras [...]” (COSSON, 2014, p. 49). A escola possui um importante
papel neste processo, tanto em relação ao compartilhamento dos conhecimentos socioculturais
que dialoga com o passado criando vínculos com o mundo atual, o que justifica, entre outras
coisas, o ensino da literatura enquanto cânone, quanto no conhecimento social que advém de
suas práticas, quer sejam formais ou informais.
Desse modo, chegamos à importância do Letramento Literário como um dos meios
para se alcançar o conhecimento técnico-científico e cultural que molda a formação do sujeito
como leitor na escola e fora dela. Nesta perspectiva, pergunta-se como, então, os professores
devem apresentar as obras literárias a seus alunos, tanto na educação básica como no ensino
superior? Essa apresentação deve ser mediada pelo professor em busca de uma prática
prazerosa, inclusiva e que motive os alunos a vivenciarem aquele texto. Diante disso,
apresenta-se a prática do círculo de leitura como um dos caminhos para a escolarização da
literatura, que uma vez inserida na formação inicial de professores de línguas, auxilia na
transformação dos sujeitos em efetivos leitores literários e futuros mediadores do Letramento
Literário.
A prática do círculo de leitura
A simples leitura de um texto literário não é suficiente quando se deseja promover o
Letramento Literário. E para extrapolar essa simplicidade e envolver os alunos em uma
prática sociointerativa, Cosson (2014) traz o círculo de leitura como uma proposta de
atividade pedagógica sistematizada cujo objetivo geral é discutir obras literárias, estimulando
a leitura coletiva e a formação de uma comunidade de leitores.
O autor defende que o círculo de leitura é uma prática privilegiada de um grupo de
le
itores de uma comunidade específica, não necessariamente escolar ou acadêmica. Isto
porque, primeiro, ao lerem juntos, este grupo de leitores torna real “o caráter social da
interpretação dos textos”, manipulando os elementos com maior consciência; segundo, porque
“a leitura em grupo estreita os laços sociais, reforça identidades e a solidariedade entre as
pessoas”; por fim, porque “os círculos de leitura possuem um caráter formativo
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proporcionando uma aprendizagem coletiva e colaborativa ao ampliar o horizonte
interpretativa da leitura individual” (COSSON, 2014, p. 139). O autor ressalta que um círculo
de leitura tem as mesmas características dos círculos de cultura de Paulo Freire (1983, apud
COSSON, 2014), por serem um espaço de diálogo e socialização que substitui o ensino
passivo pelo ensino doador.
Para que uma atividade de leitura seja considerada um círculo, alguns autores definem
critérios, como fez Duncan (2012, p. 17-18) que estabeleceu os seguintes: a centralidade do
texto; turnos entre os participantes com leitura de trechos ou reflexão com a interpretação
destes; trabalho em conjunto, sem o envolvimento de um único líder; aprendizado
compartilhado e colaborativo.
Cosson (2014) define três tipos de círculos de leitura, dos quais, o círculo
semiestruturado mostrou-se o mais apropriado para a prática desenvolvida com alunos de
licenciatura. Neste tipo específico, apesar de haver orientações para o andamento da atividade,
não há um roteiro engessado, o qual seus participantes precisam seguir. Há um condutor que
orienta os turnos de fala, tira as dúvidas, impõe questionamentos e guia as leituras e
discussões. O mesmo condutor tem a função de aprofundar as leituras discutidas, retomando
aspectos já mencionados. Assim, o autor estabelece duas etapas para a prática de círculos de
leitura: a preparação e a execução.
Na preparação, o professor como mediador precisa selecionar as obras que devem ser
adequadas para aquela comunidade de leitores, podendo ser escolhidas pelos participantes ou
limitadas por uma necessidade pedagógica, quando a prática é escolar ou acadêmica.
Ressalta-se que “um círculo pode funcionar com a leitura de diferentes obras que sejam
ligadas pelo mesmo tema”, ou com “um mesmo artifício narrativo, escritas numa mesma
época, mesmo gênero ou obras que sejam do mesmo autor” (COSSON, 2014, p. 163). O
professor ainda precisa averiguar a disposição dos leitores à proposta do círculo, motivando e
explicando seus objetivos, além de sistematizar as atividades, organizando cronograma dos
encontros e o papel de cada participante nas leituras e discussões.
Na execução, Cosson (2014) estipula três momentos: o ato de ler, o compartilhamento
e o registro. O primeiro é o encontro do leitor e do texto que pode ocorrer de forma solitária
ou coletiva; o segundo se refere à preparação para a discussão e o encontro para o debate; e o
terceiro é o registro que pode ser em diferentes formatos como diários de leitura,
questionários, atividades performáticas, sarau, teatro, etc.
Outro autor que propôs um modelo de leitura c
om base na prática de círculos é
Daniels (2002), que chama de círculo de literatura, a atividade em que grupos de alunos se
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reúnem para discutir uma leitura. Assim como Cosson (2014) também propôs posteriormente,
as características do círculo de literatura passam pela seleção das obras, organização de
cronograma, leitura, registro e debate. É com base nas características do círculo de literatura
de Daniels (2002) e adaptações do círculo de leitura de Cosson (2014), que se deu a
experiência desta prática com alunos da licenciatura em Letras e futuros professores de língua
inglesa, descrita a seguir.
A experiência do círculo de leitura em sala: percurso metodológico
O círculo de leitura foi uma prática escolhida por uma necessidade pedagógica da
disciplina de literatura inglesa (drama), oferecida no quinto semestre do curso de licenciatura
em Letras – Português/Inglês do Instituto Federal de ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) –
campus
Camocim. A disciplina possui carga horária de 40 horas e tem o objetivo principal de
apresentar e discutir obras canônicas que compõem o gênero literário drama na literatura de
língua inglesa, introduzindo o estudo das obras a partir de uma visão panorâmica de sua
história e do seu desenvolvimento (IFCE, 2017). Em sua primeira etapa, é abordada a extensa
obra de William Shakespeare, autor cânone da dramaturgia inglesa, buscando motivar os
alunos para a leitura do gênero drama através do círculo de leitura, que foi aplicado em três
turmas de semestres distintos do curso.
No primeiro momento, deu-se a preparação para o círculo. Foi apresentado o
panorama histórico do surgimento da língua inglesa (
old English
) até a era elisabetana,
quando Shakespeare escreveu grandes clássicos da literatura mundial, enfocando as
características do período e da dramaturgia do autor. Conforme Cosson (2014) salientou, a
atividade de leitura em um círculo não precisa abordar uma única obra, mas um conjunto de
obras relacionadas. Neste caso, foram escolhidas as seguintes obras
3
do autor, traduzidas em
Língua Portuguesa: “O Mercador de Veneza”, “Hamlet”, “Otelo”, “A Megera Domada”, “A
Comédia dos erros”, “Macbeth”, “Ricardo III”, “A Tempestade”, “Muito barulho por nada”,
“Rei Lear”.
Em seguida, os alunos foram divididos em duplas e receberam uma das obras citadas
acima para a leitura. A proposta da atividade foi a de promover a reflexão crítica sobre as
principais temáticas do autor com cada dupla guiando a leitura e a interpretação da obra junto
3
Obras disponíveis em domínio público:
http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/ResultadoPesquisaObraForm.do?first=50&skip=0&ds_titulo=&co_
autor=&no_autor=Shakespeare&co_categoria=2&pagina=1&select_action=Submit&co_midia=2&co_obra=&co
_idioma=1&colunaOrdenar=DS_TITULO&ordem=null
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aos colegas do círculo de leitura. À cada dupla, cabia explicar os principais pontos da história,
seus personagens, enredo, conflito e desfecho, proporcionando uma leitura dinâmica e crítica
ao selecionar, ao menos, entre dois e quatro trechos ou cenas importantes para serem lidas
pelos colegas. Era preciso que as duplas instigassem a participação de todos, com perguntas e
discussões acerca das cenas e temáticas. A avaliação do círculo de leitura levou em
consideração a postura, o envolvimento e a participação em cada momento da atividade, além
da orientação e desenvolvimento da leitura dos trechos selecionados. Todas as informações e
comentários usados para ajudar na compreensão geral da obra foram considerados, assim
como a orientação aos colegas na leitura das cenas, possibilitando a participação de todos.
Na execução, foram aplicados os critérios de um círculo de leitura prototípico
apresentado por Cosson (2014) e Daniels (2002). Os registros das etapas de preparação e
execução realizados foram descritos na tabela abaixo, onde são relatadas as ações praticadas
com base no modelo de círculo de literatura proposto por Daniels (2002).
Tabela 1 –
Registros do círculo de leitura na prática com base em Daniels (2002)
Modelo de círculo de literatura em Daniels (2002)
Ações do círculo de leitura na prática
a) A escolha da obra que será objeto de leitura literária.
F
oram escolhidas alguma
s
d
as
prin
ci
p
ais peças
teatrais de William Shakespeare.
b) Os
grupos podem ser temporários e pequenos (de
quatro a cinco alunos).
Foram organizadas duplas ou trios, conforme o
número de alunos e a quantidade de obras abordadas.
c) Podem ler diferentes ob
r
as
a
o mes
mo
tempo.
A cada dupla, foi designada uma obra do aut
or, de
maneira que não se repetissem no círculo.
d) As atividades dos grupos podem obedecer a um
cronograma de encontros, que poderá se estender.
Os cronogramas de leitura foram decididos a pa
r
ti
r
de
sorteio, adequando-
se ao calendário de aulas da
disciplina.
e) Os registros podem ser feitos durante a leitura e serão
fundamentais para desenvolver a discussão sobre o
livro, podendo ser um diário de leitura e/ou fichas de
função (previamente definida em relação ao texto).
Os alunos tiveram liberdade para escolher a maneira
como iriam desenvolver os registros para posterior
discussão da obra.
f) Os tópicos a serem discutidos são definidos pelos
próprios alunos.
Foi proposta, pela professora, a
d
is
cu
ssão
de
tópicos
de cunho analítico, como aprofundamento psicológico
dos personagens e construção do enredo; e de cunho
questionador, como a correlação das temáticas com a
atualidade e com conexões pessoais acerca dos temas.
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Fonte: Elaborado pelo autor
Após ter implementado o círculo de leitura em três turmas diferentes, tendo recebido
resultados positivos em sala, os alunos, enquanto leitores e futuros professores de língua
inglesa, foram convidados a reportarem suas impressões acerca da experiência com as obras
de Shakespeare no círculo de leitura.
Caminhos para a formação inicial do professor de Língua Inglesa
Ao final do ciclo de três semestres ministrando a disciplina de literatura inglesa
(drama), foi realizada uma pesquisa tendo como objetivo verificar as impressões dos alunos
sobre a experiência do círculo de leitura. A pesquisa foi elaborada utilizando o formulário do
Google Forms
contendo sete questões, sendo cinco questões de múltipla escolha e duas
questões abertas.
A participação na pesquisa foi voluntária e obteve 15 informantes das três turmas,
sendo 20% dos alunos da turma 1; 46,7% da turma de 2 e 33,3% da turma 3. A partir das
respostas fornecidas, refletimos sobre as possibilidades da experiência dos círculos de leitura
como estratégia de fortalecimento do Letramento Literário para futuros professores de língua
inglesa, considerando que os círculos “possuem um caráter formativo” que amplia os
horizontes do aprendiz “por meio do compartilhamento das leituras e do diálogo em torno da
obra selecionada” (COSSON, 2014, p. 139)
Na primeira pergunta, averiguou-se quantos informantes já haviam tido a oportunidade
de participar de um círculo de leitura e, como mostra o gráfico 1, 73,3% dos alunos já haviam
tido esta experiência.
g) As discussões em grupo
s
ão
l
ivres
.
O
s alunos focali
zaram o que consideraram pertinente,
exemplificando com a leitura de trechos das obras.
h) A função do professor é a de dar condições para que
a atividade aconteça.
A organização do cronograma, da sala de aula e dos
suportes digitais foi de responsabilidade do professor.
i) A avaliação pode ser feita por meio de observação e
autoavaliação do aluno.
Avaliação pessoal foi feita com critérios pré
-
estabelecidos pelo professor e a avaliação da
experiência no círculo se deu através de questionário
aplicado via
Google forms
.
j) A aula do círculo de literatura deverá ser com muita
interação entre os alunos.
Houve a participação de todos os alunos na leitura dos
trechos escolhidos para ilustrar a discussão guiada por
cada dupla.
k) Os
n
ov
os
grup
os
podem ser formados a partir da
seleção das obras.
Novos grupos e círculos de leitura foram sugeridos
para futuras práticas.
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O círculo de leitura na formação de professores de Língua Inglesa: Um relato de experiência no curso de Letras
Rev. EntreLínguas,
Araraquara, v. 8, n. 00, e022044, jan./dez. 2022. e-ISSN: 2447-3529
DOI: https://www.doi.org/10.29051/el.v8i00.15310
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Gráfico 1 –
Quanto à participação em círculos de leitura
Fonte: Elaborado pelo autor
O fato da maioria dos informantes já ter participado de um círculo de leitura mostra
que a prática da leitura compartilhada não é uma novidade. Sendo assim, a participação no
círculo já no curso de Letras acrescenta à experiência com a leitura literária de cada um e
ajuda a aprimorar as habilidades leitoras desses futuros professores.
Gráfico 2
– Quanto à leitura de obras de Shakespeare
Fonte: Elaborado pelo autor
No gráfico 2, 66,7 % dos informantes nunca haviam lido nenhuma obra do autor
W
illiam Shakespeare, que configura um cânone da literatura inglesa e mundial. Este é um
indício do que Cosson (2014) mostra em seu trabalho: a literatura vem perdendo espaço no
cotidiano das pessoas e essa realidade reflete no seu ensino escolar. O autor lembra que a
leitura de fragmentos de textos presentes no livro didático não forma um leitor daquele livro.
Muito provavelmente, alunos que nunca leram integralmente alguma obra de Shakespeare já
tiveram contato com fragmentos do autor, porém este contato não é suficiente para ter acesso
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Elyssa S. MARINHO
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ao sentido completo do texto que conduz o leitor ao “conhecimento do humano, que interessa
a todos” (TODOROV, 2010, p. 89, apud COSSON, 2014, p. 69).
Gráfico 3 –
Quanto à relação do círculo de leitura e o interesse pelo autor
Fonte: Elaborado pelo autor
No gráfico 3, 93,3% dos informantes consideram que a experiência do círculo de
leitura os motivou a conhecer mais sobre a obra de William Shakespeare. Esses dados vêm
corroborar com a importância de atividades que incentivam a leitura literária compartilhada
em ambientes acadêmicos e escolares, como os círculos podem fazer. É na escola que os
alunos terão maior chance de serem apresentados aos principais autores, estilos, obras e
gêneros literários. E isso pode acontecer a partir do Letramento Literário de professores em
formação, permitindo que o ciclo de formação de leitores ganhe um reforço importante: dos
cursos de Letras às escolas de educação básica. Além disso, conforme Duncan (2012, p. 34-
35) afirma,
“
começar uma nova prática de letramento, como os círculos de leitura, pode
produzir nas pessoas uma mudança da identidade leitora”, isto é, pessoas que nunca leram um
livro completo podem tornar-se leitores que se aprofundam em determinados temas e obras.
Gráfico 4 –
Quanto à relação do círculo e o interesse por outras obras do autor
Fonte: Elaborado pelo autor
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O gráfico 4 reforça o que foi evidenciado no gráfico anterior, já que 86,7% dos
informantes disseram que se interessaram por outras obras de Shakespeare, apenas por terem
participado do círculo de leitura. Como descrito na sessão do percurso metodológico, cada
dupla recebeu uma única obra para ler e compartilhar com os colegas no círculo, porém o fato
de participarem do momento de discussão dos textos selecionados para outras duplas,
instigaram a curiosidade e o interesse pelas obras, motivando-os a explorarem e se
aprofundarem por diferentes produções do mesmo autor.
Gráfico 5
– Quanto à relação do círculo de leitura e o incentivo à leitura literária
Fonte: Elaborado pelo autor
No gráfico 5, 100% dos informantes disseram que o círculo de leitura pode ser
considerado eficaz para incentivar a leitura literária e a formação de leitores. Enquanto
professores em formação, a própria experiência do círculo na aula de literatura inglesa
impacta positivamente em suas vidas no âmbito pessoal e profissional. Seja pelo fato de
encontrarem mais prazer na leitura literária, por apropriarem-se do conhecimento acerca das
obras discutidas ou, ainda, pelo fato de, futuramente, incentivarem seus alunos através desta
estratégia de ensino de leitura.
Após as questões objetivas, os alunos responderam a duas perguntas abertas que se
complementavam. A primeira questão demandou saber se eles fariam o círculo de leitura de
forma diferente, enquanto professores. As respostas evidenciam o nível de reflexão acerca da
experiência positiva do círculo, do ponto de vista do professor em formação, enfocando a
compreensão da obra e da relação entre o texto e a vida dos alunos, como mostram algumas
das respostas replicadas no quadro 1.
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Elyssa S. MARINHO
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Quadro 1
– O que mudariam na realização do círculo de leitura?
1.
“Incentivaria os alunos a escreverem alguma resenha ou artigo sobre alguma temática da obra que ele leu e
que mais lhe chamou atenção, fazendo um paralelo entre a ficção e a vida e realidade”.
2.
“Incentivaria os alunos a escolherem alguma das obras trabalhadas e escreverem sobre alguma das
temáticas dessa obra que mais lhe chamou atenção, fazendo um paralelo entre ficção e realidade. Acredito que
ajudaria a fixar a importância do autor, bem como a compreensão das obras”.
3.
“Talvez fazer comparações das obras com obras atuais”.
4.
“Faria igual, achei muito bacana a dinâmica do círculo de leitura!”.
5.
“Faria exatamente igual. Os métodos utilizados para realizar o círculo de leitura, envolvendo leitura,
exposição, discussão, e entre todas essas etapas da construção da aula, a abordagem interacionista da língua
constituíram uma eficiente ferramenta para instigar a curiosidade, motivação e interesse pela leitura de
clássicos da literatura inglesa. Algo que, na perspectiva dos hábitos de leitura atuais, é uma tarefa difícil”.
Fonte: Elaborado pelo autor
A segunda questão foi mais genérica, partindo do ponto de vista do professor de
línguas em formação. Perguntou-se qual a opinião sobre a importância da prática da leitura
para futuros professores e como o círculo de leitura pode auxiliar esta tarefa. As respostas no
quadro 2 evidenciam a consciência desses futuros professores quanto ao próprio Letramento
Literário e mostram como a prática da leitura precisa ser mais valorizada na comunidade
como um todo, sendo o círculo de leitura um caminho possível para o seu incentivo.
Quadro 2
– Opinião sobre a prática da leitura para futuros professores de língua e como o
círculo de leitura pode auxiliar esta prática.
1.
“É de
suma importância, pois se você ler bem, consequentemente escreve bem, com o círculo de
leitura
os alunos passam a ser estimulados a ler”.
2.
“A leitura constante é algo fundamental na vida do professor em formação. O círculo de leitura ajuda a
incentivar a leitura, além de adquirir o rico conhecimento sobre obras e autores”.
3.
“A leitura compartilhada em círculo possibilita a participação de diferentes opiniões, nesse sentido nós
conseguimos interagir com a leitura de forma que seja mais atrativa”.
4.
“A prática da leitura é fundamental para o aprofundamento intelectual do professor e o círculo de leitura
é uma excelente atividade para se adquirir o hábito da leitura”.
5.
“A prática da leitura fomenta o conhecimento, conduz o professor em formação a adquirir cada vez
mais conteúdo teórico que lhe proporcionarão uma melhor preparação para a realidade da prática da
docência. Sendo assim, realizar um círculo de leitura como proposta metodológica é indiscutivelmente
uma ferramenta capaz de motivar o docente em formação
a adquirir esses hábitos pela prática da
leitura”.
6.
“Ele [o círculo de leitura] é muit
o importante, pois desenvolve no aluno, o gosto pelas obras clássicas.
Através dele, o professor pode aproveitar vários aspectos, como por exemplo: a escrita de palavras, a
pronúncia delas e ainda as regras gramaticais da Língua, além da contextualização de cada obra”.
Fonte: Dados da pesquisa
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A importância do Letramento Literário para os professores de línguas em formação se
destaca nas respostas dos informantes. A atitude positiva acerca da atividade mostra que este é
o caminho para o conhecimento dentro da própria profissão e, também, para o crescimento
como sujeito reflexivo que integra um mundo construído coletivamente e que se humaniza
ainda mais a partir do contato direto com a leitura literária.
Portanto, o reconhecimento do aspecto formativo que os círculos de leitura possuem
por parte dos professores de Letras em formação inicial é o que pode trazer uma maior
aplicabilidade desta experiência na formação de leitores na educação básica, já que esses
professores serão os futuros mediadores do Letramento Literária na escola.
Considerações finais
Este trabalho se propôs a relatar a experiência do círculo de leitura no curso de
licenciatura em Letras, que forma futuros professores de línguas. Mais especificamente,
mostrou-se um caminho possível para motivar e colaborar com o Letramento Literário de
professores de inglês em formação.
É preciso ir além do simples ato de decodificar um texto quando se deseja promover
uma mudança de atitude frente à prática de leitura do nosso cotidiano. Para professores de
inglês, além dos conhecimentos linguísticos que embasam a instrução da língua, ganha-se
muito quando eles têm propriedade na cultura e literatura da língua que ensinam. O fato de o
círculo de leitura ter abordado um cânone, William Shakespeare, proporciona a este futuro
professor um aprofundamento no universo da literatura inglesa e mundial, oferecendo uma
nova perspectiva enquanto aluno e leitor ainda em formação. Mais futuramente, este
conhecimento embasará sua prática docente.
Considerando a leitura uma atividade interativa, cognitiva e social, podemos entender
a sua magnitude para a formação integral do sujeito que, atualmente, parece estar perdendo
espaço no cotidiano das pessoas. Devemos entender o que Candido (2002) diz ao afirmar que
a literatura humaniza o ser, por isso, ler é um ato de troca entre perspectivas e permite um
olhar mais sensível na formação do professor.
Neste ponto, o círculo
de leitura (COSSON, 2009; 2014) ou círculo de literatura
(DANIELS, 2002) pode ser um caminho viável para a introdução desta prática nas
comunidades acadêmicas e escolares. Nesta experiência relatada, percebeu-se que o círculo é
uma estratégia bastante adaptável e flexível, desde que haja organização, mediação e
compartilhamento de reflexões.
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Elyssa S. MARINHO
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Cosson (2014) afirma que a lista de benefícios é extensa quando se decide por
implementar os círculos de leitura como prática de Letramento Literário, desde um maior
envolvimento com os textos até o desenvolvimento do pensamento crítico, da compreensão e
da tomada de decisão até a formação de leitores em todos os níveis de ensino. Esses
benefícios apareceram nos dados do questionário aplicado após a experiência. Os informantes
demonstraram que o círculo pode ser eficiente na motivação para a prática de leitura e para o
aprofundamento da leitura de obras literárias. Assim, o que se espera é que uma “semente”
possa ser plantada na formação inicial desses alunos que se tornarão futuros professores de
línguas, sejam elas inglês e/ou português, auxiliando na formação de leitores literários nas
comunidades escolares. Esta “semente” pode dar frutos a partir da implementação dos
círculos de leitura nas aulas do curso de licenciatura em Letras.
REFERÊNCIAS
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Estética da Criação Verbal
. São Paulo: Martins Fontes, 1992.
CANDIDO, A. A literatura e formação do homem
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Textos de Intervenção
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São Paulo: Duas Cidades, 2002.
COSSON, R.
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Teoria e Prática. São Paulo: Contexto, 2009.
COSSON, R.
Círculos de leitura e letramento literário
. São Paulo: Contexto, 2014.
DANIELS, H.
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Projeto pedagógico do curso – PPC
. Licenciatura em Letras Português/Inglês e suas
respectivas literaturas. Camocim: Instituto de Ciência e Tecnologia do Ceará, 2017.
KLEIMAN,
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prática social da escrita. Campinas, SP: Mercado de Letras, 1995.
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O círculo de leitura na formação de professores de Língua Inglesa: Um relato de experiência no curso de Letras
Rev. EntreLínguas,
Araraquara, v. 8, n. 00, e022044, jan./dez. 2022. e-ISSN: 2447-3529
DOI: https://www.doi.org/10.29051/el.v8i00.15310
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KLEIMAN, A. Abordagens da leitura.
Scripta,
Belo Horizonte, v. 7, n. 14, p. 13-22, 2004.
Disponível em: http://periodicos.pucminas.br/index.php/scripta/article/view/12538. Acesso
em: 17 out. 2020.
KOCH, I. G. V.
Desvendando os segredos do texto
. São Paulo: Cortez, 2006.
MARCUSCHI, L. A.
Produção textual, análise de gêneros e compreensão
. São Paulo:
Parábola Editorial, 2008.
Como referenciar este artigo
MARINHO, E. S. O círculo de leitura na formação de professores de Língua Inglesa: um
relato de experiência no curso de Letras.
Rev. EntreLínguas
, Araraquara, v.8, n. 00,
e022044,
jan./dez. 2022.
e-ISSN: 2447-3529. DOI:
https://www.doi.org/10.29051/el.v8i00.15310
Submetido em
: 08/01/2022
Revisões requeridas em
: 13/02/2022
Aprovado em
: 28/02/2022
Publicado em
:
30/03/2022
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The reading circle in English teaching development: An experience report in Letters graduation course
Rev. EntreLínguas,
Araraquara, v. 8, n. 00, e022044, Jan./Dec. 2022. e-ISSN: 2447-3529
DOI: https://www.doi.org/10.29051/el.v8i00.15310
1
THE READING CIRCLE IN ENGLISH TEACHING DEVELOPMENT: AN
EXPERIENCE REPORT IN LETTERS GRADUATION COURSE
O CÍRCULO DE LEITURA NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE LÍNGUA
INGLESA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA NO CURSO DE LETRAS
EL CÍRCULO DE LECTURA EM LA FORMACIÓN DE PROFESORES EM LENGUA
INGLESA: UM RELATO DE EXPERIENCIA EN EL CURSO DE LICENCIATURA EM
LETRAS
Elyssa Soares MARINHO
1
ABSTRACT
:
This article aims to describe the experience of the reading circle in English
literature (drama) course in Letters graduation at IFCE – Camocim campus, by discussing the
importance of the activity as a contribution to the development of English teacher in
development. For that, we resorted to the conceptions of reading in Koch (2006) and Marcuschi
(2008); cognitive processing in Evans and Green (2006); literacy in Kleiman (2000); and the
concepts that underlie the reading circle in literature classes in Cosson (2009; 2014). We
describe the methodological path for achieving the reading circle as a practice of reading
activity and as the formation of literary readers, in addition to presenting the results of the
survey form applied to students after the sessions. The results obtained agree with the
impressions intuitively acquired during the sessions and show possible directions for future
reading circles in English Literature classes in Language courses.
KEYWORDS
: Reading circle. Language teaching development. Literary reading.
RESUMO
:
Este trabalho propõe descrever a experiência do círculo de leitura na disciplina de
Literatura Inglesa (drama) do curso de Licenciatura em Letras do IFCE – campus Camocim,
discutindo a importância da atividade como contribuição ao desenvolvimento do futuro
professor de inglês. Para tanto, recorremos às concepções de leitura em Koch (2006) e
Marcuschi (2008); processamento cognitivo em Evans e Green (2006); letramento em Kleiman
(2000); e aos conceitos que embasam o círculo de leitura nas aulas de literatura em Cosson
(2009; 2014). Descreve-se o percurso metodológico para a consecução do círculo de leitura,
como prática de atividade leitora e de formação de leitores literários, além de apresentar os
resultados do questionário aplicado aos alunos após a atividade. Os resultados obtidos a partir
do questionário são consonantes com as impressões adquiridas intuitivamente em sala e
mostram possíveis apontamentos para futuros círculos de leitura em aulas de literatura inglesa
nos cursos de Letras.
PALAVRAS-CHAVE
: Círculo de leitura. Formação do professor de línguas. Leitura literária.
1
Military College of Rio de Janeiro (CMRJ) Rio de Janeiro – RJ – Brazil. EBTT English Teacher. PhD in
Linguistics. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-8821-4705. E-ma
il: lyssasmarinho@hotmail.com
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Elyssa S. MARINHO
Rev. EntreLínguas,
Araraquara, v. 8, n. 00, e022044, Jan./Dec. 2022. e-ISSN: 2447-3529
DOI: https://www.doi.org/10.29051/el.v8i00.15310
2
RESUMEN
:
Este artículo se propone describir la experiencia del círculo lector en la
asignatura de Literatura Inglesa (drama) de la licenciatura en Letras en IFCE - campus
Camocim, discutiendo la importancia de la actividad como aporte al desarrollo del futuro
profesor de inglés. Para eso, recurrimos a las concepciones de lectura de Koch (2006) y
Marcuschi (2008); procesamiento cognitivo en Evans y Green (2006); alfabetización en
Kleiman (2000); y los conceptos que subyacen al círculo de lectura en las clases de literatura
de Cosson (2009; 2014). Se describe el camino metodológico para la consecución del círculo
lector, como una práctica de la actividad lectora y la formación de lectores literarios, además
de presentar los resultados del cuestionario aplicado a los alumnos después de la actividad.
Los resultados obtenidos coinciden con las impresiones percibidas intuitivamente en la clase y
muestran posibles orientaciones para futuros círculos de lectura en las clases de Literatura
Inglesa en los cursos de Lengua.
PALABRAS CLAVE
: Círculo lector. Formación de profesores de idiomas. Lectura literaria.
Introduction
Literature has been part of society since we began to organize ourselves in communities
and develop identity and cultural manifestations, which consequently gave rise to different
discursive and literary genres as our interaction became more complex. There is no doubt about
the importance of literature for the reading development of the individual, however Cosson
(2014) draws attention to the fact that it is no longer so popular in people's daily lives: in 2012,
the Retratos dos Brasil Survey found that Brazilians read on average 2.1 whole books per year
and that 78% declare that they are reading less frequently than in the past (COSSON, 2014, p.
12).
The need to intensify the work with literature in basic education, from the training of
literary readers since the beginning of schooling, is a fact. An important path to be taken is the
engagement of students of the degrees in Letters, who will become the future teachers and
encouragers of reading in school. The little incentive to read canonical works in Portuguese
language classes is a reality that is repeated in modern foreign language classes, due to different
reasons such as the lack of proficiency for reading originals, the little access to adapted works
and, even, the lack of knowledge of canonical authors by teachers. Therefore, it is necessary to
read literary classics in the initial training classes of language teachers from a more inclusive
practice in the classroom: the reading circle.
This paper proposes to describe the experie
nce of the reading circle in the discipline of
English literature (drama) of the degree course in Letters of IFCE –
Camocim campus
, and to
present the results of a questionnaire applied to the students of the discipline, discussing the
importance of the activity as a contribution to the development of the future English teacher.
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The reading circle in English teaching development: An experience report in Letters graduation course
Rev. EntreLínguas,
Araraquara, v. 8, n. 00, e022044, Jan./Dec. 2022. e-ISSN: 2447-3529
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For this, we use the conceptions of reading in Koch (2006) and Marcuschi (2008); cognitive
processing in Evans and Green (2006); Literacy in Kleiman (2004); and the concepts that
underpin the reading circle in literature classes in Daniels (2002) and Cosson (2014). Next, the
methodological path for the execution of the reading circle is described and the questionnaire
applied to the students after the activity is presented. The results obtained from the
questionnaire are consonant with the impressions intuitively acquired in the classroom and
show possible ways to encourage literary reading and reader training through reading circles in
literature and English language classes in the Letters courses.
Cognitive perspective of reading
Reading is a highly valued activity within and outside the school domains. It is a factor
of social inclusion and interaction with a multimodal world that allows the construction of
meanings and interpretation of the meanings that life offers. The appreciation of reading reflects
a vast number of studies by different approaches that, according to Flores and Gabriel (2012)
form a theoretical puzzle that investigates the interrelationship between reader, text and author.
The notion of reader addressed in this work is of a psychosocial subject, according to
the interactional conception of language based on what Koch (2006), resuming Bakhtin (1992),
conceives as reading:
"
the subjects are seen as social actors/builders, the text is considered the
very place of interaction and the interlocutors, as active subjects who - dialogically - are built
in it and are constructed in it" (KOCH, 2006, p. 17). Reading is not a simple message decoding,
but an interactive activity between text and interlocutors with the production of complex senses.
As a cognitive work, reading begins to have a textual processing
status
, in which the previous
knowledge stored in memory is put into action at the time of the reading activity.
In the cognition perspective, the subject is a biological being integrated into the
environment, so the mind is embodied, that is, cognitive structures emerge from sensorimotor
patterns (EVANS; GRENN, 2006). Therefore, knowledge is not a static module that the subject
uses in textual processing, but a set of
sensory experiences, frames
and
dynamic cognitive
models activated in the construction of meaning. Reading is a cognitive process that demands
both a conscious work of the reader and unconscious, since the conscious part of the act of
reading is only the 'tip of
the iceberg’
2
of textual processing.
2
"The tip of the
iceberg
" is the metaphor used by Fauconnier (1997, p. 1) In
Mappings in thought And Language,
to explain that language is just the visible part of the great
iceberg
invisible which is the construction of cognitive
meaning when we think and talk.
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Corroborating the cognitive view, Marcuschi (2008) argues that the activity of reading
and comprehension requires skill, interaction and work on the part of the reader, being a "form
of insertion in the world and a way of acting on the world in the relationship with the other
within a culture and a society
"
(MARCUSCHI, 2008, p. 230). Because our understanding is
linked to cognitive schemes stored in our memory, the perception of things is generally guided
and activated by our sociocultural experiences.
The activity of reading and comprehension is crucial for life in society, so much so that
it is not only in school and academic life that this skill is charged to the subject. According to
the author, the poor results of tests such as PISA, carried out by the Organization for Economic
Cooperation and Development (OECD), and how the SAEB, carried out by INEP in Brazil,
show the importance of working on reading and understanding that directly impact people's
day-to-day lives. Failures of understanding, difficulties in apprehending meanings and
understanding arguments are some of the indications that reading is a laborious and delicate
cognitive activity.
Therefore, Marcuschi (2008) points out the need to investigate understanding, as it
directly reflects on social and classroom practices. The author resumes studies on Kleiman's
Literacy (2004) to show how collaborative social and cognitive activities marked by language
are always. Kleiman (2004) points out that, since the 1990s, studies show a reading model in
which mental faculties and previous knowledge of the reader receive greater emphasis than the
text itself, suggesting a treatment of reading in a theoretical context that considers reading
practices as a more critical, solidary and socio-interactive action.
Therefore, reading practices in this socio-interactive context that considers the reader as
a cognitively complex subject should be worked on in the education of the future teacher of
Letters who will act in basic education, guiding their future students to the literate world.
Literary literacy of the language teacher
According to Cosson (2014), reading establishes links between the reader and the world
and other readers, being a dialogue with the past that creates bonds and helps internalize
concepts, ideas and habits. Therefore, there is the notion of "being part" of a community when,
through reading, the subject shares the world, since it is a social process that, in this perspective,
is not lonely. Thus, it is in school that the subject finds precious space to constitute himself as
a reader learning to share and process reading.
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The reading circle in English teaching development: An experience report in Letters graduation course
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For Zilberman (2012), the role of a cultural policy founded in the act of reading was
always delegated to the school. However, this role may end up having a coercive pedagogical
character that exchanges pleasure for books for the duty of training new readers. Thus, the
challenge of the school is great, to the extent that it can both motivate the habit of reading and
characterize it only as a pedagogical activity far from social practices.
The notion of Literacy, then, presents itself as one of the keys to finding the balance
between reading training and the role of the school in the activity of reading. In this discussion,
we are not interested in specifying the multiple concepts of Literacy that studies in the area
usually explore. Here, it is worth pointing out the perspective that, in Brazil, these studies, in
general, present a sociocultural aspect that designates the practices of the use of writing
considered social, plural and heterogeneous, linked to the power structures of societies
(KLEIMAN, 1995). It is, therefore, several social practices that involve the training of a critical
and reflective reader at school and outside it.
So how to ensure that literacy practices at school are successful if we do not guarantee
academic and work literacy (school) for the teacher in training? Kleiman (2006 apud VIANA
et al
., 2016) states that the concept of teacher literacy concerns the reading and writing practices
necessary for the school, that is, social practices of the use of writing that teachers need to know
in order to constitute literacy agents.
One of the possible paths to the reading training of the future language teacher is literary
literacy, which, according to Cosson (2009), is the literacy process that is done via literary texts
and that goes beyond the differentiated dimension of the social use of writing. Our literate
society builds meanings through different means and instruments, and writing is one of the most
important. Thus, the practice of literature, through writing or reading, explores the potentialities
of human language by reconstructing the world by the force of the word and revealing itself as
a fundamental practice of the constitution of the subject:
"
literary experience not only allows
us to know about life through the experience of the other, but also to experience this experience
"
(COSSON, 2009, p. 19).
Reading learning finds in literature a great diversity of texts with multiplicity of forms
and diversity of themes,
"
being less language, in the sense of a determined grammatical system,
and more language, understood as the competence to make the world with words [...]"
(COSSON, 2014, p. 49). The school has an important role in this process, both in relation to
the sharing of sociocultural knowledge that dialogues with the past, creating bonds with the
current world, which justifies, among other things, the teaching of literature as a canon, as well
as in the social knowledge that comes from its practices, whether formal or informal.
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Elyssa S. MARINHO
Rev. EntreLínguas,
Araraquara, v. 8, n. 00, e022044, Jan./Dec. 2022. e-ISSN: 2447-3529
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Thus, we come to the importance of Literary Literacy as one of the means to achieve
the technical-scientific and cultural knowledge that shapes the education of the subject as a
reader at school and outside it. In this perspective, it is asked how, then, teachers should present
the literary works to their students, both in basic education and in higher education? This
presentation should be mediated by the teacher in search of a pleasurable, inclusive practice
that motivates students to experience this text. Therefore, the practice of the reading circle is
presented as one of the paths for the schooling of literature, which once inserted in the initial
education of language teachers, helps in the transformation of subjects into effective literary
readers and future mediators of Literary Literacy.
The practice of the reading circle
The simple reading of a literary text is not enough when one wishes to promote Literary
Literacy. And to extrapolate this simplicity and involve students in a socio-interactive practice,
Cosson (2014) brings the reading circle as a proposal of systematized pedagogical activity
whose general objective is to discuss literary works, stimulating collective reading and the
education of a community of readers.
The author argues that the reading circle is a privileged practice of a group of readers
from a specific community, not necessarily school or academic. This is because, first, when
reading together, this group of readers makes real "the social character of the interpretation of
texts", manipulating the elements with greater awareness; second, because "group reading
strengthens social ties, reinforces identities and solidarity between people"; finally, because
"reading circles have a formative character providing collective and collaborative learning by
broadening the interpretive horizon of individual reading" (COSSON, 2014, p. 139). The author
points out that a reading circle has the same characteristics as Paulo Freire’s culture circles
(1983, apud COSSON, 2014), because they are a space for dialogue and socialization that
replaces passive teaching with donor education.
For a reading activity to be considered a circle, some authors define criteria, as Duncan
(2012, p. 17-18) who established the following: the centrality of the text; shifts among
participants with reading excerpts or reflection with their interpretation; working together,
without the involvement of a single leader; shared and collaborative learning.
Cosson (2014) defines three types of reading circles, of which the semi-
structured circle
proved to be the most appropriate for the practice developed with undergraduate students. In
this specific type, although there are guidelines for the progress of the activity, there is no
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The reading circle in English teaching development: An experience report in Letters graduation course
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plastered script, which its participants need to follow. There is a driver who guides speech shifts,
takes questions, imposes questions and guides readings and discussions. The same driver has
the function of deepening the readings discussed, resuming aspects already mentioned. Thus,
the author establishes two steps for the practice of reading circles: preparation and execution.
In preparation, the teacher as a mediator needs to select the works that should be
appropriate for that community of readers, and can be chosen by the participants or limited by
a pedagogical need, when the practice is school or academic. It is emphasized that "a circle can
work with the reading of different works that are linked by the same theme", or with "the same
narrative artifice, written at the same time, same genre or works that are of the same author"
(COSSON, 2014, p. 163). The teacher still needs to verify the willingness of readers to the
proposal of the circle, motivating and explaining its objectives, in addition to systematizing the
activities, organizing the schedule of meetings and the role of each participant in readings and
discussions.
In execution, Cosson (2014) stipulates three moments: the act of reading, sharing and
registration. The first is the meeting of the reader and the text that can occur in a solitary or
collective way; the second refers to the preparation for discussion and meeting for the debate;
and the third is the record that can be in different formats such as reading journals,
questionnaires, performance activities, soiree, theater, etc.
Another author who proposed a reading model based on the practice of circles is Daniels
(2002), who calls it a circle of literature, the activity in which groups of students gather to
discuss a reading. As Cosson (2014) also proposed later, the characteristics of the literature
circle go through the selection of works, schedule organization, reading, registration and debate.
It is based on the characteristics of Daniels' literature circle (2002) and adaptations of Cosson's
reading circle (2014), that the experience of this practice with students of the degree in Letters
and future English language teachers, described below, took place.
The experience of the reading circle in the classroom: methodological path
The reading circle was a practice chosen by a pedagogical need of the discipline of
E
nglish literature (drama), offered in the fifth semester of the degree course in Letters –
Portuguese/English of the Federal Institute of Science and Technology of Ceará (IFCE) -
Camocim campus
. The discipline has a workload of 40 hours and has the main objective of
presenting and discussing canonical works that make up the literary genre drama in English-
language literature, introducing the study of works from a panoramic view of their history and
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development (IFCE, 2017). In its first stage, is addressed the extensive work of William
Shakespeare, canon author of English dramaturgy, seeking to motivate students to read the
drama genre through the reading circle, which was applied in three classes of distinct semesters
of the course.
At first, the circle was prepared. The historical panorama of the emergence of the
English language (
old English
) until the Elizabethan era was presented, when Shakespeare
wrote great classics of world literature, focusing on the characteristics of the period and the
dramaturgy of the author. As Cosson (2014) pointed out, reading activity in a circle does not
need to address a single work, but a set of related works. In this case, the following works of
the author were chosen, translated into Portuguese
3
: "The Merchant of Venice", "Hamlet",
"Othello", "The Taming of the Shrew", "The Comedy of Errors", "Macbeth", "Richard III",
"The Tempest", "Much Ado About Nothing", "King Lear".
Then, the students were divided into pairs and received one of the works mentioned
above for reading. The proposal of the activity was to promote critical reflection on the main
themes of the author with each duo guiding the reading and interpretation of the work with the
colleagues of the reading circle. For each pair, it was up to explain the main points of the story,
its characters, plot, conflict and outcome, providing a dynamic and critical reading when
selecting at least between two and four excerpts or important scenes to be read by colleagues.
It was necessary that the pairs instigated the participation of all, with questions and discussions
about the scenes and themes. The evaluation of the reading circle took into account the posture,
involvement and participation in each moment of the activity, in addition to the orientation and
development of the reading of the selected excerpts. All the information and comments used to
help in the general understanding of the work were considered, as well as the orientation to
colleagues in reading the scenes, enabling the participation of all.
In the execution, the criteria of a prototypical reading circle presented by Cosson (2014)
and Daniels (2002) were applied. The records of the preparation and execution stages performed
were described in the table below, where the actions practiced based on the literature circle
model proposed by Daniels (2002) are reported.
3
Works available in the public domain:
http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/ResultadoPesquisaObraForm.do?first=50&skip=0&ds_titulo=&co_
autor=&no_autor=Shakespeare&co_categoria=2&pagina=1&select_action=Submit&co_midia=2&co_obra=&co
_idioma=1&colunaOrdenar=DS_TITULO&ordem=null
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Table 1
- Reading circle records in practice based on Daniels (2002)
Source: Prepared by the author
Literature circle model in Daniels (2002)
Reading circle actions in practice
a) The choice of the work that will be the subject of
literary reading.
Some of William
Shakespeare's main plays were
chosen.
b) Groups may be temporary and small (from four to
five students).
Doubles or trios were organized, according to the
number of students and the number of works
addressed.
c) They can read different works at the same
time.
Each pair was assigned a work of the author, so that
they would not be repeated in the circle.
d) The activities of the groups may comply with a
schedule of meetings, which may extend.
The reading schedules were decided from the draw,
according to the calendar of classes of the discipline.
e) The records can be made during the reading and will
be fundamental to develop the discussion about the
book, and may be a reading diary and / or function
forms (previously defined in relation to the text).
Students were free to choose how they would develop
the records for further discussion of the work.
f) The topics to be discussed are defined by the students
themselves.
It was proposed, by the teacher, the discussion of
topics of
analytical nature, such as psychological
deepening of the characters and construction of the
plot; and of a questioning nature, such as the
correlation of themes with current affairs and with
personal connections about the themes.
(g) Group
discussions are free.
The students focused on what they considered
pertinent, exemplifying with the reading of excerpts
from the works.
h) The teacher's role is to give conditions for the
activity to happen.
The organization of the schedule, classroom and
digital supports was the responsibility of the teacher.
i) The evaluation can be made through observation and
self-assessment of the student.
Personal evaluation was made with criteria pre
-
established by the teacher and the evaluation of the
experience in the circle was carried out through a
questionnaire applied via
Google forms
.
j) The class of the literature circle should be with a lot
of interaction between the students.
All students were invited to read the excerpts chosen
to illustrate the discussion guided by each pair.
k) The new groups can be formed from the selection of
the works.
New groups and reading circles have been suggested
for future practices.
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After implementing the reading circle in three different classes, having received positive
results in the classroom, the students, while readers and future English-speaking teachers, were
invited to report their impressions of the experience with Shakespeare's works in the reading
circle.
Paths to the initial education of the English language teacher
At the end of the three-semester cycle teaching the discipline of English literature
(drama), research was carried out with the objective of verifying the students' impressions about
the experience of the reading circle. The research was elaborated using the
Google Forms form
containing seven questions, five multiple choice questions and two open questions.
Participation in the research was voluntary and obtained 15 informants from the three
classes, 20% of the students in class 1; 46.7% of class 2 and 33.3% of class 3. From the answers
provided, we reflect on the possibilities of the experience of reading circles as a strategy for
strengthening Literary Literacy for future English language teachers, considering that the
circles "have a formative character" that broadens the horizons of the learner "through the
sharing of readings and dialogue around the selected work" (COSSON, 2014, p. 139)
In the first question, it was found how many informants had already had the opportunity
to participate in a reading circle and, as shown in Graph 1, 73.3% of the students had already
had this experience.
Figure 1
- As for participation in reading circles
Source: Prepared by the author
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The fact that most informants have already participated in a reading circle shows that
the practice of shared reading is not a novelty. Thus, participation in the circle already in the
Course of Letters adds to the experience with the literary reading of each one and helps to
improve the reading skills of these future teachers.
Graph 2
- As for reading Shakespeare's works
Source: Prepared by the author
In graph 2, 66.7% of informants had never read any work by author William
Shakespeare, which constitutes a canon of English and world literature. This is an indication of
what Cosson (2014) shows in his work: literature has been losing space in people's daily lives
and this reality reflects in their school education. The author recalls that reading fragments of
texts present in the textbook does not form a reader of that book. Most likely, students who
have never fully read any work of Shakespeare have had contact with fragments of the author,
but this contact is not enough to have access to the full meaning of the text that leads the reader
to "the knowledge of the human, which interests everyone" (TODOROV, 2010, p. 89, apud
COSSON, 2014, p. 69).
Graph 3 -
The relationship of the reading circle and the interest of the author
Source: Prepared by the author
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In Graph 3, 93.3% of the informants consider that the experience of the reading circle
motivated them to know more about William Shakespeare’s work. These data corroborate the
importance of activities that encourage shared literary reading in academic and school
environments, as circles can do. It is at school that students will have the best chance of being
introduced to the main authors, styles, works and literary genres. And this can happen from the
Literary Literacy of teachers in training, allowing the cycle of teacher training to gain an
important reinforcement: from the courses of Letters to the schools of basic education.
Moreover, as Duncan (2012, p. 34-35) states,
"
starting a new practice of literacy, such as
reading circles, can produce in people a change in the reading identity", that is, people who
have never read a complete book can become readers who delight in certain themes and works.
Graph 4 -
The relationship of the circle and the interest in other works of the author
Source: Prepared by the author
Graph 4 reinforces what was evidenced in the previous graph, since 86.7% of the
informants said they were interested in other works of Shakespeare, only to have participated
in the reading circle. As described in the methodological path session, each duo received a
single work to read and share with colleagues in the circle, but the fact that they participated in
the moment of discussion of the texts selected for other pairs, instigated curiosity and interest
in the works, motivating them to explore and deepen by different productions of the same
author.
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Graph 5
- The relationship of the reading circle and the incentive to literary reading
Source: Prepared by the author
In Graph 5, 100% of the informants said that the reading circle can be considered
effective for encouraging literary reading and the training of readers. As teachers in training,
the circle's own experience in the English literature class positively impacts their lives in the
personal and professional spheres. Either because they find more pleasure in literary reading,
because they appropriate the knowledge about the works discussed or, also, because, in the
future, they encourage their students through this reading teaching strategy.
After the objective questions, the students answered two open questions that
complemented each other. The first question was whether they would do the reading circle
differently as teachers. The answers show the level of reflection about the positive experience
of the circle, from the point of view of the teacher in training, focusing on the understanding of
the work and the relationship between the text and the students' lives, as shown in some of the
answers replicated in chart 1.
Table 1
- What would change in the realization of the reading circle?
1.
"I would encourage students to write some review or article on some theme of the work he read that
most caught his attention, drawing a parallel between fiction and life and reality."
2.
"I would encourage students to choose some of the works worked and write about some of the
themes of this work that caught their attention, making a parallel between fiction and reality. I believe it
would help to fix the importance of the author, as well as the understanding of the works."
3.
"Perhaps make comparations of the works with current works."
4.
"I would do the same, I thought very cool the dynamics of the reading circle!".
5.
"It would do exactly the same. The methods used to perform the reading circle, involving reading,
exhibition, discussion, and among all these stages of the construction of the class, the interactionist
approach of the language constituted an efficient tool to instigate curiosity, motivation and interest in
reading classics of English literature. Something that, from the perspective of current reading habits, is a
difficult task."
Source: Prepared by the author
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The second question was more general, starting from the point of view of the language
teacher in training. The opinion on the importance of reading practice for future teachers and
how the reading circle can help this task was asked. The answers in Chart 2 show the awareness
of these future teachers about the Literary Literacy itself and show how the practice of reading
needs to be more valued in the community as a whole, and the reading circle is a possible path
for its encouragement.
Table 2
- Opinion on the practice of reading for future language teachers and how the reading
circle can help this practice.
1.
"It is of
paramount importance, because if you read well, consequently you write well, with the
reading circle students start to be encouraged to read."
2.
"Constant reading is fundamental in the life of the teacher in training. The reading circle helps to
encourage reading, in addition to acquiring rich knowledge about works and authors."
3.
"The shared reading in a circle allows the participation of different opinions, in this sense we can
interact with the reading in a way that is more attractive."
4.
"The practice of reading is fundamental for the intellectual deepening of the teacher and the reading
circle is an excellent activity to acquire the habit of reading."
5.
"The practice of reading fosters knowledge, leads the teacher in training to acquire more and more
theoretical content that will provide him with a better preparation for the reality of teaching practice.
Thus, performing a reading circle as a methodological proposal is undoubtedly a tool capable of
motivating the teacher in training to acquire these habits through the practice of reading".
6.
"He [the reading circle] is very important, because he develops in the student, the taste for classical
works. Through it, the teacher can take advantage of several aspects, such as: the writing of words,
the pronunciation of them and even the grammatical rules of the Language, in addition to the
contextualization of each work".
Source: Search data
The importance of Literary Literacy for language teachers in training is highlighted in
the responses of the informants. The positive attitude about the activity shows that this is the
path to knowledge within the profession itself and also to growth as a reflective subject that
integrates a collectively constructed world that is further humanized from direct contact with
literary reading.
Therefore, the recognition of the formative aspect that reading circles have on the part
of letter teachers in initial training is what can bring a greater applicability of this experience in
the education of readers in basic education, since these teachers will be the future mediators of
Literary Literacy in school.
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The reading circle in English teaching development: An experience report in Letters graduation course
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Final considerations
This work aimed to report the experience of the reading circle in the degree course in
Letters, which forms future language teachers. More specifically, it proved to be a possible way
to motivate and collaborate with the Literary Literacy of English teachers in training.
It is necessary to go beyond the simple act of decoding a text when one wants to promote
a change of attitude towards the practice of reading our daily lives. For English teachers, in
addition to the language skills that underpin language instruction, much is gained when they
have ownership in the culture and literature of the language they teach. The fact that the reading
circle has approached a canon, William Shakespeare, provides this future teacher with a
deepening in the universe of English and world literature, offering a new perspective as a
student and reader still in training. In the future, this knowledge will underpin your teaching
practice.
Considering reading an interactive, cognitive and social activity, we can understand its
magnitude for the integral development of the subject who currently seems to be losing space
in people's daily lives. We must understand what Candido (2002) says when affirming that
literature humanizes being, so reading is an act of exchange between perspectives and allows a
more sensitive look at teacher education.
At this point, the reading circle (COSSON, 2009; 2014) or literature circle (DANIELS,
2002) may be a viable way to introduce this practice in the academic and school communities.
In this reported experience, it was noticed that the circle is a very adaptable and flexible
strategy, provided that there is organization, mediation and sharing of reflections.
Cosson (2014) states that the list of benefits is extensive when deciding to implement
reading circles as a practice of Literary Literacy, from greater involvement with texts to the
development of critical thinking, understanding and decision-making to the training of readers
at all levels of education. These benefits appeared in the data of the questionnaire applied after
the experiment. The informants demonstrated that the circle can be efficient in motivating for
the practice of reading and for the deepening of the reading of literary works. Thus, what is
expected is that a "seed" can be planted in the initial education of these students who will
become future language teachers, be they English and/or Portuguese, assisting in the training
of literary readers in school communities. This "seed" can bear fruit from the implementation
of reading circles in the classes of the bachelor's degree course in Letters.
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Elyssa S. MARINHO
Rev. EntreLínguas,
Araraquara, v. 8, n. 00, e022044, Jan./Dec. 2022. e-ISSN: 2447-3529
DOI: https://www.doi.org/10.29051/el.v8i00.15310
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Submitted
: 08/01/2022
Revisions required
: 13/02/2022
Approved
: 28/02/2022
Published
: 30/03/2022