FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE PORTUGUÊS COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA (PLE) EM UM CENTRO DE LÍNGUAS EM CONTEXTO UNIVERSITÁRIO


FORMACIÓN DEL PROFESORADO DE PORTUGUÉS COMO LENGUA EXTRANJERA (PLE) EN UN CENTRO DE IDIOMAS EN UN CONTEXTO UNIVERSITARIO


PORTUGUESE AS A FOREIGN LANGUAGE (PFL) TEACHER EDUCATION IN A LANGUAGE CENTRE IN A UNIVERSITY CONTEXT


Douglas Altamiro CONSOLO1


RESUMO: Apresento, neste relato de experiências, a formação de professores de português como língua estrangeira (PLE), enquanto formação pré-serviço, em um Centro de Línguas e Desenvolvimento de Professores (CLDP) do IBILCE-UNESP. A formação específica de professores de PLE no curso de Licenciatura em Letras naquela universidade restringe-se, até o momento, a uma disciplina obrigatória sobre PLE e ao engajamento dos alunos em projetos de extensão. Por outro lado, licenciandos em Letras que atuam como tutores no CLDP da mesma universidade têm a oportunidade de refletir sobre o ensino e a aprendizagem de PLE, de elaborar cursos e materiais didáticos, e de ministrar cursos de PLE em co-docência com seu professor-orientador. Essa formação complementar de professores de PLE no âmbito do CLDP tem se mostrado bastante satisfatória, além do fato de podermos, dessa maneira, oferecer cursos de PLE para alunos estrangeiros da comunidade acadêmica e da comunidade externa à universidade.


PALAVRAS-CHAVE: Centro de línguas. Formação de professores. Licenciatura em Letras. Português como língua estrangeira.


RESUMEN: En este relato de experiencia, presento la formación de profesores de portugués como lengua extranjera (PLE) en un Centro de Idiomas y Desarrollo Docente (CLDP) de IBILCE-UNESP. La formación específica de los profesores de PLE en la carrera de Licenciatura en Letras de esa universidad, hasta el momento, se restringe a una disciplina obligatoria, en PLE, y a la participación de los estudiantes en proyectos de extensión. Los graduados en Letras que actúan como tutores en el CLDP de la misma universidad tienen la oportunidad de reflexionar sobre la enseñanza y el aprendizaje de PLE, de elaborar cursos y materiales didácticos, y de impartir cursos de PLE con sus maestro-consejero. Esta formación complementaria de profesores PLE dentro del CLDP ha demostrado ser muy satisfactoria, además de que podemos, de esta forma, ofrecer cursos PLE a estudiantes extranjeros de la comunidad académica y de la comunidad externa a la universidad.


1 Universidade Estadual Paulista (UNESP), São José do Rio Preto – SP – Brasil. Departamento de Letras Modernas. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-6247-8657. E-mail: douglas.consolo@unesp.br




PALABRAS CLAVE: Centro de idiomas; Formación de profesores; Grado en Letras; Portugués como lengua extranjera


ABSTRACT: In this paper, I report on experiences of Portuguese as a foreign language (PFL) teacher education, as pre-service teacher development, in a language center and teacher development extension project at IBILCE-UNESP. Portuguese teacher development in the Letters degree at that university has currently been restricted to only one compulsory course subject about PFL in the curriculum, and to students’ participation in extension projects. On the other hand, Letters undergraduates who act as teachers in the CLDP-IBILCE have the opportunity to reflect about the teaching and learning of PFL, to plan courses and course materials, and to teach PFL lessons in co-teaching partnerships with their supervisor. The complementary experience of teacher development in the CLDP has proved to be very satisfactory, besides the fact that PFL courses can be offered to students from both the university and the outside communities.


KEYWORDS: Language center; Teacher education; BA in Letters; Portuguese as a foreign language


Introdução


A formação de professores de português como língua estrangeira (PLE) constitui-se em área de conhecimento e em ação pedagógica importantes no que tange a preparação de docentes aptos a atuarem em contextos de ensino de português enquanto língua não materna, no Brasil e em outros países. E, apesar de se caracterizar como uma área de pesquisa relativamente nova no Brasil, “visto que é ao final dos anos 1980 que surgem os primeiros sinais de emergência de instituição e institucionalização do PLE como campo de conhecimento” (ALMEIDA FILHO, 2012; ROCHA, 2021, p. 746) no contexto brasileiro, diversas ações de ensino e de pesquisa em PLE já se concretizaram nas últimas três décadas.

Sabe-se, historicamente, que muitos professores de PLE adentraram à docência nessa área oriundos de outras áreas de ensino de línguas, dentre as quais o português como língua materna e outras línguas estrangeiras nas quais se formaram professores. Esses profissionais vêm atuando satisfatoriamente no ensino de PLE, tanto no contexto brasileiro, como no exterior. Entretanto, dados o crescimento da demanda pelo ensino de PLE2 nos últimos anos e as especificidades do ensino da língua portuguesa a falantes de outras línguas, torna-se cada vez mais necessário investir em uma formação específica desses professores, analogamente, por


2 Utilizo, neste artigo, o termo PLE (português como língua estrangeira) para me referir a todas as possibilidades de ensino e aprendizagem da língua portuguesa a falantes de outras línguas, contemplando, por exemplo, português como língua de acolhimento (PLAc), como língua adicional (PLA) e como língua de herança (PLH).



exemplo, ao que já acontece na formação de docentes de línguas estrangeiras em cursos de licenciatura em Letras no Brasil.

Apresento, neste artigo, experiências sobre a formação de professores de PLE, como formação pré-serviço, em um Centro de Línguas e Desenvolvimento de Professores (CLDP) de um dos campus da UNESP (Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”), uma universidade pública no estado de São Paulo, Brasil. Trata-se do campus da cidade de São José do Rio Preto, onde situa-se o Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas (IBILCE), um dos três campus da referida universidade nos quais oferecem-se cursos de formação inicial (pré- serviço) de professores de línguas, a saber, de Licenciatura em Letras. Nesses cursos, todos de licenciatura dupla, os alunos se formam professores de línguas portuguesa, para lecionar português principalmente nos contextos da escola regular no Brasil, e também professores de uma língua estrangeira. No caso específico do curso de Licenciatura em Letras do IBILCE, as línguas oferecidas regularmente são o espanhol, o francês, o inglês e o italiano. Em anos anteriores, entre 2016 e 2018, foram também oferecidos cursos de alemão, de russo e de grego moderno, ministrados por docentes voluntários

A formação de professores de PLE no currículo do curso de Licenciatura em Letras na universidade restringe-se, até o momento, a uma disciplina obrigatória de 60 horas, atualmente ministrada por uma docente do Departamento de Educação do IBILCE, e ao engajamento dos alunos, quando possível, em projetos de extensão.

Os CLDPs, um projeto de extensão implementado e apoiado pela Pró-Reitoria de Extensão da UNESP (PROEX), concretizou-se nos campi das cidades de Araraquara, Assis e São José do Rio Preto desde 2013.3

As aulas de línguas oferecidas pelos CLDPs são ministradas por docentes denominados “tutores”, que são licenciandos em Letras interessados em uma formação complementar e na experiência de ensinar uma língua estrangeira na qual são bastante proficientes, geralmente a língua estrangeira que estudam em seu curso de graduação. A escolha dos tutores é realizada anualmente, por meio de inscrição e de um processo seletivo. Cada tutor é orientado por um docente do Departamento de Letras Modernas de seu campus, especialista na respectiva língua estrangeira. No caso da orientação dos tutores de PLE, embora eu seja docente da área de Língua Inglesa, assumi essa função desde a implementação do CLDP no IBILCE, uma vez que (ainda) não há docentes contratados na UNESP para a área de PLE. Os tutores recebem uma bolsa concedida pela PROEX ou advinda da verba de inscrições dos alunos, tanto da própria


3Maiores informações sobre o CLDP do IBILCE-UNESP Disponíveis em: https://www.ibilce.unesp.br/#!/centro- de-linguas-1/


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UNESP (comunidade interna) como da comunidade externa, nos cursos do CLDP. E, mais recentemente, tal experiência docente inclui a docência em cursos de PLE na modalidade online.4

Na sequência deste artigo apresentam-se, na próxima seção, informações sobre o cenário atual da formação de professores de PLE no Brasil; na seção subsequente, um relato da formação complementar de professores de PLE no CLDP-IBILCE; em seguida, as considerações finais e as referências bibliográficas aqui utilizadas.


A formação de professores de PLE no Brasil


A formação específica de professores de PLE no Brasil ocorre das seguintes maneiras: cursos de graduação; disciplinas curriculares, algumas de caráter optativo; disciplinas de pós- graduação; cursos de especialização (pós-graduação lato sensu); e projetos de extensão. Trato, a seguir, dessas possibilidades de formação docente em PLE, com base em informações trazidas por Scaramucci e Bizon (2020, ALMEIDA; ROCHA, 2021) e por Furtoso (2015), e também obtidas por meio de contatos com colegas que atuam na área de PLE.

Cursos de graduação em PLE são oferecidos nas seguintes universidades: Universidade de Brasília (UnB-DF), Universidade Federal da Bahia (UFBA-BA), Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA-PR) e Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP-SP). Maiores informações sobre essas licenciaturas encontram-se disponíveis na internet, nas páginas das respectivas universidades, em Almeida e Rocha (2021), e em Scaramucci e Bizon (2020). Sobre o curso de Licenciatura em Língua Portuguesa, do Instituto Federal de Goiás (IFG), menciona-se, em um link de divulgação do curso na internet (http://cursos.ifg.edu.br/info/lic/lic-letras/CP-GOIANIA), que “O curso de Letras do IFG possui como diferencial a formação de professores de Português como língua estrangeira”, embora, segundo informação recebida de um docente do IFG, o referido curso não oferece licenciatura em PLE.

Disciplinas curriculares sobre PLE, algumas de caráter optativo, são oferecidas pelas seguintes universidades: UnB-DF, UNICAMP-SP, Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF-MG), Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA-PR), Universidade Estadual de Londrina (UEL-PR), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS-RS), Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ-RJ) e Universidade Estadual


4 Para maiores informações e reflexões sobre ensino emergencial durante a pandemia do covid-19, Disponível em: Cordeiro (2020) e Hodges et al. (2020).


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Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP-SP). No caso específico do IBILCE-UNESP, conforme mencionado anteriormente, trata-se da disciplina “Português língua estrangeira: ensino e formação docente”, de 60 horas, obrigatória aos alunos dos cursos de Licenciatura em Letras daquele campus.

Disciplinas sobre PLE e projetos em nível de pós-graduação strictu sensu (Mestrado e Doutorado) estão presentes, por exemplo, na UNICAMP, na UNESP, na Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ) e na Universidade Federal do Paraná (UFPR-PR).

Em termos de cursos de especialização, cursos de pós-graduação lato sensu são oferecidos, por exemplo, no IBILCE-UNESP, na Universidade Estadual de Londrina (UEL e na Universidade Federal Fluminense (UFF).

Sobre projetos de extensão, considerada a “parte mais robusta do tripé” (ensino/extensão/pesquisa) em PLE no Brasil, segundo afirmação de Furtoso (2015), há projetos, por exemplo, na Universidade Federal do Amazonas (UFAM-AM), na UNESP, na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG-MG), na Universidade Federal de São Carlos (UFSCAr-SP), na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), na UFPR, na UFRGS e na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ-RJ).5

Embora alguns cursos de licenciaturas em PLE tenham sido criados no Brasil, nos últimos anos, além da existência das outras modalidades de formação acima citadas, a formação docente em PLE no contexto brasileiro ainda é limitada, considerando-se, por exemplo, as demandas de ensino e aprendizagem de PLE no Brasil e em outros países, e o fato de o Brasil ser o maior país onde se fala português como língua materna.


A formação de professores de PLE no CLDP-IBILCE


Os CLDPS da UNESP têm dois objetivos principais: o oferecimento de cursos optativos de línguas estrangeiras a membros das comunidades interna e externa à universidade, e a formação complementar de professores de línguas estrangeiras.

Conforme acima mencionado, os tutores das línguas oferecidas pelos CLDPs são discentes em formação para a docência, ou seja, cursam disciplinas de línguas e de literaturas estrangeiras, de didática, de Linguística Aplicada e de prática de ensino, importantes para a sua formação docente inicial; além das disciplinas obrigatórias de estágios de docência, nos últimos anos dos cursos de Licenciatura em Letras. Todavia, de acordo com relatos de alunos dos


5 Maiores informações sobre a formação de professores de PLE no Brasil Disponível em: Almeida e Rocha (2021), e Scaramucci e Bizon (2020).


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últimos anos do referido curso, sua formação nem sempre contempla, de maneira abrangente e suficientemente aprofundada, questões de ensino e aprendizagem de línguas importantes para a sua formação enquanto futuros professores de línguas. Parte das disciplinas do curso dedica- se à formação para a pesquisa, nas áreas de Estudos Linguísticos e de Literatura. Por essa razão, a oportunidade de atuar como tutores nos CLDPs lhes proporciona oportunidade de formação complementar, contemplando, inclusive, questões tanto teóricas como práticas da docência em línguas não tratadas nas disciplinas de suas licenciaturas.

Nos últimos três anos, tem-se verificado um aumento significativo no interesse e no número de tutores atuantes no CLDP-IBILCE, principalmente devido ao aumento da demanda pelos cursos de línguas e à possibilidade de recebimento de bolsas, viabilizada graças ao apoio de UNESP e à verba recolhida das inscrições nesses cursos.

Os cursos de PLE oferecidos atualmente pelo CLDP-IBILCE são os seguintes: Nível básico (A1.1, A1.2, A2.1, A2.2)6

Nível intermediário (B1)

Cursos com denominação específica: “Aspectos da Cultura Brasileira” (nível intermediário); “Interações Oral: Interações Acadêmicas” (nível básico); e “Interações Orais em Português Brasileiro” (nível intermediário).

Nos anos iniciais de funcionamento dos CLDPs, entre 2016 e 2017, foram planejados e implementados cursos online de PLE na Plataforma Moodle, nos níveis A1, A2 e B1, para atender estrangeiros em processo de vinda ao Brasil, para estudar ou realizar projetos de pesquisa em campi da UNESP. Na mesma época, desenvolveu-se um teste online de nivelamento para PLE, também na Plataforma Moodle.

A formação de professores de PLE no CLDP-IBILCE, concretizada nas ações do docente-orientador, por meio de reuniões pedagógicas regulares e acompanhamento do trabalho docente dos tutores, se caracteriza por seis aspectos principais, a saber: sugestões e orientações para planejamento de cursos e preparação de aulas pelos tutores; planejamento dos cursos, seleção de conteúdos e elaboração de materiais didáticos pelos tutores; docência nos cursos de PLE; reflexão dos tutores, com o orientador, sobre as aulas ministradas; submissão e apresentação de comunicações e painéis em eventos acadêmicos; e submissão de artigos para publicação, geralmente em co-autoria com o orientador.

Após a seleção dos alunos que atuarão como tutores de PLE, discutem-se, nas primeiras reuniões de orientação, as características gerais dos cursos a serem oferecidos, tais como dia(s)



6 Níveis baseados no Quadro Europeu Comum de Referência (QECR) para proficiência em línguas.


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da semana e horário, carga horária, perfil (previsto) dos alunos, nível do curso (conforme os níveis do QECR), e metodologia de ensino. Os tutores são orientados a buscar conteúdos em materiais didáticos disponíveis em um conjunto de livros didáticos de PLE de propriedade do CLDP, em outros livros didáticos que porventura encontrem, em materiais utilizados anteriormente nos cursos do CLDP e na internet. Cada aula é elaborada nos moldes de uma estrutura de plano de aula, no qual se contemplam informações sobre o(s) objetivo(s) da aula, a metodologia de ensino, os materiais e as atividades didáticas, o(s) papel(éis) do professor e dos alunos na aula e os resultados de aprendizagem esperados.

Após a preparação dos planos das primeiras aulas de cada curso e dos materiais a serem utilizados – por exemplo, organizados em uma apresentação em formato de Power Point e handouts em formato de Word, os planos e os materiais didáticos são avaliados pelo orientador e discutidos com os tutores, sendo feitas adaptações e/ou modificações necessárias. O orientador participa integralmente das primeiras aulas e, na medida do possível, das demais aulas de cada curso.

Conforme apontado por Saujat (2004, p. 13-14, grifos do autor),


A concepção do prático reflexivo (SCHÖN, 1983) baseia-se em uma abordagem empírica que caracteriza o pensamento profissional como uma reflexão no curso da ação, reflexão que incide sobre essa ação e sobre a conduta num determinado contexto. Esse saber não se formula, mas encontra- se incorporado e é a fonte da eficiência da atividade profissional, que pode ser representada como um diálogo dos profissionais com os problemas das situações com que se defrontam.


Semanalmente, orientador e tutores se reúnem para discutir o resultado das aulas ministradas na semana, o que caracteriza uma “reflexão no curso da ação”. Nessas discussões, os tutores são conduzidos a refletir sobre as aulas ministradas: se as atividades foram bem sucedidas, se houve participação dos alunos, se o(s) objetivo(s) da aula foi(ram) atingidos, e se houve dificuldades, por parte dos tutores, em tratar de determinadas situações ocorridas nas aulas. Depois de ouvir os tutores, o orientador faz comentários sobre esses aspectos, sobre a fala do professor, tenha essa fala ocorrido em português ou em uma das línguas dos alunos,7 e oferece sugestões de aprimoramento das ações docentes dos tutores. Dessa maneira, realiza-se a reflexão no curso da ação, conforme postulado por Schön (1983), no contexto da proposta dos cursos do CLDP e das ações docentes dos tutores, em um diálogo entre fatos, teorias, experiências do orientador e experiências dos discentes-tutores. A experiência da reflexão sobre


7 Os tutores de PLE geralmente falam, além do português, espanhol, francês ou inglês.


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a ação a posteriori, ou seja, após a realização das aulas, confere novos conhecimentos para os professores em formação.

Saujat (2004, p. 14-15), citando Altet, apresenta, no âmbito da chamada abordagem ecológica dos processos interativos, na qual, em uma descrição ecológica da aula, “a complexidade da tarefa do professor se relaciona com os acontecimentos que aí ocorrem”, o paradigma processos interativos contextualizados, definindo o ensino como “um processo interativo, interpessoal, intencional, finalizado pela aprendizagem dos alunos” (ALTET 1991

p. 16). Segundo Altet (1994 apud SAUJAT, 2004, p. 16),


Esse processo requer uma cultura profissional que se baseia em seis critérios (ALTET, 1994): (a) uma base de conhecimentos ligados ao agir profissional;

(b) uma prática adaptada em situação complexa; (c) uma capacidade de dar conta de suas próprias competências e atos; (d) uma autonomia e uma responsabilidade pessoal no exercício de suas competências; (e) uma adesão a normas coletivas constitutivas da identidade profissional; (f) um pertencimento a um grupo que desenvolve estratégias de promoção e valorização.


Os tutores de PLE que atuam no CLDP-IBILCE agregam conhecimentos adquiridos em disciplinas da licenciatura, por meio de leituras indicadas pelo orientador e em outras experiências discentes, à sua prática docente nas situações específicas dos cursos que ministram, refletindo sobre e avaliando seu desempenho docente e o aprendizado dos alunos, inseridos em um cenário mais amplo de ensino e aprendizagem de línguas, a saber, o CLDP, a UNESP e o contexto brasileiro.

Ações específicas para enriquecer a formação docente dos tutores dos CLDPs ocorrem à medida que se verifica a necessidade de fortalecer essa formação, como aconteceu no início da pandemia de COVID-19, quando foi tomada a decisão de que todos os cursos de línguas dos CLDPs seriam oferecidos somente na modalidade online. Então, para preparar os tutores para o ensino remoto, antes do início dessas aulas online, ofereceu-se aos tutores um curso de 30 horas, também na modalidade online, sobre princípios, metodologia e recursos eletrônicos disponíveis para o ensino de línguas. O curso foi ministrado por três doutorandos, dos campi da UNESP de Araraquara e de Assis, supervisionados por suas respectivas orientadoras. No âmbito dessa ação formativa, ofereceu-se também a palestra de Consolo (2020), sobre avaliação no ensino e na aprendizagem de línguas.

Conforme apontado anteriormente, os tutores de PLE são incentivados a apresentar trabalhos em eventos acadêmicos e a produzir artigos para publicação, geralmente em co- autoria entre tutores e/ou com o professor-orientador.



Dentre as apresentações de trabalhos, cito as seguintes:



A formação complementar de professores de PLE no âmbito do CLDP-IBILCE inclui, portanto, discussões e reflexões para a preparação dos cursos; docência e reflexão a posteriori; busca de alternativas e soluções para eventuais dificuldades e limitações encontradas pelos tutores no exercício da docência; apresentações de trabalhos em eventos acadêmicos e publicações.




Considerações finais


A formação de professores de PLE no âmbito do CLDP-IBILCE, nos moldes acima relatados, tem se mostrado bastante satisfatória. Os tutores vivenciam experiências significativas de ensino de português a falantes de outras línguas, desde a preparação de suas aulas e da elaboração e/ou seleção dos materiais didáticos, e da preparação e utilização de instrumentos e/ou procedimentos de avaliação, até as reflexões sobre essas experiências, com os professores-orientadores, e decorrentes encaminhamentos para suas futuras aulas de PLE.

Além dessa formação complementar – e específica sobre PLE; destaco o fato de podermos, dessa maneira, oferecer cursos de PLE para alunos estrangeiros da comunidade acadêmica e da comunidade externa à universidade. E, com a realidade dos cursos ofertados na modalidade online, em 2020 e 2021, ampliamos o âmbito da formação docente dos tutores e temos atendido alunos de diversas partes do mundo.

O sucesso da formação complementar de professores de PLE nos CLDPs da UNESP não deve, todavia, impedir que haja planos e a concretização de uma formação em PLE mais robusta na referida universidade, por exemplo, com a criação da área de PLE nos departamentos de Letras Modernas, a contratação de docentes-pesquisadores nessas áreas e a criação de licenciaturas específicas para a formação de docentes de português para falantes de outras línguas.


REFERÊNCIAS


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Disponível em: http://periodicos.pucminas.br/index.php/scripta/article/view/26122. Acesso em: 26 ago. 2021.


ALTET, M. Comment interagissent enseignant et élèves en classe? Revue Française de Pédagogie, n. 107, p. 16, 1991.


ALTET, M. La formation profissionnelle des enseignants. Paris: PUF, 1994.


CONSOLO, D. A. An online placement test of Portuguese as a foreign language: Development and implementation. Portuguese Language Journal. (no prelo).


CONSOLO, D. A. Uma conversa sobre Avaliação no Ensino/Aprendizagem de Línguas com tutores dos CLDPs-UNESP. Palestra proferida aos tutores dos Centros de Línguas e Desenvolvimento de Professores das UNESP, 21 out. 2020.



CONSOLO, D. A.; SILVA, V. P. Desenvolvimento e Implementação (Teste Online) de Proficiência de Português como Língua Estrangeira. MOSAICO, São José do Rio Preto, v. 15, p. 691-716, 2016.


CORDEIRO, K. M. A. O impacto da pandemia na educação: a utilização da tecnologia como ferramenta de ensino. 2020. Disponível em: https://repositorio.idaam.edu.br/jspui/handle/prefix/1157. Acesso em: 01 ago. 2021.


FILHO, A. J. C. P. Ensino de português língua estrangeira/EPLE: a emergência de uma especialidade no Brasil. In: LOBO, T. et al. (org.). Rosae: linguística histórica, história das línguas e outras histórias. Salvador: Edufba, 2012. p. 723-728.


FURTOSO, V. A. B. Onde estamos? Para onde vamos? A Pesquisa em Português para Falantes de Outras Línguas nas Unjiversidades Brasileiras. In: LUCAS, P. O.; RODRIGUES,

F. L. R. (org.) Temas e Rumos nas Pesquisas em Linguística (Aplicada): questões empíricas, éticas e práticas. Campinas, SP: Pontes Editores, 2015. p. 153-195.


HODGES, C. et al. The difference between emergency remote teaching and online learning. 2020. Disponível em: https://er.educause.edu/articles/2020/3/the-difference- between-emergency-remote-teaching-and-online-learning#disqus_thread. Acesso em: 30 jul. 2020.


SAUJAT, F. O trabalho do professor nas pesquisas em educação: um panorama. In: MACHADO, A. R. (org.) O Ensino como Trabalho: uma abordagem discursiva. Londrina: EDUEL, 2004. p. 3-34.


SCARAMUCCI, M. V. R.; BIZON, A. C. C. (org.). Formação inicial e continuada de professores de Português Língua Estrangeira/Segunda Língua no Brasil. Araraquara: Letraria, 2020.


SCHÖN, D. A. The reflective practitioner. New York: Basic Book. 1983. 374 p.


Como referenciar este artigo


CONSOLO, D. A. Formação de professores de Português como Língua Estrangeira (PLE) em um centro de línguas em contexto universitário. Rev. EntreLínguas, Araraquara, v. 7, n. esp. 6, e021153, dez. 2021. e-ISSN: 2447-3529. DOI: https://doi.org/10.29051/el.v7iesp.6.15459


Submetido em: 31/08/2021

Revisões requeridas em: 15/10/2021 Aprovado em: 29/11/2021 Publicado em: 28/12/2021




PORTUGUESE AS A FOREIGN LANGUAGE (PFL) TEACHER’S EDUCATION IN A LANGUAGE CENTRE IN A UNIVERSITY CONTEXT


FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE PORTUGUÊS COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA (PLE) EM UM CENTRO DE LÍNGUAS EM CONTEXTO UNIVERSITÁRIO


FORMACIÓN DEL PROFESORADO DE PORTUGUÉS COMO LENGUA EXTRANJERA (PLE) EN UN CENTRO DE IDIOMAS EN UN CONTEXTO UNIVERSITARIO


Douglas Altamiro CONSOLO1


ABSTRACT: In this paper, I report on experiences of Portuguese as a foreign language (PFL) teacher education, as pre-service teacher development, in a language center and teacher development extension project at IBILCE-UNESP. Portuguese teacher development in the Letters degree at that university has currently been restricted to only one compulsory course subject about PFL in the curriculum, and to students’ participation in extension projects. On the other hand, Letters undergraduates who act as teachers in the CLDP-IBILCE have the opportunity to reflect on the teaching and learning of PFL, to plan courses and course materials, and to teach PFL lessons in co-teaching partnerships with their supervisor. The complementary experience of teacher development in the CLDP has proved to be very satisfactory, besides the fact that PFL courses can be offered to students from both the university and the outside communities.


KEYWORDS: Language center; Teacher education; BA in Letters; Portuguese as a foreign language


RESUMO: Apresento, neste relato de experiências, a formação de professores de português como língua estrangeira (PLE), enquanto formação pré-serviço, em um Centro de Línguas e Desenvolvimento de Professores (CLDP) do IBILCE-UNESP. A formação específica de professores de PLE no curso de Licenciatura em Letras naquela universidade restringe-se, até o momento, a uma disciplina obrigatória sobre PLE e ao engajamento dos alunos em projetos de extensão. Por outro lado, licenciandos em Letras que atuam como tutores no CLDP da mesma universidade têm a oportunidade de refletir sobre o ensino e a aprendizagem de PLE, de elaborar cursos e materiais didáticos, e de ministrar cursos de PLE em co-docência com seu professor-orientador. Essa formação complementar de professores de PLE no âmbito do CLDP tem se mostrado bastante satisfatória, além do fato de podermos, dessa maneira, oferecer cursos de PLE para alunos estrangeiros da comunidade acadêmica e da comunidade externa à universidade.


PALAVRAS-CHAVE: Centro de línguas. Formação de professores. Licenciatura em Letras. Português como língua estrangeira.


1 São Paulo State University (UNESP), São José do Rio Preto – SP – Brazil. Department of Modern Languages. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-6247-8657. E-mail: douglas.consolo@unesp.br


Rev. EntreLínguas, Araraquara, v. 7, n. esp. 6, e021153, Dec. 2021. e-ISSN: 2447-3529



RESUMEN: En este relato de experiencia, presento la formación de profesores de portugués como lengua extranjera (PLE) en un Centro de Idiomas y Desarrollo Docente (CLDP) de IBILCE-UNESP. La formación específica de los profesores de PLE en la carrera de Licenciatura en Letras de esa universidad, hasta el momento, se restringe a una disciplina obligatoria, en PLE, y a la participación de los estudiantes en proyectos de extensión. Los graduados en Letras que actúan como tutores en el CLDP de la misma universidad tienen la oportunidad de reflexionar sobre la enseñanza y el aprendizaje de PLE, de elaborar cursos y materiales didácticos, y de impartir cursos de PLE con sus maestro-consejero. Esta formación complementaria de profesores PLE dentro del CLDP ha demostrado ser muy satisfactoria, además de que podemos, de esta forma, ofrecer cursos PLE a estudiantes extranjeros de la comunidad académica y de la comunidad externa a la universidad


PALABRAS CLAVE: Centro de idiomas; Formación de profesores; Grado en Letras; Portugués como lengua extranjera


Introduction


The training of teachers of Portuguese as a foreign language (PLE) is an important area of knowledge and pedagogical action in terms of preparing teachers capable of working in contexts of teaching Portuguese as a non-mother tongue, in Brazil and in other countries. countries. And, despite being characterized as a relatively new area of research in Brazil, “since it is at the end of the 1980s that the first signs of the emergence of the institution and institutionalization of the PLE as a field of knowledge appear” (ALMEIDA FILHO, 2012; ROCHA, 2021, p. 746, our translation) in the Brazilian context, several teaching and research in PLE have already materialized in the last three decades.

It is known, historically, that many PLE teachers entered teaching in this area from other areas of language teaching, including Portuguese as their mother tongue and other foreign languages in which teachers were trained. These professionals have been working satisfactorily in the teaching of PLE, both in the Brazilian context and abroad. However, given the growth in demand for teaching PLE2In recent years and the specificities of teaching Portuguese to speakers of other languages, it has become increasingly necessary to invest in specific training for these teachers, similarly, for example, to what already happens in the training of foreign language teachers in courses degree in Letters in Brazil.

In this article, I present experiences on the training of PLE teachers, as pre-service training, in a Center for Languages and Teacher Development (CLDP) on one of the UNESP


2In this article, I use the term PLE (Portuguese as a foreign language) to refer to all the possibilities of teaching and learning the Portuguese language to speakers of other languages, contemplating, for example, Portuguese as a host language (PLAc), as a additional language (PLA) and as a heritage language (PLH).


Rev. EntreLínguas, Araraquara, v. 7, n. esp. 6, e021153, Dec. 2021. e-ISSN: 2447-3529



campuses (Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”). a public university in the state of São Paulo, Brazil. This is the campus of the city of São José do Rio Preto, where the Institute of Biosciences, Letters, and Exact Sciences (IBILCE) is located, one of the three campuses of the aforementioned university in which initial training courses (pre-school) are offered. service) of language teachers, namely, Licentiate in Letters. In these courses, all with a double degree, students are trained as Portuguese language teachers, to teach Portuguese mainly in regular school contexts in Brazil, as well as teachers of a foreign language. In the specific case of the Licentiate in Letters course at IBILCE, the languages regularly offered are Spanish, French, English, and Italian. In previous years, between 2016 and 2018, courses in German, Russian, and Modern Greek were also offered, taught by volunteer teachers.

The training of PLE teachers in the curriculum of the Licentiate in Letters course at the university is, so far, restricted to a mandatory 60-hour subject, currently taught by a professor from the Department of Education at IBILCE, and to student engagement, when possible, in extension projects.

The CLDPs, an extension project implemented and supported by the Pro-Rectory of Extension at UNESP (PROEX), took place on the campuses of the cities of Araraquara, Assis, and São José do Rio Preto since 2013.3

The language classes offered by the CLDPs are taught by teachers called “tutors”, who are graduates in Letters interested in additional training and in the experience of teaching a foreign language in which they are quite proficient, usually the foreign language they study in their course of study. graduation. The choice of tutors is carried out annually, through registration and a selection process. Each tutor is guided by a professor from the Department of Modern Literature on his/her campus, who is an expert in the respective foreign language. In the case of tutoring PLE tutors, although I am a professor in the area of English, I assumed this role since the implementation of the CLDP at IBILCE, since (yet) there are no professors hired at UNESP for the PLE area. Tutors receive a scholarship granted by PROEX or from student enrollment funds, both from UNESP (internal community) and from the external community, in CLDP courses. And, more recently, such teaching experience includes teaching PLE courses in the online modality.4


3More information about the IBILCE-UNESP CLDP Available at: https://www.ibilce.unesp.br/#!/centro-de- linguas-1/

4For more information and reflections on emergency education during the covid-19 pandemic, available at: Cordeiro (2020) and Hodges et al. (2020).


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Following this article, the next section presents information on the current scenario of PLE teacher training in Brazil; in the subsequent section, an account of the complementary training of PLE teachers at CLDP-IBILCE; then, the final considerations and the bibliographic references used here.


The training of PLE teachers in Brazil


The specific training of PLE teachers in Brazil occurs in the following ways: undergraduate courses; curricular subjects, some of an optional nature; graduate courses; specialization courses (lato sensu postgraduate course); and extension projects. I discuss, below, these possibilities for teacher training in PLE, based on information provided by Scaramucci and Bizon (2020, ALMEIDA; ROCHA, 2021) and by Furtoso (2015), and also obtained through contacts with colleagues who work in the field. PLE area.

Undergraduate courses in PLE are offered at the following universities: University of Brasília (UnB-DF), Federal University of Bahia (UFBA-BA), Federal University of Latin American Integration (UNILA-PR), and State University of Campinas (UNICAMP- SP). More information about these degrees is available on the internet, on the pages of the respective universities, in Almeida and Rocha (2021), and Scaramucci and Bizon (2020). About the Licentiate in the Portuguese Language, from the Instituto Federal de Goiás (IFG), it is mentioned, in a link to publicize the course on the internet (http://cursos.ifg.edu.br/info/lic/lic- letras/CP-GOIANIA), that “The Letters course at the IFG has as a differential the training of teachers of Portuguese as a foreign language”, although, according to information received from an IFG teacher, this course does not offer a degree in PLE.

Curricular subjects on PLE, some of which are optional, are offered by the following universities: UnB-DF, UNICAMP-SP, Federal University of Juiz de Fora (UFJF-MG), Federal University of Latin American Integration (UNILA-PR), State University of Londrina (UEL- PR), Federal University of Rio Grande do Sul (UFRGS-RS), State University of Rio de Janeiro (UERJ-RJ) and São Paulo State University “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP-SP). In the specific case of IBILCE-UNESP, as mentioned above, it is the subject “Portuguese as a foreign language: teaching and teacher training”, with 60 hours, mandatory for students of the Licentiate in Letters courses on that campus.

Disciplines on PLE and strictu sensu graduate level projects (Master's and Doctorate) are present, for example, at UNICAMP, UNESP, Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ) and Universidade Federal do Paraná (UFPR-PR).


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In terms of specialization courses, lato sensu postgraduate courses are offered, for example, at IBILCE-UNESP, at the State University of Londrina (UEL and at the Fluminense Federal University (UFF).

Regarding extension projects, considered the “most robust part of the tripod” (teaching/extension/research) in PLE in Brazil, according to Furtoso (2015), there are projects, for example, at the Federal University of Amazonas (UFAM-AM), at UNESP, at the Federal University of Minas Gerais (UFMG-MG), at the Federal University of São Carlos (UFSCar- SP), at the Pontifical Catholic University of Rio de Janeiro (PUC-RJ), at UFPR, at UFRGS and at the Federal University of Rio de Janeiro (UFRJ-RJ).5

Although some degree courses in PLE have been created in Brazil in recent years, in addition to the existence of the other training modalities mentioned above, teacher training in PLE in the Brazilian context is still limited, considering, for example, the demands of teaching and learning PLE in Brazil and in other countries, and the fact that Brazil is the largest country where Portuguese is spoken as a mother tongue.


The training of PLE teachers at CLDP-IBILCE


UNESP's CLDPS have two main objectives: offering optional foreign language courses to members of the university's internal and external communities, and the complementary training of foreign language teachers.

As mentioned above, the tutors of the languages offered by the CLDPs are students in training for teaching, that is, they take courses in languages and foreign literature, didactics, Applied Linguistics and teaching practice, which are important for their initial teacher training; in addition to the mandatory subjects of teaching internships, in the last years of the Licentiate in Letters courses. However, according to reports from students in the last years of the aforementioned course, their training does not always cover, in a comprehensive and sufficiently deep way, issues of language teaching and learning that are important for their training as future language teachers. Part of the course subjects are dedicated to training for research in the areas of Linguistic Studies and Literature. Therefore, the opportunity to act as tutors in the CLDPs provides them with an opportunity for complementary training, including theoretical and practical issues of language teaching not covered in the subjects of their degree.


5More information on the training of PLE teachers in Brazil Available at: Almeida and Rocha (2021), and Scaramucci and Bizon (2020).


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In the last three years, there has been a significant increase in interest and in the number of tutors working in the CLDP-IBILCE, mainly due to the increase in demand for language courses and the possibility of receiving scholarships, made possible thanks to the support of UNESP and funds collected from enrollment in these courses.

The PLE courses currently offered by CLDP-IBILCE are as follows: Basic level (A1.1, A1.2, A2.1, A2.2)6

Intermediate level (B1)

Courses with a specific name: “Aspects of Brazilian Culture” (intermediate level); “Oral Interactions: Academic Interactions” (basic level); and “Oral Interactions in Brazilian Portuguese” (intermediate level).

In the initial years of operation of the CLDPs, between 2016 and 2017, online PLE courses were planned and implemented on the Moodle Platform, at levels A1, A2, and B1, to serve foreigners in the process of coming to Brazil, to study or carry out research projects. on UNESP campuses. At the same time, an online placement test was developed for PLE, also on the Moodle Platform.

The training of PLE teachers at CLDP-IBILCE, implemented in the actions of the teacher-advisor, through regular pedagogical meetings and monitoring of the tutors' teaching work, is characterized by six main aspects, namely: suggestions and guidelines for course planning and lesson preparation by tutors; course planning, content selection, and development of teaching materials by tutors; teaching in PLE courses; reflection of tutors, with the advisor, on the classes taught; submission and presentation of communications and panels at academic events; and submission of articles for publication, usually in co-authorship with the supervisor.

After the selection of students who will act as tutors of PLE, the general characteristics of the courses to be offered are discussed in the first orientation meetings, such as day(s) of the week and time, workload, (expected) profile of the students, course level (as per CEFR levels), and teaching methodology. Tutors are instructed to search for content in teaching materials available in a set of PLE textbooks owned by CLDP, in other textbooks they may find, in materials previously used in CLDP courses and on the internet. Each class is designed along the lines of a lesson plan structure, which includes information about the objective(s) of the class, the teaching methodology, materials, and didactic activities, the teacher’s role, the students’ role, and the expected results.



6Levels based on the Common European Framework of Reference (CEFR) for language proficiency.


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After preparing the plans for the first lessons of each course and the materials to be used

- for example, organized in a PowerPoint presentation and handouts in Word format, the plans and teaching materials are evaluated by the advisor and discussed with the tutors, and necessary adaptations and/or modifications are made. The advisor participates fully in the first classes and, as far as possible, in the other classes of each course.

As pointed out by Saujat (2004, p. 13-14, author's emphasis, our translation),


The conception of the reflective practitioner (SCHÖN, 1983) is based on an empirical approach that characterizes professional thinking as a reflection on the course of action, reflection that focuses on this action and on the conduct in a given context. This knowledge is not formulated, but is incorporated and is the source of the efficiency of the professional activity, which can be represented as a dialogue between professionals and the problems of the situations they face.


Weekly, the advisor and the tutors meet to discuss the results of the classes taught during the week, which characterizes a “reflection on the course of action”. In these discussions, tutors are led to reflect on the classes taught: if the activities were successful, if the students participated, if the objective(s) of the class were achieved and if there were difficulties, for tutors, in dealing with certain situations that occurred in class. After listening to the tutors, the advisor makes comments on these aspects, on the teacher's speech, whether this speech occurred in Portuguese or in one of the students' languages,7and offers suggestions for improving the tutors' teaching actions. In this way, reflection is carried out in the course of action, as postulated by Schön (1983), in the context of the proposal of the CLDP courses and the teaching actions of the tutors, in a dialogue between facts, theories, the advisor's experiences and the experiences of the tutors. student-tutors. The experience of reflecting on action a posteriori, that is, after the lessons have been held, provides new knowledge for teachers in training.

Saujat (2004, p. 14-15, our translation), citing Altet, presents, within the scope of the so-called ecological approach to interactive processes, in which, in an ecological description of the class, “the complexity of the teacher's task is related to the events that take place there. occur”, the contextualized interactive processes paradigm, defining teaching as “an interactive, interpersonal, intentional process, finalized by student learning” (ALTET 1991 p. 16, our translation).

According to Altet (1994 apud SAUJAT, 2004, p. 16, our translation),



7PLE tutors usually speak, in addition to Portuguese, Spanish, French, or English.


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Esse processo requer uma cultura profissional que se baseia em seis critérios (ALTET, 1994): (a) uma base de conhecimentos ligados ao agir profissional;

(b) uma prática adaptada em situação complexa; (c) uma capacidade de dar conta de suas próprias competências e atos; (d) uma autonomia e uma responsabilidade pessoal no exercício de suas competências; (e) uma adesão a normas coletivas constitutivas da identidade profissional; (f) um pertencimento a um grupo que desenvolve estratégias de promoção e valorização.


PLE tutors who work at CLDP-IBILCE add knowledge acquired in undergraduate courses, through readings indicated by the advisor and in other student experiences, to their teaching practice in the specific situations of the courses they teach, reflecting on and evaluating their teaching performance and student learning, inserted in a broader scenario of language teaching and learning, namely, CLDP, UNESP and the Brazilian context.

Specific actions to enrich the teaching training of CLDP tutors take place as the need to strengthen this training is verified, as happened at the beginning of the COVID-19 pandemic when the decision was made that all language courses of the CLDPs would be offered only in online mode. So, to prepare tutors for remote teaching, before starting these online classes, tutors were offered a 30-hour course, also in online mode, on principles, methodology and electronic resources available for language teaching. The course was taught by three doctoral students, from the UNESP campuses of Araraquara and Assis, supervised by their respective supervisors. As part of this training action, a lecture by Consolo (2020) was also offered, on assessment in language teaching and learning.

As pointed out earlier, PLE tutors are encouraged to present papers at academic events and to produce articles for publication, usually in co-authorship between tutors and/or with the tutor-professor.

Among the presentations of works, I cite the following:



The complementary training of PLE teachers within the scope of CLDP-IBILCE includes, therefore, discussions and reflections for the preparation of courses; teaching and a posteriori reflection; search for alternatives and solutions for eventual difficulties and limitations encountered by tutors in teaching; presentations of works in academic events and publications.





Final considerations


The training of PLE teachers within the scope of the CLDP-IBILCE, along the lines described above, has proved to be quite satisfactory. Tutors have significant experiences of teaching Portuguese to speakers of other languages, from the preparation of their classes and the preparation and/or selection of teaching materials, and the preparation and use of instruments and/or assessment procedures, to reflections on these experiences, with the professors-advisors, and resulting referrals for their future PLE classes.

In addition to this complementary training – and specific to PLE; I highlight the fact that we can, in this way, offer PLE courses to foreign students from the academic community and the community outside the university. And, with the reality of courses offered online, in 2020 and 2021, we have expanded the scope of teacher training for tutors and have served students from different parts of the world.

The success of the complementary training of PLE teachers in the CLDPs of UNESP should not, however, prevent the existence of plans and the implementation of a more robust training in PLE at the aforementioned university, for example, with the creation of the PLE area in the Departments of Letters. Modern, the hiring of professors-researchers in these areas and the creation of specific degrees for the training of Portuguese professors for speakers of other languages.


REFERENCES


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How to reference this article


CONSOLO, D. A. Portuguese as a Foreign Language (PFL) teacher’s education in a language center in a university context. Rev. EntreLínguas, Araraquara, v. 7, n. esp. 6, e021153, Dec. 2021. e-ISSN: 2447-3529. DOI: https://doi.org/10.29051/el.v7iesp.6.15459


Submitted: 31/08/2021 Revisions required: 15/10/2021 Approved: 29/11/2021 Published: 28/12/2021