FOMENTO DE LA ENSEÑANZA DEL PORTUGUÉS COMO LENGUA EXTRANJERA MEDIADA POT TEXTOS MULTIMODALES EN PRÁCTICAS DE EXTENSIÓN
PROMOTING PORTUGUESE AS FOREIGN LANGUAGE TEACHING MEDIATED BY MULTIMODAL TEXTS IN EXTENSION PRACTICES
Marta Lúcia Cabrera KFOURI1
RESUMO: Neste artigo, apresentamos alguns resultados do uso de textos multimodais no ensino de Português Língua Estrangeira (PLE) oferecido em projeto de extensão, junto a uma universidade pública. Os participantes são estrangeiros de distintos países, em situação de imersão acadêmica e social na cidade onde a universidade está inserida. O objetivo é caracterizar o texto multimodal como recurso para experiências interculturais e humanizadoras de aprendizagem significativa da língua (COSTA VAL, 2004), especialmente trabalhados em grupo da rede social Facebook. Os resultados sugerem que, embora não tenha propósitos educacionais, a rede social em questão revelou-se como ambiente com potencial para a humanização da aprendizagem, por suas possibilidades de interação, socialização e comunicação na língua-alvo, funcionando como ferramenta de aprendizagem interculturalista e colaborativa online (FINARDI; PORCINO, 2016). Os usos de textos multimodais, por suas caraterísticas, promoveram alta conectividade e expansão entre conteúdos já trabalhados nas aulas e outros complementares.
RESUMEN: En este artículo presentamos algunos resultados del uso de textos multimodales en la enseñanza del Portugués como Lengua Extranjera (PLE) ofrecidos en un proyecto de extensión en una universidad pública. Los participantes son extranjeros de diferentes países, en situación de inmersión académica y social en la ciudad donde se ubica la universidad. El objetivo es caracterizar el texto multimodal como recurso para experiencias interculturales y humanizadoras de aprendizaje significativo de idiomas (COSTA VAL, 2004), especialmente trabajado en grupo en la red social Facebook. Los resultados sugieren que, si bien no tiene fines educativos, la red social en cuestión se reveló como un entorno con potencial para la humanización del aprendizaje, por sus posibilidades de interacción, socialización y comunicación en la lengua meta, funcionando como un medio intercultural y herramienta de aprendizaje colaborativo online (FINARDI y PORCINO, 2016). El uso de textos multimodales, por sus características, promovió una alta conectividad y expansión entre contenidos ya trabajados en las clases y otros complementarios.
1 Universidade Estadual Paulista (UNESP), Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas (IBILCE), São José do Rio Preto – SP – Brasil. Professor Assistente Doutor, Departamento de Educação. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-7909-5599. E-mail: marta.kfouri@unesp.br
PALABRAS CLAVE: Portugués Lengua Extranjera. Textos multimodales. Enseñanza interculturalista y humanizadora. Proyecto de Extensión. Universidad pública.
ABSTRACT :In this article, we present some results of the use of multimodal texts in teaching Portuguese as a Foreign Language (PFL) offered in an extension project at a public university. Participants are foreigners from different countries, in a situation of academic and social immersion in the city where the university is located. The objective is to characterize the multimodal text as a resource for intercultural and humanizing experiences of meaningful language learning (COSTA VAL, 2004), especially worked in a group on the social network Facebook. The results suggest that, although it has no educational purposes, the social network in question revealed itself as an environment with potential for the humanization of learning, due to its possibilities of interaction, socialization and communication in the target language, functioning as an intercultural and learning tool. collaborative online (FINARDI and PORCINO, 2016). The use of multimodal texts, due to their characteristics, promoted high connectivity and expansion between contents already worked on in classes and other complementary ones.
KEYWORDS: Portuguese as foreign language. Multimodal texts. Intercultural and humanizing teaching. Extension project. Public university.
A linguagem é um importante meio de humanização das relações sociais, já que todas as interações são permeadas por ela. Quando se trata de abordar uma nova língua em contexto de imersão, no qual os aprendizes necessitam interagir para sobreviver e constituir novas relações sociais, de trabalho ou de estudo, a tarefa de humanizar o discurso torna-se ainda mais relevante. Para Matos (2010), é fundamental favorecer a autoimagem positiva e a autoestima linguística dos aprendizes, promovendo-lhes uma confiança mínima como usuários da língua que lhes garanta, consequentemente, uma autoestima lexical, gramatical, argumentativa e cultural, ensinando-os a “comunicar-se para o bem”.
Nesse cenário, a internet transformou os modos como nos comunicamos, adquirimos informação e aprendemos. Além disso, a rede permite cada vez mais o acesso das pessoas a repertórios discursivos e culturais construídos em outras línguas (MOITA LOPES, 2013), que nos chegam de várias partes do mundo, ou até mesmo do próprio Brasil. Diante da velocidade com que a informação é produzida e divulgada, surgem os textos multimodais, que trazem consigo características compatíveis com o espaço virtual em que são produzidos. Além de possuírem grau elevado de criatividade em sua composição, textos multimodais, que são, ao mesmo tempo, orais, escritos e imagéticos, carregam traços de outras produções encontradas fora do âmbito digital, promovendo empatia e gerando identificação do leitor. Por tais
características, consideramos que essas manifestações discursivas têm potencial como insumo didático em contextos de ensino-aprendizagem de português língua estrangeira (doravante PLE)2, já que facilitam a aprendizagem, humanizam o discurso e promovem mecanismos de interculturalidade e pertencimento.
Neste artigo, no qual abordamos especificamente o ensino de PLE por meio de experiências humanizadoras em projeto de configuração extensionista desenvolvido em uma universidade pública, apresentamos como recurso didático textos multimodais trabalhados em grupo da rede social Facebook, com destaque aos memes (embora não sejam os únicos utilizados), que são produções de humor geradas em ambiente virtual a partir de temas cotidianos e da linguagem coloquial3. Seu uso justifica-se por considerarmos que a familiaridade dos estudantes com tais textos multimodais pode facilitar a aprendizagem de português por meio de atividades que favoreçam a leitura e a produção escrita na língua-alvo, bem como a comunicação significativa e criativa na língua.
Os participantes são estrangeiros de distintos países, em situação de imersão acadêmica e social na cidade onde a universidade está inserida. Nosso objetivo é caracterizar o texto multimodal como recurso para experiências interculturais e humanizadoras de aprendizagem significativa da língua (COSTA VAL, 2004), especialmente trabalhados em grupo da rede social Facebook, tal como destacamos acima. Os resultados sugerem que, embora não tenha propósitos educacionais, a rede social em questão revelou-se como ambiente com potencial para a humanização da aprendizagem, por suas possibilidades de interação, socialização e comunicação na língua-alvo, funcionando como ferramenta de aprendizagem interculturalista e colaborativa online (FINARDI; PORCINO, 2016). Além disso, o uso de textos multimodais, por suas caraterísticas, promoveu alta conectividade e expansão entre conteúdos já trabalhados nas aulas e outros complementares.
2 O termo “língua estrangeira” é atribuído ao português ensinado como outra língua, de acordo com a SIPLE –
Sociedade Internacional de Português Língua Estrangeira.
3 Este artigo é uma adaptação da conferência intitulada “A linguagem humanizadora no ensino de PLE com textos multimodais: experiências em rede social em um projeto extensionista de universidade pública”, que compôs a mesa-redonda “O ensino de PLE mediado por textos multimodais: reflexões didático-metodológicas”, durante o I Congresso Internacional de Português Língua não Materna (CIPLíNM- UNESP), realizado pela FCLAr- UNESP, nos dias 04 e 05 de dezembro de 2019.
O contexto maior de desenvolvimento do ensino de PLE é o Projeto de Extensão “Português Língua Estrangeira (PLE)”4, cujas atividades tiveram início no primeiro semestre de 2012, no campus da Unesp de São José do Rio Preto, ainda como evento de extensão. Naquele momento, o objetivo maior era atender a demanda emergencial de alunos estrangeiros de graduação e de pós-graduação, os quais tinham necessidade primordial de estudar ou dar continuidade a estudos em língua portuguesa para comunicar-se nas aulas na universidade; expressar-se escrita e oralmente em diferentes situações; e conviver socialmente em seus novos espaços de atuação (vida acadêmica e pessoal). Com o passar do tempo, já cadastrado como projeto de extensão, nosso trabalho com o PLE passou a ter um alcance maior em termos de público-alvo, cumprindo sua tarefa extensionista de atender, sobretudo, a comunidade externa. Podemos dizer que, até 2015, a maioria eram alunos estrangeiros de graduação e de pós-graduação do IBILCE/UNESP, quando, naquele ano, oferecemos um curso especial e emergencial para atender vinte e sete refugiados sírios. A partir de 2016, estabeleceu-se um equilíbrio entre estrangeiros das comunidades externa e interna e, a partir de 2018, notamos uma predominância de estrangeiros da comunidade externa, constituída especialmente de refugiados haitianos, sírios e venezuelanos, a maioria deles com formação superior ou ensino médio, que precisam da língua portuguesa para comunicar-se em situações sociais e ingressar no mercado de trabalho.
Quanto à configuração do projeto, além das aulas presenciais oferecidas duas vezes por semana (1h40min cada), os alunos tinham atividades complementares de oralidade e escrita. Atualmente, esses cursos continuam em caráter remoto, com atividades remodeladas ao contexto de distanciamento pandêmico. De qualquer forma, o projeto PLE tem configuração extensionista, com potencial para desenvolver: Atividades de ensino (cursos de língua e preparatórios para o exame CELPE-Bras); Atividades de aperfeiçoamento linguístico-cultural (Puxa-Conversa; Cineclube PLE; Coral de Estrangeiros; minicursos temáticos); Atendimento social e humanitário (Refugiados e imigrantes em geral, em parceria com a Secretaria Municipal do Trabalho, igrejas e outros centros comunitários); Atividades culturais (I e II Mostra Intercultural de Estrangeiros do PLE/IBILCE; Recitais do Coral dos Estrangeiros; excursões); Atividades tecnológicas, científicas, acadêmicas e de formação docente (cursos de aperfeiçoamento para professores de PLE; reuniões pedagógicas;
4 Projeto de extensão desenvolvido junto à Pró-reitora de Extensão universitária (PROEX) da Universidade estadual paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP), no Instituto de biociências, Letras e ciências exatas (IBILCE), São José do Rio Preto.
orientações de IC; apresentações de trabalhos em simpósios; organização de livro; criação de disciplina obrigatória do curso de Licenciatura em Letras; dissertações de mestrado; site e página no Facebook e Instagram; entrevistas).
No que tange aos objetivos, vislumbramos, assim, contribuir com a formação humanística de todos os envolvidos, por meio da integração universidade e demandas sociais (universalização do ensino); possibilitar a formação docente (inicial e continuada) para/em PLE, a ampliação de visão de mundo e de conhecimento dos professores e futuros professores envolvidos; promover o diálogo entre línguas e culturas, por meio da prática de uma abordagem comunicativo-humanizadora de ensino de PLE; vislumbrar a quebra de fronteiras geográficas e ideológicas, por meio de processos de desterritorialização e consequentes reterritorializações (MOTA, 2010, p. 49); gerar pesquisas relativas ao ensino e à formação docente em PLE, sob o prisma da Linguística Aplicada (LA); divulgar a instituição, a cidade e a região como polos de acolhimento social e linguístico-cultural de estrangeiros de diferentes origens.
Em relação ao grupo no Facebook, de status privado, ao qual somente os membros têm acesso (professores, alunos estrangeiros e coordenadora do projeto), seu intuito é a “troca de informações, avisos, tarefas, fotos e outras atividades relativas ao Projeto de Extensão ‘Português Língua Estrangeira’ do IBILCE-UNESP”, conforme descrição do grupo (ver Figura 1), onde é comum o uso de textos multimodais para atingir o objetivo descrito. Dessa maneira, buscamos instaurar um clima de interação espontânea, gerando uma aprendizagem (ou um reforço dela) que acreditamos ser mais humanizada e significativa.
Fonte: Acervo da autora
Textos multimodais ou multissemióticos são novas composições textuais instigadas pela tecnologia, advindas de múltiplas formas de linguagem (escrita, oral, visual). A ampla presença de elementos imagéticos e visuais, mesclando escrita e imagem, amplia as possibilidades de comunicação e compreensão do texto, constituído tanto de elementos verbais quanto visuais (SILVA, 2013). Texto, assim, passa a ser definido como toda produção linguística que possa fazer sentido numa situação de comunicação humana (COSTA VAL, 2004), promovendo a compreensão significativa da língua.
Em relação às redes sociais, ainda que o Facebook não tenha sido criado com propósitos educacionais, revelou-se, no caso do Projeto PLE em questão, como ambiente com potencial para a concretização da aprendizagem, por suas possibilidades de interação, socialização e comunicação na língua-alvo, funcionando como ferramenta de aprendizagem colaborativa online (FINARDI; PORCINO, 2016). Conforme já mencionado, os usos de textos multimodais, por suas caraterísticas, promoveram importante relação entre conteúdos já trabalhados nas aulas e outros complementares, permitindo a expansão de seus usos e de sua compreensão. Outras vantagens pedagógicas e humanizadoras do Facebook percebidas nas interações foram a diminuição das relações de poder entre professor e alunos, a substituição de sistemas de gerenciamento formais (aumento da autonomia), além de novas formas menos sistematizadas de tratar o conhecimento. Temos, na verdade, uma (co)construção do conhecimento, por meio da aprendizagem participativa, da autoridade compartilhada e da expansão do modelo presencial em ambiente digital (ALEGRETTI et al., 2012).
O uso do Facebook na aprendizagem de línguas também pode se alinhar aos pressupostos da teoria sociocultural de Vygotsky (1999), para quem o desenvolvimento humano e a construção do conhecimento e das identidades se dão na mediação pelo pensamento e a linguagem. Em relação à aprendizagem de PLE em foco, a referida rede social favorece o uso específico do idioma selecionado para a comunicação, promovendo construções mais significativas e autênticas da língua-cultura. Assim, estruturas lexicais e sintáticas passam a ser também mais adequadas ao contexto e à produção de um insumo mais compreensível na língua-alvo, promovendo a ativação de fatores emocionais positivos, como a empatia, o fortalecimento das relações entre os participantes, a autoconfiança e a motivação para aprender e usar/viver a língua. A interação continuada, promovida pelos administradores da página, no caso coordenadora e professores do projeto de extensão, auxilia no desenvolvimento da competência comunicativa na língua-alvo (ARAGÃO; DIAS, 2016).
Essas atitudes positivas se refletem na sala de aula presencial, melhorando, consequentemente, o trabalho desenvolvido e as interações entre falantes de línguas tão diferentes, como é o caso de nosso contexto multicultural5.
Faz-se importante ressaltar que a conexão dos participantes em um grupo de rede social (no caso, privado) aumentou-lhes a confiança entre si, a disposição para a aprendizagem e, consequentemente, para agir e demonstrar emoções. Conforme Aragão e Dias (2016), aspectos emocionais contagiam. Portanto, podemos afirmar que se instaurou uma linguagem mais humanizadora por meio das relações no grupo do Facebook, especialmente promovida pelo humor contido nas mensagens dos memes.
Nesse sentido, apesar de gerenciador do grupo, o professor não é o único a ter voz em uma rede social com configurações pedagógicas, como nesse caso. Os aprendizes também precisam compreender e expor seus pontos de vista a respeito da heterogeneidade de culturas, povos, línguas e linguagens. O papel do professor passa a ser o de articulador de muitas vozes, variedades linguísticas e culturais (KFOURI-KANEOYA, 2008), que devem aparecer contextualmente, compartilhando com alunos estrangeiros a língua que ensina em funcionamento e refletindo com eles sobre as variações linguísticas e culturais existentes em seu país, tal como ocorre no país de origem desses estudantes. Além disso, o professor assume-se, ainda, como agregador de identidades culturais e promotor de uma linguagem humanizadora (MATOS, 2010), por meio de uma percepção intercultural que valoriza a comunicação criativa, minimiza, esclarece e contextualiza os choques culturais, promovendo a competência linguístico-cultural. Assim, professor e alunos passam a observar os efeitos positivos da comunicação, buscando humanizar as concepções de mundo e reorganizar identidades multiculturais, ao se verem na perspectiva do outro (MATOS, 2014).
O professor de PLE, em seu papel de agente interculturalista e humanizador, exerce diversas tarefas em busca da comunicação efetivamente dialógica do grupo, aproveitando aquilo que os aprendizes já conhecem da nova língua, valorizando o conhecimento e a experiência educacional prévios em suas línguas/países de origem e utilizando sua língua materna com cuidado, a fim de proporcionar uma aprendizagem adequada e significativa. De acordo com Little (2002), o professor que ensina sua língua como estrangeira tem potencial para desenvolver em si uma consciência metalinguística, sobretudo pelo fato de ter de pensar mais sobre sua a própria língua para ensiná-la a falantes de línguas diversas. Além disso,
5 Ao longo de nove anos de atividade, o “Projeto de Extensão Português Língua Estrangeira (PLE)” já atendeu, até o momento, estrangeiros de trinta e quatro origens distintas e experiências diversas (pessoais, profissionais e de língua-cultura), caracterizando-se como um contexto multilíngue e multicultural (OLIVEIRA, 2014).
promove uma base humanizadora para a discussão de questionamentos internacionais, prevalecendo uma dialética entre o global e o nacional/local, a mediação multicultural (FAIRCLOUGH, 2001).
Por fim, ao usarmos o Facebook como ambiente de complementação da aprendizagem e de interação ampliada, compreendemos mais nitidamente que a língua não é mero instrumento a ser dominado pelo aprendiz em estruturas gramaticais ou situações comunicativas pré-definidas. Aprender línguas caracteriza-se como um processo intercultural, discursivo, relacionado diretamente à identidade sociocultural, no qual predomina uma dimensão afetiva subjacente à perspectiva interculturalista na aprendizagem de línguas, que constitui a subjetividade e a identidade linguístico-cultural dos seres discursivos (SERRANI, 2005). Assim, a língua e a cultura estrangeiras são reveladoras da língua e da cultura maternas, e ensinar e aprender envolvem observar os efeitos da comunicação no outro (MATOS, 2010).
Conforme salientamos, os textos multimodais têm funcionado, nas aulas de PLE do projeto enfocado, como um rico recurso para complementação da aprendizagem e humanização das interações, especialmente em ambiente de rede social. A seguir, apresentamos algumas estratégias metodológicas desenvolvidas com a finalidade de usar textos multimodais para ilustrar ou complementar pontos da língua e da cultura trabalhados nas aulas, bem como seus efeitos para potencializar a aprendizagem de PLE, na rede social Facebook.
“quebrar um galho”
Fonte: Acervo da autora
“Minha mãe é uma peça”
Fonte: Acervo da autora
Figura 4 – Comentários gerados na página do Facebook a partir do trabalho com o filme
Fonte: Acervo da autora
Fonte: Acervo da autora
Fonte: Acervo da autora
nordestino
Fonte: Acervo da autora
Fonte: Acervo da autora
Fonte: Acervo da autora
Fonte: Acervo da autora
Fonte: Acervo da autora
polidez
Fonte: Acervo da autora
Podemos notar em todas as figuras acima o nítido reforço da aprendizagem dos temas abordados nas aulas presenciais, bem como o envolvimento humanizador e afetivo de todos os participantes (administradores/professores do grupo e alunos estrangeiros) por meio de recursos multimodais e do emprego de uma linguagem informal, típica da rede social, porém, reforçadora da aprendizagem e das interações significativas entre os integrantes do grupo. O uso de uma linguagem humanizadora para construir o discurso e envolver os aprendizes na proposta dos posts aparece em vários momentos das estratégias elencadas, como em “Queridos alunos” e “Abraços” (figura 3), “alunos do PLE III (figura 2), bem como nos comentários positivos gerados a partir dos posts, quase sempre associados a experiências pessoais dos estrangeiros, tais como: “Gostamos muito” (figura 4), “Meu marido sempre fala isso kkk” e “Amei! Falo algumas até hoje hahaha” (figura 5), “Gostei e nunca vou esquecer...boa demais kkk” (figura 8), “Humm... professora, muito gostosa. Lembra-me meu querido país, o Senegal” (figura 9). Nas figuras 11 e 12, constatamos que a professora utiliza o contexto da postagem para, no primeiro caso, reforçar e envolver os alunos na atividade proposta em sala de aula como tarefa (fazer e levar para a aula uma receita de coxinha) e, no segundo, reforçar o uso de “obrigado” e “obrigada”. Em relação às postagens onde não há comentários explícitos, o uso de emojis como “positivo”, indicado pelo polegar levantado, coração e gargalhada também denotam o envolvimento emocional positivo dos participantes em torno da aprendizagem de PLE.
No contexto de projeto de extensão em PLE apresentado, visualizamos o uso de textos multimodais como um recurso essencial para a ressignificação da aprendizagem, a compreensão da língua-cultura em foco e de possibilidades de ensino interculturalista e humanizador, sobretudo em ambiente de rede social como o grupo de Facebook. O Projeto PLE é, ainda, um ambiente fundamental e antecipador no oferecimento de espaço para a formação de interagentes conscientes do poder emancipatório da comunicação pelas línguas, no sentido de favorecer a interculturalidade, celebrar as diferenças linguístico-culturais e lidar com a diversidade, sobretudo quando se trata de um país com dimensões continentais como o Brasil. Essa atitude, sem dúvida, favorece também a formação inicial e continuada docente em/para o PLE, em um campus universitário onde ainda não há essa licenciatura, no sentido de levar futuros professores a refletir sobre ensinar sua própria língua como estrangeira, tendo por aliada a internet e seus recursos. Complementarmente, visualizamos que o Projeto ultrapassa as delimitações de um trabalho de extensão à comunidade local, atingindo os âmbitos social, político e humanitário, e quebrando fronteiras, em contexto global. O Projeto PLE é cenário de ensino interculturalista e de formação humanizadora de professores de PLE, vislumbrando sua atuação em novos contextos pós-pandêmicos, nos quais a tecnologia estará massivamente presente.
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PROMOVENDO O ENSINO DE PORTUGUÊS LÍNGUA ESTRANGEIRA MEDIADO POR TEXTOS MULTIMODAIS EM PRÁTICAS EXTENSIONISTAS
FOMENTO DE LA ENSEÑANZA DEL PORTUGUÉS COMO LENGUA EXTRANJERA MEDIADA POT TEXTOS MULTIMODALES EN PRÁCTICAS DE EXTENSIÓN
Marta Lúcia Cabrera KFOURI1
RESUMO: Neste artigo, apresentamos alguns resultados do uso de textos multimodais no ensino de Português Língua Estrangeira (PLE) oferecido em projeto de extensão, junto a uma universidade pública. Os participantes são estrangeiros de distintos países, em situação de imersão acadêmica e social na cidade onde a universidade está inserida. O objetivo é caracterizar o texto multimodal como recurso para experiências interculturais e humanizadoras de aprendizagem significativa da língua (COSTA VAL, 2004), especialmente trabalhados em grupo da rede social Facebook. Os resultados sugerem que, embora não tenha propósitos educacionais, a rede social em questão revelou-se como ambiente com potencial para a humanização da aprendizagem, por suas possibilidades de interação, socialização e comunicação na língua-alvo, funcionando como ferramenta de aprendizagem interculturalista e colaborativa online (FINARDI; PORCINO, 2016). Os usos de textos multimodais, por suas caraterísticas, promoveram alta conectividade e expansão entre conteúdos já trabalhados nas aulas e outros complementares.
1 São Paulo State University (UNESP), Institute of Biosciences, Letters and Exact Sciences (IBILCE), São José do Rio Preto – SP – Brazil. Assistant Professor Doctor, Department of Education. ORCID: https:// orcid.org/0000-0001-7909-5599. E-mail: marta.kfouri@unesp.br
PALAVRAS-CHAVE: Português língua estrangeira. Textos multimodais. Ensino interculturalista e humanizador. Projeto de extensão. Universidade pública.
RESUMEN: En este artículo presentamos algunos resultados del uso de textos multimodales en la enseñanza del Portugués como Lengua Extranjera (PLE) ofrecidos en un proyecto de extensión en una universidad pública. Los participantes son extranjeros de diferentes países, en situación de inmersión académica y social en la ciudad donde se ubica la universidad. El objetivo es caracterizar el texto multimodal como recurso para experiencias interculturales y humanizadoras de aprendizaje significativo de idiomas (COSTA VAL, 2004), especialmente trabajado en grupo en la red social Facebook. Los resultados sugieren que, si bien no tiene fines educativos, la red social en cuestión se reveló como un entorno con potencial para la humanización del aprendizaje, por sus posibilidades de interacción, socialización y comunicación en la lengua meta, funcionando como un medio intercultural y herramienta de aprendizaje colaborativo online (FINARDI y PORCINO, 2016). El uso de textos multimodales, por sus características, promovió una alta conectividad y expansión entre contenidos ya trabajados en las clases y otros complementarios.
PALABRAS CLAVE: Portugués Lengua Extranjera. Textos multimodales. Enseñanza interculturalista y humanizadora. Proyecto de Extensión. Universidad pública.
Language is an important means of humanizing social relationships, since all interactions are permeated by it. When it comes to approaching a new language in an immersion context, in which learners need to interact to survive and establish new social, work or study relationships, the task of humanizing discourse becomes even more relevant. For Matos (2010), it is essential to favor the positive self-image and linguistic self-esteem of learners, promoting them a minimum confidence as users of the language that consequently guarantees them a lexical, grammatical, argumentative, and cultural self-esteem, teaching them to “communicate for the good”.
In this scenario, the internet has transformed the ways in which we communicate, acquire information, and learn. In addition, the network increasingly allows people to access discursive and cultural repertoires constructed in other languages (MOITA LOPES, 2013), which reach us from various parts of the world, or even from Brazil itself. Given the speed with which information is produced and disseminated, multimodal texts emerge, which bring with them characteristics compatible with the virtual space in which they are produced. In addition to having a high degree of creativity in their composition, multimodal texts, which are, at the same time, oral, written, and imagery, carry traces of other productions found outside the digital realm, promoting empathy, and generating reader identification. For such
characteristics, we consider that these discursive manifestations have potential as a didactic input in Portuguese and foreign language teaching-learning contexts (hereinafter PLE)2, as they facilitate learning, humanize the discourse, and promote mechanisms of interculturality and belonging.
In this article, in which we specifically address the teaching of PLE through humanizing experiences in an extensionist configuration project developed in a public university, we present as a didactic resource multimodal texts worked in a group on the social network Facebook, with emphasis on memes (although they are not the used), which are humor productions generated in a virtual environment from everyday themes and colloquial language3. Its use is justified because we consider that students' familiarity with such multimodal texts can facilitate the learning of Portuguese through activities that favor reading and written production in the target language, as well as meaningful and creative communication in the language.
Participants are foreigners from different countries, in a situation of academic and social immersion in the city where the university is located. Our objective is to characterize the multimodal text as a resource for intercultural and humanizing experiences of significant language learning (COSTA VAL, 2004), especially worked in a group on the social network Facebook, as highlighted above. The results suggest that, although it does not have educational purposes, the social network in question proved to be an environment with potential for the humanization of learning, due to its possibilities of interaction, socialization, and communication in the target language, functioning as an interculturalist learning tool, and collaborative online (FINARDI; PORCINO, 2016). In addition, the use of multimodal texts, due to its characteristics, promoted high connectivity and expansion between contents already worked on in classes, and other complementary ones.
2 The term “foreign language” is attributed to Portuguese taught as another language, according to SIPLE –
International Society of Portuguese as a Foreign Language
3 This article is an adaptation of the conference entitled “The humanizing language in the teaching of PLE with multimodal texts: experiences in social networks in an extension project of a public university”, which composed the roundtable “The teaching of PLE mediated by multimodal texts: reflections didactic-methodological", during the I International Congress of Portuguese Non-Mother Language (CIPLíNM-UNESP), held by FCLAr-UNESP, on December 4th and 5th, 2019.
The biggest context for the development of PLE teaching is the Extension Project “Portuguese as a Foreign Language (PLE)”4, whose activities began in the first half of 2012, at the Unesp campus in São José do Rio Preto, still as an extension event. At that time, the main objective was to meet the emergency demand of foreign undergraduate and graduate students, who had a primary need to study or continue their studies in Portuguese to communicate in university classes; express themselves in writing and orally in different situations; and socializing in their new spaces of action (academic and personal life). Over time, already registered as an extension project, our work with the PLE began to have a greater reach in terms of target audience, fulfilling its extension task of serving, above all, the external community. We can say that by 2015, most were foreign undergraduate and graduate students from IBILCE/UNESP, when, that year, we offered a special and emergency course to assist twenty-seven Syrian refugees. From 2016 onwards, a balance was established between foreigners from the external and internal communities and, from 2018 onwards, we noticed a predominance of foreigners from the external community, made up especially of Haitian, Syrian, and Venezuelan refugees, most of them with higher education or higher education. high school students, who need the Portuguese language to communicate in social situations and enter the job market.
As for the configuration of the project, in addition to the face-to-face classes offered twice a week (1h40min each), the students had complementary oral and written activities. Currently, these courses continue on a remote basis, with activities remodeled to the context of pandemic distancing. In any case, the PLE project has an extensionist configuration, with the potential to develop: Teaching activities (language courses and preparatory courses for the CELPE-Bras exam); Cultural-linguistic improvement activities (Puxa-Conversa; Cineclube PLE; Foreigners Choir; thematic mini-courses); Social and humanitarian assistance (Refugees and immigrants in general, in partnership with the Municipal Labor Department, churches, and other community centers); Cultural activities (I and II Intercultural Exhibition of Foreigners of PLE/IBILCE; Recitals by the Foreigners Choir; excursions); Technological, scientific, academic and teacher training activities (improvement courses for PLE teachers; pedagogical meetings; CI guidelines; presentations of works in symposia; book organization;
4 Extension project developed with the Dean of University Extension (PROEX) of the São Paulo State University “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP), at the Institute of Biosciences, Letters and Exact Sciences (IBILCE), São José do Rio Preto.
creation of a mandatory subject of the Licentiate in Letters course; master's dissertations; website and page on Facebook and Instagram; interviews).
Regarding the objectives, we envision, therefore, contributing to the humanistic training of all those involved, through the integration of the university and social demands (universalization of teaching); to enable teacher training (initial and continuing) for/in PLE, the expansion of the world view and knowledge of teachers and future teachers involved; promote dialogue between languages and cultures, through the practice of a communicative- humanizing approach to teaching PLE; envision the breaking of geographical and ideological boundaries, through deterritorialization processes and consequent reterritorializations(MOTA, 2010, p. 49, our translation); generate research related to teaching and teacher training in PLE, from the perspective of Applied Linguistics (AL); publicize the institution, the city and the region as social and linguistic-cultural centers for foreigners of different origins.
Regarding the Facebook group, of private status, to which only members have access (teachers, foreign students, and the project coordinator), its purpose is the “exchange of information, notices, tasks, photos, and other activities related to the Project of Extension 'Portuguese as a Foreign Language' of IBILCE-UNESP”, as described by the group (see Figure 1), where the use of multimodal texts is common to achieve the described objective. In this way, we seek to establish a climate of spontaneous interaction, generating learning (or reinforcing it) that we believe to be more humanized and meaningful.
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Multimodal or multisemiotic texts are new textual compositions instigated by technology, arising from multiple forms of language (written, oral, visual). The wide presence of imagery and visual elements, mixing writing and image, expands the possibilities of communication and understanding of the text, consisting of both verbal and visual elements (SILVA, 2013). Text, therefore, is defined as all linguistic production that can make sense in a situation of human communication (COSTA VAL, 2004), promoting a meaningful understanding of the language.
Concerning social networks, even though Facebook was not created with educational purposes, it proved, in the case of the PLE Project in question, as an environment with potential for the realization of learning, due to its possibilities of interaction, socialization, and communication in the classroom. target language, functioning as a collaborative learning tool online (FINARDI; PORCINO, 2016). As already mentioned, the uses of multimodal texts, due to their characteristics, promoted an important relationship between contents already worked on in class and other complementary ones, allowing the expansion of their uses and their understanding. Other pedagogical and humanizing advantages of Facebook perceived in the interactions were the reduction of power relations between teacher and students, the replacement of formal management systems (increased autonomy), in addition to new, less systematized ways of dealing with knowledge. We actually have a (co)construction of knowledge, through participatory learning, shared authority and the expansion of the face-to- face model in a digital environment (ALEGRETTI et al.,2012).
The use of Facebook in language learning can also align with the assumptions of Vygotsky's sociocultural theory (1999), for whom human development and the construction of knowledge and identities take place through the mediation of thought and language. Concerning PLE learning in focus, the aforementioned social network favors the specific use of the selected language for communication, promoting more meaningful and authentic constructions of the language-culture. Thus, lexical and syntactic structures also become more appropriate to the context and to the production of a more understandable input in the target language, promoting the activation of positive emotional factors, such as empathy, strengthening relationships between participants, self-confidence and motivation to learn and use/live the language. The ongoing interaction, promoted by the page administrators, in this case the coordinator and teachers of the extension project, helps in the development of communicative competence in the target language (ARAGÃO; DIAS, 2016).
These positive attitudes are reflected in the face-to-face classroom, consequently improving the work carried out and the interactions between speakers of such different languages, as is the case in our multicultural context5.
It is important to emphasize that the connection of participants in a social network group (in this case, private) increased their trust among themselves, their willingness to learn and, consequently, to act and show emotions. According to Aragão and Dias (2016), emotional aspects are contagious. Therefore, we can say that a more humanizing language was established through the relationships in the Facebook group, especially promoted by the humor contained in the messages of the memes.
In this sense, despite being the manager of the group, the teacher is not the only one to have a voice in a social network with pedagogical configurations, as in this case. Learners also need to understand and express their views on the heterogeneity of cultures, peoples, languages and languages. The teacher's role becomes that of an articulator of many voices, linguistic and cultural varieties (KFOURI-KANEOYA, 2008), which must appear contextually, sharing with foreign students the language they teach in operation and reflecting with them on the linguistic and cultural variations. cultural differences existing in their country, as well as in the country of origin of these students. In addition, the teacher also assumes himself as an aggregator of cultural identities and a promoter of a humanizing language (MATOS, 2010), through an intercultural perception that values creative communication, minimizes, clarifies, and contextualizes cultural shocks, promoting linguistic cultural competence. Thus, teacher and students begin to observe the positive effects of communication, seeking to humanize worldviews and reorganize multicultural identities, as they see themselves in the perspective of the other (MATOS, 2014).
The PLE teacher, in his role as an interculturalist and humanizing agent, performs several tasks in search of effectively dialogic communication of the group, taking advantage of what the learners already know about the new language, valuing the previous knowledge and educational experience in their languages/countries. of origin and using their mother tongue carefully, to provide adequate and meaningful learning. According to Little (2002), the teacher who teaches his language as a foreigner has the potential to develop a metalinguistic awareness in himself, mainly because he has to think more about his language to teach it to speakers of different languages. Furthermore, it promotes a humanizing basis for the
5 Over nine years of activity, the “Portuguese Foreign Language Extension Project (PLE)” has, so far, served foreigners from thirty-four different origins and diverse experiences (personal, professional and language cultural), characterizing it as a multilingual and multicultural context (OLIVEIRA, 2014).
discussion of international questions, prevailing a dialectic between the global and the national/local, the multicultural mediation (FAIRCLOUGH, 2001).
Finally, when we use Facebook as an environment to complement learning and expand interaction, we understand more clearly that language is not a mere instrument to be mastered by the learner in grammatical structures or pre-defined communicative situations. Learning languages is characterized as an intercultural, discursive process, directly related to sociocultural identity, in which an affective dimension underlying the interculturalist perspective in language learning predominates, which constitutes the subjectivity and linguistic-cultural identity of discursive beings (SERANI, 2005). Thus, the foreign language and culture are revealing of the mother's language and culture, and teaching and learning involve observing the effects of communication on the other (MATOS, 2010).
As we have pointed out, the multimodal texts have worked, in the PLE classes of the focused project, as a rich resource for complementing learning and humanizing interactions, especially in a social network environment. Next, we present some methodological strategies developed with the purpose of using multimodal texts to illustrate or complement points of the language and culture worked in the classes, as well as their effects to enhance the learning of PLE, on the social network Facebook.
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é uma peça”
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Figure 6 – Meme used to illustrate linguistic variation regarding the word “veja” (to see)
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We can notice in all the figures above the clear reinforcement of the learning of the topics covered in the face-to-face classes, as well as the humanizing and affective involvement of all the participants (administrators/teachers of the group and foreign students) through multimodal resources and the use of an informal language, typical of the social network, however, reinforcing learning and significant interactions among group members. The use of a humanizing language to construct the discourse and involve the learners in the proposal of the posts appears in several moments of the strategies listed, as in “Queridos alunos” and “Abraços” (figure 3), “students of PLE III” (figure 2), as well as the positive comments generated from the posts, almost always associated with the foreigners' personal experiences, such as: “Gostamos muito” (figure 4), “Meu marido sempre fala isso kkk” and “Amei! Falo algumas até hoje hahaha” (figure 5), “Gostei e nunca vou esquecer...boa demais kkk” (figure 8), “Humm... professora, muito gostosa. Lembra-me meu querido país, o Senegal” (figure 9). In figures 11 and 12, we see that the teacher uses the context of the post to, in the first case, reinforce and involve the students in the activity proposed in the classroom as a task (make and take a recipe for coxinha to class) and, in the second, reinforce the use of “obrigado” and “obrigada”. Regarding posts where there are no explicit comments, the use of emojis such as “positive”, indicated by the raised thumb, heart and laughter also denote the positive emotional involvement of the participants around the learning of PLE.
In the context of the PLE extension project presented, we visualize the use of multimodal texts as an essential resource for the resignification of learning, the understanding of the language-culture in focus and the possibilities of intercultural and humanizing teaching, especially in a social network environment such as the Facebook group. The PLE Project is also a fundamental and anticipatory environment in offering space for the formation of students aware of the emancipatory power of communication through languages, in the sense of favoring interculturality, celebrating linguistic-cultural differences and dealing with diversity, above all when it comes to a country with continental dimensions like Brazil. This attitude undoubtedly also favors initial and continuing teacher training in/for the PLE, on a university campus where there is still no such degree, in the sense of leading future teachers to reflect on teaching their language as a foreign language, having as an ally the internet and its resources. In addition, we see that the Project goes beyond the boundaries of an extension work to the local community, reaching the social, political and humanitarian spheres, and breaking borders, in a global context. The PLE Project is a scenario of intercultural education and humanizing training of PLE teachers, envisioning their performance in new post- pandemic contexts, in which technology will be massively present. we visualize that the Project goes beyond the boundaries of an extension work to the local community, reaching the social, political and humanitarian spheres, and breaking borders, in a global context. The PLE Project is a scenario of intercultural education and humanizing training of PLE teachers, envisioning their performance in new post-pandemic contexts, in which technology will be massively present. we visualize that the Project goes beyond the boundaries of an extension work to the local community, reaching the social, political and humanitarian spheres, and breaking borders, in a global context. The PLE Project is a scenario of intercultural education and humanizing training of PLE teachers, envisioning their performance in new post pandemic contexts, in which technology will be massively present
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