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A
representação da natureza e do homem nas metáforas das obras da
Aipin
Rev.
EntreLínguas,
Araraquara, v. 8, n. esp. 2, e022052, 2022
.
e
-
ISSN: 2447
-
3529
DOI:
https://doi.org/10.29051/el.v8iesp.2.17309
1
A REPRESENTAÇÃO DA NATUREZA E DO HOMEM NAS METÁFORAS DAS
OBRAS DA AIPIN
LA REPRESENTACIÓN DE LA NATURALEZA Y EL HOMBRE EN LAS METÁFORAS
DE LAS OBRAS DE AIPIN
THE REPRESENTATION OF NATURE AND MAN IN METAPHORS OF AIPIN’S
WORKS
Marina
ABDYZHAPAROVA
1
Tatyana
FEDOSOVA
2
Yevgeny
KARGAPOLOV
3
RESUMO:
Este estudo analisa as metáforas em obras do escritor contemporâneo Khanty como
Yeremei Aipin “Khanty, or the Morning Star Dawn” e “Mother of God in the Bloody Snows”.
As
metáforas em estudo refletem a essência da interação do homem com a natureza e são
apresentadas pelo autor na forma de esquemas metafóricos. Como resultado do estudo, conclui
-
se que na mente dos personagens apresentados nas obras do autor, natureza e homem
possuem
uma estreita ligação, o que se reflete no uso de metáforas que correspondem a esquemas
cognitivos icônicos: a esfera fonte “natureza”
–
a esfera alvo “homem”, a esfera fonte “homem”
–
a esfera alvo “natureza”. Os resultados podem ser aplicados nos
estudos regionais, no ensino
de cursos como “Linguistic Worldview of the Small
-
numbered Peoples”, e nos trabalhos
dedicados ao estilo de escrita criativa de Ye.D. Aipin.
PALAVRAS
-
CHAVE:
Metáfora antropomórfica. Metáfora da natureza. Visão de mundo
linguí
stica. Esquema metafórico.
RESUMEN:
Este estudio analiza las metáforas en obras del escritor contemporáneo de
Khanty como Yeremei Aipin “Khanty, or the Morning Star Dawn” y “Mother of God in the
Bloody Snows”.
Las metáforas en estudio reflejan la
esencia de la interacción del hombre y la
naturaleza y son presentadas por el autor en forma de esquemas metafóricos. Como resultado
del estudio se concluye que en la mente de los personajes presentados en las obras del autor,
la naturaleza y el hombre tie
nen una estrecha conexión, lo que se refleja en el uso de metáforas
que corresponden a esquemas cognitivos icónicos: la esfera fuente. “naturaleza”
–
la esfera
de destino “hombre”, la esfera de origen “hombre”
–
la esfera de destino “naturaleza”. Los
resul
tados se pueden aplicar en los estudios regionales, en la enseñanza de cursos como
1
Academia Médica do Estado de Khanty
-
Mansiisk (KhMSMA), Khanty
-
Mansiysk
–
Rússia. Departamento de
Ciências Socioeconômicas e da Humanidade. Doutoramento em Filologia
.
ORCID
:
https://orcid.org/0000
-
0001
-
8095
-
2025.
E
-
mail:
mabdyzhaparova@mail.ru
2
Universidade Estadual de Gorno
-
Altaisk (GASU), Gorno
-
Altaisk
–
Rússia. Departamen
to de Línguas
Estrangeiras e Métodos de Ensino. Doutoramento em Filologia
. ORCID
:
https://orcid.org/0000
-
0002
-
8675
-
6866.
E
-
mail:
tatyana.v.fedosova@mail.ru
3
Academia Médica do Estado de Khanty
-
Mansiisk (KhMSMA), Khanty
-
Mansiysk
–
Rússia. Departamento de
Ciências Socioeconômicas e da Humanidade. Doutor em Pedagogia
.
ORCID
:
https://orcid.org/0000
-
0002
-
8204
-
5514
.
E
-
mail:
yevgeny.p.kargapolov@mail.ru
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Marina ABDYZHAPAROVA; Tatyana FEDOSOVA
e
Yevgeny KARGAPOLOV
Rev. EntreLínguas,
Araraquara, v. 8, n. esp. 2, e022052, 2022
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2
"Cosmovisión lingüística de los pueblos pequeños", y en los trabajos dedicados al estilo de
escritura creativa de Ye.D. Aipín.
PALABRAS CLAVE:
Metáfora antropomórfica. Metá
fora de la naturaleza.
Cosmovisión
lingüística. Esquema metafórico.
ABSTRACT
: This study analyzes the metaphors in such works of contemporary Khanty writer
as Yeremei Aipin “Khanty, or the Morning Star Dawn” and “Mother of God in the Bloody
Snows”. The m
etaphors under study reflect the essence of interaction of man and nature and
are presented by the author in the form of metaphorical schemes. As a result of the study, the
conclusion is made that in the minds of the characters presented in the author’s wo
rks, nature
and man have a close connection, which is reflected in the use of metaphors that correspond to
iconic cognitive schemes: the source sphere “nature”
–
the target sphere “man”, the source
sphere “man”
–
the target sphere “nature”. The results can
be applied in the regional studies,
in teaching such courses as “Linguistic Worldview of the Small
-
numbered Peoples”, and in the
works devoted to the creative writing style of Ye.D. Aipin.
KEYWORDS
: Anthropomorphic metaphor. Metaphor of nature.
Linguistic worldview.
Metaphorical scheme
.
Introdução
Apesar do fato de que a metáfora tem estado no foco da atenção dos linguistas por um
longo período de tempo e tem sido estudada em detalhes em muitos aspectos de sua
manifestação, os
pesquisadores modernos encontram motivos para novos estudos. Hoje, a
popularidade da análise de metáforas no contexto de um determinado discurso está aumentando
(ABDYZHAPAROVA
et al
., 2020; DEIGNAN; SEMINO; PAULO, 2019; KÖVECSES,
2010; SEMINO; DEMJÉN; DEMM
EN, 2018). Os linguistas investigam as propriedades e
funções da metáfora do texto literário, metáforas relacionadas à poesia e à prosa (HUIHENG;
HAMBÚRGUERES; AHRENS, 2021); com base em determinados textos, os pesquisadores
identificam as especificidades
das metáforas de culturas individuais (HORVAT; BOLOGNESI;
KOHL, 2021; KÖVECSES, 2009); considerar mudanças na metáfora na diacronia dentro de
uma direção literária separada (HUIHENG; HAMBÚRGUERES; AHRENS, 2021). O presente
estudo analisa metáforas nas obra
s do escritor moderno de Khanty, Yeremey Aipin, como forma
de refletir a visão de mundo linguística dos Ob Ugrianos.
O trabalho de Yeremey Danilovich Aypin contém tópicos como o significado da vida
humana, o confronto dos Vermelhos e dos Brancos, os Ostyak
s e o Exército Vermelho, as
tradições e crenças do povo Khanty e Mansi, a oposição do ateísmo e da fé. O autor escreve
sobre as principais questões da vida que dizem respeito a qualquer pessoa e tenta "conversar"
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sobre elas com o leitor. O tema da natureza
, sua influência sobre o homem e sua proteção estão
em estreita conexão com questões socialmente significativas (KARGAPOLOV, 2012, p. 27
-
44).
Pesquisadores no campo dos estudos literários realizaram trabalhos sobre a análise
literária das obras do autor: a
s principais ideias, conflitos e enredos de romances são revelados,
no centro do qual há uma pessoa pensando, sentindo, guiada pelos impulsos mais brilhantes da
alma. Em paralelo com o mundo humano, o mundo da natureza coexiste. Assim, Rogover e
Nesterova
(2007, p. 76
-
77) na história "Na lareira moribunda" distinguem o tema da lareira e
do fogo: um fogo é animado, comparado com um médico, xamã, cura, pode ir para a cama, vive
em cinzas (AIPIN, 2014a). Na mente do herói, um fogo está associado à sua mãe
–
el
e espera
que sua mãe apareça da chama.
Vós. Aipin descreve a capacidade dos povos Hunty e Mansi de personificar o mundo da
natureza: dotar objetos de uma alma e transferir qualidades humanas para objetos inanimados,
plantas e animais, que são os fenômenos
do animismo e do antropomorfismo (ROGOVER;
NESTEROVA, 2007, p. 76
-
77).
A conexão entre a natureza e o homem, característica das obras deste escritor, pode ser
chamada de uma característica fundamental no quadro linguístico dos Ob Ugrian
o
s. Deve
-
se
notar qu
e existem metáforas em suas obras, cuja formação é baseada nos seguintes esquemas
cognitivos: a esfera da fonte "natureza"
–
a esfera alvo "homem" (doravante referida como N
→M), a esfera da fonte "homem"
–
a esfera alvo "natureza" (doravante referida como
M→N).
A conexão desses componentes, sua interação desencadeia o mecanismo de formação da
seguinte metáfora convencional: A NATUREZA É UM HOMEM, A NATUREZA É UMA
MULHER.
E. V. Kosintseva e V. L. Syazi exploram essa relação nas obras de Ye. Aipin e chegar a
várias conclusões:
1. V. L. Syazi (2018) analisando a imagem do amado, disse que as imagens das mulheres
nas obras de Aipin estão em estreita relação com a natureza.
2. Outra prova da unidade da natureza e do homem é o facto de que, nas obras do
escritor,
as imagens das árvores têm uma encarnação antropomórfica. V.L. Syazi aponta que
árvores e bosques individuais na imagem criada por Ye. D. Aipin se comporta como uma pessoa
razoável. "Untsykh
-
iki" (o velho homem
-
pinheiro) na história "Na primeira neve" é c
apaz de
gemer. Este pesquisador também observa que há também uma comparação reversa de uma
pessoa com uma árvore. A árvore torna
-
se um dos meios de criar a imagem do Amado na prosa
lírica do escritor.
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3. As imagens das árvores servem como um meio de criar
e aprofundar a compreensão
de um caráter étnico. O antropomorfismo realizado pelo escritor nas páginas das obras nos
permite afirmar a ideia da inseparabilidade da existência do homem e da natureza (SYAZI,
2017).
4. Uma atitude reverente em relação à vida
selvagem pode ser rastreada em muitas obras
de autores (SYAZI, 2017, p. 67). Assim, na história "Pela lareira moribunda", o herói presta
atenção a um cedro seco, perguntando
-
se se esta árvore está viva ou morta:
As passarelas se esgotaram
–
e encostamos
nossas camas em um cedro murcho
na raiz. Toquei seu tronco musgoso. A casca caiu há muito tempo e
provavelmente já apodreceu. E seu corpo
-
cinza e robusto
-
ainda brilhava ao
sol. Cedro orgulhosamente se elevou sobre todo o bairro. (AIPIN, 2014a, p.
57)
(noss
a tradução)
.
5. Nas obras há comparações de heróis com certos animais, e o autor enfatiza não tanto
a semelhança física, mas o caráter e o comportamento do animal. Também é digno de nota que
os animais nos textos de Aipin se comportam como uma pessoa razo
ável. O lobo do romance
"A Mãe de Deus nas Neves Sangrentas" é capaz de chorar; o urso, que acidentalmente esmagou
seus bebês, rugiu. Os animais, ao contrário dos "Inumanos Vermelhos", à imagem do prosador
de Khanty, são capazes de simpatizar, chorar, salv
ar uma vida humana, (SYAZI, 2016, p. 65).
Um lugar especial nas obras do autor é ocupado pela imagem de um cisne (KOSINTSEVA,
2016). Em geral, a natureza, os animais e as plantas simpatizam com as emoções dos
personagens, falam sobre algo ou carregam uma d
eterminada mensagem.
Este trabalho explora metáforas convencionais e não convencionais nas obras de Ye.D.
Aipin "Khanty, ou a Estrela do Amanhecer", "A Mãe de Deus nas Neves Sangrentas", esquemas
cognitivos e mecanismos subjacentes a eles, o que
distingue a pesquisa realizada pelos autores
deste artigo do acima.
Materiais e métodos
Metáforas nas obras de Ye.D. Aipin "Khanty
, ou a Estrela do Amanhecer da Manhã",
"A Mãe de Deus nas Neves Sangrentas" serviu de material para o estudo. O trabalho baseia
-
se
na classificação de metáforas de A.P. Chudinov (2004) (dependendo da esfera da fonte, as
metáforas são divididas em antropomó
rficas, sociomórficas, artefactuais e metáforas da
natureza), no trabalho de E.A. Burmakova (2015) "The Cognitive Nature of Anthropomorphic
Metaphor in Natural Science Term Formation", bem como em alguns trabalhos sobre cultura e
metáfora Z. Kövecses (2009
, 2010). São utilizados no estudo os seguintes métodos: observação
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e descrição de fatos linguísticos, método quantitativo, elementos de análises conceituais e
contextuais.
Resultados
A metáfora é uma ferramenta eficaz para descrever o mundo, através da
qual o código
cultural de um grupo étnico é transmitido com base em sua experiência coletiva. Z. Kovecses,
analisando metáforas, identifica as seguintes características
-
chave:
1) os mais numerosos são os retirados da experiência corporal humana; 2) metáfor
as
podem nascer como resultado de alguma experiência individual do autor (KÖVECSES, 2010,
p. 194); 3) metáforas podem ser geradas pelo próprio contexto (especialmente poético); 4)
metáforas podem conter a experiência de um indivíduo, sociedade e cultura.
N
a obra "Metáfora e Cultura", a pesquisadora aponta metáforas conceituais comuns em
países de língua inglesa e relacionadas à natureza. Entre eles há esquemas metafóricos como
MULHERES SÃO (PEQUENOS) ANIMAIS FOFOS, MULHERES SÃO PÁSSAROS,
HOMENS SÃO GRANDES
ANIMAIS FOFOS (KÖVECSES, 2010, p. 194).
Vamos considerar as metáforas antropomórficas na obra "Khanty, ou a Estrela do
Amanhecer da Manhã". Nas obras em estudo, há esquemas metafóricos como HOMENS SÃO
PÁSSAROS, MULHERES SÃO PÁSSAROS, HOMENS SÃO ANIMAIS.
Ko
vecses também aponta para a presença de metáforas conceituais que são populares
entre os europeus como
PESSOAS SÃO ANIMAIS
(a metáfora apareceu no período Paleolítico
Superior),
PLANTAS E ANIMAIS SÃO PESSOAS
(KÖVECSES, 2010, p. 201). É óbvio que
o próprio
autor pensa com essas metáforas, sendo um representante de um povo de pequeno
número, e tenta preservar a originalidade do tipo de pensamento dos povos Khanty e Mansi e
capturar esse imaginário em suas obras, demonstrando a capacidade desses povos de ver u
ma
pessoa no contexto da natureza.
Na atualização de metáforas da natureza, vários tipos podem ser rastreados dependendo
da função: 1) metáforas usadas para descrever as características da aparência de uma pessoa; 2)
metáforas usadas para denotar as caract
erísticas do estado mental de uma pessoa; 3) metáforas
usadas para denotar a manifestação da vida espiritual de uma pessoa. Vamos apresentar uma
série de exemplos da obra do autor, distribuindo
-
os de acordo com a classificação apresentada
acima.
1 tipo. El
e estava olhando para um fio de cabelo dela da cor da casca de
árvore
de outono
(AIPIN, 2014b, p. 53) (
O HOMEM É UMA ÁRVOR
E).
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Além de metáforas, o autor usa amplamente comparações de um homem com uma
árvore: Demyan representa o buscador de petróleo Medvede
v ... como ele é? Bem, a barba é
provavelmente mais grossa, mais sólida [...] E as sobrancelhas são largas, grossas, como patas
de abeto (AIPIN, 2014b, p. 31).
Uma metáfora pode ser usada para denotar uma cor inerente a algo natural, como no
exemplo a segu
ir:
N→M Ele sentiu o calor de seus olhos de pântano aquecer seu rosto... (AIPIN, 2014b,
p. 159)
tipo 2. N→M E fixou seu olhar gelado no velho Pedro (AIPIN, 2014b, p. 64).
Demyan cavalgou, e seu pensamento, como um pássaro de asas rápidas, então correu
para
a frente, depois desceu às profundezas do tempo, depois correu de volta para hoje (AIPIN,
2014b, p. 40) (A THOUGHT IS A BIRD).
N→ M Arminho fiado
-
fiado. Não me sinto... (AIPIN, 2014b, p. 199) (UM HOMEM É
UM PÁSSARO).
Como observado anteriormente, um fenôm
eno tão natural como um incêndio pode se
tornar uma fonte de metáforas: o filho mais novo de N→M Isidor, Ivan, [...] não podia queimar
seu pai com o fogo negro de seus olhos, porque ele não estava mais vivo (AIPIN, 2014b, p.
116); N→M Queria fazer
-
lhe uma
única pergunta, e olhar em seus olhos sangrentos, e queimá
-
los com o fogo feroz de seu ódio (AIPIN, 2014b, p. 117).
3 tipo. N→M Mas ela ainda encontrará vestígios de seu pai (AIPIN, 2014b, p. 118) (UM
HOMEM É UM ANIMAL).
Uma metáfora mórfica da
natureza também pode ser usada para descrever a própria
natureza (esquema: esfera de origem "natureza"
-
esfera alvo "natureza"). Isso pode ser
observado no seguinte exemplo: N→N Ele queria agradar a garota com uma grande carpa
laranja
-
dourada
–
uma visão!
Se você o levantar, é como tomar o sol em suas mãos! Então ele
queima, então ele brilha! Esta é a carpa rei! (AIPIN, 2014b, p. 156).
Vamos considerar metáforas antropomórficas que denotam alguns fenômenos.
Estados fisiológicos de uma pessoa: morte,
sede, crescimento:
M→N Além dessa linha, as estrelas morrem, a lua morre, o sol morre (AIPIN, 2014b,
p. 75).
M→N E o boro está morto. E embora muitos anos e invernos tenham se passado desde
então, Bor ainda não se recuperou de ferimentos graves. E ele olha
tristemente para os céus [...]
(AIPIN, 2014b, p. 94). O esquema metafórico está no centro dos dois exemplos acima
mencionados: A NATUREZA É O HOMEM.
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UMA ÁRVORE É UMA PESSOA
-
um esquema metafórico, com base no qual as
seguintes metáforas são criadas:
M→N
dessas árvores moribundas e mortas... Centenas. Quem sabe quantas maldições
e todos os tipos de sujeira a floresta ouviu então nesta travessia... Toda árvore viva, quando
uma sujeira entra nela, imediatamente começa a murchar... Todos os seres vivos são ma
is
sensíveis e vulneráveis... (AIPIN, 2014b, p. 173).
M→N Como as pessoas, morrendo, chamavam para o céu, chamavam para as nuvens...
Eles também tinham sede (AIPIN, 2014b, p. 94).
M→N A terra só pode crescer para cima, mas não para baixo (AIPIN, 2014b, p.
208)
(A TERRA É UM HOMEM).
Feridas, contusões, partes do rosto, corpo humano:
M→N Viu o pálido céu noturno de sua terra nas contusões do amanhecer e nas
contusões de nuvens espessas (AIPIN, 2014b, p. 75) (O CÉU É UM HOMEM).
Depois de uma chuva noturna, o g
elo do
nostrum
inchou e o lago estava completamente
coberto de manchas azuladas (AIPIN, 2014b, p. 91).
M→N
-
Quase todo o rio, do alto ao mais baixo, ouviu falar da nossa bela Pestrukha ....
Que chifres ela tem
-
há poucas dessas belezas. ... Considere que
quase todo o rio a conhece de
vista (AIPIN, 2014b, p. 85) (UM ANIMAL É UMA PESSOA).
Os olhos sem visão de Bor aborreciam o viajante (AIPIN, 2014b, p. 94) (A FLORESTA
É UM HOMEM).
Nesta seção conceitual, o esquema TREE IS A PERSON é encontrado mais de uma
vez:
H→N
Pinheiros pelados
... Braços enroscados presos sob os galhos de neve de velhos com
marcas de queimaduras negras em articulações nodosas (AIPIN, 2014b, p. 94); H→ P
Em toda
a parte,
corpos cinzentos
-
pálidos de pinheiros mortos (AIPIN, 2014b, p. 94);
M→N E essas
feridas às vezes sangram por muitos anos [...] (AIPIN, 2014b, p. 106).
Os seguintes exemplos são de interesse, em que o autor visualiza o óleo como a gordura
da terra, taiga:
M→N [...] um grosso cano preto está enterrado no chão. A gordura neg
ra quente dessa
taiga caminhará sobre ela (AIPIN, 2014b, p. 24).
Vários fenômenos naturais também se tornam assimilados a uma pessoa:
M→N A menina olhou pensativa para as chamas (AIPIN, 2014b, p. 159)
–
O FOGO É
UMA PESSOA;
M→N Ele estava deitado sob as es
trelas de taiga, cinza do frio. Que piscou como se e o
confortasse [...] (AIPIN, 2014b, p. 210)
-
UMA ESTRELA É UM HOMEM;
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M→N Nos ramos amarelo
-
dourados e no verde claro das agulhas, fios pálidos
entrelaçavam os raios
–
as mãos do sol (AIPIN, 2014b, p. 56)
–
O SOL É UM HOMEM.
Diferentes estados emocionais (negativos e positivos). O autor assimila as emoções
humanas com a natureza, afirmando assim que ela está viva, é uma pessoa. Nesses exemplos,
os seguintes esquemas metafóricos estão envolvidos: FOGO É UMA
PESSOA, TERRA É
UMA PESSOA, UM RIO, UMA FONTE É UMA PESSOA, A NEVE É UMA PESSOA, etc.:
1) M→N... que fogo louco... voltou à vida de novo e de novo entrou em um redemoinho
do diabo: lambe a água fervente branca como a neve com uma língua sangrenta [...], [
ele] engole
verduras com uma crocância [...], come pinheiros jovens com um estrondo, roendo pinheiros
maduros com um estrondo. Esse fogo louco passou do lado do meio
-
dia para o norte[...] (AIPIN,
2014b, p. 94);
2) M→N Onde estava a pessoa que falhou ou não
quis parar o fogo insano?! (AIPIN,
2014b, p. 95);
3) M→N As agulhas verdes claras sempre acalmavam os olhos e traziam conforto [...]
(AIPIN, 2014b, p. 96);
4) M→N Ele já havia pensado que a terra, como o homem, tem sua própria vida. Viver
a vida. A terra
sente dor, alegria, tristeza e amor (AIPIN, 2014b, p. 208);
5) M→N Depois de ficar sóbrio, quando a névoa bêbada se dissipou [...] (AIPIN, 2014b,
p. 209).
Cabe ressaltar que os textos estudados se caracterizam pelo uso de verbos que indicam
que a natureza
se manifesta em relação ao homem como mãe, como se observa nos seguintes
casos de uso de metáforas antropomórficas:
M→ N O rio fez o seu trabalho: alimentado e regado (AIPIN, 2014b, p. 125).
M→N O fogo estava silenciosamente embalando[...] (AIPIN,
2014b, p. 161).
M→N Dialeto melodioso e puro da fonte taiga. Ele [...] por um longo tempo e
insaciavelmente absorveu o dialeto da primavera, que o fascinou com a extraordinária pureza
dos sons e inexplicáveis transbordamentos de melodia (AIPIN, 2014b, p. 1
61).
M→N O que poderia ser mais sincero e verdadeiro do que a melodia de uma
primavera?! (AIPIN, 2014b, p. 162).
M→ N [...] as agulhas verdes... inspirou a ideia da inviolabilidade e eternidade do
mundo e de tudo o que é belo neste mundo (AIPIN, 2014b, p.
96).
M→N [...] as neves frescas dançavam com ele[...] (AIPIN, 2014b, p. 173).
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Há também metáforas antropomórficas que são criadas para descrever os processos
mentais e emocionais de uma pessoa, partes de seu corpo. A esfera de origem é "Homem" e a
esfera a
lvo também é "Homem":
M→M A única alegria é a memória humana, levando até mesmo ao passado. Seu
pensamento começará a vagar livremente pelo coração dos queridos
urmans
, florestas, pântanos
(AIPIN, 2014b, p. 68);
M→ M Lágrimas não rolavam por suas bochechas
, ficavam em seus olhos (AIPIN,
2014b, p. 73);
M →M [...] e o rosto da irmã Matryona... começou a irradiar calor. Parece ... as sardas
nas bochechas se animaram [...] (AIPIN, 2014b, p. 107);
Durante dez anos, seu coração amortecido lentamente reviveu (AIPI
N, 2014b, p. 109).
No total, a obra "Khanty, or the Star of the Morning Dawn" usa 27 metáforas
antropomórficas do tipo esfera
-
fonte "homem"
–
esfera
-
alvo "natureza", 9 metáforas da
natureza o tipo esfera
-
fonte "natureza"
–
esfera
-
alvo "homem".
A próxima obra de Ye. Aipin, contendo metáforas antropomórficas e da natureza é "A
Mãe de Deus em Neves Sangrentas". Neste trabalho, esquemas metafóricos característicos dos
países europeus são mais comuns, não há assimilação de fenômenos naturais individu
ais e
objetos da natureza a uma pessoa: UMA MULHER É UM PÁSSARO, UM HOMEM É UM
ANIMAL, UMA MULHER É UM ANIMAL. No entanto, Aipin não usa animais fofos (como
os europeus fazem), mas compara uma pessoa com pássaros, animais selvagens em momentos
difíceis e p
erigosos da vida, aproximando assim uma pessoa da natureza:
M→N [...] com todo o seu corpo, fechou as crianças em seu ninho nativo. (AIPIN, 2002,
p. 11);
M→N E apenas os filhos, seus filhotes (AIPIN, 2002, p. 34);
M→N "Dog Army", ela pensou. (AIPIN, 2002,
p. 36);
M→N... vestígios da presença de soldados vermelhos. (AIPIN, 2002, p. 36);
M→N Seu terrível uivo, [...] parecia sacudir todo o universo. (AIPIN, 2002, p. 73)
Metáforas antropomórficas neste trabalho são apresentadas na forma de diagramas de
UMA ÁRVO
RE É UMA PESSOA
(Os pinheiros congelados estremeceram) (AIPIN, 2002, p.
25),
O FOGO É UMA PESSOA
([...]
ao
estocar comida para o fogo) (AIPIN, 2002, p. 36),
A
TERRA É UMA PESSOA
([...] permitindo que você vá mais fundo em seu útero (AIPIN, 2002,
p. 39), [.
..] sobre essa terra dura) (AIPIN, 2002, p. 52).
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Marina ABDYZHAPAROVA; Tatyana FEDOSOVA
e
Yevgeny KARGAPOLOV
Rev. EntreLínguas,
Araraquara, v. 8, n. esp. 2, e022052, 2022
.
e
-
ISSN: 2447
-
3529
DOI:
https://doi.org/10.29051/el.v8iesp.2.17309
10
No total, a obra "A Mãe de Deus nas neves sangrentas" usa quatro metáforas
antropomórficas do tipo esfera
-
fonte "homem"
–
esfera
-
alvo "natureza", cinco metáforas da
natureza, o tipo esfera
-
fonte "natureza"
–
esfera
-
alvo "homem".
Discussão e conclusão
O material linguístico apresentado dá motivos para acreditar que, na mente dos
personagens das obras do autor, a natureza e o homem estão interligados, o que se reflete no
uso de metáforas que correspondem a es
quemas icônicos: a esfera da fonte "natureza"
–
a esfera
alvo "homem", a esfera da fonte "homem"
–
a esfera alvo "natureza".
Quanto às metáforas da natureza, vários tipos podem ser rastreados dependendo da
função: 1) metáforas usadas para descrever as cara
cterísticas da aparência de uma pessoa; 2)
metáforas usadas para denotar as características do estado mental de uma pessoa; 3) metáforas
usadas para denotar a manifestação da vida espiritual de uma pessoa.
Quanto à metáfora antropomórfica, a transferência
metafórica está relacionada
principalmente ao estado fisiológico de uma pessoa, características pessoais, movimentos
humanos, estados dolorosos. O antropomorfismo se manifesta no fato de que o autor personifica
animais e plantas, dotando
-
os de qualidades h
umanas através da metaforização.
A fim de transmitir a ideia da relação entre o homem e a natureza, Ye. Aipin usa os
seguintes esquemas metafóricos convencionais: A NATUREZA É UM HOMEM, A
NATUREZA É UMA MULHER, AS PESSOAS SÃO ANIMAIS, AS PLANTAS E OS
ANIMA
IS SÃO PESSOAS.
Esquemas metafóricos que caracterizam a individualidade do autor e as peculiaridades
da cultura dos
Ob Ugrian
o
s
, em sua essência, representam os seguintes dominantes:
UMA ÁRVORE É UM HOMEM, O SOL É UM HOMEM, UM FOGO É UM
HOMEM, A TERRA É
UM HOMEM, UM RIO, UMA FONTE É UM HOMEM, A NEVE É
UM HOMEM, UMA ESTRELA É UM HOMEM, UM PENSAMENTO É UM PÁSSARO.
Assim, a visão de mundo do autor capta os vetores
-
chave da existência do grupo étnico,
que refletem a conexão inseparável entre o homem e a natur
eza, encarnada na linguagem por
metáforas da natureza e metáforas antropomórficas.
REFERÊNCIAS
ABDYZHAPAROVA, M. I.; FEDOSOVA, T. V.; SOMIKOVA, T. Yu.; BARANOVA, I. V.;
HARCHENKOVA, L. I. Types of anthropomorphic metaphor in IT discourse.
Astra
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A
representação da natureza e do homem nas metáforas das obras da
Aipin
Rev.
EntreLínguas,
Araraquara, v. 8, n. esp. 2, e022052, 2022
.
e
-
ISSN: 2447
-
3529
DOI:
https://doi.org/10.29051/el.v8iesp.2.17309
11
Salvensi
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