Samantha G. M. RAMOS; Fernanda Machado BRENER; Jéssica Marroni FORTUNA e Nicolas de Oliveira SANTOS
Rev. EntreLinguas, Araraquara, v. 9, n. 00, e023014, 2023. e-ISSN: 2447-3529
DOI: https://doi.org/10.29051/el.v9i00.17451 17
Discutindo tais resultados, e seguindo os apontamentos de Pennycook e Makoni (2012),
observamos que é preciso reinventar os paradigmas que limitam as formas e identidades
linguísticas, a fim de ressignificar as práticas educacionais em favor da equidade e justiça social.
Como mencionado anteriormente, os usos da linguagem têm forte influência nos efeitos de
criação e acentuação de diferenças sociais, como contextos intelectuais e políticos que
contribuem para conceitualizações da língua que definem seus interlocutores e suas identidades
específicas, quase sempre ligados à branquitude.
Ainda, o ensino de línguas na contemporaneidade abrange não apenas as práticas
linguísticas, mas também os aspectos sociais, culturais e históricos do contexto no qual a prática
docente está inserida. Pensando nisso, a prática pedagógica deve buscar promover uma
participação igualitária de diversas esferas da sociedade (BELL, 2007) assim como possibilitar
discussões sobre o aspecto colonizador da linguagem e a presença de valores dominantes
internalizados no contexto educacional (NASCIMENTO, 2019a).
Para que questões identitárias constituídas por marcadores sociais se tornem presentes
nas aulas de futuros professores de Língua Inglesa, devem elas ser vivenciadas ainda em seu
processo de formação inicial. Dessa forma, o currículo da construção profissional deve se voltar
para a promoção das competências gerais apresentadas nas DCNs (BRASIL, 2019, p. 13):
[...] 8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional,
compreendendo-se na diversidade humana, reconhecendo suas emoções e as
dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas, desenvolver o
autoconhecimento e o autocuidado nos estudantes. 9. Exercitar a empatia, o
diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e
promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e
valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes,
identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer
natureza, para promover ambiente colaborativo nos locais de aprendizagem.
10. Agir e incentivar, pessoal e coletivamente, com autonomia,
responsabilidade, flexibilidade, resiliência, a abertura a diferentes opiniões e
concepções pedagógicas, tomando decisões com base em princípios éticos,
democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários, para que o ambiente de
aprendizagem possa refletir esses valores (BRASIL, 2019, p. 13).
Nessa seção, analisamos participações dos professores em formação inicial no referido
fórum de discussão e detectamos suas percepções sobre a existência de práticas pedagógicas
específicas que podem promover a inserção de temáticas sociais mesmo com a possibilidade de
bloqueios e entraves por parte do sistema educacional. Da mesma forma, destacamos o papel
do professor na busca de novos conhecimentos sobre as temáticas e sua oposição à neutralidade.
A seguir, teceremos nossas considerações finais.