Rev. EntreLinguas, Araraquara, v. 9, n. 00, e023003, 2023. e-ISSN: 2447-3529
DOI: https://doi.org/10.29051/el.v9i00.17748 1
WELCOME, YOUNG ENTREPRENEURS! DISCURSOS SOBRE O
EMPREENDEDORISMO EM COLEÇÕES DIDÁTICAS DE LÍNGUA INGLESA DO
NOVO ENSINO MÉDIO
WELCOME, YOUNG ENTREPRENEURS! DISCURSOS SOBRE EL ESPÍRITU
EMPRESARIAL EN LAS COLECCIONES DIDÁCTICAS DE LENGUA INGLESA
PARA EL NUEVO BACHILLERATO
WELCOME, YOUNG ENTREPRENEURS! DISCOURSES ABOUT
ENTREPRENEURSHIP IN NEW HIGH SCHOOL ENGLISH LANGUAGE
TEXTBOOKS
Vinícius Costa Araújo LIRA 1
e-mail: vccosta43@gmail.com
Francisco Vieira da SILVA 2
e-mail: francisco.vieiras@ufersa.edu.br
Thâmara Soares de MOURA 3
e-mail: thamara.soares068@gmail.com
Como referenciar este artigo:
LIRA, V. C. A.; SILVA, F. V.; MOURA, T. S. Welcome,
young entrepreneurs! Discursos sobre o empreendedorismo em
coleções didáticas de língua inglesa do novo ensino médio.
Rev. EntreLinguas, Araraquara, v. 9, n. 00, e023003, 2023. e-
ISSN: 2447-3529. DOI:
https://doi.org/10.29051/el.v9i00.17748
| Submetido em: 20/10/2022
| Revisões requeridas em: 16/11/2022
| Aprovado em: 19/12/2022
| Publicado em: 01/01/2023
1
Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA), Caraúbas RN Brasil. Graduando do curso de
Letras/Inglês.
2
Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA), Caraúbas RN Brasil. Docente do Departamento de
Linguagens e Ciências Humanas (DLCH). Doutor em Linguística (UFPB).
3
Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), Pau dos Ferros RN Brasil. Doutoranda no Programa
de Pós-Graduação em Letras (PPGL).
Welcome, young entrepreneurs! Discursos sobre o empreendedorismo em coleções didáticas de língua inglesa do novo ensino médio
Rev. EntreLinguas, Araraquara, v. 9, n. 00, e023003, 2023. e-ISSN: 2447-3529
DOI: https://doi.org/10.29051/el.v9i00.17748 2
RESUMO: O artigo analisa discursos sobre o empreendedorismo em duas coleções didáticas
de Língua Inglesa aprovadas no Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD),
edição de 2021, em consonância com a Reforma do Novo Ensino Médio (BRASIL, 2017). O
objetivo do estudo consiste em relacionar os discursos acerca do empreendedorismo no material
didático antes referido com os desígnios da racionalidade neoliberal no campo da educação e,
de modo mais específico, no ensino de inglês como língua estrangeira. Busca-se respaldo,
especialmente, em Foucault (2008; 2010) e em Dardot e Laval (2016). Trata-se de um trabalho
descritivo-interpretativo e documental, de natureza qualitativa. Os discursos sobre o
empreendedorismo nos livros estudados encontram-se matizados pela racionalidade neoliberal,
uma vez que celebram o sujeito empreendedor como um modelo de sucesso a ser seguido pelos
discentes e fortalecem a ideia de que o aprendizado da língua inglesa representa um trunfo no
mercado concorrencial.
PALAVRAS-CHAVE: Discurso. Livro didático. Empreendedorismo. Ensino de inglês. Novo
ensino médio.
RESUMEN: El artículo analiza discursos sobre emprendimiento en dos colecciones de
enseñanza de inglés aprobadas en el Programa Nacional de Libros y Material Didáctico
(PNLD), edición 2021, en consonancia con la Nueva Reforma de la Enseñanza Media (BRASIL,
2017). El objetivo del estudio es relacionar los discursos sobre el emprendimiento en el
material didáctico mencionado con los designios de la racionalidad neoliberal en el campo de
la educación y, más específicamente, en la enseñanza del inglés como lengua extranjera. Se
busca apoyo, especialmente, en Foucault (2008; 2010) y en Dardot y Laval (2016). Se trata de
un trabajo descriptivo-interpretativo y documental de carácter cualitativo. Los discursos sobre
el emprendimiento en los libros estudiados están teñidos por la racionalidad neoliberal, ya que
celebran al sujeto emprendedor como modelo de éxito a seguir por los estudiantes y refuerzan
la idea de que el aprendizaje del inglés representa un activo en el mercado competitivo.
PALABRAS CLAVE: Discurso. Libro de texto. Espíritu empresarial. Enseñanza del inglés.
Nuevo instituto.
ABSTRACT: The present article analyzes discourses on entrepreneurship in two didactic
textbooks of the English Language approved in the Programa Nacional do Livro e do Material
Didático (PNLD), 2021 edition a governmental and educational Brazilian regulatory agency,
in line with the Reform of New High School (BRASIL, 2017). The objective of the study is to
relate discourses about entrepreneurship in the aforementioned teaching material with the
intentions of neoliberal rationality in the field of education and, more specifically, in the
teaching of English as a foreign language. Support is sought, especially, in Foucault (2008;
2010), and Dardot and Laval (2016). This is a descriptive-interpretive and documentary work
of a qualitative nature. The discourses on entrepreneurship in the studied books are stained by
neoliberal rationality, once they celebrate the entrepreneurial subject as a successful model to
be followed by students and strengthen the idea that learning the English language represents
an investment in the competitive market.
KEYWORDS: Discourse. Textbook. Entrepreneurship. English teaching. New high school.
Editores:
Profa. Dra. Rosangela Sanches da Silveira Gileno
Editor Adjunto Executivo:
Prof. Dr. José Anderson Santos Cruz
Vinícius Costa Araújo LIRA; Francisco Vieira da SILVA e Thâmara Soares de MOURA
Rev. EntreLinguas, Araraquara, v. 9, n. 00, e023003, 2023. e-ISSN: 2447-3529
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Introdução
As discussões a serem desenvolvidas no âmbito deste texto situam-se no raio de
acentuadas modificações curriculares de cunho reformista que foram encetadas no cenário
brasileiro a partir de meados de 2016, num momento de indisfarçáveis convulsões de ordem
política e social. Referimo-nos, de modo particular, à aprovação da Reforma do Novo Ensino
Médio (NEM), cuja gênese remonta uma medida provisória empreendida a toque de caixa pelo
então governo de Michel Temer (2016-2018), numa claro aceno aos interesses do empresariado
neoliberal e à elaboração e posterior sanção da Base Nacional Comum Curricular do Ensino
Médio (BNCC) que, a despeito de ter consultado a sociedade civil as entidades representativas
do campo educacional para a construção coletiva do documento, a versão final do texto atende
aos acenos do mercado em conformidade com as diversas entidades ligadas ao setor produtivo
que participaram ativamente do processo de constituição dessa política curricular de matriz
centralizadora.
De maneira sumária, podemos citar como principais mudanças da Lei 13.415 (BRASIL,
2017a) que institui o NEM e altera a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (BRASIL,
1996) as seguintes: a) aumento da carga horária nima que deve passar de 2400 horas para
3000 horas no decurso dos três anos dessa etapa educacional; b) a supressão das disciplinas
historicamente constituídas, tendo em vista a divisão pelos chamados itinerários formativos
assim delineados: Linguagens e suas tecnologias, Matemática e suas tecnologias, Ciências da
Natureza e suas tecnologias, Ciências Humanas e Sociais Aplicadas e Formação cnica e
profissional; c) o apelo a uma suposta flexibilidade por meio da qual o aluno poderá escolher
em qual itinerário formativo deverá se aprofundar; c) a instituição da BNCC-EM como um
referencial a nortear a elaboração dos currículos do NEM no que concerne às competências e
habilidades requeridas para a formação geral do aluno; d) no âmbito do NEM, somente as
disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática serão obrigatórias no decurso dos três anos do
ensino médio, de modo que os demais componentes curriculares serão distribuídos de acordo
com o arranjo curricular de cada sistema de ensino; e) no esteio do itinerário formativo
concernente à formação técnica e profissional, a possibilidade de sujeitos sem formação para
a docência serem admitidos nas instituições de ensino, pois seriam detentores de “um notório
saber”.
Atravessando essas políticas educacionais, podemos flagrar indícios da racionalidade
neoliberal, compreendida na esteira de Dardot e Laval (2016), não como uma doutrina
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meramente econômica, mas como uma prática de governo que tende a incidir sobre todos os
setores da vida social, modulando subjetividades e condutas. No interior de tal conjuntura, os
sujeitos são convocados a ingressar, desde cedo, na lógica da concorrência e da competição e,
para isso, necessitam responsabilizar-se pelos seus processos formativos e comportar-se como
pequenas empresas a gerir os riscos e os investimentos em si mesmos. Assim, no âmbito do
NEM os discentes são levados a planejar os seus projetos de vida em consonância com suas
competências, aptidões e habilidades de acordo com a BNCC-EM. Alardeia-se um discurso
segundo o qual os jovens têm a liberdade de escolha para empreender seus percursos
educacionais, sem considerar as inefáveis desigualdades existentes num país tão diverso como
o Brasil. Como corolário, tem-se o desprezo a tudo que não é considerado útil, interessante e
estimulante, de maneira a produzir uma formação precária, obscura, individualizante e
legitimadora do sucesso ou do fracasso dos sujeitos (RIBEIRO; ZANARDI, 2020).
No interior dessas condições de possibilidade, emerge uma miríade de discursividades
acerca do empreendedorismo, concebido como uma espécie de “menina dos olhos” da
racionalidade neoliberal. Incentivar condutas empreendedoras pressupõe inserir, no ambiente
da escola, determinados saberes e práticas do universo empresarial, transformando o espaço
educativo num experimento de matriz mercadológica. Quando situamos o contexto social e
político da aprovação do NEM e da BNCC-EM com modificações pontuais no campo do
trabalho e emprego, notadamente em relação à Reforma Trabalhista (BRASIL, 2017b) a qual
foi produzida sob os anseios neoliberais, porque apelou para a necessidade de mudar as leis
trabalhistas, tidas como obsoletas, para adequá-las às novas configurações do capitalismo
financeiro , podemos conjecturar que a inserção da temática do empreendedorismo no esteio
da educação encontra-se profundamente atrelada ao modus operandi da governamentalidade de
natureza neoliberal, especialmente porque ser empreendedor é lido como uma atitude arrojada,
flexível e corajosa, conforme a mentalidade do mercado concorrencial.
Tendo em vista esses apontamentos anteriormente tecidos, objetivamos neste texto, a
partir de uma análise discursiva, relacionar a abordagem acerca do empreendedorismo em
coleções didáticas de Língua Inglesa do NEM com os desígnios da racionalidade neoliberal no
campo da educação e, de modo mais específico, no ensino de Inglês como língua estrangeira.
Partimos do pressuposto de que como esses materiais didáticos foram aprovados no Programa
Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD), edição de 2021, e, portanto, em
conformidade com NEM, com a BNCC-EM, bem como com os diversos jogos de poder que
configuraram a elaboração desses instrumentos normativos, é esperado que esses livros
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didáticos revelem, na tessitura discursiva, uma acentuada aproximação com essas orientações
do discurso oficial. Diante disso, questionamos: como os discursos sobre o empreendedorismo
em coleções didáticas de Língua Inglesa do NEM se articulam com os interesses, as crenças e
as proposições da racionalidade neoliberal? Como esses discursos buscam induzir condutas
empreendedoras e proativas junto aos jovens do NEM?
Para tanto, analisamos enunciados extraídos de três coleções didáticas de Língua
Inglesa. O aparato teórico que conduz essas reflexões situa-se no horizonte investigativo de
Foucault (2008; 2010) acerca do discurso, do enunciado, da formação discursiva e do
neoliberalismo, além de alguns apontamentos de Dardot e Laval (2016) e Casara (2021) em
torno das especificidades da racionalidade neoliberal e as inflexões no campo da educação,
considerando o imaginário a respeito do empreendedorismo.
O texto encontra-se organizado nos seguintes moldes: na seção a seguir, desenvolvem-
se algumas reflexões acerca do discurso, do enunciado e da racionalidade neoliberal.
Posteriormente, analisam-se enunciados recortados das coleções didáticas de Língua Inglesa.
Por fim, tem-se uma seção de natureza conclusiva, em que se busca encetar um efeito de fim
para as reflexões aqui desenvolvidas.
Observações teóricas
Sobre os conceitos de discurso, enunciado e formação discursiva
Na obra Arqueologia do Saber, originalmente publicada em 1969, Michel Foucault
delimita conceitos fundantes de seu pensamento, os quais estão presentes em trabalhos
anteriores. Três noções mostram-se essenciais para o empreendimento analítico proposto neste
estudo, a saber: o discurso, o enunciado e a formação discursiva. O primeiro é compreendido
como uma prática que funda os objetos de que fala e que se constitui a partir de enunciados
provenientes de uma mesma formação discursiva. Ao pensar o discurso como um
acontecimento, ou seja, como algo que irrompe num tempo e num lugar específicos, Foucault
(2010) defende a necessidade de analisar como diferentes saberes possibilitam o surgimento de
um dado discurso e daí se pode depreender o processo da arqueologia do saber, é cardinal
escavar as mais variadas camadas a partir das quais os discursos poderão ser enunciados. Na
leitura de Machado (2007, p. 110), a arqueologia não se volta para o exame de “[...] discursos
possíveis, discursos para os quais se estabelecem princípios de verdade ou de validade a serem
realizados; ela estuda os discursos reais, efetivamente produzidos, existentes como
materialidade”.
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Nisso, o autor se distancia de categorias demandadas pela história das mentalidades,
como obra, origem, tradição, influência, continuidade e evolução e aposta nas
descontinuidades, nas séries, nos cortes e nas dispersões. Segundo Foucault (2010, p. 28), “Não
é preciso remeter o discurso à longínqua presença da origem; é preciso tratá-lo no jogo de sua
instância”.
O segundo conceito que nos importa mais de perto diz respeito ao enunciado. Trata-se,
de acordo com Foucault (2010), de uma função que cruza diferentes domínios e fornece as
condições de existência para o aparecimento de unidades distintivas, como a frase, a proposição
e o ato de fala. Para o autor, o enunciado constitui o grão do discurso, o átomo, a unidade
mínima de análise e, portanto, encontra-se congenitamente atrelado a um determinado discurso,
visto como uma instância maior. Consoante sublinha Sargentini (2019, p. 41), “[...] diferentes
em suas formas, dispersos no tempo, os enunciados podem formar um conjunto quando se
referem a um único e mesmo objeto, instaurando assim um discurso”.
Todo enunciado, na concepção foucaultiana, comporta quatro propriedades
constitutivas, a saber:
a) referencial está relacionado com as leis de possibilidade que fazem aparecer um
dado enunciado num tempo e lugar específicos;
b) posição de sujeito não se reporta ao sujeito gramatical, ao autor ou ao ser empírico,
mas se articula a uma posição a ser assumida no enunciado;
c) domínio associado estabelece uma cadeia por meio da qual um enunciado se
correlaciona com outros já ditos e ainda por dizer, supondo, com isso, o funcionamento de uma
memória;
d) materialidade repetível engloba o fato de o enunciado carecer de um suporte, um
lugar, uma data, uma substância e um aporte institucional para se materializar. Conforme
Foucault (2010, p. 119), “[...] o enunciado circula, se esquiva, permite ou impede a realização
de um desejo, é dócil ou rebelde a interesses, entra na ordem das contestações e das lutas, torna-
se tema de apropriação ou de rivalidade”.
Seguindo essa perspectiva, para compreendermos o conceito de formação discursiva,
convém frisar que a análise enunciativa se propõe a rastrear as regularidades discursivas
presentes num sistema profundamente marcado pela dispersão. Assim, quando se constatam
recorrências de certos temas, de tipos de enunciação, de estratégias e de objetos, tem-se uma
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formação discursiva. Nas palavras de Foucault (2010, p. 43, grifo no original), “[...] se puder
definir uma regularidade (uma ordem, correlações, posições e funcionamentos, transformações)
diremos, por convenção, que se trata de uma formação discursiva”.
Mediante as discussões tecidas acerca da teoria arqueológica foucaultiana, é oportuno
atravessá-las pelos discursos que arrolam a racionalidade neoliberal vigente, com enfoque ao
ensino de Língua Inglesa e a formação do sujeito. Para tanto, construímos nossas reflexões, no
tópico seguinte, pelo viés genealógico, também de atribuição ao pensamento foucaultiano.
Sobre a racionalidade neoliberal
Nas reflexões desenvolvidas por Foucault (2008), o neoliberalismo se institui como uma
forma de governo que não se restringe apenas ao domínio econômico, mas se amplia por
diferentes setores da sociedade, inclusive a educação. De acordo com esse pensador, o
neoliberalismo estadunidense, de modo mais específico, conseguiu criar um modus operandi
que atua diretamente na produção da subjetividade, a partir de algumas mudanças principais,
dentre as quais podemos mencionar a teoria do capital humano. Segundo essa teoria,
desenvolvida por Thomas Shultz, o sujeito trabalhador outrora entrevisto apenas como uma
força de trabalho braçal, sobretudo, é dotado de um capital que pode gerar fluxos de renda, a
ser continuamente aperfeiçoado, por meio de cursos de formação permanente, por meio do
acesso à saúde e à educação. Em linhas gerais, o neoliberalismo via capital humano busca
internalizar, desde cedo, que se deve investir em si mesmo, com vistas a preparar o sujeito para
lidar num mercado competitivo e instável.
Conforme Foucault (2008), o capital humano se apresenta como um componente a ser
permanentemente trabalhado pelo sujeito, concebido como um empresário de si, um agente de
consumo e de produção de renda. Isso coopera com a produção de subjetividades proativas,
autônomas, resilientes, empreendedoras, livres e flexíveis, fazendo com que o neoliberalismo
agencie os mais diferentes domínios da vida social e a lógica mercadológica adentre uma
multiplicidade de instâncias da vida. Para Dardot e Laval (2016), a racionalidade neoliberal se
apresenta como a única alternativa possível e impõe a cada um a obrigação de ser um
empreendedor de si mesmo. Na voz desses autores, vigora uma norma que “[...] muda até o
indivíduo, que é instado a conceber a si mesmo e a se comportar como uma empresa”
(DARDOT; LAVAL, 2016, p. 16).
Ao enfocar somente a dimensão individual, uma contínua despolitização e o
enfraquecimento de quaisquer movimentos coletivos e, com o acirramento de uma cultura da
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performance, o outro é visto como um inimigo a ser derrotado. Como efeito, “[...] a vida não
administrada é considerada como um fracasso moral do indivíduo; quando isso ocorre, ele é
objetivado como alguém irresponsável por suas escolhas” (CANDIOTTO, 2016, p. 36).
Noutros termos, ao sujeito é atribuída a responsabilidade sobre o sucesso ou o fracasso, pois
supostamente lhe é dada a liberdade de escolher o modo como deve gerenciar sua vida, pois se
trata, de acordo com Foucault (2008), de uma unidade-empresa, requerendo, assim,
planejamento, gestão de riscos, análise de custos e benefícios e outros termos-chave do universo
corporativo. Para Casara (2021, p. 136), “A racionalidade neoliberal faz do eu uma ficção, o
empresário-de-si, e do outro um concorrente. O empresário-de-si entra em disputa com outras
pessoas também identificadas como empresários”.
No campo da educação, a racionalidade neoliberal produz impactos indisfarçáveis,
conforme sintetizam Mota e Gadelha (2016).
a) a disseminação da forma-empresa por todo o tecido social, fazendo com que não
apenas o sujeito aluno seja concebido sob este viés como também as suas famílias;
b) a predominância da concorrência como o elemento balizador nas relações
laborais e nas formas de sociabilidade do espaço educativo, o qual passa a ser permeado por
uma agonística pautada pela desconfiança em relação ao outro;
c) a cultura do ranqueamento, tanto na aferição do rendimento escolar de alguns
alunos, como entre as escolas e as redes de ensino e os processos seletivos, com vistas a se
premiar os melhores e punir os piores;
d) a crença de que o capital humano necessita ser aperfeiçoado e que os
investimentos em educação devem obrigatoriamente retornar sob a forma de valorização de
fluxos de renda e de posições elevadas no mercado de trabalho;
e) a celebrização de uma cultura do empreendedorismo e das pedagogias
empreendedoras, conceptualizadas como a salvação para a crise na educação, a partir do foco
em competências baseadas em princípios como liderança, motivação, inteligência emocional,
eficiência, dentre outros;
f) a centralidade de uma cultura da avaliação, da prestação de contas, da
transparência, do exame e da desconfiança (HAN, 2017), de maneira a produzir uma miríade
de dados e relatórios que objetivam os alunos e docentes como sujeitos a serem continuamente
fiscalizados;
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g) a generalização de que os modos de gestão do setor privado são mais eficientes
que o público e, por isso, as escolas devem cada vez mais se aproximarem das corporações
privadas, de modo a abrirem mão de seu caráter político e republicano (CARVALHO, 2020).
Correlacionando essas questões no âmbito do ensino de Língua Inglesa a partir do
advento da Base Nacional Comum Curricular e do Novo Ensino Médio, Szundy (2019) defende
que o status do inglês parece estar a serviço da racionalidade neoliberal, pois busca atender ao
desenvolvimento de competências e de habilidades, com o intuito de levar o aluno a ser tornar
um empreendedor de si mesmo e a participar do mundo global em que o inglês é o idioma
predominante, sem, contudo, questionar estruturas socialmente desiguais, senão melhorar o
capital humano a partir da aquisição desse idioma como um bem, uma mercadoria, uma
commodity. Semelhante constatação pode ser encontrada em Lucena e Torres (2019, p. 639),
quando argumentam que “[...] o inglês emerge como uma commodity/mercadoria vinculada à
globalização, reificado também como um objeto passível de domínio e ferramenta de
comunicação”.
Nessa lógica, os discursos acerca do empreendedorismo e do empreendedor são dotados
de saberes para os quais todos podem tornar-se e trilhar esse caminho que, supostamente, levaria
ao êxito na vida pessoal e profissional. Esse discurso de sucesso ampara-se em relações de
poder que impelem os sujeitos a demandarem uma série de esforços para serem reconhecidos
como vencedores. No âmbito educacional, a inserção dessa lógica es intrinsecamente
relacionada com a participação cada vez mais ativa de setores da iniciativa privada, os quais
enxergam na instituição escolar a oportunidade de concretizar os anseios do mercado
financeiro. Segundo (2022, p. 293), o empreendedorismo “[...] assim como outros chavões
que permeiam prescrições curriculares, é produto da onda neoliberal que desde a última década
do século XX tem avançado fortemente sobre as políticas públicas educacionais brasileiras”, as
quais visam “[...] aplacar o suposto fracasso da educação pública” (SÁ, 2022, p. 293).
Vale frisar que tanto a BNCC-EM como os Referenciais Curriculares para Elaboração
dos Itinerários Formativos assinalam a importância de desenvolver nos alunos do Ensino Médio
competências empreendedoras na consecução dos seus projetos de vida.
Pelo menos dois objetivos presentes nos Referenciais referendam tal necessidade: “[...]
ampliar habilidades relacionadas ao autoconhecimento, ao empreendedorismo e aos projetos de
vida; utilizar esses conhecimentos e habilidades para estruturar estratégias empreendedoras
com propósitos diversos [...]” (BRASIL, 2019, p. 9). a BNCC-EM, quando discute a
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preparação para o mundo do trabalho, destaca: “[...] proporcionar uma cultura favorável ao
desenvolvimento de atitudes, capacidades e valores que promovam o empreendedorismo”
(BRASIL, 2018, p. 466); o documento adjetiva a prática empreendedora como dotada de “[...]
criatividade, inovação, organização, planejamento, visão de futuro, assunção de riscos,
resiliência e curiosidade científica, entre outros), entendida como competência essencial ao
desenvolvimento pessoal, à cidadania ativa, à inclusão social e à empregabilidade” (BRASIL,
2018, p. 466).
Nessa perspectiva, os materiais didáticos de ngua inglesa no âmbito do novo ensino
médio, tendo em vista a estreita aproximação entre esse idioma e o mundo do trabalho, a
globalização e a oportunidade de emprego, tende a empreender a construção de discursos
favoráveis ao desenvolvimento de competências empreendedoras, em consonância com as
vontades de verdade dos documentos que norteiam esse nível de ensino na atualidade.
Os discursos sobre o empreendedorismo em coleções didáticas de Língua Inglesa do Novo
Ensino Médio
Selecionamos para análise duas unidades didáticas constantes dos seguintes livros
didáticos de Língua Inglesa do Novo Ensino Médio: ii) Interação Inglês, de Albina Escobar e
Juliana Franco Tavares, publicada pela Editora do Brasil; ii) Anytime!, de Amadeu Marques e
Ana Carolina Cardoso e publicada pela editora Saraiva. Dividimos esta seção em dois tópicos
correspondentes a cada unidade estudada.
Análise da coleção didática Interação Inglês
Organizada em seis grandes unidades, com quatro lições em cada uma, a coleção
Interação Inglês dedica uma série de reflexões acerca do empreendedorismo na unidade número
três, denominada Entrepreneurship (Empreendedorismo) As lições compreendem o
desenvolvimento das habilidades de escrita (writing), leitura (reading), escuta (listening) e fala
(speaking). No começo de cada unidade, ficam em evidência os objetivos e a justificativa pela
escolha daquele macrotema. Especificamente, no caso do empreendedorismo, a seleção desse
tema segue o seguinte argumento: “Abordar o empreendedorismo em sala de aula auxilia os
estudantes a saírem da escola mais bem preparados para o mercado de trabalho, além de
desenvolverem competências para toda a vida” (ESCOBAR; TAVARES, 2020, p. 7); continua
defendendo “As propostas oferecem opções profissionais e financeiras, sempre de maneira a
Vinícius Costa Araújo LIRA; Francisco Vieira da SILVA e Thâmara Soares de MOURA
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estimular habilidades e competências úteis em diversos contextos” (ESCOBAR; TAVARES,
2020, p. 7).
Nesse enunciado da coleção em foco, pode-se entrever a existência de um
posicionamento discursivo a ponderar a relevância de trabalhar o empreendedorismo na sala de
aula, com o intuito de incentivar, na perspectiva das competências e habilidades, a construção
de condutas proativas e conectadas aos desígnios do mercado. Nesse esteio, afiança-se a
constituição de subjetividades livres a escolherem as opções existentes e atentas ao aprendizado
de competências a serem desenvolvidas para a gestão de suas vidas, seguindo, com isso, a
gramática neoliberal. Para tanto, os objetivos mencionados pelo livro didático incluem refletir
sobre materialidades discursivas que tratam do empreendedorismo e, a um tempo, analisar
gêneros escritos e orais em inglês, compreender o funcionamento de verbos modais e
imperativos, distinguir passado simples do passado contínuo e praticar estratégias de leitura
(ESCOBAR; TAVARES, 2020).
Com o objetivo de cumprir com esses propósitos, a unidade se inicia com a primeira
lição, intitulada Success (sucesso), e com duas perguntas que antecedem o texto gerador da
unidade, numa seção denominada Before reading (Antes da leitura). A primeira pede que o
aluno assinale quais tipos de textos aparecerão no começo da primeira lição e fornece as
seguintes opções: a) excertos de livros motivacionais (exerpts from motivacional books), b)
histórias on-line (online stories), c) artigos em jornais (articles in newspapper). A opção a ser
assinalada refere-se à alternativa b e, em seguida, deparamo-nos com os relatos dos seguintes
empreendedores: Thebe Magugu, designer de roupas sul-africano; Aaron Levie, CEO (Chief
Executive Officer) e cofundador de uma empresa de compartilhamento de arquivos em nuvem
e Mikaila Ulmer, fundadora e CEO de uma empresa de suco natural de frutas. A regularidade
que conecta os três empreendedores diz respeito ao fato de serem jovens, escolha que, a nosso
ver, busca construir a ideia de que o jovem é um sujeito potencial para desenvolver
potencialidades necessárias para o empreendedorismo.
Além do mais, isso fica em destaque nas questões de compreensão textual dispostas
após a apresentação das três histórias, quando o livro solicita que o aluno marque alternativas
verdadeiras as assertivas: “The three stories are about people who become successful” [As três
histórias são sobre pessoas que se tornaram bem-sucedidas], “They all started their business at
a young age” [Todos eles começara os seus negócios na juventude] e “To one of them, failure
was part of the process [Para um deles, o fracasso fez parte do processo] (ESCOBAR;
TAVARES, 2020, p. 105).
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Além do mais, em todas as histórias, os jovens mostram-se orgulhosos e felizes com a
consecução dos seus projetos, participando de feiras de negócios e exposições em diversos
lugares do mundo. Na história de Mikaila Ulmer, por exemplo, lemos que a jovem, aos onze
anos, ganhou notoriedade após criar uma marca de suco natural de limão com linhaça baseada
numa receita da a(“she stumbled on a mixture for flaxseed lemonade” [ela tropeçou em uma
mistura para limonada com linhaça]) (ESCOBAR; TAVARES, 2020, p. 109). O diferencial
do empreendimento reside na utilização de mel como uma forma de substituir adoçantes
artificias e preservar as abelhas em iminente processo de desaparecimento.
Em ambos os casos apresentados, o efeito gerado é de que o empreendedorismo pode
se configurar como um projeto de vida exitoso, inovador e arrojado. Para Dardot e Laval (2016),
na racionalidade neoliberal, todos têm um espírito empreendedor dentro de si e cabe à sociedade
incentivar para essa inclinação floresça e se desenvolva. Figura-se, portanto, nesses enunciados
da coleção didática a crença de que os empreendedores “[...] supostamente estão entre os que
mais prosperam porque têm um propósito claro de vida, estão determinados a alcançar metas
que fixam para si mesmos e se adaptam a situações adversas com otimismo” (CABANAS;
ILLOUZ, 2022, p. 164), pois, até mesmo o fracasso pode guiá-lo para o caminho do sucesso.
Uma vez que a interpretação das histórias dos empreendedores de sucesso ancora-se no fato de
todos serem jovens e um deles partilha a ideia de que fracassar integra o processo de
empreender, o livro didático baliza a concepção para a qual o jovem do NEM pode se inspirar
nesses exemplos de êxito e, com isso, se munirem de habilidades empreendedoras, como a
resiliência, a autonomia, a livre iniciativa e a proatividade, mesmo com a pouca idade.
Dando prosseguimento, a unidade da coleção Interação Inglês voltada ao
empreendedorismo solicita que o discente responda a algumas perguntas: What makes a
successful entrepreneur?” [O que faz um empreendedor de sucesso?], What are the abilities
of an entrepreneur?” [Quais são as habilidades de um empreendedor?], Do you know someone
who has a startup? Is he successful? If not, what happened?” [Você conhece alguém que teve
uma startup? Ele é bem sucedido? Se não, o que aconteceu], “Imagine you have got a sponsor.
What kind of business do you want to start?” [Imagine que você tem um patrocinador. Que tipo
de negócio você quer começar?] (ESCOBAR; TAVARES, 2020, p. 111). Essas indagações
buscam levar o discente a refletir sobre como o empreendedor consegue obter o sucesso
pretendido e, com isso, engendrar práticas e comportamentos em consonância com a
racionalidade neoliberal.
Vinícius Costa Araújo LIRA; Francisco Vieira da SILVA e Thâmara Soares de MOURA
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Diante do exposto, é possível compreender que o posicionamento assumido na coleção
didática está relacionado à necessidade de o discente desenvolver habilidades responsáveis por
reconhecer quais iniciativas empreendedoras podem ser bem-sucedidas, analisar como o sujeito
empreendedor soube ou não gerir o seu negócio e sondar os desejos de cada jovem a respeito
de qual iniciativa pretende desenvolver. No entanto, é capital pontuar que, em nenhum
momento do material didático em estudo, discute-se por que razão muitos empreendimentos
não logram o êxito pretendido e nem sobre as condições materiais por meio das quais se pode
começar um negócio. Isso entra em franca articulação com o imaginário neoliberal, porque este
tende a ocultar as desigualdades sociais, ao incidir apenas sobre o domínio do indivíduo, sendo
este o responsável pela gestão de si. Sob essa lógica, o sucesso ou o malogro diz respeito
somente à ingerência do sujeito e não às contingências do sistema econômico e do mercado
financeiro.
Ainda na unidade em análise, convém mencionar excertos empregados no livro para
tratar de estratégias de leitura baseadas em inferências. O primeiro excerto foi retirado de um
site que contém histórias de jovens empreendedores da Índia. Vejamos: Of all the success
stories you have heard of, probably the most enthralling ones are those where young adults and
teenagers put their mark on this world. Their drive to be on the top of the food chain is what is
inspirational[Dentre todas as histórias de sucesso que você ouviu, provavelmente as mais
cativantes são aquelas nas quais jovens adultos e adolescentes colocam sua marca neste mundo.
Seu desejo de estar no topo da cadeia alimentar é o que é inspirador] (ESCOBAR; TAVARES,
2020, p. 112). Nesse excerto, fica em destaque a ênfase em jovens e adolescentes que, de
maneira autêntica, fazem a diferença e se colocam no topo da cadeia alimentar (the top of the
food chain), de modo a inspirar os demais. Esse discurso do sucesso coaduna com a
racionalidade neoliberal, porquanto apela para uma predisposição da juventude em fazer a
diferença no mundo. A metáfora da cadeia alimentar põe em relevo como o imaginário
neoliberal mobiliza, via domínio associado, o discurso da sobrevivência dos mais fortes sobre
os mais fracos, numa atualização dos saberes darwinianos.
Em seguida, a coleção traz uma breve apresentação do brasileiro Rafael Santos,
professor convidado da Regent’s University, em Londres, onde leciona Empreendedorismo:
He has won 6 business awards and has been the keynote speaker in several events around the
world, including the World Entrepreneurship Forum in China in October 2015” [Ele ganhou 6
prêmios de negócios e tem sido o palestrante principal em vários eventos ao redor do mundo,
incluindo o Fórum Mundial de Empreendedorismo na China em outubro de 2015] (ESCOBAR;
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TAVARES, 2020, p. 121). O número de prêmios conquistados por esse empreendedor e o fato
de ter sido palestrante em eventos renomados denota uma posição de prestígio, o que pode
estimular os jovens brasileiros público ao qual o material didático se destina a seguirem
esse exemplo. A coleção busca, nessa medida, apresentar histórias vitoriosas que confluem para
certo consenso: urge ativar o perfil empreendedor do jovem no interior do NEM.
O último excerto a que nos reportamos circulou originalmente numa matéria publicada
na Forbes, famosa revista estadunidense de negócios e economia. Nesse excerto, expõem-se
alguns dados os quais mostram as dificuldades de empreendedores mais jovens frente aos mais
velhos, mas, por outro lado, aqueles se parecem mais encorajados a vencer os desafios que esses
últimos: For example, while 32% of startup owners under 45 said obtaining the necessary
licenses to operate their business was difficult, only 23% of older ones did. And 21% of those
under 45 said applying for loans was difficult, but a mere 14% of those 45+ did[Por exemplo,
enquanto 32% dos proprietários de startups com menos de 45 anos disseram que obter as
licenças necessárias para operar seus negócios foi difícil, apenas 23% dos mais velhos o
fizeram. E 21% das pessoas com menos de 45 anos disseram que solicitar empréstimos era
difícil, mas apenas 14% das pessoas com mais de 45 anos o fizeram.] (ESCOBAR; TAVARES,
2020, p. 121). Os dados estatísticos presentes nesse enunciado, pautados no recorte etário e na
maneira com que enfrentam as adversidades para empreender, elucidam o espírito proativo e
automotivado dos jovens empreendedores, pois “[...] sabem tirar vantagens das oportunidades
que se apresentam, aprendem com seus erros e capitalizam os fracassos em benefícios próprios”
(CABANAS; ILLOUZ, 2022, p. 164).
Análise da coleção didática Anytime!
A coleção Anytime! contém dezoito unidades que compreendem uma diversidade de
temas, como o poder das mídias sociais, o futuro do trabalho, hábitos saudáveis, cinema e
literatura. A unidade dezesseis Welcome, young entrepreneurs (bem-vindos, jovens
empreendedores) é a responsável por explorar o empreendedorismo no livro. Sumariamente
falando, o objetivo da unidade consiste em trabalhar as habilidades de escuta, leitura, escrita e
oralidade com textos que falam de jovens empreendedores, além da compreensão e do uso de
recursos linguístico-gramaticais do inglês, como a second condicional sentence (segunda
sentença condicional) (MARQUES; CARDOSO, 2020). Importante ponderar que o título da
unidade funciona como uma estratégia de condução do sujeito discente para se identificar
com o mundo do empreendedorismo, haja vista a designação do jovem empreendedor. Assim,
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antes mesmo de conhecer esse mundo, o discente apresentaria uma tendência a seguir por
este caminho. No decurso da unidade, isso aparece de maneira acentuada.
Logo numa das primeiras questões que introduzem a temática, o discente é convocado
a marcar, em um quadro, alguns adjetivos em inglês que qualificam o empreendedor, a saber:
commited (comprometido), competitive (competitivo), creative (criativo), determined
(determinado), dynamic (dinâmico), persistent (persistente), positive (positivo) e resilient
(resiliente). Vejamos que todos os elementos qualificadores buscam construir uma imagem
valorativa para o sujeito empreendedor e, como corolário, apagar características desabonadoras
que não devem ser levadas em conta, quais sejam: disorganized (desorganizado), inflexible
(inflexível), lazy (preguiçoso), negative (negativo), narrow-minded (mente fechada). Nesses
adjetivos, é possível depreender traços a serem evitados por aqueles que se aventuram no
empreendedorismo, pois vão na contramão da autonomia, do espírito de liderança, da
positividade e tomada de iniciativa típicas do regime neoliberal.
Seguidamente, a coleção mostra um diálogo entre dois jovens e solicita que o aluno
converse com o colega de classe acerca da atividade relacionada aos adjetivos específicos dos
empreendedores. Eis o diálogo: I think entrepreneurs should be creative [Eu penso que
empreendedores devem ser criativos] / I think so, too. And I think entrepreneurs should be
dynamic [Eu também acho. E penso que empreendedores devem ser dinâmicos]” (MARQUES;
CARDOSO, 2020, p. 247). A mobilização desse diálogo é sintomática para a posição de sujeito
a enunciar nesse livro, com vistas a efetuar uma discussão entre os alunos a respeito da conduta
a por meio da qual o empreendedor precisa se guiar. A modalização deôntica deve ser inscreve
esse dizer no campo da obrigação, de maneira a impor uma condição sine qua non para
empreender.
Para tanto, o livro recupera a história da precoce empreendedora Mikaila Ulmer, do
Texas, também apresentada na coleção analisada no tópico precedente. O livro didático vale-se
de um artigo de autoria de Michael Cottman e publicado no site NBC News, a fim de apresentar
a trajetória da pequena Ulmer. O título do artigo anuncia o percurso de transformação da jovem:
How This 11-Year-Old Turned Something Scary Into Something Sweet” [Como essa menina
de apenas 11 anos tornou algo assustador em algo doce] (MARQUES; CARDOSO, 2020, p.
248) apelando para o fato de a garota ter transformado seu medo de abelhas, tido como algo
assustador (something scary) nas limonadas adoçadas com mel, algo doce, portanto (something
sweet).
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O jogo linguístico-discursivo dos vocábulos scary e sweet delineia a conduta criativa de
Ulmer, quando esta converte seus anseios numa causa nobre e digna de nota um produto com
acentuada preocupação socioambiental. No término do texto, lemos: Today, Mikaila leads
workshops on how to save the honeybees, and she participates in social entrepreneurship
panels” [Hoje Mikaila lidera workshops sobre como salvar abelhas e participa de painéis de
empreendedorismo social] (MARQUES; CARDOSO, 2020, p. 249). A coleção didática, ao
selecionar esse artigo e o outro em seu lugar, demonstra que os jovens podem ocupar posições
de liderança no chamado empreendedorismo social, pois não se trata de um negócio qualquer,
senão uma forma de atuar na preservação do meio ambiente.
Novamente, podemos rastrear as ressonâncias da racionalidade neoliberal, pois não se
trata de coletivos, mas de sujeitos que, individualmente, enxergam formas inovadoras de
empreender. Na leitura de Henning (2019, p. 372), “[...] cada um e todos o responsabilizados
pelo caos planetário e cabe a cada um e todos resolver os estrondos cometidos na mãe-
natureza”. A criatividade de Ulmer, portanto, constitui uma característica a ser desenvolvida
com o fito de promover jovens empreendedores.
Após a exposição do texto sobre Mikaila Ulmer, aparece um diálogo que parece se
constituir como um tema gerador para o debate a ser empreendido pela turma, a saber: “In your
opinion, what is important for someone who wants to open their own business? [Em sua
opinião, o que é importante para alguém que deseja abrir seu próprio negócio], I think
commitment is essential” [Eu acho que comprometimento é essencial] (MARQUES;
CARDOSO, 2020, p. 250). É possível depreender desses enunciados que a aventura
empreendedora demanda do sujeito a capacidade de se dedicar, de ser focado na execução da
tarefa, habilidades que não estão relacionadas necessariamente a aspectos cognitivos, senão
comportamentais e socioemocionais. Conforme Ramos e Magalhães (2022), essas
competências se baseiam numa concepção tecnicista e economicista que busca aprimorar o
desenvolvimento de personalidades em sintonia com a racionalidade neoliberal.
As perguntas elaboradas pela coleção buscam suscitar algumas reflexões nos alunos em
torno do exemplo de Mikaila Ulmer: Why do you think Mikaila’s idea turned out to be a
success story?” [Por que você acha que a ideia de Mikaila acabou sendo uma história de
sucesso], Have you ever thought of creating a business? Why (not)?” [Você já pensou em criar
um negócio? Por que (não)?] (MARQUES; CARDOSO, 2020, p. 250). Na primeira questão, a
coleção se propõe a conduzir o discente a encontrar o diferencial do negócio de Ulmer uma
ideia baseada numa receita de família e antenada com uma preocupação de natureza ambiental,
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já na segunda, o objetivo consiste em sondar o jovem do Ensino Médio sobre seus desejos em
empreender, levando em consideração o êxito do da jovem estadunidense. Ao mobilizar essas
estratégias, o livro didático de inglês se articula solidamente com os interesses neoliberais
presentes na Reforma do Novo Ensino Médio e nos documentos gerados a partir desta lei, como
a BNCC.
Em seguida, numa atividade de speaking, a coleção dispõe um jogo de tabuleiro no qual
os alunos, em pequenos grupos, necessitam completar enunciados em inglês com o uso da
second condicional. Em cada espaço do jogo, figuram enunciados concernentes ao campo do
empreendedorismo. Vejamos alguns deles: If I had a great idea...” [Se eu tivesse uma ideia
genial...], “If I had more time” [Se eu tivesse mais tempo...], “If I could cook very well...”. [Se
eu pudesse cozinhar muito bem...], If I knew how to speak many languages...” [Se eu soubesse
como falar várias línguas] (MARQUES; CARDOSO, 2020, p. 253). Os enunciados partem do
campo hipotético, por meio da construção If I (se eu), para engendrar determinadas ações para
as quais a condição está expressa na primeira parte da construção linguística, ou seja, se eu
tivesse uma grande ideia, o que eu faria? Isso não constitui, a nosso ver, apenas uma atividade
de exercício de fala em inglês, mas vai além: visa a desencadear possíveis anseios nos jovens,
como ter ideias inovadoras, aprender a cozinhar, dispor de tempo e falar várias línguas.
Seguidamente, o tabuleiro contempla alguns outros enunciados: “If I opened a store...”
[Se eu abrisse uma loja...], If my family had a business…” [Se minha família tivesse um
negócio], If I invented a product…” [Se eu inventasse um produto...], If I became a young
entrepreneur...” [Se eu me tornasse um jovem empreendedor...] (MARQUES; CARDOSO,
2020, p. 253). Novamente, ressoa nesses enunciados a tentativa de fazer com que os alunos
possam assumir a posição de empreendedor e, para tanto, convém incitar determinadas
posturas: abertura de um estabelecimento comercial, a relação com o negócio dos pais, a
criatividade para inventar um produto novo e, por fim, a possibilidade de se configurar enquanto
um jovem empreendedor. De modo global, os discursos sobre o empreendedorismo nessa
coleção concebem essa prática como uma aventura a preconizar a assunção de subjetividades
arrojadas, flexíveis e dinâmicas.
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Considerações finais
Neste artigo, propomos analisar discursos sobre o empreendedorismo em duas coleções
didáticas de Língua Inglesa do NEM, com vistas a relacionar essa produção discursiva com as
crenças da racionalidade neoliberal. Esta, conforme defendemos no decurso deste texto, fez-se
representar nos anseios reformistas que subsidiaram a elaboração de políticas educacionais
brasileiras dos últimos cinco anos, a partir da Lei 13.415 (BRASIL, 2017) e da criação da
BNCC. Como consequência, vimos que os materiais didáticos analisados se encontram em
sintonia com tais mudanças e, em razão disso, dedicam um foco saliente ao empreendedorismo,
concebido como uma alternativa viável para a construção de um projeto profissional para o qual
é preciso adotar uma conduta marcada pela livre iniciativa, pela autonomia, pela flexibilidade
e pela capacidade de se adaptar às instabilidades do mercado.
De maneira mais verticalizada, a análise das coleções didáticas de língua inglesa nos
permitiu identificar o emprego de algumas estratégias que visam aproximar o aluno do NEM
do mundo do empreendedorismo e revelam a franca conexão com a racionalidade neoliberal, a
saber: a) a ênfase na juventude como um período fértil para a construção de uma subjetividade
empreendedora e isso ocorre pela recorrência de histórias exitosas de jovens empreendedores/as
de sucesso, quase sempre assinaladas por um discurso de automotivação; b) a busca constante
em levar o aluno do ensino médio a descobrir potencialidades empreendedoras vinculadas,
sobretudo, ao reconhecimento de competências não cognitivas, como a curiosidade, a
flexibilidade, a positividade, dentre outras; c) o esforço em emoldurar o sujeito empreendedor
como aquele que dribla os desafios que lhe são impostos e, por isso, conseguem êxito em seus
negócios; d) a crença de que qualquer jovem pode empreender, basta encontrar dentro de si as
competências necessárias para isso; e) a centralidade do indivíduo na execução da carreira
empreendedora, cabendo apenas a este o ônus ou o malogro do seu percurso profissional e não
sendo problematizadas as condições sociais mais amplas que podem favorecer ou dificultar as
iniciativas empreendedoras.
A língua inglesa constitui nessa celebração do empreendedorismo uma forma de
desenvolver o capital humano, haja vista que o prestígio dos jovens empreendedores aparece
materializados nessa língua. Considerando a relevância global do inglês, notadamente no
mundo dos negócios, fica candente que a sua aquisição representa um trunfo para o jovem
empreendedor. Resta saber qual jovem teria essa possibilidade, se considerarmos as condições
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materiais da maioria dos discentes brasileiros para os quais esses livros se endereçam. Para isso,
as coleções didáticas não nos dão nenhuma resposta.
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Welcome, young entrepreneurs! Discursos sobre o empreendedorismo em coleções didáticas de língua inglesa do novo ensino médio
Rev. EntreLinguas, Araraquara, v. 9, n. 00, e023003, 2023. e-ISSN: 2447-3529
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CRediT Author Statement
Reconhecimentos: Gostaríamos de agradecer ao Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq) pela bolsa de pesquisa de iniciação científica e à
Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA).
Financiamento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq), Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC) e Universidade
Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA) Universidade Federal Rural do Semi-Árido
(UFERSA), via edital 02/2023 de Apoio à Publicação Acadêmica.
Conflitos de interesse: Não há.
Aprovação ética: Não foi necessária a submissão ao Conselho de Ética.
Disponibilidade de dados e material: Os dados e materiais utilizados no trabalho não estão
disponíveis para acesso.
Contribuições dos autores: Vinícius Costa Araújo Lira planejamento e escrita do artigo;
Francisco Vieira da Silva concepção, idealização, escrita e revisão do artigo; Thâmara
Soares de Moura escrita e revisão do artigo.
Processamento e editoração: Editora Ibero-Americana de Educação.
Revisão, formatação, normalização e tradução.
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WELCOME, YOUNG ENTREPRENEURS! DISCOURSES ABOUT
ENTREPRENEURSHIP IN NEW HIGH SCHOOL ENGLISH LANGUAGE
TEXTBOOKS
WELCOME, YOUNG ENTREPRENEURS! DISCURSOS SOBRE O
EMPREENDEDORISMO EM COLEÇÕES DIDÁTICAS DE LÍNGUA INGLESA DO
NOVO ENSINO MÉDIO
WELCOME, YOUNG ENTREPRENEURS! DISCURSOS SOBRE EL ESPÍRITU
EMPRESARIAL EN LAS COLECCIONES DIDÁCTICAS DE LENGUA INGLESA
PARA EL NUEVO BACHILLERATO
Vinícius Costa Araújo LIRA 1
e-mail: vccosta43@gmail.com
Francisco Vieira da SILVA 2
e-mail: francisco.vieiras@ufersa.edu.br
Thâmara Soares de MOURA 3
e-mail: thamara.soares068@gmail.com
How to reference this article:
LIRA, V. C. A.; SILVA, F. V.; MOURA, T. S. Welcome,
young entrepreneurs! Discourses about entrepreneurship in new
high school English language textbooks. Rev. EntreLinguas,
Araraquara, v. 9, n. 00, e023003, 2023. e-ISSN: 2447-3529.
DOI: https://doi.org/10.29051/el.v9i00.17748
| Submitted: 20/10/2022
| Revisions required: 16/11/2022
| Approved: 19/12/2022
| Published: 01/01/2023
1
Federal Rural University of the Semi-Arid Region (UFERSA), Caraúbas RN Brazil. Undergraduate student
of English Languages/English.
2
Federal Rural University of the Semi-Arid Region (UFERSA), Caraúbas RN Brazil. Professor at the
Department of Languages and Humanities (DLCH). PhD in Linguistics (UFPB).
3
State University of Rio Grande do Norte (UERN), Pau dos Ferros RN Brazil. PhD candidate in the
Postgraduate Program in Languages (PPGL).
Welcome, young entrepreneurs! Discourses about entrepreneurship in new high school English language textbooks
Rev. EntreLinguas, Araraquara, v. 9, n. 00, e023003, 2023. e-ISSN: 2447-3529
DOI: https://doi.org/10.29051/el.v9i00.17748 2
ABSTRACT: The present article analyzes discourses on entrepreneurship in two didactic
textbooks of the English Language approved in the Programa Nacional do Livro e do Material
Didático (PNLD), 2021 edition a governmental and educational Brazilian regulatory agency,
in line with the Reform of New High School (BRAZIL, 2017). The objective of the study is to
relate discourses about entrepreneurship in the aforementioned teaching material with the
intentions of neoliberal rationality in the field of education and, more specifically, in the
teaching of English as a foreign language. Support is sought, especially, in Foucault (2008;
2010), and Dardot and Laval (2016). This is a descriptive-interpretive and documentary work
of a qualitative nature. The discourses on entrepreneurship in the studied books are stained by
neoliberal rationality, once they celebrate the entrepreneurial subject as a successful model to
be followed by students and strengthen the idea that learning the English language represents
an investment in the competitive market.
KEYWORDS: Discourse. Textbook. Entrepreneurship. English teaching. New high school.
RESUMO: O artigo analisa discursos sobre o empreendedorismo em duas coleções didáticas
de Língua Inglesa aprovadas no Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD),
edição de 2021, em consonância com a Reforma do Novo Ensino dio (BRASIL, 2017). O
objetivo do estudo consiste em relacionar os discursos acerca do empreendedorismo no
material didático antes referido com os desígnios da racionalidade neoliberal no campo da
educação e, de modo mais específico, no ensino de inglês como língua estrangeira. Busca-se
respaldo, especialmente, em Foucault (2008; 2010) e em Dardot e Laval (2016). Trata-se de
um trabalho descritivo-interpretativo e documental, de natureza qualitativa. Os discursos
sobre o empreendedorismo nos livros estudados encontram-se matizados pela racionalidade
neoliberal, uma vez que celebram o sujeito empreendedor como um modelo de sucesso a ser
seguido pelos discentes e fortalecem a ideia de que o aprendizado da língua inglesa representa
um trunfo no mercado concorrencial.
PALAVRAS-CHAVE: Discurso. Livro didático. Empreendedorismo. Ensino de inglês. Novo
ensino médio
RESUMEN: El artículo analiza discursos sobre emprendimiento en dos colecciones de
enseñanza de inglés aprobadas en el Programa Nacional de Libros y Material Didáctico
(PNLD), edición 2021, en consonancia con la Nueva Reforma de la Enseñanza Media (BRASIL,
2017). El objetivo del estudio es relacionar los discursos sobre el emprendimiento en el
material didáctico mencionado con los designios de la racionalidad neoliberal en el campo de
la educación y, más específicamente, en la enseñanza del inglés como lengua extranjera. Se
busca apoyo, especialmente, en Foucault (2008; 2010) y en Dardot y Laval (2016). Se trata de
un trabajo descriptivo-interpretativo y documental de carácter cualitativo. Los discursos sobre
el emprendimiento en los libros estudiados están teñidos por la racionalidad neoliberal, ya que
celebran al sujeto emprendedor como modelo de éxito a seguir por los estudiantes y refuerzan
la idea de que el aprendizaje del inglés representa un activo en el mercado competitivo.
PALABRAS CLAVE: Discurso. Libro de texto. Espíritu empresarial. Enseñanza del inglés.
Nuevo instituto.
Editor:
Profa. Dra. Rosangela Sanches da Silveira Gileno
Deputy Executive Editor:
Prof. Dr. José Anderson Santos Cruz
Vinícius Costa Araújo LIRA; Francisco Vieira da SILVA and Thâmara Soares de MOURA
Rev. EntreLinguas, Araraquara, v. 9, n. 00, e023003, 2023. e-ISSN: 2447-3529
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Introduction
The discussions to be developed within the scope of this text are located in the radius of
marked curricular modifications of reformist nature that were initiated in the Brazilian scenario
from mid-2016, at a time of undeniable convulsions of political and social order. We refer, in
particular, to the approval of the New High School Reform (NEM in the Portuguese
abbreviation), whose genesis dates back to a provisional measure undertaken by the then
government of Michel Temer (2016-2018), in a clear nod to the interests of the neoliberal
business community, and to the elaboration and subsequent sanctioning of the Common
National Curricular Base for High School (BNCC - EM in the Portuguese acronym) that,
despite having consulted civil society and representative entities of the educational field for the
collective construction of the document, the final version of the text meets the signals of the
market in accordance with the various entities linked to the productive sector that actively
participated in the process of constitution of this curricular policy of centralizing matrix.
Briefly, we can cite as main changes in Law 13. 415 (BRAZIL, 2017a), which
establishes the NEM and amends the Law of Directives and Bases of National Education
(BRAZIL, 1996), the following are the main changes: a) increase in the minimum workload,
which should increase from 2400 hours to 3000 hours over the three years of this educational
stage; b) the suppression of the historically constituted disciplines, in view of the division by
the so-called formative itineraries thus outlined: Languages and their technologies,
Mathematics and their technologies, Nature Sciences and their technologies, Applied Human
and Social Sciences, and Technical and Professional Training; c) the appeal to a supposed
flexibility through which the student will be able to choose in which formative itinerary to
deepen; c) the institution of the BNCC-EM as a benchmark to guide the elaboration of the NEM
curricula regarding the competencies and skills required for the student's general education; d)
in the scope of the NEM, only the subjects of Portuguese Language and Mathematics will be
compulsory during the three years of high school, so that the other curricular components will
be distributed according to the curricular arrangement of each educational system; e) in the
framework of the formative itinerary concerning technical and professional training, there is
the possibility of subjects without training for teaching to be admitted in the educational
institutions, because they would be in possession of "a notorious knowledge”.
Throughout these educational policies, we can see signs of neoliberal rationality,
understood in the wake of Dardot and Laval (2016), not as a merely economic doctrine, but as
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a governing practice that tends to affect all sectors of social life, modulating subjectivities and
behaviors. Within such a conjuncture, subjects are summoned to enter, from an early age, the
logic of competition and competition and, to do so, they need to take responsibility for their
formative processes and behave like small businesses managing risks and investments in
themselves. Thus, in the NEM students are led to plan their life projects in line with their
competencies, aptitudes, and skills according to the BNCC-EM. A discourse is encouraged
according to which young people have the freedom of choice to undertake their educational
paths, without considering the ineffable inequalities that exist in a country as diverse as Brazil.
As a corollary, there is contempt for everything that is not considered useful, interesting and
stimulating, in order to produce a precarious, obscure, individualizing and legitimizing
education for the success or failure of the subjects (RIBEIRO; ZANARDI, 2020).
Within these conditions of possibility, a myriad of discourses emerge about
entrepreneurship, conceived as a kind of "apple of the eye" of neoliberal rationality. To
encourage entrepreneurial behavior presupposes the insertion, in the school environment, of
certain knowledge and practices from the business universe, transforming the educational space
into an experiment of marketing matrix. When we situate the social and political context of the
approval of the NEM and the BNCC-EM with punctual modifications in the field of labor and
employment, notably in relation to the Labor Reform (BRAZIL, 2017b) - which was produced
under neoliberal wishes, because it appealed to the need to change labor laws, considered
obsolete, to adapt them to the new configurations of financial capitalism -, we can conjecture
that the insertion of the theme of entrepreneurship in education is deeply linked to the modus
operandi of governmentality of neoliberal nature, especially because being an entrepreneur is
read as a bold, flexible, and courageous attitude, according to the mentality of the competitive
market.
In view of these points previously made, we aim in this text, from a discourse analysis,
to relate the approach about entrepreneurship in didactic collections of English Language from
NEM with the designs of neoliberal rationality in the field of education and, more specifically,
in the teaching of English as a foreign language. We assume that as these teaching materials
were approved in the National Program of Books and Teaching Materials (PNLD in the
Portuguese acronym), 2021 edition, and therefore in accordance with the NEM, with the
BNCC-EM, as well as with the various power games that shaped the development of these
normative instruments, it is expected that these textbooks reveal, in the discursive texture, a
marked approximation with these guidelines of the official discourse. Therefore, we ask: how
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do the discourses on entrepreneurship in NEM's English language textbooks articulate with the
interests, beliefs, and propositions of neoliberal rationality? How do these discourses seek to
induce entrepreneurial and proactive behaviors among young people of the NEM?
For this, we analyze statements extracted from three English language teaching
collections. The theoretical framework that leads these reflections is located in the investigative
horizon of Foucault (2008; 2010) about the discourse, the utterance, the discursive formation
and neoliberalism, in addition to some notes of Dardot and Laval (2016) and Casara (2021)
around the specificities of neoliberal rationality and the inflections in the field of education,
considering the imaginary about entrepreneurship.
The text is organized as follows: in the following section, some reflections are
developed about the discourse, the statement and neoliberal rationality. Subsequently, we
analyze selected statements from the English language didactic collections. Finally, there is a
concluding section, in which we try to put an end to the reflections developed here.
Theoretical remarks
On the concepts of discourse, utterance, and discursive formation
In The Archaeology of Knowledge, originally published in 1969, Michel Foucault
delimits concepts that are the foundations of his thought, which are present in previous works.
Three notions are essential to the analytical undertaking proposed in this study, namely: the
discourse, the utterance, and the discursive formation. The first is understood as a practice that
founds the objects of which it speaks and that is constituted from statements coming from the
same discursive formation. By thinking of discourse as an event, that is, as something that erupts
in a specific time and place, Foucault (2010) advocates the need to analyze how different
knowledges enable the emergence of a given discourse and from this we can deduce the process
of the archeology of knowledge, since it is cardinal to excavate the most varied layers from
which the discourses may be enunciated. According to Machado (2007, p. 110, our translation),
archeology does not turn to the examination of "[...] possible speeches, speeches for which
principles of truth or validity to be realized are established; it studies the real speeches,
effectively produced, existing as materiality”.
In this, the author distances himself from categories demanded by the history of
mentalities, such as work, origin, tradition, influence, continuity, and evolution, and bets on
discontinuities, series, cuts, and dispersions. According to Foucault (2010, p. 28, our
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translation), "It is not necessary to refer discourse to the distant presence of the origin; it is
necessary to treat it in the play of its instance."
The second concept that matters more closely to us concerns the utterance. It is,
according to Foucault (2010), a function that crosses different domains and provides the
conditions of existence for the appearance of distinctive units, such as the sentence, the
proposition, and the speech act. For the author, the utterance constitutes the grain of discourse,
the atom, the minimum unit of analysis and, therefore, it is congenitally linked to a particular
discourse, seen as a larger instance. As Sargentini (2019, p. 41, our translation) stresses, "[...]
different in their forms, dispersed in time, utterances can form a set when they refer to one and
the same object, thus setting up a discourse."
Every utterance, in the Foucauldian conception, has four constitutive properties,
namely:
a) referential - is related to the laws of possibility that make a given enunciation appear
in a specific time and place;
b) subject position - does not refer to the grammatical subject, the author or the empirical
being, but articulates a position to be assumed in the enunciation;
c) associated domain - establishes a chain through which an enunciation correlates with
others already said and yet to be said, thus assuming the operation of a memory;
d) repeatable materiality - encompasses the fact that the enunciation needs a support, a
place, a date, a substance, and an institutional support to materialize. According to Foucault
(2010, p. 119, our translation), "[...] the enunciation circulates, evades, allows or prevents the
realization of a desire, is docile or rebellious to interests, enters the order of contestations and
struggles, becomes a subject of appropriation or rivalry”.
Following this perspective, to understand the concept of discursive formation, it is worth
noting that the enunciative analysis aims to trace the discursive regularities present in a system
deeply marked by dispersion. Thus, when recurrences of certain themes, types of enunciation,
strategies, and objects are found, we have a discursive formation. In the words of Foucault
(2010, p. 43, emphasis in original, our translation), "[...] if we can define a regularity (an order,
correlations, positions and workings, transformations) we will say, by convention, that it is a
discursive formation”.
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Through the discussions about the Foucauldian archeological theory, it is opportune to
go through the discourses that link the current neoliberal rationality, focusing on English
language teaching and the formation of the subject. To do so, we build our reflections, in the
following topic, through the genealogical bias, also attributed to Foucauldian thought.
On Neoliberal Rationality
In the reflections developed by Foucault (2008), neoliberalism is established as a form
of government that is not restricted only to the economic domain, but extends to different
sectors of society, including education. According to this thinker, the American neoliberalism,
more specifically, managed to create a modus operandi that acts directly on the production of
subjectivity, based on some major changes, among which we can mention the human capital
theory. According to this theory, developed by Thomas Shultz, the worker subject, once seen
only as a manual labor force, is endowed with a capital that can generate income streams, to be
continuously improved, through permanent training courses, through access to health and
education. In general terms, neoliberalism via human capital seeks to internalize, from an early
age, that one must invest in oneself, in order to prepare the subject to deal with a competitive
and unstable market.
According to Foucault (2008), human capital is presented as a component to be
permanently worked on by the subject, conceived as an entrepreneur of himself, an agent of
consumption and income production. This cooperates with the production of proactive,
autonomous, resilient, entrepreneurial, free, and flexible subjectivities, causing neoliberalism
to agent the most different domains of social life and the market logic to enter a multiplicity of
life instances. For Dardot and Laval (2016), neoliberal rationality is presented as the only
possible alternative and imposes on each person the obligation to be an entrepreneur of himself
or herself. In the voice of these authors, a norm is in force that "[...] changes even the individual,
who is urged to conceive of himself and behave as a company” (DARDOT; LAVAL, 2016, p.
16, our translation).
By focusing only on the individual dimension, there is a continuous depoliticization and
the weakening of any collective movements and, with the sharpening of a performance culture,
the other is seen as an enemy to be defeated. As an effect, "[...] the unmanaged life is considered
as a moral failure of the individual; when this occurs, he is objectified as someone irresponsible
for his choices" (CANDIOTTO, 2016, p. 36, our translation). In other terms, the subject is
attributed the responsibility over success or failure, as he is supposedly given the freedom to
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choose how he should manage his life, as it is, according to Foucault (2008), a business-unit,
thus requiring planning, risk management, cost and benefit analysis, and other key terms of the
corporate universe. For Casara (2021, p. 136, our translation), "Neoliberal rationality makes the
self a fiction, the entrepreneur-of-self, and the other a competitor. The entrepreneur-of-self
enters into dispute with other people also identified as entrepreneurs".
In the field of education, neoliberal rationality produces undeniable impacts, as
summarized by Mota and Gadelha (2016).
a) the dissemination of the corporate form throughout the social fabric, causing not only
the student subject to be conceived under this bias but also their families;
b) the predominance of competition as the guiding element in labor relations and in the
forms of sociability in the educational space, which becomes permeated by an agonistic based
on distrust of the other;
c) the culture of ranking, both in measuring the academic performance of some students,
and among schools and educational networks and selection processes, in order to reward the
best and punish the worst;
d) the belief that human capital needs to be improved and that investments in education
must necessarily return in the form of valorization of income streams and high positions in the
labor market;
e) the celebration of a culture of entrepreneurship and entrepreneurial pedagogies,
conceptualized as the salvation to the crisis in education, from the focus on competencies based
on principles such as leadership, motivation, emotional intelligence, efficiency, among others;
f) the centrality of a culture of evaluation, accountability, transparency, examination and
distrust (HAN, 2017), in order to produce a myriad of data and reports that target students and
teachers as subjects to be continuously monitored;
g) the generalization that the management modes of the private sector are more efficient
than the public and, therefore, schools should increasingly move closer to private corporations,
so as to give up their political and republican character (CARVALHO, 2020).
Correlating these issues within the scope of English Language teaching from the advent
of the Common National Curricular Base and the New High School, Szundy (2019) argues that
the status of English seems to be at the service of neoliberal rationality, as it seeks to meet the
development of skills and abilities, with the intention of leading the student to become an
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entrepreneur of himself and to participate in the global world in which English is the
predominant language, without, however, questioning socially unequal structures, but rather
improving human capital from the acquisition of this language as a good, a commodity, a
commodity. A similar finding can be found in Lucena and Torres (2019, p. 639, our translation),
when they argue that "[...] English emerges as a commodity/merchandise linked to
globalization, reified also as an object amenable to domination and a communication tool."
In this logic, the discourses about entrepreneurship and the entrepreneur are endowed
with knowledge for which everyone can become and follow this path that, supposedly, would
lead to success in personal and professional life. This success discourse is supported by power
relations that urge the subjects to demand a series of efforts in order to be recognized as winners.
In the educational field, the insertion of this logic is intrinsically related to the increasingly
active participation of private initiative sectors, which see in the school institution the
opportunity to fulfill the desires of the financial market. According to Sá (2022, p. 293, our
translation), entrepreneurship "[...] as well as other buzzwords that permeate curricular
prescriptions, is a product of the neoliberal wave that since the last decade of the twentieth
century has strongly advanced over Brazilian public educational policies," which aim to "[...]
placate the supposed failure of public education" (SÁ, 2022, p. 293, our translation).
It is worth noting that both the BNCC-EM and the Curricular Reference Points for the
Elaboration of Formative Itineraries point out the importance of developing entrepreneurial
skills in high school students in the achievement of their life projects.
At least two objectives present in the Benchmarks refer such need: "[...] expand skills
related to self-knowledge, entrepreneurship and life projects; use this knowledge and skills to
structure entrepreneurial strategies with various purposes [...]" (BRASIL, 2019, p. 9, our
translation). Already the BNCC-EM, when discussing the preparation for the world of work,
highlights: "[...] provide a culture conducive to the development of attitudes, skills and values
that promote entrepreneurship" (BRASIL, 2018, p. 466, our translation); the document
adjectives the entrepreneurial practice as endowed with "[. .] creativity, innovation,
organization, planning, future vision, risk-taking, resilience, and scientific curiosity, among
others), understood as an essential competence for personal development, active citizenship,
social inclusion, and employability" (BRASIL, 2018, p. 466, our translation).
In this perspective, the English language teaching materials in the scope of the new high
school, in view of the close connection between this language and the world of work,
globalization and employment opportunity, tends to undertake the construction of discourses
Welcome, young entrepreneurs! Discourses about entrepreneurship in new high school English language textbooks
Rev. EntreLinguas, Araraquara, v. 9, n. 00, e023003, 2023. e-ISSN: 2447-3529
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favorable to the development of entrepreneurial skills, in line with the wills of truth of the
documents that guide this level of education today.
Discourses on Entrepreneurship in New High School English Language Teaching
Textbooks
We selected for analysis two didactic units from the following New High School English
Language textbooks: i) Interação Inglês, by Albina Escobar and Juliana Franco Tavares,
published by Editora do Brasil; ii) Anytime! by Amadeu Marques and Ana Carolina Cardoso,
published by Saraiva. We have divided this section into two topics corresponding to each unit
studied.
Analysis of the Interação Inglês teaching collection
Organized into six major units, with four lessons in each, Interação Inglês devotes a
series of reflections on entrepreneurship in unit number three, called Entrepreneurship. At the
beginning of each unit, the objectives and rationale for the choice of that macro-theme are
highlighted. Specifically, in the case of entrepreneurship, the selection of this theme follows
the following argument: "Addressing entrepreneurship in the classroom helps students leave
school better prepared for the labor market, in addition to developing skills for life"
(ESCOBAR; TAVARES, 2020, p. 7, our translation); continues advocating "The proposals
offer professional and financial options, always in a way to stimulate skills and competencies
useful in various contexts” (ESCOBAR; TAVARES, 2020, p. 7, our translation).
In this statement of the collection in focus, one can glimpse the existence of a discursive
positioning to consider the relevance of working entrepreneurship in the classroom, in order to
encourage, from the perspective of skills and abilities, the construction of proactive and
connected to the designs of the market. In this way, the constitution of subjectivities free to
choose the existing options and attentive to the learning of competencies to be developed for
the management of their lives, following, with this, the neoliberal grammar, is affirmed. To this
end, the objectives mentioned by the textbook include reflecting on discursive material that
deals with entrepreneurship and, at the same time, analyze written and oral genres in English,
understand how modal verbs and imperatives work, distinguish the simple past from the
continuous past, and practice reading strategies (ESCOBAR; TAVARES, 2020).
In order to fulfill these purposes, the unit begins with the first lesson, entitled Success,
and with two questions that precede the unit's generating text, in a section called Before reading.
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The first one asks the student to indicate which types of texts will appear at the beginning of
the first lesson and provides the following options: a) exerpts from motivational books, b)
online stories, c) articles in newspapper. The option to be marked refers to alternative b, and
then we come across the stories of the following entrepreneurs: Thebe Magugu, a South African
clothing designer; Aaron Levie, CEO (Chief Executive Officer) and cofounder of a cloud file
sharing company; and Mikaila Ulmer, founder and CEO of a natural fruit juice company. The
regularity that connects the three entrepreneurs has to do with the fact that they are young, a
choice that, in our view, seeks to build the idea that the young is a potential subject to develop
the potentialities necessary for entrepreneurship.
Moreover, this is highlighted in the comprehension questions after the presentation of
the three stories, when the book asks the student to mark true alternatives to the assertions: "The
three stories are about people who became successful", "They all started their business at a
young age" and "To one of them, failure was part of the process" (ESCOBAR; TAVARES,
2020, p. 105, our translation).
What's more, in all the stories, the young people are proud and happy with the
accomplishment of their projects, participating in trade fairs and exhibitions in various places
around the world. In Mikaila Ulmer's story, for example, we read that the young girl, at the age
of eleven, gained notoriety after creating a brand of natural flaxseed lemon juice based on a
recipe from her grandmother ("she stumbled on a mixture for flaxseed lemonade") (ESCOBAR;
TAVARES, 2020, p. 109, our translation). The differential of the enterprise lies in the use of
honey as a way to replace artificial sweeteners and preserve bees in imminent process of
disappearance.
In both cases presented, the effect generated is that entrepreneurship can be configured
as a successful, innovative, and bold life project. For Dardot and Laval (2016), in the neoliberal
rationality, everyone has an entrepreneurial spirit inside them and it is up to society to encourage
this inclination to flourish and develop. It thus appears in these statements of the teaching
collection the belief that entrepreneurs "[...] are supposed to be among the most prosperous
because they have a clear purpose in life, are determined to achieve goals they set for
themselves, and adapt to adverse situations with optimism" (CABANAS; ILLOUZ, 2022, p.
164, our translation), because even failure can guide them to the path of success. Since the
interpretation of the stories of successful entrepreneurs is anchored in the fact that they are all
young and one of them shares the idea that failure is part of the process of entrepreneurship, the
textbook marks the conception for which the NEM youth can be inspired by these examples of
Welcome, young entrepreneurs! Discourses about entrepreneurship in new high school English language textbooks
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success and thereby equip themselves with entrepreneurial skills, such as resilience, autonomy,
free initiative, and proactivity, even at a young age.
Next, the unit on entrepreneurship in the Interação Inglês collection asks the learner to
answer a few questions: "What makes a successful entrepreneur?", "What are the abilities of an
entrepreneur? Is he successful? If not, what happened? Is he successful? If not, what
happened?", "Imagine you have got a sponsor. What kind of business do you want to start?
What kind of business do you want to start? These questions seek to lead the student to reflect
on how the entrepreneur manages to obtain the desired success and, thus, engender practices
and behaviors in line with neoliberal rationality.
Given the above, it is possible to understand that the positioning assumed in the didactic
collection is related to the need for the student to develop skills responsible for recognizing
which entrepreneurial initiatives can be successful, to analyze how the entrepreneur subject
knew how to manage his business or not, and to probe the desires of each young person
regarding which initiative he intends to develop. However, it is capital to point out that at no
point in the didactic material under study does it discuss why many ventures do not achieve the
desired success, nor about the material conditions through which one can start a business. This
is in clear articulation with the neoliberal imaginary, because this tends to hide social
inequalities, by focusing only on the domain of the individual, who is responsible for managing
himself. Under this logic, success or failure concerns only the interference of the subject and
not the contingencies of the economic system and the financial market.
Also in the unit under analysis, it is worth mentioning excerpts employed in the book to
deal with reading strategies based on inferences. The first excerpt was taken from a website that
contains stories of young entrepreneurs from India. Let's see: "Of all the success stories you
have heard of, probably the most enthralling ones are those where young adults and teenagers
put their mark on this world. Their drive to be on the top of the food chain is what is
inspirational. Their desire to be at the top of the food chain is what is inspirational" (ESCOBAR;
TAVARES, 2020, p. 112, our translation). In this excerpt, it is highlighted the emphasis on
young people and adolescents who, in an authentic way, make a difference and put themselves
at the top of the food chain in order to inspire others. This discourse of success is in line with
neoliberal rationality, since it appeals to a predisposition of youth to make a difference in the
world. The food chain metaphor highlights how the neoliberal imaginary mobilizes, via
associated domain, the discourse of survival of the strongest over the weakest, in an update of
Darwinian knowledge.
Vinícius Costa Araújo LIRA; Francisco Vieira da SILVA and Thâmara Soares de MOURA
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Next, the collection brings a brief presentation of the Brazilian Rafael Santos, guest
professor at Regent's University in London, where he teaches Entrepreneurship: "He has won
6 business awards and has been the keynote speaker in several events around the world,
including the World Entrepreneurship Forum in China in October 2015" (ESCOBAR;
TAVARES, 2020, p. 121, our translation). The number of awards won by this entrepreneur and
the fact that he has been a speaker at renowned events denotes a prestigious position, which
may encourage young Brazilians - the audience for whom the teaching material is intended - to
follow this example. The collection seeks, to this extent, to present victorious stories that
converge to a certain consensus: it is urgent to activate the entrepreneurial profile of young
people within the NEM.
The last excerpt to which we refer originally circulated in an article published in Forbes,
a famous American business and economics magazine. In this excerpt, some data is exposed
which show the difficulties of younger entrepreneurs compared to older ones, but, on the other
hand, the latter seem more encouraged to overcome the challenges than the former: "For
example, while 32% of startup owners under 45 said obtaining the necessary licenses to operate
their business was difficult, only 23% of older ones did. And 21% of those under 45 said
applying for loans was difficult, but a mere 14% of those 45+ did. And 21% of those under 45
said applying for loans was difficult, but only 14% of those over 45 did so (ESCOBAR;
TAVARES, 2020, p. 121). The statistical data present in this statement, based on the age
grouping and the way they face adversities to become entrepreneurs, elucidate the proactive
and self-motivated spirit of young entrepreneurs, because "[...] they know how to take
advantage of the opportunities that present themselves, learn from their mistakes, and capitalize
on their failures to their own benefit” (CABANAS; ILLOUZ, 2022, p. 164, our translation).
Analysis of the Didactic Collection Anytime!
Anytime! contains eighteen units that cover a variety of topics, such as the power of
social media, the future of work, healthy habits, film, and literature. Unit sixteen - Welcome,
young entrepreneurs - is responsible for exploring entrepreneurship in the book. Briefly
speaking, the goal of the unit is to work on listening, reading, writing, and speaking skills with
texts that talk about young entrepreneurs, as well as on the comprehension and use of English
linguistic-grammatical resources, such as the second conditional sentence (MARQUES;
CARDOSO, 2020). It is important to consider that the title of the unit already functions as a
strategy to lead the learner to identify with the world of entrepreneurship, given the designation
Welcome, young entrepreneurs! Discourses about entrepreneurship in new high school English language textbooks
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of the young entrepreneur. Thus, even before getting to know this world, the learner would
already present a tendency to follow this path. In the course of the unit, this appears in a marked
way.
In one of the first questions that introduce the theme, the learner is asked to mark, in a
box, some English adjectives that qualify the entrepreneur, namely: commited, competitive,
creative, determined, dynamic, persistent, positive, and resilient. We can see that all these
qualifying elements seek to build a valued image for the entrepreneur and, as a corollary, to
erase unworthy characteristics that should not be taken into account, such as: disorganized,
inflexible, lazy, negative, narrow-minded. In these adjectives, it is possible to deduce traits to
be avoided by those who venture into entrepreneurship, because they go against the autonomy,
the spirit of leadership, the positivity and initiative typical of the neoliberal regime.
Next, the collection shows a dialogue between two young people and asks the student
to talk to his classmate about the activity related to adjectives specific to entrepreneurs. Here is
the dialogue: "I think entrepreneurs should be creative / I think so, too. And I think
entrepreneurs should be dynamic" (MARQUES; CARDOSO, 2020, p. 247, our translation).
The mobilization of this dialog is symptomatic for the subject position to be enunciated in this
book, in order to effect a discussion among the students about the conduct by which the
entrepreneur needs to be guided. The deontic modalization should be inscribes this saying in
the field of obligation, so as to impose a sine qua non condition for undertaking.
To this end, the book recalls the story of the precocious entrepreneur Mikaila Ulmer,
from Texas, also presented in the collection analyzed in the previous topic. The textbook makes
use of an article written by Michael Cottman and published on the NBC News website, in order
to present the story of little Ulmer. The title of the article announces the young girl's
transformation: "How This 11-Year-Old Turned Something Scary Into Something Sweet"
(MARQUES; CARDOSO, 2020, p. 248, our translation) - appealing to the fact that the girl had
transformed her fear of bees, considered something scary, into lemonades sweetened with
honey, something sweet.).
The linguistic-discursive play of the words scary and sweet delineates Ulmer's creative
conduct, as she converts her yearnings into a noble and noteworthy cause - a product with
pronounced social-environmental concern. At the end of the text, we read: "Today, Mikaila
leads workshops on how to save the honeybees, and she participates in social entrepreneurship
panels" (MARQUES; CARDOSO, 2020, p. 249, our translation). The didactic collection, by
selecting this article and not another in its place, demonstrates that young people can occupy
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leadership positions in the so-called social entrepreneurship, because it is not just any business,
but a way to act in the preservation of the environment.
Again, we can trace the resonances of neoliberal rationality, since it is not about
collectives, but about subjects who, individually, see innovative ways of undertaking. In
Henning's (2019, p. 372, our translation) reading, "[...] each and everyone is held responsible
for the planetary chaos and it is up to each and everyone to solve the thunders committed on
mother-nature." Ulmer's creativity, therefore, constitutes a trait to be developed in order to
promote young entrepreneurs.
After the presentation of the text about Mikaila Ulmer, a dialogue appears that seems to
constitute a generating theme for the debate to be undertaken by the class, namely: "In your
opinion, what is important for someone who wants to open their own business? It is possible to
infer from these statements that the entrepreneurial adventure demands from the subject the
ability to dedicate himself, to be focused on the execution of the task, skills that are not
necessarily related to cognitive aspects, but behavioral and socioemotional. According to
Ramos and Magalhães (2022), these competencies are based on a technicist and economist
conception that seeks to enhance the development of personalities in line with neoliberal
rationality.
The questions elaborated by the collection seek to raise some reflections in the students
around the example of Mikaila Ulmer: "Why do you think Mikaila's idea turned out to be a
success story?", "Have you ever thought of creating a business? Why (not)?" (MARQUES;
CARDOSO, 2020, p. 250, our translation). In the first question, the collection proposes to lead
the student to find the differential of Ulmer's business - an idea based on a family recipe and in
tune with an environmental concern, while in the second, the goal is to probe the high school
student about his or her desires in entrepreneurship, taking into account the success of the young
American. By mobilizing these strategies, the English textbook is solidly articulated with the
neoliberal interests present in the New High School Reform and in the documents generated
from this law, such as the BNCC.
Next, in a speaking activity, the collection provides a board game in which students, in
small groups, need to complete statements in English using the second conditional. In each
space of the game, there are statements related to the field of entrepreneurship. Let's look at
some of them: "If I had a great idea..., "If I had more time...", "If I could cook very well...", "If
I knew how to speak many languages..." (MARQUES; CARDOSO, 2020, p. 253, our
translation). The statements start from the hypothetical field, through the construction If I (if I),
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to engender certain actions for which the condition is expressed in the first part of the linguistic
construction, that is, if I had a great idea, what would I do? This is not, in our view, just a
speaking exercise activity in English, but goes beyond: it aims to trigger possible desires in
young people, such as having innovative ideas, learning to cook, having time, and speaking
several languages.
Then, the board contemplates some other statements: "If I opened a store...", "If my
family had a business...", "If I invented a product...", "If I became a young entrepreneur ..."
(MARQUES; CARDOSO, 2020, p. 253, our translation). Again, it resonates in these statements
the attempt to make students assume the position of an entrepreneur and, to do so, it is
convenient to encourage certain attitudes: opening a commercial establishment, the relationship
with the parents' business, the creativity to invent a new product and, finally, the possibility of
being configured as a young entrepreneur. Overall, the discourses on entrepreneurship in this
collection conceive this practice as an adventure that advocates the assumption of bold, flexible,
and dynamic subjectivities.
Final remarks
In this paper, we proposed to analyze discourses on entrepreneurship in two didactic
collections of English Language from NEM, in order to relate this discursive production with
the beliefs of neoliberal rationality. This, as we argue in the course of this text, was represented
in the reformist desires that subsidized the development of Brazilian educational policies in the
last five years, starting with Law 13.415 (BRAZIL, 2017) and the creation of the BNCC. As a
consequence, we have seen that the analyzed teaching materials are in tune with such changes
and, as a result, devote a salient focus on entrepreneurship, conceived as a viable alternative for
the construction of a professional project for which it is necessary to adopt a conduct marked
by free initiative, autonomy, flexibility, and the ability to adapt to market instabilities.
In a more vertical way, the analysis of the English language didactic collections allowed
us to identify the use of some strategies that aim at bringing the NEM student closer to the
world of entrepreneurship and reveal the frank connection with the neoliberal rationality,
namely: a) the emphasis on youth as a fertile period for the construction of an entrepreneurial
subjectivity and this occurs through the recurrence of successful stories of young entrepreneurs,
almost always marked by a discourse of self-motivation; b) the constant search to lead the high
school student to discover entrepreneurial potentialities linked, above all, to the recognition of
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non-cognitive skills, such as curiosity, flexibility, positivity, among others; c) the effort to frame
the entrepreneur as the one who dribbles the challenges imposed on him and, therefore,
succeeds in his business; d) the belief that any young person can be an entrepreneur, all he needs
is to find within himself the competences required for that; e) the centrality of the individual in
the execution of the entrepreneurial career, being solely responsible for the onus or failure of
his professional path, and the broader social conditions that may favor or hinder entrepreneurial
initiatives not being discussed.
The English language constitutes in this celebration of entrepreneurship a way to
develop human capital, given that the prestige of young entrepreneurs appears materialized in
this language. Considering the global relevance of English, especially in the business world, it
is clear that its acquisition represents an asset for the young entrepreneur. The question remains
as to which young person would have this possibility, if we consider the material conditions of
most Brazilian students to whom these textbooks are addressed. For this, the textbooks give us
no answer.
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DOI: https://doi.org/10.29051/el.v9i00.17748 20
CRediT Author Statement
Acknowledgments: We would like to thank the National Council for Scientific and
Technological Development (CNPq) for the scientific initiation research scholarship and
the Federal Rural University of the Semi-Arid Region (UFERSA).
Funding: National Council for Scientific and Technological Development (CNPq),
Institutional Scientific Initiation Scholarship Program (PIBIC) and Federal Rural University
of the Semi-Arid Region (UFERSA), via edict 02/2023 of Support to Academic Publication.
Conflicts of interest: None.
Ethical approval: No submission to the Ethics Committee was required.
Data and material availability: The data and materials used in the work are not available
for access
Authors' contributions: Vinícius Costa Araújo Lira - planning and writing the article;
Francisco Vieira da Silva - conception, idealization, writing and revision of the article;
Thâmara Soares de Moura - writing and revision of the article.
Processing and editing: Editora Ibero-Americana de Educação.
Proofreading, formatting, normalization and translation.