Ensino inclusivo de língua inglesa: Narrativas (auto) biográficas de professores de escolas públicas
Rev. EntreLinguas, Araraquara, v. 10, n. 00, e024003, 2024. e-ISSN: 2447-3529
DOI: https://doi.org/10.29051/el.v10i00.19245 18
Em relação à quarta questão, perguntamos aos docentes acerca de quais os principais
desafios vivenciados, em sua prática pedagógica, no ensino inclusivo com estudantes com
deficiência, bem como quais as estratégias utilizam para superá-los, se recebem apoio da escola
e de que forma. Vejamos suas realidades laborais:
Eu vou ser bem direto. Muitos dos nossos desafios só se resolvem com
dinheiro, se fala muito, se discute muito. É muita tagarelice, mas a gente
precisa muito no ensino inclusivo, e não só no ensino inclusivo, de dinheiro,
investimento para que as escolas sejam estruturadas, tecnologias adaptadas
para aquele público específico. Então, que haja recurso para que o aluno com
deficiência visual possa ter seu instrumento de leitura, que tenham recursos
para o aluno que tem deficiência auditiva ter algum tipo de canal de
aprendizagem e de leitura também. Então, o que falta, no meu ponto de vista,
é devido ao investimento. E não só isso, mais formações continuadas para os
professores, porque nós na nossa graduação não recebemos a devida formação
para esse público, de fato (Professor Narrador, Caraúbas – RN, 2022).
Os desafios são esses sobre as dificuldades com a família. A nossa formação
[inicial] que é muito precária, mas a escola, de acordo com a realidade, ela
tem nos apoiado. E a escola sempre está nos ajudando a superar essas
dificuldades, até mesmo com palavras de incentivo ou com alguma conversa
entre coordenação e professor, mas acredito que para superá-los mesmos, seria
com devidas formações [desde a graduação] (Professora Narradora, Caraúbas
– RN, 2022).
As narrativas dos dois docentes demarcam cenários próximos. O primeiro deles diz
respeito à ausência de investimento adequado para a educação especial na escola pública. Por
mais que a Política Nacional de Educação Especial no Brasil tenha avançado nas últimas
décadas, no contexto das escolas, tal política, não conseguiu atender a especificidade de cada
realidade, quer pela questão da gestão financeira, quer por motivos circunscritos no próprio
local das escolas. Esse aspecto dialoga com Mainardes (2006), que demarca que nenhuma
política é implementada tal como a vemos no papel, em decretos, diretrizes, etc. A política
educacional é interpretada e materializada conforme as condições de cada realidade. As escolas,
a gestão escolar, os professores e a comunidade escolar, de maneira geral, criam políticas
localmente, no contexto microssocial.
O segundo aspecto que percebemos nas narrativas é a ausência de formação inicial para
o trabalho na educação especial. Nos cursos específicos de licenciatura, no Brasil, de acordo
com Medeiros, Dias e Olinda (2020), predominou o modelo de formação bacharelesca, centrado
nos conteúdos curriculares das disciplinas que serão ministradas pelos professores na Educação
Básica. A ausência de formação sobre a própria Educação e o conhecimento educacional se fez