image/svg+xmlEm defesa da sociologia: Contra o mito de que os sociólogos são charlatões, justificam criminosos e distorcem a realidadeEstudos de Sociologia, Araraquara,v. 27, n. 00, e022034, 2022. e-ISSN: 1982-4718DOI:https://doi.org/10.52780/res.v27i00.125481Em defesa da sociologia: Contra o mito de que os sociólogos são charlatões, justificam criminosos e distorcem a realidadeEn defesa de la sociología: Contra el mito de que los sociólogos son unos charlatanes, justifican a los delincuentes y distorssionan la realidadeIn defense of sociology: Against the myth that sociologists are charlatans, justify criminals and distort realityAmurabi OLIVEIRA1RESUMO: No contexto atual, de ataques direcionados ao sistema de ensino partindo até mesmo do então presidente da república, em especial as áreas de humanas, o debate acerca da relevância da sociologia se torna pertinente. No Brasil, a remoção da obrigatoriedade do ensino de sociologia do ensino médio, somado ao desmonte do ensino superior, cria um cenário perturbador, que coloca em xeque o ensino da sociologia e mesmo a menospreza e diminui com falácias e falsos discursos perante a sociedade. Com isso, é de grandeimportância que esclarecimentos e reconhecimentos em defesa da sociologia, e mesmo uma autoavaliação dos próprios pesquisadores, se concretize para tentar reverter esse cenpario, para explorar esse tema, a obra En Defesa de la Sociología: contra el mito de que los sociólogos son unos charlatanes, justifican a los delincuentes y distorssionan la realidad será analisada, buscando nesse trabalho elucidações e possibilidades para o desenvolvimento desse caminho de pedras.PALAVRAS-CHAVE: Ensino. Sociologia. Sociedade. Indivíduo.RESUMEN: En el contexto actual, de ataques dirigidos al sistema educativo incluso desde el entonces presidente de la república, especialmente en las humanidades, cobra relevancia el debate sobre la pertinencia de la sociología. En Brasil, la supresión de la enseñanza obligatoria de la sociología en la enseñanza media, sumada al desmantelamiento de la enseñanza superior, crea un escenario inquietante, que pone en jaque a la enseñanza de la sociología e incluso la menosprecia y disminuye con falacias y falsos discursos ante la sociedad. Con esto, es de gran importancia que se materialicen aclaraciones y reconocimientos en defensa de la sociología, e incluso una autoevaluación de los propios investigadores, para tratar de revertir este escenario, para explorar este tema, la obra En defensa de la sociología: contra Se analizará el mito de que los sociólogos son charlatanes, justificando a los delincuentes y tergiversando la realidad, buscando en este trabajo elucidaciones y posibilidades para el desarrollo de este pedregoso camino.PALABRASCLAVE: Enseñanza. Sociología. Sociedad. Individual.1Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Florianópolis SC Brasil. Doutor em Sociologia pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Pesquisador do CNPQ.ORCID: https://orcid.org/0000-0002-7856-1196.E-mail: amurabi_cs@hotmail.com
image/svg+xmlAmurabiOLIVEIRAEstudos de Sociologia, Araraquara,v. 27, n. 00, e022034, 2022. e-ISSN: 1982-4718DOI:https://doi.org/10.52780/res.v27i00.125482ABSTRACT: In the current context, of targeted attacks on the education system even from the then president of the republic, especially in the humanities, the debate about the relevance of sociology becomes relevant. In Brazil, the removal of the compulsory teaching of sociology in high school, added to the dismantling of higher education, creates a disturbing scenario, which puts the teaching of sociology in check and even belittles it and diminishes it with fallacies and false speeches before society. With this, it is of great importance that clarifications and acknowledgments in defense of sociology, and even a self-assessment of the researchers themselves, materialize to try to reverse this scenario, to explore this theme, the work En Defesa de la Sociología: contra el mito de que los sociólogos son unos charlatanes, justifican a los delincuentes y distorssionan la realidadwill be analyzed, seeking in this work elucidations and possibilities for the development of this stony path.KEYWORDS: Teaching. Sociology. Society. Subject.A publicação do trabalho En Defesa de la Sociología: contra el mito de que los sociólogos son unos charlatanes, justifican a los delincuentes y distorssionan la realidadde Bernard Lahire (2016b) traz um debate atual sobre o status público da sociologia, sendo sua leitura mais que pertinente no atual contexto brasileiro, no qual a sociologia tem perdido espaçono âmbito das políticas educacionais, tendo sua relevância questionada no que tange à formação dos jovens do ensino médio, além de sofrer ataques diretos na esfera pública. Ainda que haja substanciais diferenças entre o espaço que a sociologia ocupa na arena pública no Brasil e na França, acredito que a leitura de En Defesa de la Sociologíapode trazer contribuições substantivas para a comunidade de sociólogos brasileiros. Também na arena global observa-se a multiplicação de ataques à sociologia na esfera pública, ao mesmo tempo em que se diversifica o campo de atuação profissional dos sociólogos e os espaços de inserção destes na sociedade civil (BLOIS, OLIVEIRA, 2019).A presente resenha refere-se à versão publicada em espanhol de Pour la sociologie. Et pour en finir avec une prétendue ‘culture de l’excuse’, tornando-se interessante perceber que ambas as versões foram publicadas no mesmo ano, o que pode indicar que há demanda por responder aos questionamentos sofridos pela sociologia na esfera pública tanto na América Latina quanto na Europa. Em certa medida, considero esse trabalho de Lahire como uma continuação da coletânea por ele organizada denominada À quoi sert la sociologie?(2002), também prontamente traduzida para o espanhol como ¿Para qué sirve la sociologia? (2006).Parte significativa dessa obra surge como resposta à publicação na França de Malaise dans l’inculture (2015) de Philippe Val,que fora diretor da Charlie Hebdo. Segundo Lahire, nesse livro Val se empenha em diagnosticar a gênese dos males da sociedade francesa contemporânea, que poderia resumir-se ao termo “sociologismo”, ainda que não haja total
image/svg+xmlEm defesa da sociologia: Contra o mito de que os sociólogos são charlatões, justificam criminosos e distorcem a realidadeEstudos de Sociologia, Araraquara,v. 27, n. 00, e022034, 2022. e-ISSN: 1982-4718DOI:https://doi.org/10.52780/res.v27i00.125483incompreensão do que seja a sociologia. Também se coloca como pano de fundo do debate que Lahire desenvolve, as mudanças políticas na França, promovidas ao menos a partir da atuação de Nicolas Sarkozy (2007-2012) no governo francês, desde sua atuação como ministro, ainda que Lahire aponte que a crítica à sociologia por vezes não provém exclusivamente dos políticos considerados de direita, como também da própria esquerda.O primeiro ponto que Lahire desenvolve no capítulo “Acusada de excusar: la sociología en el banquillo” é como em diversos meios de comunicação, e mesmo no debate acadêmico, a sociologia é acusada de dar “desculpas” que desculpabilizariam os indivíduos, o que se oporia à ideia de “responsabilidade individual”. Esse processo, longe de ser algo novo, já teria desabrochado em décadas anteriores, na esteira de políticos que presidiram os Estados Unidos da América como Ronald Reagan (1981-1989) e George W. Bush (2001-2009), que afirmaram publicamente que pretendiam combater as ideias que buscavam “culpabilizar a sociedade” nos casos de crimes e delinquência. Haveria, portanto, certa compreensão disseminada principalmente nos meios de comunicação, de que ao buscar explicações sociais para fenômenos como a violência, o terrorismo etc., ocorreria um processo de desculpabilização dos indivíduos, o que teria como origem o discurso sociológico.Lahire rebate tais críticas no capítulo seguinte, intitulado “Entender, juzgar, castigar”, indicando que aqueles que denunciam a sociologia por tentar entender ou explicar, em verdade almejariam julgar sem explicações. Ainda segundo o autor:Pensar que buscar as “causas” ou, mais modestamente, as “probabilidades de aparição”, os “contextos” ou as “condições de possibilidade” de um fenômeno equivale a “desculpar” no sentido de “desculpabilizar” ou “absolver” aos indivíduos é resultado de uma confusão de perspectivas. O feito de entender pertence ao âmbito do conhecimento (laboratório). Julgar e sancionar são próprios do âmbito da ação normativa (tribunal). Afirmar que entender “desresponsabiliza” os indivíduos implicados equivale a reduzir indevidamente a ciência ao direito (LAHIRE, 2016b, p.31,tradução nossa).O sociólogo francês opõe então duas perspectivas, aquela que busca “castigar sem entender” e aquela que busca “entender sem julgar”, sendo que esta última seria própria da sociologia. Nesta esteira, ele busca elucidar para que serve entender, cuja finalidade, de modo sintético, seria: “resolver os problemas de um modo que não implique a exclusão(encarceramento, apartamento ou confinamento psiquiátrico) ou a destruiçãodo outro (pena de morte).” (LAHIRE, 2016b, p.36), grifosdo autor, tradução nossa). O fazer científico, com seu necessário distanciamento, nos possibilitaria compreender as ações individuais inseridas nas redes de interdependência presentes e passadas.
image/svg+xmlAmurabiOLIVEIRAEstudos de Sociologia, Araraquara,v. 27, n. 00, e022034, 2022. e-ISSN: 1982-4718DOI:https://doi.org/10.52780/res.v27i00.125484Visando melhor substanciar seu argumento, Lahire no capítulo “La ficción del Homo clausus y del livbre albedrío” indica a ideia de “Homo clausus” como uma falácia, assim como a ideia de “livre arbítrio”. Para ele, trata-se de uma ficção filosófica, ou jurídica, que recorrentemente acusa a sociologia de dizer que não realizamos escolhas ou que tomamos decisões, porém, o que essa ciência faria seria indicar que tais decisões e escolhas possuem múltiplos condicionantes. O argumento que indica que as “inclinações”, o “caráter”, o “temperamento” seriam características inatas teria como grande vantagem, para quem utiliza esse argumento, o fato de cortar qualquer laço possível entre quem julga e quem é julgado. O individualismo exacerbado, compreendido como uma leitura das ações humanas desligadas dos vínculos de interdependência, seriam um mito, portanto.Essa questão se desdobra no debate sobre os dominados, melhor aprofundado no capítulo “Terminar com las falsas evidencias: la sociología en acción”, no qual Lahire indica que dentro de certo discurso liberal a individualidade acaba por apagar os processos de dominação. Nesta direção, a sociologia se apresentaria como uma importante ferramenta que visa contestar as falsas evidências. Em suas palavras:A sociologia historicizaestados de feito que se supõem naturais (como as diferenças entre homens e mulheres, os conflitos geracionais e os conflitos de competência). Também desessencializaou desubstancializaos indivíduos, que chegaram a converter-se no que são por sua relação com toda uma série de indivíduos, grupos e instituições (sociologia das carreiras criminosas, percursos artísticos ou esportistas singulares etc.) e, sobretudo, contradiz em cada caso as mentiras voluntárias ou involuntárias sobre o estado do real e desarma os discursos ilusórios (LAHIRE, 2016b, p.66, grifos do autor, tradução nossa).O autor enfatiza ainda como a sociologia traz uma pluralidade de perspectivas, que nos possibilita pensar os problemas sociais a partir de um novo ângulo, redimensionando-os. Destaca ainda que a sociologia não é apenas a ciência dos fenômenos coletivos, dedicando-se também aos casos singulares, o que colaboraria para a superação de uma imagem abstrata de indivíduo, o que seria operacionalizado a partir do caráter relacional da sociologia. Para sustentar sua argumentação, Lahire utiliza-se não apenas de referências a suas próprias pesquisas, como também faz referência a autores diversos como Marx, Elias, Hughes etc. Nesta direção, aponta que diferentemente de outras leituras do social, como aquela realizada pelos meios de comunicação, o fazer científico tem a possibilidade de pensar as coisas de maneira radical(grifo do autor), que vai atrás das causas mais profundas da ação. Por fim, Lahire encerra a discussão em “Conclusión: Ciencias para la democracia”, apontando que:
image/svg+xmlEm defesa da sociologia: Contra o mito de que os sociólogos são charlatões, justificam criminosos e distorcem a realidadeEstudos de Sociologia, Araraquara,v. 27, n. 00, e022034, 2022. e-ISSN: 1982-4718DOI:https://doi.org/10.52780/res.v27i00.125485Os repetidos ataques contra a sociologia e, de modo mais geral, contra todas as ciências que se esforçam para dar sentido ao mundo social, recordam sua extrema fragilidade. Assim, geram consciência sobre a necessidade de defendê-las cada vez que seja possível. Esta defesa se torna tanto mais necessária quanto mais são atacadas regularmente no sistema escolar, no liceu ou bem na universidade (LAHIRE, 2016b, p.83, tradução nossa).Lahire retoma então algumas falas de ataque público às ciências humanas e sociais em geral, e à sociologia em particular, o que nos remete no contexto brasileiro a recentes acontecimentos, que incluem a perda da obrigatoriedade do ensino de sociologia na educação básica, com a Reforma do Ensino Médio, além dos ataques mais diretos proferidos pelo presidente da República em 2019. Um dos caminhos para a defesa da sociologia por Lahire é justamente a reivindicação de seu ensino no sistema escolar, que em sua compreensão poderia responder às exigências modernas de formação escolar dos cidadãos. Esta posição de Lahire, de defesa da sociologia no sistema escolar, já aparece anteriormente em texto publicado no Brasil (LAHIRE, 2014), resultante, justamente, de sua conferência enviada para o III Encontro Nacional de Ensino de Sociologia na Educação Básica, que ocorreu na cidade de Fortaleza em 2013. Com a presença da sociologia no sistema escolar:Os indivíduos de nossas sociedades se acostumariam a considerar, tal como fizeram com o mundo físico, que a realidade social está estruturada e que se pode conhecê-la por meios racionais. A difusão dessas ciências não aboliria por um passe de mágica as desigualdades, as injustiças ou a dominação, mas faria a vida mais difícil para todas as formas de etnocentrismo e mentira, e permitiria que todos os cidadãos fossem mais conscientes do mundo em que vivem, de seu caráter histórico e, por fim, das possibilidades que têm de transformar a ordem das coisas (LAHIRE, 2016b, p.89, tradução nossa).Apesar de finalizar o livro com essas palavras, esta obra possui ainda um anexo, intitulado “El mundo según Val: una variante de la mirada conservadora”, no qual Lahire explora o trabalho de Philippe Val (2015) com mais afinco, buscando demonstrar sua falta de fundamento em determinados pontos, com destaque para o desconhecimento acerca do conhecimento sociológico, e ao mesmo tempo seu alinhamento com determinada visão de mundo, que acaba por defender o ponto de vista dos dominantes. Como apontado no início desta resenha, o texto de Lahire torna-se especialmente pertinente no contexto brasileiro atual, e nos possibilita perceber também que os ataques à ciência sociológica ultrapassam as barreiras nacionais. Isso não implica, obviamente, num esvaziamento da discussão própria da sociologia, pelo contrário, estes embates constitutivos no campo político e do campo científico convidam-nos a uma reflexão sobre o lugar da sociologia na esfera pública.
image/svg+xmlAmurabiOLIVEIRAEstudos de Sociologia, Araraquara,v. 27, n. 00, e022034, 2022. e-ISSN: 1982-4718DOI:https://doi.org/10.52780/res.v27i00.125486Cabe-nos, no âmbito da produção do conhecimento, pensar alternativas em termos de diálogos mais amplos que nos possibilitem redimensionar este lugar da sociologia, reafirmando nos termos postos por Lahire, a relevância desta ciência para a consolidação de um projeto democrático, sendo, neste sentido, uma das estratégias mais pertinentes a defesa pelo lugar da sociologia no sistema escolar. Com isso, quero dizer que o texto do Lahire ao mesmo tempo nos leva a reflexões mais amplas sobre o lugar da sociologia no mundo, também nos convida a uma reflexão mais apurada para pensarmos a partir dos contextos locais quais caminhos seguir na defesa da sociologia.REFERÊNCIASBLOIS, J.P.; OLIVEIRA, A. La sociología como profesión. Formación, organización y prácticas de las sociólogas y los sociólogos en un escenario de cambio. Temas Sociológicos,n. 25, p.9-24, 2019.LAHIRE, B. Pour la sociologie: Et pour en finir avec une prétendue “culture de l'excuse”. 1 ed. Paris: La Découverte, 2016a. LAHIRE, B. En Defesa de la Sociología: contra el mito de que los sociólogos son unos charlatanes, justifican a los delincuentes y distorssionan la realidad. 1. ed. Buenos Aires: Siglo Veintiuno Editores, 2016b.LAHIRE, B. Viver e interpretar o mundo social: para que serve o ensino da Sociologia? Revista Ciências Sociais (UFC), v. 45, n. 1, p.45-61, 2014.LAHIRE, B.(org.). À quoi sert la sociologie?1 ed. Paris: Editions la découverte, 2002.LAHIRE, B.(org.). ¿Para qué sirve la sociología? Madrid, Siglo XXI, 2006.VAL, P. Malaise dans l'inculture: essai. 1.ed. Paris: Grasset, 2015.
image/svg+xmlEm defesa da sociologia: Contra o mito de que os sociólogos são charlatões, justificam criminosos e distorcem a realidadeEstudos de Sociologia, Araraquara,v. 27, n. 00, e022034, 2022. e-ISSN: 1982-4718DOI:https://doi.org/10.52780/res.v27i00.125487Como referenciar este artigoOLIVEIRA, Amurabi. Em defesa da sociologia: Contra o mito de que os sociólogos são charlatões, justificam criminosos e distorcem a realidade.Estudos de Sociologia, Araraquara, v.27, n. 00,e022034,2022. e-ISSN: 1982-4718. DOI: https://doi.org/10.52780/res.v27i00.12548Submetido em: 17/05/2022Revisões requeridas em:19/06/2022Aprovado em: 22/07/2022Publicado em: 30/09/2022Processamento e editoração: Editora Ibero-Americana de Educação.Revisão, formatação, normalização e tradução.
image/svg+xmlIn defense of sociology: Against the myth that sociologists are charlatans, justify criminals and distort realityEstudos de Sociologia, Araraquara,v. 27, n. 00, e022034, 2022. e-ISSN: 1982-4718DOI:https://doi.org/10.52780/res.v27i00.125481IN DEFENSE OF SOCIOLOGY: AGAINST THE MYTH THAT SOCIOLOGISTS ARE CHARLATANS, JUSTIFY CRIMINALS AND DISTORT REALITYEM DEFESA DA SOCIOLOGIA: CONTRA O MITO DE QUE OS SOCIÓLOGOS SÃO CHARLATÕES, JUSTIFICAM CRIMINOSOS E DISTORCEM A REALIDADEEN DEFESA DE LA SOCIOLOGÍA: CONTRA EL MITO DE QUE LOS SOCIÓLOGOS SON UNOS CHARLATANES, JUSTIFICAN A LOS DELINCUENTES Y DISTORSSIONAN LA REALIDADEAmurabi OLIVEIRA1ABSTRACT: In the current context, of targeted attacks on the education system even from the then president of the republic, especially in the humanities, the debate about the relevance of sociology becomes relevant. In Brazil, the removal of the compulsory teaching of sociology in high school, added to the dismantling of higher education, creates a disturbing scenario, which puts the teaching of sociology in check and even belittles it and diminishes it with fallacies and false speeches before society. With this, it is of great importance that clarifications and acknowledgments in defense of sociology, and even a self-assessment of the researchers themselves, materialize to try to reverse this scenario, to explore this theme, the work En Defesa de la Sociología: contra el mito de que los sociólogos son unos charlatanes, justifican a los delincuentes y distorssionan la realidad will be analyzed, seeking in this work elucidations and possibilities for the development of this stony path.KEYWORDS: Teaching. Sociology. Society. Subject.RESUMO: No contexto atual, de ataques direcionados ao sistema de ensino partindo até mesmo do então presidente da república, em especial as áreas de humanas, o debate acerca da relevância da sociologia se torna pertinente. No Brasil, a remoção da obrigatoriedade do ensino de sociologia do ensino médio, somado ao desmonte do ensino superior, cria um cenário perturbador, que coloca em xeque o ensino da sociologia e mesmo a menospreza e diminui com falácias e falsos discursosperante a sociedade. Com isso, é de grande importância que esclarecimentos e reconhecimentos em defesa da sociologia, e mesmo uma autoavaliação dos próprios pesquisadores, se concretize para tentar reverter esse cenpario, para explorar esse tema, a obra En Defesa de la Sociología: contra el mito de que los sociólogos son unos charlatanes, justifican a los delincuentes y distorssionan la realidad será analisada, buscando nesse trabalho elucidações e possibilidades para o desenvolvimento desse caminho de pedras.PALAVRAS-CHAVE: Ensino. Sociologia. Sociedade. Indivíduo.1Federal University of Santa Catarina (UFSC), Florianópolis SC Brazil. PhD in Sociology from the Federal University of Pernambuco (UFPE), Professor at the Federal University of Santa Catarina (UFSC), CNPQ Researcher.ORCID: https://orcid.org/0000-0002-7856-1196.E-mail: amurabi_cs@hotmail.com
image/svg+xmlAmurabi OLIVEIRAEstudos de Sociologia, Araraquara,v. 27, n. 00, e022034, 2022. e-ISSN: 1982-4718DOI:https://doi.org/10.52780/res.v27i00.125482RESUMEN: En el contexto actual, de ataques dirigidos al sistema educativo incluso desde el entonces presidente de la república, especialmente en las humanidades, cobra relevancia el debate sobre la pertinencia de la sociología. En Brasil, la supresión de la enseñanza obligatoria de la sociología en la enseñanza media, sumada al desmantelamiento de la enseñanza superior, crea un escenario inquietante, que pone en jaque a la enseñanza de la sociología e incluso la menosprecia y disminuye con falacias y falsos discursos ante la sociedad. Con esto, es de gran importancia que se materialicen aclaraciones y reconocimientos en defensa de la sociología, e incluso una autoevaluación de los propios investigadores, para tratar de revertir este escenario, para explorar este tema, la obra En defensa de la sociología: contra Se analizará el mito de que los sociólogos son charlatanes, justificando a los delincuentes y tergiversando la realidad, buscando en este trabajo elucidaciones y posibilidades para el desarrollo de este pedregoso camino.PALABRASCLAVE: Enseñanza. Sociología. Sociedad. Individual.The publication of the work En Defesa de la Sociología: contra el mito de que los sociólogos son unos charlatanes, justifican a los delincuentes y distorssionan la realidadby Bernard Lahire(2016b) brings a current debate on the public status of sociology, being its reading more that relevant in the current Brazilian context, in which sociology has lost space in the scope of educational policies, having its relevance questioned with regard to the formation of young people in high school, in addition to suffering direct attacks in the public sphere. Even though there are substantial differences between the space that sociology occupies in the public arena in Brazil and in France, I believe that reading En Defesa de la Sociologíacan bring substantive contributions to the community of Brazilian sociologists. Also in the global arena, the multiplication of attacks on sociology in the public sphere is observed, at the same time that the professional field of sociologists and the spaces for their insertion in civil society is diversified (BLOIS, OLIVEIRA, 2019).This review refers to the version published in Spanish of Pour la sociologie. Et pour en finir avec une prétendue 'culture de l'excuse', making it interesting to note that both versions were published in the same year, which may indicate that there is a demand to respond to the questionings suffered by sociology in the public sphere both in America Latin and in Europe. To a certain extent, I consider this work by Lahire as a continuation of the collection he edited called À quoi sert la sociologie?(2002), also readily translated into Spanish as ¿Para qué serve la sociologia?(2006).A significant part of this work appears as a response to thepublication in France of Malaise dans l’inculture(2015) by Philippe Val, who had been director of Charlie Hebdo. According to Lahire, in this book Val endeavors to diagnose the genesis of the ills of
image/svg+xmlIn defense of sociology: Against the myth that sociologists are charlatans, justify criminals and distort realityEstudos de Sociologia, Araraquara,v. 27, n. 00, e022034, 2022. e-ISSN: 1982-4718DOI:https://doi.org/10.52780/res.v27i00.125483contemporary French society, which could be summarizedin the term “sociologism”, even though there is no total misunderstanding of what sociology is. The political changes in France are also placed in the background of the debate that Lahire develops, promoted at least from the performance of Nicolas Sarkozy(2007-2012) in the French government, since his performance as minister, even though Lahire points out that the Criticism of sociology sometimes comes not exclusively from politicians considered to be on the right, but also from the left itself.The firstpoint that Lahire develops in the chapter “Acusada de excusar: la sociología en el banquillo” is how in several means of communication, and even in the academic debate, sociology is accused of making “excuses” that would excuse individuals, which if wouldoppose the idea of “individual responsibility”. This process, far from being something new, would have already blossomed in previous decades, in the wake of politicians who presided over the United States of America such as Ronald Reagan (1981-1989) and George W. Bush (2001-2009), who publicly stated that intended to combat the ideas that sought to “blame society” in cases of crimes and delinquency. There would, therefore, be a certain understanding disseminated mainly in the media, that when seeking social explanations for phenomena such as violence, terrorism etc., there would be a process of excusing individuals, which would have as its origin the sociological discourse.Lahire refutes such criticisms in the following chapter, entitled “Entender, juzgar,castigar”, indicating that those who denounce sociology for trying to understand or explain, in fact, would aim to judge without explanations. Also, according to the author:Thinking that looking for the “causes” or, more modestly, the “probabilities of appearance”, the “contexts” or the “conditions of possibility” of a phenomenon is equivalent to “forgiving” in the sense of “excusing” or “absolving” individuals it is the result of a confusion of perspectives. The feat of understanding belongs to the scope of knowledge (laboratory). Judging and sanctioning are proper to the scope of normative action (court). Claiming that understanding “disengages” the individuals involved amountsto unduly reducing science to law (LAHIRE, 2016b, p. 31, our translation).The French sociologist then opposes two perspectives, one that seeks to “punish without understanding” and one that seeks to “understand without judging”, the latter being characteristic of sociology. In this wake, he seeks to elucidate the purpose of understanding, whose purpose, in a synthetic way, would be: “to solve problems in a way that does not imply exclusion(incarceration, apartment or psychiatric confinement) or the destructionof the other (death penalty)” (LAHIRE, 2016b, p. 36, emphasis added, our translation). The scientific work,
image/svg+xmlAmurabi OLIVEIRAEstudos de Sociologia, Araraquara,v. 27, n. 00, e022034, 2022. e-ISSN: 1982-4718DOI:https://doi.org/10.52780/res.v27i00.125484with its necessary distance, would allow us to understand the individual actions inserted in present and past networks of interdependence.In order to better substantiate his argument, Lahire in the chapter “La ficción del Homo clausus y del livbre albedrío” indicates the idea of “Homoclausus” as a fallacy, as well as the idea of “free will”. For him, it is a philosophical or legal fiction, which recurrently accuses sociology of saying that we do notmake choices or that we make decisions, however, what this science would do is indicate that such decisions and choices have multiple conditions. The argument that indicates that “inclinations”, “character”, “temperament” would be innate characteristics would have the great advantage, for those who use this argument, of the fact that it cuts any possible bond between the one who judges and the one who is judged. Exacerbated individualism, understood as a reading of human actions disconnected from interdependence bonds, would therefore be a myth.This question unfolds in the debate on the dominated, better deepened in the chapter Terminar com las falsas evidencias: la sociologia en acción”, in which Lahire indicates that within a certain liberal discourse, individuality ends up erasing the processes of domination. In this direction, sociology would present itself as an important tool that aims to challenge false evidence. In his words:Sociology historicizesstates of fact that are supposed to be natural (such as the differences between men and women, generational conflicts and competence conflicts). It also de-essentializesor de-substantializesindividuals, who have become what they are due to their relationship with a whole series of individuals, groups and institutions (sociology of criminal careers, artistic careers or individual sportsmen, etc.) and, above all, it contradicts case voluntary or involuntary lies about the state of reality and disarms illusory discourses (LAHIRE, 2016b, p.66, emphasis added, our translation).The author also emphasizes how sociology brings a plurality of perspectives, which allows us to think about social problems from a new angle, re-dimensioning them. He also highlights that sociology is not just the scienceof collective phenomena, it is also dedicated to singular cases, which would help to overcome an abstract image of the individual, which would be operationalized from the relational character of sociology. To support his argument, Lahire uses not only references to his own research, but also references to different authors such as Marx, Elias, Hughes etc. In this direction, he points out that unlike other readings of the social, such as that carried out by the media, scientific work has the possibility of thinking things in a radical way (author's emphasis), which goes after the deepest causes of action.
image/svg+xmlIn defense of sociology: Against the myth that sociologists are charlatans, justify criminals and distort realityEstudos de Sociologia, Araraquara,v. 27, n. 00, e022034, 2022. e-ISSN: 1982-4718DOI:https://doi.org/10.52780/res.v27i00.125485Finally, Lahire closes the discussion in Conclusión: Ciencias para la democracia”, pointing that:The repeated attacks on sociology, and more generally on all sciences that strive to make sense of the social world, are a reminder of its extreme fragility. Thus, they generate awareness of the need to defend them whenever possible. This defense becomes all the more necessary the more they are regularly attacked in the school system, at the high school or even at the university (LAHIRE, 2016b, p. 83, our translation).Lahire then resumes some lines of public attack on the humanities and social sciences in general, and sociology in particular, which takes us back to recent events in the Brazilian context, which include the loss of mandatory teaching of sociology in basic education, with the Reform of Secondary Education, in addition to the more direct attacks made by the President of the Republic in 2019. One of the ways for Lahire to defend sociology is precisely the demand for its teaching in the school system, which in his understanding could respond to the modern demands of school education of citizens. This position by Lahire, defending sociology in the school system, has already appeared in a text published in Brazil (LAHIRE, 2014), resulting precisely from his conference sent to the III National Meeting of Sociology Teaching in Basic Education, which took place in the city of Fortaleza in 2013. With the presence of sociology in the school system:Individuals in our societies would get used to considering, as they did with the physical world, that social reality is structured and that it can be known by rational means. The diffusion of these sciences would not magically abolish inequalities, injustices or domination, but it would make life more difficult for all forms of ethnocentrism and lies, and would allow all citizens to be more aware of the world in which they live, of their historical character and, finally, of the possibilities they have to transform the order of things (LAHIRE, 2016b, p. 89, our translation).Despite ending the book with these words, this work also has an appendix entitled “El mundo según Val: una variant de la mirada conservata”, in which Lahire explores the work of Philippe Val (2015) more diligently, seeking to demonstrate his lack of foundation in certain points, with emphasis on the lack of knowledge about sociological knowledge, and at the same time its alignment with a certainworldview, which ends up defending the point of view of the dominant ones.As pointed out at the beginning of this review, Lahire's text becomes especially relevant in the current Brazilian context, and also allows us to perceive that attacks on sociological science go beyond national barriers. This obviously does not imply an emptying of sociology's
image/svg+xmlAmurabi OLIVEIRAEstudos de Sociologia, Araraquara,v. 27, n. 00, e022034, 2022. e-ISSN: 1982-4718DOI:https://doi.org/10.52780/res.v27i00.125486own discussion, on the contrary, these constitutive clashes in the political field and the scientific field invite us to reflect on the place of sociology in the public sphere.It is up to us, within the scope of knowledge production, to think of alternatives in terms of broader dialogues that allow us to re-dimension this place of sociology, reaffirming in the terms set out by Lahire, the relevance of this science for the consolidation of a democratic project, being, in this sense, one of the most pertinent strategies to defend the place of sociology in the school system. With that, I mean that Lahire's text at the same time leads us to broader reflections on the place of sociology in the world, it also invites us to a more accurate reflection to think from the local contexts which paths to follow in the defense of sociology.REFERENCESBLOIS, J.P.; OLIVEIRA, A. La sociología como profesión. Formación, organización y prácticas de las sociólogas y los sociólogos en un escenario de cambio. Temas Sociológicos,n. 25, p.9-24, 2019.LAHIRE, B. Pour la sociologie: Et pour en finir avec une prétendue “culture de l'excuse”. 1.ed. Paris: La Découverte, 2016a. LAHIRE, B. En Defesa de la Sociología: contra el mito de que los sociólogos son unos charlatanes, justifican a los delincuentes y distorssionan la realidad. 1. ed. Buenos Aires: Siglo Veintiuno Editores, 2016b.LAHIRE, B. Viver e interpretar o mundo social: para que serve o ensino da Sociologia? Revista Ciências Sociais (UFC), v. 45, n. 1, p.45-61, 2014.LAHIRE, B. (org.). À quoi sert la sociologie?1 ed. Paris: Editions la découverte, 2002.LAHIRE, B.(org.). ¿Para qué sirve la sociología? Madrid, Siglo XXI, 2006.VAL, P. Malaise dans l'inculture: essai. 1.ed. Paris: Grasset, 2015.
image/svg+xmlIn defense of sociology: Against the myth that sociologists are charlatans, justify criminals and distort realityEstudos de Sociologia, Araraquara,v. 27, n. 00, e022034, 2022. e-ISSN: 1982-4718DOI:https://doi.org/10.52780/res.v27i00.125487How to reference this articleOLIVEIRA, Amurabi. In defense of sociology: Against the myth that sociologists are charlatans, justify criminals and distort reality. Estudos de Sociologia, Araraquara, v.27, n. 00,e022034,2022. e-ISSN: 1982-4718. DOI: https://doi.org/10.52780/res.v27i00.12548Submitted: 17/05/2022Required revisions:19/06/2022Approved: 22/07/2022Published: 30/09/2022Processing and publication by the Editora Ibero-Americana de Educação.Correction, formatting, standardization and translation.