image/svg+xmlSubjetivação moral e poder: Contribuições Foucaultianas para a sociologia da moralidadeEstud. sociol., Araraquara, v.27, n.00, e022011, jan./dez. 2022e-ISSN: 1982-4718DOI:https://doi.org/10.52780/res.v27i00.138911SUBJETIVAÇÃO MORAL E PODER: CONTRIBUIÇÕES FOUCAULTIANAS PARA A SOCIOLOGIA DA MORALIDADESUBJETIVACIÓN MORAL Y PODER: CONTRIBUCIONES FOUCAULTIANAS A LA SOCIOLOGIA DE LA MORALIDADEMORAL SUBJECTIVATION AND POWER: FOUCAULTIAN CONTRIBUTIONS TO SOCIOLOGY OF MORALITYAlyson Thiago Fernandes FREIRE1RESUMO:Este artigo discute a sistematização teórico-metodológica proposta por Michel Foucault para estudar a moral. Com intuito de extrair lições e subsídios para a pesquisa sociológica das moralidades, em especial para fundamentar a noção de subjetivação moral, sustenta-se que os estudos tardios foucaultianos aportam uma perspectiva praxiológica capaz de conectar moralidade, agência e poder.PALAVRAS-CHAVE:Michel Foucault. Moralidade. Subjetivação. Sociologia da moral. Teoria Social.RESUMEN:Este artículo discute la sistematización teórica y metodológica propuesta por Michel Foucault para estudiar la moral. Con el fin de extraer lecciones y subsidios para la investigación sociológica de la moralidad, especialmente para apoyar la noción de subjetivación moral, se argumenta que los últimos estudios foucaultianos proporcionan una perspectiva praxiológica capaz de conectar la moralidad, la agencia y el poder. PALABRASCLAVE:Michel Foucault. Moralidad. Subjetivación. Sociología de la moralidade. Teoría social.ABSTRACT:This paper discusses the theoretical and methodological systematization proposed by Michel Foucault to study morality. In order to extract lessons and subsidies for sociological research on moralities, especially to ground the notion of moral subjectivation, it is argued that late Foucauldian studies provide a praxeological perspective capable of connecting morality, agency, and power.KEYWORDS:Michel Foucault. Morality. Subjectivation. Sociology of morality. Social theory.1Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN), Mossoró RN Brasil. Professor de Sociologia. Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Sociologia(UFPB). Mestre em Ciências Sociais(UFRN). ORCID: https://orcid.org/0000-0001-6673-6289. E-mail: alyson.freire@ifrn.edu.br
image/svg+xmlAlyson Thiago Fernandes FREIREEstud. sociol., Araraquara, v. 27, n. 00, e022011, jan./dez. 2022e-ISSN: 1982-4718DOI:https://doi.org/10.52780/res.v27i00.138912IntroduçãoAlém do recuo temporal para a Antiguidade clássica e para os primeiros séculos do cristianismo, os trabalhos derradeiros de Michel Foucault na década 1980 realizamum segundo e relevante movimento. O filósofo francês abresua“genealogia do sujeito na civilização ocidental” em direção a uma nova trilha das práticas sociais humanas (FOUCAULT, 2006a, p.95), qual seja: a moral. Os volumes subsequentes àVontade de saber2(1988)destacam-se poressa nova e inquietante preocupação com o papel da moral na história dos modos de subjetivação e das formas de governo criados nas sociedades do Ocidente. Em seus últimos estudos, Foucault está interessado em entender como a atividade sexual foi constituída enquanto “problema moral”uma questão, à primeira vista, peculiar, mas de amplos desdobramentos histórico-políticos. Sobre esses estudos acerca das moralidades dos prazeres, escreve: “Se fosse pretensioso,daria o título ao que faço de: genealogiada moral” (FOUCAULT, 2006b, p.174). Portanto, o consagrado giro para o problema da subjetividade, que diversos especialistas na obra de Foucault sublinham, está estreitamente vinculado a esse súbito interesse teórico e empírico do filósofo com o tema da moralidade. Em Foucault, a moral é pensada como um campo histórico-cultural de problematização3da conduta humana. Como tal, ela pode abranger diferentes dimensões da experiência humana e, dessa maneira, comportar diferentes níveis analíticos para o trabalho de pesquisa. Seu maior interesse, como se verá neste artigo, recaísobre oque o filósofo nomeia como “ética” que constitui, no esquema geral do seu pensamento, um terceiro domínio dos modos de objetivação do ser humano em sujeito em nossa cultura4.Neste artigo, apresento a sistematização teórico-metodológica proposta por Foucault para estudar a moral com o intuito de extrair contribuições e subsídios para a pesquisa sociológica das moralidades. Sustento o argumento de que a análise foucaultiana da moralidade fornece uma perspectiva praxiológica que aporta, ao menos, duas contribuições e avanços pertinentes para o campo da sociologia da moral: primeiro, um contraponto aos2L’usage des plaisirstraduzido no Brasil como O uso dos prazeres(1984a), Le souci de soi, traduzido como O cuidado de si(1985)e, por último, Le aveux de la chair,traduzido como As confissões da carne(2020), quarto volume, publicado postumamente.3Esse conceito não se refere às representações sociais sobre um objeto preexistente. Por problematização, Foucault quer dizer “o conjunto de práticas discursivas e não discursivas que faz alguma coisa entrar no jogo do verdadeiro edo falso e o constitui como objeto para o pensamento (seja sob a forma da reflexão moral, do conhecimento científico, da análise política etc.) (FOUCAULT, 2006c, p.242).4Os outros dois domínios referem-se à constituiçãocomo sujeitos de conhecimento através de relações com a verdade e à constituição dos sujeitos, agindo uns sobre os outros, através de relações de poder (FOUCAULT, 2014a, p.223).
image/svg+xmlSubjetivação moral e poder: Contribuições Foucaultianas para a sociologia da moralidadeEstud. sociol., Araraquara, v.27, n.00, e022011, jan./dez. 2022e-ISSN: 1982-4718DOI:https://doi.org/10.52780/res.v27i00.138913entendimentos mais holistas, culturalistas e cognitivistas da moral; e, segundo, a conexão entre moralidade, agência e poder a partir de uma teoria da prática sobre a subjetividade moral.Sociologiada moralidadeO interesse da sociologia pelo fenômeno da moral não é uma novidade. As sociologias de Emile Durkheim, Max Weber e Talcott Parsons atestam cabalmente esse interesse precípuo, ao ponto da sociologia se confundir com uma ciência da vida moral (ABEND, 2010). Em todos eles, encontra-se o problema dos valores, das normas e da moralidade enquanto uma condição necessária e privilegiada para estudar a vida social humana e a história de suas transformações. No entanto, apesar do interesse e da marcante presença da moralidade e dos valores como tópico sociológico nos clássicos, não há propriamente uma sociologia da moralidade neles.Ao contrário do que ocorreu em outras áreas, como a antropologia, a psicologia, a filosofia social e até mesmo a neurociência e a biologia, o interesse com o tema da moral na sociologia passou por um hiato temporal. Pode-se falar, aliás, de perda do status privilegiado que outrora a moralidade usufruía como problema chave da disciplina. Sua identificação com o funcionalismo parsoniano, que esteve ao longo da segunda metade do século XX sob cerradae intensa críticana sociologia, principalmente nos EUA, é um dos fatores explicativos para o ostracismo do tema na disciplina (HITLIN;VAISEY,2010,p.53). Enquanto especialidade disciplinar, a sociologia da moralidade só emergiu, de fato, recentemente,desenvolvendo-se entre o final dos anos 1980 e começo dos anos 2000 (ABEND, 2008).É, nesse sentido,um campo “redescoberto”pela sociologia(McCAFFREE, 2016).Sob a influência de algunstrabalhos de outrasáreas, em particular da filosofia social e política, sociólogas e sociólogos voltaram novamente suas atenções para as dimensões morais dos fenômenos sociais e para o lugar dos valores na experiência cotidiana das pessoas. Osenfoques sociológicos mais recentes acerca damoralidade tentam definir uma mudança de escala e tratamento em relação à perspectiva dos clássicos acerca da moralidade(ABEND, 2010). Com o intento de renovar sua abordagem e explicação (HITLIN, 2015), o papel dos valores e das normas morais na internalização, integração e consenso social perde sua centralidade, assim como a dependência da moral em relação à lógicas de ação estratégica e de dominação subjacentes. Em seu lugar, ganham prioridade analíticaos contextos e os
image/svg+xmlAlyson Thiago Fernandes FREIREEstud. sociol., Araraquara, v. 27, n. 00, e022011, jan./dez. 2022e-ISSN: 1982-4718DOI:https://doi.org/10.52780/res.v27i00.138914processos socioculturais heterogêneos que constituem as pressuposições, os significados e os sistemas morais que moldam e orientam indivíduos, grupos e organizações em suas percepções, relações, interações e padrões de comportamento em termos de valores, avaliações, obrigações e compromissos nos mais diversos domínios da interação social (HITLIN;VAISEY, 2010).Nesse sentido, ao contrário de uma perspectiva macrossociológica e estrutural, privilegia-se um tratamento de orientação microssociológica, contextualista e estratificada da moralidade. Esta é estudada tanto como variável independente quanto como variável dependente dos fenômenos sociais. Ou seja, busca-se elucidar os seus diversos níveis de relacionamento e de determinação com fatores variados de ordem histórica, econômica, cultural, política e institucional (HITLIN;VAISEY, 2010).Entre a variedade de tópicos de reflexão e pesquisa no campo das moralidades5, a questão das dimensões morais das relações de poder constitui, conforme o mais importante manual de divulgação e balanço da área, um dos mais destacados e relevantes temas (HITLIN;VAYSEY, 2010, p.08). Nessa seara, duas perspectivas são bastante influentes e utilizadas para apreender a dinâmica e os nexos entre moralidade e poder, são elas: a sociologia pragmática da crítica e dos regimes de ação”, cujos expoentes são Boltanski e Thevenot(1991), ea sociologiaculturalde inspiração bourdieusiana da socióloga canadense Michèle Lamont(2000;1992) com suaspesquisas com respeito ao problema dasfronteirasmorais entre asclasses sociais e outras coletividades6.Na primeira abordagem, moralidade e poder são entendidos como processos discursivos interrelacionados às “lutas de justificação”em que as práticas e relações humanas ordinárias estão, irremediavelmente, implicadas nas mais diversas situações cotidianas e públicas de controvérsia e divergência. Para Boltanski e Thevenot (1991), as pessoas comuns, em diferentes contextos de interação e a partir de uma pluralidade de princípios de valor, invocam, avaliam e contrapõem razões morais e visões de bem comum diversas para justificar, questionar ou confirmar a legitimidade de determinados arranjos coletivos e seus consensos provisórios.5Para um balanço bibliográfico mais detalhado acerca da sociologia da moralidade, ver: BRITO, Simone Magalhães; FREIRE, Alyson Thiago Fernandes; FREITAS, Carlos Eduardo. Sociologia da moral: temas e problemas. In: FAZZI, Rita de Cássia; LIMA, Jair Araújo. Campos das Ciências Sociais: figuras do mosaico das pesquisas no Brasil e em Portugal. Petropólis, RJ:Vozes, 2020, p. 481-497.6Os estudos de pânico moral, cruzadas morais e escândalos e, por outro, aindaque mais forte e recorrente na antropologia, os estudos das tecnologias de governo são outros exemplos importantes de perspectivasque se preocupam em articular moralidade e poder. Para maiores detalhesconsultar o texto Sociologia da moral:temas e problemas(BRITO; FREIRE; FREITAS, 2020).
image/svg+xmlSubjetivação moral e poder: Contribuições Foucaultianas para a sociologia da moralidadeEstud. sociol., Araraquara, v.27, n.00, e022011, jan./dez. 2022e-ISSN: 1982-4718DOI:https://doi.org/10.52780/res.v27i00.138915Em outras palavras,poder e moralidadecoexistemde maneira agonística noscontingentesacordos normativosque sustentam o mundo social, principalmentenosmomentos críticos e provas por meio dos quais este último, em seus diferentes domínios, é postoem xequequanto aos seus princípios de validade e justificação.Ambos, portanto, pode-se dizer,são partesinerentesdas relações intersubjetivas e dacapacidade de agir eintervir das pessoas na construção e transformação do mundo social (BOLTANSKI; THEVENOT, 1991).Na segunda abordagem, por sua vez, moralidade e poder se interligam como processos culturais por meio dos quais gruposautocompreendem suas identidades e diferenças em relação à outros grupos, estabelecendo e justificandodistinções e desigualdades materiais esimbólicas entre si. Para Michèle Lamont(2000;1992), as relações sociais são atravessadas por padrões de avaliação com cujos significados e representações, disponíveis na forma de repertórios culturais compartilhados e estratificados, as pessoas desenham e instituem “fronteiras morais” entre elas. Os valores e as crenças morais são, com efeito, conteúdos cruciais para dar sentido às identidades, hierarquias e as fronteiras de classe,raça, gênero e nacionalidade. As lógicas morais fundamentam elegitimam a produção de diferentes lógicasde poder e dominação, tais como as de superioridade e inferioridadee de discriminação e estigmatização, assim como também atuam nas maneiras e respostas construídas e mobilizadas no enfrentamento e contestação dessas últimas(LAMONT, 2000; 1992).Consideradas em seu conjunto, esses dois enfoquesapresentam, em diferentes graus, alguns déficits e sobredeterminações, que, a meu ver, a análise foucaultiana da moralidade pode contribuir para calibrar. Embora competentes para identificação e descrição das linguagens,regras e regularidadesdo discurso moral,assim como sua situacionalidade, relacionalidade e efeitos,eles sobredeterminam certas dimensões, como o papel da reflexividade e do simbólico, sem vinculá-las a um outro ponto fundamental da ação moral, a saber: a produção do sujeito moral.Como tentarei demonstrar, Foucault desenvolve uma abordagem praxiológica da moral. Nela, as práticas constitutivas da subjetividade, emum dado contextosociocultural e histórico, figuram no centro da análiseda experiência moral. É por meio delas que o filósofo busca examinar e compreender como os indivíduos produzem a si mesmos como sujeitos morais e, ao mesmo tempo, sujeitam-se a certos tipos de poder e instituições. Sua genealogia das tecnologias de subjetivação moral ainda não recebeu a devida atenção quanto ao seu potencial teórico para a pesquisa sociológica da moralidade, especialmente na produção das ciências sociais brasileiras -em que predominam as perspectivas de inspiração interacionista e pragmática, com forte inclinação para a sociologia
image/svg+xmlAlyson Thiago Fernandes FREIREEstud. sociol., Araraquara, v. 27, n. 00, e022011, jan./dez. 2022e-ISSN: 1982-4718DOI:https://doi.org/10.52780/res.v27i00.138916da “economia dos regimes de justificação” de Luc Boltanski eLaurentThevenot (FREIRE, 2013; WERNECK, 2016; WERNECK; OLIVEIRA, 2014)7. Este artigo procura colaborar, portanto, para aumentar o interesse de sociólogas e sociólogos nas contribuições da “genealogia da ética” deFoucault para a pesquisa sociológica das moralidadesalgo que a antropologia já tem assinalado e colocado em prática há algum tempo (FAUBION, 2011; LAIDLAW, 2002).Foucault redescobre a questão moralA atenção foucaultiana pela questão moral se deve, sobretudo, às implicações e exigências teórico-empíricas que a reavaliação do seu projeto inicial de uma história da sexualidade, colocaram para o filósofo francês. Antes disso, as passagens em que Foucault dedicou-se a tratar diretamente questões relacionadas ao tema da moralidade são raras e bastante marcadas por sua crítica ao humanismo moderno. Com respeito às modificações do projeto de uma história da sexualidade, o autor é categórico a propósito do novo patamar que a dimensão moral adquiriu em seu trabalho: “Eu tentei reequilibrar todo o meu projeto em torno de uma questão simples: por que se faz do comportamento sexual uma questão moral, e uma questão moral importante?” (FOUCAULT, 2014a, p.216).Investigar as transformações na constituição do sujeito em relação à sexualidade o conduziu para um campo de experiência em que a arqueologia do saber e a analítica dos dispositivos de poder pareciam insuficientes para esclarecer. Até então, a obra de Foucault tinha como principal preocupação examinar como, no Ocidente moderno, o sujeito foi formado e disciplinado pela produção de discursos de verdade e por estratégias de saber-poder.A partir do finalda década 1970, o desafio intelectual que para ele começa a se impor passa a ser de outra ordem: não mais o de relacionarsujeito everdade, e a sexualidade em especial, à emergência efuncionamento de dispositivos de poder, senão às maneiras pelas quais os indivíduos preocupam-se e tentam governar e moldar suas existências, desejos e condutas enquanto uma “relação do ser consigo mesmo”rapport à soi(FOUCAULT, 1984a, p. 10). 7Por outro lado, esforços para construir perspectivas alternativas no estudo dos valores e moralidades têm sido realizados no país. Cumpre mencionar alguns deles: Edmilson Lopes Junior (2010) a partir dos aportes da sociologia econômica de Mark Granovetter; Simone Brito (2019; 2011), que tem se apoiado em Theodor Adorno e Zygmunt Bauman, assim como empregado a sociologia figuracionista de Norbert Elias; e, por último, Carlos Eduardo Freitas (2018), que em sua tese de doutoramento construiu seu quadro analítico a partir da teoria da agência e da identidade moral de Charles Taylor e da sociologia da gênese dos valores de Hans Joas.
image/svg+xmlSubjetivação moral e poder: Contribuições Foucaultianas para a sociologia da moralidadeEstud. sociol., Araraquara, v.27, n.00, e022011, jan./dez. 2022e-ISSN: 1982-4718DOI:https://doi.org/10.52780/res.v27i00.138917Pode-se constatar esse esforço de reformulação e a preocupação do filósofo com a questão moral em seus cursos no Collège de France dos anos 1980, nas palestras e entrevistas8desse período e, por último, no próprio material histórico e documental que Foucault começou a pesquisar com mais afinco e interesse: “O campo que analisarei é constituído por textos que pretendem estabelecer regras, dar opiniões, conselhos, para se comportar como convém” (FOUCAULT, 1984a, p.15). Especialmente na análise de como cultura greco-latina problematiza as condutas sexuais, Foucault examina um tipo de literatura moral:textos filosóficos, tratados de existência, manuais de conduta, reflexões sobre a artede viver, uma série de escritos elaborados por filósofos, médicos e moralistas das culturas helênica e romana.Não é por acaso que, discorrendo acerca do lapso temporal entre os volumes de história da sexualidade, o filósofo francês responde que se trata, agora, de estudar o “nascimento de uma moral, de uma moral uma vez que ela é uma reflexão sobre a sexualidade, sobre o desejo, o prazer” (FOUCAULT, 2004, p.241). Estudar a moral: das regras à constituição do sujeitoNa programática introdução doUso dos prazeres, Foucault (1984a) afirma que o seu trabalho sobre as práticas de austeridade sexual do mundo antigo lhe trouxe uma inesperada e instigantesurpresa, qual seja: um sentidopeculiar e distinto de moral quando comparadoao entendimento moderno e sua ênfase na universalidade de um código.Nas teorias modernas da moralidade, sustenta Foucault, existe umaimportantequestão negligenciada. Ele está se referindo a um componente crucial da vida moral, o qual, a seu ver,é analiticamente distinto das regras, valores, princípios e códigos morais. Trata-se das práticas por meio das quais os indivíduos buscam transformar a si mesmos, suas atitudes e hábitos, em um modo de ser moral culturalmente valorizado e pessoalmente significativo (FOUCAULT, 1984a). Com isso, Foucault quer chamar a atenção para o fato de que na história da moral não há apenas códigos e discursos de proibições e advertências. Nela, pode-se encontrar também a 8Os cursos Subjectivité et verité, de 1980-81, L’hermeneutic du sujet,de 1981-82, Le gouvernement de soi et des autres, de 1982-83e La courage de la verité, de 1983-84. Entre asentrevistas, pode-se mencionar: Sobre a genealogia da ética: resumo de um trabalho em curso, realizada e publicada em inglês em 1983(FOUCAULT, M. On the Genealogy of Ethics, An Overview of Work in Progress. In: DREYFUS, H., RABINOW, P. Michel Foucault. Beyond Structuralisme and Hermeneutics. 2. ed. Chicago, The University Chicago Press, 1983, p.229-252)e a A ética do cuidado de si como prática da liberdade, realizada e publicada em 1984 (FOUCAULT, M. À propos de la généalogie de l’éthique, un aperçu du travail en cours. In: DREYFUS, H.;RABINOW,P. Michel Foucault: un parcours philosophique. Paris, Gallimard, 1984b.p.322-346).
image/svg+xmlAlyson Thiago Fernandes FREIREEstud. sociol., Araraquara, v. 27, n. 00, e022011, jan./dez. 2022e-ISSN: 1982-4718DOI:https://doi.org/10.52780/res.v27i00.138918existência de uma variedade de práticas e técnicas históricas norteadas pela preocupação em moldar a existência e as maneiras de ser através de uma relação moral e reflexiva com as próprias condutas, pensamentos, enfim, consigo próprio. Uma relação, frisa Foucault, dedicada à produção de determinadas disposições e formas morais de ser, sentir eviver enquanto condição indispensável para atingir certos estados ideais e realizar concepções estimadas de pessoa e de vida plena. Como se pode notar, no campo das tradições da filosofia moral, Foucault está mais próximo das preocupações da ética das virtudes(MACINTYRE, 2001) do que do utilitarismo (MILL,2005)e da deontologia (KANT, 2013). Isto é,da questãodo que significa ser virtuoso e agir segundo uma concepção valorizada debem do que daquestãoabstrata a propósito dadescoberta e fundamentação de critérios paradefinir o que é umaação correta. Desse modo, ele tentaincluir no campo da reflexão e pesquisa sobre a moral um problema teórico e empírico singular: “as formas e as modalidades da relação consigo através das quais o indivíduo se constitui e se reconhece como sujeito” (FOUCAULT, 1984a, p.10). Propõe, assim,um deslocamento de ênfase na investigação da vida moral: em vez de simplesmente os sistemas e códigos normativos e avaliativos que informam ao longo do tempo e do espaço um dado campo de conduta, de raciocínio ede relações, as experiências morais e práticas de produção das formas de ser moralem contextos histórico-culturais específicos.ParaFoucault(1984a, p. 26-7), pode-se distinguir três níveis de fenômenos característicos da moral enquanto campo de investigação. São eles: “código moral”, “moralidade dos costumes” e “ética”.Esses três níveis, embora distintos, definem-se em termos de sua relação com a dimensão das condutas. O primeiro nível diz respeito às regras, prescrições e aos regulamentos aplicados por instituições diversas (família, escola, templos religiosos). Trata-se do conjunto de valores e normas propostos aos indivíduos e grupos para a determinação e organização do campo de suas condutas, assim como as instituições eas relações de poder quesustentamseu funcionamento, desenvolvimento histórico, suas mudanças, desaparecimento (FOUCAULT, 1984a, p.25).O segundo nível é o da “moralidade dos costumes”. Esterefere-se, por sua vez,aos comportamentos reais dos indivíduos para com os códigos e prescrições morais que lhes são impostos. Ou seja, como se portam em relação às regras e valores morais: submissão, respeito e obediência, resistência, negligência, transgressão, cinismo. O estudo desse aspecto da moral deve se ater às maneiras como “os indivíduos ou os grupos se conduzem em referência a um
image/svg+xmlSubjetivação moral e poder: Contribuições Foucaultianas para a sociologia da moralidadeEstud. sociol., Araraquara, v.27, n.00, e022011, jan./dez. 2022e-ISSN: 1982-4718DOI:https://doi.org/10.52780/res.v27i00.138919sistema prescritivo que é explícita ou implicitamente dado em sua cultura [...]” (FOUCAULT, 1984a, p.25).Por último, Foucault considera que o estudo da moral comporta, ainda, um terceiro nível, a “ética”.Muito embora, trate-se de uma dimensão bastante importante ao longo da história da moral, ela ainda tem sido pouco estudada. Quando Foucault fala de “ética”, ele não quer dizer por issoocomportamento de adesão àprincípios e normas que proferem como agir e que conduta adotar, e sim, muito mais, o modo de relacionamento cultivado para consigo mesmo com o propósito deagir e ser de umadeterminada maneira. Por ética, entende,na verdade, o trabalho reflexivo e moralmente engajado para constituir a si próprio como um certo tipo de sujeito moral. A ética é, portanto, uma forma de subjetivação, a qual pode ser melhor qualificada em sua especificidade como subjetivação moral, isto é, as maneiras e práticas pelas quais indivíduos e grupos agem sobre si próprios, e de forma consistente com padrões, aspirações e concepções morais compartilhadase organizadas, para constituírem a si mesmos como determinados sujeitos morais. A ética, nesse sentido, versa acerca das formas e modalidades históricas de criação de modos de vida e de elaboração da conduta, pois “uma coisa é uma regra de conduta; outra, a conduta que se pode medir a essa regra. Mas, outra coisa ainda é a maneira pela qual é necessário ‘conduzir-se” (FOUCAULT, 1984a,p.26). Nesse sentido, a pergunta de partida para estudar a moralidade não se dirige aos conteúdos dos códigos edasnormas que regram e orientam a ação moral. Ela parte da seguinte indagação: quais são as práticas morais e as técnicas cotidianas que indivíduos e grupos empregam sobre si mesmos para tornarem-se um certo de tipo de pessoa e sujeito? Trata-se, então, de jogar luz acerca decomo uma determinada produção do sujeito moral é posta em práticae quais são suasqualidades, sentidos, atividades:[...]o indivíduo circunscreve a parte dele mesmo que constitui o objeto dessa prática moral, define sua posição em relação ao preceito que respeita, estabelece para si um certo modo de ser que valerá como realização moral dele mesmo; e, para tal, age sobre si mesmo, procura conhecer-se, controla-se, põe-se à prova, aperfeiçoa-se, transforma-se (FOUCAULT, 1984a, p.28).Portanto, o sujeito moral não existe sem um trabalho de subjetivação moral, sem os indivíduoscolocarem em ação um conjunto de atividades cotidianas pelas quais, com esforço e repetição, observam-se, interpretam-se, avaliam-se, corrigem-se, controlam-se e tentam moldar a si mesmo. Por isso, estudar a vida moral de grupos e sociedades exige pesquisar as formas de atividades sobre si empregadas para produzir um determinado sujeito moral, as
image/svg+xmlAlyson Thiago Fernandes FREIREEstud. sociol., Araraquara, v. 27, n. 00, e022011, jan./dez. 2022e-ISSN: 1982-4718DOI:https://doi.org/10.52780/res.v27i00.1389110quais, escreve Foucault, “não são menos diferentes de uma moral a outra do que os sistemas de valores, de regras, e de interdições” (FOUCAULT, 1984a, p.29). Foucault buscaampliaro escopo do que se entende por “moral”, colocando-a para além do problema da obrigação e da regra, isto é, da internalização subjetiva e da conformidade da ação para com um código de valores e de normas abrangenteexterior. Pesquisar o campo das moralidades significa tentar apreender os processos de constituição do sujeito moral, conduzidos por determinadas práticas, tecnologias, aspirações e relações que tomam a subjetividade como uma matéria viva e plástica sobre a qual é possível e desejável exercer e cultivar uma ação moral produtora, modeladora e transformadora de certas disposições, modos de ser e maneiras de viver.O trabalho moral: tecnologias e práticas Foucault analisa as éticas antigas a partir de um conjunto de textos e manuais prescritivos de caráter filosófico, médico e religioso. Neles, o filósofo observou a centralidade de um tipo de trabalho prático que os indivíduos devem se dedicar se quiserem se tornar sujeitos morais de suas condutas, em especial em sua relação com os prazeres. Nesses textos, que formam o material histórico dos seus últimos cursos e livros, uma série variada de práticas e exercíciosse sobressai, tais como autoexame da consciência, retiros, exercícios de resistência diante de prazeres, correspondências para sie para os outros, meditação, provações físicas de abstinência, anotações e interpretações dos sonhos, passeios reflexivos, penitências públicas, confissões de faltas, entre outras(FOUCAULT, 1984a). Essas práticas e exercícios são atividades que são adotadas pelos indivíduos para que eles próprios possam agir sobre si mesmos. Elas integram um processo de treinamentos e de procedimentos refletidos, elaborados e sistematizados cuja razão de ser é construir e modificar o próprio modo de ser dos indivíduos e,desse modo, põem em ação o que Foucault (2016, p.267) nomeia como “técnicas de si” ou “tecnologias de si”quer dizer:procedimentos, que sem dúvida existem em toda civilização, que são propostos ou prescritos aos indivíduos para estabelecerem sua identidade, mantê-la ou transformá-la em função de certos fins, e isso graças a relações de domínio de si sobre si ou de conhecimento de si por si.Pode-se afirmar que, para Foucault, os seres humanos não são apenas “animais que interpretam a si mesmos”, como escreve o filósofo canadense Taylor (1985, p.45). Os seres humanos são animais que, engajados em interpretar e modificar suas condutas, produzem a si mesmos. Tornam-se sujeitos ao tentarem, por meio de certas atividades e procedimentos,
image/svg+xmlSubjetivação moral e poder: Contribuições Foucaultianas para a sociologia da moralidadeEstud. sociol., Araraquara, v.27, n.00, e022011, jan./dez. 2022e-ISSN: 1982-4718DOI:https://doi.org/10.52780/res.v27i00.1389111alcançar maneiras deser e agir moralmente valorizadas. Em suma, são animais capazes de constituir sua subjetividade9.No que interessa a esse artigo, o argumento é de que o conceito de técnicas de si(FOUCAULT, 2014b)é uma das principais ferramentas conceituais para analisar a moralidade sob ponto de vista da prática e das formas históricas de constituição do sujeitomoral. Com o conceito de técnicas de si, a constituição do sujeito moral pode ser analisada enquanto um trabalho de autoconstituição de si. Sobre o papel dessas técnicas no campo moral, Foucault (2006c, p.244) é categórico: “Não acredito que haja moral sem um certo número de práticas de si”.O trabalho de subjetivação moral exige intenso engajamento moral, reflexivo e prático do indivíduo consigo mesmo. Deve-se, observa Foucault, estruturar sua relação consigo como uma prática. Essa abordagem da moral, mais atenta às práticas e formas particulares de relação consigo suscita, penso, relevantes ganhos analíticos. Em primeiro lugar, ela finca a moral, os sistemas de valores e normas dos comportamentos, no campo das práticas e da subjetividade, deslocando-a de entendimentos holistas e culturalistas que a reificam enquanto uma esfera simbólica de valores e representaçõesautônoma ou hiperdeterminada. O esforço foucaultiano, nesse sentido, é estabelecer o fenômeno da moralidade nos termos da relação do selfcom os valores e as normas, entendendo-a enquanto uma relação, que, ainda que intersubjetivamente orientadapor crenças, princípios e convenções de obrigação, é sobretudo uma relação praxiológica e corporalmente engajada distante, portanto, da reflexividade sem corpo de certasociologia pragmática. A moral é um campo histórico-sociológico definido e orientadonão somente pela obediência a princípios, valores, regras e normas, mas também pela adesão refletidaa ideais, compromissos, virtudes e aspirações éticas compartilhadas na forma de práticas, e práticas que constroem posturas, comportamentos e autocompreensões, formando uma tecnologia ou forma de subjetivação moral mais ampla. No mesmo sentido, a experiência moral não é movida apenas por aquilo que Charles Taylor (1997, p. 16-17) chama de “sentidos de vida plena” e “avaliações fortes”. Novamente, é precisoprestar atenção no uso e emprego rotinizado de determinadas técnicas, exercícios e atividades moralmente constitutivas pelos indivíduos num dado contexto e segundo determinadas aspirações e concepções de sujeito moral. A ênfase de Foucault na ideia de 9A noção de “técnicas de si” e sua operacionalização empírica por Foucault antecipa o que, mais tarde, Peter Sloterdijk (2013) intitulará de “antropotécnicas”, embora sem a explícita motivação de fundamentaruma antropologia filosófica ontologicamente orientada. Em um plano mais geral, não é exagero dizer, Foucault enseja, com base na noção de técnicas de si, uma história das tecnologias de autosubjetivação.
image/svg+xmlAlyson Thiago Fernandes FREIREEstud. sociol., Araraquara, v. 27, n. 00, e022011, jan./dez. 2022e-ISSN: 1982-4718DOI:https://doi.org/10.52780/res.v27i00.1389112ascese, no papel dos exercícios rotinizados e das técnicas empregadas para a constituição de tipos de sujeito moral e de relações com a verdade, como grade de leitura histórica não deixa dúvida quanto ao primado das práticas como categoria e unidade de análise da moral. Pode-se dizer, com segurança, que Foucault adota para a estudar a moral um enfoque da teoria da prática10(RECKWITZ, 2002). Por último, ao alçar as práticas de autopoesis do sujeito como uma questão relevante para compreender a história e a singularidade da moral, Foucault consegue elaborar uma solução da dicotomia sujeição/liberdade11, muito presente no campo de estudo da moralidade. Se sua abordagem da moral está interessada, na verdade, nos processos de autoconstituição de modos de ser culturalmente valorizados e pessoalmente significativos para indivíduos e grupos, é indispensável colocar em primeiro plano a agência moral dos indivíduos sobre si próprios, sem esquecer, por óbvio, das interdependências com as instituições, grupos, dispositivos de poder, saberes, códigos. Moralidadee subjetividadeA subjetivação moral não é possível sem problematizar a experiência que se tem de si próprio, sem atribuir sentido às próprias condutas, sem mobilizar saberes e lançar mão de recursos e atividades para exercitar e construir autorrelações e autocompreensões. O conceito de técnicas de si fornece a mediação conceitual para abrir a subjetividade enquanto um domínio da experiência moral que pode ser estudado pelo conhecimento fundamentado. A autorrelação prática que os seres humanos instauram consigo mesmos, ou seja, a subjetividade, existem enraizadas num campo positivo de historicidade, uma vez que estão, irremediavelmente, implicadas em práticas sociais, instituições, saberes, relaçõesde poder, valores culturais, códigos prescritivos. Para detalhar, com maior rigor, e fundamentar uma compreensão teoricamente mais depurada acerca de como ocorre o processo de constituição de si como sujeito moral em éticas históricas particulares, Foucault (1984a) elenca quatro operações combinadas e constitutivas 10A teoria da prática se apresenta como uma perspectiva teórica alternativa aos entendimentos textualistas, culturalistas e intersubjetivista da ação. Ela enfatiza as práticas sociais como ponto de partida para a inteligibilidade dos fenômenos sociais. Para maiores detalhes,ver RECKWITZ, A. Toward a theory of social practices: a development in culturalist theorizing. European Journal of Social Theory, v. 5, n. 2, p. 243-263, 2002.11Os escritos tardios de Foucault parecem se somar, com mais propriedade do queseus escritos da genealogia do poder, ao esforço de diversos outros autores que, a partir do último quartel do século XX, tentaram ultrapassar oposições conceituais variadas, como ação/estrutura, micro/macro e objetividade/subjetividade (ALEXANDER, 1987; ORTNER, 2006).
image/svg+xmlSubjetivação moral e poder: Contribuições Foucaultianas para a sociologia da moralidadeEstud. sociol., Araraquara, v.27, n.00, e022011, jan./dez. 2022e-ISSN: 1982-4718DOI:https://doi.org/10.52780/res.v27i00.1389113da relação moral consigo (“ética”). A determinação da 1) “substância ética”, ou, a parte de si que o indivíduo deve tomar e constituir como matéria principal de sua conduta moral, são exemplos a aphrodisiagrega, a carne no cristianismo, a sexualidade moderna, as emoções e a identidade contemporâneas; 2) “o modo de sujeição”, as formas de reconhecimento e justificação das obrigações morais com a regra e sua prática, que podem ser apelos, por exemplo, a “ordem cosmológica”, a “vontade divina”, a “lei natural”, a “razão”; 3) o “trabalho ético” (asceticismo), isto é, as formas de elaboração e autoformação pelas quais os indivíduos atuam sobre si no sentido de transformar-se em sujeito moral, são exemplos o “cuidado de si” grego e a “hermenêutica de si” cristã; e, por último, a 4) “teleologia do sujeito moral”, os sentidos e propósitos buscados na constituição de um modo de ser característico do sujeito moral, exemplos: o sujeito do domínio de si entre os gregos, o sujeito purificado entre os cristãos, o sujeito racional e autônomo entre os modernos, o sujeito autêntico e singular no mundo contemporâneo.Esse discernimento conceitual auxilia a organização da análise das diversas operações e dimensões envolvidas no processo de subjetivação moral. Não se trata de capturar uma racionalidade geral, pois como essas operações em suas formas concretas são historicamente variáveis, a subjetivação moral pode ser constituída de diversas maneiras, conforme diferentes lógicas, combinações, técnicas e preceitos. Para produzirem a si mesmos como sujeitos morais, os indivíduos ordenam e compõem avaliativamente uma multiplicidade de elementos materiais e simbólicos moralmente significativos em um dado contexto históricoe sociocultural. Se, por um lado, há envolvimento e reflexividade na produção moral de si, por outro, de maneira incorporada e tácita, a subjetivação moral é um processo que depende de certas fórmulas, princípios e ferramentas culturais compartilhadas, ainda que estas sejam socialmente seletivas e desiguais,segundo determinadas relações e marcadores relevantes no contextoem questão.O desdobramento da moral para incluir, também, a subjetividade, a autorrelação produtora do sujeito, a um só tempo reflexiva e prática e definida numa agonística de práticas de poder e práticas de liberdade, não significa cair em um subjetivismo ou adotar um enfoque da fenomenologia do si mesmo. As práticas de si que formam a subjetividade não possuem como premissa, importantedizer, uma relação de transparência do agente consigo mesmo. Assim como a moral possui uma história na forma de diferentes práticas, tecnologias, sistemas de valores, podendo ser, por isso, estudada e compreendida, a subjetividade, como a pensa Foucault, também compreende um campo histórico com objetos, práticas sociais,
image/svg+xmlAlyson Thiago Fernandes FREIREEstud. sociol., Araraquara, v. 27, n. 00, e022011, jan./dez. 2022e-ISSN: 1982-4718DOI:https://doi.org/10.52780/res.v27i00.1389114técnicas, instituições, saberes, relações e normatividades determinadas. Não é um ponto de partida, mas um ponto de chegada.A novidade é que Foucault(2004;2014a)sublinha que os indivíduos não são meros produtos da ação dos outros, eles também podem se autoconstituir (agir sobre si) enquanto sujeitos, ou seja, participar ativamente, e igualmente por meio de práticas e relações históricas analisáveis, da produção do que eles são ou almejam ser (subjetivação).Em termos teóricos para a análise da moralidade, esse entendimento da subjetividade desloca o foco da ação moral. Graças a uma certa leitura deDurkheim e Parsons, é muito comum delimitar a ação moral ao processo de conformação entre regra e conduta, isto é, sobre como os indivíduos se adequam às expectativas e injunções morais segundo uma dada normatividade coletiva. Ainda que, como Durkheim, Foucault(1984a) concordaque a sociedade constitui a origem e o fundamento da moral, e não uma vontade divina ou razão universal, tal conclusão não lhe parece suficientemente esclarecedora e pertinente para o estudo da moralidade, de sorte que não é por essa trilha que ele pretende caminhar. Interessa-lhe, com efeito, o nível relacional entre subjetividade e moralidade, é nele que de fato o nosso autor assenta sua abordagem da moral. Com isso, o filósofo francêscontorna duas armadilhas muito comuns no entendimento da questão moral: 1) o sociologismo, a redução da moralidade à ideia de hábitos e costumes socialmente aprovados em uma dada coletividade e 2) o escolasticismo, a primazia de concepções teórico-filosóficas em detrimento dos modelos morais cotidianos na experiência histórica.Em sua “virada ética”, Foucault(1984a;2004)não apenas reforça sua concepção não-substancialista de sujeito e sua recusa ao dualismo filosófico moderno entre um “sujeito transcendental” e sua vida empírica. Ele, na verdade, continua a demonstrar como, mesmo em um nível aparentemente mais íntimo e ensimesmado, como a relação reflexiva do sujeito consigo, se trata de uma forma relacional eaberta,mediadae constituídapor práticas históricas analisáveis, com instituições, normas, esquemas de comportamento, saberes, técnicas.Moralidadee poderComo parte da genealogia do sujeito, a formação do sujeito moral, explica Foucault(1984a), mantém em níveis e formas historicamente variáveis, nunca é demais insistiruma relação com as estruturas de poder e de dominação, quer dizer, com as formas de governar os outros. A ética, no sentido definido aqui por Foucault(1984a), não está fora ou em oposição à
image/svg+xmlSubjetivação moral e poder: Contribuições Foucaultianas para a sociologia da moralidadeEstud. sociol., Araraquara, v.27, n.00, e022011, jan./dez. 2022e-ISSN: 1982-4718DOI:https://doi.org/10.52780/res.v27i00.1389115política -entendida como exercício de tecnologias de poder e de governo capazes de estruturar campos diversos de condutas. Ao se prestar atenção na análise de Foucault sobre a vida ética e a experiência moral entre os gregos e no cristianismo, resulta bastante claro que sua abordagem leva em conta como as técnicas de poder e de condução dos outros cruzam e operam imiscuídasàs maneiras de relação consigo e de autoconstituição do sujeito moral. A despeito da autonomia relativa da experiência moral em relação às técnicas de poder, entre elas existem interdependências e correlações. Os significados das práticas éticas e da singularidade histórica dos modos de subjetivação moral passam, irremediavelmente, por apreender as relações existentes entre estas últimas e as lógicas de poder com as quais se entrecruzam. A moral clássica do uso dosprazeres, no mundo greco-romano, está enredada em condições políticas e em lógicas de dominação e desigualdade. Como bem se sabe, trata-se de uma moral explicitamente voltada para uma aristocracia de homens livres e bem posicionados e privilegiados no que tange às preocupações com a reprodução material de suas vidas. Portanto, homens que gozam de condições bastante favoráveis para estilizar, com afinco e entusiasmo, suas condutas e para cultivar uma relação “entre o exercício de sua liberdade, as formas de seu poder e seu acesso à verdade”(FOUCAULT, 1984a, p.219). Como ressalta Foucault(1984a, p.219), é uma moral viril, assegurada “num sistema muito duro de desigualdades e de coerções em particular a respeito das mulheres e dos escravos”. O autodomínio de si, o télosda ética sexual clássica, é uma forma de provar, justificar e exercer a superioridade social, moral e estética sobre os outros. As éticas da antiguidade clássica estão assentadas em um princípio normativo segundo o qual o poder sobre si (“domínio de si”) é uma condição moral e política indispensável para governar os outros. Sem ser capaz de se autogovernar e de formar um caráter virtuoso e admirável, não se pode aspirar a governar, com justiça e racionalidade, os outros, seja na polisseja nos contextos domésticos (FOUCAULT, 1984a; 1985). É na análise da subjetivação moral do cristianismo, no entanto, que melhor e mais detalhadamentepode-seexaminar como, em Foucault, moralidade e poder interagem e funcionam. O cristianismo é uma religião caracterizada por uma experiência moral de forte sujeição e obediência. Seus fiéis devem cumprir certas obrigações de fé, seguir certos dogmas, reconhecer autoridades eclesiásticas, aceitar determinados livros e discursos como fontes de verdade e revelação. Ao contrário da moral no plural e da busca pessoal por criar éticas e estilos de vida do mundo greco-romano, o cristianismo pretende-se como uma moral única, codificada em um sistema universal de regras e de obrigaçõesque, para garantir tal
image/svg+xmlAlyson Thiago Fernandes FREIREEstud. sociol., Araraquara, v. 27, n. 00, e022011, jan./dez. 2022e-ISSN: 1982-4718DOI:https://doi.org/10.52780/res.v27i00.1389116pretensão, criou um poderosoe amplo aparelho institucional de poder (FOUCAULT, 2004, p.290).No entanto, em vez da estrutura e dinâmica de poder da igreja, Foucault(1984a, p. 31)passa em revista as práticas espirituais monásticas dos primeiros séculos da era cristã, como os rituais de confissão, retiros, jejuns, a direção da consciência. Nelas, o filósofo francês apreende um modo de subjetivação moral peculiar, qual seja: a produção de um sujeito dotado de uma espécie de “interioridade” e “verdade profunda” cujos movimentos, conteúdos e meandros devem ser sondados, conhecidos e confessadospelo próprio sujeito. As relações consigo postas em prática pelo cristianismo, de reconhecer as tentações que se formam dentro da alma, são obrigações de verdade do sujeito consigo mesmo. Somente assim, por meio de uma relação de decifração e confissão de si, pode-se alcançar o modo de ser moral valorizado nesse contexto, um “estado de santidade, de purificação e de renúncia de si”. Tais práticas e obrigações constroem, portanto, uma subjetividade “alertada sobre suas próprias fraquezas, suas próprias tentações, sua própria carne” (FOUCAULT, 2006d, p.71). A constituição desse tipo de subjetividade, que se engaja na autodecifração sob a obediência e a sujeição aos outros, assim comoa um sistema religioso de regras universais, é a base pela qual o cristianismo conforma, no mesmo gesto, a produção de um certo sujeito moral e o exercício de uma grande tecnologia de poder, intitulada por Foucault como “poder pastoral”. Para Foucault(2014b, p. 287), as técnicas e práticas de si cristãs ajudaram a dar vida a uma tecnologia política, que é, a um só tempo, totalizante (“governar e conduzir o rebanho”) e individualizante (“a alma de cada fiel, de cada pecador”). O poder pastoral cristão está baseado numa espécie de pedagogia segunda a qual os indivíduos precisam ser conduzidos pelos outros. Trata-se de uma tecnologia de direção das consciências e de condução das condutas, voltada para produzir um saber e extrair uma “verdade” sobre a “interioridade” dosindivíduos por meiode uma rede de relações de sujeição e obediência e de técnicas de confissão. Para Foucault (2011), a contribuição do cristianismo para a história da subjetivação moral consiste exatamente na invenção e institucionalização de uma subjetividade confessional; a constituição de um sujeito moral que mantém consigo uma relação de obrigação de produzir um discurso de verdade sobre si mesmo (seus pensamentos, sentimentos, intenções, desejos) -e a ele se vincular -sob a dependência e obediência de um outro. Ainda hoje, em larga medida, esse modelode subjetividadeestá na base da noção de sujeito dos discursos e práticas médicas, psiquiátricas e judiciais modernas.
image/svg+xmlSubjetivação moral e poder: Contribuições Foucaultianas para a sociologia da moralidadeEstud. sociol., Araraquara, v.27, n.00, e022011, jan./dez. 2022e-ISSN: 1982-4718DOI:https://doi.org/10.52780/res.v27i00.1389117Considerações finaisNeste trabalho, busquei discutir o enfoque teórico-metodológico do Foucault tardio sobre moralidade, assim como apresentar o seu vocabulário conceitual. O objetivo não foi realizar um exercício de exegese. O esforço desse trabalho consistiu em contribuir para a abertura de novas perspectivas e ferramentas analíticas úteis para pesquisa teórica e empírica. No campo sociológico, essa tem sido uma tarefa realizada por diversos pesquisadores examinando e avaliando os contributos teóricos de diferentes autores e linhagens teóricas, como, por exemplo, Ignatow (2009), nos EUAcom o conceito de habitus de Pierre Bourdieu (2009) e aqui no Brasil,já mencionados Edmilson Lopes Junior (2010),Carlos Eduardo Freitas (2018)e Simone Brito (2011; 2019) pesquisando no campo das moralidades. Identifiquei quatro coordenadas definidoras do quadro analítico foucaultiano e que podem orientar uma abordagem praxiológica da moral. A primeira consiste em estudar a moral do ponto de vista da constituição do sujeito. Para isso convém não tomar o sujeito moral como um dado prévio da razão ou assumir uma inerente competência normativa da agência do ser humano. Antes e sobretudo, abordar o sujeito como resultado de um processo de subjetivaçãomoral,conforme práticase relações determinadas cujasformasde produção do ser moral sãovariadas,compartilhadas e historicamente singulares. Segundo, introduzir na moralidade o problema da subjetividade e da agência moral dos indivíduos. Quer dizer, as formas de relacionamento empregadas pelo sujeito para agir e pensar sobre si com o objetivo de tornar-se sujeito moral de suas ações. A clássica questão sociológica da internalização dos valores e normas é deslocada da mera conformaçãoà regras exteriores para o terreno das relações entre ação moral e self, entendido enquanto arealização de um trabalho relacional de construção,rotinização,criatividade e reflexividade do agentesobre si mesmoe sua ação.Terceiro, e, como consequência lógica dos pontos anteriores, abordar a moral a partir do primado das práticas, pois são elas as atividades formadoras e autoformadoras dos sujeitos morais. Em vez de apelar para totalidades, como cultura, sociedade, enfatizar modos de atuar e pensar, e como eles organizam as vidas morais cotidianas de grupos em contextos determinados e, dessa maneira, engendram éticas históricas particulares. E, por último, a quarta coordenada, diz respeito às intersecções entre moral e poder. Identificar os vínculos e as afinidades entre o exercício do poder, suas estratégias e tecnologias, com as formas de constituição do sujeito moral, suas práticas e modos de ser particulares. Ou seja, expandire integrar na análise das lógicas de poder e de dominação as
image/svg+xmlAlyson Thiago Fernandes FREIREEstud. sociol., Araraquara, v. 27, n. 00, e022011, jan./dez. 2022e-ISSN: 1982-4718DOI:https://doi.org/10.52780/res.v27i00.1389118práticas de si que funcionam como produtoras e sustentadoras de relações assujeitamentoe de formas sujeitadas de subjetividade moral. Em conjunto, essas quatro coordenadas inspiram, a meu ver,um novo tratamento da moralidade. Elas ajudam a demarcá-la em um campo analítico e empírico específico e sem igualá-la e reduzi-la à cultura e ao social, entendidos de maneira holística e totalizante. Nesse sentido, estudar a moralidade é investigar os modos de subjetivação morale as técnicas de si postos em prática para constituir de uma certa maneira um determinado campo de experiência das condutas e relações dos seres humanos consigo mesmos. As preocupações e diretrizes básicas da abordagem foucaultiana para examinar a moral como subjetivação moral podem ser elencadas na forma das seguintes perguntas: que parte de si e das condutas os indivíduos tomam como objeto de reflexão, preocupação e ação moral? Quais significados e motivações orientam a prática moral que exercem sobre si? Que tipos de sujeito moral buscam construir e realizar? Que maneiras e meios eles dispõem e empregam para intervir e atuar sobre si? Quais efeitos são produzidos sobre os corpos? Que fins aspiram alcançar os indivíduos com sua prática moral? Como e a partir de que pontos as relações consigo e as relações de poder se cruzam, se reforçam e se integram em estruturas de dominação e coerção mais amplas? Ora, asinterrogações acimasão, com efeito,questões de profundo interesse sociológico. Pode-se dizer que elas balizam as diretrizes de um programa de sociologia de moral, o qual eu gostaria de chamar de uma “sociologia das formas de subjetivação moral”. Nesse programa, a moral é entendida, praxiologicamente, como um feixe de práticas de formação do sujeito moral, práticas constituintes de formas morais de vida, de formas morais de ser e estar no mundo.Uma sociologia das formas de subjetivação moral investigaria, portanto,as formas de constituição do sujeito moral na diversidade das relações, atividades e espaços da vida cotidiana, isto é, como valores, concepções de pessoa e ideais de conduta são incorporados por meio de práticas rotinizadas e autosubjetivadoras, produzindo determinados modos de ser moral. Na tarefa de investigar e compreender o mundo social e as relações humanas, parece-me ser esse um investimento de pesquisa que vale à penaexperimentar.
image/svg+xmlSubjetivação moral e poder: Contribuições Foucaultianas para a sociologia da moralidadeEstud. sociol., Araraquara, v.27, n.00, e022011, jan./dez. 2022e-ISSN: 1982-4718DOI:https://doi.org/10.52780/res.v27i00.1389119REFERÊNCIASABEND, G. Two main problems in the sociology of morality. Theory and Society,v. 37, n. 2, p. 87125, 2008. Disponível em: https://www.jstor.org/stable/40211030#:~:text=In%20this%20article%20I%20address,the%20problem%20of%20value%20freedom. Acesso em: 20 mar. 2021.ABEND, G. What’s New and What’s Old about the New Sociology of Morality. In: HITLIN, S.; VAISEY, S. (org.). Handbook of the Sociology of Morality. Nova York: Springer, 2010.ALEXANDER,J.ONovoMovimentoTeórico. RevistaBrasileirade Ciências Sociais, São Paulo, v. 2, n. 4,p. 5-28, jun. 1987. Disponívelem:http://anpocs.com/images/stories/RBCS/04/rbcs04_01.pdf. Acesso em: 20 maio 2020.BOLTANSKI, L.; THÉVENOT, L. De la justification:Les économies de la grandeur.Paris: Gallimard, 1991.BOURDIEU, P. O senso prático. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009.BRITO, S. M. Traçando os limites da sociologia da moralidade: Uma perspectiva adorniana. Estudos de Sociologia, Recife, v. 1, n. 17, 2011. Disponível em: https://periodicos.ufpe.br/revistas/revsocio/article/view/235234. Acesso em: 20 jan. 2021.BRITO, S. M. Menos política, mais eficiência: uma análise sociológica das práticas de auditoria e produção de sentidos morais no campo burocrático. Revista Brasileira de Sociologia, v. 7, n. 15, p. 215-234, 2019. Disponível em: https://rbs.sbsociologia.com.br/index.php/rbs/article/view/435. Acesso em: 15 abr. 2021.BRITO, S. M.; FREIRE, A. T. F.; FREITAS, C. E. Sociologia da moral: Temas e problemas. In: FAZZI, R. C.; LIMA, J. A. Campos das Ciências Sociais: Figuras do mosaico das pesquisas no Brasil e em Portugal. Petropolis, RJ: Vozes, 2020.FAUBION, J. An Anthropology of Ethics. Cambridge: Cambridge University Press, 2011.FOUCAULT, M. On the Genealogy of Ethics, An Overview of Work in Progress. In: DREYFUS, H.; RABINOW, P. Michel Foucault. Beyond Structuralisme and Hermeneutics. 2. ed. Chicago: The University Chicago Press, 1983.FOUCAULT, M. História da sexualidade 2: Ouso dos prazeres. Rio de Janeiro: Graal, 1984a.FOUCAULT, M. À propos de la généalogie de l’éthique, un aperçu du travail en cours. In: DREYFUS, H.; RABINOW, P. Michel Foucault: Un parcours philosophique. Paris: Gallimard, 1984b.FOUCAULT, M. História da Sexualidade 3:O cuidado de si. Rio de Janeiro: Graal, 1985.FOUCAULT, M. História da Sexualidade 1:A vontade de saber. Rio de Janeiro: Graal, 1988.
image/svg+xmlAlyson Thiago Fernandes FREIREEstud. sociol., Araraquara, v. 27, n. 00, e022011, jan./dez. 2022e-ISSN: 1982-4718DOI:https://doi.org/10.52780/res.v27i00.1389120FOUCAULT, M. A hermenêutica do sujeito. São Paulo: Martins Fontes, 2004.FOUCAULT, M. Sexualidade e solidão. In: FOUCAULT, M. Ditos & Escritos: Ética, sexualidade e política. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2006a. v. 5.FOUCAULT, M. Ditos & Escritos: Estética, literatura, pintura, música e cinema. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2006b.FOUCAULT, M. Cuidado com a verdade. In: FOUCAULT, M. Ditos & Escritos: Ética, sexualidade e política. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2006c. v. 5.FOUCAULT, M. Sexualidade e poder. In: FOUCAULT, M. Ditos & Escritos: Ética, sexualidade e política. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2006d. v. 5.FOUCAULT, M. Do governo dos vivos: Curso no Collège de France 1979-1980. São Paulo: Centro de Cultura Social, 2011.FOUCAULT, M. Sobre a genealogia da ética: Um resumo do trabalho em curso. In:FOUCAULT, M. Ditos & Escritos: Genealogia da Ética, subjetividade e sexualidade. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2014a. v. 9.FOUCAULT, M. As técnicas de si. In: FOUCAULT, M.Ditos & Escritos: Genealogia da Ética, subjetividade e sexualidade. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2014b. v. 9. FOUCAULT, M. Subjetividade e verdade: Curso no Collège de France (1980-1981). São Paulo: Martins Fontes, 2016.FOUCAULT, M. História da Sexualidade 4: As confissões da carne. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2020.FREIRE, J. Uma caixa de ferramentas para a compreensão de públicos possíveis: um arranho desociologiaspragmáticas.RBSE, v. 12, n. 36,p.727-749, dez. 2013. Disponível em: http://www.cchla.ufpb.br/rbse/FreireDos.pdf. Acesso em: 10 maio 2021.FREITAS, Carlos Eduardo. Entre compromissos e obrigações: um estudo das experiências morais das classes médias e populares no Nordeste na perspectiva da nova sociologia da moralidade. 2018. Tese (Doutorado) Programa de Pós-Graduação em Sociologia, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa-PB, 2018.HITLIN, S. Os contornos e o entorno na nova sociologia da moral. Sociologias, v. 17, n. 39, p. 26-58, maio/ago. 2015. Disponível em: https://www.scielo.br/j/soc/a/ywQB48bZ3LbvznDSWCbQjYs/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 13 mar. 2021.HITLIN, S.; VAISEY, S. Handbook of the sociology of morality. New York: Springer, 2010.IGNATOW, Gabriel. Why the Sociology of Morality Needs Bourdieu’s Habitus. Sociological Inquiry, v. 79, n. 1, p. 98-114, 2009. Disponível em:
image/svg+xmlSubjetivação moral e poder: Contribuições Foucaultianas para a sociologia da moralidadeEstud. sociol., Araraquara, v.27, n.00, e022011, jan./dez. 2022e-ISSN: 1982-4718DOI:https://doi.org/10.52780/res.v27i00.1389121https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1111/j.1475-682X.2008.00273.x. Acesso em: 15 out. 2020.KANT, I. A Metafísica dos Costumes. Petrópolis, RJ: Vozes, 2013.LAIDLAW, J. For an Anthropology of Ethics and Freedom. The Journal of the Royal Anthropological Institute, v. 8, n. 2, p. 311332, 2002. Disponível em: https://www.jstor.org/stable/3134477. Acesso em: 15 fev. 2020.LAMONT, M. Money, Morals, and Manners:The Culture of the French and American Upper-Middle Class. Chicago: University of Chicago Press, 1992.LAMONT, M. The Dignity of Working Men:Morality and the boundaries of race, class, and immigrartion.Cambridge: Harvard Univeristy Press, 2000.LOPESJUNIOR, E.Asgramáticasmoraisdacorrupção:Aportesparaumasociologiadoescândalo. Mediações,Londrina,v.15,n. 2,p. 126-147,jul./dez.2010. Disponível: https://www.uel.br/revistas/uel/index.php/mediacoes/article/view/8209. Acesso em: 20 abr. 2021.MacINTYRE, A. Depois da virtude: Um estudo em teoria moral. Bauru, SP: EDUSC, 2001.McCAFFREE, K. Sociology as the study of morality. In: ABTRUTYN, S. (ed.). Handbook of Contemporary Sociological Theory. New York: Springer, 2016.MILL, J. S. A liberdade/Utilitarismo. São Paulo: Martins Fontes, 2000.ORTNER, S. B. Anthropology and Social Theory:Culture, Power, and the Acting Subject. Durham: Duke University Press, 2006.RECKWITZ, A. Toward a theory of social practices: A development in culturalist theorizing”. European Journal of Social Theory,v. 5, n. 2, p. 243-263, 2002. Disponível em: https://journals.sagepub.com/doi/10.1177/13684310222225432. Acesso em: 16 fev. 2021. SLOTERDIJK, P. You must change your life. Cambridge: Polity Press, 2013.TAYLOR, C. Philosophical papers: Human agency and language. Cambridge: Cambridge Press, 1985.TAYLOR, C. AsFontes do Self:A construção da identidade moderna. São Paulo: Loyola, 1997.WERNECK, A. Uma sociologia da compreensão a partir do par crítica e jocosidade. Civitas -Revista De Ciências Sociais, v. 16, n. 3, p. 482-503, 2016. Disponível em: https://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/civitas/article/view/21941. Acesso em: 15 mar. 2021.WERNECK, A.; OLIVEIRA, L. R. C. (org.). Pensando bem: Estudos de sociologia e antropologia da moral. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2014.
image/svg+xmlAlyson Thiago Fernandes FREIREEstud. sociol., Araraquara, v. 27, n. 00, e022011, jan./dez. 2022e-ISSN: 1982-4718DOI:https://doi.org/10.52780/res.v27i00.1389122Como referenciareste artigoFREIRE, A. T. F.Subjetivação moral e poder: Contribuições foucaultianas para a sociologia da moralidade.Estudos de Sociologia,Araraquara,v.27, n.00, e022011, jan./dez. 2022. e-ISSN: 2358-4238.DOI: https://doi.org/10.52780/res.v27i00.13891Submetido em:02/07/2020Revisões requeridas em:15/03/2021Aprovado em: 23/12/2021Publicado em:30/06/2022
image/svg+xmlMoral subjectivation and power: Foucaultian contributions to sociology of moralityEstud. sociol., Araraquara, v.27, n.00, e022011, Jan./Dec. 2022.e-ISSN: 1982-4718DOI:https://doi.org/10.52780/res.v27i00.138911MORAL SUBJECTIVATION AND POWER: FOUCAULTIAN CONTRIBUTIONS TO SOCIOLOGY OF MORALITYSUBJETIVAÇÃO MORAL E PODER: CONTRIBUIÇÕES FOUCAULTIANAS PARA A SOCIOLOGIA DA MORALIDADESUBJETIVACIÓN MORAL Y PODER: CONTRIBUCIONES FOUCAULTIANAS A LA SOCIOLOGIA DE LA MORALIDADEAlyson Thiago Fernandes FREIRE1ABSTRACT:This paper discusses the theoretical and methodological systematization proposed by Michel Foucault to study morality. In order to extract lessons and subsidies for sociological research on moralities, especially to ground the notion of moral subjectivation, it is argued that late Foucauldian studies provide a praxeological perspective capable of connecting morality, agency, and power.KEYWORDS:Michel Foucault. Morality. Subjectivation. Sociology of morality. Social theory.RESUMO:Este artigo discute a sistematização teórico-metodológica proposta por Michel Foucault para estudar a moral. Com intuito de extrair lições e subsídios para a pesquisa sociológica das moralidades, em especial para fundamentar a noção de subjetivação moral, sustenta-se que os estudos tardios foucaultianos aportam uma perspectiva praxiológica capaz de conectar moralidade, agência e poder.PALAVRAS-CHAVE:Michel Foucault. Moralidade. Subjetivação. Sociologia da moral. Teoria Social.RESUMEN:Este artículo discute la sistematización teórica y metodológica propuesta por Michel Foucault para estudiar la moral. Con el fin de extraer lecciones y subsidios para la investigación sociológica de la moralidad, especialmente para apoyar la noción de subjetivación moral, se argumenta que los últimos estudios foucaultianos proporcionan una perspectiva praxiológica capaz de conectar la moralidad, la agencia y el poder. PALABRASCLAVE:Michel Foucault. Moralidad. Subjetivación. Sociología de la moralidade. Teoría social.1Federal Institute ofRio Grande do Norte (IFRN), Mossoró RN Brazil. Professor of Sociology. Doctoral student at the Postgraduate Program in Sociology (UFPB). Master in Social Sciences (UFRN).ORCID: https://orcid.org/0000-0001-6673-6289. E-mail: alyson.freire@ifrn.edu.br
image/svg+xmlAlyson Thiago Fernandes FREIREEstud. sociol., Araraquara, v. 27, n. 00, e022011, Jan./Dec. 2022.e-ISSN: 1982-4718DOI:https://doi.org/10.52780/res.v27i00.138912IntroductionIn addition to the temporal retreat to classical antiquity and the first centuries of Christianity, Michel Foucault's last works in the 1980s carry out a second and relevant movement. The French philosopher opens his “genealogy of the subject in Western civilization” towards a new path of human social practices (FOUCAULT, 2006a, p. 95), namely: morality.The volumes following the Vontade de saber2(1988)stand out for this new and disturbing concern with the role of morality in the history of the modes of subjectivation and the forms of government created in Western societies. In his latest studies, Foucault is interested in understanding how sexual activity was constituted as a “moral problem” a question, at first sight, peculiar, but with broad historical-political developments. About these studies on the moralities of pleasures, he writes: “If I were pretentious, I would call what I do: genealogy of morals” (FOUCAULT, 2006b, p.174). Therefore, the consecrated turn to the problem of subjectivity, which several specialists in Foucault's work underline, is closely linked to this sudden theoretical and empirical interest of the philosopher with the theme of morality. In Foucault, morality is thought of as a historical-cultural field of problematization3of human conduct. As such, it can encompass different dimensions of human experience and, in this way, support different analytical levels for research work. His greatest interest, as will be seen in this article, lies with what the philosopher calls “ethics” which, in the general scheme of his thought, constitutes a third domain of the ways of objectifying the human being as a subject in our culture4.In this article, I present the theoretical-methodological systematization proposed by Foucault to study morality in order to extract contributions and subsidies for the sociological research of moralities. I support the argument that the Foucaultian analysis of morality provides a praxeological perspective that provides at least two relevant contributions and advances to the field of the sociology of morals: first, a counterpoint to the more holistic, culturalist and cognitivist understandings of morality; and, second, the connection between morality, agency and power from a theory of practice on moral subjectivity.2L’usage des plaisirstranslated in Brazil as O uso dos prazeres(1984a), Le souci de soi, translated as O cuidado de si(1985)and finally, Le aveux de la chair,translated as As confissões da carne(2020), fourth volume, published posthumously.3This concept does not refer to social representations of a preexisting object. By problematization, Foucault means “the set of discursive and non-discursive practices that make something enter the game of true and false and constitute it as an object for thought (whether in the form of moral reflection, scientific knowledge, analysis politics etc.) (FOUCAULT, 2006c, p. 242).4The other two domains refer to the constitution as subjects of knowledge through relationships with the truth and to the constitution of subjects, acting on each other, through power relations. (FOUCAULT, 2014a, p. 223).
image/svg+xmlMoral subjectivation and power: Foucaultian contributions to sociology of moralityEstud. sociol., Araraquara, v.27, n.00, e022011, Jan./Dec. 2022.e-ISSN: 1982-4718DOI:https://doi.org/10.52780/res.v27i00.138913Sociology of moralitySociology's interest in the phenomenon of morality is not new. The sociologies of Emile Durkheim, Max Weber and Talcott Parsons fully attest to this primary interest, to the point that sociology is confused with a science of moral life (ABEND, 2010). In all of them, the problem of values, norms and morality is found as a necessary and privileged condition for studying humansocial life and the history of its transformations. However, despite the interest and the marked presence of morality and values as a sociological topic in the classics, there is not exactly a sociology of morality in them.Contrary to what has happened in other areas, such as anthropology, psychology, social philosophy and even neuroscience and biology, interest in the topic of morals in sociology has gone through a temporal hiatus. In fact, one can speak of the loss of the privileged status that morality once enjoyed as a key problem of the discipline. His identification with Parsonian functionalism, which during the second half of the 20th century was under intense and intense criticism in sociology, especially in the USA, is one of the explanatory factors for the ostracism of the subject in the discipline (HITLIN; VAISEY, 2010, p. 53).As a disciplinary specialty, the sociology of morality only emerged recently, developing between the late 1980s and early 2000s (ABEND, 2008). It is, in this sense, a field “rediscovered” by sociology (McCAFFREE, 2016).Under the influence of some works from other areas, in particular social and political philosophy, sociologists and sociologists have once again turned their attention to the moral dimensions of social phenomena and to the place of values in people's everyday experience. The most recent sociological approaches to morality try to define a change of scale and treatment in relation to the classical perspective on morality (ABEND, 2010). In order to renew its approach and explanation (HITLIN, 2015), the role of values and moral norms in internalization, integration and social consensus loses its centrality, as does the dependence of morality on the underlying logics of strategic action and domination. Intheir place, gain priority the heterogeneous sociocultural contexts and processes that constitute the presuppositions, meanings and moral systems that shape and guide individuals, groups and organizations in their perceptions, relationships, interactions and behavior patterns in terms of values, evaluations, obligations and commitments in the most diverse domains of social interaction (HITLIN; VAISEY, 2010).In this sense, contrary to a macro-sociological and structural perspective, a micro-sociological, contextualist and stratified treatment of morality is privileged. This is studied both
image/svg+xmlAlyson Thiago Fernandes FREIREEstud. sociol., Araraquara, v. 27, n. 00, e022011, Jan./Dec. 2022.e-ISSN: 1982-4718DOI:https://doi.org/10.52780/res.v27i00.138914as an independent variable and as a dependent variable of social phenomena. In other words, it seeks to elucidate their various levels of relationship and determination with varied factors of a historical, economic, cultural, political and institutional nature (HITLIN; VAISEY, 2010).Among the variety of topics for reflection and research in the field of moralities5, the question of the moral dimensions of power relationsis, according to the most important manual for dissemination and balance in the area, one of the most outstanding and relevant themes (HITLIN; VAYSEY, 2010, p. 08). In this area, two perspectives are quite influential and used to apprehend the dynamics and nexus between morality and power, they are: the “pragmatic sociology of criticism and action regimes”, whose exponents are Boltanski and Thevenot (1991), and the Bourdieusian-inspired cultural sociology by Canadian sociologist Michèle Lamont (2000; 1992)with her research on the problem of moral boundaries between social classes and other collectivities6.In the first approach, morality and power are understood as discursive processes interrelated to “justification struggles” in which ordinary human practices and relationships are irremediably involved in the most diverse daily and public situations of controversy and divergence. For Boltanski and Thevenot (1991), common people, in different contexts of interaction and based on a plurality of value principles, invoke, evaluate and oppose different moral reasons and visions of the common good to justify, question or confirm the legitimacy of certain collective arrangements and their provisional consensus.In other words, power and morality coexist in anagonistic way in the contingent normative agreements that sustain the social world, especially in the critical moments and tests through which the latter, in its different domains, is put in check as to its principles of validity and justification. Both, therefore, it can be said, are inherent parts of intersubjective relationships and of people's ability to act and intervene in the construction and transformation of the social world (BOLTANSKI; THEVENOT, 1991).In the second approach, in turn, morality and power are intertwined as cultural processes through which groups self-understand their identities and differences in relation to other groups, establishing and justifying material and symbolic distinctions and inequalities among 5For a more detailed bibliographic review of the sociology of morality, see: BRITO, Simone Magalhães; FREIRE, Alyson Thiago Fernandes; FREITAS, Carlos Eduardo. Sociologia da moral: temas e problemas. In: FAZZI, Rita de Cássia; LIMA, Jair Araújo. Campos das Ciências Sociais: figuras do mosaico das pesquisas no Brasil e em Portugal. Petropólis, RJ: Vozes, 2020, p. 481-497.6Studies of moral panic, moral crusades and scandals and, on the other hand, although stronger and more recurrent in anthropology, studies of government technologies are other important examples of perspectives that are concerned with articulating morality and power. For more details see the text Sociologia da moral: temas e problemas(BRITO; FREIRE; FREITAS, 2020).
image/svg+xmlMoral subjectivation and power: Foucaultian contributions to sociology of moralityEstud. sociol., Araraquara, v.27, n.00, e022011, Jan./Dec. 2022.e-ISSN: 1982-4718DOI:https://doi.org/10.52780/res.v27i00.138915themselves. For Michèle Lamont (2000; 1992), social relations are traversed by evaluation patterns whose meanings and representations, available in the form of shared and stratified cultural repertoires, people draw and establish “moral boundaries” between them. Moral values andbeliefs are, in fact, crucial contents to make sense of identities, hierarchies and the boundaries of class, race, gender and nationality. Moral logics underlie and legitimize the production of different logics of power and domination, such as those of superiority and inferiority and discrimination and stigmatization, as well as acting in the ways and responses constructed and mobilized in the confrontation and contestation of the latter (LAMONT, 2000; 1992).Taken together, these two approaches present, to different degrees, some deficits and overdeterminations, which, in my view, the Foucauldian analysis of morality can help to calibrate. Although competent to identify and describe the languages, rules and regularities of moral discourse, as well as theirsituationality, relationality and effects, they overdetermine certain dimensions, such as the role of reflexivity and the symbolic, without linking them to another fundamental point of moral action, namely: the production of the moral subject.As I will try to demonstrate, Foucault develops a praxiological approach to morality. In it, the constitutive practices of subjectivity, in a given sociocultural and historical context, figure at the center of the analysis of moral experience. It is through them thatthe philosopher seeks to examine and understand how individuals produce themselves as moral subjects and, at the same time, subject themselves to certain types of power and institutions.His genealogy of the technologies of moral subjectivation has not yet received due attention in terms of its theoretical potential for sociological research on morality, especially in the production of Brazilian social sciences -in which the perspectives of interactionist and pragmatic inspirationpredominate, with a strong inclination towards sociology of the “economics of justification regimes” by Luc Boltanski and Laurent Thevenot (FREIRE, 2013; WERNECK, 2016; WERNECK; OLIVEIRA, 2014)7. This article therefore seeks to collaborate to increase the interest of sociologists and sociologists in the contributions of Foucault's “genealogy of ethics” to the sociological research of moralities something that anthropology 7On the other hand, efforts to build alternative perspectives in the study of values and morals have been carried out in the country. It is worth mentioning some of them: Edmilson Lopes Junior (2010) based on the contributions of Mark Granovetter's economic sociology; Simone Brito (2019; 2011), who has relied on Theodor Adorno and Zygmunt Bauman, as well as employing the figurative sociology of Norbert Elias; and, finally, Carlos Eduardo Freitas (2018), who in his doctoral thesis built his analytical framework from the theory of agency and moral identity of Charles Taylor and the sociology of the genesis of values by Hans Joas.
image/svg+xmlAlyson Thiago Fernandes FREIREEstud. sociol., Araraquara, v. 27, n. 00, e022011, Jan./Dec. 2022.e-ISSN: 1982-4718DOI:https://doi.org/10.52780/res.v27i00.138916has already pointed out and put into practice for some time (FAUBION, 2011; LAIDLAW, 2002).Foucault rediscovers the moral questionFoucault's attention to the moral question is due, above all, to the implications and theoretical-empirical requirements that the reassessment of his initial project of a history of sexuality posed for the French philosopher. Before that, the passages in which Foucault dedicated himself to directly dealing with issues related to the theme of morality are rare and quite marked by his critique of modern humanism. Regarding the modifications of the project of a history of sexuality, the author is categorical about the new level that the moral dimension has acquired in his work: “I tried to rebalance my entire project around a simple question: why is the sexual behavior a moral issue, and an important moral issue?” (FOUCAULT, 2014a, p. 216, our translation).Investigating the changes in the constitution of the subject in relation to sexuality led him to a field of experience in which the archeology of knowledge and the analysis of power devices seemed insufficient to clarify. Until then, the main concern of Foucault's work was to examine how, in the modern West, the subject was formed and disciplined by the production of discourses of truth and by strategies of knowledge-power. From the end of the 1970s onwards,the intellectual challenge that began to impose itself on him became of a different order: no longer to relate subject and truth, and sexuality in particular, to the emergence and functioning of power devices, but to the ways in which individuals worry and try to govern and shape their existences, desires and behaviors as a “relationship of the being with itself” rapport à soi(FOUCAULT, 1984a, p. 10).This reformulation effort and the philosopher's concern with the moral question can be seen in his courses at the Collège de Francein the 1980s, in the lectures and interviews8of that period and, finally, in the historical and documentary material that Foucault began to research with more determination and interest: “The field that I will analyze is constituted by texts that intend to establish rules, give opinions, advice, to behave as one should” (FOUCAULT, 1984a, 8The courses Subjectivité et verité, de 1980-81, L’hermeneutic du sujet,de 1981-82, Le gouvernement de soi et des autres, de 1982-83 and La courage de la verité, de 1983-84. Among the interviews, it can be mentioned: Sobre a genealogia da ética: resumo de um trabalho em curso, performed and published in English in 1983 (FOUCAULT, M. On the Genealogy of Ethics, An Overview of Work in Progress. In: DREYFUS, H., RABINOW, P. Michel Foucault. Beyond Structuralisme and Hermeneutics. 2. ed. Chicago, The University Chicago Press, 1983, p. 229-252)and theA ética do cuidado de si como prática da liberdade, realizedand published in 1984 (FOUCAULT, M. À propos de la généalogie de l’éthique, un aperçu du travail en cours. In: DREYFUS, H.; RABINOW, P. Michel Foucault: un parcours philosophique. Paris, Gallimard, 1984b. p. 322-346).
image/svg+xmlMoral subjectivation and power: Foucaultian contributions to sociology of moralityEstud. sociol., Araraquara, v.27, n.00, e022011, Jan./Dec. 2022.e-ISSN: 1982-4718DOI:https://doi.org/10.52780/res.v27i00.138917p. 15, our translation). Especially in the analysis of how Greco-Latin culture problematizes sexual behavior, Foucault examines a type of moral literature: philosophical texts, treatises on existence, manuals of conduct, reflections on the art of living, a series of writings written by philosophers, doctors and moralists of Hellenic and Roman cultures.It is not by chance that, discussing the time lapse between the volumes of the history of sexuality, the French philosopher responds that it is now a matter of studying the “birth of a morality, of a morality since it is a reflection on the sexuality, about desire, pleasure” (FOUCAULT, 2004, p. 241, our translation).Studying morality: from rules to the constitution of the subjectIn the programmatic introduction to the Use of Pleasures, Foucault (1984a) states that his work on the practices of sexual austerity in the ancient world brought him an unexpected and thought-provoking surprise, namely: a peculiar and distinct sense of morality when compared to the modern and its emphasis on the universality of a code.In modern theories of morality, Foucault maintains, there is an important neglected issue. He is referring to a crucial component of the moral life, which, in his view, is analytically distinct from rules, values, principles and moral codes. These are the practices through which individuals seek to transform themselves, their attitudes and habits, into a culturally valued and personally significant way of being morally (FOUCAULT, 1984a).In modern theories of morality, Foucault maintains, there is an important neglected issue. He is referring to a crucial component of the morallife, which, in his view, is analytically distinct from rules, values, principles and moral codes. These are the practices through which individuals seek to transform themselves, their attitudes and habits, into a moral way of being that is culturally valued and personally significant (FOUCAULT, 1984a).As can be seen, in the field of moral philosophy traditions, Foucault is closer to the concerns of virtue ethics (MACINTYRE, 2001) than to utilitarianism (MILL, 2005) and deontology (KANT, 2013). That is, the question of what it means to be virtuous and act according to a valued conception of the good rather than the abstract question of discovering and substantiating criteria to define what is a correct action. In this way, he tries to include in the field of reflection and research on morality a unique theoretical and empirical problem: “the forms and modalities of the relationship with himself through which the individual constitutes and recognizes himself as a subject” (FOUCAULT, 1984a, p. 10, our translation). It thus proposes a shift in emphasis in the investigation of moral life: instead of simply the normative
image/svg+xmlAlyson Thiago Fernandes FREIREEstud. sociol., Araraquara, v. 27, n. 00, e022011, Jan./Dec. 2022.e-ISSN: 1982-4718DOI:https://doi.org/10.52780/res.v27i00.138918and evaluative systems and codes that inform a given field of conduct, reasoning and relationships over time and space, moral and production practices of ways of being moral in specific historical-cultural contexts.For Foucault (1984a, p. 26-7), one can distinguish three levels of phenomena characteristic of morality as a field of investigation. They are: “moral code”, “morality of customs” and “ethics”. These three levels, although distinct, are defined in terms of their relationship with the dimension of conducts.The first level concerns the rules, prescriptions and regulations applied by different institutions (family, school, religious temples). It is the set of values and norms proposed to individuals and groups for the determination and organization of the field of their conduct, as well as the institutions and power relations that sustain their functioning, historical development, their changes, disappearance (FOUCAULT, 1984a, p. 25).The second level is that of “morality of manners”. This refers, in turn, to the actual behavior of individuals towards the moral codes and prescriptions imposed on them. That is, how they behave in relation to rules and moral values: submission, respect and obedience, resistance, neglect, transgression, cynicism. The study of this aspect of morality must focus on the ways in which “individuals or groups conduct themselves in reference to a prescriptive system that is explicitly or implicitly given in their culture [...]” (FOUCAULT, 1984a, p. 25, our translation).Finally, Foucault considers that the study of morals also includes a third level, “ethics”. Even though it is a very important dimension throughout the history of morality, it has still been little studied. When Foucault speaks of “ethics”, he does not mean by this the behavior of adherence to principles and norms that dictate how to act and what conduct to adopt, but, much more, the mode of relationship cultivated with oneself with the purpose of acting and being in a certain way. By ethics, he means, in fact, the reflective and morally engaged work to constitute oneself as a certain type of moral subject.Ethics is, therefore, a form of subjectivation, which can best be qualified in its specificity as moral subjectivation, that is, the ways and practices in which individuals and groups act upon themselves, and in a manner consistent with standards, aspirations and shared and organized moral conceptions, to constitute themselves as determined moral subjects. Ethics, in this sense, deals with the historical forms and modalities of creating ways of life and the elaboration of conduct, because “one thing is a rule of conduct; another, the conduct that can be measured against this rule. But another thing is still the way in which it is necessary to 'conduct' oneself" (FOUCAULT, 1984a, p. 26, our translation).
image/svg+xmlMoral subjectivation and power: Foucaultian contributions to sociology of moralityEstud. sociol., Araraquara, v.27, n.00, e022011, Jan./Dec. 2022.e-ISSN: 1982-4718DOI:https://doi.org/10.52780/res.v27i00.138919In this sense, the starting question for studying morality does not address the contents of the codes and norms that govern and guide moral action. It starts from the following question: what are the moral practices and everyday techniques that individuals and groups employ on themselves to become a certain type of person and subject? It is, therefore, a matter of shedding light on how a particular production of the moral subject is put into practice and what are its qualities, senses, activities:[...] the individual circumscribes the part of himself that constitutes the object of this moral practice, defines his position in relation to the precept he respects, establishes for himself a certain way of being that will count as his moral fulfillment; and, for that, he acts on himself, seeks to know himself, controls himself, puts himself to the test, perfects himself, transforms himself (FOUCAULT, 1984a, p. 28, our translation).Therefore, the moral subject does not exist without a work of moral subjectivation, without individuals putting into action a set of daily activities through which, witheffort and repetition, they are observed, interpreted, evaluated, corrected, controlled and try to shape themselves. For this reason, studying the moral life of groups and societies requires researching the forms of activities used to produce a particularmoral subject, which, Foucault writes, “are no less different from one morality to another than the systems of values, of rules and interdictions” (FOUCAULT, 1984a, p. 29, our translation).Foucault seeks to broaden the scope of what is meant by “morals”,placing it beyond the problem of obligation and rule, that is, of subjective internalization and conformity of action to a comprehensive external code of values and norms. Researching the field of moralities means trying to understand the processes of constitution of the moral subject, driven by certain practices, technologies, aspirations and relationships that take subjectivity as a living and plastic matter on which it is possible and desirable to exercise and cultivate a productive moral action, shaping and transforming certain dispositions, ways of being and ways of living.Moral work: technologies and practicesFoucault analyzes ancient ethics from a set of prescriptive texts and manuals of a philosophical, medical and religious nature. In them, the philosopher observed the centrality of a type of practical work that individuals must dedicate themselves if they want to become moral subjects of their conduct, especially in their relationship with pleasures. In these texts, which form the historical material of his latest courses and books, a varied series of practices and exercises stand out, such as self-examination of conscience, retreats, resistance exercises in the
image/svg+xmlAlyson Thiago Fernandes FREIREEstud. sociol., Araraquara, v. 27, n. 00, e022011, Jan./Dec. 2022.e-ISSN: 1982-4718DOI:https://doi.org/10.52780/res.v27i00.1389110face of pleasures, correspondence for oneself and for others, meditation, physical ordeals of abstinence, notes and interpretations of dreams, reflective walks, public penances, confessions of faults,among others (FOUCAULT, 1984a).These practices and exercises are activities that are adopted by individuals so that they can act on themselves. They are part of a process of reflected, elaborate and systematized training and procedures whose reason for being is to build and modify the very way of being of individuals and, in this way, put into action what Foucault (2016, p.267, our translation) names as “techniques of the self” or “technologies of the self” means: “procedures, which undoubtedly exist in every civilization, which are proposed or prescribed to individuals to establish their identity, maintain it or transform it according to certain ends, and this thanks to relations of mastery over oneself or knowledge of oneself for oneself”.It can be said that, for Foucault, human beings are not just “animals that interpret themselves”, as the Canadian philosopher Taylor (1985, p. 45) writes. Human beings are animals that, engaged in interpreting and modifying their behavior, produce themselves. They become subjects when they try, through certain activities and procedures, to achieve morally valued ways of being and acting. In short, they are animals capable of constituting their subjectivity9.As far as this article is concerned, the argument is that the concept of techniques of the self (FOUCAULT, 2014b) is one of the main conceptual tools to analyze morality from the point of view of practice and the historical forms of constitution of the moral subject. With the concept of techniques of the self, the constitution of the moral subject can be analyzed as a work of self-constitution of the self. On the role of these techniques in the moral field, Foucault (2006c, p. 244, our translation) is categorical: “I do not believe that there is morality without acertain number of practices of the self”.The work of moral subjectivation requires intense moral, reflective and practical engagement of the individual with himself. One must, Foucault observes, structure his relationship with himself as a practice. Thisapproach to morality, more attentive to practices and particular forms of relationship with oneself, raises, I think, relevant analytical gains.First, it places morality, value systems and behavioral norms, in the field of practices and subjectivity, displacing it from holistic and culturalist understandings that reify it as a 9The notion of “techniques of the self” and their empirical operationalization by Foucault anticipates what Peter Sloterdijk (2013) will later call “anthropotechnics”, although without the explicit motivation of grounding an ontologically oriented philosophical anthropology. On a more general level, it is no exaggeration to say that Foucault offers, based on the notion of techniques of the self, a history of the technologies of self-subjectification.
image/svg+xmlMoral subjectivation and power: Foucaultian contributions to sociology of moralityEstud. sociol., Araraquara, v.27, n.00, e022011, Jan./Dec. 2022.e-ISSN: 1982-4718DOI:https://doi.org/10.52780/res.v27i00.1389111symbolic sphere of autonomous or hyper-determined values and representations. The Foucaultian effort, in this sense, is to establish the phenomenon of morality in terms of the relationship between the self and values and norms, understanding it as a relationship that, although intersubjectively oriented by beliefs, principles and conventions of obligation, is above all a praxiological and bodily engaged relationship far, therefore,from the disembodied reflexivity of a certain pragmatic sociology. Morality is a historical-sociological field defined and guided not only by obedience to principles, values, rules and norms, but also by the reflected adherence to ideals, commitments, virtues and shared ethical aspirations in the form of practices, and practices that build postures, behaviors and self-understandings, forming a broader technology or form of moral subjectivation.In the same sense, moral experience is not driven only by whatCharles Taylor (1997, p. 16-17) calls “full life senses” and “strong evaluations”. Again, it is necessary to pay attention to the routinized use and employment of certain techniques, exercises and morally constitutive activities by individuals in a given context and according to certain aspirations and conceptions of the moral subject. Foucault's emphasis on the idea of asceticism, on the role of routinized exercises and the techniques used to constitute types of moral subject and relationships with truth,as a framework for historical reading leaves no doubt as to the primacy of practices as a category and an unity of moral analysis. It can be safely said that Foucault adopts a theory-of-practice10approach to the study of morals(RECKWITZ, 2002). Finally, by raising the subject's autopoesispractices as a relevant issue to understand the history and singularity of morality, Foucault manages to elaborate a solution to the subjection/freedom dichotomy11, very present in the field of study of morality. If his approach to morality is actually interested in the processes of self-constitution of culturally valued and personally significant ways of being for individuals and groups, it is essential to foreground the moral agency of individuals over themselves, without forgetting, of course, interdependencies with institutions, groups, power devices, knowledge, codes.10The theory of practice presents itself as an alternative theoretical perspective to the textualist, culturalist and intersubjectivist understandings of action. It emphasizes social practices as a starting point for the intelligibility of social phenomena. For more details, see RECKWITZ, A. Toward a theory of social practices: a development in culturalist theorizing. European Journal of Social Theory, v. 5, n. 2, p. 243-263, 2002.11Foucault's later writings seem to add, more properly than his writings on the genealogy of power, to the efforts of several other authors who, from the last quarter of the 20th century, tried to overcome varied conceptual oppositions, such as action/structure, micro/macro and objectivity/subjectivity (ALEXANDER, 1987; ORTNER, 2006).
image/svg+xmlAlyson Thiago Fernandes FREIREEstud. sociol., Araraquara, v. 27, n. 00, e022011, Jan./Dec. 2022.e-ISSN: 1982-4718DOI:https://doi.org/10.52780/res.v27i00.1389112Morality and subjectivityMoral subjectivation is not possible without problematizing one's experience of oneself, without attributing meaning to one's conduct, without mobilizing knowledge and resorting to resources and activities to exercise and build self-relationships and self-understandings. The concept of techniques of the self provides the conceptual mediation to open up subjectivity as a domain of moral experience that can be studied by grounded knowledge. The practical self-relationship that human beings establish with themselves, that is, subjectivity, exist rooted in a positive field of historicity, since they are irremediably involved in social practices, institutions, knowledge, power relations, cultural values, prescriptive codes.In order to detail, with greater rigor, and to support a theoretically more refined understanding of how the process of constitution of the self as a moral subject occurs in particular historical ethics, Foucault (1984a) lists four combined operations that constitute the moral relationship with oneself (“ethics”). The determination of 1) “ethical substance”, or, the part of himself that the individualmust take and constitute as the main matter of his moral conduct, examples are the Greek aphrodisia, the flesh in Christianity, modern sexuality, the emotions and the contemporary identities; 2) “the mode of subjection”, the forms of recognition and justification of moral obligations with the rule and its practice, which can be appeals, for example, to the “cosmological order”, the “divine will”, the “natural law” , the "reason"; 3) “ethical work” (asceticism), that is, the forms of elaboration and self-training by which individuals act on themselves in order to transform themselves into a moral subject, examples are the Greek “care of the self” and the Christian “hermeneutics of oneself”; and, finally, 4) “the teleology of the moral subject”, the meanings and purposes sought in the constitution of a way of being characteristic of the moral subject, examples: the subject of self-control among the Greeks, the purified subject among the Christians, the rational and autonomous subject among the moderns, the authentic and unique subject in the contemporary world.This conceptual insight helps to organize the analysis of the various operations and dimensions involved in the process of moral subjectivation. It is not about capturing a general rationality, because as these operations in their concrete forms are historically variable, moral subjectivation can be constituted in different ways, according to different logics, combinations, techniques and precepts. To produce themselves as moral subjects, individuals evaluatively order and compose a multiplicity of morally significant material and symbolic elements in a given historical and sociocultural context. If, on the one hand, there is involvement and reflexivity in the moral production of the self, on the other hand, in an incorporated and tacit
image/svg+xmlMoral subjectivation and power: Foucaultian contributions to sociology of moralityEstud. sociol., Araraquara, v.27, n.00, e022011, Jan./Dec. 2022.e-ISSN: 1982-4718DOI:https://doi.org/10.52780/res.v27i00.1389113way, moral subjectivation is a process that depends on certain shared cultural formulas, principles and tools, even if these are socially selective and unequal, according to certain relationships and relevant markers in the context in question.The unfolding of morality to also include subjectivity, the self-relationship producer of the subject, at the same time reflexive and practical and defined in an agonistic of power practices and practices of freedom, does not mean falling into subjectivism or adopting a phenomenological approach of oneself. The practices of the self that form subjectivity do not have as a premise, important to say, a relationship of transparency between the agent and himself. Just as morality has a history in the form of different practices, technologies, value systems, and can therefore be studied and understood, subjectivity, as Foucault thinks, also comprises a historical field with objects, social practices, techniques, institutions, knowledge, relationships and determined norms. It is not a starting point, but an arrival point.The novelty is that Foucault (2004; 2014a) emphasizes that individuals are not mere products of the action of others, they can also constitute themselves (act on themselves) as subjects, that is, participate actively, and equally through analyzable historical practices and relationships, of the production of what they are or aspire to be (subjectivation)In theoretical terms for the analysis of morality, this understanding of subjectivity shifts the focus of moral action. Thanks to a certain reading of Durkheim and Parsons, it is very common to delimit moral action to the process of conformation between rule and conduct, that is, on how individuals adapt to moral expectations and injunctions according to a given collective normativity. Although, like Durkheim, Foucault (1984a) agrees that society constitutes the origin and foundation of morality, and not a divine will or universal reason, such a conclusion does not seem to him sufficiently enlightening and pertinent for the study of morality, so that this is not the path he intends to walk. In fact, he is interested in the relational level between subjectivity and morality, and it is on this that our author actually bases his approach to morality. With this, the French philosopher circumvents two very common pitfalls in the understanding of the moral question: 1) sociologism, the reduction of morality to the idea of habits and customs socially approved in a given collectivity and 2) scholasticism, the primacy of theoretical-philosophical conceptions to the detriment of everyday moral models in historical experience.In his “ethical turn”, Foucault (1984a; 2004) not only reinforces his non-substantialist conception of the subject andhis refusal of the modern philosophical dualism between a “transcendental subject” and his empirical life. He actually goes on to demonstrate how, even at an apparently more intimate and self-absorbed level, such as the reflexive relationship of the
image/svg+xmlAlyson Thiago Fernandes FREIREEstud. sociol., Araraquara, v. 27, n. 00, e022011, Jan./Dec. 2022.e-ISSN: 1982-4718DOI:https://doi.org/10.52780/res.v27i00.1389114subject with himself, it is a relational and open form, mediated and constituted by analyzable historical practices, with institutions, norms, behavior schemes, knowledge, techniques.Morality and powerAs part of the genealogy of the subject, the formation of the moral subject, explains Foucault (1984a), maintains at historically varying levels and forms, it cannot be stressed enough a relationship with the structures of power and domination, that is, with the forms to govern others. Ethics, inthe sense defined here by Foucault (1984a), is not outside or in opposition to politics -understood as the exercise of technologies of power and government capable of structuring different fields of conduct.Paying attention to Foucault's analysis of ethical life and moral experience among the Greeks and in Christianity, it is quite clear that his approach takes into account how the techniques of power and conduct of others intersect and operate intertwined with ways of relating oneself and the self-constitution of the moral subject. Despite the relative autonomy of moral experience in relation to the techniques of power, there are interdependencies and correlations between them. The meanings of ethical practices and the historical singularity of modes of moral subjectivation inevitably pass through apprehending the relationships between the latter and the logics of power with which they intersect.The classical morality of the use of pleasures, in the Greco-Roman world, is entangled in political conditionsand in logics of domination and inequality. As is well known, this is a morality explicitly aimed at an aristocracy of free, well-positioned and privileged men regarding concerns with the material reproduction of their lives. Therefore, men who enjoy veryfavorable conditions to stylize, with determination and enthusiasm, their behavior and to cultivate a relationship “between the exercise of their freedom, the forms of their power and their access to the truth” (FOUCAULT, 1984a, p. 219). As Foucault (1984a, p. 219, our translation) emphasizes, it is a virile morality, assured “in a very harsh system of inequalities and coercion in particular regarding women and slaves”.Self-mastery, the telos of classical sexual ethics, is a way of proving, justifying, and exercising social, moral, and aesthetic superiority over others. The ethics of classical antiquity are based on a normative principle according to which power over oneself (“self-control”) is an indispensable moral and political condition for governingothers. Without being able to govern oneself and form a virtuous and admirable character, one cannot aspire to govern others, with justice and rationality, either in the polis or in domestic contexts (FOUCAULT, 1984a; 1985).
image/svg+xmlMoral subjectivation and power: Foucaultian contributions to sociology of moralityEstud. sociol., Araraquara, v.27, n.00, e022011, Jan./Dec. 2022.e-ISSN: 1982-4718DOI:https://doi.org/10.52780/res.v27i00.1389115It is in the analysis of the moral subjectivation of Christianity, however, that one can best and most thoroughly examine how, in Foucault, morality and power interact and function. Christianity is a religion characterized by a moral experience of strong subjection and obedience. Its faithful must fulfill certain obligations of faith, follow certain dogmas, recognize ecclesiastical authorities, accept certain books and discourses as sources of truth and revelation. Unlike morality in the plural and the personal quest to create ethics and lifestyles in the Greco-Roman world, Christianity is intended as a single morality, codified in a universal system of rules and obligations that, in order to guarantee such a claim, it created a powerful and broad institutional apparatus of power (FOUCAULT, 2004, p. 290).However, instead of the structure and power dynamics of the church, Foucault (1984a, p. 31) reviews the monastic spiritual practices of the first centuries of the Christian era, such as the rituals of confession, retreats, fasts, the direction of conscience. In them, the French philosopher apprehends a peculiar mode of moral subjectivation, namely: the production of a subject endowed with a kind of “interiority” and “deep truth” whose movements, contents and meanders must be probed, knownand confessed by the subject himself.The relations with oneself put into practice by Christianity, of recognizing the temptations that are formed within the soul, are obligations of truth of the subject with himself. Only in this way, through a relationship of deciphering and self-confession, can one achieve the moral way of being valued in this context, a “state of holiness, purification and self-denial”. Such practices and obligations build, therefore, a subjectivity “alert about one’sown weaknesses, temptations, and flesh” (FOUCAULT, 2006d, p. 71, our translation).The constitution of this type of subjectivity, which engages in self-decipherment under obedience and subjection to others, as well as to a religious system of universal rules, is the basis on which Christianity shapes, in the same gesture, the production of a certain moral subject and the exercise of a great technology of power, called by Foucault as “pastoral power”. For Foucault (2014b, p. 287), the Christian techniques and practiceshelped to give life to a political technology, which is, at the same time, totalizing (“governing and leading the flock”) and individualizing (“the soul of every believer, of every sinner”). Christian pastoral power is based on a kind of pedagogy according to which individuals need to be led by others. It is a technology for the direction of consciences and conduction of conduct, aimed at producing knowledge and extracting a “truth” about the “interiority” of individuals through a network of subjection andobedience relationships and confession techniques.For Foucault (2011), the contribution of Christianity to the history of moral subjectivity consists precisely in the invention and institutionalization of a confessional subjectivity; the
image/svg+xmlAlyson Thiago Fernandes FREIREEstud. sociol., Araraquara, v. 27, n. 00, e022011, Jan./Dec. 2022.e-ISSN: 1982-4718DOI:https://doi.org/10.52780/res.v27i00.1389116constitution of a moral subject who maintains a relationship of obligation to produce a discourse of truth about oneself (his thoughts, feelings, intentions, desires) -and to be linked to him -under the dependence and obedience of another. Even today, to a large extent,this model of subjectivity is at the basis of the notion of subject in modern medical, psychiatric and judicial discourses and practices.Final considerationsIn this work, I sought to discuss the late Foucault's theoretical-methodological approach to morality, as well as to present his conceptual vocabulary. The aim was not to carry out an exercise in exegesis. The effort of this work consisted of contributing to the opening of new perspectives and useful analytical tools for theoretical and empirical research. In the sociological field, this has been a task carried out by several researchers examining and evaluating the theoretical contributions of different authors and theoretical lineages, such as, for example, Ignatow (2009), in the USA with the concept of habitusby Pierre Bourdieu (2009) and here in Brazil, the already mentioned Edmilson Lopes Junior (2010), Carlos Eduardo Freitas (2018) and Simone Brito (2011; 2019) researching in the field of moralities.I have identified four defining coordinates of the Foucaultian analytical framework that can guide a praxeological approach to morality. The first consists of studying morality from the point of view of the constitution of the subject. For this, it is convenient not to take the moral subject as a prior datum of reason or to assume an inherent normative competence of human agency. First and foremost, approach the subject as a result of a process of moral subjectivation, according to specific practices and relationships whose forms of production of the moral being are varied, shared and historically unique.Second, to introduce into morality the problem of subjectivity and the moral agency of individuals. That is, the forms of relationship employed by the subject to act and think about oneself in order to become the moral subject of one's actions. The classic sociological question of the internalization of values and norms is shifted from the mere conformation to external rules to the terrain of the relations between moral action and the self, understood as the realization of a relational work of construction, routinization, creativity and reflexivity of the agent on oneself and one's own action.Third, and as a logical consequence of the previous points, approach morality from the primacy of practices,as they are the formative and self-forming activities of moral subjects. Rather than appealing to wholes such as culture, society, emphasizing ways of acting and
image/svg+xmlMoral subjectivation and power: Foucaultian contributions to sociology of moralityEstud. sociol., Araraquara, v.27, n.00, e022011, Jan./Dec. 2022.e-ISSN: 1982-4718DOI:https://doi.org/10.52780/res.v27i00.1389117thinking, and how they organize the everyday moral lives of groups in given contexts and, in this way, engender particular historical ethics.And finally, the fourth coordinate concerns the intersections between morality and power. Identify the links and affinities between the exercise of power, its strategies and technologies, with the forms of constitution of the moral subject, its practices and particular ways of being. In other words, to expand and integrate in the analysis of the logics of power and domination the practices of the self that work as producers and sustainers of subjection relationships and subject forms of moral subjectivity.Taken together, these four coordinates inspire, in my view, a new treatment of morality. They help to demarcate it in a specific analytical and empirical field and without equating and reducing it to culture and the social, understood in a holistic and totalizing way. In this sense, to study morality is to investigate the modes of moral subjectivation and the techniques of the self put into practice to constitute, in a certain way, a certain field of experience of the conduct and relationships of human beings with themselves.The concerns and basic guidelines of the Foucaultian approach to examine morality as moral subjectivation can be listed in the form of the following questions: what part of themselves and their behavior do individuals take as an object of reflection, concern and moral action? What meanings and motivations guide the moral practice they exercise on themselves? What types of moral subject do they seek to build and realize? What ways and means do they have and use to intervene and act on themselves? What effects are produced on bodies? What ends do individuals aspire to achieve with their moral practice? How and from what points do self-relationships and power relations intersect, reinforce and integrate themselves into broader structures of domination and coercion?Now, the above questions are, in fact, questions of deep sociological interest. It can be said that they guide the guidelines of a program of sociology of morals, which I would liketo call a “sociology of forms of moral subjectivation”. In this program, morality is understood, praxiologically, as a bundle of practices for the formation of the moral subject, practices that constitute moral forms of life, moral forms of being and being in the world.A sociology of forms of moral subjectivation would therefore investigate the forms of constitution of the moral subject in the diversity of relationships, activities and spaces of everyday life, that is, how values, conceptions of person and ideals of conduct are incorporated through routinized practices and self-subjective, producing certain ways of being moral. In the task of investigating and understanding the social world and human relationships, this seems to me to be a research investment worth experimenting with.
image/svg+xmlAlyson Thiago Fernandes FREIREEstud. sociol., Araraquara, v. 27, n. 00, e022011, Jan./Dec. 2022.e-ISSN: 1982-4718DOI:https://doi.org/10.52780/res.v27i00.1389118REFERENCESABEND, G. Two main problems in the sociology of morality. Theory and Society,v. 37, n. 2, p. 87125, 2008. Available: https://www.jstor.org/stable/40211030#:~:text=In%20this%20article%20I%20address,the%20problem%20of%20value%20freedom. Access: 20 Mar. 2021.ABEND, G. What’s New and What’s Old about the New Sociology of Morality. In: HITLIN, S.; VAISEY, S. (org.). Handbook of the Sociology of Morality. Nova York: Springer, 2010.ALEXANDER,J.ONovoMovimentoTeórico. RevistaBrasileirade Ciências Sociais, São Paulo, v. 2, n. 4,p. 5-28, jun. 1987. Available:http://anpocs.com/images/stories/RBCS/04/rbcs04_01.pdf. Access: 20 May2020.BOLTANSKI, L.; THÉVENOT, L. De la justification:Les économies de la grandeur.Paris: Gallimard, 1991.BOURDIEU, P. O senso prático. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009.BRITO, S. M. Traçando os limites da sociologia da moralidade: Uma perspectiva adorniana. Estudos de Sociologia, Recife, v. 1, n. 17, 2011. Available: https://periodicos.ufpe.br/revistas/revsocio/article/view/235234. Access: 20 Jan. 2021.BRITO, S. M. Menos política, mais eficiência: uma análise sociológica das práticas de auditoria e produção de sentidos morais no campo burocrático. Revista Brasileira de Sociologia, v. 7, n. 15, p. 215-234, 2019. Available: https://rbs.sbsociologia.com.br/index.php/rbs/article/view/435. Access: 15 Apr. 2021.BRITO, S. M.; FREIRE, A. T. F.; FREITAS, C. E. Sociologia da moral: Temas e problemas. In: FAZZI, R. C.; LIMA, J. A. Campos das Ciências Sociais: Figuras do mosaico das pesquisas no Brasil e em Portugal. Petropolis, RJ: Vozes, 2020.FAUBION, J. An Anthropology of Ethics. Cambridge: Cambridge University Press, 2011.FOUCAULT, M. On the Genealogy of Ethics, An Overview of Work in Progress. In: DREYFUS, H.; RABINOW, P. Michel Foucault. Beyond Structuralisme and Hermeneutics. 2. ed. Chicago: The University Chicago Press, 1983.FOUCAULT, M. História da sexualidade 2: Ouso dos prazeres. Rio de Janeiro: Graal, 1984a.FOUCAULT, M. À propos de la généalogie de l’éthique, un aperçu du travail en cours. In: DREYFUS, H.; RABINOW, P. Michel Foucault: Un parcours philosophique. Paris: Gallimard, 1984b.FOUCAULT, M. História da Sexualidade 3:O cuidado de si. Rio de Janeiro: Graal, 1985.FOUCAULT, M. História da Sexualidade 1:A vontade de saber. Rio de Janeiro: Graal, 1988.
image/svg+xmlMoral subjectivation and power: Foucaultian contributions to sociology of moralityEstud. sociol., Araraquara, v.27, n.00, e022011, Jan./Dec. 2022.e-ISSN: 1982-4718DOI:https://doi.org/10.52780/res.v27i00.1389119FOUCAULT, M. A hermenêutica do sujeito. São Paulo: Martins Fontes, 2004.FOUCAULT, M. Sexualidade e solidão. In: FOUCAULT, M. Ditos & Escritos: Ética, sexualidade e política. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2006a. v. 5.FOUCAULT, M. Ditos & Escritos: Estética, literatura, pintura, música e cinema. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2006b.FOUCAULT, M. Cuidado com a verdade. In: FOUCAULT, M. Ditos & Escritos: Ética, sexualidade e política. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2006c. v. 5.FOUCAULT, M. Sexualidade e poder. In: FOUCAULT, M. Ditos & Escritos: Ética, sexualidade e política. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2006d. v. 5.FOUCAULT, M. Do governo dos vivos: Curso no Collège de France 1979-1980. São Paulo: Centro de Cultura Social, 2011.FOUCAULT, M. Sobre a genealogia da ética: Um resumo do trabalho em curso. In:FOUCAULT, M. Ditos & Escritos: Genealogia da Ética, subjetividade e sexualidade. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2014a. v. 9.FOUCAULT, M. As técnicas de si. In: FOUCAULT, M.Ditos & Escritos: Genealogia da Ética, subjetividade e sexualidade. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2014b. v. 9. FOUCAULT, M. Subjetividade e verdade: Curso no Collège de France (1980-1981). São Paulo: Martins Fontes, 2016.FOUCAULT, M. História da Sexualidade 4: As confissões da carne. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2020.FREIRE, J. Uma caixa de ferramentas para a compreensão de públicos possíveis: um arranho desociologiaspragmáticas.RBSE, v. 12, n. 36,p.727-749, dez. 2013. Available: http://www.cchla.ufpb.br/rbse/FreireDos.pdf. Access: 10 May2021.FREITAS, Carlos Eduardo. Entre compromissos e obrigações: um estudo das experiências morais das classes médias e populares no Nordeste na perspectiva da nova sociologia da moralidade. 2018.Tese (Doutorado) Programa de Pós-Graduação em Sociologia, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa-PB, 2018.HITLIN, S. Os contornos e o entorno na nova sociologia da moral. Sociologias, v. 17, n. 39, p. 26-58, maio/ago. 2015. Available: https://www.scielo.br/j/soc/a/ywQB48bZ3LbvznDSWCbQjYs/?format=pdf&lang=pt. Access: 13 Mar. 2021.HITLIN, S.; VAISEY, S. Handbook of the sociology of morality. New York: Springer, 2010.IGNATOW, Gabriel. Why the Sociology of Morality Needs Bourdieu’s Habitus. Sociological Inquiry, v. 79, n. 1, p. 98-114, 2009. Available:
image/svg+xmlAlyson Thiago Fernandes FREIREEstud. sociol., Araraquara, v. 27, n. 00, e022011, Jan./Dec. 2022.e-ISSN: 1982-4718DOI:https://doi.org/10.52780/res.v27i00.1389120https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1111/j.1475-682X.2008.00273.x. Access: 15 Oct. 2020.KANT, I. A Metafísica dos Costumes. Petrópolis, RJ: Vozes, 2013.LAIDLAW, J. For an Anthropology of Ethics and Freedom. The Journal of the Royal Anthropological Institute, v. 8, n. 2, p. 311332, 2002. Available: https://www.jstor.org/stable/3134477. Access: 15 Feb. 2020.LAMONT, M. Money, Morals, and Manners:The Culture of the French and American Upper-Middle Class. Chicago: University of Chicago Press, 1992.LAMONT, M. The Dignity of Working Men:Morality and the boundaries of race, class, and immigrartion.Cambridge: Harvard Univeristy Press, 2000.LOPESJUNIOR, E.Asgramáticasmoraisdacorrupção:Aportesparaumasociologiadoescândalo. Mediações,Londrina,v.15,n. 2,p. 126-147,jul./dez.2010. Available: https://www.uel.br/revistas/uel/index.php/mediacoes/article/view/8209. Access: 20 Apr. 2021.MacINTYRE, A. Depois da virtude: Um estudo em teoria moral. Bauru, SP: EDUSC, 2001.McCAFFREE, K. Sociology as the study of morality. In: ABTRUTYN, S. (ed.). Handbook of Contemporary Sociological Theory. New York: Springer, 2016.MILL, J. S. A liberdade/Utilitarismo. São Paulo: Martins Fontes, 2000.ORTNER, S. B. Anthropology and Social Theory:Culture, Power, and the Acting Subject. Durham: Duke University Press, 2006.RECKWITZ, A. Toward a theory of social practices: A development in culturalist theorizing”. European Journal of Social Theory,v. 5, n. 2, p. 243-263, 2002. Available: https://journals.sagepub.com/doi/10.1177/13684310222225432. Access: 16 Feb. 2021. SLOTERDIJK, P. You must change your life. Cambridge: Polity Press, 2013.TAYLOR, C. Philosophical papers: Human agency and language. Cambridge: Cambridge Press, 1985.TAYLOR, C. AsFontes do Self:A construção da identidade moderna. São Paulo: Loyola, 1997.WERNECK, A. Uma sociologia da compreensão a partir do par crítica e jocosidade. Civitas -Revista De Ciências Sociais, v. 16, n. 3, p. 482-503, 2016. Available: https://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/civitas/article/view/21941. Access: 15 Mar. 2021.WERNECK, A.; OLIVEIRA, L. R. C. (org.). Pensando bem: Estudos de sociologia e antropologia da moral. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2014.
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