image/svg+xmlUma resenha do livro “Automation and the Future of Work”, de Aaron BenanavEstudos de Sociologia, Araraquara,v.27, n.00, e022033, 2022. e-ISSN: 1982-4718DOI:https://doi.org/10.52780/res.v27i00.145851AUTOMAÇÃO, CRISE E DESEMPREGO: UMA RESENHA DO LIVRO AUTOMATION AND THE FUTURE OF WORK, DE AARON BENANAVAUTOMATIZACIÓN, CRISIS Y DESEMPLEO: UNA RESEÑA DEL LIBRO AUTOMATION AND THE FUTURE OF WORK, DE AARON BENANAVAUTOMATION, CRISIS AND UNEMPLOYMENT: A REVIEW OF THE BOOK AUTOMATION AND THE FUTURE OF WORK, BY AARON BENANAVThiago CANETTIERI1RESUMO: O mundo ocidental enfrenta o desmantelamento do mundo do trabalho. As estatísticas de desemprego não param de crescer em todo o mundo. Uma ampla literatura se desenvolveu creditando ao processo de automação da economia essa transformação social drástica.É nesse debate que o livro Automation and the future of work, de Aaron Benanav se insere. O livro busca questionar essa resposta. Para Aaron Benanav existem outras causas para o desmantelamento do trabalho em todo o mundo. Ao investigar as causas deste processo, Benanav pode também discutir sobre as alternativas que, em geral, são apresentadas para esse problema social, apontando os limites de cada uma das respostas. Seu livro, muito bem documentado, figura como uma importante contribuição no debate sobre o futuro do mundo do trabalho e seus efeitos sociais.PALAVRAS-CHAVE: Produtividade do trabalho. Automação. Estagnação econômica. Crise. Desemprego.RESUMEN: El mundo occidental encara al desmantelamiento del mundo del trabajo. Las estadísticas de desempleo están creciendo en todo el mundo. Una amplia literatura ha desarrollado el crédito al proceso de automatización de la economía esta drástica transformación social. En este debate se inserta el libro de Aaron Benanav "Automation and the future of work". El libro busca cuestionar esa respuesta. Para Aaron Benanav hay otras causas para el desmantelamiento del trabajo en todo el mundo. Investigando las causas de este proceso, Benanav puede también discutir las alternativas que se presentan generalmente para este problema social, señalando los límites de cada una de las respuestas. Su libro, muy bien documentado, figura como una importante contribución en el debate sobre el futuro del mundo del trabajo y sus efectos sociales.PALABRAS CLAVE: Productividad laboral. Automatización. Estancamiento económico. Crisis. Desempleo.1Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte MG Brasil. Professor Adjunto do Departamento de Urbanismo da UFMG. Doutor em Geografia. ORCID: https://orcid.org/0000-0003-3662-6104. E-mail: thiago.canettieri@gmail.com
image/svg+xmlThiago CANETTIERIEstudos de Sociologia, Araraquara,v. 27, n. 00, e022033, 2022. e-ISSN: 1982-4718DOI:https://doi.org/10.52780/res.v27i00.145852ABSTRACT: The Western world faces the dismantling of the labor. Unemployment statistics are growing all over the world. A wide literature has developed crediting to the automation process of the economy this drastic social transformation. It is in this debate that the book Automation and the future of work, by Aaron Benanav, is inserted. The book seeks to question that answer. For Aaron Benanav, there are other causes for the dismantlingof laborall over the world. By investigating the causes of this process, Benanav can also discuss the alternatives that are generally presented for this social problem, pointing out the limits of each of the answers. His book, very well documented, figures as an important contribution to the debate on the future of the world of work and its social effects.KEYWORDS: Labor productivity. Automation. Economic stagnation. Crisis. Unemployment.Aaron Benanav é um historiador da economia e um crítico social importante para o mundo contemporâneo. Sua pesquisa, sobre a natureza do trabalho no capitalismo tardio, embasada em pesquisas de economia histórica do século XIX e XX, é relevante para compreender as dinâmicas de mercado contemporâneo. Seu livro de estreia Automation and the future of work[Automação e o futuro do trabalho, em tradução literal] enfrenta, de frente, um debate urgente: estaria a automação destruindo os empregos? Muitos responderiam que sim sem hesitação. Benanav, contudo, é mais comedido, toma uma distância da questão para investigar criticamente a fundamentação dessa percepção como ele bem nota, tem se tornado cada vez mais comum: das lojas on-line aos smartphones, dos aspiradores de pó robô aos caixas automáticos, dos carros sem motoristas aos algoritmos de inteligência até, é claro, pelos robôs industriais nas plantas fabris de todo o mundo. É nesse debate que Aaron Benanav se insere, apresentando um livro que nada contra a correnteza das interpretações sobre a automação. A partir de uma vasta pesquisa sobre o discurso dos teóricos da automação, que estãoem alta nos dias de hoje, Aaron busca construir uma interpretação divergente, demonstrando de maneira clara as contradiçõesaos argumentos destes teóricos.No entanto, a explicação que eles oferecem que a mudança tecnológica desenfreada está destruindo empregos é simplesmente falsa. Há uma subdemanda real e persistente de mão de obra nos Estados Unidos e na União Europeia, e ainda mais em países como África do Sul, Índia e Brasil, mas sua causa é quase oposta àquela apontada pelos teóricos da automação (BENANAV, 2020, p.80, tradução nossa).Como Benanav nota, tal interpretação da realidade ganha relevância diante da atual tendência que se instala em todo o mundo: “there are simply too few Jobs for too many people”(simplesmente existem poucas vagas de trabalho para tantas pessoas assim). Essa situação de
image/svg+xmlUma resenha do livro “Automation and the Future of Work”, de Aaron BenanavEstudos de Sociologia, Araraquara,v.27, n.00, e022033, 2022. e-ISSN: 1982-4718DOI:https://doi.org/10.52780/res.v27i00.145853baixa demanda de trabalho crônica é manifestada hoje de maneira escancarada: aumento do desemprego e da crescente insegurança no trabalho; ascensão de políticos de extrema-direita baseados no ressentimento e no medo; o aprofundamento do fosso da desigualdade estrutural. Talvez seja por essa urgência latente que o discurso da automação tenha se tornado tão aceito na sociedade. Segundo Benanav o discurso da automação está assentado em quatro proposições principais: (i) os postos de trabalho estão sendo eliminados pelo desenvolvimento tecnológico, resultando num crescente desemprego tecnológico; (ii) essa situação seria um bom indicador da tendência que a sociedade se encaminha, indicando um futuro altamente automatizado e que, por consequente, reduziria a oferta de trabalho; (iii) contudo, mesmo diante desse cenário, o trabalho ainda se sustenta enquanto forma básica de mediação social por meio da qual se garante a reprodução material da vida; (iv) para conter essa situação é preciso ampliar os postos de trabalho com gastos improdutivos, em geral orientados pelo Estado ou garantir uma renda básica universal rompendo a conexão entre a renda que as pessoas recebem e a quantidade de trabalho que desempenham.Contudo, para Benanav, essa interpretação perde de foco o que se passa:Na realidade, as taxas de crescimento da produtividade do trabalho estão diminuindo, não acelerando. Isso deveria ter aumentado a demanda por mão de obra, exceto que a desaceleração da produtividade foi ofuscada por outra tendência mais marcante: em um desenvolvimento originalmente analisado peloeconomista marxista Robert Brenner sob o título de “long downturn” e tardiamente reconhecido pelos economistas convencionais como “estagnação secular” ou “japonificação” as economias têm crescido a um ritmo progressivamente mais lento. A causa? Décadas de excesso de capacidade industrial mataram o motor do crescimento industrial, e nenhuma alternativa foi encontrada, muito menos nas atividades de crescimento lento e baixa produtividade que constituem a maior parte do setor de serviços. À medida que o crescimento econômico desacelera, as taxas de criação de empregos diminuem, e é isso, e não a destruição de empregos induzida pela tecnologia, que deprime a demanda global por mão de obra(BENANAV, 2020, p.8, tradução nossa).O autor tentará demonstrar que não é o desenvolvimento tecnológico contemporâneo (robótica avançada, inteligência artificial e machine learning), que está destruindo os empregos e diminuindo as taxas de criação de novos empregos. A causa do desemprego, para Benanav, é uma demanda persistentemente baixa por mão de obra, representada por picos elevados de desemprego durante as recessões e com recuperações cada vez mais fracas. O efeito disso é que a baixa demanda por trabalho implica no declínio na parcela detoda renda obtida pelo salário o que reduz a demanda por bens que, por sua vez, esfria, ainda mais a demanda por trabalho.
image/svg+xmlThiago CANETTIERIEstudos de Sociologia, Araraquara,v. 27, n. 00, e022033, 2022. e-ISSN: 1982-4718DOI:https://doi.org/10.52780/res.v27i00.145854Para o autor, não se trata de um “desemprego tecnológico de longo prazo”, no qual a automação total da produção e dos serviços levaria a sociedade ao desemprego total. Caso esse prognostico fosse verdadeiro, o trabalho não seria mais necessário e, assim, diante da automação total, o que teríamos era um apocalipse do desemprego, obrigando à uma reorganização social.Assim, Benanav constrói um argumento crítico à teoria da automação: não foi a runaway technological change(mudança tecnológica desenfreada)que causou a baixa demanda por trabalho. Contudo, apesar de crítico à teoria da automação, Benanav vai se diferenciar dos outros críticos pois estes possuem uma teoria que explica a queda da demanda por trabalho apenas em países de alta renda ou porque estes não produzem uma visão radical de mudança social.Benanav então sugere pensar a relação entre a variação do crescimento da produção e do crescimento da produtividade do trabalho para averiguar a taxa de crescimento do emprego. Para qualquer setor econômico, a taxa de crescimento da produção(ΔO) menos a taxa de crescimento da produtividade do trabalho (ΔP) é igual à taxa de crescimento do emprego (ΔE). Assim, ΔO ΔP = ΔE. Desse modo, o autor percebe que as taxas de crescimento da produtividade têm se mantido elevadas em relação às taxas de crescimento da produção, mas não exatamente porque a produtividade vem crescendo mais rapidamente do que antes, o que seria, de fato, um sinal de aceleração da automação. O que se observa, ao contrário, é que é a produção que vem diminuindo seu ritmo. Embora ainda não se possa falar de um declínio absoluto na produção industrial, o que acontece é que “a taxa na qual a produção cresce diminuiu, então o crescimento da produção passou a ser consistentemente mais lento do que o crescimento da produtividade” (BENANAV, 2020, p.23, tradução nossa).Ainda que boa parte da literatura acadêmica entenda que a desindustrialização é mais comumente definida como um declínio na participação da indústria no emprego total, para Benanav a situação é mais complexa. Esses teóricos assumem que o rápido aumento da produtividade do trabalho seria a principal causa da perdade empregos industrial. Contudo, segundo Benanav, essa explicação é inadequada. Segundo ele a desindustrialização como acontece no mundo não é possível de ser explicada em termos puramente tecnológicos. Na verdade, para Benanav, a causa do derretimento doemprego, sobretudo com o processo de desindustrialização deve-se à grave estagnação econômica e à redundância global das capacidades produtivas e tecnológicas.O resultado foi que o motor do crescimento capitalista calcado na industrialização se engasgou devido à disseminação das capacidades técnicas criando redundância da produção e
image/svg+xmlUma resenha do livro “Automation and the Future of Work”, de Aaron BenanavEstudos de Sociologia, Araraquara,v.27, n.00, e022033, 2022. e-ISSN: 1982-4718DOI:https://doi.org/10.52780/res.v27i00.145855à feroz concorrência nos mercados globais. Benanav, contudo, não explora o desenvolvimento histórico dessa tendência. O resultado disso é então a generalização de empregos de baixa produtividade, e, em geral, precários. Ao mesmo tempo, há uma virada dos capitais em direção à sua forma fictícia que buscam retornos pela propriedade de ativos relativamente líquidos ao invés de investir a longo prazo em novo capital fixo.Ou seja, apesar do alto grau de supercapacidade na indústria, não há lugar mais rentável na economia manufatureira para o capital investir. Se este fosse o caso, argumenta Benanav, teríamos evidências disso em taxas mais elevadas de acumulação de capital e, portanto, taxas de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) mais elevadas. Em vez disso, o que vemos é o desinvestimento contínuo -com as corporações usando dinheiro ocioso para comprar suas próprias ações ou pagar dividendos -e a queda das taxas de juros de longo prazo, à medida que a oferta de fundos emprestados supera em muito a demanda. Nessas condições, grandes quantidades de dinheiro fluíram em ativos financeiros.Diante desse cenário, é possível sintetizar o argumento do livro. O cenário social que se coloca no horizonte não é resultado direto do dinamismo tecnológico. Para Benanav, o resultado é consequência do agravamento da estagnação econômica após décadas de excesso de capacidade e de subinvestimento nas indústrias. Ele tece uma crítica aos teóricosda automação por estes assumirem que um ritmo acelerado de crescimento da produtividade é o principal motor da diminuição da demanda por mão de obra, quando, na realidade, o principal motor é um ritmo desacelerante do crescimento da produção. Critica a desorientada busca desses teóricos para encontrar evidências no desenvolvimento tecnológico numa posição quase mítica, capaz de apoiar essa interpretação sobre as causas da baixa demanda de trabalho. Assim, com esse salto de fé, escreve Benanav (2020, p.30,tradução nossa), “os teóricos da automação perdem a verdadeira história que explica esse fenômeno: mercados globais superlotados para manufaturas, taxas decrescentes de investimento em capital fixo e uma desaceleração econômica correspondente”.Diante dessa realidade, Benanav investiga as consequências sociais deste fenômeno. A principal formulação que o autor constrói é de que diante da subdemanda de trabalho o que ocorre é a imposição categórica de “trabalhar a qualquer custo”, o que significa a disseminação de “empregos fora do padrão”. Contudo, nota o autor, a expressão é claramente um equívoco haja vista que o emprego fordista foi, na verdade, resíduo de um sonho do meio do século XX de pleno emprego que nunca se tornou uma realidade global, muito menos nas partes do mundo onde a maioria das pessoas vive. O que isso significa na prática é que com exceção de uma pequena minoria de empregados protegidos os trabalhadores de todo o mundo se encontram
image/svg+xmlThiago CANETTIERIEstudos de Sociologia, Araraquara,v. 27, n. 00, e022033, 2022. e-ISSN: 1982-4718DOI:https://doi.org/10.52780/res.v27i00.145856altamente expostos às fugas e fluxos da demanda por mão de obra. Assim, tudo indica que a continuidade desse cenário levará ao agravamento da precariedade laboral em diferentes esferas econômicas. Com a baixa demanda de trabalho em escala planetária, os trabalhadores temem sabem objetivamente da dificuldade de acessar empregos e, portanto, submetem-se a situações mais degradantes, nocivas e precárias. Diante da insegurança no trabalho, esses trabalhadores são forçados a aceitar salários relativamente estagnados e condições ruins de trabalho.Para construir uma resposta à essa situação é preciso uma ação coordenada. Em diferentes pontos do espectro político, tanto à esquerda como à direita, já existe a preocupação em como lidar com esse cenário de subdemanda de trabalho. Cada qual desenvolve, portanto, suas “silver bullets”. Benanav analisa duas: a primeira, um “keynesianismo reloaded” que tenta pensar o papel do Estado para reaquecer a demanda por mão de obra. A segunda é a aposta na Renda Básica Universal, que poderia ser colocada como uma possiblidade de reverter a abismal desigualdade, revertendo o cenário de pobreza e de insegurança no trabalho. Contudo, o autor sabe muito bem das dificuldades da aplicação de qualquer medida, seja uma mais “conservadora” ou mais “progressista”, ou mais de “direita” ou de “esquerda” caso o diagnóstico esteja equivocado como o autor parece indicar. Assim, Benanav, ainda que de maneira um tanto superficial, busca colocar as possibilidades para se construir um futuro longe da escassez e que não pressuponha a automação total, a partir de novas formas de organizar o trabalho, compartilhando tanto o trabalho que precisa ser realizado quando o tempo livre estando orientada pela ideia de justiça cooperativa.O livro de Benanav é, sem dúvida, uma importante contribuição para compreendero mundo em que vivemos e figura entre as tentativas de pensar alternativas para a difícil situação que encaramos.Todavia, nos parece que o texto apresenta algumas lacunas que aqui deixaremos sob a forma de questões. Trata-se de questionamentos que surgemda leitura do texto de Benanav e que apontam para limitações no argumento do autor. Expô-las não é uma forma de diminuir a contribuição do autor, mas de engajar num debate ainda por ser feito.O primeiro limite do livro é não pensar a historicidade do processo que ele mesmo descreve. Seria fácil argumentar que o descrito por Benanav como possíveis causas da queda da demanda por trabalho, à saber, a disseminação das capacidades técnicas que cria redundância da produção e a feroz concorrência nos mercados globais já estavam historicamente colocadas desde sempre no capitalismo. Seria possível rastrear esses elementos na obra de Karl Marx ainda no século XIX. Portanto, qual seria exatamente a especificidade histórica do momento em que vivemos?
image/svg+xmlUma resenha do livro “Automation and the Future of Work”, de Aaron BenanavEstudos de Sociologia, Araraquara,v.27, n.00, e022033, 2022. e-ISSN: 1982-4718DOI:https://doi.org/10.52780/res.v27i00.145857Outro ponto merecedor de destaque é que Benanav vai criticar a leitura dos teóricos da automação que entendem que a crise que atravessamos é resultado do aumento exacerbado da produtividade por causa do desenvolvimento da automação. Para ele, as causas estão na estagnação econômica que gera uma taxa de crescimento da produção cada vez menor. Ao que parece, Benanav estrutura seu argumento entendendo que uma das posições implica na exclusão da outra. Em nossa perspectiva, há, na verdade, uma dupla determinação entre os dois termos apresentados. Não é apenas que a causa da estagnação econômica é a crise do mundo do trabalho; também o desemprego é causador da estagnação econômica numa reciprocidade dialética. Em nossa perspectiva é exatamente esse o fundamento da crítica da economia política desenvolvia por Karl Marx. Já que a substância do capital é o trabalho humano, a valorização do valor só pode ocorrer na exata medida em que ocorre dispêndio de força de trabalho. Mas, como Marx mesmo desenvolve, pela pressão da concorrência sobre os capitais individuais o aumento da produtividade do trabalho implica não raro na expulsão de trabalhadores das esferas produtivas o que, por fim, resulta na incapacidade de valorização. Portanto, não seria nenhum exagero dizer que, há uma ausência de crítica da economia política no livro de Aaron Benanav.REFERÊNCIASBENANAV, A. Automation and the future of work. Londres: Verso, 2020.
image/svg+xmlThiago CANETTIERIEstudos de Sociologia, Araraquara,v. 27, n. 00, e022033, 2022. e-ISSN: 1982-4718DOI:https://doi.org/10.52780/res.v27i00.145858Como referenciar este artigoCANETTIERI, Thiago. Automação, crise e desemprego: Uma resenha do livro Automation and the Future of Work, de Aaron Benanav.Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 27, n. 00,e022033,2022. e-ISSN: 1982-4718. DOI: https://doi.org/10.52780/res.v27i00.14585Submetido em: 10/05/2022Revisões requeridas em:13/06/2022Aprovado em: 16/07/2022Publicado em: 21/12/2022Processamento e editoração: Editora Ibero-Americana de Educação.Revisão, formatação, normalização e tradução.
image/svg+xmlAutomation, crisisand unemployment: A review of the book “Automation and the Future of Work”, by Aaron BenanavEstudos de Sociologia, Araraquara,v. 27, n. 00, e022033, 2022. e-ISSN: 1982-4718DOI:https://doi.org/10.52780/res.v27i00.145851AUTOMATION, CRISIS AND UNEMPLOYMENT: A REVIEW OF THE BOOK “AUTOMATION AND THE FUTURE OF WORK”, BY AARON BENANAVAUTOMAÇÃO, CRISE E DESEMPREGO: UMA RESENHA DO LIVRO “AUTOMATION AND THE FUTURE OF WORK”, DE AARON BENANAVAUTOMATIZACIÓN, CRISIS Y DESEMPLEO: UNA RESEÑA DEL LIBRO AUTOMATION AND THE FUTURE OF WORK, DE AARON BENANAVThiago CANETTIERI1ABSTRACT: The Western world faces the dismantling of the labor. Unemployment statistics are growing all over the world. A wide literature has developed crediting to the automation process of the economy this drastic social transformation. It is in this debate thatthe book Automation and the future of work, by Aaron Benanav, is inserted. The book seeks to question that answer. For Aaron Benanav, there are other causes for the dismantling of labor all over the world. By investigating the causes of this process, Benanav can also discuss the alternatives that are generally presented for this social problem, pointing out the limits of each of the answers. His book, very well documented, figures as an important contribution to the debate on the future of the world of work and its social effects.KEYWORDS: Labor productivity. Automation. Economic stagnation. Crisis. Unemployment.RESUMO: O mundo ocidental enfrenta o desmantelamento do mundo do trabalho. As estatísticas de desemprego não param de crescer em todo o mundo.Uma ampla literatura se desenvolveu creditando ao processo de automação da economia essa transformação social drástica. É nesse debate que o livro Automation and the future of work, de Aaron Benanav se insere. O livro busca questionar essa resposta. Para Aaron Benanav existem outras causas para o desmantelamento do trabalho em todo o mundo. Ao investigar as causas deste processo, Benanav pode também discutir sobre as alternativas que, em geral, são apresentadas para esse problema social, apontando os limites de cada uma das respostas. Seu livro, muito bem documentado, figura como uma importante contribuição no debate sobre o futuro do mundo do trabalho e seus efeitos sociais.PALAVRAS-CHAVE: Produtividade do trabalho. Automação. Estagnação econômica. Crise. Desemprego.RESUMEN: El mundo occidental encara al desmantelamiento del mundo del trabajo. Las estadísticas de desempleo están creciendo en todo el mundo. Una amplia literatura ha desarrollado el crédito al proceso de automatización de la economía estadrástica transformación social. En este debate se inserta el libro de Aaron Benanav "Automation and 1Federal University of Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte -MG -Brazil. Adjunct Professor, Department of Urbanism, UFMG. Doctorate in Geography. ORCID: https://orcid.org/0000-0003-3662-6104. E-mail: thiago.canettieri@gmail.com
image/svg+xmlThiago CANETTIERIEstudos de Sociologia, Araraquara,v. 27, n. 00, e022033, 2022. e-ISSN: 1982-4718DOI:https://doi.org/10.52780/res.v27i00.145852the future of work". El libro busca cuestionar esa respuesta. Para Aaron Benanav hay otras causas para el desmantelamiento del trabajo en todo el mundo. Investigando las causas de este proceso, Benanav puede también discutir las alternativas que se presentan generalmente para este problema social, señalando los límites de cada una de las respuestas. Su libro, muy bien documentado, figura como una importante contribución en el debate sobre el futuro del mundo del trabajo y sus efectos sociales.PALABRAS CLAVE: Productividad laboral. Automatización. Estancamiento económico. Crisis. Desempleo.Aaron Benanavis an economic historian and an important social critic for the contemporary world. His research on the nature of work in late capitalism, based on historical economic research from the 19th and 20th centuries, is relevant to understanding contemporary market dynamics. His debut book Automation and the future of work confronts an urgent debate head-on: is automation destroying jobs? Many would answer yes without hesitation. Benanav, however, is more measured, he takes a distance from the question to critically investigate the foundation of this perception as he well notes, it has become increasingly common: from online stores to smartphones, from robot vacuum cleaners to ATMs, from driverless cars to intelligence algorithms to, of course, industrial robots in manufacturing plants around the world.It is in this debate that Aaron Benanav inserts himself, presenting a book that swims against the current of interpretations about automation. Based on extensive research on the discourse of automation theorists,who are on the rise these days, Aaron seeks to build a divergent interpretation, clearly demonstrating the contradictions to the arguments of these theorists.However, the explanation they offer that runaway technological change is destroying jobs issimply false. There is a real and persistent underdemand for labor in the United States and the European Union, and even more so in countries such as South Africa, India and Brazil, but its cause is almost the opposite of that pointed out by automation theorists (BENANAV, 2020, p.80, our translation).As Benanavnotes, such an interpretation of reality gains relevance in view of the current trend that is taking hold around the world: “there are simply too few Jobs for too many people”. This situation of chronically low demand for work is clearly manifested today:rising unemployment and growing job insecurity; rise of far-right politicians based on resentment and fear; the deepening of the gap of structural inequality. Perhaps it is because of this latent urgency that the automation discourse has become so accepted in society.
image/svg+xmlAutomation, crisisand unemployment: A review of the book “Automation and the Future of Work”, by Aaron BenanavEstudos de Sociologia, Araraquara,v. 27, n. 00, e022033, 2022. e-ISSN: 1982-4718DOI:https://doi.org/10.52780/res.v27i00.145853According to Benanav, the automation discourse is based on four main propositions: (i) jobs are being eliminated by technological development, resulting in growing technological unemployment; (ii) this situation would be a good indicator of the trend that society is heading towards, indicating a highly automated future that, consequently, would reduce the supply of work; (iii) however, even in the face of this scenario, work still stands as a basic form of social mediation through which the material reproduction of life is guaranteed; (iv) to contain this situation, it is necessary to expand job posts with unproductive spending, generally guided by the State, or guarantee a universal basic income, breaking the connection between the income people receive and the amount of work they perform.However, for Benanav, this interpretation loses focus on what is happening:In reality, labor productivity growth rates are slowing, not accelerating. This should have increased demand for labor, except thatthe productivity slowdown was overshadowed by another, more striking trend: in a development originally analyzed by Marxist economist Robert Brenner under the heading of the “long downturn” and belatedly recognized by mainstream economists such as “secular stagnation” or “Japanification” economies have been growing at a progressively slower pace. The cause? Decades of industrial overcapacity killed the engine of industrial growth, and no alternatives were found, least of all in the slow-growing, low-productivity activities that make up most of the service sector. As economic growth slows, job creation rates slow, and it is this, not technology-induced job destruction, that depresses global demand for workforce(BENANAV, 2020, p.8, our translation).The author will try to demonstrate that it is not the contemporary technological development (advanced robotics, artificial intelligence and machine learning), which is destroying jobs and decreasing the rates of creation of new jobs. The cause of unemployment, for Benanav, is a persistently low demand for labor, represented by high unemployment peaks during recessions and with increasingly weak recoveries. The effect of this is that the low demand for labor implies a decline in the share of all income obtained by wages, which reduces the demand for goods, which, in turn, cools down even more the demand for labor.For the author, this is not about “long-term technological unemployment”, in which the total automation of production and services would lead society to total unemployment. If this prognosis were true, work would no longer be necessary and, thus, in the face of total automation, what we would have was an unemployment apocalypse, forcing a social reorganization.Thus, Benanav builds a critical argumentto the theory of automation: it was not the “runaway technological change” (unbridled technological change) that caused the low demand for work. However, despite being critical of automation theory, Benanav will differ from other
image/svg+xmlThiago CANETTIERIEstudos de Sociologia, Araraquara,v. 27, n. 00, e022033, 2022. e-ISSN: 1982-4718DOI:https://doi.org/10.52780/res.v27i00.145854critics because they havea theory that explains the drop in demand for labor only in high-income countries or because they do not produce a radical vision of social change.Benanav then suggests thinking about the relationship between the variation in production growth and labor productivity growth in order to ascertain the employment growth rate. For any economic sector, the output growth rate (ΔO) minus the labor productivity growth rate (ΔP) equals the employment growth rate (ΔE). Thus, ΔO ΔP = ΔE. In this way, the author perceives that productivity growth rates have remained high in relation to production growth rates, but not exactly because productivity has been growing faster than before, which would, in fact, be a sign of automation acceleration. What is observed, on the contrary, is that production has been slowing down. Although one cannot yet speak of an absolute decline in industrial production, what happens is that “the rate at which output grows has slowed, so output growth has become consistently slower than productivity growth” (BENANAV, 2020, p. 23, our translation).Although much of the academic literature understands that deindustrialization is more commonly defined as a decline in the share of industry in total employment, for Benanav the situation is more complex. These theorists assume that the rapid increase in labor productivity would be the main cause of industrial job losses. However, according to Benanav, this explanation is inadequate. According to him, deindustrialization as it happens in the world cannot be explained in purely technological terms. In fact, for Benanav, the cause of the job meltdown, especially with the deindustrialization process, is due to the serious economic stagnation and the global redundancy of productive and technological capacities.The result was that the engine of capitalist growth based on industrialization choked due to the dissemination of technical capabilities creating redundancy of production and fierce competition in global markets. Benanav, however, does not explore the historical development of this trend. The result of this is then the generalization of low-productivity and, in general, precarious jobs. At the same time, there is a turn of capital towards its fictitious form that seeks returns by owning relatively liquid assets instead of investing in the long term in new fixed capital.That is, despite the high degree of overcapacity in industry, there is no more profitable place in the manufacturing economy for capital to invest. If this were the case, argues Benanav, we would have evidence of it in higher rates of capital accumulation and therefore higher rates of Gross Domestic Product (GDP) growth. Instead, what we see is continued divestment -with corporations using idle cash to buy their own stock or pay dividends-and long-term interest
image/svg+xmlAutomation, crisisand unemployment: A review of the book “Automation and the Future of Work”, by Aaron BenanavEstudos de Sociologia, Araraquara,v. 27, n. 00, e022033, 2022. e-ISSN: 1982-4718DOI:https://doi.org/10.52780/res.v27i00.145855rates falling as the supply of borrowed funds far outstrips the demand. Under these conditions, large amounts of money flowed into financial assets.Given this scenario, it is possible to summarize the argument of the book. The social scenario that appears on the horizon is not a direct result of technological dynamism. For Benanav, the result is a consequence of the worsening economic stagnation after decades of excess capacity and underinvestment in industries. He criticizes automation theorists for assuming that an accelerated rate of productivity growth is the main driver of the decrease in the demand for labor, when, in reality, the main driver is a decelerating rate of production growth. He criticizes the disoriented search ofthese theorists to find evidence in technological development in an almost mythical position, able to support this interpretation about the causes of the low demand for work. Thus, with this leap of faith, writes Benanav (2020, p. 30, our translation), “automation theorists miss the real story that explains this phenomenon: overcrowded global markets for manufactures, falling rates of fixed capital investment and a corresponding economic downturn”.Faced with this reality, Benanav investigates the social consequences of this phenomenon. The main formulation that the author constructs is that, faced with the under-demand for work, what happens is the categorical imposition of “working at any cost”, which means the dissemination of “non-standard jobs”. However, the author notes, the expression is clearly a misnomer given that Fordist employment was, in fact, the residue of a mid-twentieth-century dream of full employment that never became a global reality, much less in the parts of the world where most people live. What this means in practice is thatwith the exception of a small minority of protected employeesworkers around the world are highly exposed to the ebbs and flows of labor demand. Thus, everything indicates that the continuity of this scenario will lead to the worsening of precarious work in different economic spheres. With the low demand for work on a planetary scale, workers fear they know objectively the difficulty of accessing jobs and, therefore, submit themselves to more degrading, harmful and precarious situations. Faced with job insecurity, these workers are forced to accept relatively stagnant wages and poor working conditions.To build a response to this situation requires coordinated action. At different points of the political spectrum, both on the left and on the right, there is already concern about how to deal with this scenario of under-demand for work. Each one develops, therefore, its “silver bullets”. Benanav analyzes two: the first, a “reloaded Keynesianism” that tries to think about the role of the State in reviving the demand for labor. The second is the bet on Universal Basic Income, which could be seen as a possibility of reversing the abysmal inequality, reversing the
image/svg+xmlThiago CANETTIERIEstudos de Sociologia, Araraquara,v. 27, n. 00, e022033, 2022. e-ISSN: 1982-4718DOI:https://doi.org/10.52780/res.v27i00.145856scenario of poverty and job insecurity. However, the author is well aware of the difficulties in applying any measure, be it more “conservative” or more “progressive”, or more “right” or “left” if the diagnosis is wrong, as the author seems to indicate. Thus, Benanav, albeit somewhat superficially, seeks to put possibilities to build a future far from scarcity and that does not presuppose total automation, based on new ways of organizing work, sharing both the work that needs to be done when free time being guided by the idea of cooperative justice.Benanav's book is undoubtedly an important contribution to understanding the world we live in and is among the attempts to think about alternatives to the difficult situation we face.However, it seems to us that the text has some gaps that we will leave here in the form of questions. These are questions that arise from reading Benanav's text and that point to limitations in the author's argument. Exposing them is not a way to diminish the author's contribution, but to engage in a debate yet to be held.Thefirst limit of the book is not thinking about the historicity of the process that it describes. It would be easy to argue that what Benanav described as possible causes of the drop in demand for labor, namely, the spread of technical capabilities that creates redundancy in production and the fierce competition in global markets, were already historically placed in capitalism. It would be possible to trace these elements in the work of Karl Marx even in the 19th century. Therefore, what exactly would be thehistorical specificity of the moment in which we live?Another point worth mentioning is that Benanav will criticize the reading of automation theorists who understand that the crisis we are going through is the result of the exacerbated increase in productivity due to the development of automation. For him, the causes are in the economic stagnation that generates an ever-lower production growth rate. It seems that Benanav structures his argument by understanding that one of the positions implies the exclusion of the other. In our perspective, there is, in fact, a double determination between the two terms presented. It's not just that the cause of economic stagnation is the crisis in the world of work; Unemployment is also the cause of economic stagnation in a dialectical reciprocity. In our perspective, this is exactly the foundation of the critique of political economy developed by Karl Marx. Since the substance of capital is human labor, the valorization of value can only occur to the exact extent that there is expenditure of labor power. But, as Marx himself develops, due to the pressure of competition on individual capital, the increase in labor productivity often implies the expulsion of workers from the productive spheres, which ultimately results in the inability to value. Therefore, it would be no exaggeration to say that there is an absence of critique of political economy in Aaron Benanav's book.
image/svg+xmlAutomation, crisisand unemployment: A review of the book “Automation and the Future of Work”, by Aaron BenanavEstudos de Sociologia, Araraquara,v. 27, n. 00, e022033, 2022. e-ISSN: 1982-4718DOI:https://doi.org/10.52780/res.v27i00.145857REFERENCESBENANAV, A. Automation and the future of work. Londres: Verso, 2020.How to reference this articleCANETTIERI, Thiago. Automation, crisis and unemployment: A review of the book “Automation and the Future of Work”, by Aaron Benanav. Rev. Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 27, n. 00,e022033,2022. e-ISSN: 1982-4718. DOI: https://doi.org/10.52780/res.v27i00.14585Submitted: 10/05/2022Required revisions:13/06/2022Approved: 16/07/2022Published: 21/12/2022Processing and publication by the Editora Ibero-Americana de Educação.Correction, formatting, standardization and translation.