PRÁTICAS E PROCESSOS DE PRODUÇÃO DO ESPAÇO URBANO: DESCENTRANDO PERSPECTIVAS


PRÁCTICAS Y PROCESOS DE PRODUCCIÓN DEL ESPACIO URBANO: DESCENTRANDO PERSPECTIVAS


PRACTICE AND PROCESSES IN THE PRODUCTION OF URBAN SPACE: DECENTERING PERSPECTIVES


Lucas Amaral de OLIVEIRA1 Rafael de Aguiar ARANTES2


Aos olhos da sociologia urbana clássica, a cidade representou novos horizontes de incertezas e expectativas. Sua importância estava associada a ideais modernos de liberdade e igualdade, contrapontos às hierarquias e imobilidades do mundo rural/tradicional. Assim, para muitos autores do início do século XX (BURGESS, 2017; PARK, 1970; SIMMEL, 2002; WEBER, 1966; WIRTH, 1967), a emergência da vida urbana acarretou experiências coletivas ambíguas, ligadas a padrões específicos de sociabilidades, ora relativos ao cosmopolitismo, à civilidade, à convivência e à tolerância, ora a processos geradores de isolamento, solidão e indiferença.

No entanto, uma releitura crítica dessa tradição e de sua maneira de enquadrar a vida urbana que, à época, emergia na Europa implica um cuidado que pesquisas contemporâneas devem exercitar: não se pode ignorar que esses predicados, em geral, se confundiam com as dimensões do próprio processo de modernização, industrialização e urbanização por que passavam algumas poucas regiões metropolitanas do Norte Global, o que coloca em questão o locus explicativo sobre o qual se centrou parte do cânone da Sociologia Urbana no século XX. Este ensaio, que abre o dossiê “Práticas e processos de produção do espaço urbano: descentrando perspectivas”, toma esse tensionamento como premissa. A perspectiva clássica que apreendeu e analisou a cidade como terreno do progresso civil, do desenvolvimento das potencialidades humanas – ou, então, como palco de reverberação de desconfianças e medos “modernos” –, perdeu de vista uma série de experiências de vida urbana que se acumularam e


1 Universidade Federal da Bahia (UFBA), Salvador – BA – Brasil. Professor do Departamento de Sociologia. Doutor em Sociologia (USP). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-1272-4722. E-mail: lucasoliveira.ufba@gmail.com

2 Universidade Federal da Bahia (UFBA), Salvador – BA – Brasil. Professor do Departamento de Sociologia. Doutor em Sociologia (UFBA). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-3953-9340. E-mail: rafaelarantes13@gmail.com



desenvolveram nas periferias do capitalismo global. Essas experiências são marcadas, de um lado, pelo passado colonial – e, portanto, pelos efeitos do tráfico negreiro transatlântico, da desterritorialização massiva de pessoas, da escravidão, do genocídio e do racismo –, que entrelaça historicamente “Norte-Sul” e “Sul-Sul”; de outro, pelos legados persistentes desse passado, que dificultam que problemas contemporâneos sejam resolvidos – como segregação, desigualdades, falta de infraestrutura, problemas na regulação e gestão urbano-ambiental, etc.

As cidades do Sul Global, quando consideradas pela geografia da teoria urbana hegemônica (ROY, 2009), aparecem de forma duplamente idealizada: inscritas sob o signo do subdesenvolvimento e da insuficiência, isto é, presas aos destinos históricos que elas próprias arquitetaram, de pobreza, informalidade, doenças, violência, privação; ou então como campos etnográficos interessantes, anômalos, exóticos e esotéricos. Há um binarismo que sustenta o pano de fundo dessas análises: de um lado, cidades “desenvolvidas” constituem “modelos” a partir dos quais teorias e políticas são produzidas; de outro, cidades “subdesenvolvidas” são consideradas “problemas” que requerem diagnósticos, em geral, pela importação de soluções (CASSIÁN-YDE, 2019) fornecidas por um urbanismo transnacional sob medida (MURRAY, 2013).

Para Carlos Vainer (2014), esse prisma que persiste nas ciências sociais3 decorre de uma “colonialidade do conhecimento urbano”, que tem como consequência a disseminação de modelos de cidade e espaços urbanos que não se acomodam às dinâmicas específicas do Sul Global. Trata-se de uma imposição epistemológica geradora de “práticas exemplares” de um urbanismo burguês, com receitas pretensamente universais de planejamento, avaliadas como mais adequadas e tidas, pelos poderes públicos e por iniciativas privadas, como referências. Mas é preciso considerar que tais modelos não são neutros: foram concebidos em contextos históricos específicos e situados, ainda que substancialmente diferentes àqueles para os quais esses projetos serão exportados e acionados na forma de políticas urbanas (CASSIÁN-YDE, 2019; JAJAMOVICH, 2017; JANOSCHKA; SEQUERA, 2014; PATEL, 2014; VAINER,

2014).


3 Parte dos debates que se desdobraram da Escola de Chicago e da Escola Francesa de Sociologia Urbana, ao longo do século XX, seguiram adstritos a um “imaginário territorial hegemônico do mundo” (AMIN, 2004). Mas, esse campo começou a mudar com o conhecimento empírico produzido no próprio Sul Global (KOWARICK, 1979; SANTOS, 1993) e com as novas epistemologias que despontaram na Sociologia entre os anos 1970 e 1980, como a Teoria Urbana Crítica (BRENNER, 2009; DEAR, 2003; MARCUSE, 2010) e o Urbanismo Subalterno (PATEL, 2018; ROY, 2011; 2015; ROY; ONG, 2011). Esses deslocamentos colocaram em cheque a gramática supostamente universal da “cidade” – considerando variações a partir dinâmicas locais – e as tendências metrocêntricas do urbanismo ocidental – que se concentram nas “cidades globais”, a partir de uma perspectiva normativa e eurocêntrica.



A aposta deste dossiê é que, para evitar leituras discrepantes das realidades urbanas do Sul Global, devemos pensar uma sociologia “relacional” do espaço urbano, o que implica percebê-lo a partir de seus “ritmos”, de suas cartografias de sentidos (FORTUNA, 2012), bem como das práticas, dinâmicas, divergências e convergências que tragam para o centro da análise oscilações, modulações e negociações que produzem espaços urbanos contemporâneos (SIMONE, 2018). Essa reorientação – teórica, metodológica e epistemológica, mas, também, ética e política – pode ajudar a Sociologia Urbana a enfrentar um desafio duplo para o seu descentramento. Primeiro, como problematizar os espaços autorizados de produção de saberes legítimos da/sobre a cidade incluindo os espaços historicamente negados, silenciados ou negligenciados? Segundo, como lançar luzes para as dinâmicas da vida urbana tecidas em outras latitudes e levar a sério aquilo que Agier (2015) chamou de novas formas fazer-cidade?

Este dossiê busca encarar novos desafios impostos à Sociologia Urbana produzida no Sul Global. Porém, aqui vale um alerta: ainda que reconheçamos certa inépcia das abordagens do Norte Global em lidar com realidades periféricas (EDENSOR; JAYNE, 2012; WATSON, 2009), sobretudo em razão de uma estrutura analítica universalista que fracassa em tensionar seus próprios lugares de pesquisa (RAO, 2006), seguindo Mabin (2015), rejeitamos a perspectiva de que teorias do Norte não podem ser úteis no Sul – as epistemologias viajam, intercruzam-se e se retroalimentam, enriquecendo lugares, pessoas, políticas, redes, repertórios e movimentos. Trata-se, mais designadamente, de encarar fenômenos e problemas que são contemporâneos e que afetam diferentes cidades latino-americanas, a partir de eixos implicados em processos globais de produção do espaço urbano, mas analisados em contextos descentrados. Entre esses fenômenos e problemas, podemos considerar, por exemplo, os agenciamentos urbanos, as práticas culturais, os padrões de sociabilidade, os usos e contra-usos dos espaços públicos, as experiências históricas de ocupação e reterritorialização, as dinâmicas de segregação, as novas fronteiras que circunscrevem a “questão urbana” no estágio atual do capitalismo global e as “resistências subalternas” (ROY, 2011) que se fazem presentes nas cidades pós-coloniais.

Por meio da articulação de algumas searas disciplinares – como Sociologia Urbana e Sociologia da Cultura –, o objetivo foi reunir saldos de pesquisas e reflexões empiricamente orientadas, que, ao mesmo tempo, tensionassem as geografias da teoria, a partir de figurações, arranjos, disposições e estratégias responsáveis por deslocamentos materiais e simbólicos, negociações de sentido e formas de reapropriação do espaço público urbano contemporâneo.

Este texto de apresentação está dividido em mais três seções. Inicialmente, revisamos a literatura que informa estudos sobre as cidades contemporâneas, com foco na segregação, traço

Estud. sociol., Araraquara, v. 27, n. esp. 1, e022001, abr. 2022. e-ISSN: 1982-4718



significativo dos espaços urbanos no Sul Global. Em seguida, remontamos deslocamentos que têm redesenhado, hoje, o debate sobre espaço público, sociabilidades e práticas culturais, três dimensões que revelam que o urbano não constitui uma geografia estática, mas uma relação. Por fim, articulamos esses enquadramentos às contribuições que integram este dossiê. Cada um dos artigos, a sua maneira, registra diferentes dinâmicas de produção do espaço urbano contemporâneo, sejam elas hegemônicas ou contra hegemônicas, instituídas ou emergentes, centrais ou marginais, bem como agenciamentos importantes que, nos últimos anos, têm impulsionado os processos de reapropriação espacial e cultural em cidades latino-americanas.


A Cidade no Sul Global e a Questão da Segregação Socioespacial


Nas últimas décadas, uma série de transformações nos espaços urbanos tem levado as Ciências Sociais e, em especial, a Sociologia Urbana produzida no Sul Global a reorientar repertórios conceituais, enquadramentos metodológicos e chaves analíticas. Pouco a pouco, a cidade deixa de ser cenário de desdobramento de atividades, eventos, dinâmicas, relações e processos, para ser tratada, de um lado, como espaço socialmente construído por meio das interações, dos agenciamentos e das disputas, e, de outro, como produtora e reprodutora de determinações sociais de classe, raça, gênero, ocupação, residência e outras clivagens.

Esses rearranjos trouxeram às pesquisas urbanas novos cruzamentos temáticos para lidar com os problemas que afetam as cidades contemporâneas nas periferias do capitalismo global, como a dissolução sistemática do espaço público (BORJA, 2003; BORJA; MUXÍ, 2003), a rejeição da convivência intercultural (JIMÉNEZ, 2000; NORONHA, 2022), o enfraquecimento dos laços de sociabilidade firmados em políticas de alteridade (CALDEIRA, 2000; DAMMERT, 2013; DAVIS, 2009; DUHAU, 2001; SENNETT, 1988), etc. A esses se

relacionam o fechamento da vida urbana (SMITH; LOW, 2006), a proliferação de enclaves fortificados (CALDEIRA, 2000; MARCUSE, 1997), a suburbanização (HERNÁNDEZ- FLORES et al., 2017), a periferização (SANTOS et al., 2017) e a urbanização espraiada (SANTOS, 1993), uma tendência de fuga das patologias urbanas (ARANTES, 2014), o racismo fundiário e as injustiças socioambientais (ACSERALD et al., 2004; GOMES, 2019; JESUS, 2020), as políticas de gentrificação, revitalização e butiquização (BIDOU-ZACHARIASEN, 2006; CARRIÓN; HANLEY, 2005; SMITH, 2007), os modelos normativos de espaço público de vieses higienistas (CASSIÁN-YDE, 2019), as novas disputas sobre espaços periféricos (OLIVEIRA, 2020; PARDUE; OLIVEIRA 2018; RAO, 2006; ROSA, 2018; ROY, 2011), etc.


Estud. sociol., Araraquara, v. 27, n. esp. 1, e022001, abr. 2022. e-ISSN: 1982-4718



Esses rearranjos também impactaram agendas mais globais das pesquisas urbanas, ainda que com impactos e modulações localmente variáveis. Exemplos são os estudos sobre governança neoliberal e financeirização das grandes cidades, que têm questionado em que medida processos de privatização do espaço público vêm se acentuando sob a égide do desenvolvimento local (ARANTES, 2021); ou os trabalhos que analisam como citadinos/as, amedrontados/as com o aumento da violência e da repercussão midiática incentivada pelo “capital do medo” (BAUMAN, 2009), cada vez mais, buscam a “auto segregação” em busca de proteção, privilégios e distinção (FREY; DUARTE, 2006). Esses e outros processos estão ligados à escala e à forma das cidades contemporâneas, assim como à incapacidade e à omissão dos estados em elaborar políticas voltadas à dilatação dos espaços públicos, o que repercute em dinâmicas de agenciamento da vida cotidiana em espaços públicos e padrões de sociabilidade. A vivência dos espaços públicos e a constituição de relações de sociabilidade se defrontam com tendências de segregação e privatização. No limite, a segregação socioespacial pode ser identificada, hoje, como uma característica fundamental das cidades do Sul Global (CALDEIRA, 2000; DAMMERT, 2013; DE MATTOS, 1999; 2004; DUHAU, 2001; JANOSCHKA, 2002; RAMÍREZ KURI, 2008; VEIGA, 2005). Essa marca é uma das

colonialidades que conformam as cidades nas periferias do capitalismo, espelhando diferenças econômicas, raciais, sociais e culturais que definem sociedades que, até hoje, sofrem com os resquícios do colonialismo.

Ainda que na literatura sociológica clássica vários autores tenham chamado a atenção para injustiças decorrentes dos processos de urbanização, o tema da segregação passou a ser objeto de preocupação sociológica com os trabalhos da Escola de Chicago4, que focaram, em suas abordagens, a segregação étnica e racial de pessoas negras, migrantes e outras minorias (BURGESS, 2017; PARK, 1928; STONEQUIST, 1935; WHYTE, 2005; WIRTH, 1997).

Posteriormente, na França, os estudos passaram a privilegiar as desigualdades entre categorias ocupacionais, enquadrando o fenômeno como consequência direta e indireta da dinâmica do mercado de trabalho, com ênfase na questão da classe social (PRÉTECEILLE, 2003). Na América Latina e, em especial, na tradição sociológica brasileira, as análises urbanas também


4 Não devemos esquecer que houve – como há em toda tradição – o apagamento de contribuições de mulheres e negros, expressão do racismo e do androcentrismo na teoria social (ALATAS; SINHA, 2017). Podemos citar dois exemplos: o pioneirismo de W.E.B. Du Bois e do grupo de intelectuais negros e ativistas dos direitos civis que se formou ao seu redor no “Laboratório de Atlanta”, debruçando-se sobre as dinâmicas de exclusão racial urbana (MORRIS, 2015); e as iniciativas de pensadoras coetâneas a Robert Park e Du Bois – como Jane Addams, Florence Kelley, Ellen Gates Starr e outras –, que compunham a “Hull House”, um grupo preocupado com questões que envolviam moradia, migração, políticas de assistência social, etc. (SELTZER; HALDAR, 2015; VALLADARES, 2010).

Estud. sociol., Araraquara, v. 27, n. esp. 1, e022001, abr. 2022. e-ISSN: 1982-4718



se fundamentam na perspectiva de estratificação; mas o foco recaiu na dimensão da renda e das categorias sócio-ocupacionais, sobretudo ao mostrar como a segmentação do universo do trabalho, a dinâmica do mercado de terras e a atuação do Estado ainda eram fatores determinantes na persistência da segregação socioespacial (MARQUES, 2005; RIBEIRO; RIBEIRO, 2013).

Até os anos 1990, poucos estudos produzidos no Brasil se reportavam à articulação entre raça e segregação. Possivelmente, isso decorreu, em primeiro lugar, da influência do marxismo na conformação da Sociologia Urbana brasileira, entre 1960 e 1980, que centralizava a questão da classe; em segundo, da imagem idealizada de sociedade cordial erigida ao longo do século XX, motivada por discursos sobre relações raciais no país5. Entretanto, novos trabalhos têm colocado a questão racial e outros marcadores no centro da análise da segregação (CARVALHO; ARANTES, 2021; FRANÇA, 2015; GARCIA, 2009; ROLNIK, 1989; SILVA,

2006; SILVEIRA; MUNIZ, 2014; TELLES, 2003).

Como salientou Bógus (2009), a ideia de segregação, em uma definição genérica, remete a uma separação entre determinados grupos no espaço das sociedades. Essa divisão é resultado ou reflexo das relações que se estabelecem, historicamente, a partir da estrutura e da estratificação, das normas e das culturas vigentes, ao que se somam o modelo fundiário e de acesso à terra. A segregação diz respeito, portanto, à desigualdade de apropriação do território que gera, por sua vez, uma separação hierarquizada entre os vários segmentos populacionais que compõem a estrutura do espaço urbano. Portanto, a segregação diz respeito a relações de poder e dominação, muitas vezes associadas a questões de classe, raça, gênero e ocupação. Afinal, a segregação é responsável por atrelar predicados geográficos com outras clivagens, por exemplo, relacionando hierarquias espaciais (separação dos segmentos no espaço físico da cidade) e sociorraciais (que reproduzem desigualdades de apropriação do solo urbano6).

Marques (2005) mostra que a segregação envolve, ao menos, três processos: o isolamento radical, a desigualdade de acesso e a separação homogeneizadora. O primeiro caso se refere a uma dimensão extrema da segregação socioespacial, conotando isolamento total, que se traduz na formação de “guetos” ou “cidadelas” (MARCUSE, 1997). Enquanto que no gueto


5 Donald Pierson, por exemplo, aluno de Park e um sociólogo importante no desenho do “Projeto UNESCO” sobre as relações raciais no Brasil, em sua pesquisa na cidade de Salvador, na década de 1930, identificou a segregação socioespacial existente entre segmentos negros e brancos, mas interpretando-a como “coincidência” entre as dimensões sociais e raciais, destacando que não existiria, na Bahia, “esforço proposital de segregar as raças a fim de manter distinções de casta, como em várias partes dos Estados Unidos” (PIERSON, 1945, p.73-74).

6 A segregação nas cidades se manifesta, também, sob a forma de racismo ambiental (ACSERALD et al., 2004; JESUS, 2020) e “racismo fundiário” (GOMES, 2019), injustiças socioespaciais a que grupos racializados – ou seja, não-brancos – estão sistematicamente submetidos, fazendo com que seus territórios, propriedades e formas de vida sofram, desproporcionalmente, determinantes espaciais da desigualdade (OLIVEIRA; MANZI, 2020).

Estud. sociol., Araraquara, v. 27, n. esp. 1, e022001, abr. 2022. e-ISSN: 1982-4718



atua uma força externa que impede que os indivíduos saiam, no enclave excludente, é uma força interna que impede a entrada de grupos indesejáveis, realidade cada vez mais visível das cidades contemporâneas que Caldeira (2000) chamou de “cidades de muros” ou “enclaves fortificados”, que dizem respeito a áreas de lazer, consumo, trabalho e moradia protegidas e monitoradas por tecnologias avançadas de segurança, restritas e privativas às classes mais altas da estrutura social. A autossegregação das elites tem ampliado a apartação entre grupos, impondo um corte racial evidente. No que tange aos guetos7, sua formação relaciona-se a um processo mais radicalizado e aberto, pois não se trata de uma força externa – que poderia ser saldo das contingências do campo econômico –, mas a dispositivos jurídicos e estatais institucionalizados de manutenção das hierarquias, tais como os zoneamentos.

No caso do Brasil, Marques (2005) salienta que a segregação socioespacial deve ser abordada indiretamente, utilizando seus dois outros sentidos – desigualdade e separação. De um lado, os distintos espaços urbanos são caracterizados pelos diferenciais de acesso a serviços, infraestruturas, equipamentos, bens, oportunidades etc. De outro, a segregação pode ser examinada a partir da conformação dos diferentes grupos no espaço, dinâmica que produz subáreas de relativa homogeneidade, com pessoas oriundas dos mesmos segmentos de classe e raça. As duas dimensões coexistem na realidade brasileira, em que áreas de homogeneidade sociorracial de pobreza espelham a precariedade de acesso a políticas, oportunidades, capitais. Para complexificar as análises sobre cidades das periferias do capitalismo global, é preciso atentar para o fato de que há uma diferença entre a segregação espacial e a segregação social (BÓGUS, 2009), na medida em que podem existir grandes distâncias sociorraciais em contextos de proximidade geográfica. Segundo Andrade e Silveira (2013), boa parte das cidades brasileiras convivem com diferentes escalas de segregação. No plano macro, mantém-se, de maneira geral, o padrão “centro-periferia”, no qual a distância geográfica naturaliza a distância sociorracial. No entanto, esse modelo convive com a presença de áreas de ocupação popular em zonas de maior valorização ou, mais recentemente, em enclaves construídos em periferias e subúrbios. Nesse modelo, embora haja proximidade física, a distância é construída por outros marcadores de diferença que são materiais – como muros, cancelas e cercas –, mas,

fundamentalmente, simbólicos – a cor da pele, a aparência física, práticas, etc.


7 Segundo Wacquant (2004), o conceito de “gueto” é usado, principalmente, na historiografia da diáspora judaica e do nazismo, bem como na sociologia da experiência negra nas metrópoles estadunidense do século XX e na antropologia sobre a marginalidade étnica na África e na Ásia oriental. Nessas abordagens, “gueto” denota uma área urbana restrita, com uma rede de instituições ligadas a segmentos específicos e uma constelação cultural e cognitiva constituída de valores e mentalidades. Isso implica estigmatizações que minam laços de solidariedade local e favorece a “racialização” dos espaços, gerando isolamento de alguns grupos (WACQUANT, 2001) e o truncamento do próprio espaço e das oportunidades de vida de seus integrantes (WACQUANT, 2004, p. 155).

Estud. sociol., Araraquara, v. 27, n. esp. 1, e022001, abr. 2022. e-ISSN: 1982-4718



A segregação socioespacial coloca em cena uma dialética baseada na relação contraditória entre heterogeneidade social da cidade, elemento marcante da aglomeração das pessoas nos espaços, e as relações de poder e dominação. Tal fenômeno impacta a vida urbana em geral, mas sobretudo territórios específicos dos diversos segmentos sociais que produzem a cidade, bem como seus padrões de sociabilidade, seus encontros nos espaços públicos, suas dinâmicas de interação, seus agenciamentos, suas experiências e práticas. As diversas realidades sociais existentes nas cidades no Sul Global são marcadas por esses arranjos, que oscilam entre a diversidade do tecido urbano e suas contradições internas, o que compreende não apenas a dinâmica dos/as agentes na/pela cidade, mas também os processos econômicos e culturais, onde as desigualdades e as hierarquias da cultura urbana têm peso relevante. Trata-se de uma dialética importante para a compreensão do urbano em seus diversos contextos.


Espaços públicos, padrões de sociabilidade e práticas culturais urbanas


O espaço público é o lugar onde as relações entre pessoas e cidades se articulam de maneira mais direta (RAMÍREZ KURI, 2008), revelando formas de organização, ressignificação e/ou desintegração da vida comum. Por isso, tratar da produção do espaço contemporâneo é refletir sobre o espaço público em suas diversas manifestações, o que permite entender como se constituem as interações, arranjos, redes e sociabilidades colocadas em prática por seus agentes, que fazem, vivem e transformam a cidade (AGIER, 2015; CARLOS et at., 2014).

Segundo Joseph (2002), o termo espaço público designa fenômenos que não são exatamente iguais, como esfera pública e espaço público urbano. De acordo com o sociólogo francês, existem duas tradições mais canônicas que pensaram os espaços públicos: a tradição europeia, voltada para uma compreensão associada à urbanidade, à cidadania e à democracia; e a tradição estadunidense, ligada aos estudos de ecologia urbana da Escola de Chicago, preocupada com análises sobre estrutura espacial da cidade e sistemas de hierarquia urbana.

A tradição europeia, fortemente influenciada pelas formulações de Jürgen Habermas inicialmente apresentadas em Mudança Estrutural da Esfera Pública (2003), remete a uma esfera pública que começou a tomar forma no século XVIII, quando a constituição de uma cultura urbana se opôs aos espaços de poder da corte e da igreja. Tal cultura se constituiu nos salões e cafés e, posteriormente, tomou como meio a imprensa escrita. O uso livre e público da razão – expressão tomada de Kant por Habermas – seria a regra constitutiva desse espaço público que se conforma como arena abstrata de debates. A razão livre e pública garantiria a

Estud. sociol., Araraquara, v. 27, n. esp. 1, e022001, abr. 2022. e-ISSN: 1982-4718



autorregulação da sociedade heterogênea que se assentava na pressuposição de igualdade entre membros da esfera pública (HABERMAS, 2003; JOSEPH, 2002). Essa tradição entendia o espaço público como esfera ou cultura do comum e, portanto, como ambiente onde se pode enunciar coisas, lócus de discussão e visibilidade. Ou seja, trata-se de um lugar de disputa, controvérsia e debate, onde a conversação está no coração do dispositivo da civilidade. Essa sociedade, que se fundamenta na urbanidade – e, com efeito, na estabilidade e na coerência –, possui características opostas ao modelo da sociedade monárquica, preso a hierarquias e dependências, pautado na mística e na experiência fechada e interior (JOSEPH, 2002).

Já a tradição norte-americana, ainda segundo Joseph (2002), foge dessa compreensão abstrata do espaço dialógico e desce ao nível da rua e do espaço concreto para interrogar sobre a sua natureza, sobre sua relação com as atividades cotidianas e ordinárias. A ênfase se volta para o espaço material, o que não quer dizer simplesmente espaço físico, mas um espaço visual e sonoro, cheio de agentes e objetos. Não se trata de um espaço de visibilidades mútuas erigidas em torno de julgamentos, mas um ambiente de encontros e de deslocamentos, um lugar com nichos, margens e fronteiras. Essa abordagem obriga a pensar a coabitação e a co-presença de populações diferentes, mas, sobretudo, sua competição por espaço, as dinâmicas de cooperação e os padrões de socialização que estão em jogo na ecologia urbana. Na dinâmica desse espaço, a mobilidade das pessoas se torna fenômeno central, na medida em que ela cria misturas e espaços de intermediação e negociação. A urbanidade, então, muda de natureza e passa a supor a capacidade civil de administrar e gerenciar conflitos de classe, interétnicos, sociorraciais e culturais, ou seja, conflitos entre os mais diversos segmentos populacionais que convivem no mesmo território. Esta tradição, portanto, foca na interação entre diferentes grupos sociais nos seus usos cotidianos do espaço urbano.

Thierry Paquot (2009) coloca questões semelhantes às de Joseph (2002) no que tange às diferenças entre a esfera pública e o espaço público urbano. Segundo suas considerações, espaço público é um singular cujo plural – espaços públicos – não o corresponde. O primeiro evoca o lugar do debate político, da confrontação de opiniões, uma forma de comunicação, de circulação de ideias e, em última instância, uma prática democrática. A formação no plural, por sua vez, designa locais abertos a públicos, de acordo com as condições da acessibilidade e gratuidade, independentemente de seu estatuto jurídico. Os espaços públicos colocam as pessoas em relação, ao menos potencialmente, uma vez que nesses espaços elas se cruzam, se encostam, se cumprimentam, conversam, se conhecem ou, então, se evitam, se ignoram, se agridem (PAQUOT, 2009). Apesar da diferença entre os termos, as duas formações têm em comum a ideia de partilha, relação, troca e circulação. Não são fenômenos iguais e, portanto,

Estud. sociol., Araraquara, v. 27, n. esp. 1, e022001, abr. 2022. e-ISSN: 1982-4718



não podem ser reduzidos um ao outro; mas possuem um profunda articulação, o que justifica uma análise que leve os dois fenômenos a um bom termo.

Este dossiê busca se aproximar de uma imagem mais fluída de espaço público, entendido para além de sua acepção físico-espacial, englobando fronteiras e territórios simbólicos de experiências, convivialidades, políticas, encontros e afetos. Com efeito, ele pode ser tratado de duas formas: em sua dimensão ordinária, ou seja, do “mínimo social vital” relativo tanto aos detalhes do cotidiano quanto em sua dimensão extraordinária (AGIER, 2011; SIMONE, 2018); e também a partir das mobilidades e dos trânsitos, das formas de coabitação e co-presença, nas dinâmicas de competição em nichos e margens (FREHSE, 2016; JOSEPH, 2002).

Os espaços públicos não são dados de antemão; são fenômenos produzidos por meio de dinâmicas que podem ser de ordens políticas e culturais, locais e translocais, hegemônicas e marginais. Tentando superar as dificuldades de conceituação com vistas à elaboração de pesquisas empíricas, Arantes (2021) considera que os espaços públicos urbanos envolvem, em sua forma ideal-típica, ao menos, quatro dimensões: a) uma geografia pública (são espaços físicos de acessibilidade ampla, que não se fecham a priori à diversidade e às trocas sociais);

b) uma certa vitalidade (são efetivamente utilizados, permitindo usos variados e expressando uma relativa diversidade social); c) uma diversidade de ações e relações de sociabilidade; e d) uma funcionalidade como palco, arena ou cena de movimentos políticos e práticas culturais, quando se conformam como substratos da mobilização, participação e debate (HARVEY, 2014).

Assim, estende-se que os espaços públicos envolvem uma dimensão prática, que articula a preocupação dos seus usos efetivos, conforme a tradição estadunidense, mas também seus conteúdos, conforme a tradição europeia. Isso permite que o conceito seja utilizado em novos contextos empíricos descentrados, por vezes muito distantes dos lugares onde foi originalmente elaborado – como no caso dos espaços urbanos do Sul Global.

Nesse sentido, podemos dizer que a sociabilidade é a expressão concreta da realização dos espaços públicos, no sentido dos rituais e das práticas (BORDREUIL, 2002), que dão sentido aos seus usos e contra-usos da cidade (LEITE, 2002; FORTUNA; LEITE, 2013). A publicização da vida é um processo que envolve a socialização e o público – tanto a esfera pública quanto os espaços públicos urbanos –, ou seja, se refere a um lugar de comunicação e de ação. Conforme destacam Paquot (2009) e Carrión (2016), os espaços públicos são relacionais, na medida em que colocam as pessoas em articulação constante. Segundo Joseph

(1999, p. 22), “com a sociabilidade, a estética da conversação e do consenso concertado

Estud. sociol., Araraquara, v. 27, n. esp. 1, e022001, abr. 2022. e-ISSN: 1982-4718



[associados à esfera pública] se transfere para o sistema da rua”, de forma que os espaços públicos se tornam instrumentos de dramatização da intersubjetividade prática e dos agenciamentos coletivos. Essa perspectiva rompe com uma visão contemplativa do espaço urbano, identificando seu “ballet interacional” (BORDREUIL, 2002, p.52), sendo que seu caráter público não depende, tão e somente, do espaço físico, mas dos tipos de práticas, das relações e dos agenciamentos que são disputados, construídos e que prevalecem nesses espaços. É importante considerar que, fragmentárias ou não, geradoras de vínculos ou conflitos,

as interações que dão forma à sociabilidade expressam e reconstroem elementos fundamentais da formação de dada sociedade, as hierarquias e privilégios sociais e raciais, as formas de apreciação da igualdade e da diferença, as experiências culturais e sociais, as demandas políticas, além dos elementos associados aos diversos conflitos e às formas de distinção. A dimensão simbólica dos espaços públicos e dos seus usos e contra-usos ganha, nesse sentido, contornos que podem ser enunciados pela ideia de “práticas culturais urbanas” (OLIVEIRA, 2018; 2020). Refletir sobre tais práticas é considerar, ao menos, duas dimensões de modo articulado: uma concepção espacializada da cultura e uma concepção cultural de cidade.

A primeira tem a ver com agenciamentos cuja arena de manifestação é o espaço urbano, o que inclui estratégias, trajetórias e experiências, individuais e coletivas, formais e informais, implicadas em tensionar dinâmicas de diferentes cidades. Esses agenciamentos constituem formas e processos de organização da subjetividade que pessoas, organizações, coletivos, movimentos e redes articulam, de maneira a constituir vínculos afetivos ou politicamente orientados com os espaços urbanos (CALDEIRA, 2010; PARDUE; OLIVEIRA, 2017; OLIVEIRA, 2018). Visto que o sentido desses agenciamentos deriva de processos socioculturais que sustentam a vida em cidades contemporâneas, em especial em contextos descentrados, é preciso considerar o espaço urbano como um local de determinantes socioinstitucionais, físicos/espaciais e simbólicos que as pessoas co-constroem, cotidianamente, à medida que desenvolvem suas trajetórias de vida (JOVCHELOVITCH et al., 2020).

Isso nos leva a uma compreensão mais situada – e, justamente por isso, mais dilatada – de cultura urbana, que se refere a práticas cotidianas que produzimos e que nos produzem, de modo concomitante e processual, o que inclui modos de existência, visões de mundo e padrões de entendimento das relações. Essas relações conferem sentido e organizam a vida de diferentes segmentos populacionais, sempre em resposta a desafios e transformações nas condições de vida. Tendo em vista que são socialmente produzidas e reagem a mudanças específicas, contextualmente condicionadas, esses agenciamentos possuem lastros espaciais que implicam

Estud. sociol., Araraquara, v. 27, n. esp. 1, e022001, abr. 2022. e-ISSN: 1982-4718



na forma como são articulados os padrões de sociabilidade e as dinâmicas de convivialidade nos espaços públicos, incluindo relações tecidas em espaços urbanos contemporâneos ocupados por ou negados para agentes marginalizados/as – em termos de raça, classe, gênero, sexualidade, geração, residência, ocupação, etc.

Isso nos leva à segunda dimensão das práticas culturais urbanas, que se refere a um enquadramento cultural de cidade. Trata-se de reconhecer que, antes de uma normatividade estável e coerente, a cidade é construída por intermédio de uma relacionalidade que envolve diferentes agentes e geografias, usos e contra-usos dos espaços, práticas formais e informais de produção e reprodução da vida cotidiana, processos de apropriação e reapropriação de territórios, formas de auto-organização e comunalização, conflitos e arranjos vinculados às materialidades da vida (CASSIÁN-YDE, 2019). Ou seja, a cidade não constitui uma mera ficção reguladora da vida contemporânea (ROY, 2009), tampouco deve ser entendida como uma imagem acabada da urbanidade metrocêntrica (BUNNELL; MARINGANTI, 2010), ou então como protótipo desejável e universalizável do modelo das cidades globais (SASSEN, 1991; TAYLOR, 2000). O recorte cultural repertoriado, aqui, nos leva a perscrutar a cidade a partir de suas zonas de intermediação e tensão (FORTUNA, 2016; FORTUNA; LEITE, 2013; JACQUES, 2010), de seus processos produtivos (LEFEBVRE, 2006), vale dizer, como formações heterogêneas que, por estarem em constante reformulação, em disputa, são objetos virtuais inacabados, ou melhor, por se acabar pela potência criativa ou destrutiva de seus agentes (SANTOS, 1993).

Ao pensar a cidade como produto de processos socioculturais e políticos, como formação que se manifesta a partir de suas dinâmicas internas, devemos considerar ao menos duas possibilidades. Por um lado, a cidade pode constituir a esfera da possibilidade de existência entre diferentes e arena histórica de direitos e cidadanias (HOLSTON, 2013; LEFEBVRE, 2001; MORANGE; SPIRE, 2015; ROSALDO, 2000; STEVENSON, 2003), pois, como fato

social, político e cultural, condensa espaços abertos para a transformação, para o surgimento do novo, para o futuro (MASSEY, 2008). Mas, por outro, considerando que as cidades são marcadas, também, por diferentes regimes de discriminação e violência, elas podem se verter em resultado de lógicas locais e translocais de produção e reprodução de desigualdades, hierarquias, segregações, colonialidades e subalternidades.

Assim, quando afirmamos que a produção do espaço urbano também compreende uma dimensão cultural, queremos dizer que a cidade é construída por pessoas, cujas práticas e experiências são determinantes não apenas para a geração de sentimentos de pertença e

identificação, mas, sobretudo, para a composição de padrões de sociabilidade e estratégias

Estud. sociol., Araraquara, v. 27, n. esp. 1, e022001, abr. 2022. e-ISSN: 1982-4718



informais de produção e reprodução da vida cotidiana. Nessa medida, uma Sociologia Urbana produzida no Sul Global deve levar em conta esses agenciamentos, pois eles impactam o uso, a politização e a ressignificação que espaços urbanos contemporâneos têm ensejado.


Descentrando o Espaço Urbano Contemporâneo: algumas contribuições


Além deste artigo de teor introdutório, o dossiê “Práticas e processos de produção do espaço urbano: descentrando perspectivas” é composto de mais sete itens, compreendendo seis artigos inéditos e uma entrevista com o cientista social equatoriano Fernando Carrión Mena.

O primeiro artigo, A Pandemia Territorializada: vida cotidiana em dois bairros de Buenos Aires, de María Mercedes Di Virgilio, María Agustina Frisch e Mariano Perelman, da Universidade de Buenos Aires (UBA), propõe uma análise espacialmente condicionada sobre o isolamento social, a quarentena e a progressiva reabertura no contexto pandêmico da cidade portenha. Os/as autores/as pensam a COVID-19 a partir das práticas sociais dos/as residentes de dois bairros de classe média – Lugano e San Telmo –, enfatizando as variações ocorridas nos padrões de sociabilidade, mobilidade, trabalho, lazer e cuidado.

Um dos argumentos desenvolvidos no texto é que o universo doméstico passou a ter protagonismo inusitado, convertendo-se em um tipo de “espaço total” de trabalho, educação, cuidado, saúde, interação e entretenimento. A rotina cotidiana, por sua vez, deixou de ser sistematizada ao redor dos locais de trabalho, reconfigurando-se nos bairros de moradia. Nesse processo que se retroalimenta, relações de convívio e vizinhança passaram a ter protagonismo na manutenção da vida urbana, bem como em práticas e padrões de sociabilidade dos/as residentes. Com efeito, uma nova dinâmica de produção do espaço emergiu na pandemia, estabelecendo formas renovadas de ver e experimentar os bairros, que também repercutiu na revalorização do espaço público, como parques e áreas verdes. Outro ponto assinalado pelos/as autores/as é que a pandemia gerou dificuldades associadas à escolarização de crianças, ao medo constante dos contágios, à preocupação com familiares vulneráveis e às sensações de confinamento e angústia. Esse contexto produziu novos modos de manutenção da vida cotidiana, que não se esgotam no componente econômico: envolvem formas outras de sociabilidade, ressignificação do espaço doméstico, revalorização do espaço público, fortalecimento das redes de convívio, construção de vínculos fortes com os bairros e uma reacomodação socioespacial afetiva nesses espaços urbanos. Esse processo, ainda em curso, tem gerado um novo prisma através do qual a cidade é percebida e vivida.


Estud. sociol., Araraquara, v. 27, n. esp. 1, e022001, abr. 2022. e-ISSN: 1982-4718



O segundo artigo, Experiências Urbanas Segregadas: locais de moradia, trajetórias e redes pessoais de negros e brancos em São Paulo, de Danilo França, da Universidade Federal Fluminense (UFF), evidencia a importância da raça e do local de residência na conformação de práticas e relações espacialmente segmentadas e, portanto, na geração de experiências urbanas variadas. A partir de 28 entrevistas, realizadas em três bairros da metrópole paulistana – Itaim Bibi, São Miguel Paulista e Tatuapé –, o autor se debruça sobre relações espacialmente condicionadas de pessoas negras e brancas de classes médias e altas. A análise das redes pessoais leva Danilo França a argumentar que o espaço configura fator de homofilia, ou seja, da construção de relações pessoais baseadas em semelhanças de atributos. Nos casos analisados, pessoas brancas de classe média e alta são mais racialmente homofílicas do que pessoas negras do mesmo segmento social, exibindo características de fechamento. Em contraposição, os resultados mostram que pessoas negras possuem redes mais abertas e misturadas, ainda que composta em boa parte de parentes. A análise dos trajetos urbanos, por outro lado, revela que, em geral, pessoas brancas estão mais voltadas para a circulação em áreas nobres do que as negras. As redes pessoais embranquecidas e a maior frequência física em áreas enobrecidas da cidade, combinadas com as dinâmicas de concentração residencial de brancos e negros na cidade, apresentam um quadro de reforçadas evidências de isolamento – espacial, social, racial e de trajetos e mobilidades – por parte de pessoas brancas de classe média e alta em São Paulo. Assim, considerando que pessoas negras e brancas estão residencialmente segregadas na cidade, também são segregadas suas redes pessoais e os locais que frequentam.

Argumentando que a segregação socioespacial possui uma clivagem entre grupos, que por sua vez é firmada através da sobreposição entre classe, raça e espaço, o autor conclui que pessoas negras são mantidas à distância – territorial e social –, mesmo quando pertencem à mesma fração de classe que pessoas brancas. Nesse sentido, desigualdades e hierarquias racialmente condicionadas reproduzem uma disposição de tipo estamental (isto é, de grupos de status), em que “brancos-ricos” se opõem a “pretos-pobres”, o que confere à segregação no espaço urbano contemporâneo uma importância significativa para a constituição das barreiras que estruturam as relações raciais no Brasil.

No terceiro artigo, Podemos Falar de Gentrificação em Favelas? Estudo de caso acerca da requalificação urbana no Bairro da Paz, Maria Gabriela Hita e Emilly Mascarenhas Costa, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), debruçam-se sobre processos contemporâneos de gentrificação em comunidades periféricas. A partir de um estudo de caso que vem ocorrendo desde 2005, no Bairro da Paz, em Salvador, mas com foco no período de 2013-2016, as autoras

analisam a implementação do Programa Casa Legal – colocado em prática pelo poder público

Estud. sociol., Araraquara, v. 27, n. esp. 1, e022001, abr. 2022. e-ISSN: 1982-4718



municipal a fim de atender demandas de regularização fundiária –, para refletir em que medida ações de “requalificação” e “revalorização” de periferias urbanas se relacionam com processos de gentrificação, sobretudo no que tange às iniciativas para atrair os interesses do capital imobiliário.

O argumento das autoras é que o Bairro da Paz vem passando por um processo discreto e lento de gentrificação, que poderá ter como consequência a redução da área central do bairro, com desapropriações enquadradas nas justificativas de “riscos ambientais” ou “necessidades públicas”. Contudo, o bairro poderá sofrer transformações no que diz respeito ao tipo de composição social interna das pessoas que saem, que ficam e que chegam. Essas transformações podem levar o bairro a um processo gradual, de médio e longo prazo, de maior “aburguesamento”. As autoras concluem que o conceito de gentrificação, ainda que pensado inicialmente para enquadrar processos em regiões centradas das cidades, quando operacionalizado a partir das variações e modulações locais e captadas por imersões etnográficas, pode ajudar a Sociologia Urbana a dar conta de transformações contemporâneas produzidas por iniciativas público-privadas em espaços periféricos, que antes eram entendidos na chave das políticas higienistas e de desapropriação.

No quarto artigo, A Nova Condição do Rap: de cultura de rua à São Paulo Fashion Week, Daniela Vieira dos Santos, da Universidade Estadual de Londrina, se debruça sobre alguns processos contemporâneos de legitimação social e simbólica do rap, a partir de uma articulação ente rap e moda, de um lado, e rap e gastronomia, de outro. Sua hipótese é que, ainda que o movimento hip-hop, em seus primórdios, tenha surgido como manifestação artística e política de pessoas negras que traziam a questão do território e do lugar de origem como fundamentais, hoje, o rap não se associa apenas à “cultura de rua”. À medida que ele começa a se desvincular de seu espaço de enunciação, alcançando um público mais amplo, ela passa a se articular com lógicas comerciais do mercado fonográfico, sendo tratada na chave do “gênero musical”. Assim, para compreender a nova condição do rap, é importante observar as implicações da incursão do movimento hip-hop, como um todo, em espaços não necessariamente circunscritos à chamada “cultura periférica” ou “cultura de rua”.

Contudo, a autora argumenta que esse novo lugar social e simbólico no contexto brasileiro tem permitido não apenas a bifurcação entre os termos “gênero musical” versus “cultura periférica”, mas um processo de legitimação no qual o rap tem se formalizado para além da perspectiva de “gênero musical”, ganhando reconhecimento em espaços mais “enobrecidos” da cidade. Analisando a estreia da LAB Fantasma na São Paulo Fashion Week, em 2016, e o projeto gastronômico da Rap Burger, também na capital paulistana, Daniela Vieira

Estud. sociol., Araraquara, v. 27, n. esp. 1, e022001, abr. 2022. e-ISSN: 1982-4718



dos Santos examina como as representações ligadas ao movimento hip-hop e, mais designadamente, ao rap acabam se dilatando: de um lado, fazendo com que tanto o “gênero” quanto a “cultura” suplantem seus territórios de origem; de outro, fazendo com que a própria periferia “se estilize” enquanto marca. Contudo, não se trata de uma marca apenas comercial, mas, também, de uma marca que abre possibilidades de superação de algumas hierarquias raciais historicamente construídas, de submissão dos negros dentro de uma narrativa de derrotas, exploração e violências.

No quinto artigo, Apropriações e Reapropriações Culturais em Salvador: sobre a espetacularização urbana e a dialética da malandragem, Ewerthon Clauber de Jesus Vieira, da Universidade Federal de Sergipe (UFS), enfrenta dimensões ambíguas do processo de produção do espaço urbano. No contexto dos megaeventos esportivos da FIFA (2013-2014), em Salvador, o autor analisa as relações entre lógicas de produção do espaço e seus efeitos nas formas como as pessoas experimentam, usam e tensionam a cidade. Vieira parte de uma tipologia analítica sobre as “práticas de apropriação e reapropriação cultural”, para entender os conflitos ocorridos durante a preparação e realização dos megaeventos na capital baiana. Entre os casos analisados, vale mencionar as atuações das Baianas do Acarajé diante da hesitação do poder público em emitir a autorização para o exercício comercial de seus ofícios, a organização político-cultural e lúdica do Bloco Afro Tambores do Mundo, bem como dos grupos carnavalescos Pipoca Indignada e Rodante, e a dinâmica de vendedores informais e dos agentes “não consumidores” em espaços de consumo.

A partir da potencialidade analítica desses casos, o autor se debruça sobre a relação entre apropriação e reapropriação cultural do espaço, mobilizando a noção de “dialética da malandragem”, de Antonio Candido. O objetivo é entender a produção da cidade como resultado de processos antagônicos, ou seja, a partir das estratégias oscilantes e residuais colocadas em prática pelos diversos agentes que disputam o urbano, movimentando-se entre os polos da ordem e da desordem, da dominação e da resistência, das correspondências e das dissidências. A experiência de sediar a Copa das Confederações, em 2013, e a Copa do Mundo, em 2014, fomentou o esgarçamento da mercantilização urbana e cultural de Salvador, sobretudo por meio de uma tendência normativa de mobilizar supostas particularidades como formas de “objetificação da cultura local” – por exemplo, realçando imagens de consumo da cidade para fins de promoção turística. Nesse contexto, as resistências não foram agenciadas na forma de organizações coletivas, mas como “sobrevivências marginais”, táticas isoladas e, muitas vezes, individualizadas que não criaram condições necessárias para o enfrentamento das políticas de

planejamento e requalificação urbana neoliberais. Pelo contrário, os casos empíricos

Estud. sociol., Araraquara, v. 27, n. esp. 1, e022001, abr. 2022. e-ISSN: 1982-4718



explicitaram um hostil horizonte do “salve-se quem puder”, que, segundo o autor, vem se tornando uma lógica idealizada de empreendedorismo de cunho espetacular.

No sexto artigo, Fraturas Espaciais: a toponímia como tipologia de dominação social, Rafael Alves Orsi, da Universidade Estadual Paulista (UNESP), Rodrigo Alberto Toledo, da Universidade Estadual de Campinas (UNICANP), e Murilo Petito Cavalcanti, da Universidade Estadual Paulista (UNESP), analisam, comparativamente, a simbologia e a carga social presentes nos nomes de conjuntos habitacionais do CDHU e do Programa “Minha Casa Minha Vida”, de um lado, e de áreas condominiais nas cidades paulistas de Araraquara e Taubaté, de outro. O objetivo do trabalho é examinar em que medida a moradia, articulada a partir de territórios esquadrinhados em bairros, desnudam as assimetrias de poder político-social e a segregação espacial.

Trata-se de uma contribuição importante aos estudos críticos sobre cidade. Fugindo de certa tendência da teoria social urbana hegemônica de privilegiarem regiões metropolitanas e “cidades globais”, os autores se debruçam sobre dois municípios paulistas médios sob a luz da simbologia do espaço urbano por meio da toponímia, como esboço da estrutura rígida, tradicional e excludente das cidades. O argumento é que os espaços urbanos dos municípios, tendo a toponímia como referência e classificação, têm na simbologia dos nomes dos conjuntos habitacionais voltados para a população de mais baixa renda e nos condomínios e bairros voltados para a população de mais alta renda o protagonismo das classes dominantes exercendo o poder de nomeação do espaço e projeção dos seus significados. Essa assimetria simbólica, espelho da segregação urbana das cidades brasileiras, denota formas sutis de dominação e manutenção de desigualdades tanto materiais quanto imateriais.

Por fim, o dossiê traz uma entrevista com Fernando Carrión Mena, do Departamento de Estudos Políticos da FLACSO (Equador), realizada por Carlos Andrés Diaz Mosquera, da Universidade Federal da Bahia. Fernando Carrión Mena é, hoje, presidente da Organización Latinoamericana y del Caribe de Centros Históricos (OLACCHI) e um dos principais nomes de pesquisas contemporâneas sobre revitalização dos centros históricos latino-americanos.

Na conversa, Diaz Mosquera e Carrión Mena passeiam por diversos trabalhos do entrevistado, enfrentando temas como as dinâmicas conflitivas que envolvem as disputas dos centros históricos de diferentes cidades latino-americanas, as características das gestões público-privadas implementadas nesses espaços, a validade da aplicação do conceito de “gentrificação” para pensar transformações contemporâneas, a tendência à homogeneização dos espaços urbanos que despontam como resultado da aplicação de teorias e políticas euro- norte-americanas de planejamento e gestão de cidades, etc. Ao final, o intelectual equatoriano

Estud. sociol., Araraquara, v. 27, n. esp. 1, e022001, abr. 2022. e-ISSN: 1982-4718



ainda debate trabalhos mais recentes, que se debruçam sobre as ondas migratórias na América Latina, os impactos da COVID-19 nas políticas urbanas, os protestos contemporâneos contra patrimônios materiais e imateriais que homenageiam personagens vinculados à colonização – conquistadores, bandeirantes, escravocratas –, além de conflitos territoriais (urbanos e rurais) que emergem da ampliação das desigualdades em várias cidades da América Latina.


REFERÊNCIAS


ACSELRAD, H. et al. (org.) Justiça ambiental e cidadania. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2004.


AGIER, M. Antropologia da cidade: lugares, situações, movimentos. São Paulo: Editoria Terceiro Nome, 2011.


AGIER, M. Do direito à cidade ao fazer-cidade. Mana, v. 21, n. 3, p. 483-498, 2015.


ALATAS S. F.; SINHA, V. Sociological Theory Beyond the Canon. London: Palgrave Macmillan, 2017.


AMIN, A. Regions unbound: towards a new politics of place. Geografiska Annaler - Series B, Human Geography, n. 86, p. 33-44, 2004.


ANDRADE, L. T.; SILVEIRA, L. S. Efeito-território: explorações em torno de um conceito sociológico. Civitas, v. 3, n. 2, p. 381-02, 2013.


ARANTES, R. A. Fugindo dos males da cidade: condomínios residenciais fechados na Grande Salvador. In: CARVALHO, I. M. M.; SILVA, S. B. M; SOUZA, A. G.; PEREIRA,

Gilberto Corso (org.). Metrópoles na Atualidade Brasileira. Salvador: EDUFBA, 2014, p. 231-258.


ARANTES, R. A. O(s) espaço(s) públicos(s) numa cidade desigual e segregada. Caderno CRH, v. 34, e021010, 2021. Disponível em: https://periodicos.ufba.br/index.php/crh/article/view/27018. Acesso em: 22 fev. 2022.


BAUMAN, Z. Confiança e Medo na Cidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2009.


BIDOU-ZACHARIASEN, C. De volta à cidade: dos processos de gentrificação às políticas de “revitalização” dos centros urbanos. São Paulo: Anablume, 2006.


BÓGUS, L. M. M. Segregações urbanas. In: FORTUNA, C.; LEITE, R. P. (org.) Plural de Cidade. Coimbra: Almedina, 2009. p. 115-126.


BORDREUIL, S. Espace public, urbanité et mouvements. In: JOLÉ, M. (org.) Actes du séminaire du CIFP de Paris, 2000-2001-2002. Lyon: CERTU, 2002. p. 45-68.


BORJA, J. La Ciudad Conquistada. Madri: Alianza Editorial, 2003.



BORJA, J.; MUXI. Z. El espacio público. Barcelona: Electa, 2003.


BRENNER, N. What is critical urban theory? City, v. 13, n. 2-3, p. 198-207, 2009.


BUNNELL, T.; MARINGANTI, A. Practising urban and regional research beyond metrocentricity. International Journal of Urban and Regional Research, n. 34, v. 2, p. 415–420, 2010.


BURGESS, E. O crescimento da cidade: uma introdução a um projeto de pesquisa.

Sociabilidades Urbanas Revista de Antropologia e Sociologia, v. 1, n. 2, p.61-70, 2017. CALDEIRA, T. Cidade de Muros. São Paulo: EDUSP, 2000.

CALDEIRA, T. Espacio, segregación y arte urbano en Brasil. Barcelona: Katz, 2010.


CARLOS, A. F. A.; SOUZA, M. L.; SPOSITO, M. E. B. (org.) A produção do espaço urbano: agentes, processos, escalas e desafios. São Paulo: Contexto, 2014.


CARRIÓN, F. El espacio público es una relación, no un espacio. In: RAMÍREZ KURI, Patricia (coord.) La reinvención del espacio público en la ciudad fragmentada. Cidade do México: Instituto de Investigaciones Sociales, 2016. p. 13–50.


CARRIÓN, F.; HANLEY, L. (org.) Regeneración y revitalización urbana en las Américas: hacia un Estado estable. Quito: FLACSO/Equador, 2005.


CARVALHO, I.; ARANTES, R. A. Cada qual no seu quadrado: segregação socioespacial e desigualdades raciais na Salvador contemporânea. EURE, v. 47, n. 142, p. 49-72, 2021.


CASSIÁN-YDE, N. Descolonizar las epistemologías urbanas. Journal of Latin American Geography, v. 18, n. 3, p. 54-84, 2019.


DAMMERT, L. Santiago de Chile: Segregación y cotidianidad del temor. In: NOYOLA, J.; DE MATTOS, C. A.; ORELLANA, A. Urbanización en tiempos de crises. Santiago: Pontifícia Universidad Católica de Chile, 2013. p. 383-414.


DAVIS, M. Cidade de Quartzo. São Paulo: Boitempo, 2009.


DE MATTOS, C. A. Redes, Nodos e Cidades: Transformação da Metrópole Latino- Americana. In: RIBEIRO, L. C. Q. (org.) Metrópoles. São Paulo: Fundação Perseu Abramo; Rio de Janeiro: FASE, 2004. p. 157-196.


DE MATTOS, C. A. Santiago de Chile, globalización y expansión metropolitana: lo que existia siegue existiendo. EURE, v. 25, n. 76, p. 29-56, 1999.


DEAR, M. The Los Angeles School of Urbanism: An Intellectual History. Urban Geography, v. 24, n. 6, p. 493-509, 2003.


DUHAU, E. Las metrópolis latinoamericanas en el siglo XXI: de la modernidad inconclusa a la crisis del espacio público. Cadernos IPPUR, ano XV, n. 1, p. 41-68, 2001.


Estud. sociol., Araraquara, v. 27, n. esp. 1, e022001, abr. 2022. e-ISSN: 1982-4718



EDENSON, T. JAYNE, M. (org.) Urban Theory beyond the West: a world of cities. London/New York: Routledge, 2012.


FORTUNA, C. Espaços públicos urbanos e zonas de intermediação cultural. In: SILVA, R. H.; ZIVIANE, P. (org.) Cidade e Cultura: rebatimentos no espaço público. Belo Horizonte: Autêntica, 2016. p. 12-31.


FORTUNA, C. In praise of other views: The world of cities and the social sciences.

Iberoamericana, n. 45, p. 137-153, 2012.


FORTUNA, C.; LEITE, R. P. (org.) Diálogos Urbanos: territórios, culturas e patrimónios. Coimbra: Almedina, 2013.


FRANÇA, D. Desigualdades e segregação residencial por raça e classe. In: MARQUES, E. (org.) A metrópole de São Paulo no século XXI: espaços, heterogeneidades e desigualdades. São Paulo: UNESP, 2015. p. 223-251.


FREHSE, F. Quando os ritmos corporais dos pedestres nos espaços públicos urbanos revelam ritmos da urbanização. Civitas, v. 16, p. 100-118, 2016.


FREY, K.; DUARTE, F. Auto-segregação e a Gestão das Cidades. Revista Ciências Sociais em Perspectiva, v. 5, n. 9, p. 109-120, 2006.


GARCIA, A. S. Desigualdades Raciais e Segregação Urbana em Antigas Capitais: Salvador, Cidade D’Oxum e Rio de Janeiro, Cidade de Ogum. Rio de Janeiro: Observatório das Metrópoles/Letra Capital, 2009.


GOMES, T. D. Racismo Fundiário: a elevadíssima concentração de terras no Brasil tem cor. Vozes de Mulheres, CPT-Comissão Pastoral da Terra Regional Bahia. Publicado em 22 mar. 2019. Disponível em: https://cptba.org.br/racismo-fundiario-a-elevadissima- concentracao-de-terras-no-brasil-tem-cor/. Acesso em: 22 fev. 2022.


HABERMAS, J. Mudança estrutura da esfera pública. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2003.


HARVEY, D. Cidades rebeldes: do direito à cidade à revolução urbana. São Paulo: Martins Fontes, 2014.


HERNÁNDEZ-FLORES, M. et al. Urban driving forces and megacity expansion threats: study case in the Mexico City periphery. Habitat International, n. 64, p.109–122, 2017.


HOLSTON, J. Os perigosos espaços da cidadania. In: HOLSTON, J. Cidadania insurgente: Disjunções da democracia e da modernidade no Brasil. São Paulo: companhia das Letras, 2013. p. 349-353.


JACQUES, P. B. Zonas de tensão: em busca de micro-resistências urbanas. In: JACQUES, P. B.; BRITTO, F. D. (org.). Corpocidade: debates, ações e articulações. Salvador: EDUFBA, 2010. p. 107-119.

JAJAMOVICH, G. América Latina y las asimetrías de poder en abordajes sobre producción y circulación de políticas y teorías urbanas. Revista Quid, v. 16, n. 8, p. 160-173, 2017.


JANOSCHKA, M. El nuevo modelo de la ciudad latinoamericana: fragmentación y privatización. EURE, v. 28, n. 85, 2002, p. 11-29.


JANOSCHKA, M.; SEQUERA, J. Procesos de gentrificación y desplazamiento en América Latina: una perspectiva comparativista. In: MICHELINI, J. J. Desafíos metropolitanos: un diálogo entre Europa y América Latina. Madrid: Los Libros de la Catarata, 2014. p. 82-104.


JESUS, V. Racializando o olhar (sociológico) sobre a saúde ambiental em saneamento da população negra: um continuum colonial chamado racismo ambiental. Saúde & Sociedade, v. 29, n. 2, e180519, 2020.


JIMÉNEZ, D. (org.) Laberintos urbanos en América Latina. Quito: Abya-Yala, 2000.


JOSEPH, I. Espace public, urbanite, citoyenneté. In: JOLÉ, M. (org.) Actes du séminaire du CIFP de Paris, 2000-2001-2002. Lyon: Certu, 2002. p.33-42.


JOSEPH, I. Paisagens urbanas, coisas públicas. Caderno CRH, n. 30/31, p. 11-40, 1999.


JOVCHELOVITCH, S. et al. Imagination and Mobility in the City: Porosity of Borders and Human Development in Divided Urban Environments. Culture & Psychology, v. 26, n. 4, p. 676–696, 2020.


KOWARICK, L. A espoliação urbana. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979. LEFEBVRE, H. O direito à cidade. São Paulo: Centauro, 2001.

LEFEBVRE, H. La production de l’espace. Paris: Éditions Anthropos, 2006.


LEITE, R. P. Contra-usos e espaço público: notas sobre a construção social dos lugares na Manguetown. RBCS, v. 17, n. 49, p. 115-134, 2002.


MABIN, A. Sedimentando a teoria da cidade do Sul no tempo e lugar. Sociedade & Estado,

v. 30, n. 2, p. 323-346, 2015.


MARCUSE, P. From critical urban theory to the right to the city. City, v. 13, n. 2–3, p. 185– 197, 2010.


MARCUSE, P. The Ghetto of Exclusion and the Fortified Enclave: New Patterns in the United States. American Behavioral Scientist, v. 41, n. 3, p. 311-326, 1997.


MARQUES, E. Elementos conceituais da segregação, da pobreza urbana e da ação do Estado. In: MARQUES, E.; TORRES, H. (org.) São Paulo: segregação, pobreza e desigualdades sociais. São Paulo: SENAC, 2005. p. 19-56.


MASSEY, D. Pelo Espaço. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2008.


MORANGE, M.; SPIRE, A. A Right to the City in the Global South? Metropolitics, 17 abr. 2015. Disponível em: www.metropolitiques.eu/Le-droit-a-la-ville-est-il-soluble.html. Acesso em: 14 jan. 2022.


Estud. sociol., Araraquara, v. 27, n. esp. 1, e022001, abr. 2022. e-ISSN: 1982-4718


MORRIS, A. The Scholar Denied: W.E.B. Du Bois and the Birth of Modern Sociology. Oakland: University of California Press, 2015.


MURRAY, M. Afterword: re-engaging with transnational urbanism. In: SAMARA, T.; HE, S.; GUO, C. (org.) Locating right to the city in the Global South. London: Routledge, 2013. p. 285-305.


NORONHA, L. The Conviviality of the Overpoliced, Detained and Expelled: Refusing Race and Salvaging the Human at the Borders of Britain. The Sociological Review, v. 70, n. 1, p. 159-177, 2022.


OLIVEIRA, L. A. Experiência literária e experiência urbana: notas sobre a literatura marginal. Veredas - Revista da Associação Internacional de Lusitanistas, v. 1, p. 24-46, 2018.


OLIVEIRA, L. A. Experiências Estéticas em Movimento: Produção Literária nas Periferias Paulistanas. Rio de Janeiro: Ape'Ku, 2020.


OLIVEIRA, L. A.; MANZI, M. Urbanização de assentamentos precarizados e direito à cidade. Revista Territorialidades, v. 1, n. 1, p. 7-16, 2020.


PAQUOT, T. L´espace public. Paris: Éditions La Découverte, 2009.


PARDUE, D.; OLIVEIRA, L. A. City as Mobility: A Contribution of Brazilian Saraus to Urban Theory. Vibrant - Virtual Brazilian Anthropology, v. 15, n. 1, e151400, 2018.


PARDUE, D.; OLIVEIRA, L. Ae. Direito à cidade: problema teórico e necessidade empírica.

Plural Revista de Ciências Sociais, v. 25, n. 2, p. 1–19, 2017.


PARK, R. A comunidade urbana como configuração espacial e ordem moral. In: PIERSON,

D. Estudos de Ecologia Humana. São Paulo: Martins, 1970. p. 127-142.


PARK, R. Human Migration and the Marginal Man. American Journal of Sociology, v. 33, n. 6, p. 881-893, 1928.


PATEL, S. Is there a ‘south’ perspective to urban studies?. In: PARNELL, S.; OLDFELD, S. (org.) The Routledge Handbook on the Cities of the Global South. London: Routledge, 2014. p. 37–53.


PATEL, S. Rethinking Urban Studies Today. Sociological Bulletin, v. 67, n. 1, p. 1–19, 2018.

PIERSON, D. Brancos e Pretos na Bahia: Estudo de Contacto Racial. Rio de Janeiro: Campanha Editora Nacional, 1945.


PRÉTECEILLE, E. A evolução da segregação social e das desigualdades urbanas: o caso da metrópole parisiense nas últimas décadas. Caderno CRH, n. 38, p. 27-48, 2003.



RAMÍREZ KURI, P. La fragilidad del espacio público en la ciudad segregada. In: CORDERA, R.; RAMÍREZ KURI, P.; ZICCARDI, A. Pobreza, Desigualdad y exclusión social en la ciudad del siglo XXI. Cidade do México: Siglo XXI, 2008. p. 117-134.


RAO, V. Slum as theory: the South/Asian city and globalization. International Journal of Urban and Regional Research, v. 30, n. 1, p. 225-232, 2006.


RIBEIRO, L. C. Q.; RIBEIRO, M. G. Análise social do território: fundamentos teóricos e metodológicos. Rio de Janeiro: Letra Capital, 2013.


ROLNIK, R. Territórios negros nas cidades brasileiras (etnicidade e cidade em São Paulo e no Rio de Janeiro). Estudos Afro-Asiáticos, n. 17, p. 29-41, 1989.


ROSA, T. T. Pensar por margens. In: JACQUES, P. B.; PEREIRA, M. S. (org.) Nebulosas do pensamento urbanístico: modos de pensar. Salvador: EDUFBA, 2018. p. 176-204.


ROSALDO, R. La pertenencia no es un lujo: procesos de ciudadanía cultural dentro de una sociedad multicultural. Desacatos, n. 3, p. 1-13, 2000.


ROY, A. The 21st-century metropolis: new geographies of theory. Regional Studies, v. 43, n. 6, p. 819–830, 2009.


ROY, A. Slumdog cities: rethinking subaltern urbanism. International Journal of Urban and Regional Research, v. 35, n. 2, p. 223-238, 2011.


ROY, A. Who’s afraid of postcolonial theory? International Journal of Urban and Regional Research, v. 40, n. 1, p. 200–209, 2015.


ROY, A.; ONG, A. Worlding cities: Asian experiments and the art of being global. Oxford: Wiley-Blackwell, 2011.


SANTOS, A. P. et al. O lugar dos pobres nas cidades: exploração teórica sobre periferização e pobreza na produção do espaço urbano Latino-Americano. Urbe - Revista Brasileira de Gestão Urbana, v. 9, n. 3, p. 430-442, 2017.


SANTOS, M. Urbanização Brasileira. São Paulo: Hucitec, 1993. SASSEN, S. The Global City. Princeton: Princeton University Press, 1991.

SELTZER, M.; HALDAR, M. The Other Chicago School: A Sociological Tradition Expropriated and Erased. Nordic Social Work Research, v. 5, p. 25-41, 2015.

SENNETT, R. O declínio do homem público. São Paulo: Companhia das Letras, 1988. SILVA, M. N. Nem para todos é a cidade: segregação urbana e racial em São Paulo.

Brasília: Fundação Cultural Palmares, 2006.


SILVEIRA, L. S.; MUNIZ, J. O. Variações intra e inter metropolitanas da desigualdade de renda racial. Cadernos Metrópole, v. 16, n. 31, p. 265-289, 2014.



SIMMEL, G. Cuestiones fundamentales de sociología. Barcelona: Gedisa, 2002.


SIMONE, A. Improvised Lives: Rhythms of Endurance in an Urban South. Cambridge: Polity Press, 2018.


SMITH, N. Gentrificação, a fronteira e a reestruturação do espaço urbano. GEOUSP - Espaço e Tempo, n. 21, p. 15-31, 2007.


SMITH, N.; LOW, S. The Politics of Public Space. New York: Routledge, 2006.


STEVENSON, N. Cultural Citizenship: Cosmopolitan Questions. Maidenhead: Open University Press, 2003.


STONEQUIST, E. The Problem of the Marginal Man. American Journal of Sociology, v. 41, n. 1, p. 1-12, 1935.


TAYLOR P. World cities and territorial states under conditions of contemporary globalization. Political Geography, n. 19, p. 5–32, 2000.


TELLES, E. Racismo à Brasileira: uma nova perspectiva Sociológica. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 2003.


VAINER, C. Disseminating ‘best practice’? The coloniality of urban knowledge and city models. In: PARNELL, Susan & OLDFIELD, Sophie (org.) The Routledge Handbook on Cities of the Global South. London: Routledge, 2014. p. 48–56.


VALLADARES, L. A visita do Robert Park ao Brasil, o “homem marginal” e a Bahia como laboratório. Caderno CRH, v. 23, n. 58, p. 35-49, 2010.


VEIGA, D. Entre a desigualdade e a exclusão social: estudo de caso da grande Montevidéu.

Caderno CRH, v. 18, n. 45, p. 341-354, 2005.


WACQUANT, L. Gueto, banlieue, favela: ferramentas para se repensar a marginalidade urbana. In: ENCONTRO ANUAL DA ANPOCS, 15., 2001, Caxambu. Anais [...]. Caxambu, MG, 2001. Disponível em: http://anpocs.com/index.php/encontros/papers/25-encontro-anual- da-anpocs/st -4/st17-4/4656-lwacquant-gueto/file. Acesso em: 14 jan. 2022.


WACQUANT, L. Que é gueto? Construindo um conceito sociológico. Revista de Sociologia e Política, n. 23, p. 155-164, 2004.


WATSON, V. Seeing from the South: Refocusing Urban Planning on the Globe’s Central Urban Issues. Urban Studies, v. 46, n. 11, p. 2259-2275, 2009.


WEBER, M. The City. London: Collier-Macmillan, 1966.


WHYTE, W. F. Introdução: Cornerville e sua gente. In: WHYTE, W. F. Sociedade de Esquina. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005. p.15-24.


WIRTH, L. Urbanismo como modo de vida. In: VELHO, O. (org.) O Fenômeno Urbano. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1967. p. 99-112.


WIRTH, L. The Ghetto. New Brunswick: Transaction Publishers, 1997.


Como referenciar este artigo


OLIVEIRA, L. A.; ARANTES, R. A. Práticas e processos de produção do espaço urbano: Descentrando perspectivas. Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 27, n. esp. 1, e022001, abr., 2022. e-ISSN: 1982-4718. DOI: https://doi.org/10.52780/res.v27iesp1.16225


Submetido em: 16/01/2022 Revisões requeridas em: 14/02/2022 Aprovado em: 30/03/2022 Publicado em: 25/04/2022



PRACTICE AND PROCESSES IN THE PRODUCTION OF URBAN SPACE: DECENTERING PERSPECTIVES


PRÁTICAS E PROCESSOS DE PRODUÇÃO DO ESPAÇO URBANO: DESCENTRANDO PERSPECTIVAS


PRÁCTICAS Y PROCESOS DE PRODUCCIÓN DEL ESPACIO URBANO: DESCENTRANDO PERSPECTIVAS


Lucas Amaral de OLIVEIRA1 Rafael de Aguiar ARANTES2


In the eyes of classic urban sociology, the city represented new horizons of uncertainty and expectations. Its importance was associated with modern ideals of freedom and equality, counterpoints to the hierarchies and immobilities of the rural/traditional world. Thus, for many authors of the early 20th century (BURGESS, 2017; PARK, 1970; SIMMEL, 2002; WEBER, 1966; WIRTH, 1967), the emergence of urban life entailed ambiguous collective experiences, linked to specific patterns of sociability, sometimes related to cosmopolitanism, civility, coexistence and tolerance, sometimes to processes that generate isolation, loneliness and indifference.

However, a critical rereading of this tradition and its way of framing urban life that, at the time, emerged in Europe implies a care that contemporary research must exercise: it cannot be ignored that these predicates, in general, were confused with the dimensions of the process of modernization, industrialization and urbanization that a few metropolitan regions of the Global North were going through, which calls into question the explanatory locus on which part of the canon of Urban Sociology in the 20th century focused.

This essay, which opens the dossier “Practices and processes in the production of urban space: decentering perspectives”, takes this tension as a premise. The classical perspective that apprehended and analyzed the city as a terrain of civil progress, of the development of human potentialities – or else, as a stage of reverberation of “modern” distrust and fears – lost sight of a series of experiences of urban life that have accumulated and developed on the peripheries of global capitalism. These experiences are marked, on the one hand, by the colonial past – and,


1 Federal University of Bahia (UFBA), Salvador – BA – Brazil. Professor in the Department of Sociology. Doctor in Sociology (USP). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-1272-4722. E-mail: lucasoliveira.ufba@gmail.com

2 Federal University of Bahia (UFBA), Salvador – BA – Brazil. Professor in the Department of Sociology. Doctor in Sociology (UFBA). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-3953-9340. E-mail: rafaelarantes13@gmail.com

Estud. sociol., Araraquara, v. 27, n. esp. 1, e022001, Apr. 2022. e-ISSN: 1982-4718



therefore, by the effects of the transatlantic slave trade, the massive deterritorialization of people, slavery, genocide and racism –, which historically intertwine “North-South” and “South-South”; on the other hand, due to the persistent legacies of this past, which make it difficult for contemporary problems to be solved – such as segregation, inequalities, lack of infrastructure, problems in regulation and urban-environmental management etc.

The cities of the Global South, when considered by the geography of hegemonic urban theory (ROY, 2009), appear in a doubly idealized way: inscribed under the sign of underdevelopment and insufficiency, that is, stuck to the historical destinations that they themselves architected, of poverty, informality, diseases, violence, deprivation; or else as interesting, anomalous, exotic and esoteric ethnographic fields. There is a binary that supports the background of these analyses: on the one hand, “developed” cities constitute “models” from which theories and policies are produced; on the other hand, “underdeveloped” cities are considered “problems” that require diagnoses, in general, by importing solutions (CASSIÁN- YDE, 2019) provided by a tailored transnational urbanism (MURRAY, 2013).

For Carlos Vainer (2014), this prism that persists in the social sciences3 stems from a “coloniality of urban knowledge”, which results in the dissemination of city models and urban spaces that do not accommodate the specific dynamics of the Global South. It is an epistemological imposition that generates “exemplary practices” of bourgeois urbanism, with supposedly universal planning recipes, evaluated as more adequate and considered by public authorities and private initiatives as references. But it is necessary to consider that such models are not neutral: they were conceived in specific and situated historical contexts, although substantially different from those for which these projects will be exported and activated in the form of urban policies (CASSIÁN-YDE, 2019; JAJAMOVICH, 2017; JANOSCHKA; SEQUERA, 2014; PATEL, 2014; VAINER, 2014).

The aim of this dossier is that, in order to avoid discrepant readings of the urban realities of the Global South, we must think of a “relational” sociology of urban space, which implies perceiving it from its “rhythms”, from its cartographies of meanings (FORTUNA, 2012), as well as the practices, dynamics, divergences and convergences that bring to the center of the


3 Part of the debates that unfolded from the Chicago School and the French School of Urban Sociology, throughout the 20th century, followed attached to a “hegemonic territorial imaginary of the world” (AMIN, 2004). But this field began to change with the empirical knowledge produced in the Global South itself (KOWARICK, 1979; SANTOS, 1993) and with the new epistemologies that emerged in Sociology between the 1970s and 1980s, such as Critical Urban Theory (BRENNER, 2009); DEAR, 2003; MARCUSE, 2010) and Subaltern Urbanism (PATEL, 2018; ROY, 2011; 2015; ROY; ONG, 2011). These shifts put in check the supposedly universal grammar of the “city” – considering variations from local dynamics – and the metrocentric trends of western urbanism – which focus on “global cities”, from a normative and Eurocentric perspective.

Estud. sociol., Araraquara, v. 27, n. esp. 1, e022001, Apr. 2022. e-ISSN: 1982-4718



analysis oscillations, modulations and negotiations that produce contemporary urban spaces (SIMONE, 2018). This reorientation – theoretical, methodological, and epistemological, but also ethical and political – can help Urban Sociology face a double challenge for its decentering. First, how to problematize the authorized spaces of production of legitimate knowledge of/about the city, including spaces historically denied, silenced, or neglected? Second, how can we shed light on the dynamics of urban life woven in other latitudes and take seriously what Agier(2015) called new ways of doing the city?

This dossier seeks to face new challenges imposed on Urban Sociology produced in the Global South. However, a warning is worth mentioning here: even if we recognize a certain ineptitude of the Global North approaches in dealing with peripheral realities (EDENSOR; JAYNE, 2012; WATSON, 2009), mainly due to a universalist analytical structure that fails to tension its own places of (RAO, 2006), following Mabin(2015), we reject the perspective that theories from the North cannot be useful in the South – epistemologies travel, intersect and feed each other, enriching places, people, policies, networks, repertoires and moves. More specifically, it is about facing phenomena and problems that are contemporary and that affect different Latin American cities, from axes involved in global processes of production of urban space but analyzed in decentered contexts. Among these phenomena and problems, we can consider, for example, urban assemblages, cultural practices, sociability patterns, uses and counter-uses of public spaces, historical experiences of occupation and reterritorialization, segregation dynamics, new borders that circumscribe the “urban question” in the current stage of global capitalism and the “subaltern resistances” (ROY, 2011) that are present in post- colonial cities.

Through the articulation of some disciplinary fields - such as Urban Sociology and Sociology of Culture -, the objective was to gather empirically oriented research and reflections, which, at the same time, tension the geographies of theory, from figurations, arrangements, dispositions and strategies responsible for material and symbolic displacements, negotiations of meaning and forms of reappropriation of contemporary urban public space.

This introductory text is divided into three more sections. Initially, we review the literature that informs studies on contemporary cities, focusing on segregation, a significant feature of urban spaces in the Global South. Then, we trace displacements that have redesigned, today, the debate about public space, sociabilities and cultural practices, three dimensions that reveal that the urban does not constitute a static geography, but a relationship. Finally, we articulate these frameworks to the contributions that make up this dossier. Each of the articles,

in its own way, registers different dynamics of production of contemporary urban space,

Estud. sociol., Araraquara, v. 27, n. esp. 1, e022001, Apr. 2022. e-ISSN: 1982-4718



whether hegemonic or counter-hegemonic, instituted, or emerging, central or marginal, as well as important agencies that, in recent years, have driven the processes of space and culture reappropriation in Latin American cities.


The City in the Global South and the Question of Sociospatial Segregation


In recent decades, a series of transformations in urban spaces have led the Social Sciences and the Urban Sociology produced in the Global South to reorient conceptual repertoires, methodological frameworks, and analytical keys. Little by little, the city ceases to be a scene of unfolding activities, events, dynamics, relationships, and processes, to be treated, on the one hand, as a socially constructed space through interactions, assemblages and disputes, and, on the other hand, as a producer and reproducer of social determinations of class, race, gender, occupation, residence and other cleavages.

These rearrangements have brought new thematic intersections to urban research to deal with the problems that affect contemporary cities on the periphery of global capitalism, such as the systematic dissolution of public space (BORJA, 2003; BORJA; MUXÍ, 2003), the rejection of intercultural coexistence (JIMÉNEZ, 2000; NORONHA, 2022), the weakening of sociability ties established in alterity policies (CALDEIRA, 2000; DAMMERT, 2013; DAVIS, 2009; DUHAU, 2001; SENNETT, 1988) etc. Related to these are the closure of urban life (SMITH & LOW, 2006), the proliferation of fortified enclaves (CALDEIRA, 2000; MARCUSE, 1997), suburbanization (HERNÁNDEZ-FLORES et al., 2017), peripheralization (SANTOS et al., 2017) and sprawling urbanization (SANTOS, 1993), a tendency to flee from urban pathologies (ARANTES, 2014), land ownership racism and socio-environmental injustices (ACSERALD et al., 2004; GOMES, 2019; JESUS, 2020), the policies of gentrification, revitalization and boutiqueization (BIDOU-ZACHARIASEN, 2006; CARRIÓN; HANLEY, 2005; SMITH,

2007), the normative models of public space with hygienist biases (CASSIÁN-YDE, 2019), the new disputes over peripheral spaces (OLIVEIRA, 2020; PARDUE; OLIVEIRA 2018; RAO, 2006; ROSA, 2018; ROY, 2011) etc.

These rearrangements also impacted more global agendas of urban research, albeit with locally variable impacts and modulations. Examples are studies on neoliberal governance and the financialization of large cities, which have questioned the extent to which processes of privatization of public space have been accentuated under the aegis of local development (ARANTES, 2021); or the works that analyze how city dwellers, frightened by the increase in


Estud. sociol., Araraquara, v. 27, n. esp. 1, e022001, Apr. 2022. e-ISSN: 1982-4718



violence and media repercussions encouraged by the “capital of fear” (BAUMAN, 2009), increasingly seek “self-segregation” in search of protection, privileges and distinction (FREY; DUARTE, 2006). These and other processes are linked to the scale and shape of contemporary cities, as well as to the inability and omission of states to develop policies aimed at expanding public spaces, which has repercussions on the dynamics of agency of everyday life in public spaces and patterns of sociability.

The experience of public spaces and the constitution of sociability relations are faced with trends of segregation and privatization. Ultimately, socio-spatial segregation can be identified today as a fundamental characteristic of cities in the Global South (CALDEIRA, 2000; DAMMERT, 2013; DE MATTOS, 1999; 2004; DUHAU, 2001; JANOSCHKA, 2002;

RAMÍREZ KURI, 2008; VEIGA, 2005). This mark is one of the colonialities that shape cities on the periphery of capitalism, mirroring economic, racial, social and cultural differences that define societies that, until today, suffer from the remnants of colonialism.

Although in the classic sociological literature several authors have called attention to injustices resulting from urbanization processes, the theme of segregation became the object of sociological concern with the works of the Chicago School4, which focused, in their approaches, on ethnic segregation and racial discrimination of black people, migrants and other minorities (BURGESS, 2017; PARK, 1928; STONEQUIST, 1935; WHYTE, 2005; WIRTH, 1997). Later,

in France, studies began to focus on inequalities between occupational categories, framing the phenomenon as a direct and indirect consequence of the dynamics of the labor market, with emphasis on the issue of social class (PRÉTECEILLE, 2003). In Latin America and, in particular, in the Brazilian sociological tradition, urban analyzes are also based on the perspective of stratification; but the focus fell on the income dimension and socio-occupational categories, especially when showing how the segmentation of the labor universe, the dynamics of the land market and the State's performance were still determining factors in the persistence of socio-spatial segregation (MARQUES, 2005; RIBEIRO; RIBEIRO, 2013).

Until the 1990s, few studies produced in Brazil addressed the articulation between race and segregation. Possibly, this was due, in the first place, to the influence of Marxism in the


4 We must not forget that there was – as there is in every tradition – the erasure of contributions from women and blacks, an expression of racism and androcentrism in social theory (ALATAS; SINHA, 2017). We can cite two examples: the pioneering spirit of W.E.B. Du Bois and the group of black intellectuals and civil rights activists that formed around him at the “Atlanta Laboratory”, focusing on the dynamics of urban racial exclusion (MORRIS, 2015); and the initiatives of contemporaneous thinkers with Robert Park and Du Bois – such as Jane Addams, Florence Kelley, Ellen Gates Starr and others –, who made up the “Hull House”, a group concerned with issues involving housing, migration, social assistance policies etc. (SELTZER; HALDAR, 2015; VALLADARES, 2010).

Estud. sociol., Araraquara, v. 27, n. esp. 1, e022001, Apr. 2022. e-ISSN: 1982-4718



conformation of Brazilian Urban Sociology, between 1960 and 1980, which centralized the question of class; second, the idealized image of a cordial society built throughout the 20th century, motivated by discourses on racial relations in the country5. However, new works have placed the racial issue and other markers at the center of the analysis of segregation (CARVALHO; ARANTES, 2021; FRANÇA, 2015; GARCIA, 2009; ROLNIK, 1989; SILVA,

2006; SILVEIRA; MUNIZ, 2014; TELLES, 2003).

As Bógus (2009) pointed out, the idea of segregation, in a generic definition, refers to a separation between certain groups in the space of societies. This division is the result or reflection of the relationships that are established, historically, from the structure and stratification, norms and cultures in force, to which are added the land tenure model and access to land. Segregation, therefore, concerns the inequality in the appropriation of the territory which, in turn, generates a hierarchical separation between the various population segments that make up the structure of urban space. Therefore, segregation concerns relations of power and domination, often associated with issues of class, race, gender and occupation. After all, segregation is responsible for linking geographic predicates with other cleavages, for example, relating spatial hierarchies (separation of segments in the physical space of the city) and socio- racial hierarchies (which reproduce inequalities in the appropriation of urban land6).

Marques (2005) shows that segregation involves at least three processes: radical isolation, inequality of access and homogenizing separation. The first case refers to an extreme dimension of socio-spatial segregation, connoting total isolation, which translates into the formation of “ghettos” or “citadels” (MARCUSE, 1997). While in the ghetto there is an external force that prevents individuals from leaving, in the excluding enclave it is an internal force that prevents the entry of undesirable groups, an increasingly visible reality of contemporary cities that Caldeira (2000) called “cities with walls”. ” or “fortified enclaves”, which refer to areas of leisure, consumption, work and housing protected and monitored by advanced security technologies, restricted and private to the upper classes of the social structure. The self- segregation of elites has increased the separation between groups, imposing an evident racial


5 Donald Pierson, for example, a student of Park and an important sociologist in the design of the “UNESCO Project” on race relations in Brazil, in his research in the city of Salvador, in the 1930s, identified the socio-spatial segregation existing between black and white segments, but interpreting it as a “coincidence” between the social and racial dimensions, noting that there would not be, in Bahia, “a purposeful effort to segregate races in order to maintain caste distinctions, as in several parts of the United States” (PIERSON, 1945, p. 73-74).

6 Segregation in cities is also manifested in the form of environmental racism (ACSERALD et al., 2004; JESUS, 2020) and “landing racism” (GOMES, 2019), socio-spatial injustices to which racialized groups – that is, non- whites – are systematically subjected, causing their territories, properties and ways of life to suffer disproportionately from spatial determinants of inequality (OLIVEIRA; MANZI, 2020).

Estud. sociol., Araraquara, v. 27, n. esp. 1, e022001, Apr. 2022. e-ISSN: 1982-4718



divide. Regarding the ghettos7, their formation is related to a more radicalized and open process, since it is not an external force - which could be the balance of contingencies in the economic field -, but to institutionalized legal and state devices for the maintenance of hierarchies, such as zoning.

In the case of Brazil, Marques (2005) emphasizes that socio-spatial segregation must be addressed indirectly, using its two other meanings – inequality and separation. On the one hand, the different urban spaces are characterized by differential access to services, infrastructure, equipment, goods, opportunities etc. On the other hand, segregation can be examined from the conformation of different groups in space, a dynamic that produces sub-areas of relative homogeneity, with people from the same class and race segments. The two dimensions coexist in the Brazilian reality, in which areas of socio-racial homogeneity of poverty mirror the precariousness of access to policies, opportunities, capital.

To complicate the analysis of cities on the periphery of global capitalism, it is necessary to pay attention to the fact that there is a difference between spatial segregation and social segregation (BÓGUS, 2009), insofar as large socio-racial distances can exist in contexts of geographic proximity. According to Andrade and Silveira (2013), most Brazilian cities live with different levels of segregation. At the macro level, the “center-periphery” pattern is generally maintained, in which geographic distance naturalizes socio-racial distance. However, this model coexists with the presence of areas of popular occupation in areas of greater appreciation or, more recently, in enclaves built in peripheries and suburbs. In this model, although there is physical proximity, the distance is constructed by other markers of difference that are material – such as walls, gates and fences – but, fundamentally, symbolic – skin color, physical appearance, practices etc.

Socio-spatial segregation brings to the fore a dialectic based on the contradictory relationship between the city's social heterogeneity, a striking element of the agglomeration of people in spaces, and the relations of power and domination. This phenomenon impacts urban life in general, but above all specific territories of the various social segments that produce the city, as well as their sociability patterns, their encounters in public spaces, their interaction dynamics, their assemblages, their experiences, and practices. The diverse social realities


7 According to Wacquant (2004), the concept of “ghetto” is used mainly in the historiography of the Jewish diaspora and Nazism, as well as in the sociology of the black experience in the 20th century American metropolises and in the anthropology of ethnic marginality in Africa and Eastern Asia. In these approaches, “ghetto” denotes a restricted urban area, with a network of institutions linked to specific segments and a cultural and cognitive constellation made up of values and mentalities. This implies stigmatization that undermines ties of local solidarity and favors the “racialization” of spaces, generating isolation of some groups (WACQUANT, 2001) and the truncation of the space itself and the life opportunities of its members (WACQUANT, 2004, p. 155).

Estud. sociol., Araraquara, v. 27, n. esp. 1, e022001, Apr. 2022. e-ISSN: 1982-4718



existing in cities in the Global South are marked by these arrangements, which oscillate between the diversity of the urban fabric and its internal contradictions, which comprises not only the dynamics of agents in/by the city, but also the economic processes and cultural, where the inequalities and hierarchies of urban culture have relevant weight. This is an important dialectic for understanding the urban in its various contexts.


Public spaces, sociability patterns and urban cultural practices


Public space is the place where relationships between people and cities are more directly articulated (RAMÍREZ KURI, 2008), revealing forms of organization, resignification and/or disintegration of common life. Therefore, dealing with the production of contemporary space is to reflect on the public space in its various manifestations, which allows us to understand how are constituted the interactions, arrangements, networks, and sociabilities put into practice by its agents, who make, live and transform the city (AGIER, 2015; CARLOS et al., 2014).

According to Joseph (2002), the term public space designates phenomena that are not exactly the same, such as the public sphere and urban public space. According to the French sociologist, there are two more canonical traditions that have thought about public spaces: the European tradition, focused on an understanding associated with urbanity, citizenship and democracy; and the American tradition, linked to the Chicago School's urban ecology studies, concerned with analyzes of the city's spatial structure and urban hierarchy systems.

The European tradition, strongly influenced by the formulations of Jürgen Habermas initially presented in Structural Transformation of the Public Sphere (2003), refers to a public sphere that began to take shape in the 18th century, when the constitution of an urban culture was opposed to spaces of power of the court and the church. Such culture was constituted in salons and cafes and, later, took the written press as a medium. The free and public use of reason

– an expression taken from Kant by Habermas – would be the constitutive rule of this public space that conforms to an abstract arena of debates. Free and public reason would guarantee the self-regulation of the heterogeneous society that was based on the presupposition of equality between members of the public sphere (HABERMAS, 2003; JOSEPH, 2002). This tradition understood the public space as a sphere or culture of the common and, therefore, as an environment where things can be stated, a locus of discussion and visibility. In other words, it is a place of dispute, controversy, and debate, where conversation is at the heart of the device of civility. This society, which is based on urbanity – and, indeed, on stability and coherence –


Estud. sociol., Araraquara, v. 27, n. esp. 1, e022001, Apr. 2022. e-ISSN: 1982-4718



, has characteristics that are opposite to the model of monarchical society, tied to hierarchies and dependencies, based on mystique, and closed and interior experience (JOSEPH, 2002).

According to Joseph (2002), the North American tradition, on the other hand, escapes this abstract understanding of dialogic space and descends to the level of the street and concrete space to question its nature, its relationship with everyday and ordinary activities. The emphasis turns to material space, which does not mean simply physical space, but a visual and sound space, full of agents and objects. It is not a space of mutual visibilities built around judgments, but an environment of encounters and displacements, a place with niches, margins, and borders. This approach forces us to think about the cohabitation and co-presence of different populations, but, above all, their competition for space, the dynamics of cooperation and the patterns of socialization that are at stake in urban ecology. In the dynamics of this space, the mobility of people becomes a central phenomenon, as it creates mixtures and spaces for intermediation and negotiation. Urbanity, then, changes its nature and starts to assume the civil capacity to administer and manage class, interethnic, socio-racial and cultural conflicts, that is, conflicts between the most diverse population segments that live in the same territory. This tradition, therefore, focuses on the interaction between different social groups in their everyday uses of urban space.

Thierry Paquot (2009) poses similar questions to Joseph's (2002) regarding the differences between the public sphere and the urban public space. According to his considerations, public space is a singular whose plural – public spaces – does not correspond to it. The first evokes the place of political debate, confrontation of opinions, a form of communication, circulation of ideas and, ultimately, a democratic practice. Formation in the plural, in turn, designates places open to the public, according to the conditions of accessibility and gratuity, regardless of their legal status. Public spaces put people in relationship, at least potentially, since in these spaces they cross, touch, greet, talk, get to know each other or then, avoid each other, ignore each other, attack each other (PAQUOT, 2009). Despite the difference between the terms, the two formations have in common the idea of sharing, relationship, exchange and circulation. They are not equal phenomena and therefore cannot be reduced to one another; but they have a deep articulation, which justifies an analysis that brings the two phenomena to a good term.

This dossier seeks to approach a more fluid image of public space, understood beyond its physical-spatial meaning, encompassing borders and symbolic territories of experiences, coexistences, politics, encounters, and affections. Indeed, it can be treated in two ways: in its

ordinary dimension, that is, of the “vital social minimum” related to both everyday details and

Estud. sociol., Araraquara, v. 27, n. esp. 1, e022001, Apr. 2022. e-ISSN: 1982-4718



in its extraordinary dimension (AGIER, 2011; SIMONE, 2018); and also from mobility and transit, forms of cohabitation and co-presence, in the dynamics of competition in niches and margins (JOSEPH, 2002; FREHSE, 2016).

Public spaces are not given in advance; they are phenomena produced through dynamics that can be of political and cultural, local and translocal, hegemonic and marginal orders. Trying to overcome conceptualization difficulties with a view to developing empirical research, Arantes (2021) considers that urban public spaces involve, in their ideal-typical form, at least four dimensions: a) a public geography (they are accessible physical spaces broad, which are not closed a priori to diversity and social exchanges); b) a certain vitality (they are effectively used, allowing different uses and expressing a relative social diversity); c) a diversity of sociability actions and relationships; and d) a functionality as a stage, arena or scene of political movements and cultural practices, when they conform as substrates of mobilization, participation and debate (HARVEY, 2014).

Thus, it is understood that public spaces involve a practical dimension, which articulates the concern of their effective uses, according to the American tradition, but also their contents, according to the European tradition. This allows the concept to be used in new decentered empirical contexts, sometimes very distant from the places where it was originally developed – as in the case of urban spaces in the Global South.

In this sense, we can say that sociability is the concrete expression of the realization of public spaces, in the sense of rituals and practices (BORDREUIL, 2002), which give meaning to their uses and counter-uses of the city (LEITE, 2002; FORTUNA; LEITE, 2013). The publicizing of life is a process that involves socialization and the public – both the public sphere and urban public spaces –, that is, it refers to a place of communication and action. As highlighted by Paquot (2009) and Carrión (2016), public spaces are relational, insofar as they place people in constant articulation. According to Joseph (1999, p. 22, our translation), “with sociability, the aesthetics of conversation and concerted consensus [associated with the public sphere] are transferred to the street system”, so that public spaces become instruments for dramatizing the practical intersubjectivity and collective assemblages. This perspective breaks with a contemplative vision of urban space, identifying its “interactional ballet” (BORDREUIL, 2002, p. 52), and its public character does not depend solely on the physical space, but on the types of practices, relationships and assemblages that are disputed, constructed and that prevail in these spaces.

It is important to consider that, whether fragmentary or not, generating bonds or

conflicts, the interactions that shape sociability express and reconstruct fundamental elements

Estud. sociol., Araraquara, v. 27, n. esp. 1, e022001, Apr. 2022. e-ISSN: 1982-4718



of the formation of a given society, the social and racial hierarchies and privileges, the forms of appreciation of equality and difference, cultural and social experiences, political demands, as well as elements associated with different conflicts and forms of distinction. The symbolic dimension of public spaces and their uses and counter-uses gain, in this sense, contours that can be stated by the idea of “urban cultural practices” (OLIVEIRA, 2018; 2020). To reflect on such practices is to consider at least two dimensions in an articulated way: a spatial conception of culture and a cultural conception of the city.

The first has to do with assemblages whose arena of manifestation is the urban space, which includes strategies, trajectories and experiences, individual and collective, formal and informal, involved in tensioning the dynamics of different cities. These assemblages constitute forms and processes of organization of subjectivity that people, organizations, collectives, movements and networks articulate, in order to establish affective or politically oriented bonds with urban spaces (CALDEIRA, 2010; PARDUE; OLIVEIRA, 2017; OLIVEIRA, 2018). Since

the meaning of these assemblages derives from sociocultural processes that sustain life in contemporary cities, especially in decentered contexts, it is necessary to consider urban space as a place of socio-institutional, physical/spatial and symbolic determinants that people co- construct, daily, as they develop their life trajectories (JOVCHELOVITCH et al., 2020).

This leads us to a more situated understanding – and, precisely because of that, more expanded – of urban culture, which refers to everyday practices that we produce and that produce us, in a concomitant and procedural way, which includes modes of existence, visions of world and patterns of understanding relationships. These relationships give meaning and organize the lives of different population segments, always in response to challenges and changes in living conditions. Considering that they are socially produced and react to specific, contextually conditioned changes, these assemblages have spatial ballasts that imply the way in which sociability patterns and the dynamics of conviviality in public spaces are articulated, including relationships woven in contemporary urban spaces occupied by or denied to marginalized agents – in terms of race, class, gender, sexuality, generation, residence, occupation etc.

This leads us to the second dimension of urban cultural practices, which refers to a cultural framework of the city. It is about recognizing that, before a stable and coherent normativity, the city is built through a relationality that involves different agents and geographies, uses and counter-uses of spaces, formal and informal practices of production and reproduction of everyday life, processes of appropriation and reappropriation of territories,

forms of self-organization and communalization, conflicts and arrangements linked to the

Estud. sociol., Araraquara, v. 27, n. esp. 1, e022001, Apr. 2022. e-ISSN: 1982-4718



materialities of life (CASSIÁN-YDE, 2019). In other words, the city is not a mere fiction that regulates contemporary life (ROY, 2009), nor should it be understood as a finished image of metrocentric urbanity (BUNNELL; MARINGANTI, 2010), or else as a desirable and universalizable prototype of the model of global cities (SASSEN, 1991; TAYLOR, 2000). The cultural background listed here leads us to scrutinize the city from its zones of intermediation and tension (FORTUNA, 2016; FORTUNA; LEITE, 2013; JACQUES, 2010), from its

production processes (LEFEBVRE, 2006), that is to say, as heterogeneous formations that, because they are in constant reformulation, in dispute, are unfinished virtual objects, or rather, because they end up by the creative or destructive power of their agents (SANTOS, 1993).

When thinking of the city as a product of sociocultural and political processes, as a formation that manifests itself from its internal dynamics, we must consider at least two possibilities. On the one hand, the city can constitute the sphere of possibility of existence between different and historical arena of rights and citizenships (HOLSTON, 2013; LEFEBVRE, 2001; MORANGE; SPIRE, 2015; ROSALDO, 2000; STEVENSON, 2003),

because, as social, political and cultural fact, condenses open spaces for transformation, for the emergence of the new, for the future (MASSEY, 2008). But, on the other hand, considering that cities are also marked by different regimes of discrimination and violence, they can be the result of local and translocal logics of production and reproduction of inequalities, hierarchies, segregation, colonialities and subalternities.

Thus, when we say that the production of urban space also includes a cultural dimension, we mean that the city is built by people, whose practices and experiences are decisive not only for the generation of feelings of belonging and identification, but, above all, for the composition of sociability patterns and informal strategies of production and reproduction of everyday life. To this extent, an Urban Sociology produced in the Global South must consider these assemblages, as they impact the use, politicization and resignification that contemporary urban spaces have given rise to.


Decentering the Contemporary Urban Space: some contributions


In addition to this introductory article, the dossier “Practices and processes in the production of urban space: decentering perspectives” is composed of seven more items, comprising six unpublished articles and an interview with the Ecuadorian social scientist Fernando Carrión Mena.


Estud. sociol., Araraquara, v. 27, n. esp. 1, e022001, Apr. 2022. e-ISSN: 1982-4718



The first article, Territorialized pandemic: everyday life in two neighbourhoods of Buenos Aires, by María Mercedes Di Virgilio, María Agustina Frisch and Mariano Perelman, from the University of Buenos Aires (UBA), proposes a spatially conditioned analysis of social isolation, the quarantine and the progressive reopening in the pandemic context of the city of Buenos Aires. The authors think about COVID-19 from the social practices of the residents of two middle-class neighborhoods – Lugano and San Telmo –, emphasizing the variations that have occurred in the patterns of sociability, mobility, work, leisure and care.

One of the arguments developed in the text is that the domestic universe has taken on an unusual role, becoming a type of “total space” for work, education, care, health, interaction and entertainment. The daily routine, in turn, was no longer systematized around the workplace, being reconfigured in the residential neighborhoods. In this process that feeds back, relationships of conviviality and neighborhood began to play a leading role in the maintenance of urban life, as well as in the practices and patterns of sociability of the residents. In fact, a new dynamic of space production emerged in the pandemic, establishing renewed ways of seeing and experiencing neighborhoods, which also had an impact on the revaluation of public space, such as parks and green areas. Another point highlighted by the authors is that the pandemic generated difficulties associated with the schooling of children, the constant fear of contagion, concern for vulnerable family members and feelings of confinement and anguish. This context produced new ways of maintaining daily life, which are not limited to the economic component: they involve other forms of sociability, re-signification of the domestic space, revaluation of public space, strengthening of social networks, building strong bonds with the neighborhoods and a affective socio-spatial reaccommodation in these urban spaces. This process, still in progress, has generated a new prism through which the city is perceived and lived.

The second article, Segregated Urban Experiences: housing places, trajectories and personal networks of blacks and whites in São Paulo, by Danilo França, from Universidade Federal Fluminense (UFF), highlights the importance of race and place of residence in the conformation of practices and spatially segmented relationships and, therefore, in the generation of varied urban experiences. Based on 28 interviews carried out in three neighborhoods in the metropolis of São Paulo – Itaim Bibi, São Miguel Paulista and Tatuapé –

, the author focuses on spatially conditioned relationships between black and white people from the middle and upper classes. The analysis of personal networks leads Danilo França to argue that space configures a factor of homophily, that is, the construction of personal relationships

based on similarities of attributes. In the analyzed cases, middle- and upper-class white people

Estud. sociol., Araraquara, v. 27, n. esp. 1, e022001, Apr. 2022. e-ISSN: 1982-4718



are more racially homophilic than black people from the same social segment, exhibiting characteristics of closure. In contrast, the results show that black people have more open and mixed networks, even though they are mostly made up of relatives. The analysis of urban routes, on the other hand, reveals that, in general, white people are more focused on moving in noble areas than black people. The whitened personal networks and the greater physical frequency in noble areas of the city, combined with the dynamics of residential concentration of whites and blacks in the city, present a framework of reinforced evidence of isolation – spatial, social, racial and of paths and mobility – by part of middle and upper class white people in São Paulo. Thus, considering that black and white people are residentially segregated in the city, their personal networks and the places they frequent are also segregated.

Arguing that socio-spatial segregation has a cleavage between groups, which in turn is established through the overlap between class, race and space, the author concludes that black people are kept at a distance – territorial and social – even when they belong to the same fraction of class than white people. In this sense, racially conditioned inequalities and hierarchies reproduce a disposition of status type (that is, of status groups), in which “rich-whites” are opposed to “poor-blacks”, which gives segregation in contemporary urban space a significant importance for the constitution of barriers that structure racial relations in Brazil.

In the third article, Can We Talk about Gentrification in Favelas? A case study on urban requalification in Bairro da Paz, Maria Gabriela Hita and Emilly Mascarenhas Costa, from the Federal University of Bahia (UFBA), focus on contemporary processes of gentrification in peripheral communities. Based on a case study that has been taking place since 2005, in Bairro da Paz, in Salvador, but focusing on the 2013-2016 period, the authors analyze the implementation of the Casa Legal Program – put into practice by the municipal government in order to to meet demands for land tenure regularization –, to reflect to what extent actions of “requalification” and “revaluation” of urban peripheries are related to gentrification processes, especially regarding initiatives to attract the interests of real estate capital.

The authors' argument is that Bairro da Paz has been going through a discreet and slow process of gentrification, which could result in the reduction of the central area of the neighborhood, with expropriations framed in the justifications of “environmental risks” or “public needs”. However, the neighborhood may undergo changes with regard to the type of internal social composition of people who leave, stay and arrive. These transformations can lead the neighborhood to a gradual process, in the medium and long term, of greater “bourgeoisness”. The authors conclude that the concept of gentrification, although initially

thought to frame processes in centralized regions of cities, when operationalized from local

Estud. sociol., Araraquara, v. 27, n. esp. 1, e022001, Apr. 2022. e-ISSN: 1982-4718



variations and modulations and captured by ethnographic immersions, can help Urban Sociology to account for contemporary transformations produced by public-private initiatives in peripheral spaces, which were previously understood as the key to hygienist and expropriation policies.

In the fourth article, The New Condition of Rap: from street culture to São Paulo Fashion Week, Daniela Vieira dos Santos, from the State University of Londrina, focuses on some contemporary processes of social and symbolic legitimation of rap, based on an articulation between rap and fashion, on the one hand, and rap and gastronomy, on the other. Her hypothesis is that, although the hip-hop movement, in its beginnings, emerged as an artistic and political manifestation of black people who brought the issue of territory and place of origin as fundamental, today, rap is not associated only with “street culture”. As it starts to detach itself from its enunciation space, reaching a wider audience, it starts to articulate with the commercial logics of the phonographic market, being treated in the key of the “musical genre”. Thus, to understand the new condition of rap, it is important to observe the implications of the incursion of the hip-hop movement into spaces not necessarily limited to the so-called “peripheral culture” or “street culture”.

However, the author argues that this new social and symbolic place in the Brazilian context has allowed not only the bifurcation between the terms “musical genre” versus “peripheral culture”, but a process of legitimation in which rap has been formalized beyond the of “musical genre”, gaining recognition in more “ennobled” spaces in the city. Analyzing the debut of LAB Fantasma at São Paulo Fashion Week, in 2016, and the gastronomic project of Rap Burger, also in São Paulo, Daniela Vieira dos Santos examines how representations linked to the hip-hop movement and, more specifically, to rap end up expanding: on the one hand, making both “gender” and “culture” supplant their territories of origin; on the other, making the periphery itself “stylize” as a brand. However, it is not just a commercial brand, but also a brand that opens up possibilities of overcoming some historically constructed racial hierarchies, of submission of black people within a narrative of defeats, exploitation and violence.

In the fifth article, Cultural Appropriations and Re-appropriations in Salvador-BA: on urban spectacularization and the dialectics of malandragem, Ewerthon Clauber de Jesus Vieira, from the Federal University of Sergipe (UFS), faces ambiguous dimensions of the process of production of urban space. In the context of FIFA's sporting mega-events (2013- 2014), in Salvador, the author analyzes the relationships between logic of space production and their effects on the ways in which people experience, use and stress the city. Vieira starts from

an analytical typology on the “practices of cultural appropriation and reappropriation”, to

Estud. sociol., Araraquara, v. 27, n. esp. 1, e022001, Apr. 2022. e-ISSN: 1982-4718



understand the conflicts that occurred during the preparation and realization of mega-events in the Bahian capital. Among the cases analyzed, it is worth mentioning the actions of the Baianas do Acarajé in the face of the public authorities' hesitation in issuing the authorization for the commercial exercise of their crafts, the political-cultural and recreational organization of the Afro Tambores do Mundo Bloc, as well as the carnival groups Pipoca Indignada e Rodante, and the dynamics of informal sellers and “non-consumer” agents in consumption spaces.

Based on the analytical potential of these cases, the author focuses on the relationship between cultural appropriation and reappropriation of space, mobilizing Antonio Candido's notion of “malandragem dialectic”. The objective is to understand the production of the city as a result of antagonistic processes, that is, from the oscillating and residual strategies put into practice by the various agents that dispute the urban, moving between the poles of order and disorder, domination and resistance, correspondence and dissent. The experience of hosting the Confederations Cup, in 2013, and the World Cup, in 2014, fostered the fraying of the urban and cultural commodification of Salvador, mainly through a normative tendency to mobilize supposed particularities as forms of “objectification of local culture” – for example, enhancing consumer images of the city for tourism promotion purposes. In this context, resistances were not managed in the form of collective organizations, but as “marginal survivals”, isolated and often individualized tactics that did not create the necessary conditions for confronting neoliberal urban planning and requalification policies. On the contrary, the empirical cases showed a hostile horizon of “save yourself if you can”, which, according to the author, has become an idealized logic of spectacle entrepreneurship.

In the sixth article, Spatial Fractures: toponymy as a typology of social domination, Rafael Alves Orsi, from the Universidade Estadual Paulista (UNESP), Rodrigo Alberto Toledo, from the State University of Campinas (UNICANP), and Murilo Petito Cavalcanti, from the Universidade Estadual Paulista (UNESP), comparatively analyze the symbology and social burden present in the names of housing projects from CDHU and from the “Minha Casa Minha Vida” Program, on the one hand, and condominium areas in the São Paulo cities of Araraquara and Taubaté, on the other. The objective of this work is to examine the extent to which housing, articulated from territories scrutinized into neighborhoods, lays bare the asymmetries of political-social power and spatial segregation.

It is an important contribution to critical studies on the city. Escaping from a certain tendency of the hegemonic urban social theory of privileging metropolitan regions and “global cities”, the authors focus on two medium-sized São Paulo municipalities in the light of the

symbology of urban space through toponymy, as an outline of the rigid, traditional and

Estud. sociol., Araraquara, v. 27, n. esp. 1, e022001, Apr. 2022. e-ISSN: 1982-4718



excluding structure of cities. The argument is that the urban spaces of the municipalities, having toponymy as a reference and classification, have the leading role of dominant classes exercising the power of naming space and projecting its meanings. This symbolic asymmetry, a mirror of the urban segregation of Brazilian cities, denotes subtle forms of domination and maintenance of both material and immaterial inequalities.

Finally, the dossier features an interview with Fernando Carrión Mena, from the Department of Political Studies at FLACSO (Ecuador), conducted by Carlos Andrés Diaz Mosquera, from the Federal University of Bahia. Fernando Carrión Mena is currently president of the Organización Latinoamericana y del Caribe de Centros Históricos (OLACCHI) and one of the leading names in contemporary research on the revitalization of Latin American historic centers.

In the conversation, Diaz Mosquera and Carrión Mena walk through various works by the interviewee, facing issues such as the conflictive dynamics that involve disputes in the historic centers of different Latin American cities, the characteristics of public-private management implemented in these spaces, the validity of the application from the concept of “gentrification” to thinking about contemporary transformations, the tendency towards homogenization of urban spaces that emerge as a result of the application of Euro-North American theories and policies of city planning and management, etc. In the end, the Ecuadorian intellectual still discusses more recent works, which focus on the migratory waves in Latin America, the impacts of COVID-19 on urban policies, the contemporary protests against material and immaterial patrimonies that honor characters linked to colonization - conquerors, pioneers, slaveholders –, in addition to territorial conflicts (urban and rural) that emerge from the widening of inequalities in several Latin American cities.


REFERENCES


ACSELRAD, H. et al. (org.) Justiça ambiental e cidadania. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2004.


AGIER, M. Antropologia da cidade: lugares, situações, movimentos. São Paulo: Editoria Terceiro Nome, 2011.


AGIER, M. Do direito à cidade ao fazer-cidade. Mana, v. 21, n. 3, p. 483-498, 2015.


ALATAS S. F.; SINHA, V. Sociological Theory Beyond the Canon. London: Palgrave Macmillan, 2017.



AMIN, A. Regions unbound: towards a new politics of place. Geografiska Annaler - Series B, Human Geography, n. 86, p. 33-44, 2004.


ANDRADE, L. T.; SILVEIRA, L. S. Efeito-território: explorações em torno de um conceito sociológico. Civitas, v. 3, n. 2, p. 381-02, 2013.


ARANTES, R. A. Fugindo dos males da cidade: condomínios residenciais fechados na Grande Salvador. In: CARVALHO, I. M. M.; SILVA, S. B. M; SOUZA, A. G.; PEREIRA,

Gilberto Corso (org.). Metrópoles na Atualidade Brasileira. Salvador: EDUFBA, 2014, p. 231-258.


ARANTES, R. A. O(s) espaço(s) públicos(s) numa cidade desigual e segregada. Caderno CRH, v. 34, e021010, 2021. Available:

https://periodicos.ufba.br/index.php/crh/article/view/27018. Access: 22 Feb. 2022. BAUMAN, Z. Confiança e Medo na Cidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2009.

BIDOU-ZACHARIASEN, C. De volta à cidade: dos processos de gentrificação às políticas de “revitalização” dos centros urbanos. São Paulo: Anablume, 2006.


BÓGUS, L. M. M. Segregações urbanas. In: FORTUNA, C.; LEITE, R. P. (org.) Plural de Cidade. Coimbra: Almedina, 2009. p. 115-126.


BORDREUIL, S. Espace public, urbanité et mouvements. In: JOLÉ, M. (org.) Actes du séminaire du CIFP de Paris, 2000-2001-2002. Lyon: CERTU, 2002. p. 45-68.


BORJA, J. La Ciudad Conquistada. Madri: Alianza Editorial, 2003. BORJA, J.; MUXI. Z. El espacio público. Barcelona: Electa, 2003.

BRENNER, N. What is critical urban theory? City, v. 13, n. 2-3, p. 198-207, 2009.


BUNNELL, T.; MARINGANTI, A. Practising urban and regional research beyond metrocentricity. International Journal of Urban and Regional Research, n. 34, v. 2, p. 415–420, 2010.


BURGESS, E. O crescimento da cidade: uma introdução a um projeto de pesquisa.

Sociabilidades Urbanas Revista de Antropologia e Sociologia, v. 1, n. 2, p.61-70, 2017. CALDEIRA, T. Cidade de Muros. São Paulo: EDUSP, 2000.

CALDEIRA, T. Espacio, segregación y arte urbano en Brasil. Barcelona: Katz, 2010.


CARLOS, A. F. A.; SOUZA, M. L.; SPOSITO, M. E. B. (org.) A produção do espaço urbano: agentes, processos, escalas e desafios. São Paulo: Contexto, 2014.


CARRIÓN, F. El espacio público es una relación, no un espacio. In: RAMÍREZ KURI, Patricia (coord.) La reinvención del espacio público en la ciudad fragmentada. Cidade do México: Instituto de Investigaciones Sociales, 2016. p. 13–50.



CARRIÓN, F.; HANLEY, L. (org.) Regeneración y revitalización urbana en las Américas: hacia un Estado estable. Quito: FLACSO/Equador, 2005.


CARVALHO, I.; ARANTES, R. A. Cada qual no seu quadrado: segregação socioespacial e desigualdades raciais na Salvador contemporânea. EURE, v. 47, n. 142, p. 49-72, 2021.


CASSIÁN-YDE, N. Descolonizar las epistemologías urbanas. Journal of Latin American Geography, v. 18, n. 3, p. 54-84, 2019.


DAMMERT, L. Santiago de Chile: Segregación y cotidianidad del temor. In: NOYOLA, J.; DE MATTOS, C. A.; ORELLANA, A. Urbanización en tiempos de crises. Santiago: Pontifícia Universidad Católica de Chile, 2013. p. 383-414.


DAVIS, M. Cidade de Quartzo. São Paulo: Boitempo, 2009.


DE MATTOS, C. A. Redes, Nodos e Cidades: Transformação da Metrópole Latino- Americana. In: RIBEIRO, L. C. Q. (org.) Metrópoles. São Paulo: Fundação Perseu Abramo; Rio de Janeiro: FASE, 2004. p. 157-196.


DE MATTOS, C. A. Santiago de Chile, globalización y expansión metropolitana: lo que existia siegue existiendo. EURE, v. 25, n. 76, p. 29-56, 1999.


DEAR, M. The Los Angeles School of Urbanism: An Intellectual History. Urban Geography, v. 24, n. 6, p. 493-509, 2003.


DUHAU, E. Las metrópolis latinoamericanas en el siglo XXI: de la modernidad inconclusa a la crisis del espacio público. Cadernos IPPUR, ano XV, n. 1, p. 41-68, 2001.


EDENSON, T. JAYNE, M. (org.) Urban Theory beyond the West: a world of cities. London/New York: Routledge, 2012.


FORTUNA, C. Espaços públicos urbanos e zonas de intermediação cultural. In: SILVA, R. H.; ZIVIANE, P. (org.) Cidade e Cultura: rebatimentos no espaço público. Belo Horizonte: Autêntica, 2016. p. 12-31.


FORTUNA, C. In praise of other views: The world of cities and the social sciences.

Iberoamericana, n. 45, p. 137-153, 2012.


FORTUNA, C.; LEITE, R. P. (org.) Diálogos Urbanos: territórios, culturas e patrimónios. Coimbra: Almedina, 2013.


FRANÇA, D. Desigualdades e segregação residencial por raça e classe. In: MARQUES, E. (org.) A metrópole de São Paulo no século XXI: espaços, heterogeneidades e desigualdades. São Paulo: UNESP, 2015. p. 223-251.


FREHSE, F. Quando os ritmos corporais dos pedestres nos espaços públicos urbanos revelam ritmos da urbanização. Civitas, v. 16, p. 100-118, 2016.


FREY, K.; DUARTE, F. Auto-segregação e a Gestão das Cidades. Revista Ciências Sociais em Perspectiva, v. 5, n. 9, p. 109-120, 2006.


GARCIA, A. S. Desigualdades Raciais e Segregação Urbana em Antigas Capitais: Salvador, Cidade D’Oxum e Rio de Janeiro, Cidade de Ogum. Rio de Janeiro: Observatório das Metrópoles/Letra Capital, 2009.


GOMES, T. D. Racismo Fundiário: a elevadíssima concentração de terras no Brasil tem cor. Vozes de Mulheres, CPT-Comissão Pastoral da Terra Regional Bahia. Publicado em 22 mar. 2019. Available: https://cptba.org.br/racismo-fundiario-a-elevadissima-concentracao-de- terras-no-brasil-tem-cor/. Access: 22 Feb. 2022.


HABERMAS, J. Mudança estrutura da esfera pública. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2003.


HARVEY, D. Cidades rebeldes: do direito à cidade à revolução urbana. São Paulo: Martins Fontes, 2014.


HERNÁNDEZ-FLORES, M. et al. Urban driving forces and megacity expansion threats: study case in the Mexico City periphery. Habitat International, n. 64, p.109–122, 2017.


HOLSTON, J. Os perigosos espaços da cidadania. In: HOLSTON, J. Cidadania insurgente: Disjunções da democracia e da modernidade no Brasil. São Paulo: companhia das Letras, 2013. p. 349-353.


JACQUES, P. B. Zonas de tensão: em busca de micro-resistências urbanas. In: JACQUES, P. B.; BRITTO, F. D. (org.). Corpocidade: debates, ações e articulações. Salvador: EDUFBA, 2010. p. 107-119.


JAJAMOVICH, G. América Latina y las asimetrías de poder en abordajes sobre producción y circulación de políticas y teorías urbanas. Revista Quid, v. 16, n. 8, p. 160-173, 2017.


JANOSCHKA, M. El nuevo modelo de la ciudad latinoamericana: fragmentación y privatización. EURE, v. 28, n. 85, 2002, p. 11-29.


JANOSCHKA, M.; SEQUERA, J. Procesos de gentrificación y desplazamiento en América Latina: una perspectiva comparativista. In: MICHELINI, J. J. Desafíos metropolitanos: un diálogo entre Europa y América Latina. Madrid: Los Libros de la Catarata, 2014. p. 82-104.


JESUS, V. Racializando o olhar (sociológico) sobre a saúde ambiental em saneamento da população negra: um continuum colonial chamado racismo ambiental. Saúde & Sociedade, v. 29, n. 2, e180519, 2020.


JIMÉNEZ, D. (org.) Laberintos urbanos en América Latina. Quito: Abya-Yala, 2000.


JOSEPH, I. Espace public, urbanite, citoyenneté. In: JOLÉ, M. (org.) Actes du séminaire du CIFP de Paris, 2000-2001-2002. Lyon: Certu, 2002. p.33-42.


JOSEPH, I. Paisagens urbanas, coisas públicas. Caderno CRH, n. 30/31, p. 11-40, 1999.



JOVCHELOVITCH, S. et al. Imagination and Mobility in the City: Porosity of Borders and Human Development in Divided Urban Environments. Culture & Psychology, v. 26, n. 4, p. 676–696, 2020.


KOWARICK, L. A espoliação urbana. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979. LEFEBVRE, H. O direito à cidade. São Paulo: Centauro, 2001.

LEFEBVRE, H. La production de l’espace. Paris: Éditions Anthropos, 2006.


LEITE, R. P. Contra-usos e espaço público: notas sobre a construção social dos lugares na Manguetown. RBCS, v. 17, n. 49, p. 115-134, 2002.


MABIN, A. Sedimentando a teoria da cidade do Sul no tempo e lugar. Sociedade & Estado,

v. 30, n. 2, p. 323-346, 2015.


MARCUSE, P. From critical urban theory to the right to the city. City, v. 13, n. 2–3, p. 185– 197, 2010.


MARCUSE, P. The Ghetto of Exclusion and the Fortified Enclave: New Patterns in the United States. American Behavioral Scientist, v. 41, n. 3, p. 311-326, 1997.


MARQUES, E. Elementos conceituais da segregação, da pobreza urbana e da ação do Estado. In: MARQUES, E.; TORRES, H. (org.) São Paulo: segregação, pobreza e desigualdades sociais. São Paulo: SENAC, 2005. p. 19-56.


MASSEY, D. Pelo Espaço. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2008.


MORANGE, M.; SPIRE, A. A Right to the City in the Global South? Metropolitics, 17 abr. 2015. Available: www.metropolitiques.eu/Le-droit-a-la-ville-est-il-soluble.html. Access: 14

Jan. 2022.


MORRIS, A. The Scholar Denied: W.E.B. Du Bois and the Birth of Modern Sociology. Oakland: University of California Press, 2015.


MURRAY, M. Afterword: re-engaging with transnational urbanism. In: SAMARA, T.; HE, S.; GUO, C. (org.) Locating right to the city in the Global South. London: Routledge, 2013. p. 285-305.


NORONHA, L. The Conviviality of the Overpoliced, Detained and Expelled: Refusing Race and Salvaging the Human at the Borders of Britain. The Sociological Review, v. 70, n. 1, p. 159-177, 2022.


OLIVEIRA, L. A. Experiência literária e experiência urbana: notas sobre a literatura marginal. Veredas - Revista da Associação Internacional de Lusitanistas, v. 1, p. 24-46, 2018.


OLIVEIRA, L. A. Experiências Estéticas em Movimento: Produção Literária nas Periferias Paulistanas. Rio de Janeiro: Ape'Ku, 2020.



OLIVEIRA, L. A.; MANZI, M. Urbanização de assentamentos precarizados e direito à cidade. Revista Territorialidades, v. 1, n. 1, p. 7-16, 2020.


PAQUOT, T. L´espace public. Paris: Éditions La Découverte, 2009.


PARDUE, D.; OLIVEIRA, L. A. City as Mobility: A Contribution of Brazilian Saraus to Urban Theory. Vibrant - Virtual Brazilian Anthropology, v. 15, n. 1, e151400, 2018.


PARDUE, D.; OLIVEIRA, L. Ae. Direito à cidade: problema teórico e necessidade empírica.

Plural Revista de Ciências Sociais, v. 25, n. 2, p. 1–19, 2017.


PARK, R. A comunidade urbana como configuração espacial e ordem moral. In: PIERSON,

D. Estudos de Ecologia Humana. São Paulo: Martins, 1970. p. 127-142.


PARK, R. Human Migration and the Marginal Man. American Journal of Sociology, v. 33, n. 6, p. 881-893, 1928.


PATEL, S. Is there a ‘south’ perspective to urban studies?. In: PARNELL, S.; OLDFELD, S. (org.) The Routledge Handbook on the Cities of the Global South. London: Routledge, 2014. p. 37–53.


PATEL, S. Rethinking Urban Studies Today. Sociological Bulletin, v. 67, n. 1, p. 1–19, 2018.

PIERSON, D. Brancos e Pretos na Bahia: Estudo de Contacto Racial. Rio de Janeiro: Campanha Editora Nacional, 1945.


PRÉTECEILLE, E. A evolução da segregação social e das desigualdades urbanas: o caso da metrópole parisiense nas últimas décadas. Caderno CRH, n. 38, p. 27-48, 2003.


RAMÍREZ KURI, P. La fragilidad del espacio público en la ciudad segregada. In: CORDERA, R.; RAMÍREZ KURI, P.; ZICCARDI, A. Pobreza, Desigualdad y exclusión social en la ciudad del siglo XXI. Cidade do México: Siglo XXI, 2008. p. 117-134.


RAO, V. Slum as theory: the South/Asian city and globalization. International Journal of Urban and Regional Research, v. 30, n. 1, p. 225-232, 2006.


RIBEIRO, L. C. Q.; RIBEIRO, M. G. Análise social do território: fundamentos teóricos e metodológicos. Rio de Janeiro: Letra Capital, 2013.


ROLNIK, R. Territórios negros nas cidades brasileiras (etnicidade e cidade em São Paulo e no Rio de Janeiro). Estudos Afro-Asiáticos, n. 17, p. 29-41, 1989.


ROSA, T. T. Pensar por margens. In: JACQUES, P. B.; PEREIRA, M. S. (org.) Nebulosas do pensamento urbanístico: modos de pensar. Salvador: EDUFBA, 2018. p. 176-204.


ROSALDO, R. La pertenencia no es un lujo: procesos de ciudadanía cultural dentro de una sociedad multicultural. Desacatos, n. 3, p. 1-13, 2000.


ROY, A. The 21st-century metropolis: new geographies of theory. Regional Studies, v. 43, n. 6, p. 819–830, 2009.


ROY, A. Slumdog cities: rethinking subaltern urbanism. International Journal of Urban and Regional Research, v. 35, n. 2, p. 223-238, 2011.


ROY, A. Who’s afraid of postcolonial theory? International Journal of Urban and Regional Research, v. 40, n. 1, p. 200–209, 2015.


ROY, A.; ONG, A. Worlding cities: Asian experiments and the art of being global. Oxford: Wiley-Blackwell, 2011.


SANTOS, A. P. et al. O lugar dos pobres nas cidades: exploração teórica sobre periferização e pobreza na produção do espaço urbano Latino-Americano. Urbe - Revista Brasileira de Gestão Urbana, v. 9, n. 3, p. 430-442, 2017.


SANTOS, M. Urbanização Brasileira. São Paulo: Hucitec, 1993. SASSEN, S. The Global City. Princeton: Princeton University Press, 1991.

SELTZER, M.; HALDAR, M. The Other Chicago School: A Sociological Tradition Expropriated and Erased. Nordic Social Work Research, v. 5, p. 25-41, 2015.

SENNETT, R. O declínio do homem público. São Paulo: Companhia das Letras, 1988. SILVA, M. N. Nem para todos é a cidade: segregação urbana e racial em São Paulo.

Brasília: Fundação Cultural Palmares, 2006.


SILVEIRA, L. S.; MUNIZ, J. O. Variações intra e inter metropolitanas da desigualdade de renda racial. Cadernos Metrópole, v. 16, n. 31, p. 265-289, 2014.


SIMMEL, G. Cuestiones fundamentales de sociología. Barcelona: Gedisa, 2002.


SIMONE, A. Improvised Lives: Rhythms of Endurance in an Urban South. Cambridge: Polity Press, 2018.


SMITH, N. Gentrificação, a fronteira e a reestruturação do espaço urbano. GEOUSP - Espaço e Tempo, n. 21, p. 15-31, 2007.


SMITH, N.; LOW, S. The Politics of Public Space. New York: Routledge, 2006.


STEVENSON, N. Cultural Citizenship: Cosmopolitan Questions. Maidenhead: Open University Press, 2003.


STONEQUIST, E. The Problem of the Marginal Man. American Journal of Sociology, v. 41, n. 1, p. 1-12, 1935.


TAYLOR P. World cities and territorial states under conditions of contemporary globalization. Political Geography, n. 19, p. 5–32, 2000.


TELLES, E. Racismo à Brasileira: uma nova perspectiva Sociológica. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 2003.


Estud. sociol., Araraquara, v. 27, n. esp. 1, e022001, Apr. 2022. e-ISSN: 1982-4718


VAINER, C. Disseminating ‘best practice’? The coloniality of urban knowledge and city models. In: PARNELL, Susan & OLDFIELD, Sophie (org.) The Routledge Handbook on Cities of the Global South. London: Routledge, 2014. p. 48–56.


VALLADARES, L. A visita do Robert Park ao Brasil, o “homem marginal” e a Bahia como laboratório. Caderno CRH, v. 23, n. 58, p. 35-49, 2010.


VEIGA, D. Entre a desigualdade e a exclusão social: estudo de caso da grande Montevidéu.

Caderno CRH, v. 18, n. 45, p. 341-354, 2005.


WACQUANT, L. Gueto, banlieue, favela: ferramentas para se repensar a marginalidade urbana. In: ENCONTRO ANUAL DA ANPOCS, 15., 2001, Caxambu. Anais [...]. Caxambu, MG, 2001. Available: http://anpocs.com/index.php/encontros/papers/25-encontro-anual-da- anpocs/st -4/st17-4/4656-lwacquant-gueto/file. Access: 14 Jan. 2022.


WACQUANT, L. Que é gueto? Construindo um conceito sociológico. Revista de Sociologia e Política, n. 23, p. 155-164, 2004.


WATSON, V. Seeing from the South: Refocusing Urban Planning on the Globe’s Central Urban Issues. Urban Studies, v. 46, n. 11, p. 2259-2275, 2009.


WEBER, M. The City. London: Collier-Macmillan, 1966.


WHYTE, W. F. Introdução: Cornerville e sua gente. In: WHYTE, W. F. Sociedade de Esquina. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005. p.15-24.


WIRTH, L. Urbanismo como modo de vida. In: VELHO, O. (org.) O Fenômeno Urbano. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1967. p. 99-112.


WIRTH, L. The Ghetto. New Brunswick: Transaction Publishers, 1997.


How to reference this article


OLIVEIRA, L. A.; ARANTES, R. A. Practice and processes in the production of urban space: Decentering perspectives. Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 27, n. esp. 1, e022001, Apr. 2022. e-ISSN: 1982-4718. DOI: https://doi.org/10.52780/res.v27iesp1.16225


Submitted: 16/01/2022 Required revisions: 14/02/2022 Approved: 30/03/2022 Published: 25/04/2022