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Brasil e
A
rgentina:
Enfoque
institucional para os desafios e possibilidades do desenvolvimento regional
Estudos de Sociologia
,
Araraquara,
v. 27, n.
00
, e022027, 2022.
e
-
ISSN:
1982
-
4718
DOI: https://doi.org/10.52780/res.v27i00.16859
1
BRASIL E ARGENTINA: ENFOQUE INSTITUCIONAL PARA OS DESAFIOS E
POSSIBILIDADES DO DESENVOLVIMENTO REGIONAL
BRASIL Y ARGENTINA: ENFOQUE INSTITUCIONAL A LOS DESAFÍOS Y
POSIBILIDADES DEL DESARROLLO REGIONAL
BRAZIL AND ARGENTINA:
INSTITUTIONAL APPROACH TO THE CHALLENGES
AND POSSIBILITIES OF REGIONAL DEVELOPMENT
Luciléia Aparecida COLOMBO
1
Carlos Henrique GILENO
2
RESUMO
:
O tema do desenvolvimento regional desperta interesse no debate político porque
envolve competências do Estado, relações intergovernamentais, disparidades na distribuição
das riquezas e formulação de políticas públicas. No Brasil, uma das principais caract
erísticas
que permeia as políticas de desenvolvimento regional é a intensa desigualdade entre Norte,
Nordeste e Centro
-
Oeste em relação ao Sul e Sudeste. Essa desproporção não é prerrogativa
específica da sociedade brasileira, pois a verificamos em outros
países da América Latina. O
artigo utiliza método comparativo para mapear aspectos que conduziram Brasil e Argentina na
construção das suas agendas governamentais, com o objetivo de indicar sugestões teóricas para
a superação dos obstáculos ao desenvolvime
nto. O Brasil possui trajetória de intervenção do
Estado nas políticas públicas controlada pelas Superintendências Regionais. Em contrapartida,
a Argentina igualmente aplica algumas medidas governamentais
-
principalmente localizadas
nas pastas ministeriai
s
-
para conter os avanços das assimetrias regionais.
PALAVRAS
-
CHAVE
: Brasil. Argentina. Desenvolvimento regional. Federalismo. Políticas
públicas de desenvolvimento.
RESUMEN
:
El tema del desarrollo regional despierta interés en el debate político por
que
involucra las competencias del Estado, las relaciones intergubernamentales, las disparidades
en la distribución de la riqueza y la formulación de políticas públicas. En Brasil, una de las
principales características que permea las políticas de desarrol
lo regional es la intensa
desigualdad entre el Norte, Nordeste y Centro
-
Oeste con relación al Sur y Sudeste. Esta
desproporción no es una prerrogativa específica de la sociedad brasileña, como lo vemos en
otros países de América Latina. El artículo utiliza
un método comparativo para mapear
aspectos que llevaron a Brasil y Argentina a la construcción de sus agendas gubernamentales,
con el objetivo de señalar sugerencias teóricas para la superación de los obstáculos al
desarrollo. Brasil tiene una trayectoria
de intervención del Estado en las políticas públicas
controladas por las Superintendencias Regionales. Por otro lado, Argentina también aplica
1
Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Maceió
–
AL
–
Brasil. Professora Adjunta do In
stituto de Ciências
Sociais. Professora Permanente do Programa de Pós
-
Graduação em Sociologia da Universidade Federal de
Alagoas. ORCID:
https://orcid.org/
0000
-
0002
-
5285
-
4716
. E
-
mail:
leiacolombo@gmail.com
2
Universidade Estadual Paulista (UNESP), Araraquara
–
SP
–
Brasil. Professor do Departamento de Ciências
Sociais. Professor Permanente do Programa de Pós
-
Graduação em Ciências Sociais da Faculdade de Ciências e
Letras (
UNESP). ORCID:
https://orcid.org/
0000
-
0001
-
8425
-
673X
. E
-
mail:
henrique.gileno@unesp.br
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Luciléia Aparecida COLOMBO e Carlos Henrique GILENO
Estudos de Sociologia
,
Araraquara,
v. 27, n.
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algunas medidas gubernamentales
-
ubicadas principalmente en las carteras ministeriales
-
para contener el avance
de las asimetrías regionales.
PALABRAS CLAVE:
Brasil
.
Argentina
.
Desarrollo regional
.
Federalismo. Políticas públicas
de desarrollo.
ABSTRACT
:
The topic of regional development arouses interest in the political debate because
it involves State
competences, intergovernmental relations, disparities in the distribution of
wealth and the formulation of public policies. In Brazil, one of the main characteristics that
permeates regional development policies is the intense inequality between the North,
Northeast
and Center
-
West in relation to the South and Southeast. This disproportion is not a specific
prerogative of Brazilian society, as we see it in other Latin American countries. The article uses
a comparative method to map aspects that led Brazil a
nd Argentina in the construction of their
governmental agendas, to indicate theoretical suggestions for overcoming obstacles to
development. Brazil has a trajectory of State intervention in public policies controlled by the
Regional Superintendencies. On t
he other hand, Argentina also applies some governmental
measures
-
mainly located in the ministerial portfolios
-
to contain the progress of regional
asymmetries.
KEYWORDS
: Brazil. Argentina. Regional development.
Federalism. Public development
policies.
Introdução
É possível comparar políticas de desenvolvimento regional produzidas por diferentes
instituições governamentais na crise do neoliberalismo no final do século XX, fato que
ocasionou trajetória não linear daquelas instituições no Brasil e na A
rgentina. A transição
histórica para o século XXI foi decisiva para o processo de ressignificação dos projetos
governamentais dos países latino
-
americanos, imersos em conjunturas de discrepâncias
regionais.
As instituições estatais devem estimular o desenv
olvimento amparado em políticas
públicas que fomentem a participação das diversas demandas sociais, condição indispensável
para a definição das políticas públicas regionais concatenadas à expertise dos governos federais.
A questão regional como problema de
agenda de governo depende do exercício amplo da
democracia em conjuntura perpassada por polêmicas suscitadas pelas tensões federativas.
Diante desse raciocínio, emergem duas perguntas: 1) Quais as ferramentas institucionais
utilizadas no Brasil e na Argen
tina para intervenção prática que reduza suas respectivas
desigualdades regionais?; 2) Qual o diagnóstico do problema e os eixos práticos e teóricos
encontrados nessas políticas públicas?
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Brasil e
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Brasil e Argentina possuem trajetórias distintas na administração da
s assimetrias
regionais, mas possuem pontos de confluência interessantes. As interlocuções residem em três
quesitos principais: 1) Ambos países vivenciaram governos autoritários que controlaram as
relações intergovernamentais entre os entes federados ao ef
etuarem ampla centralização
financeira e política. De outro modo, os períodos democráticos incentivaram a descentralização
financeira e política; 2) Destaque para análise comparativa das diferenças regionais observadas
no Brasil e nas províncias argentinas
; 3) A principal justifica desse estudo sinaliza que
–
entre
as décadas de 1950 e 1980
–
o ônus do crescimento econômico começou a ser sentido na
América Latina em virtude dos aumentos significativos das desigualdades sociais e regionais
(BETHELL, 1997).
N
o Brasil, o planejamento e o desenvolvimento regional conheceram fases distintas. Em
meados dos anos de 1950, era premente no discurso político a criação de instituições
governamentais responsáveis pela diminuição das desigualdades regionais. Nos anos de 1
960,
foram implementadas aquelas instituições que estavam sendo elaboradas na década anterior,
porém focadas no projeto dos militares que preconizava centralização política e administrativa
em detrimento das deliberações encaminhadas pela descentralização
de competências.
Ulteriormente, a Constituição Federal de 1988 ratificou garantias constitucionais de deliberação
para as regiões menos desenvolvidas. Finalmente, no primeiro quartel do século XXI,
valorizou
-
se a participação social descentralizada no proc
esso decisório das políticas públicas
regionais.
Histórico da intervenção do Estado nas desigualdades regionais no Brasil
Ao designarem a frágil condição institucional à efetiva aplicação dos direitos de
cidadania às populações carentes,
determinadas literaturas apontam a decadência do
neoliberalismo enquanto sistema condutor das políticas de desenvolvimento regional
(FAGNANI, 2011; PINHO, 2013). Esta característica excludente do sistema neoliberal
-
que
gera desemprego e aumento das desig
ualdades sociais
-
entrou em conflito com a emergência
de governos progressistas na América Latina do século XXI. Ocorrência particular desse
fenômeno foi a eleição em 2002 à presidência da República de Luís Inácio Lula da Silva, a qual
favoreceu a retomad
a das capacidades estatais no planejamento estratégico das políticas de
desenvolvimento regional no Brasil.
Nas décadas de 1980 e 1990, a hegemonia neoliberal na América Latina cedeu espaço
ao crescimento econômico e ao desenvolvimento, pois foi confrontad
a com a tentativa de
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incorporação equânime dos setores sociais marginalizados nas políticas distributivas de renda
e inclusão social. Essas premissas apontavam que a igualdade social estaria na base das políticas
de desenvolvimento regional. Todavia, o mod
elo neoliberal
-
ainda que debilitado
-
persiste
resguardado pela austeridade fiscal, que pode ser considerada um dos coeficientes que impede
a incorporação das camadas populares na divisão da riqueza socialmente produzida.
O Estado que ressurgiu nos anos
2000 procurou resgatar o protagonismo na
implementação das políticas públicas com a intenção de promover a inclusão social. Neste
panorama, Brasil e Argentina remodelaram as suas políticas públicas ao dispor dos suportes
contidos no rearranjo federativo e
na concepção de engenharia institucional especializada que
beneficiasse o desenvolvimento regional (PINHO, 2013).
O começo da intervenção federal nas políticas de desenvolvimento regional foi a criação
de instituições governamentais responsáveis pela redu
ção das desigualdades sociais,
destacando
-
se a
Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (
SUDENE),
Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia
(SUDAM) e
Superintendência do
Desenvolvimento do
Centro
-
Oeste (SUDECO). Aquelas instituições procuravam reparar na
história republicana a gravitação em torno de uma política federativa que aprofundou as
desigualdades regionais, notadamente no Nordeste.
A organização da SUDENE em 1959, a sua extinção em
2001 e a sua refundação em
2003, comprovam a vitalidade histórica que a tornou modelo de planejamento regional. A
SUDENE representou avanço para o federalismo brasileiro ao propor planejamento
institucionalizado para articular as políticas regionais nordes
tinas com o governo federal. Ao
mesmo tempo em que planejava minorar a política localista, ao tentar conter o poder das
oligarquias rurais, revigorava politicamente os governadores nordestinos no processo decisório
das políticas públicas.
No entanto, o reg
ime militar inaugurado em 1964
-
além bloquear o desenvolvimento
da nossa recente experiência democrática
-
proporcionou às instituições de desenvolvimento
regional cortes significativos em suas capacidades de implementar decisões. Remodelações
foram proce
ssadas no interior do federalismo: a centralização econômica e política transformou
o desenvolvimento regional em apêndice do plano nacional regulado pelo “milagre
econômico”. A SUDENE perdeu autonomia no seu poder deliberativo, que passou a ser
desempenha
do por instituições governamentais fiscalizadas e controladas pelo governo federal.
O regime militar não diminuiu as assimetrias regionais ao priorizar a estratégia de
desenvolvimento nacional integrado, a qual estava relacionada à instalação de programas
regionais articulados para aproveitar as potencialidades de cada região e não de uma região em
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particular. As desigualdades regionais seriam combatidas pelo efeito que esses programas
nacionais teriam sobre as regiões subdesenvolvidas.
Nesse processo, a
SUDENE atuou como coordenadora e supervisora das ações do
governo federal, refletindo a crescente marginalização que essa instituição estava
experimentando nos processos de decisão política. Os Programas Especiais
3
acompanhavam o
novo parâmetro do governo
federal para as questões regionais ao enfatizarem a integração das
regiões à economia nacional em desfavor da redução das desigualdades regionais.
A Constituição Federal de 1988 inaugurou nova etapa nos critérios de desenvolvimento
regional. A descentral
ização política delegou aos Estados e municípios a promoção do
desenvolvimento. Aquela Constituição reservou duas atribuições para a questão regional: 1)
Reduzir as desigualdades regionais; 2) Fortificar estados e municípios enquanto atores políticos
que p
udessem atrair investimentos privados por meio de incentivos e repasses fiscais.
A execução e o planejamento do desenvolvimento regional foram transferidos para as
instâncias subnacionais de maneira descentralizada. Na tentativa de amenizar as diferenças
socioeconômicas entre as regiões, o Artigo 3, inciso III, explicita que “A redução das
desigualdades regionais constitui
-
se em um dos objetivos fundamentais da República”. Vários
outros dispositivos constitucionais foram elaborados para amenizar aquelas de
sigualdades. O
Artigo 21, inciso IX, previu que “A União é responsável pela execução e elaboração de planos
nacionais e regionais de ordenação do território e de desenvolvimento econômico e social”.
Complemento ao Artigo anterior, o Artigo 174 ressalta que
o “Estado tem a função do
planejamento, sendo isto fundamental para o setor público e indicativo para o setor privado”.
Finalmente, o Artigo 43 determina que “a União deve dispor de uma ação articulada em termos
administrativos, visando à redução das desi
gualdades regionais, inclusive com o emprego de
incentivos, como isenções e reduções de tributos e juros favorecidos” (CONSTITUIÇÃO DA
REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL, 2004).
Porém, ao definir parâmetros que norteiam a criação dos fundos regionais para as
r
egiões Nordeste (FNE), Norte (FNO) e Centro
-
Oeste (FCO), o Artigo 159 pode ser
considerado o mais significativo para a contenção das desigualdades regionais, pois define que
a União deve repartir 47% do imposto de Renda e do Imposto sobre Produtos Industri
alizados
da seguinte forma: 21,5% ao Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal; 22,5%
ao Fundo de Participação dos Municípios; 3% para aplicação em programas de financiamento
3
Os Programas Especiais visavam modernizar principalmente a agricultura, a pecuária e os programas de
irrigação, sem vinculação direta com a ideia de planejamento regional.
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do setor produtivo das regiões Norte, Nordeste e Centro
-
Oeste, dest
inando ao semiárido
nordestino a metade dos recursos destinados àquela região
4
.
A partir dos anos de 1990, foi inaugurado ciclo de desenvolvimento ordenado pelo
enfraquecimento do protagonismo estatal no planejamento regional. No incentivo das políticas
r
egionais ocorreu aproximação do Estado com o setor privado, espraiando as parcerias público
-
privadas. A orientação do planejamento regional passou a priorizar o desenvolvimento das
regiões, mas com a intenção simultânea de integrá
-
las aos territórios nacio
nal e estrangeiros.
Baseados neste novo padrão de intervenção, estabeleceram
-
se na década de 1990 os
Eixos de Integração Regional e Nacional, que valorizavam o desenvolvimento sustentável
5
. Os
preceitos destes organismos era o decréscimo da pobreza apoiad
o no desenvolvimento local,
predominando a ideia de que aquele embate poderia se efetivar com a consecução da
sustentabilidade ambiental fundada no desenvolvimento equilibrado.
Simultaneamente, foram equacionadas políticas públicas que incorporavam os Eix
os
Nacionais de Integração e Desenvolvimento. Esses eixos compunham o Plano Plurianual 1996
-
1999, denominado Brasil em Ação. A intenção era averiguar métodos de empreendimentos que
incentivassem a integração e o desenvolvimento de maneira uniforme, sem pri
orizar as
especificidades das regiões. Os Eixos de Integração Regional e Nacional foram organizados no
governo do então presidente da República Fernando Affonso Collor de Mello (1990
-
1992), que
pretendia mapear os obstáculos à integração regional no país.
Nos anos subsequentes, as políticas econômicas federais estruturaram o programa
Avança Brasil
–
previsto para 2000
-
2001
–
e o Programa Plurianual de 2000 a 2003. Esses
programas ofereciam continuidade às políticas institucionais adotadas no primeiro manda
to
presidencial de Fernando Henrique Cardoso (1994
-
1998). Os seus propósitos orientavam a
concretização da integração regional apoiada nos itens indicados nos Eixos de Integração
Regional e Nacional.
No primeiro mandato presidencial de Luiz Inácio Lula da
Silva (2002
-
2006), as políticas
públicas preconizavam abrandar a pobreza com os programas Bolsa Família e Aceleração do
4
Para análise constitucional mais detalhada dos Artigos citados, consultar BERCOVICI (2003). Ao lado dos
Fundos Constitucionais de Financiamento e dos Fundos de Participação dos Estados de Municípios, a Constituição
de 1988 manteve os fundos fiscais Fundo
de Investimento do Nordeste (FINOR), Fundo de Investimento da
Amazônia (FINAM) e Fundo de Recuperação Econômica do Estado do Espírito Santo (FUNRES), criados na
década de 1960 com o intuito de promover o desenvolvimento econômico das regiões Norte e Nordes
te. Por meio
desses instrumentos, o governo federal permitiu naquelas regiões alavancagem nas taxas de crescimento
econômico, com o Nordeste ultrapassando a média geral das demais regiões do país.
5
Influenciados pela ECO 1992, onde a ONU e o Banco Mundia
l ganharam destaque.
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Crescimento (PAC I e II). Ambos pretendiam reestruturar a infraestrutura ao estimular políticas
regionais abrangidas na Política Nacion
al de Desenvolvimento Regional (PNDR)
6
.
Neste momento, percebe
-
se mudança substantiva nos preceitos de desenvolvimento
regional que estavam sendo processados desde os anos 50, os quais estavam assentados na ideia
de planejamento que paulatinamente foi su
bstituída pelo conceito de diminuição da pobreza
financiada pelos orçamentos federais. A própria concepção de pobreza e desigualdade a partir
dos anos 2000 se alterou. Os programas de Transferência de Renda foram protagonistas no
Brasil e na Argentina, pos
suindo como metas centrais o declínio da vulnerabilidade social.
No Brasil, o programa Bolsa Família foi protagonista nas políticas de distribuição de
renda. Na Argentina, a
Asignación Universal por Hijo para Protección Social
(AUHPS)
facultou benefício p
ecuniário às crianças e adolescentes menores de dezoito anos residentes no
país e aos incapacitados sem limite de idade, desde que argentinos nativos ou naturalizados com
residência legal no país mínima de três anos, que pertençam a famílias cujos pais se
encontram
desempregados, exerçam atividade doméstica ou atividade na economia informal (VUOLO,
2012).
Histórico das desigualdades regionais na Argentina
A Argentina foi considerada durante a década de 1990 pelo Fundo Monetário
Internacional (FMI) como modelo aos demais países da América Latina para a condução das
políticas neoliberais. Segundo o então Ministro da Economia, Domingo Felipe Cavallo, o país
op
tou por reformas econômicas durante o governo do presidente da República Carlos Saúl
Menem Akil (1990
-
2001), as quais estavam em consonância com o receituário do FMI.
Domingo Felipe Cavallo (2003) ressalta que o governo neoliberal do presidente
estadunide
nse George Walker Bush (2001
-
2009) desempenhou papel fundamental nas
recomendações e sugestões acatadas pela Argentina para abandonar as políticas econômicas
peronistas. Esta articulação com o governo estadunidense previa manter acordos bilaterais entre
os
dois países.
A política econômica expandia a sua capacidade de implementação do neoliberalismo,
contudo as taxas de desigualdade social e regional aumentavam vertiginosamente.
6
“
A PNDR é e
xpressão da prioridade efetiva do tema e vem sendo implementada para que se possa obter resultados
efetivos na questão regional. A PNDR tem o duplo propósito de reduzir as desigualdades regionais e de ativar os
potenciais
de desenvolvimento das regiões brasileiras, explorando a imensa e fantástica diversidade que se observa
nesse país de dimensões continentais. O foco das preocupações incide, portanto, sobre a dinamização das regiões
e a melhor distribuição das atividades p
rodutivas no território” (BRASIL, 2015, p.45).
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Tradicionalmente, a Argentina se identifica com o Brasil ao apresentar índices
de
desenvolvimento que indicam diferenças consideráveis entre as províncias. A tentativa
constitucional para a resolução de parte deste problema estava na rearticulação federativa de
1994, intitulada
Coparticipação Impositiva. A reforma definiu a distribui
ção de competências
entre o governo federal e as províncias ao articular relações intergovernamentais que não
motivassem prejuízos às províncias.
A Constituição argentina reorganizava a distribuição de receitas entre as entidades
administrativas divididas
entre nação, províncias e a cidade de Buenos Aires. Os novos critérios
adotados pelo federalismo estipulavam padrão mais cooperativo, pautado nos desígnios da
equidade, da solidariedade, da qualidade de vida e de oportunidade equivalentes em todo o
territ
ório. Essa alteração federativa ficou conhecida como Lei
-
Convênio à Constituição Federal,
sendo inovação institucional que restringia a histórica concentração de poder no executivo
federal (HERNÁNDEZ, 2008).
Notável foi o avanço na cooperação entre o
presidente da República, os governadores e
o chefe de governo da cidade de Buenos Aires, incentivando a participação desses atores
políticos no debate sobre as distribuições financeiras. A Lei
-
Convênio pressupunha aprovação
das repartições financeiras com
o consentimento da maioria absoluta dos representantes das
províncias, que deveriam cooperar para a aprovação das legislaturas provinciais.
Estas exigências especiais procuram reverter, por um lado, as simples adesões
que as províncias tiveram de dar à le
gislação que o governo central quase
sempre impôs contra a dependência das províncias e, por outro lado,
estabelecer um regime definitivo com claras regras, que permitem um
desenvolvimento equilibrado da federação, em vez da arbitrariedade que tem
marcado
a relação Nação
-
províncias
(HERNÁNDEZ, 2008, p.
23
, tradução
nossa
).
Contrariamente ao caso brasileiro
–
que recentemente efetivou o desenvolvimento
regional via políticas públicas
–
a Argentina trilhou a alternativa constitucional para a resolução
das as
simetrias federativas. Por exemplo, a Lei
-
Convênio se tornou política de Estado ao
garantir “
superar os gravíssimos desequilíbrios que se observam entre os distritos provinciais,
através de um sistema de equalização como o canadense, que contempla a ação a
utenticamente
federal do governo nacional e a solidariedade entre as províncias
”
(HERNÁNDEZ, 2008, p.
25
,
tradução nossa
). A conjectura fundamental daquela lei é a tentativa de colaboração entre as
províncias e o governo federal na partilha dos recursos financeiros.
Recentemente, os desequilíbrios regionais e os modelos de políticas públicas adotados
são temas recorrentes
entre os argentinos. A descentralização fiscal e administrativa é crescente,
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sobretudo após a criação de novas províncias: de quatorze províncias existentes, o número
aumentou para vinte e três. A formação dessas novas províncias buscou rearticular poder
a
nteriormente centralizado no governo federal. Concomitantemente, agravou os desequilíbrios
regionais porque a responsabilidade pelas políticas públicas acabou concentrada nos entes
subnacionais historicamente dependentes do governo federal. Igualmente, ess
e cenário pode ser
verificado no Brasil com os municípios e as suas corresponsabilidades para com a concretização
das políticas públicas.
A reforma constitucional implantada em 1994 reconhecia a desigualdade regional entre
as províncias argentinas. Inovou
ao delegar às províncias o direito de criar regiões motivadoras
do desenvolvimento socioeconômico e previu construção de órgãos competentes para
implementar programas de políticas públicas. Pelos termos daquela reforma constitucional, as
províncias detive
ram prerrogativa de participação nos acordos internacionais, desde que não
entrassem em conflito com os programas nacionais ou afetassem os interesses do Comércio
Exterior elaborado nacionalmente (PORTO, 2004).
A composição das regiões pelas províncias er
a instrumento operativo do
desenvolvimento das partes empobrecidas do território. O desenvolvimento local foi
impulsionado por políticas públicas que atendiam regiões carentes sem depender
exclusivamente do governo central. A cláusula que prevê a constitui
ção de regiões favorece a
autonomia das províncias e a autonomia municipal, evitando beneficiar a “
ênfase no
desenvolvimento das economias regionais para garantir uma Argentina que não continue a ser
um deserto, com algumas pequenas ilhas de desenvolviment
o econômico, mas que haja a
possibilidade de um desenvolvimento equilibrado da Argentina
” (HERNÁNDEZ, 2008, p. 45
,
tradução nossa
).
A inovação contemplada pela introdução da reforma constitucional nas relações
federativas advinha da possibilidade
de a
prov
íncia compor mais de uma região caso
apresentasse índices baixos de desenvolvimento. A regionalização não seria sinônimo de
fragmentação territorial: as novas medidas contribuiriam para a modernização das relações
governamentais na medida em que incentivar
iam medidas federativas cooperativas. A
possibilidade de as províncias criarem novas regiões pretendia suplantar o modelo de
desenvolvimento instituído nos anos 1960, que delimitou a Argentina em oito regiões:
Patagônia, Comahue, Centro, Cuyo, Noroeste, No
rdeste, Pampeana e Metropolitana.
O temor da geração de maior dependência e subordinação entre os entes subnacionais e
o governo central estava implícito na reforma constitucional de 1994, encarada com incerteza
e desconfiança ao afetar diretamente a auton
omia das províncias, abrindo sendas para o
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aumento das assimetrias regionais (MIDÓN, 2008). Entretanto, a estrutura clássica do Estado
federal (governo central e governos provinciais) não sofreria alterações substantivas, pois
observava a experiência de pa
íses europeus onde a questão regional é mais descentralizada.
As regiões poderiam intensificar o processo decisório de políticas públicas ao favorecer
atividades complementares e cooperativas entre as províncias e a nação. A atribuição para
conceber e ins
trumentalizar a regionalização é compartilhada pelo
Congreso de La Nación
, que
aprova ou rejeita a proposta com a participação do Senado, responsável por gerenciar iniciativas
e impulsionar políticas públicas que equilibrem o desenvolvimento relativo de pr
ovíncias e
regiões.
A opção argentina pela criação das regiões advém da crença de que somente a
remodelação federativa pode alavancar propostas de desenvolvimento regional integradas e
facilitadoras do relacionamento intergovernamental. Porém, o receio er
a que a consolidação da
região faria emergir subordinação vertical dos demais entes, acarretando prejuízos ao
federalismo argentino. No limite, havia o temor do desequilíbrio dos
checks and balances
. Era
necessário ponderar com equilíbrio sobre a criação d
estas regiões para não aprofundar as
desigualdades regionais. Os dados da Tabela 1 permitem compreender a particularidade da
desigualdade argentina no primeiro quartel do século XXI.
Tabela 1
-
Coeficiente de Gini
-
2014 a 2015
Jurisdição
2014/Trim. 2
2014/Trim. 4
2015/Trim. 2
Buenos Aires
0,401
0,400
0,389
C.A.B.A
0,383
0,385
0,397
Catamarca
0,384
0,401
0,374
Chaco
0,389
0,398
0,368
Chubut
0,416
0,396
0,413
Córdoba
0,414
0,426
0,420
Corrientes
0,384
0,427
0,378
Entre Ríos
0,410
0,385
0,393
Formosa
0,370
0,347
0,346
Jujuy
0,398
0,380
0,358
La Pampa
0,377
0,356
0,389
La Rioja
0,348
0,371
0,360
Mendoza
0,392
0,387
0,392
Misiones
0,414
0,410
0,421
Neuquén
0,419
0,384
0,394
Río Negro
0,426
0,403
0,385
Salta
0,442
0,449
0,403
San Juan
0,371
0,411
0,385
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Enfoque
institucional para os desafios e possibilidades do desenvolvimento regional
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San Luis
0,387
0,385
0,371
Santa Cruz
0,391
0,370
0,386
Santa Fe
0,389
0,373
0,379
Santiago del Estero
0,416
0,416
0,379
Tierra del Fuego
0,395
0,386
0,371
Tucumán
0,392
0,391
0,386
Total País
0,418
0,419
0,409
Fonte:
Encuesta Permanente de Hogares (EPH), INDEC
(
2021
)
Cicowiez (2004) realizou estudo amplo sobre as diferenças regionais entre as províncias
argentinas no período de 1980 a 2001, considerando aspectos sociais como densidade
populacional, educ
ação, saúde e violência. Naquela análise, o autor elaborou classificação
referente ao território argentino.
•
Províncias Avançadas: Cidade de Buenos Aires, Santa Cruz, Chubut, La Pampa, Tierra
del Fuego, Neuquén, Buenos Aires e Santa Fé.
•
Províncias Intermed
iárias: Córdoba, Rio Negro, Mendoza, Entre Rios, San Luis,
Catamarca, San Juan e San Miguel de Tucumán.
•
Províncias Retardatárias: La Rioja, Salta, Jujuy, Misiones, Corrientes, Santiago del
Estero, Chaco e Formosa.
Dadas essas assimetrias, Néstor Carlos Kirchner (1950
-
2010), então presidente da
República em 2004, propôs arranjo do Fundo de Equidade Social pa
ra diminuir as
desigualdades entre o Nordeste e o Noroeste. Os recursos daquele Fundo seriam administrados
por comitê integrado pelos Ministros da Economia e Produção, da Planificação Federal, da
Inversão Pública e dos Serviços e Desenvolvimento Social da
Nação e pelas províncias de áreas
geográficas distintas.
Apesar de representar ferramenta de controles das desigualdades, o Fundo era
incompatível com a Constituição Federal porque não era lei constitucional, mas apenas
convênio que não detalhava adequadam
ente os critérios de partilha entre os entes federados e
que poderia ser extinto a qualquer instante.
Esse Fundo beneficiava exclusivamente o governo federal em prejuízo das províncias e
municípios, as quais praticamente salvaguardavam as
garantias previstas no texto constitucional
(HÉRNANDEZ, 2008). Os governadores das províncias de Córdoba, Buenos Aires, Santa Fé,
Corrientes, Neuquén e La Pampa apresentaram objeções a esse recurso. O Brasil tem realidade
semelhante àquela da Argentina, co
nforme indica a Tabela 2.
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Tabela 2
-
Índice de Gini, segundo as regiões brasileiras 1992 a 2008
Região
1992
1995
1998
2001
2004
2007
2008
Brasil
0,580
0,599
0,598
0,594
0,570
0,554
0,545
Norte
0,560
0,585
0,582
0,566
0,540
0,533
0,510
Nordeste
0,591
0,602
0,609
0,598
0,581
0,564
0,556
Sudeste
0,544
0,564
0,563
0,564
0,539
0,520
0,514
Sul
0,545
0,563
0,555
0,545
0,519
0,502
0,493
Centro
-
Oeste
0,586
0,581
0,599
0,595
0,569
0,572
0,564
Fonte: IBGE. PNADs, 1992 a 2008.
NINSOC/Ipea
-
Elaboração própria
Recentemente, o Brasil projeta refrear as suas desigualdades regionais pela atuação das
superintendências regionais, as quais em 2019 arquitetaram planos regionais de
desenvolvimento e os apresentaram para votação no plen
ário do Congresso Nacional.
A atuação da SUDENE, da SUDECO e da SUDAM e seus planos de desenvolvimento
regional
Delineado pela SUDENE, o Plano Regional de Desenvolvimento do Nordeste (PRDNE)
está alinhado com as estimativas contidas na Política Nacional de Desenvolvimento Regional
(PNDR) (BRASIL, 2015), possuindo horizonte previsto para doze anos de atuação, além de
vislumbrar a possibilidade de articulação com outras instituições.
Tomou
-
se como base para a elaboração do presente documento, a Estratégia
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (ENDES) 2020
-
2031, os
marcos orientadores da Política Nacional de
Desenvolvimento Regional
(PNDR) e a Agenda Estratégica para o Nordeste
-
elaborada pela SUDENE
fruto do grupo de trabalho criado no âmbito da revisão da Política Nacional
de Desenvolvimento Regional em 2018. Este plano também se insere no
contexto de clara
convergência com as iniciativas nacionais da Agenda 2030
da Organização das Nações Unidas (ONU), que definiu os Objetivos do
Desenvolvimento Sustentável (ODS) (PRDNE,
2019
, p.
10).
Foi valorizada a participação da sociedade civil na confecção do plano po
r intermédio
de consultas públicas à sociedade civil sobre questões elencadas, destacando
-
se a intensa
atuação de membros da SUDENE em grupos temáticos de especialistas compostos no âmbito
do Ministério do Desenvolvimento Regional e Ministério da Economia.
Os governos estaduais participaram do processo de consulta pública e colaboraram para
a definição de uma abordagem territorial para a utilização das regiões intermediárias, com
enfoque para as cidades médias na implementação das políticas públicas. Os pr
incipais eixos
estruturantes do plano do Nordeste são: 1) Segurança Hídrica e Conservação Ambiental; 2)
Educação e Desenvolvimento de Capacidades Humanas; 3) Inovação; 4) Desenvolvimento
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Institucional; 5) Dinamização e Diversidade Produtiva; 6) Desenvolvim
ento Social e Humano
(PRDNE,
2019
).
O plano SUDENE tem apreço à superação da histórica imagem fragilizada do Nordeste,
que poderia ser equacionada no aproveitamento do potencial turístico, no incentivo à ciência e
tecnologia, no desenvolvimento sustentável
e na articulação entre a PNDR e a Agenda 2030
dos Objetivos do Desenvolvimento Social da ONU.
Algumas considerações são explicitadas no plano da SUDENE: 1) A inovação deve ser
o eixo central para o crescimento sustentável da região; 2) A inovação deve se
r utilizada para
garantir o emprego e as oportunidades de qualidade de vida para a população, estimulando
empresas produtoras de tecnologia e
startups
para auxiliar as cidades na utilização da tecnologia
em seu benefício; 3) A ciência e a tecnologia são ap
aratos para mitigar as desigualdades
regionais e impulsionar a economia com o intuito da internacionalização do comércio regional
(PRDNE,
2019
).
Ao defender a cooperação federativa e da governança, o plano da SUDENE menciona
a necessidade da integração ent
re os Estados nordestinos: “Depende também dos entes da
Federação e atores políticos
-
públicos e privados e em diferentes escalas
-
falarem a mesma
língua. A língua da agenda de desenvolvimento sustentável que explora suas potencialidades e
oferece soluçõ
es” (PRDNE,
2019
, p.
14). O plano alvitra implementação das políticas públicas
no âmbito local, com a valorização dos setores produtivos para o incremento do emprego e da
renda. Ainda, o plano prescreve a qualidade da educação e o alinhamento com a Polític
a de
C&T, enaltecendo o empreendedorismo e a potencialização econômica da região.
Igualmente, a agricultura familiar do Nordeste era debatida naquele plano e impulsionou
o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura (PRONAF) e o Programa Nacional d
e
Alimentação Escolar (PNAE). Nesses programas, o alimento produzido pela agricultura
familiar deveria ser distribuído como merenda escolar para os estudantes dos ensinos
fundamental e médio. O plano propõe o melhoramento da infraestrutura, da comunicação
e da
logística para dinamizar o comércio exterior e a geração do emprego e da renda nas cidades
intermediárias.
Ao identificar um conjunto de cidades intermediárias como alvo para a
formulação de estratégias com foco na redução de padrões de desigualdades
e
segregação, o Nordeste se desafia a acelerar a adoção de tecnologias digitais
em negócios circulares, de forma a contemplar parcerias público
-
privadas na
busca de soluções para problemas de mobilidade, saúde e segurança, entre
outros, resultando na melh
oria da vida da população. Os serviços públicos de
saúde, por exemplo, podem atuar com um dos “gatilhos” para desencadear as
mudanças tecnológicas e de gestão resultantes da transformação digital, além
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de alinhar os ambientes acadêmicos e empresariais numa
iniciativa de impacto
para a região (PRDNE,
2019
, p.
28).
O plano da SUDENE considera as dificuldades para colocar em prática as metas
previstas. A qualificação profissional precária do setor educacional carece de equacionamento
para preencher postos de
trabalho que eventualmente possam surgir com os recentes
empreendimentos. Outro inconveniente é a alta taxa de violência nas cidades nordestinas, a qual
poderia ser sanada com a melhoria das condições de habitação, saneamento e rede de esgoto. O
plano cons
tata a premência de lidar com as secas, sugerindo a integração do projeto de
transposição do rio São Francisco com outros programas relativos às secas na região, as quais
prejudicam a qualidade de vida e inibem a capacidade econômica (PRDNE,
2019
).
Para de
senvolver atividades de pesquisa em biotecnologia, nanotecnologia e tecnologia
da informação e comunicação (TICs), a articulação prevista no plano da SUDENE inseria as
Universidades da região em consonância com o Marco Legal da Ciência e Tecnologia. Essas
políticas seriam instauradas no nível local, pois o plano da SUDENE aceita a descentralização
consignada na Constituição Federal de 1988, a qual garante a participação da sociedade civil
no processo de tomada de decisão ao estimular a participação ativa de
atores políticos locais e
regionais e as parcerias público
-
privadas. As formas de articulação são amplamente
incentivadas naquele plano com a formação de consórcios públicos para a saúde, saneamento
básico e meio ambiente.
A governança é fator primordial
para renovar o papel das Superintendências, que
perderam protagonismo nos últimos anos. É essencial para o ordenamento de arranjos
governamentais colaborativo retomar agenda de desenvolvimento regional que considere o
fortalecimento político dessas instit
uições
O plano da SUDENE sugere a participação das micro e pequenas empresas para o
financiamento das metas propostas e designa o fundo garantidor de operações dotado de
recursos oriundos do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE) e do Fun
do
de Desenvolvimento do Nordeste (FDNE). Em outra seara, impulsiona o mercado de capitais
apoiado nos fundos de investimento das empresas. Ademais, os aportes do BNB, do BNDES,
da Caixa, Banco do Brasil e da SUDENE estariam garantidos pela resolução 007/2
008 do
Regimento Interno do Comitê Regional das Instituições Financeiras Federais (Coriffe),
composto por membros das instituições descritas (PRDNE,
2019
).
Outras prerrogativas do plano da SUDENE preveem conexão com as instituições
responsáveis pelo finan
ciamento das políticas públicas aplicadas por grupos de trabalho
empenhados no estudo dos setores relevantes para a atividade econômica, promovendo
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parcerias entre o empresariado local e técnicos de outras instituições de desenvolvimento que
atuam no Norde
ste.
De acordo com a Lei Complementar nº 125/2007, o Conselho Deliberativo da
Sudene (Condel
) poderá criar Comitês permanentes ou provisórios e fixar suas
respectivas competências e composições. Especialmente, o artigo 6º
estabelece a competência do CONDEL para a criação, a organização e o
funcionamento de dois comitês de caráter consultivo, pres
ididos pelo
Superintendente da Sudene: o Comitê Regional das Instituições Financeiras
Federais e o Comitê Regional de Articulação dos Órgãos e Entidades Federais
(PRDNE,
2019
, p.
126).
A SUDENE entende a governança como diretriz a ser alcançada a partir d
o esboço da
agenda de desenvolvimento regional do Nordeste. O reconhecimento de instituições como a
SUDENE e a retomada do protagonismo do seu Conselho Deliberativo
–
enquanto espaço
público de tomada de decisões estratégicas para a região
–
pode aumentar
a capacidade de
governança alicerçada na coordenação horizontal e vertical, melhorando a participação da
sociedade civil ao aperfeiçoar mecanismos de monitoramento e avaliação.
Aquele plano prevê robustecimento da instituição baseado em estrutura organizac
ional
capacitada tecnicamente para solucionar conflitos e atingir metas previstas. Outrossim, é
preciso aproximação da SUDENE com os governos estaduais e o Ministério do
Desenvolvimento Regional. É crucial revitalizar o Conselho Deliberativo (Condel), que
deve
funcionar como instância de participação de atores sociais e órgãos técnicos e operacionais
(PRDNE,
2019
).
Atualmente, o Condel é composto pelas seguintes representações sociais e políticas: 1)
Os governadores dos Estados da área de atuação da SUDENE
; 2) Os ministros dos Ministério
de Desenvolvimento Regional, da Economia e dos Ministérios setoriais; 3) Por três prefeitos de
municípios de variados Estados do Nordeste; 4) Três representantes de empresários de diversos
Estados; 4) A classe trabalhadora
será representada por três operários de diferentes Estados; 5)
Pelo Superintendente e pelo Presidente do Banco do Nordeste do Brasil (BNB).
A Secretaria Executiva faz parte do organograma, mas é autarquia com atribuições
financeiras e administrativas autôn
omas, vinculada ao Ministério do Desenvolvimento
Regional. Possui a missão de executar as prerrogativas do Conselho Deliberativo ao oferecer
suporte técnico para o seu funcionamento.
Doravante, descreveremos alguns aspectos importantes do plano de desenvo
lvimento
regional da Amazônia. O plano da SUDAM é previsto para os anos de 2020 a 2023, prevendo
horizonte temporal de doze anos para determinar estreita conexão com os preceitos da PNDR.
A articulação com as demais instituições é descrita, mormente com o
Ministério do
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Desenvolvimento Regional que permite participação social mais abrangente, uma vez que se
configurou firmado em consultas públicas.
Assim como a SUDENE, o plano da SUDAM prevê a governança como pressuposto
fundamental a ser alcançado para o e
nfrentamento das desigualdades inter e intrarregionais ao
incentivar a cooperação de políticas públicas vertical e horizontal. Em verdade, é articulação
federativa multinível entre União, Estados e Municípios, assim como geograficamente
multiescalar; o foc
o do plano
são
as cidades intermediárias, ensejando que os efeitos do
desenvolvimento possam se espraiar para cidades vizinhas e maximizar a participação social.
Entretanto, o plano explicita que a intenção não é somente o financiamento das políticas
públi
cas.
Desse modo, a estratégia de desenvolvimento regional definida,
necessariamente, inclui fatores fundamentais como: o capital social, a auto
-
organização social, o estímulo ao exercício de soluções colaborativas para
problemas comuns e ampla articulação
multiescalar, não podendo se limitar a
incentivos fiscais, linhas de crédito e etc. (PRDA, 2020, p.
11).
O plano elaborado pela SUDAM é baseado em uma unidade multiescalar.
Para elaboração do PRDA utilizou
-
se a escala estadual. Essa escolha
justificou
-
se em função do processo de definição das tipologias da nova
PNDR que se encontra em andamento, além da dificuldade de se obter
indicadores atualizados na escala municipal. A vantagem dessa escala reside
na disponibilidade de dados tempestivamente, o que p
ermite o monitoramento
e avaliação periódica do Plano. Por outro lado, entende
-
se que essa escolha
tem potencial de não captar possíveis desigualdades intrarregionais, motivo
pelo qual, essa escala será alterada tão logo as dificuldades apontadas sejam
equ
acionadas (PRDA, 2020, p.
7).
Os eixos estruturantes do plano da SUDAM demonstram preocupação com a
transversalidade das políticas públicas: agricultura, pecuária e extrativismo, pesca, aquicultura,
indústria, turismo, meio ambiente, ciência, tecnologia e inovação, educação, logística
e
transporte, geração de energia, telecomunicações, saúde, cultura e lazer, saneamento básico e
segurança pública.
A redução das desigualdades regionais
-
inter e intraregiões
-
é meta a ser conquistada
em conformidade com a melhoria da qualidade de vida
da população amazônica. Para a
implementação das metas previstas (PRDA, 2020), aquele plano prevê desenvolvimento social
mais justo e equilibrado ao incitar cooperação horizontal e vertical dos entes com a intenção de
estimular políticas públicas amparadas
em colaborações multinível entre as esferas federal,
estadual e municipal.
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O plano da SUDAM prioriza ajustes institucionais com a esfera municipal, sendo
adotado o padrão de governança multinível dependente da articulação das duas esferas em
questão. O p
lano é estruturado a partir de áreas específicas: desenvolvimento produtivo, ciência,
tecnologia e inovação, educação e qualificação profissional, infraestrutura econômica e urbana,
desenvolvimento social, acesso a serviços públicos essenciais e tonificaçã
o das capacidades
governativas dos entes subnacionais.
Estes são os propósitos norteadores do PRDA, que está alinhado com os Objetivos do
Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. A Agenda 2030
-
síntese das orientações da
ODS
-
é plano de ação previsto p
ara os 5 Ps: Pessoas, Planeta, Prosperidade, Paz Universal e
Parcerias Globais. Aquela agenda presume que a função do desenvolvimento sustentável é
equilibrar as dimensões de sustentabilidade, nas quais gravitam a economia, os direitos sociais
e o meio amb
iente (PRDA, 2020).
A participação social foi valorizada no processo de construção do plano. Foi criado link
no site da SUDAM para consulta pública e outras formas de contato com a sociedade via e
-
mail
eletrônico e contatos telefônicos. Para a implantação
das metas previstas, a fonte de recursos
está especificada de maneira ampla, com a colaboração dos bancos regionais e fontes federais
de financiamento. Os recursos financeiros descritos no plano são os seguintes: 1) Orçamento
Geral da União e dos Estados A
mazônicos; 2) Fundo Constitucional de Financiamento do Norte
(FNO); 3) Fundo de Desenvolvimento da Amazônia (FDA); 4) Fundos constituídos pelos
governos estaduais e municipais; 5) Incentivos e benefícios de natureza financeira, tributária e
creditícia; 6)
Existência ou criação de programas de desenvolvimento dos bancos públicos,
federais e estaduais, além de parcerias público
-
privadas (PPP) (PRDA, 2020).
O plano da Amazônia demonstra interlocução com a PNDR e a Agenda ONU para o
Desenvolvimento Sustentável.
Ao atrelar
-
se fundamentalmente ao que a PNDR sugere
-
incentivo à Ciência e Tecnologia, Educação e Saúde, entre outras áreas
-
o plano paralelamente
desenvolve a governança, finalidade evidenciada por instituições que demonstram preocupação
com agenda gov
ernamental que efetivamente implemente as políticas públicas elencadas.
O plano da SUDECO está alinhado com a Agenda 2030 da ONU que recomenda
desenvolvimento sustentável concentrado nas pequenas e médias cidades para garantir
segurança, alimentação, morad
ia, educação e saúde. Os cidadãos podem participar ativamente
da governança e da gestão integrada dos territórios. O plano está previsto para o período 2020
a 2023, sustentando que é desejável as cidades oferecerem mobilização para a captação de
recursos h
umanos como resposta às mudanças ambientais, sociais e econômicas. A
sustentabilidade é prevista para minimizar impactos no meio ambiente, de modo que estejam
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integradas à Agenda 2030 da ONU e aos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
(PRDCO, 2019).
Aquele plano sugere aos municípios que: 1) Revitalizem os seus espaços urbanos ao
construir áreas de crescimentos intraurbanos e policêntricos; 2) Avigorem as áreas rurais para
recuperar áreas estratégicas aos serviços ecossistêmicos, como as áreas de rec
arga hídrica para
abastecimento público; 3) Sejam diversificados e empreendedores; 4) Apoiem a criação de
clusters
para retroalimentar as frágeis estruturas socioeconômicas de médias e pequenas cidades
de determinadas regiões do Centro
-
Oeste (PRDCO, 2019).
Ao priorizar os princípios do desenvolvimento sustentável, dinamiza a participação
política dos citadinos. Para a realização das metas previstas, os idealizadores do plano fizeram
uma série de interlocuções com a sociedade civil, ouvindo as demandas e tr
ansformando
-
as em
políticas públicas. As principais metas elencadas pelo plano são: 1) Diminuição das
desigualdades espaciais e interpessoais de renda; 2) Geração de emprego e renda; 3) Redução
da taxa de analfabetismo; 4) Melhoria das condições de habitaç
ão; 5) Universalização do
saneamento básico, dos níveis de educação infantil e dos ensinos fundamental e médio; 6)
Fortalecimento do processo de interiorização da educação superior; 7) Garantia de implantação
de projetos para o desenvolvimento tecnológico
e da sustentabilidade ambiental; 8) Atenção ao
zoneamento ecológico
-
econômico e social; 9) Redução do custo de transporte dos produtos
regionais (PRDCO, 2019).
De acordo com os planos das outras superintendências, o plano do Centro
-
Oeste alinha
-
se com os 17 objetivos da Agenda 2030 da ONU e apoia
-
se, como o PRDA, em quatro eixos
fundamentais: Desenvolvimento produtivo (sustentável); Ciência, Tecnologia e Inovação
;
Educação e Qualificação profissional; e Infraestruturas Econômica e Urbana. Assim como o
PRDA, o PRDCO propõe articulação com a Estratégia Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (ENDES) do Brasil para os anos de 2020 a 2023, a qual foi concebida
para
facilitar a articulação entre os planos nacionais, setoriais e regionais com o Plano Plurianual da
União
–
PPA. A ENDES sugere cinco eixos de atuação articulados com a Agenda 2030 da
ONU: econômico, institucional, infraestrutura, ambiental e social. O
PRDCO se adequa aos
dois documentos descritos ao incorporar as linhas de atuação destacadas (PRDCO, 2019).
Esboçados adequadamente os eixos, cabe destacar que o plano seleciona uma série de
potencialidades a serem exploradas: biodiversidade, manancial de
recursos hídricos,
empreendedorismo e inovação, base produtiva agropecuária, mercado interno, escolaridade e
inovação tecnológica. Estes componentes podem ser potencializados pela geografia do centro
-
oeste brasileiro, a qual facilita o transporte e a logí
stica. O plano enuncia convergência de
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Brasil e
A
rgentina:
Enfoque
institucional para os desafios e possibilidades do desenvolvimento regional
Estudos de Sociologia
,
Araraquara,
v. 27, n.
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ISSN:
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19
fatores econômicos, sociais, políticos, institucionais e ambientais que conservam interrelações
bem delineadas (PRDCO, 2019).
O plano desenvolvido pela SUDECO coloca necessidade imediata de reconfigurar o
papel da SU
DECO com a intenção de formar atores políticos capacitados para impulsionar
diretrizes e ações ao priorizar a descentralização das ações e programas. Além disso, ao visar
essa capilaridade, o plano prevê a realização de sete programas estratégicos: 1) Prog
rama de
democratização da gestão pública; 2) Melhoria educacional e da estruturação do sistema de
pesquisa e desenvolvimento (P&D); 3) Gestão ambiental e recuperação do meio ambiente; 4)
Ampliação da infraestrutura social e urbana; 5) Ampliação da infraest
rutura econômica e
logística; 6) Diversificação e adensamento das cadeias produtivas; 7) Consolidação de rede
policêntrica de cidades no centro
-
oeste (PRDCO, 2019).
Os recursos financeiros para operacionalizar as metas são descritos no plano: Fundo
Constit
ucional de Financiamento do Centro
-
Oeste (FCO); FCO Empresarial; FCO Rural;
Fundo de Desenvolvimento do Centro
-
Oeste (FDCO). A captação destes recursos viria das
seguintes fontes: Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Banco Internacional para
Reco
nstrução e Desenvolvimento (BIRD), Green Climate Fund (GCF), Novo Banco de
Desenvolvimento (BRICS), Corporação Andina de Fomento/Banco de Desenvolvimento de
América Latina (CAF), Fundo Internacional para o Desenvolvimento da Agricultura (FIDA)
(PRDCO, 2019
).
A governança foi citada amiúde no plano, indicando a urgência de consolidar o
Conselho Deliberativo da SUDECO e a imprescindível conexão com a Câmara de Políticas de
Integração Nacional e Desenvolvimento Regional
-
norteadas pela Política Nacional de
D
esenvolvimento Regional
-
elaborada pelo Ministério do Desenvolvimento Regional. Prevê a
cooperação federativa, com a articulação dos entes federados para a realização das metas
previstas pelas Superintendências em consonância com as unidades da federação.
O plano do
Centro
-
Oeste contém metas claras
-
reguladas pelas suas subdivisões
-
ao indicar as instituições
parceiras para a concretização desses objetivos. Além disso, elenca detalhadamente os
instrumentos financeiros que serão utilizados para as suas fi
nalidades, traçando estratégias de
futuro.
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Luciléia Aparecida COLOMBO e Carlos Henrique GILENO
Estudos de Sociologia
,
Araraquara,
v. 27, n.
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Considerações finais
Nesse artigo, tencionamos colocar duas questões centrais. A primeira é analisar as
ferramentas institucionais utilizadas no Brasil e na Argentina para o tratamento das suas
respectivas desi
gualdades regionais. Atrelada a essa análise está a indagação: qual o diagnóstico
do problema e quais eixos aparecem para a concretização dessas políticas?
Brasil e Argentina possuem uma característica comum fundamental: a desigualdade
entre as regiões (n
o caso brasileiro) e entre as províncias (no caso argentino). A partir dos anos
de 1990
–
especialmente com a decadência das políticas neoliberais amplamente
implementadas nos dois países
–
novas formas de combate às desigualdades regionais foram
criadas c
om desenhos institucionais diferenciados.
A Argentina optou por remodelação constitucional do federalismo, principalmente pela
Lei
-
Convênio que buscava estabelecer relacionamentos cooperativos entre as províncias e o
governo federal, concedendo às primeira
s a prerrogativa de criação de regiões para facilitar a
formulação e implementação das políticas regionais. O Brasil, no mesmo período dos anos de
1990, conviveu com prerrogativas que contemplavam nos Planos Plurianuais do Governo
Federal a possibilidade d
e reorganizar a agenda das políticas regionais escorado no orçamento
federal.
Recentemente, sucedeu arrefecimento da tentativa de reorganização desta agenda,
notadamente nas superintendências de desenvolvimento que elaboraram planos regionais
responsáveis
pela condução dessas políticas públicas.
O rumo constitucional escolhido pela Argentina e a preferência brasileira pelo caminho
institucional e orçamentário recomendam a retomada da agenda de desenvolvimento nos dois
países para corrigir os efeitos da pol
ítica neoliberal que predominou durante décadas. Urge
contornarmos os históricos episódios de assimetrias regionais que culminam em injustiças e
desigualdades sociais.
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Luciléia Aparecida COLOMBO e Carlos Henrique GILENO
Estudos de Sociologia
,
Araraquara,
v. 27, n.
00
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C
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COLOMBO
,
Luciléia Aparecida
;
GILENO
,
Carlos Henrique
.
Brasil e Argentina:
Enfoque
institucional para os desafios e possibilidades do desenvolvimento regional
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Estudos de
Sociologia
, Araraquara, v.
27, n.
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e0220
2
7
,
2022. e
-
ISSN: 2358
-
4238. DOI:
https://doi.org/10.52780/res.v27i00.16859
S
ubmetido em
:
14/05/2022
Revisões requeridas em
:
21/06/2022
Aprovado em
:
19/0
7/2022
Publicado em
:
21/12/2022
Processamento e editoração: Editora Ibero
-
Americana de Educação.
Revisão, formatação, normalização e tradução.
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Brazil and
Argentina
:
Institutional
approach to the challenges and
possibilities of regional development
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1
BRAZIL AND ARGENTINA: INSTITUTIONAL APPROACH TO THE
CHALLENGES AND POSSIBILITIES OF REGIONAL DEVELOPMENT
BRASIL E ARGENTINA: ENFOQUE INSTITUCIONAL PARA OS DESAFIOS E
POSSIBILIDADES DO DESENVOLVIMENTO REGIONAL
BRASIL Y ARGENTINA: ENFOQUE INSTITUCIONAL A LOS DESAFÍOS Y
POSIBILIDADES DEL DESARROLLO REGIONAL
Luciléia Aparecida COLOMBO
1
Carlos
Henrique GILENO
2
ABSTRACT
:
The topic of regional development arouses interest in the political debate because
it involves State competences, intergovernmental relations, disparities in the distribution of
wealth and the formulation of public
policies. In Brazil, one of the main characteristics that
permeates regional development policies is the intense inequality between the North, Northeast
and Center
-
West in relation to the South and Southeast. This disproportion is not a specific
prerogativ
e of Brazilian society, as we see it in other Latin American countries. The article uses
a comparative method to map aspects that led Brazil and Argentina in the construction of their
governmental agendas, to indicate theoretical suggestions for overcoming
obstacles to
development. Brazil has a trajectory of State intervention in public policies controlled by the
Regional Superintendencies. On the other hand, Argentina also applies some governmental
measures
-
mainly located in the ministerial portfolios
-
to contain the progress of regional
asymmetries.
KEYWORDS
: Brazil. Argentina. Regional development.
Federalism. Public development
policies.
RESUMO
:
O tema do desenvolvimento regional desperta interesse no debate político porque
envolve competências do
Estado, relações intergovernamentais, disparidades na distribuição
das riquezas e formulação de políticas públicas. No Brasil, uma das principais características
que permeia as políticas de desenvolvimento regional é a intensa desigualdade entre Norte,
Nor
deste e Centro
-
Oeste em relação ao Sul e Sudeste. Essa desproporção não é prerrogativa
específica da sociedade brasileira, pois a verificamos em outros países da América Latina. O
artigo utiliza método comparativo para mapear aspectos que conduziram Brasil
e Argentina
na construção das suas agendas governamentais, com o objetivo de indicar sugestões teóricas
para a superação dos obstáculos ao desenvolvimento. O Brasil possui trajetória de intervenção
do Estado nas políticas públicas controlada pelas Superin
tendências Regionais. Em
contrapartida, a Argentina igualmente aplica algumas medidas governamentais
-
1
Federal University of Alagoas
(UFAL), Maceió
–
AL
–
Brazil
.
Adjunct Professor at the Institute of Social
Sciences. Permanent Professor of the Postgraduate Program in Sociology at the Federal Univ
ersity of Alagoas.
ORCID:
https://orcid.org/
0000
-
0002
-
5285
-
4716
. E
-
mail:
leiacolombo@gmail.com
2
São Paulo State University
(UNESP), Araraquara
–
SP
–
Brazil
.
Professor at the Department of Social Sciences
.
Permanent Professor of the Postgraduate Program in Social Sciences at the Faculty of Sciences and Letters
(UNESP).
ORCID:
https://orcid.org/
0000
-
0001
-
8425
-
673X
. E
-
mail:
henrique.gileno@unesp.br
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Luciléia Aparecida COLOMBO
and
Carlos Henrique GILENO
Estudos de Sociologia
,
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principalmente localizadas nas pastas ministeriais
-
para conter os avanços das assimetrias
regionais.
PALAVRAS
-
CHAVE
: Brasil. Argentina. Desenvolvimento regional. Federalismo. Políticas
públicas de desenvolvimento.
RESUMEN
:
El tema del desarrollo regional despierta interés en el debate político porque
involucra las competencias del Estado, las relaciones
intergubernamentales, las disparidades
en la distribución de la riqueza y la formulación de políticas públicas. En Brasil, una de las
principales características que permea las políticas de desarrollo regional es la intensa
desigualdad entre el Norte, Nord
este y Centro
-
Oeste con relación al Sur y Sudeste. Esta
desproporción no es una prerrogativa específica de la sociedad brasileña, como lo vemos en
otros países de América Latina. El artículo utiliza un método comparativo para mapear
aspectos que llevaron a
Brasil y Argentina a la construcción de sus agendas gubernamentales,
con el objetivo de señalar sugerencias teóricas para la superación de los obstáculos al
desarrollo. Brasil tiene una trayectoria de intervención del Estado en las políticas públicas
cont
roladas por las Superintendencias Regionales. Por otro lado, Argentina también aplica
algunas medidas gubernamentales
-
ubicadas principalmente en las carteras ministeriales
-
para contener el avance de las asimetrías regionales.
PALABRAS CLAVE:
Brasil
.
Ar
gentina
.
Desarrollo regional
.
Federalismo. Políticas públicas
de desarrollo.
Introduction
It is possible to compare regional development policies produced by different
government institutions in the neoliberal crisis at the end of the 20th
century, a fact that led to
the non
-
linear trajectory of those institutions in Brazil and Argentina. The historical transition
to the 21st century was decisive for the process of re
-
signification of government projects in
Latin American countries, immersed
in conjunctures of regional discrepancies.
State institutions must encourage development supported by public policies that
encourage participation in the various social demands, an essential condition for defining
regional public policies concatenated to
the expertise of federal governments. The regional
issue as a problem on the government's agenda depends on the broad exercise of democracy in
a context permeated by controversies raised by federative tensions. Given this reasoning, two
questions emerge: 1
) What are the institutional tools used in Brazil and Argentina for practical
intervention to reduce their respective regional inequalities?; 2) What is the diagnosis of the
problem and the practical and theoretical axes found in these public policies?
Bra
zil and Argentina have different trajectories in the management of regional
asymmetries, but they have interesting points of convergence. Interlocutions reside in three
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Brazil and
Argentina
:
Institutional
approach to the challenges and
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main issues: 1) Both countries experienced authoritarian governments that controlled
in
tergovernmental relations between federal entities by carrying out extensive financial and
political centralization. Conversely, democratic periods encouraged financial and political
decentralization; 2) Highlight for the comparative analysis of the region
al differences observed
in Brazil and in the Argentine provinces; 3) The main justification for this study indicates that
–
between the 1950s and 1980s
–
the burden of economic growth began to be felt in Latin
America due to the significant increases in so
cial and regional inequalities (BETHELL, 1997).
In Brazil, planning and regional development went through different phases. In the mid
-
1950s, the creation of government institutions responsible for reducing regional inequalities
was pressing in the politic
al discourse. In the 1960s, those institutions that were being
elaborated in the previous decade were implemented, but focused on the military project that
advocated political and administrative centralization to the detriment of the deliberations
forwarde
d by the decentralization of competences. Subsequently, the Federal Constitution of
1988 ratified constitutional guarantees of deliberation for less developed regions. Finally, in the
first quarter of the 21st century, decentralized social participation in
the decision
-
making
process of regional public policies was valued.
History of State intervention in regional inequalities in Brazil
By assigning the fragile institutional condition to the effective application of citizenship
rights to needy populations, certain literature points to the decay of neoliberalism as a
conductive system of regional development policies (FAGNANI, 2011; PINHO,
2013). This
exclusionary characteristic of the neoliberal system
-
which generates unemployment and an
increase in social inequalities
-
came into conflict with the emergence of progressive
governments in Latin America in the 21st century. A particular oc
currence of this phenomenon
was the election of Luís Inácio Lula da Silva to the presidency of the Republic in 2002, which
favored the resumption of state capacities in the strategic planning of regional development
policies in Brazil.
In the 1980s and 199
0s, neoliberal hegemony in Latin America gave way to economic
growth and development, as it was confronted with the attempt to equitably incorporate
marginalized social sectors in policies distributing income and social inclusion. These
assumptions indicat
ed that social equality would be the basis of regional development policies.
However, the neoliberal model
-
albeit weakened
-
persists protected by fiscal austerity, which
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Luciléia Aparecida COLOMBO
and
Carlos Henrique GILENO
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can be considered one of the coefficients that prevents the incorporation of the po
pular layers
in the division of socially produced wealth.
The State that resurfaced in the 2000s sought to regain leadership in the implementation
of public policies with the intention of promoting social inclusion. In this scenario, Brazil and
Argentina r
emodeled their public policies by using the supports contained in the federative
rearrangement and in the conception of specialized institutional engineering that would benefit
regional development (PINHO, 2013).
The beginning of federal intervention in re
gional development policies was the creation
of government institutions responsible for reducing social inequalities, notably the
Superintendence for the Development of the Northeast (
Superintendência do Desenvolvimento
do Nordeste
-
SUDENE), the Superinte
ndence for the Development of the Amazon
(
Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia
-
SUDAM) and the Superintendence for
the Development of the Midwest (
Superintendência do Desenvolvimento do Centro
-
Oeste
-
SUDECO). Those institutions sought to repai
r in republican history the gravitation around a
federative policy that deepened regional inequalities, notably in the Northeast.
The organization of SUDENE in 1959, its extinction in 2001 and its refounding in 2003,
prove the historical vitality that made
it a model of regional planning. SUDENE represented a
step forward for Brazilian federalism by proposing institutionalized planning to articulate
Northeastern regional policies with the federal government. While
it
planned to lessen localist
politics, by
trying to contain the power of rural oligarchies, it politically reinvigorated
northeastern governors in the decision
-
making process of public policies.
However, the military regime inaugurated in 1964
-
in addition to blocking the
development of our recen
t democratic experience
-
provided regional development institutions
with significant cuts in their capacity to implement decisions. Several remodeling were
processed within federalism: economic and political centralization transformed regional
development
into an appendix of the national plan regulated by the “economic miracle”.
SUDENE lost autonomy in its deliberative power, which started to be carried out by
governmental institutions supervised and controlled by the federal government.
The military regim
e did not reduce regional asymmetries by prioritizing the integrated
national development strategy, which was related to the installation of articulated regional
programs to take advantage of the potential of each region and not of a particular region.
Reg
ional inequalities would be tackled by the effect these national programs would have on
underdeveloped regions.
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Brazil and
Argentina
:
Institutional
approach to the challenges and
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Estudos de Sociologia
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In this process, SUDENE acted as coordinator and supervisor of the federal
government's actions, reflecting the growing
marginalization that this institution was
experiencing in political decision
-
making processes. The Special Programs
3
followed the
federal government's new parameter for regional issues by emphasizing the integration of
regions into the national economy to
the detriment of reducing regional inequalities.
The 1988 Federal Constitution inaugurated a new stage in regional development criteria.
Political decentralization delegated to states and municipalities the promotion of development.
That Constitution rese
rved two attributions for the regional issue: 1) Reduce regional
inequalities; 2) Strengthen states and municipalities as political actors that could attract private
investment through tax incentives and transfers.
The execution and planning of regional de
velopment were transferred to subnational
instances in a decentralized manner. In an attempt to mitigate the socioeconomic differences
between regions, Article 3, item III, explains that “The reduction of regional inequalities
constitutes one of the fundam
ental objectives of the Republic”. Several other constitutional
provisions were designed to alleviate those inequalities. Article 21, item IX, provided that “The
Union is responsible for the execution and elaboration of national and regional plans for
orde
ring the territory and for economic and social development”. Complementing the previous
Article, Article 174 emphasizes that the “State has the function of planning, this being
fundamental for the public sector and indicative for the private sector”. Final
ly, Article 43
determines that “the Union must have an articulated action in administrative terms, aiming at
the reduction of regional inequalities, including the use of incentives, such as exemptions and
reductions of taxes and favored interest”
(CONSTITU
IÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA
DO BRASIL, 2004
, our translation
).
However, by defining parameters that guide the creation of regional funds for the
Northeast (FNE
, Portuguese initials
), North (FNO
, Portuguese initials
) and Midwest (FCO
,
Portuguese initials
)
regions, Article 159 can be considered the most significant for containing
regional inequalities, as it defines that the Union must distribute 47% of the Income Tax and
the Tax on Industrialized Products as follows: 21.5% to the Participation Fund of the S
tates and
the Federal District; 22.5% to the Municipalities Participation Fund; 3% for investment in
3
The Special Programs mainly aimed to modernize agriculture, livestock and irrigation programs, without
direct
connection with the idea of regional planning
.
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Luciléia Aparecida COLOMBO
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Carlos Henrique GILENO
Estudos de Sociologia
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programs to finance the productive sector in the North, Northeast and Midwest regions,
allocating half of the resources allocated to that region to the nor
theastern semi
-
arid region
4
.
From the 1990s onwards, a cycle of development ordered by the weakening of the state's
role in regional planning was inaugurated. In encouraging regional policies, the State
approached the private sector, expanding public
-
priv
ate partnerships. The orientation of
regional planning started to prioritize the development of the regions, but with the simultaneous
intention of integrating them to national and foreign territories.
Based on this new standard of intervention, the Region
al and National Integration Axes
were established in the 1990s, which valued sustainable development
5
. The precepts of these
organizations were the reduction of poverty supported by local development, with the
predominant idea that that struggle could tak
e effect with the achievement of environmental
sustainability based on balanced development.
Simultaneously, public policies were equated that incorporated the National Integration
and Development Axes. These axes made up the Pluriannual Plan 1996
-
1999, ca
lled
Brasil em
Ação
(Brazil in Action). The intention was to investigate methods of enterprises that encourage
integration and development in a uniform way, without prioritizing the specificities of the
regions. The Regional and National Integration Axes w
ere organized during the government of
the then President of the Republic Fernando Affonso Collor de Mello (1990
-
1992), who
intended to map the obstacles to regional integration in the country.
In subsequent years, federal economic policies structured the
Avança Brasil (Forward
Brazil) program
–
scheduled for 2000
-
2001
–
and the Pluriannual Program from 2000 to 2003.
These programs offered continuity to the institutional policies adopted in the first presidential
term of Fernando Henrique Cardoso (1994
-
1998
) . Its purposes guided the implementation of
regional integration based on the items indicated in the Axes of Regional and National
Integration.
In the first presidential term of Luiz Inácio Lula da Silva (2002
-
2006), public policies
advocated alleviating
poverty with the Bolsa Família and Acceleration of Growth (Programa de
Aceleração do Crescimento
-
PAC I and II) programs. Both intended to restructure the
4
For a more detailed constitutional analysis of the Articles cited, consult BERCOVICI (2003). Alongside the
Constitutional Financing Funds and the Participation Funds of the States of Municipalities,
the 1988 Constitution
maintained the fiscal funds Northeast Investment Fund (FINOR, Portuguese initials), Amazon Investment Fund
(FINAM, Portuguese initials) and Economic Recovery Fund of the State of Espírito Santo (FUNRES, Portuguese
initials), created i
n the 1960s with the aim of promoting the economic development of the North and Northeast
regions. Through these instruments, the federal government allowed those regions to leverage economic growth
rates, with the Northeast surpassing the general average
of the other regions of the country.
5
Influenced by ECO 1992, where the UN and the World Bank gained prominence
.
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Brazil and
Argentina
:
Institutional
approach to the challenges and
possibilities of regional development
Estudos de Sociologia
,
Araraquara,
v. 27, n.
00
, e022027, 2022.
e
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ISSN:
1982
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4718
DOI: https://doi.org/10.52780/res.v27i00.16859
7
infrastructure by stimulating regional policies covered in the National Policy for Regional
Develop
ment (
Política Nacional de Desenvolvimento Regional
-
PNDR)
6
.
At this moment, a substantive change can be seen in the precepts of regional
development that were being processed since the 1950s, which were based on the idea of
planning that was
gradually replaced by the concept of reducing poverty financed by federal
budgets. The very conception of poverty and inequality has changed since the 2000s. Income
Transfer programs were protagonists in Brazil and Argentina, having as their central goals
the
decline of social vulnerability.
In Brazil, the Bolsa Família program played a leading role in income distribution
policies. In Argentina, the
Assignación Universal por Hijo para Protección Social
(AUHPS)
provided a pecuniary benefit to children and ad
olescents under the age of eighteen residing in
the country and to those with disabilities with no age limit, as long as they are native or
naturalized Argentines with legal residence in the country for at least three years, who belong
to families whose pa
rents are unemployed, perform domestic activity or activity in the informal
economy (VUOLO, 2012).
History of regional inequalities in Argentina
During the 1990s, Argentina was considered by the International Monetary Fund (IMF)
as a model for other Latin American countries in the conduct of neoliberal policies. According
to the then Minister of Economy, Domingo Felipe Cavallo, the country opted fo
r economic
reforms during the government of President Carlos Saúl Menem Akil (1990
-
2001), which were
in line with the IMF prescription.
Domingo Felipe Cavallo (2003) points out that the neoliberal government of US
President George Walker Bush (2001
-
2009) p
layed a fundamental role in the recommendations
and suggestions adopted by Argentina to abandon Peronist economic policies. This articulation
with the US government envisaged maintaining bilateral agreements between the two countries.
Economic policy expan
ded its ability to implement neoliberalism, but the rates of social
and regional inequality increased dramatically. Traditionally, Argentina is identified with Brazil
by presenting development indices that indicate considerable differences between the
6
“
The PNDR is an expression of the topic's effective priority and has been implemented so that effective results
can be obtained in the
regional issue. The PNDR has the dual purpose of reducing regional inequalities and
activating the development potential of Brazilian regions, exploring the immense and fantastic diversity that can
be observed in this country of continental dimensions. The
focus of concerns is, therefore, on the dynamics of the
regions and the better distribution of productive activities in the territory
” (BRASIL, 2015, p.
45
, our translation
).
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Luciléia Aparecida COLOMBO
and
Carlos Henrique GILENO
Estudos de Sociologia
,
Araraquara,
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, e022027, 2022.
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DOI: https://doi.org/10.52780/res.v27i00.16859
8
prov
inces. The constitutional attempt to resolve part of this problem was in the federative
rearticulation of 1994, entitled
Coparticipação Impositiva
(Co
-
participation Tax)
. The reform
defined the distribution of competences between the federal government and
the provinces by
articulating intergovernmental relations that did not cause harm to the provinces.
The Argentine Constitution reorganized the distribution of revenues among the
administrative entities divided between the nation, provinces and the city of
Buenos Aires. The
new criteria adopted by federalism stipulated a more cooperative standard, based on the designs
of equity, solidarity, quality of life and equivalent opportunities throughout the territory. This
federative alteration became known as the
Covenant
-
Law to the Federal Constitution, being an
institutional innovation that restricted the historical concentration of power in the federal
executive (HERNÁNDEZ, 2008).
Notable progress was made in cooperation between the President of the Republic, the
governors and the head of government of the city of Buenos Aires, encouraging the participation
of these political actors in the debate on financial distributions. The Cove
nant
-
Law presupposed
the approval of the financial divisions with the consent of the absolute majority of the
representatives of the provinces, who should cooperate for the approval of the provincial
legislatures.
These special requirements seek to revert
, on the one hand, the simple
adhesion that the provinces had to give to the legislation that the central
government almost always imposed against the dependence of the provinces
and, on the other hand, to establish a definitive regime with clear rules, wh
ich
allow a balanced development of the federation, instead of the arbitrariness
that has marked the Nation
-
province relationship
(HERNÁNDEZ, 2008, p.
23
,
our translation
).
Contrary to the Brazilian case
–
which recently implemented regional development v
ia
public policies
–
Argentina followed the constitutional alternative for resolving federative
asymmetries. For example, the Covenant
-
Law became State policy by guaranteeing
“overcoming the very serious imbalances that are observed between the provincial
districts,
through an equalization system like the Canadian one, which contemplates the authentically
federal action of the national government and the solidarity between the provinces”
(HERNÁNDEZ, 2008, p. 25, our translation). The fundamental conjecture
of that law is the
attempt at collaboration between the provinces and the federal government in sharing financial
resources.
Recently, regional imbalances and the models of public policies adopted are recurrent
themes among Argentines. Fiscal and administr
ative decentralization is increasing, especially
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Brazil and
Argentina
:
Institutional
approach to the challenges and
possibilities of regional development
Estudos de Sociologia
,
Araraquara,
v. 27, n.
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9
after the creation of new provinces: from fourteen existing provinces, the number increased to
twenty
-
three. The formation of these new provinces sought to rearticulate power previously
centralized in the fe
deral government. At the same time, it aggravated regional imbalances
because responsibility for public policies ended up being concentrated in subnational entities
historically dependent on the federal government. Likewise, this scenario can be seen in Br
azil
with the municipalities and their co
-
responsibility for the implementation of public policies.
The constitutional reform implemented in 1994 recognized regional inequality among
Argentine provinces. It innovated by delegating to the provinces the righ
t to create regions that
motivate socioeconomic development and provided for the construction of competent bodies to
implement public policy programs. Under the terms of that constitutional reform, the provinces
had the right to participate in internationa
l agreements, as long as they did not conflict with
national programs or affect the interests of nationally prepared Foreign Trade (PORTO, 2004).
The composition of regions by provinces was an operative instrument for the
development of the impoverished pa
rts of the territory. Local development was driven by public
policies that served needy regions without depending exclusively on the central government.
The clause that foresees the constitution of regions favors the autonomy of the provinces and
municipal
autonomy, avoiding benefiting the “emphasis on the development of regional
economies to guarantee an Argentina that does not continue to be a desert, with some small
islands of economic development, but that there is the possibility of a balanced developm
ent of
Argentina” (HERNÁNDEZ, 2008, p. 45, our translation).
The innovation contemplated by the introduction of the constitutional reform in the
federative relations came from the possibility of the province composing more than one region
in case it presen
ted low levels of development. Regionalization would not be synonymous with
territorial fragmentation: the new measures would contribute to the modernization of
government relations to the extent that they would encourage cooperative federative measures.
T
he possibility for the provinces to create new regions was intended to supplant the
development model established in the 1960s, which delimited Argentina into eight regions:
Patagonia, Comahue, Centro, Cuyo, Noroeste, Nordeste, Pampeana and Metropolitana.
The fear of generating greater dependence and subordination between subnational
entities and the central government was implicit in the 1994 constitutional reform, which was
seen with uncertainty and distrust as it directly affected the autonomy of the pro
vinces, opening
paths for the increase of regional asymmetries (MIDÓN, 2008). However, the classic structure
of the federal state (central government and provincial governments) would not undergo
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Luciléia Aparecida COLOMBO
and
Carlos Henrique GILENO
Estudos de Sociologia
,
Araraquara,
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10
substantial changes, as it observed the experience of Europe
an countries where the regional
issue is more decentralized.
Regions could enhance public policy decision
-
making by favoring complementary and
cooperative activities between provinces and the nation. The attribution of conceiving and
implementing regionali
zation is shared by the Congreso de La Nación, which approves or
rejects the proposal with the participation of the Senate, responsible for managing initiatives
and promoting public policies that balance the relative development of provinces and regions.
The Argentine option for the creation of regions stems from the belief that only
federative remodeling can leverage integrated regional development proposals that facilitate
intergovernmental relationships. However, the fear was that the consolidation of t
he region
would give rise to vertical subordination of the other entities, causing damage to Argentine
federalism. At the limit, there was the fear of unbalanced checks and balances. It was necessary
to consider with balance the creation of these regions s
o as not to deepen regional inequalities.
The data in Table 1 allow us to understand the particularity of Argentine inequality in the first
quarter of the 21st century.
Table
1
-
Gini Coefficient
-
2014
to
2015
Jurisdiction
2014/
Quarter
2
2014/
Quarter
4
2015/
Quarter
2
Buenos Aires
0
.
401
0
.
400
0
.
389
C.A.B.A
0
.
383
0
.
385
0
.
397
Catamarca
0
.
384
0
.
401
0
.
374
Chaco
0
.
389
0
.
398
0
.
368
Chubut
0
.
416
0
.
396
0
.
413
Córdoba
0
.
414
0
.
426
0
.
420
Corrientes
0
.
384
0
.
427
0
.
378
Entre Ríos
0
.
410
0
.
385
0
.
393
Formosa
0
.
370
0
.
347
0
.
346
Jujuy
0
.
398
0
.
380
0
.
358
La Pampa
0
.
377
0
.
356
0
.
389
La Rioja
0
.
348
0
.
371
0
.
360
Mendoza
0
.
392
0
.
387
0
.
392
Misiones
0
.
414
0
.
410
0
.
421
Neuquén
0
.
419
0
.
384
0
.
394
Río Negro
0
.
426
0
.
403
0
.
385
Salta
0
.
442
0
.
449
0
.
403
San
Juan
0
.
371
0
.
411
0
.
385
San Luis
0
.
387
0
.
385
0
.
371
Santa Cruz
0
.
391
0
.
370
0
.
386
Santa Fe
0
.
389
0
.
373
0
.
379
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Brazil and
Argentina
:
Institutional
approach to the challenges and
possibilities of regional development
Estudos de Sociologia
,
Araraquara,
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, e022027, 2022.
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ISSN:
1982
-
4718
DOI: https://doi.org/10.52780/res.v27i00.16859
11
Santiago del Estero
0
.
416
0
.
416
0
.
379
Tierra del Fuego
0
.
395
0
.
386
0
.
371
Tucumán
0
.
392
0
.
391
0
.
386
Country Total
0
.
418
0
.
419
0
.
409
Source
:
Encuesta Permanente de Hogares (EPH), INDEC
(
2021
)
Cicowiez
(2004) carried out a broad study on regional differences between Argentine
provinces in the period from 1980 to 2001, considering social aspects such as population
density, education, health and violence. In that analysis, the author developed a classific
ation
referring to the Argentine territory.
•
Advanced Provinces
:
Ciudad
de Buenos Aires, Santa Cruz, Chubut, La Pampa, Tierra
del Fuego, Neuquén, Buenos Aires
and
Santa Fé.
•
Intermediate Provinces
: Córdoba, Rio Negro, Mendoza, Entre Rios, San Luis,
Catamarca
, San Juan
and
San Miguel de Tucumán.
•
Lagging Provinces
: La Rioja, Salta, Jujuy, Misiones, Corrientes, Santiago del Estero,
Chaco
and
Formosa.
Given these asymmetries, Néstor
Carlos Kirchner (1950
-
2010), President of the
Republic in 2004, proposed an arrangement for the Social Equity Fund to reduce inequalities
between the Northeast and Northwest. The Fund's resources would be managed by a committee
made up of the Ministers of
Economy and Production, Federal Planning, Public Investment and
Services and Social Development of the Nation and by the provinces of different geographic
areas.
Despite representing a tool for controlling inequalities, the Fund was incompatible with
the
Federal Constitution because it was not a constitutional law, but just an agreement that did
not adequately detail the criteria for sharing among the federal entities and that could be
extinguished at any moment.
This Fund exclusively benefited the federal
government to the detriment of the
provinces and municipalities, which practically safeguarded the guarantees provided for in the
constitutional text (HÉRNANDEZ, 2008). The governors of the provinces of Córdoba, Buenos
Aires, Santa Fe, Corrientes, Neuquén
and La Pampa filed objections to this feature. Brazil has
a reality similar to that of Argentina, as shown in Table 2.
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Luciléia Aparecida COLOMBO
and
Carlos Henrique GILENO
Estudos de Sociologia
,
Araraquara,
v. 27, n.
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, e022027, 2022.
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DOI: https://doi.org/10.52780/res.v27i00.16859
12
Table
2
-
Gini index, according to Brazilian regions from 1992 to 2008
Region
1992
1995
1998
2001
2004
2007
2008
Bra
z
il
0
.
580
0
.
599
0
.
598
0
.
594
0
.
570
0
.
554
0
.
545
North
0
.
560
0
.
585
0
.
582
0
.
566
0
.
540
0
.
533
0
.
510
Northeast
0
.
591
0
.
602
0
.
609
0
.
598
0
.
581
0
.
564
0
.
556
Southeast
0
.
544
0
.
564
0
.
563
0
.
564
0
.
539
0
.
520
0
.
514
South
0
.
545
0
.
563
0
.
555
0
.
545
0
.
519
0
.
502
0
.
493
Midwest
0
.
586
0
.
581
0
.
599
0
.
595
0
.
569
0
.
572
0
.
564
Source
: IBGE. PNADs, 1992
to
2008. NINSOC/Ipea
-
Devised by the authors
.
Recently, Brazil plans
to curb its regional inequalities through the action of regional
superintendencies, which in 2019 drew up regional development plans and presented them for
voting in the plenary of the National Congress.
The performance of SUDENE, SUDECO and SUDAM
and their regional development
plans
Outlined by SUDENE, the Regional Development Plan for the Northeast (PRDNE) is
in line with the estimates contained in the National Policy for Regional Development (PNDR)
(BRASIL, 2015), with a forecast horizon of twel
ve years of operation, in addition to envisioning
the possibility of articulation with other institutions.
The basis for the preparation of this document was the National Strategy for
Economic and Social Development (ENDES, Portuguese initials) 2020
-
2031,
the guiding frameworks of the National Policy for Regional Development
(PNDR) and the Strategic Agenda for
the Northeast
-
prepared by SUDENE
result of the working group created within the framework of the review of the
National Policy for Regional Development in 2018. This plan is also part of
the context of clear convergence with the national initiatives of t
he 2030
Agenda of the United Nations (UN), which defined the Objectives of the
Sustainable development
(ODS) (PRDNE,
2019
, p.10
, our translation
).
The participation of civil society in the preparation of the plan was valued through public
consultations wi
th civil society on the listed issues, with emphasis on the intense work of
SUDENE members in thematic groups of specialists composed within the scope of the Ministry
of Regional Development and Ministry of Economy.
State governments participated in the pu
blic consultation process and collaborated to
define a territorial approach for the use of intermediate regions, focusing on medium
-
sized cities
in the implementation of public policies. The main structuring axes of the Northeast plan are:
1) Water Securit
y and Environmental Conservation; 2) Education and Development of Human
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Brazil and
Argentina
:
Institutional
approach to the challenges and
possibilities of regional development
Estudos de Sociologia
,
Araraquara,
v. 27, n.
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, e022027, 2022.
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13
Capabilities; 3) Innovation; 4) Institutional Development; 5) Dynamization and Productive
Diversity; 6) Social and Human Development (PRDNE, 2019).
The SUDENE plan appreciates overcomi
ng the historically fragile image of the
Northeast, which could be equated with taking advantage of the tourist potential, encouraging
science and technology, sustainable development and articulation between the PNDR and the
2030 Agenda of the Social Devel
opment Objectives of the UN.
Some considerations are made explicit in SUDENE's plan: 1) Innovation must be the
central axis for sustainable growth in the region; 2) Innovation must be used to guarantee
employment and quality of life opportunities for the p
opulation, stimulating technology
-
producing companies and startups to help cities use technology to their benefit; 3) Science and
technology are devices to mitigate regional inequalities and boost the economy with the aim of
internationalizing regional tra
de (PRDNE, 2019).
By defending federative and governance cooperation, SUDENE's plan mentions the
need for integration between the northeastern states: “It also depends on the Federation entities
and political actors
-
public and private and at different sc
ales
-
speaking the same language.
The language of the sustainable development agenda that explores its potential and offers
solutions” (PRDNE, 2019, p. 14
, our translation
). The plan calls for the implementation of
public policies at the local level, with
the appreciation of the productive sectors to increase
employment and income. Furthermore, the plan prescribes the quality of education and
alignment with the C&T Policy, praising entrepreneurship and economic potential in the region.
Likewise, family far
ming in the Northeast was discussed in that plan and boosted the
National Program for Strengthening Agriculture (
Programa Nacional de Fortalecimento da
Agricultura
-
PRONAF) and the National School Feeding Program (
Programa Nacional de
Alimentação Escolar
-
PNAE). In these programs, food produced by family farming should be
distributed as school lunches to primary and secondary school students. The plan proposes the
improvement of infrastructure, communication and logistics to boost foreign trade and genera
te
employment and income in intermediate cities.
By identifying a set of intermediate cities as a target for the formulation of
strategies focused on reducing inequality and segregation patterns, the
Northeast challenges itself to accelerate the adoption
of digital technologies
in circular businesses, in order to contemplate public
-
private partnerships in
the search of solutions for mobility, health and safety problems, among others,
resulting in the improvement of the population's life. Public health serv
ices,
for example, can act as one of the “triggers” to start technological and
management changes resulting from the digital transformation, in addition to
aligning academic and business environments in an impact initiative for the
region
(PRDNE,
2019
, p.2
8
, our translation
).
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Luciléia Aparecida COLOMBO
and
Carlos Henrique GILENO
Estudos de Sociologia
,
Araraquara,
v. 27, n.
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SUDENE's plan considers the difficulties in putting the planned goals into practice. The
precarious professional qualification of the educational sector needs to be addressed to fill jobs
that may eventually arise with recent ventures
. Another drawback is the high rate of violence
in Northeastern cities, which could be solved with the improvement of housing conditions,
sanitation and sewage system. The plan notes the urgency of dealing with droughts, suggesting
the integration of the S
ão Francisco River transposition project with other programs related to
droughts in the region, which impair the quality of life and inhibit economic capacity (PRDNE,
2019).
In order to develop research activities in biotechnology, nanotechnology and
infor
mation and communication technology (ICTs), the articulation foreseen in the SUDENE
plan inserted the region's Universities in line with the Legal Framework for Science and
Technology. These policies would be implemented at the local level, as the SUDENE p
lan
accepts the decentralization enshrined in the Federal Constitution of 1988, which guarantees
the participation of civil society in the decision
-
making process by encouraging the active
participation of local and regional political actors and the Public
-
Private Partnerships. Forms
of articulation are widely encouraged in that plan with the formation of public consortia for
health, basic sanitation and the environment.
Governance is a key factor in renewing the role of the Superintendencies, which have
lo
st protagonism in recent years. It is essential for ordering collaborative governmental
arrangements to resume a regional development agenda that considers the political
strengthening of these institutions
The SUDENE plan suggests the participation of micr
o and small companies to finance
the proposed targets and designates the operations guarantee fund endowed with resources from
the Northeast Financing Constitutional Fund (
Fundo Constitucional de Financiamento do
Nordeste
-
FNE) and the Northeast Development Fund (
Fundo de Desenvolvimento do
Nordeste
-
FDNE). In another area, it boosts the capital market supported by company
investment funds. In addition, the contributions from BNB, BNDES, Caixa, Banco do Brasil
and SUDENE
would be guaranteed by resolution 007/2008 of the Internal Regulation of the
Regional Committee of Federal Financial Institutions (Coriffe, Portuguese initials), composed
of members of the institutions described (PRDNE, 2019).
Other prerogatives of the SU
DENE plan provide for connection with the institutions
responsible for financing public policies applied by work groups committed to the study of
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Brazil and
Argentina
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Institutional
approach to the challenges and
possibilities of regional development
Estudos de Sociologia
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relevant sectors for economic activity, promoting partnerships between the local business
community and techni
cians from other development institutions that operate in the Northeast.
In accordance with Complementary Law No. 125/2007, Sudene's Deliberative
Council (Condel
, Portuguese initials
) may create permanent or provisional
Committees and establish their respective powers and compositions.
Specifically, article 6 establishes the competence of CONDEL for the
creation, organization and operation of two committees of an advisory nature,
chai
red by the Superintendent of Sudene: the Regional Committee of Federal
Financial Institutions and the Regional Committee for Articulation of Federal
Agencies and Entities (PRDNE, 2019, p.126
, our translation
).
SUDENE understands governance as a guideline
to be achieved based on the outline of
the regional development agenda for the Northeast. The recognition of institutions such as
SUDENE and the resumption of the role of its Deliberative Council
–
as a public space for
making strategic decisions for the r
egion
–
can increase the capacity of governance based on
horizontal and vertical coordination, improving the participation of civil society by improving
monitoring and evaluation mechanisms.
That plan provides for strengthening the institution based on an
organizational structure
technically capable of resolving conflicts and achieving established goals. Furthermore, it is
necessary to approach SUDENE with the state governments and the Ministry of Regional
Development. It is crucial to revitalize the Delibe
rative Council (Condel), which should
function as a forum for the participation of social actors and technical and operational agencies
(PRDNE, 2019).
Currently, Condel is made up of the following social and political representations: 1)
The governors of t
he states in the area covered by SUDENE; 2) Ministers of the Ministries of
Regional Development, Economy and Sector Ministries; 3) By three mayors of municipalities
in various states in the Northeast; 4) Three representatives of businessmen from different
states;
4) The working class will be represented by three workers from different states; 5) By the
Superintendent and President
the Bank of Northeast Brazil (
Banco do Nordeste do Brasil
-
BNB).
The Executive Secretariat is part of the organization chart, b
ut it is an autarchy with
autonomous financial and administrative attributions, linked to the Ministry of Regional
Development. It has the mission of executing the prerogatives of the Deliberative Council by
offering technical support for its operation.
Fr
om now on, we will describe some important aspects of the regional development
plan for the Amazon. SUDAM's plan is foreseen for the years 2020 to 2023, foreseeing a time
horizon of twelve years to establish a close connection with the precepts of the PNDR
.
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Luciléia Aparecida COLOMBO
and
Carlos Henrique GILENO
Estudos de Sociologia
,
Araraquara,
v. 27, n.
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, e022027, 2022.
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Articulation with other institutions is described, especially with the Ministry of Regional
Development, which allows for broader social participation, since it was established in public
consultations.
Like SUDENE, SUDAM's plan foresees governance as a f
undamental assumption to be
achieved in order to face inter and intra
-
regional inequalities by encouraging the cooperation
of vertical and horizontal public policies. In fact, it is a multilevel federative articulation
between the Union, States and Municip
alities, as well as geographically multiscale; the focus
of the plan is intermediate cities, allowing the effects of development to spread to neighboring
cities and maximize social participation. However, the plan makes it clear that the intention is
not j
ust to finance public policies.
In this way, the defined regional development strategy necessarily includes
fundamental factors such as: social capital, social self
-
organization, the
stimulus to the exercise of collaborative solutions to common problems a
nd
broad multiscale articulation, not being able to be limited to fiscal incentives,
lines of credit, etc. (PRDA, 2020, p.
11
, our translation
).
The plan elaborated by SUDAM is based on a multiscalar unit.
To prepare the PRDA, the state scale was used. T
his choice was justified by
the process of defining the typologies of the new PNDR that is in progress, in
addition to the difficulty of obtaining updated indicators at the municipal
scale. The advantage of this scale resides in the availability of data in
a timely
manner, which allows periodic monitoring and evaluation of the Plan. On the
other hand, it is understood that this choice has the potential of not capturing
possible intra
-
regional inequalities, which is why this scale will be changed as
soon as
the difficulties pointed out are equated (PRDA, 2020, p.
7
, our
translation
).
The structuring axes of the SUDAM plan demonstrate concern with the transversality
of public policies: agriculture, livestock and extractivism, fishing, aquaculture, industry,
t
ourism, environment, science, technology and innovation, education, logistics and transport,
energy generation, telecommunications, health, culture and leisure, basic sanitation and public
safety.
The reduction of regional inequalities
-
inter and intra re
gions
-
is a goal to be conquered
in line with the improvement of the quality of life of the Amazonian population. For the
implementation of the planned goals (PRDA, 2020), that plan provides for fairer and more
balanced social development by encouraging h
orizontal and vertical cooperation between
entities with the intention of stimulating public policies supported by multilevel collaborations
between the federal, state and municipal spheres.
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Brazil and
Argentina
:
Institutional
approach to the challenges and
possibilities of regional development
Estudos de Sociologia
,
Araraquara,
v. 27, n.
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The SUDAM plan prioritizes institutional adjustments with the mun
icipal sphere,
adopting a multilevel governance pattern dependent on the articulation of the two spheres in
question. The plan is structured around specific areas: productive development, science,
technology and innovation, education and professional quali
fication, economic and urban
infrastructure, social development, access to essential public services and strengthening of the
governing capacities of subnational entities.
These are the guiding purposes of the PRDA, which is aligned with the UN Sustainable
Development Goals (SDGs). The 2030 Agenda
-
synthesis of the SDG guidelines
-
is an action
plan foreseen for the 5 Ps: People, Planet, Prosperity, Universal Peace and Global Partnerships.
That agenda presumes that the function of sustainable development i
s to balance the dimensions
of sustainability, in which the economy, social rights and the environment gravitate (PRDA,
2020).
Social participation was valued in the plan construction process. A link was created on
the SUDAM website for public consultation
and other forms of contact with society via email
and telephone contacts. For the implementation of the foreseen goals, the source of resources
is broadly specified, with the collaboration of regional banks and federal sources of financing.
The financial
resources described in the plan are the following: 1) General Budget of the Union
and of the Amazon States; 2) Constitutional Financing Fund for the North (FNO); 3) Amazon
Development Fund (FDA); 4) Funds set up by state and municipal governments; 5) Finan
cial,
tax and credit incentives and benefits; 6) Existence or creation of development programs for
public, federal and state banks, in addition to public
-
private partnerships (PPP) (PRDA, 2020).
The Amazon plan demonstrates dialogue with the PNDR and the U
N Agenda for
Sustainable Development. By fundamentally linking itself to what the PNDR suggests
-
incentives for Science and Technology, Education and Health, among other areas
-
the plan
simultaneously develops governance, a purpose evidenced by instituti
ons that demonstrate
concern with the government agenda that effectively implements the listed public policies.
SUDECO's plan is in line with the UN's 2030 Agenda, which recommends sustainable
development focused on small and medium
-
sized cities to ensure
safety, food, housing,
education and health. Citizens can actively participate in the governance and integrated
management of territories. The plan is foreseen for the period 2020 to 2023, sustaining that it
is desirable for cities to offer mobilization fo
r the capture of human resources in response to
environmental, social and economic changes. Sustainability is envisaged to minimize impacts
on the environment, so that they are integrated into the UN 2030 Agenda and the 17 Sustainable
Development Goals (PR
DCO, 2019).
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Luciléia Aparecida COLOMBO
and
Carlos Henrique GILENO
Estudos de Sociologia
,
Araraquara,
v. 27, n.
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, e022027, 2022.
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That plan suggests to municipalities that: 1) Revitalize their urban spaces by building
intra
-
urban and polycentric growth areas; 2) Invigorate rural areas to recover strategic areas for
ecosystem services, such as water recharge areas for
public supply; 3) Be diversified and
enterprising; 4) Support the creation of clusters to feed back the fragile socioeconomic
structures of medium and small cities in certain regions of the Midwest (PRDCO, 2019).
By prioritizing the principles of sustainab
le development, it boosts the political
participation of city dwellers. To achieve the planned goals, the creators of the plan held a series
of dialogues with civil society, listening to the demands and transforming them into public
policies. The main goal
s listed by the plan are: 1) Reduction of spatial and interpersonal income
inequalities; 2) Employment and income generation; 3) Reduction of the illiteracy rate; 4)
Improvement of housing conditions; 5) Universalization of basic sanitation, levels of earl
y
childhood education and primary and secondary education; 6) Strengthening the process of
internalizing higher education; 7) Ensuring the implementation of projects for technological
development and environmental sustainability; 8) Attention to ecological
-
economic and social
zoning; 9) Reduction in the cost of transporting regional products (PRDCO, 2019).
In accordance with the plans of the other superintendencies, the Midwest plan is aligned
with the 17 objectives of the UN's 2030 Agenda and is based, like the PRDA, on four
fundamental axes: Productive (sustainable) development; Science, Technology and Inn
ovation;
Education and professional qualification; and Economic and Urban Infrastructure. Like the
PRDA, the PRDCO proposes articulation with the National Strategy for Economic and Social
Development (Estratégia Nacional de Desenvolvimento Econômico e Soci
al
-
ENDES) of
Brazil for the years 2020 to 2023, which was conceived to facilitate the articulation between
the national, sectoral and regional plans with the Union Pluriannual Plan. ENDES suggests five
lines of action articulated with the UN's 2030 Agend
a: economic, institutional, infrastructure,
environmental and social. PRDCO fits the two documents described by incorporating the
highlighted lines of action (PRDCO, 2019).
Once the axes have been properly outlined, it should be noted that the plan selects
a
series of potentialities to be explored: biodiversity, water resources, entrepreneurship and
innovation, agricultural production base, internal market, schooling and technological
innovation. These components can be leveraged by the geography of the Bra
zilian Midwest,
which facilitates transportation and logistics. The plan enunciates the convergence of economic,
social, political, institutional and environmental factors that maintain well
-
defined
interrelationships (PRDCO, 2019).
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Brazil and
Argentina
:
Institutional
approach to the challenges and
possibilities of regional development
Estudos de Sociologia
,
Araraquara,
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The plan developed by S
UDECO poses an immediate need to reconfigure the role of
SUDECO with the intention of training political actors capable of promoting guidelines and
actions by prioritizing the decentralization of actions and programs. In addition, in order to
achieve this
capillarity, the plan provides for the implementation of seven strategic programs:
1) Public management democratization program; 2) Educational improvement and structuring
of the research and development (R&D) system; 3) Environmental management and recove
ry
of the environment; 4) Expansion of social and urban infrastructure; 5) Expansion of economic
and logistical infrastructure; 6) Diversification and consolidation of production chains; 7)
Consolidation of a polycentric network of cities in the Midwest (P
RDCO, 2019).
The financial resources to operationalize the goals are described in the plan:
Constitutional Fund for Financing the Midwest (
Fundo Constitucional de Financiamento do
Centro
-
Oeste
-
FCO); Corporate FCO; FCO Rural; Midwest Development Fund (
Fun
do de
Desenvolvimento do Centro
-
Oeste
-
FDCO). The raising of these resources would come from
the following sources: Inter
-
American Development Bank (IDB), International Bank for
Reconstruction and Development (IBRD), Green Climate Fund (GCF), New Developm
ent
Bank (BRICS), Andean Development Corporation/Development Bank of Latin America
(CAF), International Fund for Agricultural Development (IFAD) (PRDCO, 2019).
Governance was frequently cited in the plan, indicating the urgency of consolidating
SUDECO's De
liberative Council and the essential connection with the Chamber of National
Integration and Regional Development Policies
-
guided by the National Policy for Regional
Development
-
prepared by the Ministry of Regional Development. Provides for federative
cooperation, with the articulation of federated entities to achieve the goals set by the
Superintendencies in line with the federative units. The Midwest plan contains clear goals
-
regulated by its subdivisions
-
by indicating the partner institutions for
the achievement of these
goals. In addition, it lists in detail the financial instruments that will be used for its purposes,
outlining strategies for the future.
Final considerations
In this article, we intend to pose two central questions. The first
is to analyze the
institutional tools used in Brazil and Argentina to deal with their respective regional
inequalities. Linked to this analysis is the question: what is the diagnosis of the problem and
what axes appear for the implementation of these polic
ies?
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Luciléia Aparecida COLOMBO
and
Carlos Henrique GILENO
Estudos de Sociologia
,
Araraquara,
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Brazil and Argentina have a fundamental common characteristic: inequality between
regions (in the case of Brazil) and between provinces (in the case of Argentina). From the 1990s
onwards
–
especially with the decline of neoliberal policies widely impl
emented in both
countries
–
new ways of combating regional inequalities were created with different
institutional designs.
Argentina opted for constitutional remodeling of federalism, mainly through the
Covenant
-
Law that sought to establish cooperative rel
ationships between the provinces and the
federal government, granting the former the prerogative of creating regions to facilitate the
formulation and implementation of regional policies. Brazil, in the same period of the 1990s,
lived with prerogatives tha
t contemplated in the Federal Government's Pluriannual Plans the
possibility of reorganizing the agenda of regional policies anchored in the federal budget.
Recently, there has been a slowdown in the attempt to reorganize this agenda, notably in the
develo
pment superintendencies that have drawn up regional plans responsible for conducting
these public policies.
The constitutional course chosen by Argentina and the Brazilian preference for the
institutional and budgetary path recommend the resumption of the
development agenda in both
countries to correct the effects of the neoliberal policy that prevailed for decades. It is urgent
that we circumvent the historical episodes of regional asymmetries that culminate in injustice
and social inequalities.
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.
Brazil and Argentina:
Institutional approach to the challenges and possibilities of regional development
.
Estudos de
Sociologia
, Araraquara, v. 27, n.
00, e022027, 2022. e
-
ISSN: 2358
-
4238. DOI:
https://doi.org/10.52780/res.v27i00.16859
Submitted
:
14
/
05
/
2022
Required revisions
:
21/06/2022
Approved
:
19/0
7/2022
Published
:
21
/
12
/2022
Processing and
publication by the Editora Ibero
-
Americana de Educação.
Correction, formatting, standardization and translation.