Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. 00, e023021, 2023. e-ISSN: 1982-4718
DOI: https://doi.org/10.52780/res.v28i00.17140 1
QUEM PROPAGA A PÓS-VERDADE? A DISSEMINAÇÃO DE DISCURSOS
NEGACIONISTAS E DE FAKE NEWS POR GRUPOS FUNDAMENTALISTAS
RELIGIOSOS NO BRASIL
¿QUIÉN PROPAGA LA POSVERDAD? LA DIFUSIÓN DE DISCURSOS
NEGONIZANTES Y NOTICIAS FALSAS DE GRUPOS RELIGIOSOS
FUNDAMENTALISTAS EN BRASIL
WHO PROPAGATES THE POST-TRUTH? THE DISSEMINATION OF NEGATIONIST
SPEECHES AND FAKE NEWS BY FUNDAMENTALIST RELIGIOUS GROUPS IN
BRAZIL
Flávia Ribeiro AMARO 1
e-mail: flavia.ramaro@gmail.com
Como referenciar este artigo:
AMARO, F. R. Quem propaga a pós-verdade? A disseminação de
discursos negacionistas e de fake news por grupos fundamentalistas
religiosos no Brasil. Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n.
00, e023021, 2023. e-ISSN: 1982-4718. DOI:
https://doi.org/10.52780/res.v28i00.17140
| Submetido em: 24/08/2022
| Revisões requeridas em: 10/01/2023
| Aprovado em: 20/08/2023
| Publicado em: 29/12/2023
Editora:
Profa. Dra. Maria Chaves Jardim
Editor Adjunto Executivo:
Prof. Dr. José Anderson Santos Cruz
Universidade Metodista de São Paulo (UMESP), São Paulo SP Brasil. Pós-doutoranda no Departamento de
Ciências da Religião. Doutora em Ciência da Religião (UFJF).
Quem propaga a pós-verdade? A disseminação de discursos negacionistas e de fake news por grupos fundamentalistas religiosos no Brasil
Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. 00, e023021, 2023. e-ISSN: 1982-4718
DOI: https://doi.org/10.52780/res.v28i00.17140 2
RESUMO: O artigo procura refletir acerca das seguintes questões: Quais são os grupos e
movimentos socioculturais responsáveis por disseminar Fake News, propagar discursos
negacionistas e divulgar pós-verdades no Brasil da atualidade? Quem são os receptores e
reprodutores desses discursos fundamentalistas? Existem limites para a liberdade religiosa e de
expressão? E, qual o papel do cientista da religião, imbuído das prerrogativas do paradigma
decolonial/ intercultural, diante dos problemas que se apresentam relacionados ao acirramento
dos fundamentalismos e suas respectivas práticas arbitrárias e intransigentes no terreno
sociocultural? Para tanto, será explorado o entendimento das categorias “pluralismo”,
“secularismo” e “fundamentalismo”. A discussão é amparada pelas contribuições de autores
que se dedicaram à reflexão de tais problemáticas a partir do campo epistemológico das ciências
da religião e da sociologia da religião.
PALAVRAS-CHAVE: Ciências da religião. Fake news. Pós-verdade. Negacionismo.
Fundamentalismo.
RESUMEN: El artículo busca reflexionar sobre las siguientes preguntas: ¿Cuáles son los
grupos y movimientos socioculturales responsables de difundir noticias falsas, propagar
discursos negacionistas y difundir posverdades en Brasil hoy? ¿Quiénes son los receptores y
criadores de estos discursos fundamentalistas? ¿Existen mites a la libertad religiosa y de
expresión? Y, ¿cuál es el papel del científico de la religión, imbuido de las prerrogativas del
paradigma decolonial/intercultural, frente a los problemas relacionados con la intensificación
de los fundamentalismos y sus respectivas prácticas arbitrarias e intransigentes en el campo
sociocultural? Con este fin, se explorará la comprensión de las categorías "pluralismo",
"secularismo" y "fundamentalismo". La discusión se basa en las contribuciones de autores que
se dedicaron a la reflexión de tales problemas desde el campo epistemológico de las ciencias
de la religión y la sociología de la religión.
PALABRAS CLAVE: Ciencias de la religión. Noticias falsas. Posverdad. Negacionismo.
Fundamentalismo.
ABSTRACT: The article seeks to ponder on the following questions: What are the sociocultural
groups and movements responsible for disseminating Fake News, propagating negationist
discourses, and disseminating post-truths in Brazil today? Who are the recipients and
reproducers of these fundamentalist discourses? Are there limits to religious freedom and
expression? And what is the role of the religion scientist, imbued with the prerogatives of the
decolonial/intercultural paradigm, in the face of the problems related to the intensification of
fundamentalisms and their respective arbitrary and uncompromising practices in the
sociocultural field? To this end, the understanding of the category’s "pluralism", "secularism"
and "fundamentalism" will be explored. The discussion is based on the contributions of authors
who dedicated themselves to the reflection of such problems from the epistemological field of
the sciences of religion and sociology of religion.
KEYWORDS: Religion sciences. Fake news. Post-truth. Negationist. Fundamentalism.
Flávia Ribeiro AMARO
Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. 00, e023021, 2023. e-ISSN: 1982-4718
DOI: https://doi.org/10.52780/res.v28i00.17140 3
Introdução
Quando se pensa em Fake News, negacionismos e pós-verdade no contexto brasileiro
da atualidade, a primeira referência que vem em mente é a atuação de grupos e movimentos
fundamentalistas evangélicos neopentecostais, que vem alcançando cada vez mais espaço na
sociedade. Caracterizados, dentre outras questões, por não apresentarem um compromisso com
a verdade, com o bom-senso e com a racionalidade científica e se ampararem mais em aspectos
emocionais e subjetivos ligados à crença religiosa do que por aspectos racionais pautados por
um consenso sociocultural, tais grupos vem angariando seguidores, tornando-se cada vez mais
expressivos e ampliando seu escopo de interferência na política e na esfera pública nacional.
Os evangélicos neopentecostais estão ampliando significativamente o seu escopo de
intervenção na esfera pública brasileira através da imposição de suas arbitrariedades
ideológicas, sobretudo, na política, na cultura e na religião, seja através da proliferação de
igrejas em bairros periféricos, através da construção de grandes santuários e pequenos
estabelecimentos de cultos e serviços espirituais express nos centros urbanos, seja através de
sua paulatina inserção em localidades remotas, como as zonas rurais ou até mesmo nas reservas
indígenas. Eles se encontram em escala progressiva na política partidária e governamental,
sendo reconhecidos como os componentes da “Bancada Evangélica”. Bem como, encontram-
se, incisivamente, presentes na mídia onde atuam nas rádios, na programação televisiva, nas
mídias sociais e demais plataformas virtuais.
Dito isso, partiremos para uma tentativa de compreensão das consequências da
modernidade e da pós-modernidade para o campo religioso brasileiro, no que tange às
dinâmicas estabelecidas entre o pluralismo, o secularismo e o fundamentalismo e que,
apresentam como graves implicações atuais, a propagação de pós-verdades, amparadas por
Fake News e negacionismos, por parte de grupos fundamentalistas evangélicos neopentecostais
de caráter ultraconservador.
Tal tarefa, demanda uma revisão teórica da construção epistêmica das categorias
“pluralismo”, “secularismo” e “fundamentalismo”. Pois, parte-se do pressuposto de que, dentre
as consequências da modernidade e da pós-modernidade para o campo religioso brasileiro,
testemunha-se a emergência de três fenômenos correlatos, embora, diametralmente distintos: o
pluralismo, o secularismo e o fundamentalismo.
O pluralismo surge associado à noção de secularismo, em resposta aos anseios
hegemônicos da modernidade por expansão de sua influência de poder nos âmbitos político-
econômica-cultural e epistêmico, o que desencadeou o reconhecimento da diversidade religiosa
Quem propaga a pós-verdade? A disseminação de discursos negacionistas e de fake news por grupos fundamentalistas religiosos no Brasil
Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. 00, e023021, 2023. e-ISSN: 1982-4718
DOI: https://doi.org/10.52780/res.v28i00.17140 4
e do direito humano à confissão religiosa, a separação entre Igreja e Estado e a adoção da
laicidade como princípio de imparcialidade para a conciliação dos distintos interesses em
disputa na esfera pública. Assim, o desenvolvimento da noção de pluralismo serviu como
instrumental epistêmico, utilizado para submeter certos discursos religiosos, que operavam uma
maior influência em determinados contextos localizados à assimilação de uma lógica
pretensamente universal e hegemônica, de caráter secularista e laico. Haja visto que, pluralismo
e secularismo se uniram em nome de um projeto capitalista expansionista Ocidental. No âmbito
político e econômico, o discurso secular predominou e ainda que, no âmbito cultural da vida
cotidiana o discurso religioso continuasse reivindicando um status de legitimidade,
testemunhou-se a configuração de um arranjo caracterizado por dispor o secular e o plural no
mesmo cabedal de significação e interlocução, dinâmica que passou a ser administrado não
na esfera pública, como também nas cosmovisões dos indivíduos.
Nessa perspectiva, considera-se imprescindível ressaltar o fato de o senso comum nunca
ter abandonado as explicações de fundo religioso para a interpelação de suas demandas
cotidianas e/ou contingenciais da vida. E que o sentimento religioso, pode ser compreendido
como uma dimensão complexa e crucial, determinante das cosmovisões e, consequentemente,
dos posicionamentos políticos dos fiéis, sejam extremistas ou não e, que por sua vez, se
encontram, passiva ou ativamente, na condição de receptores e reprodutores dos discursos
negacionistas e das Fake News, reputadas como pós-verdades.
Assim, o fundamentalismo surge na esteira da modernidade em resposta ao pluralismo,
demonstrando-se como uma força contrária ao projeto hegemônico Ocidental, caracterizada por
reivindicar a exclusividade de suas verdades, ainda que isso envolva a imposição de violência
simbólica e física, ameaçando, desse modo, a viabilidade da liberdade religiosa e do diálogo
inter-religioso, relacionados à proposta do princípio pluralista
.
O binômio pluralismo/secularismo-fundamentalismo merece ser mais bem observado.
A liberdade religiosa que aparece na corrente do pluralismo do campo religioso brasileiro é
contraposta por um movimento antagônico a intensificação de fundamentalismos, que se
demonstram atuantes na cena político-partidária, na esfera pública e na conformação de
cosmovisões.
Por “princípio pluralista” entende-se, “[...] um instrumento hermenêutico de mediação teológica e analítica da
realidade sociocultural e religiosa que procura dar visibilidade a experiências, grupos e posicionamentos que são
gerados nos ‘entre-lugares’, bordas e fronteiras das culturas e das esferas de institucionalidades. Ele possibilita
divergências e convergências novas, outros pontos de vistas, perspectivas críticas e autocríticas para diálogo,
empoderamento de grupos e de visões subalternas e formas de alteridade e de inclusão, consideradas e explicitados
os diferenciais de poder presentes na sociedade” (RIBEIRO, 2017, p. 241)
Flávia Ribeiro AMARO
Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. 00, e023021, 2023. e-ISSN: 1982-4718
DOI: https://doi.org/10.52780/res.v28i00.17140 5
Em seguida, especular-sesobre o papel do cientista da religião, que imbuído das
prerrogativas teórico-metodológicas e práticas do paradigma decolonial/ intercultural, aponta
para alternativas de confronto à intolerância e reflete sobre os limites da liberdade religiosa e
de expressão.
As consequências da modernidade e da pós-modernidade para o campo religioso
brasileiro
Ao contrário do que pensavam alguns teóricos pós-modernos, a religião não
desapareceu, tampouco recrudesceu, porquanto as sociedades não se tornaram integralmente
secularizadas, pelo contrário, paulatinamente, percebe-se uma multiplicação e intensificação da
diversidade de crenças religiosas no campo religioso brasileiro. Pois, na medida em que o
multiculturalismo avança com a globalização, testemunha-se, concomitantemente, a
emergência de uma pluralidade de religiões e de disputas por influência entre as diferentes
denominações religiosas, com agravantes significativos, como o caso do fortalecimento dos
fundamentalismos. Assim, a sociedade globalizada assiste a um acirramento das disputas
identitárias ligadas às diferentes formas de pertencimento e declarações de religiosas, que
por sua vez, não passam de subterfúgio para outras disputas que se sobrepõe em outros níveis
envolvendo poder.
A diversidade religiosa, a secularização e o fundamentalismo aparecem como processos
históricos correlatos. Em se tratando do domínio epistêmico e sociopolítico cultural da religião,
têm-se que o monopólio cristão foi rompido, em função da eclosão da pluralidade de religiões
e da divulgação dos ideais seculares. Diante dessa conjuntura, uma crise de sentidos foi
suscitada nos imaginários dos indivíduos, responsável por desencadear uma desorientação
quanto à escolha de caminhos seguros e inequívocos de crença a seguir. O apego aos discursos
fundamentalistas decorre, segundo Peter Berger e Thomas Luckmann (2004), do confronto com
“[...] um mundo confuso e cheio de possibilidades de interpretação.” (p. 54) Pois, tais grupos
apresentam uma orientação sectária, reconhecida por postular verdades supostamente
incontestáveis, destinadas ao entendimento de apenas alguns escolhidos.
Tal crise de sentidos, é caracterizada por ter desencadeado uma falta de confiança
generalizada nos sistemas institucionalmente firmados pela modernidade. A sociedade de
risco
, à qual estamos inevitavelmente atados, evidencia a fragilidade de nossa condição
Tal como nos termos de Anthony Giddens, veiculados em seu livro, “As consequências da modernidade” (1991).
Quem propaga a pós-verdade? A disseminação de discursos negacionistas e de fake news por grupos fundamentalistas religiosos no Brasil
Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. 00, e023021, 2023. e-ISSN: 1982-4718
DOI: https://doi.org/10.52780/res.v28i00.17140 6
humana, o que vai de encontro com os ideais espirituais que envolvem o sentimento de ser
criatura
diante de uma divindade irascível. Nos deparamos com perigos das mais diferentes
naturezas e amplitudes e a confiança antes depositada nas instituições modernas, como a ciência
e a religião afinada aos moldes seculares, volta a compartilhar terreno com as crenças
místicas, que encerram centralidade à dimensão do sagrado e do sentimento religioso.
Reconhece-se a vulnerabilidade da condição humana e a falta de confiança nas instituições da
modernidade, que não dão mais conta de fornecerem explicações eficazes. O que é
potencializado pelo avanço da pós-verdade, evento que se apresenta atrelado à proliferação de
Fake News de caráter negacionistas fenômeno sociocultural e epistêmico, entendido aqui,
como um dos mais urgentes e complexos problemas contemporâneos a serem enfrentados, pois
representam um retrocesso, tido como uma marca expressiva desses tempos obscurantistas.
Malgrado à projeção equivocada do secularismo, percebeu-se um reavivamento da
religião, e à despeito do projeto hegemônico cientificista, testemunha-se uma ascensão de
discursos anti-ciência, de caráter negacionista e propagadores de Fake News, conformando as
pós-verdades. No campo religioso, na contracorrente da incidência da perspectiva pluralista,
proliferam os fundamentalismos e seus discursos e posicionamentos ultraconservadores e
radicais.
Nunca as religiões e as formas menos estruturadas de espiritualidades alcançaram
tamanha diversidade e abertura para circulação global de suas cosmovisões. O reconhecimento
do pluralismo surge na esteira da modernidade e da imposição de uma lógica racional cartesiana
e evolucionista, responsável por compartimentar e categorizar, às custas de classificações em
sua maioria arbitrárias, as diferentes religiões e suas respectivas práticas e interpretações sobre
a dimensão do sagrado.
O reconhecimento da diversidade religiosa, ao passo que, amplia o olhar pluralista,
igualmente, promove o acirramento das disputas identitárias, levadas à cabo com mais
veemência pelas vertentes fundamentalistas.
O fardo de um campo religioso plural, que experimenta a condição de liberdade religiosa
amparada pelo princípio de laicidade, recaí sobre a escolha individual, que por sua vez, é
pautada por condicionantes subjetivos, de ordem emocional. A dúvida que o sujeito carrega
diante de tantas possibilidades é instigada pela instabilidade das estruturas de plausibilidade
Tal discussão foi levada à cabo por Rudolf Otto em seu livro, “O Sagrado: os aspectos irracionais na noção do
divino e sua relação com o racional” (2007).
Flávia Ribeiro AMARO
Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. 00, e023021, 2023. e-ISSN: 1982-4718
DOI: https://doi.org/10.52780/res.v28i00.17140 7
dispostas na sociedade, que se tornam rivais e não conseguem atingir o consenso (BERGER,
1997)
As transformações transcorridas no campo religioso brasileiro, especialmente, nos
últimos anos permitiram que os pesquisadores das ciências da religião novamente se atentassem
para o fato de que o sagrado ainda deve ser considerado como uma fonte profícua de criação de
cosmovisões, sendo, portanto, reconhecido como uma importante matriz de conhecimentos
socioculturais, que se disseminam a partir de grupos organizados, justamente, em função de
compartilharem dos mesmos pontos de vista e interpretações do sagrado. As manifestações da
religiosidade popular passaram, assim, a serem apreendidas como objetos de estudos de
cientistas e sociólogos da religião e os aspectos emocionais da crença, voltaram a ser alvo de
interesse de pesquisadores, atraídos pelo intuito de investigar aspectos subjetivos, localizados
e caracterizados por admitirem a dimensão do sagrado a priori em suas análises.
Pluralismo
Para abordar o tema do pluralismo, considera-se pertinente distinguir primeiramente, o
que se entende por “pluralismo religioso” e por “pluralidade religiosa”. O termo “pluralismo
religioso”, possui caráter normativo denotando um status ideal de sociedade, em que a
“pluralidade religiosa” admitida no sentido de diversidade de denominações religiosas possa
não somente ser reconhecida e considerada aceitável, como desejável para a vitalidade do
campo religioso. Nesse sentido têm-se que, a ideia de pluralismo pressupõe a de pluralidade,
mas, a pluralidade não necessariamente pressupõe a existência do pluralismo.
O sujeito contemporâneo reivindica o direito de exercer a liberdade religiosa diante de
um campo religioso plural e escolher entre uma ou diferentes expressões religiosas, de acordo
com as suas exigências existenciais (COUTINHO; SANCHES, 2021). Ele pode optar por
apresentar uma confissão de relacionada à uma tradição religiosa consolidada, como o
caso das grandes religiões monoteístas clássicas, pode optar por seguir uma religião estrangeira
e/ou exótica diferente da comumente seguida por sua comunidade, composta por membros de
sua localidade, pode optar por resgatar formas de religiosidades ancestrais relativas aos povos
originários, pode optar por promover a sua própria bricolagem, selecionando determinados
mitos, ritos e explicações dogmáticas que melhor lhe convém de cada uma e promovendo,
assim, um arranjo particular de crenças e pertenças, pode optar por transitar de uma religião
para outra, bem como pode optar por não se vincular à religião alguma.
Quem propaga a pós-verdade? A disseminação de discursos negacionistas e de fake news por grupos fundamentalistas religiosos no Brasil
Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. 00, e023021, 2023. e-ISSN: 1982-4718
DOI: https://doi.org/10.52780/res.v28i00.17140 8
A partir do momento que o sujeito moderno se depara com uma rica profusão de
alternativas religiosas a seu dispor e goza de uma liberdade de escolha diante delas, alvitrada
pelo princípio pluralista, é despertada nesse indivíduo a demanda por relativização. Segundo
Berger e Zijderveld (2012),
[...] a relativização é o processo no qual o status absoluto de alguma coisa é
enfraquecido ou, em caso extremo, destruído. Apesar de a evidência de os
nossos sentidos acompanhada de uma pretensão de absolutez que é muito
difícil de ser relativizada, existe um mundo inteiro de definições de realidade
que não se baseiam em um senso imediato de confirmação o mundo das
crenças e dos valores (p. 24).
Em uma outra reflexão posterior o autor colocou que, “O pluralismo tem o efeito de
relativizar as cosmovisões, trazendo à mente o fato de que o mundo pode ser compreendido de
maneiras diferentes” (BERGER, 2017b, p. 68).
A partir do momento em que o indivíduo assumiu certos direitos e deveres sociais com
a modernidade, tais como o direito a expressar livremente a sua confissão de e o dever de
respeitar a condição do Outro exercer o mesmo direito de expressar a sua religião, sem
quaisquer constrangimentos ou impedimentos, o campo religioso experimentou uma
significativa transformação, que permitiu que a pluralidade se evidenciasse e que o princípio
pluralista fosse cogitado como alternativa de conciliação e garantia na coexistência pacífica.
O pluralismo permite a ocorrência das seguintes condições: a pluralidade, o sincretismo,
o trânsito religioso, a múltipla pertença e a não-pertença religiosa. Tais fenômenos corroboram
para a confirmação de contundentes transformações no campo religioso e sociocultural. Suas
iniciativas envolvem o acolhimento das minorias, das vozes silenciadas e dissonantes, as
expressões de religiosidades invisibilizadas, as narrativas míticas e as práticas rituais
marginalizadas, pois preza por uma perspectiva ecumênica, inclusiva e promotora da
conciliação, através do fomento do diálogo inter-religioso.
Peter Berger (2017a) ressalta que, o pluralismo encontra lugar na mentalidade dos
indivíduos, que podem o defender e ainda manter intacta a crença nas verdades postuladas por
sua vertente religiosa de afiliação. O autor julga, portanto, ser possível comprometer-se com a
defesa da liberdade religiosa enquanto artifício para se garantir o pluralismo e, ainda assim,
cultivar uma crença pessoal.
Berger demonstrou em suas reflexões teóricas o caráter de resistência que se prefigura
diante do pluralismo, haja visto a dificuldade de se colocar numa mesma arena de interação
diferentes verdades. Desse modo, admite que o pluralismo gera uma condição de incerteza,
Flávia Ribeiro AMARO
Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. 00, e023021, 2023. e-ISSN: 1982-4718
DOI: https://doi.org/10.52780/res.v28i00.17140 9
dado que o relativismo não estabelece verdades confiáveis por isso, os absolutismos voltam
a ser acionados. Os discursos emocionados de verdade atrelado aos fundamentalismos exercem
grande fascínio entre aqueles que se deixam afetar por eles e por isso, testemunha-se sua
multiplicação.
Para que se possa observar a ascensão do pluralismo religioso é imprescindível o
agenciamento de políticas públicas voltadas a esse fim. Compete ao Estado não reconhecer
a legitimidade da existência da diversidade religiosa, como promover alternativas práticas para
o enfrentamento dos efeitos nefastos atrelados à intensificação dos fundamentalismos, que
despontam e se disseminam rápida e radicalmente, ameaçando a estabilidade plural e a
liberdade religiosa do campo religioso nacional.
E, defende-se aqui, que cabe aos sociólogos apontar esses contrassensos e aos cientistas
da religião intermediar essas negociações, associando-as à uma perspectiva científica afinada
com os pressupostos do paradigma decolonial e intercultural, interessados em conferir
visibilidade e legitimidade aos grupos socioculturais, inclusive, os de caráter religiosos,
marginalizados. Importa ao cientista da religião posicionar-se no sentido do, “[...]combate aos
racismos, ao sexismo e ao homofobismo e a crítica ao sistema capitalista como produtor de
desigualdades sociais, violência e pobreza” (RIBEIRO, 2017, p. 245), o que requer um
engajamento político em prol do desenvolvimento de uma práxis emancipadora, à exemplo dos
primeiros intelectuais ecumênicos, vinculados à Teologia da Libertação, responsáveis por
agenciar e institucionalizar os cursos de ciências da religião no Brasil, conforme será discutido
mais detidamente ao longo do texto.
O fundamentalismo
Os fundamentalismos se desenvolvem na contramão do pluralismo religioso, que por
sua vez, remete a uma reflexão sobre os direitos humanos, a liberdade religiosa, a laicidade, a
democracia, a tolerância e, especialmente, na atualidade envolvem a adoção de um pensamento
crítico, pautado pelos pressupostos do paradigma decolonial e intercultural.
Os fundamentalismos surgem em resposta à disseminação dos valores modernos
(ARMSTRONG, 2009; BERGER, 1997; 2004; 2012; 2017a; CARRANZA, 2009;
COUTINHO; SANCHES, 2021). Em meio à pluralidade e a maleabilidade de confissões de
pertença, surgem grupos cujas posições intransigentes são caracterizadas por uma recusa
explícita às alteridades religiosas, eles criticam a relativização e pautam-se pela afirmação
Quem propaga a pós-verdade? A disseminação de discursos negacionistas e de fake news por grupos fundamentalistas religiosos no Brasil
Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. 00, e023021, 2023. e-ISSN: 1982-4718
DOI: https://doi.org/10.52780/res.v28i00.17140 10
arbitrária de supostas verdades tidas como incontestes e cuja origem defendem provir do
sagrado revelado, restrito a uns poucos escolhidos, pertencentes à denominação em questão.
Tais agrupamentos ideológicos-religiosos colocam-se terminantemente indispostos ao
procedimento do diálogo interreligioso e à possibilidade de consenso. Pois, para eles, o Outro
é tido como herege, demoníaco, ameaçador, impuro, cuja crença é ilegítima e corruptiva e que,
portanto, deve ser combatida através de uma batalha espiritual.
De acordo com Brenda Carranza (2009), “Evocar o fenômeno é sinônimo de equacionar
fanatismo, radicalismo, terrorismo e guerra santa, embora cada termo represente realidades
complexas, históricas e conceituais diferentes” (p. 149).
Os grupos fundamentalistas religiosos que se destacam no contexto brasileiro atual são
os evangélicos neopentecostais ultraconservadores que, paulatinamente, vem ganhando espaço
na esfera pública e assumindo um caráter institucional, representando um perigo real para a
sustentação de um Estado laico. Tais grupos, comumente, se arvoram em argumentos retirados
das escrituras sagradas, da forma que melhor lhes convém, apelando para interpretações
radicais, que se aproximam mais do Antigo Testamento do que do evangelho libertário de Jesus
Cristo. São caracterizados por atacarem outras formas de manifestações religiosas, com as quais
não compactuam. Interferem na política e na Comissão dos Direitos Humanos, aspiram intervir
na orientação sexual íntima dos seus fiéis e da sociedade como um todo e frequentemente
espalham Fake News e fazem acusações levianas, tais como a inculpação falsa da
implementação de uma “ideologia de gênero” nas escolas públicas. A não aceitação da
alteridade, a abolição do respeito, as práticas intolerantes, a pretensão de submeter os outros às
suas vontades e verdades radicais são artifícios que gradativamente tem se intensificado. Nesse
sentido, “É o dualismo que impregna a concepção de vida do indivíduo, do grupo, do
movimento fundamentalista, não aceitando meio-termo ou outras formas de moral e tradição”
(CARRANZA, 2009, p. 150-151).
A tendência atual do campo religioso brasileiro aponta para o fortalecimento dos
fundamentalismos, para o acirramento das disputas por influência e conta com a decorrente
intensificação da intolerância religiosa, comprometendo a liberdade de crença.
Os fundamentalistas frequentemente postulam falsas verdades, entendidas como pós-
verdades, bem como apresentam interpretações tendenciosas dos textos sagrados, que induzem
ao radicalismo. Os receptores dos discursos fundamentalistas, o raro, assumem
irrefletidamente a falsidade dessas mensagens, sem contestação, se tornando posteriormente os
Flávia Ribeiro AMARO
Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. 00, e023021, 2023. e-ISSN: 1982-4718
DOI: https://doi.org/10.52780/res.v28i00.17140 11
reprodutores dessas (in)verdades, que encontram cada vez mais espaço para propagação no
terreno social brasileiro da atualidade.
A força que esses discursos pleiteiam está na repercussão que eles logram. Está centrada
no desejo daqueles que creem nesses discursos de acreditar nessas mentiras ou interpretações
forçadas e imprudentes. O sentimento que essas falsas notícias e essas falas radicais despertam
no crente podem ser apontadas como um dos principais fatores responsáveis por sua
disseminação. O sensacionalismo, o apelo à temas polêmicos, a aplicação de uma retórica do
medo, o recorrente impacto de palavras efeito, o habitual acionamento de termos extraídos de
trechos bíblicos, associado ao carisma dos deres e dos propagadores de conteúdo nas mídias
sociais com suas eloquências convincentes, podem ser encarados como uma junção de
elementos chaves responsáveis por ampliar o escopo de atuação desses grupos na sociedade.
Assim, os fundamentalistas têm em comum o fato de privilegiarem a emoção causada
pelo impacto gerado pela assimilação de discursos religiosos carismáticos, tendenciosos e com
forte conotação ideológica, ultraconservadora e sensacionalista. Os crentes, receptores desses
discursos, se deixam afetar muito mais por aspectos sensíveis desencadeados pela emoção do
que por consensos de verdade estabelecidos na sociedade.
Conforme postula Carranza (2009),
[...] o fundamentalismo religioso é uma forma unívoca de ver e sentir o mundo
a partir de determinada maneira de entender a experiência do sagrado, da
teologia, da religião. O olhar fundamentalista divide o mundo em dois:
sagrado-profano, bem-mal, certo-errado [...]. (p. 149).
O discurso anti-ciência, de caráter negacionista e obscurantista, questiona a
credibilidade do conhecimento científico, que se encontra reduzido diante das opiniões pessoais
e dos líderes carismáticos fundamentalistas e seus respectivos fiéis.
A pós-verdade não denota necessariamente a opção pela mentira, mas sim que
determinantes pessoais, subjetivas e relacionadas à crença religiosa apresentam um maior peso
diante das verdades que se convencionaram ser admitidas nessa condição, como, por exemplo,
o conhecimento científico. Ela consiste na relativização da verdade, uma vez que, banaliza a
exigência da objetividade da razão e elenca o sentimento e a crença como parâmetros para a
construção de sua definição de verdade. Nota-se assim, a predominância da emoção em
detrimento da razão. Não se trata, fatalmente, da irrupção de eventos novos, contudo, percebe-
se uma intensificação de seu escopo de atuação, ainda que sob novas configurações.
Quem propaga a pós-verdade? A disseminação de discursos negacionistas e de fake news por grupos fundamentalistas religiosos no Brasil
Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. 00, e023021, 2023. e-ISSN: 1982-4718
DOI: https://doi.org/10.52780/res.v28i00.17140 12
A pós-verdade se faz presente em diversas esferas sociais, na política, na religião, na
educação, na publicidade, no mercado etc., pois está comprometida com o desencadeamento de
emoções, que ainda que não sejam, necessariamente, capazes de deslegitimar os consensos
estabelecidos, consegue enfraquecê-los, em virtude de apresentar pontos de vista
terminantemente opostos, suscitando, assim, a dúvida.
Os fundamentalistas, notadamente, têm ampliado o seu escopo de atuação frente a um
mundo globalizado, em função de terem desenvolvido estratégias de escoamento de suas
perspectivas ideológicas radicais. Com a facilidade de comunicação possibilitada pela
popularização das redes sociais, determinados discursos puderam encontrar focos de
ressonância em lugares distantes geograficamente, permitindo que novos interlocutores fossem
alcançados e cooptados.
Os fundamentalistas o compactuam com discursos, posturas e pontos de vista
divergentes dos seus. A relativização, a ponderação e a conciliação não constituem aspirações
almejadas por eles. Ao contrário, percebe-se uma radicalização, por vezes, violenta de seus
posicionamentos na esfera pública.
Na concepção extremista fundamentalista, a alteridade é vista como “[...] uma séria
ameaça à certeza conquistada a duras penas; eles devem ser convertidos, segregados ou, no
extremo, expulsos ou ‘liquidados’” (BERGER; ZIJDERVELD, 2012, p. 66). Tal perspectiva é
responsável por impulsionar seus desmandos na sociedade brasileira, o que deve ser freado.
O papel do cientista da religião diante do pluralismo e do fundamentalismo: uma
perspectiva decolonial/intercultural
Desde as contribuições de John Locke para as ciências modernas especula-se sobre os
limites da liberdade de expressão, sobretudo, quando esta liberdade se refere a abrir espaço para
discursos de ódio, ressaltando posturas intolerantes. Diante desse problema, surge a questão:
Qual o grau de liberdade de expressão tolerável perante a disseminação de discursos
intolerantes? E, qual o papel do cientista da religião como intermediador nessa trama de
negociação?
Propõe-se aqui, que uma nova estratégia de contenção da intolerância religiosa,
resultante da atuação de grupos fundamentalistas, deva ser levada à cabo pelos cientistas da
religião, que imbuídos das prerrogativas do paradigma decolonial/intercultural, passam a se
comprometer com uma práxis engajada, voltada à intermediação de problemas que se
apresentam desde o campo religioso, como a questão da intensificação da intolerância religiosa,
Flávia Ribeiro AMARO
Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. 00, e023021, 2023. e-ISSN: 1982-4718
DOI: https://doi.org/10.52780/res.v28i00.17140 13
que se apresenta em decorrência ao surgimento e fortalecimento de discursos fundamentalistas
no senso comum e na esfera pública.
A partir da perspectiva da interculturalidade, admite-se que diferentes culturas religiosas
possam ser colocadas lado a lado e coexistir pacificamente e que razão e emoção são dispostas
equanimemente numa arena de interpretação, com o intuito de que um consenso entre ambos
os predicados seja alcançado, para que dessa forma os ânimos exaltados sejam apaziguados e a
convivência harmônica no campo religioso seja facultada.
Ao passo que, o sentimento religioso é tomado como objeto de estudos legítimo e
passível de ser examinado, o reconhecimento de que sua importância se sobrepõe, muitas vezes,
à dimensão racional leva ao desenvolvimento de novas perspectivas analíticas, que por sua vez,
demandam novas estratégias de interpelação.
O giro epistemológico nos estudos decoloniais e interculturais sobre o fenômeno
religioso apontam para a incorporação de duas estratégias analíticas e práticas: 1) A
consideração da experiência religiosa do sujeito, o que envolve tomar como objeto de estudos
o sentimento religioso desencadeado pelo contato com o sagrado. Ou seja, passa-se a se
considerar a subjetividade sensível do indivíduo como instância sociocultural cognitiva e
epistêmica suscetível de ser apreendida. O que por sua vez, se a partir da interpretação
analítica de pesquisadores acerca da interpretação subjetiva de atores religiosos. 2) A defesa
da liberdade religiosa, o combate à intolerância e a promoção do diálogo inter-religioso. O que
pressupõe um engajamento prático nos problemas do campo religioso, resultante num
comprometimento do cientista da religião, que se coloca como intermediador de debates e
conciliador de embates.
Considerações finais
O cenário sociopolítico-econômico-cultural e epistêmico brasileiro tem experimentado
significativas e intensas transformações nos últimos anos. Está em curso uma era obscurantista
da pós-verdade, em que crenças pessoais e relativas à pequenos grupos se afirmam como
irrefutáveis à despeito de fatos e conhecimentos socialmente estabelecidos como verídicos. As
pós-verdades confrontam a ciência, o jornalismo sério que se vale da divulgação de notícias
previamente verificadas, postulando suas próprias verdades. Percebe-se uma banalização da
mentira e dos radicalismos que conduzem a uma relativização da verdade.
Quem propaga a pós-verdade? A disseminação de discursos negacionistas e de fake news por grupos fundamentalistas religiosos no Brasil
Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. 00, e023021, 2023. e-ISSN: 1982-4718
DOI: https://doi.org/10.52780/res.v28i00.17140 14
Discutiu-se que quando Fake News, negacionistas e pautadas por pós-verdades, são
propagadas por discursos religiosos de caráter fundamentalista, o pluralismo e a laicidade do
Estado correm sérios riscos de caírem no ostracismo.
Defende-se aqui que, enquanto não houver um comprometimento por parte do cientista
da religião com os problemas que se evidenciam no campo religioso brasileiro, como o
fortalecimento dos fundamentalismos, o avanço da intolerância religiosa e a ameaça ao
pluralismo e à laicidade do Estado, de modo a promover o diálogo inter-religioso e fomentar a
tolerância, ao passo que, confronta os negacionismos e as pós-verdades, com o objetivo de
defender o pluralismo e a conciliação ecumênica, o campo religioso brasileiro e a própria
ciência da religião estarão correndo sérios perigos.
Assim, tem-se que, a modernidade possibilitou a emergência da pluralidade religiosa e
passou a conferir ênfase para a subjetividade e ao sentimento religioso relacionados à
interpretação do sagrado por parte do sujeito. Cabe, então, às ciências da religião lidar com as
nuances de análise de tal complexidade. Para tanto, é necessário que se conceba o alargamento
teórico-metodológico da disciplina, de modo a incluir novos loci e objetos de investigação
científica e promover uma atualização nas formas de compreensão da realidade. Em que, as
subjetividades ligadas à crença religiosa passam não só a serem reconhecidas como valorizadas
enquanto fontes profícuas de construção do conhecimento. Assim, importa interpelar a
pluralidade e o acirramento dos fundamentalismos com vistas a fomentar a perspectiva
pluralista, garantindo o direito à liberdade religiosa. Contudo, se essa liberdade puser em risco
à liberdade do Outro, esses limites devem ser questionados.
REFERÊNCIAS
ARMSTRONG, K. Em nome de Deus: o fundamentalismo no judaísmo, no cristianismo e no
islamismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.
BERGER, P. L. Rumor de anjos: a sociedade moderna e a redescoberta do sobrenatural. 2.
ed. Petrópolis: Vozes, 1997.
BERGER, P. L. Os múltiplos altares da modernidade: rumo a um paradigma da religião
numa época pluralista. Petrópolis, RJ: Vozes, 2017a.
BERGER, P. L. O imperativo herético: possibilidades contemporâneas da afirmação
religiosa. Petrópolis, RJ: Vozes, 2017b.
BERGER, P. L.; LUCKMANN, T. Modernidade, pluralismo e crise de sentido. A
orientação do homem moderno. Petrópolis, RJ: Vozes, 2004.
Flávia Ribeiro AMARO
Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. 00, e023021, 2023. e-ISSN: 1982-4718
DOI: https://doi.org/10.52780/res.v28i00.17140 15
BERGER, P. L.; ZIJDERVELD, A. Em favor da dúvida: como ter convicções sem se tornar
um fanático. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012.
CARRANZA, B. Brasil, fundamentalista? Encontros teológicos, [S. l.], n. 52, ano 24, v. 1, p.
147-166. 2009. Disponível em: https://facasc.emnuvens.com.br/ret/article/viewFile/327/314.
Acesso em: 22 ago. 2022.
COUTINHO, S. R.; SANCHES, W. L. O pluralismo religioso e as religiões em movimento.
Revista de Cultura Teológica, [S. l.], ano XXIX, n. 99, p=p. 256-275, mai./ago., 2021.
Disponível em: https://revistas.pucsp.br/index.php/culturateo/article/view/54373/37835.
Acesso em: 23 ago. 2022.
GIDDENS, A. As consequências da modernidade. São Paulo: Ed. UNESP, 1991.
OTTO, R. O sagrado: Os aspectos irracionais na noção do divino e sua relação com o racional. São
Leopoldo: Sinodal/EST.; Petrópolis, RJ: Vozes, 2007.
RIBEIRO, C. O. O princípio pluralista: bases teóricas, conceituais e possibilidades de
aplicação. Revista de Cultura Teológica, [S. l.], ano XXV, n. 90, jul./dez., 2017. Disponível
em: https://revistas.pucsp.br/index.php/culturateo/article/view/rct.i90.35979. Acesso em: 23
ago. 2022.
SANTOS, B. S. Construindo epistemologias do sul: antologia essencial. Vol. I: Para um
pensamento alternativo de alternativas. Ciudad Autónoma de Buenos Aires: CLACSO, 2018.
Quem propaga a pós-verdade? A disseminação de discursos negacionistas e de fake news por grupos fundamentalistas religiosos no Brasil
Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. 00, e023021, 2023. e-ISSN: 1982-4718
DOI: https://doi.org/10.52780/res.v28i00.17140 16
CRediT Author Statement
Reconhecimentos: Não se aplica.
Financiamento: Não se aplica.
Conflitos de interesse: Não há conflitos de interesse.
Aprovação ética: O trabalho seguiu os procedimentos éticos, porém não foi submetido ao
crivo de nenhum comitê de ética.
Disponibilidade de dados e material: Sim.
Contribuições dos autores: Única autora, portanto, contribuição total.
Processamento e editoração: Editora Ibero-Americana de Educação.
Revisão, formatação, normalização e tradução.
Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. 00, e023021, 2023. e-ISSN: 1982-4718
DOI: https://doi.org/10.52780/res.v28i00.17140 1
WHO PROPAGATES THE POST-TRUTH? THE DISSEMINATION OF
NEGATIONIST SPEECHES AND FAKE NEWS BY FUNDAMENTALIST
RELIGIOUS GROUPS IN BRAZIL
QUEM PROPAGA A PÓS-VERDADE? A DISSEMINAÇÃO DE DISCURSOS
NEGACIONISTAS E DE FAKE NEWS POR GRUPOS FUNDAMENTALISTAS
RELIGIOSOS NO BRASIL
¿QUIÉN PROPAGA LA POSVERDAD? LA DIFUSIÓN DE DISCURSOS
NEGONIZANTES Y NOTICIAS FALSAS DE GRUPOS RELIGIOSOS
FUNDAMENTALISTAS EN BRASIL
Flávia Ribeiro AMARO 1
e-mail: flavia.ramaro@gmail.com
How to reference this article:
AMARO, F. R. Who propagates the post-truth? The dissemination
of negationist speeches and fake news by fundamentalist religious
groups in Brazil. Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. 00,
e023021, 2023. e-ISSN: 1982-4718. DOI:
https://doi.org/10.52780/res.v28i00.17140
| Submitted: 24/08/2022
| Required revisions: 10/01/2023
| Approved: 20/08/2023
| Published: 29/12/2023
Editor:
Profa. Dra. Maria Chaves Jardim
Deputy Executive Editor:
Prof. Dr. José Anderson Santos Cruz
Methodist University of São Paulo (UMESP), São Paulo SP Brazil. Post-doctoral student in the Department
of Religious Sciences. PhD in Religious Science (UFJF).
Who propagates the post-truth? The dissemination of negationist speeches and fake news by fundamentalist religious groups in Brazil
Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. 00, e023021, 2023. e-ISSN: 1982-4718
DOI: https://doi.org/10.52780/res.v28i00.17140 2
ABSTRACT: The article seeks to ponder on the following questions: What are the
sociocultural groups and movements responsible for disseminating Fake News, propagating
negationist discourses, and disseminating post-truths in Brazil today? Who are the recipients
and reproducers of these fundamentalist discourses? Are there limits to religious freedom and
expression? And what is the role of the religion scientist, imbued with the prerogatives of the
decolonial/intercultural paradigm, in the face of the problems related to the intensification of
fundamentalisms and their respective arbitrary and uncompromising practices in the
sociocultural field? To this end, the understanding of the category’s "pluralism", "secularism"
and "fundamentalism" will be explored. The discussion is based on the contributions of authors
who dedicated themselves to the reflection of such problems from the epistemological field of
the sciences of religion and sociology of religion.
KEYWORD: Religion sciences. Fake news. Post-truth. Negationist. Fundamentalism.
RESUMO: O artigo procura refletir acerca das seguintes questões: Quais são os grupos e
movimentos socioculturais responsáveis por disseminar Fake News, propagar discursos
negacionistas e divulgar pós-verdades no Brasil da atualidade? Quem são os receptores e
reprodutores desses discursos fundamentalistas? Existem limites para a liberdade religiosa e
de expressão? E, qual o papel do cientista da religião, imbuído das prerrogativas do paradigma
decolonial/ intercultural, diante dos problemas que se apresentam relacionados ao
acirramento dos fundamentalismos e suas respectivas práticas arbitrárias e intransigentes no
terreno sociocultural? Para tanto, será explorado o entendimento das categorias
“pluralismo”, “secularismo” e fundamentalismo”. A discussão é amparada pelas
contribuições de autores que se dedicaram à reflexão de tais problemáticas a partir do campo
epistemológico das ciências da religião e da sociologia da religião.
PALAVRAS-CHAVE: Ciências da religião. Fake news. Pós-verdade. Negacionismo.
Fundamentalismo.
RESUMEN: El artículo busca reflexionar sobre las siguientes preguntas: ¿Cuáles son los
grupos y movimientos socioculturales responsables de difundir noticias falsas, propagar
discursos negacionistas y difundir posverdades en Brasil hoy? ¿Quiénes son los receptores y
criadores de estos discursos fundamentalistas? ¿Existen mites a la libertad religiosa y de
expresión? Y, ¿cuál es el papel del científico de la religión, imbuido de las prerrogativas del
paradigma decolonial/intercultural, frente a los problemas relacionados con la intensificación
de los fundamentalismos y sus respectivas prácticas arbitrarias e intransigentes en el campo
sociocultural? Con este fin, se explorará la comprensión de las categorías "pluralismo",
"secularismo" y "fundamentalismo". La discusión se basa en las contribuciones de autores que
se dedicaron a la reflexión de tales problemas desde el campo epistemológico de las ciencias
de la religión y la sociología de la religión.
PALABRAS CLAVE: Ciencias de la religión. Noticias falsas. Posverdad. Negacionismo.
Fundamentalismo.
Flávia Ribeiro AMARO
Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. 00, e023021, 2023. e-ISSN: 1982-4718
DOI: https://doi.org/10.52780/res.v28i00.17140 3
Introduction
When one thinks of Fake News, negationism and post-truth in today's Brazilian context,
the first reference that comes to mind is the work of neo-Pentecostal evangelical fundamentalist
groups and movements, which have been gaining more and more ground in society.
Characterized, among other things, by their lack of commitment to truth, common sense and
scientific rationality, and their reliance more on emotional and subjective aspects linked to
religious belief than on rational aspects based on a socio-cultural consensus, these groups have
been gaining followers, becoming increasingly expressive and expanding their scope of
interference in politics and the national public sphere.
Neo-Pentecostal evangelicals are significantly expanding their scope of intervention in
the Brazilian public sphere by imposing their ideological arbitrariness, especially in politics,
culture and religion, whether through the proliferation of churches in peripheral neighborhoods,
through the construction of large shrines and small establishments for worship and spiritual
services in urban centers, or through their gradual insertion in remote locations, such as rural
areas or even indigenous reservations. They find themselves on a progressive scale in party and
government politics, being recognized as the components of the "Evangelical Caucus". They
are also incisively present in the media - where they are active on radio, television
programming, social media and other virtual platforms.
That said, we will try to understand the consequences of modernity and post-modernity
for the Brazilian religious field, in terms of the dynamics established between pluralism,
secularism and fundamentalism, the serious implications of which are the propagation of post-
truths, supported by Fake News and negationism, by ultraconservative neo-Pentecostal
evangelical fundamentalist groups.
This task requires a theoretical review of the epistemic construction of the categories
"pluralism", "secularism" and "fundamentalism". It is based on the assumption that, among the
consequences of modernity and post-modernity for the Brazilian religious field, we are
witnessing the emergence of three correlated phenomena, although diametrically distinct:
pluralism, secularism and fundamentalism.
Pluralism arose in association with the notion of secularism, in response to modernity's
hegemonic desire to expand its influence in the political, economic, cultural and epistemic
spheres, which led to the recognition of religious diversity and the human right to religious
confession, the separation of church and state and the adoption of secularism as a principle of
impartiality to reconcile the different interests in dispute in the public sphere. Thus, the
Who propagates the post-truth? The dissemination of negationist speeches and fake news by fundamentalist religious groups in Brazil
Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. 00, e023021, 2023. e-ISSN: 1982-4718
DOI: https://doi.org/10.52780/res.v28i00.17140 4
development of the notion of pluralism served as an epistemic tool, used to subject certain
religious discourses, which had a greater influence in certain localized contexts, to the
assimilation of a supposedly universal and hegemonic logic, of a secularist and secular nature.
Pluralism and secularism came together in the name of a Western expansionist capitalist project.
In the political and economic spheres, the secular discourse predominated and although, in the
cultural sphere of everyday life, the religious discourse continued to claim a status of
legitimacy, we witnessed the configuration of an arrangement characterized by placing the
secular and the plural in the same basket of meaning and interlocution, a dynamic that came to
be managed not only in the public sphere, but also in the worldviews of individuals.
From this perspective, it is essential to emphasize the fact that common sense has never
abandoned explanations with a religious background in order to address its daily and/or
contingent demands in life. And that religious sentiment can be understood as a complex and
crucial dimension, determining the worldviews and, consequently, the political positions of the
faithful, whether extremist or not, who in turn find themselves, passively or actively, in the
condition of receptors and reproducers of negationist discourses and Fake News, reputed to be
post-truths.
Fundamentalism thus arises in the wake of modernity in response to pluralism,
demonstrating itself as a force opposed to the Western hegemonic project, characterized by
claiming the exclusivity of its truths, even if this involves the imposition of symbolic and
physical violence, thus threatening the viability of religious freedom and interreligious
dialogue, related to the proposal of the pluralist principle
.
The binomial pluralism/secularism-fundamentalism deserves a closer look. The
religious freedom that appears in the current of pluralism in the Brazilian religious field is
countered by an antagonistic movement - the intensification of fundamentalisms, which are
proving to be active on the political-party scene, in the public sphere and in shaping worldviews.
Next, we will speculate on the role of the scientist of religion, who, imbued with the
theoretical-methodological and practical prerogatives of the decolonial/ intercultural paradigm,
points to alternatives for confronting intolerance and reflects on the limits of freedom of religion
and expression.
By "pluralist principle" we mean, "[...] a hermeneutical instrument of theological and analytical mediation of
socio-cultural and religious reality that seeks to give visibility to experiences, groups and positions that are
generated in the 'between-places', edges and borders of cultures and institutional spheres. It enables new
divergences and convergences, other points of view, critical and self-critical perspectives for dialog, empowerment
of groups and subaltern visions and forms of alterity and inclusion, considering and making explicit the power
differentials present in society" (RIBEIRO, 2017, p. 241, our translation)
Flávia Ribeiro AMARO
Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. 00, e023021, 2023. e-ISSN: 1982-4718
DOI: https://doi.org/10.52780/res.v28i00.17140 5
The consequences of modernity and post-modernity for the Brazilian religious field
Contrary to what some post-modern theorists thought, religion has not disappeared, nor
has it increased, because societies have not become totally secularized; on the contrary, we can
gradually see a multiplication and intensification of the diversity of religious beliefs in the
Brazilian religious field. To the extent that multiculturalism advances with globalization, we
are concomitantly witnessing the emergence of a plurality of religions and disputes over
influence between the different religious denominations, with significant aggravating factors,
such as the strengthening of fundamentalism. Thus, globalized society is witnessing an
intensification of identity disputes linked to different forms of religious belonging and
declarations of faith, which in turn are no more than a subterfuge for other disputes that overlap
at other levels involving power.
Religious diversity, secularization and fundamentalism appear as correlated historical
processes. In terms of the epistemic and socio-political cultural dominance of religion, the
Christian monopoly has been broken due to the emergence of a plurality of religions and the
dissemination of secular ideals. Faced with this situation, a crisis of meanings has arisen in
individuals' imaginations, responsible for triggering disorientation in terms of choosing safe
and unequivocal paths of belief to follow. The attachment to fundamentalist discourses stems,
according to Peter Berger and Thomas Luckmann (2004), from the confrontation with "[...] a
confusing world full of interpretive possibilities" (p. 54, our translation). Because such groups
have a sectarian orientation, recognized for postulating supposedly incontestable truths,
destined for the understanding of only a chosen few.
This crisis of the senses is characterized by the fact that it has triggered a general lack
of trust in the systems institutionally established by modernity. The risk society
, to which we
are inevitably bound, highlights the fragility of our human condition, which goes against the
spiritual ideals that involve the feeling of being a creature
before an irascible divinity. We are
faced with dangers of the most diverse nature and scope and the trust previously placed in
modern institutions, such as science and religion - attuned to secular molds, once again shares
ground with mystical beliefs, which place the dimension of the sacred and religious feeling at
the center. It recognizes the vulnerability of the human condition and the lack of trust in the
institutions of modernity, which can no longer provide effective explanations. This is enhanced
As Anthony Giddens put it in his book, "The consequences of modernity" (1991).
This discussion was carried out by Rudolf Otto in his book, "The Idea of the Holy: An Inquiry Into the Non-
rational Factor in the Idea of the Divine and Its Relation to the Rational" (2007).
Who propagates the post-truth? The dissemination of negationist speeches and fake news by fundamentalist religious groups in Brazil
Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. 00, e023021, 2023. e-ISSN: 1982-4718
DOI: https://doi.org/10.52780/res.v28i00.17140 6
by the advance of post-truth, an event that is linked to the proliferation of denialist Fake News
- a socio-cultural and epistemic phenomenon, understood here as one of the most urgent and
complex contemporary problems to be faced, as they represent a step backwards, seen as an
expressive mark of these obscurantist times.
Despite the mistaken projection of secularism, there has been a revival of religion, and
despite the hegemonic scientific project, we are witnessing the rise of anti-science discourses,
of a negationist nature and propagators of Fake News, forming post-truths. In the religious field,
against the backdrop of the pluralist perspective, fundamentalisms and their ultra-conservative
and radical discourses and positions are proliferating.
Never before have religions and less structured forms of spirituality achieved such
diversity and openness to the global circulation of their worldviews. The recognition of
pluralism comes in the wake of modernity and the imposition of a Cartesian and evolutionist
rational logic, responsible for compartmentalizing and categorizing the different religions and
their respective practices and interpretations of the sacred dimension, at the expense of - mostly
- arbitrary classifications.
The recognition of religious diversity, while broadening the pluralist outlook, also
promotes the intensification of identity disputes, carried out more vehemently by the
fundamentalist strands.
The burden of a plural religious field, which experiences the condition of religious
freedom supported by the principle of secularism, falls on individual choice, which in turn is
guided by subjective, emotional factors. The doubt that the subject has when faced with so
many possibilities is instigated by the instability of the plausibility structures in society, which
become rivals and fail to reach consensus (BERGER, 1997).
The transformations that have taken place in the Brazilian religious field, especially in
recent years, have allowed researchers in the sciences of religion to once again pay attention to
the fact that the sacred should still be considered a fruitful source for creating worldviews, and
is therefore recognized as an important matrix of socio-cultural knowledge that is disseminated
by organized groups, precisely because they share the same points of view and interpretations
of the sacred. The manifestations of popular religiosity have thus come to be seen as objects of
study by scientists and sociologists of religion, and the emotional aspects of belief have once
again become a target of interest for researchers attracted by the aim of investigating subjective,
localized aspects characterized by admitting the dimension of the sacred a priori in their
analyses.
Flávia Ribeiro AMARO
Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. 00, e023021, 2023. e-ISSN: 1982-4718
DOI: https://doi.org/10.52780/res.v28i00.17140 7
Pluralism
In order to address the issue of pluralism, it is important to first distinguish between
"religious pluralism" and "religious plurality". The term "religious pluralism" has a normative
character - denoting an ideal status of society, in which "religious plurality" - admitted in the
sense of diversity of religious denominations - can not only be recognized and considered
acceptable, but also desirable for the vitality of the religious field. In this sense, the idea of
pluralism presupposes plurality, but plurality does not necessarily presuppose the existence of
pluralism.
The contemporary subject claims the right to exercise religious freedom in the face of a
plural religious field and to choose between one or more different religious expressions,
according to their existential needs (COUTINHO; SANCHES, 2021). They can choose to
present a confession of faith related to a well-established religious tradition, such as the great
classical monotheistic religions, they can choose to follow a foreign and/or exotic religion -
different from the one commonly followed by their community, made up of members of their
locality, they can choose to rescue forms of ancestral religions - related to native peoples, they
can choose to promote their own bricolage, selecting certain myths, rites and dogmatic
explanations that suit them best from each one and thus promoting a particular arrangement of
beliefs and belonging, they can choose to move from one religion to another, or they can choose
not to be linked to any religion at all.
As soon as the modern individual is faced with a rich profusion of religious alternatives
at their disposal and enjoys the freedom to choose between them, as provided by the pluralist
principle, their demand for relativization is awakened. According to Berger and Zijderveld
(2012),
[...] relativization is the process in which the absolute status of something is
weakened or, in the extreme case, destroyed. Although the evidence of our
senses is accompanied by a claim to absoluteness that is very difficult to
relativize, there is a whole world of definitions of reality that are not based on
an immediate sense of confirmation - the world of beliefs and values (p. 24,
our translation).
In a later reflection, the author stated that, "Pluralism has the effect of relativizing
worldviews, bringing to mind the fact that the world can be understood in different ways"
(BERGER, 2017b, p. 68, our translation).
From the moment that individuals assumed certain social rights and duties with
modernity, such as the right to freely express their confession of faith and the duty to respect
Who propagates the post-truth? The dissemination of negationist speeches and fake news by fundamentalist religious groups in Brazil
Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. 00, e023021, 2023. e-ISSN: 1982-4718
DOI: https://doi.org/10.52780/res.v28i00.17140 8
the condition of the Other to exercise the same right to express their religion, without any
constraints or impediments, the religious field experienced a significant transformation, which
allowed plurality to become evident and the pluralist principle to be considered as an alternative
for conciliation and a guarantee of peaceful coexistence.
Pluralism allows the following conditions to occur: plurality, syncretism, religious
transit, multiple religious belonging and non-religious belonging. These phenomena
corroborate the confirmation of major transformations in the religious and socio-cultural fields.
Its initiatives involve welcoming minorities, silenced and dissonant voices, expressions of
invisible religiosities, mythical narratives and marginalized ritual practices, as it values an
ecumenical, inclusive and conciliation-promoting perspective through the promotion of inter-
religious dialogue.
Peter Berger (2017a) points out that pluralism finds a place in the mentality of
individuals, who can defend it and still keep intact their belief in the truths postulated by their
religious affiliation. The author therefore believes that it is possible to commit to defending
religious freedom as a way of guaranteeing pluralism and still cultivate a personal belief.
In his theoretical reflections, Berger demonstrated the character of resistance that is
foreshadowed in the face of pluralism, given the difficulty of placing different truths in the same
arena of interaction. In this way, he admits that pluralism generates a condition of uncertainty,
given that relativism does not establish reliable truths - which is why absolutisms are once again
triggered. The emotional discourses of truth linked to fundamentalisms exert great fascination
among those who allow themselves to be affected by them, which is why they are multiplying.
In order to observe the rise of religious pluralism, it is essential to implement public
policies aimed at this end. It is up to the state not only to recognize the legitimacy of the
existence of religious diversity, but also to promote practical alternatives for confronting the
harmful effects linked to the intensification of fundamentalisms, which are emerging and
spreading rapidly and radically, threatening the plural stability and religious freedom of the
national religious field.
And it is argued here that it is up to sociologists to point out these contradictions and for
scientists of religion to mediate these negotiations, associating them with a scientific
perspective in tune with the assumptions of the decolonial and intercultural paradigm, interested
in giving visibility and legitimacy to marginalized socio-cultural groups, including those of a
religious nature. It is important for the scientist of religion to take a stand in the sense of "[...]
combating racism, sexism and homophobia and criticizing the capitalist system as a producer
Flávia Ribeiro AMARO
Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. 00, e023021, 2023. e-ISSN: 1982-4718
DOI: https://doi.org/10.52780/res.v28i00.17140 9
of social inequalities, violence and poverty" (RIBEIRO, 2017, p. 245, our translation), which
requires a political commitment to the development of an emancipatory praxis, like the first
ecumenical intellectuals, linked to Liberation Theology, who were responsible for organizing
and institutionalizing courses in the sciences of religion in Brazil, as will be discussed in more
detail throughout the text.
The fundamentalism
Fundamentalisms develop against the backdrop of religious pluralism, which in turn
calls for reflection on human rights, religious freedom, secularism, democracy, tolerance and,
especially nowadays, the adoption of critical thinking based on the assumptions of the
decolonial and intercultural paradigm.
Fundamentalisms arise in response to the spread of modern values (ARMSTRONG,
2009; BERGER, 1997; 2004; 2012; 2017a; CARRANZA, 2009; COUTINHO; SANCHES,
2021). Amid the plurality and malleability of confessions of belonging, groups emerge whose
intransigent positions are characterized by an explicit refusal of religious alterities, they criticize
relativization and are guided by the arbitrary affirmation of supposed truths considered
incontestable and whose origin they defend comes from the revealed sacred, restricted to a
chosen few, belonging to the denomination in question. These ideological-religious groupings
are completely unwilling to engage in inter-religious dialog and the possibility of consensus.
For them, the Other is seen as heretical, demonic, threatening, impure, whose belief is
illegitimate and corruptive and must therefore be fought through a spiritual battle.
According to Brenda Carranza (2009), "Evoking the phenomenon is synonymous with
equating fanaticism, radicalism, terrorism and holy war, although each term represents different
complex, historical and conceptual realities" (p. 149).
The religious fundamentalist groups that stand out in the current Brazilian context are
the ultra-conservative neo-Pentecostal evangelicals who are gradually gaining ground in the
public sphere and taking on an institutional character, representing a real danger to the support
of a secular state. These groups often use arguments taken from the sacred scriptures in the way
that best suits them, appealing to radical interpretations that are closer to the Old Testament
than to the libertarian gospel of Jesus Christ. They are characterized by attacking other forms
of religious manifestation, with which they do not agree. They interfere in politics and the
Human Rights Commission, aspire to intervene in the intimate sexual orientation of their
Who propagates the post-truth? The dissemination of negationist speeches and fake news by fundamentalist religious groups in Brazil
Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. 00, e023021, 2023. e-ISSN: 1982-4718
DOI: https://doi.org/10.52780/res.v28i00.17140 10
faithful and of society as a whole, and frequently spread Fake News and make frivolous
accusations, such as the false accusation of the implementation of a "gender ideology" in public
schools. The non-acceptance of otherness, the abolition of respect, intolerant practices, the
pretension to submit others to their wills and radical truths are devices that have gradually
intensified. In this sense, "It is dualism that permeates the conception of life of the individual,
the group, the fundamentalist movement, not accepting middle ground or other forms of
morality and tradition" (CARRANZA, 2009, p. 150-151, our translation).
The current trend in the Brazilian religious field points to the strengthening of
fundamentalism, the intensification of disputes over influence and the resulting intensification
of religious intolerance, compromising freedom of belief.
Fundamentalists often postulate false truths, understood as post-truths, as well as
presenting biased interpretations of sacred texts, which induce radicalism. The recipients of
fundamentalist discourse often unreflectively assume the falsity of these messages, without
challenge, and subsequently become the reproducers of these (un)truths, which are finding more
and more space for propagation in today's Brazilian social terrain.
The power that these speeches claim lies in the repercussions they achieve. It is centered
on the desire of those who believe these speeches to believe these lies or forced and reckless
interpretations. The feeling that this false news and these radical speeches arouse in the believer
can be pointed to as one of the main factors responsible for their dissemination. The
sensationalism, the appeal to controversial themes, the application of a rhetoric of fear, the
recurring impact of effect words, the habitual use of terms extracted from biblical passages,
associated with the charisma of the leaders and content propagators on social media with their
convincing eloquence, can be seen as a combination of key elements responsible for expanding
the scope of action of these groups in society.
Fundamentalists therefore have in common the fact that they favor the emotion caused
by the impact generated by the assimilation of charismatic, biased religious discourses with a
strong ideological, ultra-conservative and sensationalist connotation. Believers, who receive
these speeches, allow themselves to be affected much more by the sensitive aspects triggered
by emotion than by the consensus of truth established in society.
According to Carranza (2009),
[...] religious fundamentalism is a univocal way of seeing and feeling the
world based on a certain way of understanding the experience of the sacred,
of theology, of religion. The fundamentalist view divides the world in two:
sacred-profane, good-bad, right-wrong [...] (p. 149, our translation).
Flávia Ribeiro AMARO
Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. 00, e023021, 2023. e-ISSN: 1982-4718
DOI: https://doi.org/10.52780/res.v28i00.17140 11
The anti-science discourse, of a negationist and obscurantist nature, questions the
credibility of scientific knowledge, which is reduced to the personal opinions of fundamentalist
charismatic leaders and their respective faithful.
Post-truth does not necessarily mean opting for lies, but rather that personal, subjective
determinants related to religious belief carry greater weight than truths that have been accepted
as such, for example as scientific knowledge. It consists of the relativization of truth, since it
trivializes the demand for the objectivity of reason and lists feeling and belief as parameters for
the construction of its definition of truth. This shows the predominance of emotion over reason.
This is not necessarily a case of new events erupting; however, we can see an intensification of
their scope of action, albeit under new configurations.
Post-truth is present in various social spheres, in politics, religion, education,
advertising, the market etc., because it is committed to unleashing emotions which, although
they are not necessarily capable of delegitimizing established consensuses, can weaken them
because they present completely opposing points of view, thus arousing doubt.
Fundamentalists, in particular, have broadened their scope of action in the face of a
globalized world, as they have developed strategies for disseminating their radical ideological
perspectives. With the ease of communication made possible by the popularization of social
networks, certain discourses have been able to find resonance in geographically distant places,
allowing new interlocutors to be reached and co-opted.
Fundamentalists have no sympathy for discourses, stances and points of view that differ
from their own. Relativism, balance and conciliation are not their aspirations. On the contrary,
there is a radicalization, sometimes violent, of their positions in the public sphere.
In the extremist fundamentalist conception, otherness is seen as "[...] a serious threat to
hard-won certainty; they must be converted, segregated or, in the extreme, expelled or
'liquidated'" (BERGER; ZIJDERVELD, 2012, p. 66, our translation). This perspective is
responsible for driving their excesses in Brazilian society, which must be stopped.
Who propagates the post-truth? The dissemination of negationist speeches and fake news by fundamentalist religious groups in Brazil
Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. 00, e023021, 2023. e-ISSN: 1982-4718
DOI: https://doi.org/10.52780/res.v28i00.17140 12
The role of the scientist of religion in the face of pluralism and fundamentalism: a
decolonial/intercultural perspective
Since John Locke's contributions to modern science, there has been speculation about
the limits of freedom of expression, especially when this freedom refers to opening up space
for hate speech, highlighting intolerant attitudes. Faced with this problem, the question arises:
What degree of freedom of expression is tolerable in the face of the spread of intolerant speech?
And what is the role of the scientist of religion as an intermediary in this negotiation process?
It is proposed here that a new strategy for containing religious intolerance, resulting
from the actions of fundamentalist groups, should be carried out by scientists of religion, who,
imbued with the prerogatives of the decolonial/intercultural paradigm, begin to commit
themselves to an engaged praxis, aimed at mediating problems that arise from the religious
field, such as the question of the intensification of religious intolerance, which arises as a result
of the emergence and strengthening of fundamentalist discourses in common sense and in the
public sphere.
From the perspective of interculturality, it is accepted that different religious cultures
can be placed side by side and coexist peacefully, and that reason and emotion are equitably
arranged in an arena of interpretation, with the aim of reaching a consensus between both
predicates, so that heated tempers are appeased and harmonious coexistence in the religious
field is facilitated.
While religious sentiment is taken as a legitimate object of study that can be examined,
the recognition that its importance often overlaps with the rational dimension leads to the
development of new analytical perspectives, which in turn demand new strategies of
interpellation.
The epistemological turn in decolonial and intercultural studies on the religious
phenomenon points to the incorporation of two analytical and practical strategies: 1) The
consideration of the subject's religious experience, which involves taking the religious feeling
triggered by contact with the sacred as the object of study. In other words, the sensitive
subjectivity of the individual is considered as a socio-cultural, cognitive and epistemic instance
that can be grasped. This, in turn, is based on the analytical interpretation of researchers about
the subjective interpretation of religious actors. 2) The defense of religious freedom, the fight
against intolerance and the promotion of inter-religious dialogue. This presupposes a practical
engagement in the problems of the religious field, resulting in a commitment on the part of the
scientist of religion, who places himself as a mediator of debates and conciliator of clashes.
Flávia Ribeiro AMARO
Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. 00, e023021, 2023. e-ISSN: 1982-4718
DOI: https://doi.org/10.52780/res.v28i00.17140 13
Final considerations
The Brazilian socio-political, economic, cultural and epistemic scenario has undergone
significant and intense transformations in recent years. An obscurantist era of post-truth is
underway, in which personal beliefs and those relating to small groups are affirmed as
irrefutable despite facts and knowledge that are socially established as truthful. Post-truth
confronts science and serious journalism, which uses previously verified news to postulate its
own truths. There is a trivialization of lies and radicalisms that lead to a relativization of the
truth.
It was discussed that when Fake News, negationist and based on post-truths, is
propagated by religious discourses of a fundamentalist nature, pluralism and the secularity of
the state run a serious risk of being ostracized.
It is argued here that as long as the scientist of religion is not committed to the problems
that are evident in the Brazilian religious field, such as the strengthening of fundamentalisms,
the advance of religious intolerance and the threat to pluralism and the secularity of the state,
in order to promote inter-religious dialogue and foster tolerance, while confronting negationism
and post-truths, with the aim of defending pluralism and ecumenical conciliation, the Brazilian
religious field and the science of religion itself will be in serious danger.
Modernity has enabled the emergence of religious plurality and has emphasized
subjectivity and religious sentiment related to the subject's interpretation of the sacred. It is
therefore up to the sciences of religion to deal with the nuances of analyzing this complexity.
To this end, it is necessary to conceive of a theoretical-methodological broadening of the
discipline, in order to include new loci and objects of scientific investigation and to promote an
updating of the ways in which reality is understood. In this way, subjectivities linked to
religious belief are not only recognized but also valued as useful sources for building
knowledge. Thus, it is important to challenge plurality and the rise of fundamentalism with a
view to fostering a pluralist perspective, guaranteeing the right to religious freedom. However,
if this freedom puts the freedom of the Other at risk, these limits must be questioned.
Who propagates the post-truth? The dissemination of negationist speeches and fake news by fundamentalist religious groups in Brazil
Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. 00, e023021, 2023. e-ISSN: 1982-4718
DOI: https://doi.org/10.52780/res.v28i00.17140 14
REFERENCES
ARMSTRONG, K. Em nome de Deus: o fundamentalismo no judaísmo, no cristianismo e no
islamismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.
BERGER, P. L. Rumor de anjos: a sociedade moderna e a redescoberta do sobrenatural. 2.
ed. Petrópolis: Vozes, 1997.
BERGER, P. L. Os múltiplos altares da modernidade: rumo a um paradigma da religião
numa época pluralista. Petrópolis, RJ: Vozes, 2017a.
BERGER, P. L. O imperativo herético: possibilidades contemporâneas da afirmação
religiosa. Petrópolis, RJ: Vozes, 2017b.
BERGER, P. L.; LUCKMANN, T. Modernidade, pluralismo e crise de sentido. A
orientação do homem moderno. Petrópolis, RJ: Vozes, 2004.
BERGER, P. L.; ZIJDERVELD, A. Em favor da dúvida: como ter convicções sem se tornar
um fanático. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012.
CARRANZA, B. Brasil, fundamentalista? Encontros teológicos, [S. l.], n. 52, ano 24, v. 1, p.
147-166. 2009. Available: https://facasc.emnuvens.com.br/ret/article/viewFile/327/314.
Access: 22 Aug. 2022.
COUTINHO, S. R.; SANCHES, W. L. O pluralismo religioso e as religiões em movimento.
Revista de Cultura Teológica, [S. l.], ano XXIX, n. 99, p=p. 256-275, mai./ago., 2021.
Available: https://revistas.pucsp.br/index.php/culturateo/article/view/54373/37835. Access:
23 Aug. 2022.
GIDDENS, A. As consequências da modernidade. São Paulo: Ed. UNESP, 1991.
OTTO, R. O sagrado: Os aspectos irracionais na noção do divino e sua relação com o racional. São
Leopoldo: Sinodal/EST.; Petrópolis, RJ: Vozes, 2007.
RIBEIRO, C. O. O princípio pluralista: bases teóricas, conceituais e possibilidades de
aplicação. Revista de Cultura Teológica, [S. l.], ano XXV, n. 90, jul./dez., 2017. Available:
https://revistas.pucsp.br/index.php/culturateo/article/view/rct.i90.35979. Access: 23 Aug.
2022.
SANTOS, B. S. Construindo epistemologias do sul: antologia essencial. Vol. I: Para um
pensamento alternativo de alternativas. Ciudad Autónoma de Buenos Aires: CLACSO, 2018.
Flávia Ribeiro AMARO
Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. 00, e023021, 2023. e-ISSN: 1982-4718
DOI: https://doi.org/10.52780/res.v28i00.17140 15
CRediT Author Statement
Acknowledgements: Do not apply.
Financing: Not applicable.
Conflict of interest: There are no conflicts of interest.
Ethical approval: The work followed ethical procedures, but was not submitted to any
ethics committee.
Availability of data and material: Yes.
Authors’ contributions: Sole author, therefore, total contribution.
Processing and editing: Editora Ibero-Americana de Educação.
Review, formatting, normalization and translation.