Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. esp. 2, e023017, 2023. e-ISSN: 1982-4718
DOI: https://doi.org/10.52780/res.v28iesp.2.18104 1
A DIVERSIDADE CULTURAL COMO PARADIGMA ULTRAPASSADO NA
PERSISTÊNCIA DO DESENVOLVIMENTISMO NA AMAZÔNIA
LA DIVERSIDAD CULTURAL COMO PARADIGMA OBSOLETO EN LA
PERSISTENCIA DEL DESARROLLISMO EN LA AMAZONIA
CULTURAL DIVERSITY AS AN OUTDATED PARADIGM IN THE PERSISTENCE OF
DEVELOPMENTALISM IN THE AMAZON
Luciana GONÇALVES DE CARVALHO1
e-mail: luciana.carvalho@ufopa.edu.br
Como referenciar este artigo:
GONÇALVES DE CARVALHO, L. A diversidade cultural como
paradigma ultrapassado na persistência do desenvolvimentismo na
Amazônia. Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. esp. 2,
e023017, 2023. e-ISSN: 1982-4718. DOI:
https://doi.org/10.52780/res.v28iesp.2.18104
| Submetido em: 15/08/2023
| Revisões requeridas em: 19/10/2023
| Aprovado em: 05/11/2023
| Publicado em: 29/12/2023
Editora:
Profa. Dra. Maria Chaves Jardim
Editor Adjunto Executivo:
Prof. Dr. José Anderson Santos Cruz
Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA) Santarém PA Brasil. Doutora em Antropologia
(PROFESSORA ASSOCIADA III; PPGSND; PPGCS).
A diversidade cultural como paradigma ultrapassado na persistência do desenvolvimentismo na Amazônia
Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. esp. 2, e023017, 2023. e-ISSN: 1982-4718
DOI: https://doi.org/10.52780/res.v28iesp.2.18104 2
RESUMO: O propósito deste artigo é analisar a abordagem do direito à diversidade cultural
em um dos maiores programas de infraestrutura previstos para a Amazônia desde a
redemocratização do regime político brasileiro, o Programa Barão do Rio Branco (PBRB), que
retoma e estende objetivos e métodos de seus antecessores, destacadamente do Programa Calha
Norte, sob as alegações de defesa da soberania nacional e de integração territorial do Brasil. A
partir de pesquisa bibliográfica e documental em arquivos públicos, o artigo demonstra a
persistência da visão restrita da cultura como entrave ao desenvolvimento, bem como a
atualização de antigas teses e práticas assimilacionistas na gestão pública da Amazônia.
Explicita, ainda, como a diversidade cultural tem sido equiparada a paradigmas supostamente
ultrapassados, que certas autoridades públicas querem superar por meio da revisão da legislação
instituída a partir da Constituição Federal de 1988.
PALAVRAS-CHAVE: Programa Barão do Rio Branco. Amazônia. Estado. Diversidade
cultural.
RESUMEN: El objetivo de este artículo es analizar el enfoque del derecho a la diversidad
cultural en uno de los mayores programas de infraestructuras previstos para la Amazonia
desde la redemocratización del régimen político brasileño, el Programa Barão do Rio Branco
(PBRB), que retoma y amplía los objetivos y métodos de sus predecesores, en particular el
Programa Calha Norte, bajo los alegatos de defensa de la soberanía nacional y la integración
territorial de Brasil. A partir de investigaciones bibliográficas y documentales en archivos
públicos, el artículo demuestra la persistencia de la visión restringida de la cultura como
obstáculo al desarrollo, así como la actualización de viejas tesis y prácticas asimilacionistas
en la gestión pública de la Amazonia. También explica cómo la diversidad cultural ha sido
equiparada a paradigmas supuestamente superados, que algunas autoridades públicas quieren
superar mediante la revisión de la legislación instituida desde la Constitución Federal de 1988.
PALABRAS CLAVE: Programa Barão do Rio Branco. Amazonia. Estado. Diversidad
cultural.
ABSTRACT: The aim of this article is to analyze the approach to the right to cultural diversity
in one of the largest infrastructure programs planned for the Amazon since the
redemocratization of the Brazilian political regime, the Barão do Rio Branco Program (PBRB),
which resumes and extends objectives and methods of its predecessors, notably the Calha Norte
Program, under the allegations of defense of national sovereignty and territorial integration of
Brazil. Based on bibliographical and documental research in public archives, the article
demonstrates the persistence of the restricted view of culture as an obstacle to development, as
well as the updating of old theses and assimilationist practices in the public management of the
Amazon. It also explains how cultural diversity has been equated with supposedly outdated
paradigms, which some public authorities want to overcome through revision of the legislation
instituted since the Federal Constitution of 1988.
KEYWORDS: Barão do Rio Branco Program. Amazon. State. Cultural diversity.
Luciana GONÇALVES DE CARVALHO
Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. esp. 2, e023017, 2023. e-ISSN: 1982-4718
DOI: https://doi.org/10.52780/res.v28iesp.2.18104 3
Introdução
Em janeiro de 2019, indígenas e quilombolas dos estados do Pará e Amapá foram
surpreendidos pelo anúncio do Programa Barão do Rio Branco (PBRB), que propôs a extensão
da Rodovia BR-163 (Cuiabá-Santarém) até a fronteira com o Suriname, a construção de uma
ponte sobre o rio Amazonas, em Óbidos-PA e a instalação de uma usina hidrelétrica (UHE) no
rio Trombetas, em Oriximiná-PA (BRASIL, 2019). Em fevereiro, a programação de uma visita
de ministros de Estado à base militar localizada na área indígena Tirió, na divisa entre os dois
estados, sinalizou o interesse do governo federal de agilizar a implantação do programa. Na
imprensa regional, ele foi exaltado como a maior e mais importante iniciativa para a Calha
Norte do rio Amazonas desde os anos 1960.
Segundo a Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos da Presidência da República
(SAE/PR), as obras do PBRB atrairiam investimentos públicos e privados para alavancar o
crescimento econômico dos municípios da Calha Norte e promover sua integração ao restante
do território nacional, convertendo-se em benefícios para a população. Ademais, o programa
intensificaria a presença do Estado na região, visando à “garantia do respeito à cidadania e ao
meio ambiente, da preservação de nossas riquezas para gerações futuras e do combate à
ilegalidade” (BRASIL, 2019, n.p.). Paradoxalmente, o alcance desses objetivos dependeria de
um conjunto de obras potencialmente danosas ao meio ambiente e aos modos de vida de grande
parte da população regional, particularmente de povos indígenas e comunidades tradicionais.
Tal paradoxo, contudo, foi desprezado no evento de apresentação do programa para
convidados, que foi realizado em Belém-PA, em abril de 2019. Na ocasião, a equipe
governamental deixou claro que esperava, com o PBRB, superar os paradigmas do
indigenismo, do quilombolismo e do ambientalismo” (BRASIL, 2019, n.p.). Em lugar deles,
saudou os “novos paradigmas do liberalismo (participação da iniciativa privada) e
conservadorismo (os novos paradigmas realistas)”, associados a uma “nova postura política,
econômica e ética da Nação”, tal como revelam os slides divulgados pelo site The Intercept
Brasil (PLANO, 2019).
O anúncio do PBRB motivou reações imediatas de organizações da sociedade civil e
veículos de mídia independente, que denunciaram seus riscos socioambientais e a falta de
diálogo do poder público com os povos da Calha Norte. A Articulação dos Povos e
Organizações Indígenas do Amapá e Norte do Pará (Apoianp) subscreveu uma nota técnica
destacando que, se implementado, o programa afetaria direta e indiretamente 27 áreas
protegidas e diversos povos indígenas, comunidades quilombolas e ribeirinhas. A Apoianp
A diversidade cultural como paradigma ultrapassado na persistência do desenvolvimentismo na Amazônia
Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. esp. 2, e023017, 2023. e-ISSN: 1982-4718
DOI: https://doi.org/10.52780/res.v28iesp.2.18104 4
também chamou atenção para a semelhança do PBRB com o Programa Calha Norte (PCN),
destacando a longevidade do ideário que sustenta as intervenções estatais realizadas na
Amazônia, desde a ditadura inaugurada em 1964 até gestões recentes, inclusive alinhadas à
esquerda no espectro político nacional (BECKER, 2005; LOUREIRO, 2004; STEILMAN;
MONTEIRO, 2020).
É notória a persistência da tese sustentada pelos governos militares (1964-1985),
segundo a qual a região é anecúmena, vulnerável em sua extensa faixa de fronteira e hostil à
integração e ao desenvolvimento da nação (NERY, 2019). Apesar de anacrônica e refutada em
vários campos científicos (BALÉE, 2013; CUNHA; ALMEIDA, 2000), essa tosca imagem
amazônica ilustra o risco à soberania brasileira supostamente oferecido por um “imenso deserto
verde”, como escreveu o General Santa Rosa (2020, p. 1), que ocupava o cargo de Secretário
Especial de Assuntos Estratégicos da Presidência quando o PBRB foi anunciado em 2019.
O “imenso deserto verde” referenciado por Santa Rosa (2020) corresponde, na verdade,
à maior porção de florestas tropicais protegidas no planeta. Trata-se de uma vasta área ocupada
por diversos povos indígenas e centenas de comunidades quilombolas, sendo esta, aos olhos do
governo, o perigoso ambiente no qual deve ser minada a fonte do suposto atraso da região: a
proteção jurídica do meio ambiente e dos povos e comunidades tradicionais, que, segundo Santa
Rosa (2020, p.4), deixou a gestão pública da Amazônia “de mãos atadas”. Nas entrelinhas da
fundamentação do PBRB, portanto, os chamados paradigmas do ambientalismo, do
indigenismo e do quilombolismo são expressões de recentes e inconclusos processos de
afirmação da diversidade cultural como um direito humano, no Brasil e no mundo.
No plano internacional, o tema surgiu na Declaração Universal dos Direitos Humanos,
de 1948, que afastou a visão da cultura como civilização, prevalente no século XIX, e incluiu-
a no rol de direitos humanos fundamentais, ao lado dos direitos econômicos e sociais
indispensáveis e constitutivos da segurança social e da dignidade humana (ONU, 1948). O
Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (PIDESC), de 1966,
reconheceu a todos povos o direito de disporem livremente de si mesmos, de seu estatuto
político e de seu desenvolvimento econômico, social e cultural (ONU, 1966). Em 1972, a
Convenção para a Proteção do Patrimônio Mundial, Cultural e Natural enfatizou a urgência da
proteção à diversidade cultural em contextos de crescimento econômico (UNESCO, 1972). Em
2001, a Declaração Universal sobre a Diversidade Cultural destacou a importância do
pluralismo cultural nos Estados democráticos (UNESCO, 2001). Em semelhante sentido, a
Convenção para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial considerou a diversidade
Luciana GONÇALVES DE CARVALHO
Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. esp. 2, e023017, 2023. e-ISSN: 1982-4718
DOI: https://doi.org/10.52780/res.v28iesp.2.18104 5
cultural como fator de desenvolvimento sustentável (UNESCO, 2003). Por fim, em 2007, a
Declaração de Direitos Culturais reafirmou a diversidade cultural como parte do conjunto
indivisível e interdependente dos direitos humanos (GRUPO DE FRIBURGO, 2007).
No plano nacional, o direito à diversidade cultural foi introduzido pela Constituição
Federal de 1988, que atribuiu ao Estado o dever de protegê-la e promover a valorização das
contribuições de povos indígenas, africanos e de outros grupos formadores da sociedade
brasileira (BRASIL, 1988). A Constituição também assegurou direitos territoriais específicos
aos povos indígenas e às comunidades remanescentes dos quilombos, assumindo que a
continuidade de suas culturas requer, necessariamente, a defesa de seus territórios e recursos
naturais (SANTILLI, 2005; SHIRAISHI NETO, 2007; SOUZA FILHO, 1997).
A despeito de existir, atualmente, uma robusta legislação baseada no princípio da
indissociabilidade entre os direitos à diversidade cultural, ao território e ao meio ambiente, a
qual pretende dar eficácia à Constituição Federal, os processos de desenvolvimento no Brasil
ainda tendem a provocar e estimular violações de direitos humanos. Como ocorre em outros
países focados principalmente no crescimento econômico, os projetos desenvolvimentistas no
Brasil e na Amazônia, em particular, nutrem visões empobrecedoras da diversidade cultural e
da própria cultura como elemento de desenvolvimento humano, aprofundando desigualdades
sociais (ARIZPE, 2015; LAMARCHE, 2019).
Ao minimizar a importância da diversidade cultural, reduzindo implicitamente os
direitos que lhe são associados a supostos paradigmas ultrapassados, o PBRB trilha a senda de
projetos de desenvolvimento que, para além de algum crescimento econômico polarizado,
legaram à Amazônia inestimáveis problemas ambientais, cilvagens sociais, choques
interétnicos e conflitos agrários (LOUREIRO, 2004). Sem a pretensão de explorar a longa
trajetória de insucessos da planificação do desenvolvimento na região, este artigo segue a
sugestiva comparação com o PCN, feita pela Apoianp (2019), com o objetivo de entender o
modo de abordagem da diversidade cultural nos novos planos para a Calha Norte do Pará.
A partir de pesquisa bibliográfica e documental em arquivos públicos e do exame de
materiais relativos ao PBRB, o artigo demonstra a persistência da visão restrita da cultura como
entrave ao desenvolvimento, bem como a atualização de antigas teses e práticas
assimilacionistas na gestão pública da Amazônia. Mais que isso, explicita como a diversidade
cultural tem sido equiparada a paradigmas supostamente ultrapassados, que autoridades
públicas de distintos matizes políticos querem superar por meio da revisão da legislação
instituída a partir da Constituição de 1988.
A diversidade cultural como paradigma ultrapassado na persistência do desenvolvimentismo na Amazônia
Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. esp. 2, e023017, 2023. e-ISSN: 1982-4718
DOI: https://doi.org/10.52780/res.v28iesp.2.18104 6
Visão geral da Calha Norte do Pará
A Calha Norte do Pará delimita fronteiras internacionais do Brasil com a Guiana e o
Suriname, e as divisas com os estados do Amazonas e do Amapá. Compreende nove municípios
da mesorregião do Baixo Amazonas em uma área de aproximadamente 270 mil km², onde
vivem, aproximadamente, 346 mil habitantes. Cerca de 82% desse território compõe o Mosaico
de Áreas Protegidas da Calha Norte do Pará, que abrange diversas Unidades de Conservação
(UC), Terras Indígenas (TI) em diferentes estágios de reconhecimento e Territórios
Quilombolas (TQ). Com mais de 20 milhões de hectares, trata-se de uma porção da Amazônia
dotada de alto potencial para o desenvolvimento de uma economia de base florestal e
sustentável, mas tem sido historicamente visada para exploração madeireira e minerária, bem
como para a agropecuária (IMAZON, 2020).
A partir dos anos 1960, a Calha Norte entrou no foco de grandes projetos de
infraestrutura e planos de desenvolvimento e ordenamento territorial, executados nos governos
militares (1964-1985). Destaca-se, no período, o Programa de Integração Nacional (PIN),
instituído pelo Decreto-Lei 1.106/1970 com o objetivo de implementar obras de
infraestrutura econômica e social nas regiões Norte e Nordeste (BRASIL, 1970). Com o lema
“integrar para não entregar” a Amazônia a estrangeiros, o PIN concebeu a integração nacional
principalmente como a criação de redes físicas, o que se traduziu no chamado rodoviarismo, do
qual decorrem a emblemática Transamazônica (BR-230) e a Rodovia BR-163.
A colonização induzida de terras julgadas improdutivas, a prospecção de minerais e os
levantamentos florestais, agronômicos e energéticos foram outros feitos do PIN na Calha Norte,
cujo suposto vazio territorial e demográfico deveria ser preenchido pelo excesso de população
pobre do Nordeste. Os espaços considerados vazios eram, todavia, ocupados por diversos povos
indígenas e apresentavam significativas fragilidade e complexidade ecológica.
Em 1985, na fase de redemocratização do regime político brasileiro, a região em questão
foi abrangida pelo Projeto Calha Norte (PCN), então criado com o propósito de aliar o
desenvolvimento regional com a doutrina militarista de soberania nacional, propiciando maior
presença do Estado nessa porção da Amazônia (BRASIL, 1985; DINIZ, 1994). Na prática,
porém, pelotões do Exército instalados em plena floresta se tornaram a principal expressão do
PCN e o desenvolvimento regional se reduziu a projetos de infraestrutura e ordenamento
territorial, dando sequência ao que o PIN iniciara.
Luciana GONÇALVES DE CARVALHO
Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. esp. 2, e023017, 2023. e-ISSN: 1982-4718
DOI: https://doi.org/10.52780/res.v28iesp.2.18104 7
O legado do Projeto Calha Norte
Concebido sob a administração de militares, mas efetivamente formulado sob a
presidência de José Sarney, em 1985, o PCN fundamentou-se no estudo realizado por um Grupo
de Trabalho Interministerial, intitulado Desenvolvimento e Segurança na Região ao Norte dos
Rios Solimões e Amazonas. Seu objetivo expresso era proteger a faixa de fronteira setentrional,
ligar a Calha Norte ao território nacional por meio de estradas, ampliar a infraestrutura e
promover o desenvolvimento regional visando à melhoria das condições de vida da população
(BRASIL, 1985).
Embora fosse como tal designado, não se tratava propriamente de um projeto ou plano
dotado de estrutura sistemática, caracterizando-se, antes, como “um conjunto coerente de
orientações e metas com as quais devem vir a compatibilizar-se todas as iniciativas
governamentais voltadas para aquela região” (OLIVEIRA, 1991, p. 325). Desprovido de uma
unidade diretamente responsável por sua execução, o PCN englobava uma série de “projetos
especiais” voltados para diferentes assuntos: relações bilaterais com países fronteiriços, política
indigenista, ampliação de infraestrutura viária e recuperação de marcos limítrofes, entre outros
(LOURENÇÃO, 2014). Havia, também, aguçada preocupação com a atuação de garimpeiros
ilegais, narcotraficantes e guerrilheiros nas fronteiras, vistos como potenciais influenciadores
de levantes comunistas (PIVATTO-JUNIOR; CAVEDON-NUNES, 2020).
Para aumentar a presença do Estado na região, o PCN foi estruturado sobre duas
vertentes: a militar e a civil. A primeira, voltada para a neutralização de supostas ameaças
políticas e a defesa da integridade do território nacional, destacadamente na fronteira com a
Venezuela, onde se supunham em curso planos de criação de um Estado Yanomami (BRASIL,
1985). A segunda, focada na instalação de infraestrutura e serviços básicos. Nessas vertentes,
o PCN propunha a integração de esforços e recursos dos ministérios civis e militares para atuar
em três ambientes faixa de fronteira, núcleo interiorano e zonas ribeirinhas dos estados
de Roraima, do Amapá, Amazonas e Pará, correspondentes a 14% do território nacional. Além
dos “projetos especiais”, eram previstas medidas como:
[...] implantação e a ampliação de atividades sociais básicas saúde,
educação, abastecimento de água, eletrificação rural, abastecimento alimentar
e de bens de consumo, habitação popular, desenvolvimento comunitário e
lazer bem como a interiorização de polos de desenvolvimento econômico,
particularmente através de um processo de colonização com assentamento
dirigido de famílias (BRASIL, 1985, p. 16-17).
A diversidade cultural como paradigma ultrapassado na persistência do desenvolvimentismo na Amazônia
Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. esp. 2, e023017, 2023. e-ISSN: 1982-4718
DOI: https://doi.org/10.52780/res.v28iesp.2.18104 8
Na prática, o PCN concentrou-se na instalação de Pelotões Especiais de Fronteira (PEF)
em locais considerados estratégicos para a defesa nacional, em grande parte habitados por povos
indígenas, e em ações de ordenamento fundiário (LOURENÇÃO, 2014; MONTEIRO, 2017).
O projeto também intentou redefinir a política indigenista para debelar supostas ameaças à
integridade do território brasileiro, submetendo a um controle geopolítico diversas
comunidades indígenas sob a justificativa de integrá-las à sociedade nacional e prover-lhes
melhores condições de vida (ALBERT, 1992; BUCHILLET, 1991; OLIVEIRA, 1991).
O estudo que fundamentou o PCN assumia que a “problemática indígena” exigia
máxima atenção, pois vinha sendo explorada “em detrimento da boa imagem do País”
(BRASIL, 1985, p.4). Propunha, então: i) fortalecer os postos indígenas nas áreas de fronteira;
ii) canalizar recursos para a realização de estudos visando à “delimitação de áreas indígenas,
segundo as prioridades definidas pelo Governo Federal” (BRASIL, 1985, p. 24); e iii) apoiar
“Projetos de Desenvolvimento Comunitário e Incentivo ao Artesanato, como forma de
beneficiar diretamente as populações indígenas nos campos da agricultura, extrativismo, pesca
e recuperação das culturas (artesanato)” (BRASIL, 1985, p. 24).
Apesar de estabelecer como premissa o reconhecimento e a valorização das
“características e peculiaridades da sociedade e cultura amazônicas, como elementos
decorrentes das condições ecológicas, antropológicas e históricas” (BRASIL, 1985, p. 32), o
PCN não só falhou em prover as necessidades da população regional, altamente diversificada,
como ainda reforçou desigualdades que já afetavam povos indígenas, ribeirinhos, comunidades
negras rurais, extrativistas, colonos, posseiros e outros grupos politicamente minoritários.
Ademais, provocou a intensificação de conflitos preexistentes entre nativos, garimpeiros e
empresas mineradoras que atuavam ilegalmente em territórios indígenas.
No Alto Rio Negro (noroeste amazônico), o reforço da presença das Forças Armadas
foi percebido como uma invasão pelas famílias indígenas. No Distrito de Pari-Cachoeira-AM
Terra Indígena do Alto Rio Negro, grande parte do território ancestral foi expropriado em
troca do fornecimento da assistência governamental a projetos socioeconômicos, de educação
e saúde, executados nos dois primeiros anos do PCN e descontinuados em seguida. Na área
Yanomami, o poderio militar não afastou garimpeiros ilegais; ao contrário, intensificou
conflitos entre eles e indígenas (BUCHILLET, 1991). Tantos foram os problemas, que o
Conselho Indigenista Missionário (CIMI) acusou o projeto de arriscar o extermínio de povos
originários (CEDI, 1987). Para Buchillet (1991), de fato, o objetivo do PCN em relação a esses
povos, escamoteado na promessa de prestação de serviços sociais e respeito a suas
Luciana GONÇALVES DE CARVALHO
Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. esp. 2, e023017, 2023. e-ISSN: 1982-4718
DOI: https://doi.org/10.52780/res.v28iesp.2.18104 9
especificidades culturais, era integrá-los forçosamente à sociedade nacional por meio de uma
expropriação territorial sem precedente.
O PCN teve diversas fases e abrigos institucionais até ser absorvido pelo Ministério da
Defesa e reconfigurado, no final da década de 1990. Atravessando governos de diversas
filiações políticas, adentrou ao culo XXI sem ter chegado a constituir efetiva prioridade
nacional, mas encontrou novo fôlego a partir dos anos 2000, com a ampliação de sua base
territorial e financeira. Em 2003, no Governo de Luís Inácio Lula da Silva, o programa espraiou-
se por 25,60% do território nacional, incluindo seis estados. Seu volume de recursos também
aumentou consideravelmente, assim como o número de convênios firmados com entes
municipais em seu escopo (MONTEIRO, 2017).
Em 2020, o PCN completou 35 anos de atuação, envolvendo 442 municípios
distribuídos em dez estados. De acordo com o Ministério da Defesa (BRASIL, 2022), trata-se
de 5.986.784 km², área equivalente a 70,30% do território nacional e a 99% da extensão das
terras indígenas no Brasil, onde vivem 7,53% da população total e 85% da população indígena
do país. No entanto, tal como quando fora criado, segue pouco conhecido pela sociedade
brasileira, inclusive em sua região de abrangência.
Conquanto tenha adquirido nas últimas décadas um lugar institucional bem delimitado
na administração federal, o programa sofreu tantas reestruturações ao longo de sua trajetória,
oscilando entre propósitos político-militares e desenvolvimentistas, que se confunde com outros
programas governamentais, por exemplo, com o Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam),
iniciado em 2002 como parte do Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam)
. Em breve
retrospectiva, Lourenção (2014) relata que:
[...] procurando extirpar o estigma de projeto militar, o PCN, em processo de
renovação conceitual, passou a concentrar-se na luta contra o tráfico de
drogas, com a implantação de postos da Polícia Federal, e no incremento da
assistência e proteção às comunidades indígenas, contribuindo com a
demarcação de suas terras. Quando, a partir de junho de 1994, a Secretaria de
Assuntos Estratégicos da Presidência da República SAE/PR finalmente
assumiu todas as tarefas pertinentes ao Projeto, houve a ênfase nos temas
concernentes à ecologia e aos valores culturais, secundários na formulação
original do Calha Norte (LOURENÇÃO, 2014, p. 21).
Na consulta ao PCN em 2023, no sítio eletrônico do Ministério da Defesa, constava sua
atualização em outubro de 2022, sendo apresentado como um programa social do Ministério da
O Sivam dispõe de infraestrutura e tecnologia integradas para a obtenção e o tratamento de dados sensíveis em
setores estratégicos como telecomunicações e monitoramento ambiental e meteorológico, por exemplo,
aplicáveis a um conjunto de políticas de defesa e desenvolvimento para a Amazônia.
A diversidade cultural como paradigma ultrapassado na persistência do desenvolvimentismo na Amazônia
Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. esp. 2, e023017, 2023. e-ISSN: 1982-4718
DOI: https://doi.org/10.52780/res.v28iesp.2.18104 10
Defesa, cuja missão seria manter a soberania nacional e a integridade territorial, assim como
promover o desenvolvimento ordenado e sustentável. Como objetivos estratégicos do programa
constavam: “o aumento da presença do Poder Público; a melhoria da infraestrutura nas áreas de
defesa, educação, esporte, segurança pública, saúde, assistência social, transportes e
desenvolvimento econômico” (BRASIL, 2022, n.p.). Entretanto, apesar da profusão de
objetivos sociais, o paradigma militar-desenvolvimentista mantém-se como espinha dorsal do
PCN (MINUSSI, 2008).
O Programa Barão do Rio Branco
O Programa Barão do Rio Branco (PBRB) foi apresentado em 2019 como um vetor de
mudança para a Calha Norte do Pará, comportando um conjunto de empreendimentos que visam
à ampliação da infraestrutura necessária à exploração e ao escoamento de recursos naturais da
região. Seu objetivo declarado é promover o desenvolvimento econômico e defender as
fronteiras nacionais de ameaças supostamente representadas tanto por guerrilhas e movimentos
revolucionários de vizinhos sul-americanos quanto pela cobiça de países mais ricos do Norte e
da Ásia, de acordo com o General Santa Rosa (2020):
O contexto estratégico é preocupante. Pressões ambientalistas e indigenistas
de toda a ordem invalidam as políticas governamentais. uma campanha
psicológica permanente contra o Brasil, sincronizando operações de mídia
externas e internas. No entorno, proliferam a instabilidade política e os ilícitos
transnacionais. Na Bolívia, expande-se o mercado de drogas. A Venezuela
está em processo de fragmentação da ordem interna. O Peru, o Suriname e a
Guiana encaram o problema da expansão chinesa
(SANTA ROSA, 2020, p.2-
3).
Tal tipo de argumento em justificativa da necessidade de uma intervenção estatal do
porte do PBRB em uma zona de sensível equilíbrio ecológico como a Calha Norte se sustenta
em três pilares da doutrina geopolítica que, desde a década de 1960, tem prevalecido na
Amazônia. O primeiro pilar, relativo à ocupação e ao controle do território por meio da
ampliação da infraestrutura, conecta-se ao segundo, que se baseia no rodoviarismo como
estratégia de integração amazônica ao restante do país. Ambos, por sua vez, ligam-se
intimamente ao terceiro, que postula a soberania nacional na exploração de recursos da região.
A China é um dos mais importantes parceiros comerciais do Suriname, atendendo a 10% de suas importações,
e os chineses são o terceiro maior grupo de imigrantes no país (CARNEIRO; SOARES; LICHTENTHALER,
2020).
Luciana GONÇALVES DE CARVALHO
Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. esp. 2, e023017, 2023. e-ISSN: 1982-4718
DOI: https://doi.org/10.52780/res.v28iesp.2.18104 11
Em síntese, embora apresentado como uma estratégia de mudança, o PBRB apoia-se em
premissas largamente exploradas na recente história brasileira.
Na prática, além dos potenciais impactos negativos sobre o meio ambiente e os povos
nativos que atualmente são reconhecidos como sujeitos de direitos no ordenamento jurídico
brasileiro, poucas novidades advêm deste programa governamental que leva o título do
diplomata José Maria da Silva Paranhos Júnior (1845-1912), o Barão do Rio Branco,
consagrado pelo trabalho de consolidação das fronteiras nacionais por meio de negociações
bilaterais na passagem entre os séculos XIX e XX (NUNES, 2018; VIDIGAL; BERNAL-
MEZA, 2020). Com efeito, o PBRB estrutura-se em torno de três grandes obras de
infraestrutura, duas das quais são velhas conhecidas da população da Calha Norte, a saber:
(1) A extensão da Rodovia BR-163, permitindo a integração com a Perimetral Norte
(BR-210), de modo a conectar, por terra, os estados do Pará, Amapá e Roraima, a
a fronteira com o Suriname, área de abrangência do Pelotão Especial de Fronteira
(PEF) em Tiriós.
(2) A instalação da usina hidrelétrica de Cachoeira Porteira, no alto curso do rio
Trombetas a fim de alcançar a segurança energética da região, reduzir gastos com
o abastecimento de termoelétricas e viabilizar a industrialização de alumínio em
Oriximiná-PA.
Ambas as obras foram concebidas na década de 1970, no âmbito do PIN. A abertura da
BR-163 foi iniciada em 1971 e paralisada cinco anos depois, na altura da comunidade
quilombola Cachoeira Porteira, homônima à primeira queda d’água encontrada a montante do
rio Trombetas. Em Oriximiná-PA, a rodovia ficou conhecida como Estrada do BEC por ter sido
aberta pelo 8º Batalhão de Engenharia e Construção (BEC). A empreiteira Andrade Gutierrez,
instalada no município em 1973, chegou a executar serviços de aterro e terraplanagem na via,
mas tudo que restou dela foi um trecho empiçarrado de cerca de 3km, que vai da beira do rio
até o ramal de acesso a uma antiga pista de pouso. Com materiais restantes das instalações da
empresa, casas e edificações de uso coletivo foram erigidas e/ou reformadas, e atualmente
distribuem-se ao longo da via, delimitando uma espécie de vila-sede da comunidade.
Após a suspensão dos trabalhos na estrada, a Andrade Gutierrez voltou-se para o
canteiro de obras da UHE de Cachoeira Porteira. Embora interrompido no final dos anos 1980,
o projeto da UHE causou impactos negativos às comunidades indígenas e quilombolas do Alto
Trombetas (Oriximiná-PA): desmatamento, escavação profunda do solo, segregação
socioespacial e discriminação por parte dos brancos, que contavam com supermercado, escola,
A diversidade cultural como paradigma ultrapassado na persistência do desenvolvimentismo na Amazônia
Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. esp. 2, e023017, 2023. e-ISSN: 1982-4718
DOI: https://doi.org/10.52780/res.v28iesp.2.18104 12
hospital, boas casas de madeira, delegacia e outras instalações, ao contrário da “gente do
beiradão” (como eram pejorativamente chamados os negros).
Desde então, os planos de construção da usina têm sido ciclicamente retomados pelo
governo brasileiro: nos anos 1990 e, mais recentemente, em 2014, no âmbito de um inventário
hidroelétrico da bacia do rio Trombetas, abrangendo também o baixo curso dos seus afluentes
Mapuera e Cachorro. O inventário foi feito pela Empresa Pesquisa de Energética (EPE),
vinculada ao Ministério de Minas e Energia, e assustou os povos indígenas que vivem acima
da Cachoeira Porteira, bem como dezenas de comunidades quilombolas, situadas abaixo dela.
Embora inconclusas, as duas obras estão histórica e estrategicamente interligadas entre
si e com a instalação, em 1976, da Mineração Rio do Norte (MRN) no rio Trombetas. A
mineração de bauxita tem causado desmatamento em grande escala, afugentamento da fauna,
poluição das águas e escassez de recursos naturais, além de uma rie de problemas sociais que
ameaçam os modos de vida das comunidades locais (MONTEIRO, 2008). Na última década, a
MRN tem se dedicado a projetos de expansão da área lavrada, o que deve permitir a
continuidade de suas operações em Trombetas pelos próximos quarenta anos, pelo menos.
Nesse cenário, o aumento da capacidade energética na região é fundamental para a
maximização da exploração mineral.
É notório que o complexo de empreendimentos projetado para a Calha Norte,
parcialmente instalado até o momento, tem provocado impactos socioambientais cumulativos
e acirrado conflitos agrários desde as últimas décadas do século XX (COELHO; CUNHA;
WANDERLEY, 2010; MADEIRA FILHO et al., 2019; WATRIN; VENTURIERI;
VALENTE, 1998). Diante disso, indígenas e quilombolas da Calha Norte rechaçam o PBRB,
ao passo que o Governo Federal (2019-2022) repetiu os postulados adotados no PIN e no PCN
e o discurso nacionalista de exaltação dos valores pátrios e da perspectiva econômica liberal.
Essa combinação está na raiz dos paradigmas anteriormente anunciados do conservadorismo e
do liberalismo (entendido como abertura à participação da iniciativa privada).
Por trás do cunho patriótico do discurso de defesa da Amazônia, o PBRB está
estritamente focado na abertura de frentes minerárias e da agroindústria na Calha Norte,
fomentando o ingresso de empresas estrangeiras de capital privado e misto na região
(VERDUM, 2019). Focaliza, também, os interesses das mineradoras multinacionais que
atuam em Oriximiná-PA, Faro-PA, Terra Santa-PA e adjacências, e pretendem intensificar
sua presença.
Luciana GONÇALVES DE CARVALHO
Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. esp. 2, e023017, 2023. e-ISSN: 1982-4718
DOI: https://doi.org/10.52780/res.v28iesp.2.18104 13
É assim que, no PBRB, se amalgamam perfeitamente os objetivos de construir o
complexo hidrelétrico do rio Trombetas, a fim de prover energia para o médio Amazonas,
viabilizar a exploração do alumínio e expandir o polo estratégico de Oriximiná” e de
“transformar os canteiros dos empreendimentos hidrelétricos federais na Região em polos de
desenvolvimento econômico e social” (SANTA ROSA, 2020, p. 4). Para justificar suas
proposições, o PBRB assume que na Calha Norte “o território permaneceu deserto [...], um
grande vazio demográfico, potencializando o risco geopolítico da região” (SANTA ROSA,
2020, p. 3).
O suposto risco vem dos vizinhos pobres da América do Sul, sujeitos a levantes
políticos, guerrilhas e ao narcotráfico, e dos países ricos e organismos multilaterais interessados
na internacionalização da Amazônia. Vem, também, das próprias sociedades amazônicas sob
influência dos chamados paradigmas do indigenismo, do quilombolismo e do ambientalismo
irônicas expressões dos direitos à autodeterminação dos povos, ao território e ao meio
ambiente, previstos no ordenamento jurídico brasileiro.
Contra esses paradigmas, o PBRB se dispôs a agir por meio de investidas políticas e
legislativas no plano nacional e internacional. Tais investidas incluem a suposta pacificação de
interesses na esfera doméstica, sob pena do apagamento forçado das divergências e da
destruição da sociobiodiversidade da Amazônia, bem como o realinhamento da política externa
brasileira mediante o abandono de posturas progressistas consolidadas em favor do
conservadorismo em temas relativos aos direitos humanos, à migração e ao meio ambiente,
entre outros (RODRIGUES; MACIEL, 2019). Para tanto o governo de Jair Bolsonaro (2019-
2022) alegava ser preciso
[...] vitalizar a presença diplomática e de inteligência junto aos centros
decisórios do movimento indigenista-ambientalista internacional, antecipando
providências e neutralizando as suas campanhas midiáticas. Simultaneamente,
“quebrar o braço nacional” desse mesmo movimento, por meio de um controle
estrito sobre as ONGs internacionais que operam no Brasil e suas subsidiárias
nacionais. Essa estratégia implica estancar as transferências de recursos
públicos para as ONGs indigenistas e ambientalistas (SANTA ROSA, 2020,
p. 4).
O plano do governo Bolsonaro não hesitou em clamar por mudanças legais. Enquanto
Santa Rosa (2020, p. 4) lamentava que “a gestão pública da nossa Amazônia trabalha de mãos
atadas por uma legislação restritiva, produzida sem filtro estratégico desde 1988”, autoridades
políticas não tardaram em promover a desregulação da proteção ambiental e a revisão de
direitos adquiridos por indígenas e quilombolas a partir da Constituição Federal promulgada
A diversidade cultural como paradigma ultrapassado na persistência do desenvolvimentismo na Amazônia
Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. esp. 2, e023017, 2023. e-ISSN: 1982-4718
DOI: https://doi.org/10.52780/res.v28iesp.2.18104 14
naquele ano, mas ainda incompletos (BARRETTO FILHO, 2020; CUNHA; BARBOSA, 2018;
FEARNSIDE, 2019; SANTOS, 2019; VERDUM, 2019).
Como demonstra Rodrigues (2002), o retorno do Brasil ao regime democrático, iniciado
na década de 1980, não tem sido capaz de frear as teses e práticas assimilacionistas dispensadas
aos indígenas e outros grupos étnicos, que os privam, na prática, do direito à decisão sobre os
próprios modelos de desenvolvimento. A tônica dos projetos desenvolvimentistas implantados
na Amazônia tem sido a suposta inclusão de seus povos na sociedade nacional por meio da
diluição de diferenças étnico-culturais em projetos de integração econômica, social e cultural.
Em consonância com duas das principais promessas da campanha de Jair Bolsonaro à
presidência da República em 2018, as ações governamentais adotadas atacaram
incansavelmente a legislação de proteção aos indígenas, quilombolas e a outras comunidades
tradicionais perante medidas e projetos que os afetaram. Como ressaltou Verdum (2019, p. 20),
o governo os estimulou a indagar por que “devem ficar ‘à margem’ das transformações do
capitalismo contemporâneo”. Ademais, as propostas legislativas de seus correligionários
pretenderam incluí-los como parceiros ou empreendedores em projetos hidrelétricos,
minerários e agrícolas (CARNEIRO; SOARES; LICHTENTHALER, 2020), ao mesmo tempo
que obstaram a demarcação de TI e TQ.
Outrossim, no que se refere à proteção ambiental, a alteração da legislação incidente nos
processos de licenciamento ambiental, o relaxamento da fiscalização e a revisão de áreas
protegidas foram acelerados. Com apoio da maioria dos parlamentares e mudanças em
normativas adotadas em instituições federais, uma nova ordem jurídica e administrativa foi
efetivamente implantada no Brasil desde 2019.
Chamada por Tomei (2021, p. 107) de neoconservadora, porquanto fundada em uma
“aliança de moral conservadora e economia neoliberal”, essa nova ordem reforçou na Calha
Norte do Pará uma velha doutrina militar-desenvolvimentista que muito vigora no país
(SOARES, 2018). A premissa de reconhecimento e valorização das “características e
peculiaridades da sociedade e cultura amazônicas, como elementos decorrentes das condições
ecológicas, antropológicas e históricas” (BRASIL, 1985, p. 32), que era ao menos enunciada
no PCN, foi assumidamente abandonada.
À citada premissa restou a irônica vinculação aos paradigmas supostamente
ultrapassados do indigenismo, do quilombolismo e do ambientalismo. A visão de povos e
comunidades tradicionais como mera “massa de manobra de organismos internacionais”
(BRASIL, 1996, p. 11), propalada pelo então ex-Presidente da República para louvar o PCN,
Luciana GONÇALVES DE CARVALHO
Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. esp. 2, e023017, 2023. e-ISSN: 1982-4718
DOI: https://doi.org/10.52780/res.v28iesp.2.18104 15
ganhou força a tal ponto que se tornou explícita a defesa governamental da revisão dos direitos
que a eles foram reconhecidos na recente trajetória de redemocratização no Brasil.
Conquanto o PBRB tenha saído da pauta pública do governo federal ainda na gestão do
presidente Jair Bolsonaro, o ideário que o sustenta mantém-se vigoroso, mesmo após sua
derrota nas eleições presidenciais de 2022. Não foi reeleito, mas os processos deflagrados em
seu governo não se encerraram com ele; ao contrário, mantêm-se encorpados no cenário
político, apresentando força incontestável nos espaços legislativos e insinuando-se nos poderes
executivo e judiciário. São concretas, portanto, as possibilidades de que esse programa venha a
ser reapresentado e quiçá implementado em um futuro próximo.
Considerações finais
A associação entre ampliação da infraestrutura, crescimento econômico e intensificação
da presença estatal notadamente por intermédio das Forças Armadas tem sido frequente na
história recente da Amazônia brasileira, com impactos negativos para o meio ambiente e as
sociedades da região especialmente as comunidades indígenas e quilombolas. Tal associação
baseia-se em uma imagem tão anacrônica quanto vigorosa, de um imenso e hostil deserto verde
que necessita ser protegido, domado, controlado e explorado em suposto benefício da nação.
Para isso, a colonização de áreas previamente habitadas por povos indígenas e comunidades
tradicionais tem sido fomentada em diferentes momentos históricos, destacadamente a partir
dos governos militares que dirigiram o Brasil entre 1964 e 1985.
Na região da Calha Norte do Pará, que compreende nove municípios e o maior bloco de
áreas legalmente protegidas do mundo, na fronteira com o Suriname e a Guiana, uma série de
programas governamentais tem focado no binômio desenvolvimento e militarização sob
diferentes aspectos.
Dando sequência aos objetivos do Programa de Integração Nacional (PIN), lançado na
década de 1970 e caracterizado pela abertura de estradas e frentes de expansão, o Projeto Calha
Norte (PCN) tornou-se o mais duradouro na região: criado em 1985, passou à condição de
programa no final dos anos 1990 e foi ampliado no século XXI.
Marcado, inicialmente, pela implantação de Pelotões Especiais de Fronteira (PEF) em
áreas de interesse estratégico, majoritariamente habitadas por povos indígenas, o PCN ganhou
diferentes contornos institucionais desde sua criação, dando ênfases distintas às ações que
integram suas duas vertentes: militar e civil. Ao longo do percurso, a missão de defesa das
A diversidade cultural como paradigma ultrapassado na persistência do desenvolvimentismo na Amazônia
Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. esp. 2, e023017, 2023. e-ISSN: 1982-4718
DOI: https://doi.org/10.52780/res.v28iesp.2.18104 16
fronteiras nacionais tem sido ofuscada por outras iniciativas governamentais como o Sivam.
Por outro lado, o volume de recursos e a abrangência do programa na área civil cresceram
significativamente nos anos 2000 com o estabelecimento de convênios com municípios e
estados quando temas como meio ambiente ganharam espaço no PCN que passou a ser
apresentado como um programa social do Ministério da Defesa.
Revisitar o PCN foi fundamental para compreender as premissas de seu potencial
sucessor, o Programa Barão do Rio Branco (PBRB), anunciado pelo governo federal em 2019.
Baseado no antigo paradigma militar-desenvolvimentista que orientou o PIN e o PCN,
o PBRB advoga uma nova “postura política, econômica e ética da Nação” (BRASIL, 2019,
n.p.), que rompa com o indigenismo, o quilombolismo e o ambientalismo, identificados como
paradigmas ultrapassados. Considerando que por esses termos o governo nomeie práticas
relativas à defesa de garantias ambientais e direitos humanos reconhecidos aos povos indígenas
e quilombolas na Constituição Federal de 1988 e em uma série de instrumentos internacionais
não integralmente efetivados no Brasil, o PBRB representa vetores de mudança substancial em
uma região de ímpar biodiversidade e complexo equilíbrio ecológico, habitada por povos e
comunidades que não têm tido os direitos humanos fundamentais historicamente negados,
como já vêm lidando, nas últimas décadas, com conflitos por recursos naturais cada vez menos
disponíveis, os quais tendem a ser intensificados.
As primeiras reações de organizações da sociedade civil ao anúncio do programa
evidenciaram que sua implementação teve alto potencial de gerar e acirrar problemas sociais
ligados a pressões territoriais e ambientais que ameaçam os modos de vida dos povos e das
comunidades tradicionais da Calha Norte. Por outro lado, a desconsideração desses riscos por
autoridades governamentais que insistem na necessidade de superação do suposto atraso
associado à diversidade cultural e biológica da região, indica o foco de inovação política para
a Amazônia no PBRB como sendo a revogação de dispositivos jurídicos que pretendem
proteger essa diversidade.
Em suma, além de partilhar das ideias e estratégias que fundamentam o pendor militar-
desenvolvimentista do Estado, experimentado em diversos planos governamentais na
Amazônia desde a década de 1960, o PBRB se caracteriza pela defesa explícita de teses e
práticas assimilacionistas.
Reduzindo o direito humano à diversidade cultural a paradigmas supostamente
anacrônicos, conquanto se trate de conquistas muito recentes e não consolidadas, o PBRB e a
política que o ampara política essa que extrapola os limites de ação dos apoiadores declarados
Luciana GONÇALVES DE CARVALHO
Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. esp. 2, e023017, 2023. e-ISSN: 1982-4718
DOI: https://doi.org/10.52780/res.v28iesp.2.18104 17
do agora ex-Presidente Jair Bolsonaro ameaçam povos indígenas, comunidades quilombolas
e inúmeros grupos não hegemônicos da sociedade brasileira, os quais seguem vulnerabilizados
mesmo após mudanças na administração federal em 2023.
REFERÊNCIAS
ALBERT, B. Indian lands, enrvironmental policy and military geopolitics in the development
of the Brazilian Amazon: the case of the Yanomami. Development and change, n. 23, p. 35-
70, 1992. Disponível em: https://doi.org/10.1111/j.1467-7660.1992.tb00438.x. Acesso em: 18
set. 2023.
ARIZPE, L. Culture, diversity and heritage: major studies. London: Springer International
Publishing, 2015.
ARTICULAÇÃO DOS POVOS E ORGANIZAÇÕES INDÍGENAS DO AMAPÁ E NORTE
DO PARÁ (APOIANP). Manifestação dos povos indígenas do Amapá e norte do Pará
contra o retrocesso aos direitos dos povos originários. Macapá-AP, 17 de fevereiro de
2019. Disponível em: https://cpisp.org.br/wp-content/uploads/2019/02/NotaAPOIANP.pdf.
Acesso em: 18 set. 2023.
BALÉE, W. Cultural forests of the Amazon: a historical ecology of people and their
landscapes. Tuscaloosa: University of Alabama Press, 2013.
BARRETTO FILHO, H. T. Bolsonaro, Meio Ambiente, Povos e Terras Indígenas e de
Comunidades Tradicionais: uma visada a partir da Amazônia. Cadernos de Campo, São
Paulo, v. 29, n. 2, p.1-9, 2020. Disponível em:
https://www.revistas.usp.br/cadernosdecampo/article/view/178663. Acesso em: 19 set. 2023.
BECKER, B. K. Geopolítica da Amazônia. Estudos Avançados, São Paulo, v. 19, n. 53,
p.71-85, 2005. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/ea/a/54s4tSXRLqzF3KgB7qRTWdg/?lang=pt. Acesso em 18 set.
2023.
BRASIL. Decreto-Lei nº 1.106, de 16 de junho de 1970. Cria o Programa de Integração
Nacional, altera a legislação do imposto de renda das pessoas jurídicas na parte referente a
incentivos fiscais e dá outras providências. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, p.
4521, 17 jun. 1970.
BRASIL. Secretaria Geral do Conselho de Segurança Nacional. Desenvolvimento e
Segurança na Região ao Norte dos Rios Solimões e Amazonas: Projeto Calha Norte.
Brasília, DF, 1985.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília,
DF: Centro Gráfico, 1988.
BRASIL. Congresso Nacional, Comissão Especial Mista destinada a reavaliar o “Projeto
Calha Norte”. Relatório final. Brasília, DF: Congresso Nacional, 1996.
A diversidade cultural como paradigma ultrapassado na persistência do desenvolvimentismo na Amazônia
Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. esp. 2, e023017, 2023. e-ISSN: 1982-4718
DOI: https://doi.org/10.52780/res.v28iesp.2.18104 18
BRASIL. Secretaria Geral da Presidência da República, Secretaria Especial de Assuntos
Estratégicos. O que é o Programa Barão do Rio Branco? Brasília, DF, 24 set. 2019.
Disponível em: https://www.gov.br/secretariageral/pt-br/noticias/2019/setembro/o-que-e-o-
programa-barao-do-rio-branco. Acesso em: 16 nov. 2021.
BRASIL. Ministério da Defesa. Programa Calha Norte. Brasília, DF, 21 out. 2022.
Disponível em: https://www.gov.br/defesa/pt-br/assuntos/programas-
sociais/copy_of_programa-calha-norte/programa-calha-norte. Acesso em: 18 set. 2023.
BUCHILLET, D. Pari Cachoeira: o laboratório Tukano do projeto Calha Norte. In: Povos
Indígenas no Brasil 1987-88-89-90. Noroeste Amazônico. São Paulo: CEDI, 1991. p. 107-
115. Disponível em: https://horizon.documentation.ird.fr/exl-
doc/pleins_textes/pleins_textes_6/b_fdi_33-34/38979.pdf. Acesso em: 19 set. 2023.
CARNEIRO, C. P.; SOARES, S; LICHTENTHALER, H. K. G. Relações Brasil-Suriname:
fronteira, garimpo e imigração no século XXI. PRACS: Revista Eletrônica de
Humanidades do Curso de Ciências Sociais da UNIFAP, Macapá, v. 13, n. 2, p. 305-320,
2020. Disponível em: http://dx.doi.org/10.18468/pracs.2020v13n2.p305-320. Acesso em: 19
set. 2023.
CENTRO ECUMÊNICO DE DOCUMENTAÇÃO E INFORMAÇÃO (CEDI). Mineração
em terras indígenas na nova constituição: a campanha do jornal O Estado de S. Paulo e os
interesses das mineradoras. Tempo e Presença, [S. l.], n. 23, p. 1-11, 1987.
COELHO, M. C. N.; CUNHA, L. H.; WANDERLEY, L. J. Conflitos em áreas de mineração
na Amazônia: os casos dos quilombolas e dos moradores de beiras de lagos, dos canais
fluviais e de estradas em Oriximiná. In: ZHOURI, A.; LASCHEFSKI, K. (ed.).
Desenvolvimento e conflitos ambientais. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2010. p. 349-379.
CUNHA, M. C. da; ALMEIDA, M. W. B. Indigenous people, traditional people, and
conservation in the Amazon. Daedalus, [S. l.], n. 129, p. 315-338, 2000.
CUNHA, M. C. da; BARBOSA, S. R. Direitos dos povos indígenas em disputa. São Paulo:
Unesp, 2018.
DINIZ, E. Um diálogo de surdos: o Projeto Calha Norte. Lua Nova, São Paulo, n. 34, p. 87-
116, 1994. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/ln/a/gDQQpMSHG4j58LMsdcyB5nQ/?lang=pt. Acesso em: 19 set.
2023.
FEARNSIDE, P. H. Retrocessos sob o Presidente Bolsonaro: um desafio à sustentabilidade na
Amazônia. Sustentabilidade International Science Journal, v. 1, n. 1, p. 38-52, 2019.
GRUPO DE FRIBURGO. Declaração de Direitos Culturais. Friburgo, 7 maio 2007.
Disponível em: https://www.joinville.sc.gov.br/wp-content/uploads/2017/09/Direitos-
Culturais-Declara%C3%A7%C3%A3o-de-Friburgo.pdf. Acesso em: 24 set. 2020.
Luciana GONÇALVES DE CARVALHO
Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. esp. 2, e023017, 2023. e-ISSN: 1982-4718
DOI: https://doi.org/10.52780/res.v28iesp.2.18104 19
INSTITUTO DO HOMEM E MEIO AMBIENTE DA AMAZÔNIA (IMAZON). Calha
Norte sustentável: situação atual e perspectivas Parte 1. Belém, 2020. Disponível em:
https://imazon.org.br/calha-norte-sustentavel-situacao-atual-e-perspectivas-parte-1-2/. Acesso
em: 16 nov. 2021.
LAMARCHE, L. Le droit international des droits humains. In: BEAUDET, P.; CAOUETTE,
D.; HASLAM, P.; BENHMADE, A. (ed.). Enjeux et défis du développement international:
acteurs et champs d’action. Ottawa: PUO, 2019. p. 333-341.
LOUREIRO, V. R. Amazônia: estado, homem, natureza. Belém: Cejup, 2004.
LOURENÇÃO, H. Concepções de políticas de defesa e desenvolvimento da Amazônia de
1985 a 2006. Revista da Escola Superior de Guerra, Rio de Janeiro, v. 29, n. 59, p. 11-29,
2014. Disponível em: https://www.esg.br/publi/arquivos-revista/revista_59.pdf. Acesso em:
16 nov. 2021.
MADEIRA FILHO, W.; ALVIM, J. L. de R.; RIBEIRO, A. M. M.; COSTA, R. B. de M. L.
da; RODRIGUES, W. de O.; THIBES, C. W.; SOUZA, M. C. de. “Camelôs” da reforma
agrária: conflito de terras em Oriximiná (PA). Tópicos em Ciências Sociais. Belo Horizonte:
Poisson, 2019. v. 1, p. 6-18.
MINUSSI, A. Frontera Sur Colombiana, una región a ser ocupada. Estudios en Seguridad y
Defensa, [S. l.], n. 5, p. 22-33, 2008.
MONTEIRO, L. C. do R. O Programa Calha Norte: redefinição das políticas de segurança e
defesa nas fronteiras internacionais da Amazônia Brasileira. Revista Brasileira Estudos
Urbanos e Regionais, [S. l.], v. 13, n. 2, p. 117-133, 2017. Disponível em:
https://doi.org/10.22296/2317-1529.2011v13n2p117. Acesso em 19 set. 2023.
MONTEIRO, M. Mineração industrial na Amazônia e suas implicações para o
desenvolvimento regional. Novos Cadernos NAEA, [S. l.], v. 8, n. 1, p. 141-187, 2008.
Disponível em: http://dx.doi.org/10.5801/ncn.v8i1.50. Acesso em: 18 set. 2023.
NERY, C. E. S. A importância do Programa Calha Norte no desenvolvimento da
infraestrutura militar na Amazônia Ocidental nos últimos 20 anos. 2019. 82 f. Trabalho
de Conclusão de Curso (Curso de Política, Estratégia e Alta Administração do Exército)
Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME), Rio de Janeiro, 2019. Disponível
em: https://bdex.eb.mil.br/jspui/bitstream/123456789/5040/1/MO%200912_NERY.pdf.
Acesso em: 16 nov. 2021.
NUNES, R. M. El Ejército brasileño y su actuación en la frontera terrestre de Brasil.
Documento de Opinión IEEE, [S. l.], n. 33, p. 1-18, 2018.
OLIVEIRA, J. P. de. A segurança das fronteiras e o novo indigenismo: formas e linhagens do
Projeto Calha Norte. In: HÉBETTE, J. (org.). O cerco está se fechando: o impacto do grande
capital na Amazônia. Petrópolis, RJ: Vozes; Rio de Janeiro: FASE; Belém: NAEA, 1991.
A diversidade cultural como paradigma ultrapassado na persistência do desenvolvimentismo na Amazônia
Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. esp. 2, e023017, 2023. e-ISSN: 1982-4718
DOI: https://doi.org/10.52780/res.v28iesp.2.18104 20
ORGANZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU). Declaração Universal dos Direitos
Humanos, 1948. Disponível em: https://www.unicef.org/brazil/declaracao-universal-dos-
direitos-humanos. Acesso em: 12 dez. 2020.
ORGANZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU). Pacto Internacional dos Direitos
Econômicos, Sociais e Culturais, 1966. Disponível em:
http://www.unfpa.org.br/Arquivos/pacto_internacional.pdf. Acesso em: 12 ago. 2021.
PIVATTO-JUNIOR, D. R.; CAVEDON-NUNES, R. La Amazonía en el pensamiento militar
brasileño: concepciones y acciones estratégicas del Ejército y la Armada en la década de
1990. Íconos Revista de Ciencias Sociales, Quito, v. 24, n. 68, p. 95-113, 2020. Disponível
em: https://doi.org/10.17141/iconos.68.2020.4310. Acesso em: 19 set. 2023.
PLANO de desenvolvimento da Amazônia. The Intercept Brasil, [S. l.], 12 set. 2019.
Disponível em: https://theintercept.com/document/2019/09/12/plano-de-desenvolvimento-da-
amazonia/. Acesso em: 16 nov. 2021.
RODRIGUES, G. M.; MACIEL, T. M. Pacificação à brasileira? O paradigma de Caxias, a
Minustah e o governo de Jair Bolsonaro. Rev. Bras. Est. Def., [S. l.], v. 6, n. 2, p. 13-36,
2019. Disponível em: https://doi.org/10.26792/rbed.v6n2.2019.75145. Acesso em: 19 set.
2023.
RODRIGUES, M. G. M. Indigenous Rights in Democratic Brazil. Human Rights Quarterly,
[S. l.], n. 24, p.487-512, 2002.
SANTA ROSA, M. M. A problemática amazônica. Blog do Exército, Brasília, 20 ago. 2020.
Disponível em: http://eblog.eb.mil.br/index.php/menu-easyblog/a-problematica-
amazonica.html. Acesso em: 12 ago. 2021.
SANTILLI, J. Socioambientalismo e novos direitos: proteção jurídica à diversidade
biológica e cultural. São Paulo: Peirópolis, 2005.
SANTOS, A. J. V. Os primeiros meses da agenda socioambiental de Jair Bolsonaro e o que
esta nos diz sobre nossa ontologia. Rev. Sociologias Plurais, [S. l.], v. 5, n. 2, p. 226-244,
2019. Disponível em: https://doi.org/10.26792/rbed.v6n2.2019.75145. Acesso em: 19 set.
2023.
SHIRAISHI NETO, J. (org.). Direito dos povos e das comunidades tradicionais no Brasil:
declarações, convenções internacionais e dispositivos jurídicos definidores de uma política
nacional. Manaus: UEA, 2007.
SOARES, S. A. Volvieron los militares al poder o siempre estuvieron ahí. Nueva Sociedad,
[S. l.], n. 278, p. 48-58, 2018.
SOUZA FILHO, C. F. M. Bens culturais e proteção jurídica. Porto Alegre: Unidade
Editorial da Prefeitura, 1997.
STEILMAN, R.; MONTEIRO, L. C. do R. Viejos hábitos nunca mueren: el dilema entre
seguridad y desarrollo en las políticas públicas de frontera. In: HERNÁNDEZ, A. (org.).
Luciana GONÇALVES DE CARVALHO
Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. esp. 2, e023017, 2023. e-ISSN: 1982-4718
DOI: https://doi.org/10.52780/res.v28iesp.2.18104 21
Puentes que unen y muros que separan: fronterización, securitización y processos de
cambio en las fronteras de Mexico y Brasil. Tijuana: El Colegio de la Frontera Norte; Brasil:
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, 2020.
TOMEI, S. A. Metapolítica: a ideologia na política externa do governo Bolsonaro no ano de
2019. R. Îandé Ciências e Humanidades, São Bernardo do Campo, v. 5, n. 1, p. 102-118,
2021. Disponível em: https://periodicos.ufabc.edu.br/index.php/iande/article/view/207.
Acesso em: 19 set. 2023.
UNESCO. Convenção para a Proteção do Patrimônio Mundial, Cultural e Natural. [S. l.:
s. n.], 1972. Disponível em: https://whc.unesco.org/archive/convention-pt.pdf. Acesso em: 12
ago. 2021.
UNESCO. Declaração Universal sobre a Diversidade Cultural. [S. l.: s. n.], 2001.
Disponível em:
http://www.unesco.org/new/fileadmin/MULTIMEDIA/HQ/CLT/diversity/pdf/declaration_cul
tural_diversity_pt.pdf. Acesso em: 12 ago. 2021.
UNESCO. Convenção para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial. [S. l.: s. n.],
2003. Disponível em:
http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/ConvencaoSalvaguarda.pdf. Acesso em:
12 ago. 2021.
VERDUM, R. A contra-estratégia conservadora e neoliberal sobre os direitos dos Povos
Indígenas e Comunidades Tradicionais no Brasil. In: VERDUM, R.; LIMA, D.; AMORIM,
F.; BURGER, L.; RODRIGUES, P.; SILVA, V. A. e. (org.). Genocídios silenciados. Informe
27. Copenhague; São Paulo: IWGIA; GAPK, 2019. p. 10-37. Disponível em:
https://acervo.socioambiental.org/sites/default/files/documents/prov0160.pdf. Acesso em: 19
set. 2023.
VIDIGAL, C. E.; BERNAL-MEZA, R. Bolsonaro versus Rio Branco: transição hegemônica,
América do Sul e política externa. Revista de Relaciones Internacionales, Estrategia y
Seguridad, [S. l.], v. 15, n. 2, p. 11-26, 2020. Disponível em:
https://doi.org/10.18359/ries.4673. Acesso em: 19 set. 2023.
WATRIN, O.; VENTURIERI, A.; VALENTE, M. Levantamento da vegetação e do uso da
terra em áreas de remanescentes de quilombos na bacia do rio Trombetas, PA. Belém:
Embrapa-CPATU, 1998.
Processamento e editoração: Editora Ibero-Americana de Educação.
Revisão, formatação, normalização e tradução.
Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. esp. 2, e023017, 2023. e-ISSN: 1982-4718
DOI: https://doi.org/10.52780/res.v28iesp.2.18104 1
CULTURAL DIVERSITY AS AN OUTDATED PARADIGM IN THE PERSISTENCE
OF DEVELOPMENTALISM IN THE AMAZON
A DIVERSIDADE CULTURAL COMO PARADIGMA ULTRAPASSADO NA
PERSISTÊNCIA DO DESENVOLVIMENTISMO NA AMAZÔNIA
LA DIVERSIDAD CULTURAL COMO PARADIGMA OBSOLETO EN LA
PERSISTENCIA DEL DESARROLLISMO EN LA AMAZONIA
Luciana GONÇALVES DE CARVALHO1
e-mail: luciana.carvalho@ufopa.edu.br
How to reference this article:
GONÇALVES DE CARVALHO, L. Cultural diversity as an
outdated paradigm in the persistence of developmentalism in the
Amazon. Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. esp. 2,
e023017, 2023. e-ISSN: 1982-4718. DOI:
https://doi.org/10.52780/res.v28iesp.2.18104
| Submitted: 15/08/2023
| Required revisions: 19/10/2023
| Approved: 05/11/2023
| Published: 29/12/2023
Editor:
Profa. Dra. Maria Chaves Jardim
Executive Deputy Editor:
Prof. Dr. José Anderson Santos Cruz
Federal University of Western Pará (UFOPA) Santarém PA Brazil. PhD in Anthropology (ASSOCIATE
PROFESSOR III; PPGSND; PPGCS).
Cultural diversity as an outdated paradigm in the persistence of developmentalism in the Amazon
Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. esp. 2, e023017, 2023. e-ISSN: 1982-4718
DOI: https://doi.org/10.52780/res.v28iesp.2.18104 2
ABSTRACT: The aim of this article is to analyze the approach to the right to cultural diversity
in one of the largest infrastructure programs planned for the Amazon since the
redemocratization of the Brazilian political regime, the Barão do Rio Branco Program (PBRB),
which resumes and extends objectives and methods of its predecessors, notably the Calha Norte
Program, under the allegations of defense of national sovereignty and territorial integration of
Brazil. Based on bibliographical and documental research in public archives, the article
demonstrates the persistence of the restricted view of culture as an obstacle to development, as
well as the updating of old theses and assimilationist practices in the public management of the
Amazon. It also explains how cultural diversity has been equated with supposedly outdated
paradigms, which some public authorities want to overcome through revision of the legislation
instituted since the Federal Constitution of 1988.
KEYWORDS: Barão do Rio Branco Program. Amazon. State. Cultural diversity.
RESUMO: O propósito deste artigo é analisar a abordagem do direito à diversidade cultural
em um dos maiores programas de infraestrutura previstos para a Amazônia desde a
redemocratização do regime político brasileiro, o Programa Barão do Rio Branco (PBRB),
que retoma e estende objetivos e métodos de seus antecessores, destacadamente do Programa
Calha Norte, sob as alegações de defesa da soberania nacional e de integração territorial do
Brasil. A partir de pesquisa bibliográfica e documental em arquivos públicos, o artigo
demonstra a persistência da visão restrita da cultura como entrave ao desenvolvimento, bem
como a atualização de antigas teses e práticas assimilacionistas na gestão pública da
Amazônia. Explicita, ainda, como a diversidade cultural tem sido equiparada a paradigmas
supostamente ultrapassados, que certas autoridades públicas querem superar por meio da
revisão da legislação instituída a partir da Constituição Federal de 1988.
PALAVRAS-CHAVE: Programa Barão do Rio Branco. Amazônia. Estado. Diversidade
cultural.
RESUMEN: El objetivo de este artículo es analizar el enfoque del derecho a la diversidad
cultural en uno de los mayores programas de infraestructuras previstos para la Amazonia
desde la redemocratización del régimen político brasileño, el Programa Barão do Rio Branco
(PBRB), que retoma y amplía los objetivos y métodos de sus predecesores, en particular el
Programa Calha Norte, bajo los alegatos de defensa de la soberanía nacional y la integración
territorial de Brasil. A partir de investigaciones bibliográficas y documentales en archivos
públicos, el artículo demuestra la persistencia de la visión restringida de la cultura como
obstáculo al desarrollo, así como la actualización de viejas tesis y prácticas asimilacionistas
en la gestión pública de la Amazonia. También explica cómo la diversidad cultural ha sido
equiparada a paradigmas supuestamente superados, que algunas autoridades públicas quieren
superar mediante la revisión de la legislación instituida desde la Constitución Federal de 1988.
PALABRAS CLAVE: Programa Barão do Rio Branco. Amazonia. Estado. Diversidad
cultural.
Luciana GONÇALVES DE CARVALHO
Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. esp. 2, e023017, 2023. e-ISSN: 1982-4718
DOI: https://doi.org/10.52780/res.v28iesp.2.18104 3
Introduction
In January 2019, indigenous people and quilombolas from the states of Pará and Amapá
were surprised by the announcement of the Barão do Rio Branco Program (PBRB), which
proposed the extension of the BR-163 Highway (Cuiabá-Santarém) to the border with
Suriname, the construction of a bridge over the Amazon River in Óbidos-PA and the installation
of a hydroelectric power plant (HPP) on the Trombetas River in Oriximiná-PA (BRASIL,
2019). In February, the scheduling of a visit by ministers of state to the military base located in
the Tirió indigenous area, on the border between the two states, signaled the federal
government's interest in speeding up the implementation of the program. In the regional press,
it was praised as the biggest and most important initiative for the Calha Norte of the Amazon
River since the 1960s.
According to the Special Secretariat for Strategic Affairs of the Presidency of the
Republic (SAE/PR), the PBRB works would attract public and private investment to boost the
economic growth of the Calha Norte municipalities and promote their integration with the rest
of the national territory, resulting in benefits for the population. In addition, the program would
intensify the state's presence in the region, aiming to "guarantee respect for citizenship and the
environment, the preservation of our wealth for future generations and the fight against
illegality" (BRASIL, 2019, n.p., our translation). Paradoxically, the achievement of these
objectives would depend on a set of works that are potentially damaging to the environment
and to the way of life of a large part of the regional population, particularly indigenous peoples
and traditional communities.
This paradox, however, was overlooked at the event to present the program to invited
guests, which was held in Belém-PA in April 2019. On that occasion, the government team
made it clear that they hoped, with the PBRB, to overcome "the paradigms of indigenism,
quilombolism and environmentalism" (BRASIL, 2019, n.p., our translation). In their place, it
welcomed the "new paradigms of liberalism (participation of private initiative) and
conservatism (the new realist paradigms)", associated with a "new political, economic and
ethical stance of the Nation", as revealed in the slides published by The Intercept Brasil website
(PLANO, 2019).
The announcement of the PBRB prompted immediate reactions from civil society
organizations and independent media outlets, which denounced its socio-environmental risks
and the lack of dialogue between the government and the peoples of Calha Norte. The
Articulation of Indigenous Peoples and Organizations of Amapá and Northern Pará (Apoianp)
Cultural diversity as an outdated paradigm in the persistence of developmentalism in the Amazon
Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. esp. 2, e023017, 2023. e-ISSN: 1982-4718
DOI: https://doi.org/10.52780/res.v28iesp.2.18104 4
signed a technical note pointing out that, if implemented, the program would directly and
indirectly affect 27 protected areas and various indigenous peoples, quilombola and riverside
communities. Apoianp also drew attention to the similarity between the PBRB and the Calha
Norte Program (PCN), highlighting the longevity of the ideology that underpins state
interventions in the Amazon, from the dictatorship inaugurated in 1964 to recent
administrations, including those aligned with the left in the national political spectrum
(BECKER, 2005; LOUREIRO, 2004; STEILMAN; MONTEIRO, 2020).
The persistence of the thesis supported by the military governments (1964-1985),
according to which the region is anecumenous, vulnerable in its extensive border strip and
hostile to the integration and development of the nation, is notorious (NERY, 2019). Although
anachronistic and refuted in various scientific fields (BALÉE, 2013; CUNHA; ALMEIDA,
2000), this crude image of the Amazon illustrates the risk to Brazilian sovereignty supposedly
offered by an "immense green desert", as wrote General Santa Rosa (2020, p. 1), who held the
position of Special Secretary for Strategic Affairs of the Presidency when the PBRB was
announced in 2019.
The "immense green desert" referred to by Santa Rosa (2020) actually corresponds to
the largest portion of protected tropical forests on the planet. It is a vast area occupied by several
indigenous peoples and hundreds of quilombola communities, and this, in the eyes of the
government, is the dangerous environment in which to tackle the source of the region's
supposed backwardness: the legal protection of the environment and of traditional peoples and
communities, which, according to Santa Rosa (2020, p.4), has left the public management of
the Amazon "with its hands tied". Between the lines of the PBRB's rationale, therefore, the so-
called paradigms of environmentalism, indigenism and quilombolism are expressions of recent
and unfinished processes of affirming cultural diversity as a human right, in Brazil and around
the world.
At the international level, the issue emerged in the 1948 Universal Declaration of
Human Rights, which dispelled the view of culture as civilization that prevailed in the 19th
century and included it in the list of fundamental human rights, alongside the economic and
social rights that are indispensable and constitutive of social security and human dignity (ONU,
1948). The International Covenant on Economic, Social and Cultural Rights (ICESCR), of
1966, recognized the right of all peoples to freely determine themselves, their political status
and their economic, social and cultural development (ONU, 1966). In 1972, the Convention
Concerning the Protection of the World Cultural and Natural Heritage emphasized the urgency
Luciana GONÇALVES DE CARVALHO
Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. esp. 2, e023017, 2023. e-ISSN: 1982-4718
DOI: https://doi.org/10.52780/res.v28iesp.2.18104 5
of protecting cultural diversity in contexts of economic growth (UNESCO, 1972). In 2001, the
Universal Declaration on Cultural Diversity highlighted the importance of cultural pluralism in
democratic states (UNESCO, 2001). In a similar vein, the Convention for the Safeguarding of
the Intangible Cultural Heritage considered cultural diversity as a factor in sustainable
development (UNESCO, 2003). Finally, in 2007, the Declaration of Cultural Rights reaffirmed
cultural diversity as part of the indivisible and interdependent set of human rights (GRUPO DE
FRIBURGO, 2007).
At the national level, the right to cultural diversity was introduced by the 1988 Federal
Constitution, which gave the state the duty to protect it and promote the appreciation of the
contributions of indigenous peoples, Africans and other groups that form Brazilian society
(BRASIL, 1988). The Constitution also guaranteed specific territorial rights for indigenous
peoples and the communities remaining from quilombos, assuming that the continuity of their
cultures necessarily requires the defense of their territories and natural resources (SANTILLI,
2005; SHIRAISHI NETO, 2007; SOUZA FILHO, 1997).
Despite the fact that there is currently robust legislation based on the principle of the
inseparability of the rights to cultural diversity, territory and the environment, which is intended
to make the Federal Constitution effective, development processes in Brazil still tend to provoke
and encourage human rights violations. As is the case in other countries focused primarily on
economic growth, development projects in Brazil and the Amazon, in particular, nurture
impoverishing visions of cultural diversity and culture itself as an element of human
development, deepening social inequalities (ARIZPE, 2015; LAMARCHE, 2019).
By minimizing the importance of cultural diversity, implicitly reducing the rights
associated with it to supposedly outdated paradigms, the PBRB follows the path of development
projects which, in addition to some polarized economic growth, have left the Amazon with
invaluable environmental problems, social problems, interethnic clashes and agrarian conflicts
(LOUREIRO, 2004). Without pretending to explore the long history of unsuccessful
development planning in the region, this article follows the suggestive comparison with the
PCN, made by Apoianp (2019), with the aim of understanding the approach to cultural diversity
in the new plans for Calha Norte do Pará.
Based on bibliographical and documentary research in public archives and an
examination of materials relating to the PBRB, the article demonstrates the persistence of a
narrow view of culture as an obstacle to development, as well as the updating of old
assimilationist theses and practices in public management in the Amazon. More than that, it
Cultural diversity as an outdated paradigm in the persistence of developmentalism in the Amazon
Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. esp. 2, e023017, 2023. e-ISSN: 1982-4718
DOI: https://doi.org/10.52780/res.v28iesp.2.18104 6
explains how cultural diversity has been equated with supposedly outdated paradigms, which
public authorities of different political persuasions want to overcome by revising the legislation
established since the 1988 Constitution.
Overview of Calha Norte in Pará
The Calha Norte do Pará delimits Brazil's international borders with Guyana and
Suriname, and the borders with the states of Amazonas and Amapá. It encompasses nine
municipalities in the Lower Amazon mesoregion, covering an area of approximately 270,000
km², where approximately 346,000 inhabitants live. Around 82% of this territory is part of the
Mosaic of Protected Areas of Calha Norte do Pará, which includes several Conservation Units
(CU), Indigenous Lands (TI) at different stages of recognition and Quilombola Territories (TQ).
With more than 20 million hectares, it is a portion of the Amazon with high potential for the
development of a forest-based and sustainable economy, but it has historically been targeted
for logging and mining, as well as agriculture (IMAZON, 2020).
From the 1960s onwards, Calha Norte became the focus of major infrastructure projects
and development and land-use plans implemented by the military governments (1964-1985).
Of particular note during this period was the National Integration Program (NIP), established
by Decree-Law n. 1106/1970 with the aim of implementing economic and social infrastructure
projects in the North and Northeast regions (BRASIL, 1970). With the motto "integrate so as
not to hand over" the Amazon to foreigners, the NIP conceived of national integration mainly
as the creation of physical networks, which translated into the so-called highway system, from
which the emblematic Transamazônica (BR-230) and the BR-163 highway derive.
The induced colonization of lands deemed unproductive, mineral prospecting and
forestry, agronomic and energy surveys were other achievements of the NIP in Calha Norte,
whose supposed territorial and demographic void was to be filled by the excess of poor people
from the Northeast. However, the spaces considered empty were occupied by various
indigenous peoples and presented significant fragility and ecological complexity.
In 1985, during the re-democratization phase of the Brazilian political regime, the region
in question was covered by the Calha Norte Project (PCN), which was created with the aim of
combining regional development with the militaristic doctrine of national sovereignty,
providing a greater state presence in this part of the Amazon (BRASIL, 1985; DINIZ, 1994).
In practice, however, army platoons set up in the middle of the forest became the main
Luciana GONÇALVES DE CARVALHO
Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. esp. 2, e023017, 2023. e-ISSN: 1982-4718
DOI: https://doi.org/10.52780/res.v28iesp.2.18104 7
expression of the PCN and regional development was reduced to infrastructure and land-use
planning projects, following on from what the NIP had started.
The legacy of the Calha Norte Project
Conceived under the military administration, but effectively formulated under the
presidency of José Sarney in 1985, the PCN was based on a study carried out by an
Interministerial Working Group entitled Development and Security in the Region North of the
Solimões and Amazonas Rivers. Its stated aim was to protect the northern border strip, connect
Calha Norte to the national territory by means of roads, expand infrastructure and promote
regional development with a view to improving the living conditions of the population
(BRASIL, 1985).
Although it was designated as such, it was not really a project or plan with a systematic
structure, but rather "a coherent set of guidelines and goals with which all government
initiatives aimed at that region should be made compatible" (OLIVEIRA, 1991, p. 325, our
translation). Without a unit directly responsible for its execution, the PCN encompassed a series
of "special projects" focused on different issues: bilateral relations with border countries,
indigenous policy, expansion of road infrastructure and recovery of border markers, among
others (LOURENÇÃO, 2014). There was also acute concern about the activities of illegal
miners, drug traffickers and guerrillas on the borders, who were seen as potential influencers of
communist uprisings (PIVATTO-JUNIOR; CAVEDON-NUNES, 2020).
In order to increase the state's presence in the region, the PCN was structured along two
lines: military and civilian. The first was aimed at neutralizing supposed political threats and
defending the integrity of national territory, especially on the border with Venezuela, where
there were supposedly plans to create a Yanomami state (BRASIL, 1985). The second focused
on the installation of infrastructure and basic services. In these areas, the PCN proposed
integrating the efforts and resources of the civil and military ministries to act in three
environments - the border strip, the interior core and the riverside areas - in the states of
Roraima, Amapá, Amazonas and Pará, corresponding to 14% of the national territory. In
addition to the "special projects", measures such as:
[...] implementation and expansion of basic social activities - health,
education, water supply, rural electrification, food supply and consumer
goods, popular housing, community development and leisure - as well as the
internalization of economic development hubs, particularly through a process
Cultural diversity as an outdated paradigm in the persistence of developmentalism in the Amazon
Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. esp. 2, e023017, 2023. e-ISSN: 1982-4718
DOI: https://doi.org/10.52780/res.v28iesp.2.18104 8
of colonization with targeted settlement of families (BRASIL, 1985, p.16-17,
our translation).
In practice, the PCN focused on the installation of Special Border Platoons (PEF) in
places considered strategic for national defense, largely inhabited by indigenous peoples, and
on land-use planning actions (LOURENÇÃO, 2014; MONTEIRO, 2017). The project also
sought to redefine indigenous policy in order to combat supposed threats to the integrity of
Brazilian territory, subjecting various indigenous communities to geopolitical control under the
justification of integrating them into national society and providing them with better living
conditions (ALBERT, 1992; BUCHILLET, 1991; OLIVEIRA, 1991).
The study that underpinned the PCN assumed that the "indigenous problem" required
maximum attention, as it had been exploited "to the detriment of the country's good image"
(BRASIL, 1985, p.4, our translation). It therefore proposed: i) strengthening indigenous posts
in border areas; ii) channeling resources to carry out studies aimed at "delimiting indigenous
areas, according to the priorities defined by the Federal Government" (BRASIL, 1985, p. 24,
our translation); and iii) supporting "Community Development Projects and Incentives for
Handicrafts, as a way of directly benefiting indigenous populations in the fields of agriculture,
extractivism, fishing and the recovery of cultures (handicrafts)" (BRASIL, 1985, p. 24, our
translation).
Despite establishing as a premise the recognition and appreciation of the "characteristics
and peculiarities of Amazonian society and culture, as elements arising from ecological,
anthropological and historical conditions" (BRASIL, 1985, p. 32), the PCN not only failed to
meet the needs of the highly diverse regional population, but also reinforced inequalities that
already affected indigenous peoples, riverine communities, rural black communities,
extractivists, settlers, squatters and other politically minority groups. It also intensified pre-
existing conflicts between indigenous people, prospectors and mining companies that were
operating illegally in indigenous territories.
In the Upper Rio Negro (northwestern Amazon), the reinforced presence of the Armed
Forces was perceived as an invasion by indigenous families. In the District of Pari-Cachoeira-
AM - Indigenous Land of the Upper Rio Negro, a large part of the ancestral territory was
expropriated in exchange for the provision of government assistance for socio-economic,
education and health projects, carried out in the first two years of the PCN and discontinued
afterwards. In the Yanomami area, military power did not keep illegal miners away; on the
contrary, it intensified conflicts between them and indigenous people (BUCHILLET, 1991).
Luciana GONÇALVES DE CARVALHO
Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. esp. 2, e023017, 2023. e-ISSN: 1982-4718
DOI: https://doi.org/10.52780/res.v28iesp.2.18104 9
There were so many problems that the Indigenous Missionary Council (CIMI) accused the
project of risking the extermination of native peoples (CEDI, 1987). For Buchillet (1991), in
fact, the PCN's objective in relation to these peoples, concealed in the promise of providing
social services and respect for their cultural specificities, was to forcibly integrate them into
national society by means of an unprecedented territorial expropriation.
The PCN went through several phases and institutional shelters until it was absorbed by
the Ministry of Defense and reconfigured at the end of the 1990s. Passing through governments
of various political affiliations, it entered the 21st century without ever becoming an effective
national priority but found new impetus in the 2000s with the expansion of its territorial and
financial base. In 2003, under Luís Inácio Lula da Silva, the program covered 25.60% of the
national territory, including six states. Its volume of resources also increased considerably, as
did the number of agreements signed with municipal entities within its scope (MONTEIRO,
2017).
In 2020, the PCN completed 35 years of operation, involving 442 municipalities spread
across ten states. According to the Ministry of Defense (BRASIL, 2022), it covers 5,986,784
km², an area equivalent to 70.30% of the national territory and 99% of the extension of
indigenous lands in Brazil, where 7.53% of the total population and 85% of the country's
indigenous population live. However, just as when it was created, it remains little known by
Brazilian society, including in its region of coverage.
Although it has acquired a well-defined institutional place in the federal administration
in recent decades, the program has undergone so many restructurings throughout its history,
oscillating between political-military and developmentalist purposes, that it is confused with
other government programs, for example, with the Amazon Surveillance System (Sivam),
which began in 2002 as part of the Amazon Protection System (Sipam)
. In a brief
retrospective, Lourenção (2014) reports that:
[...] seeking to remove the stigma of a military project, the PCN, in a process
of conceptual renewal, began to focus on the fight against drug trafficking,
with the establishment of Federal Police posts, and on increasing assistance
and protection for indigenous communities, contributing to the demarcation
of their lands. When, in June 1994, the Secretariat for Strategic Affairs of the
Presidency of the Republic (SAE/PR) finally took over all the tasks related to
the Project, there was an emphasis on issues concerning ecology and cultural
Sivam has integrated infrastructure and technology for obtaining and processing sensitive data in strategic sectors
such as telecommunications and environmental and meteorological monitoring, for example, applicable to a set of
defense and development policies for the Amazon.
Cultural diversity as an outdated paradigm in the persistence of developmentalism in the Amazon
Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. esp. 2, e023017, 2023. e-ISSN: 1982-4718
DOI: https://doi.org/10.52780/res.v28iesp.2.18104 10
values, which were secondary in the original formulation of Calha Norte
(LOURENÇÃO, 2014, p. 21, our translation).
When consulting the PCN in 2023 on the Ministry of Defense's website, it was updated
in October 2022 and presented as a social program of the Ministry of Defense, whose mission
would be to maintain national sovereignty and territorial integrity, as well as to promote orderly
and sustainable development. The program's strategic objectives included: "increasing the
presence of Public Power; improving infrastructure in the areas of defense, education, sports,
public safety, health, social assistance, transport and economic development" (BRASIL, 2022,
n.p., our translation). However, despite the profusion of social objectives, the military-
developmentalist paradigm remains the backbone of the PCN (MINUSSI, 2008).
The Barão do Rio Branco Program
The Barão do Rio Branco Program (PBRB) was presented in 2019 as a vector of change
for Calha Norte do Pará, comprising a set of projects aimed at expanding the infrastructure
needed to explore and transport the region's natural resources. According to General Santa Rosa
(2020), its stated objective is to promote economic development and defend national borders
from threats supposedly posed by guerrillas and revolutionary movements from South
American neighbors, as well as by the greed of wealthier countries in the North and Asia:
The strategic context is worrying. Environmentalist and indigenist pressures
of all kinds are invalidating government policies. There is a permanent
psychological campaign against Brazil, synchronizing external and internal
media operations. In the surrounding area, political instability and
transnational crime are proliferating. In Bolivia, the drug market is expanding.
Venezuela is in the process of fragmenting its internal order. Peru, Suriname
and Guyana are facing the problem of Chinese expansion
(SANTA ROSA,
2020, p.2-3, our translation).
This type of argument justifying the need for a state intervention of the size of the PBRB
in an area of sensitive ecological balance like Calha Norte is based on three pillars of the
geopolitical doctrine that has prevailed in the Amazon since the 1960s. The first pillar, relating
to the occupation and control of the territory through the expansion of infrastructure, is
connected to the second, which is based on the highway system as a strategy for integrating the
Amazon with the rest of the country. Both, in turn, are closely linked to the third, which
China is one of Suriname's most important trading partners, accounting for 10% of its imports, and the Chinese
are the third largest immigrant group in the country (CARNEIRO; SOARES; LICHTENTHALER, 2020).
Luciana GONÇALVES DE CARVALHO
Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. esp. 2, e023017, 2023. e-ISSN: 1982-4718
DOI: https://doi.org/10.52780/res.v28iesp.2.18104 11
advocates national sovereignty in the exploitation of the region's resources. In short, although
presented as a strategy for change, the PBRB is based on premises that have been widely
explored in recent Brazilian history.
In practice, apart from the potential negative impacts on the environment and the native
peoples who are currently recognized as subjects of rights in the Brazilian legal system, there
is little new in this government program which bears the title of the diplomat José Maria da
Silva Paranhos Júnior (1845-1912), the Baron of Rio Branco, renowned for his work in
consolidating national borders through bilateral negotiations between the 19th and 20th
centuries (NUNES, 2018; VIDIGAL; BERNAL-MEZA, 2020). In fact, the PBRB is structured
around three major infrastructure projects, two of which are well known to the population of
Calha Norte, namely:
(1) The extension of the BR-163 highway, allowing it to be integrated with the
Perimetral Norte (BR-210), in order to connect the states of Pará, Amapá and
Roraima by land, up to the border with Suriname, the area covered by the Special
Border Platoon (PEF) in Tiriós.
(2) The installation of the Cachoeira Porteira hydroelectric plant, on the upper
course of the Trombetas river, in order to achieve energy security in the region,
reduce costs with the supply of thermoelectric plants and make aluminum
industrialization viable in Oriximiná-PA.
Both projects were conceived in the 1970s under the NIP. The opening of the BR-163
highway began in 1971 and was halted five years later, at the height of the quilombola
community of Cachoeira Porteira, named after the first waterfall found upstream of the
Trombetas River. In Oriximiná-PA, the highway became known as the BEC Road because it
was opened by the 8th Engineering and Construction Battalion (BEC). Contractor Andrade
Gutierrez, which set up shop in the town in 1973, even carried out landfill and earthworks on
the road, but all that remained of it was a 3km stretch of road that runs from the riverbank to
the access branch to an old airstrip. With materials left over from the company's facilities,
houses and buildings for collective use were erected and/or refurbished, and are currently
distributed along the road, delimiting a kind of community village.
After work on the road was suspended, Andrade Gutierrez turned its attention to the
Cachoeira Porteira HPP construction site. Although interrupted at the end of the 1980s, the HPP
project had negative impacts on the indigenous and quilombola communities of Alto Trombetas
(Oriximiná-PA): deforestation, deep excavation of the soil, socio-spatial segregation and
Cultural diversity as an outdated paradigm in the persistence of developmentalism in the Amazon
Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. esp. 2, e023017, 2023. e-ISSN: 1982-4718
DOI: https://doi.org/10.52780/res.v28iesp.2.18104 12
discrimination by the whites, who had a supermarket, school, hospital, good wooden houses,
police station and other facilities, unlike the "people of the beiradão" (as the blacks were
pejoratively called).
Since then, plans to build the plant have been cyclically revived by the Brazilian
government: in the 1990s and, more recently, in 2014, as part of a hydroelectric inventory of
the Trombetas river basin, also covering the lower reaches of its Mapuera and Cachorro
tributaries. The inventory was carried out by the Energy Research Company (EPE), linked to
the Ministry of Mines and Energy, and frightened the indigenous peoples who live above
Cachoeira Porteira, as well as dozens of quilombola communities situated below it.
Although unfinished, the two projects are historically and strategically linked to each
other and to the 1976 installation of the Rio do Norte Mining Company (MRN) on the
Trombetas River. Bauxite mining has caused large-scale deforestation, the disappearance of
wildlife, water pollution and a shortage of natural resources, as well as a series of social
problems that threaten the livelihoods of local communities (MONTEIRO, 2008). In the last
decade, MRN has dedicated itself to projects to expand the area mined, which should allow it
to continue operating in Trombetas for at least the next forty years. In this scenario, increasing
energy capacity in the region is fundamental to maximizing mineral exploration.
It is well known that the complex of projects planned for Calha Norte, partially installed
to date, has caused cumulative socio-environmental impacts and intensified agrarian conflicts
since the last decades of the 20th century (COELHO; CUNHA; WANDERLEY, 2010;
MADEIRA FILHO et. al., 2019; WATRIN; VENTURIERI; VALENTE, 1998). In light of this,
the indigenous and quilombola communities of Calha Norte reject the PBRB, while the Federal
Government (2019-2022) has repeated the postulates adopted in the NIP and PCN and the
nationalist discourse of exalting homeland values and the liberal economic perspective. This
combination is at the root of the previously announced paradigms of conservatism and
liberalism (understood as openness to the participation of private initiative).
Behind the patriotic tone of the Amazon defense discourse, the PBRB is strictly focused
on opening mining and agro-industry fronts in Calha Norte, encouraging the entry of foreign
private and mixed capital companies into the region (VERDUM, 2019). It also focuses on the
interests of multinational mining companies that already operate in Oriximiná-PA, Faro-PA,
Terra Santa-PA and surrounding areas, and intend to intensify their presence there.
This is how, in the PBRB, the objectives of "building the hydroelectric complex on the
Trombetas River, in order to provide energy for the mid-Amazon, enable the exploitation of
Luciana GONÇALVES DE CARVALHO
Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. esp. 2, e023017, 2023. e-ISSN: 1982-4718
DOI: https://doi.org/10.52780/res.v28iesp.2.18104 13
aluminum and expand the strategic hub of Oriximiná" and of "transforming the sites of federal
hydroelectric projects in the region into hubs of economic and social development" (SANTA
ROSA, 2020, p. 4, our translation) come together perfectly. To justify its proposals, the PBRB
assumes that in Calha Norte "the territory has remained deserted [...], a great demographic void,
increasing the geopolitical risk of the region" (SANTA ROSA, 2020, p. 3, our translation).
The supposed risk comes from poor neighbors in South America, subject to political
uprisings, guerrillas and drug trafficking, and from rich countries and multilateral organizations
interested in the internationalization of the Amazon. It also comes from Amazonian societies
themselves under the influence of the so-called paradigms of indigenism, quilombolism and
environmentalism - ironic expressions of the rights to self-determination of peoples, territory
and the environment, provided for in the Brazilian legal system.
Against these paradigms, the PBRB has set out to act through political and legislative
moves at national and international level. These attacks include the supposed pacification of
interests in the domestic sphere, under penalty of the forced erasure of differences and the
destruction of the Amazon's socio-biodiversity, as well as the realignment of Brazilian foreign
policy by abandoning consolidated progressive stances in favor of conservatism on issues
relating to human rights, migration and the environment, among others (RODRIGUES;
MACIEL, 2019). To this end, the government of Jair Bolsonaro (2019-2022) claimed that it
was necessary to
[...] vitalize the diplomatic and intelligence presence close to the decision-
making centers of the international indigenist-environmentalist movement,
anticipating measures and neutralizing its media campaigns. At the same time,
to "break the national arm" of this same movement, through strict control over
the international NGOs operating in Brazil and their national subsidiaries.
This strategy involves stopping the transfer of public funds to indigenous and
environmental NGOs (SANTA ROSA, 2020, p. 4, our translation).
Bolsonaro's government plan did not hesitate to call for legal changes. While Santa Rosa
(2020, p. 4, our translation) lamented that "the public management of our Amazon works with
its hands tied by restrictive legislation, produced without a strategic filter since 1988", political
authorities were quick to promote the deregulation of environmental protection and the revision
of rights acquired by indigenous people and quilombolas from the Federal Constitution
promulgated that year, but still incomplete (BARRETTO FILHO, 2020; CUNHA; BARBOSA,
2018; FEARNSIDE, 2019; SANTOS, 2019; VERDUM, 2019).
As Rodrigues (2002) shows, Brazil's return to democratic rule, which began in the
1980s, has not been able to curb the assimilationist theses and practices applied to indigenous
Cultural diversity as an outdated paradigm in the persistence of developmentalism in the Amazon
Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. esp. 2, e023017, 2023. e-ISSN: 1982-4718
DOI: https://doi.org/10.52780/res.v28iesp.2.18104 14
and other ethnic groups, which in practice deprive them of the right to decide on their own
development models. The emphasis of the development projects implemented in the Amazon
has been the supposed inclusion of its peoples in national society through the dilution of ethnic-
cultural differences in economic, social and cultural integration projects.
In line with two of Jair Bolsonaro's main campaign promises for the presidency of the
Republic in 2018, the government's actions relentlessly attacked legislation protecting
indigenous people, quilombolas and other traditional communities in the face of measures and
projects that affected them. As Verdum (2019, p. 20, our translation) pointed out, the
government encouraged them to ask why "they should remain 'on the margins' of the
transformations of contemporary capitalism". In addition, the legislative proposals of their
supporters sought to include them as partners or entrepreneurs in hydroelectric, mining and
agricultural projects (CARNEIRO; SOARES; LICHTENTHALER, 2020), while at the same
time preventing the demarcation of TI and TQ.
Furthermore, as far as environmental protection is concerned, changes to legislation on
environmental licensing processes, the relaxation of inspections and the review of protected
areas have been accelerated. With the support of the majority of parliamentarians and changes
in regulations adopted by federal institutions, a new legal and administrative order has been
effectively implemented in Brazil since 2019.
Called neoconservative by Tomei (2021, p. 107, our translation), because it was based
on an "alliance of conservative morals and neoliberal economics", this new order reinforced an
old military-developmentalist doctrine that had been in force in the country for a long time
(SOARES, 2018). The premise of recognizing and valuing the "characteristics and peculiarities
of Amazonian society and culture, as elements arising from ecological, anthropological and
historical conditions" (BRASIL, 1985, p. 32, our translation), which was at least stated in the
PCN, was abandoned.
The aforementioned premise was ironically linked to the supposedly outdated
paradigms of indigenism, quilombolism and environmentalism. The view of traditional peoples
and communities as a mere "mass of manoeuvres for international organizations" (BRASIL,
1996, p. 11, our translation), which the then former President of the Republic used to praise the
PCN, gained strength to such an extent that the government's defence of the revision of the
rights that had been granted to them in Brazil's recent re-democratization process became
explicit.
Luciana GONÇALVES DE CARVALHO
Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. esp. 2, e023017, 2023. e-ISSN: 1982-4718
DOI: https://doi.org/10.52780/res.v28iesp.2.18104 15
Although the PBRB was removed from the federal government's public agenda during
the administration of President Jair Bolsonaro, the ideology behind it remains vigorous, even
after his defeat in the 2022 presidential elections. He was not re-elected, but the processes set
in motion during his administration did not end with him; on the contrary, they remain strong
on the political scene, showing undeniable strength in legislative spaces and insinuating
themselves into the executive and judicial branches. There is therefore a real possibility that
this program will be reintroduced and perhaps implemented in the near future.
Final considerations
The association between the expansion of infrastructure, economic growth and the
intensification of state presence - notably through the Armed Forces - has been frequent in the
recent history of the Brazilian Amazon, with negative impacts on the environment and the
region's societies - especially the indigenous and quilombola communities. This association is
based on an image that is as anachronistic as it is vigorous, of an immense and hostile green
desert that needs to be protected, tamed, controlled and exploited for the supposed benefit of
the nation. To this end, the colonization of areas previously inhabited by indigenous peoples
and traditional communities has been encouraged at different times in history, particularly since
the military governments that ran Brazil between 1964 and 1985.
In the Calha Norte region of Pará, which comprises nine municipalities and the largest
block of legally protected areas in the world, on the border with Suriname and Guyana, a series
of government programs have focused on the binomial of development and militarization from
different angles.
Following on from the objectives of the National Integration Program (NIP), launched
in the 1970s and characterized by the opening of roads and expansion fronts, the Calha Norte
Project (PCN) became the longest-lasting in the region: created in 1985, it became a program
in the late 1990s and was expanded in the 21st century.
Initially marked by the deployment of Special Border Platoons (PEF) in areas of
strategic interest, mostly inhabited by indigenous peoples, the PCN has gained different
institutional contours since its creation, giving different emphases to the actions that integrate
its two aspects: military and civilian. Along the way, the mission of defending national borders
has been overshadowed by other government initiatives such as Sivam. On the other hand, the
volume of resources and the scope of the program in the civilian area grew significantly in the
Cultural diversity as an outdated paradigm in the persistence of developmentalism in the Amazon
Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. esp. 2, e023017, 2023. e-ISSN: 1982-4718
DOI: https://doi.org/10.52780/res.v28iesp.2.18104 16
2000s with the establishment of agreements with municipalities and states, when issues such as
the environment gained ground in the PCN, which came to be presented as a social program of
the Ministry of Defense.
Revisiting the PCN was fundamental to understanding the premises of its potential
successor, the Barão do Rio Branco Program (PBRB), announced by the federal government in
2019.
Based on the old military-developmentalist paradigm that guided the NIP and the PCN,
the PBRB advocates a new "political, economic and ethical stance of the Nation" (BRASIL,
2019, n.p.), which breaks with indigenism, quilombolism and environmentalism, identified as
outdated paradigms. Considering that by these terms the government means practices related to
defending the environmental guarantees and human rights recognized for indigenous peoples
and quilombolas in the 1988 Federal Constitution and in a series of international instruments
that have not been fully implemented in Brazil, the PBRB represents vectors for substantial
change in a region of unique biodiversity and complex ecological balance, inhabited by peoples
and communities that have not only been historically denied fundamental human rights, but
have already been dealing in recent decades with conflicts over increasingly less available
natural resources, which tend to be intensified.
The first reactions of civil society organizations to the announcement of the program
showed that its implementation had a high potential for generating and exacerbating social
problems linked to territorial and environmental pressures that threaten the ways of life of the
traditional peoples and communities of Calha Norte. On the other hand, the disregard of these
risks by government authorities who insist on the need to overcome the supposed backwardness
associated with the region's cultural and biological diversity, indicates that the focus of political
innovation for the Amazon in the PBRB is the repeal of legal provisions that are intended to
protect this diversity.
In short, in addition to sharing the ideas and strategies that underpinned the state's
military-developmentalist inclination, which had already been experienced in various
government plans in the Amazon since the 1960s, the PBRB is characterized by its explicit
defense of assimilationist theses and practices.
By reducing the human right to cultural diversity to supposedly anachronistic
paradigms, even though these are very recent and unconsolidated achievements, the PBRB and
the policy that supports it - a policy that goes beyond the limits of action of the declared
supporters of now ex-President Jair Bolsonaro - threaten indigenous peoples, quilombola
Luciana GONÇALVES DE CARVALHO
Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. esp. 2, e023017, 2023. e-ISSN: 1982-4718
DOI: https://doi.org/10.52780/res.v28iesp.2.18104 17
communities and countless non-hegemonic groups in Brazilian society, which remain
vulnerable even after changes in the federal administration in 2023.
REFERENCES
ALBERT, B. Indian lands, enrvironmental policy and military geopolitics in the development
of the Brazilian Amazon: the case of the Yanomami. Development and change, n. 23, p. 35-
70, 1992. Available: https://doi.org/10.1111/j.1467-7660.1992.tb00438.x. Access: 18 Sept.
2023.
ARIZPE, L. Culture, diversity and heritage: major studies. London: Springer International
Publishing, 2015.
ARTICULAÇÃO DOS POVOS E ORGANIZAÇÕES INDÍGENAS DO AMAPÁ E NORTE
DO PARÁ (APOIANP). Manifestação dos povos indígenas do Amapá e norte do Pará
contra o retrocesso aos direitos dos povos originários. Macapá-AP, 17 de fevereiro de
2019. Available: https://cpisp.org.br/wp-content/uploads/2019/02/NotaAPOIANP.pdf.
Access: 18 Sept. 2023.
BALÉE, W. Cultural forests of the Amazon: a historical ecology of people and their
landscapes. Tuscaloosa: University of Alabama Press, 2013.
BARRETTO FILHO, H. T. Bolsonaro, Meio Ambiente, Povos e Terras Indígenas e de
Comunidades Tradicionais: uma visada a partir da Amazônia. Cadernos de Campo, São
Paulo, v. 29, n. 2, p.1-9, 2020. Available:
https://www.revistas.usp.br/cadernosdecampo/article/view/178663. Access: 19 Sept. 2023.
BECKER, B. K. Geopolítica da Amazônia. Estudos Avançados, São Paulo, v. 19, n. 53,
p.71-85, 2005. Available:
https://www.scielo.br/j/ea/a/54s4tSXRLqzF3KgB7qRTWdg/?lang=pt. Access 18 Sept. 2023.
BRASIL. Decreto-Lei nº 1.106, de 16 de junho de 1970. Cria o Programa de Integração
Nacional, altera a legislação do imposto de renda das pessoas jurídicas na parte referente a
incentivos fiscais e dá outras providências. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, p.
4521, 17 jun. 1970.
BRASIL. Secretaria Geral do Conselho de Segurança Nacional. Desenvolvimento e
Segurança na Região ao Norte dos Rios Solimões e Amazonas: Projeto Calha Norte.
Brasília, DF, 1985.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília,
DF: Centro Gráfico, 1988.
BRASIL. Congresso Nacional, Comissão Especial Mista destinada a reavaliar o “Projeto
Calha Norte”. Relatório final. Brasília, DF: Congresso Nacional, 1996.
Cultural diversity as an outdated paradigm in the persistence of developmentalism in the Amazon
Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. esp. 2, e023017, 2023. e-ISSN: 1982-4718
DOI: https://doi.org/10.52780/res.v28iesp.2.18104 18
BRASIL. Secretaria Geral da Presidência da República, Secretaria Especial de Assuntos
Estratégicos. O que é o Programa Barão do Rio Branco? Brasília, DF, 24 Sept. 2019.
Available: https://www.gov.br/secretariageral/pt-br/noticias/2019/setembro/o-que-e-o-
programa-barao-do-rio-branco. Access: 16 Nov. 2021.
BRASIL. Ministério da Defesa. Programa Calha Norte. Brasília, DF, 21 out. 2022.
Available: https://www.gov.br/defesa/pt-br/assuntos/programas-sociais/copy_of_programa-
calha-norte/programa-calha-norte. Access: 18 Sept. 2023.
BUCHILLET, D. Pari Cachoeira: o laboratório Tukano do projeto Calha Norte. In: Povos
Indígenas no Brasil 1987-88-89-90. Noroeste Amazônico. São Paulo: CEDI, 1991. p. 107-
115. Available: https://horizon.documentation.ird.fr/exl-
doc/pleins_textes/pleins_textes_6/b_fdi_33-34/38979.pdf. Access: 19 Sept. 2023.
CARNEIRO, C. P.; SOARES, S; LICHTENTHALER, H. K. G. Relações Brasil-Suriname:
fronteira, garimpo e imigração no século XXI. PRACS: Revista Eletrônica de
Humanidades do Curso de Ciências Sociais da UNIFAP, Macapá, v. 13, n. 2, p. 305-320,
2020. Available: http://dx.doi.org/10.18468/pracs.2020v13n2.p305-320. Access: 19 Sept.
2023.
CENTRO ECUMÊNICO DE DOCUMENTAÇÃO E INFORMAÇÃO (CEDI). Mineração
em terras indígenas na nova constituição: a campanha do jornal O Estado de S. Paulo e os
interesses das mineradoras. Tempo e Presença, [S. l.], n. 23, p. 1-11, 1987.
COELHO, M. C. N.; CUNHA, L. H.; WANDERLEY, L. J. Conflitos em áreas de mineração
na Amazônia: os casos dos quilombolas e dos moradores de beiras de lagos, dos canais
fluviais e de estradas em Oriximiná. In: ZHOURI, A.; LASCHEFSKI, K. (ed.).
Desenvolvimento e conflitos ambientais. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2010. p. 349-379.
CUNHA, M. C. da; ALMEIDA, M. W. B. Indigenous people, traditional people, and
conservation in the Amazon. Daedalus, [S. l.], n. 129, p. 315-338, 2000.
CUNHA, M. C. da; BARBOSA, S. R. Direitos dos povos indígenas em disputa. São Paulo:
Unesp, 2018.
DINIZ, E. Um diálogo de surdos: o Projeto Calha Norte. Lua Nova, São Paulo, n. 34, p. 87-
116, 1994. Available: https://www.scielo.br/j/ln/a/gDQQpMSHG4j58LMsdcyB5nQ/?lang=pt.
Access: 19 Sept. 2023.
FEARNSIDE, P. H. Retrocessos sob o Presidente Bolsonaro: um desafio à sustentabilidade na
Amazônia. Sustentabilidade International Science Journal, v. 1, n. 1, p. 38-52, 2019.
GRUPO DE FRIBURGO. Declaração de Direitos Culturais. Friburgo, 7 maio 2007.
Available: https://www.joinville.sc.gov.br/wp-content/uploads/2017/09/Direitos-Culturais-
Declara%C3%A7%C3%A3o-de-Friburgo.pdf. Access: 24 Sept. 2020.
INSTITUTO DO HOMEM E MEIO AMBIENTE DA AMAZÔNIA (IMAZON). Calha
Norte sustentável: situação atual e perspectivas Parte 1. Belém, 2020. Available:
Luciana GONÇALVES DE CARVALHO
Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. esp. 2, e023017, 2023. e-ISSN: 1982-4718
DOI: https://doi.org/10.52780/res.v28iesp.2.18104 19
https://imazon.org.br/calha-norte-sustentavel-situacao-atual-e-perspectivas-parte-1-2/. Access:
16 Nov. 2021.
LAMARCHE, L. Le droit international des droits humains. In: BEAUDET, P.; CAOUETTE,
D.; HASLAM, P.; BENHMADE, A. (ed.). Enjeux et défis du développement international:
acteurs et champs d’action. Ottawa: PUO, 2019. p. 333-341.
LOUREIRO, V. R. Amazônia: estado, homem, natureza. Belém: Cejup, 2004.
LOURENÇÃO, H. Concepções de políticas de defesa e desenvolvimento da Amazônia de
1985 a 2006. Revista da Escola Superior de Guerra, Rio de Janeiro, v. 29, n. 59, p. 11-29,
2014. Available: https://www.esg.br/publi/arquivos-revista/revista_59.pdf. Access: 16 Nov.
2021.
MADEIRA FILHO, W.; ALVIM, J. L. de R.; RIBEIRO, A. M. M.; COSTA, R. B. de M. L.
da; RODRIGUES, W. de O.; THIBES, C. W.; SOUZA, M. C. de. “Camelôs” da reforma
agrária: conflito de terras em Oriximiná (PA). Tópicos em Ciências Sociais. Belo Horizonte:
Poisson, 2019. v. 1, p. 6-18.
MINUSSI, A. Frontera Sur Colombiana, una región a ser ocupada. Estudios en Seguridad y
Defensa, [S. l.], n. 5, p. 22-33, 2008.
MONTEIRO, L. C. do R. O Programa Calha Norte: redefinição das políticas de segurança e
defesa nas fronteiras internacionais da Amazônia Brasileira. Revista Brasileira Estudos
Urbanos e Regionais, [S. l.], v. 13, n. 2, p. 117-133, 2017. Available:
https://doi.org/10.22296/2317-1529.2011v13n2p117. Access 19 Sept. 2023.
MONTEIRO, M. Mineração industrial na Amazônia e suas implicações para o
desenvolvimento regional. Novos Cadernos NAEA, [S. l.], v. 8, n. 1, p. 141-187, 2008.
Available: http://dx.doi.org/10.5801/ncn.v8i1.50. Access: 18 Sept. 2023.
NERY, C. E. S. A importância do Programa Calha Norte no desenvolvimento da
infraestrutura militar na Amazônia Ocidental nos últimos 20 anos. 2019. 82 f. Trabalho
de Conclusão de Curso (Curso de Política, Estratégia e Alta Administração do Exército)
Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME), Rio de Janeiro, 2019. Available:
https://bdex.eb.mil.br/jspui/bitstream/123456789/5040/1/MO%200912_NERY.pdf. Access:
16 Nov. 2021.
NUNES, R. M. El Ejército brasileño y su actuación en la frontera terrestre de Brasil.
Documento de Opinión IEEE, [S. l.], n. 33, p. 1-18, 2018.
OLIVEIRA, J. P. de. A segurança das fronteiras e o novo indigenismo: formas e linhagens do
Projeto Calha Norte. In: HÉBETTE, J. (org.). O cerco está se fechando: o impacto do grande
capital na Amazônia. Petrópolis, RJ: Vozes; Rio de Janeiro: FASE; Belém: NAEA, 1991.
ORGANZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU). Declaração Universal dos Direitos
Humanos, 1948. Available: https://www.unicef.org/brazil/declaracao-universal-dos-direitos-
humanos. Access: 12 Dec. 2020.
Cultural diversity as an outdated paradigm in the persistence of developmentalism in the Amazon
Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. esp. 2, e023017, 2023. e-ISSN: 1982-4718
DOI: https://doi.org/10.52780/res.v28iesp.2.18104 20
ORGANZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU). Pacto Internacional dos Direitos
Econômicos, Sociais e Culturais, 1966. Available:
http://www.unfpa.org.br/Arquivos/pacto_internacional.pdf. Access: 12 Aug. 2021.
PIVATTO-JUNIOR, D. R.; CAVEDON-NUNES, R. La Amazonía en el pensamiento militar
brasileño: concepciones y acciones estratégicas del Ejército y la Armada en la década de
1990. Íconos Revista de Ciencias Sociales, Quito, v. 24, n. 68, p. 95-113, 2020. Available:
https://doi.org/10.17141/iconos.68.2020.4310. Access: 19 Sept. 2023.
PLANO de desenvolvimento da Amazônia. The Intercept Brasil, [S. l.], 12 Sept. 2019.
Available: https://theintercept.com/document/2019/09/12/plano-de-desenvolvimento-da-
amazonia/. Access: 16 Nov. 2021.
RODRIGUES, G. M.; MACIEL, T. M. Pacificação à brasileira? O paradigma de Caxias, a
Minustah e o governo de Jair Bolsonaro. Rev. Bras. Est. Def., [S. l.], v. 6, n. 2, p. 13-36,
2019. Available: https://doi.org/10.26792/rbed.v6n2.2019.75145. Access: 19 Sept. 2023.
RODRIGUES, M. G. M. Indigenous Rights in Democratic Brazil. Human Rights Quarterly,
[S. l.], n. 24, p.487-512, 2002.
SANTA ROSA, M. M. A problemática amazônica. Blog do Exército, Brasília, 20 Aug. 2020.
Available: http://eblog.eb.mil.br/index.php/menu-easyblog/a-problematica-amazonica.html.
Access: 12 Aug. 2021.
SANTILLI, J. Socioambientalismo e novos direitos: proteção jurídica à diversidade
biológica e cultural. São Paulo: Peirópolis, 2005.
SANTOS, A. J. V. Os primeiros meses da agenda socioambiental de Jair Bolsonaro e o que
esta nos diz sobre nossa ontologia. Rev. Sociologias Plurais, [S. l.], v. 5, n. 2, p. 226-244,
2019. Available: https://doi.org/10.26792/rbed.v6n2.2019.75145. Access: 19 Sept. 2023.
SHIRAISHI NETO, J. (org.). Direito dos povos e das comunidades tradicionais no Brasil:
declarações, convenções internacionais e dispositivos jurídicos definidores de uma política
nacional. Manaus: UEA, 2007.
SOARES, S. A. Volvieron los militares al poder o siempre estuvieron ahí. Nueva Sociedad,
[S. l.], n. 278, p. 48-58, 2018.
SOUZA FILHO, C. F. M. Bens culturais e proteção jurídica. Porto Alegre: Unidade
Editorial da Prefeitura, 1997.
STEILMAN, R.; MONTEIRO, L. C. do R. Viejos hábitos nunca mueren: el dilema entre
seguridad y desarrollo en las políticas públicas de frontera. In: HERNÁNDEZ, A. (org.).
Puentes que unen y muros que separan: fronterización, securitización y processos de
cambio en las fronteras de Mexico y Brasil. Tijuana: El Colegio de la Frontera Norte; Brasil:
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, 2020.
TOMEI, S. A. Metapolítica: a ideologia na política externa do governo Bolsonaro no ano de
2019. R. Îandé Ciências e Humanidades, São Bernardo do Campo, v. 5, n. 1, p. 102-118,
Luciana GONÇALVES DE CARVALHO
Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 28, n. esp. 2, e023017, 2023. e-ISSN: 1982-4718
DOI: https://doi.org/10.52780/res.v28iesp.2.18104 21
2021. Available: https://periodicos.ufabc.edu.br/index.php/iande/article/view/207. Access: 19
Sept. 2023.
UNESCO. Convenção para a Proteção do Patrimônio Mundial, Cultural e Natural. [S. l.:
s. n.], 1972. Available: https://whc.unesco.org/archive/convention-pt.pdf. Access: 12 Aug.
2021.
UNESCO. Declaração Universal sobre a Diversidade Cultural. [S. l.: s. n.], 2001.
Available:
http://www.unesco.org/new/fileadmin/MULTIMEDIA/HQ/CLT/diversity/pdf/declaration_cul
tural_diversity_pt.pdf. Access: 12 Aug. 2021.
UNESCO. Convenção para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial. [S. l.: s. n.],
2003. Available:
http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/ConvencaoSalvaguarda.pdf. Access: 12
Aug. 2021.
VERDUM, R. A contra-estratégia conservadora e neoliberal sobre os direitos dos Povos
Indígenas e Comunidades Tradicionais no Brasil. In: VERDUM, R.; LIMA, D.; AMORIM,
F.; BURGER, L.; RODRIGUES, P.; SILVA, V. A. e. (org.). Genocídios silenciados. Informe
27. Copenhague; São Paulo: IWGIA; GAPK, 2019. p. 10-37. Available:
https://acervo.socioambiental.org/sites/default/files/documents/prov0160.pdf. Access: 19
Sept. 2023.
VIDIGAL, C. E.; BERNAL-MEZA, R. Bolsonaro versus Rio Branco: transição hegemônica,
América do Sul e política externa. Revista de Relaciones Internacionales, Estrategia y
Seguridad, [S. l.], v. 15, n. 2, p. 11-26, 2020. Available: https://doi.org/10.18359/ries.4673.
Access: 19 Sept. 2023.
WATRIN, O.; VENTURIERI, A.; VALENTE, M. Levantamento da vegetação e do uso da
terra em áreas de remanescentes de quilombos na bacia do rio Trombetas, PA. Belém:
Embrapa-CPATU, 1998.
Processing and editing: Editora Ibero-Americana de Educação.
Proofreading, formatting, normalization and translation.