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Estágio em docência no
curso de doutorado em educação: relatos de experiência
RIAEE
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Revista Ibero
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Americana de Estudos em Educação
,
Araraqu
ara, v. 16, n. 1, p. 361
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375, jan./mar. 202
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. e
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ISSN: 1982
-
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DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v16i1.12785
361
ESTÁGIO EM DOCÊNCIA NO CURSO DE DOUTORADO EM EDUCAÇÃO:
RELATOS DE EXPERIÊNCIA
PRÁCTICAS DE DOCENCIA EN UN CURSO DE DOCTORADO EN
EDUCACIÓN: INFORMES DE EXPERIENCIA
TEACHING INTERNSHIP IN A DOCTORADE IN EDUCATION COURSE:
EXPERIENCE REPORTS
Maria Luzia S
ilva MARIANO
1
Sandra Aparecida Pires FRANCO
2
Katya Luciane de OLIVEIRA
3
RESUMO
:
Os conteúdos escolares, independente da etapa de ensino a que se destinam,
quando ministrados de forma plena e não fragmentada, possibilitam a formação do sujeito
omnilatera
l. Além de formar o sujeito omnilateral, cabe também ao professor motivar seus
alunos durante as aulas para que eles vejam os conteúdos de forma interessante e próximas à
sua realidade. O presente estudo teve como
objetivo refletir acerca da ação docente e
xercida
durante a realização do estágio obrigatório em docência no curso de Doutorado em Educação
de uma universidade do norte do Paraná. Teve também como objetivo refletir acerca da
percepção da motivação apresentada pelos alunos matriculados na disciplin
a em que o estágio
foi exercido.
As reflexões contidas no presente estudo foram feitas
à luz dos pressupostos
teóricos do Materialismo Histórico e Dialético, da Teoria da Autodeterminação e também dos
relatos feitos pela turma em que o estágio foi realizad
o.
PALAVRAS
-
CHAVE
:
Estágio
. Docência. Materialismo
histórico
. Motivação
.
RESUMEN
:
Los contenidos escolares, independiente de la etapa de enseñanza a la cual
están destinados, cuando se enseña de una manera completa y no fragmentada, permiten la
formació
n del sujeto omnilateral. Además de formar el sujeto omnilateral, también es deber
del profesor motivar a sus alumnos durante las clases para que vean los contenidos de una
manera interesante y cercana a su realidad. Esta investigación tuvo como objetivo
r
eflexionar sobre la práctica docente realizada durante la pasantía obligatoria en docencia
en el Curso de Doctorado en Educación de una Universidad del norte de Paraná. También
tuvo como objetivo reflexionar sobre la percepción de la motivación presentada
por los
alumnos matriculados en la
asignatura
en la que se realizó la pasantía. Las reflexiones
contenidas en el presente estudio se realizaron sobre la base de los supuestos teóricos del
1
Universidade Estadual de Londrina
(UEL), Londrina
–
PR
–
Brasil. Doutoranda no Programa de Pós
-
graduação
em Educação. ORCID:
http
s
://orcid.org/0000
-
0002
-
7563
-
2155
. E
-
mail:
malumaria
no@yahoo.com.br
2
Univers
idade Estadual de Londrina
(UEL), Londrina
–
PR
–
Brasil.
Professora
A
djunt
a
n
o Departamento de
Educação
e Professora no
Programa de Pós
-
Graduação em Educação
.
Doutorado em Letras
(UEL). ORCID:
https://orcid.org/0000
-
0002
-
7205
-
744X
. E
-
mail:
sandrafranco26@hotmail.com
3
Universidade
Estadual de Londrina
(UEL), Londrina
–
PR
–
Brasil.
Professora Associada do Departamento de
Psicologia e Psicanálise
,
do Programa de Pós
-
graduação em Psicologia (na função de coordenadora) e do
Programa d
e Pós
-
graduação em Educação
.
Doutorado em Educação
(
UNICAMP). ORCID:
http
s
://orcid.org/0000
-
0002
-
2030
-
500X
. E
-
mail:
katyauel@gmail.com
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Maria Luzia Silva MARIANO; Sandra Aparecida Pires FRANCO e Katya Luciane de OLIVEIRA
RIAEE
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Revist
a Ibero
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Americana de Estudos em Educação
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Materialismo Histórico y Dialéctico, sobre la Teoría de la Autodeter
minación y también
sobre los informes realizados por el grupo en el que se realizó la pasantía.
PALABRAS CLAVE
: Pasantía
. Enseñanza. Materialismo Histórico. Motivación
.
ABSTRACT
:
School contents, regardless of the stage of education for which they are
i
ntended, when taught in a full and non
-
fragmented way, enable the formation of the
omnilateral subject. Besides forming the omnilateral subject, it is also the professor’s duty to
motivate his students during the classes so that they see the contents in an
interesting way and
close to their reality. This research aimed to reflect on the teaching practice held during the
mandatory internship in teaching in the Doctorate in Education Course at a University in the
north of Parana. It also aimed to reflect on t
he perception of the motivation presented by the
students enrolled in the discipline in which the internship was performed. The reflections
contained in the current study were made based on the theoretical assumptions of Historical
and Dialectical Material
ism,
on the Self
-
Determination Theory and also on the reports made
by the group in which the internship was realized.
KEYWORDS
:
Internship
. Teaching. Historical
materialism
.
Motivation
.
Introdução
O presente trabalho é decorrente da realização do está
gio obrigatório em docência do
curso de Doutorado em Educação realizado em uma Universidade no norte do Paraná. As
reflexões e relatos aqui contidos são decorrentes das impressões da aluna que realizou o
estágio e dos relatos feitos durante as aulas pelas
alunas que cursaram a disciplina em que o
estágio foi realizado.
Assim sendo, este trabalho se estruturará de forma qualitativa, com base
nos pressupostos teóricos do Materialismo Histórico Dialético e também com base na Teoria
da Autodeterminação.
A
for
mação do sujeito omnilateral
A educação pode ser considerada o meio responsável pela transformação do homem
em um ser social. Porém,
d
a maneira em que atualmente está estruturada
, a educação mostra
-
se insuficiente para suprir as demandas da atual sociedad
e. É a educação que forma o
indivíduo de maneira mediata, por isso ela é essencial para a sociedade como um todo. No
entanto,
ainda não é claro se o sistema educacional vai formar o indivíduo especializado e
reflexivo ou se o indivíduo ao concluir a etapa
básica de ensino apenas consumirá o que lhe
for apresentado de forma desinteressada (
MANACORDA
, 2007).
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Ao refletir acerca do ideal de educação proposto por Marx e Engels (2007), é possível
perceber que os autores acreditavam em uma educação e em um sistem
a educacional que
instruísse a todas as crianças de forma plena e indistinta, em instituições públicas e nacionais.
Os autores afirmavam ainda que o ensino seria o responsável por eliminar dos jovens o caráter
unilateral que é imposto pela forma como a div
isão do trabalho está estruturada,
proporcionando
-
lhe
s a formação ominilateral
, necessári
a
ao pleno desenvolvimento de todo
cidadão (
MANACORDA
, 2011).
De acordo com Manacorda (2007
, p. 89
), a omnilateralidade, ou onilateralidade, pode
ser definida como
a
chegada histórica do homem a uma totalidade de capacidades produtivas e,
ao mesmo tempo, a uma totalidade de capacidades de consumo e prazeres,
em que se deve considerar sobretudo o gozo daqueles bens espirituais, além
dos materiais, e dos quais o trabalh
ador tem estado excluído em
conseqüência
da divisão do trabalho.
Sendo assim, a formação omnilateral diz respeito à formação do cidadão de uma forma
total, completa, e não fragmentada. Marx e Engels (2007) conceberam a educação como um
dos mais poderosos
meios de transformação da sociedade burguesa vigente. A educação
quando exercida a fim de formar esse ser omnilateral proporciona que o homem reflita a
realidade em que está inserido e consiga superá
-
la. Os autores defenderam escolas livres da
influência d
a igreja e do estado, que proporcionasse uma formação omnilateral, em que todas
as esferas da vida humana fossem desenvolvidas de forma igual e com a mesma importância.
Para que o professor seja capaz de proporcionar essa formação omnilateral aos seus
alun
os, é necessário que ele também tenha tido a mesma formação. O indivíduo omnilateral é
aquele que compreende e assimila as situações que o cerca, valorizando o ser humano e o seu
desenvolvimento. Trata
-
se de um ser humano plenamente desenvolvido e conscien
te de suas
diversas possibilidades.
Aliado a isso, é necessário também que o professor trabalhe e
desenvolva os conteúdos escolares de modo que esses se aproximem da realidade e do
interesse dos seus alunos
(MARIANO; FRANCO, 2015).
De acordo com Cunha (200
5), ao olhar para a maneira como o ensino universitário
está posto, o grande desafio encontrado atualmente é romper com a lógica de mercado
imposta pelo sistema econômico vigente. Romper com as políticas dominantes que perpetuam
a hegemonia capitalista pod
e ser considerado o início para que a universidade possa
proporcionar aos graduandos a formação necessária a fim de se alcançar uma docência
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emancipatória, em que sejam buscados conhecimentos que proporcionem ao aluno conhecer e
compreender a realidade est
abelecida.
O que se percebe cada vez mais no âmbito universitário
é o foco na pr
o
dutividade
do
ensino e da prática docente, em que não há a preocupação com a construção do conhecimento
e com a formação intelectual. Os professores e seus alunos são cobrados
e avaliados pelo seu
índice de produtividade, participação em eventos e publicações em periódicos. Sendo assim, a
formação dos graduandos fica para segundo plano, para quando eles conseguirem cumprir
todas as obrigações e prazos determinados.
A formação
d
o
indivíduo deve ser considerada algo em constante processo de
construção e de desenvolvimento, não devendo ser vista como algo pronto ou que em algum
momento vai finalizar. Com isso, ao formar professores, é preciso que se compreenda a
importância do pape
l assumido pela docência e que aconteça o aprofundamento crítico
-
pedagógico desse profissional, a fim de que o
futuro docente
consiga desenvolver os ideais de
formação, reflexão e crítica (V
EIGA
, 2014).
O docente em formação precisa apreender a importância
da
práxis
pedagógica, que
segundo Vasconcellos e Oliveira (2013
,
p.
130
), é a “relação indissociável entre teoria e
prática”. Ainda de acordo com as autoras, é importante também a percepção por parte dos
alunos de que a atividade docente requer conhecimen
tos especializados e que também
envolve questões éticas e pessoais. Para tanto, o professor figura como exemplo e modelo aos
seus alunos em relação aos quesitos citados.
De acordo com Veiga (2014), a mediação entre conhecimento, a prática pedagógica e
a in
tencionalidade do ensino são elementos que conectam professor e aluno, em uma relação
de compromisso com a aprendizagem e a construção do conhecimento. Enquanto o professor
ensina seu aluno a aprender, a pesquisar, a ensinar e a avaliar, o professor também
aprende a
aprender, a pesquisar e aperfeiçoa sua prática em ensinar e avaliar. O processo de ensino
-
aprendizagem não é uma via de mão única, é um movimento de reciprocidade. Dessa forma,
cabe ao professor além de proporcionar aos seus alunos uma formação
humana, crítica e
reflexiva, motivá
-
los durante as aulas, mostrando a eles a relevância do conteúdo que está
sendo ministrado.
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Motivação para aprender
A motivação é um constructo interno, que envolve metas traçadas pelos indivíduos a
fim de alcançar
um determinado objetivo. A percepção da motivação pode ser feita por meio
de ações ou da verbalização de um indivíduo motivado ou não a fazer alguma coisa. No
âmbito educacional, a motivação pode ser percebida por meio da aprendizagem, do empenho
ou do de
sempenho apresentado pelo aluno
nas atividades que são
propostas
(
BZUNECK
,
2009).
As teorias desenvolvidas a fim de compreender a motivação humana são muitas, não
sendo possível sintetizar conceitos e terminologias que a definam. No contexto escolar,
teori
as como a Teoria da Autoeficácia,
Teoria das Metas de Realização ou a Teoria da
Autodeterminação buscam entender e explicar a motivação para aprender apresentada pelos
alunos (
BZUNECK
, 2009). Para o presente estudo adotou
-
se a Teoria da Autodeterminação
co
mo base teórica.
Nessa perspectiva, o aluno é denominado como intrinsecamente motivado quando ele
mostra envolvimento com as atividades propostas, interesse nos conteúdos que estão sendo
desenvolvidos, busca estratégias para vencer os desafios que aparecem
, superando as suas
capacidades e conhecimentos prévios e sente orgulho dos resultados alcançados. Em
contrapartida, os alunos desmotivados são classificados como passivos face às atividades a
serem realizadas, desinteressados quanto aos conteúdos apresent
ados, não demonstram
empenho perante as dificuldades e não encontram prazer na realização das tarefas (
DECI,
1971; GUIMARÃES
, 2004).
Outro fator importante para que o aluno se sinta motivado é a satisfação das três
necessidades psicológicas que são básica
s e que são inatas ao seu desenvolvimento, quais
sejam, autonomia, competência e pertencimento. A autonomia é satisfeita quando um
indivíduo realiza uma tarefa sem algum tipo de determinação externa, ou seja, por vontade
própria. Sendo assim, sob essa pers
pectiva, autonomia significa autogoverno e liberdade. A
sensação de competência está ligada à realização de determinada atividade de forma positiva.
Por fim, a necessidade de pertencimento está ligada ao fato de o indivíduo se sentir parte do
ambiente em q
ue está inserido (
DECI; RYAN
, 1985).
Muitos fatores externos e internos influenciam na motivação apresentada pelo aluno,
podendo ser citados fatores como a família, a expectativa da sociedade, o desejo de atingir
determinado objetivo, dentre outros. Esses
fatores agem diretamente na forma como o aluno
vai se portar durante as aulas e também no rendimento que ele apresentará. Outro fator
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importante é o estilo motivacional adotado pelo professor, que pode despertar ou minar o
interesse do aluno pelo conteúdo
que está sendo ministrado (
MARIANO
, 2015).
De acordo com Guimarães (2004), o professor pode adotar uma postura autoritária,
sendo percebido como um professor controlador, ou então, pode adotar uma conduta que
promova a autonomia de seus alunos. O estilo mo
tivacional apresentado pelo professor varia
de acordo com as suas habilidades adquiridas, da personalidade de cada um e também é
influenciado pela quantidade de alunos em sala de aula, tempo lecionando, idade, gênero,
concepção ideológica e até mesmo o tip
o de relacionamento estabelecido com o corpo
diretivo.
Ao promover a autonomia de seus alunos, os professores estimulam o
desenvolvimento e a permanência da satisfação das necessidades psicológicas básicas
(autonomia, competência e pertencimento) nos indiv
íduos. Os professores promotores da
autonomia proporcionam aos alunos razões significativas para a realização de diferentes
atividades e consideram o ritmo particular de aprendizagem e desenvolvimento de cada um. A
linguagem também é utilizada de forma ace
ssível, além de apoiarem as decisões que são
tomadas de forma madura e respeitarem as manifestações de emoções negativas de seus
alunos (
MACHADO
et al.,
2012).
Segundo
Bzuneck (2010), o professor tem o dever de identificar as dificuldades ou até
mesmo os p
ontos de insatisfação dos alunos durante as aulas e desenvolver novas estratégias
motivacionais que proporcionem aos alunos sentir satisfação e até mesmo alegria para a
realização de determinada tarefa. Dessa maneira, o envolvimento do aluno com as ativida
des
também aumenta
a sua aquisição de conhecimento. Nesse sentido, o professor tem papel
fundamental na qualidade motivacional de seus alunos.
Por outro lado, professores não promotores da autonomia pressionam seus alunos para
que pensem e tenham atitudes
de acordo com a sua própria concepção, tirando a autenticidade
dos mesmos e oferecendo incentivos externos para atingir o padrão de comportamento
idealizado. Os professores controladores desconsideram a visão do aluno ou até mesmo não
permitem que ele a ma
nifeste, sendo o controle exercido de forma direta ou indireta. Na forma
direta, este é exercido por meio do estabelecimento de prazos ou controles verbais, situações
em que os alunos percebem que o motivo para agir está fora da atividade. De forma indiret
a, o
poder se dá por sentimentos de culpa, vergonha ou ansiedade projetados nos alunos, pois agir
conforme o que é socialmente esperado evita constrangimentos e sensações desagradáveis
(
MACHADO
et al.,
2012; REEVE, 2009
).
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A motivação extrínseca é altamente
promovida pelo controle exercido de maneira
direta por parte do professor, onde os alunos são expostos a recompensas, ameaças e
punições. A atitude do professor tem por objetivo moldar a reação do aluno para o que ele
considera como desejável para a sala
de aula. O aluno percebe a sua competência apenas ao
receber esse incentivo extrínseco, seja ele uma recompensa verbal ou mesmo material. Dessa
forma, a realização da atividade é motivada apenas por fatores externos. Em consequência, a
motivação intrínseca
dos alunos é afetada de forma negativa (
MACHADO
et al.,
2012;
REEVE, 2009
).
A qualidade motivacional apresentada pelos alunos durante as aulas também é
influenciada pelo domínio e afinidade que eles têm com o conteúdo que está sendo
ministrado.
Assim,
os
alunos precisam ter habilidades cognitivas e motivação para
apresentarem um bom rendimento escolar, sendo essencial o interesse e o domínio por parte
do aluno quanto ao conteúdo que está sendo desenvolvido pelo professor. Sendo assim, a
motivação não é des
crita pelos autores como um fator estável, pois ela varia de acordo com o
ambiente e a situação em que o aluno se encontra
(MARIANO, 2015)
.
O processo de ensino pode ser concebido como algo histórico, social e coletivo, que
tem na sua gênese a busca pelo c
onhecimento, que possibilitará ao indivíduo a percepção
sobre a sua existência e sobre o seu papel no desenvolvimento da sociedade e do
conhecimento (
MOREIRA; OLIVEIRA;
SCACCHETT
, 2016)
. Dessa forma, o professor tem
papel fundamental no desenvolvimento des
se indivíduo, pois cabe ao professor motivar seus
alunos, a fim de que a educação formal obtenha sucesso e os alunos adquiram autonomia para
fazer as suas futuras escolhas de forma consciente e reflexiva (
MAIESKI; OLIVEIRA;
BZUNECK,
2013
).
Cabe ressaltar q
ue a ação docente exercida pelos profissionais da educação também é
influenciada por fatores externos e internos. O professor apresenta algum tipo de motivação
para atuar na educação, seja ela uma convicção pessoal, a necessidade de receber um salário
ou m
esmo algum tipo de influência familiar. Essas questões, sejam elas quais forem
, bem
como
as questões de ordem administrativa das instituições de ensino
,
afetam diretamente na
qualidade do ensino que é ofertad
o
(
MAIESKI; OLIVEIRA;
BZUNECK,
2013
).
Face ao q
ue foi apresentado, é possível perceber a importância que o estilo
motivacional do professor exerce na qualidade motivacional apresentada pelos alunos e a
importância de proporcionar uma formação omnilateral aos
discente
s, sejam eles pertencentes
à educaçã
o básica ou ao ensino universitário. Sendo assim,
o presente estudo teve como
objetivo refletir acerca da ação docente exercida durante a realização do estágio obrigatório
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em docência no curso de Doutorado em Educação de uma
U
niversidade do norte do Paraná
.
Teve também como objetivo refletir acerca da percepção da motivação apresentada pelos
alunos matriculados na disciplina em que o estágio foi exercido.
Metodologia
As análises e reflexões aqui contidas foram feitas a partir da realização do estágio
obr
igatório em docência do curso de Doutorado em Educação de uma Universidade no norte
do Paraná. O estágio foi realizado na disciplina Leitura e Visão de Mundo
–
Avaliação e
Estratégias de Ação, do Programa de Pós
-
Graduação em Educação, em que três professor
as
do Programa de Pós
-
Graduação ministraram a disciplina de maneira conjunta, mas cada uma
de acordo com a sua perspectiva teórica. O objetivo da disciplina foi de desenvolver nos
alunos o
pensamento crítico e reflexivo acerca da leitura e de sua compreens
ão e também
habilidades que permitam eleger formas de avaliação e estratégias de intervenção.
Participantes
Participaram da disciplina 15 alunas, com faixa etária entre 23 e 45 anos. Do total de
alunas participantes
,
10 estavam matriculadas como alunas
regulares do Programa de Pós
-
Graduação da
U
niversidade
,
e as outras 5 estavam matriculadas na modalidade aluno espacial.
Recursos
Durante as aulas ministradas pela estagiária foi utilizada como base teórica a obra
A
Festa
(1978) de autoria do escritor
brasileiro Ivan Ângelo. Também foram utilizados vídeos,
músicas e fotos que retratam o período social e político em que o romance foi escrito.
Procedimento
No início da disciplina as alunas foram informadas da presença da doutoranda e
estagiária
em alg
umas aulas, bem como da sua responsabilidade em ministrar as duas últimas
aulas da disciplina. Todas as alunas consentiram na participação e observação das aulas, não
sendo necessário a assinatura de um termo de consentimento, visto que o estágio é uma eta
pa
obrigatória a ser cumprida tanto pelos alunos matriculados no doutorado quanto pelos
matriculados no mestrado.
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A carga horária da disciplina foi de 60 horas/aula, sendo as aulas ministradas no
período da manhã e da tarde. Foram cumpridas pela doutoranda
30 horas/aula de atividades
que consistiram em acompanhamento e participação durante as aulas, preparação do conteúdo
a ser desenvolvido e regência das aulas. A doutoranda e estagiária também ministrou 10
horas/aula que foram divididas em um dia, no perío
do matutino e vespertino.
A doutoranda se reuniu previamente com a sua orientadora, que também foi uma das
professoras responsáveis pela disciplina, a fim de estruturar como o estágio seria
desenvolvido. Ficou estabelecido que a aluna acompanharia o desenv
olvimento da disciplina,
participando e auxiliando as professoras durante as aulas e seria de responsabilidade da
doutoranda a regência das duas últimas aulas. É importante salientar que em todos os
momentos das aulas, fossem eles de intervenção ou de regê
ncia, uma das professoras
responsáveis estava presente auxiliando e orientando.
Resultados e
discussão
Um dos requisitos obrigatórios que precisa ser cumprido pelo aluno que cursa o
Doutorado em Educação é o Estágio em Docência. A realização do estágio
em docência é
algo fundamental para a formação do aluno, pois ao desenvolver as atividades propostas para
a realização do estágio, o pós
-
graduando tem a possibilidade de colocar em prática os
conhecimentos adquiridos durante as aulas
, além de
também exerc
er a docência, aliando
teoria e prática.
Ao longo da disciplina foram trabalhados textos que mostrassem a importância da
leitura feita de forma completa, que proporciona ao aluno a visão do todo, e não uma visão
distorcida e fragmentada da realidade em qu
e a obra foi escrita e também leituras que
mostraram as diferentes estratégias de aprendizagem que podem ser utilizadas pelos alunos.
Dessa forma, para as duas aulas que foram ministradas pela doutoranda foi selecionada a obra
A Festa
, do autor brasileiro
Ivan Ângelo.
A escolha da obra literária
A
F
esta
justifica
-
se pelo fato de que ela apresenta várias
dimensões que podem ser trabalhadas em diferentes disciplinas e em diferentes etapas de
ensino. De acordo com
Mariano e Franco
(2015), ao trabalhar os cont
eúdos escolares por
meio de obras de ficção e que tragam elementos pertinentes à realidade dos alunos
,
o
professor consegue promover a motivação
deles
. Dessa forma, é possível que os alunos
identifiquem e desenvolvam uma consciência crítica sobre as dimens
ões presentes nas obras
com aulas que se diferenciam das tradicionais.
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Mariano e Franco
(2015) salientam que é importante conscientizar os alunos de que é
possível fazer diferentes leituras e interpretações de uma mesma obra literária. É importante
que os
alunos percebam que uma obra de ficção, aparentemente criada apenas para o
entretenimento do público, pode apresentar diversos pontos a serem analisados e refletidos
,
bem como
críticas implícitas ao sistema político e/ou social da época. No tocante à obra
A
F
esta
, são perceptíveis as questões e dimensões social, política, religiosa, econômica e
histórica.
Fragmentada em nove micro
-
narrativas,
A
F
esta
apresenta ao leitor elementos da
ficção e da realidade ao narrar o conflito que aconteceu entre retirantes
nordestinos e a polícia
na praça da Estação em Belo Horizonte em 30 de março de 1970. O autor entrelaça as
histórias e os personagens de forma não linear, mostrando a pobreza, a repressão e as
particularidades de cada um, o que leva os leitores a buscarem
a ligação entre as histórias.
Nos dois últimos capítulos
,
Ivan Ângelo mostra a interligação entre os personagens e o
desfecho da história de cada um após a festa
.
Com isso, objetivou
-
se levar as alunas a perceberem o contexto em que a obra foi
escrita, as
várias dimensões perceptíveis ao longo da leitura e também as diferentes formas
que uma mesma temática pode ser trabalhada em sala de aula. No dia anterior à aula em que
seria trabalhado o romance, os capítulos foram divididos entre as alunas, para que no
dia
seguinte cada uma apresentasse para a sala o conteúdo pelo qual ficou responsável.
As duas aulas foram divididas em dois tempos cada uma, com intervalo para café e
almoço. Na primeira parte da aula do período da manhã, a doutoranda apresentou de forma
breve a vida e obra do autor
. T
ambém foi feita a contextualização do cenário político e social
em que o mundo estava inserido nas décadas de 1960 e 1970. Após compreender o panorama
geral das revoluções e sistemas governamentais que vigoraram nesse períod
o, foi apresentado
também de forma sucinta o golpe militar sofrido pelo Brasil em 1964. A ambientação foi
necessária pois é preciso compreender o contexto em que
A Festa
foi escrit
o
para que se
compreenda as entrelinhas postas pelo autor e as suas particul
aridades na escrita.
Foi possível perceber o envolvimento das alunas com o conteúdo por meio das suas
falas e considerações durante a exposição, fato que de acordo com Bzuneck (2009),
proporciona a percepção da motivação para aprender dos alunos. Ao trabal
har o contexto
mundial e nacional nos anos de 1960 e 1970, a doutoranda levou fotos, vídeos e músicas para
serem exibidos e discutidos, o que também proporciona maior motivação e maior
envolvimento dos alunos durante as aulas (M
ARIANO
, 2015).
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É importante
perceber que, de forma conjunta, professor e alunos necessitam encontrar
uma maneira de tornar os conteúdos escolares mais atraentes, aproximando os conteúdos
científicos culturais do seu
dia a dia
. Para tanto, é admissível que o professor se desprenda dos
métodos tradicionais, como apenas passar o conteúdo no quadro e esperar que o aluno copie.
Em contrapartida, é preciso que os alunos se interessem pelos conteúdos a fim de ter uma
formação
omnilateral, em que
todas as
suas potencialidades
(culturais, soci
ais,
humanas etc.
)
se desenvolvam plenamente
, em detrimento da mera assimilação e repetição dos conteúdos
(MARIANO; FRANCO, 2015).
Na segunda parte do período da manhã, as alunas partilharam com a sala a leitura do
capítulo que cada uma ficou responsável.
É importante salientar que a indicação feita foi de
que a obra fosse lida integralmente, e toda a bibliografia da disciplina foi disponibilizada com
45 dias de antecedência para as alunas. A orientação para a leitura do capítulo foi de que as
alunas lessem
atentas às dimensões que poderiam ser encontradas ao longo da leitura, quais
sejam: histórica, ideológica, doutrinária, social, política, econômica, ou outra percebida por
elas.
Para que o professor proporcione aos seus alunos uma formação omnilateral, é
necessário que ele também tenha tido o mesmo tipo de formação. Para tanto, o ensino
ofertado não deve ser feito de forma fragmentada e descontextualizada, focado apenas em
uma dimensão do conteúdo, é preciso que o professor amplie o horizonte de possibilid
ades de
seus alunos a fim de que eles consigam olhar para as diferentes dimensões presentes naquilo
que está sendo trabalhado. Por outro lado, para que
o processo de ensino e aprendizagem se
dê de tal forma
, é necessário que o aluno questione, que ele se e
nvolva com o conteúdo em
questão e que este faça parte da sua realidade social e do s
eu universo de questionamentos
.
Logo no primeiro capítulo, as alunas identificaram as dimensões política e social, que
ficam evidentes quando Ivan Ângelo (1978) cita um “T
recho da reportagem que o diário A
Tarde suprimiu da cobertura dos acontecimentos da Praça da Estação, na sua edição do dia 31
de março de 1970, atendendo solicitação da Polícia Federal, que alegou motivos de segurança
nacional” (p.
14). As alunas perceber
am a evidência da solicitação do governo dita
torial
em
não divulgar o enfrentamento com a população naquele dia.
A dimensão religiosa e a política pode
m
ser percebida
s
no trecho “Essas bombas de
gás decerto que machucam, não têm só gás. Na correria leva um
a paulada na cabeça ou um
cavalo passa por cima, Deus me livre, livre Carlinhos” (p.
91)
.
O trecho citado faz parte do
capítulo Preocupações, em que uma mãe se preocupa com o filho que sai toda noite para
participar de reuniões no DCE (Diretório Central do
s Estudantes). A mesma mãe se preocupa
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com a maneira com que o filho se veste, já que segundo ela “Se não fosse pobre, não tinha
importância. Pobre não pode andar rasgado” (p. 92). A fala da mãe mostra a preocupação com
que o filho não seja preso e evidenc
ia também a dimensão econômica presente na obra.
A dimensão histórica fica evidente ao longo de todo o romance que é ambientando na
época da Ditadura Militar. As histórias mostram a repressão em que a população vivia, a
violência que enfrentava por parte d
a polícia
, mostra
também as dificuldades financeiras. É
importante salientar que
A
F
esta
começou a ser escrit
o
em 1963, mas teve sua primeira
publicação apenas em 1976, devido ao forte período de repressão e censura pelo qual o país
passou
,
principalmente
nos p
rimeiros anos do regime dita
torial
.
Os trechos citados foram apenas exemplos das dimensões que podem ser encontradas
ao longo de todo o romance. As alunas
,
com notório entusiasmo, perceberam e partilharam
com a turma as particularidades de cada capítu
lo. Essa dinâmica de partilha da leitura em que
o aluno ganha voz durante a aula é importante pois promove a autonomia e a sensação de
competência do aluno, elementos que segundo Deci e Ryan (1985), são fundamentais para a
promoção da motivação intrínseca
do indivíduo.
A autonomia está ligada ao comportamento motivado como também está ligada ao
desenvolvimento do sujeito em si. É possível admitir que por meio da leitura e da
compreensão dos conteúdos em sua totalidade, o indivíduo se torna autônomo para se
apropriar do seu próprio aprendizado. O professor
,
então, figura como um mediador do
processo de ensino e aprendizagem, em que o aluno autônomo e motivado se interessa pelo
conteúdo e o compreende e desenvolve de forma plena
(
MAIESKI; OLIVEIRA;
BZUNECK,
20
13
; DECI; RYAN
, 1985).
Ao retornarem do almoço no período da tarde, as alunas foram divididas em grupos
para que elaborassem um plano de aula com base nos conteúdos vistos ao longo da disciplina
e que levassem os alunos a enxergar a totalidade do contexto
em que a temática escolhida
estava inserida. A sugestão de tema foi a ditadura militar, em que as alunas deveriam escolher
uma ou mais dimensões encontradas na obra
A
F
esta
para desenvolver com os alunos na
proposta de trabalho. A escolha para qual ano esc
olar o plano seria aplicado ficou a critério de
cada grupo.
Novamente foi perceptível o envolvimento das alunas com a atividade proposta. No
tempo destinado para a realização da atividade, elas conversaram entre si e tiraram as dúvidas
com a professora e
com a estagiária. A participação e o empenho com a atividade proposta
são importantes elementos tanto para a formação omnilateral das alunas quanto para a
percepção da motivação
. São importantes
também a satisfação das necessidades psicológicas
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básicas de
cada uma (
MARIANO; FRANCO
, 2015;
MAIESKI; OLIVEIRA;
BZUNECK,
2013
).
Por fim, no último período da aula
,
as alunas apresentaram o plano de aula elaborado
pelo grupo
,
realizaram a avaliação da disciplina e das aulas ministradas pela doutoranda. Os
planos for
am bem consistentes
,
sendo perceptível a compreensão do conteúdo, que foi
ministrado ao longo da disciplina, pelas alunas. As avaliações da disciplina como um todo e
das aulas ministradas pela doutoranda também foram muito positivas. Ao final da última aul
a
algumas alunas solicitaram a disponibilização do material que foi trabalhado para que elas
pudessem levá
-
lo aos seus alunos, para a sua própria sala de aula.
Ao retomar os pressupostos teóricos em que o presente trabalho se estrutura, é possível
compreen
der que por um lado o Materialismo Histórico e Dialético possibilita que se pense na
formação do sujeito omnilateral, ou seja, na formação do sujeito crítico e reflexivo, por outro
lado a Teoria da Autodeterminação postula que o aluno motivado é autônomo,
se sente
competente e t
e
m o sentimento de pertencimento em relação ao ambiente em que está
inserido. Apesar de serem perspectivas teóricas diferentes, ambas podem ser observadas e
aplicadas no contexto escolar.
Considerações finais
Realizar o estágio em
uma turma de mestrado sem dúvida foi um desafio. Muitas
vezes o estágio docente acaba sendo tratado como apresentando importância secundária na
formação quer seja do mestre
,
quer seja do doutor. Dessa forma, é fato que muitos cursos de
mestrado ou doutora
do
não
apresentam uma disciplina específica de preparação, assim sendo,
o estágio em docência acaba sendo a única possibilidade de experimentar a prática pedagógica
no ensino superior de forma orientada, por assim dizer.
Posto isto, tratar do estágio em do
cência sob diferentes perspectivas teóricas torna o
presente trabalho desafiador, especialmente porque trouxe à baila a formação do sujeito
crítico e reflexivo
, bem como
a motivação para aprender dos alunos em um curso de Pós
-
Graduação. De forma ideológica
,
há os que pensam que esses dois assuntos em diferentes
postulados não deveriam se misturar, por assim dizer, contudo, de outro lado
,
pode
-
se
ponderar que não se trata de mistura mas de se compreender que muitas vezes diferentes
postulados ideológicos pod
em comungar em alguns pontos (a exemplo
d
a questão da
autonomia).
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Como referenciar este artigo
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Estágio em docência no cur
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de doutorado em educação: relatos de experiência
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Submetido em
:
25/12/2019
Revisões
requeridas
:
24/05/2020
Aprovado em
:
17/09/2020
Publicado em
:
02/01/2021
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PRÁCTICAS DE DOCENCIA EN UN CURSO DE DOCTORADO EN
EDUCACIÓN: INFORMES DE EXPERIENCIA
ESTÁGIO EM DOCÊNCIA NO CURSO DE DOUTORADO EM EDUCAÇÃO:
RELATOS DE EXPERIÊNCIA
TEACHING INTERNSHIP IN A DOCTORADE IN EDUCATION COURSE:
EXPERIENCE REPORTS
Maria Luzia
Silva MARIANO
1
Sandra Aparecida Pires FRANCO
2
Katya Luciane de OLIVEIRA
3
RESUMEN
:
Los contenidos escolares, independiente de la etapa de enseñanza a la cual están
destinados, cuando se enseña de una manera completa y no fragmentada, permiten la
formació
n del sujeto omnilateral. Además de formar el sujeto omnilateral, también es deber
del profesor motivar a sus alumnos durante las clases para que vean los contenidos de una
manera interesante y cercana a su realidad. Esta investigación tuvo como objetivo r
eflexionar
sobre la práctica docente realizada durante la pasantía obligatoria en docencia en el Curso de
Doctorado en Educación de una Universidad del norte de Paraná. También tuvo como
objetivo reflexionar sobre la percepción de la motivación presentada
por los alumnos
matriculados en la asignatura en la que se realizó la pasantía. Las reflexiones contenidas en el
presente estudio se realizaron sobre la base de los supuestos teóricos del Materialismo
Histórico y Dialéctico, sobre la Teoría de la Autodeter
minación y también sobre los informes
realizados por el grupo en el que se realizó la pasantía.
PALABRAS CLAVE
: Pasantía. Enseñanza. Materialismo Histórico. Motivación.
RESUMO
:
Os conteúdos escolares, independente da etapa de ensino a que se destinam,
q
uando ministrados de forma plena e não fragmentada, possibilitam a formação do sujeito
omnilateral. Além de formar o sujeito omnilateral, cabe também ao professor motivar seus
alunos durante as aulas para que eles vejam os conteúdos de forma interessante e
próximas à
sua realidade. O presente estudo teve como
objetivo refletir acerca da ação docente exercida
durante a realização do estágio obrigatório em docência no curso de Doutorado em
Educação de uma universidade do norte do Paraná. Teve também como obje
tivo refletir
acerca da percepção da motivação apresentada pelos alunos matriculados na disciplina em
que o estágio foi exercido.
As reflexões contidas no presente estudo foram feitas
à luz dos
1
Universidade Estadual de Londrina
(
UEL), Londrina
–
PR
–
Brasil. Doctoranda en el
Programa de
Posgrado en
Educación
. ORCID:
http
s
:/
/orcid.org/0000
-
0002
-
7563
-
2155
. E
-
mail:
malumariano@yahoo.com.br
2
Universidade Estadual de Londrina
(UEL), Londrina
–
PR
–
Brasil.
Profe
sora Adjunta
en el
Departam
iento de
Educación
y Profesora en el
Programa de
Posgrado en Educación
.
Doctorado en
Letras
(UEL). ORCID:
https://orcid.org/0000
-
0002
-
7205
-
744X
. E
-
mail:
sandrafranco26@hotmail.com
3
Universidade Estadual de Londrina
(UEL), Londrina
–
PR
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Brasil.
Profesora As
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el
Departam
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Psicología y
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Programa de
Posgrado en Psicol
ogía (en la función de coordinadora) y
d
el
Programa de
Posgrado en Educación
.
Doc
torado e
n Educación
(UNICAMP). ORCID:
http
s
://orcid.org/0000
-
0002
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2030
-
500X
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mail:
katyauel@gmail.com
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pressupostos teóricos do Materialismo Histórico e Dialético, d
a Teoria da Autodeterminação
e também dos relatos feitos pela turma em que o estágio foi realizado.
PALAVRAS
-
CHAVE
:
Estágio
. Docência. Materialismo
histórico
. Motivação
.
ABSTRACT
:
School contents, regardless of the stage of education for which they are
intended, when taught in a full and non
-
fragmented way, enable the formation of the
omnilateral subject. Besides forming the omnilateral subject, it is also the professor’s duty to
motivate his students during the classes so that they see the contents in a
n interesting way and
close to their reality. This research aimed to reflect on the teaching practice held during the
mandatory internship in teaching in the Doctorate in Education Course at a University in the
north of Parana. It also aimed to reflect on
the perception of the motivation presented by the
students enrolled in the discipline in which the internship was performed. The reflections
contained in the current study were made based on the theoretical assumptions of Historical
and Dialectical Materia
lism,
on the Self
-
Determination Theory and also on the reports made
by the group in which the internship was realized.
KEYWORDS
:
Internship
. Teaching. Historical
materialism
.
Motivation
.
Introducción
Este trabajo es decurrente de la realizaci
ón de la
práctica obligatoria en docencia en el
curso de Doctorado en Educación realizado en una Universidad en el norte del Paraná. Las
reflexiones y relatos aquí presentados son decurrentes de las impresiones de la alumna que
realizó la práctica y de los informes
realizados durante las clases por las alumnas que
estudiaron la asignatura en que la práctica se realizó. Así, este trabajo se estructurará de forma
cualitativa, con base en los supuestos teóricos del Materialismo Histórico Dialectico y
también con base e
n la Teoría de la Autodeterminación.
La formación del sujeto omnilateral
La educación puede considerarse el medio responsable de la transformación del
hombre en un ser social. Sin embargo, tal y como está estructurada actualmente, la educación
es insuf
iciente para responder a las exigencias de la sociedad actual. Es la educación la que
forma al individuo de forma mediata, y por tanto es esencial para la sociedad en su conjunto.
Sin embargo, aún no está claro si el sistema educativo formará al individuo
especializado y
reflexivo, o si el individuo al final de la etapa básica de la educación sólo consumirá lo que se
le presenta de forma desinteresada (MANACORDA, 2007).
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Reflexionando sobre el ideal de educación propuesto por Marx y Engels (2007), es
posible
ver que los autores creían en una educación y un sistema educativo que instruyera a
todos los niños de forma completa e indistinta, en instituciones públicas y nacionales. Los
autores también afirmaron que la educación se encargaría de eliminar de los jóv
enes el
carácter unilateral que impone la forma de estructurar la división del trabajo,
proporcionándoles la formación om
n
inilateral necesaria para el pleno desarrollo de todo
ciudadano (MANACORDA, 2011).
Acorde con Manacorda (2007, p. 89), la omnilaterali
dad,
o onilateralidad, se puede
definir como
la llegada histórica del hombre a una totalidad de capacidades productivas y,
al mismo tiempo, a una totalidad de capacidades de consumo y placeres, en
la que hay que considerar el disfrute de aquellos bienes
espirituales, además
de los materiales, y de los que el trabajador ha sido excluido como
consecuencia de la división del trabajo.
Así, la formación omnilateral respecta a la formaci
ón del ciudadano de una forma
total, completa, y no fragmentada. Marx y En
gels (2007) concibieron la educación como uno
de los más poderosos medios de transformación de la sociedad burguesa vigente. La
educación cuando ejercida con el fin de formar ese ser omnilateral proporciona que el hombre
reflexione la realidad en que está
insertado y pueda superarla. Los autores defendieron
escuelas libres de la influencia de la iglesia y del estado, que proporcionara una formación
omnilateral, en que todas las esferas de la vida humana fueran desarrolladas de forma igual y
con esa misma im
portancia.
Para que el profesor sea capaz de proporcionar esa formaci
ón omnilateral a sus
alumnos, es necesario que él también haya tenido la misma formación. El
individuo
omnilateral es lo que comprende y asimila las situaciones que lo acerca, valorando
el ser
humano y su desarrollo. Se trata de un ser humano plenamente desarrollado y consciente de
sus diversas posibilidades. Aliado a eso, es necesario también que el profesor trabaje y
desarrolle los contenidos escolares de modo que esos se acerquen de la
realidad y del interés
de sus alumnos (
MARIANO; FRANCO, 2015).
Acorde con Cunha (2005), al mirar para la manera como la enseñanza universitaria
está puesta, el gran reto encontrado actualmente es romper con la lógica de mercado impuesta
por el sistema eco
nómico vigente. Romper con las políticas dominantes que
perpetúan
la
hegemonía capitalista se puede considerar el inicio para que la universidad pueda
proporcionar a los estudiantes la formación necesaria con el fin de lograr una docencia
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e Katya Luciane de OLIVEIRA
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emancipadora, en
que se busque conocimientos que proporcionen al alumno conocer y
comprender la realidad establecida.
Lo que se percibe cada vez más en el ámbito universitario es el enfoque en la
productividad de la enseñanza y de la práctica docente, en que no hay la pre
ocupación con la
construcción del conocimiento y con la formación intelectual. Los profesores y sus alumnos
son cobrados y evaluados por su índice de productividad, participación en eventos y
publicaciones en revistas científicas. Así, la formación de los
graduandos queda para segundo
plan, para cuando ellos puedan cumplir todas las obligaciones y plazos determinados.
La formación del
individuo
se debe considerar algo en constante proceso de
construcción y de desarrollo, no debiendo ser vista como algo lis
to o que en algún momento
se va finalizar. Con eso, al formar profesores, es necesario que se comprenda la importancia
del papel asumido
por la docencia y que ocurra la profundización
crítico
-
pedagógic
a
de ese
profesional, con el fin de que el futuro docen
te logre desarrollar los ideales de formación,
reflexión y crítica (VEIGA, 2014).
El docente en formación necesita aprender la importancia de la
praxis
pedagógica, que
según Vasconcellos y
Oliveira (2013, p. 130),
es la “relación indisociable entre teoría
y
práctica”. Aún acorde con las autoras, es importante también la percepción por parte de los
alumnos de que la actividad docente requiere conocimientos especializados y que también
involucre cuestiones éticas y personales. Para ello, el profesor figura c
omo ejemplo y modelo
a sus alumnos con relación a las cuestiones citadas.
Según Veiga (2014), la mediación entre el conocimiento, la práctica pedagógica y la
intencionalidad de la enseñanza son elementos que conectan al profesor y al alumno en una
relació
n de compromiso con el aprendizaje y la construcción del conocimiento. Mientras el
profesor enseña a su alumno a aprender, a investigar, a enseñar y a evaluar, el profesor
también aprende a aprender, a investigar y a perfeccionar su práctica en la enseñanz
a y la
evaluación. El proceso de enseñanza
-
aprendizaje no es un camino de ida, es un movimiento
de reciprocidad. Así, corresponde al profesor, además de proporcionar a sus alumnos una
formación humana, crítica y reflexiva, motivarlos durante las clases, mo
strándoles la
relevancia de los contenidos que se imparten.
Motivación
para aprender
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La motivación es un constructo interno, que implica metas establecidas por los
individuos para alcanzar un determinado objetivo. La percepción de la motivación puede
hacerse a través de acciones o de la verbalización de un individuo motivado o no para hacer
algo. En el ámbito educativo, la motivación puede percibirse a través del aprendizaje, el
compromiso o el rendimiento que presenta el alumno en las actividades que
se le proponen
(BZUNECK, 2009).
Las teorías desarrolladas para entender la motivación humana son muchas, y no es
posible sintetizar los conceptos y las terminologías que la definen. En el contexto escolar,
teorías como la Teoría de la Autoeficacia, la Teor
ía de las Metas de Logro o la Teoría de la
Autodeterminación buscan comprender y explicar la motivación por el aprendizaje que
presentan los alumnos (BZUNECK, 2009). Para el presente estudio se adoptó la Teoría de la
Autodeterminación como base teórica.
De
sde esta perspectiva, se denomina al alumno intrínsecamente motivado cuando
muestra implicación con las actividades propuestas, interés por los contenidos que se
desarrollan, busca estrategias para superar los retos que se le plantean, supera sus habilidad
es
y conocimientos previos y se siente orgulloso de los resultados obtenidos. Por otro lado, los
alumnos desmotivados son clasificados como pasivos en relación con las actividades a
realizar, desinteresados por los contenidos presentados, no muestran compr
omiso ante las
dificultades y no encuentran placer en la realización de las tareas (DECI, 1971;
GUIMARÃES, 2004).
Otro factor importante para que el alumno se sienta motivado es la satisfacción de las
tres necesidades psicológicas básicas e innatas para su
desarrollo, que son la autonomía, la
competencia y la pertenencia. La autonomía se satisface cuando un individuo realiza una tarea
sin ningún tipo de determinación externa, es decir, por su propia voluntad. Por lo tanto, desde
esta perspectiva, la autonom
ía significa autogobierno y libertad. El sentimiento de
competencia está vinculado a la realización de una determinada actividad de forma positiva.
Por último, la necesidad de pertenencia está vinculada al hecho de que el individuo se sienta
parte del ento
rno en el que está inserto (DECI; RYAN, 1985).
Son muchos los factores externos e internos que influyen en la motivación que
presenta el alumno. Se pueden mencionar factores como la familia, las expectativas de la
sociedad, el deseo de alcanzar una determi
nada meta, entre otros. Estos factores actúan
directamente sobre el comportamiento del alumno durante las clases y también sobre el
rendimiento que presentará. Otro factor importante es el estilo motivacional adoptado por el
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profesor, que puede despertar o
minar el interés del alumno por el contenido que se enseña
(MARIANO, 2015).
Acorde con Guimarães (2004), el profesor puede adoptar una postura
autoritaria
,
siendo
percibido
como un profesor contro
lador, o entonces, puede
adoptar
una conducta que
promueva
la autonomía de sus alumnos. El estilo motivacional presentado por el profesor
varia
acorde con sus habilidades adquiridas, de la personalidad de cada uno y también es
influenciado por la cantidad de alumnos en aula de clase, tiempo de clase impartido, eda
d,
género, concepción ideológica e incluso el tipo de relacionamiento establecido con el cuerpo
directivo.
Al promover la autonomía de sus alumnos, los profesores estimulan el desarrollo y la
permanencia de la satisfacción de las necesidades psicológicas
básicas (autonomía,
competencia y pertenencia) en los individuos. Los profesores que promueven la autonomía
proporcionan a los alumnos motivos significativos para realizar diferentes actividades y
consideran el ritmo particular de aprendizaje y desarrollo
de cada uno. El lenguaje también se
utiliza de forma accesible, además de apoyar las decisiones que se toman de forma madura y
respetando las manifestaciones de emociones negativas de sus alumnos
(MACHADO
et al.,
2012).
Según Bzuneck (2010), el profesor ti
ene el deber de identificar las dificultades o
incluso los puntos de insatisfacción de los alumnos durante las clases y desarrollar nuevas
estrategias de motivación que proporcionen a los alumnos satisfacción e incluso alegría por la
realización de una det
erminada tarea. De este modo, la implicación del alumno en las
actividades aumenta también su adquisición de conocimientos. En este sentido, el profesor
tiene un papel fundamental en la calidad motivacional de sus alumnos.
Por otro lado, los profesores que
no promueven la autonomía presionan a sus alumnos
para que piensen y tengan actitudes según su propia concepción, quitándoles autenticidad y
ofreciéndoles incentivos externos para que alcancen el patrón de comportamiento idealizado.
Los profesores control
adores hacen caso omiso de la visión del alumno o incluso no le
permiten manifestarla, ejerciendo el control directa o indirectamente. Directamente, esto se
ejerce estableciendo plazos o controles verbales, situaciones en las que los alumnos perciben
que l
a razón para actuar está fuera de la actividad. Indirectamente, el poder proviene de los
sentimientos de culpa, vergüenza o ansiedad que se proyectan en los alumnos, porque actuar
de acuerdo con lo que se espera socialmente evita la vergüenza y las sensaci
ones
desagradables
(MACHADO
et al.,
2012; REEVE, 2009).
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La motivación extrínseca es altamente promovida por el
control ejercido de manera
directa por parte del profesor, donde los alumnos son expuestos a recompensas, amenazas y
puniciones. La actitud del
profesor tiene por objeto moldar la reacción del alumno para lo que
él considera como deseable para el aula de clase. El alumno percibe su competencia solo al
recibir ese incentivo extrínseco, sea una recompensa verbal o aun material. De esa forma, la
rea
lización de la actividad es motivada solo por factores externos. En consecuencia, la
motivación intrínseca de los alumnos es afectada de forma negativa
(MACHADO
et al.,
2012;
REEVE, 2009).
La calidad motivacional presentada por los alumnos durante las cl
ases también se
influencia por el dominio y afinidad que ellos
tienen
con el contenido que se está impartiendo.
Así, los alumnos necesitan tener habilidades cognitivas y motivación para presentar un buen
rendimiento escolar, siendo esencial el interés y el
dominio por parte del alumno con relación
al contenido que el profesor está desarrollando. Así, los autores no describen la motivación
como un factor estable, pues ella varia acorde con el ambiente y la situación en que el alumno
se encuentra
(MARIANO, 2
015).
El proceso de enseñanza se puede concebir como algo histórico, social y colectivo,
que tiene su génesis
en
la búsqueda por el conocimiento, que posibilitará al individuo la
percepción sobre su existencia y sobre su papel en el desarrollo de la socied
ad y del
conocimiento
(MOREIRA; OLIVEIRA;
SCACCHETT, 2016)
.
De ese modo, el profesor
tiene rol fundamental en el desarrollo de este individuo, pues cabe al profesor motivar sus
alumnos, con el fin de que la educación formal obtenga suceso y los alumnos adq
uieran
autonomía para hacer sus futuras elecciones de forma consciente y reflexiva
(
MAIESKI;
OLIVEIRA;
BZUNECK,
2013
).
Hay que tener en cuenta que la acción docente ejercida por los profesionales de la
educación también está influida por factores externos
e internos. El profesor presenta algún
tipo de motivación para actuar en la educación, ya sea una convicción personal, la necesidad
de recibir un salario o incluso algún tipo de influencia familiar. Estas cuestiones, sean cuales
sean, así como las cuestion
es administrativas de los centros educativos, afectan directamente a
la calidad de la enseñanza que se imparte
(
MAIESKI; OLIVEIRA;
BZUNECK,
2013
).
A la vista de lo expuesto, se puede percibir la importancia del estilo motivacional del
profesor en la calid
ad motivacional que presentan los alumnos y la importancia de
proporcionar una formación omnilateral a los alumnos, ya sean de enseñanza básica o
universitaria. Así, el presente estudio tuvo como objetivo reflexionar sobre la acción docente
ejercida durant
e la realización de la pasantía obligatoria en docencia en el curso de Doctorado
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en Educación de una Universidad del norte de Paraná. También se pretend
e
reflexionar sobre
la percepción de la motivación que presenta
n la
s estudiantes matriculados en la disc
iplina en
la que se ejercían las prácticas.
Metodologí
a
Los análisis y reflexiones aquí contenidos fueron realizados a partir de la realización
de la práctica docente obligatoria del curso de Doctorado en Educación en una Universidad
del norte de Paraná
. La pasantía se realizó en la asignatura Lectura y Visión Mundial
-
Evaluación y Estrategias de Acción, del Programa de Posgrado en Edu
cación, en la que tres
profesora
s del Programa de Posgrado impartieron la asignatura en conjunto, pero cada un
a
según su
perspectiva teórica. El propósito del curso era desarrollar en los estudiantes un
pensamiento crítico y reflexivo sobre la lectura y la comprensión y también habilidades que
les permitan elegir formas de evaluación y estrategias de intervención.
Partici
pantes
El total
es
de 15 alumnas, con franja etar
i
a entre 23 y 45 a
ños. Del total de alumnas
participantes, 10 estaban matriculadas como alumnas regulares del Programa de Posgrado de
la Universidad, y las otras 5 estaban matriculadas en la modalidad alumn
o especial.
Recursos
Durante las clases impartidas por la pasante se
utilizó como base teórica la obra
A
Festa
(1978) de autoría del escritor brasileño Ivan Ângelo. También se utilizó videos, músicas
y fotos que retratan el período social y político en
el que se inscribió el romance.
Procedim
i
ento
Al
inicio del curso se informó a las alumna
s de la presencia de la doctoranda y pasante
en algunas clases, así como de su responsabilidad en la impartición de las dos últimas clases
del curso.
Todas
las alu
mnas dieron su consentimiento para la participación y observación de
las clases, y no es necesario firmar un formulario de consentimiento, ya que las prácticas son
una etapa obligatoria que deben cumplir tanto los alumnos matriculados en el doctorado como
los matriculados en el máster.
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La carga horaria de la asignatura fue de 60 horas/clase, siendo las clases impartidas
en
el
período de la mañana y de la tarde. La doctoranda cumplió 30 horas/clase de actividades
que consistieron en acompañamiento y
particip
ación durante las clases, preparación del
contenido a desarrollarse y regencia de las clases. La doctoranda y pasante también impartió
10 horas/clase que se dividió en un día, en el período
de la mañana y de la tarde
.
La doctoranda se reunió previamente c
on su orientadora, que tambi
én fue una de las
profesoras responsables por la asignatura, con el fin de estructurar como la práctica sería
desarrollada. Quedó establecido que la alumna acompañaría el desarrollo de la
asignatura
,
participando y auxiliando la
s profesoras durante las clases y sería de responsabilidad de la
doctoranda la regencia de las dos últimas clases. Es importante señalar que en todos los
momentos de las clases, sean de intervención o de regencia, una de las profesoras
responsables estaba
presente auxiliando y orientando.
Resultados y
discusión
Uno de los requisitos obligatorios que debe cumplir el estudiante que cursa el
Doctorado en Educación son las Prácticas de Enseñanza. Las prácticas docentes son algo
fundamental para la formación
del estudiante, ya que al desarrollar las actividades propuestas
para las prácticas, el estudiante de postgrado tiene la posibilidad de poner en práctica los
conocimientos adquiridos durante las clases, además de enseñar, combinando teoría y
práctica.
A l
o
largo de la asignatura se trabajó textos que mostraran la importancia de la lectura
realizada de forma completa, que proporciona al alumno la visión del todo, y no una visión
destorcida y fragmentada de la realidad en que se escribió la obra y también le
cturas que
mostraron las diferentes estrategias de aprendizaje que los alumnos pueden utilizar. De ese
modo, para las dos clases que la doctoranda impartió se seleccionó la obra
A Festa
, del autor
brasileño Ivan
Ângelo
La elecci
ón de la obra literari
a
A Fe
sta
se justifica por el hecho de que ella presenta
varias
dimensiones que se pueden trabajar en diferentes asignaturas y en diferentes etapas de
enseñanza. Acorde con
Mariano y Franco (2015), al trabajar los contenidos escolares por
medio de obras de
ficci
ón y que planteen elementos pertinentes a la realidad de los alumnos,
el profesor puede promover su motivación. De ese modo, es posible que los alumnos
identifiquen y desarrollen una consciencia crítica sobre las dimensiones presentes en las obras
con clas
es que se diferencien de las tradicionales.
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Mariano y Franco (2015) destacan que es importante concienciar a los alumnos de que
es posible hacer diferentes lecturas e interpretaciones de una misma obra literaria. Es
importante que los alumnos se den cuent
a de que una obra de ficción, aparentemente creada
sólo para el entretenimiento del público, puede presentar varios puntos a analizar y
reflexionar, así como una crítica implícita al sistema político y/o social de la época. En la obra
A Festa
se perciben l
os temas y las dimensiones sociales, políticas, religiosas, económicas e
históricas.
Fragmentado en nueve micronarraciones,
A Festa
presenta al lector elementos de
ficción y de realidad al narrar el conflicto que tuvo lugar entre los retirados del noreste
y la
policía en la plaza de la Estación de Belo Horizonte el 30 de marzo de 1970. El autor
entrelaza las historias y los personajes de forma no lineal, mostrando la pobreza, la represión
y las particularidades de cada uno, lo que lleva a los lectores a bus
car la conexión entre las
historias. En los dos últimos capítulos, Ivan Ângelo muestra la conexión entre los personajes
y el desenlace de la historia de cada uno después de la fiesta.
Con eso, se tuvo en cuenta llevar las alumnas a percibir el contexto en
que se escribi
ó
la obra, las varias dimensiones perceptibles a lo largo de la lectura y también las diferentes
formas que una misma temática se puede trabajar en aula de clase. En el día anterior a la clase
en que se trabajaría el romance, los capítulos se
dividieron entre las alumnas, para que en el
día siguiente cada uno presentara para la clase el contenido por el cual se responsabilizó.
Las dos clases fueron divididas en dos tiempos cada una, con intervalo para café y
almuerzo. En la primera parte de l
a clase del período de la mañana, la doctoranda presentó de
forma breve la vida y obra del autor. También se realizó la contextualización del escenario
político y social en que el mundo estaba insertado en las décadas de
1960
y
1970.
Tras
comprender el pan
orama general de las revoluciones y sistemas gobernantes que vigoraran en
ese período, se presentó también de forma
su
cinta
el golpe militar sufrido por Brasil en 1964.
La ambientación se hizo necesaria pues es necesario comprender el contexto en que la
A
Festa
fue escrita para que se comprenda las entrel
íneas puestas por el autor y sus particularidades en
la escrita.
Se pu
do percibir la implicación de las alumna
s con el contenido a través de sus
discursos y consideraciones durante la exposición, hecho que
según Bzuneck (2009),
proporciona la percepción de la motivación de los alumnos para aprender. Trabajando en el
contexto mundial y nacional en las décadas de 1960 y 1970,
la doctoranda
tomó fotos, videos
y música para ser expuestos y discutidos, lo que ta
mbién proporciona una mayor motivación y
participación de los estudiantes durante las clases (MARIANO, 2015).
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Es importante entender que, juntos, profesores y alumnos deben encontrar la manera
de hacer más atractivos los contenidos escolares acercando los
contenidos científicos
culturales a su vida cotidiana. Para ello, es admisible que el profesor se desprenda de los
métodos tradicionales, así como que se limite a pasar el contenido en la pizarra y esperar a
que el alumno copie. Por otro lado, es necesario
que los alumnos se interesen por los
contenidos para tener una educación omnilateral, en la que se desarrollen plenamente todas
sus potencialidades (culturales, sociales, humanas, etc.), en detrimento de la mera asimilación
y repetición de los contenidos
(MARIANO; FRANCO, 2015).
En la segunda parte del per
íodo de la mañana, las alumnas compartieron con el
grupo
la lectura del capítulo que cada una se responsabilizó. Es importante señalar que la indicación
realizada fue que la obra fuera leída integralmente
, y toda bi
bliografía de la asignatura se ha
puesto disponible
con 45 días de antecedencia para las alumnas. La orientación para la lectura
del capítulo fue de que las alumnas leyeran atentas a las dimensiones que podrían encontrarse
a lo largo de la lectu
ra, cuáles sean: histórica, ideológica, doctrinaria, social, política,
económica, u otra perciba por ellas.
Para que el profesor pueda proporcionar a sus alumnos una formación omnilateral,
también debe haber tenido el mismo tipo de formación. Para ello, l
a enseñanza que se ofrece
no debe hacerse de forma fragmentada y descontextualizada, centrándose sólo en una
dimensión del contenido, es necesario que el profesor amplíe el horizonte de posibilidades de
sus alumnos para que puedan mirar las diferentes dime
nsiones presentes en lo que se está
trabajando. Por otro lado, para que el proceso de enseñanza y aprendizaje se produzca de esta
manera, es necesario que el alumno cuestione, que se involucre con el contenido en cuestión y
que éste forme parte de su reali
dad social y de su universo de interrogantes.
En el primer capítulo, las alumnas identificaron las dimensiones política y social, que
se hicieron evidentes cua
ndo Ivan Ângelo (1978) citó un “
extracto del reportaje que el diario
A Tarde eliminó de la cobert
ura de los sucesos de la Praça da Estação, en su edición del 31 de
marzo de 1970, a petición de la Policía Federal, que aleg
ó razones de seguridad nacional”
(p.
14). Las alumnas se percataron de la evidencia de la petición del gobierno dictatorial de no
di
vulgar el enfrentamiento con la población ese día.
La dimensión religiosa y polít
ica puede verse en el extracto “
Estas bombas de gas
ciertamente duelen, no sólo tienen gas. Con las prisas te das un golpe en la cabeza o te pasa un
caballo por encima, Dios n
o lo quiera, l
ibre Carlinhos”
(p. 91). El fragmento citado forma
parte del capítulo
Preocupações
, en el que una madre se preocupa por su hijo, que sale todas
las noches para asistir a reuniones en el DCE (Directorio Central de Estudiantes). La misma
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madre
se preocupa por la forma de vestir
de su hijo, ya que según ella “
Si no fuera pobre, no
importaría. Los p
obres no pueden ser desgarrados”
(p. 92). El discurso de la madre muestra su
preocupación por que su hijo no sea detenido y también pone de manifiesto
la dimensión
económica presente en la obra.
La dimensión histórica queda clara a lo largo de todo el romance que se ambienta en la
época de la Dictadura Militar. Las historias muestran la reprensión en que la población vivía,
la violencia que enfrentaba po
r parte de la policía, muestra también las dificultades
financieras. Es importante señalar que
A Festa
empezó a ser escrita en 1963, pero tuvo su
primera publicación solo en 1976, debido al fuerte período de represión y censura por el cual
el país pasó, p
rincipalmente en los primeros años del régimen dictatorial.
Los pasajes citados son sólo ejemplos de las dimensiones que se pueden encon
trar a lo
largo de la novela. Las alumna
s, con notable entusiasmo, comprendieron y compartieron con
la clase las partic
ularidades de cada capítulo. Esta dinámica de compartir la lectura en la que
el alumno adquiere voz durante la clase es importante porque promueve la autonomía y el
sentido de competencia del alumno, elementos que, según Deci y Ryan (1985), son
fundamental
es para la promoción de la motivación intrínseca del individuo.
La autonomía está vinculada al comportamiento motivado, así como al desarrollo del
propio sujeto. Se puede admitir que al leer y comprender los contenidos en su totalidad, el
individuo se vuel
ve autónomo para apropiarse de su propio aprendizaje. El profesor, pues,
figura como mediador del proceso de enseñanza y aprendizaje, en el que el alumno autónomo
y motivado se interesa por el contenido y lo comprende y desarrolla plenamente (MAIESKI;
OLIV
EIRA; BZUNECK, 2013; DECI; RYAN, 1985).
A la vuelta del almuerzo por la
tarde, las alumnas se dividieron en grupos para que
pudieran elaborar un plan de clase basado en los contenidos vistos a lo largo del curso y para
que pudieran ver todo el contexto en
el que se inserta el tema elegido. El tema propuesto fue
la dictadura militar, en el que los alumnos debían elegir una o varias dimensiones que se
encuentran en
A Festa
para desarrollar con las alumna
s en la propuesta de trabajo. La elección
del año escola
r en que se aplicaría el plan quedó a discreción de cada grupo.
De nuevo, la implicación de la
s alumn
a
s con la actividad propuesta fue notable.
Durante el tiempo asignado a l
a actividad, hablaron entre ella
s y aclararon cualquier duda con
la profesora y la
pasante. La participación y el compromiso con la actividad propuesta son
elementos importantes tanto para la formación omnilateral de los alumnos como para la
percepción de la motivación. También es importante satisfacer las necesidades psicológicas
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básic
as de cada uno (MARIANO; FRANCO, 2015; MAIESKI; OLIVEIRA; BZUNECK,
2013).
Por
fin
, en el
último período de la clase, las alumnas presentaron el plan de clase
elaborado por el grupo, realizaron la evaluación de la asignatura y de las clases que la
doctorand
a impartió. Los planes fueron bien consistentes, siendo perceptible la comprensión
del contenido, que se impartió a lo largo de la asignatura, por las alumnas. Las evaluaciones
de la asignatura en general y de las clases impartida por la doctoranda fueron
muy positivas.
Al final de la última clase
algunas alumnas solicitaron que el
material
fuera puesto disponible
que se trabajó para que ellas
pudieran
llevarlo a sus alumnos, para su propia aula de clase.
Retomando los supuestos teóricos en los que se estr
uctura el presente trabajo, es
posible comprender que por un lado el Materialismo Histórico y Dialéctico permite pensar en
la formación del sujeto omnilateral, es decir, en la formación del sujeto crítico y reflexivo, por
otro lado la Teoría de la Autodete
rminación postula que el estudiante motivado es autónomo,
se siente competente y tiene el sentimiento de pertenencia en relación al medio en el que está
inserto. Aunque son perspectivas teóricas diferentes, ambas pueden observarse y aplicarse en
el context
o escolar.
Consideraciones finales
Realizar la práctica en un grupo de maestr
ía sin dudas fue un reto. Muchas veces la
práctica docente puede tratarse como presenta
n
do importancia secundaria en la formación del
máster, o del doctor. De ese modo, el hech
o es que muchos cursos de maestría o doctorado no
presentan una asignatura específica de preparación, así, la práctica en docencia acaba siendo
la única posibilidad de experimentar la práctica pedagógica en la enseñanza superior de forma
orientada, por así
decirlo.
Eso dicho, tratar de la práctica en docencia bajo diferentes
perspectivas
teóricas vuelve
el trabajo desafiador, especialmente porque trajo a la situación la formación del sujeto crítico
y reflexivo, así como la motivación para aprender de los a
lumnos en un curso de Posgrado.
De forma ideológica, hay los que piensan que esos dos temas en diferentes postulados no
deberían misturarse, por así decir, sin embargo, se puede ponderar que no se trata de
mezclar
sino de comprender que muchas veces difere
ntes postulados ideológicos pueden
comulgar
en
algunos puntos (a ejemplo de la cuestión de la autonomía).
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Enviado
el
:
25/12/2019
Revisiones
requeridas
:
24/05/2020
Aprobado el
:
17/09/2020
Publicado el
:
02/01/2021