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dades:
surgimento, nacionalização e indicadores de internacionalização
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Revista Ibero
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Americana de Estudos em Educação
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UNIVERSIDADES:
SURGIMENTO, NACIONALIZAÇÃO E INDICADORES DE
INTERNACIONALIZAÇÃO
1
UNIVERSIDADES: SURGIMIENTO, NACIONALIZACIÓN E INDICADORES DE
INTERNACIONALIZACIÓN
UNIVERSITIES: EMERGENCE, NATIONALIZATION AND INDICATORS OF
INTERNATIONALIZATION
Iracema C
ampos CUSATI
2
Luciano José VIANNA
3
Paulo César Marques de Andrade SANTOS
4
Rita di Cássia de Oliveira ANGELO
5
Antonio Carrillo AVELAR
6
RESUMO
:
O presente artigo inicia
apresentando a trajetória das Universidades desde o
surgimento no período medieval,
co
m a criação de uma comunidade de
scolares
; passando
pelo fenômeno da nacionalização, com a consequente
perda do seu caráter inicial influenciado
pelas escolas de ofício e posteriormente pela ordem eclesiástica e imperial; abordando nesse
bojo o processo de
estatização a partir da revolução francesa. A universidade brasileira,
fortemente influenciada até a década de 1970 pelo modelo europeu, foi impactada pelas
premissas
das reformas
educacionais
e
objetivos delineados para uma estrutura integradora
entre en
sino e pesquisa, que ocorreu de forma mais efetiva a partir da década de 1980,
movimento
apresentado juntamente com as iniciativas de internacionalização da universidade.
Por último, são elencadas as estratégias para o desenvolvimento de um projeto de
inte
rnacionalização das universidades brasileiras no século XXI sob a premissa de que para
conceber a cooperação internacional, como parte integrante das missões institucionais, cabe às
1
“
O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior
–
Brasil (CAPES)
–
Código de Financiamento 001”
2
Universidade de
Pernambuco (UPE)
,
Petrolina
–
PE
–
B
r
asil
.
Professora Adjunta do Colegiado de Matemática
e Professora Permanente do Programa de Pós
-
Graduação em
Formação de Professores e Práticas
Interdisciplinares (PPGFPPI).
Doutora
do
em
Educação
(USP). ORCID: http
s
://o
r
cid.org/0000
-
0002
-
4812
-
8412.
E
-
mail: iracema.cusati@upe.br
3
Universidade de Pernambuco (UPE),
Petrolina
–
PE
–
B
r
asil
.
Professor Permanente do P
rograma de Pós
-
Graduação em Formação de Professores e Práticas Interdisciplinares (PPGFPPI).
Doutor
ado
em Hist
ó
ria
Medieval pela Universitat Autònoma de Barcelona (UAB). ORCID: https://orcid.org/0000
-
0001
-
7355
-
7609. E
-
mail:
luciano.vianna@upe.br
4
Universi
dade de Pernambuco (UPE),
Petrolina
–
PE
–
B
r
asil.
Professor Adjunto do Colegiado Pleno de
Pedagogia e Coordena
d
or da Linha de Políticas Educacionais, Formação Docente e Práxis Pedagógica do
Programa de Pós
-
Graduação em Formação de Professores e Práticas I
nterdisciplinares (PPGFPPI).
Doutor
ado
em
Educação
(UFBA). ORCID: https://orcid.org/0000
-
0001
-
5803
-
2388
.
E
-
mail
:
paulo.marques@upe.br
5
Universidade de Pernambuco (UPE),
Serra Talhada
–
PE
–
Basil.
Professora Adjunta no Colegiado de
Medicina.
Doutora
do
em
Neurociências (UFPE). ORCID: https://orcid.org/0000
-
0002
-
1694
-
1927. E
-
mail:
rita.angelo@upe.br
6
Universidad Na
c
i
onal Autónoma de México (UNAM), Cidade do México
–
México. Professor do Programa de
Pós
-
Graduação em Pedagogia (UNAM), Professor e pesquisador
do Programa de Pós
-
Graduação da Universidad
Pedagógica Nacional (UPN) e Professor Visitante do Programa de Pós
-
G
r
aduação Interdisciplinar em Direitos
Humanos (
UFG).
Pós
-
doutor
ado
em Educação
(USP)
. ORCID:
https://orcid.org/0000
-
0002
-
5654
-
0650
. Email:
anton
iocarrillobr@hotmail.com
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universidades a criação de mecanismos e estruturas apropriadas para promov
er a
internacionalização como um dos pressupostos indicativos desse direcionamento.
PALAVRAS
-
CHAVE
:
Internacionalização. Educação superior. Experiências
interinstitucionais.
RESUMEN
: Este artículo se inicia presentando la trayectoria de las Universidad
es desde el
surgimiento en el período medieval, con la creación de una comunidad de
e
scolares; pasando
por el fenómeno de la nacionalización, con la consecuente pérdida de su carácter inicial
influenciado por las escuelas de oficio y posteriormente por el
orden eclesiástica e imperial;
abordando en este
ámbito
el proceso de estatización a partir de la revolución francesa. La
universidad brasileña, fuertemente influenciada hasta la década de 1970 por el modelo
europeo,
ha sido
impactada por las premisas de l
as reformas educacionales y objetivos
delineados para una estructura integradora entre enseñanza e investigación, que ocurrió de
forma más efectiva a partir de la década de 1980, se presentan juntamente con las iniciativas
de internacionalización de la uni
versidad. Por último,
se
enumeran
las estrategias para el
desarrollo de un proyecto de internacionalización de las universidades brasileñas en el siglo
XXI
,
bajo la premisa de que para concebir la cooperación internacional, como parte
integrante de las
mis
iones institucionales, cabe a las universidades la creación de
mecanismos y estructuras apropiadas para promover la internacionalización como uno de los
supuestos indicativos de este direccionamiento.
PALABRAS
CLAVE
:
Internacionalización. Educación super
ior. Experiencias
interinstitucionales.
ABSTRACT
:
This article begins by presenting the trajectory of universities since the
emergence in the medieval period, with the creation of a community of students; passing
through the phenomenon of nationalization
, with the consequent loss of its initial character
influenced by the schools of craft and later by the ecclesiastical and imperial order;
addressing in this bulge the process of nationalization in from of the French revolution. The
Brazilian university, s
trongly influenced until the 1970s by the European model, was
impacted by the premises of the educational reforms and objectives outlined for an
integrating structure between teaching and research, which occurred more effectively from
the 1980s, are presen
ted together with the initiatives of the university's internationalization.
Finally, the strategies for the development of a project for the internationalization of
Brazilian universities in the 21st century are listed under the premise that in order to
co
nceive international cooperation, as an integral part of institutional missions, it is up to
universities to create appropriate mechanisms and structures to promote internationalization
as one of the indicative assumptions of this direction.
KEYWORDS
:
Int
ernationalization
.
Higher
e
ducation
.
Interinstitutional
e
xperiences.
Universidades: do surgimento à nacionalização
O século XIII foi um momento crucial na história intelectual do Ocidente medieval,
principalmente pelo surgimento de uma nova forma de
or
ganização social e que serviu para
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romper gradativamente com o pensamento que até então vigorava neste território: as
universidades. Dentre as diversas afirmações que podem ser feitas em relação ao surgimento
destas instituições no período medieval, alg
uma
s são imprescindíveis e devem ser destacadas,
como, por exemplo, sua originalidade na sociedade de então, ser um produto do crescimento
demográfico da época, promover o favorecimento da promoção de uma sociabilidade e o
rompimento de traços até então tr
adi
cionais em termos de organização social com a criação de
uma comunidade de
scolares
, ou seja, formada tanto por professores quanto por alunos. O
surgimento das universidades foi um fenômeno de grande importância, em vários sentidos,
tanto que Rui Afonso
da
Costa Nunes (2018, p. 221), em seu livro
História da Educação na
Idade Média
, ao abordar o capítulo sobre as universidades, deixa claro para o leitor que tal
capítulo é o “ponto culminante” do seu livro.
Nas palavras de Jacques Verger:
Tornar
-
se estud
ant
e: isso significava, no final da Idade Média,
independentemente do estatuto anterior de cada um, aceder a uma condição
privilegiada; significava poder furtar
-
se ao imposto e às formas mais
rigorosas da justiça ordinária, significava poder pleitear deter
min
ados tipos
de proventos (proventos dos benefícios eclesiásticos sem obrigação de
residência), significava tomar assento sob a direta salvaguarda das mais altas
autoridades, laicas ou eclesiásticas, intervindo indiretamente pelos
‘conservadores privilégi
os’
universitários. Antes mesmo de qualquer
obtenção de graus, a mera matrícula universitária já era, de uma certa
maneira, promoção social (VERGER, 1999, p. 100).
Devemos lembrar que o contexto medieval foi um período
em que
não havia a ideia de
igualdad
e s
ocial perante a lei. Para a época, isso era impensável. Assim, o surgimento da
universidade neste período favoreceu a formação de um grupo com condições sociais
privilegiadas, de destaque social, um grupo que seria distinto dentro do corpo social mediev
al
e, nas palavras de Le Goff, cada membro deste grupo se sentia “como um artesão, como um
homem de ofício” (LE GOFF, 2003, p. 87).
Neste sentido, em termos sociais, aos poucos foi se formando um grupo com uma
prática cultural distinta, em diversos termos:
en
sino com base na utilização de autoridades,
uso exclusivo do latim e um procedimento pedagógico essencialmente oral e repetitivo.
Ademais, também mantinham uma singular autonomia, com estatutos próprios, regras de
cooperação mútua e organização autônoma
de
suas atividades.
Gradativamente, o campo do saber tornou
-
se um
lócus
de formação profissional e
destacou na sociedade a figura do intelectual no contexto universitário, como podemos ver
nas palavras de Verger sobre a Paris do século XIII:
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NNA; Paulo César Marques de Andrade SANTOS; Rita di Cássia de Oliveira
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Paris tornou
-
se
, verdadeiramente, no século XIII, um foco maior de debate
intelectual e de renovação das ideias. Centenas de jovens clérigos foram ali
formados nas técnicas mais refinadas do trabalho intelectual, segundo
métodos seguros. Evidentemente, este trabalho i
nte
lectual comportava regras
às vezes rígidas,
[
...
]
, mas a qualidade do ensino universitário parisiense
levou a se fazer progressos decisivos em direção à autonomia, para não se
dizer, à profissionalização, da cultura erudita. A figura ainda um pouco vaga
da
s pessoas de saber passou a estar associada a um tipo social bem preciso e
excepcionalmente prestigioso, o doutor. Compreender
-
se que a Universidade
de Paris tenha se tornado então um modelo que se procuraria imitar e
reproduzir em toda a parte em que s
e f
izesse sentir a aspiração a uma
semelhante promoção da cultura (VERGER, 2001, p. 208)
.
Neste sentido, a importância do século XIII para o Ocidente medieval é destacada com
base no surgimento de novos grupos sociais, dentre os quais o universitário, for
mad
o tanto
por professores quanto por alunos, os quais cada vez mais seriam vinculados como
pertencentes a uma cultura identificada como erudita.
Entretanto, embora tenham surgido em espacialidades distantes uma das outras, as
universidades medievais desta
car
am
-
se desde o início pelo seu caráter internacional, e isso em
diversos aspectos. Em primeiro lugar, porque as mesmas favoreceram a migração constante
de estudantes entre um território e outro, levando inclusive a formar, no contexto da época,
grupos qu
e e
ram denominados “nações”, ou seja, a formação de grupos que estudavam em um
território de indivíduos oriundos do mesmo contexto territorial, fato que se refletia no
contexto universitário (PEDRERO
-
SÁNCHEZ, 2000, p. 185). Em segundo lugar, porque
muitas
vez
es os professores também não eram originários do território da universidade, o que
implica também em uma movimentação por parte do corpo docente destas instituições (LE
GOFF, 2003, p. 101).
Ademais, deve
-
se destacar também a utilização da língua latina
na
s aulas, a qual foi
utilizada para fazer veicular as informações referente aos estudos, principalmente em um
contexto no qual as línguas vulgares estavam cada vez mais se destacando (VERGER, 2002,
p. 580). Neste sentido, a formação da universidade medie
val
já apresenta uma característica
que vemos hoje nas universidades atuais, e, dessa forma, sua formação pode ser caracterizada
como dinâmica em termos sociais.
A criação das universidades obedeceu basicamente a dois contextos. Um primeiro,
chamado
ex
-
con
sue
tudine
, referia
-
se à junção a partir de centros de estudos já existentes
anteriormente, geralmente formado
s
pela reunião de professores. Neste caso, as universidades
eram organismos autônomos de natureza de caráter corporativo, eram reconhecidas pelas
i
nst
ituições eclesiásticas e laicas e tinham autonomia em relação ao ensino, aos programas das
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disciplinas,
à
duração dos estudos, modalidades de exames, entre outros (VERGER, 1999, p.
82). É necessário destacar que este modelo de formação universitária cor
res
pondia a um
desejo de organização autônoma de uma comunidade de mestres e estudantes, apresentando
-
se como outro ofício urbano qualquer (BASCHET, 2006, p. 214). O segundo contexto,
surgido posteriormente, chamado
ex
-
privilegio
, era uma criação universit
ári
a concedida pelo
poder estatal (NUNES, 2018, p. 230). Assim, com o passar dos séculos, cada vez mais
ocorreu a associação entre o mundo universitário e outro fenômeno que estava se formando
neste mesmo contexto: a formação estatal.
Em termos de formaçã
o d
o estado durante o Medievo, o século XIII apresenta o que
seria o quarto estágio da formação estatal de acordo com Genet, aquele que seria, inclusive, o
anterior ao estado absolutista. Cada vez mais havia uma centralização de poder, a criação de
grupos
bur
ocráticos, uma padronização das cobranças de impostos em relação à sociedade
e
uma padronização em termos de relação da sociedade com o rei, na figura do súdito (GENET,
2002, p. 405
-
408). Afonso X, rei de Castela entre os anos 1252 e 1284, conhecido com
o o
Sábio pelo seu envolvimento com atividades intelectuais no século XIII, nos apresenta esta
divisão:
Um estudo é uma associação de mestres e de escolares feita num
determinado lugar com a vontade e a intenção de aprender os saberes. E dele
existem duas
mo
dalidades: uma é a que chamam “estudo geral”, onde há
mestres das artes, assim como de gramática, de lógica, de retórica, de
aritmética, de geometria, e de astrologia, e outrossim em que há mestres de
decretos e senhores de leis (mestres de direito civi
l);
este estudo deve ser
estabelecido por mandado de papa, de imperador ou de rei. A segunda
modalidade é a que chamam “estudo particular”, quer dizer, quando um
mestre ensina nalguma cidade, apartadamente, a poucos escolares. E este,
pode mandá
-
lo fazer o
pr
elado ou conselho de qualquer lugar (PEDRERO
-
SÁNCHEZ, 2000, p. 182).
O primeiro exemplo apresentado no fragmento acima, que na verdade surgiu depois do
segundo, é o momento no qual a universidade passa a ser um assunto político, vinculado a
uma iniciat
iva
de criação política. Dessa forma, a associação dos termos intelecto
–
poder foi
um fenômeno que envolveu o contexto universitário cada vez mais a partir do século XIV,
integrando
-
se à dinâmica estatal de cada território. Se em um primeiro momento as
un
ive
rsidades foram criadas a partir de uma criação já anterior (
ex
-
consuetudine
),
posteriormente, cada vez mais as mesmas foram incorporadas ao contexto estatal (
ex
-
privilegio
), e foram utilizadas como instrumentos para fortalecer o poder dos estados então
nas
centes e cada vez mais burocráticos no final do período medieval. Cada vez mais, portanto,
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NNA; Paulo César Marques de Andrade SANTOS; Rita di Cássia de Oliveira
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iniciou
-
se um fenômeno que conhecemos como a nacionalização das universidades, cujo
primeiro exemplo foi Praga (LE GOFF, 2003, p. 177
-
178).
Uma das primeiras cons
equ
ências desta nacionalização foi a perda do seu caráter
internacional, onde aspectos nacionais ou até mesmo regionais assumiram um destaque em
comparação com aspectos internacionais, onde a iniciativa da criação está a cargo de
soberanos e de papas. Dent
re
as universidades deste calado, podem ser citadas, por exemplo:
Salamanca, entre 1220 e 1230; Lisboa (1290); Coimbra (1290); Lérida (1300); Praga (1347);
Perpignan (1350); Huesca (1354); Colônia (1388); Barcelona (1450); Friburgo
-
em
-
Brisgau
(1455
-
1456);
Bas
ileia (1459), entre outras (LE GOFF, 2003, p. 169
-
170).
A iniciativa real em relação à fundação das universidades estava vinculada a questões
políticas do território, tais como o seu próprio desenvolvimento, o benefício favorecido aos
súditos e a tenta
tiv
a de evitar a participação de políticos estrangeiros (NUNES, 2018, p. 231).
Porém, se o século XIII foi o século de ouro das universidades com a constituição das mais
importantes, como Paris, Salamanca e Oxford (NUNES, 2018, p. 231), nos séculos seguint
es
elas começaram a perder as suas características iniciais, ou seja, perda da autonomia inicial
em detrimento da centralização feita pelo Estado, e a perda do caráter internacional com a
criação de diversas outras universidades em diversos territórios (NU
NES
, 2018, p. 250). E foi
justamente neste contexto que as universidades começaram a estabelecer cada vez mais uma
relação de poder com o
E
stado da época, como podemos observar nas palavras de Le Goff:
No final da Idade Média as grandes universidades se c
onv
ertem em
potências políticas, desempenham um papel ativo, às vezes de primeiro
plano, nas lutas entre os estados, são o teatro de violência e crise que opõem
as ‘nações’ inspiradas a partir de então por um sentimento nacional e se
integram, por fim, nas
no
vas estruturas nacionais dos estados (LE GOFF,
20
03
, p. 132).
Em termos gerais, pode
-
se afirmar que a partir do século XIV cada vez mais as
universidades se direcionaram para ser um importante instrumento de poder por parte do
papado e das monarquias,
com
a formação de profissionais para atuarem no âmbito do poder
na origem do
E
stado laico na Baixa Idade Média. Sua autonomia inicial foi gradativamente
sendo englobada pelos
E
stados que estavam surgindo, e cada vez mais passaram a ser
instrumentos naciona
is
dos novos territórios em formação. Entretanto, dois fenômenos em
relação ao mundo universitário, que surgiram no contexto medieval
,
iriam continuar nos
séculos seguintes: a migração de estudantes e a expansão das universidades.
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9
A migração de estudantes
e
a expansão da universidade
A migração de estudantes é um fenômeno iniciado com as primeiras escolas
filosóficas do século III (A.C), como
a
Hekadimia
de Platão na cidade de Atenas. Embora
sem essas mesmas características, a academia universitária da ida
d
e média contou como
marco importante para o desenvolvimento das instituições universitárias a migração de
estudantes e professores. Conhecidas no século XII por Studium Generale (Estudos Gerais),
essas instituições tinham como objetivo, além de formar clé
r
igos para defesa da fé católica,
contribuir para formação dos filhos dos nobres. Com o passar dos anos os
Studium Generale
passaram a ser chamados de
Universitas Studii ou Magistrorum et Scolarium
.
Para Jaques Verger (1990), a palavra
Studium
significava
l
ugar onde os alunos
estudavam, um tipo de estabelecimento de Ensino Superior onde se reuniam os aprendizes e
mestres. E
universitas
o nome da organização corporativa responsável pela manutenção e
administração do
studium
. Para a legislação em vigor, signi
f
icava qualquer tipo de
comunidade ou corporação.
Provavelmente, as primeiras relações didáticas estabelecidas nesses tipos de
associações tenham sido semelhantes às das corporações de ofício onde eram comuns o
compartilhamento dos conhecimentos técnicos,
p
rofissionais e a prática de atividades de
manutenção e proteção da corporação. Pela necessidade de uma sistematização dos conteúdos
trabalhados nasce o currículo como instrumento que produz a formação esperada pela
sociedade.
O currículo era composto por
a
tividades instrumentais e práticas oriundas do
college
.
As atividades instrumentais eram compostas pelo conjunto de três (
triviun) ramos
do
conhecimento (disciplinas): gramática, retórica e dialética. E as atividades práticas de quatro
(
cuandriviu
) ramos
d
o conhecimento (disciplinas): Astronomia, Geometria, Aritmética e
Música. No exercício comum e diário dessas corporações, os alunos eram conduzidos ao
exercício de uma
“
mentalidade laica, técnica e racionalista
”
(CAMBI, 1999, p.
174
-
175).
Até meados do sé
c
ulo XIV as universidades e faculdades funcionavam em casas
alugadas, conventos e igrejas. Por vezes, nos conflitos com as autoridades locais, os
professores e alunos ameaçavam migrar para outra região. A partir do final do século XIV, a
Universidade de Pa
r
is começou a fixar o seu funcionamento com a aquisição de prédios e
edifícios. No século XV
,
o mesmo passou a ocorrer com outras universidades.
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10
Por volta de 1500, tanto as novas universidades como as velhas possuíam
edifícios acadêmicos apropriados
-
sal
a
s de aulas, salas de reuniões, uma
capela, uma ou mais bibliotecas, alojamentos para estudantes e professores.
[...] agora, as universidades já não podiam ameaçar com a migração, nem as
autoridades tolerar greves ou secessões (GIEYSZTOR, 2000, p. 135
-
138)
.
Por volta dos anos 1500, em quase todas as regiões da Europa já havia uma
Universidade; como os currículos eram semelhantes, era muito comum estudantes migrarem
de uma região para outra, por exemplo, saírem da Universidade de Coimbra em Portugal para
es
t
udarem
em
Oxford na Inglaterra ou o estudante sair de Salamanca, na Espanha, para
estudar em Toulouse, na França. Por conta das distâncias, mesmo entre regiões contíguas
como Espanha e França, os estudantes se deslocavam de uma para outra com a finalidade
de
ali permanecerem. Os mais afortunados eram mantidos a expensas de suas famílias e os
menos afortunados trabalhavam para custear seus estudos. Essas migrações eram comuns e
constantes em todo o período medieval.
Segundo Santos (2014, p. 90)
,
com o passa
r
do tempo, as cidades onde essas
Universidades foram estabelecidas passaram a ser conhecidas como cidades universitárias,
que se beneficiavam tanto com a mobilidade quanto com a migração de estudantes. A
migração e a mobilidade eram estimuladas por dois f
a
tores: as aulas nas universidades eram
em latim e os graus eram os mesmos em todas as universidades. Um estudante geralmente
iniciava seus estudos em uma universidade perto de sua residência e poderia concluí
-
los em
outra mais distante.
No fim da Idade Mé
d
ia a Europa já contava com 60 universidades estruturadas nas
denominadas cidades universitárias. Com o Renascimento, esse número cresceu rapidamente
,
chegando a 143 em 1790. Mas, apesar do aumento no número de instituições, isso não
impediu que as grandes
cidades e capitais como Londres, Amsterdam, Anvers, Bruxelas,
Rouem, Lyon, Madrid, Milan, Berlin, Saint
-
Pétersbourg perdessem o controle político e
financeiro sobre elas (CHARLE
;
VERGER, 2012, p. 48).
Com as grandes navegações, os hispânicos levaram para
s
uas colônias o modelo de
educação superior europeia. Entre os anos de 1511 a 1609, foram criadas nas colônias
espanholas 16 universidades. Entre 1677 e 1791, muitas dessas universidades serviram de
cenários para criação de outras e extinção de outras tant
a
s.
Nesse mesmo período, surgem as primeiras universidades fora da Europa,
principalmente nas colônias da América do Norte e na América Latina. Em paralelo a esse
movimento expansionista surge um novo modelo de universidade, com uma estrutura
administrati
v
a diferente, concepção de ensino, tipologia e metodologias diferentes da
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surgimento, nacionalização e indicadores de internacionalização
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desenvolvida no período medieval, mas adaptada à ideologia dominante dos grupos que
deram origem a essas instituições.
Um dos fatores marcantes na vida dos estudantes migrantes é que
quando se tornam
egressos das universidades estrangeiras, uma grande parte não retorna mais para os países de
origem
,
sendo inseridos no mercado de trabalho do país de destino. O que não acontece na
grande maioria dos estudantes em mobilidade acadêmica in
t
ernacional
:
No in
í
cio do século XIV, havia 301 médicos registrados em França; destes,
57,8% tinham estudado em Paris, 35,2% em Montpelllier, 2,7% noutras
faculdades de medicina francesas e 4,3% no estrangeiro. No final do século
XV, num total de 436 médi
c
os, os alumni de Montpellier formavam apenas
16,3% do total e os de Paris 47,5%; outras universidades de França, então,
27,6% e as faculdades estrangeiras 8,5%. Paris
-
e Montpellier ainda mais
-
perderam terreno para Caen, Toulose e Avanhão, ou para Perp
i
nhão, Cahors,
Angers, Dôle, Nantes, Poitiers, Bordéus e Borges. Os diplomados pelas
universidades
estrangeiras eram quase todos estrangeiros que, depois de
terem terminado os seus estudos, vinham exercer a profissão na França
(RIDDER
-
SYMOENS, 1996, p.
286
)
.
A reforma protestante impactou positivamente na expansão do número de instituições
de Ensino Superior dentro e fora da Europa. Além das criadas pelo Estado e pela Igreja
Católica, contava
-
se agora com as Luteranas e Calvinistas, influenciando diretamen
t
e na
redução do fluxo migratório dos estudantes. A redução desse fluxo foi possibilitada graças à
expansão no número de instituições de ensino.
Estatização das universidades
Nos 300 anos que separam o processo de declínio do medievo e a estabilidade do
estado moderno (século XV a XVIII), a universidade alcança o absolutismo monárquico,
regime político pelo qual reunia ao mesmo tempo e região monarcas, nobres e burgueses e
que favoreceu o desenvolvimento das instituições públicas mantidas administrativam
e
nte por
um corpo burocrático.
Com o advento da revolução francesa de 1789, onde Napoleão Bonaparte, sob a égide
da monarquia constitucional, assumiu o completo controle estatal e submeteu o Estado
Francês a uma profunda reforma institucional e administrat
i
va
,
entre elas a do ensino, a
Universidade de então passou por profundas modificações
,
adquirindo características das
quais algumas delas estão presentes nas universidades atuais.
Vista como uma instituição perigosa pelos revolucionários franceses por man
t
er as
tradições do velho regime medieval, cujo currículo, embasad
o
na cultura clássica, impedia a
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divulgação e o ensino, portanto, a assimilação de novos conhecimentos produzidos pelas
ciências experimentais e
pelo
enciclopedismo. Em 1806, com o apoio da
a
ssembleia
constituinte, foi aprovada a lei que passou a disciplinar o ensino superior em toda a França:
“Ela será formada, sob o nome de
Université Imperiale
, uma corporação encarregada
exclusivamente do ensino e da educação pública em todo Império.”
A un
i
versidade, além de se tornar uma instituição pública, pertencente ao monopólio
estatal, laica por conta dos princípios revolucionários e agora cartorial por conta das
certificações, graus e diplomas
,
passou a disciplinar o funcionamento e a estrutura didá
t
ico
-
pedagógica das faculdades existentes, as escolas primárias, os colégios, os Liceus e qualquer
outra instituição de ensino.
Em suma, a universidade era vista como um aparelho ideológico do
Ancien
Régime
. Sucessivos decretos revolucionários, aos quais
s
e juntou o decreto
napoleônico de março de 1808, produziram profundas mudanças no
panorama do ensino superior. Foram criadas as Escolas Politécnicas, a
Faculdade de Ciências e a Faculdade de Letras; e as Escolas de Medicina e
de Direito foram promovidas a
Faculdades (CUNHA, 2007, p. 16
-
17).
Semelhante
à
relação dos governantes para com a sociedade civil da época, a
universidade, revestida da burocracia estatal, passou a agir de forma autoritária e ditar regras
para seu corpo docente e discente
,
que não ti
n
ha
m
clareza da situação, porque a educação não
estimulava a crítica, pelo contrário, servia como doutrinação, mantendo os interesses do
governo e da elite burguesa.
Na esteira do Iluminismo, outros países europeus passaram a refletir sobre a
importância
d
o papel social da universidade. Destaca
-
se a Alemanha que, influenciada por
pensadores como Wilhelm Von Humboldt e filósofos iluministas, estatizou o ensino superior
a partir do entendimento de que a Universidade é uma instituição vital para a manutenção
e
reprodução da identidade nacional.
Se destaca na produção desses filósofos as
de Wilhelm Von Humboldt (1767
-
1835)
,
considerado por muitos autores como pai da universidade moderna, ao introduzir na
pedagogia universitária a indissociabilidade entre ensino
e pesquisa nas práticas formativas
fundamentadas no desenvolvimento científico. Para Humboldt, o chão da universidade é o
território apropriado para o enlace entre a ciência e a política, entre o desenvolvimento do
espírito crítico e da ação prática: “[..
.
] a universidade mantém sempre uma relação intrínseca
com a vida prática e com as necessidades do Estado, já que, ao orientar a juventude,
desempenha tarefas pragmáticas que interessam ao Estado” (HUMBOLDT, 1997, p. 94
-
95).
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Segundo Fallon (1983)
,
a univer
s
idade se tornava parte do Estado não apenas para
unificar culturalmente a nação, mas, simultaneamente, para humanizar o Estado
,
cabendo a
este a obrigação de manter a dinâmica do desenvolvimento científico apresentado pela
universidade.
Brunner (2014) des
t
aca duas vertentes distintas no processo de estatização da
universidade: a vertente francesa e a vertente alemã. Para ele
:
a
vertente alemã, idealista
-
romântica, dá ao modelo de universidade pública
ocidental uma elevada autoconsciência como parte integr
a
nte do Estado e
expressão cultural da nação. Por outro lado, a vertente francesa, mais
político
-
administrativa, concede a legitimidade e o reconhecimento como um
serviço público de primeira ordem, como formadora das elites nacionais
(BRUNNER, 2014, p. 15
-
1
6).
A vertente alemã pensa a universidade como um espaço de fortalecimento das
representações culturais, valorização da identidade, humanização das relações nos contextos
sociais, políticos e econômicos. A vertente francesa, por outro lado, pensa a unive
r
sidade
como instituição formadora das elites, mesmo tendo como lema político institucional a liberté,
égalité e fraternité.
Estratégias de internacionalização das universidades brasileiras
A educação superior no Brasil vem se internacionalizando progr
e
ssivamente
,
tendo
como marco inicial as propositivas das reformas educacionais das décadas de 1960 e 1970
,
que enfocavam a necessidade de uma estrutura educacional mais integradora
,
propiciando
unidade entre ensino e pesquisa.
A partir da década de 1980,
a
s iniciativas de internacionalização da universidade
brasileira se concretizaram contemplando alguns dos objetivos mencionados no artigo 15º da
Declaração Mundial sobre Educação Superior no Século XXI: Visão e Ação, entre eles, o
“compartilhamento de conh
e
cimentos teóricos e práticos entre países e continentes”
7
. A
declaração é enfática ao conceber que as instituições de Ensino Superior devem, dentre outras
funções, assumir a iniciativa de internacionalização e não somente reagir diante das demandas
da glo
b
alização.
A internacionalização consubstancia a valorização e o respeito pelas diferenças e pela
identidade. O efeito da internacionalização é explicitado num conjunto de esforços
7
Disponível em
:
http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/Direito
-
a
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seculo
-
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-
visao
-
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-
acao.html
.
Acesso em: 2 jan. 2021.
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institucionais envidados para
se
adaptar a um mundo globalizado
,
que tem n
o
processo de
globalização a universalização de estratégias eficazes e eficientes em prol do pleno
conhecimento.
Globalização significa inclusão, conexões entre grupos, regiões etc. Também significa
exclusão pois, enquanto grupo e regiões estão conectados,
outros tantos e tantas estão
excluídos. Nesse sentido, globalização e guetorização
–
inclusão e exclusão
–
se tornam
aspectos do mesmo processo (VERWOERD, 1954).
Da exposição sucinta das matrizes iniciais, desencadeia a premissa de que para
conceber a coo
p
eração internacional como parte integrante das missões institucionais, cabe às
universidades a criação de mecanismos e estruturas apropriadas para promover a
internacionalização como um dos objetivos indicativos desse direcionamento.
As instituições de e
n
sino superior precisam se moldar a este novo cenário mundial
para que possam
se
equiparar aos países desenvolvidos
,
pois um cenário globalizado, e cada
vez mais competitivo,
a integração
passa pela internacionalização e pela capacidade de
inovar.
O proce
s
so
de internacionalização das instituições de ensino superior no Brasil ocorre
de formas diversas
,
tendo em vista a autonomia de cada Universidade. No entanto, o modo
mais comum se dá pela cooperação internacional, que inclui a mobilidade de acadêmicos,
g
e
stores e professores. Relevante ressaltar que a internacionalização não ocorre isoladamente,
pois pressupõe cooperação em todas suas formas
,
sejam acadêmicas, científicas e
tecnológicas
, e
em seus diferentes níveis
,
desde que voltadas ao âmbito da coopera
ç
ão
interinstitucional (STALLIVIERI, 2001).
A internacionalização das instituições de ensino superior em suas diferentes formas de
cooperação tem se tornado essencial para a melhoria da qualidade do ensino e da pesquisa
que, articulados, criam as condiçõe
s
para o desenvolvimento dos países participantes e
promove
m
melhor qualidade de vida das populações.
As universidades públicas na América Latina, no contexto da globalização, estão
sujeitas a forças e tensões, que derivam em políticas públicas, pela neces
s
idade de gerar
propostas para enfrentamento dos desafios atuais de formação, buscando consolidar ações que
atendam às demandas educacionais do mundo globalizado. Neste cenário, uma das mais
complexas estratégias educacionais e políticas que as instituiçõe
s
de ensino superior têm de
enfrentar refere
-
se
à
internacionalização como aponta Didriksson (2015)
,
visto que existe uma
política de interdependência econômica, social e cultural, facilitada recentemente pela mídia
de informação e comunicação.
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A internac
i
onalização acadêmica, durante a última década, vem se fortalecendo na
rotina da vida universitária e, por ser uma situação relativamente nova para muitas instituições
do ensino superior latinoamericano,
são
apresentada
s
na sequência estratégias metodológi
c
as
de uma experiência com ações de intercâmbio em desenvolvimento pelos autores deste artigo
,
por entendermos que é urgente promover uma reflexão sobre a
concepção de
internacionalização assumida nas instituições de ensino superior. O intuito é dar visibi
l
idade
aos
conceitos que permeiam a cooperação internacional em nível acadêmico e as formas em
que ela se configura e se concretiza, destacando os desafios para a efetiva internacionalização
institucional, tendo como foco a realidade das instituições de en
s
ino superior.
A experiência interinstitucional de internacionalização
Com o objetivo de compreender,
vis
-
a
-
vis
relatos de experiências de estudantes
intercambistas, as teorias que fundamentam a abordagem didática de um projeto de
articulação interinsti
t
ucional como prática de internacionalização binacional, serão
explicitados os desafios e as possibilidades de mudanças na prática educativa, possibilitados
pelo diálogo do conhecimento e de cosmovisões dos povos indígenas em relação às demandas
contemporâ
n
eas da vida intercultural. Vale dizer que a formação de professores em contextos
interculturais de internacionalização é fortemente permeada por crenças, compromissos
sociais e culturais distintos, conduzindo a reflexões e avaliações de ricas experiências
acadêmicas derivadas de práticas de mobilidade, currículos, viagens, diferentes idiomas e
experiências em propostas dita inovadoras.
A proposta metodológica em desenvolvimento com estudantes intercambistas parte de
uma noção ampla de flexibilidade curricu
l
ar (PARASKEVA, 2011), que a considera como
um processo coletivo e individual de criação e recriação das formas de reorganização,
percepção e interpretação do currículo presumido como um processo de comunicação e
interação entre diferentes espaços curricul
a
res. A flexibilidade é vista na organização
horizontal e vertical, na elaboração de produtos acadêmicos e na maneira pela qual eles são
concebidos e utilizados com originalidade e harmonizados com contextos reais.
Baseando
-
se
nos princípios de uma filoso
f
ia da internacionalização e para uma melhor
compreensão do programa e de suas práticas de internacionalização, são elencadas premissas
da parceria entre instituições de ensino superior no Brasil e no México que
,
apoiad
a
s numa
ampla flexibilização curricul
a
r, consideram um processo coletivo e individual de criação e
recriação como forma de reorganização, percepção e interpretação do currículo
,
reconhecendo
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NNA; Paulo César Marques de Andrade SANTOS; Rita di Cássia de Oliveira
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que se os programas de mestrado têm a tarefa principal de produzir e criar conhecimento
significa que
d
evem aceitar a diversidade acadêmica.
O
s o
bjetivos dessa experiência de internacionalização são
,
entre outros: propor
elementos acadêmicos concretos para envolver estudantes de pós
-
graduação e professores em
uma experiência alternativa de formação entre
a
s instituições parceiras
;
identificar problemas
acadêmicos muito específicos que possam ser articulados aos projetos de pesquisa
;
estabelecer diretrizes de trabalho e implementação de internacionalização que contribuam
para favorecer uma estratégia de art
i
culação dentro das linhas acadêmicas que compõem os
programas de pós
-
graduação
;
potencializar as condições acadêmicas e materiais existentes
nos programa
s
de pós
-
graduação para possibilitar um maior processo de internacionalização e
explorar elementos esp
e
cíficos de logística dentro das instituições para promover práticas de
internacionalização.
Portanto, após esse preâmbulo, passamos
à
apresentação do projeto (AVELAR; ROA
;
CUSATI, 2019, p. 1195
-
1201)
,
elencando estratégias de seu desenvolvimento e de seu
s
entido
pedagógico:
I
) A utilização das
narrativas das experiências dos alunos
no programa de
internacionalização é a primeira documentação (registro escrito) utilizada para explorar em
profundidade as ideias sobre a experiência de mobilidade acadêmica e
b
uscar o potencial de
mudança em outros cenários educativos.
II
) As
experiências relatadas
relacionadas aos vínculos interculturais entre o Brasil e
o México tem como propósito apresentar depoimentos, em forma de seminários, nos quais os
estudantes vivenci
a
m a experiência de internacionalização na comunicação em diferentes
idiomas. Embora os entusiasmos possam ser percebidos na experiência vivida e retratad
os
nos
relatos, é perceptível o progresso alcançado pelo compartilhamento de aspectos socioculturais
e
linguísticos dos países dos participantes.
III
)
O compromisso social dos estudantes com seu povo, sua comunidade de
origem
, compromisso que vai além da conclusão de estudos de pós
-
graduação de natureza
acadêmica, pois são enumerados outros relacionados à
c
onsciência de suas responsabilidades
e o vínculo com obrigações sociais.
IV
)
Experiência que acumula conhecimentos, sentimentos, valores e ações
que
ampliam a compreensão dos direitos humanos pelas
experiências interculturais.
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V
)
Experiências acadêmicas f
o
rmais
são possibilitadas pelos seminários de
aprofundamento teórico
-
metodológico que subsidiam as pesquisas e propiciam
o progresso
das mesmas
,
pois há ênfase no rigor da pesquisa acadêmica e de sua escrita.
VI
)
Experiências de intercâmbios culturais
prom
o
vem
o estudo e o fortalecimento
de práticas culturais em programas de pós
-
graduação para estudantes de diferentes
nacionalidades. Nesta atividade de troca de experiências culturais são valorizados, entre
outros, os costumes, o vestuário, a organização soc
i
al e as manifestações artísticas que
permitam compreender as estruturas culturais internas que os estudantes possuem e favorecer
um entendimento integral das vivências acadêmicas que são construídas nesse processo de
práticas com variados traços culturais
.
O trabalho de intercâmbio compartilhado favorece o desenvolvimento de uma
identidade individual e coletiva pois, além das pesquisas individuais, ofício de cada pós
-
graduando, há experiências de pesquisas em equipe e vivências de pesquisadores em
formaçã
o
com pesquisadores acadêmicos reconhecidos pela sua produção.
Vínculos binacionais favorecem a geração e a aplicação do conhecimento dos
estudantes que irão expandir e revitalizar, com o apoio teórico, os resultados de suas
investigações específicas.
É p
r
emente a necessidade de se avançar na construção de elementos norteadores da
internacionalização da educação superior no marco dos instrumentos de política pública, o
que exige uma revisão da própria política externa brasileira, enfatizando mais os temas
e
ducativos e científicos, assim como promovendo a abertura de oportunidades no âmbito
educacional. Da mesma forma, é demandada da instituição de ensino superior uma revisão das
limitações estruturais que enfrenta o seu sistema em relação
à
internacionaliza
ç
ão
,
para que se
possa definir fórmulas para o avanço nesse processo.
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die Parlement van die Unie van Suid
-
Afrika, 7 jun. 1954.
Pretoria: Staatsdrukker.
Como referenciar es
te artigo
CUSATI, I
.
C
.
; VIANNA, L
.
J
.
; SANTOS, P
.
C
.
M
.
A
.
; ANGELO, R
.
C
.
O
.
;
AVELAR, A
.
C.
Universidades:
s
u
rgimento, nacionalização e indicadores de internacionalização
.
Revista
Ibero
-
Americana de Estudos em Educação
, Araraquara, v. 1
6
, n.
1
, p.
3
-
19
,
jan./mar. 20
2
1
.
e
-
ISSN: 1982
-
5587. DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v16i1.13354
Submetido em
:
20/02/2020
R
evisões requeridas
:
06/03/2020
Aprovado em
:
30/09/2020
Publicado em
:
02/01/2021
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Universidades:
surgimento, nacionalização e indicadores de internacionalização
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3
UNIVERSIDADES: SURGIMIENTO, NACIONALIZACIÓN E INDICADORES DE
INTERNACIONALIZACIÓN
1
UNIVERSIDADES:
SURGIMENTO, NACIONALIZAÇÃO E INDICADORES DE
INTERNACIONALIZAÇÃO
UNIVERSITIES: EMERGENCE, NATIONALIZATION AND INDICATORS OF
INTERNATIONALIZATION
Iracema C
ampos CUSATI
2
Luciano José VIANNA
3
Paulo César Marques de Andrade SANTOS
4
Rita di Cássia de Oliveira ANGELO
5
Antonio Carrillo AVELAR
6
RESUMEN
: Este artículo se inicia presentando la trayectoria de las Universidades desde el
surgimiento en el período med
ieval, con la creación de una comunidad de
e
scolares; pasando
por el fenómeno de la nacionalización, con la consecuente pérdida de su carácter inicial
influenciado por las escuelas de oficio y posteriormente por el orden eclesiástica e imperial;
abordando
en este
ámbito
el proceso de estatización a partir de la revolución francesa. La
universidad brasileña, fuertemente influenciada hasta la década de 1970 por el modelo
europeo,
ha sido
impactada por las premisas de las reformas educacionales y objetivos
del
ineados para una estructura integradora entre enseñanza e investigación, que ocurrió de
forma más efectiva a partir de la década de 1980, se presentan juntamente con las iniciativas
de internacionalización de la universidad. Por último,
se enumeran
las est
rategias para el
desarrollo de un proyecto de internacionalización de las universidades brasileñas en el siglo
XXI
,
bajo la premisa de que para concebir la cooperación internacional, como parte integrante
1
“Este trabajo se realizó con el apoyo de la Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
-
Brasil (CAPES)
-
Código de Financiación 001”
2
Universidade de Pernambuco (UPE)
,
Petrolina
–
PE
–
B
r
asil
.
Profe
sora Adjunta del
Colegiado de Matemática
y Profes
ora Permanente d
el
Programa de
Posgrado en Formación del Profesorado y
e
Prácticas
Interdisciplinaria
s (PPGFPPI).
Do
c
tora
do
en
Educación
(USP). ORCID: http
s
://orcid.org/0000
-
0002
-
4812
-
8412.
E
-
m
ail: iracema.cusati@upe.br
3
Universidade de Pernambuco (UPE),
Petrolina
–
PE
–
B
r
asil
.
Profe
sor Permanente del
Programa de
Posgrado
en Formación del Profesorado y Prácticas
Interdisciplinar
ia
s (PPGFPPI).
Doc
tor
ado
en
Hist
o
ria Medieval
por la
Universitat A
utònoma de Barcelona (UAB). ORCID: https://orcid.org/0000
-
0001
-
7355
-
7609. E
-
mail:
luciano.vianna@upe.br
4
Universidade de Pernambuco (UPE),
Petrolina
–
PE
–
B
r
asil.
Profe
sor Adjunto d
el Colegiado Pleno de
Pedagogía y
Coord
i
nador d
e la Línea de Políticas Edu
cacionales, Formación
Docente
y Praxis Pedagógica del
Posgrado en Formación del Profesorado y Prácticas Interdisciplinarias (PPGFPPI). Doctorado en
Educación
(UFBA). ORCID: https://orcid.org/0000
-
0001
-
5803
-
2388
.
E
-
mail:
paulo.marques@upe.br
5
Universidade
de Pernambuco (UPE),
Serra Talhada
–
PE
–
Basil.
Profe
sora Adjunta
en el
Colegiado de
Medicina.
Doc
tora
do
en Neurocie
ncias (UFPE). ORCID: https://orcid.org/0000
-
0002
-
1694
-
1927. E
-
mail:
rita.angelo@upe.br
6
Universidad Nacional Autónoma de México (UNAM),
Ciu
dad
de
México
–
México. Profes
or d
el
Programa de
Posgrado en Pedagogía (UNAM), Profes
or e
investigador del
Programa de
Posgrado de la
Universidad
Pedagógica Nacional (UPN)
y Professor Visitante del
Programa de
Posgrado Interdisciplinario en Derechos
Humano
s (
UFG).
Posdoctorado en Educación
(USP)
. ORCID: https://orcid.org/0000
-
0002
-
5654
-
0650. Email:
antoniocarrillobr@hotmail.com
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de las
mis
iones institucionales, cabe a las univers
idades la creación de mecanismos y
estructuras apropiadas para promover la internacionalización como uno de los supuestos
indicativos de este direccionamiento.
PALABRAS
CLAVE
:
Internacionalización. Educación superior. Experiencias
interinstitucionales.
RESUMO
:
O presente artigo inicia
apresentando a trajetória das Universidades desde o
surgimento no período medieval,
com a criação de uma comunidade de
scolares; passando
pelo fenômeno da nacionalização, com a consequente
perda do seu caráter inicial
infl
uenciado pelas escolas de ofício e posteriormente pela ordem eclesiástica e imperial;
abordando nesse bojo o processo de estatização a partir da revolução francesa. A
universidade brasileira, fortemente influenciada até a década de 1970 pelo modelo europeu
,
foi impactada pelas premissas das reformas educacionais e objetivos delineados para uma
estrutura integradora entre ensino e pesquisa, que ocorreu de forma mais efetiva a partir da
década de 1980, movimento apresentado juntamente com as iniciativas de
in
ternacionalização da universidade. Por último, são elencadas as estratégias para o
desenvolvimento de um projeto de internacionalização das universidades brasileiras no
século XXI sob a premissa de que para conceber a cooperação internacional, como parte
i
ntegrante das missões institucionais, cabe às universidades a criação de mecanismos e
estruturas apropriadas para promover a internacionalização como um dos pressupostos
indicativos desse direcionamento.
PALAVRAS
-
CHAVE
:
Internacionalização. Educação supe
rior. Experiências
interinstitucionais.
ABSTRACT
:
This article begins by presenting the trajectory of universities since the
emergence in the medieval period, with the creation of a community of students; passing
through the phenomenon of nationalization
, with the consequent loss of its initial character
influenced by the schools of craft and later by the ecclesiastical and imperial order;
addressing in this bulge the process of nationalization in from of the French revolution. The
Brazilian university, s
trongly influenced until the 1970s by the European model, was
impacted by the premises of the educational reforms and objectives outlined for an
integrating structure between teaching and research, which occurred more effectively from
the 1980s, are presen
ted together with the initiatives of the university's internationalization.
Finally, the strategies for the development of a project for the internationalization of
Brazilian universities in the 21st century are listed under the premise that in order to
co
nceive international cooperation, as an integral part of institutional missions, it is up to
universities to create appropriate mechanisms and structures to promote internationalization
as one of the indicative assumptions of this direction.
KEYWORDS
:
Int
ernationalization
.
Higher
e
ducation
.
Interinstitutional
e
xperiences.
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Universidades: desde el
surgimiento
hasta
la nacionalizaci
ón
El siglo XIII fue un momento crucial en la historia intelectual del
Occidente
medieval,
principalmente por el surgimie
nto
de una nueva forma de organizaci
ón social y que sirvió
para romper gradualmente con el pensamiento que hasta entonces vigoraba en este territorio:
las universidades. Entre las diversas afirmaciones que se pueden hacer con relación al
surgimiento de est
as
instituciones en el período medieval, algunas son imprescindibles y se
deben destacar, como, por ejemplo, su originalidad en la sociedad de actual, ser un producto
del crecimiento demográfico de la época, promover el favorecimiento de la promoción de un
a
s
ociabilidad y el rompimiento de rasgos hasta entonces tradicionales en términos de
organización social
con la creación de una comunidad de
scolares
, es decir, formada tanto de
profesores como de alumnos. El surgimiento de las universidades fue un fenóme
no
de gran
importancia, en muchos sentidos, tanto que
Rui Afonso da Costa Nunes (2018, p. 221),
en su
libro
História da Educação na Idade Média
,
al abordar el capítulo sobre las universidades,
aclara para el lector que tal capítulo es el “punto culminante”
de
su libro.
En las palabras de
Jacques Verger:
Convertirse en estudiante: significaba, a finales de la Edad Media,
independientemente del estatus anterior, acceder a una condición
privilegiada; significaba poder eludir el impuesto y las formas más estr
ict
as
de la justicia ordinaria, significaba poder reclamar cierto tipo de rentas
(ingresos de beneficios eclesiásticos sin obligación de residencia),
significaba tomar asiento bajo la protección directa de las más altas
autoridades, seculares o eclesiástic
as,
inter
viniendo indirectamente los
“privilegios conservadores”
universitarios. Incluso antes de la obtención de
títulos, la mera inscripción en la universidad era ya, en cierto sentido, una
promoción social (VERGER, 1999, p. 100
, traducción nuestra
).
De
bem
os recordar que el contexto medieval fue un per
íodo en que no había la idea de
igualdad social ante la ley. Para la época, eso era impensable. Así, el surgimiento de la
universidad en este período favoreció la formación de un grupo con condiciones socia
les
privilegiadas, de destaque social, un grupo que sería distinto dentro del cuerpo social
medieval y, en las palabras de
Le Goff,
cada miembro de ese grupo se sentía “como un
artesano, como un hombre de oficio”
(LE GOFF, 2003, p. 87).
En este sentido, en
té
rminos sociales, se fue formando un grupo con una práctica
cultural diferenciada, en distintos términos: enseñanza basada en el uso de autoridades, uso
exclusivo del latín y un procedimiento pedagógico esencialmente oral y repetitivo. También
mantuviero
n u
na autonomía singular, con sus propios estatutos, normas de cooperación mutua
y organización autónoma de sus actividades.
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Gradualmente, el campo del saber se volvió un
lócus
de formación profesional y
destacó en la sociedad la figura del intelectual en
el
contexto universitario, como podemos ver
en las palabras de Verger sobre Paris del siglo XIII:
París se convirtió realmente en un importante foco de debate intelectual y de
renovación de ideas en el siglo XIII. Cientos de jóvenes clérigos se formaron
all
í en las más refinadas técnicas de trabajo intelectual, según métodos
seguros. Por supuesto, este trabajo intelectual contenía reglas a veces rígidas,
[...] pero la calidad de la enseñanza universitaria parisina permitió avanzar
de forma decisiva hacia
la
autonomía, por no decir la profesionalización, de
la cultura erudita. La figura, todavía un tanto vaga, de los conocedores se ha
asociado a un tipo social muy preciso y excepcionalmente prestigioso, el
médico. Se entendió que la Universidad de París se
hab
ía convertido
entonces en un modelo que se intentaría imitar y reproducir en todos los
lugares donde se sintiera la aspiración de una promoción similar de la cultura
(VERGER, 2001, p. 208).
En este sentido, la importancia del siglo XIII para el Occiden
te
medieval se destaca
con base en el surgim
i
ento de nuevos grupos sociales, entre los cuales el universo, formado
tanto por profesores como por alumno, los cuales cada vez
más serían vinculados como
pertenecientes a una cultura identificada como erudita.
Si
n embargo, aunque haya surgido en espacialidades distantes una de las dem
ás, las
universidades medievales se destacaron desde el inicio por su carácter internacional, y eso en
diversos aspectos. En primer lugar, porque ellas favorecen la migración const
ant
e de
estudiantes entre un territorio y otro, llevando incluso a formar, en el contexto de la época,
grupos que eran nombrados “naciones” o sea, la formación de grupos que estudiaban en un
territorio de individuos oriundos del mismo contexto territorial,
he
cho que se refleja en el
contexto universitario
(PEDRERO
-
SÁNCHEZ, 2000, p. 185).
En segundo lugar, porque
muchas veces los profesores tampoco eran originarios del territorio de la universidad, lo que
implica también en una
movimiento
por parte del cuerp
o d
ocente de estas instituciones
(LE
GOFF, 2003, p. 101).
Además, hay que destacar el uso de la lengua latina en las clases, que se utilizaba para
transmitir la información relacionada con los estudios, sobre todo en un contexto en el que las
lenguas ordi
nar
ias adquirían cada vez más protagonismo (VERGER, 2002, p. 580). En este
sentido, la formación de la universidad medieval presenta ya una característica que vemos hoy
en las universidades actuales, por lo que su formación puede caracterizarse como dinámi
ca
en
términos sociales.
La creación de las universidades obedeció básicamente a dos contextos. Un primero,
llamado
ex
-
consuetudine
, se
refería
a la junción a partir de centros de estudios ya existentes
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anteriormente,
generalmente formados por la reunión d
e p
rofesores. En ese caso, las
universidades eran organismos autónomos de naturaleza de carácter corporativo, eran
reconocidas por las instituciones eclesiásticas y laicas y tenían autonomía con
relación a la
enseñanza, a las mallas
de las asignaturas, a l
a d
uración de los estudios, modalidades de
exámenes, entre otros
(VERGER, 1999, p. 82).
Es necesario destacar que este modelo de
formación universitaria correspondía a un deseo de organización autónoma de una comunidad
de másteres y estudiantes, presentánd
ose
como otro oficio urbano cualquier (
BASCHET,
2006, p. 214).
El segundo contexto, surgido posteriormente, llamado
ex
-
privilegio
, era una
creación
universitaria concedida por el poder estatal (NUNES, 2018, p. 230).
Así, a lo largo
de los siglos, cada vez
más
ocurrió la asociación entre el mundo universitario y otro fenómeno
que se estaba formando en este mismo contexto: la formación estatal.
En cuanto a la formación del Estado durante el periodo medieval, el siglo XIII
presenta lo que sería la cuarta etap
a d
e formación del Estado según Genet, que sería incluso la
etapa anterior al Estado absolutista. Cada vez más se produjo una centralización del poder, la
creación de grupos burocráticos, una normalización de la recaudación de impuestos en
relación con la
soc
iedad, y una normalización en cuanto a la relación de la sociedad con el
rey, en la figura del súbdito (GENET, 2002, pp. 405
-
408). Alfonso X, rey de Castilla entre
1252 y 1284, conocido como el Sabio por su implicación en las actividades intelectuales d
el
siglo XIII, nos presenta esta división:
Un estudio es una asociación de maestros y escolares realizada en un lugar
determinado con la voluntad y la intención de aprender los conocimientos. Y
hay d
os tipos: uno es el que llaman “estudio general”
, en el
qu
e hay maestros
de artes, así como de gramática, lógica, retórica, aritmética, geometría y
astrología, y el otro en el que hay maestros de decretos y maestros de leyes
(maestros de derecho civil); este estudio debe establecerse por mandato del
Papa, del
Emp
erador o del Rey. La segu
nda modalidad es lo que llaman
“estudio privado”
, es decir, cuando un maestro enseña en alguna ciudad,
aparte de algunos escolares. Y éste puede hacer que el prelado o el consejo
lo hagan desde cualquier lugar (PEDRERO
-
SÁNCHEZ,
200
0, p. 182
,
traducción nuestra
).
El primer ejemplo presentado en el trecho anterior, que en realidad surgi
ó después del
segundo, es el momento en el cual la universidad pasa a ser un tema político, vinculando a
una iniciativa de creación política. De es
e m
odo, la asociación de los términos int
electo
-
poder
fue un fenómeno que involucró el contexto universitario cada vez más a partir del siglo XIV,
integrándose a la dinámica estatal de cada territorio. Si en un primer momento las
universidades han sido cre
ada
s a partir de una creación ya anterior
(
ex
-
consuetudine
),
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posteriormente, cada vez más ellas fueran incorporadas al contexto estatal (
ex
-
consuetudine
),
y han sido utilizadas como instrumentos para fortalecer el poder de los estados entonces
nacientes y
cad
a vez más burocráticos en el final del período medieval. Cada vez más, por lo
tanto, se inició un fenómeno que conocemos como la nacionalización de las universidades,
cuyo primer ejemplo fue Praga
(LE GOFF, 2003, p. 177
-
178).
Una de las primeras consecu
enc
ias de esta nacionalización fue la pérdida de su
carácter internacional, donde los aspectos nacionales o incluso regionales asumieron un
protagonismo frente a los internacionales, donde la iniciativa de la creación está a cargo de
soberanos y papas. Ent
re
las universidades de este calado, pueden citarse, por ejemplo:
Salamanca, entre 1220 y 1230; Lisboa (1290); Coimbra (1290); Lérida (1300); Praga (1347);
Perpiñán (1350); Huesca (1354); Colonia (1388); Barcelona (1450); Friburgo de Brisgovia
(1455
-
1456);
Ba
silea (1459), entre otras (LE GOFF, 2003, p. 169
-
170).
La iniciativa real en relación a la fundación de universidades estuvo ligada a
cuestiones políticas del territorio, como su propio desarrollo, el beneficio favorecido a los
sujetos y el intento de e
vit
ar la participación de políticos extranjeros (NUNES, 2018, p. 231).
Sin embargo, si el siglo XIII fue el siglo de oro de las universidades con la constitución de las
más importantes, como París, Salamanca y Oxford (NUNES, 2018, p. 231), en los siglos
si
gui
entes comenzaron a perder sus características iniciales, es decir, la pérdida de la
autonomía inicial en detrimento de la centralización realizada por el Estado, y la pérdida del
carácter internacional con la creación de otras varias universidades en di
sti
ntos territorios
(NUNES, 2018, p. 250). Y fue precisamente en este contexto en el que las universidades
comenzaron a establecer cada vez más una relación de poder con el Estado de la época, como
podemos ver en las palabras de Le Goff:
Al final de la Ed
ad
Media, las grandes universidades se convirtieron en
poderes políticos, desempeñaron un papel activo, a veces protagonista, en las
luchas entre Estados, fueron el teatro de la violencia y de las
crisis que se
opusieron a las “naciones”
inspiradas a parti
r d
e entonces por un sentimiento
nacional, y finalmente se integraron en las nuevas estructuras nacionales de
los Estados (LE GOFF, 1996, p. 132
, traducción nuestra
).
En términos generales, se puede afirmar que a partir del siglo XIV las universidades se
ori
entaron cada vez más a ser un importante instrumento de poder por parte del Papado y de
las monarquías, con la formación de profesionales para actuar en el ámbito del poder en el
origen del estado laico en la Baja Edad Media. Su autonomía inicial fue si
end
o englobada por
los estados emergentes, y cada vez más se convirtieron en instrumentos nacionales de los
nuevos territorios en formación. Sin embargo, dos fenómenos en relación con el mundo
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universitario, surgidos en el contexto medieval, continuarían e
n l
os siglos siguientes: la
migración de estudiantes y la expansión de las universidades.
La migración de estudiantes y la expansi
ón de la universidad
La migración de estudiantes es un fen
ómeno iniciado con las primeras escuelas
filosóficas del siglo III
(
A
.C),
como la
Hekadi
r
mia
de Platón en la ciudad de Atenas. Aunque
sin esas mismas características,
la academia universitaria de la edad media contó como marco
importante para el desarrollo en las instituciones universitarias la migración de estudiantes y
pr
ofesores. Conocidas en el siglo XII por
Studium Generale
(Estudios Generales), estas
instituciones tenían como objetivo, además de formar clérigos para defensa de la fe católica,
contribuir para formación de los hijos de los nobles. A lo largo de los añ
os
los
Studium
Generale
pasaron a llamarse de
Universitas Studii o Magistrorum et Scolarium
.
Para Jaques Verger (1990), la palabra
Studium
significaba lugar donde los alumnos
estudiaban, un tipo de establecimiento de Enseñanza Superior donde se reunían los
ap
rendices
y másteres. Y
universitas
el nombre de la organización corporativa responsable por la
manutenci
ón y administración del
studium
. Para la legislación en vigor, significaba cualquier
tipo de comunidad o corporación.
A lo mejor, las primeras relac
ion
es didácticas establecidas en estos tipos de
asociaciones hayan sido semejantes a las de las corporaciones de oficio donde eran comunes
el compartimiento de los conocimientos técnicos, profesionales y la práctica de actividad de
manutención y protección
de
la corporación. Por la necesidad de una sistematización de los
contenidos trabajados nasce el currículo como instrumento que produce la formación esperada
por la sociedad.
El currículo era compuesto por actividades instrumentales y prácticas oriundas
del
college
. Las actividades instrumentales eran compuestas por el conjunto de tres (
triviun)
ramos
del
conocimiento
(
asignaturas): gramática, retórica y dialéctica. Y las actividades
prácticas de cuatro (
cuandriviu
) ramos del conocimiento (asignaturas): A
str
onom
ía,
Geometría, Aritmética y Música. En el ejercicio común y diario de esas corporaciones, los
alumnos eran conducidos al
ejército
de una “mentalidad laica, técnica y racionalista”
(CAMBI, 1999, p. 174
-
175).
Hasta mediados del siglo XIV, las universi
dad
es y colegios funcionaban en casas
alquiladas, conventos e iglesias. A veces, en los conflictos con las autoridades locales, los
profesores y alumnos amenazan con emigrar a otra región. Desde finales del siglo XIV, la
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Universidad de París comenzó a fija
r s
u funcionamiento con la adquisición de edificios y
construcciones. En el siglo XV comenzó a ocurrir lo mismo con otras universidades.
Hacia el año 1500, tanto las universidades nuevas como las antiguas
contaban con edificios académicos apropiados: aula
s,
salas de reuniones, una
capilla, una o varias bibliotecas y viviendas para estudiantes y profesores.
[...] ahora, las universidades ya no podían amenazar con la migración, ni las
autoridades podían tolerar huelgas o secesiones (GIEYSZTOR, 2000, p.
135
-
1
38
,
traducción nuestra
).
En el año 1500, en casi todas las regiones de Europa ya había una universidad; como
los planes de estudio eran similares, era muy común que los estudiantes emigraran de una
región a otra, por ejemplo, dejar la Universidad de
Coímb
ra
en Portugal para estudiar en
Oxford en Inglaterra o que el estudiante dejara Salamanca en España para estudiar en
Toulouse en Francia. Debido a las distancias, incluso entre regiones contiguas como España y
Francia, los estudiantes se desplazaban de una
re
gión a otra para poder permanecer en ella.
Los más afortunados se mantenían a expensas de sus familias y los menos afortunados
trabajaban para pagar sus estudios. Estas migraciones fueron comunes y constantes durante
todo el periodo medieval.
Según Sant
os
(2014, p. 90), con el paso del tiempo las ciudades donde se establecieron
estas universidades pasaron a ser conocidas como ciudades universitarias, que se beneficiaron
tanto de la movilidad como de la migración de estudiantes. La migración y la movilida
d s
e
vieron estimuladas por dos factores: las clases en las universidades se impartían en latín y los
títulos eran iguales en todas las universidades. Por lo general, un estudiante comenzaba sus
estudios en una universidad cercana a su residencia y podía c
omp
letarlos en otra más lejana.
A finales de la Edad Media, Europa contaba ya con 60 universidades estructuradas en
las llamadas ciudades universitarias. Con el Renacimiento, este número creció rápidamente,
llegando a 143 en 1790. Pero a pesar del aumento
del
número de instituciones, esto no
impidió que grandes ciudades y capitales como Londres, Ámsterdam, Anvers, Bruselas,
Rouem, Lyon, Madrid, Milán, Berlín, Saint
-
Pétersbourg perdieran el control político y
financiero sobre ellas (CHARLE; VERGER, 2012, p.
48)
.
Con las grandes navegaciones, los hispanos llevaron a sus colonias el modelo europeo
de educación superior. Entre 1511 y 1609 se crearon 16 universidades en las colonias
españolas. Entre 1677 y 1791, muchas de estas universidades sirvieron de escenari
o p
ara la
creación de otras y la extinción de muchas otras.
Durante el mismo periodo, aparecieron las primeras universidades fuera de Europa,
principalmente en las colonias de América del Norte y América Latina. Paralelamente a este
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surgimento, nacionalização e indicadores de internacionalização
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movimiento expansionist
a,
surgió un nuevo modelo de universidad, con una estructura
administrativa, una concepción de la enseñanza, una tipología y unas metodologías diferentes
a las desarrolladas en la época medieval, pero adaptadas a la ideología dominante de los
grupos que di
ero
n origen a estas instituciones.
Uno de los factores destacables en la vida de los estudiantes inmigrantes es que
cuando se convierten en egresados de universidades extranjeras, una gran parte ya no regresa
a sus países de origen, sino que se inserta en
el
mercado laboral del país de destino. Esto no
ocurre en la gran mayoría de los estudiantes de movilidad académica internacional:
A principios del siglo XIV, había 301 médicos colegiados en Francia; de
ellos, el 57,8% había estudiado en París, el 35,2% e
n M
ontpelllier, el 2,7%
en otras facultades de medicina francesas y el 4,3% en el extranjero. A
finales del siglo XV, de un total de 436 doctores, los de Montpellier sólo
formaban el 16,3% del total y los de París el 47,5%; las otras universidades
de Franc
ia
entonces el 27,6% y las facultades extranjeras el 8,5%. París
-
y
Montpellier aún más
-
perdió terreno frente a Caen, Toulose y Avanhão, o
frente a Perpinhão, Cahors, Angers, Dôle, Nantes, Poitiers, Burdeos y
Borges. Los titulados de las universidades ext
ran
jeras eran casi todos
extranjeros que, tras finalizar sus estudios, venían a trabajar a Francia
(RIDDER
-
SYMOENS, 1996, p. 286).
La reforma protestante ha tenido un impacto positivo en la expansión del número de
instituciones de educación superior dentr
o y
fuera de Europa. Además de los creados por el
Estado y la Iglesia católica, ahora había luteranos y calvinistas, lo que influyó directamente en
la reducción de la migración estudiantil. La reducción de este flujo fue posible gracias a la
ampliación del
nú
mero de centros educativos.
Estatización de las universidades
En los 300 años que separan el proceso de decadencia de lo medieval y la estabilidad
del Estado moderno (siglos XV al XVIII), la universidad alcanzó el absolutismo monárquico,
un régimen p
olí
tico por el que aglutinaba a monarcas, nobles y burgueses al mismo tiempo y
región, y que favorecía el desarrollo de instituciones públicas mantenidas administrativamente
por un cuerpo burocrático.
Con el advenimiento de la revolución francesa en 1789,
en
la que Napoleón
Bonaparte, bajo la égida de la monarquía constitucional, tomó el control total del Estado y
sometió al Estado francés a una profunda reforma institucional y administrativa, entre ellas la
de la enseñanza, la Universidad de la época sufri
ó p
rofundos cambios, adquiriendo
características de las que algunas están presentes en las universidades actuales.
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Dado como una institución peligrosa por los revolucion
a
rios franceses
por mantener
las tradiciones del viejo medieval, cuyo currículo, basado
en
la cultura clásica, impedía la
divulgación y la enseñanza, por lo tanto,
la asimilación de nuevos conocimientos producidos
por las ciencias experimentales y por el enciclopedismo. En 1806, con el apoyo de la
asamblea constituyente, se aprobó la ley que
pa
só a disciplinar la enseñanza superior en toda
Francia: “Ella será formada, bajo el nombre de
Université Imperiale
, una corporación
encargada exclusivamente de la enseñanza y de la enseñanza pública en todo Imperio”.
La universidad, además de volverse
una
institución pública, perteneciente al
monopolio estatal, laica por cuenta de los principios revolucionarios y ahora cartorial por
cuenta de las certificaciones, niveles y diplomas, pasó a disciplinar el funcionamiento y la
estructura didáctico
-
pedagógi
ca
de las facultades existentes, las escuelas primarias, los
colegios, los Liceos y cualquier otra institución de enseñanza.
En resumen, la universidad se consideraba un aparato ideológico del
Ancien
Régime
. Los sucesivos decretos revolucionarios, a los
que
se sumó el decreto
napoleónico de marzo de 1808, produjeron profundos cambios en el
panorama de la enseñanza superior. Se crearon las Escuelas Politécnicas, la
Facultad de Ciencias y la Facultad de Letras; y las Escuelas de Medicina y
Derecho fueron pr
omo
vidas a Colegios Mayores (CUNHA, 2007, p. 16
-
17
,
traducción nuestra
).
De forma similar a la relación de los gobernantes con la sociedad civil de la época, la
universidad, revestida de burocracia estatal, comenzó a actuar de forma autoritaria y a dictar
no
rmas para su profesorado y alumnado, que no tenían clara la situación, porque la educación
no estimulaba la crítica, al contrario, servía de adoctrinamiento, manteniendo los intereses del
gobierno y de la élite burguesa.
En el período de la Ilustración
, o
tros pa
íses europeos pasaron a reflexionar sobre la
importancia del rol social de la universidad. Se destaca Alemania que, influenciada por
pensadores como
Wilhelm Von Humboldt y filósofos
ilustrados
, estatizó la enseñanza
superior a partir del entendim
ien
to de que la Universidad es una
institución vital para la
manutención y reproducción de la identidad nacional.
En la producción de estos filósofos destaca la de Wilhelm Von Humboldt (1767
-
1835), considerado por muchos autores como el padre de la univer
sid
ad moderna, al
introducir en la pedagogía universitaria la
insociabilidad
entre la enseñanza y la investigación
en prácticas formativas basadas en el desarrollo científico. Para Humboldt, el suelo
universitario es el territorio apropiado para la vincula
ció
n entre ciencia y política, entre el
desarrollo del espíritu
crítico y la acción práctica: “
[...] la universidad mantiene siempre una
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relación intrínseca con la vida práctica y con las necesidades del Estado, ya que, al guiar a la
juventud, realiza tare
as
pragmá
ticas de interés para el Estado”
(HUMBOLDT, 1997, pp. 94
-
95).
Según Fallon (1983), la universidad pasó a formar parte del Estado no sólo para
unificar culturalmente a la nación, sino también para humanizar al Estado, teniendo éste la
obligación de
ma
ntener la dinámica de desarrollo científico que presenta la universidad.
Brunner (2014) destaca dos vertientes distintas en el proceso de estatizaci
ón de la
universidad: la vertiente francesa y la vertiente alamana. Para él:
[…]
el lado alemán, ideali
sta
-
romántico, confiere al modelo de universidad
pública occidental un alto grado de autoconciencia como parte integrante del
Estado y de la expresión cultural de la nación. Por otro lado, la parte
francesa, más político
-
administrativa, otorga legitimidad
y r
econocimiento
como servicio público de primer orden, como formador de las élites
nacionales (BRUNNER, 2014, p. 15
-
16
, traducción nuestra
).
La parte alemana piensa en la universidad como un espacio para fortalecer las
representaciones culturales, valora
r l
a identidad, humanizar las relaciones en contextos
sociales, políticos y económicos. La parte francesa, en cambio, piensa en la universidad como
una institución de formación de las élites, teniendo incluso como lema político institucional la
liberté, la
ég
alité y la fraternité.
Estrategias de internacionalización de las universidades brasileñas
La educación superior en Brasil se ha ido internacionalizando progresivamente,
teniendo como marco inicial las propuestas de las reformas educativas de los año
s 6
0 y 70,
que se centraron en la necesidad de una estructura educativa más integradora, proporcionando
unidad entre la enseñanza y la investigación.
Desde la década de 1980, las iniciativas de internacionalización de la universidad
brasileña se han materi
ali
zado contemplando algunos de los objetivos mencionados en el
artículo 15 de la Declaración Mundial sobre la Educación Superior en el Siglo XXI: Visión y
Acción, entre ellos, el
“
intercambio de conocimientos teóricos y prácticos entre países y
continente
s
”
. La declaración es enfática al concebir que las instituci
ones de Educación
Superior debe
, entre otras funciones, asumir la iniciativa de la internacionalización y no sólo
reaccionar a las demandas de la globalización.
La internacionalización encarna el
ap
recio y el respeto por las diferencias y la
identidad. El efecto de la internacionalización se hace explícito en un conjunto de esfuerzos
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institucionales realizados para adaptarse a un mundo globalizado, que tiene en el proceso de
globalización la unive
rsa
lización de estrategias eficaces y eficientes a favor del pleno
conocimiento.
La globalización significa inclusión, conexiones entre grupos, regiones, etc. También
significa exclusión, porque mientras los grupos y las regiones están conectados, otros mu
cho
s
están excluidos. En este sentido, la
globalización y la guetización
–
inclusión y exclusión
–
se
convierten en aspectos del mismo proceso (VERWOERD, 1954).
A partir de la breve presentación de las matrices iniciales, se parte de la premisa de
que par
a c
oncebir la cooperación internacional como parte integrante de las misiones
institucionales, corresponde a las universidades crear mecanismos y estructuras adecuadas
para promover la internacionalización como uno de los objetivos indicativos de esta dire
cci
ón.
Las instituciones de educación superior deben adaptarse a este nuevo escenario
mundial para estar a la altura de los países desarrollados, ya que en un escenario globalizado,
y cada vez más competitivo, la integración pasa por la internacionalizació
n y
la capacidad de
innovación.
El proceso de internacionalización de las instituciones de enseñanza superior en Brasil
se produce de diferentes maneras, teniendo en cuenta la autonomía de cada universidad. Sin
embargo, la forma más habitual es la cooperac
ión
internacional, que incluye la movilidad de
académicos, directivos y profesores. Es importante destacar que la internacionalización no se
produce de forma aislada, ya que presupone la cooperación en todas sus formas, académica,
científica y tecnológica,
y
en sus diferentes niveles, siempre que se centren en el ámbito de la
cooperación interinstitucional (STALLIVIERI, 2001).
La internacionalización de las instituciones de educación superior en sus diferentes
formas de cooperación se ha vuelto esencial par
a l
a mejora de la calidad de la enseñanza y la
investigación que, articuladas, crean las condiciones para el desarrollo de los países
participantes y promueven una mejor calidad de vida de las poblaciones.
Las universidades públicas de América Latina, en e
l c
ontexto de la globalización,
están sometidas a fuerzas y tensiones, que se derivan de las políticas públicas, debido a la
necesidad de generar propuestas para enfrentar los actuales desafíos de formación, buscando
consolidar acciones que respondan a las
de
mandas educativas del mundo globalizado. En este
escenario, una de las estrategias educativas y políticas más complejas que tienen que afrontar
las instituciones de educación superior se refiere a la internacionalización como señala
Didriksson (2015), y
a q
ue existe una política de interdependencia económica, social y
cultural, facilitada recientemente por los medios de información y comunicación.
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La internacionalización académica, durante la última década, se ha ido fortaleciendo
en la rutina de la vida
uni
versitaria y, por ser una situación relativamente nueva para muchas
instituciones de educación superior latinoamericanas, se presentan estrategias metodológicas
en la secuencia de una experiencia con acciones de intercambio en desarrollo por los autores
de
este artículo, porque creemos que es urgente promover una reflexión sobre el concepto de
internacionalización asumido en las instituciones de educación superior. El objetivo es dar
visibilidad a los conceptos que impregnan la cooperación internacional
a n
ivel académico y
las formas en que se configura y materializa, destacando los retos para una efectiva
internacionalización institucional, centrándose en la realidad de las instituciones de educación
superior.
La experiencia interinstitucional de inter
nac
ionalización
Con el objetivo de comprender,
vis
-
a
-
vis
relatos de experiencias de estudiantes
intercambistas, las teorías que basan el abordaje didáctico de un proyecto de articulación
interinstitucional como práctica de internacionalización binacional
, s
e explicitarán los retos y
las posibilidades de cambios en la práctica educativa, posibilitados por el diálogo del
conocimiento y de cosmovisiones de los pueblos indígenas con relación a las demandas
contemporáneas de vida intercultural. Cabe decir que
la
formación del profesorado en
contextos interculturales de internacionalización es fuertemente atravesada por creencias,
compromisos sociales y culturales distintos, conduciendo a reflexiones y evaluaciones de
ricas experiencias académicas derivadas de p
rác
ticas de movilidad, currículos, viajes,
diferentes idiomas y experiencias en propuestas dichas innovadoras.
La propuesta metodológica en desarrollo con los estudiantes de intercambio se basa en
una noción amplia de flexibilidad curricular (PARASKEVA, 2
011
), que la considera como un
proceso colectivo e individual de creación y recreación de las formas de reorganización,
percepción e interpretación del currículo asumido como un proceso de comunicación e
interacción entre diferentes espacios curriculares.
La
flexibilidad se observa en la
organización horizontal y vertical, en la elaboración de productos académicos y en la forma
de concebirlos y utilizarlos con originalidad y armonizados con los contextos reales.
Con base en los principios de una filosofía d
e l
a internacionalización y para una mejor
comprensión del programa y sus prácticas de internacionalización, se enumeran las premisas
de la asociación entre instituciones de educación superior de Brasil y México que, apoyadas
en una amplia flexibilidad cur
ric
ular, consideran un proceso colectivo e individual de creación
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y recreación como una forma de reorganización, percepción e interpretación del currículo,
reconociendo que si los programas de maestría tienen la tarea principal de producir y crear
conocimi
ent
o significa que deben aceptar la diversidad académica.
Los objetivos de esta experiencia de internacionalización son, entre otros: proponer
elementos académicos concretos para involucrar a los estudiantes y profesores de posgrado en
una experiencia de f
orm
ación alternativa entre las instituciones asociadas; identificar
problemas académicos muy específicos que puedan articularse a proyectos de investigación;
establecer pautas de trabajo e implementación de la internacionalización que contribuyan a
favorec
er
una estrategia de articulación dentro de las líneas académicas que conforman los
programas de posgrado; potenciar las condiciones académicas y materiales existentes en los
programas de posgrado para posibilitar un mayor proceso de internacionalización y
ex
plorar
elementos logísticos específicos dentro de las instituciones para promover las prácticas de
internacionalización.
Por ello, tras este preámbulo, pasamos a la presentación del proyecto (AVELAR;
ROA; CUSATI, 2019, p. 1195
-
1201), enumerando estrateg
ias
para su desarrollo y sentido
pedagógico:
I
)
La utilización de las
narrativas de las
experie
ncias de los
alumnos
en el programa
de internacionalización es la primera documentación (registro escrito) utilizada para explorar
en profundidad las ideas sobre
la
experiencia de movilidad académica y buscar el potencial de
cambio en otros escenarios educativos.
II
)
Las
experiencias relatadas
relacionadas a los vínculos interculturales entre Brasil
y México tienen como prop
ósito presentar testimonios, en forma d
e s
eminarios, en los que los
estudiantes vivencian la experiencia de internacionalización en la comunicación en diferentes
idiomas. Aunque los entusiasmos se puedan percibir en la experiencia vivida y retrata
da
s en
los informes, se percibe el progreso logr
ado
por el compartimiento de aspectos socioculturales
y lingüísticos de los países participantes.
III
)
El compromiso social de los estudiantes con su pueblo, su comunidad de
origen
, compromiso que v
a más allá de la conclusión de estudios de posgrado de na
tur
aleza
académica, pues son enumerados otros relacionados a la consciencia de sus responsabilidades
y el vínculo con obligaciones sociales.
IV
)
Experiencia que acumula conocimientos, sentimientos, valores y acciones
que
amplían la
comprensión de los dere
cho
s humanos por las
experiencias interculturales
.
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V
)
Experiencias académicas formales
son posibilitadas por los seminarios de
profundización
teórico
-
metodológica
que subsidian l
as investigaciones y propician su
progre
so
, pues hay énfasis en el rigor de l
a i
nvestigación académica y de su escritura.
VI
)
Experiencias de intercambios culturales
promocionan el estudio y el
fortalecimiento de pr
ácticas culturales en programas de posgrado para estudiantes de
diferentes nacionalidades. En esta actividad de inter
cam
bio de experiencias culturales se
valoran, entre otros, las costumbres, el vestuario, la organización social y las manifestaciones
artísticas que permitan comprender las estructuras culturales internas que los estudiantes
puedan favorecer un entendimien
to
integral de las vivencias académicas que se construyen en
ese proceso de prácticas con variados rasgos culturales.
El trabajo de intercambio compartido favorece el desarrollo de una identidad
individual y colectiva porque, además de la investigación i
ndi
vidual, el oficio de cada
postgraduado, hay experienc
ias de investigación en equipo
y experiencias de investigadores
en formación con investigadores académicos reconocidos por su producción.
Los vínculos binacionales favorecen la generación y aplicación
de
conocimientos de
los estudiantes que ampliarán y revitalizarán, con apoyo teórico, los resultados de sus
investigaciones específicas.
Es urgente avanzar en la construcción de elementos orientadores de la
internacionalización de la educación superior en
el
marco de los instrumentos de política
pública, lo que requiere una revisión de la propia política exterior brasileña, enfatizando más
las cuestiones educativas y científicas, además de promover la apertura de oportunidades en el
ámbito educativo. Asimi
smo
, se requiere que la institución de educación superior revise las
limitaciones estructurales a las que se enfrenta su sistema en relación con la
internacionalización, de manera que se puedan definir fórmulas para avanzar en este proceso.
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, Araraquara, v. 1
6
, n.
1
, p.
3
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19
, jan./mar. 20
2
1
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e
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ISSN: 1982
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5587. DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v16i1.13354
Enviado
e
l
:
20/02/2020
Revisione
s requeridas
:
06/03/202
0
Apro
b
ado e
l
:
30/09/2020
Publicado e
l
:
02/01/2021