REPERTÓRIO DE PESQUISA SOBRE A EDUCAÇÃO RURAL NO PARANÁ POR MEIO DA IMPRENSA (1930-1961)


REPERTORIO DE INVESTIGACIÓN RURAL EN PARANÁ A TRAVÉS DE LA PRENSA (1930-1961)


RESEARCH REPERTOIRE ON RURAL EDUCATION IN PARANÁ THROUGH THE PRESS (1930-1961)


Simone Burioli IVASHITA1


RESUMO: O presente texto é resultado de pesquisa de pós-doutoramento e teve como objetivo geral localizar, catalogar e analisar jornais, revistas e boletins que tratam da educação rural no estado do Paraná disponibilizados na Biblioteca Nacional no período de 1930 a 1961. Para tanto, foram mapeados os artigos sobre educação rural presentes em periódicos científicos, considerando as recorrências temáticas, o que foi apresentado em forma de repertório. Como principais resultados podemos destacar que as temáticas centrais encontradas foram na formação do professor rural, em eventos destinados à temática da educação rural, na função e representação da educação rural e a permanência do homem no campo. Nos periódicos há uma relativa preocupação com o rural (ou a ausência de abordagem desta temática) ligada ao movimento político, indicando se o governante era um típico ruralista ou um defensor da industrialização.


PALAVRAS-CHAVE: História da educação. Educação rural. Imprensa paranaense.


RESUMEN: El presente texto es el resultado de uma investigación posdoctoral y tenía el objetivo general de localizar, catalogar y analizar periódicos, revistas y boletines informativos sobre educación rural en el Estado de Paraná, que se pusieron a disposición em la Biblioteca Nacional de 1930 a 1961. Para este propósito, se mapearon los artículos sobre la educación rural que aparece em publicaciones periódicas teniendo en cuenta las recurrencias temáticas, que se presentó em forma de repertorio. Como resultados principales, podemos destacar que los temas centrales encontrados fueron en la capacitación de docentes rurales, en eventos dirigidos a la educación rural, el papel y la representación rural y la permanencia del hombre en el campo. En las publicaciones periódicas existe uma preocupación relativa por lo rural (o la falta de enfoque de este tema) vinculado al movimento político, lo que indica si el gobernante era um ruralista típico o um defensor de la industrialización.


PALABRAS CLAVE: Historia de la educación. Educación rural. Prensa paranaense.



1 Universidade Estadual de Londrina (UEL), Londrina – PR – Brasil. Professora Adjunta do Departamento de Educação e do Programa de Pós-Graduação em Educação (UEL). Doutorado em Educação (UEM). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-8766-8331. E-mail: prof.simone@uel.br




ABSTRACT: The present text is the result of post-doctoral research and had the general objective of locating, cataloging and analyzing newspapers, magazines and newsletters dealing with rural education in the state of Paraná made available at the National Library from 1930 to 1961. For this purpose, articles on about rural education that appear in scientific periodicals considering thematic recurrences were mapped, which was presented in the form of a repertoire. As main results we can highlight that the central themes found were rural teacher formation, events aimed at rural education, the role and representation of rural education and the permanence of men in the field. In the periodicals there is a relative concern with the rural (or the lack of approach to this theme) linked to the political movement, indicating whether the ruler was a typical ruralist or a defender of industrialization.


KEYWORDS: History of education. Rural education. Paraná press.


Introdução


O estado do Paraná foi um estado predominantemente rural até meados de 1960, e isso indica a importância da educação no meio rural, permitindo problematizar a função da escola neste cenário, sua organização e a formação de seus professores. De modo geral, as escolas localizadas no campo, naquele momento, tinham por função educar o homem do campo, tendo como uma das finalidades mantê-lo ali, ou seja, seria uma escola que serve ao seu meio.

Nesta época, tanto no estado do Paraná como em outras localidades do país, acontecia o movimento do ruralismo pedagógico, que propunha dentre outras coisas a escola integrada às condições locais, e para isso incentivava a fixação do homem ao campo.

A fase de (re)ocupação do território paranaense implicava povoamento, movimentos migratórios, construção da malha rodoviária, que juntamente com a produção cafeeira queria consolidar o estado como maior produtor e exportador de café do Brasil, portanto, a expansão econômica do estado não se deu pela indústria, mas sim pela lavoura, tendo o café como principal protagonista; nas palavras de Schelbauer e Correia (2013, p. 3): “a expansão agrícola e escolar está sobremaneira vinculada a atuação do poder público estatal em estreita relação com o federal, principalmente nos governos de Manoel Ribas e Moysés Lupion”.

A colonização das áreas rurais e as demais características elencadas acima fazem parte do discurso que foi conjecturado pelas pessoas da época, indicando um período de desenvolvimento ligado à ideia de progresso e modernização, no qual a educação foi sublinhada como um dos fatores desta modernidade. A autora entende que a escola primária no meio rural foi estruturada como uma política estadual porque se preocupava em primeiro lugar com a “formação das novas gerações que pudessem garantir a riqueza do Estado e o segundo, civilizar a população que habitava no meio rural, ensinar não só a ler, escrever e




contar, mas hábitos de higiene e valorização da vida no campo” (SCHELBAUER, 2014, p. 79).

A industrialização no estado favorecia a expansão da escola primária para o interior, por meio de várias modalidades. Entretanto, esta expansão não foi acompanhada da necessária formação de professores para atuar nas escolas edificadas: tal formação2 tinha que ser buscada na capital, Curitiba, ou em outros estados, como Santa Catarina, conforme tratado por Correia (2013).

É importante indicar que a expansão da escola primária ocorreu de diferentes maneiras e de modo crescente, apoiada em bases ideológicas distintas, conforme afirmam Schelbauer e Correa (2013). Em termos educacionais ela se dá sob a orientação da Educação Nova, a partir de 1930.

No ano de 1942 aconteceu o VIII Congresso Brasileiro de Educação, realizado pela Associação Brasileira de Educação (ABE) na cidade de Goiânia/GO, que alavancou a discussão sobre a dualidade de formação do professorado, se devia priorizar a formação para atuação em uma escola única ou em uma escola diversificada.

Diante dessa expansão da escola primária rural no estado do Paraná, em consonância com a extensão econômica e política, faz necessária uma investigação mais detida acerca da representatividade da educação rural na escolarização paranaense. Podemos fazer isso por muitos vieses, neste texto especificamente optamos pelo olhar da imprensa.

Trabalhar com a imprensa possibilita ao menos duas diretrizes de pesquisa: podemos vislumbrá-las como uma horizontalização e uma verticalização da investigação, delineadas com e a partir da imprensa, e que justifica nossa opção pelo repertório:


[...] de um lado, o estabelecimento de repertórios destinados a informar sobre o conteúdo dos periódicos, classificando-os, organizando seu índice temático e registrando seu ciclo de vida. Tais repertórios fornecem materiais básicos: dados de partida que permitem a localização de informações para pesquisas sobre a história da educação, das práticas escolares ou do sistema de ensino. Evidentemente, a partir daí, uma outra diretriz de trabalho se configura e o estudo dos próprios periódicos permite situar o movimento de grupos de professores, mapear diferentes atuações, detectar disputas e, assim, explicitar em parte o funcionamento do campo educacional (CATANI; SOUSA, 1994, p. 178)


Ainda de acordo com as autoras, trabalhar com pesquisas de mapeamento e repertório contribui para localizar e sistematizar dados ou informações que ajudam a superar os limites


2 Importante indicar que o Curso Normal Regional foi instituído pela Lei Orgânica do Ensino Normal, Decreto n. 8.530, de 2 de janeiro de 1946, e tinha a duração de quatro anos. Tal lei atingia também a formação do professor para atuar no espaço rural. Para saber mais ver tese de Thais Bento Faria (2017).


RIAEE – Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 16, n. 4, p. 2663-2681, out./dez. 2021. e-ISSN: 1982-5587



da pesquisa no Brasil no que diz respeito ao acesso, à catalogação e à conservação de fontes. Este tipo de pesquisa evita ainda a duplicidade de trabalho entre os pesquisadores, incentivando a continuidade nas investigações e, ainda, potencializando o uso de materiais já explorados (CATANI; SOUSA, 1994; 2001).

A iniciativa de elaborar repertórios partiu do francês Pierre Caspard3 (1991) e do português António Novoa4, que divulgaram o resultado de suas pesquisas no livro “A imprensa de educação e ensino: Repertório Analítico (séculos XIX e XX)”, publicado em Lisboa em 1993, e também no capítulo publicado no livro “Educação em Revista” organizado por Denice Barbara Catani e Maria Helena Câmara Bastos (2002).

No Brasil, na 15ª Reunião Anual da Associação Nacional de Pós-Graduação de Pesquisa em Educação, realizada em Caxambu (MG), Catani e Sousa (19925), já propunham a organização de repertórios analíticos e catálogos6 de referências para avançar os limites do acesso às fontes de pesquisa. As autoras assinalavam que:


[...] a possibilidade de desenvolver o trabalho com e a partir da imprensa pedagógica periódica norteando-se por duas diretrizes. A primeira delas, constitui-se pela investigação que visa estabelecer a história seria e repertórios analíticos destinados a informar sobre o conteúdo dos periódicos, classificando-os, registrando seu ciclo de vida, predominâncias e recorrências temáticas e informações sobre produtores, colaboradores e leitores, entre outros dados. Tais repertórios podem fornecer materiais básicos, dados que funcionam como ponto de partida para a localização de informações para pesquisas sobre História da Educação, das práticas e das disciplinas escolares dos sistemas de ensino. Além disso, uma outra diretriz de trabalho se configura pelo estudo específico e “interno” ao próprio periódico e sua produção [...] (CATANI; SOUSA, 2001, p. 242).


O repertório que foi constituído a partir da pesquisa de pós-doutoramento destina-se a facilitar o acesso à imprensa paranaense como fonte de pesquisa, tomando como recorte as questões ligadas ao universo rural.



  1. O Repertoire Analytique, investigação realizada por Pierre Caspard na França, intitulada La presse d’education et d’enseignement. Repertoire analytique XVIII siécle 1940, trata do que ele denomina de imprensa de ensino (e não imprensa pedagógica), e pode ser tomado como um trabalho pioneiro indicando a outros pesquisadores a riqueza material presente nos impressos.

  2. Inspirado pelo trabalho francês, elaborou um repertório analítico português, e se valeu da mesma nomenclatura

    – imprensa de educação e ensino. Ambos os trabalhos objetivam ampliar o corpus da imprensa de educação e ensino, não se restringindo apenas à imprensa pedagógica.

    5 Posteriormente este trabalho foi publicado em forma de artigo na Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, 37, 177-183, 1994. Disponível em: http://www.revistas.usp.br/rieb/article/view/71310. Acesso em: 10 jun. 2020.

    6 Em relação aos catálogos temos o trabalho de CAMARGO, Ana Maria de Almeida. A imprensa periódica como objeto de instrumento de trabalho: catálogo da hemeroteca Júlio de Mesquita do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, 1975. Dissertação (mestrado em História), Universidade de São Paulo.



    Referencial Teórico Metodológico


    Para a construção desse estudo investigativo foi adotado como procedimento metodológico a pesquisa documental, realizada por meio dos periódicos disponíveis na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional, circunscrevendo o recorte temporal ao estado do Paraná.

    De acordo com Gil (2002, p. 62-3), a pesquisa documental apresenta algumas vantagens por ser “fonte rica estável de dados”, isso se traduz em um tipo de pesquisa que não implica altos custos, não exige contato com os sujeitos da pesquisa e permite uma leitura arraigada das fontes. Ela se aproxima da pesquisa bibliográfica, entretanto o que as diferencia é a natureza das fontes.

    A pesquisa na base de dados da Hemeroteca se deu por meio das palavras de busca ligadas ao rural: educação rural, escola rural, professor/a rural. As matérias encontradas foram catalogadas e classificadas levando em consideração algumas preocupações que apareciam com mais recorrência na imprensa: formação de professores para atuar no meio rural; função e representação da escola rural; organização da educação rural, eventos ligados à temática e a importância do homem do campo permanecer no ambiente rural. O conteúdo das matérias é apresentado e discutido na sessão seguinte e sublinha a preocupação com a questão rural no estado do Paraná, entre as décadas de 1930 e 1960, quando este território era predominantemente rural.

    Os estudos que se valem da imprensa como referência para compreender a educação e a sociedade, de modo geral, tem se avolumado muito nos últimos anos, especificamente no campo da História da Educação. Ao se dedicar a este novo tipo de fonte7 os historiadores da educação alargam a compreensão do campo educativo sobre a produção do conhecimento acerca da educação, a circulação de ideias e modelos educativos, por meio de muitos olhares. Como aponta Nóvoa (2002, p. 30-31):


    Na verdade, é difícil encontrar um outro corpus documental que traduza com tanta riqueza os debates, os anseios, as desilusões e as utopias que têm marcado o projeto educativo nos últimos dois séculos. Todos os atores estão presentes nos jornais e nas revistas: os alunos, os professores, os pais, os políticos, as comunidades... As suas páginas revelam, quase sempre “a quente”, as questões essenciais que atravessam o campo educativo numa determinada época.


    7 É preciso indicar que o tipo de fonte não é novo especificamente, mas sim, sua forma de utilizá-la. Anteriormente os pesquisadores não davam a devida importância à imprensa como objeto de investigação, utilizando-se dela apenas como fonte para confirmar as análises apoiadas em outro tipo de documentação.


    RIAEE – Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 16, n. 4, p. 2663-2681, out./dez. 2021. e-ISSN: 1982-5587



    O mesmo autor destaca que é por meio da imprensa que é possível perceber as alterações no campo da educação ao longo dos períodos históricos. Isso fica evidente na forma como as informações aparecem nos periódicos, que de alguma forma expressam a realidade escolar, proporcionando análises de diferentes componentes e protagonistas da escola. A imprensa traz dados que compõem a prática escolar, pois “é difícil imaginar um meio mais útil para compreender as relações entre a teoria e a prática, entre os projetos e as realidades, entre a tradição e inovação [...]” (NÓVOA, 2002, p. 31).

    Sabemos da importância das instituições formais na transmissão da cultura de geração em geração, mas é inegável que outras instâncias também participam do processo educativo, como os romances, jornais, revistas, teatro, pintura etc., e indicam que tem muito a dizer sobre a forma como as culturas são produzidas, conservadas e/ou transformadas (PALLARES- BURKE, 1998). A mesma autora destaca que a imprensa periódica, primeiro na Europa e depois no restante do mundo8, foi tomando um veio mais cultural do que noticioso e assumiu assim a função de agente cultural, mobilizando opiniões e disseminando idéias.

    O uso da imprensa como fonte e objeto de pesquisa vem se alargando paulatinamente, principalmente pelo seu caráter imediato, pois as reflexões que aparecem nos impressos estão muito próximas dos acontecimentos. A imprensa, especializada ou não, também pode ser entendida como palco de manifestações coletivas, onde podem ser identificados debates, discussões e disputas de determinada época. A imprensa periódica diária e popular pode ser escrita por leigos, mesmo que aborde temas educacionais, e ainda assim serve de fonte para a pesquisa histórica, dado que apresenta projetos políticos, debates da sociedade e os problemas de cada época.

    Ao analisar a imprensa é possível identificar discursos que articulam teorias e práticas, que podemos situar no nível macro do sistema. Importante também a mudança de perspectiva, voltando os olhos para o plano micro da experiência concreta (NÓVOA, 2002). Essa análise que dilata e retrai permite compreender o movimento histórico dos caminhos que a educação percorreu no Brasil, e que foram registrados pela imprensa.

    A diversidade de fontes ligadas à imprensa é enorme, mas as mais promissoras são aquelas que tratam especificamente das publicações voltadas diretamente para as questões educacionais. O estudo da imprensa periódica especializada em educação traz sempre profuso material que permite acarear as práticas e as disciplinas escolares, pois apresenta subsídios



    8 Este processo demorou um pouco mais no Brasil, porque até o século XIX, a imprensa por aqui não era autorizada. Foi só em 1808, com a chegada da família real, que a imprensa foi implantada e utilizada oficialmente, por meio do jornal A Gazeta do Rio de Janeiro, órgão do governo.

    RIAEE – Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 16, n. 4, p. 2663-2681, out./dez. 2021. e-ISSN: 1982-5587



    úteis para a compreensão histórica do sistema de ensino, colocando no foco das investigações a cultura escolar brasileira.

    Além disso, este viés investigativo desvela questões ligadas ao trabalho docente, às apropriações da lei e das políticas governamentais, a prática docente, aos métodos e técnicas utilizadas no espaço escolar, bem como a organização da escola. Catani (1996, p. 117) sistematiza a abrangência do estudo da imprensa pedagógica assim:


    [...] as revistas especializadas em educação, no Brasil e em outros países, de modo geral constituem uma instância privilegiada para a apreensão dos modos de funcionamento do campo educacional enquanto fazem circular informações sobre o trabalho pedagógico e o aperfeiçoamento das práticas docentes, o ensino específico das disciplinas, a organização dos sistemas, as reivindicações da categoria do magistério e outros temas que emergem do espaço profissional. Por outro lado, acompanhar o aparecimento e o ciclo de vida dessas revistas permite conhecer as lutas por legitimidade, que se travam no campo educacional. É possível analisar a participação dos agentes produtores do periódico na organização do sistema de ensino e na elaboração dos discursos que visam a instaurar as práticas exemplares.


    Dentro da temática da imprensa, portanto, contamos com uma especificidade ligada às questões educacionais. A imprensa pedagógica é aquela que dispõe de orientação ao magistério, como guia prático do cotidiano educacional e escolar, “[...] fazem circular informações sobre o trabalho pedagógico e o aperfeiçoamento das práticas educativas, o ensino específico das disciplinas, a organização dos sistemas, as reivindicações dos professores” (FERNANDES, 2008, p. 16). Algumas das pesquisadoras que têm se dedicado ao estudo da imprensa pedagógica brasileira são: Maria Helena Camara Bastos (1994), Marta Maria Chagas de Carvalho (1994), Decice Barbara Catani (1989, 1996), entre outras.

    A tese de doutorado de Denice Catani (1989), intitulada Educadores à meia-luz: um estudo da Revista de Ensino da Associação Beneficente do Professorado Público de São Paulo (1902-1918), é um marco dentre os trabalhos que olham o periódico pelo lado “interno”, a partir da reconstrução do ciclo de vida deste, verticalizando a análise.

    A imprensa pedagógica como fonte auxilia no conhecimento da organização pretendida para o universo escolar, seus sujeitos, práticas e saberes postos em circulação. Ela pode ser reconhecida por permitir questionamentos e reflexões aos pesquisadores, pois:


    Evidencia as diretrizes oficiais que a escola recebe e necessita atender e ao mesmo tempo permite a identificação de outros fatores integrantes da construção do que denominamos espaço escolar, ou seja, os pontos de confluência que compõe as diversas facetas registradas no impresso. Tomando por base o que está registrado no impresso, pode-se ampliar a compreensão que se tem construída acerca do universo escolar, adentrando o




    ensino e suas características por perspectivas outras, diferentes daquelas consideradas consolidadas. (RODRIGUES, 2010, p. 313).


    Desta forma, o pesquisador deve estar atento aos outros elementos referentes não só à construção do texto que analisa, mas às questões exteriores, como a constituição do impresso, o contexto histórico em que o impresso está inserido, a circulação, a ortografia utilizada à época, o clima político e o público consumidor. O uso de impressos como fonte implica em analisá-los como objetos que possuem materialidade, contextos e conteúdos próprios.

    Outra forma de trabalhar com os impressos é a constituição de repertórios, e o trabalho de referência aqui no Brasil foi organizado por Denice Barbara Catani e Cynthia Pereira de Souza (1999), intitulado Catálogo da Imprensa Periódica Educacional Paulista (1890-1996). Anteriormente, fora do Brasil, este trabalho já estava sendo feito, como já citado anteriormente nos repertórios franceses e portugueses.

    O livro cujo título é Educação em revista – a imprensa periódica e a história da educação foi organizado por Denice Barbara Catani e Maria Helena Camara Bastos e publicado em 2002; demonstra o resultado de pesquisas nacionais e internacionais que analisam periódicos em diferentes perspectivas, como fonte para a pesquisa em História da Educação.

    Durante a análise dos periódicos tomamos como referencial teórico as contribuições elaboradas pela História Cultural por meio do conceito de representação9 (CHARTIER, 1990) sobre a educação rural que aparece nos periódicos, sustentando a circulação de ideias sobre a temática no estado do Paraná.


    Resultados e Discussões


    A opção por apresentar os resultados da pesquisa em formato de repertório indica ao menos algumas considerações: a necessidade de produzir um instrumento que facilite o acesso às fontes; o reconhecimento da imprensa como um objeto/fonte importante para a historiografia da educação e o intento de contribuir para a ampliação do campo epistemológico da História da Educação.

    O repertório permite vislumbrar a riqueza de matérias acerca da questão rural no estado do Paraná, publicadas em jornais sem o viés da imprensa pedagógica necessariamente,

    9 Representação aqui é entendida como a apresentação pública de algo ou de alguém, como um elemento que possibilita “ver uma coisa ausente”, tornando possível a “exibição de uma presença” (CHARTIER, 1990, p. 23). A representação é uma forma de cristalizar, ilustrar, simbolizar uma ideia. Para o autor, as representações culturais são articuladas aos interesses dos grupos sociais, portanto, a representação de educação rural que aparece nos periódicos de alguma forma indica o que a sociedade paranaense entende deste conceito.

    RIAEE – Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 16, n. 4, p. 2663-2681, out./dez. 2021. e-ISSN: 1982-5587



    e organiza um conjunto de impressos que constituem uma via privilegiada de acesso às fontes que tomam por objeto a imprensa.

    O material que foi compilado no repertório confirma a possibilidade de abordar os temas ligados à questão do rural10 sob muitas perspectivas: a formação do professor rural, eventos destinados à temática, função e representação da escola rural, a organização da educação rural, fixação do homem ao campo, a preocupação com o rural (ou a ausência de abordagem desta temática) ligada ao movimento político, indicando se o governante era um típico ruralista ou um defensor da industrialização. Essas são algumas das categorias que vamos explorar para apresentação do repertório.


    Quadro 1 – síntese do repertório dos dados coletados, 1930-1953


    Categoria

    Periódico

    Ano/reportagem

    Formação do professor rural

    O Dia

    1932 – Renovação dos quadros do magistério, Bases para a Organização do ensino complementar, normal, e normal superior

    Diário da Tarde

    1930 – Curso profissional rural

    1934 – Os clubs agrícolas escolares da sociedade dos amigos de Alberto Torres

    Rio Negrenser Zeitung

    1943 – Professorinha

    Diário do Paraná

    1947 – Universidade Rural e Técnica do Paraná

    Eventos

    O Dia

    1934 – Congresso de Educação Rural

    1937 – Congresso de ensino rural promovido pela Sociedade Luiz Pereira Barreto

    Rio Negrenser Zeitung

    1942 – Oitavo Congresso Brasileiro de Educação

    Paraná Norte11

    1948 – Semana Ruralista de Londrina

    A Tarde

    1950 – Seminário da Educação Rural

    A Divulgação

    1953 – II Conferência Rural Brasileira

    Função e representação da escola rural

    O Estado

    1936 – A função da escola rural

    Organização da educação rural

    O Dia

    1932 – O ensino agrícola nas escolas ruraes, Educação rural, A educação nova emação

    1934 – O ensino rural

    1935 – A Educação rural no Brasil

    1938 – A educação rural na campanha da desanalfabetização

    O Estado

    1936 – O porquê do ensino rural

    1937 – Como é o que já fez a escola de trabalhadores rurais

    A Divulgação

    1948 – Ensino rural no Paraná



    10 Em alguns periódicos analisado no período não foram localizados nada sobre a questão da educação rural, são eles: Ilustração paranaense (1927 a 1981); A Tarde (1930 a 1960); Joaquim (1946 a 1948); União (1948); Gran-

    Fina (1940 a 1942); Maestro Bento Mossununga (1898 a 1979); Correio da Noite (1959 a 1960); Última Hora

    (1959-1964).

    11 Sobre o Paraná Norte há uma dissertação que discute o jornal especificamente na região de Londrina, trata-se do trabalho de CAMARGO, Fernanda Silva. Educação no jornal Paraná-Norte da cidade de Londrina (1934-1953). Dissertação (Mestrado em educação). Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2018 e também artigo publicado na revista Cadernos de História da Educação, v 19, n1 de 2020, intitulado Jornal Paraná-Norte: educação na cidade de Londrina (1934-1953), disponível em:

    <http://www.seer.ufu.br/index.php/che/article/view/52702/28155>




    Diário do Paraná

    1946 – Acordo para o auxílio as escolas rurais 1947 – Comentário sobre a lei orgânica do ensino agrícola

    Paraná Norte

    1949 – A campanha de Educação de Adultos na zona rural

    1950 – Uma escola rural para Londrina

    Paraná Esportivo

    1953 – O Esporte nas escolas de trabalhadores rurais

    Fixação do homem ao campo

    O Dia

    1930 – A educação do lavrador precisa do auxílio da nação inteira; A Semana de Educação

    1937 – Criar escolas e abrir estradas

    Paraná Norte

    1950 – Verdadeiro levantamento das necessidades das populações rurais

    Fonte: Elaborado pela autora


    No que tange à Formação do professor rural temos explicitado no jornal O Dia12 (1932 edição nº. 2606) onde há uma discussão sempre presente no cenário educacional paranaense que é a Renovação dos quadros do magistério, matéria escrita por Raul Rodrigues Gomes13. Na intenção de renovar o quadro do magistério e substituir as professoras leigas por professoras normalistas, surge uma proposta para evitar as acusações de abusos no provimento das cadeiras, a dificuldade se dava principalmente porque havia uma escassez de diplomadas, e as que existiam preferiam as “delícias do asfalto à aspereza da existência rural”. A matéria indica que o que havia eram moças feitas, sem o mínimo de preparo intelectual ou técnico ou ainda meninas “mal saídas dos terceiros ou quartos anos primários”, com este perfil elas só podiam causar prejuízo ao ensino, à disciplina e até à moralidade. O comportamento a partir de então seria preferir as normalistas, seguindo critérios para contratação, pois a troca não era tão simples e direta, como podemos ver no seguinte trecho: “[...] o Estado cometeria uma injustiça, clamorosa, si sumariamente deslocasse, elementos

    dessa ordem, movido por uma regra geral de permutar as leigas por diplomadas”.

    Uma das possibilidades para pensar a formação de professores rurais foi publicado no mesmo jornal O Dia (1932 edição nº. 2452), as Bases para a organização do ensino complementar, normal14 e normal superior, onde aparece uma especialização para a escola rural onde os alunos do 2º ano devem realizar cursando ao menos um semestre. Esta especialização conta com: a) Agricultura e indústrias rurais; b) Organização escolar, métodos


    12Todas as citações, diretas ou indiretas, que foram feitas a partir dos periódicos mantém a linguagem original.

    13 Jornalista e professor que contribuiu muito com a imprensa paranaense e foi um dos signatários do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova de 1932. Para maiores informações ler artigo de Eliezer Feliz de Souza intitulado Trajetória e discursos educativos do jornalista e professor Raul Rodrigues Gomes na imprensa Paranaense (1907 – 1975) publicado na IX ANPEd Sul de 2012.

    14 Ainda segundo as Bases da organização (Art. 26), cada Escola Normal terá anexos ou a ela subordinados: um jardim de infância, um grupo escolar, uma escola rural isolada, um grupo escolar rural, uma escola complementar, uma oficina de carpintaria, terno e modelagem, um campo de cultura para trabalhos agrícolas e pequenas indústrias e uma cantina para fornecimento de merenda aos alunos a preço mínimo.

    RIAEE – Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 16, n. 4, p. 2663-2681, out./dez. 2021. e-ISSN: 1982-5587



    e processos aplicáveis nas escolas rurais; a escola rural e o meio e c) Prática do ensino em escola rural.

    No jornal Diário de Tarde (1930 edição nº. 10735) temos a indicação de um Curso Profissional Rural que será ministrado às moças filhas de agricultores do interior do estado, sabendo da necessidade de alicerçar a prática intensa da agricultura em um país que se ampara na vida “sadia do campo”. Ressalta ainda que o ensino agrícola sistematizado e valorizado deve merecer especial cuidado dos nossos dirigentes.

    Em meados de 1943 temos um poema que fala da professora da escola rural retratada como heroína. Sabemos que, durante muito tempo, o magistério representava praticamente a carreira exclusiva aberta às mulheres, tendo como segunda opção a enfermagem, já que as responsabilidades femininas não deveriam ultrapassar as fronteiras do lar, nem objetivar um salário. A dificuldade de amplo acesso às demais profissões fez da docência a opção mais apropriada para o sexo feminino, e isso foi potencializado pelos atributos de missão e vocação (ALMEIDA, 2006).


    Professorinha de escola rural... Moça bonita que se levanta mais cedo do que o sol, que segue pelas estradas úmidas de orvalho rumo à casinha branca de cal onde a molecada das fazendas visinhas forma uma fila de farrapos, remendos e barrigas arredondadas de anquilostomo.

    Menino! Eu já disse pra você tomar remédio.

    Heroina obscura de todos os dias, mocidade crucificada, mãe prematura de filhos alheios que espeta no ar sonolento das classes preguiçosas, num gesto símbolo, contra o analfabetismo, uma régua de pau. Vamos! Abram o livro!...

    Moça bonita de olhos sonhadores e taciturnos que sonha romances tropicalissimos, envenenados pelo mormaço perigoso que se infiltra no sangue, que mexe nos músculos que vibra na carne, que canta na alma, que embala nas noites compridas, povoadas de zumbidos dos pernilongos...

    Parece me ver, ante a carteira, o vulto moreno, de olhar quente, brilhando, a vo macia, cansada, perguntar um pouco da taboada. Um e um?

    E, num recolhimento demorado, intimo, assim como quem sonha acordado, ela vê o jardim, a banda que toca no jardim e o namorado.

    Professorinha bonita, heroína obscura de todos os dias, eu queria, mas queria mesmo, erguer uma estátua para você...Para você...pra mim...porque eu também já perguntei muitas veses. Um e um? (RIO NEGRENSER ZEITUNG, 1943, edição n. 816).


    Esta vocação faz com que a “professora ali objetivada não se parece com um ente real, de carne e osso, com necessidades concretas, desejos e ambições. Os atributos que lhe são creditados permitem imaginá-la como um ser quase divino” (FISCHER, 2009, p. 327). Há ainda uma relação da professora com a mãe dos filhos alheios, e o grande problema dessa ligação tão direta entre docência e maternidade está nas concepções estereotipadas com





    relação à mulher, que acabam por reforçar mitos e preconceitos, reforçando o lugar social naturalizado das mulheres.

    Há pouca menção em meados de 1930 sobre a formação do/a professor/a rural, e isso só aparece novamente nos jornais investigados depois de 1943 em forma de caricatura de uma professorinha de escola rural, e também a defesa da criação de uma Universidade Rural e Técnica no Paraná que não se efetivou.

    No que diz respeito a eventos, foi possível identificar alguns congressos, semanas, seminários e conferências dedicadas à questão rural. No jornal O Dia (1934, edição n. 3322) Congresso de Educação Rural, onde apresenta o evento com a temática da educação rural que aconteceu na Bahia, com a ausência do Paraná, que não enviou representante direto; tal evento foi promovido pela Sociedade Amigos de Alberto Torres.

    Na matéria a afirmação primeira é de que a educação rural é um problema pouco, mal ou não estudado, sendo que a escola rural espalhada pelo Brasil se caracteriza mais ou menos inútil para a função elevadíssima que deveria desempenhar por ser “meramente verbalista, é desambientada. E seu professor a ocupa displiscentemente, tendo seus magros rendimentos como mero ganha pão”.

    No mesmo jornal O Dia (1937, edição n. 4101) há uma matéria sobre o Congresso de Ensino Rural promovido pela Sociedade “Luiz Pereira Barreto”, que foi inspirado na orientação da Sociedade dos “Amigos de Alberto Torres”, que organizou o Congresso de Ensino Rural realizado na Bahia em 1934. As problematizações e discussões do Congresso giram em torno das seguintes questões: Que diferença existe entre a escola rural e a urbana? Há diferença entre as escolas destinadas ao preparo da população rural, da zona agrícola e pastoril? Praieira e fluvial? Merece cuidado especial o problema de saúde na zona rural? Deve ou não ser a nossa escola primária uma escola de trabalho? Como organizar a escola normal para a formação de professores de escolas regionais?, expressando uma clara preocupação com a formação do mestre para a zona rural.

    No Jornal Paraná-Norte (1948, edição n. 892) publicado em 4 de junho tem uma matéria sobre a Semana Ruralista de Londrina. Tais Semanas Ruralistas vem sendo promovidas em todo o território nacional pelo Serviço de Informação Agrícola e visam promover a melhoria das condições de vida dos agricultores. Durante as Semanas Ruralistas são efetuados, também, cursos rápidos para professoras primárias, no interesse de facilitar, quanto possível, a organização e orientação dos Clubs Agrícolas Escolares, base da formação dos futuros agricultores do Brasil. Nestes cursos, os seguintes temas são abordados: indústrias



    RIAEE – Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 16, n. 4, p. 2663-2681, out./dez. 2021. e-ISSN: 1982-5587



    rurais caseiras, jogos e brinquedos para a infância rural, a tarefa da educação rural, combate à saúva, pomar doméstico e escolar, clubs agrícolas escolares e sericultura.

    No jornal A Tarde (1950, edição n. 136), ao tratar do Seminário da Educação Rural, “[...] conceituam a Educação Rural como sendo aquela que se ajusta à realidade da vida do campo, sendo que a escola rural se caracteriza antes pela natureza do ensino que pela localização”. Além disso, incluíram o que chamaram objetivo social e econômico da Educação rural, qual seja, contribuir para a fixação do homem ao campo, elevando-lhe os padrões de vida, mostrando-lhe como viver feliz e utilmente no seu próprio meio e trazendo para o ambiente rural, sem deformar a essência deste, as conquistas da técnica e do progresso.

    No que se refere à função e representação da escola rural temos o jornal O Estado (1936, edição 19) com a matéria sobre A função da Escola Rural que indica que para que a escola rural possa desempenhar a função que lhe é essencial, é preciso que se transforme radicalmente. “É bem verdade que, entre nós, não existe a verdadeira escola rural. O que há são escolas apenas denominadas ruraes, pela só circunstância de se localizarem nos sítios, fazendas ou povoados”.


    [...] São instituições segregadas do ambiente e cuja actividade se enclausura entre as paredes da sala de aula. Programmas, horarios, material de ensino, mobiliário, livros e que mais, tudo identifico ao da escola urbana, embora em proporções mais modestas, porque a escola da roça, diz-se, tem menores exigências...

    Ora, com a organização que se lhes imprimiu, nossas chamadas escolas ruraes jamais desempenharão o papel que devem exercer. Hão de persistir, infelizmente, como simples nucleos de semialphabetização da infância, pelo que é lícito inquirir se não estarão, de certo modo, concorrendo para infelicitar as populações campezinas com apenas entreabrir-lhes, mal a mal, os segredos do abc e abandoná-las, depois à própria sorte.

    Não se trata, evidentemente, nessa questão da ruralização das escolas ‘ruraes’, de montagem, installações, etc. Isso nada mais é do que aspecto exterior e material do problema, a exigir dinheiro. O de que se há de cuidar, principalmente, com afan e enthusiasmo, é do espírito que precisa vitalizar a escola roceira. Cumpre dar a esta uma alma rural, que lhe tem faltado, desgraçadamente. [...] (O ESTADO, 1936, edição n. 19)15.


    A chamada ‘escola da roça’, segundo as representações deste jornal, faz jus à acepção pejorativa dessa denominação porque é caracterizada muito próxima ao modelo urbano e com instalações ainda mais precárias.

    No que tange sobre organização da educação rural O Dia (1932, edição n. 2669) há uma matéria sobre Educação rural escrita por Raul Rodrigues Gomes que trata do problema dessa modalidade de ensino que “acham-no simples, pueril, elementar e julgam removê-lo,


    15 A escrita nas citações diretas acompanha a ortografia da época.


    RIAEE – Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 16, n. 4, p. 2663-2681, out./dez. 2021. e-ISSN: 1982-5587



    criando e promovendo escolas isoladas”. Segundo a reportagem a criação de escolas isoladas não resolveria o problema, pois a realidade contrasta e “[...] cada escola rural, deserta de atividade, absolutamente erradicada de ambiência, desempenha mecânica e precariamente sua rudimentaríssima função de ensinar o abc, condimentado sovinamente de vestígios de calculo e de hieroglífica escritura”.

    A solução para a educação rural não estaria apenas na abertura de escolas, multiplicando seu número por todo o Estado e pelo país, mas também no melhoramento profissional do corpo docente para área rural; isso implica uma dupla atuação “[...] duma parte, erguer o nível intelectual e tecnico do magisterio, e doutra parte provocar, estimular e ampliar o melhoramento espiritual e moral das sociedades campesinas, mergulhadas na mais deplorável miséria mental”. Ainda no jornal O Dia (1938, edição n. 4623) há outra reportagem sobre a Educação rural na campanha da desanalfabetização defendendo que só será possível tornar eficiente o ensino entre os filhos de colonos preparando um magistério especializado.

    O professor Sud Mennucci16 foi uma figura bem conhecida nos jornais, apareceu no jornal O Dia (1935, edição n. 3587) para tratar da conferência que ele realizou na universidade sobre o tema ‘Porque eu sou ruralista’, tecendo suas principais idéias sobre o problema da educação rural no Brasil. Apareceu também no ano seguinte no jornal O Estado (1936, edição n. 29), justificando O porque do ensino rural (Sud Menucci), onde apresenta o plano da ruralização do ensino assentado em três pontos cardiais:


    1. o do reconhecimento da existência de grupos humanos differenciados quanto às suas actividades, grupos esses que, por sua localização, por suas características e contrastes, estabelecem o equilibrio das massas sociaes de uma nação;

    2. o da necessidade de prevenir e evitar a intercorrencia desses varios grupos entre si, de forma que nenhum delles prefira ou aspire à maneira de vida do outro;

    3. o de dar a cada um desses grupos sociais a noção da necessidade de sua própria existência tal como é.


O primeiro ponto exigirá que se ministre a cada um desses aglomerados o tipo de educação mais adequada a seu meio. Segundo ele inventou-se uma escola-padrão, a da cidade, e esta foi espalhada por todas as zonas na defesa de que a escola devia ser única, sem levar em consideração as especificidades de cada espaço, porque se dispensar ao campo o mesmo


16 Nasceu em 1892 em Piracicaba, foi educador, sociólogo, jornalista e escritor e um dos maiores defensores das causas rurais. Para saber mais ler a tese de SANTOS, Fernando Henrique dos Santos. A vida do pensamento e o pensamento da vida: Sud Mennucci e a formação de professores rurais, defendida na Universidade de São Paulo em 2015.

RIAEE – Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 16, n. 4, p. 2663-2681, out./dez. 2021. e-ISSN: 1982-5587



tratamento que dão as cidades, de modo que a zona rural não tenha empecilhos para obter, por exemplo, a energia elétrica, teremos assegurada a fixação dos homens à terra. Com isso, daremos a oportunidade de “tornar cada vez mais attrahente e mas encantador e teremos supprimido o sentimento de inferioridade, de quase inveja, que leva os camponios e litoranes em busca das grandes urbes”.

No jornal A Divulgação (1948, edição n. 3-4), Ensino Rural no Paraná, temos dados da Secretaria de Agricultura, Indústria e Comércio, referentes à década de 1940 que indicam a manutenção de 9 Escolas Rurais, das quais 7 de Trabalhadores Rurais e 2 de Pescadores, todas elas supervisionadas pelo Departamento de Ensino Superior, Técnico e Profissional.

Temos ainda o registro sobre a instalação de classes de ensino supletivo em fazendas e sítios por iniciativa dos proprietários, que aparece no jornal Paraná Norte (1949, edição n. 948) na reportagem sobre A campanha de Educação de Adultos na zona rural, o objetivo seria instalar cursos especiais a fim de que neles sejam matriculados aqueles que na idade própria não conseguiram frequentar escola primária. O professor era um colono mais experimentado, de nome Pedro. Este cuida dos seus afazeres durante a manhã e depois do almoço entrega-se aos trabalhos de alfabetização. Segundo a matéria, Pedro, que tem apenas o curso primário completo, é vivo e inteligente, conseguiu já apreciáveis resultados na sua classe, graças ao interesse que têm os seus alunos, ao esforço do professor e à boa vontade do fazendeiro. “Graças a essa cooperação espontânea e patriótica é que se vai combatendo o analfabetismo naquela região”.

Há ainda as reivindicações acerca de instalações de Escolas Normais Rurais, como consta no jornal Paraná Norte (1950, edição n. 986) na reportagem Uma Escola Normal Rural para Londrina, onde informa que o Ministério da Educação pretende fundar 17 Escolas Normais Rurais, espalhadas por diversos estados, e que o Paraná será um dos contemplados, visto que sua população tem aumentado consideravelmente, principalmente na região Norte, onde a cidade de Londrina se destaca e por isso justifica a solicitação de instalação de uma escola neste espaço.

No que tange à fixação do homem ao campo há diversas menções sobre a importância fundamental de formar uma mocidade rural capaz de compreender as necessidades do campo, que seja oferecida uma educação que possa reter o êxodo rural e manter a população rural onde é preciso. Isso pode ser observado no jornal O Dia (1930, edição n. 2630) na reportagem sobre A educação do lavrador precisa do auxílio da nação inteira – onde apresenta uma entrevista com Dr. Carlos F. Chardon (Diretor do Departamento da Agricultura e Trabalho de Porto Rico).



Para manter a população rural onde é preciso, no jornal O Dia (1930, edição n. 2568) publicado na edição da manhã de domingo, dia 8 de junho, Leôncio Correia17 escreveu um artigo intitulado A Semana de Educação onde ele trata os três princípios fundamentais com que se conformam os grandes sistemas de organização escolar: o princípio da comunidade, da escola única e da escola do trabalho. E define a escola da seguinte forma:


[...] o princípio de localização do ensino ou sua adaptação ao meio, que manda amoldar as escolas primárias às singularidades da zona a que servem, sem quebra da sua unidade fundamental, nas suas bases humanas e nacionaes. A escola primária, com as suas officinas de pequenas industrias, na zona urbana, com seus campos de experiências agrícolas em zona rural, ou com seus modestos museus de aparelhos de pesca, na região marítima, longe de desviar da lavoura e da pesca para os centros fabris ou das industrias para as letras, a população infantil que acolhe, vae assim ao encontro do que deverá ser, ao mesmo tempo que a instrução, o seu fim principal: enraizar o operário às oficinas, o lavrador à terra e o pescador às praias, fazendo-os compreender e amar, com o trabalho produtivo, a vida intensa das fábricas, a tranqüila vida rural ou a vida valorosa das grandes pescarias [...] (O DIA, 1953, edição n. 2568).


O discurso pela construção de uma malha viária no estado aparece no jornal O Dia (1937, edição n. 4308) com um título emblemático: Criar escolas e abris estradas eis a preocupação capital que tem caracterizado a gestão de Manoel Ribas18 em discurso proferido aos prefeitos reunidos em Curitiba. Afirma ele: “[...] eu vos posso afirmar que a minha constante preocupação é crear escolas e abrir estradas, ligando todos os municípios entre si, para uma perfeita comunhão de idéas e para maior grandeza do Paraná”.

Manoel Ribas, assim como Moysés Lupion posteriormente, priorizou em sua gestão, as questões ligadas ao rural. Em seu discurso Manoel Ribas assegura que “[...] a riqueza de um país, ou de um Estado, vem da terra. Daí a minha predileção ruralista. E é esta terra das araucárias que há de proporcionar num futuro bem próximo a emancipação econômica do Paraná”.



17 Advogado, escritor, jornalista e político nascido em Paranaguá – PR e foi diretor da Instrução Pública do Rio de Janeiro, diretor do colégio Pedro II, diretor da Imprensa Nacional, diretor do Instituto de Educação do Rio de Janeiro, deputado federal e deputado estadual pelo Paraná,

18 Manoel Ribas foi interventor nomeado por Getúlio Vargas para administrar o Estado do Paraná. Permaneceu

de 1932 a 1945 à frente do governo paranaense, ora como interventor (1932-1934), ora como governador de (1935-1937), e outra vez como interventor (1937 -1945).



Considerações finais


Uma das motivações para a construção deste repertório encontra-se na intenção de contribuir com a área de História da Educação no Estado do Paraná, especificamente no que tange a temática rural, considerando que este Estado foi predominantemente rural até 1960 e este passado rural ainda é pouco explorado em termos escolares, de estrutura, de formação de professores e de práticas educativas para o meio rural.

O repertório sobre a educação rural paranaense expõe um patrimônio educacional vasto a ser explorado por meio da imprensa, e estes conjuntos de materiais apresentados constituem uma via de acesso importante às mais variadas informações que podem ser abordadas de várias maneiras: o significado que a educação rural assumiu no estado do Paraná ao longo do século XX; a forma como a educação rural foi priorizada (ou não) e como isso teve impacto no desenvolvimento do estado; os objetivos diversos da educação rural, apresentados nos diferentes periódicos; a forma como o estado atendia a demanda pela educação rural, sua estrutura e formação de professores para o meio rural.

Neste repertório a educação rural foi apresentada dividida em cinco seções: formação do professor rural; eventos; função e representação da escola rural; organização da educação rural e fixação do homem no campo, catalogando reportagens sobre a temática em nove jornais distintos (O Dia; Diário da Tarde; Rio Negrenser Zeitung; Diário do Paraná. Paraná Norte; A Tarde; A Divulgação; O Estado e Paraná Esportivo) entre os anos de 1930 e 1961. Neste período há a defesa de uma educação própria ao homem do campo, que possa ter estrutura adequada e professores preparados para lidar com a questão rural, este tripé contribuiria para a fixação do homem à terra.


REFERÊNCIAS


ALMEIDA, J. S. Mulheres na educação: missão, vocação ou destino? In: SAVIANI, D.; ALMEIDA, J. S.; SOUZA, R. F.; VALDEMARIN, V. T. O legado educacional do século XX no Brasil. Campinas, SP: Autores Associados, 2006. p. 59-108.


BASTOS, M. H. C. O Novo e o Nacional em revista: A Revista do Ensino do Rio Grande do Sul (1939-1942). Tese (Doutorado em Educação) – Universidade de São Paulo, 1994.


CARVALHO, M. M. C. Uso de impresso nas estratégias católicas de conformação do campo doutrinário da pedagogia (1931-1935). Cadernos ANPEd, Belo Horizonte, n.7, 1994.


CASPARD, P. (Dir.). La presse d’éducatio et d’enseignement, XVIII siécle 940. Repertoire Analytique. Paris: CNRS-INRP, 1981-1991.




CATANI, D. B. A imprensa periódica educacional: as revistas de ensino e o estudo do campo educacional. Educação e Filosofia, Uberlândia, v. 10, n. 20, p. 115-130, jul./dez. 1996.


CATANI, D. B. Educadores à meia-luz: um estudo sobre a Revista de Ensino da Associação Beneficente do Professorado Público de São Paulo (1902-1919). 1989. Tese (Doutorado) – Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1989.


CATANI, D. B.; BASTOS, M. H. C. (org.). Educação em Revista: a imprensa periódica e a história da educação. São Paulo: Escrituras Editora, 2002.


CATANI, D. B.; SOUSA, C. P. (org.). Imprensa periódica educacional paulista (1890- 1996): Catálogo. São Paulo: Editora Plêiade, 1999.


CATANI, D. B.; SOUSA, C. P.. A imprensa periódica educacional e as fontes para a História da cultura escolar brasileira. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, v. 37, p. 177-183, 1994. Disponível em: http://www.revistas.usp.br/rieb/article/view/71310. Acesso em: 03 mar. 2017.


CHARTIER, R. A história cultural: entre práticas e representações. Lisboa/Rio de Janeiro: Difel / Bertrand Brasil, 1990.


CORREIA, A. P. P. Escolas Normais: contribuição para modernização do Estado do Paraná (1904 a 1927). Educar em Revista, Curitiba, n. 49, p. 245-273, jul/set, 2013.


FARIA, T. B. Paraná, território de vocação agrícola?! Interiorização do curso Normal Regional (1946-1968), 2017. Tese (Doutorado em Educação) – Universidade Estadual de Maringá, Maringá, 2017.


FERNANDES, A. L. C. O impresso e a circulação de saberes pedagógicos: apontamentos sobre a imprensa pedagógica na história da educação. In: MAGALDI, A. M. B. M.; XAVIER,

L. N. Impressos e História da Educação: usos e destinos. Rio de Janeiro: 7Letras, 2008.


FISCHER, B. D. A professora primária nos impressos pedagógicos (1950-1970). In: STEPHANOU, M.; BASTOS, M. H. C. (org.). Histórias e memórias da educação no Brasil. 3. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009. v. III, p. 324-335.


GIL, A. C. Técnicas de pesquisa e elaboração de monografias. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002.


NÓVOA, A. A imprensa de educação e ensino: repertório analítico (séculos XIX e XX). Lisboa: Instituto de Inovação Educacional, 1993.


NÓVOA, A. A imprensa de Educação e Ensino: concepção e organização do repertório português. In: CATANI, D. B.; BASTOS, M. H. C. (org.). Educação em Revista: a imprensa periódica e a história da educação. São Paulo: Escrituras Editora, 2002.


PALLARES-BURKE, M. L. G. A imprensa periódica como uma empresa educativa no século

XIX. Caderno de Pesquisa, n. 104, p. 144-161, jul. 1998.




RODRIGUES, E. A imprensa pedagógica como fonte, tema e objeto para a História da Educação. Fontes e métodos em História da Educação. Dourados, MS: Ed. UFGD, 2010. p. 311-325.


SCHELBAUER, A. R. Da roça para a escola: institucionalização e expansão das escolas primárias rurais no Paraná (1930-1960). História da Educação, Porto alegre, v. 18, n. 43, maio/ago. 2014.


SCHELBAUER, A. R.; CORREA, R. L. T. Expansão e modalidades de escola primária rural no estado do Paraná: iniciativas de governos estadual e federal de 1930-1960. In: CONGRESSO LUSO BRASILEIRO DE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO, 7., 2013, Cuiabá.

Anais [...]. Cuiabá, MT, 2013. Disponível em: http://sbhe.org.br/novo/congressos/cbhe7/. Acesso em: 18 set. 2015.


Como referenciar este artigo


IVASHITA, S. B. Repertório de pesquisa sobre a educação rural no paraná por meio da imprensa (1930-1961). Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 16, n. 4, p. 2663-2681, out./dez. 2021. e-ISSN: 1982-5587. DOI:

https://doi.org/10.21723/riaee.v16i4.13725


Submetido em: 16/07/2021

Revisões requeridas em: 15/08/2021 Aprovado em: 12/09/2021 Publicado em: 21/10/2021




REPERTORIO DE INVESTIGACIÓN RURAL EN PARANÁ A TRAVÉS DE LA PRENSA (1930-1961)


REPERTÓRIO DE PESQUISA SOBRE A EDUCAÇÃO RURAL NO PARANÁ POR MEIO DA IMPRENSA (1930-1961)


RESEARCH REPERTOIRE ON RURAL EDUCATION IN PARANÁ THROUGH THE PRESS (1930-1961)


Simone Burioli IVASHITA1


RESUMEN: El presente texto es el resultado de uma investigación posdoctoral y tenía el objetivo general de localizar, catalogar y analizar periódicos, revistas y boletines informativos sobre educación rural en el Estado de Paraná, que se pusieron a disposición em la Biblioteca Nacional de 1930 a 1961. Para este propósito, se mapearon los artículos sobre la educación rural que aparece em publicaciones periódicas teniendo en cuenta las recurrencias temáticas, que se presentó em forma de repertorio. Como resultados principales, podemos destacar que los temas centrales encontrados fueron en la capacitación de docentes rurales, en eventos dirigidos a la educación rural, el papel y la representación rural y la permanencia del hombre en el campo. En las publicaciones periódicas existe uma preocupación relativa por lo rural (o la falta de enfoque de este tema) vinculado al movimento político, lo que indica si el gobernante era um ruralista típico o um defensor de la industrialización.


PALABRAS CLAVE: Historia de la educación. Educación rural. Prensa paranaense.


RESUMO: O presente texto é resultado de pesquisa de pós-doutoramento e teve como objetivo geral localizar, catalogar e analisar jornais, revistas e boletins que tratam da educação rural no estado do Paraná disponibilizados na Biblioteca Nacional no período de 1930 a 1961. Para tanto, foram mapeados os artigos sobre educação rural presentes em periódicos científicos, considerando as recorrências temáticas, o que foi apresentado em forma de repertório. Como principais resultados podemos destacar que as temáticas centrais encontradas foram na formação do professor rural, em eventos destinados à temática da educação rural, na função e representação da educação rural e a permanência do homem no campo. Nos periódicos há uma relativa preocupação com o rural (ou a ausência de abordagem desta temática) ligada ao movimento político, indicando se o governante era um típico ruralista ou um defensor da industrialização.


PALAVRAS-CHAVE: História da educação. Educação rural. Imprensa paranaense.


1 Universidad Estatal de Londrina (UEL), Londrina – PR – Brasil. Profesora Adjunta del Departamento de Educación y del Programa de Posgrado en Educación (UEL). Doctorado en Educación (UEM). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-8766-8331. E-mail: prof.simone@uel.br

RIAEE – Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 16, n. 4, p. 2668-2686, out./dez. 2021. e-ISSN: 1982-5587



ABSTRACT: The present text is the result of post-doctoral research and had the general objective of locating, cataloging and analyzing newspapers, magazines and newsletters dealing with rural education in the state of Paraná made available at the National Library from 1930 to 1961. For this purpose, articles on about rural education that appear in scientific periodicals considering thematic recurrences were mapped, which was presented in the form of a repertoire. As main results we can highlight that the central themes found were rural teacher formation, events aimed at rural education, the role and representation of rural education and the permanence of men in the field. In the periodicals there is a relative concern with the rural (or the lack of approach to this theme) linked to the political movement, indicating whether the ruler was a typical ruralist or a defender of industrialization.


KEYWORDS: History of education. Rural education. Paraná press.


Introducción


El estado de Paraná fue un estado predominantemente rural hasta mediados de la década de 1960, lo que indica la importancia de la educación en las zonas rurales, lo que nos permite cuestionar la función de la escuela en este escenario, su organización y la formación de sus maestros. En general, las escuelas ubicadas en el campo, en esa época, tenían la función de educar al hombre rural, teniendo como uno de los propósitos mantenerlo allí, es decir, sería una escuela que sirve a su entorno.

En esa época, tanto en el estado de Paraná como en otras partes del país, se desarrollaba el movimiento del ruralismo pedagógico, que proponía, entre otras cosas, una escuela integrada a las condiciones locales, y para ello incentivaba la fijación del hombre en el campo.

La fase de (re)ocupación del territorio paranaense implicó el asentamiento, los movimientos migratorios, la construcción de la red vial, que junto con la producción de café quiso consolidar al estado como el mayor productor y exportador de café de Brasil, por lo tanto, la expansión económica del estado no pasó por la industria, sino por la agricultura, con el café como principal protagonista; en palabras de Schelbauer y Correia (2013, p. 3. 3): "la expansión agrícola y escolar está estrechamente vinculada a la actuación del poder público estatal en estrecha relación con el poder federal, especialmente en los gobiernos de Manoel Ribas y Moysés Lupion”.

La colonización de las zonas rurales y las demás características enumeradas anteriormente forman parte del discurso que conjeturaban las personas de la época, indicando un período de desarrollo vinculado a la idea de progreso y modernización, en el que la educación se destacaba como uno de los factores de esta modernidad. El autor entiende que la




escuela primaria en el medio rural se estructuró como una política de Estado porque se preocupaba, en primer lugar, por la "formación de nuevas generaciones que pudieran garantizar la riqueza del Estado y, en segundo lugar, por civilizar a la población que vivía en el medio rural, enseñando no sólo a leer, escribir y contar, sino hábitos de higiene y valoración de la vida en el campo". (SCHELBAUER, 2014, p. 79).

La industrialización en el estado favoreció la expansión de la escuela primaria al interior, mediante varias modalidades. Sin embargo, esta expansión no fue acompañada de la necesaria formación de los profesores para actuar en las escuelas construidas: dicha formación tuvo que ser buscada en la capital, Curitiba, o en otros estados, como Santa Catarina, como trata Correia (2013).

Es importante indicar que la expansión de la escuela primaria se produjo de diferentes maneras y de forma creciente, apoyada en distintas bases ideológicas, como afirman Schelbauer y Correa (2013). En términos educativos se produce bajo la orientación de la Nueva Educación, a partir de 1930.

En 1942, se realizó el VIII Congreso Brasileño de Educación, realizado por la Asociación Brasileña de Educación (ABE), en la ciudad de Goiânia/GO, en el que se impulsó la discusión sobre la dualidad de la formación de los profesores, si debían priorizar la formación para actuar en una escuela única o en una escuela diversificada.

Frente a esta expansión de la escuela primaria rural en el estado de Paraná, en consonancia con la extensión económica y política, es necesaria una investigación más detallada sobre la representatividad de la educación rural en la escolarización de Paraná. Podemos hacerlo de muchas maneras, en este texto concretamente hemos optado por la mirada de la prensa.

El trabajo con la prensa permite al menos dos pautas de investigación: podemos vislumbrarlas como una horizontalización y una verticalización de la investigación, delineada con y desde la prensa, y que justifica nuestra opción por el repertorio:


[...] Por un lado, la creación de directorios destinados a informar sobre el contenido de las publicaciones periódicas, clasificarlas, organizar su índice temático y registrar su ciclo de vida. Estos directorios proporcionan materiales básicos: datos de partida que permiten localizar información para la investigación sobre la historia de la educación, las prácticas escolares o el sistema educativo. Evidentemente, a partir de ahí se configura otra pauta de trabajo y el estudio de las propias publicaciones periódicas permite situar el movimiento de grupos de profesores, cartografiar diferentes actuaciones, detectar disputas y, así, explicar en parte el funcionamiento del campo educativo (CATANI; SOUSA, 1994, p. 178)


RIAEE – Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 16, n. 4, p. 2668-2686, out./dez. 2021. e-ISSN: 1982-5587



Además, según los autores, el trabajo con la cartografía y la investigación de repertorio contribuye a localizar y sistematizar datos o información que ayudan a superar los límites de la investigación en Brasil en lo que respecta al acceso, la catalogación y la conservación de las fuentes. Este tipo de investigación también evita la duplicación de trabajos entre los investigadores, fomentando la continuidad de las investigaciones y potenciando también el uso de materiales ya explorados (CATANI; SOUSA, 1994; 2001).

La iniciativa de elaborar repertorios partió del francés Pierre Caspard (1991) y del portugués António Novoa2, que publicaron los resultados de sus investigaciones en el libro "A imprensa de Educação e Ensino: Repertório Analítico (séculos XIX e XX)", publicado en Lisboa en 1993, y también en el capítulo publicado en el libro "Educação em Revista" organizado por Denice Barbara Catani y Maria Helena Câmara Bastos (2002).

En Brasil, en la 15ª Reunión Anual de la Asociación Nacional de Investigación de Posgrado en Educación, celebrada en Caxambu (MG), Catani y Sousa (19923), ya propuso la organización de directorios y catálogos analíticos4 de referencias para avanzar en los límites del acceso a las fuentes de investigación. Los autores señalaron que:


[...] la posibilidad de desarrollar el trabajo con y desde la prensa periódica pedagógica guiada por dos directrices. La primera está constituida por la investigación que pretende establecer la historia de las publicaciones periódicas y directorios analíticos para informar sobre el contenido de las mismas, clasificándolas, registrando su ciclo de vida, predominio y recurrencia temática e información sobre productores, colaboradores y lectores, entre otros datos. Estos directorios pueden proporcionar materiales básicos, datos que funcionan como punto de partida para localizar información para la investigación de la Historia de la Educación, de las prácticas y de las materias escolares de los sistemas educativos. Además, otra pauta de trabajo la configura el estudio específico e "interno" a la propia publicación periódica y su producción [...] (CATANI; SOUSA, 2001, p. 242).


El repertorio que se constituyó a partir de la investigación posdoctoral pretende facilitar el acceso a la prensa de Paraná como fuente de investigación, tomando como recorte los temas relacionados con el universo rural.


2 Inspirado en la obra francesa, elaboró un repertorio analítico portugués y utilizó la misma nomenclatura: prensa educativa y pedagógica. Ambas obras pretenden ampliar el corpus de la prensa educativa y pedagógica, sin limitarse únicamente a la prensa pedagógica.

3 Este trabajo se publicó posteriormente como artículo en la Revista del Instituto de Estudios Brasileños, 37, 177- 183, 1994. Disponible en: http://www.revistas.usp.br/rieb/article/view/71310. Acceso el: 10 jun. 2020.

4 En relación con los catálogos tenemos el trabajo de CAMARGO, Ana Maria de Almeida. A imprensa periódica como objeto de instrumento de trabalho: catálogo da hemeroteca Júlio de Mesquita do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, 1975. Disertación (máster en História), Universidad de São Paulo.




Referencial Teórico Metodológico


Para la construcción de este estudio investigativo se adoptó como procedimiento metodológico la investigación documental, realizada a través de las publicaciones periódicas disponibles en la Biblioteca Digital de la Biblioteca Nacional, circunscribiendo el corte temporal al estado de Paraná.

Según Gil (2002, p. 62-3), la investigación documental presenta algunas ventajas por ser una "fuente de datos rica y estable", lo que se traduce en un tipo de investigación que no implica altos costes, no requiere contacto con los sujetos de la investigación y permite una lectura afianzada de las fuentes. Se acerca a la investigación bibliográfica, pero lo que las diferencia es la naturaleza de las fuentes.

La investigación en la base de datos de la Hemeroteca se realizó a través de las palabras de búsqueda relacionadas con el medio rural: educación rural, escuela rural, maestro rural. Los artículos encontrados fueron catalogados y clasificados teniendo en cuenta algunas preocupaciones que aparecieron con mayor frecuencia en la prensa: la formación del profesorado para trabajar en el medio rural; la función y representación de la escuela rural; la organización de la educación rural, los eventos relacionados con el tema y la importancia de la permanencia del hombre rural en el medio rural. El contenido de los artículos se presenta y discute en la siguiente sección y subraya la preocupación con la cuestión rural en el estado de Paraná, entre los años 30 y 60, cuando este territorio era predominantemente rural.

Los estudios que utilizan la prensa como referencia para entender la educación y la sociedad, en general, han crecido mucho en los últimos años, concretamente en el campo de la Historia de la Educación. Al dedicarse a este nuevo tipo de fuente5, los historiadores de la educación amplían la comprensión del campo educativo sobre la producción de conocimiento sobre la educación, la circulación de ideas y los modelos educativos, a través de muchas miradas. Como señala Nóvoa (2002, p. 30-31):


De hecho, es difícil encontrar otro corpus documental que traduzca con tanta riqueza los debates, los anhelos, las desilusiones y las utopías que han marcado el proyecto educativo en los dos últimos siglos. Todos los actores están presentes en los periódicos y revistas: los alumnos, los profesores, los padres, los políticos, las comunidades... Sus páginas revelan, casi siempre "en caliente", las cuestiones esenciales que han impregnado el ámbito de la educación en un momento determinado.


5 Es necesario indicar que el tipo de fuente no es nuevo específicamente, sino su forma de uso. Anteriormente, los investigadores no daban la debida importancia a la prensa como objeto de investigación, utilizándola únicamente como fuente para confirmar los análisis basados en otro tipo de documentación.

RIAEE – Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 16, n. 4, p. 2668-2686, out./dez. 2021. e-ISSN: 1982-5587



El mismo autor destaca que es a través de la prensa que es posible percibir los cambios en el campo de la educación a lo largo de los períodos históricos. Esto es evidente en la forma en que aparece la información en las publicaciones periódicas, que de alguna manera expresan la realidad escolar, proporcionando análisis de diferentes componentes y protagonistas de la escuela. La prensa aporta datos que conforman la práctica escolar, porque "es difícil imaginar una forma más útil de entender las relaciones entre teoría y práctica, entre proyectos y realidades, entre tradición e innovación [...]” (NÓVOA, 2002, p. 31).

Conocemos la importancia de las instituciones formales en la transmisión de la cultura de generación en generación, pero es innegable que otras instancias también participan en el proceso educativo, como las novelas, los periódicos, las revistas, el teatro, la pintura, etc., e indican que tienen mucho que decir sobre la forma en que se producen, preservan y/o transforman las culturas (PALLARES-BURKE, 1998). El mismo autor destaca que la prensa periódica, primero en Europa y luego en el resto del mundo6, ha asumido una función cultural más que informativa y se ha convertido en un agente cultural que moviliza opiniones y difunde ideas.

El uso de la prensa como fuente y objeto de investigación se ha ido ampliando paulatinamente, sobre todo por su carácter inmediato, ya que las reflexiones que aparecen en la prensa escrita son muy cercanas a los acontecimientos. La prensa, especializada o no, puede entenderse también como un escenario de manifestaciones colectivas, en el que se pueden identificar debates, discusiones y disputas de una época. La prensa diaria y popular periódica puede ser escrita por legos, aunque trate de temas educativos, y sigue sirviendo como fuente para la investigación histórica, dado que presenta proyectos políticos, debates de sociedad y los problemas de cada época.

El análisis de la prensa permite identificar los discursos que articulan las teorías y las prácticas, que podemos situar en el nivel macro del sistema. También es importante el cambio de perspectiva, volviendo los ojos al nivel micro de la experiencia concreta (NÓVOA, 2002). Este análisis que se dilata y se retrae nos permite comprender el movimiento histórico de los caminos que la educación ha tomado en Brasil, y que fueron registrados por la prensa.

La diversidad de fuentes relacionadas con la prensa es enorme, pero las más prometedoras son las que se ocupan específicamente de las publicaciones centradas directamente en temas educativos. El estudio de la prensa periódica especializada en



6 Este proceso tardó un poco más en Brasil, ya que hasta el siglo XIX la prensa aquí no estaba autorizada. Sólo en 1808, con la llegada de la familia real, se estableció y utilizó oficialmente la prensa, a través del periódico A Gazeta do Rio de Janeiro, órgano gubernamental.


RIAEE – Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 16, n. 4, p. 2668-2686, out./dez. 2021. e-ISSN: 1982-5587



educación aporta siempre un profuso material que permite estudiar las prácticas y disciplinas escolares, ya que presenta subsidios útiles para la comprensión histórica del sistema educativo, poniendo la cultura escolar brasileña en el foco de las investigaciones.

Además, este enfoque de investigación desvela cuestiones relacionadas con el trabajo docente, con las apropiaciones de la ley y las políticas gubernamentales, la práctica docente, los métodos y las técnicas utilizadas en el espacio escolar, así como la organización escolar. Catani (1996, p. 117) sistematiza el alcance del estudio de la prensa pedagógica de la siguiente manera:


[...] En general, las revistas especializadas en educación, en Brasil y en otros países, son una instancia privilegiada para comprender las formas de funcionamiento del campo educativo, ya que circulan informaciones sobre el trabajo pedagógico y el perfeccionamiento de las prácticas de enseñanza, la enseñanza específica de las materias, la organización de los sistemas, las demandas de la profesión docente y otros temas que surgen del espacio profesional. Por otra parte, seguir la aparición y el ciclo de vida de estas revistas nos permite conocer las luchas por la legitimidad que tienen lugar en el ámbito educativo. Es posible analizar la participación de los agentes productores periódicos en la organización del sistema educativo y en la elaboración de discursos que pretenden establecer prácticas ejemplares.


Dentro del tema de la prensa, por tanto, tenemos una especificidad ligada a las cuestiones educativas. La prensa pedagógica es la que orienta al profesorado, como guía práctica del día a día educativo y escolar, "[...] circulan informaciones sobre el trabajo pedagógico y la mejora de las prácticas educativas, la enseñanza específica de las materias, la organización de los sistemas, las reivindicaciones de los profesores" (FERNANDES, 2008, p. 16). Algunos de los investigadores que se han dedicado al estudio de la prensa pedagógica brasileña son: Maria Helena Camara Bastos (1994), Marta Maria Chagas de Carvalho (1994), Decice Barbara Catani (1989, 1996), entre otros.

La tesis doctoral de Denice Catani (1989), titulada Educadores à meia-luz: um estudo da Revista de Ensino da Associação Beneficente do Professorado Público de São Paulo (1902-1918), es un hito entre los trabajos que miran la publicación periódica desde el lado "interno", a partir de la reconstrucción de su ciclo de vida, verticalizando el análisis.

La prensa pedagógica como fuente ayuda a conocer la organización destinada al universo escolar, sus temas, prácticas y conocimientos puestos en circulación. Se puede reconocer por permitir cuestionamientos y reflexiones a los investigadores, porque:


Destaca las directrices oficiales que la escuela recibe y debe cumplir y, al mismo tiempo, permite identificar otros factores integrantes de la construcción de lo que llamamos espacio escolar, es decir, los puntos de


RIAEE – Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 16, n. 4, p. 2668-2686, out./dez. 2021. e-ISSN: 1982-5587



confluencia que conforman las distintas facetas registradas en el formulario. A partir de lo registrado en el trabajo impreso, es posible ampliar la comprensión que se ha construido sobre el universo escolar, adentrándose en la enseñanza y sus características por otras perspectivas, diferentes a las consideradas consolidadas. (RODRIGUES, 2010, p. 313).


De este modo, el investigador debe estar atento a otros elementos referidos no sólo a la construcción del texto que analiza, sino a cuestiones externas, como la constitución del impreso, el contexto histórico en el que se inserta, la circulación, la ortografía utilizada en la época, el clima político y el público consumidor. El uso de los impresos como fuente implica analizarlos como objetos que tienen su propia materialidad, contextos y contenidos.

Otra forma de trabajar con material impreso es la constitución de directorios, y la obra de referencia aquí en Brasil fue organizada por Denice Barbara Catani y Cynthia Pereira de Souza (1999), titulada Catálogo da Imprensa Periódica Educacional Paulista (1890-1996). Anteriormente, fuera de Brasil, este trabajo ya se realizaba, como se cita en los repertorios francés y portugués.

El libro cuyo título es Educação em revista - a imprensa periódica e a história da educação fue organizado por Denice Barbara Catani y Maria Helena Camara Bastos y publicado en 2002; muestra el resultado de investigaciones nacionales e internacionales que analizan las publicaciones periódicas desde diferentes perspectivas, como fuente para la investigación en Historia de la Educación.

Durante el análisis de las revistas tomamos como referencia teórica los aportes elaborados por la Historia Cultural a través del concepto de representación (CHARTIER, 1990) sobre la educación rural que aparece en las revistas, sosteniendo la circulación de ideas sobre el tema en el estado de Paraná.


Resultados y Discusiones


La opción de presentar los resultados de la investigación en un formato de repertorio indica al menos algunas consideraciones: la necesidad de producir un instrumento que facilite el acceso a las fuentes; el reconocimiento de la prensa como un objeto/fuente importante para la historiografía de la educación y la intención de contribuir a la expansión del campo epistemológico de la Historia de la Educación.

El repertorio permite vislumbrar la riqueza de los artículos sobre la cuestión rural en el estado de Paraná, publicados en periódicos sin el sesgo de la prensa educativa necesariamente,


RIAEE – Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 16, n. 4, p. 2668-2686, out./dez. 2021. e-ISSN: 1982-5587



y organiza un conjunto de materiales impresos que constituyen una forma privilegiada de acceso a las fuentes que toman la prensa como objeto.

El material que se recopiló en el repertorio confirma la posibilidad de abordar los temas vinculados a la cuestión rural desde muchas perspectivas: la formación del maestro rural, los eventos dirigidos al tema, la función y representación de la escuela rural, la organización de la educación rural, la fijación del hombre en el campo, la preocupación por lo rural (o la falta de acercamiento a este tema) vinculada al movimiento político, indicando si el gobernador era un típico ruralista o un defensor de la industrialización. Estas son algunas de las categorías que exploraremos para la presentación del repertorio.


Cuadro 1 – síntesis del repertorio de los datos recopilados, 1930-1953


Categoría

Periódico

Año/reportaje

Formación del profesor rural

O Dia

1932 – Renovação dos quadros do magistério, Bases para a Organização do ensino complementar, normal, e normal superior

Diário da Tarde

1930 – Curso profissional rural

1934 – Os clubs agrícolas escolares da sociedade dos amigos de Alberto Torres

Rio Negrenser Zeitung

1943 – Professorinha

Diário do Paraná

1947 – Universidade Rural e Técnica do Paraná

Eventos

O Dia

1934 – Congresso de Educação Rural

1937 – Congresso de ensino rural promovido pela Sociedade Luiz Pereira Barreto

Rio Negrenser Zeitung

1942 – Oitavo Congresso Brasileiro de Educação

Paraná Norte7

1948 – Semana Ruralista de Londrina

A Tarde

1950 – Seminário da Educação Rural

A Divulgação

1953 – II Conferência Rural Brasileira

Función y representación de la escuela rural

O Estado

1936 – A função da escola rural

Organización de la educación rural

O Dia

1932 – O ensino agrícola nas escolas ruraes, Educação rural, A educação nova emação

1934 – O ensino rural

1935 – A Educação rural no Brasil

1938 – A educação rural na campanha da desanalfabetização

O Estado

1936 – O porquê do ensino rural

1937 – Como é o que já fez a escola de trabalhadores rurais

A Divulgação

1948 – Ensino rural no Paraná

Diário do Paraná

1946 – Acordo para o auxílio as escolas rurais 1947 – Comentário sobre a lei orgânica do ensino agrícola

Paraná Norte

1949 – A campanha de Educação de Adultos na zona rural



7 Sobre Paraná Norte hay una disertación que discute el periódico específicamente en la región de Londrina, es el trabajo de CAMARGO, Fernanda Silva. Educação no jornal Paraná-Norte da cidade de Londrina (1934- 1953). Disertación (Máster en Educación). Universidad Estatal de Londrina, Londrina, 2018, 2018 2018 y también artículo publicado en la revista Cadernos de História da Educação, v 19, n1 de 2020, intitulado Jornal Paraná-Norte: educação na cidade de Londrina (1934-1953), disponível em: http://www.seer.ufu.br/index.php/che/article/view/52702/28155.

RIAEE – Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 16, n. 4, p. 2668-2686, out./dez. 2021. e-ISSN: 1982-5587




1950 – Uma escola rural para Londrina

Paraná Esportivo

1953 – O Esporte nas escolas de trabalhadores rurais

Manutención de la gente en el campo

O Dia

1930 – A educação do lavrador precisa do auxílio da nação inteira; A Semana de Educação

1937 – Criar escolas e abrir estradas

Paraná Norte

1950 – Verdadeiro levantamento das necessidades das populações rurais

Fuente: Elaborado por la autora


En cuanto a la formación de los maestros rurales, explica el periódico O Dia8 (1932 edición nº. 2606) donde hay una discusión siempre presente en el escenario educativo de Paraná que es la Renovación del profesorado, artículo escrito por Raul Rodrigues Gomes 9. Con la intención de renovar el profesorado y sustituir a los maestros seglares por profesores normalistas, surgió una propuesta para evitar las acusaciones de abuso en el llenado de las cátedras, la dificultad se dio principalmente porque había escasez de licenciados, y los que había preferían las "delicias del asfalto a la dureza de la existencia rural".

El artículo indica que había niñas que estaban hechas, sin la mínima preparación intelectual o técnica o incluso niñas "que apenas salían del tercer o cuarto año de primaria", con este perfil sólo podían causar daño a la enseñanza, a la disciplina e incluso a la moral. El comportamiento a partir de entonces sería preferir a los normalistas, siguiendo criterios de contratación, porque el intercambio no era tan simple y directo, como podemos ver en el siguiente fragmento: "[...] el Estado cometería una injusticia, clamorosa, si desplazara sumariamente a elementos de este orden, movidos por una regla general de intercambio de legos por licenciados".

Una de las posibilidades para pensar en la formación de maestros rurales fue publicada en el mismo periódico O Día (edición de 1932 nº 2452), las Bases para la organización de la enseñanza complementaria, normal y normal superior, donde aparece una especialización para la escuela rural donde los alumnos de 2º curso deberían cursar al menos un semestre. Esta especialización cuenta con: a) Agricultura e industrias rurales; b) Organización escolar, métodos y procesos aplicables en la escuela rural; la escuela rural y el medio ambiente y c) Práctica docente en la escuela rural.

En el periódico Diário de Tarde (edición de 1930 nº 10735) tenemos la indicación de un Curso Profesional Rural que sería impartido a las hijas de los agricultores del interior del


8Todas las citas, directas o indirectas, que se han hecho de las revistas mantienen el idioma original.

9 Periodista y profesor que contribuyó mucho a la prensa de Paraná y fue uno de los firmantes del Manifiesto de los Pioneros de la Nueva Educación de 1932. Para más información, lea el artículo de Eliezer Feliz de Souza titulado Trajetória e discursos educativos do jornalista e professor Raul Rodrigues Gomes na imprensa Paranaense (1907 – 1975) publicado en la IX ANPEd Sur de 2012.


RIAEE – Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 16, n. 4, p. 2668-2686, out./dez. 2021. e-ISSN: 1982-5587



estado, sabiendo la necesidad de sentar las bases para la práctica intensiva de la agricultura en un país que apuesta por la "vida sana del campo". También señala que una enseñanza agrícola sistematizada y valorada debe merecer un cuidado especial por parte de nuestros dirigentes.

A mediados de 1943 tenemos un poema sobre la maestra de escuela rural retratada como una heroína. Sabemos que durante mucho tiempo la enseñanza fue prácticamente la única carrera abierta a las mujeres, con la enfermería como segunda opción, ya que se suponía que las responsabilidades de las mujeres no iban más allá de los límites del hogar, ni debían ganar un salario. La dificultad de acceder ampliamente a otras profesiones hizo que la docencia fuera la opción más adecuada para las mujeres, lo que se vio potenciado por los atributos de misión y vocación (ALMEIDA, 2006).


Una pequeña maestra de escuela rural... Una chica guapa que se levanta más temprano que el sol, que sigue los caminos húmedos de rocío hacia la casita de cal blanca donde los niños de las granjas vecinas forman una fila de trapos, parches y vientres redondos de anquilosamiento.

¡Pequeño! Ya te he dicho que tomes la medicina.

Heroína cotidiana y oscura, joven crucificada, madre prematura de hijos ajenos que clava en el aire adormecido de las clases perezosas, en un gesto simbólico, contra el analfabetismo, una regla de madera. ¡Vamos! ¡Abre el libro!

Una bella muchacha de ojos soñadores y taciturnos que sueña novelas tropicales, envenenada por la peligrosa humedad que se filtra en la sangre, que agita los músculos, que vibra en la carne, que canta en el alma, que arrulla en las largas noches, pobladas por el zumbido de los mosquitos...

Me parece ver, frente a mi escritorio, la figura oscura, con los ojos cálidos y brillantes, la voz suave y cansada, pidiéndome un poco de mi taboada. ¿Uno y uno?

Y, en un largo e íntimo recuerdo, como quien sueña despierto, ve el jardín, la banda que toca en el jardín y a su novio.

Pequeña maestra, oscura heroína de todos los días, me gustaría, realmente me gustaría, erigir una estatua para ti... para ti... para mí... porque yo también te lo he pedido muchas veces. ¿Uno y uno? (RIO NEGRENSER ZEITUNG, 1943, edição n. 816).


Esta vocación hace que la " profesora cosificada " no parezca una entidad real, de carne y hueso, con necesidades, deseos y ambiciones concretas. Los atributos que se le atribuyen permiten imaginarla como un ser casi divino" (FISCHER, 2009, p. 327). También existe una relación entre la maestra y la madre de los hijos ajenos, y el gran problema de este vínculo directo entre la enseñanza y la maternidad está en las concepciones estereotipadas respecto a la mujer, que terminan reforzando mitos y prejuicios, reforzando el lugar social naturalizado de la mujer.

Hay poca mención a mediados de 1930 sobre la formación del maestro rural, y ésta sólo vuelve a aparecer en los periódicos investigados después de 1943 en forma de caricatura



de un pequeño maestro de escuela rural, y también la defensa de la creación de una Universidad Rural y Técnica en Paraná que no se llevó a cabo.

En cuanto a los eventos, se pudieron identificar algunos congresos, semanas, seminarios y conferencias dedicados a la cuestión rural. En el periódico O Dia (1934, edición

n. 3322) Congreso de Educación Rural, presentando el evento con el tema de la educación rural que tuvo lugar en Bahía, con la ausencia de Paraná, que no envió un representante directo; dicho evento fue promovido por la Sociedad Amigos de Alberto Torres.

En el artículo, la primera afirmación es que la educación rural es un problema poco, mal o nada estudiado, y que las escuelas rurales esparcidas por Brasil son más o menos inútiles para la elevada función que deberían desempeñar porque son "meramente verbalistas, son desambientadas". Y su profesor lo ocupa de forma disfuncional, con sus escasos ingresos como mero sostén de la familia".

En el mismo periódico O Dia (1937, número 4101) hay un artículo sobre el Congreso de Enseñanza Rural promovido por la Sociedad "Luiz Pereira Barreto", que se inspiró en la orientación de la Sociedad de "Amigos de Alberto Torres", que organizó el Congreso de Enseñanza Rural celebrado en Bahía en 1934. Las problematizaciones y debates del Congreso giraron en torno a las siguientes cuestiones: ¿Qué diferencia hay entre las escuelas rurales y las urbanas? ¿Existe alguna diferencia entre las escuelas para preparar a la población rural, agrícola y pastoral? ¿Prácticas y ríos? ¿El problema de la sanidad en el medio rural merece una atención especial? ¿Debe nuestra escuela primaria ser una escuela de trabajo o no?

¿Cómo organizar la escuela normal para la formación del profesorado de las escuelas regionales? expresando una clara preocupación por la formación del profesorado para la zona rural.

En el periódico Paraná-Norte (1948, edición n. 892) publicado el 4 de junio hay un artículo sobre la Semana Ruralista en Londrina. Estas Semanas Ruralistas han sido promovidas en todo el territorio nacional por el Servicio de Información Agraria y tienen como objetivo promover la mejora de las condiciones de vida de los agricultores. Durante las Semanas Ruralistas también se imparten cursos rápidos para profesores de primaria, con el interés de facilitar, en la medida de lo posible, la organización y orientación de los Clubes Agrícolas Escolares, base de la formación de los futuros agricultores de Brasil. En estos cursos se trataron los siguientes temas: industrias artesanales rurales, juegos y juguetes para niños rurales, la tarea de la educación rural, la lucha contra el bicho sauba, los huertos domésticos y escolares, los clubes agrícolas escolares y la sericultura.




En el periódico A Tarde (1950, edición n. 136), al tratar del Seminario de Educación Rural, "[...] conceptualizan la Educación Rural como aquella que se ajusta a la realidad de la vida en el campo, caracterizándose la escuela rural más bien por la naturaleza de la enseñanza que por la ubicación". Además, incluyeron lo que llamaron el objetivo social y económico de la educación rural, que es contribuir a la fijación del hombre en el campo, elevando su nivel de vida, enseñándole a vivir feliz y útilmente en su propio medio y aportando al medio rural, sin deformar su esencia, los logros de la técnica y el progreso.

Con respecto a la función y representación de la escuela rural tenemos el periódico O Estado (1936, edición 19) con el artículo sobre La función de la Escuela Rural que indica que para que la escuela rural cumpla su función esencial, debe ser transformada radicalmente. "Es muy cierto que entre nosotros no hay una verdadera escuela rural. Lo que sí hay son escuelas que sólo se llaman rurales, por la mera circunstancia de estar ubicadas en granjas, ranchos o pueblos”.


[...] Estas instituciones están segregadas del entorno y sus actividades están encerradas entre las paredes del aula. Programas, horarios, material didáctico, mobiliario, libros y demás, todo lo identifico con la escuela urbana, aunque en proporciones más modestas, porque la escuela rural, se dice, tiene menos necesidades...

Ahora, con la organización que se les ha impuesto, nuestras llamadas escuelas rurales nunca desempeñarán el papel que deberían. Persistirán, por desgracia, como simples núcleos de semianalfabetización de los niños, por lo que es legítimo preguntarse si no están, en cierto modo, contribuyendo a la infelicidad de las poblaciones rurales al limitarse a abrirles, a duras penas, los secretos del ABC y abandonarlos después a su suerte.

No se trata, por supuesto, de la ruralización de las escuelas "rurales", la puesta en marcha, las instalaciones, etc. Esto no es más que un aspecto externo y material del problema, que requiere dinero. Lo que tenemos que cuidar, principalmente, con afán y entusiasmo, es el espíritu que tiene que vitalizar la escuela rural. Es necesario darle un alma rural, de la que ha carecido, por desgracia. [...] (O ESTADO, 1936, edición n. 19).


La llamada "escuela rural", según las representaciones de este periódico, hace justicia al sentido peyorativo de esta denominación porque se caracteriza por estar muy cerca del modelo urbano y con instalaciones aún más precarias.

Con respecto a la organización de la educación rural, en O Dia (1932, edición n. 2669) hay un artículo sobre la Educación Rural escrito por Raul Rodrigues Gomes que trata del problema de esta modalidad de enseñanza que "la encuentran simple, infantil, elemental y creen que pueden eliminarla, creando y promoviendo escuelas aisladas". Según el informe, la creación de escuelas aisladas no solucionaría el problema, ya que la realidad contrasta y "[...] cada escuela rural, desierta de actividad, absolutamente erradicada de ambiente, desempeña



mecánica y precariamente su rudimentaria función de enseñar el abecedario, aderezada con restos de cálculo y escritura jeroglífica”.

La solución para la educación rural no estaría sólo en la apertura de escuelas, multiplicando su número en todo el estado y el país, sino también en el perfeccionamiento profesional del profesorado para el ámbito rural; esto implica una doble acción "[...] por un lado, elevar el nivel intelectual y técnico del profesorado, y por otro, provocar, estimular y ampliar el mejoramiento espiritual y moral de las sociedades rurales, sumidas en la más deplorable miseria mental". Todavía en el periódico O Dia (1938, edición n. 4623) hay otro informe sobre la educación rural en la campaña de desalfabetización, argumentando que sólo será posible hacer eficiente la enseñanza entre los hijos de los colonos preparando un maestro especializado.

El profesor Sud Mennucci fue una figura muy conocida en los periódicos, apareciendo en el diario O Dia (1935, edición n. 3587) para tratar la conferencia que dio en la universidad sobre el tema "Porque soy ruralista", tejiendo sus principales ideas sobre el problema de la educación rural en Brasil. También apareció al año siguiente en el periódico O Estado (1936, edición n. 29), justificando O porque do ensino rural (Sud Menucci), donde presenta el plan de ruralización de la enseñanza basado en tres puntos cardinales:


  1. el reconocimiento de la existencia de grupos humanos diferenciados en sus actividades, grupos que, por su ubicación, características y contrastes, establecen el equilibrio de las masas sociales de una nación;

  2. la necesidad de prevenir y evitar la interacción entre estos diversos grupos, para que ninguno de ellos prefiera o aspire al modo de vida del otro;

  3. El objetivo es dar a cada uno de estos grupos sociales un sentido de la necesidad de su propia existencia como es.


El primer punto requeriría que cada una de estas aglomeraciones recibiera el tipo de educación más adecuado a su entorno. Según él, se inventó una escuela estándar, la de la ciudad, y ésta se extendió por todas las zonas en la defensa de que la escuela fuera única, sin tener en cuenta las especificidades de cada espacio, porque si damos al campo el mismo tratamiento que a las ciudades, de modo que la zona rural no tenga obstáculos para obtener, por ejemplo, energía eléctrica, habremos asegurado la fijación de los hombres a la tierra. Con ello, daremos la oportunidad de "hacerla cada vez más atractiva y encantadora y habremos suprimido el sentimiento de inferioridad, de casi envidia, que lleva a los campesinos y ribereños en busca de las grandes ciudades".

En el periódico A Divulgação (1948, número 3-4), Educación Rural en Paraná, tenemos datos de la Secretaría de Agricultura, Industria y Comercio, referidos a la década de




1940 que indican el mantenimiento de 9 Escuelas Rurales, de las cuales 7 eran para Trabajadores Rurales y 2 para Pescadores, todas supervisadas por el Departamento de Educación Superior, Técnica y Profesional.

También tenemos el registro sobre la instalación de clases de enseñanza complementaria en chacras y estancias por iniciativa de los propietarios, que aparece en el diario Paraná Norte (1949, edición n. 948) en el informe sobre La campaña de Educación de Adultos en la zona rural, el objetivo sería instalar cursos especiales para que en ellos se inscriban quienes a la edad debida no pudieron asistir a la escuela primaria. El maestro era un colono más experimentado llamado Pedro. Por la mañana se ocupa de sus asuntos y después de comer se dedica a la labor de alfabetización. Según el artículo, Pedro, que sólo ha terminado la escuela primaria, es vivaz e inteligente, ya ha conseguido resultados apreciables en su clase, gracias al interés de sus alumnos, al esfuerzo del profesor y a la buena voluntad del agricultor. "Gracias a esta cooperación espontánea y patriótica, se está combatiendo el analfabetismo en la región".

También están los reclamos sobre la instalación de Escuelas Normales Rurales, como lo afirma el periódico Paraná Norte (1950, edición n. 986) en el reportaje Una Escuela Normal Rural para Londrina, que informa que el Ministerio de Educación pretende fundar 17 Escuelas Normales Rurales, repartidas en varios estados, y que Paraná será una de las contempladas, ya que su población ha aumentado considerablemente, sobre todo en la región Norte, donde se destaca la ciudad de Londrina y, por lo tanto, justifica el pedido de instalación de una escuela en esta zona.

En cuanto a la fijación del hombre en el campo hay varias menciones sobre la importancia fundamental de formar una juventud rural capaz de entender las necesidades del campo, que se ofrezca una educación que pueda frenar el éxodo rural y mantener la población rural donde se necesita. Esto se puede observar en el periódico O Dia (1930, edición n. 2630) en el reportaje sobre La educación del agricultor necesita la ayuda de toda la nación - donde presenta una entrevista con el Dr. Carlos F. Chardon (Director del Departamento de Agricultura y Trabajo de Puerto Rico).

Para mantener a la población rural donde debe estar, en el periódico O Dia (1930, número 2568) publicado en la edición de la mañana del domingo 8 de junio, Leôncio Correia10 escribió un artículo titulado La semana de la educación en el que trata de los tres



10 Abogado, escritor, periodista y político nacido en Paranaguá - PR y fue Director de Instrucción Pública en Río de Janeiro, Director del Colegio Pedro II, Director de la Prensa Nacional, Director del Instituto de Educación de Río de Janeiro, Diputado Federal y Diputado del Estado de Paraná,

RIAEE – Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 16, n. 4, p. 2668-2686, out./dez. 2021. e-ISSN: 1982-5587



principios fundamentales que conforman los principales sistemas de organización escolar: el principio de la comunidad, la escuela única y la escuela del trabajo. Y define la escuela de la siguiente manera:


[...] el principio de localización de la enseñanza o su adaptación al medio, que ordena a las escuelas primarias adaptarse a las singularidades de la zona a la que sirven, sin romper su unidad fundamental, en sus bases humanas y nacionales. La escuela primaria, con sus talleres para pequeñas industrias, en la zona urbana, con sus campos para experimentos agrícolas en la zona rural, o con sus modestos museos de equipos de pesca, en la zona marítima, lejos de desviar a la población infantil de la agricultura y la pesca a los centros industriales o de la industria a la literatura, cumple así lo que debería ser, al mismo tiempo que la educación, su principal objetivo: Arraigar al obrero a los talleres, al agricultor a la tierra y al pescador a las playas, haciéndoles comprender y amar, con un trabajo productivo, la intensa vida de las fábricas, la tranquila vida rural o la valerosa vida de las grandes pesquerías [...] (O DIA, 1953, edição n. 2568).


El discurso para la construcción de una red de carreteras en el estado aparece en el periódico O Dia (1937, número 4308) con un título emblemático: Crear escuelas y abrir caminos - esta es la principal preocupación que ha caracterizado la gestión de Manoel Ribas11 en un discurso pronunciado ante los alcaldes reunidos en Curitiba. Afirma: "[...] puedo decir que mi preocupación constante es crear escuelas y abrir caminos, conectando todos los municipios entre sí, para una perfecta comunión de ideas y para la mayor grandeza de Paraná”.

Manoel Ribas, así como Moysés Lupion después, priorizaron los temas relacionados con las zonas rurales durante su administración. En su discurso, Manoel Ribas asegura que "[...] la riqueza de un país, o de un Estado, proviene de la tierra. De ahí mi predilección por el ruralismo. Y es esta tierra de araucarias la que proporcionará en un futuro muy cercano la emancipación económica de Paraná".


11 Manoel Ribas fue el gobernador nombrado por Getúlio Vargas para administrar el estado de Paraná. Permaneció desde 1932 hasta 1945 al frente del gobierno de Paraná, a veces como interviniente (1932-1934), a veces como gobernador (1935-1937), y de nuevo como interviniente (1937 -1945).




Consideraciones finales


Una de las motivaciones para la construcción de este repertorio es la intención de contribuir al campo de la Historia de la Educación en el Estado de Paraná, específicamente en lo que se refiere al tema rural, considerando que este Estado fue predominantemente rural hasta 1960 y este pasado rural es aún poco explorado en lo que se refiere a las escuelas, la estructura, la formación docente y las prácticas educativas para el medio rural.

El repertorio sobre la educación rural en Paraná expone un vasto patrimonio educativo para ser explorado a través de la prensa, y estos conjuntos de materiales presentados constituyen un importante acceso a la más variada información que puede ser abordada de diversas maneras: la importancia que asumió la educación rural en el estado de Paraná a lo largo del siglo XX; la forma en que se priorizó (o no) la educación rural y cómo esto impactó en el desarrollo del estado; los diversos objetivos de la educación rural, presentados en las diferentes publicaciones periódicas; la forma en que el estado atendió la demanda de educación rural, su estructura y la formación de maestros para el área rural.

En este repertorio se presentó la educación rural dividida en cinco secciones: formación del maestro rural; eventos; función y representación de la escuela rural; organización de la educación rural y fijación del hombre en el campo, catalogando reportajes sobre el tema en nueve periódicos diferentes (O Dia; Diário da Tarde; Rio Negrenser Zeitung; Diário do Paraná. Paraná Norte; A Tarde; A Divulgação; O Estado y Paraná Esportivo) entre los años 1930 y 1961. En este período existe la defensa de una educación propia del hombre rural, que pueda tener estructura adecuada y profesores preparados para tratar la cuestión rural, este trípode contribuiría a la fijación del hombre a la tierra.


REFERENCIAS


ALMEIDA, J. S. Mulheres na educação: missão, vocação ou destino? In: SAVIANI, D.; ALMEIDA, J. S.; SOUZA, R. F.; VALDEMARIN, V. T. O legado educacional do século XX no Brasil. Campinas, SP: Autores Associados, 2006. p. 59-108.


BASTOS, M. H. C. O Novo e o Nacional em revista: A Revista do Ensino do Rio Grande do Sul (1939-1942). Tese (Doutorado em Educação) – Universidade de São Paulo, 1994.


CARVALHO, M. M. C. Uso de impresso nas estratégias católicas de conformação do campo doutrinário da pedagogia (1931-1935). Cadernos ANPEd, Belo Horizonte, n.7, 1994.


CASPARD, P. (Dir.). La presse d’éducatio et d’enseignement, XVIII siécle 940. Repertoire Analytique. Paris: CNRS-INRP, 1981-1991.





CATANI, D. B. A imprensa periódica educacional: as revistas de ensino e o estudo do campo educacional. Educação e Filosofia, Uberlândia, v. 10, n. 20, p. 115-130, jul./dez. 1996.


CATANI, D. B. Educadores à meia-luz: um estudo sobre a Revista de Ensino da Associação Beneficente do Professorado Público de São Paulo (1902-1919). 1989. Tese (Doutorado) – Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1989.


CATANI, D. B.; BASTOS, M. H. C. (org.). Educação em Revista: a imprensa periódica e a história da educação. São Paulo: Escrituras Editora, 2002.


CATANI, D. B.; SOUSA, C. P. (org.). Imprensa periódica educacional paulista (1890- 1996): Catálogo. São Paulo: Editora Plêiade, 1999.


CATANI, D. B.; SOUSA, C. P.. A imprensa periódica educacional e as fontes para a História da cultura escolar brasileira. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, v. 37, p. 177-183, 1994. Disponível em: http://www.revistas.usp.br/rieb/article/view/71310. Acesso em: 03 mar. 2017.


CHARTIER, R. A história cultural: entre práticas e representações. Lisboa/Rio de Janeiro: Difel / Bertrand Brasil, 1990.


CORREIA, A. P. P. Escolas Normais: contribuição para modernização do Estado do Paraná (1904 a 1927). Educar em Revista, Curitiba, n. 49, p. 245-273, jul/set, 2013.


FARIA, T. B. Paraná, território de vocação agrícola?! Interiorização do curso Normal Regional (1946-1968), 2017. Tese (Doutorado em Educação) – Universidade Estadual de Maringá, Maringá, 2017.


FERNANDES, A. L. C. O impresso e a circulação de saberes pedagógicos: apontamentos sobre a imprensa pedagógica na história da educação. In: MAGALDI, A. M. B. M.; XAVIER,

L. N. Impressos e História da Educação: usos e destinos. Rio de Janeiro: 7Letras, 2008.


FISCHER, B. D. A professora primária nos impressos pedagógicos (1950-1970). In: STEPHANOU, M.; BASTOS, M. H. C. (org.). Histórias e memórias da educação no Brasil. 3. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009. v. III, p. 324-335.


GIL, A. C. Técnicas de pesquisa e elaboração de monografias. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002.


NÓVOA, A. A imprensa de educação e ensino: repertório analítico (séculos XIX e XX). Lisboa: Instituto de Inovação Educacional, 1993.


NÓVOA, A. A imprensa de Educação e Ensino: concepção e organização do repertório português. In: CATANI, D. B.; BASTOS, M. H. C. (org.). Educação em Revista: a imprensa periódica e a história da educação. São Paulo: Escrituras Editora, 2002.


PALLARES-BURKE, M. L. G. A imprensa periódica como uma empresa educativa no século

XIX. Caderno de Pesquisa, n. 104, p. 144-161, jul. 1998.





RODRIGUES, E. A imprensa pedagógica como fonte, tema e objeto para a História da Educação. Fontes e métodos em História da Educação. Dourados, MS: Ed. UFGD, 2010. p. 311-325.


SCHELBAUER, A. R. Da roça para a escola: institucionalização e expansão das escolas primárias rurais no Paraná (1930-1960). História da Educação, Porto alegre, v. 18, n. 43, maio/ago. 2014.


SCHELBAUER, A. R.; CORREA, R. L. T. Expansão e modalidades de escola primária rural no estado do Paraná: iniciativas de governos estadual e federal de 1930-1960. In: CONGRESSO LUSO BRASILEIRO DE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO, 7., 2013, Cuiabá.

Anais [...]. Cuiabá, MT, 2013. Disponível em: http://sbhe.org.br/novo/congressos/cbhe7/. Acesso em: 18 set. 2015.


Cómo referenciar este artículo


IVASHITA, S. B. Repertorio de investigación rural en Paraná a través de la prensa (1930- 1961). Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 16, n. 4, p. 2668-2686, out./dez. 2021. e-ISSN: 1982-5587. DOI:

https://doi.org/10.21723/riaee.v16i4.13725


Enviado el: 16/07/2021

Revisiones necesarias el: 15/08/2021

Aprobado el: 12/09/2021

Publicado el: 21/10/2021




RESEARCH REPERTOIRE ON RURAL EDUCATION IN PARANÁ THROUGH THE PRESS (1930-1961)


REPERTÓRIO DE PESQUISA SOBRE A EDUCAÇÃO RURAL NO PARANÁ POR MEIO DA IMPRENSA (1930-1961)


REPERTORIO DE INVESTIGACIÓN RURAL EN PARANÁ A TRAVÉS DE LA PRENSA (1930-1961)


Simone Burioli IVASHITA1


ABSTRACT: The present text is the result of post-doctoral research and had the general objective of locating, cataloging and analyzing newspapers, magazines and newsletters dealing with rural education in the state of Paraná made available at the National Library from 1930 to 1961. For this purpose, articles on about rural education that appear in scientific periodicals considering thematic recurrences were mapped, which was presented in the form of a repertoire. As main results we can highlight that the central themes found were rural teacher formation, events aimed at rural education, the role and representation of rural education and the permanence of men in the field. In the periodicals there is a relative concern with the rural (or the lack of approach to this theme) linked to the political movement, indicating whether the ruler was a typical ruralist or a defender of industrialization.


KEYWORDS: History of education. Rural education. Paraná press.


RESUMO: O presente texto é resultado de pesquisa de pós-doutoramento e teve como objetivo geral localizar, catalogar e analisar jornais, revistas e boletins que tratam da educação rural no estado do Paraná disponibilizados na Biblioteca Nacional no período de 1930 a 1961. Para tanto, foram mapeados os artigos sobre educação rural presentes em periódicos científicos, considerando as recorrências temáticas, o que foi apresentado em forma de repertório. Como principais resultados podemos destacar que as temáticas centrais encontradas foram na formação do professor rural, em eventos destinados à temática da educação rural, na função e representação da educação rural e a permanência do homem no campo. Nos periódicos há uma relativa preocupação com o rural (ou a ausência de abordagem desta temática) ligada ao movimento político, indicando se o governante era um típico ruralista ou um defensor da industrialização.


PALAVRAS-CHAVE: História da educação. Educação rural. Imprensa paranaense.


RESUMEN: El presente texto es el resultado de uma investigación posdoctoral y tenía el objetivo general de localizar, catalogar y analizar periódicos, revistas y boletines informativos sobre educación rural en el Estado de Paraná, que se pusieron a disposición em


1 State University of Londrina (UEL), Londrina – PR – Brazil. Adjunct Professor at the Department of Education and at the Postgraduate Program in Education (UEL). Doctorate in Education (UEM). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-8766-8331. E-mail: prof.simone@uel.br

RIAEE – Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 16, n. 4, p. 2652-2669, Oct./Dec. 2021. e-ISSN: 1982-5587



la Biblioteca Nacional de 1930 a 1961. Para este propósito, se mapearon los artículos sobre la educación rural que aparece em publicaciones periódicas teniendo en cuenta las recurrencias temáticas, que se presentó em forma de repertorio. Como resultados principales, podemos destacar que los temas centrales encontrados fueron en la capacitación de docentes rurales, en eventos dirigidos a la educación rural, el papel y la representación rural y la permanencia del hombre en el campo. En las publicaciones periódicas existe uma preocupación relativa por lo rural (o la falta de enfoque de este tema) vinculado al movimento político, lo que indica si el gobernante era um ruralista típico o um defensor de la industrialización.


PALABRAS CLAVE: Historia de la educación. Educación rural. Prensa paranaense.


Introduction


The state of Paraná was a predominantly rural state until the mid-1960s, and this indicates the importance of education in rural areas, allowing us to problematize the role of the school in this scenario, its organization and the formation of its teachers. Generally speaking, the schools located in the countryside, at that time, had the function of educating the rural people, having as one of the purposes to keep them there, that is, it would be a school that serves its environment.

At that time, both in the state of Paraná and in other parts of the country, there was a movement of pedagogical ruralism, which proposed, among other things, the school integrated to local conditions, and for that it encouraged the establishment of man to the countryside.

The phase of (re)occupation of the territory of Paraná implied settlement, migratory movements, construction of the road network, which together with coffee production wanted to consolidate the state as the largest producer and exporter of coffee in Brazil, therefore, the economic expansion of the state did not it gave for the industry, but for the farming, with coffee as the main protagonist; in the words of Schelbauer and Correia (2013, p. 3, our translation): “agricultural and school expansion is strongly linked to the performance of the state government in a close relationship with the federal government, especially in the governments of Manoel Ribas and Moysés Lupion”.

The colonization of rural areas and the other characteristics listed above are part of the discourse that was conjectured by the people of the time, indicating a period of development linked to the idea of progress and modernization, in which education was highlighted as one of the factors of this modernity. The author understands that primary school in rural areas was structured as a state policy because it was concerned, firstly, with the “formation of new




generations that could guarantee the wealth of the State and, secondly, civilize the population that lived in rural areas, teach not only reading, writing and counting, but hygiene habits and valuing life in the countryside” (SCHELBAUER, 2014, p. 79, our translation).

Industrialization in the state favored the expansion of primary school to the interior, through various modalities. However, this expansion was not accompanied by the necessary formation of teachers to work in built schools: such formation2 had to be sought in the capital, Curitiba, or in other states, such as Santa Catarina, as discussed by Correia (2013).

It is important to point out that the expansion of primary school occurred in different ways and increasingly, supported by different ideological bases, as stated by Schelbauer and Correa (2013). In educational terms, it takes place under the guidance of Educação Nova (New Education), from 1930 onwards.

In 1942, the VIII Brazilian Congress on Education took place, held by the Brazilian Association of Education (ABE) in the city of Goiânia/GO, which leveraged the discussion on the duality of teacher education, whether formation for acting in a school should be prioritized in single or in a diverse school.

Given this expansion of rural primary school in the state of Paraná, in line with the economic and political extension, a more detailed investigation into the representativeness of rural education in schooling in Paraná is necessary. We can do this from many biases, in this text specifically we opted for the press' view.

Working with the press allows for at least two research guidelines: we can see them as a horizontalization and verticalization of investigation, delineated with and from the press, which justifies our option for the repertoire:


[...] on the one hand, the establishment of repertoires intended to inform about the content of periodicals, classifying them, organizing their thematic index and recording their life cycle. Such repertoires provide basic materials: starting data that allow the location of information for research on the history of education, school practices or the education system. Evidently, from that point onwards, another work guideline takes shape and the study of the journals themselves allows us to situate the movement of groups of teachers, map different actions, detect disputes and, thus, explain in part the functioning of the educational field. (CATANI; SOUSA, 1994, p. 178, our translation)


Also, according to the authors, working with mapping and repertoire research helps to locate and systematize data or information that help to overcome the limits of research in


2 It is important to point out that the Regional Normal Course was established by the Organic Law of Normal Education, Decree n. 8,530, dated 2 January 1946, and had a duration of four years. This law also affected the formation of teachers to work in rural areas. To learn more, see Thais Bento Faria's thesis (2017).

RIAEE – Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 16, n. 4, p. 2652-2669, Oct./Dec. 2021. e-ISSN: 1982-5587



Brazil regarding access, cataloging and conservation of sources. This type of research also avoids the duplication of work between researchers, encouraging continuity in investigations and also enhancing the use of materials already explored (CATANI; SOUSA, 1994; 2001).

The initiative to create repertoires came from the Frenchman Pierre Caspard3 (1991) and the Portuguese António Novoa4, who published the results of their research in the book “The education and teaching press: Analytic Repertory (19th and 20th centuries)”, published in Lisbon in 1993, and also in the chapter published in the book “Educação em Revista” organized by Denice Barbara Catani and Maria Helena Câmara Bastos (2002).

In Brazil, at the 15th Annual Meeting of the National Association for Postgraduate Studies in Education, held in Caxambu (MG), Catani and Sousa (19925), already proposed the organization of analytical repertoires and reference catalogs6 to advance the limits of access to research sources. The authors pointed out that:


[...] the possibility of developing the work with and from the periodic pedagogical press, guided by two guidelines. The first of them is constituted by the investigation that aims to establish the serious history and analytical repertoires intended to inform about the content of the periodicals, classifying them, recording their life cycle, predominance and thematic recurrences and information about producers, collaborators and readers, among other data. Such repertoires can provide basic materials, data that work as a starting point for locating information for research on the History of Education, practices and school subjects in education systems. In addition, another work guideline is configured by the specific and “internal” study of the journal itself and its production [...] (CATANI; SOUSA, 2001, p. 242, our translation).


The repertoire that was constituted from the post-doctoral research is intended to facilitate access to the Paraná press as a research source, taking as a cut the issues related to the rural universe.


  1. Repertoire Analytique, investigation carried out by Pierre Caspard in France, entitled La presse d’education et d’enseignement. Repertoire analytique XVIII siécle 1940, it deals with what he calls the teaching press (and not the pedagogical press), and can be taken as a pioneering work indicating to other researchers the material wealth present in the printed material.

  2. Inspired by French work, he created a Portuguese analytical repertoire, and used the same nomenclature –

education and teaching press. Both works aim to expand the corpus of the education and teaching press, not being restricted to the pedagogical press.

5 This work was later published as an article in the Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, 37, 177-183, 1994. Available: http://www.revistas.usp.br/rieb/article/view/71310. Access: 10 June 2020.

6 Regarding the catalogs, we have the work of CAMARGO, Ana Maria de Almeida. A imprensa periódica como objeto de instrumento de trabalho: catálogo da hemeroteca Júlio de Mesquita do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, 1975. Dissertation (Master's in History), University of São Paulo.




Methodological Theoretical Framework


For the construction of this investigative study, documentary research was adopted as a methodological procedure, carried out through the periodicals available in the Digital Hemerothek of the National Library, circumscribing the time frame to the state of Paraná.

According to Gil (2002, p. 62-3), documentary research has some advantages for being a “stable rich source of data”, this translates into a type of research that does not imply high costs, does not require contact with the subjects of the research and allows an ingrained reading of the sources. It approaches bibliographic research, however what differentiates them is the nature of the sources.

The search in the Hemeroteca's database was carried out through the search words linked to the rural: rural education, rural school, rural teacher. The materials found were cataloged and classified considering some concerns that appeared more frequently in the press: teacher formation to work in rural areas; function and representation of the rural school; organization of rural education, events related to the theme and the importance of rural people staying in the rural environment. The content of the articles is presented and discussed in the following session and underlines the concern with the rural issue in the state of Paraná, between the 1930s and 1960s, when this territory was predominantly rural.

Studies that use the press as a reference to understand education and society, in general, have increased a lot in recent years, specifically in the field of History of Education. By dedicating themselves to this new type of source, historians of education broaden the understanding of the educational field about the production of knowledge about education, the circulation of ideas and educational models, through many perspectives. As Nóvoa (2002, p. 30-31, our translation) points out:


In fact, it is difficult to find another documental corpus that reflects with such richness the debates, anxieties, disappointments and utopias that have marked the educational project in the last two centuries. All actors are present in newspapers and magazines: students, teachers, parents, politicians, communities... Its pages reveal, almost always “hot”, the essential issues that cross the educational field in a given era.


The same author emphasizes that it is through the press that it is possible to perceive changes in the field of education over historical periods. This is evident in the way information appears in journals, which somehow express the school reality, providing analyzes of different components and protagonists of the school. The press brings data that make up school practice, as "it is difficult to imagine a more useful way to understand the




relationship between theory and practice, between projects and realities, between tradition and innovation [...]" (NÓVOA, 2002, p. 31, our translation).

We are aware of the importance of formal institutions in the transmission of culture from generation to generation, but it is undeniable that other instances also participate in the educational process, such as novels, newspapers, magazines, theater, painting etc., and indicate that they have a lot to say about how cultures are produced, conserved and/or transformed (PALLARES-BURKE, 1998). The same author emphasizes that the periodical press, first in Europe and then in the rest of the world, took on a cultural rather than news- oriented approach and thus assumed the role of cultural agent, mobilizing opinions and disseminating ideas.

The use of the press as a source and object of research has been gradually expanding, mainly due to its immediate nature, as the reflections that appear in the prints are very close to the events. The press, specialized or not, can also be understood as a stage for collective demonstrations, where debates, discussions and disputes of a given period can be identified. The daily and popular periodical press can be written by laymen, even if it deals with educational themes, and still serves as a source for historical research, as it presents political projects, debates in society and the problems of each era.

By analyzing the press, it is possible to identify discourses that articulate theories and practices, which we can situate at the macro level of the system. The change of perspective is also important, turning the eyes to the micro plane of concrete experience (NÓVOA, 2002). This analysis, which expands and retracts, allows us to understand the historical movement of the paths that education has taken in Brazil, and which were recorded by the press.

The diversity of sources linked to the press is enormous, but the most promising are those that deal specifically with publications directly focused on educational issues. The study of the periodical press specializing in education always brings profuse material that allows us to compare school practices and subjects, as it presents useful subsidies for the historical understanding of the education system, putting Brazilian school culture in the focus of investigations.

In addition, this investigative bias reveals issues related to teaching work, the appropriation of law and government policies, teaching practice, methods and techniques used in the school environment, as well as the organization of the school. Catani (1996, p. 117, our translation) systematizes the scope of the study of the pedagogical press as follows:





[...] journals specializing in education, in Brazil and in other countries, in general constitute a privileged instance for the apprehension of the modes of functioning of the educational field while circulating information on pedagogical work and the improvement of teaching practices, the specific teaching of disciplines, the organization of systems, the claims of the teaching category and other themes that emerge from the professional space. On the other hand, following the appearance and life cycle of these journals allows us to know the struggles for legitimacy that are taking place in the educational field. It is possible to analyze the participation of the periodical producing agents in the organization of the education system and in the elaboration of discourses that aim to establish exemplary practices.


Within the theme of the press, therefore, we have a specificity linked to educational issues. The pedagogical press is the one that provides guidance to the teaching profession, as a practical guide for everyday educational and school life, “[...] they circulate information about the pedagogical work and the improvement of educational practices, the specific teaching of subjects, the organization of systems, the demands of teachers” (FERNANDES, 2008, p. 16, our translation). Some of the researchers who have dedicated themselves to the study of the Brazilian pedagogical press are: Maria Helena Camara Bastos (1994), Marta Maria Chagas de Carvalho (1994), Decice Barbara Catani (1989, 1996), among others.

Denice Catani's doctoral thesis (1989), entitled Educadores à meia-luz: um estudo da Revista de Ensino da Associação Beneficente do Professorado Público de São Paulo (1902- 1918), is a landmark among the works that look at the journal through its “internal” side, based on the reconstruction of its life cycle, verticalizing the analysis.

The pedagogical press as a source helps in the knowledge of the organization intended for the school universe, its subjects, practices and knowledge put into circulation. It can be recognized for allowing researchers to question and reflect because:


It highlights the official guidelines that the school receives and needs to comply with and, at the same time, allows the identification of other factors that are part of the construction of what we call school space, that is, the points of confluence that make up the various facets recorded in the print. Based on what is recorded in the print, it is possible to broaden the understanding that has been built about the school universe, entering teaching and its characteristics from perspectives other than those considered consolidated (RODRIGUES, 2010, p. 313, our translation).


In this way, the researcher must be aware of other elements related not only to the construction of the text that he is analyzing, but to external issues, such as the constitution of the printed matter, the historical context in which the printed material is inserted, the circulation, the spelling used at the time, the political climate and the consuming public. The




use of printed material as a source implies analyzing them as objects that have their own materiality, contexts and contents.

Another way of working with printed material is the constitution of repertoires, and the reference work here in Brazil was organized by Denice Barbara Catani and Cynthia Pereira de Souza (1999), entitled Catálogo da Imprensa Periódica Educacional Paulista (1890-1996). Previously, outside Brazil, this work was already being done, as mentioned above in the French and Portuguese repertoires.

The book entitled Educação em revista – a imprensa periódica e a história da educação was edited by Denice Barbara Catani and Maria Helena Camara Bastos and published in 2002; demonstrates the result of national and international research that analyze journals from different perspectives, as a source for research in the History of Education.

During the analysis of periodicals, we took as theoretical reference the contributions elaborated by Cultural History through the concept of representation (CHARTIER, 1990) about rural education that appears in periodicals, sustaining the circulation of ideas on the subject in the state of Paraná.


Results and discussions


The option to present the research results in a repertoire format indicates at least some considerations: the need to produce an instrument that facilitates access to sources; the recognition of the press as an important object/source for the historiography of education and the intention to contribute to the expansion of the epistemological field of the History of Education.

The repertoire allows for a glimpse of the wealth of articles on the rural issue in the state of Paraná, published in newspapers without necessarily being biased by the pedagogical press, and organizes a set of printed materials that constitute a privileged access route to sources whose object is the press.

The material that was compiled in the repertoire confirms the possibility of approaching themes related to the rural issue7 from many perspectives: rural teacher formation, events dedicated to the theme, function and representation of rural school, the organization of rural education, fixation of man to the countryside, the concern with the rural


7 In some periodicals analyzed in the period, nothing was found on the issue of rural education, they are: Ilustração paranaense (1927-1981); A Tarde (1930-1960); Joaquim (1946 - 1948); União (1948); Gran-Fina (1940-1942); Maestro Bento Mossununga (1898-1979); Correio da Noite (1959-1960); Última Hora (1959- 1964).


RIAEE – Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 16, n. 4, p. 2652-2669, Oct./Dec. 2021. e-ISSN: 1982-5587



(or the lack of approach to this theme) linked to the political movement, indicating whether the ruler was a typical ruralist or a defender of industrialization. These are some of the categories that we are going to explore for the presentation of the repertoire.


Frame 1 – synthesis of the repertoire of collected data, 1930-1953


Category

Periodical

Year/report

Rural teacher formation

O Dia

1932 – Renewal of teaching staff, Bases for the organization of complementary, normal and higher education

Diário da Tarde

1930 – Rural professional course

1934 – The school agricultural clubs of the society of friends of Alberto Torres

Rio Negrenser Zeitung

1943 – Professorinha

Diário do Paraná

1947 – Rural and Technical University of Paraná

Events

O Dia

1934 – Rural Education Congress

1937 – Rural education congress promoted by the Luiz Pereira Barreto Society

Rio Negrenser Zeitung

1942 – Eighth Brazilian Congress on Education

Paraná Norte8

1948 – Ruralist Week in Londrina

A Tarde

1950 – Rural Education Seminar

A Divulgação

1953 – II Brazilian Rural Conference

Role and representation of the rural school

O Estado

1936 – The role of the rural school

Organization of rural education

O Dia

1932 – Agricultural education in rural schools, Rural education, The new education in action

1934 – Rural education

1935 – Rural education in Brazil

1938 – Rural education in the illiterate campaign

O Estado

1936 – The reason of rural education

1937 – How has the school for rural workers done?

A Divulgação

1948 – Rural education in Paraná

Diário do Paraná

1946 – Agreement to Aid Rural Schools 1947 – Commentary on the Organic Law on Agricultural Education

Paraná Norte

1949 – The Rural Adult Education Campaign 1950 – A rural school for Londrina

Paraná Esportivo

1953 – Sport in rural workers' schools

Establishment of man to the field

O Dia

1930 – The farmer's education needs the help of the entire nation; The Education Week

1937 – Create schools and open roads

Paraná Norte

1950 – True survey of the needs of rural populations

Source: Devised by the author


Regarding rural teacher education, we have explained in the newspaper O Dia (1932 edition no. 2606) where there is an ever-present discussion in the educational scenario of


8 About Paraná Norte, there is a dissertation that discusses the newspaper specifically in the region of Londrina, it is the work of CAMARGO, Fernanda Silva. Educação no jornal Paraná-Norte da cidade de Londrina (1934-1953). Dissertation (Master's in Education). State University of Londrina, Londrina, 2018 and also an article published in the journal Cadernos de História da Educação, v 19, n1 de 2020, titled Jornal Paraná- Norte: educação na cidade de Londrina (1934-1953), Available: http://www.seer.ufu.br/index.php/che/article/view/52702/28155



Paraná, which is the Renovação dos quadros do magistério (Renewal of teaching staff), an article written by Raul Rodrigues Gomes9. With the intention of renewing the teaching staff and replacing lay teachers with normalist teachers, there is a proposal to avoid accusations of abuse in the provision of chairs, the difficulty was mainly because there was a shortage of graduates, and those that existed preferred the "delights from the asphalt to the harshness of rural existence”.

The article indicates that there were made girls, without the least amount of intellectual or technical preparation, or girls "hardly out of the third or fourth grades", with this profile they could only harm teaching, discipline and even morality. The behavior from then on would be to prefer the normalists, following hiring criteria, as the exchange was not so simple and direct, as we can see in the following excerpt: “[...] the State would commit an outrageous injustice if it summarily dislocated, elements of that order, driven by a general rule of exchanging lay women for graduates”.

One of the possibilities for thinking about the training of rural teachers was published in the same newspaper O Dia (1932 edition no. 2452), the Bases for the organization of complementary10, normal and normal higher education, where a specialization appears for the rural school where 2nd year students must take at least one semester. This specialization includes: a) Agriculture and rural industries; b) School organization, methods and processes applicable in rural schools; the rural school and the environment and c) Teaching practice in a rural school.

In the newspaper Diário de Tarde (1930 edition no. 10735) we have an indication of a Rural Professional Course that will be given to young daughters of farmers in the interior of the state, knowing the need to support the intense practice of agriculture in a country supported by the “healthy country” life. It also emphasizes that systematized and valued agricultural education should deserve special care from our leaders.

In mid-1943 we have a poem about the rural school teacher portrayed as a hero. We know that, for a long time, teaching represented as an exclusive career, open to women, with nursing as a second option, since women's responsibilities should not exceed the boundaries of the home, nor aim for a salary. The difficulty of broad access to other professions made

9 Journalist and professor who contributed a lot to the Paraná press and was one of the signatories of the Manifesto of the Pioneers of New Education of 1932. For more information, read the article by Eliezer Feliz de Souza titled Trajetória e discursos educativos do jornalista e professor Raul Rodrigues Gomes na imprensa Paranaense (1907 – 1975) Published at IX ANPEd Sul, 2012.

10 Also, according to the Organization's Basics (Art. 26), each Normal School will have annexes or subordinate to it: a kindergarten, a school group, an isolated rural school, a rural school group, a complementary school, a carpentry workshop, suit and modeling, a culture field for agricultural work and small industries and a canteen for providing lunch to students at a minimum price..


RIAEE – Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 16, n. 4, p. 2652-2669, Oct./Dec. 2021. e-ISSN: 1982-5587



teaching the most appropriate option for women, and this was enhanced by the attributes of mission and vocation (ALMEIDA, 2006).


Little teacher of the rural school... Pretty girl who gets up earlier than the sun, who follows the roads damp with dew towards the white lime house where the kids from the neighboring farms form a row of rags, patches and rounded bellies of ankylostome .

Boy! I already told you to take medicine.

An obscure everyday heroine, a crucified youth, a premature mother of other children who sticks a wooden ruler in the sleepy air of the lazy classes, in a symbolic gesture against illiteracy. We will! Open the book!...

Beautiful girl with dreamy and taciturn eyes who dreams of tropical romances, poisoned by the dangerous heat that seeps into the blood, that moves the muscles that vibrate in the flesh, that sings in the soul, that lulls you in the long nights, populated by the buzzing of mosquitoes...

He seems to see me, in front of the desk, the dark figure, with a hot gaze, glowing, his flight soft, tired, asking a bit about the mathematics. One and one?

And, in a long, intimate retreat, just like someone who dreams awake, she sees the garden, the band that plays in the garden and her boyfriend.

Pretty teacher, obscure everyday heroine, I wanted, but I really wanted, to erect a statue for you...For you...for me...because I've also asked many times. One and one? (RIO NEGRENSER ZEITUNG, 1943, edition n. 816).


This vocation means that the “teacher aimed at there does not seem like a real being, flesh and blood, with concrete needs, desires and ambitions. The attributes credited to her allow her to be imagined as an almost divine being” (FISCHER, 2009, p. 327, our translation). There is also a relationship between the teacher and the mother of other people's children, and the major problem with this very direct connection between teaching and motherhood lies in the stereotyped conceptions regarding women, which end up reinforcing myths and prejudices, reinforcing the naturalized social place of women.

There is little mention in the mid-1930s of the formation of rural teachers, and this only appears again in the newspapers investigated after 1943 in the form of a caricature of a rural school teacher, and also the defense of the creation of a Rural and Technical University in Paraná that did not take effect.

With regard to events, it was possible to identify some congresses, weeks, seminars and conferences dedicated to the rural issue. In the newspaper O Dia (1934, edition no. 3322) Congress of Rural Education, where he presents the event with the theme of rural education that took place in Bahia, with the absence of Paraná, which did not send a direct representative; this event was promoted by the Sociedade Amigos de Alberto Torres.

In the matter, the first statement is that rural education is a little problem, poorly or not studied, and rural schools throughout Brazil are characterized more or less useless for the very




high function it should play for being “merely verbalist, it is unplanned. And her teacher

carelessly occupies her, having her meager income as a mere earner”.

In the same newspaper O Dia (1937, edition n. 4101) there is an article about the Rural Education Congress promoted by the Society "Luiz Pereira Barreto", which was inspired by the orientation of the Society of "Friends of Alberto Torres", which organized the Congress of Rural Education held in Bahia in 1934. The problematizations and discussions of the Congress revolve around the following questions: What difference is there between rural and urban schools? Is there a difference between schools designed to prepare the rural population, the agricultural and pastoral areas? Beach and river? Does the health problem in rural areas deserve special care? Should our primary school be a working school or not? How to organize the normal school for the formation of teachers in regional schools?, expressing a clear concern with the formation of teachers for rural areas.

In the Jornal Paraná-Norte (1948, issue n. 892), published on 4th of June, there is an article about the Ruralist Week of Londrina. Such Ruralist Weeks have been promoted throughout the national territory by the Agricultural Information Service and aim to improve the living conditions of farmers. During the Ruralist Weeks, short courses are also carried out for primary teachers, in the interest of facilitating, as much as possible, the organization and orientation of School Agricultural Clubs, the basis for formation of future farmers in Brazil. In these courses, the following topics are covered: home-made rural industries, games and toys for rural childhood, the task of rural education, combating ants, domestic and school orchards, school agricultural clubs and sericulture.

In the newspaper A Tarde (1950, edition n. 136, our translation), when dealing with the Rural Education Seminar, “[...] they conceptualize Rural Education as being that which adjusts to the reality of rural life, with the rural school characterized by the nature of the teaching rather than the location”. In addition, they included what they called the social and economic objective of rural education, that is, to contribute to the fixation of people in the countryside, raising their standards of living, showing them how to live happily and usefully in their own environment and bringing them to the rural environment, without deforming its essence, the achievements of technique and progress.

Regarding the function and representation of the rural school, we have the newspaper O Estado (1936, edition 19) with an article on The function of the Rural School which indicates that for the rural school to be able to perform its essential function, it is necessary that it radically transforms. “It is quite true that, among us, there is no real rural school. What




there are are schools only called rurales, due to the fact that they are located on sites, farms or

villages”.


This issue is not, of course, about the ruralization of 'rural' schools, of assembly, installations, etc. This is nothing more than an external and material aspect of the problem, demanding money. What must be taken care of, mainly, with flair and enthusiasm, is the spirit that needs to vitalize the farming school. It is necessary to give this a rural soul, which has unfortunately been lacking.. [...] (O ESTADO, 1936, edition n. 19).


The so-called 'farm school', according to representations in this newspaper, lives up to the pejorative meaning of this name because it is characterized as being very close to the urban model and with even more precarious facilities.

Regarding the organization of rural education O Dia (1932, edition n. 2669) there is an article on Rural Education written by Raul Rodrigues Gomes that deals with the problem of this type of teaching that “they find it simple, childlike, elementary and they think it removes it, creating and promoting isolated schools”. According to the report, the creation of isolated schools would not solve the problem, as the reality contrasts and "[...] each rural school, deserted of activity, absolutely eradicated from ambience, mechanically and precariously performs its very rudimentary function of teaching ABC, miser spiced of traces of calculation and hieroglyphic writing”.

The solution for rural education would not only be in the opening of schools, multiplying their number throughout the State and the country, but also in the professional improvement of the teaching staff for rural areas; this implies a double action “[...] on the one hand, to raise the intellectual and technical level of teaching, and on the other hand to provoke, stimulate and expand the spiritual and moral improvement of peasant societies, immersed in the most deplorable mental misery”. Also, in the newspaper O Dia (1938, edition

n. 4623) there is another report on Rural Education in the campaign to eliminate literacy, defending that it will only be possible to make teaching efficient among the children of settlers by preparing a specialized teacher.

Professor Sud Mennucci11 was a well-known figure in the newspapers, he appeared in the newspaper O Dia (1935, edition n. 3587) to address the conference he held at the university on the theme 'Because I am a ruralist', weaving his main ideas about the problem of rural education in Brazil. He also appeared in the following year in the newspaper O Estado


11 Born in 1892 in Piracicaba, he was an educator, sociologist, journalist and writer and one of the greatest defenders of rural causes. To learn more, read the thesis of SANTOS, Fernando Henrique dos Santos. A vida do pensamento e o pensamento da vida: Sud Mennucci and the formation of rural teachers, advocated at the University of São Paulo in 2015.

RIAEE – Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 16, n. 4, p. 2652-2669, Oct./Dec. 2021. e-ISSN: 1982-5587



(1936, edition n. 29), justifying The Why of Rural Education (Sud Menucci), where he presents the plan for ruralization of education based on three cardinal points:


  1. the recognition of the existence of human groups differentiated in terms of their activities, groups which, due to their location, characteristics and contrasts, establish the balance of the social masses of a nation;

  2. the need to prevent and avoid the intercurrence of these various groups among themselves, so that none of them prefers or aspires to the other's way of life;

  3. that of giving each of these social groups the notion of the need for their own existence as it is (our translation).


The first point will require that each of these clusters be given the type of education best suited to their environment. According to him, a standard school was invented, that of the city, and this was spread throughout all areas in the defense that the school should be unique, without considering the specificities of each space, because the same treatment is given to the countryside. given by the cities, so that the rural area does not have obstacles to obtain, for example, electricity, we will have assured the fixation of men to the land. With that, we will give the opportunity to “make it more and more attractive and more charming and we will have suppressed the feeling of inferiority, of almost envy, that drives the peasants and coasters in search of the big cities” (our translation).

In the newspaper A Divulgação (1948, edition n. 3-4), Rural Education in Paraná, we have data from the Department of Agriculture, Industry and Commerce, referring to the 1940s, which indicate the maintenance of 9 Rural Schools, of which 7 are Workers Rural and 2 Fishermen, all of them supervised by the Department of Higher, Technical and Professional Education.

We also have the record on the installation of supplementary education classes on farms and farms at the initiative of the owners, which appears in the newspaper Paraná Norte (1949, issue n. 948) in the article on The Campaign for Adult Education in the Rural Zone, the objective it would be to set up special courses so that those who at their proper age could not attend primary school can be enrolled. The professor was a more experienced settler, named Pedro. He takes care of his chores in the morning and after lunch he devotes himself to literacy work. According to the article, Pedro, who has only completed primary school, is alive and intelligent, has already achieved appreciable results in his class, thanks to the interest his students have, the teacher's effort and the farmer's goodwill. “Thanks to this spontaneous and patriotic cooperation, illiteracy in that region is being fought”.




There are also claims about installations of Rural Normal Schools, as shown in the newspaper Paraná Norte (1950, edition n. 986) in the report A Rural Normal School for Londrina, where it informs that the Ministry of Education intends to found 17 Rural Normal Schools, spread across by several states, and Paraná will be one of those contemplated, since its population has increased considerably, mainly in the North region, where the city of Londrina stands out and that is why it justifies the request to install a school in this space.

Regarding the fixation of man to the countryside, there are several mentions about the fundamental importance of forming a rural youth capable of understanding the needs of the countryside, offering an education that can contain the rural exodus and keep the rural population where it is needed. This can be seen in the newspaper O Dia (1930, edition n. 2630) in the article on The education of the farmer needs the help of the entire nation – where he presents an interview with Dr. Carlos F. Chardon (Director of the Department of Agriculture and Labor of Puerto Rico).

To keep the rural population where it is needed, in the newspaper O Dia (1930, edition

n. 2568) published in the morning edition of Sunday, 8th of June, Leôncio Correia12 wrote an article entitled The Education Week where he addresses the three principles fundamental to which the great systems of school organization conform: the principle of community, the single school and the school of work. And he defines the school as follows:


[...] the principle of location of teaching or its adaptation to the environment, which orders primary schools to be molded to the singularities of the area they serve, without breaking its fundamental unity, in its human and national bases. The primary school, with its workshops for small industries, in the urban area, with its fields of agricultural experiences in rural areas, or with its modest museums of fishing gear, in the maritime region, far from diverting from farming and fishing to the manufacturing centers or industries for the letters, the child population that welcomes, thus goes towards what should be, at the same time as education, its main purpose: to root the worker in the workshops, the farmer in the land and the fisherman in the beaches, making them understand and love, with the productive work, the intense life of the factories, the peaceful rural life or the valiant life of the big fisheries [...] (O DIA, 1953, edition n. 2568, our translation).


The speech for the construction of a road network in the state appears in the newspaper O Dia (1937, edition n. 4308) with an emblematic title: Creating schools and opening roads – this is the main concern that has characterized the administration of Manoel


12 Lawyer, writer, journalist and politician born in Paranaguá – PR and was director of the Public Instruction of Rio de Janeiro, director of Pedro II school, director of the National Press, director of the Education Institute of Rio de Janeiro, federal deputy and state deputy for Paraná.

RIAEE – Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 16, n. 4, p. 2652-2669, Oct./Dec. 2021. e-ISSN: 1982-5587



Ribas13 in a speech delivered to the mayors gathered in Curitiba. He says: “[...] I can tell you that my constant concern is to create schools and open roads, linking all the municipalities together, for a perfect communion of ideas and for the greater grandeur of Paraná” (our translation).

Manoel Ribas, as well as Moysés Lupion later, prioritized issues related to rural areas in his administration. In his speech, Manoel Ribas assures that “[...] the wealth of a country, or a State, comes from the land. Hence my ruralist predilection. And it is this land of araucarias that will provide the economic emancipation of Paraná in the very near future” (our translation).


Final considerations


One of the motivations for the construction of this repertoire lies in the intention to contribute to the area of History of Education in the State of Paraná, specifically regarding rural issues, considering that this State was predominantly rural until 1960 and this rural past is still little explored in terms of schooling, structure, teacher formation and educational practices for the rural environment.

The repertoire on rural education in Paraná exposes a vast educational heritage to be explored through the press, and these sets of materials presented are an important way of accessing the most varied information that can be addressed in different ways: the meaning that rural education took over in the state of Paraná throughout the 20th century; how rural education was prioritized (or not) and how this had an impact on the state's development; the diverse objectives of rural education, presented in different periodicals; the way in which the state met the demand for rural education, its structure and teacher formation for rural areas.

In this repertoire, rural education was presented divided into five sections: rural teacher education; events; function and representation of the rural school; organization of rural education and settlement of man in the countryside, cataloging reports on the subject in nine different newspapers (O Dia; Diário da Tarde; Rio Negrenser Zeitung; Diário do Paraná. Paraná Norte; A Tarde; A Divulgação; O Estado e Paraná Esportivo) between 1930 and 1961. During this period there is a defense of an education specific to rural people, who can have an adequate structure and teachers prepared to deal with the rural issue, this tripod would contribute to the fixation of man on the land.

13 Manoel Ribas was an interventor appointed by Getúlio Vargas to administer the State of Paraná. He remained from 1932 to 1945 at the head of the government of Paraná, sometimes as interventor (1932-1934), sometimes as governor of (1935-1937), and again as interventor (1937-1945).


RIAEE – Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 16, n. 4, p. 2652-2669, Oct./Dec. 2021. e-ISSN: 1982-5587



REFERENCES


ALMEIDA, J. S. Mulheres na educação: missão, vocação ou destino? In: SAVIANI, D.; ALMEIDA, J. S.; SOUZA, R. F.; VALDEMARIN, V. T. O legado educacional do século XX no Brasil. Campinas, SP: Autores Associados, 2006. p. 59-108.


BASTOS, M. H. C. O Novo e o Nacional em revista: A Revista do Ensino do Rio Grande do Sul (1939-1942). Tese (Doutorado em Educação) – Universidade de São Paulo, 1994.


CARVALHO, M. M. C. Uso de impresso nas estratégias católicas de conformação do campo doutrinário da pedagogia (1931-1935). Cadernos ANPEd, Belo Horizonte, n.7, 1994.


CASPARD, P. (Dir.). La presse d’éducatio et d’enseignement, XVIII siécle 940. Repertoire Analytique. Paris: CNRS-INRP, 1981-1991.


CATANI, D. B. A imprensa periódica educacional: as revistas de ensino e o estudo do campo educacional. Educação e Filosofia, Uberlândia, v. 10, n. 20, p. 115-130, jul./dez. 1996.


CATANI, D. B. Educadores à meia-luz: um estudo sobre a Revista de Ensino da Associação Beneficente do Professorado Público de São Paulo (1902-1919). 1989. Tese (Doutorado) – Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1989.


CATANI, D. B.; BASTOS, M. H. C. (org.). Educação em Revista: a imprensa periódica e a história da educação. São Paulo: Escrituras Editora, 2002.


CATANI, D. B.; SOUSA, C. P. (org.). Imprensa periódica educacional paulista (1890- 1996): Catálogo. São Paulo: Editora Plêiade, 1999.


CATANI, D. B.; SOUSA, C. P.. A imprensa periódica educacional e as fontes para a História da cultura escolar brasileira. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, v. 37, p. 177-183, 1994. Available: http://www.revistas.usp.br/rieb/article/view/71310. Access: 03 Mar. 2017.


CHARTIER, R. A história cultural: entre práticas e representações. Lisboa/Rio de Janeiro: Difel / Bertrand Brasil, 1990.


CORREIA, A. P. P. Escolas Normais: contribuição para modernização do Estado do Paraná (1904 a 1927). Educar em Revista, Curitiba, n. 49, p. 245-273, jul/set, 2013.


FARIA, T. B. Paraná, território de vocação agrícola?! Interiorização do curso Normal Regional (1946-1968), 2017. Tese (Doutorado em Educação) – Universidade Estadual de Maringá, Maringá, 2017.


FERNANDES, A. L. C. O impresso e a circulação de saberes pedagógicos: apontamentos sobre a imprensa pedagógica na história da educação. In: MAGALDI, A. M. B. M.; XAVIER,

L. N. Impressos e História da Educação: usos e destinos. Rio de Janeiro: 7Letras, 2008.


FISCHER, B. D. A professora primária nos impressos pedagógicos (1950-1970). In: STEPHANOU, M.; BASTOS, M. H. C. (org.). Histórias e memórias da educação no Brasil. 3. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009. v. III, p. 324-335.


RIAEE – Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 16, n. 4, p. 2652-2669, Oct./Dec. 2021. e-ISSN: 1982-5587



GIL, A. C. Técnicas de pesquisa e elaboração de monografias. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002.


NÓVOA, A. A imprensa de educação e ensino: repertório analítico (séculos XIX e XX). Lisboa: Instituto de Inovação Educacional, 1993.


NÓVOA, A. A imprensa de Educação e Ensino: concepção e organização do repertório português. In: CATANI, D. B.; BASTOS, M. H. C. (org.). Educação em Revista: a imprensa periódica e a história da educação. São Paulo: Escrituras Editora, 2002.


PALLARES-BURKE, M. L. G. A imprensa periódica como uma empresa educativa no século

XIX. Caderno de Pesquisa, n. 104, p. 144-161, jul. 1998.


RODRIGUES, E. A imprensa pedagógica como fonte, tema e objeto para a História da Educação. Fontes e métodos em História da Educação. Dourados, MS: Ed. UFGD, 2010. p. 311-325.


SCHELBAUER, A. R. Da roça para a escola: institucionalização e expansão das escolas primárias rurais no Paraná (1930-1960). História da Educação, Porto alegre, v. 18, n. 43, maio/ago. 2014.


SCHELBAUER, A. R.; CORREA, R. L. T. Expansão e modalidades de escola primária rural no estado do Paraná: iniciativas de governos estadual e federal de 1930-1960. In: CONGRESSO LUSO BRASILEIRO DE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO, 7., 2013, Cuiabá.

Anais [...]. Cuiabá, MT, 2013. Available: http://sbhe.org.br/novo/congressos/cbhe7/. Access: 18 Sep. 2015.


How to reference this article


IVASHITA, S. B. Research repertoire on rural education in Paraná through the press (1930- 1961). Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 16, n. 4, p. 2652-2669, Oct./Dec. 2021. e-ISSN: 1982-5587. DOI:

https://doi.org/10.21723/riaee.v16i4.13725


Submitted: 16/07/2021 Required revisions: 15/08/2021 Approved: 12/09/2021 Published: 21/10/2021



RIAEE – Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 16, n. 4, p. 2652-2669, Oct./Dec. 2021. e-ISSN: 1982-5587