COMPROMISSO EDUCACIONAL E SOCIAL: TRAJETÓRIAS DE PROFESSORES QUE DESENVOLVEM PROJETOS SOCIAIS ESPORTIVOS


COMPROMISO EDUCACIONAL Y SOCIAL: TRAYECTORIAS DE PROFESORES QUE DESARROLLAN PROYECTOS SOCIALES DEPORTIVOS


EDUCATIONAL AND SOCIAL COMMITMENT: TRAJECTORIES OF TEACHERS THAT DEVELOP SPORTS SOCIAL PROJECTS


Marcos Roberto GODOI1 Larissa Beraldo KAWASHIMA2 Evando Carlos MOREIRA3


RESUMO: Esta pesquisa analisa as trajetórias formativa e profissional de três professores que desenvolvem projetos sociais esportivos de capoeira, voleibol e badminton. Este é um estudo descritivo e multicasos, ancorado na tradição de investigação narrativa. O esporte marcou a socialização pré-profissional dos professores, bem como a educação familiar e escolar. Eles adquiriram experiência fazendo estágios extracurriculares em projetos esportivos ou tiveram que buscar novos conhecimentos para atuar. Dois professores encontram-se na fase de diversificação da carreira e o professor mais experiente no estágio de renovação do interesse pela profissão. Os projetos sociais esportivos não têm financiamento, os professores trabalham voluntariamente e encontraram soluções criativas para financiar as despesas. Além da formação técnica e dos resultados em competições ou eventos esportivos, os professores preocupam-se muito com a formação humana do público atendido, demonstrando um forte compromisso educacional e social com seus alunos e comunidades.


PALAVRAS-CHAVE: Formação docente. Atuação profissional. Esporte. Projetos sociais.


RESUMEN: Este investigación analiza las trayectorias formativa y profesional de tres maestros que desarrollan proyectos sociales deportivos de capoeira, voleibol y bádminton. Este es un estudio descriptivo y de casos múltiples, anclado en la tradición de la investigación narrativa. El deporte marcó la socialización pre profesional de los docentes, así como la educación familiar y escolar. Adquirieron experiencia haciendo pasantías extra curriculares en proyectos deportivos o tuvieron que buscar nuevos conocimientos para actuar. Dos maestros están en la fase de diversificación profesional y el maestro más experimentado se


1 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso (IFMT), Cuiabá – MT – Brasil. Professor da Rede Municipal de Educação de Cuiabá-MT e Professor Substituto no Instituto Federal de Educação. Grupo de pesquisa: Corpo, Educação e Cultura. Doutorado em Ciências da Educação (UDEM) – Canadá. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-9238-4704. E-mail: marcos.godoi@cba.ifmt.edu.br

2 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso (IFMT), Cuiabá – MT – Brasil. Professora do Instituto Federal de Educação e Coordenadora do curso de Licenciatura em Educação Física. Grupo de pesquisa: Educação Física no Ensino Médio Profissionalizante. Doutorado em Educação (UFMT). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-2613-9647. E-mail: larissa.kawashima@cba.ifmt.edu.br

3 Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Cuiabá – MT – Brasil. Professor Associado III da Faculdade de Educação Física. Grupo de pesquisa: Educação Física escolar e práticas pedagógicas. Doutorado em Educação Física (UNICAMP). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-5407-7930. E-mail: evando@ufmt.br




encuentra en la etapa de renovar el interés en la profesión. Los proyectos sociales deportivos no tienen fondos, los maestros trabajan voluntariamente y han encontrado soluciones creativas para financiar los gastos. Además de la capacitación técnica y los resultados en competiciones o eventos deportivos, los maestros están muy preocupados con la educación humana del público atendido, lo que demuestra un fuerte compromiso educativo y social con sus estudiantes y comunidades.


PALABRAS CLAVE: Formación docente. Actuación profesional. Deporte. Proyectos sociales.


ABSTRACT: This research analyzes the formative and professional trajectories of three teachers who develop social sports projects of capoeira, volleyball, and badminton. This is a descriptive and multi-case study, anchored in the narrative research tradition. Sports marked the pre-professional socialization, as well as family and school education. They acquired experience doing the extracurricular internships in sport projects or had to seek new knowledge to act. Two teachers are in the career diversification phase and the most experienced teacher is in the stage of renewing interest in the profession. Sports social projects have no funding; teachers work voluntarily and have found creative solutions to finance expenses. In addition to technical training and results in competitions or sporting events, teachers are very concerned with the human education of the public served, demonstrating a strong educational and social commitment to their students and communities.


KEYWORDS: Teacher education. Professional acting. Sport. Social projects.


Introdução


Programas e projetos sociais esportivos têm sido oferecidos a crianças, adolescentes e adultos, por iniciativa governamental ou por organizações não governamentais (ONGs). Muito além de formar atletas, tais programas e projetos, frequentemente, aspiram objetivos mais amplos, como promover a cidadania, a saúde, a socialização dos seus participantes, geralmente em situação de vulnerabilidade social.

Pesquisadores têm se interessado por estudar este assunto sob diferentes perspectivas, seja analisando os facilitadores e barreiras na implementação do projeto (SOUZA et al., 2010; SOUZA; SOUZA; CASTRO, 2013); o esporte como ferramenta de bem-estar e socialização (TAVARES; COSTA; TUBINO, 2010); os principais significados atribuídos ao projeto pelos pais, alunos e professores (CASTRO; SOUZA, 2011); ou mesmo compreender as transformações no cotidiano de adolescentes e contribuir na estruturação do eixo norteador (HIRAMA; MONTAGNER, 2012).

Segundo Kravchychyn e Oliveira (2015), a gestão dos projetos esportivos apresentam processos de estruturação, implementação e avaliação complexos; priorizam beneficiados em




situação de vulnerabilidade social, com uma visão salvacionista e objetivos generosos, mas há dificuldades de gestão.

De acordo com este estudo, os programas e projetos sociais esportivos se preocupam com o ensino, o desenvolvimento e promoção da saúde, da autonomia, da cooperação, da socialização, da cidadania e da inibição do consumo de drogas, com o bem-estar individual e coletivo e com questões éticas. Por outro lado, há também projetos que se preocupam com a preparação dos alunos para a prática esportiva e participação em competições esportivas, buscando desmistificar a nocividade do esporte para a formação dos alunos, considerando também os anseios e justificativas dos alunos para a adesão e permanência nos projetos.

No que tange às competências do profissional que atua com o esporte, na dimensão habilidades de incentivo, o profissional deve: valorizar as individualidades; diversificar a metodologia de trabalho; utilizar técnicas que aumentam o nível de motivação do grupo; proporcionar um ambiente agradável à prática; integrar-se ao grupo, melhorando o relacionamento. Na dimensão atitudes, o profissional deve ter: humildade, paciência, postura ética nas relações humanas; persistência; postura e comprometimento; sinceridade nas relações; pontualidade e assiduidade e atitudes de liderança, confiança e entusiasmo (FEITOSA; NASCIMENTO, 2012).

Diante do exposto, instiga-nos saber: quais foram as trajetórias que estes professores percorreram e que os conduziram à oferta de projetos sociais esportivos? Em decorrência, o objetivo deste estudo foi investigar e analisar os percursos formativo e profissional de professores que desenvolvem projetos sociais esportivos.


Quadro teórico-metodológico


O referencial teórico deste estudo baseia-se nos estudos sobre histórias de vida e de desenvolvimento profissional dos professores (TARDIF, 2007; GONÇALVES, 1995; HUBERMAN, 1995, NÓVOA, 1995).

Vale notar que a formação dos professores é um continuum, que começa antes mesmo da formação profissional na universidade e se estende por toda a vida profissional. A socialização pré-profissional compreende os antecedentes pessoais do professor, ligados à sua história de vida, à sua socialização na família e em grupos sociais, à sua escolarização, à sua personalidade e à aprendizagem de certos aspectos da profissão, mesmo antes da formação profissional (TARDIF, 2007).





Além disso, ao longo de suas carreiras, os docentes passam por diferentes estágios ou fases: a entrada na carreira marcada pela sobrevivência e descoberta do ofício; a estabilização caracterizada pelo sentimento de competência pedagógica crescente; a diversificação e experimentação de novos métodos de trabalho e, mais para o final da carreira, pode haver uma renovação do interesse pela carreira ou um desinvestimento em relação à profissão, este último que pode ser sereno ou amargo (HUBERMAN, 1995; GONÇALVES, 1995).

Os estudos sobre as histórias de vida de professores também destacam que “o professor é a pessoa; e uma parte importante da pessoa é o professor” (NIAS, 1991 apud NÓVOA, 1995,

p. 15). Ou seja, as características pessoais ou a personalidade dos professores têm um papel importante no exercício da profissão docente.

Esta pesquisa caracteriza-se por ser qualitativa, descritiva e estudo multi-casos, realizada com três professores de Educação Física que atuam em escolas públicas de Mato Grosso. Os estudos multi-casos permitem descobrir convergências e similitudes entre vários casos, mas também contribuem para análise das particularidades de cada caso (YIN, 2015).

O quadro a seguir sintetiza o perfil dos participantes da pesquisa.


Quadro 1 – Perfil dos professores


Professor

Idade

Tempo de experiência

Escolas

Projetos sociais esportivos


Augusto


33 anos


11 anos

Escola privada confessional

Projeto de capoeira numa comunidade carente


Demétrius


42 anos


9 anos

Escola municipal em Cuiabá e escola estadual em Várzea Grande-MT


Projeto de voleibol na escola


Joami


48 anos


18 anos

Escolas públicas municipais em Campo Verde-MT


Projeto de badminton na escola

Fonte: Elaborado pelos autores


A seleção dos professores colaboradores, sujeitos da pesquisa, foi intencional. Os três professores se destacam no meio esportivo e cultural das cidades onde residem pelo seu trabalho com projetos esportivos sociais. Também foram entrevistadas pessoas que conhecem os professores e os projetos desenvolvidos, com o propósito de validar e dar maior credibilidade às informações apresentadas pelos professores.

Primeiramente foi apresentada a proposta da pesquisa aos professores, que assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido, consentindo também que seus nomes fossem divulgados. Depois, foi construída uma linha do tempo para destacar os períodos significativos





da formação e atuação profissional. Utilizamos um roteiro de entrevista semi-estruturada sobre a trajetória de formação e atuação profissional.

As entrevistas ocorreram entre os meses de outubro e dezembro de 2019 e foram realizadas pessoalmente ou através de vídeo-chamadas e gravadas em áudio. Estas tiveram a duração média de 1h27. Após, foi realizada a transcrição das entrevistas.

No que tange ao trabalho analítico, foi utilizada a análise temática continuada (PAILLÉ; MUCHIELLE, 2012), ou seja, num primeiro momento, analisamos o corpus (transcrições das entrevistas) para constituir uma lista temática a partir das categorias conceituais oriundas do quadro teórico; em seguida, essa lista de categorias foi aplicada ao conjunto do corpus, mas com a possibilidade de que novos temas (categorias emergentes) fossem acrescentados durante a análise. As categorias de análise foram então agrupadas em unidades por aproximação temática.


Trajetórias de formação e atuação dos professores


A seguir serão apresentados os resultados deste estudo, agrupados em cinco unidades temáticas: 1) socialização, escolarização, escolha da carreira; 2) formação profissional e estágios; 3) outras experiências profissionais; 4) projetos esportivos sociais desenvolvidos; e 5) visão de outro colega sobre o professor e o projeto.


Socialização, escolarização, escolha da carreira e personalidade dos professores


No que tange à socialização pré-profissional, Augusto narrou que teve contato com o esporte na sua infância e adolescência, praticando futsal e capoeira em projetos sociais esportivos. Além disso, é de uma família de professores e quando adolescente participava como voluntário em projetos sociais nos quais sua mãe era envolvida.


Minha mãe realizava projetos, ações sociais no bairro dela. Quando ela faleceu, ela pediu para mim e para os meus irmãos dar continuidade: “Aconteça o que acontecer meu filho, acredite nos seus sonhos, não pare de ajudar as pessoas!” Isso aí que eu me lembro, ela no hospital falando para mim, me abraçando (PROFESSOR AUGUSTO, 2019).


Quanto à sua escolarização, Augusto estudou os anos iniciais do Ensino Fundamental em escola particular, pois sua família queria que tivesse uma boa base inicial. Depois estudou em uma escola pública até concluir o Ensino Médio. Ele relatou ainda que sua escolha profissional se deveu ao fato de gostar de esporte e estar envolvido neste meio desde criança.




Do mesmo modo, Demétrius se envolveu com o esporte desde cedo, incentivado por sua família. Ele treinou voleibol em um projeto social esportivo oferecido pelo SESC e, a esse respeito, narrou:


[...]. Então eu comecei a me envolver desde cedo com o esporte, [...]. E eu devo muito da minha formação profissional a essa questão esportiva, porque eu aprendi a ter disciplina, respeito, a ouvir o outro, a ser companheiro, trabalhar com o coletivo, com o social, [...]. E o projeto social visa bastante a formação da pessoa, não só a formação atlética (PROFESSOR DEMÉTRIUS, 2019).


Ele estudou todo o Ensino Fundamental e o Ensino Médio em uma escola particular confessional, destacando que a formação recebida nesta escola o influenciou muito, mudando seu modo de ser.


Então eu aprendi a ouvir, saber o momento para poder me expressar. A questão da espiritualidade influencia a todo momento. Até hoje ela é muito latente no meu lado profissional. [...]. Me ajuda a ter tranquilidade no momento de tomar uma decisão frente aos alunos ou colegas. Essa formação eu procuro levar tanto para os meus atletas, quanto para os meus alunos da educação física (PROFESSOR DEMÉTRIUS, 2019).


Devido ao seu envolvimento com o esporte e pelo fato de ter tido bons professores que o incentivaram, escolheu pelo curso de licenciatura em Educação Física. Antes disso, cursou direito e trabalhou na Guarda Municipal, mas teve algumas decepções e resolveu cursar educação física.

No caso de Joami, ele é filho de agricultores, viveu sua infância e adolescência no campo, tendo que estudar e trabalhar ao mesmo tempo. Ademais, este período oportunizou diversificar seu repertório de movimentos:


A prática esportiva sempre esteve muito ligada a mim devido essa diversidade de movimento no campo: subir em árvore, correr na areia, atrás de ema, enfiar a mão em toca de tatu, fugir de cateto [...] (PROFESSOR JOAMI, 2019).


Seu pai foi esportista, mas Joami só teve oportunidade de ter contato com o esporte escolar depois que se mudou para a cidade, participando de equipes de vôlei e de atletismo. Por este envolvimento com o esporte e por ter professores que o influenciaram, escolheu o curso de Educação Física.




Formação profissional e estágios


Quanto à formação profissional, Augusto estudou Educação Física numa universidade privada entre 2004 e 2008. Desse período, descreveu:


[A formação] foi suficiente, mas também eu busquei uma qualificação, dentro da faculdade eu buscava fazer todo tipo de curso que tinha. Todo o tipo de palestra eu estava envolvido, eu assistia [...] (PROFESSOR AUGUSTO, 2019).


Neste período, além do estágio supervisionado nas escolas, também estagiou no SESI e declarou que:


O SESI foi uma grande escola porque eu tive várias oportunidades. Lá eu trabalhei com a ginástica laboral, com hidroginástica e com capoeira. Eu aprendi vários aspectos, organização de evento, até mesmo a forma de abordar e vender projetos [...]. Então foi uma grande experiência. Aquele período foi muito válido para a minha construção como profissional (PROFESSOR AUGUSTO, 2019).


Já o Demétrius cursou Educação Física entre 2006 e 2010; ele iniciou o curso em uma instituição privada, mas depois transferiu-se para uma universidade pública.


Eu acredito que a faculdade não prepara suficientemente, [...], a educação física é muito prática. Tem que ter a teoria? Sim, mas o estágio deveria ter uma carga horaria maior, porque ao término da faculdade você teria bagagem para trabalhar na escola e não ficar apanhando nos primeiros anos [...] (PROFESSOR DEMÉTRIUS, 2019).


Durante a faculdade, cumpriu os estágios supervisionados nas escolas, mas também fez estágio remunerado no projeto social esportivo Vôlei Kids, que atende alunos no contraturno escolar, com idades entre 7 e 16 anos, e é patrocinado por empresas parceiras. Ele continuou trabalhando neste projeto até o ano de 2013. Desta experiência profissional narrou que:


Eu cheguei no Vôlei Kids no auge da minha competitividade e o Vôlei Kids é um projeto social que tem outros objetivos. Aí eu comecei a entender que o objetivo era a formação de pessoas, que também tinha a formação atlética, mas não era a ênfase. Então eu trabalhei muito esse outro lado que eu precisava trabalhar [...] (PROFESSOR DEMÉTRIUS, 2019).


Joami estudou licenciatura plena em Educação Física em universidade pública entre 1997 e 2001. Ele disse que aproveitou seu período de faculdade, estudando muito e procurando extrair o máximo de conhecimento de seus professores. citou vários docentes e disciplinas que marcaram sua trajetória acadêmica. No entanto, considera que:




[...] a gente não sai preparado para o trabalho. Aqui fora é totalmente diferente, mas muita coisa a gente consegue aproveitar. Eu trabalho com alunos que tem down, que tem TDHA, que são autistas, e eu não aprendi a lidar com isso na faculdade. Eu tive que aprender aqui fora, fazer cursos, ler e aprender muito com os alunos (PROFESSOR JOAMI, 2019).


Além dos estágios supervisionados obrigatórios, também realizou estágios remunerados em escolas particulares e em academias de ginástica.


Outras experiências profissionais


Além de ensinar educação física nas escolas em que trabalham, todos os professores já atuaram ou ainda atuam em outras áreas. O Augusto também é animador cultural:


Em meados de 2008 eu falei: “Eu vou abrir uma empresa de animação de festas. De lá para cá a gente só veio investindo e crescendo [...]. Essa atuação como produtor cultural é magnifica, mas não foi construída da noite para o dia. Quando eu entrei na faculdade eu não imaginava que eu ia ser um produtor cultural, mas eu sempre tive curiosidade de ver como funcionava [...] (PROFESSOR AUGUSTO, 2019).


No caso do Demétrius, antes de começar a trabalhar nas escolas, foi árbitro de voleibol entre 2000 e 2016. Ele também trabalhou na Guarda Municipal. Desse período ele narrou que:


A Guarda Municipal me ensinou a enxergar tudo de outra maneira, [...]. Me ensinou que todo mundo tem o seu valor [...] eu fiquei mais disciplinado, porque era um período que eu estava muito indisciplinado, mas também aprendi a “engolir muitos sapos”. Como era uma instituição militar, eu não concordava muito, mas você tem que refletir e continuar a trabalhar porque você precisava daquilo. Nesse período algumas situações me fez pensar: “Nossa, não é esse caminho que eu quero seguir. [...], então eu vou ter que estudar!” (PROFESSOR DEMÉTRIUS, 2019).


Da sua experiência como árbitro de voleibol, Demétrius destacou que extraiu as aprendizagens de organização e profissionalismo. Disse ainda que estas características contribuíram para suas aulas e para seu projeto de voleibol, pois considera importante a questão da imparcialidade, de conseguir estabelecer algo que seja importante para o grupo todo e com harmonia. Além disso, procura partilhar essas habilidades para seus alunos.

Depois de formado, Joami mudou-se de Cuiabá para Campo Verde, MT. Lecionou Educação Física em uma escola particular e treinou a equipe escolar de vôlei de praia entre 2002 e 2003, depois passou a treinar a equipe escolar de voleibol de quadra entre 2003 e 2007. Ainda, foi coordenador de esportes em Campo Verde, MT, entre 2006 e 2008, e secretário municipal de esportes de Campo Verde, MT, entre 2008 e 2012.



Eu acredito que nesse período eu aprendi principalmente gestão de pessoas, gerir conflito, você conseguir criar uma sintonia entre essas pessoas que são extremamente diferentes numa equipe coletiva [...] (PROFESSOR JOAMI, 2019).


Uma vez apresentadas as experiências dos professores em outras áreas, a seguir serão descritos os projetos desenvolvidos por eles.


Os projetos sociais esportivos


O caso do professor Augusto: projeto de capoeira na comunidade


Augusto iniciou o projeto “Ritmo solidário: quintal da Mara” em 2017, desenvolvendo atividades de samba e percussão para crianças carentes da comunidade do bairro João Bosco Praeirinho. Este era um sonho de sua mãe, que foi a primeira mulher a tocar tamborim em Cuiabá. O projeto funcionou durante um tempo e depois teve as atividades de percussão paralisadas, continuando somente com aulas de capoeira. Em 2018, o projeto passou a ser desenvolvido na igreja do bairro.


Então para um projeto como esse primeiro você tem que mostrar para a comunidade que aquilo ali é importante. Além de ser um aspecto esportivo, social, é uma ferramenta de transformação social, eu tive que mostrar isso para as famílias. Hoje nós atendendo em torno de 25 famílias. [...]. Porque em uma comunidade que é esquecida pelos órgãos públicos a criminalidade vai abraçar, as oportunidades ruins vão ser mais comuns (PROFESSOR AUGUSTO, 2019).


Além das atividades de capoeira também realiza a Festa do dia das crianças e a Festa de Natal, com entrega de brinquedos e de cestas básicas no bairro. Para isso, faz parcerias e busca doações.


Se a gente tem uma grande proporção de brinquedos a gente entrega em vários bairros, nós já chegamos a entregar em mais de 12 bairros em Cuiabá. Fizemos uma parceria com a Polícia Civil em 2017, então cada ano a gente busca parceiros, voluntários, [...] (PROFESSOR AUGUSTO, 2019).


Outra ação desenvolvida no projeto é a realização de um espetáculo cultural no Teatro do Cerrado Zulmira Canavarros, com apresentações de capoeira, maculelê e da dança folclórica cuiabana “siriri”:


A ideia surgiu de eu pensar: “A capoeira merece coisa boa!” Essa comunidade precisa ver uma coisa boa, foi uma maneira também de presentear a comunidade e colocar a capoeira no pedestal que ela merece.




Fazer com excelência, com amor, pensar no resultado final do evento. Eu envolvi várias parcerias, com o projeto Siminina, com o grupo Sandero de capoeira, com o Grupo Gazeta, envolvi parcerias com vários empresários (PROFESSOR AUGUSTO, 2019).


Augusto destacou ainda que pensou em todos os detalhes, disponibilizando dois ônibus para levar a comunidade para o evento. A entrada foi de dois quilos de alimentos, que foram entregues para a Sala da Mulher da Assembleia Legislativa, responsável pelo Teatro. A meta era arrecadar 700 quilos de alimentos para serem distribuídos para comunidades carentes, ou então pagar em torno de 5 mil reais pelo aluguel do teatro. Entretanto, conseguiram arrecadar quase uma tonelada de alimentos.

O professor relatou que para ajudar nesse processo criou o projeto sustentabilidade, para arrecadar materiais recicláveis, transformando o dinheiro da venda dos materiais em alimento. Explicou para os alunos do projeto o conceito de sustentabilidade e reciclagem, em seguida solicitou que começassem a arrecadar materiais recicláveis para a venda. No entanto, para isso, abordou o tema capoeira e sustentabilidade para sensibilizar e motivar seus alunos para a reciclagem:


Eu expliquei o que era artesanal e o que era industrial para eles terem consciência disso, o valor dos materiais nesse processo. O abadá vem de onde? Do algodão. E o algodão vem de onde? Da terra. Então uma coisa vai ligando a outra. Tive que explicar para as crianças para eles abraçarem a ideia. Em vez de chegar com tudo pronto, [...] (PROFESSOR AUGUSTO, 2019).


O espetáculo cultural foi a culminância do projeto no final do ano. Para sua organização contou com a colaboração da sua esposa, de parceiros e de voluntários.


O caso do professor Demétrius: projeto de voleibol na escola


O professor Demétrius desenvolve o projeto social esportivo de voleibol na escola, idealizado com base na experiência que teve no Vôlei Kids. O projeto é desenvolvido com turmas de iniciação e treinamento de voleibol. Na escola municipal, o projeto funciona duas vezes por semana, com turmas do 4o ao 6o ano; na escola estadual acontece três vezes por semana, com as turmas do 6o ao 9o ano, sempre no contraturno. Ele destacou alguns dos resultados esportivos e sociais do seu projeto:


Alguns alunos, em um determinado momento, fazem seletivas para jogar e estudar em escolas particulares com bolsas de estudo. Vários tiveram essa oportunidade e hoje temos três atletas que estão jogando em São Paulo. Tem





uma atleta que jogou no Praia Clube, ela é atleta profissional. Então tivemos alguns resultados em relação a esse tipo de trabalho (PROFESSOR DEMÉTRIUS, 2019).


Porém, os resultados da sua equipe de voleibol em competições esportivas não é o mais importante, mas sim contribuir para a formação humana de seus alunos:


Para mim, mais do que resultados em campeonatos e títulos, o mais gratificante é ver o sorriso, a satisfação e o brilho no olhar dos meus alunos e atletas. É a gratidão do aluno que vem te abraça e fala olhando nos seus olhos: “Obrigado professor!” Então... [se emociona]. Para mim isto é o mais importante, porque a gente sabe que vai seguir um caminho bom! [...]. Isso que é o mais válido, eles estão seguindo a vida deles, não estão no caminho errado. E a gente está transformando pessoas, ganhar título a gente gosta, mas vai chegar um momento que isso já não faz efeito, porque já aconteceu várias vezes. Mas a questão hoje para mim é a questão do ser humano, por isso que eu falo, a questão da espiritualidade, do ser bom, enquanto pessoa, de olhar para o outro, de trabalhar a coletividade, então para mim isso é a maior vitória. [...] (PROFESSOR DEMÉTRIUS, 2019).


O projeto não tem financiamento, assim, para viajar e participar das competições, Demétrius e os alunos fazem “vaquinha”, rifas, vendem pizza e qualquer outra ação que possa angariar recursos financeiros. Em 2019 começou a cobrar dos alunos vinte reais para custear algumas despesas (participação nas competições e manutenção de equipamentos). Ademais, muitas vezes utiliza seu próprio dinheiro, pois os alunos não têm condição econômica favorável. Para 2020, o professor destacou a intenção de criar uma associação para participar de editais para conseguir patrocínio.

As bolas utilizadas no projeto são das escolas em que trabalha. Sobre os materiais disponíveis, Demétrius narrou que é preciso mostrar trabalho para receber apoio da escola. Além disso, Demétrius ressaltou a importância de apoio para desenvolver o seu trabalho, tanto dos alunos como também da gestão da escola e da comunidade escolar. Na escola do estado em que trabalha, a diretora é ex-atleta de voleibol e, assim, sabe da importância do esporte.


A diretora [da escola] de Cuiabá vê o trabalho e me apoia também, então tudo é questão de envolvimento. A comunidade envolve, todo mundo se envolve a partir do momento que existe essa entrega do professor. Por isso, o que justifica todo esse meu tempo nas duas escolas. A gente tem uma raiz, uma ligação muito forte com a escola porque existe este envolvimento (PROFESSOR DEMÉTRIUS, 2019).


Deste modo, Demétrius reforça a importância de se ter um forte envolvimento do professor com a comunidade em que trabalha.





O caso do professor Joami: projeto de badminton na escola


No caso do Joami, seu projeto esportivo social é com o badminton. Ele começou introduzindo-o nas aulas de Educação Física e depois formou equipes de treinamento. Joami conheceu este esporte quando participou de uma competição esportiva em Sinop, MT. Ao apresentar a ideia de introduzir este esporte na escola, o diretor, que também era professor de educação física, o apoiou.

Segundo Joami, o badminton começou a conquistar os alunos da escola, então começou a pesquisar e participar de cursos para adquirir mais conhecimentos. As redes sociais o ajudaram muito nessa sua busca, conhecendo o presidente da Federação Sergipana de Badminton, que lhe enviou as regras, textos pedagógicos e o indicou o site da Badminton World Federation (BWF) e da Confederação Brasileira de Badminton (CBB).

Joami descobriu um curso de badminton na cidade de Natal, RN, em maio de 2014, conseguindo recursos para participar. Ao retornar do curso, decidiu abandonar o treinamento de voleibol e iniciar suas turmas de badminton.


Então estava eu com 40 alunos treinando badminton, desses 40 alunos eu levei 10 alunos para os Jogos Escolares da Juventude em Tangará da Serra, MT. Lá eu fui escolhido para ser técnico da seleção de Mato Grosso para participar dos Jogos Escolares da Juventude em Londrina, PR (PROFESSOR JOAMI, 2019).


Durante os Jogos em Londrina, PR, Joami recebeu um convite do Comitê Olímpico Brasileiro para participar gratuitamente de um curso para técnico nível 1 de badminton, durante o Congresso Brasileiro de Esporte Escolar, em 2015. Neste curso, teve aulas com um técnico espanhol, voltando de lá com outra mentalidade. Além disso, participa de um grupo num aplicativo de mensagens instantâneas para trocar ideias e experiências com outros professores e, também, utiliza um aplicativo de badminton no seu celular. Diferente dos outros professores desta pesquisa, Joami não tinha experiências anteriores com o esporte que desenvolveu no projeto, por isso se lançou na busca de novos conhecimentos.

Segundo Joami, desde 2014 a sua escola tem atletas de badminton nos Jogos da Juventude em âmbito nacional. Isso deu credibilidade para o seu trabalho como treinador e técnico com suas turmas de treinamento. Entende que quando trabalha com treinamento é importante “aliar o máximo possível o ser humano com o atleta”. Narra, por exemplo, que um aluno que era extremamente nervoso e brigava por qualquer coisa, um dia lhe falou:


Professor, isso eu devo ao badminton! Eu mudei o meu comportamento e a

minha ideia do que é ética!” O professor Joami disse: Então, isso é uma das




coisas que mais me motiva, porque a gente faz diferença não só na parte física das crianças, mas principalmente no desenvolvimento social dela! (PROFESSOR JOAMI, 2019).


Acrescentou, ainda, sua preocupação sobre a formação humanística de seus alunos/atletas:


[...], mas eu acho que este é o aspecto mais importante, de nós marcarmos o território junto a esses caras, deles olharem e falarem: “Esse cara foi meu professor e eu me lembro muito bem dele como professor, no que ele me ajudou!” Eu acho que ele vai ser um ser humano um pouco melhor e isso é importante! (PROFESSOR JOAMI, 2019).


Desse modo, o professor Joami compreende que o treinamento esportivo não tem como finalidade apenas a formação técnica dos atletas e os resultados em competições esportivas, mas vai muito além, compreendendo a formação humana.

Seus alunos/atletas já venceram competições em âmbito regional, estadual, e têm participado de competições nacionais. Ademais, entre 2014 a 2019 o professor Joami só não foi técnico da seleção mato-grossense de badminton nos Jogos da Juventude em 2016, porque naquele ano classificou apenas uma de suas atletas.


A visão de outros colegas sobre os professores e seus projetos


Em relação ao Augusto e ao projeto que desenvolve, seu mestre de capoeira contou que o conhece desde 1999, quando ele começou a treinar capoeira no SESI.


Desde esse período sempre foi uma pessoa comprometida com a capoeira, [...]. Ele sempre fomentou a prática da capoeira. Sempre formando novos cidadãos, formando alunos para a capoeira. E ele embarcou de ser também fomentador da cultura utilizando a capoeira. Hoje o Augusto é um profissional de Educação Física, comprometido e dedicado com o que faz [...]. É o cara que fica pensando em como fazer melhor e hoje ele é um dos melhores profissionais que trabalham com a capoeira [...] (MESTRE DE CAPOEIRA, 2020).


Além disso, o mestre de capoeira destacou outras qualidades do seu discípulo, que hoje também é professor:


[...]. O Augusto tem uma inserção muito bacana na sociedade, ele vai em busca de parcerias e às vezes os empresários ajudam os eventos. Se as famílias dos alunos estão precisando de alguma coisa, ele envolve as pessoas do bairro para atender a família [...]. Então além de ensinar a capoeira, ele tenta ajudar dessa forma (MESTRE DE CAPOEIRA, 2020).




Sobre o Demétrius e o projeto que desenvolve, entrevistamos a diretora de uma das escolas em que ele trabalha. Ela tem duas filhas que participam do projeto de voleibol na escola e também acompanha o professor nas viagens e competições. Ela conhece o professor há seis anos e disse:


Ele é uma pessoa comprometida com o esporte, é ético, sério e faz o que realmente gosta. [...], passei a admirar o projeto e ainda mais o professor pela dedicação que ele tem com o esporte. [...] os alunos, os pais e eu enquanto diretora só temos a agradecer (DIRETORA, 2020).


No que tange aos benefícios do projeto, a diretora afirma que:


[...] o projeto voleibol é de suma importância, porque além de tirar as crianças de ficar brincando na rua, faz com que os alunos fiquem focados no projeto. E o Demétrius por ser uma pessoa bastante exigente, tem normas, tem regras, os alunos são bastante disciplinados e com isso nós só temos a ganhar. [...] (DIRETORA, 2020).


Em relação ao Joami, a coordenadora da escola em que atua o conhece há quinze anos e disse que:


Ele é um profissional bastante dedicado. É um professor amigo dos alunos, amoroso. Os alunos respeitam muito ele, gostam muito dele. É um professor bastante amado aqui na escola (COORDENADORA, 2020).


Ela também expressou sua visão a respeito do projeto de badminton:


Os alunos adoram o projeto de badminton e contempla também alunos de outras escolas. O professor treina esses alunos sem pedir nada em troca. É um projeto que ele faz de coração, com dedicação e amor. Os pais adoram, vem assistir os filhos. [...], os alunos ficam mais motivados, melhoraram as notas devido ao projeto (COORDENADORA, 2020).


Desse modo, a visão dos colegas que conhecem os professores e os projetos desenvolvidos reforçam as qualidades e características pessoais dos professores. Reconhecem também os resultados desses projetos, tanto do ponto de vista da contribuição para o desenvolvimento humano dos alunos quanto do trabalho social com pais e comunidades.


Discussão dos resultados


Nos três casos estudados, os professores já passaram pela entrada e estabilização na carreira. Eles têm, respectivamente, onze (Augusto), nove (Demétrius) e dezoito (Joami) anos de experiência profissional, e assim, estão na fase de diversificação. Nesta etapa profissional,




os professores buscam experimentar e diversificar conteúdos, estratégias de ensino, o material, ou, ainda, a busca de novos desafios (e novos projetos) para manter o entusiasmo pela profissão (HUBERMAN, 1995). O professor Joami tem mais tempo de experiência profissional, pressupomos que ele caminha no sentido de uma renovação do interesse pela profissão (GONÇALVES, 1995).

No que tange à socialização, escolarização e escolha da carreira, os resultados indicam que os professores tiveram contato com o esporte ainda na infância ou adolescência, sendo que esta experiência marcou a formação desses professores e os levou à escolha do curso de educação física. Além disso, Augusto tem professores na sua família e sua mãe era envolvida com projetos sociais. Por sua vez, a educação religiosa marcou a formação do professor Demétrius. E a experiência no campo contribuiu para a ampliação da cultura corporal do professor Joami.

Vale notar que o tempo de aprendizagem do trabalho não se limita à vida profissional, mas compreende também a existência pessoal dos professores, que de certo modo, também aprenderam seu ofício antes de iniciá-lo, nas aprendizagens do período de socialização escolar (TARDIF, 2007). Estudos na área da Educação Física também identificaram a influência das práticas esportivas ou a identificação com os professores preferidos na escolha da profissão (FOLLE et al., 2009).

Sobre a formação universitária em Educação Física, Augusto a considera suficiente, entretanto, Demétrius e Joami relataram que esta formação não prepara suficientemente o professor para sua atuação profissional. Porém, os três se empenharam para adquirir conhecimentos e desenvolver habilidades neste período de formação inicial. Além disso, para Demétrius, é importante que a carga horária do estágio supervisionado nas escolas seja ampliada, pois considera os conhecimentos teóricos importantes, mas a docência é muito prática, da experiência, da vivência, e as faculdades precisam instrumentalizar melhor os futuros professores.

A esse respeito, Hammerness, Darling-Hammond e Bransford (2019) destacam que muitos programas de formação de professores receberam críticas por serem excessivamente teóricos, com pouca conexão com a prática. Por sua vez, Darling-Hammond et al. (2019) sustentam que os futuros professores se beneficiam da participação na prática dos estágios, observando o ensino, trabalhando em estreita colaboração com os professores experientes e empenhando-se para colocar em prática o que estão aprendendo.

Dois professores desse estudo (Augusto e Demétrius) estagiaram em projetos sociais esportivos no período de faculdade. Além disso, Augusto é também animador cultural,



Demétrius já trabalhou na Guarda Municipal e foi árbitro de voleibol e Joami trabalhou na Secretaria Municipal de Esportes. Sendo assim, afirmam que há conhecimentos e habilidades adquiridos nestas áreas que são transferíveis para a atuação nos projetos sociais.

Conforme Bransford et al. (2019), os saberes e habilidades mobilizados na ação pedagógica dos professores abarcam conhecimentos e ações aprendidas em outras esferas profissionais, além da escola. Estas habilidades são úteis em suas práticas pedagógicas e revelam a transferência de aprendizagem de maneira que permitem resolver problemas que os professores encontrarão mais tarde em suas aulas.

Em relação aos esportes oferecidos pelos projetos sociais estudados, foram: a capoeira no caso do professor Augusto, o voleibol no caso do professor Demétrius e o badminton no caso do professor Joami. Vale notar que Augusto e Demétrius tiveram vivências anteriores com os esportes em que trabalhavam nos seus respectivos projetos. Por sua vez, Joami não teve experiência anterior com o badminton e também não teve este conhecimento no seu curso de formação profissional. Assim, precisou adquirir conhecimentos em relação ao badminton, engajando-se em comunidades de aprendizagem informais, através de redes sociais sobre o assunto.

Os estudos sobre o desenvolvimento de professores dentro de comunidades de aprendizagem enfatizam a importância de conhecimentos que ocorrem tanto nos contextos de ensino como em contextos profissionais (HAMMERNESS; DARLING-HAMMOND; BRANSFORD, 2019). Assim, pode-se dizer que Joami passou a participar de uma comunidade de aprendizagem ou de prática, mesmo que de maneira informal. Nessas comunidades professores aprendem juntos e oferecem suporte à aprendizagem e à solução de problemas (DARLING-HAMMOND et al., 2019).

Os três casos estudados mostraram que os professores buscaram apoio da direção da escola ou da comunidade atendida pelos projetos, considerando este apoio e engajamento social essenciais para conseguirem realizar um bom trabalho. A esse respeito, pesquisas revelam que para o profissional que atua em projetos esportivos sociais não basta conhecer a comunidade, ter uma conduta correta, cumprir com suas obrigações e ter o conhecimento técnico da área a ser trabalhada, mas é preciso também se envolver e se comprometer com a comunidade que está trabalhando, numa perspectiva de transformação social (HIRAMA; MONTAGNER, 2012).

Além disso, pesquisas sobre os projetos sociais esportivos revisadas por Kravchychyn e Oliveira (2015) demonstram que as parcerias projeto-escola se mostram eficazes, mas alguns estudos revelam restrições no atendimento de alunos não matriculados na escola-sede do



projeto, disputas do uso dos espaços esportivos com as aulas de Educação Física e a substituição da participação destas aulas para alunos que participam do projeto, decorrência de equívoco institucional e pedagógico.

Os três projetos sociais esportivos estudados não dispõem de financiamento ou patrocínio nem governamental nem de empresas, mas os professores e seus alunos realizam campanhas para arrecadar fundos para a manutenção do projeto, tais como: rifas, vendas de pizza, arrecadação, venda de materiais recicláveis, dentre outros. Constata-se, aqui, a utilização de uma solução criativa para a falta de financiamento para o projeto: professor e alunos fazem promoções para arrecadar fundos, evidenciando a capacidade de iniciativa e de resolução de problemas.

Sobre o apoio financeiro para a realização de projetos esportivos, a revisão da literatura de Kravchynchyn e Oliveira (2015) evidencia que a maior parte dos projetos sociais esportivos analisados tem o apoio financeiro governamental, seja federal, em especial o Programa Segundo Tempo, ou de iniciativas de governos estaduais ou municipais. Dos 28 estudos analisados, apenas quatro tiveram apoio financeiro da iniciativa privada.

Dois dos professores destacaram alguns resultados de suas equipes em competições esportivas e todos os professores ressaltaram que mais importante do que os resultados esportivos são os resultados educacionais dos projetos e a formação humana de seus alunos. Pesquisas revelam que a participação em projetos sociais esportivos pode contribuir para o desenvolvimento de valores humanos, como: a promoção da saúde, o bem-estar individual e coletivo, a autonomia, a socialização e cidadania, as questões éticas, bem como a inibição ao uso de drogas (SOUZA; CASTRO; MEZZADRI, 2012; SOUZA et al., 2010).

No caso do professor Augusto, vimos que realizou uma culminância do seu projeto em um teatro, com apresentações de capoeira, maculelê e siriri. No caso de projetos sociais e/ou escolares de dança é comum haver a realização de um espetáculo ou festival no final do ano ou em uma data especial (MARQUES, SURDI; KUNZ, 2013), o que contribui para a divulgação do projeto, para a educação estética de pais e filhos, para a autoestima dos alunos, e valoriza o trabalho realizado (STRAZZACCAPPA, 2003).


Considerações finais


Esta pesquisa investigou as trajetórias de formação e de atuação profissional de professores de Educação Física que atuam em projetos sociais esportivos. Foi evidenciado que estes professores tiveram contato com o esporte em projetos sociais ou na escola. O esporte




teve um papel importante na socialização pré-profissional destes docentes. Mas outros aspectos de suas histórias de vida também marcaram a formação pré-profissional dos professores, tais como a educação familiar, a escolarização e o meio social em que cresceram. A escolha da profissão se deu pelo envolvimento dos professores com o esporte.

No que tange à formação docente, fica evidente a necessidade de se repensar a formação, potencializando o estágio e as atividades que estabeleçam conexão direta com o “chão da escola”, bem como com as comunidades em que os discentes estão inseridos. Dessa forma, os estágios extracurriculares em projetos esportivos sociais ou a busca de novos conhecimentos e habilidades profissionais para atuar nos projetos se apresentam com potencial formativo e foram aspectos destacados para a atuação dos professores nos projetos sociais esportivos.

Os professores também atuaram em outros segmentos da área (animador cultural, árbitro, Secretaria Municipal de Esportes) e conseguiram extrair aprendizagens e adaptá-las para o trabalho com os projetos esportivos. Além da formação técnica e dos resultados esportivos de suas equipes em competições, estes professores preocupam-se muito com a formação humanística de seus alunos.

Os projetos analisados não têm financiamento, mas os professores encontraram soluções criativas para custeá-los e trabalham voluntariamente. Enfim, estes professores demonstraram um forte compromisso educacional e social com seus alunos e comunidades, agindo como atores sociais engajados com a formação das novas gerações, tendo como preocupação imprescindível transformar seus alunos em pessoas melhores por meio do esporte e de seus ensinamentos.


REFERÊNCIAS


BRANSFORD, J. et al. As teorias da aprendizagem e seus papéis no ensino. In: DARLING- HAMMOND, L.; BRANSFORD, J. (org.). Preparando os professores para um mundo em transformação: o que devem aprender e estar aptos a fazer. Trad. Cristina Fumagalli Mantovani. Porto Alegre: Penso, 2019. p. 35-74.


CASTRO, S. B. E.; SOUZA, D. L. Significados de um projeto social esportivo: um estudo a partir das perspectivas de profissionais, pais, crianças e adolescentes. Movimento, Porto Alegre, v. 17, n. 4, p. 145-163, out./dez. 2011.


COORDENADORA. Entrevista. Cuiabá, MG, 28 abr. 2020.


DARLING-HAMMOND, L. et al. A elaboração de programas de formação de professores. In: DARLING-HAMMOND, L.; BRANSFORD, J. (org.). Preparando os professores para um mundo em transformação: o que devem aprender e estar aptos a fazer. Trad. Cristina Fumagalli Mantovani. Porto Alegre: Penso, 2019. p. 333-377.



DIRETORA. Entrevista. Cuiabá, MG, 28 abr. 2020.


FEITOSA, W. M. N.; NASCIMENTO, J. V. Competências do profissional de Educação Física para a docência, treinamento esportivo e orientação de atividades físicas. In: FOLLE, A.; FARIAS, G. O. (org.). Educação Física: prática pedagógica e trabalho docente.

Florianópolis: UDESC, 2012. p. 87-104.


FOLLE, A. et al. Construção da carreira docente em educação física: escolhas, trajetórias e perspectivas. Movimento, Porto Alegre, v. 15, n. 1, p. 25-49, jan./mar. 2009.


GONÇALVES, J. A. M. A carreira das professoras do ensino primário. In: NÓVOA, A. (org.). Vidas de professores. 2. ed. Porto: Porto Ed., 1995. p. 141-169.


GOODSON, I.F. Dar voz ao professor: as histórias de vida dos professores e o seu desenvolvimento profissional. In: NÓVOA, A. (org.). Vidas de professores. 2. ed. Porto: Porto Ed., 1995. p. 63-78.


HAMMERNESS, K.; DARLING-HAMMOND, L.; BRANSFORD, J. Como os professores

aprendem e se desenvolvem. In: DARLING-HAMMOND, L.; BRANSFORD, J. (org.). Preparando os professores para um mundo em transformação: o que devem aprender e estar aptos a fazer. Trad. Cristina Fumagalli Mantovani. Porto Alegre: Penso, 2019. p. 306- 332.


HIRAMA, L. K.; MONTAGNER, P. C. Algo para além de tirar da rua: o ensino do esporte em projeto socioeducativo. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, Florianópolis, v. 34, n. 1, p. 149-164, jan./mar. 2012.


HIRAMA, L. K.; MONTAGNER, P. C. Algo para além de tirar da rua: o ensino do esporte em projeto socioeducativo. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, Florianópolis, v. 34, n. 1, p. 149-164, jan./mar. 2012.


HUBERMAN, M. O ciclo de vida profissional dos professores. In: NÓVOA, A. (org.). Vidas de professores. 2. ed. Porto: Porto Editora, 1995. p. 31-61.


KRAVCHYCHYN, C.; OLIVEIRA, A. A. B. Projetos e programas sociais esportivos: um estudo de revisão. Movimento, Porto Alegre, v. 21, n. 4, p. 1051-1064, out./dez. 2015.


MARQUES, D. A. P.; SURDI, A. C.; KUNZ, E. “Projeto de dança Uniguaçu”: tecendo experiências pedagógicas. Motrivivência, Florianópolis, ano XXV, n. 40, p. 153-167, jun. 2013.


MESTRE DE CAPOEIRA. Entrevista. Cuiabá, MG, 28 abr. 2020.


PAILLÉ, P.; MUCHIELLI, A. L’analyse qualitative en sciences humaines et sociales. Paris: Armand Colin, 2012.


PROFESSOR AUGUSTO. Entrevista. Cuiabá, MG, 11 dez. 2019. PROFESSOR DEMÉTRIUS. Entrevista. Cuiabá, MG, 3 nov. 2019.


PROFESSOR JOAMI. Entrevista. Cuiabá, MG, 16 out. 2019.


SOUZA, D. L. et al. Determinantes para a implementação de um projeto social. Motriz, Rio Claro, v. 16, n. 3, p. 689-700, jul./set. 2010.


SOUZA, D. L.; CASTRO, S. B.; MEZZADRI, F. M. Facilitadores e barreiras para a implementação e participação em projetos sociais que envolvem atividades esportivas: os casos dos projetos Vila na Escola e Esporte Ativo. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, São Paulo, v. 26, n. 3, p. 419-430, jul./set. 2012.


STRAZZACAPPA, M. Dança na educação: discutindo questões básicas e polêmicas. Pensar a Prática, Goiânia, v. 6, p. 73-85, jun./jul. 2003.


TARDIF, M. Saberes docentes e formação profissional. Trad. Francisco Pereira. 8. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2007.


TAVARES, Â. F.; COSTA, V. L. M.; TUBINO, M. J. G. Recreação esportiva e seus desafios corporais no Complexo do Alemão. Motriz, Rio Claro, v. 16, n. 1, p. 258-268, jan./mar.

2010.


YIN, R. K. Estudos de caso: planejamento e métodos. Trad. Daniel Grassi. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2015.


Como referenciar este artigo


GODOI, M. R.; KAWASHIMA, L. B.; MOREIRA, E. C. Compromisso educacional e social: trajetórias de professores que desenvolvem projetos sociais esportivos. Revista Ibero- Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 16, n. 4, p. 2473-2492, out./dez. 2021. e-ISSN: 1982-5587. DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v16i4.13910


Submetido em: 12/07/2021

Revisões requeridas em: 15/08/2021 Aprovado em: 13/09/2021 Publicado em: 21/10/2021




COMPROMISO EDUCACIONAL Y SOCIAL: TRAYECTORIAS DE PROFESORES QUE DESARROLLAN PROYECTOS SOCIALES DEPORTIVOS


COMPROMISSO EDUCACIONAL E SOCIAL: TRAJETÓRIAS DE PROFESSORES QUE DESENVOLVEM PROJETOS SOCIAIS ESPORTIVOS


EDUCATIONAL AND SOCIAL COMMITMENT: TRAJECTORIES OF TEACHERS THAT DEVELOP SPORTS SOCIAL PROJECTS


Marcos Roberto GODOI1 Larissa Beraldo KAWASHIMA2 Evando Carlos MOREIRA3


RESUMEN: Esta investigación analiza las trayectorias formativa y profesional de tres maestros que desarrollan proyectos sociales deportivos de capoeira, voleibol y bádminton. Este es un estudio descriptivo y de casos múltiples, anclado en la tradición de la investigación narrativa. El deporte marcó la socialización pre profesional de los docentes, así como la educación familiar y escolar. Adquirieron experiencia haciendo pasantías extra curriculares en proyectos deportivos o tuvieron que buscar nuevos conocimientos para actuar. Dos maestros están en la fase de diversificación profesional y el maestro más experimentado se encuentra en la etapa de renovar el interés en la profesión. Los proyectos sociales deportivos no tienen fondos, los maestros trabajan voluntariamente y han encontrado soluciones creativas para financiar los gastos. Además de la capacitación técnica y los resultados en competiciones o eventos deportivos, los maestros están muy preocupados con la educación humana del público atendido, lo que demuestra un fuerte compromiso educativo y social con sus estudiantes y comunidades.


PALABRAS CLAVE: Formación docente. Actuación profesional. Deporte. Proyectos sociales.


RESUMO: Esta pesquisa analisa as trajetórias formativa e profissional de três professores que desenvolvem projetos sociais esportivos de capoeira, voleibol e badminton. Este é um estudo descritivo e multicasos, ancorado na tradição de investigação narrativa. O esporte marcou a socialização pré-profissional dos professores, bem como a educação familiar e escolar. Eles adquiriram experiência fazendo estágios extracurriculares em projetos


1 Instituto Federal de Educación, Ciencia y Tecnología de Mato Grosso (IFMT), Cuiabá – MT – Brasil. Profesor de la Red Municipal de Educación de Cuiabá-MT y Profesor Sustituto en el Instituto Federal de Educación. Grupo de investigación: Corpo, Educação e Cultura. Doctorado en Ciencias de la Educación (UDEM) – Canadá. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-9238-4704. E-mail: marcos.godoi@cba.ifmt.edu.br

2 Instituto Federal de Educación, Ciencia y Tecnología de Mato Grosso (IFMT), Cuiabá – MT – Brasil. Profesora del Instituto Federal de Educación y Coordinadora de la carrera de Profesorado en Educación Física. Grupo de investigación: Educación Física en la Enseñanza Media Profesionalizante. Doctorado en Educación (UFMT). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-2613-9647. E-mail: larissa.kawashima@cba.ifmt.edu.br

3 Universidad Federal de Mato Grosso (UFMT), Cuiabá – MT – Brasil. Profesor Associado III de la Facultad de Educación Física. Grupo de investigación: Educación Física escolar y prácticas pedagógicas. Doctorado en Educación Física (UNICAMP). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-5407-7930. E-mail: evando@ufmt.br




esportivos ou tiveram que buscar novos conhecimentos para atuar. Dois professores encontram-se na fase de diversificação da carreira e o professor mais experiente no estágio de renovação do interesse pela profissão. Os projetos sociais esportivos não têm financiamento, os professores trabalham voluntariamente e encontraram soluções criativas para financiar as despesas. Além da formação técnica e dos resultados em competições ou eventos esportivos, os professores preocupam-se muito com a formação humana do público atendido, demonstrando um forte compromisso educacional e social com seus alunos e comunidades.


PALAVRAS-CHAVE: Formação docente. Atuação profissional. Esporte. Projetos sociais.


ABSTRACT: This research analyzes the formative and professional trajectories of three teachers who develop social sports projects of capoeira, volleyball, and badminton. This is a descriptive and multi-case study, anchored in the narrative research tradition. Sports marked the pre-professional socialization, as well as family and school education. They acquired experience doing the extracurricular internships in sport projects or had to seek new knowledge to act. Two teachers are in the career diversification phase and the most experienced teacher is in the stage of renewing interest in the profession. Sports social projects have no funding; teachers work voluntarily and have found creative solutions to finance expenses. In addition to technical training and results in competitions or sporting events, teachers are very concerned with the human education of the public served, demonstrating a strong educational and social commitment to their students and communities.


KEYWORDS: Teacher education. Professional acting. Sport. Social projects.


Introducción


Se han ofrecido programas y proyectos de deporte social a niños, adolescentes y adultos, por iniciativa gubernamental o de organizaciones no gubernamentales (ONG). Mucho más allá de la formación de atletas, estos programas y proyectos suelen aspirar a objetivos más amplios, como la promoción de la ciudadanía, la salud o la socialización de sus participantes, normalmente en situaciones de vulnerabilidad social.

Los investigadores se han interesado en estudiar este tema bajo diferentes perspectivas, ya sea analizando los facilitadores y las barreras en la implementación del proyecto (SOUZA et al, 2010; SOUZA; SOUZA; CASTRO, 2013); el deporte como herramienta de bienestar y socialización (TAVARES; COSTA; TUBINO, 2010); los principales significados atribuidos al proyecto por padres, alumnos y profesores (CASTRO; SOUZA, 2011); o incluso la comprensión de las transformaciones en la vida cotidiana de los adolescentes y la contribución en la estructuración del eje rector (HIRAMA; MONTAGNER, 2012).




Según Kravchychyn y Oliveira (2015), la gestión de los proyectos deportivos presenta procesos complejos de estructuración, implementación y evaluación; priorizan a los beneficiarios en situación de vulnerabilidad social, con una visión salvacionista y objetivos generosos, pero existen dificultades de gestión.

Según este estudio, los programas y proyectos de deporte social tienen que ver con la enseñanza, el desarrollo y la promoción de la salud, la autonomía, la cooperación, la socialización, la ciudadanía y la inhibición del consumo de drogas, con el bienestar individual y colectivo y con cuestiones éticas. Por otro lado, también hay proyectos que se preocupan por la preparación de los alumnos para la práctica del deporte y la participación en competiciones deportivas, buscando desmitificar la nocividad del deporte para la formación de los alumnos, considerando también los deseos y justificaciones de los alumnos para incorporarse y permanecer en los proyectos.

En cuanto a las competencias del profesional que trabaja con el deporte, en la dimensión habilidades de incentivo, el profesional debe: valorar las individualidades; diversificar la metodología de trabajo; utilizar técnicas que aumenten el nivel de motivación del grupo; proporcionar un ambiente agradable a la práctica; integrarse al grupo, mejorando la relación. En la dimensión de actitudes, el profesional debe tener: humildad, paciencia, actitud ética en las relaciones humanas; persistencia; actitud y compromiso; sinceridad en las relaciones; puntualidad y asistencia y actitudes de liderazgo, confianza y entusiasmo (FEITOSA; NASCIMENTO, 2012).

Dado lo anterior, nos instiga a saber: ¿cuáles fueron las trayectorias por las que pasaron estos profesores y que los llevaron a ofrecer proyectos deportivos sociales? En consecuencia, el objetivo de este estudio fue investigar y analizar las trayectorias formativas y profesionales de los profesores que desarrollan proyectos deportivos sociales.


Cuadro teórico-metodológico


El marco teórico de este estudio se basa en los estudios sobre historias de vida y desarrollo profesional de los profesores (TARDIF, 2007; GONÇALVES, 1995; HUBERMAN, 1995, NÓVOA, 1995).

Cabe señalar que la formación del profesorado es un continuo, que comienza incluso antes de la formación profesional en la universidad y se extiende a lo largo de la vida profesional. La socialización preprofesional comprende los antecedentes personales del profesor, vinculados a su historia de vida, a su socialización en grupos familiares y sociales, a




su escolarización, a su personalidad y al aprendizaje de ciertos aspectos de la profesión, incluso antes de la formación profesional (TARDIF, 2007).

Además, a lo largo de su carrera, los profesores pasan por diferentes etapas o fases: la entrada en la carrera marcada por la supervivencia y el descubrimiento del oficio; la estabilización caracterizada por la sensación de aumento de la competencia pedagógica; la diversificación y la experimentación de nuevos métodos de trabajo y, hacia el final de la carrera, puede haber una renovación del interés por la carrera o una desinversión en relación con la profesión, esta última que puede ser serena o amarga (HUBERMAN, 1995; GONÇALVES, 1995).

Los estudios sobre las historias de vida de los profesores también señalan que "el profesor es la persona; y una parte importante de la persona es el profesor" (NIAS, 1991 apud NÓVOA, 1995, p. 15). En otras palabras, las características personales o la personalidad de los profesores desempeñan un papel importante en el ejercicio de la profesión docente.

Esta investigación se caracteriza por ser cualitativa, descriptiva y de casos múltiples, realizada con tres profesores de Educación Física que trabajan en escuelas públicas de Mato Grosso. Los estudios de casos múltiples permiten descubrir convergencias y similitudes entre varios casos, pero también contribuyen al análisis de las particularidades de cada caso (YIN, 2015).

El cuadro a continuación sintetiza el perfil de los participantes de la investigación.


Cuadro 1 – Perfil de los profesores


Profesor

Edad

Tiempo de experiencia

Escuelas

Proyectos sociales deportivos


Augusto


33 años


11 años

Escuela privada confesional

Proyecto de capoeira en una comunidad carente


Demétrius


42 años


9 años

Escuela municipal en Cuiabá y escuela estatal en Várzea Grande- MT


Proyecto de voleibol en la escuela


Joami


48 años


18 años

Escuelas públicas municipales en Campo Verde-MT


Proyecto de badminton en la escuela

Fuente: Elaborado por los autores


La selección de los profesores colaboradores, sujetos de la investigación, fue intencionada. Los tres profesores destacan en el ámbito deportivo y cultural de las ciudades donde viven por su trabajo con proyectos deportivos sociales. También se entrevistó a




personas que conocen a los profesores y los proyectos desarrollados, para validar y dar mayor credibilidad a la información presentada por los profesores.

En primer lugar se presentó la propuesta de investigación a los profesores, que firmaron el formulario de consentimiento libre e informado, consintiendo también que se revelaran sus nombres. A continuación, se construyó una línea de tiempo para destacar los periodos significativos de formación y desempeño profesional. Se utilizó un guión para las entrevistas semiestructuradas sobre la trayectoria de la formación y el desempeño profesional. Las entrevistas tuvieron lugar entre los meses de octubre y diciembre de 2019 y se realizaron en persona o a través de videollamadas y se grabaron en audio. Estos tuvieron una

duración media de 1h27. A continuación se procedió a la transcripción de las entrevistas.

En cuanto al trabajo analítico, se utilizó el análisis temático continuado (PAILLÉ; MUCHIELLE, 2012), es decir, en un primer momento, se analizó el corpus (transcripciones de las entrevistas) para construir una lista temática a partir de las categorías conceptuales surgidas del marco teórico; después, esta lista de categorías se aplicó al corpus en su conjunto, pero con la posibilidad de que se añadieran nuevos temas (categorías emergentes) durante el análisis. A continuación, las categorías de análisis se agruparon en unidades por aproximación temática.


Trayectorias de formación y actuación de los profesores


A continuación se presentan los resultados de este estudio, agrupados en cinco unidades temáticas: 1) socialización, escolarización, elección de carrera; 2) formación profesional y prácticas; 3) otras experiencias profesionales; 4) proyectos sociales deportivos desarrollados; y 5) visión de otro colega sobre el profesor y el proyecto.


Socialización, escolarización, elección de la carrera y personalidad de los profesores


En cuanto a la socialización preprofesional, Augusto contó que tuvo contacto con el deporte en su infancia y adolescencia, practicando fútbol sala y capoeira en proyectos deportivos sociales. Además, proviene de una familia de profesores y cuando era adolescente participó como voluntario en proyectos sociales en los que su madre estaba involucrada.


Mi madre llevaba a cabo proyectos, acciones sociales en su barrio. Cuando falleció, nos pidió a mis hermanos y a mí que siguiéramos: "Pase lo que pase, hijo mío, cree en tus sueños, no dejes de ayudar a la gente. Eso es lo




que recuerdo, ella en el hospital hablándome, abrazándome (PROFESOR AUGUSTO, 2019).


En cuanto a su escolarización, Augusto estudió los primeros años de primaria en una escuela pública, porque su familia quería que tuviera una buena base inicial. Luego estudió en una escuela pública hasta que terminó el bachillerato. También informó de que su elección profesional se debía a que le gustaba el deporte y estaba involucrado en este entorno desde la infancia.

Del mismo modo, Demétrius se involucró en el deporte desde una edad temprana, animado por su familia. Entrenó voleibol en un proyecto deportivo social ofrecido por el SESC y, al respecto, narró:


[...]Así que empecé a involucrarme pronto con el deporte, [...]. Y gran parte de mi formación profesional se la debo a esta cuestión deportiva, porque aprendí a tener disciplina, respeto, a escuchar al otro, a ser compañero, a trabajar con el colectivo, con lo social, [...]. Y el proyecto social apunta mucho a la formación de la persona, no sólo al entrenamiento deportivo (PROFESOR DEMÉTRIUS, 2019).


Estudió toda su Educación Primaria y Secundaria en un colegio privado confesional, destacando que la formación recibida en este colegio le influyó mucho, cambiando su forma de ser.


Así que aprendí a escuchar, a conocer el momento para poder expresarme. La cuestión de la espiritualidad me influye en todo momento. Incluso hoy está muy latente en mi faceta profesional. [...]. Me ayuda a estar tranquilo cuando tomo decisiones delante de los alumnos o los compañeros. Intento llevar esta formación a mis deportistas y a mis alumnos de educación física (PROFESOR DEMÉTRIUS, 2019).


Debido a su implicación con el deporte y al hecho de que tenía buenos profesores que le animaban, eligió la carrera de Educación Física. Antes de eso, estudió derecho y trabajó en la Guardia Municipal, pero tuvo algunas decepciones y decidió estudiar educación física.

En el caso de Joami, es hijo de agricultores, vivió su infancia y adolescencia en el campo, teniendo que estudiar y trabajar al mismo tiempo. Además, este periodo le dio la oportunidad de diversificar su repertorio de movimientos:


La práctica del deporte siempre ha estado muy cerca de mí por esta diversidad de movimientos en el campo: trepar a los árboles, correr por la arena, perseguir ñandúes, meter la mano en el agujero de un armadillo, huir de un cateto [...] (PROFESOR JOAMI, 2019).




Su padre era deportista, pero Joami sólo tuvo la oportunidad de tener contacto con el deporte escolar después de mudarse a la ciudad, participando en equipos de voleibol y atletismo. Debido a esta implicación con el deporte y a la influencia de sus profesores, eligió estudiar Educación Física.


Formación profesional y prácticas


En cuanto a la formación profesional, Augusto estudió Educación Física en una universidad privada entre 2004 y 2008. De este periodo, describió:


[La formación] era suficiente, pero también busqué la cualificación, dentro de la universidad intenté hacer todo tipo de cursos que había. A todo tipo de conferencias en las que participé, asistí [...] (PROFESOR AUGUSTO, 2019).


En este período, además de la práctica supervisionada en las escuelas, también hizo su práctica en SESI y declaró que:


SESI fue una gran escuela porque tuve varias oportunidades. Allí trabajé con ejercicios en el lugar de trabajo, aeróbic acuático y capoeira. Aprendí varios aspectos, la organización de eventos, incluso cómo enfocar y vender proyectos [...]. Así que fue una gran experiencia. Ese periodo fue muy válido para mi desarrollo como profesional (PROFESSOR AUGUSTO, 2019).


Demetrius estudió Educación Física entre 2006 y 2010; empezó la carrera en un centro privado, pero luego se trasladó a una universidad pública.


Creo que la universidad no prepara lo suficiente, [...], la educación física es muy práctica. ¿Tiene que tener teoría? Sí, pero las prácticas deberían tener una mayor carga de trabajo, porque al final de la universidad tendrías bagaje para trabajar en la escuela y no te pillaría en los primeros años [...] (PROFESOR DEMÉTRIUS, 2019).


Durante la universidad, realizó prácticas supervisadas en colegios, pero también hizo unas prácticas remuneradas en el proyecto deportivo social Volleyball Kids, que atiende a estudiantes después de la escuela, de entre 7 y 16 años, y está patrocinado por empresas asociadas. Siguió trabajando en este proyecto hasta el año 2013. A partir de esta experiencia profesional narró que:


Llegué al Volleyball Kids en la cima de mi competitividad y el Volleyball Kids es un proyecto social que tiene otros objetivos. Entonces empecé a entender que el objetivo era la formación de las personas, que también tenía





la formación atlética, pero no era el énfasis. Así que trabajé mucho en este otro lado que necesitaba trabajar [...] (PROFESOR DEMÉTRIUS, 2019).


Joami estudió Educación Física en una universidad pública entre 1997 y 2001. Dice que aprovechó al máximo su estancia en la universidad, estudiando con ahínco y tratando de aprovechar al máximo los conocimientos de sus profesores. Sin embargo, considera que:


[...] no salimos preparados para trabajar. Aquí es totalmente diferente, pero podemos aprovechar muchas cosas. Trabajo con alumnos que tienen síndrome de Down, que tienen TEA, que son autistas, y no aprendí a lidiar con esto en la universidad. Tuve que aprender fuera de aquí, hacer cursos, leer y aprender mucho con los estudiantes (PROFESOR JOAMI, 2019).


Además de las prácticas supervisadas obligatorias, también realizó prácticas remuneradas en escuelas y gimnasios públicos.


Otras experiencias profesionais


Además de impartir educación física en los colegios donde trabajan, todos los profesores han trabajado o trabajan en otros ámbitos. Augusto es también un animador cultural:


A mediados de 2008 dije: "Voy a abrir una empresa de animación de fiestas. Desde entonces sólo hemos invertido y crecido [...]. Esta actuación como productor cultural es magnífica, pero no se construyó de la noche a la mañana. Cuando entré en la universidad no me imaginaba que iba a ser productora cultural, pero siempre tuve curiosidad por ver cómo funcionaba [...] (PROFESOR AUGUSTO, 2019).


En el caso de Demétrius, antes de empezar a trabajar en colegios, fue árbitro de voleibol entre 2000 y 2016. También trabajó en la Guardia Municipal. De este periodo narró que:


La Guardia Municipal me enseñó a ver todo de otra manera, [...]. Me enseñó que todo el mundo tiene su valor [...] Me volví más disciplinado, porque fue un periodo en el que fui muy indisciplinado, pero también aprendí a 'tragar muchas ranas'. Como era una institución militar, no estaba muy de acuerdo, pero hay que reflexionar y seguir trabajando porque lo necesitabas. En este periodo algunas situaciones me hicieron pensar: "Vaya, este no es el camino que quiero seguir. [...], ¡así que tendré que estudiar!" (PROFESOR DEMÉTRIUS, 2019).


De su experiencia como árbitro de voleibol, Demétrius destacó que aprendió sobre organización y profesionalidad. También dijo que estas características contribuyeron a sus




clases y a su proyecto de voleibol, ya que considera importante la cuestión de la imparcialidad, de poder establecer algo que es importante para todo el grupo y con armonía. Además, intenta compartir estas habilidades con sus alumnos.

Después de graduarse, Joami se trasladó de Cuiabá a Campo Verde, MT. Fue profesor de Educación Física en un colegio público y entrenador del equipo de voleibol de playa del colegio de 2002 a 2003, y después entrenó al equipo de voleibol de sala del colegio de 2003 a 2007. También fue coordinador de deportes en Campo Verde, MT, entre 2006 y 2008, y secretario municipal de deportes en Campo Verde, MT, entre 2008 y 2012.


Creo que en este periodo aprendí principalmente la gestión de personas, la gestión de conflictos, consigues crear una armonía entre estas personas que son extremadamente diferentes en un equipo colectivo [...] (PROFESOR JOAMI, 2019).


Una vez presentadas las experiencias de los profesores en otros ámbitos, a continuación se describen los proyectos desarrollados por ellos.


Los proyectos sociales desportivos


El caso del profesor Augusto: proyecto de capoeira en la comunidad


Augusto puso en marcha el proyecto "Ritmo solidario: el patio de Mara" en 2017, desarrollando actividades de samba y percusión para niños desfavorecidos de la comunidad del barrio João Bosco Praeirinho. Este era un sueño de su madre, que fue la primera mujer en tocar la pandereta en Cuiabá. El proyecto funcionó durante un tiempo y luego se interrumpieron las actividades de percusión, continuando únicamente con las clases de capoeira. En 2018, el proyecto comenzó a desarrollarse en la iglesia del barrio.


Así que para un proyecto como este primero hay que mostrar a la comunidad que esto es importante. Además de ser un aspecto deportivo y social, es una herramienta de transformación social, tenía que mostrárselo a las familias. Hoy atendemos a unas 25 familias. [...]. Porque en una comunidad olvidada por los organismos públicos la delincuencia abrazará, las malas oportunidades serán más comunes (PROFESOR AUGUSTO, 2019).


Además de las actividades de capoeira, también organiza la Fiesta del Día del Niño y la Fiesta de Navidad, con la distribución de juguetes y cestas de productos básicos en el barrio. Para ello, realiza asociaciones y busca donaciones.




Si tenemos una gran proporción de juguetes, los entregamos en varios barrios; hemos entregado en más de 12 barrios de Cuiabá. Nos asociamos con la Policía Civil en 2017, por lo que cada año buscamos socios, voluntarios, [...] (PROFESOR AUGUSTO, 2019).


Otra acción desarrollada en el proyecto es la organización de un espectáculo cultural en el Teatro del Cerrado de Zulmira Canavarros, con presentaciones de capoeira, maculelê y danza folclórica cuiabana “siriri”:


La idea surgió cuando pensé: "¡La capoeira se merece algo bueno!". Esta comunidad necesita ver algo bueno, también fue una forma de dar un regalo a la comunidad y poner a la capoeira en el pedestal que se merece. Hacerlo con excelencia, con amor, pensando en el resultado final del evento. He participado en varias asociaciones, con el proyecto Siminina, con el grupo de capoeira Sandero, con el Grupo Gazeta, he participado en asociaciones con varios empresarios (PROFESOR AUGUSTO, 2019).


Augusto también destacó ese pensamiento en cada detalle, proporcionando dos autobuses para llevar a la comunidad al evento. El precio de la entrada era de dos kilos de comida, que se entregaban a la Sala de Mujeres de la Asamblea Legislativa, responsable del Teatro. El objetivo era recoger 700 kilos de alimentos para distribuirlos entre las comunidades necesitadas, o bien pagar unos 5.000 reales por el alquiler del teatro. Sin embargo, lograron recoger casi una tonelada de alimentos.

El profesor informó que para ayudar a este proceso creó el proyecto de sostenibilidad, para recoger materiales reciclables, convirtiendo el dinero de la venta de materiales en alimentos. Explicó a los alumnos del proyecto el concepto de sostenibilidad y reciclaje, y luego les pidió que empezaran a recoger materiales reciclables para venderlos. Sin embargo, para ello, abordó el tema de la capoeira y la sostenibilidad para sensibilizar y motivar a sus alumnos a reciclar:


Les expliqué lo que era artesanal y lo que era industrial para que fueran conscientes de ello, del valor de los materiales en este proceso. ¿De dónde viene el abadá? De algodón. ¿Y de dónde viene el algodón? De la tierra. Así que una cosa está conectada con otra. Tuve que explicárselo a los niños para que aceptaran la idea. En lugar de llegar con todo preparado, [...] (PROFESOR AUGUSTO, 2019).


El espectáculo cultural fue la culminación del proyecto de fin de año. Su esposa, socios y voluntarios ayudaron a organizarlo.




El caso del profesor Demétrius: proyecto de voleibol en la escuela


El profesor Demétrius desarrolla el proyecto deportivo social del voleibol en la escuela, idealizado a partir de la experiencia que tuvo en Volleyball Kids. El proyecto se desarrolla con grupos de iniciación y entrenamiento de voleibol. En la escuela municipal, el proyecto funciona dos veces por semana, con clases de 4º a 6º grado; en la escuela estatal ocurre tres veces por semana, con clases de 6º a 9º grado, siempre en horario extraescolar. Destacó algunos de los resultados deportivos y sociales de su proyecto:


Algunos estudiantes, en un momento dado, hacen selecciones para jugar y estudiar en escuelas públicas con becas. Varios tuvieron esta oportunidad y hoy tenemos tres atletas que están jugando en Sao Paulo. Hay una atleta que jugó en el Praia Clube, es una atleta profesional. Así que tuvimos algunos resultados en relación con este tipo de trabajo (PROFESOR DEMÉTRIUS, 2019).


Sin embargo, los resultados de su equipo de voleibol en las competiciones deportivas no es lo más importante, sino contribuir a la formación humana de sus alumnos:


Para mí, más que los resultados de los campeonatos y los títulos, lo más gratificante es ver la sonrisa, la satisfacción y el brillo en los ojos de mis alumnos y atletas. Es la gratitud del alumno que viene a abrazarte y te dice mirándote a los ojos: "¡Gracias profesor!" Así que... [se emociona]. ¡Para mí esto es lo más importante, porque sabemos que vamos a seguir un buen camino! [...]. Eso es lo más válido, están siguiendo su vida, no están en el camino equivocado. Y estamos transformando a la gente, ganando títulos que nos gustan, pero llegará un momento en que esto ya no tenga efecto, porque ya ha pasado varias veces. Pero la cuestión hoy para mí es la cuestión del ser humano, por eso digo, la cuestión de la espiritualidad, de ser bueno, como persona, de mirar al otro, de trabajar colectivamente, por lo que para mí es la mayor victoria. [...] (PROFESOR DEMÉTRIUS, 2019).


El proyecto no tiene financiación, así que para viajar y participar en competiciones, Demétrius y los alumnos hacen "vaquinha", rifas, venden pizza y cualquier otra acción que pueda recaudar fondos. En 2019 empezó a cobrar a los alumnos veinte reales para cubrir algunos gastos (participación en competiciones y mantenimiento del equipo). Además, suele utilizar su propio dinero, ya que los estudiantes no tienen condiciones económicas favorables. Para 2020, el profesor destacó la intención de crear una asociación para participar en concursos públicos para conseguir patrocinio.

Los balones utilizados en el proyecto pertenecen a las escuelas donde trabaja. Sobre los materiales disponibles, Demétrius dijo que es necesario mostrar el trabajo para recibir el apoyo de la escuela. Además, Demétrius destacó la importancia del apoyo para desarrollar su trabajo, tanto de los alumnos como de la dirección y la comunidad escolar. En el colegio



público en el que trabaja, el director es un antiguo atleta de voleibol y, por tanto, conoce la importancia del deporte.


El director [de la escuela] de Cuiabá ve el trabajo y me apoya también, así que todo es cuestión de implicación. La comunidad se involucra, todo el mundo se involucra en cuanto el profesor da su tiempo. Por eso mi tiempo en las dos escuelas está justificado. Tenemos una raíz, una conexión muy fuerte con la escuela porque hay esta participación (PROFESOR DEMÉTRIUS, 2019).


De este modo, Demétrius refuerza la importancia de tener una fuerte implicación del profesor con la comunidad en la que trabaja.


El caso del profesor Joami: proyecto de bádminton en la escuela


En el caso de Joami, su proyecto deportivo social es con el bádminton. Comenzó introduciéndolo en las clases de Educación Física y luego formó equipos de entrenamiento. Joami conoció este deporte cuando participó en una competición deportiva en Sinop, MT. Cuando presentó la idea de introducir este deporte en la escuela, el director, que también era profesor de educación física, le apoyó.

Según Joami, el bádminton empezó a conquistar a los alumnos de la escuela, así que empezó a investigar y a asistir a cursos para adquirir más conocimientos. Las redes sociales le ayudaron mucho en su búsqueda, conociendo al presidente de la Federación Sergipana de Bádminton, que le envió el reglamento, textos pedagógicos y le indicó las páginas web de la Federación Mundial de Bádminton (BWF) y de la Confederación Brasileña de Bádminton (CBB).

Joami descubrió un curso de bádminton en la ciudad de Natal, RN, en mayo de 2014, consiguiendo recursos para participar. Al volver del curso, decidió abandonar su entrenamiento de voleibol y comenzar sus clases de bádminton.


Así que estuve con 40 alumnos entrenando bádminton, y de estos 40 alumnos llevé a 10 a los Juegos Escolares de la Juventud en Tangará da Serra, MT. Allí me eligieron como entrenador del equipo de Mato Grosso para participar en los Juegos Escolares de la Juventud en Londrina, PR. (PROFESOR JOAMI, 2019).


Durante los Juegos de Londrina, PR, Joami recibió una invitación del Comité Olímpico Brasileño para participar en un curso gratuito para entrenadores de bádminton de nivel 1 durante el Congreso Brasileño de Deporte Escolar en 2015. En este curso, tuvo clases con un entrenador español, volviendo de allí con una mentalidad diferente. Además, participa



en un grupo en una aplicación de mensajería instantánea para intercambiar ideas y experiencias con otros profesores, y también utiliza una aplicación de bádminton en su teléfono móvil. A diferencia de los otros profesores de esta investigación, Joami no tenía experiencias previas con el deporte que desarrolló en el proyecto, por lo que se lanzó a la búsqueda de nuevos conocimientos.

Según Joami, desde 2014 su escuela tiene atletas de bádminton en los Juegos de la Juventud a nivel nacional. Esto ha dado credibilidad a su trabajo como entrenador y técnico con sus clases de formación. Entiende que cuando se trabaja con el entrenamiento es importante "aliar al ser humano con el atleta tanto como sea posible". Cuenta, por ejemplo, que un alumno que era extremadamente nervioso y luchaba por cualquier cosa, un día le dijo:


Profesor, ¡se lo debo al bádminton! He cambiado mi comportamiento y mi idea de la ética. La profesora Joami dijo: "Esta es una de las cosas que más me motivan, porque hacemos una diferencia no sólo en la parte física de los niños, sino principalmente en su desarrollo social". (PROFESOR JOAMI, 2019).


También añadió su preocupación por la formación humanística de sus alumnos/deportistas:


[...], pero creo que este es el aspecto más importante, de que marquemos el territorio con estos chicos, de que ellos miren y digan: "Este tipo fue mi profesor y lo recuerdo muy bien como profesor, ¡cómo me ayudó!" Creo que será un ser humano un poco mejor y eso es importante. (PROFESOR JOAMI, 2019).


Así, el profesor Joami entiende que la finalidad del entrenamiento deportivo no es sólo la formación técnica de los atletas y los resultados en las competiciones deportivas, sino que va mucho más allá, incluyendo la formación humana.

Sus alumnos/atletas ya han ganado competiciones a nivel regional, estatal y han participado en competiciones nacionales. Además, entre 2014 y 2019, el maestro Joami no fue el entrenador del equipo de bádminton de Mato Grosso en los Juegos de la Juventud de 2016, porque ese año clasificó a uno solo de sus atletas.


La visión de otros colegas sobre los profesores y sus proyectos


Sobre Augusto y el proyecto que desarrolla, su maestro de capoeira dijo que lo conoce desde 1999, cuando empezó a entrenar capoeira en el SESI.




Desde esa época siempre ha sido una persona comprometida con la capoeira, [...]. Siempre fomentó la práctica de la capoeira. Siempre formando nuevos ciudadanos, formando alumnos para la capoeira. Y se embarcó en ser también un fomentador de la cultura utilizando la capoeira. Hoy Augusto es un profesional de la educación física, comprometido y dedicado a lo que hace [...]. Es el tipo que no deja de pensar en cómo hacer las cosas mejor, y hoy es uno de los mejores profesionales de la capoeira. [...] (MÁSTER DE CAPOEIRA, 2020).


Además, el maestro de capoeira destacó otras cualidades de su discípulo, que ahora también es profesor:


[...].Augusto tiene una inserción muy bonita en la sociedad, va en busca de asociaciones y a veces los empresarios ayudan a los eventos. Si las familias de los alumnos necesitan algo, involucra a gente del barrio para que les ayude [...]. Por eso, además de enseñar capoeira, intenta ayudar de esta manera (MÁSTER DE CAPOEIRA, 2020).


Sobre Demétrius y el proyecto que desarrolla, entrevistamos al director de una de las escuelas donde trabaja. Tiene dos hijas que participan en el proyecto de voleibol en la escuela y también acompañan al profesor en viajes y competiciones. Conoce al profesor desde hace seis años y dice:


Es una persona comprometida con el deporte, es ética, seria y hace lo que realmente le gusta. [...], empecé a admirar el proyecto y aún más al profesor por la dedicación que tiene con el deporte. [...] los alumnos, los padres y yo como director sólo tenemos que agradecer (DIRECTORA, 2020).


En cuanto a los beneficios del proyecto, el director afirma que:


[...]el proyecto de voleibol es de suma importancia, porque además de evitar que los niños jueguen en la calle, hace que los alumnos se concentren en el proyecto. Y Demétrius es una persona muy exigente, tiene normas, reglas, los alumnos son muy disciplinados y sólo podemos ganar con ello. [...] (DIRECTORA, 2020).


En relación con Joami, la coordinadora de la escuela donde trabaja lo conoce desde hace quince años y dijo que:


Es un profesional muy dedicado. Es un profesor amigo de los alumnos, cariñoso. Los alumnos le respetan mucho, les gusta mucho. Es un profesor muy querido aquí en la escuela (COORDINADORA, 2020).


También expresó su opinión sobre el proyecto de bádminton:


A los alumnos les encanta el proyecto de bádminton y también incluye a alumnos de otras escuelas. El profesor forma a estos alumnos sin pedir nada a cambio. Es un proyecto que hace de corazón, con dedicación y amor. A los



padres les encanta, vienen a ver a sus hijos. [...], los alumnos están más motivados, han mejorado sus notas gracias al proyecto (COORDINADORA, 2020).


Así, la opinión de los colegas que conocen a los profesores y los proyectos desarrollados refuerzan las cualidades y características personales de los profesores. También reconocen los resultados de estos proyectos, tanto desde el punto de vista de la contribución al desarrollo humano de los alumnos como del trabajo social con los padres y las comunidades.


Discusión de los resultados


En los tres casos estudiados, los profesores ya han pasado por el ingreso y la estabilización en la carrera. Tienen, respectivamente, once (Augusto), nueve (Demétrius) y dieciocho (Joami) años de experiencia profesional, por lo que están en fase de diversificación. En esta etapa profesional, los profesores buscan experimentar y diversificar los contenidos, las estrategias de enseñanza, el material o, aún, la búsqueda de nuevos retos (y nuevos proyectos) para mantener el entusiasmo por la profesión (HUBERMAN, 1995). El profesor Joami tiene más tiempo de experiencia profesional, suponemos que se mueve hacia una renovación del interés por la profesión (GONÇALVES, 1995).

En cuanto a la socialización, la escolarización y la elección de carrera, los resultados indican que los profesores tuvieron contacto con el deporte todavía en la infancia o la adolescencia, y esta experiencia marcó la formación de estos profesores y les llevó a elegir la carrera de educación física. Además, Augusto tiene profesores en su familia y su madre estaba involucrada en proyectos sociales. A su vez, la educación religiosa marcó la formación del maestro Demétrius. Y la experiencia de campo contribuyó a la expansión de la cultura corporal del profesor Joami.

Cabe destacar que el tiempo de aprendizaje del trabajo no se limita a la vida profesional, sino que también incluye la existencia personal de los profesores, que en cierto modo, también aprendieron su oficio antes de empezarlo, en los aprendizajes del periodo de socialización escolar (TARDIF, 2007). Los estudios en el área de la Educación Física también han identificado la influencia de las prácticas deportivas o la identificación con los profesores preferidos en la elección de la profesión (FOLLE et al., 2009).

Sobre la formación universitaria en Educación Física, Augusto la considera suficiente, sin embargo, Demetrio y Joami informaron que esta formación no prepara suficientemente al profesor para su desempeño profesional. Sin embargo, los tres se esforzaron por adquirir





conocimientos y desarrollar habilidades en este periodo de formación inicial. Además, Demetrio cree que es importante que se aumente el número de horas de prácticas supervisadas en las escuelas, porque considera que los conocimientos teóricos son importantes, pero la enseñanza es muy práctica, de experiencia, de vivencia, y las universidades tienen que equipar mejor a los futuros profesores.

En este sentido, Hammerness, Darling-Hammond y Bransford (2019) señalan que muchos programas de formación docente han recibido críticas por ser excesivamente teóricos, con poca conexión con la práctica. A su vez, Darling-Hammond et al. (2019) sostienen que los futuros profesores se benefician de participar en la práctica de las prácticas, observando la enseñanza, trabajando estrechamente con profesores experimentados y esforzándose por poner en práctica lo que están aprendiendo.

Dos profesores de este estudio (Augusto y Demetrio) realizaron prácticas en proyectos de deporte social durante su periodo universitario. Además, Augusto es también animador cultural, Demetrio ha trabajado en la Guardia Municipal y fue árbitro de voleibol y Joami ha trabajado en la Secretaría Municipal de Deportes. Así, afirman que hay conocimientos y habilidades adquiridos en estas áreas que son transferibles al trabajo en proyectos sociales.

Según Bransford et al. (2019), los conocimientos y habilidades movilizados en la acción pedagógica de los docentes abarcan conocimientos y acciones aprendidas en otros ámbitos profesionales, más allá de la escuela. Estas competencias son útiles en sus prácticas pedagógicas y revelan la transferencia de los aprendizajes de manera que permiten resolver problemas que los profesores encontrarán más tarde en sus clases.

En cuanto a los deportes ofrecidos por los proyectos sociales estudiados, éstos fueron: capoeira para el profesor Augusto, voleibol para el profesor Demetrio y bádminton para el profesor Joami. Cabe destacar que Augusto y Demetrio tenían experiencias previas con los deportes en los que trabajaron en sus respectivos proyectos. Por su parte, Joami no tenía ninguna experiencia previa con el bádminton y tampoco tenía estos conocimientos en su curso de formación profesional. Por lo tanto, necesitaba adquirir conocimientos en relación con el bádminton participando en comunidades de aprendizaje informal a través de las redes sociales sobre el tema.

Los estudios sobre el desarrollo del profesorado dentro de las comunidades de aprendizaje destacan la importancia del conocimiento que se produce tanto en los contextos docentes como profesionales (HAMMERNESS; DARLING-HAMMOND; BRANSFORD, 2019). Así, se puede decir que Joami ha llegado a participar en un aprendizaje o comunidad de práctica, aunque sea de manera informal. En estas comunidades los profesores aprenden

RIAEE – Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 16, n. 4, p. 2475-2495, out./dez. 2021. e-ISSN: 1982-5587



juntos y proporcionan apoyo para el aprendizaje y la resolución de problemas (DARLING- HAMMOND et al., 2019).

Los tres estudios de caso mostraron que los profesores buscaban el apoyo de la dirección de la escuela o de la comunidad a la que servían los proyectos, considerando este apoyo y el compromiso social esenciales para poder hacer un buen trabajo. En este sentido, las investigaciones demuestran que para el profesional que trabaja en proyectos sociales deportivos no es suficiente conocer la comunidad, tener una conducta correcta, cumplir con sus obligaciones y tener el conocimiento técnico del área a trabajar, sino que también es necesario involucrarse y comprometerse con la comunidad que está trabajando, en una perspectiva de transformación social (HIRAMA; MONTAGNER, 2012).

Además, las investigaciones sobre proyectos deportivos sociales revisadas por Kravchychyn y Oliveira (2015) muestran que las asociaciones proyecto-escuela se muestran eficaces, pero algunos estudios revelan restricciones en la asistencia de los alumnos no matriculados en la escuela anfitriona del proyecto, disputas del uso de los espacios deportivos con las clases de Educación Física y la sustitución de la participación de estas clases para los alumnos que participan en el proyecto, resultado de la incomprensión institucional y pedagógica.

Los tres proyectos deportivos sociales estudiados no cuentan con financiación o patrocinio gubernamental o empresarial, pero los profesores y sus alumnos realizan campañas para recaudar fondos para mantener el proyecto, como rifas, venta de pizzas, recogida y venta de materiales reciclables, entre otras. Aquí podemos ver el uso de una solución creativa a la falta de financiación del proyecto: el profesor y los alumnos realizan promociones para recaudar fondos, demostrando su iniciativa y su capacidad para resolver problemas.

En cuanto al apoyo financiero para la implementación de proyectos deportivos, la revisión bibliográfica de Kravchynchyn y Oliveira (2015) muestra que la mayoría de los proyectos deportivos sociales analizados cuentan con apoyo financiero gubernamental, ya sea federal, especialmente el Programa Segundo Tiempo, o iniciativas de gobiernos estatales o municipales. De los 28 estudios analizados, sólo cuatro contaban con apoyo financiero de la iniciativa privada.

Dos de los profesores destacaron algunos resultados de sus equipos en competiciones deportivas y todos los profesores subrayaron que más importantes que los resultados deportivos son los resultados educativos de los proyectos y el desarrollo humano de sus alumnos. Las investigaciones demuestran que la participación en proyectos deportivos sociales puede contribuir al desarrollo de valores humanos como: la promoción de la salud, el



bienestar individual y colectivo, la autonomía, la socialización y la ciudadanía, las cuestiones éticas, así como la inhibición del consumo de drogas (SOUZA; CASTRO; MEZZADRI, 2012; SOUZA et al., 2010).

En el caso del profesor Augusto, vimos que su proyecto culminó en un teatro, con actuaciones de capoeira, maculelê y siriri. En el caso de los proyectos de danza social y/o escolar es habitual la realización de un espectáculo o festival a final de curso o en una fecha señalada (MARQUES, SURDI; KUNZ, 2013), que contribuye a la difusión del proyecto, a la educación estética de padres e hijos, a la autoestima de los alumnos, y valora el trabajo realizado (STRAZZACCAPPA, 2003).


Consideraciones finales


Esta investigación investigó las trayectorias de formación y desempeño profesional de los profesores de Educación Física que trabajan en proyectos deportivos sociales. Se evidenció que estos profesores tuvieron contacto con el deporte en proyectos sociales o en la escuela. El deporte tuvo un papel importante en la socialización preprofesional de estos profesores. Pero otros aspectos de sus historias vitales también marcaron su formación preprofesional, como la educación familiar, la escolarización y el entorno social en el que crecieron. La elección de la profesión se hizo por la implicación de los profesores con el deporte.

En cuanto a la formación docente, es evidente la necesidad de repensar la formación, potenciando las prácticas y las actividades que establezcan conexión directa con el "terreno escolar", así como con las comunidades en las que se insertan los alumnos. Así, las prácticas extracurriculares en proyectos deportivos sociales o la búsqueda de nuevos conocimientos y competencias profesionales para actuar en los proyectos se presentan con potencial formativo y fueron aspectos destacados para la actuación de los profesores en proyectos deportivos sociales.

Los profesores también han trabajado en otros segmentos del área (animador cultural, árbitro, Secretaría Municipal de Deportes) y lograron extraer el aprendizaje y adaptarlo al trabajo con proyectos deportivos. Además de la formación técnica y de los resultados deportivos de sus equipos en las competiciones, estos profesores se preocupan mucho por la formación humanística de sus alumnos.

Los proyectos analizados no están financiados, pero los profesores han encontrado soluciones creativas para financiarlos y trabajar voluntariamente. Por último, estos profesores




demostraron un fuerte compromiso educativo y social con sus alumnos y comunidades, actuando como actores sociales comprometidos con la formación de las nuevas generaciones, con la preocupación esencial de transformar a sus alumnos en mejores personas a través del deporte y sus enseñanzas.


REFERENCIAS


BRANSFORD, J. et al. As teorias da aprendizagem e seus papéis no ensino. In: DARLING- HAMMOND, L.; BRANSFORD, J. (org.). Preparando os professores para um mundo em transformação: o que devem aprender e estar aptos a fazer. Trad. Cristina Fumagalli Mantovani. Porto Alegre: Penso, 2019. p. 35-74.


CASTRO, S. B. E.; SOUZA, D. L. Significados de um projeto social esportivo: um estudo a partir das perspectivas de profissionais, pais, crianças e adolescentes. Movimento, Porto Alegre, v. 17, n. 4, p. 145-163, out./dez. 2011.


COORDENADORA. Entrevista. Cuiabá, MG, 28 abr. 2020.


DARLING-HAMMOND, L. et al. A elaboração de programas de formação de professores. In: DARLING-HAMMOND, L.; BRANSFORD, J. (org.). Preparando os professores para um mundo em transformação: o que devem aprender e estar aptos a fazer. Trad. Cristina Fumagalli Mantovani. Porto Alegre: Penso, 2019. p. 333-377.


DIRETORA. Entrevista. Cuiabá, MG, 28 abr. 2020.


FEITOSA, W. M. N.; NASCIMENTO, J. V. Competências do profissional de Educação Física para a docência, treinamento esportivo e orientação de atividades físicas. In: FOLLE, A.; FARIAS, G. O. (org.). Educação Física: prática pedagógica e trabalho docente.

Florianópolis: UDESC, 2012. p. 87-104.


FOLLE, A. et al. Construção da carreira docente em educação física: escolhas, trajetórias e perspectivas. Movimento, Porto Alegre, v. 15, n. 1, p. 25-49, jan./mar. 2009.


GONÇALVES, J. A. M. A carreira das professoras do ensino primário. In: NÓVOA, A. (org.). Vidas de professores. 2. ed. Porto: Porto Ed., 1995. p. 141-169.


GOODSON, I.F. Dar voz ao professor: as histórias de vida dos professores e o seu desenvolvimento profissional. In: NÓVOA, A. (org.). Vidas de professores. 2. ed. Porto: Porto Ed., 1995. p. 63-78.


HAMMERNESS, K.; DARLING-HAMMOND, L.; BRANSFORD, J. Como os professores

aprendem e se desenvolvem. In: DARLING-HAMMOND, L.; BRANSFORD, J. (org.). Preparando os professores para um mundo em transformação: o que devem aprender e estar aptos a fazer. Trad. Cristina Fumagalli Mantovani. Porto Alegre: Penso, 2019. p. 306- 332.


HIRAMA, L. K.; MONTAGNER, P. C. Algo para além de tirar da rua: o ensino do esporte




em projeto socioeducativo. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, Florianópolis, v. 34, n. 1, p. 149-164, jan./mar. 2012.


HIRAMA, L. K.; MONTAGNER, P. C. Algo para além de tirar da rua: o ensino do esporte em projeto socioeducativo. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, Florianópolis, v. 34, n. 1, p. 149-164, jan./mar. 2012.


HUBERMAN, M. O ciclo de vida profissional dos professores. In: NÓVOA, A. (org.). Vidas de professores. 2. ed. Porto: Porto Editora, 1995. p. 31-61.


KRAVCHYCHYN, C.; OLIVEIRA, A. A. B. Projetos e programas sociais esportivos: um estudo de revisão. Movimento, Porto Alegre, v. 21, n. 4, p. 1051-1064, out./dez. 2015.


MARQUES, D. A. P.; SURDI, A. C.; KUNZ, E. “Projeto de dança Uniguaçu”: tecendo experiências pedagógicas. Motrivivência, Florianópolis, ano XXV, n. 40, p. 153-167, jun. 2013.


MESTRE DE CAPOEIRA. Entrevista. Cuiabá, MG, 28 abr. 2020.


PAILLÉ, P.; MUCHIELLI, A. L’analyse qualitative en sciences humaines et sociales. Paris: Armand Colin, 2012.


PROFESSOR AUGUSTO. Entrevista. Cuiabá, MG, 11 dez. 2019. PROFESSOR DEMÉTRIUS. Entrevista. Cuiabá, MG, 3 nov. 2019. PROFESSOR JOAMI. Entrevista. Cuiabá, MG, 16 out. 2019.

SOUZA, D. L. et al. Determinantes para a implementação de um projeto social. Motriz, Rio Claro, v. 16, n. 3, p. 689-700, jul./set. 2010.


SOUZA, D. L.; CASTRO, S. B.; MEZZADRI, F. M. Facilitadores e barreiras para a implementação e participação em projetos sociais que envolvem atividades esportivas: os casos dos projetos Vila na Escola e Esporte Ativo. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, São Paulo, v. 26, n. 3, p. 419-430, jul./set. 2012.


STRAZZACAPPA, M. Dança na educação: discutindo questões básicas e polêmicas. Pensar a Prática, Goiânia, v. 6, p. 73-85, jun./jul. 2003.


TARDIF, M. Saberes docentes e formação profissional. Trad. Francisco Pereira. 8. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2007.


TAVARES, Â. F.; COSTA, V. L. M.; TUBINO, M. J. G. Recreação esportiva e seus desafios corporais no Complexo do Alemão. Motriz, Rio Claro, v. 16, n. 1, p. 258-268, jan./mar.

2010.


YIN, R. K. Estudos de caso: planejamento e métodos. Trad. Daniel Grassi. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2015.




Cómo referenciar este artículo


GODOI, M. R.; KAWASHIMA, L. B.; MOREIRA, E. C. Compromiso educacional y social: trayectorias de profesores que desarrollan proyectos sociales deportivos. Revista Ibero- Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 16, n. 4, p. 2475-2495, out./dez. 2021. e-ISSN: 1982-5587. DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v16i4.13910


Enviado el: 12/07/2021 Revisiones necesarias: 15/08/2021 Aprobado el: 13/09/2021 Publicado el: 21/10/2021




EDUCATIONAL AND SOCIAL COMMITMENT: TRAJECTORIES OF TEACHERS THAT DEVELOP SPORTS SOCIAL PROJECTS


COMPROMISSO EDUCACIONAL E SOCIAL: TRAJETÓRIAS DE PROFESSORES QUE DESENVOLVEM PROJETOS SOCIAIS ESPORTIVOS


COMPROMISO EDUCACIONAL Y SOCIAL: TRAYECTORIAS DE PROFESORES QUE DESARROLLAN PROYECTOS SOCIALES DEPORTIVOS


Marcos Roberto GODOI1 Larissa Beraldo KAWASHIMA2 Evando Carlos MOREIRA3


ABSTRACT: This research analyzes the formative and professional trajectories of three teachers who develop social sports projects of capoeira, volleyball, and badminton. This is a descriptive and multi-case study, anchored in the narrative research tradition. Sports marked the pre-professional socialization, as well as family and school education. They acquired experience doing the extracurricular internships in sport projects or had to seek new knowledge to act. Two teachers are in the career diversification phase and the most experienced teacher is in the stage of renewing interest in the profession. Sports social projects have no funding; teachers work voluntarily and have found creative solutions to finance expenses. In addition to technical training and results in competitions or sporting events, teachers are very concerned with the human education of the public served, demonstrating a strong educational and social commitment to their students and communities.


KEYWORDS: Teacher education. Professional acting. Sport. Social projects.


RESUMO: Esta pesquisa analisa as trajetórias formativa e profissional de três professores que desenvolvem projetos sociais esportivos de capoeira, voleibol e badminton. Este é um estudo descritivo e multicasos, ancorado na tradição de investigação narrativa. O esporte marcou a socialização pré-profissional dos professores, bem como a educação familiar e escolar. Eles adquiriram experiência fazendo estágios extracurriculares em projetos esportivos ou tiveram que buscar novos conhecimentos para atuar. Dois professores encontram-se na fase de diversificação da carreira e o professor mais experiente no estágio de renovação do interesse pela profissão. Os projetos sociais esportivos não têm financiamento, os professores


1 Federal Institute of Education, Science and Technology of Mato Grosso (IFMT), Cuiabá – MT – Brazil. Teacher at the Municipal Education Network of Cuiabá-MT and Substitute Professor at the Federal Institute of Education. Research group: Body, Education and Culture. Doctorate in Educational Sciences (UDEM) – Canada. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-9238-4704. E-mail: marcos.godoi@cba.ifmt.edu.br

2 Federal Institute of Education, Science and Technology of Mato Grosso (IFMT), Cuiabá – MT – Brazil. Professor at the Federal Institute of Education and Coordinator of the Teaching Degree in Physical Education. Research group: Physical Education in Vocational High School. Doctorate in Education (UFMT). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-2613-9647. E-mail: larissa.kawashima@cba.ifmt.edu.br

3 Federal University of Mato Grosso (UFMT), Cuiabá – MT – Brazil. Associate Professor III at the College of Physical Education. Research Group: School Physical Education and Pedagogical Practices. Doctorate in Physical Education (UNICAMP). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-5407-7930. E-mail: evando@ufmt.br




trabalham voluntariamente e encontraram soluções criativas para financiar as despesas. Além da formação técnica e dos resultados em competições ou eventos esportivos, os professores preocupam-se muito com a formação humana do público atendido, demonstrando um forte compromisso educacional e social com seus alunos e comunidades.


PALAVRAS-CHAVE: Formação docente. Atuação profissional. Esporte. Projetos sociais.


RESUMEN: Este investigación analiza las trayectorias formativa y profesional de tres maestros que desarrollan proyectos sociales deportivos de capoeira, voleibol y bádminton. Este es un estudio descriptivo y de casos múltiples, anclado en la tradición de la investigación narrativa. El deporte marcó la socialización pre profesional de los docentes, así como la educación familiar y escolar. Adquirieron experiencia haciendo pasantías extra curriculares en proyectos deportivos o tuvieron que buscar nuevos conocimientos para actuar. Dos maestros están en la fase de diversificación profesional y el maestro más experimentado se encuentra en la etapa de renovar el interés en la profesión. Los proyectos sociales deportivos no tienen fondos, los maestros trabajan voluntariamente y han encontrado soluciones creativas para financiar los gastos. Además de la capacitación técnica y los resultados en competiciones o eventos deportivos, los maestros están muy preocupados con la educación humana del público atendido, lo que demuestra un fuerte compromiso educativo y social con sus estudiantes y comunidades.


PALABRAS CLAVE: Formación docente. Actuación profesional. Deporte. Proyectos sociales.


Introduction


Social sporting programs and projects have been offered to children, teenagers and adults, by government initiative or by non-governmental organizations (NGOs). Far beyond training athletes, such programs and projects often aspire to broader goals, such as promoting citizenship, health, and socialization of their participants, generally in a situation of social vulnerability.

Researchers have been interested in studying this subject from different perspectives, whether analyzing the facilitators and barriers in project implementation (SOUZA et al., 2010; SOUZA; SOUZA; CASTRO, 2013); sport as a tool for well-being and socialization (TAVARES; COSTA; TUBINO, 2010); the main meanings attributed to the project by parents, students and teachers (CASTRO; SOUZA, 2011); or even understand the changes in the daily lives of adolescents and contribute to the structuring of the guiding axis (HIRAMA; MONTAGNER, 2012).

According to Kravchychyn and Oliveira (2015), the management of sports projects presents complex structuring, implementation and evaluation processes; prioritize beneficiaries




in situations of social vulnerability, with a salvationist vision and generous objectives, but there are management difficulties.

According to this study, sporting social programs and projects are concerned with teaching, developing and promoting health, autonomy, cooperation, socialization, citizenship and inhibition of drug use, with individual and collective well-being and with ethical issues. On the other hand, there are also projects that are concerned with preparing students for the practice of sports and participation in sports competitions, seeking to demystify the harmfulness of sport for the education of students, also considering the expectations and justifications of students for adherence and permanence in projects.

Regarding the skills of professionals who work with sport, in the dimension of incentive skills, professionals must: value individualities; diversify the work methodology; use techniques that increase the group's level of motivation; provide a pleasant environment for practice; integrate into the group, improving the relationship. In the attitudes dimension, the professional must have: humility, patience, ethical posture in human relations; persistence; posture and commitment; sincerity in relationships; punctuality and attendance and attitudes of leadership, trust and enthusiasm (FEITOSA; NASCIMENTO, 2012).

Given the above, it instigates us to know: what were the trajectories that these teachers followed and that led them to offer social sports projects? As a result, the aim of this study was to investigate and analyze the formative and professional paths of teachers who develop social sports projects.


Theoretical-methodological framework


The theoretical framework of this study is based on studies on teachers' life histories and professional development (TARDIF, 2007; GONÇALVES, 1995; HUBERMAN, 1995,

NÓVOA, 1995).

It is worth noting that teacher education is a continuum that begins even before professional formation at university and extends throughout professional life. Pre-professional socialization comprises the teacher's personal background, linked to their life history, their socialization in the family and social groups, their education, their personality and learning about certain aspects of the profession, even before professional formation (TARDIF, 2007).

In addition, throughout their careers, teachers go through different stages or phases: entry into a career marked by the survival and discovery of the profession; stabilization characterized by the feeling of growing pedagogical competence; the diversification and




experimentation of new work methods and, towards the end of the career, there may be a renewal of interest in the career or a disinvestment in relation to the profession, the latter which can be serene or bitter (HUBERMAN, 1995; GONÇALVES, 1995).

Studies on the life histories of teachers also highlight that “the teacher is the person; and an important part of the person is the teacher” (NIAS, 1991 apud NÓVOA, 1995, p. 15, our translation). In other words, the personal characteristics or personality of teachers play an important role in the exercise of the teaching profession.

This research is characterized by being qualitative, descriptive and multi-case study, carried out with three Physical Education teachers who work in public schools in Mato Grosso. Multi-case studies allow discovering convergences and similarities between several cases, but also contribute to the analysis of the particularities of each case (YIN, 2015).

The table below summarizes the profile of the survey participants.


Table 1 – Teachers Profile


Teacher

Age

Time of experience

Schools

Sports social projects


Augusto


33 years


11 years

Private confessional school

Capoeira project in an underprivileged community


Demétrius


42 years


9 years

Municipal school in Cuiabá and state school in Várzea Grande- MT

Volleyball project at school


Joami


48 years


18 years

Municipal public schools in Campo Verde-MT

Badminton project at school

Source: Devised by the authors


The selection of collaborating professors, research subjects, was intentional. The three professors stand out in the sports and cultural milieu of the cities where they live for their work with social sporting projects. People who know the professors and the projects developed were also interviewed, with the purpose of validating and giving greater credibility to the information presented by the professors.

First, the research proposal was presented to the professors, who signed the free and informed consent term, also consenting to their names being disclosed. Then, a timeline was built to highlight the significant periods of formation and professional performance. We use a semi-structured interview guide about the trajectory of formation and professional performance. The interviews took place between the months of October and December 2019 and were carried out in person or through video calls and recorded in audio. These had an average

duration of 1h27. Afterwards, the interviews were transcribed.




Regarding the analytical work, the continued thematic analysis was used (PAILLÉ; MUCHIELLE, 2012), that is, at first, we analyzed the corpus (interview transcripts) to constitute a thematic list based on the conceptual categories arising from the theoretical framework; then, this list of categories was applied to the entire corpus, but with the possibility that new themes (emerging categories) were added during the analysis. The analysis categories were then grouped into units by thematic approach.


Trajectories of teacher formation and performance


The results of this study will be presented below, grouped into five thematic units: 1) socialization, schooling, career choice; 2) professional formation and internships; 3) other professional experiences; 4) social sports projects developed; and 5) another colleague's view of the teacher and the project.


Socialization, schooling, career choice and teachers' personality


Regarding pre-professional socialization, Augusto narrated that he had contact with sport in his childhood and adolescence, practicing futsal and capoeira in sporting social projects. In addition, he is from a family of teachers and as a teenager he participated as a volunteer in social projects in which his mother was involved.


My mother carried out projects, social actions in her neighborhood. When she died, she asked me and my siblings to continue: "Whatever happens my son, believe in your dreams, don't stop helping people!" That's what I remember, she in the hospital saying it to me, hugging me (TEACHER AUGUSTO, 2019, our translation).


As for his education, Augusto studied the early years of elementary school in a private school, as his family wanted him to have a good initial base. Afterwards he studied at a public school until finishing high school. He also reported that his professional choice was because he enjoys sports and has been involved in it since he was a child.

Likewise, Demetrius became involved with the sport from an early age, encouraged by his family. He trained volleyball in a social sports project offered by SESC and, in this regard, narrated:


[...]. So, I started to get involved in sports from an early age, [...]. And I owe a lot of my professional training to this sporting issue, because I learned to have discipline, respect, to listen to the other, to be a partner, to work with the





collective, with the social, [...]. And the social project is very much aimed at the formation of a person, not just athletic training (TEACHER DEMÉTRIUS, 2019, our translation).


He studied all of Elementary School and High School in a private confessional school, noting that the formation he received at this school influenced him a lot, changing his way of being.


So, I learned to listen, to know the moment in order to express myself. The question of spirituality influences all the time. To this day it is very latent in my professional side. [...]. It helps me to have peace of mind when making a decision in front of students or colleagues. I try to take this formation to both my athletes and my physical education students (TEACHER DEMÉTRIUS, 2019, our translation).


Due to his involvement with the sport and the fact that he had good teachers who encouraged him, he chose the teaching degree course in Physical Education. Before that, he studied law and worked in the Municipal Guard, but he had some disappointments and decided to attend physical education.

In Joami's case, he is the son of farmers, he lived his childhood and adolescence in the countryside, having to study and work at the same time. Furthermore, this period provided an opportunity to diversify its repertoire of movements:


The practice of sports has always been closely linked to me due to this diversity of movement on the field: climbing trees, running in the sand, chasing rheas, reaching into an armadillo burrow, running away from the collared peccary [...] (TEACHER JOAMI, 2019, our translation).


His father was a sportsman, but Joami only had the opportunity to have contact with school sports after he moved to the city, participating in volleyball and athletics teams. Due to this involvement with the sport and for having teachers who influenced him, he chose the Physical Education course.


Professional formation and internships


As for professional formation, Augusto studied Physical Education at a private university between 2004 and 2008. From this period, he described:


[The formation] was enough, but I also looked for a qualification, within the college I tried to do every type of course I had. Every kind of lecture I was involved in, I watched [...] (TEACHER AUGUSTO, 2019, our translation).




During this period, in addition to the supervised internship in schools, he also worked as an intern at SESI and declared that:


SESI was a great school because I had a lot of opportunities. There I worked with gymnastics, water aerobics and capoeira. I learned several aspects, event organization, even how to approach and sell projects [...]. So, it was a great experience. That period was very valid for my construction as a professional (TEACHER AUGUSTO, 2019, our translation).


Demetrius studied Physical Education between 2006 and 2010; he started the course at a private institution, but later transferred to a public university.


I believe that college does not prepare enough, [...], physical education is very practical. Do you have to have the theory? Yes, but the internship should have a higher workload, because at the end of college you would have baggage to work at school and not get beaten up in the first years [...] (TEACHER DEMÉTRIUS, 2019, our translation).


During college, he completed supervised internships at schools, but also did a paid internship in the social sports project Vôlei Kids, which serves after-school students, aged between 7 and 16, and is sponsored by partner companies. He continued working on this project until the year 2013. From this professional experience, he narrated that:


I arrived at Vôlei Kids at the heyday of my competitiveness and Vôlei Kids is a social project that has other goals. Then I started to understand that the objective was to form people, that there was also athletic training, but it wasn't the emphasis. So, I worked a lot on this other side that I needed to work [...] (TEACHER DEMÉTRIUS, 2019, our translation).


Joami studied a full degree in Physical Education at a public university between 1997 and 2001. He said that he took advantage of his college period, studying hard and trying to extract as much knowledge as possible from his professors. he cited several professors and disciplines that marked his academic trajectory. However, he considers that:


[...] we don't come out prepared for work. It's totally different out here, but we can enjoy a lot. I work with students who have down, who have ADHA, who are autistic, and I didn't learn to deal with that in college. I had to learn here, outside, take courses, read and learn a lot from the students (TEACHER JOAMI, 2019, our translation).


In addition to the mandatory supervised internships, he also carried out paid internships in private schools and gyms.





Other professional experiences


In addition to teaching physical education at the schools where they work, all teachers have already worked or are still working in other areas. Augusto is also a cultural animator:


In mid-2008 I said: “I'm going to open a party entertainment company”. Since then, we've only been investing and growing [...]. This role as a cultural producer is magnificent, but it was not built overnight. When I entered college I didn't think I would be a cultural producer, but I was always curious to see how it worked. [...] (TEACHER AUGUSTO, 2019, our translation).


In the case of Demetrius, before starting to work in schools, he was a volleyball referee between 2000 and 2016. He also worked in the Municipal Guard. From this period he narrated that:


The Municipal Guard taught me to see everything differently, [...]. He taught me that everyone has their value [...] I became more disciplined, because it was a period when I was very undisciplined, but I also learned to shut up. As it was a military institution, I didn't really agree, but you have to reflect and keep working because you needed that. During this period, some situations made me think: “Wow, this is not the path I want to follow. [...] so I'll have to study!” (TEACHER DEMÉTRIUS, 2019, our translation).


From his experience as a volleyball referee, Demetrius highlighted that he learned about organization and professionalism. He also said that these characteristics contributed to his classes and to his volleyball project, as he considers the issue of impartiality, of being able to establish something that is important for the whole group and in harmony. In addition, he seeks to share these skills with his students.

After graduation, Joami moved from Cuiabá to Campo Verde, MT. He taught Physical Education at a private school and coached the school beach volleyball team between 2002 and 2003, then started coaching the school court volleyball team between 2003 and 2007. He was also sports coordinator in Campo Verde, MT, between 2006 and 2008, and municipal sports secretary for Campo Verde, MT, between 2008 and 2012.


I believe that during this period I learned mainly about people management, managing conflict, creating harmony between these people who are extremely different in a collective team [...] (TEACHER JOAMI, 2019, our translation).


Once the experiences of teachers in other areas are presented, the projects developed by them will be described below.





The sports social projects


The case of professor Augusto: a capoeira project in the community


Augusto started the project “Ritmo solidário: quintal da Mara” in 2017, developing samba and percussion activities for underprivileged children in the João Bosco Praeirinho neighborhood. This was a dream of his mother, who was the first woman to play the tambourine in Cuiabá. The project worked for a while and then the percussion activities were paralyzed, continuing only with capoeira classes. In 2018, the project started to be developed in the neighborhood church.


So, for a project like this first one, you have to show the community that what's important there. In addition to being a sporting, social aspect, it is a tool for social transformation, I had to show this to the families. Today we serve around 25 families. [...]. Because in a community that is forgotten by public bodies, crime will embrace, bad opportunities will be more common (TEACHER AUGUSTO, 2019, our translation).


In addition to capoeira activities, he also organizes the Children's Day Party and the Christmas Party, with delivery of toys and food baskets in the neighborhood. For this, he forms partnerships and seeks donations.


If we have a large proportion of toys, we deliver them to several neighborhoods, we have already delivered them to more than 12 neighborhoods in Cuiabá. We partnered with the Civil Police in 2017, so each year we look for partners, volunteers [...] (TEACHER AUGUSTO, 2019, our translation).


Another action developed in the project is the holding of a cultural show at Teatro do Cerrado Zulmira Canavarros, with performances of capoeira, maculelê and “siriri” folk dance of Cuiabá:


The idea came from me thinking: “Capoeira deserves good things!” This community needs to see something good, it was also a way of giving the community a gift and putting capoeira on the pedestal it deserves. Doing with excellence, with love, thinking about the final result of the event. I involved several partnerships, with the Siminina project, with the Sandero de capoeira group, with the Gazeta Group, I was involved in partnerships with several entrepreneurs (TEACHER AUGUSTO, 2019, our translation).


Augusto also highlighted that he thought of all the details, providing two buses to take the community to the event. The entry was two kilos of food, which were delivered to the Legislative Assembly's Women's Room, responsible for the Theater. The goal was to collect





700 kilos of food to be distributed to needy communities or pay around 5,000 reais to rent the theater. However, they managed to collect nearly a ton of food.

The professor reported that to help in this process, he created the sustainability project, to collect recyclable materials, turning the money from the sale of materials into food. He explained the concept of sustainability and recycling to the project students, then asked them to start collecting recyclable materials for sale. However, for that, he addressed the topic of capoeira and sustainability to raise awareness and motivate his students towards recycling:


I explained what was artisanal and what was industrial for them to be aware of it, the value of materials in this process. Where does the shirt come from? From cotton. And where does cotton come from? From the earth. So, one thing connects to another. I had to explain to the children so they could embrace the idea. Instead of arriving with everything ready [...] (TEACHER AUGUSTO, 2019, our translation).


The cultural spectacle was the culmination of the project at the end of the year. He had the collaboration of his wife, partners and volunteers for his organization.


The case of teacher Demetrius: school volleyball project


Professor Demétrius develops the volleyball social sports project at the school, conceived based on his experience with Vôlei Kids. The project is developed with volleyball initiation and training classes. At the municipal school, the project works twice a week, with classes from 4th to 6th grade; at the state school it takes place three times a week, with classes from 6th to 9th grade, always after shift. He highlighted some of the sporting and social results of his project:


Some students, at a given time, do selective to play and study in private schools with scholarships. Several had this opportunity and today we have three athletes who are playing in São Paulo. There is an athlete who played at Praia Clube, she is a professional athlete. So, we had some results in relation to this type of work (TEACHER DEMÉTRIUS, 2019, our translation).


However, the results of your volleyball team in sports competitions is not the most important thing, but rather contribute to the human development of students:


For me, more than results in championships and titles, the most rewarding thing is seeing the smile, satisfaction and sparkle in the eyes of my students and athletes. It is the gratitude of the student who hugs you and says looking into his eyes: "Thank you teacher!" So... [gets emotional]. For me this is the most important thing, because we know we are going to follow a good path! [...]. This is what is most valid, they are following their lives, they are not on




the wrong path. And we are transforming people, winning titles we like, but there will come a time when this no longer works, because it has happened several times. But the issue for me today is the issue of the human being, that's why I say, the issue of spirituality, of being good as a person, of looking at the other, of working collectively, so for me this is the biggest victory. [...] (TEACHER DEMÉTRIUS, 2019, our translation).


The project does not have funding, so to travel and participate in competitions, Demetrius and the students do “funding projects”, raffles, sell pizza and any other action that can raise financial resources. In 2019, it began to charge students twenty reais to cover some expenses (participation in competitions and equipment maintenance). Furthermore, they often use their own money, as the students are not in a favorable economic situation. For 2020, the professor highlighted the intention of creating an association to participate in public notices to get sponsorship.

The balls used in the project are from the schools where he works. Regarding the materials available, Demetrius explained that it is necessary to show work to receive support from the school. In addition, Demetrius highlighted the importance of support to develop his work, both from the students and also from the management of the school and the school community. At the school in the state where he works, the principal is a former volleyball athlete and, therefore, knows the importance of the sport.


The principal [of the school] in Cuiabá sees the work and supports me too, so everything is a matter of involvement. The community gets involved, everyone gets involved from the moment there is this delivery of the teacher. So, that's what justifies all my time at both schools. We have a root, a very strong connection with the school because there is this involvement (TEACHER DEMÉTRIUS, 2019, our translation).


In this way, Demetrius reinforces the importance of having a strong involvement of the teacher with the community in which he works.


The case of teacher Joami: badminton project at school


In Joami's case, his social sports project is with badminton. He started by introducing him to Physical Education classes and then formed training teams. Joami got to know this sport when she participated in a sports competition in Sinop, MT. When presenting the idea of introducing this sport at school, the director, who was also a physical education teacher, supported him.

According to Joami, badminton started to win over the school's students, then began to research and participate in courses to acquire more knowledge. Social networks helped him a



lot in his search, meeting the president of the Sergipe Federation of Badminton, who sent him the rules, educational texts and referred him to the website of the Badminton World Federation (BWF) and the Brazilian Confederation of Badminton (CBB).

Joami discovered a badminton course in the city of Natal, RN, in May 2014, getting resources to participate. Upon returning from the course, he decided to abandon volleyball training and start his badminton classes.


So, I was with 40 students training badminton, from these 40 students I took 10 students to the Youth School Games in Tangará da Serra, MT. There I was chosen to be the Mato Grosso national team coach to participate in the Youth School Games in Londrina, PR (TEACHER JOAMI, 2019, our translation).


During the Games in Londrina, PR, Joami received an invitation from the Brazilian Olympic Committee to participate free of charge in a course for level 1 badminton coach, during the Brazilian Congress of School Sports, in 2015. In this course, he took classes with a Spanish coach, coming back from there with another mindset. In addition, he participates in a group on an instant messaging app to exchange ideas and experiences with other teachers, and also uses a badminton app on his cell phone. Unlike the other teachers in this research, Joami had no previous experience with the sport that she developed in the project, so he launched himself in search of new knowledge.

According to Joami, since 2014 his school has had badminton athletes in the Youth Games nationwide. This gave credibility to his work as a trainer and coach with his training classes. He understands that when he works with training, it is important to “align the human being with the athlete as much as possible”. He narrates, for example, that a student who was extremely nervous and fought over anything, one day told him:


Teacher, this I owe to badminton! I changed my behavior and my idea of what ethics is!” Teacher Joami said: So, this is one of the things that motivates me the most, because we make a difference not only in the physical part of children, but mainly in their social development! (TEACHER JOAMI, 2019, our translation).


He also added his concern about the humanistic formation of his students/athletes:


[...] but I think this is the most important aspect, of us marking the territory with these guys, of them looking and saying: “This guy was my teacher and I remember him very well as a teacher, in what he helped me!" I think he's going to be a little better human being and that's important! (TEACHER JOAMI, 2019, our translation).




Thus, professor Joami understands that sports training is not intended only for the technical training of athletes and results in sports competitions, but goes much further, including human formation.

Its students/athletes have already won competitions at the regional and state level and have participated in national competitions. Furthermore, between 2014 and 2019, Teacher Joami was not the only coach of the badminton team in Mato Grosso at the 2016 Youth Games, because that year he classified only one of his athletes.


The view of other colleagues about teachers and their projects


Regarding Augusto and the project he is developing, his capoeira master said that he has known him since 1999, when he started training capoeira at SESI.


Since that period, he has always been a person committed to capoeira, [...]. He always encouraged the practice of capoeira. Always forming new citizens, forming students for capoeira. And he embarked on also being a promoter of culture using capoeira. Today Augusto is a Physical Education professional, committed and dedicated to what he does [...]. He is the guy who keeps thinking about how to do better and today he is one of the best professionals who work with capoeira [...] (CAPOEIRA MASTER, 2020, our translation).


In addition, the capoeira master highlighted other qualities of his disciple, who is now also a teacher:


[...]. Augusto has a very nice insertion in society, he seeks partnerships and sometimes businessmen help the events. If the students' families are in need of something, he involves people of the neighborhood to assist the family [...]. So, in addition to teaching capoeira, he tries to help in this way (CAPOEIRA MASTER, 2020, our translation).


About Demetrius and the project he is developing, we interviewed the principal of one of the schools where he works. She has two daughters who participate in the school's volleyball project and also accompany the teacher on trips and competitions. She has known the teacher for six years and said:


He is a person committed to the sport, is ethical, serious and does what he really enjoys. [...], I started to admire the project and even more the teacher for his dedication to the sport. [...] the students, parents and I, as a principal, can only be grateful (PRINCIPAL, 2020, our translation).


Regarding the benefits of the project, the principal states that:





[...] the volleyball project is of paramount importance, because in addition to taking children away from playing in the street, it makes students focus on the project. And Demetrius, for being a very demanding person, he has rules, the students are very disciplined and with that we can only gain. [...] (PRINCIPAL, 2020, our translation).


Regarding Joami, the coordinator of the school where he works has known him for fifteen years and said that:


He is a very dedicated professional. He is a teacher who is friend of the students, loving. Students respect him a lot, like him a lot. He is a very loved teacher here at the school. (COORDINATOR, 2020, our translation).


She also expressed her views on the badminton project:


Students love the badminton project and also includes students from other schools. The teacher trains these students without asking for anything in return. It's a project he does from the heart, with dedication and love. Parents love it, come and watch the kids. [...], the students are more motivated, their grades improved due to the project (COORDINATOR, 2020, our translation).


In this way, the vision of colleagues who know the teachers and the projects developed reinforce the personal qualities and characteristics of the teachers. They also recognize the results of these projects, both from the point of view of contributing to the human development of students and of social work with parents and communities.


Discussion of results


In the three cases studied, teachers have already gone through career entry and stabilization. They have, respectively, eleven (Augusto), nine (Demetrius) and eighteen (Joami) years of professional experience, and thus are in the diversification phase. In this professional stage, teachers seek to experiment and diversify content, teaching strategies, material, or even the search for new challenges (and new projects) to maintain their enthusiasm for the profession (HUBERMAN, 1995). Teracher Joami has more professional experience, we assume that he is moving towards a renewal of interest in the profession (GONÇALVES, 1995).

Regarding socialization, schooling and career choice, the results indicate that teachers had contact with sport in childhood or adolescence, and this experience marked the formation of these teachers and led them to choose a physical education course. In addition, Augusto has teachers in his family and his mother was involved in social projects. In turn, religious education marked the formation of teacher Demetrius. And the experience in the field contributed to the expansion of Professor Joami's body culture.



It is worth noting that the learning time of work is not limited to professional life, but also comprises the personal existence of teachers, who, in a way, also learned their craft before starting it, in the learning period of school socialization (TARDIF, 2007). Studies in the field of Physical Education have also identified the influence of sports practices or identification with preferred teachers in choosing the profession (FOLLE et al., 2009).

About the university formation in Physical Education, Augusto considers it sufficient, however, Demetrius and Joami reported that this formation does not prepare the teacher sufficiently for his professional performance. However, the three strived to acquire knowledge and develop skills in this period of initial formation. In addition, for Demetrius, it is important that the workload of supervised internship in schools is expanded, as he considers theoretical knowledge to be important, but teaching is very practical, experience, and colleges need to better equip future teachers.

In this regard, Hammerness, Darling-Hammond and Bransford (2019) highlight that many teacher education programs have been criticized for being excessively theoretical, with little connection to practice. In turn, Darling-Hammond et al. (2019) argue that prospective teachers benefit from participating in internship practice, observing teaching, working closely with experienced teachers, and striving to put into practice what they are learning.

Two professors in this study (Augusto and Demetrius) interned in social sports projects during their college period. In addition, Augusto is also a cultural animator, Demetrius has already worked in the Municipal Guard and was a volleyball referee and Joami worked in the Municipal Sports Department. Therefore, they claim that there is knowledge and skills acquired in these areas that are transferable to acting in social projects.

According to Bransford et al. (2019), the knowledge and skills mobilized in the pedagogical action of teachers encompass knowledge and actions learned in other professional spheres, in addition to the school. These skills are useful in your pedagogical practices and reveal the transfer of learning in ways that allow you to solve problems that teachers will encounter later in their lessons.

Regarding the sports offered by the social projects studied, they were: capoeira in the case of professor Augusto, volleyball in the case of professor Demetrius and badminton in the case of professor Joami. It is worth noting that Augusto and Demetrius had previous experiences with the sports they worked on in their respective projects. In turn, Joami had no previous experience with badminton and also did not have this knowledge in his professional formation course. Thus, he needed to acquire knowledge about badminton, engaging in informal learning communities, through social networks about the subject.



Studies on teacher development within learning communities emphasize the importance of knowledge that occurs both in teaching and professional contexts (HAMMERNESS; DARLING-HAMMOND; BRANSFORD, 2019). Thus, it can be said that Joami started to participate in a learning or practice community, even if informally. In these communities, teachers learn together and support learning and problem solving. (DARLING-HAMMOND et al., 2019).

The three cases studied showed that teachers sought support from the school board or from the community served by the projects, considering this support and social engagement essential to be able to do a good job. In this regard, research reveals that for the professional who works in social sports projects, it is not enough to know the community, behave correctly, fulfill their obligations and have technical knowledge of the area to be worked on, but it is also necessary to get involved and commit to the community that is working, in a perspective of social transformation (HIRAMA; MONTAGNER, 2012).

In addition, research on social sports projects reviewed by Kravchychyn and Oliveira (2015) demonstrates that project-school partnerships are effective, but some studies reveal restrictions in serving students not enrolled in the project's host school, disputes over the use of sports spaces with Physical Education classes and the replacement of participation in these classes for students participating in the project, due to institutional and pedagogical mistakes.

The three social sporting projects studied do not have financing or sponsorship, either by the government or by companies, but the teachers and their students carry out campaigns to raise funds for the maintenance of the project, such as: raffles, pizza sales, fundraising, sale of recyclable materials, among others. Here, we can see the use of a creative solution to the lack of funding for the project: teacher and students promote fundraising, showing their capacity for initiative and problem solving.

Regarding financial support for carrying out sports projects, the literature review by Kravchynchyn and Oliveira (2015) shows that most of the social sports projects analyzed have government financial support, whether federal, in particular the Segundo Tempo Program, or from initiatives of state or municipal governments. Of the 28 studies analyzed, only four had financial support from the private sector.

Two of the teachers highlighted some results of their teams in sports competitions and all the teachers highlighted that more important than sports results are the educational results of the projects and the human formation of their students. Research reveals that participation in social sports projects can contribute to the development of human values, such as: health promotion, individual and collective well-being, autonomy, socialization and citizenship,



ethical issues, as well as the inhibition of drug use (SOUZA; CASTRO; MEZZADRI, 2012; SOUZA et al., 2010).

In the case of Teacher Augusto, we saw that he carried out a culmination of his project in a theater, with presentations of capoeira, maculelê and siriri. In the case of social and/or school dance projects, it is common to have a show or festival at the end of the year or on a special date (MARQUES, SURDI; KUNZ, 2013), which contributes to the dissemination of the project, to the aesthetic education of parents and children, for the students' self-esteem, and values the work performed (STRAZZACCAPPA, 2003).


Final considerations


This research investigated the trajectories of formation and professional performance of Physical Education teachers who work in social sports projects. It was shown that these teachers had contact with sport in social projects or at school. Sport played an important role in the pre- professional socialization of these teachers. But other aspects of their life stories also marked the pre-professional formation of teachers, such as family education, schooling and the social environment in which they grew up. The choice of profession was due to the involvement of teachers with sport.

Regarding teacher formation, the need to rethink formation is evident, enhancing the internship and activities that establish a direct connection with the “school floor”, as well as with the communities in which the students are inserted. In this way, extracurricular internships in social sports projects or the search for new knowledge and professional skills to work in the projects that present formative potential and were highlighted aspects for the role of teachers in social sports projects.

The teachers also worked in other segments of the area (cultural animator, referee, Municipal Sports Department) and managed to extract learning and adapt it to work with sports projects. In addition to the technical formation and sporting results of their teams in competitions, these teachers are very concerned with the humanistic formation of their students.

The projects analyzed are unfunded, but the teachers found creative solutions to fund them and work voluntarily. Finally, these teachers demonstrated a strong educational and social commitment to their students and communities, acting as social actors engaged in the formation of new generations, having as an essential concern to transform their students into better people through sport and their teachings.





REFERENCES


BRANSFORD, J. et al. As teorias da aprendizagem e seus papéis no ensino. In: DARLING- HAMMOND, L.; BRANSFORD, J. (org.). Preparando os professores para um mundo em transformação: o que devem aprender e estar aptos a fazer. Trad. Cristina Fumagalli Mantovani. Porto Alegre: Penso, 2019. p. 35-74.


CASTRO, S. B. E.; SOUZA, D. L. Significados de um projeto social esportivo: um estudo a partir das perspectivas de profissionais, pais, crianças e adolescentes. Movimento, Porto Alegre, v. 17, n. 4, p. 145-163, out./dez. 2011.


COORDENADORA. Entrevista. Cuiabá, MG, 28 abr. 2020.


DARLING-HAMMOND, L. et al. A elaboração de programas de formação de professores. In: DARLING-HAMMOND, L.; BRANSFORD, J. (org.). Preparando os professores para um mundo em transformação: o que devem aprender e estar aptos a fazer. Trad. Cristina Fumagalli Mantovani. Porto Alegre: Penso, 2019. p. 333-377.


DIRETORA. Entrevista. Cuiabá, MG, 28 abr. 2020.


FEITOSA, W. M. N.; NASCIMENTO, J. V. Competências do profissional de Educação Física para a docência, treinamento esportivo e orientação de atividades físicas. In: FOLLE, A.; FARIAS, G. O. (org.). Educação Física: prática pedagógica e trabalho docente.

Florianópolis: UDESC, 2012. p. 87-104.


FOLLE, A. et al. Construção da carreira docente em educação física: escolhas, trajetórias e perspectivas. Movimento, Porto Alegre, v. 15, n. 1, p. 25-49, jan./mar. 2009.


GONÇALVES, J. A. M. A carreira das professoras do ensino primário. In: NÓVOA, A. (org.). Vidas de professores. 2. ed. Porto: Porto Ed., 1995. p. 141-169.


GOODSON, I.F. Dar voz ao professor: as histórias de vida dos professores e o seu desenvolvimento profissional. In: NÓVOA, A. (org.). Vidas de professores. 2. ed. Porto: Porto Ed., 1995. p. 63-78.


HAMMERNESS, K.; DARLING-HAMMOND, L.; BRANSFORD, J. Como os professores

aprendem e se desenvolvem. In: DARLING-HAMMOND, L.; BRANSFORD, J. (org.). Preparando os professores para um mundo em transformação: o que devem aprender e estar aptos a fazer. Trad. Cristina Fumagalli Mantovani. Porto Alegre: Penso, 2019. p. 306- 332.


HIRAMA, L. K.; MONTAGNER, P. C. Algo para além de tirar da rua: o ensino do esporte em projeto socioeducativo. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, Florianópolis, v. 34, n. 1, p. 149-164, jan./mar. 2012.


HIRAMA, L. K.; MONTAGNER, P. C. Algo para além de tirar da rua: o ensino do esporte em projeto socioeducativo. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, Florianópolis, v. 34, n. 1, p. 149-164, jan./mar. 2012.





HUBERMAN, M. O ciclo de vida profissional dos professores. In: NÓVOA, A. (org.). Vidas de professores. 2. ed. Porto: Porto Editora, 1995. p. 31-61.


KRAVCHYCHYN, C.; OLIVEIRA, A. A. B. Projetos e programas sociais esportivos: um estudo de revisão. Movimento, Porto Alegre, v. 21, n. 4, p. 1051-1064, out./dez. 2015.


MARQUES, D. A. P.; SURDI, A. C.; KUNZ, E. “Projeto de dança Uniguaçu”: tecendo experiências pedagógicas. Motrivivência, Florianópolis, ano XXV, n. 40, p. 153-167, jun. 2013.


MESTRE DE CAPOEIRA. Entrevista. Cuiabá, MG, 28 abr. 2020.


PAILLÉ, P.; MUCHIELLI, A. L’analyse qualitative en sciences humaines et sociales. Paris: Armand Colin, 2012.


PROFESSOR AUGUSTO. Entrevista. Cuiabá, MG, 11 dez. 2019. PROFESSOR DEMÉTRIUS. Entrevista. Cuiabá, MG, 3 nov. 2019. PROFESSOR JOAMI. Entrevista. Cuiabá, MG, 16 out. 2019.

SOUZA, D. L. et al. Determinantes para a implementação de um projeto social. Motriz, Rio Claro, v. 16, n. 3, p. 689-700, jul./set. 2010.


SOUZA, D. L.; CASTRO, S. B.; MEZZADRI, F. M. Facilitadores e barreiras para a implementação e participação em projetos sociais que envolvem atividades esportivas: os casos dos projetos Vila na Escola e Esporte Ativo. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, São Paulo, v. 26, n. 3, p. 419-430, jul./set. 2012.


STRAZZACAPPA, M. Dança na educação: discutindo questões básicas e polêmicas. Pensar a Prática, Goiânia, v. 6, p. 73-85, jun./jul. 2003.


TARDIF, M. Saberes docentes e formação profissional. Trad. Francisco Pereira. 8. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2007.


TAVARES, Â. F.; COSTA, V. L. M.; TUBINO, M. J. G. Recreação esportiva e seus desafios corporais no Complexo do Alemão. Motriz, Rio Claro, v. 16, n. 1, p. 258-268, jan./mar.

2010.


YIN, R. K. Estudos de caso: planejamento e métodos. Trad. Daniel Grassi. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2015.




How to reference this article


GODOI, M. R.; KAWASHIMA, L. B.; MOREIRA, E. C. Educational and social commitment: trajectories of teachers that develop sports social projects. Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 16, n. 4, p. 2466-2485, Oct./Dec. 2021. e-ISSN: 1982-

5587. DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v16i4.13910


Submitted: 12/07/2021 Required revisions: 15/08/2021 Approved: 13/09/2021 Published: 21/10/2021