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Padrões da autocitação em artigos de alto impacto da
Revista
Nature
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação
,
Araraquara, v. 16, n. 1, p. 276
-
291, jan./mar. 202
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PADRÕES DA AUTOCITAÇÃO EM ARTIGOS DE ALTO IMPACTO DA REVISTA
NATURE
ESTÁNDARES DE AUTOCITACIÓN EN ARTÍCULOS DE ALTO IMPACTO DE LA
REVISTA NATURE
STANDARDS OF SELF
-
CITATION IN HIGH IMPACT ARTICLES OF NATURE
JOURNAL
Adriana
FISCHER
1
Camila GRIMES
2
Elis Regina KOSLOSKI
3
Mariana Aparecida VICENTINI
4
RESUMO
: Este trabalho tem por objetivo compreender padrões da autocitação em artigos
científicos de alto fator de impacto da revista
Nature
. A pesquisa é qualitativa e as discussões
são sustentadas
pela perspectiva sociocultural que compreende a escrita como prá
tica de
letramento situada contextualmente.
A partir de levantamentos realizados no
Google Scholar
,
selecionamos para análise os quatro artigos mais citados no periódico
Nature.
A partir das
análises, t
rês ocorrências são recorrentes nesses artigos em anál
ise: o alto índice de citação,
autocitação e coautoria. Quanto à autocitação,
analisamos o contexto de publicação desses
estudos, questões relacionadas à legitimidade, às relações de poder e de coautoria que marcam
a escrita acadêmico
-
científica.
Os padrõe
s de autocitação
indicam um enfoque heterogêneo na
escrita dos artigos desta revista, o qual marca convenções nesta área do conhecimento,
relações de poder manifestadas nas parcerias entre pesquisadores, o que implica legitimidade
na comunidade científica
das publicações referidas.
PALAVRAS
-
CHAVE
: Escrita acadêmico
-
científica. Práticas de letramentos. Autocitação.
Nature
.
RESUMEN
:
Esta investigación tiene como objetivo comprender los patrones de autocitación
en artículos científicos de alto impacto de la revista Nature. La investigación es cualitativa y
las discusiones están respaldadas por la perspectiva sociocultural que incluye l
a escritura
como una práctica de literacidad contextualizada. De las encuestas realizadas en Google
Scholar, seleccionamos para su análisis los cuatro artículos más citados de la revista Nature.
Del análisis, tres ocurrencias son recurrentes en es
tos artíc
ulos bajo análisis: el
alta tasa de
citación, autocitación y coautoría. En cuanto a la autocitación, analizamos el contexto de
1
Fundação Universidade Regional de Blumenau
(
FURB
),
Blumenau
–
SC
–
Brasil.
Docente no Centro de
Ciências da Educação, Artes e Letras
e n
o Programa de Pós
-
Graduação em Educação
.
Doutorado Ling
u
ística
(
UFSC
).
ORCID:
https://orcid.org/0000
-
0001
-
9787
-
2814
. E
-
mail:
adrfischer@furb.br
2
Fundação Universidade Regional de Blumenau
(
FURB
)
,
Blumenau
–
SC
–
Brasil.
Doutoranda no Programa de
Pós
-
graduação em Educação
. ORCID:
https://orcid.org/0000
-
0003
-
0105
-
4046
. E
-
mail:
cgrimes@furb.br
3
Fundação Universidade Regional de Blumenau
(
FURB
),
Blumenau
–
SC
–
Brasil. Mestranda
no Programa de
Pós
-
graduação em Educação
. ORCID:
https://orcid.org/0000
-
0002
-
6366
-
9444
. E
-
mail:
erkosloski@furb.br
4
Fundação Universidade Regional de Blumenau
(
FURB
),
Blumenau
–
SC
–
Brasil.
Doutoranda no Programa de
Pós
-
graduação em Educação
. ORCID:
htt
p
s
://orcid.org/0000
-
0001
-
6256
-
2904
. E
-
mail:
mvicentini@furb.br
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Adriana FISCHER
;
Camila GRIMES
;
Elis Regina KOSLOSKI
e
Mariana Aparecida VICENTINI
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publicación de estos estudios, cuestiones relacionadas con la legitimidad, el poder y las
relaciones de coautoría que marcan la e
scritura académico
-
científica. Los patrones de
autocitación indican un enfoque heterogéneo en la redacción de los artículos de esta revista,
lo que marca convenciones en esta área del conocimiento, relaciones de poder manifestadas
en alianzas entre investi
gadores, lo que implica legitimidad en la comunidad científica de las
publicaciones mencionadas.
PALABRAS CLAVE
: Escritura académico
-
científica. Prácticas de literacidad. Autocitación.
Nature.
ABSTRACT
:
This investigation aims to understand self
-
citation patterns in scientific articles
with a high impact factor from the journal Nature. The research is qualitative and the
discussions are supported by the socio
-
cultural perspective that includes writing as
a
contextually situated literacy practice. From surveys carried out at Google Scholar, we
selected for analysis the four most cited articles in the journal Nature. From the analysis,
three occurrences are recurrent in these articles under analysis: the hig
h rate of citation, self
-
citation and co
-
authorship. As for self
-
citation, we analyzed the context of publication of
these studies, issues related to legitimacy, power and co
-
authorship relationships that mark
academic
-
scientific writing. The self
-
citation
patterns indicate a heterogeneous focus on the
writing of the articles in this journal, which marks conventions in this area of knowledge,
power relations manifested in partnerships between researchers, which implies legitimacy in
the scientific community
of the publications mentioned.
KEYWORDS
: Academic
-
scientific writing. Literacy practices.
Self
-
citation. Nature journal.
Introdução
A escrita acadêmico
-
científica em artigos com alto índice de citação, da Revista
Nature
, é o foco de atenção neste artigo. Com particular especificidade, padrões de
autocitação nesses artigos nos guiam, a fim de discutirmos regularidades que emergem ao
tra
tarmos esta ocorrência, com apoio de um enfoque social e discursivo (LEA
;
STREET,
1998, CORRÊA, 2004; BOCH
;
GROSSMAN, 2002
;
2015). Nesse sentido, consideramos
relevante destacar que, no decorrer deste artigo, optamos por utilizar o termo escrita
acadêmico
-
científica para caracterizar o modo como a escrita é concebida por nós, neste
estudo. Esta formulação está de acordo com o modelo dos letramentos acadêmicos, proposto
por Lea e Street (1998) que, a
o invés de se engajarem em debates sobre valoração da escri
ta,
propuseram conceituar, no plano epistemológico, a escrita em contextos acadêmicos
-
científicos, que tem relação com a produção de sentido, identidade, poder e autoridade e
coloca, em primeiro plano, a natureza institucional daquilo que conta como conhec
imento em
qualquer contexto acadêmico
-
científico (LEA; STREET; LILLIS, 2015).
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Padrões da autocitação em artigos de alto impacto da
Revista
Nature
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A opção pelo uso do termo escrita acadêmico
-
científica encontra apoio, ainda, em
Assis (2014), ao mencionar que as formas
écrit scientifique, écrit universitaire, écrit de
recherche
, em francês, e
academic writing ou scientific writing
, em inglês, são expr
essões
comuns na referência ao tipo de prática tomada em nossa discussão. Temos o conhecimento
de que existem diferenças entre as formas escrita acadêmica e escrita científica, instauradas,
principalmente, por uma organização hierárquica, relativamente às
práticas discursivas da
escrita, em que, num polo há o pesquisador reconhecido e, em outro, o pesquisador em
formação. Entretanto, no Brasil, embora se adotem os termos escrita científica e escrita
universitária, é mais frequente a ocorrência do temo escri
ta acadêmico
-
científica (ASSIS,
2014).
Considerando o enfoque em torno das práticas de letramentos (LEA
;
STREET, 1998),
que dão suporte à contextualização da escrita e da publicação científica dos artigos da Revista
Nature
, opomo
-
nos ao mito da homogeneid
ade do gênero discursivo artigo científico, o qual
se relaciona a abordagens comumente realizadas por manuais e por normas de redação
acadêmica (SILVA; RODRIGUES, 2019). Nossa afiliação encontra lugar na heterogeneidade
constitutiva da escrita (CORRÊA, 200
4), própria das disciplinas e comunidades científicas
(BOCH; GROSSMAN, 2015).
Para o pesquisador, seja ele iniciante ou
expert
, é exigência, segundo Hyland (2005) e
Assis, Bailly e Corrêa (2017), comprometer
-
se com práticas de escrita e divulgação na
comu
nidade científica. Mais propriamente em relação às demandas das normatizações nessas
práticas de escrita, um ponto em especial é a referência à voz do outro, como forma de
engajamento com os conhecimentos científicos em circulação na área específica do
con
hecimento.
O discurso do outro se materializa, explicitamente no texto, a partir das citações, que
contribuem para que o pesquisador ampare e legitime seus posicionamentos. Conforme Boch
e Grossmann (2015, p. 296), quando a citação “é incluída em um siste
ma de
autorreferenciamento, ela marca a vontade do escritor de se inscrever em uma continuidade de
pensamento, do mesmo modo valorizando, na passagem, inúmeros trabalhos já realizados”.
Assim, pode
-
se dizer que há padrões discursivos em torno da autocitaçã
o. Hyland (2003), em
um de seus trabalhos sobre escrita acadêmico
-
científica, faz uma abordagem sobre o uso da
autocitação, relacionando
-
a à automenção. Neste caso, além de fazer a autorreferência a
trabalhos já relacionados, o autor de um texto expõe, lin
guisticamente, a partir do uso da
primeira pessoa do discurso (plural ou singular), que é pesquisador/autor dos trabalhos
citados.
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Além dos elementos apresentados até o momento em torno da autocitação,
relacionados a ela estão, também, outros aspectos rel
evantes, como o fator de impacto e o
índice h, os quais auxiliam na compreensão desta ocorrência em artigos de alto impacto.
De
acordo com Barata (2010, p. 103), o fator de impacto “indica o número médio de citações que
os artigos de determinados periódico
s recebem em um dado ano. Este índice tem servido para
balizar a qualidade das publicações científicas e escolha de periódicos para os quais os autores
querem submeter seus trabalhos”. Contudo, em alguns casos, o fator de impacto pode estar
relacionado a d
iversos interesses além da qualidade científica (PINTO; ANDRADE, 1999),
tais como, as diferenças de impacto de publicações entre áreas de conhecimento e diferenças
entre pesquisadores iniciantes e
experts
.
O índice h foi desenvolvido, em 2005, por Jorge E.
Hirsch, da Universidade da
Califórnia (OLIVEIRA
et al.,
2015), avalia a produção científica e mensura a relevância de
publicações. Esse índice é um dos indicadores de destaque na literatura científica, que pode
integrar o cálculo do fator de impacto. É um
parâmetro avaliativo robusto, visto que considera
aspectos relativos à produção de artigos e o impacto de número de citações de forma
simultânea (SILVA; GRÁCIO, 2017). Além disso, “diversas bases de dados apresentam o
cálculo desse indicador, visto que el
e é utilizado tanto na avaliação do comportamento da
produção científica de pesquisadores como também é um critério avaliativo em diversas
agências de fomento” (SILVA; GRÁCIO, 2017, p. 199). Pesquisadores, artigos e periódicos
são avaliados por seu índice
h em diversas bases de dados, a exemplo da
Web of Science,
Scopus, Scielo e Google Scholar
.
Um periódico científico multidisciplinar britânico, de alto fator de impacto e de índice
h elevado é a
Nature.
Lançado em 1869, desempenha um importante papel na ci
rculação de
informações científicas para a academia internacional, bem como possui grande visibilidade
com a publicação de seus artigos nos meios de comunicação em todo o mundo (BARATA,
2010). Nesse sentido, a
Nature
constitui
-
se como um dos periódicos mai
s antigos, tradicionais
dentre os atuantes no mundo científico (BARATA, 2010; KRASILCHIK; SILVA; SILVA,
2015). Para os autores, este periódico, semanal, possui linguagem compreensível, avaliação
por pares, que confere credibilidade e base em um corpo edito
rial com pesquisadores de
renome no meio científico. Desta forma, confere grande valorização na mídia tanto
especializada quanto não especializada, bem como apresenta informações significativas e
legitimadas, oferecendo visibilidade e prestígio aos autores
que publicam no periódico.
A
Nature
tem como base diversas áreas do conhecimento, especialmente as intituladas
Hard Sciences
ou Ciências Duras. Para Barata (2010, p. 100), “o termo
hard science
se refere
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Padrões da autocitação em artigos de alto impacto da
Revista
Nature
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Revista Ibero
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às áreas do conhecimento baseadas na observação em
pírica e em investigações realizadas a
partir do chamado método científico, nas quais estão a física, química, matemática e as
ciências biológicas”. As
Hard Sciences
realizam pesquisas pertinentes aos progressos
científicos, de alto fator de impacto e, des
te modo, têm norteado as demandas de produção
acadêmico
-
científica em outras áreas do conhecimento, em relação ao financiamento de
pesquisas e sua legitimidade, por exemplo (BARATA, 2010).
Nesse sentido, compreender os modos de escrita nas
Hard Sciences
, p
ode auxiliar,
também, na compreensão da dinâmica de produção científica em revistas de alto impacto. A
partir dessas delimitações, o objetivo
5
deste estudo é compreender padrões da autocitação em
artigos científicos de alto fator de impacto da revista
Nature
. Em consonância com as
explanações apresentadas até o momento em torno da ocorrência de autocitação em artigos de
alto impacto, na área das
Hard Sciences
, a seguir, apresentamos as principais escolhas
metodológicas que nortearam este estudo.
Percurso metodológico
Esta pesquisa, aprovada em comitê de ética sob o número 28740820.0.0000.5370,
caracteriza
-
se como qualitativa. Nessa vertente, o
s dados em torno da autocitação, em artigos
da Revista
Nature
, são analisados de forma indutiva e os sentidos em discussão são de
extrema importância ao estudo (BOGDAN; BIKLEN, 1994). Os artigos selecionados para o
presente estudo advêm de uma base de dado
s de livre acesso ao público.
As bases de dados, a exemplo da
Web of Science
,
Scientific Electronic Library Online
–
Scielo
,
Scopus
e
Google Scholar,
caracterizam
-
se em importantes mecanismos de
organização, classificação e condicionamento da circulação de
periódicos científicos de
distintas áreas de conhecimento
(CALDERÓN; MARTI
-
NOGUEIRA; FERNANDEZ
-
GODENZI, 2018).
Para iniciar o levantamento do corpus de pesquisa, a base selecionada para
esta investigação foi o
Google Scholar
, por possuir métricas que iden
tificam os principais
periódicos de todas as áreas, como o índice h. Além disso, o
Google Scholar
, por ser
plataforma de acesso gratuito, é de manuseio prático, apresenta informações acerca do fator
de impacto de periódicos, de artigos e
de autores, disponibilizando, por exemplo, os artigos
por ordem de maior número de citações, diferentemente das outras plataformas mencionadas.
5
Este objetivo é parte de dois projetos interinstitucionais em andamento, dos quais integramos o corpo de
pesquisadores:
"Escrita acadêmica/científica: das formas de presença do autor, do outr
o, das áreas de
conhecimento e seus domínios disciplinares" (CNPQ/Universal), liderado pela profa. Dra.
Juliana A. Assis
(PUC
-
MG); "Authorship in Different Fields of Knowledge" (CAPES PRINT UNESP), coordenado pela Profa.
Dra. Fabiana C. Komesu, UNESP
-
São
José do Rio Preto.
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Revista Ibero
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A
Nature
foi selecionada para análise por se tratar do periódico mais citado dentre
todas as áreas de conhecime
nto, no
Google Scholar
e, também, por ser o periódico mais
citado dentro das
Hard Sciences
, levando em conta seu índice h, conforme Figura 1.
Figura 1
–
Principais publicações da base de dados
Google Scholar
Fonte:
Dados
da pesquisa (2020)
No
Google Scholar
, além da primeira posição geral dentre os periódicos, conforme
Figura 1, a
Nature
possui, também, a primeira posição nas categorias
Life Sciences & Earth
Sciences
e
Life Sciences & Earth Sciences (general).
Em acréscimo, o índice h5 é 368 e
a
Mediana é 546. O índice h5 é o indexador h dos artigos publicados nos últimos cinco anos
passados. Trata
-
se do maior número h de uma publicação, em que h artigos publicados de
2014 a 2018 tenham sido citados no mínimo h vezes cada. Já a mediana h5 de uma
publicação
consiste na média de citações para os artigos que compõem seu índice h5 (GOOGLE
SCHOLAR, 2020).
Na base de dados
Google Scholar
, existe uma classificação dos artigos mais citados
dentro do periódico de forma decrescente (Quadro 1), na qual pode
-
se identificar os artigos de
maior impacto, a partir do índice h. Deste modo, em pesquisa realizada no mês de fevereiro de
2020, foram selecionados, para a apresente investigação, os quatro artigos mais citados no
periódico
Nature
.
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Padrões da autocitação em artigos de alto impacto da
Revista
Nature
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282
Quadro 1
–
Cla
ssificação dos quatro artigos mais citados no periódico
Nature
na base de
dados
Google Scholar
TÍTULO / AUTOR
CITADO
ANO
A1
-
Deep learning.
Y LeCun, Y Bengio, G
Hinton. Nature 521 (7553), 436
-
444.
16750
2015
A2
-
Human
-
level control through deep re
inforcement learning.
V Mnih, K Kavukcuoglu,
D Silver, AA Rusu, J Veness, MG Bellemare, ... Nature 518 (7540), 529
-
533.
6101
2015
A3
-
Mastering the game of Go wit
h deep neural networks and tree search.
D Silver, A
Huang, CJ Maddison, A Guez, L Sifre, J Schrittwieser, ... Nature 529 (7587), 484
-
489.
5212
2016
A4
-
Analysis of protein
-
coding genetic variation in 60,706 humans.
M Lek, KJ
Karczewski, EV Minikel, KE Samocha, E Banks, T Fennell, ... Nature 536 (7616
), 285
-
291.
4530
2016
Fonte:
Google Scholar
(2020)
Posteriormente à seleção dos artigos, realizamos a análise em torno dos seguintes
aspectos: i) o contexto de publicação desses estudos, ii) questões relacionadas à legitimidade e
relações de poder que perpassam a escrita acadêmico
-
científica e iii) especif
icidades em torno
da autocitação. Estes elementos são discutidos e aprofundados, a seguir, na seção que segue.
Resultados e discussões
A perspectiva em torno da escrita acadêmico
-
científica, entendida como uma prática
de letramento, dá apoio para que possamos compreender como funciona a dinâmica de
visibilidade que publicações acadêmico
-
científicas recebem em periódicos de alto fator de
i
mpacto. Nesse sentido, damos destaque a três ocorrências constantes nos artigos em análise,
do periódico
Nature:
o alto índice de citação, autocitação e coautoria. Outro aspecto que
merece atenção é a utilização, dentro do periódico, das normas
Vancouver
,
tipicamente
utilizadas por periódicos das
Hard Sciences
, especialmente por trazerem uma configuração
que é captada pelas grandes bases de dados internacionais, a exemplo da
Web of Science
e
Scopus
(CALDERÓN; MARTI
-
NOGUEIRA; FERNANDEZ
-
GODENZI, 2018).
Cabe
d
estacar, ainda, o fato de que a seção metodológica dos artigos em análise é apresentada após
as conclusões e referências, uma característica específica deste periódico.
Nossas constatações são sustentadas pelas discussões de Barata (2010), que define a
Nat
ure
como uma revista de alto fator de impacto reconhecida como um dos mais importantes
periódicos científicos do mundo, sendo responsável pela divulgação das descobertas
científicas mais relevantes e inéditas. A autora acrescenta que os pesquisadores que s
ubmetem
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Adriana FISCHER
;
Camila GRIMES
;
Elis Regina KOSLOSKI
e
Mariana Aparecida VICENTINI
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,
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seus trabalhos a esta revista compreendem a relevância de suas pesquisas, e que, deste modo,
na
Nature
terão grande visibilidade e divulgação.
Nessa direção, relações de poder necessariamente regulam o que conta como
conhecimento neste periódico ci
entífico (STREET
;
LEA
;
LILLIS, 2015). O posicionamento
desses três estudiosos, representantes dos estudos dos letramentos, vai ao encontro do que
postula Barata (2010), quando discute que, para a publicação na
Nature,
vários aspectos são
relevantes, tais c
omo: grande rigor científico no desenvolvimento do trabalho,
reenquadramento do formato por sugestão dos editores, linguagem adaptada e ajustada por
editores especializados, contato prévio com os editores antes da submissão do trabalho,
conhecimento prévio
dos editores em relação ao trabalho dos autores, parcerias com
pesquisadores estrangeiros e trabalhos multidisciplinares. Nesse sentido, tais aspectos
mencionados representam indícios de relações de poder em práticas de letramentos com a
escrita acadêmico
-
científica (STREET
;
LEA
;
LILLIS, 2015).
Ao partir do dado de que a Revista
Nature
divulga os artigos na língua inglesa, damos
voz a autores como Emiliozzi (2018) e Hyland
(2019), os quais problematizam esta
ocorrência. Em consonância com os autores,
Barata (2010) indica que o idioma e a condição
socioeconômica se apresentam como barreiras para pesquisadores de países de origem não
-
inglesa, refletindo que “[...] autores e a
rtigos de países periféricos ou pobres recebem um
tratamento diferenciado, a saber, mais rigoroso,
em relação a países do hemisfério Norte, ricos
ou desenvolvidos” (BARATA, 2010, p. 174). Essas discussões sustentam nossos dados ao
passo que os artigos anal
isados por nós são, em sua maioria, de autores que têm o inglês como
língua materna e, também, por terem sido produzidos, em grande parte, em contextos de
países desenvolvidos.
Outro ponto que merece destaque neste estudo é o fato de que uma análise pauta
da
pelos pressupostos das práticas de letramentos, dentre eles relações de poder, contexto,
condições de produção, ideologias, identidades e autoridade, permitem que analisemos os
sentidos da presença do outro nos artigos. Esta reflexão vai ao encontro do