image/svg+xml
Política educacional indigenista brasileira: Contradições e desafios
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1062-1078, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14354
1062
POLÍTICA EDUCACIONAL INDIGENISTA BRASILEIRA: CONTRADIÇÕES E
DESAFIOS
POLÍTICA EDUCATIVA INDIGENISTA BRASILEÑA: CONTRADICCIONES Y
DESAFÍOS
INDIGENIST BRAZILIAN EDUCATIONAL POLICY: CONTRADICTIONS AND
CHALLENGES
Kasandra Conceição CASTRO
1
Rita de Cássia GONÇALVES
2
RESUMO
: A história das políticas educacionais brasileiras voltadas às populações indígenas
é perpassada pelo paradigma sociológico clássico da tradição e modernidade. Este texto
apresenta um breve panorama das políticas educacionais indigenistas, apontando como os
modelos tradicionais e modernos afetaram o desenvolvimento das mesmas. O estudo é de
natureza teórica e, portanto, baseado em pesquisa bibliográfica e documental para questionar
as políticas indigenistas implementadas no Brasil. O desenvolvimento deste artigo apresenta a
política educacional brasileira para a educação indígena dentro de um contexto histórico,
utilizando-se do conceito tradição e modernidade. Analisa aspectos da política educacional
indígena tradicional e as modificações trazidas pela chamada modernidade que se estabeleceu
definitivamente no debate educacional indígena após a Constituição de 1988. E tece
considerações sobre alguns resultados das políticas adotadas nas primeiras décadas do século
XXI.
PALAVRAS-CHAVE
: Educação. Política educacional. Política indigenista. Tradição.
Modernidade.
RESUMEN
: La historia de las políticas educativas brasileñas dirigidas a las poblaciones
indígenas está impregnada del paradigma sociológico clásico de tradición y modernidad.
Este texto presenta un breve panorama de las políticas educativas indígenas, señalando cómo
los modelos tradicionales y modernos han afectado su desarrollo. El estudio es de naturaleza
teórica y se basa en investigaciones bibliográficas y documentales para cuestionar las
políticas indígenas implementadas en Brasil. El desarrollo de este artículo presenta la
política educativa brasileña para la educación indígena en un contexto histórico, utilizando
el concepto de tradición y modernidad. Analiza aspectos de la política educativa tradicional
indígena y los cambios provocados por la llamada modernidad que se instauró
definitivamente en el debate educativo indígena posterior a la Constitución Brasileña de
1
Universidade Tuiuti do Paraná (UTP), Curitiba – PR – Brasil. Mestranda em Educação pelo Programa de Pós-
Graduação em Educação. Possui graduação em Bacharelado em Ciências Sociais pela Universidade Luterana do
Brasil (2010). Especialista em A Questão Social pela Perspectiva Interdisciplinar da Universidade Federal do
Paraná - UFPR. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-8259-2529. E-mail: kasandrak1224@gmail.com
2
Universidade Tuiuti do Paraná (UTP), Curitiba – PR – Brasil. Professora Adjunta do Programa de Pós-
Graduação em Educação. Doutorado em Educação (UFPR). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-0588-6803. E-
mail: professoraritadecassia@gmail.com
image/svg+xml
Kasandra Conceição CASTRO e Rita de Cássia GONÇALVES
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1062-1078, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14354 1063
1988. Y hace consideraciones sobre algunos resultados de las políticas adoptadas en las
primeras décadas del siglo XXI.
PALABRAS CLAVE
: Educación. Políticas educativas. Política indígenista. Tradicion.
Modernidad.
ABSTRACT
: The history of Brazilian educational policies aimed at indigenous populations
is permeated by the classic sociological paradigm of tradition and modernity. That text
presents a brief overview of indigenous educational policies, pointing out how traditional and
modern models have affected their development. This study is theoretical in nature and,
therefore, based on bibliographic and documentary research to question indigenous policies
implemented in Brazil. The development of this, it presents the Brazilian educational policy
for indigenous education within a historical context, using the concept of tradition and
modernity. Analyzes aspects of traditional indigenous educational policy and the changes
brought about by the so-called modernity who was definitively established in the indigenous
educational debate after the 1988 Constitution. Finally, this makes considerations about some
results of the policies adopted in the first decades of the 21st century.
KEYWORDS
: Education. Educational policies. Indigenous politics. Tradition. Modernity.
Introdução
A história das políticas educacionais brasileiras voltadas às populações indígenas
pode ser interpretada, como se verá nesse estudo, pelo paradigma sociológico clássico da
modernidade e tradição. No interior deste debate, o moderno aparece associado a todas as
formas de sociabilidade capitalistas, enquanto o tradicional ocupa o horizonte oposto,
associado às sociabilidades não-capitalistas, pré-capitalistas ou parcialmente capitalistas
(DUSSEL, 2005; QUIJANO, 2005; ROUANET, 1987). Estes conceitos serão discutidos de
forma mais aprofundada no decorrer deste artigo.
Na esfera da política educacional indigenista (PEI), o paradigma da modernidade foi
hegemônico e se materializou nas ações “integracionista”, “assimilacionista”, “colonizadora”
e “civilizatória”. As concepções associadas a estes conceitos ajudaram a moldar as políticas
públicas destinadas às populações indígenas ao longo da formação da sociedade brasileira.
Até 1988, c
om a promulgação da Constituição Brasileira conhecida como Constituição
Cidadã, a PEI brasileira seguia um formato que começou a ser construído no período colonial,
marcado pela busca da conversão do indígena num cidadão civilizado (LUCIANO, 2006,
2013). De acordo com os especialistas na área (AIRES, 2009; LUCIANO, 2006, 2013;
OLIVEIRA; FREIRE, 2006; OLIVEIRA; NASCIMENTO, 2012), esta política tinha como
objetivo levar o indígena a romper com suas raízes e abandonar seu modo de vida em favor da
image/svg+xml
Política educacional indigenista brasileira: Contradições e desafios
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1062-1078, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14354
1064
adesão ao modo de vida tipicamente ocidental e capitalista. Tanto no período colonial quanto
no pós-colonial os objetivos práticos por trás desta política se assemelham: utilizar a mão-de-
obra indígena nas atividades econômicas associadas ao modo de produção capitalista,
apropriar-se de suas terras, riquezas naturais e de seus conhecimentos e força para a proteção
de territórios (AIRES, 2009; FAUSTO, 2006; LUCIANO, 2006, 2013; OLIVEIRA; FREIRE,
2006). Contudo, do final do século XX à atualidade esta política sofreu mudanças
significativas, dentro da perspectiva do que se pode chamar de um “novo paradigma da
modernidade”, o qual absorve o tradicional como um de seus componentes (SANTOS, 2013).
A postura modernizadora da Política Indigenista (PI) brasileira se explicava, em nível
macro, pela busca da valorização econômica, política e estratégica do homem nativo, o que
significava a conversão do nativo em mão-de-obra barata para o capital, a transformação de
suas riquezas naturais em mercadorias e o incentivo à promoção da ocupação territorial.
Estes objetivos eram justificados em nome da unidade cultural da nação e da mitigação das
ameaças de fragmentação territorial para reduzir as vulnerabilidades do país em relação às
cobiças de outras nações (FONTENELE, 2008; SANTOS, 2013).
É este conjunto de interesses que alimenta o padrão modernizador da PI e da PEI até,
basicamente, os anos de 1980. No final desta década, em função do fortalecimento da
sociedade civil, do movimento indigenista e do avanço de uma cultura política e social
democrática, o Estado brasileiro começaria a adotar uma nova postura. Esta se mostraria mais
afinada com a afirmação da tradição do modo de vida tradicional, pelo qual, de um lado,
buscava-se alinhar a PI com os interesses e necessidades próprias das populações indígenas
(GUSTAFSON, 2002).
Estudiosos da questão indígena que a analisam pelo viés da teoria crítica (AIRES,
2009; BARROSO-HOFFMANN
et al.,
2007; DEAN, 2015; GUSTAFSON, 2009; HALE,
2002) salientam que esta postura política mais aproximada dos interesses indígenas se
enquadrava, também, nas novas demandas globais do sistema capitalista, o qual, além da
globalização, do neoliberalismo e da produção flexível, buscava ajustar sua engrenagem ao
fortalecimento dos movimentos ambientalistas e do desenvolvimento sustentável.
De acordo com H
ale (2002), ao mesmo tempo em que os proponentes da ideologia
neoliberal estimularam o multiculturalismo, ao promover a defesa dos direitos culturais
indígenas e a abertura do espaço político para conquista destes direitos, também buscaram
impor suas agendas políticas e regular os espaços de participação política dos índios, assim
como de normatização das diferenças culturais.
image/svg+xml
Kasandra Conceição CASTRO e Rita de Cássia GONÇALVES
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1062-1078, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14354 1065
De um modo ou de outro, o endosso neoliberal ao multiculturalismo, à
sustentabilidade e aos direitos das minorias gerou efeitos não controlados ou, como prefere
Hale (2002), “não intencionais”, que culminaram com o fortalecimento da sociedade civil, de
movimentos sociais e, por meio destes, da ideologia do desenvolvimento sustentável.
O fortalecimento desta ideologia da sustentabilidade foi tal que passou a se cogitá-la
como um “pretenso ‘novo paradigma da modernidade’: o ‘desenvolvimento sustentável’”
(FLEURY; ALMEIDA, 2007). No movimento indígena, este “novo paradigma da
modernidade” foi responsável pela aproximação das comunidades indígenas com agências de
financiamento governamentais e internacionais para projetos de desenvolvimento
comunitários, consolidação de parcerias entre estas comunidades e Organizações Não
Governamentais (ONGs), e pela formação de associações e organizações de base local e
regional (OLIVEIRA; FREIRE, 2006).
É neste contexto de fortalecimento do movimento indígena brasileiro,
permeabilização da cultura do desenvolvimento sustentável no interior deste movimento,
conquista limitada de direitos e autonomia por parte destes povos, e de avanços e retrocessos
do próprio processo democrático no Brasil, que se justifica questionar a política educacional
indigenista. Este artigo é um estudo de cunho qualitativo, que apresenta questões teóricas
partindo de pesquisa bibliográfica e documental. Contudo, dados secundários de natureza
qualitativa e quantitativa foram utilizados para ilustrar alguns argumentos aqui
desenvolvidos, mormente aqueles relacionados às condições socioeconômicas e educacionais
dos indígenas brasileiros.
O desenvolvimento deste artigo apresenta a política educacional brasileira para a
educação indígena dentro de um contexto histórico, utilizando-se dos conceitos sociológicos
de tradição e modernidade do modo como aparece em Rouanet (1986), Giddens (1991) e
Dussel (2005), isto é, a tradição enquanto a organização econômica, social, política e as
manifestações culturais típicas de sociedades arcaicas não-capitalistas, e a modernidade
enquanto o modo de vida e o
ethos
das sociedades capitalistas (DUSSEL, 2005; GIDDENS,
1991; ROUANET, 1986). Analisa aspectos da política educacional indigenista desde sua
criação em 1988 e as modificações trazidas pela Constituição de 1988. E tece considerações
sobre alguns resultados das políticas adotadas nas primeiras décadas do século XXI.
image/svg+xml
Política educacional indigenista brasileira: Contradições e desafios
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1062-1078, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14354
1066
Política Educacional Brasileira para a Educação Indígena: Tradição e Modernidade
Luciano (2006) aponta que o imaginário do brasileiro sobre os indígenas apresenta
três linhas: uma romântica, uma desumanizadora e uma cidadã. As duas primeiras são
herdeiras do processo colonizador e estão afinadas com o etnocentrismo europeu, isto é, com
a concepção de superioridade e centralidade humana dos povos colonizadores. Por fim, a
visão cidadã, que se consolida a partir da CF/1988, “é a visão mais civilizada do mundo
moderno, não somente sobre os índios, mas sobre as minorias ou as maiorias socialmente
marginalizadas. Esta visão concebe os índios como sujeitos de direitos e, portanto, de
cidadania” (LUCIANO, 2006, p. 36).
A ideia de progresso, segundo a qual a história de todas as sociedades humanas
obedece às etapas que se estendem de uma fase mítica, primitiva, passando por uma etapa
metafísica, intermediária, até a fase positiva, que seria superior (DUSSEL, 2005; QUIJANO,
2005), esteve na base ideológica da criação da Política Indigenista Brasileira, a qual,
oficialmente, inicia-se em 1910, com a criação do Serviço de Proteção ao Índio e Localização
de Trabalhadores Nacionais (SPILTN). Posteriormente, em 1918, o SPILTN foi substituído
pelo Serviço de Proteção aos Índios (SPI). Como reconhece o próprio Governo Federal, no
site da Fundação Nacional do Índio:
Esta decisão governamental foi tomada num momento histórico em que
predominavam, ainda, as ideias evolucionistas sobre a humanidade e o seu
desenvolvimento através de estágios. Esta ideologia de caráter etnocêntrico
influenciou a visão governamental, sendo que a Constituição vigente naquela
época estabelecia a figura jurídica da tutela e considerava os índios como
“relativamente incapazes” (FUNAI, 2020).
Até a criação do SPILTN, as ações indigenistas no Brasil eram descentralizadas e,
assim, ficavam a cargo, mormente, ou de missões religiosas, que os buscavam catequizar e
converter ao cristianismo, ou de missões empresariais, que tinham por finalidade transformar
o índio em mão de obra escrava para se apropriar das suas riquezas naturais (LUCIANO,
2006; OLIVEIRA; FREIRE, 2006; OLIVEIRA; NASCIMENTO, 2012).
A pol
ítica indigenista oficial deu prosseguimento, ao longo do século XX, a ações de
integração, aculturação, conversão dos povos tradicionais por meio da ideologia do progresso
e da evolução, o que resultou na destruição da cultura, do modo de vida destes povos, e sua
integração, muitas vezes forçada e marginal, à sociedade moderna. Nesta política de
integração, voltada para “capacitar” e “integrar” o índio, a política educacional passou a
image/svg+xml
Kasandra Conceição CASTRO e Rita de Cássia GONÇALVES
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1062-1078, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14354 1067
ocupar um lugar central, pois a esta restou a responsabilidade de desenvolver as habilidades
intelectuais e físicas necessárias ao aproveitamento da força de trabalho destes sujeitos.
Na política de educação indígena brasileira, a “mítica” do progresso se traduziu na
construção de um modelo que especialistas denominam de “integracionista”, “colonialista”,
“civilizador”, “assimilacionista”, “modernizador”, “evolucionista” (AIRES, 2009;
LUCIANO, 2006; MELIÁ, 1979; OLIVEIRA; NASCIMENTO, 2012).
Deste modo, aquilo que aqui está se chamando de modelo moderno da política
educacional indígena brasileira teve por principal objetivo cumprir as metas do progresso:
alterar o modo de vida e a cultura tradicional dos povos indígenas, integrá-los à sociedade
moderna e ensinar-lhes os valores, conhecimentos e o modo de vida capitalista:
[...] o principal objetivo das políticas educativas voltadas para os povos
indígenas, das ações catequéticas dos jesuítas no período colonial às práticas
indigenistas do século XX, era trazê-los a civilização ou nacionalizá-los. E
sob tal imperativo que será instituído o campo indigenista dentro dos
aparelhos institucionais do Estado, tendo como pressuposto a inferioridade
dos indígenas em relação a raça branca civilizada, estando situados, desta
feita, numa fase evolutiva primeva ou selvática. [...] Então, tidos como
obstáculos ao projeto modernizador do país, os índios estiveram [...]. No
momento em que se institucionalizavam as políticas indigenistas brasileiras,
no centro de debates que previam a sua extinção. (OLIVEIRA;
NASCIMENTO, 2012, p. 768).
Como se vê, na criação da Fundação Nacional do Índio, em 1967, se encontram
presentes os ideais de evolução, progresso, integração e tutela do indígena: busca pela
“aculturação espontânea”, para não causar mudanças bruscas, mas com o propósito
evidenciado de realizar a “integração” e a “evolução” socioeconômica destes povos.
Esta política educacional foi uma política que não conseguiu integrar o índio senão de
modo marginal à sociedade nacional, por meio da favelização, da subproletarização, do
desemprego, da informalização, do empobrecimento e da violência física, social e simbólica
contra estes sujeitos (SOUZA, 2009). Como nota Luciano (2006, p. 97): “Não se pode
esquecer que o Estado brasileiro é o resultado de uma estrutura colonial que incide sobre os
índios, forçando-os a fazerem parte dos setores mais empobrecidos, explorados e
discriminados do Brasil e da América Latina”.
No “novo paradigma da modernidade”, o desenvolvimento sustentável, no discurso e
n
a prática, busca inverter a lógica da relação que o Estado e a sociedade, sob a hegemonia da
ideologia da modernidade/progresso/evolução, mantiveram com os indígenas brasileiros. Isso
se explica porque, no contexto do imaginário modernizador clássico, a tradição é entendida
como atraso e obstáculo ao desenvolvimento, e neste novo contexto passa a ser compreendida
image/svg+xml
Política educacional indigenista brasileira: Contradições e desafios
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1062-1078, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14354
1068
como uma aliada e, mesmo, uma etapa do desenvolvimento. Assim, considera-se que uma
organização, um Estado e uma sociedade, para serem modernos, desenvolvidos, capitalistas,
têm de ser econômica, social, política e culturalmente eficientes, isto é, que promovam, ao
mesmo tempo, o crescimento econômico, o desenvolvimento social, o uso racional e ético
dos recursos públicos, a preservação e o fortalecimento da diversidade cultural (DIZ, 2014;
IPEA, 2012; VEIGA, 2010).
A política educacional indigenista brasileira sob o novo paradigma da modernidade
está afinada com a percepção cidadã do índio. Luciano (2006), ao analisar esta percepção,
enfatiza:
Aqui os povos indígenas ganharam o direito de continuar perpetuando seus
modos próprios de vida, suas culturas, suas civilizações, seus valores,
garantindo igualmente o direito de acesso a outras culturas, às tecnologias e
aos valores do mundo como um todo.
As principais conquistas normativas associadas ao novo paradigma da modernidade
que recaem sobre os povos indígenas têm início com a CF/1988. Tais conquistas estão
relacionadas à consolidação do direito de posse das terras que habitam e à diversidade
cultural: “Art. 231.
São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas,
crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam,
competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens” (BRASIL,
1988). Também estão associadas ao direito a uma educação diferenciada, como determina o
Parágrafo 2º do Art. 210 da Carta Magna: “§ 2º O ensino fundamental regular será ministrado
em língua portuguesa, assegurada às comunidades indígenas também a utilização de suas
línguas maternas e processos próprios de aprendizagem” (BRASIL, 1988).
O reconhecimento do direito à terra, à diversidade cultural e a uma educação
diferenciada se desdobrou, posteriormente, em normas voltadas para efetivar uma política
educacional indígena diferente da adotada até 1987, e que se orientou, paulatinamente, pelos
princípios e pelo discurso do desenvolvimento sustentável, como se mostra mais adiante.
A legislação neste âmbito envolve, além da CF/88, normas como o D
ecreto n. 26, de
1991, que dispõe sobre educação indígena no Brasil (BRASIL, 1991); Lei n. 9.394/1996, Lei
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (BRASIL, 1996); Lei n. 11.645/2008, que inclui
no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-
Brasileira e Indígena” (BRASIL, 2008); Decreto n. 6861/2009, que dispõe sobre a Educação
Escolar Indígena, define sua organização em territórios etnoeducacionais, e dá outras
image/svg+xml
Kasandra Conceição CASTRO e Rita de Cássia GONÇALVES
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1062-1078, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14354 1069
providências (BRASIL, 2009); Lei n. 12.711/2012, que dispõe sobre ações afirmativas para
afrodescendentes e indígenas; (BRASIL, 2012a); Decreto n. 7747/2012, que institui a Política
Nacional de Gestão Ambiental e Territorial das Terras Indígenas (BRASIL, 2012b);
Resolução CEB/CNE n. 05/2012, que define Diretrizes Curriculares Nacionais para a
Educação Escolar Indígena na Educação Básica (BRASIL, 2012c); Portaria MEC n.
389/2013, que cria o Programa Nacional de Bolsa Permanência para estudantes de graduação
ingressantes em universidades e institutos federais (BRASIL, 2013a); Portaria MEC n.
1.062/2013, que institui o Programa Nacional dos Territórios Etnoeducacionais – PNTEE
(BRASIL, 2013b).
A LDB reafirma e entende o indígena como sujeito de direitos. Nos artigos 78 e 79,
por exemplo, o direito a uma educação diferenciada é reforçado ao reforçar o direito à
diversidade cultural, à autonomia e à participação destes povos na formulação da sua
educação escolar:
Art. 78.
O Sistema de Ensino da União, com a colaboração das agências
federais de fomento à cultura e de assistência aos índios, desenvolverá pro-
gramas integrados de ensino e pesquisa, para oferta de educação escolar
bilíngue e intercultural aos povos indígenas, com os seguintes objetivos: I –
proporcionar aos índios, suas comunidades e povos, a recuperação de suas
memórias históricas; a reafirmação de suas identidades étnicas; a valorização
de suas línguas e ciências;
Art. 79.
A União apoiará técnica e
financeiramente os sistemas de ensino no provimento da educação
intercultural às comunidades indígenas, desenvolvendo programas
integrados de ensino e pesquisa. § 1º Os programas serão planejados com
audiência das comunidades indígenas (BRASIL, 1996, grifo nosso).
A diversidade cultural, a participação, a autonomia, a defesa, a promoção e o
fortalecimento dos modos de vida dos povos indígenas são veículos que conectam
diretamente a política educacional indígena brasileira com os Direitos Humanos
3
e, por meio
destes, com o desenvolvimento sustentável, uma vez que um dos fundamentos deste modelo
de desenvolvimento é a promoção da diversidade cultural, a sustentabilidade ambiental, o
bem-estar social, a democracia política, a promoção da igualdade e a redução das injustiças
sociais, estes também vetores dos Direitos Humanos (BRASIL, 2013c; DIZ, 2014; IPEA,
2012; VEIGA, 2010).
3
Arruda (2020, p. 8) afirma que os Direitos Internacionais “referem-se aos direitos universalmente aceitos na
ordem internacional, pois tratam direito atribuídos à humanidade em geral, por meio de tratados internacionais”.
Neste sentido, como mostra Brasil (2013c), englobam um conjunto de Direitos previstos em Tratados
Internacionais que vão desde a Declaração Universal dos Direitos Humanos, passando pela Declaração das
Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas, até a Convenção sobre a Proteção e Promoção da
Diversidade das Expressões Culturais e a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu
Protocolo Facultativo. Para mais informações, ver
Direitos Humanos
: atos internacionais e normas correlatas
(BRASIL, 2013c).
image/svg+xml
Política educacional indigenista brasileira: Contradições e desafios
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1062-1078, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14354
1070
As demais normas que regulamentam a educação indígena brasileira apenas reforçam,
detalham e operacionalizam os objetivos já explicitados na LDB, mas avançam na
explicitação da ideologia da sustentabilidade ou do “novo paradigma da modernidade” como
seu fim maior. Assim, por exemplo, a Resolução nº 5, de 22 de junho de 2012, que define as
Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Indígena na Educação Básica,
salienta, em seu Artigo 13, Inciso I, explicitamente, como mostram os fragmentos grifados, o
desenvolvimento sustentável como norte desta política:
Art. 13 A Educação Profissional e Tecnológica na Educação Escolar
Indígena deve articular os princípios da formação ampla, sustentabilidade
socioambiental e respeito à diversidade dos estudantes, considerando-se as
formas de organização das sociedades indígenas e suas diferenças sociais,
políticas, econômicas e culturais, devendo:
I - contribuir na construção da gestão territorial autônoma, possibilitando a
elaboração de projetos de desenvolvimento sustentável e de produção
alternativa para as comunidades indígenas, tendo em vista, em muitos casos,
as situações de desassistência e falta de apoio para seus processos produtivos
(BRASIL, 2012c).
Esta resolução é precedida pelo Decreto nº 7.747, de 5 de junho de 2012, o qual
institui a Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas (PNGATI).
Este Decreto faz referências dez vezes ao termo sustentável ou seus derivados, como
sustentáveis e sustentabilidade, o que explicita ser este o eixo principal da PNGATI.
Assim, já nas disposições preliminares desta norma, em seu Art. 1, lê-se que: “Fica
instituída a Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas -
PNGATI, com o objetivo de garantir e promover a proteção, a recuperação, a conservação e o
uso sustentável dos recursos naturais das terras e territórios indígenas
” (BRASIL,
2012b, grifo nosso).
Em seguida, no capítulo II, das Diretrizes e Objetivos da PNGATI, Inciso IV, esta
norma define que uma das diretrizes desta política é:
IV - reconhecimento e valorização da contribuição das mulheres indígenas e
do uso de seus conhecimentos e
práticas para a proteção, conservação,
recuperação e uso sustentável dos recursos naturais imprescindíveis
para o bem-estar e para a reprodução física e cultural
dos povos
indígenas (BRASIL, 2012b, grifo nosso)
No Art. 4, que trata dos eixos nos quais estão estruturados os objetivos específicos da
PNGATI, o Decreto nº 7.747 trata especificamente da sustentabilidade como eixo desta
política no Eixo 5, como mostram as partes grifadas por nós:
image/svg+xml
Kasandra Conceição CASTRO e Rita de Cássia GONÇALVES
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1062-1078, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14354 1071
V - eixo 5 -
uso sustentável
de recursos naturais e iniciativas produtivas
indígenas:
a) garantir aos povos indígenas o usufruto exclusivo das riquezas do solo,
dos rios e dos lagos existentes em terras indígenas;
b) fortalecer e promover as iniciativas produtivas indígenas, com o apoio à
utilização e ao desenvolvimento de novas
tecnologias sustentáveis
;
c) promover e apoiar a conservação e o
uso sustentável
dos recursos
naturais usados na cultura indígena, inclusive no artesanato para fins
comerciais;
d) apoiar a substituição de atividades produtivas não sustentáveis em terras
indígenas por
atividades sustentáveis
;
e) apoiar estudos de impacto socioambiental de atividades econômicas e
produtivas não tradicionais de iniciativa das comunidades indígenas;
f) desestimular o uso de agrotóxicos em terras indígenas e monitorar o
cumprimento da Lei nº 11.460, de 21 de março de 2007, que veda o cultivo
de organismos geneticamente modificados em terras indígenas;
g) apoiar
iniciativas indígenas sustentáveis de etnoturismo e de
ecoturismo
, respeitada a decisão da comunidade e a diversidade dos povos
indígenas, promovendo-se, quando couber, estudos prévios, diagnósticos de
impactos socioambientais e a capacitação das comunidades indígenas para a
gestão dessas atividades;
Um pouco antes, no Decreto nº 6.861/2009, o princípio da sustentabilidade já está
presente na formatação da educação escolar indígena, como evidencia o Art. 11 desta norma,
onde se lê que: “As propostas pedagógicas para o ensino médio integrado à formação
profissional dos alunos indígenas deverão
articular as atividades escolares com os projetos
de sustentabilidade formulados pelas comunidades indígenas
e considerar as
especificidades regionais e locais” (BRASIL, 2009, grifo nosso).
O conteúdo das normas indica, portanto, que a política educacional indígena brasileira
da atualidade se orienta, em última instância, pelo “novo paradigma da modernidade” como
estratégia de desenvolvimento para estes povos. Após quase três décadas da publicação da
Constituição Federal de 1988, pode-se afirmar, ao final de duas décadas do século XXI, que
este novo paradigma se consolidou, se não como prática, mas como discurso ideológico,
científico e normativo/oficial orientador desta política.
Como afirma Saviani (1999; 2010; 2011), uma política educacional é bem-sucedida se
ela concorre para ampliar as oportunidades sociais, o bem-estar social, o acesso a direitos
sociais, trabalhistas, à cidadania, à dignidade e, assim, as possibilidades de desenvolvimento
social e humano de uma sociedade. Neste sentido, é importante se indagar como andam as
condições econômicas das populações indígenas brasileiras sob as políticas educacionais
induzidas pelo novo paradigma da modernidade? Seguem alguns dados para reflexão.
image/svg+xml
Política educacional indigenista brasileira: Contradições e desafios
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1062-1078, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14354
1072
Figura 1
– Crianças e jovens indígenas que frequentam um estabelecimento educativo em
países com as populações indígenas mais expressivas na América Latina
Fonte: CEPAL (2015, p. 97)
Os dados da Figura 1, que englobam alguns dos países com as populações indígenas
mais expressivas na América Latina, mostram que, no Brasil, de 2000 para 2010, houve
aumento da frequência de indígenas em todas as faixas de idade, dos 6 aos 22 anos, em
estabelecimentos escolares. Os dados da CEPAL indicam melhoria do acesso escolar por
parte de indígenas no Brasil e se coadunam com outras pesquisas que, ao longo da última
década, mostram melhoria da escolaridade entre indígenas.
De acordo com Vettorazzo (2017), a taxa de analfabetismo entre pretos e pardos –
onde se localizam os indígenas – tinha caído para 9,9% em 2017, porém, continuava sendo o
dobro da taxa de analfabetismo entre brancos, que era, neste ano, de 4,2%. O analfabetismo
entre os indígenas, entre 2000 e 2010, era quase 3 vezes superior ao índice nacional, e
chegava a 23,3% da população.
Cerca de dez anos depois, a realidade da pobreza entre indígenas no país segue forte,
como indicam os dados epidemiológicos destas populações. De acordo com o boletim
Epidemiológico do Ministério da Saúde de 2017, por exemplo, as taxas de mortalidade
infantil entre indígenas no Brasil são superiores às dos demais grupos étnicos avaliados. O
boletim também mostra que doenças típicas da pobreza e da miséria, como a leishmaniose e a
tuberculose (BRASIL, 2017), são endêmicas entre estes povos. Seguem os dados do Boletim:
image/svg+xml
Kasandra Conceição CASTRO e Rita de Cássia GONÇALVES
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1062-1078, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14354 1073
Os coeficientes de detecção entre os indígenas e negros foram,
respectivamente, 18 e 3,4 vezes maiores do que na população branca
(3,5/100 mil hab.). Em todas as regiões analisadas, observou-se que os
indígenas respondem pelos maiores coeficientes de detecção de casos novos
de LT (Leishmaniose tegumentar), com destaque para a região Centro-Oeste
(125,8/100 mil hab.) (BRASIL, 2017, p. 3).
Apesar da melhora no acesso à educação escolar, os dados também não são
animadores. De acordo com o Governo Federal, em 2019 havia 3.345 escolas indígenas no
Brasil, porém:
1.029 escolas indígenas não funcionam em prédios escolares; 1.027 escolas
indígenas não estão regularizadas por seus sistemas de ensino [...]. Além
disso, 1.970 escolas não possuem água filtrada, 1.076 não possuem energia
elétrica e 1.634 escolas não possuem esgoto sanitário. São 3.077 escolas sem
biblioteca, 3.083 sem banda larga e 1.546 que não utilizam material didático
específico. E, apesar de 2.417 escolas não informar a língua indígena
adotada, 3.345 unidades escolares utilizam linguagem indígena (BRASIL,
2019).
A situação de pobreza e miséria que grassa entre as populações indígenas brasileiras,
portanto, não permite argumentar em favor da experiência de um processo de
desenvolvimento efetivo por parte destas. E isso ocorre no contexto de um novo modelo de
política indigenista e de política educacional indígena, embalado pelo discurso do
desenvolvimento sustentável.
Considerações finais
O discurso do “novo paradigma da modernidade” busca subverter a lógica do
paradigma da modernidade na condução da política educacional indígena brasileira, ao partir
de uma nova compreensão da eficiência e do desenvolvimento como um composto que
envolve a eficiência ambiental, social, política, cultural e econômica. Neste contexto, os
povos tradicionais passaram a ser compreendidos como parceiros e promotores do
desenvolvimento sustentável. Como parceiros do desenvolvimento, a cultura, as tradições, o
modo de vida, os costumes, as práticas econômicas, as relações sociais e os conhecimentos
tradicionais destes povos precisam ser protegidos, promovidos e fortalecidos.
Contudo, os dados educacionais e sociais apresentados mo
stram que a nova política
indigenista, adotada desde 1988, não se mostrou suficiente para levar o desenvolvimento
social para estas populações, como mostram os indicadores apresentados. Pode-se inferir que
este “novo modelo” ainda não foi capaz de promover o tão almejado desenvolvimento destas
image/svg+xml
Política educacional indigenista brasileira: Contradições e desafios
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1062-1078, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14354
1074
sociedades, nem no sentido clássico, de melhorias econômicas, nem no sentido do
desenvolvimento sustentável.
De modo geral, não houve mudanças ou transformações generalizadas nas condições
sociais destas populações, o que remete à conclusão de que, mesmo sob a hegemonia deste
novo modelo de política educacional, o que se tem são processos de reprodução das
condições sociais de marginalidade, marcados pela vulnerabilidade em massa destes povos.
Porque, mesmo após quase três décadas de hegemonia do discurso do
desenvolvimento sustentável na política educacional indígena brasileira não se observou a
ampliação generalizada das oportunidades sociais, do bem-estar social e do desenvolvimento
social e humano entre estes povos? É o “novo modelo” que está errado ou ele não está sendo
efetivamente aplicado? Se não está sendo aplicado, quais as lutas que devem ser travadas pela
sua efetividade? Estes questionamentos podem ser desenvolvidos a partir das questões
apresentadas neste artigo.
AGRADECIMENTOS
: Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico – CNPq, pela aprovação de projeto no Edital 02/2016, que permitiu o
desenvolvimento da pesquisa.
REF
ERÊNCIAS
AIRES, M. M. P. De Aculturados a índios com cultura: estratégias de representação do
movimento de professores tapebas em zonas de contato.
In
: AIRES, M. M. P.
Escolas
indígenas e políticas interculturais no Nordeste brasileiro
. Fortaleza, CE: EdUECE, 2009.
215 p.
BARROSO-HOFFMANN, M.
et al
. A administração pública e os povos indígenas.
In
:
FALEIROS, V. P.; NUNES, S. P.; FLEURY, S.
A era FHC e o governo Lula
: transição?.
Brasília, DF: Instituto de Estudos Socioeconômicos, 2004. p. 293-326.
BRASIL. [Constituição (1988)].
Constituição da República Federativa do Brasil
. Brasília,
DF: Senado Federal, 1988. Disponível em:
https://www2.camara.leg.br/legin/fed/consti/1988/constituicao-1988-5-outubro-1988-
322142-publicacaooriginal-1-pl.html. Acesso em: 14 out. 2020.
BRASIL.
Decreto n. 26, de 4 de fevereiro de 1991
. Dispõe sobre educação indígena no
Brasil. Brasília, DF: Presidência da República, 1991. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1990-1994/d0026.htm. Acesso em: 14 out.
2020.
image/svg+xml
Kasandra Conceição CASTRO e Rita de Cássia GONÇALVES
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1062-1078, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14354 1075
BRASIL. Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da
Educação Nacional.
Diário Oficial da União
: seção 1, Brasília, DF, ano 175, n. 248, p.
27833-27841, 1996.
BRASIL.
Lei n. 11.645, de 10 março de 2008.
Inclui no currículo oficial da rede de ensino a
obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”. Brasília, DF:
Presidência da República, 2008. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-
2010/2008/lei/l11645.htm#:~:text=Altera%20a%20Lei%20no,Afro%2DBrasileira%20e%20I
nd%C3%ADgena%E2%80%9D. Acesso em: 14 out. 2020.
BRASIL. Decreto n. 6.861, de 27 de maio de 2009. Dispõe sobre a Educação Escolar
Indígena, define sua organização em territórios etnoeducacionais, e dá outras providências.
Diário Oficial da União
: seção 1, Brasília, DF, n. 100, p. 23-24, 2009.
BRASIL.
Lei n. 12.711, de 29 de agosto de 2012.
Dispõe sobre o ingresso nas universidades
federais e nas instituições federais de ensino técnico de nível médio e dá outras providências.
Brasília, DF: Presidência da República, 2012a. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12711.htm. Acesso em: 14
out. 2020.
BRASIL. Decreto n. 7.747, de 05 de junho de 2012. Institui a Política Nacional de Gestão
Ambiental e Territorial das Terras Indígenas – PNGATI.
Diário Oficial da União
: seção 1,
Brasília, DF, ano 149, n. 109, p. 9-11, 2012b.
BRASIL. Resolução CEB/CNE n. 05, de 22 de junho de 2012. Define Diretrizes Curriculares
Nacionais para a Educação Escolar Indígena na Educação Básica.
Diário Oficial da União
:
seção 1, Brasília, DF, ano 149, n. 121, p. 7-10, 2012c.
BRASIL.
Portaria do Ministério da Educação MEC Nº 389/2013
. Cria o Programa
Nacional de Bolsa Permanência e dá outras providências. Brasília, DF: Governo Federal,
2013a. Disponível em: https://www.in.gov.br/materia/-
/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/30550825. Acesso em: 14 out. 2020.
BRASIL.
Portaria do Ministério da Educação GM/MEC nº 1.062/2013
. Institui o
Programa Nacional dos Territórios Etnoeducacionais - PNTEE. Brasília, DF: Governo
Federal, 2013b. Disponível em: https://www.in.gov.br/materia/-
/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/31176478/do1-2013-10-31-portaria-n-1-062-de-
30-de-outubro-de-2013-31176474. Acesso em: 14 out. 2020.
BRASIL.
Direitos Humanos
:
Atos internacionais e normas correlatas. 4. ed. Brasília, DF:
Senado Federal, 2013c. 441 p. Disponível em:
https://www2.senado.leg.br/bdsf/handle/id/508144. Acesso em: 14 set. 2021
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde.
Indicadores de Vigilância
em Saúde descritos segundo a variável raça/cor, Brasil.
Boletim Epidemiológico
, Brasília, v.
48, n. 4, 2017.
image/svg+xml
Política educacional indigenista brasileira: Contradições e desafios
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1062-1078, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14354
1076
BRASIL.
MEC trabalha por avanços na educação escolar indígena.
Brasília, DF: MEC,
2019. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/busca-geral/206noticias/1084311476/75261-
mec-trabalha-por-avancos-na-educacao-escolar-indigena. Acesso em: 03 mar. 2020.
CEPAL. Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe.
Os povos indígenas na
América Latina
: avanços na última década e desafios pendentes para a garantia de seus
direitos. Santiago: CEPAL/ONU, 2015. 124 p. Disponível em:
https://repositorio.cepal.org/bitstream/handle/11362/37773/S1420764_pt.pdf;jsessionid=4D1
C2B75ACA46D1B59C5DF8C725E3E63?sequence=1. Acesso em: 14 out. 2020.
DEAN, B. Identity and Indigenous Education in Peruvian Amazonia.
In:
JACOB, W. J.;
CHENG, S. Y.; PORTER, M. K.
Indigenous Education:
Language, culture and identity.
Berlim: Springer, Dordrecht, 2015. p. 429-446.
DIZ, J. B. M.
Nova ordem ambiental internacional e desenvolvimento sustentável
. Belo
Horizonte: Arraes, 2014. 117 p.
DUSSEL, E.
Europa, modernidade e eurocentrismo.
Buenos Aires: CLACSO, Consejo
Latinoamericano de Ciencias Sociale, 2005.
FAUSTO, B.
História do Brasil
. 12. ed. São Paulo: EDUSP, 2006.
FLEURY, L. C.; ALMEIDA, J. Populações tradicionais e conservação ambiental: um a
contribuição da teoria social.
Revista Brasileira de Agroecologia
, Dois Vizinhos, v. 2, n. 3,
p. 3-19, 2007. Disponível em: https://revistas.aba-
agroecologia.org.br/rbagroecologia/article/view/6270/4578. Acesso em: 10 ago. 2021.
FONTENELE, F. N.
Grão-Pará pombalina
: trabalho, desigualdade e relações de poder.
2008. Dissertação (Mestrado em História) - Programa de Estudos Pós-Graduados em
História, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2008.
FUNAI. Fundação Nacional do Índio.
In:
Política indigenista
. Brasília, DF: Funai, 2020c.
Disponível em: http://www.funai.gov.br/index.php/nossas-acoes/politica-
indigenista?limitstart=0#. Acesso em: 15 out. 2020.
GUSTAFSON, B. Manipulating cartographies: plurinationalism, autonomy and indigenous
resourgence in Bolivia.
Anthropological Quarterly
, Washington, v. 82, n. 4, p. 985-1016,
2009. Disponível em: http://www.jstor.org/stable/20638677. Acesso em: 23 nov. 2020
GUSTAFSON, B. Paradoxes of Liberal Indigenism: Indigenous Movements, State Process,
and Intercultural Reform in Bolivia.
In
: MAYBURY-LEWIS, D.
Identities in Conflict
:
indigenous peoples in Latin American States. Cambridge: Harvard University Press, 2002. p.
267-306.
HALE, C. R. Does Multiculturalism Menace? Governance, Cultural Rights and the Politics
of Identity in Guatemala.
Journal of Latin American Studies
, Cambridge, v. 34, n. 3, p.
485-524, 2002. Disponível em: https://www.jstor.org/stable/3875459. Acesso em: 25 maio
2021.
image/svg+xml
Kasandra Conceição CASTRO e Rita de Cássia GONÇALVES
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1062-1078, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14354 1077
IPEA. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
. Comissão Nacional de Desenvolvimento
Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais na Visão de seus Membros
. Brasília,
DF: IPEA, 2012. 60 p.
LUCIANO, G. S.
O Índio Brasileiro
: o que você precisa saber sobre os povos indígenas no
Brasil de hoje. Brasília, DF: Ministério da Educação, LACED/Museu Nacional, 2006. 236 p.
Disponível em:
http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/pdf/indio_brasileiro.pdf. Acesso em:
14 out. 2020.
MELIÁ, B.
Educação indígena e alfabetização
.
São Paulo: Loyola, 1979.
OLIVEIRA, J. P.; FREIRE, C. A. R.
A presença indígena na formação do Brasil
. Brasília,
DF: MEC/UNESCO, 2006. 272 p.
OLIVEIRA, L. A.; NASCIMENTO, R. G. Roteiro para uma história da educação escolar
indígena: notas sobre a relação entre política indigenista e educacional.
Educação e
Sociedade,
Campinas, v. 33, n. 120, p. 765-781, jul./set. 2012. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/es/a/wMzP6M8bn8bDsjdQMwNzk4J/?lang=pt. Acesso em: 19 out.
2020.
QUIJANO, A.
Colonialidade do poder, Eurocentrismo e América Latina.
Buenos Aires:
CLACSO, Consejo Latinoamericano de Ciencias Sociale, 2005.
ROUANET, S. P.
As razões do iluminismo
. São Paulo: Companhia das Letras, 1987.
SAVIANI, D.
Escola e democracia
: teorias da educação, curvatura da vara, onze teses sobre
educação e política. 32. ed. Campinas, SP: Autores Associados, 1999.
SAVIANI, D.
Pedagogia Histórico-crítica
. 11. ed. Campinas, SP: Autores Associados, 2011.
SAVIANI, D. Sistema nacional de Educação articulado ao Plano Nacional de Educação.
Revista Brasileira de Educação
, v. 15, n. 44, maio/ago. 2010. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/rbedu/a/KdGRyTzTrq88q5HyY3j9pbz/?format=pdf&lang=pt. Acesso
em: 12 abr. 2020.
SOUZA, A. H. C.
População indígena de Boa Vista/RR
: uma análise socioeconômica.
2009. Dissertação (Mestrado em Economia) – Faculdade de Ciências Econômicas,
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2009.
VEIGA, J. E. Indicadores de Sustentabilidade.
Estudos Avançados
, v. 24, n. 68, p. 39-52,
2010. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/ea/a/kbNBRDnhFxbgL5rwyn3q8Cv/abstract/?lang=pt. Acesso em: 12
set. 2021.
VETTORAZZO, L. País tem 11,8 milhões de analfabetos; taxa entre negros dobra ante
br
ancos. São Paulo:
Folha de São Paulo
, 2017. Disponível em:
https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2017/12/1944963-pais-tem-118-milhoes-de-
analfabetos-taxa-entre-negros-dobra-ante-brancos.shtml. Acesso em: 15 out. 2020.
image/svg+xml
Política educacional indigenista brasileira: Contradições e desafios
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1062-1078, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14354
1078
Como referenciar este artigo
CASTRO, K. C.; GONÇALVES, R. C. Política educacional indigenista brasileira:
Contradições e desafios.
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação
, Araraquara,
v. 17, n. 2, p. 1062-1078, 2022. e-ISSN: 1982-5587. DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14354
Submetido em:
15/10/2021
Revisões requeridas em
: 07/01/22
Aprovado em
: 12/03/2022
Publicado em
:
01/04/2022
image/svg+xml
Política educativa indigenista brasileña: Contradicciones y desafíos
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p.
1063-1079, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14354 1063
POLÍTICA EDUCATIVA INDIGENISTA BRASILEÑA: CONTRADICCIONES Y
DESAFÍOS
POLÍTICA EDUCACIONAL INDIGENISTA BRASILEIRA: CONTRADIÇÕES E
DESAFIOS
INDIGENIST BRAZILIAN EDUCATIONAL POLICY: CONTRADICTIONS AND
CHALLENGES
Kasandra Conceição CASTRO
1
Rita de Cássia GONÇALVES
2
RESUMEN
: La historia de las políticas educativas brasileñas dirigidas a las poblaciones
indígenas está impregnada del paradigma sociológico clásico de tradición y modernidad. Este
texto presenta un breve panorama de las políticas educativas indígenas, señalando cómo los
modelos tradicionales y modernos han afectado su desarrollo. El estudio es de naturaleza
teórica y se basa en investigaciones bibliográficas y documentales para cuestionar las políticas
indígenas implementadas en Brasil. El desarrollo de este artículo presenta la política educativa
brasileña para la educación indígena en un contexto histórico, utilizando el concepto de
tradición y modernidad. Analiza aspectos de la política educativa tradicional indígena y los
cambios provocados por la llamada modernidad que se instauró definitivamente en el debate
educativo indígena posterior a la Constitución Brasileña de 1988. Y hace consideraciones
sobre algunos resultados de las políticas adoptadas en las primeras décadas del siglo XXI.
PALABRAS CLAVE
: Educación. Políticas educativas. Política indigenista. Tradición.
Modernidad.
RESUMO
: A história das políticas educacionais brasileiras voltadas às populações
indígenas é perpassada pelo paradigma sociológico clássico da tradição e modernidade. Este
texto apresenta um breve panorama das políticas educacionais indigenistas, apontando como
os modelos tradicionais e modernos afetaram o desenvolvimento das mesmas. O estudo é de
natureza teórica e, portanto, baseado em pesquisa bibliográfica e documental para
questionar as políticas indigenistas implementadas no Brasil. O desenvolvimento deste artigo
apresenta a política educacional brasileira para a educação indígena dentro de um contexto
histórico, utilizando-se do conceito tradição e modernidade. Analisa aspectos da política
educacional indígena tradicional e as modificações trazidas pela chamada modernidade que
se estabeleceu definitivamente no debate educacional indígena após a Constituição de 1988.
1
Universidad Tuiuti de Paraná (UTP), Curitiba – PR – Brasil. Estudiante de Maestría en Educación del
Programa de Posgrado en Educación. Es Licenciado en Ciencias Sociales por la Universidad Luterana de Brasil
(2010). Especialista en La Cuestión Social por la Perspectiva Interdisciplinaria de la Universidad Federal de
Paraná - UFPR. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-8259-2529. E-mail: kasandrak1224@gmail.com
2
Universidad Tuiuti de Paraná (UTP), Curitiba – PR – Brasil. Profesora Adjunta del Programa de Posgrado en
Educación. Doctora en Educación (UFPR). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-0588-6803. E-mail:
professoraritadecassia@gmail.com
image/svg+xml
Kasandra Conceição CASTRO y Rita de Cássia GONÇALVES
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1063-1079, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14354
1064
E tece considerações sobre alguns resultados das políticas adotadas nas primeiras décadas
do século XXI.
PALAVRAS-CHAVE
: Educação. Política educacional. Política indigenista. Tradição.
Modernidade.
ABSTRACT
: The history of Brazilian educational policies aimed at indigenous populations
is permeated by the classic sociological paradigm of tradition and modernity. That text
presents a brief overview of indigenous educational policies, pointing out how traditional and
modern models have affected their development. This study is theoretical in nature and,
therefore, based on bibliographic and documentary research to question indigenous policies
implemented in Brazil. The development of this, it presents the Brazilian educational policy
for indigenous education within a historical context, using the concept of tradition and
modernity. Analyzes aspects of traditional indigenous educational policy and the changes
brought about by the so-called modernity who was definitively established in the indigenous
educational debate after the 1988 Constitution. Finally, this makes considerations about some
results of the policies adopted in the first decades of the 21st century.
KEYWORDS
: Education. Educational policies. Indigenous politics. Tradition. Modernity.
Introducción
La historia de las políticas educativas brasileñas dirigidas a las poblaciones indígenas
puede ser interpretada, como se verá en este estudio, por el paradigma sociológico clásico de
la modernidad y la tradición. Dentro de este debate, lo moderno aparece asociado a todas las
formas de sociabilidad capitalista, mientras que lo tradicional ocupa el horizonte opuesto,
asociado a la sociabilidad no capitalista, precapitalista o parcialmente capitalista (DUSSEL,
2005; QUIJANO, 2005; ROUANET, 1987). Estos conceptos se discutirán más a fondo a lo
largo de este artículo.
En el ámbito de la política educativa indigenista (PEI), el paradigma de la modernidad
fue hegemónico y se materializó en las acciones "integracionista", "asimilacionista",
"colonizadora" y "civilizadora". Las concepciones asociadas con estos conceptos ayudaron a
dar forma a las políticas públicas dirigidas a las poblaciones indígenas a lo largo de la
formación de la sociedad brasileña.
Hasta 1988, con la promulgación de la Constitución brasileña conocida como
Constitución Ciudadana, el PEI brasileño siguió un formato que comenzó a construirse en el
período colonial, marcado por la búsqueda de la conversión de los indígenas en un ciudadano
civilizado (LUCIANO, 2006, 2013). Según expertos en la materia (AIRES, 2009; LUCIANO,
2006, 2013; OLIVEIRA; FREIRE, 2006; OLIVEIRA; NASCIMENTO, 2012), esta política
image/svg+xml
Política educativa indigenista brasileña: Contradicciones y desafíos
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p.
1063-1079, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14354 1065
tenía como objetivo llevar a los indígenas a romper con sus raíces y abandonar su forma de
vida en favor de adherirse a la forma de vida típicamente occidental y capitalista. Tanto en el
período colonial como en el poscolonial, los objetivos prácticos detrás de esta política son
similares: utilizar la fuerza de trabajo indígena en las actividades económicas asociadas con el
modo de producción capitalista, apropiarse de sus tierras, riquezas naturales y conocimientos
y fortaleza para la protección de los territorios (AIRES, 2009; FAUSTO, 2006; LUCIANO,
2006, 2013; OLIVEIRA; FREIRE, 2006). Sin embargo, desde finales del siglo XX hasta
nuestros días, esta política ha sufrido cambios significativos, dentro de la perspectiva de lo
que se puede llamar un "nuevo paradigma de la modernidad", que absorbe lo tradicional como
uno de sus componentes (SANTOS, 2013).
La postura modernizadora de la Política Indígena Brasileña (PI) se explicó, a nivel
macro, por la búsqueda de la valorización económica, política y estratégica del hombre
nativo, lo que significó la conversión del nativo en mano de obra barata al capital, la
transformación de su riqueza natural en bienes y el incentivo para promover la ocupación
territorial. Estos objetivos se justificaron en nombre de la unidad cultural de la nación y la
mitigación de las amenazas de fragmentación territorial para reducir las vulnerabilidades del
país en relación con la codicia de otras naciones (FONTENELE, 2008; SANTOS, 2013).
Es este conjunto de intereses el que alimenta el patrón modernizador de la PI y PEI
hasta, básicamente, la década de 1980. A finales de esta década, debido al fortalecimiento de
la sociedad civil, el movimiento indigenista y el avance de una cultura política y social
democrática, el Estado brasileño comenzaría a adoptar una nueva postura. Esto estaría más en
sintonía con la afirmación de la tradición del modo de vida tradicional, mediante la cual, por
un lado, se trata de alinear la P.I. con los intereses y necesidades de las poblaciones indígenas
(GUSTAFSON, 2002).
Estudiosos de la cuestión indígena que la analizan a través del sesgo de la teoría
crítica (AIRES, 2009; BARROSO-HOFFMANN
et al.,
2007; DECANO, 2015;
GUSTAFSON, 2009; HALE, 2002) subrayan que esta postura política más cercana a los
intereses indígenas también encaja en las nuevas demandas globales del sistema capitalista,
que, además de la globalización, el neoliberalismo y la producción flexible, buscó ajustar su
engranaje al fortalecimiento de los movimientos ambientales y el desarrollo sostenible.
Según Hale (2002), si bien los defensores de la ideología neoliberal estimularon el
multiculturalismo promoviendo la defensa de los derechos culturales indígenas y abriendo el
espacio político para conquistar estos derechos, también buscaron imponer sus agendas
image/svg+xml
Kasandra Conceição CASTRO y Rita de Cássia GONÇALVES
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1063-1079, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14354
1066
políticas y regular los espacios de participación política de los indios, así como la
estandarización de las diferencias culturales.
De una forma u otra, el aval neoliberal al multiculturalismo, la sostenibilidad y los
derechos de las minorías ha generado efectos incontrolados o, como prefiere Hale (2002),
"no intencionales", que culminaron en el fortalecimiento de la sociedad civil, los
movimientos sociales y, a través de ellos, la ideología del desarrollo sostenible.
El fortalecimiento de esta ideología de la sostenibilidad fue tal que se pensó como un
"llamado 'nuevo paradigma de la modernidad': 'desarrollo sostenible'" (FLEURY;
ALMEIDA, 2007). En el movimiento indígena, este "nuevo paradigma de modernidad" fue
responsable de acercar a las comunidades indígenas a los organismos gubernamentales e
internacionales de financiamiento para proyectos de desarrollo comunitario, consolidar
asociaciones entre estas comunidades y organizaciones no gubernamentales (ONG), y para la
formación de asociaciones y organizaciones locales y regionales (OLIVEIRA; FREIRE,
2006).
Es en este contexto de fortalecimiento del movimiento indígena brasileño,
permeabilización de la cultura del desarrollo sostenible dentro de este movimiento, conquista
limitada de derechos y autonomía por parte de estos pueblos, y de avances y retrocesos del
propio proceso democrático en Brasil, que se justifica cuestionar la política educativa
indigenista. Este artículo es un estudio cualitativo, que presenta preguntas teóricas basadas en
la investigación bibliográfica y documental. Sin embargo, se utilizaron datos secundarios de
naturaleza cualitativa y cuantitativa para ilustrar algunos argumentos desarrollados aquí,
especialmente los relacionados con las condiciones socioeconómicas y educativas de los
pueblos indígenas brasileños.
El desarrollo de este artículo presenta la política educativa brasileña para la educación
indígena dentro de un contexto histórico, utilizando los conceptos sociológicos de tradición y
modernidad de la forma en que aparece en Rouanet (1986), Giddens (1991) y Dussel (2005),
es decir, la tradición como organización económica, social, política y manifestaciones
culturales típicas de las sociedades arcaicas no capitalistas, y la modernidad como forma de
vida y
ethos
de las sociedades capitalistas (DUSSEL, 2005; GIDDENS, 1991; ROUANET,
1986). Analiza aspectos de la política educativa indigenista desde su creación en 1988 y las
modificaciones introducidas por la Constitución de 1988. Y teje consideraciones sobre
algunos de los resultados de las políticas adoptadas en las primeras décadas del siglo 21.
image/svg+xml
Política educativa indigenista brasileña: Contradicciones y desafíos
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p.
1063-1079, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14354 1067
Política Educativa Brasileña para la
Educación Indígena: Tradición y Modernidad
Luciano (2006) señala que la imaginería del brasileño sobre los pueblos indígenas
presenta tres líneas: un romántico, un deshumanizador y un ciudadano. Los dos primeros son
herederos del proceso colonizador y están en sintonía con el etnocentrismo europeo, es decir,
con la concepción de superioridad y centralidad humana de los pueblos colonizadores.
Finalmente, la visión del ciudadano, que se consolida a partir de CF/1988, "es la visión más
civilizada del mundo moderno, no sólo sobre los indios, sino sobre las minorías o las
mayorías socialmente marginadas. Esta visión concibe a los indios como sujetos de derechos
y, por lo tanto, de ciudadanía" (LUCIANO, 2006, p. 36).
La idea de progreso, según la cual la historia de todas las sociedades humanas sigue
las etapas que se extienden desde una fase mítica, primitiva, pasando por una etapa
metafísica, intermedia, hasta la fase positiva, que sería superior (DUSSEL, 2005; QUIJANO,
2005), fue la base ideológica de la creación de la Política Indígena Brasileña, que comienza
oficialmente en 1910, con la creación del Servicio de Protección Indígena y Localización de
Trabajadores Nacionales (SPILTN). Más tarde, en 1918, SPILTN fue reemplazado por el
Servicio de Protección de la India (SPI). Como reconoce el propio Gobierno Federal, en la
página web de la Fundación Nacional del Indio:
Esta decisión gubernamental se tomó en un momento histórico en el que
predominaron las ideas evolucionistas sobre la humanidad y su desarrollo a
través de etapas. Esta ideología de carácter etnocéntrico influyó en la visión
gubernamental, y la Constitución vigente en ese momento estableció la
figura jurídica de la tutela y consideró a los indios como "relativamente
incapaces" (FUNAI, 2020). (traducción nuestra)
Hasta la creación de SPILTN, las acciones indigenistas en Brasil estaban
descentralizadas y por lo tanto estaban a cargo, en particular, de misiones religiosas, que
buscaban catequizarlas y convertirlas al cristianismo, o misiones comerciales, que tenían la
intención de transformar al indio en mano de obra esclava para apropiarse de su riqueza
natural (LUCIANO, 2006; OLIVEIRA; FREIRE, 2006; OLIVEIRA; NACIMIENTO, 2012).
La política indigenista oficial continuó, a lo largo del siglo XX, las acciones de
integración, aculturación, conversión de los pueblos tradicionales a través de la ideología del
progreso y la evolución, lo que resultó en la destrucción de la cultura, la forma de vida de
estos pueblos y su integración, a menudo forzada y marginal, en la sociedad moderna. En esta
política de integración, dirigida a "empoderar" e "integrar" al indio, la política educativa
comenzó a ocupar un lugar central, porque dejaba la responsabilidad de desarrollar las
image/svg+xml
Kasandra Conceição CASTRO y Rita de Cássia GONÇALVES
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1063-1079, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14354
1068
habilidades intelectuales y físicas necesarias para aprovechar la fuerza laboral de estos
sujetos.
En la política educativa indígena brasileña, lo "mítico" del progreso se tradujo en la
construcción de un modelo que los expertos llaman "integracionista", "colonialista",
"civilizador", "asimilacionista", "modernizador", "evolucionista" (AIRES, 2009; LUCIANO,
2006; MELIÁ, 1979; OLIVEIRA; NACIMIENTO, 2012).
Así, lo que aquí se llama el modelo moderno de política educativa indígena brasileña
tenía como objetivo principal cumplir con las metas de progreso: cambiar la forma tradicional
de vida y cultura de los pueblos indígenas, integrarlos en la sociedad moderna y enseñarles
los valores, el conocimiento y la forma de vida capitalista:
[...] el objetivo principal de las políticas educativas dirigidas a los pueblos
indígenas, desde las acciones catalizadoras de los jesuitas en el período
colonial hasta las prácticas indigenistas del siglo XX, fue llevarlos a
la
civilización o nacionalizá
ellos. Y bajo este imperativo de que el campo
indigenístico se establezca dentro del aparato institucional del Estado,
asumiendo la inferioridad de lo indígena con relación a la raza blanca
civilizada, situándose, esta vez, en una primera o selvática fase evolutiva.
[...] Entonces, considerados como obstáculos para el proyecto de
modernización del país, los indios fueron [...]. En el momento en que se
institucionalizaron las políticas indigenistas brasileñas, en el centro de los
debates que predijeron su extinción. (OLIVEIRA
;
NACIMIENTO, 2012, p.
768). (traducción nuestra)
Como se puede observar, en la creación de la Fundación Nacional del Indio en 1967,
están presentes los ideales de evolución, progreso, integración y protección de los indígenas:
la búsqueda de la "aculturación espontánea", no para provocar cambios abruptos, sino con el
evidente propósito de llevar a cabo la "integración" y "evolución" socioeconómica de estos
pueblos.
Esta política educativa fue una política que no logró integrar al indio sino
marginalmente a la sociedad nacional, a través de la favelización, la subproletización, el
desempleo, la informalización, el empobrecimiento y la violencia física, social y simbólica
contra estos sujetos (SOUZA, 2009). Como señala Luciano (2006, p. 97): "No se puede
olvidar que el Estado brasileño es el resultado de una estructura colonial que se centra en los
indios, obligándolos a formar parte de los sectores más empobrecidos, explotados y
discriminados de Brasil y América Latina".
En el "nuevo paradigma de la modernidad", el desarrollo sostenible, en el discurso y
la práctica, busca revertir la lógica de la relación que el Estado y la sociedad, bajo la
hegemonía de la ideología de la modernidad/progreso/evolución, mantenía con los indígenas
image/svg+xml
Política educativa indigenista brasileña: Contradicciones y desafíos
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p.
1063-1079, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14354 1069
brasileños. Esto se explica porque, en el contexto del imaginario modernizador clásico, la
tradición se entiende como un retraso y un obstáculo para el desarrollo, y en este nuevo
contexto se entiende como un aliado e incluso una etapa de desarrollo. Así, se considera que
una organización, un Estado y una sociedad, para ser modernos, desarrollados, capitalistas,
deben ser económica, social, política y culturalmente eficientes, es decir, que promuevan, al
mismo tiempo, el crecimiento económico, el desarrollo social, el uso racional y ético de los
recursos públicos, la preservación y el fortalecimiento de la diversidad cultural (DIZ, 2014;
IPEA, 2012; VEIGA, 2010).
La política educativa indigenista brasileña bajo el nuevo paradigma de la modernidad
está en sintonía con la percepción ciudadana del indio. Luciano (2006), al analizar esta
percepción, enfatiza:
Aquí los pueblos indígenas se han ganado el derecho a seguir perpetuando
sus propias formas de vida, sus culturas, sus civilizaciones, sus valores,
garantizando también el derecho de acceso a otras culturas, tecnologías y
valores del mundo en su conjunto. (traducción nuestra)
Los principales logros normativos asociados con el nuevo paradigma de la modernidad
que recaen sobre los pueblos indígenas comienzan con CF/1988. Estos logros están
relacionados con la consolidación del derecho de propiedad de las tierras que habitan y con la
diversidad cultural: "Art. 231. Los indios son reconocidos como su organización social,
costumbres, idiomas, creencias y tradiciones, y los derechos que se originan sobre las tierras
que tradicionalmente ocupan, y corresponde a la Unión demarcarlos, protegerlos y hacer
cumplir todos sus bienes" (BRASIL, 1988). También están asociados con el derecho a una
educación diferenciada, como se determina en el párrafo 2 del art. 210 de la Carta Magna: "§
2º La escuela primaria regular se impartirá en portugués, asegurando que las comunidades
indígenas también utilicen sus lenguas maternas y sus propios procesos de aprendizaje"
(BRASIL, 1988).
El reconocimiento del derecho a la tierra, la diversidad cultural y una educación
diferenciada se desplegó posteriormente en normas orientadas a implementar una política
educativa indígena distinta a la adoptada hasta 1987, y que se fue guiando paulatinamente por
los principios y discursos del desarrollo sostenible, como se muestra más adelante.
La legislación en este contexto incluye, además de LA CF/88, normas como el
Decreto No. 26, 1991, que prevé la educación indígena en el Brasil (BRASIL, 1991); Ley
Nº 9.394/1996, Ley de Directrices y Bases de la Educación Nacional (BRASIL, 1996); Ley
image/svg+xml
Kasandra Conceição CASTRO y Rita de Cássia GONÇALVES
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1063-1079, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14354
1070
Nº 11.645/2008, que incluye en el currículo oficial del sistema escolar el tema obligatorio
"Historia y Cultura Afrobrasileña e Indígena" (BRASIL, 2008); El Decreto Nº 6861/2009,
que prevé la Educación Escolar Indígena, define su organización en los territorios
etnoeducativos y establece otras medidas (BRASIL, 2009); Ley N° 12.711/2012, que prevé
la acción afirmativa para los afrodescendientes y los pueblos indígenas; (BRASIL, 2012a);
Decreto N° 7747/2012, que establece la Política Nacional de Gestión Ambiental y Territorial
de Tierras Indígenas (BRASIL, 2012b); Resolución CEB/CNE n. 05/2012, que define los
Lineamientos Curriculares Nacionales para la Educación Escolar Indígena en Educación
Básica (BRASIL, 2012c); Ordenanza MEC n. 389/2013, que crea el Programa Nacional de
Becas de Permanencia para estudiantes de pregrado que ingresan a universidades e institutos
federales (BRASIL, 2013a); Ordenanza MEC N° 1.062/2013, que establece el Programa
Nacional de Territorios Etnoeducativos - PNTEE (BRASIL, 2013b).
La LDB reafirma y entiende a los indígenas como sujetos de derechos. En los
artículos 78 y 79, por ejemplo, se fortalece el derecho a una educación diferenciada mediante
el fortalecimiento del derecho a la diversidad cultural, la autonomía y la participación de
estos pueblos en la formulación de su educación escolar:
Artículo 78.
El Sistema Educativo Federal, con la colaboración de
organismos federales para promover la cultura y la asistencia a los indígenas,
desarrollará programas integrados de enseñanza e investigación, para ofrecer
educación escolar bilingüe e intercultural a los pueblos indígenas, con los
siguientes objetivos: I – proporcionar a los indígenas, sus comunidades y
pueblos, la recuperación de su memoria histórica; la reafirmación de sus
identidades étnicas; la valorización de sus lenguas y ciencias;
Artículo 79.
La Unión apoyará técnica y financieramente a los sistemas educativos en la
provisión de educación intercultural a las comunidades indígenas,
desarrollando programas integrados de enseñanza e investigación. § 1Los
programas se planificarán con la audiencia de las comunidades indígenas
(BRASIL, 1996, nuestro grifo). (traducción nuestra)
La diversidad cultural, la participación, la autonomía, la defensa, la promoción y el
fortalecimiento de las formas de vida de los pueblos indígenas son vehículos que conectan
directamente la política educativa indígena brasileña con los derechos humanos
3
y, a través
de estos, con el desarrollo sostenible, ya que una de las bases de este modelo de desarrollo es
3
Arruda (2020, p. 8) afirma que los derechos internacionales "se refieren a derechos universalmente aceptados en
el orden internacional, porque tratan el derecho atribuido a la humanidad en general, a través de tratados
internacionales". En este sentido, como muestra Brasil (2013c), incluyen un conjunto de Derechos previstos en
Tratados Internacionales que van desde la Declaración Universal de Derechos Humanos, pasando por la
Declaración de las Naciones Unidas sobre los Derechos de los Pueblos Indígenas, hasta la Convención sobre la
Protección y Promoción de la Diversidad de las Expresiones Culturales y la Convención sobre los Derechos de
las Personas con Discapacidad y su Protocolo Facultativo. Para más información,
véase
Derechos Humanos:
actos internacionales y normas conexas (BRASIL, 2013c).
image/svg+xml
Política educativa indigenista brasileña: Contradicciones y desafíos
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p.
1063-1079, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14354 1071
la promoción de la diversidad cultural, la sostenibilidad ambiental, el bienestar social, la
democracia política, la promoción de la igualdad y la reducción de las injusticias sociales,
estos también vectores de los derechos humanos (BRASIL, 2013c; DIZ, 2014; IPEA, 2012;
VEIGA, 2010).
Las otras normas que regulan la educación indígena brasileña solo refuerzan, detallan
y operacionalizan los objetivos ya explicados en el LDB, pero avanzan en explicar la
ideología de la sostenibilidad o el "nuevo paradigma de la modernidad" como su fin
principal. Así, por ejemplo, la Resolución No. 5 del 22 de junio de 2012, que define los
Lineamientos Curriculares Nacionales para la Educación Escolar Indígena en Educación
Básica, enfatiza explícitamente, como se muestra en los fragmentos, el desarrollo sostenible
como el norte de esta política:
Art. 13 La Educación Profesional y Tecnológica en la Educación Escolar
Indígena debe articular los principios de educación amplia, sostenibilidad
socioambiental y respeto a la diversidad de los estudiantes, considerando las
formas de organización de las sociedades indígenas y sus diferencias
sociales, políticas, económicas y culturales, y debe:
I - contribuir a la construcción de una gestión territorial autónoma,
posibilitando el desarrollo de proyectos de desarrollo sostenible y
producción alternativa para las comunidades indígenas, ante situaciones de
falta de asistencia y falta de apoyo a sus procesos productivos (BRASIL,
2012c). (traducción nuestra)
Esta resolución es precedida por el Decreto N° 7.747 del 5 de junio de 2012, que
establece la Política Nacional de Gestión Territorial y Ambiental de las Tierras Indígenas
(PNGATI). Este Decreto se refiere diez veces al término sostenible o sus derivados, como
sostenible y sostenible, lo que explica quesea el eje principal de PNGATI.
Así, ya en las disposiciones preliminares de esta norma, en su Art. 1, se lee que: "Se
instituye la Política Nacional de Gestión Territorial y Ambiental de Tierras Indígenas -
PNGATI, con el objetivo de asegurar y promover la protección, recuperación, conservación y
uso sostenible de los recursos naturales de las tierras y territorios indígenas
" (BRASIL,
2012b, nuestro grifo).
Luego, en el Capítulo II de las Directrices y Objetivos de PNGATI, Punto IV, esta
norma define que una de las directrices de esta política es:
IV - reconocimiento y apreciación de la contribución de las mujeres
indígenas y el uso de sus
conocimientos y prácticas para la protección,
conservación, recuperación y uso sostenible de los recursos naturales
esenciales para el bienestar y la reproducción física y cultural
de los
pueblos indígenas (BRASIL, 2012b, nuestro grifo) (traducción nuestra)
image/svg+xml
Kasandra Conceição CASTRO y Rita de Cássia GONÇALVES
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1063-1079, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14354
1072
En el Art. 4, que trata de los ejes sobre los que se estructuran los objetivos específicos
de EL PNGATI, el Decreto N° 7.747 aborda específicamente la sostenibilidad como eje de
esta política en el Eje 5, como lo demuestran las partes que son atacadas por nosotros:
V - eje 5 - uso
sostenible
de los recursos naturales e iniciativas productivas
indígenas:
a) garantizar a los pueblos indígenas la exclusividad de la riqueza de suelos,
ríos y lagos existentes en las tierras indígenas;
b) fortalecer y promover las iniciativas productivas indígenas, con apoyo al
uso y desarrollo de
nuevas tecnologías sostenibles
;
c) promover y apoyar la conservación y el
uso sostenible de
los
recursos
naturales utilizados en la cultura indígena, incluidas las artesanías con fines
comerciales;
d) apoyar la sustitución de actividades productivas insostenibles en tierras
indígenas
por actividades sostenibles
;
e) apoyar los estudios de impacto socioambiental de las actividades
económicas y productivas no tradicionales de iniciativa de las comunidades
indígenas;
f) desalentar el uso de plaguicidas en tierras indígenas y vigilar el
cumplimiento de la Ley N° 11.460 del 21 de marzo de 2007, que permite el
cultivo de organismos genéticamente modificados en tierras indígenas;
g)
apoyar iniciativas indígenas sostenibles de etnoturismo y ecoturismo
,
respetando la decisión de la comunidad y la diversidad de los pueblos
indígenas, promoviendo, cuando corresponda, estudios previos, diagnósticos
de impactos socioambientales y la capacitación de comunidades indígenas
para la gestión de estas actividades; (traducción nuestra)
Un poco antes, en el Decreto Nº 6.861/2009, el principio de sostenibilidad ya está
presente en el formato de la educación escolar indígena, como lo demuestra el Art. 11 de esta
norma, que dice que: "Las propuestas pedagógicas para la educación secundaria integradas a
la formación profesional de los estudiantes indígenas deben
articular las actividades
escolares con proyectos de sostenibilidad formulados por las comunidades indígenas
y
considerar las especificidades regionales y locales" (BRASIL, 2009, nuestro grifo).
El contenido de las normas indica, por lo tanto, que la política educativa indígena
brasileña de hoy se guía en última instancia por el "nuevo paradigma de la modernidad" como
estrategia de desarrollo para estos pueblos. Después de casi tres décadas de la publicación de
la Constitución Federal de 1988, se puede afirmar, al final de dos décadas del siglo XXI, que
este nuevo paradigma se consolidó, si no como una práctica, sino como un discurso
ideológico, científico y normativo / asesor de esta política.
Como afirma Saviani (1999); 2010; 2011), una política educativa tiene éxito si
contribuye a ampliar las oportunidades sociales, el bienestar social, el acceso a los derechos
sociales, laborales, la ciudadanía, la dignidad y, por lo tanto, las posibilidades de desarrollo
image/svg+xml
Política educativa indigenista brasileña: Contradicciones y desafíos
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p.
1063-1079, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14354 1073
social y humano de una sociedad. En este sentido, ¿es importante observar cómo están las
condiciones económicas de las poblaciones indígenas brasileñas bajo las políticas educativas
inducidas por el nuevo paradigma de la modernidad? Aquí hay algunos datos para la
reflexión.
Figura 1
– Niños y jóvenes indígenas que asisten a un establecimiento educativo en
países con las poblaciones indígenas más expresivas de América Latina
Fuente: CEPAL (2015, p. 97)
Años Brasil/ Años Costa Rica / Años Ecuador / Años México / Años Panamá / Años
Venezuela (Rep. Bol. Da)
Censos de 2000 Censos de 2010
Los datos de la Figura 1, que incluyen algunos de los países con las poblaciones
indígenas más expresivas de América Latina, muestran que, en Brasil, de 2000 a 2010, hubo
un aumento en la frecuencia de pueblos indígenas en todos los grupos de edad, de 6 a 22
años, en los establecimientos escolares. Los datos de la CEPAL indican un mejor acceso a la
escuela por parte de los pueblos indígenas en Brasil y están en línea con otros estudios que,
en la última década, muestran una mejor escolaridad entre los pueblos indígenas.
Según Vettorazzo (2017), la tasa de analfabetismo entre negros y marrones, donde se
sientan los indígenas, había caído al 9,9% en 2017, pero seguía siendo el doble de la tasa de
analfabetismo entre los blancos, que fue del 4,2% este año. El analfabetismo entre los
image/svg+xml
Kasandra Conceição CASTRO y Rita de Cássia GONÇALVES
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1063-1079, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14354
1074
pueblos indígenas entre 2000 y 2010 fue casi 3 veces mayor que el índice nacional, y alcanzó
el 23,3% de la población.
Unos diez años después, la realidad de la pobreza entre los pueblos indígenas del país
sigue siendo fuerte, como lo indican los datos epidemiológicos de estas poblaciones. Según el
Boletín Epidemiológico 2017 del Ministerio de Salud, por ejemplo, las tasas de mortalidad
infantil entre los pueblos indígenas en Brasil son más altas que las de otros grupos étnicos
evaluados. El boletín también muestra que las enfermedades típicas de la pobreza y la
pobreza, como la leishmaniasis y la tuberculosis (BRASIL, 2017), son endémicas entre estos
pueblos. Los siguientes son los datos del boletín:
Los coeficientes de detección entre indígenas y negros fueron,
respectivamente, 18 y 3,4 veces superiores a los de la población blanca
(3,5/100.000 habitantes). En todas las regiones analizadas, se observó que
los pueblos indígenas representan los coeficientes de detección más altos de
nuevos casos de LT (leishmaniasis tegumentaria), especialmente en la región
del Medio Oeste (125,8/100.000 habitantes). (BRASIL, 2017, p. 3).
(Traducción nuestra)
A pesar de la mejora en el acceso a la educación escolar, los datos tampoco son
alentadores. Según el Gobierno Federal, en 2019 había 3.345 escuelas indígenas en Brasil, sin
embargo:
1.029 escuelas indígenas no funcionan en edificios escolares; 1.027 escuelas
indígenas no están reguladas por sus sistemas educativos [...]. Además,
1.970 escuelas no tienen agua filtrada, 1.076 no tienen electricidad y 1.634
escuelas no tienen alcantarillado sanitario. Hay 3.077 escuelas sin biblioteca,
3.083 sin banda ancha y 1.546 que no utilizan material didáctico específico.
Y aunque 2.417 escuelas no informan la lengua indígena adoptada, 3.345
unidades escolares utilizan la lengua indígena (BRASIL, 2019). (Traducción
nuestra)
La situación de pobreza y miseria que azota a las poblaciones indígenas brasileñas,
por lo tanto, no nos permite argumentar a favor de la experiencia de un proceso de desarrollo
efectivo por su parte. Y esto ocurre en el contexto de un nuevo modelo de política indígena y
política educativa indígena, repleto del discurso del desarrollo sostenible.
Consideraciones finales
El discurso del "nuevo paradigma de la modernidad" busca subvertir la lógica del
paradigma de la modernidad en la conducción de la política educativa indígena brasileña, a
partir de una nueva comprensión de la eficiencia y el desarrollo como un compuesto que
image/svg+xml
Política educativa indigenista brasileña: Contradicciones y desafíos
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p.
1063-1079, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14354 1075
involucra la eficiencia ambiental, social, política, cultural y económica. En este contexto, los
pueblos tradicionales han llegado a ser entendidos como socios y promotores del desarrollo
sostenible. Como asociados del desarrollo, es necesario proteger, promover y fortalecer la
cultura, las tradiciones, el modo de vida, las costumbres, las prácticas económicas, las
relaciones sociales y los conocimientos tradicionales de estos pueblos.
Sin embargo, los datos educativos y sociales presentados muestran que la nueva
política indigenista, adoptada desde 1988, no ha demostrado ser suficiente para llevar el
desarrollo social a estas poblaciones, como se muestra en los indicadores presentados. Se
puede inferir que este "nuevo modelo" aún no ha sido capaz de promover el tan deseado
desarrollo de estas sociedades, ni en el sentido clásico, de mejoras económicas, ni en el
sentido de desarrollo sostenible.
En general, no se han producido cambios o transformaciones generalizadas en las
condiciones sociales de estas poblaciones, lo que remite a la conclusión de que, aún bajo la
hegemonía de este nuevo modelo de política educativa, lo que hay son procesos de
reproducción de las condiciones sociales de marginalidad, marcados por la vulnerabilidad
masiva de estos pueblos.
¿Por qué, incluso después de casi tres décadas de hegemonía del discurso del
desarrollo sostenible en la política educativa indígena brasileña, no se ha observado la
expansión generalizada de las oportunidades sociales, el bienestar y el desarrollo sociales y
humano entre estos pueblos? ¿Está equivocado el "nuevo modelo" o no se está aplicando de
manera efectiva? Si no se está aplicando, ¿qué luchas se deben librar por su eficacia? Estas
preguntas se pueden desarrollar a partir de las preguntas presentadas en este artículo.
GRACIAS
: Al Consejo Nacional de Desarrollo Científico y Tecnológico - CNPq, por la
aprobación de un proyecto en el Aviso 02/2016, que permitió el desarrollo de la investigación.
REFERÊNCIAS
AIRES, M. M. P. De Aculturados a índios com cultura: estratégias de representação do
movimento de professores tapebas em zonas de contato.
In
: AIRES, M. M. P.
Escolas
indígenas e políticas interculturais no Nordeste brasileiro
. Fortaleza, CE: EdUECE, 2009.
215 p.
BARROSO-HOFFMANN, M.
et al
. A administração pública e os povos indígenas.
In
:
FALEIROS, V. P.; NUNES, S. P.; FLEURY, S.
A era FHC e o governo Lula
: transição?.
Brasília, DF: Instituto de Estudos Socioeconômicos, 2004. p. 293-326.
image/svg+xml
Kasandra Conceição CASTRO y Rita de Cássia GONÇALVES
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1063-1079, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14354
1076
BRASIL. [Constituição (1988)].
Constituição da República Federativa do Brasil
. Brasília,
DF: Senado Federal, 1988. Disponível em:
https://www2.camara.leg.br/legin/fed/consti/1988/constituicao-1988-5-outubro-1988-
322142-publicacaooriginal-1-pl.html. Acesso em: 14 out. 2020.
BRASIL.
Decreto n. 26, de 4 de fevereiro de 1991
. Dispõe sobre educação indígena no
Brasil. Brasília, DF: Presidência da República, 1991. Disponible en:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1990-1994/d0026.htm. Acceso: 14 oct. 2020.
BRASIL. Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da
Educação Nacional.
Diário Oficial da União
: seção 1, Brasília, DF, ano 175, n. 248, p.
27833-27841, 1996.
BRASIL.
Lei n. 11.645, de 10 março de 2008.
Inclui no currículo oficial da rede de ensino a
obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”. Brasília, DF:
Presidência da República, 2008. Disponible en:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-
2010/2008/lei/l11645.htm#:~:text=Altera%20a%20Lei%20no,Afro%2DBrasileira%20e%20I
nd%C3%ADgena%E2%80%9D. Acceso: 14 oct. 2020.
BRASIL. Decreto n. 6.861, de 27 de maio de 2009. Dispõe sobre a Educação Escolar
Indígena, define sua organização em territórios etnoeducacionais, e dá outras providências.
Diário Oficial da União
: seção 1, Brasília, DF, n. 100, p. 23-24, 2009.
BRASIL.
Lei n. 12.711, de 29 de agosto de 2012.
Dispõe sobre o ingresso nas universidades
federais e nas instituições federais de ensino técnico de nível médio e dá outras providências.
Brasília, DF: Presidência da República, 2012a. Disponible en:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12711.htm. Acceso: 14 oct.
2020.
BRASIL. Decreto n. 7.747, de 05 de junho de 2012. Institui a Política Nacional de Gestão
Ambiental e Territorial das Terras Indígenas – PNGATI.
Diário Oficial da União
: seção 1,
Brasília, DF, ano 149, n. 109, p. 9-11, 2012b.
BRASIL. Resolução CEB/CNE n. 05, de 22 de junho de 2012. Define Diretrizes Curriculares
Nacionais para a Educação Escolar Indígena na Educação Básica.
Diário Oficial da União
:
seção 1, Brasília, DF, ano 149, n. 121, p. 7-10, 2012c.
BRASIL.
Portaria do Ministério da Educação MEC Nº 389/2013
. Cria o Programa
Nacional de Bolsa Permanência e dá outras providências. Brasília, DF: Governo Federal,
2013a. Disponible en: https://www.in.gov.br/materia/-
/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/30550825. Acceso: 14 oct. 2020.
BRASIL.
Portaria do Ministério da Educação GM/MEC nº 1.062/2013
. Institui o
Programa Nacional dos Territórios Etnoeducacionais - PNTEE. Brasília, DF: Governo
Federal, 2013b. Disponible en: https://www.in.gov.br/materia/-
/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/31176478/do1-2013-10-31-portaria-n-1-062-de-
30-de-outubro-de-2013-31176474. Acceso: 14 oct. 2020.
image/svg+xml
Política educativa indigenista brasileña: Contradicciones y desafíos
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p.
1063-1079, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14354 1077
BRASIL.
Direitos Humanos
:
Atos internacionais e normas correlatas. 4. ed. Brasília, DF:
Senado Federal, 2013c. 441 p. Disponible en:
https://www2.senado.leg.br/bdsf/handle/id/508144. Acceso: 14 sep. 2021
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde.
Indicadores de Vigilância
em Saúde descritos segundo a variável raça/cor, Brasil.
Boletim Epidemiológico
, Brasília, v.
48, n. 4, 2017.
BRASIL.
MEC trabalha por avanços na educação escolar indígena.
Brasília, DF: MEC,
2019. Disponible en: http://portal.mec.gov.br/busca-geral/206noticias/1084311476/75261-
mec-trabalha-por-avancos-na-educacao-escolar-indigena. Acceso el: 03 mar. 2020.
CEPAL. Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe.
Os povos indígenas na
América Latina
: avanços na última década e desafios pendentes para a garantia de seus
direitos. Santiago: CEPAL/ONU, 2015. 124 p. Disponible en:
https://repositorio.cepal.org/bitstream/handle/11362/37773/S1420764_pt.pdf;jsessionid=4D1
C2B75ACA46D1B59C5DF8C725E3E63?sequence=1. Acceso: 14 oct. 2020.
DEAN, B. Identity and Indigenous Education in Peruvian Amazonia.
In:
JACOB, W. J.;
CHENG, S. Y.; PORTER, M. K.
Indigenous Education:
Language, culture and identity.
Berlim: Springer, Dordrecht, 2015. p. 429-446.
DIZ, J. B. M.
Nova ordem ambiental internacional e desenvolvimento sustentável
. Belo
Horizonte: Arraes, 2014. 117 p.
DUSSEL, E.
Europa, modernidade e eurocentrismo.
Buenos Aires: CLACSO, Consejo
Latinoamericano de Ciencias Sociale, 2005.
FAUSTO, B.
História do Brasil
. 12. ed. São Paulo: EDUSP, 2006.
FLEURY, L. C.; ALMEIDA, J. Populações tradicionais e conservação ambiental: um a
contribuição da teoria social.
Revista Brasileira de Agroecologia
, Dois Vizinhos, v. 2, n. 3,
p. 3-19, 2007. Disponible en: https://revistas.aba-
agroecologia.org.br/rbagroecologia/article/view/6270/4578. Acceso en: 10 ago. 2021.
FONTENELE, F. N.
Grão-Pará pombalina
: trabalho, desigualdade e relações de poder.
2008. Dissertação (Mestrado em História) - Programa de Estudos Pós-Graduados em
História, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2008.
FUNAI. Fundação Nacional do Índio.
In:
Política indigenista
. Brasília, DF: Funai, 2020c.
Disponível em: http://www.funai.gov.br/index.php/nossas-acoes/politica-
indigenista?limitstart=0#. Acesso em: 15 out. 2020.
GUSTAFSON, B. Manipulating cartographies: plurinationalism, autonomy and indigenous
resourgence in Bolivia.
Anthropological Quarterly
, Washington, v. 82, n. 4, p. 985-1016,
2009. Disponible en: http://www.jstor.org/stable/20638677. Acceso: 23 nov. 2020
GUSTAFSON, B. Paradoxes of Liberal Indigenism: Indigenous Movements, State Process,
and Intercultural Reform in Bolivia.
In
: MAYBURY-LEWIS, D.
Identities in Conflict
:
image/svg+xml
Kasandra Conceição CASTRO y Rita de Cássia GONÇALVES
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1063-1079, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14354
1078
indigenous peoples in Latin American States. Cambridge: Harvard University Press, 2002. p.
267-306.
HALE, C. R. Does Multiculturalism Menace? Governance, Cultural Rights and the Politics
of Identity in Guatemala.
Journal of Latin American Studies
, Cambridge, v. 34, n. 3, p.
485-524, 2002. Disponible en: https://www.jstor.org/stable/3875459. Acceso en: 25 maio
2021.
IPEA. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
. Comissão Nacional de Desenvolvimento
Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais na Visão de seus Membros
. Brasília,
DF: IPEA, 2012. 60 p.
LUCIANO, G. S.
O Índio Brasileiro
: o que você precisa saber sobre os povos indígenas no
Brasil de hoje. Brasília, DF: Ministério da Educação, LACED/Museu Nacional, 2006. 236 p.
Disponible en:
http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/pdf/indio_brasileiro.pdf. Acceso en:
14 de oct. 2020.
MELIÁ, B.
Educação indígena e alfabetização
.
São Paulo: Loyola, 1979.
OLIVEIRA, J. P.; FREIRE, C. A. R.
A presença indígena na formação do Brasil
. Brasília,
DF: MEC/UNESCO, 2006. 272 p.
OLIVEIRA, L. A.; NASCIMENTO, R. G. Roteiro para uma história da educação escolar
indígena: notas sobre a relação entre política indigenista e educacional.
Educação e
Sociedade,
Campinas, v. 33, n. 120, p. 765-781, jul./set. 2012. Disponible en:
https://www.scielo.br/j/es/a/wMzP6M8bn8bDsjdQMwNzk4J/?lang=pt. Acceso: 19 oct. 2020.
QUIJANO, A.
Colonialidade do poder, Eurocentrismo e América Latina.
Buenos Aires:
CLACSO, Consejo Latinoamericano de Ciencias Sociale, 2005.
ROUANET, S. P.
As razões do iluminismo
. São Paulo: Companhia das Letras, 1987.
SAVIANI, D.
Escola e democracia
: teorias da educação, curvatura da vara, onze teses sobre
educação e política. 32. ed. Campinas, SP: Autores Associados, 1999.
SAVIANI, D.
Pedagogia Histórico-crítica
. 11. ed. Campinas, SP: Autores Associados, 2011.
SAVIANI, D. Sistema nacional de Educação articulado ao Plano Nacional de Educação.
Revista Brasileira de Educação
, v. 15, n. 44, maio/ago. 2010. Disponible en:
https://www.scielo.br/j/rbedu/a/KdGRyTzTrq88q5HyY3j9pbz/?format=pdf&lang=pt.
Acceso: 12 abr. 2020.
SOUZA, A. H. C.
População indígena de Boa Vista/RR
: uma análise socioeconômica.
2009. Dissertação (Mestrado em Economia) – Faculdade de Ciências Econômicas,
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2009.
VEIGA, J. E. Indicadores de Sustentabilidade.
Estudos Avançados
, v. 24, n. 68, p. 39-52,
2010. Disponible en:
image/svg+xml
Política educativa indigenista brasileña: Contradicciones y desafíos
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p.
1063-1079, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14354 1079
https://www.scielo.br/j/ea/a/kbNBRDnhFxbgL5rwyn3q8Cv/abstract/?lang=pt. Acceso: 12
sep. 2021.
VETTORAZZO, L. País tem 11,8 milhões de analfabetos; taxa entre negros dobra ante
brancos. São Paulo:
Folha de São Paulo
, 2017. Disponible en:
https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2017/12/1944963-pais-tem-118-milhoes-de-
analfabetos-taxa-entre-negros-dobra-ante-brancos.shtml. Acceso: 15 oct. 2020.
Cómo hacer referencia a este artículo
CASTRO, K. C.; GONÇALVES, R. C. Política educativa indigenista brasileña:
Contradicciones y desafíos.
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação
,
Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1063-1079, 2022. e-ISSN: 1982-5587. DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14354
Enviado en
:
15/10/2021
Revisiones requeridas en
: 07/01/22
Aprobado en
: 12/03/2022
Publicado en
: 01/04/2022
image/svg+xml
Indigenist Brazilian education policy: Contradictions and challenges
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1062-1078, Apr./June. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14354
1062
INDIGENIST BRAZILIAN EDUCATIONAL POLICY: CONTRADICTIONS AND
CHALLENGES
POLÍTICA EDUCACIONAL INDIGENISTA BRASILEIRA: CONTRADIÇÕES E
DESAFIOS
POLÍTICA EDUCATIVA INDIGENISTA BRASILEÑA: CONTRADICCIONES Y
DESAFÍOS
Kasandra Conceição CASTRO
1
Rita de Cássia GONÇALVES
2
ABSTRACT
: The history of Brazilian educational policies aimed at indigenous populations is
permeated by the classic sociological paradigm of tradition and modernity. That text presents a
brief overview of indigenous educational policies, pointing out how traditional and modern
models have affected their development. This study is theoretical in nature and, therefore, based
on bibliographic and documentary research to question indigenous policies implemented in
Brazil. The development of this, it presents the Brazilian educational policy for indigenous
education within a historical context, using the concept of tradition and modernity. Analyzes
aspects of traditional indigenous educational policy and the changes brought about by the so-
called modernity who was definitively established in the indigenous educational debate after
the 1988 Constitution. Finally, this makes considerations about some results of the policies
adopted in the first decades of the 21st century.
KEYWORDS
: Education. Educational policies. Indigenous politics. Tradition. Modernity.
RESUMO
: A história das políticas educacionais brasileiras voltadas às populações indígenas
é perpassada pelo paradigma sociológico clássico da tradição e modernidade. Este texto
apresenta um breve panorama das políticas educacionais indigenistas, apontando como os
modelos tradicionais e modernos afetaram o desenvolvimento das mesmas. O estudo é de
natureza teórica e, portanto, baseado em pesquisa bibliográfica e documental para questionar
as políticas indigenistas implementadas no Brasil. O desenvolvimento deste artigo apresenta a
política educacional brasileira para a educação indígena dentro de um contexto histórico,
utilizando-se do conceito tradição e modernidade. Analisa aspectos da política educacional
indígena tradicional e as modificações trazidas pela chamada modernidade que se estabeleceu
definitivamente no debate educacional indígena após a Constituição de 1988. E tece
considerações sobre alguns resultados das políticas adotadas nas primeiras décadas do século
XXI.
1
Paraná Tuiuti University (UTP), Curitiba – PR – Brazil. Master's student in Education at the Graduate Program
in Education. Graduated in Bachelor of Social Sciences by the Lutheran University of Brazil (2010). Specialist in
The Social Issue from the Interdisciplinary Perspective from the Federal University of Paraná - UFPR.
ORCID:
https://orcid.org/0000-0001-8259-2529. E-mail: kasandrak1224@gmail.com
2
Paraná Tuiuti University (UTP), Curitiba – PR – Brazil. Adjunct Professor at the Graduate Program in Education.
Doutorado em Educação (UFPR). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-0588-6803. E-mail:
professoraritadecassia@gmail.com
image/svg+xml
Kasandra Conceição CASTRO and Rita de Cássia GONÇALVES
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1062-1078, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14354 1063
PALAVRAS-CHAVE
: Educação. Política educacional. Política indigenista. Tradição.
Modernidade.
RESUMEN
: La historia de las políticas educativas brasileñas dirigidas a las poblaciones
indígenas está impregnada del paradigma sociológico clásico de tradición y modernidad. Este
texto presenta un breve panorama de las políticas educativas indígenas, señalando cómo los
modelos tradicionales y modernos han afectado su desarrollo. El estudio es de naturaleza
teórica y se basa en investigaciones bibliográficas y documentales para cuestionar las políticas
indígenas implementadas en Brasil. El desarrollo de este artículo presenta la política educativa
brasileña para la educación indígena en un contexto histórico, utilizando el concepto de
tradición y modernidad. Analiza aspectos de la política educativa tradicional indígena y los
cambios provocados por la llamada modernidad que se instauró definitivamente en el debate
educativo indígena posterior a la Constitución Brasileña de 1988. Y hace consideraciones
sobre algunos resultados de las políticas adoptadas en las primeras décadas del siglo XXI.
PALABRAS CLAVE
: Educación. Políticas educativas. Política indígenista. Tradicion.
Modernidad.
Introdução
The history of Brazilian educational policies aimed at indigenous populations can be
interpreted, as we will see in this study, by the classical sociological paradigm of modernity
and tradition. Within this debate, the modern appears associated with all forms of capitalist
sociability, while the traditional occupies the opposite horizon, associated with non-capitalist,
pre-capitalist, or partially capitalist sociabilities (DUSSEL, 2005; QUIJANO, 2005;
ROUANET, 1987). These concepts will be discussed further in this article.
In the sphere of indigenous educational policy (IEP), the paradigm of modernity was
hegemonic and materialized in "integrationist", "assimilationist", "colonizing", and
"civilizing" actions. The conceptions associated with these concepts helped shape public
policies aimed at indigenous populations throughout the formation of Brazilian society.
Until 1988, with the promulgation of the Brazilian Constitution known as the Citizen
C
onstitution, the Brazilian IEP followed a format that began to be built in the colonial period,
marked by the quest for the conversion of the indigenous person into a civilized citizen
(LUCIANO, 2006, 2013). According to experts in the field (AIRES, 2009; LUCIANO, 2006,
2013; OLIVEIRA; FREIRE, 2006; OLIVEIRA; NASCIMENTO, 2012), this policy aimed to
lead the indigenous to break with their roots and abandon their way of life in favor of adherence
to the typically Western and capitalist way of life. In both the colonial and post-colonial periods
the practical goals behind this policy are similar: to use indigenous labor in economic activities
image/svg+xml
Indigenist Brazilian education policy: Contradictions and challenges
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1062-1078, Apr./June. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14354
1064
associated with the capitalist mode of production, to appropriate their lands, natural wealth,
and their knowledge and strength for the protection of territories (AIRES, 2009; FAUSTO,
2006; LUCIANO, 2006, 2013; OLIVEIRA; FREIRE, 2006). However, from the late twentieth
century to the present day, this policy has undergone significant changes, within the
perspective of what can be called a "new paradigm of modernity", which absorbs the traditional
as one of its components (SANTOS, 2013).
The modernizing posture of the Brazilian Indigenist Policy (IP) was explained, at the
macro level, by the search for economic, political and strategic valorization of the native man,
which meant the conversion of the native into cheap labor for capital, the transformation of his
natural riches into merchandise and the incentive to promote territorial occupation. These
objectives were justified in the name of the nation's cultural unity and the mitigation of threats
of territorial fragmentation to reduce the country's vulnerabilities to the covetousness of other
nations (FONTENELE, 2008; SANTOS, 2013).
It is this set of interests that feeds the modernizing pattern of IP and IEP until, basically,
the 1980s. At the end of this decade, due to the strengthening of civil society, the indigenous
movement and the advancement of a democratic political and social culture, the Brazilian State
would begin to adopt a new posture. This would prove to be more in tune with the affirmation
of the traditional way of life, through which, on the one hand, it sought to align IP with the
interests and needs of the indigenous populations themselves (GUSTAFSON, 2002).
Scholars of the indigenous issue who analyze it from the standpoint of critical theory
(AIRES, 2009; BARROSO-HOFFMANN
et al
., 2007; DEAN, 2015; GUSTAFSON, 2009;
HALE, 2002) point out that this political stance closer to indigenous interests also fit into the
new global demands of the capitalist system, which, besides globalization, neoliberalism, and
flexible production, sought to adjust its gears to the strengthening of environmentalist
movements and sustainable development.
According to Hale (2002), at the same time that the proponents of the neoliberal
ideology stimulated multiculturalism by promoting the defense of indigenous cultural rights
and the opening of the political space for the conquest of these rights, they also sought to
impose their political agendas and regulate the spaces for political participation of Indians, as
well as the normatization of cultural differences.
One way or another, the neoliberal endorsement of multiculturalism, sustainability and
m
inority rights generated uncontrolled or, as Hale (2002) prefers, "unintended" effects that
culminated in the strengthening of civil society, social movements and, through them, the
ideology of sustainable development.
image/svg+xml
Kasandra Conceição CASTRO and Rita de Cássia GONÇALVES
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1062-1078, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14354 1065
The strengthening of this sustainability ideology was such that it began to be considered
as a "so-called 'new paradigm of modernity': 'sustainable development'" (FLEURY;
ALMEIDA, 2007). In the indigenous movement, this "new paradigm of modernity" was
responsible for the approximation of indigenous communities with governmental and
international funding agencies for community development projects, the consolidation of
partnerships between these communities and Non-Governmental Organizations (NGOs), and
the formation of local and regional associations and organizations (OLIVEIRA; FREIRE,
2006).
It is in this context of strengthening of the Brazilian indigenous movement, the
permeabilization of the culture of sustainable development within this movement, the limited
conquest of rights and autonomy by these peoples, and the advances and setbacks of the
democratic process in Brazil, that it is justified to question the indigenous educational policy.
This article is a qualitative study, which presents theoretical questions based on bibliographic
and documental research. However, secondary data of a qualitative and quantitative nature
were used to illustrate some of the arguments developed here, especially those related to the
socioeconomic and educational conditions of Brazilian Indians.
The development of this article presents the Brazilian educational policy for indigenous
education within a historical context, using the sociological concepts of tradition and modernity
as they appear in Rouanet (1986), Giddens (1991) and Dussel (2005), that is, tradition as the
economic, social, political organization and the typical cultural manifestations of archaic non-
capitalist societies, and modernity as the way of life and ethos of capitalist societies (DUSSEL,
2005; GIDDENS, 1991; ROUANET, 1986). It analyzes aspects of the indigenous educational
policy since its creation in 1988 and the modifications brought about by the 1988 Constitution.
It also considers some of the results of the policies adopted in the first decades of the 21st
century.
image/svg+xml
Indigenist Brazilian education policy: Contradictions and challenges
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1062-1078, Apr./June. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14354
1066
Brazilian Educational Policy for Indigenous Education: Tradition and Modernity
Luciano (2006) points out that the Brazilian imaginary about indigenous people
presents three lines: a romantic one, a dehumanizing one, and a citizen one. The first two are
heirs of the colonizing process and are in tune with European ethnocentrism, that is, with the
concept of superiority and human centrality of the colonizing peoples. Finally, the citizen
vision, which has been consolidated since the 1988 Federal Constitution, "is the most civilized
vision of the modern world, not only about Indians, but about minorities or socially
marginalized majorities. This vision conceives the Indians as subjects of rights and, therefore,
of citizenship" (LUCIANO, 2006, p. 36).
The idea of progress, according to which the history of all human societies follows
stages that extend from a mythical, primitive phase, passing through an intermediate,
metaphysical stage, to the positive phase, which would be superior (DUSSEL, 2005;
QUIJANO, 2005), was at the ideological base of the creation of the Brazilian Indigenist Policy,
which officially began in 1910 with the creation of the Serviço de Proteção ao Índio e
Localização de Trabalhadores Nacionais (SPILTN). Later, in 1918, the SPILTN was replaced
by the Indian Protection Service (IPS). As the Federal Government itself acknowledges, on the
website of the National Indian Foundation
This governmental decision was made at a historical moment when
evolutionist ideas about humanity and its development through stages still
predominated. This ethnocentric ideology influenced the governmental
vision, and the Constitution in force at that time established the legal figure
of guardianship and considered the Indians as "relatively incapable" (FUNAI,
2020).
Until the creation of the SPILTN, the indigenous actions in Brazil were decentralized
and, thus, were mainly in charge of either religious missions, which sought to catechize and
convert them to Christianity, or business missions, whose purpose was to transform the Indians
into slave labor to appropriate their natural wealth (LUCIANO, 2006; OLIVEIRA; FREIRE,
2006; OLIVEIRA; NASCIMENTO, 2012).
The official indigenist policy continued, throughout the 20th century, the actions of
i
ntegration, acculturation, and conversion of traditional peoples through the ideology of
progress and evolution, which resulted in the destruction of the culture, the way of life of these
peoples, and their integration, often forced and marginal, to modern society. In this integration
policy, aimed at "empowering" and "integrating" the Indian, the educational policy came to
image/svg+xml
Kasandra Conceição CASTRO and Rita de Cássia GONÇALVES
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1062-1078, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14354 1067
occupy a central place, since it was left with the responsibility of developing the intellectual
and physical skills necessary for the utilization of the labor force of these subjects.
In the Brazilian indigenous education policy, the "mythical" of progress was translated
into the construction of a model that specialists call "integrationist," "colonialist," "civilizing,"
"assimilationist," "modernizing," "evolutionist" (AIRES, 2009; LUCIANO, 2006; MELIÁ,
1979; OLIVEIRA; NASCIMENTO, 2012).
Thus, what is being called here the modern model of the Brazilian indigenous
educational policy had as its main objective to meet the goals of progress: alter the traditional
way of life and culture of indigenous peoples, integrate them into modern society and teach
them the values, knowledge and the capitalist way of life:
[...] the main objective of the educational policies aimed at the indigenous
peoples, from the catechetical actions of the Jesuits in the colonial period to
the indigenist practices of the 20th century, was to bring them to civilization
or nationalize them. It was under this imperative that the indigenist field was
instituted within the institutional apparatus of the State, based on the
assumption of the inferiority of the indigenous in relation to the civilized
white race, being situated, this time, in a primitive or savage evolutionary
phase. [...] Thus, considered as obstacles to the modernizing project of the
country, the Indians were [...]. At the moment when the Brazilian indigenist
policies were institutionalized, they were at the center of debates that
predicted their extinction. (OLIVEIRA; NASCIMENTO, 2012, p. 768).
As can be seen, in the creation of the National Indian Foundation in 1967, the ideals of
evolution, progress, integration, and guardianship of the Indian are present: the search for
"spontaneous acculturation" so as not to cause abrupt changes, but with the evident purpose of
achieving the socioeconomic "integration" and "evolution" of these peoples.
This educational policy was a policy that failed to integrate the Indian only in a marginal
way to the national society, through slumization, sub-proletarianization, unemployment,
informalization, impoverishment and physical, social and symbolic violence against these
subjects (SOUZA, 2009). As Luciano (2006, p. 97) notes: "It cannot be forgotten that the
Brazilian State is the result of a colonial structure that incurs on Indians, forcing them to be
part of the most impoverished, exploited and discriminated sectors in Brazil and Latin
America."
In the "new paradigm of modernity", sustainable development, in discourse and in
p
ractice, seeks to invert the logic of the relationship that the State and society, under the
hegemony of the ideology of modernity/progress/evolution, have maintained with Brazilian
Indians. This is explained because, in the context of the classic modernizing imaginary,
tradition is understood as backwardness and an obstacle to development, and in this new
image/svg+xml
Indigenist Brazilian education policy: Contradictions and challenges
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1062-1078, Apr./June. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14354
1068
context it comes to be understood as an ally and even a stage of development. Thus, it is
considered that an organization, a State and a society, to be modern, developed, capitalist, have
to be economically, socially, politically and culturally efficient, i.e., that promote, at the same
time, economic growth, social development, rational and ethical use of public resources,
preservation and strengthening of cultural diversity (DIZ, 2014; IPEA, 2012; VEIGA, 2010).
The Brazilian indigenist educational policy under the new paradigm of modernity is in
tune with the citizen perception of the Indian. Luciano (2006), when analyzing this perception,
emphasizes:
Here the indigenous peoples have won the right to continue perpetuating their
own ways of life, their cultures, their civilizations, their values, while also
guaranteeing the right of access to other cultures, to technologies and to the
values of the world as a whole.
The main normative conquests associated with the new paradigm of modernity that fall
upon indigenous peoples begin with the Federal Constitution of 1988. Such conquests are
related to the consolidation of the right to possession of the lands they inhabit and to cultural
diversity: "Art. 231. Their social organization, customs, languages, beliefs and traditions, and
the original rights over the lands they traditionally occupy are recognized to Indians, and the
Union is responsible for demarcating them and protecting and enforcing respect for all their
assets" (BRAZIL, 1988). They are also associated with the right to a differentiated education,
as determined in Paragraph 2 of Article 210 of the Constitution: "Paragraph 2 Regular
elementary schooling will be taught in the Portuguese language, and indigenous communities
will also be assured the use of their native languages and their own learning processes"
(BRAZIL, 1988).
The recognition of the right to land, to cultural diversity, and to a differentiated
education unfolded, subsequently, in norms aimed at implementing an indigenous educational
policy different from that adopted until 1987, and that was guided, gradually, by the principles
and discourse of sustainable development, as shown below.
The legislation in this area involves, besides the CF/88, norms such as Decree no. 26 of
1991, w
hich provides for indigenous education in Brazil (BRAZIL, 1991); Law no.
9.394/1996, the Law of Directives and Bases for National Education (BRAZIL, 1996); Law
no. 11. 645/2008, which includes the theme "Afro-Brazilian and Indigenous History and
Culture" in the official curriculum of the education system (BRAZIL, 2008); Decree n.
6861/2009, which provides for Indigenous School Education, defines its organization in ethno-
educational territories, and makes other provisions (BRAZIL, 2009); Law n. 12. 711/2012,
image/svg+xml
Kasandra Conceição CASTRO and Rita de Cássia GONÇALVES
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1062-1078, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14354 1069
which provides for affirmative action for Afro-descendants and indigenous people; (BRAZIL,
2012a); Decree n. 7747/2012, which establishes the National Policy for Environmental and
Territorial Management of Indigenous Lands (BRAZIL, 2012b); Resolution CEB/CNE n.
05/2012, which defines the National Curricular Guidelines for Indigenous School Education
in Basic Education (BRAZIL, 2012c); MEC Ordinance n. 389/2013, which creates the National
Program of Permanence Scholarship for undergraduate students entering federal universities
and institutes (BRAZIL, 2013a); MEC Ordinance n. 1,062/2013, which establishes the
National Program of Ethnoeducational Territories - PNTEE (BRAZIL, 2013b).
The LDB (Law of Directives and Bases) reaffirms and understands the indigenous as a
subject of rights. In Articles 78 and 79, for example, the right to a differentiated education is
reinforced by reinforcing the right to cultural diversity, autonomy, and the participation of these
peoples in the formulation of their school education:
Art. 78.
The Union Education System, with the collaboration of federal
agencies for the promotion of culture and assistance to Indians, shall develop
integrated teaching and research programs, for the provision of bilingual and
intercultural school education to indigenous peoples, with the following
objectives: I - to provide the Indians, their communities and peoples, with the
recovery of their historical memories; the reaffirmation of their ethnic
identities; the valorization of their languages and sciences;
Art.79
. The Union
will support technically and financially the teaching systems in the provision
of intercultural education to indigenous communities, developing integrated
programs of teaching and research. § The programs will be planned with an
audience with the indigenous communities (BRAZIL, 1996, our emphasis).
Cultural diversity, participation, autonomy, defense, promotion and strengthening of
indigenous peoples' ways of life are vehicles that directly connect Brazilian indigenous
educational policy with Human Rights
3
and, through them, with sustainable development,
since one of the foundations of this development model is the promotion of cultural diversity,
environmental sustainability, social well-being, political democracy, the promotion of equality,
and the reduction of social injustices, which are also vectors of human rights (BRAZIL, 2013c;
DIZ, 2014; IPEA, 2012; VEIGA, 2010).
3
Arruda (2020, p. 8) states that International Rights "refer to rights that are universally accepted in the international
order, as they deal with rights attributed to humanity in general, by means of international treaties. In this sense,
as Brazil (2013c) shows, they encompass a set of Rights provided for in International Treaties ranging from the
Universal Declaration of Human Rights, through the United Nations Declaration on the Rights of Indigenous
Peoples, to the Convention on the Protection and Promotion of the Diversity of Cultural Expressions and the
Convention on the Rights of Persons with Disabilities and its Optional Protocol. For more information, see
Human
Rights
: international acts and related standards (BRAZIL, 2013c).
image/svg+xml
Indigenist Brazilian education policy: Contradictions and challenges
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1062-1078, Apr./June. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14354
1070
The other norms that regulate indigenous education in Brazil only reinforce, detail and
operationalize the objectives already set out in the LDB, but advance in the explicitness of the
ideology of sustainability or of the "new paradigm of modernity" as its major end. Thus, for
example, Resolution No. 5, of June 22, 2012, which defines the National Curricular Guidelines
for Indigenous School Education in Basic Education, highlights, in its Article 13, Item I,
explicitly, as shown in the highlighted fragments, sustainable development as the north of this
policy:
Art. 13 The Professional and Technological Education in Indigenous School
Education shall articulate the principles of broad education, socio-
environmental sustainability, and respect for the diversity of students,
considering the forms of organization of indigenous societies and their social,
political, economic, and cultural differences, and shall
I - contribute to the construction of autonomous territorial
management, enabling the elaboration of sustainable development projects
and alternative production for indigenous communities, in view of, in many
cases, the situations of unassistance and lack of support for their productive
processes (BRAZIL, 2012c).
This resolution is preceded by Decree No. 7,747 of June 5, 2012, which institutes the
National Policy for Territorial and Environmental Management of Indigenous Lands
(PNGATI). This Decree makes references ten times to the term sustainable or its derivatives,
such as sustainable and sustainability, which makes it explicit that this is the main axis of
PNGATI.
Thus, already in the preliminary provisions of this norm, in its Art. 1, we read that: "The
National Policy for Territorial and Environmental Management of Indigenous Lands -
PNGATI is hereby instituted, with the objective of guaranteeing and promoting the protection,
recovery, conservation and
sustainable use of the natural resources of indigenous lands and
territories
" (BRAZIL, 2012b, our emphasis).
Then, in Chapter II, PNGATI's Guidelines and Objectives, Section IV, this norm
defines that one of the guidelines of this policy is:
IV - recognition and appreciation of the contribution of indigenous women
and the use of their knowledge and
practices for the protection,
conservation, recovery and sustainable use of natural resources essential
for the well-being and the physical and cultural reproduction of
indigenous peoples
(BRAZIL, 2012b, our emphasis)
In Article 4, which deals with the axes in which the specific objectives of PNGATI are
st
ructured, Decree No. 7.747 deals specifically with sustainability as an axis of this policy in
Axis 5, as shown in the parts highlighted by us:
image/svg+xml
Kasandra Conceição CASTRO and Rita de Cássia GONÇALVES
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1062-1078, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14354 1071
V - axis 5 -
sustainable use
of natural resources and indigenous productive
initiatives:
a) guarantee indigenous peoples the exclusive usufruct of the riches of the soil,
rivers and lakes existing on indigenous lands;
b) strengthen and promote indigenous productive initiatives, with support for
the use and development of
new sustainable technologies
;
c) promote and support the conservation and
sustainable use
of natural
resources used in indigenous culture, including handicrafts for commercial
purposes;
d) support the substitution of non-sustainable productive activities on
indigenous lands for
sustainable activities
;
e) Support studies of socio-environmental impact of non-traditional economic
and productive activities of indigenous communities' initiative;
f) Discourage the use of pesticides on indigenous lands and monitor
compliance with Law No. 11,460, of March 21, 2007, which prohibits the
cultivation of genetically modified organisms on indigenous lands;
g)
Support sustainable indigenous initiatives of ethno-tourism and
ecotourism
, respecting the community's decision and the indigenous peoples'
diversity, promoting, when applicable, previous studies, diagnosis of socio-
environmental impacts and the indigenous communities' capacity building for
managing these activities;
A little earlier, in Decree No. 6.861/2009, the principle of sustainability is already
present in the formatting of indigenous school education, as evidenced in Article 11 of this
norm, which reads that: "The pedagogical proposals for high school integrated to the
professional training of indigenous students should
articulate the school activities with the
sustainability projects formulated by the indigenous communities
and consider the regional
and local specificities" (BRAZIL, 2009, our emphasis).
The content of the norms indicates, therefore, that current Brazilian indigenous
educational policy is ultimately guided by the "new paradigm of modernity" as a development
strategy for these peoples. After almost three decades since the publication of the 1988 Federal
Constitution, one can affirm, at the end of two decades of the 21st century, that this new
paradigm has been consolidated, if not as a practice, then as an ideological, scientific, and
normative/official discourse guiding this policy.
As Saviani (1999; 2010; 2011) states, an educational policy is successful if it
contributes to expanding social opportunities, social welfare, access to social and labor rights,
citizenship, dignity, and, thus, the possibilities of social and human development of a society.
In this sense, it is important to ask how are the economic conditions of the Brazilian indigenous
populations doing under the educational policies induced by the new paradigm of modernity?
Here is some data for reflection.
image/svg+xml
Indigenist Brazilian education policy: Contradictions and challenges
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1062-1078, Apr./June. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14354
1072
Figure 1
– Indigenous children and youth attending an educational institution in countries
with the most significant indigenous populations in Latin America
4
Source: CEPAL (2015, p. 97)
The data in Figure 1, which includes some of the countries with the most significant
indigenous populations in Latin America, show that in Brazil, from 2000 to 2010, there was an
increase in the school attendance of indigenous people in all age groups, from 6 to 22 years
old. ECLAC's data indicates improved school access for indigenous people in Brazil and is
consistent with other studies that, over the last decade, show improved schooling among
indigenous people.
According to Vettorazzo (2017), the illiteracy rate among black and brown people -
where indigenous people are located - had fallen to 9.9% in 2017, however, it was still double
the illiteracy rate among whites, which was, in this year, 4.2%. Illiteracy among indigenous
people, between 2000 and 2010, was almost 3 times the national rate, and reached 23.3% of
the population.
Nearly ten years later, the reality of poverty among indigenous people in the country
remains strong, as indicated by the epidemiological data of these populations. According to the
2017 Epidemiological Bulletin of the Ministry of Health, for example, the infant mortality rates
4
Latin America (6 countries): indigenous children and youth attending an educational institution, censuses 2005
to 2011 =
image/svg+xml
Kasandra Conceição CASTRO and Rita de Cássia GONÇALVES
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1062-1078, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14354 1073
among indigenous people in Brazil are higher than those of the other ethnic groups evaluated.
The bulletin also shows that diseases typical of poverty and misery, such as leishmaniasis and
tuberculosis (BRAZIL, 2017), are endemic among these peoples. The data from the bulletin
follows:
The detection coefficients among indigenous and blacks were, respectively,
18 and 3.4 times higher than in the white population (3.5/100,000 inhab.). In
all regions analyzed, it was observed that indigenous people account for the
highest detection coefficients of new cases of LT (Tegumentary
Leishmaniasis), with emphasis on the Midwest region (125.8/100,000 inhab.)
(BRAZIL, 2017, p. 3).
Despite the improvement in access to school education, the data are not encouraging
either. According to the Federal Government, in 2019 there were 3,345 indigenous schools in
Brazil, however:
1,029 indigenous schools do not function in school buildings; 1,027
indigenous schools are not regularized by their education systems [...]. In
addition, 1,970 schools do not have filtered water, 1,076 do not have
electricity, and 1,634 schools do not have sanitary sewage. There are 3,077
schools without a library, 3,083 without broadband, and 1,546 that do not use
specific teaching materials. And, although 2,417 schools do not inform the
indigenous language adopted, 3,345 school units use indigenous language
(BRAZIL, 2019).
The situation of poverty and misery that prevails among Brazilian indigenous
populations, therefore, does not allow us to argue in favor of the experience of an effective
development process on their part. And this occurs in the context of a new model of indigenist
policy and indigenous educational policy, wrapped up in the discourse of sustainable
development.
Final remarks
The discourse of the
"new paradigm of modernity" seeks to subvert the logic of the
modernity paradigm in the conduct of Brazilian indigenous educational policy, by starting from
a new understanding of efficiency and development as a composite that involves
environmental, social, political, cultural, and economic efficiency. In this context, traditional
peoples came to be understood as partners and promoters of sustainable development. As
partners in development, their culture, traditions, way of life, customs, economic practices,
social relations, and traditional knowledge need to be protected, promoted, and strengthened.
image/svg+xml
Indigenist Brazilian education policy: Contradictions and challenges
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1062-1078, Apr./June. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14354
1074
However, the educational and social data presented show that the new indigenist policy,
adopted since 1988, has not proved sufficient to bring social development to these populations,
as the indicators presented show. It can be inferred that this "new model" has not yet been able
to promote the longed-for development of these societies, neither in the classical sense, of
economic improvements, nor in the sense of sustainable development.
In general, there were no changes or generalized transformations in the social
conditions of these populations, which leads to the conclusion that, even under the hegemony
of this new model of educational policy, what we have are reproduction processes of social
conditions of marginality, marked by the mass vulnerability of these peoples.
Why, even after almost three decades of hegemony of the sustainable development
discourse in Brazilian indigenous educational policy has there not been a generalized expansion
of social opportunities, social well-being, and social and human development among these
peoples? Is it the "new model" that is wrong or is it not being effectively applied? If it is not
being applied, what struggles should be fought for its effectiveness? These questions can be
developed from the issues presented in this article.
ACKNOWLEDGEMENTS:
To the National Council for Scientific and Technological
Development - CNPq, for the project approval in Edital 02/2016, which allowed the
development of the research.
REFERENCES
AIRES, M. M. P. De Aculturados a índios com cultura: estratégias de representação do
movimento de professores tapebas em zonas de contato.
In
: AIRES, M. M. P.
Escolas
indígenas e políticas interculturais no Nordeste brasileiro
. Fortaleza, CE: EdUECE, 2009.
215 p.
BARROSO-HOFFMANN, M.
et al
. A administração pública e os povos indígenas.
In
:
FALEIROS, V. P.; NUNES, S. P.; FLEURY, S.
A era FHC e o governo Lula
: transição?.
Brasília, DF: Instituto de Estudos Socioeconômicos, 2004. p. 293-326.
BRAZIL. [Constituição (1988)].
Constituição da República Federativa do Brasil
. Brasília,
DF: Senado Federal, 1988. Available at:
https://www2.camara.leg.br/legin/fed/consti/1988/constituicao-1988-5-outubro-1988-
322142-publicacaooriginal-1-pl.html. Accessed on: 14 Oct. 2020.
BRAZI
L.
Decreto n. 26, de 4 de fevereiro de 1991
. Dispõe sobre educação indígena no
Brasil. Brasília, DF: Presidência da República, 1991. Available at:
image/svg+xml
Kasandra Conceição CASTRO and Rita de Cássia GONÇALVES
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1062-1078, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14354 1075
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1990-1994/d0026.htm. Accessed on: 14 Oct.
2020.
BRAZIL. Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da
Educação Nacional.
Diário Oficial da União
: seção 1, Brasília, DF, ano 175, n. 248, p.
27833-27841, 1996.
BRAZIL.
Lei n. 11.645, de 10 março de 2008.
Inclui no currículo oficial da rede de ensino a
obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”. Brasília, DF:
Presidência da República, 2008. Available at:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-
2010/2008/lei/l11645.htm#:~:text=Altera%20a%20Lei%20no,Afro%2DBrasileira%20e%20I
nd%C3%ADgena%E2%80%9D. Accessed on 14 Oct. 2020.
BRAZIL. Decreto n. 6.861, de 27 de maio de 2009. Dispõe sobre a Educação Escolar
Indígena, define sua organização em territórios etnoeducacionais, e dá outras providências.
Diário Oficial da União
: seção 1, Brasília, DF, n. 100, p. 23-24, 2009.
BRAZIL.
Lei n. 12.711, de 29 de agosto de 2012.
Dispõe sobre o ingresso nas universidades
federais e nas instituições federais de ensino técnico de nível médio e dá outras providências.
Brasília, DF: Presidência da República, 2012a. Available at
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12711.htm. Accessed on 14
Oct.. 2020.
BRAZIL. Decreto n. 7.747, de 05 de junho de 2012. Institui a Política Nacional de Gestão
Ambiental e Territorial das Terras Indígenas – PNGATI.
Diário Oficial da União
: seção 1,
Brasília, DF, ano 149, n. 109, p. 9-11, 2012b.
BRASIL. Resolução CEB/CNE n. 05, de 22 de junho de 2012. Define Diretrizes Curriculares
Nacionais para a Educação Escolar Indígena na Educação Básica.
Diário Oficial da União
:
seção 1, Brasília, DF, ano 149, n. 121, p. 7-10, 2012c.
BRAZIL.
Portaria do Ministério da Educação MEC Nº 389/2013
. Cria o Programa
Nacional de Bolsa Permanência e dá outras providências. Brasília, DF: Governo Federal,
2013a. Available at: https://www.in.gov.br/materia/-
/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/30550825. Accessed on: 14 Oct. 2020.
BRAZIL.
Portaria do Ministério da Educação GM/MEC nº 1.062/2013
. Institui o
Programa Nacional dos Territórios Etnoeducacionais - PNTEE. Brasília, DF: Governo
Federal, 2013b. Available at: https://www.in.gov.br/materia/-
/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/31176478/do1-2013-10-31-portaria-n-1-062-de-
30-de-outubro-de-2013-31176474. Accessed on: 14 Oct.. 2020.
BRAZIL.
Direitos Humanos
:
Atos internacionais e normas correlatas. 4. ed. Brasília, DF:
Senado Federal, 2013c. 441 p. Disponível em:
https://www2.senado.leg.br/bdsf/handle/id/508144. Acesso em: 14 set. 2021
BRAZIL.
Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde.
Indicadores de Vigilância
em Saúde descritos segundo a variável raça/cor, Brasil.
Boletim Epidemiológico
, Brasília, v.
48, n. 4, 2017.
image/svg+xml
Indigenist Brazilian education policy: Contradictions and challenges
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1062-1078, Apr./June. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14354
1076
BRAZIL.
MEC trabalha por avanços na educação escolar indígena.
Brasília, DF: MEC,
2019. Available at: http://portal.mec.gov.br/busca-geral/206noticias/1084311476/75261-mec-
trabalha-por-avancos-na-educacao-escolar-indigena. Accessed on: 03 Mar. 2020.
CEPAL. Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe.
Os povos indígenas na
América Latina
: avanços na última década e desafios pendentes para a garantia de seus
direitos. Santiago: CEPAL/ONU, 2015. 124 p. Available at:
https://repositorio.cepal.org/bitstream/handle/11362/37773/S1420764_pt.pdf;jsessionid=4D1
C2B75ACA46D1B59C5DF8C725E3E63?sequence=1. Accessed on 14 Oct.. 2020.
DEAN, B. Identity and Indigenous Education in Peruvian Amazonia.
In:
JACOB, W. J.;
CHENG, S. Y.; PORTER, M. K.
Indigenous Education:
Language, culture and identity.
Berlim: Springer, Dordrecht, 2015. p. 429-446.
DIZ, J. B. M.
Nova ordem ambiental internacional e desenvolvimento sustentável
. Belo
Horizonte: Arraes, 2014. 117 p.
DUSSEL, E.
Europa, modernidade e eurocentrismo.
Buenos Aires: CLACSO, Consejo
Latinoamericano de Ciencias Sociale, 2005.
FAUSTO, B.
História do Brasil
. 12. ed. São Paulo: EDUSP, 2006.
FLEURY, L. C.; ALMEIDA, J. Populações tradicionais e conservação ambiental: um a
contribuição da teoria social.
Revista Brasileira de Agroecologia
, Dois Vizinhos, v. 2, n. 3,
p. 3-19, 2007. Available at: https://revistas.aba-
agroecologia.org.br/rbagroecologia/article/view/6270/4578. Accessed on: 10 Aug.. 2021.
FONTENELE, F. N.
Grão-Pará pombalina
: trabalho, desigualdade e relações de poder.
2008. Dissertação (Mestrado em História) - Programa de Estudos Pós-Graduados em
História, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2008.
FUNAI. Fundação Nacional do Índio.
In:
Política indigenista
. Brasília, DF: Funai, 2020c.
Availale at: http://www.funai.gov.br/index.php/nossas-acoes/politica-
indigenista?limitstart=0#. Accessed on: 15 Oct.. 2020.
GUSTAFSON, B. Manipulating cartographies: plurinationalism, autonomy and indigenous
resourgence in Bolivia.
Anthropological Quarterly
, Washington, v. 82, n. 4, p. 985-1016,
2009. Available at: http://www.jstor.org/stable/20638677. Accessed on: 23 Nov. 2020
GUSTAFSON, B. Paradoxes of Liberal Indigenism: Indigenous Movements, State Process,
and Intercultural Reform in Bolivia.
In
: MAYBURY-LEWIS, D.
Identities in Conflict
:
indigenous peoples in Latin American States. Cambridge: Harvard University Press, 2002. p.
267-306.
HALE, C. R. Does Multiculturalism Menace? Governance, Cultural Rights and the Politics
of Identity in Guatemala.
Journal of Latin American Studies
, Cambridge, v. 34, n. 3, p.
485-524, 2002. Available at: https://www.jstor.org/stable/3875459. Accessed on: 25 May
2021.
image/svg+xml
Kasandra Conceição CASTRO and Rita de Cássia GONÇALVES
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1062-1078, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14354 1077
IPEA. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
. Comissão Nacional de Desenvolvimento
Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais na Visão de seus Membros
. Brasília,
DF: IPEA, 2012. 60 p.
LUCIANO, G. S.
O Índio Brasileiro
: o que você precisa saber sobre os povos indígenas no
Brasil de hoje. Brasília, DF: Ministério da Educação, LACED/Museu Nacional, 2006. 236 p.
Available at: http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/pdf/indio_brasileiro.pdf.
Accessed on: 14 Oct. 2020.
MELIÁ, B.
Educação indígena e alfabetização
.
São Paulo: Loyola, 1979.
OLIVEIRA, J. P.; FREIRE, C. A. R.
A presença indígena na formação do Brasil
. Brasília,
DF: MEC/UNESCO, 2006. 272 p.
OLIVEIRA, L. A.; NASCIMENTO, R. G. Roteiro para uma história da educação escolar
indígena: notas sobre a relação entre política indigenista e educacional.
Educação e
Sociedade,
Campinas, v. 33, n. 120, p. 765-781, jul./set. 2012. Available at:
https://www.scielo.br/j/es/a/wMzP6M8bn8bDsjdQMwNzk4J/?lang=pt. Accessed on 19 Oct.
2020.
QUIJANO, A.
Colonialidade do poder, Eurocentrismo e América Latina.
Buenos Aires:
CLACSO, Consejo Latinoamericano de Ciencias Sociale, 2005.
ROUANET, S. P.
As razões do iluminismo
. São Paulo: Companhia das Letras, 1987.
SAVIANI, D.
Escola e democracia
: teorias da educação, curvatura da vara, onze teses sobre
educação e política. 32. ed. Campinas, SP: Autores Associados, 1999.
SAVIANI, D.
Pedagogia Histórico-crítica
. 11. ed. Campinas, SP: Autores Associados, 2011.
SAVIANI, D. Sistema nacional de Educação articulado ao Plano Nacional de Educação.
Revista Brasileira de Educação
, v. 15, n. 44, maio/ago. 2010. Available at:
https://www.scielo.br/j/rbedu/a/KdGRyTzTrq88q5HyY3j9pbz/?format=pdf&lang=pt.
Accessed on: 12 Apr. 2020.
SOUZA, A. H. C.
População indígena de Boa Vista/RR
: uma análise socioeconômica.
2009. Dissertação (Mestrado em Economia) – Faculdade de Ciências Econômicas,
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2009.
VEIGA, J. E. Indicadores de Sustentabilidade.
Estudos Avançados
, v. 24, n. 68, p. 39-52,
2010. Available at:
https://www.scielo.br/j/ea/a/kbNBRDnhFxbgL5rwyn3q8Cv/abstract/?lang=pt. Accessd on:
12 Sept. 2021.
VETTORAZZO, L. País tem 11,8 milhões de analfabetos; taxa entre negros dobra ante
brancos. São Paulo:
Folha de São Paulo
, 2017. Available at:
https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2017/12/1944963-pais-tem-118-milhoes-de-
analfabetos-taxa-entre-negros-dobra-ante-brancos.shtml. Accessed on: 15 Oct. 2020.
image/svg+xml
Indigenist Brazilian education policy: Contradictions and challenges
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1062-1078, Apr./June. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14354
1078
How to reference this article
CASTRO, K. C.; GONÇALVES, R. C. Indigenist Brazilian education policy: Contradictions
and challenges.
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação
, Araraquara, v. 17, n. 2,
p. 1062-1078, 2022. e-ISSN: 1982-5587. DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14354
Submitted:
15/10/2021
Revisions required
: 07/01/22
Approved
: 12/03/2022
Published
: 01/04/2022
Management of translations and versions: Editora Ibero-Americana de Educação
Translator: Thiago Faquim Bittencourt
Translation reviewer: Alexander Vinícius Leite da Silva