image/svg+xml
Ausência presente em sala de aula: a morte de um aluno/a e o cotidiano
escolar na perspectiva de professoras
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação
,
Araraquara, v. 16, n. 1, p. 320
-
340, jan./mar. 202
1
. e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v16i1.14472
320
AUSÊNCIA PRESENTE EM SALA DE AULA
:
A MORTE DE UM ALUNO/A E O
COTIDIANO ESCOLAR NA PERSPECTIVA DE PROFESSORAS
AUSENCIA PRESENTE EN EL AULA
:
LA MUERTE DE UN ESTUDIANTE
Y EL
COTIDIANO ESCOLAR EN
LA PERSPECTIVA DE
PROFESORAS
PRESENT ABSENCE IN THE CLASSROOM
:
THE DEATH OF A STUDENT
FROM THE PERSPECTIVE OF TEACHERS
Ilana
LATERMAN
1
Regina
SZYLIT
2
RESUMO
: Este artigo apresenta um estudo exploratório sobre professoras que perderam um
aluno/a por morte por doença no
Fundamental
I
.
E
nfoca
recursos e
desafios em
lidar com tal
situação frente à turma de crianças.
Adota
uma perspectiva multidisciplinar entre os estudos
de luto
e morte
na área da saúde, bases da psicologia
histórico
-
cultural
e da educação
.
Identifica
, nos casos estudados, incertezas no ambiente esco
lar e
processos
visando
equilibrar,
n
os dias e meses, o turbilhão de emoções e a vida cotidiana da turma em sala de aula.
C
ompetiu às professoras e às equipes pedagógicas coordenar a transição entre luto e vida
escolar; estabelecer um ambiente acolhedor e
seguro; e propor modos de lidar com os desafios
emocionais e cognitivos decorrentes da perda do colega. Os resultados estão organizados,
ainda, por meio das práticas realizadas pelas professoras entrevistadas e consideradas por elas
fundamentais para o sup
orte da vida escolar nas
situações vividas.
PALAVRAS
-
CHAVE
: Prática pedagógica
. L
uto na escola
. M
orte de criança
. C
otidiano
escolar
. A
nos iniciais do ensino fundamental.
RESUMEN
:
Este artículo presenta un estudio exploratorio sobre
profesoras
que perdi
eron a
un alumno debido a la muerte por enfermedad en la escuela primaria
.
E
nfoca los recursos y
los desafíos
de la
situación.
A
dopta una perspectiva multidisciplinaria entre los estudios de
duelo y muerte en el área de la salud, las bases de la psicología
histórico
-
cultural y de los
estudios de educación
.
En los casos estudiados,
se
identifica incertidumbres en el entorno
escolar y procesos encaminados a equilibrar, en los días y me
ses,
la vida cotidiana de la
clase en el aula.
Depende de los profesores y
los equipos pedagógicos coordinar la transición
entre el duelo y la vida escolar; establecer un ambiente cálido y seguro; y proponer formas
de afrontar los desafíos emocionales y cognitivos.
Los resultados también se organizan
por
las prácticas realizadas
y considerados fundamentales por ellos para apoyar la vida escolar
en las situaciones vividas.
1
Universidade Federal de Santa Catarina (
UFSC
)
, Florianópolis
–
SC
–
Brasil.
Profess
ora Adjunta no Programa
de Pós
-
Graduação em Educação
. D
outorado
em Educação
(UFSC)
. ORCID:
https://orcid.org/0000
-
0001
-
9790
-
5620
. E
-
mail:
ilana@laterman.com
2
Universidade de São Paulo (
USP
)
, São Paulo
–
SP
–
Brasil. Professora
Titular e Diretora da Escola
de
Enfermagem
.
Doutorado em
Enfermagem
(USP)
.
Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq
-
Nível 1C.
ORCID:
https://orcid.org/0000
-
0002
-
9250
-
0250
. E
-
mail: szylit@usp.br
image/svg+xml
Ilana LATERMAN e Regina SZYLIT
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação
,
Araraquara, v. 16, n. 1, p. 320
-
340, jan./mar. 202
1
. e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v16i1.14472
321
PALABRAS CLAVE
: Práctica pedagógica. Duelo en la escuela. Muerte infantil. Rutina
escolar. Escuela primaria.
ABSTRACT:
This article presents an exploratory st
udy of teachers who lost a student due to
death by illness in Elementary School. It focuses resources and challenges in dealing with this
situation. It adopts a multidisciplinary perspective between studies of mourning and death in
the area of health, stud
ies in historical
-
cultural psychology and education. It identifies
uncertainties in the school environment and processes aimed at balancing, in the days and
months, the turmoil of emotions and the daily life in the classroom. It was up to teachers and
peda
gogical teams to coordinate the transition between mourning and school life; establish a
warm and safe environment; and to propose ways to deal with the emotional and cognitive
challenges resulting from the loss. The results are also organized through the
practices
carried out by the teachers interviewed and considered by them to be fundamental for
supporting school life in the situations experienced.
KEYWORDS
: Teacher´s practice. Mourning at school. Child death.
School routine.
Elementary school
.
Intro
dução
Este artigo apresenta um estudo exploratório sobre professoras que perderam um
aluno/a de suas salas de aula por morte por doença nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental.
As questões que enfoca são a propósito dos recursos e desafios da professora e
da equipe
pedagógica em lidar com tal situação frente à turma de crianças. A partir dos dados empíricos
e da pesquisa bibliográfica, em uma perspectiva multidisciplinar entre os estudos de luto e
morte na área da saúde, bases da psicologia e da educação,
é possível afirmar que a morte de
uma criança, nos casos estudados, despertou sentimentos profundos e incertezas no ambiente
escolar, e tratou
-
se, sobretudo, de conseguir equilibrar, ao longo dos dias e meses, o turbilhão
de emoções e a vida cotidiana da t
urma em sala de aula. Nestas situações, competiu às
professoras e às equipes pedagógicas coordenar a transição entre luto e vida escolar;
estabelecer um ambiente acolhedor e seguro; e propor modos de lidar com os desafios
emocionais e cognitivos decorrente
s da perda do colega. Os resultados estão organizados,
ainda, por meio das práticas realizadas pelas professoras entrevistadas e consideradas por elas
fundamentais para o suporte da vida escolar nas
situações vividas.
Para discorrer sobre o estudo explora
tório, este artigo re
fere
-
se a
fatos de morte por
doença de crianças
ocorridos em escolas
dos anos iniciais do ensino fundamental
,
e
às
situaç
ões
decorrente
s
destes fatos
, pela voz
das
professoras
entrevistadas
. Apresenta e reflete
sobre encaminhamentos e
práticas que contribuíram, e podem contribuir, segundo as
image/svg+xml
Ausência presente em sala de aula: a morte de um aluno/a e o cotidiano
escolar na perspectiva de professoras
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação
,
Araraquara, v. 16, n. 1, p. 320
-
340, jan./mar. 202
1
. e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v16i1.14472
322
professoras entrevistadas, na lida com a perda e a continuidade da vida escolar cotidiana. Para
a discussão revê os conceitos de luto, luto complicado e luto não reconhecido
,
e toma por base
a psico
logia histórico
-
cultural enfocando a ideia de processo para elaboração de tal situação.
O processo individual e coletivo de elaboração das crianças é compreendido
com a
mediação do professor, e, se possível, da equipe pedagógica e de outros profissionais
que
possam contribuir. As considerações finais buscam resumir os achados, por um lado, e
problematizar o tema, por outro, para dar seguimento à reflexão e aos estudos.
Morte, luto, criança e cotidiano escolar
Elias (2001, p. 17) pontua sobre a dificulda
de, em nossos tempos e cultura, de nos
aproximar da ideia e da conversa sobre a morte, pela recusa em aceitar nossa finitude. Afirma
que este fato inibe os cuidados com os moribundos.
Kovacs (2005, p. 486) lembra que, nas imagens da TV, a morte entra em c
asa, ao
mesmo tempo em que é assunto interdito:
O tema da morte se tornou interdito no século XX (
ARIÈS
, 2003), sendo
banido da comunicação entre as pessoas. Paradoxalmente, nesse mesmo
século, a morte esteve e continua estando, no início do século XXI, c
ada vez
mais próxima das pessoas, em função, principalmente, do desenvolvimento
das telecomunicações. A TV introduz diariamente, em milhões de lares,
cenas de morte, de violência, de acidentes, de doenças, sem a mínima
possibilidade de elaboração, dado o r
itmo propositalmente acelerado desse
veículo.
Neste contexto das contradições culturais em lidar com a morte e em falar sobre ela,
diante de sua banalização nos meios de comunicação, e, ao mesmo
tempo
, pela interdição do
tema
,
situa
-
se a ação pedagógica e
m sala de aula com crianças, frente a uma situação de luto e
perda. Os aspectos culturais defrontam
-
se com a questão da condição humana (
ARENDT
,
2000).
O professor ou professora que se depare com a morte de um aluno ou aluna terá que
lidar com sentimentos
e comportamentos individuais, únicos, seus e de seus alunos e
familiares, e ao mesmo tempo, sentimentos e comportamentos universais (
HELLER
, 2013).
Afora a família, as crianças têm a escola como lugar privilegiado de viver a infância.
Mas como, sendo profe
ssor ou professora, apoiar crianças que perderam um colega? Como
apoiar o professor ou professora que tem diante de si 25 crianças tentando entender e elaborar
seus sentimentos frente à morte de um colega?
A morte de uma criança da turma traz ao meio socia
l uma nova situação para a qual os
modelos próprios de espelhamento, imitação, exemplos de comportamento esperados e usuais
image/svg+xml
Ilana LATERMAN e Regina SZYLIT
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação
,
Araraquara, v. 16, n. 1, p. 320
-
340, jan./mar. 202
1
. e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v16i1.14472
323
parecem não sustentar respostas suficientes. Vigotski (2018) explica o preponderante papel do
meio social e cultural no desenvolvime
nto infantil. Explica que, quando no meio está presente
a forma final da conduta em questão, com exemplos de como se faz naquela situação, a
criança, aos poucos e por meio das interações sociais, modifica a conduta inicial, elaborando,
até que, transforman
do o sentido do ocorrido, integra o modo de fazer para aquela situação.
Escreve o autor: “[…] o meio é a fonte de todas as características especificamente humanas da
criança. Se a forma ideal estiver ausente, não se desenvolverá a atividade, a característi
ca, a
qualidade correspondente na criança.” (
VIGOTSKI,
2018, p. 87).
No caso da morte de uma criança, que respostas nossa cultura tem a oferecer? Que
modelos serão disponibilizados às crianças?
A pesquisa
A pesquisa cujos resultados são aqui apresentado
s e discutidos teve por objetivo
i
nvestigar sobre
os desafios na sala de aula e as ações pedagógicas diante d
a morte por doença
de criança do Fundamental I
,
na perspectiva d
e
professor
a
s
que viveram esta situação.
Metodologia da pesquisa
Pesquisa do ti
po qualitativo, exploratório (GIL, 2008), uma vez que há poucas
referências nacionais, e mesmo internacionais, sobre a turma e seu professor/a de anos iniciais
diante da morte de um
colega
.
Neste artigo são apresentados dados, análises, resultados e discus
são obtidos por meio
de estudo bibliográfico e de entrevistas com professoras de três escolas que passaram pela
morte de um de seus alunos dos anos iniciais do ensino fundamental entre três e sete anos
atrás. O critério de tempo estabeleceu
-
se para que hou
vesse um certo distanciamento
emocional do ocorrido, mas sem recair no esquecimento dos detalhes.
As professoras, no caso desta pesquisa
,
são professoras mulheres, generalistas em sua
prática, referência
para seus alunos e alunas,
e responsáveis pela turma
. Durante o ano letivo,
a professora e a turma convivem diariamente, por quatro a cinco horas por dia, o que as leva a
estabelecer vínculos significativos com seus alunos e a conhecer as respectivas famílias. Este
fator, metodologicamente, é relevante, poi
s, em situações de perda e luto, o vínculo e as
condições prévias de convivência são variáveis significativas (FRANCO, 2002).
image/svg+xml
Ausência presente em sala de aula: a morte de um aluno/a e o cotidiano
escolar na perspectiva de professoras
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação
,
Araraquara, v. 16, n. 1, p. 320
-
340, jan./mar. 202
1
. e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v16i1.14472
324
Os dados obtidos nas entrevistas são analisados pela perspectiva de Bardin (2010) e
discutidos a partir de autores da área de estu
dos de luto e morte, saúde, psicologia e educação,
em uma perspectiva multidisciplinar para pensar sobre o cotidiano escolar. Entre os autores
sobre luto e morte destacamos Shear, Franco
e
Kovacs
.
A criança e a escola são compreendidos a partir dos seguint
es aportes: a) perspectiva
histórico
-
cultural de Vigotski; b) entendimento de morte na condição humana como
experiência universal e ao mesmo tempo particular e subjetiva (HELLER, 2013); c)
compreensão da escola como um espaço em que as crianças vivem sua i
nfância e inseparável
das profundas experiências de vida (
FREINET
, 1996).
As escolas escolhidas pelo sistema bola de neve (
snowball sampling
) tem por intenção
possibilitar uma aproximação com o fenômeno. As escolas pesquisadas apresentam certa
diversidade:
uma escola pública, uma escola particular laica e uma escola particular de
administração religiosa. Própria para a pesquisa qualitativa, adotamos a entrevista aberta,
como propõe Minayo (2012)
,
para obter informações sobre o tema segundo a visão do
s
entre
vistado
s
nes
.
Análises e
discussão
Questões interdisciplinares sobre o luto surgiram a partir das análises dos conteúdos.
O referencial construiu
-
se na inter
-
relação das áreas da educação, da psicologia e dos estudos
do luto.
A primeira questão que se ap
resent
a neste diálogo interdisciplinar
é: Caracteriza
-
se
como situação de luto das professoras e/ou das crianças o que ocorre após a morte de criança
da turma? Segundo Franco (2010)
,
o luto é uma experiência subjetiva, porque dotada de
significado, inserid
a em uma cultura e de determinações múltiplas. De acordo com a literatura
na área (FRANCO, 2002; BARBOSA, 2010; entre outros), o luto depende do tipo de relação
e vínculo estabelecido; da idade e do tipo de morte, da vivência durante o processo, dos
recurs
os (afetivos, espirituais e rituais), entre outros aspectos próprios de cada situação de
perda por morte. Estas variáveis influem na vivência da perda e do luto, e na percepção da
situação, de si mesmo e dos outros envolvidos
.
A partir desta abordagem, dec
orrem outras questões sobre eventual existência de
condições para que se torne um luto complicado. De acordo com Franco (2010), luto
complicado caracteriza
-
se quando a pessoa experimenta uma desorganização prolongada que
a impede de retomar suas atividades
com a qualidade anterior à perda. Luto complicado é um
image/svg+xml
Ilana LATERMAN e Regina SZYLIT
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação
,
Araraquara, v. 16, n. 1, p. 320
-
340, jan./mar. 202
1
. e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v16i1.14472
325
conceito que contribui para as reflexões sobre as descrições das entrevistas. Outro conceito
dos estudos é o de luto não reconhecido ou não autorizado (CASELLATO, 2013), que se
caracteriza por não ser
reconhecido socialmente como tal. Ou seja, a dor da pessoa que o
vivencia, e que, por exemplo, não é da família, pode não ser percebida, nem qualificada pelos
que estão à sua volta. A professora que perde um aluno/a tem sua dor reconhecida e
respeitada?
N
esta pesquisa
encontramos dados que nos fazem pensar sobre possibilidades de
não reconhecimento do luto da professora
,
bem como na
possibilidade de o luto tornar
-
se
complicado nas turmas.
Estas possibilidades indicam a importância de compreender o
fenômeno
a partir também dos estudos de luto.
Prosseguimos a discussão buscando os
desafios, os encaminhamentos e práticas reconhecidas pelas professoras como base de apoio
para a vida cotidiana na sala de aula após o fato da morte.
Contexto dos fatos
Nas esco
las pesquisadas existem semelhanças e diferenças nos acontecimentos sobre o
conhecimento da doença (pelas professoras), o momento da morte, a relação das professoras
com a família, o recebimento da notícia pelas professoras, o envolvimento da equipe
pedagó
gica. A partir daí as professoras e a equipe pedagógica se v
e
em diante de dar a notícia
para seus alunos e para a comunidade escolar, e mediar e orientar a sequência de eventos
envolvendo seus alunos e as famílias na vida escolar.
Ainda que em contextos di
ferentes, defrontar
-
se com o fato da morte concretamente
parece ter impactado as professoras
entrevistadas
pelo inesperado da situação. Mesmo nos
casos em que as informações seriam suficientes para considerar tal possibilidade, as
professoras dizem da difi
culdade em pensar na morte de uma criança. Este “evitar pensar”
sobre a morte de criança,
pode
significa
r
também
desafios na
expressa
ção
sobre ela. Como
falar da morte? Com quem falar de morte?
Heller
et al.
(2013) fizeram pesquisa com professores que tinh
am em suas salas de
aula alunos em estado terminal, ou casos em que já havia ocorrido a morte, para compreender
quais o conhecimento e o suporte que estes professores tinham. A pesquisa
tipo
survey
,
feita
nos EUA, contou com 190 sujeitos. A principal fonte
de suporte dos professores identificada
dentro da escola foi a do enfermeiro da escola. Em segundo lugar, a dos colegas e, em
terceiro, a do psicólogo escolar. Fora da escola, a rede de suporte foi, em primeiro lugar, a
família; em segundo lugar, leituras
e pesquisas na internet; em terceiro, outros amigos. Com
image/svg+xml
Ausência presente em sala de aula: a morte de um aluno/a e o cotidiano
escolar na perspectiva de professoras
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação
,
Araraquara, v. 16, n. 1, p. 320
-
340, jan./mar. 202
1
. e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v16i1.14472
326
relação às crianças, o primeiro suporte na escola foi o orientador escolar, juntamente com a
professora de sala de aula.
No Brasil não encontramos estudos semelhantes, mas é possível afirmar que as
escolas, com raras exceções, não têm a figura do enfermeiro escolar (BRASIL, 2019).
As
escolas estudadas não
contava
m
com serviço de enfermagem próprio
ou ações de
cooperação
com a enfermagem do hospital que atendia às crianças. Ainda que seja comum haver
postos
de saúde públicos próximos a escolas públicas e particulares,
também
não ocorreu trabalho
cooperativo entre os postos de saúde e as escolas pesquisadas.
Permanece a questão: com
quem falar sobre a morte?
O
principal sistema de apoio entre os profess
ores pesquisados nos EUA é o da
enfermagem
e,
no Brasil, há a hipótese de que não temos este trabalho conjunto na maioria
dos casos.
Tem ficado claro
com este estudo
que
, lidar com a doença e morte de uma criança
na escola
se trata de buscar um conjunto de
possibilidades
de apoio
, de interlocutores
ao
professor e, talvez, programas e projetos de integração de áreas seja uma das possibilidades.
Nas escolas pesquisadas, a notícia da morte d
o
coleg
a
foi dada às crianças pela
professora e pela coordenadora ou a
equipe pedagógica, juntas. A fala da profa.
Ana
mostra a
dificuldade em noticiar. Nesta fala, refere
-
se a esta dificuldade, que persistiu nas semanas
seguintes, como uma notícia ainda não inteiramente absorvida:
E aí chegou acho que em agosto, acho que f
oi 11 ou 12 de agosto ele veio a
falecer. E daí foi muito complicado. Primeiramente para dizer para estas
crianças o que tinha acontecido. Mas eu tentei fazer o mais simbólico
possível. Que agora a gente não precisaria mais fazer cartinhas, que agora
a gen
te poderia colocar o “Arno” em nosso pensamento, foi tudo desta
forma, pra não chegar “ah o coleguinha de vocês morreu...” acho que eu
não tinha nem condições de falar isso na época porque foi bem complicado.
Então foi todo um trabalho assim de conversa me
smo, mas, eu sentia que
não rolava. Eles estavam muito sentidos, muito, muito, muito, eu não
conseguia atingir ... talvez até porque eu também não estava conf
o
rmada,
não conseguia passar essa segurança pra eles n
é
. Então foi quando a Alda
(nome fictício, p
rofessora da universidade cuja turma faria estágio docente
na escola) veio aqui
(Profa. Ana).
Alda
chegou à escola depois de três semanas do ocorrido. Psicóloga de formação,
professora no curso de Pedagogia, tinha a escola A como campo de estágio docente.
Afirma
não ter sido chamada em função da situação; pelo contrário, tomou ciência quando chegou na
escola. Mas, segundo a profa. Ana, foi sua intervenção junto à turma que permitiu a
elaboração dos fatos e o acolhimento dos sentimentos presentes na turma.
Disse ainda a profa.
Ana que o fato de ter alguém lidando com as crianças, fazendo dinâmicas de expressão,
image/svg+xml
Ilana LATERMAN e Regina SZYLIT
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação
,
Araraquara, v. 16, n. 1, p. 320
-
340, jan./mar. 202
1
. e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v16i1.14472
327
conversa e acolhimento, para o que ela mesma, naquele momento, não conseguia nem
tranquilidade nem discernimento, a deixou mais tranquila, apaziguand
o seu sentimento de
culpa, principalmente por ter envolvido afetivamente toda a turma na situação de doença do
colega, com vídeos e cartas enquanto durou a internação, com rifa para o caixa da cirurgia,
com a união através da qual a turma passou a incluir
Arno
(nome fictício da criança doente e
que veio a falecer)
em todos os momentos.
Na Escola B, a notícia foi dada pela professora de Filosofia, também coordenadora, a
profa.
Bruna
. Tratando
-
se, porém, de uma comunidade em que muitas famílias se conhecem
nã
o apenas da escola, mas de convivência social em outros espaços, sendo
Beta
(nome fictício
da criança doente e que veio a falecer)
irmã gêmea de um menino da turma e, ainda, filha de
uma pessoa da equipe de gestão da escola, o envolvimento da escola inteir
a ocorreu. A notícia
foi dada às crianças já em um outro espaço de sala, e imediatamente foram propostas e
realizadas conversas e dinâmicas expressivas, como o desenho. O professor da aula de
Religião também conversou com as crianças sobre
dúvidas na persp
ectiva da religião. A
escola fez algum ritual em memória
de
Beta
. Passado um ano de sua morte, deu seu nome à
biblioteca
.
Vale aqui reproduzir a fala da professora da escola C:
A coordenação subiu e aí contou que ela tinha ficado muito doente, que não
res
istiu... Aí teve aluno que chorou, aluno que ficou muito emocionado, e aí
a orientação da coordenação pra mim é “leva eles pra uma sala, a gente
tem uma sala de piso de madeira, que é a sala de balé com espelho, e vamos
fazer desenhos. Vamos ver como reage
m, conversar, fazer desenhos”
.
Daí
teve alunos que choraram compulsivamente porque lembraram da morte do
avô, da morte do cachorro, mas assim não mortes recentes... esse do avô
tinha sido há 2 anos. Como isso desencadeia, n
é
, a perda, sei lá, vai
desencade
ando coisas antigas ou a dor atual e ele precisa ter uma
justificativa. Os desenhos encantadores. Desenhos frequentes, foi neste dia e
a cada momento, a gente falava, a gente tocava no assunto
(Profa.
Celi
).
As professoras
entrevistadas
nos apresentam um
contexto intenso, que causa uma
interrupção na vida escolar tal como se dava até então. Para pensar sobre esta nova situação, o
retrato inicial será abordado como início de um processo.
image/svg+xml
Ausência presente em sala de aula: a morte de um aluno/a e o cotidiano
escolar na perspectiva de professoras
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação
,
Araraquara, v. 16, n. 1, p. 320
-
340, jan./mar. 202
1
. e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v16i1.14472
328
O processo de elaboração
A notícia da morte da criança para o
s colegas da sala de aula dá início a um novo
momento na vida da turma e da professora. O que vem a seguir é um processo
simultaneamente individual e coletivo. Ou seja, para cada criança e para a professora, a
depender de seu vínculo com a criança falecida
, a depender de sua amizade, além de cada
história de vida e de perdas já vividas, das crenças da família sobre a morte e de sua atitude
face a ela. Ademais, cada criança tem uma possibilidade cognitiva em lidar com esta
informação e um modo de ser diante
dos desafios emocionais. No entanto, além das questões
individuais, o grupo de crianças junto com a professora formam uma unidade funcional. Com
o objetivo comum de aprender, convivem diariamente, tendo já contraído vínculos, ocupando
espaços e performance
s próprias no grupo.
As mediações para o aprendizado, das ações pedagógicas, e dos cuidados, adquirem
em situações de morte uma dimensão do humano explicitada. Se a educação assim mediada
ensina às crianças o humano em nós (
VIGOTSKY
, 2001), diante de uma
situação de morte a
mediação é fundamental, é parte da atribuição de sentidos de vida.
Este novo momento, que começa a partir da morte da criança e da notícia de sua
morte, se apresenta como um processo. O modo como é passada a notícia da morte é
important
e; porém, o entendimento desta notícia, sua elaboração pelas crianças e, na verdade,
pelos adultos, também é processual.
Este
tempo
processual foi explicado pelas professoras nas
entrevistas
,
ao reverem os acontecimentos
. Aquilo que, por qualquer razão, nã
o foi bem
explicado num primeiro momento,
foi
retomado nos dias, nas semanas seguintes. As
perguntas que forem respondidas no momento da notícia também virão à tona outras vezes
nas semanas seguintes. Dias, semanas, meses. Ao que parece, o ano letivo fica
marcado e a
ausência torna
-
se presente por objetos, lembranças, por um ou outro colega que, em dado
momento, comenta.
Metzgar (1995) dá algumas indicações para informar a notícia na sala de aula de
crianças. Sugere que o professor, ou quem dê a notícia, r
espire, se acalme. Pode ser que chore;
neste caso, poderá mostrar que choramos e nos recuperamos. Considera ainda importante que
se pense antes o que será dito e como será dito, para que isso ajude na difícil tarefa de dar a
notícia da morte de uma criança
. Quando falar sobre morte, continua Metzgar
(1995), que se
explique com clareza. As metáforas atrapalham
,
ensina
ainda a autora,
pois confundem a
criança, que poderá associar, em sua fantasia, fatores da vida, como o sono
,
com a morte. É
importante, afirm
a ainda, usar um vocabulário e compreensão próprios à idade das crianças,
image/svg+xml
Ilana LATERMAN e Regina SZYLIT
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação
,
Araraquara, v. 16, n. 1, p. 320
-
340, jan./mar. 202
1
. e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v16i1.14472
329
com sentenças curtas. Não prometer o que não se pode cumprir; ouvir as perguntas das
crianças e responder na medida do possível. Pode
-
se pensar em um ritual de despedida. E
lembrar q
ue é um processo
: todas essas
são indicações de Metzgar (1995)
.
As escolas pesquisadas mostraram diferentes possibilidades sobre a notícia. Na escola
A, a situação ficou muito difícil por quase um mês, quando chegou a turma de estágio docente
da universida
de, e, com isso, o encaminhamento de dinâmicas e desenhos, que, após uma
semana, reorganizaram o clima da classe para, então, dar início à ausência ‘sempre presente’
até o final do ano letivo.
Na escola B, quem assumiu a sala foi a professora de Filosofia,
e não a generalista,
acumulando também a função de coordenadora. Nesta escola, a dimensão institucional ficou
evidente, e se sobrepôs à da professora.
Na escola C ocorreu um apoio efetivo da coordenação à professora de sala de aula no
primeiro momento, e
ela sempre teve apoio para conversar fora de sala. Com o tempo, porém,
foi assumindo mais sobre seus próprios ombros; talvez não tenha sido possível a suas colegas
compreenderem seu luto e a mudança profunda em seu cotidiano.
Como explicam Case, Cheah e Li
u (2020), “as pesquisas sugerem que, pelo fato de ser
a escola um ambiente familiar onde ocorrem as relações entre os colegas, a permanente
exposição a este ambiente reforça o sentimento de perda”. Ou seja, a criança sai da escola, vai
para sua casa; outra
s coisas, eventualmente, lhe chamam a atenção, mas, quando retorna à
escola, tudo ali retoma de onde parou: o grupo lá está, com um a menos, e as relações estão
repletas da perda recente. Durante este período, com a pouca experiência de vida que as
criança
s e os jovens têm, é importante adquirirem a noção de não estagnação do presente,
admitirem as transformações que ocorrem ao longo do tempo, entender que aquela dor e
aquela situação não serão para sempre nem daquele mesmo jeito.
Nas entrevistas, as profes
soras afirmaram que o clima ficou um pouco mais leve com a
interrupção das férias, mas, ainda assim, após o retorno, a ausência continuava como parte do
cotidiano. De que forma a morte de um colega e sua ausência fazem parte do cotidiano da sala
de aula? É
possível encontrar pistas nos depoimentos das professoras:
Tinha aluno que chorava, aí o outro chorava, aí um reclamava, lembrava
dela, um outro ria...lembra quando ela falava assim? Aí a gente dava risada,
como é bom lembrar das coisas boas...eu lembro,
foi tão engraçado uma
vez, não me lembro exatamente quando foi, a dor estava tão intensa, o choro
estava tão intenso, o sofrimento tão latente, tão ali presente, e um aluno
começando a mexer nas coisas dele de repente ele tira da mochila,
“professora, o q
ue é esse pé de meia fedido na minha mochila…”, não sei
na hora eu respirei fundo e eu “o que?, um pé de meia fedido na tua
image/svg+xml
Ausência presente em sala de aula: a morte de um aluno/a e o cotidiano
escolar na perspectiva de professoras
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação
,
Araraquara, v. 16, n. 1, p. 320
-
340, jan./mar. 202
1
. e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v16i1.14472
330
mochila? Virou material escolar?
”
A sala inteira caiu na gargalhada. Sabe
quando dá aquela gargalhada, aquela aliviada, parece que f
oi providencial,
porque quando que vai ter um pé de meia, um, não é nem o par, um, na
mochila, sujo, tava sujo, encardido, na mochila. Foi assim, obrigada senhor,
não sei de onde saiu isso para aliviar a tensão. Então aqueles que estavam
chorando começaram
a rir e no meio das lágrimas a risada, e aí a gente
começou a acalmar, vamos rir, vamos tomar uma água, e aí engatou uma
outra estória engraçada, sabe quando a coisa vai, então parece que quando
a dor é tão grande, quase insustentável, uma coisa acontece
(Professora
Celi
).
Outro depoimento, na Escola A:
[
...
]
foi um período bem difícil, por mais que a gente conversasse, a mãe
veio aqui se despedir depois de um certo tempo, agradecer, acho que foi
mais pro final de agosto, que eles estavam indo de volta p
ara Uruguaiana
porque não tinha mais sentido ficar aqui, que ela ainda tinha os outros 3
filhos para cuidar. O pai tinha que voltar para seu emprego, porque houve
uma mudança toda na rotina familiar. Depois que ela veio mesmo parecia
tipo “acabou? A gente
não vai mais falar sobre isso?” não, pra eles
(crianças) não tinha essa ferida fechada ainda, tinha alguma coisa que não
batia. Só as conversas que eu tinha com eles não resolvia, tinha alguma
coisa que precisava ser fechada de uma outra forma, precisava d
e um
fechamento
(Professora
Ana
).
As professoras relatam que, com menos intensidade, mas até o final do ano, mesmo
depois das férias, falava
-
se todos os dias sobre o assunto. No início, quase que só sobre o
assunto; depois, em meio a uma e outra atividade
, alguém lembrava de alguma coisa; às
vezes, com leveza; outras, com mais tristeza:
Sim, sim, eu tentava continuar com as aulas, as atividades. Eles não se
recusavam a fazer as coisas, mas eu via que não era com tanto entusiasmo
assim, porque era uma turm
a boa; eles gostavam de trabalhar. Mas, às
vezes, a lágrima de um, a carinha triste do outro. Então, assim, tinha todos
os materiais dele no armário. Eu tive que sumir com tudo. Porque eu dizia
assim, vão lá buscar o caderno de língua portuguesa, um exempl
o, né, tava
lá o caderno do Arno. E aí? Então volta, como eu tô te dizendo, é uma coisa
que não fecha, quando tá quase fechando parece que ressurg
e
, abria de
novo
(Profa.
Ana
).
Estes depoimentos nos dão uma ideia do clima da sala de aula e de como a profe
ssora
precisa lidar. O apoio que recebem dentro da escola no início corre o risco de se enfraquecer
,
por conta do longo tempo deste novo cotidiano.
Para o primeiro momento de acolhimento, as escolas
pesquisadas
usaram os mesmos
recursos, próprios da Psicol
ogia, de expressão por meio de desenhos e cartas. Na Escola A,
este recurso demorou para ser usado, mas, segundo a professora, a situação só mudou após
estas dinâmicas.
image/svg+xml
Ilana LATERMAN e Regina SZYLIT
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação
,
Araraquara, v. 16, n. 1, p. 320
-
340, jan./mar. 202
1
. e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v16i1.14472
331
As crianças precisam de um tempo para elaborar
,
dar novos sentidos e compreender o
sign
ificado do que ocorreu. A vivência de um fato desta intensidade é eloquente na vida de
uma criança. Vigotski
(2018, p. 75)
explica:
[
...
] podemos dizer, com mais precisão e exatidão, que os momentos
essenciais para definição da influência do meio no desen
volvimento
psicológico, no desenvolvimento da personalidade consciente, são a
vivência. A vivência de uma situação qualquer, de um componente qualquer
do meio define como será a influência desta situação ou meio sobre a
criança. Ou seja, não é esse ou aque
le momento, tomado independentemente
da criança, que pode determinar sua influência no desenvolvimento
posterior, mas o momento refratado através da vivência da criança.
O autor continua explicando que a criança “toma consciência, atribui sentido e se
rel
aciona afetivamente com um determinado acontecimento” (
VIGOTSKI,
2018, p. 77), e que
o modo como o faz influi em seu desenvolvimento, em seu modo de ser.
Para ficar mais claro, Vigotski
(p. 2018, p. 78)
define a vivência:
Vivência é uma unidade na qual s
e representa, de modo indivisível, por um
lado o meio, o que se vivência
–
a vivência está sempre relacionada a algo
que está fora da pessoa
-
e, por outro lado, como eu vivencio isso, ou seja, as
especificidades da personalidade e do meio estão representa
das na vivência
[
...
]
.
A atribuição de sentido, tão fundamental para a continuidade saudável da vida, é
mediada no ambiente pelas pessoas que ali atuam, conversam, propõem e atribuem, elas
mesmas, sentidos. Existe, então, um processo individual e um proce
sso coletivo da turma que
é, ao fim e ao cabo, o conjunto destes processos individuais em uma dinâmica própria. O
processo coletivo, a forma como ocorre e é conduzido, influi na atribuição de sentido de cada
criança, ao tempo em que a resposta única, pesso
al, da vivência de cada passo do processo,
configura o modo de ser do grupo. É uma dinâmica dialética, em que os recursos e as
dificuldades individuais são colocados à disposição do grupo e o grupo pode ajudar no
processamento e, principalmente, na não est
agnação da elaboração do ocorrido. Estar atento
ao processo, perceber as transformações
,
é um recurso para professores e equipe pedagógica
se sentirem confiantes no processo, e para reverem modos de ação.
Ao falarem do processo
passado, agora com alguma di
stância temporal, as professoras entrevistadas explicaram que
sentiram
-
se desestabilizadas no início, mas
depois perceberam uma certa constância
nos
avanços e recuos
cotidianos,
no equilíbrio entre lidar com outros temas próprios da vida
escolar e com o es
paço das genuínas manifestações que marcam a presença da criança
ausente
.
image/svg+xml
Ausência presente em sala de aula: a morte de um aluno/a e o cotidiano
escolar na perspectiva de professoras
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação
,
Araraquara, v. 16, n. 1, p. 320
-
340, jan./mar. 202
1
. e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v16i1.14472
332
De acordo com Shear (2010, p
.
120): “O luto é a resposta psicológica instintiva usual à
morte de uma pessoa próxima. Pensamentos, sentimentos e comportamentos típicos ocorrem,
embora
em um padrão e intensidade que variam e evoluem ao longo do tempo”. O esperado é
que a atenção esteja intensamente voltada ao luto no início e bem menos para as ações
cotidianas; com o tempo, a vida cotidiana vai aumentando em importância, com dedicação d
e
tempo e atenção, enquanto a intensidade do luto vai diminuindo, até que seja possível
conviver com ambos, a vida cotidiana e a perda, de modo funcional, e na medida de cada um.
O luto complicado, segundo Shear (2012), se apresenta quando sua intensidade
se
mantém de tal modo que a vida cotidiana não é retomada de modo funcional, com constante
intensidade em sentimentos de depressão, angústia, entre outros. Neste sentido, segundo
Shear (2012), ainda que o luto complicado não esteja classificado oficialment
e entre as
patologias de saúde mental, poderia ser encarado nesta perspectiva. Ou seja, no luto se espera
uma reação emocional intensa, além de dúvidas existenciais profundas diante do fato da
morte, especialmente da morte de uma criança. O cuidado se dá e
m acompanhar e mediar,
com os recursos disponíveis, a vivência ao longo do tempo.
Neste sentido, as entrevistas mostraram ser bastante angustiantes para as professoras
perceberem a tristeza, a ansiedade, a falta de compreensão dos fatos entre as crianças
,
e que o
principal fator de bem
-
estar para as próprias professoras é perceberem que as crianças se
sentem um pouco melhor, mais tranquilas, com momentos de risadas. Imaginar que não serão
capazes de acolher e ajudar a turma é um fator de muito stress para a
s professoras. Quanto a
seus próprios processos de luto, parecem buscar apoio especialmente em suas famílias ou em
situações fora da sala de aula. Ou seja, o principal fator de bem
-
estar das professoras é
saberem que as crianças de sua turma estão acolhida
s, cuidadas e em processo de elaboração,
indicando que ficarão bem.
As professoras
entrevistadas
parecem estar menos preocupadas
consigo mesmas, confiantes em sua capacidade de lidar com a perda, mas bastante
preocupadas com o bem
-
estar das crianças. Ainda
assim, o stress por elas vivenciado é grande
e o cuidado com seu bem
-
estar e saúde
faz parte das condições de trabalho
.
image/svg+xml
Ilana LATERMAN e Regina SZYLIT
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação
,
Araraquara, v. 16, n. 1, p. 320
-
340, jan./mar. 202
1
. e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v16i1.14472
333
Sobre encaminhamentos e práticas pedagógicas adotadas e reconhecidas
pelas
professoras entrevistadas
C
omo apoiar professores
que tenham vivências semelhantes? Como lidar com a
situação? Que encaminhamentos e práticas adotados, passado o momento, são reconhecidos
como apoio ao cotidiano?
As professoras entrevistadas elaboraram indicações a respeito
destas questões. Do ponto de v
ista das professoras, ações que sustentam o cotidiano escolar.
1. O acontecimento da morte de uma criança de anos iniciais do ensino fundamental é
um evento intenso, que modifica o cotidiano da sala de aula da criança por tempo
indeterminado, podendo este
nder
-
se por todo o ano letivo. Este foi o tempo nos casos aqui
estudados. Saber e aceitar este tempo modifica positivamente a ansiedade, segundo as
professoras.
2. A
escolha de quem dará a notícia e estará com a turma de crianças é importante, e
tem por ba
se os vínculos e as condições próprias da profissional a assumir. Quem quer que
fique com a turma estará melhor se tiver uma equipe de apoio e cooperação.
3. A informação da morte deve ser clara, objetiva, compreensível para as crianças.
Informar
toda a tu
rma ao mesmo tempo, sem margem para fantasias paralelas.
4.
O
uvi
r as crianças
;
esclarecer
suas dúvidas. As perguntas para as quais não se tem
respostas, ainda assim acolh
er
com escuta. Uma possibilidade é cada um falar o que sente, o
que gostaria de dizer,
na sua vez, em roda.
5. Sugere
-
se que cada criança faça um desenho para retratar o que sente, ou o que
gostaria de dizer… oferecer muitas vezes, por dias, semanas, pelo tempo que se avaliar
pertinente, material, folhas em branco, lápis de cor, ambiente ap
ropriado.
6. Em algum momento se poderá escrever cartas individuais como se fosse para a
criança
falecid
a
, como despedida; isto pode, indiferentemente, ser um escrito ou um desenho.
7. Estas dinâmicas expressivas e conversas podem levar dias, semanas. Ao f
alar, é
possível que algumas crianças falem de outras perdas que tiveram. Quando o assunto passa a
ser sobre outras perdas, será possível perceber a intensidade emocional. Se os casos contados
deixarem de apresentar conteúdo emocional relevante, será sinal
de que se pode propor outro
assunto. Quando as falas começarem a expor relatos, estórias menos carregadas de emoção, é
possível começar a encerrar esta atividade e propor uma leitura silenciosa ou alguma atividade
simples, mas sob
re
outra temática.
8. O p
rincipal para a professora de sala ou o responsável pela turma é perceber que as
crianças estão bem. Para isso, é fundamental manter a perspectiva de que este luto é um
image/svg+xml
Ausência presente em sala de aula: a morte de um aluno/a e o cotidiano
escolar na perspectiva de professoras
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação
,
Araraquara, v. 16, n. 1, p. 320
-
340, jan./mar. 202
1
. e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v16i1.14472
334
processo, e a vida cotidiana será a partir dali, sem forçar modelos de como era antes d
o
ocorrido. É, ainda, possível realizar tarefas escolares simples, dividir o tempo de aula com as
lembranças, sem forçar e sem ficar estagnado.
9. Respeitar os sentimentos, as falas, as dúvidas.
10. Permitir o riso, o alívio da tensão, momentos que se alte
rnem entre lembranças
sensíveis, lágrimas, brincadeiras, estudo. Alternância.
11. Decidir o que fazer com as coisas do aluno que se foi, como seu material escolar,
sua carteira. Não precisa ser na primeira semana. A carteira, porém, pode ser necessária em
outro lugar, da mesma forma que os cadernos deixam de ser necessários ali. Pode
-
se, por
exemplo, plantar uma flor no pátio, ou um canteiro, em memória do colega que partiu.
Coletivamente, com o simbolismo da vida. Isso pode aliviar o peso eventual em “mexe
r” nas
coisas da criança que partiu.
12. Uma possibilidade, após uma semana, ou como se sentir com o tempo, é fazer um
desenho coletivo e entregar à família da criança, como uma forma de as crianças sentirem que
estão fazendo pelos pais um gesto solidário.
É muito importante para as crianças conseguirem
ajudar no bem
-
estar, sentirem que estão fazendo algo de bom, como plantar flores, ou mesmo
se unir para ajudar alguém em nome da criança, sempre garantindo o sentido que o ato tem
para a turma naquela situaç
ão específica.
13. Retomar, testando, atividades escolares aos poucos. Atividades mais simples, aos
poucos, testando o quanto a classe consegue se envolver, para retomar aquelas de ensino
regular. Também entremear com atividades de brincar, cantar, de leve
za e bom humor, entre
uma e outra, avaliando o ritmo e a necessidade da turma.
14. Duas das escolas estudadas introduziram no currículo, para toda a escola, no ano
seguinte, uma aula semanal de aprendizagem emocional; ou seja, desde o primeiro ano,
reserva
r um espaço curricular para expressar sentimentos e aprender a lidar com eles. Na aula
de Filosofia que as duas escolas já tinham, e cujo foco eram valores, acrescentaram
-
se
conteúdos emocionais específicos por idade, para aprender a reconhecer o que se se
nte, para
conseguir expressar, elaborar e se reorganizar a partir disso. Estas escolas entenderam, a partir
do luto vivido pela turma, que deveriam propor este ensino.
15. Outras pessoas da equipe pedagógica podem ajudar nos horários de intervalo,
entrada
e saída, e até mesmo em horário de aula, para atendimentos individuais de crianças
que eventualmente estejam mais tristes ou precisando conversar. Podem ficar pelo pátio no
recreio e observar o movimento das crianças, aproximar
-
se quando acharem necessário
.
image/svg+xml
Ilana LATERMAN e Regina SZYLIT
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação
,
Araraquara, v. 16, n. 1, p. 320
-
340, jan./mar. 202
1
. e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v16i1.14472
335
16. Os pais da criança que faleceu
pode
m
precisar de acolhimento para conversar na
escola. Quem irá recebê
-
l
os
? A equipe pode pensar em
se,
como e quem receberá os pais da
criança. Como a carga afetiva sobre a professora de sala de aula é muito intensa,
a equipe
poderia ajudar e assumir esta tarefa, ou estar junto com a professora, se sua presença for
indispensável.
17. O que significa apoiar a professora? Como foi dito, para cuidar de si é provável
que a professora procure seus espaços fora da escola em
primeiro lugar, e os colegas em
segundo lugar. Assim é que se apresenta na pesquisa internacional, e assim apareceu nas
entrevistas. São importantes as conversas particulares dentro da escola nos momentos mais
difíceis, ou nos momentos em que a professora
precisa desabafar, dividir. O fundamental é
escutar a professora naquilo que ela diz, e buscar identificar o que para ela é fator de stress, e
buscar formas de apoiar, aliviar. Na escola C, por exemplo, a professora
Celi
pediu que se
retirasse do
site
a f
otografia da aluna falecida. Todos os dias ela tinha que entrar nesse site
para seu trabalho, e a fotografia da aluna mexia muito com ela. Para outras pessoas, certas
coisas podem parecer sem importância. Em situações semelhantes, a medida da importância é
representada por aquele a quem se está prestando apoio.
18.
O
processo pode ser, e provavelmente o será, intenso e longo, e o apoio é
necessário durante todo o ano letivo. Se tudo der certo, o processo irá se modificando com o
tempo, com avanços e retroc
esso
s,
alternando os momentos difíceis
e os
mais suaves.
19. Se possível, incluir outros profissionais na escola.
Enfermeiros,
professores de
artes, de educação física
,
psicólogos, psicopedagogos, enfim... é uma boa hora de buscar
parcerias e conhecimentos
d
iversificados.
Falar de morte na escola prepararia as crianças para um evento de morte de colega?
A
s professoras manifestaram nas entrevistas que
“
nada nos prepara para a morte de
uma criança
”
. Mesmo nos dois casos em que as crianças estavam com câncer
havia mais de
um ano, as professoras asseguram que não imaginavam ou não conseguiram falar que haviam
pensado na possibilidade da morte.
A profa.
Ana
disse que sua escola tinha crianças de famílias que conviviam com venda
de drogas, e que as crianças trazi
am para a escola estórias de mortes e de prisões que
escutavam na vizinhança, na família e na mídia sensacionalista. Nada disso, porém, se
relacionou com a morte do colega a quem tanto queriam, a quem enviavam vídeos e desenhos
no hospital, para quem fizer
am rifa para a cirurgia.
Então, o que seria falar de morte?
image/svg+xml
Ausência presente em sala de aula: a morte de um aluno/a e o cotidiano
escolar na perspectiva de professoras
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação
,
Araraquara, v. 16, n. 1, p. 320
-
340, jan./mar. 202
1
. e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v16i1.14472
336
Falar de morte seria um processo social, coletivo, para, em primeiro lugar, ultrapassar
o interdito de falar dela (FRANCO, 2002).
Segundo a literatura da área (Franco,
Kovacs, entre outros
)
,
não e
vitar falar em morte
quando o assunto surge, e fazer deste um tema como tantos outros
, é um modo de se falar da
morte
. Neste sentido, segundo os autores citados, a morte pode ser tema de
hi
stórias,
de
brincadeiras, de conversas. No entanto, segundo as entr
evistas, nada disso prepararia
a
professora e os colegas
para a vivência da morte de uma crianç
a.
Considerações finais
É um tema muito delicado, muito profundo, que modifica as pessoas, as crianças
envolvidas, as famílias das crianças, as professoras. A
rotina é perturbada de tal modo que
ações de profissionais (psicólogos ou pedagogos, por exemplo), um pouco menos envolvidos
(do que a professora da turma), podem ser necessárias para ajudar a organizar as emoções, as
relações e o cotidiano. A equipe peda
gógica apoia de modo mais presente ou menos presente
a professora de sala de aula, a depender da escola. Em nenhuma das escolas
investigadas
a
professora conseguiu sozinha tomar as ações organizadoras dos processos emocionais
profundos em curso. A professo
ra tem sua dor e a dor de 25 crianças para administrar; tem,
inclusive, que lidar com o fato de que
–
ocorrida a morte
–
, não há mais esperança, e se
pergunta como trazer isto para as crianças. Um termo usado por uma das professoras mostra o
desafio: “inte
rrupção da inocência”. As ações organizativas, n
estas
escolas, começaram por
conseguir criar dinâmicas para cada criança expressar e aliviar em parte suas emoções.
F
oram
usados, como primeiros recursos, o desenho individual e a mensagem à criança que morre
u.
Em
alguns casos, pela experiência vivida, f
oi adotado o ‘ensino’ de lidar com as emoções
(aprendizado emocional). A equipe pedagógica concluiu que o principal para as crianças
,
neste aspecto
,
é saberem lidar consigo, com suas emoções,
preparando
-
se
para
diferentes
situações.
Outro aspecto de análise é a presença das famílias dos alunos da turma, que ora
apoiam a professora, ora fazem exigências ou criticam o manuseio de dificuldades
enfrentadas.
A presença
da família da criança falecida na escola
é també
m um desafio.
No âmbito dos estudos de luto na área da enfermagem, em pesquisas sobre os
enfermeiros e as famílias das crianças em situação terminal e na ocorrência da morte,
explicam Santos
e
t al.
(2019, p.
4):
image/svg+xml
Ilana LATERMAN e Regina SZYLIT
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação
,
Araraquara, v. 16, n. 1, p. 320
-
340, jan./mar. 202
1
. e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v16i1.14472
337
Na situação de doença e morte por câncer, o
s pais precisam da certeza de
que tudo e o melhor foi proporcionado para a criança. Os pais expressaram
de alguma forma o significado envolvido no esforço de suprir todas as
necessidades do filho e esgotar as alternativas possíveis da melhor forma,
conform
e demonstrado. Essa certeza ajuda no processo de elaboração de
luto, uma vez que contribui para a construção de significados, como
compreender a impermanência da vida, valorizar o tempo compartilhado
com o filho, afirmar a identidade do filho, preparar o f
ilho para a despedida,
aceitação da morte ou a compreensão da morte como libertação do
sofrimento.
Como acolher e apoiar também os pais que perderam um filho ou filha?
Os conceitos de luto, luto não reconhecido e luto complicado, podem auxiliar a
qualif
icar a experiência difícil que um professor ou professora enfrenta na morte de uma
criança da sua turma, e a experiência das crianças também, que se desorganizam e, por vezes,
têm dificuldade em compreender a ausência e com ela conviver. Além de verem
-
se d
iante da
morte, o que desperta inseguranças, temores, curiosidade, por vezes lembranças de outras
perdas, dúvidas existenciais.
Os resultados deste estudo indicam que não se trata tanto de subsidiar professores a
saber “o que dizer”, que explicações dar a
seus alunos e alunas, mas muito mais de
instrumentalizar para a possibilidade de se comunicar com as crianças, de
criar um ambiente
seguro para a expressão, a conversa, o apoio coletivo, para o reconhecimento do que seja
humanamente universal numa experiên
cia
–
como a da morte
–
profunda e subjetiva.
Analogamente, e guardadas as diferenças entre a família e a turma de sala de aula
quanto aos vínculos e à experiência da perda em família, Andrade, Michima
-
Gome e Barbiere
(2018, p. 1),
explicam:
Quando as cri
anças perdem um irmão buscam o apoio emocional dos pais,
contudo, estes, por também viverem essa experiência de perda, têm
dificuldade para oferecer suporte afetivo aos filhos, o que dificulta a
elaboração do luto da criança. [...] (na pesquisa) O ambiente
familiar se
apresentou como frágil aos participantes, o que os faz reprimir seus
sentimentos, ocasionando o surgimento de sintomas, como medo da morte,
sintomas psicossomáticos, dependência dos pais, dificuldades de
aprendizagem e do processo de simboliza
ção. Para elaborar o luto, as
crianças precisam utilizar da sua capacidade criativa, com auxílio de um
ambiente externo disponível, que permita a expressão das angústias e
receios, possibilitando a retomada do desenvolvimento emocional, apesar
das dificuld
ades enfrentadas
.
Na situação de uma turma de crianças, as entrevistas mostraram que não basta dar a
palavra a cada uma delas. Neste caso, a tendência é que a própria fala organize e desorganize
a todos, numa situação de retorno às emoções iniciais em um
ciclo vicioso. Não basta falar,
image/svg+xml
Ausência presente em sala de aula: a morte de um aluno/a e o cotidiano
escolar na perspectiva de professoras
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação
,
Araraquara, v. 16, n. 1, p. 320
-
340, jan./mar. 202
1
. e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v16i1.14472
338
mas é imprescindível falar, dialogar. Então, criar oportunidades direcionadas que organizem a
elaboração das ideias e dos sentimentos pode ajudar a todos. Mas não se espere que uma
semana de atenção resolva a significação do
s fatos, e que as atividades cotidianas de ensino
sejam retomadas como se nada houvesse acontecido.
A compreensão de uma transformação gradual e processual, com avanços e
retrocessos, é referência para que se possa acompanhar e avaliar o bem
-
estar das cri
anças.
Esperam
-
se emoções intensas, assim como desafios na compreensão dos fatos. Por outro lado,
o entendimento do processo de elaboração necessário ao crescimento e à aprendizagem de
todos coloca em perspectiva a vivência, profunda e inevitável, como par
te da existência deste
grupo. O professor
, de acordo com este estudo,
sente
-
se mais seguro ao perceber que o
processo leva a um certo equilíbrio entre a tristeza e a vida que segue. Seu bem
-
estar baseia
-
se, em grande parte, na percepção de que as crianças
também têm capacidade de elaborar, de
se sentir apoiadas, acolhidas e dando continuidade ao cotidiano. As questões de luto dos
professores envolvem muitas dimensões por terem que lidar consigo, com as crianças, com as
famílias, com os pais da criança que m
orreu, e com suas dúvidas existenciais. No entanto,
pequenos alívios do stress destas diferentes dimensões possibilitam consciência mais
esclarecida, discernimento e calma. Neste sentido,
a pesquisa apontou que
os professores
buscam apoio para si mesmos fo
ra da sala de aula e entre os colegas, e sentem
-
se bem
assegurando
-
se que as crianças ficarão bem. Um olhar cuidadoso da equipe pedagógica para
com o professor
, nesta pesquisa
significa escutá
-
lo sobre o que está tornando seu trabalho
mais difícil, ou mesm
o mais pesado, e eliminar os fatores de stress
de
tudo aquilo que for
possível
, d
e tal modo que o professor possa ficar disponível para as crianças.
A morte de uma criança atinge, em certo sentido, crenças e esperanças, como disseram
os professores: “o pio
r aconteceu”. Mas temos de encarar o fato de que infelizmente é uma
realidade possível e, se nos depararmos com ela, teremos sempre um campo de possibilidades
de ações na escola.
A pesquisa aponta ainda para articulações necessárias entre professores e enf
ermeiros.
Há distância no diálogo entre as duas instituições
–
hospitais e postos de saúde e escolas. Para
as situações de crianças com doenças crônicas, ou que retornam após longo período de
internação, situações de morte e luto, informações compartilhada
s entre enfermeiros e
professores poderão trazer benefícios a ambos os lados. Mas aqui temos um longo caminho a
percorrer.
A escola recebe crianças e professores que trazem suas histórias e, juntos, continuam a
construir a história de vida de cada um. Não
temos o direito de negar estas histórias; pelo
image/svg+xml
Ilana LATERMAN e Regina SZYLIT
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação
,
Araraquara, v. 16, n. 1, p. 320
-
340, jan./mar. 202
1
. e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v16i1.14472
339
contrário, o que fica é o sentido elaborado, o diálogo ativo entre o sujeito e sua história. Deste
diálogo, podemos participar.
REFERÊNCIAS
ANDRADE, M.; MISHIMA
-
GOMES, F.; BARBIERI, V. Luto infantil e capa
cidade criativa:
a experiência de perder um irmão.
Psico
-
UFS
[online], Campinas, v. 23. n. 1. p. 25
-
36, 2018.
ISSN 2175
-
3563. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/1413
-
82712018230103
ARENDT, H.
A condição humana
. 10. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2
000.
ARIÈS, P.
História da morte no Ocidente
: da Idade Média aos nossos dias. Trad. Priscila
Viana de Siqueira. Prefácio de Jacob Pinheiro Goldberg. Rio de Janeiro: Ediouro, 2003.
BARBOSA, A. Processo de luto.
In
: A. BARBOSA, A.; NETO, I. G. (Eds.).
Manu
al de
cuidados paliativos
. Lisboa: Universidade de Lisboa, 2010. p. 487
-
532.
BARDIN, L.
Análise de conteúdo
. 4. ed. Lisboa: Edições 70, 2010.
BRASIL.
Sinopses Estatísticas da Educação Básica
. Brasília, DF: Ministério da Educação,
2019. Disponível em: htt
p://portal.inep.gov.br/web/guest/sinopses
-
estatisticas
-
da
-
educacao
-
basica.
Acesso em: 20 fev. 2019.
CASE, D. M.; CHEAH, W. H.; LIU, M. Mourning with the morning bell: an examination of
secondary educators attitudes and experiences in managing the discours
e of death in the
classroom.
OMEGA Journal of death and dying
, v. 80, n. 3, p. 397
-
419, 2020. DOI:
https://doi.org/10.1177%2F0030222817737228
CASELLATO, G. (Org.).
O resgate da empatia
: suporte psicológico ao luto não
reconhecido. 2. ed. Niterói: Polo, 20
13
ELIAS, N.
A solidão dos moribundos, seguido de envelhecer e morrer
. Rio de Janeiro:
Zahar, 2001.
FRANCO, M. H. P.
Estudos avançados sobre o luto
. Campinas, SP: Livro Pleno, 2002
FRANCO, M. H. P. Por que estudar o luto na atualidade?
In
: FRANCO, M. H.
P. (Org.).
Formação e rompimento de vínculos
. São Paulo, SP: Summus, 2010.
p. 17
-
42.
FREINET, C.
Pedagogia do bom senso
. São Paulo: Martins Fontes,1996.
GIL, A. C.
Como elaborar projetos de pesquisa
. 4. ed. São Paulo: Atlas,
2008.
HELLER, A.
Teoria de
los Sentimientos
. México: Fontamara, 2013.
HELLER, K. W.
et al
. Teachers' knowledge and support systems regarding students with
terminal illness.
Physical Disabilities: Education and Related Services
, v. 32, n. 2, p. 3
-
29,
image/svg+xml
Ausência presente em sala de aula: a morte de um aluno/a e o cotidiano
escolar na perspectiva de professoras
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação
,
Araraquara, v. 16, n. 1, p. 320
-
340, jan./mar. 202
1
. e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v16i1.14472
340
2013.
Disponível em: https://fil
es.eric.ed.gov/fulltext/EJ1061920.pdf. Acesso em: 15 out.
2019.
KOVACS, M. J. Educação para a morte.
Psicol. cienc. prof
. [online], Brasília, v. 25, n. 3, p.
484
-
497, 2005.ISSN 1414
-
9893.
DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S1414
-
98932005000300012
METZGAR. Wh
at do we do with the empty desk?
In
: WALTER, A. D.; DEVEAU, E. J.
Helping children and adolescents cope with death and bereavment
. Beyond the innocence
of childhood. New York: Baywood Publishing Company, 1995. v. 3.
MINAYO, M. S. Análise qualitativa: teor
ia, passos e fidedignidade.
Ciências da saúde
coletiva
[online], Rio de Janeiro, v. 17, n. 3, p. 621
-
626, 2012.
DOI:
http://dx.doi.org/10.1590/S1413
-
81232012000300007
SANTOS, M. R.
et al
. Da hospitalização ao luto: significados atribuídos por pais aos
rel
acionamentos com profissionais em oncologia pediátrica.
Rev. esc. enferm.
, São Paulo, v.
53, out. 2019. DOI: https://doi.org/10.1590/s1980
-
220x2018049603521
SHEAR, M. K. Grief and mourning gone awry: pathway and course of complicated grief.
Dialogues Clin
Neurosci
, v. 14, n. 2, p.119
-
128, jun. 2012. Disponível em
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3384440/. Acesso em: 10 out 2019.
VIGOTSKI, L. S.
Imaginação e criação na infância
: Ensaio psicológico. Trad. Zoia Prestes.
São Paulo: Ática, 2009.
V
IGOTSKI, L. S.
Sete aulas de L. S. Vigotski sobre os fundamentos da Pedologia
. Trad.
Claudia da Costa Guimarães Santana. Rio de Janeiro: E
-
papers, 2018.
VYGOTSKY, L. S.
Desenvolvimento psicológico na infância
. São Paulo: Martins, 2001.
Como referenci
ar este artigo
LATERMAN, I.; SZYLIT, R.
Ausência presente em sala de aula: a morte de um aluno/a e o
cotidiano escolar na perspectiva de professoras
.
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em
Educação
,
Araraquara, v. 16, n. 1, p.
320
-
340
, jan./mar. 202
1
. e
-
IS
SN: 1982
-
5587. DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v16i1.14472
Submetido em:
20/1
0
/2020
Revisões requeridas:
17/11/2020
Aprovado em:
28/12/2020
Publicado em:
02/01/2021
image/svg+xml
Ausência presente em sala de aula: a morte de um aluno/a e o cotidiano escolar na perspectiva de professoras
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana d
e Estudos em Educação
,
Araraquara, v. 16, n. 1, p. 320
-
340, jan./mar. 202
1
. e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v16i1.14472
320
AUSENCIA PRESENTE EN EL AULA:
LA MUERTE DE UN ESTUDIANTE Y EL
COTIDIANO ESCOLAR EN LA PERSPECTIVA DE PROFESORAS
AUSÊNCIA PRESENTE EM SALA DE AULA
:
A MORTE DE UM ALUNO/A E O
COTIDIANO ESCOLAR NA PERSPECTIVA DE PROFESSORAS
PRESENT ABSENCE IN THE CLASSROOM
:
THE DEATH OF A STUDENT
FROM THE PERSPECTIVE OF TEACHERS
Ilana
LATERMAN
1
Regina
SZYLIT
2
RESUMEN
:
Este artículo presenta un estudio exploratorio sobre profesoras que perdieron a
un alumno debido a la muerte por enfermedad en la escuela primaria. Enfoca
los recursos y
los desafíos de la situación. Adopta una perspectiva multidisciplinaria entre los estudios de
duelo y muerte en el área de la salud, las bases de la psicología histórico
-
cultural y de los
estudios de educación.
En los casos estudiados, se i
dentifica incertidumbres en el entorno
escolar y procesos encaminados a equilibrar, en los días y meses, la vida cotidiana de la clase
en el aula.
Depende de los profesores y los equipos pedagógicos coordinar la transición entre
el duelo y la vida escolar;
establecer un ambiente cálido y seguro; y proponer formas de
afrontar los desafíos emocionales y cognitivos. Los resultados también se organizan por las
prácticas realizadas y considerados fundamentales por ellos para apoyar la vida escolar en las
situaci
ones vividas.
PALABRAS CLAVE
: Práctica pedagógica. Duelo en la escuela. Muerte infantil. Rutina
escolar. Escuela primaria.
RESUMO
: Este artigo apresenta um estudo exploratório sobre professoras que perderam um
aluno/a por morte por doença no
Fundamental
I
.
E
nfoca
recursos e
desafios em lidar com tal
situação frente à turma de crianças.
Adota
uma perspectiva multidisciplinar entre os estudos
de luto
e morte
na área da saúde, bases da psicologia
histórico
-
cultural
e da educação
.
Identifica
, nos casos estud
ados, incertezas no ambiente escolar e
processos
visando
equilibrar,
n
os dias e meses, o turbilhão de emoções e a vida cotidiana da turma em sala de
aula.
C
ompetiu às professoras e às equipes pedagógicas coordenar a transição entre luto e
vida escolar; est
abelecer um ambiente acolhedor e seguro; e propor modos de lidar com os
desafios emocionais e cognitivos decorrentes da perda do colega. Os resultados estão
organizados, ainda, por meio das práticas realizadas pelas professoras entrevistadas e
consideradas
por elas fundamentais para o suporte da vida escolar nas
situações vividas.
1
Universidade Federal de Santa Catarina (
UFSC
)
, Florianópolis
–
SC
–
Brasil.
Profesora Adjunta en el
Programa de
Posgrado en Educación
. D
oc
torado
e
n Educación
(UFSC)
.
ORCID:
https://orcid.org/0000
-
0001
-
9790
-
5620
. E
-
mail:
ilana@laterman.com
2
Universidade de São Paulo (
USP
)
,
São Paulo
–
SP
–
Brasil.
Profe
sora
Titular y
Dire
c
tora d
e l
a Esc
ue
la de
Enfermería
.
Do
c
torado
en
Enfermería
(USP)
.
Becaria
de Produ
c
tividad
en
Investigación del
CNPq
-
Nivel
1C.
ORCID:
https://orcid.org/0000
-
0002
-
9250
-
0250
. E
-
mail: szylit@usp.br
image/svg+xml
Ilana LATERMAN e Regina SZYLIT
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação
,
Araraquara, v. 16, n. 1, p
. 320
-
340, jan./mar. 202
1
. e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v16i1.14472
321
PALAVRAS
-
CHAVE
: Prática pedagógica
. L
uto na escola
. M
orte de criança
. C
otidiano
escolar
. A
nos iniciais do ensino fundamental.
ABSTRACT:
This article presents an exploratory st
udy of teachers who lost a student due to
death by illness in Elementary School. It focuses resources and challenges in dealing with this
situation. It adopts a multidisciplinary perspective between studies of mourning and death in
the area of health, stud
ies in historical
-
cultural psychology and education. It identifies
uncertainties in the school environment and processes aimed at balancing, in the days and
months, the turmoil of emotions and the daily life in the classroom. It was up to teachers and
peda
gogical teams to coordinate the transition between mourning and school life; establish a
warm and safe environment; and to propose ways to deal with the emotional and cognitive
challenges resulting from the loss. The results are also organized through the
practices
carried out by the teachers interviewed and considered by them to be fundamental for
supporting school life in the situations experienced.
KEYWORDS
: Teacher´s practice. Mourning at school. Child death.
School routine.
Elementary school
.
Intro
ducción
Este artículo presenta un estudio exploratorio sobre profesoras que perdieron a un
alumno/a de sus aulas debido a la muerte por enfermedad en los primeros años de la
Educación Primaria. Las cuestiones en las que se centra son los recursos y los re
tos de la
profesora y del equipo pedagógico a la hora de enfrentarse a esta situación frente a la clase de
los niños. A partir de los datos empíricos y de la investigación bibliográfica, en una
perspectiva multidisciplinar entre los estudios del duelo y la
muerte en el ámbito de la salud,
bases de la psicología y de la educación, se puede afirmar que la muerte de un niño, en
los
casos estudiados, despierta
profundos sentimientos e incertidumbres en
el ámbito escolar, y se
trata
, sobre todo, de conseguir equ
ilibrar, a lo largo de los días y meses, el torbellino de
emociones y la vida cotidiana de la clase en el aula. En estas situaciones, correspondía a las
profesoras y a los equipos pedagógicos coordinar la transición entre el duelo y la vida escolar;
establ
ecer un entorno acogedor y seguro; y proponer formas de
enfrentarse con
los retos
emocionales y cognitivos derivados de la pérdida del compañero. Los resultados también se
organizan en función de las prácticas realizadas por las profesoras entrevistadas y
consideradas fundamentales por ellas para apoyar la vida escolar en las situaciones vividas.
Para discutir el estudio exploratorio, este artículo se refiere a los hechos de muerte por
enfermedad de los niños ocurridos en las escuelas de los primeros años
de la educación
primaria, y las situaciones derivadas de estos hechos, a través de la voz de las profesoras
image/svg+xml
Ausência presente em sala de aula: a morte de um aluno/a e o cotidiano escolar na perspectiva de professoras
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana d
e Estudos em Educação
,
Araraquara, v. 16, n. 1, p. 320
-
340, jan./mar. 202
1
. e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v16i1.14472
322
entrevistadas. Presenta y reflexiona sobre los enfoques y las prácticas que contribuyeron y
pueden contribuir, según las profesoras entrevistadas, a
afrontar la pérdida y la continuidad de
la vida escolar cotidiana. Para la discusión, revisa los conceptos de duelo, duelo complicado y
duelo no reconocido, y se basa en la psicología cultural
-
histórica, centrándose en la idea de
proceso para elaborar dic
ha situación.
El proceso de elaboración individual y colectiva de los niños se entiende con la
mediación del profesor y, si es posible, del equipo pedagógico y otros profesionales que
puedan contribuir. Las consideraciones finales pretenden resumir los ha
llazgos, por un lado, y
problematizar el tema, por otro, para contin
uar la reflexión y los estudios
.
Muerte, duelo, niño y cotidiano escolar
Elias (2001, p. 17) señala la dificultad, en nuestra época y cultura, de abordar la idea y
la conversación sobre
la muerte, negándonos a aceptar nuestra finitud. Afirma que este hecho
inhibe el cuidado de los moribundos.
Kovacs (2005, p. 486
, traducción nuestra
) nos recuerda que, en las imágenes de la
televisión, la muerte entra en el hogar, siendo al mismo tiempo
un sujeto interdicto:
El tema de la muerte pasó a ser interdicto en el siglo XX (ARIÈS, 2003),
quedando prohibido en la comunicación entre las personas. Paradójicamente,
en ese mismo siglo, la muerte estuvo y sigue estando, a principios del siglo
XXI, cad
a vez más cerca de las personas, debido principalmente al
desarrollo de las telecomunicaciones. La televisión introduce diariamente, en
millones de hogares, escenas de muerte, violencia, accidentes, enfermedades,
sin la menor posibilidad de elaboración, da
do el ritmo deliberadam
ente
acelerado de este vehículo
.
En este contexto de contradicciones culturales para tratar la muerte y hablar de ella,
ante su banalización en los medios de comunicación y, al mismo tiempo, por la interdicción
del tema, se sitúa la
acción pedagógica en el aula con los niños, ante una situación de duelo y
pérdida. Los aspectos culturales se enfrentan a la cuestión de la condición humana (ARENDT,
2000). El profesor que se enfrenta a la muerte de un alumno tendrá que lidiar con sentimi
entos
y comportamientos individuales y únicos, propios y de sus alumnos y familias, y, al mismo
tiempo, con sentimientos y comportamie
ntos universales (HELLER, 2013)
.
Además de la familia, los niños tienen la escuela como lugar privilegiado para vivir la
i
nfancia. Pero, siendo profesor o profesora, ¿cómo apoyar a los niños que han perdido a un
colega? ¿Cómo apoyar al profesor o la profesora que tiene 25 niños intentando comprender y
elaborar sus sentimientos ante la muerte de un colega?
image/svg+xml
Ilana LATERMAN e Regina SZYLIT
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação
,
Araraquara, v. 16, n. 1, p
. 320
-
340, jan./mar. 202
1
. e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v16i1.14472
323
La muerte de un niño
de la clase aporta al entorno social una nueva situación para la
que los modelos propios de reflejo, imitación, ejemplos de comportamiento esperados y
habituales no parecen dar respuestas suficientes. Vygotsky (2018) explica el papel
preponderante del med
io social y cultural en el desarrollo infantil. Explica que, cuando el
entorno contiene la forma final de la conducta en cuestión, con ejemplos de cómo se hace en
esa situación, el niño, poco a poco y a través de las interacciones sociales, modifica la
con
ducta inicial, elaborando, hasta que, transformando el significado de lo ocurrido, integra la
forma de hacer para esa situación. El autor escribe:
“
[...] el entorno es la fuente de todas las
características específicamente humanas del niño. Si la forma ide
al está ausente, la actividad,
la característica, la cualidad correspondient
e en el niño no se desarrollará”
.
(VIGOTSKI,
2018, p. 87).
En caso de muerte de un niño, ¿qué respuestas ofrece nuestra cultura?
¿Qué modelos
se pondrán a disposición de los niños?
La investigación
La investigación c
uyos resultados se presentan y discuten aquí tuvo por objeto
investigar sobre los retos en el aula y las acciones pedagógicas frent
e a la muerte por
enfermedad de un
niño de la Primaria I, en la perspectiva de profes
oras que vivieron esta
situación.
Metodologí
a d
e l
a
investigación
Investigación cualitativa y exploratoria (GIL, 2008), ya que existen pocas referencias
nacionales e incluso internacionales sobre la clase y su profesor de educación infantil ante la
mue
rte de un colega.
En este artículo se presentan los datos, el análisis, los resultados y la discusión
obtenidos a través de un estudio bibliográfic
o y de entrevistas con profesora
s de tres escuelas
que experimentaron la muerte de uno de sus alumnos en los
primeros años de la educación
primaria, entre tres y siete años atrás. El criterio temporal se estableció para que hubiera una
cierta distancia emocional con el suceso, pero sin caer en el olvido de los detalles.
Las profesoras, en el caso de esta investig
ación, son profesoras mujeres, generalistas
en su práctica, referencia para sus alumnos y alumnas, y responsables por el grupo. Durante el
año, la profesora y el grupo conviven a diario, por cuatro a cinco horas por día, lo que las hace
image/svg+xml
Ausência presente em sala de aula: a morte de um aluno/a e o cotidiano escolar na perspectiva de professoras
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana d
e Estudos em Educação
,
Araraquara, v. 16, n. 1, p. 320
-
340, jan./mar. 202
1
. e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v16i1.14472
324
establecer vínculos
significativos con sus alumnos y a conocer las respectivas familias. Este
hecho, metodológicamente, es relevante, pues, en situaciones de pérdida y duelo, el vínculo y
las condiciones previas de convivencia son variables significativas
(FRANCO, 2002).
Los
datos obtenidos en las entrevistas se analizan bajo la perspectiva de Bardin (2010)
y discute a partir de autores del área de estudios de duelo y muerte, salud, psicología y
educación, desde una perspectiva multidisciplinaria para pensar sobre el cotidian
o escolar.
Entre los autores sobre duelo y muerte destacamos
Shear, Franco
y
Kovacs.
El niño y la escuela son comprendidos desde los siguientes aportes: a) perspectiva
histórico
-
cultural de Vigotski; b)
entendimiento de muerte en la condición humana como
e
xperiencia universal y al mismo tiempo particular y subjetiva (HELLER, 2013); c)
comprensión de la escuela como un espacio en que los niños viven su niñez e
inseparable
de
las profundas experiencias de vida (FREINET, 1996).
Las escuelas elegidas por el sis
tema
bola de nieve
(
snowball sampling
)
tienen
por fin
posibilitar una aproximación con el fenómeno. Las escuelas investigadas presentan cierta
diversidad: una escuela pública, una escuela particular laica y una escuela particular de
administración religios
a. Propia para la investigación cualitativa, adoptamos la entrevista
abierta, como propone
Minayo (2012),
para obtener informaciones sobre el tema según la
visión de los entrevistadores.
Análisi
s
y
discusión
Del análisis de contenido surgieron cuestio
nes interdisciplinarias sobre el duelo. El
referencial se construyó sobre la interrelación entre las áreas de educación, psicología y
estudios de duelo.
La primera pregunta de este diálogo interdisciplinar es: ¿Se caracteriza como una
situación de duelo de
los profesores y/o de los niños lo que ocurre tras la muerte de un niño en
la clase? Según Franco (2010), el duelo es una experiencia subjetiva, porque tiene un
significado, está inserto en una cultura y tiene múltiples determinaciones. Según la literatur
a
en el área (FRANCO, 2002; BARBOSA, 2010; entre otros), el duelo depende del tipo de
relación y vínculo establecido; la edad y el tipo de muerte, la experiencia durante el proceso,
los recursos (afectivos, espirituales y rituales), entre otros aspectos pr
opios de cada situación
de pérdida por muerte. Estas variables influyen en la experiencia de la pérdida y el duelo, y en
la percepción de la situación, de uno mismo y de los demás implicados.
image/svg+xml
Ilana LATERMAN e Regina SZYLIT
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação
,
Araraquara, v. 16, n. 1, p
. 320
-
340, jan./mar. 202
1
. e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v16i1.14472
325
A partir de este planteamiento, surgen otras preguntas sobre la
posible existencia de
condiciones para convertirse en un duelo complicado. Según Franco (2010), el duelo
complicado se caracteriza cuando la persona experimenta una desorganización prolongada
que le impide retomar sus actividades con la calidad anterior a
la pérdida. El duelo
complicado es un concepto que contribuye a las reflexiones sobre las descripciones de las
entrevistas. Otro concepto en los estudios es el duelo no reconocido o no autorizado
(CASELLATO, 2013), que se caracteriza por no ser reconocido
socialmente como tal. En
otras palabras, el dolor de la persona que lo experimenta, que, por ejemplo, no es un miembro
de la familia, puede no ser percibido o calificado por quienes la rodean. ¿Se reconoce y
respeta el dolor de la profesora que pierde a un
alumno? En esta investigación, encontramos
datos que nos hacen pensar en las posibilidades de no reconocer el duelo del profesor, así
como la posibilidad de que el duelo se complique en las clases. Estas posibilidades indican la
importancia de comprender
el fenómeno basándose también en los estudios sobre el duelo.
Continuamos la discusión buscando los desafíos, las referencias y
las prácticas reconocidas
por la
s profesor
a
s como base de apoyo para la vida diaria en el aula después del hecho de la
muerte.
Contexto d
e l
os
hechos
En las escuelas investigadas, hay similitudes y diferencias en los acontecimientos
relativos al conocimiento de la enferm
edad (por parte de las profesora
s), el momento
de la
muerte, la relación de las profesora
s con la familia, la
recepción de la noticia po
r parte de las
profesora
s y la implicación del equipo educat
ivo. A partir de ese momento, las profesora
s y el
equipo pedagógico se enfrentaron a dar la noticia a sus alumnos y a la comunidad escolar, y a
mediar y orientar la secue
ncia de acontecimientos que implicaban a sus alumnos y familias en
la vida escolar.
Aunque en contextos diferentes, enfrentarse concretamente al hecho de la muerte
parece haber impactado a las profesoras entrevistadas debido a lo inesperado de la situación
.
Incluso en los casos en que la información sería suficiente para considerar esa posibilidad, las
profesoras dicen que es difícil pensar
en la muerte de un niño. Este “evitar pensar”
en la
muerte de un hijo también puede suponer un reto a la hora de expre
sarlo. ¿Cómo hablar de la
muerte? ¿Con quién hablar de la muerte?
Heller et al. (2013) llevaron a cabo una investigación con profesores que tenían
alumnos con enfermedades terminales en sus aulas, o casos en los que la muerte ya se había
image/svg+xml
Ausência presente em sala de aula: a morte de um aluno/a e o cotidiano escolar na perspectiva de professoras
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana d
e Estudos em Educação
,
Araraquara, v. 16, n. 1, p. 320
-
340, jan./mar. 202
1
. e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v16i1.14472
326
producido, para en
tender qué conocimientos y apoyo tenían estos profesores. En la
investigación del tipo
survey
, realizada en Estados Unidos, participaron 190 sujetos. La
principal fuente de apoyo a los profesores identificada dentro de la escuela fue la del
enfermero escol
ar. La segunda fue de los colegas y la tercera del psicólogo de la escuela.
Fuera de la escuela, la red de apoyo era, en primer lugar, la familia; en segundo lugar, las
lecturas y la búsqueda en Internet; en tercer lugar, otros amigos. En cuanto a los niño
s, el
primer apoyo en la escuela fue el consejero escolar, junto con la profesora de la clase.
En Brasil, no encontramos estudios similares, pero es posible afirmar que las escuelas,
con raras excepciones, no tienen la figura del enfermero escolar (BRASIL,
2019). Las
escuelas estudiadas no tenían un servicio de enfermería propio ni acciones de cooperación con
el servicio de enfermería del hospital que atendía a los niños. Aunque es habitual que los
dispensarios públicos estén cerca de los colegios públicos
y privados, tampoco hubo
cooperación entre los dispensarios y los colegios estudiados. La pregunta sigue siendo: ¿con
quién hablar de la muerte?
El principal sistema de apoyo entre los profesores encuestados en los EE.UU. es el de
la enfermería, y en Brasi
l, la hipótesis es que no tenemos este trabajo conjunto en la mayoría
de los casos. Ha quedado claro con este estudio que, afrontar la enfermedad y la muerte de un
niño en la escuela es buscar un conjunto de posibilidades de apoyo, de interlocutores al
pro
fesor y, quizás, los programas y proyectos de integración de áreas sea una de las
posibilidades.
En los colegios investigados, la noticia de la muerte de un compañero la daban a los
niños la profesor
a y la coordinadora
o el equipo pedagógico conjuntamente.
El discurso de
Ana muestra la dificultad de informar sobre las noticias. En este discurso, se refiere a esta
dificultad, que persistió en las semanas siguientes, como una noticia que aún no estaba
totalmente asimilada:
Y luego creo que llegó en agosto, c
reo que fue el 11 o 12 de agosto cuando
falleció. Y entonces fue muy complicado. En primer lugar, para contar a
estos niños lo que había sucedido. Pero traté de hacerlo lo más simbólico
posible. Que ahora ya no tendríamos que escribir car
tas, que ahora
pod
ríamos poner “Arno”
en nuestros pensamientos, todo era así, pa
ra no
llegar al punto de decir “tu amigo murió...”
Creo que ni siquiera estaba en
condiciones de decirlo en ese momento porque era muy complicado. Así que
se trataba de hablar, pero sentía que n
o funcionaba. Estaban muy apenados,
muy, muy, muy, muy, no pude sentirlos... Tal vez porque yo tampoco estaba
conformada, no podía transmitirles esta seguridad. Entonces fue cuando
Alda (nombre ficticio, profesora universitaria cuya clase haría las práctic
as
de enseñanza en la
escuela) vino aquí
(Prof. Ana
, traducción nuestra
)
.
image/svg+xml
Ilana LATERMAN e Regina SZYLIT
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação
,
Araraquara, v. 16, n. 1, p
. 320
-
340, jan./mar. 202
1
. e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v16i1.14472
327
Alda
llegó a la escuela despu
és de tres semanas del ocurrido. Psicóloga de formación,
profesora en la carrera de Pedagogía, tenía la escuela A como campo de práctica docente.
Afirma
no haber sido llamada en función de la situación; por lo contrario, tomó ciencia
cuando llegó en la escuela. Pero, según la profa. Ana, fue su intervención junto al grupo que
permitió la elaboración de los hechos y el acogimiento de los sentimientos prese
ntes en el
grupo. La profesora Ana también dijo que el hecho de haber alguien lidiando con los niños,
haciendo dinámicas de expresión, habla y acogida, para lo que ella misma, en aquél momento,
no tenía ni tranquilidad ni discernimiento, la dejó más tranqu
ila,
apaciguando
su sentimiento
de culpa, principalmente por haber involucrado afectivamente todo el grupo en la situación de
enfermedad del colega, con videos y cartas mientras duró la internación, con
sorteo de
premios
para el caja de la cirugía, con la
unión a través de la cual el grupo pasó a incluir
Arno
(nombre ficticio del niño enfermo y que vino a fallecer) en todos los momentos.
En la Escuela B, la noticia la dio la profesora de Filosofía, que también era la
coordinadora, la profesora
Bruna
. Sin e
mbargo, dado que se trata de una comunidad en la que
muchas familias se conocen no sólo por la escuela sino también por la interacción social en
otros espacios, y dado que
Beta
(el nombre ficticio de la niña enferma que falleció) es la
hermana gemela de un
niño de la clase y también la hija de un miembro del equipo directivo
de la escuela, toda la escuela se vio involucrada. La noticia se dio a los niños ya en otro
espacio del aula, e inmediatamente se propusieron y realizaron conversaciones y dinámicas
exp
resivas, como el dibujo. El profesor de la clase de Religión también habló a los niños
sobre las dudas desde la perspectiva de la religión. La escuela realizó algún ritual en memoria
de
Beta
. Un año después de su muerte, la biblioteca recibió su nombre.
Ca
be aquí reproducir el habla de la profesora de la escuela C:
La coordinación subió y nos dijo que se había puesto muy mal, que no podía
resistir... Entonces hubo alumnos que lloraron, alumnos que se emocionaron
mucho, y entonces la orientaci
ón de coordin
ación para mí fue “
llévalos a un
aula, tenemos un aula con suelo de madera, que es el aula de ballet con un
espejo, y vamos a hacer dibujos. Vamos a ver cómo reaccionan, hablan,
hacen dibujos
”
. Luego había alumnos que lloraban compulsivamente
porque se aco
rdaban de la muerte del abuelo, de la muerte del perro, pero
no de las muertes recientes... esta del abuelo había ocurrido hace dos años.
Cómo se desencadena esto, cierto, la pérdida, no sé, desencadena cosas
viejas o el dolor actual y necesita tener una j
ustificación. Los encantadores
dibujos. Dibujos frecuentes, fue este día y cada vez, hablamos, tocamos el
tema (Prof. Celi
, traducción nuestra
).
image/svg+xml
Ausência presente em sala de aula: a morte de um aluno/a e o cotidiano escolar na perspectiva de professoras
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana d
e Estudos em Educação
,
Araraquara, v. 16, n. 1, p. 320
-
340, jan./mar. 202
1
. e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v16i1.14472
328
Las profesoras entrevistadas nos presentan un contexto intenso, que provoca una
interrupci
ón en la vida escola
r como sucedía hasta entonces. Para pensar sobre esta nueva
situación, el retrato inicial será abordado como inicio de un proceso.
El proceso de elaboración
La noticia de la muerte del niño a los compañeros inicia un nuevo momento en la vida
de la cla
se y de la profesora. Lo que sigue es un proceso tanto individual como colectivo. Es
decir, para cada niño y para la profesora, dependiendo de su vínculo con el niño fallecido,
dependiendo de su amistad, además de cada historia de vida y de la pérdida ya e
xperimentada,
de las creencias de la familia sobre la muerte y de su actitud hacia ella. Además, cada niño
tiene una posibilidad cognitiva al tratar esta información y una forma de ser frente a los retos
emocionales. Sin embargo, más allá de las cuestiones
individuales, el grupo de niños junto
con la profesora forman una unidad funcional. Con el objetivo común de aprender, conviven
diariamente, habiendo contraído ya vínculos, ocupando sus propios espacios y actuaciones en
el grupo.
Las mediaciones para el a
prendizaje, de las acciones pedagógicas, y el cuidado,
adquieren en las situaciones de muerte una dimensión de lo humano hecha explícita. Si la
educación así mediada enseña a los niños lo humano que hay en nosotros (VIGOTSKY,
2001), ante una situación de m
uerte, la mediación es fundamental, forma parte de la
atribución de significados de la vida.
Este nuevo momento, que parte de la muerte del niño y de la noticia de su
fallecimiento, se presenta como un proceso. La forma en que se transmite la noticia de la
muerte es importante; sin embargo, la comprensión de esta noticia, su elaboración por parte
de los niños y, de hecho, de los adultos, también es procesal. Este tiempo de procedimiento
fue explicado por las profesoras en las entrevistas, al repasar los aco
ntecimientos. Lo que, por
alguna razón, no se explicó bien en un primer momento, se retomó en los días y semanas
siguientes. Las preguntas que se respondieron en el momento de la noticia también saldrán a
la luz otras veces en las próximas semanas. Días, s
emanas, meses. Parece que el curso escolar
está marcado y la ausencia se hace presente a través de objetos, recuerdos, por uno u otro
compañero que, en un momento dado, comenta.
Metzgar (1995) da algunas indicaciones para informar de las noticias en el aul
a de los
niños. Sugiere que el profesor, o quienquiera que dé la noticia, respire, se calme. Puede llorar;
image/svg+xml
Ilana LATERMAN e Regina SZYLIT
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação
,
Araraquara, v. 16, n. 1, p
. 320
-
340, jan./mar. 202
1
. e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v16i1.14472
329
en este caso, puede mostrar que lloramos y nos recuperamos. También considera importante
pensar de antemano qué se va a decir y cómo se va a decir, p
ara que ayude en la difícil tarea
de dar la noticia de la muerte de un hijo. Cuando se habla de la muerte, continúa Metzgar
(1995), hay que explicarlo claramente. Las metáforas estorban, enseña además el autor,
porque confunden al niño, que puede asociar,
en su fantasía, factores vitales, como el sueño,
con la muerte. Es importante, dice, utilizar un vocabulario y una comprensión adecuados a la
edad de los niños, con frases cortas. No prometas lo que no se puede cumplir; escucha las
preguntas de los niños y
responde en la medida de lo posible. Se puede pensar en un ritual de
despedida. Y recuerde que se trata de un proceso: todas estas son indicaciones de Metzgar
(1995).
Las escuelas
investigadas
mostraron diferentes posibilidades en cuanto a las noticias.
E
n la escuela A, la situación fue muy difícil durante casi un mes, cuando llegó la clase de
prácticas docentes de la universidad y, con ella, el envío de dinámicas y dibujos que, al cabo
de una semana, reorganizaron el clima de la clase para, a cont
inuación
, comenzar la ausencia
“siempre presente”
hasta el final del curso escolar.
En la Escuela B, la profesora de filosofía, en lugar de la generalista, se hizo cargo del
aula y fue también la coordinadora. En esta escuela, la dimensión institucional era eviden
te, y
se superponía a la de la profesora.
En la escuela C, la coordinadora de la escuela apoyó eficazmente a la profesora al
principio, y siempre tuvo apoyo para hablar fuera del aula. Sin embargo, con el paso del
tiempo, se hizo cargo de más cosas; tal ve
z no era posible que sus colegas comprendieran su
dolor y el profundo cambio en su vida cotidiana.
Como expl
ican Case, Cheah y Liu (2020), “
las investigaciones sugieren que, dado que
la escuela es un entorno familiar en el que se dan las relaciones entre c
ompañeros, la
exposición permanente a este entorno refuerza el sentimiento de pérd
ida”
. En otras palabras,
el niño deja la escuela y se va a casa; otras cosas acaban llamando su atención, pero cuando
vuelve a la escuela, todo se retoma donde se dejó: el gr
upo está ahí, con uno menos, y las
relaciones están llenas de la reciente pérdida. En este periodo, con la poca experiencia vital
que tienen los niños y jóvenes, es importante adquirir la noción de no estancarse en el
presente, admitir las transformaciones
que se producen con el tiempo, comprender que ese
dolor y esa situación no serán para siempre ni de la misma manera.
En las entrevistas, las profesoras dijeron que el clima se puso un poco más claro con la
interrupción de las vacaciones, pero, aun así, tr
as la vuelta, la ausencia siguió formando parte
image/svg+xml
Ausência presente em sala de aula: a morte de um aluno/a e o cotidiano escolar na perspectiva de professoras
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana d
e Estudos em Educação
,
Araraquara, v. 16, n. 1, p. 320
-
340, jan./mar. 202
1
. e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v16i1.14472
330
de la vida cotidiana. ¿De qué manera la muerte de un colega y su ausencia forman parte de la
vida cotidiana en el aula? Es posible encontrar pistas en las declaraciones de las profesoras:
Había alumnos que l
loraban, luego el otro lloraba, luego uno se quejaba, se
acordaba de ella, otro se reía... ¿recuerdas cuando hablaba así? Entonces
nos reímos, qué bueno es recordar las cosas buenas... Recuerdo, fue tan
gracioso una vez, no recuerdo exactamente cuándo fue,
el dolor era tan
intenso, el llanto era tan intenso, el sufrimiento estaba tan latente, tan
presente ahí, y un alumno empezando a revisar sus cosas de
repente lo saca
de su mochila, “profesora
, qué es este cal
cetín apestoso en mi mochila...”
,
no sé en ese
momento respiré profundo y dije
“
¿qué? ¿un calcetín apestoso
en tu mochila? ¿Se convirtió en material escolar?
”
Toda la sala se rió.
Sabes que cuando tienes esa risa, ese alivio, parece que fue providencial,
porque cuando vas a tener una media, una, ni si
quiera un par, una, en tu
mochila, sucia, estaba sucia, mugrienta, en tu mochila. Fue así, gracias
a
Dios
, no sé de dónde salió eso de aliviar la tensión. Entonces los que
lloraban empezaron a reírse y en medio de las lágrimas las risas, y entonces
empezam
os a calmarnos, vamos a reírnos, vamos a beber un poco de agua,
y entonces empezó otra historia divertida, ya sabes cuando las cosas van,
entonces parece que cuando el dolor es tan grande, casi insoportable, algo
pasa
(Profes
ora
Celi
, traducción nuestra
).
Otra
declaración, en la
Esc
ue
la A:
[
...
]
Fue un periodo muy difícil, por mucho que habláramos, la madre vino a
despedirse después de un tiempo, a darnos las gracias, creo que fue hacia
finales de agosto, que se volvían a Uruguaiana porque no tenía sentid
o
quedarse aquí, todavía tenía los otros tres hijos de los que ocuparse. El
padre tuvo que volver a su trabajo, porque hubo todo un cambio en la rutina
familiar. Después de que se
corriera de verdad parecía que “
¿se ha
acabado? N
o vamos a hablar más de est
o...”
no, para ellos (los niños) aún
no estaba cerrada esa herida, había algo que no cuadraba. Sólo las
conversaciones que tuve con ellos no resolvieron, había algo que necesitaba
cerrarse de otra manera, necesitaba un cierre
(Prof
a.
Ana
, traducción
nuestr
a
).
Las profesoras informaron de que, con menos intensidad, pero hasta el final del año,
incluso después de las vacaciones, hablaban de ello todos los días. Al principio, casi sólo
sobre el tema; luego, en medio de una u otra actividad, alguien recordaba
algo; a veces con
lig
ereza; a veces con más tristeza
:
Sí, sí, intenté seguir con las clases, las actividades. No se negaban a hacer
cosas, pero veía que no era con tanto entusiasmo, porque era una buena
clase; les gustaba trabajar. Pero, a veces, había un
a lágrima en uno, una
cara triste en otro. Así que tenía todo su material en el armario. Tuve que
deshacerme de todo. Porque yo decía, ve a buscar el cuaderno de portugués
de Arno, por ejemplo, el cuaderno de Arno estaba allí. Entonces, vuelve,
como te dig
o, es algo que no se cierra, cuando casi se está cerrando, parece
que resurge, se abre de nuevo
(Profa.
Ana
, traducción nuestra
).
image/svg+xml
Ilana LATERMAN e Regina SZYLIT
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação
,
Araraquara, v. 16, n. 1, p
. 320
-
340, jan./mar. 202
1
. e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v16i1.14472
331
Estos testimonios nos dan una idea del ambiente que se respira en las aulas y de cómo
tiene que enfrentarse la profesora. El
apoyo que reciben dentro de la escuela al principio corre
el riesgo de debilitarse, debido al largo tiempo de esta nueva vida diaria
.
Para el primer momento de la acogida, las escuelas investigadas utilizaron los mismos
recursos, propios de la Psicología,
de expresión a través de dibujos y cartas. En la escuela A,
este recurso tar
dó en utilizarse, pero, según la
profesor
a
, la situación sólo cambió después de
esta dinámica
.
Los niños necesitan tiempo para elaborar, dar un nuevo sentido y comprender el
signif
icado de lo ocurrido. La experiencia de un hecho de esta intensidad es elocuente en la
vida de un niño. Vygotsky (2018, p. 75
, traducción nuestra
) explica
:
[
...
]
podemos decir, con más precisión y exactitud, que los momentos
esenciales para definir la inf
luencia del entorno en el desarrollo psicológico,
en el desarrollo de la personalidad consciente, son la experiencia. La
experiencia de cualquier situación, de cualquier componente del entorno
define la influencia de esta situación o entorno en el niño. Es
decir, no es
este o aquel momento, tomado independientemente del niño, el que puede
determinar su influencia en el desarrollo posterior, sino el momento
refractado a través de la experiencia del niño
.
El autor c
ontinúa explicando que el niño “
toma concie
ncia, atribuye un significado y
se relaciona afectivamente co
n un determinado acontecimiento”
(VIGOTSKI, 2018, p. 77), y
que la forma en que lo hace influye en su desarrollo, en su forma de ser.
Para ser más claro, Vygotsky (p. 2018, p. 78
, traducción nues
tra
) define la
vivencia
:
La
vivencia
es una unidad en la que se representa, de forma indivisible, por
un lado, el entorno, lo que se experimenta
-
la experiencia está siempre
relacionada con algo que está fuera de la persona
-
y, por otro lado, cómo lo
ex
perimento, es decir, las especificidades de la personalidad y del entorno se
representan en la
vivencia
.
La atribución de significados, tan fundamental para la sana continuidad de la vida, está
mediada en el entorno por las personas que actúan, hablan, pr
oponen y atribuyen, ellas
mismas, significados. Hay, pues, un proceso individual y un proceso colectivo de la clase que
es, al fin y al cabo, el conjunto de estos procesos individuales en su propia dinámica. El
proceso colectivo, la forma en que ocurre y s
e conduce, influye en la atribución de significado
de cada niño, mientras que la respuesta única, personal, de la experiencia de cada paso del
proceso, configura la forma de ser del grupo. Se trata de una dinámica dialéctica, en la que los
recursos y dific
ultades individuales se ponen a disposición del grupo, y éste puede ayudar en
el procesamiento y, principalmente, en el no estancamiento de la elaboración de lo ocurrido.
image/svg+xml
Ausência presente em sala de aula: a morte de um aluno/a e o cotidiano escolar na perspectiva de professoras
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana d
e Estudos em Educação
,
Araraquara, v. 16, n. 1, p. 320
-
340, jan./mar. 202
1
. e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v16i1.14472
332
Ser consciente del proceso, percibir las transformaciones, es un recurso para que los
profesores y el equipo pedagógico se sientan seguros en el proceso, y revisen los modos de
actuación. Al hablar del proceso pasado, ahora con c
ierta distancia en el tiempo, la
s
pr
ofesoras entrevistada
s explicaron
que se sintieron desestabilizada
s al princ
ipio, pero luego
notaron cierta constancia en los avances y retrocesos diarios, en el equilibrio entre el
tratamiento de otras cuestiones propias de la vida escolar y con el espacio de manifestaciones
genuinas que marcan la presencia del niño ausente.
Segú
n Shear (2010, p. 120): “
El duelo es la respuesta psicológica instintiva habitual
ante la muerte de una persona cercana. Se producen pensamientos, sentimientos y
comportamientos típicos, aunque con un patrón y una intensidad que varían y evolucionan
con el
tiempo
”
. Es de esperar que la atención se centre intensamente en el duelo al principio y
mucho menos en las acciones cotidianas; con el tiempo, la vida cotidiana aumentará en
importancia, con dedicación de tiempo y atención, mientras que la intensidad del
duelo
disminuye, hasta que se pueda convivir con ambos, la vida cotidiana y la pérdida, de forma
funcional, y en la medida en que cada uno sea capaz de hacerlo.
Según Shear (2012), el duelo complicado se presenta cuando su intensidad se
mantiene de tal ma
nera que la vida cotidiana no se reanuda de manera funcional, con una
intensidad constante en sentimientos de depresión, angustia, entre otros. En este sentido,
según Shear (2012), aunque el duelo complicado no esté clasificado oficialmente entre las
patol
ogías de salud mental, podría verse desde esta perspectiva. Es decir, en el duelo se espera
una intensa reacción emocional, así como profundas dudas existenciales sobre el hecho de la
muerte, especialmente la de un niño.
Se trata de acompañar y mediar, con
los recursos
disponibles, la experiencia en el tiempo.
En este sentido, las entrevistas mostraron que es bastante angustiante para las
profesoras darse cuenta de la tristeza, la ansiedad, la falta de comprensión de los hechos entre
los niños, y que el pri
ncipal factor de bienestar para las propias profesoras es darse cuenta de
que los niños se sienten un poco mejor, más tranquilos, con momentos de risa. Imaginar que
no podrán acoger y ayudar a la clase es un factor muy estresante para las profesoras. En
cu
anto a sus propios procesos de duelo, parecen buscar apoyo especialmente en sus familias o
en situaciones fuera del aula. En otras palabras, el principal factor de bienestar de las
profesoras es saber que los niños de su clase son acogidos, atendidos y est
án en proceso de
elaboración, lo que indica que estarán bien. Las profesoras entrevistadas parecen estar menos
preocupadas por ellas mismas, confiando en su capacidad para afrontar la pérdida, pero
image/svg+xml
Ilana LATERMAN e Regina SZYLIT
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação
,
Araraquara, v. 16, n. 1, p
. 320
-
340, jan./mar. 202
1
. e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v16i1.14472
333
bastante preocupadas por el bienestar de los niños. Aun as
í, el estrés que experimentan es
elevado y el cuidado de su bienestar y su salud forma part
e de sus condiciones de trabajo
.
Sobre los enfoques y las prácticas pedagógicas adoptadas y reconocidas por las
profesoras entrevistadas
¿Cómo podemos apoyar a
los profesores que tienen experiencias similares? ¿Cómo
afrontar la situación? ¿Qué enfoques y prácticas adoptadas, en el pasado, se reconocen como
apoyo a la vida cotidiana? Las profesoras entrevistadas elaboraron indicaciones sobre estas
cuestione
s. Des
de el punto de vista de la
s profesor
a
s, acciones de apoyo a la vida escolar
coti
diana
.
1.
El acontecimiento de la muerte de un niño en los primeros años de la escuela
primaria es un acontecimiento intenso, que modifica la vida cotidiana del aula del niño
durante un período de tiempo indefinido, y puede extenderse a lo largo del curso escolar. Este
fue el momento en los casos estudiados aquí. Conocer y aceptar este tiempo modifica
positivamente la ansiedad,
según las profesoras
.
2.
La elección de quién va a
dar la noticia y estar con los niños es importante, y se
basa en los vínculos y condiciones del profesional a asumir. Quien se quede con el grupo será
mejor si tiene un equipo que le apoye y coopere
.
3.
La información sobre la muerte debe ser clara, objet
iva y comprensible para los
niños. Informar a toda la clase al mismo tiempo, sin espacio para fantasías paralelas
.
4.
Escuchar a los niños; aclarar sus dudas. Preguntas para las que no hay respuestas,
pero que siguen siendo bienvenidas y escuchadas. Una po
sibilidad es que cada persona diga lo
que siente, lo que le gustaría decir, por turnos, en un círculo
.
5.
Se sugiere que cada niño haga un dibujo para retratar lo que siente, o lo que le
gustaría decir... ofrecer muchas veces, durante días, semanas, durant
e el tiempo que sea
pertinente, material, hojas en blanco, lápices de colores, entorno adecuado
.
6.
En algún momento, se pueden escribir cartas individuales como si se tratara de una
despedida al hijo fallecido; puede ser un escrito o un dibujo
.
7.
Estas d
inámicas y conversaciones expresivas pueden durar días, semanas. Al hablar,
es posible que algunos niños hablen de otras pérdidas que hayan experimentado. Cuando el
tema se convierte en otras pérdidas, será posible percibir la intensidad emocional. Si los
casos
contados ya no tienen un contenido emocional relevante, es una señal de que se puede
image/svg+xml
Ausência presente em sala de aula: a morte de um aluno/a e o cotidiano escolar na perspectiva de professoras
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana d
e Estudos em Educação
,
Araraquara, v. 16, n. 1, p. 320
-
340, jan./mar. 202
1
. e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v16i1.14472
334
proponer otro tema. Cuando las historias tienen menos carga emocional, se puede cerrar la
actividad y proponer una lectura silenciosa o una actividad sencilla sobre
un tema diferente.
8.
Lo principal para el profesor o el responsable de la clase es darse cuenta de que los
niños lo están haciendo bien. Para ello, es fundamental mantener la perspectiva de que este
duelo es un proceso, y la vida cotidiana seguirá a parti
r de ahí, sin forzar modelos de cómo era
antes del suceso. También es posible realizar tareas escolares sencillas, dividir el tiempo de
clase con los recuerdos, sin forzar y sin estancarse
.
9.
Respetar los sentimientos, la palabra, las dudas
.
10.
Permitir
la risa, el alivio de la tensión, los momentos que alternan los recuerdos
sensibles, las lágrimas, el juego, el estudio. Alternativa
.
11.
Decidir qué hacer con las cosas del alumno que se fue, como su material escolar,
su cartera. No tiene por qué ser
en
l
a primera semana. El escritorio, sin embargo, puede ser
necesario en otro lugar, al igual que los cuadernos ya no son necesarios allí. Por ejemplo, se
puede plantar una flor en el patio, o en un parterre, en memoria del compañero que se fue.
Colectivamente
, con el simbolismo de la vida. Esto pued
e aliviar la eventual carga de “
tocar
”
las cosas del hijo que se fue
.
12.
Una posibilidad, al cabo de una semana, o según se considere con el tiempo, es
hacer un dibujo colectivo y regalarlo a la familia del niño, c
omo forma de que los niños
sientan que hacen por sus padres un gesto de solidaridad. Es muy importante que los niños
puedan ayudar al bienestar, sentir que están haciendo algo bueno, como plantar flores, o
incluso unirse para ayudar a alguien en nombre del
niño, siempre asegurando el significado
que el acto tiene para la clase en esa situación específica
.
13.
Retomar, testando, actividades escolares poco a poco. Actividades más sencillas,
poco a poco, probando hasta qué punto puede implicarse la clase, para
retomar las de la
educación ordinaria. También intercalar con actividades lúdicas, cantos, ligereza y buen
humor, en medio, evaluando el ritmo y las necesidades de la clase
.
14.
Dos de las escuelas estudiadas introdujeron en el currículo, para toda la esc
uela, en
el año siguiente, una clase semanal de aprendizaje emocional; es decir, desde el primer año,
reservan un espacio curricular para expresar los sentimientos y aprender a manejarlos. En la
clase de Filosofía que ya tenían los dos colegios, y cuyo eje
eran los valores, se añadieron
contenidos emocionales propios de la edad, para aprender a reconocer lo que se siente, para
poder expresar, elaborar y reorganizar a partir de ello. Estas escuelas comprendieron, a partir
del duelo vivido por la clase, que d
ebían proponer esta enseñanza
.
image/svg+xml
Ilana LATERMAN e Regina SZYLIT
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação
,
Araraquara, v. 16, n. 1, p
. 320
-
340, jan./mar. 202
1
. e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v16i1.14472
335
15.
Otras personas del equipo educativo pueden ayudar en los recreos, a la entrada y a
la salida, e incluso durante el horario de clase, para consultas individuales con niños que
puedan estar tristes o necesiten hablar. Puede
n permanecer alrededor del patio y observar el
movimiento de los niños, acercándose a ellos cuando lo consideren necesario
.
16.
Los padres del niño fallecido pueden necesitar hospitalidad para hablar en la
escuela. ¿Quién los acogerá? El equipo puede pensa
r en
sí
, cómo y quién va a recibir a los
padres del niño. Como la carga emocional de la profesora es muy intensa, el equipo podría
ayudar y asumir esta tarea, o estar con la profesora si su presencia es indispensable
.
17.
¿Qué significa apoyar a la profes
ora? Como se ha dicho, para cuidarse a sí misma
la profesora probablemente busque primero sus espacios extraescolares y después a sus
colegas. Así aparece en la investigación internacional, y así apareció en las entrevistas. Las
conversaciones privadas den
tro de la escuela son importantes en los momentos más difíci
les,
o en los momentos en que la
profesor
a
necesita abrirse y compartir. Lo fundamental es
escuchar lo que dice la profesora y tratar de identificar lo que le causa estrés y encontrar
formas de ap
oyarla y aliviarla. En la escuela C, por ejemplo, la profesora
Celi
pidió que se
retirara del sitio web la fotografía de su alumno fallecido. Todos los días tenía que entrar en
este sitio web para su trabajo, y la fotografía de la estudiante le resultaba m
uy molesta. Para
otras personas, ciertas cosas pueden parecer poco importantes. En situaciones similares, la
medida de la importancia está representada por la persona que apoya
.
18.
El proceso puede ser, y probablemente será, intenso y largo, y se necesit
a apoyo
durante todo el año escolar. Si todo va bien, el proceso cambiará con el tiempo, con avances y
retrocesos, alternando momentos difíciles y más suaves
.
19.
Si es posible, incluya a otros profesionales de la escuela. Enfermeras, profesores
de arte, p
rofesores de educación física, psicólogos, psicopedagogos, etc... es un buen
momento para buscar asociaciones y conocimientos diversificados
.
¿Hablar de la muerte en la escuela prepararía a los niños para un evento de muerte de
sus compañeros?
Las profeso
ras exp
resaron en las entrevistas que “
nada nos prepara para la muerte de
un niño. Incluso en los dos casos en los que los niños tenían cánc
er desde hacía más de un
año, las profesora
s se aseguraron de que no imaginaran o no pudieran decir que habían
pensa
do en la posibilidad de la muerte
”
.
La profa. Ana dijo que en su escuela había niños de familias que vivían con la venta de
drogas, y que los niños llevaban a la escuela historias de muertes y detenciones que
image/svg+xml
Ausência presente em sala de aula: a morte de um aluno/a e o cotidiano escolar na perspectiva de professoras
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana d
e Estudos em Educação
,
Araraquara, v. 16, n. 1, p. 320
-
340, jan./mar. 202
1
. e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v16i1.14472
336
escuchaban en el barrio, en la familia y en los
medios de comunicación sensacionalistas. Nada
de esto, sin embargo, estaba relacionado con la muerte del compañero al que tanto querían, al
que enviaron vídeos y dibujos en el hospital,
para el que hicieron un sorteo de premios
para la
cirugía.
Entonces,
¿qué sería hablar de la muerte?
Hablar de la muerte sería un proceso social, colectivo, para, en primer lugar, superar la
interdicción de hablar de ella (FRANCO, 2002)
.
Según la literatura en el área (Franco, Kovacs, entre otros), no evitar hablar de la
mu
erte cuando el tema surge, y hacer de éste un tema como tantos otros, es una forma de
hablar de la muerte. En este sentido, según los autores citados, la muerte puede ser objeto de
historias, bromas, conversaciones. Sin embargo, según las entrevi
stas, nada
de esto prepararía
a la
profesor
a
y a sus colegas para la experiencia de la muerte de un niño
.
Consideraciones finales
Es un tema muy delicado, muy profundo, que cambia a las personas, a los niños
implicados, a las familias de los niños, a los profesor
es. La rutina se altera de tal manera que
puede ser necesaria la actuación de profesionales (psicólogos o pedagogos, por ejemplo), un
poco menos implicados (que el profesor de la clase), para ayudar a organizar las emociones,
las relaciones y la vida cotid
iana. El equipo docente presta más o menos apoyo al profesor de
aula, según el centro. En ninguna
de las escuelas investigadas la
profesor
a consiguió por sí
sola
llevar a cabo las acciones organizadoras de los procesos emocionales profundos en curso.
La
pr
ofesora
tiene que gestionar su dolor y el de 25 niños; incluso tiene que lidiar con el
hecho de que
-
una vez producida la muerte
-
ya no hay esperanza, y se pregunta cómo hacer
llegar esto a los niños. Un término utilizado por un
a de las profesora
s muestr
a el desafío:
“
interrupción de la inocencia
”
. Las acciones organizativas, en estas escuelas, comenzaron por
crear dinámicas para que cada niño expresara y aliviara algunas de sus emociones. Como
primeros recursos se utilizó el dibujo individual y el mensaj
e al niño que murió. En algunos
casos, debido a la ex
periencia vivida, se adoptó la “enseñanza”
de cómo manejar las
emociones (aprendizaje emocional). El equipo pedagógico llegó a la conclusión de que lo
principal para los niños, en este aspecto, es saber
lidiar con ellos mismos, con sus emociones,
preparánd
ose para diferentes situaciones
.
Otro aspecto de análisis es la presencia de las familias de los alumnos en la clase, que
a veces apoyan a
l
a
profesor
a
, otras veces le exigen o critican el manejo de las
dificultades
image/svg+xml
Ilana LATERMAN e Regina SZYLIT
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação
,
Araraquara, v. 16, n. 1, p
. 320
-
340, jan./mar. 202
1
. e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v16i1.14472
337
que se presentan. La presencia de la familia del niño fallecido en la escuela también es un
reto
.
En el ámbito de los estudios sobre el duelo en el área de la enfermería, en las
investigaciones so
bre los enfermero
s y las familias de los niños
con enfermedades terminales
y en la ocurrencia de la muerte, Santos
et al
. (2019, p. 4
, traducción nuestra
) explican:
En la situación de enfermedad y muerte por cáncer, los padres necesitan la
certeza de que todo y lo mejor fue provisto para el niño. Los
padres
expresaron de alguna manera el sentido que tiene el esfuerzo por satisfacer
todas las necesidades del niño y agotar todas las alternativas posibles de la
mejor manera, como se muestra. Esta certeza ayuda en el proceso de
elaboración del duelo, ya qu
e contribuye a la construcción de significados,
como la comprensión de la impermanencia de la vida, la valoración del
tiempo compartido con el niño, la afirmación de la identidad del niño, la
preparación del niño para la despedida, la aceptación de la muer
te o la
comprensión de la muerte
como liberación del sufrimiento
.
¿Cómo podemos acoger y apoyar también a los padres que han perdido un hijo o una
hija?
Los conceptos de duelo, duelo no reconocido y duelo complicado, pueden ayudar a
calificar la difícil
experiencia a la que se enfrenta un profesor ante la muerte de un niño de su
clase, y también la de los niños, que se desorganizan y, a veces, tienen dificultades para
entender la ausencia y vivirla. Además de verse frente a la muerte, que despierta
inseg
uridades, miedos, curiosidad, a veces recuerdos de otra
s pérdidas, dudas existenciales
.
Los resultados de este estudio indican que no se trata tanto de subvencionar a
los
profesores para que sepan “qué decir”
, qué explicaciones dar a sus alumnos, sino much
o más
de instrumentalizar la posibilidad de comunicarse con los niños, de crear un entorno seguro
para la expresión, la conversación, el apoyo colectivo, para el reconocimiento de lo
humanamente universal de una experiencia
-
como la muerte
-
profunda y subj
etiva
.
Asimismo, y considerando las diferencias entre la familia y el aula en cuanto a los
vínculos y la experiencia de la pérdida en la familia, Andrade, Michima
-
Gome y Barbiere
(2018, p. 1
, traducción nuestra
) explican
:
Cuando los niños pierden a un her
mano, buscan el apoyo emocional de sus
padres; sin embargo, a los padres, que también experimentan esta pérdida,
les resulta difícil proporcionar apoyo emocional a sus hijos, lo que dificulta
la elaboración del duelo del niño. [...] (en la investigación) E
l entorno
familiar se presentó como frágil para los participantes, lo que les hace
reprimir sus sentimientos, provocando la aparición de síntomas como el
miedo a la muerte, síntomas psicosomáticos, dependencia de los padres,
dificultades en el aprendizaje
y en el proceso de simbolización. Para elaborar
el duelo, los niños necesitan utilizar su capacidad creativa, con la ayuda de
image/svg+xml
Ausência presente em sala de aula: a morte de um aluno/a e o cotidiano escolar na perspectiva de professoras
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana d
e Estudos em Educação
,
Araraquara, v. 16, n. 1, p. 320
-
340, jan./mar. 202
1
. e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v16i1.14472
338
un entorno externo disponible que permita la expresión de las angustias y los
miedos, posibilitando la reanudación del desarrollo
emocional, a pesar de las
dificultades enfrentadas
.
En la situación de una clase de niños, las entrevistas mostraron que no basta con dar la
palabra a cada uno de ellos. En este caso, la tendencia es que el propio discurso organice y
desorganice a todos,
en una situación de retorno a las emociones iniciales en un círculo
vicioso. No basta con hablar, sino que es imprescindible hablar, dialogar. Por lo tanto, crear
oportunidades dirigidas que organicen la elaboración de ideas y sentimientos puede ayudar a
t
odos. Pero no esperes que una semana de atención resuelva el significado de los hechos, y
que las actividades docentes diarias se reanuden como si nada hubiera pasado
.
La comprensión de una transformación gradual y procesal, con avances y retrocesos,
es u
na referencia para controlar y evaluar el bienestar de los niños. Se esperan emociones
intensas, así como desafíos para comprender los hechos. Por otra parte, la comprensión del
proceso de elaboración necesario para el crecimiento y el aprendizaje de todos
pone en
perspectiva la experiencia, profunda e inevitable, como parte de
la existencia de este grupo.
La
profesor
a
, según este estudio, se siente más segur
a
cuando se da cuenta de que el proceso
conduce a un cierto equilibrio entre la tristeza y la vida q
ue sigue. Su bienestar se basa en gran
medida en la percepción de que los niños también tienen la capacidad de elaborar, de sentirse
apoyados, acogidos y de continuar la vida cotidiana. El duelo de los profesores tiene muchas
dimensiones, ya que tienen que
enfrentarse a sí mismos, a los niños, a sus familias, a los
padres del niño fallecido y a sus dudas existenciales. Sin embargo, los pequeños alivios de la
tensión de estas diferentes dimensiones permiten una conciencia más iluminada, una mayor
comprensión
y una mayor calma. En este sentido
, la investigación señaló que las profesoras
buscan apoyo para sí misma
s fuera del aula y entre sus colegas, y se sienten bien
asegurándose de que los niños estarán bien. Una mirada atenta a
l
a
profesor
a
en esta
investiga
ción significa escuchar a
l
a
profesor
a
sobre lo que está haciendo su trabajo más
difícil, o incluso más pesado, y eliminar los factores de estrés de lo que sea posible, para que
el profesor pueda estar disponible para los niños
.
La muerte de un niño afecta
, en cierto modo, a las creenc
ias y esperanzas, como
decían la
s profesor
as: “lo peor ha pasado”
. Pero tenemos que afrontar el hecho de que,
lamentablemente
, es una realidad posible y, si nos enfrentamos a ella, siempre tendremos un
campo de posibilidades d
e actuación en la escuela
.
La investigación también señala las ar
ticulaciones necesarias entre
profesores y
enfermer
o
s. Hay distancia en el diálogo entre las dos instituciones: hospitales y puestos de
image/svg+xml
Ilana LATERMAN e Regina SZYLIT
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação
,
Araraquara, v. 16, n. 1, p
. 320
-
340, jan./mar. 202
1
. e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v16i1.14472
339
salud y escuelas. Para situaciones de niños con enferme
dades crónicas, o que vuelven tras un
largo periodo de hospitalización, situaciones de muerte y duelo, la inform
ación compartida
entre enfermero
s y profesores podría aportar beneficios a ambas partes. Pero aquí tenemos un
largo camino por recorrer
.
La escu
ela recibe a niños y profesores que traen sus historias y, juntos, siguen
construyendo la historia de vida de cada uno. No tenemos derecho a negar estos relatos; al
contrario, lo que queda es el significado elaborado, el diálogo activo entre el sujeto y su
historia.
A partir de este diálogo, podemos participar
.
REFERE
NCIAS
ANDRADE, M.; MISHIMA
-
GOMES, F.; BARBIERI, V. Luto infantil e capacidade criativa:
a experiência de perder um irmão.
Psico
-
UFS
[online], Campinas, v. 23. n. 1. p. 25
-
36, 2018.
ISSN 217
5
-
3563. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/1413
-
82712018230103
ARENDT, H.
A condição humana
. 10. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2000.
ARIÈS, P.
História da morte no Ocidente
: da Idade Média aos nossos dias. Trad. Priscila
Viana de Siqueira. Prefá
cio de Jacob Pinheiro Goldberg. Rio de Janeiro: Ediouro, 2003.
BARBOSA, A. Processo de luto.
In
: A. BARBOSA, A.; NETO, I. G. (Eds.).
Manual de
cuidados paliativos
. Lisboa: Universidade de Lisboa, 2010. p. 487
-
532.
BARDIN, L.
Análise de conteúdo
. 4. ed. L
isboa: Edições 70, 2010.
BRASIL.
Sinopses Estatísticas da Educação Básica
. Brasília, DF: Ministério da Educação,
2019. Disponível em: http://portal.inep.gov.br/web/guest/sinopses
-
estatisticas
-
da
-
educacao
-
basica.
Acesso em: 20 fev. 2019.
CASE, D. M.; CHEA
H, W. H.; LIU, M. Mourning with the morning bell: an examination of
secondary educators attitudes and experiences in managing the discourse of death in the
classroom.
OMEGA Journal of death and dying
, v. 80, n. 3, p. 397
-
419, 2020. DOI:
https://doi.org/10.
1177%2F0030222817737228
CASELLATO, G. (Org.).
O resgate da empatia
: suporte psicológico ao luto não
reconhecido. 2. ed. Niterói: Polo, 2013
ELIAS, N.
A solidão dos moribundos, seguido de envelhecer e morrer
. Rio de Janeiro:
Zahar, 2001.
FRANCO, M. H. P.
Estudos avançados sobre o luto
. Campinas, SP: Livro Pleno, 2002
FRANCO, M. H. P. Por que estudar o luto na atualidade?
In
: FRANCO, M. H. P. (Org.).
Formação e rompimento de vínculos
. São Paulo, SP: Summus, 2010.
p. 17
-
42.
image/svg+xml
Ausência presente em sala de aula: a morte de um aluno/a e o cotidiano escolar na perspectiva de professoras
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana d
e Estudos em Educação
,
Araraquara, v. 16, n. 1, p. 320
-
340, jan./mar. 202
1
. e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v16i1.14472
340
FREINET, C.
Pedagogia do bom se
nso
. São Paulo: Martins Fontes,1996.
GIL, A. C.
Como elaborar projetos de pesquisa
. 4. ed. São Paulo: Atlas,
2008.
HELLER, A.
Teoria de los Sentimientos
. México: Fontamara, 2013.
HELLER, K. W.
et al
. Teachers' knowledge and support systems regarding stu
dents with
terminal illness.
Physical Disabilities: Education and Related Services
, v. 32, n. 2, p. 3
-
29,
2013.
Disponível em: https://files.eric.ed.gov/fulltext/EJ1061920.pdf. Acesso em: 15 out.
2019.
KOVACS, M. J. Educação para a morte.
Psicol. cienc. p
rof
. [online], Brasília, v. 25, n. 3, p.
484
-
497, 2005.ISSN 1414
-
9893.
DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S1414
-
98932005000300012
METZGAR. What do we do with the empty desk?
In
: WALTER, A. D.; DEVEAU, E. J.
Helping children and adolescents cope with death and
bereavment
. Beyond the innocence
of childhood. New York: Baywood Publishing Company, 1995. v. 3.
MINAYO, M. S. Análise qualitativa: teoria, passos e fidedignidade.
Ciências da saúde
coletiva
[online], Rio de Janeiro, v. 17, n. 3, p. 621
-
626, 2012.
DOI:
h
ttp://dx.doi.org/10.1590/S1413
-
81232012000300007
SANTOS, M. R.
et al
. Da hospitalização ao luto: significados atribuídos por pais aos
relacionamentos com profissionais em oncologia pediátrica.
Rev. esc. enferm.
, São Paulo, v.
53, out. 2019. DOI: https://d
oi.org/10.1590/s1980
-
220x2018049603521
SHEAR, M. K. Grief and mourning gone awry: pathway and course of complicated grief.
Dialogues Clin Neurosci
, v. 14, n. 2, p.119
-
128, jun. 2012. Disponível em
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3384440/. Ace
sso em: 10 out 2019.
VIGOTSKI, L. S.
Imaginação e criação na infância
: Ensaio psicológico. Trad. Zoia Prestes.
São Paulo: Ática, 2009.
VIGOTSKI, L. S.
Sete aulas de L. S. Vigotski sobre os fundamentos da Pedologia
. Trad.
Claudia da Costa Guimarães Santan
a. Rio de Janeiro: E
-
papers, 2018.
VYGOTSKY, L. S.
Desenvolvimento psicológico na infância
. São Paulo: Martins, 2001.
Có
mo referenciar este
artículo
LATERMAN, I.; SZYLIT, R.
Ausencia presente en el aula: la muerte de un estudiante y el
cotidiano esc
olar en la perspectiva de profesoras
.
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em
Educação
,
Araraquara, v. 16, n. 1, p.
320
-
340
, jan./mar. 202
1
. e
-
ISSN: 1982
-
5587. DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v16i1.14472
Enviado el
:
20/1
0
/2020
Revisione
s requeridas:
17
/11/2020
Aprob
ado e
l
:
28/12/2020
Publicado el
:
02/01/2021