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Validação de instrumento sobre engajamento e desengajamento moral de docentes diante do bullying na
escola
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação,
Araraquara, v. 16, n. 1, p. 292
-
319, jan./mar. 202
1
. e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v16i1.14477
292
VALIDAÇÃO DE INSTRUMENTO SOBRE ENGAJAMENTO E
DESENGAJAMENTO MORAL DE DOCENTES DIANTE DO BULLYING NA
ESCOLA
VALIDACIÓN DE INSTRUMENTO SOBRE
COMPROMISO
Y
DESCOMPROMISO
MORAL DE DOCENTES ANTE EL BULLYING EN LA ESCUELA
VALIDATION OF INSTRUMENT ON MORAL ENGAGEMENT AND
DISENGAGEMENT OF TEACHERS IN THE FACE OF BULLYING AT SCHOOL
Luciene Regina Paulino
TOGNETTA
1
José Maria Avilés
MARTÍNEZ
2
Catarina Carneiro
GONÇALVES
3
Fernando
ANDRADE
4
Larissa Di Genova BONI
5
Natália Cristina Pupin
SANTOS
6
RESUMO
: Embora o bullying ocorra nas relações paritárias, sua prevenção e superação na
escola demandam intervenção de docentes, que precisam ser cap
azes de levar estudantes à
consciência do conteúdo moral em jogo numa situação de vitimização: isso requer dos
professores conhecimento sobre valores implicados nesta violência, sensibilizando
-
se diante
dela. Todavia, estudos evidenciam que muitos professo
res responsabilizam os alvos pelas
situações de maus tratos ou deslocam a responsabilidade de intervir para as famílias: para
tanto,
valem
-
se de desengajamentos morais através dos quais diminuem ou refutam o
problema, impossibilitando ações para superá
-
lo.
Assim, objetivamos validar instrumento de
pesquisa capaz de identificar as formas mais recorrentes de Desengajamento ou Engajamento
Moral manifestas por docentes.
Após ampla revisão da literatura, elaboraram
-
se duas histórias
caracterizando situações envo
lvendo alvo típico e provocador, seguidas de 14 itens avaliativos
adequados às oito formas de Desengajamento Moral definidas por Bandura e três formas de
Engajamento Moral construídas para esta pesquisa. Após a Análise de Componentes
1
Universidade Estadual Paulista (UNESP), Araraquara
–
SP
–
Brasil. Professora
n
o Departamento de Psicologia
da Educação da Faculdade de Ciências e Letras
e
Líder do GEPEM
–
Grupo de Estudos e Pesquisas em
Educação Moral
(
UNESP/UNICAMP
)
. Doutora
do
em Psicol
ogia Escolar e do Desenvolvimento Humano
(USP)
.
ORCID: http
s
://orcid.org/0000
-
0003
-
0929
-
4925.
E
-
mail: lrpaulino@uol.com.br
2
Universidad de Valladolid
(UVA),
Valladolid
–
Espanha
.
Professor no Departamento de Psicologia da
Faculdade de Educação e Serviço S
ocial. Área de Personalidade, Avaliação e Tratamento Psicológico. ORCID:
https://orcid.org/0000
-
0001
-
9179
-
6427.
E
-
mail
: aviles@uva.es
3
Universidade Federal da Paraíba
(UFPB),
João Pessoa
–
PB
–
Brasil. Professora Adjunta
n
o Departamento de
Habilitações Pedagógicas. Doutora
do
em Educação (
UFPB
)
.
ORCID: http
s
://orcid.org/0000
-
0003
-
2508
-
2762. E
-
mail: catarinacgon@hotmail.com
4
Universidade Federal da Paraíba
(UFPB),
João Pessoa
–
PB
–
Brasil.
Professor Associado
n
o Departamento de
Fundamentação
da Educação e dos Programas de Pós
-
graduação em Educação e em Direitos Humanos,
Cidadania e Políticas Públicas. Doutor
ado
em Educação
(
UFPB
)
. ORCID: http
s
://orcid.org/0000
-
0003
-
0554
-
2514. E
-
mail: frazec66@gmail.com
5
Universidade Estadual Paulista (UNESP)
, Araraquara
–
SP
–
Brasil.
Mestranda
no
Programa de Pó
s
-
graduação
em Educação
Escolar
.
ORCID: https://orcid.org/0000
-
0003
-
0796
-
9124.
E
-
mail:
ldgenova@hotmail.com
6
Universidade Estadual Paulista (UNESP), Araraquara
–
SP
–
Brasil.
Mestranda no Programa de
Pós
-
graduação
em Educação Escolar
. Membro do GEPEM
–
Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Moral
(UNESP/UNICAMP).
ORCID: http
s
://orcid.org/0000
-
0001
-
9847
-
632X.
E
-
mail: nati.cps30@hotmail.com
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Luciene Regina Paulino TOGNETTA
;
José Maria Avilés MARTÍNEZ
;
Catarina Carneiro GONÇALVES
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Fernando ANDRADE
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Larissa Di Genova BONI
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Principais, aplicou
-
se
o instrumento a uma amostra de 921 professores de escolas brasileiras e
espanholas. Os resultados demonstraram a aceitação do modelo teórico proposto, cargas
fatoriais significantes nos diferentes fatores e adequada fidedignidade do instrumento.
PALAVRAS
-
CHAVE
:
Validação de instrumento. Engajamentos e
desengajamentos morais
.
Docentes. Bullying.
RESUMEN
:
Aunque el bullying se pase en las relaciones entre iguales, su prevención y
superación en la escuela demandan intervención de los docentes, que necesitan lograr llevar
los estudiantes a la consciencia del contenido moral en juego en una situación de
victim
ización: lo que requiere de los profesores conocimientos sobre valores implicados en
esta violencia, sensibilizándose frente a ella. Sin embargo, estudios aclaran que muchos
profesores responsabilizan las victimas por las situaciones de malos tratos o quit
an su
responsabilidad de intervenir, pasándola a las familias: para ello, se valen de
descompromisos morales a través de los cuales disminuyen o rechazan el problema,
imposibilitando acciones para superarlo. Así, objetivamos validar
el
instrumento de
inves
tigación capaz de identificar
las formas más recurrentes de descompromiso o
compromiso m
oral manifiestas por docentes. Tras amplia revisión de la literatura, se elaboró
dos historias caracterizando situaciones involucrando objeto típico y provocador, segui
das
de 14 ítems evaluativos
adecuados a las ocho formas de desconexión m
oral definidas por
Bandura y tres formas de
conexión m
oral construidas para esta investigación. Tras el
Análisis de Componentes Principales, se aplicó el instrumento a una muestra de 9
21
profesores de escuelas brasileñas y españolas. Los resultados demuestran la aceptación del
modelo teórico propuesto, cargas factoriales significantes en los distintos factores y
adecuada fiabilidad del instrumento.
PALABRAS CLAVE
:
Validación de instru
mento. Conexión y
d
esconexión
morales
.
Docentes.
Bullying.
ABSTRACT
:
Although bullying occurs in parental relationships, its prevention and
overcoming in school demand the intervention of teachers, who need to be able to bring
students to the
awareness of the moral content at stake in a situation of victimization: this
requires teachers to know about values involved in this violence, sensitizing themselves to it.
However, studies show that many teachers blame targets for situations of mistreatm
ent or
displace the responsibility of intervention for families: they use moral disengagement through
which they reduce or refute the problem, making it impossible to overcome it. Thus, we aim to
validate a research instrument capable of identifying the mo
st recurrent forms of
Disengagement or Moral Engagement manifested by teachers. After extensive review of the
literature, two stories were developed characterizing situations involving typical and
provocative target, followed by 14 evaluative items appropr
iate to the eight forms of Moral
Disengagement defined by Bandura and three forms of Moral Engagement constructed for
this research. After the Principal Components Analysis, the instrument was applied to a
sample of 921 teachers from Brazilian and Spanish
schools. The results demonstrated the
acceptance of the proposed theoretical model, significant factorial loads in the different
factors and adequate trustworthiness of the instrument.
KEYWORDS
:
Validation of Instrument. Moral
engagement and disengagement
s
.
Teacher.
Bullying.
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Introdução
[...] certa vez no colégio pegaram Wellington de cabeça para baixo, botaram
dentro da privada e deram descarga. Algumas pessoas instigavam as
meninas: “vai lá, mexe com ele”. Ou até incentivo delas mesmo: “Vamos
brincar co
m ele, vamos sacanear”. As meninas passavam a mão nele [...].
(Fantástico, 2011).
A epígrafe a este artigo é extrato de depoimento dado a um programa televisivo
brasileiro a respeito de Wellington da Silveira, jovem de 23 anos que adentrou uma escola do
R
io de Janeiro atirando contra estudantes e docentes, numa chacina que chocou o país,
considerada a mais grave em escola brasileira, cometida por um ex
-
aluno. Além de trágico,
por culminar com doze mortos
–
dentre os quais o próprio atirador
–
e treze ferid
os, o
Massacre de Realengo (nome pelo qual ficou conhecido o episódio) ampliou a discussão em
torno das questões que envolvem a convivência na escola, fazendo
-
se um alerta sobre as
implicações que as práticas de
bullying
podem trazer para o desenvolvimento de crianças e
adolescentes.
Se nenhum evento dessa natureza pode ser explicado de forma pontual, isolada ou
linear, é preciso questionar o fato de Wellington da Silveira matar justamente na escola em
que estudara dez an
os antes e que, por inúmeros relatos como o da epígrafe, foi, para ele,
palco de maus tratos sistemáticos perpetrados pelos seus pares, sobretudo pelas meninas
–
principais alvos de sua chacina. Longe de ser um caso isolado, essa história vê
-
se repetida em
muitos aspectos, em inúmeros outros episódios de violência extrema no Brasil e no mundo,
evidenciando
-
se uma relação estreita entre as ações dos agressores e suas experiências em
âmbito educacional.
Foi preciso mais um massacre recente em uma escola públi
ca paulista, do município
de Suzano
–
a Escola Raul Brasil
–
para que se tornasse ainda mais urgente a discussão sobre
a complexidade da natureza do
bullying
. Com um prejuízo de 10 mortos, entre professores,
funcionários e alunos, a escola Raul Brasil segu
e depois da tragédia
–
ocorrida em abril de
2019
–
vivendo seu luto, sua dor e o medo de que dias de horror possam se repetir.
Fatos que se repetem e se caracterizam pela violência tomada como um valor para
aqueles que matam. Além de sua incidência, a lit
eratura brasileira já tem mostrado a
complexidade de um fenômeno que afeta cada vez mais escolas, não como um problema de
convivência cuja frequência é maior do que as indisciplinas, mas exatamente por sua
crueldade (
AVILÉS, 2006; 2015; FISCHER, 2010; FRIC
K, 2011; 2016; GONCALVES,
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Luciene Regina Paulino TOGNETTA
;
José Maria Avilés MARTÍNEZ
;
Catarina Carneiro GONÇALVES
;
Fernando ANDRADE
;
Larissa Di Genova BONI
e
Natália Cristina Pupin SANTOS
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2011; MASCARENHAS, 2006; 2009; OLWEUS, 1993; SANCHÉZ
et al.,
2012;
TOGNETTA; VINHA, 2008; 2010; TOGNETTA; ROSÁRIO, 2013).
Ora, não obstante o conhecimento já produzido, as situações de
bullying
ainda são
compreendidas de forma mui
to estereotipada pelos profissionais da educação, de modo que
nas escolas persiste uma ampla crença de que o
bullying
somente imita uma sociedade na qual
a violência e as perturbações à ordem lhes são comuns (
GONÇALVES
, 2011; 2017). Diante
da alta incidênc
ia de
bullying
na escola (
FISCHER
, 2010), professores buscam explicar esta
violência a partir da crença de que ela deriva, exclusivamente, de falhas na educação parental:
foram os pais que não souberam dar limites ou, ainda, não foram firmes o suficiente
(
GONÇALVES
, 2017;
RIBEIRO; GONÇALVES; SANTOS
, 2018). Com isso, terminam por
omitir
-
se diante deste problema, deixando discentes
–
alvos, autores e espectadores de
bullying
–
entregues à própria sorte.
Com efeito, há pouca ou nenhuma intervenção docente no e
nfrentamento dos maus
tratos vividos pelos estudantes, como evidencia Fischer (2010). Logo, o
bullying
é negado,
mal interpretado ou manejado com intervenções ineficazes e passageiras que ressaltam, ainda,
o despreparo do professorado brasileiro para preve
nir e intervir em problemas de convivência
dos quais o
bullying
é, talvez, o pior. Isso porque o
bullying
é um problema entre pares, e,
portanto, entendido pela Psicologia Moral como demasiado grave, ao atingir a construção da
identidade
–
o outro é, para
mim, aquele que me serve de espelho para refletir a minha própria
imagem na construção identitária (
TOGNETTA; VINHA, 2008; TOGNETTA; ROSÁRIO,
2013).
Assim, considera
-
se urgente conhecer as formas como as práticas de
bullying
têm sido
interpretadas e abordadas pelos professores nas escolas. Isso porque, como destacam Tognetta
et al.
(2013), costumeiramente as instituições educativas resolvem os conflito
s entre alunos
chamando as famílias para se queixarem dos comportamentos dos estudantes e/ou
suspendendo alunos e alunas como forma de mostrar aos demais que comportamentos
antissociais não ficarão impunes. As escolas acreditam, com isso, garantir ensinar
a todos o
que deve ou não ser feito, como se tudo se resumisse à imitação de papéis adequados. Esse
cenário de omissão e indiferença daqueles que deveriam garantir a segurança e o respeito
entre discentes impede a aprendizagem de formas mais humanizadas pa
ra a convivência com
o outro e com as diferenças (
DAUD, 2018; GONÇALVES, 2017
), chegando a afetar, com um
clima institucional aversivo, o desempenho escolar de vários discentes.
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Reconhecendo este cenário, indagamo
-
nos: quais são as justificativas evocadas
por
docentes para justificar a omissão diante das situações de
bullying
que envolvem os
estudantes nas escolas? Desta questão delimitou
-
se o objetivo deste estudo:
validar um
instrumento de pesquisa construído para identificar as formas de Desengajamento e
Engajamento Moral de professores diante do
bullying
na escola
. Esta
investigação
pretende indicar a tendência notadamente humana de “engajar
-
se ou desengajar
-
se”
moralmente diante de circunstâncias violentas. No auge de certa “crise moral” em que o
mundo
político tem se consumido, a temática escolhida nos aproxima de explicações sobre a
dificuldade, na escola, em adotar a perspectiva alheia e comprometer
-
se com valores pró
-
sociais no ensino
-
aprendizagem para a convivência democrática e pacífica.
Tendo uma
abordagem de pesquisa baseada em métodos mistos, este estudo, de
natureza exploratória, busca conhecer o cenário intercruzado dos julgamentos docentes diante
do
bullying
na escola, manifestos via Engajamento ou Desengajamento Moral. Sampieri
et al.
(2010) e Sampieri, Collado
e
Lucio (2013) indicam que um estudo se define como
exploratório quando sua problemática tenha sido pouco ou nada explorada com o rigor
científico necessário e, dessa forma, ainda suscite dúvidas acerca de sua composição.
Portan
to, pensamos que a escolha de tal tipo de pesquisa se apresenta coerente com a
perspectiva da temática, por envolver o
bullying
como um problema moral, sobretudo
correlacionado aos constructos Desengajamento e/ou Engajamento Moral e formação de
professores
.
Os constructos em discussão
Bullying
Os primeiros estudos sobre
bullying
são atribuídos ao médico alemão Peter
-
Paul
Heinemann, que publicou na Suécia, em 1972, suas observações sobre algumas atitudes
agressivas de pequenos grupos de crianças contra uma única criança fora da sala de aula
(
OLWEUS, 1999; RONALD
, 2010). Heinemann
denominou essas condutas infantis de
möbbing
, estabelecendo uma relação entre essas ações e o comportamento de alguns animais.
Assim, para o autor,
möbbing
indica o ataque de um grupo de animais a outro animal
considerado perigoso (
GUIMARÃES
;
RIMOLI,
2006)
. Do ponto de vista da psicologia, o
pesquisador atribuiu as causas dos ataques à ira e à aversão, que se tornaram efetivos através
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de ameaças e atos de humilhação ocorridos entre os sujeitos (
BERKOWITZ, 1993; DODGE,
1991; DODGE
;
COIE, 1987; RONALD, 2010).
Interessado nas relações entre pares e nos conflitos manifestos nestas relações, o
norueguês Dan Olweus ofereceu mais elementos para compreensão das relações entre pares,
ao publicar, em 1978, um estudo no qual apontou que 5% dos meninos suecos, vítimas
de
maus tratos ocorridos nas escolas, sofriam estas agressões graves de forma persistente.
Através desta observação, Olweus (1978) questionou a expressão
möbbing
, fazendo adoção,
pela primeira vez, do termo
bullying
para referir
-
se à intimidação sistemátic
a. Este conceito,
derivado do vocábulo
bully
, pode significar “intimidar” como verbo ou “valentão” como
substantivo.
Para caracterizar e delimitar o
bullying
, Olweus definiu três critérios essenciais: (a) é
um comportamento agressivo marcado pela intencion
alidade em causar o dano; (b) que ocorre
repetidamente e ao longo do tempo; (c) em um contexto das relações interpessoais
caracterizadas por um desequilíbrio de poder. O autor acrescentou, ainda, que essas
intimidações podem ocorrer sem que haja um motivo
aparente (
OLWEUS
, 1978, 1981).
A década de 1970 se tornou um importante marco para a comunidade científica na
descoberta deste problema, a partir do amadurecimento das definições e terminologias
relativas ao
bullying
, favorecendo sua caracterização e deli
mitação. A partir da década de
1980 expandiram
-
se os estudos sobre
bullying
, a partir da repercussão dos primeiros
diagnósticos realizados nos demais países da Escandinávia
(
LAGERSPETZ
et al.
, 1982;
OLWEUS
;
ROLAND 1983; ROLAND, 2010
). Outros países europeu
s, além dos Estados
Unidos, da Austrália e do Japão contribuíram com pesquisas no intuito de revelar as
influências socioculturais, individuais, grupais, escolares e familiares em torno do fenômeno
(
AVILÉS, 2006; SÁNCHEZ
;
ORTEGA, 2010; AVILÉS, 2013).
No Brasil,
segundo Nascimento (2009), encontramos os primeiros trabalhos
debruçados na compreensão do
bullying
a partir dos estudos de Canfield e seus colaboradores.
Estas pesquisas utilizaram, como trilhos metodológicos, os mesmos caminhos apontados por
O
lweus: aplicação de questionários para uma grande população de alunos, caracterização do
fenômeno a partir da perspectiva do autor norueguês e foco na incidência das manifestações
de
bullying
.
Os estudos iniciais em torno da delimitação do
bullying
permiti
ram uma melhor
compreensão desta forma de violência à medida que diferenciaram esta prática de outras
manifestações de violência escolar. A este respeito, Avilés (2013) chama atenção para o fato
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de que no
bullying
se manifestam verdadeiros atos de intimida
ção preconcebidos, ameaças,
que, sistematicamente, com violência física e psicológica, são de modo recorrente impostos a
indivíduos numa relação paritária entre os envolvidos. Del Barrio
et al.
(2005) também
chamam atenção para outra particularidade do fen
ômeno. Nos casos de
bullying
nem sempre
temos apenas a manifestação da violência perceptível. Há, não raro, outros exemplos de
comportamento, tais como a exclusão social (o ostracismo), que, por não serem sempre vistos
como formas de violência, dificultam
a intervenção para sua superação.
A literatura tem evidenciado uma tendência por parte dos profissionais das escolas de
justificarem os maus tratos vividos pelos estudantes e, com isso, encontrarem razões para se
exonerarem da função de combater a violênci
a (o que é representado por formas de
desengajamento moral). Isso porque docentes julgam possuírem os alvos a responsabilidade
pelos maus tratos vividos ou, ainda, que os autores praticam tais violências porque não foram
devidamente educados em casa (
GONÇA
LVES
, 2011). Desengajando
-
se, isentam
-
se de
intervir frente à superação do problema. Por isso, e
mbora reconheçamos que a superação do
bullying
é mais eficaz quando liderada pelos próprios estudantes (Lapa, 2019), consideramos
que a omissão docente diante d
o problema é bastante grave, pois sem a cultura do apoio entre
pares difundida em nosso país resta, apenas, que os envolvidos na violência possam, com
sorte, contar com seus professores para superar a vitimização sofrida.
Desengajamentos
morais
O
termo “Desengajamento Moral” foi usado pela primeira vez por Bandura (1999
;
2002), para se referir às formas pelas quais as pessoas agem de maneira desapegada ao
problema do outro sem que haja, por isso, culpa ou vergonha. Para o autor, são 8 as formas de
desengajar
-
se moralmente:
Deslocamento de Responsabilidade, Difusão de Responsabilidade,
Comparação Vantajosa, Minimização ou Distorção das Consequências, Atribuição de Culpa,
Desumanização, Linguagem Eufemística e Justificativa Moral.
Tais mecanismos torn
am possível que o sujeito possa dar novo sentido a uma conduta
moralmente reprovável até o ponto de torná
-
la moralmente justificável, permitindo que,
através dela, ele possa, ao mesmo tempo, ser “humano” ou “cruel”,
bom
ou
mau
, diante dos
outros, dependend
o, assim, de quem ele inclui ou exclui de sua “categoria de humanidade”.
No caso de docentes diante do
bullying
, em situação ideal (de engajamento moral), os
professores tomam o problema (de resto, indesejável)
como excelente oportunidade para que
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alunos e
alunas se desenvolvam moralmente, contribuindo, assim, para a construção de suas
personalidades éticas e a superação da violência não apenas na escola, mas, sobretudo, fora
dela. Ora, conforme a teoria piagetiana sobre o desenvolvimento moral (
PIAGET
, 199
4
;
2007), ao tomarem conflitos como oportunidade de aprendizagem de valores pró
-
sociais,
docentes e adultos em geral aproveitam a convivência entre crianças e adolescentes para
transformá
-
la por meio de ações de respeito mútuo e de responsabilização coleti
va,
sobrepondo
-
se à ordem autoritária e expiatória. Com esta configuração, as crianças e
adolescentes estabelecem relações de confiança e reciprocidade que favorecem o
desenvolvimento moral, impossível, segundo Piaget, de ser conquistado em atmosfera de
au
toridade e opressão. É por isso que, para enfrentar o
bullying
e superar as diversas formas
de violência, é necessário que educadores se impliquem diante do fenômeno, de modo a
garantirem que a dignidade de todos seja preservada na escola.
Como demonstra P
iaget (1994), sendo ainda heterônomas, as crianças não conseguem
julgar objetivamente os adultos significativos, dada à ambivalência de seus sentimentos a
respeito deles. Logo, as relações que estabelecemos com as figuras de autoridade “são
suscetíveis de
atuar durante toda a infância e de prevalecer sobre os demais de acordo com o
tipo de educação moral adotada” (
PIAGET
, 2007, p.
66), o que acentua a importância
docente.
Consequentemente, quando docentes se desengajam moralmente diante de situações
de
bull
ying
, terminam por construir na escola uma cultura em que as ações violentas são
possíveis ou, ainda, consideradas justas e/ou merecidas: por exemplo, é comum docentes
considerarem o alvo como merecedor da violência e os demais alunos da escola fazerem o
m
esmo julgamento.
A formação de professores
Educar para a convivência comumente é visto por docentes como tarefa familiar, pelas
causas da violência serem atribuídas às famílias. A este respeito, Lobato (2006, p. 7) resume
bem a crença docente pela
qual a violência é problema doméstico e, consequentemente, seu
manejo é responsabilidade familiar: “foi a família quem perdeu o controle sobre o jovem,
foram os pais que não cumpriram a sua obrigação de educar os filhos e jogaram o peso desta
responsabilid
ade, exclusivamente, para a escola”.
Nota
-
se, sobre isso, a necessidade de superação de julgamentos equivocados dos
docentes diante das situações de
bullying
na escola, segundo os quais eles atribuem o
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escola
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problema à falta de educação doméstica ou à desestrutu
ra familiar, naturalizando a violência
numa sociedade “desestruturada” como a atual. Esta compreensão sobre o fenômeno é
bastante problemática, visto que “naturalizar a violência não explica bem as causas desse
fenômeno e termina por acolher um pessimismo
niilista que não favorece a pedagogia”
(
ANDRADE
, 2007, p. 25).
A notória falta de conhecimentos dos profissionais da Educação sobre a natureza do
fenômeno e suas consequências negativas contribui à sua alusão como brincadeiras
inofensivas, posto que a maio
ria das agressões que são entendidas como
bullying
apresentam
caráter discreto aos olhares dos professores (
CRAIG
;
BELL
;
LESCHIED, 2011
; SILVA,
2014).
Pesquisas apontam que a omissão dos professores é a postura mais comum diante dos
episódios de
bullying
,
tanto dos episódios percebidos pelas vias da observação quanto pelos
relatos de seus alunos (
SILVA, 2014; YOON
et al.
, 2011). Sobre os depoimentos a respeito
da intervenção frente ao
bullying
, apesar de 85% dos docentes afirmarem agir diante do
problema, a
penas 35% dos estudantes confirmam a veracidade desta afirmação. Este dado
discordante foi verificado em diversas pesquisas similares. (
FISCHER, 2010; JAMES, 2010;
RIGBY
;
BAGSHAW, 2003; EMBRACE CIVILITY, 2016).
Nessa direção, estudos evidenciam a urgente n
ecessidade de intervenção escolar
(DÍAZ
-
AGUADO, 2015; FISCHER, 2010; GONÇALVES, 2011; OLWEUS, 1993
), pautada
no princípio de que a escola, por ser lócus privilegiado de convivência com a diferença e de
formação moral, deve se responsabilizar por formar est
udantes mais autônomos, capazes de
conseguir respeitar a dignidade dos outros, ao se sentirem respeitados.
Na contramão dessa necessidade, as políticas de enfrentamento do
bullying
estão
percorrendo outros caminhos, promulgando leis que pouco favorecem a s
uperação do
problema e não levam docentes a engajarem
-
se diante das situações nas quais o
bullying
se
manifesta, terceirizando sua a resolução e, com isso, favorecem práticas de Desengajamento
Moral.
Por isso, é importante que a formação de educadores seja prioridade e que temas
ligados ao enfrentamento das violências, incluindo o
bullying
, estejam na
pauta da formação
inicial e continuada de educadores. Não há dúvidas de que os educadores e educadoras
precisam assumir a tarefa de enfrentar a violência e formar moralmente os educandos. Mas
como dar conta dessa demanda enquanto docentes são formados em c
ursos de graduação sem
que tenham boas oportunidades de construir competências acerca do trabalho com ética e
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Luciene Regina Paulino TOGNETTA
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José Maria Avilés MARTÍNEZ
;
Catarina Carneiro GONÇALVES
;
Fernando ANDRADE
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moral na escola? Conforme aponta Tognetta (2009, p. 13), “basta olhar para o currículo dos
cursos formadores de professores para constatar que [..
.] em praticamente nenhuma ementa se
pode encontrar educação moral, ou formação ética, como se deseje chamar”.
Tal ausência se expressa tanto no desconhecimento da necessidade desse trabalho
interventivo quanto no uso de ações ineficazes de enfrentamento
da violência. Isso porque, em
matéria de ética, só pode ensinar quem a possui. Essa convicção é provavelmente fator que
mantém ainda pequeno o número de projetos escolares com foco na gestão do
bullying
na
escola. Ações nesse sentido são pontuais e direcio
nadas especificamente aos autores,
centrando
-
se em advertências, expulsões, suspensões e convocação dos familiares para
conversa (
FISCHER
, 2010), ignorando, completamente, a existência dos espectadores e a
função de manutenção da violência que eles assumem
.
A presente pesquisa:
A construção e validação de um instrumento de engajamento e
desengajamento moral
Esta pesquisa é necessariamente o fio condutor para realização de outras pesquisas
cujo cerne estejam na formação de professores e superação do
bullying
. Certamente,
inspirados em Jean Piaget, lembramo
-
nos de que é preciso alcançar o máximo de
conhecimento
sobre um novo fenômeno para que se possa orientar ações a seu respeito.
Objetivo
Validar um instrumento que indicasse os mecanismos de engajamento e
desengajamento moral apresentados por professores diante do
bullying
. Para isso, construímos
o instrume
nto, aplicamo
-
lo, refizemo
-
lo, testamo
-
lo, passamos por etapas de julgamento entre
pares e, por fim, fomos ajustando os constructos até que seus dados correspondessem à
qualidade das informações almejadas.
A amostra
A amostra total para este estudo é formada de 921 docentes, divididos entre 528
pertencentes à amostra brasileira e 393 à espanhola, compostas por professores de ambos os
gêneros. No caso brasileiro, foram envolvidos profissionais de escolas públicas ou pr
ivadas de
educação básica, situadas em diversos municípios pertencentes ao estado de São Paulo:
Paulínia, Campinas, São João da Boa Vista, Santa Bárbara D’Oeste, Araraquara, São Carlos,
Nova Odessa, São José do Rio Preto e São Paulo. Há, ainda, docentes em
formação,
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estudantes de pedagogia de uma Universidade Federal do Nordeste brasileiro. Quanto à
amostra espanhola, os professores participantes desta investigação são docentes de escolas
públicas da comunidade autônoma de Castilla y León, atendendo de bebê
s recém
-
nascidos a
adolescentes de 18 anos, da educação infantil ao
bachillerato
(preparação opcional para a
universidade).
O número de participantes foi estabelecido segundo critério de saturação, que consiste
na “suspensão de inclusão de novos participan
tes quando os dados obtidos passam a
apresentar, na avaliação do pesquisador, uma certa redundância ou repetição, não sendo
considerado relevante persistir na coleta de dados” (
FONTANELLA
et al.,
2008, p. 17).
Descrição da validação do instrumento
O instrumento de coleta de dados foi inspirado em um instrumento anteriormente
elaborado por Tognetta e Rosário (2013), com base em estudos prévios sobre a relação entre
representações de si e
bullying
na escola (
TOGNETTA
;
LA TAILLE, 2008; TOGNETTA
;
BOZZA, 2011; TOGNETTA
;
VINHA, 2008
), além de sustentar
-
se nos estudos sobre crenças
de autoeficácia (
ROSÁRIO
et al.
, 2000;
ROSÁRIO
, 2001).
Levando em consideração que o instrumento inicial era direcionado aos estudantes e,
ainda
, as especificidades que demarcam o grupo de docentes, optamos pela reformulação do
mesmo, a partir da construção de outro que nos permitisse analisar as formas como docentes
se engajam ou desengajam em situações envolvendo práticas de
bullying
na escola.
Com isso,
embora inspirado em Tognetta
e
Rosário (2013), o instrumento final sofreu ampla
modificação, configurando
-
se em um novo instrumento de pesquisa. O processo de
construção e reformulação será descrito a seguir.
Instrumento Piloto
Construímos os
itens que compõem este instrumento a partir da seleção dos melhores
itens para composição do conjunto, primeiramente a partir da Análise Teórica dos Itens
(
PASQUALI
, 2003). Assim, seguindo as recomendações deste autor, nos atentamos para a
Análise dos Juí
zes, que é uma análise realizada por peritos na área do construto, no sentido de
certificar se os itens estão se referindo ao que se pretende medir. Segundo Messick (1980), na
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medida em que se verificam evidências baseadas em conteúdo, pondera
-
se a interpr
etação
para validação de um construto. Por isso, a validade do construto objetiva dar suporte aos
significados atribuídos aos escores, caracterizando, assim, um conjunto organizado de
evidências que poderão revelar amostras consistentes de resposta. Para i
sso, contamos com
quatro juízes que analisaram todo o processo de formulação e reformulação do instrumento de
coleta de dados, os quais analisaram os dados iniciais aplicados em caráter experimental a um
número de 62 estudantes de pedagogia, cada uma das r
espostas e suas frequências.
Na análise preliminar, identificamos um alto percentual de engajamentos morais e um
baixo índice de desengajamentos. Observamos, também, que as questões mais assinaladas se
repetiam e que algumas alternativas nunca foram marca
das, sobretudo em formas mais
evidentes de desengajamentos morais, consideradas “politicamente incorretas”. Desse modo,
a análise preliminar evidenciou que dos 62 sujeitos participantes da primeira aplicação, quase
80% deles (49 docentes) marcaram apenas f
ormas de engajamento moral, demonstrando que
os estereótipos de moral e de boas condutas pelos professores estavam facilmente
reconhecidos.
Identificado o problema, reformulamos o instrumento sucessivamente, aplicando
-
o em
seguida a mais duas amostragens d
e igual proporção. Foram três aplicações e reformulações
dos dados até que conseguíssemos um instrumento adequado aos participantes e aos objetivos
da pesquisa. A construção da quarta versão do instrumento, que deu origem aos dados
apresentados neste traba
lho, será apresentada a seguir.
Versão final do instrumento
O instrumento final, após testagem e validação estatística e feita pelos juízes, foi
composto pela descrição de duas histórias envolvendo situações hipotéticas de
bullying
, sendo
a História A
–
HA em torno de um alvo típico de
bullying
e a História B
–
HB envolvendo um
alvo provocador.
A primeira delas descreve a situação de “Japinha”, um alvo típico:
Numa sala de aula há um aluno que todos chamam de “Japinha”. Ele tem
olhos puxados, é bastante quieto e não participa das conversas entre os
outros meninos durante a aula. Todos sabem que sua família voltou do
Japão, para onde foi trabalhar e ganhar algum
dinheiro. Diariamente, um
grupo de três alunos da classe, liderado por Jorge, o faz pagar lanches e
refrigerantes para eles. Jorge ameaça Japinha dizendo que, caso se negue a
pagar, irá inventar aos seus pais e professores que ele usa drogas. Temendo
a rea
ção de seus pais (afinal, são muito rígidos), Japinha paga a conta de
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Jorge e dos colegas. Na classe, mesmo os que não são do grupo de Jorge
aproveitam os lanches e refrigerantes, que são divididos entre todos.
Já a segunda história descreve o caso de Pau
la, uma vítima provocadora:
Paula é uma menina que ninguém quer no grupo. Todas as vezes que
alguém começa um assunto, Paula se intromete e parece querer mostrar que
sabe mais que todos. As meninas acham que ela é “metida” e se afastam
dela. Além disso, q
uando fala, Paula é tão exagerada que chega, sem
querer, a cuspir nas pessoas, o que faz com que os colegas a chamem de
nojenta. Os alunos da sala criaram uma página no Facebook com a foto da
turma toda segurando um guarda
-
chuva com a seguinte legenda: “Po
de vir,
Paula, estamos preparados com o guarda
-
chuva”. Quando soube, Paula
agiu como sempre faz
–
agrediu a todos com tapas e postou comentários
ofensivos utilizando
-
se de palavrões, xingamentos e gestos obscenos.
Ao final de cada história, foram apresent
adas 14 alternativas, distribuídas em oito
categorias de Desengajamento Moral
-
DM e seis possibilidades de Engajamento Moral
-
EM,
dispostas de forma randomizada, com o seguinte indicativo: “
Para explicar o que acontece
nesta situação descrita, assinale a
s alternativas com que você concorda. Você pode
assinalar quantas alternativas quiser
”.
Em cada história, as seis alternativas indicadoras de EM se dividiram em dois tipos de
engajamento delimitados por nós: o primeiro deles, sob a perspectiva da moral pel
a
convenção social, refere
-
se às respostas em que o conteúdo moral é compreendido pelo
sujeito enquanto necessário, mas a explicação dada refere
-
se a algo que é muito dito ou
utilizado socialmente, assumindo a aparência de “politicamente correto”. Assim, n
a história
de Japinha as alternativas de EM por convenção social são: “1. Algo deve ser feito, porque o
respeito é essencial; 2. Jorge não respeita Japinha. Algo tem que ser feito, já que há uma lei
que garante o combate ao
bullying
; 3. Nos dias de hoje, a
intolerância deve ser combatida”. E
na história de Paula: “1. É preciso garantir o respeito entre os alunos, afinal, diz o ditado:
respeito é bom e eu gosto; 2. Algo deve ser feito, porque esse tipo de comportamento é
intolerável; 3. A escola deve conscie
ntizar a todos sobre os valores morais que estão perdidos
nessa geração”.
A segunda forma de EM corresponde à escolha moral por princípio, ou seja, de modo
não condicionado à sua presença ou não nas convenções sociais. Na história de Japinha, as
alternativ
as referentes ao EM por princípio são: “1. Os professores são os principais
responsáveis pela solução desse problema; 2. Todos os alunos, mesmo os que agem mal, têm
o mesmo direito de ser bem tratados; 3. A escola não deve ignorar que esse é um problema
mo
ral”. Já na história de Paula: “1. Falta aos colegas de Paula reconhecer que ela está
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sofrendo; 2. É tarefa da escola a educação moral dos alunos para garantir a convivência
respeitosa; 3. Todos os alunos, mesmo Paula, que age mal, têm o mesmo direito de s
er bem
tratados”.
Quanto às alternativas de desengajamento moral, essas foram construídas a partir das
categorias descritas por Bandura sobre os desengajamentos e agrupadas por nós nas
categorias: Desengajamentos morais que negam o conteúdo moral e desenga
jamento moral
que não negam o conteúdo moral. Dentre as alternativas que não negam o conteúdo moral são
elas:
1)
Comparação vantajosa
: A comparação pode ser outro meio de fazer uma conduta
prejudicial parecer boa. A maneira como o comportamento é visto po
de perder a gravidade a
partir de outra ação com a qual é comparada. O julgamento da gravidade justifica a escolha
das opções. No instrumento: HA
-
“
Por enquanto, esta situação ainda é ‘tolerável’. Porém,
se ela passar do limite, chegando à agressão física
, será imprescindível uma
intervenção
”; e
HB
-
“
Paula age de forma desproporcional. Afinal de contas, as outras
pessoas não chegaram a agredi
-
la fisicamente
”
.
2)
Difusão da responsabilidade
: As pessoas comportar
-
se
-
ão de maneira que elas
normalmente repudiariam, se uma autoridade legítima aceitar a responsabilidade pelos efeitos
das suas condutas. As pessoas veem suas ações como decorrentes das ordens das autoridades,
elas não se sentem resp
onsáveis pelos conflitos. No instrumento: HA
-
“
Esses
comportamentos são muito comuns nas novelas, filmes e jogos de vídeo game que os
alunos jogam
”; e
HB
-
“
Hoje em dia, a Internet é Terra de ninguém. Lá os alunos
aprendem todos os tipos de palavrão e com
portamentos obscenos
”.
3)
Deslocamento de Responsabilidade
,
que consiste em atribuir a outrem a
responsabilidade pelo problema, isentando os demais de qualquer obrigação em intervir na
superação. No instrumento: HA
-
“
Se os pais de Japinha fossem de conver
sar e procurar
saber do dia a dia do seu filho, talvez isso não acontecesse
”; e
HB
-
“
Hoje em dia as
famílias estão muito desestruturadas. Os pais de Paula não a educaram bem, como
deveriam
”.
4)
Minimização ou Distorção das Consequências
, que consiste em d
iminuir ou
negar a gravidade do fato, minimizando as suas consequências. No instrumento: HA
-
“
Se os
adultos resolverem intervir a cada situação como essa, achando que tudo é
bullying
, os
adolescentes nunca terão a oportunidade de enfrentar os seus próprio
s problemas,
sendo, portanto, frágeis emocionalmente
”; e
HB
-
“
Se o professor tiver que parar a todo
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momento para resolver conflitos, ele não dará mais aula, prejudicando o andamento dos
conteúdos
”
.
As formas de Desengajamento Moral que negam o conteúdo moral são:
1)
Justificativa moral
: Neste caso, a conduta prejudicial é transformada em pessoal e
moralmente aceitável ao retratá
-
la como sendo socialmente válida ou com propósitos morais.
As pessoas
podem agir em um imperativo moral e preservarem sua visão de si mesmas como
agentes morais enquanto causam danos às outras. No instrumento: HA
-
“
Os meninos não
são do mesmo grupo de Japinha. Se fossem amigos, não o tratariam mal
”;
e HB
-
“
Falta
educação à
Paula. Por isso a tratam mal
”.
2)
Linguagem eufemística
. Refere
-
se ao tipo de linguagem que é amplamente usada
para tornar a conduta danosa respeitável e reduzir a responsabilidade pessoal por ela. Há um
mascaramento das atividades repreensivas com o obje
tivo de diminuir a gravidade da ação.
No instrumento: HA
-
“
Isso é uma brincadeira de adolescente, retratada como violência
pela mídia sensacionalista que, por influência da televisão, ganhou tons de violência
”; e
HB
-
“
Isso que acontece com Paula e sua tu
rma é uma brincadeira muito comum entre
os alunos nessa idade. Nossa geração também passou por isso
”.
3)
Desumanização
. Quando retiram das pessoas suas qualidades humanas ou
acrescentam a elas qualidades desumanas. É transmitido à vítima uma impressão de u
ma
pessoa desagradável ou desprezível. No instrumento: HA
-
“
Japinha era muito diferente de
todos. Não era normal
”; e
HB
-
“
Paula não está se comportando como uma pessoa
civilizada, mas deveria se comportar. Desse jeito, Paula nem parece gente
”.
4)
Culpabilização da vítima
. A vítima é responsabilizada pelo que lhe acontece. A
vítima é julgada e culpada por estar sendo alvo de vitimização. No instrumento: HA
-
“
A
timidez de Japinha deveria ser trabalhada. Inclusive, é por causa dela que ele acaba se
e
xcluindo do grupo
”. E
para HB
-
“
Paula não se esforça para melhorar o relacionamento
dela com os colegas. Agindo dessa forma, Paula dá motivos para os colegas a tratarem
assim
”.
Os testes para verificar se o modelo original foi capaz de proporcionar um bo
m ajuste
dos dados foram iniciados após o encerramento das coletas no Brasil. Para isso, valemo
-
nos
da análise fatorial confirmatória ou modelo de equações estruturais para mensurarmos a
validade de nosso questionário para a amostra brasileira. Uma vez que
o questionário anterior,
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para adolescentes, foi validado utilizando
-
se da análise fatorial confirmatória, a escolha da
mesma conduta foi adotada em relação a esse questionário. De acordo com Urbina (2007), a
validade de um instrumento de investigação corr
esponde a um critério de medida que ratifica
sua qualidade para mensurar aquilo que o pesquisador se propõe a medir. A validade,
conforme a autora salienta, dependerá de testes estatísticos que eventualmente confirmarão se
o instrumento consegue evidenciar
as inferências esperadas pelo pesquisador.
Para Pasquali (2001), as exigências para a construção e posterior validação de um
instrumento são três: 1. Procedimentos teóricos iniciais pertinentes ao constructo; 2. Coleta
empírica de informações; e 3. Anális
es para validação estatística das informações coletadas.
Este rigor metodológico é imprescindível à credibilidade perante a comunidade científica,
pois, a fim de que suas implicações possam ser generalizáveis para outros contextos, os dados
precisam adquir
ir confiabilidade.
Partindo da perspectiva do desenvolvimento da moralidade segundo a Epistemologia
Genética, sentimos a necessidade de apontar as escolhas dos sujeitos como um processo de
desenvolvimento e, portanto, antes da submissão de nosso instrument
o de investigação às
análises estatísticas voltadas à conferência de sua validade interna e confiabilidade,
estabelecemos quatro fatores, ao invés de dois que compunham o instrumento anterior. Com
isso, considerando os juízos morais sob a perspectiva de su
a evolução, estabelecemos como
primeiro fator (F1) as categorias de DM que têm, em comum, a negação do conteúdo moral
explicitado. Diante disso, pertencem à F1 as categorias
culpabilização
,
linguagem
eufemística
,
desumanização
e
justificativa moral
. Como F
2, foram elencadas as categorias
de DM sem a negação do conteúdo moral, o que caracteriza, a nosso ver, um passo neste
desenvolvimento, ainda que como desengajamento. Portanto, neste conjunto se inserem a
transferência de responsabilidade
,
difusão de respo
nsabilidade
,
minimização ou
distorção das consequências
e
comparação vantajosa
.
A apropriação da teoria de Bandura (1999; 2015), a partir de nossa posição
epistemológica, leva
-
nos a considerar uma leitura cujo olhar se dá sobre o desenvolvimento e,
logo, d
a evolução, mesmo que, ao conceber os mecanismos de DM, o próprio autor não tenha
estabelecido uma hierarquia entre eles. Nesse sentido, embora ao estabelecermos tal
distribuição dos mecanismos em fatores estejamos pressupondo distinções do ponto de vista
da natureza de seus conteúdos
–
F1 nega o conteúdo moral enquanto que F2 não
–
, tais
distinções não necessariamente se estendem à lógica correspondente ao que, à ótica
banduriana, explicaria seus efeitos perante a dimensão psíquica dos sujeitos: amenizar o
u, até
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mesmo, eliminar as autossanções morais que, sem a utilização dos DMs, lhes seriam impostas
em virtude do confronto entre a moral e a omissão diante da falta dela.
Seguindo com a descrição dos fatores estabelecidos, é sob a mesma perspectiva teórica
da Epistemologia Genética que, de forma subsequente, estabelecemos os fatores F3 e F4,
respectivamente concebidos pelo EM por convenção social e EM por princípio, ambos
compostos pelas alternativas indicadoras da adesão aos conteúdos morais ausentes nas
hi
stórias apresentadas. Neste caso, a distinção entre F3 e F4 manifesta
-
se na ordem da própria
natureza que subjaz à tendência de adesão ao conteúdo moral sugerido: condicional ou não à
sua enunciação através das convenções ou dos dispositivos normativos da
sociedade. A
Figura 1 sintetiza esse ordenamento. Nela, “HA” refere
-
se à história A (de Japinha). “HB” se
refere à história B (de Paula). Os números que seguem as letras correspondem às alternativas
no instrumento:
Figura 1
–
Distribuição das
alternativas conforme os Fatores
Fonte:
Elaborado pelos autores
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Finalmente, com o objetivo de clarificar as relações entre a criação dos fatores e a
qualificação dos juízos morais dos sujeitos como a manifestação de uma
tendência
–
termo
que descarta a existência de uma pessoa puramente desengajada ou engajada moralmen
te
–
,
reiteramos que, de acordo com o postulado pela Epistemologia Genética, os sujeitos não se
posicionam estaticamente em um determinado ponto do limiar estabelecido entre F1 (o menos
evoluído) e F4 (o mais evoluído), mas, pelo contrário, tendem a se mov
imentar entre eles.
Portanto, é considerando as respostas a partir de seu conjunto
–
ou seja, não de modo
isolado ou pela simples análise da frequência das alternativas
–
, que se pretende qualificar as
respostas dadas pelos sujeitos: além de estipular os f
atores que mencionamos, alocamos as
respostas obtidas em níveis de 1 a 4, projetados a partir do limiar representado na figura
anterior e mensurados de acordo com as possíveis combinações entre os fatores.
Tais níveis, portanto, foram compostos em ordem cr
escente de acordo com a qualidade
moral correspondente aos fatores combinados. Deste modo, o nível de desenvolvimento um
(ND1) engloba apenas as respostas de DM, ou seja, aquelas assinaladas somente em F1 e F2.
O nível dois (ND2) corresponde às respostas d
e sujeitos que assinalaram as duas formas
possíveis de DM (F1 e F2) e a forma de EM por convenção (F3). O nível três (ND3) é
estipulado de acordo com as respostas dos sujeitos que assinalaram alternativas de F2 e F3 e
F4, ou seja, embora apontem para o DM,
elas não negam o valor moral. Por fim, o nível
quatro (ND4), considerado o mais desenvolvido do ponto de vista da qualidade moral das
alternativas assinaladas, corresponde ao grupo de respostas marcadas apenas entre as
relacionadas ao EM (F3 e F4).
O Quad
ro 1, a seguir, compõe níveis conforme suas respectivas combinações entre os
fatores. Nele, ND corresponde a “nível de desenvolvimento”. O número indica, por ordem
crescente, o nível da tendência a respostas cada vez mais moralmente evoluídas:
Quadro 1
–
Os níveis e seus respectivos fatores combinados
Níveis
Fatores
ND1
F1; F2; F1 e F2
ND2
F1 e F3; F1 e F4; F2 e F3; F1, F2 e F3; F1, F2 e F4; F1, F3 e F4; F1, F2, F3 e F4
ND3
F2 e F4; F2, F3 e F4
ND4
F3; F4; F3 e F4
Fonte: Elaborado pelos
autores
Apresentamos os procedimentos e resultados que culminaram em sua validação
estatística. O início da validação estatística de nosso instrumento se deu após o
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escola
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estabelecimento dos fatores e a partir do modelo original estimado via Mínimos Quadrados
Ponderados Robustos (WLSMV), um teste estatístico adequado a este tipo de investigação,
cujas variáveis em estudo são categóricas. As informações sobre discrepâncias no modelo de
ajuste disponíveis a partir das relações entre os erros foram usadas para faz
er as modificações
post hoc
e, consequentemente, melhorar o ajuste do modelo.
O software utilizado para esta validação foi o MPLUS 6.12. O ajuste do modelo foi
obtido a partir de cinco índices de ajuste: X², WRMR (weighted root mean square residual),
CFI (
Comparative Fit Index), TLI (Tucker
-
Lewis Index) e RMSEA (Root Mean Square Error
of Aproximation).
O X² avalia a qualidade do ajuste do modelo, comparando a matriz de correlação
amostral com a de correlação estimada sob o modelo. Menores valores, nesse cas
o, indicam
um bom ajuste, indicando a pequena discrepância entre a estrutura dos dados observados e o
modelo hipotético.
Em nosso instrumento, o X² foi igual a 470,36 (GL 344). Como o X² é sensível ao
tamanho da amostra, índices adicionais devem ser utiliz
ados, já que ele, por si só, não pode
ser considerado um teste de ajuste. Por isso, recorremos à análise estatística dos índices CFI e
TLI, que compararam o modelo hipotético a um modelo “nulo”
–
um modelo independente
em que as covariâncias entre todas as
variáveis são iguais a zero
–
ou a um de pior ajuste,
considerando
-
se a complexidade do modelo. Tais índices podem variar de 0 a 1, sendo que os
valores próximos a 1 são considerados bem ajustados. Portanto, com base nestes critérios,
nosso modelo pode se
r considerado bem ajustado, visto que os valores de CFI e TLI foram,
respectivamente, 0,843 e 0,827.
Outro índice que utilizamos durante o processo de validação deste instrumento foi o
RMSEA, que estima o quanto os parâmetros do modelo reproduzem a covariâ
ncia/correlação
populacional. Quando um modelo reproduz as covariâncias/correlações populacionais com
exatidão, o RMSEA é igual a 0. Para Brown (2006), com base neste índice valores abaixo de
0,06 são indicativos de um ajuste razoável do modelo. No entanto
, em alguns casos o modelo
com o índice RMSEA de até 0,08 pode ser considerado válido. Em nosso instrumento, o
RMSEA foi de 0,33 (IC 95%: 0,024
–
0, 041), fato que garante ter sido bem parametrizada a
população para este estudo.
Finalmente, nosso índice WR
MR, que mede a diferença média ponderada entre as
covariâncias amostrais e as covariâncias populacionais estimadas, foi de 1,149, razoável
diante da sugestão de Yu (2002), na qual se recomenda um ponto de corte igual a 1. Diante da
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;
José Maria Avilés MARTÍNEZ
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constatação de que três
dos nossos quatro índices de ajuste foram considerados muito bons,
nosso instrumento pode ser considerado como validado positivamente.
Através da matriz de correlação tetracórica residual, pudemos obter a informação
específica acerca do quanto cada correla
ção foi reproduzida pelos parâmetros estimados pelo
modelo. É desejável que os resíduos estejam próximos de zero. Em nosso instrumento, vimos
que, na maioria dos casos, as correlações residuais não superam 0,1.
Mesmo assim, foram obtidos dois índices de mo
dificação para nosso modelo. Os
índices de modificação mostram o quanto o X² poderia ser reduzido se fosse incorporada a
correlação entre dois ou mais elementos do modelo. Portanto, os índices de modificação
sugeridos foram (1) a incorporação da alternativ
a 14 para a história B (HB14) à alternativa 14
para a mesma história (HB6), numa redução de 10,320 no X²; e (2) o remanejamento da
alternativa 6 à história A (HA6) para o Fator F4 (redução de 16,082 no X²). Consideram
-
se
válidos somente os índices de modif
icação para os erros de medida, e não as relações para os
coeficientes de regressão, uma vez que foi idealizado um modelo sem cargas fatoriais
cruzadas entre os domínios, isto é, não existe relação entre um fator latente e alguma variável
indicadora perten
cente a outro fator latente. Porém, nenhuma das relações indicadas fizeram
sentido, uma vez que não faziam parte de uma mesma variável latente do ponto de vista de
sua validade teórica que explicasse tal modificação. Sendo assim, o modelo foi mantido em
su
a forma original, sem covariância entre os erros, até porque o ganho com um novo modelo
não seria suficiente para justificar tal modificação.
Observamos, na Tabela 1, as estimativas que foram padronizadas para nosso modelo.
Tabela 1
-
Estimativas padronizadas do modelo
Estimativas padronizadas do modelo
Relação
Estimativa
Erro padrão
Valor
-
p
F1
-
> HA1
0,591
0,069
0,000
F1
-
> HA7
0,709
0,083
0,000
F1
-
> HA10
0,290
0,099
0,003
F1
-
> HA14
0,472
0,095
0,000
F1
-
> HB1
0,637
0,083
0,000
F1
-
> HB3
0,513
0,094
0,000
F1
-
> HB7
0,741
0,062
0,000
F1
-
> HB9
0,693
0,061
0,000
F2
-
> HA3
0,543
0,081
0,000
F2
-
> HA4
0,426
0,107
0,000
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F2
-
> HA6
0,430
0,081
0,000
F2
-
> HA12
0,262
0,095
0,006
F2
-
> HB2
0,641
0,065
0,000
F2
-
> HB8
0,589
0,087
0,000
F2
-
> HB11
0,587
0,076
0,000
F2
-
> HB13
0,566
0,077
0,000
F3
-
> HA5
0,606
0,095
0,000
F3
-
> HA9
0,670
0,078
0,000
F3
-
> HA11
0,710
0,068
0,000
F3
-
> HB4
0,569
0,077
0,000
F3
-
> HB6
0,456
0,077
0,000
F3
-
>
HB12
0,506
0,078
0,000
F4
-
> HA2
0,268
0,101
0,008
F4
-
> HA8
0,711
0,076
0,000
F4
-
> HA13
0,568
0,081
0,000
F4
-
> HB5
0,515
0,075
0,000
F4
-
> HB10
0,412
0,082
0,000
F4
-
> HB14
0,747
0,078
0,000
F1 <
-
> F2
0,936
0,058
0,000
F1 <
-
> F3
0,498
0,083
0,000
F1 <
-
> F4
-
0,011
0,088
0,897
F2 <
-
> F3
0,462
0,087
0,000
F2 <
-
> F4
0,104
0,099
0,263
F3 <
-
> F4
0,534
0,081
0,000
Fonte: Elaborado pelos autores
Através da Tabela 1, constatamos uma correlação fatorial muito importante entre F1 e
F2
(0,936
–
quanto mais próximo a 1, mais proximidade). Neste caso, observa
-
se que os
fatores estão muito próximos, fato previsível diante das próprias sutilezas que caracterizam a
relação entre as categorias de DM que compõem F1 e F2, anteriormente detalhada
em Figura
1. Porém, o caráter que subjaz aos conteúdos sugeridos em F1 (desengajamento com negação
do conteúdo moral em jogo) e F2 (desengajamento sem a negação do conteúdo moral)
justifica, conforme a perspectiva do juízo moral pensada em termos de evolu
ção (já
explicada), a manutenção da distinção entre os fatores, pois a natureza de tal distinção é
importante ao que, com este estudo, pretendemos mensurar.
Finalmente, os testes estatísticos, como vimos, trouxeram resultados bastante
favoráveis acerca da
confiabilidade da consistência interna do instrumento, apesar da
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Fernando ANDRADE
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proximidade entre F1 e F2. Assim, a manutenção dos quatro fatores não implicaria em uma
mudança substancial daquilo que havia sito provado como consistente.
Entretanto, na Tabela 1 também é i
nteressante notar, por exemplo, o quanto F1 está
distante de F4 (
-
0,011)
–
fatores que indicam, respectivamente, por um lado, respostas de DM
que, em termos de desenvolvimento, sequer consideram um conteúdo moral em jogo e, por
outro, respostas de maior EM
. Tal índice indica uma relação de correspondência entre seu
significado psicométrico e os pressupostos teóricos com os quais foram elaborados os fatores.
Ao elevarmos ao quadrado as cargas fatoriais padronizadas, obtivemos a proporção de
variância na vari
ável que é explicada pelo fator latente, conforme Tabela 2.
Tabela 2
–
Proporção de variância na variável que é explicada pelo fator latente
Variável
observada
Estimativa*
Erro padrão
Valor
-
p
HA1
0,350
0,082
0,000
HA2
0,072
0,054
0,183
HA3
0,295
0,089
0,001
HA4
0,181
0,091
0,046
HA5
0,368
0,115
0,001
HA6
0,185
0,069
0,008
HA7
0,503
0,118
0,000
HA8
0,505
0,108
0,000
HA9
0,449
0,105
0,000
HA10
0,084
0,057
0,142
HA11
0,505
0,096
0,000
HA12
0,069
0,050
0,169
HA13
0,323
0,092
0,000
HA14
0,223
0,089
0,012
HB1
0,405
0,106
0,000
HB2
0,412
0,084
0,000
HB3
0,263
0,096
0,006
HB4
0,324
0,087
0,000
HB5
0,266
0,077
0,001
HB6
0,208
0,070
0,003
HB7
0,549
0,092
0,000
HB8
0,347
0,103
0,001
0,481
0,085
0,000
HB10
0,170
0,068
0,012
HB11
0,345
0,089
0,000
HB12
0,256
0,079
0,001
HB13
0,321
0,087
0,000
HB14
0,558
0,117
0,002
Fonte: Elaborado pelos autores
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Ao analisar a Tabela 2, podemos observar que nossas alternativas são bem explicadas
pelo fator latente (sempre menos que 1). Isso significa que sua variância é pequena, o que
indica boa distribuição das categorias nos 4 fatores criados para ambas as histór
ias. Portanto,
com base em todos os índices, nosso modelo foi considerado validado para a amostra desta
pesquisa.
Considerações finais
Com base nos dados decorrentes de todas as análises para a averiguação de evidências
de validade dos instrumentos, fo
i possível aprimorar a matriz de referência dos mecanismos
de Engajamento e Desengajamento Moral de docentes diante do
bullying
na escola. Depois
dos estudos piloto e da aplicação do instrumento numa amostra significativa, concluímos a
etapa de validade de construto, compreendendo que os dados coletados a partir deste
instrumento podem evidenciar mecanismos de Engajamento e Deseng
ajamento Moral que
contribuem para melhor compreensão do fenômeno e construção de políticas e formação
docente que permitam a superação da violência na escola, em especial das situações de
bullying
, com o decisivo apoio da intervenção docente qualificada,
para contraporem
-
se à
continuada má gestão das violências em contextos educacionais.
Espera
-
se, ainda, que os dados coletados a partir deste instrumento possam ser
disponibilizados ao uso pelas instituições educacionais, a fim de que sejam criados programa
s
de formação continuada de professores que assegurem reflexões favorecedoras de superação
dos Desengajamentos Morais. Docentes ainda compreendem equivocadamente a gênese do
bullying
na escola, contribuindo, a partir deste equívoco, para que adotem mecanis
mos
autoexonerativos de Desengajamentos Morais que justificam suas omissões diante deste
problema. Ora, a adoção de Desengajamentos Morais inibe a manifestação do sentimento de
culpa, considerado, numa perspectiva piagetiana, como um sentimento autorregula
dor.
Vale ressaltar: a compreensão dos mecanismos de Desengajamento Moral nos fornece
uma síntese das concepções dos professores e, ainda, uma compreensão de suas formas de
julgamento moral, apontando para a inserção do debate em torno da formação moral de
educadores e educandos como central no processo formativo docente.
Nesse sentido, o instrumento aqui apresentado nos mostra os retratos dos julgamentos
docentes, mas, igualmente, permite compreender a natureza da gênese de seus julgamentos,
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pois, a partir
dos resultados, podemos refletir sobre a cultura escolar, sobre a formação dos
professores e sobre o desenvolvimento moral dos indivíduos.
Destacamos ser preciso termos validado instrumentos capazes de compreender melhor
as formas como docentes interpreta
m as práticas de
bullying
na escola, a fim de que a
formação de professores, buscando contribuir para superação da violência, oriente
-
se sobre
conhecimento científico vigoroso o suficiente para interferir nas políticas públicas de
preparação continuada des
ses profissionais, cujas práticas são determinantes centrais da
continuidade ou da superação do
bullying
e de outras violências na escola. Por isso, também,
esperamos que este instrumento seja utilizado por pesquisadores que desejarem realizar
investigaçõe
s nessa área.
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Natália Cristina Pupin SANTOS
RIAEE
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1
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Luciene Regina Paulino TOGNETTA
;
José Maria Avilés MARTÍNEZ
;
Catarina Carneiro GONÇALVES
;
Fernando ANDRADE
;
Larissa Di Genova BONI
e
Natália Cristina Pupin SANTOS
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Araraquara, v.
16, n. 1, p. 292
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Como referenciar este artigo
TOGNETTA
, L. R. P.
; MARTÍNEZ
, J. M. A.
; GONÇALVES
, C. C.
; ANDRADE
, F.
; BONI
,
L. G.;
SANTOS
, N. C.
P
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Validação de instrumento sobre engajamento e desengajamento
moral de docentes diante do bullying na escola
.
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em
Educação
,
Araraquara, v. 16, n. 1, p.
292
-
31
9
, jan./mar. 202
1
. e
-
ISSN: 1982
-
5587. DOI:
https://doi.org/10.2
1723/riaee.v16i1.14477
Submetido em:
30/11/2019
Revisões requeridas:
08/04/2020
Aprovado em:
28/09/2020
Publicado em:
02/01/2021
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Validação de instrumento sobre engajamento e desengajamento moral de docentes diante do bullying na escola
RIAEE
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Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação,
Araraquara, v. 16, n. 1, p. 292
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ISSN: 1982
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5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v16i1.14477
292
VALIDACIÓN DE INSTRUMENTO SOBRE COMPROMISO Y DESCOMPROMISO
MORAL DE DOCENTES ANTE EL BULLYING EN LA ESCUELA
VALIDAÇÃO DE INSTRUMENTO SOBRE ENGAJAMENTO E DESENGAJAMENTO
MORAL DE DOCENTES DIANTE DO BULLYING NA ESCOLA
VALIDATION OF INSTRUMENT ON MORAL
ENGAGEMENT AND
DISENGAGEMENT OF TEACHERS IN THE FACE OF BULLYING AT SCHOOL
Luciene Regina Paulino
TOGNETTA
1
José Maria Avilés
MARTÍNEZ
2
Catarina Carneiro
GONÇALVES
3
Fernando
ANDRADE
4
Larissa Di Genova BONI
5
Natália Cristina Pupin
SANTOS
6
RESUMO
: Embora o bullying ocorra nas relações paritárias, sua prevenção e superação na
escola demandam intervenção de docentes, que precisam ser capazes de levar estudantes à
consciência do conteúdo moral em jogo numa situação de vitimização: isso requer d
os
professores conhecimento sobre valores implicados nesta violência, sensibilizando
-
se diante
dela. Todavia, estudos evidenciam que muitos professores responsabilizam os alvos pelas
situações de maus tratos ou deslocam a responsabilidade de intervir para
as famílias: para
tanto,
valem
-
se de desengajamentos morais através dos quais diminuem ou refutam o
problema, impossibilitando ações para superá
-
lo. Assim, objetivamos validar instrumento de
pesquisa capaz de identificar as formas mais recorrentes de Desen
gajamento ou Engajamento
Moral manifestas por docentes.
Após ampla revisão da literatura, elaboraram
-
se duas histórias
caracterizando situações envolvendo alvo típico e provocador, seguidas de 14 itens avaliativos
adequados às oito formas de Desengajamento
Moral definidas por Bandura e três formas de
Engajamento Moral construídas para esta pesquisa. Após a Análise de Componentes
1
Universidade Estadual Paulista (UNESP), A
raraquara
–
SP
–
Brasil.
Profesora en el Departamento de
Psicología de la Educación de la Facultad de Ciencias y Letras y Líder d
el
GEPEM
–
Grupo de Estudios e
Investigaciones en Educación
Moral (UNESP/UNICAMP).
Doctorado en Psicología Escolar y del Desarrollo
Humano (USP). ORCID:
https://orcid.org/0000
-
0003
-
0929
-
4925.
E
-
mail: lrpaulino@uol.com.br
2
Universidad de Valladolid (UVA), Valladolid
–
Espanha. Profesor en el Departamento de Psicología de la
Educación y
Servici
o Social.
Área de Personalidad, Evaluación y Tratamiento Psicológico. ORCID:
https://orcid.org/0000
-
0001
-
9179
-
6427.
E
-
mail: aviles@uva.es
3
Universidade Federal da Paraíba (UFPB), João Pessoa
–
PB
–
Brasil.
Profesora Adjunta en el Departamento de
Habilitaciones Ped
agógicas. Doctorado en Educación (UFPB).
ORCID: https://orcid.org/0000
-
0003
-
2508
-
2762.
E
-
mail: catarinacgon@hotmail.com
4
Universidade Federal da Paraíba (UFPB), João Pessoa
–
PB
–
Brasil.
Profesor Asociado en el Departamento de
Fundamentación de la Educac
ión y de los Programas de Posgrado en Educaci
ón y
en Der
echos
Humanos,
Ciudadanía
y
Políticas Públicas.
Doctorado en Educación (UFPB). ORCID: https://orcid.org/0000
-
0003
-
0554
-
2514. E
-
mail: frazec66@gmail.com
5
Universidade Estadual Paulista (UNESP), Araraquara
–
SP
–
Brasil.
Estudiante de Maestría en el Programa de
Posgrado en Educaci
ón
Escolar.
ORCID: https://orcid.org/0000
-
0003
-
0796
-
9124. E
-
mail:
ldgenova@hotmail.com
6
Universidade Estadual Paulista (UNESP),
Araraquara
–
SP
–
Brasil.
Estudiante de Maestría en el Programa de
Posgrado en Educaci
ón
Escolar. Miembro del GEPEM
–
Grupo de Estudios e Investigaciones en
Educación
Moral (UNESP/UNICAMP).
ORCID: https://orcid.org/0000
-
0001
-
9847
-
632X. E
-
mail: nati.cps30@h
otmail.com
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Luciene Regina Paulino TOGNETTA
;
José Maria Avilés MARTÍNEZ
;
Catarina Carneiro GONÇALVES
;
Fernando ANDRADE
;
Larissa Di Genova BONI
e
Natália Cristin
a Pupin SANTOS
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Revista Ibero
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Americana de Estudos em Educação,
Araraquara, v. 16, n. 1, p. 292
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DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v16i1.14477
293
Principais, aplicou
-
se o instrumento a uma amostra de 921 professores de escolas brasileiras e
espanholas. Os resultados demonstra
ram a aceitação do modelo teórico proposto, cargas
fatoriais significantes nos diferentes fatores e adequada fidedignidade do instrumento.
PALAVRAS
-
CHAVE
:
Validação de instrumento. Engajamentos e
desengajamentos morais
.
Docentes.
Bullying.
RESUMEN
:
Aunque el bullying se pase en las relaciones entre iguales, su prevención y
superación en la escuela demandan intervención de los docentes, que necesitan lograr llevar
los estudiantes a la consciencia del contenido moral en juego en una situación de
victim
ización: lo que requiere de los profesores conocimientos sobre valores implicados en
esta violencia, sensibilizándose frente a ella. Sin embargo, estudios aclaran que muchos
profesores responsabilizan las victimas por las situaciones de malos tratos o quit
an su
responsabilidad de intervenir, pasándola a las familias: para ello, se valen de
descompromisos morales a través de los cuales disminuyen o rechazan el problema,
imposibilitando acciones para superarlo. Así, objetivamos validar
el
instrumento de
inves
tigación capaz de identificar
las formas más recurrentes de descompromiso o
compromiso m
oral manifiestas por docentes. Tras amplia revisión de la literatura, se elaboró
dos historias caracterizando situaciones involucrando objeto típico y provocador, segui
das
de 14 ítems evaluativos
adecuados a las ocho formas de desconexión m
oral definidas por
Bandura y tres formas de
conexión m
oral construidas para esta investigación. Tras el
Análisis de Componentes Principales, se aplicó el instrumento a una muestra de 9
21
profesores de escuelas brasileñas y españolas. Los resultados demuestran la aceptación del
modelo teórico propuesto, cargas factoriales significantes en los distintos factores y
adecuada fiabilidad del instrumento.
PALABRAS CLAVE
:
Validación de instru
mento. Conexión y
d
esconexión
morales
.
Docentes.
Bullying.
ABSTRACT
:
Although bullying occurs in parental relationships, its prevention and
overcoming in school demand the intervention of teachers, who need to be able to bring
students to the awareness of the moral content at stake in a situation of victimization: this
requ
ires teachers to know about values involved in this violence, sensitizing themselves to it.
However, studies show that many teachers blame targets for situations of mistreatment or
displace the responsibility of intervention for families: they use moral di
sengagement through
which they reduce or refute the problem, making it impossible to overcome it. Thus, we aim to
validate a research instrument capable of identifying the most recurrent forms of
Disengagement or Moral Engagement manifested by teachers. Af
ter extensive review of the
literature, two stories were developed characterizing situations involving typical and
provocative target, followed by 14 evaluative items appropriate to the eight forms of Moral
Disengagement defined by Bandura and three forms
of Moral Engagement constructed for
this research. After the Principal Components Analysis, the instrument was applied to a
sample of 921 teachers from Brazilian and Spanish schools. The results demonstrated the
acceptance of the proposed theoretical model
, significant factorial loads in the different
factors and adequate trustworthiness of the instrument.
KEYWORDS
:
Validation of Instrument. Moral
engagement and disengagements
.
Teacher.
Bullying.
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Validação de instrumento sobre engajamento e desengajamento moral de docentes diante do bullying na escola
RIAEE
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Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação,
Araraquara, v. 16, n. 1, p. 292
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DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v16i1.14477
294
Introducción
[...]
una vez en el colegio cogieron a
Wellington de cabeza para abajo, lo
metieron en el inodoro y lo tiraron por el váter. Algunas per
sonas instigaron
a las chicas: “Adelante, métete con él”
. O incluso ellas alentaban:
“
Vamos a
jugar con él, vamos a joder
”
.
Las chicas le pasaron la mano
[...]
. (Fantástico,
2011).
El epígrafe de este artículo es un extracto de un programa de la televisión brasileña
sobre Wellington da Silveira, un joven de 23 años que entró en una escuela de Río de Janeiro
disparando contra alumnos y profesores en una matanza
que conmocionó al país, considerada
la más grave en la escuela brasileña, cometida por un antiguo alumno. Además de ser trágico,
pues culminó con doce muertos
-
entre ellos el propio tirador
-
y trece heridos, la Masacre de
Realengo (nombre con el que se c
onoció el episodio) amplió la discusión en torno a las
cuestiones de convivencia en la escuela, alertando sobre las implicaciones que las prácticas de
bullying
pueden traer al desarrollo de niños y adolescentes.
Si ningún acontecimiento de esta naturaleza
puede explicarse de forma puntual,
aislada o lineal, es necesario cuestionar el hecho de que Wellington da Silveira matara
precisamente en la escuela en la que había estudiado diez años antes y que, debido a
innumerables informes como el del epígrafe, era
para él el escenario de los maltratos
sistemáticos perpetrados por sus compañeros, especialmente por las chicas, principales
objetivos de su matanza. Lejos de ser un caso aislado, esta historia se repite en muchos
aspectos, en otros innumerables episodios
de violencia extrema en Brasil y en el mundo,
mostrando una estrecha relación entre las acciones de los agresores y sus experiencias en el
ámbito educativo.
Fue necesaria otra masacre reciente en una escuela pública de la ciudad de Suzano
-
la
escuela Raúl Brasil
-
para que el debate sobre la complejidad de la naturaleza del acoso
escolar fuera aún más urgente. Con una pérdida de 10 muertos, entre profesores, empleados y
alumnos, la Escuela Raúl Brasil continúa después de la tragedia
-
ocurrida
en abril de 2019
-
viviendo su duelo, su dolor y el temor de que los días de horror se repitan.
Hechos que se repiten y se caracterizan por la violencia tomada como un valor para
los que matan. Además de su incidencia, la literatura brasileña ya ha mostrado la complejidad
de un fenómeno que afecta cada vez más a las escuelas, no como un problema de c
onvivencia
cuya frecuencia es mayor que las indisciplinas, sino exactamente por su crueldad (AVILÉS,
2006; 2015; FISCHER, 2010; FRICK, 2011; 2016; GONCALVES, 2011; MASCARENHAS,
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Luciene Regina Paulino TOGNETTA
;
José Maria Avilés MARTÍNEZ
;
Catarina Carneiro GONÇALVES
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Larissa Di Genova BONI
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Natália Cristin
a Pupin SANTOS
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Araraquara, v. 16, n. 1, p. 292
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2006; 2009; OLWEUS, 1993; SANCHÉZ et al, 2012; TOGNETTA; VINHA, 2008; 2010;
TOG
NETTA; ROSÁRIO, 2013).
A pesar de los conocimientos ya producidos, el
bullying
sigue siendo entendido de
forma muy estereotipada por los profesionales de la educación, de manera que en los centros
escolares sigue existiendo la creencia generalizada de que
el acoso escolar sólo imita a una
sociedad en la que la violencia y el desorden son comunes a ellos (GONÇALVES, 2011;
2017). Dada la alta incidencia del
bullying
(FISCHER, 2010), los profesores tratan de explicar
esta violencia desde la creencia de que pro
viene exclusivamente de fallos en la educación de
los padres: son los padres los que no han sabido poner límites o no han sido lo
suficientemente firmes (GONÇALVES, 2017; RIBEIRO; GONÇALVES; SANTOS, 2018).
Con ello, acaban omitiendo enfrentarse a este prob
lema, dejando a los alumnos
-
objetivos,
autores y espectadores del acoso
-
a su suerte.
De hecho, la intervención docente es escasa o nula para hacer frente al maltrato que
sufren los alumnos, como pone de manifiesto Fischer (2010). Así, el
bullying
se ni
ega, se
malinterpreta o se gestiona con intervenciones inefectivas y temporales que ponen aún más de
manifiesto la falta de preparación de los profesores brasileños para prevenir e intervenir en los
problemas de convivencia de los que el
bullying
es quizás
el peor. Esto se debe a que el
bullying
es un problema entre pares y, por lo tanto, entendido por la Psicología Moral como
demasiado grave, al llegar a la construcción de la identidad
-
el otro es, para mí, el que me
sirve de espejo para reflejar mi propi
a imagen en la construcción de la identidad
(TOGNETTA; VINHA, 2008; TOGNETTA; ROSÁRIO, 20
13)
.
Por lo tanto, se considera urgente conocer las formas en que las prácticas de
bullying
han sido interpretadas y abordadas por los profesores en las escuelas. Esto
se debe a que,
como señalan Tognetta et al. (2013), los centros educativos suelen resolver los conflictos
entre alumnos llamando a las familias para quejarse del comportamiento de los estudiantes y/o
suspendiendo a los alumnos como forma de mostrar a los
demás que el comportamiento
antisocial no quedará impune. Las escuela creen, por tanto, garantizar la enseñanza de lo que
se debe o no se debe hacer, como si todo se redujera a la imitación de los roles adecuados.
Este escenario de omisión e indiferencia p
or parte de quienes deberían velar por la seguridad
y el respeto entre los estudiantes impide el aprendizaje de formas más humanizadas de
convivir con los demás y con las diferencias (DAUD, 2018; GONÇALVES, 2017), afectando
incluso, con un clima institucio
nal aversivo, el rendimiento escolar de varios estudiantes.
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Reconociendo este escenario, nos preguntamos: ¿cuáles son las justificaciones que
evocan los profesores para justificar la omisión ante situaciones de
bullying
que involucran a
los alumnos en las escuelas? El objetivo de este estudio fue:
validar una herramienta de
investigación construida para identificar las formas de Desaliento o Aliento Moral de
profesores frente al
bulliyng
en la escuela
. Esta investigación
pretende indicar la te
ndencia
notablemente humana de “
comprometerse o desentenderse
”
moralmente ante circ
unstancias
violentas. En plena “crisis moral”
en la que se consume el mundo político, el tema elegido nos
acerca a la explicación de la dificultad, en
la escuela, para adoptar la perspectiva de los demás
y comprometerse con los valores prosociales en la enseñanza y el aprendizaje para la
convivencia democrática y pacífica.
Con un enfoque de investigación basado en métodos mixtos, este estudio, de caráct
er
exploratorio, busca conocer el escenario entrelazado de los juicios docentes ante el
bullying
en la escuela, manifestado a través del Engagement o del Disengagement Moral. Sampieri et
al. (2010) y Sampieri, Collado y Lucio (2013) indican que un estudio
se autodefine como
exploratorio cuando su problema ha sido poco o nada explorado con el rigor científico
necesario y, por lo tanto, aún plantea dudas sobre su composición. Por lo tanto, creemos que
la elección de este tipo de investigación es coherente con
la perspectiva del tema, ya que
involucra el
bullying
como un problema moral, especialmente relacionado con los constructos
de Desenganche y/o Compromiso Moral y la formación del profesorado.
Los constructos en discusión
Bullying
Los primeros estudios sobre el
bullying
se atribuyen al médico alemán Peter
-
Paul
Heinemann, quien publicó en Suecia en 1972 sus observaciones sobre algunas actitudes
agresivas de pequeños grupos de niños contra un solo niño fuera del aula (OLWEUS, 1999;
RO
NALD, 2010). Heinemann llamó a estos comportamientos infantiles
möbbing
,
estableciendo una relación entre estas acciones y el comportamiento de algunos animales. Así,
para el autor, el
möbbing
indica el ataque de un grupo de animales a otro considerado
pel
igroso (GUIMARÃES; RIMOLI, 2006). Desde el punto de vista de la psicología, el
investigador atribuyó las causas de los ataques a la ira y la aversión, que se hicieron efectivas
a través de amenazas y actos de humillación entre los sujetos (BERKOWITZ, 1993;
DODGE,
1991; COIE, 1987; RONALD, 2010).
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Interesado en las relaciones entre iguales y en los conflictos que se manifiestan en
estas relaciones, el noruego Dan Olweus ofreció más elementos para entender las relaciones
entre iguales al publicar, en 1978, un
estudio en el que señalaba que el 5% de los niños
suecos, víctimas de malos tratos en las escuelas, sufrían estas graves agresiones de forma
persistente. A través de esta observación, Olweus (1978) cuestionó la expresión
möbbing
,
adoptando por primera vez
el término
bullying
para referirse a la intimidación sistemática.
Este concepto, derivado de la palabra
bully
, puede significar “intimidar” como verbo o “
bully
”
como sustantivo.
Para caracterizar y delimitar el
bullying
, Olweus
definió tres criterios esenciales: (a) es
un comportamiento agresivo marcado por la intención de causar daño; (b) se produce de
forma repetida y a lo largo del tiempo; (c) en un contexto de relaciones interpersonales
caracterizado por un desequilibrio de
poder. El autor también añadió que dicha intimidación
puede producirse sin ninguna razón aparente (OLWEUS, 1978, 1981).
La década de los 70 se convirtió en un hito importante para la comunidad científica en
el descubrimiento de este problema, ya que las d
efiniciones y terminologías relacionadas con
el
bullying
maduraron, favoreciendo su caracterización y delimitación. Desde la década de
1980, los estudios sobre el
bullying
se han ampliado a partir de las repercusiones de los
primeros diagnósticos realizado
s en otros países escandinavos (LAGERSPETZ et al., 1982;
OLWEUS; ROLAND 1983; ROLAND 2010). Otros países europeos, además de Estados
Unidos, Australia y Japón contribuyeron con investigaciones para revelar las influencias
socioculturales, individuales, gru
pales, escolares y familiares en torno al fenómeno (AVILÉS,
2006; SÁNCHEZ; ORTEGA, 2010; AVILÉS, 2013).
En Brasil, según Nascimento (2009), encontramos los primeros trabajos centrados en
la comprensión del
bullying
a partir de los estudios de Canfield y su
s
orientandos
. Estos
estudios utilizaron, como pistas metodológicas, los mismos caminos señalados por Olweus:
aplicación de cuestionarios a una amplia población de estudiantes, caracterización del
fenómeno desde la perspectiva del autor noruego y enfoque e
n la incidencia de las
manifestaciones del
bullying
.
Los primeros estudios en torno a la delimitación del
bullying
han proporcionado una
mejor comprensión de esta forma de violencia, ya que la han diferenciado de otras
manifestaciones de violencia escolar.
En este sentido, Avilés (2013) llama la atención sobre el
hecho de que el
bullying
se manifiesta como un verdadero acto preconcebido de intimidación,
una amenaza que se impone sistemáticamente a los individuos en una relación de paridad
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mediante la violen
cia física y psicológica. Del Barrio et al. (2005) también llaman la atención
sobre otra particularidad del fenómeno. En los casos de
bullying
no siempre tenemos sólo la
manifestación de una violencia perceptible. Existen, no pocas veces, otros ejemplos de
comportamiento, como la exclusión social (u ostracismo), que, al no ser siempre considerados
como formas de violencia, dificultan la intervención para superarlos.
La literatura ha mostrado una tendencia por parte de los profesionales de la escuela a
justi
ficar el maltrato experimentado por los alumnos y, por tanto, a encontrar razones para
exonerarse de la función de combatir la violencia (lo que está representado por formas de
desvinculación moral). Esto se debe a que los profesores creen que los destinat
arios son
responsables del maltrato experimentado, o que los agresores practican esa violencia porque
no fueron educados adecuadamente en casa (GONÇALVES, 2011). Al desvincularse, se
eximen de intervenir de cara a la superación del problema. Por ello, aunq
ue reconocemos que
la superación del
bullying
es más efectiva cuando es liderada por los propios alumnos (Lapa,
2019), consideramos que la omisión de la docencia ante el problema es bastante grave, ya que
sin la cultura de apoyo entre pares extendida en nuestro país, lo único que queda es que los
inv
olucrados en la violencia puedan, con suerte, contar con sus profesores para superar la
victimización sufrida.
Descompromisos
morales
El término
“
Descompromiso
Mora
l”
fue utilizado por primera vez por Bandura (1999;
2002), para referirse a las formas en que las personas actúan de forma desvinculada del
problema del otro sin que exista, por tanto, culpa o vergüenza. Para el autor, existen 8 formas
de desvinculación mora
l: Desplazamiento de la responsabilidad, Difusión de la
responsabilidad, Comparación ventajosa, Minimización o distorsión de las consecuencias,
Atribución de la culpa, Deshumanización, Lenguaje eufemístico y Justificación moral.
Tales mecanismos hacen posi
ble que el sujeto resignifique una conducta moralmente
reprobable hasta hacerla moralmente justificable, permit
iéndole, a través de ella, ser
“humano”
o
“cruel”
,
bueno
o
malo
, ante los demás, dependiendo así de a
quién incluya o
excluya de su “categoría de humanidad”
.
En el caso de los profesores que se enfrentan al
bullying
, en una situación ideal (de
compromiso moral), los profesores toman el problema (por lo demás indeseable) como una
excelente oportunidad para
que los alumnos se desarrollen moralmente, contribuyendo así a la
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construcción de su personalidad ética y a la superación de la violencia no sólo en la escuela
sino, sobre todo, fuera de ella. Ahora bien, de acuerdo con la teoría piagetiana sobre el
desar
rollo moral (PIAGET, 1994; 2007), al tomar los conflictos como una oportunidad para el
aprendizaje de valores prosociales, los docentes y los adultos en general aprovechan la
convivencia entre niños y adolescentes para transformarla mediante acciones de re
speto
mutuo y responsabilidad colectiva, anulando el orden autoritario y expiatorio. Con esta
configuración, los niños y adolescentes establecen relaciones de confianza y reciprocidad que
favorecen el desarrollo moral, imposible, según Piaget, de ser conqu
istado en un ambiente de
autoridad y opresión. Por eso, para hacer frente al
bullying
y superar las distintas formas de
violencia, es necesario que los educadores se impliquen en el fenómeno para garantizar que se
preserve la dignidad de todos en la escuel
a.
Como muestra Piaget (1994), al ser todavía heterónomos, los niños no pueden juzgar
objetivamente a los adultos significativos, dada la ambivalencia de sus sentimientos hacia
ellos. Por lo tanto, las relaciones que establecemos con las figuras de autorid
ad
“
son
susceptibles de actuar a lo largo de la infancia y de prevalecer sobre otras en función del t
ipo
de educación moral adoptada”
(PIAGET, 2007, p. 66), lo que subraya la importancia de la
enseñanza.
En consecuencia, cuando los profesores se
desalienta
n
moralmente frente a situaciones
del
bullying
, acaban construyendo una cultura en la escuela en la que las acciones violentas
son posibles o incluso se consideran justas y/o merecidas: por ejemplo, es habitual que los
profesores consideren que el objetivo
merece la violencia y que otros alumnos de la escuela
hagan el mismo juicio.
La formación del profesorado
Educar para la convivencia es comúnmente visto por los profesores como una tarea
familiar, porque las causas de la violencia se
atribuyen a las familias. En este sentido, Lobato
(2006, p. 7) resume bien la creencia docente de que la violencia es un problema doméstico y,
en consecuencia, su gestión es
una responsabilidad familiar: “
fue la familia la que perdió el
control sobre el jo
ven, fueron los padres los que no cumplieron con su obligación de educar a
sus hijos y arrojaron el peso de esta responsabili
dad exclusivamente a la escuela”
.
Sobre eso, se nota la necesidad de superaci
ón de juzgamientos equivocados de los
docentes frente
a las situaciones de
bullying
en la escuela, según los cuales ellos atribuyen el
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problema a la falta de educación doméstica o a la desestructura familiar, naturalizando la
violencia en una sociedad “desestructurada” como la actual. Esta comprensión sobre e
l
fenómeno es muy problemática, puesto que “naturalizar la violencia no explica bien las
causas de este fenómeno y acaba por acoger un pesimismo niilista que no favorece la
pedagogía” (
ANDRADE, 2007, p. 25).
La notoria falta de conocimientos de los profesi
onales de la Educaci
ón sobre la
naturaleza del fenómeno y sus consecuencias
negativas contribuye a su alusión como juegos
inofensivos, puesto que la mayoría de las agresiones que se entienden como
bullying
presentan carácter discreto a las miradas de los p
rofesores
(CRAIG; BELL; LESCHIED,
2011; SILVA, 2014).
Investigaciones muestran que la omisión de los profesores es la actitud más común ante
los episodios de
bullying
, tanto a partir de los episodios percibidos por las vías de observación
como de los informes de sus alumnos (SILVA, 2014; YOON et al., 2011). E
n cuanto a los
testimonios sobre la intervención ante el
bullying
, si bien el 85% de los profesores dice actuar
ante el problema, sólo el 35% de los alumnos confirma la veracidad de esta afirmación. Este
desacuerdo se ha verificado en varias investigacione
s similares. (FISCHER, 2010; JAMES,
2010; RIGBY; BAGSHAW, 2003; EMBRACE CIVILITY, 2016).
En esta dirección, los estudios muestran la urgente necesidad de la intervención
escolar (DÍAZ
-
AGUADO, 2015; FISCHER, 2010; GONÇALVES, 2011; OLWEUS, 1993),
partiendo d
el principio de que la escuela, por ser un locus privilegiado de convivencia con la
diferencia y de formación moral, debe encargarse de formar alumnos más autónomos, capaces
de poder respetar la dignidad de los demás, al sentirse respetados.
En contra de e
sta necesidad, las políticas para hacer frente al
bullying
están tomando
otros caminos, promulgando leyes que poco ayudan a superar el problema y no involucran a
los profesores en las situaciones en las que se manifiesta el
bullying
, externalizando su
reso
lución y favoreciendo así las prácticas de
Descompromiso
Moral.
Por lo tanto, es importante que la formación de los educadores sea una prioridad y que
los temas relacionados con el enfrentamiento de la violencia, incluido el
bullying
, estén en la
agenda de
la formación inicial y continua de los educadores. No cabe duda de que los
educadores deben asumir la tarea de enfrentarse a la violencia y educar moralmente a los
alumnos. Pero, ¿cómo pueden hacer frente a esta demanda, ya que los profesores se forman en
cursos de licenciatura sin tener buenas oportunidades de adquirir competencias sobre el
trabajo con la ética y la moral en la escuela? Como
señala Tognetta (2009, p. 13), “
basta con
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echar un vistazo a los planes de estudio de los cursos de formación del p
rofesorado para ver
que [...] en prácticamente ningún menú se encuentra la educación moral, o la formación ética,
como se quiera llamar
”
.
Esta ausencia se expresa tanto en el desconocimiento de la necesidad de este trabajo de
intervención como en el uso de
acciones ineficaces para enfrentar la violencia. Esto se debe a
que, en términos de ética, sólo puede enseñar a aquellos que la poseen. Esta convicción es
probablemente un factor que mantiene reducido el número de proyectos escolares centrados
en la gesti
ón del acoso en la escuela. Las acciones en este sentido son puntuales y se dirigen
específicamente a los autores, centrándose en amonestaciones, expulsiones, suspensiones y
citando a los familiares para hablar (FISCHER, 2010), ignorando por completo la ex
istencia
de los espectadores y la función de mantenimiento de la violencia que asumen.
La presente investigación: La construcción y validación de un instrumento de
compromiso
y
descompromiso
moral
Esta investigación es necesariamente el hilo
conductor para llevar a cabo otras
investigaciones cuyo núcleo es la formación del profesorado y la superación del acoso
escolar. Ciertamente, inspirados en Jean Piaget, recordamos que es necesario alcanzar el
máximo de conocimientos sobre un nuevo fenómen
o para poder orientar las acciones sobre el
mismo.
Objetivo
Validar una herramienta que indique los mecanismos de compromiso y
desentendimiento moral que presentan los profesores ante el
bullying
. Para ello, construimos
el instrumento, lo aplicamos, lo
reconstruimos, lo pusimos a prueba, pasamos por las etapas
de revisión por pares y, finalmente, ajustamos los constructos hasta que sus datos se
correspondieron con la calidad de la información deseada.
La
m
uestra
La muestra total de este estudio está formada por 921 profesores, divididos entre 528
pertenecientes a la muestra brasileña y 393 a la española, compuesta por profesores de ambos
sexos.
En el caso brasileño, participaron profesionales de escuelas públicas
o privadas de
educación básica ubicadas en varios municipios del estado de São Paulo: Paulínia, Campinas,
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São João da Boa Vista, Santa Bárbara D'Oeste, Araraquara, São Carlos, Nova Odessa, São
José do Rio Preto y São Paulo.
También hay profesores en formac
ión, estudiantes de
pedagogía de una Universidad Federal del Nordeste brasileño. En cuanto a la muestra
española, los profesores que participan en esta investigación son docentes de centros públicos
de la comunidad autónoma de Castilla y León, que atienden
desde recién nacidos hasta
adolescentes de 18 años, desde educación infantil hasta bachillerato (preparación opcional
para la universidad).
El número de participantes se estableció según un criterio
de saturación, que consiste
en “
la suspensión de la incl
usión de nuevos participantes cuando los datos obtenidos
presentan, en la evaluación del investigador, una cierta redundancia o repetición, no
considerándose pertinente persistir en la recogida de datos
”
(FONTANELLA
et al.
, 2008, p.
17).
Descripción de la validación del instrumento
El instrumento de recopilación de datos fue inspirado en un instrumento anteriormente
elaborado por Tognetta e Rosário (2013),
con base en estudios anteriores sobre la relación
entre representaciones de sí y el
bullying
en la escuela
(TOGNETTA; LA TAILLE, 2008;
TOGNETTA; BOZZA, 2011; TOGNETTA; VINHA, 2008),
además de sostenerse en los
estudios sobre creencias de autoeficacia
(ROS
ÁRIO
et al.
, 2000; ROSÁRIO, 2001).
Teniendo en cuenta que el instrumento inicial estaba dirigido a los alumnos y también
las especificidades que delimitan al colectivo de profesores, optamos por su reformulación, a
partir de la construcción de otro que nos
permitiera analizar las formas en que los profesores
se involucran o se desentienden de las situaciones que implican prácticas de acoso en la
escuela. Así, aunque inspirado en Tognetta y Rosário (2013), el instrumento final sufrió una
amplia modificación,
convirtiéndose en un nuevo instrumento de investigación. A
continuación se describe el proceso de construcción y reformulación.
Instrumento
Piloto
Construimos los ítems que componen este instrumento a partir de la selección de los
mejores ítems para la composición del conjunto, primero a partir del Análisis Teórico de
Ítems (PASQUALI, 2003). Así, siguiendo las recomendaciones de este autor, atendemos
al
Análisis de los Jueces, que es un análisis realizado por expertos en el área de la construcción,
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para certificar si los ítems se refieren a lo que se pretende medir. Según Messick (1980), en la
medida en que se verifica la evidencia basada en el conten
ido, se considera la interpretación
para la validación de una construcción. Por lo tanto, la validez del constructo pretende
respaldar los significados asignados a las puntuaciones, caracterizando así un conjunto
organizado de pruebas que pueden revelar mu
estras consistentes de respuesta. Para ello,
contamos con cuatro jueces que han analizado todo el proceso de formulación y
reformulación del instrumento de recogida de datos, en el que se analizaron los datos iniciales
aplicados de forma experimental a un
número de 62 estudiantes de pedagogía, cada una de las
respuestas y sus frecuencias.
En el análisis preliminar, identificamos un alto porcentaje de compromisos morales y
un bajo índice de
descompromiso
. También observamos que los temas más significativos s
e
repetían y que algunas alternativas no se marcaban nunca, sobre todo en las formas más
evidentes de desv
inculación moral, consideradas “políticamente incorrectas”
. Así, el análisis
preliminar mostró que de los 62 sujetos que participaron en la primera ap
licación, casi el 80%
de ellos (49 profesores) marcaron sólo formas de compromiso moral, lo que demuestra que
los estereotipos de moralidad y buena conducta de los profesores fueron fácilmente
reconocidos.
Una vez identificado el problema, reformulamos el
instrumento sucesivamente,
aplicándolo a dos muestras más de igual proporción. Se realizaron tres aplicaciones y
reformulaciones de los datos hasta obtener un instrumento adecuado a los participantes y a los
objetivos de la investigación. A continuación s
e presenta la construcción de la cuarta versión
del instrumento, que dio lugar a los datos presentados en este trabajo.
Versión final del
instrumento
El instrumento final, tras
el test
y validaci
ón estadística y realizada por los jueces, se
compuso por la descripción de dos historias involucrando situaciones hipotéticas de
bullying
,
siendo la Historia A
–
HA acerca de un objeto típico de
bullying
y la Historia B
–
HB
involucrando un objeto provoca
dor.
La primera de ellas describe la situaci
ón de “Japinha”, un objeto típico:
En un aula hay un alumno al que todos llaman
“Japinha”
. Tiene los ojos
afilados, es muy callado y no participa en las conversaciones entre los otros
chicos durante la clase. Todo el mundo sabe que su familia ha vuelto de
Japón, donde fue a trabajar y a ganar dinero. Todos los días, un grupo de
tres alumnos de
la clase, liderado por Jorge, le hace pagar los bocadillos y
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las gaseosas para ellos. Jorge amenaza a Japinha diciéndole que, si se
niega a pagar, les hará ver a sus padres y profesores que consume drogas.
Temiendo la reacción de sus padres (al fin y al c
abo, son muy estrictos),
Japinha paga la factura de Jorge y sus compañeros. En la clase, incluso los
que no son del grupo de Jorge aprovechan los bocadillos y refresc
os, que se
reparten entre todos
.
La segunda historia desc
r
ibe el caso de Paula, una v
íctima provocadora:
Paula es una chica que nadie quiere en el grupo. Cada vez que alguien
empieza un tema, Paula se mete en medio y parece querer demostrar que
sabe más que todos. Las chicas p
iensan que es “insidiosa”
y se alejan de
ella. Además, cuando h
abla, Paula es tan exagerada que accidentalmente
escupe a la gente, lo que hace que sus colegas la llamen asquerosa. Los
alumnos de la clase han creado una página de Facebook con una foto de
toda la clase sosteniendo un paraguas con la siguiente leyenda: "
Puedes
venir, Paula, estamos preparados con el paraguas". Cuando se enteró,
Paula actuó como siempre: abofeteando a todo el mundo y publicando
comentarios ofensivos con palabrotas, maldiciones y gestos obscenos.
Al final de cada historia, se presentó 14 a
lternativas,
distribuidas
en ocho categorías de
Descompromiso
Moral
–
DM y seis
posibilidades
de
Compromiso
Moral
–
EM, dispuestas de
forma randomizada,
con
el siguiente
indicativo: “
Para explicar lo que ocurre en esta
situación descrita, señala las altern
ativas con las que estar acorde. Puedes señalar
cuantas quieras
”.
En cada historia, los seis indicadores alternativos de EM se dividieron en dos tipos de
compromiso delimitados por nosotros: el primero, desde la perspectiva de la moralidad por
convención
social, se refiere a las respuestas en las que el contenido moral es comprendido
por el sujeto siempre que sea necesario, pero la explicación que se da se refiere a algo que se
dice o se usa ampliamente de forma social, asumiendo la apariencia de
políticam
ente
correcto”
. Así, en la historia de Japinha las alternativas de la
EM por convención social son:
1.
“
Hay que hacer algo, porque el respeto es esencial
”
; 2.
“
Jorge no respeta a Japinha
. Hay
que hacer algo, porque hay una ley que garantiza la lucha contra el
bullying
”
; 3.
“
Hoy en día
hay qu
e luchar contra la intolerancia”. Y en el relato de Paula:
1.
“H
ay que garantizar el
respeto entre los alumnos, al fin y al cabo, el refrán dice: el r
espeto es bueno y me gusta
”
; 2.
“H
ay que hacer algo, porque este tipo de comportamiento es intolerable
”
; 3.
“L
a escuela debe
concienciar a todos de los valores morales que se han perdido en esta generación.
”
La segunda forma de EM corresponde a la elección
moral por principio, es decir, no
condicionada por su presencia o no en las convenciones sociales. En la historia de Japinha, las
alternati
vas a la EM por principio son: 1. “L
os profesores son los principales responsables de
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Luciene Regina Paulino TOGNETTA
;
José Maria Avilés MARTÍNEZ
;
Catarina Carneiro GONÇALVES
;
Fernando ANDRADE
;
Larissa Di Genova BONI
e
Natália Cristin
a Pupin SANTOS
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação,
Araraquara, v. 16, n. 1, p. 292
-
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resolver este problema
”; 2. “T
odos los alumnos, incluso los que actúan mal, tienen el mismo
derecho a ser tratados bien
”
; 3.
“L
a escuela no debe ignorar qu
e se trata de un problema
moral”
. En la historia de Paula:
1. “L
os compañeros de Paula no reconocen que ella está
sufriendo
”; 2. “E
s tarea del colegio educar moralmente a los alumnos para que convivan de
forma respetuosa
”
; 3.
“T
odos los alumnos, incluso Paula que actúa mal, tienen el mi
smo
derecho a ser tratados bien”
.
En lo que respecta a las alternativas de
descompromiso
moral, esas
fueran
construidas
desde las categorías descriptas por Bandura sobre sus
descompromisos
y agrupadas por
nosotros en las categorías:
Descompromisos
morales que niegan el contenido moral y
descompromiso
moral que no niegan el contenido moral. Entre las alte
rnativas que no niegan
el contenido moral son ellas:
1)
Comparación ve
ntajosa
:
La comparación puede ser
otro medio de hacer una
conducta perjudicial parecer buena. El modo como el comportamiento se ve puede perder la
gravedad
a partir de otra acción
con la cual se compara. El juzgamiento de la
gravedad
justifica
la elección de las opciones.
En el instrumento
: HA
–
“
Por ahora, esta situación
sigue siendo "tolerable". Sin embargo, si sobrepasa el límite, llegando a la agresión
física, será imprescindible una intervención";
y HB
-
"Paula actúa de forma
desproporcionada. Al fin y al cabo, las otras personas no la
agredieron físicamente".
”
2)
Difusión
d
e la responsabilidad
:
Las personas se comportar
án de modo que ellas
normalmente rechazan, si una autoridad legítima acepta la responsabilidad por los efectos de
sus conductas. Las personas ven sus acciones como decur
rentes de las
órdenes
de las
autoridades, ellas no se sienten responsables por los conflictos. En el instrumento: HA
–
“Estos comportamientos son muy comunes en las telenovelas, las películas y los
videojuegos de los estudiantes
”; y HB “
Hoy en día, Interne
t es tierra de nadie. Allí los
alumnos aprenden todo tipo de palabras soeces y comportamientos obscenos
”.
3)
Desplazamiento de la responsabilidad
,
que consiste en atribuir la responsabilidad
del problema a otros, eximiéndolos de cualquier
obligación de intervenir para superarlo. En el
instrumento: HA
-
“
Si los padres de Japinha hablaran y se enteraran del día a día de su
hijo, quizás esto no pasaría
”; y
HB
-
“
Las familias están muy desestructuradas hoy en
día. Los padres de Paula no la cria
ron bien, como deberían haberlo hecho.
”.
4)
Minimización o distorsión de las consecuencias
,
que consiste en disminuir o
negar la gravedad del hecho minimizando sus consecuencias. En el instrumento: HA
-
“
Si los
adultos deciden intervenir en cada situación
como ésta, pensando que todo es
bullying
,
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los adolescentes nunca tendrán la oportunidad de enfrentarse a sus propios problemas,
por lo que son emocionalmente frágiles
”; y
HB
-
“
Si el profesor tiene que parar en algún
momento para resolver los
conflictos, no enseñará más, obstaculizando el progreso de
los contenidos
”
.
Las formas de
Descompromiso
Moral que niegan el contenido moral son:
1)
Justificativa moral
:
En este caso, la conducta dañina se transforma en personal y
moralmente
aceptable al presentarla como socialmente válida o con fines morales. Las
personas pueden actuar por imperativo moral y preservar su visión de sí mismas como agentes
morales mientras causan daño a otros
.
En el
instrumento: HA
-
“
Los chicos no son del
mismo
grupo que Japinha. Si fueran amigos, no te tratarían mal
”;
y
HB
-
“
Paula carece
de educación. Por eso la tratan mal.
”.
2)
Lenguaje eufemístico
.
Se refiere al tipo de lenguaje que se utiliza ampliamente
para hacer respetables las conductas
perjudiciales y reducir la responsabilidad personal por
ellas. Hay un enmascaramiento de las actividades reprobables con el objetivo de disminuir la
gravedad de la acción. En la herramienta: HA
-
“
Se trata de una broma de adolescentes,
representada como vi
olencia por los medios de comunicación sensacionalistas que, bajo
la influencia de la televisión, han adquirido tonos de violencia
”; y
HB
-
“
Lo que ocurre
con Paula y su clase es una broma muy común entre los alumnos de esta edad. Nuestra
generación tambié
n pasó por esto
”.
3)
Des
h
umanización
.
Cuando toman sus cualidades humanas de las personas o les
añaden cualidades inhumanas. La víctima tiene la impresión de ser una persona desagradable
o despreciable.
En el instrumento: HA
-
“
Japinha
era muy diferente a los demás. No era
normal
”;
y
HB
-
“
Paula no se está comportando como una persona civilizada, pero
debería hacerlo. De esta manera, Paula ni siquiera se parece gente
”.
4)
Culpabilización
d
e l
a ví
c
tima
.
A vítima é responsabilizada pelo
que lhe acontece.
A vítima é julgada e culpada por estar sendo alvo de vitimização.
No instrumento
: HA
-
“
Hay
que trabajar la timidez de Japinha. Incluso por ello acaba excluyéndose del grupo". Y
para HB
-
"Paula no hace ningún esfuerzo por mejorar su rela
ción con sus compañeros.
Al hacerlo, Paula da a sus colegas razones para tratarla así.
”.
Las pruebas para verificar que el modelo original era capaz de proporcionar un buen
ajuste de los datos se iniciaron tras el cierre de las colecciones en Brasil. Para
ello, utilizamos
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el análisis factorial
confirmatoria
o el modelo de ecuaciones estructurales para medir la
validez de nuestro cuestionario para la muestra brasileña. Una vez validado el anterior
cuestionario para adolescentes mediante un análisis factorial confirmatorio, se adoptó la
misma conducta en relac
ión con este cuestionario. Según Urbina (2007), la validez de un
instrumento de investigación corresponde a un criterio de medición que ratifica su calidad
para medir lo que el investigador se propone medir. La validez, como señala el autor,
dependerá de l
as pruebas estadísticas que finalmente confirmarán si el instrumento es capaz
de mostrar las inferencias esperadas por el investigador.
Para Pasquali (2001), los requisitos para la construcción y posterior validación de un
instrumento son tres: 1. Procedim
ientos teóricos iniciales relevantes para la construcción; 2.
Recogida empírica de información; y 3.
Análisis para la validación estadística de la
información recogida.
Este rigor metodológico es esencial para la credibilidad ante la
comunidad científica,
ya que, para que sus implicaciones sean generalizables a otros
contextos, los datos deben adquirir fiabilidad.
Partiendo de esta perspectiva del desarrollo de la moralidad seg
ún la Epistemología
Genética, sentimos la necesidad de señalar las elecciones de
los sujetos como un proceso de
desarrollo y, por lo tanto, antes de la sumisión de nuestro instrumento de investigación a los
análisis estadísticos direccionados a la conferencia de su validad interna y confiabilidad,
establecemos cuatro factores, en lugar
de dos que componían el instrumento anterior. Con
eso, considerando los juicios morales bajo la perspectiva de su evolución, establecemos como
primero factor (F1) las categorías de DM que tienen, en común, la negación del contenido
moral explicitado. Fren
te a eso, pertenecen a F1 las categorías
culpabilización, lenguaje
eufemístico, deshumanización
y
justificación moral
. Como F2
Como F2, las categorías de
la DM se enumeraron sin la negación del contenido moral, lo que caracteriza, en nuestra
opinión, un pa
so en e
ste desarrollo, aunque como
descompromiso
.
Por lo tanto, en este
conjunto se insertan la
transferencia de la responsabilidad, difusión de la responsabilidad,
minimización o distorsión de las consecuencias
y
comparación ventajosa
.
La apropiación de l
a teoría de Bandura (1999; 2015), desde nuestra posición
epistemológica, nos lleva a considerar una lectura que mira al desarrollo y, por tanto, a la
evolución, aunque, al concebir los mecanismos de la DM, el propio autor no haya establecido
una jerarquía
entre ellos. En este sentido, si bien cuando establecemos tal distribución de los
mecanismos en factores estamos asumiendo distinciones desde el punto de vista de la
naturaleza de sus contenidos
-
F1 niega el contenido moral mientras que F2 no lo hace
-
, t
ales
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distinciones no se extienden necesariamente a la lógica correspondiente a lo que, desde el
punto de vista banduriano, explicaría sus efectos ante la dimensión psíquica de los sujetos:
suavizar o incluso eliminar las autossanciones morales que, sin el
uso de los DMs, se les
impondrían en virtud de la confrontación entre lo moral y la omisión ante la falta de la
misma.
.
Siguiendo la descripción de los factores establecidos, es desde la misma perspectiva
teórica de la Epistemología Genética que establecem
os posteriormente los factores F3 y F4,
respectivamente concebidos por MS por convención social y MS por principio, ambos
compuestos por las alternativas que indican la adhesión a los contenidos morales ausentes en
los relatos presentados. En este caso, la
distinción entre F3 y F4 se manifiesta en el orden de
la propia naturaleza que subyace a la tendencia de adhesión al contenido moral sugerido:
condicionada o no a su enunciación a través de las convenciones o dispositivos normativos de
la sociedad. La fig
ura 1 resume esta ordenación. En él, "HA" se refiere a la historia A (de
Japinha).
“
HB
”
se refiere a la historia B (por Paula). Los números que siguen a las letras
corresponden a l
as alternativas del instrumento
:
Figura 1
–
Distribución
d
e l
as alternativas
según
l
os Fa
c
tores
Fue
nte:
Elaborado
por los
autores
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Luciene Regina Paulino TOGNETTA
;
José Maria Avilés MARTÍNEZ
;
Catarina Carneiro GONÇALVES
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Fernando ANDRADE
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Finalmente, para aclarar las relaciones entre la creación de factores y la calificación de
los juicios morales de los sujetos como manifestación de una tendencia
-
término que
descarta
la existencia de una persona puramente desvinculada o moralmente comprometida
-
reiteramos que, según el postulado de la Epistemología Genética, los sujetos no se sitúan
estáticamente en un punto determinado del umbral establecido entre F1 (el men
os
evolucionado) y F4 (el más evolucionado), sino que, por el contrario, tienden a moverse entre
ellos.
Por lo tanto, es considerando las respuestas desde el conjunto
-
es decir, no de manera
aislada o por el simple análisis de la frecuencia de las alterna
tivas
-
que pretendemos calificar
las respuestas dadas por los sujetos: además de estipular los factores que mencionamos,
asignamos las respuestas obtenidas en los niveles 1 a 4, proyectados desde el umbral
representado en la figura anterior y medidos segú
n las posibles combinaciones entre los
factores
.
Por lo tanto, estos niveles se compusieron en orden creciente según la calidad moral
correspondiente a los factores combinados. Por lo tanto, el nivel uno (ND1) engloba
únicamente las respuestas DM, es decir
, las marcadas sólo en F1 y F2. El nivel dos (ND2)
corresponde a las respuestas de los sujetos que marcaron las dos formas posibles de DM (F1 y
F2) y la forma de EM por convención (F3). El nivel tres (ND3) se estipula según las
respuestas de los sujetos qu
e marcaron las alternativas de F2 y F3 y F4, es decir, aunque
señalan a DM, no niegan el valor moral. Finalmente, el nivel cuatro (ND4), considerado el
más desarrollado desde el punto de vista de la calidad moral de las alternativas marcadas,
corresponde a
l grupo de respuestas marcadas sólo entre las r
elacionadas con la EM (F3 y F4)
.
El Cuadro 1 siguiente compone los niveles según sus respectivas combinaciones entre
los fac
tores. En él, ND corresponde a “
n
ivel de desarrollo”
. El número indica, en orden
crec
iente, el nivel de la tendencia a respuestas cada vez más evolucionadas moralmente
:
C
uadro 1
–
Los niveles y sus respectivos factores combinados
Ni
veles
Fa
c
tores
ND1
F1; F2; F1 e F2
ND2
F1 e F3; F1 e F4; F2 e F3; F1, F2 e F3; F1, F2 e F4; F1, F3 e
F4; F1, F2, F3 e F4
ND3
F2 e F4; F2, F3 e F4
ND4
F3; F4; F3 e F4
Fue
nte: Elaborado
por los
autores
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Presentamos los procedimientos y resultados que culminaron en su validación
estadística. La validación estadística de nuestro instrumento se inició una vez establecidos los
factores y a partir del modelo original estimado mediante Mínimos Cuadrados Pondera
dos
Robustos (WLSMV), una prueba estadística adecuada para este tipo de investigación, cuyas
variables en estudio son categóricas. La información sobre las discrepancias en el modelo de
ajuste disponible a partir de las relaciones entre los errores se util
izó para realizar los cambios
post hoc
y, en consecuencia, mejorar el ajuste del modelo.
El software util
izado para esta valid
aci
ón fue el
MPLUS 6.12.
El ajuste del modelo se
obtuvo a partir de cinco índices de ajuste:
X², WRMR (weighted root mean square r
esidual),
CFI (Comparative Fit In
dex), TLI (Tucker
-
Lewis Index) y
RMSEA (Root Mean Square Error
of Aproximation).
El X² evalúa la calidad del ajuste del modelo, comparando la matriz de correlaci
ón de
amuestra con la de correlación estimada bajo el modelo. Menores valores, en ese caso,
señalan un buen ajuste, señalando la pequeña discrepancia entre la estructura de los datos
observados y el modelo hipotético.
En nuestro instrumento, la X² fue igu
al a 470,36 (GL 344). Como la X² es sensible al
tamaño de la muestra, deben utilizarse índices adicionales, ya que no puede considerarse una
prueba de ajuste por sí sola. Por lo tanto, recurrimos al análisis estadístico de los índices CFI
y TLI, que compar
an el modelo hipotético con un modelo
“
nulo
”
-
un modelo independiente
en el que las covarianzas entre todas las variables son iguales a cero
-
o con uno de peor
ajuste, considerando la complejidad del modelo. Estos índices pueden variar de 0 a 1, y los
va
lores cercanos a 1 se consideran bien ajustados. Por lo tanto, basándonos en estos criterios,
nuestro modelo puede considerarse bien ajustado, ya que los valores de CFI y TLI fueron,
respectivamente, 0,843 y 0,827.
Otro índice que utilizamos durante el pro
ceso de validación de este instrumento fue el
RMSEA, que estima en qué medida los parámetros del modelo reproducen la
covarianza/correlación de la población. Cuando un modelo reproduce con exactitud la
covarianza/correlación de la población, el RMSEA es ig
ual a 0. Para Brown (2006), según
este índice, los valores inferiores a 0,06 son indicativos de un ajuste razonable del modelo.
Sin embargo, en algunos casos el modelo con el índice RMSEA de hasta 0,08 puede
considerarse válido. En nuestro instrumento, el
RMSEA fue de 0,33 (IC 95%: 0,024
-
0, 041),
lo que garantiza que la población estaba bien parametrizada para este estudio.
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Por último, nuestro índice WRMR, que mide la diferencia media ponderada entre las
covarianzas de la muestra y las covarianzas estimad
as de la población, fue de 1,149, razonable
a la vista de la sugerencia de Yu (2002), en la que se recomienda un punto de corte igual a 1.
Dado que tres de nuestros cuatro índices de ajuste se consideraron muy buenos, nuestro
instrumento puede considerarse
positivamente validado.
A través de la matriz de correlación tetracórica residual, pudimos obtener información
específica sobre el grado de reproducción de cada correlación por los parámetros estimados
por el modelo. Es deseable que los residuos sean cerc
anos a cero. En nuestro instrumento
vimos que, en la mayoría de los casos, las correlaciones residuales no superan el 0,1.
Aun así, se obtuvieron dos tasas de cambio para nuestro modelo. Los índices de
cambio muestran cuánto podría reducirse X² si se incor
porara la correlación entre dos o más
elementos del modelo. Por lo tanto, los índices de modificación sugeridos fueron (1) la
incorporación de la alternativa 14 para la historia B (HB14) a la alternativa 14 para la misma
historia (HB6), en una reducción de
10,320 en X²; y (2) la reasignación de la alternativa 6
para la historia A (HA6) al factor F4 (reducción de 16,082 en X²). Sólo se consideran válidos
los índices de modificación de los errores de medición, y no las relaciones de los coeficientes
de regres
ión, ya que se idealizó un modelo sin cargas factoriales cruzadas entre los dominios,
es decir, no hay relación entre un factor latente y alguna variable indicadora perteneciente a
otro factor latente. Sin embargo, ninguna de las relaciones indicadas tenía
sentido, ya que no
formaban parte de la misma variable latente desde el punto de vista de su validez teórica que
explicaría dicha modificación. Así, el modelo se mantuvo en su forma original, sin covarianza
entre los errores, entre otras cosas porque la g
anancia con un nuevo modelo no sería suficiente
para justificar tal modificación.
Observamos, en la Tabla 1, las estimativas que fueron estandarizadas para nuestro
modelo.
Tab
la 1
-
Estimativas
estandarizadas del
modelo
Estimativas
estandarizadas
do modelo
Relación
Estimativa
Erro
r
estándar
Valor
-
p
F1
-
> HA1
0,591
0,069
0,000
F1
-
> HA7
0,709
0,083
0,000
F1
-
> HA10
0,290
0,099
0,003
F1
-
> HA14
0,472
0,095
0,000
F1
-
> HB1
0,637
0,083
0,000
F1
-
> HB3
0,513
0,094
0,000
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F1
-
> HB7
0,741
0,062
0,000
F1
-
> HB9
0,693
0,061
0,000
F2
-
> HA3
0,543
0,081
0,000
F2
-
> HA4
0,426
0,107
0,000
F2
-
> HA6
0,430
0,081
0,000
F2
-
> HA12
0,262
0,095
0,006
F2
-
> HB2
0,641
0,065
0,000
F2
-
> HB8
0,589
0,087
0,000
F2
-
> HB11
0,587
0,076
0,000
F2
-
> HB13
0,566
0,077
0,000
F3
-
> HA5
0,606
0,095
0,000
F3
-
> HA9
0,670
0,078
0,000
F3
-
> HA11
0,710
0,068
0,000
F3
-
> HB4
0,569
0,077
0,000
F3
-
> HB6
0,456
0,077
0,000
F3
-
>
HB12
0,506
0,078
0,000
F4
-
> HA2
0,268
0,101
0,008
F4
-
> HA8
0,711
0,076
0,000
F4
-
> HA13
0,568
0,081
0,000
F4
-
> HB5
0,515
0,075
0,000
F4
-
> HB10
0,412
0,082
0,000
F4
-
> HB14
0,747
0,078
0,000
F1 <
-
> F2
0,936
0,058
0,000
F1 <
-
> F3
0,498
0,083
0,000
F1 <
-
> F4
-
0,011
0,088
0,897
F2
<
-
> F3
0,462
0,087
0,000
F2 <
-
> F4
0,104
0,099
0,263
F3 <
-
> F4
0,534
0,081
0,000
Fue
nte: Elaborado
por los
autores
A través de la Tabla 1, encontramos una correlación factorial muy importante entre F1
y F2 (0,936
-
cuanto más cerca de 1, más
cerca). En este caso, se observa que los factores
están muy próximos, hecho previsible ante las propias sutilezas que caracterizan la relación
entre las categorías de DM que componen F1 y F2, previamente detalladas en la Figura 1. Sin
embargo, el carácter
que subyace a los contenidos sugeridos en F1 (desentendimiento con
negación del contenido moral en juego) y F2 (desentendimiento sin negación del contenido
moral) justifica, según la perspectiva del juicio moral pensado en términos de evolución (ya
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Catarina Carneiro GONÇALVES
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Fernando ANDRADE
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explica
da), el mantenimiento de la distinción entre los factores, porque la naturaleza de dicha
distinción es importante para lo que pretendemos medir con este estudio.
Finalmente, las pruebas estadísticas, como hemos visto, han aportado resultados
bastante favorables sobre la fiabilidad de la consistencia interna del instrumento, a pesar de la
proximidad entre F1 y F2. Así, el mantenimiento de los cuatro factores no implicaría un
cambio sustancial de lo que se había demostrado como coherente.
Sin em
bargo, en la Tabla 1 también es interesante observar, por ejemplo, lo lejos que
está F1 de F4 (
-
0,011), factores que indican, respectivamente, por un lado, respuestas de DM
que, en términos de desarrollo, ni siquiera consideran un contenido moral en juego
y, por otro
lado, respuestas de mayor EM. Dicho índice indica una relación de correspondencia entre su
significado psicométrico y los supuestos teóricos con los que se elaboraron los factores.
Elevando al cuadrado las cargas factoriales estandarizadas, obt
uvimos la proporción de la
varianza de la variable que es explicada por el factor latente, según la Tabla 2.
Tab
la 2
–
Proporción
de vari
ancia en la
vari
able que es
explicada
por el
fa
c
tor latente
Variable
observada
Estimativa*
Error
estándar
Valor
-
p
HA1
0,350
0,082
0,000
HA2
0,072
0,054
0,183
HA3
0,295
0,089
0,001
HA4
0,181
0,091
0,046
HA5
0,368
0,115
0,001
HA6
0,185
0,069
0,008
HA7
0,503
0,118
0,000
HA8
0,505
0,108
0,000
HA9
0,449
0,105
0,000
HA10
0,084
0,057
0,142
HA11
0,505
0,096
0,000
HA12
0,069
0,050
0,169
HA13
0,323
0,092
0,000
HA14
0,223
0,089
0,012
HB1
0,405
0,106
0,000
HB2
0,412
0,084
0,000
HB3
0,263
0,096
0,006
HB4
0,324
0,087
0,000
HB5
0,266
0,077
0,001
HB6
0,208
0,070
0,003
HB7
0,549
0,092
0,000
HB8
0,347
0,103
0,001
0,481
0,085
0,000
HB10
0,170
0,068
0,012
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Validação de instrumento sobre engajamento e desengajamento moral de docentes diante do bullying na escola
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação,
Araraquara, v. 16, n. 1, p. 292
-
319, jan./mar. 202
1
. e
-
ISSN: 1982
-
5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v16i1.14477
314
HB11
0,345
0,089
0,000
HB12
0,256
0,079
0,001
HB13
0,321
0,087
0,000
HB14
0,558
0,117
0,002
F
ue
nte: Elaborado
por los
autores
Al analizar la Tabla 2, podemos ver que nuestras
alternativas están bien explicadas por
el factor latente (siempre menos de 1). Esto significa que su varianza es pequeña, lo que
indica una buena distribución de las categorías en los 4 factores creados para ambas historias.
Por lo tanto, sobre la base de
todos los índices, nuestro modelo se consideró validado para l
a
muestra de esta investigación
.
Consideraciones finales
A partir de los datos derivados de todos los análisis para la verificación de las pruebas
de validez del instrumento, se pudo mejorar la matriz de referencia de los mecanismos de
Compromiso y Descompromiso Moral de los profesores ante el
bullying
en la esc
uela. Tras
los estudios piloto y la aplicación del instrumento en una muestra significativa, concluimos la
etapa de validez de construcción, entendiendo que los datos recogidos de este instrumento
pueden evidenciar mecanismos de Compromiso y Descompromiso
Moral que contribuyan a
una mejor comprensión del fenómeno y a la construcción de políticas y formación docente
que permitan la superación de la violencia en la escuela, especialmente de las situaciones de
bullying
, con el apoyo decisivo de una intervenció
n docente cualificada, para contrarrestar el
continuo mal manejo de la violencia en los contextos educativos
.
También se espera que los datos recogidos en este instrumento puedan ser utilizados
por las instituciones educativas para crear programas de forma
ción continua del profesorado
que aseguren reflexiones que favorezcan la superación del Desenganche Moral. Los
profesores también malinterpretan la génesis del
bullying
en la escuela, contribuyendo, desde
esta incomprensión, a la adopción de mecanismos aut
oexculpatorios de Desplazamiento
Moral que justifican sus omisiones ante este problema.
Sin embargo, la adopción de la
Desvinculación Moral inhibe la manifestación de la culpa, considerada, desde una perspectiva
piagetiana, como un sentimiento autorregulad
or.
Vale la pena mencionar: la comprensión de los mecanismos de la Desvinculación
Moral nos proporciona una síntesis de las concepciones de los profesores y también una
comprensión de sus formas de juicio moral, apuntando a la inserción del debate en torno
a la
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Luciene Regina Paulino TOGNETTA
;
José Maria Avilés MARTÍNEZ
;
Catarina Carneiro GONÇALVES
;
Fernando ANDRADE
;
Larissa Di Genova BONI
e
Natália Cristin
a Pupin SANTOS
RIAEE
–
Revista Ibero
-
Americana de Estudos em Educação,
Araraquara, v. 16, n. 1, p. 292
-
319, jan./mar. 202
1
. e
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ISSN: 1982
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5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v16i1.14477
315
formación moral de los educadores y educandos como central en el proceso de formación de
los profesores
.
En este sentido, el instrumento que se presenta nos muestra los retratos de los juicios
docentes, pero también nos permite comprender la naturale
za de la génesis de sus juicios,
porque, a partir de los resultados, podemos reflexionar sobre la cultura escolar, sobre la
formación de los docentes y sobre el desarrollo moral de los individuos
.
Enfatizamos la necesidad de contar con herramientas validadas capaces de comprender
mejor las formas en que los profesores interpretan las prácticas de
bullying
en la escuela, para
que la formación de los docentes, buscando contribuir a la superación de la
violencia, se
oriente en un conocimiento científico lo suficientemente vigoroso como para interferir en las
políticas públicas para la preparación continua de estos profesionales, cuyas prácticas son
determinantes centrales de la continuidad o superación
del
bullying
y otras violencias en la
escuela. Por lo tanto, también esperamos que esta herramienta sea utilizada por los
investigadores que deseen realizar investigaciones en este ámbito
.
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Enviado el
:
30/11/2019
Revisione
s requeridas:
08/04/2020
Aprobado el
:
28/09/2020
Publicado el
:
02/01/2021