image/svg+xmlPolíticas de internacionalização universitária na Argentina: Mobilidade de estudantese produção científicaRIAEERevista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 15, n. esp. 4, p. 2556-2576, dic. 2020. e-ISSN: 1982-5587DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v15iesp4.145042556POLÍTICAS DE INTERNACIONALIZAÇÃO UNIVERSITÁRIA NA ARGENTINA: MOBILIDADE DE ESTUDANTES E PRODUÇÃO CIENTÍFICALAS POLÍTICAS DE INTERNACIONALIZACIÓN UNIVERSITARIA EN LA ARGENTINA: MOVILIDAD ESTUDIANTIL Y PRODUCCIÓN CIENTÍFICAUNIVERSITY INTERNATIONALIZATION POLICIES IN ARGENTINA: STUDENT MOBILITY AND SCIENTIFIC PRODUCTIONMarcelo RABOSSI1Ariadna GUAGLIANONE2RESUMO:A internacionalização do ensino superior oferece desafios e oportunidades para os países em processo de industrialização. Dentro de uma dinâmica de poder, as universidades das nações centrais dominam o cenário para atrair estudantes de todo o mundo. Enquanto isso, a América Latina se apresenta com capacidade limitada e principalmente regional de convocação; A Argentina não é exceção. O objetivo deste trabalho é indagar sobre os processos de internacionalização em relação ao fluxo de estudantes e pesquisadores no setor universitário argentino a partir de informações secundárias. Aborda-se aqui as múltiplas definições do conceito, expõe-se as principais políticas desenvolvidas pelos órgãos governamentais e analisa-se as dimensões relativas à mobilidade estudantil e à internacionalização da produção científica, apresentando dados estatísticos que dão conta dos fenômenos estudados.PALAVRAS-CHAVE:Educação superior. Internacionalização. Mobilidade estudantil. Produção científica. Argentina.RESUMEN:La internacionalización de la educación superior ofrece desafíos y oportunidades para los países en vías de industrialización. Dentro de una dinámica de poder, las universidades de las naciones centrales dominan el escenario a la hora de atraer a estudiantes de todo el mundo. Mientras tanto, América Latina se presenta con capacidad de convocatoria acotada y mayormente regional; Argentina no es la excepción. El objetivo de este trabajo es indagar acerca de los procesos de internacionalización en relación al flujo de estudiantes e investigadores del sector universitario argentino a partir de información secundaria. Se realiza aquí un acercamiento a las múltiples definiciones del concepto, se exponen las principales políticas desarrolladas desde los organismos gubernamentales y se analizan las dimensiones vinculadas a la movilidad estudiantil y a la internacionalización de la producción científica, presentando datos estadísticos que dan cuenta de los fenómenos estudiados.PALABRAS CLAVE:Educación superior.Internacionalización.Movilidad estudiantil.Producción científica.Argentina. 1Universidad Torcuato Di Tella (UTDT), Buenos Aires Argentina. Professor em Tempo Integral. Doutorado em Educação(SUNY) Albany. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-3752-1489. E-mail: mrabossi@utdt.edu2Universidad Abierta Interamericana (UAI), Buenos Aires Argentina. Secretáriade Pesquisa. Doutorado em Ciências Sociais (FLACSO). ORCID:https://orcid.org/0000-0001-5278-2591. E-mail:ariadna.guaglianone@uai.edu.ar
image/svg+xmlMarcelo RABOSSI eAriadna GUAGLIANONERIAEERevista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 15, n. esp. 4, p. 2556-2576, dic. 2020. e-ISSN: 1982-5587DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v15iesp4.145042557ABSTRACT: The internationalization of higher education presents challenges and opportunities for industrialized countries. Within the logic of power, universities in central nations dominate the scenario in attracting students from all over the world. Meanwhile, Latin America shows itself with limited and mostly regional recruiting capacity; Argentina is not the exception. Using secondary data, the objective of this work is to inquire about the internationalization processes in Argentina in relation to the flow of students and researchers. We first present an approach to the multiple definitions of the concept, to then describe the main policies developed by governmental agencies. Different dimensions linked to student mobility and the internationalization of scientific production are analyzed through statistical data that account for the phenomena under study.KEYWORDS:Higher education.Internationalization.Student mobility.Scientific production.Argentina.IntroduçãoA internacionalização do ensino superior é um fenômeno de características crescentes que não conhece fronteiras. No entanto, ainda são as nações industrializadas que atraem o maior número de estudantes e cientistas de todo o mundo. Embora seja verdade que cada nação tenha universidades com características atraentes e únicas, também é verdade que elas são afetadas por suas próprias realidades nacionais. O baixo financiamento disponível nos países em desenvolvimento, por exemplo, os impede de ter infraestrutura de acordo com um mundo tecnologicamente complexo e sofisticado. Da mesma forma, os meios pelos quais o conhecimento produzido é distribuído no mundo são predominantemente monopolizados pelas nações mais ricas. Em suma, é evidente que as instituições de ensino superior interagem dentro de um sistema estratificado onde a dinâmica "da periferia em desenvolvimento" e "para o centro industrializado" estabelecem os padrões de mobilidade acadêmica em termos de fluxo de estudantes e pesquisadores, e na direção oposta à distribuição do conhecimento entre os países (GUAGLIANONE; RABOSSI, 2018). Dentro de um panorama global que totaliza mais de 5 milhões de estudantes internacionais, a América Latina tem umasub-representaçãofortese compararmos com a Europa, um continente que atrai quase 50% dos estudantes estrangeiros (OCDE, 2016). Quanto à Argentina, está presente apenas 80.000 estudantes não nativos, a maioria deles de países vizinhos (SPU, 2017).Na primeira parte deste trabalho, foi definido um referencial para ajudar a determinar o que se entende pela internacionalização. Os fluxos de internacionalização, tanto na perspectiva dos estudantes quanto da pesquisa, fazem parte desta seção. O Sistema Universitário Argentino de acordo com estatísticas oficiais (SPU, 2017) é abordado na terceira seção, além de políticas nacionais voltadas para a promoção da internacionalização no país. A terceira parte apresenta
image/svg+xmlPolíticas de internacionalização universitária na Argentina: Mobilidade de estudantese produção científicaRIAEERevista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 15, n. esp. 4, p. 2556-2576, dic. 2020. e-ISSN: 1982-5587DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v15iesp4.145042558uma análise quantitativa da internalização na Argentina em termos de seus alunos e produção científica. Discusiones y conclusiones cierran este trabajo. Internacionalização do ensino superior: Significado e dimensões da análiseO termo internacionalização tem diferentes bordas e, portanto, nos coloca diante de diferentes dimensões em termos de sua análise, escopo e conteúdo. Da mesma forma, não é uma palavra nova, mas tem sido usada anteriormente na ciência política, por exemplo, bem como tem feito parte da linguagem que descreve a dinâmica que atravessa as relações entre governos. No entanto, quando nos referimos ao setor universitário, o fenômeno da internacionalização começa a ganhar espaço apenas no final dos anos 80. Novos conceitos surgem para descrever tanto os fluxos de estudantes que migram temporariamente ou permanentemente de um país para outro quanto para retratar as relações de intercâmbio de pesquisadores e cooperação científica entre países (KNIGHT, 2004). Dentro desse amplo panorama, Knight (1997) o define como esse processo integrativo, sob uma perspectiva internacional e intercultural, com o objetivo de oferecer ensino pós-secundário a estudantes de diversas origens. Por sua vez, Scott (1998) propõe quatro dimensões para analisá-lo: 1. intercâmbio de estudantes entre países; 2. fluxo de professores e pesquisadores entre universidades além de suas próprias fronteiras geográficas; 3. colaboração interinstitucional internacional; 4. fluxo de ideias que se cruzam entre países. Com base na identificação e categorização feita por Yip (1995) sobre os elementos que mobilizaram a crescente globalização de indústrias e empresas, Rama (2017) os transfere para o campo educacional. Assim, reconhece seis fatores principais que promovem a internacionalização:1. o mercado que demanda certificações globais; 2. a diminuição dos custos de comunicação que facilitam as trocas; 3. políticas de abertura que, promovidas pelos países, estimulem os fluxos de conhecimento; 4. questões de competitividade que tornam pouco rentável oferecer educação apenas no mercado local; 5. o surgimento de novas tecnologias de informação e comunicação que reduzam os custos de transação; 6. tecnologia de ponta que não existe nos próprios países promove a mobilidade dos pesquisadores aos centros industrializados.Por outro lado, Tyler; Kehm (2007) destaca diversos aspectos que promovem e determinam o grau de internacionalização de um país. Por exemplo, a mobilidade dos alunos e da equipe acadêmica sobre as quais eles impactam, positiva ou negativamente, questões jurídicas que fazem o reconhecimento de graus entre os países, entre outros aspectos. Em
image/svg+xmlMarcelo RABOSSI eAriadna GUAGLIANONERIAEERevista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 15, n. esp. 4, p. 2556-2576, dic. 2020. e-ISSN: 1982-5587DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v15iesp4.145042559relação à mobilidade acadêmica, destaca-se o peso dos vínculos pessoais entre pesquisadores como promotores de maior grau de internacionalização (GARCÍA DE FANELLI et al.,2018). Outro ponto importante esteve presente na "extrangeirização" dos currículos, no ensino de línguas estrangeiras e no uso da bibliografia principalmente em inglês. Esses fatores aumentam o volume de internacionalização dos sistemas. Sob essa mesma lógica, a transferência de conhecimento é inscrita a partir da exportação de programas de estudo, da abertura de sede de universidades estrangeiras em diversos países, e de graduados e pesquisadores que retornam aos seus locais de origem importando conhecimentos e conhecimentos adquiridos durante suas estadias internacionais. Um ponto a ser em conta é a tensão que, como resultado da internacionalização, é gerada entre os conceitos de cooperação e concorrência. Dadaa necessidade de mais e melhores recursos, não apenas nacionais, mas internacionais, as universidades tendem a se transformar em entidades competitivas em vez de manter seu status como seres cooperativos (TYLER; KHEM, 2007).A internacionalização dos alunosO intercâmbio de estudantes entre países tem se consolidado principalmente nas últimas duas décadas. Dos cerca de 0,8 milhões de estudantes estrangeiros presentes em 1975, o número dobrou no final de 1995. Essa rápida expansão fez com que, de meados dos anos 2000 até 2015, passou de 3 para mais de 5 milhões de estudantes internacionais (OCDE, 2016). De qualquer forma, este é um fenômeno que ainda não atingiu seu limite. Na verdade, espera-se que chegue a 8 milhões nos próximos 5 a 10 anos (OCDE, 2016;MASLEN, 2012).A distribuição de estudantes internacionais apresenta um forte viés que favorece os países que fazem parte do G-20. Essas nações recrutam 83% do total. Por exemplo, juntamente com os Estados Unidos da América, que atrai quase 20%, Grã-Bretanha, França, Alemanha e Austrália são responsáveis por quase metade do fluxo estudantil total entre os países. Quanto à Argentina, apenas pouco mais de 1% a escolhe como destino (OCDE, 2016). Quanto à origem do mesmo, da Ásia vem 53% enquanto a Europa contribui com 25%, África 8% e América Latina com 5%. Um ponto importante é que, embora as instituições de ensino superior reconheçam os benefícios da internacionalização de seu corpo discente, debates recentes são cautelosos com o crescimento ilimitado de, digamos, programas de língua inglesa para estrangeiros. Isso tem sido questionado em países como Alemanha, Dinamarca e Holanda, por exemplo. Argumenta-se que o uso do inglês tem impactado negativamente a qualidade dos cursos como resultado dos
image/svg+xmlPolíticas de internacionalização universitária na Argentina: Mobilidade de estudantese produção científicaRIAEERevista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 15, n. esp. 4, p. 2556-2576, dic. 2020. e-ISSN: 1982-5587DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v15iesp4.145042560acadêmicos que são escolhidospara o manuseio desta língua e não para o profundo conhecimento da disciplina ensinada (ALTBACH; DE WIT, 2018).Internacionalização da pesquisaA produção científica internacional mostra crescimento exponencial. Embora no início do século XX apenas uma dúzia de países tenha contribuído para esse fenômeno, estima-se que atualmente cerca de 200 países produzem ciência (MIHAY; REIZ, 2017). De qualquer forma, as nações com os artigos mais publicados ainda são as pertencentes à OCDE, com exceção da China e da Índia. Quanto à América Latina, a região é liderada pelo Brasil, seguida pelo México, Argentina, Chile e Colômbia (SCIMAJO JOURNAL RANK, 2016). Embora as universidades em países industrializadores, incluindo as chamadas elite, estejam mais focadas no ensino do que na pesquisa de ponta, a parceria com instituições pertencentes a nações desenvolvidas é decisiva e fundamental para alcançar o progressoem questões que fazem pesquisa científica e desenvolvimento nacional (YNALVEZ; SHRUM, 2011). No entanto, o tipo de regulamentação que cada país ou instituição impõe para gerar parcerias entre as universidades, pode dificultar ou promover a cooperação internacional entre elas (CUMMINGS; KIESLER, 2005; FOX; MOHAPATRA, 2007). As relações interpessoais entre colegas também desempenham um papel fundamental na geração e consolidação de aspectos que fazem do empreendedorismo, desenvolvimento e consolidação futurade um projeto de pesquisa colaborativa entre países (GARCÍA DE FANELLI et al.,2018). No entanto, apesar dos grandes benefícios observados, a internacionalização também tem sido identificada com aspectos desfavoráveis. Por exemplo, a mercantilização do setor e a fuga de cérebros para os países mais desenvolvidos (JIBEEN; ASAD KHAN, 2015).O Sistema Universitário ArgentinoA universidade argentina foi, no contexto latino-americano, uma das primeiras instituições a adotar o modelo napoleônico. A reforma universitária, iniciada em Córdoba em 1918, deu características distintas, principalmente uma nova forma de governo.3E embora predominasse o perfil profissional, dentro dele foram desenvolvidas iniciativas científicas e 3O sistema de governo estabelecido nos estatutos de 1883 concedeu o controle das faculdades aos graduados que faziam parte das Academias. Estes compõem os colegiados, auto recrutados, foram para a vida e nomearam seus próprios membros.
image/svg+xmlMarcelo RABOSSI eAriadna GUAGLIANONERIAEERevista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 15, n. esp. 4, p. 2556-2576, dic. 2020. e-ISSN: 1982-5587DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v15iesp4.145042561tecnológicas. A Universidade Nacional de La Plata, fundada em 1905, é um exemplo claro disso. Ao longo de sua história, a Universidade passou por períodos de repressão política, bem como expansão e diversificação, semelhante ao que aconteceu no resto da América Latina. Suas estruturas acadêmicas tradicionais, no entanto, permaneceram ao longo do tempo resistindo, adaptando, refuncionalizando ou rejeitando demandas por reformas ou modernização acadêmica (GUAGLIANONE, 2013).Atualmente, o setor universitário argentino tem pouco mais de dois milhões de estudantes (aproximadamente 22% no setor privado), número que o coloca entre os países da região com a maior Taxa Bruta de Matrículas de acordo com a população de 20 a 24 anos de idade. Chega a 57% e chega a 85% se os 900.000 alunos que fazem parte do setor terciário não universitário forem adicionados. Em sua totalidade, o sistema conta com 130 universidades, 64 delas privadas (SPU, 2017).Programa e atores da internacionalização na ArgentinaA Secretaria de Políticas Universitárias (SPU) é um ator central das políticas de internacionalização por meio do Programa de Internacionalização do Ensino Superior e Cooperação Internacional (PIESCI). No âmbito dele, atividades de cooperação são desenvolvidas com outros países e promoção da universidade argentina no mundo. Essas políticas permitem a concepção de programas e projetos específicos que tendem, fundamentalmente, a aumentar o intercâmbio e a mobilidade de estudantes e professores de graduação e pós-graduação (GUAGLIANONE; RABOSSI, 2018).O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação Produtiva e a Diretoria Nacional de Cooperação e Integração Institucional constituem outro ator relevante no sistema. Participa de atividades internacionais de cooperação técnica relacionadas à ciência, tecnologia e inovação produtiva. A colaboração é implementada por meio da realização de projetos de pesquisa conjunto, organização de diferentes tipos de eventos, criação de centros binacionais e concessão de bolsas de estudo para formação (GUAGLIANONE; RABOSSI, 2018).Aqui, a ênfase da cooperação está em quatro áreas principais: 1. programas resultantes de um acordo com um parceiro externo vinculado a uma instituição semelhante ao Ministério; 2. programas com a União Europeia; 3. a internacionalização de empresas de base tecnológica; e 4. a Rede de Pesquisadores e Cientistas Argentinos no Exterior(RAICES).
image/svg+xmlPolíticas de internacionalização universitária na Argentina: Mobilidade de estudantese produção científicaRIAEERevista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 15, n. esp. 4, p. 2556-2576, dic. 2020. e-ISSN: 1982-5587DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v15iesp4.145042562A CONICET, como principal organização dedicada à promoção da ciência e tecnologia na Argentina, desenvolve atividades de cooperação internacional por meio da assinatura de convênios com instituições científicas internacionais e do financiamento de projetos de pesquisa conjuntos baseados em chamadas bilaterais e multilaterais, com ênfase nas disciplinas que compõem as ciências exatas, biológico, médico, físico e químico. Quanto aos principais parceiros internacionais dentro dos programas acima mencionados, destacam-se França, Alemanha e América Latina. Há também uma cooperação ativa com os EUAnas áreas de engenharia, medicina e biologia; enquanto, nos últimos tempos, foram feitos progressos na abertura das relações com a Ásia e a região do Pacífico.Por fim, a Cidade Autônoma de Buenos Aires se destaca como um dos principais atores na promoção da internacionalização através da criação do Programa "StudyBuenos Aires", a fim de melhorar a experiência dos estudantes internacionais que chegam à Argentina. Entre outras características significativas, Buenos Aires e seus subúrbios têm 61 universidades, das quais 24 são públicas e gratuitas. Uma peculiaridade deste último é que as condições de entrada são relativamente gratuitas e sem um exame de admissão. Em princípio, a liberdade de acesso, especialmente em algumas carreiras como a medicina, aparece como um incentivo para aqueles estudantes que enfrentam cotas de entrada em seus países de origem. Em suma, levando em conta as diferentes formas que caracterizam a internacionalização, a cidade recebe mais de 80.000 alunos anualmente, com um benefício econômico para 2017 equivalente a US$ 581 milhões (CURCIO; LUNA, na imprensa).A internacionalização do Ensino Superior na Argentina em númerosEstudantes de graduação e pós-graduaçãoNa Argentina, e como tem acontecido nos diferentes sistemas de ensino superior do mundo, o número de estudantes internacionais tem crescido a taxas crescentes. A maioria realiza programas curtos, conhecidos como“faculty-ledou“customized programmes”, enquanto um segundo grupo se concentra em "programas de intercâmbio". Neste último, eles cursam disciplinas por um semestre, ou um ano de graduação, que têm a mesma validade que os equivalentes em seus países de origem. Por fim, há o grupo daqueles que cursam graduação ou pós-graduação em sua totalidade.As universidades argentinas têm um total de 74.013 estudantes estrangeiros, representando apenas 3,4% dos estudantes do sistema. A Tabela 1 apresenta todos os
image/svg+xmlMarcelo RABOSSI eAriadna GUAGLIANONERIAEERevista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 15, n. esp. 4, p. 2556-2576, dic. 2020. e-ISSN: 1982-5587DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v15iesp4.145042563matriculados de acordo com o setor (público/privado) e nível (graduação e graduação/pós-graduação).Tabela 1Estudantes estrangeiros na Argentina por setor e nível (2017)PúblicoPrivadoTotal% em relação a todo o nívelPré-graduação e graduação46.724 16.416 63.140 3,2 Pós-graduação7.937 2.827 10.873 6,8 Total54.661 19.243 74.013 3,4 Fonte: SPU (2017)Como observado, 63.140 foram cursadaspré-graduação e graduação, enquanto 10.873 o fazem em nível de pós-graduação. No primeiro nível, 74% escolhem instituições de gestão pública e 26% optam por instituições privadas de administração. Quanto à pós-graduação, 73% e 27% respectivamente. Como particularidade, se você olhar apenas para estudantes internacionais, o nível de graduação e graduação do setor privado captura 4 pontos percentuais a mais do que o que consegue recrutar quando se leva em conta a totalidade dos alunos no sistema (22% vs. 26%). Algo semelhante acontece na pós-graduação (23% vs. 27%). De certa forma, e levando em conta que a maioria dos estudantes estrangeiros na Argentina escolhe o setor público, em termos relativos as universidades privadas são mais eficientes quando se trata de atrair estudantes internacionais em relação aos locais. Por outro lado, em termos percentuais ou nível de internacionalização, a pós-graduação é mais bem sucedida. De fato, dobra o percentual de estudantes observados no setor de pré-graduação e graduação (3,2% vs 6,8%).Fica claro na análise realizada que os percentuais de internacionalização da Argentina são baixos em relação aos países com maior capacidade de atrair estudantes estrangeiros, onde a média dos pertencentes à OCDE é próxima de 6% e chega a até18% nos casos da Austrália e do Reino Unido, por exemplo (CHOUDAHA; HU, 2016). De qualquer forma, a Argentina não se afasta dos padrões observados na maioria dos países latino-americanos, o de uma baixa participação de estudantes internacionais.Se levarmos em conta o local de origem, a maioria vem do continente americano, principalmente da América Latina, seguido muito longe pelo europeu e praticamente zero a incidência do resto do mundo (ver Tabela 2). Assim, de acordo com o local de origem dos alunos da pré-graduação e graduação, o Peru lidera a folha de pagamento com cerca de dois em cada dez. O Brasil contribui com quase 15% seguido pelo Paraguai e Bolívia, com cerca de
image/svg+xmlPolíticas de internacionalização universitária na Argentina: Mobilidade de estudantese produção científicaRIAEERevista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 15, n. esp. 4, p. 2556-2576, dic. 2020. e-ISSN: 1982-5587DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v15iesp4.14504256411% cada. En definitiva, cuatro países explican más de la mitad de la totalidad de alumnos internacionales en el sistema. Tabela 2Estudantes internacionais em universidades argentinas em carreiras de graduação e graduação por país de origem.#PaísPorcentagemPercentual cumulativo1Peru20,820,82Brasil 14,635,43Paraguai 11,847,14Bolívia 11,258,45Colômbia 9,868,16Chile 7,375,57Estados Unidos 6,281,78Uruguai 2,884,59Equador 2,887,310Venezuela 2,089,411Espanha 1,390,712China 1,091,713Itália 0,992,714Haiti0,993,515México 0,794,2