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A jornada de trabalho e a hora atividade como expressões do processo de precarização e intensificação do trabalho na Escola Pública
Paranaense
RIAEE
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1098-1113, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14548
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A JORNADA DE TRABALHO E A HORA ATIVIDADE COMO EXPRESSÕES DA
PRECARIZAÇÃO E INTENSIFICAÇÃO DO TRABALHO NA ESCOLA PÚBLICA
PARANAENSE
LA JORNADA LABORAL Y LAS HORAS DE ACTIVIDAD COMO EXPRESIONES DE
PRECARIEDAD E INTENSIFICACIÓN DEL TRABAJO EN LA ESCUELA PÚBLICA
PARANAENSE
WORKING DAY AND PLANNING TIME AS EXPRESSIONS OF THE
PRECARIZATION AND INTENSIFICATION OF WORK IN THE PUBLIC SCHOOL
OF PARANÁ
Karina Lane Vianei Ramalho de Sá FURLANETE
1
Eliane Cleide da Silva CZERNISZ
2
Silvia Alves dos SANTOS
3
RESUMO
: Este texto apresenta uma discussão sobre os impactos da precarização do trabalho
docente a partir da regulamentação em torno da jornada de trabalho de docentes da educação
básica. O objetivo é fazer uma reflexão de como a precarização atinge a organização da
jornada de trabalho pela via da intensificação do trabalho docente. Desenvolve-se a partir de
discussão bibliográfica com base no materialismo histórico-dialético e utiliza análise da
legislação nacional que envolve o tema. A partir da regulamentação da jornada de trabalho no
estado do Paraná discute-se como a fragilidade desta regulamentação da carreira atinge os
docentes. Em um contexto de Estado burocratizado e gerencialista a instabilidade da
organização da jornada de trabalho resulta na intensificação e precarização da profissão.
PALAVRAS-CHAVE
: Trabalho docente. Paraná. Educação básica.
RESUMEN
: Este artículo presenta una discusión sobre los impactos de la precariedad del
trabajo docente a partir de la regulación en torno a la jornada laboral de los docentes de
educación básica. El objetivo es reflexionar sobre cómo el trabajo precario afecta la
organización de la jornada laboral mediante la intensificación del trabajo docente. Se
desarrolla a partir de la discusión bibliográfica basada en el materialismo histórico-
dialéctico y utiliza el análisis de la legislación nacional que involucra el tema. Con base en la
regulación de la jornada laboral en el estado de Paraná, se discute cómo la fragilidad de
esta regulación de carrera afecta a los docentes. En un contexto de Estado burocrático y
gerencialista, la inestabilidad de la organización de la jornada laboral se traduce en la
intensificación y precariedad de esta profesión.
1
Secretaria de Estado da Educação do Paraná (SEED), Londrina
–
PR
–
Brasil. Docente. Doutorado em Biologia
Vegetal (UNICAMP). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-2256-4128. E-mail: klfurlanete@gmail.com
2
Universidade Estadual de Londrina (UEL), Londrina
–
PR
–
Brasil. Docente.
Doutorado em Educação
(UNESP/Marília). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-4317-6052. E-mail: eczernisz@uel.br
3
Universidade Estadual de Londrina (UEL), Londrina
–
PR
–
Brasil. Docente. Doutorado em Educação
(UFSCAR). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-0647-750X. E-mail: sillalves@uel.br
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Karina Lane Vianei Ramalho de Sá FURLANETE; Eliane Cleide da Silva CZERNISZ e Silvia Alves dos SANTOS
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1098-1113, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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PALABRAS CLAVE
: Trabajo docente. Paraná. Educación básica.
ABSTRACT
: This text presents a discussion on the impacts of the precarization of the
teaching work taking as a starting point the regulation of the working day of teachers of basic
education. The objective is to reflect on how precarious work affects the organization of
working day through the intensification of teaching work. It develops from bibliographical
discussion based on historical-dialectical materialism and uses the analysis of the national
legislation that involves the theme. Based on the regulation of working hours in the state of
Paraná, it is discussed how the fragility of this career regulation affects teachers. In the
context of the bureaucratic and managerialist State, the instability of the organization of the
working day results in the intensification and precarization of the work.
KEYWORDS
: Teaching work. Paraná. Basic education.
Introdução
Este texto apresenta uma discussão sobre os impactos da precarização do trabalho
docente a partir da regulamentação em torno da jornada de trabalho de professores da
educação básica. O objetivo é fazer uma reflexão de como a precarização atinge a organização
da jornada de trabalho pela via da intensificação do trabalho docente. Trata-se de um estudo
bibliográfico e de análise de documentos, fundamentado no materialismo histórico-dialético.
Parte-se do pressuposto de que não é possível apreender as intencionalidades e os significados
de uma política educacional sem a apreensão da lógica global de um determinado sistema de
produção (MASSON, 2012). A análise documental leva em consideração os contextos
histórico, político e econômico nos quais as políticas são pensadas, elaboradas e
implementadas. Importa também atentar para as mediações e as contradições que emergem
dos documentos, buscando uma visão não fragmentada do objeto em estudo (CURY, 1995).
O debate em torno da precarização e intensificação do trabalho não é recente, no
entanto, observa-se que nas duas primeiras décadas dos anos 2000 a temática tem sido
recorrente (ALVES, 2011, 2013, 2016; ANTUNES, 2009; ASSUNÇÃO; OLIVEIRA, 2009;
DAL ROSSO, 2006; SANTOS, 2013), para elucidar cada vez mais a extração da mais valia
aos trabalhadores de modo geral e, em particular, aos professores da educação básica. A
extração da mais valia no trabalho docente se dá majoritariamente pelas formas como o
capital sucateia, precariza e intensifica as práticas sociais dos sujeitos envolvidos nos
processos de ensino e aprendizagem.
Tomando o contexto do mundo do trabalho, este texto divide-se em dois momentos.
No primeiro, apresenta-se uma discussão sobre a precarização do trabalho e da intensificação
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A jornada de trabalho e a hora atividade como expressões do processo de precarização e intensificação do trabalho na Escola Pública
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como formas de reestruturação dos interesses do capital para o mundo do trabalho e
consequentemente para o trabalho docente na educação básica. No segundo, discute-se as
regulamentações da jornada de trabalho docente, tomando-se como objeto de análise a
materialização desta legislação no estado do Paraná.
A escolha do estado do Paraná como
lócus
do estudo ocorre devido à dinâmica
adotada por este ente federativo em relação à implementação da Lei n. 11.738/2008, que
institui o PSPN (Piso Salarial Profissional Nacional) e regulamenta a jornada de trabalho
docente em relação ao tempo de regência em sala de aula e o tempo de hora-atividade. Com a
instituição do PSPN e após mobilização dos docentes da rede estadual, que há muito já se
empenhavam na discussão da organização da jornada de trabalho, o estado aplicou o definido
na lei. Posteriormente, utilizou-se de regulamentações como as resoluções anuais de definição
de jornada de trabalho para diminuir a razão hora-atividade/hora-aula, descumprindo o
previsto no PSPN. Tais mecanismos utilizados pelo governo paranaense expõem a fragilidade
da legislação que delega aos entes federativos a regulamentação deste e de outros importantes
aspectos da carreira docente.
Da perspectiva do trabalho docente, pode-se definir hora-atividade como um dos
componentes da dimensão estrutural em um plano de carreira (PRADO, 2019). Está
diretamente relacionada à organização da jornada de trabalho, às atividades (além da
regência) que são consideradas da responsabilidade docente e ao próprio funcionamento e
organização do trabalho pedagógico nas unidades de ensino da educação básica. Em última
instância, é possível dizer que o percentual atribuído na legislação para a hora-atividade, e a
importância dada a este componente da carreira, evidencia a concepção que o Estado e os
entes federativos possuem a respeito da valorização do trabalho docente.
Mundo do trabalho: precarização e intensificação como formas de reestruturação do
capital
Na década de 1970 houve profundas reestruturações no mundo do trabalho. Essas
transformações tiveram como finalidade essencial a intensificação da exploração da força de
trabalho (ANTUNES, 2009) e atingiram, como não poderia deixar de ser, também o trabalho
docente. A intensificação da exploração da força de trabalho recaiu sobre todos os que vivem
do assalariamento, e as condições no mundo do trabalho foram agravadas com as políticas de
livre mercado do liberalismo
–
que também ganharam força a partir deste momento histórico
no contexto da acumulação flexível. Em seu conjunto, as mudanças que ocorreram no mundo
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Karina Lane Vianei Ramalho de Sá FURLANETE; Eliane Cleide da Silva CZERNISZ e Silvia Alves dos SANTOS
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do trabalho contemporâneo resultam no que Antunes (2009, p. 17) descreve como “[…] um
crescente contingente de trabalhadores em condições precarizadas, além de uma degradação
que se amplia, na rela
ção metabólica entre homem e natureza [...]”. Alves (2013) descreve o
trabalho flexível e seus desdobramentos como a principal característica do novo e precário
mundo do trabalho.
Alves (2013, p. 175), ao relatar uma pesquisa realizada com professores da educação
pública no município de Marília/SP, diz que as trabalhadoras “[…] não discutem salário ou
plano de carreira profissional, mas sim condições de trabalho e seus impactos na vida pessoal
[…]”. O exemplo demostra como a complexidade da precarização do
trabalho atinge o
cotidiano docente. Ainda segundo Alves (2013), a precarização do trabalho compreendida na
sua complexidade atual possui duas dimensões essenciais que se complementam: a
precarização salarial e a precarização do homem-que-trabalha
4
. A precarização do homem-
que-trabalha abrange também o campo da subjetividade humana, resultando em desequilíbrios
metabólicos das individualidades pessoais de classe, podendo levar inclusive a situações de
adoecimento.
As mudanças organizacionais decorrentes das reformas educativas vivenciadas desde
o início da década de 1990 também podem ser elucidativas para os fenômenos da
precarização e intensificação do trabalho. A intensificação não ocorre somente pela expansão
das horas de execução numa atividade, mas também por meio de elementos subjetivos que
pressionam o indivíduo na forma de execução de uma tarefa (ASSUNÇÃO; OLIVEIRA,
2009). Segundo as autoras, a intensificação do trabalho relaciona-se diretamente com o
aumento de atividades e/ou tarefas a serem realiz
adas, “produzir” mais trabalho, na mesma
unidade temporal.
Os mecanismos de intensificação do trabalho docente podem ser caracterizados de
forma qualitativa pelas pressões que exercem nos indivíduos em relação às avaliações de
desempenho, gestão por resultados, melhorias nos índices em avaliações de larga escala, além
de quantitativamente pelo volume de trabalho que o docente agrega no seu cotidiano com o
aumento de tarefas burocráticas não vinculadas ao processo de ensino-aprendizagem,
atividades relacionadas à gestão, aumento na quantidade de turmas e alunos atendidos,
trabalho em diferentes escolas/unidades de ensino (ASSUNÇÃO; OLIVEIRA, 2009;
FURLANETE, 2019; SANTOS, 2013; SILVA, 2006). Compreende-se desta forma que é
4
A respeito do termo o autor ressalta que “O conceito de
homem-que-trabalha
, expressão utilizada por Georg
Lukács, diz respeito ao homem como ser genérico da espécie humana, incluindo, portanto, homens e
mulheres”
(ALVES, 2013, p. 176, grifo do autor).
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necessário analisar a jornada de trabalho docente e a organização desta jornada considerando
a complexidade da precarização e intensificação do trabalho na conformação de seu atual
metabolismo.
O trabalho docente no contexto da precarização e intensificação do trabalho
As mudanças no metabolismo do trabalho e as transformações advindas da
acumulação flexível na década de 1970 estão intimamente relacionadas à emergência dos
estados neoliberais que reorganizaram a política global na década de 1980 no mundo e 1990
no Brasil. Esta organização do Estado fortaleceu modelos de gestão de caráter gerencial na
esfera pública (SILVA; CARVALHO, 2014), trazendo para as unidades escolares os
conceitos de eficiência, eficácia e produtividade como parâmetros de “qualidade da
educação”, o incremento d
e atividades burocratizadas e a busca por índices em avaliações de
larga escala.
O gerencialismo pode ser entendido como uma nova forma de gestão pública em que o
Estado se moderniza, visando atender aos requisitos de eficiência provenientes da iniciativa
privada. Pautada nesta nova racionalidade há busca de resultados educacionais que
correspondam à eficácia dos serviços prestados. De acordo com Peroni e Lima (2020, p. 3), o
gerencialismo “[…] é parte do diagnóstico neoliberal de que a crise está no Estado
e o
mercado passa a ser parâmetro de qualidade
–
o que permanece no Estado deve ter como
parâmetro a qualidade do mercado […]”. Desta forma, ainda segundo as autoras, estabelece
-
se na educação a disputa entre gestão gerencial e gestão democrática.
De acordo com Silva e Carvalho (2014), com o aprofundamento do gerencialismo na
educação, a gestão assume um caráter burocrático, padronizado e fragmentado. Os
mecanismos e as ferramentas utilizadas para a organização e gestão da educação são agora
oriundos do setor privado da produção, a escola é gerida tal qual uma empresa. A educação
passa a ser vista a partir dos pressupostos de eficiência, eficácia e produtividade advindos do
setor privado. Os processos educativos são limitados a uma perspectiva reducionista que não
dialoga com a formação integral dos indivíduos (SILVA; CARVALHO, 2014). Interessante
notar que esta visão reduzida dos processos educativos ocorre no mesmo momento histórico
no qual há a tentativa de compreender estes mecanismos de forma mais ampla. De acordo
com Assunção e Oliveira (2009, p. 351-352):
As exigências apresentadas aos profissionais da educação nesse contexto de
nova regulação educativa parecem pressupor maior responsabilização dos
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trabalhadores, demandando maior autonomia (ou heteronomia) destes,
capacidade de resolver localmente os problemas encontrados, refletir sobre a
sua realidade e trabalhar de forma coletiva e cooperativa.
[…]
A LDB n. 9.394/96, nos seus artigos 12, 13 e 14, dispõe sobre as
competências dos estabelecimentos de ensino e dos docentes e, ainda, sobre
a gestão democrática, reforçando tais tendências e demonstrando que no
plano legal o trabalho docente não se restringe à sala de aula, mas que ele
contempla ainda as relações com a comunidade, a gestão da escola, o
planejamento do projeto pedagógico, a participação nos conselhos, entre
outras funções. Assim, podemos considerar que houve uma dilatação, no
plano legal, da compreensão do que seja o pleno exercício das atividades
docentes.
De fato, considerando que o trabalho docente é complexo e sua compreensão não pode
limitar-se ao tempo de regência, as regulamentações trazidas pela Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional (LDBEN) n. 9394/96 são um marco importante nesta direção. Mas estas
regulamentações materializaram-se em um contexto de burocratização, gerencialismo e
responsabilização. Resulta disso, não uma escola mais autônoma e um trabalho reconhecido
em sua complexidade, mas um trabalho intensificado, com múltiplas demandas e cobranças,
realizado em unidades de ensino autônomas apenas para cumprir o que é solicitado delas, ou
seja, autônoma para alcançar os índices requeridos. Esta burocratização dos processos
educativos e a busca intensa por resultados mensuráveis reduzidos a índices de desempenho
impactam o trabalho docente diretamente.
Segundo Dal Rosso (2006a), quando o trabalho assume a sua forma reduzida de
assalariamento pode-
se considerar a jornada de trabalho como “[…] a quantidade de tempo
que o trabalho consome das vidas das pessoas”
(p. 31). A redução do trabalho ao
assalariamento e da jornada de trabalho ao consumo de tempo de vida estão associados à
intensificação.
Dal Rosso (2006b), ao discutir a jornada de trabalho em relação à sua duração e
intensidade, destaca que a quantidade de tempo que o trabalho consome tem diversas
implicações na vida das pessoas, pois afeta sua qualidade de vida. A quantidade de tempo que
é dedicada às atividades econômicas afeta diretamente as condições de saúde, pois
compromete inclusive a existência de tempo livre e a possibilidade de usufruir deste.
Todo trabalho requer certo grau de intensidade e esta é uma medida do grau de
dispêndio de energia pessoal realizado por quem trabalha, que tem a ver com a forma como é
realizado o ato de trabalhar (DAL ROSSO, 2006a). De acordo com Dal Rosso (2006a),
quando se trata de intensidade do trabalho o foco é sempre o trabalhador, a atenção é centrada
em quem trabalha. É este que pode
–
em última instância
–
descrever a intensidade, pois:
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É o trabalhador em sua totalidade de pessoa humana que desenvolve a
atividade, não apenas o trabalhador enquanto força física, capacidade
intelectual ou emocional. A intensidade do trabalho é, pois, mais que esforço
físico, pois envolve todas as capacidades do trabalhador, sejam as
capacidades de seu corpo, a acuidade de sua mente, a afetividade
despendida, os saberes adquiridos através do tempo ou transmitidos pelo
processo de socialização (DAL ROSSO, 2006a, p. 68).
Na necessidade de aumentar a exploração do trabalho (em sua forma de
assalariamento), e não havendo possibilidade de aumento de jornada, quando estas são
controladas pela legislação, a manipulação dos graus de intensidade do trabalho passa a ser o
mecanismo utilizado para obter os resultados desejados (DAL ROSSO, 2006a; 2006b). Desta
forma, a intensificação do trabalho pode ser compreendida como:
Trabalhar mais densamente, ou simplesmente trabalhar mais, sem quaisquer
adjetivos ou advérbios, [e este trabalho] supõe um esforço maior, um
empenho mais firme, um engajamento superior, um gasto maior de energias
pessoais para dar conta da carga adicional de trabalho (DAL ROSSO, 2006a,
p. 69)
Reside nesta definição a importância da discussão da razão hora-aula/hora-atividade
no trabalho docente da educação básica. Por um lado, há a definição nos planos de carreira de
um tempo de jornada de trabalho fixo, por outro lado quanto menor a proporção de hora-
atividade em relação às horas de regência maior a quantidade de trabalho por unidade de
tempo. Resulta disso a intensificação do trabalho dos professores considerando as demandas
decorrentes das reformas educacionais das últimas décadas. Desta forma, a fixação de uma
jornada de trabalho em planos de carreira estruturados é importante, porém não é suficiente, é
preciso discutir e definir com clareza a organização desta jornada.
Dois aspectos importantes da intensificação do trabalho docente são o adoecimento e o
comprometimento do que se convencionou chamar “qualidade da educação”. Dal Rosso
(2006a), relata que “trabalhar mais” por unidade de tempo resulta em mais desgaste, fadiga e
“[…] correspondentes efeitos pessoais nos campos fisiológico, mental, emocional e
relacional” (p. 69). Para Assunção e Oliveira (2009), a intensificação afeta a qualidade do
trabalho pois, com a falta de tempo, os trabalhadores precisam centrar forças no que é
essencial em cada atividade. Isso, ainda segundo as autoras, gera o conflito entre fazer bem o
trabalho e as pressões para aumentar a produtividade. No caso docente, as pressões de
atendimento de maior quantidade de alunos e/ou turmas, maior tempo de regência e melhores
desempenhos de aprendizagem mensurados por índices, apenas para citar alguns exemplos.
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Karina Lane Vianei Ramalho de Sá FURLANETE; Eliane Cleide da Silva CZERNISZ e Silvia Alves dos SANTOS
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Embora não seja tema esgotado, há na literatura a respeito de trabalho docente documentação
consistente que atesta as implicações da intensificação do trabalho docente nas últimas
décadas e a contribuição das reformas gerencialistas neste processo.
A regulamentação da hora-atividade
A Constituição Federal
5
de 1988 trata da instituição do plano de carreira do magistério
público no artigo 206, mas a implementação e a regulamentação desses planos ficaram a
cargo de cada um dos entes federativos da União (PRADO, 2019). Ainda que a promulgação
da LDBEN n. 9394/1996 tenha dado reforço para a implementação de planos de carreira
(PRADO, 2019), atualmente persistem embates jurídicos e dificuldades para a implementação
de regulações mínimas destes planos nos diferentes entes federativos.
É também do final da década de 1990 a Lei n. 9424/96, que institui o Fundo de
Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério
(Fundef). No que diz respeito à carreira, o Fundef, ao contemplar apenas uma parcela de
financiamento do ensino fundamental, fez com que os municípios tivessem autonomia para
investir ou não na criação ou manutenção de planos de carreira dos professores. Essa condição
expressa, nos limites da lei, que a carreira dos professores continuaria a depender de vontade
política dos governos municipais e estaduais e, portanto, passíveis de negociações que nem
sempre favorecem a categoria docente. Ainda neste mesmo momento histórico, é importante
citar a Resolução n. 3 de 08/10/97 do Conselho Nacional de Educação (CNE), que fixou
diretrizes para elaboração dos planos pelos entes federativos (PRADO, 2019). A diretriz do
CNE, assim como a LDBEN, além do limite máximo de jornada de trabalho trata de um
período reservado para atividades de estudo, planejamento e avaliação.
Em 2008, a Lei n. 11.738/2008 instituiu o PSPN com o objetivo de regulamentar em
nível nacional o Piso Salarial Profissional Nacional e o percentual mínimo de um terço de
carga horária para atividades extraclasse (PRADO, 2019). Na sequência do PSPN, em 2009, o
CNE edita nova resolução com diretrizes para os entes federativos criarem ou reestruturarem
os planos de carreira de acordo com a legislação atualizada (Resolução n. 2 de 28/05/09),
especificando dentre outros pontos a jornada de trabalho e o período reservado para atividades
extraclasse (PRADO, 2019). Outra menção a respeito da organização da jornada de trabalho e
5
Anteriormente à Constituição Federal os entes federativos que haviam elaborado planos de carreira para o
magistério tinham como base a Lei n. 5.692/1971 (PRADO, 2019).
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consequentemente ao tempo de não-regência é feita na Lei n. 13.005/2014, que estabeleceu o
atual Plano Nacional de Educação (PNE 2014/2024).
Os dois aspectos importantes para este texto em relação ao plano de carreira, a jornada
de trabalho e o que se chama genericamente de tempo reservado para estudos (hora-
atividade), continuaram ao longo de todo este período de regulamentação à cargo dos entes
federativos, e até hoje observa-se, como apresentado por Prado (2019) na sua revisão dos
planos de carreiras dos estados e DF, grande variação na regulamentação. Nota-se que, com
exceção da lei do PSPN, a legislação é bastante genérica tanto em relação à jornada de
trabalho quanto em relação à organização desta jornada. Aqui destaca-se que a falta de
definição clara de pontos importantes na legislação nacional a respeito da regulamentação da
carreira docente e a transferência destas definições para os entes federativos resulta, de acordo
com as palavras d
e Prado (2019, p. 12), “[…] [em um] emaranhado disforme de legislações
que se sobrepõem umas às outras, de forma confusa, e que dificulta uma avaliação global das
carreiras do magistério.”
Os documentos nacionais que tratam do trabalho docente e que, de acordo com a
organização da legislação brasileira, servem de norte para as regulamentações dos planos de
carreira pelos entes federativos, variam na descrição do que seria hora-atividade, inclusive no
termo utilizado para este componente da jornada de trabalho. Apresentam mais uma intenção
de destacar a importância do tempo de não-regência que propriamente uma clareza do
significado deste tempo. A ênfase é dada mais para as diversas atividades que seriam
realizadas neste tempo do que propriamente na regulamentação clara do percentual deste
tempo na jornada.
Na LDBEN, o artigo 67 que trata da valorização dos professores, prevê um “[…]
período reservado a estudos, planejamento e avaliação, incluído na carga de trabalho”
(BRASIL, 1996). E, na sequência do artigo,
vale citar “[…] condições adequadas de
trabalho.” Já a Resolução do CNE
de 1997 (Resolução n. 3 de 08/10/1997) é um pouco mais
específica e sugere um percentual de hora-atividade que varia de 20% a 25% do total da
jornada (BRASIL/CNE, 1997).
A Resolução de 2009 do CNE (Resolução n. 2 de 28/05/2009), pretendendo atualizar
as orientações para os planos de carreira, traz em sua redação a orientação de uma jornada de
trabalho preferencialmente de 40 horas semanais e “[…] tendo sempre presente a ampliação
paulatina da parte da jornada destinada às atividades de preparação de aulas, avaliação da
produção dos alunos, reuniões escolares, contatos com a comunidade e formação continuada
[…]” (BRASIL/CNE, 2009).
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A Lei n. 13.005, de 25 de junho de 2014, determinou as diretrizes, metas e estratégias
para o atual PNE, que vigora de 2014 até 2024. As metas 15 até 18 tem como foco os
profissionais da educação. A meta 18 trata de assegurar a elaboração de planos de carreira
para a educação básica pública (DOURADO, 2016) e a meta 17 trata da remuneração dos
professores. Ambas tomam como referência o PSPN (Lei n. 11.738/2008) e destacam este
como “[…] um dos maiores avanços para a valorização profissional [docente]” (MEC, 2014).
O PSPN, além da questão remuneratória, trata da composição da jornada de trabalho no seu
artigo 2º parágrafo 4º: “§ 4 Na composição da jornada de trabalho, observar
-se-á o limite
máximo de 2/3 (dois terços) da carga horária para o desempenho das atividades de interação
com os educandos” (BRASIL, 2008).
Segundo Xavier (2015), o PSPN está alinhado com as políticas de valorização dos
profissionais do magistério público da educação básica na perspectiva da construção do
Sistema Nacional de Educação e segue também os pressupostos do Plano Nacional de
Educação (PNE 2014/2024), principalmente na sua meta 17. O autor também destaca que a
instituição da Lei n. 11.738/2008 é elaborada no sentido de expressar e assegurar o disposto
no artigo 206 da Constituição Federal e no artigo 67 da LDBEN.
Apesar de baseada em legislação prévia, o PSPN foi contestado em praticamente todos
os seus pontos pelos governos estaduais. De acordo com Xavier (2015), os estados do Rio
Grande do Sul, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Ceará e também o Paraná alegaram perda
de autonomia ao contestar as determinações estabelecidas pela Lei 11.738/2008. Os estados
de São Paulo, Minas Gerais, Tocantins e do Distrito Federal também questionaram a
legitimidade da União em relação à Lei do Piso.
É possível observar pela legislação nacional que, se por um lado há a defesa deste
tempo, por outro há grande variação na sua delimitação e no seu papel no contexto do
trabalho docente. Pode-se ainda argumentar que algumas legislações visam a regulamentação
da implementação e outras visam a regulamentação do princípio (como a LDBEN e os PNEs).
Mas é importante lembrar, como relatado por Artigas (2013), que quando da elaboração da
atual LDBEN na década de 1990, um dos projetos apresentados para apreciação, o projeto de
Jorge Hage, previa o estabelecimento de regime de trabalho preferencial de 40 horas e
apontava para o percentual de 50% no máximo de regência para todos os professores. Este
projeto foi preterido em relação ao texto de Darcy Ribeiro e o tempo de não-regência é
descrito no artigo 67 da atual LDBEN em linhas gerais apenas como princípio.
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A jornada de trabalho e a hora atividade como expressões do processo de precarização e intensificação do trabalho na Escola Pública
Paranaense
RIAEE
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1098-1113, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14548
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Condições do trabalho docente na escola pública: a jornada de trabalho e a hora-
atividade
No Paraná, o debate em torno da hora-atividade é tomado frequentemente pela disputa
entre as ações dos governos neoliberais à frente da política do estado e das lutas sindicais
historicamente empreendidas pela política de valorização da carreira docente.
Segundo Czekalski (2008), a definição de hora-atividade é dada na legislação
paranaense na Lei estadual n. 13.807/2002. De acordo com esta lei, a hora-atividade é o
período em que o professor que desempenha funções da docência tem reservado para estudos,
planejamento, preparação de aulas, dentre outras atividades inerentes ao trabalho docente.
Haddad e Silva (2012) destacam a configuração dada à hora-atividade no estado paranaense
em duas legislações estaduais, Lei n. 13.807 e Instrução n. 02/2004
–
SUED. Segundo as
autoras, esta legislação caracteriza a hora atividade tanto como trabalho individual (para
planejamento de aulas e elaboração/correção de avaliações/atividades dos alunos), quanto
como trabalho coletivo (com discussões a respeito dos processos pedagógicos).
Ressalta-se o importante papel de mobilização docente, principalmente por via
sindical, na modificação e na elaboração da legislação referente à hora-atividade. De acordo
com Czekalski (2008), ainda que o governo do Paraná tenha adotado uma agenda abertamente
neoliberal desde meados da década de 1990, os profissionais da educação organizaram-se
coletivamente manifestando sua resistência. Ainda segundo a autora, a reivindicação histórica
de hora-atividade é de 50%, e apenas em 2002, após muitas mobilizações, os professores
conquistaram 20% da jornada de trabalho em tempo de não regência.
Tanto em 1996, por ocasião da promulgação da LDBEN, quanto entre 2011 e 2013,
com a implementação dos 33% de hora-atividade na educação básica estadual, as campanhas
da APP Sindicato (Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná) tinham
como norte 50% de hora-atividade na composição da jornada de trabalho (CZEKALSKI,
2008). Esta compreensão do significado da hora-atividade estava coordenada à defesa de uma
política de valorização do trabalho docente que abarcava outros aspectos além da questão
remuneratória.
Entre 2014 e 2015, por consequência da mobilização dos professores e do sindicato, a
implementação dos 33% de hora-atividade, de acordo com o indicado no PSPN, ocorre
seguindo o previsto no Plano de Carreira Estadual, com o tempo de hora-aula estipulado em
50 minutos. Esta compreensão foi modificada logo na sequência, em 2016, na regulamentação
anual do ano letivo seguinte. Desta forma, já em 2017 não havia mais o cumprimento da lei
do PSPN no estado do Paraná.
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Karina Lane Vianei Ramalho de Sá FURLANETE; Eliane Cleide da Silva CZERNISZ e Silvia Alves dos SANTOS
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Em Scholochuski (2018) e também em Furlanete (2019) há discussões a respeito da
redução do percentual de hora-atividade que houve no estado do Paraná. De acordo com
Furlanete (2019, p. 69-70):
Em 2017 o governo Beto Richa realizou uma nova interpretação da Lei n.
11.638/08 e da Lei Complementar n. 174/2014, transformando a jornada de
vinte horas com 13 horas-aulas/7 horas-atividade na escola em 15 horas-
aula/9 horas-
atividade […]. Nesta nova interpretação as nove horas
-atividade
são divididas em cinco na escola e quatro em local de livre escolha, com o
detalhe de que as quatro horas-atividade em local de livre escolha não são
remuneradas. Ou seja, houve o retorno para as condições anteriores à Lei
Complementar 174/2014, o 1/3 de hora-atividade foi reduzido a 1/4 de hora-
atividade, condição contrária tanto à regulamentação federal quanto à
estadual. Essa interpretação particular, que na materialidade reduziu um
tempo em tese também utilizado para formação continuada, deu-se não em
forma de Lei Complementar mas sim em uma forma mais simples: nas
resoluções anuais que estabelecem os critérios para distribuição de aulas aos
professores da educação básica estadual.
Scholochuski (2018), por meio de entrevistas realizadas com docentes, relata o
profundo abalo que ganhar e perder a hora-atividade de 33% em um período de tempo tão
curto causou na categoria. Segundo a autora, o tempo em que vigorou os 33% de hora-
atividade no Paraná foi suficiente para que os docentes percebessem o acréscimo de qualidade
de trabalho que a materialização da lei significou. De acordo com Scholochuski (2018, p. 131-
132):
Através dos depoimentos dos docentes foi possível perceber que a partir da
ampliação do percentual de 33% de hora-atividade muitos professores que
ainda levavam trabalho para casa, começaram a realizar tais atividades na
escola. Foram planejadas aulas mais dinâmicas e atrativas para os
estudantes, bem como novidades pedagógicas passaram a constituir o
ambiente escolar. Com um terço de hora-atividade os professores tinham
mais tempo para ousar com os recursos tecnológicos e, também, promover
projetos e discussões interdisciplinares a partir de debates e trocas com
professores de outras disciplinas, além de poderem usar este espaço de
tempo para aprofundar seus conhecimentos.
Ainda segundo a autora, os docentes relataram que puderam aumentar o contato com
as equipes pedagógicas, que houve diminuição de turma para atender e consequentemente de
livros de registros e processos avaliativos. Desta diferença de tempo resultou a melhora na
qualidade de vida e de trabalho, houve mais tempo para o debate, o estudo e a reflexão, assim
como maior interação entre os professores, seus pares e as equipes pedagógicas
(SCHOLOCHUSKI, 2018).
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A jornada de trabalho e a hora atividade como expressões do processo de precarização e intensificação do trabalho na Escola Pública
Paranaense
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Quando da reorganização da jornada de trabalho regredindo para o quadro anterior de
25% de hora-atividade houve um efeito negativo forte,
Os professores entrevistados lamentam profundamente a diminuição do
percentual destinado ao espaço-tempo da hora-atividade. Eles pontuam
inúmeros retrocessos em seu trabalho envolvendo a falta de tempo para
planejar, para organizar materiais, corrigir atividades, provas, entre outros.
Alguns professores sentem-se machucados, desvalorizados, há um mal-estar
docente pairando sobre as escolas estaduais do Paraná. A desmotivação é
nítida e o desânimo por perder um direito conquistado com muito sacrifício é
bastante visível entre os professores (SCHOLOCHUSKI, 2018, p. 134)
As condições de trabalho docente nas escolas públicas, bem como a efetivação de uma
jornada de trabalho que garanta o tempo necessário para a preparação das atividades didático-
pedagógicas, ainda se apresenta como um desafio nos estados e municípios. O cumprimento
da legislação soma-se a outras prioridades para a concretização de uma educação de qualidade
socialmente referenciada.
Considerações finais
Considerando que, apesar da regulamentação feita pela União, a implementação da
jornada de trabalho na educação básica depende das políticas de governo dos entes federativos
e dos municípios, tal direito ainda é campo de disputa. É de extrema importância que políticas
de valorização do trabalho docente tenham, como bem apontado por Sobzinski, Diogo e
Masson (2015), caráter de políticas de Estado. Consideradas e discutidas em nível nacional
como políticas de Estado não ficariam à mercê da boa vontade dos governos que se sucedem.
A fragilidade da legislação que dispõe aos entes federativos a forma como irão regulamentar
essa questão faz com que esse tema seja objeto de interpretações variadas e de mudanças
constantes, provocando, por sua vez, instabilidade e insegurança aos docentes. Os reflexos da
reestruturação no mundo do trabalho são observados nas práticas de regulamentação da
jornada de trabalho docente da educação pública quando se observa o não cumprimento de
leis como a do PSPN, evidenciando a intensificação da exploração da força de trabalho
agravadas com as políticas de livre mercado do liberalismo.
No caso do estado do Paraná foi possível observar que, no pequeno intervalo de tempo
do cumprimento do PSPN, a implementação real de 33% de hora-atividade resultou em
“alívio” e “paliativo” para a situação intensa de trabalho docente vivenciada na educação
básica. Por mais importante que seja a defesa de leis como a do PSPN, é necessário pensar um
sistema educacional que seja pautado em políticas nas quais o tempo de hora-atividade se
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materialize de forma clara, como condição adequada de trabalho, e não como paliativo para
sobrecarga de trabalho.
A organização da jornada é, dentre os diferentes aspectos estruturais de um plano de
carreira que contribuem para condições adequadas de trabalho, um elemento importante que
requer legislação detalhada e em nível nacional para tornar-se sólida e materializada no
cotidiano do trabalho docente. Dado o seu caráter central em relação às condições de trabalho
e que, em última instância, impacta fortemente o funcionamento das unidades escolares e os
processos de ensino-aprendizagem, os planos de carreira docente e as jornadas de trabalho
deveriam ser tratados como políticas de Estado e não políticas instáveis de governos, à mercê
de flutuações sazonais e passíveis de desconstrução, como observado nas últimas décadas no
estado do Paraná.
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Como referenciar este artigo
FURLANETE, K. L. V. R. S.; CZERNISZ, E. C.S.; SANTOS, S. A. A jornada de trabalho e a
hora atividade como expressões do processo de precarização e intensificação do trabalho na
Escola Pública Paranaense.
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação
,
Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1098-1113, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587. DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14548
Submetido em:
10/12/2020
Revisões requeridas em
: 18/02/2022
Aprovado em
: 18/03/2022
Publicado em
: 01/04/2022
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La jornada laboral y las horas de actividad como expresiones de precariedad e intensificación del trabajo en la Escuela Pública
Paranaense
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1100-1116, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14548
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LA JORNADA LABORAL Y LAS HORAS DE ACTIVIDAD COMO EXPRESIONES
DE PRECARIEDAD E INTENSIFICACIÓN DEL TRABAJO EN LA ESCUELA
PÚBLICA PARANAENSE
A JORNADA DE TRABALHO E A HORA ATIVIDADE COMO EXPRESSÕES DA
PRECARIZAÇÃO E INTENSIFICAÇÃO DO TRABALHO NA ESCOLA PÚBLICA
PARANAENSE
WORKING DAY AND PLANNING TIME AS EXPRESSIONS OF THE
PRECARIZATION AND INTENSIFICATION OF WORK IN THE PUBLIC SCHOOL
OF PARANÁ
Karina Lane Vianei Ramalho de Sá FURLANETE
1
Eliane Cleide da Silva CZERNISZ
2
Silvia Alves dos SANTOS
3
RESUMEN
: Este artículo presenta una discusión sobre los impactos de la precariedad del
trabajo docente a partir de la regulación en torno a la jornada laboral de los docentes de
educación básica. El objetivo es reflexionar sobre cómo el trabajo precario afecta la
organización de la jornada laboral mediante la intensificación del trabajo docente. Se
desarrolla a partir de la discusión bibliográfica basada en el materialismo histórico-dialéctico
y utiliza el análisis de la legislación nacional que involucra el tema. Con base en la regulación
de la jornada laboral en el estado de Paraná, se discute cómo la fragilidad de esta regulación
de carrera afecta a los docentes. En un contexto de Estado burocrático y gerencialista, la
inestabilidad de la organización de la jornada laboral se traduce en la intensificación y
precariedad de esta profesión.
PALABRAS CLAVE
: Trabajo docente. Paraná. Educación básica.
RESUMO
: Este texto apresenta uma discussão sobre os impactos da precarização do
trabalho docente a partir da regulamentação em torno da jornada de trabalho de docentes da
educação básica. O objetivo é fazer uma reflexão de como a precarização atinge a
organização da jornada de trabalho pela via da intensificação do trabalho docente.
Desenvolve-se a partir de discussão bibliográfica com base no materialismo histórico-
dialético e utiliza análise da legislação nacional que envolve o tema. A partir da
regulamentação da jornada de trabalho no estado do Paraná discute-se como a fragilidade
desta regulamentação da carreira atinge os docentes. Em um contexto de Estado
1
Secretaria de Estado de Educación de Paraná (SEED), Londrina
–
PR
–
Brasil. Profesora. Doctorado en
Biología Vegetal (UNICAMP). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-2256-4128. E-mail:
klfurlanete@gmail.com
2
Universidad Estatal de Londrina (UEL), Londrina
–
PR
–
Brasil. Docente. Doctorado en Educación
(UNESP/Marília). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-4317-6052. E-mail: eczernisz@uel.br
3
Universidad Estatal de Londrina (UEL), Londrina
–
PR
–
Brasil. Docente. Doctorado en Educación (UFSCAR).
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-0647-750X. E-mail: sillalves@uel.br
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Karina Lane Vianei Ramalho de Sá FURLANETE; Eliane Cleide da Silva CZERNISZ y Silvia Alves dos SANTOS
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1101
burocratizado e gerencialista a instabilidade da organização da jornada de trabalho resulta
na intensificação e precarização da profissão.
PALAVRAS-CHAVE
: Trabalho docente. Paraná. Educação básica.
ABSTRACT
: This text presents a discussion on the impacts of the precarization of the
teaching work taking as a starting point the regulation of the working day of teachers of basic
education. The objective is to reflect on how precarious work affects the organization of
working day through the intensification of teaching work. It develops from bibliographical
discussion based on historical-dialectical materialism and uses the analysis of the national
legislation that involves the theme. Based on the regulation of working hours in the state of
Paraná, it is discussed how the fragility of this career regulation affects teachers. In the
context of the bureaucratic and managerialist State, the instability of the organization of the
working day results in the intensification and precarization of the work.
KEYWORDS
: Teaching work. Paraná. Basic education.
Introducción
Este texto presenta una discusión sobre los impactos del trabajo docente precario a
partir de la regulación en torno a las horas de trabajo de los docentes de educación básica. El
objetivo es reflexionar sobre cómo se logra de manera precaria la organización de la jornada
laboral a través de la intensificación del trabajo docente. Es un estudio bibliográfico y análisis
documental, basado en el materialismo histórico-dialéctico. Se supone que no es posible
comprender las intenciones y significados de una política educativa sin la aprehensión de la
lógica global de un sistema de producción dado (MASSON, 2012). El análisis documental
tiene en cuenta los contextos históricos, políticos y económicos en los que se piensan,
elaboran e implementan las políticas. También es importante observar las mediaciones y
contradicciones que surgen de los documentos, buscando una visión no fragmentada del
objeto en estudio (CURY, 1995).
El debate sobre la precariedad e intensificación del trabajo no es reciente, sin embargo,
se observa que en las dos primeras décadas de los años temáticos ha sido recurrente (ALVES,
2011, 2013, 2016; ANTUNES, 2009; ASUNCIÓN; OLIVEIRA, 2009; DAL ROSSO, 2006;
SANTOS, 2013), para dilucidar cada vez más la extracción de valor agregado a los
trabajadores en general y, en particular, a los docentes de educación básica. La extracción de
valor agregado en el trabajo docente se debe principalmente a las formas en que el capital
desecha, precariza e intensifica las prácticas sociales de los sujetos involucrados en los
procesos de enseñanza y aprendizaje.2000 a
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La jornada laboral y las horas de actividad como expresiones de precariedad e intensificación del trabajo en la Escuela Pública
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Tomando el contexto del mundo del trabajo, este texto se divide en dos momentos. En
la primera, se presenta una discusión sobre la precariedad del trabajo y la intensificación
como formas de reestructurar los intereses del capital para el mundo del trabajo y en
consecuencia para la labor docente en la educación básica. En la segunda, se discuten las
normas de la jornada de trabajo docente, tomando como objeto de análisis la materialización
de esta legislación en el estado de Paraná.
La elección del estado de Paraná como
locus
del estudio se produce debido a la
dinámica adoptada por esta autoridad federativa en relación con la implementación de la Ley
N° 11.738/2008, que establece el PSPN (Piso Nacional de Salario Profesional) y regula la
jornada laboral docente en relación con el tiempo de regencia en el aula y el tiempo de
actividad. Con la institución del PSPN y después de la movilización de los maestros de la red
estatal, que durante mucho tiempo habían estado comprometidos con la discusión de la
organización de la jornada laboral, el estado aplicó lo definido en la ley. Posteriormente, se
utilizaron regulaciones como las resoluciones anuales de definición de horas de trabajo para
reducir la relación tiempo-actividad/hora-clase, en cumplimiento de la PSPN. Tales
mecanismos utilizados por el gobierno de Paraná exponen la fragilidad de la legislación que
delega en las entidades federativas la regulación de este y otros aspectos importantes de la
carrera docente.
Desde la perspectiva del trabajo docente, se puede definir la hora-actividad como uno
de los componentes de la dimensión estructural en un plan de carrera (PRADO, 2019). Está
directamente relacionado con la organización de la jornada laboral, las actividades (además de
la regencia) que se consideran responsabilidad del docente y el propio funcionamiento y
organización del trabajo pedagógico en las unidades docentes de educación básica. En
definitiva, es posible decir que el porcentaje atribuido en la legislación para la hora-actividad,
y la importancia que se le da a este componente de la carrera, evidencia la concepción que el
Estado y las entidades federativas tienen respecto a la valorización del trabajo docente.
El mundo del trabajo: precariedad e intensificación como formas de reestructuración de
capitales
En la década de 1970 hubo profundas reestructuraciones en el mundo del trabajo.
Estas transformaciones tuvieron como propósito esencial la intensificación de la explotación
de la fuerza laboral (ANTUNES, 2009) y alcanzaron, como no pudo ser, también la labor
docente. La intensificación de la explotación de la fuerza de trabajo recayó sobre todos
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aquellos que viven de los salarios, y las condiciones en el mundo del trabajo se vieron
agravadas por las políticas de libre mercado del liberalismo, que también ganaron fuerza a
partir de este momento histórico en el contexto de la acumulación flexible. En su conjunto, los
cambios que se produjeron en el mundo del trabajo contemporáneo dan como resultado lo que
Antunes (2009, p. 17, traducción nuestra) describe como "[...] un creciente contingente de
trabajadores en condiciones precarias, además de una degradación creciente, en la relación
metabólica entre el hombre y la naturaleza [...]". Alves (2013) describe el trabajo flexible y
sus consecuencias como la principal característica del nuevo y precario mundo del trabajo.
Alves (2013, p. 175, traducción nuestra), ao relatar uma pesquisa realizada com
professores da educação pública no município de Marília/SP, diz que as trabalhadoras “[…]
não discutem salário ou plano de carreira profissional, mas sim condições de trabalho e seus
impactos na vida pessoal […]”.
El ejemplo muestra cómo la complejidad del trabajo precario
llega a la enseñanza diaria. También según Alves (2013), el trabajo precario entendido en su
complejidad actual tiene dos dimensiones esenciales que se complementan entre sí: la
precariedad salarial y la precariedad del hombre que trabaja
4
. La precariedad del hombre que
trabaja también cubre el campo de la subjetividad humana, lo que resulta en desequilibrios
metabólicos de las individualidades de clase personal, que incluso pueden conducir a
situaciones de enfermedad.
Los cambios organizativos resultantes de las reformas educativas experimentadas
desde principios del decenio de 1990 también pueden elucidar los fenómenos de precariedad e
intensificación del trabajo. La intensificación ocurre no solo por la ampliación de las horas de
ejecución en una actividad, sino también a través de elementos subjetivos que presionan al
individuo en la forma de realizar una tarea (ASUNCIÓN; OLIVEIRA, 2009). Según los
autores, la intensificación del trabajo está directamente relacionada con el aumento de
actividades y/o tareas a realizar, "produciendo" más trabajo, en la misma unidad temporal.
Los mecanismos de intensificación del trabajo docente pueden caracterizarse
cualitativamente por las presiones que ejercen sobre los individuos en relación con las
evaluaciones del desempeño, la gestión de resultados, las mejoras en los índices en las
evaluaciones a gran escala, y cuantitativamente por el volumen de trabajo que los docentes
agregan en su vida cotidiana con el aumento de tareas burocráticas no vinculadas al proceso
de enseñanza-aprendizaje, actividades relacionadas con la gestión, aumento del número de
4
Respecto al término, el autor señala que "El concepto
de hombre-que-trabaja
, expresión utilizada por Georg
Lukács, concierne al hombre como ser genérico de la especie humana, incluyendo, por tanto, hombres y
mujeres" (ALVES, 2013, p. 176, grifo del autor).
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clases y alumnos asistidos, trabajo en diferentes escuelas/unidades didácticas (ASSUNÇÃO;
OLIVEIRA, 2009; FURLANETE, 2019; SANTOS, 2013; SILVA, 2006). Se entiende que es
necesario analizar la jornada laboral docente y la organización de esta jornada considerando la
complejidad de la precariedad e intensificación del trabajo en la conformación de su
metabolismo actual.
Trabajo docente en el contexto de la precariedad y la intensificación del trabajo
Los cambios en el metabolismo del trabajo y las transformaciones que provienen de la
acumulación flexible en la década de 1970 están estrechamente relacionados con el
surgimiento de los estados neoliberales que reorganizaron la política global en la década de
1980 en el mundo y 1990 en Brasil. Esta organización estatal fortaleció los modelos de
gestión de la gestión en la esfera pública (SILVA; CARVALHO, 2014), llevando a las
unidades escolares los conceptos de eficiencia, eficacia y productividad como parámetros de
"calidad de la educación", el aumento de las actividades burocráticas y la búsqueda de índices
en las evaluaciones a gran escala.
El gerencialismo puede entenderse como una nueva forma de gestión pública en la que
el Estado se moderniza, con el objetivo de satisfacer los requisitos de eficiencia derivados del
sector privado. A partir de esta nueva racionalidad, se buscan resultados educativos que
correspondan a la eficacia de los servicios prestados. Según Peroni y Lima (2020, p. 3,
traducción nuestra), el gerencialismo "[...] es parte del diagnóstico neoliberal que la crisis está
en el Estado y el mercado se convierte en un parámetro de calidad, lo que queda en el Estado
debe tener como parámetro la calidad del mercado [...]". Así, según los autores, la disputa
entre la gestión de la gestión y la gestión democrática se establece en la educación.
Según Silva e Carvalho (2014), con la profundización del gerencialismo en la
educación, la gestión asume un carácter burocrático, estandarizado y fragmentado. Los
mecanismos y herramientas utilizados para la organización y gestión de la educación ahora se
derivan del sector privado de la producción, la escuela se administra como una empresa. La
educación se ve ahora a partir de los supuestos de eficiencia, eficacia y productividad del
sector privado. Los procesos educativos se limitan a una perspectiva reduccionista que no
dialoga con la formación integral de los individuos (SILVA; ROBLE, 2014). Es interesante
observar que esta visión reducida de los procesos educativos se produce en el mismo
momento histórico en el que se intenta comprender estos mecanismos de manera más amplia.
Según Asunción y Oliveira (2009, p. 351-352, traducción nuestra):
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Las demandas presentadas a los profesionales de la educación en este
contexto de nueva regulación educativa parecen responsabilizar a los
trabajadores, exigiendo una mayor autonomía (o heteronomía) de estos, la
capacidad de resolver los problemas encontrados localmente, reflexionar
sobre su realidad y trabajar colectiva y cooperativamente.
[...]
LDB Nº 9.394/96, en sus artículos 12, 13 y 14, establece las competencias de
los establecimientos educativos y los docentes y también la gestión
democrática, reforzando tales tendencias y demostrando que en el nivel
jurídico el trabajo docente no se limita al aula, sino que aún contempla las
relaciones con la comunidad, gestión escolar, planificación de proyectos
pedagógicos, participación en consejos, entre otras funciones. Así, podemos
considerar que hubo una dilatación, en el plano jurídico, de la comprensión
de lo que es el ejercicio pleno de las actividades docentes.
De hecho, considerando que el trabajo docente es complejo y su comprensión no
puede limitarse al tiempo de regencia, las regulaciones traídas por la Ley de Lineamientos y
Bases de la Educación Nacional (LDBEN) n. 9394/96 son un hito importante en esta
dirección. Pero estas regulaciones se materializaron en un contexto de burocratización,
gerencialismo y rendición de cuentas. De ello resulta, no una escuela más autónoma y un
trabajo reconocido en su complejidad, sino un trabajo intensificado, con múltiples demandas y
cobros, realizado en unidades docentes autónomas solo para cumplir con lo que se les pide, es
decir, autónomo para alcanzar los índices requeridos. Esta burocratización de los procesos
educativos y la intensa búsqueda de resultados medibles reducidos a índices de desempeño
impactan directamente en el trabajo docente.
Según Dal Rosso (2006a), cuando el trabajo toma su forma reducida de salario, se
puede considerar la jornada laboral como "[...] la cantidad de tiempo que el trabajo consume
la vida de las personas" (p. 31, traducción nuestra). La reducción del trabajo al salario y las
horas de trabajo al consumo de tiempo de vida se asocian con la intensificación.
Dal Rosso (2006b), al hablar de la jornada laboral en relación a su duración e
intensidad, señala que la cantidad de tiempo que consume el trabajo tiene varias implicaciones
en la vida de las personas, ya que afecta su calidad de vida. La cantidad de tiempo que se
dedica a las actividades económicas afecta directamente a las condiciones de salud, ya que
también compromete la existencia de tiempo libre y la posibilidad de disfrutarlo.
Todo trabajo requiere un cierto grado de intensidad y esta es una medida del grado de
gasto de energía personal realizado por quienes trabajan, que tiene que ver con cómo se
realiza el acto de trabajar (DAL ROSSO, 2006a). Según Dal Rosso (2006a), cuando se trata
de la intensidad del trabajo el foco siempre está en el trabajador, la atención se centra en los
que trabajan. Esto es lo que puede, en última instancia, describir la intensidad, porque:
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Es el trabajador en su totalidad como persona humana quien desarrolla la
actividad, no sólo el trabajador como fuerza física, capacidad intelectual o
emocional. La intensidad del trabajo es, por lo tanto, más que el esfuerzo
físico, porque involucra todas las capacidades del trabajador, ya sean las
capacidades de su cuerpo, la agudeza de su mente, el afecto gastado, el
conocimiento adquirido a través del tiempo o transmitido por el proceso de
socialización (DAL ROSSO, 2006a, p. 68, traducción nuestra).
En la necesidad de aumentar la explotación del trabajo (en su forma de salario), y no
hay posibilidad de aumentar el trabajo, cuando estos están controlados por la legislación, la
manipulación de los grados de intensidad del trabajo se convierte en el mecanismo utilizado
para obtener los resultados deseados (DAL ROSSO, 2006a; 2006b). Así, la intensificación del
trabajo puede entenderse como:
Trabajar más densamente, o simplemente trabajar más duro, sin adjetivos ni
adverbios, [y este trabajo] significa un mayor esfuerzo, un compromiso más
firme, un mayor compromiso, un mayor gasto de energías personales para
dar cuenta de la carga de trabajo adicional (DAL ROSSO, 2006a, p. 69,
traducción nuestra).
Esta definición radica en la importancia de discutir la relación tiempo-clase/hora-
actividad en el trabajo docente de la educación básica. Por un lado, está la definición en los
planes de carrera de un tiempo de trabajo fijo, por otro lado, cuanto menor sea la proporción
de horas-actividad en relación con las horas de regencia, mayor será la cantidad de trabajo por
unidad de tiempo. Esto se traduce en la intensificación del trabajo de los docentes
considerando las demandas surgidas de las reformas educativas de las últimas décadas. Por lo
tanto, el establecimiento de una jornada laboral en planes de carrera estructurados es
importante, pero no es suficiente, es necesario discutir y definir claramente la organización de
este viaje.
Dos aspectos importantes de la intensificación del trabajo docente son la enfermedad y
el compromiso de lo que se ha llamado "calidad de la educación". Dal Rosso (2006a), informa
que "trabajar más" por unidad de tiempo resulta en más desgaste, fatiga y "[...] efectos
personales en los campos fisiológico, mental, emocional y relacional" (p. 69, traducción
nuestra). Para Asunción y Oliveira (2009), la intensificación afecta la calidad del trabajo
porque, con la falta de tiempo, los trabajadores necesitan enfocar las fuerzas en lo esencial en
cada actividad. Esto, según los autores, genera el conflicto entre hacer bien el trabajo y las
presiones para aumentar la productividad. En el caso de la enseñanza, las presiones de
asistencia de un mayor número de estudiantes y/o clases, un mayor tiempo de conducción y
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mejores rendimientos de aprendizaje medidos por índices, solo por nombrar algunos
ejemplos. Aunque no es un tema agotado, existe una documentación consistente en la
literatura sobre el trabajo docente que atestigua las implicaciones de la intensificación del
trabajo docente en las últimas décadas y la contribución de las reformas gerenciales en este
proceso.
La regulación del tiempo de actividad
La Constitución Federal
5
1988 se refiere al establecimiento del plan de carrera de la
enseñanza pública en el artículo 206, pero la implementación y regulación de estos planes
fueron responsabilidad de cada una de las entidades federativas de la Unión (PRADO, 2019).
Si bien la promulgación de la LDBEN Nº 9394/1996 ha fortalecido la implementación de los
planes de carrera (PRADO, 2019), persisten desafíos legales y dificultades para la
implementación de regulaciones mínimas de estos planes en las diferentes entidades
federativas.
También es de finales de la década de 1990 la Ley Nº 9424/96, que establece el Fondo
para el Mantenimiento y Desarrollo de la Educación Primaria y la Valorización del Magisterio
(Fundef). Con respecto a la carrera, el Fundef, al contemplar solo una parte del financiamiento
de la escuela primaria, hizo que los municipios tuvieran autonomía para invertir o no en la
creación o mantenimiento de planes de carrera de los maestros. Esta condición expresa, dentro
de los límites de la ley, que la carrera de los docentes seguiría dependiendo de la voluntad
política de los gobiernos municipales y estatales y, por lo tanto, sujeta a negociaciones que no
siempre favorecen la categoría docente. Aún en este mismo momento histórico, es importante
mencionar la Resolución N° 3 del 10/08/97 del Consejo Nacional de Educación (CNE), que
estableció lineamientos para la elaboración de planes por parte de las entidades federativas
(PRADO, 2019). La directriz del CNE, así como la LDBEN, además del límite máximo de
jornada laboral, se ocupa de un período reservado para las actividades de estudio,
planificación y evaluación.
En 2008, la Ley N° 11.738/2008 instituyó el PSPN con el objetivo de regular a nivel
nacional el Piso Salarial Profesional Nacional y el porcentaje mínimo de un tercio de la carga
de trabajo para actividades extraclases (PRADO, 2019). Tras el PSPN, en 2009, el CNE edita
una nueva resolución con lineamientos para que las entidades federativas creen o
5
Antes de la Constitución Federal, las entidades federativas que habían elaborado planes de carrera para el
magisterio se basaban en la Ley N° 5.692/1971 (PRADO, 2019).
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reestructuren planes de carrera de acuerdo a la legislación actualizada (Resolución N° 2 del
28/05/09), especificando entre otros puntos la jornada laboral y el período reservado para
actividades extra-clases (PRADO, 2019). Otra mención sobre la organización de la jornada
laboral y en consecuencia la hora de no regencia se hace en la Ley N° 13.005/2014, que
estableció el actual Plan Nacional de Educación (PNE 2014/2024).
Los dos aspectos importantes para este texto en relación con el plan de carrera, la
jornada laboral y lo que generalmente se denomina tiempo reservado para estudios (hora-
actividad), continuaron a lo largo de este periodo de regulación a cargo de las entidades
federativas, y hasta el día de hoy se observa, tal como lo presenta Prado (2019) en su revisión
de planes de carrera de los estados y DF, variación en la regulación. Cabe señalar que, con la
excepción de la ley PSPN, la legislación es bastante genérica tanto en relación con la jornada
laboral como en relación con la organización de este día. Cabe destacar aquí que la falta de
definición clara de puntos importantes en la legislación nacional respecto a la regulación de
las carreras docentes y la transferencia de estas definiciones a las entidades federativas
resulta, según las palabras de Prado (2019, p. 12, traducción nuestra), "[...] [en una] maraña
deforme de leyes que se superponen entre sí de manera confusa y que dificultan una
evaluación general de las carreras docentes".
Los documentos nacionales que tratan sobre el trabajo docente y que, de acuerdo con
la organización de la legislación brasileña, sirven de guía para las regulaciones de los planes
de carrera de las entidades federativas, varían en la descripción de lo que sería hora-actividad,
incluyendo el término utilizado para este componente de la jornada laboral. Presentan más
una intención de resaltar la importancia del tiempo de no regencia que una claridad del
significado de este tiempo. Se hace más hincapié en las diversas actividades que se llevarían a
cabo en este momento que en la regulación clara del porcentaje de este tiempo en el viaje.
En LDBEN, el artículo 67, que trata de la valorización de los docentes, prevé un "[...]
período reservado para estudios, planificación y evaluación, incluido en el volumen de
trabajo" (BRASIL, 1996). Y, siguiendo el artículo, vale la pena citar "[...] condiciones de
trabajo adecuadas". La Resolución del CNE de 1997 (Resolución Nº 3 de 10/08/1997) es un
poco más específica y sugiere un porcentaje de actividad horaria que oscila entre el 20% y el
25% del día total (BRASIL/CNE, 1997).
La Resolución CNE 2009 (Resolución Nº 2 del 28/05/2009), que pretende actualizar
los lineamientos para los planes de carrera, trae en su redacción la orientación de una jornada
laboral preferentemente de 40 horas semanales y "[...] siempre teniendo en cuenta la
ampliación paulatina de la parte del día para las actividades de preparación de clases,
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evaluación de la producción de alumnos, encuentros escolares, contactos con la comunidad y
formación continua [...]" (BRASIL/CNE, 2009).
La Ley N° 13.005, del 25 de junio de 2014, determinó los lineamientos, metas y
estrategias para el actual PNE, que está vigente de 2014 a 2024. Los objetivos 15 a 18 se
centran en los profesionales de la educación. El objetivo 18 tiene como objetivo garantizar el
desarrollo de planes de carrera para la educación básica pública (DOURADO, 2016) y el
objetivo 17 se refiere a la remuneración de los docentes. Ambos toman como referencia la
PSPN (Ley Nº 11.738/2008) y la destacan como "[...] uno de los mayores avances para la
valorización profesional [docente]" (MEC, 2014). El PSPN, además de la cuestión de la
remuneración, aborda la composición de la jornada laboral en su artículo 2 párrafo 4: "§ 4 En
la composición de la jornada laboral, se observará el límite máximo de 2/3 (dos tercios) de la
carga de trabajo para la realización de actividades de interacción con los estudiantes"
(BRASIL, 2008).
Según Xavier (2015), el PSPN está alineado con las políticas de valorización de los
profesionales en la enseñanza pública de la educación básica desde la perspectiva de la
construcción del Sistema Educativo Nacional y también sigue los supuestos del Plan Nacional
de Educación (PNE 2014/2024), principalmente en su meta 17. El autor también señala que la
institución de la Ley Nº 11.738/2008 tiene por objeto expresar y garantizar las disposiciones
del artículo 206 de la Constitución Federal y del artículo 67 de la LDBEN.
Aunque se basó en legislación anterior, el PSPN fue cuestionado en prácticamente
todos sus puntos por los gobiernos estatales. Según Xavier (2015), los estados de Rio Grande
do Sul, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Ceará y también Paraná reclamaron pérdida de
autonomía al impugnar las determinaciones establecidas por la Ley 11.738/2008. Los estados
de São Paulo, Minas Gerais, Tocantins y el Distrito Federal también cuestionaron la
legitimidad de la Unión en relación con la Ley del Piso.
Es posible observar por la legislación nacional que, si por un lado existe la defensa de
este tiempo, por otro hay una gran variación en su delimitación y en su papel en el contexto de
la labor docente. También se puede argumentar que algunas leyes tienen como objetivo
regular la implementación y otras apuntan a regular el principio (como LDBEN y PNE). Pero
es importante recordar, como informó Artigas (2013), que cuando se desarrolló la actual
LDBEN en la década de 1990, uno de los proyectos presentados para su consideración, el
proyecto de Jorge Hage, preveía el establecimiento de un régimen de trabajo preferencial de
40 horas y apuntaba al porcentaje del 50% en la regencia máxima para todos los maestros.
Este proyecto quedó en desuso en relación con el texto de Darcy Ribeiro y el tiempo de no
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regencia se describe en el artículo 67 de la actual LDBEN en términos generales solo como un
principio.
Condiciones del trabajo docente en la escuela pública: la jornada laboral y la hora-
actividad
En Paraná, el debate en torno a la hora-actividad es a menudo tomado por la disputa
entre las acciones de los gobiernos neoliberales al frente de la política estatal y las luchas
sindicales históricamente emprendidas por la política de valoración de la carrera docente.
Según Czekalski (2008), la definición de hora-actividad se da en la legislación
paranaense en la Ley Estatal Nº 13.807/2002. Según esta ley, la hora-actividad es el período
en el que el docente que realiza funciones docentes tiene reservado para estudios,
planificación, preparación de clases, entre otras actividades inherentes al trabajo docente.
Haddad e Silva (2012) destacan la configuración dada a la actividad horaria en el estado de
Paraná en dos legislaciones estatales, la Ley N° 13.807 y la Instrucción n. 02/2004
–
SUED.
Según los autores, esta legislación caracteriza el tiempo de actividad tanto como trabajo
individual (para la planificación de clases y preparación/corrección de las
evaluaciones/actividades de los estudiantes), como trabajo colectivo (con discusiones sobre
procesos pedagógicos).
Se destaca el importante papel de la movilización docente, principalmente a través de
los sindicatos, en la modificación y elaboración de legislación relativa a la actividad horaria.
Según Czekalski (2008), aunque el gobierno de Paraná ha adoptado una agenda abiertamente
neoliberal desde mediados de la década de 1990, los profesionales de la educación se
organizaron colectivamente expresando su resistencia. También según el autor, el reclamo
histórico de la actividad horaria es del 50%, y solo en 2002, después de muchas
movilizaciones, los maestros ganaron el 20% de la jornada laboral en tiempo de no regencia.
Tanto en 1996, al momento de la promulgación de ldben, como entre 2011 y 2013, con
la implementación del 33% de la actividad horaria en la educación básica estatal, las
campañas del APP Sindicato (Sindicato de Trabajadores de la Educación Pública de Paraná)
tuvieron como norte un 50% de actividad horaria en la composición de la jornada laboral
(CZEKALSKI, 2008). Esta comprensión del significado de la hora-actividad se coordinó para
defender una política de valoración de la labor docente que abordara aspectos distintos a la
cuestión retributiva.
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1111
Entre 2014 y 2015, como resultado de la movilización de los docentes y el sindicato,
la implementación del 33% de la actividad horaria, según lo indicado en el PSPN, se lleva a
cabo siguiendo lo establecido en el Plan Estatal de Carrera, con el tiempo-clase estipulado en
50 minutos. Este entendimiento se modificó inmediatamente después, en 2016, de las
regulaciones anuales del siguiente año escolar. Así, ya en 2017 ya no había cumplimiento de
la ley PSPN en el estado de Paraná.
En Scholochuski (2018) y también en Furlanete (2019) hay discusiones sobre la
reducción en el porcentaje de hora-actividad que se produjo en el estado de Paraná. Según
Furlanete (2019, p. 69-70, traducción nuestra):
En 2017 el gobierno de Beto Richa realizó una nueva interpretación de la
Ley N° 11.638/08 y la Ley Complementaria Nº 174/2014, transformando el
viaje de veinte horas con clases de 13 horas/7 horas-actividad en la escuela
en 15 horas-clase/actividad de 9 horas [...]. En esta nueva interpretación, la
actividad de nueve horas se divide en cinco en la escuela y cuatro en un
lugar de libre elección, con el detalle de que la actividad de cuatro horas en
un lugar de libre elección no es remunerada. Es decir, se volvió a las
condiciones anteriores a la Ley Complementaria 174/2014, la actividad de
1/3 de hora se redujo a 1/4 de la hora-actividad, condición contraria a la
normativa tanto federal como estatal. Esta interpretación particular, que en
materialidad redujo un tiempo en tesis también utilizado para la educación
continua, no fue en forma de ley complementaria sino de una manera más
simple: en las resoluciones anuales que establecen los criterios para la
distribución de clases a los maestros de educación básica estatal.
Scholochuski (2018), a través de entrevistas con docentes, relata el profundo shock
que causó en la categoría ganar y perder el 33% hora-actividad en tan poco tiempo. Según el
autor, el tiempo en que estuvo vigente el 33% de la hora-actividad en Paraná fue suficiente
para que los docentes percibieran el aumento de calidad del trabajo que significó la
materialización de la ley. Según Scholochuski (2018, p. 131-132, traducción nuestra):
A través de las declaraciones de los maestros, se pudo notar que a partir del
aumento del porcentaje del 33% de la actividad horaria muchos maestros que
aún se llevaban el trabajo a casa, comenzaron a realizar este tipo de
actividades en la escuela. Se planificaron clases más dinámicas y atractivas
para los estudiantes, así como las novedades pedagógicas comenzaron a
constituir el entorno escolar. Con un tercio de la actividad horaria los
docentes tuvieron más tiempo para atreverse con los recursos tecnológicos y
también promover proyectos interdisciplinarios y discusiones a partir de
debates e intercambios con docentes de otras disciplinas, además de poder
utilizar este espacio de tiempo para profundizar sus conocimientos.
También según el autor, los profesores informaron que podían aumentar el contacto
con los equipos pedagógicos, que había una disminución en la clase a la que asistir y en
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La jornada laboral y las horas de actividad como expresiones de precariedad e intensificación del trabajo en la Escuela Pública
Paranaense
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consecuencia en los libros de registros y procesos de evaluación. Esta diferencia horaria se
tradujo en una mejora en la calidad de vida y laboral, hubo más tiempo para el debate, el
estudio y la reflexión, así como una mayor interacción entre docentes, pares y equipos
pedagógicos (SCHOLOCHUSKI, 2018).
Cuando la jornada laboral se reorganizó a la imagen anterior de actividad horaria del
25%, hubo un fuerte efecto negativo,
Los docentes entrevistados lamentan profundamente la disminución del
porcentaje destinado al espacio horario-temporal de la hora-actividad.
Puntúan numerosos contratiempos en su trabajo que involucran la falta de
tiempo para planificar, organizar materiales, actividades correctas, pruebas,
entre otros. Algunos maestros se sienten heridos, infravalorados, hay un
malestar docente que se cierne sobre las escuelas estatales de Paraná. La
desmotivación es clara y el desánimo de perder un derecho conquistado con
mucho sacrificio es bastante visible entre los docentes (SCHOLOCHUSKI,
2018, p. 134, traducción nuestra).
Las condiciones de trabajo docente en las escuelas públicas, así como la
implementación de una jornada laboral que garantice el tiempo necesario para la preparación
de las actividades didáctico-pedagógicas, aún se presenta como un desafío en los estados y
municipios. El cumplimiento de la legislación se suma a otras prioridades para la
implementación de una educación de calidad socialmente referenciada.
Consideraciones finales
Considerando que, a pesar de las regulaciones hechas por la Unión, la implementación
de la jornada laboral en la educación básica depende de las políticas gubernamentales de las
entidades federativas y municipios, tal derecho sigue siendo un campo de disputa. Es
sumamente importante que las políticas de valorización del trabajo docente tengan, como
señalan Sobzinski, Diogo y Masson (2015), carácter de políticas de Estado. Consideradas y
discutidas a nivel nacional como políticas de Estado no estarían a merced de la buena
voluntad de los gobiernos que le siguen. La fragilidad de la legislación de que disponen las
entidades federativas en la forma en que regularán este tema hace que este tema sea objeto de
variadas interpretaciones y cambios constantes, provocando, a su vez, inestabilidad e
inseguridad a los docentes. Los reflejos de la reestructuración en el mundo del trabajo se
observan en las prácticas de regulación de las horas de trabajo de la educación pública cuando
se observa el incumplimiento de leyes como la PSPN, evidenciando la intensificación de la
explotación de la fuerza laboral agravada con las políticas de libre mercado del liberalismo.
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En el caso del estado de Paraná, se pudo observar que, en el corto intervalo de tiempo
del cumplimiento del PSPN, la implementación real del 33% de la actividad horaria resultó en
"alivio" y "paliativo" por la intensa situación de trabajo docente experimentado en la
educación básica. Tan importante como es la defensa de leyes como la PSPN, es necesario
pensar en un sistema educativo que se base en políticas en las que el tiempo-actividad se
materialice claramente, como una condición de trabajo adecuada, y no como paliativo para la
sobrecarga de trabajo.
La organización de la jornada es, entre los diferentes aspectos estructurales de un plan
de carrera que contribuyan a unas condiciones de trabajo adecuadas, un elemento importante
que requiere de una legislación detallada a nivel nacional para solidificarse y materializarse en
el trabajo diario de la docencia. Dado su carácter central en relación con las condiciones de
trabajo y que, en última instancia, impacta fuertemente en el funcionamiento de las unidades
escolares y los procesos de enseñanza-aprendizaje, los planes de carrera docente y las horas
de trabajo deben tratarse como políticas estatales y no como políticas gubernamentales
inestables, a merced de las fluctuaciones estacionales y desconstrucción, como se ha
observado en las últimas décadas en el estado de Paraná.
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La jornada laboral y las horas de actividad como expresiones de precariedad e intensificación del trabajo en la Escuela Pública
Paranaense
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Cómo hacer referencia a este artículo
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horas de actividad como expresiones de precariedad e intensificación del trabajo en la Escuela
Pública Paranaense.
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação
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Enviado en
:
10/12/2020
Revisiones requeridas en
: 18/02/2022
Aprobado en
: 18/03/2022
Publicado en
: 01/04/2022
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Working day and planning time as expressions of the precarization and intensification of work in the public school of Paraná
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1098-1113, Apr./June. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14548
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WORKING DAY AND PLANNING TIME AS EXPRESSIONS OF THE
PRECARIZATION AND INTENSIFICATION OF WORK IN THE PUBLIC SCHOOL
OF PARANÁ
A JORNADA DE TRABALHO E A HORA ATIVIDADE COMO EXPRESSÕES DA
PRECARIZAÇÃO E INTENSIFICAÇÃO DO TRABALHO NA ESCOLA PÚBLICA
PARANAENSE
LA JORNADA LABORAL Y LAS HORAS DE ACTIVIDAD COMO EXPRESIONES DE
PRECARIEDAD E INTENSIFICACIÓN DEL TRABAJO EN LA ESCUELA PÚBLICA
PARANAENSE
Karina Lane Vianei Ramalho de Sá FURLANETE
1
Eliane Cleide da Silva CZERNISZ
2
Silvia Alves dos SANTOS
3
ABSTRACT
: This text presents a discussion on the impacts of the precarization of the teaching
work taking as a starting point the regulation of the working day of teachers of basic education.
The objective is to reflect on how precarious work affects the organization of working day
through the intensification of teaching work. It develops from bibliographical discussion based
on historical-dialectical materialism and uses the analysis of the national legislation that
involves the theme. Based on the regulation of working hours in the state of Paraná, it is
discussed how the fragility of this career regulation affects teachers. In the context of the
bureaucratic and managerialist State, the instability of the organization of the working day
results in the intensification and precarization of the work.
KEYWORDS
: Teaching work. Paraná. Basic education.
RESUMO
: Este texto apresenta uma discussão sobre os impactos da precarização do trabalho
docente a partir da regulamentação em torno da jornada de trabalho de docentes da educação
básica. O objetivo é fazer uma reflexão de como a precarização atinge a organização da
jornada de trabalho pela via da intensificação do trabalho docente. Desenvolve-se a partir de
discussão bibliográfica com base no materialismo histórico-dialético e utiliza análise da
legislação nacional que envolve o tema. A partir da regulamentação da jornada de trabalho
no estado do Paraná discute-se como a fragilidade desta regulamentação da carreira atinge
os docentes. Em um contexto de Estado burocratizado e gerencialista a instabilidade da
organização da jornada de trabalho resulta na intensificação e precarização da profissão.
PALAVRAS-CHAVE
: Trabalho docente. Paraná. Educação básica.
1
Paraná State Department of Education (SEED), Londrina
–
PR
–
Brazil. Professor. PhD in Plant Biology
(UNICAMP).ORCID: https://orcid.org/0000-0002-2256-4128. E-mail: klfurlanete@gmail.com
2
University of Londrina (UEL), Londrina
–
PR
–
Brazil. Professor.
Doutorado em Doctorate in Education
3
University of Londrina (UEL), Londrina
–
PR
–
Brazil. Professor. Doctorate in Education (UFSCAR). ORCID:
https://orcid.org/0000-0002-0647-750X. E-mail: sillalves@uel.br
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Karina Lane Vianei Ramalho de Sá FURLANETE; Eliane Cleide da Silva CZERNISZ and Silvia Alves dos SANTOS
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RESUMEN
: Este artículo presenta una discusión sobre los impactos de la precariedad del
trabajo docente a partir de la regulación en torno a la jornada laboral de los docentes de
educación básica. El objetivo es reflexionar sobre cómo el trabajo precario afecta la
organización de la jornada laboral mediante la intensificación del trabajo docente. Se
desarrolla a partir de la discusión bibliográfica basada en el materialismo histórico-dialéctico
y utiliza el análisis de la legislación nacional que involucra el tema. Con base en la regulación
de la jornada laboral en el estado de Paraná, se discute cómo la fragilidad de esta regulación
de carrera afecta a los docentes. En un contexto de Estado burocrático y gerencialista, la
inestabilidad de la organización de la jornada laboral se traduce en la intensificación y
precariedad de esta profesión.
PALABRAS CLAVE
: Trabajo docente. Paraná. Educación básica.
Introduction
This paper presents a discussion about the impacts of the precariousness of the teaching
work based on the regulation of the working day for basic education teachers. The goal is to
reflect on how the precariousness affects the organization of the working day through the
intensification of the teaching work. This is a bibliographical study and document analysis,
based on historical-dialectical materialism. It is assumed that it is not possible to apprehend the
intentionalities and meanings of an educational policy without the apprehension of the global
logic of a given production system (MASSON, 2012). The document analysis takes into
account the historical, political and economic contexts in which policies are thought, developed
and implemented. It is also important to pay attention to the mediations and contradictions that
emerge from the documents, seeking a non-fragmented view of the object under study (CURY,
1995).
The debate around precarization and intensification of work is not recent, however, it is
observed that in the first two decades of the 2000s the theme has been recurrent (ALVES, 2011,
2013, 2016; ANTUNES, 2009; ASSUNÇÃO; OLIVEIRA, 2009; DAL ROSSO, 2006;
SANTOS, 2013), to elucidate more and more the extraction of surplus value to workers in
general and, in particular, to basic education teachers. The extraction of surplus value in the
teaching work occurs mostly by the ways the capital scrapes, makes precarious and intensifies
the social practices of the subjects involved in the teaching and learning processes.
Taking the context of the world of work, this text is divided into two parts. In the first,
we present a discussion on work precarization and intensification as ways of restructuring the
interests of capital for the world of work and, consequently, for the teaching work in basic
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Working day and planning time as expressions of the precarization and intensification of work in the public school of Paraná
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1098-1113, Apr./June. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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education. In the second section, we discuss the regulation of the teaching work day, taking as
an object of analysis the materialization of this legislation in the state of Paraná.
The choice of the state of Paraná as the locus of the study is due to the dynamics adopted
by this federative entity in relation to the implementation of Law No. 11.738/2008, which
establishes the PSPN (National Professional Salary Floor) and regulates the teaching work day
in relation to the time of regency in the classroom and the time of working hours. With the
institution of the PSPN and after the mobilization of the state teachers, who had been engaged
in discussing the organization of the working day for a long time, the state applied what was
defined in the law. Subsequently, it used regulations such as the annual resolutions to define
the working hours to reduce the ratio of working hours/class hours, not complying with the
provisions of the PSPN. These mechanisms used by the Paraná state government expose the
fragility of the legislation that delegates to the federative entities the regulation of this and other
important aspects of the teaching career.
From the perspective of teaching work, one can define planning time as one of the
components of the structural dimension in a career plan (PRADO, 2019). It is directly related
to the organization of the working day, the activities (in addition to the regency) that are
considered the teacher's responsibility and the very functioning and organization of the
pedagogical work in basic education teaching units. Ultimately, it is possible to say that the
percentage allocated in the legislation for the planning time, and the importance given to this
component of the career, shows the conception that the State and the federal entities have
regarding the appreciation of the teaching work.
World of work: precarization and intensification as forms of capital restructuring
In the 1970s there were deep restructurings in the world of work. These transformations
had as their essential purpose the intensification of the exploitation of labor power (ANTUNES,
2009) and reached, as it could not be otherwise, also the teaching work. The intensification of
the exploitation of the labor force fell upon all those who live from wages, and the conditions
in the world of work were worsened with the free market policies of liberalism - which also
gained strength from this historical moment in the context of flexible accumulation. Taken
together, the changes that have occurred in the contemporary world of work result in what
Antunes (2009, p. 17) describes as "[...] a growing contingent of workers in precarious
conditions, in addition to a widening degradation, in the metabolic relationship between man
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and nature [...]." Alves (2013) describes flexible work and its unfoldings as the main
characteristic of the new and precarious world of work.
Alves (2013, p. 175), when reporting a research conducted with public education
teachers in the city of Marília/SP, says that workers "[...] do not discuss salary or professional
career plan, but rather working conditions and their impacts on personal life [...]". The example
demonstrates how the complexity of work precarization affects the daily life of teachers.
According to Alves (2013), the current complexity of job insecurity has two essential
dimensions that complement each other: wage insecurity and the insecurity of the man-who-
works. The precariousness of the man-who-works also covers the field of human subjectivity,
resulting in metabolic imbalances of personal class individualities, which can even lead to
situations of illness.
The organizational changes resulting from the educational reforms experienced since
the early 1990s can also be elucidative to the phenomena of work precarization and
intensification. Intensification does not occur only by expanding the hours of execution in an
activity, but also through subjective elements that pressure the individual in the form of
execution of a task (ASSUNÇÃO; OLIVEIRA, 2009). According to the authors, work
intensification is directly related to the increase of activities and/or tasks to be performed,
"producing" more work, in the same time unit.
The mechanisms of intensification of the teaching work can be characterized
qualitatively by the pressures they exert on individuals in relation to performance evaluations,
management by results, improvements in the indexes in large-scale assessments, in addition to
quantitatively by the volume of work that the teacher adds in his daily life with the increase of
bureaucratic tasks not linked to the teaching-learning process, activities related to management,
increase in the number of classes and students served, work in different schools/ teaching units
(ASSUNÇÃO; OLIVEIRA, 2009; FURLANETE, 2019; SANTOS, 2013; SILVA, 2006). It is
understood in this way that it is necessary to analyze the teaching workday and the organization
of this journey considering the complexity of precarization and intensification of work in the
conformation of its current metabolism.
The teaching work in the context of work precarization and intensification
The changes in the labor metabolism and the transformations arising from
flexible accumulation in the 1970s are closely related to the emergence of neoliberal states that
reorganized global politics in the 1980s in the world and 1990s in Brazil. This organization of
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1098-1113, Apr./June. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14548
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the State strengthened managerial management models in the public sphere (SILVA;
CARVALHO, 2014), bringing to school units the concepts of efficiency, effectiveness and
productivity as parameters of "quality of education", the increase of bureaucratized activities
and the search for indexes in large-scale evaluations.
Managerialism can be understood as a new form of public management in
which the State modernizes itself, aiming to meet the efficiency requirements coming from the
private sector. Based on this new rationality, there is a search for educational results that
correspond to the effectiveness of the services provided. According to Peroni and Lima (2020,
p. 3), managerialism "[...] is part of the neoliberal diagnosis that the crisis is in the State and the
market becomes the parameter of quality - what remains in the State should have the quality of
the market as a parameter [...]". Thus, still according to the authors, the dispute between
managerial management and democratic management is established in education.
According to Silva and Carvalho (2014), with the deepening of
managerialism in education, management takes on a bureaucratic, standardized, and fragmented
character. The mechanisms and tools used for the organization and management of education
now come from the private sector of production; the school is managed just like a company.
Education is seen from the assumptions of efficiency, effectiveness, and productivity coming
from the private sector. The educational processes are limited to a reductionist perspective that
does not dialogue with the integral formation of individuals (SILVA; CARVALHO, 2014). It
is interesting to note that this reduced view of educational processes occurs at the same
historical moment in which there is an attempt to understand these mechanisms more broadly.
According to Assunção and Oliveira (2009, p. 351-352):
The demands placed on education professionals in this context of new
educational regulation seem to presuppose greater accountability of workers,
demanding greater autonomy (or heteronomy) from them, the ability to solve
locally the problems encountered, reflect on their reality and work in a
collective and cooperative manner.
[...]
The LDB n. 9.394/96, in its articles 12, 13 and 14, provides on the
competencies of the educational establishments and the teachers, and also on
the democratic management, reinforcing such trends and demonstrating that
in the legal plan the teaching work is not restricted to the classroom, but that
it also includes the relationships with the community, the school management,
the planning of the pedagogical project, the participation in councils, among
other functions. Thus, we can consider that there has been a broadening, on
the legal level, of the understanding of what the full exercise of teaching
activities means.
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Karina Lane Vianei Ramalho de Sá FURLANETE; Eliane Cleide da Silva CZERNISZ and Silvia Alves dos SANTOS
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In fact, considering that the teaching work is complex and its understanding cannot be
limited to the time of regency, the regulations brought by the Law of Directives and Bases of
National Education (LDBEN) n. 9394/96 are an important milestone in this direction. But these
regulations materialized in a context of bureaucratization, managerialism, and accountability.
The result is not a more autonomous school and a work recognized in its complexity, but an
intensified work, with multiple demands and charges, performed in teaching units that are
autonomous only to fulfill what is requested of them, that is, autonomous to achieve the required
indexes. This bureaucratization of educational processes and the intense search for measurable
results reduced to performance indexes impact teaching work directly.
According to Dal Rosso (2006a), when work assumes its reduced wage-earning form,
one can consider the working day as "[...] the amount of time work consumes from people's
lives" (p. 31). The reduction of work to wage earning and of the workday to the consumption
of life time are associated with intensification.
Dal Rosso (2006b), when discussing the workday in relation to its duration and intensity,
highlights that the amount of time that work consumes has several implications on people's
lives, as it affects their quality of life. The amount of time that is dedicated to economic
activities directly affects health conditions, since it even compromises the existence of free time
and the possibility of enjoying it.
All work requires a certain degree of intensity and this is a measure of the degree of
expenditure of personal energy performed by those who work, which has to do with how the
act of working is performed (DAL ROSSO, 2006a). According to Dal Rosso (2006a), when it
comes to work intensity, the focus is always on the worker, on those who work. This is the one
who can - ultimately - describe the intensity, because:
It is the worker as a whole human being who performs the activity, not just
the worker as physical strength, intellectual or emotional capacity. The
intensity of the work is, therefore, more than physical effort, since it involves
all of the worker's capacities, whether the capacities of his body, the acuteness
of his mind, the affectivity expended, the knowledge acquired over time or
transmitted through the process of socialization (DAL ROSSO, 2006a, p. 68).
In the need to increase the exploitation of labor (in its wage form), and since there is no
possibility of increasing the workday, when these are controlled by legislation, the manipulation
of the degrees of work intensity becomes the mechanism used to obtain the desired results (DAL
ROSSO, 2006a; 2006b). In this way, work intensification can be understood as:
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To work more densely, or simply to work more, without any adjectives or
adverbs, [and this work] supposes a greater effort, a firmer commitment, a
higher engagement, a greater expenditure of personal energies to cope with
the additional workload (DAL ROSSO, 2006a, p. 69)
This definition explains the importance of the discussion about the ratio of class
hour/activity hour in the teaching work in basic education. On the one hand, there is the
definition in the career plans of a fixed work day, and on the other hand, the lower the proportion
of working hours in relation to the hours of instruction, the greater the amount of work per unit
of time. The result is an intensification of teachers' work considering the demands resulting
from the educational reforms of the last decades. Thus, the establishment of a working day in
structured career plans is important, but it is not enough, it is necessary to discuss and clearly
define the organization of this working day.
Two important aspects of the intensification of teachers' work are illness and the
compromising of what has been called "quality of education. Dal Rosso (2006a) reports that
"working more" per unit of time results in more wear, fatigue, and "[...] corresponding personal
effects in the physiological, mental, emotional, and relational fields" (p. 69). For Assunção and
Oliveira (2009), intensification affects the quality of work because, with the lack of time,
workers need to focus forces on what is essential in each activity. This, according to the authors,
generates the conflict between doing the job well and the pressures to increase productivity. In
the case of teachers, the pressures of attending a larger number of students and/or classes, longer
teaching hours, and better learning performance measured by indexes, just to mention a few
examples. Although this is not an exhausted topic, there is consistent documentation in the
literature on the subject of teaching work that attests to the implications of the intensification
of teaching work in recent decades and the contribution of managerial reforms in this process.
The regulation of the planning time
The 1988 Federal Constitution
4
deals with the institution of the career plan for public
teaching in Article 206, but the implementation and regulation of these plans were left to each
of the federal entities of the Union (PRADO, 2019). Even though the enactment of LDBEN n.
9394/1996 provided reinforcement for the implementation of career plans (PRADO, 2019),
currently legal clashes and difficulties persist for the implementation of minimum regulations
of these plans in the different federative entities.
4
Prior to the Federal Constitution, the federal entities that had drawn up career plans for teachers were based on
Law n. 5,692/1971 (PRADO, 2019).
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Law 9424/96, which created the Fund for the Maintenance and Development of
Elementary Education and the Valorization of Teaching (Fundef), also dates from the end of
the 1990s. In terms of career, Fundef, by contemplating only a portion of the financing of
elementary education, gave municipalities autonomy to invest or not in the creation or
maintenance of teachers' career plans. This condition expresses, within the limits of the law,
that the teachers' career would continue to depend on the political will of the municipal and
state governments and, therefore, subject to negotiations that do not always favor the teaching
category. Still in this same historical moment, it is important to mention Resolution n. 3 of
08/10/97 of the National Council of Education (CNE), which set guidelines for the preparation
of plans by the federative entities (PRADO, 2019). The CNE guideline, as well as the LDBEN,
in addition to the maximum limit of the working day deals with a period reserved for study
activities, planning and evaluation.
In 2008, Law n. 11.738/2008 instituted the PSPN with the goal of regulating at the
national level the National Professional Salary Floor and the minimum percentage of one third
of the workload for out-of-class activities (PRADO, 2019). Following the PSPN, in 2009, the
CNE issues a new resolution with guidelines for the federative entities to create or restructure
the career plans according to the updated legislation (Resolution n. 2 of 05/28/09), specifying
among other points the planning time and the period reserved for out-of-class activities
(PRADO, 2019). Another mention regarding the organization of the planning time and
consequently the non-class time is made in Law n. 13.005/2014, which established the current
National Education Plan (PNE 2014/2024).
The two important aspects for this text in relation to the career plan, the work day and
what is generically called the time set aside for studies (working hours), continued throughout
this period of regulation under the responsibility of the federal entities, and even today, as
presented by Prado (2019) in his review of the career plans of the states and Federal District,
there is a great variation in the regulations. It is noted that, with the exception of the PSPN law,
the legislation is quite generic both in relation to the work day and in relation to the organization
of this work day. Here it is highlighted that the lack of clear definition of important points in
the national legislation regarding the regulation of the teaching career and the transfer of these
definitions to the federative entities results, according to the words of Prado (2019, p. 12), "[...]
[in a] shapeless tangle of legislations that overlap each other, in a confusing way, and that makes
it difficult to have a global evaluation of the teaching careers."
The national documents that deal with the teaching work and that, according to the
organization of the Brazilian legislation, serve as guidance for the regulations of the career
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Working day and planning time as expressions of the precarization and intensification of work in the public school of Paraná
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plans by the federal entities, vary in the description of what working hours would be, including
the term used for this component of the working day. They are more intended to highlight the
importance of non-working time than to clarify the meaning of this time. The emphasis is given
more to the various activities that would be performed in this time than in the clear regulation
of the percentage of this time in the workday.
In the LDBEN, article 67, which deals with the valorization of teachers, provides a "[...]
period reserved for studies, planning and evaluation, included in the workload" (BRASIL,
1996). And, in the sequence of the article, it is worth mentioning "[...] adequate working
conditions." The CNE's Resolution of 1997 (Resolution n. 3 of 08/10/1997), on the other hand,
is a little more specific and suggests a percentage of hour-activity that varies from 20% to 25%
of the total journey (BRASIL/CNE, 1997).
The 2009 Resolution of the CNE (Resolution No. 2 of 28/05/2009), intending to update
the guidelines for career plans, brings in its wording the guidance of a working day preferably
of 40 hours per week and "[...] always bearing in mind the gradual expansion of the part of the
journey for activities of class preparation, evaluation of student production, school meetings,
contacts with the community and continuing education [...]" (BRASIL/CNE, 2009).
Law 13.005, of June 25, 2014, determined the guidelines, goals, and strategies for the
current PNE, which runs from 2014 to 2024. Goals 15 through 18 focus on education
professionals. Goal 18 deals with ensuring the development of career plans for public basic
education (DOURADO, 2016) and goal 17 deals with the remuneration of teachers. Both take
the PSPN (Law n. 11.738/2008) as a reference and highlight it as "[...] one of the greatest
advances for the professional valorization [of teachers]" (MEC, 2014). The PSPN, in addition
to the remuneration issue, deals with the composition of the working day in its article 2
paragraph 4: "§ 4 In the composition of the working day, the maximum limit of 2/3 (two thirds)
of the workload will be observed for the performance of activities of interaction with students"
(BRASIL, 2008).
According to Xavier (2015), the PSPN is aligned with the policies for valuing public
teaching professionals of basic education in the perspective of building the National Education
System and also follows the assumptions of the National Education Plan (PNE 2014/2024),
especially in its goal 17. The author also highlights that the institution of the Law n.
11.738/2008 is designed to express and ensure the provisions of Article 206 of the Federal
Constitution and Article 67 of the LDBEN.
Despite being based on previous legislation, the PSPN was contested in virtually all of
its points by state governments. According to Xavier (2015), the states of Rio Grande do Sul,
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Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Ceará and also Paraná claimed loss of autonomy when
contesting the determinations established by Law 11.738/2008. The states of São Paulo, Minas
Gerais, Tocantins and the Federal District also questioned the legitimacy of the Union in
relation to the Law of the Floor.
It is possible to observe from the national legislation that, if on one hand there is the
defense of this time, on the other there is great variation in its delimitation and its role in the
context of the teaching work. It can also be argued that some legislations aim at regulating the
implementation and others aim at regulating the principle (such as the LDBEN and the PNEs).
But it is important to remember, as reported by Artigas (2013), that when the current LDBEN
was being drafted in the 1990s, one of the projects presented for consideration, Jorge Hage's
project, provided for the establishment of a preferential 40-hour work regime and pointed to a
maximum percentage of 50% of regency for all teachers. This project was rejected in relation
to Darcy Ribeiro's text, and the non-teaching time is described in article 67 of the current
LDBEN, in general terms, only as a principle.
Conditions of teaching work in public schools: the working day and the planning time
In Paraná, the debate around the planning time is often taken by the dispute between the
actions of neoliberal governments at the head of state policy and the union struggles historically
undertaken by the policy of valuing the teaching career.
According to Czekalski (2008), the definition of planning time is given in the Paraná
legislation in the State Law No. 13.807/2002. According to this law, the planning time is the
period in which the teacher who performs teaching functions has reserved for studies, planning,
preparation of classes, among other activities inherent to the teaching work. Haddad and Silva
(2012) highlight the configuration given to the working hour in the state of Paraná in two state
laws, Law No. 13,807 and Instruction No. 02/2004 - SUED. According to the authors, this
legislation characterizes the planning time both as individual work (for lesson planning and
preparation/correction of assessments/activities of students) and as collective work (with
discussions about the pedagogical processes).
It is noteworthy the important role of teachers' mobilization, mainly through unions, in
the modification and development of legislation related to this issue. According to Czekalski
(2008), even though the government of Paraná had adopted an openly neoliberal agenda since
the mid-1990s, the education professionals organized themselves collectively to show their
resistance. According to the author, the historical demand for planning time is 50%, and only
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in 2002, after many mobilizations, the teachers conquered 20% of the working day as non-
teaching time.
Both in 1996, when the LDBEN was enacted, and between 2011 and 2013, with the
implementation of 33% of planning time in basic education in the state, the campaigns of the
APP Sindicato (Union of Public Education Workers of Paraná) had as a guide 50% of working
hours in the composition of the working day (CZEKALSKI, 2008). This understanding of the
meaning of theplanning time was coordinated with the defense of a policy of valuing the
teaching work that encompassed other aspects in addition to the remuneration issue.
Between 2014 and 2015, as a result of the mobilization of teachers and the union, the
implementation of the 33% of planning time, as indicated in the PSPN, occurs following the
provisions of the State Career Plan, with the class hour stipulated at 50 minutes. This
understanding was modified soon after, in 2016, in the annual regulation of the following school
year. Thus, in 2017, there was no longer compliance with the PSPN law in the state of Paraná.
In Scholochuski (2018) and also in Furlanete (2019) there are discussions regarding the
reduction of the percentage of planning time that took place in the state of Paraná. According
to Furlanete (2019, p. 69-70):
In 2017, the Beto Richa government reinterpreted Law 11.638/08 and
Supplementary Law 174/2014, changing the twenty-hour day with 13 hours-
classroom/7 hours-planning time at school into 15 hours-classroom/9 hours-
planning time [...]. In this new interpretation, the nine working hours are
divided into five at school and four at a location of free choice, with the detail
that the four hours of planning time at a location of free choice are unpaid. In
other words, there was a return to the conditions prior to Supplementary Law
174/2014, the 1/3 of working hours was reduced to 1/4 of planning times, a
condition contrary to both federal and state regulations. This particular
interpretation, which materially reduced a time in theory also used for
continuing education, did not take place in the form of a Supplementary Law
but in a simpler form: in the annual resolutions that establish the criteria for
distribution of classes to state basic education teachers.
Scholochuski (2018), through interviews conducted with teachers, reports the deep
shock that winning and losing the 33% planning time in such a short period of time caused in
the category. According to the author, the time in which the 33% of the planning time was in
effect in Paraná was enough for teachers to realize the increase in work quality that the
materialization of the law meant. According to Scholochuski (2018, p. 131-132):
Through the teachers' testimonies it was possible to notice that after the
increase in the percentage of 33% of the planning time, many teachers who
still took work home with them started to carry out these activities at school.
More dynamic and attractive classes were planned for the students, as well as
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pedagogical innovations started to constitute the school environment. With a
third of the planning time, teachers had more time to dare with technological
resources and also to promote interdisciplinary projects and discussions based
on debates and exchanges with teachers of other subjects, besides being able
to use this time to deepen their knowledge.
Also according to the author, the teachers reported that they were able to increase
contact with the pedagogical teams, that there was a reduction in the number of classes to attend
and, consequently, in the number of record books and evaluation processes. This time difference
resulted in improved quality of life and work, there was more time for debate, study, and
reflection, as well as greater interaction between teachers, their peers, and the pedagogical
teams (SCHOLOCHUSKI, 2018).
When the reorganization of the working day reverted to the previous 25% working hour
framework, there was a strong negative effect,
The teachers interviewed deeply regretted the decrease in the percentage of
time allotted to the space-time of planning time. They point to numerous
setbacks in their work involving lack of time to plan, to organize materials, to
correct activities and tests, among others. Some teachers feel hurt,
undervalued, there is a teaching malaise hovering over the state schools of
Paraná. The demotivation is clear and the discouragement for losing a right
conquered with much sacrifice is quite visible among teachers
(SCHOLOCHUSKI, 2018, p. 134)
The working conditions for teachers in public schools, as well as the establishment of a
working day that ensures the necessary time for the preparation of didactic and pedagogical
activities, is still a challenge in the states and municipalities. Compliance with the legislation is
added to other priorities for the realization of a socially referenced quality education.
Final remarks
Considering that, despite the regulation made by the Union, the implementation of the
working day in basic education depends on the government policies of the federative entities
and municipalities, this right is still a field of dispute. As pointed out by Sobzinski, Diogo, and
Masson (2015), it is extremely important that policies for valuing the teaching work have the
character of state policies. Considered and discussed on a national level as state policies, they
would not be at the mercy of the good will of succeeding governments. The fragility of the
legislation that provides the federative entities with the way they will regulate this issue makes
this theme the object of varied interpretations and constant changes, causing, in turn, instability
and insecurity for teachers. The reflexes of the restructuring in the world of work are observed
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Working day and planning time as expressions of the precarization and intensification of work in the public school of Paraná
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in the practices of the regulation of the working day for public education teachers when we
observe the non-compliance with laws such as the PSPN, showing the intensification of the
exploitation of the work force aggravated by the free market policies of liberalism.
In the case of the state of Paraná, it was possible to observe that, in the short time interval
of the PSPN's enforcement, the actual implementation of 33% of planning time resulted in
"relief" and "palliative" for the intense situation of teacher work experienced in basic education.
As important as it is to defend laws such as the PSPN, it is necessary to think of an educational
system that is based on policies in which the time of working hours clearly materializes as an
adequate working condition, and not as a palliative for the work overload.
The organization of the planning time is, among the different structural aspects of a
career plan that contribute to adequate working conditions, an important element that requires
detailed legislation at the national level to become solid and materialized in the daily work of
teachers. Given its central character in relation to working conditions and that, ultimately, it
strongly impacts the operation of school units and the teaching-learning processes, the teacher
career plans and working hours should be treated as state policies and not unstable government
policies, at the mercy of seasonal fluctuations and susceptible to deconstruction, as observed in
recent decades in the state of Paraná.
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FURLANETE, K. L. V. R. S.; CZERNISZ, E. C.S.; SANTOS, S. A. Working day and planning
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Submitted:
10/12/2020
Revisions required
: 18/02/2022
Approved
: 18/03/2022
Published
: 01/04/2022
Management of translations and versions: Editora Ibero-Americana de Educação
Translator: Thiago Faquim Bittencourt
Translation reviewer: Alexander Vinícius Leite da Silva