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Surdez, identidade e diferença
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1129-1147, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14593
1129
SURDEZ, IDENTIDADE E DIFERENÇA
SORDERA, IDENTIDAD Y DIFERENCIA
DEAFNESS, IDENTITY AND DIFFERENCE
Taise DALL’ASEN
1
Tania Mara Zancanaro PIECZKOWSKI
2
RESUMO
: Este estudo objetiva compreender como a diferença do sujeito surdo é concebida
no contexto socioeducacional, predominantemente organizado com base na identidade. A
premissa é a de que é necessário conhecer o sujeito surdo, os aspectos culturais e identitários,
as lutas em prol dos direitos de inclusão desse público em todos os contextos sociais, e
desmistificar os estereótipos que geram preconceitos e segregação. Este estudo, de caráter
bibliográfico, evidencia que a escolarização de crianças surdas necessita superar as práticas
pedagógicas de colonização, sob o domínio do ouvintismo, e considerar o protagonismo e a
autorrepresentação do sujeito surdo.
PALAVRAS-CHAVE
: Surdez. Cultura surda. Identidade surda. Educação especial.
RESUMEN
:
El objetivo de este estudio es comprender cómo se concibe la diferencia del sujeto
sordo en el contexto socioeducativo, predominantemente organizado en función de la
identidad. La premisa describe que es necesario conocer al sujeto sordo, los aspectos
culturales y de identidad, las luchas por los derechos de inclusión de este público en todos los
contextos sociales, y desmitificar los estereotipos que generan prejuicios y segregación. Este
estudio bibliográfico muestra que la educación de los niños sordos necesita superar las
prácticas pedagógicas de colonización, bajo el dominio del oyente, y considerar el
protagonismo y la autorrepresentación del sujeto sordo
.
PALABRAS CLAVE
:
Sordera. Cultura sorda. Identidad sorda. Educación especial.
ABSTRACT
:
This study aims to understand how the difference of the deaf person is conceived
in the socio-educational context, predominantly organized based on identity. The premise is
that it is necessary to know the deaf person, his/her cultural and identity aspects, the struggles
for the inclusion rights of this public in all social contexts, and to demystify stereotypes that
generate prejudices and segregation. This bibliographic study shows that the education of deaf
children needs to overcome the pedagogical practices of colonization, under the domain of
listening, and consider the protagonism and self-representation of the deaf people.
1
Universidad Diego Portales, Programa de Doctorado en Educación (UDP-UAH), Santiago
–
Chile. Doutoranda
em Educação (UDP/UAH). Mestre em Educação (UNOCHAPECÓ). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-0716-
7909. E-mail: taisedallasen@hotmail.com
2
Universidade Comunitária da Região de Chapecó (UNOCHAPECÓ), Chapecó
–
SC
–
Brasil. Professora,
Pesquisadora e Coordenadora do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu Mestrado em Educação. Doutorado
em Educação (UFSM). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-5257-7747. E-mail: taniazp@unochapeco.edu.br
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Taise
DALL’ASEN
e Tania Mara Zancanaro PIECZKOWSKI
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1129-1147, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14593
1130
KEYWORDS
:
Deafness.
Deaf culture.
Deaf identity. Special education.
Introdução
Este texto é resultado de um exercício de elaboração científica, com o objetivo de
compreender as relações sociais e os processos discriminatórios e excludentes presentes na
sociedade e na educação brasileira, mais especificamente em relação a sujeitos surdos, assim
como a processos de constituição de identidades individuais e coletivas, a partir dos conceitos
de diferença e identidade e de proposições educativas na perspectiva intercultural.
A pergunta de estudo que orienta este texto assim se constitui: Como a diferença do
sujeito surdo é concebida no contexto socioeducacional, predominantemente organizado com
base na identidade? A partir desse questionamento, é necessário conhecer o sujeito surdo, no
que diz respeito a aspectos culturais e identitários, à ascensão da luta em prol dos direitos de
inclusão em todos os contextos sociais, desmistificando estereótipos cristalizados pela
comunidade ouvinte. Portanto, o artigo tem como objetivo compreender como a diferença, na
especificidade do sujeito surdo, é concebida no contexto socioeducacional, predominantemente
organizado com base na identidade ouvinte. Ao longo da história, foi difícil ser surdo e estar
incluído na sociedade, uma vez que esses sujeitos foram compreendidos como seres inferiores
e incapazes de desenvolver suas potencialidades, numa concepção preponderantemente clínica.
Segundo Lopes (2011, p. 9),
[...] a surdez ocupou o centro das atenções de experts de diferentes campos do
saber. Grande parte de tais experts era fortemente atravessada por discursos
clínicos que se impunham na forma de descrever e classificar a surdez e os
seus ‘portadores’. A maioria deles produziu saberes que orientaram grupos a
olhar os sujeitos com surdez como capazes de serem ‘tratados’, ‘corrigidos’,
e ‘normalizados’ através de terapias, treinament
os orofaciais, protetização,
implantes cocleares e outras tecnologias avançadas que buscam, pela
ciborguização do corpo, a condição de normalidade.
Surdez, cultura surda, identidades surdas, Língua Brasileira de Sinais (Libras) e
bilinguismo são temáticas que ganharam crescente espaço nos últimos anos, especialmente com
a difusão das políticas de inclusão escolar. Atender às necessidades linguísticas e de
escolarização de crianças surdas impõe desafios às famílias e à escola.
Ao longo do tempo, foram estabelecidas distintas metodologias de
educação/escolarização de surdos, como oralismo, comunicação total e bilinguismo.
Atualmente, a Lei nº. 10.436/2002, de 24/04/2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de
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Sinais - Libras e dá outras providências, bem como o Decreto nº. 5.626, de 22 de dezembro de
2005, regulamentam que a escolarização dos sujeitos surdos seja realizada a partir da
metodologia bilíngue. A educação bilíngue objetiva propiciar à criança surda a aquisição da
Libras, como primeira língua, e do português escrito, como segunda língua. Recentemente,
entrou em vigor a Lei nº. 14.191, de 3 de agosto de 2021, que altera a Lei nº. 9.394, de 20 de
dezembro de 1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), para dispor sobre a
modalidade de educação bilíngue de surdos. Conta, no Art. 60
–
A, que:
Entende-se por educação bilíngue de surdos, para os efeitos desta Lei, a
modalidade de educação escolar oferecida em Língua Brasileira de Sinais
(Libras), como primeira língua, e em português escrito, como segunda língua,
em escolas bilíngues de surdos, classes bilíngues de surdos, escolas comuns
ou em polos de educação bilíngue de surdos, para educandos surdos, surdo-
cegos, com deficiência auditiva sinalizantes, surdos com altas habilidades ou
superdotação ou com outras deficiências associadas, optantes pela modalidade
de educação bilíngue de surdos (BRASIL, 2021).
Ao discorrer sobre a Língua de Sinais podemos constatar que esta possui
particularidades, assim como a língua portuguesa. Porém, ambas partilham do mesmo objetivo,
a comunicação. É importante que a Libras seja aprendida desde muito cedo, a partir das
interrelações com sujeitos surdos, visto que auxilia no processo linguístico-discursivo e de
aprendizagem. Também, a similaridade de ambas as línguas
–
Língua Portuguesa e Língua de
Sinais
–
pode ser observada nas estruturas e organizações das unidades mínimas, as quais,
quando somadas, formam unidades maiores e complexas. Assim, aspectos linguísticos, como
fonética, semântica, sintática e morfologia, são contemplados em ambas as línguas.
Sacks (2010, p. 22) evidencia que é possível observar que as línguas de s
inais são “[...]
completas em si mesmas: sua sintaxe, gramática e semântica são completas, possuindo, porém,
um caráter diferente de qualquer língua falada ou escrita”. Portanto, é impossível estabelecer a
transposição dos signos linguísticos para ambas as línguas, pois suas estruturas são diferentes
e devem ser respeitadas.
Caminhos metodológicos
Este artigo resulta de um estudo exploratório e, a partir de uma revisão bibliográfica,
buscamos elaborar análises teóricas com amparo na perspectiva pós-estruturalista. Trata-se de
reflexões produzidas no processo de elaboração da dissertação de mestrado em educação.
Para demarcar a perspectiva pós-estruturalista, Meyer e Paraíso (2014, p. 19) descrevem
que estas escolhas “[...] se inspiram em uma ou mais abord
agens teóricas que conhecemos sob
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o rótulo de ‘pós’
- pós-estruturalismo, pós-modernismo, pós-colonialismo, pós-gênero, pós-
feminismo [...]”. Seguindo esse itinerário, esta pesquisa não se propõe a legitimar verdades, e
sim pensar em formas diferentes, recriar e tensionar as concepções tidas como verdadeiras.
Nessa perspectiva, nos amparamos em autores que dialogam com a temática, especialmente:
Foucault (2005, 2006, 2017), Lopes (2009; 2011); Veiga-Neto (2006; 2007); Silva (2014) e
Sacks (2010), dentre outros.
Amparamo-nos em Veiga-
Neto (2007, p. 31) para assegurar que “o que importa não é
saber se existe ou não uma
realidade real,
mas, sim, saber como se pensa essa realidade”. Para
isso, o autor explora a concepção de que o discurso é uma das ferramentas que possibilita a
representação da “verdade”, e não deve ser confundida com uma verdade absoluta sobre a
realidade. Foucault (2017) esclarece que a verdade é guiada por relações de poder, as quais
definem o que é verdade e a legitimam. Assim, a verdade é pertencente a este mundo,
estabelecida pelas relações de poder de cada sociedade, visto que os regimes de verdade sofrem
alterações conforme o desenvolvimento de um povo e suas necessidades.
Pessoas surdas: aspectos conceituais e históricos
Nas últimas décadas, foram instituídas novas terminologias acerca das temáticas
envolvendo surdez e pessoas surdas. Através destas novas vértices, estabeleceu-se a ênfase na
diferença e não mais na deficiência, uma vez que a surdez não é, centralmente, visualizada
como uma patologia que deve ser curada, conforme a difusão do modelo clínico-terapêutico.
Esse modelo pretendia/pretende reabilitar estes sujeitos, torná-los aptos a ouvir, por considerar
a surdez um problema a ser corrigido. A medicina, com o intuito de minimizar os prejuízos
relacionados às adaptações sociais, busca, através de implantes de aparelhos auditivos,
normalizar os surdos, difundindo a ideia de que as intervenções clínicas salvariam o surdo da
diferença e passariam a pertencer majoritariamente a uma comunidade ouvinte (SKLIAR,
1998).
Para Hindley (2005), as crianças surdas possuem dificuldades em reconhecer as
habilidades metacognitivas, uma vez que o vocabulário é restrito e representado por signos
linguísticos, resultando em significados limitados, uma vez que os aspectos cognitivos só se
desenvolveriam a partir da linguagem. Contudo, os sujeitos surdos possuem capacidades
intelectuais e cognitivas, assim como os ouvintes, e, por isso, não deveriam ser tratados como
deficientes, pois é possível comunicar-se através da língua de sinais.
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Surdez, identidade e diferença
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Segundo Bisol e Sperb (2010), em meados de 1970 surgiu o modelo socioantropológico
e culturalista, filosofia que possuía como ideal desmistificar aspectos relacionados à cultura, à
identidade e à linguagem da comunidade surda. Nesta perspectiva, o sujeito surdo deixou de
ser identificado com a terminologia “deficiente”, uma vez que se dava ênfase nos aspectos da
diferença cultural.
De modo geral, a área da saúde desempenhou uma função primordial para melhor
compreensão acerca do que é surdez. De acordo com Sales
et al.
(2010), caracteriza-se por
indivíduo surdo aquele que não possui percepção de sons. Portanto, a pessoa surda não aprende
a língua natural através de estímulos orais e auditivos, alternativas de ensino para a língua
portuguesa. Porém, ela possui a capacidade de se relacionar com os seus pares, conectados com
o mundo, através de sua língua minoritária. Os surdos podem fazer uso fluentemente da língua
de sinais, construindo a identidade a partir da própria diferença, uma vez que a Libras é
reconhecida linguisticamente por apropriar-se de elementos característicos de uma língua.
Assim, o sujeito surdo possui o direito legal de que o processo de escolarização seja realizado
através da língua de sinais.
O Decreto nº. 5.626, de 22 de dezembro de 2005, que regulamentou a Lei nº.
10.436/2002, conhecida como a Lei de Libras, no seu Art. 2º define que “considera
-se pessoa
surda aquela que, por ter perda auditiva, compreende e interage com o mundo por meio de
experiências visuais, manifestando sua cultura principalmente pelo uso da Língua Brasileira de
Sinais -
LIBRAS” (BRASIL, 2005).
Contudo, os sujeitos surdos não deverão ignorar a língua portuguesa, assim como os
ouvintes não deverão inferiorizar as línguas de sinais: ambas devem estar disponíveis aos surdos
e ouvintes. Para os surdos a língua de sinais possui “[...] valor inestimável para os surdos e para
aqueles que crescem na comunidade surda. É uma língua que permite adentrar e participar de
um grupo, o grupo de surdos” (QUADROS, 2007, p. 08). Neste sentido, a língua de sinais
possibilita que os surdos sejam construtores da sua própria identidade.
Amparado em Lei, revoga-se as alusões de que o sujeito surdo é incapaz, necessitando
de normatizações para estar inserido em sociedade; tampouco deve ser definido como deficiente
(THOMA; KLEIN, 2010). O termo deficiente, utilizado para classificar os sujeitos surdos, foi
difundido a partir das relações sociais com os ouvintes. Lopes e Veiga-Neto (2006, p. 85)
relatam que “[...] o surdo foi ensinado a olhar
-se e a narrar-
se como um deficiente auditivo”,
prática que resultou em processos de submissões e intervenções corretivas “[...] derivadas de
saberes que informam e classificam os sujeitos dentro de fases de desenvolvimento linguístico,
cronológico e de perda auditiva”.
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A literatura apresenta subsídios que nos fazem compreender como ocorreu o processo
da inclusão e escolarização dos surdos ao longo dos anos. Contudo, é relevante questionarmos:
o que o ouvinte sabe sobre ser surdo? Essa indagação é realizada com narrativas de ouvintes, e,
raramente, pelo próprio protagonista da história: o surdo. Sá (2002, p. 7) revela que as “[...]
minorias surdas têm sido excluídas do direito de ter sua cidadania plenamente desenvolvida e
sua diferença amplamente considerada”. É notável que ainda há barreiras a serem
desconstruídas em torno do sujeito surdo. Em síntese, a presença do sujeito surdo é tão antiga
quanto a própria humanidade, ele sempre fez parte da sociedade, porém, na maioria das vezes,
ficou invisível aos olhos da população ouvinte. Os surdos foram estigmatizados, além de nem
sempre serem reconhecidos como seres humanos (SÁ, 2002).
Os relatos históricos apresentam distintas informações, pois, no Egito e na Pérsia, os
surdos foram caracterizados como seres privilegiados: em virtude de estarem em silêncio,
acreditavam que estariam dialogando com os deuses. Assim, “eram mantidos acomodados sem
serem instruídos e não t
inham vida social” (STROBEL, 2008
a, p. 82).
Na civilização grega, os surdos eram diagnosticados como inválidos e desnecessários
para a sociedade, uma vez que as crianças espartanas eram preparadas para a guerra. Já em
Atenas, as crianças realizavam atividades culturais, e os indivíduos que não estivessem de
acordo com os padrões eram mortos, pois não teriam utilidade para a sociedade (STROBEL,
2008a). Salientamos que, na Roma Antiga, as crianças que apresentassem imperfeições eram
expurgadas da sociedade. É possível imaginar que muitas crianças surdas foram privadas de
suas vidas. Além de não poderem exercer direitos legais, não havia o consentimento para os
sujeitos surdos se casarem e serem herdeiros dos bens materiais que a família possuía.
Por sua vez, a Igreja Católica vulgarizava estes indivíduos como seres sem salvação,
difundindo a ideia de que não adentrariam no reino de Deus, pois não conseguiam profetizar os
mandamentos religiosos (HALL, 2004). Permaneceram invisíveis, “não foram capturados pelo
sistema e serviços do Estado, embora estejam capturados pela governamentabilidade do
Estado” (LOPES, 2009, p. 158). Resumidamente, estiveram em caráter invisível por não
estarem gerando problemas, por não desconstruírem os parâmetros da normalidade, uma vez
que eram excluídos por serem indesejáveis.
Historicamente, ser surdo não foi uma tarefa fácil, em virtude das diversas injustiças
acometidas sobre estes sujeitos. Foucault (2005) revela que foram inúmeros os problemas
enfrentados, pois o diferente sempre foi caracterizado com inferioridade, e cruelmente, a eles,
foram atribuídos estereótipos pejorativos, generalizando as limitações e singularidades.
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Surdez, identidade e diferença
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Os surdos passaram a ter maior visibilidade no fim da Idade Média, através de estudos
empíricos, interesses dos médicos e estudiosos que buscavam compreender quais
procedimentos poderiam ser aplicados na escolarização desses sujeitos. Todavia, houve
inúmeras divergências em relação aos métodos propagados como eficientes. Muitos estudiosos
enfatizavam o método oralista como apropriado para a educação, enquanto outros buscavam
atribuir significância aos gestos e às metodologias de escrita.
No entanto, um dos principais marcos para a história dos surdos iniciou em 1760, fase
em que Charles-
Michel de L’épeé
fundou, na França, a primeira escola para alunos surdos,
intitulada como Instituto para Jovens Surdos e Mudos de Paris. Este dedicou-se exclusivamente
para a escolarização dos surdos, intervindo favoravelmente para que estes sujeitos fizessem uso
da língua
de sinais. Nesse período, L’épeé “criou uma metodologia de ensino para surdos
resultado da combinação da língua de sinais e da gramática francesa - este método foi apelidado
de ‘Sinais metódicos’” (STROBEL, 2008
a, p. 86). Todavia, suas práticas de ensino
repercutiram para que os demais educadores reproduzissem os mesmos modelos de
escolarização (NASCIMENTO, 2006), assim, divulgando a língua de sinais, proporcionando
credibilidade aos surdos e a construção da própria identidade.
Subsequente a esse marco histórico, Strobel (2008a) relata em seus excertos que na
Alemanha, em 1778, foi fundada a primeira escola para alunos surdos, mantendo como método
de ensino o alfabeto manual, além de estabelecer alternativas que possibilitassem o
desenvolvimento da fala, a oralidade.
Após um convite realizado por D. Pedro II a Eduard Huet, professor surdo, este chega
em terras nacionais em 1857, para fundar a primeira escola de surdos, localizada no Rio de
Janeiro e nomeada como “Imperial Instituto dos
Surdos-
Mudos”. Sua nomenclatura passou por
algumas alterações e, atualmente, é conhecida como “Instituto Nacional de Educação de
Surdos”
- INES.
O fundador da escola encontrou diversas barreiras que dificultaram suas atividades, uma
vez que as famílias brasileiras se sentiam inseguras com as práticas de escolarização
desenvolvidas. Contudo, neste período, foram estabelecidos os primeiros contatos com a
Língua Brasileira de Sinais - Libras, promovendo comunicação simultânea entre os pares, pois
apenas nas escolas especializadas era possível utilizar a Libras (STROBEL, 2008a).
Após a ascensão da língua de sinais no ano de 1880, em Milão, na Itália, foi realizado o
II Congresso Internacional de Professores de Surdos, evento que representou um retrocesso
significativo para as conquistas dos sujeitos surdos. A pauta central envolvia a questão: língua
de sinais ou oralismo como prática de escolarização dos surdos? Em um excerto extraído da
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obra “Ouvindo Vozes”, Oliver Sacks confidencia que os docentes surdos não pa
rticiparam da
votação. O oralismo saiu vencedor e o uso da língua de sinais nas escolas foi “oficialmente”
expurgado (SACKS, 2010). Em tese, foi censurado que os alunos surdos se apropriassem da
sua língua materna
–
língua de sinais
–
, uma vez que havia a crença de que com o uso de sinais
a criança se acomodaria, ou seja, a aprendizagem da oralização seria dificultada.
A filosofia oralista perpetuou-
se até 1960, período denominado “Império Oralista”, fase
em que todos os sujeitos surdos estiveram submissos
às teorias dos ouvintes, “desaprendendo”
as línguas de sinais, subjetivando a própria identidade surda e o histórico de sua cultura, visto
que as conquistas estavam à mercê dos interesses políticos e religiosos. Com a publicação de
um artigo denominado “A
estrutura da Língua de Sinais: o perfil de um sistema de comunicação
visual dos surdos americanos”, escrito pelo linguista William Stokoe, a temática desenvolvida
apresentava que as línguas de sinais possuíam as mesmas características, complexidades,
particularidades e expressividades atribuídas às línguas orais.
Passada uma década da doutrina oralista, vislumbrou-se o alto índice de insatisfações
oriundas dos resultados obtidos, e por desfecho adotou-se uma nova modalidade de ensino: a
comunicação total. Esse método sistematizava a comunicação através da língua portuguesa
concomitantemente com a língua de sinais. A comunicação total possuía como base a
reintrodução da língua de sinais, complementação com o alfabeto manual e as expressões
faciais, aspectos que fizeram/fazem parte da comunicação dos surdos (SACKS, 2010).
No entanto, essa prática produziu a combinação de duas línguas, as quais possuem
especificidades, deste modo, gerando uma nova alternativa equivocada de comunicação: o
português sinalizado. Foram misturados termos linguísticos de uma língua em outra, e, em
consequência, a criança ficou propensa a equívocos e estruturações sintáticas incompreensíveis
(MOURÃO; MIRANDA, 2008). Essa prática de ensino não se atentava aos aspectos
linguísticos, históricos e epistemológicos. Em suma, não foi relevante o bastante
–
uma vez que
o intuito era promover a comunicação total entre os pares e com os ouvintes
–
, estabelecendo
apenas a transposição de termos oriundos da língua portuguesa através de gestos, expressões e
leitura orofacial. Sendo assim, “nessa visão, a língua de sinais não é vista como a língua mais
importante para o surdo, mas sim, um recurso comunicativo para a aquisição da língua
majoritária [...]” (MACHADO, 2008, p. 63), ou seja, a língua portug
uesa.
O processo de letramento para os sujeitos surdos infere nas singularidades linguísticas
e culturais, o que requer “[...] pensar em como os surdos leem e interpretam o mundo a partir
de suas singularidades linguísticas e culturais, pensar em como os surdos utilizam social e
culturalmente a língua escrita” (LEBEDEFF, 2010, p. 179). Portanto, pensar no letramento para
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os sujeitos surdos infere observar as singularidades da surdez, e, para isso, os docentes precisam
elaborar práticas metodológicas para o ensino da língua escrita distintas das que são
planificadas para os ouvintes (LEBEDEFF, 2010).
Segundo Skliar (1998), a geração de 1980 assegurou uma nova alternativa de
escolarização dos sujeitos surdos, definida como bilinguismo. Para adentrar nesta perspectiva,
é necessário reconstruir alguns parâmetros que foram cristalizados ao longo da história. Para
tanto, é recomendável que haja o reconhecimento dos aspectos linguísticos e culturais
exclusivos da comunidade surda. Lebedeff (2010, p. 192-193) salient
a que “Os surdos não
querem adaptações, não querem ser representados como simulacros de ouvintes. O que os
surdos querem é uma pedagogia para a surdez”. As práticas pedagógicas utilizadas com os
sujeitos surdos precisam ser repensadas a partir das suas singularidades linguísticas e culturais.
A proposta bilíngue não deve ser observada apenas como transposição de códigos
linguísticos de uma língua a outra, uma vez que ambas as gramáticas possuem distinções, que
devem ser respeitadas a fim de não reproduzir o português sinalizado. Vale salientar que a
Libras é composta por todos os elementos pertencentes à língua oral, possuindo gramática,
semântica, pragmática e sintaxe, caracterizando-se formalmente como língua, assim devendo
ser respeitada e utilizada de acordo com as suas regras.
Entretanto, é possível perceber, de acordo com Sá (2002), que a proposta bilíngue estaria
definida de forma incompleta, pelo fato de não abordar questões relacionadas à cultura do surdo,
ao empoderamento adquirido a partir das lutas ao longo dos anos, aos conhecimentos
intrínsecos do sujeito surdo, além da sua identidade e diferença. Assim, os sujeitos surdos
precisam aprender as duas realidades
–
Libras e Língua Portuguesa
–
para estarem inseridos na
sociedade a que pertencem. Por direito, a pessoa surda não deveria se encaixar na realidade do
ouvinte, com a adoção da língua oral, mas sim assumir sua surdez, elemento formador de sua
identidade (BARBOSA, 2011). Conforme a Declaração de Salamanca, é relevante que o surdo
utilize a língua de sinais como meio de comunicação, assegurando que todos tenham acesso à
língua de sinais oriunda de seu país, pois através dela há interação com o outro, além dela ser a
formadora da identidade deste sujeito (UNESCO, 1994).
Para tanto, as políticas inclusivas se constituem a partir de movimentos de caráter
mundial, legitimadas na Declaração de Salamanca de junho de 1994, possuindo como princípio
diretrizes que proporcionam direito à educação para todos os indivíduos que, independente das
particularidades, façam parte do sistema educacional. O documento pondera as necessidades
educacionais e orienta que as condições e espaços devem ser organizados a fim de atender estes
sujeitos na educação regular (UNESCO, 1994). Por este viés, as práticas de reclusão foram
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reorganizadas e estabelecidas práticas de inclusão durante o século XIX, cujos princípios
reafirmam o esforço da comunidade mundial em estabelecer que todos tenham direito à
educação igualitária (LOPES, 2009).
Desse modo, a educação é uma alternativa que visa operar com caráter inclusivo,
desenvolvendo práticas que instiguem o sujeito a observar a si e ao outro, sem barreiras de
normal/anormal e incluído/excluído. É inapropriado definir, restringir os indivíduos e
normatizá-los, uma vez que a norma infere na homogeneização, e todos devem atender aos
mesmos critérios (LOPES, 2009). Acreditando que todas as crianças tenham habilidades,
características, tempo/idade, necessidades ou maneiras de aprender diferenciadas, as escolas
devem estar aptas a incluir na rede comum de ensino a diversidade de crianças,
indiferentemente das necessidades (STROBEL, 2008a). Ainda, a Declaração de Salamanca
(1994, s/p) orienta que todo governo deve atribuir prioridade política e financeira para qualificar
o sistema educacion
al, assim propagando a inclusão “[...] de todas as crianças,
independentemente de suas diferenças ou dificuldades individuais”.
De acordo com Strobel (2008a), a Unesco (Organização das Nações Unidas para a
Educação, Ciência e Cultura), com sede em Paris, garante que todo o assunto sobre educação
deve considerar a Educação Especial, afirmando a igualdade para todos. Em Salamanca, com o
apoio da Unesco, foi estruturada uma ação em Educação Especial, organizada pelo governo da
Espanha. Esta estrutura em Educação Especial tem como objetivo comunicar as políticas e
ações governamentais, organizações não governamentais, internacionais ou agências nacionais
de auxílio e outras instituições sobre política e prática em Educação Especial.
A Declaração Universal de Direitos Humanos aliada à Declaração Mundial sobre
Educação assegura o direito à educação para todos, resultando, no Brasil, na adoção da
nomenclatura “Educação Inclusiva”. Educação Inclusiva não se resume à adoção de um termo,
mas implica no direito à educação das pessoas com deficiência, no direito de expressão e no
atendimento das necessidades para atingir a educação de qualidade.
Ao observar os documentos oriundos da concepção de educação inclusiva, ancorados
nos discursos de igualdade e direitos, o sistema educacional necessita desenvolver diferentes
formas de organização de atividades pedagógicas, pois apenas permanecer no mesmo espaço
escolar não é sinônimo de equidade.
Nessa perspectiva, Dorziat (2008) menciona que as políticas públicas asseguram que
todas as crianças estejam matriculadas regularmente na escola, contudo ignoram as
diversidades que há em cada uma delas, a exemplo de condições de gênero, classes sociais, de
etnia, de condições físicas, dentre outras. Nesse sentido, “[...] nas redes de rel
ações escolares,
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persiste a cultura da hierarquização e dos modelos de desenvolvimento humano, que já produzia
a exclusão, na forma da evasão e de repetência escolar” (DORZIAT, 2008, p. 32).
Mediante essas considerações, é ponderável vislumbrar uma nova forma de exclusão,
aquela que é realizada dentro do ambiente escolar, pois, de acordo com a autora, crianças que
pertençam ao mesmo sistema de ensino tampouco possuem a mesma qualidade e oportunidade.
Na realidade, assegura-se somente as matrículas dos disc
entes, porém, “o verdadeiro sentido do
direito à educação, que é respaldado no conceito de um processo pedagógico significativo,
justo, participativo e engajado culturalmente, não é completado” (DORZIAT, 2008, p. 32).
Dorziat (2008), amparada em estudos de Lopes, explana que os currículos escolares não
contemplam as distintas culturas, formas de pensar e as diferentes organizações das
comunidades escolares. Assim, os currículos escolares não abordam saberes diversificados, são
reprimidos pelas bases conteudistas, gerando a reprodução insistente de conhecimentos,
ignorando as novas formas de pensar, reproduzindo as mesmas falhas, intensificando a
padronização.
O sistema educacional reproduz o que pertence e o que não pertence. Dorziat (2008)
afirma que os conhecimentos que são sustentados por boas bases teóricas, que enaltecem o
pertencimento do outro e a si mesmo, podem ser um objeto de exclusão. Portanto, a escola
também pode ser um ambiente que reproduz a exclusão, privilegiando alguns, enquanto isola a
po
tencialidade de outros. Segundo Dorziat (2008, p. 33), “[...] a escola embota a capacidade de
desenvolvimento dos alunos por não os reconhecer
enquanto seres capazes”.
Os estudantes considerados deficientes são ensinados a observar o mundo por meio de
outros olhares, que não são os deles, ensinados a viver em um mundo distante, insignificante,
desencadeando aspectos de incapacidade, pois “[...] reconhecer a diferença é reconhecer,
sobretudo, as potencialidades dos alunos” (DORZIAT, 2008, p. 33). Portanto,
quando for
estabelecida a cultura de reconhecer as diferenças e desconstruir a concepção do “outro”, não
havendo fronteiras, será possível pensar em inclusão.
Pieczkowski (2014, p. 36) salienta a importância de compreender a inclusão “como um
processo ins
erido na complexidade de nosso tempo”.
A
firma que a inclusão educacional “não
é um processo dissociado da sociedade e dos seus mecanismos excludentes. Assim, fica
evidente a contradição entre os princípios neoliberais e os da educação especial na perspectiva
da educação inclusiva” (PIECZKOWSKI, 2014, p. 101). Afirma que: “a título de inclusão, as
pessoas com deficiência são inseridas em espaços comuns, ‘normalizadores’, mas as práticas,
embora muitas vezes veladas, continuam a excluir” (PIECZKOWSKI
, 2014, p. 121).
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Ademais, Dorziat (2008, p. 34) destaca que “Incluir é, necessariamente, criar condições
de enriquecimento humano, por meio da aproximação de culturas e formas de pensar
diferentes”. Atitudes ultrapassam normativas
estabelecidas pelas políticas públicas e
governamentais, e tampouco estão presentes nos currículos escolares, mas são necessárias para
proporcionar interações reais entre todos os envolvidos no sistema educacional.
Culturas surdas e as relações de poder
A trajetória histórica dos sujeitos surdos foi marcada por inúmeras representações
sociais decorrentes dos domínios da cultura majoritária ouvinte. Para Gesser (2009), as pessoas
surdas vivenciaram períodos de adversidades, sujeitas a tratamentos terapêuticos com a
pretensão de normalizá-las.
De acordo com Foucault (2006, p. 75-76), a normalização dos corpos infere que todos
os sujeitos sigam um modelo, que se funde a partir de determinados resultados, “[...] y la
operación de normalización disciplinaria pasa por intentar que la gente, los gestos y los actos
se ajusten a esse modelo; lo normal es, precisamente, lo que es capaz de adequarse a esa norma,
y lo normal, lo que es incapaz de hacerlo”. Assim, Foucault evidencia que todo processo
disciplinar objetiva padronizar os sujeitos, prática que deve ser observada como uma normação,
e não uma normalização.
Seguindo por essa perspectiva, Lopes e Veiga-Neto (2006, p. 84) descrevem que há uma
criação de fronteiras, estabelecendo o grupo de incluídos e excluídos
. Para tal, “[...] fronteiras
imateriais mantém uma geografia segregacionista que se alimenta dos padrões sociais usados
como marcadores para sinalizar quem são os autorizados a frequentar ou o grupo dos
‘amigos’/incluídos ou o grupo dos excluídos”. Nesse
sentido, o sujeito surdo foi ensinado a
pertencer ao grupo dos excluídos, a observar-se como o outro, o deficiente auditivo.
Com base nos estudos de Gesser (2009, p. 64), entendemos que a maior dificuldade no
reconhecimento do outro está relacionada a compreender as diferenças, o que leva a inferir que
“a surdez é muito mais um problema para o ouvinte do que para o surdo”, uma vez que se define
por “normal” o sujeito ouvinte, enquanto os que fogem às regras deste “padrão” devem ser
corrigidos. Portanto, “[...] ser ‘normal’ é ser homem, branco, ocidental, letrado, heterossexual,
usuário de língua oral padrão, ouvinte, não cadeirante, vidente, sem ‘desvios’ cognitivos,
mentais e/ou sociais” (GESSER, 2009, p. 68). Essas atribuições ferem a identidade dos sujeit
os
surdos e a própria consciência, tornando-os submissos frente à sua cultura, uma vez que são
postos em confronto interior, deixando marcas de inferioridade diante do que é definido por
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normal. Nesse sentido, salientamos o que afirma Pieczkowski (2018, p.
63), que “a educação
de surdos é também uma questão política, e não apenas metodológica”. Neste cenário,
corrobora-se com a definição de identidade explorada por Silva (2014, p. 74), ao evidenciar que
a identidade é “[...] aquilo que se é: ‘sou brasileiro’, ‘sou negro’, ‘sou heterossexual’, ‘sou
jovem’, ‘sou homem’. A identidade assim concebida parece ser uma positividade (‘aquilo que
sou’)”, fazendo referência a si própria.
Cada sujeito possui singularidades e se autodenomina único, ‘aquilo que sou’,
declarando-se independente. Assim, cada um de nós é formado por uma identidade pessoal,
com uma personalidade única, que está em processo de construção. A multiplicidade de papéis
está interligada aos aspectos identitários. De acordo com Silva (2014), as representações são os
significantes, de modo que a identidade cultural e as representações estão alinhadas, baseando-
se na hipótese de que a identidade faz parte da representação.
Santana (2007, p. 42) descreve que a “Identidade seria a construção permanentemente
(re)feita que buscaria tanto determinar especificidades que estabeleçam fronteiras
identificatórias entre o próprio sujeito e o outro [...]”. Dorziat (2009, p. 19) ressalta
que a
construção das identidades está diretamente interligada aos discursos de poder, “[...] recheados
de verdades absolutas, que dominam, oprimem e excluem os outros, fazendo com que aquilo
que representa o poder seja assumido como identidade”.
A identidade é estruturada a partir das relações temporais e espaciais com os demais
sujeitos. Metaforicamente, a identidade é um quebra-cabeça, cada peça encaixada insere novos
conhecimentos e possibilidades de compreender os distintos papéis sociais, além de inferir
possíveis jogos de poder. Contudo, a identidade é formada a partir de diferentes papéis sociais
que são assumidos, que podem não ser homogêneos, visto que podem ser religiosos, políticos,
funcionais, estéticos e de gêneros (SANTANA, 2007).
As relações oriundas das identidades e diferenças resultam na cultura surda, e cabe aos
indivíduos desta comunidade compreender e identificar possível incoerências e modificá-las, a
ponto de torná-las mais fidedignas às suas origens. As relações inerentes entre os sujeitos surdos
e os ouvintes possibilitam a troca de experiência, além de identidades mais refinadas.
Em menção a Silva (2014), a identidade e a diferença estão interligadas, visto que detém
as marcações culturais e sociais. É necessário reconhecer essas marcações, o que auxiliaria nas
discussões sobre a identidade surda, uma vez que se busca alternativas que normalizem o que
é identidade, “ou seja, uma norma de identidade, ‘a identidade do surdo’, e uma norma cultural
correspondente, à ‘cultura surda’” (SAN
TANA, 2007, p. 44).
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Strobel (2008b, p. 24) explora a cultura surda argumentando que os surdos vivem uma
cultura com aspectos diferentes da cultura tida como hegemônica, a “[...] cultura surda é o jeito
de o sujeito surdo entender o mundo e de modificá-lo a fim de torná-lo acessível e habitável,
ajustando-o com as suas percepções visuais, que contribuem para a definição das identidades
surdas e das almas das comunidades surdas”.
Por vez, considera-se que a cultura surda arquiteta comportamentos e trocas de
experiências entre seus pares, promovendo assim a identificação de ser pertencente a um grupo
minoritário. Santana narra que o termo cultura surda fica redimensionado apenas aos surdos e
aos profissionais que atuam na educação destes sujeitos e/ou frequenta
m a comunidade, “como
se a criação do termo ‘cultura’ fosse associada apenas a um grupo específico” (2007, p. 47).
Nesta premissa, é possível perceber que as identidades dos sujeitos surdos são firmadas
a partir das relações culturais. A comunidade surda não é restrita apenas aos surdos, pois
estabelece trocas de conhecimento com seus pares. Assim, reforçando a identidade do surdo,
há também o envolvimento da comunidade majoritária
–
ouvintes, fazendo uso da língua de
sinais (STROBEL, 2008b).
Perpassando pelo cenário identitário é relevante mencionar que muitos elementos
constituem a cultura surda. O surdo autodenomina-se um ser com experiências visuais,
observando o mundo através dos olhos. A sua língua possui aspectos linguísticos diferentes,
que devem ser reconhecidos e usados corretamente, e a língua de sinais é um manifesto que
representa o sujeito surdo. Assim, o orgulho não está apenas na língua ou na cultura surda, e
sim é o orgulho de ser surdo, de fazer uso da língua de sinais brasileira e poder ser feliz ao
mesmo tempo
(MCCLEARY, 2003).
Concordamos com Quadros e Perlin (2007) quando afirmam que o sujeito surdo não
precisa omitir os marcadores identitários. A sociedade ouvinte deve respeitá-lo como surdo,
deixando-o se organizar e se sentir parte do mundo ouvinte, de modo que se autoidentifique
como sujeito surdo, pertencente a uma comunidade minoritária, com traços culturais e
linguísticos.
Considerações finais
Historicamente, tem sido difícil ser surdo e estar incluído nos contextos sociais, por ser
caracterizado como ser inferior e incapaz de pertencer a uma comunidade majoritária, que faz
uso da língua portuguesa para comunicação. As “minorias surdas têm sido excluídas do direito
de ter sua cidadania plenamente desenvolvida” (SÁ, 2002, p. 7). Al
gumas vezes, a língua de
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sinais é definida como inferior, além das situações de desconsideração diante dos aspectos
culturais da comunidade surda.
Com base nos estudos que realizamos, é possível concordar que os sujeitos surdos se
sentem “estrangeiros em seu próprio país”, e que a escolarização dessas crianças se pauta em
práticas pedagógicas de colonização, sob o domínio do ouvintismo. Contudo, as decisões acerca
da escolarização do sujeito surdo devem possibilitar que eles se autorrepresentem e não estejam
condicionados novamente aos domínios dos ouvintes.
Lebedeff (2010) ressalta que as práticas educativas que envolvem a educação de alunos
surdos implementam atividades e didáticas fundamentadas no letramento visual. Contudo,
faltam investigações sobre “
[...] quais seriam essas práticas pedagógicas ou que eventos de
letramento visual” (p. 180). Quadros (2004) destaca a relevância de se pensar em uma
reestruturação curricular a partir das considerações dos efeitos da língua de sinais, que tenha
como estrutura fundamental a visual-gestual.
A diferença existe, independente da autorização ou não de quem não a reconhece. No
entanto, para Pieczkowski e
Naujorks (2014, p. 148), “[...] os sujeitos são pensados a partir das
marcas da diferença, e assim categorizados, narrados, nomeados e excluídos”. O fator que mais
exclui não é a deficiência em si, mas o que ela representa no imaginário social. Na nossa
s
ociedade, “ser normal” infere na homogeneização, baseando
-se na padronização dos corpos e
trilhando caminhos idealizados em busca da singularidade dos indivíduos, ou seja, a
normalidade. Santana (2007, p. 32) salienta que as normas sociais “[...] organizad
oras de toda
a nossa vida social (modos de falar, de se vestir, de atuar no mundo, de pensar etc.) ‘autorizam’
a segregação. A forma como a surdez é descrita está ideologicamente relacionada com essas
normas”.
O reconhecimento da diferença como um fator de soma, de fortalecimento cultural, é
pressuposto para tensionarmos a sociedade e a escola, que padronizam e hierarquizam. Para
isso, é relevante permitir um ensino democrático, viabilizando a igualdade de acesso e
condições de ensino, pois pertence
r a um ambiente caracterizado como “normal” não é
suficiente. Para que o processo de escolarização faça sentido, é necessária a promoção das
interrelações.
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Surdez, identidade e diferença
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1129-1147, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14593
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Como referenciar este artigo
DALL’ASEN
, T.; PIECZKOWSKI, T. M. Z Surdez, identidade e diferença.
Revista Ibero-
Americana de Estudos em Educação
, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1129-1147, abr./jun. 2022.
e-ISSN: 1982-5587. DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14593
Submetido em:
29/12/2020
Revisões requeridas em
: 03/01/2022
Aprovado em
: 03/03/2022
Publicado em
: 01/04/2022
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Sordera, identidad y diferencia
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1133-1151, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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SORDERA, IDENTIDAD Y DIFERENCIA
SURDEZ, IDENTIDADE E DIFERENÇA
DEAFNESS, IDENTITY AND DIFFERENCE
Taise DALL’ASEN
1
Tania Mara Zancanaro PIECZKOWSKI
2
RESUMEN
: El objetivo de este estudio es comprender cómo se concibe la diferencia del sujeto
sordo en el contexto socioeducativo, predominantemente organizado en función de la identidad.
La premisa describe que es necesario conocer al sujeto sordo, los aspectos culturales y de
identidad, las luchas por los derechos de inclusión de este público en todos los contextos
sociales, y desmitificar los estereotipos que generan prejuicios y segregación. Este estudio
bibliográfico muestra que la educación de los niños sordos necesita superar las prácticas
pedagógicas de colonización, bajo el dominio del oyente, y considerar el protagonismo y la
autorrepresentación del sujeto sordo.
PALABRAS CLAVE
: Sordera. Cultura sorda. Identidad sorda. Educación especial.
RESUMO
: Este estudo objetiva compreender como a diferença do sujeito surdo é concebida
no contexto socioeducacional, predominantemente organizado com base na identidade. A
premissa é a de que é necessário conhecer o sujeito surdo, os aspectos culturais e identitários,
as lutas em prol dos direitos de inclusão desse público em todos os contextos sociais, e
desmistificar os estereótipos que geram preconceitos e segregação. Este estudo, de caráter
bibliográfico, evidencia que a escolarização de crianças surdas necessita superar as práticas
pedagógicas de colonização, sob o domínio do ouvintismo, e considerar o protagonismo e a
autorrepresentação do sujeito surdo.
PALAVRAS-CHAVE
: Surdez. Cultura surda. Identidade surda. Educação especial.
ABSTRACT
:
This study aims to understand how the difference of the deaf person is conceived
in the socio-educational context, predominantly organized based on identity. The premise is
that it is necessary to know the deaf person, his/her cultural and identity aspects, the struggles
for the inclusion rights of this public in all social contexts, and to demystify stereotypes that
generate prejudices and segregation. This bibliographic study shows that the education of deaf
children needs to overcome the pedagogical practices of colonization, under the domain of
listening, and consider the protagonism and self-representation of the deaf people.
1
Universidad Diego Portales (UDP), Santiago
–
Chile. Doctoranda em Educación (UDP/UAH). Máster en
Educación (UNOCHAPECÓ). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-0716-7909. E-mail:
taisedallasen@hotmail.com
2
Universidad Comunitaria de la región de Chapecó (UNOCHAPECÓ), Chapecó
–
SC
–
Brasil. Profesora,
Investigadora y Coordinadora del Programa de Posgrado Stricto Sensu de Maestría en Educación. Doctoradoen
Educación (UFSM). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-5257-7747. E-mail: taniazp@unochapeco.edu.br
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Taise
DALL’ASEN
y Tania Mara Zancanaro PIECZKOWSKI
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1133-1151, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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KEYWORDS
:
Deafness.
Deaf culture.
Deaf identity. Special education.
Introducción
Este texto es el resultado de un ejercicio de elaboración científica, con el objetivo de
comprender las relaciones sociales y los procesos discriminatorios y excluyentes presentes en
la sociedad y la educación brasileñas, más específicamente en relación con los sujetos sordos,
así como los procesos de constitución de identidades individuales y colectivas, desde los
conceptos de diferencia e identidad y las propuestas educativas desde la perspectiva
intercultural.
La pregunta de estudio que guía este texto es así: ¿Cómo se concibe la diferencia del
sujeto sordo en el contexto socioeducativo, predominantemente organizada en base a la
identidad? Desde este cuestionamiento, es necesario conocer al sujeto sordo, en lo que respecta
a los aspectos culturales e identitarios, hasta el auge de la lucha por los derechos de inclusión
en todos los contextos sociales, desmitificando los estereotipos cristalizados por la comunidad
oyente. Por lo tanto, el artículo pretende comprender cómo la diferencia, en la especificidad del
sujeto sordo, se concibe en el contexto socioeducativo, predominantemente organizado en
función de la identidad auditiva. A lo largo de la historia, ha sido difícil ser sordo e incluido en
la sociedad, ya que estos sujetos fueron entendidos como seres inferiores e incapaces de
desarrollar sus potencialidades, en una concepción predominantemente clínica. Según Lopes
(2011, p. 9),
[...] la sordera ocupó el protagonismo de expertos de diferentes campos del
conocimiento. La mayoría de estos expertos estaban fuertemente atravesados
por discursos clínicos que se imponían en la forma de describir y clasificar la
sordera y sus "portadores". La mayoría de ellos produjeron conocimientos que
guiaron a los grupos a mirar a los sujetos con sordera como capaces de ser
'tratados', 'corregidos' y 'normalizados' a través de terapias, entrenamiento
orofacial, protetización, implantes cocleares y otras tecnologías avanzadas
que buscan, a través de la ciborguización del cuerpo, la condición de
normalidad. (Traducción nuestra)
La sordera, la cultura sorda, las identidades sordas, la lengua de señas brasileña (Libras)
y el bilingüismo son temas que han ganado cada vez más espacio en los últimos años,
especialmente con la difusión de políticas de inclusión escolar. Satisfacer las necesidades
lingüísticas y escolares de los niños sordos plantea desafíos a las familias y las escuelas.
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Sordera, identidad y diferencia
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1133-1151, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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Con el tiempo, se establecieron diferentes metodologías de educación / escolarización
de sordos, como el oralismo, la comunicación total y el bilingüismo. Actualmente, la Ley No.
10.436/2002, de 24/04/2002, que dispone sobre la lengua de señas brasileña - Libras y establece
otras medidas, así como el Decreto No. 5.626, de 22 de diciembre de 2005, regulan que la
escolarización de las asignaturas sordas se realice con base en la metodología bilingüe. La
educación bilingüe tiene como objetivo proporcionar a los niños sordos la adquisición de
Libras, como primera lengua, y el portugués escrito, como segunda lengua. La Ley No. 14.191,
de 3 de agosto de 2021, que modifica la Ley No. 9.394, de 20 de diciembre de 1996 (Ley de
Lineamientos y Bases de la Educación Nacional), para prever la modalidad de educación
bilingüe de sordos. Dice, en el art. 60 -A, que:
La educación bilingüe de sordos, para los efectos de esta Ley, se entiende
como la modalidad de educación escolar ofrecida en Lengua de Señas
Brasileña (Libras), como primera lengua, y en portugués escrita, como
segunda lengua, en escuelas bilingües de sordos, clases bilingües de personas
sordas, escuelas comunes o en polos de educación bilingüe de sordos, para
estudiantes sordociegos, con pérdida auditiva por señalización, sordos con
altas capacidades o superdotación u otras discapacidades asociadas, optando
por la modalidad de educación bilingüe de personas sordas (BRASIL, 2021).
(Traducción nuestra)
Al hablar de la Lengua de Signos podemos ver que tiene particularidades, así como la
lengua portuguesa. Sin embargo, ambos comparten el mismo objetivo, la comunicación. Es
importante que Se aprenda Libra desde una edad temprana, de las interrelaciones con sujetos
sordos, ya que ayuda en el proceso lingüístico-discursivo y de aprendizaje. Además, la similitud
de ambas lenguas, la lengua portuguesa y la lengua de señas
–
se puede observar en las
estructuras y organizaciones de las unidades mínimas, que, cuando se suman, forman unidades
más grandes y complejas. Así, en ambas lenguas se contemplan aspectos lingüísticos, como la
fonética, la semántica, la sintáctica y la morfología.
Sacks (2010, p. 22) muestra que es posible observar que las lenguas de signos son "[...]
completos en sí mismos: su sintaxis, gramática y semántica son completas, pero tienen un
carácter diferente de cualquier lenguaje hablado o escrito". Por lo tanto, es imposible establecer
la transposición de los signos lingüísticos a ambas lenguas, porque sus estructuras son diferentes
y deben ser respetadas.
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Taise
DALL’ASEN
y Tania Mara Zancanaro PIECZKOWSKI
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1133-1151, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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Trayectorias metodológicas
Este artículo es el resultado de un estudio exploratorio y, a partir de una revisión
bibliográfica, se buscan elaborar análisis teóricos basados en la perspectiva postestructuralista.
Se trata de reflexiones producidas en el proceso de elaboración de la tesis de maestría en
educación.
Para demarcar la perspectiva postestructuralista, Meyer y Paraíso (2014, p. 19)
describen que estas elecciones "[...] se inspiran en uno o más enfoques teóricos que conocemos
bajo la etiqueta de 'post': posestructuralismo, posmodernismo, poscolonialismo, post género,
postfeminismo [...]". Siguiendo este itinerario, esta investigación no propone legitimar
verdades, sino pensar de diferentes maneras, recrear y tensar las concepciones tomadas como
verdaderas. Desde esta perspectiva, nos basamos en autores que dialogan con el tema,
especialmente: Foucault (2005, 2006, 2017), Lopes (2009; 2011); Veiga-Neto (2006; 2007);
Silva (2014) y Sacks (2010), entre otros.
Nos basamos en Veiga-Neto (2007, p. 31) para asegurar que "lo que importa no es si
existe o
no una
realidad real,
sino, más bien, saber cómo se piensa esta realidad". Para ello, el
autor explora la concepción de que el discurso es una de las herramientas que permite la
representación de la "verdad", y no debe confundirse con una verdad absoluta sobre la realidad.
Foucault (2017) aclara que la verdad se guía por las relaciones de poder, que definen lo que es
verdad y lo legitiman. Así, la verdad pertenece a este mundo, establecido por las relaciones de
poder de cada sociedad, ya que los regímenes de la verdad sufren cambios según el desarrollo
de un pueblo y sus necesidades.
Personas sordas: aspectos conceptuales e históricos
En las últimas décadas, se han instituido nuevas terminologías sobre los temas
relacionados con la sordera y las personas sordas. A través de estos nuevos vértices, se
estableció el énfasis en la diferencia y ya no en la deficiencia, ya que la sordera no se visualiza
centralmente como una patología que debe ser curada, según la difusión del modelo clínico-
terapéutico. Este modelo pretende/pretende rehabilitar a estos sujetos, hacerlos capaces de
escuchar, porque considera la sordera un problema a corregir. La medicina, con el fin de
minimizar el daño relacionado con las adaptaciones sociales, busca, a través de implantes de
audífonos, normalizar a los sordos, difundiendo la idea de que las intervenciones clínicas
salvarían a los sordos de la diferencia y se convertirían en la mayoría de una comunidad de
escucha (SKLIAR, 1998).
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Sordera, identidad y diferencia
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1133-1151, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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Según Hindley (2005), los niños sordos tienen dificultades para reconocer las
habilidades metacognitivas, ya que el vocabulario está restringido y representado por signos
lingüísticos, lo que resulta en significados limitados, ya que los aspectos cognitivos solo se
desarrollarían a partir del lenguaje. Sin embargo, los sujetos sordos tienen capacidades
intelectuales y cognitivas, así como los oyentes, y por lo tanto no deben ser tratados como
deficientes, porque es posible comunicarse a través del lenguaje de señas.
Según Bisol y Sperb (2010), a mediados de la década de 1970 surgió el modelo
socioantropológico y culturalista, una filosofía que tenía como ideal desmitificar aspectos
relacionados con la cultura, la identidad y el lenguaje de la comunidad sorda. En esta
perspectiva, el sujeto sordo ya no se identificaba con la terminología "deficiente", ya que se
hacía hincapié en aspectos de la diferencia cultural.
En general, el área de salud desempeñó una función primordial para comprender mejor
qué es la sordera. Según Sales
et al.
(2010), se caracteriza por un individuo sordo que no tiene
percepción de los sonidos. Por lo tanto, la persona sorda no aprende el lenguaje natural a través
de estímulos orales y auditivos, alternativas de enseñanza a la lengua portuguesa. Sin embargo,
tiene la capacidad de relacionarse con sus compañeros, conectados con el mundo, a través de
su idioma minoritario. Las personas sordas pueden hacer un uso fluido del lenguaje de señas,
construyendo identidad a partir de su propia diferencia, ya que Libras es reconocido
lingüísticamente por apropiarse de elementos característicos de un idioma. Así, el sujeto sordo
tiene el derecho legal de que el proceso de escolarización se realice a través de la lengua de
signos.
El Decreto No. 5.626, de 22 de diciembre de 2005, que reglamentó la Ley No.
10.436/2002, conocida como la Ley Libras, en su Art. 2 define que "se considera a una persona
sorda que, por tener pérdida auditiva, entiende e interactúa con el mundo a través de
experiencias visuales, manifestando su cultura principalmente a través del uso de la Lengua de
Señas Brasileña - LIBRAS" (BRASIL, 2005).
Sin embargo, los sujetos sordos no deben ignorar el idioma portugués, al igual que los
oyentes no deben inferiorizar los lenguajes de señas: ambos deben estar disponibles para las
personas sordas y los oyentes. Para las personas sordas la lengua de signos tiene "[...] valor
invaluable para los sordos y aquellos que crecen en la comunidad sorda. Es un lenguaje que
permite al grupo de sordos entrar y participar" (QUADROS, 2007, p. 08). En este sentido, el
lenguaje de señas permite a las personas sordas ser constructoras de su propia identidad.
Amparado em Lei, revoga-se as alusões de que o sujeito surdo é incapaz, necessitando
de normatizações para estar inserido em sociedade; tampouco deve ser definido como deficiente
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Taise
DALL’ASEN
y Tania Mara Zancanaro PIECZKOWSKI
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1133-1151, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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(THOMA; KLEIN, 2010). El término deficiente, utilizado para clasificar a los sujetos sordos,
se difundió en función de las relaciones sociales con los oyentes. Lopes y Veiga-Neto (2006, p.
85) informan que "[...] a los sordos se les enseñó a mirarse a sí mismos y a narrarse como
personas con discapacidad auditiva", una práctica que resultó en procesos de sumisión e
intervenciones correctivas "[...] derivado de conocimientos que informan y clasifican a los
sujetos dentro de fases de desarrollo lingüístico, cronológico y de la pérdida auditiva".
La literatura presenta subsidios que nos hacen entender cómo se produjo el proceso de
inclusión y escolarización de los sordos a lo largo de los años. Sin embargo, es relevante
preguntarse: ¿qué sabe el oyente sobre ser sordo? Esta indagación se lleva a cabo con
narraciones de oyentes, y raramente por el propio protagonista de la historia: el sordo. Sá (2002,
p. 7) revela que el "[...] las minorías sordas han sido excluidas del derecho a que su ciudadanía
esté plenamente desarrollada y su diferencia sea ampliamente considerada". Es notable que
todavía hay barreras que deconstruir en torno al sujeto sordo. En resumen, la presencia del
sujeto sordo es tan antigua como la humanidad misma, siempre ha sido parte de la sociedad,
pero la mayoría de las veces era invisible a los ojos de la población oyente. Los sordos eran
estigmatizados, además de no ser siempre reconocidos como seres humanos (Sá, 2002).
Los relatos históricos presentan información diferente, porque en Egipto y Persia, los
sordos se caracterizaban como seres privilegiados: por estar callados, creían que estaban
dialogando con los dioses. Así, "se les mantenía acomodados sin ser instruidos y no tenían vida
social" (STROBEL, 2008a, p. 82).
En la civilización griega, los sordos eran diagnosticados como inválidos e innecesarios
para la sociedad, ya que los niños espartanos estaban preparados para la guerra. En Atenas, los
niños realizaban actividades culturales, y las personas que no cumplían con los estándares eran
asesinadas porque no serían de utilidad para la sociedad (STROBEL, 2008a). Enfatizamos que
en la Antigua Roma los niños que presentaban imperfecciones eran purgados de la sociedad.
Es posible imaginar que muchos niños sordos han sido privados de sus vidas. Además de no
poder ejercer los derechos legales, no había consentimiento para que los súbditos sordos se
casaran y fueran herederos de los bienes materiales que poseía la familia.
A su vez, la Iglesia Católica vulgarizó a estos individuos como seres sin salvación,
difundiendo la idea de que no entrarían en el reino de Dios porque no podían profetizar los
mandamientos religiosos (HALL, 2004). Permanecieron invisibles, "no fueron capturados por
el sistema y los servicios estatales, aunque sí por la gobeirnamentalidad del Estado" (LOPES,
2009, p. 158). Brevemente, eran invisibles porque no generaban problemas, porque no
deconstruían los parámetros de normalidad, ya que se excluían porque eran indeseables.
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Sordera, identidad y diferencia
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1133-1151, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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Históricamente, ser sordo no ha sido una tarea fácil, debido a las diversas injusticias
afectadas por estos temas. Foucault (2005) revela que se enfrentaron numerosos problemas,
pues lo diferente siempre se caracterizó con inferioridad, y cruelmente, a ellos, se les
atribuyeron estereotipos peyorativos, generalizando las limitaciones y singularidades.
Las personas sordas comenzaron a tener mayor visibilidad a finales de la Edad Media,
a través de estudios empíricos, intereses de médicos y estudiosos que buscaban comprender qué
procedimientos podían aplicarse en la escolarización de estas materias. Sin embargo, ha habido
numerosas divergencias en relación con los métodos propagados como eficientes. Muchos
estudiosos enfatizaron el método oralista como apropiado para la educación, mientras que otros
trataron de atribuir importancia a los gestos y las metodologías de escritura.
Sin embargo, uno de los principales hitos para la historia de los sordos comenzó en
1760, una fase en la que Charles-Michel de L'épeé fundó, en Francia, la primera escuela para
estudiantes sordos, titulada como instituto para jóvenes sordomudos de París. Se dedicó
exclusivamente a la escolarización de los sordos, interviniendo favorablemente para que estas
asignaturas hicieran uso de la lengua de signos. Durante este período, L'épeé "creó una
metodología de enseñanza para sordos como resultado de la combinación del lenguaje de señas
y la gramática francesa: este método fue apodado 'Signos metódicos'" (STROBEL, 2008a, p.
86). Sin embargo, sus prácticas docentes tuvieron un efecto físico para que otros educadores
pudieran reproducir los mismos modelos de escolarización (NASCIMENTO, 2006),
difundiendo así el lenguaje de señas, brindando credibilidad a los sordos y la construcción de
su propia identidad.
Siguiendo este hito histórico, Strobel (2008a) relata en sus extractos que, en Alemania,
en 1778, se fundó la primera escuela para estudiantes sordos, manteniendo como método de
enseñanza el alfabeto manual, además de establecer alternativas que permitieran el desarrollo
del habla, la oralidad.
Después de una invitación hecha por D. Pedro II a Eduard Huet, un maestro sordo, llegó
a tierras nacionales en 1857 para fundar la primera escuela para sordos, ubicada en Río de
Janeiro y nombrada como "Instituto Imperial de sordomudos". Su nomenclatura ha sufrido
algunos cambios y actualmente se conoce como "Instituto Nacional de Educación de Sordos" -
INES.
El fundador de la escuela encontró varias barreras que dificultaban sus actividades, ya
que las familias brasileñas se sentían inseguras con las prácticas de escolarización desarrolladas.
Sin embargo, durante este período, se establecieron los primeros contactos con la Lengua de
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Taise
DALL’ASEN
y Tania Mara Zancanaro PIECZKOWSKI
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1133-1151, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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Señas Brasileña - Libras, promoviendo la comunicación simultánea entre pares, porque solo en
las escuelas especializadas era posible usar Libras (STROBEL, 2008a).
Tras el auge de la lengua de signos en 1880, en Milán, Italia, se celebró el II Congreso
Internacional de Profesores de Sordos, evento que supuso un importante retroceso para los
logros de los sujetos sordos. La agenda central involucraba la pregunta: ¿lenguaje de señas u
oralismo como práctica de escolarización de sordos? En un extracto de "Hearing Voices",
Oliver Sacks confiesa que los maestros sordos no participaron en la votación. El oralismo ganó
y el uso del lenguaje de señas en las escuelas fue purgado "oficialmente" (SACKS, 2010). En
una tesis, se censuró que los estudiantes sordos se apropiaran de su lengua materna -la lengua
de signos- ya que existía la creencia de que con el uso de signos el niño se asentaría, es decir,
se dificultaría el aprendizaje de la oralización.
La filosofía oralista se perpetuó hasta 1960, período denominado "Imperio Oralista",
fase en la que todos los sujetos sordos se sometieron a las teorías de los oyentes,
"desaprendiendo" las lenguas de signos, subjetivación de la propia identidad sorda y de la
historia de su cultura, ya que los logros quedaron a merced de intereses políticos y religiosos.
Con la publicación de un artículo llamado "La estructura de la lengua de signos: el perfil de un
sistema de comunicación visual de los sordos americanos", escrito por el lingüista William
Stokoe, el tema desarrollado presentaba que las lenguas de signos tenían las mismas
características, complejidades, particularidades y expresividad atribuidas a las lenguas orales.
Después de una década de doctrina oralista, vislumbramos la alta tasa de insatisfacción
derivada de los resultados obtenidos, y por resultado se adoptó una nueva modalidad de
enseñanza: la comunicación total. Este método sistematizó la comunicación a través de la
lengua portuguesa concomitantemente con la lengua de señas. La comunicación total se basó
en la reintroducción de la lengua de signos, la complementación con el alfabeto manual y las
expresiones faciales, aspectos que formaban/forman parte de la comunicación de las personas
sordas (SACKS, 2010).
Sin embargo, esta práctica produjo la combinación de dos idiomas, que tienen
especificidades, generando así una nueva alternativa de falta de comunicación: el portugués
señaló. Los términos lingüísticos se mezclaron de un idioma a otro y, como resultado, el niño
era propenso a malentendidos y estructuraciones lingüísticas incomprensibles (MOURÃO;
MIRANDA, 2008). Esta práctica docente no estaba relacionada con aspectos lingüísticos,
históricos y epistemológicos. En un comunicado, no fue lo suficientemente relevante -ya que la
intención era promover la comunicación total entre pares y con los oyentes- estableciendo solo
la transposición de términos de la lengua portuguesa a través de gestos, expresiones y lectura
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Sordera, identidad y diferencia
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1133-1151, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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orofacial. Así, "desde este punto de vista, la lengua de signos no es vista como la lengua más
importante para los sordos, sino más bien como un recurso comunicativo para la adquisición de
la lengua mayoritaria [...]" (MACHADO, 2008, p. 63), es decir, la lengua portuguesa.
El proceso de alfabetización de sujetos sordos infiere singularidades lingüísticas y
culturales, lo que requiere "[...] pensar en cómo las personas sordas leen e interpretan el mundo
desde sus singularidades lingüísticas y culturales, pensar en cómo las personas sordas utilizan
social y culturalmente el lenguaje escrito" (LEBEDEFF, 2010, p. 179). Por lo tanto, pensar en
la alfabetización de sujetos sordos infiere observar las singularidades de la sordera, y, para ello,
los docentes necesitan elaborar prácticas metodológicas para la enseñanza del lenguaje escrito
distintas de las que se planifican para los oyentes (LEBEDEFF, 2010).
Según Skliar (1998), la generación de 1980 aseguró una nueva alternativa para la
escolarización de sujetos sordos, definida como bilingüismo. Para entrar en esta perspectiva, es
necesario reconstruir algunos parámetros que se han cristalizado a lo largo de la historia. Por lo
tanto, se recomienda que se reconozcan los aspectos lingüísticos y culturales únicos de la
comunidad sorda. Lebedeff (2010, p. 192-193) señala que "las personas sordas no quieren
adaptaciones, no quieren ser representadas como simulacros de oyentes. Lo que la gente sorda
quiere es una pedagogía para la sordera". Las prácticas pedagógicas utilizadas con los sujetos
sordos necesitan ser repensadas a partir de sus singularidades lingüísticas y culturales.
La propuesta bilingüe no debe observarse sólo como transposición de códigos
lingüísticos de una lengua a otra, ya que ambas gramáticas tienen distinciones, que deben
respetarse para no reproducir el código portugués. Vale la pena señalar que Libras está
compuesto por todos los elementos pertenecientes al lenguaje oral, que tienen gramática,
semántica, pragmática y sintaxis, siendo formalmente caracterizado como un lenguaje, siendo
así respetado y utilizado de acuerdo con sus reglas.
Sin embargo, es posible percibir, según Sá (2002), que la propuesta bilingüe se definiría
de manera incompleta, debido a que no aborda temas relacionados con la cultura de los sordos,
el empoderamiento adquirido de las luchas a lo largo de los años, el conocimiento intrínseco
del sujeto sordo, además de su identidad y diferencia. Por lo tanto, los sujetos sordos necesitan
aprender ambas realidades, Libras y Lengua Portuguesa - para insertarse en la sociedad a la que
pertenecen. Por derecho, la persona sorda no debe encajar en la realidad del oyente, con la
adopción del lenguaje oral, sino asumir su sordera, elemento formador de su identidad
(BARBOSA, 2011). Según la Declaración de Salamanca, es relevante que las personas sordas
utilicen la lengua de signos como medio de comunicación, asegurando que todos tengan acceso
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a la lengua de signos desde su país, pues a través de ella se produce interacción con el otro,
además de ser el formador de la identidad de esta materia (UNESCO, 1994).
Para ello, se constituyen políticas inclusivas a partir de movimientos globales,
legitimados en la Declaración de Salamanca de junio de 1994, teniendo como principales
directrices que otorgan el derecho a la educación a todas las personas que, independientemente
de las particularidades, forman parte del sistema educativo. El documento considera las
necesidades educativas y orienta que las condiciones y los espacios deben organizarse para
satisfacer estas materias en la educación regular (UNESCO, 1994). Debido a este sesgo, las
prácticas de reclusión se reorganizaron y establecieron prácticas de inclusión durante el siglo
XIX, cuyos principios reafirman el esfuerzo de la comunidad mundial para establecer que todos
tienen derecho a una educación igualitaria (LOPES, 2009).
Así, la educación es una alternativa que pretende operar con un carácter inclusivo,
desarrollando prácticas que instruyan al sujeto a observarse a sí mismo y al otro, sin barreras
normales/anormales e incluidas/excluidas. Es inapropiado definir, restringir a los individuos y
estandarizarlos, ya que el estándar infiere en homogeneización, y todos deben cumplir con los
mismos criterios (LOPES, 2009). Creyendo que todos los niños tienen diferentes habilidades,
características, tiempo/edad, necesidades o formas de aprendizaje, las escuelas deberían poder
incluir en la red escolar común la diversidad de los niños, independientemente de las
necesidades (STROBEL, 2008a). Además, la Declaración de Salamanca (1994, s/p) orienta que
todo gobierno debe asignar prioridad política y financiera para calificar el sistema educativo,
propagando así la inclusión "[...] niños, independientemente de sus diferencias o dificultades
individuales".
Según Strobel (2008a), la Unesco (Organización de las Naciones Unidas para la
Educación, la Ciencia y la Cultura), con sede en París, asegura que todo el tema de la educación
debe considerar la Educación Especial, afirmando la igualdad para todos. En Salamanca, con
el apoyo de la UNESCO, se estructuró una acción en Educación Especial, organizada por el
gobierno de España. Esta estructura de educación especial tiene como objetivo comunicar las
políticas y acciones gubernamentales, las organizaciones no gubernamentales, las agencias de
ayuda internacionales o nacionales y otras instituciones sobre políticas y prácticas en Educación
Especial.
La Declaración Universal de Derechos Humanos aliada a la Declaración Mundial sobre
Educación garantiza el derecho a la educación para todos, resultando, en Brasil, en la adopción
de la nomenclatura "Educación Inclusiva". La Educación Inclusiva no se limita a la adopción
de un término, sino que implica el derecho a la educación de las personas con discapacidad, el
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derecho de expresión y el cumplimiento de las necesidades para lograr una educación de
calidad.
Al observar los documentos derivados de la concepción de la educación inclusiva,
anclados en los discursos de igualdad y derechos, el sistema educativo necesita desarrollar
diferentes formas de organización de las actividades pedagógicas, porque el solo hecho de
permanecer en el mismo espacio escolar no es sinónimo de equidad.
En esta perspectiva, Dorziat (2008) menciona que las políticas públicas aseguran que
todos los niños se matriculen regularmente en la escuela, pero ignoran las diversidades que
existen en cada uno de ellos, como las condiciones de género, las clases sociales, la etnia, las
condiciones físicas, entre otras. En este sentido, "[...] en las redes de relaciones escolares
persiste la cultura de la jerarquía y los modelos de desarrollo humano, que ya producían
exclusión, en forma de deserción y fracaso escolares" (DORZIAT, 2008, p. 32).
A través de estas consideraciones, es posible vislumbrar una nueva forma de exclusión,
la que se lleva a cabo dentro del entorno escolar, porque, según el autor, los niños que
pertenecen al mismo sistema educativo no tienen la misma calidad y oportunidad. De hecho,
sólo la matrícula de los estudiantes garantiza, sin embargo, "no se completa el verdadero
significado del derecho a la educación, que se apoya en el concepto de un proceso pedagógico
significativo, justo, participativo y culturalmente comprometido" (DORZIAT, 2008, p. 32).
Dorziat (2008), a partir de los estudios de Lopes, explica que los currículos escolares no
incluyen diferentes culturas, formas de pensar y las diferentes organizaciones de las
comunidades escolares. Así, los currículos escolares no abordan el conocimiento diversificado,
son reprimidos por bases conteudistas, generando la reproducción insistente del conocimiento,
ignorando nuevas formas de pensar, reproduciendo los mismos defectos, intensificando la
estandarización.
El sistema educativo reproduce lo que pertenece y lo que no. Dorziat (2008) afirma que
el conocimiento que se apoya en buenas bases teóricas, que elogian la pertenencia del otro y a
sí mismo, puede ser objeto de exclusión. Por lo tanto, la escuela también puede ser un entorno
que reproduzca la exclusión, favoreciendo a algunos, mientras aísla el potencial de otros. Según
Dorziat (2008, p. 33), "[...] la escuela embota la capacidad de los estudiantes para desarrollarse
al no reconocerlos como seres capaces".
A los estudiantes considerados discapacitados se les enseña a observar el mundo a través
de otras miradas, que no son las suyas, se les enseña a vivir en un mundo distante e
insignificante, desencadenando aspectos de la discapacidad, porque "[...] reconocer la
diferencia es reconocer, sobre todo, el potencial de los estudiantes" (DORZIAT, 2008, p. 33).
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Por lo tanto, cuando se establezca la cultura de reconocer las diferencias y deconstruir la
concepción del "otro", sin fronteras, será posible pensar en la inclusión.
Pieczkowski (2014, p. 36) destaca la importancia de entender la inclusión "como un
proceso inserto en la complejidad de nuestro tiempo". Afirma que la inclusión educativa "no es
un proceso disociado de la sociedad y sus mecanismos excluyentes. Así, la contradicción entre
los principios neoliberales y los de la educación especial desde la perspectiva de la educación
inclusiva es evidente" (PIECZKOWSKI, 2014, p. 101). Afirma que: "a modo de inclusión, las
personas con discapacidad se insertan en espacios comunes, 'normalizadores', pero las prácticas,
aunque a menudo veladas, continúan excluyendo" (PIECZKOWSKI, 2014, p. 121).
Además, Dorziat (2008, p. 34) señala que "incluir es necesariamente crear condiciones
de enriquecimiento humano, a través de la aproximación de diferentes culturas y formas de
pensar". Las actitudes van más allá de las normas establecidas por las políticas públicas y
gubernamentales, y no están presentes en los currículos escolares, pero son necesarias para
proporcionar interacciones reales entre todos los involucrados en el sistema educativo.
Culturas sordas y relaciones de poder
La trayectoria histórica de los sujetos sordos estuvo marcada por numerosas
representaciones sociales resultantes de los dominios de la cultura de la escucha mayoritaria.
Según Gesser (2009), las personas sordas experimentaron períodos de adversidad, sujetos a
tratamientos terapéuticos con la intención de normalizarlos.
Según Foucault (2006, p. 75-76), la normalización de los cuerpos infiere que todos los
sujetos siguen un modelo, que se fusiona a partir de ciertos resultados, "[...] y la operación de
normalización disciplinaria pasa por intentar que la gente, los gestos y los actos se ajusten a
este modelo; lo normal es, precisamente, lo que es capaz de adaptarse a esa norma, y lo normal,
lo que es incapaz de hacerlo". Así, Foucault muestra que todo proceso disciplinario tiene como
objetivo estandarizar las asignaturas, una práctica que debe ser observada como una norma, y
no como una normalización.
Siguiendo esta perspectiva, Lopes y Veiga-Neto (2006, p. 84) describen que existe una
creación de fronteras, estableciendo el grupo de incluidos y excluidos. Con este fin, "[...] Las
fronteras inmateriales mantienen una geografía segregacionista que se alimenta de los patrones
sociales utilizados como marcadores para señalar quiénes son los autorizados a asistir o el grupo
de 'amigos'/incluidos o el grupo de los excluidos". En este sentido, se enseñó al sujeto sordo a
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pertenecer al grupo de los excluidos, a observarse a sí mismo como el otro, los discapacitados
auditivos.
Basándonos en los estudios de Gesser (2009, p. 64), entendemos que la mayor dificultad
para reconocer al otro está relacionada con la comprensión de las diferencias, lo que lleva a
inferir que "la sordera es mucho más un problema para el oyente que para el sordo", ya que se
define como "normal" al sujeto oyente, mientras que aquellos que escapan a las reglas de este
"estándar" deben ser corregidos. Por lo tanto, "[...] ser "normal" es ser un hombre, blanco,
occidental, alfabetizado, heterosexual, usuario estándar del lenguaje oral, oyente, no en silla de
ruedas, psíquico, sin "desviaciones" cognitivas, mentales y / o sociales (GESSER, 2009, p. 68).
Estas atribuciones dañan la identidad de los sujetos sordos y su propia conciencia, haciéndolos
sumisos a la vista de su cultura, ya que son puestos en confrontación interior, dejando marcas
de inferioridad frente a lo que se define por lo normal. En este sentido, destacamos lo que afirma
Pieczkowski (2018, p. 63), que "la educación de sordos es también una cuestión política, no
solo metodológica". En este escenario, corrobora la definición de identidad explorada por Silva
(2014, p. 74), al mostrar que la identidad es "[...] lo que eres: 'Soy brasileño', 'Soy negro', 'Soy
heterosexual', 'Soy joven', 'Soy un hombre'. La identidad así concebida parece ser una
positividad ('lo que soy')", haciendo referencia a sí misma.
Cada sujeto tiene singularidades y se llama a sí mismo único, 'lo que soy', declarándose
independiente. Así, cada uno de nosotros está formado por una identidad personal, con una
personalidad única, que está en proceso de construcción. La multiplicidad de roles está ligada
a aspectos identitarios. Según Silva (2014), las representaciones son los significantes, por lo
que la identidad cultural y las representaciones están alineadas, a partir de la hipótesis de que
la identidad es parte de la representación.
Santana (2007, p. 42) describe que "la identidad sería la construcción permanentemente
(re)hecha que buscara tanto determinar especificidades que establezcan límites identificativos
entre el propio sujeto y el otro [...]". Dorziat (2009, p. 19) señala que la construcción de
identidades está directamente vinculada a los discursos del poder, "[...] lleno de verdades
absolutas, que dominan, oprimen y excluyen a los demás, haciendo que lo que representa el
poder se asuma como identidad".
La identidad se estructura en función de las relaciones temporales y espaciales con los
otros sujetos. Metafóricamente, la identidad es un rompecabezas, cada pieza incrustada inserta
nuevos conocimientos y posibilidades para comprender los diferentes roles sociales, además de
inferir posibles juegos de poder. Sin embargo, la identidad se forma a partir de diferentes roles
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sociales que se asumen, que pueden no ser homogéneos, ya que pueden ser religiosos, políticos,
funcionales, estéticos y de género (SANTANA, 2007).
Las relaciones derivadas de identidades y diferencias dan lugar a una cultura sorda, y
corresponde a los individuos de esta comunidad comprender e identificar posibles
inconsistencias y modificarlas, hasta el punto de hacerlas más fiables a sus orígenes. Las
relaciones inherentes entre los sujetos sordos y los oyentes permiten el intercambio de
experiencias, además de identidades más refinadas.
En referencia a Silva (2014), identidad y diferencia están interconectadas, ya que tiene
marcas culturales y sociales. Es necesario reconocer estas marcas, que ayudarían en las
discusiones sobre la identidad sorda, ya que se buscan alternativas que normalicen lo que es la
identidad, "es decir, una norma de identidad, 'la identidad de los sordos', y una norma cultural
correspondiente, a la 'cultura sorda'" (SANTANA, 2007, p. 44).
Strobel (2008, p. 24b) explora la cultura sorda argumentando que las personas sordas
viven una cultura con diferentes aspectos de la cultura considerada como hegemónica, la "[...]
la cultura sorda es la forma en que el sujeto sordo entiende el mundo y lo modifica para hacerlo
accesible y habitable, ajustándolo con sus percepciones visuales, que contribuyen a la definición
de identidades sordas y almas de comunidades sordas".
Por otro lado, se considera que la cultura sorda diseña comportamientos e intercambios
de experiencias entre sus pares, promoviendo así la identificación de ser perteneciente a un
grupo minoritario. Santana narra que el término cultura sorda se redimensiona solo a los sordos
y profesionales que trabajan en la educación de estos sujetos y/o asisten a la comunidad, "como
si la creación del término 'cultura' se asociara solo a un grupo específico" (2007, p. 47).
En esta premisa, es posible percibir que las identidades de los sujetos sordos se
establecen a partir de las relaciones culturales. La comunidad sorda no se restringe solo a los
sordos, porque establece intercambios de conocimientos con sus pares. Así, reforzando la
identidad de los sordos, también está la implicación de la comunidad mayoritaria
–
oyentes,
haciendo uso de la lengua de signos (STROBEL, 2008b).
Pasando por el escenario identitario es relevante mencionar que muchos elementos
constituyen la cultura sorda. El sordo se llama a sí mismo un ser con experiencias visuales,
observando el mundo a través de los ojos. Su lenguaje tiene diferentes aspectos lingüísticos,
que deben ser reconocidos y utilizados correctamente, y el lenguaje de señas es un manifiesto
que representa al sujeto sordo. Por lo tanto, el orgullo no está solo en el lenguaje o la cultura
sorda, sino que es el orgullo de ser sordo, de hacer uso del lenguaje de señas brasileño y poder
ser feliz al mismo tiempo (MCCLEARY, 2003).
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Coincidimos con Quadros y Perlin (2007) cuando afirman que el sujeto sordo no
necesita omitir los marcadores de identidad. La sociedad que escucha debe respetarlo como
sordo, permitiéndole organizarse y sentirse parte del mundo de la escucha, para que se
identifique como un sujeto sordo, perteneciente a una comunidad minoritaria, con rasgos
culturales y lingüísticos.
Consideraciones finales
Históricamente, ha sido difícil ser sordo e incluido en contextos sociales, porque se
caracteriza por ser inferior e incapaz de pertenecer a una comunidad mayoritaria, que hace uso
de la lengua portuguesa para la comunicación. "Las minorías sordas han sido excluidas del
derecho a que su ciudadanía esté plenamente desarrollada" (Sá, 2002, p. 7). A veces, el lenguaje
de señas se define como inferior, además de situaciones de desprecio frente a los aspectos
culturales de la comunidad sorda.
A partir de los estudios que realizamos, es posible coincidir en que los sujetos sordos se
sienten "extranjeros en su propio país", y que la escolarización de estos niños se basa en
prácticas pedagógicas de colonización, bajo el dominio del ouvintismo. Sin embargo, las
decisiones sobre la escolarización del sujeto sordo deben permitirles autorrepresentarse a sí
mismos y no están condicionados nuevamente a los dominios de los oyentes.
Lebedeff (2010) señala que las prácticas educativas que involucran la educación de
estudiantes sordos implementan actividades y didácticas basadas en la alfabetización visual.
Sin embargo, las investigaciones sobre "[...] cuáles serían estas prácticas pedagógicas o qué
eventos de alfabetización visual" (p. 180). Las tablas (2004) destacan la relevancia de pensar
sobre una reestructuración curricular basada en las consideraciones de los efectos del lenguaje
de señas, que tiene como estructura fundamental lo visual-gestual.
La diferencia existe, independientemente de si la autorización de quienes no la
reconocen o no. Sin embargo, para Pieczkowski y Naujorks (2014, p. 148), "[...] los sujetos son
pensados a partir de las notas de diferencia, y así categorizados, narrados, nombrados y
excluidos". El factor que más excluye no es la discapacidad en sí, sino lo que representa en el
imaginario social. En nuestra sociedad, "ser normal" infiere homogeneización, basada en la
estandarización de cuerpos y caminos de pisar idealizados en busca de la singularidad de los
individuos, es decir, la normalidad. Santana (2007, p. 32) destaca que las normas sociales "[...]
organizadores de toda nuestra vida social (formas de hablar, vestirnos, actuar en el mundo,
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pensar, etc.) 'autorizar' la segregación. La forma en que se describe la sordera está
ideológicamente relacionada con estas normas".
El reconocimiento de la diferencia como factor de suma, de fortalecimiento cultural, es
un presupuesto para tensar la sociedad y la escuela, que estandarizan y jerarquizan. Para ello,
es relevante permitir una enseñanza democrática, posibilitando la igualdad de acceso y
condiciones docentes, pues pertenecer a un entorno caracterizado como "normal" no es
suficiente. Para que el proceso de escolarización tenga sentido, es necesario promover las
interrelaciones.
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Sordera, identidad y diferencia
RIAEE
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1133-1151, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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Cómo hacer referencia a este artículo
DALL’ASEN
, T.; PIECZKOWSKI, T. M. Z Sordera, identidad y diferencia.
Revista Ibero-
Americana de Estudos em Educação
, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1133-1151, abr./jun. 2022.
e-ISSN: 1982-5587. DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14593
Enviado en:
29/12/2020
Revisiones requeridas en
: 03/01/2022
Aprobado en
: 03/03/2022
Publicado en
: 01/04/2022
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Deafness, identity and difference
RIAEE
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1129-1147, Apr./June. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14593
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DEAFNESS, IDENTITY AND DIFFERENCE
SURDEZ, IDENTIDADE E DIFERENÇA
SORDERA, IDENTIDAD Y DIFERENCIA
Taise DALL’ASEN
1
Tania Mara Zancanaro PIECZKOWSKI
2
ABSTRACT
: This study aims to understand how the difference of the deaf person is conceived
in the socio-educational context, predominantly organized based on identity. The premise is
that it is necessary to know the deaf person, his/her cultural and identity aspects, the struggles
for the inclusion rights of this public in all social contexts, and to demystify stereotypes that
generate prejudices and segregation. This bibliographic study shows that the education of deaf
children needs to overcome the pedagogical practices of colonization, under the domain of
listening, and consider the protagonism and self-representation of the deaf people.
KEYWORDS
: Deafness.
Deaf culture.
Deaf identity. Special education.
RESUMO
: Este estudo objetiva compreender como a diferença do sujeito surdo é concebida
no contexto socioeducacional, predominantemente organizado com base na identidade. A
premissa é a de que é necessário conhecer o sujeito surdo, os aspectos culturais e identitários,
as lutas em prol dos direitos de inclusão desse público em todos os contextos sociais, e
desmistificar os estereótipos que geram preconceitos e segregação. Este estudo, de caráter
bibliográfico, evidencia que a escolarização de crianças surdas necessita superar as práticas
pedagógicas de colonização, sob o domínio do ouvintismo, e considerar o protagonismo e a
autorrepresentação do sujeito surdo.
PALAVRAS-CHAVE
: Surdez. Cultura surda. Identidade surda. Educação especial.
RESUMEN
:
El objetivo de este estudio es comprender cómo se concibe la diferencia del sujeto
sordo en el contexto socioeducativo, predominantemente organizado en función de la
identidad. La premisa describe que es necesario conocer al sujeto sordo, los aspectos
culturales y de identidad, las luchas por los derechos de inclusión de este público en todos los
contextos sociales, y desmitificar los estereotipos que generan prejuicios y segregación. Este
estudio bibliográfico muestra que la educación de los niños sordos necesita superar las
prácticas pedagógicas de colonización, bajo el dominio del oyente, y considerar el
protagonismo y la autorrepresentación del sujeto sordo
.
1
Diego Portales University (UDP), Santiago
–
Chile. Doctoral student in Education (UDP/UAH). Master in
Education (UNOCHAPECÓ). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-0716-7909. E-mail:
taisedallasen@hotmail.com
2
Community University of the Chapecó Region (UNOCHAPECÓ), Chapecó
–
SC
–
Brasil. Professor, Researcher
and Coordinator of the Stricto Sensu Master's Degree Program in Education. PhD in Education (UFSM). ORCID:
https://orcid.org/0000-0002-5257-7747. E-mail: taniazp@unochapeco.edu.br
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Taise
DALL’ASEN
and Tania Mara Zancanaro PIECZKOWSKI
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–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1129-1147, Apr./June. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14593
1130
PALABRAS CLAVE
:
Sordera. Cultura sorda. Identidad sorda. Educación especial.
Introduction
This text is the result of an exercise of scientific elaboration, with the objective of
understanding the social relations and the discriminatory and excluding processes present in
society and in Brazilian education, more specifically in relation to deaf subjects, as well as the
processes of constitution of individual and collective identities, from the concepts of difference
and identity and educational propositions in the intercultural perspective.
The study question that guides this text is thus constituted: How is the difference of the
deaf subject conceived in the socio-educational context, predominantly organized on the basis
of identity? From this questioning, it is necessary to know the deaf subject, with respect to
cultural and identity aspects, to the rise of the struggle for inclusion rights in all social contexts,
demystifying stereotypes crystallized by the hearing community. Therefore, the article aims to
understand how the difference, in the specificity of the deaf subject, is conceived in the socio-
educational context, predominantly organized based on the listener identity. Throughout
history, it was difficult to be deaf and be included in society, since these subjects were
understood as inferior beings and unable to develop their potential, in a predominantly clinical
conception.
According to Lopes (2011, p. 9),
[...] deafness occupied the center of attention of experts from different fields
of knowledge. Most of these experts were strongly crossed by clinical
discourses that imposed themselves in the way of describing and classifying
deafness and its 'carriers'. Most of them produced knowledge that guided
groups to see the subjects with deafblindness as able to be 'treated', 'corrected',
and 'normalized' through therapies, orofacial training, prosthetics, cochlear
implants and other advanced technologies that seek, by cyborgization of the
body, the condition of normality.
Deafness, deaf culture, deaf identities, Brazilian Sign Language (Libras) and
bilingualism are themes that have gained increasing space in recent years, especially with the
spread of school inclusion policies. Meeting the linguistic and schooling needs of deaf children
poses challenges to families and schools.
Over time, different methodologies of education/schooling of the deaf were established,
such as oralism, total communication and bilingualism. Currently, Law No. 10.436/2002 of
24/04/2002, which provides on the Brazilian Sign Language - Libras and other provisions, and
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Deafness, identity and difference
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1129-1147, Apr./June. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14593
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Decree No. 5.626, December 22, 2005, regulates that the schooling of deaf people is performed
from the bilingual methodology. Bilingual education aims to provide deaf children with the
acquisition of Libras, as a first language, and written Portuguese, as a second language.
Recently, entered into force Law No. 14.191 of August 3, 2021, which changes the Law No.
9.394, of December 20, 1996 (Law of Directives and Bases of National Education), to provide
for bilingual education for the deaf. It counts, in Art. 60 -A, that:
Bilingual education of the deaf is understood, for the purposes of this law, the
type of school education offered in Brazilian Sign Language (Libras), as a first
language, and in written Portuguese as a second language, in bilingual schools
for the deaf, bilingual classes for the deaf, common schools or in poles of
bilingual education of the deaf, for deaf students, deafblind, hearing impaired
signers, deaf with high abilities or giftedness or with other associated
disabilities, opting for the modality of bilingual education of the deaf
(BRAZIL, 2021).
When talking about Sign Language we can see that it has its own peculiarities, just like
the Portuguese language. However, both share the same goal, communication. It is important
that Libras is learned from an early age, from the interrelationships with deaf people, since it
helps in the linguistic-discursive process and learning. Also, the similarity of both languages -
Portuguese and Sign Language - can be observed in the structures and organization of the
minimal units, which, when added together, form larger and complex units. Thus, linguistic
aspects such as phonetics, semantics, syntactics and morphology are contemplated in both
languages.
Sacks (2010, p. 22) highlights that it is possible to observe that sign languages are "[...]
complete in themselves: their syntax, grammar and semantics are complete, having, however,
a different character from any spoken or written language". Therefore, it is impossible to
establish the transposition of linguistic signs for both languages, because their structures are
different and must be respected.
Methodological ways
This article is the result of an exploratory study and, based on a bibliographical review,
we seek to elaborate theoretical analyses based on the post-structuralist perspective. These are
reflections produced during the process of writing a master's thesis in education.
To demarcate the poststructuralist perspective, Meyer and Paraíso (2014, p. 19) describe
that these choices "[...] draw on one or more theoretical approaches that we know under the
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Taise
DALL’ASEN
and Tania Mara Zancanaro PIECZKOWSKI
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1129-1147, Apr./June. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14593
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label 'post' - poststructuralism, postmodernism, postcolonialism, post-gender, post-feminism
[...]". Following this itinerary, this research does not intend to legitimize truths, but to think in
different ways, recreate and tense the conceptions taken as true. In this perspective, we rely on
authors who dialogue with the theme, especially: Foucault (2005, 2006, 2017), Lopes (2009;
2011); Veiga-Neto (2006; 2007); Silva (2014) and Sacks (2010), among others.
Veiga-Neto (2007, p. 31) assures us that "what matters is not to know whether or not
there is a
real reality
, but to know how this reality is thought". For this, the author explores the
conception that discourse is one of the tools that enables the representation of "truth," and
should not be confused with an absolute truth about reality. Foucault (2017) clarifies that truth
is guided by power relations, which define what truth is and legitimize it. Thus, truth belongs
to this world, established by the power relations of each society, since truth regimes undergo
changes according to the development of a people and their needs.
Deaf people: conceptual and historical aspects
In recent decades, new terminologies were instituted about the themes involving
deafness and deaf people. Through these new vertices, the emphasis was established on the
difference and no longer on the disability, since deafness is not, centrally, visualized as a
pathology that must be cured, according to the diffusion of the clinical-therapeutic model. This
model intended/intended to rehabilitate these subjects, to make them able to hear, by
considering deafness a problem to be corrected. Medicine, in order to minimize the damage
related to social adaptations, seeks, through hearing aids implants, normalize the deaf, spreading
the idea that clinical interventions would save the deaf from difference and would belong mostly
to a hearing community (SKLIAR, 1998).
For Hindley (2005), deaf children have difficulties in recognizing the metacognitive
skills, since the vocabulary is restricted and represented by linguistic signs, resulting in limited
meanings, since the cognitive aspects would only develop from the language. However, deaf
subjects have intellectual and cognitive abilities, just like listeners, and, therefore, should not
be treated as deficient, since it is possible to communicate through sign language.
According to Bisol and Sperb (2010), in the mid-1970s the socioanthropological and
culturalist model emerged, a philosophy that had the ideal to demystify aspects related to
culture, identity and language of the deaf community. From this perspective, the deaf subject is
no longer identified with the terminology "disabled", since emphasis was placed on aspects of
cultural difference.
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Deafness, identity and difference
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1129-1147, Apr./June. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14593
1133
In general, the health area played a key role for better understanding about what is
deafness. According to Sales
et al
. (2010), a deaf individual is characterized as one who has no
perception of sounds. Therefore, the deaf person does not learn the natural language through
oral and auditory stimuli, teaching alternatives for the Portuguese language. However, he has
the ability to relate to his peers, connected to the world, through his minority language. The
deaf can make fluent use of sign language, building identity from the very difference, since
Libras is recognized linguistically by appropriating the characteristic elements of a language.
Thus, the deaf subject has a legal right that the schooling process is carried out through the sign
language.
Decree No. 5.626, December 22, 2005, which regulated the Law No. 10.436/2002,
known as the Law of Libras, in its Article 2 states that "deaf person is considered to be that
person who, due to hearing loss, understands and interacts with the world through visual
experiences, manifesting its culture mainly through the use of Brazilian sign language -
LIBRAS" (BRAZIL, 2005).
However, deaf subjects should not ignore the Portuguese language, just as listeners
should not inferiorize sign languages: both should be available to deaf and hearing people. For
deaf people, sign language is "[...] invaluable to deaf people and those growing up in the deaf
community. It is a language that allows them to join and participate in a group, the deaf group"
(QUADROS, 2007, p. 08). In this sense, sign language enables the deaf to be builders of their
own identity.
Supported by law, it revokes the allusions that the deaf subject is incapable, requiring
standardization to be inserted into society; neither should be defined as disabled (THOMA;
KLEIN, 2010). The term disabled, used to classify the deaf, was widespread from social
relations with listeners. Lopes and Veiga-Neto (2006, p. 85) report that "[...] the deaf was taught
to look at himself and to narrate himself as a hearing impaired person," a practice that resulted
in submission processes and corrective interventions "[...] derived from knowledge that inform
and classify the subjects within phases of linguistic development, chronological and hearing
loss.
The literature presents subsidies that make us understand how the process of inclusion
and schooling of the deaf occurred over the years. However, it is relevant to ask: what does the
listener know about being deaf? This question is carried out with narratives of listeners, and
rarely by the protagonist of the story: the deaf. Sá (2002, p. 7) reveals that the "[...] deaf
minorities have been excluded from the right to have their citizenship fully developed and their
difference widely considered. It is notable that there are still barriers to be deconstructed around
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Taise
DALL’ASEN
and Tania Mara Zancanaro PIECZKOWSKI
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1129-1147, Apr./June. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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the deaf subject. In summary, the presence of the deaf subject is as old as humanity itself, he
has always been part of society, but most of the time, remained invisible in the eyes of the
hearing population. The deaf were stigmatized, besides not always being recognized as human
beings (SÁ, 2002).
The historical accounts present different information, because in Egypt and Persia, the
deaf were characterized as privileged beings: by virtue of being silent, they believed they would
be dialoguing with the gods. Thus, "they were kept accommodated without being educated and
had no social life" (STROBEL, 2008a, p. 82).
In the Greek civilization, the deaf were diagnosed as invalids and unnecessary for
society, since Spartan children were prepared for war. In Athens, children performed cultural
activities, and individuals who did not meet the standards were killed, because they would be
of no use to society (STROBELa, 2008). We point out that in Ancient Rome, children with
imperfections were purged from society. It is possible to imagine that many deaf children were
deprived of their lives. In addition to not being able to exercise legal rights, there was no consent
for deaf subjects to marry and be heirs to the material goods that the family owned.
In turn, the Catholic Church vulgarized these individuals as beings without salvation,
spreading the idea that they would not enter the kingdom of God because they could not
prophesy the religious commandments (HALL, 2004). They remained invisible, "they were not
captured by the system and services of the state, although they are captured by the
governmentality of the state" (LOPES, 2009, p. 158). In short, they were invisible because they
were not generating problems, for not deconstructing the parameters of normality, since they
were excluded for being undesirable.
Historically, being deaf was not an easy task, because of the various injustices
committed against these subjects. Foucault (2005) reveals that there were numerous problems
faced, because the different has always been characterized as inferior, and cruelly, they were
assigned pejorative stereotypes, generalizing the limitations and singularities.
The deaf began to have greater visibility at the end of the Middle Ages, through
empirical studies, interests of doctors and scholars who sought to understand which procedures
could be applied in the schooling of these subjects. However, there were numerous divergences
regarding the methods propagated as efficient. Many scholars emphasized the oralist method
as appropriate for education, while others sought to attribute significance to gestures and writing
methodologies.
However, one of the main milestones in the history of the deaf began in 1760, when
Charles-Michel de L'épeé founded in France, the first school for deaf students, called the
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Deafness, identity and difference
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1129-1147, Apr./June. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14593
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Institute for Young Deaf and Dumb of Paris. This dedicated exclusively to the schooling of the
deaf, intervening favorably for these subjects to make use of sign language. In this period,
L'épeé "created a teaching methodology for the deaf resulting from the combination of sign
language and French grammar - this method was dubbed 'Methodical Signs'" (STROBEL,
2008a, p. 86). However, his teaching practices had repercussions for other educators to
reproduce the same models of schooling (NASCIMENTO, 2006), thus disseminating the sign
language, providing credibility to the deaf and the construction of their own identity.
Subsequent to this milestone, Strobel (2008a) reports in his excerpts that in Germany,
in 1778, the first school for deaf students was founded, keeping the manual alphabet as the
teaching method, in addition to establishing alternatives that would enable the development of
speech, orality.
After an invitation made by D. Pedro II to Eduard Huet, a deaf teacher, he arrived on
national lands in 1857 to found the first school for the deaf, located in Rio de Janeiro and named
the "Imperial Institute of the Deaf-Mute". Its nomenclature went through some changes and,
currently, is known as "National Institute of Education of the Deaf" - INES.
The founder of the school encountered several barriers that hindered its activities, since
Brazilian families felt insecure with the schooling practices developed. However, in this period,
the first contacts with the Brazilian Sign Language - Libras were established, promoting
simultaneous communication between peers, because only in specialized schools it was
possible to use Libras (STROBEL, 2008a).
After the rise of sign language in 1880, in Milan, Italy, the II International Congress of
Teachers of the Deaf was held, an event that represented a significant setback for the
achievements of deaf people. The central agenda involved the question: sign language or
oralism as a schooling practice for the deaf? In an excerpt taken from the work "Hearing
Voices", Oliver Sacks confides that the deaf teachers did not participate in the vote. Oralism
won out and the use of sign language in schools was "officially" purged (SACKS, 2010). In
theory, deaf students were censored from appropriating their mother tongue - sign language -
since there was a belief that with the use of signs the child would become accommodated, that
is, the learning of oralization would be hindered.
The oralist philosophy was perpetuated until 1960, the period called "Oralist Empire",
a phase in which all deaf subjects were subject to the theories of listeners, "unlearning" sign
language, subjectivizing their own deaf identity and the history of their culture, since the
achievements were at the mercy of political and religious interests. With the publication of an
article called "The Structure of Sign Language: the profile of a visual communication system
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Taise
DALL’ASEN
and Tania Mara Zancanaro PIECZKOWSKI
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1129-1147, Apr./June. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14593
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of the American deaf", written by linguist William Stokoe, the theme developed showed that
sign languages had the same characteristics, complexities, peculiarities and expressiveness
attributed to oral languages.
After a decade of the oralist doctrine, the high level of dissatisfaction arising from the
results obtained was seen, and a new teaching modality was adopted: total communication. This
method systematized communication through the Portuguese language concomitantly with sign
language. Total communication was based on the reintroduction of sign language,
complemented with the manual alphabet and facial expressions, aspects that were/are part of
deaf communication (SACKS, 2010).
However, this practice produced the combination of two languages, which have
specificities, thus generating a new mistaken alternative of communication: the sign
Portuguese. Linguistic terms from one language were mixed into another, and, as a result, the
child was prone to misunderstandings and incomprehensible syntactic structures (MOURÃO;
MIRANDA, 2008). This teaching practice did not pay attention to linguistic, historical and
epistemological aspects. In short, it was not relevant enough - since the intention was to promote
full communication among peers and listeners -, establishing only the transposition of terms
from the Portuguese language through gestures, expressions and orofacial reading. Thus, "in
this view, sign language is not seen as the most important language for the deaf, but rather, a
communicative resource for the acquisition of the majority language [...]" (MACHADO, 2008,
p. 63), that is, the Portuguese language.
The process of literacy for deaf subjects infers in linguistic and cultural singularities,
which requires "[...] think about how deaf people read and interpret the world from their
linguistic and cultural singularities, think about how deaf people use socially and culturally the
written language" (LEBEDEFF, 2010, p. 179). Therefore, thinking about literacy for deaf
subjects involves observing the singularities of deafness, and for this, teachers need to develop
methodological practices for the teaching of written language different from those planned for
listeners (LEBEDEFF, 2010).
According to Skliar (1998), the generation of 1980 ensured a new alternative of
schooling for deaf subjects, defined as bilingualism. To enter this perspective, it is necessary to
reconstruct some parameters that have been crystallized throughout history. To this end, it is
recommended that there is recognition of linguistic and cultural aspects unique to the deaf
community. Lebedeff (2010, p. 192-193) points out that "The deaf do not want adaptations, do
not want to be represented as simulacra of listeners. What the deaf want is a pedagogy for
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Deafness, identity and difference
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deafness." The pedagogical practices used with deaf people need to be rethought from their
linguistic and cultural singularities.
The bilingual proposal should not be observed only as a transposition of linguistic codes
from one language to another, since both grammars have distinctions, which must be respected
in order not to reproduce the sign language Portuguese. It is worth noting that Libras is
composed of all the elements belonging to the oral language, having grammar, semantics,
pragmatics and syntax, formally characterized as a language, and thus should be respected and
used according to its rules.
However, it is possible to realize, according to Sá (2002), that the bilingual proposal
would be defined incompletely, because it does not address issues related to deaf culture, the
empowerment acquired from the struggles over the years, the intrinsic knowledge of the deaf,
in addition to their identity and difference. Thus, deaf people need to learn the two realities -
Libras and Portuguese - to be inserted into the society to which they belong. By right, the deaf
person should not fit into the reality of the listener, with the adoption of oral language, but rather
assume their deafness, an element that forms their identity (BARBOSA, 2011). According to
the Salamanca Declaration, it is important that the deaf use sign language as a means of
communication, ensuring that everyone has access to sign language from their country, because
through it there is interaction with the other, besides it being the formative identity of this
subject (UNESCO, 1994).
Inclusive policies are based on worldwide movements, legitimized in the Salamanca
Declaration of June 1994, with guidelines that provide the right to education for all individuals
who, regardless of their particularities, are part of the educational system. The document
considers the educational needs and guides that the conditions and spaces must be organized in
order to meet these individuals in regular education (UNESCO, 1994). In this way, the reclusion
practices were reorganized and inclusion practices were established during the 19th century,
whose principles reaffirm the effort of the world community to establish that everyone has the
right to an equal education (LOPES, 2009).
Thus, education is an alternative that aims to operate with an inclusive character,
developing practices that encourage the subject to observe himself and the other, without
barriers of normal/abnormal and included/excluded. It is inappropriate to define, restrict
individuals and standardize them, since the norm infers homogenization, and everyone should
meet the same criteria (LOPES, 2009). Believing that all children have different abilities,
characteristics, time/age, needs or ways of learning, schools should be able to include in the
common education network the diversity of children, regardless of needs (STROBEL, 2008a).
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Still, the Declaration of Salamanca (1994, s/p) states that every government should assign
political and financial priority to qualify the educational system, thus propagating the inclusion
"[...] of all children, regardless of their individual differences or difficulties.
According to Strobel (2008a), Unesco (United Nations Educational, Scientific, and
Cultural Organization), based in Paris, guarantees that every issue about education should
consider Special Education, affirming equality for all. In Salamanca, with the support of
Unesco, an action in Special Education was structured, organized by the government of Spain.
This framework on Special Education aims to communicate the policies and actions of
government, non-governmental organizations, international or national aid agencies and other
institutions on policy and practice in Special Education.
The Universal Declaration of Human Rights combined with the World Declaration on
Education ensures the right to education for all, resulting, in Brazil, in the adoption of the
nomenclature "Inclusive Education". Inclusive Education is not just the adoption of a term, but
implies the right to education for people with disabilities, the right to expression, and the
meeting of needs to achieve quality education.
By observing the documents originating from the conception of inclusive education,
anchored in the discourses of equality and rights, the educational system needs to develop
different ways of organizing pedagogical activities, because just staying in the same school
space is not synonymous with equity.
In this perspective, Dorziat (2008) mentions that public policies ensure that all children
are regularly enrolled in school, however, they ignore the diversities that exist in each one of
them, such as gender, social class, ethnicity, physical conditions, among others. In this sense,
"[...] in the networks of school relations, the culture of hierarchization and models of human
development persists, which already produced exclusion, in the form of school evasion and
repetition" (DORZIAT, 2008, p. 32).
According to the author, children who belong to the same school system do not have the
same quality and opportunities either. In reality, only the enrollment of students is assured, but
"the true meaning of the right to education, which is supported by the concept of a meaningful,
fair, participatory and culturally engaged pedagogical process is not completed" (DORZIAT,
2008, p. 32).
Dorziat (2008), supported by Lopes' studies, explains that school curricula do not
contemplate the different cultures, ways of thinking and the different organizations of school
communities. Thus, school curricula do not address diversified knowledge, they are repressed
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by content bases, generating the insistent reproduction of knowledge, ignoring new ways of
thinking, reproducing the same flaws, intensifying standardization.
The educational system reproduces what belongs and what does not. Dorziat (2008) states
that knowledge that is supported by good theoretical bases, which extols the belonging of the
other and to oneself, can be an object of exclusion. Therefore, school can also be an environment
that reproduces exclusion, privileging some, while isolating the potentiality of others.
According to Dorziat (2008, p. 33), "[...] school blunts the students' capacity for development
by not recognizing them as capable beings.
Students considered disabled are taught to observe the world through other eyes, which
are not theirs, taught to live in a distant, insignificant world, triggering aspects of disability,
because "[...] to recognize the difference is to recognize, above all, the potentialities of the
students" (DORZIAT, 2008, p. 33). Therefore, when the culture of recognizing differences and
deconstructing the conception of the "other" is established, having no boundaries, it will be
possible to think about inclusion.
Pieczkowski (2014, p. 36) stresses the importance of understanding inclusion "as a
process embedded in the complexity of our time." He states that educational inclusion "is not a
process dissociated from society and its exclusionary mechanisms. Thus, the contradiction
between neoliberal principles and those of special education from the perspective of inclusive
education is evident" (PIECZKOWSKI, 2014, p. 101). It states that: "by way of inclusion,
people with disabilities are inserted into common, 'normalizing' spaces, but the practices,
although often veiled, continue to exclude" (PIECZKOWSKI, 2014, p. 121).
Moreover, Dorziat (2008, p. 34) points out that "Including is, necessarily, creating
conditions for human enrichment, through the approximation of different cultures and ways of
thinking". Attitudes go beyond norms established by public and governmental policies, and are
not present in school curricula either, but are necessary to provide real interactions among all
those involved in the educational system.
Deaf cultures and power relations
The historical trajectory of deaf people has been marked by numerous social
representations arising from the domains of the majority hearing culture. For Gesser (2009),
deaf people have experienced periods of adversity, subjected to therapeutic treatments with the
intention of normalizing them.
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According to Foucault (2006, p. 75-76), the normalization of bodies infers that all
subjects follow a model, which is merged from certain results, "[...] and the operation of
disciplinary normalization involves trying to make people, gestures and acts conform to this
model; what is normal is precisely what is capable of conforming to this norm, and what is
normal is what is incapable of doing so". Thus, Foucault highlights that every disciplinary
process aims to standardize the subjects, a practice that should be observed as a normation, and
not a normalization.
Following this perspective, Lopes and Veiga-Neto (2006, p. 84) describe that there is a
creation of borders, establishing the group of included and excluded. To this end, "[...]
immaterial borders maintain a segregationist geography that feeds on the social patterns used
as markers to signal who are allowed to attend either the group of 'friends'/included or the group
of excluded." In this sense, the deaf subject was taught to belong to the group of the excluded,
to observe himself as the other, the hearing impaired.
Based on the studies of Gesser (2009, p. 64), we understand that the greatest difficulty
in recognizing the other is related to understanding the differences, which leads to the inference
that "deafness is much more a problem for the listener than for the deaf," since it is defined as
"normal" the listener subject, while those who break the rules of this "standard" should be
corrected. Therefore, "[...] to be 'normal' is to be male, white, Western, literate, heterosexual,
user of standard oral language, listener, not wheelchair-bound, sighted, without cognitive,
mental and/or social 'deviations'" (GESSER, 2009, p. 68). These attributions hurt the identity
of deaf subjects and their own consciousness, making them submissive to their culture, since
they are put in internal confrontation, leaving marks of inferiority in the face of what is defined
as normal. In this sense, we emphasize what Pieczkowski (2018, p. 63) states, that "deaf
education is also a political issue, and not only a methodological one." In this scenario, we
corroborate the definition of identity explored by Silva (2014, p. 74), by highlighting that
identity is "[...] what one is: 'I am Brazilian,' 'I am black,' 'I am heterosexual,' 'I am young,' 'I
am a man. Identity thus conceived seems to be a positivity ('what I am')," referring to himself.
Each subject has singularities and calls himself unique, 'that which I am', declaring
himself independent. Thus, each of us is formed by a personal identity, with a unique
personality that is in the process of construction. The multiplicity of roles is intertwined with
the identity aspects. According to Silva (2014), representations are the signifiers, so cultural
identity and representations are aligned, based on the hypothesis that identity is part of
representation.
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Santana (2007, p. 42) describes that "Identity would be the permanently (re)made
construction that seeks both to determine specificities that establish identificatory boundaries
between the subject itself and the other [...]." Dorziat (2009, p. 19) points out that the
construction of identities is directly interconnected to power discourses, "[...] filled with
absolute truths, which dominate, oppress, and exclude others, making that which represents
power be assumed as identity."
Identity is structured on the basis of temporal and spatial relations with other subjects.
Metaphorically, identity is a puzzle, each piece put together inserts new knowledge and
possibilities to understand the different social roles, besides inferring possible power games.
However, identity is formed from different social roles that are assumed, which may not be
homogeneous, since they can be religious, political, functional, aesthetic, and gender roles
(SANTANA, 2007).
The relationships arising from the identities and differences result in deaf culture, and it
is up to the individuals of this community to understand and identify possible inconsistencies
and modify them, to the point of making them more faithful to their origins. The inherent
relationships between deaf and hearing subjects enable the exchange of experience, as well as
more refined identities.
In mention of Silva (2014), identity and difference are interconnected, since it holds
cultural and social markings. It is necessary to recognize these markings, which would help in
discussions about deaf identity, since alternatives are sought that normalize what identity is,
"that is, an identity norm, 'the identity of the deaf', and a corresponding cultural norm, to 'deaf
culture'" (SANTANA, 2007, p. 44).
Strobel (2008b, p. 24) explores the deaf culture arguing that the deaf live a culture with
different aspects of the culture taken as hegemonic, the "[...] deaf culture is the way the deaf
subject understands the world and modify it in order to make it accessible and livable, adjusting
it with their visual perceptions, which contribute to the definition of deaf identities and the souls
of deaf communities.
In turn, it is considered that deaf culture architects behaviors and exchanges of
experiences among their peers, thus promoting the identification of belonging to a minority
group. Santana narrates that the term deaf culture is resized only to deaf people and
professionals who work in the education of these subjects and / or attend the community, "as if
the creation of the term 'culture' was associated only with a specific group" (2007, p. 47).
On this premise, it is possible to realize that the identities of deaf people are established
from cultural relations. The deaf community is not restricted only to the deaf, because it
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establishes knowledge exchanges with their peers. Thus, reinforcing the identity of the deaf,
there is also the involvement of the majority community - listeners, making use of sign language
(STROBEL, 2008b).
Going through the identity scenario, it is relevant to mention that many elements make
up the deaf culture. Deaf people call themselves a being with visual experiences, observing the
world through their eyes. His language has different linguistic aspects, which must be
recognized and used correctly, and sign language is a manifesto that represents the deaf subject.
Thus, pride is not only in the deaf language or culture, but it is the pride of being deaf, of making
use of the Brazilian sign language and being happy at the same time (MCCLEARY, 2003).
We agree with Quadros and Perlin (2007) when they state that the deaf subject does not
need to omit the identity markers. The hearing society should respect him as deaf, letting him
organize and feel part of the hearing world, so that he self-identifies as deaf subject, belonging
to a minority community, with cultural and linguistic traits.
Final remarks
Historically, it has been difficult to be deaf and to be included in social contexts, for
being characterized as inferior and unable to belong to a majority community, which makes use
of the Portuguese language for communication. The "deaf minorities have been excluded from
the right to have their citizenship fully developed" (SA, 2002, p. 7). Sometimes, sign language
is defined as inferior, in addition to situations of disregard for cultural aspects of the deaf
community.
Based on the studies we conducted, it is possible to agree that deaf individuals feel
"foreigners in their own country", and that the schooling of these children is based on
pedagogical practices of colonization, under the dominance of listenerism. However, decisions
about the schooling of the deaf should enable them to self-represent and not be conditioned
again to the domains of listeners.
Lebedeff (2010) points out that educational practices involving the education of deaf
students implement activities and didactics grounded in visual literacy. However, research is
lacking on "[...] what these pedagogical practices or what visual literacy events would be" (p.
180). Quadros (2004) highlights the relevance of thinking about a curricular restructuring from
the consideration of the effects of sign language, which has as its fundamental structure the
visual-gestural.
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The difference exists, regardless of the authorization or not of those who do not
recognize it. However, for Pieczkowski and Naujorks (2014, p. 148), "[...] subjects are thought
of from the marks of difference, and thus categorized, narrated, named, and excluded." The
most excluding factor is not the disability itself, but what it represents in the social imaginary.
In our society, "being normal" infers homogenization, based on the standardization of bodies
and following idealized paths in search of the singularity of individuals, that is, normality.
Santana (2007, p. 32) points out that social norms "[...] organizing all our social life (ways of
speaking, dressing, acting in the world, thinking, etc.) 'authorize' segregation. The way deafness
is described is ideologically related to these norms.
The recognition of difference as a factor of sum, of cultural strengthening, is a
prerequisite for us to tension society and school, which standardize and hierarchize. For this, it
is relevant to allow a democratic education, enabling equal access and equal conditions for
education, because belonging to an environment characterized as "normal" is not enough. For
the schooling process to make sense, it is necessary to promote interrelationships.
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Deafness, identity and difference
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1129-1147, Apr./June. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14593
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DALL’ASEN
, T.; PIECZKOWSKI, T. M. Z. Deafness, identity and difference.
Revista Ibero-
Americana de Estudos em Educação
, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1129-1147, Apr./June. 2022.
e-ISSN: 1982-5587. DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14593
Submitted:
29/12/2020
Revisions required
: 03/01/2022
Approved:
03/03/2022
Published
: 01/04/2022
Management of translations and versions: Editora Ibero-Americana de Educação
Translator: Thiago Faquim Bittencourt
Translation reviewer: Alexander Vinícius Leite da Silva