image/svg+xmlBartolomeu de Las Casas: A arte da oratória e a educação pelo exemploRIAEERevista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1148-1161, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14600 1148BARTOLOMEU DE LAS CASAS: A ARTE DA ORATÓRIA E A EDUCAÇÃO PELO EXEMPLOBARTOLOMÉ DE LAS CASAS: EL ARTE DE LA ORATORIA Y LA EDUCACIÓN POR EL EJEMPLOBARTOLOMEU DE LAS CASAS: THE ART OF RHETORIC AND EDUCATION BY EXAMPLEChristina Aparecida SANTOS1José Joaquim Pereira MELO2RESUMO: O processo de conquista e de colonização da América, ocorrido entre os finais do século XV e o início do século XVI, foi marcado por conflitos entre o Velho e o Novo Mundo. Em meio às tensões, com a importante participação de Bartolomeu de Las Casas, buscava-se equalizar um modo educativo para conduzir a suposta civilização do nativo americano e sua catequização. Na proposta desse frei dominicano, o mestre pregador seria o responsável direto pelo processo de cristianização/formação, devendo, para desempenhar sua função, ter características bem específicas: boa oratória, vida exemplar, mansidão, amor e doçura. Em seu livro Único modo de atrair todos os povos à verdadeira religião (1942), Las Casas elaborou uma espécie de manual com orientações pedagógicas para os freis da Ordem de São Domingos, fundamentando-se na concepção de que o nativo tinha racionalidade e, portanto, poderia ser cristianizado por meios pacíficos, o que era incompatível com as ações dos colonizadores. Neste artigo, o objetivo é analisar o modo como Las Casas entendia o trabalho do mestre pregador e as características que ele considerava necessárias para que este pudesse atender às novas necessidades, sobretudo, as da cristianização/formação e submissão do nativo americano naquele momento. PALAVRAS-CHAVE: Bartolomeu de Las Casas. Mestre pregador. Nativo. Educação pelo exemplo. RESUMEN:El proceso de la conquista y de la colonización de América, ocurrido entre el final del siglo XV y el inicio del siglo XVI, fue marcado por conflictos entre el Viejo y el Nuevo Mundo. En medio a las tensiones, con la importante participación de Bartolomé de las Casas, se buscó ecualizar un modo educativo para conducir la supuesta civilización del nativo americano y su catequización. En la propuesta de este fray dominicano, el maestro pregonero sería el responsable directo por el proceso de cristianización/formación, y debiera, para desempeñar su función, tener las características muy específicas: buena oratoria, vida ejemplar, mansedumbre, amor y dulzura. En su libro El único modo de atraer a todos los pueblos a la verdadera religión (1550, 1942), Las Casas elaboró una especie de 1Universidade Estadual de Maringá (UEM), Maringá PR Brasil. Professora no Departamento de Ciências. Doutora em Educação. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-4746-166X. E-mail: christinaas20@gmail.com 2Universidade Estadual de Maringá (UEM), Maringá PR Brasil. Professor no Departamento de Fundamento da Educação e do Programa Pós-Graduação em Educação. Doutorado em História. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-0743-8000. E-mail: pereirameloneto@hotmail.com
image/svg+xmlChristina Aparecida SANTOS e José Joaquim Pereira MELORIAEERevista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1148-1161, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14600 1149manual de orientaciones pedagógicas para los frailes de la Orden de Santo Domingo, en el que se fundamenta en la concepción de que el nativo tenía la racionalidad y, por lo tanto, podría ser cristianizado por los medios pacíficos, lo que era incompatible con las acciones de los colonizadores. En este artículo, el objetivo es analizar el modo como Las Casas entendía el trabajo del maestro pregonero y las características que él consideraba necesarias para que este pudiera atender a las nuevas necesidades, sobretodo, a las de la cristianización/formación y sumisión del nativo americano en aquel momento.PALABRAS CLAVE:Bartolomé de las Casas. Maestro pregonero. Nativo. Educación por el ejemplo.ABSTRACT:The conquest and colonization of America between the late 15thcentury and the beginning of the 16thhave been marked by conflicts between the Old and New World. In the midst of such tensions and with the relevant participation of Bartolomé de las Casas, a type of education had to be found to introduce and catechize the American native into a supposed civilization. The Dominican friar´s proposal insisted that the preacher would be the person directly responsible for the process of Christianization/formation and he should have specific features to perform his task well, namely, a good rhetoric, an exemplary life, meekness, love and sweetness. In his book The Only Way (c. 1550, 1942), Las casas prepared a handbook of pedagogical guidelines for the friars of the Order of Preachers, based on the idea that the American native was endowed with reason and could be Christianized in a peaceful way, which was incompatible with the conquistadores´ modes and activities. Current paper analyzes how Las Casas understood the task of the preacher and the characteristics he considered necessary to comply with the novel needs, especially Christianization/formation and the submission of the Native American at that specific instance. KEYWORDS:Bartolomeu de las Casas. Preacher. American Native. Education by example.IntroduçãoA conquista e a colonização da América, ocorridas entre 1492 e 1556, compuseram um dos eventos mais importantes da História Moderna. O contato entre o Velho Mundo e o Novo Mundo foi conflituoso e tenso, sobretudo, porque envolveu o encontro de homens muito distintos em termos de organização social, cultural e religiosa. Com a justificativa de levar a fé cristã aos territórios descobertos e apresentando-a como missão divina, os colonizadores, em busca do ouro e de outras riquezas, invadiam as terras onde viviam os nativos e os submetiam, empregando a violência armada. O processo não se fez sem resistência, mas, pela forma diferenciada de fazer a guerra, pelas armas rudimentares com que os nativos enfrentavam as armas de fogo e até mesmo a arma bacteriológica, o resultado foi um verdadeiro genocídio. Supondo-se superiores, os espanhóis perguntavam-se sobre a natureza dos nativos, que, não raras vezes, eram entendidos como seres irracionais e incivis. Eram homens? Tinham
image/svg+xmlBartolomeu de Las Casas: A arte da oratória e a educação pelo exemploRIAEERevista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1148-1161, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14600 1150capacidade de aprender? Como “civilizá-los”? Como cristianizá-los? O modo como os concebiam era o que fundamentava suas ações. Assim, considerar os nativos seres irracionais justificava a guerra desencadeada para a submissão, a cristianização e a obtenção das riquezas, a exemplo do que ocorrera na época da Reconquista, entre 718 e 1492. No entanto, outros entendiam os nativos como seres racionais. Nessa vertente, destaca-se Bartolomeu de Las Casas3, um frei dominicano que, desde sua conversão, dedicou-se a fundamentar a defesa da racionalidade dos nativos e a propor um modo diferenciado de tratamento e de cristianização/formação desses homens. Em 1513, depois de ouvir um sermão do dominicano Antônio de Montesinos (1475-1540), Las Casas passou a afirmar que a mensagem evangélica estava em desacordo com a violência adotada no processo de conquista e colonização, defendendo desde então a racionalidade do nativo e um modo pacífico para sua cristianização e submissão. Com uma voz dissonante, atuou de modo significativo, escrevendo tratados, cartas, opúsculos contendo apelos à coroa e denúncias dos abusos cometidos pelos colonizadores. Em 1542, elaborou um manual de orientação pedagógica para os religiosos de sua ordem e atribuiu importância significativa ao mestre pregador, que seria o grande responsável pela cristianização e pela submissão dos nativos. Além de orientá-lo a utilizar boa oratória para atrair o nativo, ele propôs um modo de cristianização/formação fundado no amor, na doçura e na mansidão. Ao mesmo tempo, alertava para que o mestre adotasse uma “vida reta”, educando pelo exemplo. O modo de cristianização/formação e o mestre pregadorO modo de cristianização/formação proposto por Las Casas fundamentava-se na defesa da racionalidade nativa e da irmandade divina. Sendo filhos do mesmo Deus dos europeus, os nativos teriam condições racionais para assimilar e dar seu assentimento aos ensinamentos da fé. Para tanto, era necessário atrair sua vontade, dar-lhes tempo, liberdade. Por sua propensão natural para o bem, eles poderiam entender o que era proposto como digno de crença: “[...] que se convença com razões a inteligência de quem tem de ser instruído na fé e religião cristã; que por reflexão e investigação lhe pareça bom e útil aquiescer ou assentir a essa parte” (LAS CASAS, 2005, p. 67).3Nasceu em Sevilla, no ano de 1474. Religioso, teólogo, bispo de Chiapas, México, era defensor dos nativos americanos. Dirigiu-se para a América em 1502, como clérigo, obtendo terras e nativos. Fez inúmeras viagens para a Espanha, sempre procurando defendê-los junto à Corte Espanhola. Decepcionado, voltou definitivamente para a Espanha em 1547, onde continuou a defender o nativo americano. Morreu em Madrid, no ano de 1566.
image/svg+xmlChristina Aparecida SANTOS e José Joaquim Pereira MELORIAEERevista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1148-1161, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14600 1151Em sua proposta, considerava imprescindíveis o trabalho incansável e o empenho do mestre pregador, que deveria ter atributos específicos para realizar tarefa tão difícil. Em suas reflexões, Las Casas fundamentou-se nas Súmula Teológicade Santo Tomás de Aquino (1225-1274), especialmente em suas discussões sobre fé e razão e sobre o processo de compreensão e de assimilação das verdades cristãs. Para Tomás de Aquino, razão e fé estavam intimamente relacionadas e se complementavam mutuamente. Por razão natural, ele entendia a capacidade pela qual o homem eleva seu espírito às verdades que precisa alcançar. Ao mesmo tempo, ponderava que, amparado apenas nessa capacidade, o homem não teria condições de atingir seus objetivos epistemológicos, ou seja, alcançar as verdades superiores, a verdade divina, devendo, portanto, requisitar a aquiescência da fé. O mesmo Deus, em sua generosidade suprema, iria ao encontro do homem, o acolheria e o ajudaria em suas limitações, criando condições para sua elevação aos domínios das verdades superiores. Em Tomás de Aquino, a relação entre razão e fé, filosofia e teologia, não se referia apenas à caminhada do homem para Deus: abrangia a própria edificação do saber, cuja plenitude só se realizaria quando o homem chegasse às verdades supremas. Mesmo sendo instâncias distintas, filosofia e teologia eram imprescindíveis: de um lado, a conquista do conhecimento das verdades divinas indicava que o objetivo epistemológico tinha chegado a bons termos; de outro, tal objetivo não era um mero recorte especulativo, correspondia a uma vivência religiosa com a transcendência. Considerando a afinidade entre os dois saberes, ele destaca o direcionamento da filosofia para a teologia e a relação de mutualidade entre elas, mas, na escala de importância, a teologia estaria em posição mais elevada. Dessa perspectiva, a aceitação de verdades da fé que passavam ao largo da lógica da filosofia reivindicava a efetividade da fé. Caso se satisfizesse apenas com a luz natural, o que significava a negação da fé, o sábio obstaculizaria seu caminhar epistemológico. O saber patrocinado pela teologia não divergia daquele que era assimilado por meio da razão, ou seja, ia ao encontro da filosofia. Nessa relação dinâmica entre razão e fé, nesse processo de interação, se realizaria a plenitude do conhecimento das verdades do sagrado. Portanto, a teologia se evidenciava como a última escala do exercício especulativo, mostrando o alcance da verdade divina, assim como as premissas que afiançavam o saber filosófico (MELO, 2019, p. 86-87). Com tal fundamentação, Las Casas argumentava que o processo de aprendizagem acontecia de dois modos, um, denominado de modo natural, e outro, de modo voluntário (LAS CASAS, 2005, p. 70). No primeiro, o conhecimento era movido pelo próprio objeto, que seria evidente por si ou se tornaria evidente por meio da demonstração, como ocorria com
image/svg+xmlBartolomeu de Las Casas: A arte da oratória e a educação pelo exemploRIAEERevista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1148-1161, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14600 1152a ciência. No segundo, denominado por ele de voluntário, a inteligência daria seu assentimento não porque fosse movida pelo próprio objeto, mas porque, por opção, se inclinaria voluntariamente para a aprendizagem. É nesse segundo modo que o dominicano enquadra os conhecimentos da fé cristã. Como o objeto de conhecimento não era evidente por si, o mestre pregador teria que atrair a vontade do nativo, o que faria com que a inteligência se determinasse a aceitá-lo, mesmo que não o reconhecesse como evidente. É por isso que os homens, inclusive os nativos, por terem as condições de, voluntariamente e de propósito, raciocinar sobre as verdades apresentadas, deveriam, segundo o dominicano, ser considerados racionais (LAS CASAS, 2005). O mestre pregador era responsável por ativar essa vontade de crer: O homem, pois, precisa de alguém que o ative, um guia ou pregador que do exterior o leve a crer por meio da instrução, da apresentação ou desenvolvimento das verdades dignas de fé; e com raciocínios fundados, com exemplos, com semelhanças, como que apontando com o dedo e quase descrevendo e imprimindo na mente aquilo em que convém crer(LAS CASAS, 2005, p. 87). Para reafirmar a importância do mestre pregador, ele argumentava que Deus poderia se bastar, mas preferiu contar com os homens para a missão de evangelização: [...] poderia bastar, se Deus quisesse; no entanto, por lei comum, ao menos se tratando de adultos, se requer necessariamente o ensinamento exterior, a instrução, a narração, a exposição, a explanação ou explicação daquilo em que se tem de crer, para que todo adulto receba a fé e consiga a salvação (LAS CASAS, 2005, p. 87). Tendo recebido a instrução e a apresentação das coisas da fé, os nativos raciocinariam e dariam seu assentimento; entenderiam que se tratava da própria verdade, que, segundo o dominicano, era Deus. Por sua propensão natural ao bem, os nativos entenderiam que o proposto lhes era bom e agradável e por isso desejado e aceitável. Nessa formulação, está implícita a concepção do nativo como bom selvagem. Ou seja, Las Casas compartilhava a visão mítica do homem americano, divulgada na Europa nos primeiros tempos das descobertas. Aos povos encontrados nessas terras era atribuído todo tipo de bondade, de ingenuidade, de pureza. O conceito aparece nos escritos de viagem de Cristóvão Colombo (1451-1506), que afirmava que o descobridor havia encontrado o “paraíso terrestre”. Ganhou sistematização e popularização, supostamente, com o filósofo Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), que, em seu livro Discurso Sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade Entre os Homens,
image/svg+xmlChristina Aparecida SANTOS e José Joaquim Pereira MELORIAEERevista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1148-1161, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14600 1153defendia uma humanidade naturalmente boa, que se modificaria/desvirtuaria com o processo civilizatório. Na Brevíssima Relação da Destruição das Índias, Las Casas também contribuiu para a propagação desse conceito no imaginário europeu, o que oportunizou um amplo debate nas Cortes Espanholas sobre a natureza do nativo americano, tendo em vista justificar a prática conquistadora/exploradora da América e definir leis que norteariam o processo. No debate, Las Casas passou a defender a ideia de que, sendo tratado com brandura e mansidão, o nativo seria docilizado, aceitaria as novas condições e se submeteria com mais facilidade a elas. O mestre pregador deveria atrair a vontade dos nativos, apresentando-lhes os ensinamentos religiosos de modo amável, manso, brando. Ou seja, dentre os meios adotados pelos missionários para atrair o nativo, estava o de cativar sua simpatia por meio do carinho (BORGES, 1992, p. 574). Com esse objetivo, Las Casas dividia a essência da pregação em cinco partes. Fundamentando-se em São João Crisóstomo4, ele explica a primeira: “[...] é que os ouvintes, principalmente os infiéis, vejam que os pregadores da fé não têm nenhuma intenção de adquirir domínio sobre eles com a pregação” (LAS CASAS, 2005, p. 159). Ou seja, os pregadores não poderiam deixar que os ouvintes percebessem a intenção de domínio, caso contrário, rejeitariam os pregadores. A segunda parte consistia em deixar evidente aos ouvintes, principalmente aos infiéis, que a ambição de ter não movia os apóstolos (LAS CASAS, 2005, p. 159). Assim, aconselhava os mestres a renunciar à ambição de ter, pois isso seria um empecilho para atrair a vontade dos nativos. A terceira e a quarta partes referem-se ao tratamento a ser dado pelos mestres pregadores. Contrário à guerra, ele entendia que a forma pacífica é que deveria ser adotada para o convencimento dos nativos e sua possível dominação. A terceira parte consiste em que os pregadores se comportem de tal maneira que sejam dóceis e humildes, afáveis e tranquilos, amáveis e benévolos ao falar e conversar com seus ouvintes, especialmente com os fiéis (LAS CASAS, 2005, p. 160). A quarta parte da forma de pregar, mais necessária que as outras, ao menos para que a pregação seja proveitosa ao pregador, claramente se colige de tudo isso. Ela é o amor de caridade com que Paulo acolhia todos os homens do mundo para que fossem salvos (LAS CASAS, 2005, p. 162). 4João Crisóstomo (347-407), bispo de Constantinopla, foi um dos importantes representantes do cristianismo primitivo.
image/svg+xmlBartolomeu de Las Casas: A arte da oratória e a educação pelo exemploRIAEERevista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1148-1161, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14600 1154Para explicar a quinta parte, que seria a do exemplo, ele reiterava que não bastavam as atitudes de mansidão, amor, brandura e caridade: Já se evidencia com clareza que a quinta parte da forma de pregar o evangelho, a saber, uma vida exemplar resplandecente por obras de virtude, e sem ofensa de ninguém, totalmente correta, por todos os lados. Pois quem ensina deve ser exemplo de suas palavras (LAS CASAS, 2005, p. 165). Argumentando que os espanhóis haviam sido escolhidos pela “Divina providência” para levar a fé cristã aos que ainda não a conheciam, já que os nativos buscavam meios diversos de resistência, afirmava que os nativos se atrairiam pelo modo como os religiosos viviam, por suas virtudes e obras religiosas e buscariam imitá-los: Esta quinta parte é a vida justa, irrepreensível, exemplar e santa com a qual deve brilhar aquele que reconhece ter recebido a missão de anunciar o Evangelho e se considera o enviado para iluminar os povos. Vida justa, isto é, sem queixa de ninguém, nem ofensa, mas sim convivendo com todos simplesmente, não dando motivo a que ninguém se queixe do pregador. Santa, como anjos entre os homens, e, mais ainda, quase como deuses descidos do céu, que desprezam o mundano e o transitório, considerando-os esterco. Não desejam acumular nem ouro, nem prata, nem domínio ou primazia sobre os outros, nem glória humana ou riqueza. Ao contrário, mostram-se todos moderados, pacíficos, modestos, humildes, pacientes, puros, honestos e espirituais, pois sua intenção primordial é tratar de coisas celestes mais do que terrestres (LAS CASAS, 2005, p. 248). Enfim, considerava que os nativos precisavam ser convencidos de que os religiosos não estavam em busca de riquezas terrenas, mas que, tendo uma vida voltada para a santidade, tinham como único objetivo trazer-lhes a fé e os ensinamentos cristãos. Pois, quando virem que eles rejeitam todas as coisas presentes, que estão preparados para os prêmios futuros e adornados com as outras ações e virtudes, muito acima de todo o sermão, hão de crer em suas ações e serão atraídos à verdade, aproximando-se deles com gosto, embora tivessem a ferocidade dos animais selvagens (LAS CASAS, 2005, p. 248). Ao propor “una educación primera no con palavras y las doctrinas, sino con el ejemplo de vida, sin ésta sería inútil todo intento pedagógico” (MORENO, 1976, p. 162), Las Casas evidencia que o nativo precisava diferenciar os religiosos dos colonizadores. Ao passo que estes invadiam e guerreavam em busca do ouro, os religiosos deveriam renunciar à riqueza e convencer pelo exemplo e pela brandura. A incessante batalha dos espanhóis pelo ouro, que os distanciava do propósito de cristianização dos nativos, dificultava o trabalho dos religiosos, gerando inúmeros conflitos entre as duas partes. Em suas ações e seus modos de vida, os
image/svg+xmlChristina Aparecida SANTOS e José Joaquim Pereira MELORIAEERevista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1148-1161, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14600 1155religiosos deveriam ser contrários às atitudes dos colonizadores, comportando-se como ovelhas entre lobos: É a condição da ovelha sofrer males, não causá-los; e assim, os pregadores do Evangelho não farão mal a ninguém. Apenas com sua mansidão, tolerarão e vencerão as fraquezas e perseguições alheias, como fica exposto (LAS CASAS, 2005, p. 134). Como ovelhas, declara, vos envio no meio de lobos, o que quer dizer, não vos envio com poder de armas para que com a violência submetais as nações à vossa doutrina [...]. Apenas vos envio como ovelhas entre lobos; ou seja, como quem não ferirá ninguém, e nem é capaz de ferir; envio-vos de forma que possais sofrer a injúria de qualquer um. E ensina e preserve suficientemente a mansidão, pelo fato de que aduz a semelhança da ovelha e da pomba; eu, insiste Cristo, vos envio como ovelhas...e sede simples como pombas (LAS CASAS, 2005, p. 136). Convivendo de modo conflituoso com os colonizadores, disputando com eles o tempo do nativo, os religiosos, com “vida reta”, amáveis e com suavidade, conquistariam o ânimo dos nativos, que os aceitariam e se tornariam os novos crentes, os novos cristãos (LAS CASAS, 2005, p. 95). Além do bom tratamento e da “vida reta”, era preciso prever um intervalo de tempo para a cristianização. Era necessário agir, sem pressa, com ensinamentos paulatinos e não com a rapidez que comumente ocorria: não bastava aspergir a água do batismo para considerá-los convertidos. É necessário, portanto, que quem se proponha a atrair os homens à fé e à verdadeira religião, que não estão ao alcance das forças naturais, use desta arte: com a maior frequência possível, proponha, explique, distinga, fundamente, repita o que pertence à fé e à religião. Igualmente induza, persuada, peça, suplique, convide, atraia, guie os que deve conduzir à fé e à religião até que, pela frequência da apresentação, da manifestação, da pregação, da tematização da doutrina, das explicações das verdades dignas de fé, com rogos, súplicas, estímulos, convites, afagos, orientações, com esses atos tão reiterados, sejam gerados no coração dos ouvintes, pouco a pouco, um certo vigor e disposição ou grato costume ou hábito, que cause uma inclinação quase que natural (LAS CASAS, 2005, p. 98). Além da repetição constante, dos exemplos de vida e das ações brandas e amorosas, para convencer os nativos era fundamental que o mestre pregador dominasse a boa oratória. O recurso da retórica na comunicação da fé Para mostrar que mestre pregador necessitava da arte da boa oratória, Las Casas se fundamentava em Cícero (106-43 a.C.) e em Santo Agostinho (354-430):
image/svg+xmlBartolomeu de Las Casas: A arte da oratória e a educação pelo exemploRIAEERevista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1148-1161, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14600 1156O pregador, que tem por ofício ensinar e atrair os homens à fé verdadeira e à religião cristã, tem de cultivar, ainda mais que os retóricos e os oradores, a arte e as regras da oratória para tornar benévolos, atentos e dóceis os seus ouvintes, pois o que a fé ensina é matéria da maior excelência que ultrapassa toda faculdade da natureza. E a norma retórica ensina que há de se mostrar benevolência, atrair os ouvintes, ensinar, deleitar e afeiçoar pela suavidade da voz, mansidão e delicadeza plácida das palavras. O que se resume em persuadir o entendimento com razões e atrair suavemente a vontade [...] (LAS CASAS, 2005, p. 214). O mestre pregador precisava também dominar as línguas nativas. Sem desconhecer as dificuldades, Las Casas considerava que isso seria fundamental para que o processo de cristianização acontecesse. Tal preocupação se justificava pela multiplicidade linguística que pontilhava na Nova Espanha (México) nos primeiros tempos da conquista e da colonização. Para clarificarmos esse problema linguístico, basta lembrarmos que apenas no espaço que hoje ocupa o México, os estudos desenvolvidos por Hermenegildo Zamora apontam que se falavam, até o século XVI, mais de 63 idiomas hoje perdidos, além de outros 51 que tiveram a classificação por parte de estudiosos. Com isso, somam-se 114 diferentes manifestações linguísticas. Acrescentemos a isso a existência de mais de 70 dialetos desenvolvidos a partir dessas 51 línguas classificadas, e, ainda, mais um número impreciso das línguas que foram desaparecendo à medida que foram sendo disseminadas as famílias que a elas deram origem (PEREIRA MELO; FERNANDES GOMES, 2012, p. 93). A dificuldade no processo de comunicação-interação entre religiosos e nativos exigia dedicação e persistência. Assim, aprendendo a língua dos nativos, os missionários poderiam levar os segundos a entender os ensinamentos cristãos (BORGES, 1960). Segundo Las Casas, que se amparou nas reflexões de Cícero, com essas duas formas de comunicação os religiosos conseguiriam o acolhimento do auditório. Por essa razão, declara: “[...] quem quer induzir ou comover seus ouvintes ao que tem em mente, necessita, em primeiro lugar, ter o ânimo deles a seu favor, de modo a se tornarem todos benévolos, atentos e dóceis” (LAS CASAS, 2005, p. 78). Em Do orador, Livro II, Cícero (2002, p. 238) afirma: “[...] en efecto, quieren que se comience de tal modo que logremos hacer al auditorio bien dispuesto para nosotros, receptivo y atento”.Assim, para conquistar os ouvintes, o mestre pregador deveria usar de veracidade, de simplicidade e de brevidade em sua apresentação e argumentação. Tais valores eram essenciais para envolver a plateia, tocar o coração e a sensibilidade dos nativos, atraindo sua simpatia e credibilidade.
image/svg+xmlChristina Aparecida SANTOS e José Joaquim Pereira MELORIAEERevista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1148-1161, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14600 1157“[...] y hay que haceruso de seriedad en todos los pensamientos y de ponderación en todas las expressiones. Es conveniente, además, una ejecución del discurso variada, apasionada, llena de empuje, llena de aliento, llena de pasión, llena de auténtica realidade” (BORGES, 1992, p. 574). Las Casas afirmava que os evangelizadores americanos tinham consciência de que os nativos poderiam estender aos missionários seu desafeto pelos colonizadores e de que não prestariam atenção aos ensinamentos se primeiro não lhes fosse dado afeto. Fica evidente, nessa afirmação, a influência de Cícero (2002, p. 254): “probar que es verdad lo que defendemos, conciliar la simpatía de nuestro auditorio y ser capaces de llevarlos a cualquier estado de ânimo que la causa pueda exigir”. Da perspectiva do filósofo romano, o orador de excelência tem como qualidades: a dignidade, que reflete seu próprio modo de viver, a clara firmeza, resultado das lutas travadas ao longo de sua caminhada, e a justa medida, que não comporta excessos nas avaliações pessoais, quer em termos de dignificação quer de condescendência. A dignidade não é desvinculada do sentimento de paixão ou de amor pelo conhecimento. Cabe ao orador adquirir potencial para, em uma seleção contínua, aperfeiçoar as qualidades que lhe são conferidas e desejadas em sua função. Cícero elenca, como qualidades do orador, a dignidade, a paixão, a vontade, a autoridade e o acolhimento daquilo que representa os limites que o particularizam. Segundo Cícero, tanto na elaboração do discurso quanto na pronuntiatio, o orador deve ter em conta três objetivos: ensinar, comover e deleitar. Nessa peroração, fica evidente que, para ele, na ação discursiva, razão e sentimento mantêm relação de afinidade. No entanto, ele esboça um escalonamento hierárquico, dando prioridade ao conhecimento em relação à emoção e ao ornato, e afirma que essas três dimensões, quaisquer que sejam os marcos retóricos, independentemente desta ou daquela opção, fazem parte da dinâmica que movimenta a arte oratória. Caso se ensine sem deleitar; caso se deleite sem ensinar ou sem comover, o desempenho retórico estará fadado ao fracasso (FERNÁNDEZ, 1995, 2018, p. 34-41). Essas reflexões reverberam na argumentação de Las Casas: [...] tem de ser [...] antes de qualquer coisa, apropriado para comover o ânimo do auditório àquilo que desejamos. A esse respeito, convirá que o orador ou quem está a serviço de uma causa segundo Túlio procure: começar com acerto, narrar com lucidez, recapitular com vigor, combater com valentia, desenvolver com profundidade, pronunciar com clareza e sustentar com firmeza. Enfim, ensinar, deleitar e comover. A tarefa dos
image/svg+xmlBartolomeu de Las Casas: A arte da oratória e a educação pelo exemploRIAEERevista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1148-1161, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14600 1158oradores abarca tudo isso. É o que ensina Cícero (LAS CASAS, 2005, p. 79). Reverberam também em sua afirmativa de que, com voz agradável, semblante modesto, mansidão, tranquilidade, delicadeza, o mestre conquistaria o ânimo dos nativos: Um dos primeiros preceitos da retórica é ganhar a simpatia da assembleia com o exórdio. Conquista-se isso com voz agradável, com a expressão de um semblante modesto, mostrando mansidão, tranquila delicadeza nas palavras; tudo isso atrai sobremaneira a benevolência dos ouvintes [...] o pregador da verdade e mestre da fé, ao se dispor a ensinar os que procura induzir e estimular à fé e à religião, precisa, mais que nenhum outro, conquistar, antes de tudo o ânimo dos ouvintes especialmente daqueles que tenham sido convidados à fé pela primeira vez, ou seja, os infiéis com a suavidade da voz, com a serenidade e a grata expressão do semblante, com mostras de mansidão, com tranquila delicadeza nas palavras, com o ensinamento e a persuasão amáveis, com agradável boa vontade e, enfim, que ensine, deleite e comova (LAS CASAS, 2005, p. 79). Las Casas também buscou amparo em Da Doutrina Cristãde Santo Agostinho, refletindo sobre uma ação discursiva que levaria ao convencimento do ânimo dos ouvintes: Santo Agostinho entende também que o mestre ou pregador da verdade, ou quem tenha o encargo de ensinar e de atrair os homens à fé e à religião cristã, deve conquistar o ânimo de seus ouvintes, torná-los bem dispostos, ensinar, deleitar e convencer os dóceis atentos. Isso demonstra que o modo de ensinar, convidar e atrair os homens à reta fé e à verdadeira religião tem necessariamente de persuadir o entendimento com razões e atrair com suavidade e incitar docemente a vontade (LAS CASAS, 2005, p. 80). No livro IV Da Doutrina Cristã, Santo Agostinho aborda a melhor forma de ensinar as verdades do cristianismo, os objetivos, as finalidades e as conformidades do orador sacro, além da melhor maneira de usar os estilos da retórica clássica. Atribuindo mais importância à sabedoria do que à eloquência, o que remete ao Logos-Verbumdivino, ele afirma que não cabe à retórica qualquer tipo de criação da verdade, pois sua função é transmitir a sabedoria impressa nos textos sagrados (PERENCINI, 2014, p. 88-95). Afirma, referindo-se a Cícero: “Disse certo orador –e disse a verdade que é preciso falar ‘de maneira ainstruir, agradar e convencer’ –Depois acrescentou ‘Instruir é uma necessidade, agradar, um prazer, convencer, uma vitória’” (AGOSTINHO, 2002, p. 141).Não podemos desconsiderar a mudança candente que Santo Agostinho propôs para a oratória cristã. Ao orador sacro, que deveria usar um estilo simples, não cabia ensinar, demonstrar, provar, pois não era necessário ensinar, demonstrar ou provar o que se constitui como verdade. Cabia-lhe, sim, instruir aqueles que estavam em falta com a verdade, ou seja,
image/svg+xmlChristina Aparecida SANTOS e José Joaquim Pereira MELORIAEERevista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1148-1161, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14600 1159seus ensinamentos tinham por fim instruir. O estilo médio poderia ser utilizado desde que o ornamento não fosse contrário à verdade que constitui a palavra de Deus. Esse estilo, desde que em consonância com as verdades contidas nos textos sagrados, devia ser a preocupação do orador: “agradar para cativar” e engrandecer a doutrina. Por último, por meio do estilo sublime, o orador sacro poderia sensibilizar e converter sua plateia, caso a instrução associada à beleza da expressão não tenha alcançado seus objetivos (PERENCINI, 2014, p. 92). A forma de catequização e de explicação das coisas da fé deveria atingir o homem em sua vivência, de maneira fraterna e por meio das boas práticas cristãs: [...] de maneira que los oyentes percibieran con nitidez lo que se les ensen͂aba, para lo cual se debían valer los más posible de comparaciones o semejanzas tomadas de la vida diária de los indigenas. Afirmativa, en el sentido de aseverar con autoridade y firmeza, excluyendo toda sensación de inseguridad [...] afectuosa, en el sentido de hablar a los oyentes con carin͂o, como los padres a los hijos (SARANYANA, 1992, p. 568). As solenidades também correspondiam ao objetivo de gerar gradativamente a autoridade do cristianismo. Promover um espetáculo solene de convencimento por meio de imagens, de posturas e de sons dava sobriedade, autoridade e poder diante dos nativos. Sua função era suscitar o apreço dos nativos pela nova religião. Era comum a prática de beijar as mãos nas solenidades de inauguração dos povoados e nas comemorações e festividades religiosas, inclusive na própria catequese oferecida aos nativos. Utilizando-se desses recursos, praticando certas condutas e evitando certos atos, os missionários ganhariam e conservariam o prestígio junto aos nativos (BORGES, 1992, p. 588). Em seus projetos de poblados, o dominicano tinha proposto castigos físicos para os nativos que não aceitassem os novos costumes religiosos. No entanto, em seu manual pedagógico, ele não manteve esse argumento e se posicionou contrariamente a esses castigos: Mas se o pregador do Evangelho castiga e aterroriza seus ouvintes, principalmente aqueles que por primeira vez cruzam as portas da Igreja, e recorre a asperezas, açoites, cárceres, e outros pavores e aflições diante de qualquer classe de pecados, seus discípulos logicamente se encherão de angústia, dor, temor, tristeza, ódio, ira e indignação contra quem os açoitou e castigou, ou seja, contra os pregadores (LAS CASAS, 2005, p. 298). Em lugar da prática dos castigos físicos, longe da dor, dos castigos e das perturbações, a persuasão seria obtida pela brandura, pelo amor e pela mansidão (LAS CASAS, 2005, p. 92).
image/svg+xmlBartolomeu de Las Casas: A arte da oratória e a educação pelo exemploRIAEERevista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1148-1161, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14600 1160Por fim, cabe destacar que, nesse apelo aos mestres e pregadores que se propunham ao trabalho de cristianização/formação dos nativos, ele ponderava: mesmo que o trabalho dos pregadores não fosse reconhecido ou não obtivesse frutos, “a condenação não será imputada aos pregadores, mas sim aos seus opositores recalcitrantes. Sua recompensa lhes está reservada em lugar seguro, e a esperança sempre os haverá de consolar” (LAS CASAS, 2005, p. 302).Considerações finaisLas Casas foi uma voz dissonante ao propor uma alternativa para o processo de conquista, colonização e cristianização dos nativos. Esse posicionamento correspondeu ao momento histórico do padroado, quando se pregava a união da Igreja com a Coroa. Buscando dar respostas para os conflitos de seu tempo, ele defendeu a racionalidade do nativo e atribuiu a tarefa de cristianização/formação ao mestre pregador, que, diferentemente do que era comum e aceito na Espanha, deveria se adequar às novas necessidades e à natureza do nativo. Sua resposta foi amparada em clássicos da Antiguidade e da Medievalidade, como Cícero, Santo Agostinho e Santo Tomás de Aquino, os quais, independentemente das diferenças de tempo, espaço e cultura ou de objetivos, teorizaram sobre a importância da formação do mestre pregador. Assim, ele idealizou as ações do mestre pregador no processo de cristianização, atribuindo-lhe responsabilidade e papel social para com a plateia. Com ações específicas, boa oratória, vida exemplar, este seria o agente principal na condução do processo em terras americanas, apresentando-se com um diferencial em relação aos demais colonizadores. Cabe considerar, portanto, que Las Casas não rompeu com o processo colonizador desencadeado pela Coroa Espanhola; pelo contrário, em consonância com o espírito de seu tempo, tentou viabilizar um novo modelo de submissão e, portanto, de exploração dos nativos. A diferença estava no método de obtenção dessa subjugação. Conquistando os nativos, os mestres pregadores garantiriam não apenas o domínio religioso, mas também o domínio político, ou seja, o domínio da Coroa Espanhola. REFERÊNCIAS AGOSTINHO. Da doutrina cristão: Manual da exegese e formação cristã. São Paulo: Paulus, 2002.
image/svg+xmlChristina Aparecida SANTOS e José Joaquim Pereira MELORIAEERevista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1148-1161, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14600 1161AQUINO, T. Suma Contra os Gentios. Porto Alegre: Escola Superior de Teologia São Lourenço de Brindes; Caxias do Sul: Universidade de Caxias do Sul, 1990. BORGES, P. Métodos de persuasion. In:BORGES, P. (org.). Historia de la Iglesia en Hispanoamérica y Filipinas(Siglos XV-XIX). Madrid: BAC, 1992. BORGES, P. Métodos misionáles en la cristianización en Américasiglo XVI. Madrid: Missionalia Hispanica, 1960. FERNÁNDEZ, R. O. La música secreta del ritmo Cicerón, Quintiliano y J. S. Bach. 2018. Tesis (Doctoral) - Universidad Complutense de Madrid, Departamento de Musicología, Madrid, 2018. LAS CASAS, B. Único modo de atrair todos os povos à verdadeira religião. Obras Completas. Tradução: Noelia Gigli; Hélio Lucas. São Paulo: Paulus, 2005. MELO, M. C. S. A complementaridade entre filosofia e teologia no pensamento de Tomás de Aquino. Revista Ideação, v. 1, n. 40, p. 73-88, 2019. Disponível em: http://periodicos.uefs.br/index.php/revistaideacao/article/view/4419. Acesso em: 10 out. 2021. MORENO, R-J. Q. El pensamiento filosófico-político de Bartolomeu de las Casas. Sevilha: Escuela de estudos hispano-americanos de Sevilla, 1976. PEREIRA MELO, J. J.; FERNANDES GOMES, R. W. A educação Franciscana na América: o caso mexicano. In:TOLEDO, C. A. A.; RIBAS, M. A. A. B.; SKALINSKI JUNIOR, O. (org.). Origens da educação escolar no Brasil Colonial. Maringá: Eduem, 2012. PERENCINI, T. B.Notas sobre a relação eloquência-sabedoria no livro IV do De Doctrina Christiana de Agostinho. Revista Em Curso,São Carlos: v. 1, n. 1, p. 88-95, 2014. Disponível em: https://www.emcurso.ufscar.br/index.php/emcurso/article/view/8. Acesso em: 12 abr. 2021. SARANYANA, J-I. Métodos de catequización. In:BORGES, P. (org.). Historia de la Iglesia en Hispanoamérica y Filipinas (Siglos XV-XIX). Madrid: BAC, 1992. p. 549-572. Como referenciar este artigoSANTOS, C. A.; MELO, J. J. P. Bartolomeu de Las Casas: A arte da oratória e a educação pelo exemplo. Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 7, n. 2, p. 1148-1161, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587. DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14600 Submetido em: 30/12/2020 Revisões requeridas em: 22/01/2021 Aprovado em: 18/02/2022 Publicado em: 01/04/2022
image/svg+xmlBartolomé de Las Casas: El arte de la oratoria y la educación por el ejemploRIAEERevista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1152-1166, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14600 1152BARTOLOMÉ DE LAS CASAS: EL ARTE DE LA ORATORIA Y LA EDUCACIÓN POR EL EJEMPLOBARTOLOMEU DE LAS CASAS: A ARTE DA ORATÓRIA E A EDUCAÇÃO PELO EXEMPLOBARTOLOMEU DE LAS CASAS: THE ART OF RHETORIC AND EDUCATION BY EXAMPLEChristina Aparecida SANTOS1José Joaquim Pereira MELO2RESUMEN: El proceso de la conquista y de la colonización de América, ocurrido entre el final del siglo XV y el inicio del siglo XVI, fue marcado por conflictos entre el Viejo y el Nuevo Mundo. En medio a las tensiones, con la importante participación de Bartolomé de las Casas, se buscó ecualizar un modo educativo para conducir la supuesta civilización del nativo americano y su catequización. En la propuesta de este fray dominicano, el maestro pregonero sería el responsable directo por el proceso de cristianización/formación, y debiera, para desempeñar su función, tener las características muy específicas: buena oratoria, vida ejemplar, mansedumbre, amor y dulzura. En su libro El único modo de atraer a todos los pueblos a la verdadera religión (1550, 1942), Las Casas elaboró una especie de manual de orientaciones pedagógicas para los frailes de la Orden de Santo Domingo, en el que se fundamenta en la concepción de que el nativo tenía la racionalidad y, por lo tanto, podría ser cristianizado por los medios pacíficos, lo que era incompatible con las acciones de los colonizadores. En este artículo, el objetivo es analizar el modo como Las Casas entendía el trabajo del maestro pregonero y las características que él consideraba necesarias para que este pudiera atender a las nuevas necesidades, sobre todo, a las de la cristianización/formación y sumisión del nativo americano en aquel momento. PALABRAS CLAVE: Bartolomé de las Casas. Maestro pregonero. Nativo. Educación por el ejemplo. RESUMO: O processo de conquista e de colonização da América, ocorrido entre os finais do século XV e o início do século XVI, foi marcado por conflitos entre o Velho e o Novo Mundo. Em meio às tensões, com a importante participação de Bartolomeu de Las Casas, buscava-se equalizar um modo educativo para conduzir a suposta civilização do nativo americano e sua catequização. Na proposta desse frei dominicano, o mestre pregador seria o responsável direto pelo processo de cristianização/formação, devendo, para desempenhar sua função, ter características bem específicas: boa oratória, vida exemplar, mansidão, amor e doçura. Em seu livro Único modo de atrair todos os povos à verdadeira religião (1942), Las Casas 1Universidad Estatal de Maringá (UEM), Maringá PR Brasil. Profesora del Departamento de Ciencias. Doctora en Educación. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-4746-166X. E-mail: christinaas20@gmail.com 2Universidad Estatal de Maringá (UEM), Maringá PR Brasil. Profesor en la Fundación Departamento de Educación y en el Programa de Posgrado en Educación. Doctor en Historia. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-0743-8000. E-mail: pereirameloneto@hotmail.com
image/svg+xmlChristina Aparecida SANTOS y José Joaquim Pereira MELORIAEERevista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1152-1166, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14600 1153elaborou uma espécie de manual com orientações pedagógicas para os freis da Ordem de São Domingos, fundamentando-se na concepção de que o nativo tinha racionalidade e, portanto, poderia ser cristianizado por meios pacíficos, o que era incompatível com as ações dos colonizadores. Neste artigo, o objetivo é analisar o modo como Las Casas entendia o trabalho do mestre pregador e as características que ele considerava necessárias para que este pudesse atender às novas necessidades, sobretudo, as da cristianização/formação e submissão do nativo americano naquele momento. PALAVRAS-CHAVE: Bartolomeu de Las Casas. Mestre pregador. Nativo. Educação pelo exemplo. ABSTRACT:The conquest and colonization of America between the late 15thcentury and the beginning of the 16thhave been marked by conflicts between the Old and New World. In the midst of such tensions and with the relevant participation of Bartolomé de las Casas, a type of education had to be found to introduce and catechize the American native into a supposed civilization. The Dominican friar´s proposal insisted that the preacher would be the person directly responsible for the process of Christianization/formation and he should have specific features to perform his task well, namely, a good rhetoric, an exemplary life, meekness, love and sweetness. In his book The Only Way (c. 1550, 1942), Las casas prepared a handbook of pedagogical guidelines for the friars of the Order of Preachers, based on the idea that the American native was endowed with reason and could be Christianized in a peaceful way, which was incompatible with the conquistadores´ modes and activities. Current paper analyzes how Las Casas understood the task of the preacher and the characteristics he considered necessary to comply with the novel needs, especially Christianization/formation and the submission of the Native American at that specific instance. KEYWORDS:Bartolomeu de las Casas. Preacher. American Native. Education by example.IntroducciónLa conquista y colonización de América, que ocurrió entre 1492 y 1556, comprendió uno de los eventos más importantes de la historia moderna. El contacto entre el Viejo Mundo y el Nuevo Mundo fue conflictivo y tenso, especialmente porque implicó el encuentro de hombres muy diferentes en términos de organización social, cultural y religiosa. Con la justificación de llevar la fe cristiana a los territorios descubiertos y presentarla como una misión divina, los colonizadores, en busca de oro y otras riquezas, invadieron las tierras donde vivían los nativos y las sometieron, empleando la violencia armada. El proceso no estuvo exento de resistencia, pero, por la forma diferenciada de hacer la guerra, por las armas rudimentarias con las que los nativos se enfrentaron a las armas de fuego e incluso al arma bacteriológica, el resultado fue un verdadero genocidio. Asumiendo superiores, los españoles se preguntaban sobre la naturaleza de los nativos, que a menudo eran entendidos como seres irracionales e incívicos. ¿Eran hombres? ¿Tenían la
image/svg+xmlBartolomé de Las Casas: El arte de la oratoria y la educación por el ejemploRIAEERevista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1152-1166, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14600 1154capacidad de aprender? ¿Cómo "civilizarlos"? ¿Cómo cristianizarlos? La forma en que los concibieron fue lo que sustentó sus acciones. Así, considerando a los seres irracionales nativos justificados la guerra desatada para la sumisión, la cristianización y la obtención de riquezas, como había ocurrido en la época de la Reconquista, entre 718 y 1492. Sin embargo, otros entendían a los nativos como seres racionales. En este sentido, destaca Bartolomé de Las Casas3, un fraile dominico que, desde su conversión, se ha dedicado a basar la defensa de la racionalidad de los nativos y a proponer una forma diferenciada de tratar y cristianizar/formar a estos hombres. En 1513, después de escuchar un sermón del dominico Antônio de Montesinos (1475-1540), Las Casas continuó afirmando que el mensaje evangélico estaba en desacuerdo con la violencia adoptada en el proceso de conquista y colonización, defendiendo desde entonces la racionalidad del nativo y un camino pacífico para su cristianización y sumisión. Con voz disonante, actuó significativamente, escribiendo tratados, cartas, opúsculos que contenían apelaciones a la corona y denuncias de los abusos cometidos por los colonizadores. En 1542, elaboró un manual de orientación pedagógica para los religiosos de su orden y atribuyó una importancia significativa al maestro predicador, que sería en gran parte responsable de la cristianización y la sumisión de los nativos. Además de guiarlo a usar la buena oratoria para atraer al nativo, propuso un modo de cristianización / formación basada en el amor, la dulzura y la mansedumbre. Al mismo tiempo, advirtió que el maestro adoptaría una "vida recta", educando con el ejemplo. El modo de cristianización/formación y el maestro predicadorEl modo de cristianización/formación propuesta por Las Casas se basaba en la defensa de la racionalidad nativa y la hermandad divina. Como hijos del mismo Dios de los europeos, los nativos tendrían condiciones racionales para asimilar y dar su asentimiento a las enseñanzas de la fe. Para hacerlo, era necesario atraer su voluntad, darles tiempo, libertad. Debido a su propensión natural al bien, podían entender lo que se proponía como digno de creer: "[...] que la inteligencia de aquellos que tienen que ser instruidos en la fe y la religión cristianas sea convencida con razones; que por reflexión e investigación parece bueno y útil sentir esta parte" (LAS CASAS, 2005, p. 67). 3Nació en Sevilla en 1474. Religioso, teólogo, obispo de Chiapas, México, fue un partidario de los nativos americanos. Fue a América en 1502 como clérigo, obteniendo tierras y nativos. Realizó numerosos viajes a España, siempre tratando de defenderlos ante la Corte española. Decepcionado, regresó definitivamente a España en 1547, donde continuó defendiendo a los nativos americanos. Murió en Madrid en 1566.
image/svg+xmlChristina Aparecida SANTOS y José Joaquim Pereira MELORIAEERevista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1152-1166, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14600 1155En su propuesta, consideró esencial el trabajo incansable y el compromiso del maestro predicador, quien debe tener atributos específicos para llevar a cabo una tarea tan difícil. En sus reflexiones, Las Casas se basó en elResumen Teológicode Santo Tomás de Aquino (1225-1274), especialmente en sus discusiones sobre la fe y la razón y sobre el proceso de comprensión y asimilación de las verdades cristianas. Para Tomás de Aquino, la razón y la fe estaban estrechamente relacionadas y se complementaban entre sí. Por una razón natural, entendió la habilidad por la cual el hombre eleva su espíritu a las verdades que necesita alcanzar. Al mismo tiempo, consideraba que, basándose sólo en esta capacidad, el hombre no sería capaz de alcanzar sus objetivos epistemológicos, es decir, alcanzar las verdades superiores, la verdad divina, y por lo tanto debería solicitar la aquiescencia de la fe. El mismo Dios, en su suprema generosidad, se encontraría con el hombre, lo acogería y lo ayudaría en sus limitaciones, creando condiciones para su elevación a los dominios de las verdades superiores. En Tomás de Aquino, la relación entre razón y fe, filosofía y teología, no se refería sólo al camino del hombre hacia Dios: abarcaba la construcción misma del conocimiento, cuya plenitud sólo se realizaría cuando el hombre llegara a las verdades supremas. Aunque eran instancias distintas, la filosofía y la teología eran indispensables: por un lado, la conquista del conocimiento de las verdades divinas indicaba que el objetivo epistemológico había alcanzado buenos términos; por otro lado, este objetivo no era un mero recorte especulativo, correspondía a una experiencia religiosa con trascendencia. Teniendo en cuenta la afinidad entre los dos conocimientos, destaca la dirección de la filosofía hacia la teología y la relación mutua entre ellos, pero en la escala de importancia, la teología estaría en una posición más alta. Desde esta perspectiva, la aceptación de verdades de fe que hacían pasar por alto la lógica de la filosofía reclamaba la eficacia de la fe. Si estuviera satisfecho sólo con la luz natural, lo que significaba la negación de la fe, el sabio obstaculizaría su caminar epistemológico. El conocimiento patrocinado por la teología no difería del que se asimilaba a través de la razón, es decir, llegaba hasta el final de la filosofía. En esta relación dinámica entre razón y fe, en este proceso de interacción, se realizaría la plenitud del conocimiento de las verdades de lo sagrado. Por lo tanto, la teología se evidenció como la última escala del ejercicio especulativo, mostrando el alcance de la verdad divina, así como las premisas que aseguraron el conocimiento filosófico (MELO, 2019, p. 86-87). Con este razonamiento, Las Casas argumentó que el proceso de aprendizaje tuvo lugar de dos maneras, una, llamada de manera natural, y la otra, de manera voluntaria (LAS CASAS, 2005, p. 70). En el primero, el conocimiento era movido por el propio objeto, que
image/svg+xmlBartolomé de Las Casas: El arte de la oratoria y la educación por el ejemploRIAEERevista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1152-1166, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14600 1156sería evidente por sí mismo o se haría evidente a través de la demostración, como era el caso de la ciencia. En el segundo, llamó a un voluntario, la inteligencia daría su visto bueno no porque fuera movido por el objeto en sí, sino porque, por elección, se inclinaría voluntariamente hacia el aprendizaje. Es en esta segunda vía que el dominico enmarca el conocimiento de la fe cristiana. Como el objeto del conocimiento no era evidente en sí mismo, el maestro predicador tendría que atraer la voluntad del nativo, lo que haría que la inteligencia se determinara a aceptarlo, incluso si no lo reconocía como evidente. Es por eso por lo que los hombres, incluidos los nativos, porque tienen las condiciones para razonar voluntaria y deliberadamente sobre las verdades presentadas, deben, según el dominicano, ser considerados racionales (LAS CASAS, 2005). El maestro predicador fue responsable de activar esta voluntad de creer: Por lo tanto, el hombre necesita a alguien que lo active, un guía o predicador que desde el exterior lo lleve a creer a través de la instrucción, la presentación o el desarrollo de verdades dignas de fe; y con razonamientos bien fundados, con ejemplos, con similitudes, como si señalaran con el dedo y casi describieran e imprimieran en la mente en qué es apropiado creer (LAS CASAS, 2005, p. 87). Para reafirmar la importancia del maestro predicador, argumentó que Dios podía ser suficiente, pero prefirió confiar en los hombres para la misión de evangelización: [...] podría ser suficiente, si Dios quisiera; sin embargo, por el derecho consuetudinario, al menos cuando se trata de adultos, es necesariamente necesario conocer la enseñanza externa, instrucción, narración, exposición, explicación o explicación de lo que uno debe creer, para que cada adulto reciba la fe y logre la salvación (LAS CASAS, 2005, p. 87). Habiendo recibido la instrucción y presentación de las cosas de fe, los nativos razonaban y daban su asentimiento; entenderían que era la verdad misma, que, según el dominico, era Dios. Debido a su propensión natural al bien, los nativos entenderían que la propuesta era buena y agradable para ellos y, por lo tanto, deseada y aceptable. En esta formulación, la concepción del nativo como buen salvaje está implícita. En otras palabras, Las Casas compartía la visión mítica del hombre americano, difundida en Europa en los primeros días de los descubrimientos. A los pueblos encontrados en estas tierras se les atribuía todo tipo de bondad, ingenuidad, pureza. El concepto aparece en los escritos de viaje de Cristóbal Colón (1451-1506), que afirmaban que el descubridor había encontrado el "paraíso terrenal". Ganó sistematización y popularización, supuestamente, con el filósofo Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), quien, en
image/svg+xmlChristina Aparecida SANTOS y José Joaquim Pereira MELORIAEERevista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1152-1166, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14600 1157su libro Discurso sobre el origen y los fundamentos de ladesigualdad entre los hombres, defendió una humanidad naturalmente buena, que cambiaría / tergiversaría con el proceso civilizatorio. En laMuy Breve Relación de la Destrucción de Las Indias, Las Casas también contribuyó a la difusión de este concepto en el imaginario europeo, lo que permitió un amplio debate en las Cortes españolas sobre la naturaleza de los nativos americanos, con el fin de justificar la práctica conquistadora/explotadora de América y definir leyes que guiarían el proceso. En el debate, Las Casas comenzó a defender la idea de que, al ser tratado con dulzura y mansedumbre, el nativo sería docilitado, aceptaría las nuevas condiciones y se sometería más fácilmente a ellas. El maestro predicador debe atraer la voluntad de los nativos presentándoles enseñanzas religiosas de una manera amable, mansa y gentil. Es decir, entre los medios adoptados por los misioneros para atraer a los nativos, estaba cautivar su simpatía a través del afecto (BORGES, 1992, p. 574). Con este fin, Las Casas dividió la esencia de la predicación en cinco partes. Basado en San Juan Crisóstomo4, explica la primera: "[...] es que los oyentes, especialmente los infieles, ven que los predicadores de la fe no tienen intención de adquirir dominio sobre ellos con la predicación" (LAS CASAS, 2005, p. 159). Es decir, los predicadores no podían dejar que los oyentes percibieran la intención de dominio, de lo contrario rechazarían a los predicadores. La segunda parte consistió en hacer evidente a los oyentes, especialmente a los infieles, que la ambición de no haber conmovido a los apóstoles (LAS CASAS, 2005, p. 159). Así, aconsejó a los maestros que renunciaran a la ambición de tener, pues esto sería un obstáculo para atraer la voluntad de los nativos. Las partes tercera y cuarta se refieren al tratamiento que deben dar los maestros predicadores. Contrariamente a la guerra, entendió que el camino pacífico es que debe ser adoptado para la convicción de los nativos y su posible dominación. La tercera parte es que los predicadores se comportan de tal manera que son dóciles y humildes, amables y callados, amables y benevolentes al hablar y hablar con sus oyentes, especialmente con los fieles (LAS CASAS, 2005, p. 160). 4Juan Crisóstomo (347-407), obispo de Constantinopla, fue uno de los representantes importantes del cristianismo primitivo.
image/svg+xmlBartolomé de Las Casas: El arte de la oratoria y la educación por el ejemploRIAEERevista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1152-1166, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14600 1158La cuarta parte del camino de la predicación, más necesaria que las otras, al menos para que la predicación sea provechosa para el predicador, coincide claramente con todo esto. Ella es el amor a la caridad con el que Pablo acogió a todos los hombres del mundo para ser salvos (LAS CASAS [2005],162). Para explicar la quinta parte, que sería la del ejemplo, reiteró que las actitudes de mansedumbre, amor, dulzura y caridad no eran suficientes: Ya está claro que la quinta parte del camino de predicar el evangelio, es decir, una vida ejemplar resplandeciente por obras de virtud, y sin ofender a nadie, totalmente correcta, por todos lados. Para quien enseña debe ser un ejemplo de sus palabras (LAS CASAS, 2005, p. 165). Argumentando que los españoles habían sido elegidos por la "Divina Providencia" para llevar la fe cristiana a aquellos que aún no la conocían, ya que los nativos buscaban diferentes medios de resistencia, afirmó que los nativos se sentirían atraídos por la forma en que vivían los religiosos, por sus virtudes y obras religiosas y buscarían imitarlos: Esta quinta parte es la vida justa, irreprochable, ejemplar y santa con la que debe brillar aquel que reconoce haber recibido la misión de anunciar el Evangelio y se considera el enviado para iluminar a los pueblos. Vida justa, es decir, sin quejarse de nadie, ni ofender, sino vivir con todos simplemente, sin dar ninguna razón para que nadie se queje del predicador. Santos, como ángeles entre los hombres, y más aún, casi como dioses descendientes del cielo, que desprecian lo mundano y lo transitorio, considerándolos estiércol. No desean acumular ni oro, ni plata, ni dominio o primacía sobre los demás, ni gloria o riqueza humana. Por el contrario, todos son moderados, pacíficos, modestos, humildes, pacientes, puros, honestos y espirituales, porque su intención principal es tratar con las cosas celestiales más que con las cosas terrenales (LAS CASAS, 2005, p. 248). Finalmente, consideró que los nativos necesitaban estar convencidos de que los religiosos no estaban en busca de las riquezas eternas, sino que, teniendo una vida centrada en la santidad, tenían como único objetivo llevarles la fe y las enseñanzas cristianas. Porque cuando vean que rechazan todas las cosas presentes, que están preparados para futuros premios y adornados con las otras acciones y virtudes, muy por encima de todo el sermón, creerán en sus acciones, y se sentirán atraídos por la verdad, acercándose a ellos con gusto, a pesar de que tenían la ferocidad de los animales salvajes (LAS CASAS, 2005, p. 248). Al proponer "una educación primera no con palabras y las doctrinas, sino con el ejemplo de vida, sin ésta sería inútil todo intento pedagógico" (MORENO, 1976, p. 162), Las Casas muestra que el nativo necesitaba diferenciar a los religiosos de los colonizadores. Mientras invadían y luchaban en busca de oro, los religiosos debían renunciar a la riqueza y
image/svg+xmlChristina Aparecida SANTOS y José Joaquim Pereira MELORIAEERevista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1152-1166, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14600 1159convencer con el ejemplo y la suavidad. La incesante batalla de los españoles por el oro, que los alejó del propósito de cristianización de los nativos, dificultó el trabajo de los religiosos, generando numerosos conflictos entre las dos partes. En sus acciones y sus formas de vida, los religiosos deben oponerse a las actitudes de los colonizadores, comportándose como ovejas entre los lobos: Es condición de las ovejas sufrir males, no causarlos; y así los predicadores del Evangelio no harán daño a nadie. Sólo con su mansedumbre tolerarán y superarán las debilidades y persecuciones de otras personas, como se expone (LAS CASAS, 2005, p. 134). Como ovejas, declara, os envío en medio de lobos, lo que significa que no os envío con el poder de las armas para que con violencia las naciones sub-metales a vuestra doctrina... Sólo te envío como ovejas entre lobos; es decir, como el que no hará daño a nadie, y no es capaz de herir; tú para que puedas sufrir la lesión de cualquiera. Y enseña y preserva lo suficientemente mansedumbre, por el hecho de que induce la semejanza de las ovejas y la paloma; Yo, insiste Cristo, os envío como ovejas... y simples palomas como el mar (LAS CASAS, 2005, p. 136). Vivir de manera conflictiva con los colonizadores, disputando con ellos el tiempo de los nativos, los religiosos, con "vida recta", amable y con bondad, conquistaría el espíritu de los nativos, que los aceptarían y se convertirían en los nuevos creyentes, los nuevos cristianos (LAS CASAS, 2005, p. 95). Además del buen trato y la "vida recta", era necesario proporcionar un intervalo de tiempo para la cristianización. Era necesario actuar, sin prisas, con enseñanzas graduales y no con la velocidad que comúnmente ocurría: no bastaba con rociar el agua del bautismo para considerarlos convertidos. Es necesario, por lo tanto, que aquellos que se proponen atraer a los hombres a la fe y a la verdadera religión, que no están al alcance de las fuerzas naturales, utilicen este arte: tan a menudo como sea posible, propongan, expliquen, distingan, repitan fundamente lo que pertenece a la fe y la religión. Igualmente inducir, persuadir, pedir, suplicar, invitar, atraer, guiar a los que deben conducir a la fe y a la religión hasta que, por la frecuencia de presentación, manifestación, predicación, el tema de la doctrina, explicaciones de verdades dignas de fe, con súplicas, súplicas, estímulos, invitaciones, trazos, directrices, con tales actos repetidos, se generen en los corazones de los oyentes, poco a poco, un cierto vigor y disposición o costumbre o hábito agradecido, que provoca una inclinación casi natural (LAS CASAS, 2005, p. 98). Además de la repetición constante, ejemplos de vida y acciones insulsas y amorosas, para convencer a los nativos era esencial que el maestro predicador dominara la buena oratoria.
image/svg+xmlBartolomé de Las Casas: El arte de la oratoria y la educación por el ejemploRIAEERevista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1152-1166, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14600 1160El recurso de la retórica en la comunicación de la fe Para demostrar que un maestro predicador necesitaba el arte de la buena oratoria, Las Casas se basó en Cicerón (106-43 a.C.) y San Agustín (354-430): El predicador, que tiene como oficio enseñar y atraer a los hombres a la verdadera fe y a la religión cristiana, debe cultivar, incluso más que los retóricos y los oradores, el arte y las reglas de la oratoria para hacer benévolos, atentos y dóciles a sus oyentes, porque lo que la fe enseña es un asunto de la mayor excelencia que supera toda la facultad de la naturaleza. Y la norma retórica enseña que uno debe mostrar benevolencia, atraer a los oyentes, enseñar, desenmascarar y con cariño por la suavidad de la voz, la mansedumbre y la delicadeza plácida de las palabras. Lo que se reduce a persuadir la comprensión con la razón y atraer suavemente la voluntad [...] (LAS CASAS, 2005, p. 214). El maestro predicador también necesitaba dominar los idiomas nativos. Sin desconocer las dificultades, Las Casas consideró que esto sería fundamental para que el proceso de cristianización se produjera. Esta preocupación se justificó por la multiplicidad lingüística que salpicó a Nueva España (México) en los primeros días de la conquista y colonización. Para aclarar este problema lingüístico, basta recordar que sólo en el espacio que actualmente ocupa México, los estudios desarrollados por Hermenegildo Zamora indican que, hasta el siglo XVI, hoy se perdieron más de 63 lenguas, además de otras 51 que fueron clasificadas por los estudiosos. Con esto, hay 114 manifestaciones lingüísticas diferentes. A esto le sumamos la existencia de más de 70 dialectos desarrollados a partir de estas 51 lenguas clasificadas, y también un número inexacto de lenguas que fueron desapareciendo a medida que se difundían las familias que las dieron origen (PEREIRA MELO; FERNANDES GOMES, 2012, p. 93). La dificultad en el proceso de comunicación-interacción entre religiosos y nativos requería dedicación y persistencia. Así, aprendiendo el idioma de los nativos, los misioneros podían tomar el segundo para entender las enseñanzas cristianas (BORGES, 1960). Según Las Casas, que se basó en las reflexiones de Cicerón, con estas dos formas de comunicación los religiosos podrían albergar el auditorio. Por ello, declara: "[...] quien quiera inducir o conmover a sus oyentes a lo que tiene en mente, debe ante todo tener su espíritu a su favor, para que todos se vuelvan benévolos, atentos y dóciles" (LAS CASAS, 2005, p. 78). En El orador, Libro II, Cicerón (2002, p. 238) dice: "[...] en efecto, quieren que se comience de tal manera que conseguimos hacer al auditorio bien dispuesto para nosotros, receptivo y atento".
image/svg+xmlChristina Aparecida SANTOS y José Joaquim Pereira MELORIAEERevista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1152-1166, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14600 1161Assim, para conquistar os ouvintes, o mestre pregador deveria usar de veracidade, de simplicidade e de brevidade em sua apresentação e argumentação. Tais valores eram essenciais para envolver a plateia, tocar o coração e a sensibilidade dos nativos, atraindo sua simpatia e credibilidade. "[...] y hay que hacer uso de seriedad en todos los pensamientos y de ponderación en todas las expresiones. Es conveniente, además, una ejecución del discurso varia, apasionada, llena de empuje, llena de aliento, llena de pasión, llena de auténtica realidad" (BORGES, 1992, p. 574). Las Casas declaró que los evangelizadores estadounidenses eran conscientes de que los nativos podían extender a los misioneros su desafección por los colonizadores y que no prestarían atención a las enseñanzas si no se les daba afecto primero. La influencia de Cicerón (2002, p. 254) es evidente en esta afirmación: “probar que es verdad lo que defendemos, conciliar la simpatía de nuestro auditorio y ser capaces de llevarlos a cualquier estado de ânimo que la causa pueda exigir”. Desde la perspectiva del filósofo romano, el orador de la excelencia tiene como cualidades: la dignidad, que refleja su propia forma de vivir, la clara firmeza, el resultado de las luchas libradas a lo largo de su camino, y la justa medida, que no implica excesos en las valoraciones personales, ni en términos de dignificación ni de condescendencia. La dignidad no se separa del sentimiento de pasión o amor por el conocimiento. Corresponde al hablante adquirir el potencial para, en una selección continua, mejorar las cualidades que se confieren y desean en su función. Cicerón enumera, como cualidades del hablante, la dignidad, la pasión, la voluntad, la autoridad y la aceptación de lo que representa los límites que lo particularizan. Según Cicerón, tanto en la elaboración del discurso como en la pronuntiatio, el hablante debe tener en cuenta tres objetivos: enseñar, moverse y desedelegar. En esta peroración, es evidente que, para él, en la acción discursiva, la razón y el sentimiento mantienen una relación de afinidad. Sin embargo, esboza una escalada jerárquica, dando prioridad al conocimiento en relación con la emoción y la ornación, y afirma que estas tres dimensiones, cualesquiera que sean los hitos retóricos, independientemente de esta o aquella opción, son parte de las dinámicas que mueven el arte oratorio. Si te enseñas a ti mismo sin partir; si se deleita sin enseñar ni moverse, la performance retórica estará condenada al fracaso (FERNÁNDEZ, 1995, 2018, p. 34-41). Estas reflexiones repercuten en la argumentación de Las Casas:
image/svg+xmlBartolomé de Las Casas: El arte de la oratoria y la educación por el ejemploRIAEERevista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1152-1166, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14600 1162[...] tiene que ser [...] en primer lugar, apropiado para trasladar el estado de ánimo del auditorio a lo que deseamos. En este sentido, será necesario que el orador o quien esté al servicio de una causa -según Tulio- busque: comenzar con un derecho, narrar con claridad, recapitular con vigor, luchar con valentía, desarrollarse con profundidad, pronunciarse con claridad y sostener con firmeza. De todos modos, enseña, deleita y muévete. La tarea de los ponentes abarca todo esto. Esto es lo que enseña Cicerón (LAS CASAS, 2005, p. 79). También reverberan en su afirmación de que, con una voz agradable, semblante modesto, mansedumbre, tranquilidad, delicadeza, el maestro conquistaría los espíritus de los nativos: Uno de los primeros preceptos de la retórica es ganarse la simpatía de la asamblea con el exordio. Esto se logra con una voz agradable, con la expresión de un semblante modesto, mostrando mansedumbre, delicadeza tranquila en las palabras; todo esto atrae la benevolencia de los oyentes... el predicador de la verdad y maestro de la fe, al estar dispuesto a enseñar a aquellos que buscan inducir y estimular la fe y la religión, debe, más que cualquier otro, conquistar, en primer lugar, el espíritu de los oyentes, especialmente aquellos que han sido invitados a la fe por primera vez, es decir, los infieles, con la suavidad de su voz, con la serenidad y la expresión agradecida del semblante, con muestras de mansedumbre, con delicadeza tranquila en las palabras, con la enseñanza amable y la persuasión, con buena voluntad agradable y, finalmente, que enseña, deleite y aullidos (LAS CASAS, 2005, p. 79). Las Casas también buscó apoyo en LaDoctrina Cristiana deSan Agustín, reflexionando sobre una acción discursiva que llevaría a la convicción de los espíritus de los oyentes: San Agustín también entiende que el maestro o predicador de la verdad, o quien tenga el encargo de enseñar y atraer a los hombres a la fe y religión cristianas, debe ganarse los espíritus de sus oyentes, hacerlos bien dispuestos, enseñar, desatar y convencer a los dóciles atentos. Esto demuestra que la forma de enseñar, invitar y atraer a los hombres a la fe justa y la verdadera religión debe necesariamente persuadir la comprensión con la razón y atraer con dulzura e incitar dulcemente la voluntad (LAS CASAS, 2005, p. 80). En el libro IV De la doctrina cristiana, San Agustín discute la mejor manera de enseñar las verdades del cristianismo, los objetivos, propósitos y conformidades del hablante sagrado, y la mejor manera de usar los estilos de la retórica clásica. Atribuyendo más importancia a la sabiduría que a la elocuencia, que se refiere al divino Logos-Verbum, afirma que no corresponde a la retórica crear ningún tipo de verdad, porque su función es transmitir la sabiduría impresa en los textos sagrados (PERENCINI, 2014, p. 88-95). Afirma, refiriéndose a Cicerón: "Dijo a cierto orador y dijo la verdad que es necesario hablar 'de
image/svg+xmlChristina Aparecida SANTOS y José Joaquim Pereira MELORIAEERevista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1152-1166, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14600 1163una manera que instruya, agrade y convenza' Luego agregó 'El instrumento es una necesidad, para complacer, un placer, para convencer, una victoria'" (AUGUSTINHO, 2002, p. 141). No podemos ignorar el tedioso cambio que San Agustín propuso para la oratoria cristiana. El orador sagrado, que debía usar un estilo simple, no era apto para enseñar, demostrar, probar, porque no era necesario enseñar, demostrar o probar lo que constituye como verdad. Dependía de él, sí, instruir a aquellos que tenían la culpa de la verdad, es decir, sus enseñanzas eran en última instancia instruidas. El estilo promedio podría usarse siempre y cuando el adorno no fuera contrario a la verdad que constituye la palabra de Dios. Este estilo, siempre que esté en línea con las verdades contenidas en los textos sagrados, debe ser la preocupación del hablante: "por favor, cautivar" y engrandecer la doctrina. Finalmente, a través del estilo sublime, el orador sagrado podría sensibilizar y convertir a su audiencia, si la instrucción asociada con la belleza de la expresión no ha alcanzado sus objetivos (PERENCINI, 2014, p. 92). La forma de catequización y la explicación de las cosas de fe deben llegar al hombre en su experiencia, fraternalmente y a través de buenas prácticas cristianas: [...] de manera que los oyentes percibieran con nitidez lo que se les enseñaba, para lo cual se debían valer los más posible de comparaciones o semejanzas tomadas de la vida diaria de los indígenas. Afirmativa, en el sentido de aseverar con autoridad y firmeza, excluyendo toda sensación de inseguridad [...] afectuosa, en el sentido de hablar a los oyentes con cariño, como los padres a los hijos (SARANYANA, 1992, p. 568). Las solemnidades también correspondían al objetivo de generar gradualmente la autoridad del cristianismo. Promover un espectáculo solemne de convencimiento a través de imágenes, posturas y sonidos dio sobriedad, autoridad y poder ante los nativos. Su función era despertar el aprecio de los nativos por la nueva religión. Era una práctica común besar las manos en las solemnidades de inauguración de los pueblos y en las celebraciones y festividades religiosas, incluso en la catequesis misma ofrecida a los nativos. Usando estos recursos, practicando ciertos comportamientos y evitando ciertos actos, los misioneros ganarían y conservarían prestigio con los nativos (BORGES, 1992, p. 588). Em seus projetos de poblados, o dominicano tinha proposto castigos físicos para os nativos que não aceitassem os novos costumes religiosos. No entanto, em seu manual pedagógico, ele não manteve esse argumento e se posicionou contrariamente a esses castigos:
image/svg+xmlBartolomé de Las Casas: El arte de la oratoria y la educación por el ejemploRIAEERevista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1152-1166, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14600 1164Pero si el predicador del Evangelio castiga y aterroriza a sus oyentes, especialmente a aquellos que primero cruzan las puertas de la Iglesia, y recurren a la dureza, el azote, la prisión y otros temores y aflicciones ante cualquier tipo de pecado, sus discípulos lógicamente se llenarán de angustia, dolor, miedo, tristeza, odio, ira e indignación contra aquellos que los azotaron y castigaron, es decir, contra los predicadores (LAS CASAS, 2005, p. 298). En lugar de la práctica del castigo físico, lejos del dolor, el castigo y la perturbación, la persuasión se obtendría mediante la dulzura, el amor y la mansedumbre (LAS CASAS, 2005, p. 92). Finalmente, cabe señalar que, en este llamamiento a los maestros y predicadores que propusieron la obra de cristianización/formación de los nativos, reflexionó: aunque la obra de los predicadores no fuera reconocida o no diera fruto, "la condenación no se atribuirá a los predicadores, sino a sus oponentes recalcitrantes. Su recompensa está reservada para ellos en un lugar seguro, y la esperanza siempre los consolará" (LAS CASAS [2005),302).Consideraciones finalesLas Casas fue una voz disonante al proponer una alternativa al proceso de conquista, colonización y cristianización de los nativos. Esta posición correspondía al momento histórico del patronato, cuando se predicaba la unión de la Iglesia con la Corona. Buscando dar respuestas a los conflictos de su tiempo, defendió la racionalidad del nativo y atribuyó la tarea de cristianización/formación al maestro predicador, quien, a diferencia de lo común y aceptado en España, debía adaptarse a las nuevas necesidades y naturaleza del nativo. Su respuesta se basó en clásicos de la Antigüedad y la Medievalidad, como Cicerón, San Agustín y Santo Tomás de Aquino, quienes, independientemente de las diferencias de tiempo, espacio y cultura u objetivos, teorizaron sobre la importancia de la formación del maestro predicador. Así, idealizó las acciones del maestro predicador en el proceso de cristianización, atribuyendo responsabilidad y papel social a la audiencia. Con acciones específicas, buena oratoria, vida ejemplar, este sería el principal agente en la conducción del proceso en tierras americanas, presentándose con un diferencial con relación a los demás pobladores. Es importante considerar, por tanto, que Las Casas no rompió con el proceso colonizador desencadenado por la Corona española; por el contrario, en línea con el espíritu de su tiempo, trató de posibilitar un nuevo modelo de sumisión y, por tanto, de explotación de los nativos. La diferencia estuvo en el método de obtención de esta subyugación. Al
image/svg+xmlChristina Aparecida SANTOS y José Joaquim Pereira MELORIAEERevista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1152-1166, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14600 1165conquistar a los nativos, los maestros predicadores garantizarían no solo el dominio religioso, sino también el dominio político, es decir, el dominio de la Corona Española. REFERENCIAS AGOSTINHO. Da doutrina cristão: Manual da exegese e formação cristã. São Paulo: Paulus, 2002. AQUINO, T. Suma Contra os Gentios. Porto Alegre: Escola Superior de Teologia São Lourenço de Brindes; Caxias do Sul: Universidade de Caxias do Sul, 1990. BORGES, P. Métodos de persuasion. In:BORGES, P. (org.). Historia de la Iglesia en Hispanoamérica y Filipinas(Siglos XV-XIX). Madrid: BAC, 1992. BORGES, P. Métodos misionáles en la cristianización en Américasiglo XVI. Madrid: Missionalia Hispanica, 1960. FERNÁNDEZ, R. O. La música secreta del ritmo Cicerón, Quintiliano y J. S. Bach. 2018. Tesis (Doctoral) - Universidad Complutense de Madrid, Departamento de Musicología, Madrid, 2018. LAS CASAS, B. Único modo de atrair todos os povos à verdadeira religião. Obras Completas. Tradução: Noelia Gigli; Hélio Lucas. São Paulo: Paulus, 2005. MELO, M. C. S. A complementaridade entre filosofia e teologia no pensamento de Tomás de Aquino. Revista Ideação, v. 1, n. 40, p. 73-88, 2019. Disponible en: http://periodicos.uefs.br/index.php/revistaideacao/article/view/4419. Acceso: 10 oct. Año2021.MORENO, R-J. Q. El pensamiento filosófico-político de Bartolomeu de las Casas. Sevilha: Escuela de estudos hispano-americanos de Sevilla, 1976. PEREIRA MELO, J. J.; FERNANDES GOMES, R. W. A educação Franciscana na América: o caso mexicano. In:TOLEDO, C. A. A.; RIBAS, M. A. A. B.; SKALINSKI JUNIOR, O. (org.). Origens da educação escolar no Brasil Colonial. Maringá: Eduem, 2012. PERENCINI, T. B.Notas sobre a relação eloquência-sabedoria no livro IV do De Doctrina Christiana de Agostinho. Revista Em Curso,São Carlos: v. 1, n. 1, p. 88-95, 2014. Disponible en: https://www.emcurso.ufscar.br/index.php/emcurso/article/view/8. Acceso: 12 abr. 2021. SARANYANA, J-I. Métodos de catequización. In:BORGES, P. (org.). Historia de la Iglesia en Hispanoamérica y Filipinas (Siglos XV-XIX). Madrid: BAC, 1992. p. 549-572.
image/svg+xmlBartolomé de Las Casas: El arte de la oratoria y la educación por el ejemploRIAEERevista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1152-1166, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14600 1166Cómo hacer referencia a este artículoSANTOS, C. A.; MELO, J. J. P. Bartolomé de Las Casas: El arte de la oratoria y la educación por el ejemplo. Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 7, n. 2, p. 1152-1166, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587. DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14600 Enviado en:30/12/2020 Revisiones requeridas en: 22/01/2021 Aprobado en: 18/02/2022 Publicado en: 01/04/2022
image/svg+xmlBartolomeu de Las Casas: The art of rhetoric and education by exampleRIAEERevista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1148-1161, Apr./June. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14600 1148BARTOLOMEU DE LAS CASAS: THE ART OF RHETORIC AND EDUCATION BY EXAMPLEBARTOLOMEU DE LAS CASAS: A ARTE DA ORATÓRIA E A EDUCAÇÃO PELO EXEMPLOBARTOLOMÉ DE LAS CASAS: EL ARTE DE LA ORATORIA Y LA EDUCACIÓN POR EL EJEMPLOChristina Aparecida SANTOS1José Joaquim Pereira MELO2ABSTRACT: The conquest and colonization of America between the late 15thcentury and the beginning of the 16thhave been marked by conflicts between the Old and New World. In the midst of such tensions and with the relevant participation of Bartolomé de las Casas, a type of education had to be found to introduce and catechize the American native into a supposed civilization. The Dominican friar´s proposal insisted that the preacher would be the person directly responsible for the process of Christianization/formation and he should have specific features to perform his task well, namely, a good rhetoric, an exemplary life, meekness, love and sweetness. In his book The Only Way (c. 1550, 1942), Las casas prepared a handbook of pedagogical guidelines for the friars of the Order of Preachers, based on the idea that the American native was endowed with reason and could be Christianized in a peaceful way, which was incompatible with the conquistadores´ modes and activities. Current paper analyzes how Las Casas understood the task of the preacher and the characteristics he considered necessary to comply with the novel needs, especially Christianization/formation and the submission of the Native American at that specific instance. KEYWORDS: Bartolomeu de las Casas. Preacher. American Native. Education by example. RESUMO: O processo de conquista e de colonização da América, ocorrido entre os finais do século XV e o início do século XVI, foi marcado por conflitos entre o Velho e o Novo Mundo. Em meio às tensões, com a importante participação de Bartolomeu de Las Casas, buscava-se equalizar um modo educativo para conduzir a suposta civilização do nativo americano e sua catequização. Na proposta desse frei dominicano, o mestre pregador seria o responsável direto pelo processo de cristianização/formação, devendo, para desempenhar sua função, ter características bem específicas: boa oratória, vida exemplar, mansidão, amor e doçura. Em seu livro Único modo de atrair todos os povos à verdadeira religião (1942), Las Casas elaborou uma espécie de manual com orientações pedagógicas para os freis da Ordem de São Domingos, fundamentando-se na concepção de que o nativo tinha racionalidade e, portanto, poderia ser cristianizado por meios pacíficos, o que era incompatível com as ações dos 1University of Maringá (UEM), Maringá PR Brazil. Professor in the Science Department. Doctorate in Education. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-4746-166X. E-mail: christinaas20@gmail.com 2University of Maringá (UEM), Maringá PR Brazil. Professor at the Department of Educational Foundations and the Graduate Program in Education. Doctorate in History. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-0743-8000. E-mail: pereirameloneto@hotmail.com
image/svg+xmlChristina Aparecida SANTOS and José Joaquim Pereira MELORIAEERevista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1148-1161, Apr./June. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14600 1149colonizadores. Neste artigo, o objetivo é analisar o modo como Las Casas entendia o trabalho do mestre pregador e as características que ele considerava necessárias para que este pudesse atender às novas necessidades, sobretudo, as da cristianização/formação e submissão do nativo americano naquele momento. PALAVRAS-CHAVE: Bartolomeu de Las Casas. Mestre pregador. Nativo. Educação pelo exemplo. RESUMEN:El proceso de la conquista y de la colonización de América, ocurrido entre el final del siglo XV y el inicio del siglo XVI, fue marcado por conflictos entre el Viejo y el Nuevo Mundo. En medio a las tensiones, con la importante participación de Bartolomé de las Casas, se buscó ecualizar un modo educativo para conducir la supuesta civilización del nativo americano y su catequización. En la propuesta de este fray dominicano, el maestro pregonero sería el responsable directo por el proceso de cristianización/formación, y debiera, para desempeñar su función, tener las características muy específicas: buena oratoria, vida ejemplar, mansedumbre, amor y dulzura. En su libro El único modo de atraer a todos los pueblos a la verdadera religión (1550, 1942), Las Casas elaboró una especie de manual de orientaciones pedagógicas para los frailes de la Orden de Santo Domingo, en el que se fundamenta en la concepción de que el nativo tenía la racionalidad y, por lo tanto, podría ser cristianizado por los medios pacíficos, lo que era incompatible con las acciones de los colonizadores. En este artículo, el objetivo es analizar el modo como Las Casas entendía el trabajo del maestro pregonero y las características que él consideraba necesarias para que este pudiera atender a las nuevas necesidades, sobretodo, a las de la cristianización/formación y sumisión del nativo americano en aquel momento.PALABRAS CLAVE:Bartolomé de las Casas. Maestro pregonero. Nativo. Educación por el ejemplo.IntroductionThe conquest and colonization of America, which took place between 1492 and 1556, was one of the most important events in modern history. The contact between the Old World and the New World was conflictive and tense, especially because it involved the encounter of very different people in terms of social, cultural, and religious organization. With the justification of taking the Christian faith to the discovered territories and presenting it as a divine mission, the colonizers, in search of gold and other riches, invaded the lands where the natives lived and subjugated them, using armed violence. The process was not without resistance, but because of the different way of waging war, the rudimentary weapons with which the natives faced firearms and even bacteriological weapons, the result was a true genocide. Supposing themselves superior, the Spaniards wondered about the nature of the natives, who were often perceived as irrational and uncivilized beings. Were they men? Did they have
image/svg+xmlBartolomeu de Las Casas: The art of rhetoric and education by exampleRIAEERevista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1148-1161, Apr./June. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14600 1150the capacity to learn? How to "civilize" them? How to Christianize them? The way they were conceived was the basis of their actions. Thus, to consider the natives irrational beings justified the war unleashed for their submission, Christianization, and obtaining riches, as had occurred during the Reconquista period, between 718 and 1492. However, others understood the natives as rational beings. On this side, Bartolomeu de Las Casas stands out3, a Dominican friar who, since his conversion, has dedicated himself to defend the rationality of the natives and to propose a different way of treating and Christianizing/training these men. In 1513, after listening to a sermon by the Dominican Antonio de Montesinos (1475-1540), Las Casas started to affirm that the evangelical message was in disagreement with the violence adopted in the process of conquest and colonization, defending since then the rationality of the natives and a peaceful way for their Christianization and submission. With a dissenting voice, he acted in a significant way, writing treatises, letters, and opuses containing appeals to the crown and denunciations of the abuses committed by the colonizers. In 1542, he elaborated a pedagogical manual for the religious of his order and attributed significant importance to the preaching master, who would be the main responsible for the Christianization and submission of the natives. Besides advising him to use good oratory to attract the natives, he proposed a way of Christianization/training based on love, gentleness, and meekness. At the same time, he warned that the teacher should adopt an "upright life", educating by example. The Christianization/Formation Mode and the Master Preacher The way of Christianization/formation proposed by Las Casas was based on the defense of native rationality and divine brotherhood. Being children of the same God as the Europeans, the natives would have rational conditions to assimilate and give their assent to the teachings of the faith. For that, it was necessary to attract their will, give them time, freedom. Because of their natural propensity for the good, they could understand what was proposed as worthy of belief: “[...] that the intelligence of those who have to be instructed in the Christian faith and religion should be convinced with reasons; that, by reflection and investigation, it seems good and useful to acquiesce or assent to this part” (LAS CASAS, 2005, p. 67).3Born in Sevilla, in1474. Religious, theologian, bishop of Chiapas, Mexico, he was a defender of the Native Americans. He went to America in 1502 as a cleric, obtaining land and natives. He made numerous trips to Spain, always trying to defend them before the Spanish Court. Disappointed, he returned definitively to Spain in 1547, where he continued to defend the Native Americans. He died in Madrid in 1566.
image/svg+xmlChristina Aparecida SANTOS and José Joaquim Pereira MELORIAEERevista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1148-1161, Apr./June. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14600 1151In his proposal, he considered indispensable the tireless work and commitment of the master preacher, who should have specific attributes to accomplish such a difficult task. In his reflections, Las Casas based himself on the Theological Summariesof St. Thomas Aquinas (1225-1274), especially in his discussions on faith and reason and on the process of understanding and assimilation of Christian truths. For Thomas Aquinas, reason and faith were closely related and complemented each other. By natural reason, he understood the capacity by which man raises his spirit to the truths he needs to attain. At the same time, he pondered that, supported only by this capacity, man would not be able to reach his epistemological objectives, that is, to reach the higher truths, the divine truth, and should therefore request the acquiescence of faith. God Himself, in His supreme generosity, would meet man, welcome him and help him in his limitations, creating the conditions for his elevation to the realms of higher truths. For Thomas Aquinas, the relationship between reason and faith, philosophy and theology, did not refer only to man's journey towards God: it embraced the very construction of knowledge, whose fullness would only be realized when man reached the supreme truths. Even though they were distinct instances, philosophy and theology were indispensable: on the one hand, the conquest of the knowledge of divine truths indicated that the epistemological objective had reached good terms; on the other hand, such objective was not a mere speculative cutout, but corresponded to a religious experience with transcendence. Considering the affinity between the two knowledges, he emphasized the direction of philosophy towards theology and the mutual relationship between them, but, in the scale of importance, theology would be in a higher position. From this perspective, the acceptance of the truths of faith that went beyond the logic of philosophy claimed the effectiveness of faith. If the wise man were satisfied with natural light alone, which meant the denial of faith, he would hinder his epistemological journey. The knowledge sponsored by theology did not diverge from that which was assimilated through reason, that is, it went towards philosophy. In this dynamic relationship between reason and faith, in this process of interaction, the fullness of knowledge of the truths of the sacred would be realized. Therefore, theology was evidenced as the last scale of the speculative exercise, showing the reach of divine truth, as well as the premises that affirmed philosophical knowledge (MELO, 2019, p. 86-87). With such a foundation, Las Casas argued that the learning process happened in two ways, one, called the natural way, and the other, the voluntary way (LAS CASAS, 2005, p. 70). In the first, knowledge was driven by the object itself, which would be evident by itself or would become evident through demonstration, as it happened with science. In the second, called by him voluntary, the intelligence would give its assent not because it was moved by the object
image/svg+xmlBartolomeu de Las Casas: The art of rhetoric and education by exampleRIAEERevista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1148-1161, Apr./June. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14600 1152itself, but because, by choice, it would voluntarily incline towards learning. It is in this second mode that the Dominican places the knowledge of the Christian faith. As the object of knowledge was not self-evident, the master preacher would have to attract the native's will, which would make the intelligence determine to accept it, even if it did not recognize it as evident. That is why men, including natives, should, according to the Dominican, be considered rational, because they are able to voluntarily and deliberately reason about the truths presented (LAS CASAS, 2005). The master preacher was responsible for activating this will to believe: Man, therefore, needs someone to activate him, a guide or preacher who leads him to believe from the outside through instruction, through the presentation or development of the truths worthy of faith; and with reasoning based, with examples, with similarities, as if pointing with his finger and almost describing and imprinting in the mind what should be believed (LAS CASAS, 2005, p. 87). To reaffirm the importance of the master preacher, he argued that God could suffice, but preferred to rely on men for the mission of evangelization: [...] could be enough, if God wanted it; however, by common law, at least in the case of adults, it is necessarily required the external teaching, instruction, narration, exposition, explanation or explanation of what one has to believe, so that every adult receives faith and obtains salvation (LAS CASAS, 2005, p. 87). Having received the instruction and the presentation of the things of faith, the natives would reason and give their assent; they would understand that it was the truth itself, which, according to the Dominican, was God. Because of their natural propensity to goodness, the natives would understand that what was proposed was good and pleasing to them, and therefore desired and acceptable. In this formulation, the conception of the native as a good savage is implicit. That is, Las Casas shared the mythical vision of the American man, disseminated in Europe in the early days of the discoveries. To the people found in these lands was attributed every kind of goodness, ingenuity, purity. The concept appeared in the travel writings of Christopher Columbus (1451-1506), who claimed that the discoverer had found the "earthly paradise". It was supposedly systematized and popularized by the philosopher Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), who, in his book Discourse on the Origin and Basis of Inequality Among Men, defended a naturally good humanity, which would change/deteriorate with the civilizing process.
image/svg+xmlChristina Aparecida SANTOS and José Joaquim Pereira MELORIAEERevista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1148-1161, Apr./June. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14600 1153In A Short Account of the Destruction of the Indies, Las Casas also contributed to the propagation of this concept in the European imagination, which provided the opportunity for a wide debate in the Spanish Cortes about the nature of the Native American, in order to justify the conquering/exploring practice of America and define laws that would guide the process. In the debate, Las Casas came to defend the idea that, if treated with gentleness and meekness, the native would be docile, would accept the new conditions and submit more easily to them. The master preacher should attract the natives' will, presenting them with the religious teachings in a kind, gentle, and soft manner. That is, among the means adopted by the missionaries to attract the natives, was to captivate their sympathy through affection (BORGES, 1992, p. 574). With this purpose, Las Casas divided the essence of preaching into five parts. Basing himself on St. John Chrysostom, he explains the first part: "[...] is that the listeners, especially the unbelievers, see that the preachers of the faith have no intention of acquiring dominion over them by preaching" (LAS CASAS, 2005, p. 159). In other words, the preachers could not let the listeners perceive the intention of domination, otherwise they would reject the preachers. The second part consisted in making it evident to the listeners, especially the unbelievers, that the ambition to have did not move the apostles (LAS CASAS, 2005, p. 159). Thus, he advised the teachers to renounce the ambition to have, because this would be a hindrance to attract the will of the natives. The third and fourth parts refer to the treatment to be given by the preaching masters. Contrary to war, he understood that the peaceful way should be adopted to convince the natives and their possible domination. The third part is that preachers should behave in such a way that they are docile and humble, affable and calm, kind and benevolent when speaking and conversing with their listeners, especially with the faithful (LAS CASAS, 2005, p. 160). The fourth part of the way of preaching, more necessary than the others, at least for the preaching to be fruitful to the preacher, is clearly gathered from all this. It is the love of charity with which Paul welcomed all men of the world so that they could be saved (LAS CASAS, 2005, p. 162). To explain the fifth part, which would be the example, he reiterated that attitudes of meekness, love, gentleness and charity were not enough: It is already clearly evident that the fifth part of the way of preaching the gospel, namely, an exemplary life resplendent by works of virtue, and without
image/svg+xmlBartolomeu de Las Casas: The art of rhetoric and education by exampleRIAEERevista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1148-1161, Apr./June. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14600 1154offense to anyone, is totally correct on all sides. For he who teaches must be an example of his words (LAS CASAS, 2005, p. 165). Arguing that the Spaniards had been chosen by "Divine providence" to bring the Christian faith to those who did not yet know it, since the natives sought various means of resistance, he claimed that the natives would be attracted by the way the religious lived, by their virtues and religious works, and would seek to imitate them: This fifth part is the righteous, irreproachable, exemplary and holy life with which the one who has received the mission of announcing the Gospel and considers himself sent to enlighten the people should shine. A righteous life, that is, without complaining about anyone, or offending anyone, but simply living with everyone, giving no reason for anyone to complain about the preacher. Holy, like angels among men, and even more, almost like gods descended from heaven, who despise the mundane and the transitory, considering them as dung. They desire to accumulate neither gold, nor silver, nor dominion or primacy over others, nor human glory or wealth. On the contrary, they are all moderate, peaceful, modest, humble, patient, pure, honest, and spiritual, for their primary intention is to deal with heavenly things rather than earthly ones (LAS CASAS, 2005, p. 248). Finally, he considered that the natives needed to be convinced that the religious were not in search of earthly riches, but that, having a life of holiness, their only goal was to bring them the faith and Christian teachings. For when they see that they reject all things present, that they are prepared for future rewards and adorned with the other actions and virtues, far above all sermonizing, they will believe in their actions and will be attracted to the truth, approaching them with gusto, although they had the ferocity of wild animals (LAS CASAS, 2005, p. 248). By proposing "una educación primera no con palavras y las doctrinas, sino con el ejemplo de vida, sin ésta sería inútil todo intento pedagógico" (MORENO, 1976, p. 162), Las Casas evidences that the native needed to differentiate the religious from the colonizers. While the latter invaded and warred for gold, the religious should renounce to wealth and convince by example and gentleness. The Spanish incessant battle for gold, which distanced them from the purpose of Christianizing the natives, hindered the work of the religious, generating numerous conflicts between the two parties. In their actions and their ways of life, the religious had to be contrary to the attitudes of the colonizers, behaving like sheep among wolves: It is the condition of the sheep to suffer harm, not to cause it; and so, the preachers of the Gospel will not harm anyone. Only with their gentleness, they will tolerate and overcome the weaknesses and persecutions of others, as is exposed (LAS CASAS, 2005, p. 134).
image/svg+xmlChristina Aparecida SANTOS and José Joaquim Pereira MELORIAEERevista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1148-1161, Apr./June. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14600 1155As sheep, he declares, I send you out among wolves, which means, I do not send you out with the power of arms to violently submit the nations to your doctrine [...]. I only send you as sheep among wolves; that is, as one who will not harm anyone, and is not capable of harming; I send you in such a way that you can suffer the injury of anyone. And he teaches and preserves meekness sufficiently, by the fact that he adduces the likeness of the sheep and the dove; I, Christ insists, send you out as sheep...and be as simple as doves (LAS CASAS, 2005, p. 136). Living in a conflictive way with the colonizers, disputing with them the native's time, the religious, with "right life", kindness and gentleness, would conquer the natives' spirit, who would accept them and become the new believers, the new Christians (LAS CASAS, 2005, p. 95). Besides the good treatment and the "straight life", it was necessary to foresee a time interval for the Christianization. It was necessary to act without haste, with gradual teachings and not with the speed that usually occurred: it was not enough to sprinkle the water of baptism to consider them converted. It is necessary, therefore, that he who proposes to attract men to faith and true religion, which are not within the reach of natural forces, should use this art: as often as possible he should propose, explain, distinguish, substantiate, repeat what belongs to faith and religion. Likewise induce, persuade, ask, entreat, invite, attract, guide those whom you must lead to faith and religion until, by the frequency of the presentation, the manifestation, the preaching, the thematization of the doctrine, the explanations of the truths worthy of faith, with entreaties pleas, entreaties, encouragements, invitations, caresses, guidance, with these repeated acts, are generated in the hearts of the listeners, little by little, a certain vigor and disposition or grateful custom or habit, that causes an inclination almost natural (LAS CASAS, 2005, p. 98). 98). Besides the constant repetition, the examples of life, and the gentle and loving actions, in order to convince the natives it was fundamental that the preacher mastered good oratory. The use of rhetoric in the communication of faith To show that master preachers needed the art of good oratory, Las Casas based himself on Cicero (106-43 B.C.) and St. Augustine (354-430): The preacher, whose office it is to teach and to attract men to the true faith and the Christian religion, must cultivate, even more than rhetoricians and orators, the art and rules of oratory in order to make his hearers benevolent, attentive and docile, for what faith teaches is a matter of the greatest excellence that surpasses every faculty of nature. And the rhetorical rule teaches that one must show benevolence, attract the listeners, teach, delight and affection by the softness of the voice, gentleness and placid delicacy of
image/svg+xmlBartolomeu de Las Casas: The art of rhetoric and education by exampleRIAEERevista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1148-1161, Apr./June. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14600 1156the words. What it boils down to is to persuade the understanding with reasons and gently attract the will [...] (LAS CASAS, 2005, p. 214). The master preacher also needed to master the native languages. Without ignoring the difficulties, Las Casas considered that this would be fundamental for the process of Christianization to take place. Such concern was justified by the linguistic multiplicity that dotted New Spain (Mexico) in the early days of the conquest and colonization. To clarify this linguistic problem, it is enough to remember that just in the area that Mexico now occupies, the studies developed by Hermenegildo Zamora indicate that until the 16th century, more than 63 languages were spoken that have now been lost, in addition to another 51 that have been classified by scholars. This adds up to 114 different linguistic manifestations. Add to that the existence of more than 70 dialects developed from these 51 classified languages, and, yet, another imprecise number of languages that disappeared as the families that gave rise to them were disseminated (PEREIRA MELO; FERNANDES GOMES, 2012, p. 93). The difficulty in the communication-interaction process between religious and natives demanded dedication and persistence. Thus, by learning the natives' language, the missionaries could lead the natives to understand the Christian teachings (BORGES, 1960). According to Las Casas, who based himself on Cicero's reflections, with these two forms of communication, the religious would achieve the acceptance of the audience. For this reason, he states: "[...] whoever wants to induce or move his listeners to what he has in mind, needs first of all to have their mood in his favor, so that they become all benevolent, attentive and docile" (LAS CASAS, 2005, p. 78). In On the Orator, Book II, Cicero (2002, p. 238) states: "[...] en efecto, quieren que se comience de tal modo que logremos hacer al auditorio bien dispuesto para nosotros, receptivo y atento". Thus, to win over the listeners, the master preacher should use truthfulness, simplicity, and brevity in his presentation and argumentation. Such values were essential to engage the audience, touch the hearts and sensibilities of the natives, attracting their sympathy and credibility. "[...] and it is necessary to make use of seriousness in all thoughts and weight in all expressions. It is also convenient a varied, passionate, full of drive, full of breath, full of passion, full of authentic reality" (BORGES, 1992, p. 574). Las Casas stated that the American evangelists were aware that the natives could extend to the missionaries their dislike for the colonizers and that they would not pay attention to the teachings if they were not first given affection. It is evident in this statement the influence of
image/svg+xmlChristina Aparecida SANTOS and José Joaquim Pereira MELORIAEERevista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1148-1161, Apr./June. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14600 1157Cicero (2002, p. 254): "probar que es verdad lo que defendemos, conciliar la simpatía de nuestro auditorio y ser capaces de llevarlos a cualquier estado de ânimo que la causa pueda exigir". From the Roman philosopher's perspective, the qualities of the excellent orator are: dignity, which reflects his own way of living; clear firmness, the result of the struggles fought along his path; and just measure, which does not allow for excesses in personal evaluations, either in terms of dignification or condescension. Dignity is not unrelated to the feeling of passion or love for knowledge. It is up to the speaker to acquire the potential to, in a continuous selection, perfect the qualities that are conferred and desired in his function. Cicero lists, as qualities of the orator, dignity, passion, will, authority, and the reception of that which represents the limits that particularize him. According to Cicero, both in the elaboration of the speech and in the pronuntiatio, the orator must take into account three objectives: to teach, to move, and to delight. In this peroration, it is evident that, for him, in discursive action, reason and feeling have an affinity. However, he outlines a hierarchical ranking, giving priority to knowledge over emotion and ornament, and states that these three dimensions, whatever the rhetorical frameworks, regardless of this or that option, are part of the dynamic that moves the oratorical art. Should one teach without delighting; should one delight without teaching or moving, rhetorical performance is doomed to failure (FERNÁNDEZ, 1995, 2018, p. 34-41). These reflections reverberate in Las Casas' argument: [...] it must be [...] before anything else, appropriate to move the audience to what we want. In this regard, it is convenient that the orator or whoever is at the service of a cause - according to Tulio - should seek: to begin well, to narrate with lucidity, to recapitulate with vigor, to combat with bravery, to develop with depth, to pronounce with clarity and to sustain with firmness. In short, teach, delight and move. The task of the orator encompasses all of this. This is what Cicero teaches (LAS CASAS, 2005, p. 79). They also reverberate in his assertion that, with a pleasant voice, modest countenance, gentleness, tranquility, and delicacy, the master would win the mood of the natives: One of the first precepts of rhetoric is to win the sympathy of the assembly with the exordium. This is achieved with a pleasant voice, with the expression of a modest countenance, showing meekness, quiet delicacy in the words; all of which greatly attract the benevolence of the listeners [... ...] the preacher of truth and teacher of faith, in setting out to teach those he seeks to induce and stimulate to faith and religion, needs more than any other to win the hearts of his hearers - especially of those who have been invited to faith for the first time, that is, the unbelievers - with softness of voice, with serenity and pleasant expression of countenance, with meekness, with quiet delicacy in words, with kind teaching and persuasion, with pleasant good will, and finally, that it teaches, delights, and moves (LAS CASAS, 2005, p. 79). 79).
image/svg+xmlBartolomeu de Las Casas: The art of rhetoric and education by exampleRIAEERevista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1148-1161, Apr./June. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14600 1158Las Casas also sought support in On Christian Doctrineof Saint Augustine, reflecting on a discursive action that would convince the listeners: St. Augustine also understands that the teacher or preacher of truth, or whoever is in charge of teaching and attracting men to the faith and Christian religion, must conquer the mood of his listeners, make them well disposed, teach, delight and convince the docile attentive. This shows that the way to teach, invite and attract men to the right faith and true religion must necessarily persuade the understanding with reasons and attract with gentleness and sweetly incite the will (LAS CASAS, 2005, p. 80). In book IV On Christian Doctrine, St. Augustine discusses the best way to teach the truths of Christianity, the objectives, purposes and conformities of the sacred orator, and the best way to use the styles of classical rhetoric. Attributing more importance to wisdom than to eloquence, which refers back to the divine Logos-Verbum, he states that it is not up to rhetoric any kind of creation of truth, because its function is to transmit the wisdom printed in the sacred texts (PERENCINI, 2014, p. 88-95). He states, referring to Cicero: "A certain orator said - and he spoke the truth - that one must speak 'in such a way as to instruct, please, and convince' - Then he added - 'To instruct is a necessity, to please, a pleasure, to convince, a victory'" (AGOSTINHO, 2002, p. 141). We cannot disregard the burning change that St. Augustine proposed for Christian oratory. The sacred orator, who should use a simple style, should not teach, demonstrate, prove, because it was not necessary to teach, demonstrate or prove what is constituted as truth. It was up to him, rather, to instruct those who were at fault with the truth, that is, his teachings were meant to instruct. The medium style could be used as long as the ornament was not contrary to the truth that constitutes the word of God. This style, as long as it was in consonance with the truths contained in the sacred texts, should be the speaker's concern: "to please in order to captivate" and to magnify the doctrine. Finally, by means of the sublime style, the sacred orator could sensitize and convert his audience, in case the instruction associated with the beauty of the expression did not achieve its goals (PERENCINI, 2014, p. 92). The way of catechizing and explaining the things of faith should reach man in his living, in a fraternal way and through good Christian practices: [...] in such a way that the listeners would clearly perceive what they were being taught, for which purpose they should make use as much as possible of comparisons or similarities taken from the daily life of the Indians. Affirmative, in the sense of asserting with authority and firmness, excluding any sense of insecurity [...] affectionate, in the sense of speaking to the listeners with affection, as parents do to their children (SARANYANA, 1992, p. 568).
image/svg+xmlChristina Aparecida SANTOS and José Joaquim Pereira MELORIAEERevista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1148-1161, Apr./June. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14600 1159The solemnities also corresponded to the objective of gradually generating the authority of Christianity. Promoting a solemn spectacle of convincing through images, postures, and sounds gave sobriety, authority, and power before the natives. Its function was to arouse the natives' appreciation for the new religion. The practice of hand-kissing was common in the solemnities that inaugurated the settlements and in religious celebrations and festivities, including in the catechesis offered to the natives. Using these resources, practicing certain behaviors and avoiding certain acts, the missionaries would gain and keep their prestige among the natives (BORGES, 1992, p. 588). In his poblados projects, the Dominican had proposed physical punishment for the natives who did not accept the new religious customs. However, in his pedagogical manual, he did not maintain this argument and positioned himself against these punishments: But if the preacher of the Gospel punishes and terrifies his hearers, especially those who for the first time cross the doors of the Church, and resorts to harshness, scourging, imprisonment, and other fears and afflictions in the face of any class of sins, his disciples will logically be filled with anguish, pain, fear, sadness, hatred, anger, and indignation against the one who scourged and punished them, that is, against the preachers (LAS CASAS, 2005, p. 298). Instead of the practice of physical punishment, away from pain, punishments and disturbances, persuasion would be obtained by gentleness, love and meekness (LAS CASAS, 2005, p. 92). Finally, it is noteworthy that, in this appeal to teachers and preachers who proposed to work on the Christianization/training of the natives, he pondered: even if the preachers' work was not recognized or did not bear fruit, "condemnation will not be imputed to the preachers, but to their recalcitrant opponents. Their reward is in a safe place, and hope will always console them" (LAS CASAS, 2005, p. 302). Final remarksLas Casas was a dissenting voice in proposing an alternative for the process of conquest, colonization and Christianization of the natives. This position corresponded to the historical moment of the patronage, when the union of the Church and the Crown was preached. Seeking answers to the conflicts of his time, he defended the rationality of the natives and attributed the task of Christianization/formation to the preaching master, who, unlike what was common and accepted in Spain, should adapt to the new needs and the nature of the natives.
image/svg+xmlBartolomeu de Las Casas: The art of rhetoric and education by exampleRIAEERevista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1148-1161, Apr./June. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14600 1160His answer was supported by classics from Antiquity and Medieval times, such as Cicero, St. Augustine and St. Thomas Aquinas, who, regardless of the differences in time, space and culture or objectives, theorized about the importance of the formation of the master preacher. Thus, he idealized the actions of the master preacher in the Christianization process, assigning him responsibility and social role to the audience. With specific actions, good oratory, exemplary life, he would be the main agent in conducting the process in American lands, presenting himself with a differential in relation to other colonizers. It is worth considering, therefore, that Las Casas did not break with the colonizing process triggered by the Spanish Crown; on the contrary, in accordance with the spirit of his time, he tried to make possible a new model of submission and, therefore, of exploitation of the natives. The difference was in the method of achieving this subjugation. By conquering the natives, the preacher masters would guarantee not only religious domination, but also political domination, that is, the domination of the Spanish Crown. REFERENCES AGOSTINHO. Da doutrina cristão: Manual da exegese e formação cristã. São Paulo: Paulus, 2002. AQUINO, T. Suma Contra os Gentios. Porto Alegre: Escola Superior de Teologia São Lourenço de Brindes; Caxias do Sul: Universidade de Caxias do Sul, 1990. BORGES, P. Métodos de persuasion. In:BORGES, P. (org.). Historia de la Iglesia en Hispanoamérica y Filipinas(Siglos XV-XIX). Madrid: BAC, 1992. BORGES, P. Métodos misionáles en la cristianización en Américasiglo XVI. Madrid: Missionalia Hispanica, 1960. FERNÁNDEZ, R. O. La música secreta del ritmo Cicerón, Quintiliano y J. S. Bach. 2018. Tesis (Doctoral) - Universidad Complutense de Madrid, Departamento de Musicología, Madrid, 2018. LAS CASAS, B. Único modo de atrair todos os povos à verdadeira religião. Obras Completas. Tradução: Noelia Gigli; Hélio Lucas. São Paulo: Paulus, 2005. MELO, M. C. S. A complementaridade entre filosofia e teologia no pensamento de Tomás de Aquino. Revista Ideação, v. 1, n. 40, p. 73-88, 2019. Available at: http://periodicos.uefs.br/index.php/revistaideacao/article/view/4419. Accessed on: 10 Oct. 2021. MORENO, R-J. Q. El pensamiento filosófico-político de Bartolomeu de las Casas. Sevilha: Escuela de estudos hispano-americanos de Sevilla, 1976.
image/svg+xmlChristina Aparecida SANTOS and José Joaquim Pereira MELORIAEERevista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1148-1161, Apr./June. 2022. e-ISSN: 1982-5587 DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14600 1161PEREIRA MELO, J. J.; FERNANDES GOMES, R. W. A educação Franciscana na América: o caso mexicano. In:TOLEDO, C. A. A.; RIBAS, M. A. A. B.; SKALINSKI JUNIOR, O. (org.). Origens da educação escolar no Brasil Colonial. Maringá: Eduem, 2012. PERENCINI, T. B.Notas sobre a relação eloquência-sabedoria no livro IV do De Doctrina Christiana de Agostinho. Revista Em Curso,São Carlos: v. 1, n. 1, p. 88-95, 2014. Available at: https://www.emcurso.ufscar.br/index.php/emcurso/article/view/8. Accessed on: 12 Apr. 2021. SARANYANA, J-I. Métodos de catequización. In:BORGES, P. (org.). Historia de la Iglesia en Hispanoamérica y Filipinas (Siglos XV-XIX). Madrid: BAC, 1992. p. 549-572. How to reference this articleSANTOS, C. A.; MELO, J. J. P. Bartolomeu de Las Casas: Bartolomeu de Las Casas: The art of rhetoric and education by example. Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 7, n. 2, p. 1148-1161, Apr./June. 2022. e-ISSN: 1982-5587. DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14600 Submitted: 30/12/2020 Revisions required: 22/01/2021 Approved: 18/02/2022 Published: 01/04/2022 Management of translations and versions: Editora Ibero-Americana de Educação Translator: Thiago Faquim Bittencourt Translation reviewer: Alexander Vinícius Leite da Silva