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Aperfeiçoamento de professores em design educacional e de aprendizagem para produção de slides
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1695-1713, jul./set. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.14644
1695
APERFEIÇOAMENTO DE PROFESSORES EM DESIGN
EDUCACIONAL E DE
APRENDIZAGEM PARA PRODUÇÃO DE
SLIDES
12
MEJORA DEL PROFESORADO EN EL DISEÑO EDUCATIVO Y DE APRENDIZAJE
PARA LA PRODUCCIÓN DE DIAPOSITIVAS
TEACHERS' IMPROVEMENT IN EDUCATIONAL AND LEARNING DESIGN FOR
SLIDES PRODUCTION
Renata de Oliveira SBROGIO
3
Vania Cristina Pires Nogueria VALENTE
4
RESUMO
:
O presente estudo apresenta os resultados de uma pesquisa-ação realizada com
professores do ensino privado e público, atuantes do Ensino Infantil ao Médio. A formação
continuada semipresencial intitulada “Design Educacional e/para Aprendizagem: a produção
de Objetos de Aprendizagem” foi realizada durante o ano de 2019 e teve como objetivo
principal o ensino dos conceitos gerais e dos princípios básicos do design gráfico e de
aprendizagem aos professores, conduzindo os participantes a um novo olhar sobre a rotina de
produção de conteúdo (
slides
), que sejam visualmente mais interessantes e adequados à
aprendizagem de seus alunos. A escolha da metodologia da pesquisa-ação possibilitou observar
e analisar nuances mais sutis de transformações ocorridas entre os envolvidos. A melhoria da
comunicação visual dos objetos de aprendizagem produzidos pelos participantes, em especial
os
slides
de aula destes educadores, demonstra que os conhecimentos relativos ao design de
aprendizagem e design educacional são essenciais na práxis docente.
PALAVRAS-CHAVE
: Formação docente. Design educacional. Design de aprendizagem.
Slides.
RESUMEN
: El presente estudio presenta los resultados de una investigación-acción llevada
a cabo con profesores de escuelas privadas y públicas, que trabajan desde de la primera
infancia hasta la escuela secundaria. La formación continua semipresencial titulada Design
Educacional e/para Aprendizagem: a produção de Objetos de Aprendizagem (Diseño
Educativo y/para Aprendizaje: la producción de Objetos de Aprendizaje) se realizó durante el
año 2019 y tuvo como objetivo principal la enseñanza de conceptos generales y principios
básicos de diseño gráfico y de aprendizaje a los profesores, llevando a los participantes a una
nueva mirada sobre la rutina de producción de contenidos (diapositivas), que son visualmente
más interesantes y adecuados para el aprendizaje de sus alumnos. La elección de la
metodología de la investigación-acción permitió observar y analizar matices más sutiles de
las transformaciones que ocurrieron entre las personas involucradas. El mejoramiento de la
1
CAEE: 01875018.2.0000.5663
2
O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
- Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001
3
Universidade Estadual Paulista (UNESP), Bauru
–
SP
–
Brasil. Doutorado em Mídia e Tecnologia. ORCID:
https://orcid.org/0000-0003-2243-9535. E-mail: renata.sbrogio@unesp.br
4
Universidade Estadual Paulista (UNESP), Bauru
–
SP
–
Brasil. Livre Docente. Doutorado em Engenharia Civil
(USP). ORCID: https://orcid.org/0000-0001-6563-2402. E-mail: vania@faac.unesp.br
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Renata de Oliveira SBROGIO e Vania Cristina Pires Nogueria VALENTE
RIAEE
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara v. 17, n. 3, p. 1695-1713, jul./set. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.14644
1696
comunicación visual de los objetos de aprendizaje producidos por los participantes,
especialmente las diapositivas de clase de estos educadores, demuestra que los conocimientos
relacionados con el diseño del aprendizaje y el diseño educativo son esenciales en la práctica
de la enseñanza.
PALABRAS-CLAVE
: Formación de profesores. Diseño educativo. Diseño de aprendizaje.
Diapositivas.
ABSTRACT
: The present study shows the results of an Action-Research carried out with
teachers from private and public education, working from kindergarten to high school in Brazil.
The course based on physical attendance and on-line involvement which was entitled
"
Education and Learning Design: Production of Learning Objects” was performed in 2019,
and its main objective was to teach general concepts and fundamental principles related
to graphic and learning design for slides. We believe that these factors lead participants to a
new perspective about the content production routine, which is more visually exciting and
suitable for their students' learning. We chose an Action-Research methodology because it was
possible to analyze more subtle nuances of advances that occurred among the observed
teachers. The improvement in the visual communication promoted by the learning objects
produced by the participants, especially the lesson slides, demonstrates that the knowledge
related to education and learning design is essential in teaching practice.
KEYWORDS
: Teacher education. Educational design. Learning design. Slides.
Introdução
O momento social e tecnológico presente, engendrado na ação global de acesso a
informações, da Era do Conhecimento e da Sociedade da Informação (CASTELLS, 1999),
torna as funções docentes ilimitadas se comparadas às do antigo contexto da abordagem
tradicional e conservadora, engessada ao livro didático. Nesse sentido, o professor assume o
centro do processo educacional, e sua atuação como produtor de conteúdo (professor-autor
como se tem denominado), tanto para a construção do seu próprio material didático na forma
de objetos de aprendizagem como para atuação extensiva do seu ambiente de trabalho formal,
na condição de designer educacional e de aprendizagem, para oferta de cursos a distância ou
semipresenciais, é uma realidade no meio educacional.
Especialmente por esse contexto, há muito tempo se fala em ressignificar o trabalho
docente no espaço escolar, tanto na formação inicial como na continuada. Como afirma Citelli
(2010, p. 13), existem várias maneiras de trabalhar os vínculos da comunicação com a educação,
sendo que esta última enfrenta constantemente o desafio das TICs (Tecnologias de Informação
e Comunicação), principalmente porque ela afeta a esfera cultural e, consequentemente, a
maneira dos “sujeitos serem e estarem no mundo”
.
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Aperfeiçoamento de professores em design educacional e de aprendizagem para produção de slides
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Na educação, as preocupações dessa ressignificação vão desde as mudanças nos
processos de construção do conhecimento e formação profissional, da identidade do professor,
da perspectiva da profissionalização docente como profissional crítico-reflexivo, entre outros
aspectos dessa atual condição, atendendo especificidades diferenciadas (PAZ, 2017; RIVAS
et
al
., 2005.)
E, observando-se tais questões, Rivas alerta que, além de se compreender tais processos
que afetam o desenvolvimento pessoal e profissional docente, é preciso compreendê-lo como
um sujeito cuja profissão lhe torna capaz de produzir o seu próprio ofício (RIVAS
et al.
, 2005,
p. 7). Justamente neste ponto, em contraponto com as novas demandas que acometem a função
docente, de sua atuação como mediador da aprendizagem, em suas funções como
seletor/(re)mixador/produtor de conteúdos e tecnologias educacionais, a formação docente
ainda engatinha, desde a composição curricular dos cursos de licenciatura até a organização e
coordenação das formações continuadas, pouco valorizadas neste contexto.
Para formar esses professores, é preciso uma formação, inicial e continuada,
articuladora da teoria e prática na busca para resolução de problemas, colaborativa em suas
escolhas, decisões e planejamento (PAZ, 2017, p. 1657).
Dito isso, este estudo preocupa-se com a formação dos professores no que tange aos
conhecimentos específicos de design educacional e de aprendizagem, necessários à prática de
produção de conteúdos (objetos educacionais) em
slides
, que são recursos presentes na rotina
de aulas. Tais recursos, produzidos com texto, imagens, sons e outros recursos possíveis com
tecnologias digitais, compreendem a necessidade de um letramento visual mais desenvolvido
para compô-los.
Compartilhando das proposições colocadas por Citelli (2010, p. 16), entendemos que os
novos desafios postos à educação se dão, especialmente, pela presença e evolução constantes
das TICs e à forma singular como afetam a informação e o conhecimento, desde sua elaboração,
intercâmbio e distribuição, e precisam ser considerados pelo cenário designado pelo
ecossistema comunicativo, o que afeta, por consequência, a formação, atuação e atualização
dos docentes.
Nesse contexto, a preocupação sobre a importância de saber “ler” imagens parte do
pressuposto de
que vivemos em um mundo “visual” e, assim sendo, toda a nossa experiência
visual é de fundamental importância no processo de ensino-aprendizagem para a compreensão
do meio em que se vive e a ele reagir (DONDIS, 2007, p. 7). Para Dondis, a evolução da
comunicação humana, de alguma forma, sempre se deu pelo meio visual, deste as pinturas
rupestres, evoluindo para os pictogramas, ideogramas e fonogramas. Nos dias de hoje,
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Renata de Oliveira SBROGIO e Vania Cristina Pires Nogueria VALENTE
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara v. 17, n. 3, p. 1695-1713, jul./set. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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1698
acrescentamos novas formas imagéticas, como os
emoticons,
por exemplo, que são
representações gráficas que substituem as expressões faciais nas mensagens digitais.
Estes signos (
emoticons
) são amplamente conhecidos e comumente reconhecidos entre
os usuários na comunicação mediada por computador (CMC
5
), e são descritos como substitutos
das expressões não verbais que faltam na CMC em comparação com a comunicação face a face
(WALTHER; D’ADDARIO, 2001, p. 324).
Segundo Walther e D’addrario, apesar de não termos conhecimento do impacto do uso
de
emoticons
, um experimento procurou determinar os efeitos de três
emoticons
comuns nas
interpretações de mensagens visuais e, das hipóteses extraídas da literatura sobre comunicação
não verbal, percebe-se várias relações plausíveis entre os
emoticons
e as mensagens verbais.
Os resultados, neste estudo, revelaram que as que as contribuições
dos emoticons
foram
superadas pelo conteúdo verbal (WALTHER; D’ADDARIO, 2001, p. 324).
Os
emoticons
têm um impacto na interpretação das mensagens, sendo úteis para
fortalecer a intensidade de uma mensagem verbal, contudo, é possível criar ambiguidade e
expressar sarcasmo, variando a valência do
emoticon
e a valência da mensagem. De toda
forma, os autores concluem que, em grande parte, os
emoticons
têm as mesmas funções que o
comportamento não-verbal real (DERKS; BOS; VON GRUMBKOW, 2008, p. 379)
Assim também é o impacto das imagens usadas no material didático (objetos de
aprendizagem na forma de
slides
, atividades impressas etc.) produzido pelos professores para
uso na prática docente. As imagens escolhidas, sua diagramação e significação, são elementos
fundamentais na intensidade de uma mensagem emitida e, por consequência, na mensagem
recebida. Essa decodificação é necessária e, se não há essa compreensão em torno dos signos,
não haverá, também, a compreensão entre os sujeitos, impossibilitando a comunicação, isso
porque a inteligibilidade e a comunicação se dão simultaneamente (FREIRE, 2013, p. 58).
Por isso, e se a todo o momento somos orientados a “ler” imagens, nos mais diversos
devices
digitais aos quais estamos expostos diariamente, as mídias atuais, a comunicação visual
predomina e o verbal acrescenta e complementa (DONDIS, 2007, p.12). É nesse contexto que
se atenta considerar a necessidade de uma atenção especial na formação de professores que é,
atualmente, autor, produtor e “compartilhador” de conteúdos educacionais.
Existe, ainda, a falsa ideia de que as tecnologias fazem o trabalho “sozinhas”, e que as
muitas soluções em
softwares
intuitivos realizam atividades de maneira autônoma, o que traz
uma sensação de que os conceitos de design
educacional e de aprendizagem são algo inerente
5
CMC = computer-mediated communication
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Aperfeiçoamento de professores em design educacional e de aprendizagem para produção de slides
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à composição destes
softwares
, mas não são. Por isso, a escolha por uma pesquisa-ação como
metodologia principal desta pesquisa deu-se por esta ocorrer por meio de análise das
necessidades, a coleta de dados para atendimento do problema, o planejamento da aplicação
da ação, depois a execução e uma nova coleta, para avaliação e repetição do ciclo de atividade
(ANDRÉ, 1995, p. 31). Essa presença direta e possibilidade de acompanhar de perto todo o
processo e inferir nele, quando necessário, fez dessa escolha metodológica a mais acertada para
o atendimento das necessidades da pesquisa.
A aplicação dessa pesquisa-ação ocorreu como 3ª etapa de uma pesquisa com um total
de 4 metodologias distintas, na forma de um curso de formação continuada para professores
atuantes, de forma que os participantes envolvidos, cooperativa e participativamente, agissem
na resolução de um problema (PRODANOV; FREITAS, 2013, p. 65), que era a possibilidade
de melhoria na Comunicação Visual de materiais educacionais produzidos por professores, seus
slides
de aula.
Propôs-se, com o uso desse método, uma conexão entre as experiências práticas dos
professores e os referenciais teóricos que lhes foram apresentados, tornando o processo
significativo e relevante, propiciando um trabalho de experiência vivenciada (BEHRENS,
1999, p. 388). A formação desenvolvida foi dividida em diversas aulas, a depender da
disponibilidade das Instituições de Ensino participantes (IE), e realizada durante as reuniões da
ATPC (Aula de Trabalho Pedagógico Coletivo), num total de 20h/aulas, sem riscos previsíveis
aos participantes, enquanto, como benefício, os participantes receberam uma formação que se
faz útil no decorrer do exercício de suas funções docentes.
Assim, este estudo parte de uma formação continuada para professores atuantes em
diversos níveis e áreas de ensino, de forma que os participantes aprendessem conceitos e
técnicas de design educacional e de aprendizagem para aplicarem na produção dos seus
slides
de aula, resultando na melhoria da comunicação visual destes objetos de aprendizagem por eles
produzidos.
O projeto deste estudo foi avaliado e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da
entidade em que foi desenvolvido. Os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre
e Esclarecido após a ciência sobre os objetivos, sigilo e possíveis benefícios e riscos desse
estudo.
A formação continuada intitulada “Design Educacional e/para
Aprendizagem:
a
produção de Objetos de Aprendizagem” foi realizada durante o ano de 2019, e teve como
objetivo principal o ensino dos conceitos gerais e dos princípios básicos do design gráfico e de
aprendizagem aos professores, além de tecnologias gratuitas para a criação de objetos
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Renata de Oliveira SBROGIO e Vania Cristina Pires Nogueria VALENTE
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara v. 17, n. 3, p. 1695-1713, jul./set. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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educacionais de melhor qualidade, conduzindo os participantes a um novo olhar sobre a rotina
de produção de conteúdo, que seja visualmente mais interessante e adequado à aprendizagem
de seus alunos. Dessa forma, foi possível observar e analisar nuances mais sutis de
transformações ocorridas entre os envolvidos. A melhoria da comunicação visual dos objetos
de aprendizagem produzidos pelos participantes, em especial os
slides
de aula destes
educadores, demonstra que os conhecimentos relativos ao design de aprendizagem e design
educacional são essenciais na práxis docente; contudo, percebe-se que o desejo de aprender e
evoluir é individual e intransferível, não dependendo do acesso ou disponibilidade das atuais
formações e atualizações necessárias aos professores.
Pesquisa-ação: formação continuada para professores em design educacional e de
aprendizagem
Diante do exposto anteriormente, uma formação continuada foi pensada, desenvolvida
e aplicada com o objetivo de desenvolver a conscientização das implicações positivas do design
(especialmente o design gráfico, mas não só) na construção de objetos de aprendizagem (os
slides
de aula) que são utilizados a rotina dos professores e, também, desenvolver habilidades
técnicas para que pudessem aplicar tais conhecimentos em seus materiais autorais.
A formação foi realizada com 4 grupos de professores atuantes na educação pública e
privada, na modalidade semipresencial. Nela, os professores aprenderam os princípios básicos
do design gráfico e de aprendizagem, além de sugestões de tecnologias gratuitas para a criação
de objetos educacionais de melhor qualidade, conduzindo a um novo olhar para a melhoria da
comunicação visual de seus objetos de aprendizagem.
Entre os objetivos propostos para a formação, destacam-se: investigar as possibilidades
de melhoria da linguagem visual dos objetos de aprendizagem produzidos por professores por
meio de uma intervenção feita com uma formação específica para o design educacional, de
forma a promover a consciência visual nos professores, comprovando a necessidade de
formação no campo do
design
educacional para professores atuantes, tanto como para futuros
professores;
aprender a aplicar conceitos de sintaxe da linguagem visual na produção de objetos
de aprendizagem eficientes, com foco na melhoria das perspectivas de atenção, compreensão e
aprendizagem do aluno, assim como na ampliação da atuação docente, para além da educação
presencial e formal e gestão de conteúdos educacionais.
O público-alvo foram professores atuantes nos diversos níveis de ensino e em áreas de
atuação diversas.
Dos requisitos para a participação, para a escola participante, era preciso
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Aperfeiçoamento de professores em design educacional e de aprendizagem para produção de slides
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1695-1713, jul./set. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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disponibilizar o laboratório de informática e acesso à internet para a realização do curso e, para
os alunos participantes, era
ceder um exemplar de objeto de aprendizagem (
slide
) feito pelo
próprio participante, possuir conta de e-mail (preferencialmente Gmail) e noções básicas de uso
de tecnologias de informação e comunicação: computador e internet.
Amostra
A amostra intencional da formação continuada foi composta por grupos de professores atuantes
em 4 escolas diferentes, sendo: uma instituição particular do Ensino Infantil ao Médio e três
instituições Estaduais de Ensino, que ofertam Ensino Fundamental II e/ou Ensino Médio (uma
delas de ensino integral), cada qual com seu quadro de professores.
Do total de participantes da formação, 99 professores, entre os constituintes dos quadros
funcionais das instituições públicas e os voluntários da instituição privada em que a formação
foi autorizada, 84 deles (equivalente a 84,84%) participaram, também, das atividades de apoio
na plataforma Google Classroom; contudo, apenas uma parte assinou o TCLE (Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido) para participar desta pesquisa, portanto, a amostra do
estudo se deu com o total de 68 professores, o equivalente a 68,7% do total de professores
integrantes do quadro funcional das quatro IE participantes, conforme disposto no Quadro 1.
Quadro 1
–
Das instituições e professores participantes
Tipo de
Instituição
de Ensino
(IE)
Tempo da
formação
Professores participantes da formação
Professores
participantes
da pesquisa
PRESENCIAL
12h
PLATAFORMA DE APOIO
ONLINE 8h
ASSINARAM
O TCLE
IE1
Privada de
Ed. Infantil
ao Ensino
Médio
Fevereiro/2019
41
40
32
IE2
Pública de
Ensino
Médio
Março a
julho/2019
12
11
2
IE3
Pública
(Integral) de
Ensino
Médio
Abril a
agosto/2019
26
19
16
IE4
Pública de
Ensino
Fundamental
II e Médio
Julho a
setembro/2019
20
14
18
TOTAL
PARCIAL
Fevereiro a
setembro/2019
99
84
68
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Renata de Oliveira SBROGIO e Vania Cristina Pires Nogueria VALENTE
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–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara v. 17, n. 3, p. 1695-1713, jul./set. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.14644
1702
TOTAL
GERAL
100%
84,84%
68,68%
Fonte:
Dados da pesquisa (2019)
O baixo índice de professores inclinados a contribuir com a pesquisa é umas das
questões que precisam ser analisadas, e a fala de uma das professoras da formação aplicada nos
dá um indício do que pode ter acontecido para este baixo índice. Segunda ela,
Quanto ao planejamento e execução da formação e da pesquisa, sinto que
atende às nossas necessidades de professores para nos adequarmos a outras
tecnologias e técnicas de exposição didática das aulas, entretanto, acredito
que sou parte de um grupo de professores bem diferente de mim, os quais têm
resistência às mudanças teóricas e tecnológicas além de não compreenderem
os respectivos papeis ao colaborarem efetivamente para a parceria entre
escolas públicas e universidades públicas
(PROFESSORA A, 2019).
Com relação à formação ofertada aos professores, é importante ressaltar que todos os
envolvidos na pesquisa receberam o mesmo conteúdo como formação, contudo, em divisões de
tempos diferenciados e em condições infraestruturais também diferenciadas, o que
destacaremos nas análises quando necessário.
Conteúdo
O conteúdo desenvolvido e proposto para a formação foi dividido em diversas aulas, e
a sua aplicação foi organizada de acordo com a disponibilidade das Instituições de Ensino
participantes, realizadas durante as reuniões da ATPC (Aula de Trabalho Pedagógico Coletivo),
num total de 20h/aulas, conforme disposto no Quadro 2:
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Aperfeiçoamento de professores em design educacional e de aprendizagem para produção de slides
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Quadro 2
–
Conteúdos propostos na formação
Modalidade
Conteúdo proposto
Aula Presencial
(12h):
teoria e
prática
Apresentação do curso, do professor e do cronograma das atividades. Introdução ao
conceito de design instrucional/educacional; Conceitos e exemplos de objetos de
aprendizagem; Princípios básicos do design aplicados aos objetos de aprendizagem
(cores/formas/diagramação); Plágio de conteúdo e uso de imagens em objetos
educacionais. Apresentação de
Tecnologias de Informação e Comunicação gratuitas para
a criação de objetos de aprendizagem.
(Re)criação de objeto de aprendizagem (
slide
)
individual ou coletivamente, aplicando-se os conceitos ensinados na formação. Aplicação
do formulário de pesquisa final da formação. Entrega do objeto de aprendizagem refeito.
Aula a distância
(8h):
suporte e
dúvidas
Apoio pedagógico e complementação do conteúdo a distância para os alunos no ambiente
Google Classroom
(plataforma gratuita e
online
para montagem de salas de aula virtuais
fornecida pelo Google For Education),
Fonte:
Elaborado pelos autores
A escolha do
Google Classroom
para abrigar o ambiente virtual de aprendizagem para
essa formação continuada deu-se, justamente, pelos benefícios de ser uma plataforma intuitiva
e sem custo para o suporte das atividades realizadas a distância.
Na formação, os professores tiveram contato com os princípios básicos do design
gráfico e de aprendizagem, além de tecnologias gratuitas para a criação de objetos educacionais
de melhor qualidade, conduzindo a um novo olhar para a melhoria da comunicação visual de
seus objetos de aprendizagem.
Antes de iniciar a formação, como passo inicial, foi realizada uma coleta de objetos de
aprendizagem (
slides
), elaborados pelos próprios professores participantes, ficando o tema a
cargo da área de conhecimento de cada um. Ao final da formação, os professores entregaram
novamente o objeto, refeito de acordo com os conceitos ensinados sobre design de
aprendizagem e design educacional, para análise e comparação a serem realizadas por
profissionais com domínio do assunto (juízes), em fase posterior, ainda em aplicação.
No final do curso, os participantes também responderam sigilosamente a um breve
questionário com questões objetivas e dissertativas sobre suas impressões a partir da
experiência obtida com a formação.
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Renata de Oliveira SBROGIO e Vania Cristina Pires Nogueria VALENTE
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara v. 17, n. 3, p. 1695-1713, jul./set. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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Resultados e análises
Veremos, inicialmente, os dados observados em cada uma das formações separadamente
para, depois, apontar as análises gerais.
Instituição de ensino 1 (IE1)
Na
IE 1
, a única instituição privada a participar da pesquisa-ação, participaram da
formação 41 professores (sendo apenas um do sexo masculino) que atuam nas áreas da Ed.
Infantil e Fundamental I e II, sendo que apenas 32 aceitaram participar da pesquisa, assinando
o TCLE e respondendo ao formulário final corretamente. Nessa turma, cinco (5) participantes
entregaram o termo assinado, mas separado do formulário, impossibilitando a identificação da
satisfação, e uma (1) participante entregou o formulário preenchido, mas o termo não. Então,
estes seis (6) integrantes não foram considerados nas análises de satisfação do final da
formação.
A resposta dos professores ao final da formação aponta que 89% dos professores tiveram
suas expectativas totalmente atendidas e apenas 11% parcialmente atendidas.
Analisando individualmente os dados coletados, temos, conforme apresentado no
Infográfico 3 (p. 14):
Com relação ao tema e conteúdos abordados, 66% consideram “muito importante” e
34% consideram “importante”. Nenhum deles identificou como pouco ou nada importante para
a sua formação profissional. A habilidade em utilizar esta tecnologia também foi diferencial,
apesar da dificuldade apresentada por uma pequena parte do grupo, que foi amenizada pela
possibilidade de trabalho cooperativo, o que motivou a participação daqueles que tinham maior
receio em lidar com os equipamentos e atividades da formação. A boa relação do grupo foi
providencial neste processo.
Assim como na questão 1, sobre o atendimento das expectativas, 89% dos professores
acreditam que, sim, os novos
slides
, após as alterações realizadas durante a formação, atendem
totalmente às necessidades de aprendizagem de seus alunos; outros 11% acreditam que atendem
apenas parcialmente.
Observa-se que 100% dos
professores dessa instituição pretendem usar os
conhecimentos adquiridos, contudo, os excelentes resultados obtidos nessa formação, em
especial, podem estar relacionados, além do espírito autocrítico dos professores envolvidos, às
questões infraestruturais da escola, que forneceu uma sala ampla e confortável para a formação
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Aperfeiçoamento de professores em design educacional e de aprendizagem para produção de slides
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1705
e, também, os “
chromebooks
6
”. Além disso, essa formação também obteve vantagens no fato
de ter acontecido em três encontros presenciais de 4h cada, durante três sábados seguidos. Isso
favoreceu a aplicação dos conceitos estudados e a possibilidade de não se perder muito tempo
com a revisão de conteúdo.
Outro fator que acreditamos ter acarretado forte influência no sucesso dos resultados é
o fato de que, nesta formação, a sugestão das pesquisadoras junto à coordenação da instituição
foi acatada, e tanto a formação foi realizada fora do horário de trabalho e ATPCG (Aula de
Trabalho Pedagógico Geral)
da instituição, como os professores participantes foram convidados
e não convocados de forma arbitrária. Assim, formando uma lista de intenções, dentro dos
limites da sala ofertada para a formação, formou-se uma turma realmente interessada no
aperfeiçoamento.
Instituição de ensino 2 (IE2)
A partir desta turma, a
IE2
, é válido notar que todas as turmas fizeram a formação
durante o ATPCG das instituições (todas públicas), visto que as coordenações não acreditaram
que teríamos adeptos por interesse próprio. Assim, todos os professores das instituições em
questão foram obrigados a participar da formação. Por isso, os resultados, tanto da participação
em sala de aula como no ambiente virtual de aprendizagem, foram menores, mesmo que
tenhamos resultados satisfatórios nas respostas do formulário respondido no final da formação,
como veremos a seguir.
Nesta turma participaram 12 professores, sendo que apenas 2 aceitaram participar da
pesquisa e assinaram o TCLE.
Na formação da
IE2,
os problemas de atenção durante a formação foram intensos. A
formação aconteceu na sala de informática da instituição. Notou-se, nessa turma, que a
habilidade com tecnologias, em especial o uso do Microsoft PowerPoint®, da maioria dos
professores participantes, era de mediana a baixa, contudo, o desinteresse foi mais dominante
nesta turma.
Observa-se, ainda, que a disponibilização de ambiente apropriado e de equipamento por
parte da instituição não foram fatores que interferiram ou influenciaram para um resultado
positivo na formação. Nessa turma, houve uma grande dificuldade com as habilidades
6
Os
chromebooks
se diferenciam dos
notebooks
pela iniciação do sistema operacional de forma mais rápida e por
serem equipamentos mais leves e práticos para usos diversos, em especial para trabalhos com arquivos em nuvem
e serviços diversos da Google (nota da autora).
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Renata de Oliveira SBROGIO e Vania Cristina Pires Nogueria VALENTE
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara v. 17, n. 3, p. 1695-1713, jul./set. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.14644
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essenciais no uso das tecnologias para a produção dos
slides.
Esse pode ter sido um fator que
influenciou a desistência do grupo em participar da pesquisa.
Instituição de ensino 3 (IE3)
Na
IE3
, tivemos resultados satisfatórios dentro da sala de aula, embora a maioria dos
professores não tenham se sentido seguros em realizar as atividades práticas oferecidas; o nível
de atenção deu-se dentro do esperado, provavelmente, por observar-se que a coordenação da
instituição incentiva o uso e a prática pedagógica com apoio de tecnologias digitais desde que
a escola começou a ofertar ensino em período integral, há aproximadamente 5 anos, recebendo
a instalação de lousas digitais interativas em todas as salas de aula.
Nesta turma, participaram 26 professores, sendo que apenas 16 aceitaram participar da
pesquisa e assinaram o TCLE. Com 100% de atendimentos das expectativas, entre os
professores formados nesta turma, destacamos a fala de duas professoras. Uma delas declara
que: “O curso mostrou o quanto não sabemos mesmo sobre os Objetos de Aprendizagem e o
quanto fazem diferença no aprendizado” (PROFESSORA B) e, a outra, atenta para: “Excelentes
aulas e dicas. Repensei todos meus
slides
durante meus anos como professora ou palestrante.
Acredito que serão melhores usados agora, embora seu uso seja suporte e não foco (como bem
destacado na pesquisa/trabalho)” (PROFESSORA
C).
Existe um equilíbrio entre os que acreditam que a formação foi muito importante ou
importante. Entre os integrantes que refizeram seus OA, todos acreditam que houve melhoras
e atendem aos objetivos de ensino e de aprendizagem de suas disciplinas. Também se observa
excelente resultado no intento de aproveitar os conhecimentos partilhados na formação, muito
embora uma professora tenha declarado que “A formação foi completa e para o nosso cotidiano
eu aproveitei somente alguns itens” (PROFESSORA D).
Outra observação importante nesta turma é que as aulas acontecerem em uma sala de
aula adaptada para trabalhos em grupo e não no laboratório de informática, até porque nos foi
informado antes da formação que a escola dispunha de
wi-fi
(conexão sem fio à internet) e que
os professores dispunham de seus próprios equipamentos para trabalhar com os
slides
. No
entanto, apenas uma pequena parcela dos professores se dispôs a levar seu próprio equipamento
para usar durante a formação, sendo, em média, entre 5 e 7 professores em cada módulo do
processo formativo.
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Aperfeiçoamento de professores em design educacional e de aprendizagem para produção de slides
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Instituição de ensino 4 (IE4)
Nesta última turma em formação (
IE4
), identificamos uma queda considerável nos
resultados alcançados, tanto na atenção dos professores durante a formação quanto na
participação das atividades práticas. Poucos participantes estavam atentos, preferiram realizar
atividades do cotidiano escolar nos computadores da sala de informática onde estava ocorrendo
a formação ao invés de aproveitar os conteúdos durante as aulas, muito embora os números da
pesquisa realizada após a formação não demonstrem essa dificuldade: atenta-se que apenas 6%
dos professores não acreditam que os
slides
refeitos atendam aos requisitos de aprendizagem.
Nesta turma, participaram vinte professores, sendo que 18 aceitaram participar da
pesquisa e assinaram o TCLE, constituindo o melhor percentual de aceitação em participar da
pesquisa entre todas as turmas, 90%. Percebeu-se um resultado melhor em relação à
conscientização quanto ao grau de importância da formação que na instituição anterior,
contudo, não obtivemos o mesmo retorno nas impressões pessoais dentro da sala de aula, sendo
o índice de participação das atividades práticas de cerca de apenas 13% a 18% dos participantes
nessa formação (entre três e quatro professores durante cada módulo), o que pode ter
influenciado nos resultados obtidos.
As principais diferenças que podemos apontar e que podem nos dar diretrizes para
analisar estes resultados são que: a IE3 é de porte maior que a IE4, ambas são em cidades
pequenas, mas a IE4 se localiza em uma cidade bem menor que a primeira e com quantidade
de professores também menor.
Questionário de avaliação da formação
O questionário aplicado ao final da formação foi elaborado com 5 questões, sendo uma delas
dissertativa, todas referentes à formação recebida, de forma a avaliar o entendimento da
importância e efetividade da formação para os participantes. Obtivemos, então, nas 4 questões
objetivas, os seguintes resultados:
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Quadro 3
–
Resultados do questionário aplicado ao final da pesquisa-ação
Institu
ição de
Ensino
Questão 1: A formação
atendeu às expectativas?
Questão 2: Julga a
formação importante
para professores?
Questão 3: Os s
lides
refeitos melhoram?
Questão
4:
Pretende
aplicar os
conhecim
entos?
TOTALM
ENTE
PARCIAL
MENTE
MUITO
IMPORT
ANTE
IMPORT
ANTE
TOTALM
ENTE
PARCIAL
MENTE
SIM
IE1
89%
11%
66%
34%
89%
11%
100%
IE2
100%
0%
50%
50%
100%
0%
100%
IE3
100%
0%
53%
47%
100%
0%
100%
IE4
100%
0%
81%
19%
94%
6%
100%
TOTA
L
97%
3%
63%
38%
96%
4%
100%
Fonte:
Dados da pesquisa (2019)
A questão 5, única dissertativa, era para expressão livre dos participantes, de forma que
pudessem relatar algum detalhe, opinião ou crítica em relação à formação recebida.
Entre as opiniões deixadas no campo “Observações” da pesquisa final da formação,
encontramos a opinião de alguns professores dessa turma, como: “
Ótimas aulas vêm acrescentar
na formação dos professores” (PROFESSOR E), “Excelente formação” (PROFESSORA F),
“Foi de muito valor e interessante” (PROFESSORA G).
A despeito das opiniões positivas, há indícios observados de que o aproveitamento da
formação, no geral, não foi tão positivo ou construtivo como desejava-se. O tempo curto de
formação, provavelmente, foi um fator determinante para esse resultado, visto que houve a
necessidade de encurtar os conteúdos e as atividade práticas.
Outro fator que se identifica como entrave, assim como Citelli verificou em sua pesquisa
quase dez anos atrás, é que:
[...] a convivência e/ou familiaridade maior com os computadores, a internet,
os aparelhos de televisão digital não se integra, necessariamente, nos projetos
ensejados nas instituições destinadas à formação dos professores, tampouco
nas práticas por estes levadas a termo nas salas de aula do Ensino Básico
(CITELLI, 2010, p. 24).
Se esse “desajuste”, como considera Citelli, era uma das fontes geradoras de
problemas
que alcançavam parte da Educação formal no Brasil (CITELLI, 2010, p. 24-25), continua
sendo! Também se percebe que não só os professores, mas
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Aperfeiçoamento de professores em design educacional e de aprendizagem para produção de slides
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[...] a escola experimenta os recursos tecnológicos com desconforto e
insegurança, visto que há um desconhecimento dos seus sistemas e
consequentemente dos seus processos. Além da ausência de domínio das
linguagens não escolares, em muitos casos, ou na maioria deles, a escola
pública brasileira ainda não conseguiu a modernização física das salas de aula,
o que afasta os agentes educadores do campo da comunicação (COUTINHO;
LOPES, 2011, p. 143).
Esse desconforto foi evidente na atuação dos professores em todas as formações
oferecidas, mas, com maior intensidade nas escolas públicas, demonstrando que muitos deles
ainda não se deram conta de que os processos de comunicação estão no cerne da sua profissão,
e não demandam apenas dos recursos da escola, mas, essencialmente, dos que hoje fazem parte
das ferramentas de trabalho docente: equipamentos como computador e celular, conhecimentos
de
softwares
, navegadores de internet, editores de textos,
slide
e planilhas. Isso fica evidente
quando tentamos analisar os resultados da pesquisa-ação e observamos que os resultados
quantitativos não representam os resultados qualitativos.
Por fim, vale ressaltar que, quando falamos em processos de comunicação na educação
estamos falando em TIC e TDIC (Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação), em
processos e estratégias comunicativas, e tudo mais que se relacione com a área, incluindo o
Design Educacional e de Aprendizagem. Assim, quando falamos em formação de professores,
temos que considerar todos esses recursos como essenciais.
Paz (2017, p. 1666) nos lembra que “A profissão de professor é desafiadora, dinâmica,
em constante evolução, e sua formação não poderia trilhar por caminhos diferentes, a gama de
competências para ensinar evolui com os indivíduos, com a sociedade
.” Ainda para Paz, sempre
que desenvolve uma nova habilidade ou competência, o professor, além de melhorar sua
qualificação, também se renova como ser humano, atuando de forma crítica e produtora de
conhecimento.
Etapa posterior (complementação da pesquisa-ação)
Para a aplicação da formação, o passo inicial foi a coleta de objetos de aprendizagem na
forma de
slides
, elaborados pelos professores participantes, ficando o tema a cargo da área de
conhecimento de cada um.
Durante as formações aplicadas aos professores foram realizadas as modificações em
seus
slides
, aplicando os conceitos ensinados durante as aulas. Os participantes entregaram os
arquivos de seus
slides
refeitos, para análise e comparação ente o antes e o depois, por
profissionais da área do design (gráfico/educacional) e áreas afins, de forma a construir uma
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Renata de Oliveira SBROGIO e Vania Cristina Pires Nogueria VALENTE
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara v. 17, n. 3, p. 1695-1713, jul./set. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.14644
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visão mais precisa dos resultados da formação, identificando a eficácia dos conceitos
aprendidos e aplicados nos objetos.
Apresentando simplificadamente os resultados positivos dos esforços na formação,
somam 37,1% considerando as melhoras moderadas e acentuadas, 59% sem melhora
identificada e 3,8% de piora na reformulação dos OA, conforme Gráfico 1, a seguir.
Gráfico 1
–
Desempenho geral dos OA comparados
Fonte: Dados da pesquisa (2020)
Com esses resultados foi possível, dentro das condições propostas, elaborar a
prototipação de uma formação que seja mais adequada ao público docente, ao tempo de que
dispõe para atualização e que possa ser aplicada de forma mais ampliada quanto possível,
oferecendo condições de Multiletramentos, especialmente o Letramento Visual (que foi o foco
principal dessa formação), ao maior número de educadores possível.
Esta etapa foi concluída ao longo de todo o ano de 2020, e os resultados completos estão
publicados na tese defendida em abril de 2021
7
.
7
Tese intitulada “Design e ensino
-aprendizagem: entre
slides
e formação de professores” (
SBROGIO, 2021).
Disponível em: https://repositorio.unesp.br/handle/11449/204735. Acesso em: 12 out. 2021.