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Gênero e sexualidade: Vivências e concepções de jovens universitários/as do curso de psicologia da cidade de São Paulo
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1181-1196, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14662
1181
GÊNERO E SEXUALIDADE: VIVÊNCIAS E CONCEPÇÕES DE JOVENS
UNIVERSITÁRIOS/AS DO CURSO DE PSICOLOGIA DA CIDADE DE SÃO PAULO
GÉNERO Y SEXUALIDAD: VIVENCIAS Y CONCEPTOS DE JÓVENES
UNIVERSITARIOS/AS DE LA CARRERA DE PSICOLOGÍA EN LA CIUDAD DE SÃO
PAULO
GENDER AND SEXUALITY: EXPERIENCES AND CONCEPTS OF YOUNG
UNIVERSITY STUDENTS FROM THE PSYCHOLOGY COURSE IN THE CITY OF
SÃO PAULO
Marina TEDESCHI CANO
1
Ana Paula LEIVAR BRANCALEONI
2
RESUMO:
A promoção de debates sobre desigualdades sexuais e de gênero entre os jovens
universitários torna-se cada vez mais necessária. Esta pesquisa tem por objetivo identificar
compreensões de jovens universitários de cursos de Psicologia, de instituições de Ensino
Superior particulares da cidade de São Paulo, sobre sexualidade e gênero, assim como o papel
formador, exercido por elas, no que se refere aos temas. Adotou-se abordagem qualitativa e,
como instrumento de coleta de dados, entrevistas semiestruturadas com dez universitários/as,
analisadas pela Análise Temática. Constatou-se que: as instituições não apresentam propostas
de trabalho com gênero e sexualidade; existe pouco espaço de promoção de discussões sobre
os temas; as instituições não são meios de obtenção de informação sobre o tema; são
reproduzidos preconceitos e discriminações em práticas institucionais; as relações dos
universitários com seus pares participam da construção de suas concepções sobre sexualidade.
Destaca-se, portanto, a importância do fomento à educação sexual no Ensino Superior.
PALAVRAS-CHAVE:
Gênero. Sexualidade. Universitários. Educação sexual.
RESUMEN:
La promoción de debates sobre desigualdades sexuales y de género entre los
jóvenes universitarios se hace cada vez más necesaria. Se tiene por objetivo identificar
entendimientos de jóvenes universitarios de carreras de Psicología de instituciones de
Enseñanza Superior privadas de la ciudad de São Paulo sobre sexualidad y género, así como
el rol formativo ejercido por las mismas con relación a esos temas. Se adoptó el enfoque
cualitativo y, como instrumento de recolección de datos, entrevistas semiestructuradas con
diez universitarios/as, analizadas por el Análisis Temático. Se constató que: las instituciones
no presentan propuestas de trabajo con género y sexualidad; hay poco espacio de promoción
de debates sobre los temas; se reproducen prejuicios y discriminaciones en prácticas
institucionales; las relaciones de los universitarios entre sus pares participan de la
1
Universidade Estadual Paulista (UNESP), Araraquara
–
SP
–
Brasil. Mestranda no Programa de Pós-Graduação
em Educação Sexual. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-2174-6288. E-mail: matedeschicano@gmail.com
2
Universidade Estadual Paulista (UNESP), Araraquara
–
SP
–
Brasil. Docente do Programa de Pós-Graduação
em Educação Sexual. Doutorado em Psicologia. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-5927-4175. E-mail:
ana.brancaleoni@unesp.br
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Marina TEDESCHI CANO e Ana Paula LEIVAR BRANCALEONI
RIAEE
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1181-1196, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14662
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construcción de sus concepciones sobre sexualidad. Se destaca, por lo tanto, la importancia
del fomento a la educación sexual en la Enseñanza Superior.
PALABRAS CLAVES:
Género. Sexualidad. Universitarios. Educación sexual.
ABSTRACT:
It has been necessary to broaden the debate and struggles against both sexual
and gender inequalities. This article aims to identify the understandings of young university
students, enrolled of Psychology courses at private higher education institutions in the city of
São Paulo, about sexuality and gender, as well as your formative role in relation to the
subject. The qualitative approach was adopted and interviews with ten university students
were conducted by Thematic Analysis and it was found that: institutions do not deal with
gender and sexuality-related issues; there is little or no space for debate and discussion on
the topic; institutions have not been a vehicle for obtaining information about the
subjects; prejudice and discrimination are reproduced in institutional practices; university
students' relationships among their peers participate in the construction of their conceptions
about sexuality. The found data highlight the importance of creating / expanding spaces for
reflection and discussion related to gender and sexuality in Higher Education.
KEYWORDS:
Gender. Sexuality. College students. Sex education.
Introdução
Desde o nascimento de uma criança, a classificação de gênero pauta-se na noção
binária dos corpos biológicos, designando-se se é homem ou mulher. Esse registro, a partir do
momento em que é realizado, traz consigo uma série de características que vão “dizer” de que
maneira esse sujeito deverá se constituir ao longo de sua vida, formando uma delimitação
muito bem definida da naturalização dessas construções (LUCIFORA
et al.
, 2019). O sujeito
que transitar entre ambas as categorias estará se colocando em uma dimensão de
questionamento em relação à sua sexualidade e/ou identidade de gênero, a partir das normas
sociais, políticas e culturais de um determinado contexto histórico.
O conceito de gênero surge na década de 1970, tornando-se notório nas ciências
apenas a partir da década de 80. Tem como intuito inicial distinguir a dimensão biológica da
dimensão da construção histórica da constituição dos sujeitos. Esse conceito permitiu a
abertura de um novo campo de ação para desconstruir categorias já estabelecidas, e é a partir
do uso do mesmo que foi possível começar o questionamento e a desconstrução das categorias
homem e masculino/mulher e feminino (MATOS, 2008).
O debate sobre Gênero e Sexualidade vêm ganhando cada vez mais relevância. No
Brasil, questões como as desigualdades de gênero e os altos índices de violência contra
mulheres, pessoas transexuais e homossexuais demandam que o assunto seja profundamente
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Gênero e sexualidade: Vivências e concepções de jovens universitários/as do curso de psicologia da cidade de São Paulo
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debatido no âmbito acadêmico e que a categorização e a naturalização dos gêneros, nos
diversos espaços sociais, sejam problematizadas. Louro (2007) nos adverte sobre os processos
de hierarquização, em que as diferenças são tomadas como atributos de desigualdade,
pautando relações sociais de poder.
Os processos de classificação e hierarquização binária e heteronormativa dos gêneros
resulta em exclusão, abjeção e violência. Os números de violência de gênero, no Brasil,
expressam os efeitos nefastos dessa configuração. Segundo o Ministério dos Direitos
Humanos - MDH (2018), registrou-se, através da Central de Atendimento à Mulher, 79.661
relatos de violência física e psicológica no período de janeiro a julho de 2018. Além disso, o
Brasil é o país no qual mais se registram mortes contra minorias sexuais. Os relatórios
realizados pelo Grupo Gay da Bahia (MICHELS, 2018) apontam o índice de uma morte a
cada 20 horas, por assassinato ou suicídio, de vítimas da LGBTfobia, apenas no ano de 2018.
Durante o ano de 2019, houve 297 homicídios e 32 casos de suicídio (OLIVEIRA; MOTT,
2020).
Destaca-se que a violência ainda se agrava quando se trata de pessoas transexuais e
travestis. Segundo a Associação Nacional de Travestis e Transexuais - ANTRA, por meio de
boletim informativo, registraram-se 151 assassinatos de travestis no período de 1º a 31 de
outubro de 2020, ou seja, 22% a mais em relação ao ano de 2019, que totalizou 124 mortes
(ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE TRAVESTIS E TRANSEXUAIS, 2020).
Assim, é essencial problematizar a forma como as diferenças anatômicas, sexuais e de
gênero são hierarquizadas, uma vez que nossa sociedade produz, através dos processos
linguísticos e dos discursos de significação, o diferente como algo que não é “normal”. Para
Louro (2018), essa inscrição é feita, nos corpos, a partir das marcas de determinadas culturas,
compostas e definidas pelas redes de poder de uma sociedade. Butler (2003) aponta que:
Em outras palavras, a construção política do sujeito procede vinculada a
certos objetivos de legitimação e de exclusão, e essas operações políticas são
efetivamente ocultas e naturalizadas por uma análise política que toma as
estruturas ocultas e naturalizadas por uma análise política que toma as
estruturas jurídicas como seu fundamento (BUTLER, 2003, p. 19).
Sob a perspectiva da compreensão da construção histórica, social, política e cultural
dos conceitos de gênero, sexualidade, feminino e masculino, se faz necessário entender
também de que maneira os sujeitos sociais reproduzem essas categorias nos diversos setores
de nossa sociedade. No que diz respeito ao setor educacional no Brasil, é possível encontrar
diversos trabalhos e estudos a respeito do tema gênero e sexualidade, relacionados à Educação
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Marina TEDESCHI CANO e Ana Paula LEIVAR BRANCALEONI
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Básica e à formação de professores. O que nos chama atenção é que, quando se refere ao
Ensino Superior, o trabalho com jovens universitários em relação a essa temática ainda é
pouco problematizado, mesmo que seja um espaço educacional propício à discussão e à
reflexão sobre as categorizações de gênero.
Destaca-se também que a atribuição do Ensino Superior é formar profissionais
capacitados para respeitar e lidar com as diversidades. De acordo com a LDB
–
Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), número 9.394/96, artigo 43, a Universidade
deve garantir a formação de profissionais em diversas áreas do conhecimento, que atuem
profissionalmente em setores de trabalho que visem o desenvolvimento da sociedade,
permitindo que os alunos e alunas recebam estímulos para criação cultural, desenvolvimento
do pensamento crítico e conhecimento científico (BRASIL, 1996). Além disso, é também
dever da Universidade a formação de cidadãos responsáveis com a sociedade, que prestem
serviços à comunidade e que se conscientizem dos problemas do mundo (CASTRO
et al.
,
2016).
Os jovens universitários, de acordo com a Organização Pan Americana de Saúde
(OPAS), são categorizados como juventude ou adolescência tardia, um período que
compreende a tentativa de atingir um processo de maturidade cognitiva, emocional, física e
social, além da busca por sua individualidade. É um período em que o jovem transita da
infância para a vida adulta, vivenciando novas experiências sexuais atreladas a incertezas e
dúvidas, como seria o caso das preocupações com gravidez, doenças sexualmente
transmissíveis etc (ZOCCA
et al.
, 2016).
Qual seria, então, o trabalho desenvolvido pelas instituições de Ensino Superior em
relação à Educação Sexual? Como o tema sexualidade e gênero está inserido nesse contexto?
Os alunos e alunas possuem algum acesso à formação e/ou fontes de informação relacionados
ao tema em sua formação na graduação? Essas questões foram importantes para delimitar o
campo do presente artigo, partindo do questionamento sobre a relação entre universitários e a
temática gênero e sexualidade.
Assim, a partir da relevância de discussões e debates em relação ao tema gênero e
sexualidade entre o público universitário, propõe-se investigar a percepção de graduandos de
psicologia sobre a formação em sexualidade e gênero promovida pela Universidade, assim
como o papel desempenhado pela mesma na constituição de suas concepções atuais sobre as
temáticas.
Destaca-se que, segundo a Resolução do Conselho Federal de Psicologia de n. 001/99,
Art. 2º, os profissionais formados em Psicologia devem contribuir com seu conhecimento
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Gênero e sexualidade: Vivências e concepções de jovens universitários/as do curso de psicologia da cidade de São Paulo
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para uma reflexão sobre o preconceito, visando o desaparecimento de discriminações e
estigmatizações contra aqueles que apresentam comportamentos ou práticas homoeróticas e
proíbe qualquer ação de psicólogos(as) que possam colaborar com uma representação da
homossexualidade como doença ou anormalidade, bem como realizar terapias para mudança
de sua orientação sexual.
Além disso, os cursos de Psicologia devem estar em consonância com a temática da
diversidade, integrando-a em seu programa, já que o debate das políticas de inclusão das
minorias é um dos desafios da Educação e, também, por ser um curso que tem sido muito
influente nos discursos educacionais (DINIS, 2012). Ressalta-se que o código de ética
profissional do psicólogo (CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, 2005) também prevê,
segundo seus princípios fundamentais, que o psicólogo deve trabalhar visando promover
saúde e qualidade de vida das pessoas e das coletividades e contribuirá para a eliminação de
quaisquer formas de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
Procedimentos metodológicos
Adotou-se abordagem qualitativa de pesquisa, escolhida por possibilitar o trabalho
com questões que não podem ser quantificadas. Seu objeto se relaciona com o universo dos
significados, crenças, valores, aspirações e atitudes, que dizem respeito aos fenômenos
humanos que estão atrelados aos pensamentos e interpretações de suas ações a partir de uma
realidade vivida (MINAYO, 1994). Como nos indica Minayo (1994): “a interrelação que
contempla o afetivo, o existencial, o contexto do dia a dia, as experiências e a linguagem do
senso comum no ato da entrevista é condição
sine qua non
do êxito da pesquisa qualitativa.”
Em relação aos sujeitos da pesquisa, são jovens do último ano da graduação de cursos
de Psicologia de Instituições de Ensino Superior da cidade de São Paulo. Escolheu-se como
recorte o último ano de graduação uma vez que a pesquisa está relacionada às experiências
vivenciadas pelos entrevistados ao longo de sua permanência nas instituições. A escolha por
alunos e alunas do curso de Psicologia foi feita em função da proximidade entre Psicologia
com o tema sexualidade, pois embora os currículos, em geral, não possuam nenhuma
disciplina específica sobre essa temática, a Psicanálise está presente em toda formação de
graduação em Psicologia, o que faz com que de uma forma ou de outra encontrem-se por dada
perspectiva teórica com o tema (MOURA
et al.
, 2011).
Destaca-se também que faz parte da formação do psicólogo o desenvolvimento da
escuta qualificada, ou seja, uma escuta que não traga juízo de valores e moral, possibilitando
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que assuntos polêmicos possam surgir nessa abertura de espaço para a diversidade,
preconizada pelo código de ética da profissão (MOURA
et al.
, 2011). Assim, para que esta
condição seja promovida, é fundamental que os cursos contemplem a dimensão da
diversidade e do respeito à mesma, rompendo com padrões normativos instituintes e
mantenedores de relações de exclusão e violência.
Para a realização da pesquisa foram escolhidos dez sujeitos, e as entrevistas foram
analisadas profundamente para que os significados das respostas não fossem elaborados
superficialmente. De acordo com Bogdan e Biklen (1994), o interesse por esse tipo de
pesquisa se dá pelo fato de o pesquisador querer entender a maneira que as pessoas vivenciam
suas experiências, o que pensam sobre as mesmas e como estão inseridas em seus contextos
de vida. Dessa forma, a troca entre o investigador e o sujeito é mais semelhante a uma
conversa do que uma sessão formal de perguntas.
Os sujeitos foram escolhidos a partir da divulgação da pesquisa através de pessoas do
círculo social de uma das pesquisadoras. O critério de exclusão foi de sujeitos que não
estivessem cursando o último ano do curso de Psicologia. Foram escolhidas 5 universitárias
do gênero feminino e 5 do gênero masculino, com o intuito de obter paridade de gênero.
O convite para a participação foi realizado pessoalmente, com as explicações sobre os
objetivos da pesquisa e a entrega e leitura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido,
elaborado pelos pesquisadores e assinados digitalmente antes do início da pesquisa, após
aprovação pelo Comitê de Ética.
Para a coleta de dados, foi utilizada a entrevista semiestruturada, que possibilita que os
sujeitos possam expressar livremente suas opiniões e reflexões além da proposta da pesquisa.
Foi elaborado pelos pesquisadores um roteiro de entrevistas. As entrevistas foram áudio-
gravadas e integralmente transcritas posteriormente. Decidiu-se que as entrevistas fossem
realizadas por videochamada em função da pandemia por Covid-19 que assola o país.
Para análise de dados, utilizou-se o método de Análise Temática, proposto por Minayo
(1994). Ele consiste em analisar as falas dos sujeitos a partir do contexto social em que estão
inseridos, sendo os resultados constituídos numa aproximação da realidade social. Esse
método possui dois níveis de interpretação dos dados coletados: o primeiro se refere à
conjuntura sócio-histórica que o grupo pesquisado está inserido e o segundo ao que aparece
no encontro que realizamos com os fatos que surgem na investigação (GOMES, 1994). As
categorias da pesquisa foram elaboradas a priori, baseadas no roteiro de entrevista utilizado
para a coleta de dados. Para o presente artigo, a categoria analisada segue no quadro abaixo:
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Gênero e sexualidade: Vivências e concepções de jovens universitários/as do curso de psicologia da cidade de São Paulo
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DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14662
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Quadro 1
–
Descrição da categoria analisada
Tema
Categoria
Descrição
●
Relações entre instituições de Ensino
Superior e questões de gênero e sexualidade;
●
Espaços de informação e discussão nas
instituições de Ensino Superior;
●
Informação sobre gênero e sexualidade;
●
Experiências e compreensões a partir de
vivências universitárias.
Instituições
de Ensino
Superior e
educação
sexual
Nessa categoria discute-se quais
ações formativas as instituições de
Ensino Superior fornecem em
relação ao gênero e à sexualidade;
espaços de discussão e acolhimento
institucional. Discute-se também a
atuação de coletivos de estudantes
nesse processo formativo.
Fonte: Elaborado pelas autoras
Resultados e Discussão
Perfil dos entrevistados
Os entrevistados e entrevistadas tinham idade que variou entre 23 e 33 anos. Foram
identificados, ao longo do trabalho, com a letra S, sendo, portanto, o primeiro entrevistado o
S1, o segundo S2, e assim sucessivamente até o S10.
Eram provenientes de instituições de Ensino Superior privadas, sendo 3 Universidades
e 1 Centro Universitário, e apenas 2 realizaram o Ensino Médio em instituições públicas de
ensino. Dos 10 entrevistados, 2 se declararam bissexuais, 2 homossexuais e 6 heterossexuais;
2 possuem relacionamento fixo, sendo que 1 mora com seu(sua) parceiro(a), e 8 são solteiros.
Os 10 entrevistados se declararam cis gênero e não possuem filhos(as). Quanto à religião, 1 se
declarou ateu, 1 católico, 1 adventista do sétimo dia, 1 judeu e 6 não possuem religião.
Quadro 2
–
Perfil dos entrevistados
Sujeitos
Idade
Gênero
Rede
de
ensino
médio
Instituição
universitária
Estado
Civil
Sexualidade
Religião
Renda
familiar
(salário-
mínimo)
Estuda/
trabalha
S 1
33
Mulher
Privada
Privada
Solteira
Lésbica
Atéia
10 a 15
Estuda/
trabalha
S 2
28
Mulher
Privada
Privada
Solteira
Bissexual
Não possui
6
Estuda/
trabalha
S 3
23
Mulher
Pública
Privada
Solteira
Heterossexual
Adventista
do Sétimo
Dia
3 a 4
Estuda/
trabalha
S4
23
Mulher
Pública
Privada
Solteira
Heterossexual
Católica
2
Estuda/
trabalha
S5
24
Mulher
Privada
Privada
Solteira
Lésbica
Não possui
3
Estuda
S 6
28
Homem
Privada
Privada
Solteiro
Heterossexual
Judeu
20
Estuda/
trabalha
S 7
28
Homem
Privada
Privada
Solteiro
Heterossexual
Não possui
25 a 30
Estuda/
trabalha
S 8
23
Homem
Privada
Privada
Solteiro
Heterossexual
Não possui
5 a 6
Estuda/
trabalha
S 9
24
Homem
Privada
Privada
Solteiro
Bissexual
Não possui
5 a 6
Estuda/
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Marina TEDESCHI CANO e Ana Paula LEIVAR BRANCALEONI
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1181-1196, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14662
1188
trabalha
S 10
30
Homem
Privada
Privada
Solteiro
Heterossexual
Não possui
3 a 5
Estuda/
trabalha
Fonte: Elaborado pelas autoras
Relação entre instituições de Ensino Superior e questões de gênero e sexualidade
Ao serem questionados a respeito da maneira como as instituições de Ensino Superior
lidam com as questões de gênero e sexualidade, as respostas foram muito parecidas, ainda que
tenhamos, na amostra da pesquisa, 4 instituições particulares diferentes. A grande parte dos
entrevistados respondeu que a instituição “não lida bem” com as questões de gênero e
sexualidade. Apontaram para o silenciamento, por parte das instituições de Ensino Superior,
tanto em relação aos preconceitos e discriminações ocorridos dentro quanto fora da mesma,
como também a omissão do tratamento pedagógico dos temas, ou promoção de espaços para
debate, discussões e reflexões sobre as questões. Como afirmam as pessoas entrevistadas:
“Não lida bem. Eu
acho que a gente vive um momento que está caminhando
para isso, então, hoje, a universidade tem grupos de discussão para isso,
sobre o tema. Mas, no geral, é comum você estar na universidade e você
ouvir falar de episódios de homofobia, por exemplo... assédio. Eu acho que
a universidade, no geral, precisa melhorar, ainda precisa trabalhar isso...
precisa trazer isso para a luz.” (S4)
“Mal, muito mal... E isso eu tô falando da
instituição
. É péssimo porque, se
depender de todo o processo burocrático da instituição, não se fala de
gênero... a gente conversa sobre gênero porque é uma movimentação dos
alunos... coletivos... dos alunos... se depender da universidade, não tem.”
(S7)
“São pouquíssimos professores que eu vi fazerem qualquer tipo de discussão
em relação a gênero durante esses cinco anos de faculdade, tem até alguns
professores com preocupação a isso e estamos no décimo semestre ouvindo
gente dizer que não sabe o que é Trans, o que é Cis... o que é o que... esse
papo, mas isso não tem nada a ver com
a matéria.” (S1)
É importante ressaltar que, quando os entrevistados trazem a ideia de que a instituição
de Ensino Superior “não lida”, eles se referem ao fato da mesma não oferecer nenhum tipo de
acolhimento para situações que ocorrem relacionadas a assédio, preconceito, assim como não
apresenta espaço para que o tema seja debatido e trabalhado entre os universitários e possa
abrir para que as pessoas sejam ouvidas, pois na medida em que se silencia, de uma forma ou
de outra, coaduna-se com preconceitos e discriminações, como relata o S3, por exemplo:
“A universidade, no geral, não. Qualquer coisa em relação a esse assunto
é... vamos esconder. Isso estou falando e vai ficar entra a gente, né? Que
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eles me expulsam, mas é isso... Vamos esconder sempre, não vamos falar
sobre isso”.
A partir dessa fala, notamos que a prática do silenciamento está intimamente presente
dentro da instituição de Ensino Superior. Essa constatação vai ao encontro de Junqueira
(2013), que afirma que a escola, assim como diversos outros espaços sociais e institucionais,
mantém práticas regulatórias a partir dos parâmetros da heteronormatividade. O
silenciamento, ou o que também podemos chamar de pedagogia do armário, molda
pedagogicamente as relações do sujeito que sofreu violências sexuais e de gênero, e que não
foi ouvido/acolhido, com o mundo. Esse processo de ocultação, além de regular a vida social
das pessoas, também faz com que elas permaneçam caladas, escondidas dentro do “armário”.
A resposta acima, de S3, indica não apenas o fato da instituição de Ensino Superior
não oferecer o acolhimento em relação ao tema, mas também que ela, além disso, “esconde”.
Isso também aparece na continuação da resposta do S7:
“[...] Inclusive, eu participei de duas semanas da psicologia, de monta
r
cronograma, de conversar sobre a administração de como vai ser,
chamando gente para palestrar e o que acabou acontecendo foi que você vai
chamar uma pessoa trans para falar sobre diversidade trans, sexualidade,
sei lá... simplesmente não pode... é vetado diretamente pelo reitor e pela
galera da administração”.
Temos, portanto, no depoimento, a ratificação do apagamento da possibilidade de
respeitar o lugar de fala de pessoas transexuais, como forma de luta contra o preconceito e a
transfobia que, nesse caso, é reforçada pela negação desse espaço. Esse também é um dos
mecanismos de terrorismo impostos pela heteronormatividade, que inibe um comportamento,
a existência de corpos chamados de “estranhos”, utilizando a invisibilização como mecanismo
de eliminação de discursos que escapam à normatividade (BENTO, 2011).
Como refere Louro (2008, p. 22):
Quanto à diferença, é possível dizer que ela seja um atributo que só faz
sentido ou só pode se constituir em uma relação. A diferença não preexiste
nos corpos dos indivíduos para ser simplesmente reconhecida; em vez disso,
ela é atribuída a um sujeito (ou a um corpo, uma prática, ou seja lá o que for)
quando relacionamos esse sujeito (ou esse corpo ou essa prática) a um outro
que é tomado como referência.
Embora as instituições de Ensino Superior sejam um campo propício para a construção
de saberes e desenvolvimento de pensamento crítico por parte dos universitários, nota-se que
há uma omissão e, até mesmo, uma negação de trabalho relacionado a gênero e sexualidade.
As instituições de Ensino Superior, dessa forma, seguem o mesmo caminho que tantas outras
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Marina TEDESCHI CANO e Ana Paula LEIVAR BRANCALEONI
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instituições no Brasil: reproduzem padrões e marcadores sociais, contribuindo para a
manutenção de preconceitos, desigualdades, hierarquias sociais, sem que isso apareça como
opressão ou dominação (NARDI
et al.
, 2013).
Espaço de discussão nas Instituições de Ensino Superior
Nesse aspecto, as respostas dos entrevistados variaram, quando questionados a
respeito dos espaços oferecidos pelas instituições para informação e discussão sobre
sexualidade e gênero. Parte dos entrevistados foram categóricos em afirmar que não existe
espaço nenhum em relação a isso, com afirmações simples como
“Não!”
ou
“Não, nunca vi”
ou ainda
“Posso ser sincero? Que eu saiba não”
.
Somado a essas respostas, alguns dos entrevistados trouxeram, em suas falas, a
confirmação de tais afirmações, dizendo que passam o dia na universidade e que nunca viram
nenhum movimento ou divulgação de eventos que acontecem nesse sentido, como trazido por
esse sujeito:
“[...] eu passo o dia na universidade e eu não tive acesso a esse tipo de
informação... nesse sentido, não é muito divulgado não”.
Também encontramos o relato sobre espaços esporádicos para o estudo do tema, de
acordo com o S5:
“Pouquíssimos, eu acho que ao longo da graduação existiu um núcleo que
aborda as questões sobre sexualidade. Eu frequentei uma ou duas reuniões,
e ainda é algo meio fechado, meio que aquilo que é falado e que é
transmitido não necessariamente carrega algumas rupturas sobre o que é a
orientação sexual ou do que é gênero” (S5).
Os sujeitos que afirmaram que sim, que a instituição de Ensino Superior oferecia
espaço, apresentaram dados em relação a alguns professores do curso de Psicologia que
“provocavam” os
alunos em sala de aula sobre questões relacionadas ao tema; um núcleo de
estudos que aconteceu há alguns anos e que não possui mais frequência de encontros; um
grupo que se reúne para debater o assunto, mas que é apenas frequentado por alunos de
Psicologia, Ciências Sociais e Enfermagem, mas que surgiu a partir de iniciativas dos
próprios alunos e não da instituição, como segue a abaixo:
“Eu vejo muito mais uma disponibilidade da instituição em dar espaço para
os alunos... então, eu sou do comitê organização da jornada psicodinâmica
e a gente já, em algumas palestras, já trouxemos a questão do gênero.
Então, eles oferecem espaço para os alunos que buscam, mas a iniciativa é
dos alunos” (S10).
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Gênero e sexualidade: Vivências e concepções de jovens universitários/as do curso de psicologia da cidade de São Paulo
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1181-1196, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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Os dados coletados para a pesquisa revelam que na percepção das pessoas
entrevistadas, as instituições de Ensino Superior em que estudam não promovem práticas
relacionadas ao debate e discussão do tema gênero e sexualidade, não oferecem serviços de
acolhimento para vítimas de agressão, mantendo práticas como silenciamento e invisibilidade,
ainda que continue sendo nesse contexto que relatem suas mais diversas vivências de
sexualidade e de relações de gênero.
Informações sobre sexualidade e gênero
Ao serem questionados sobre as fontes que utilizavam para obterem informações
relacionadas a gênero e sexualidade, a referência às instituições de Ensino Superior não
aparece em nenhuma das respostas dos entrevistados. Em quase todas as entrevistas os meios
mais citados são as plataformas digitais como Facebook, Twitter, Youtube, Instagram,
podcasts, blogs e redes sociais em geral, como podemos constatar nas falas abaixo:
“Eu faço muito parte do Twitter, então eu pego muita coisa pelo Twitter que
eu sempre acabo parando em algum blog... ou algum vídeo que tem texto, é
geralmente Twitter e Instagram também”. (S2)
“É... hoje? Acaba sendo meio ocasional. A maior parte é por página no
Facebook, no Instagram... não existe algo que eu busque como referência
muito sólida”. (S8)
Comparecem também, como fontes de informações, os livros, filmes, documentários e
artigos científicos, como buscas pessoais, presentes nas seguintes afirmações:
“Internet, redes sociais... coisas que eu leio que eu procuro
para ler...
artigos e livros.” (S3)
“Livros, blogs, artigos científicos, documentários, filmes...”. (S9)
“Eu acho que eu comecei há uns anos... é... por conta de grupos feministas
via Facebook, e aí comecei por ai estudar. Fui estudar teoria de gênero,
comecei a pesquisar mais. Acho que teve um tanto também desse estudo que
fez parte da minha descoberta, da minha aceitação enquanto mulher
lésbica... acho que foi um pouco por essa área aí também”. (S1)
A partir da análise dos dados, indica-se que as instituições de Ensino Superior não são
reconhecidas como locais de busca, troca e construção de conhecimentos sobre sexualidade e
gênero. Em pesquisa realizada com 32 alunos de um curso de graduação de uma universidade
pública, por Brancaleoni, Oliveira e Silva (2018), também foi constatado que a instituição
universitária e os profissionais de saúde foram os menos citados em relação às fontes de
informações sobre gênero e sexualidade. Os autores da referida pesquisa também afirmam:
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Marina TEDESCHI CANO e Ana Paula LEIVAR BRANCALEONI
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A universidade é um espaço de interação, circulação e construção de valores
em que os universitários, em sua maioria, encontram-se em uma fase de
descobertas e experiências sexuais, assim como de questionamentos acerca
da sexualidade e do gênero. Por outro lado, o meio universitário também se
constitui como espaço em que preconceitos e estereótipos sobre sexualidade
e gênero são mantidos e reproduzidos” (2018, p. 27).
Reforça-se, com isso, a ideia de que as instituições de Ensino Superior continuam
exercendo a função de manutenção de padrões de gênero e sexualidade, uma vez que não
favorecem a circulação de informações sistematizadas e confiáveis sobre a temática, sendo
pouco reconhecidas como espaço confiável de informação e formação pelos entrevistados, em
detrimento das redes sociais, por exemplo.
Experiências e comprenssões a partir da vivência universitária
No que se refere a compreensões sobre gênero e sexualidade a partir das experiências
universitárias, todos os entrevistados disseram que sim, que as vivências nas instituições de
Ensino Superior trouxeram novos conhecimentos sobre sexualidade e gênero. As vivências
relatas pelos entrevistados deram-se a partir de troca com os amigos e colegas de sala, contato
com a diversidade sexual, experiências que eles tiveram em relação à própria sexualidade e
busca por informações a partir de uma preocupação com a profissão, por exemplo:
“Acho que sim, até pela psicologia tratar de pessoas, você tem que estar
preparado para ouvir muitas coisas que, às vezes, você não conheça, não
saiba...acho que é algo que eu tenho que me aprofundar mais. Como eu
disse, tenho dificuldade em associar os termos às palavras, tenho que
procurar saber até mais. O curso nunca me propiciou nada direto, como
“ah, vamos ler sobre esse tema”, m
as é algo meio inerente à profissão...
posso estar atendendo ano que vem e ter um paciente que fale sobre essas
questões... seria bem estranho eu demonstrar desconhecimento sobre a dor
dele.” (S8)
Outro dado importante é que a OMS
–
Organização Mundial da Saúde
–
estabelece
que é considerado jovem o sujeito que se encontra entre a faixa etária de 10 a 24 anos, e que
essa é a população mais suscetível a infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). Grande
parte dos jovens universitários encontra-se nessa categoria, como nota-se nos dados coletados
da presente pesquisa, onde 50% dos entrevistados estão nessa faixa etária, estando, portanto,
mais expostos a doenças como gonorreia, vírus da Hepatite B e vírus da imunodeficiência
humana (HIV), sífilis, infecção por clamídia etc. (CASTRO
et al.
, 2016). Além disso, soma-
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Gênero e sexualidade: Vivências e concepções de jovens universitários/as do curso de psicologia da cidade de São Paulo
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se o fato de que esses jovens estão se inserindo socialmente e vivenciando experiências que
vão fazer parte de seus processos de identidade.
Sendo assim, o debate sobre gênero e sexualidade se torna fundamental entre os jovens
universitários, tanto em relação ao aspecto social dessa temática como ao aspecto da saúde, já
que é nesse momento que os conhecimentos sobre si mesmo, sobre sua sexualidade,
subjetividade e lugar que ocupa na sociedade se fazem urgentes e necessários. Além disso, é
importante que as instituições de Ensino Superior sejam espaços formadores de cidadania,
contribuindo para a diminuição das taxas de homicídio e suicídio, tanto da população LGBT+
como também de casos de violência contra a mulher, feminicídios, e qualquer crime e
violência relacionada a gênero e sexualidade.
Considerações finais
De acordo com as respostas, as Instituições de Ensino Superior não propiciam um
campo de informações e discussões sobre o tema, assim como há falta de acolhimento para
questões que emergem no contexto universitário, ainda que seja papel formativo da instituição
oferecer o espaço para construção de pensamento crítico, de trabalho com a diversidade.
Os dados encontrados na pesquisa estão em consonância com o que foi apresentado a
partir da revisão bibliográfica da introdução do presente artigo, apontado para o fato de que a
educação sexual deve estar presente também no Ensino Superior, pois os sujeitos
entrevistados apresentaram pontos relevantes no que diz respeito à falta de envolvimento das
Instituições de Ensino Superior com as questões de gênero e sexualidade.
O fato de os entrevistados serem alunos do último ano de Psicologia também é
importante de ser ressaltado, pois o curso, apesar de proporcionar algumas poucas disciplinas
pontuais a respeito do tema, ainda apresenta escassez de debates e proporção de aulas e
professores que se aprofundam sobre essas questões, aparecendo somente nas respostas de
poucos sujeitos da pesquisa. Os profissionais que atuarão como psicólogos carecem ter
desenvolvido a escuta não normativa como ferramenta de trabalho, sendo necessário que
tenham uma formação plural e diversa, pois vão lidar com pessoas que ocupam lugares
diversos na nossa sociedade. Assim, a partir dos dados encontrados, depreende-se que as
Instituições de Ensino Superior em questão não estão atendo a quesitos necessários à
formação efetiva do psicólogo.
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Marina TEDESCHI CANO e Ana Paula LEIVAR BRANCALEONI
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1181-1196, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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Marina TEDESCHI CANO e Ana Paula LEIVAR BRANCALEONI
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Como referenciar este artigo
CANO, M. T.; BRANCALEONI, A. P. L. Gênero e Sexualidade: Vivências e concepções de
jovens universitários do curso de Psicologia da cidade de São Paulo.
Revista Ibero-
Americana de Estudos em Educação
, Araraquara, v. 7, n. 2, p. 1181-1196, abr./jun. 2022. e-
ISSN: 1982-5587. DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14662
Submetido em:
22/01/2021
Revisões requeridas em
: 15/02/2021
Aprovado em
: 09/03/2022
Publicado em
: 01/04/2022
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Género y sexualidad: Vivencias y conceptos de jóvenes universitarios/as de la carrera de psicología en la ciudad de São Paulo
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1186-1201, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14662
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GÉNERO Y SEXUALIDAD: VIVENCIAS Y CONCEPTOS DE JÓVENES
UNIVERSITARIOS/AS DE LA CARRERA DE PSICOLOGÍA EN LA CIUDAD DE
SÃO PAULO
GÊNERO E SEXUALIDADE: VIVÊNCIAS E CONCEPÇÕES DE JOVENS
UNIVERSITÁRIOS/AS DO CURSO DE PSICOLOGIA DA CIDADE DE SÃO PAULO
GENDER AND SEXUALITY: EXPERIENCES AND CONCEPTS OF YOUNG
UNIVERSITY STUDENTS FROM THE PSYCHOLOGY COURSE IN THE CITY OF
SÃO PAULO
Marina TEDESCHI CANO
1
Ana Paula LEIVAR BRANCALEONI
2
RESUMEN:
La promoción de debates sobre desigualdades sexuales y de género entre los
jóvenes universitarios se hace cada vez más necesaria. Se tiene por objetivo identificar
entendimientos de jóvenes universitarios de carreras de Psicología de instituciones de
Enseñanza Superior privadas de la ciudad de São Paulo sobre sexualidad y género, así como
el rol formativo ejercido por las mismas con relación a esos temas. Se adoptó el enfoque
cualitativo y, como instrumento de recolección de datos, entrevistas semiestructuradas con
diez universitarios/as, analizadas por el Análisis Temático. Se constató que: las instituciones
no presentan propuestas de trabajo con género y sexualidad; hay poco espacio de promoción
de debates sobre los temas; se reproducen prejuicios y discriminaciones en prácticas
institucionales; las relaciones de los universitarios entre sus pares participan de la
construcción de sus concepciones sobre sexualidad. Se destaca, por lo tanto, la importancia
del fomento a la educación sexual en la Enseñanza Superior.
PALABRAS CLAVES:
Género. Sexualidad. Universitarios. Educación sexual.
RESUMO:
A promoção de debates sobre desigualdades sexuais e de gênero entre os jovens
universitários torna-se cada vez mais necessária. Esta pesquisa tem por objetivo identificar
compreensões de jovens universitários de cursos de Psicologia, de instituições de Ensino
Superior particulares da cidade de São Paulo, sobre sexualidade e gênero, assim como o
papel formador, exercido por elas, no que se refere aos temas. Adotou-se abordagem
qualitativa e, como instrumento de coleta de dados, entrevistas semiestruturadas com dez
universitários/as, analisadas pela Análise Temática. Constatou-se que: as instituições não
apresentam propostas de trabalho com gênero e sexualidade; existe pouco espaço de
promoção de discussões sobre os temas; as instituições não são meios de obtenção de
informação sobre o tema; são reproduzidos preconceitos e discriminações em práticas
1
Universidad Estatal Paulista (UNESP), Araraquara - SP - Brasil. Estudiante de maestría en el Programa de
Posgrado en Educación Sexual. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-2174-6288. E-mail:
matedeschicano@gmail.com
2
Universidad Estatal Paulista (UNESP), Araraquara - SP - Brasil. Profesora del Programa de Posgrado en
Educación Sexual. Doctora en Psicología. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-5927-4175. E-mail:
ana.brancaleoni@unesp.br
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Marina TEDESCHI CANO y Ana Paula LEIVAR BRANCALEONI
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1186-1201, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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institucionais; as relações dos universitários com seus pares participam da construção de
suas concepções sobre sexualidade. Destaca-se, portanto, a importância do fomento à
educação sexual no Ensino Superior.
PALAVRAS-CHAVE:
Gênero. Sexualidade. Universitários. Educação sexual.
ABSTRACT:
It has been necessary to broaden the debate and struggles against both sexual
and gender inequalities. This article aims to identify the understandings of young university
students, enrolled of Psychology courses at private higher education institutions in the city of
São Paulo, about sexuality and gender, as well as your formative role in relation to the
subject. The qualitative approach was adopted and interviews with ten university students
were conducted by Thematic Analysis and it was found that: institutions do not deal with
gender and sexuality-related issues; there is little or no space for debate and discussion on
the topic; institutions have not been a vehicle for obtaining information about the
subjects; prejudice and discrimination are reproduced in institutional practices; university
students' relationships among their peers participate in the construction of their conceptions
about sexuality. The found data highlight the importance of creating / expanding spaces for
reflection and discussion related to gender and sexuality in Higher Education.
KEYWORDS:
Gender. Sexuality. College students. Sex education.
Introducción
Desde el nacimiento de un niño, la clasificación de género se basa en la noción binaria
de cuerpos biológicos, designando si es masculino o femenino. Este registro, desde el
momento en que se realiza, trae consigo una serie de características que "dirán" cómo debe
constituirse este sujeto a lo largo de su vida, formando una delimitación muy bien definida de
la naturalización de estas construcciones (LUCIFORA
et al.
,
2019). El sujeto que transita
entre ambas categorías se estará situando en una dimensión de cuestionamiento en relación a
su sexualidad y/o identidad de género, desde las normas sociales, políticas y culturales de un
contexto histórico determinado.
El concepto de género surgió en la década de 1970, haciéndose notorio en la ciencia
solo a partir de la década de 1980. Su propósito inicial es distinguir la dimensión biológica de
la dimensión de la construcción histórica de la constitución de los sujetos. Este concepto
permitió la apertura de un nuevo campo de acción para deconstruir categorías ya establecidas,
y es a partir del uso de las mismas que se logró iniciar el cuestionamiento y deconstrucción de
las categorías masculino y masculino/femenino y femenino (MATOS, 2008).
El debate sobre Género y Sexualidad está ganando cada vez más relevancia. En Brasil,
temas como las desigualdades de género y los altos índices de violencia contra las mujeres,
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Género y sexualidad: Vivencias y conceptos de jóvenes universitarios/as de la carrera de psicología en la ciudad de São Paulo
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1186-1201, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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las personas transgénero y los homosexuales exigen que el tema sea profundamente debatido
en el ámbito académico y que se problematice la categorización y naturalización de los
géneros, en los diversos espacios sociales. Louro (2007) nos advierte sobre los procesos de
jerarquía, en los que las diferencias se toman como atributos de desigualdad, guiando las
relaciones sociales de poder.
Los procesos de clasificación y jerarquización binaria y heteronormativa de los
géneros resultan en exclusión, abyección y violencia. Las cifras de violencia de género en
Brasil expresan los efectos nocivos de esta configuración. Según el Ministerio de Derechos
Humanos - MDH (2018), de enero a julio de 2018 se registraron 79.661 denuncias de
violencia física y psicológica a través del Centro de Atención a la Mujer. Además, Brasil es el
país en el que más se registran las muertes contra minorías sexuales. Los informes realizados
por el Grupo Gay de Bahía (MICHELS, 2018) indican la tasa de una muerte cada 20 horas,
por asesinato o suicidio, de víctimas de LGBTfobia, solo en 2018. Durante 2019, hubo 297
homicidios y 32 casos de suicidio (OLIVEIRA; MOTT, 2020).
Cabe destacar que la violencia sigue agravada cuando se trata de personas transexuales
y travestis. Según la Asociación Nacional de Travestis y Transexuales - ANTRA, a través de
un boletín, se registraron 151 asesinatos de travestis en el periodo del 1 al 31 de octubre de
2020, es decir, un 22% más que en 2019, que totalizaron 124 muertes (ASOCIACIÓN
NACIONAL DE TRAVESTIS Y TRANSEXUALES, 2020).
Así, es fundamental problematizar la forma en que las diferencias anatómicas,
sexuales y de género son jerárquicas, ya que nuestra sociedad produce, a través de procesos
lingüísticos y discursos de significado, lo diferente como algo que no es "normal". Para Louro
(2018), esta inscripción se realiza, en los cuerpos, a partir de las marcas de ciertas culturas,
compuestas y definidas por las redes de poder de una sociedad. Butler (2003) señala que:
En otras palabras, la construcción política del sujeto está ligada a ciertos
objetivos de legitimación y exclusión, y estas operaciones políticas son
efectivamente ocultas y naturalizadas por un análisis político que toma las
estructuras ocultas y naturalizadas por un análisis político que toma las
estructuras jurídicas como fundamento (BUTLER, 2003, p. 19).
Desde la perspectiva de comprender la construcción histórica, social, política y
cultural de los conceptos de género, sexualidad, femenino y masculino, también es necesario
comprender cómo los sujetos sociales reproducen estas categorías en los diversos sectores de
nuestra sociedad. Con respecto al sector educativo en Brasil, es posible encontrar varios
estudios y estudios sobre el tema género y sexualidad, relacionados con la Educación Básica y
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la formación docente. Lo que nos llama la atención es que, cuando se trata de Educación
Superior, el trabajo con jóvenes universitarios en relación con este tema todavía está poco
problematizado, aunque sea un espacio educativo propicio para la discusión y reflexión sobre
las categorizaciones de género.
También es de destacar que la atribución de la Educación Superior es formar
profesionales capacitados para respetar y tratar las diversidades. De acuerdo con la LDB
–
Ley de Lineamientos y Bases de la Educación Nacional (LDB), número 9.394/96, artículo 43,
la Universidad debe asegurar la formación de profesionales en diversas áreas del
conocimiento, que trabajen profesionalmente en sectores de trabajo orientados al desarrollo de
la sociedad, permitiendo a los alumnos recibir estímulos para la creación cultural, el
desarrollo del pensamiento crítico y el conocimiento científico (BRASIL, 1996). Además,
también es deber de la Universidad formar ciudadanos responsables con la sociedad, prestar
servicios a la comunidad y tomar conciencia de los problemas del mundo (CASTRO
et al.
,
2016).
Los jóvenes universitarios, según la Organización Panamericana de la Salud (OPS),
son categorizados como jóvenes o adolescencia tardía, período que incluye el intento de
alcanzar un proceso de madurez cognitiva, emocional, física y social, además de la búsqueda
de su individualidad. Es un período en el que el joven pasa de la infancia a la edad adulta,
experimentando nuevas experiencias sexuales relacionadas con incertidumbres y dudas, como
sería el caso de las preocupaciones sobre el embarazo, las enfermedades de transmisión
sexual, etc. (ZOCCA
et al.
,
2016).
¿Cuál sería, entonces, el trabajo desarrollado por las instituciones de educación
superior en relación con la Educación Sexual? ¿Cómo se inserta el tema sexualidad y género
en este contexto? ¿Los estudiantes tienen algún acceso a la capacitación y / o fuentes de
información relacionadas con el tema en su formación de pregrado? Estas preguntas fueron
importantes para delimitar el campo de este artículo, a partir del cuestionamiento sobre la
relación entre los estudiantes universitarios y el tema género y sexualidad.
Así, a partir de la relevancia de las discusiones y debates sobre género y sexualidad
entre el público universitario, se propone investigar la percepción de los estudiantes de
psicología sobre la formación en sexualidad y género promovida por la Universidad, así como
el papel desempeñado por la universidad en la constitución de sus concepciones actuales
sobre los temas.
Cabe destacar que, de acuerdo con la Resolución del Consejo Federal de Psicología
del n. 001/99, Art. 2, los profesionales formados en Psicología deben aportar sus
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conocimientos a una reflexión sobre los prejuicios, con el objetivo de desaparecer la
discriminación y estigmatización contra quienes presentan conductas o prácticas homoeróticas
y prohíbe cualquier acción de psicólogos que puedan colaborar con una representación de la
homosexualidad como enfermedad o anormalidad, así como realizar terapias para cambiar su
orientación sexual.
Además, los cursos de psicología deben estar en línea con el tema de la diversidad,
integrándolo en su programa, ya que el debate de políticas para la inclusión de las minorías es
uno de los desafíos de la Educación y también porque es un curso que ha sido muy influyente
en los discursos educativos (DINIS, 2012). Es de destacar que el código de ética profesional
del psicólogo (CONSEJO FEDERAL DE PSICOLOGÍA, 2005) también establece, de
acuerdo con sus principios fundamentales, que el psicólogo debe trabajar para promover la
salud y la calidad de vida de las personas y las colectividades y contribuirá a la eliminación de
cualquier forma de abandono, discriminación, explotación, violencia, crueldad y opresión.
Procedimientos metodológicos
Se adoptó un enfoque de investigación cualitativa, elegido porque permite trabajar con
preguntas que no se pueden cuantificar. Su objeto se relaciona con el universo de significados,
creencias, valores, aspiraciones y actitudes, que se relacionan con fenómenos humanos que
están vinculados a los pensamientos e interpretaciones de sus acciones desde una realidad
vivida (MINAYO, 1994). Como indica Minayo (1994): "la interrelación que contempla lo
afectivo, lo existencial, el contexto de la vida cotidiana, las experiencias y el lenguaje del
sentido común en el momento de la entrevista es condición
sine qua non
del éxito de la
investigación cualitativa".
En relación con los sujetos de investigación, son jóvenes del último año del curso de
pregrado de Psicología de Instituciones de Educación Superior en la ciudad de São Paulo. El
último año de graduación fue elegido un recorte, ya que la investigación está relacionada con
las experiencias vividas por los entrevistados durante su estancia en las instituciones. La
elección de los estudiantes del curso de Psicología se realizó debido a la proximidad entre la
Psicología y la sexualidad, ya que, aunque los planes de estudio, en general, no tienen ninguna
disciplina específica sobre este tema, el Psicoanálisis está presente en toda la formación de
pregrado en Psicología, lo que hace que de una manera u otra se basen en una perspectiva
teórica con el tema (MOURA
et al.
,
2011).
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También es de destacar que forma parte de la formación del psicólogo el desarrollo de
la escucha cualificada, es decir, una escucha que no trae juicio de valores y moral,
permitiendo que surjan cuestiones controvertidas en esta apertura de espacio para la
diversidad, recomendada por el código deontológico de la profesión (MOURA
et al.
,
2011).
Así, para que se promueva esta condición, es fundamental que los cursos contemplen la
dimensión de la diversidad y el respeto a la misma, rompiendo con la institución de estándares
normativos y manteniendo relaciones de exclusión y violencia.
Se eligieron diez sujetos para llevar a cabo la investigación, y las entrevistas se
analizaron en profundidad para que los significados de las respuestas no se elaboraran
superficialmente. Según Bogdan y Biklen (1994), el interés por este tipo de investigación se
debe a que el investigador quiere entender la forma en que las personas experimentan sus
experiencias, qué piensan de ellas y cómo se insertan en sus contextos de vida. Por lo tanto, el
intercambio entre el investigador y el sujeto es más similar a una conversación que a una
sesión de preguntas formal.
Los sujetos fueron elegidos a partir de la difusión de la investigación a través de
personas del círculo social de uno de los investigadores. El criterio de exclusión fue el de los
sujetos que no asistían al último año del curso de Psicología. Cinco estudiantes universitarios
femeninos y 5 varones fueron elegidos para obtener la paridad de género.
La invitación a participar se realizó de manera presencial, con explicaciones sobre los
objetivos de la investigación y la entrega y lectura del Formulario de Consentimiento Libre e
Informado, elaborado por los investigadores y firmado digitalmente antes del inicio de la
investigación, previa aprobación por parte del Comité de Ética.
Para la recolección de datos se utilizó la entrevista semiestructurada, que permite a los
sujetos expresar libremente sus opiniones y reflexiones más allá de la propuesta de
investigación. Los investigadores prepararon un guion de entrevistas. Las entrevistas fueron
grabadas en audio y transcritas completamente más tarde. Se decidió que las entrevistas se
realizaran por videollamada debido a la pandemia por Covid-19 que azota al país.
Para el análisis de los datos se utilizó el método de Análisis Temático propuesto por
Minayo (1994). Consiste en analizar las declaraciones de los sujetos a partir del contexto
social en el que se insertan, y los resultados se constituyen en una aproximación de la realidad
social. Este método tiene dos niveles de interpretación de los datos recolectados: el primero se
refiere a la coyuntura sociohistórica que inserta el grupo investigado y el segundo a lo que
aparece en la reunión que realizamos con los hechos que surgen en la investigación (GOMES,
1994). Las categorías de investigación se elaboraron a priori, a partir del guion de la entrevista
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utilizada para la recolección de datos. Para este artículo, la categoría analizada sigue en la
siguiente tabla:
Tabla 1
- Descripción de la categoría analizada
Tema
Categoría
Descripción
●
Relaciones entre instituciones educativas
Educación superior y cuestiones de género y
sexualidad;
Espacios de información y discusión en
instituciones de educación superior;
Información sobre género y sexualidad;
●
Experiencias y entendimientos a partir de
experiencias universitarias.
Instituciones
de Educación
Superior y
Educación
Sexual
Esta categoría discute qué acciones
formativas brindan las instituciones
de educación superior en relación
con el género y la sexualidad;
espacios de discusión y recepción
institucional. También se discute el
trabajo de los colectivos estudiantiles
en este proceso formativo.
Fuente: Elaboración propia
Resultados y discusión
Perfil de los encuestados
Los entrevistados y entrevistados tenían entre 23 y 33 años. Se identificaron, a lo largo
de la obra, con la letra S, siendo, por tanto, el primer entrevistado s1, el segundo S2, y así
sucesivamente hasta el S10.
Provenían de instituciones privadas de educación superior, siendo 3 Universidades y 1
Centro Universitario, y solo 2 realizaban bachillerato en instituciones educativas públicas. De
los 10 entrevistados, 2 se declararon bisexuales, 2 homosexuales y 6 heterosexuales; 2 tienen
una relación fija, con uno viviendo con su pareja, y 8 son solteros. Los 10 entrevistados se
declararon de género cis y no tuvieron hijos. En cuanto a la religión, 1 se declaró ateo, 1
católico, 1 adventista del séptimo día, 1 judío y 6 no tienen religión.
Cuadro 2
- Perfil de los encuestados
Sujetos
Edad
Género
Red de
escuelas
secundarias
Institución
universitaria
Estado
civil
Sexualidad
Religión
Ingresos
familiares
(salario
mínimo))
Estudia/
Trabaja
S 1
33
Mujer
Privado
Privado
Soltera
Lésbica
Atea
10 a 15
Estudia/
Trabaja
S 2
28
Mujer
Privado
Privado
Soltera
Bisexual
No posee
6
Estudia/
Trabaja
S 3
23
Mulher
Público
Privado
Soltera
Heterosexual
Adventista
del
Séptimo
Día
3 a 4
Estudia/
Trabaja
S4
23
Mujer
Público
Privado
Soltera
Heterosexual
Católica
2
Estudia/
Trabaja
S5
24
Mujer
Privado
Privado
Soltera
Lésbica
No posee
3
Estudia
S 6
28
Hombre
Privado
Privado
Soltero
Heterosexual
Judío
20
Estudia/
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Trabaja
S 7
28
Hombre
Privado
Privado
Soltero
Heterosexual
No posee
25 a 30
Estudia/
Trabaja
S 8
23
Hombre
Privado
Privado
Soltero
Heterosexual
No posee
5 a 6
Estudia/
Trabaja
S 9
24
Hombre
Privado
Privado
Soltero
Bisexual
No posee
5 a 6
Estudia/
Trabaja
S 10
30
Hombre
Privado
Privado
Soltero
Heterosexual
No posee
3 a 5
Estudia/
Trabaja
Fuente: Elaboración propia
Relación entre las instituciones de educación superior y las cuestiones de género y
sexualidad
Cuando se les preguntó sobre la forma en que las instituciones de educación superior
tratan los problemas de género y sexualidad, las respuestas fueron muy similares, a pesar de
que teníamos, en la muestra de investigación, 4 instituciones privadas diferentes. La mayoría
de los entrevistados respondieron que la institución "no trata bien" los temas de género y
sexualidad. Señalaron el silenciamiento por parte de las instituciones de educación superior,
tanto en relación con los prejuicios y discriminaciones que se produjeron dentro y fuera de
ella, como la omisión del tratamiento pedagógico de los temas, o la promoción de espacios de
debate, discusión y reflexión sobre los temas. Como dicen las personas entrevistadas:
"No lo manejas bien. Creo que vivimos un momento que se está moviendo
hacia esto, por eso hoy, la universidad tiene grupos de discusión para esto,
sobre el tema. Pero en general, es común que estés en la universidad y
escuches sobre episodios de homofobia, por ejemplo... acoso. Creo que la
universidad, en general, necesita mejorar, todavía tiene que trabajar en
ello... necesito sacar eso a la luz". (S4)
"Malvado, muy mal ... Y de eso hablo de
la institución
. Es malo porque, si
dependes de todo el proceso burocrático de la institución, no hablas de
género... hablamos de género porque es un movimiento de estudiantes...
Colectivo... de los estudiantes... si dependes de la universidad, no la tienes".
(S7)
"Hay muy pocos maestros que he visto hacer algún tipo de discusión sobre
género durante estos cinco años de universidad, incluso hay algunos
maestros con preocupación por esto y estamos en el décimo semestre
escuchando a la gente decir que no saben qué es Trans, qué es Cis... qué es
qué... esta charla, pero no tiene nada que ver con el asunto". (S1)
Es importante destacar que cuando los entrevistados traen la idea de que la institución
de Educación Superior "no es leída", se refieren a que no ofrece ningún tipo de acogida para
situaciones que ocurren relacionadas con el acoso, los prejuicios, así como no presenta
espacio para que el tema sea debatido y trabajado entre los estudiantes universitarios y pueda
abrirse para que las personas sean escuchadas, porque en la medida en que uno silencia, de
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una manera u otra, es consistente con prejuicios y discriminaciones, como lo informa S3, por
ejemplo:
"La universidad, en general, no lo hace. Cualquier cosa sobre esto es...
Vamos a ocultarlo. Estoy hablando de eso y nos va a meter, ¿verdad? Que
me echan, pero ya está... Lo vamos a ocultar todo el tiempo, no vamos a
hablar de eso".
A partir de esta declaración, notamos que la práctica del silenciamiento está
íntimamente presente dentro de la institución de educación superior. Este hallazgo va a
Junqueira (2013), que afirma que la escuela, así como varios otros espacios sociales e
institucionales, mantiene prácticas regulatorias basadas en los parámetros de
heteronormatividad. El silenciamiento, o lo que también podemos llamar la pedagogía del
armario, moldea pedagógicamente las relaciones del sujeto que sufrió violencia sexual y de
género, y que no fue escuchado/acogido, con el mundo. Este proceso de ocultamiento, además
de regular la vida social de las personas, también hace que permanezcan en silencio,
escondidas dentro del "armario".
La respuesta anterior, de S3, indica no solo el hecho de que la institución de educación
superior no ofrece la recepción en relación con el tema, sino también que, además, "oculta".
Esto también aparece en la continuación de la respuesta S7:
"[...] Incluso, participé en dos semanas de psicología, para establecer
horarios, para hablar de la administración de cómo será, llamar a la gente
a hablar y lo que terminó pasando fue que llamarás a una persona trans
para hablar de diversidad trans, sexualidad, no sé... simplemente no puedes
... es vetado directamente por el rector y la galera de la administración".
Tenemos, por tanto, en el testimonio, la ratificación del pago de la posibilidad de
respetar el lugar de expresión de las personas transgénero, como forma de combatir los
prejuicios y la transfobia, que, en este caso, se ve reforzada por la negación de este espacio.
Este es también uno de los mecanismos de terrorismo impuestos por la heteronormatividad,
que inhibe el comportamiento, la existencia de cuerpos llamados "extraños", utilizando la
invisibilidad como mecanismo para eliminar discursos que escapan a la normatividad
(BENTO, 2011).
Como se refiere Louro (2008, p. 22):
En cuanto a la diferencia, es posible decir que es un atributo que solo tiene
sentido o solo puede constituirse en una relación. La diferencia no preexiste
en los cuerpos de los individuos para ser simplemente reconocida; en
cambio, se atribuye a un sujeto (o un cuerpo, una práctica, o lo que sea)
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cuando relacionamos ese sujeto (o ese cuerpo o esa práctica) con otro que se
toma como referencia.
Si bien las instituciones de educación superior son un campo propicio para la
construcción del conocimiento y el desarrollo del pensamiento crítico por parte de los
estudiantes universitarios, se observa que existe una omisión e incluso una negación del
trabajo relacionado con el género y la sexualidad. Las instituciones de educación superior, de
esta manera, siguen el mismo camino que tantas otras instituciones en Brasil: reproducen
patrones y marcadores sociales, contribuyendo al mantenimiento de prejuicios, desigualdades,
jerarquías sociales, sin que esto aparezca como opresión o dominación (NARDI
et al.
,
2013).
Espacio de discusión en Instituciones de Educación Superior
En este aspecto, las respuestas de los entrevistados variaron cuando se les preguntó
sobre los espacios ofrecidos por las instituciones para la información y la discusión sobre
sexualidad y género. Parte de los entrevistados fueron categóricos al afirmar que no hay
espacio al respecto, con afirmaciones sencillas como
"¡No!".
o
"No, nunca visto"
o incluso
"¿Puedo ser honesto? No es que yo sepa
".
Sumado a estas respuestas, algunos de los entrevistados trajeron, en sus declaraciones,
la confirmación de tales declaraciones, diciendo que pasan el día en la universidad y que
nunca han visto ningún movimiento o difusión de hechos que sucedan en este sentido, como
lo trae este tema:
"[...] Paso el día en la universidad y no tenía acceso a ese tipo de
información... en ese sentido, no es muy publicitado no".
También encontramos el informe sobre espacios esporádicos para el estudio de la
temática, según S5:
"Muy pocos, creo que a lo largo de la graduación hubo un núcleo que
aborda temas sobre sexualidad. Asistí a una o dos reuniones, y sigue siendo
algo medio cerrado, algo así como que lo que se habla y que se transmite no
necesariamente conlleva algunos descansos sobre lo que es orientación
sexual o lo que es género" (S5).
Los sujetos que manifestaron sí, que la institución de Educación Superior ofrecía
espacio, presentaron datos en relación a algunos docentes del curso de Psicología que
"provocaron" a los estudiantes en el aula sobre temas relacionados con el tema; un núcleo de
estudios que tuvo lugar hace unos años y que no tiene más frecuencia de reuniones; un grupo
que se reúne para discutir el tema, pero al que solo asisten estudiantes de Psicología, Ciencias
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Sociales y Enfermería, pero que surgió de las iniciativas de los propios estudiantes y no de la
institución, de la siguiente manera:
"Veo mucho más de la voluntad de la institución de hacer espacio para los
estudiantes ... entonces, soy del comité organizador del viaje psicodinámico
y ya, en algunas conferencias, ya hemos traído el tema del género. Así que
ofrecen espacio para los estudiantes que buscan, pero la iniciativa son los
estudiantes" (S10).
Los datos recolectados para la investigación revelan que en la percepción de las
personas entrevistadas, las instituciones de educación superior en las que estudian no
promueven prácticas relacionadas con el debate y discusión del tema género y sexualidad, no
ofrecen servicios de recepción para víctimas de agresión, manteniendo prácticas como el
silenciamiento y la invisibilidad, a pesar de que continúan siendo en este contexto que relatan
sus más diversas experiencias de sexualidad y relaciones de género.
Información sobre sexualidad y género
Cuando se les preguntó sobre las fuentes que utilizaron para obtener información
relacionada con el género y la sexualidad, la referencia a las instituciones de educación
superior no aparece en ninguna de las respuestas de los entrevistados. En casi todas las
entrevistas los medios más citados son plataformas digitales como Facebook, Twitter,
Youtube, Instagram, podcasts, blogs y redes sociales en general, como ver en los siguientes
comunicados:
"Soy una gran parte de Twitter, así que recibo muchas cosas en Twitter que
siempre termino deteniéndome en algún blog ... el video algún que tenga
texto, es Twitter e Instagram también". (S2)
"Es... ¿Hoy? Resulta ser un poco casual. La mayor parte es por página de
Facebook, en Instagram... no hay nada que busque como referencia muy
sólida". (S8)
También están presentes, como fuentes de información, libros, películas,
documentales y artículos científicos, como búsquedas personales, presentes en las siguientes
declaraciones:
"Internet, redes sociales... cosas que leo que busco leer... artículos y libros".
(S3)
"Libros, blogs, artículos científicos, documentales, películas...". (S9)
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"Creo que empecé hace unos años... es... por los grupos feministas a través
de Facebook, y luego empecé a estudiar. Fui a estudiar teoría de género,
empecé a investigar más. Creo que hubo mucho de ese estudio que fue parte
de mi descubrimiento, de mi aceptación como mujer lesbiana... Creo que
también fue un poco alrededor de esa área allí". (S1)
A partir del análisis de datos, se indica que las instituciones de educación superior no
son reconocidas como lugares de búsqueda, intercambio y construcción de conocimientos
sobre sexualidad y género. En una investigación realizada con 32 estudiantes de un curso de
posgrado de una universidad pública, por Brancaleoni, Oliveira e Silva (2018), también se
encontró que la institución universitaria y los profesionales de la salud fueron los menos
citados en relación con las fuentes de información sobre género y sexualidad. Los autores de
esta investigación también afirman:
La universidad es un espacio de interacción, circulación y construcción de
valores en el que la mayoría de los universitarios se encuentran en una fase
de descubrimientos y experiencias sexuales, así como de preguntas sobre
sexualidad y género. Por otro lado, el entorno universitario también
constituye un espacio en el que se mantienen y reproducen prejuicios y
estereotipos sobre sexualidad y género" (2018, p. 27).
Así, se refuerza la idea de que las instituciones de educación superior continúen
ejerciendo la función de mantener estándares de género y sexualidad, ya que no favorecen la
circulación de información sistematizada y confiable sobre el tema, siendo poco reconocidas
como un espacio confiable de información y capacitación por parte de los entrevistados, en
detrimento de las redes sociales, por ejemplo.
Experiencias y entendimientos de la experiencia universitaria
En cuanto a la comprensión sobre género y sexualidad a partir de experiencias
universitarias, todos los entrevistados dijeron que sí, que las experiencias en instituciones de
educación superior aportaron nuevos conocimientos sobre sexualidad y género. Las
experiencias relatadas por los entrevistados se basaron en el intercambio con amigos y
compañeros de clase, el contacto con la diversidad sexual, las experiencias que tuvieron en
relación con su propia sexualidad y la búsqueda de información desde una preocupación con
la profesión, por ejemplo:
"Creo que sí, incluso por psicología tratando con personas, tienes que estar
preparado para escuchar muchas cosas que a veces no sabes, no sabes...
Creo que es algo en lo que tengo que profundizar. Como dije, tengo
dificultades para asociar los términos con las palabras, tengo que tratar de
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saber aún más. El curso nunca me proporcionó nada directo, como "ah,
leamos sobre este tema", pero es algo inherente a la profesión ... Es posible
que asista el próximo año y tenga un paciente que hable sobre estos temas ...
sería muy extraño para mí mostrar ignorancia sobre su dolor". (S8)
Otro dato importante es que la OMS
–
Organización Mundial de la Salud
–
establece
que el sujeto entre 10 y 24 años de edad es considerado joven, y que esta es la población más
susceptible a las infecciones de transmisión sexual (ITS). La mayoría de los jóvenes
universitarios se encuentran en esta categoría, como se señala en los datos recogidos del
presente estudio, donde el 50% de los entrevistados se encuentran en este grupo de edad,
estando, por tanto, más expuestos a enfermedades como la gonorrea, el virus de la hepatitis B
y el virus de la inmunodeficiencia humana (VIH), la sífilis, la infección por clamidia, etc.
(CASTRO
et al.
,
2016). Además, se suma el hecho de que estos jóvenes se están insertando
socialmente y experimentando experiencias que formarán parte de sus procesos de identidad.
Así, el debate sobre género y sexualidad se vuelve fundamental entre los jóvenes
universitarios, tanto en relación con el aspecto social de este tema como con el aspecto de la
salud, ya que es en este momento que el conocimiento sobre un solo, sobre su sexualidad,
subjetividad y el lugar que ocupan en la sociedad son urgentes y necesarios. Además, es
importante que las instituciones de educación superior sean espacios de formación ciudadana,
contribuyendo a la disminución de las tasas de homicidios y suicidios, tanto en la población
LGBT+, como en los casos de violencia contra las mujeres, feminicidios, y cualquier delito y
violencia relacionada con el género y la sexualidad.
Consideraciones finales
De acuerdo con las respuestas, las instituciones de educación superior no brindan un
campo de información y discusión sobre el tema, así como existe una falta de recepción de los
temas que surgen en el contexto universitario, incluso si es el papel formativo de la institución
ofrecer el espacio para la construcción del pensamiento crítico, el trabajo con diversidad.
Los datos encontrados en la investigación están en línea con lo presentado a partir de
la revisión bibliográfica de la introducción de este artículo, apuntando a que la educación
sexual también debe estar presente en la Educación Superior, debido a que los sujetos
entrevistados presentaron puntos relevantes respecto a la falta de involucramiento de las
instituciones de educación superior con temas de género y sexualidad.
También es importante destacar el hecho de que los entrevistados sean estudiantes del
último año de Psicología, porque el curso, a pesar de proporcionar algunas materias
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Marina TEDESCHI CANO y Ana Paula LEIVAR BRANCALEONI
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1186-1201, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14662
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específicas sobre el tema, todavía presenta una escasez de debates y proporción de clases y
profesores que profundizan en estas preguntas, apareciendo solo en las respuestas de pocos
sujetos de investigación. Los profesionales que actuarán como psicólogos necesitan haber
desarrollado la escucha no normativa como herramienta de trabajo, y es necesario que tengan
una educación plural y diversa, porque tratarán con personas que ocupan diferentes lugares de
nuestra sociedad. Así, a partir de los datos encontrados, se puede instigir que las Instituciones
de Educación Superior en cuestión no están cumpliendo con las preguntas necesarias para la
formación efectiva del psicólogo.
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Cómo hacer referencia a este artículo
CANO, M. T.; BRANCALEONI, A. P. L. Género y sexualidad: Vivencias y conceptos de
jóvenes universitarios/as de la carrera de psicología en la ciudad de São Paulo.
Revista Ibero-
Americana de Estudos em Educação
, Araraquara, v. 7, n. 2, p. 1186-1201, abr./jun. 2022. e-
ISSN: 1982-5587. DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14662
Enviado en:
22/01/2021
Revisiones requeridas en
: 15/02/2021
Aprobado en
: 09/03/2022
Publicado en
: 01/04/2022
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Gender and sexuality: Experiences and concepts of young university students from the psychology course in the city of São Paulo
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1181-1196, Apr./June. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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GENDER AND SEXUALITY: EXPERIENCES AND CONCEPTS OF YOUNG
UNIVERSITY STUDENTS FROM THE PSYCHOLOGY COURSE IN THE CITY OF
SÃO PAULO
GÊNERO E SEXUALIDADE: VIVÊNCIAS E CONCEPÇÕES DE JOVENS
UNIVERSITÁRIOS/AS DO CURSO DE PSICOLOGIA DA CIDADE DE SÃO PAULO
GÉNERO Y SEXUALIDAD: VIVENCIAS Y CONCEPTOS DE JÓVENES
UNIVERSITARIOS/AS DE LA CARRERA DE PSICOLOGÍA EN LA CIUDAD DE SÃO
PAULO
Marina TEDESCHI CANO
1
Ana Paula LEIVAR BRANCALEONI
2
ABSTRACT:
It has been necessary to broaden the debate and struggles against both sexual
and gender inequalities. This article aims to identify the understandings of young university
students, enrolled of Psychology courses at private higher education institutions in the city of
São Paulo, about sexuality and gender, as well as your formative role in relation to the subject.
The qualitative approach was adopted and interviews with ten university students were
conducted by Thematic Analysis and it was found that: institutions do not deal with gender and
sexuality-related issues; there is little or no space for debate and discussion on the topic;
institutions have not been a vehicle for obtaining information about the subjects; prejudice and
discrimination are reproduced in institutional practices; university students' relationships
among their peers participate in the construction of their conceptions about sexuality. The found
data highlight the importance of creating / expanding spaces for reflection and discussion
related to gender and sexuality in Higher Education.
KEYWORDS:
Gender. Sexuality. College students. Sex education.
RESUMO:
A promoção de debates sobre desigualdades sexuais e de gênero entre os jovens
universitários torna-se cada vez mais necessária. Esta pesquisa tem por objetivo identificar
compreensões de jovens universitários de cursos de Psicologia, de instituições de Ensino
Superior particulares da cidade de São Paulo, sobre sexualidade e gênero, assim como o papel
formador, exercido por elas, no que se refere aos temas. Adotou-se abordagem qualitativa e,
como instrumento de coleta de dados, entrevistas semiestruturadas com dez universitários/as,
analisadas pela Análise Temática. Constatou-se que: as instituições não apresentam propostas
de trabalho com gênero e sexualidade; existe pouco espaço de promoção de discussões sobre
os temas; as instituições não são meios de obtenção de informação sobre o tema; são
reproduzidos preconceitos e discriminações em práticas institucionais; as relações dos
1
São Paulo State University (UNESP), Araraquara
–
SP
–
Brazil. Master's student in the Graduate Program in
Sexual Education. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-2174-6288. E-mail: matedeschicano@gmail.com
2
São Paulo State University (UNESP), Araraquara
–
SP
–
Brazil. Professor of the Graduate Program in Sex
Education. Doctorate in Psychology. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-5927-4175. Email:
ana.brancaleoni@unesp.br
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Marina TEDESCHI CANO and Ana Paula LEIVAR BRANCALEONI
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universitários com seus pares participam da construção de suas concepções sobre sexualidade.
Destaca-se, portanto, a importância do fomento à educação sexual no Ensino Superior.
PALAVRAS-CHAVE:
Gênero. Sexualidade. Universitários. Educação sexual.
RESUMEN:
La promoción de debates sobre desigualdades sexuales y de género entre los
jóvenes universitarios se hace cada vez más necesaria. Se tiene por objetivo identificar
entendimientos de jóvenes universitarios de carreras de Psicología de instituciones de
Enseñanza Superior privadas de la ciudad de São Paulo sobre sexualidad y género, así como
el rol formativo ejercido por las mismas con relación a esos temas. Se adoptó el enfoque
cualitativo y, como instrumento de recolección de datos, entrevistas semiestructuradas con diez
universitarios/as, analizadas por el Análisis Temático. Se constató que: las instituciones no
presentan propuestas de trabajo con género y sexualidad; hay poco espacio de promoción de
debates sobre los temas; se reproducen prejuicios y discriminaciones en prácticas
institucionales; las relaciones de los universitarios entre sus pares participan de la
construcción de sus concepciones sobre sexualidad. Se destaca, por lo tanto, la importancia
del fomento a la educación sexual en la Enseñanza Superior.
PALABRAS CLAVES:
Género. Sexualidad. Universitarios. Educación sexual.
Introduction
Since the birth of a child, the gender classification is based on the binary notion of
biological bodies, designating whether it is male or female. This record, from the moment it is
made, brings with it a series of characteristics that will "say" how this subject should constitute
himself throughout his life, forming a very well-defined delimitation of the naturalization of
these constructions (LUCIFORA
et al
., 2019). The subject that transits between both categories
will be placing himself in a dimension of questioning in relation to his sexuality and/or gender
identity, from the social, political and cultural norms of a given historical context.
The concept of gender emerged in the 1970s, becoming notorious in the sciences only
in the 1980s. Its initial intent was to distinguish the biological dimension from the dimension
of the historical construction of the constitution of subjects. This concept allowed the opening
of a new field of action to deconstruct already established categories, and it is from the use of
this concept that it was possible to start questioning and deconstructing the categories man and
masculine/woman and feminine (MATOS, 2008).
The debate about Gender and Sexuality has been gaining more and more relevance. In
Brazil, issues such as gender inequalities and the high rates of violence against women,
transsexuals, and homosexuals demand that the subject be deeply debated in the academic
sphere and that the categorization and naturalization of genders, in the various social spaces, be
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Gender and sexuality: Experiences and concepts of young university students from the psychology course in the city of São Paulo
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problematized. Louro (2007) warns us about the processes of hierarchization, in which
differences are taken as attributes of inequality, guiding social power relations.
The binary and heteronormative processes of gender classification and hierarchization
result in exclusion, abjection, and violence. The numbers of gender violence in Brazil express
the harmful effects of this configuration. According to the Ministry of Human Rights - MHR
(2018), 79,661 reports of physical and psychological violence were registered through the
Women's Call Center in the period from January to July 2018. Furthermore, Brazil is the
country in which the most deaths against sexual minorities are recorded. Reports conducted by
the Gay Group of Bahia (MICHELS, 2018) point to the rate of one death every 20 hours, by
murder or suicide, of victims of LGBTphobia, in the year 2018 alone. During the year 2019,
there were 297 homicides and 32 cases of suicide (OLIVEIRA; MOTT, 2020).
It is noteworthy that violence is even worse when it comes to transgender and
transvestite people. According to the National Association of Transvestites and Transsexuals -
ANTRA, through a newsletter, 151 murders of transvestites were registered in the period from
October 1 to October 31, 2020, that is, 22% more compared to 2019, which totaled 124 deaths
(NATIONAL ASSOCIATION OF TRAVESTISTS AND TRANSEXUALS, 2020).
Thus, it is essential to problematize how anatomical, sexual and gender differences are
hierarchized, since our society produces, through linguistic processes and discourses of
signification, the different as something that is not "normal". For Louro (2018), this inscription
is made, in the bodies, from the marks of certain cultures, composed and defined by the power
networks of a society. Butler (2003) points out that:
In other words, the political construction of the subject proceeds linked to
certain goals of legitimation and exclusion, and these political operations are
effectively hidden and naturalized by a political analysis that takes the hidden
structures and naturalized by a political analysis that takes the legal structures
as its foundation (BUTLER, 2003, p. 19).
From the perspective of understanding the historical, social, political and cultural
construction of the concepts of gender, sexuality, femininity and masculinity, it is also
necessary to understand how social subjects reproduce these categories in the various sectors
of our society. Regarding the educational sector in Brazil, it is possible to find several works
and studies about gender and sexuality related to Basic Education and teacher training. What
calls our attention is that, when it comes to Higher Education, the work with university students
regarding this theme is still little problematized, even though it is an educational space
propitious to the discussion and reflection on gender categorizations.
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Marina TEDESCHI CANO and Ana Paula LEIVAR BRANCALEONI
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It is also worth mentioning that Higher Education is responsible for training
professionals capable of respecting and dealing with diversities. According to the LDB - Law
of Directives and Bases of National Education, number 9.394/96, article 43, the University must
ensure the formation of professionals in various areas of knowledge, who act professionally in
work sectors that aim at the development of society, allowing students to receive stimuli for
cultural creation, development of critical thinking and scientific knowledge (BRAZIL, 1996).
In addition, it is also the University's duty to train citizens who are responsible to society, who
provide services to the community and who are aware of the world's problems (CASTRO
et al
.,
2016).
University youth, according to the Pan American Health Organization (PAHO), are
categorized as youth or late adolescence, a period that comprises the attempt to reach a process
of cognitive, emotional, physical and social maturity, in addition to the search for their
individuality. It is a period in which young people transition from childhood to adulthood,
experiencing new sexual experiences linked to uncertainties and doubts, as would be the case
of concerns about pregnancy, sexually transmitted diseases, etc. (ZOCCA
et al
., 2016).
What would be, then, the work developed by Higher Education institutions in relation
to Sex Education? How is the theme sexuality and gender inserted in this context? Do male and
female students have any access to training and/or sources of information related to the theme
during their undergraduate education? These questions were important to delimit the field of
this article, starting from the questioning about the relationship between college students and
the theme of gender and sexuality.
Thus, based on the relevance of discussions and debates on the theme of gender and
sexuality among university students, we propose to investigate the perception of psychology
undergraduates about the training in sexuality and gender promoted by the University, as well
as the role played by it in the constitution of their current conceptions on the themes.
It is noteworthy that, according to the Resolution of the Federal Council of Psychology
No. 001/99, Article 2, the professionals trained in Psychology should contribute with their
knowledge to a reflection on prejudice, aiming at the disappearance of discrimination and
stigmatization against those who present homoerotic behaviors or practices and prohibits any
action of psychologists who may collaborate with a representation of homosexuality as a
disease or abnormality, as well as to perform therapies to change their sexual orientation.
In addition, Psychology courses should be in line with the theme of diversity, integrating
it into their program, since the debate on inclusion policies for minorities is one of the
challenges in education and also because it is a course that has been very influential in
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Gender and sexuality: Experiences and concepts of young university students from the psychology course in the city of São Paulo
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educational discourses (DINIS, 2012). It is noteworthy that the psychologist professional code
of ethics (FEDERAL COUNCIL OF PSYCHOLOGY, 2005) also provides, according to its
fundamental principles, that the psychologist should work to promote health and quality of life
of people and communities and contribute to the elimination of any form of neglect,
discrimination, exploitation, violence, cruelty and oppression.
Methodological procedures
A qualitative research approach was adopted, chosen because it enables working with
issues that cannot be quantified. Its object relates to the universe of meanings, beliefs, values,
aspirations and attitudes, which concern human phenomena that are linked to thoughts and
interpretations of their actions from a lived reality (MINAYO, 1994). As Minayo (1994)
indicates: "the interrelation that contemplates the affective, the existential, the everyday
context, the experiences and the language of common sense in the act of the interview is a
sine
qua non
condition for the success of qualitative research."
In relation to the research subjects, they are young people in their last year of graduation
from Psychology courses in Higher Education Institutions in the city of São Paulo. The last
year of graduation was chosen as a cutout, since the research is related to the experiences lived
by the interviewees throughout their stay in the institutions. The choice of students from the
Psychology course was made due to the proximity between Psychology and the theme sexuality,
because although the curricula, in general, do not have any specific discipline on this theme,
Psychoanalysis is present in all undergraduate training in Psychology, which makes them, in
one way or another, find themselves by a given theoretical perspective with the theme
(MOURA et al., 2011).
It is also noteworthy that it is part of the psychologist training the development of
qualified listening, i.e., a listening that does not bring moral and value judgment, allowing that
controversial issues may arise in this open space for diversity, recommended by the code of
ethics of the profession (MOURA
et al
., 2011). Thus, for this condition to be promoted, it is
essential that the courses contemplate the dimension of diversity and respect for it, breaking
with normative patterns that institute and maintain relations of exclusion and violence.
For the research ten subjects were chosen, and the interviews were analyzed in depth so
that the meanings of the answers were not elaborated superficially. According to Bogdan and
Biklen (1994), the interest for this type of research is due to the fact that the researcher wants
to understand the way people live their experiences, what they think about them and how they
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Marina TEDESCHI CANO and Ana Paula LEIVAR BRANCALEONI
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1181-1196, Apr./June. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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are inserted in their life contexts. Thus, the exchange between the researcher and the subject is
more like a conversation than a formal questioning session.
The subjects were chosen based on the disclosure of the research through people in the
social circle of one of the researchers. The exclusion criterion was subjects that were not in their
last year of the Psychology course. Five female and five male university students were chosen,
in order to obtain gender parity.
The invitation to participate was made personally, with explanations about the research
objectives and the delivery and reading of the Free and Informed Consent Form, prepared by
the researchers and digitally signed before the beginning of the research, after approval by the
Ethics Committee.
For data collection, the semi-structured interview was used, which allows the subjects
to freely express their opinions and reflections beyond the research proposal. An interview
script was prepared by the researchers. The interviews were audio-recorded and later
transcribed in their entirety. It was decided that the interviews would be carried out by video
call due to the Covid-19 pandemic that is ravaging the country.
For data analysis, we used the Thematic Analysis method, proposed by Minayo (1994).
It consists of analyzing the subjects' speeches from the social context in which they are inserted,
with the results constituting an approximation of social reality. This method has two levels of
interpretation of the data collected: the first refers to the social-historical conjuncture in which
the researched group is inserted, and the second to what appears in the encounter we have with
the facts that arise in the investigation (GOMES, 1994). The research categories were
elaborated a priori, based on the interview script used for data collection. For this article, the
analyzed category follows in the chart below:
Chart 1
–
Description of the Analyzed Category
Topic
Category
Description
➢
Relationships between Higher
Education institutions and gender
and sexuality issues;
➢
Spaces for information and
discussion in Higher Education
institutions;
➢
Information on gender and
sexuality;
➢
Experiences and understandings
from university experiences.
Higher
Education
Institutions
and Sex
Education
This category discusses what
formative actions Higher Education
institutions provide in relation to
gender and sexuality; spaces for
discussion and institutional reception.
The performance of student
collectives in this formative process is
also discussed.
Source: Prepared by the authors
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Gender and sexuality: Experiences and concepts of young university students from the psychology course in the city of São Paulo
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1181-1196, Apr./June. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14662
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Results and Discussion
Profile of the interviewees
The interviewees ranged in age from 23 to 33 years old. They were identified throughout
the study with the letter S, so the first interviewee was S1, the second S2, and so on until S10.
They came from private Higher Education institutions, being 3 Universities and 1 University
Center, and only 2 did their High Schooling in public educational institutions. Of the 10
interviewees, 2 declared themselves bisexual, 2 homosexual and 6 heterosexual; 2 are in a fixed
relationship, 1 living with his partner, and 8 are single. The 10 interviewees declared themselves
cis-gender and have no children. As for religion, 1 declared to be atheist, 1 Catholic, 1 Seventh-
day Adventist, 1 Jewish, and 6 have no religion.
Chart 2
–
Profile of the interviwees
Subjects
Age
Gendero
High
School
System
University
Marrital
status
Sexuality
Religion
Household
income
(minimum
wage)
Study/
Work
S 1
33
Womanr
Private
Private
Single
Lesbian
Atéia
10 a 15
Study/
Work
S 2
28
Womanr
Private
Private
Single
Bissexual
Não
possui
6
Study/
Work
S 3
23
Womanr
Public
Private
Single
Heterossexual
Adventista
do Sétimo
Dia
3 a 4
Study/
Work
S4
23
Womanr
Public
Private
Single
Heterossexual
Católica
2
Study/
Work
S5
24
Womanr
Private
Private
Single
Lesbian
Não
possui
3
Study
S 6
28
Man
Private
Private
Single
Heterossexual
Judeu
20
Study/
Work
S 7
28
Man
Private
Private
Single
Heterossexual
Não
possui
25 a 30
Study/
Work
S 8
23
Man
Private
Private
Single
Heterossexual
Não
possui
5 a 6
Study/
Work
S 9
24
Man
Private
Private
Single
Bissexual
Não
possui
5 a 6
Study/
Work
S 10
30
Man
Private
Private
Single
Heterossexual
Não
possui
3 a 5
Study/
Work
Source: Prepared by the authors
Relation between Higher Education institutions and gender and sexuality issues
When asked about the way higher education institutions deal with issues of gender and
sexuality, the answers were very similar, even though we have four different private institutions
in the research sample. The great majority of the interviewees answered that the institution
"doesn't deal well" with gender and sexuality issues. They pointed to the silencing, on the part
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Marina TEDESCHI CANO and Ana Paula LEIVAR BRANCALEONI
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1181-1196, Apr./June. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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of the Higher Education institutions, both in relation to the prejudices and discriminations that
occur inside and outside of them, as well as the omission of the pedagogical treatment of the
themes, or the promotion of spaces for debate, discussions and reflections on the issues. As the
people interviewed affirm:
"It doesn't deal well. I think that we live a moment that is moving towards this,
so, today, the university has discussion groups for this, about the theme. But,
in general, it is common to be at the university and hear about episodes of
homophobia, for example... harassment. I think that the university, in general,
needs to improve, still needs to work on this... needs to bring this to light."
(S4)
"Badly, very badly... And I am talking about the institution. It's terrible
because, if it depends on the whole bureaucratic process of the institution, we
don't talk about gender... we talk about gender because it is a movement of
the students... collectives... of the students... if it depends on the university, we
don't have it." (S7)
"There are very few professors that I have seen discussing gender in these five
years of college, there are even some professors who are concerned about this
and we are in the tenth semester hearing people say that they don't know what
trans is, what is cis... what is what... this talk, but this has nothing to do with
the subject. (S1)
It is important to emphasize that when the interviewees bring the idea that the institution
of Higher Education "doesn't deal with it", they are referring to the fact that it doesn't offer any
kind of shelter for situations that occur related to harassment, prejudice, as well as it doesn't
present space for the theme to be debated and worked on among the university students and to
open it so that people can be heard, because to the extent that it is silent, in one way or another,
it is consistent with prejudice and discrimination, as reported by S3, for example:
"The university, in general, no. Anything related to this subject is... let's hide
it. I'm telling you this and it will stay with us, right? That they expel me, but
that's it. We will always hide it, we won't talk about it.
From this speech, we note that the practice of silencing is closely present within the
institution of Higher Education. This finding is in line with Junqueira (2013), who states that
school, as well as several other social and institutional spaces, maintains regulatory practices
based on the parameters of heteronormativity. Silencing, or what we can also call the pedagogy
of the closet, pedagogically shapes the relations of the subject who suffered sexual and gender
violence, and who was not heard/accepted, with the world. This process of concealment, besides
regulating people's social life, also causes them to remain silent, hidden inside the "closet".
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Gender and sexuality: Experiences and concepts of young university students from the psychology course in the city of São Paulo
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The answer above, from S3, indicates not only the fact that the institution of Higher
Education does not offer the welcoming in relation to the theme, but also that it, in addition,
"hides". This also appears in the continuation of S7's answer:
"[...] I even participated in two weeks of psychology, of putting together a
schedule, of talking about the administration of how it is going to be, calling
people to speak and what ended up happening was that you are going to call
a trans person to talk about trans diversity, sexuality, I don't know... you just
can't... it is vetoed directly by the dean and the administration people.
We have, therefore, in the statement, the ratification of the erasure of the possibility of
respecting the place of speech of transgender people, as a way to fight against prejudice and
transphobia that, in this case, is reinforced by the denial of this space. This is also one of the
mechanisms of terrorism imposed by heteronormativity, which inhibits a behavior, the
existence of bodies called "strange", using invisibilization as a mechanism of elimination of
discourses that escape normativity (BENTO, 2011).
As Louro (2008, p. 22) states:
As for difference, it can be said to be an attribute that only makes sense or can
only constitute itself in a relation. Difference does not pre-exist in the bodies
of individuals to be simply recognized; rather, it is attributed to a subject (or
a body, a practice, or whatever) when we relate that subject (or that body or
that practice) to another that is taken as reference.
Although Higher Education institutions are an appropriate field for the construction of
knowledge and development of critical thinking on the part of university students, it is noted
that there is an omission and even a denial of work related to gender and sexuality. Higher
education institutions, thus, follow the same path as so many other institutions in Brazil: they
reproduce social patterns and markers, contributing to the maintenance of prejudices,
inequalities, social hierarchies, without this appearing as oppression or domination (NARDI
et
al
., 2013).
Discussion Space in Higher Education Institutions
In this aspect, the answers of the interviewees varied, when asked about the spaces
offered by the institutions for information and discussion about sexuality and gender. Some of
the interviewees were categorical in affirming that there is no space at all in relation to this,
with simple statements like "
No
!" or "
No, I've never seen
" or even "
Can I be honest? Not that I
know
of
”. Added
to these answers, some of the interviewees brought, in their speeches, the
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Marina TEDESCHI CANO and Ana Paula LEIVAR BRANCALEONI
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confirmation of such statements, saying that they spend the day at the university and that they
have never seen any movement or disclosure of events that happen in this sense, as brought by
this subject:
"[...] I spend the day at the university and I didn't have access to this kind of
information... in this sense, it is not very publicized
.
”
We also found the report about sporadic spaces for studying the topic, according to S5:
"Very few, I think that during the undergraduate course there was a nucleus
that addresses questions about sexuality. I attended one or two meetings, and
it is still something kind of closed, and what is talked about and what is
transmitted does not necessarily carry some ruptures about what sexual
orientation or gender is" (S5).
The subjects who said yes, that the Higher Education institution offered space, presented
data in relation to some professors from the Psychology course who "provoked" the students in
class about issues related to the theme; a nucleus of studies that took place a few years ago and
no longer meets frequently; a group that meets to discuss the subject, but is only attended by
Psychology, Social Sciences and Nursing students, but that arose from the students' own
initiatives and not from the institution, as follows below:
“
I see much more a willingness of the institution to give space for students...
so, I am on the organization committee of the psychodynamic day and we have
already, in some lectures, brought the issue of gender. So, they offer space for
the students who seek it, but it is the students' initiative" (S10).
The data collected for the research reveal that in the perception of the people
interviewed, the Higher Education institutions where they study do not promote practices
related to the debate and discussion of the theme of gender and sexuality, do not offer
welcoming services for victims of aggression, maintaining practices such as silencing and
invisibility, even though it is still in this context that they report their most diverse experiences
of sexuality and gender relations.
Information on sexuality and gender
When asked about the sources they used to obtain information related to gender and
sexuality, the reference to Higher Education institutions does not appear in any of the
interviewees' answers. In almost all the interviews, the most mentioned media are the digital
platforms such as Facebook, Twitter, Youtube, Instagram, podcasts, blogs and social media in
general, as we can see in the statements below:
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Gender and sexuality: Experiences and concepts of young university students from the psychology course in the city of São Paulo
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"I'm very much part of Twitter, so I get a lot of stuff through Twitter that I
always end up stopping at some blog...or some video that has text, it's usually
Twitter and Instagram as well." (S2)
"It's... today? It ends up being kind of occasional. Mostly it's by Facebook
page, Instagram... there's not something I look for as a very solid reference."
(S8)
Books, films, documentaries and scientific articles also appear as sources of
information, as personal searches, present in the following statements:
"Internet, social media... things that I read that I look for to read... articles
and books." (S3)
"Books, blogs, scientific articles, documentaries, movies..." (S9)
"I think I started a few years ago... it's... because of feminist groups via
Facebook, and then I started out there to study. I went to study gender theory,
started to research more. I think that some of this study was also part of my
discovery, of my acceptance as a lesbian woman... I think it was a little bit in
this area. (S1)
From the data analysis, it is indicated that Higher Education institutions are not
recognized as places of search, exchange and construction of knowledge about sexuality and
gender. In a survey conducted with 32 students from an undergraduate course at a public
university, by Brancaleoni, Oliveira and Silva (2018), it was also found that the university
institution and health professionals were the least cited in relation to sources of information
about gender and sexuality. The authors of the aforementioned research also state:
The university is a space of interaction, circulation and construction of values
in which college students, for the most part, are in a phase of sexual
discoveries and experiences, as well as questioning about sexuality and
gender. On the other hand, the university environment is also constituted as a
space in which prejudices and stereotypes about sexuality and gender are
maintained and reproduced" (2018, p. 27).
This reinforces the idea that higher education institutions continue to maintain gender
and sexuality standards, since they do not favor the circulation of systematized and reliable
information on the theme, being little recognized as a reliable space for information and
education by the interviewees, to the detriment of social networks, for example.
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Experiences and understandings from the university living
With regard to understandings about gender and sexuality based on university
experiences, all interviewees said yes, that the experiences in Higher Education institutions
brought new knowledge about sexuality and gender. The experiences reported by the
interviewees were based on exchanges with friends and classmates, contact with sexual
diversity, experiences they had in relation to their own sexuality and the search for information
based on a concern with their profession, for example:
"I think so, because psychology deals with people, you have to be prepared to
hear many things that, sometimes, you don't know, don't know...I think it is
something that I have to go deeper into. As I said, I have difficulty in
associating terms with words, I have to try to know even more. The course
never gave me anything direct, like "ah, let's read about this topic", but it is
something kind of inherent to the profession... I may be seeing a patient next
year and have him talk about these issues... it would be very strange for me to
show ignorance about his pain. (S8)
Another important fact is that the WHO - World Health Organization - establishes that
young people are considered to be those between the ages of 10 and 24, and that this is the
population most susceptible to sexually transmitted infections (STIs). A large part of young
college students are in this category, as noted in the data collected in this research, where 50%
of respondents are in this age group, being, therefore, more exposed to diseases such as
gonorrhea, Hepatitis B virus and human immunodeficiency virus (HIV), syphilis, chlamydia
infection etc. (CASTRO
et al
., 2016). In addition, there is the fact that these young people are
being inserted socially and living experiences that will be part of their identity processes.
Therefore, the debate about gender and sexuality becomes fundamental among young
university students, both in relation to the social aspect of this issue and the health aspect, since
it is at this time that knowledge about themselves, their sexuality, subjectivity and their place
in society is urgent and necessary. Besides, it is important that Higher Education institutions be
spaces that form citizenship, contributing to the reduction of homicide and suicide rates, both
among the LGBT+ population and also in cases of violence against women, feminicides, and
any crime and violence related to gender and sexuality.
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Gender and sexuality: Experiences and concepts of young university students from the psychology course in the city of São Paulo
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Final remarks
According to the answers, the Higher Education Institutions do not provide a field for
information and discussions about the theme, as well as there is a lack of welcoming to issues
that emerge in the university context, even though it is the formative role of the institution to
offer space for the construction of critical thinking, of working with diversity.
The data found in the research are in consonance with what was presented from the
literature review in the introduction of this article, pointing to the fact that sex education should
also be present in Higher Education, because the interviewed subjects presented relevant points
regarding the lack of involvement of Higher Education Institutions with gender and sexuality
issues.
The fact that the interviewees are final year Psychology students is also important to
emphasize, for the course, despite providing a few specific disciplines on the theme, still
presents a scarcity of debates and a proportion of classes and professors who go into depth on
these issues, appearing only in the answers of a few of the research subjects. The professionals
who will work as psychologists need to have developed non-normative listening as a working
tool, being necessary that they have a plural and diverse education, because they will deal with
people who occupy different places in our society. Thus, from the data found, it appears that
the Higher Education Institutions in question are not meeting the necessary requirements for
the effective training of psychologists.
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Marina TEDESCHI CANO and Ana Paula LEIVAR BRANCALEONI
RIAEE
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How to reference this article
CANO, M. T.; BRANCALEONI, A. P. L. Gender and Sexuality: Experiences and concepts of
young university students from the psychology course in the city of São Paulo.
Revista Ibero-
Americana de Estudos em Educação
, Araraquara, v. 7, n. 2, p. 1181-1196, Apr./June. 2022.
e-ISSN: 1982-5587. DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.14662
Submitted:
22/01/2021
Revisions required
: 15/02/2021
Approved
: 09/03/2022
Published
: 01/04/2022
Management of translations and versions: Editora Ibero-Americana de Educação
Translator: Thiago Faquim Bittencourt
Translation reviewer: Alexander Vinícius Leite da Silva