NARRATIVA DE VIDA DE MARIA FERNANDES DE QUEIROGA (IRMÃ ANA, OSF): MEMÓRIA, HISTÓRIA E IDENTIDADE DOCENTE


NARRATIVA DE VIDA DE MARIA FERNANDES DE QUEIROGA (HERMANA ANA, OSF): MEMORIA, HISTORIA E IDENTIDAD DOCENTE


LIFE NARRATIVE OF MARIA FERNANDES DE QUEIROGA (SISTER ANA, OSF): MEMORY, HISTORY AND TEACHING IDENTITY


Iolanda de Sousa BARRETO1 Charliton José dos Santos MACHADO2 Maria Lúcia da Silva NUNES3


RESUMO: Este artigo objetiva delinear o percurso de construção da identidade docente da educadora e religiosa Maria Fernandes de Queiroga (Irmã Ana, OSF), que tem atuado por mais de cinco décadas na formação de professoras/es, no Colégio Normal Francisca Mendes (CNFM), em Catolé do Rocha/PB, a partir de uma leitura de sua trajetória de vida e atuação educativa. Pautado nas ideias difundidas pela Nova História Cultural, nos modos investigativos da (auto)biografia, da micro história e da história oral, desenvolve uma abordagem histórica das fontes constituídas por entrevistas de história oral, cadernos e escritos da educadora, documentos referentes ao CNFM, entre outros. Irmã Ana vem edificando sua identidade docente no acolhimento, na reflexão e na adaptação das influências dos grupos – referências às quais esteve ligada ao longo de sua vida: a família, a congregação religiosa, as instituições formativas e o(s) lugar(es) de atuação profissional.


PALAVRAS-CHAVE: Formação de professoras/es. Docência. Identidade.


RESUMEN: Este artículo tiene como objetivo esbozar el camino de construcción de la identidad docente de la educadora y religiosa María Fernandes de Queiroga (Hermana Ana, OSF), que trabaja desde hace más de cinco décadas en la formación de docentes del Colégio Normal Francisca Mendes (CNFM), en Catolé do Rocha/PB, a partir de una lectura de su trayectoria de vida y desempeño educativo. A partir de las ideas difundidas por la Nueva Historia Cultural, en las modalidades investigativas de (auto)biografía, microhistoria e historia oral, se desarrolla un acercamiento histórico de las fuentes constituidas por entrevistas de historia oral, cuadernos y escritos del educador, documentos relacionados con el CNFM, entre otros. Hermana Ana ha ido construyendo su identidad docente acogiendo, reflejando y adaptando las influencias de los grupos de referencia a los que ha estado


image

1 Secretaria da Educação e Cultura (SEDEC), João Pessoa – PB – Brasil. Professora do Departamento de Educação Básica. Doutorado em Educação (UFPB). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-2909-6240. E-mail: iolandasbarreto@gmail.com

2 Universidade Federal da Paraíba (UFPB), João Pessoa – PB – Brasil. Professor Titular do Departamento de Metodologia da Educação. Doutorado em Educação (UFRN). Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq - Nível 1D. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-4768-8725. E-mail: charlitonlara@yahoo.com.br

image

3 Universidade Federal da Paraíba (UFPB), João Pessoa – PB – Brasil. Professora do Departamento de Metodologia da Educação. Doutorado em Educação (UFRN). ORCID: https://orcid.org/0000-0001-9316-1281. E-mail: mlsnunesml@gmail.com


image

image



vinculada a lo largo de su vida: la familia, la congregación religiosa, las instituciones de formación y los lugares de rendimiento profesional.


PALABRAS CLAVE: Formación del profesorado. Enseñanza. Identidad.


ABSTRACT: This article aims to outline the path of construction of the teaching identity of the educator and religious Maria Fernandes de Queiroga (Sister Ana, OSF), who has worked for more than five decades in teacher training, at Colégio Normal Francisca Mendes (CNFM), in Catolé do Rocha/PB, from a reading of her life trajectory and educational performance. Based on the ideas spread by the New Cultural History, in the investigative modes of (auto)biography, of micro history and oral history, develops a historical approach of the sources constituted by oral history interviews, notebooks and writings of the educator, documents relating to CNFM, among others. Sister Ana has been building her teaching identity in welcoming, in the reflection and adaptation of the influences of the reference groups to which she has been linked troughout her life: the family, the religious congregation, the training institutions and the place(s) of professional practice.


KEYWORDS: Teacher education. Teaching. Identity.


Introdução


O presente artigo4 objetiva delinear o percurso de construção da identidade docente da educadora e religiosa Maria Fernandes de Queiroga (Irmã Ana, OSF), que tem atuado por mais de cinco décadas na formação de professoras/es, no Colégio Normal Francisca Mendes (CNFM), no Alto Sertão da Paraíba, a partir de uma leitura de sua trajetória de vida e atuação educativa. Para tal, considera-se o seu empenho na formação de professoras/es, por meio de sua atuação como professora e coordenadora do Curso Normal do CNFM, assim como o seu esforço contínuo para manter o funcionamento do colégio outrora e nos dias atuais, desenvolvendo atividades docentes e relacionadas à sua administração, constituindo-se, ao longo deste tempo, como guardiã de valores confessionais e saberes educacionais apreendidos por meio da convivência com diversos grupos-referências, sobretudo as Irmãs Franciscanas de Dillingen, podendo a educadora ainda ser descrita como guardiã do próprio colégio e de tudo o que ele representa.

A reconstituição da trajetória de vida da educadora, englobando sua formação e atuação profissional, deu-se a partir da análise de fontes orais, com destaque para as suas próprias narrativas de memória, mas também por meio de fontes escritas e imagéticas por ela


image

image

4Este texto é um recorte da pesquisa de doutoramento intitulada A GUARDIÃ: um retrato histórico e (auto) biográfico de Maria Fernandes de Queiroga (Irmã Ana, OSF) – 1949 a 2019, realizada entre os anos de 2016 e 2019, a partir do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal da Paraíba. Para saber mais, consultar Barreto (2019).


image

image



disponibilizadas, como cadernos, fotografias, textos (auto)biográficos e documentos oficiais do colégio, além de livros sobre a cidade de Catolé do Rocha, sobre a história das Irmãs Franciscanas de Dillingen, e ainda trabalhos acadêmicos sobre o CNFM.

Cabe aqui considerar a complexidade que se impõe ao estudo em pauta, haja vista a impossibilidade de se condensar uma vida em uma narrativa historiográfica, independentemente do número de páginas que possa conter, pois do contrário, corre-se o risco de cair na armadilha de uma “ilusão biográfica”, a qual seria, conforme de Bourdieu (1986, p. 69): “tratar a vida como uma história, isto é, como o relato coerente de uma sequência de acontecimentos com significado e direção.” Uma história de vida, portanto, não se apreende, não se finda em uma narrativa, e o pesquisador deve assumir uma postura coerente ao dedicar-se à operação historiográfica. Neste sentido, também alerta Oliveira (2011, p. 66):


[...] Como é ilusória a figura de um sujeito do conhecimento neutro, que observa ‘de fora’ os fenômenos na suposição de apreendê-los por inteiro para, ao final, construir sobre eles uma imagem definitiva. Determinar completamente o objeto simbolizaria o poder arbitrário do sujeito do conhecimento, mas também a morte do objeto, daí a ilusão que recobre tais práticas.


Na atualidade, sob influência das disciplinas como a Sociologia e a Antropologia, há um destacado interesse por abordagens e metodologias que enfocam histórias de vidas, identidade e memória, nas quais a (auto)biografia aponta não somente a capacidade de apresentar a trajetória de uma vida singular, mas de possibilitar uma percepção mais acurada dos processos coletivos. É um trabalho minucioso de compreensão e interpretação, em que a partir das fontes e dos métodos utilizados se vai revelando nuances da realidade estudada. Por isso, para Le Goff uma biografia parte inicialmente da vida de um indivíduo e a “legitimidade do gênero histórico passa pelo respeito a esse objetivo: a apresentação e a explicação de uma vida individual na história. Mas uma história iluminada pelas novas concepções da historiografia” (LE GOFF, 1989, p. 49).

A investigação neste trabalho desencadeada enveredou pelas dimensões da pessoa, da prática e da profissão do professor, comungando com o pensamento de Nóvoa (1992, p. 15), de que: “O professor é a pessoa; e uma parte importante da pessoa é o professor”. Nesse sentido, refletir sobre a ação educativa de Irmã Ana ou sobre a de qualquer outro profissional da docência impõe considerar as especificidades inerentes à sua identidade pessoal, que, por conseguinte, particularizam o seu fazer educativo.


image

O sujeito da pesquisa


image

image


Décima filha do casal João Adelino de Queiroga e Ana Fernandes de Queiroga, Irmã Ana nasce como Maria Fernandes de Queiroga, em 03 de fevereiro de 1936, na cidade de Antenor Navarro (atualmente denominada de São João do Rio do Peixe), sertão paraibano. No ano de 1941 desloca-se com a família para Catolé do Rocha, onde o pai assumiria um emprego federal nos Correios e Telégrafos. Nesse período esse pequeno município era palco de duas inusitadas ocorrências: a fundação da Escola Normal Dona Francisca Henriques Mendes e a chegada das cinco irmãs franciscanas de Dillingen, religiosas alemãs que se tornariam as responsáveis pelo funcionamento do colégio e pela formação de muitas jovens catoleenses e do seu entorno geográfico, que a partir dele se fizeram professoras.

Concluídas as experiências do ensino primário e do Exame de Admissão, em 1949, aos 13 anos, Irmã Ana ingressa no Curso Normal Regional do Colégio Dona Francisca Henriques Mendes, período que assim descreve: “Que alegria! Foram quatro anos onde podíamos saborear o néctar dos conhecimentos de vários professores, de modo especial das Irmãs Franciscanas de Dillingen, fundadoras dessa instituição de ensino” (QUEIROGA, 2016).

Desde sua fundação, o CNFM funcionou com o curso primário e o Curso Normal, nos primeiros anos denominado “Normal Livre”, modalidade pouco abordada na historiografia da educação brasileira, mas da qual é possível inferir que a designação “livre” se daria devido à autonomia concedida pela legislação brasileira aos estados para que elaborassem as suas próprias matrizes curriculares, entre outras prerrogativas (SOUSA, 2012, p. 59).

A partir de 1946, o Curso Normal livre é substituído pelo Curso Normal Regional, sendo a primeira turma de regentes de ensino diplomada no ano de 1949, conforme o Livro de Atas das Sessões Magnas de Formatura. Esse curso foi instituído de acordo com a Lei Orgânica do Ensino Normal, posta em vigor pelo Decreto-Lei n.º 8.530, de 2 de janeiro de 1946. Os dois cursos, Normal Livre e Normal Regional têm, portanto, especificidades. Para Oliveira (2013, p. 144):


image

A adjetivação “livre” do primeiro apontaria para o princípio da liberdade das democracias modernas, que, no campo da educação, toma corpo na defesa da livre iniciativa de particulares do ensino, e no papel indeclinável do Estado para normatizar e controlar essa atividade, na esfera pública e privada. Por sua vez, a adjetivação “regional”, do segundo, estaria significando a circunscrita validade do título expedido pelo Normal Regional, principalmente quando se considera a maior amplitude do Normal 2º. Ciclo e o direito dele advindo de pleitear acesso à Universidade, pela via do Vestibular.


image

image



Em meados do século XX, Irmã Ana estava inserida nesse contexto de euforia professoral que movimentava a pacata localidade de Catolé do Rocha. Jovens normalistas mergulhavam em campos de conhecimento diversos, assim como numa densa gama de atividades socioculturais, como realça Oliveira (2013, p. 148-149):


Nos anos cinquenta, o Normal Regional do Francisca Mendes desenvolvia sua formação com disciplinas de duração variada: Religião; Português; Desenho e Caligrafia; Canto Orfeônico; Educação Física e Jogos (todas em 4 anos); Matemática; Trabalhos Manuais (3 anos); Botânica; Física e Química (2 anos); Geografia Geral; Geografia do Brasil; H. Geral; H. do Brasil; Psicologia e Pedagogia; Higiene; Didática e Prática de Ensino (1 ano).


Irmã Ana afirma que aos 14 anos já se sentia vocacionada à vida religiosa, contudo, guardava para si seu desejo, pois a mãe não gostava da ideia. Contudo, provavelmente a convivência direta com as irmãs fundadoras do CNFM tenha marcado profundamente o espírito da jovem, de forma que não desiste do seu intento e, aos 22 anos, após receber a licença dos pais, ingressa como candidata aos votos religiosos, no convento de Areia.

É possível afirmar que, desde o ano de 1949, Irmã Ana começa, de fato, a construir o seu vínculo com o CNFM, que perdura até os dias atuais, quando continua participando ativamente da rotina do colégio, das decisões pedagógicas e administrativas, tendo ocupado até o ano de 2017 o cargo de diretora-geral da instituição.


A construção de um colégio ou a construção de uma história


Nos anos finais da década de 1930, vislumbrava-se em Catolé do Rocha as bases para a construção de um colégio, o qual se configurava para os seus idealizadores e para a gente de posses local, assim como para políticos, intelectuais e autoridades religiosas, como um projeto redentorista, capaz de trazer prosperidade e civilidade à região.

Muitos depoimentos registrados no Livro de Impressões sobre o Projecto do Collegio

D. Francisca Henriques Mendes5 reforçam esses valores, concebendo o desenvolvimento intelectual e moral para as gerações futuras, como se constata nos escritos. De acordo com Antonio Botto de Menezes, então deputado federal paraibano: “A obra, que o Cel Antonio Mendes Ribeiro [...] vai edificar, sob a doce invocação do nome de sua genitora, no município de Catolé do Rocha, destina-se ao preparo das gerações do amanhã. É semente nova e fecunda reservada ao futuro [...]” (IMPRESSÕES, 1937-1938).

E com o então vigário local, o Pe. Joaquim de Assis Ferreira:


image

image

5 Documento sob a guarda do CNFM. Manuscrito não paginado, datado de 1937. Mantida a ortografia da época.


image

image


O Colégio “D. Francisca Henriques Mendes”, dádiva preciosa do Coronel Antonio Mendes Ribeiro à Diocese de Cajazeiras e à cidade de Catolé do Rocha, berço de sua genitora que dá nome ao Educandário, representa para o Sertão da Paraíba uma esmola de luz que se não esquece [...] (IMPRESSÕES, 1937-1938).


O projeto da construção do Colégio Dona Francisca Henriques Mendes surgiu em uma época de escassos recursos voltados para a educação da população, marcada pelo fechamento de escolas subsidiadas pelo poder público, o qual, inclusive, com a Constituição de 1937, passa a incentivar diretamente a iniciativa privada, e minimiza o dever do Estado com a educação. Nesse sentido, o texto propunha que a arte, a ciência e o ensino fossem livres à iniciativa individual e à associação ou reunião de pessoas públicas e particulares.

Como a abertura de escolas confessionais era de interesse da Igreja, a partir de uma rede de relações locais, envolvendo lideranças religiosas, políticas e econômicas, foram lançados os alicerces do edifício que mudaria e marcaria, definitivamente, a paisagem do pequeno município paraibano e a vida de parcela da comunidade local, considerando que os menos abastados ficavam de fora desse projeto. Cabe aqui destacar o conceito de redes de sociabilidade, que para Martins (2007, p. 432) seriam “a representação das interações contínuas das diferentes estratégias individuais”. Quais seriam, no entanto, os principais personagens dessa rede local?

Em primeiro lugar, o capitalista bem-sucedido do ramo imobiliário da capital paraibana, o coronel Antônio Mendes Ribeiro, desejoso de edificar uma obra com a qual pudesse honrar e imortalizar a memória de sua genitora, a catoleense Francisca Henriques Mendes. Além dele, o vigário local, Padre Joaquim de Assis, que, em sintonia com os ideais católicos de evangelizar por meio da educação, e atentando às carências percebidas na região, indica ao empreendedor a construção de um educandário para moças como a obra ideal ao seu propósito. E ainda, o então prefeito Natanael Maia Filho, membro de uma família da elite política catoleense e paraibana, que faz a doação de terreno público para a construção do prédio escolar.

image

Além da cultura política familista destacada como predominante no município, nesse contexto, a cultura política nacionalista também é percebida nos comportamentos concretos de indivíduos notórios ou comuns, afinal a construção de um sentimento nacionalista está em ebulição em todo o país. Nas palavras de Pécault (1990, p. 15): “organizar a nação, esta é a tarefa urgente, uma tarefa que cabe às elites. [...] forjar um povo também é traçar uma cultura capaz de assegurar a sua unidade”.



image

image



A história da fundação do colégio ganha um capítulo diferencial com a chegada das cinco irmãs franciscanas de Dillingen que emigram para o Brasil no ano de 1939, juntamente a outras irmãs de sua congregação, instalando-se nas cidades de Cabo Frio, no Rio de Janeiro, e Areia, na Paraíba. Em virtude das perseguições às ordens católicas na Alemanha e da necessidade de elencar dirigentes para instituições confessionais no Brasil, autoridades eclesiásticas brasileiras fazem o convite, que é aceito pelas estrangeiras. As cinco freiras alemãs que chegam para assumir o funcionamento da então Escola Dona Francisca Henriques Mendes instalam-se inicialmente em Areia (PB) e, convocadas pelo bispo de Cajazeiras (PB), Dom João da Mata Amaral, rumam para Catolé do Rocha, sendo acolhidas por autoridades locais que, inclusive, se incubem de sua acomodação até que a construção do prédio do colégio seja concluída e elas possam lá se instalar, o que acontece no início de 1940. Segundo Sendra (2007, p. 166): “Enquanto o Colégio estava ainda sendo construído, o Curso Primário funcionou numa das casas cedidas pelo Coronel Sérgio Maia. E o Curso Normal Livre ficou instalado na parte concluída do Colégio”.

Nesse contexto, tem início a história de muitas professoras formadas no CNFM, que puderam desenvolver a prática docente a partir dos ensinamentos das cinco irmãs fundadoras ou das coirmãs brasileiras que a elas se seguiram e também abraçaram esse mister, a formação de professoras.


A constituição de uma identidade


A construção da identidade, apesar de ela ser, aparentemente, uma instância individual, processa-se, continuamente, em relação a um coletivo. É, segundo Pollak (1992, p. 200), “um fenômeno que se produz em referência aos outros, em referência aos critérios de aceitabilidade, de admissibilidade, de credibilidade, e que se faz por meio da negociação direta com os outros”.

Nesse ponto cabe refletir sobre as influências que constituíram Irmã Ana enquanto sujeito, enquanto educadora e enquanto freira, ou seja, sobre a constituição de sua identidade individual e coletiva. Destaca-se, nesse processo de construção identitária, a ação dos grupos- referência (GABRIEL, 2011), sobretudo a família, a Igreja e a sua congregação religiosa, entre outros, com realce para a convivência com as irmãs franciscanas fundadoras do CNFM.

image

Em sua narrativa Irmã Ana enfatiza que a convivência com as mestras, as madres fundadoras do CNFM, e as demais professoras do Curso Normal daquele colégio, despertou- lhe o gosto pelo magistério. Entende-se, pois, que a construção de sua identidade docente se


image

image



dá, sobretudo, a partir dessa convivência, considerando-se também os próprios interesses coletivos da época, afinal a maioria das jovens catoleenses almejava seguir a carreira do magistério, enaltecida pelas autoridades políticas e eclesiásticas locais como ação intelectual e, ainda, libertadora e missionária, como se pode perceber em trecho do discurso do Pe. Américo Sérgio Maia, orador oficial da sétima turma de professoras do Colégio Dona Francisca Henriques Mendes:


Educar não quer somente dizer acumular conhecimentos, mas fazer chegar ao desenvolvimento e à plena eficiência todas as faculdades que se acham em germinação na criança. A jovem professora deve-se fazer portadora da luz de Jesus Cristo, como catequista, como apóstola da ação católica (LIVRO, 1942-1959, p. 19).


A identidade individual constrói-se em comunhão com a identidade social. Assim, o sujeito, bebendo em diversas fontes, vai se constituindo a si mesmo, criando percepções e fazendo escolhas, muitas vezes por influência direta de outros sujeitos ou grupos, o que, num movimento contínuo, aos poucos pode ir reconstruindo-se, afirmando-se ou transformando-se, conforme o próprio indivíduo se perceba em relação a si mesmo e aos outros. Segundo Pollak, na construção da identidade, há a presença de três elementos essenciais:


Há a unidade física, ou seja, o sentimento de ter fronteiras físicas, no caso do corpo da pessoa, ou fronteiras de pertencimento ao grupo, no caso de um coletivo; há a continuidade dentro do tempo, no sentido físico da palavra, mas também no sentido moral e psicológico; finalmente, há o sentimento de coerência, ou seja, de que os diferentes elementos que formam um indivíduo são efetivamente unificados (POLLAK, 1992, p. 200, grifo nosso).


No que diz respeito à identidade de Irmã Ana, é possível perceber a unificação desses elementos, processo solidificado ao longo das suas mais de oito décadas de vida. Sem dúvida, nesse movimento, ela recebe e acolhe influências de diversos grupos com os quais se integra ou convive, no entanto demonstra certa autonomia em suas escolhas, considerando-se as opções disponíveis à figura feminina em seu espaço-tempo social e de formação. Conclui o Curso Normal e decide-se pela docência. De início, surgem-lhe outras opções de trabalho, mas as rejeita por não estarem relacionadas à área escolhida. Decide-se pela vida religiosa consagrada aos 14 anos de idade, mas enfrenta a objeção materna. Mesmo assim, continua firme em seu propósito e aos 22 anos consegue entrar para o convento como candidata, recebendo a autorização dos pais.

image

Sempre que indagada sobre sua escolha vocacional, Irmã Ana enfatiza o desejo pessoal e, mais do que isso, considera ter recebido um chamado divino. Em suas palavras:



image

image



Deus é que me atraiu, não é? Deus me atraiu”. Pondera, contudo, que o ambiente que a cercava lhe era favorável à escolha, pois os pais sempre foram muito piedosos, sendo a igreja quase que um complemento do lar. Revela que admirava as práticas piedosas das irmãs, mas deixa claro que não houve interferência delas em sua decisão pela vida consagrada, conforme relata:


[...] eu tomei a minha decisão com quatorze anos e ninguém tirou mais da minha cabeça, só que eu nunca disse a ninguém. Depois eu terminei aqui no colégio e eu estudava datilografia com Irmã Engelsindis e uma vez, ela conversando e meu irmão já estava no seminário, e ela me perguntou se eu não queria ser religiosa. Foi a única pergunta. Aí eu não tinha mais como esconder, eu já tinha dezessete anos, foi a primeira vez que eu disse a Irmã Engelsindis. Aí depois ela passou para minha irmã e aí chegou lá em casa e foi aquele chororô lá de casa. Mas eu só cheguei a entrar no convento com vinte e dois anos porque meus pais não deixaram (QUEIROGA, 2016a).


Ao concluir o Normal Regional no CNFM, alimenta o desejo de lá lecionar, o que, no entanto, não se concretiza de imediato. Assim, passa a trabalhar no comércio, tarefa que não lhe agradava. Surge a oportunidade de substituir uma professora do colégio que estava gestante, sua então vizinha Maria Celi Fixina, mas, como o cargo era temporário, retorna ao comércio, em 1954, para ajudar um irmão que acabara de instalar uma loja de roupas masculinas. Nesse meio tempo, recebe outros convites de trabalho, mas resolve recusá-los por não se identificar com os ofícios. Talvez a família tenha tentado integrá-la em outras ocupações a fim de que pudesse realmente confirmar ou não a sua intenção para a vida consagrada, afinal, à época, o caminho para o casamento e a constituição de uma nova família era considerado não somente o natural para a mulher, mas também o desejado, haja vista a força da representação dessa instituição no cenário social.

Não que tenha ocorrido um determinismo, ou seja, que Irmã Ana estivesse predeterminada a ser o que é, mas naquela época a mulher, assim como o homem, tinha o seu lugar definido dentro da divisão sexual. Afinal, há muito tempo: “cada sexo tem sua função, seus papéis, suas tarefas, seus espaços, seu lugar quase predeterminado, em seus detalhes” (PERROT, 1992, p. 178).

image

Em sua narrativa percebe-se a importância que os pais davam ao casamento, o que, contudo, não era o desejado por todos os filhos. Assim, cabe inferir que, com as possibilidades que tem, cada indivíduo constrói-se, a princípio, a partir de caminhos e descaminhos, escolhas e renúncias, bem como de seu próprio livre-arbítrio. No que se refere à Irmã Ana, não parece ter havido um conflito de identidade em sua história de vida; ao contrário, elementos apontam para uma tomada de consciência, para um processo de



image

image



identificação, para um encontrar-se a si própria no mundo, enquanto mulher, enquanto educadora e enquanto freira, a partir do que ela recebe e de como interage em seu contexto sócio-histórico.

Em 1962, Irmã Ana, então pertencendo à Congregação das Irmãs Franciscanas de Dillingen na Província do Nordeste, a Província de Nossa Senhora Medianeira das Graças, retorna de um intenso período de preparação em Areia e instala-se no CNFM, assumindo as tarefas religiosas e educacionais a ela confiadas, passando, em pouco tempo, a lecionar Matemática no ginásio, Desenho no ginásio e no Curso Normal, Higiene e Puericultura no 4º Normal Regional e Ensino Religioso no 3º ano primário. Ela afirma que não foi fácil assumir todo esse trabalho, pois a sua formação era para o curso primário, mas destaca que sempre teve o apoio e a orientação das irmãs alemãs e que o fato de gostar do que fazia foi fundamental para o seu êxito e a sua realização profissional. Paralelamente à realização dos trabalhos, não deixava também de buscar aprimoramentos, participando de cursos voltados para a área da Educação, iniciativa hoje chamada de “formação continuada” ou “permanente”. Como havia carência de professores para ensinar as diferentes matérias do currículo ginasial na Paraíba, alguns cursos eram ofertados com a finalidade de capacitar professores e conceder-lhes o registro de ensino da matéria cursada, o que se dava por meio da aprovação em exames de suficiência.6 No ano de 1965, com o intento de conseguir o registro de professora de Matemática para o 1º ciclo ginasial, Irmã Ana realiza, na capital paraibana, o 1º Curso de Preparação Intensiva de Professores de 1º Ciclo, promovido pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da UFPB, em convênio com a Diretoria de Ensino Secundário, do Ministério da Educação e Cultura. O curso teve a duração de um semestre letivo, de 1º de julho a 1º de dezembro do ano de 1965. Como já lecionava Matemática, com o término do

curso e o recebimento do registro, passou a ensinar a disciplina com a certificação oficial.

Paralelamente a esse curso, participa de outro realizado no Instituto de Educação da Paraíba, com duração de uma semana e dirigido a professores do Curso Normal. O curso foi ministrado por professoras de Belo Horizonte e, na ocasião, Irmã Ana participou em companhia de Irmã Eleonore Brumm, uma das irmãs alemãs responsáveis pela administração do CNFM. Daí surgiu a oportunidade de realizar um curso mais aprofundado em Belo Horizonte, no ano de 1966, oferecido pelo Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos, por meio do Centro Regional de Pesquisas Educacionais João Pinheiro/Divisão de


image

image

6 O exame de suficiência constituiu-se como medida emergencial adotada pelo Ministério da Educação e Saúde (MÊS), por meio do Decreto-Lei n.º 8.777, de 22 de janeiro de 1946 (BRASIL, 1946), com vistas a minimizar a defasagem de professores para atuarem no ensino secundário, haja vista que o número de faculdades de Filosofia, especializadas na formação de professores para esse nível de ensino, era insuficiente no país.


image

image



Aperfeiçoamento de Professores (CRE-DAP), curso que sempre é referenciado por ela como um momento importante de sua formação profissional, conferindo-lhe, de acordo com suas palavras, um aprofundamento teórico-prático “similar ao de uma especialização”.

Dedica-se, de maio a dezembro do ano de 1966, ao curso de aperfeiçoamento de professores ministrado em Belo Horizonte, cursando diversas disciplinas, com cargas horárias variando de 12 a 137 horas, num total de 847 horas-aula, englobando estudos em Didática da Matemática (disciplina com maior carga horária), Didática de Estudos Sociais, Didática das Ciências Naturais, Prática de Ensino na Escola Normal, Currículo e Supervisão na Escola Primária e Psicologia Educacional, entre outras áreas do conhecimento. Nessa experiência, Irmã Ana pôde interagir com os professores ministrantes das diversas disciplinas e com os professores participantes, que, assim como ela, estavam em busca de aprofundamento teórico para atuar em seus espaços profissionais.

O curso realizado em Belo Horizonte - MG capacitou-lhe para ministrar todas as Didáticas do Curso Normal do CNFM, assim como a Prática de Ensino e, ainda, o trabalho de orientação pedagógica que realizou neste colégio e no 8º Centro de Supervisão (órgão vinculado à Secretaria de Educação do Estado da Paraíba) de Catolé do Rocha, como coordenadora das supervisoras de ensino, de 1977 a 1980. Neste trabalho de orientação pedagógica, enfatiza a parceria com Gercina de Freitas Lopes, professora a quem confiou a regência da Didática da Matemática no curso pedagógico do CNFM e que também participava do processo de avaliação das professorandas no estágio supervisionado da instituição.

O processo de construção de uma identidade profissional, segundo Moita (1995, p.

115):


É uma construção que tem uma dimensão espácio-temporal, atravessa a vida profissional desde a fase da opção pela profissão até à reforma, passando pelo tempo concreto de formação inicial e pelos diferentes espaços institucionais onde a profissão se desenrola. É constituída sobre saberes científicos e pedagógicos como sobre referências de ordem ética e deontológica. É uma construção que tem a marca das experiências feitas, das opções tomadas, das práticas desenvolvidas, das continuidades e descontinuidades, quer ao nível das representações, quer ao nível do trabalho concreto.


image

Nesse sentido, percebe-se que Irmã Ana paulatinamente vai dando corpo à sua práxis educativa, assumindo novas funções profissionais, delegando atribuições a outros colaboradores do mister de formação professoral e educacional, desenvolvido não somente em nível do CNFM, mas, inclusive, na rede de ensino estadual. Lança mão dos



image

image



conhecimentos adquiridos nos espaços de formação ao mesmo tempo que vai em busca de novos saberes e de atualização profissional.

Do curso de Belo Horizonte, a educadora guarda, além do certificado, um caderno de quase 300 páginas manuscritas em frente e verso (QUEIROGA, 1966). A primeira página, condizendo com a sua identidade religiosa, traz uma prece voltada para o início do trabalho; nas demais, constam anotações sobre as unidades de ensino das várias disciplinas cursadas, englobando aspectos históricos e teóricos concernentes a cada área, metodologias de ensino, avaliação, preparo do professor, prontidão da criança para a aprendizagem, planos de aula e exercícios de fixação, entre outros apontamentos, inclusive, realçando a importância do diálogo entre as disciplinas, conceito atualmente chamado de “interdisciplinaridade” e de grande destaque nas teorias pedagógicas contemporâneas.

No ano de 1971, Irmã Ana é convidada para lecionar Matemática em turmas do 1º e do 2º Científico no Colégio Estadual Obdúlia Dantas. Contratada pelo estado, desempenha essa função até 1973, quando passa no vestibular da UFPB para cursar Pedagogia. Consegue que o seu contrato com o estado seja transferido para a Escola Estadual Sesquicentenário, localizada em João Pessoa, onde leciona Matemática por quatro anos.

Fazer Pedagogia foi o coroamento para o exercício de sua prática profissional. Na academia, segundo ela, teve excelentes professores e havia bastante socialização de conhecimentos a partir de trabalhos em grupos. Recorda que, quando chegou o momento de realizar atividades sobre a temática “unidades de trabalho”, tinha o diferencial de já ter exercitado o conteúdo durante o curso realizado em Belo Horizonte, tendo sido para ela bem mais fácil do que para as demais colegas da graduação passar por essa etapa do programa, tornando-se, inclusive, coordenadora do grupo.

Durante a formação no curso de Pedagogia, Irmã Ana nunca abandonou o trabalho no CNFM, nem mesmo mentalmente, segundo ela. A orientação das professoras do Curso Normal era prioridade para a educadora, assim em todas as oportunidades se fazia presente no colégio. Quando havia aulas ou dias livres, seguia para Catolé do Rocha a fim de ministrar aulas no Curso Normal e realizar orientações junto às professoras em formação.

image

Irmã Eleonore Brumm, nessa época, era a responsável pela administração do CNFM, mas também era provincial, ou seja, havia sido eleita para coordenar todas as irmãs da província, no caso, a Província do Nordeste, Província Franciscana de Nossa Senhora Medianeira das Graças. Dividia-se, assim, entre as demandas do colégio e as obrigações da ordem religiosa, mas contava com a ajuda direta de Irmã Ana, sobretudo como colaboradora


image

image



dos trabalhos de orientação das professoras, mas também como professora de várias Didáticas do Curso Normal.

Ao concluir o curso de Pedagogia na UFPB, em dezembro de 1976, com habilitação para Administração Escolar, Supervisão Escolar e Prática Pedagógica, recebe o registro conferido pela Inspetoria Técnica de Ensino da Paraíba para ensinar Psicologia da Educação, Sociologia da Educação e Didática Geral. Em janeiro de 1977, Irmã Eleonore Brumm entrega à Irmã Ana a administração do CNFM e desloca-se definitivamente para Areia, após 38 anos de efetivo trabalho naquela instituição de ensino.

A partir dos relatos da educadora, evidencia-se o empenho de Eleonore Brumm em preparar Irmã Ana para dar continuidade à linha de trabalho educacional e confessional estabelecida pelo grupo das pioneiras irmãs alemãs, as franciscanas de Dillingen, do qual fazia parte. Fica claro também a dedicação de Irmã Ana a esse mister, trabalhando com afinco, recebendo os aconselhamentos e pondo em prática os ensinamentos advindos dessa convivência. Os processos de construção da identidade profissional de Irmã Ana como professora, supervisora, coordenadora e administradora escolar, bem como os processos de construção de sua identidade pessoal como mulher, religiosa e ainda como guardiã do CNFM, têm a marca de muitos grupos, mas também de indivíduos em especial.

Com relação à Irmã Ana, é possível afirmar que todo esse tempo de dedicação à educação e ao CNFM revela-se fecundo, no sentido de que adquiriu experiências e aprendizados, ao mesmo tempo em que colaborou com a formação de muitos professores, os quais foram, por sua curiosidade própria, mas também a partir dos conhecimentos adquiridos em interação, construindo novos saberes inerentes à prática educativa.

De 1962 a 2015, período que Irmã Ana atuou no Curso Normal do CNFM, de acordo com dados de matrículas obtidos na secretaria do colégio, foram alunos(as)7 ou receberam orientações da educadora em tela 1.345 professoras/es formadas/os na instituição. Foram 53 anos de dedicação à formação professoral que geraram um resultado significativo, como se comprova no número, que ultrapassa a casa do milhar.

Analisando-se as fontes é possível afirmar que muitos foram os conhecimentos pedagógicos transmitidos por essa educadora. Desde a elaboração das unidades de ensino e o cuidado com a coerência entre conteúdos programáticos, objetivos, metodologias e avaliação da aprendizagem até a preparação dos recursos didáticos de forma que o ensino pudesse se mostrar mais atrativo e eficiente. A desenvoltura na ministração das aulas no período do


image

image

7 De acordo com dados coletados no CNFM, seis professores do sexo masculino concluíram o Curso Normal no CNFM ao longo de sua história.


image

image



estágio supervisionado era outro ponto que merecia atenção e orientação de Irmã Ana e das demais professoras responsáveis pela condução dessa etapa.

Assumir a educação foi para Irmã Ana mais do que assumir uma profissão, foi tomar uma missão, conforme os preceitos de sua ordem religiosa – e talvez por isso ela ainda não tenha se permitido parar. É visível o seu empenho científico, a busca contínua por conhecimentos que subsidiassem a sua ação, podendo-se refletir sobre ela a partir da asserção de Freire (2007, p. 22): “se o meu compromisso é realmente com o homem concreto, com a causa de sua humanização, de sua libertação, não posso por isso mesmo prescindir da ciência, nem da tecnologia, com as quais me vou instrumentando para melhor lutar por esta causa”.

A formação de professores e a formação cristã sempre foram prioridade para ela, como se percebe nos seus relatos, nos depoimentos de outros sujeitos ou na análise das fontes. Isso não significa afirmar que ela nunca tenha cometido erros e talvez tenha até deixado alguma marca negativa em alguns dos que passaram por ela. Ela mesma, numa perspectiva autoavaliativa, pertinente a todo/a educador/a, assim se percebe: “[...] ninguém é tão sábio que não tenha erros, eu penso. Eu não posso dizer que faço tudo muito bom, nós temos nossas falhas, são falhas humanas” (QUEIROGA, 2017).

Desde a sua fundação, no ano de 1939, o CNFM ofereceu a formação para o magistério: inicialmente com o curso denominado “Normal Livre”, em seguida com o Normal Regional, ambos correspondentes ao que hoje se convenciona chamar de “ensino fundamental”. Em 1965, com a implantação do Curso Pedagógico, a formação passa a corresponder ao ensino de segundo grau e, a partir da LDB n.º 9.394/96, com a mudança de nomenclatura dos níveis de ensino, configurou-se como Curso Normal em nível médio, com a exigência de quatro anos de formação profissional. A nova matriz curricular do curso passou a exigir uma carga horária de 4.560 horas/aula, com a obrigatoriedade de uma regência de 320 horas/aula. Para isto, as professoras titulares do ensino fundamental do colégio teriam de ceder muito tempo de sua sala de aula. Comprometida com a missão de formar professores, e sabedora da importância social dessa formação, Irmã Ana esforçou-se para manter o Curso Normal, adequando-o às novas exigências. Para tanto, concebeu, em 2005, o projeto “Flor de Mandacaru”, que visava resolver o problema da regência para as estagiárias do Curso Normal, possibilitando-lhes a experiência profissional necessária e, ainda, abrir as portas do colégio para acolher crianças oriundas das classes menos favorecidas.

image

Assim, foram abertas turmas no colégio para atender as crianças incluídas no perfil descrito, cujos pais eram informados no ato da matrícula sobre as especificidades do projeto. De acordo com a proposta, as estagiárias seriam acompanhadas por uma professora titular em


image

image



cada sala, que daria apoio didático e psicológico às cursistas. A elaboração das unidades de ensino era acompanhada pela orientadora pedagógica, responsável, ainda, por observar a execução das aulas, realizando uma avaliação crítica que favorecesse a atuação docente das estagiárias. O projeto Flor de Mandacaru funcionou de 2005 a 2013, tendo sido encerrado, segundo Irmã Ana, devido à falta de adesão de novas candidatas ao Curso Normal e, ainda, aos seus altos custos de execução.

Esgotadas as tentativas, Irmã Ana constata, por fim, a falta de êxito em manter o funcionamento do curso no colégio devido à baixa procura e ao desinteresse das alunas. A narrativa expressa um desencanto, afinal, a formação para o magistério está impressa em sua própria identidade, e isso não mais acontece com outros sujeitos. Segundo Irmã Ana, há um movimento de desprestígio, e consequente declínio, do magistério na conjuntura atual, e isso tem consequências: num futuro próximo, haverá uma carência de professores de ensino fundamental, os chamados polivalentes.8

Do tempo áureo do Curso Normal, Irmã Ana guarda muitas lembranças. Recorda também, com saudosismo, de sua atuação com as turmas lotadas de alunos, das várias implementações feitas ao longo do tempo, de como gostava de lecionar... Suas memórias trazem à tona um passado esgotado no presente, mas que compõe a sua história, a história do colégio, a história dos muitos professores formados naquela escola.


Considerações finais


O caminho percorrido neste trabalho enveredou pelas reentrâncias da constituição identitária e prosseguiu em seu objetivo de compreender a trajetória de vida de Irmã Ana enquanto pessoa e enquanto profissional da docência e, a partir dessa trajetória, adentrar no conhecimento de sua práxis educativa, problematizando-a e contextualizando-a aos elementos que se dão a ver nesse processo; quer seja a influência do contexto sócio-histórico do seu tempo de formação; quer seja a influência dos grupos-referência de sua vida e de sua prática (família, Igreja, grupos estudantis e religiosos, Irmãs Franciscanas de Dillingen, entre outros); quer seja a relação de imbricamento com o CNFM; quer seja ainda o seu processo próprio de busca e de autoformação.

Algumas questões colocam-se em face do ponto-chave de como uma pessoa se


image

image

8 Denominação que se refere aos professores dos anos iniciais do ensino fundamental, responsáveis por ministrar as disciplinas básicas do currículo escolar: Língua Portuguesa, Matemática, História, Geografia e Ciências. Embora a expressão “professor polivalente, não mais apareça na legislação brasileira atual, os docentes desse seguimento de ensino, na prática, continuam atuando como polivalentes” (PIMENTA et al., 2017, p. 17).


image

image



transforma em professor/a ou de como a sua ação pedagógica é influenciada pelas características próprias assumidas no decurso de cada vida particular. As respostas, no entanto, não chegam sem se considerar, ou melhor, sem se analisar os processos identitários de cada sujeito feito professor/a.

Irmã Ana, como educadora e como freira, traz consigo e repercute em suas ações as marcas da educação recebida no seio familiar, nos anos de escolarização vivenciados, sobretudo no CNFM, e na convivência direta com as irmãs franciscanas de Dillingen, fundadoras da instituição educativa. Responsável pela formação de um número de professores que ultrapassa a casa do milhar, desenvolveu uma práxis que teve e tem um alcance para além das fronteiras de seu lugar de atuação, haja vista que muitos(as) alunos(as) formados(as) no CNFM migraram ou ainda migram para diferentes cidades da Paraíba e até de outros estados, levando consigo os valores e aprendizados construídos nessa experiência educativa e disseminando-os entre outros sujeitos sociais com os quais interagem.


REFERÊNCIAS


BARRETO, I. S. A Guardiã: um retrato histórico e (auto)biográfico de Maria Fernandes de Queiroga (Irmã Ana OSF) – 1949 a 2019. 2019. 349 f. Tese (Doutorado em Educação) – Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, PB, 2019.


BOURDIEU, P. L’illusion biographique. Actes de la Recherche em Sciences Sociales, Paris, v. 62/63, p. 69-72, jun. 1986.


BRASIL. Decreto-lei n. 8.777, de 22 de janeiro de 1946. Dispõe sobre o registro definitivo de professores de ensino secundário no Ministério da Educação e Saúde, Brasília, DF, 24 jan. 1946. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/declei/1940-1949/decreto-lei- 8777-22-janeiro-1946-416416-publicacaooriginal-1-pe.html. Acesso em: 16 out. 2020.


FREIRE, P. Educação e mudança. 30. ed. Rio de Janeiro, RJ: Paz e Terra, 2007.


GABRIEL, G. L. Narrativa autobiográfica como prática de formação continuada e de atualização de si: os grupos-referência e o grupo reflexivo na mediação da constituição identitária do docente. 1. ed. Curitiba, PR: CRV, 2011.


IMPRESSÕES sobre o Projecto do Collegio D. Francisca Henriques Mendes a ser construído por seu filho Cel. Antônio Mendes Ribeiro e doado à Diocese de Cajazeiras (1937-1938).

Documento manuscrito sob a guarda do Colégio Normal Francisca Mendes.


LE GOFF, J. Comment écrire une biographie historique aujourd´hui. Le Débat, Paris, n. 54, p. 48-53, 1989.


image

LIVRO de Atas das Sessões Magnas de Formatura de Regentes de Ensino Primário da Escola Normal Regional D. Francisca Mendes. Documento manuscrito, sob a guarda do Colégio


image

image



Normal Francisca Mendes, Catolé do Rocha (PB); constituído de 50 páginas numeradas, datado de 1942 e contendo os registros das sessões de 1942 a 1959. Documento manuscrito. Colégio Normal Francisca Mendes, Catolé do Rocha (PB), 1942 a 1959.


MARTINS, M. F. Os tempos de mudança: elites, poder e redes familiares, séculos XVIII e

XIX. In: FRAGOSO, J. L. R.; ALMEIDA, C. M. C.; SAMPAIO, A. C. J. (Org.). Conquistadores e negociantes: história das elites no Antigo Regime nos Trópicos. América Lusa, Séculos XVI a XVII. Rio de Janeiro, RJ: Civilização Brasileira, 2007. p. 403-434.


MOITA, M. C. Percursos de formação e de trans-formação. In: NÓVOA, A. (Org.) Vidas de professores. 2. ed. Porto, Portugal: Porto Editora, 1995. p. 111-140.


NÓVOA, A. Os professores e as histórias da sua vida. In: NÓVOA, A. (Org.). Vidas de professores. Trad. Maria dos Anjos Caseiro e Manoel Figueiredo Ferreira. Porto, Portugal: Porto Editora, 1992, p. 11-30.


OLIVEIRA, M. L. B. Um colégio no alto da cidade. In: MELO, A. L. G. et al. (Org.). Catolé do Rocha em muitas lentes. João Pessoa, PB: Gráfica JB, 2013. p. 133-153.


OLIVEIRA, P. S. Vidas compartilhadas: cultura e relações intergeracionais na vida cotidiana. 2. ed. São Paulo, SP: Cortez, 2011.


PÉCAULT, D. Os intelectuais e a política no Brasil. São Paulo, SP: Ática, 1990.


PERROT, M. Os excluídos da história: operários, mulheres, prisioneiros. 2. ed. Trad. Denise Bottmann. Rio de Janeiro, RJ: Paz e Terra, 1992.


PIMENTA, S. G. et al. Os cursos de licenciatura em pedagogia: fragilidades na formação inicial do professor polivalente. Educ. Pesq., São Paulo, v. 43, n. 1, p. 15-30, jan./mar. 2017. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ep/v43n1/1517-9702-ep-43-1-0015.pdf. Acesso em: 13 maio 2019.


POLLAK, M. Memória e identidade social. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v. 5, n. 10, p. 200-212, 1992.


QUEIROGA, M. A. F. Dados biográficos. Documento manuscrito. 2016.


QUEIROGA, M. A. F. Caderno de anotações didáticas. Documento manuscrito, 1966.


QUEIROGA, M. A. F. Entrevista concedida a Iolanda de Sousa Barreto. Catolé do Rocha (PB), 1 out. 2016a.


QUEIROGA, M. A. F. Entrevista concedida a Iolanda de Sousa Barreto. Catolé do Rocha (PB), 30 nov. 2017.


QUEIROGA, M. A. F. Projeto Flor de Mandacaru. Documento manuscrito, 2005.


image

SENDRA, S. R. Irmãs Franciscanas de Dillingen: da expansão ao hoje de nossa história. Duque de Caxias: Província da Divina Providência no Brasil; Petrópolis: Sermograf, 2007.


image

image



SOUSA, M. C. S. Colégio Normal Francisca Mendes: caminhos da escola normal em Catolé do Rocha/PB (1939-1959). Orientador: Carlos Augusto Amorim Cardoso. 2012. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, PB, 2012.


Como referenciar este artigo


BARRETO, I. S.; MACHADO, C. J. S.; NUNES, M. L. S. Narrativa de vida de Maria Fernandes de Queiroga (irmã Ana, OSF): memória, história e identidade docente. Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 16, n. esp. 3, p. 1404-1421, jun. 2021. e-ISSN: 1982-5587. DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v16iesp.3.15289


Submissão em: 05/02/2021

image

Revisões requeridas em: 30/03/2021 Aprovado em: 12/05/2021 Publicado em: 01/06/2021


image

image



NARRATIVA DE VIDA DE MARIA FERNANDES DE QUEIROGA (HERMANA ANA, OSF): MEMORIA, HISTORIA E IDENTIDAD DOCENTE


NARRATIVA DE VIDA DE MARIA FERNANDES DE QUEIROGA (IRMÃ ANA, OSF): MEMÓRIA, HISTÓRIA E IDENTIDADE DOCENTE


LIFE NARRATIVE OF MARIA FERNANDES DE QUEIROGA (SISTER ANA, OSF): MEMORY, HISTORY AND TEACHING IDENTITY


Iolanda de Sousa BARRETO1 Charliton José dos Santos MACHADO2 Maria Lúcia da Silva NUNES3


RESUMEN: Este artículo tiene como objetivo esbozar el camino de construcción de la identidad docente de la educadora y religiosa María Fernandes de Queiroga (Hermana Ana, OSF), que trabaja desde hace más de cinco décadas en la formación de docentes del Colégio Normal Francisca Mendes (CNFM), en Catolé do Rocha/PB, a partir de una lectura de su trayectoria de vida y desempeño educativo. A partir de las ideas difundidas por la Nueva Historia Cultural, en las modalidades investigativas de (auto)biografía, microhistoria e historia oral, se desarrolla un acercamiento histórico de las fuentes constituidas por entrevistas de historia oral, cuadernos y escritos del educador, documentos relacionados con el CNFM, entre otros. Hermana Ana ha ido construyendo su identidad docente acogiendo, reflejando y adaptando las influencias de los grupos de referencia a los que ha estado vinculada a lo largo de su vida: la familia, la congregación religiosa, las instituciones de formación y los lugares de rendimiento profesional.


PALABRAS CLAVE: Formación del profesorado. Enseñanza. Identidad.


RESUMO: Este artigo objetiva delinear o percurso de construção da identidade docente da educadora e religiosa Maria Fernandes de Queiroga (Irmã Ana, OSF), que tem atuado por mais de cinco décadas na formação de professoras/es, no Colégio Normal Francisca Mendes (CNFM), em Catolé do Rocha/PB, a partir de uma leitura de sua trajetória de vida e atuação educativa. Pautado nas ideias difundidas pela Nova História Cultural, nos modos investigativos da (auto)biografia, da micro história e da história oral, desenvolve uma abordagem histórica das fontes constituídas por entrevistas de história oral, cadernos e escritos da educadora, documentos referentes ao CNFM, entre outros. Irmã Ana vem edificando sua identidade docente no acolhimento, na reflexão e na adaptação das


image

1 Secretaría de Educación y Cultura (SEDEC), João Pessoa – PB – Brasil. Profesora del Departamento de Educación Básica. Doctorado en Educación (UFPB). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-2909-6240. E-mail: iolandasbarreto@gmail.com

2 Universidad Federal da Paraíba (UFPB), João Pessoa – PB – Brasil. Profesor Titular del Departamento de Metodología de la Educación. Doctorado en Educación (UFRN). Becaria de Productividad en Investigación del CNPq - Nível 1D. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-4768-8725. E-mail: charlitonlara@yahoo.com.br

image

3 Universidad Federal da Paraíba (UFPB), João Pessoa – PB – Brasil. Profesora del Departamento de Metodología de la Educación. Doctorado en Educación (UFRN). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-9839- 2756. E-mail: mlsnunesml@gmail.com


image

image



influências dos grupos – referências às quais esteve ligada ao longo de sua vida: a família, a congregação religiosa, as instituições formativas e o(s) lugar(es) de atuação profissional.


PALAVRAS-CHAVE: Formação de professoras/es. Docência. Identidade.


ABSTRACT: This article aims to outline the path of construction of the teaching identity of the educator and religious Maria Fernandes de Queiroga (Sister Ana, OSF), who has worked for more than five decades in teacher training, at Colégio Normal Francisca Mendes (CNFM), in Catolé do Rocha/PB, from a reading of her life trajectory and educational performance. Based on the ideas spread by the New Cultural History, in the investigative modes of (auto)biography, of micro history and oral history, develops a historical approach of the sources constituted by oral history interviews, notebooks and writings of the educator, documents relating to CNFM, among others. Sister Ana has been building her teaching identity in welcoming, in the reflection and adaptation of the influences of the reference groups to which she has been linked troughout her life: the family, the religious congregation, the training institutions and the place(s) of professional practice.


KEYWORDS: Teacher education. Teaching. Identity.


Introducción


El artículo4 tiene como objetivo el recorrido de la construcción de la identidad docente de la educadora y religiosa María Fernandes de Queiroga (Hermana Ana, OSF), que ha actuado por más de cinco décadas en la formación del profesorado en el Colegio Normal Francisca Mendes (CNFM), en el Alto Sertão da Paraíba, desde una lectura de su trayectoria de vida y actuación educativa. Para ello, se considera su empeño en la formación del profesorado, por medio de su actuación como profesora y coordinadora del Curso Normal del CNFM, así como su esfuerzo continuo para mantener el funcionamiento del colegio anteriormente y en los días actuales, desarrollando actividades docentes y relacionadas a su administración, constituyéndose, a lo largo de este tiempo, como guardián de valores confesionales y saberes educacionales aprehendidos por medio de la convivencia con diversos grupos-referencias, sobre todo las Hermanas Franciscanas de Dillingen, pudiendo la educadora todavía ser descripta como guardián del propio colegio y de todo lo que él representa.

La reconstitución de la trayectoria vital de la educadora, incluyendo su formación y actividades profesionales, se basó en el análisis de fuentes orales, con énfasis en los relatos de


image

image

4Este texto es un recorte de la investigación doctoral titulada A GUARDIÃ: un retrato histórico y (auto) biográfico de Maria Fernandes de Queiroga (Sor Ana, OSF) - 1949 a 2019, realizada entre los años 2016 y 2019, desde el Programa de Postgrado en Educación de la Universidad Federal de Paraíba. Para más información, véase Barreto (2019).


image

image



su propia memoria, pero también a través de fuentes escritas e imaginarias puestas a disposición por ella, como cuadernos, fotografías, textos (auto)biográficos y documentos oficiales del colegio, así como libros sobre la ciudad de Catolé do Rocha, sobre la historia de las Hermanas Franciscanas de Dillingen, y también trabajos académicos sobre el CNFM.

Merece la pena considerar la complejidad que se impone al estudio que nos ocupa, dada la imposibilidad de condensar una vida en un relato historiográfico, independientemente del número de páginas que pueda contener, porque de lo contrario, se corre el riesgo de caer en la trampa de una "ilusión biográfica", que sería, según Bourdieu (1986, p. 69): "tratar la vida como una historia, es decir, como un relato coherente de una secuencia de acontecimientos con sentido y dirección". Una historia de vida, por lo tanto, no se aprehende, no termina en una narración, y el investigador debe asumir una postura coherente al dedicarse a la operación historiográfica. En este sentido, Oliveira (2011, p. 66) también alerta:


[...] Qué ilusoria es la figura de un sujeto neutro del conocimiento, que observa "desde fuera" los fenómenos en la suposición de aprehenderlos completamente para construir finalmente una imagen definitiva sobre ellos. Determinar completamente el objeto simbolizaría el poder arbitrario del sujeto del conocimiento, pero también la muerte del objeto, de ahí la ilusión que cubre tales prácticas.


En la actualidad, bajo la influencia de disciplinas como la Sociología y la Antropología, destaca el interés por los enfoques y metodologías centrados en las historias de vida, la identidad y la memoria, en los que la (auto)biografía señala no sólo la capacidad de presentar la trayectoria de una vida singular, sino de permitir una percepción más precisa de los procesos colectivos. Es un trabajo minucioso de comprensión e interpretación, en el que, a partir de las fuentes y los métodos utilizados, se revelan matices de la realidad estudiada. Por lo tanto, para Le Goff, una biografía parte inicialmente de la vida de un individuo y la "legitimidad del género histórico pasa por respetar este objetivo: la presentación y explicación de una vida individual en la historia". Pero una historia iluminada por las nuevas concepciones de la historiografía". (LE GOFF, 1989, p. 49).

image

La investigación de este trabajo se embarcó en las dimensiones de la persona, la práctica y la profesión del profesor, compartiendo el pensamiento de Nóvoa (1992, p. 15) de que "El profesor es la persona; y una parte importante de la persona es el profesor". En este sentido, reflexionar sobre la acción educativa de Sor Ana o sobre la de cualquier otro profesional de la enseñanza requiere considerar las especificidades inherentes a su identidad personal, que, por tanto, particularizan su práctica educativa.


image

image



El sujeto de la investigación


Décima hija de la pareja João Adelino de Queiroga y Ana Fernandes de Queiroga, Hermana Ana nace como Maria Fernandes de Queiroga, el 03 de febrero de 1936, en la ciudad de Antenor Navarro (actualmente nombrada São João do Rio do Peixe), sertão paraibano. En el año 1941 se disloca con la familia para Catolé del Rocha, donde el padre asumiría un trabajo federal en los Correios e Telégrafos. En ese período ese pequeño municipio era palco de dos inusitadas ocurrencias: la fundación de la Escuela Normal Dona Francisca Henriques Mendes y la llegada de las cinco hermanas franciscanas de Dillingen, religiosas alemanas que se volverían las responsables por el funcionamiento del colegio y por la formación de muchas jóvenes catoleenses y de su entorno geográfico, que a partir de él se hicieron profesoras.

Concluidas las experiencias de la enseñanza primaria y del Examen de Admisión, en 1949, a los 13 años, Hermana Ana ingresa en el Curso Normal Regional del Colégio Dona Francisca Henriques Mendes, período que así describe: “¡Qué alegría! Han sido cuatro años desde donde podíamos saborear el néctar de los conocimientos de esa institución de enseñanza” (QUEIROGA, 2016).

Desde su fundación, el CNFM funcionó con el curso primario y el Curso Normal, en los primeros años nombrado “Normal Libre”, modalidad poco abordada en la historiografía de la educación brasileña, pero de la cual se puede inferir que la designación “libre” se daría debido a la autonomía concedida por la legislación brasileña a los estados para que elaboraran sus propias matices curriculares, entre otras prerrogativas (SOUSA, 2012, p. 59).

Desde 1946, el Curso Normal libre es remplazado por el Curso Normal Regional, siendo el primer grupo de regentes de enseñanza diplomada en el año 1949, según el Libro de Atas de las Sesiones Magnas de Formaturas. Ese curso ha sido instituido acorde con la Ley Orgánica de la Enseñanza Normal, puesta en vigor por el Decreto-Ley nº. 8.530, de 2 de enero de 1946. Los dos cursos, Normal Libre y Normal Regional tienen, por lo tanto, especificidades. Para Oliveira (2013, p. 144):


image

El adjetivo "libre" del primero apuntaría al principio de libertad de las democracias modernas que, en el ámbito de la educación, se concreta en la defensa de la libre iniciativa de los particulares en la enseñanza, y en el papel indeclinable del Estado para regular y controlar esta actividad, en el ámbito público y privado. A su vez, el adjetivo "regional", de la segunda, estaría significando la vigencia circunscrita del título emitido por la Normal Regional, sobre todo al considerar la mayor amplitud de la Normal 2ª. Ciclo y el derecho que se deriva de él para alegar el acceso a la Universidad, a través del Vestibular.


image

image


A mediados del siglo XX, Irmã Ana se insertó en este contexto de euforia docente que conmovía a la tranquila ciudad de Catolé do Rocha. Los jóvenes normalistas se sumergieron en diversos campos del conocimiento, así como en una densa gama de actividades socioculturales, como destaca Oliveira (2013, p. 148-149):


En la década de los 50, la Escuela Normal Regional de Francisca Mendes desarrolló su formación con asignaturas de variada duración: Religión; Portugués; Dibujo y Caligrafía; Canto Coral; Educación Física y Juegos (todas en 4 años); Matemáticas; Trabajos Manuales (3 años); Botánica; Física y Química (2 años); Geografía General; Geografía de Brasil; H. General; H. de Brasil; Psicología y Pedagogía; Higiene; Didáctica y Práctica Docente (1 año).


Irmã Ana afirma que a los 14 años ya sentía la vocación para la vida religiosa, sin embargo, guardaba para sí su deseo, pues a la madre no le gustaba la idea. Sin embargo, probablemente la convivencia directa con las hermanas fundadoras del CNFM hubiera marcado profundamente el espíritu de la joven, de forma que no desiste de su intento y, a los 22 años, tras recibir la licencia de los padres, ingresa como candidata a los votos religiosos, en el convento de Areia.

Es posible afirmar que, desde el año 1949, Irmã Ana empieza, de hecho, a construir su vínculo con el CNFM, que dura hasta los días actuales, cuando sigue participando activamente de la rutina del colegio, de las decisiones pedagógicas y administrativas, habiendo ocupado hasta el año 2017 la plaza de directora-general de la institución.


La construcción de un colegio o la construcción de una historia


En los últimos años de la década de 1930, Catolé do Rocha vio los cimientos para la construcción de un colegio, que fue visto por quienes lo idealizaron y por la gente local con medios, así como por políticos, intelectuales y autoridades religiosas, como un proyecto redentor, capaz de traer prosperidad y civismo a la región.

Muchos testimonios registrados en el Libro de Impresiones sobre el Projecto do Collegio D. Francisca Henriques Mendes5 refuerzan esos valores, concibiendo el desarrollo intelectual y moral para las generaciones futuras, como se constata en los escritos. Acorde con Antonio Botto de Menezes, el diputado federal paraibano: “La obra, que Cel Antonio Mendes Ribeiro […] edifica, bajo la dulce invocación del nombre de su genitora, en el municipio de


image

image

5 Documento en custodia del CNFM. Manuscrito sin paginar, fechado en 1937. Se conserva la ortografía de la época.


image

image



Catolé del Rocha, se destina al preparo de las generaciones del mañana. Es semilla nueva y fecunda reservada al futuro […]”(IMPRESSÕES, 1937-1938).

Y con el entonces vigário local, el Pe. Joaquim de Assis Ferreira:


El Colegio "D. Francisca Henriques Mendes", un precioso regalo del Coronel Antonio Mendes Ribeiro a la Diócesis de Cajazeiras y a la ciudad de Catolé do Rocha, lugar de nacimiento de su suegra que dio nombre al colegio, representa para el Sertão da Paraíba una limosna de luz que no se olvida [...] (IMPRESSÕES, 1937-1938).


El proyecto de construcción de la Escuela Dona Francisca Henriques Mendes surgió en una época de escasez de recursos para la educación de la población, marcada por el cierre de las escuelas subvencionadas por el poder público, que, con la Constitución de 1937, pasó a incentivar directamente la iniciativa privada y a minimizar el deber del Estado con la educación. En este sentido, el texto proponía que el arte, la ciencia y la enseñanza fueran libres a la iniciativa individual y a la asociación o reunión de personas públicas y privadas.

Como la apertura de las escuelas confesionales interesaba a la Iglesia, a partir de una red de relaciones locales, que implicaba a los liderazgos religiosos, políticos y económicos, se pusieron los cimientos del edificio que cambiaría y marcaría, definitivamente, el paisaje del pequeño municipio de Paraiba y la vida de parte de la comunidad local, considerando que los menos pudientes quedaban fuera de este proyecto. Cabe destacar el concepto de redes de sociabilidad, que para Martins (2007, p. 432) sería "la representación de las interacciones continuas de diferentes estrategias individuales". ¿Quiénes serían, sin embargo, los protagonistas de esta red local?

En primer lugar, el exitoso capitalista del negocio inmobiliario en la capital paraibana, el coronel Antônio Mendes Ribeiro, deseando construir una obra con la que pudiera honrar e inmortalizar la memoria de su suegra, Francisca Henriques Mendes, de Catole. Además de él, estaba el vicario local, el padre Joaquim de Assis, quien, en sintonía con los ideales católicos de evangelizar a través de la educación, y consciente de las necesidades percibidas en la región, indicó al empresario la construcción de una escuela para niñas como la obra ideal para su propósito. Y también el alcalde de la época, Natanael Maia Filho, miembro de una familia de la élite política catoleña y paraibana, que donó terrenos públicos para la construcción del edificio escolar.

image

Además de la cultura política familiarista destacada como predominante en el municipio, en este contexto, la cultura política nacionalista se percibe también en los comportamientos concretos de individuos notorios o corrientes, al fin y al cabo la



image

image



construcción de un sentimiento nacionalista está en ebullición en todo el país. En palabras de Pécault (1990, p. 15): "organizar la nación, esa es la tarea urgente, una tarea que corresponde a las élites. [...] forjar un pueblo es también trazar una cultura capaz de asegurar su unidad".

La historia de la fundación del colegio ganó un capítulo diferente con la llegada de las cinco hermanas franciscanas de Dillingen que emigraron a Brasil en 1939, junto con otras hermanas de su congregación, instalándose en las ciudades de Cabo Frío, en Río de Janeiro, y Areia, en Paraíba. Debido a la persecución de las órdenes católicas en Alemania y a la necesidad de encontrar líderes para las instituciones religiosas en Brasil, las autoridades eclesiásticas brasileñas cursaron una invitación que fue aceptada por los extranjeros. Las cinco monjas alemanas que llegaron para hacerse cargo del funcionamiento de la entonces Escuela de Doña Francisca Henriques Mendes se instalaron inicialmente en Areia (PB) y, convocadas por el Obispo de Cajazeiras (PB), Dom João da Mata Amaral, se dirigieron a Catolé do Rocha, siendo acogidas por las autoridades locales, que incluso incubaron su alojamiento hasta que se terminara la construcción del edificio de la escuela y pudieran instalarse allí, lo que ocurrió a principios de 1940. Según Sendra (2007, p. 166): "Mientras se construía el Colegio, el Curso Primario funcionaba en una de las casas prestadas por el Coronel Sérgio Maia. Y el Curso Normal Gratuito se instaló en la parte terminada del Colegio".

En este contexto, comienza la historia de muchas maestras formadas en el CNFM, que pudieron desarrollar su práctica docente a partir de las enseñanzas de las cinco hermanas fundadoras o de las hermanas brasileñas que las siguieron y también abrazaron este misterio, la formación de maestras.


La constitución de una identidad


La construcción de la identidad, a pesar de ser aparentemente una instancia individual, se procesa continuamente en relación con un colectivo. Es, según Pollak (1992, p. 200), "un fenómeno que se produce en referencia a otros, en referencia a los criterios de aceptabilidad, admisibilidad, credibilidad, y que se hace a través de la negociación directa con otros".

image

Llegados a este punto, conviene reflexionar sobre las influencias que constituyeron a Sor Ana como sujeto, como educadora y como monja, es decir, sobre la constitución de su identidad individual y colectiva. En este proceso de construcción identitaria destaca la acción de los grupos de referencia (GABRIEL, 2011), especialmente la familia, la Iglesia y su congregación religiosa, entre otros, destacando la convivencia con las hermanas franciscanas


image

image



fundadoras del CNFM.

En su relato, Sor Ana destaca que la convivencia con las maestras, las madres fundadoras del CNFM, y las demás profesoras del Curso Normal de esa escuela, le despertó el gusto por la enseñanza. Se entiende, por lo tanto, que la construcción de su identidad docente se dio, sobre todo, a partir de esta convivencia, considerando también los intereses colectivos de la época, después de todo, la mayoría de las jóvenes de Catoleia aspiraban a seguir la carrera docente, elogiada por las autoridades políticas y eclesiásticas locales como una acción intelectual y también como una acción liberadora y misionera, como se puede ver en un extracto del discurso del Padre Américo Sérgio Maia, orador oficial de la séptima promoción de profesores del Colegio Dona Francisca Henriques Mendes:


Educar no significa simplemente acumular conocimientos, sino llevar al desarrollo y a la plena eficacia todas las facultades que están en germen en el niño. El joven profesor debe ser portador de la luz de Jesucristo, como catequista, como apóstol de la acción católica (LIVRO, 1942-1959, p. 19).


La identidad individual se construye en comunión con la identidad social. Así, el sujeto, bebiendo de diversas fuentes, se constituye a sí mismo, creando percepciones y haciendo elecciones, a menudo por influencia directa de otros sujetos o grupos, que, en un movimiento continuo, pueden ir reconstruyéndose, afirmándose o transformándose, a medida que el individuo se percibe a sí mismo en relación consigo mismo y con los demás. Según Pollak, en la construcción de la identidad se dan tres elementos esenciales:


Existe la unidad física, es decir, la sensación de tener límites físicos, en el caso del cuerpo de una persona, o límites de pertenencia a un grupo, en el caso de un colectivo; existe la continuidad en el tiempo, en el sentido físico de la palabra, pero también en el sentido moral y psicológico; finalmente, existe la sensación de coherencia, es decir, que los diferentes elementos que componen un individuo están efectivamente unificados (POLLAK, 1992, p. 200, destacado añadido).


image

En cuanto a la identidad de Sor Ana, es posible percibir la unificación de estos elementos, un proceso solidificado a lo largo de sus más de ocho décadas de vida. Sin duda, en este movimiento, recibió y acogió influencias de diversos grupos con los que se integró o convivió, sin embargo, mostró cierta autonomía en sus elecciones, considerando las opciones que tenía la figura femenina en su espacio-tiempo y formación social. Termina el Curso Normal y decide hacerse profesora. Al principio, le aparecen otras opciones de trabajo, pero las rechaza por no estar relacionadas con el área elegida. Decidió entrar en la vida religiosa consagrada a los 14 años, pero se encontró con la objeción de su madre. Aun así, se mantuvo



image

image



firme en su propósito y a los 22 años consiguió entrar en el convento como candidata, recibiendo el permiso de sus padres.

Cuando se le preguntaba por la elección de su vocación, Sor Ana subrayaba su deseo personal y, más que eso, consideraba que había recibido una llamada divina. En sus palabras: “Deus é que me atraiu, não é? Deus me atraiu”. Considera, sin embargo, que el entorno que la rodeaba fue favorable a su elección, porque sus padres siempre fueron muy piadosos, y la iglesia era casi un complemento del hogar. Revela que admiraba las prácticas piadosas de las hermanas, pero deja claro que no hubo ninguna interferencia de ellas en su decisión por la vida consagrada, como relata


[...] Tomé mi decisión cuando tenía catorce años y nadie me la quitó de la cabeza, pero nunca se lo dije a nadie. Luego terminé aquí en la escuela y estaba estudiando mecanografía con la hermana Engelsindis y una vez, ella estaba hablando y mi hermano ya estaba en el seminario, y me preguntó si no quería ser religiosa. Era la única pregunta. Entonces no pude ocultarlo más, ya tenía diecisiete años, esa fue la primera vez que se lo conté a la hermana Engelsindis. Luego se lo pasó a mi hermana y entonces llegó a casa y hubo un gran llanto en la casa. Pero sólo entré en el convento a los veintidós años porque mis padres no me dejaron. (QUEIROGA, 2016a).


Después de terminar la Escuela Normal Regional en el CNFM, alimentó el deseo de enseñar allí, pero esto no se materializó inmediatamente. Así que empezó a trabajar en el comercio, una tarea que no le gustaba. Se le presentó la oportunidad de sustituir a una profesora de la escuela que estaba embarazada, su vecina Maria Celi Fixina, pero, como el puesto era temporal, volvió a trabajar en el comercio en 1954 para ayudar a un hermano que acababa de montar una tienda de ropa para hombres. Mientras tanto, recibió otras invitaciones para trabajar, pero decidió rechazarlas porque no se identificaba con los oficios. Tal vez la familia intentó integrarla en otras ocupaciones para que confirmara o rechazara su intención de vida consagrada. Al fin y al cabo, en aquella época, el camino hacia el matrimonio y la constitución de una nueva familia se consideraba no sólo natural para las mujeres, sino también deseado, dada la fuerza de la representación de esta institución en la escena social.

No es que se produjera un determinismo, es decir, que la hermana Ana estuviera predeterminada a ser lo que es, sino que en aquella época la mujer, como el hombre, tenía su lugar definido dentro de la división sexual. Al fin y al cabo, durante mucho tiempo: "cada sexo tiene su función, sus papeles, sus tareas, sus espacios, su lugar casi predeterminado, en sus detalles". (PERROT, 1992, p. 178).

image

En su relato se puede ver la importancia que sus padres daban al matrimonio, que, sin embargo, no era deseado por todos los hijos. Así, se puede inferir que, con las posibilidades



image

image



que tiene, cada individuo se construye, en principio, a partir de caminos y desvíos, elecciones y renuncias, así como de su propia voluntad. En lo que respecta a la hermana Ana, no parece que haya habido un conflicto de identidad en su historia vital; al contrario, los elementos apuntan a una toma de conciencia, a un proceso de identificación, a encontrarse en el mundo, como mujer, como educadora y como monja, a partir de lo que recibe y de cómo interactúa en su contexto socio-histórico.

En 1962, la hermana Ana, entonces perteneciente a la Congregación de las Hermanas Franciscanas de Dillingen en la Provincia del Nordeste, la Provincia de Nuestra Señora Mediadora de Gracia, regresó de un intenso período de preparación en Areia y se instaló en el CNFM, asumiendo las tareas religiosas y educativas que se le encomendaron. Dice que no fue fácil asumir todo este trabajo, ya que su formación fue para la escuela primaria, pero destaca que siempre tuvo el apoyo y la orientación de las hermanas alemanas y que el hecho de que le gustara lo que hacía fue fundamental para su éxito y su realización profesional. Al mismo tiempo que realizaba su trabajo, también buscaba perfeccionarse participando en cursos en el área de la educación, una iniciativa que ahora se llama "formación continua o permanente".

Como había escasez de profesores para impartir las diferentes asignaturas del plan de estudios de gimnasia en Paraíba, se ofrecieron algunos cursos con el fin de formar a los profesores y concederles la matrícula para impartir la asignatura estudiada, lo que se hacía mediante la aprobación de exámenes de suficiencia. 6 En 1965, con la intención de obtener el título de profesora de Matemáticas para el 1er ciclo del sistema de enseñanza media, Sor Ana realizó, en la capital de Paraíba, el 1er Curso Intensivo de Preparación para Profesores del 1er ciclo, promovido por la Facultad de Filosofía, Ciencias y Letras de la UFPB, en convenio con la Dirección de Enseñanza Media del Ministerio de Educación y Cultura. El curso duró un semestre, del 1 de julio al 1 de diciembre de 1965. Como ya daba clases de matemáticas, comenzó a impartir la asignatura con una certificación oficial al final del curso.

Paralelamente a este curso, participó en otro celebrado en el Instituto de Educación de Paraíba, que duró una semana y estaba dirigido a los profesores del Curso Normal. El curso fue impartido por profesores de Belo Horizonte y, en esta ocasión, la Hna. Ana asistió en compañía de la Hna. Eleonore Brumm, una de las Hermanas alemanas responsables de la administración del CNFM. De ahí surgió la oportunidad de realizar un curso de profundización en Belo Horizonte en 1966, ofrecido por el Instituto Nacional de Estudios


image

image

6 El Examen de Suficiencia fue una medida de emergencia adoptada por el Ministerio de Educación y Salud (MÊS), a través del Decreto-Ley nº 8.777, de 22 de enero de 1946 (BRASIL, 1946), con el fin de minimizar la escasez de profesores para trabajar en la enseñanza secundaria, dado que el número de facultades de Filosofía, especializadas en la formación de profesores para este nivel de enseñanza, era insuficiente en el país.


image

image



Pedagógicos, a través del Centro Regional de Investigación Educativa João Pinheiro/División de Perfeccionamiento Docente (CRE-DAP), curso al que siempre se refiere como un momento importante en su formación profesional, dándole, según sus palabras, una profundización teórica y práctica "similar a la de una especialización".

De mayo a diciembre de 1966, se dedicó al curso de perfeccionamiento para profesores en Belo Horizonte, realizando varios cursos, con horas de clase que variaban de 12 a 137 horas, para un total de 847 horas, incluyendo estudios de Didáctica de las Matemáticas (el curso con más horas), Didáctica de las Ciencias Sociales, Didáctica de las Ciencias Naturales, Práctica de la Enseñanza en la Escuela Normal, Currículo y Supervisión en la Escuela Primaria y Psicología Educativa, entre otras áreas de conocimiento. En esta experiencia, la hermana Ana pudo interactuar con los profesores que impartían las distintas asignaturas y con los profesores participantes que, como ella, buscaban profundizar en sus conocimientos teóricos para actuar en sus ámbitos profesionales.

El curso realizado en Belo Horizonte - MG le permitió impartir toda la Didáctica del Curso Normal del CNFM, así como la Práctica Docente y, también, el trabajo de orientación pedagógica que realizó en esta escuela y en el 8º Centro de Supervisión (órgano vinculado a la Secretaría de Educación del Estado de Paraíba) de Catolé do Rocha, como coordinadora de los supervisores docentes, desde 1977 hasta 1980. En este trabajo de orientación pedagógica, destaca la colaboración con Gercina de Freitas Lopes, profesora a la que confió la regencia de Didáctica de las Matemáticas en el curso pedagógico del CNFM y que también participó en el proceso de evaluación de los alumnos en las prácticas supervisadas de la institución.

El proceso de construcción de una identidad profesional, según Moita (1995, p. 115):


Es una construcción que tiene una dimensión espacio-temporal y recorre la vida profesional desde la fase de elección de la profesión hasta la jubilación, pasando por el periodo específico de formación inicial y los diferentes espacios institucionales en los que se ejerce la profesión. Se basa en conocimientos científicos y pedagógicos y en referencias éticas y deontológicas. Es una construcción que lleva la marca de las experiencias realizadas, de las elecciones hechas, de las prácticas desarrolladas, de las continuidades y discontinuidades, tanto a nivel de las representaciones como a nivel del trabajo concreto.


image

Ana fue concretando su praxis educativa, asumiendo nuevos roles profesionales, delegando atribuciones a otros colaboradores en la tarea de formación docente y educativa, desarrollada no sólo en el ámbito del CNFM, sino también en la red educativa estatal. Aprovechan los conocimientos adquiridos en los espacios de formación a la vez que van en busca de nuevos conocimientos y actualización profesional.


image

image



Del curso en Belo Horizonte, el educador conserva, además del certificado, un cuaderno de casi 300 páginas escritas a mano por ambas caras (QUEIROGA, 1966). La primera página, en consonancia con su identidad religiosa, contiene una oración para el inicio de la obra; las demás contienen notas sobre las unidades didácticas de las distintas materias estudiadas, abarcando aspectos históricos y teóricos relativos a cada área, metodologías de enseñanza, evaluación, preparación del profesor, preparación del niño para el aprendizaje, planes de clase y ejercicios de fijación, entre otras notas, destacando la importancia del diálogo entre disciplinas, concepto actualmente denominado "interdisciplinariedad" y de gran protagonismo en las teorías pedagógicas contemporáneas.

En 1971, la hermana Ana fue invitada a dar clases de matemáticas en 1º y 2º de Ciencias en el Colegio Estatal Obdúlia Dantas. Contratada por el Estado, trabajó en este puesto hasta 1973, cuando aprobó el examen de ingreso en la UFPB para estudiar Pedagogía. Su contrato con el Estado fue transferido a la Escola Estadual Sesquicentenário, situada en João Pessoa, donde enseñó Matemáticas durante cuatro años.

Hacer Pedagogía fue la culminación del ejercicio de su práctica profesional. En la academia, según ella, tenía excelentes profesores y había mucha socialización de conocimientos a partir del trabajo en grupo. Recuerda que cuando llegó el momento de hacer las actividades sobre el tema "unidades de trabajo", ella tenía la ventaja de haber practicado ya el contenido durante el curso realizado en Belo Horizonte, y le resultó mucho más fácil que a los demás estudiantes de grado pasar por esta etapa del programa, llegando incluso a ser la coordinadora del grupo.

Ana nunca abandonó su trabajo en el CNFM, ni siquiera mentalmente, según ella. La orientación de los profesores del Curso Normal era una prioridad para la educadora, por lo que estaba presente en la escuela en cada oportunidad. Cuando había clases o días libres, iba a Catolé do Rocha a dar clases en el Curso Normal y a orientar a los profesores en formación.

La hermana Eleonore Brumm, en ese momento, era responsable de la administración del CNFM, pero también era provincial, es decir, había sido elegida para coordinar a todas las hermanas de la provincia, en este caso, la Provincia del Nordeste, la Provincia Franciscana de Nuestra Señora Mediadora de las Gracias. Estaba dividida, por tanto, entre las exigencias del colegio y las obligaciones de la orden religiosa, pero contaba con la ayuda directa de Sor Ana, especialmente como colaboradora en la orientación de los profesores, pero también como profesora de varias Didácticas del Curso Normal.

image

Al terminar el curso de Pedagogía en la UFPB, en diciembre de 1976, con calificaciones en Administración Escolar, Supervisión Escolar y Práctica Pedagógica, recibió


image

image



el registro conferido por la Inspección Técnica de Enseñanza de Paraíba para enseñar Psicología de la Educación, Sociología de la Educación y Didáctica General. Eleonore Brumm cede la administración del CNFM a la Hna. Ana y se traslada definitivamente a Areia, tras 38 años de eficaz labor en esa institución educativa.

De los informes de la educadora se desprende el empeño de Eleonore Brumm en preparar a sor Ana para dar continuidad a la línea de trabajo educativo y confesional establecida por el grupo de hermanas pioneras alemanas, las franciscanas de Dillingen, al que pertenecía. También es evidente la dedicación de la hermana Ana a esta tarea, trabajando duro, recibiendo consejos y poniendo en práctica las enseñanzas surgidas de esta convivencia. Los procesos de construcción de la identidad profesional de la hermana Ana como profesora, supervisora, coordinadora y administradora de la escuela, así como los procesos de construcción de su identidad personal como mujer, religiosa y guardiana del CNFM, están marcados por muchos grupos, pero también por individuos en particular.

Con respecto a la Hermana Ana, es posible afirmar que todo este tiempo de dedicación a la educación y al CNFM resultó fructífero, en el sentido de que adquirió experiencias y aprendizajes, al mismo tiempo que colaboró con la formación de muchos profesores que, por su propia curiosidad, pero también a partir de los conocimientos adquiridos en la interacción, construyeron nuevos saberes inherentes a la práctica educativa.

Desde 1962 hasta 2015, período que Hermana Ana actuó en el Curso Normal del CNFM, acorde con datos de matrículas obtenidos en la secretaría del colegio, fueron alumnos(as)7 o recibieron orientaciones de la educadora en pantalla 1.345 profesoras/es titulados/as en la institución. Fueron 53 años de dedicación a la formación del profesorado que generaron un resultado significativo, como se comprueba en el número que sobrepasa millones.

Analizando las fuentes es posible afirmar que hubo muchos conocimientos pedagógicos transmitidos por este educador. Desde la preparación de las unidades didácticas y el cuidado de la coherencia entre los contenidos programáticos, los objetivos, las metodologías y la evaluación de los aprendizajes, hasta la preparación de los recursos didácticos para que la enseñanza sea más atractiva y eficaz. El ingenio a la hora de impartir las clases durante el periodo de prácticas tuteladas fue otro punto que mereció la atención y la orientación de la hermana Ana y de los demás profesores responsables de llevar a cabo esta etapa.


image

image

7 Según los datos recogidos en el CNFM, seis profesores varones realizaron el Curso Normal en el CNFM a lo largo de su historia.


image

image



Para la Hermana Ana, asumir la educación era más que asumir una profesión, era asumir una misión, según los preceptos de su orden religiosa - y quizás por eso no se ha permitido todavía parar. Es visible su compromiso científico, la búsqueda continua de conocimientos que subvencionen su acción, y se puede reflexionar sobre ello a partir de la afirmación de Freire (2007, p. 22): "si mi compromiso es realmente con el hombre concreto, con la causa de su humanización, de su liberación, no puedo, por eso mismo, prescindir de la ciencia, ni de la tecnología, con la que me estoy instrumentando para luchar mejor por esta causa".

La formación del profesorado y la formación cristiana fueron siempre una prioridad para ella, como se puede ver en sus relatos, en las declaraciones de otros sujetos o en el análisis de las fuentes. Esto no quiere decir que nunca haya cometido errores y quizás incluso haya dejado una huella negativa en algunos de los que pasaron por ella. Ella misma, en una perspectiva autoevaluadora, pertinente para todos los educadores, se ve así: "[...] nadie es tan sabio como para no tener errores, creo. No puedo decir que lo hago todo muy bien, tenemos nuestros defectos, son defectos humanos" (QUEIROGA, 2017).

Desde su fundación en 1939, el CNFM ofrecía formación para la enseñanza: inicialmente con el curso llamado "Normal Libre", luego con la Normal Regional, ambos correspondientes a lo que hoy se llama convencionalmente "educación básica". En 1965, con la implantación del Curso Pedagógico, la formación pasa a corresponder a la enseñanza media y, después de la LDB nº 9.394/96, con el cambio de nomenclatura de los niveles de enseñanza, se configura como Curso Normal en la enseñanza media, con la exigencia de cuatro años de formación profesional. La nueva matriz curricular del curso exigía una carga de trabajo de 4.560 horas lectivas, con una regencia obligatoria de 320 horas lectivas. Para conseguirlo, los profesores de primaria del centro tendrían que renunciar a gran parte de su tiempo de clase. Comprometida con la misión de formar maestros y consciente de la importancia social de esta formación, Sor Ana se esforzó por mantener el Curso Normal, adaptándolo a las nuevas exigencias. En 2005, creó el proyecto "Flor de Mandacaru", que pretendía resolver el problema de la regencia de los internos del Curso Normal, dándoles la experiencia profesional necesaria y, además, abriendo las puertas de la escuela para acoger a niños de las clases menos favorecidas.

image

Así, se abrieron clases en la escuela para atender a los niños incluidos en el perfil descrito, cuyos padres fueron informados en el momento de la inscripción sobre las particularidades del proyecto. Según la propuesta, los aprendices estarían acompañados por un jefe de estudios en cada aula, que les proporcionaría apoyo didáctico y psicológico. La


image

image



elaboración de las unidades didácticas fue supervisada por el supervisor pedagógico, que también se encargó de observar la ejecución de las clases y hacer una evaluación crítica para estimular el desempeño docente de los aprendices. El proyecto Flor de Mandacaru se desarrolló entre 2005 y 2013, habiéndose dado por finalizado, según Sor Ana, por la falta de adhesión de los nuevos candidatos al Curso Normal y también por sus elevados costes de ejecución.

Agotados todos sus intentos, Sor Ana constató, al final, la falta de éxito en el mantenimiento del curso en la escuela debido a la escasa demanda y a la falta de interés de los alumnos. La narración expresa un sentimiento de desencanto, al fin y al cabo, la formación para la enseñanza está impresa en su propia identidad, y esto ya no ocurre con otras materias. Según Sor Ana, en la situación actual hay un movimiento de desprestigio, y consiguiente decadencia, de la enseñanza, y esto tiene consecuencias: en un futuro próximo, habrá escasez de profesores de primaria, los llamados polivalentes.8

La hermana Ana tiene muchos recuerdos de los años dorados del Curso Normal. También recuerda, con nostalgia, su trabajo con las clases llenas de alumnos, las distintas implementaciones realizadas a lo largo del tiempo, cómo le gustaba enseñar... Sus recuerdos hacen aflorar un pasado que ya no está presente, pero que conforma su historia, la historia de la escuela, la historia de los muchos profesores formados en esa escuela.


Consideraciones finales


La trayectoria vital de Ana como persona y como profesional de la enseñanza y, a partir de este recorrido, adentrarse en el conocimiento de su praxis educativa, problematizándola y contextualizando los elementos que salen a la luz en este proceso; La influencia del contexto socio-histórico de su tiempo de formación; la influencia de los grupos de referencia de su vida y de su práctica (familia, Iglesia, grupos estudiantiles y religiosos, Hermanas Franciscanas de Dillingen, entre otros); la relación entrelazada con el CNFM; y su propio proceso de búsqueda y autoformación.

Surgen algunas preguntas sobre el punto clave de cómo una persona se convierte en profesor o cómo su acción pedagógica está influenciada por sus propias características asumidas en el curso de cada vida particular. Las respuestas, sin embargo, no llegan sin

image

image

8 Denominación que se refiere a los profesores de los primeros años de la educación primaria, responsables de la enseñanza de las materias básicas del currículo escolar: Lengua Portuguesa, Matemáticas, Historia, Geografía y Ciencias. Aunque la expresión "profesor polivalente" ya no aparece en la legislación brasileña actual, en la práctica, los profesores de este segmento de enseñanza siguen actuando como polivalentes (PIMENTA et al., 2017, p. 17).


image

image



considerar, o mejor, sin analizar los procesos de identidad de cada sujeto que se convierte en profesor.

Ana, como educadora y como monja, lleva en sí misma y se hace eco en sus acciones de las marcas de la educación que recibió en su familia, en los años de escolarización que vivió, especialmente en el CNFM, y en contacto directo con las Hermanas Franciscanas de Dillingen, fundadoras de la institución educativa. Responsable por la formación de un número de profesores que supera el millar, desarrolló una praxis que tuvo y tiene un alcance más allá de las fronteras de su lugar de actuación, considerando que muchos alumnos formados en el CNFM emigraron o aún emigran a diferentes ciudades de Paraíba e incluso a otros estados, llevando consigo los valores y aprendizajes construidos en esta experiencia educativa y difundiéndolos entre otros sujetos sociales con los que interactúan.


REFERENCIAS


BARRETO, I. S. A Guardiã: um retrato histórico e (auto)biográfico de Maria Fernandes de Queiroga (Irmã Ana OSF) – 1949 a 2019. 2019. 349 f. Tese (Doutorado em Educação) – Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, PB, 2019.


BOURDIEU, P. L’illusion biographique. Actes de la Recherche em Sciences Sociales, Paris, v. 62/63, p. 69-72, jun. 1986.


BRASIL. Decreto-lei n. 8.777, de 22 de janeiro de 1946. Dispõe sobre o registro definitivo de professores de ensino secundário no Ministério da Educação e Saúde, Brasília, DF, 24 jan. 1946. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/declei/1940-1949/decreto-lei- 8777-22-janeiro-1946-416416-publicacaooriginal-1-pe.html. Acesso em: 16 out. 2020.


FREIRE, P. Educação e mudança. 30. ed. Rio de Janeiro, RJ: Paz e Terra, 2007.


GABRIEL, G. L. Narrativa autobiográfica como prática de formação continuada e de atualização de si: os grupos-referência e o grupo reflexivo na mediação da constituição identitária do docente. 1. ed. Curitiba, PR: CRV, 2011.


IMPRESSÕES sobre o Projecto do Collegio D. Francisca Henriques Mendes a ser construído por seu filho Cel. Antônio Mendes Ribeiro e doado à Diocese de Cajazeiras (1937-1938).

Documento manuscrito sob a guarda do Colégio Normal Francisca Mendes.


LE GOFF, J. Comment écrire une biographie historique aujourd´hui. Le Débat, Paris, n. 54, p. 48-53, 1989.


image

LIVRO de Atas das Sessões Magnas de Formatura de Regentes de Ensino Primário da Escola Normal Regional D. Francisca Mendes. Documento manuscrito, sob a guarda do Colégio Normal Francisca Mendes, Catolé do Rocha (PB); constituído de 50 páginas numeradas, datado de 1942 e contendo os registros das sessões de 1942 a 1959. Documento manuscrito. Colégio Normal Francisca Mendes, Catolé do Rocha (PB), 1942 a 1959.


image

image


MARTINS, M. F. Os tempos de mudança: elites, poder e redes familiares, séculos XVIII e

XIX. In: FRAGOSO, J. L. R.; ALMEIDA, C. M. C.; SAMPAIO, A. C. J. (Org.). Conquistadores e negociantes: história das elites no Antigo Regime nos Trópicos. América Lusa, Séculos XVI a XVII. Rio de Janeiro, RJ: Civilização Brasileira, 2007. p. 403-434.


MOITA, M. C. Percursos de formação e de trans-formação. In: NÓVOA, A. (Org.) Vidas de professores. 2. ed. Porto, Portugal: Porto Editora, 1995. p. 111-140.


NÓVOA, A. Os professores e as histórias da sua vida. In: NÓVOA, A. (Org.). Vidas de professores. Trad. Maria dos Anjos Caseiro e Manoel Figueiredo Ferreira. Porto, Portugal: Porto Editora, 1992, p. 11-30.


OLIVEIRA, M. L. B. Um colégio no alto da cidade. In: MELO, A. L. G. et al. (Org.). Catolé do Rocha em muitas lentes. João Pessoa, PB: Gráfica JB, 2013. p. 133-153.


OLIVEIRA, P. S. Vidas compartilhadas: cultura e relações intergeracionais na vida cotidiana. 2. ed. São Paulo, SP: Cortez, 2011.


PÉCAULT, D. Os intelectuais e a política no Brasil. São Paulo, SP: Ática, 1990.


PERROT, M. Os excluídos da história: operários, mulheres, prisioneiros. 2. ed. Trad. Denise Bottmann. Rio de Janeiro, RJ: Paz e Terra, 1992.


PIMENTA, S. G. et al. Os cursos de licenciatura em pedagogia: fragilidades na formação inicial do professor polivalente. Educ. Pesq., São Paulo, v. 43, n. 1, p. 15-30, jan./mar. 2017. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ep/v43n1/1517-9702-ep-43-1-0015.pdf. Acesso em: 13 maio 2019.


POLLAK, M. Memória e identidade social. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v. 5, n. 10, p. 200-212, 1992.


QUEIROGA, M. A. F. Dados biográficos. Documento manuscrito. 2016.


QUEIROGA, M. A. F. Caderno de anotações didáticas. Documento manuscrito, 1966.


QUEIROGA, M. A. F. Entrevista concedida a Iolanda de Sousa Barreto. Catolé do Rocha (PB), 1 out. 2016a.


QUEIROGA, M. A. F. Entrevista concedida a Iolanda de Sousa Barreto. Catolé do Rocha (PB), 30 nov. 2017.


QUEIROGA, M. A. F. Projeto Flor de Mandacaru. Documento manuscrito, 2005.


SENDRA, S. R. Irmãs Franciscanas de Dillingen: da expansão ao hoje de nossa história. Duque de Caxias: Província da Divina Providência no Brasil; Petrópolis: Sermograf, 2007.


image

SOUSA, M. C. S. Colégio Normal Francisca Mendes: caminhos da escola normal em Catolé do Rocha/PB (1939-1959). Orientador: Carlos Augusto Amorim Cardoso. 2012.


image

image



Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, PB, 2012.


Cómo referenciar este artículo


BARRETO, I. S.; MACHADO, C. J. S.; NUNES, M. L. S. Narrativa de vida de Maria Fernandes de Queiroga (hermana Ana, OSF): memoria, historia e identidade docente. Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 16, n. esp. 3, p. 1404-1421, jun. 2021. e-ISSN: 1982-5587. DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v16iesp.3.15289


image

Enviado el: 05/02/2021 Revisiones necesarias: 30/03/2021 Aprobado el: 12/05/2021 Publicado el: 01/06/2021


image

image



LIFE NARRATIVE OF MARIA FERNANDES DE QUEIROGA (SISTER ANA, OSF): MEMORY, HISTORY AND TEACHING IDENTITY


NARRATIVA DE VIDA DE MARIA FERNANDES DE QUEIROGA (IRMÃ ANA, OSF): MEMÓRIA, HISTÓRIA E IDENTIDADE DOCENTE


NARRATIVA DE VIDA DE MARIA FERNANDES DE QUEIROGA (HERMANA ANA, OSF): MEMORIA, HISTORIA E IDENTIDAD DOCENTE


Iolanda de Sousa BARRETO1 Charliton José dos Santos MACHADO2 Maria Lúcia da Silva NUNES3


ABSTRACT: This article aims to outline the path of construction of the teaching identity of the educator and religious Maria Fernandes de Queiroga (Sister Ana, OSF), who has worked for more than five decades in teacher formation, at Colégio Normal Francisca Mendes (CNFM – Normal Highschool Francisca Mendes), in Catolé do Rocha/PB, from a reading of her life trajectory and educational performance. Based on the ideas spread by the New Cultural History, in the investigative modes of (auto)biography, of micro-history and oral history, it is developed a historical approach of the sources constituted by oral history interviews, notebooks and writings of the educator, documents relating to CNFM, among others. Sister Ana has been building her teaching identity in welcoming, in the reflection and adaptation of the influences of the reference groups to which she has been linked throughout her life: the family, the religious congregation, the formative institutions and the place(s) of professional practice.


KEYWORDS: Teacher education. Teaching. Identity.


RESUMO: Este artigo objetiva delinear o percurso de construção da identidade docente da educadora e religiosa Maria Fernandes de Queiroga (Irmã Ana, OSF), que tem atuado por mais de cinco décadas na formação de professoras/es, no Colégio Normal Francisca Mendes (CNFM), em Catolé do Rocha/PB, a partir de uma leitura de sua trajetória de vida e atuação educativa. Pautados nas ideias difundidas pela Nova História Cultural, nos modos investigativos da (auto)biografia, da micro-história e da história oral, desenvolve-se uma abordagem histórica das fontes constituídas por entrevistas de história oral, cadernos e escritos da educadora, documentos referentes ao CNFM, entre outros. Irmã Ana vem edificando sua identidade docente no acolhimento, na reflexão e na adaptação das


image

1 Department of Education and Culture (SEDEC), João Pessoa – PB – Brazil. Professor at the Department of Basic Education. Doctorate in Education (UFPB). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-2909-6240. E-mail: iolandasbarreto@gmail.com

2 Federal Universitu of Paraíba (UFPB), João Pessoa – PB – Brazil. Full Professor at the Department of Education Methodology. Doctorate in Education (UFRN). CNPq Research Productivity Scholarship - Level 1D. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-4768-8725. E-mail: charlitonlara@yahoo.com.br

image

3 Federal University of Paraíba (UFPB), João Pessoa – PB – Brazil. Professor at the Department of Education Methodology. Doctorate in Education (UFRN). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-9839-2756. E-mail: mlsnunesml@gmail.com


image

image



influências dos grupos – referências às quais esteve ligada ao longo de sua vida: a família, a congregação religiosa, as instituições formativas e o(s) lugar(es) de atuação profissional.


PALAVRAS-CHAVE: Formação de professoras/es. Docência. Identidade.


RESUMEN: Este artículo tiene como objetivo esbozar el camino de construcción de la identidad docente de la educadora y religiosa María Fernandes de Queiroga (Hermana Ana, OSF), que trabaja desde hace más de cinco décadas en la formación de docentes del Colégio Normal Francisca Mendes (CNFM), en Catolé do Rocha/PB, a partir de una lectura de su trayectoria de vida y desempeño educativo. A partir de las ideas difundidas por la Nueva Historia Cultural, en las modalidades investigativas de (auto)biografía, microhistoria e historia oral, se desarrolla un acercamiento histórico de las fuentes constituidas por entrevistas de historia oral, cuadernos y escritos del educador, documentos relacionados con el CNFM, entre otros. Hermana Ana ha ido construyendo su identidad docente acogiendo, reflejando y adaptando las influencias de los grupos de referencia a los que ha estado vinculada a lo largo de su vida: la familia, la congregación religiosa, las instituciones de formación y los lugares de rendimiento profesional.


PALABRAS CLAVE: Formación del profesorado. Enseñanza. Identidad.


Introduction


This article4 aims to outline the path of construction of the teaching identity of the educator and religious Maria Fernandes de Queiroga (Sister Ana, OSF), who has worked for more than five decades in the formation of teachers, at Colégio Normal Francisca Mendes (CNFM – Normal High School Francisca Mender), in Alto Sertão da Paraíba, from a reading of her life trajectory and educational performance. To this end, it is considered her commitment to the formation of teachers, through her performance as a teacher and coordinator of the CNFM Normal Course, as well as her continuous effort to keep the school functioning in the past and today, developing teaching activities and related to its administration, becoming, throughout this time, as guardian of confessional values and educational knowledge learned through the coexistence with several reference groups, especially the Franciscan Sisters of Dillingen, and the educator can still be described as guardian of the school itself and everything it represents.

The reconstitution of the educator's life trajectory, encompassing her formation and professional performance, took place from the analysis of oral sources, with emphasis on her


image

image

4 This text is an excerpt from the doctoral research entitled A GUARDIAN: a historical and (self)biographical portrait of Maria Fernandes de Queiroga (Sister Ana, OSF) – 1949 to 2019, carried out between 2016 and 2019, from the Postgraduate Program in Education at the Federal University of Paraíba. To learn more, consult Barreto (2019).


image

image



own memory narratives, but also through written and imagery sources made available by her, such as notebooks, photographs, (auto)biographical texts and official documents of the college, as well as books about the city of Catolé do Rocha, about the history of the Franciscan Sisters of Dillingen, and even academic works about the CNFM.

It is worth considering here the complexity imposed on the study in question, given the impossibility of condensing a life into a historiographical narrative, regardless of the number of pages it may contain, otherwise, there is a risk of falling into the trap of a “biographical illusion”, which would be, according to Bourdieu (1986, p. 69, our translation): “to treat life as a history, that is, as the coherent account of a sequence of events with meaning and direction”. A life history, therefore, cannot be apprehended, it does not end in a narrative, and the researcher must assume a coherent posture when working the historiographical operation. In this sense, Oliveira also warns (2011, p. 66, our translation):


[...] How illusory is the figure of a subject of neutral knowledge, who observes the phenomena 'from the outside' on the assumption of apprehending them in their entirety in order, in the end, to build a definitive image on them. To completely determine the object would symbolize the arbitrary power of the subject of knowledge, but also the death of the object, hence the illusion that covers such practices.


Currently, under the influence of disciplines such as Sociology and Anthropology, there is an outstanding interest in approaches and methodologies that focus on life histories, identity and memory, in which (auto)biography points not only to the ability to present the trajectory of a singular life, but to enable a more accurate perception of collective processes. It is a meticulous work of understanding and interpretation, in which, from the sources and methods used, nuances of the studied reality are revealed. Therefore, for Le Goff, a biography initially starts from the life of an individual and the “legitimacy of the historical genre involves respect for this objective: the presentation and explanation of an individual life in history. But a history illuminated by the new conceptions of historiography" (LE GOFF, 1989, p. 49, our translation).

The investigation carried out in this work went through the dimensions of the person, the practice and the profession of the teacher, in agreement with the thought of Nóvoa (1992,

image

p. 15, our translation), that: “The teacher is the person; and an important part of the person is the teacher”. In this sense, reflecting on the educational action of Sister Ana or on that of any other teaching professional requires considering the specificities inherent to her personal identity, which, therefore, particularize her educational activity.


image

image



The research subject


Tenth daughter of the couple João Adelino de Queiroga and Ana Fernandes de Queiroga, Sister Ana was born as Maria Fernandes de Queiroga, on 3 February 1936, in the city of Antenor Navarro (currently known as São João do Rio do Peixe), in the interior of the state of Paraíba. In 1941 she moved with her family to Catolé do Rocha, where her father would take a federal job at the Post Office and Telegraph. During this period, this small town was the scene of two unusual occurrences: the foundation of the Normal School Dona Francisca Henriques Mendes and the arrival of the five Franciscan Sisters from Dillingen, German nuns who would become responsible for the functioning of the school and for the formation of many young Catholics and of their geographical surroundings, who became teachers from it.

After completing the experiences of primary education and the Admission Examination, in 1949, at the age of 13, Sister Ana entered the Regional Normal Course at Dona Francisca Henriques Mendes High School, a period which she describes as follows: “What a joy! It was four years in which we were able to taste the nectar of the knowledge of various teachers, especially the Franciscan Sisters of Dillingen, founders of this educational institution” (QUEIROGA, 2016, our translation).

Since its foundation, the CNFM worked with the primary course and the Normal Course, in the early years called "Free Normal", a modality little discussed in the historiography of Brazilian education, but from which it is possible to infer that the designation "free" would be due to the autonomy granted by Brazilian legislation to the states to elaborate their own curricular matrices, among other prerogatives (SOUSA, 2012, p. 59).

From 1946 onwards, the Free Normal Course was replaced by the Regional Normal Course, being the first class of teaching conductors graduated in 1949, according to the Book of Minutes of the Major Sessions. This course was instituted in accordance with the Organic Law of Normal Education, put into effect by Decree-Law n. 8,530, of 2 January 1946. The two courses, Free Normal and Regional Normal have, therefore, specific features. For Oliveira (2013, p. 144, our translation):


image

The adjective "free" of the first would point to the principle of freedom of modern democracies, which, in the field of education, takes shape in the defense of the free initiative of individuals in education, and in the obligatory role of the State to regulate and control this activity, in public and private sphere. In turn, the adjective "regional" of the second would be meaning the circumscribed validity of the title issued by the Regional Normal, especially when considering the greater amplitude of the Normal



image

image



2nd Cycle and its right to claim access to the University, via the Entrance exam.


In the mid-twentieth century, Sister Ana was inserted in this context of teacher euphoria that moved the quiet town of Catolé do Rocha. Young normalists immersed themselves in different fields of knowledge, as well as in a dense range of sociocultural activities, as highlighted by Oliveira (2013, p. 148-149, our translation):


In the fifties, the Normal Regional do Francisca Mendes developed its formation with subjects of varied duration: Religion; Portuguese; Drawing and Calligraphy; Orpheonic Singing; Physical Education and Games (every 4 years); Math; Manual works (3 years); Botany; Physics and Chemistry (2 years); General Geography; Geography of Brazil; General History; History of Brazil; Psychology and Pedagogy; Hygiene; Didactics and Teaching Practice (1 year).


Sister Ana says that at the age of 14 she already felt called to religious life, however, she kept her desire to herself, as her mother did not like the idea. However, probably the direct contact with the founding sisters of the CNFM has deeply marked the spirit of the young woman, she does not give up on her intention and, at age 22, after receiving the approval of her parents, she enters as a candidate for religious vows, in the convent of Sand.

It is possible to affirm that, since 1949, Sister Ana begins, in fact, to build her bond with the CNFM, which lasts until the present day, when she continues to actively participate in the routine of the school, in pedagogical and administrative decisions, having held until 2017 the position of general director of the institution.


Building a high school or building a history


In the late 1930s, the foundations for the construction of a high school were glimpsed in Catolé do Rocha, which was configured for its creators and for local people, as well as for politicians, intellectuals and religious authorities, as a Redemptorist project, capable of bringing prosperity and civility to the region.

Many testimonies recorded in the Book of Impressions about the Project of Collegio

D. Francisca Henriques Mendes5 reinforce these values, conceiving intellectual and moral development for future generations, as evidenced in the writings. According to Antonio Botto de Menezes, federal deputy from Paraíba at that time: “The work, which Col Antonio Mendes Ribeiro [...] will build, under the sweet invocation of his mother's name, in the municipality of



image

image

5 Document under the custody of CNFM. Non-paged manuscript, dated 1937.


image

image



Catolé do Rocha, to prepare the generations of tomorrow. It is a new and fertile seed reserved for the future [...]” (IMPRESSÕES, 1937-1938, our translation).

And with the then local vicar, Fr. Joaquim de Assis Ferreira:


The High School “D. Francisca Henriques Mendes”, Colonel Antonio Mendes Ribeiro's precious gift to the Diocese of Cajazeiras and to the city of Catolé do Rocha, birthplace of his mother who gives name to the School, represents for the Paraíba's Hinterlands an alms of light that cannot be forgotten [...] (IMPRESSÕES, 1937-1938, our translation).


The project for the construction of Colégio Dona Francisca Henriques Mendes came at a time of scarce resources for the education of the population, marked by the closing of schools subsidized by the government, which, with the Constitution of 1937, began to directly encourage private initiative, and minimizes the State's duty to education. In this sense, the text proposed that art, science and teaching be free to individual initiative and to the association or gathering of public and private people.

As the opening of confessional schools was of interest to the Church, from a network of local relations involving religious, political and economic leaders, the foundations of the building were laid, which would definitely change and mark the landscape of the small town in Paraíba and the part of the local community, considering that the less wealthy were left out of this project. It is worth highlighting the concept of sociability networks, which for Martins (2007, p. 432, our translation) would be “the representation of the continuous interactions of different individual strategies”. What would be, however, the main characters of this local network?

First, the successful real estate capitalist in the capital of Paraíba, Colonel Antônio Mendes Ribeiro, eager to build a work with which he could honor and immortalize the memory of his mother, the Catholic Francisca Henriques Mendes. In addition, the local vicar, Father Joaquim de Assis, who, in line with Catholic ideals of evangelizing through education, and paying attention to perceived needs in the region, indicates to the entrepreneur the construction of an educational center for girls as the ideal work for its purpose. And yet, the then mayor Natanael Maia Filho, a member of a family of the political elite in Catholics and Paraíba, who donates public land for the construction of the school building.

image

In addition to the family political culture highlighted as predominant in the city, in this context, the nationalist political culture is also perceived in the concrete behaviors of notorious or common individuals, after all, the construction of a nationalist feeling is boiling across the country. In the words of Pécault (1990, p. 15, our translation): “organizing the



image

image



nation, this is the urgent task, a task that belongs to the elites. [...] to forge a people is also to draw a culture capable of ensuring its unity”.

The history of the foundation of the school takes on a differential chapter with the arrival of the five Franciscan sisters from Dillingen who emigrated to Brazil in 1939, together with other sisters from their congregation, settling in the cities of Cabo Frio, in Rio de Janeiro

, and Areia, in Paraíba. Due to the persecution of Catholic orders in Germany and the need to list leaders for confessional institutions in Brazil, Brazilian ecclesiastical authorities make the invitation, which is accepted by foreigners. The five German nuns who arrived to take over the functioning of the then School Dona Francisca Henriques Mendes initially settled in Areia (PB) and, summoned by the Bishop of Cajazeiras (PB), Dom João da Mata Amaral, headed for Catolé do Rocha, being welcomed by local authorities who even take care of their accommodation until the construction of the school building is completed and they can settle there, which happens in early 1940. According to Sendra (2007, p. 166, our translation): “While the School was still being built, the Primary Course worked in one of the houses provided by Colonel Sérgio Maia. And the Free Normal Course was installed in the completed part of the School”.

In this context, the story of many teachers trained at CNFM begins, who were able to develop their teaching practice based on the teachings of the five founding sisters or the Brazilian sisters who followed them and also embraced this task, the formation of teachers.


The constitution of an identity


The construction of identity, despite it being, apparently, an individual instance, is continuously processed in relation to a collective. It is, according to Pollak (1992, p. 200, our translation), “a phenomenon that is produced in reference to others, in reference to the criteria of acceptability, admissibility, credibility, and that is done through direct negotiation with others”.

image

At this point, it is worth reflecting on the influences that constituted Sister Ana as a subject, as an educator and as a nun, that is, on the constitution of her individual and collective identity. In this process of identity construction, the action of reference groups stands out (GABRIEL, 2011), especially the family, the Church and its religious congregation, among others, with an emphasis on the coexistence with the Franciscan founding sisters of the CNFM.


image

image



In her narrative, Sister Ana emphasizes that living with the masters, the founding mothers of CNFM, and the other teachers of the Normal Course at that school, awakened her taste for teaching. It is understood, therefore, that the construction of their teaching identity takes place, above all, from this coexistence, also considering their own collective interests at the time, after all, most young Catholic women aspired to pursue a teaching career, extolled by the authorities local political and ecclesiastical actions as an intellectual and, also, liberating and missionary action, as can be seen in an excerpt from the speech of Father Américo Sérgio Maia, official speaker of the seventh class of teachers at Colégio Dona Francisca Henriques Mendes:


Educating does not only mean accumulating knowledge but bringing to development and full efficiency all the faculties that are in germination in the child. The young teacher must be a bearer of the light of Jesus Christ, as a catechist, as an apostle of Catholic action (LIVRO, 1942-1959, p. 19, our translation).


Individual identity is built in communion with social identity. Thus, the subject, drinking from different sources, builds himself up, creating perceptions and making choices, often under the direct influence of other subjects or groups, which, in a continuous movement, can gradually rebuild himself, affirming themselves or transforming themselves, as the individual perceives himself in relation to himself and others. According to Pollak, in the construction of identity, there are three essential elements:


There is the physical unit, that is, the feeling of having physical boundaries, in the case of the person's body, or boundaries of belonging to the group, in the case of a collective; there is continuity within time, in the physical sense of the word, but also in the moral and psychological sense; finally, there is the feeling of coherence, that is, that the different elements that make up an individual are effectively unified (POLLAK, 1992, p. 200, author’s highlights, our transaltion).


image

Regarding the identity of Sister Ana, it is possible to see the unification of these elements, a process solidified over her more than eight decades of life. Undoubtedly, in this movement, she receives and welcomes influences from different groups with which she integrates or lives, however she demonstrates a certain autonomy in her choices, considering the options available to the female figure in her social and educational space-time. Completes the Normal Course and decides to teach. At first, other work options appear, but she rejects them as they are not related to the chosen area. She decides for consecrated religious life at the age of 14 but faces her mother's objection. Even so, she remains firm in her purpose and at age 22 manages to enter the convent as a candidate, receiving permission from her parents.


image

image



Whenever asked about her choice of vocation, Sister Ana emphasizes personal desire and, more than that, considers having received a divine call. In her words: “God attracted me, didn't he? God attracted me.” She ponders, however, that the environment that surrounded her was favorable to her choice, as her parents were always very pious, the church being almost a complement to the home. She reveals that she admired the pious practices of the sisters, but makes it clear that they did not interfere in her decision for the consecrated life, as she reports:


[...] I made my decision at the age of fourteen and no one took it out of my head anymore, but I never told anyone. Then I finished here in high school and I was studying typing with Sister Engelsindis and one time, she was talking and my brother was already in seminary, and she asked me if I didn't want to be a religious. It was the only question. Then I couldn't hide it anymore, I was already seventeen, it was the first time I told Sister Engelsindis. Then later she passed it on to my sister and then she arrived at my house and there was crying at home. But I only entered the convent when I was twenty-two years old because my parents wouldn't let me. (QUEIROGA, 2016a, our translation).


Upon completing the Normal Regional at CNFM, she feeds the desire to teach there, which, however, does not materialize immediately. So, she starts working in commerce, a task that she didn't like. The opportunity arises to replace a school teacher who was pregnant, her neighbor Maria Celi Fixina, but, as the position was temporary, she returned to commerce in 1954 to help a brother who had just installed a men's clothing store. In the meantime, she receives other job invitations, but decides to refuse them for not identifying with the trades. Perhaps the family tried to integrate her in other occupations so that she could really confirm or not her intention for the consecrated life, after all, at the time, the path to marriage and the constitution of a new family was considered not only the natural for the woman, but also what is desired, given the strength of the representation of this institution in the social scenario.

Not that there was a determinism, that is, that Sister Ana was predetermined to be what she is, but at that time the woman, like the man, had a place defined within the sexual division. After all, for a long time: “each sex had its function, its roles, its tasks, its spaces, its almost predetermined place, in its details” (PERROT, 1992, p. 178, our translation).

image

In her narrative, the importance that parents gave to marriage can be seen, which, however, was not desired by all their children. Thus, it can be inferred that, with the possibilities that they have, each individual builds himself, at first, from paths and detours, choices and renunciations, as well as his own free will. As far as Sister Ana is concerned, there does not seem to have been an identity conflict in her life story; on the contrary,


image

image



elements point to an awareness, to an identification process, to finding oneself in the world, as a woman, as an educator and as a nun, based on what she receives and how she interacts in her context socio-historical.

In 1962, Sister Ana, then belonging to the Congregation of the Franciscan Sisters of Dillingen in the Province of the North East, the Province of Our Lady Medianeira das Graças, returned from an intense period of preparation in Areia and settled at the CNFM, taking on the religious and educational activities entrusted to her, in a short time, teaching Mathematics in the gymnasium, Drawing in the gymnasium and in the Normal Course, Hygiene and Childcare in the 4th Regional Normal and Religious Education in the 3rd primary year. She says that it was not easy to take on all this work, as her formation was for primary school, but she emphasizes that she always had the support and guidance of the German sisters and that the fact that she liked what she was doing was fundamental to her success and your professional achievement. Parallel to carrying out the work, she also sought improvements, participating in courses focused on the area of Education, an initiative today called "continuing" or "permanent formation".

As there was a shortage of teachers to teach the different subjects of the high school curriculum in Paraíba, some courses were offered with the purpose of formation teachers and granting them the teaching record of the subject studied, which was done through passing the sufficiency exams6. In 1965, with the intention of obtaining the registration as a Mathematics teacher for the 1st high school cycle, Sister Ana held, in the capital of Paraíba, the 1st Intensive Preparation Course for 1st Cycle Teachers, promoted by the College of Philosophy, Sciences and Letters from UFPB, in agreement with the Secondary Education Board of the Ministry of Education and Culture. The course lasted for one academic semester, from 1 July to 1 December 1965. As she was already teaching Mathematics, with the end of the course and receipt of registration, she started to teach the subject with official certification.

Parallel to this course, she participates in another one held at the Institute of Education of Paraíba, lasting one week and aimed at teachers of the Normal Course. The course was taught by teachers from Belo Horizonte and, on that occasion, Sister Ana participated in the company of Sister Eleonore Brumm, one of the German sisters responsible for the administration of the CNFM. Then came the opportunity to take a more in-depth course in Belo Horizonte, in 1966, offered by the National Institute of Pedagogical Studies, through the


image

image

6 The sufficiency exam was an emergency measure adopted by the Ministry of Education and Health (MES), through Decree-Law n. 8,777, of 22 January 1946 (BRASIL, 1946), with a view to minimizing the gap of teachers to work in secondary education, given that the number of Philosophy colleges, specialized in the formation of teachers for this level of education, was insufficient in the country.


image

image



João Pinheiro Regional Educational Research Center/Teacher Improvement Division (CRE- DAP), a course which is always referred to by her as an important moment in her professional formation, giving her, according to her words, a theoretical-practical deepening “similar to that of a specialization”.

From May to December of 1966, she dedicated herself to the teacher improvement course given in Belo Horizonte, taking several subjects, with workloads ranging from 12 to 137 hours, in a total of 847 class hours, including studies in Didactics Mathematics (discipline with the highest number of hours), Social Studies Didactics, Natural Sciences Didactics, Teaching Practice in the Normal School, Curriculum and Supervision in Primary School and Educational Psychology, among other areas of knowledge. In this experience, Sister Ana was able to interact with the teaching professors of the various disciplines and with the participating professors, who, like her, were in search of theoretical deepening to work in their professional spaces.

The course held in Belo Horizonte - MG enabled him to teach all the Didactics of the CNFM Normal Course, as well as the Teaching Practice and also the pedagogical guidance work she carried out at this school and at the 8th Supervision Center (linked body to the Department of Education of the State of Paraíba) of Catolé do Rocha, as coordinator of the teaching supervisors, from 1977 to 1980. In this pedagogical orientation work, she emphasizes the partnership with Gercina de Freitas Lopes, teacher to whom she entrusted the regency of Didactics of Mathematics in the CNFM pedagogical course and who also participated in the evaluation process of the teachers in the supervised internship at the institution.

The process of building a professional identity, according to Moita (1995, p. 115, our translation):


It is a construction that has a spatio-temporal dimension, crosses professional life from the phase of opting for the profession to retirement, passing through the concrete time of initial formation and the different institutional spaces where the profession takes place. It consists of scientific and pedagogical knowledge as well as ethical and deontological references. It is a construction that bears the mark of the experiences made, the options taken, the practices developed, the continuities and discontinuities, both in terms of representations and in terms of concrete work.


image

In this sense, it is clear that Sister Ana is gradually giving shape to her educational praxis, assuming new professional functions, delegating attributions to other collaborators in the field of teacher and educational formation, developed not only at the CNFM level, but


image

image



even in the state network of education. She makes use of the knowledge acquired in the formative spaces at the same time that she goes in search of new knowledge and professional updating.

From the Belo Horizonte course, the educator keeps, in addition to the certificate, a notebook of almost 300 pages handwritten in front and back (QUEIROGA, 1966). The first page, in keeping with their religious identity, has a prayer towards the beginning of the work; the others contain notes on the teaching units of the various subjects taken, encompassing historical and theoretical aspects concerning each area, teaching methodologies, assessment, teacher preparation, child readiness for learning, lesson plans and fixation exercises, among other notes, including highlighting the importance of dialogue between disciplines, a concept currently called “interdisciplinarity” and of great prominence in contemporary pedagogical theories.

In 1971, Sister Ana was invited to teach Mathematics in 1st and 2nd Scientific classes at State High School Obdúlia Dantas. Hired by the state, she performed this function until 1973, when she passed the entrance exam at UFPB to study Pedagogy. She gets her contract with the state transferred to the State School Sesquicentenário, located in João Pessoa, where she teaches Mathematics for four years.

Doing Pedagogy was the crowning achievement for the exercise of his professional practice. At the academy, according to her, there were excellent teachers and there was a lot of knowledge sharing based on group work. She recalls that, when the time came to carry out activities on the theme "work units", she had the differential of having already exercised the content during the course held in Belo Horizonte, which was much easier for her than for other colleagues at the graduation go through this stage of the program, even becoming the coordinator of the group.

During the formation in the Pedagogy course, Sister Ana never abandoned her work at CNFM, not even mentally, according to her. The guidance of the teachers of the Normal Course was a priority for the educator, so at all times she was present at the school. When there were classes or days off, she would go to Catolé do Rocha to teach classes in the Normal Course and provide guidance to the teachers in formation.

image

Sister Eleonore Brumm, at that time, was responsible for the administration of the CNFM, but she was also provincial, that is, she had been elected to coordinate all the sisters of the province, in this case, the Northeast Province, Franciscan Province of Our Lady Medianeira das Graças. Thus, she was divided between the demands of the college and the obligations of the religious order, but had the direct help of Sister Ana, above all as a


image

image



collaborator in the work of guiding the teachers, but also as a teacher of various Didactics of the Normal Course.

Upon completing the Pedagogy course at UFPB, in December 1976, with qualification for School Administration, School Supervision and Pedagogical Practice, she received the registration conferred by the Technical Teaching Inspectorate of Paraíba to teach Educational Psychology, Educational Sociology and General Didactics. In January 1977, Sister Eleonore Brumm handed over the administration of the CNFM to Sister Ana and moved permanently to Areia, after 38 years of effective work in that educational institution.

From the educator's reports, Eleonore Brumm's commitment to prepare Sister Anne to continue the line of educational and confessional work established by the group of German pioneer sisters, the Franciscan Sisters of Dillingen, of which she was a part, is evident. Sister Ana's dedication to this task is also clear, working hard, receiving counseling and putting into practice the teachings arising from this coexistence. The processes of construction of the professional identity of Sister Ana as a teacher, supervisor, coordinator and school administrator, as well as the processes of construction of her personal identity as a woman, religious and even as guardian of the CNFM, have the mark of many groups, but also of individuals in particular.

Regarding Sister Ana, it is possible to affirm that all this time of dedication to education and to the CNFM has proved to be fruitful, in the sense that she acquired experiences and learning, at the same time that she collaborated with the formation of many teachers, who were, for their own curiosity, but also from the knowledge acquired in interaction, building new knowledge inherent to educational practice.

From 1962 to 2015, the period when Sister Ana worked in the Normal Course at CNFM, according to enrollment data obtained from the school's secretariat, they were students7 or received guidance from the educator on screen 1,345 teachers trained at the institution. There were 53 years of dedication to teacher formation that generated a significant result, as shown by the number, which exceeds the thousand.

Analyzing the sources, it is possible to affirm that there was a great deal of pedagogical knowledge transmitted by this educator. From the elaboration of teaching units and care with consistency between syllabus, objectives, methodologies and learning assessment to the preparation of teaching resources so that teaching could prove more attractive and efficient. The resourcefulness in the administration of classes during the


image

image

7 According to data collected at CNFM, six male teachers completed the Normal Course at CNFM throughout its history.


image

image



supervised internship period was another point that deserved attention and guidance from Sister Ana and the other teachers responsible for conducting this stage.

Taking up education was for Sister Ana more than taking up a profession, it was taking on a mission, according to the precepts of her religious order – and maybe that's why she still has not allowed herself to stop. Her scientific effort is visible, the continuous search for knowledge that would subsidize its action, being able to reflect on it from the assertion of Freire (2007, p. 22, our translation): “if my commitment is really with the concrete man, with the cause of its humanization, of its liberation, I cannot, for that very reason, dispense with science or technology, with which I will be instrumenting myself to better fight for this cause”.

Teacher education and Christian education have always been a priority for her, as can be seen in her reports, in the testimonies of other subjects or in the analysis of sources. This is not to say that she has never made mistakes and perhaps even left a negative mark on some of those who went through her. She herself, in a self-evaluative perspective, relevant to every educator, is perceived as follows: “[...] no one is so wise that there are no mistakes, I think. I cannot say that I do everything good, we have our faults, they are human faults” (QUEIROGA, 2017, our translation).

Since its foundation, in 1939, the CNFM has offered training for teaching: initially with the course called “Free Normal”, then with the Regional Normal, both corresponding to what is now conventionally called “basic education”. In 1965, with the implementation of the Pedagogical Course, formation began to correspond to high school education and, from LDB

n. 9,394/96, with the change in the nomenclature of the teaching levels, it was configured as a Normal Course in medium level, with a requirement of four years of professional formation. The new curricular matrix of the course started to require a workload of 4,560 hours/class, with the obligation of a regency of 320 hours/class. For this, the primary school teachers at the school would have to give up a lot of time in their classrooms. Committed to the mission of formation of teachers, and aware of the social importance of this formation, Sister Ana made an effort to maintain the Normal Course, adapting it to the new requirements. To this end, in 2005, she conceived the “Flor de Mandacaru” project, which aimed to solve the problem of conducting for the trainees of the Normal Course, providing them with the necessary professional experience and also opening the doors of the school to accommodate children from of the less favored classes.

image

Thus, classes were opened at the school to attend to the children included in the described profile, whose parents were informed about the project's specificities upon


image

image



enrollment. According to the proposal, the trainees would be accompanied by a full professor in each room, who would provide educational and psychological support to the course participants. The elaboration of the teaching units was accompanied by the pedagogical advisor, who was also responsible for observing the execution of the classes, carrying out a critical evaluation that favored the teaching performance of the interns. The Flor de Mandacaru project ran from 2005 to 2013, having been closed, according to Sister Ana, due to the lack of adhesion of new candidates to the Normal Course and, also, its high execution costs.

With the attempts exhausted, Sister Ana finally noted the lack of success in keeping the course functioning at the school due to the low demand and lack of interest of the students. The narrative expresses a disenchantment, after all, formation for teaching is imprinted on her own identity, and this no longer happens to other subjects. According to Sister Ana, there is a movement of discredit, and consequent decline, of teaching in the current situation, and this has consequences: in the near future, there will be a shortage of elementary school teachers, the so-called multi-purpose.8

From the heyday of the Normal Course, Sister Ana keeps many memories. She also remembers, with nostalgia, her performance with classes full of students, the various implementations made over time, how she liked to teach... Her memories bring to light a past exhausted in the present, but that makes up her history, the history of the school, the history of the many teachers formed in that school.


Final considerations


The path taken in this work went through the recesses of the identity constitution and continued in its objective of understanding the life trajectory of Sister Ana as a person and as a teaching professional and, from this trajectory, to enter into the knowledge of her educational praxis, problematizing it and contextualizing it to the elements that appear in this process; whether it is the influence of the socio-historical context of her formative time; whether it is the influence of the reference groups in her life and practice (family, Church, student and religious groups, Franciscan Sisters of Dillingen, among others); whether it is the imbrication relationship with the CNFM; whether it is still its own process of search and self-


image

image

8 Denomination referring to teachers in the early years of elementary school, responsible for teaching the basic subjects of the school curriculum: Portuguese Language, Mathematics, History, Geography and Science. Although the expression “multi-purpose teacher no longer appears in current Brazilian legislation, teachers in this education sector, in practice, continue to act as multi-purpose” (PIMENTA et al., 2017, p. 17).


image

image



formation.

Some questions arise in view of the key point of how a person becomes a teacher or how their pedagogical action is influenced by the specific characteristics assumed in the course of each particular life. The answers, however, do not come without considering, or rather, without analyzing the identity processes of each subject made teacher.

Sister Ana, as an educator and a nun, brings and reflects in her actions the marks of the education received within the family, in the years of schooling experienced, especially at CNFM, and in direct contact with the Franciscan Sisters of Dillingen, founders of the educational institution. Responsible for the formation of a number of teachers that surpasses the thousands, she developed a praxis that had and has a reach beyond the boundaries of her place of work, given that many students formed in the CNFM migrated or still migrate to different cities in Paraíba and even from other states, taking with them the values and learnings built in this educational experience and disseminating them among other social subjects with whom they interact


REFERENCES


BARRETO, I. S. A Guardiã: um retrato histórico e (auto)biográfico de Maria Fernandes de Queiroga (Irmã Ana OSF) – 1949 a 2019. 2019. 349 f. Tese (Doutorado em Educação) – Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, PB, 2019.


BOURDIEU, P. L’illusion biographique. Actes de la Recherche em Sciences Sociales, Paris, v. 62/63, p. 69-72, jun. 1986.


BRASIL. Decreto-lei n. 8.777, de 22 de janeiro de 1946. Dispõe sobre o registro definitivo de professores de ensino secundário no Ministério da Educação e Saúde, Brasília, DF, 24 jan. 1946. Available: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/declei/1940-1949/decreto-lei-8777-22-

janeiro-1946-416416-publicacaooriginal-1-pe.html. Access: 16 Oct. 2020. FREIRE, P. Educação e mudança. 30. ed. Rio de Janeiro, RJ: Paz e Terra, 2007.

GABRIEL, G. L. Narrativa autobiográfica como prática de formação continuada e de atualização de si: os grupos-referência e o grupo reflexivo na mediação da constituição identitária do docente. 1. ed. Curitiba, PR: CRV, 2011.


IMPRESSÕES sobre o Projecto do Collegio D. Francisca Henriques Mendes a ser construído por seu filho Cel. Antônio Mendes Ribeiro e doado à Diocese de Cajazeiras (1937-1938).

Documento manuscrito sob a guarda do Colégio Normal Francisca Mendes.


image

LE GOFF, J. Comment écrire une biographie historique aujourd´hui. Le Débat, Paris, n. 54, p. 48-53, 1989.


image

image



LIVRO de Atas das Sessões Magnas de Formatura de Regentes de Ensino Primário da Escola Normal Regional D. Francisca Mendes. Documento manuscrito, sob a guarda do Colégio Normal Francisca Mendes, Catolé do Rocha (PB); constituído de 50 páginas numeradas, datado de 1942 e contendo os registros das sessões de 1942 a 1959. Documento manuscrito. Colégio Normal Francisca Mendes, Catolé do Rocha (PB), 1942 a 1959.


MARTINS, M. F. Os tempos de mudança: elites, poder e redes familiares, séculos XVIII e

XIX. In: FRAGOSO, J. L. R.; ALMEIDA, C. M. C.; SAMPAIO, A. C. J. (Org.). Conquistadores e negociantes: história das elites no Antigo Regime nos Trópicos. América Lusa, Séculos XVI a XVII. Rio de Janeiro, RJ: Civilização Brasileira, 2007. p. 403-434.


MOITA, M. C. Percursos de formação e de trans-formação. In: NÓVOA, A. (Org.) Vidas de professores. 2. ed. Porto, Portugal: Porto Editora, 1995. p. 111-140.


NÓVOA, A. Os professores e as histórias da sua vida. In: NÓVOA, A. (Org.). Vidas de professores. Trad. Maria dos Anjos Caseiro e Manoel Figueiredo Ferreira. Porto, Portugal: Porto Editora, 1992, p. 11-30.


OLIVEIRA, M. L. B. Um colégio no alto da cidade. In: MELO, A. L. G. et al. (Org.). Catolé do Rocha em muitas lentes. João Pessoa, PB: Gráfica JB, 2013. p. 133-153.


OLIVEIRA, P. S. Vidas compartilhadas: cultura e relações intergeracionais na vida cotidiana. 2. ed. São Paulo, SP: Cortez, 2011.


PÉCAULT, D. Os intelectuais e a política no Brasil. São Paulo, SP: Ática, 1990.


PERROT, M. Os excluídos da história: operários, mulheres, prisioneiros. 2. ed. Trad. Denise Bottmann. Rio de Janeiro, RJ: Paz e Terra, 1992.


PIMENTA, S. G. et al. Os cursos de licenciatura em pedagogia: fragilidades na formação inicial do professor polivalente. Educ. Pesq., São Paulo, v. 43, n. 1, p. 15-30, jan./mar. 2017. Available: http://www.scielo.br/pdf/ep/v43n1/1517-9702-ep-43-1-0015.pdf. Access: 13 May 2019.


POLLAK, M. Memória e identidade social. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v. 5, n. 10, p. 200-212, 1992.


QUEIROGA, M. A. F. Dados biográficos. Documento manuscrito. 2016.


QUEIROGA, M. A. F. Caderno de anotações didáticas. Documento manuscrito, 1966.


QUEIROGA, M. A. F. Entrevista concedida a Iolanda de Sousa Barreto. Catolé do Rocha (PB), 1 out. 2016a.


QUEIROGA, M. A. F. Entrevista concedida a Iolanda de Sousa Barreto. Catolé do Rocha (PB), 30 nov. 2017.


image

QUEIROGA, M. A. F. Projeto Flor de Mandacaru. Documento manuscrito, 2005.


image

image



SENDRA, S. R. Irmãs Franciscanas de Dillingen: da expansão ao hoje de nossa história. Duque de Caxias: Província da Divina Providência no Brasil; Petrópolis: Sermograf, 2007.


SOUSA, M. C. S. Colégio Normal Francisca Mendes: caminhos da escola normal em Catolé do Rocha/PB (1939-1959). Orientador: Carlos Augusto Amorim Cardoso. 2012. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, PB, 2012.


How to reference this article


BARRETO, I. S.; MACHADO, C. J. S.; NUNES, M. L. S. Life narrative of Maria Fernandes de Queiroga (sister Ana, OSF): memory, history and teaching identity. Revista Ibero- Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 16, n. esp. 3, p. 1404-1421, jun. 2021. e-ISSN: 1982-5587. DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v16iesp.3.15289


image

Submitted: 05/02/2021 Required revisions: 30/03/2021 Approved: 12/05/2021 Published: 01/06/2021


image

image