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Violência no namoro na visão de jovens universitários
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1641-1658, jul./set. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.15482
1641
VIOLÊNCIA NO NAMORO NA VISÃO DE JOVENS UNIVERSITÁRIOS
VIOLENCIA DE PAREJA SEGÚN LA VISTA DE LOS JÓVENES UNIVERSITARIOS
DATING VIOLENCE IN THE VIEW OF YOUNG COLLEGE STUDENTS
Rosana Alves de MELO
1
Thainara Kauanne Pacheco ALMEIDA
2
Flávia Emília Cavalcante Valença FERNANDES
3
RESUMO
: Esta pesquisa objetiva analisar o conhecimento de jovens universitários sobre
situações de violência nas relações de namoro. Trata-se de uma pesquisa descritiva e transversal
de abordagem quantitativa, realizada com 506 jovens universitários. A coleta dos dados ocorreu
entre maio e junho de 2019, recorrendo-se a análise por estatística descritiva com distribuição
de frequência em seus valores absolutos e relativos. Observou-se que o ciúme foi apontado
como o principal precursor dos conflitos nos relacionamentos; e o baixo rendimento escolar e
a gravidez indesejada foram vistos como uma possível consequência da violência no
relacionamento. A maioria dos participantes não apresentou nenhuma evidência de depressão
pelo Escore de Beck. Assim, conclui-se que algumas situações cotidianas vivenciadas nos
relacionamentos não são reconhecidas como violência e, dessa forma, é necessária a
implementação de ações e políticas de conscientização e prevenção da violência afetiva na fase
da adolescência e juventude.
PALAVRAS-CHAVE
: Violência. Adulto jovem. Adolescente.
RESUMEN:
Esta investigación tiene como objetivo analizar el conocimiento de jóvenes
universitarios sobre situaciones de violencia en las relaciones amorasas. Se trata de una
investigación descriptiva y transversal de abordaje cuantitativo realizada con 506 estudiantes
universitarios. La recolección de datos ocurrió entre mayo y junio de 2019, utilizando análisis
estadístico descriptivo con distribución de frecuencias en sus valores absolutos y relativos.
Se
observó que los celos fueron identificados como el principal precursor de conflictos en las
relaciones; y el bajo rendimiento escolar y los embarazos no deseados se vieron como una
posible consecuencia de la violencia en la relación. La mayoría de los participantes no tenían
evidencia de depresión en el puntaje de Beck. Así, se concluye que algunas situaciones
1
Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF), Petrolina – PE – Brasil. Docente adjunta do
colegiado de enfermagem e docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Dinâmicas de
Desenvolvimento do Semiárido (PPGDIDES). Doutorado em Inovação Terapêutica (UFPE). ORCID:
https://orcid.org/0000-0001-9217-921X. E-mail: rosana.melo@univasf.edu.br
2
Prefeitura Municipal de Petrolina (PMP), Petrolina – PE – Brasil. Enfermeira da Equipe de Saúde da Família.
Mestrado em Ciência e Tecnologia Ambiental para o Semiárido (UPE). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-
4537-5215. E-mail: thainara_kauanne@hotmail.com
3
Universidade de Pernambuco (UPE), Petrolina – PE – Brasil. Docente adjunta do colegiado de enfermagem e
docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Formação de Professores e Práticas Interdisciplinares
(PPGFPPI). Doutorado em Inovação Terapêutica (UFPE). ORCID: https://orcid.org/0000-0003-2840-8561. E-
mail: flavia.fernandes@upe.br
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Rosana Alves de MELO; Thainara Kauanne Pacheco ALMEIDA e Flávia Emília Cavalcante Valença FERNANDES
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1641-1658, jul./set. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.15482
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cotidianas vividas en las relaciones no son reconocidas como violencia y, por lo tanto, es
necesario implementar acciones y políticas de sensibilización y prevención de la violencia
afectiva en la adolescencia y juventud.
PALABRAS CLAVE:
Violencia. Adulto joven. Adolescente.
ABSTRACT:
This research aims to analyze the knowledge of college students about situations
of violence in dating relationships. Descriptive and cross-sectional research with a quantitative
approach, carried out with 506 university students. Data collection was from May to June 2019
and analysis using descriptive statistics with frequency distribution in their absolute and
relative values. It was observed that jealousy was identified as the main precursor of conflicts
in relationships; and low school performance and unwanted pregnancy were seen as a possible
consequence of violence in the relationship. Most participants had no evidence of depression
on the Beck Score. Thus, it is concluded that some everyday situations experienced in
relationships are not recognized as violence and, therefore, it is necessary to implement actions
and policies to raise awareness and prevent affective violence in adolescence and youth.
KEYWORDS
: Violence. Young adult. Adolescent.
Introdução
A violência no namoro é um fenômeno grave e de elevada magnitude, apresentando
significativa prevalência em nível nacional e internacional, como também consequências na
saúde física e mental dos indivíduos (NELAS
et al.
, 2016). Neste contexto, as ações abusivas
vivenciadas nas relações íntimas de adolescentes e jovens são consideradas um problema social
preocupante (SOUZA; PASCOALETO; MENDONÇA, 2018).
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a violência no namoro pode ser
definida como um comportamento dentro de um relacionamento íntimo que causa dano físico,
sexual ou psicológico, incluindo atos de agressão física, coerção sexual, abuso psicológico e
comportamentos de controle (WHO, 2009). Dessa forma, a violência entre namorados é um
forte preditor da violência conjugal, iniciando geralmente nas relações na fase da adolescência
e no início da idade adulta, podendo intensificar-se e torna-se crônica nas relações maritais
(OMS, 2016; SOUZA; PASCOALETO; MENDONÇA, 2018).
A vivência de violência nas relações de namoro advém de múltiplas causas de diferentes
naturezas, envolvendo aspectos individuais, sociais e culturais, que necessitam de ações
intersetoriais para uma abordagem efetiva (TAQUETTE; MONTEIRO, 2018). Existem
diversos modelos explicativos para a ocorrência da violência nas relações afetivo-sexuais entre
adolescentes (BITTAR; NAKANO, 2017).
Dentre eles, pode-se destacar os fatores
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Violência no namoro na visão de jovens universitários
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– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1641-1658, jul./set. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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sociodemográficos (gênero, idade, etnia, religião); ambientais (observar violência na
comunidade em que vive); intrapessoais (depressão, baixa autoestima); contextuais (consumo
de álcool e outras drogas); e familiares (observar violência interparental, práticas parentais
maltratantes, abuso sexual na infância), sendo este último um preditor basilar para o seu
acontecimento (TAQUETTE; MONTEIRO, 2018).
No campo social, políticas de enfrentamento da violência afetiva e a luta pela igualdade
entre os gêneros tornam-se bastante difundidas em busca de relações afetivo-sexuais mais
igualitárias e simétricas. Contudo, ainda persistem valores tradicionais que endossam a
violência entre parceiros íntimos e que os adolescentes e jovens utilizam como premissa para
manter agressões contra seus parceiros (OLIVEIRA
et al.
, 2016). Tudo isso se baseia no
machismo cultural e nas relações de poder simbólico, que estão ainda fortemente presentes na
contemporaneidade, e fazem com que a violência de gênero se perpetue, e seja uma referência
para diferenciar homens e mulheres (BITTAR; NAKANO, 2017).
Um dos fatores mais agravantes da violência nas relações de namoro se dá pela não
percepção do que se configura como violência dentro da relação afetiva e pela naturalização
com que são percebidas e reproduzidas no cotidiano desses adolescentes e jovens (OLIVEIRA
et al.
, 2016). Ademais, a perpetuação da violência, principalmente nas fases iniciais da vida,
tem o potencial de causar um impacto significativo, com consequências físicas, sociais e
emocionais na vida dos envolvidos (ANDRADE; LIMA, 2018). Essas consequências envolvem
alterações no padrão de sono; perturbações alimentares; distorção da imagem corporal,
ansiedade, medo, culpa, vergonha, dependência emocional e comportamentos depressivos,
dentre outros (ANDRADE; LIMA, 2018).
Ademais, nesse contexto de relações afetivas entre indivíduos mais jovens, a
vitimização é bidirecional, ou seja, tanto o sexo masculino quanto o feminino perpetuam a
violência, havendo uma diferenciação tão somente na forma e na intensidade da violência
propagada contra o parceiro (CONCEIÇÃO
et al.
, 2018). Todavia, as mulheres correm maior
risco de serem vítimas nessas relações, sofrendo, principalmente, abusos sexuais por parte do
parceiro íntimo (OMS, 2016). Ressalta-se que muitos registros sobre violência nas relações de
namoro são incipientes, pelo fato de muitos adolescentes e jovens ocultarem essas ocorrências,
por medo, vergonha ou dificuldade de diálogo, principalmente entre pais e familiares que
seriam importantes referenciais e suporte de apoio aos filhos (ANDRADE; LIMA, 2018;
SIMÕES
et al.
, 2019).
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Rosana Alves de MELO; Thainara Kauanne Pacheco ALMEIDA e Flávia Emília Cavalcante Valença FERNANDES
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– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1641-1658, jul./set. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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Nesse ínterim, considerando as informações elencadas, e a escassez de publicações na
perspectiva da violência no namoro, principalmente quando se trata da identificação das
situações de violência vivenciadas e praticadas contra o parceiro íntimo e o enfrentamento desse
fenômeno, a pesquisa partiu do seguinte questionamento: como os jovens universitários
percebem a violência vivenciada no namoro? Assim, o objetivo do estudo foi analisar o
conhecimento de jovens universitários sobre situações de violência nas relações de namoro.
Método
Tr
ata-se de uma pesquisa analítica e descritiva, de abordagem quantitativa. A
abordagem quantitativa utiliza a linguagem matemática para descrever as causas de um
fenômeno, as relações entre variáveis, entre outros. A pesquisa analítica e descritiva tem como
principal objetivo descrever características de determinada realidade social (MINAYO
et al.
,
2009).
A pesquisa foi desenvolvida entre os meses de maio a junho de 2019, com 506 jovens
universitários matriculados em uma instituição de ensino superior pública federal e outra
instituição privada, ambas localizadas em um município do interior do nordeste brasileiro.
Adotou-se como critérios de inclusão os jovens entre 19 e 24 anos de idade, devidamente
matriculados em algum dos cursos das Instituições; estarem em um relacionamento afetivo
atualmente ou já ter tido pelo menos um relacionamento amoroso/afetivo nos últimos três anos.
Os critérios de exclusão foram os jovens que, mesmo vinculados a algum curso de graduação
das instituições pesquisadas, estivessem com trancamento de matrícula ou atestado médico no
período de realização da pesquisa.
O número de participantes foi estabelecido a partir de cálculo amostral, através do
Programa
Sample Size Calculation for X-Sectional Surveys
, utilizando o desenho de 1,5,
considerando a necessidade de correção da imprecisão pelo processo de amostragem que foi
por conglomerados. O cálculo teve um nível de confiança de 95% e erro amostral de 5%.
A forma de recrutamento dos participantes se deu em sala de aula, onde foi explicado
n
a turma o intuito da pesquisa e sua operacionalização, e aqueles que mostrassem interesse em
participar poderiam sinalizar para que as pesquisadoras pudessem fazer a abordagem em
momento posterior, de forma que fosse mais conveniente para os interessados. Os dados foram
coletados através de questionário autoaplicável, construído pelas pesquisadoras. O questionário
possuía questões de múltipla escolha, e foi elaborado com três núcleos: 1) o primeiro núcleo
apresentava 19 perguntas referentes a dados sociodemográficos e econômicos, com as seguintes
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– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1641-1658, jul./set. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.15482
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variáveis: idade; sexo; relação de namoro; renda familiar; estado civil dos pais; com quem
reside; se já sofreu violência dos pais; 2) o segundo apresentava 28 questões específicas
referentes à violência por parceiro íntimo; 3) o terceiro núcleo incluía a Escala de Depressão de
Beck/Inventário de Depressão de Beck, composta(o) por 21 itens (BECK
et al.
, 1961). Todos
os núcleos supracitados eram autoaplicáveis, de forma que o participante respondia os quesitos
que mais se assemelhassem à sua realidade.
Os dados coletados foram analisados a partir da estatística descritiva por meio da
distribuição de seus valores absolutos e relativos. Foram calculados os Intervalos de Confiança
de 95% (IC95%) para a proporção, assumindo a distribuição Binomial.
A pesquisa seguiu todos os preceitos éticos e legais constantes na resolução 466/2012,
sendo aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Vale do São
Francisco, sob o nº do parecer 2.936.52 e CAAE nº 97242018.2.0000.5196. Inicialmente, foram
esclarecidos aos participantes os objetivos do estudo e, após os devidos esclarecimentos,
solicitou-se a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, deixando claro o
compromisso do pesquisador com o sigilo e confidencialidade das informações, e assegurando
o direito do participante em se recusar a participar da pesquisa e/ou de desistir do estudo a
qualquer momento.
Resultados
Analisando o perfil sociodemográfico e econômico dos participantes do estudo,
observou-se uma maior proporção de jovens entre 20 e 24 anos (65,4%), mulheres (74,1%),
com renda maior que um salário mínimo (66,3%), residindo com pai, mãe ou ambos (58,1%),
e estando estes casados ou em união estável (60,1%). A maioria não tem namorado ou vivia
alguma relação de namoro no momento da pesquisa (52,3%). Predominaram ainda aqueles(as)
que não percebiam o bairro em que residiam como violento (82,0%), assim como não sofreu
violência dos pais em nenhum momento da vida (78,7%). Analisando o nível de depressão
segundo o escore de Beck, observou-se que a maioria (66,6%) não evidenciou nenhuma
depressão (Tabela 1).
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Rosana Alves de MELO; Thainara Kauanne Pacheco ALMEIDA e Flávia Emília Cavalcante Valença FERNANDES
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– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1641-1658, jul./set. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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Tabela 1 –
Perfil sociodemográfico, econômico e estratificação de risco de depressão,
segundo a escala de Beck
n
%
IC95%
Idade
19 anos
175
34,6
30,6
38,9
20 a 24 anos
331
65,4
61,1
69,4
Sexo
Feminino 366
74,1
70,0 77,8
Masculino
128
25,9
22,2
30,0
Renda familiar
Sem renda fixa ou até 1 salário mínimo
169
33,7
29,7
38,0
Maior que 1 salário mínimo
332
66,3
62,0
70,3
Estado civil dos pais
Solteiros/divorciado/viúvo
202
39,9
35,7
44,3
Casados/união estável
304
60,1
55,7
64,3
Com quem reside
Sozinho
46
9,2
6,9
12,1
Pai, mãe ou ambos
291
58,1
53,7
62,3
Familiares, amigos ou outros
164
32,7
28,8
37,0
Tem namorado ou vive relação amorosa
Sim
236
47,7
43,3
52,1
Não
259
52,3
47,9
56,7
Considera o bairro em que vive violento?
Sim
90
18,0
14,9
21,6
Não
410
82,0
78,4
85,1
Já sofreu alguma violência dos pais?
Sim
107
21,3
17,9
25,1
Não
396
78,7
74,9
82,1
Classificação de depressão pela escala de Beck
Nenhuma depressão 337
66,6
62,4 70,6
Depressão leve 89
17,6
14,5 21,2
Depressão moderada 52
10,3
7,9 13,3
Depressão grave 28
5,5
3,8 7,9
Fonte: Elaborado pelos autores, a partir dos dados da pesquisa
Com relação às situações de violência percebidas pelos jovens universitários, observou-
se que a maioria deles concorda que o ciúme é umas das principais causas de violência no
namoro (92,3%), e que obrigar o(a) namorado(a) a iniciar a atividade sexual contra a vontade é
uma forma de violência (90,3%), ao mesmo tempo que concordam com a existência de
violência nas relações de namoro (96,8%). Quanto a algumas atitudes praticadas dentro da
relação afetiva, a maior parte discorda de que quando se namora, deve-se sempre fazer aquilo
que agrada o outro (71,5%), um empurrão não é um comportamento violento (95,9%), e que
os(as) namorados(as) provocam a violência pela forma como se vestem (87,3%) (Tabela 2).
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Violência no namoro na visão de jovens universitários
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A maioria concorda que o baixo rendimento escolar (51,4%) e a gravidez indesejada
(55,0%) podem ser consequências da violência no namoro, no entanto, discordam de que os
amigos não comuns prejudicam a relação de namoro (86,3%) e que tenham o direito de dar um
beijo no(a) namorado(a) sempre que desejar (84,3%). Discordam ainda que os(as)
namorados(as) podem ler as mensagens no celular um do outro sempre que quiser (62,4%), e
que os(as) namorados(as) devem informar ao parceiro sempre onde estão (69,6%) ou com quem
estão (74,0%) (Tabela 2).
Tabela 2 –
Situações de violência percebidas por jovens universitários
n
%
IC95%
O ciúme é umas das principais causas de
violência no namoro
Concordo
466
92,3
89,6
94,3
Discordo
39
7,7
5,7
10,4
Violência no namoro não existe
Concordo
16
3,2
1,9
5,1
Discordo
490
96,8
94,9
98,1
Quando se namora, devemos sempre fazer aquilo que agrada o outro
Concordo
142
28,5
24,7
32,7
Discordo
356
71,5
67,3
75,3
Um empurrão não é um comportamento violento
Concordo
21
4,2
2,7
6,3
Discordo
485
95,9
93,7
97,3
Os(as) namorados(as) provocam a violência pela forma como se
vestem
Concordo
64
12,7
10,1
15,9
Discordo
440
87,3
84,1
89,9
O baixo rendimento escolar pode ser consequência de violência no
namoro
Concordo
258
51,4
47,0
55,8
Discordo
244
48,6
44,2
53,0
Os amigos não comuns prejudicam a relação de namoro
Concordo
69
13,7
10,9
17,0
Discordo
435
86,3
83,0
89,1
Tenho o direito de dar um beijo em meu(minha) namorado(a) sempre
que eu quero
Concordo
79
15,7
12,8
19,2
Discordo
423
84,3
80,8
87,2
A gravidez indesejada pode ser uma consequência da violência no
namoro
Concordo
277
55,0
50,6
59,3
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Rosana Alves de MELO; Thainara Kauanne Pacheco ALMEIDA e Flávia Emília Cavalcante Valença FERNANDES
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DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.15482
1648
Discordo
227
45,0
40,7
49,4
Os(as) namorados(as) podem ler as mensagens no celular um do
outro sempre que quiser
Concordo
189
37,6
33,4
41,9
Discordo
314
62,4
58,1
66,6
Os(as) namorados(as) devem informar ao
parceiro sempre onde
estão
Concordo
153
30,4
26,5
34,6
Discordo
350
69,6
65,4
73,5
Os(as) namorados(as) devem informar ao parceiro sempre com quem
estão
Concordo
131
26,0
22,4
30,1
Discordo
372
74,0
69,9
77,6
Obrigar o(a)
namorado(a) a iniciar a atividade sexual é uma forma
de violência
Concordo
456
90,3
87,4
92,6
Discordo
49
9,7
7,4
12,6
Fonte: Elaborado pelos autores a partir dos dados da pesquisa
Houve concordância da maioria dos jovens universitários quanto à afirmação de que a
violência no namoro ocorre porque os casais pensam que têm o direito de se impor um ao outro
(86%), o mesmo tempo em que discordam que um tapa na cara é algo normal no namoro e não
faz mal (98,8%), ou que a violência no namoro é um problema apenas do casal (97,4%).
Discordam ainda que o controle sobre o outro é justificado pelo sentimento de gostar muito
(98,2%), e que tirar sarro das opiniões do(a) namorado(a) (80,8%) ou exercer o poder sobre
ele(a) não é violência (97,8%) (Tabela 3).
Os participantes não concordam que se o(a) namorado(a) se sentir contrariado, o/a
mesmo/a tem o direito de lhe gritar mesmo que seja em público (95,5%), que os(as)
namorados(as) só podem sair se forem juntos (95,8%), ou devem se vestir para agradar um ao
outro (93,0%). Também não concordam que a violência no namoro não tem consequências
psicológicas
(95,5%) ou que somente apresenta consequências físicas (96,8%) (Tabela 3).
Tabela 3 –
Situações sutis de violência pouco percebidas pelos jovens universitários.
n
%
IC95%
A violência no namoro ocorre porque os casais pensam que tem o direito
de se impor um ao outro
Concordo
434
86,5
83,2
89,2
Discordo
68
13,6
10,8
16,8
Um tapa na cara é algo normal no namoro e
não faz mal
Concordo
6
1,2
0,5
2,6
Discordo
497
98,8
97,4
99,5
A violência no namoro é um problema que só diz respeito ao casal de
namorados
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Violência no namoro na visão de jovens universitários
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DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.15482
1649
Concordo
13
2,6
1,5
4,4
Discordo
493
97,4
95,6
98,5
O(a) namorado(a) só controla o outro porque
gosta muito dele(a)
Concordo
9
1,8
0,9
3,4
Discordo
497
98,2
96,6
99,1
Tirar sarro das opiniões do(a) namorado(a) não é violência
Concordo
97
19,3
16,0
22,9
Discordo
407
80,8
77,1
84,0
Exercer o poder sobre o(a) namorado(a) não é
violência
Concordo
11
2,2
1,2
3,9
Discordo
494
97,8
96,1
98,8
Se meu(minha) namorado(a) me contrariar tenho o direito de lhe gritar
mesmo que seja em público
Concordo
23
4,6
3,0
6,8
Discordo
483
95,5
93,2
97,0
Os(as)
namorados(as) só podem sair se forem juntos
Concordo
21
4,2
2,7
6,3
Discordo
483
95,8
93,7
97,3
Os(as) namorados(as) devem se vestir para agradar um ao outro
Concordo
35
7,0
5,0
9,5
Discordo
468
93,0
90,5
95,0
A violência no namoro não tem
consequências psicológicas
Concordo
23
4,6
3,0
6,8
Discordo
483
95,5
93,2
97,0
A violência no namoro só tem consequências físicas
Concordo
16
3,2
1,9
5,1
Discordo
490
96,8
94,9
98,1
Fonte: Elaborado pelos autores a partir dos dados da pesquisa
Discussão
Os resultados do estudo demonstraram a predominância de universitários do sexo
f
eminino, com renda maior que um salário mínimo e residindo com os pais, achados estes que
corroboram com um estudo realizado com estudantes universitários da Universidade Federal
do Paraná, nessa mesma perspectiva (KREFER; VAYEGO, 2019). A maioria não percebe o
bairro em que reside como um local violento, são filhos de pais que se encontram casados ou
em união estável, e referiram nunca terem sofrido violência dos pais. Sabe-se que a exposição
à violência em casa é um dos precursores de risco para vivência de violência nas relações de
namoro e, dessa forma, os adolescentes e jovens que testemunharam ou testemunham violência
marital por longos ou curtos períodos tendem a replicar os abusos visualizados, agindo
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agressivamente nos seus relacionamentos, pela tendência de naturalização de violência no seu
cotidiano
(
TAQUETTE; MONTEIRO,
2018).
Observou-se que a prevalência de depressão entre os participantes foi baixa,
considerando a aplicação do Inventário com Escore de Beck, divergindo do resultado de um
estudo realizado com estudantes do curso de Enfermagem de uma universidade pública federal,
que evidenciou uma forte prevalência de depressão moderada a grave, bem como sintomas de
ansiedade, sendo as mulheres aquelas mais acometidas (FERNANDES
et al.
, 2018). Isso parece
indicar que, em nosso modelo de sociedade, o papel social dado à mulher, atrelado às diversas
questões culturais de gênero, tem o potencial de produzir sofrimento e se torna um sério fator
de risco (KREFER; VAYEGO, 2019).
Outro aspecto que foi identificado nos resultados foi o fato dos participantes entenderem
que o ciúme é uma das principais causas de violência no namoro. Apesar de ser algo
considerado comum nas relações amorosas, o ciúme excessivo pode ser um risco para a relação
e também para a saúde mental dos envolvidos, transformando-se em um problema na relação
quando o casal passa a não ter mais uma relação saudável e os conflitos tornam-se prejudiciais
para a qualidade do relacionamento (TURATTI; LUCAS, 2016).
Nessa perspectiva, um estudo realizado com 3.205 adolescentes, com idade entre 15 a
19 anos, estudantes do 2º ano do Ensino Médio de escolas públicas e privadas de 10 capitais
brasileiras, mostrou que o ciúme e a infidelidade têm sido fatores que legitimam e justificam as
agressões físicas entre namorados, tanto por parte dos meninos, quanto por parte das meninas.
Tal legitimidade encontra respaldo em normas de gênero que se expressam na violência como
construção da masculinidade, na banalização da violência física feminina e na violência física
contra meninas perpetradas por ambos os sexos
(
OLIVEIRA
et al.
, 2016
)
.
A violência como construção da masculinidade se expressa quando jovens qualificam a
agressão física como algo intrínseco ao homem e percebem-na como algo mais praticado pelos
namorados contra suas parceiras do que o contrário. Já a violência praticada por meninas é
considerada menos danosa, e a perpetração de agressões físicas é identificada como uma forma
de revide e autodefesa frente às agressões sofridas por seus parceiros (OLIVEIRA
et al.
, 2016).
Quanto a obrigar o(a) namorado(a) a iniciar a atividade sexual contra a própria vontade,
a
maioria dos participantes pesquisados reconhece esse contexto como sendo violência no
namoro, concordando que gravidez indesejada pode ser consequência desse comportamento
violento dentro do relacionamento. Em pesquisa da Universidade de Goiás foi identificado
como violência sexual a intimidação e/ou indução a participar e/ou realizar condutas sexuais
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Violência no namoro na visão de jovens universitários
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em desacordo com elas. Embora esse tipo de abuso tenha sido reconhecido como violência por
alguns participantes, foi também bastante perpetuada, o que demonstra certa banalização
(SOUZA; PASCOALETO; MENDONÇA, 2018).
Em relação a algumas atitudes em um relacionamento, a maioria discorda de que se deve
sempre fazer aquilo que agrada o parceiro, que o mesmo deve se vestir da forma que agrade ao
outro, e que os(as) namorados(as) provocam a violência pela forma como se vestem. Em
pesquisa realizada com 30 jovens universitárias do sexo feminino, percebeu-se o perfil de
dominação masculina na forma como esses indivíduos as tratavam como se fossem objetos,
evidente nas ações de determinar como e com quem elas deveriam se relacionar; a postura de
comportamento social; e a determinação de como deveriam ou não se vestir (SIMÕES
et al.
,
2019). A agressão de cunho psicológico é comumente praticada nos relacionamentos, entendida
como estratégia utilizada para supostamente evitar traições e controlar o comportamento da
parceira, e em muitos casos não é reconhecida como violência propriamente dita (SOUZA;
PASCOALETO; MENDONÇA, 2018).
Considerando o fato de um empurrão no outro ser ou não visto como violência, para a
m
aior parte dos participantes deste estudo, essa atitude foi sim identificada como um ato
violento contra o(a) parceiro(a). Nesse contexto, uma pesquisa realizada em Portugal, com
estudantes com idade entre 16 e 24, as atitudes como “atirar objetos em outra pessoa”; “dar
pontapés ou cabeçadas”; e “dar empurrões violentos” foram também percebidas como atitudes
violentas, corroborando com o estudo em questão, sendo que a maioria desses atos eram
praticados por indivíduos do sexo masculino para com as meninas (BESERRA
et al.
, 2016). O
cenário social em que essa violência eclode é caracterizado pela vigência da ideologia machista
entremeando as relações de gênero, tendo como resultante a naturalização da dominação
masculina (BITTAR; NAKANO, 2017). Bourdieu ainda evidencia a violência simbólica,
suave, insensível, invisível a suas próprias vítimas, que se exerce essencialmente pelas vias
puramente simbólicas da comunicação e do conhecimento. A violência simbólica se diferencia
da violência física, porém em alguns casos pode se expressar sob esta forma. Essa relação social
oferece uma ocasião única de apreender a lógica da dominação, exercida em nome de um
princípio simbólico conhecido e reconhecido tanto pelo dominante quanto pelo dominado, de
uma língua (ou uma maneira de falar) e/ou de um estilo de vida (ou uma maneira de pensar, de
falar ou de agir), e esse tipo de agressão se torna muito mais danosa quando situado em questões
de raça, gênero, etnia e classe social (BOURDIEU, 2007).
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Outro achado importante foi o fato dos participantes discordarem que o parceiro tem
direito de dar um beijo no outro sempre que desejar, mesmo que essa não seja a vontade do
outro no momento. Na Escola Superior de Educação de Lisboa, a pesquisa realizada com
adolescentes identificou que 23,7% deles já foram beijados/as pelo parceiro quando não
queriam, assim como foram tocados sexualmente contra a sua vontade, e ameaçados para terem
relações sexuais com os seus/suas parceiros/as também contra sua vontade (GAMA;
VERÍSSIMO; TOMÁS, 2017). Ressalta-se que o contexto da violência no namoro contribui
para diminuição da qualidade de vida e o bem-estar psicológico dos envolvidos na situação de
violência, bem como o baixo rendimento acadêmico e abandono escolar (BORGES, 2016).
Os estudantes, a partir de suas respostas, discordam que os(as) namorados(as) podem
ler as mensagens no celular um do outro sempre que quiserem, mesmo sem autorização. Esses
achados coadunam com o resultado de demais pesquisas, em que as relações íntimo-afetivas se
caracterizam por comportamentos abusivos, com parceiros ciumentos e controladores, que
tendem a proibir e/ou determinar com quem o(a) parceiro(a) deve falar, as roupas que devem
usar, e controlam a senha do celular ou de aplicativos de mensagens (SIMÕES
et al.
, 2019;
SOUZA; PASCOALETO; MENDONÇA, 2018). Sabe-se que o sentimento de insegurança
resulta muitas vezes no desejo desenfreado de controlar as ações e atitudes do outro, devido a
uma concepção cultural persistente, que pode fazer com que essas atitudes controladoras sejam
identificadas como atos de amor e cuidado (SIMÕES
et al.
, 2019). No entanto, todos esses
comportamentos perfazem as características de violência psicológica (SOUZA;
PASCOALETO; MENDONÇA, 2018).
Há de se considerar que existe a necessidade de um olhar mais minucioso para os
significados atribuídos a diversas situações de violência cotidiana, levando-se em consideração
os limites mais abrangentes que esse problema apresenta. Assim, a compreensão da violência
que se perpetua dentro das relações de namoro precisa ser enxergada para além do entendimento
de cuidado e amor, pois essas relações permeiam situações de dominação, através do poder
simbólico. Essa construção social, baseada na dominação do outro, é abordada por Pierre
Bourdieu, que também utiliza o conceito de dominação para analisar as relações de gênero,
onde o masculino quase sempre domina o feminino (BOURDIEU, 2007). O processo de
dominação simbólica se dá de forma sutil e eficiente porque a maioria das mulheres não está
ciente da sua condição de dominada (BITTAR; NAKANO, 2017
)
.
Quanto à concordância da maioria dos jovens sobre o fato de que a violência no namoro
oc
orre porque os casais pensam que tem o direito de se impor um ao outro, e da discordância
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de que o controle sobre o outro é justificado pelo sentimento de gostar muito, vai ao encontro
com o controle masculino permeado nas relações afetivas num processo de construção social
cultural, onde se identifica a violência simbólica contra as mulheres, que se perpetua ao longo
da história (BITTAR; NAKANO, 2017
)
. Embora a dominação masculina seja bastante
reconhecida até mesmo por indivíduos do sexo masculino, pode-se também ser uma premissa
percebida e perpetrada pelas mulheres, que podem identificar o parceiro amoroso como objeto
de pertencimento seu, gerando o sentimento de posse, que vem acompanhado de ciúme e,
posteriormente, de agressão física (OLIVEIRA
et al.
, 2016).
A divisão socialmente construída entre os sexos é evidente e adquire, assim, todo um
reconhecimento de legitimação, conformando-a aos princípios de uma visão mítica do mundo,
enraizada na relação arbitrária de dominação dos homens sobre as mulheres. A ordem social
funciona como uma imensa máquina simbólica que tende a ratificar a dominação masculina
sobre a qual se alicerça: é a divisão social do trabalho, distribuição bastante estrita das
atividades atribuídas a cada um dos dois sexos (BOURDIEU, 2007). A violência é o resultado
da complexa interação dos fatores individuais, relacionais, sociais, culturais e ambientais.
Compreender como esses fatores estão relacionados com a violência é um dos passos
importantes na abordagem da saúde pública para a prevenção da violência (DAHLBERG;
KRUG, 2007).
Ademais, houve a discordância da maioria dos participantes de que um tapa na cara é
algo normal no namoro; que a violência no namoro é um problema apenas do casal; e que tirar
sarro das opiniões do(a) namorado(a) ou exercer o poder sobre ele(a) não é violência. Esses
achados coadunam com outra pesquisa que apontou questões sobre a violência relacional, em
que
14% dos/as estudantes entrevistados já foram gozados pelo companheiro, que fizeram
pouco caso dele na frente de outras pessoas (GAMA; VERÍSSIMO; TOMÁS, 2017).
Considera-se que essa dinâmica envolvendo mistura de amor e violência, principalmente nas
relações de namoro de adolescentes e jovens, pode ser um preditor para violências futuras na
relação, com impacto na vivência harmoniosa do casal e dos filhos (BESERRA
et al.
, 2016).
A violência nas relações de intimidade não é uma experiência incomum entre os jove
ns,
sendo na atualidade amplamente reconhecida como uma problemática de dimensões
preocupantes e efeitos alarmantes, não somente a nível individual, mas em toda a esfera social.
As faixas etárias mais jovens não estão imunes a este problema, sugerindo quer a existência de
indicadores significativos de vitimação e agressão, quer a manutenção de discursos
legitimadores deste tipo de violência (CARIDADE; MACHADO, 2013).
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Nos resultados obtidos, observou-se também que os sujeitos discordam que se um dos
dois se sentir contrariado com o parceiro, o/a mesmo/a tem o direito de lhe gritar, e que só
podem sair se forem juntos. Estudo similar evidenciou que, dentre os comportamentos sofridos
pelas vítimas, destacam-se os insultos, a chantagem emocional, o fato de seus parceiros gritarem
com eles com o intuito de intimidar, tal como de impedir de ter amigos, e de falar ou sair com
eles (BORGES, 2016). Ressalta-se que as situações que se enquadram em proibições e
intimidações nas relações afetivas, muitas vezes, não são entendidas como violência, baseadas
no mito de amor romântico, que faz como que muitos casais não se imponham diante dessas
situações por acreditar num ideal de felicidade eterna e que as agressões vão passar, não
reconhecendo que esta se apresenta como um disparador para situações de violência à longo
prazo (FERRIANI
et al.
, 2019).
No que diz respeito às consequências da violência no namoro, os universitários afirmam
que existem consequências psicológicas
e físicas. A violência física é identificada como a
modalidade mais reconhecida, contudo, agressões psicológicas e morais têm maior prevalência
apesar de não serem, muitas vezes, percebidas como abusivas. Dessa forma, a violência
psicológica e moral podem estar mais presentes nos relacionamentos (SOUZA;
PASCOALETO; MENDONÇA, 2018). A violência no namoro durante a adolescência é um
evento frequente e faz parte da realidade de jovens de diferentes classes sociais; a violência nos
relacionamentos íntimos é um fenômeno multicultural, possuindo elevada extensão e
gravidade, e traz consequências à saúde física e mental dos envolvidos, a curto e longo prazo
(SILVA
et al.
, 2019).
Caridade e Machado consideram que a compreensão da violência no namoro depende
de um modelo integrador dos diversos fatores compreensivos, complexos e de natureza
multidimensional, sejam individuais, interpessoais, estruturais e/ou culturais, que interagem
mutuamente nos comportamentos de violência no namoro (CARIDADE; MACHADO, 2013).
A violência não faz parte da natureza humana, é um fenômeno biopsicossocial complexo e
dinâmico que se forma e desenvolve no contexto da sociedade. A interação destas
predisposições com fatores familiares, culturais, comunitários ou outros é que podem originar
situações de violência (DAHLBERG; KRUG, 2007).
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Conclusão
Os achados da pesquisa demonstram o caráter dominador e nocivo vivenciado em
muitas relações de namoro, principalmente na fase da juventude, sendo a maioria das situações
de abuso não reconhecidas como violência, e naturalizadas dentro dessas relações afetivas. A
maioria dos participantes reconhece haver violência nas relações de namoro, apesar de não
identificarem diversas situações cotidianas como violência propriamente dita, e compreendem
que o ciúme é visto como um fator predisponente para ocorrência de violência nas relações de
namoro.
Considerando o início das relações de namoro na fase da adolescência e juventude, e de
forma a se evitar a vivência de relações afetivas com violência, é necessário ações de
conscientização já nessas fases da vida de forma a se prevenir a ocorrência de violência nas
relações afetivas a longo prazo. Para tanto, são imprescindíveis políticas públicas efetivas, que
visem o esclarecimento dos adolescentes e jovens sobre os aspectos que envolvem essa
problemática, e possibilitem a construção de estratégias para promoção de relações de
intimidade saudáveis a partir da desconstrução de mitos do amor romântico. Ainda que seja um
contexto circunscrito, os resultados obtidos contribuem para o debate acerca do papel que as
instituições de ensino, desde as escolas até mesmo as Universidades, assumem, ou podem
assumir, na desocultação do fenômeno e na intervenção do problema.
As limitações do estudo envolvem o fato de muitos participantes terem se recusado a
participar da pesquisa justificando não saber o que discorrer sobre a temática em questão,
evidenciando a complexidade em se abordar o tema da violência, principalmente quando se
trata daquela vivenciada nas relações de namoro.
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Health, 2009.
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Rosana Alves de MELO; Thainara Kauanne Pacheco ALMEIDA e Flávia Emília Cavalcante Valença FERNANDES
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1641-1658, jul./set. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.15482
1658
Como referenciar este artigo
MELO, R. A.; ALMEIDA, T. K. P.; FERNANDES, F. E. C. V. Violência no namoro na visão
de jovens universitários.
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação
, Araraquara, v.
17, n. 3, p. 1641-1658, jul./set. 2022. e-ISSN: 1982-5587. DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.15482
Submetido em:
09/09/2021
Revisões requeridas em
: 20/02/2022
Aprovado em
: 13/05/2022
Publicado em
: 01/07/2022
Processamento e editoração: Editora Ibero-Americana de Educação.
Revisão, formatação, normalização e tradução.
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Violencia de pareja según la vista de los jóvenes universitarios
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1647-1664, jul./sept. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.15482
1647
VIOLENCIA DE PAREJA SEGÚN LA VISTA DE LOS JÓVENES
UNIVERSITARIOS
VIOLÊNCIA NO NAMORO NA VISÃO DE JOVENS UNIVERSITÁRIOS
DATING VIOLENCE IN THE VIEW OF YOUNG COLLEGE STUDENTS
Rosana Alves de MELO
1
Thainara Kauanne Pacheco ALMEIDA
2
Flávia Emília Cavalcante Valença FERNANDES
3
RESUMEN
:
Esta investigación tiene como objetivo analizar el conocimiento de jóvenes
universitarios sobre situaciones de violencia en las relaciones amorasas. Se trata de una
investigación descriptiva y transversal de abordaje cuantitativo realizada con 506 estudiantes
universitarios. La recolección de datos ocurrió entre mayo y junio de 2019, utilizando análisis
estadístico descriptivo con distribución de frecuencias en sus valores absolutos y relativos.
Se
observó que los celos fueron identificados como el principal precursor de conflictos en las
relaciones; y el bajo rendimiento escolar y los embarazos no deseados se vieron como una
posible consecuencia de la violencia en la relación. La mayoría de los participantes no tenían
evidencia de depresión en el puntaje de Beck. Así, se concluye que algunas situaciones
cotidianas vividas en las relaciones no son reconocidas como violencia y, por lo tanto, es
necesario implementar acciones y políticas de sensibilización y prevención de la violencia
afectiva en la adolescencia y juventud.
PALABRAS CLAVE
: Violencia. Adulto joven. Adolescente.
RESUMO
: Esta pesquisa objetiva analisar o conhecimento de jovens universitários sobre
situações de violência nas relações de namoro. Trata-se de uma pesquisa descritiva e
transversal de abordagem quantitativa, realizada com 506 jovens universitários. A coleta dos
dados ocorreu entre maio e junho de 2019, recorrendo-se a análise por estatística descritiva
com distribuição de frequência em seus valores absolutos e relativos. Observou-se que o ciúme
foi apontado como o principal precursor dos conflitos nos relacionamentos; e o baixo
rendimento escolar e a gravidez indesejada foram vistos como uma possível consequência da
violência no relacionamento. A maioria dos participantes não apresentou nenhuma evidência
1
Universidad Federal del Valle de San Francisco (UNIVASF), Petrolina – PE – Brasil. Profesora adjunta del
colegiado de enfermería y profesora permanente del Programa de Posgrado en Dinámica de desarrollo de los
Semiáridos (PPGDIDES). Doctorado en Innovación Terapéutica
(UFPE). ORCID: https://orcid.org/0000-0001-
9217-921X. E-mail: rosana.melo@univasf.edu.br
2
Ayuntamiento de Petrolina (PMP), Petrolina – PE – Brasil. Enfermera del Equipo de Salud de la Familia. Maestría
universitaria en Ciencia y Tecnología Ambiental para el Semiárido (UPE). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-
4537-5215. E-mail: thainara_kauanne@hotmail.com
3
Universidad de Pernambuco (UPE), Petrolina – PE – Brasil. Profesora adjunta de enfermería colegiada y
profesora permanente del Programa de Posgrado en Formación Docente y Prácticas Interdisciplinarias (PPGFPPI).
Doctorado en Innovación Terapéutica (UFPE). O
RCID: https://orcid.org/0000-0003-2840-8561. E-mail:
flavia.fernandes@upe.br
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Rosana Alves de MELO; Thainara Kauanne Pacheco ALMEIDA
y
Flávia Emília Cavalcante Valença FERNANDES
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1647-1664, jul./sept. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.15482
1648
de depressão pelo Escore de Beck. Assim, conclui-se que algumas situações cotidianas
vivenciadas nos relacionamentos não são reconhecidas como violência e, dessa forma, é
necessária a implementação de ações e políticas de conscientização e prevenção da
violência afetiva na fase da adolescência e juventude.
PALAVRAS-CHAVE
: Violência. Adulto jovem. Adolescente.
ABSTRACT
:
This research aims to analyze the knowledge of college students about situations
of violence in dating relationships. Descriptive and cross-sectional research with a quantitative
approach, carried out with 506 university students. Data collection was from May to June 2019
and analysis using descriptive statistics with frequency distribution in their absolute and
relative values. It was observed that jealousy was identified as the main precursor of conflicts
in relationships; and low school performance and unwanted pregnancy were seen as a possible
consequence of violence in the relationship. Most participants had no evidence of depression
on the Beck Score. Thus, it is concluded that some everyday situations experienced in
relationships are not recognized as violence and, therefore, it is necessary to implement actions
and policies to raise awareness and prevent affective violence in adolescence and youth.
KEYWORDS
: Violence. Young adult. Adolescent.
Introducción
La violencia en el noviazgo es un fenómeno grave y de gran magnitud, que presenta una
prevalencia significativa a nivel nacional e internacional, así como consecuencias sobre la salud
física y mental de las personas (NELAS
et al.
,
2016). En este contexto, las acciones abusivas
experimentadas en las relaciones íntimas de adolescentes y jóvenes son consideradas un
problema social preocupante (SOUZA; PASCOALETO; MENDONÇA, 2018).
Según la Organización Mundial de la Salud, la violencia en el noviazgo se puede definir
como un comportamiento dentro de una relación íntima que causa daño físico, sexual o
psicológico, incluidos actos de agresión física, coerción sexual, abuso psicológico y
comportamientos de control (OMS, 2009). Por lo tanto, la violencia entre novios es un fuerte
predictor de violencia conyugal, que generalmente comienza en las relaciones en la
adolescencia y la edad adulta temprana, y puede intensificarse y volverse crónica en las
relaciones matrimoniales (OMS, 2016; Souza, SOUZA, PASCOALETO; MENDONÇA,
2018).
La experiencia de violencia en las relaciones de noviazgo proviene de múltiples causas
de diferente naturaleza, involucrando aspectos individuales, sociales y culturales, que requieren
acciones intersectoriales para un abordaje efectivo (TAQUETTE; MONTEIRO, 2018). Existen
varios modelos explicativos de la ocurrencia de violencia en las relaciones afectivo-sexuales
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Violencia de pareja según la vista de los jóvenes universitarios
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1647-1664, jul./sept. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.15482
1649
entre adolescentes (BITTAR; NAKANO, 2017). Entre ellos, se pueden destacar factores
sociodemográficos (género, edad, etnia, religión); (observar la violencia en la comunidad en la
que vives); intrapersonal (depresión, baja autoestima); (consumo de alcohol y otras drogas); y
los miembros de la familia (observando violencia interparental, prácticas parentales abusivas,
abuso sexual en la infancia), siendo este último un predictor básico de su evento (TAQUETTE;
MONTEIRO, 2018).
En el ámbito social, las políticas para enfrentar la violencia afectiva y la lucha por la
igualdad de género se generalizan en busca de relaciones afectivo-sexuales más igualitarias y
simétricas. Sin embargo, aún persisten valores tradicionales que avalan la violencia de pareja
íntima y que adolescentes y jóvenes utilizan como premisa para mantener la agresión contra sus
parejas (OLIVEIRA
et al.
,
2016). Todo ello se basa en el machismo cultural y las relaciones de
poder simbólicas, que siguen estando fuertemente presentes en la contemporaneidad, y hacen
que la violencia de género se perpetúe, y sea un referente para diferenciar hombres y mujeres
(BITTAR; NAKANO, 2017).
Uno de los factores más agravantes de la violencia en las relaciones de noviazgo se debe
a la no percepción de lo que se configura como violencia dentro de la relación afectiva y la
naturalización con la que se perciben y reproducen en la vida cotidiana de estos adolescentes y
jóvenes (OLIVEIRA
et al.
,
2016). Además, la perpetuación de la violencia, especialmente en
las primeras etapas de la vida, tiene el potencial de causar un impacto significativo, con
consecuencias físicas, sociales y emocionales en la vida de los involucrados (ANDRADE;
LIMA, 2018). Estas consecuencias implican cambios en los patrones de sueño; trastornos
alimentarios; distorsión de la imagen corporal, ansiedad, miedo, culpa, vergüenza, dependencia
emocional y conductas depresivas, entre otras (ANDRADE; LIMA, 2018).
Además, en este contexto de relaciones afectivas entre individuos más jóvenes, la
victimización es bidireccional, es decir, tanto hombres como mujeres perpetúan la violencia,
con una diferenciación solo en la forma e intensidad de la violencia propagada contra la pareja
(CONCEIÇÃO
et al.
,
2018). Sin embargo, las mujeres corren un mayor riesgo de ser víctimas
en estas relaciones, principalmente sufriendo abuso sexual por parte de sus parejas íntimas
(OMS, 2016). Se enfatiza que muchos registros sobre violencia en las relaciones de noviazgo
son incipientes, debido a que muchos adolescentes y jóvenes ocultan estos hechos, por miedo,
vergüenza o dificultad de diálogo, especialmente entre padres y familiares que serían
importantes referentes y apoyo para sus hijos (ANDRADE; LIMA, 2018; SIMÕES
et al.
,
2019).
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Rosana Alves de MELO; Thainara Kauanne Pacheco ALMEIDA
y
Flávia Emília Cavalcante Valença FERNANDES
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1647-1664, jul./sept. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.15482
1650
Mientras tanto, considerando la información enumerada, y la escasez de publicaciones
desde la perspectiva de la violencia en las citas, especialmente cuando se trata de la
identificación de situaciones de violencia experimentadas y practicadas contra la pareja íntima
y hacer frente a este fenómeno, la investigación partió de la siguiente pregunta: ¿cómo perciben
los jóvenes universitarios la violencia experimentada en las citas? Así, el objetivo de este
estudio fue analizar el conocimiento de jóvenes universitarios sobre situaciones de violencia en
las relaciones de noviazgo.
Método
S
e trata de una investigación analítica y descriptiva, con un enfoque cuantitativo. El
enfoque cuantitativo utiliza el lenguaje matemático para describir las causas de un fenómeno,
las relaciones entre variables, entre otros. El objetivo principal de la investigación analítica y
descriptiva es describir las características de una realidad social dada (MINAYO
et al.
,
2009).
La investigación se desarrolló entre mayo y junio de 2019, con 506 jóvenes
universitarios matriculados en una institución pública federal de educación superior y otra
institución privada, ambas ubicadas en un municipio del interior del noreste de Brasil. Los
criterios de inclusión fueron los jóvenes entre 19 y 24 años, debidamente matriculados en
cualquiera de los cursos de las Instituciones; estar en una relación afectiva hoy o haber tenido
al menos una relación amorosa/afectiva en los últimos tres años. Los criterios de exclusión
fueron los jóvenes que, incluso vinculados a algún curso de pregrado de las instituciones
encuestadas, estuvieron con candado de inscripción o certificado médico durante el período de
investigación.
El número de participantes se estableció a partir del cálculo de la muestra, a través del
Sample Size Calculation for X-Sectional Surveys
, utilizando el diseño de 1.5, considerando la
necesidad de corregir la inexactitud por el proceso de muestreo que fue por conglomerados. El
cálculo tuvo un nivel de confianza del 95% y un error de muestreo del 5%.
La forma de reclutamiento de los participant
es tuvo lugar en el aula, donde se explicó
el propósito de la investigación y su operacionalización en la clase, y aquellos que mostraron
interés en participar pudieron señalar para que los investigadores pudieran hacer el enfoque en
un momento posterior, de modo que fuera más conveniente para los interesados. Los datos
fueron recolectados a través de un cuestionario autoadministrado, construido por los
investigadores. El cuestionario tenía preguntas de opción múltiple, y se elaboró con tres
núcleos: 1) el primer núcleo presentó 19 preguntas referidas a datos sociodemográficos y
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Violencia de pareja según la vista de los jóvenes universitarios
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1647-1664, jul./sept. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.15482
1651
económicos, con las siguientes variables: edad; sexo; relación de noviazgo; ingresos familiares;
estado civil de los padres; con quien reside; si alguna vez has sufrido violencia por parte de tus
padres; 2) el segundo presentó 28 preguntas específicas relacionadas con la violencia de pareja;
3) el tercer núcleo incluyó la Escala de Depresión de Beck/Inventario de Depresión de Beck,
compuesto por 21 ítems (BECK
et al.
, 1961). Todos los núcleos mencionados eran auto
aplicables, de modo que el participante respondía a las preguntas que más se parecían a su
realidad.
Los datos recolectados fueron analizados a partir de estadísticas descriptivas
distribuyendo sus valores absolutos y relativos. Los intervalos de confianza del 95% (IC del
95%) se calcularon para la proporción, asumiendo la distribución binomial.
La investigación siguió todos los preceptos éticos y legales contenidos en la resolución
466/2012, siendo aprobada por el Comité de Ética en Investigación de la Universidad Federal
de Vale do São Francisco, bajo dictamen nº 2.936.52 y CAAE nº 97242018.2.0000.5196.
Inicialmente, se informó a los participantes sobre los objetivos del estudio y, después de las
aclaraciones adecuadas, se solicitó el formulario de consentimiento libre e informado, dejando
claro el compromiso del investigador con la confidencialidad y confidencialidad de la
información, y asegurando el derecho del participante a negarse a participar en la investigación
y / o renunciar al estudio en cualquier momento.
Resultados
Analizando el perfil sociodemográfico y económico de los participantes del estudio, una
mayor proporción de jóvenes entre 20 y 24 años (65,4%), mujeres (74,1%), con ingresos
superiores a un salario mínimo (66,3%), que viven con un padre, madre o ambos (58,1%), y
que están casados o en unión estable (60,1%). La mayoría de ellos no tenían novio ni tenían
ninguna relación de noviazgo en el momento de la investigación (52,3%). También
predominaron quienes no entendieron el barrio en el que vivían como violento (82,0%), así
como no sufrieron violencia por parte de sus padres en ningún momento de sus vidas (78,7%).
Analizando el nivel de depresión según la puntuación de Beck, se observó que la mayoría
(66,6%) no mostró ninguna depresión (Tabla 1).
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Rosana Alves de MELO; Thainara Kauanne Pacheco ALMEIDA
y
Flávia Emília Cavalcante Valença FERNANDES
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1647-1664, jul./sept. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.15482
1652
Tabla 1 -
Estratificación sociodemográfica, del perfil económico y del riesgo de depresión,
según escala Beck
n
%
IC95%
Edad
19 años
175
34,6
30,6
38,9
20 a 24 años
331
65,4
61,1
69,4
Sexo
Hembra 366
74,1
70,0 77,8
Masculino
128
25,9
22,2
30,0
Ingresos del hogar
Sin ingresos fijos o hasta 1
salario mínimo
169
33,7
29,7
38,0
Más de 1 salario mínimo
332
66,3
62,0
70,3
Estado civil de los padres
Solteros/divorciados/viudos
202
39,9
35,7
44,3
Matrimonio casado/estable
304
60,1
55,7
64,3
Con quién vives
Solo
46
9,2
6,9
12,1
Padre, madre o ambos
291
58,1
53,7
62,3
Familia, amigos u otras personas
164
32,7
28,8
37,0
Tener novio o vivir una relación amorosa
Sí
236
47,7
43,3
52,1
No
259
52,3
47,9
56,7
¿Consideras violento el barrio en el que vives?
Sí
90
18,0
14,9
21,6
No
410
82,0
78,4
85,1
¿Alguna vez has sufrido alguna violencia por parte de tus padres?
Sí
107
21,3
17,9
25,1
No
396
78,7
74,9
82,1
Clasificación de la depresión por escala de Beck
Sin depresión 337
66,6
62,4 70,6
Depresión leve 89
17,6
14,5 21,2
Depresión moderada 52
10,3
7,9 13,3
Depresión severa 28
5,5
3,8 7,9
Fuente: Elaborado por los autores, a partir de los datos de la investigación
En cuanto a las situaciones de violencia percibidas por los jóvenes universitarios, se
observó que la mayoría de ellos coinciden en que los celos son una de las principales causas de
violencia en las citas (92,3%), y que obligar al novio a iniciar una actividad sexual en contra de
su voluntad es una forma de violencia (90,3%), mientras que coinciden con la existencia de
violencia en las relaciones de noviazgo (96,8%). Respecto a algunas actitudes practicadas
dentro de la relación afectiva, la mayoría discrepa de que, a la hora de salir, uno siempre debe
hacer lo que le agrada al otro (71,5%), un empujón no es un comportamiento violento (95,9%),
y que los novios provocan violencia por la forma en que se visten (87,3%) (Tabla 2).
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Violencia de pareja según la vista de los jóvenes universitarios
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1647-1664, jul./sept. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.15482
1653
La mayoría está de acuerdo en que el bajo rendimiento escolar (51.4%) y el embarazo
no deseado (55.0%) pueden ser consecuencias de la violencia en el noviazgo, sin embargo, no
están de acuerdo en que los amigos no comunes perjudiquen su relación (86.3%) y tengan
derecho a besar a su novio cuando lo deseen (84.3%). También discrepan de que los novios
puedan leer los mensajes del teléfono celular del otro cuando quieran (62.4%), y que los novios
siempre deben informar a su pareja dónde están (69.6%) o con quién están (74.0%) (Tabla 2).
Tabla 2
- Situaciones de violencia percibidas por jóvenes universitarios
n
%
IC95%
Los celos son una de las principales causas de la violencia en el
noviazgo
Convenir
466
92,3
89,6
94,3
Discrepar
39
7,7
5,7
10,4
La violencia en el noviazgo no existe
Convenir
16
3,2
1,9
5,1
Discrepar
490
96,8
94,9
98,1
Cuando estás saliendo, siempre debes hacer lo que te gusta hacer.
Convenir
142
28,5
24,7
32,7
Discrepar
356
71,5
67,3
75,3
Un empujón no es un comportamiento violento
Convenir
21
4,2
2,7
6,3
Discrepar
485
95,9
93,7
97,3
Los novios
provocan violencia por la forma en que se visten
Convenir
64
12,7
10,1
15,9
Discrepar
440
87,3
84,1
89,9
El bajo rendimiento escolar puede ser una consecuencia de la
violencia en el noviazgo
Convenir
258
51,4
47,0
55,8
Discrepar
244
48,6
44,2
53,0
Los amigos no ordinarios dañan su relación de citas
Convenir
69
13,7
10,9
17,0
Discrepar
435
86,3
83,0
89,1
Tengo derecho a besar a mi novio cuando quiera
Convenir
79
15,7
12,8
19,2
Discrepar
423
84,3
80,8
87,2
El embarazo no deseado puede ser una consecuencia de la violencia
en el noviazgo
Convenir
277
55,0
50,6
59,3
Discrepar
227
45,0
40,7
49,4
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Rosana Alves de MELO; Thainara Kauanne Pacheco ALMEIDA
y
Flávia Emília Cavalcante Valença FERNANDES
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1654
Los novios pueden leer mensajes en el móvil del otro cuando lo deseen
Convenir
189
37,6
33,4
41,9
Discrepar
314
62,4
58,1
66,6
Los novios siempre deben informar a su pareja dónde están.
Convenir
153
30,4
26,5
34,6
Discrepar
350
69,6
65,4
73,5
Los novios siempre deben informar a su pareja con quién están
Convenir
131
26,0
22,4
30,1
Discrepar
372
74,0
69,9
77,6
Obligar a un novio a iniciar la actividad sexual es una forma de
violencia
Convenir
456
90,3
87,4
92,6
Discrepar
49
9,7
7,4
12,6
Fuente: Elaborado por los autores a partir de los datos de la investigación
Hubo acuerdo de la mayoría de los jóvenes universitarios respecto a la afirmación de
que la violencia en el noviazgo se produce porque las parejas piensan que tienen derecho a
imponerse el uno al otro (86%), mientras que no están de acuerdo en que una bofetada en la
cara es algo normal en las citas y no duele (98,8%), o que la violencia en las citas es un problema
solo de la pareja (97,4%). También discrepan de que el control sobre el otro se justifique por la
sensación de gustar demasiado (98,2%), y que burlarse de las opiniones del novio (80,8%) o
ejercer poder sobre él no es violencia (97,8%) (Tabla 3).
Los participantes no están de acuerdo en que, si el novio se siente molesto, tiene derecho
a gritarle incluso si es en público (95.5%), que los novios solo pueden irse si salen juntos
(95.8%), o deben vestirse para complacerse mutuamente (93.0%). Tampoco están de acuerdo
en que la violencia en el noviazgo no tenga consecuencias psicológicas (95,5%) o que solo
tenga consecuencias físicas (96,8%) (Tabla 3).
Tabla 3 -
Situaciones sutiles de violencia poco percibidas por los jóvenes universitarios.
n
%
IC95%
La violencia en el noviazgo ocurre porque las parejas piensan que tienen
derecho a imponerse el uno al otro.
Convenir
434
86,5
83,2
89,2
Discrepar
68
13,6
10,8
16,8
Una bofetada en la cara es algo normal en las citas y está bien
Convenir
6
1,2
0,5
2,6
Discrepar
497
98,8
97,4
99,5
La violencia en el noviazgo es un problema que solo concierne a la pareja
de novios
Convenir
13
2,6
1,5
4,4
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Violencia de pareja según la vista de los jóvenes universitarios
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1647-1664, jul./sept. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.15482
1655
Discrepar
493
97,4
95,6
98,5
El novio solo controla al otro porque le gusta mucho
Convenir
9
1,8
0,9
3,4
Discrepar
497
98,2
96,6
99,1
Burlarse de las opiniones del novio no es violencia
Convenir
97
19,3
16,0
22,9
Discrepar
407
80,8
77,1
84,0
Ejercer poder sobre tu novio no es violencia
Convenir
11
2,2
1,2
3,9
Discrepar
494
97,8
96,1
98,8
Si mi novio me contradice, tengo derecho a gritarte incluso si es en
público.
Convenir
23
4,6
3,0
6,8
Discrepar
483
95,5
93,2
97,0
Los novios solo pueden irse si van juntos
Convenir
21
4,2
2,7
6,3
Discrepar
483
95,8
93,7
97,3
Los novios deben vestirse para complacerse mutuamente
Convenir
35
7,0
5,0
9,5
Discrepar
468
93,0
90,5
95,0
La
violencia en el noviazgo no tiene consecuencias psicológicas
Convenir
23
4,6
3,0
6,8
Discrepar
483
95,5
93,2
97,0
La violencia en el noviazgo solo tiene consecuencias físicas
Convenir
16
3,2
1,9
5,1
Discrepar
490
96,8
94,9
98,1
Fuente: Elaborado por los autores a partir de los datos de la investigación
Discusión
Los resultados del estudio demostraron el predominio de mujeres universitarias, con
i
ngresos superiores a un salario mínimo y viviendo con sus padres, hallazgos que corroboran
un estudio realizado con estudiantes universitarias de la Universidad Federal de Paraná, en esta
misma perspectiva (KREFER; VAYEGO, 2019). La mayoría no percibe el barrio en el que
viven como un lugar violento, son hijos de padres casados o en unión estable, y reportaron
nunca haber sufrido violencia por parte de sus padres. Se sabe que la exposición a la violencia
en el hogar es uno de los precursores del riesgo de experimentar violencia en las relaciones de
noviazgo y, por lo tanto, los adolescentes y jóvenes que han presenciado o presenciado violencia
conyugal durante largos o cortos períodos tienden a replicar los abusos visualizados, actuando
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Rosana Alves de MELO; Thainara Kauanne Pacheco ALMEIDA
y
Flávia Emília Cavalcante Valença FERNANDES
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1647-1664, jul./sept. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.15482
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agresivamente en sus relaciones, debido a la tendencia de naturalización de la violencia
en su
vida cotidiana (
TAQUETTE; MONTEIRO, 2018).
Se observó que la prevalencia de depresión entre los participantes fue baja, considerando
la aplicación del Inventario de Puntaje de Beck, divergiendo del resultado de un estudio
realizado con estudiantes de enfermería de una universidad pública federal, que mostró una
fuerte prevalencia de depresión moderada a severa, así como síntomas de ansiedad, siendo las
mujeres las más afectadas (FERNANDES
et al.
,
2018). Esto parece indicar que, en nuestro
modelo de sociedad, el papel social dado a las mujeres, ligado a las diversas cuestiones
culturales de género, tiene el potencial de producir sufrimiento y se convierte en un grave factor
de riesgo (KREFER; VAYEGO, 2019).
Otro aspecto que se identificó en los resultados fue el hecho de que los participantes
entendieron que los celos son una de las principales causas de la violencia en el noviazgo. A
pesar de ser considerados comunes en las relaciones amorosas, los celos excesivos pueden ser
un riesgo para la relación y también para la salud mental de los involucrados, convirtiéndose en
un problema en la relación cuando la pareja ya no tiene una relación sana y los conflictos se
vuelven perjudiciales para la calidad de la relación (TURATTI; LUCAS, 2016).
En esta perspectiva, un estudio realizado con 3.205 adolescentes, de entre 15 y 19 años,
estudiantes de secundaria de escuelas públicas y privadas de 10 capitales brasileñas, mostró que
los celos y la infidelidad han sido factores que legitiman y justifican la agresión física entre
novios, tanto por parte de niños como de niñas. Esta legitimidad está respaldada por normas de
género que se expresan en la violencia como construcción de la masculinidad, en la
banalización de la violencia física femenina y en la violencia física contra las niñas perpetrada
por ambos sexos
(
OLIVEIRA
et al.
,
2016
)
.
La violencia como construcción de la masculinidad se expresa cuando los jóvenes
califican la agresión física como algo intrínseco al hombre y la perciben como algo más
practicado por los novios contra sus parejas que al revés. La violencia cometida por las niñas
se considera menos dañina, y la perpetración de una agresión física se identifica como una
forma de video y autodefensa frente a la agresión sufrida por sus parejas (OLIVEIRA
et al.
,
2016).
En cuanto a obligar al novio a iniciar una actividad sexual e
n contra de su propia
voluntad, la mayoría de las participantes encuestadas reconocen este contexto como violencia
en las citas, coincidiendo en que el embarazo no deseado puede ser consecuencia de este
comportamiento violento dentro de la relación. En una investigación realizada por la
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Violencia de pareja según la vista de los jóvenes universitarios
RIAEE
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Universidad de Goiás, la intimidación y / o la intimidación inducida para participar y / o realizar
conductas sexuales en desacuerdo con ellos se identificaron como violencia sexual. Aunque
este tipo de abuso fue reconocido como violencia por algunos participantes, también se perpetuó
bastante, lo que demuestra cierta banalización (SOUZA; PASCOALETO; MENDONÇA,
2018).
En relación con algunas actitudes en una relación, la mayoría no está de acuerdo en que
uno siempre debe hacer lo que le agrada a la pareja, que la pareja debe vestirse de la manera
que agrada al otro, y que los novios provocan violencia por la forma en que se visten. En una
investigación realizada con 30 jóvenes universitarias, percibimos el perfil de dominación
masculina en la forma en que estos individuos las trataban como objetos, evidente en las
acciones de determinar cómo y con quién debían relacionarse; la actitud de comportamiento
social; y la determinación de cómo deben o no vestirse (SIMÕES
et al.
,
2019). La agresión
psicológica se practica comúnmente en las relaciones, entendida como una estrategia utilizada
para supuestamente evitar la traición y controlar el comportamiento de la pareja, y en muchos
casos no se reconoce como violencia en sí misma (SOUZA; PASCOALETO; MENDONÇA,
2018).
Teniendo en cuenta el hecho de que un empujón en el otro es o no visto como violencia,
p
ara la mayoría de los participantes de este estudio, esta actitud fue identificada como un acto
violento contra la pareja. En este contexto, una encuesta realizada en Portugal, con estudiantes
de entre 16 y 24 años, actitudes como "arrojar objetos a otra persona"; "patadas o cabezazos";
y "dar sacudidas violentas" también fueron percibidas como actitudes violentas, corroborando
el estudio en cuestión, y la mayoría de estos actos fueron realizados por individuos masculinos
hacia las niñas (BESERRA
et al.
,
2016). El escenario social en el que estalla esta violencia se
caracteriza por la vigencia de la ideología machista intercalando las relaciones de género,
resultando en la naturalización de la dominación masculina (BITTAR; NAKANO, 2017).
Bourdieu también destaca la violencia simbólica, suave, insensible, invisible para sus propias
víctimas, que se ejerce esencialmente a través de los caminos puramente simbólicos de la
comunicación y el conocimiento. La violencia simbólica difiere de la violencia física, pero en
algunos casos puede expresarse de esta forma. Esta relación social ofrece una oportunidad única
para captar la lógica de la dominación, ejercida en nombre de un principio simbólico conocido
y reconocido tanto por el dominante como por el dominado, un lenguaje (o una forma de hablar)
y / o un estilo de vida (o una forma de pensar, hablar o actuar), y este tipo de agresión se vuelve
mucho más dañina cuando se sitúa en asuntos de raza, etnia y clase social (BOURDIEU, 2007).
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Rosana Alves de MELO; Thainara Kauanne Pacheco ALMEIDA
y
Flávia Emília Cavalcante Valença FERNANDES
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Otro hallazgo importante fue el hecho de que los participantes no están de acuerdo en
que la pareja tiene derecho a besar al otro cuando lo deseen, incluso si esta no es la voluntad
del otro en este momento. En la Escola Superior de Educación de Lisboa, la investigación
realizada con adolescentes identificó que el 23,7% de ellos ya han sido besados por su pareja
cuando no querían, además de ser tocados sexualmente contra su voluntad, y amenazados con
tener relaciones sexuales con sus parejas también en contra de su voluntad (GAMA; MUY
VERANIEGO; THOMAS, 2017). Se enfatiza que el contexto de violencia en el noviazgo
contribuye a una reducción en la calidad de vida y bienestar psicológico de quienes se
involucran en la situación de violencia, así como al bajo rendimiento académico y deserción
escolar (BORGES, 2016).
Los estudiantes, según sus respuestas, no están de acuerdo en que los novios puedan leer
los mensajes del teléfono celular del otro cuando lo deseen, incluso sin autorización. Estos
hallazgos son consistentes con el resultado de otros estudios, en los que las relaciones íntimo-
afectivas se caracterizan por comportamientos abusivos, con parejas celosas y controladoras,
que tienden a prohibir y/o determinar con quién debe hablar la pareja, la ropa que deben usar,
y controlar la contraseña del teléfono móvil o aplicaciones de mensajería (SIMÕES
et al.
,
2019;
Souza, SOUZA, PASCOALETO; MENDONÇA, 2018). Se sabe que la sensación de
inseguridad a menudo resulta en el deseo desenfrenado de controlar las acciones y actitudes del
otro, debido a una concepción cultural persistente, lo que puede hacer que estas actitudes
controladoras se identifiquen como actos de amor y cuidado (SIMÕES
et al.
,
2019). Sin
embargo, todas estas conductas conforman las características de la violencia psicológica
(SOUZA; PASCOALETO; MENDONÇA, 2018).
Cabe considerar que es necesario una mirada más detallada a los significados atribuidos
a
diversas situaciones de violencia cotidiana, teniendo en cuenta los límites más amplios que
presenta este problema. Por lo tanto, la comprensión de la violencia que se perpetúa dentro de
las relaciones de noviazgo debe verse más allá de la comprensión del cuidado y el amor, porque
estas relaciones impregnan situaciones de dominación, a través del poder simbólico. Esta
construcción social, basada en la dominación del otro, es abordada por Pierre Bourdieu, quien
también utiliza el concepto de dominación para analizar las relaciones de género, donde lo
masculino casi siempre domina lo femenino (BOURDIEU, 2007). El proceso de dominación
simbólica tiene lugar de una manera sutil y eficiente porque la mayoría de las mujeres no son
conscientes de su condición dominada (BITTAR; NAKANO, 2017
)
.
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Violencia de pareja según la vista de los jóvenes universitarios
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En cuanto al acuerdo de la mayoría de los jóvenes sobre el hecho de que la violencia en
el noviazgo se produce porque las parejas piensan que tienen derecho a imponerse el uno al
otro, y el desacuerdo de que el control sobre el otro se justifica por el sentimiento de gusto
mucho, va a encontrarse con el control masculino permeado en las relaciones afectivas en un
proceso de construcción social cultural, donde se identifica la violencia simbólica contra las
mujeres, que se perpetúa a lo largo de la historia (BITTAR; NAKANO, 2017
)
. Aunque la
dominación masculina es bien reconocida incluso por los individuos masculinos, también puede
ser una premisa percibida y perpetrada por las mujeres, que pueden identificar a la pareja
amorosa como un objeto de pertenencia a ellas, generando el sentimiento de posesión, que se
acompaña de celos y, posteriormente, agresión física (OLIVEIRA
et al.
,
2016).
La división socialmente construida entre los sexos es evidente y adquiere así todo un
reconocimiento de legitimación, conformándola a los principios de una visión mítica del
mundo, enraizada en la relación arbitraria de dominación de los hombres sobre las mujeres. El
orden social funciona como una inmensa máquina simbólica que tiende a ratificar la
dominación masculina en la que se basa: es la división social del trabajo, una distribución muy
estricta de las actividades atribuidas a cada uno de los dos sexos (BOURDIEU, 2007). La
violencia es el resultado de la compleja interacción de factores individuales, relacionales,
sociales, culturales y ambientales. Comprender cómo estos factores están relacionados con la
violencia es uno de los pasos importantes en el enfoque de salud pública para la prevención de
la violencia (DAHLBERG; KRUG, 2007).
Además, hubo desacuerdo de la mayoría de los participantes en que una bofetada en la
cara es algo normal en las citas; que la violencia en el noviazgo es un problema solo de la pareja;
y que burlarse de las opiniones del novio o ejercer poder sobre él no es violencia. Estos
hallazgos son consistentes con otro estudio que señaló preguntas sobre la violencia relacional,
en el que el 14% de los estudiantes entrevistados ya fueron tomados por su pareja, quien hizo
poco caso para él frente a otras personas (GAMA; MUY VERANIEGO; THOMAS, 2017). Se
considera que esta dinámica que implica una mezcla de amor y violencia, especialmente en las
relaciones de noviazgo de adolescentes y jóvenes, puede ser un predictor de violencia futura en
la relación, con un impacto en la experiencia armoniosa de la pareja y sus hijos (BESERRA
et
al.
,
2016).
La violencia en las relaciones íntimas no es una experiencia inusual entre los jóvenes, y
a
ctualmente es ampliamente reconocida como un problema de dimensiones preocupantes y
efectos alarmantes, no solo a nivel individual, sino en toda la esfera social. Los grupos de edad
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Rosana Alves de MELO; Thainara Kauanne Pacheco ALMEIDA
y
Flávia Emília Cavalcante Valença FERNANDES
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más jóvenes no son inmunes a este problema, sugiriendo la existencia de indicadores
significativos de victimización y agresión, o el mantenimiento de discursos que legitiman este
tipo de violencia (CARIDAD; MACHADO, 2013).
En los resultados obtenidos, también se observó que los sujetos no están de acuerdo en
que, si uno de los dos se siente molesto con la pareja, la pareja tiene derecho a gritarle, y que
solo pueden irse si van juntos. Un estudio similar mostró que, entre las conductas sufridas por
las víctimas, destacan los insultos, el chantaje emocional, el hecho de que sus parejas les griten
con el fin de intimidarlos, como impedirles tener amigos, y hablar o salir con ellos (BORGES,
2016). Se enfatiza que las situaciones que caen en prohibiciones e intimidaciones en las
relaciones afectivas muchas veces no se entienden como violencia, basada en el mito del amor
romántico, lo que hace que muchas parejas no se impongan en estas situaciones creyendo en un
ideal de felicidad eterna y que las agresiones pasarán, sin reconocer que esto se presenta como
un desencadenante de situaciones de violencia a largo plazo (FERRIANI
et al.
,
2019).
Con respecto a las consecuencias de la violencia en el noviazgo, los estudiantes
universitarios afirman que hay consecuencias psicológicas y físicas. La violencia física se
identifica como la modalidad más reconocida, sin embargo, las agresiones psicológicas y
morales tienen una mayor prevalencia a pesar de no ser a menudo percibidas como abusivas.
Así, la violencia psicológica y moral puede estar más presente en las relaciones (SOUZA;
PASCOALETO; MENDONÇA, 2018). La violencia en las citas durante la adolescencia es un
hecho frecuente y forma parte de la realidad de los jóvenes de diferentes clases sociales; la
violencia en las relaciones íntimas es un fenómeno multicultural, que posee una alta extensión
y gravedad, y trae consecuencias a la salud física y mental de los involucrados, a corto y largo
plazo (SILVA
et al.
,
2019).
Caridade y Machado consideran que la comprensión de la violencia en el noviazgo
depende de un modelo integrador de los diversos factores integrales, complejos y
multidimensionales, ya sean individuales, interpersonales, estructurales y/o culturales, que
interactúan entre sí en los comportamientos de violencia en el noviazgo (CARIDAD;
MACHADO, 2013). La violencia no forma parte de la naturaleza humana, es un fenómeno
biopsicosocial complejo y dinámico que se forma y se desarrolla en el contexto de la sociedad.
La interacción de estas predisposiciones con factores familiares, culturales, comunitarios u
otros puede conducir a situaciones de violencia (DAHLBERG; KRUG, 2007).
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Violencia de pareja según la vista de los jóvenes universitarios
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Conclusión
Los hallazgos de la investigación demuestran el carácter dominante y dañino
experimentado en muchas relaciones de noviazgo, especialmente en la fase juvenil, con la
mayoría de las situaciones de abuso no reconocidas como violencia, y naturalizadas dentro de
estas relaciones afectivas. La mayoría de los participantes reconocen la violencia en las
relaciones de noviazgo, aunque no identifican varias situaciones cotidianas como violencia en
sí, y entienden que los celos son vistos como un factor predisponente para la ocurrencia de
violencia en las relaciones de noviazgo.
Considerando el inicio de las relaciones de noviazgo en la fase de adolescencia y
juventud, y para evitar la experiencia de relaciones afectivas con violencia, se necesitan
acciones de concientización ya en estas fases de la vida para prevenir la ocurrencia de violencia
en las relaciones afectivas a largo plazo. Por lo tanto, son esenciales políticas públicas efectivas,
orientadas a esclarecer a adolescentes y jóvenes sobre los aspectos que involucran este
problema, y posibilitar la construcción de estrategias para promover relaciones íntimas
saludables desde la deconstrucción de mitos románticos del amor. Aunque se trata de un
contexto circunscrito, los resultados obtenidos contribuyen al debate sobre el papel que las
instituciones educativas, desde las escuelas hasta incluso las universidades, asumen, o pueden
asumir, en el desconocimiento del fenómeno y en la intervención del problema.
Las limitaciones del estudio implican el hecho de que muchos participantes se negaron
a participar en la investigación justificando no saber qué discutir sobre el tema en cuestión,
evidenciando la complejidad en abordar el tema de la violencia, especialmente cuando se trata
de lo experimentado en las relaciones de noviazgo.
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https://portalperiodicos.unoesc.edu.br/acbs/article/view/11945. Acceso: 06 abr. 2020.
WHO. World Health Organization.
Violence prevention
: the evidence. Centre for Public
Health, 2009.
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Rosana Alves de MELO; Thainara Kauanne Pacheco ALMEIDA
y
Flávia Emília Cavalcante Valença FERNANDES
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1647-1664, jul./sept. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.15482
1664
Cómo hacer referencia a este artículo
MELO, R. A.; ALMEIDA, T. K. P.; FERNANDES, F. E. C. V. Violencia de pareja según la
vista de los jóvenes universitarios.
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação
,
Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1647-1664, jul./sept. 2022. e-ISSN: 1982-5587. DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.15482
Enviado en
:
09/09/2021
Revisiones requeridas en
: 20/02/2022
Aprobado en
: 13/05/2022
Publicado en
: 01/07/2022
Procesamiento y edición: Editora Ibero-Americana de Educação.
Corrección, formateo, normalización y traducción.
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Dating violence in the view of young college students
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1642-1658, July/Sept. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.15482
1642
DATING VIOLENCE IN THE VIEW OF YOUNG COLLEGE STUDENTS
VIOLÊNCIA NO NAMORO NA VISÃO DE JOVENS UNIVERSITÁRIOS
VIOLENCIA DE PAREJA SEGÚN LA VISTA DE LOS JÓVENES UNIVERSITARIOS
Rosana Alves de MELO
1
Thainara Kauanne Pacheco ALMEIDA
2
Flávia Emília Cavalcante Valença FERNANDES
3
ABSTRACT
:
This research aims to analyze the knowledge of college students about
situations of violence in dating relationships. Descriptive and cross-sectional research with a
quantitative approach, carried out with 506 university students. Data collection was from May
to June 2019 and analysis using descriptive statistics with frequency distribution in their
absolute and relative values. It was observed that jealousy was identified as the main
precursor of conflicts in relationships; and low school performance and unwanted pregnancy
were seen as a possible consequence of violence in the relationship. Most participants had no
evidence of depression on the Beck Score. Thus, it is concluded that some everyday situations
experienced in relationships are not recognized as violence and, therefore, it is necessary to
implement actions and policies to raise awareness and prevent affective violence in
adolescence and youth.
KEYWORDS
: Violence. Young adult. Adolescent.
RESUMO
: Esta pesquisa objetiva analisar o conhecimento de jovens universitários sobre
situações de violência nas relações de namoro. Trata-se de uma pesquisa descritiva e
transversal de abordagem quantitativa, realizada com 506 jovens universitários. A coleta dos
dados ocorreu entre maio e junho de 2019, recorrendo-se a análise por estatística descritiva
com distribuição de frequência em seus valores absolutos e relativos. Observou-se que o
ciúme foi apontado como o principal precursor dos conflitos nos relacionamentos; e o baixo
rendimento escolar e a gravidez indesejada foram vistos como uma possível consequência da
violência no relacionamento. A maioria dos participantes não apresentou nenhuma evidência
de depressão pelo Escore de Beck. Assim, conclui-se que algumas situações cotidianas
vivenciadas nos relacionamentos não são reconhecidas como violência e, dessa forma, é
1
Federal University of São Francisco Valley (UNIVASF), Petrolina – PE – Brazil. Associate professor of the
nursing collegiate and permanent professor of the Postgraduate Program in Dynamics of Development of the
Semi-Arid Region (PPGDIDES). PhD in Therapeutic Innovation (UFPE). ORCID: https://orcid.org/0000-0001-
9217-921X. E-mail: rosana.melo@univasf.edu.br
2
Municipal Administration of Petrolina (PMP), Petrolina – PE – Brazil. Nurse of the Family Health Team.
Master in Environmental Science and Technology for the Semiarid Region (UPE). ORCID:
https://orcid.org/0000-0002-4537-5215. E-mail: thainara_kauanne@hotmail.com
3
University of Pernambuco (UPE), Petrolina – PE – Brazil. Associate professor of the nursing collegiate and
pe
rmanent professor of the Graduate Program in Teacher Training and Interdisciplinary Practices (PPGFPPI).
PhD in Therapeutic Innovation (UFPE). ORCID: https://orcid.org/0000-0003-2840-8561. E-mail:
flavia.fernandes@upe.br
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Rosana Alves de MELO; Thainara Kauanne Pacheco ALMEIDA and Flávia Emília Cavalcante Valença FERNANDES
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1642-1658, July/Sept. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.15482
1643
necessária a implementação de ações e políticas de conscientização e prevenção da
violência afetiva na fase da adolescência e juventude.
PALAVRAS-CHAVE
: Violência. Adulto jovem. Adolescente.
RESUMEN
:
Esta investigación tiene como objetivo analizar el conocimiento de jóvenes
universitarios sobre situaciones de violencia en las relaciones amorasas. Se trata de una
investigación descriptiva y transversal de abordaje cuantitativo realizada con 506 estudiantes
universitarios. La recolección de datos ocurrió entre mayo y junio de 2019, utilizando
análisis estadístico descriptivo con distribución de frecuencias en sus valores absolutos y
relativos.
Se observó que los celos fueron identificados como el principal precursor de
conflictos en las relaciones; y el bajo rendimiento escolar y los embarazos no deseados se
vieron como una posible consecuencia de la violencia en la relación. La mayoría de los
participantes no tenían evidencia de depresión en el puntaje de Beck. Así, se concluye que
algunas situaciones cotidianas vividas en las relaciones no son reconocidas como violencia y,
por lo tanto, es necesario implementar acciones y políticas de sensibilización y prevención de
la violencia afectiva en la adolescencia y juventud.
PALABRAS CLAVE
: Violencia. Adulto joven. Adolescente.
Introduction
Dating violence is a serious phenomenon of high magnitude, with significant
prevalence at national and international levels, as well as consequences on the physical and
mental health of individuals (NELAS
et al
., 2016). In this context, the abusive actions
experienced in the intimate relationships of adolescents and young people are considered a
worrying social problem (SOUZA; PASCOALETO; MENDONÇA, 2018).
According to the World Health Organization, dating violence can be defined as
behavior within an intimate relationship that causes physical, sexual, or psychological harm,
including acts of physical aggression, sexual coercion, psychological abuse, and controlling
behaviors (WHO, 2009). Thus, dating violence is a strong predictor of marital violence,
usually beginning in relationships in adolescence and early adulthood, and may intensify and
become chronic in marital relationships (WHO, 2016; SOUZA; PASCOALETO;
MENDONÇA, 2018).
The experience of violence in dating relationships stems from multiple causes of
different natures, involving individual, social and cultural aspects, which require intersectoral
actions for an effective approach (TAQUETTE; MONTEIRO, 2018). There are several
explanatory models for the occurrence of violence in affective-sexual relationships among
adolescents (BITTAR; NAKANO, 2017). Among them, one can highlight the
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Dating violence in the view of young college students
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1642-1658, July/Sept. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.15482
1644
sociodemographic factors (gender, age, ethnicity, religion); environmental (observe violence
in the community where they live); intrapersonal (depression, low self-esteem); contextual
(consumption of alcohol and other drugs); and family (observe interparental violence,
mistreating parenting practices, childhood sexual abuse), the latter being a basic predictor for
its occurrence (TAQUETTE; MONTEIRO, 2018).
In the social field, policies to combat affective violence and the fight for equality
between genders have become widespread in search of more egalitarian and symmetrical
affective-sexual relationships. However, traditional values that endorse violence between
intimate partners still persist and that adolescents and young people use as a premise to
maintain aggression against their partners (OLIVEIRA
et al
., 2016). All this is based on
cultural machismo and symbolic power relations, which are still strongly present in
contemporary times, and make gender violence perpetuated, and a reference to differentiate
men and women (BITTAR; NAKANO, 2017).
One of the most aggravating factors of violence in dating relationships is the non-
perception of what is configured as violence within the affective relationship and the
naturalization with which they are perceived and reproduced in the daily lives of these
adolescents and young people (OLIVEIRA
et al
., 2016). Moreover, the perpetuation of
violence, especially in the early stages of life, has the potential to cause a significant impact,
with physical, social, and emotional consequences in the lives of those involved (ANDRADE;
LIMA, 2018). These consequences involve changes in sleep patterns; eating disorders; body
image distortion, anxiety, fear, guilt, shame, emotional dependence, and depressive behaviors,
among others (ANDRADE; LIMA, 2018).
Moreover, in this context of affective relationships between younger individuals,
victimization is bidirectional, i.e., both males and females perpetuate violence, with a
difference only in the form and intensity of the violence spread against the partner
(CONCEIÇÃO
et al
., 2018). However, women are at greater risk of being victims in these
relationships, suffering mainly sexual abuse by the intimate partner (WHO, 2016). It is
noteworthy that many records on violence in dating relationships are incipient, due to the fact
that many adolescents and young people hide these occurrences, out of fear, shame or
difficulty in dialogue, especially among parents and family members who would be important
references and support for their children (ANDRADE; LIMA, 2018; SIMÕES
et al
., 2019).
Meanwhile, considering the information listed, and the scarcity of publications from
the perspective of dating violence, especially when it comes to the identification of situations
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Rosana Alves de MELO; Thainara Kauanne Pacheco ALMEIDA and Flávia Emília Cavalcante Valença FERNANDES
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1642-1658, July/Sept. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.15482
1645
of violence experienced and practiced against the intimate partner and coping with this
phenomenon, the research started with the following question: how do young college students
perceive the violence experienced in dating? Thus, the objective of the study was to analyze
the knowledge of young college students about situations of violence in dating relationships.
Method
T
his is an analytical and descriptive research with a quantitative approach. The
quantitative approach uses mathematical language to describe the causes of a phenomenon,
the relationships between variables, among others. The analytical and descriptive research has
as its main objective to describe characteristics of a given social reality (MINAYO
et al
.,
2009).
The research was developed between the months of May and June 2019, with 506
young university students enrolled in a federal public higher education institution and another
private institution, both located in a municipality in the interior of northeastern Brazil.
Inclusion criteria adopted were young people between 19 and 24 years old, duly enrolled in
any of the Institutions' courses; being in an affective relationship currently or having already
had at least one loving/affectionate relationship in the last three years. The exclusion criteria
were young people who, even though they were enrolled in an undergraduate course at the
researched institutions, had locked their enrollment or had a medical certificate during the
research period.
The number of participants was established based on a sample calculation using the
Sample Size Calculation for X-Sectional Surveys program, using a design of 1.5, considering
the need to correct for imprecision due to the conglomerate sampling process. The calculation
had a confidence level of 95% and sampling error of 5%.
The participants were recruited in the classroom, where the purpose of the research
a
nd its operation was explained to the class, and those who showed interest in participating
could signal so that the researchers could approach them at a later time, in a way that was
more convenient for those interested. The data were collected through a self-administered
questionnaire designed by the researchers. The questionnaire had multiple choice questions,
and was elaborated in three sections: 1) the first section had 19 questions referring to socio-
demographic and economic data, with the following variables: age; sex; dating relationship;
family income; parents' marital status; who lives with them; if they have ever suffered
violence from their parents; 2) the second section had 28 specific questions referring to
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Dating violence in the view of young college students
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1642-1658, July/Sept. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.15482
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intimate partner violence; 3) the third section included the Beck Depression Scale/Beck
Depression Inventory, with 21 items (BECK
et al
, 1961). All the aforementioned items were
self-applicable, so that the participant answered the questions that were most similar to his/her
reality.
The data collected were analyzed from descriptive statistics through the distribution of
their absolute and relative values. The 95% Confidence Intervals (95%CI) for the proportion
were calculated, assuming the Binomial distribution.
The research followed all the ethical and legal precepts contained in resolution
466/2012, being approved by the Research Ethics Committee of the Federal University of São
Francisco Valley, under opinion number 2.936.52 and CAAE number 97242018.2.0000.5196.
Initially, the participants were informed about the study objectives and, after due clarification,
they were asked to sign the Informed Consent Form, making clear the researcher's
commitment to the secrecy and confidentiality of information, and ensuring the participant's
right to refuse to participate in the research and/or to withdraw from the study at any time.
Results
Analyzing the socio-demographic and economic profile of the study participants, we
observed a higher proportion of young people between 20 and 24 years old (65.4%), women
(74.1%), with income greater than one minimum wage (66.3%), living with father, mother, or
both (58.1%), and being married or in a stable union (60.1%). Most of them do not have a
boyfriend or were in a dating relationship at the time of the study (52.3%). There was also a
predominance of those who did not perceive the neighborhood in which they lived as violent
(82.0%), as well as those who did not suffer violence from their parents at any time in their
lives (78.7%). Analyzing the level of depression according to Beck's score, it was observed
that the majority (66.6%) did not show any depression (Table 1).
Table 1 –
Sociodemographic and economic profile and risk stratification of depression,
according to Beck's scale
n
%
IC95%
Age
19 years old
175
34,6
30,6
38,9
20 to
24
years old
331
65,4
61,1
69,4
Gender
Female 366 74,1 70,0 77,8
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Rosana Alves de MELO; Thainara Kauanne Pacheco ALMEIDA and Flávia Emília Cavalcante Valença FERNANDES
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1642-1658, July/Sept. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.15482
1647
Male 128 25,9 22,2 30,0
Family income
No fixed income or up to 1 minimum wage
169
33,7
29,7
38,0
More than 1 minimum wage
332
66,3
62,0
70,3
Parents’ marital status
Single/divorced/widow
202
39,9
35,7
44,3
Married/stable union
304
60,1
55,7
64,3
With whom one
live
s
Alone
46
9,2
6,9
12,1
Father, mother or both
291
58,1
53,7
62,3
Relatives, friends or others
164
32,7
28,8
37,0
Has a boyfriend/girlfriend or is in a loving relationship
Yes
236
47,7
43,3
52,1
No
259
52,3
47,9
56,7
Do
es one
consid
er the neighborhood in which one
live
s
violent?
Yes
90
18,0
14,9
21,6
N
o
410
82,0
78,4
85,1
Has one
ever suffered any violenc
e from one’s
parents?
Yes
107
21,3
17,9
25,1
N
o
396
78,7
74,9
82,1
Classification of depression by the Beck scale
No depression
337 66,6 62,4 70,6
Mild depression
89 17,6 14,5 21,2
Moderate depression
52 10,3 7,9 13,3
Severe depression
28
5,5
3,8
7,9
Source: Prepared by the authors, based on survey data
Regarding the situations of violence perceived by young college students, it was
observed that most of them agree that jealousy is one of the main causes of dating violence
(92.3%), and that forcing the boyfriend/girlfriend to start sexual activity against their will is a
form of violence (90.3%), while they agree with the existence of violence in dating
relationships (96.8%). As for some attitudes practiced within the affective relationship, most
disagree that when dating, one should always do what pleases the other (71.5%), a push is not
a violent behavior (95.9%), and that boyfriends and girlfriends provoke violence by the way
they dress (87.3%) (Table 2).
Most agree that low school performance (51.4%) and unwanted pregnancy (55.0%)
c
an be consequences of dating violence, however, they disagree that uncommon friends harm
the dating relationship (86.3%) and that they have the right to kiss their boyfriend/girlfriend
whenever they want (84.3%). They also disagree that boyfriends and girlfriends can read each
other's cell phone messages whenever they want (62.4%), and that boyfriends and girlfriends
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Dating violence in the view of young college students
RIAEE
– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1642-1658, July/Sept. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.15482
1648
should always tell their partners where they are (69.6%) or with whom they are (74.0%)
(Table 2).
Table 2 –
Situations of violence perceived by university students
n
%
IC95%
Jealousy is one of the main causes of dating violence
Agree
466
92,3
89,6
94,3
Dis
agree
39
7,7
5,7
10,4
There is not such a
thing as dating violence
Agree
16
3,2
1,9
5,1
Dis
agree
490
96,8
94,9
98,1
When you are dating, you should always do what pleases the other
person
Agree
142
28,5
24,7
32,7
Dis
agree
356
71,5
67,3
75,3
A push is not a violent behavior
Agree
21
4,2
2,7
6,3
Dis
agre
485
95,9
93,7
97,3
Boyfriends/girlfriends provoke violence by the way they dress
Agree
64
12,7
10,1
15,9
Dis
agre
440
87,3
84,1
89,9
Low school performance can be a consequence of dating violence
Agree
258
51,4
47,0
55,8
Dis
agre
244
48,6
44,2
53,0
Non
-
common friends harm the dating relationship
Agree
69
13,7
10,9
17,0
Dis
agre
435
86,3
83,0
89,1
I have the right to kiss my boyfriend/girlfriend whenever I want
Agree
79
15,7
12,8
19,2
Dis
agre
423
84,3
80,8
87,2
Unwanted pregnancy can be a consequence of dating violence
Agree
277
55,0
50,6
59,3
Dis
agre
227
45,0
40,7
49,4
Boyfriends and girlfriends can read each other's cell phone messages
whenever they want
Agree
189
37,6
33,4
41,9
Dis
agre
314
62,4
58,1
66,6
Boyfriends and girlfriends should always tell their partners where
they are
Agree
153
30,4
26,5
34,6
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Rosana Alves de MELO; Thainara Kauanne Pacheco ALMEIDA and Flávia Emília Cavalcante Valença FERNANDES
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– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1642-1658, July/Sept. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i3.15482
1649
Dis
agre
350
69,6
65,4
73,5
Boyfriends and girlfriends should always tell their partners who they
are with
Agree
131
26,0
22,4
30,1
Dis
agre
372
74,0
69,9
77,6
Forcing the boyfriend/girlfriend to initiate sexual intercourse is a
form of violence
Agree
456
90,3
87,4
92,6
Dis
agre
49
9,7
7,4
12,6
Source: Prepared by the authors from the research data
There was agreement from most young college students about the statement that
dating violence occurs because couples think they have the right to impose themselves on
each other (86%), while they disagree that a slap in the face is something normal in dating and
does no harm (98.8%), or that dating violence is only a problem of the couple (97.4%). They
also disagree that control over the other is justified by the feeling of liking a lot (98.2%), and
that making fun of the boyfriend's opinions (80.8%) or exerting power over him/her is not
violence (97.8%) (Table 3).
The participants do not agree that if their boyfriend/girlfriend feels unhappy, he/she
has the right to yell at him/her, even if it is in public (95.5%), that boyfriend/girlfriend can
only go out together (95.8%), or that they should dress to please each other (93.0%). They
also do not agree that dating violence has no psychological consequences (95.5%) or that it
only has physical consequences (96.8%) (Table 3).
Table 3 –
Subtle situations of violence little noticed by university students.
n
%
IC95%
Dating violence occurs because couples think they have the right to
impose themselves on each other
Agree
434
86,5
83,2
89,2
Dis
agree
68
13,6
10,8
16,8
A slap in the face is a normal
part of dating and is okay
Agree
6
1,2
0,5
2,6
Dis
agree
497
98,8
97,4
99,5
Dating violence is a problem that only concerns the dating couple
Agree
13
2,6
1,5
4,4
Dis
agree
493
97,4
95,6
98,5
The boyfriend/girlfriend only controls the
other because he/she likes
him/her so much
)
Agree
9
1,8
0,9
3,4
Dis
agree
497
98,2
96,6
99,1
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Dating violence in the view of young college students
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– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1642-1658, July/Sept. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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Making fun of your partner's opinions is not violence
Agree
97
19,3
16,0
22,9
Dis
agree
407
80,8
77,1
84,0
Exerting power over your
boyfriend/girlfriend is not violence
Agree
11
2,2
1,2
3,9
Dis
agree
494
97,8
96,1
98,8
If my boyfriend/girlfriend contradicts me, I have the right to yell at
him/her, even if it is in public
Agree
23
4,6
3,0
6,8
Dis
agree
483
95,5
93,2
97,0
Couples can only go out if they go out together
Agree
21
4,2
2,7
6,3
Dis
agree
483
95,8
93,7
97,3
Boyfriends and girlfriends should dress to please each other
Agree
35
7,0
5,0
9,5
Dis
agree
468
93,0
90,5
95,0
Dating violence has no
psychological consequences
Agree
23
4,6
3,0
6,8
Dis
agree
483
95,5
93,2
97,0
Dating violence has only physical consequences
Agree
16
3,2
1,9
5,1
Dis
agree
490
96,8
94,9
98,1
Source: Prepared by the authors from the research data
Discussion
The results of the study showed the predominance of female college students, with an
i
ncome greater than one minimum wage and living with their parents, findings that
corroborate a study conducted with college students from the Federal University of Paraná, in
this same perspective (KREFER; VAYEGO, 2019). Most do not perceive the neighborhood
in which they live as a violent place, are children of parents who are married or in a stable
union, and reported never having suffered violence from their parents. It is known that
exposure to violence at home is one of the precursors of risk for experiencing violence in
dating relationships and, thus, adolescents and young people who have witnessed or witness
marital violence for long or short periods tend to replicate the visualized abuses, acting
aggressively in their relationships, by the tendency to naturalize violence in their daily lives
(TAQUETTE; MONTEIRO,2018).
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– Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 3, p. 1642-1658, July/Sept. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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It was observed that the prevalence of depression among the participants was low,
considering the application of the Beck Inventory Score, diverging from the result of a study
conducted with nursing students from a federal public university, which showed a strong
prevalence of moderate to severe depression, as well as anxiety symptoms, with women being
those most affected (FERNANDES
et al
., 2018). This seems to indicate that, in our model of
society, the social role given to women, tied to the various cultural gender issues, has the
potential to produce suffering and becomes a serious risk factor (KREFER; VAYEGO, 2019).
Another aspect that was identified in the results was the fact that the participants
understood that jealousy is one of the main causes of dating violence. Despite being
something considered common in love relationships, excessive jealousy can be a risk to the
relationship and also to the mental health of those involved, becoming a problem in the
relationship when the couple no longer has a healthy relationship and conflicts become
harmful to the quality of the relationship (TURATTI; LUCAS, 2016).
From this perspective, a study conducted with 3,205 adolescents aged 15 to 19 years,
students in the 2nd year of high school in public and private schools in 10 Brazilian capitals,
showed that jealousy and infidelity have been factors that legitimize and justify physical
aggression between boyfriends, both by boys and girls. Such legitimacy is supported by
gender norms that are expressed in violence as a construction of masculinity, in the
trivialization of female physical violence and in physical violence against girls perpetrated by
both sexes (OLIVEIRA
et al
., 2016).
Violence as a construction of masculinity is expressed when young men qualify
physical aggression as something intrinsic to men and perceive it as something practiced more
by boyfriends against their partners than the opposite. On the other hand, violence committed
by girls is considered less harmful, and the perpetration of physical aggression is identified as
a form of retaliation and self-defense against the aggression suffered by their partners
(OLIVEIRA
et al
., 2016).
As for forcing the boyfriend/girlfriend to initiate sexual activity against their own will,
m
ost of the participants surveyed recognize this context as dating violence, agreeing that
unwanted pregnancy can be a consequence of this violent behavior within the relationship. In
a research from the University of Goiás, the intimidation and/or induction to participate
and/or perform sexual conducts in disagreement with them was identified as sexual violence.
Although this type of abuse was recognized as violence by some participants, it was also quite
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perpetuated, which demonstrates a certain trivialization (SOUZA; PASCOALETO;
MENDONÇA, 2018).
Regarding some attitudes in a relationship, most disagree that one should always do
what pleases the partner, that one should dress in a way that pleases the other, and that
boyfriends and girlfriends provoke violence by the way they dress. In a research conducted
with 30 young female college students, the profile of male domination was perceived in the
way these individuals treated them as if they were objects, evident in the actions of
determining how and with whom they should relate; the posture of social behavior; and the
determination of how they should or should not dress (SIMÕES
et al
., 2019). Aggression of
psychological nature is commonly practiced in relationships, understood as a strategy used to
supposedly avoid betrayal and control the behavior of the partner, and in many cases it is not
recognized as violence itself (SOUZA; PASCOALETO; MENDONÇA, 2018).
Considering the fact that pushing another person is or is not seen as violence, for most
participants in this study, this attitude was yes identified as a violent act against the partner. In
this context, a survey conducted in Portugal, with students aged 16 to 24, attitudes such as
"throwing objects at another person"; "kicking or head-butting"; and "violently pushing" were
also perceived as violent attitudes, corroborating the study in question, and most of these acts
were practiced by males towards girls (BESERRA
et al
., 2016). The social scenario in which
this violence erupts is characterized by the prevalence of macho ideology intermingling
gender relations, resulting in the naturalization of male domination (BITTAR; NAKANO,
2017). Bourdieu also highlights the symbolic violence, soft, insensitive, invisible to its own
victims, which is essentially exercised through purely symbolic ways of communication and
knowledge. Symbolic violence is different from physical violence, but in some cases it can be
expressed in this form. This social relationship offers a unique occasion to apprehend the
logic of domination, exercised in the name of a symbolic principle known and recognized by
both the dominant and the dominated, of a language (or a way of speaking) and/or of a
lifestyle (or a way of thinking, speaking, or acting), and this type of aggression becomes much
more damaging when situated in issues of race, gender, ethnicity, and social class
(BOURDIEU, 2007).
Another important finding was the fact that the participants disagreed that the partner
ha
s the right to kiss the other whenever he/she wants, even if this is not the other's will at the
moment. In the Lisbon School of Education, the research conducted with adolescents
identified that 23.7% of them have already been kissed by their partner when they did not
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want to, as well as have been touched sexually against their will, and threatened to have
sexual intercourse with their partners also against their will (GAMA; VERÍSSIMO; TOMÁS,
2017). It is noteworthy that the context of dating violence contributes to decreased quality of
life and psychological well-being of those involved in the situation of violence, as well as low
academic performance and school dropout (BORGES, 2016).
The students, from their answers, disagree that boyfriends and girlfriends can read
each other's cell phone messages whenever they want, even without authorization. These
findings are consistent with the results of other research, in which intimate-affective
relationships are characterized by abusive behaviors, with jealous and controlling partners,
who tend to prohibit and/or determine with whom the partner should talk, the clothes they
should wear, and control the password of the cell phone or messaging apps (SIMÕES
et al
.,
2019; SOUZA; PASCOALETO; MENDONÇA, 2018). It is known that the feeling of
insecurity often results in the unbridled desire to control the actions and attitudes of the other,
due to a persistent cultural conception, which can make these controlling attitudes be
identified as acts of love and care (SIMÕES
et al
., 2019). However, all these behaviors make
up the characteristics of psychological violence (SOUZA; PASCOALETO; MENDONÇA,
2018).
It must be considered that there is a need for a more detailed look at the meanings
attributed to the various situations of daily violence, taking into consideration the broader
limits that this problem presents. Thus, the understanding of violence that is perpetuated
within dating relationships needs to be seen beyond the understanding of care and love,
because these relationships permeate situations of domination, through symbolic power. This
social construction, based on the domination of the other, is addressed by Pierre Bourdieu,
who also uses the concept of domination to analyze gender relations, where the masculine
almost always dominates the feminine (BOURDIEU, 2007). The process of symbolic
domination happens in a subtle and efficient way because most women are not aware of their
condition of dominated (BITTAR; NAKANO, 2017).
As for the agreement of most young people on the fact that dating violence occurs
be
cause couples think they have the right to impose themselves on each other, and the
disagreement that control over the other is justified by the feeling of liking a lot, it meets the
male control permeated in affective relationships in a process of social cultural construction,
where symbolic violence against women is identified, which is perpetuated throughout history
(BITTAR; NAKANO, 2017). Although male domination is quite recognized even by male
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individuals, it can also be a premise perceived and perpetrated by women, who may identify
the love partner as an object of their belonging, generating the feeling of possession, which
comes accompanied by jealousy and, subsequently, physical aggression (OLIVEIRA
et al
.,
2016).
The socially constructed division between the sexes is evident and thus acquires a
whole recognition of legitimation, conforming it to the principles of a mythical worldview,
rooted in the arbitrary relationship of domination of men over women. The social order works
as an immense symbolic machine that tends to ratify the male domination on which it is
based: it is the social division of labor, a very strict distribution of the activities assigned to
each of the two sexes (BOURDIEU, 2007). Violence is the result of the complex interaction
of individual, relational, social, cultural, and environmental factors. Understanding how these
factors are related to violence is one of the important steps in the public health approach to
violence prevention (DAHLBERG; KRUG, 2007).
Furthermore, there was disagreement among most participants that a slap in the face is
something normal in dating; that dating violence is only a problem for the couple; and that
making fun of the boyfriend/girlfriend's opinions or exerting power over him/her is not
violence. These findings are in line with another research that pointed out issues about
relational violence, in which 14% of the interviewed students have already been made fun of
by their partner, who made fun of them in front of other people (GAMA; VERÍSSIMO;
TOMÁS, 2017). It is considered that this dynamic involving mixture of love and violence,
especially in the dating relationships of adolescents and young people, can be a predictor for
future violence in the relationship, with an impact on the harmonious living of the couple and
their children (BESERRA
et al
., 2016).
Violence in intimate relationships is not an uncommon experience among young
people, and is currently widely recognized as a problem of worrying dimensions and alarming
effects, not only at the individual level, but throughout the social sphere. The younger age
groups are not immune to this problem, suggesting both the existence of significant indicators
of victimization and aggression, and the maintenance of discourses legitimizing this type of
violence (CARIDADE; MACHADO, 2013).
In the results obtained, it was also observed that the subjects disagree that if one of the
t
wo feels angry with his/her partner, he/she has the right to yell at him/her, and that they can
only go out if they go out together. A similar study showed that, among the behaviors suffered
by the victims, insults, emotional blackmail, the fact that their partners yell at them with the
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intention of intimidating them, such as preventing them from having friends, and from talking
or going out with them, stand out (BORGES, 2016). It is noteworthy that situations that fall
under prohibitions and intimidation in affective relationships are often not understood as
violence, based on the myth of romantic love, which causes many couples not to stand up to
these situations because they believe in an ideal of eternal happiness and that the aggressions
will pass, not recognizing that this presents itself as a trigger for long-term situations of
violence (FERRIANI
et al
., 2019).
With regard to the consequences of dating violence, college students state that there
are psychological and physical consequences. Physical violence is identified as the most
recognized modality, however, psychological and moral aggression are more prevalent
despite often not being perceived as abusive. Thus, psychological and moral violence may be
more present in relationships (SOUZA; PASCOALETO; MENDONÇA, 2018). Dating
violence during adolescence is a frequent event and is part of the reality of young people from
different social classes; violence in intimate relationships is a multicultural phenomenon,
possessing high extent and severity, and brings consequences to the physical and mental
health of those involved, in the short and long term (SILVA
et al
., 2019).
Caridade and Machado consider that understanding dating violence depends on an
integrative model of the various comprehensive, complex and multidimensional factors,
whether individual, interpersonal, structural and/or cultural, that mutually interact in dating
violence behaviors (CARIDADE; MACHADO, 2013). Violence is not part of human nature,
it is a complex and dynamic biopsychosocial phenomenon that forms and develops in the
context of society. The interaction of these predispositions with family, cultural, community
or other factors may give rise to violent situations (DAHLBERG; KRUG, 2007).
Conclusion
The research findings demonstrate the domineering and harmful character experienced
in many dating relationships, especially in the youth phase, with most situations of abuse not
recognized as violence, and naturalized within these affective relationships. Most of the
participants recognize that there is violence in dating relationships, although they do not
identify several daily situations as violence per se, and understand that jealousy is seen as a
predisposing factor for the occurrence of violence in dating relationships.
Considering the beginning of dating relationships during adolescence and youth, and
i
n order to avoid the experience of affective relationships with violence, it is necessary to
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raise awareness already in these phases of life in order to prevent the occurrence of violence
in long-term affective relationships. To this end, effective public policies are essential, aimed
at enlightening adolescents and young people about the aspects involving this problem, and
enabling the construction of strategies for promoting healthy intimate relationships from the
deconstruction of myths of romantic love. Although it is a limited context, the results obtained
contribute to the debate about the role that educational institutions, from schools to even
universities, assume, or can assume, in the disclosure of the phenomenon and in the
intervention of the problem.
The limitations of the study involve the fact that many participants refused to
participate in the research, justifying not knowing what to say about the theme in question,
showing the complexity of approaching the theme of violence, especially when it comes to
that experienced in dating relationships.
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09/09/2021
Revisions required
: 20/02/2022
Approved
: 13/05/2022
Published
: 01/07/2022
Processing and publishing by the Editora Ibero-Americana de Educação.
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