AS CONTRIBUIÇÕES DA TECNOLOGIA ASSISTIVA DOSVOX PARA PROFESSORES EM FORMAÇÃO INICIAL: INTERMEDIANDO PRÁTICAS TECNOLÓGICAS INCLUSIVAS


LAS CONTRIBUICIONES DE LA TECNOLOGÍA DE ASISTENCIA DOSVOX PARA MAESTROS EN FORMACIÓN INICIALES: PRÁCTICAS INCLUSIVAS INTERMEDIAS


THE CONTRIBUTIONS OF DOSVOX ASSISTIVE TECHNOLOGY FOR INITIAL TRAINING TEACHERS: INTERMEDIATING INCLUSIVE TECHNOLOGICAL PRACTICES


Eliziane de Fátima ALVARISTO1

Jamile SANTINELLO2


RESUMO: O estudo tem como objetivo contribuir com a formação inicial de professores de um curso de Pedagogia por meio da Tecnologia Assistiva – Dosvox, tendo em vista a concepção de ensino e aprendizagem inclusiva para estudantes com deficiência visual. Utilizou-se da abordagem qualitativa de natureza aplicada, tendo como estratégia de pesquisa o estudo de caso. O estudo foi realizado em uma instituição pública de ensino superior, localizada no interior do estado do Paraná, e traz como participantes vinte e cinco professores em formação inicial de um curso de Pedagogia e um professor cego. Os instrumentos utilizados para a análise dos dados foram: gravações em áudio e vídeo, fotos e intervenção prática sobre o uso da Tecnologia Assistiva – Dosvox. Os dados foram analisados a partir da teoria Histórico-Cultural. Os resultados revelam que as intervenções realizadas pelo professor cego aos professores em formação inicial de um curso de Pedagogia contribuíram com a aquisição de novas concepções sobre o processo de ensino e aprendizagem inclusivo da Tecnologia Assistiva – Dosvox, possibilitando aos professores reconhecerem-se e autoavaliarem-se pedagogicamente no processo de ensino inclusivo às pessoas com deficiência visual, dentre eles, no modo de ensinar e aprender com um professor cego.


PALAVRAS-CHAVE: Formação inicial de professores. Tecnologia Assistiva Dosvox. Deficiência visual. Inclusão. Ensino superior.


RESUMEN: El estudio tiene como objetivo contribuir a la formación inicial de los docentes em un curso de pedagogía a través de la tecnología de asistencia – Dosvox, em vista del concepto de enseñanza y aprendizaje inclusivo para estudiantes con discapacidad visual. Se utilizó un enfoque cualitativo de carácter aplicado, con el estudio de caso como estrategia de


1 Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO), Guarapuava – PR – Brasil. Professora do Departamento de Pedagogia, Professora no Centro de Atendimento Especializado na área de deficiência visual (CAEE) e Professora de Sala de Recursos Multifuncionais - SEMEC. Doutoranda no Programa de Pós- Graduação em Educação (UNICENTRO). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-1549-4176. E-mail: elizianealvaristo@unicentro.br

2 Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO), Guarapuava – PR – Brasil. Professora no Programa de Pós-Graduação em Educação e no Departamento de Pedagogia. Doutorado em Comunicação (UFRJ). ORCID: https://orcid.org/0000-0003-1136-2421. E-mail: jamile@unicentro.br



investigación. Se llevó a cabo en una Institución Pública de Educación Superior, ubicada en interior del estado de Paraná, y reúne como participantes a veinticinco maestros en capacitación inicial en un curso de pedagogía y uno maestro ciego. Los instrumentos utilizados para el análisis de datos fueron: grabaciones de audio y video, fotos e intervención práctica sobre el uso de la tecnología de asistencia – Dosvox. Los datos fueron analizados a partir de la teoría Histórico-Cultural. Los resultados revelan que las intervenciones realizadas por el maestro ciego a los maestros em la capacitación inicial de un curso de pedagogía contribuyeron a la adquisición de nuevos conceptos sobre el proceso inclusivo de enseñanza y aprendizaje de la tecnología de asistencia – Dosvox, permitiendo a los maestros reconocerse y autoevaluarse pedagógicamente en el proceso de educación inclusiva para personas con discapacidad visual, entre ellos, en la forma de enseñar y aprender con un maestro ciego.


PALABRAS CLAVE: Formación inicial del maestro. Tecnología de Asistencia Dosvox. Discapacidad visual. Inclusión. Enseñanza superior.


ABSTRACT: The study aims to contibute to the initial training of teachers in a Pedagogy course through Assistive Technology - Dosvox, in view of the concepto of inclusive teaching and learning for students with visual impairments. For this study, a qualitative approach of an applied nature was used, having as a research strategy the case study. It was carried out in a public institution of higher education, located in the interior of the Paraná, and brings as participants twenty-five teachers in initial formation of a course of pedagogy and a blind teacher. The instruments used for data analysis were: audio and video recordings, photos and practical intervention on the use of Assistive Technology - Dosvox. The data were analyzed from the historical-cultural. The results reveal that the interventions carried out by the blind teacher to the teachers in the initial formation of a pedagogy course contributed to the acquisition of new conceptions about the inclusive teaching and learning processo of Assistive Technology - Dosvox, allowing teachers to recognize and self-assess themselves pedagogically in the process of inclusive education for people with visual impairments, among, them, in the way of teaching and learning with a blind teacher.


KEYWORDS: Initial teacher training. Dosvox Assistive Technology. Visual impairment. Inclusion. Higher education.


Introdução


As propostas sobre o uso da Tecnologia Assistiva - TA em salas de aula têm sido muito discutidas por profissionais da área da educação, haja vista que ela tange perspectivas por melhorias no processo de aprendizagem inclusiva de estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação, incluídos na Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (BRASIL, 2008).

Nesse sentido, considera-se a acessibilidade como um direito de todo e qualquer cidadão com quaisquer tipos de deficiência, previstos na lei federal nº 10.098, de 19 de dezembro do ano 2000, assim como em (BRASIL, 1988; DECLARAÇÃO DE



SALAMANCA, 1994; BRASIL, 1996; 2008; 2015). Portanto, é fundamental que novas reflexões e novas propostas sobre o uso da TA em salas de aula sejam revistas como um meio de acesso para comunicação e interação à cultura digital nos ambientes educacionais de ensino de modo mais inclusivo.

Tendo em vista a importância da TA, Alves et al. (2009) conceituam a TA como recursos, metodologias, estratégias e práticas que possibilitam aos estudantes com deficiência maior autonomia, qualidade de vida e inclusão social.

Nesta direção, este estudo buscou enfatizar a TA – Dosvox. Considerada um sistema de programação que se comunica com os usuários através da síntese de voz, ou seja, o computador por meio de um sintetizador de voz realiza a leitura da tela ao usuário. A TA – Dosvox é totalmente nacional, considerada o primeiro sistema comercial a sintetizar vocalmente textos genéricos para a língua portuguesa, viabilizando o uso de computadores por pessoas com deficiência visual, e possibilitando maior acessibilidade tecnológica, comunicação e interação (SOUZA; SANTAROSA, 2003).

A TA – Dosvox vem sendo desenvolvida desde o ano de 1993, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ. Assim, alguns estudos (DIAS; FRANÇA; BORGES, 2014; MAZZILLO, 2010; BORGES, 2009) ressaltam sobre a importância de fazer uso dessa tecnologia em sala de aula com alunos com deficiência visual, pois os possibilita melhor aprendizado e maiores perspectivas inclusivas.

Conforme Galvão Filho (2009), apesar da TA – Dosvox possibilitar a acessibilidade às pessoas com deficiência visual, há necessidade de os professores buscarem maior formação sobre a funcionalidade e uso do sistema de programação da tecnologia, pois a qualidade de ensino é essencial em sala de aula, principalmente no processo inicial de estudantes com deficiência visual, nos anos iniciais do ensino fundamental.

De acordo com Prais e Rosa (2017), a temática sobre a formação dos professores tem gerado muitas discussões frente à necessidade emergente para se efetivar a educação inclusiva de pessoas com alguma deficiência em sala de aula. Os autores retratam carência na formação pedagógica dos professores. Para prestar atendimento pedagógico às pessoas com deficiência com qualidade no processo de ensino e aprendizagem, as escolas de ensino regular precisam realizar flexibilizações/adaptações curriculares e estratégias pedagógicas que consistem basicamente na tomada de decisão dos professores juntamente com a equipe pedagógica, buscando proporcionar uma ação educativa escolar que atenda as peculiaridades dos estudantes com deficiência, possibilitando assim um currículo mais dinâmico, alterável e



RIAEE – Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 16, n. esp. 4, p. 3086-3105, dez. 2021. e-ISSN: 1982-5587



passível de ampliação que atenda a todos os estudantes, sem perda de conteúdo (BRASIL, 2003).

Nesse sentido, esse estudo objetiva contribuir com a formação inicial de professores de um curso de Pedagogia por meio da TA – Dosvox, tendo em vista a concepção do processo de ensino e aprendizagem inclusivo a estudantes com deficiência visual, pensando no processo de ensino de forma mais inclusiva.


A contribuição da Tecnologia Assistiva Dosvox para pessoas com deficiência visual


A TA – Dosvox é considerada como um dos recursos didáticos tecnológicos utilizados para o processo de ensino e aprendizagem de estudantes com deficiência visual em salas de aula. Esta tecnologia disponibiliza a possibilidade de acessibilidade digital e inclusiva para estes estudantes. Nesta direção, Sonza e Santarosa (2003) evidenciam em seus estudos a acessibilidade que a TA – Dosvox pode promover, e destacam que tanto o Software quanto o Hardware são projetos originais e de baixa complexidade, adequados à realidade dos estudantes com deficiência visual, bem como detalha as modificações que o sistema vem sofrendo em suas versões, sendo a última a versão 5.0c (BORGES, 2009).

O sistema de programação da TA – Dosvox se constitui como um leitor de tela que utiliza de sintetizadores de voz, permitindo a leitura e as informações na tela do computador pelo usuário. Está disponível para pessoas com deficiência visual e as demais que tiverem interesse em utilizá-lo. O programa é distribuído nas versões para Windows.

A Figura 1 apresenta alguns dos programas contidos na versão 5.0c da TA – Dosvox.


Figura 1 – Tela do Sistema Dosvox versão 5.0c


Fonte: Acervo das pesquisadoras (2019)


Borges (2002), juntamente com o Núcleo de Computação Eletrônica – NCE, salientam que o desenvolvimento da TA – Dosvox possibilita maior tecnologia da computação,




rompendo com barreiras e possibilitando às pessoas com deficiência visual escrever e ler o que os outros escrevem, pois até então o sistema Braille era utilizado apenas por pessoas que dele tinham conhecimento, ou seja, uma minoria.

Conforme Sá, Campos e Silva, (2007, p. 23), o sistema Braille “[...] é composto por seis (6) pontos combinados entre si, com um total de 63 possibilidades. Criado por Louis Braille como forma de linguagem escrita para pessoas com deficiência visual”. Antes do desenvolvimento da TA – Dosvox, Borges (2009, p. 99) salienta que “[...] as pessoas cegas viviam num gueto cultural, onde um cego só escrevia para outro cego ler”, porém, nesse contexto atual tudo está diferente, os cegos podem se comunicar e usufruir da tecnologia como qualquer outra pessoa vidente, eles têm acesso a várias informações e conhecimentos. Considera-se que o advento do computador é uma fonte para a inclusão digital das pessoas com deficiência visual.

Neste viés, Moran (2013) evidencia que as TA são consideradas uma inovação para o âmbito educacional de ensino e são essenciais para o desenvolvimento dos estudantes, pois possibilitam a comunicação e a interação, sendo fundamentais para o processo de ensino, visto que se integram, se completam e se combinam. Sendo assim, é importante ressaltar que a TA – Dosvox é um recurso importante para a acessibilidade de estudantes com deficiência visual.

É importante destacar que há outras TA que podem ser utilizadas como recursos didáticos em salas de aula por estudantes com deficiência visual, as quais também possibilitam a inclusão digital e a comunicação, dentre elas, Virtual Vision, Jaws e o NVDA. Porém, esse estudo buscou abordar a TA – Dosvox devido à gratuidade e à facilidade de acesso para qualquer usuário com deficiência visual. Para Borges (2002), a maior diferença entre o Dosvox e os demais programas computacionais que estão disponíveis para auxiliar os estudantes com deficiência visual reside no fato de que o Dosvox não é apenas “[...] uma casca de interface colocada sobre os programas convencionais, mas um ambiente operacional totalmente projetado com características de comunicação coerentes com as do cego” (BORGES, 2002, p. 23). Essas características de comunicação visam a considerar as particularidades das pessoas com deficiência visual, a possibilitar maior interação social, cultural e de acessibilidade digital.

Conforme Borges (2002), a TA – Dosvox amplia o processo de comunicação e a relação social. Isso remete à luz da teoria de Vygotsky (1997), médico, professor e psicólogo, considerado como um dos pioneiros em estudos sobre o desenvolvimento de pessoas com deficiência. O autor desenvolveu a teoria Histórico-Cultural, a qual discute a relação entre a

RIAEE – Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 16, n. esp. 4, p. 3086-3105, dez. 2021. e-ISSN: 1982-5587



aprendizagem e o desenvolvimento da criança a partir de mediações e relações sociais e culturais. Segundo Vygotsky (1997), os meios aplicados no processo de aprendizagem de pessoas cegas iniciam-se, frequentemente, com sua cultura, propondo:


[...] formas culturais peculiares, especialmente criadas para o desenvolvimento cultural da criança com deficiência. A ciência conhece uma série de sistemas culturais artificiais que oferecem interesse teórico. Junto com o alfabeto visual, que é usado por toda a humanidade, um alfabeto tátil especial de caracteres pontilhados foi criado para cegos [...] os processos de domínio e uso desses sistemas culturais auxiliares são distinguidos por sua profunda peculiaridade em comparação com o uso dos meios usuais de cultura (VYGOTSKY, 1997, p. 27, tradução nossa)3.


Diante dos avanços tecnológicos e das novas leis que regem o direito à educação das pessoas com deficiência visual, a TA – Dosvox possibilita para além de ler com as mãos, e indica novos caminhos voltados para a inclusão digital transformadora e com equidade de direitos sociais, culturais e tecnológicos. Para Vygotsky (1997), o termo cultural e social deve estar contextualizado com a realidade das pessoas com deficiência visual para que o efeito da inter-relação se torne constitutivo.


Metodologia


Este estudo é de natureza aplicada, tem por objetivo “[...] gerar conhecimentos para aplicação prática, dirigidos à solução de problemas específicos” (GERHARDT; SILVEIRA, 2009, p. 35).

Apresenta uma abordagem qualitativa. A estratégia que atende aos objetivos propostos é o estudo de caso, por se tratar das contribuições e desafios que serão enfrentados por professores em formação inicial de um curso de Pedagogia em sala de aula. Para Lüdke e André (1996), o ponto central do estudo de caso incide sobre suas particularidades, mesmo que, posteriormente, evidenciem-se semelhanças com outros casos ou situações. O estudo de caso visa à descoberta, acontece de forma contextualizada, retratando a realidade de forma complexa e profunda.

Este estudo foi desenvolvido em uma instituição pública de Ensino Superior, localizada no interior do estado do Paraná, contando com a participação de vinte e cinco professores em formação inicial de um curso de Pedagogia e um professor cego, o qual se


3 [...] formas culturales peculiares, creadas especialmente para que se realice el desarrollo cultural del nino deficiente. La ciencia conoce una cantidad de sistemas culturales artificiales que ofrecen interés teórico. A la par con el alfabeto visual, que es utilizado por toda la humanidad, se ha creado para los ciegos un alfabeto especial táctil, de caracteres punteados [...] los procesos de dominio y utilización de estos sistemas culturales auxiliares se distinguen por su profunda peculiaridad en comparación con el uso de los medios habituales de la cultura (VYGOTSKY, 1997, p. 27).


RIAEE – Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 16, n. esp. 4, p. 3086-3105, dez. 2021. e-ISSN: 1982-5587



nominou como Joaquim, nome fictício a fim de manter sua identidade e integridade. O professor Joaquim atua como professor de informática e TA em uma escola de ensino fundamental na modalidade de educação especial. Os participantes aceitaram participar do estudo, assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

Os instrumentos utilizados para a coleta dos dados foram: gravações em áudio e vídeo, as quais foram transcritas na íntegra; fotos; intervenção prática para formação inicial dos professores. A intervenção teve duração de oito (8) aulas. O espaço e o tempo para a realização da intervenção foram disponibilizados por uma professora responsável pela disciplina de Novas Tecnologias Aplicadas à Educação na Instituição. Essa disciplina consta na grade do segundo ano (2º) do curso de Pedagogia. Segundo o Projeto Político Pedagógico (PPP) da Instituição, a disciplina tem por objetivo orientar sobre os Ambientes informatizados de aprendizagem; o papel da escola e do professor no processo ensino e aprendizagem, e na organização de atividades para a prática pedagógica utilizando o computador.

Dessa forma, a intervenção que foi conduzida pelo Professor Joaquim foi estruturada em três momentos: no primeiro momento os professores em formação inicial foram vendados durante a apresentação inicial da TA – Dosvox. No segundo momento, os professores não fizeram uso das vendas durante o processo da intervenção sobre a TA – Dosvox. Joaquim ensinou passo a passo aos professores sobre o sistema de programação Dosvox. No terceiro momento, os professores foram convidados a formar duplas, um deles foi vendado. Um professor representou o estudante cego e o outro fez o papel de professor mediador. Essa ação teve como finalidade mostrar aos professores por meio da prática como é ensinar estudantes com deficiência visual no uso da TA – Dosvox. Em todos os momentos da intervenção os participantes fizeram uso do computador/notebook.

As atividades desenvolvidas com os professores durante a intervenção foram realizadas a partir do seguinte questionamento: como o professor pode iniciar o ensino sobre a TA – Dosvox de forma inclusiva para estudantes com deficiência visual?

O Quadro 1 apresenta as atividades desenvolvidas para a intervenção realizada com os professores em formação inicial de um curso de Pedagogia.


Quadro 1 – Atividades desenvolvidas na intervenção pedagógica


CONTEÚDO TA –

DOSVOX

MATERIAL UTILIZADO

PROGRAMAS

OBJETIVOS

Contextualização Histórica

Notebook Projetor multimídia


Apresentar a TA – Dosvox

Instalação do Programa

Pendrive

TA – Dosvox

Ensinar a facilidade para a Instalação do programa



Reconhecimento do

teclado por meio do sintetizador de voz

Notebook e Vendas para olhos


Testando o teclado

Identificar as teclas para analisar o uso no sistema

Programas da TA –

Dosvox

Notebook Vendas para olhos Projetor multimídia

Edivox Jogavox

Acesso à internet


Apresentar e explorar cada programa e seu uso

Programas da TA –

Dosvox

Notebook


TA – Dosvox

Compreender o sistema da TA

Dosvox de modo geral

Programas da TA –

Dosvox

Notebook Vendas para olhos


TA – Dosvox

Buscar enfatizar o processo inicial de ensino aprendizagem no uso TA inclusiva

Fonte: Acervo das pesquisadoras (2019)


A proposta para a intervenção do ensino sobre o uso inclusivo da TA – Dosvox foi elaborada a partir da concepção da teoria Histórico Cultural (VYGOTSKY, 1991; 1997).


Resultados e Discussão


A intervenção prática foi realizada pelo professor Joaquim para vinte e cinco professores em formação inicial de um curso de Pedagogia sobre a TA – Dosvox. Foi estruturada em três momentos, em todos os momentos fez-se uso do computador/notebook.

No primeiro momento foi proporcionado aos professores vivências de ensino sobre a TA – Dosvox com os olhos vendados, para que eles pudessem temporariamente perceber como as pessoas com deficiência visual aprendem e se relacionam. É relevante destacar que os professores participantes do estudo se sentiram pouco à vontade no primeiro contato com o professor Joaquim. A experiência mostrou duas circunstâncias: a primeira corresponde ao fato de o professor ser cego. A segunda leva-nos a refletir pelo fato de os professores em formação inicial não terem contado com nenhum professor cego nos espaços da universidade.

Frente a esse contexto, vale assinalar que independente da deficiência, todas as pessoas têm os mesmos direitos à educação sem qualquer discriminação (BRASIL 2015). Dessa forma, a intervenção prática teve como intuito impressionar os professores em formação inicial, para que eles pudessem compreender que é possível uma pessoa com deficiência visual ensinar e aprender nos mesmos ambientes educacionais de ensino que os demais estudantes. Nesta perspectiva, Kassar (2011) ressalta que, aos poucos, as políticas públicas são implementadas e conduzidas nas formações de professores, evitando-se assim situações que podem ser geradas por falta de informações sobre o processo inclusivo.

No entanto, após algumas interações e informações entre os professores em formação inicial e o professor Joaquim ocorreram as primeiras aproximações. Vários questionamentos




foram levantados pelos professores. O que nos chamou a atenção foi quando uma professora perguntou ao professor Joaquim: “[...] se você nasceu cego como você fazia para estudar quando o professor passava algo no quadro para copiar? Alguém te auxiliava em sala de aula?” (PROFESSORA EM FORMAÇÃO INICIAL, 2019).

O professor Joaquim respondeu:


[...] antes do surgimento da TA – Dosvox eu utilizava o Braille, mas, após o desenvolvimento desta tecnologia o estado disponibilizava notebook, o que possibilitou muito meu desenvolvimento. O auxílio que eu tinha no processo de ensino-aprendizagem veio da escola de educação especial para pessoas com deficiência visual, em que os professores especializados na área davam apoio aos professores do ensino regular que eu estudava. Essa escola especializada que me auxiliou é a mesma que hoje eu atuo como professor (PROFESSOR JOAQUIM, 2019).


Constatou-se na resposta do professor Joaquim que é possível perceber a necessidade de maior formação dos professores que atuam na rede regular de ensino para o processo da inclusão. Segundo Dorziat (2014), este processo tem se agravado também pela superlotação de alunos em sala de aula, o que acaba sobrecarregando o trabalho dos professores. Nessa concepção, a autora esclarece que ainda nos tempos atuais não superamos o processo de discriminação nas salas de aula. Com isso, há muito trabalho pela frente para chegarmos ao processo inclusivo que possa impactar as práticas pedagógicas.

Diante de alguns questionamentos suscitados pelos professores no decorrer da intervenção prática, eles mostraram-se envolvidos com as propostas das atividades sobre a TA

Dosvox e, ao longo do processo, os professores foram percebendo que as pessoas com deficiência visual podem se destacar tanto quanto qualquer outra pessoa vidente (que enxerga) no processo de docência ao ensino. Após as mediações realizadas entre os participantes a intervenção prática iniciou-se, o professor Joaquim apresentou aos professores de modo geral algumas contextualizações históricas sobre o surgimento da TA – Dosvox (BORGES, 2009; 2002). Para maiores subsídios teóricos e práticos, o professor utilizou como recursos didáticos o notebook e um projetor multimídia, como mostra a Figura 2:




Figura 2 – Professor Joaquim apresentando a TA – Dosvox aos professores em formação inicial


Fonte: Acervo das pesquisadoras (2019)


O professor Joaquim diante da sua intervenção esclarece aos professores que a tecnologia facilita a vida das pessoas com deficiência visual, pois ela permite novas fontes de comunicação, dentre elas, acessibilidade para maiores informações a outros meios culturais, conhecimentos científicos e entretenimento.

Após o professor finalizar sobre a contextualização histórica, iniciou-se o processo de ensino e acesso para a instalação do Programa Dosvox nos notebooks dos professores. Para a instalação, o professor Joaquim utilizou-se de um pendrive, como forma de aproveitamento do tempo. Porém, Borges (2009) destaca que o programa oficial disponibiliza o acesso da instalação direto à rede de internet. Durante a instalação, instruídos pelo professor Joaquim, os professores aprenderam como alterar os sintetizadores de voz no programa Dosvox.

Nesse ínterim do processo de instalação, foi possível observar que os professores demonstraram dificuldades para a instalação. Assim, necessitaram da intervenção individual do professor Joaquim para realização do processo. Esse momento foi essencial para os professores refletirem sobre o quanto é importante olhar para o outro sem preconceitos. Para Nunes e Lomônaco (2010, p. 59), as pessoas com deficiência visual são tidas como portadoras de características e estereótipos historicamente construídos pela sociedade, portanto, há necessidade de romper com essa concepção, pois “[...] esse preconceito impede que se perceba o cego como um ser humano”.

Com a instalação do programa da TA – Dosvox concluída, os professores foram convidados a conhecer o programa de uma forma que intentava maiores aproximações com o colocar-se no lugar de uma pessoa com deficiência visual, “com os olhos vendados”. Segundo o professor Joaquim, a didática utilizada teve como intuito possibilitar aos professores uma imersão do seu mundo, no sentido de como ele vê, sente e aprende, não utilizando a visão, mas outros sentidos.




Nesta concepção de ensino e após todos os professores estarem vendados, o professor Joaquim iniciou a apresentação sobre TA – Dosvox a partir da atividade no Programa TESTAR O TECLADO. Este programa tem como intuito oportunizar aos estudantes cegos o reconhecimento do teclado. Assim, os professores vendados tiveram que identificar as teclas para analisar o que cada uma executa no sistema. Iniciou-se pelas letras do alfabeto contidas no teclado do computador/notebook a partir do tato e da audição.

A Figura 3 apresenta o momento da intervenção realizada com os professores com os olhos vendados.


Figura 3 – Intervenção prática: atividade testando o teclado


Fonte: Acervo das pesquisadoras (2019)


Frente à prática realizada, faz-se um paralelo ao que Vygotsky (1997) sinaliza sobre o que a falta de visão pode ocasionar. O teórico considera que a cegueira, ao criar uma nova e peculiar configuração de personalidade nas pessoas, origina “[...] novas forças, modifica as direções normais das funções, reestrutura e molda criativa e organicamente a psique do homem. Portanto, a cegueira não é apenas um defeito, uma deficiência, mas também, uma fonte de revelação de habilidades, uma vantagem, uma força” (VYGOTSKY, 1997, p. 99, tradução nossa)4.

Vale salientar que o professor Joaquim, por diversas vezes durante o processo da intervenção, evidencia que o momento proporcionado aos professores vendados faz com que eles se colocassem no seu mundo, compreendendo por meio prático como as coisas podem ser vistas. Nessa direção, Vygotsky (1997) enfatiza que a pessoa com deficiência visual utiliza outros sentidos para aprender e se envolver nos espaços sociais, portanto, é importante que os mediadores do conhecimento se envolvam com práticas necessárias para novas mudanças de ver, pensar e repensar suas ações.

4 [...] nuevas fuerzas, modifica las direcciones normales de las funciones, reestructura y forma creativa y organicamente la psique del hombre. Por consiguiente, la ceguera es no solo un defecto, una deficiencia, sino tambien, una fuente de revelacion de aptitudes, una ventaja, una fuerza (VYGOTSKY, 1997, p. 99).

RIAEE – Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 16, n. esp. 4, p. 3086-3105, dez. 2021. e-ISSN: 1982-5587



Durante a prática da atividade testar o teclado, os professores demonstraram algumas dificuldades, dentre elas: concentrar-se para realização da atividade, tendo em vista que era um grande grupo, e eles precisavam fazer uso da audição para ouvir o que o computador falava por meio do sintetizador de voz. O tato também foi um dos sentidos que os professores tiveram dificuldades por serem totalmente videntes. A digitação no teclado sem o uso da visão foi a maior dificuldade apresentada pelos professores.

Nesse sentido, Silva et al. (2018) demonstram que é necessário colocar-se no lugar do outro e observar que a superação que a pessoa cega necessita para entender-se na sociedade carece, muitas vezes, de olhares sem preconceito, da compreensão de como eles veem o mundo a partir do uso dos sentidos como o tato, a audição, o paladar e o olfato. Por meio da intervenção prática foi possível perceber que os professores em formação inicial foram compreendendo melhor sobre o processo inclusivo, no sentido de como as pessoas com deficiência visual aprendem e se inter-relacionam nos espaços da sociedade.

Após a realização da atividade testar o teclado, os professores, ainda vendados, foram convidados a explorar cada programa e sua usabilidade, tais como: edivox, jogos, jogavox, acesso à internet, dentre outros. Os vinte e cinco professores participantes do estudo não conseguiram finalizar as atividades propostas no programa Dosvox vendados. Nesse contexto, alguns estudos (PADILHA; OLIVEIRA, 2016; NUNES; LOMÔNACO, 2010; VYGOTSKY,

1997) evidenciam sobre a necessidade de o professor colocar-se no lugar do estudante e de conhecer as formas de aprendizado das pessoas com deficiência visual em vários espaços, sendo educacionais, sociais ou culturais.

Para finalizar o primeiro momento da intervenção prática, o professor Joaquim pediu para que os professores retirassem suas vendas e olhassem para a tela do computador/notebook para analisarem e refletirem sobre o que escreveram no programa Edivox, o qual se pode considerar como o Word utilizado por pessoas videntes. Todos os professores se surpreenderam, pois não conseguiram realizar com finalizações as atividades, das quais uma delas foi a realização da escrita do nome no programa. Sendo assim, um dos professores relata:


[...] foi importante esse momento, eu nunca havia colocado uma venda e ficado tanto tempo sem enxergar, realmente é muito difícil, a partir de hoje, vejo como de fato uma pessoa com deficiência visual vive, eu sei que fiquei pouco tempo sem enxergar, mas mudei minha concepção! Quero aprender mais sobre o uso da TA – Dosvox para que eu possa utilizar em sala de aula com meus futuros alunos, caso tenha algum com deficiência visual, assim como outros recursos possíveis e que visem o processo inclusivo deles (PROFESSOR EM FORMAÇÃO INICIAL, 2019).





A intervenção prática realizada pelo professor Joaquim aos professores em formação inicial de Pedagogia partiu da concepção de Vygotsky (1991), no sentido de buscar a mediação entre eles e também a interação homem-ambiente pelo uso da linguagem. Para o teórico, “[...] a fala como tal, torna-se parte essencial do desenvolvimento cognitivo” (VYGOTSKY, 1991, p. 25). A partir do uso da linguagem, o professor Joaquim foi percebendo as carências expostas pelos professores sobre a TA. Então, ele foi mediando o uso da TA – Dosvox, envolvendo o processo inclusivo a partir de suas práticas e suas vivências durante a intervenção.

Em seguida, Joaquim levanta um questionamento aos professores: “[...] vocês se consideram preparados para receber uma pessoa com deficiência visual em sala de aula?”. De modo geral, os professores responderam que não se encontram preparados, mas que fariam o possível para proporcionar meios que se pautem no processo inclusivo para o conhecimento de pessoas com essa deficiência.

Em linhas gerais, Prais e Rosa (2017, p. 131) ressaltam que “[...] a formação de professores é um dos pontos críticos que podem influenciar na qualitativa efetivação das políticas inclusivas e consolidação de inclusão escolar”. Com a intenção de desmistificar este pensamento, esse estudo direcionou-se no sentido de contribuir com a formação inicial de professores, pensando no processo inclusivo em sala de aula. Sabe-se das dificuldades encontradas, mas incluir e ensinar é o papel fundamental de um professor.

No segundo momento, a intervenção foi mediada aos professores sem o uso das vendas. A intervenção obteve os mesmos direcionamentos da intervenção anterior, a qual também fez uso das atividades de programação da TA – Dosvox, edivox, jogos, jogavox, acesso à internet, dentre outros programas. Essa intervenção buscou explanar as ações do professor Joaquim frente ao processo de ensino e aprendizagem dos demais professores. Nesse sentido, o professor Joaquim usou a mediação por meio da linguagem e comandou as ações dos professores no uso do computador a partir dos sintetizadores de voz do programa Dosvox, ou seja, por meio da audição.

Ao que se refere ao uso da linguagem, Nunes; Lomonâco (2010, p. 56) salientam sua importância para o desenvolvimento humano, destacando que é inquestionável para o cego, pois “[...] a linguagem assume um papel ainda maior, porque as informações visuais a que ele não tem acesso podem ser parcialmente verbalizadas”. Essa acessibilidade foi percebida durante toda a intervenção.

Durante a apresentação da TA – Dosvox em que os professores não fizeram uso das vendas, demonstraram-se bem impressionados com a habilidade e o conhecimento do

RIAEE – Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 16, n. esp. 4, p. 3086-3105, dez. 2021. e-ISSN: 1982-5587



professor Joaquim no uso da TA, compreenderam a importância de colocar-se no lugar do outro. Nesse sentido, vale evidenciar que durante o processo de intervenção uma professora relata ao professor Joaquim:


[...] professor, quando eu estava com os olhos vendados eu tive muitas dificuldades em manipular o teclado do computador e compreender os sons e comandos que a máquina e você transmitiam. Pois, fui desafiada a retirar o sentido que eu mais utilizo a minha visão. Agora que estou sem as vendas, ainda sinto algumas dificuldades, mas, a forma como você ensina é surpreendente, como pode, você não ver nada, e nos auxiliar, mostrando nossos erros, nós que estamos enxergando? Estou muito feliz em ter essa possibilidade de aprender com você, pois me mostrou um processo de ensino ao qual eu jamais iria compreender, mas a experiência que você me proporcionou e aos meus colegas me fez ver o mundo de outra forma, ou seja, como você vê, pelos sons, tato, olfato, de maneira mais inclusiva (PROFESSORA EM FORMAÇÃO INICIAL, 2019).


A Figura 4 apresenta o momento da intervenção sobre a TA – Dosvox para os professores sem o uso das vendas:


Figura 4 – Intervenção prática: apresentação da TA – Dosvox


Fonte: Acervo das pesquisadoras (2019)


De modo geral, os professores apresentaram algumas dificuldades iniciais no processo de aprendizagem da TA – Dosvox, mas, ao final da intervenção, já estavam mais próximos da realidade vivenciada por pessoas com deficiência visual, no modo de como elas aprendem e fazem uso da TA.

É importante ressaltar que os professores necessitam desenvolver práticas que contextualizem a educação inclusiva, no sentido de possibilitar ao estudante uma equidade de condições para o conhecimento. Vygotsky (1997) salienta que o desenvolvimento das particularidades de uma pessoa cega deve ser respeitado.

No terceiro momento da intervenção, o professor Joaquim sugeriu que os professores colocassem em ação o que eles haviam aprendido no primeiro e segundo momento da intervenção sobre a TA – Dosvox. As ações tinham como propósito fazer com que os professores pudessem simular as práticas com estudantes com deficiência visual em sala de



aula. Sendo assim, os professores deveriam, com base no que haviam aprendido, desenvolver metodologias e didáticas voltadas para o processo de ensino e aprendizagem destes estudantes.

Para consolidar essas práticas os professores utilizaram o computador/notebook como recursos didáticos durante o processo de ensino da TA – Dosvox.

Os professores formaram duplas para a intervenção, um deles representou o estudante cego, sendo vendado, e o outro professor fez o papel do (mediador) com o intuito de ensinar a TA a partir dos programas contidos no Dosvox, ou seja, o conhecimento básico e inicial para o processo de ensino.

Durante a intervenção, este estudo considerou algumas ações realizadas pelos professores, dentre elas: os professores que representaram os (mediadores) do conhecimento, demonstraram pouca paciência no momento da intervenção, pois, segundo eles, os professores que representavam os (estudantes cegos) não estavam realizando a atividade proposta. Em contrapartida, os (estudantes cegos) salientaram que não estavam conseguindo compreender as ações comandadas pelos professores (mediadores), pois estavam vendados e não estavam ouvindo os comandos atribuídos a eles, pois havia muitas pessoas falando ao mesmo tempo.

Observa-se diante deste contexto a ausência do uso de instrumentos e da linguagem entre professores (mediadores) e os professores que representaram os (estudantes cegos). Segundo Vygotsky (1991), a situação da inter-relação é essencial para o desenvolvimento de ações para a externalização da linguagem. Nesse sentido, e devido às práticas apresentadas pelos professores em formação inicial, é necessário que revejam e reflitam suas ações durante o processo de ensino e aprendizagem inclusivo, sendo indispensável que o professor compreenda de que forma os estudantes com deficiência visual aprendem. Para Vygostsky (1997), encontra-se nas pessoas cegas um desenvolvimento de memória maior do que nas pessoas videntes, porém, isso não dispensa a necessidade de qualificação do professor para o ensino com estes estudantes.

Destacam-se alguns estudos abordados por Vygostsky (1997) referentes ao desenvolvimento de pessoas com deficiência visual:


[...] o último estudo comparativo de E. Kretschmer (1928) mostrou que os cegos têm melhor memória verbal, mecânica e racional. A. Petzeld cita exatamente esse fato, estabelecido por uma série de investigações (A. Petzeld, 1925). Biirklen compilou opiniões de muitos autores que concordam em uma coisa: afirmam que nos cegos a memória se desenvolve com particular força, que geralmente ultrapassa a memória dos videntes (VYGOSTSKY, 1997, p. 105, tradução nossa)5.


5 [...] el ultimo estudio comparativo de E. Kretschmer (1928) demostró que los ciegos poseen una mejor memoria verbal, mecanica y racional. A. Petzeld cita ese mismo hecho, establecido por una serie de investigaciones (A.

RIAEE – Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 16, n. esp. 4, p. 3086-3105, dez. 2021. e-ISSN: 1982-5587



Frente às práticas mediadas aos professores em formação inicial, foi possível observar que por estarem habituados apenas ao sentido visual, no momento em que foram vendados, se desestruturaram emocionalmente. Alguns professores que representaram os (mediadores) durante a intervenção começaram a falar muito alto com os outros professores que representavam os (estudantes cegos). Os professores mediadores acabaram pegando na mão dos estudantes cegos e realizaram as ações de forma mecânica, várias ações nesse sentido foram surgindo durante a intervenção. Porém, estas ações deveriam ser realizadas pelos estudantes cegos, de forma com que eles pudessem iniciar a apropriação do ensino da TA – Dosvox. Esta intervenção mostra a importância de trabalhar mais com a educação inclusiva na formação inicial de professores.

Considerando as ações dos professores, tanto os que representaram os mediadores quanto os que representaram os estudantes cegos, observa-se a necessidade de refletir sobre os quatro pensamentos essenciais para o desenvolvimento e aprendizagem da criança retratados por Vygotsky (1991): a interação, a internalização, a mediação e a zona de desenvolvimento proximal. Estes pensamentos desvelam o processo de ensino e de aprendizagem, que quando não é mediado acaba determinando a falta de estrutura no pensamento e na linguagem dos estudantes. Portanto, “[...] o desenvolvimento da memória das crianças deve ser estudado não somente com respeito às mudanças que ocorrem dentro do próprio sistema de memória, mas, também, com respeito à relação entre memória e outras funções” (VYGOTSKY, 1991, p. 37).

Segundo o teórico, é necessário que o professor e os estudantes aprendam a interagir a partir das relações sociais e culturais em que estão inseridos. Essa interação se dá por meio da linguagem, e não foi possível de observar durante a intervenção prática realizada entre os professores. Nesse contexto, Alvaristo (2019, p. 28) ressaltou que o professor “[...] tem grande importância no desenvolvimento da criança, pois ele é responsável por mediar conhecimentos, estimulando-a a se superar e a se apropriar de novos conceitos para aprendizagem”. Nesse sentido, o professor Joaquim ressalta aos professores frente à proposta de ensino pleiteada:


[...] observei que vocês tiveram muitas dificuldades em interagir um com o outro no momento do ensino da TA – Dosvox quero dizer-lhes que essa dificuldade na interação apresentada por vocês deve ser superada, pois é o primeiro passo para a execução do ensino de estudantes com deficiência visual. Pois estudantes, cegos como eu, necessitam da linguagem para aprender, isso exige paciência advinda do professor e do estudante. O tato tem grande função para esse processo, não adianta



Petzeld, 1925). Biirklen compilo opiniones de muchos autores que coinciden en una cosa: afirman que en lo ciegos la memoria se desarrolla con particular fuerza, que supera por lo general la memoria de los videntes (VYGOSTSKY, 1997, p. 105).


RIAEE – Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 16, n. esp. 4, p. 3086-3105, dez. 2021. e-ISSN: 1982-5587



você pegar na mão do estudante e fazer por ele, é preciso que você o ensine como faz, e pode fazer isso usando alguns instrumentos e a linguagem necessária até com que o estude se aproprie da TA – Dosvox (PROFESSOR JOAQUIM, 2019).


Diante do respaldo suscitado pelo professor Joaquim, cabe um paralelo com a perspectiva de Vygotsky (1991, p. 23), o qual evidencia que a linguagem “[...] habilita as crianças a providenciarem instrumentos auxiliares na solução de tarefas difíceis, a superar a ação impulsiva, a planejar uma solução para um problema antes de sua execução e a controlar seu próprio comportamento”. Portanto, é de suma importância que o professor no processo de sua formação inicial e após concluí-la procure novas especializações que possam contemplar suas práticas em sala de aula.


Considerações finais


O estudo teve como objetivo contribuir com a formação inicial de professores de um curso de Pedagogia por meio da Tecnologia Assistiva – Dosvox. Para tanto, este estudo contou com a participação de vinte e cinco professores de um curso de Pedagogia de uma Instituição Pública de Ensino Superior e um professor cego, o qual se nominou Joaquim. Diante da proposta, o estudo mediou intervenções práticas voltadas para o processo de ensino sobre o uso da TA – Dosvox, tendo em vista a concepção de ensino e aprendizagem inclusiva para estudantes com deficiência visual. As intervenções foram mediadas em três momentos pelo professor Joaquim aos professores em formação inicial; cada momento foi pensado com o intuito de contribuir com a formação destes professores de modo inclusivo à cultura digital, especificamente no uso da TA – Dosvox.

A TA – Dosvox vem sendo desenvolvida desde o ano de 1993 pelo Núcleo de Computação Eletrônica – NCE, da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ. Possui uma tecnologia de fácil acesso em seu sistema, totalmente nacional, considerada o primeiro sistema comercial a sintetizar vocalmente textos genéricos para a língua portuguesa; esses textos são produzidos por meio de um sintetizador de voz, programado para realizar a leitura da tela do computador às pessoas cegas, e tem como intuito possibilitar a acessibilidade e a inclusão de pessoas com deficiência visual ao uso da tecnologia digital, desmistificando paradigmas de que o cego não consegue fazer uso do computador, assim, proporcionando às pessoas com deficiência visual maior acesso à comunicação e à interação por meio digital.

Nesse contexto e com base nas intervenções realizadas aos professores em formação inicial de um curso de Pedagogia foi possível verificar que os professores apresentaram dificuldades no processo de instalação do programa da TA – Dosvox; na privação dos olhos e,

RIAEE – Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 16, n. esp. 4, p. 3086-3105, dez. 2021. e-ISSN: 1982-5587



em alguns momentos, da audição durante a realização e manipulação tátil do computador para realização das atividades; no uso da linguagem; na inter-relação com os colegas, entre outros. Devido às práticas e ações apresentadas pelos professores em formação inicial se faz necessário rever e refletir sobre essas ações durante o processo educativo inclusivo.

Os resultados revelaram que as intervenções realizadas pelo professor Joaquim aos professores em formação inicial contribuíram com a aquisição de novas concepções sobre o processo de ensino e aprendizagem inclusivo da TA – Dosvox, assim como a se reconhecerem e se autoavaliarem pedagogicamente no processo de ensino inclusivo às pessoas com deficiência visual, principalmente no modo de ensinar e aprender com um professor cego, bem como a importância da alteridade durante a mediação em salas de aula.


REFERÊNCIAS


ALVARISTO, E. F. Uma ferramenta para elaboração de conceitos matemáticos para estudantes com deficiência visual: gráfico em pizza adaptado. 2019. 103 f. Dissertação (Mestrado em Ensino de Ciência e Tecnologia) – Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Ponta Grossa, 2019.


ALVES, F. C. C. et al. Assistive technology applied to education of students with visual impairment. Pan American Journal of Public Health, Washington, p. 148-152, 2009.


BORGES, J. A. Do Braille ao Dosvox - Diferenças nas vidas dos cegos brasileiros. 2009. 343 f. Tese (Doutorado em Engenharias de sistemas e computação) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. 2009.


BORGES. J. A. Projeto Dedinho – DOSVOX: Uma nova realidade educacional para Deficientes Visuais. Rio de Janeiro, 2002. Disponível em: http://intervox.nce.ufrj.br/dosvox/textos/artfoz.doc. Acesso em: 17 maio 2019.


BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil 1988. Brasília, DF, 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 10 maio 2021.


BRASIL. Estatuto da Pessoa com Deficiência. Legislação Brasileira de Inclusão da pessoa com deficiência. Brasília, DF: Estatuto da Pessoa com Deficiência, 2015. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato20152018/2015/lei/l13146.htm. Acesso em: 19 fev. 2019.


BRASIL. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional, 1996. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm. Acesso em: 15 jan. 2019.


BRASIL. Ministério da Educação. Declaração de Salamanca e Princípios, Políticas e Práticas na Área das Necessidades Educativas Especiais. Brasília, DF: MEC, 1994.



BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Diretrizes nacionais para educação especial na educação básica. Brasília, DF: MEC; SEESP, 2001.


BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Brasília, DF: MEC/SEESP, 2008. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/politicaeducespecial.pdf. Acesso em: 12 jan. 2019.


BRASIL. Saberes e Práticas da Inclusão. Estratégias para a educação de alunos com necessidades educacionais especiais. Brasília: MEC/SEF/SEESP. 2003. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/me000428.pdf. Acesso em: 10 out. 2019.


DIAS, A.; FRANÇA, J.; BORGES, A. Jogavox: uma abordagem de aprendizagem colaborativa com pessoas deficientes visuais. Rio de Janeiro: NCE, UFRJ, 2014. 14 p.


DORZIAT, A. O profissional da inclusão escolar. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, v. 43, n. 150, 2014. p. 986-1003, set./ dez.


GALVÃO FILHO. T. A. Tecnologia Assistiva para uma Escola Inclusiva: Apropriação, Demandas e Perspectivas. 2009. 346 f. Tese (Doutorado) – Universidade Federal da Bahia, 2009. Disponível em: https://repositorio.ufba.br/ri/bitstream/ri/10563/1/Tese%20Teofilo%20Galvao.pdf. Acesso em: 10 ago. 2019.


GERHARDT, E. T; SILVEIRA, T. D. Métodos de pesquisa: planejamento e gestão para o desenvolvimento rural da SEAD/UFRGS. 2009. Porto Alegre, RS: Ed. da UFRGS.


KASSAR, M. C. M. Educação especial na perspectiva da educação inclusiva: desafios da implantação de uma política nacional, 2011. Educar em Revista, v. 41, n. 1, p. 61-79.


LÜDKE, M.; ANDRÉ, M. E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986.


MAZZILLO, B. I. Dosvox o que você deseja? Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro. 2010.

MORAN, J. M. A contribuição das tecnologias na educação. São Paulo. Papirus, 2013. NUNES, S. LOMÔNACO, J. F. B. O aluno cego: preconceitos e potencialidades. Rev.

Semestral da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional, v. 14, n. 1, p. 55- 64, 2010.


PADILHA, L. M. A.; OLIVEIRA, M. I. Conhecimento, trabalho docente e escola inclusiva.

Journal of Research in Special Educational Needs, v. 16, n. 1, p. 318-322, 2016. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/epdf/10.1111/1471-3802.12294. Acesso em: 15 maio 2019.



RIAEE – Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 16, n. esp. 4, p. 3086-3105, dez. 2021. e-ISSN: 1982-5587



PRAIS, S. L. J.; ROSA, F. V. A formação de professores para a inclusão tratada na revista brasileira de educação especial: uma análise. Rev. Educação Especial, v. 30, n. 57, p. 129- 144, jan./abr. 2017.


SÁ, D. E.; CAMPOS, M. I.; SILVA, C. B. M. Atendimento educacional especializado: deficiência visual. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial, 2007.


SILVA, R. C. S. et al. Cegueira adquirida: implicações sociais, culturais e educacionais. Rev. Tecné, Episteme y Didaxis, 2018. Disponível em: https://revistas.pedagogica.edu.co/index.php/TED/article/view/9066. Acesso em: 10 jun.2019.


SONZA, P. A.; SANTAROSA, C. M. L. Ambientes Digitais Virtuais: Acessibilidade aos Deficientes Visuais. Rev. Novas Tecnologias da Educação, 2003. Disponível em:http://seer.ufrgs.br/renote/article/viewFile/13637/7715. Acesso em: 09 ago. 2019.


VYGOTSKY, L. S. Fundamentos de defectología. In: Obras escolhidas. Moscú: Editorial Pedagógica, 1997.


VYGOTSKY, L. S. Pensamento e Linguagem. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1991.


Como referenciar este artigo


ALVARISTO, E. F.; SANTINELLO, J. As contribuições da Tecnologia Assistiva Dosvox para professores em formação inicial: intermediando práticas tecnológicas inclusivas. Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 16, n. esp. 4, p. 3086-3105, dez. 2021. e-ISSN: 1982-5587. DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v16iesp.4.15600


Submetido em: 22/08/2021

Revisões requeridas em: 30/10/2021 Aprovado em: 10/12/2021 Publicado em: 30/12/2021



LAS CONTRIBUICIONES DE LA TECNOLOGÍA DE ASISTENCIA DOSVOX PARA MAESTROS EN FORMACIÓN INICIALES: PRÁCTICAS INCLUSIVAS INTERMEDIAS


AS CONTRIBUIÇÕES DA TECNOLOGIA ASSISTIVA DOSVOX PARA PROFESSORES EM FORMAÇÃO INICIAL: INTERMEDIANDO PRÁTICAS TECNOLÓGICAS INCLUSIVAS


THE CONTRIBUTIONS OF DOSVOX ASSISTIVE TECHNOLOGY FOR INITIAL TRAINING TEACHERS: INTERMEDIATING INCLUSIVE TECHNOLOGICAL PRACTICES


Eliziane de Fátima ALVARISTO1

Jamile SANTINELLO2


RESUMEN: El estudio tiene como objetivo contribuir a la formación inicial de los docentes em un curso de pedagogía a través de la tecnología de asistencia – Dosvox, em vista del concepto de enseñanza y aprendizaje inclusivo para estudiantes con discapacidad visual. Se utilizó un enfoque cualitativo de carácter aplicado, con el estudio de caso como estrategia de investigación. Se llevó a cabo en una Institución Pública de Educación Superior, ubicada en interior del estado de Paraná, y reúne como participantes a veinticinco maestros en capacitación inicial en un curso de pedagogía y uno maestro ciego. Los instrumentos utilizados para el análisis de datos fueron: grabaciones de audio y video, fotos e intervención práctica sobre el uso de la tecnología de asistencia – Dosvox. Los datos fueron analizados a partir de la teoría Histórico-Cultural. Los resultados revelan que las intervenciones realizadas por el maestro ciego a los maestros em la capacitación inicial de un curso de pedagogía contribuyeron a la adquisición de nuevos conceptos sobre el proceso inclusivo de enseñanza y aprendizaje de la tecnología de asistencia – Dosvox, permitiendo a los maestros reconocerse y autoevaluarse pedagógicamente en el proceso de educación inclusiva para personas con discapacidad visual, entre ellos, en la forma de enseñar y aprender con un maestro ciego.


PALABRAS CLAVE: Formación inicial del maestro. Tecnología de Asistencia Dosvox. Discapacidad visual. Inclusión. Enseñanza superior.


RESUMO: O estudo tem como objetivo contribuir com a formação inicial de professores de um curso de Pedagogia por meio da Tecnologia Assistiva – Dosvox, tendo em vista a concepção de ensino e aprendizagem inclusiva para estudantes com deficiência visual. Utilizou-se da abordagem qualitativa de natureza aplicada, tendo como estratégia de


1 Universidad Estatal del Medio Oeste (UNICENTRO), Guarapuava – PR – Brasil. Maestro de DDepartamento de Pedagogía, Docente del Centro de Servicios Especializados en el área de discapacidad visual (CAEE) y Profesor de Sala de Recursos Multifuncionales - SEMEC. Estudiante de doctorado en el Programa de Posgrado en Educación (UNICENTRO). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-1549-4176. E-mail: elizianealvaristo@unicentro.br

2 Universidad Estatal del Medio Oeste (UNICENTRO), Guarapuava – PR – Brasil. Profesor en Pestudiante de posgrado en Educación y el Departamento de Pedagogíaella. Doctor en Comunicación (UFRJ). ORCID: https://orcid.org/0000-0003-1136-2421. E-mail: jamile@unicentro.br

RIAEE – Revista Iberoamericana de Estudios en Educación, Araraquara, v. 16, n. esp. 4, p. 3092-3112, dic. 2021. e-ISSN: 1982-5587



pesquisa o estudo de caso. O estudo foi realizado em uma instituição pública de ensino superior, localizada no interior do estado do Paraná, e traz como participantes vinte e cinco professores em formação inicial de um curso de Pedagogia e um professor cego. Os instrumentos utilizados para a análise dos dados foram: gravações em áudio e vídeo, fotos e intervenção prática sobre o uso da Tecnologia Assistiva – Dosvox. Os dados foram analisados a partir da teoria Histórico-Cultural. Os resultados revelam que as intervenções realizadas pelo professor cego aos professores em formação inicial de um curso de Pedagogia contribuíram com a aquisição de novas concepções sobre o processo de ensino e aprendizagem inclusivo da Tecnologia Assistiva – Dosvox, possibilitando aos professores reconhecerem-se e autoavaliarem-se pedagogicamente no processo de ensino inclusivo às pessoas com deficiência visual, dentre eles, no modo de ensinar e aprender com um professor cego.


PALAVRAS-CHAVE: Formação inicial de professores. Tecnologia Assistiva Dosvox. Deficiência visual. Inclusão. Ensino superior.


ABSTRACT: The study aims to contibute to the initial training of teachers in a Pedagogy course through Assistive Technology - Dosvox, in view of the concepto of inclusive teaching and learning for students with visual impairments. For this study, a qualitative approach of an applied nature was used, having as a research strategy the case study. It was carried out in a public institution of higher education, located in the interior of the Paraná, and brings as participants twenty-five teachers in initial formation of a course of pedagogy and a blind teacher. The instruments used for data analysis were: audio and video recordings, photos and practical intervention on the use of Assistive Technology - Dosvox. The data were analyzed from the historical-cultural. The results reveal that the interventions carried out by the blind teacher to the teachers in the initial formation of a pedagogy course contributed to the acquisition of new conceptions about the inclusive teaching and learning processo of Assistive Technology - Dosvox, allowing teachers to recognize and self-assess themselves pedagogically in the process of inclusive education for people with visual impairments, among, them, in the way of teaching and learning with a blind teacher.


KEYWORDS: Initial teacher training. Dosvox Assistive Technology. Visual impairment. Inclusion. Higher education.


Introducción


Las propuestas sobre el uso de la Tecnología Asistencial - TA en las aulas han sido ampliamente discutidas por los profesionales de la educación, dado que se refiere a las perspectivas de mejoras en el proceso de aprendizaje inclusivo de los estudiantes con discapacidades, trastornos del desarrollo global y altas habilidades / superdotaciones, incluidas en la Política Nacional de Educación Especial desde la Perspectiva de la Educación Inclusiva (BRASIL, 2008).

En este sentido, la accesibilidad es considerada como un derecho de cualquier ciudadano con cualquier tipo de discapacidad, previsto en la ley federal Nº 10.098, de 19 de


diciembre de 2000, así como en (BRASIL, 1988; DECLARACIÓN DE SALAMANCA, 1994; BRASIL, 1996; 2008; 2015). Por ello, es fundamental que se revisen nuevas reflexiones y nuevas propuestas sobre el uso de la TA en las aulas como medio de acceso para la comunicación e interacción a la cultura digital en entornos educativos docentes de una forma más inclusiva.

En vista de la importancia de la TA, Alves et al. (2009) conceptualizan la TA como recursos, metodologías, estrategias y prácticas que permiten a los estudiantes con discapacidad una mayor autonomía, calidad de vida e inclusión social.

En esta dirección, este estudio buscó enfatizar TA - Dosvox. Considerado un sistema de programación que se comunica con los usuarios a través de la síntesis de voz, es decir, el ordenador a través de un sintetizador de voz realiza la lectura de la pantalla al usuario. TA – Dosvox es totalmente nacional, considerado el primer sistema comercial en sintetizar vocalmente textos genéricos para el idioma portugués, permitiendo el uso de computadoras por personas con discapacidad visual, y permitiendo una mayor accesibilidad tecnológica, comunicación e interacción (SOUZA; SANTAROSA, 2003).

TA – Dosvox ha sido desarrollado desde 1993, por la Universidad Federal de Río de Janeiro - UFRJ. Así, algunos estudios (DIAS; FRANCIA; BORGES, 2014; MAZZILLO, 2010; BORGES, 2009) enfatizan la importancia de hacer uso de esta tecnología en el aula con estudiantes con discapacidad visual, ya que les permite aprender perspectivas mejores y más inclusivas.

Según Galvão Filho (2009), aunque TA – Dosvox permite la accesibilidad a las personas con discapacidad visual, existe la necesidad de que los maestros busquen una mayor capacitación sobre la funcionalidad y el uso del sistema de programación tecnológica, porque la calidad de la enseñanza es esencial en el aula, especialmente en el proceso inicial de los estudiantes con discapacidad visual, en los primeros años de la escuela primaria.

Según Prais e Rosa (2017), el tema sobre la formación docente ha generado muchas discusiones ante la necesidad emergente de efectuar la educación inclusiva de las personas con discapacidad en el aula. Los autores retratan una falta en la formación pedagógica de los docentes. Con el fin de brindar atención pedagógica a las personas con discapacidad de calidad en el proceso de enseñanza y aprendizaje, las escuelas regulares necesitan realizar flexibilidades/adaptaciones curriculares y estrategias pedagógicas que consistan básicamente en la toma de decisiones docentes junto con el equipo pedagógico, buscando brindar una acción educativa escolar que satisfaga las peculiaridades de los estudiantes con discapacidad,



RIAEE – Revista Iberoamericana de Estudios en Educación, Araraquara, v. 16, n. esp. 4, p. 3092-3112, dic. 2021. e-ISSN: 1982-5587



permitiendo así un currículo más dinámico, cambiante y ampliable que satisfaga a todos los estudiantes, sin pérdida de contenido (BRASIL, 2003).

En este sentido, este estudio pretende contribuir a la formación inicial de los docentes de un curso de pedagogía a través de TA – Dosvox, con vistas a la concepción del proceso de enseñanza y aprendizaje inclusivo a estudiantes con discapacidad visual, pensando el proceso de enseñanza de una manera más inclusiva.


La contribución de la Tecnología de Asistencia Dosvox para personas con discapacidad visual


TA – Dosvox es considerado como uno de los recursos tecnológicos de enseñanza utilizados para el proceso de enseñanza y aprendizaje de los estudiantes con discapacidad visual en las aulas. Esta tecnología brinda la posibilidad de accesibilidad digital e inclusiva para estos estudiantes. En este sentido, Sonza y Santarosa (2003) muestran en sus estudios la accesibilidad que TA – Dosvox puede promover, y destacan que tanto el software como el hardware son proyectos originales y de baja complejidad, adecuados a la realidad del alumnado con discapacidad visual, así como detallan las modificaciones que el sistema ha venido experimentando en sus versiones, siendo esta última la versión 5.0c (BORGES, 2009).

El sistema de programación de TA – Dosvox se constituye como un lector de pantalla que utiliza sintetizadores de voz, permitiendo al usuario leer e informar en la pantalla del ordenador. Está disponible para personas con discapacidad visual y otras personas que estén interesadas en usarlo. El programa se distribuye en versiones para Windows.

La Figura 1 presenta algunos de los programas contenidos en la versión 5.0c de TA –

Dosvox.


Figura 1 – Pantalla del sistema Dosvox versión 5.0c


Fuente: Colección de investigadores (2019)




Borges (2002), junto con el Centro de Computación Electrónica – NCE, señalan que el desarrollo de TA – Dosvox permite una mayor tecnología informática, rompiendo barreras y permitiendo a las personas con discapacidad visual escribir y leer lo que otros escriben, porque hasta entonces el sistema Braille era utilizado solo por personas que lo conocían, es decir, una minoría.

Según Sá, Campos e Silva, (2007, p. 23), el sistema Braille "[...] consta de seis (6) puntos combinados entre sí, con un total de 63 posibilidades. Creado por Louis Braille como una forma de lenguaje escrito para personas con discapacidad visual". Antes del desarrollo de TA – Dosvox, Borges (2009, p. 99) destaca que "[...] las personas ciegas vivían en un gueto cultural, donde un ciego solo escribía a otra persona ciega para leer", pero en este contexto actual todo es diferente, los ciegos pueden comunicarse y disfrutar de la tecnología como cualquier otro vidente, tienen acceso a diversa información y conocimiento. Se considera que la llegada de la computadora es una fuente para la inclusión digital de las personas con discapacidad visual.

En este sesgo, Moran (2013) muestra que los TA son considerados una innovación para el ámbito educativo de la enseñanza y son esenciales para el desarrollo de los estudiantes, pues posibilitan la comunicación y la interacción, siendo fundamentales para el proceso de enseñanza, ya que se integran, completan y combinan. Por lo tanto, es importante enfatizar que TA – Dosvox es un recurso importante para la accesibilidad de los estudiantes con discapacidad visual.

Es importante destacar que existen otros TA que pueden ser utilizados como recursos didácticos en las aulas por parte de los estudiantes con discapacidad visual, que también posibilitan la inclusión digital y la comunicación, entre ellos, Virtual Visión, Jaws y NVDA. Sin embargo, este estudio buscó abordar TA – Dosvox debido a la gratuidad y la facilidad de acceso para cualquier usuario con discapacidad visual. Para Borges (2002), la mayor diferencia entre Dosvox y los otros programas informáticos que están disponibles para ayudar a los estudiantes con discapacidad visual radica en el hecho de que Dosvox no es sólo "[...] una cáscara de interfaz colocado en programas convencionales, pero un entorno operativo completamente diseñado con características de comunicación consistentes con las de los ciegos" (BORGES, 2002, p. 23). Estas características de comunicación tienen como objetivo considerar las particularidades de las personas con discapacidad visual, para permitir una mayor interacción de accesibilidad social, cultural y digital.

Según Borges (2002), TA - Dosvox amplía el proceso de comunicación y la relación social. Esto se refiere a la luz de la teoría de Vygotsky (1997), médico, profesor y psicólogo,

RIAEE – Revista Iberoamericana de Estudios en Educación, Araraquara, v. 16, n. esp. 4, p. 3092-3112, dic. 2021. e-ISSN: 1982-5587



considerado como uno de los pioneros en estudios sobre el desarrollo de las personas con discapacidad. El autor desarrolló la teoría Histórico-Cultural, que discute la relación entre el aprendizaje y el desarrollo infantil a partir de las mediaciones y las relaciones sociales y culturales. Según Vygotsky (1997), los medios aplicados en el proceso de aprendizaje de las personas ciegas a menudo comienzan con su cultura, proponiendo:


[...] formas culturales, especialmente creadas para el desarrollo cultural de los niños con discapacidad. La ciencia conoce una serie de sistemas culturales artificiales que ofrecen interés teórico. Junto con el alfabeto visual, que es utilizado por toda la humanidad, se creó un alfabeto táctil especial de caracteres punteados para los ciegos [...] los procesos de dominio y uso de estos sistemas culturales auxiliares se distinguen por su profunda peculiaridad en comparación con el uso de los medios comunes de la cultura (VYGOTSKY, 1997, p. 27).3 (traducción nuestra)


Ante los avances tecnológicos y las nuevas leyes que rigen el derecho a la educación de las personas con discapacidad visual, TA – Dosvox permite además de leer con las manos, e indica nuevos caminos orientados a transformar la inclusión digital y la equidad de los derechos sociales, culturales y tecnológicos. Según Vygotsky (1997), el término cultural y social debe contextualizarse con la realidad de las personas con discapacidad visual para que el efecto de la interrelación se vuelva constitutivo.


Metodología


Este estudio es de carácter aplicado, con el objetivo de "[...] generar conocimiento para su aplicación práctica, orientado a la resolución de problemas específicos" (GERHARDT; SILVEIRA, 2009, p. 35).

Presenta un enfoque cualitativo. La estrategia que cumple con los objetivos propuestos es el caso de estudio, pues son los aportes y retos a los que se enfrentarán los docentes en la formación inicial de un curso de pedagogía en el aula. Para Lüdke y André (1996), el punto central del estudio de caso se centra en sus particularidades, incluso si, más tarde, hay similitudes con otros casos o situaciones. El estudio de caso tiene como objetivo el descubrimiento, sucede de una manera contextualizada, retratando la realidad de una manera compleja y profunda.


3 [...] formas culturales peculiares, creadas especialmente para que se realice el desarrollo cultural del deficiente nino. La ciencia conoce una cantidad de sistemas culturales artificiales que ofrecen interés teórico. A la par con el alfabeto visual, que es utilizado por toda la humanidad, se ha creado para los ciegos un alfabeto especial táctil, de caracteres punteados [...] los procesos de dominio y utilización de estos sistemas culturales auxiliares se distinguen por su profunda peculiaridad en comparación con el uso de los medios habituales de la cultura (VYGOTSKY, 1997, p. 27).


RIAEE – Revista Iberoamericana de Estudios en Educación, Araraquara, v. 16, n. esp. 4, p. 3092-3112, dic. 2021. e-ISSN: 1982-5587


Este estudio se desarrolló en una institución pública de Educación Superior, ubicada en el interior del estado de Paraná, con la participación de veinticinco docentes en formación inicial de un curso de pedagogía y un maestro ciego, quien se nombró a sí mismo como Joaquim, nombre ficticio con el fin de mantener su identidad e integridad. El profesor Joaquim actúa como profesor de informática y TA en una escuela primaria en la modalidad de educación especial. Los participantes aceptaron participar en el estudio, firmaron el Término de Consentimiento Libre y Esclarecido (TCLE).

Los instrumentos utilizados para la recolección de datos fueron: grabaciones de audio y video, las cuales fueron completamente transcritas; fotos; intervención práctica para la formación inicial del profesorado. La intervención duró ocho (8) clases. El espacio y el tiempo para la intervención fueron puestos a disposición por un docente responsable de la disciplina de Nuevas Tecnologías Aplicadas a la Educación en la Institución. Esta disciplina está incluida en la grilla del segundo año (2º) del curso de Pedagogía. De acuerdo con el Proyecto Político Pedagógico (PPP) de la Institución, la disciplina tiene como objetivo orientar sobre entornos de aprendizaje computarizados; el papel de la escuela y el maestro en el proceso de enseñanza y aprendizaje, y en la organización de actividades para la práctica pedagógica utilizando la computadora.

Así, la intervención que llevó a cabo el profesor Joaquim se estructuró en tres momentos: en el primer momento se vendaron los ojos a los profesores en formación inicial durante la presentación inicial de TA - Dosvox. En el segundo momento, los profesores no hicieron uso de las ventas durante el proceso de intervención en TA – Dosvox. Joaquim enseñó a los maestros paso a paso sobre el sistema de programación Dosvox. En el tercer momento, los maestros fueron invitados a formar parejas, uno de ellos tenía los ojos vendados. Un maestro representaba al estudiante ciego y el otro desempeñaba el papel de maestro mediador. Esta acción tuvo como objetivo mostrar a los profesores a través de la práctica cómo es enseñar a los estudiantes con discapacidad visual en el uso de TA - Dosvox. En todo momento de la intervención, los participantes hicieron uso de la computadora/notebook.

Las actividades desarrolladas con los docentes durante la intervención se llevaron a cabo en base a la siguiente pregunta: ¿cómo puede el docente comenzar a enseñar sobre TA – Dosvox de manera inclusiva para estudiantes con discapacidad visual?

En la Tabla 1 se presentan las actividades desarrolladas para la intervención realizada con docentes en formación inicial de un curso de Pedagogía.





Tabla 1 – Actividades desarrolladas en intervención pedagógica


CONTENIDO TA -

DOSVOX

MATERIAL UTILIZADO

PROGRAMAS

OBJETIVOS

Contextualización histórica

Notebook Proyector multimedia


Presentación de TA - Dosvox

Instalación del programa

Pendrive

TA - Dosvox

Enseñar la instalación para la instalación del programa

Reconocimiento de teclado a través del sintetizador de voz

Notebooks y venda para los ojos


Probar el teclado

Identificar las claves para analizar el uso en el sistema

Programas TA -

Dosvox

Notebook y Vendas para los ojos Proyector multimedia

Edivox Jogavox

Acceso a Internet


Presentar y explorar cada programa y su uso

Programas de TA -

Dosvox

Notebook


TA - Dosvox

Comprender el sistema TA -

Dosvox en general

Programas de TA -

Dosvox

Notebook Vendas para los ojos


TA - Dosvox

Tratar de enfatizar el proceso inicial de enseñanza del

aprendizaje en el uso inclusivo de la TA

Fuente: Colección de investigadores (2019) (traducción nuestra)


La propuesta de intervención docente sobre el uso inclusivo de TA – Dosvox fue elaborada a partir de la concepción de la teoría histórica cultural (VYGOTSKY, 1991; 1997).


Resultados y discusión


La intervención práctica fue llevada a cabo por el profesor Joaquim para veinticinco profesores en la formación inicial de un curso de pedagogía sobre TA - Dosvox. Se estructuró en tres momentos, en todo momento, se utilizó la computadora/notebook.

Al principio, a los maestros se les dieron experiencias de enseñanza sobre TA – Dosvox con los ojos vendados, para que pudieran percibir temporalmente cómo las personas con discapacidad visual aprenden y se relacionan. Es importante destacar que los docentes participantes en el estudio se sintieron incómodos en el primer contacto con el profesor Joaquim. La experiencia mostró dos circunstancias: la primera corresponde al hecho de que el maestro es ciego. La segunda nos lleva a reflexionar sobre el hecho de que los profesores en formación inicial no han tenido profesores ciegos en los espacios universitarios.

En este contexto, vale la pena señalar que, independientemente de la discapacidad, todas las personas tienen los mismos derechos a la educación sin discriminación alguna (BRASIL 2015). Así, la intervención práctica tuvo como objetivo impresionar a los profesores en la formación inicial, para que pudieran entender que es posible que una persona con discapacidad visual enseñe y aprenda en los mismos entornos educativos de enseñanza



que los otros estudiantes. En esta perspectiva, Kassar (2011) señala que, gradualmente, se implementan y realizan políticas públicas en la formación docente, evitando así situaciones que puedan generarse por falta de información sobre el proceso inclusivo.

Sin embargo, después de algunas interacciones e información entre los profesores en formación inicial y el profesor Joaquim, se produjeron los primeros acercamientos. Los profesores plantearon varias preguntas. Lo que nos llamó la atención fue cuando un profesor le preguntó al profesor Joaquim: "[...] si naciste ciego como lo hiciste para estudiar cuando el maestro pasó algo en la pizarra para copiar? ¿Alguien te ayudó en el aula?" (DOCENTE EN FORMACIÓN INICIAL, 2019).

El profesor Joaquim respondió:


[...] antes de la aparición de TA – Dosvox usaba Braille, pero después del desarrollo de esta tecnología el estado puso a disposición el notebook, lo que hizo que mi desarrollo fuera muy posible. La ayuda que tuve en el proceso de enseñanza-aprendizaje provino de la escuela de educación especial para personas con discapacidad visual, donde los maestros especializados en el área dieron apoyo a los maestros de escuela regulares que estudié. Esta escuela especializada que me ayudó es la misma que hoy trabajo como docente (PROFESOR JOAQUIM, 2019). (traducción nuestra)


Se encontró en la respuesta del profesor Joaquim que es posible percibir la necesidad de una mayor formación de los docentes que trabajan en la red escolar regular para el proceso de inclusión. Según Dorziat (2014), este proceso también se ha visto agravado por la masificación de los alumnos en las aulas, lo que acaba sobrecargando el trabajo de los docentes. En esta concepción, el autor aclara que ni siquiera en los tiempos actuales hemos superado el proceso de discriminación en las aulas. Con esto, hay mucho trabajo por delante para alcanzar el proceso inclusivo que puede impactar las prácticas pedagógicas.

Ante algunas preguntas planteadas por los docentes durante la intervención práctica, se involucraron con las propuestas de las actividades sobre TA – Dosvox y, a lo largo del proceso, los docentes se fueron dando cuenta de que las personas con discapacidad visual pueden destacar tanto como cualquier otra persona psíquica (que vea) en el proceso de enseñanza. Tras las mediaciones realizadas entre los participantes, iniciada la intervención práctica, el profesor Joaquim presentó a los docentes en general algunas contextualizaciones históricas sobre el surgimiento de TA - Dosvox (BORGES, 2009; 2002). Para mayores subvenciones teóricas y prácticas, el profesor utilizó como recursos didácticos el notebook y un proyector multimedia, como se muestra en la Figura 2:




Figura 2 – Profesor Joaquim presentando la TA - Dosvox a profesores en formación inicial


Fuente: Acervo das pesquisadors (2019)


El profesor Joaquim, en su intervención, explica a los docentes que la tecnología facilita la vida de las personas con discapacidad visual, porque permite nuevas fuentes de comunicación, entre ellas, la accesibilidad para mayor información a otros medios culturales, el conocimiento científico y el entretenimiento.

Después de que el maestro terminó en la contextualización histórica, comenzó el proceso de enseñanza y acceso para la instalación del Programa Dosvox en los notebooks de los maestros. Para la instalación, el profesor Joaquim utilizó una memoria USB como una forma de usar el tiempo. Sin embargo, Borges (2009) señala que el programa oficial proporciona acceso a la instalación directa a la red de Internet. Durante la instalación, instruidos por el profesor Joaquim, los profesores aprendieron a cambiar los sintetizadores de voz en el programa Dosvox.

Mientras tanto del proceso de instalación, fue posible observar que los maestros demostraron dificultades para la instalación. Por lo tanto, necesitaron la intervención individual del profesor Joaquim para llevar a cabo el proceso. Este momento fue esencial para que los maestros reflexionaran sobre lo importante que es mirarse unos a otros sin prejuicios. Para Nunes y Lomonaco (2010, p. 59), se considera que las personas con discapacidad visual tienen características y estereotipos históricamente construidos por la sociedad, por lo tanto, existe la necesidad de romper con esta concepción, porque "[...] este prejuicio impide que los ciegos sean percibidos como seres humanos".

Con la instalación del programa TA – Dosvox completada, se invitó a los profesores a conocer el programa de una manera que intentara mayores aproximaciones con ponerse en el lugar de una persona con discapacidad visual, "con los ojos vendados". Según el profesor Joaquim, la didáctica utilizada tenía como objetivo permitir a los maestros sumergir su mundo, en el sentido de cómo ven, sienten y aprenden, no utilizando la visión, sino otros sentidos.



En esta concepción de la enseñanza y después de que todos los profesores tuvieran los ojos vendados, el profesor Joaquim comenzó la presentación sobre TA - Dosvox a partir de la actividad en el programa PRUEBA EL TECLADO. Este programa tiene como objetivo proporcionar a los estudiantes ciegos el reconocimiento del teclado. Así, los profesores con los ojos vendados tuvieron que identificar las claves para analizar lo que cada uno realiza en el sistema. Se inició por las letras del alfabeto contenidas en el teclado de la computadora / notebook desde el tacto y la audición.

La Figura 3 muestra el momento de la intervención realizada con los profesores con los ojos vendados.


Figura 3 – Intervención práctica: prueba de actividad del teclado


Fuente: Acervo das pesquisadors (2019)


En vista de la práctica realizada, se hace un paralelismo con lo que Vygotsky (1997) señala sobre lo que puede causar la falta de visión. El teórico considera que la ceguera, al crear una nueva y peculiar configuración de personalidad en las personas, origina "[...] nuevas fuerzas, modifica las direcciones normales de las funciones, reestructura y moldea creativa y orgánicamente la psique del hombre. Por lo tanto, la ceguera no es sólo un defecto, una deficiencia, sino también una fuente de revelación de habilidades, una ventaja, una fortaleza" (VYGOTSKY, 1997, p. 99, nuestra traducción).4

Vale la pena señalar que el profesor Joaquim, varias veces durante el proceso de intervención, muestra que el momento proporcionado a los maestros con los ojos vendados hace que se pongan en su mundo, entendiendo a través de medios prácticos cómo se pueden ver las cosas. En este sentido, Vygotsky (1997) enfatiza que la persona con discapacidad visual utiliza otros significados para aprender y comprometerse en espacios sociales, por lo


4 [...] nuevas fuerzas, modificación las direcciones normales de las funciones, reestructura y forma creativa y organicamente la psique del hombre. Por consiguiente, la ceguera es no solo Uno defecto, una deficiencia, sino tambien, una fuente de revelacion de Habilidades, una ventaja, una fuerza (VYGOTSKY, 1997, p. 99).

RIAEE – Revista Iberoamericana de Estudios en Educación, Araraquara, v. 16, n. esp. 4, p. 3092-3112, dic. 2021. e-ISSN: 1982-5587



que es importante que los mediadores del conocimiento se involucren con prácticas necesarias para nuevos cambios en ver, pensar y repensar sus acciones.

Durante la práctica de la actividad probando el teclado, los profesores demostraron algunas dificultades, entre ellas: concentrarse para realizar la actividad, considerando que se trataba de un grupo grande, y necesitaban hacer uso de la audición para escuchar de qué hablaba el ordenador a través del sintetizador de voz. El tacto también era uno de los sentidos en los que los maestros tenían dificultades porque eran totalmente psíquicos. Escribir en el teclado sin el uso de la visión fue la mayor dificultad presentada por los maestros.

En este sentido, Silva et al. (2018) demuestran que es necesario poner el lugar del otro y observar que la superación que la persona ciega necesita para entenderse en la sociedad a menudo carece de miradas desprejuiciadas, la comprensión de cómo ven el mundo desde el uso de sentidos como el tacto, el oído, el gusto y el olfato. A través de la intervención práctica, fue posible percibir que los docentes en formación inicial entendían mejor el proceso inclusivo, en el sentido de cómo las personas con discapacidad visual aprenden e interrelacionan en los espacios de la sociedad.

Después de realizar la actividad probando el teclado, los profesores, aún con los ojos vendados, fueron invitados a explorar cada programa y su usabilidad, tales como: edivox, juegos, jogavox, acceso a internet, entre otros. Los veinticinco profesores participantes en el estudio no pudieron finalizar las actividades propuestas en el programa Dosvox vendados. En este contexto, algunos estudios (PADILHA; OLIVEIRA, 2016; NUNES; LOMONACO, 2010; VYGOTSKY, 1997) evidencia la necesidad de que el docente se ponga en el lugar del alumno y conozca las formas de aprender a las personas con discapacidad visual en diversos espacios, siendo educativos, sociales o culturales.

Para finalizar el primer momento de la intervención práctica, el profesor Joaquim pidió a los profesores que retiraran sus vendas y miraran la pantalla del ordenador/notebook para analizar y reflexionar sobre lo que escribieron en el programa Edivox, que puede considerarse como palabra utilizada por las personas psíquicas. Todos los profesores se sorprendieron, porque no pudieron realizar con las realizaciones las actividades, una de las cuales fue la escritura del nombre en el programa. Así, uno de los profesores informa:


[...] fue importante este momento, nunca había puesto una venta y me quedé tanto tiempo sin ver, realmente es muy difícil, a partir de hoy, veo cómo de hecho vive una persona con discapacidad visual, sé que no me vieron por poco tiempo, ¡pero cambié mi concepción! Quiero aprender más sobre el uso de TA – Dosvox para poder utilizarlo en el aula con mis futuros alumnos, si tengo alguno con discapacidad visual, así como otros recursos



posibles y orientados a su proceso inclusivo (PROFESOR EN FORMACIÓN INICIAL, 2019). (traducción nuestra)


La intervención práctica realizada por el profesor Joaquim a los profesores en la formación pedagógica inicial partió de la concepción de Vygotsky (1991), con el fin de buscar la mediación entre ellos y también la interacción humano-entorno a través del uso del lenguaje. Para el teórico, "[...] el habla como tal se convierte en una parte esencial del desarrollo cognitivo" (VYGOTSKY, 1991, p. 25). A partir del uso del lenguaje, el profesor Joaquim fue percibiendo las deficiencias expuestas por los profesores sobre la TA. Luego, medió el uso de TA – Dosvox, involucrando el proceso inclusivo basado en sus prácticas y experiencias durante la intervención.

Joaquim plantea entonces una pregunta a los profesores: "[...] ¿os consideráis preparados para recibir a una persona con discapacidad visual en el aula?" En general, los docentes respondieron que no están preparados, pero que harían todo lo posible para proporcionar medios que se apeguen al proceso inclusivo para el conocimiento de las personas con esta discapacidad.

En términos generales, Prais y Rosa (2017, p. 131) señalan que "[...] la formación docente es uno de los puntos críticos que pueden influir en la implementación cualitativa de políticas inclusivas y la consolidación de la inclusión escolar". Con la intención de desmitificar este pensamiento, este estudio se dirigió a contribuir a la formación inicial de los docentes, pensando en el proceso inclusivo en el aula. Uno conoce las dificultades encontradas, pero incluir y enseñar es el papel fundamental de un maestro.

En el segundo momento, la intervención fue mediada a los profesores sin el uso de ventas. La intervención obtuvo las mismas direcciones de la intervención anterior, que también hizo uso de las actividades de programación de TA – Dosvox, edivox, juegos, jogavox, acceso a internet, entre otros programas. Esta intervención buscó explicar las acciones del profesor Joaquim en el proceso de enseñanza y aprendizaje de los otros docentes. En este sentido, el profesor Joaquim utilizó la mediación a través del lenguaje y comandó las acciones de los profesores en el uso de la computadora desde los sintetizadores de voz del programa Dosvox, es decir, a través de la audición.

En cuanto al uso del lenguaje, Nunes; Lomonâco (2010, p. 56) destaca su importancia para el desarrollo humano, destacando que es incuestionable para los ciegos, porque "[...] el lenguaje juega un papel aún mayor, porque la información visual a la que no tiene acceso puede ser parcialmente verbalizada". Esta accesibilidad se percibió durante toda la intervención.



Durante la presentación de TA – Dosvox en la que los profesores no hicieron uso de las ventas, quedaron bien impresionados con la habilidad y el conocimiento del profesor Joaquim en el uso de TA, entendieron la importancia de ponerse en el lugar del otro. En este sentido, vale la pena mostrar que durante el proceso de intervención un profesor informa al profesor Joaquim:


[...] profesor, cuando me vendaron los ojos tuve muchas dificultades para manipular el teclado del ordenador y entender los sonidos y comandos que la máquina y usted transmitían. Sí, me desafiaron a eliminar el significado que más uso de mi visión. Ahora que estoy fuera de ventas, todavía siento algunas dificultades, pero la forma en que enseñas es increíble, ¿cómo puedes tú, no ver nada, y ayudarnos, mostrándonos nuestros errores, nosotros que estamos viendo? Estoy muy feliz de tener esta posibilidad de aprender de ti, porque me mostró un proceso de enseñanza que nunca entendería, pero la experiencia que me brindaste a mí y a mis compañeros me hizo ver el mundo de otra manera, es decir, como ves, por sonidos, tacto, olfato, de una manera más inclusiva (PROFESOR EN FORMACIÓN INICIAL, 2019). (traducción nuestra)


La Figura 4 presenta el momento de la intervención en TA - Dosvox para profesores sin el uso de ventas:


Figura 4 – Intervención práctica: presentación de TA - Dosvox


Fuente: Colección de investigadores (2019)


En general, los docentes presentaron algunas dificultades iniciales en el proceso de aprendizaje de TA – Dosvox, pero al final de la intervención, ya estaban más cerca de la realidad que experimentan las personas con discapacidad visual, en la forma en que aprenden y hacen uso de la TA.

Es importante enfatizar que los docentes necesitan desarrollar prácticas que contextualicen la educación inclusiva, a fin de que el estudiante tenga una equidad de condiciones para el conocimiento. Vygotsky (1997) subraya que debe respetarse el desarrollo de las particularidades de una persona ciega.




En el tercer momento de la intervención, el profesor Joaquim sugirió que los maestros pusieran en acción lo que habían aprendido en el primer y segundo momento de la intervención en TA– Dosvox. Las acciones estaban destinadas a que los profesores pudieran simular prácticas con estudiantes con discapacidad visual en el aula. Así, los docentes deben, en base a lo aprendido, desarrollar metodologías y didácticas dirigidas al proceso de enseñanza y aprendizaje de estos alumnos.

Para consolidar estas prácticas, los profesores utilizaron la computadora/notebook como recursos didácticos durante el proceso de enseñanza de TA - Dosvox.

Los profesores formaron parejas para la intervención, uno de ellos representaba al alumno ciego, quedando cegado, y el otro profesor desempeñaba el papel de (mediador) con el fin de enseñar EL desde los programas contenidos en Dosvox, es decir, los conocimientos básicos e iniciales para el proceso de enseñanza.

Durante la intervención, este estudio consideró algunas acciones realizadas por los docentes, entre ellas: los docentes que representaban mediadores del conocimiento mostraron poca paciencia en el momento de la intervención, ya que, según ellos, los profesores que representaban a los (estudiantes ciegos) no estaban realizando la actividad propuesta. Por otro lado, los (estudiantes ciegos) señalaron que no estaban siendo capaces de entender las acciones ordenadas por los maestros (mediadores), porque tenían los ojos vendados y no estaban escuchando las órdenes que se les asignaban, porque había muchas personas hablando al mismo tiempo.

En este contexto, se observa la ausencia del uso de instrumentos y lenguaje entre los profesores (mediadores) y los profesores que representaron a los (estudiantes ciegos). Según Vygotsky (1991), la situación de interrelación es esencial para el desarrollo de acciones para la externalización del lenguaje. En este sentido, y debido a las prácticas presentadas por los docentes en la formación inicial, es necesario que revisen y reflejen sus acciones durante el proceso de enseñanza y aprendizaje inclusivo, y es fundamental que el docente entienda cómo aprenden los alumnos con discapacidad visual. Según Vygostsky (1997), las personas ciegas encuentran un mayor desarrollo de la memoria que en las personas psíquicas, pero esto no prescinde de la necesidad de cualificación docente para enseñar con estos estudiantes.

Destacamos algunos estudios abordados por Vygostsky (1997) con respecto al desarrollo de las personas con discapacidad visual:


[...] el último estudio comparativo de E. Kretschmer (1928) mostró que los ciegos tienen mejor memoria verbal, mecánica y racional. A. Petzeld cita exactamente este hecho, establecido por una serie de investigaciones (A.




Petzeld, 1925). Biirklen recopiló opiniones de muchos autores que coinciden en una cosa: afirman que en el ciego la memoria se desarrolla con particular fuerza, que suele ir más allá de la memoria de los videntes (VYGOSTSKY, 1997, p. 105).5 (traducción nuestra)


En vista de las prácticas mediadas a los docentes en la formación inicial, se pudo observar que debido a que estaban acostumbradas solo al sentido visual, en el momento en que tenían los ojos vendados, estaban emocionalmente desestructuradas. Algunos maestros que representaron a los (mediadores) durante la intervención comenzaron a hablar muy alto con los otros maestros que representaron a los (estudiantes ciegos). Los profesores mediadores terminaron tomando las manos de los alumnos ciegos y realizaron las acciones mecánicamente, varias acciones en este sentido fueron surgiendo durante la intervención. Sin embargo, estas acciones deben ser llevadas a cabo por estudiantes ciegos, para que puedan comenzar la apropiación de la enseñanza de TA – Dosvox. Esta intervención muestra la importancia de trabajar más con la educación inclusiva en la formación inicial del profesorado.

Considerando las acciones de los maestros, tanto los que representaban a los mediadores como los que representaban a los estudiantes ciegos, se observa la necesidad de reflexionar sobre los cuatro pensamientos esenciales para el desarrollo y aprendizaje del niño retratados por Vygotsky (1991): interacción, internalización, mediación y la zona de desarrollo proximal. Estos pensamientos no están seguros del proceso de enseñanza y aprendizaje, que cuando no está mediado termina determinando la falta de estructura en el pensamiento y el lenguaje de los estudiantes. Por lo tanto, "[...] el desarrollo de la memoria de los niños debe estudiarse no sólo con respecto a los cambios que ocurren dentro del propio sistema de memoria, sino también con respecto a la relación entre la memoria y otras funciones" (VYGOTSKY, 1991, p. 37).

Según el teórico, es necesario que el profesor y los alumnos aprendan a interactuar a partir de las relaciones sociales y culturales en las que se insertan. Esta interacción se produce a través del lenguaje, y no fue posible observarla durante la intervención práctica realizada entre los profesores. En este contexto, Alvaristo (2019, p. 28) señaló que el docente "[...] tiene gran importancia en el desarrollo del niño, porque es responsable de mediar el conocimiento, alentándolo a superarse a sí mismo para apropiarse de nuevos conceptos para el aprendizaje".


5 [...] el último estudio comparación de E. Posadero (1928) demostró que los ciegos poseen una mejor memoria verbal, mecanica y racional. A. Petzeld cita ese mismo hecho, establecido por una serie de investigaciones (A. Petzeld, 1925). Biirklen rellenar opiniones de muchos autores que coinciden en una cosa: afirman que en lo ciegos la memoria se desarrolla con particular fuerza, que supera por lo General la memoria de los videntes (VYGOSTSKY, 1997, p. 105).


RIAEE – Revista Iberoamericana de Estudios en Educación, Araraquara, v. 16, n. esp. 4, p. 3092-3112, dic. 2021. e-ISSN: 1982-5587


En este sentido, el profesor Joaquim destaca a los docentes la propuesta de la enseñanza alegada:


[...] Noté que tenías muchas dificultades para interactuar entre vosotros a la hora de enseñar EL – Dosvox Quiero decirte que esta dificultad en la interacción que presentas debe ser superada, porque es el primer paso en la ejecución de la enseñanza de los alumnos con discapacidad visual. Debido a que los estudiantes, ciegos como yo, necesitan el idioma para aprender, esto requiere paciencia del maestro y del estudiante. El tacto tiene una gran función para este proceso, de nada sirve que tomes la mano del alumno y lo hagas por él, necesitas enseñarle cómo lo haces, y puedes hacerlo utilizando algunos instrumentos y el lenguaje necesario hasta que el estudio se apropie del TA – Dosvox (PROFESOR JOAQUIM, 2019). (traducción nuestra)


Dado el apoyo planteado por el profesor Joaquim, existe un paralelismo con la perspectiva de Vygotsky (1991, p. 23), que muestra que el lenguaje "[...] permite a los niños proporcionar herramientas auxiliares para resolver tareas difíciles, superar la acción impulsiva, planificar una solución a un problema antes de su ejecución y controlar su propio comportamiento". Por ello, es de suma importancia que el docente en el proceso de su formación inicial y tras completarla busque nuevas especializaciones que puedan contemplar sus prácticas en el aula.


Consideraciones finales


El estudio tuvo como objetivo contribuir a la formación inicial de los profesores de un curso de pedagogía a través de la Tecnología Asistencial - Dosvox. Para ello, este estudio contó con la participación de veinticinco profesores de un curso de Pedagogía de una Institución Pública de Educación Superior y un profesor ciego, a quien se nombró Joaquim. En vista de la propuesta, el estudio midió intervenciones prácticas dirigidas al proceso de enseñanza sobre el uso de TA – Dosvox, con miras a la concepción de la enseñanza y el aprendizaje inclusivos para estudiantes con discapacidad visual. Las intervenciones fueron mediadas en tres momentos por el profesor Joaquim a docentes en formación inicial; cada momento fue concebido con el fin de contribuir a la formación de estos docentes de manera inclusiva a la cultura digital, específicamente en el uso de TA – Dosvox.

TA - Dosvox ha sido desarrollado desde 1993 por el Centro de Computación Electrónica - NCE, de la Universidad Federal de Río de Janeiro - UFRJ. Cuenta con una tecnología de fácil acceso en su sistema, totalmente nacional, considerado el primer sistema comercial en sintetizar vocalmente textos genéricos para la lengua portuguesa; estos textos se

producen por medio de un sintetizador de voz, programado para realizar la lectura de la

RIAEE – Revista Iberoamericana de Estudios en Educación, Araraquara, v. 16, n. esp. 4, p. 3092-3112, dic. 2021. e-ISSN: 1982-5587



pantalla del ordenador a personas ciegas, y tiene como objetivo posibilitar la accesibilidad e inclusión de las personas con discapacidad visual al uso de la tecnología digital, desmitificando paradigmas que los ciegos no pueden hacer uso del ordenador, así, proporcionar a las personas con discapacidad visual un mayor acceso a la comunicación y la interacción a través de medios digitales.

En este contexto y a partir de las intervenciones realizadas a docentes en formación inicial de un curso de Pedagogía se pudo comprobar que los docentes presentaban dificultades en el proceso de instalación del programa TA – Dosvox; en la privación de los ojos y, en algunos momentos, de la audición durante la actuación y manipulación táctil de la computadora para realizar las actividades; en el uso del lenguaje; en la interrelación con colegas, entre otros. Debido a las prácticas y acciones presentadas por los docentes en la formación inicial, es necesario revisar y reflexionar sobre estas acciones durante el proceso educativo inclusivo.

Los resultados revelaron que las intervenciones realizadas por el profesor Joaquim a docentes en formación inicial contribuyeron a la adquisición de nuevas concepciones sobre el proceso de enseñanza y aprendizaje inclusivo de TA – Dosvox, así como a reconocerse y autoevaluarse pedagógicamente en el proceso de enseñanza inclusiva a personas con discapacidad visual, especialmente en la forma de enseñar y aprender de un maestro ciego, así como la importancia de la alteridad durante la mediación en las aulas.


REFERENCIAS


ALVARISTO, E. F. Una herramienta para la elaboración de conceptos matemáticos para estudiantes con discapacidad visual: gráfico circular adaptado. 2019. 103 f. Tesis (Maestría en Enseñanza de la Ciencia y la Tecnología) - Universidad Tecnológica Federal de Paraná, Ponta Grossa, 2019.


ALVES, F.C.C. et al. Tecnología de asistencia aplicada a la educación de estudiantes con discapacidad visual. Revista Panamericana de Salud Pública, Washington, p. 148-152, 2009.


BORGES, J. A. Del Braille al Dosvox - Diferencias en la vida de los ciegos brasileños. 2009. 343 f. Tesis (Doctorado en Ingeniería de Sistemas e Informática) - Universidad Federal de Río de Janeiro, Río de Janeiro. Año 2009.


BORGES. Proyecto J. A. Dedinho – DOSVOX: Una nueva realidad educativa para las personas con discapacidad visual. Río de Janeiro, 2002. Disponible en: http://intervox.nce.ufrj.br/dosvox/textos/artfoz.doc. Acceso: 17 de mayo de 2019.



BRASIL. Constitución de la República Federativa del Brasil de 1988. Brasilia, DF, 1988. Disponible en: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acceso: 10 de mayo de 2021.


BRASIL. Estatuto de las personas con discapacidad. Legislación brasileña para la inclusión de las personas con discapacidad. Brasilia, DF: Estatuto de las personas con discapacidad, 2015. Disponible en: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato20152018/2015/lei/l13146.htm. Acceso: 19 feb.

Año 2019.


BRASIL. Ley N° 9.394 de 20 de diciembre de 1996. Ley de Lineamientos y Bases de la Educación Nacional. Establece los Lineamientos y Bases de la Educación Nacional, 1996. Disponible en: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm. Acceso: 15 de enero. Año 2019.


BRASIL. Ministerio de Educación. Declaración de Salamanca y Principios, Políticas y Prácticas en materia de Necesidades Educativas Especiales. Brasilia, DF: MEC, 1994.


BRASIL. Ministerio de Educación. Secretaría de Educación Especial. Directrices nacionales para la educación especial en la educación básica. Brasilia, DF: MEC; SEESP, 2001.


BRASIL. Ministerio de Educación. Secretaría de Educación Especial. Política Nacional de Educación Especial desde la Perspectiva de la Educación Inclusiva. Brasilia, DF: MEC/SEESP, 2008. Disponible en: http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/politicaeducespecial.pdf. Acceso: 12 de enero. Año 2019.


BRASIL. Conocimientos y Prácticas de Inclusión. Estrategias para la educación de estudiantes con necesidades educativas especiales. Brasilia: MEC/SEF/SEESP. 2003. Disponible en: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/me000428.pdf. Acceso: 10 Oct. Año 2019.


DIAS, A.; FRANCIA, J.; BORGES, A. Jogavox: un enfoque de aprendizaje colaborativo con personas con discapacidad visual. Río de Janeiro: NCE, UFRJ, 2014. 14 p.


DORZIAT, A. El profesional de la inclusión escolar. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, v. 43, n. 150, 2014. p. 986-1003, sept.


GALVÃO SON. T. A. Tecnología de asistencia para una escuela inclusiva: apropiación, demandas y perspectivas. 2009. 346 f. Tesis (Doctorado) - Universidad Federal de Bahía, 2009. Disponible en:

https://repositorio.ufba.br/ri/bitstream/ri/10563/1/Tese%20Teofilo%20Galvao.pdf. Acceso: 10 de agosto. Año 2019.


GERHARDT, E.T.; SILVEIRA, T. D. Métodos de investigación: planificación y gestión para el desarrollo rural de SEAD/UFRGS. 2009. Porto Alegre, RS: Ed. ufrgs.


KASSAR, M.C.M. Educación especial desde la perspectiva de la educación inclusiva: desafíos de la implementación de una política nacional, 2011. Educar em Revista, v. 41, n. 1, p. 61-79.



LÜDKE, M.; ANDRÉ, M. E. D.A. Investigación en educación: enfoques cualitativos. São Paulo: EPU, 1986.


MAZZILLO, B. I. Dosvox ¿qué quieres? Río de Janeiro: Universidad Federal de Río de Janeiro. Año 2010.


MORAN, J.M. La contribución de las tecnologías en la educación. Sao Paulo. Papirus, 2013.


NUNES, S. LOMONACO, J. F.B. El estudiante ciego: prejuicios y potencialidades. Rev. Semestral de la Asociación Brasileña de Psicología Escolar y de la Educación, v. 14, n. 1, p. 55-64, 2010.


PADILHA, L.M. A.; OLIVEIRA, M. I. Conocimiento, trabajo docente y escuela inclusiva. Revista de Investigación en Necesidades Educativas Especiales, v. 16, n. 1, p. 318-322, 2016. Disponible en: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/epdf/10.1111/1471-3802.12294. Acceso: 15 de mayo de 2019.


PRAIS, S.L.J.; ROSA, F. V. Formación docente para la inclusión tratada en la revista brasileña de educación especial: un análisis. Rev. Educación Especial, v. 30, n. 57, p. 129- 144, enero/abril de 2017.


SÁ, D. E.; CAMPOS, M. I.; SILVA, C.B.M. Atención educativa especializada: discapacidad visual. Brasilia: Ministerio de Educación, Secretaría de Educación Especial, 2007.


SILVA, R.C. S. et al. Ceguera adquirida: implicaciones sociales, culturales y educativas. Tecné, Episteme y Didaxis, 2018. Disponible en: https://revistas.pedagogica.edu.co/index.php/TED/article/view/9066. Acceso: 10 Jun.2019.


SONZA, P.A.; SANTAROSA, C.M. L. Entornos Digitales Virtuales: Accesibilidad para Personas con Discapacidad Visual. Rev. Nuevas Tecnologías de la Educación, 2003. Disponible en:http://seer.ufrgs.br/renote/article/viewFile/13637/7715. Acceso: 09 Ago. Año 2019.


VYGOTSKY, L.S. Fundamentos de defectología. En: Obras elegidas. Moscú: Editorial Pedagógica, 1997.


VYGOTSKY, L. S. Pensamiento y lenguaje. 3. Ed. São Paulo: Martins Fontes, 1991.



Cómo hacer referencia a este artículo


ALVARISTO, E. F.; SANTINELLO, J. Las aportaciones de la Tecnología Asistencial Dosvox para el profesorado en la formación inicial: intermediación de prácticas tecnológicas inclusivas. Revista Iberoamericana de Estudios en Educación, Araraquara, v. 16, n. esp. 4, p. 3092-3112, dic. 2021. e-ISSN: 1982-5587. DOI:

https://doi.org/10.21723/riaee.v16iesp.4.15600


Enviado: 22/08/2021

Revisiones requeridas: 30/10/2021

Aprobado: 10/12/2021

Publicado el: 30/12/2021


Gestión de traducciones y versiones: Editora Ibero-Americana de Educação

Traductor: Fábio Vinicius Alves - Lattes

Revisora de la traducción: Mariana Bulegon





THE CONTRIBUTIONS OF DOSVOX ASSISTIVE TECHNOLOGY FOR INITIAL TRAINING TEACHERS: INTERMEDIATING INCLUSIVE TECHNOLOGICAL PRACTICES


AS CONTRIBUIÇÕES DA TECNOLOGIA ASSISTIVA DOSVOX PARA PROFESSORES EM FORMAÇÃO INICIAL: INTERMEDIANDO PRÁTICAS TECNOLÓGICAS INCLUSIVAS


LAS CONTRIBUICIONES DE LA TECNOLOGÍA DE ASISTENCIA DOSVOX PARA MAESTROS EN FORMACIÓN INICIALES: PRÁCTICAS INCLUSIVAS INTERMEDIAS


Eliziane de Fátima ALVARISTO1

Jamile SANTINELLO2


ABSTRACT: The study aims to contibute to the initial training of teachers in a Pedagogy course through Assistive Technology - Dosvox, in view of the concepto of inclusive teaching and learning for students with visual impairments. For this study, a qualitative approach of an applied nature was used, having as a research strategy the case study. It was carried out in a public institution of higher education, located in the interior of the Paraná, and brings as participants twenty-five teachers in initial formation of a course of pedagogy and a blind teacher. The instruments used for data analysis were: audio and video recordings, photos and practical intervention on the use of Assistive Technology - Dosvox. The data were analyzed from the historical-cultural. The results reveal that the interventions carried out by the blind teacher to the teachers in the initial formation of a pedagogy course contributed to the acquisition of new conceptions about the inclusive teaching and learning processo of Assistive Technology - Dosvox, allowing teachers to recognize and self-assess themselves pedagogically in the process of inclusive education for people with visual impairments, among, them, in the way of teaching and learning with a blind teacher.


KEYWORDS: Initial teacher training. Dosvox Assistive Technology. Visual impairment. Inclusion. Higher education.


RESUMO: O estudo tem como objetivo contribuir com a formação inicial de professores de um curso de Pedagogia por meio da Tecnologia Assistiva – Dosvox, tendo em vista a concepção de ensino e aprendizagem inclusiva para estudantes com deficiência visual. Utilizou-se da abordagem qualitativa de natureza aplicada, tendo como estratégia de pesquisa o estudo de caso. O estudo foi realizado em uma instituição pública de ensino


1 State University of the Midwest (UNICENTRO), Guarapuava – PR – Brazil. Professor at the Department of Pedagogy, Professor at the Specialized Care Center in the area of visual impairment (CAEE) and Professor at the Multifunctional Resource Room - SEMEC. Doctoral student at the Graduate Program in Education (UNICENTRO). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-1549-4176. E-mail: elizianealvaristo@unicentro.br

2 State University of the Midwest (UNICENTRO), Guarapuava – PR – Brazil. Professor at the Graduate Program in Education and at the Department of Pedagogy. PhD in Communication (UFRJ). ORCID: https://orcid.org/0000-0003-1136-2421. E-mail: jamile@unicentro.br

RIAEE – Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 16, n. esp. 4, p. 3086-3105, Dec. 2021. e-ISSN: 1982-5587



superior, localizada no interior do estado do Paraná, e traz como participantes vinte e cinco professores em formação inicial de um curso de Pedagogia e um professor cego. Os instrumentos utilizados para a análise dos dados foram: gravações em áudio e vídeo, fotos e intervenção prática sobre o uso da Tecnologia Assistiva – Dosvox. Os dados foram analisados a partir da teoria Histórico-Cultural. Os resultados revelam que as intervenções realizadas pelo professor cego aos professores em formação inicial de um curso de Pedagogia contribuíram com a aquisição de novas concepções sobre o processo de ensino e aprendizagem inclusivo da Tecnologia Assistiva – Dosvox, possibilitando aos professores reconhecerem-se e autoavaliarem-se pedagogicamente no processo de ensino inclusivo às pessoas com deficiência visual, dentre eles, no modo de ensinar e aprender com um professor cego.


PALAVRAS-CHAVE: Formação inicial de professores. Tecnologia Assistiva Dosvox. Deficiência visual. Inclusão. Ensino superior.


RESUMEN: El estudio tiene como objetivo contribuir a la formación inicial de los docentes em un curso de pedagogía a través de la tecnología de asistencia – Dosvox, em vista del concepto de enseñanza y aprendizaje inclusivo para estudiantes con discapacidad visual. Se utilizó un enfoque cualitativo de carácter aplicado, con el estudio de caso como estrategia de investigación. Se llevó a cabo en una Institución Pública de Educación Superior, ubicada en interior del estado de Paraná, y reúne como participantes a veinticinco maestros en capacitación inicial en un curso de pedagogía y uno maestro ciego. Los instrumentos utilizados para el análisis de datos fueron: grabaciones de audio y video, fotos e intervención práctica sobre el uso de la tecnología de asistencia – Dosvox. Los datos fueron analizados a partir de la teoría Histórico-Cultural. Los resultados revelan que las intervenciones realizadas por el maestro ciego a los maestros em la capacitación inicial de un curso de pedagogía contribuyeron a la adquisición de nuevos conceptos sobre el proceso inclusivo de enseñanza y aprendizaje de la tecnología de asistencia – Dosvox, permitiendo a los maestros reconocerse y autoevaluarse pedagógicamente en el proceso de educación inclusiva para personas con discapacidad visual, entre ellos, en la forma de enseñar y aprender con un maestro ciego.


PALABRAS CLAVE: Formación inicial del maestro. Tecnología de Asistencia Dosvox. Discapacidad visual. Inclusión. Enseñanza superior.


Introduction


Proposals on the use of Assistive Technology - AT in classrooms have been much discussed by education professionals, given that it raises prospects for improvements in the inclusive learning process of students with disabilities, global developmental disorders and high abilities /giftedness, included in the National Policy on Special Education from the Perspective of Inclusive Education (BRAZIL, 2008).

In this way, accessibility is considered a right of any and all citizens with any type of disability, provided for in federal law nº 10.098, of December 19, 2000, as well as in




(BRAZIL, 1988; DECLARATION OF SALAMANCA; BRAZIL, 1996; 2008; 2015).

Therefore, it is essential that new reflections and new proposals on the use of AT in classrooms be reviewed as a means of access for communication and interaction with digital culture in educational teaching environments in a more inclusive way.

Given the importance of AT, Alves et al. (2009) conceptualize AT as resources, methodologies, strategies and practices that allow students with disabilities greater autonomy, quality of life and social inclusion.

In this direction, this study sought to emphasize the AT – Dosvox. Considered a programming system that communicates with users through voice synthesis, that is, the computer, through a voice synthesizer, reads the screen to the user. AT – Dosvox is totally national, considered the first commercial system to vocally synthesize generic texts for the Portuguese language, enabling the use of computers by people with visual impairments, and enabling greater technological accessibility, communication and interaction (SOUZA; SANTAROSA, 2003).

AT – Dosvox has been developed since 1993, by the Federal University of Rio de Janeiro – UFRJ. Thus, some studies (DIAS; FRANÇA; BORGES, 2014; MAZZILLO, 2010;

BORGES, 2009) highlight the importance of making use of this technology in the classroom with students with visual impairments, as it allows for better learning and greater inclusive perspectives.

According to Galvão Filho (2009), despite the AT – Dosvox enabling accessibility for people with visual impairments, there is a need for teachers to seek greater training on the functionality and use of the technology programming system, since the quality of teaching is essential in the classroom, mainly in the initial process of students with visual impairment, in the initial years of elementary school.

According to Prais and Rosa (2017), the issue of teacher training has generated many discussions in view of the emerging need to implement inclusive education for people with disabilities in the classroom. The authors portray a lack in the pedagogical training of teachers. In order to provide pedagogical assistance to people with disabilities with quality in the teaching and learning process, regular schools need to carry out curricular flexibility/adaptations and pedagogical strategies that basically consist of the decision-making of teachers together with the pedagogical team, seeking to provide an active school education that meets the peculiarities of students with disabilities, thus enabling a more dynamic, changeable and expandable curriculum that meets all students, without loss of content (BRAZIL, 2003).

RIAEE – Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 16, n. esp. 4, p. 3086-3105, Dec. 2021. e-ISSN: 1982-5587



Thus, this study aims to contribute to the initial training of teachers of a Pedagogy course through TA - Dosvox, with a view to designing a teaching and learning process that is inclusive of students with visual impairments, thinking about the teaching process in a more comprehensive, inclusive way.


The contribution of Dosvox Assistive Technology for visually impaired people


AT– Dosvox is considered one of the technological didactic resources used for the teaching and learning process of students with visual impairments in classrooms. This technology provides the possibility of digital and inclusive accessibility for these students. In this direction, Sonza and Santarosa (2003) show in their studies the accessibility that AT – Dosvox can promote, and emphasize that both Software and Hardware are original and low- complexity projects, suitable for the reality of students with visual impairments, as well as as it details the changes that the system has been undergoing in its versions, the latest being version 5.0c (BORGES, 2009).

The AT – Dosvox programming system is a screen reader that uses voice synthesizers, allowing the user to read and provide information on the computer screen. It is available for people with visual impairments and others who are interested in using it. The program is distributed in versions for Windows.

Figure 1 presents some of the programs contained in version 5.0c of AT – Dosvox.


Figure 1 – Dosvox System Screen version 5.0c


Source: Collection of researchers (2019)


Borges (2002), together with the Electronic Computing Nucleus – ECN, point out that the development of AT – Dosvox enables greater computing technology, breaking barriers and enabling visually impaired people to write and read what others write, because even so the Braille system was used only by people who knew about it, that is, a minority.





According to Sá, Campos e Silva, (2007, p. 23), the Braille system “[...] is composed of six (6) dots combined with each other, with a total of 63 possibilities. Created by Louis Braille as a form of written language for people with visual impairments”.

Before the development of AT – Dosvox, Borges (2009, p. 99) points out that “[...] blind people lived in a cultural ghetto, where a blind person only wrote for another blind person to read”, however, in this current context everything is different, blind people can communicate and enjoy technology like any other sighted person, they have access to various information and knowledge. It is considered that the advent of the computer is a source for the digital inclusion of people with visual impairments.

Moran (2013) shows that ATs are considered an innovation for the educational context of teaching and are essential for the development of students, as they enable communication and interaction, being fundamental to the teaching process, since they are integrated , complete and combine. Therefore, it is important to emphasize that the AT – Dosvox is an important resource for the accessibility of students with visual impairments.

It is important to highlight that there are other ATs that can be used as teaching resources in classrooms by students with visual impairments, which also enable digital inclusion and communication, among them, Virtual Vision, Jaws and NVDA. However, this study sought to address the AT – Dosvox due to its free access and ease of access for any visually impaired user. For Borges (2002), the biggest difference between Dosvox and other computer programs that are available to help visually impaired students resides in the fact that Dosvox is not just “[...] an interface shell placed on top of the conventional programs, but a fully designed operational environment with communication characteristics consistent with those of the blind” (BORGES, 2002, p. 23). These communication characteristics aim to consider the particularities of people with visual impairments, to enable greater social, cultural and digital accessibility interaction.

According to Borges (2002), the AT – Dosvox expands the communication process and the social relationship. This sheds light on the theory of Vygotsky (1997), physician, professor and psychologist, considered as one of the pioneers in studies on the development of people with disabilities. The author developed the Historical-Cultural theory, which discusses the relationship between learning and child development based on social and cultural mediations and relationships. According to Vygotsky (1997), the means applied in the learning process of blind people often begin with their culture, proposing:




[…] peculiar cultural forms, especially created for the cultural development of children with disabilities. Science knows a number of artificial cultural systems that offer theoretical interest. Along with the visual alphabet, which is used by all mankind, a special tactile alphabet of dotted characters was created for the blind [...] the processes of mastery and use of these auxiliary cultural systems are distinguished by their profound peculiarity in comparison with the use of usual culture media (VYGOTSKY, 1997, p. 27, our translation)3.


Faced with technological advances and the new laws that govern the right to education of people with visual impairments, AT – Dosvox makes it possible, in addition to reading with the hands, and indicates new paths aimed at transforming digital inclusion and with equity of social, cultural and technological rights. For Vygotsky (1997), the term cultural and social must be contextualized with the reality of people with visual impairments so that the effect of interrelation becomes constitutive.


Methodology


This study is of an applied nature and aims to “[...] generate knowledge for practical application, aimed at solving specific problems” (GERHARDT; SILVEIRA, 2009, p. 35).

It presents a qualitative approach. The strategy that meets the proposed objectives is the case study, as it deals with the contributions and challenges that will be faced by teachers in initial training of a Pedagogy course in the classroom. For Lüdke and André (1996), the central point of the case study focuses on its particularities, even if, later, similarities with other cases or situations are evidenced. The case study aims at discovery, it happens in a contextualized way, portraying reality in a complex and profound way.

This study was developed in a public institution of Higher Education, located in the interior of the state of Paraná, with the participation of twenty-five teachers in initial training of a Pedagogy course and a blind teacher, who called himself Joaquim, fictitious name in order to maintain its identity and integrity. Professor Joaquim works as a computer and AT teacher in an elementary school in the special education modality. Participants agreed to participate in the study, signed the Free and Informed Consent Term (FICT).



3 [...] formas culturales peculiares, creadas especialmente para que se realice el desarrollo cultural del nino deficiente. La ciencia conoce una cantidad de sistemas culturales artificiales que ofrecen interés teórico. A la par con el alfabeto visual, que es utilizado por toda la humanidad, se ha creado para los ciegos un alfabeto especial táctil, de caracteres punteados [...] los procesos de dominio y utilización de estos sistemas culturales auxiliares se distinguen por su profunda peculiaridad en comparación con el uso de los medios habituales de la cultura (VYGOTSKY, 1997, p. 27).


RIAEE – Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 16, n. esp. 4, p. 3086-3105, Dec. 2021. e-ISSN: 1982-5587



The instruments used for data collection were: audio and video recordings, which were fully transcribed; photos; practical intervention for initial teacher training. The intervention lasted eight (8) classes. The space and time for carrying out the intervention were made available by a teacher responsible for the discipline of New Technologies Applied to Education at the Institution. This discipline is included in the grid of the second year (2nd) of the Pedagogy course. According to the Institution's Political Pedagogical Project (PPP), the course aims to provide guidance on computerized learning environments; the role of the school and the teacher in the teaching and learning process, and in the organization of activities for the pedagogical practice using the computer.

Thus, the intervention that was conducted by Professor Joaquim was structured in three moments: at first, the teachers in initial training were blindfolded during the initial presentation of the AT – Dosvox. In the second moment, the teachers did not use the blindfolds during the intervention process on AT – Dosvox. Joaquim taught the teachers step by step about the Dosvox programming system. In the third moment, the teachers were invited to pair up, one of them was blindfolded. One teacher played the blind student and the other played the role of mediator teacher. This action aimed to show teachers through practice what it is like to teach visually impaired students in the use of AT – Dosvox. At all times of the intervention, the participants used the computer/laptop.

The activities developed with the teachers during the intervention were carried out from the following question: how can the teacher start teaching about AT – Dosvox in an inclusive way for students with visual impairments?

Table 1 presents the activities developed for the intervention carried out with teachers ininitial training of a Pedagogy course.


Table 1 – Activities developed in the pedagogical intervention


CONTENT TA –

DOSVOX

MATERIAL USED

PROGRAMS

OBJECTIVES

Historical Context

Laptop computer Multimedia projector


To present AT – Dosvox

Program set up

Flash drive

TA – Dosvox

To teach how easy it is to install the program

Keyboard recognition through speech synthesizer

Laptop and blindfolds


Testing keyboard

To identify keys to analyze usage on the system

AT-Dosvox Programs

Laptop Blindfolds

Multimedia projector

Edivox Jogavox Internet access


To introduce and explore each program and its use

AT-Dosvox Programs

Laptop


TA – Dosvox

To understand the AT system

– Dosvox in general







AT-Dosvox Programs

Laptop Blindfolds


TA – Dosvox

Seeking to emphasize the initial teaching-learning process in the use of inclusive

AT

Source: Collection of researchers (2019)


The proposal for the teaching intervention on the inclusive use of AT – Dosvox was elaborated from the conception of the Cultural Historical theory (VYGOTSKY, 1991; 1997).


Results and discussion


The practical intervention was carried out by Professor Joaquim for twenty-five teachers in initial training of a Pedagogy course on AT – Dosvox. It was structured in three moments, in all moments the computer/laptop was used.

In the first moment, teachers were provided with teaching experiences about AT – Dosvox with their eyes closed, so that they could temporarily perceive how people with visual impairments learn and relate to each other. It is important to highlight that the teachers participating in the study felt uncomfortable in the first contact with Professor Joaquim. The experience showed two circumstances: the first corresponds to the fact that the teacher is blind. The second leads us to reflect on the fact that teachers in initial training did not have any blind teachers in the university spaces.

In this context, it is worth noting that regardless of disability, all people have the same rights to education without any discrimination (BRAZIL 2015). In this way, the practical intervention aimed to impress teachers in initial training, so that they could understand that it is possible for a visually impaired person to teach and learn in the same educational teaching environments as other students. In this perspective, Kassar (2011) emphasizes that, little by little, public policies are implemented and conducted in teacher training, thus avoiding situations that can be generated by lack of information about the inclusive process.

However, after some interactions and information between teachers in initial training and teacher Joaquim, the first approximations occurred. Several questions were raised by the teachers. What caught our attention was when a teacher asked Professor Joaquim: “[...] if you were born blind, how did you study when the teacher wrote something on the board to copy? Did anyone help you in the classroom?” (TEACHER IN INITIAL TRAINING, 2019). Professor Joaquim replied:


[...] before the emergence of AT – Dosvox I used Braille, but after the development of this technology, the state made a laptop available, which




made my development very possible. The help I had in the teaching-learning process came from the special education school for people with visual impairments, where teachers specialized in the area supported the regular education teachers I studied. This specialized school that helped me is the same one that I work as a teacher today (PROFESSOR JOAQUIM, 2019).


It was found in Professor Joaquim's response that it is possible to perceive the need for greater training of teachers who work in the regular school system for the inclusion process. According to Dorziat (2014), this process has also been aggravated by the overcrowding of students in the classroom, which ends up overloading the work of teachers. In this conception, the author clarifies that even today we have not overcome the process of discrimination in classrooms. With this, there is a lot of work ahead to reach an inclusive process that can impact pedagogical practices.

Faced with some questions raised by the teachers during the practical intervention, they seemed to be involved with the proposals of the activities on AT – Dosvox and, throughout the process, the teachers began to realize that people with visual impairments can stand out as much as any other sighted person (who sees) in the teaching process for teaching. After the mediations carried out between the participants, the practical intervention began, Professor Joaquim presented to the teachers some historical contextualizations about the emergence of AT - Dosvox (BORGES, 2009; 2002). For greater theoretical and practical subsidies, the teacher used the laptop and a multimedia projector as teaching resources, as shown in Figure 2:


Figure 2 – Professor Joaquim presenting the AT – Dosvox to teachers in initial training


Source: Collection of researchers (2019)


Professor Joaquim, before his intervention, clarifies to teachers that technology makes the lives of people with visual impairments easier, as it allows new sources of communication, among them, accessibility for more information to other cultural means, scientific knowledge and entertainment.




After the teacher finished on the historical contextualization, the teaching and access process began for the installation of the Dosvox Program on the teachers' laptops. For the installation, Professor Joaquim used a flash drive as a way of making the most of his time.

However, Borges (2009) highlights that the official program provides the installation directly from the internet network. During the installation, instructed by Professor Joaquim, the teachers learned how to change the voice synthesizers in the Dosvox program.

In the meantime of the installation process, it was possible to observe that the teachers demonstrated difficulties in concluding the set up process. Thus, they needed the individual intervention of Professor Joaquim to carry out the process. This moment was essential for the teachers to reflect on how important it is to look at the other without prejudice. For Nunes and Lomônaco (2010, p. 59), visually impaired people are seen as having characteristics and stereotypes historically constructed by society, therefore, there is a need to break with this conception, because “[...] this prejudice prevents that the blind person is perceived as a human being”.

With the installation of the AT – Dosvox program completed, the teachers were invited to get to know the program in a way that attempted to get closer to putting themselves in the place of a visually impaired person, “blindfolded”. According to Professor Joaquim, the didactics used were intended to allow teachers to immerse themselves in their world, in the sense of how they see, feel and learn, not using vision, but other senses.

In this teaching concept and after all the teachers were blindfolded, Professor Joaquim started the presentation on AT – Dosvox from the activity in the Testing Keyboard Program. This program aims to provide blind students with keyboard recognition. Thus, blindfolded teachers had to identify the keys to analyze what each one performs on the system. It started with the letters of the alphabet contained in the computer/laptop keyboard from touch and hearing.

Figure 3 shows the moment of the intervention carried out with the blindfolded teachers.




Figure 3 – Practical intervention: activity testing the keyboard


Source: Collection of researchers (2019)


In view of the practice carried out, a parallel is made to what Vygotsky (1997) indicates about what the lack of vision can cause. The theorist considers that blindness, by creating a new and peculiar configuration of personality in people, originates “[...] new forces, modifies the normal directions of functions, restructures and molds creatively and organically the psyche of man. Therefore, blindness is not only a defect, a deficiency, but also a source of revealing abilities, an advantage, a strength” (VYGOTSKY, 1997, p. 99, our translation)4.

It is worth noting that Professor Joaquim, several times during the intervention process, shows that the moment provided to the blindfolded teachers makes them place themselves in his world, understanding through practical means how things can be seen. Thus, Vygotsky (1997) emphasizes that the visually impaired person uses other senses to learn and engage in social spaces, therefore, it is important that knowledge mediators engage with practices necessary for new changes in seeing, thinking and rethinking their actions.

During the practice of the activity testing the keyboard, the teachers showed some difficulties, among them: concentrating to carry out the activity, considering that it was a large group, and they needed to make use of hearing to hear what the computer was saying via voice synthesizer. Touch was also one of the senses that the teachers had difficulties because they were people who could see. Typing on the keyboard without the use of vision was the greatest difficulty presented by teachers.

In this sense, Silva et al. (2018) demonstrate that it is necessary to put oneself in the other's shoes and observe that the overcoming that the blind person needs to understand themselves in society often lacks unprejudiced views, understanding how they see the world from use of the senses such as touch, hearing, taste and smell. Through the practical



4 [...] nuevas fuerzas, modifica las direcciones normales de las funciones, reestructura y forma creativa y organicamente la psique del hombre. Por consiguiente, la ceguera es no solo un defecto, una deficiencia, sino tambien, una fuente de revelacion de aptitudes, una ventaja, una fuerza (VYGOTSKY, 1997, p. 99).

RIAEE – Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 16, n. esp. 4, p. 3086-3105, Dec. 2021. e-ISSN: 1982-5587



intervention, it was possible to perceive that the teachers in initial formation were understanding better about the inclusive process, in the sense of how people with visual impairment learn and interrelate in the spaces of society.

After carrying out the activity to test the keyboard, the teachers, still blindfolded, were invited to explore each program and its usability, such as: edivox, games, Jogovox, internet access, among others. The twenty-five teachers participating in the study were unable to complete the activities proposed in the Dosvox program blindfolded. In this context, some studies (PADILHA; OLIVEIRA, 2016; NUNES; LOMÔNACO, 2010; VYGOTSKY, 1997)

show the need for the teachers to put themselves in the place of the student and to know the ways in which people with visual impairments learn in different ways. spaces, whether educational, social or cultural.

To finish the first moment of the practical intervention, Professor Joaquim asked the professors to remove their blindfolds and look at the computer/laptop screen to analyze and reflect on what they wrote in the Edivox program, which can be considered as the Microsoft Word used by sighted people. All the teachers were surprised, as they were unable to complete the activities, one of which was writing the name in the program. Therefore, one of the teachers reports:


[...] this moment was important, I had never put on a blindfold and been unable to see for so long, it really is very difficult, from today, I see how a visually impaired person actually lives, I know I was unable to see for only a short time, but I changed my conception! I want to learn more about the use of AT – Dosvox so that I can use it in the classroom with my future students, in case they have any with visual impairments, as well as other possible resources aimed at their inclusive process (TEACHER IN INICIAL TRAINING, 2019).


The practical intervention carried out by Professor Joaquim to teachers in initial Pedagogy training started from Vygotsky's (1991) conception, in the sense of seeking mediation between them and also the human-environment interaction through the use of language. For the theorist, “[...] speech as such becomes an essential part of cognitive development” (VYGOTSKY, 1991, p. 25). From the use of language, Professor Joaquim was noticing the shortcomings exposed by the professors about AT. So, he was mediating the use of AT – Dosvox, involving the inclusive process from his practices and his experiences during the intervention.

Then, Joaquim raises a question to the teachers: “[...] do you consider yourself

prepared to receive a visually impaired person in the classroom?”. In general, the teachers




answered that they are not prepared, but that they would do their best to provide means that are guided by the inclusive process for the knowledge of people with this disability.

In general terms, Prais and Rosa (2017, p. 131) emphasize that “[...] teacher training is one of the critical points that can influence the qualitative implementation of inclusive policies and consolidation of school inclusion”. With the intention of demystifying this thought, this study aimed to contribute to the initial training of teachers, thinking about the inclusive process in the classroom. The difficulties encountered are known, but including and teaching is the fundamental role of a teacher.

In the second moment, the intervention was mediated to teachers without the use of blindfolds. The intervention had the same directions as the previous intervention, which also made use of AT programming activities – Dosvox, edivox, games, Jogovox, internet access, among other programs. This intervention sought to explain the actions of teacher Joaquim in relation to the teaching and learning process of other teachers. In this sense, Professor Joaquim used mediation through language and commanded the actions of teachers in the use of the computer from the voice synthesizers of the Dosvox program, that is, through hearing.

Regarding the use of language, Nunes; Lomonâco (2010, p. 56) emphasize its importance for human development, highlighting that it is unquestionable for the blind, because “[...] language assumes an even greater role, because the visual information to which he does not have access can be partially verbalized. This accessibility was perceived throughout the intervention.

During the presentation of AT – Dosvox in which the teachers did not use the blindfolds, they were very impressed with Professor Joaquim's skill and knowledge in the use of AT, they understood the importance of putting themselves in the other's shoes. In this sense, it is worth highlighting that during the intervention process a teacher reports to Professor Joaquim:


[...] Professor, when I was blindfolded I had a lot of difficulties manipulating the computer keyboard and understanding the sounds and commands that the machine and you transmitted. Well, I was challenged to remove the sense I use most from my vision. Now that I'm not blindfolded, I still have some difficulties, but the way you teach is surprising, how can you not see anything, and help us, showing our mistakes, we who are seeing? I am very happy to have this opportunity to learn from you, because you showed me a teaching process that I would never understand, but the experience you gave me and my colleagues made me see the world in another way, that is, as you see, by sounds, touch, smell, in a more inclusive way (TEACHER IN INITIAL TRAINING, 2019)



RIAEE – Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 16, n. esp. 4, p. 3086-3105, Dec. 2021. e-ISSN: 1982-5587



A Figura 4 apresenta o momento da intervenção sobre a TA – Dosvox para os professores sem o uso das vendas:


Figure 4 – Shows the moment of intervention on AT – Dosvox for teachers without the use of blindfolds


Source: Collection of researchers (2019)


In general, the teachers had some initial difficulties in the AT - Dosvox learning process, but, at the end of the intervention, they were already closer to the reality experienced by people with visual impairments, in the way they learn and make use of AT .

It is important to emphasize that teachers need to develop practices that contextualize inclusive education, in the sense of enabling the student to have equal conditions for knowledge. Vygotsky (1997) emphasizes that the development of the particularities of a blind person must be respected.

In the third moment of the intervention, Professor Joaquim suggested that the teachers put into action what they had learned in the first and second moments of the intervention on AT – Dosvox. The actions were intended to enable teachers to simulate practices with students with visual impairments in the classroom. Therefore, teachers should, based on what they had learned, develop methodologies and didactics aimed at the teaching and learning process of these students.

To consolidate these practices, the teachers used the computer/laptop as didactic resources during the teaching process of AT – Dosvox.

The teachers paired up for the intervention, one of them represented the blind student, being blindfolded, and the other teacher played the role of (mediator) in order to teach AT from the programs contained in Dosvox, that is, the basic knowledge and initial to the teaching process.

During the intervention, this study considered some actions carried out by the teachers, among them: the teachers who represented the (mediators) of knowledge, showed little





patience at the time of the intervention, because, according to them, the teachers who represented the (blind students) were not carrying out the proposed activity. On the other hand, the (blind students) pointed out that they were unable to understand the actions commanded by the teachers (mediators), as they were blindfolded and were not listening to the commands assigned to them, as there were many people talking at the same time.

In this context, the absence of the use of instruments and language between teachers (mediators) and the teachers who represented the (blind students) is observed. According to Vygotsky (1991), the situation of interrelation is essential for the development of actions for the externalization of language. Thus, and due to the practices presented by teachers in initial training, it is necessary that they review and reflect on their actions during the inclusive teaching and learning process, and it is essential that the teacher understands how visually impaired students learn. For Vygostsky (1997), blind people have a greater memory development than in sighted people, however, this does not eliminate the need to qualify the teacher for teaching with these students.

Some studies addressed by Vygostsky (1997) regarding the development of people with visual impairments stand out:


[...] the last comparative study by E. Kretschmer (1928) showed that the blind have better verbal, mechanical and rational memory. A. Petzeld cites exactly this fact, established by a series of investigations (A. Petzeld, 1925). Biirklen has compiled the opinions of many authors who agree on one thing: they claim that memory develops in the blind with particular strength, which generally surpasses the memory of sighted people (VYGOSTSKY, 1997, p. 105, our translation)5.


Faced with the practices mediated by teachers in initial training, it was possible to observe that because they were only used to the visual sense, at the moment they were blindfolded, they were emotionally disrupted. Some teachers who represented the (mediators) during the intervention began to speak very loudly with the other teachers who represented the (blind students). The mediating teachers ended up taking the hands of the blind students and performing the actions mechanically, several actions in this sense were emerging during the intervention. However, these actions should be carried out by blind students, so that they


5 [...] el ultimo estudio comparativo de E. Kretschmer (1928) demostró que los ciegos poseen una mejor memoria verbal, mecanica y racional. A. Petzeld cita ese mismo hecho, establecido por una serie de investigaciones (A. Petzeld, 1925). Biirklen compilo opiniones de muchos autores que coinciden en una cosa: afirman que en lo ciegos la memoria se desarrolla con particular fuerza, que supera por lo general la memoria de los videntes (VYGOSTSKY, 1997, p. 105).

RIAEE – Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 16, n. esp. 4, p. 3086-3105, Dec. 2021. e-ISSN: 1982-5587



could initiate the appropriation of the teaching of AT – Dosvox. This intervention shows the importance of working more with inclusive education in initial teacher training.

Considering the actions of teachers, both those who represented the mediators and those who represented the blind students, there is a need to reflect on the four essential thoughts for the development and learning of the child portrayed by Vygotsky (1991): interaction, internalization, mediation and the zone of proximal development. These thoughts reveal the teaching and learning process, which, when not mediated, ends up determining the lack of structure in students' thinking and language. Therefore, “[...] the development of children's memory must be studied not only with respect to the changes that occur within the memory system itself, but also with respect to the relationship between memory and other functions” (VYGOTSKY, 1991, p. 37).

According to the theorist, it is necessary for the teacher and students to learn to interact based on the social and cultural relationships in which they are inserted. This interaction takes place through language, and it was not possible to observe during the practical intervention carried out among the teachers. In this context, Alvaristo (2019, p. 28) emphasized that the teacher “[...] is of great importance in the development of the child, as he is responsible for mediating knowledge, encouraging him to overcome himself and to appropriate new concepts for learning”. In this sense, Professor Joaquim points out to teachers in the face of the requested teaching proposal:


[...] I noticed that you had many difficulties in interacting with each other at the time of teaching AT – Dosvox I want to tell you that this difficulty in the interaction presented by you must be overcome, as it is the first step for the execution of the teaching visually impaired students. Because students, blind like me, need language to learn, this requires patience from both the teacher and the student. Touch plays a great role in this process, it is no use taking the student's hand and doing it for him, you need to teach him how to do it, and you can do this using some instruments and the necessary language until the student appropriates the AT – Dosvox (PROFESSOR JOAQUIM, 2019).


In view of the support raised by Professor Joaquim, a parallel with Vygotsky's perspective (1991, p. 23) is in order, which shows that language “[...] enables children to provide auxiliary instruments in the solution of difficult tasks, the to overcome impulsive action, to plan a solution to a problem in advance of its execution, and to control their own behavior”. Therefore, it is extremely important that the teacher, in the process of his initial training and after completing it, looks for new specializations that can contemplate his practices in the classroom.




Final considerations


The study aimed to contribute to the initial training of teachers of a Pedagogy course through Assistive Technology - Dosvox. In order to do so, this study had the participation of twenty-five teachers of a Pedagogy course of a Public Institution of Higher Education and a blind teacher, named Joaquim. In view of the proposal, the study mediated practical interventions aimed at the teaching process on the use of AT – Dosvox, in view of the conception of inclusive teaching and learning for students with visual impairments. The interventions were mediated in three moments by Professor Joaquim to teachers in initial training; each moment was designed with the aim of contributing to the training of these teachers in an inclusive way to digital culture, specifically in the use of AT – Dosvox.

AT – Dosvox has been developed since 1993 by the Electronic Computing Nucleus – ECN, of the Federal University of Rio de Janeiro – UFRJ. It has a technology of easy access in its system, totally national, considered the first commercial system to vocally synthesize generic texts for the Portuguese language; these texts are produced by means of a voice synthesizer, programmed to read the computer screen to blind people, and aims to enable accessibility and inclusion of people with visual impairments to the use of digital technology, demystifying paradigms that the blind cannot make use of the computer, thus providing visually impaired people with greater access to communication and interaction through digital means.

In this context and based on the interventions carried out to teachers in initial training of a Pedagogy course, it was possible to verify that teachers had difficulties in the process of installing the AT – Dosvox program; in the deprivation of eyes and, at times, hearing during the performance and tactile manipulation of the computer to carry out the activities; in the use of language; in the interrelationship with colleagues, among others. Due to the practices and actions presented by teachers in initial training, it is necessary to review and reflect on these actions during the inclusive educational process.

The results revealed that the interventions carried out by Professor Joaquim to teachers in initial training contributed to the acquisition of new conceptions about the inclusive teaching and learning process of AT - Dosvox, as well as to pedagogically recognizing and self-evaluating themselves in the inclusive teaching process for visually impaired people, especially in the way of teaching and learning with a blind teacher, as well as the importance of alterity during mediation in classrooms.




REFERENCES


ALVARISTO, E. F. A tool for the elaboration of mathematical concepts for students with visual impairment: adapted pie chart. 2019. 103 f. Dissertation (Master’s in Science and Technology Teaching) – Federal Technological University of Paraná, Ponta Grossa, 2019.


ALVES, F. C. C. et al. Assistive technology applied to education of students with visual impairment. Pan American Journal of Public Health, Washington, p. 148-152, 2009.


BORGES, J. A. From Braille to Dosvox - Differences in the lives of blind Brazilians. 2009. 343 f. Thesis (Doctorate in Systems and Computer Engineering) – Federal University of Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. 2009


BORGES. J. A. Dedinho Project – DOSVOX: A new educational reality for the visually impaired. Rio de Janeiro, 2002. Available at: http://intervox.nce.ufrj.br/dosvox/textos/artfoz.doc. Accessed on: 17 May 2019.


BRAZIL. Constitution of the Federative Republic of Brazil 1988. Brasília, DF, 1988. Available at: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Accessed on: 10 May 2021.


BRAZIL. Statute of People with Disabilities. Brazilian Legislation for the Inclusion of People with Disabilities. Brasília, DF: Statute of Persons with Disabilities, 2015. Available at: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato20152018/2015/lei/l13146.htm. Accessed on: 19 Feb. 2019


BRAZIL. Law no. 9,394, of December 20, 1996. Law of Directives and Bases for National Education. Establishes the Guidelines and Bases for National Education, 1996. Available at: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm. Accessed on: 15 Jan. 2019

BRAZIL. Ministry of Education. Salamanca Declaration and Principles, Policies and Practices in the Area of Special Educational Needs. Brasília, DF: MEC, 1994.


BRAZIL. Ministry of Education. Secretary of Special Education. National guidelines for special education in basic education. Brasília, DF: MEC; SEESP, 2001.


BRAZIL. Ministry of Education. Secretary of Special Education. National Policy on Special Education from the Perspective of Inclusive Education. Brasília, DF: MEC/SEESP, 2008. Available at: http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/politicaeducespecial.pdf. Accessed on: 12 Jan. 2019


BRAZIL. Knowledge and Practices of Inclusion. Strategies for the education of students with special educational needs. Brasília: MEC/SEF/SEESP. 2003. Available at: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/me000428.pdf. Access on: 10 Oct. 2019


DIAS, A.; FRANÇA, J.; BORGES, A. Jogavox: a collaborative learning approach with visually impaired people. Rio de Janeiro: NCE, UFRJ, 2014. 14 p.


DORZIAT, A. The school inclusion professional. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, v. 43, n. 150, 2014. p. 986-1003, set./ dez.





GALVÃO FILHO. T. A. Assistive Technology for an Inclusive School: Appropriation, Demands and Perspectives. 2009. 346 f. Thesis (Doctorate) – Federal University of Bahia, 2009. Available at: https://repositorio.ufba.br/ri/bitstream/ri/10563/1/Tese%20Teofilo%20Galvao.pdf. Accessed on: 10 Aug. 2019


GERHARDT, E. T; SILVEIRA, T. D. Research methods: planning and management for rural development at SEAD/UFRGS. 2009. Porto Alegre, RS: Ed. da UFRGS.


KASSAR, M. C. M. Special education from the perspective of inclusive education: challenges of implementing a national policy, 2011.Educar em Revista, v. 41, n. 1, p. 61-79.


LÜDKE, M.; ANDRÉ, M. E. D. A. Research in education: qualitative approaches. São Paulo: EPU, 1986.


MAZZILLO, B. I. Dosvox what do you want? Rio de Janeiro: Federal University of Rio de Janeiro. 2010.


MORAN, J. M. The contribution of technologies in education. São Paulo. Papirus, 2013.


NUNES, S. LOMÔNACO, J. F. B. The blind student: prejudices and potentialities. Semestral Journal of the Brazilian Association of School and Educational Psychology, v. 14, n. 1, p. 55-64, 2010.


PADILHA, L. M. A.; OLIVEIRA, M. I. Knowledge, teaching work and inclusive school.

Journal of Research in Special Educational Needs, v. 16, no. 1, p. 318-322, 2016. Available at: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/epdf/10.1111/1471-3802.12294. Accessed on: 15 May 2019.

PRAIS, S. L. J.; ROSA, F. V. Teacher training for inclusion treated in the Brazilian magazine of special education: an analysis. Rev. Educação Especial, v. 30, n. 57, p. 129-144, jan./abr. 2017.


SÁ, D. E.; CAMPOS, M. I.; SILVA, C. B. M. Specialized educational service: visual impairment. Brasília: Ministry of Education, Secretariat of Special Education, 2007.


SILVA, R. C. S. et al. Acquired blindness: social, cultural and educational implications. Rev. Tecné, Episteme y Didaxis, 2018. Available at: https://revistas.pedagogica.edu.co/index.php/TED/article/view/9066. Accessed on: June 10, 2019.


SONZA, P. A.; SANTAROSA, C. M. L. Virtual Digital Environments: Accessibility to the Visually Impaired. Rev. Novas Tecnologias da Educação, 2003. Available at: http://seer.ufrgs.br/renote/article/viewFile/13637/7715. Accessed on: 09 Aug. 2019


VYGOTSKY, L. S. Fundamentals of defectology. In: Selected works. Moscow: Pedagogical Editorial, 1997.


VYGOTSKY, L. S. Thought and language. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1991.




How to reference this article


ALVARISTO, E. F.; SANTINELLO, J. The contributions of dosvox assistive technology for initial training teachers: intermediating inclusive technological practices. Revista Ibero- Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 16, n. esp. 4, p. 3086-3105, Dec. 2021. e-ISSN: 1982-5587. DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v16iesp.4.15600


Submitted on: 08/22/2021 Revisions required on: 10/30/2021 Approved on: 12/10/2021 Published on: 12/30/2021


Management of translations and versions: Editora Ibero-Americana de Educação Translator: Thiago Faquim Bittencourt Lattes

Translation reviewer: Alexander Vinícius Leite da Silva