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Da verdade absoluta ao relativismo do conhecimento científico: Um olhar para as pesquisas em educação
RIAEE
–
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1426-1444, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15825
1426
DA VERDADE ABSOLUTA AO RELATIVISMO DO CONHECIMENTO
CIENTÍFICO: UM OLHAR PARA AS PESQUISAS EM EDUCAÇÃO
DE LA VERDAD ABSOLUTA AL RELATIVISMO DEL CONOCIMIENTO
CIENTÍFICO: UNA MIRADA A LA INVESTIGACIÓN EDUCATIVA
FROM THE ABSOLUTE TRUTH TO THE RELATIVISM OF SCIENTIFIC
KNOWLEDGE: A LOOK AT THE EDUCATIONAL RESEARCH
Jean Marcos FRANDALOSO
1
Maria Alzira LEITE
2
RESUMO
: Este artigo tem por objetivo principal discorrer sobre a ‘suposta’ neutralidade do
pesquisador, diante do seu objeto de análise, bem como refletir sobre a natureza dogmática que
permeia as pesquisas na esfera da educação, à luz do Princípio de Não-Contradição. O artigo
se alicerça numa pesquisa bibliográfica, do tipo descritivo-explicativa, com base nas
concepções de Japiassu (1983, 2001); Cirne-Lima (1996), Filho (2018), dentre outros que serão
trazidos ao debate. Dessa forma, espera-se, com tais conclusões, oportunizar uma discussão e
posterior compreensão acerca dos estudos desses autores, que se opõem à ideia de neutralidade
do sujeito/pesquisador diante dos resultados obtidos e, imbricado a isso, destacar o dogmatismo
implícito nas pesquisas educacionais.
PALAVRAS-CHAVE
: Pesquisa em educação. Objeto de pesquisa. Contradição performativa.
RESUMEN
: El objetivo principal de este artículo es discutir la 'supuesta' neutralidad del
investigador, frente a su objeto de análisis, así como reflexionar sobre el carácter dogmático
que impregna la investigación en el ámbito de la educación, a la luz del Principio de No
Contradicción. El artículo se basa en una investigación bibliográfica, de tipo descriptivo-
explicativo, a partir de los conceptos de Japiassu (1983, 2001); Cirne-Lima (1996), Filho
(2018), entre otros que serán llevados al debate. Así, se espera, con tales conclusiones, brindar
una oportunidad para una discusión y, posteriormente, una comprensión de los estudios de
estos autores que se oponen a la idea de neutralidad del sujeto/investigador frente a los
resultados obtenido y, entrelazado con este, resaltar el dogmatismo implícito en la
investigación educativa.
PALABRAS CLAVE
: Investigación en educativa. Objeto de investigación. Contradicción
performativa.
1
Universidade Tuiuti do Paraná (UTP)
–
Curitiba
–
PR
–
Brasil. Mestrando no Programa de Pós-Graduação em
Educação. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-7969-2414. E-mail: jean.frandaloso@gmail.com
2
Universidade Tuiuti do Paraná (UTP)
–
Curitiba
–
PR
–
Brasil. Professora no Programa de Pós-Graduação.
Doutora e Mestre em Letras: Linguística e Língua Portuguesa (PUC Minas). ORCID: https://orcid.org/0000-0003-
2235-4021 E-mail: mariaalzira35@gmail.com
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Jean Marcos FRANDALOSO e Maria Alzira LEITE
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1426-144, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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ABSTRACT
: The main objective of this article is to discuss the 'supposed' neutrality of the
researcher, before his object of analysis, as well as to reflect on the dogmatic nature that
permeates research in the sphere of education, in the light of the Principle of Non-
Contradiction. The article is based on a bibliographical research, of the descriptive-
explanatory type, based on the concepts of Japiassu (1983, 2001); Cirne-Lima (1996), Filho
(2018), among others that will be brought to the debate. Thus, it is expected, with such
conclusions, to provide an opportunity for a discussion and, later, an understanding of the
studies of these authors who are opposed to the idea of neutrality of the subject/researcher in
the face of the results obtained and, intertwined with this, to highlight the dogmatism implicit
in the educational research.
KEYWORDS
: Educational research. Research object. Performative contradiction.
Introdução
Segundo Japiassu (1983, 2001); Cirne-Lima (1996); Demo (2010) e Filho (2018), as
pesquisas científicas, em especial, na seara da educação, trazem consigo um olhar intencional
do sujeito/pesquisador que, na maioria das vezes, disfarça-se com a roupagem de neutralidade
e cientificismo puritano, comprometendo, dessa forma, as conclusões ora obtidas pelo
investigador no seu campo de estudo.
Nesse viés, pautando-se numa investigação bibliográfica, do tipo descritivo-explicativa,
pretende-
se abordar a ‘suposta’
neutralidade do sujeito/pesquisador no curso das produções
acadêmicas, levando-se em consideração a seguinte problemática: de que modo o cientista pode
superar a contradição performativa na produção de conhecimento, tendo em vista os seus
anseios e olhares no desenvolvimento do trabalho acadêmico?
Assim sendo, este artigo tem por objetivo principal discorrer sobre a ‘suposta’
neutralidade do pesquisador, diante do seu objeto de análise, bem como refletir sobre a natureza
dogmática que permeia as pesquisas na educação, à luz do Princípio de Não-Contradição.
A ideia de dominar o objeto de estudo, muito frequentemente disseminada por parcela
majoritária de docentes,
nos estabelecimentos educacionais, também oportuniza uma reflexão
da contradição que envolve o campo da educação, enquanto chave de libertação do homem do
seu estado ‘sine qua non’. Por mais que o sujeito/pesquisador se esforce para não influenciar os
rumos da pesquisa, buscando, incansavelmente, ancoragem numa postura imparcial que
justifique o teor cientificista da produção acadêmica ora pretendida, verifica-se que tal tentativa
não passa de uma “esquizofrenia” (JAPIASSU, 1983, p. 15) intelectual, até mesmo porque “[...]
quem acredita em certas verdades científicas ou filosóficas como se elas fossem um porto
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seguro esconde, no fundo, um medo básico não superado e uma angústia não resolvida”
(JAPIASSU, 1983, p. 13).
Ora, quando se fala em domínio do objeto, defende-se a proposta de submissão de algo
a alguém. Se, no campo da pesquisa em educação,
essa relação interacionista que se estabelece
entre o sujeito/pesquisador e o objeto de pesquisa é predominante e imprescindível para o
desenvolvimento da produção científica, então, pode-se inferir que a educação não liberta (do
latim libertas), mas, ao contrário, aprisiona, limitando, por conseguinte, o senso crítico do
investigador, e contribuindo, inclusive, para a instauração de uma “pedagogia da incerteza”
(JAPIASSU, 1983, p. 13) num contexto epistemológico do termo anunciado. Se existe relação
de submissão entre o pesquisador e o objeto de pesquisa, logo, o discurso que circula na
educação de que o conhecimento liberta o homem não passa de uma “bobagem pensada e dita”.
(CIRNE-LIMA, 1996, p. 66).
Não bastasse o “[...] mito [...]” (FILHO, 2018, p. 103) da ‘suposta’ neutralidade do
pesquisador em seu campo de estudo, o que por si só já representaria “[...] uma lógica do
fracasso” (FLICKINGER, 2010, p. 18), observa
-se que as pesquisas, de modo geral, não se
orientam pela proposição de uma verdade “[...] absoluta [...]” (CIRNE
-LIMA, 1996, p. 74), o
que, num primeiro momento, não contrasta com qualquer violação de ordem semântica, literal
e/ou objetiva.
No campo da educação, por exemplo, trata-se de um raciocínio pacificado, até mesmo
porque “[...] constitui um atentado contra o processo de maturação intelectual dos educandos
toda pedagogia que tenta incutir-
lhes a ilusão da verdade”. (JAPIASSU, 1983, p. 18
-19). Não
obstante a rejeição ao culto da ‘verdade absoluta’, a sua justificação pela ideia de aproximação
da ‘suposta’ verdade inaugura, no viés filosófico, a contradição performativa de seus pares.
Se, por um lado, nega-
se a proposta de uma ‘verdade absoluta’ no que tange aos
conhecimentos que podem emergir da pesquisa em educação, por outro, ao se sustentar o
argumento de que o sujeito/pesquisador, no máximo, se aproximará de tal verdade, levando-se
em consideração o objeto de estudo, ter-se-á, portanto, consumado, o dogmatismo pela negação
da premissa inicial.
Visando a ilustrar o panorama suscitado neste artigo, referente à contradição
performativa, Cirne-Lima (1996, p. 67) exemplifica o fato através da existência e da não-
existência de um determinado objeto:
Dizemos desta mesa, que está ali e para a qual apontamos com o dedo, duas
coisas. Dizemos, primeiro, que esta mesa, por ser contingente, tanto pode
existir como pode, por igual, não existir; embora ela de fato exista, ela pode
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não existir. Dizemos, por outro lado, que esta mesa, enquanto ela é e existe,
não pode não existir. Afirmamos desta mesma mesa, por um lado, que ela
pode não existir, por outro lado, que ela não pode não existir.
Esta mesa pode não existir = contingência
Esta mesa não pode não existir = existência
Ao mesmo sujeito um mesmo predicado é atribuído e não atribuído; do mesmo
sujeito um mesmo predicado é dito e não é dito. Isso, exatamente isso, é uma
contradição. Isso não é um absurdo total? Certamente, e quem afirma isso sem
mais explicar entra no reino do absurdo e nega, no fundo, a possibilidade
mesma do pensar e do falar.
Consoante ao que foi observado no trecho acima, é notória a contradição percebida entre
‘o que pode existir’ e ‘o que não pode não existir’. A referida contradição incide sobre o mesmo
sujeito, ‘esta mesa’. Nesse caso, conclui
-se que a pretensão em torno da construção do
conhecimento totalmente verdadeiro nas pesquisas em educação não passa de uma utopia
intelectual, e que a projeção dessa aproximação de verdade, igualmente, reforça a contradição
performativa pela negação desse mesmo conhecimento, em sua totalidade.
Outrossim, essa rejeição da concepção de uma ‘verdade absoluta’, imbricada na
premissa de que o conhecimento somente poderá ser construído numa perspectiva relativa,
consolida, por óbvio, o dogmatismo na sua versão negada, o que não deixa de ser uma pesquisa
comprometida do ponto de vista científico. Nessa toada, Japiassu (1983, p. 21) expõe que:
[...] um conhecimento totalmente verdadeiro, inteiramente acabado e
securizante, dotado de parâmetros absolutos, só pode constituir um mito. Sob
certos aspectos, o mito e a ciência desempenham uma função idêntica:
fornecem ao espírito humano certa representação do mundo e das forças que
o animam.
Isso posto, seja por intermédio da negação da ‘verdade absoluta’ nas pesquisas em
educação ou pela aceitação da relatividade desse conhecimento em tais pesquisas, a contradição
performativa estará inserida na construção desse conhecimento científico, razão pela qual abre-
se margem para se (re)pensar o emprego do método na elaboração das pesquisas, na origem dos
resultados obtidos, no curso da investigação científica, bem como no próprio cientificismo que
permeia as produções acadêmicas.
Convém observar que estabelecer um conceito de verdade pode representar um universo
de inúmeras possibilidades ontológicas, tensionadas por uma pluralidade de fatores de ordem
social, cultural, política e religiosa que, indiscutivelmente, podem interferir na compreensão do
que seja entendido por ‘verdade’. Na mesma esteira de raciocínio, Japiassu e Marcondes (2001,
p. 187) ressal
tam que “há, entretanto, várias definições de verdade e várias teorias que
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pretendem explicar a natureza da verdade”. Com o intuito de lançar luzes sobre o tema proposto,
Abbagnano (1998, p. 993-
994) conceitua o termo ‘verdade’ como sendo uma:
Validade ou eficácia dos procedimentos cognoscitivos. Em geral, entende-se
por V. a qualidade em virtude da qual um procedimento cognoscitivo qualquer
torna-se eficaz ou obtém êxito. Essa caracterização pode ser aplicada tanto às
concepções segundo as quais o conhecimento é um processo mental quanto às
que o consideram um processo linguístico ou semiótico. Ademais, tem a
vantagem de prescindir da distinção entre definição de V. e critério de V. Essa
distinção nem sempre é feita, nem é frequente; quando feita, representa apenas
a admissão de duas definições de V. P. ex., quando se faz a distinção entre
teoria da correspondência e critério de V.., este é definido como evidência
recorrendo-se ao conceito de V. como revelação, e a teoria da V. como
conformidade a uma regra, apresentada por Kant como critério formal ao lado
do conceito de V. como correspondência, torna-se então uma definição da
própria V.
Em direção oposta a Abbagnano (1998), Japiassu e Marcondes (2001, p. 187) entendem
que o conceito
clássico de verdade (do latim “
veritas
”) pode ser compreendido como sendo
uma “[...] adequação do intelecto ao real. Pode
-se dizer, portanto, que a verdade é uma
propriedade dos juízos, que podem ser verdadeiros ou falsos, dependendo da correspondência
ent
re o que afirmam ou negam e a realidade de que falam”. Apesar da necessidade de se
estabelecer o conceito de ‘verdade’ com o qual se pretende trabalhar neste artigo, bem como da
compreensão ontológica que envolve a referida expressão, optou-se por adotar a definição
elencada na teoria da verdade.
Portanto, o conceito de verdade deve ser vislumbrado numa perspectiva de proposição
coerente, à luz do Princípio de Não-Contradição, haja vista que se trata de um juízo de valor
que não comporta, em seu núcleo valorativo, qualquer forma de contradição.
O objeto de pesquisa numa perspectiva intencional do sujeito/pesquisador
A pesquisa científica nem sempre revela aquilo que se quer saber, seja porque o objeto
pesquisado não possibilitou maiores ângulos de observações e, por conseguinte, maiores
esclarecimentos sobre as camadas do que foi investigado, seja porque a problematização em
torno da pergunta de pesquisa fecunde na aridez do mundo do impossível, até mesmo porque,
na concepção de Cirne-Lima (1996, p.
63), “ser impossível, em lógica, significa não
-ser-
possível; o que é impossível não pode ser, o que é impossível não pode existir”.
Por muito tempo, buscou-
se no “[...] mito do porto seguro [...]” (JAPIASSU, 1983, p.
15) a ilusória aparência de cientificismo que permeia a pesquisa em educação, como forma de
blindar o objeto de estudo da interferência do investigador. Por vezes, o sujeito/pesquisador é
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levado a acreditar que pode controlar os seus anseios e não contaminar a sua pesquisa com seus
pensamentos. Essa ilusória aparência de neutralidade não nasce com ele, mas lhe é ensinada na
escola. A esse respeito, Japiassu (1983, p. 26) pontua que:
O cientista articula o que ele observa com o que imagina. Antes de observar
um fenômeno, já possui certa ideia do que deverá ser observado, vale dizer, já
decidiu o que será possível e já possui certa ideia do que poderá ser a
“realidade”. O cientista já p
ossui certa concepção do desconhecido, desse
domínio situado para além do que o autorizam a crer a lógica e a experiência.
Numa palavra, a pesquisa científica começa sempre pela invenção de um
mundo possível, ou de um fragmento de “real” possível.
Conforme se verifica, antes mesmo do objeto de pesquisa ser analisado pelo
sujeito/pesquisador, este, por si só, já o vislumbra no contexto de suas intenções, o que, por
óbvio, não deixa de ser natural, afinal de contas, não se pode querer conhecer algo que sequer
é visualizado no mundo cognoscitivo. Para Japiassu (1983, p. 31):
Se nos perguntarmos, por outro lado, sobre o modo de funcionamento da
ciência, sobre seu papel social, sobre sua maneira de explicar os fenômenos e
de compreender o homem no mundo, perceberemos facilmente que as
condições reais em que são produzidos os conhecimentos objetivos e
racionalizados estão banhadas por uma inegável atmosfera sócio-político-
cultural. É esse enquadramento sócio-histórico, fazendo da ciência um
produto humano, nosso produto, que leva os conhecimentos objetivos a
fazerem apelo, quer queiram quer não, a pressupostos teóricos, filosóficos,
ideológicos ou axiológicos nem sempre explicitados. Em outros termos, não
há ciência “pura”, “autônoma” e “neutra”, como se fosse possível gozar do
privilégio de não-se-sabe-
que “imaculada concepção”.
Dessa maneira, a recepção do objeto de pesquisa
,
numa perspectiva cientificista, tão
somente, inaugura-se com o método desenvolvido por Descartes. Por isso, Filho (2018, p. 727-
728) reconhece que:
[...] não erramos em dizer que o principal motivo pelo qual Descartes entrou
para a história do pensamento foi por ter-nos deixado como herança, como
aquilo que constantemente deve ser pensado, a questão do método. A partir de
Descartes, o fato de se ter um método passa a ser o critério para se atingir o
científico. Pois, para o filósofo, o método é o que permite justapor ao bom
senso, ou seja, a racionalidade comum a todos os seres humanos, a
possibilidade de unificação das diversas perspectivas do pensamento através
de regras que delimitem indubitavelmente o campo da certeza, estabelecendo
a distinção entre o falso e o verdadeiro.
Ainda aparece, com muito rigor, o ‘ranço’ do racionalismo científico impregnado nas
pesquisas acadêmicas: a aparência de uma ciência puritana que, durante seu encaixe numa
perspectiva epistemológica, passa pelas etapas experimentais, isenta de qualquer intervenção
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do pesquisador. E de quem é a culpa? A quem deve-se atribuir o resultado dessas angústias que
inculcam o melhor pensamento? A resposta é muito simples: esse racionalismo est
á no ‘DNA’
do cientificismo e nas instituições que o reproduzem. Muitos cientistas conservam, em si, essa
peregrinação em direção à neutralidade advinda das ciências empírico-formais, idealizando-a,
em suas práticas, como se fosse uma religião.
Contudo, destaca-se que a tradição das ciências modernas é (re)produzida como verdade
inquestionável nas academias, dela não podendo se afastar sob pena de ser lançado no deserto
intelectual. Nessa conjectura de tudo assentir sem, ao menos, poder usar do bom senso de se
opor às concepções do cientificismo exacerbado, observa-se que todas as descobertas
científicas estão sujeitas à pressão do tempo: marca emblemática que representa o sistema de
produção do capital, até mesmo porque “essa representação inclui o aspecto
de conhecimento
das propriedades do mundo real (ciência), de valorização (ética) e de simbolização (arte)”.
(DERMEVAL, 2015, p. 286).
Apesar da relevância do tempo cronológico,
que condiciona as ações humanas, numa
perspectiva de reprodução do capital, e das demais pressões que emergem do modo de
elaboração, material e não-material, não se quer aqui aprofundar tais estudos, até mesmo porque
essa não é a intenção suscitada neste artigo. Retomando o raciocínio inicial, verifica-se que
muitos professores, cientistas, especialistas e experts, abordam, no âmbito dos estabelecimentos
educacionais, a equivocada compreensão de que o sujeito/pesquisador deve dominar o objeto
como meio de melhor se apropriar das especificidades do conhecimento ali investigado. Trata-
se, basicamente, de um discurso circular que, explicitamente, projeta a intencionalidade do
cientista nas dimensões do objeto ora pesquisado.
É importante ressaltar que mesmo levando em consideração a retórica do discurso
eloquente, fomentado nas fileiras acadêmicas, no que tange à neutralidade do
sujeito/pesquisador, durante o ato de investigação científica, bem como a roupagem cientificista
que permeia a natureza do objeto em si, algumas reflexões devem ser consideradas e
(re)pensadas nas práticas de ensino e de aprendizagem. Diante de tais apontamentos, Filho
(2018, p. 733) sustenta que:
Dessa maneira, o dito objeto tende a dizer apenas aquilo que o sujeito quer
ouvir. Daí que, na cotidianidade da pesquisa, geralmente ouvimos a orientação
do professor: você tem que dominar o seu objeto! Mas será que na prática da
pesquisa em educação chegamos de fato a dominar assim o nosso objeto? Será
que ele é passível de tal dominação? E, sendo este o caso, é para isto que
pesquisamos as questões relativas à educação? Ao fim e ao cabo, para dominar
o ser humano? Como sabemos, pode ser que sim, pode ser que não.
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E, partindo da premissa de que o sujeito/pesquisador domine o seu objeto de pesquisa,
será que os conhecimentos obtidos são legítimos do ponto de v
ista do ‘dever
-
ser’? Nem sempre
o investigador se banha nos louros de sua descoberta, até mesmo porque o ‘dever
-
ser’ “[...] é
um tipo de necessidade que, por sua estrutura interna, permite e até exige que as coisas possam
ser também de outra maneira. O que
“deve ser” é necessário em certo sentido [...]” (CIRNE
-
LIMA, 1996, p. 107), mas nem sempre se revela no plano do que deve ser.
Diante de tais esclarecimentos, faz-se necessário compreender que o formato metódico
instituído por Descartes e, posteriormente, sujeitado ao rigor analítico de tantos outros
pensadores filosóficos do século XVII, XVIII e XIX, não mais coaduna, sequer dialoga, com
as atuais necessidades da sociedade e, em razão disso, com o pensamento científico emergente.
Não existe conhecimento pronto e acabado, haja vista que a sociedade não é estática. O
pensamento não é imutável, nem a compreensão é a mesma sobre o objeto de pesquisa. À vista
disso, Japiassu (1983, p. 19) observa que:
Ao contrário, a pedagogia da incerteza tenta relativizar a produção científica
e a do ensino das ciências. Porque esta é uma das condições para que os alunos
desenvolvam sua capacidade crítica, assumam-se como personalidades
individualizadas e criativas, capazes de não viverem apenas à sombra dos
professores, dos autores célebres que lhes serviriam de muletas ou de uma
escola de pensamento que os enquadraria em esquemas mentais rígidos e
dogmáticos. Para mim, o gosto amargo da incerteza e a dor íntima do
desamparo frente a uma aprendizagem relativizante, incapaz de parâmetros
absolutos e de dogmatismos catequéticos, são extremamente saudáveis.
Porque é na angústia da incerteza das teorias estudadas, no fato de sentirem-
se perdidos em seu processo de crescimento intelectual e na descoberta por
vezes decepcionante de que não existe porto seguro no domínio do
conhecimento, que os alunos terão condições de se deixarem possuir pela vida,
se é que pretendem possuí-la.
O conhecimento é uma produção histórica e mobiliza interesses de distintas ordens, em
diferentes cenários, razão pela qual os resultados que emergem do objeto de pesquisa em
educação devem ser observados numa perspectiva de superação das fragilidades anteriores,
posto que a pretensa intenção de dominar o objeto de pesquisa não passa de uma “paranoia”
(JAPIASSU, 1983, p. 18) disseminada nas universidades e demais espaços formais de
aprendizagem.
Contudo, o problema não reside no uso metódico de fórmulas e/ou nas incertezas que
ocupam os pensamentos dos sujeitos/pesquisadores, mas, sim, na reiterada prática daquilo que
já se pesquisou. Basicamente é uma reprodução daquilo que já existe no mundo das coisas
sensíveis. Essa demasiada reprodução científica daquilo que já existe apenas serve para reforçar
o cientificismo aparente, pois, “quem, do ponto de vista do saber, só pode andar de corrimão
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ou amparado por muletas está despreparado para a vida, é v
ítima de paraplegia intelectual”.
(JAPIASSU, 1983, p. 22).
O impasse reside na insistência dessa reprodução do conhecimento nas fileiras
estudantis, bem como na maneira pacífica e cômoda de enfrentamento dessa situação por parte
dos sujeitos/pesquisadores. Nesse diapasão, Flickinger (2010, p. 19) enfatiza que:
Em última instância, o escandaloso do fetiche de objetividade, que rege a
racionalidade moderno-instrumental do conhecimento, não consiste tanto na
ilusão de a verdade objetiva dever abstrair das condições subjetivas do homem
conhecedor; o escândalo encontra, antes, sua raiz verdadeira no motivo
fundamentador desse fetiche: por meio da insistência na ideia da objetividade
do processo de conhecimento, o sujeito conhecedor imuniza-se, obviamente,
a si mesmo, no intuito de não se sentir forçado a dar-se conta de sua própria
competência restrita, referente ao domínio do processo que levaria à
configuração do sentido a ser elaborado. Não é tão perigoso, portanto, o risco
de influências subjetivas que iriam deformar o conhecimento do mundo
objetivo, senão antes aquele de exigir do próprio sujeito conhecedor a
abdicação da ideia do seu ser-senhor-de-si. Sem dúvida, essa exigência
afetaria sua vaidade mais intrínseca.
De outra banda, verifica-se que o determinismo do método não se compara com o rigor
do cientista que, teimosamente, acredita que todas as respostas emergirão da aplicação de
fórmulas prontas e acabadas. É desse cenário de revelações que se pode perceber que o
sujeito/pesquisador não é neutro na investigação do seu objeto de pesquisa, sequer a própria
pesquisa científica é isenta dos olhares do seu condutor. Desse modo, “[...] se a pretensão da
ciência consiste em descrever a natureza e em distinguir radicalmente o sonho da realidade,
nem por isso devemos nos esquecer de que os homens têm tanta necessidade de sonho quanto
de realidade”. (JAPIASSU, 1983, p. 23).
Logo, constata-se que a intenção de domínio do objeto, por parte do cientista, não pode
ser compreendida como fim-último nas pesquisas em educação e/ou se ancorar na esperança de
que o uso do método forneça a verdade ora pretendida. Esse caminho deve ser construído,
gradativamente, pelo sujeito/pesquisador. Dessa forma, nas palavras de Filho (2018, p. 738):
Para o pesquisador em educação, só há uma forma de encontrar o seu dito
objeto de estudos, indo ao mundo. Mundo este que, necessariamente, só pode
ser o mundo tal qual aparece para nós, ou seja, o mundo fenomênico da
empiria. Cujos dados, evidentemente, não podemos desprezar. Quantificar o
mundo é uma das qualidades que mais apreciamos em nós mesmos. Pois é ela
que nos dá certezas sobre nós e nos abre a possibilidade de controlar o
quantificado, de, como já foi dito, dominar o objeto.
É nesse universo factual, em desenvolvimento, que o pesquisador precisa construir os
alicerces para a aquisição do seu conhecimento, certo de que não se pode dominar o objeto de
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pesquisa, seja porque a educação não aprisiona seus participantes, seja porque não se consegue
adentrar em todas as camadas que circunscrevem a natureza desse objeto pesquisado, haja vista
que “não somos nós quem dominamos as coisas. São elas que nos dominam” (JAPIASSU,
1983, p. 19).
Ademais, se tal concepção de domínio do objeto, nas pesquisas em educação, fosse
considerada como verdade inquestionável, nos mesmos moldes duma tradição religiosa,
certamente que a educação seria um instrumento de opressão e de aprisionamento, não somente
do corpo físico, mas também da alma, tolhendo-se a liberdade do ser humano.
Partindo do pressuposto de que as pesquisas em educação devem se orientar pelas
escolhas dos sujeitos/pesquisadores, não se pode negar a intencionalidade destes no cenário da
pesquisa, até mesmo porque ele não pode sofrer qualquer embaraço em sua liberdade crítica de
observar o seu objeto de estudo. Assim sendo, é necessário considerar o método utilizado com
o qual o cientista pretende submeter o objeto de pesquisa, os caminhos percorridos e as
elucubrações mentais necessárias para a elaboração dos capítulos que integrarão a produção
científica.
Diante dessas discussões e reflexões, e considerando o posicionamento de Japiassu
(1983, 2001); Cirne-Lima (1996); Demo (2010) e Filho (2018), é possível dizer que não existe
neutralidade por parte do sujeito/pesquisador nas pesquisas em educação, muito menos o objeto
de pesquisa está isento das ideologias viciantes do espírito humano. Para esses autores, a
pesquisa científica é produzida sob o ‘olhar’ de quem a conduz e, por conseguinte, sofre
incidência das vontades, pretensões e inculcações que norteiam os cientistas, razão pela qual é
notória a parcialidade dos sujeitos diante dos resultados obtidos.
De sorte que “é no deixar ser do outro que ele próprio pode revelar
-se. Se aquilo que
queremos é realmente conhecê-lo, e não subjugá-lo, evidentemente. Assim, pesquisar envolve
sempre a compreensão de uma possibilidade de nós mesmos” (FILHO, 2018, p. 743), refletindo
os interesses e anseios do pesquisador.
A contradição performativa na pesquisa em educação
Pensar no objeto de pesquisa que circunscreve o campo da educação é se deparar com
uma realidade de infinitas possibilidades que podem ser exploradas pelo cientista e que
implicam numa gama considerável de (re)construções epistemológicas que possibilitam uma
versão diferenciada daquilo que se estuda, até porque não existe uma “[...] verdade absoluta
[...]” (JAPIASSU, 1983, p. 34) que norteia as pesquisas de modo geral. Mesmo porque, “o
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universal, quando não responde adequadamente às exigências estruturais do particular, perde
sua força, abdica de sua validade e, finalmente, quebra-
se em cacos”. (CIRNE
-LIMA, 1996, p.
53).
Por isso, busca-se, sempre, uma modalização do discurso no sentido de apenas
prorrogar, no tempo e no espaço, os resultados ora obti
dos no ato de examinar, posto que “a
pesquisa não desfaz esta relatividade, apenas coloca em cena outros argumentos que merecem
atenção e debate, em processo reconstrutivo infindável”. (DEMO, 2010, p. 194).
Prova disso é a premissa básica que se aprende nas primeiras aulas de matemática, por
exemplo, quando o docente argumenta que a ordem dos fatores não altera o produto. Nesse
diapasão, será utilizada a equação 2X + 3X= 5X para uma melhor exemplificação do que foi
exposto até o presente momento. Refletindo sobre a sentença acima, verifica-se, na ordem em
que aparecem tais elementos, que pouco importa a posição ordinária em que ocupa um
predicado ou outro, haja vista que o resultado da soma permanecerá invariável, ou seja, 5x.
Talvez esse princípio funcione nas ciências matemáticas, em que a ordem dos fatores
não altera o produto, porém, em se tratando da área da educação, será que a inversão da ordem
dos fatores pode ou não alterar o produto ora pretendido pelo sujeito/pesquisador?
Havendo mudança metodológica de abordagem do objeto, em um mesmo cenário,
poder-se-ia pensar na manutenção das mesmas especificidades do conhecimento que se
pretende obter? Naturalmente que essa resposta já restou esclarecida na seção anterior, tendo
em vista que não existe conhecimento imutável. Nessa circunstância, Japiassu (1983, p. 22)
frisa que:
Precisamos reconhecer modestamente, e de uma vez por todas, que não existe
mais um conceito absoluto de verdade. Isso significa que a noção de verdade
deve ser introduzida no tempo humano. Não pode escapar à categoria da
temporalidade. É neste sentido que toda verdade humana é feita de certas
ideias verificadas, feitas verdadeiras. Uma verdade congelada torna-se uma
anestesia intelectual. Seu efeito paralisante gera inúmeras doenças do espírito,
entre as quais a paralisia adulta da inteligência. Por outro lado, uma vez que
estamos condenados a viver num mundo plural, a conviver com um mundo no
qual coexistem diferentes formas de discursos, várias maneiras de se conceber
o homem e a própria verdade, nosso conhecimento humano deve ser tomado
como objeto de pesquisa, não de revelação.
Não existe ciência pura e/ou pesquisa isenta dos interesses do sujeito/pesquisador, haja
vista que “o processo de produção de conhecimento não é a
penas técnico, metodológico, é
igualmente político, até porque conhecimento inovador é hoje reconhecido como intervenção
mais estratégica na realidade”. (DEMO, 2010, p. 226). Indubitavelmente que a natureza da
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pesquisa é banhada nas intencionalidades imbricadas no agir de quem se propõe a pesquisar.
Considerando todo o exposto, Japiassu (1983, p. 33-34) expõe o seguinte:
Ora, administrativa e financeiramente, a ciência depende de múltiplos
organismos oficiais ou industriais. Alguns domínios de pesquisa são
fortemente estimulados por razões que nada têm a ver com o saber puro, por
“razões” que a razão científica não conhece
. Socialmente, a ciência pura é uma
ficção. Por detrás da dicotomia saber/aplicações, oculta-se a ideia de que a
ciência possui um estatuto transcendente à sociedade. Só contaria a procura
da Verdade. A ciência seria autônoma, pois se daria suas próprias normas.
Seria regida por uma ética interna. Não seria regida por uma ética impondo
aos pesquisadores deveres para com a sociedade. Por isso, o mito da ciência
pura funda, de um lado, a irresponsabilidade social dos cientistas; do outro,
fornece ao Estado ou ao Poder uma perfeita justificação para o apolitismo da
pesquisa.
Independentemente do entendimento de que não existe uma ‘verdade absoluta’ nas
pesquisas científicas, em especial no campo da educação, fato é que a indeterminação, e
posterior relativização do conhecimento científico pretendido, revela a contradição
performativa. Diante de tais conclusões, Japiassu (1983, p. 20-21) se manifesta da seguinte
maneira:
[...] o que pretendemos afirmar é que não pode haver verdade absoluta no
domínio do conhecimento humano, no sentido em que seria o ponto de
perfeição do conhecimento. Porque ela é sempre uma etapa de um processo
de constante aproximação. Queremos dizer, em outras palavras, que a verdade
é uma realidade histórica. E é neste sentido que ela é relativa. Pois nos leva a
admitir a provisoriedade de todo e qualquer modelo explicativo. Isto nada tem
a ver com o relativismo epistemológico, posto que uma verdade pode muito
bem ser relativa sem, no entanto, deixar de ser absolutamente verdade. Não
negamos absolutamente a verdade o que seria outra forma de dogmatismo.
Mas a introduzimos no tempo humano, o único que conhecemos. A
temporalidade da verdade introduz uma revolução no pensamento: não se trata
de tudo negar, repetindo a dúvida sistemática dos céticos ou reeditando a
tabula rasa da dúvida metódica, mas de tudo aceitar por um pensamento cuja
fecundidade está justamente em suas tentativas constantes de aproximação da
verdade. Quanto a verdade absoluta, ela não constitui a medida nem tampouco
o juiz da relatividade das verdades: constitui apenas a superação dessas
verdades, superação que se enriquece constantemente.
Partindo da premissa de que as pesquisas em educação não se sustentam num
conhecimento puritano, até mesmo porque “apoiar
-se numa verdade, como em um absoluto, é
realizar uma censura cuja legitimidade não conseguimos fundamentar” (JAPIASSU, 1983, p.
21), a concepção de que o sujeito/pesquisador apenas se aproxima da verdade não deixa de
revelar o teor do “[...] dogmatismo [...]” (JAPIA
SSU, 1983, p. 26) implícito nas estruturas
iniciais dos estudos, reforçando, desta forma, a incidência da contradição performativa no
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decorrer das produções científicas. Corroborando com o entendimento de Japiassu (1983) e
Filho (2018), Cirne-Lima (1996, p. 115) assevera que:
A contradição que provoca o movimento do sistema é, especialmente na
Lógica, a contradição performativa. Eu determino a pluralidade e a riqueza do
mundo pressuposto como sendo algo indeterminado, como algo que não diz
nada de determinado. O ato performativo de dizer e determinar determina tudo
como sendo algo indeterminado, como o ser indeterminado, o qual, visto pelo
outro lado, é o nada indeterminado. Determinar algo como sendo totalmente
indeterminado é uma contradição performativa. O ato de pensar está em
contradição performativa com o conteúdo pensado e dito, esta contradição
precisa ser trabalhada e superada.
Valendo-
se de tal linha de raciocínio, ao se negar a ‘verdade absoluta’ nas pesquisas em
educação e, concomitantemente a isso, aceitar que o pesquisador poderá, durante seus estudos,
alcançar, no máximo, o conhecimento relativo, estar-se-ia, dessa maneira, validando um saber
limitado, à luz do Princípio de Não-Contradição e, por conseguinte, reforçando a
performatividade na origem das produções científicas, em especial naquelas oriundas do campo
da educação. A esse respeito, Cirne-Lima (1996, p. 16) menciona que:
O Princípio de Não-Contradição é a sentença que afirma que é impossível que
uma proposição seja verdadeira, se e quando ela se contradiz a si mesma. O
que significa isso? Alguém se contradiz quando diz algo determinado mas
simultaneamente se desdiz, afirmando a verdade do contrário. Contradição é
afirmar simultaneamente a verdade de “p” e de “não
-
p”.
O “p” exclui a
afirmação da verdade de “não
-
p”. Uma antiga formulação da Lógica diz: duas
proposições contraditoriamente opostas não podem ser simultaneamente
verdadeiras, nem simultaneamente falsas. Se uma é verdadeira, a outra
necessariamente é falsa.
Por outro lado, se o sujeito/pesquisador, durante a realização da pesquisa científica,
detém, tão somente, a expectativa de alcançar a ‘verdade relativa’ acerca do objeto pesquisado,
então, da mesma forma, pode-se inferir que o conhecimento a ser produzido, relativizado,
dogmatizado e impregnado das intencionalidades de quem se lança ao campo da pesquisa, está,
indubitavelmente, fadado à “[...] lógica do fracasso [...]” (FLICKINGER, 2010, p. 18).
Diante de tais observações, repara-se que o Princípio de Não-Contradição não coaduna
com a contradição performativa imbricada nas pesquisas encampadas na educação, sendo, antes
de qualquer coisa e, tendo em vista a sua própria natureza, oposição no campo ôntico do dever-
ser. O Princípio de Não-
Contradição “[...] nã
o diz que a contradição é impossível, diz apenas
que ela não deve existir, que ela deve ser evitada. O operador modal aqui é mais fraco que o
tradicional, ele é deôntico. No começo de todas as Lógicas há, não um É Impossível, mas um
Não Se Deve” (CIRNE
-LIMA, 1996, p. 126).
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A verdade relativa torna-se um dogma no âmbito das pesquisas educacionais e coloca
em xeque, no plano de validade, a natureza do conhecimento produzido sob a lógica do
cientificismo moderno. O “[...] dever
-
ser [...]” (CIRNE
-LIMA, 1996, p. 60), nas produções
científicas, oportuniza reflexões profundas no campo do saber, fomentando diferentes formas
de concepções do objeto de estudo, o que não deixa de ser uma premissa que reforça a
contradição performativa que cerceia a pesquisa.
Tais dis
cussões sobre o ‘mito’ da verdade absoluta nas pesquisas educacionais, em
contraste com o conhecimento relativizado que delas se pode esperar, permitem uma reflexão
sobre a forma de compreensão da produção científica e, concomitantemente a isso, inaugura a
necessidade de se (re)pensar as práticas de ensino e de aprendizagem no ambiente escolar
,
numa
perspectiva mais realista, multidisciplinar e colaborativa.
Não se desenvolve uma pesquisa científica com ‘verdades absolutas’ e sequer deve
-se
conformar com a
contradição performativa decorrente da aceitação de uma ‘verdade
aproximada’. A natureza do cientificismo não pode predominar na realidade do objeto
pesquisado, sendo, portanto, necessário rever posicionamentos anteriores firmados no processo
de ensino e de aprendizagem. Ante o exposto, Demo (2010, p. 84) reforça que:
O passo em falso pode ser caracterizado como crítica sem noção de
autocrítica. De fato, a ciência moderna abateu todas as autoridades
pretensamente científicas, pondo em seu lugar a arte de bem argumentar. No
entanto, esta crítica, em grande parte freneticamente anunciada e praticada,
não atentou para o reverso da mesma medalha: a coerência da crítica está na
autocrítica. É clamorosa contradição performativa criticar e não aceitar ser
criticado, questionar e impedir de ser questionado, avaliar e não acatar ser
avaliado. O movimento dito “pós
-
moderno”, entre muitas banalidades, tem
esta mensagem forte: ciência que bem questiona é aquela que se
autoquestiona, em primeiro lugar. Assim colocadas as coisas, as pretensões de
validade se tornam relativas apenas [...].
O discurso, meticulosamente arquitetado, em defesa de uma verdade aproximada,
parece ser bem aceito no cenário acadêmico, todavia, não se pode perder de vista que essa
concepção de aceitação do conhecimento relativo também é um dogma que reflete a contradição
performativa no núcleo da pesquisa científica, comprometendo-a em sua origem.
Seja no âmbito de um protecionismo que encampa a tal ‘verdade absoluta’ ou diante de
um ‘saber relativo’ que reforça a existência da contradição, fato é que compete ao professor
adotar uma postura mais dialética e colaborativa perante o seu público: os alunos. E isso implica
profundas mudanças em suas práticas docentes e no modo de percepção do conhecimento
científico. Sobre o assunto, Japiassu (1983, p. 16-17) comenta que:
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Donde a tentação fácil de apresentar-se aos alunos como porto seguro. Esta é
uma ilusão tétrica, pois constitui uma neurose geométrica. Em vez de propor
às “vítimas” apenas
instrumentos possíveis de aproximação da verdade, passa
a “ensinar”
-
lhes ou “transmitir”
-lhes a própria verdade ou, então, a verdade
de um autor que lhe serve de muleta intelectual. Porque é possível que um
professor, não estando convicto de suas próprias posições, faça apelo à
proteção de um autor célebre que passa a servir-
lhe de “matrona” científica,
reduzindo sua função à de mero repetidor ou, quando muito, de fomentador
de ideias alheias. Daí para frente, compete aos alunos beberem os
ensinamentos do mestre-autor, sem suspeitarem que estão passando por uma
terrível deformação intelectual. Começam a viver da ilusão do porto seguro,
da falácia das evidências e das teorias certas.
Parcela considerável de educadores acaba se ancorando nas ideias fomentadas em livros
didáticos e se esquece que o conhecimento não se restringe à mera leitura de obras compostas
por autores renomados. Essa concepção de ‘seguir’ determinado escritor famoso, seja por parte
de docentes ou de alunos, inviabiliza o senso crítico e a autonomia na construção do processo
de aprendizagem, configurando-se num círculo vicioso de repetição do que já foi pesquisado.
Fazendo alusão ao comportamento que deve ser adotado pelo professor em sala de aula,
Japiassu (1983, p. 17) adverte que:
Se temos que ensinar algo a nossos alunos, que lhes ensinemos a pensar, que
lhes ensinemos a aprender, a se construírem e a se reconstruírem, a fazerem
perguntas e a questionarem o já sabido. Porque constitui tarefa do educador
provocar nos alunos desequilíbrios ou necessidades psicológicas, desejo de
pesquisa, espírito de busca, sede de descoberta. Porque a ação educativa
sempre supõe a reforma de uma ilusão, um processo contínuo de retificação
das ilusões perdidas. A verdade só pode ser alcançada após um verdadeiro
arrependimento intelectual. Outra tarefa do educador consiste em duvidar de
si mesmo em saber criar dificuldades reais, em eliminar os falsos obstáculos
e as dificuldades imaginárias. Não lhe cabe tanto levar os alunos a adquirirem
uma cultura científica, quanto colaborar e criar as condições para que eles
mudem de cultura. Precisamos dar à nossa razão razões para evoluir.
Busca-
se, por isso, avançar para além da ‘verdade relativa’ e superar a contradição
performativa impregnada nas pesquisas em educação com o estabelecimento de uma
propositura distinta e, atrelado a isso, a apropriação efetiva do conhecimento, desvinculando-
se ora do mito da ‘verdade absoluta’, ora do condicionamento de uma ‘verdade relativa’, que
se limita no tempo e no espaço.
O confronto entre a contradição performativa oriunda da compreensão de que somente
pode-
se alcançar a ‘verdade relativa’ nas pesquisas em educação, com a convicção intelectual
de que não existe conhecimento absoluto e definitivo, não configura afronta ao Princípio de
Não-Contradição. Ambas as premissas não se opõem, contudo, à manutenção da verdade
relativa nos estudos do sujeito/pesquisador, bem como a não distinção e, por conseguinte,
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superação do status de relatividade nas pesquisas educacionais, o que pode fomentar outras
contradições internalizadas no âmago da pesquisa.
A concepção de ‘verdade relativa’, se não superada, impõe a contradição performativa
que limita o campo de abrangência dos estudos ora pretendidos pelo cientista, impossibilitando
o avanço das pesquisas, assim como a elaboração doutras premissas-possibilidades no curso
regular de eventuais produções acadêmicas.
Ressalta-se que as pesquisas acadêmicas, em especial no campo da educação, estão
impregnadas do saber relativo, sendo este, portanto, uma forma de compreensão dogmática do
conhecimento pretendido. Partindo do raciocínio de que o conhecimento é relativo, nitidamente
que a natureza dogmática da pesquisa estará presente, e que tal entendimento, que retrata a
relatividade do conhecimento, realçará a presença da contradição performativa.
É nesse momento que o sujeito/pesquisador deve se mobilizar para observar a
performatividade do ato de leitura e escrita e, à luz do Princípio de Não-Contradição, buscar
superar a divergência com a construção de uma diferenciada premissa-possibilidade que poderá
indicar outros caminhos a serem percorridos na pesquisa.
Portanto, na concepção de Cirne-Lima (1996); Japiassu (1983, 2001); Demo (2010) e
Filho (2018), é necessário que o pesquisador, ao confrontar-se com o seu objeto de estudo,
procure investigar o maior número de camadas possíveis que contemplem o objeto observado,
com vistas a superar a contradição performativa que se estabelece na ideia de uma verdade
relativa, sem, contudo, se alienar na falsa esperança do cientificismo puritano que persegue um
absolutismo inexistente.
Havendo a manutenção da contradição, deverá o sujeito/pesquisador mobilizar-se para
superá-la, e assim por diante, buscando, sempre, explorar outras possibilidades que podem
emergir na produção do conhecimento. Trata-se de um trabalho de (re)construção daquilo que
já foi pesquisado e/ou do que será investigado em sede de produção acadêmica, com vistas ao
estabelecimento doutros caminhos e direções que visem a ressignificação dos conhecimentos
ora (re)produzidos no curso das pesquisas científicas.
É um exercício contínuo, que exige um esforço de transposição da contradição
performativa por parte do pesquisador, com foco na localização doutras pistas que poderão
indicar outros caminhos a serem desbravados na pesquisa, condicionando o cientista à
percepção de distintas formas de análise do objeto.
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Considerações finais
O referido artigo teve por finalidade discorrer sobre a ‘suposta’ neutralidade do cientista,
com ênfase nas produções acadêmicas, bem como refletir sobre a natureza dogmática que
macula as pesquisas relacionadas ao campo da educação. Em conformidade ao que se
vislumbrou no decorrer do trabalho científico, Cirne-Lima (1996); Japiassu (1983, 2001);
Demo (2010) e Filho (2018) se posicionaram favoráveis à superação da contradição
performativa nas pesquisas em educação. Tais autores argumentaram que as investigações
científicas não podem se orientar por uma ‘suposta’ verdade absoluta, haja vista que o objeto
analisado acaba sendo contaminado pela intencionalidade do sujeito/pesquisador.
Além disso, procurou-se abordar a contradição performativa que permeia as pesquisas
científicas e meditar sobre a natureza dogmática que, implicitamente, se insere nos estudos
relacionados ao campo educacional, à luz do Princípio de Não-Contradição. Durante o
desenvolvimento do raciocínio aqui pretendido, percebeu-se que a produção científica não está
isenta dos ‘olhares’ e ‘anseios’ de quem a (re)produz.
De acordo com o que restou evidenciado neste artigo, a pesquisa científica não é neutra,
pois incide sobre ela os interesses e expectativas do cientista. Outro aspecto relevante abordado
durante os estudos e que merece a atenção é que não se pode alcançar uma ‘verdade absoluta’
nas pesquisas em educação, e que o condutor da pesquisa, no máximo, consegue se aproximar
de um conhecimento relativo daquilo que se propõe a estudar. Partindo da premissa de que o
conhecimento que emerge do objeto de estudo sempre será uma ‘verdade relativa’, verificou
-
se que tal forma de compreensão do que se propõe a examinar realça uma negação que,
objetivamente, limita o campo de verificação das informações pesquisadas, influenciando, por
óbvio, o sujeito que se lança à pesquisa acadêmica.
A concepção de que, no máximo, poder-se-
á prestigiar uma ‘verdade relativa’ no curso
das pesquisas educacionais revela a natureza dogmática ora imposta pelas limitações dos
estudos referentes ao objeto de análise, evidenciando, dessa forma, a contradição performativa.
Ademais, restou clarividente que a pesquisa científica traz consigo uma natureza dogmática
proveniente da presença da contradição performativa, à luz do Princípio de Não-Contradição, e
que a superação da circunstância inicial se faz necessária do ponto de vista do avanço científico
desejado.
Portanto, compete ao sujeito/pesquisador transcender o relativismo impregnado nas
pesquisas educacionais e, atrelado a isso, da contradição performativa, com elevação das
investigações científicas a um patamar de (re)descoberta doutros ângulos de apreciação do
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estudo realizado, com vistas a inaugurar uma diferenciada premissa/possibilidade a ser
percorrida nas produções acadêmicas.
Em atenção ao que foi exposto neste trabalho científico, ressalta-se que as ponderações
aqui suscitadas não possuem o condão de representar uma ‘verdade absoluta’, haja vista que o
conhecimento e suas formas de aquisição e de problematização não se restringem à noção de
certo ou de errado. A cultura do ‘saber’, a busca incessante por comprovações científicas, os
experimentos e suas funcionabilidades no cotidiano, bem como as ideologias viciantes que
alimentam o espírito investigativo do homem, ao longo dos séculos, decorre da sua ânsia por
explorar o desconhecido. O desejo de conquistar o terreno fértil da inventividade e de provar,
cientificamente, a pertinência de algo no mundo cognoscitivo, reforça a sua cultura
patrimonialista do ‘dever
-ser
’ ôntico que não se limita ao tempo e espaço. O homem possui a
necessidade de (re)afirmar suas teorias como meio de compreender o universo ao seu redor.
Todavia, a intervenção do pesquisador no processo de comprovação de suas conjecturas
é traço histórico emblemático que afeta o cientificismo de sua descoberta. Com isso, observou-
se que a postura de neutralidade do cientista, nas pesquisas em educação, inexiste. Além disso,
procurou-se, no decorrer desta investigação científica, oportunizar uma reflexão,
pormenorizada, das armadilhas e pretensões demasiadas que podem levar o investigador ao
assujeitamento de suas próprias ‘verdades’, escorando
-se na roupagem das ciências empírico-
formais, sob o equívoco de que sua pesquisa reflete uma verdade única e inquestionável,
quando, a bem da verdade, não passa de uma falsa interpretação da realidade de si mesmo.
REFERÊNCIAS
ABBAGNANO, N.
Dicionário de filosofia
. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
CIRNE-LIMA, C. R. V.
Sobre a contradição
. 2. ed. Porto Alegre: EDIPUCRS, 1996.
CIRNE-LIMA, C. R. V.
Dialética para principiantes
. Porto Alegre: EDIPUCRS, 1996.
DEMO, P.
O educador e a prática da pesquisa
. Ribeirão Preto: Alphabeto, 2010.
FILHO, F. S. A.
Mas, afinal, para quê, então, filosofia? uma leitura do Górgias de Platão
.
Chapecó: UFFS, 2018.
FILHO, F. S. A. Para pensarmos a prática da pesquisa em Educação.
Educação e Filosofia
,
Uberlândia, v. 32, n. 65, p. 725-746, maio/ago. 2018. Disponível em:
https://seer.ufu.br/index.php/EducacaoFilosofia/article/view/37400/26022. Acesso em: 15
mar. 2021.
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1426-1444, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15825
1444
FLICKINGER, H-G.
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Como referenciar este artigo
FRANDALOSO, J. M.; LEITE, M. A. Da verdade absoluta ao relativismo do conhecimento
científico: um olhar para as pesquisas em educação.
Revista Ibero-Americana de Estudos em
Educação
, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1426-1444, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587. DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15825
Submetido em:
09/11/2021
Revisões requeridas em:
23/12/2021
Aprovado em:
11/02/2022
Publicado em
: 01/04/2022
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De la verdad absoluta al relativismo del conocimiento científico: Una mirada a la investigación educativa
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1434-1452, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15825
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DE LA VERDAD ABSOLUTA AL RELATIVISMO DEL CONOCIMIENTO
CIENTÍFICO: UNA MIRADA A LA INVESTIGACIÓN EDUCATIVA
DA VERDADE ABSOLUTA AO RELATIVISMO DO CONHECIMENTO CIENTÍFICO:
UM OLHAR PARA AS PESQUISAS EM EDUCAÇÃO
FROM THE ABSOLUTE TRUTH TO THE RELATIVISM OF SCIENTIFIC
KNOWLEDGE: A LOOK AT THE EDUCATIONAL RESEARCH
Jean Marcos FRANDALOSO
1
Maria Alzira LEITE
2
RESUMEN
: El objetivo principal de este artículo es discutir la 'supuesta' neutralidad del
investigador, frente a su objeto de análisis, así como reflexionar sobre el carácter dogmático
que impregna la investigación en el ámbito de la educación, a la luz del Principio de No
Contradicción. El artículo se basa en una investigación bibliográfica, de tipo descriptivo-
explicativo, a partir de los conceptos de Japiassu (1983, 2001); Cirne-Lima (1996), Filho
(2018), entre otros que serán llevados al debate. Así, se espera, con tales conclusiones, brindar
una oportunidad para una discusión y, posteriormente, una comprensión de los estudios de estos
autores que se oponen a la idea de neutralidad del sujeto/investigador frente a los resultados
obtenido y, entrelazado con este, resaltar el dogmatismo implícito en la investigación educativa.
PALABRAS CLAVE
: Investigación en educativa. Objeto de investigación. Contradicción
performativa.
RESUMO
: Este artigo tem por objetivo principal discorrer sobre a ‘suposta’ neutralidade do
pesquisador, diante do seu objeto de análise, bem como refletir sobre a natureza dogmática
que permeia as pesquisas na esfera da educação, à luz do Princípio de Não-Contradição. O
artigo se alicerça numa pesquisa bibliográfica, do tipo descritivo-explicativa, com base nas
concepções de Japiassu (1983, 2001); Cirne-Lima (1996), Filho (2018), dentre outros que
serão trazidos ao debate. Dessa forma, espera-se, com tais conclusões, oportunizar uma
discussão e posterior compreensão acerca dos estudos desses autores, que se opõem à ideia de
neutralidade do sujeito/pesquisador diante dos resultados obtidos e, imbricado a isso, destacar
o dogmatismo implícito nas pesquisas educacionais.
PALAVRAS-CHAVE
: Pesquisa em educação. Objeto de pesquisa. Contradição performativa.
1
Universidad Tuiuti de Paraná (UTP)
–
Curitiba
–
PR
–
Brasil. Maestría en el Programa de Posgrado en Educación.
ORCID: https://orcid.org/0000-0001-7969-2414. E-mail: jean.frandaloso@gmail.com
2
Universidad Tuiuti de Paraná (UTP)
–
Curitiba
–
PR
–
Brasil. Profesora en el Programa de Posgrado. Doctorado
y Máster en Letras: Lingüística y Lengua Portuguesa (PUC Minas). ORCID: https://orcid.org/0000-0003-2235-
4021 E-mail: mariaalzira35@gmail.com
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Jean Marcos FRANDALOSO y Maria Alzira LEITE
RIAEE
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação,
Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1434-1452, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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ABSTRACT
: The main objective of this article is to discuss the 'supposed' neutrality of the
researcher, before his object of analysis, as well as to reflect on the dogmatic nature that
permeates research in the sphere of education, in the light of the Principle of Non-
Contradiction. The article is based on a bibliographical research, of the descriptive-
explanatory type, based on the concepts of Japiassu (1983, 2001); Cirne-Lima (1996), Filho
(2018), among others that will be brought to the debate. Thus, it is expected, with such
conclusions, to provide an opportunity for a discussion and, later, an understanding of the
studies of these authors who are opposed to the idea of neutrality of the subject/researcher in
the face of the results obtained and, intertwined with this, to highlight the dogmatism implicit
in the educational research.
KEYWORDS
: Educational research. Research object. Performative contradiction.
Introducción
Según Japiassu (1983, 2001); Cirne-Lima (1996); Demo (2010) y Filho (2018), la
investigación científica, especialmente en el campo de la educación, trae consigo una mirada
intencional del sujeto/investigador que, en la mayoría de los casos, se disfraza con el disfraz de
neutralidad y cientificismo puritano, comprometiendo así las conclusiones a veces obtenidas
por el investigador en su campo de estudio.
En este sesgo, a partir de una investigación bibliográfica descriptivo-explicativa, se
pretende acercarse a la "supuesta" neutralidad del sujeto/investigador en el curso de las
producciones académicas, teniendo en cuenta el siguiente problema: ¿cómo puede el científico
superar la contradicción performativa en la producción de conocimiento, en vista de sus deseos
y miradas en el desarrollo del trabajo académico?
Así, este artículo tiene como objetivo principal discutir la "supuesta" neutralidad del
investigador, ante su objeto de análisis, así como reflexionar sobre la naturaleza dogmática que
impregna la investigación en educación, a la luz del Principio de No Contradicción.
La idea de dominar el objeto de estudio, muy a menudo difundida por una mayoría de
maestros, en los establecimientos educativos, también permite reflexionar sobre la
contradicción que implica el campo de la educación, como clave para la liberación del hombre
de su estado 'sine qua non'. Por mucho que el sujeto/investigador se esfuerce por no influir en
la dirección de la investigación, buscando incansablemente el anclaje en una postura imparcial
que justifique el contenido científico de la producción académica actualmente pretendida, se
verifica que tal intento no es más que una "esquizofrenia" (JAPIASSU, 1983, p. 15) intelectual,
aun porque "[...] los que creen en ciertas verdades científicas o filosóficas como si fueran un
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refugio seguro esconden, en el fondo, un miedo básico no vencido y una angustia no resuelta"
(JAPIASSU, 1983, p. 13).
Ahora, cuando hablamos del dominio objeto, defendemos la propuesta de sumisión de
algo a alguien. Si, en el campo de la investigación en educación, esta relación interaccionista
que se establece entre el sujeto/investigador y el objeto de investigación es predominante e
indispensable para el desarrollo de la producción científica, entonces se puede inferir que la
educación no libera (del latín libertas), sino que, por el contrario, aprisiona, limita, limitando,
por tanto, el sentido crítico del investigador, y aportando, incluso para el establecimiento de
una "pedagogía de la incertidumbre" (JAPIASSU, 1983, p. 13) en un contexto epistemológico
del término anunciado. Si existe una relación de sumisión entre el investigador y el objeto de
investigación, entonces el discurso que circula en la educación de que el conocimiento libera al
hombre no es más que un "pensamiento y una tontería dicha". (CIRNE-LIMA, 1996, p. 66).
No sólo el "[...] mito [...]" (FILHO, 2018, p. 103) de la 'supuesta' neutralidad del
investigador en su campo de estudio, que en sí misma representaría "[...] una lógica de fracaso"
(FLICKINGER, 2010, p. 18), se observa que la investigación, en general, no se guía por la
proposición de una verdad "[...] absoluto [...]" (CIRNE-LIMA, 1996, p. 74), que, en un
principio, no contrasta con ninguna violación del orden semántico, literal y/u objetivo.
En el campo de la educación, por ejemplo, este es un razonamiento pacificado, incluso
porque "[...] es un ataque contra el proceso de maduración intelectual de los estudiantes toda
pedagogía que trate de inculcarles la ilusión de la verdad". (JAPIASSU, 1983, p. 18-19). A
pesar del rechazo al culto a la "verdad absoluta", su justificación para la idea de acercarse a la
"supuesta" verdad inaugura, en sesgo filosófico, la contradicción performativa de sus pares.
Si, por un lado, se niega la propuesta de una "verdad absoluta" sobre el conocimiento
que puede surgir de la investigación en educación, por otro lado, apoyando el argumento de que
el sujeto/investigador, a lo sumo, se acercará a esta verdad, teniendo en cuenta el objeto de
estudio, el dogmatismo se habrá consumado por la negación de la premisa inicial.
Para ilustrar el panorama planteado en este artículo, refiriéndose a la contradicción
performativa, Cirne-Lima (1996, p. 67) ejemplifica el hecho a través de la existencia e
inexistencia de un objeto dado:
Decimos esta mesa, que está ahí y a la que apuntamos con el dedo, dos cosas.
Decimos, primero, que esta mesa, por ser contingente, puede existir tanto
como igualmente no existe; aunque existe, puede que no exista. Decimos, por
otro lado, que esta mesa, mientras sea y exista, no puede no existir. Afirmamos
desde esta misma mesa, por un lado, que puede no existir, por otro lado, que
no puede no existir.
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Jean Marcos FRANDALOSO y Maria Alzira LEITE
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Es posible que esta tabla no exista = contingencia
Esta tabla no puede no existir = existencia
Al mismo sujeto se le asigna y no se le asigna el mismo predicado; del mismo
sujeto se dice y no se dice un mismo predicado. Eso, exactamente, es una
contradicción. ¿No es eso una tontería total? Ciertamente, y aquellos que
afirman esto sin explicarlo más entran en el reino del absurdo y niegan, en el
fondo, la posibilidad misma de pensar y hablar.
Dependiendo de lo que se observó en el extracto anterior, la contradicción percibida
entre "lo que puede existir" y "lo que no puede no existir" es notoria. Esta contradicción es
sobre el mismo tema, "esta mesa". En este caso, se concluye que la pretensión en torno a la
construcción del conocimiento totalmente cierta en la investigación en educación no es más que
una utopía intelectual, y que la proyección de esta aproximación de la verdad también refuerza
la contradicción performativa por la negación de ese mismo conocimiento, en su totalidad.
Además, este rechazo a la concepción de una "verdad absoluta", imbricado en la premisa
de que el conocimiento sólo puede construirse desde una perspectiva relativa, consolida, por
supuesto, el dogmatismo en su versión negada, que sigue siendo una investigación
comprometida desde el punto de vista científico. En este acto, Japiassu (1983, p. 21) afirma
que:
[...] un conocimiento totalmente verdadero, totalmente acabado y securizante,
dotado de parámetros absolutos, sólo puede constituir un mito. En algunos
aspectos, el mito y la ciencia desempeñan una función idéntica: proporcionan
al espíritu humano una cierta representación del mundo y de las fuerzas que
lo animan.
Esto se dice, ya sea a través de la negación de la 'verdad absoluta' en la investigación en
educación o por la aceptación de la relatividad de este conocimiento en dicha investigación, la
contradicción performativa se insertará en la construcción de este conocimiento científico, por
lo que hay espacio para (re)pensar el uso del método en la elaboración de las investigaciones,
en el origen de los resultados obtenidos, en el curso de la investigación científica, así como en
el mismo cientificismo que impregna las producciones académicas.
Cabe señalar que establecer un concepto de verdad puede representar un universo de
innumerables posibilidades ontológicas, tensionado por una pluralidad de factores sociales,
culturales, políticos y religiosos que, indiscutiblemente, pueden interferir en la comprensión de
lo que se entiende por "verdad". En la misma estela del razonamiento, Japiassu y Marcondes
(2001, p. 187) señalan que "hay, sin embargo, varias definiciones de verdad y varias teorías que
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pretenden explicar la naturaleza de la verdad". Con el fin de arrojar luz sobre el tema propuesto,
Abbagnano (1998, p. 993-994) conceptualiza el término "verdad" como uno solo:
Validez o eficacia de los procedimientos cognoscitivos. En general, V.
significa la cualidad en virtud de la cual un procedimiento cognoscitivo se
hace efectivo o tiene éxito. Esta caracterización se puede aplicar tanto a las
concepciones según las cuales el conocimiento es un proceso mental como a
las que lo consideran un proceso lingüístico o semiótico. Además, tiene la
ventaja de prescindir de la distinción entre definición de V. y v. No siempre
se hace criterio, ni es frecuente; cuando se hace, representa sólo la admisión
de dos definiciones de V.P. por ejemplo, cuando se hace la distinción entre la
teoría de la correspondencia y el criterio V., se define como evidencia
utilizando el concepto de V. como revelación, y la teoría de V. como
conformidad con una regla, presentada por Kant como un criterio formal junto
con el concepto de V. como correspondencia, entonces se convierte en una
definición de v mismo.
En la dirección opuesta a Abbagnano (1998), Japiassu y Marcondes (2001, p. 187)
entienden que el concepto clásico de verdad (del latín "
veritas
") puede entenderse como un "[...]
adecuación del intelecto a lo real. Se puede decir, por lo tanto, que la verdad es una propiedad
de los juicios, que pueden ser verdaderos o falsos, dependiendo de la correspondencia entre lo
que afirman o niegan y la realidad de la que hablan". A pesar de la necesidad de establecer el
concepto de 'verdad' con el que pretendemos trabajar en este artículo, así como la comprensión
ontológica que implica esta expresión, optamos por adoptar la definición enumerada en la teoría
de la verdad.
Por lo tanto, el concepto de verdad debe vislumbrarse en una perspectiva propositiva
coherente, a la luz del Principio de No Contradicción, ya que es un juicio de valor que no
incluye, en su núcleo de valor, ninguna forma de contradicción.
El objeto de investigación en una perspectiva intencional del sujeto/investigador
La investigación científica no siempre revela lo que se quiere saber, ya sea porque el
objeto investigado no permitió mayores ángulos de observación y, por lo tanto, mayores
aclaraciones sobre las capas de lo investigado, ni porque la problematización en torno a la
pregunta de investigación fertilizó en la aridez del mundo de lo imposible, incluso porque, en
la concepción de Cirne-Lima (1996, p. 63), "ser imposible, en lógica, significa no ser posible;
lo que es imposible no puede ser, lo que es imposible no puede existir".
Durante mucho tiempo, buscamos en el "[...] mito del puerto seguro [...]" (JAPIASSU,
1983, p. 15) la aparición ilusoria del cientificismo que impregna la investigación en educación,
como una forma de proteger el objeto de estudio de la interferencia del investigador. A veces,
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el sujeto / investigador es llevado a creer que puede controlar sus anhelos y no contaminar su
investigación con sus pensamientos. Esta apariencia ilusoria de neutralidad no nace con él, sino
que se le enseña en la escuela. A este respecto, Japiassu (1983, p. 26) señala que:
El científico articula lo que observa con lo que imagina. Antes de observar un
fenómeno, ya tienes una cierta idea de lo que se debe observar, vale la pena
decirlo, ya has decidido lo que será posible y ya tienes una cierta idea de lo
que podría ser la "realidad". El científico ya tiene una cierta concepción de lo
desconocido, de este dominio situado más allá de lo que le autoriza a creer en
la lógica y en la experiencia. En una palabra, la investigación científica
siempre comienza con la invención de un mundo posible, o un fragmento de
lo "real" posible.
Como resultado, incluso antes de que el objeto de investigación sea analizado por el
sujeto / investigador, el sujeto / investigador, por sí mismo, ya lo vislumbra en el contexto de
sus intenciones, lo cual, por supuesto, sigue siendo natural, después de todo, uno no puede
querer saber algo que ni siquiera se visualiza en el mundo cognoscitivo. Para Japiassu (1983,
p. 31):
Si nos preguntamos, por el contrario, por la forma en que funciona la ciencia,
por su papel social, por su forma de explicar los fenómenos y comprender al
hombre en el mundo, fácilmente nos daremos cuenta de que las condiciones
reales en las que se produce el conocimiento objetivo y racionalizado están
bañadas por una innegable atmósfera sociopolítico-cultural. Es este marco
sociohistórico, que hace de la ciencia un producto humano, nuestro producto,
el que lleva al conocimiento objetivo a apelar, les guste o no, a supuestos
teóricos, filosóficos, ideológicos o axiológicos que no siempre son explícitos.
En otras palabras, no existe una ciencia "pura", "autónoma" y "neutral", como
si fuera posible disfrutar del privilegio de no conocer esa "inmaculada
concepción".
Así, la recepción del objeto de investigación
,
desde una perspectiva científica, sólo se
inaugura con el método desarrollado por Descartes. Por lo tanto, Filho (2018, p. 727-728)
reconoce que:
[...] no nos equivocamos al decir que la razón principal por la que Descartes
entró en la historia del pensamiento fue porque nos dejó como herencia, como
lo que hay que pensar constantemente, la cuestión del método. Desde
Descartes, el hecho de tener un método se convierte en el criterio para lograr
lo científico. Para el filósofo, el método es lo que permite la yuxtaposición al
sentido común, es decir, la racionalidad común a todos los seres humanos, la
posibilidad de unificación de las diversas perspectivas del pensamiento a
través de reglas que sin duda delimitan el campo de la certeza, distinguiendo
entre lo falso y lo verdadero.
Todavía aparece la "rancio" del racionalismo científico impregnado en la investigación
académica: la aparición de una ciencia puritana que, durante su encaje en una perspectiva
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epistemológica, pasa por las etapas experimentales, libre de cualquier intervención del
investigador. ¿Y de quién es la culpa? ¿A quién debe atribuirse el resultado de estas ansiedades
que inculcan el mejor pensamiento? La respuesta es muy simple: este racionalismo está en el
"ADN" del cientificismo y en las instituciones que lo reproducen. Muchos científicos
mantienen esta peregrinación hacia la neutralidad desde las ciencias empíricas-formales,
idealizándola, en sus prácticas, como si fuera una religión.
Sin embargo, cabe destacar que la tradición de las ciencias modernas se (re)produce
como verdad incuestionable en las academias, a partir de que no puede alejarse bajo pena de
ser arrojada al desierto intelectual. En esta conjetura de todo asentimiento sin al menos poder
utilizar el sentido común de ocultar las concepciones del cientificismo exacerbado, se observa
que todos los descubrimientos científicos están sujetos a la presión del tiempo: marca
emblemática que representa el sistema de producción de capital, incluso porque "esta
representación incluye el aspecto del conocimiento de las propiedades del mundo real (ciencia),
apreciación (ética) y simbolización (arte)". (DERMEVAL, 2015, p. 286).
A pesar de la relevancia del tiempo cronológico, que condiciona las acciones humanas,
desde una perspectiva de reproducción del capital, y de las demás presiones que surgen de la
forma de elaboración, material y no material, no queremos profundizar aquí en tales estudios,
incluso porque esta no es la intención planteada en este artículo. Retomando el razonamiento
inicial, se verifica que muchos docentes, científicos, especialistas y expertos, abordan, dentro
de los establecimientos educativos, la errónea comprensión de que el sujeto/investigador debe
dominar el objeto como medio para apropiarse mejor de las especificidades de los
conocimientos allí investigados. Es básicamente un discurso circular que proyecta
explícitamente la intencionalidad del científico en las dimensiones del objeto actualmente
investigado.
Es importante destacar que aun teniendo en cuenta la retórica del discurso elocuente,
promovida en las filas académicas, con respecto a la neutralidad del sujeto/investigador, durante
el acto de investigación científica, así como la vestimenta científica que impregna la naturaleza
del objeto mismo, se deben considerar algunas reflexiones y (re)pensar en las prácticas de
enseñanza y aprendizaje. Frente a estas notas, Filho (2018, p. 733) sostiene que:
Por lo tanto, dicho objeto tiende a decir solo lo que el sujeto quiere escuchar.
Por lo tanto, en la cotidianidad de la investigación, generalmente escuchamos
la guía del maestro: ¡tienes que dominar tu objeto! Pero ¿dominamos
realmente nuestro objeto en la práctica de la investigación en educación? ¿Es
susceptible a tal dominación? Y, si este es el caso, ¿es esto lo que estamos
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investigando los temas relacionados con la educación? Al final del día,
¿dominar al ser humano? Como sabemos, puede ser que sí, puede que no.
Y, partiendo de la premisa de que el sujeto/investigador domina su objeto de
investigación, ¿son legítimos los conocimientos obtenidos desde el punto de vista del "deber-
ser"? El investigador no siempre se baña en los laureles de su descubrimiento, incluso porque
el 'deber-ser' "[...] es un tipo de necesidad que, por su estructura interna, permite e incluso
requiere que las cosas puedan ser también de otra manera. Lo que "debe ser" es necesario en
cierto sentido [...]" (CIRNE-LIMA, 1996, p. 107), pero no siempre se revela en el plan de lo
que debería ser.
Ante tales aclaraciones, es necesario entender que el formato metódico establecido por
Descartes y, posteriormente, sometido al rigor analítico de tantos otros pensadores filosóficos
de los siglos XVII, XVIII y XIX, ya no encaja, ni siquiera dialoga, con las necesidades actuales
de la sociedad y, por tanto, con el pensamiento científico emergente. No hay conocimiento listo
y terminado, ya que la sociedad no es estática. El pensamiento no es inmutable, ni la
comprensión es lo mismo sobre el objeto de la investigación. En vista de esto, Japiassu (1983,
p. 19) señala que:
Por el contrario, la pedagogía de la incertidumbre trata de relativizar la
producción científica y la de la enseñanza de la ciencia. Debido a que esta es
una de las condiciones para que los estudiantes desarrollen su capacidad
crítica, se convierten en personalidades individualizadas y creativas, capaces
de no vivir solo a la sombra de los maestros, de los autores famosos que les
servirían con muletas o de una escuela de pensamiento que los enmarcaría en
esquemas mentales rígidos y dogmáticos. Para mí, el sabor amargo de la
incertidumbre y el dolor íntimo de la impotencia frente a la relativización del
aprendizaje, incapaz de parámetros absolutos y dogmatismo catequético, son
extremadamente saludables. Porque es en la angustia de la incertidumbre de
las teorías estudiadas, en el hecho de que se sienten perdidos en su proceso de
crecimiento intelectual y en el descubrimiento a veces decepcionante de que
no hay un refugio seguro en el campo del conocimiento, que los estudiantes
podrán dejarse poseer por la vida, si pretenden poseerla.
El conocimiento es una producción histórica y moviliza intereses de diferentes órdenes,
en diferentes escenarios, por lo que los resultados que emergen del objeto de investigación en
educación deben observarse en una perspectiva de superación de debilidades previas, ya que la
supuesta intención de dominar el objeto de investigación no es más que una "paranoia"
(JAPIASSU, 1983, p. 18) difundido en universidades y otros espacios de aprendizaje formal.
Sin embargo, el problema no radica en el uso metódico de fórmulas y/o incertidumbres
que ocupan los pensamientos de los sujetos/investigadores, sino más bien en la práctica repetida
de lo que ya se ha investigado. Básicamente es una reproducción de lo que ya existe en el mundo
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de las cosas sensibles. Esta reproducción demasiado científica de lo que ya existe sólo sirve
para reforzar el aparente cientificismo, porque "quien, desde el punto de vista del conocimiento,
sólo puede caminar por pasamanos cubiertos por muletas no está preparado para la vida, es
víctima de la paraplejia intelectual". (JAPIASSU, 1983, p. 22).
El impasse radica en la insistencia de esta reproducción del conocimiento en las filas
estudiantiles, así como en la forma pacífica y cómoda de hacer frente a esta situación por parte
de los sujetos/investigadores. En este camino de sintonía, Flickinger (2010, p. 19) enfatiza que:
En última instancia, el escandaloso fetiche de la objetividad, que rige la
racionalidad instrumental moderna del conocimiento, no consiste tanto en la
ilusión de que la verdad objetiva debe abstraerse de las condiciones subjetivas
del hombre conocedor; el escándalo encuentra, más bien, su verdadera raíz en
la razón de este fetiche: a través de la insistencia en la idea de la objetividad
del proceso de conocimiento, el sujeto conocedor se inmuniza, obviamente,
para no sentirse obligado a realizar su propia competencia restringida,
refiriéndose al dominio del proceso que llevaría a la configuración del
significado a elaborar. No es tan peligroso, por lo tanto, el riesgo de
influencias subjetivas que deformen el conocimiento del mundo objetivo, sino
más bien el de exigir al sujeto muy conocedor que abdique de la idea de su ser
-señor- de sí mismo. Sin duda, este requisito afectaría a tu vanidad más
intrínseca.
Desde otra banda, se verifica que el determinismo del método no se compara con el rigor
del científico que, casado, cree que todas las respuestas surgirán de la aplicación de fórmulas
ya hechas y terminadas. Es a partir de este escenario de revelaciones que se puede percibir que
el sujeto/investigador no es neutral en la investigación de su objeto de investigación, incluso la
propia investigación científica está exenta de los ojos de su conductor. Así, "[...] si la pretensión
de la ciencia es describir la naturaleza y distinguir radicalmente el sueño de la realidad, no
debemos olvidar que los hombres tienen tanta necesidad de un sueño como de la realidad".
(JAPIASSU, 1983, p. 23).
Por lo tanto, se observa que la intención de dominio del objeto, por parte del científico,
no puede entenderse como lo último en investigación en educación y / o anclarse en la esperanza
de que el uso del método proporcione la verdad ahora pretendida. Este camino debe ser
construido gradualmente por el sujeto/investigador. Así, en palabras de Son (2018, p. 738):
Para el investigador en educación, solo hay una forma de encontrar dicho
objeto de estudios, yendo al mundo. Este mundo, que necesariamente sólo
puede ser el mundo tal como se nos presenta, es decir, el mundo fenoménico
de empiria. Cuyos datos, por supuesto, no podemos despreciar. Cuantificar el
mundo es una de las cualidades que más disfrutamos en nosotros mismos.
Porque es ella quien nos da certezas sobre nosotros y nos abre la posibilidad
de controlar lo cuantificado, de, como ya se ha dicho, dominar el objeto.
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação,
Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1434-1452, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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Es en este universo fáctico, en desarrollo, donde el investigador necesita construir las
bases para la adquisición de sus conocimientos, seguro de que no se puede dominar el objeto
de investigación, ya sea porque la educación no aprisiona a sus participantes, o porque no puede
entrar en todas las capas que circunscriben la naturaleza de este objeto investigado, dado que
"no somos nosotros los que dominamos las cosas. Ellos son los que nos dominan" (JAPIASSU,
1983, p. 19).
Además, si tal concepción del dominio del objeto, en la investigación en educación,
fuera considerada como una verdad incuestionable, de la misma manera que una tradición
religiosa, ciertamente la educación sería un instrumento de opresión y encarcelamiento, no solo
del cuerpo físico, sino también del alma, tomando la libertad del ser humano.
Partiendo del supuesto de que la investigación en educación debe guiarse por las
elecciones de los sujetos/investigadores, no es posible negar su intención en el escenario de la
investigación, incluso porque no pueden sufrir ninguna vergüenza en su libertad crítica para
observar su objeto de estudio. Por lo tanto, es necesario considerar el método utilizado con el
que el científico pretende presentar el objeto de investigación, los caminos recorridos y las
elucubraciones mentales necesarias para la elaboración de los capítulos que integrarán la
producción científica.
En vista de estas discusiones y reflexiones, y considerando la posición de Japiassu
(1983, 2001); Cirne-Lima (1996); Demo (2010) y Filho (2018), es posible decir que no hay
neutralidad por parte del sujeto/investigador en la investigación en educación, mucho menos el
objeto de investigación está exento de las ideologías adictivas del espíritu humano. Para estos
autores, la investigación científica se produce bajo la 'mirada' de quienes la dirigen y, en
consecuencia, sufre incidencia de voluntades, pretensiones e inculcaciones que guían a los
científicos, por lo que es notoria la parcialidad de los sujetos en los resultados obtenidos.
Por supuesto, "es en el ser del otro donde él mismo puede revelarse. Si lo que queremos
es conocerlo realmente, no someterlo, claro. Por lo tanto, la investigación siempre implica
comprender una posibilidad de nosotros mismos" (FILHO, 2018, p. 743), reflejando los
intereses y las ayudas del investigador.
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La contradicción performativa en la investigación en educación
Pensar en el objeto de investigación que circunscribe el campo de la educación es
enfrentarse a una realidad de infinitas posibilidades que puede ser explorada por el científico y
que implican un abanico considerable de construcciones (re)epistemológicas que posibilitan
una versión diferenciada de lo estudiado, entre otras cosas porque no existe "[...] verdad
absoluta [...]" (JAPIASSU, 1983, p. 34) que guían la investigación en general. Incluso porque
"lo universal, cuando no responde adecuadamente a las demandas estructurales del individuo,
pierde su fuerza, renuncia a su validez y finalmente se rompe en fragmentos". (CIRNE-LIMA,
1996, p. 53).
Por ello, siempre buscamos una modalización del discurso con el fin de solo extender,
en el tiempo y en el espacio, los resultados que a veces se obtienen en el acto de examinar, ya
que "la investigación no deshace esta relatividad, solo pone en escena otros argumentos que
merecen atención y debate, en un proceso reconstructivo sin fin". (DEMO, 2010, p. 194).
Prueba de ello es la premisa básica que se aprende en las primeras clases de matemáticas,
por ejemplo, cuando el profesor argumenta que el orden de los factores no cambia el producto.
En esta ruta de ajuste, la ecuación 2X + 3X = 5X se utilizará para un mejor ejemplo de lo que
se ha expuesto hasta la fecha. Reflexionando sobre la frase anterior, se verifica, en el orden en
que aparecen tales elementos, que no importa la posición ordinaria en la que ocupa un predicado
u otro, ya que el resultado de la suma permanecerá invariable, es decir, 5x.
Tal vez este principio funciona en las ciencias matemáticas, en las que el orden de los
factores no cambia el producto, sin embargo, cuando se trata del área de la educación, ¿puede
la inversión del orden de los factores cambiar el producto ahora deseado por el sujeto /
investigador?
Si hay un cambio metodológico en el enfoque del objeto, en el mismo escenario, ¿se
podría pensar en mantener las mismas especificidades del conocimiento que se pretende
obtener? Por supuesto, esta respuesta ya se ha aclarado en el apartado anterior, dado que no
existe un conocimiento inmutable. En esta circunstancia, Japiassu (1983, p. 22) subraya que:
Necesitamos reconocer modestamente, y de una vez por todas, que ya no hay
un concepto absoluto de verdad. Esto significa que la noción de verdad debe
ser introducida en el tiempo humano. No puedes escapar de la categoría de
temporalidad. Es en este sentido que toda la verdad humana está hecha de
ciertas ideas verificadas, hechas realidad. Una verdad congelada se convierte
en un anestésico intelectual. Su efecto paralizante genera numerosas
enfermedades del espíritu, entre las que destaca la parálisis adulta de la
inteligencia. Por otro lado, puesto que estamos condenados a vivir en un
mundo plural, a vivir con un mundo en el que coexisten diferentes formas de
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discursos, diversas formas de concebir al hombre y la verdad misma, nuestro
conocimiento humano debe ser tomado como un objeto de investigación, no
de revelación.
No hay ciencia pura y/o investigación exenta de los intereses del sujeto/investigador,
dado que "el proceso de producción de conocimiento no es sólo técnico, metodológico, es
igualmente político, porque el conocimiento innovador es ahora reconocido como la
intervención más estratégica de la realidad". (DEMO, 2010, p. 226). Sin duda, la naturaleza de
la investigación está bañada en las intenciones imbricadas en la acción de quienes se proponen
investigar. Considerando todo lo anterior, Japiassu (1983, p. 33-34) expone lo siguiente:
Sin embargo, administrativa y financieramente, la ciencia depende de
múltiples organismos oficiales o industriales. Algunos campos de
investigación son fuertemente estimulados por razones que no tienen nada que
ver con el conocimiento puro, por "razones" que la razón científica no conoce.
Socialmente, la ciencia pura es una ficción. Detrás de la dicotomía
saber/aplicaciones, se esconde la idea de que la ciencia tiene un estatus
trascendente para la sociedad. Solo te diría la búsqueda de la Verdad. La
ciencia sería autónoma, porque se daría a sí misma sus propias normas. Se
regiría por una ética interna. No se regiría por una ética que imponga a los
investigadores deberes para con la sociedad. Por lo tanto, el mito de la ciencia
pura se funda, por un lado, en la irresponsabilidad social de los científicos; por
otro, proporciona al Estado o al poder una justificación perfecta para el
apolitismo de la investigación.
Independientemente de la comprensión de que no hay una "verdad absoluta" en la
investigación científica, especialmente en el campo de la educación, es un hecho que la
indeterminación, y la posterior relativización del conocimiento científico previsto, revela la
contradicción performativa. En vista de estas conclusiones, Japiassu (1983, p. 20-21) se
manifiesta de la siguiente manera:
[...] lo que pretendemos afirmar es que no puede haber una verdad absoluta en
el campo del conocimiento humano, en el sentido de que sería el punto de
perfección del conocimiento. Porque siempre es un paso en un proceso de
aproximación constante. Queremos decir, en otras palabras, que la verdad es
una realidad histórica. Y es en este sentido que es relativo. Porque nos lleva a
admitir la provisionalidad de todos y cada uno de los modelos explicativos.
Esto no tiene nada que ver con el relativismo epistemológico, ya que una
verdad bien puede ser relativa sin que, sin embargo, deje de ser absolutamente
cierta. Absolutamente no negamos la verdad lo que sería otra forma de
dogmatismo. Pero la introdujimos en el tiempo humano, el único que
conocemos. La temporalidad de la verdad introduce una revolución en el
pensamiento: no todo se trata de negar, repetir la duda sistemática de los
escépticos o reeditar la tabula rasa de la duda metódica, sino de todo aceptar
por un pensamiento cuya fecundidad está precisamente en sus constantes
intentos de acercarse a la verdad. En cuanto a la verdad absoluta, no es ni la
medida ni el juez de la relatividad de las verdades: constituye sólo la
superación de estas verdades, la superación que se enriquece constantemente.
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Partiendo de la premisa de que la investigación en educación no se basa en el
conocimiento puritano, aun porque "apoyarse en una verdad, como en un absoluto, es realizar
una censura cuya legitimidad no podemos fundamentar" (JAPIASSU, 1983, p. 21), la
concepción de que el sujeto/investigador sólo se acerca a la verdad no deja de revelar el
contenido de "[...] dogmatismo [...]" (JAPIASSU, 1983, p. 26) implícito en las estructuras
iniciales de los estudios, reforzando así la incidencia de contradicción performativa durante la
producción científica. Corroborando la comprensión de Japiassu (1983) y Filho (2018), Cirne-
Lima (1996, p. 115) afirma que:
La contradicción que provoca el movimiento del sistema es, especialmente en
lógica, la contradicción performativa. Determino la pluralidad y la riqueza del
mundo presupuesto como algo indeterminado, como algo que no dice nada de
cierto. El acto performativo de decir y determinar determina todo como algo
indeterminado, como el ser indeterminado, que, visto desde el otro lado, no es
nada indeterminado. Determinar que algo es totalmente indeterminado es una
contradicción performativa. El acto de pensar está en contradicción
performativa con el contenido pensado y dicho, esta contradicción necesita ser
trabajada y superada.
Utilizando esta línea de razonamiento, negando la "verdad absoluta" en la investigación
en educación y, concomitantemente con esto, aceptando que el investigador puede, durante sus
estudios, alcanzar, a lo sumo, un conocimiento relativo, validando así un conocimiento
limitado, a la luz del Principio de No Contradicción y, en consecuencia, reforzando la
performatividad en el origen de las producciones científicas, especialmente los del ámbito de
la educación. Al respecto, Cirne-Lima (1996, p. 16) menciona que:
El Principio de No Contradicción es la frase que establece que es imposible
que una proposición sea verdadera si y cuando se contradice a sí misma. ¿Qué
se supone que significa eso? Alguien se contradice a sí mismo cuando dice
algo determinado, pero al mismo tiempo desdice, afirmando la verdad en
sentido contrario. La contradicción es afirmar simultáneamente la verdad de
"p" y "no-p". La "p" excluye la declaración de verdad de la "no p". Una antigua
formulación de la Lógica dice: dos proposiciones contradictoriamente
opuestas no pueden ser simultáneamente verdaderas, ni al mismo tiempo
falsas. Si uno es verdadero, el otro es necesariamente falso.
Por otro lado, si el sujeto/investigador, durante la realización de la investigación
científica, sólo tiene la expectativa de alcanzar la 'verdad relativa' sobre el objeto investigado,
entonces, de la misma manera, se puede inferir que el conocimiento a producir, relativizar,
dogmatizar e impregnar de las intenciones de quienes se lanzan al campo de la investigación,
está indudablemente condenado a "[...] lógica del fracaso [...]" (FLICKINGER, 2010, p. 18).
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Frente a tales observaciones, se observa que el Principio de No Contradicción no es
consistente con la contradicción performativa yuxtaponen en la investigación acampada en la
educación, siendo, en primer lugar, y, en vista de su propia naturaleza, oposición en el campo
óntico del deber-ser. El principio de no contradicción "[...] no dice que la contradicción sea
imposible, sólo dice que no debe existir, que debe evitarse. El operador modal aquí es más débil
que el tradicional, es deóntico. Al principio de todas las lógicas no hay una es imposible, sino
una no es" (CIRNE-LIMA, 1996, p. 126).
La verdad relativa se convierte en un dogma en el contexto de la investigación educativa
y pone en tela de juicio, en el plano de la validez, la naturaleza del conocimiento producido
bajo la lógica del cientificismo moderno. O "[...] deber-ser [...]" (CIRNE-LIMA, 1996, p. 60),
en producciones científicas, posibilita profundas reflexiones en el campo del conocimiento,
fomentando diferentes formas de concepciones del objeto de estudio, que no deja de ser una
premisa que refuerza la contradicción performativa que rodea a la investigación.
Tales discusiones sobre el "mito" de la verdad absoluta en la investigación educativa,
en contraste con el conocimiento relativizado que se puede esperar de ellas, permiten una
reflexión sobre la forma de entender la producción científica y, concomitantemente, inauguran
la necesidad de (re)pensar las prácticas de enseñanza y aprendizaje en el entorno escolar
,
en
una
perspectiva más realista, multidisciplinar y colaborativo.
La investigación científica con "verdades absolutas" no está desarrollada y ni siquiera
debería ser encomiable con la contradicción performativa resultante de la aceptación de una
"verdad aproximada". La naturaleza del cientificismo no puede predominar en la realidad del
objeto investigado, por lo que es necesario revisar posiciones previas establecidas en el proceso
de enseñanza y aprendizaje. A la luz de lo anterior, Demo (2010, p. 84) refuerza que:
El paso en falso puede caracterizarse como crítica sin una noción de
autocrítica. De hecho, la ciencia moderna ha derribado a todas las autoridades
supuestamente científicas, poniendo en marcha el arte del bienestar. Sin
embargo, esta crítica, en gran parte anunciada y practicada frenéticamente, no
miraba al revés de la misma medalla: la coherencia de la crítica radica en la
autocrítica. Es una contradicción performativa clamorosa criticar y no aceptar
ser criticado, cuestionar e impedir ser cuestionado, evaluado y no aceptar ser
evaluado. El movimiento llamado "posmoderno", entre muchas banalidades,
tiene este fuerte mensaje: la ciencia que cuestiona bien es aquella que se
cuestiona a sí misma en primer lugar. Una vez que se ponen las cosas, las
afirmaciones de validez se vuelven relativas solo [...].
El discurso, meticulosamente diseñado, en defensa de una verdad aproximada, parece
ser bien aceptado en el escenario académico, sin embargo, no se puede perder de vista que esta
concepción de aceptación del conocimiento relativo es también un dogma que refleja la
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contradicción performativa en el núcleo de la investigación científica, comprometiéndola en su
origen.
Ya sea en el contexto del proteccionismo que acampa tal "verdad absoluta" o frente a
un "conocimiento relativo" que refuerza la existencia de contradicción, es responsabilidad del
profesor adoptar una actitud más dialéctica y colaborativa hacia su audiencia: los estudiantes.
Y esto implica cambios profundos en sus prácticas docentes y en la forma de percepción del
conocimiento científico. Sobre el tema, Japiassu (1983, p. 16-17) comenta que:
De ahí la fácil tentación de presentarse ante los alumnos como un refugio
seguro. Esta es una ilusión del tétanos porque constituye una neurosis
geométrica. En lugar de proponer a las "víctimas" sólo posibles instrumentos
de aproximación a la verdad, comienza a "enseñarles" o "transmitirles" su
propia verdad o, de lo contrario, la verdad de un autor que sirve de muleta
intelectual. Porque es posible que un maestro, al no estar convencido de sus
propias posiciones, apele a la protección de un autor célebre que comienza a
servirle como "matrona" científica, reduciendo su función a la de mero
repetidor o, a lo sumo, promotor de las ideas ajenas. A partir de entonces,
corresponde a los alumnos beber las enseñanzas del autor maestro, sin
sospechar que están experimentando una terrible deformación intelectual.
Comienzan a vivir en la ilusión de puerto seguro, la falacia de la evidencia y
las teorías correctas.
Una parte considerable de los educadores termina anclándose en las ideas promovidas
en los libros de texto y olvida que el conocimiento no se limita a la mera lectura de obras
compuestas por autores de renombre. Esta concepción de 'seguir' a un escritor famoso, ya sea
por profesores o alumnos, hace imposible el sentido crítico y la autonomía en la construcción
del proceso de aprendizaje, constituyendo un círculo vicioso de repetición de lo ya investigado.
Aludido al comportamiento que debe adoptar el maestro en el aula, Japiassu (1983, p. 17)
advierte que:
Si tenemos que enseñar algo a nuestros estudiantes, enséñeles a pensar, a
enseñarles a aprender, a construir y reconstruir, a hacer preguntas y a
cuestionar lo que ya saben. Porque es tarea del educador provocar en los
estudiantes desequilibrios o necesidades psicológicas, deseo de investigación,
espíritu de búsqueda, un estado de descubrimiento. Porque la acción educativa
siempre presupone la reforma de una ilusión, un proceso continuo de
rectificación de ilusiones perdidas. La verdad sólo puede alcanzarse después
del verdadero arrepentimiento intelectual. Otra tarea del educador es dudar de
sí mismo en saber crear dificultades reales, en eliminar falsos obstáculos y
dificultades imaginarias. No se trata tanto de llevar a los estudiantes a adquirir
una cultura científica, como de colaborar y crear las condiciones para que
cambien de cultura. Tenemos que dar nuestra razón para evolucionar.
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Busca, por tanto, avanzar más allá de la "verdad relativa" y superar la contradicción
performativa impregnada en la investigación en educación con el establecimiento de un
propósito distinto y, vinculado a ello, la apropiación efectiva del conocimiento,
desvinculándose a veces del mito de la "verdad absoluta", a veces del condicionamiento de una
"verdad relativa", que está limitada en el tiempo y el espacio.
La confrontación entre la contradicción performativa que surge de la comprensión de
que sólo se puede alcanzar la "verdad relativa" en la investigación en educación, con la
convicción intelectual de que no hay un conocimiento absoluto y definitivo, no constituye una
afrenta al Principio de No Contradicción. Ambas premisas no se oponen, sin embargo, al
mantenimiento de la verdad relativa en los estudios de los sujetos/investigadores, así como a la
no distinción y, por lo tanto, a la superación del estatus de relatividad en la investigación
educativa, lo que puede fomentar otras contradicciones internalizadas en el núcleo de la
investigación.
La concepción de la "verdad relativa", si no se supera, impone la contradicción
performativa que limita el campo de alcance de los estudios ahora pretendidos por el científico,
haciendo imposible avanzar en la investigación, así como la elaboración de otras premisas-
posibilidades en el curso regular de eventuales producciones académicas.
Es de destacar que la investigación académica, especialmente en el campo de la
educación, está impregnada de conocimiento relativo, y esto es, por lo tanto, una forma de
comprensión dogmática del conocimiento pretendido. Partiendo del razonamiento de que el
conocimiento es relativo, claramente que la naturaleza dogmática de la investigación estará
presente, y que tal comprensión, que retrata la relatividad del conocimiento, resaltará la
presencia de contradicción performativa.
Es en este momento que el sujeto/investigador debe movilizarse para observar la
performatividad del acto de leer y escribir y, a la luz del Principio de No Contradicción, buscar
superar la divergencia con la construcción de una premisa-posibilidad diferenciada que pueda
indicar otros caminos a seguir en la investigación.
Por lo tanto, en la concepción de Cirne-Lima (1996); Japiassu (1983, 2001); Demo
(2010) y Filho (2018), es necesario que el investigador, cuando se enfrenta a su objeto de
estudio, busque investigar el mayor número posible de capas que contemplen el objeto
observado, con miras a superar la contradicción performativa que se establece en la idea de una
verdad relativa, sin, sin embargo, alienarse en la falsa esperanza del cientificismo puritano que
persigue un absolutismo inexistente.
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Si se mantiene la contradicción, el sujeto/investigador debe movilizarse para superarla,
y así sucesivamente, buscando siempre explorar otras posibilidades que puedan surgir en la
producción de conocimiento. Es un trabajo de (re)construcción de lo que ya ha sido investigado
y/o lo que será investigado en la producción académica, con miras a establecer otros caminos y
direcciones dirigidas a resignificar el conocimiento ahora (re)producido en el curso de la
investigación científica.
Es un ejercicio continuo, que requiere un esfuerzo por transponer la contradicción
performativa por parte del investigador, centrándose en la localización de otras pistas que
puedan indicar otros caminos a explorar en la investigación, condicionando al científico a la
percepción de diferentes formas de análisis de objetos.
Consideraciones finales
Este artículo tuvo como objetivo discutir la "supuesta" neutralidad del científico, con
énfasis en las producciones académicas, así como reflexionar sobre la naturaleza dogmática que
mancha la investigación relacionada con el campo de la educación. De conformidad con lo
previsto en el curso de la labor científica, Cirne-Lima (1996); Japiassu (1983, 2001); Demo
(2010) y Filho (2018) fueron favorables para superar la contradicción performativa en la
investigación en educación. Estos autores argumentaron que las investigaciones científicas no
pueden guiarse por una "supuesta" verdad absoluta, ya que el objeto analizado termina siendo
contaminado por la intencionalidad del sujeto/investigador.
Además, se buscó acercarse a la contradicción performativa que impregna la
investigación científica y meditar sobre el carácter dogmático que implícitamente forma parte
de estudios relacionados con el campo educativo, a la luz del Principio de No Contradicción.
Durante el desarrollo del razonamiento aquí pretendido, se percibió que la producción científica
no está exenta de las "miradas" y "anhelos" de quienes la (re)producen.
De acuerdo con lo que queda evidenciado en este artículo, la investigación científica no
es neutral, porque centra en ella los intereses y expectativas del científico. Otro aspecto
relevante abordado durante los estudios y que merece atención es que no se puede alcanzar una
'verdad absoluta' en la investigación en educación, y que la conducta de la investigación, a lo
sumo, logra acercarse a un conocimiento relativo de lo que se propone estudiar. Partiendo de la
premisa de que el conocimiento que surge del objeto de estudio será siempre una 'verdad
relativa', se encontró que tal forma de entender lo que se propone examinar pone de relieve una
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negación que limita objetivamente el campo de verificación de la información investigada,
influyendo, por supuesto, en el sujeto que se lanza a la investigación académica.
La concepción de que, a lo sumo, una "verdad relativa" puede ser honrada en el curso
de la investigación educativa revela la naturaleza dogmática impuesta por las limitaciones de
los estudios relacionados con el objeto de análisis, evidenciando así la contradicción
performativa. Además, es cierto que la investigación científica trae consigo un carácter
dogmático derivado de la presencia de contradicción performativa, a la luz del Principio de No
Contradicción, y que la superación de la circunstancia inicial es necesaria desde el punto de
vista del avance científico deseado.
Por lo tanto, corresponde al sujeto/investigador trascender el relativismo impregnado en
la investigación educativa y, ligado a ello, de la contradicción performativa, con elevación de
las investigaciones científicas a un nivel de (re)descubrimiento desde otros ángulos de
apreciación del estudio realizado, con miras a inaugurar una premisa/posibilidad diferenciada
para ser cubierta en las producciones académicas.
En vista de lo expuesto en este trabajo científico, se enfatiza que las consideraciones
aquí planteadas no tienen la base de representar una "verdad absoluta", dado que el
conocimiento y sus formas de adquisición y problematización no se limitan a la noción de bien
o mal. La cultura del "conocimiento", la búsqueda incesante de evidencia científica, los
experimentos y sus funcionalidades en la vida cotidiana, así como las ideologías adictivas que
alimentan el espíritu investigador del hombre a lo largo de los siglos, se deriva de su afán por
explorar lo desconocido. El deseo de conquistar el terreno fértil de la inventiva y de demostrar,
científicamente, la pertinencia de algo en el mundo cognoscitivo refuerza su cultura
patrimonialista del óntico "imprescindible" que no se limita al tiempo y al espacio. El hombre
tiene la necesidad de (re)afirmar sus teorías como un medio para comprender el universo que
lo rodea.
Sin embargo, la intervención del investigador en el proceso de probar sus conjeturas es
un rasgo histórico emblemático que afecta al cientificismo de su descubrimiento. Así, se
observó que la postura de neutralidad del científico, en la investigación en educación, no existe.
Además, en el curso de esta investigación científica, buscamos proporcionar una reflexión
detallada de las trampas y demasiadas pretensiones que pueden llevar al investigador a la
sujeción de sus propias "verdades", anclándose en la ropa de las ciencias empírico-formales,
bajo la idea errónea de que su investigación refleja una verdad única e incuestionable, cuando,
por el bien de la verdad, es solo una falsa interpretación de la realidad de sí mismo.
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Dicionário básico de filosofia
. 3. ed. revista e ampliada.
Rio de Janeiro: TupyKurumin, 2001.
Cómo hacer referencia a este artículo
FRANDALOSO, J. M.; LEITE, M. A. De la verdad absoluta al relativismo del conocimiento
científico: Una mirada a la investigación educativa.
Revista Ibero-Americana de Estudos em
Educação
, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1434-1452, abr./jun. 2022. e-ISSN: 1982-5587. DOI:
https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15825
Enviado en
: 09/11/2021
Revisiones requeridas en
: 23/12/2021
Aprobado en
: 11/02/2022
Publicado en
: 01/04/2022
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From the absolute truth to the relativism of scientific knowledge: A look at the educational research
RIAEE
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1426-1444, Apr./June. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15825
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FROM THE ABSOLUTE TRUTH TO THE RELATIVISM OF SCIENTIFIC
KNOWLEDGE: A LOOK AT THE EDUCATIONAL RESEARCH
DA VERDADE ABSOLUTA AO RELATIVISMO DO CONHECIMENTO CIENTÍFICO:
UM OLHAR PARA AS PESQUISAS EM EDUCAÇÃO
DE LA VERDAD ABSOLUTA AL RELATIVISMO DEL CONOCIMIENTO
CIENTÍFICO: UNA MIRADA A LA INVESTIGACIÓN EDUCATIVA
Jean Marcos FRANDALOSO
1
Maria Alzira LEITE
2
ABSTRACT
: The main objective of this article is to discuss the 'supposed' neutrality of the
researcher, before his object of analysis, as well as to reflect on the dogmatic nature that
permeates research in the sphere of education, in the light of the Principle of Non-Contradiction.
The article is based on bibliographical research, of the descriptive-explanatory type, based on
the concepts of Japiassu (1983, 2001); Cirne-Lima (1996), Filho (2018), among others that will
be brought to the debate. Thus, it is expected, with such conclusions, to provide an opportunity
for a discussion and, later, an understanding of the studies of these authors who are opposed to
the idea of neutrality of the subject/researcher in the face of the results obtained and, intertwined
with this, to highlight the dogmatism implicit in the educational research.
KEYWORDS
: Educational research. Research object. Performative contradiction.
RESUMO
: Este artigo tem por objetivo principal discorrer sobre a ‘suposta’ neutralidade do
pesquisador, diante do seu objeto de análise, bem como refletir sobre a natureza dogmática
que permeia as pesquisas na esfera da educação, à luz do Princípio de Não-Contradição. O
artigo se alicerça numa pesquisa bibliográfica, do tipo descritivo-explicativa, com base nas
concepções de Japiassu (1983, 2001); Cirne-Lima (1996), Filho (2018), dentre outros que
serão trazidos ao debate. Dessa forma, espera-se, com tais conclusões, oportunizar uma
discussão e posterior compreensão acerca dos estudos desses autores, que se opõem à ideia de
neutralidade do sujeito/pesquisador diante dos resultados obtidos e, imbricado a isso, destacar
o dogmatismo implícito nas pesquisas educacionais.
PALAVRAS-CHAVE
: Pesquisa em educação. Objeto de pesquisa. Contradição performativa.
1
Tuiuti University of Paraná (UTP)
–
Curitiba
–
PR
–
Brazil. Master's student in the Graduate Program in
Education. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-7969-2414. E-mail: jean.frandaloso@gmail.com
2
Tuiuti University of Paraná (UTP)
–
Curitiba
–
PR
–
Brazil. Professor in the Graduate Program. Doctor and
Master in Letters: Linguistics and Portuguese Language (PUC Minas). ORCID: https://orcid.org/0000-0003-2235-
4021 E-mail: mariaalzira35@gmail.com
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Jean Marcos FRANDALOSO and Maria Alzira LEITE
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1426-144, Apr./June. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15825
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RESUMEN
: El objetivo principal de este artículo es discutir la 'supuesta' neutralidad del
investigador, frente a su objeto de análisis, así como reflexionar sobre el carácter dogmático
que impregna la investigación en el ámbito de la educación, a la luz del Principio de No
Contradicción. El artículo se basa en una investigación bibliográfica, de tipo descriptivo-
explicativo, a partir de los conceptos de Japiassu (1983, 2001); Cirne-Lima (1996), Filho
(2018), entre otros que serán llevados al debate. Así, se espera, con tales conclusiones, brindar
una oportunidad para una discusión y, posteriormente, una comprensión de los estudios de
estos autores que se oponen a la idea de neutralidad del sujeto/investigador frente a los
resultados obtenido y, entrelazado con este, resaltar el dogmatismo implícito en la
investigación educativa.
PALABRAS CLAVE
: Investigación en educativa. Objeto de investigación. Contradicción
performativa.
Introduction
According to Japiassu (1983, 2001); Cirne-Lima (1996); Demo (2010) and Filho (2018),
scientific research, especially in the field of education, brings with it an intentional look from
the subject/researcher who, most of the time, disguises himself with the guise of neutrality and
puritanical scientism, thus compromising the conclusions reached by the researcher in his/her
field of study.
In this bias, based on a bibliographical investigation, of the descriptive-explanatory
type, it is intended to approach the 'supposed' neutrality of the subject/researcher in the course
of academic productions, taking into account the following problem: how can the scientist
overcome the performative contradiction in the production of knowledge, in view of their
desires and perspectives on the development of academic work?
Therefore, the main objective of this article is to discuss the 'supposed' neutrality of the
researcher, before his object of analysis, as well as to reflect on the dogmatic nature that
permeates research in education, in the light of the Principle of Non-Contradiction.
The idea of mastering the object of study, very often disseminated by the majority of
teachers in educational establishments, also provides an opportunity to reflect on the
contradiction that involves the field of education, as a key to the liberation of man from his 'sine
qua non' state. As much as the subject/researcher tries hard not to influence the directions of the
research, tirelessly seeking to anchor an impartial stance that justifies the scientific content of
the academic production now intended, it appears that such an attempt is nothing more than a
“schizophrenia” ( JAPIASSU, 1983, p. 15) intellectual, even because “[...] whoever believes in
certain scientific or philosophical truths as if they were a safe haven hides, deep down, a basic
fear not overcome and an unresolved anguish” (JAPIASSU, 1983, p. 13).
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From the absolute truth to the relativism of scientific knowledge: A look at the educational research
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Now, when we talk about domain of the object, we defend the proposal of submitting
something to someone. If, in the field of research in education, this interactionist relationship
established between the subject/researcher and the research object is predominant and essential
for the development of scientific production, then it can be inferred that education does not
liberate (from the Latin libertas), but, on the contrary, imprisons, therefore limiting the
researcher's critical sense, and even contributing to the establishment of a “pedagogy of
uncertainty” (JAPIASSU, 1983, p. 13) in an epistemolog
ical context of the term announced. If
there is a relationship of submission between the researcher and the research object, then the
discourse that circulates in education that knowledge frees man is nothing more than “thought
and said nonsense”. (CIRNE
-LIMA, 1996, p. 66).
As if the “[...] myth [...]” (FILHO, 2018, p. 103) of the 'supposed' neutrality of the
researcher in his field of study were not enough, which in itself would already represent “[... ]
a logic of failure” (FLICKINGER, 2010, p. 18), it is
observed that research, in general, is not
guided by the proposition of an “[...] absolute truth [...]” (CIRNE
-LIMA, 1996, p. 74), which,
at first, does not contrast with any violation of a semantic, literal and/or objective nature.
In the field of education, for example, it is a matter of pacified reasoning, even because
“[...] any pedagogy that tries to instill in them the illusion of truth constitutes an attack against
the process of intellectual maturation of the students”. (JAPIASSU, 1983, p. 18
-19). Despite
the rejection of the cult of the 'absolute truth', its justification by the idea of approximation to
the 'supposed' truth inaugurates, in the philosophical bias, the performative contradiction of its
peers.
If, on the one hand, the proposal of an 'absolute truth' regarding the knowledge that can
emerge from research in education is denied, on the other hand, when sustaining the argument
that the subject/researcher, at most, will approach of such truth, taking into account the object
of study, dogmatism will have been consummated by the denial of the initial premise.
Aiming to illustrate the panorama raised in this article, referring to the performative
contradiction, Cirne-Lima (1996, p. 67) exemplifies the fact through the existence and non-
existence of a certain object:
We say of this table, which is there and to which we point with our finger, two
things. We say, first, that this table, being contingent, can either exist or,
equally, not exist; although it does exist, it may not. We say, on the other hand,
that this table, while it is and exists, cannot not exist. We affirm from this same
table, on the one hand, that it cannot exist, on the other hand, that it cannot not
exist.
This table may not exist = contingency
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Jean Marcos FRANDALOSO and Maria Alzira LEITE
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This table cannot not exist = existence
To the same subject the same predicate is attributed and not attributed; of the
same subject the same predicate is said and is not said. That, exactly that, is a
contradiction. Isn't this complete nonsense? Certainly, and whoever asserts
this without further explaining enters the realm of the absurd and
fundamentally denies the very possibility of thinking and speaking.
According to what was observed in the excerpt above, the perceived contradiction
between 'what can exist' and 'what cannot not exist' is notorious. The aforementioned
contradiction focuses on the same subject, 'this table'. In this case, it is concluded that the
pretension around the construction of totally true knowledge in research in education is nothing
more than an intellectual utopia, and that the projection of this approximation of truth, equally,
reinforces the performative contradiction by the denial of this same knowledge, in its entirety.
, this rejection of the concept of an 'absolute truth', embedded in the premise that
knowledge can only be constructed in a relative perspective, obviously consolidates dogmatism
in its denied version, which is nonetheless a committed research of the scientific point of view.
In this tune, Japiassu (1983, p. 21) states that:
[...] a knowledge that is completely true, completely finished and reassuring,
endowed with absolute parameters, can only constitute a myth. In certain
respects, myth and science perform an identical function: they provide the
human spirit with a certain representation of the world and the forces that
animate it.
That said, either through the denial of the 'absolute truth' in research in education or
through the acceptance of the relativity of this knowledge in such research, the performative
contradiction will be inserted in the construction of this scientific knowledge, which is why
there is room for (re) ) to think about the use of the method in the elaboration of research, in the
origin of the results obtained, in the course of scientific investigation, as well as in the scientism
itself that permeates academic productions.
It is worth noting that establishing a concept of truth can represent a universe of
countless ontological possibilities, strained by a plurality of social, cultural, political and
religious factors that, arguably, can interfere with the understanding of what is understood by
'truth'. In the same line of reasoning, Japiassu and Marcondes (2001, p. 187) emphasize that
“there are, however, several definitions of truth and several theories that intend to explain the
nature of truth”. In order to shed light on t
he proposed theme, Abbagnano (1998, p. 993-994)
conceptualizes the term 'truth' as a:
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Validity or effectiveness of cognitive procedures. In general, V is understood
to be the quality by virtue of which any cognitive procedure becomes effective
or succeeds. This characterization can be applied both to conceptions
according to which knowledge is a mental process and to those that consider
it a linguistic or semiotic process. Furthermore, it has the advantage of
dispensing with the distinction between definition of V. and criterion of V.
This distinction is not always made, nor is it frequent; when made, it
represents only the admission of two definitions of V. E.g., when making the
distinction between correspondence theory and criterion of V., this is defined
as evidence using the concept of V. as revelation, and the theory of V. as
conformity to a rule, presented by Kant as a formal criterion alongside the
concept of V. as correspondence, then becomes a definition of V itself.
In the opposite direction to Abbagnano (1998), Japiassu and Marcondes (2001, p. 187)
understand that the classic concept of truth (from the Latin “
veritas
”) can be understood as
being “[...] . It can be said, therefore, that truth is a property of judgments, which can be true or
false, depending on the correspondence between what they affirm or deny and the reality of
which they speak. Despite the need to establish the concept of 'truth' with which we intend to
work in this article, as well as the ontological understanding that involves that expression, we
chose to adopt the definition listed in the theory of truth.
Therefore, the concept of truth must be envisaged in a perspective of coherent
proposition, in the light of the Principle of Non-Contradiction, given that it is a value judgment
that does not include, in its evaluative core, any form of contradiction.
The research object in an intentional perspective of the subject/researcher
Scientific research does not always reveal what one wants to know, either because the
researched object did not allow for greater observation angles and, therefore, greater
clarification of the layers of what was investigated, or because the problematization around the
research question fertilizes the aridity of the world of the impossible, even because, in the
conception of Cirne-
Lima (1996, p. 63), “being impossible, in logic, means not
-being-possible;
what is impossible cannot be, what is impossible cann
ot exist.”
For a long time, the “[...] myth of the safe harbor [...]” (JAPIASSU, 1983, p. 15) was
sought for the illusory appearance of scientism that permeates research in education, as a way
of shielding the object of study of the investigator's interference. Sometimes, the
subject/researcher is led to believe that he can control his desires and not contaminate his
research with his thoughts. This illusory appearance of neutrality is not born with him, but is
taught to him at school. In this regard, Japiassu (1983, p. 26) points out that:
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1426-144, Apr./June. 2022. e-ISSN: 1982-5587
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The scientist articulates what he observes with what he imagines. Before
observing a phenomenon, he already has a certain idea of what should be
observed, that is, he has already decided what will be possible and he already
has a c
ertain idea of what “reality” might be. The scientist already has a certain
conception of the unknown, of that domain situated beyond what logic and
experience authorize him to believe. In a word, scientific research always
begins with the invention of a possible world, or a fragment of the possible
“real”.
As can be seen, even before the research object is analyzed by the subject/researcher,
the subject/researcher, by himself, already sees it in the context of his intentions, which,
obviously, is still natural, after all, it is not you may want to know something that is not even
visualized in the cognitive world. For Japiassu (1983, p. 31):
If, on the other hand, we ask ourselves about the way science works, about its
social role, about its way of explaining phenomena and understanding man in
the world, we will easily perceive that the real conditions in which objective
and rationalized are bathed in an undeniable socio-political-cultural
atmosphere. It is this socio-historical framework, making science a human
product, our product, that leads objective knowledge to appeal, whether they
like it or not, to theoretical, philosophical, ideological or axiological
assumptions that are not always made explicit. In other words, there is no
“pure”, “autonomous” and “neutral” science, as if it were possible to enjoy th
e
privilege of not-knowing-
what “immaculate conception”.
In this way, the reception of the research object, in a scientific perspective, only opens
with the method developed by Descartes. Therefore, Filho (2018, p. 727-728) recognizes that:
[...] we are not wrong in saying that the main reason why Descartes entered
the history of thought was because he left us as a legacy, as what must
constantly be thought, the question of method. From Descartes onwards, the
fact of having a method becomes the criterion for achieving the scientific. For,
for the philosopher, the method is what allows juxtaposing to common sense,
that is, the rationality common to all human beings, the possibility of unifying
the different perspectives of thought through rules that undoubtedly delimit
the field of certainty, establishing the distinction between the false and the
true.
The 'rancid' of scientific rationalism still appears, with great rigor, in academic research:
the appearance of a puritanical science that, while fitting into an epistemological perspective,
passes through the experimental stages, exempt from any intervention by the researcher. And
whose fault is it? To whom should the result of these anxieties that inculcate the best thought
be attributed? The answer is very simple: this rationalism is in the 'DNA' of scientism and in
the institutions that reproduce it. Many scientists keep within themselves this pilgrimage
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From the absolute truth to the relativism of scientific knowledge: A look at the educational research
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towards the neutrality arising from the empirical-formal sciences, idealizing it, in their
practices, as if it were a religion.
However, it is emphasized that the tradition of modern sciences is (re)produced as an
unquestionable truth in the academies, not being able to depart from it under pain of being
thrown into the intellectual desert. In this conjecture of everything assent without, at least, being
able to use common sense to oppose the concepts of exacerbated scientism, it is observed that
all scientific discoveries are subject to the pressure of time: an emblematic mark that represents
the capital production system, even because “this representation includes the aspect of
knowledge of the properties of the real world (science), of valorization (ethics) and of
symbolization (art)”. (DERMEVAL, 2015, p. 286).
Despite the relevance of chronological time, which conditions human actions, from a
perspective of capital reproduction, and the other pressures that emerge from the way of
elaboration, material and non-material, it is not intended here to deepen such studies, even
because this does not is the intention raised in this article. Returning to the initial reasoning, it
appears that many teachers, scientists, specialists and experts, within the scope of educational
establishments, approach the mistaken understanding that the subject/researcher must master
the object as a means of better appropriating the specifics of knowledge there. under study. It
is basically a circular discourse that explicitly projects the scientist's intentionality in the
dimensions of the object being researched.
It is important to emphasize that even taking into account the rhetoric of the eloquent
discourse, fostered in the academic ranks, with regard to the neutrality of the subject/researcher,
during the act of scientific investigation, as well as the scientistic guise that permeates the nature
of the object itself, some reflections should be considered and (re)thought in teaching and
learning practices. In view of such notes, Filho (2018, p. 733) argues that:
In this way, the so-called object tends to say only what the subject wants to
hear. That is why, in everyday research, we usually hear the teacher's
orientation: you have to dominate your object! But do we really get to
dominate our object in the practice of educational research? Is it amenable to
such domination? And, if this is the case, is this what we do educational
research for? After all, to dominate the human being? As we know, it may be
so, it may be not.
And, based on the premise that the subject/researcher dominates his research object, is
the knowledge obtained legitimate from the point of view of 'should-be'? Not always the
researcher is bathed in the laurels of his discovery, not least because 'should-be' "[...] is a kind
of necessity which, by its internal structure, allows and even demands that things can also be
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Jean Marcos FRANDALOSO and Maria Alzira LEITE
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otherwise. What 'should be' is necessary in a certain sense [...]" (CIRNE-LIMA, 1996, p. 107),
but it is not always revealed on the plane of what should be.
In view of these explanations, it is necessary to understand that the methodical format
instituted by Descartes and, later, subjected to the analytical rigor of many other philosophical
thinkers of the 17th, 18th and 19th centuries, is no longer in line, or in dialogue, with the current
needs of society and, as a result, with the emerging scientific thought. There is no such thing as
ready and finished knowledge, since society is not static. Thought is not immutable, nor is the
understanding of the object of research the same. In view of this, Japiassu (1983, p. 19) observes
that
On the contrary, the pedagogy of uncertainty tries to relativize scientific
production and the teaching of science. Because this is one of the conditions
for students to develop their critical capacity, to assume themselves as
individualized and creative personalities, capable of not living only in the
shadow of teachers, of famous authors that would serve as crutches, or of a
school of thought that would fit them into rigid and dogmatic mental schemes.
For me, the bitter taste of uncertainty and the intimate pain of helplessness in
the face of relativizing learning, incapable of absolute parameters and
catechetical dogmatism, are extremely healthy. Because it is in the anguish of
the uncertainty of the theories studied, in the fact that they feel lost in their
process of intellectual growth, and in the sometimes disappointing discovery
that there is no safe harbor in the domain of knowledge, that the students will
be able to let themselves be possessed by life, if they intend to possess it.
Knowledge is a historical production and mobilizes interests of different orders, in
different scenarios, which is why the results that emerge from the object of research in education
should be observed from a perspective of overcoming the previous weaknesses, since the
alleged intention of mastering the research object is nothing more than a "paranoia"
(JAPIASSU, 1983, p. 18) disseminated in universities and other formal learning spaces.
However, the problem does not reside in the methodical use of formulas and/or in the
uncertainties that occupy the thoughts of the subject/researchers, but, rather, in the reiterated
practice of what has already been researched. Basically, it is a reproduction of what already
exists in the world of sensible things. This excessive scientific reproduction of that which
already exists only serves to reinforce apparent scientism, because "whoever, from the point of
view of knowledge, can only walk on rails or supported by crutches is unprepared for life, is a
victim of intellectual paraplegia. (JAPIASSU, 1983, p. 22).
The impasse lies in the insistence of this reproduction of knowledge in the student ranks,
as well as in the peaceful and comfortable way of facing this situation by the
subjects/researchers. In this vein, Flickinger (2010, p. 19) emphasizes that:
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Ultimately, the scandal of the objectivity fetish that governs the modern-
instrumental rationality of knowledge consists not so much in the illusion that
objective truth must abstract from the subjective conditions of the knowing
man; rather, the scandal finds its true root in the underlying motive of this
fetish: through the insistence on the idea of the objectivity of the process of
knowledge, the knowing subject obviously immunizes himself, in order not to
feel forced to realize his own restricted competence, concerning the mastery
of the process that would lead to the configuration of the meaning to be
elaborated. Therefore, the risk of subjective influences that would deform the
knowledge of the objective world is not so dangerous, but rather that of
demanding from the knowing subject the abdication of the idea of his being-
self-owner. No doubt this demand would affect his most intrinsic vanity.
On the other hand, it is verified that the determinism of the method does not compare
with the rigor of the scientist who stubbornly believes that all answers will emerge from the
application of ready and finished formulas. It is from this scenario of revelations that one can
perceive that the subject/researcher is not neutral in the investigation of his research object, not
even scientific research itself is exempt from the gaze of its conductor. Thus, "[...] if the claim
of science is to describe nature and to radically distinguish dream from reality, we must not
forget that men have as much need of dream as of reality". (JAPIASSU, 1983, p. 23).
Therefore, the scientist's intention of mastering the object cannot be understood as the
ultimate goal in educational research and/or be anchored in the hope that the use of the method
will provide the desired truth. This path must be gradually built by the subject/researcher. Thus,
in the words of Filho (2018, p. 738):
For the educational researcher, there is only one way to find his object of
study, and that is to go out into the world. A world which, necessarily, can
only be the world as it appears to us, that is, the phenomenal world of empirics.
Whose data, evidently, we cannot disregard. Quantifying the world is one of
the qualities we most appreciate in ourselves. For it is this quality that gives
us certainty about ourselves and opens us the possibility of controlling the
quantified, of, as has already been said, dominating the object.
It is in this factual universe, in development, that the researcher needs to build the
foundations for the acquisition of knowledge, certain that one cannot dominate the object of
research, either because education does not imprison its participants, or because one cannot get
into all the layers that circumscribe the nature of this researched object, considering that "we
are not the ones who dominate things. They dominate us" (JAPIASSU, 1983, p. 19).
Moreover, if such conception of dominion over the object, in educational research, were
considered as an unquestionable truth, along the lines of a religious tradition, education would
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certainly be an instrument of oppression and imprisonment, not only of the physical body, but
also of the soul, hindering the freedom of the human being.
Starting from the assumption that research in education should be guided by the choices
of the subject/researchers, one cannot deny their intentionality in the research scenario, even
because they cannot suffer any embarrassment in their critical freedom to observe their object
of study. Therefore, it is necessary to consider the method used with which the scientist intends
to submit the object of research, the paths taken, and the mental elucubrations necessary for the
elaboration of the chapters that will integrate the scientific production.
In view of these discussions and reflections, and considering the positioning of Japiassu
(1983, 2001); Cirne-Lima (1996); Demo (2010) and Filho (2018), it is possible to say that there
is no neutrality on the part of the subject/researcher in educational research, much less is the
research object exempt from the vitiating ideologies of the human spirit. For these authors,
scientific research is produced under the 'look' of those who conduct it and, therefore, suffers
the incidence of the wills, pretensions, and inculcations that guide scientists, which is why the
partiality of the subjects before the results obtained is notorious.
So that "it is in letting the other be that he can reveal himself. If what we want is to really
know him, and not subjugate him, obviously. Thus, researching always involves understanding
a possibility of ourselves" (FILHO, 2018, p. 743), reflecting the interests and desires of the
researcher.
The performative contradiction in educational research
Thinking about the research object that circumscribes the field of education is to be
faced with a reality of infinite possibilities that can be explored by the scientist and that implies
a considerable range of epistemological (re)constructions that enable a differentiated version of
what is studied, even because there is not an "[...] absolute truth [...]" (JAPIASSU, 1983, p. 34)
that guides research in general. Even because, "the universal, when it does not respond
adequately to the structural demands of the particular, loses its strength, abdicates its validity
and, finally, breaks into pieces". (CIRNE-LIMA, 1996, p. 53).
Therefore, one always seeks a modalization of discourse in the sense of only extending,
in time and space, the results now obtained in the act of examining, since "research does not
undo this relativity, it only puts on the scene other arguments that deserve attention and debate,
in an endless reconstructive process". (DEMO, 2010, p. 194).
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Proof of this is the basic premise that is learned in early mathematics classes, for
example, when the teacher argues that the order of the factors does not change the product. In
this vein, the equation 2X + 3X= 5X will be used to better exemplify what has been exposed so
far. Reflecting on the sentence above, it can be seen, in the order in which these elements appear,
that the ordinary position in which one predicate or another occupies is of little importance,
since the result of the sum will remain invariable, that is, 5x.
Perhaps this principle works in the mathematical sciences, where the order of the factors
does not change the product, but in the area of education, can the inversion of the order of the
factors change the product intended by the subject/researcher?
If there is a methodological change of approach to the object, in the same scenario, could
one think of maintaining the same specificities of the knowledge that one intends to obtain?
Naturally, this answer has already been clarified in the previous section, considering that there
is no immutable knowledge. In this circumstance, Japiassu (1983, p. 22) stresses that
We need to recognize modestly, and once and for all, that there is no longer
an absolute concept of truth. This means that the notion of truth must be
introduced into human time. It cannot escape the category of temporality. It is
in this sense that all human truth is made of certain verified ideas made true.
A frozen truth becomes an intellectual anesthesia. Its paralyzing effect
generates numerous diseases of the spirit, among which is the adult paralysis
of intelligence. On the other hand, since we are condemned to live in a plural
world, to coexist with a world in which different forms of discourses coexist,
different ways of conceiving man and truth itself, our human knowledge must
be taken as an object of research, not of revelation.
There is no pure science and/or research exempt from the interests of the
subject/researcher, given that "the process of knowledge production is not only technical,
methodological, it is also political, even because innovative knowledge is now recognized as a
more strategic intervention in reality. (DEMO, 2010, p. 226). Undoubtedly, the nature of
research is bathed in the intentionalities imbricated in the actions of those who propose to
research. Considering all the above, Japiassu (1983, p. 33-34) states the following:
Now, administratively and financially, science depends on multiple official or
industrial organizations. Some fields of research are strongly stimulated for
reasons that have nothing to do with pure knowledge, for "reasons" that
scientific reason does not know. Socially, pure science is a fiction. Behind the
knowledge/applications dichotomy hides the idea that science has a status
transcendent to society. It would only count on the search for Truth. Science
would be autonomous, because it would give itself its own norms. It would be
governed by an internal ethic. It would not be governed by an ethic imposing
duties to society on researchers. Therefore, the myth of pure science founds,
on the one hand, the social irresponsibility of scientists; on the other hand, it
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Jean Marcos FRANDALOSO and Maria Alzira LEITE
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provides the State or Power with a perfect justification for the apoliticism of
research.
Regardless of the understanding that there is no 'absolute truth' in scientific research,
especially in the field of education, the fact is that the indeterminacy, and subsequent
relativization of the intended scientific knowledge, reveals the performative contradiction.
Faced with such conclusions, Japiassu (1983, p. 20-21) states as follows:
[...] what we intend to affirm is that there can be no absolute truth in the
domain of human knowledge, in the sense that it would be the point of
perfection of knowledge. Because it is always a stage in a process of constant
approximation. We mean, in other words, that truth is a historical reality. And
it is in this sense that it is relative. For it leads us to admit the provisionality
of any and all explanatory models. This has nothing to do with epistemological
relativism, since a truth can very well be relative without, however, ceasing to
be absolutely true. We do not absolutely deny the truth, which would be
another form of dogmatism. But we introduce it into human time, the only
time we know. The temporality of truth introduces a revolution in thought: it
is not a matter of denying everything, repeating the systematic doubt of the
skeptics or reediting the tabula rasa of methodical doubt, but of accepting
everything through a thought whose fruitfulness lies precisely in its constant
attempts to approach the truth. As for absolute truth, it is neither the measure
nor the judge of the relativity of truths: it only constitutes the overcoming of
these truths, an overcoming that is constantly enriched.
Starting from the premise that research in education is not based on a puritanical
knowledge, even because "to rely on a truth, as in an absolute, is to carry out a censorship whose
legitimacy we cannot substantiate" (JAPIASSU, 1983, p. 21). 21), the conception that the
subject/researcher only approaches the truth does not fail to reveal the content of "[...]
dogmatism [...]" (JAPIASSU, 1983, p. 26) implicit in the initial structures of the studies, thus
reinforcing the incidence of performative contradiction in the course of scientific production.
Corroborating the understanding of Japiassu (1983) and Filho (2018), Cirne-Lima (1996, p.
115) asserts that:
The contradiction that causes the movement of the system is, especially in
Logic, the performative contradiction. I determine the plurality and richness
of the presupposed world as being something indeterminate, as something that
says nothing determined. The performative act of saying and determining
determines everything as being something indeterminate, as the indeterminate
being, which, seen from the other side, is the indeterminate nothingness. To
determine something as being totally indeterminate is a performative
contradiction. The act of thinking is in performative contradiction with the
content thought and said, this contradiction needs to be worked out and
overcome.
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Taking advantage of this line of reasoning, by denying the 'absolute truth' in educational
research and, concomitantly, accepting that the researcher will be able, during his studies, to
reach, at most, the relative knowledge, it would be, in this way, validating a limited knowledge,
in the light of the Non-Contradiction Principle and, therefore, reinforcing the performativity at
the origin of scientific productions, especially those coming from the field of education. In this
regard, Cirne-Lima (1996, p. 16) mentions that:
The Principle of Non-Contradiction is the sentence that states that it is
impossible for a proposition to be true if and when it contradicts itself. What
does this mean? Someone contradicts himself when he says something certain
but simultaneously contradicts himself by asserting the truth of the opposite.
Contradiction is simultaneously asserting the truth of "p" and "not-p". The "p"
precludes the assertion of the truth of "not-p". An old formulation of Logic
says: two contradictorily opposite propositions cannot be simultaneously true,
nor simultaneously false. If one is true, the other is necessarily false.
On the other hand, if the subject/researcher, during the realization of scientific research,
holds only the expectation of achieving the 'relative truth' about the researched object, then, in
the same way, it can be inferred that the knowledge to be produced, relativized, dogmatized and
impregnated with the intentionalities of who launches himself into the research field, is
undoubtedly doomed to the "[...] logic of failure [...]" (FLICKINGER, 2010, p. 18).
In view of such observations, one notices that the Non-Contradiction Principle does not
match the performative contradiction imbricated in the research embraced in education, being,
before anything else and, in view of its very nature, opposition in the ontic field of should-be.
The Principle of Non-Contradiction "[...] does not say that contradiction is impossible, it only
says that it must not exist, that it must be avoided. The modal operator here is weaker than the
traditional one, it is deontic. At the beginning of all Logics there is not an Impossible, but a
Must Not" (CIRNE-LIMA, 1996, p. 126).
Relative truth becomes a dogma in educational research and puts into question the nature
of knowledge produced under the logic of modern scientism. The "[...] must-be [...]" (CIRNE-
LIMA, 1996, p. 60), in scientific productions, provides an opportunity for deep reflections in
the field of knowledge, fostering different forms of conceptions of the object of study, which is
a premise that reinforces the performative contradiction that surrounds research.
Such discussions about the 'myth' of absolute truth in educational research, in contrast
to the relativized knowledge that can be expected from them, allow a reflection on the way of
understanding the scientific production and, concomitantly, inaugurates the need to (re)think
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the teaching and learning practices in the school environment, in a more realistic,
multidisciplinary and collaborative perspective.
One does not develop scientific research with 'absolute truths', and one should not even
resign oneself to the performative contradiction resulting from the acceptance of an
'approximate truth'. The nature of scientism cannot predominate in the reality of the researched
object, and, therefore, it is necessary to review previous positions established in the teaching
and learning process. Given the above, Demo (2010, p. 84) reinforces that:
The misstep can be characterized as criticism without a sense of self-criticism.
In fact, modern science has abolished all supposedly scientific authorities,
putting in their place the art of good argument. However, this criticism, largely
frenetically announced and practiced, has not paid attention to the other side
of the same coin: the coherence of criticism lies in self-criticism. It is a
clamorous performative contradiction to criticize and not accept to be
criticized, to question and not to be questioned, to evaluate and not accept to
be evaluated. The so-called "post-modern" movement, among many
banalities, has this strong message: science that questions well is that which
questions itself, in the first place. Thus put, validity claims become only
relative [...].
The discourse, meticulously architected, in defense of an approximate truth, seems to
be well accepted in the academic scenario, however, one cannot lose sight of the fact that this
conception of acceptance of relative knowledge is also a dogma that reflects the performative
contradiction at the core of scientific research, compromising it in its origin.
Whether in the scope of a protectionism that covers such an 'absolute truth' or in the face
of a 'relative knowledge' that reinforces the existence of contradiction, the fact is that it is up to
the teacher to adopt a more dialectical and collaborative posture towards his audience: the
students. And this implies profound changes in their teaching practices and in the way they
perceive scientific knowledge. On this subject, Japiassu (1983, p. 16-17) comments that
Hence the easy temptation to present oneself to students as a safe harbor. This
is a fearful illusion, since it constitutes a geometric neurosis. Instead of
proposing to the "victims" only possible instruments to approach the truth, he
starts "teaching" or "transmitting" to them his own truth, or the truth of an
author who serves as an intellectual crutch. Because it is possible that a
teacher, not being convinced of his own positions, will appeal to the protection
of a famous author who will serve him as a scientific "matron", reducing his
function to that of a mere repeater or, at best, a promoter of other people's
ideas. From then on, it is up to the students to drink the master-author's
teachings, without suspecting that they are undergoing a terrible intellectual
deformation. They begin to live with the illusion of a safe harbor, the fallacy
of evidence and right theories.
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A considerable number of educators end up anchored in the ideas promoted in textbooks
and forget that knowledge is not restricted to the mere reading of works composed by renowned
authors. This conception of 'following' a certain famous writer, whether by teachers or students,
makes the critical sense and autonomy in the construction of the learning process unfeasible,
setting up a vicious circle of repetition of what has already been researched. Alluding to the
behavior that should be adopted by the teacher in the classroom, Japiassu (1983, p. 17) warns
that
If we have to teach our students something, let us teach them to think, let us
teach them to learn, to construct and reconstruct themselves, to ask questions
and question what is already known. Because it is the educator's task to
provoke in the students psychological imbalances or needs, a desire for
research, a spirit of searching, a thirst for discovery. Because educational
action always presupposes the reformation of an illusion, a continuous process
of rectification of lost illusions. Truth can only be reached after a true
intellectual repentance. Another task of the educator is to doubt himself, to
know how to create real difficulties, to eliminate false obstacles and imaginary
difficulties. It is not so much up to him to lead students to acquire a scientific
culture, as to collaborate and create the conditions for them to change their
culture. We need to give our reasoning reasons to evolve.
It seeks, therefore, to move beyond the 'relative truth' and overcome the performative
contradiction impregnated in educational research with the establishment of a distinct
proposition and, linked to that, the effective appropriation of knowledge, detaching itself from
the myth of the 'absolute truth', and the conditioning of a 'relative truth', which is limited in time
and space.
The confrontation between the performative contradiction arising from the
understanding that one can only reach the "relative truth" in educational research, and the
intellectual conviction that there is no absolute and definitive knowledge, does not constitute
an affront to the Principle of Non-Contradiction. Both premises do not, however, oppose the
maintenance of relative truth in subject/researcher studies, as well as the non-distinction and,
therefore, overcoming of the status of relativity in educational research, which may foster other
contradictions internalized at the core of research.
The conception of 'relative truth', if not overcome, imposes the performative
contradiction that limits the scope of studies now intended by the scientist, making it impossible
to advance research, as well as the elaboration of other premises-possibilities in the regular
course of eventual academic productions.
It is worth pointing out that academic research, especially in the field of education, is
impregnated with relative knowledge, and this, therefore, is a form of dogmatic understanding
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of the intended knowledge. Starting from the reasoning that knowledge is relative, clearly the
dogmatic nature of the research will be present, and that such understanding, which portrays
the relativity of knowledge, will highlight the presence of the performative contradiction.
It is at this moment that the subject/researcher must mobilize to observe the
performativity of the act of reading and writing and, in light of the Non-Contradiction Principle,
seek to overcome the divergence with the construction of a differentiated premise-possibility
that may indicate other paths to be taken in the research.
Therefore, in the conception of Cirne-Lima (1996); Japiassu (1983, 2001); Demo (2010)
and Filho (2018), it is necessary that the researcher, when confronted with his object of study,
seeks to investigate as many layers as possible that contemplate the object observed, in order
to overcome the performative contradiction that is established in the idea of a relative truth,
without, however, becoming alienated in the false hope of puritanical scientism that pursues a
non-existent absolutism.
If the contradiction is maintained, the subject/researcher should mobilize to overcome
it, and so on, always seeking to explore other possibilities that may emerge in the production of
knowledge. It is a work of (re)construction of what has already been researched and/or of what
will be investigated in terms of academic production, aiming at the establishment of other paths
and directions that aim at the re-signification of the knowledge now (re)produced in the course
of scientific research.
It is a continuous exercise, which requires an effort to transpose the performative
contradiction by the researcher, with a focus on locating other clues that may indicate other
paths to be taken in the research, conditioning the scientist to the perception of different ways
of analyzing the object.
Final remarks
The purpose of this article was to discuss the 'supposed' neutrality of the scientist, with
emphasis on academic productions, as well as to reflect on the dogmatic nature that tarnishes
research related to the field of education. In accordance with what was glimpsed in the course
of the scientific work, Cirne-Lima (1996); Japiassu (1983, 2001); Demo (2010) and Filho
(2018) have positioned themselves in favor of overcoming the performative contradiction in
research in education. These authors argued that scientific investigations cannot be guided by
a 'supposed' absolute truth, given that the analyzed object ends up being contaminated by the
intentionality of the subject/researcher.
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Moreover, we sought to address the performative contradiction that permeates scientific
research and meditate on the dogmatic nature that, implicitly, is inserted in studies related to
the educational field, in the light of the Non-Contradiction Principle. During the development
of the reasoning here intended, it was realized that scientific production is not exempt from the
'looks' and 'wishes' of those who (re)produce it.
According to what has been evidenced in this article, scientific research is not neutral,
because it is influenced by the interests and expectations of the scientist. Another relevant
aspect discussed during the studies and that deserves attention is that it is not possible to reach
an 'absolute truth' in educational research, and that the conductor of the research, at most, can
approach a relative knowledge of what he or she proposes to study. Starting from the premise
that the knowledge that emerges from the object of study will always be a 'relative truth', it was
verified that such a way of understanding what one proposes to examine highlights a negation
that, objectively, limits the field of verification of the researched information, influencing,
obviously, the subject that launches itself into academic research.
The conception that, at most, one can give prestige to a 'relative truth' in the course of
educational research reveals the dogmatic nature now imposed by the limitations of the studies
concerning the object of analysis, thus evidencing the performative contradiction. Moreover, it
was clear that scientific research carries with it a dogmatic nature arising from the presence of
the performative contradiction, in light of the Principle of Non-Contradiction, and that the
overcoming of the initial circumstance is necessary from the point of view of the desired
scientific advance.
Therefore, it is up to the subject/researcher to transcend the relativism impregnated in
educational research and, tied to this, the performative contradiction, with the elevation of
scientific investigations to a level of (re)discovery of other angles of appreciation of the study
carried out, in order to inaugurate a differentiated premise/possibility to be followed in
academic productions.
In attention to what was exposed in this scientific work, it is emphasized that the
considerations raised here do not have the power to represent an 'absolute truth', given that
knowledge and its forms of acquisition and problematization are not restricted to the notion of
right or wrong. The culture of 'knowing', the incessant search for scientific proof, the
experiments and their functionality in everyday life, as well as the addictive ideologies that
have fed man's investigative spirit over the centuries, stems from his eagerness to explore the
unknown. The desire to conquer the fertile ground of inventiveness and to prove, scientifically,
the relevance of something in the cognitive world, reinforces his patrimonialist culture of ontic
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Jean Marcos FRANDALOSO and Maria Alzira LEITE
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Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 17, n. 2, p. 1426-144, Apr./June. 2022. e-ISSN: 1982-5587
DOI: https://doi.org/10.21723/riaee.v17i2.15825
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'should-be' that is not limited to time and space. Man has the need to (re)state his theories as a
means of understanding the universe around him.
However, the researcher's intervention in the process of proving his conjectures is an
emblematic historical trait that affects the scientism of his discovery. Thus, it was observed that
the scientist's posture of neutrality does not exist in educational research. Moreover, it was
sought, during this scientific investigation, to provide an opportunity for detailed reflection on
the pitfalls and excessive pretensions that can lead the researcher to the subjection of his own
"truths", propping himself up in the clothing of the empirical-formal sciences, under the
misconception that his research reflects a unique and unquestionable truth, when, in fact, it is
nothing more than a false interpretation of the reality of himself.
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knowledge: A look at the educational research.
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Submitted
: 09/11/2021
Revisions required
:
23/12/2021
Approved
: 11/02/2022
Published
: 01/04/2022
Management of translations and versions: Editora Ibero-Americana de Educação
Translator: Thiago Faquim Bittencourt
Translation reviewer: Alexander Vinícius Leite da Silva